Notas Taquigráficas
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| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, Deus e saúde a todos e a todas presentes e àqueles e àquelas que nos acompanham pelos meios de comunicação. Esta CPI, que sem dúvida alguma deixará uma marca histórica, sobre a manipulação de resultados de jogos de futebol e apostas tem também, com muito prazer, o dever de registrar não só o trabalho obrigatório, mas eficiente do grupo Senado, por rádio, agência e TV, na transmissão pelo YouTube desta sessão na íntegra, mas também das emissoras TV Meio, Rede Novabrasil FM e BandNews 90.7. O roteiro deste 18 de junho de 2024 começa, havendo número regimental, declarando aberta a 11ª Reunião da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, criada pelo RQS 158/2024, para apurar, no prazo de 180 dias, fatos relacionados às denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, envolvendo jogadores, árbitros, auxiliares, dirigentes e empresas de apostas, ou seja, corruptores e corruptos. Antes de iniciarmos os nossos trabalhos, submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e a aprovação da Ata da 10ª Reunião. |
| R | Aqueles que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) Logo, a ata está aprovada e será publicada no Diário do Senado Federal. A presente reunião, pátria amada, será dividida em três partes: uma deliberativa, para apreciação de requerimentos; e as duas outras para os depoimentos dos convidados: Sr. Felippe Marchetti, representante da Sportradar, nos termos do Requerimento 42/2024, e o Sr. Tiago Horta Barbosa, Chefe de Integridade para a América Latina da Genius Sports, nos termos do Requerimento nº 43/2024. De imediato, passamos à parte deliberativa da reunião, destinada à votação dos requerimentos. Caso o Plenário esteja de acordo, votaremos em bloco os Requerimentos 65 a 77, que constam na pauta. Eles tratam de convites, convocações, pedido de informações e transferências de sigilo. 3ª PARTE ITEM 1 REQUERIMENTO Nº 65, DE 2024 Convida Lucas Tolentino Coelho de Lima (Lucas Paquetá), jogador de Futebol. Autoria: Senador Eduardo Girão 3ª PARTE ITEM 2 REQUERIMENTO Nº 66, DE 2024 Convida Manoel Serapião Filho, ex-árbitro FIFA, a prestar depoimento nesta CPI, em conjunto com o Sr. Salmo Valentim, Presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol, convidado nos termos do Requerimento nº 68/2024-CPIMJAE. Autoria: Senador Carlos Portinho 3ª PARTE ITEM 3 REQUERIMENTO Nº 67, DE 2024 Convida Rodrigo Alves, Presidente da Associação Brasileira de Apostas Esportivas - ABAESP, a prestar depoimento nesta CPI. Autoria: Senador Carlos Portinho 3ª PARTE ITEM 4 REQUERIMENTO Nº 68, DE 2024 Convida Salmo Valentim, Presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF), a prestar depoimento nesta CPI, em conjunto com o Sr. Manoel Serapião Filho, ex-árbitro FIFA, convidado nos termos do Requerimento nº 66/2024-CPIMJAE. Autoria: Senador Carlos Portinho 3ª PARTE ITEM 5 REQUERIMENTO Nº 69, DE 2024 Convida, para depor na CPIMJAE o Senhor Regis Dudena, Secretário da Secretaria de Prêmios e Apostas(SPA) do Ministério da Fazenda; a Senhora Livia Martines Chanes, Diretora Presidente para Nubankdo Brasil (CEO Brasil); o Senhor Rafael Castro de Matos, CEO Stark Bank; o Senhor Pedro Bramont, Diretor de Soluções em Meios de Pagamentos e Serviços no Banco do Brasil; o Senhor Leonardo Baptista, CEO da Pay4Fun; o Senhor Diego Perez, Presidente da Associação Brasileira de Fintechs. Autoria: Senador Carlos Portinho 3ª PARTE ITEM 6 REQUERIMENTO Nº 70, DE 2024 Requer a transferência de sigilo bancário, telefônico e telemático do senhor Glauber do Amaral Cunha. Autoria: Senador Carlos Portinho 3ª PARTE ITEM 7 REQUERIMENTO Nº 71, DE 2024 Convida Lucas Tolentino Coelho de Lima (Lucas Paquetá), jogador de Futebol. Autoria: Senador Jorge Kajuru 3ª PARTE ITEM 8 REQUERIMENTO Nº 72, DE 2024 Convoca William Pereira Rogatto, para prestar depoimento em CPI, na condição de investigado. Autoria: Senador Romário 3ª PARTE ITEM 9 REQUERIMENTO Nº 73, DE 2024 Convida Guilherme Augusto Almeida Lima de Figueiredo, Gerente Geral da Betano no Brasil, a prestar depoimento em CPI, na qualidade de testemunha. Autoria: Senador Romário 3ª PARTE ITEM 10 REQUERIMENTO Nº 74, DE 2024 Convida Leonardo David Penna de Moraes Cordeiro, sócio da BET365 Loterias do Brasil LTDA. Autoria: Senador Romário 3ª PARTE ITEM 11 REQUERIMENTO Nº 75, DE 2024 Convida Rômulo Meira Reis, ex-oficial de integridade do VAR, a prestar depoimento nesta CPI, na qualidade de testemunha. Autoria: Senador Carlos Portinho 3ª PARTE ITEM 12 REQUERIMENTO Nº 76, DE 2024 Requisita do Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, informações relacionadas aos oficiais de integridade que exerceram funções na confederação desde maio de 2022. Autoria: Senador Carlos Portinho 3ª PARTE ITEM 13 REQUERIMENTO Nº 77, DE 2024 Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico, telemático, pelo período de setembro de 2020 até a presente data, de William Pereira Rogatto, investigado na Operação Fim de Jogo, da Polícia Civil e Ministério Público do DF. Autoria: Senador Romário Aqueles que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovados, portanto, os requerimentos importantes e que a imprensa pode ter à sua disposição na Secretaria desta Comissão. Dando início à primeira oitiva, convido a tomar assento à mesa, juntamente com o nosso inigualável Senador, histórico em CPIs - no campo, da mesma forma, e como ser humano e homem público -, Romário de Souza Faria, que é o Relator desta CPI, o Sr. Felippe Marchetti, que já chegou aqui, Romário, me chamando de velho, porque ele parece um menino e diz que me acompanhava desde menino na televisão. (Risos.) Eu me senti com 90 anos. Ele é representante da Sportradar, a empresa americana contratada pela CBF para as investigações que foram feitas. Portanto, à mesa, o Sr. Felippe. Fique à vontade, querido. Desculpe a brincadeira, mas que eu me senti velho, eu me senti. (Risos.) Eu passo agora à leitura do termo de compromisso do convidado. V. Sa. promete, quanto aos fatos de que tenha conhecimento, na qualidade de testemunha, sob palavra de honra, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal, dizer a verdade, somente a verdade do que souber e lhe for perguntado? Sua resposta, por favor, Sr. Felippe. O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor. Fora do microfone.) - Sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sabia que sim. A partir deste momento, V. Sa. está sujeito ao compromisso de dizer a verdade quanto aos fatos de que tenha conhecimento ou tenha protagonismo na qualidade de testemunha, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal. O resto eu não vou ler, porque tem aquela bobagem de que, se você mentir, eu te dou voz de prisão, e eu sei que isso não vai acontecer. |
| R | Portanto, eu não vou fazer essa leitura em respeito à sua pessoa e ao seu trabalho, evidentemente. Você tem o direito, Sr. Felippe Marchetti, a uma explanação inicial de dez minutos, com a devida tolerância, caso queira falar mais algo. Fique à vontade, por fineza. Muito obrigado pela sua presença e por ter aceitado o convite. O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Senador, é um prazer estar aqui e poder colaborar com o Senado brasileiro nesse processo que é muito importante para a gente conseguir combater esse problema, que é um problema grave que a gente vem enfrentando aqui no esporte brasileiro já há alguns anos. E, com a experiência do nosso trabalho e do que a gente tem feito nos últimos anos, a gente está aqui pra poder colaborar com vocês nesse processo, não apenas mostrando o que a gente vem fazendo, mas também de maneira propositiva pra gente conseguir encontrar soluções pra melhorar o cenário do ecossistema esportivo aqui no Brasil. Então, é um prazer. Bom, iniciando a apresentação... Pode passar, por favor. Eu sou o responsável pelas parcerias de integridade aqui no Brasil e eu tenho doutorado e pós-doutorado em Integridade Esportiva sobre o tema de manipulação de resultados. Inclusive, Senador Romário, o senhor foi um dos entrevistados pro meu trabalho, a quatro anos, cinco anos atrás, e é um prazer a gente poder voltar hoje, como o mundo dá voltas, e poder colaborar com vocês nesse processo hoje. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Obrigado. O SR. FELIPPE MARCHETTI - A apresentação está dividida em cinco partes, apresentando primeiro a empresa, falando um pouco sobre a manipulação de resultados, como funciona o nosso monitoramento, como funcionam os debates e os relatórios, e vou falar um pouco também sobre educação, que é um pilar fundamental nesse processo todo. Bom, quem é Sportradar? A Sportradar é uma empresa com capital aberto na bolsa da Nasdaq, dos Estados Unidos, a bolsa de tecnologia, e é a empresa líder mundial em tecnologia esportiva, ficando na intersecção entre esportes, mídias e apostas. A gente tem 30 escritórios ao redor do mundo, em 20 países, e a gente cobre atualmente mais de 900 mil partidas esportivas por ano no mundo. Aqui no Brasil, são mais de 9 mil jogos. A gente trabalha também com mais de 180 entidades esportivas, monitorando mais de 70 esportes, entre elas o Comitê Olímpico Internacional, FIFA, Conmebol, UEFA, NBA. Aqui no Brasil, além da CBF - pode passar o próximo, por favor -, a gente trabalha com algumas federações estaduais, destacando ali federação carioca, mineira, cearense, catarinense, gaúcha, alagoana, paraense e, ontem, assinamos contrato também com a Federação Pernambucana de Futebol. Além de trabalhar com entidades esportivas, a gente também trabalha em cooperação com as forças policiais e com governos nacionais, com destaque ali pra Europol e Interpol, internacionalmente. Aqui no Brasil - pode passar -, com a Polícia Federal, temos um acordo de cooperação desde 2020, auxiliando a Polícia Federal nas suas investigações. Recentemente fizemos um workshop pro Gaeco do Ministério Público, Grupo de Combate ao Crime Organizado. E com plataformas nacionais de alguns países ali, com destaque para o Conselho Europeu, o Governo da Nova Zelândia e o Governo da Austrália. Um pouco sobre manipulação de resultados agora. A manipulação de resultados é uma epidemia mundial. E a gente não está tratando aqui de um fenômeno recente. A manipulação vem desde o tempo - pode voltar ali, por favor! -, vem desde o tempo do Antigo Egito, a manipulação de resultados. Mas o fenômeno de apostas online, como a gente entende atualmente manipulação, começou no início dos anos 2000, no Sudeste Asiático, tendo corrompido ali campeonatos da Malásia, da Indonésia, Singapura. A partir daí, a manipulação começou a ficar mais complicada na Ásia, por 2005, por essa época, e os manipuladores se moveram para a Europa. A gente teve, entre 2005 e 2013, mais de 500 jogos investigados e considerados suspeitos tanto pela Europol quanto pela Interpol. |
| R | A Europa começou a tomar medidas para combater esse problema. E, aí, qual foi a tendência? Os manipuladores viram que o mercado latino-americano era um alvo com menor risco de eles serem detectados e com maior potencial, porque tem muito jogo aqui, tem muito atleta. Vocês sabem muito bem, que trabalharam com esporte, aí, muitos anos, a grande maioria dos atletas do Brasil estão em condição de vulnerabilidade econômica, então eles viram um cenário muito propício para manipulação aqui no nosso país. E, a partir de 2015, a gente viu um aumento de casos aqui no nosso país. Pode passar. A gente vai vendo que isso é um fenômeno global. Em 2010, a gente detectou 363 casos e, quase todos os anos, a gente teve um aumento no número de casos. A grande exceção foi em 2020, mas, em função da pandemia, a gente teve uma oferta de jogos ao redor do mundo muito menor. Nos outros anos, foi sempre subindo e, no total, nos últimos 15 anos, foram mais de 9,6 mil partidas detectadas. Pode passar. Como é que a gente trabalha dentro do serviço de integridade? O nosso trabalho é baseado em quatro pilares. O mais conhecido deles é o monitoramento dos mercados de apostas esportivas. A gente também trabalha com a questão de inteligência e investigação, tanto sobre pessoas, clubes ou partidas de interesse, podendo colaborar tanto com federações esportivas quanto com autoridades das forças policiais; também com a questão de proteção dos atletas, com aplicativos de denúncia e outras formas de reporte, para o atleta também se sentir seguro e confiar no sistema para poder reportar; e principalmente com a educação e a prevenção, através de workshops e também de uma plataforma de educação online. Explicando sobre o monitoramento. O nosso monitoramento é baseado em três pilares principais. O primeiro deles é o UFDS (Universal Fraud Detection System). Ele é um monitoramento que acompanha a movimentação de oscilação das cotações de apostas esportivas. A gente monitora mais de 600 operadores ao redor do mundo, pegando tanto o mercado legal quanto o mercado ilegal. A gente sabe que entre 60% e 70% do mercado de apostas esportivas mundial é ilegal. Então, por isso, há a importância de acompanhar também a oscilação de cota nesses mercados, gerando alerta em tempo real, tanto pré-jogo quanto ao vivo. A gente utiliza dois modelos de inteligência artificial para isso. E esse sistema é validado cientificamente pela Universidade de Liverpool e também possui o selo do ISO 9001, sendo auditado todo ano. Eu vou trazer aqui dois vídeos que mostram bem como funciona isso: o primeiro de uma partida manipulada; e o segundo de uma partida que não foi manipulada. Pode soltar o vídeo, por favor. (Pausa.) Não, tem que voltar ali, tem que tocar na tela. (Pausa.) Vai ter que aparecer um gráfico. É isso. A gente vai vendo, esse jogo foi um jogo realmente manipulado pelas eliminatórias da Copa do Mundo da Rússia entre a África do Sul e o Senegal. O árbitro marcou um pênalti, que foi ridículo, a bola bateu no joelho do defensor do Senegal. E a gente vê ali, em preto, é como a cotação se comportou, e, em branco, é como ela deveria se comportar. É o que a gente chama de boca de jacaré. A gente vai vendo... O que acontece? Essas apostas, nesse mercado, era de vencedor no primeiro tempo. O jogo estava com 40 minutos no primeiro tempo e estava empatado. Essa aí é a cotação para a África do Sul vencer a primeira etapa. Vamos pensar pela lógica: digamos que a cotação para a África do Sul vencer o primeiro tempo abrisse com uma cotação 2.0. À medida que o jogo... (Intervenção fora do microfone.) O SR. FELIPPE MARCHETTI - É complicado, não é? (Risos.) |
| R | À medida que o jogo vai passando, o primeiro tempo vai passando, vai chegando próximo do final, a chance de a África do Sul vencer, como o jogo está empatado, é menor. Então, o prêmio que a casa de apostas vai pagar, a cotação tem que subir e tem que ser um prêmio maior, pois a chance é menor. O que a gente viu ali foi que não aconteceu isso; aquela cotação não subiu, por quê? Porque o mercado funciona com oferta e demanda. Então, tinha muito peso de dinheiro entrando, que a África do Sul ia vencer o primeiro tempo, apesar do que estava acontecendo no jogo, no campo de jogo, não condizer com aquilo que estava sendo visto no mercado de apostas. Então, isso gera dois níveis de alerta para a gente, e, a partir daí, a gente tem um indício, uma evidência, que veio do mercado de apostas, de que aquela partida pode ter sido manipulada. Agora, vamos mostrar um segundo vídeo para vocês - pode passar -, da DFL Cup, entre Chelsea e Leicester. Um gol contra, cometido pelo zagueiro. E a gente vê que, como o mercado se comportou - aí em amarelo -, está exatamente em linha com o esperado. O que quer dizer isso? Que isso foi um erro humano, e o esporte está propício a erros humanos. O fator humano é muito forte no esporte. Então, a gente tem que ter muito cuidado quando a gente diz que uma partida foi manipulada, se a gente não apresentar evidências. E ali a gente vê claramente que o mercado se comportou da maneira como era esperada. Esse é o primeiro tipo de detecção que a gente faz. Pode passar o próximo eslaide. O segundo nível é o monitoramento em nível de conta. O que seria isso? (Soa a campainha.) O SR. FELIPPE MARCHETTI - A Sportradar também trabalha como fornecedora de dados para o site de apostas esportivas. A gente trabalha com mais de 400 operadores ao redor do mundo, e isso nos dá uma visibilidade sobre todas as apostas que são colocadas em nível de bilhete de conta e pelo volume apostado em cada mercado, como a gente vê naquela imagem. Por dia, são 18 milhões de bilhetes de apostas, de que a gente consegue ter esse monitoramento. Em 2023, isso aí movimentou 30 bilhões de euros. E, com o meu colega, o Juan Matias Méndez, que é o responsável pelo mercado da Sportradar na América Latina, sem dúvida, um dos maiores experts no assunto no mundo, ele diz muito bem que isso é como se fosse um exame de sangue: a gente consegue ver o detalhamento desse mercado, tanto de apostas que foram aceitas pelos operadores quanto de apostas que foram rejeitadas. Isso nos dá um segundo indício, uma segunda evidência de possível manipulação. E o terceiro fator é o Integrity Exchange. O Integrity Exchange nada mais é do que um sistema de fluxo de informação com os operadores. Cada casa de apostas possui também o seu time de análise de risco, e, quando eles detectam alguma movimentação suspeita nos seus mercados, para a própria proteção da casa de apostas, eles conseguem remover a oferta dessa aposta do mercado... E conseguir identificar as casas de apostas... Geralmente elas são as primeiras a se identificarem quando tem alguma manipulação. E, através do Integrity Exchange, as casas que fazem parte desse programa compartilham informação com a gente. A gente verifica no mercado, faz essa checagem de informação e informa também aos outros operadores, para eles removerem a oferta do mercado, e é uma terceira fonte de dados muito importante para a gente conseguir combater o problema. E, há a quarta fonte, eu acrescentaria ainda, que é a inteligência, que vem diretamente de contatos que a gente tem com federações, com imprensa, com pessoas do meio do esporte. Vocês sabem muito bem que, às vezes, as pessoas do esporte são as que mais sabem o que está acontecendo, mas elas têm medo de reportar, porque não sabem como essa informação vai ser tratada. Então, também, esse fluxo de confiança é muito importante. Bom, a gente falou um pouquinho de inteligência artificial, de dados, mas também o nosso trabalho vai além disso. Pode passar. É muito importante que se tenha uma análise qualitativa, depois que a gente tem esses dados. O que seria isso? A gente analisar se tem fatores de mitigação que expliquem o porquê dessa movimentação dos mercados, que podem ser questão meteorológica, desfalque das equipes, motivação das equipes... Tem diversos fatores ali que podem estar envolvidos. E isso é feito por uma equipe de humanos altamente treinados que debatem o jogo. |
| R | E só quando a gente tem evidências muito fortes de manipulação, a gente vai para um segundo momento, que é o da confecção de um relatório da partida, que é o relatório que é enviado pras autoridades públicas e pras federações esportivas. Esse relatório - é muito importante a gente destacar isto - tem respaldo dos órgãos internacionais quanto à validade, veracidade, confiabilidade dos dados e principalmente metodologias aplicadas. Ele também já serviu como lastro probatório pra condenações no âmbito da Corte Arbitral do Esporte na Suíça, da UEFA, da FIFA, entre outros. Pode passar, por favor. Alguns casos em que a gente já colaborou no Brasil. Em 2020, caso do Barretos, do Olímpia e do Paulista no campeonato da Federação Paulista de Futebol. Pode passar. Aí, em 2022, o caso do Crato, no Campeonato Cearense, que foi um caso muito emblemático, em parceria com a Federação Cearense e a CBF. Ano passado, o caso de São Francisco, do Acre, que, como vocês viram no relatório, foi uma equipe que manipulou sete partidas da Série D do Campeonato Brasileiro. Colaboramos este ano aqui... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Série D, não é? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Série D. Isso. Quarta divisão. A gente colaborou com o Ministério Público aqui do DF no caso do Santa Maria, que foi uma equipe que estava manipulando jogos aqui no campeonato do Distrito Federal, e também, ainda este ano, com o Ministério Público do Rio Grande do Norte e do Acre, no caso da equipe do Globo e do Força e Luz, que estiveram envolvidos em caso de manipulação no Campeonato Potiguar. Isso aí é até um caso interessante de a gente comentar depois, com mais tempo. E questão educacional agora. A gente trabalha na educação, como eu falei, lá no início, de algumas formas distintas. No final do ano passado, lançamos uma plataforma de educação online em cooperação com as nove federações do Nordeste. É um projeto que foi capitaneado pelo Presidente Felipe Feijó, da Federação Alagoana de Futebol. E depois, em março, lançamos também a plataforma educacional com as três federações do Sul. Ou seja, atualmente temos 12 federações do Brasil que utilizam essa plataforma. E, Senadores, isso é muito importante, porque se fala de educação, de workshops pra clubes grandes, de primeira divisão, mas onde a gente vê a manipulação não é só com esses clubes. Pode até acontecer, mas quem está mais suscetível, mais vulnerável são os atletas de clubes pequenos, pelas condições, por questão salarial, contratos de curta duração que geram uma insegurança financeira. O que o atleta vai fazer depois que acabar o estadual? Tem diversos fatores ali que influenciam. Então, a gente levar a educação pra eles é fundamental. E, através de uma plataforma online, é a maneira que a gente vê mais efetiva pra isso, porque, num país de dimensões continentais como o Brasil, é praticamente impossível a gente chegar num clube lá da segunda divisão do Amazonas, num clube lá da terceira divisão da Paraíba pra conseguir levar essa educação. Através da plataforma, as federações conseguem levar isso pra todos os atletas, tendo controle sobre quem assistiu ao treinamento por clube e por CPF. E, inclusive, se quiserem tornar isso obrigatório pra que o atleta possa participar da competição, que ele tenha esse treinamento completo... Isso já acontece, por exemplo, com o tênis. Todos os atletas do tênis que querem participar das competições têm que fazer um treinamento de integridade. Então, essa é uma alternativa que a gente tem pro Brasil e a gente pode colaborar com esse processo. |
| R | Ano passado também a gente promoveu, em parceria com um operador, workshops no Náutico, no Sport e no Vitória, tanto pra profissional quanto pra sub-20, e também este ano promovemos workshops para as nove federações do Nordeste, focando nos tribunais de Justiça Desportiva. Isso é muito importante também, Senadores, porque é importante que o tribunal, quando receba um relatório - que é um relatório extremamente técnico -, saiba interpretar essa evidência contida no relatório para poder dar prosseguimento com os casos na esfera da Justiça Desportiva. E, por fim, a gente também fez um workshop no mês passado para o Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas, do Ministério Público, em um evento em Manaus, em parceria minha com o meu colega Juan Méndez, orientando também o Gaeco a como agir e a como a gente pode colaborar com eles nas investigações relacionadas à manipulação de resultados. Muito obrigado. Fico à disposição para as perguntas. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Nós que agradecemos, Sr. Felippe Marchetti, e ficamos satisfeitos com a demonstração inquestionável e insofismável do trabalho feito e demonstrado. Registro aqui, com muita alegria, a presença da voz da segurança pública do Rio Grande do Norte, nosso amigo Senador, o Capitão Styvenson Valentim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O bravo, o bravo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O bravo. Esse é. E ele vai ficar mais bravo ainda quando ele souber do caso potiguar... (Risos.) (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ...que ele quer colocar à parte do que ele apresentou inicialmente, capitão. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Eu acho que após o Relator... a inscrição para fazer as perguntas. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É claro que é o Kajuru primeiro, mas eu cederei o meu lugar para ti. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - É isso. (Risos.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Você tem alguma dúvida disso? Hã? (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Olha o medo que eu tenho. Olha a altura do homem, gente. Bem, obedecendo regimentalmente, é a vez deste inigualável homem público, Romário de Souza Faria, ter o seu direito, sem limite de tempo, para os seus questionamentos, como Relator desta Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI da Manipulação de Resultados de Jogos de Futebol e de Apostas. Com a palavra, amigo e irmão Romário, por fineza. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Boa tarde a todos, Presidente, amigo e irmão Jorge Kajuru. Boa tarde, meu amigo Capitão Styvenson, pela presença aqui nesta CPI. Boa tarde a todos que estão presentes, que nos acompanham, também, através da TV Senado, enfim, àqueles que estão direta e indiretamente ligados à CPI. Um boa-tarde especial ao Felippe Marchetti. Muito obrigado pela sua presença, muito obrigado pela sua explanação. Definitivamente a gente já entendia - eu particularmente já sabia - que a Sportradar é realmente uma empresa bastante competente e, depois dessa explanação de um cara totalmente capacitado, quero corroborar aqui dizendo que esta CPI vai, de uma forma muito direta, precisar e ajudar também a Sportradar neste momento difícil que a gente está vivendo dessa corrupção no futebol. Eu queria saber o seguinte, Sr. Felippe. O Procurador-Geral do Ministério Público de Goiás, Cyro Peres, quando esteve aqui na CPI falando sobre o posicionamento das casas de apostas em relação às manipulações investigadas, declarou o seguinte, abro aspas: "[as casas de apostas] as casas esportivas, nós sempre comentamos entre nós, são vítimas, mas vítimas desinteressadas". O que o senhor atribui a esse desinteresse dessas bets de investigar os casos de manipulação dos jogos? O senhor colocou que muitas das pessoas ou das empresas aqui no Brasil têm medo de fazer algum tipo de ação em relação a isso. Pode ser por isso que essas casas de apostas não se manifestam nunca? |
| R | O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Excelente pergunta, Romário. Eu não considero as casas de apostas como desinteressados, porque, no final do dia, elas acabam também perdendo dinheiro com a manipulação. Então não vejo que seja exatamente essa a questão. Mas o que acontece é que no Brasil, a gente não tinha ainda um fluxo de informação sobre a quem reportar e como reportar. As casas têm sede no exterior, e acabava ficando uma falta de construção realmente no sistema. E eu concordo muito com a linha que tanto o senhor, quanto o Fernando trabalharam aqui na semana passada, sobre a importância de o Brasil aderir à Convenção de Macolin, porque esse fluxo de informação entre todos os atores é fundamental para o combate ao sistema, para que não só as casas de apostas, mas também atletas, dirigentes, todos os interessados na proteção do esporte saibam a quem recorrer, como recorrer e de que forma essa informação vai ser trabalhada depois da denúncia. Porque também não adianta a gente criar um sistema em que possa ser feita a denúncia, se essa informação não for tratada depois. Então ter um sistema em que todos confiem no fluxo de informação é fundamental para a gente conseguir construir essa confiança entre todos os atores e conseguir combater o problema de uma maneira muito efetiva. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O.k., mas o que me deixa muito intrigado é o seguinte: desde 2022, eu acho, que foi a primeira vez em que o Ministério Público de Goiás entrou, começou a fazer essas ações, eu não consigo entender por que, de lá para cá, essas casas de apostas que continuam perdendo, em relação a essas manipulações, não entenderam ainda que poderiam, sim, procurar o Ministério Público daquele determinado estado e fazer a denúncia. Isso é uma coisa que me causa muita estranheza. Assim, eu acredito que tem alguma coisa, eu não sei o que é, nem imagino. Eu espero que a gente consiga essa resposta definitivamente aqui, ao longo desta CPI. Mas é uma coisa que me chama muito a atenção, de essas casas tomarem esses prejuízos que tomam, e tomam muito, a gente está falando de muitos milhões, e nenhuma delas vem à tona fazer um tipo de denúncia. Continuo dizendo que isso, para mim, é muito estranho. Em relação a esse seu workshop, que você falou que vem fazendo aí, você faz também isso para clubes? Ou você faz apenas para as federações dos estados? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim, fazemos também, tanto para clubes, quanto para federações, para tribunais de justiça esportiva. Eu acredito que seria importante a gente educar o sistema como um todo, tanto atletas, treinadores, dirigentes. É muito importante a gente levar a educação para dirigentes de clubes. Um fato que a gente vê aqui no Brasil: tem muito clube que tem a licença para poder participar dos campeonatos estaduais, só que eles não têm a capacidade financeira de conseguir bancar salário de atleta, material, condição de treinamento. E aí aparecem os famosos empresários de atletas. Tem empresários bons e empresários ruins. E a gente sabe que tem alguns grupos de empresários que atuam aqui no Brasil que procuram clubes em situação de vulnerabilidade financeira, apresentam-se ali e vão falar, "ah, vou descobrir o novo Romário aqui no clube de vocês, quero descobrir novos talentos." E aí, apresentam-se ali falando que vão bancar o futebol do clube. Eles fazem contratos de gaveta, que não chegam às federações esportivas, começam a manipular os jogos desse clube. As casas de apostas detectam isso, removem a oferta depois de duas, três partidas, no máximo. Esses empresários movem-se, vão para outro lugar, para um outro estado, e deixam o clube em uma situação muito complicada. |
| R | Então, é muito importante a gente educar o sistema, como um todo, desde a federação, desde o topo da pirâmide até a base, para a gente conseguir criar um sistema seguro aqui no Brasil. Quando eu falo educar, não é nenhuma educação moralista, dizendo que isso é errado, mas é uma educação para que a gente mostre os riscos para o próprio atleta ou para a própria pessoa envolvida ao se envolver com isso. A gente sabe que o mercado de aposta global movimenta R$7,2 trilhões por ano. Só a título de comparação, o Orçamento geral do Brasil, no ano passado, foi de 5,5, e, entre 60% e 70% desse mercado é ilegal, principalmente na Ásia. Então, é um mercado que atrai muito o interesse do crime organizado também. É fundamental a gente mostrar para os atletas isso, porque o atleta vai estar se colocando em risco - não só ele, a família dele, os companheiros de equipe dele. É importante a gente mostrar isso de uma maneira clara, como a gente diz, em um papo reto, realmente, com eles, para que eles entendam que isso não vai... É um dinheiro que, aparentemente, pode parecer fácil, mas que vai se voltar contra ele. Tem um livro - eu não sei se vocês já ouviram falar - que é do Wilson Perumal. Wilson Perumal foi um dos maiores manipuladores de resultado do mundo e do sindicato de Singapura. Ele diz assim: "Somos manipuladores de resultados, essa é a nossa profissão. Caçamos pessoas mais fracas [...] para sobreviver". Então, o que eles fazem? Eles identificam qual é o alvo mais vulnerável e vão atrás dele. A partir do momento que tu aceitas a primeira oferta, seja uma coisa que, aparentemente, é simples, como tomar um cartão amarelo, tu estás na mão desse manipulador, e aí tu vais sofrer chantagem, tu vais ficar em uma situação muito ruim, e aí é um caminho sem volta. Então, é importante a gente mostrar isso para os atletas de uma maneira muito clara. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Muito bem. As casas de apostas brasileiras contratam os serviços de integridade da Sportradar ou possuem sistemas próprios de detecção de fraudes? O SR. FELIPPE MARCHETTI - As casas de apostas? O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É. O SR. FELIPPE MARCHETTI - As casas de apostas trabalham com a gente de duas formas: uma, com os dados de cotação de apostas esportivas, daí não tem nada a ver com a manipulação; e o segundo é o integrity exchange; quando um dos 85 operadores que fazem parte desse programa detecta uma partida suspeita, eles vêm e pedem para a gente fazer uma checagem. A partir daí, a gente volta com informação para eles e corrobora ou não essa suspeita que a casa de aposta tem. E aí seria claro... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A Sportradar é acionada pelas casas de apostas para conduzir esse tipo de investigação sempre? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não, a gente tem um sistema de investigação, mas a investigação a gente fornece para as federações esportivas que contratam esse serviço ou colaborando, proativamente e sem custo, com a Polícia Federal e o Ministério Público. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A Sportradar é notificada pelas bets ou consegue detectar quando uma aposta é cancelada por suspeita de fraude? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim. (Pausa.) Desculpa. A gente consegue detectar, inclusive, quando ocorre a remoção de oferta do mercado. Por exemplo, uma casa de apostas, mesmo que ela não faça parte do nosso programa, se ela removeu, aos 60min de jogo, ela retirou do ar a aposta daquela partida, porque teve alguma coisa suspeita que o próprio sistema de detecção da casa detectou... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas todas as casas têm esse sistema? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Praticamente todas, porque é uma proteção que a casa tem contra... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Se, por acaso, existir alguma casa que não tem esse sistema, vocês detectam isso, vocês avisam essa casa? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Apenas as que fazem parte do nosso programa de... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Certo. Em seu depoimento, aqui na CPI, falando sobre a Operação Penalidade Máxima, o Promotor Fernando Cesconetto deu detalhes da operação que investigou quatro partidas suspeitas da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022. Isso, na primeira fase. Na segunda, mais oito jogos da Série A e uma da Série B. Em julho passado, foram investigadas 13 partidas da Série A do Campeonato Brasileiro. Nos relatórios enviados pela Sportradar à CPI não constam muitas dessas partidas. A Sportradar contrastou os achados da Operação Penalidade Máxima com os seus alertas? |
| R | O SR. FELIPPE MARCHETTI - Com certeza. Isso é bem importante. E é ótima a pergunta para a gente esclarecer isso. Algumas partidas da Penalidade Máxima a gente detectou e outras, não. Por que isso? A gente trabalha com um nível de segurança para dizer que o jogo, e, principalmente, não digo nem de segurança, de responsabilidade, para dizer que uma partida foi manipulada ou não muito alto. Então, a gente precisa ter uma convicção. Quando a gente diz que um jogo é suspeito de manipulação, é porque a gente tem evidências muito fortes de que realmente foi manipulado aquele jogo. Então, a gente tem que trabalhar... porque, assim - não é, Romário? -, a gente trabalha, primeiro, com seres humanos, pessoas que têm família por trás, a gente trabalha com algo que é um bem, é um patrimônio cultural do Brasil também, que é o futebol, que é o esporte. Então, a gente tem que ter muita responsabilidade quando a gente faz uma denúncia ou quando a gente diz que o jogo foi manipulado. Então, o nosso nível, a nossa régua para dizer que o jogo foi manipulado é bem alta. A gente contrastou essas informações. Alguns jogos foram detectados, foram informados para a FIFA, que é a entidade que detém o contrato de monitoramento da Série A e da Série B do Campeonato Brasileiro, e foi feito, sim, esse informe. E eu gostaria de aproveitar também para parabenizar o trabalho do Ministério Público de Goiás, que foi um trabalho de excelência. E a gente está muito animado também com a possibilidade de assinar um acordo de cooperação com eles, que é algo que está já em discussão, para a gente poder trabalhar de maneira oficial em parceria com o Ministério Público, porque a gente tem muita informação sobre, entrando um pouquinho, Senador, na questão de casos passados e tal, a gente tem muita informação sobre histórico de atletas envolvidos. Então, quando se tem, por exemplo, nesse caso do Rio Grande do Norte, em que a gente vê 16 atletas com histórico de manipulação, vindo de diferentes clubes, se encontrando, todos eles, por uma casualidade da vida, no mesmo local para jogar um campeonato estadual, a gente já consegue, talvez, predizer que algo vai acontecer ali. E a gente tem uma riqueza de informação muito grande com relação a isso. No início do ano, a gente fez um trabalho, a que a gente chama de risk assessment, análise de risco, sobre quais clubes e quais competições estaduais do Brasil estavam sob maior risco, um trabalho muito bem conduzido pelos nossos analistas, o Tiago e o Vitor. E a gente identificou dez clubes com potencial de manipulação por histórico de atletas, por condição financeira dos clubes. Desses dez, oito estiveram envolvidos em caso de manipulação dos campeonatos deste ano. Então, assim, a riqueza de informação que a gente tem no nosso banco de dados é muito grande e a gente tem muito interesse em colaborar com as autoridades brasileiras para conseguir combater o problema. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Relator, eu poderia ter acesso a esses relatórios que ele está citando? Ou é sigiloso? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Esses relatórios pertencem ao cliente. Mas eu acredito... A Polícia Federal tem acesso aos relatórios, a essas partidas... O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Mas esta Comissão de Inquérito poderia ter acesso? O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A CPI? Eu acredito que sim. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - É interessante a gente analisar esses relatórios que ele está citando. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... esses relatórios que ele passa para a Polícia Federal... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - No caso da CBF, já está tudo liberado. No caso da Polícia Federal, eu estou aguardando uma posição do Dr. Andrei até amanhã. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Senador, inclusive a gente compartilhou todos os relatórios de partidas suspeitas dos últimos dois anos. Essas informações já estão disponíveis para o Senado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - As da CBF já estão disponíveis. O SR. FELIPPE MARCHETTI - As nossas também, Senador, foram enviadas. (Pausa.) Ah, sim, sim. |
| R | O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Felippe, como o senhor deve ter acompanhado, a CPI recebeu, através do Sr. John Textor, denúncias de manipulação de resultados utilizando análises comportamentais de vídeos baseados em inteligência artificial. A Sportradar detectou algumas anomalias nas partidas mencionadas pelo Sr. John Textor? E como o senhor compartilharia o método de análise comportamental com aqueles utilizados pela Sportradar? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Bom, sendo bem claro, analisamos as partidas e não foi identificado nenhum indício de manipulação de resultados nessas partidas citadas. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Nem indício? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Nem perto. Inclusive, a movimentação do mercado de apostas vai contra as alegações. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Após várias operações policiais conduzidas nos últimos dois anos, a Sportradar identificou alguma mudança de comportamento por parte dos fraudadores? Os eventos fraudados, os campeonatos mais assediados continuam os mesmos? E a quantidade de manipulações aumentou ou diminuiu? O SR. FELIPPE MARCHETTI - A quantidade de manipulação vem diminuindo no Brasil. Inclusive, vou trazer um dado aqui em primeira mão para vocês: comparando 1º de janeiro deste ano até 15 de junho com 1º de janeiro do ano passado até 15 de junho do ano passado, a gente teve um decréscimo de 60% no número de casos aqui no Brasil; e já de 2022 para 2023, a gente teve um decréscimo de 29%. Então, a situação vem melhorando. Ainda é crítica, mas a gente já vê... E isso é muito, também, mérito dos Srs. Senadores aqui por terem investigações como esta, porque, assim, o que os manipuladores procuram é a entrada mais fácil, é uma relação risco-benefício. Então, a partir do momento em que eles veem que a CBF está criando um departamento, uma unidade de integridade, trabalhando em conjunto com a Polícia Federal; que o Governo está legalizando as bets e vai ter um órgão regulador; que o Senado brasileiro está fazendo uma investigação muito séria e competente sobre o tema; que o Ministério Público está fazendo um trabalho de excelência; eles começam: "Opa, espera aí, aqui no Brasil está começando a ficar mais complicado". Foi o que a gente viu que aconteceu na Europa. Tinha muita manipulação lá, começou a ter casos de... O governo, as autoridades, federações nacionais, estaduais, todos os envolvidos começaram a ter medidas mais sérias, e eles vieram para cá. E a gente tem países vizinhos aqui em que a manipulação nem crime é considerada; por exemplo, no Peru, manipulação de resultados nem crime é. Então, assim, pro manipulador começa a deixar de ser interessante atuar aqui no Brasil e eles vão procurar outros mercados. Uma movimentação interessante que a gente vem vendo é o Brasil se tornando exportador de manipuladores, ou seja, esses empresários vão começar a mandar atletas pra jogar na Finlândia, pra jogar na Argentina, pra jogar na Colômbia e manipular nesses mercados. Aí a coisa começa a ficar mais complicada, porque a gente perde também o controle um pouco sobre isso, e aí entra de novo uma importância de o Brasil aderir à Convenção de Macolin, pro compartilhamento de informação não só interno, mas também externo, pra poder colaborar com as autoridades internacionais. Então, a criação de um sistema é uma criação... Primeiro, a gente organiza a nossa casa aqui, brasileira, pra depois poder colaborar com nossos irmãos latino-americanos também, que, eu digo com muita convicção, vão ser os próximos alvos e já estão sendo desse problema, inclusive em competições ali de primeira e segunda divisão. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Presidente, estou bastante satisfeito aqui com as respostas dadas pelo Sr. Felippe. Parabenizo o Sr. Felippe mais uma vez. E quero dizer que essa sua fala e, principalmente, essas suas perguntas vão ser muito importantes e muito relevantes pra minha função aqui nesta CPI, que é a de relatar tudo o que vai acontecer durante esse período. Muito obrigado. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bem, eu pediria ao meu irmão Capitão Styvenson só alguns segundos. Eu não vou fazer as minhas perguntas, não. Vou deixar que você faça as suas à vontade. Mas eu considerei, nas qualificadíssimas perguntas feitas pelo Relator, Romário de Souza Faria, uma com um ponto grave. Por quê? Porque a maioria dos Senadores, ao receber todas as informações do dono do Botafogo do Rio, o Sr. John Textor, aqui, pessoalmente, e depois secretamente - apenas o Romário não pôde, porque teve que viajar urgente por um problema pessoal no Rio de Janeiro, mas eu estava lá, na reunião secreta -, quanto a tudo que nós vimos lá, a maioria dos Senadores entendeu da seguinte forma: olha, aqui temos indícios de provas. E vem a empresa contratada pela CBF, Sportradar, e diz que nem indício existe. O senhor confirma? Porque isto é muito grave, essa sua resposta à brilhante pergunta pelo Relator Romário. O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Vamos lá, Senador. Acho que é importante a gente ter claro conceitos aqui. Vamos... Vestígio, indício e evidência, tá? Eu não sou da área jurídica, mas eu estudei um pouco isso pro meu trabalho de doutorado e vou trazer essa informação pra vocês. Vestígio é qualquer rastro que é deixado num crime, falando de uma maneira bem simples; uma evidência é quando esse rastro é analisado por um perito técnico e ele é considerado e é feita essa relação, essa conexão de que realmente tem uma explicação técnica por trás daquele primeiro vestígio. Toda evidência é um indício, mas nem todo indício é uma evidência. Por quê? Porque um indício também é subjetivo. Então, por exemplo, aquele lance que a gente mostrou do atleta do Chelsea, o gol contra: a gente pode dizer que é um erro técnico tão grotesco que aquilo ali pode ser considerado um indício, mas é algo subjetivo, não tem nenhuma explicação técnica por trás daquilo ali. Então, assim, a gente, dentro da nossa técnica, dos nossos parâmetros de avaliação, que são, como eu falei anteriormente, validados tanto cientificamente quanto pela Corte Arbitral do Esporte, a gente não identificou nenhuma evidência nem nenhum indício de manipulação de resultados nas partidas citadas. Não posso falar sobre metodologia, sobre trabalho de outras empresas. Primeiro, porque eu desconheço como funciona exatamente a metodologia de outras empresas, e eu posso falar, sou funcionário... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - No caso, a do Textor, a Good Game!? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Exatamente. Não conheço a fundo a metodologia deles, com quais parceiros eles trabalham ao redor do mundo. Eu posso falar pela Sportradar, que a gente trabalha, como eu falei, com mais de 180 parceiros de alto calibre ao redor do mundo, desde 2005, na parte do setor de integridade, com uma metodologia que é testada e aprovada. Então, dentro da nossa metodologia, não foi encontrado nenhum indício nem nenhuma evidência de manipulação. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Inclusive, o Relator Romário me lembra aqui - já era exatamente a próxima e última observação para passar ao Capitão Styvenson, Senador... O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN. Fora do microfone.) - Está tranquilo. Pode... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não, não, mas eu não quero te atrapalhar. Mas é que aqui há um ponto importante - por quê? - para que todos tenham conhecimento. Inclusive, não sei se toda a imprensa sabe. O Sr. John Textor tentou de todas as formas e publicou em suas redes sociais que ele gostaria que esta CPI fizesse uma acareação entre a Sportradar, a empresa contratada pela CBF, e a Good Game!, a empresa contratada por ele. Eu, como Presidente da CPI, o Romário, como Relator, e todos nós - até porque não teve requerimento de nenhum Senador - não concordamos. Primeiro, porque ele não é membro da CPI; segundo, porque nós não temos motivos, até então, para uma acareação entre as duas empresas, cada uma contratada pelo seu cliente. |
| R | Então, essa sua resposta é uma resposta, já que no começo o senhor prometeu dizer somente a verdade aqui... não é uma resposta por disputa de mercado, pelo fato de ela ser uma concorrente - no caso, essa Good Game!, que eu sinceramente desconheço -, não o é de forma alguma; é realmente o que o senhor pensa, afirma, categoricamente, e ponto-final? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim, com certeza. Acho que sim. Todas as empresas que trabalham no setor de integridade, as que eu conheço - e depois o meu amigo Tiago vai estar aqui também falando, e é uma pessoa também muito idônea, muito séria -, todas as empresas que trabalham nessa parte de integridade são empresas que têm um objetivo em comum, que é a proteção do esporte. O que eu posso falar é sobre a nossa metodologia. A nossa metodologia é testada, aprovada. E, dentro da nossa metodologia, dos nossos parâmetros, sempre com muita responsabilidade, a gente não identificou nenhum indício de manipulação nas partidas citadas. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Felippe, só pra finalizar... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não, Romário, Relator. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... antes do nosso Senador ali, bravo: o senhor entende que teria alguma relevância a possibilidade de uma acareação entre a Good Game! e a Sportradar? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Eu acredito... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Pra esta CPI e pro futebol brasileiro? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Olha, Senador, sendo bem sincero, eu não vejo qual seria o ponto disso, porque são metodologias totalmente diferentes. Até onde eu conheço, a metodologia da Good Game! é uma metodologia totalmente diferente da nossa. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Diferente em quê? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Olha, a informação que eu tenho, pelo que ouvi das audiências deles, é que é baseada em comportamento humano. Eu não tenho mais informações que isso pra comentar. Isso é totalmente diferente da nossa, que é baseada em movimentação de cotação e informações advindas do mercado de apostas esportivas. Então, assim, o que eu posso falar é sobre a nossa metodologia, sobre como a gente trabalha; não posso responder sobre outras empresas, sobre a eficácia de metodologia de outras empresas. E, sendo bem sincero, não vejo a que ponto levaria uma acareação, sendo metodologias totalmente diferentes. Quem tem que explicar a metodologia com que trabalha é a empresa que está fazendo as acusações. Dentro da nossa, a gente está aqui de coração aberto pra compartilhar com vocês todas as informações que a gente tem, colaborar com o processo e dizer categoricamente que a gente não identificou nada. Então, com o que a gente pode colaborar é isso. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Está bom. Muito obrigado, Sr. Felippe. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Capitão Styvenson Valentim, à vontade, por fineza, querido. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente; o Relator, nosso craque Romário. Eu acho que eu entendi. Peguei aqui já no início, não peguei a palestra do senhor toda, Sr. Felippe, mas eu entendo que a empresa em que o senhor trabalha e presta serviço é uma espécie de compliance no esporte, em defesa, eu acho que eu entendi isso. Se eu não entendi correto, o senhor me corrija. E eu observei que o senhor presta serviços e tem parcerias, não é? Ministérios Públicos, Polícia Federal... Agora, as perguntas que o Senador Romário fez fazem a gente levantar uma desconfiança, Senador Romário, não só pro futebol, mas também pras casas de apostas que tem neste país, porque, incrivelmente, alguns apostadores ganham 600 vezes na loteria, ganham inúmeras vezes em Mega-Sena, e parece que no esporte não é diferente. O senhor citou aí que tem parcerias com federações de futebol nos estados. E eu fiz um requerimento, Senador Kajuru, solicitando a presença de um representante de uma dessas instituições que eu vou citar aqui, porque os estados estão implementando jogos de apostas: lá no Estado do Rio de Janeiro, tem a Loterj; lá no Paraná, tem a Lottopar. Alguma dessas casas convidou, chamou - já que se trata de um estado, que também tem suas federações, que tem seu futebol, que acho que preza pela lisura -, alguma delas convidou a Sportradar pra fazer parte, pra poder dar credibilidade até mesmo a essas casas de aposta feitas pelos governos estaduais? |
| R | O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Não sei se entendi muito bem a pergunta, mas convidou em que sentido, Senador? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - O senhor não faz parceria? O senhor não trabalha com federação? Eles não convidaram vocês, já que é compliance, já que é para tornar a coisa segura? O senhor tem coragem de fazer uma aposta hoje em qualquer bet dessas, em qualquer casa de aposta dessas? O senhor aposta? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não, não, por contrato, eu não posso... Por questão contratual, eu não posso apostar. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - O senhor aconselha seu filho a apostar, algum amigo? O SR. FELIPPE MARCHETTI - É uma decisão individual de cada um, não é, Senador? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Não, não, eu perguntei se o senhor aconselha, se o senhor confia nisso aí. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não tenho... Não tenho opinião formada sobre isso. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Então, não convidaram o senhor? Nem a do Rio de Janeiro nem a do Paraná fez nenhuma... não acenou? O SR. FELIPPE MARCHETTI - O que a gente fez foi... a gente fez um workshop gratuitamente pra Lottopar, no final do ano passado, mostrando os riscos da manipulação de resultados e como a gente pode colaborar com a construção de um ecossistema seguro. Mas foi só isso, foi só uma participação realmente de um workshop educacional ali pra mostrar pra diferentes atores. Aí estava... tinha a Federação de Futebol do Paraná, estava participando, algumas outras federações esportivas estaduais também participaram desse evento, que foi conduzido... A gente participou de maneira online. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Isso foi o máximo? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Me causa curiosidade, Senador Kajuru, Presidente, porque a gente vê que o Brasil está regulamentando o setor e tem empresas, como essas que eu citei, que não estão preocupadas com a fraude. Então, é meio estranho, na minha concepção, do que eu estou ouvindo aqui. Porque parece que o Senador Romário já deixou claro que as casas de apostas... O senhor disse que tem algumas que têm parceria com o senhor? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Oitenta e cinco. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Oitenta e cinco! O SR. FELIPPE MARCHETTI - Na parte de integridade, sim; ao redor do mundo, sim. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - E nenhuma dessas duas que eu citei tem? Só chamou o senhor pra um workshop online? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim, elas não fazem parte desse rol das 85. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Por isso que eu pedi, por requerimento, a presença. É importante pra que ele venha explicar... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Claro. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - ... até onde vai a lisura dessas apostas manipuladas agora pelo Estado. Porque, por essas outras, o senhor tem 85, mas não faz parte algo que deveria estar com o senhor. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Agora... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Ou com outras empresas. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Ou com outras empresas. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim, agora, por regulamentação, todas as casas de apostas que vão operar no Brasil, obrigatoriamente vão precisar participar de algum programa de integridade e compartilhamento de informação. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas essa regulamentação ainda não saiu, isso veio só na regulamentação do texto-base da lei. Lembrando que já passaram seis meses, Styvenson... O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Isso. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E está tudo como antes. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E vão levar mais uns seis. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O Governo não está arrecadando nada... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Vão levar mais uns seis, no mínimo. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, porque o Governo não está arrecadando, está bom para o outro lado... O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - E parece que pros estados está melhor ainda. Parece que virou um negócio muito bom. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Está dependendo do Ministério do Esporte resolver os seus problemas, mas, enfim... Sr. Felippe - um minuto, amigo -, o senhor tem a lista das casas de apostas que... o senhor pode entregar a esta CPI, que têm contrato com vocês? O SR. FELIPPE MARCHETTI - No intelligence team, sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O.k. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - É até bom, porque isso passaria até credibilidade, daria um selo, não é? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Pra mostrar quem é quem. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Daria até um selo. É por isso que eu estou lhe perguntando, sem lhe constranger, se o senhor teria coragem de apostar. Nas casas que o senhor fiscaliza, o senhor apostaria? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Ah, Senador, eu não estou em posição de responder a essa pergunta. |
| R | O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Tá. Está bom. O senhor me falou agora sobre os atletas. Coincidentemente, alguns 16 atletas do Brasil todo, que têm rastros, vestígios de que já passaram ali por um tipo de manipulação, se encontraram num time só lá no interior do meu estado. É muita coincidência ou o senhor acha que foi também especulação, foi manipulação? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Existem relatórios mostrando que esse clube manipulou duas ou três partidas no Campeonato Potiguar. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Com a própria contratação desses atletas? Então já tinha previsibilidade? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Assim... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Qual o clube? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - É o Globo. O SR. FELIPPE MARCHETTI - A gente pode compartilhar essas informações com vocês depois. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Publicamente não podemos fazer... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Dezesseis jogadores do mesmo time? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Dezesseis jogadores do mesmo time? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Ele falou. Ele falou: 16... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Então, mas qual time? Precisamos saber. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - O Globo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Hã? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Globo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Chama Globo? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - É lá de Ceará-Mirim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu nem sabia que existia esse time, desculpa. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Força e Luz. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Força e Luz. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Força e Luz também. O interessante, Romário, foi que ele disse que são 16 atletas e ele disse "coincidentemente". Acho que não é coincidência. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É, a única coisa que não é coincidência. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Isso não é coincidência, foi feito para manipular mesmo. Quando não é com um, é com o outro. Eu tenho 16 chances de manipulação. Esses atletas ficam com esse rastro e acompanham para o resto da vida? O time que comprar esses atletas ou que fornecer esses atletas já leva ali uma atenção, um alerta. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Dentro do nosso sistema, a gente tem as escalações das partidas e os atletas que participaram de jogos manipulados. Então a gente consegue ver. E aí tem dois níveis de classificação: a primeira é quando o atleta só participou do jogo; e a segunda é quando ele teve uma atuação direta no resultado. Vamos pegar um exemplo: um atleta que participou de um jogo manipulado, ele fez um gol contra, fez um pênalti. Com isso aí, ele vai ter uma marcação especial dentro daquele jogo. A gente consegue saber atletas que participaram de vários jogos, às vezes ele não esteve envolvido diretamente com um pênalti, com um cartão, com algo do tipo, com um gol contra, mas ele estava no jogo. E aí pode aparecer aquela coisa... Ele está jogando hoje no Rio Grande do Sul, aí o time dele está manipulando. Acabou o campeonato, a Série B, a divisão de acesso gaúcha, ele vai lá e vai jogar na Paraíba. Aí de novo, coincidentemente, o time a que ele chega na Paraíba, um mês depois que ele chegou lá, esse clube começa a manipular. Opa, aí tem coisa; ou não, mas provavelmente tem. Assim como o Senador Portinho falou muito bem, provavelmente tem. Então a gente começa a levantar, cruzar evidências que a gente está pegando do mercado de apostas com histórico de atletas, e aí conseguir predizer, muitas vezes, o que pode acontecer. E esse trabalho de inteligência é muito importante. Até é algo que a gente recomenda para as federações, que seja feita essa análise de risco antes das competições, para ver quais os clubes que estão em condição mais vulnerável e fazer um levantamento posterior de quem são esses agentes que estão por trás também desses clubes, porque, nos contratos de gaveta, muitas vezes, a gente não tem acesso a quem são. A federação também não tem acesso. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Entendi. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Entendeu? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Entendi. O que me chamou a atenção, Presidente Kajuru, foi a coincidência, a coincidência de 16 atletas do mesmo time. Parece que o clube já tinha esse conhecimento ou ele foi... "Ah, eu não sabia que estava contratando essas pessoas que manipulam apostas, esses atletas". Porque parece que o clube agora, quando for contratar, tem que ter conhecimento até do histórico sobre isso. "Ah, eu estou contratando um atleta que parece que tem uma relação íntima com apostas e que frauda os jogos". Só para eu entender, a palavra "coincidência", quando o senhor me falou, foi de forma irônica ou foi de forma precisa mesmo, séria? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Eu digo coincidência porque eu não posso afirmar categoricamente que o clube tinha conhecimento disso. O que a gente sabe é que tem esse fato de vários atletas que manipularam já. |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Tem indícios, não é uma prova, não é? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Exato, a gente não tem poder... E aí entra um fator bem importante que eu acho que é claro: a gente delimitar competências aqui. A Sportradar não tem poder de polícia para chegar ali e quebrar o sigilo bancário, quebrar o sigilo telefônico. A gente tem, sim, uma equipe de investigação e inteligência que consegue mostrar potenciais conexões. Então, por exemplo, se a pessoa que arrendou esse clube tem alguma conexão com algum manipulador de resultados internacional, ou se o atleta que estava lá num clube que manipulou saiu do Brasil e foi jogar no exterior, foi jogar, digamos, na América Central, foi jogar na América Central num clube. Será que esse clube não tem uma conexão, ou será que o dirigente desse clube não tem uma possível conexão com algum grupo internacional de manipulação de resultados? Os senhores ainda não tinham chegado aqui, Senador Girão, Senador Portinho, quando eu falei, anteriormente, que a gente tem o envolvimento de crime organizado internacional por trás da manipulação de resultados. E esses manipuladores têm redes que funcionam em um formato de pirâmide. Então, o que seria? Existe um manipulador chefe que pode estar sentado lá em Singapura, na casa dele, e apostar num jogo do Campeonato Brasileiro numa casa de apostas na Rússia. O que ele vai fazer? Ele vai organizar um esquema em nível regional. Como é que eles fazem isso? Eles vão lá, pegam uma pessoa que tem conhecimento do mercado, digamos, do mercado brasileiro. Eu sou manipulador, estou sentado lá em Singapura e quero manipular no Brasil. Quem é o cara que vai me dar condição de organizar o esquema no Brasil? Muitas vezes, utilizam atletas com passagens por esse futebol de lá. Um jogador que jogou na Indonésia, que jogou na Tailândia teve contato com os manipuladores quando esteve lá... Que jogou na região dos Balcãs. Então, assim, essa pessoa vai ser o responsável por organizar a manipulação aqui no Brasil. A partir daí, a gente vai pra uma próxima camada. O que seria essa camada? Seria identificar quem é a pessoa que vai chegar pro atleta e vai dar uma credibilidade pro atleta. Porque uma coisa é chegar o Felippe, que o cara nunca viu na vida, o jogador nunca viu na vida... O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN. Fora do microfone.) - Para abrir negociação. O SR. FELIPPE MARCHETTI - ... e falar: "Vou te pagar 100 mil pra tu manipular um jogo". Qual é a garantia que o atleta vai ter de que ele vai receber esse dinheiro depois, que não é uma pegadinha, que não é algo assim? Outra coisa... O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Se levar o calote, não tem nem com quem reclamar, não é? (Risos.) O SR. FELIPPE MARCHETTI - Exatamente. Outra coisa é chegar um atleta que jogou com ele - e isso a gente viu em alguns casos até mesmo da Penalidade Máxima -, um atleta que atuou com ele, foi um companheiro de vestiário, teve uma relação de amizade, uma proximidade, ou até mesmo o famoso "parça", que é o cara que desenrola ingressos de festa, carro, coisas assim pro atleta quando ele chega num clube novo. Eles utilizam essas pessoas pra dar credibilidade pra oferta e pra chegar ao manipulador. Então, tem todo um esquema por trás que acontece na manipulação de resultados. E é importante a gente mostrar isso de uma maneira muito clara pro atleta poder se proteger. Pro crime organizado, é um mercado que tem alto potencial financeiro e um risco baixo, porque as penas, até mesmo quando são detectadas - em alguns países, como eu falei anteriormente, nem crime é -, são brandas. Então, pros manipuladores, é um mercado muito interessante. Até tem um dado que foi levantado pela Ministra de Esportes da França na época, que era a Valérie Fourneyron. Ela disse que 10% do dinheiro do crime organizado internacional é lavado através da manipulação de resultados no mundo. E esse é um ponto importante, esse é um ponto em que eu sempre bato na tecla... A gente regulamentar o jogo aqui no Brasil, independentemente da posição que a gente tenha, de uma posição pessoal de ser contra ou a favor do jogo, pra gente proteger o esporte, é fundamental, porque o mercado de apostas é transnacional. É aquilo que eu falei: o apostador que está sentado lá em Singapura pode apostar no jogo da Série D no Brasileirão no site da Rússia, independente se as apostas são regulamentadas ou não aqui no Brasil. Então, regulamentar o mercado aqui no Brasil acaba dando mais visibilidade pro mercado, obrigando os operadores a compartilhar informação e criando um sistema de proteção pro esporte brasileiro e, principalmente - digo isso muito para ti, Romário -, principalmente, pros atletas que estão em condição de vulnerabilidade financeira, e vulnerabilidade ali de ele não saber o que ele vai fazer quando acabar uma Copa Rio, quando acabar o campeonato estadual de segunda divisão, garantindo a proteção dessas pessoas, que é o ponto mais importante. É um crime - é um crime -, mas a gente tem que garantir a segurança das pessoas e o bem-estar das pessoas enquanto Estado brasileiro, o bem-estar social dos cidadãos. Então, é muito importante criar esses mecanismos. |
| R | O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Só pra encerrar, para dar oportunidade aos demais Senadores, aqui aos meus vizinhos, se for possível, Senador Kajuru, a gente solicitar esses relatórios, principalmente lá do meu estado, Força e Luz e o Globo, porque eu fiquei curioso. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Esses estão dentro dos 109 jogos que tiveram alerta? (Intervenção fora do microfone.) O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ah, está ótimo. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Então, a gente vai ter esse acesso, não é? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É, nós aqui já temos os 109 jogos, não é? A CPI já recebeu, agora a questão é o relatório, não é isso? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Obrigado, Senador. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para interpelar.) - Só rapidamente, antes de passar, pela ordem de chegada, ao Senador Carlos Portinho, que representa o Rio de Janeiro... Pena que não vai ser Prefeito lá, não é? E hoje ele veio diferente. Viu, Girão, o que o casamento faz com o homem? Parou de usar óculos, está de lentes de contato. (Risos.) E o Senador Eduardo Girão, sempre presente também nas nossas reuniões, todos eles. Mas, Sr. Felippe Marchetti, o senhor é o representante da empresa Sportradar. Qual foi o prazo do contrato da CBF para com a sua empresa? O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Quando que expira o contrato? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Em 31 de dezembro de 2024. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Termina este ano... O SR. FELIPPE MARCHETTI - Isso. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Esse tempo é suficiente para o trabalho de vocês ou você sugere que haja uma renovação? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Já está sendo discutida a questão de renovação de contrato, mas aí é uma prerrogativa da CBF. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Das 109 partidas, foi a Sportradar que descobriu aquele caso difícil de acreditar, mas a partir de agora tudo é fácil de acreditar: do jogador do Santos, o Eduardo Bauermann, que tinha salários de R$300 mil e, pra tomar cartão amarelo, ele recebeu uma propina de R$50 mil. Foi a Sportradar que levantou esse caso ou não? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Teria que ver se esse jogo está entre os que a gente detectou da Penalidade Máxima. Agora de cabeça... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Você poderia ver, por favor? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim, sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Tá. E, dos casos... Pra concluir, a última pergunta minha, depois voltarei, mais tarde. Dos casos dos 109 jogos, você pode dizer aqui pra nós quais os que assombraram mais a sua pessoa como investigador? Quais os casos, quais os jogos, quais os jogadores envolvidos e confirmados em manipulação? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Ah! Houve tantos casos... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Muitos? O SR. FELIPPE MARCHETTI - É, diversos casos aqui no Brasil. Tem diversos casos em que a gente vê, assim, uma movimentação no mercado de apostas que é muito fora da curva, do que a gente espera como o mercado ia se comportar e como ele realmente se comportou. Posso dar exemplo, um exemplo para vocês. Por exemplo, vou pegar uma partida hipotética, uma partida de vôlei. Quando tu vês que um mercado de primeiro set recebe 99% das apostas, quem vai vencer o primeiro set recebe 99% do total de apostas colocadas, sendo que o esperado é que o mercado de vencedor da partida tenha um volume muito maior proporcionalmente. Isso é uma evidência, assim, muito clara de que os apostadores sabem o que vai acontecer naquele evento. |
| R | E, assim como tem esse caso hipotético que eu estou trazendo para vocês, tem diversos casos em mercados diversos que acontecem. Dentro dos relatórios ali que a gente apresentou para vocês, tem diversos casos. A gente se coloca à disposição caso os Senadores queiram conversar depois sobre algum caso específico para a gente fornecer mais informações, explicar detalhadamente como foi essa detecção, o que está contido no relatório. Vai ser um prazer poder colaborar com vocês. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu, como Presidente da CPI, e coloco os outros Senadores à vontade, gostaria de lhe solicitar se é possível enviar um ofício a você, como representante da Sportradar, para você dar conhecimento a nós - não a mim, à CPI; aqui nada é individual, tudo aqui no trabalho é plural - sobre esses jogos, casos de jogadores que mais o assombraram. Eu posso lhe enviar esse ofício? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Pode. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Posso? A assessoria já está preparando. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Senador Kajuru, só para acrescentar... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não, Portinho. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Até a demanda do Senador Styvenson, a sua e a minha acho que possuem o mesmo objeto: a gente ter acesso pela CPI aos 109 relatórios dos 109 jogos acusados das Séries B e C do ano passado, com o destaque daqueles de que V. Exa., Senador Kajuru, gostaria de ter mais detalhes, aqueles que chamaram mais atenção. Acho que a gente pode botar isso tudo num ofício só. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sem dúvida, sem dúvida! O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Aí atende as três demandas. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - As assessorias já estão, então, por favor, incumbidas dessa missão. (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Presidente... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Presidente, só uma colocação. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ... agora o Relator Romário quer fazer mais uma colocação. Fique à vontade! O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Sr. Felippe, eu, como Presidente de um clube, porque sou Presidente do América, posso contratar sua empresa para verificar - por exemplo, em algum jogo do América em que eu entenda que tenha havido algum tipo de manipulação - diretamente com o senhor? O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Não, a gente trabalha diretamente com as federações esportivas para isso. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Então, eu tenho que chegar à federação... O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... e pedir à federação para fazer esse contato? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Por quê? Por qual razão? Só desculpa. Essa pergunta do Romário é muito boa. O presidente de um clube zeloso, zeloso... O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Hã-hã. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... que está querendo fazer o seu trabalho, ter a ética e tudo, por mais que ele coloque isso no compliance, converse, mas por que ele não pode? É um compliance de vocês, é uma decisão de vocês? Só para entender. O SR. FELIPPE MARCHETTI - É respeito às hierarquias. O processo que a gente julga ser o correto é que o presidente do clube... O clube é filiado à federação, o clube procura a federação e a federação nos procura. Acontece com as federações que a gente tem parceria aqui. A gente tem alguns casos em que o clube suspeitava de que tinha manipulação... Aquele caso, por exemplo, é um caso de arrendamento de clube. O clube suspeita que o arrendador está manipulando partidas. Ele pode chegar à federação parceira e pedir para a federação nos contatar para a gente checar os jogos desse clube. A gente passa a informação para a federação parceira e a federação passa para as autoridades competentes, tanto para o clube quanto para a... A gente sempre sugere que as federações compartilhem a informação com as autoridades públicas, com Polícia Federal, com Polícia Civil, com Ministério Público, justamente por aquilo que eu falei anteriormente: a Sportradar não tem poder de polícia. E a única maneira de combater o problema de maneira efetiva é que tenha um fluxo de informação e que todos trabalhem de maneira cooperativa e conjunta para conseguir ter o melhor resultado possível nisso. E para a gente é muito importante ter isso, porque, no final do dia, o que a gente quer com o nosso trabalho é... Acabar com o problema a gente não vai conseguir acabar, mas a gente quer reduzir ao máximo o problema e que os manipuladores fiquem com medo de atuar aqui no Brasil. Então, é importante a gente trabalhar para a gente ver o nosso trabalho também sendo reconhecido e tendo resultado final. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Na pergunta do Romário... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A federação carioca... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Isso que eu ia falar. Pode fazer... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - A federação carioca está... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Entre as 12... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... tem um contrato com vocês? O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Tem. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Então, eu posso chegar lá para o Sr. Rubens, o Rubinho... O SR. FELIPPE MARCHETTI - Presidente. |
| R | O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... o Presidente, e pedir isso. Eu peço à federação para que a federação entre em contato com... O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim, inclusive, a federação carioca faz um trabalho de excelência nesse aspecto. Quando a federação identifica qualquer tipo de suspeita ou quando a gente precisa, por exemplo, de uma informação de súmula da partida, o nosso ponto de contato é o Marcio Duba. O Marcio é muito rápido em enviar a informação e compartilhar, e a federação carioca age de uma forma exemplar, muito rápida e muito eficiente. Então, a federação... a gente tem muito prazer, sim, em trabalhar com eles, porque a gente realmente vê o trabalho sendo levado ao cabo, as punições ocorrendo. É um trabalho muito bom. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Inclusive... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu fico muito feliz em ouvir isso. É a minha federação. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Só um dado, Senador Romário, para ver exatamente, confirmar isso que ele está dizendo a respeito do zelo da Federação do Rio de Janeiro... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - De Futebol do Estado do Rio de Janeiro. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Inclusive, se eu não me engano, foi a primeira federação a contratar com vocês, não foi? O SR. FELIPPE MARCHETTI - A primeira, não. A gente trabalha com a federação carioca desde do início do ano passado, mas a federação carioca tem o sistema de monitoramento premium, que são os relatórios mais completos que a gente possui. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E a CBF, qual é o contrato que ela tem com vocês? Não é o premium? O SR. FELIPPE MARCHETTI - O contrato com a CBF tem diferentes camadas. Até tem uma... Se vocês puderem botar, tem uma das lâminas que eu acho que fica melhor a visualização para explicar esse detalhe. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Até pelo seguinte... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A nossa federação é rica; a CBF, não. (Risos.) O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Na verdade, eu acho que o Presidente da Federação do Rio é que tem um interesse maior, porque sabe que isso é um fenômeno mundial e que ninguém está imune. Inclusive, é isto que eu queria, aqui, trazer até para o conhecimento. Na semana passada - a Sportradar pode confirmar -, o jogo, Romário, do Campeonato Carioca Sub-20 - Sub-20 -, e não era Flamengo contra Vasco, não. Era um jogo lá, cacha-prego, contra um outro clube qualquer. Não sei quais eram, não guardei os clubes. Houve um alerta de manipulação, porque o resultado do primeiro tempo ia ser um e do segundo tempo ia ser outro. O alerta pegou exatamente isso. Essa partida está sob suspeita; o presidente da federação já suspendeu os clubes, os atletas, até que isso seja esclarecido. Não é verdadeiro isso que eu estou trazendo? Pode falar um pouquinho a respeito. O SR. FELIPPE MARCHETTI - É, eu não posso comentar sobre esse caso publicamente, pela questão de confidencialidade contratual com a Ferj, mas corroboro o que o Senador falou. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Ou seja, é verdade, porque... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O presidente realmente está trabalhando lá na federação. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - No clubinho, não é? O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Parabéns! O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Você vai poder pedir a ele o relatório, se você tiver alguma... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Farei, farei. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E ele atenderá na hora. Esse exemplo do Romário aqui, agora, com o Presidente do América, serve de exemplo - o Girão, que foi Presidente do Fortaleza - a todos os presidentes: que façam o mesmo com as suas federações, porque me parece inconcebível: nós temos 27 federações no Brasil; só 12 tem o contrato com a Sportradar. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu queria fazer... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Por que as outras não têm? Elas não querem investigar? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu queria entrar nessa pergunta, até. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Aí você pode começar já a sua rodada. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu vou partir dela. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Vítimas desinteressadas. (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Vítimas desinteressadas. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Eu gostei desse termo que trouxe o Ministério Público de Goiás. É exatamente... E, aliás, foi a razão de o Senador Romário puxar as assinaturas. Ele me convenceu quando ele falou para mim: "Portinho, o que as casas de apostas estão fazendo com relação à manipulação?". E isso me deixou um ponto de interrogação - ele trouxe, o Senador Romário, na última - muito pertinente. A gente vai chegar nas casas de apostas, só que, para a gente chegar lá, a gente precisa desse conteúdo. E aí, antes de você até falar a respeito do que você vai mostrar, eu queria, para que todos tenham ciência, que você explicasse um pouquinho como são esses contratos, essa relação. Vocês, por exemplo, para a CBF, a contratação de vocês veio através da FIFA? Foi a CBF que procurou vocês? Vocês provocaram a CBF, dizendo: "Olha, está havendo isto aqui no Brasil", e aí ela chamou vocês? Qual é o tipo de contrato que a CBF tem em relação a outras federações como a do Rio de Janeiro, que você disse que é contrato premium? E qual é a diferença desses contratos? E, aí, com a sua apresentação, talvez essas respostas fiquem mais claras. |
| R | O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Excelente pergunta. Por isso eu trago essa apresentação, porque é pra ficar mais claro. A gente tem competições que são cobertas, é um contrato que a gente tem internacionalmente com a FIFA. A FIFA monitora a primeira divisão, primeira e segunda divisão dos campeonatos nacionais masculino e feminino no mundo inteiro com a gente. São relatórios... A gente tem dois tipos de relatório: um relatório que é mais inicial, que é o relatório ali, que eu coloco, de uma página, que traz as informações mais essenciais do porquê a partida foi considerada manipulada, tá? Então, é um relatório inicial. E a gente tem um relatório premium, que é um relatório de 15 a 20 páginas, que é um relatório completo, em que a gente mostra a escalação, histórico de implicação dos atletas em partidas, movimentação das casas de apostas, volume movimentado. É um relatório que é um relatório que é considerado pela Corte Arbitral do Esporte como evidência de manipulação de resultados e é um relatório que é validado cientificamente pela Universidade de Liverpool. No Brasil, a gente tem Série A, Série B, masculino e feminino, e Copa do Brasil, um guarda-chuva do acordo com a FIFA. Série C, Série D, sub-20, Copa do Nordeste, Copa Verde, que são competições geridas pela CBF, elas são relatório premium. As outras competições dentro do contrato com a CBF... A gente tem também a primeira divisão dos estados, que é importante deixar claro: não são competições que são geridas pela CBF, são competições geridas pelas federações estaduais em que a CBF, pra colaborar com as federações estaduais, tem o relatório, esse, de uma página, mais inicial. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sem prejuízo de a federação também ter o seu próprio contrato? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim, sim. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Como no caso do Rio? O SR. FELIPPE MARCHETTI - E tem competições no Brasil em que a gente não tem cobertura: segunda divisão dos estados, copas estaduais, estaduais sub-20, estaduais femininos. De maneira proativa, a gente trabalha no monitoramento desses jogos também. E, aí, o que a gente faz? Quando a gente detecta que uma manipulação aconteceu nesse jogo, a gente envia um e-mail, que é o que a gente chama de weakness summary. A gente manda pra CBF um e-mail semanal dizendo: "detectamos, na segunda divisão do estado X, que tal jogo que foi manipulado ou com suspeitas ou evidências de manipulação". A gente informa a eles. A gente não produz o relatório porque... O que acontece? Um relatório premium, que é um relatório pago, leva três dias pra ser feito. Um relatório de uma página é um relatório que a gente faz gratuitamente pras federações. Tem federações - por exemplo, a federação gaúcha - com que a gente tem um contrato. A federação gaúcha não paga nada pro monitoramento desses jogos. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E esse da FIFA, de uma página? Ela também não paga? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não. Não tenho conhecimento de como funciona a questão financeira com o mercado, o contrato com a FIFA. Porque, daí... Eu sou responsável pelo mercado do Brasil, Senador. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu só quero fazer um parêntese pra gente observar uma coisa, Senador Kajuru: as competições mais importantes do país estão sendo supervisionadas pela Sportradar através não de um contrato da CBF; através de um acordo da FIFA, que produz um relatório de uma página. E geralmente esses relatórios são gratuitos. O que eu quero mostrar, assim: está faltando muito cuidado com a Série A, com a Série B, com as principais competições do Campeonato Brasileiro, a Série C e a Série D, onde houve 109 alertas no ano passado. Não é possível que, seis meses depois de aprovar a lei geral das apostas, um ano depois do caso de Goiás, a CBF, mesmo depois de aberta esta CPI, a CBF não tenha feito a contratação mais robusta de um relatório de uma empresa, ou duas, ou três, ou quantas fossem necessárias para garantir a integridade das competições. Isso é muito sério, porque o que a FIFA faz ali, no relatório de uma página, é para dizer que está fazendo alguma coisa. Vamos falar a verdade. |
| R | É como veio aqui a CBF e disse: "não, nós temos um acordo com a FIFA, nós temos um acordo com a ONU...". Isso não é nada. Na prática, o que está acontecendo aqui no Brasil? No Brasil, as principais competições são monitoradas por um contrato da FIFA, que é o standard, o mais básico, de uma página, enquanto, por exemplo, a Federação do Rio, para os seus campeonatos, contratou o relatório premium. E aí eu queria só que... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só no caso de Goiás, não foi um ano, foram dois anos. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Dois anos, não é? Ou seja... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Foi em 2022. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... há dois anos essa bola da manipulação está quicando, e a entidade maior de organização do futebol brasileiro, até agora, mesmo depois de uma CPI, não fez - Senador Girão - acordo com o Ministério Público e com a Polícia Federal e se vale de um contrato para inglês ver - desculpa, isso aí, literalmente, é um contrato para inglês ver, como falamos aqui -, o relatório de uma página das competições mais valiosas dela, do produto do futebol nacional. Não tem um canal de denúncia, como o próprio Ministério Público confirmou, que isso é imediato... e eu inclusive sugeri, Romário, semana passada, à CBF, que ela busque o Disque Denúncia, que é da sociedade civil, porque a sociedade civil confia nessa entidade, que guarda o sigilo do denunciante e na qual todo mundo acredita, ou seja, se a CBF vai ter um canal de denúncia próprio para os seus clubes, para a família futebol, ótimo, mas o irmão do jogador, que soube que ele está envolvido com aposta, vai denunciar para quem? Ele vai fazer... como disse a Presidente Leila, vai lá falar com o Presidente da CBF, Senador Styvenson? É lógico que ele não vai falar com o Presidente da CBF, ele quer um canal que preserve a identidade dele e no qual ele possa passar a diante a informação. Então, nada está sendo feito até agora. E eu queria só... para que o público e todos nós entendêssemos, porque eu tenho certeza de que, mesmo um relatório de uma página, eu imagino que ele traga informações de cruzamento de apostas, não sei. Eu queria saber qual é a metodologia e saber qual é a diferença básica entre um contrato standard, de uma página, e um contrato premium, como o que a Federação do Rio de Janeiro tem. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Ótima pergunta. O monitoramento, esse inicial, traz... o monitoramento do mercado é exatamente o mesmo. Isso é importante que fique claro. Então, o que muda é o relatório. Um relatório é mais básico, traz a informação essencial de por que o jogo foi manipulado, traz algumas informações do mercado de apostas, mas a gente recomenda sempre o relatório premium, porque ele é um relatório muito mais completo e que pode colaborar muito, pode servir de subsídio para futuras... tanto para casos na esfera esportiva, quanto na esfera criminal. Traz mais elementos para corroborar futuras investigações. Então, a gente sempre sugere isso, mas isso é uma questão... só uma coisa, Senador, Série C e Série D são de relatório premium... são Série A e B, e a confederação pode pedir, mesmo ela tendo um relatório de uma página, se ela quiser algum jogo específico, um relatório mais completo. Nada impede que ela peça e que seja feito um relatório específico da partida solicitada. Então, essa... a confederação... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Mediante pagamento. |
| R | O SR. FELIPPE MARCHETTI - Mediante pagamento. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Um extra. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Felippe, o senhor aconselharia, por exemplo, a CBF a fazer um passaporte de integridade do jogador de futebol do Brasil? Seria interessante isso? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Já está sendo feito. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Lógico. O SR. FELIPPE MARCHETTI - A gente tem, essa informação é compartilhada com a Polícia Federal. Foi uma iniciativa muito positiva que a CBF teve nisso, para justamente a gente conseguir evitar situações como a gente viu no Rio Grande do Norte, Senador, para a gente conseguir antecipar o problema. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN. Fora do microfone.) - Ficha limpa... O SR. FELIPPE MARCHETTI - É, basicamente isso. E, assim, inclusive, no futuro, as federações estaduais, ou a própria CBF podem ter esse controle, tanto de histórico, quanto de questão educacional. Quem fez esses programas de integridade... Eu falei, no início da apresentação, que a gente tem uma plataforma de educação com 12 federações aqui no Brasil. E as federações que contrataram a gente para isso têm visibilidade sobre quem preencheu, tanto por clube, quanto por federação, quanto por CPF. Então a gente pode exigir que atletas terminem um treinamento de integridade para poder atuar em competições no Brasil. Essa é uma iniciativa bem interessante, que já funciona no tênis internacionalmente e que vai levar primeiro, antes de pensar em punição, vamos pensar em educação, vamos pensar em proteção, para depois a gente pensar em punir. A punição é importante, é fundamental, mas a educação, ainda mais. E a gente conseguir proteger quem está vulnerável é o primeiro passo de todo um processo que tem que ser feito. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Felippe, vocês têm alguma relação ou contrato com a Federação Inglesa de Futebol? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Inglesa? O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Desconheço. A gente tem contrato com... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, se vocês têm contrato com eles. Não? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Temos com a Uefa. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Uefa. Aquela situação do Paquetá passa, em algum momento, por vocês, pela empresa de vocês? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Senador, essa é uma investigação em andamento. E primeiro que ela não envolve algo que aconteceu no Brasil. E por questão de confidencialidade contratual, eu não posso comentar. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Posso dar aqui meu seguimento? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Paquetá está convidado por esta CPI. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu queria seguir aqui, voltando às formas de contrato. A CBF recebeu, então, das Séries C e D, o premium. Faço aqui o reparo, C e D estão no premium, mas o campeonato mais valioso dela, repito, que é a Série A e a Série B, estão num relatório de uma página só, não é? Esses jogos, 109 jogos manipulados... não vou dizer manipulados, acho que você também não usa isso, que têm alertas ou possibilidades de manipulação. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Evidências. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Evidências, indícios, não é? Evidências, indícios. Vocês apresentaram o relatório premium desses 109 jogos, que são esses relatórios a que a gente vai ter acesso, a requerimento do Senador Kajuru. O que foi feito? Depois que vocês entregam o relatório, isso foi parar onde? Assim, vocês têm um feedback do retorno, sabem o que está acontecendo? Porque são partidas de 2023, a gente já está em meio de 2024, e a gente não tem ainda informação alguma de que algo aconteceu sobre essas 109. Não são duas ou três, não, Girão, são 109 partidas das Séries B e C. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Depois que a gente manda, o processo é o seguinte: eu mando o relatório para o e-mail da Unidade de Integridade do Futebol Brasileiro, desde que a unidade foi criada, em novembro do ano passado. Esse é o fluxo de informação. O relatório é enviado para lá. A CBF, recebendo isso, coloca dentro da plataforma que tem - a CBF tem uma plataforma em que ela coloca toda a informação -, e essa informação, via plataforma, é compartilhada com a Polícia Federal. A partir daí, já foge da nossa capacidade de intervir. E, sempre que procurados pelas autoridades, a gente procura colaborar com as informações que a gente tem. |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas vocês não foram procurados ainda pelas autoridades para falar sobre esses relatórios de 109 partidas? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não todos, mas de alguns, sim. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - De alguns já, dos 109? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ah, isso é uma boa notícia. Nós, aqui, inclusive, sugerimos à CBF, na última audiência com eles, que o Procurador-Geral do STJD tivesse a representatividade junto ao Ministério Público, que alguém da CBF... Não pode ser para inglês ver! "Peguei aqui 109". "O que é que você fez?". "Mandei para o Ministério Público e para a Polícia Federal". Acabou... Não pode ser! Alguém tem que estar acompanhando, pela CBF, isso. A gente já tem a informação de que ninguém está acompanhando diretamente. O Procurador-Geral do STJD, que é quem deveria ter a competência da representatividade para isso, não tem os poderes - foi dito aqui pela própria CBF -, então fica parecendo que é para inglês ver. Aí eu queria continuar aqui, fazendo uma pergunta. Na entrevista, há pouco menos de um mês, ao podcast Máquina do Esporte, Felippe, você disse que a Sportradar tem quatro formas de monitorar a integridade. A primeira é o UFDS; a segunda é o MTS; a terceira é o Integrity Exchange; e a quarta é o repasse de informações dos envolvidos na indústria de esportes, dos stakeholders. A pergunta seria: algum desses métodos... Primeiro, o que são esses métodos e também se algum desses métodos analisa, de ofício, provas em vídeo, provas diretas, ou é só cruzamento? Como é que é a metodologia desses métodos? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não é isso, não. Senador, eu mostrei isso na apresentação inicial... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ah, perdão. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Mas eu mostro, com o maior prazer, porque eu acho que esse ponto é bem importante: de mostrar a metodologia. Se vocês puderem botar, por favor, a apresentação de Powerpoint, a partir do ponto "monitoramento" ali. (Pausa.) Mais um. (Pausa.) Mais um. Vamos lá. É esse aí mesmo. Esse primeiro, bom... Volta mais um, por favor. (Pausa.) Isso. Esse aí é o UFDS, Senador, de que o senhor falou. Com o UFDS, a gente monitora a movimentação de cotações. Então, quando tem ali alguma movimentação, alguma discrepância nas movimentações, a gente consegue que ele gere dois níveis de alerta para isso. A gente monitora 600 operadores, mercado legal e mercado ilegal. É fundamental monitorar o mercado ilegal; como eu falei, entre 60% e 70% do mercado é ilegal. Então, a gente ter essa visibilidade é essencial, porque grande parte das manipulações - te diria que a grande maioria delas - são colocadas nos sites de apostas na Ásia. Então, se a gente não monitorar o mercado asiático, é muito complicado, vira um sistema que é praticamente inefetivo. Então, assim, a gente monitora tanto o mercado legal quanto o mercado ilegal. Alerta para jogo em tempo real. Dois modelos de inteligência artificial. A questão de validação eu já citei, não é? Tanto pela Universidade de Liverpool quanto pelo ISO. Vamos mostrar o vídeo ali. Acho que o vídeo mostra claramente. Este é um jogo que aconteceu nas eliminatórias da Copa, África do Sul e Senegal. Antes de... Bom... Assim, a gente tem sempre o comportamento esperado da cotação e como ela realmente se comportou. Esse gráfico é do vencedor de primeiro tempo. O jogo estava, com 40 minutos do primeiro tempo, em 0 a 0. Aquela linha branca é que a África do Sul venceria o primeiro tempo, ou seja, ela começa ali, digamos, com uma cota 2.0. À medida que o primeiro tempo vai passando, o jogo está empatado, a chance de a África do Sul vencer esse primeiro tempo é menor. A cotação vai ser maior. O prêmio pago vai ser maior. |
| R | O que aconteceu ali - que é o gráfico preto -? A cota não subiu. Foi subir um pouquinho no final. Por que isso? Entrou muito volume de dinheiro de que a África do Sul ia vencer o primeiro tempo. Isso mostra que os apostadores tinham conhecimento prévio do que ia acontecer. E, a partir daí, tu crias o que a gente chama de boca de jacaré. A diferença do gráfico... E aí cria... É muito clara a manipulação. Esse árbitro, depois que ele foi investigado pela FIFA, foi banido do futebol. E aí... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A manipulação foi pelo árbitro ou foi pelo atleta que botou a mão na bola? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Pelo árbitro. O árbitro deu pênalti numa bola que bateu no joelho do zagueiro. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ah. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Foi ridículo o lance. E agora eu vou te mostrar um outro lance, que é de comportamento humano. Esse lance é do jogo do Chelsea e Leicester. (Pausa.) Se a gente vai para o Twitter, o X hoje, todo mundo ia falar: "Poxa, é um gol manipulado. Ninguém faz um gol contra desses". E a gente vai olhar o mercado de apostas, tudo normal, esperado. A linha do que aconteceu, com a linha esperada, acompanhando, tudo normal. Então, assim, erros acontecem no esporte. O esporte tem um fator humano muito forte também, e por isso que a gente tem, como eu falei lá no início, muita responsabilidade para dizer que o jogo foi manipulado. Quando a gente diz que foi manipulado, é porque a gente tem muita convicção de que foi. E a gente tem que ter muita responsabilidade com o meio esportivo, com as pessoas, com todo o ecossistema para dizer isso. E nos nossos dados, como o senhor falou, a questão de evidência, de indício, a evidência é quando tu tens um vestígio e, depois de analisado por um perito, por um técnico, é feita essa correlação. E é exatamente isso que a gente apresenta. A gente apresenta uma evidência, porque a gente vê, pega um dado do mercado de apostas com o vídeo da partida, faz esse cruzamento e, a partir daí, a gente consegue ter uma evidência que foi analisada por um técnico. E isso é só um dos pilares, que é o UFDS. O senhor quer falar alguma coisa? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, eu só queria... Então, a questão do comportamento do atleta, pelo que eu entendi, ou do árbitro, é complementar a um cruzamento de informação de apostas? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Você... Nós ouvimos aqui a Good Game!. Quero deixar isso claro. Ouvimos atentamente a Good Game!, numa audiência pública que antecedeu a CPI, mas que, certamente, serviu, inclusive, para a abertura da CPI junto com as denúncias que foram dadas. A Good Game! funciona como um perito judicial, inclusive há casos já validados, e ela faz uma análise comportamental. Embora eu também concorde que o futebol, o ser humano é falível, mas você acredita que - a pergunta é -, isoladamente, o comportamento é suficiente ou, para que você solte um alerta, você precisa ter, primeiro, a partir de um cruzamento de aposta e aí, eventualmente, de forma complementar, a questão de inteligência artificial, de comportamento de atleta e tudo o mais? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só uma observação ao Senador Carlos Portinho, que, no momento, não acompanhou aquela sua resposta a uma qualificada pergunta do Relator Romário. Portinho, Girão - o Styvenson estava -, o Felipe Marchetti, da Sportradar, trouxe uma declaração que eu considerei grave. Ele entende que em tudo aquilo que a Good Game! apresentou através do CEO do Botafogo, John Textor, na opinião dele, não há nenhum indício. Nós aqui entendemos como indício. Por ele, na opinião dele e na opinião da empresa dele, não há nenhum indício sequer. |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A questão... E aí voltando então... Vou voltar só à pergunta, só vou acrescentar um exemplo. Dessas partidas do Textor, nenhuma delas tem alerta. Essa não. Não tem. E se, naquela expulsão do Adryelson contra o Palmeiras, teve alguma variação de aposta. É só porque ali a questão da materialidade não era nem comportamental. Ali era a questão de uma imagem que foi suprimida do árbitro. Aliás, fica no imaginário popular, nas últimas rodadas, se outras imagens do campeonato também não estão sendo suprimidas. A gente teve alguns jogos com essa questão, inclusive a expulsão do Hulk. Muita gente está pedindo pra gente chamar o árbitro, na expulsão do Hulk ontem no jogo contra o Palmeiras, porque ninguém entendeu a expulsão. É como ali, aquele lance que a gente viu... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Você viu a expulsão? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu vi. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Do Hulk? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu vi. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu vi. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu não enxergo como você, mas eu coloquei esse olhão meu aqui, o único que eu tenho, e o Hulk parecia que queria beijar a boca do árbitro, que ele queria comer a língua do árbitro. Eu fiquei assustado com aquele lance. Eu sei que ele é polêmico, mas eu sinceramente... Pra mim, ele queria comer a língua. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu só queria saber se é complementar a análise comportamental ou se ela é o ponto de partida. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Então, até pra deixar clara a fala que o Senador Kajuru fez agora, o que eu posso dizer é pela nossa metodologia. Dentro da nossa metodologia de trabalho, não encontramos nenhum indício nas partidas citadas pelo Textor. Eu não posso falar por outras empresas, por outros métodos. Eu represento a Sportradar, eu conheço a metodologia que a Sportradar utiliza. Então, acho que esse ponto é bem importante a gente deixar claro. Dentro daquilo ali ainda, Senador, a gente ainda tem dois outros, três outros aspectos que acho que são importantes - se puder colocar novamente ali -, que são complementares ao UFDS. Pode passar o próximo eslaide, por favor. É o próximo. A Sportradar também é um provedor de dados pras casas de apostas esportivas. A gente trabalha com mais de 400 operadores ao redor do mundo. Isso é movimentando ali 18 milhões de bilhetes de apostas por dia, que movimentaram 30 bilhões de euros no ano passado. O que seria isso? A gente consegue, por ser um provedor de dados também, ter a visibilidade sobre todas as apostas que foram feitas e todas as apostas que foram rejeitadas pelo operador. E aí a gente consegue ver ali o quanto a casa ganhou, o quanto a casa perdeu, o total de apostas, o volume movimentado, qual foi o mercado atacado. A gente consegue ter toda essa visibilidade. E isso é como se fosse um exame de sangue. Ele consegue te dar o detalhamento do mercado de uma maneira muito efetiva e com uma riqueza de dados que vai ser cruzada com aquele primeiro monitoramento do UFDS. Então, esse é o segundo pilar que a gente utiliza. E o terceiro... Pode passar o próximo eslaide, por favor. O terceiro é o Integrity Exchange, que é um serviço que é gratuito para facilitar o fluxo de informação com as casas de apostas. Quando a análise de risco de uma casa de apostas detecta que um jogo tem algo suspeito na visão da casa de apostas, ela pode nos comunicar, a gente avalia isso tanto com as duas informações que a gente tem de mercado quanto com os outros operadores que trabalham com a gente nessa parte de integridade e, a partir daí, vê se tem alguma coisa realmente acontecendo e corrobora ou refuta essa desconfiança que a casa de apostas tem. E o quarto ponto citado é a questão de inteligência, que daí pode vir do clube, da federação. |
| R | Eu gostei muito, Senador, do ponto que o senhor traz da denúncia. A gente sabe que, não só na manipulação de resultados, mas em qualquer outro tipo de crime, a informação vinda do denunciante é fundamental no combate ao problema, e um sistema que a gente está tentando implementar no Brasil é um aplicativo de denúncia. A gente pode ter um e-mail, pode ter um telefone e tal, mas a gente está em 2024 e todo mundo tem smartphone hoje em dia. A gente tem um aplicativo de denúncia que é muito interessante, em que a gente já trabalha com a NBA, por exemplo, com a Confederação Asiática de Futebol, com a Federação de Futebol da Arábia Saudita, que é um aplicativo em que o atleta pode reportar, de maneira anônima, segura, e trocar informação com o recebedor. Então, ele pode fazer um upload de vídeo, de áudio, de foto... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ele é assediado, por exemplo. Ele não topou, mas ele foi assediado. Aí ele denuncia. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Exato. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Olha a importância do canal de denúncia! O SR. FELIPPE MARCHETTI - Exato. Então, assim, é muito importante a gente ter esse mecanismo também, para criar um sistema em que os atletas ou as pessoas que convivem no vestiário sintam segurança para poder reportar. E até... Por exemplo, a gente recebeu a informação de um denunciante. A gente pode, de maneira também segura e anônima, ter uma conversa como se fosse uma conversa de chat com eles e solicitar mais informações, ou ele vai se sentir acolhido... E vamos ampliar o escopo de integridade para além da manipulação de resultados. Saiu uma pesquisa no globoesporte.com, recentemente, um número de casos de assédio no futebol feminino. Não só no feminino; no masculino também. Até já saíram estudos na Inglaterra de casos de abuso sexual em categorias de base. Ampliar isso pra questão também de abuso, pra questão de racismo e pra integridade como um todo. A gente vai criar um sistema que é exemplo para o mundo inteiro. A gente tem as ferramentas pra isso e o total interesse em colaborar. E isso não é só no futebol. Isso é em todas as modalidades: proteger todo mundo que está participando nesse ecossistema. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Por exemplo... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sr. Felippe... Só rapidinho, Portinho. Nessa linha sua, a gente não pode se esquecer de um detalhe aqui. Aí é que vem a minha veia jornalística. Você fala do canal de notícias. Você falou aqui, Felippe... Denúncia: você fala sobre o contrato que tem com a UEFA. Então, vamos comparar UEFA, CBF. Sobre tudo o que a sua empresa, Sportradar, informou à UEF, quais as providências que ela tomou? Ela tem um canal para denúncias? Ela procurou o ministério público de lá, ou seja, um instituto semelhante a este lá, pra trabalhar, pra entregar as investigações feitas pela Sportradar? Qual foi o comportamento dela, UEFA, em comparação à CBF? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Até porque lembrando que, em 2009, foi o grande escândalo, num campeonato da UEFA... O SR. FELIPPE MARCHETTI - Schrebergärten. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... e eu imagino que, depois disso, aí vem outra resposta à pergunta do Kajuru, que eu, só por curiosidade, também tenho. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim. Sendo bem sincero, Senador, não tenho conhecimento sobre isso, porque é a equipe da Sportradar Europa, que tem o contrato com, que trabalha com a UEFA diretamente. Então, eu sou responsável pelo mercado aqui no Brasil. Então, exatamente como funciona o fluxo de informação com os parceiros que não são aqui no Brasil é algo que já foge à minha alçada. Mas esse caso, esse caso que o Senador Portinho citou, é bem interessante. Foi uma partida manipulada numa competição da UEFA. A Sportradar colaborou nesse processo, inclusive como testemunha, na Corte Arbitral do Esporte, para condenação. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Vocês tinham o "contrato premium" - não é? -, que é o que leva vocês a testemunhar. Não é isso? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não... Não sei. Faz muitos anos isso. Não... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas a gente pode procurar saber da UEFA qual é o seu comportamento, não é? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, eu até gosto de citar sempre... É lógico que é ficção, mas você tem aquele seriado da Netflix - pra quem nos assiste, vale a pena -, Cães de Berlim, que é um seriado de ficção, mas numa época próxima a quando aconteceu o caso da Uefa. E eu imagino que não seja ficção que eles têm departamentos próprios da Polícia Federal, do Ministério Público de lá, que monitoram. |
| R | A nossa legislação prevê, Kajuru, só que não foi regulamentado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não foi. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A gente está correndo atrás do rabo. Ela prevê uma autoridade, e essa autoridade vai ter que ter contratos com empresas que fazem monitoramento. Só que, se a gente não tem regulamentação, se o Governo Lula ainda não fez a regulamentação, depois de seis meses dizendo que era fundamental aprovar as apostas, que ia recolher, que ia poder monitorar, e nada disso acontece, é tudo pra inglês ver. E, inclusive, Kajuru, isso que ele falou do canal de denúncia... Até você disse, na última audiência, que você tomou conhecimento de um caso de um árbitro que foi ao Rio de Janeiro e desistiu. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E se arrependeu lá. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu não sei se ele se arrependeu de manipular ou se arrependeu de denunciar. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É verdade. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN. Fora do microfone.) - Ou se ele foi arrependido. (Risos.) O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, se foi arrependido. Mas, se tivesse um canal de denúncia... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... talvez ele não precisasse nem ir ao Rio de Janeiro ao se arrepender... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Exato, claro. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Então, você veja como é importante. Um atleta que vai denunciar, que sabe que um árbitro está envolvido, ele não sabe qual é o tamanho do envolvimento, ele está inibido. Como é que ele vai denunciar? E se ele denuncia e acaba pagando o pato no final? Isso aqui... A gente sabe como é que é o Brasil. Então, é importante. Aí, até fiquei curioso. Alguns internautas perguntaram: "O Kajuru não vai falar do caso? Não vai falar do caso?". Que caso é esse? Eu também não sei, Kajuru. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só estou esperando o responsável, que é o Procurador que esteve aqui, me dar o direito de levar a público. Ele disse que vai fazer isso. Porque eu confiei, e todos aqui nós confiamos, nas palavras que ele trouxe aqui, tanto o Procurador como o Promotor do Ministério Público de Goiás. Eu tenho certeza de que rapidamente teremos que dar conhecimento a esse árbitro, a esse fato, que é muito importante e que foi o único que eu vi até agora de arrependimento. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, isso é importante. Eu tenho só mais duas últimas perguntas... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Girão é mais paciente que Jó. O Jó era afobado perto dele. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ele está doido... Eu sei como é isso... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu estou falando do Jó da Bíblia. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Está doido pra falar, não é, Girão? Fica tudo na cabeça. É rapidinho. Felippe, você também, no ano passado, se eu não me engano, deu uma entrevista ao Canal M65, no YouTube, e você afirmou que grande parte dos jogadores de futebol brasileiro são suscetíveis à manipulação, devido, em grande parte, a vantagens financeiras. O senhor continua com essa opinião? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sem dúvida nenhuma. A gente sabe que... Tem um dado que eu fiz para o meu doutorado, que foi o primeiro estudo, inclusive, sobre o tema na América Latina - até na própria academia, a gente tem uma lacuna também de estudos sobre o tema -: que 83% dos atletas de futebol do Brasil ganham por volta de um salário mínimo e, acho, 13%, entre R$1 mil e R$5 mil. Então, a gente pega ali... Obviamente, casos da penalidade máxima têm muito mais repercussão midiática, por ser uma competição grande e tal, mas, se a gente pegar os 109 casos, a grande maioria deles é em competições menores. E é por isso que é importantíssimo a gente levar a educação pros atletas, tanto educação quanto mecanismos para que eles possam reportar de maneira segura. E até mesmo pra tu teres um mecanismo para que ele possa reportar de maneira segura, tu precisas educar ele antes sobre a importância de reportar e que ele vai estar seguro reportando, porque, se não te sentires seguro, tu não vais colocar tua família em risco sem saber que aquilo ali vai ser uma informação confidencial. Sobre isso que o Senador citou, de a informação se voltar contra o denunciante, no passado, a gente teve casos assim na Sérvia, teve casos assim na China, em que a pessoa reportou e a informação se voltou contra ela. |
| R | Então, é importante que se crie um sistema realmente em que as pessoas tenham confiança e que vão ver que algo realmente está acontecendo. E eu acho que os primeiros passos estão sendo dados, tanto por parte da CBF quanto por parte dos senhores aqui no Senado Federal, pelas federações esportivas que têm parceria com a gente, pelo Ministério Público, pela Polícia Federal. É um trabalho conjunto e, se a gente não pegar todo mundo, um segurando a mão do outro, e todo mundo se ajudar, a gente não vai conseguir melhorar a situação. E o caminho é esse, o único caminho que a gente tem pra conseguir melhorar o ecossistema aqui do Brasil é esse. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Agora, você vê - não é, Girão? -, o futebol não era um esporte de azar, não é? O que é que a gente trouxe pra dentro do futebol, o que é que o próprio futebol trouxe pra dentro dele? Fica a reflexão. E na minha última pergunta, eu vou na esteira, Styvenson, da sua última participação. Até encaminhei pro Girão - fiquei impressionado com isso e talvez, Felippe, você possa nos ajudar a entender um pouquinho melhor esse mercado por trás dessas células - uma matéria do jornal Expresso, se eu não me engano é de Portugal esse jornal, e ele diz o seguinte: "Santa Casa deve dinheiro à maior organização criminosa do Brasil. Funcionário no Rio de Janeiro revelou que há uma dívida de 40 mil euros ao PCC [da Santa Casa lá de Lisboa, da Misericórdia de Lisboa], Primeiro Comando da Capital, a maior organização criminosa do Brasil. Estima-se que o PCC, cuja principal fonte de rendimento tem sido o tráfico de droga, tenha dezenas [- Girão -] de milhares de membros dentro e fora do Brasil, incluindo em Portugal". E a matéria, em breves linhas, diz o seguinte: "Um gestor da MCE, a empresa de jogo comprada no Rio de Janeiro pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa [...], revelou numa reunião em novembro de 2023 a existência de uma dívida de 200 mil reais - cerca de 40 mil euros - ao Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do Brasil. Estima-se que o PCC, cuja [...] fonte de [...] [renda principal e tal]", eu já li o resto. Então, assim, quando o Styvenson faz a pergunta sobre se essas empresas que compram a licença e passaram a comprar, na falta de regulamentação, dos estados - a Loterj passou a vender -, quando o Styvenson, o Senador Styvenson perguntou se essas empresas buscam os meios de monitoramento, a contratação de meios de monitoramento, a gente vê a importância, porque há uma associação direta - imagina - da Santa Casa da Misericórdia com o PCC, porque comprou uma agência de aposta. Você teve conhecimento desse caso, assim, só por curiosidade? Eu também me surpreendi. Não? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não, não conhecia. Esse caso específico não conhecia, mas o que a gente vê internacionalmente, por exemplo... por exemplo, máfia da Albânia, que tem envolvimento com tráfico de armas e tráfico de pessoas. Esses caras têm envolvimento com manipulação de resultados ali na região dos Balcãs. Então, pensando com a cabeça de crime organizado, faria sentido o crime organizado se envolver com a questão de manipulação de resultados, isso sim. A gente não tem conhecimento, aqui no Brasil, de casos envolvendo o crime organizado - o PCC, por exemplo -, não temos conhecimento de envolvimento, mas é uma possibilidade, sim. |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, Styvenson, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a gente não vai conseguir chamar aqui, o PCC também não, mas você fez um ofício pra convidar a Loterj. E, se foi o Estado do Rio que vendeu essa licença, quem sabe através daí a gente não chegue a esse requerimento, Senador Styvenson. É muito importante. Eu termino aqui agradecendo... O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN. Pela ordem.) - Presidente, só sobre esse requerimento, eu queria só ter uma previsão, pra deixar já marcado pra... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Entra com ele. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Já entrei. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Já está aprovado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Já entrou? Já foi aprovado, já. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - É só marcar o dia da audiência. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Ele não entrou hoje? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN. Fora do microfone.) - Não, não O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Esse seria o da Loterj que vocês estão dizendo, Portinho? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Aprovado já foi. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, porque eles compraram do Estado do Rio. Na verdade não é do Governo, é da agência do estado, da Loterj, através dela que se vende. E o Senador Styvenson já estava nesse rastro aí, não sei por que razão, mas... Aí eu li esta matéria aqui da Santa Casa de Lisboa com o PCC, que comprou a licença, eu falei: "Opa". O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Mas a razão é simples, Senador Portinho: é lucrativo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É muito. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - É muito lucrativo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É muito. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Tem muito crime organizado envolvido. E, quando você tem algo a que se dá transparência e compliance... Por isso que tem que chamar aqui a estatal, pra que a gente possa esclarecer coisas como essa. O porquê de não chamar... Não sei se a Sportradar foi convidada, porque ele fez um workshop com o Paraná, mas não fez com a Loterj. Entendeu? É essa desconfiança que eu tenho, essa resistência. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Tem razão. Ele foi ao toalete e já está retornando. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Mas eu fiz o requerimento, já foi aprovado... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Todos os requerimentos foram aprovados. A questão é só agora a definição de pauta, não é isso? O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN) - Aguardo o dia. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Das prioridades, que todos nós estamos, graças a Deus, em caráter unânime, combinando em tudo. E até agora a CPI não teve nenhum atrito de um Senador com o outro por causa de questão de requerimento. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu queria só agradecer ao Felippe e à Sportradar, primeiro, pelos serviços que prestam. Eu espero que sejam melhor aproveitados pela CBF, que é a entidade nacional. E que todas as federações possam ter um contrato premium com empresas como a sua; não necessariamente a sua, isso é mercado, existem outras, a gente sabe, é porque vocês já prestam serviço aqui no Brasil, foram chamados. Quero agradecer. E é muito interessante tudo o que você trouxe pra gente entender melhor até as ausências, as omissões. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E você deveria agradecer também a mim, que te dou um tempo sempre aqui na CPI que nunca existiu na história, porque CPI tem dez minutos para cada Senador, e eu não faço isso. Até esse protocolo eu quebro. (Risos.) O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Senador Kajuru. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu sou democrata, não é? Agora, brincadeira à parte, já que tocou nisto, PCC, eu me lembrei do Datena - rapidinho, Girão -, o pré-candidato a Prefeito de São Paulo. O Datena, doido daquele jeito que é - só 50 anos de amizade -, falou assim: "Eu sou candidato porque eu quero enfrentar o PCC, sem prova de bala, sem nada, aqui de peito aberto". Então, se tiver PCC aqui nessa CPI, eu vou repetir a frase do Datena. (Risos.) Senador Eduardo Girão, por fineza. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Quero cumprimentar também o nosso Relator, o Senador Romário. Cumprimento o Dr. Felippe Marchetti, também a Danielle Maiolini, advogada. Olha, a gente entende... Eu particularmente percebo, pelos dados apresentados e pela conversa que nós mantivemos, prévia, que o senhor entende, que a sua empresa entende do riscado - vamos falar -, tem um conhecimento de causa. Desculpa a ignorância, existem concorrentes de vocês que fazem essa metodologia, que têm esse... no mundo, pergunto, não apenas no Brasil? O SR. FELIPPE MARCHETTI (Para expor.) - Sim. |
| R | O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tá, porque é o seguinte... O que é que eu queria entender? A sede de vocês é na Suíça, não é? Aqui no Brasil, tem um escritório, que é essa equipe que foca nos campeonatos aqui regionais, brasileiros e tal. Ficou muito evidente aqui, na apresentação, na pergunta dos colegas, algo que tem me deixado preocupado - viu, Senador Kajuru? -, tem me deixado preocupado, porque a CBF é a entidade máxima do futebol brasileiro, tão questionada ao longo das décadas, mas me preocupa essa demora, já que vêm, Senador Romário, essas denúncias, que não são de hoje, de manipulações. Claro que, depois das apostas - eu vou chegar lá -, no meu entender, aumentou bastante, o grau ficou muito maior, mas eu não vejo uma medida eficaz. Nós tivemos já diretores aqui da CBF, e eu não vejo algo assim... Por exemplo, esses relatórios premium, sejam dele, da Sportradar, ou sejam de outro concorrente, são o mínimo que o torcedor brasileiro, que o esporte, que é patrimônio nosso - o futebol -, do nosso povo, merecia ter de grau máximo de transparência, grau máximo de verificação da sua integridade. Porque hoje ninguém sabe se você está assistindo a um jogo que está sendo manipulado ou não. Qualquer partida você pode pegar... O Senador Styvenson não gosta muito de futebol, mas eu procuro assistir - o meu hobby é esse - e eu fico monitorando, Romário, os jogos, fico monitorando o Twitter, essas coisas todas. E a gente vê o torcedor, cada vez mais, jogando um pouco de dúvida sobre as partidas: "Ah, isso é coisa de torcedor, isso é coisa de quem perdeu". Mas isso está aumentando, está aumentando consideravelmente. E por que não se faz? Por que se deixam os campeonatos das Séries A e B, que são o top... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O suprassumo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Como é que se fala em francês? Você falou duas vezes aqui "pra inglês ver", mas como é que é? Crème de la crème, não é? Como é que é? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Crème de la crème. É o suprassumo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Como é que não bota esses relatórios, como é que não faz? Será que é por isso que está migrando, está saindo da Série C e da Série D e indo pra A e pra B? As denúncias estão cada vez maiores, chegando ali na A e na B? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Na B já tem muita. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Não é? Então, eu me preocupo também com a postura ética, Senador Portinho, sem fazer prejulgamento nenhum de atleta de futebol, até porque eu tenho uma experiência como dirigente e tenho a melhor experiência possível com atletas de futebol, mas eu vejo a CBF titubeando com relação a uma denúncia internacional pra inglês ver... O senhor falou que, na Inglaterra, já tem, a coisa já virou um escândalo, no caso do jogador brasileiro, e que está lá, junto com o elenco, como se nada tivesse acontecido. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - E a gente continua negando que isso acontece. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E a gente continua negando que isso acontece. Olha aí. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - A Leila falou que nada precisa ser feito. Falou aqui. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Nós que, de uma certa forma, estamos aqui nesse trabalho temos responsabilidade, sim, porque a nossa proposta aqui é entrar firme dentro dessas denúncias, dentro do que está acontecendo. E, se a própria CBF não dá o exemplo, que tem que vir de cima, a situação fica mais difícil. Nós vamos continuar. As máscaras estão caindo na República em todos os aspectos, mas eu fico preocupado com a postura até de um afastamento. Não é prejulgamento, é afastar. E ver pra preservar até o atleta, preservar a instituição, preservar a própria competição que vai acontecer agora. Eu vejo isso com muito estranhamento, por que que a CBF não toma uma atitude dessa. |
| R | Outra coisa: o senhor falou, e eu entendo... Pelo que eu estudei, pelo que eu vi aqui, eu vou fazer algumas perguntas, mas eu entendo que o senhor, de uma certa forma, não é opinião pessoal de Senadores sobre negócio de regulamentação de bets, não é isso... São estatísticas que já começam a chegar, que a gente avisou lá atrás. Na hora em que você regulamenta bet num país como o Brasil, já tem R$100 do Bolsa Família do brasileiro, R$100 que estão sendo consumidos com aposta esportiva, dinheiro pra comida, dinheiro pra manutenção básica de uma família, em seis meses. É um empobrecimento, é um endividamento do brasileiro. Isso vai afastar essa turma do futebol, pode apostar. Apostar, apostar... Olha só que loucura. O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - RN. Fora do microfone.) - Só se for... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - A abertura que se deu a esse projeto, Senador Kajuru, e nós... Eu acredito que esse relatório da CPI, eu tenho convicção de que vai ser responsável com o país, eu não tenho dúvida de que nós vamos ter que parar essa sangria desatada... Hoje em dia, hoje em dia, essa questão de aposta esportiva, esse vício tomou conta de uma forma tal, que as propagandas... Que aí, se não tivesse regulamentação, não teria, se se fechasse o cerco mais forte com relação a isso. É uma coisa absurda! É uma lavagem cerebral. Mas eu entendo. Sua empresa tem contratos com bets, sobrevive delas também, e isso é... Mas nós aqui temos o dever de defender os brasileiros, o Brasil, o esporte. Mas eu faço aqui um questionamento pro senhor, porque, segundo o Sportradar no Brasil, em 2022, vou repetir, 139 partidas estavam sob suspeita... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Cento e nove... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... e, em 2023, 109. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Isso. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Em 2022, 139; 2023, 109. Entre elas, aquelas inclusas em todas as séries do Campeonato Brasileiro, A, B, C, D, além de campeonatos regionais. Então, levando-se em conta esses números, tenho aqui poucas perguntas para o senhor. Algumas até deu uma pincelada, o senhor falou alguma coisa no contexto. Qual o procedimento adotado quando se dá o alerta? Se o senhor pudesse dizer, olha, o passo a passo das partidas que têm suspeita de manipulação... De uma forma bem didática o senhor tem colocado isso, mas esse é um questionamento: o passo a passo, pra gente entender. A Sportradar, ao contrário da Good Game!, que a gente já falou, faz um cruzamento com sites de apostas para analisar possíveis desvios, não é? Isso aí é importantíssimo. Como é feito esse cruzamento de informações, de forma didática? Com quais federações - o senhor já respondeu - e confederações desportivas a Sportradar tem contratos? Sob que termos esses contratos foram fixados? Que é aquele premium, aquela situação que o senhor mostrou. Essa aqui não precisa, porque o senhor já foi bem didático aqui. |
| R | Agora aqui: qual a relação da Sportradar com empresas bets? Como se dá essa relação? Com quais empresas o senhor tem contrato? O senhor pode nos dizer? Porque é uma febre isso, tem bet em tudo que é lugar. Como as empresas bets podem ajudar para coibir esse processo de manipulação de resultado? A Sportradar tem alguma parceria com as bets para coibir essas fraudes? Porque elas também são vítimas, disso aí eu não tenha dúvida. Quais as suas sugestões nesse sentido de minimizar esses crimes contra o esporte brasileiro? A Polícia Federal - uma instituição séria, renomada como a Polícia Federal; eu tenho até, o Senador Kajuru lembra, eu tenho até uma PEC para que ela seja autônoma, tenha independência total, desde 2020, desde o Governo anterior -, a Polícia Federal e a Sportradar celebraram um memorando de entendimento para o intercâmbio de informações relevantes ao combate à corrupção no esporte. O acordo de cooperação possibilitará que a Polícia Federal tenha acesso a análises relacionadas à integridade esportiva no mercado de apostas e indicativos de manipulação de eventos esportivos para auxiliá-la nas investigações de práticas ilícitas suspeitas com relação à combinação de resultados. Como se deu essa parceria? Quem tomou a iniciativa? Quais os procedimentos aplicados? Está funcionando, porque já faz algum tempo. Isso está funcionando ao seu contento? E, para encerrar, eu queria dizer que esses canais de denúncias que o Senador Portinho colocou aqui - que são outro titubeio da CBF -, isso é para estar escancarado, é para estar sendo divulgado com uma campanha; nos estádios, em propagandas, entrar com aquelas faixas, Portinho, em campo, entrarem com faixa em campo os times, botar na televisão, porque a CBF tem, detém o controle. Então, isso é para ser para ontem, para que a gente, repito, pare essa sangria desatada que está prejudicando o futebol, prejudicando os brasileiros, sobretudo os mais vulneráveis, porque é isso que está acontecendo aí, uma tragédia social. Muito obrigado, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu que agradeço a sua objetividade, Senador Eduardo Girão, e a compreensão de que há mais um convidado na sessão, nesta nossa reunião de hoje, 18 de junho de 2024. E queria agradecer muito a presença valiosíssima do representante da Sportradar, a empresa americana contratada pela Confederação Brasileira de Futebol para as investigações de manipulações de resultados de futebol e de apostas, Felippe Marchetti, colocar à disposição se quiser fazer alguma observação final; agradecer à sua advogada atenta. Eu fico feliz de ver numa CPI, eu, que sou acostumado a ver em CPI - Girão, Valentim, Romário mais do que nós, não é? - sempre do convocado ou convidado... Toda hora, a advogada ou o advogado está no ouvido dele, não é? Tomara que tenha bom hálito, porque é impressionante o que o cara suporta; o tempo inteiro, alguma fofoca no ouvido dele, alguma coisa: "Fala isso!", "Não responde!", "Cala a boca!". E aqui não. Aqui, o tempo inteiro, a advogada nem falou, nem se pronunciou, nem ouvi a voz dela. Então, fique à vontade, Felippe! O SR. FELIPPE MARCHETTI - Excelentes perguntas, Senador. Vamos por partes, passo a passo. |
| R | Inteligência artificial, primeiro corte de informação: FDS, MTS e Integrity Exchange. O debate dos nossos analistas, parte qualitativa: debate humano para ver se tem algum fator de mitigação que explique aquela movimentação de apostas. A partir daí, se o jogo foi considerado manipulado, produção de relatório. O próximo passo: envio do meu e-mail para o e-mail da entidade esportiva contratante. Esse é o processo. É exatamente esse o passo a passo. E sempre, depois que procurados, também podemos colaborar com a Polícia Federal, com o Ministério Público, com quem for. Já fazendo o gancho da tua outra pergunta: relação com a Polícia Federal. Desde 2020, a gente tem esse memorando de entendimento com eles. Se eu não me engano, foi até o próprio Tiago, que vai ser o próximo depoente aqui, que fez esse acordo. Ele trabalhava na Sportradar na época. Se eu estiver falando bobagens, depois o Tiago pode corrigir, mas é um acordo de cooperação em que a gente sempre tenta auxiliar a PF em casos em que a gente é instigado a isso. A gente sempre orienta a federação parceira. Inclusive, a gente tem um FAQ que a gente envia para a federação junto com o relatório, orientando o compartilhamento da informação com as autoridades competentes, para uma possível investigação sobre o caso. Atualmente, a CBF também está compartilhando essa informação com a PF, via sistema, e eu saúdo muito isso. Acho que é muito importante essa iniciativa por parte da CBF de compartilhar informação, porque só assim a gente vai conseguir combater o problema de maneira efetiva. Então, eu saúdo muito o trabalho do Julio, do Rodrigo, do Dr. Gussem, nesse... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Foi criado um departamento da Polícia Federal para monitoramento? Tipo assim: foram designados alguns policiais? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Foi o Dr. Andrei que determinou. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Isso. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O efetivo, o senhor sabe quantas pessoas fazem parte? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não sei. O nosso ponto de contato são o Fred e o Daniel Cola. São os dois policiais com que a gente tem contato. Bom, com relação a cruzamento de informações, acho que já respondi a pergunta, a questão de análise humana também, em que é feita a análise do vídeo, a análise de informações, que a gente tem a prévia das pessoas, dos clubes, etc. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas zero de comportamento? Comportamental, não? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não, comportamental, não. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - É descartado? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não, comportamental, não, não temos. Senador, o nosso trabalho não envolve comportamento. Obviamente, o lance que é corroborado pelo movimento do mercado de apostas vai ser analisado e, aí, sim, uma falha técnica, um pênalti cometido, um gol contra, algo assim, uma falha do zagueiro, do lateral, que deixou o cara passar fácil para fazer o gol, obviamente, isso também é colocado no relatório, porque isso aí... Só que isso não é uma informação sozinha; isso é uma informação que é cruzada. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - No relatório premium? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Nos dois relatórios. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) - Nos dois? O SR. FELIPPE MARCHETTI - É, nos dois relatórios. Agora, obviamente, um tem mais detalhamento que o outro. Esse é o cruzamento de informação, questão contratual. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - De jogo a jogo, a equipe de vocês, que eu não sei quantas pessoas tem aqui, no Brasil, mas, pelo que eu pude perceber naquela primeira conversa, é uma equipe que entende, está bem azeitada... Então, em cada jogo, o que desperta o alerta é analisado? O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Não todos. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Não. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu digo, dos que têm contrato. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Seria humanamente impossível, a gente teria que ter uma equipe, contratar meio Brasil para conseguir monitorar 900 mil jogos por ano. (Risos.) Mas, dentro dos jogos que a gente monitora, são mais de 900 mil jogos ao redor do mundo, por ano. Aqui, no Brasil, são mais de 9 mil. Então, precisaria de muitas pessoas. O primeiro filtro é feito pela inteligência artificial. Então... Aí, depois, sim, depois de detectado, é feita uma análise muito cuidadosa e muito técnica para só... A gente tem um limiar. Isto é importante também a gente deixar claro: a gente tem um limiar, uma margem alta para dizer que o jogo foi manipulado ou não. É muito importante ter isso, porque, quando a gente diz que o jogo tem fortes evidências de manipulação, é porque o jogo tem fortes evidências de manipulação. Isso é bem importante que fique claro. |
| R | Bom, como as bets podem ajudar? Excelente pergunta, Senador. Esse é um posicionamento que, até, vai além da Sportradar. É um posicionamento pessoal meu, em que eu já acreditava antes de entrar na empresa. O mercado de apostas é um mercado que movimenta muito dinheiro. E as bets podem colaborar nesse processo, porque elas também são vítimas, elas também perdem dinheiro nisso. Então, eu vejo com muito bons olhos, por exemplo, uma casa de apostas patrocinar um serviço de integridade pra uma federação esportiva ou uma casa de apostas patrocinar um workshop pros clubes que elas patrocinam. É muito... Ano passado, a gente fez isso com a NSX, que é uma operadora do Nordeste que tem algumas marcas aqui no Brasil, com workshops tanto pro Sport, quanto pro Náutico, quanto pro Vitória da Bahia. Então, eu acho muito interessante essa medida porque - pô, beleza - a gente pode falar de CBF. A CBF é uma federação que tem dinheiro, a Federação Paulista tem dinheiro, mas e a federação de Roraima? E a federação do Acre? Será que essas federações têm condições de arcar com o serviço de integridade, ou, ainda, será que elas deveriam investir os recursos que elas têm nisso, ou elas devem investir o dinheiro delas em fomentar o esporte de base, em fomentar outras medidas de desenvolvimento esportivo e podem ter as bets como parceiras, como aliadas na proteção à integridade do esporte? Então, assim, esse conceito eu acho que foi um conceito muito interessante de a gente pensar aqui pro Brasil, porque, de novo, é um trabalho cooperativo. Se tem manipulação, todo mundo perde; quem ganha é o manipulador. Se não tem manipulação, todo mundo ganha: os clubes ganham, os atletas ganham, o esporte como um todo ganha, o ecossistema ganha. Então, eu acho que esse é um caminho que eu vejo com muito bons olhos a gente ter em mente. Inclusive, faço até um convite pros operadores que estejam interessados, que estão ouvindo isso: se têm interesse em ser um parceiro de integridade, que nos procurem, que procurem as federações, que a gente possa trabalhar junto nesse sentido, que todo mundo vai ganhar. E, por fim, sugestões. Se vocês puderem botar... Tem um eslaide em que eu trago duas sugestões que eu acho bem legal mostrar pra vocês. De algumas coisas a gente já falou. Dentro da literatura - eu vou tentar ser breve, Senador, porque eu sei que a gente tem o próximo depoente logo... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Ele que superou o Girão, não é? Ele é mais Jó do que o Girão. O SR. FELIPPE MARCHETTI - A gente tem dois níveis dentro da literatura: meso-level e macro-level. Meso-level: a gente vai dizer dentro de entidades esportivas como a gente pode combater o problema - pilar central, educação, sem dúvida, educação para todo mundo, como eu falei, desde atleta, dirigente de clube, Tribunal de Justiça Desportiva, todo o ecossistema, tanto com workshops presenciais, workshops online e plataforma de educação, para conseguir chegar nos quinhões mais distantes do nosso Brasil, tendo visibilidade sobre quem está fazendo o treinamento, primeira coisa. Segundo ponto: monitoramento de todas as competições. É fundamental, tá? Terceiro ponto: análise de risco, que é aquilo que eu falei pra vocês. Dos dez clubes que a gente identificou com maior potencial de manipulação, oito manipularam. A gente consegue já avisar o Ministério Público, avisar a polícia sobre isso. Se acontecer realmente, já dispara a informação na hora tendo um acordo de cooperação com eles. E, a partir daí, a ação é muito mais rápida e a gente vai conseguir... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Pode ter que ser rápido. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Exatamente, porque, hoje, se demorar... Hoje ele vai estar jogando lá no Rio Grande do Norte. Daqui a dois meses, ele vai estar jogando em outro lugar. Aí, já era... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E, nesse aspecto, só lembrando, Kajuru, Londrina e Tombense, que tiveram dois jogos entre os 109... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Três. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Três? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Três. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Três jogos. E continuam jogando aí. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Normalmente. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Normalmente. Ou seja, nada foi feito. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E isso, isso, isso apresentado no trabalho do Ministério Público de Goiás. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Isso. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Talvez, eu não sei... Foi boa a sua colocação, como sempre, Portinho, no caso da Sportradar. |
| R | A Sportradar tem jogos entre Londrina e Tombense também? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Naqueles 109, tinha. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Tinha, não é? Então, são mais de três jogos entre eles. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, mas é porque eu acho que alguns jogos estavam no monitoramento da Sportradar, se eu não estou enganado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É isso? O SR. FELIPPE MARCHETTI - É, a gente teria que ver nos 109 jogos. Agora, de cabeça, eu não... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim, mas você tem noção... O SR. FELIPPE MARCHETTI - Sim, sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ... de tantas vezes que aparece o nome do Londrina e aparece o nome do Tombense. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Só um gancho, uma última pergunta. As casas de apostas, então, dentro dessa resposta que foi dada ao Girão... Seria importante que elas participassem também de acordos de não corrupção no início dos campeonatos, não é? Porque eu sei que a Conmebol, para quem opera VAR e quem é delegado, tem acordos de não corrupção, que é uma tecla em que eu venho batendo aqui. Antes do início dos campeonatos, não vai evitar, mas vai inibir e pode prever sanções além até do próprio CBJD, para deixar claro. E eu ressinto que falte isto: acordos de não corrupção que envolvam árbitros, CBF, times, capitães ou todos os atletas, se for possível, mas também as casas de aposta. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Você tem toda a razão. No começo, vocês dois não acompanharam... E aqui vale o elogio ao Relator Romário... Ele fez uma pergunta ao Felippe sobre essa questão: por que... Porque o Felippe disse: "Elas são as maiores prejudicadas, porque elas estão tendo prejuízo milionário diário". Então, por que elas não agem? Por que elas não colaboram? Por que não tem nenhuma denúncia feita por elas? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Porque estão ganhando muito dinheiro também, não é, Kajuru? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Então, mas você concorda que teria a obrigação, que o Portinho tinha falado, de fazer esse contrato? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Claro, não tenho a menor dúvida... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Todo mundo junto. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Pela ordem.) - ... mas estão ganhando dinheiro a rodo, e é do povo pobre. Mas eu queria só deixar uma coisa... Eu quero mais uma vez agradecer a sua presença, só que, respeitosamente, quero colocar o meu contraponto com relação ao John Textor, que foi colocado aqui. Para mim - e olha que dessas sessões eu sempre participo, o Senador Kajuru sabe -, foram muito marcantes as denúncias dele, tem que louvar. No meu modo de entender, é uma ajuda que vem de fora para o futebol brasileiro, porque, muitas vezes aqui, você está vendo o que a CBF está fazendo, não está indo a fundo, não está tomando as medidas que deveria rapidamente tomar, nem sequer um relatório premium desse - para Série A e Série B não tem -, seja da Sportradar ou seja do concorrente dele. Agora, vamos combinar, pode não ter tido a variação do jacaré que você fala, que é dos índices lá, mas podem ter outras motivações, podem ter outras motivações que não apostas, porque o que foi mostrado naquela sala secreta para a gente, Senador Kajuru, eu nunca vou esquecer... Porque o brasileiro não teve acesso, o torcedor não teve acesso às imagens a que a sala do VAR teve, por exemplo. Não teve, nem o árbitro teve. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Nem o árbitro. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Nem o árbitro teve... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Inclusive naquela edição, não é? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... e era claríssimo ali naquela edição. Então, quer dizer, por que estão sendo seletivas as coisas? E ali foi... Esta CPI deu essa contribuição. Depois o senhor autorizou, Senador Kajuru, e parabéns pela coragem, mostrou na tela o lance. E nós estamos aqui para buscar a verdade: esse é o nosso interesse, e eu acho que tudo isso contribui para o futebol brasileiro. Que tenhamos outros Johns Textors que possam canalizar denúncias para melhorar o futebol brasileiro. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Senador Portinho colocou muito bem, e eu concordo, Senador Girão, que, se 1% do que ele trouxe for confirmado, for transformado em fato cabal, irrefutável, ele já prestará um serviço ao futebol brasileiro. E só essa movimentação dele já é fundamental, porque tem provocado o quê? Novas denúncias. Tem provocado tudo isso que nós estamos vendo, fazendo... E temos ainda muito mais a fazer aqui na CPI da Manipulação de Resultados de Futebol. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Lembrando que a própria Sportradar trata como evidências e como indícios. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Exatamente. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ela não pode dizer se é prova. Ela, quando faz a denúncia - e os 109 jogos relatados com alerta é uma denúncia -, não tem obrigação de provar. Ela apresenta um indício. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Ou vestígio, não é? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Acho até que ela deve ter... Ela fala: de 10, 8 são. Ela até, certamente naqueles 109, talvez 90 ela possa dizer que houve. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas ela não vai ser leviana, porque não cabe a ela. Então o que foi dito aqui, numa outra CPI, que quem denuncia tem que provar, isso é um erro, não tem que provar nada. Quem denuncia tem que apresentar o indício ou evidência. Quem faz prova é Ministério Público. Está aí o de Goiás com a sua excelência, não é? Fez com excelência essa prova. E a outra questão é que não fazer nada não é uma opção. Não é! A gente está vendo que o jogador brasileiro é suscetível, está vendo que não importa nem quanto ele ganha. Tem jogador brasileiro envolvido em aposta ganhando salário que 90% dos atletas não ganham, não é? A gente tem que superar o primeiro sintoma, que é a negação - e isso está muito claro aqui nesta CPI -, para que a gente possa ter os mecanismos adequados de controle da integridade do futebol. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu só quero, para concluir, fazer aqui um compromisso com vocês, como Presidente desta CPI. Eu vou enviar o ofício agora. A minha Senadora, a minha craque Carol, está aqui? (Pausa.) É a Luma que está, a outra craque. Então, procure a Carol. Vamos fazer um ofício urgente agora à CBF, como um pedido não do Presidente, desta CPI, para que ela nos dê um tempo, o mais rápido possível, e crie, para o Brasil inteiro ter conhecimento, um canal de denúncias. Eu acho que esse é o trabalho nosso. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Esse já é o primeiro. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Já é o primeiro. Porque, senão, a gente vai ficar sempre só discutindo isso aqui, ou seja, fizemos a nossa parte, enviamos à CBF. Se ela não quiser fazer, não é problema nosso. Perfeito? Combinado? Ótimo. Bom, querido Felippe Marchetti, querido pelo sentido de carinho com você, de respeito. E, se você quiser fazer alguma observação final, pode fazer. Do contrário, vamos à outra nossa oitiva, que é a última desta reunião, que começou às 2h15 da tarde. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Rapidamente, só o último ponto daquele sistema ali que eu apresentei. Seria a hora de investigação e inteligência. Isso é bem interessante. A gente tem um time de pessoas ali que são ex-mariners, por exemplo, dos Estados Unidos e da Inglaterra que trabalham com investigação de dados abertos. A gente pode colaborar com as autoridades e com as federações nesse aspecto, produzindo relatórios de inteligência. Inclusive, a gente colaborou com a federação do seu Ceará, Senador Girão. No caso do Crato, a CBF utilizou as horas de investigação que ela tem em contrato com a gente, junto com a federação cearense, para mostrar possíveis conexões das pessoas que estavam no Crato. Então, acho que é bem interessante a gente também dar esse crédito tanto para a federação cearense quanto para a CBF, nessa investigação em que a gente colaborou com essas horas de inteligência. E o último ponto, para encerrar, é a nossa última sugestão. Só se vocês puderem botar o último eslaide, vou ser bem rápido. Seria a nossa sugestão de macro, que aí envolve o aspecto político e pode colaborar com os senhores ali em algumas medidas. Que é o fluxo de informação, que é o que eu bati na tecla o tempo inteiro aqui, entre regulador, que seria o Governo, federações esportivas, PF, Ministério Público, operadores e a Sportradar; como a gente pode colaborar com o Governo, através de monitoramento e de treinamento das pessoas do Ministério da Fazenda, sobre manipulação de resultados. |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Ministério do Esporte. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - No caso, o Ministério do Esporte - Fufuca. O SR. FELIPPE MARCHETTI - Exato. Na questão das federações esportivas, esse sistema que eu mostrei para vocês é, na nossa opinião, o padrão ouro, com as autoridades policiais da parte de inteligência dando o primeiro suporte, o primeiro pontapé inicial para as investigações, e com os operadores tendo o integrity exchange para eles poderem reportar para a gente quando eles identificam casos suspeitos. Através desse fluxo de informação entre todos, a gente vai construir um sistema que vai ser muito eficiente para o nosso Brasil. Os Senadores vão ter uma contribuição - tenho certeza - muito grande. Parabéns pelo trabalho! O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Que isso... Ótimas sugestões! Dando início à segunda e última oitiva desta tarde, convido a tomar assento à mesa o Sr. Tiago Horta Barbosa, Chefe de Integridade para a América Latina da Genius Sports. Por fineza, Sr. Tiago. (Pausa.) Desculpe o tempo, mas é que é importante. A gente tem que sempre tentar tirar de tudo de cada convidado. Bem, eu também vou dispensar, Sr. Tiago Horta Barbosa, por confiar na sua pessoa e no seu trabalho, aquela leitura, que, às vezes, é desagradável e deve ser feita apenas a quem a gente tenha provas de desconfiança da sua honradez, no que tange àquelas observações de artigos de lei de que o senhor só pode falar aqui a verdade, nada mais do que a verdade, senão, eu lhe dou voz de prisão, que o senhor não pode calar... Só posso perguntar ao senhor: o senhor está aqui para dizer a verdade, somente a verdade? Só a resposta. (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É só ligar sempre o microfone, por favor. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA (Para expor.) - Sim, Senador, é esse o compromisso. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. O senhor tem direito à explanação inicial, a mesma anterior, pelo tempo de dez minutos, com a devida tolerância para as suas observações. Por fineza. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Obrigado, Senador. Vou tentar ser o mais rápido possível. Eu trouxe uma breve apresentação. (Pausa.) Isso. Exmo. Sr. Presidente desta Comissão Parlamentar de Inquérito que apura a manipulação de jogos e apostas esportivas, Senador Jorge Kajuru; Exmo. Sr. Relator da CPI, Senador Romário; Exmos. Srs. Senadores da República que aqui se encontram; e demais presentes; boa tarde. Inicio a minha apresentação agradecendo o convite que me foi feito para hoje estar aqui e poder, humildemente, contribuir com os trabalhos que têm sido levados a cabo nas últimas semanas com o intuito de encontrar uma solução para o grave problema das manipulações de competições, fenômeno este que tem causado enormes prejuízos ao futebol brasileiro, em especial nos últimos anos. Como alguém que milita na luta pela integridade do esporte há muito tempo, já havendo ocupado assento em tribunais esportivos bem como em comissões de ética e integridade de diversas modalidades esportivas, além de ter contribuído para a criação de sistemas de integridade em federações esportivas, me sinto compelido a louvar a iniciativa dos nobres Senadores de criar esta CPI com a finalidade não apenas de lançar luz sobre este que é o maior desafio já enfrentado pelo esporte, mas, principalmente, por tentar salvar o nosso futebol deste câncer. Ainda que este esteja longe de ser um problema de solução simples, estou certo de que as discussões aqui travadas, conforme temos visto, contribuirão bastante para que possamos avançar no assunto de forma concreta daqui para frente. |
| R | Peço a gentileza de passar o eslaide. Analisando o requerimento que embasou meu convite, verifiquei que foram destacados dois pontos principais, a partir dos quais eu poderia iniciar minha contribuição com esta CPI. O primeiro seria demonstrar como a tecnologia tem sido usada pra concreta identificação de casos de manipulação. Além disso, procurarei sugerir ações que possam contribuir no enfrentamento do problema aqui no Brasil, a partir, inclusive, de modelos que já tenham sido aplicados em outras jurisdições. Com efeito... Pode passar, por gentileza. (Pausa.) Pode passar o eslaide, por gentileza. Com efeito, começo ressaltando que o uso de tecnologias é, de fato, um fator essencial na luta contra a manipulação de competições e pela manutenção da integridade do esporte. Ouso dizer que, sem o aporte tecnológico, seria praticamente impossível a identificação de situações de manipulação praticadas com vistas à obtenção de lucros ilícitos no mercado de apostas. É nesse contexto que a gente tem atuado como um dos atores globais mais proeminentes nessa luta. Nossa unidade de integridade foi instalada em 2014 e tem experimentado um crescimento substancial desde então. Atualmente somos amplamente reconhecidos por nossa expertise no setor, o que fica mais evidente em virtude da parceria oficial de integridade mantida com mais de 160 ligas esportivas, federações e confederações em todo o planeta. Ao combinar uma vasta experiência na indústria com tecnologias de ponta, a Genius concretamente tem reforçado a proteção das entidades esportivas contra a corrupção relacionada às apostas. Como um aliado de confiança, a empresa tem cumprido dignamente o compromisso de proteger as competições esportivas de tais ameaças, aproveitando a expertise pra identificar e disseminar a inteligência crucial, fornecendo suporte educacional personalizado, orientação jurídica e aprimoramento de processos investigativos e reforçando sanções por meio de depoimentos de testemunhas especializadas, entre outras medidas. Próximo eslaide, por gentileza. Fato é que, pra se combater eficazmente a corrupção no esporte, é imperativo que permaneçamos vigilantes e responsivos às táticas em constante evolução empregadas por aqueles que pretendem minar a sua integridade. Pra tal, possuímos uma comprovada capacidade de entrega global. Em termos específicos de integridade, a empresa mantém profissionais destacados em três continentes e sete países. Essa distribuição estratégica possibilita monitoramento e análise contínuos, 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano, o que a capacita a identificar e sinalizar rapidamente casos de atividades de apostas incomuns ou suspeitas, independentemente do horário de ocorrência dos eventos. O trabalho que fazemos incorpora um padrão elevado de proteção que é aplicado aos eventos futebolísticos e esportivos mais estimados do mundo. Próximo, por gentileza. O sistema de monitoramento de apostas da Genius está ativo e em operação desde 2014. Ele foi desenvolvido inicialmente pro fortalecimento do mais alto nível de proteção contra a corrupção relacionada a apostas nos jogos do futebol da Escócia e da Inglaterra, tais como os da Premier League. Desde a sua implementação, já foram monitorados de forma eficaz centenas de milhares de eventos esportivos pra algumas das maiores ligas esportivas, federações e confederações do mundo, incluindo, além da própria Premier League, a Bundesliga, a Primera División de Argentina, a Liga Dimayor da Colômbia e várias outras competições. No Brasil, é importante deixar claro, a gente não atua, até o momento, como parceiros de integridade de federações e ligas de futebol. A gente não atua como parceiro de ligas de futebol, mas contribui, sim, com outras modalidades, como a NBB, do basquete, a Confederação Brasileira de Vôlei e a liga de futsal. Nossa colaboração em matéria de integridade se dá a partir da utilização, entre outras ferramentas, do SportIM, uma plataforma própria de integridade, preparada pra identificar casos de manipulação de resultados relacionados às apostas esportivas. O SportIM é uma ferramenta que hospeda dados sobre centenas de milhares de eventos esportivos que ocorrem anualmente em todo o mundo e a partir dela é efetuada a análise detalhada da integridade. |
| R | O SportIM emprega três componentes principais pra identificar possíveis casos de corrupção relacionados às apostas: feeds de dados esportivos oficiais, o que nos dá acesso a informações confiáveis e cronometradas obtidas em relação a cada jogo - por exemplo, o momento preciso do início de uma partida, marcação de um gol, recebimento de um cartão vermelho por um jogador -, de modo a fornecer um contexto crucial pra a nossa análise das apostas; algoritmos exclusivos próprios, customizados pra diferentes esportes - os algoritmos fornecem ao sistema o ponto de referência mais confiável pra a identificação das odds verdadeiras -; e dados globais sobre apostas. Aqui se tem acesso a milhões de pontos de dados de centenas de casas de apostas e plataformas de intercâmbio internacionais. Ao SportIM soma-se o emprego de um sistema de inteligência pra cruzamento de informações relevantes sobre equipes, jogadores, árbitros e outros fatores. Essa etapa enriquece os relatórios sobre monitoramento de apostas com insights contextuais adicionais, como o envolvimento de jogadores em jogos anteriores que tenham sido fraudados. A partir desses componentes todos, conseguimos detectar atividades de apostas potencialmente incomuns ou suspeitas, tanto de forma preventiva quanto durante os jogos ao vivo, em todo o ecossistema de apostas, complementar análise através de atuação de especialistas, conduzir análise pós-jogo detalhada sobre qualquer evento que tenha sido monitorado pelo SportIM e transmitir informação em tempo real pra toda a rede de ligas esportivas e federações parceiras sobre a ocorrência de alertas ao sistema. Próximo, por gentileza. Etapas da análise. É importante explicar que a análise de integridade realizada por nós, para que consiga chegar à conclusão de que um evento esportivo tenha sido efetivamente fraudado, poderá se dar em três etapas. A primeira é quantitativa, obrigatória. E aí, irá se gerar um alerta, a análise dos sistemas, a inteligência artificial. A segunda etapa é a qualitativa, obrigatória também. Ela indicará de que forma um alerta será classificado, ela é feita por analistas, especialistas, apreciação humana. E há uma terceira análise... Há uma terceira etapa, perdão, que é a análise de performance. Ela não é obrigatória para se cravar a ocorrência de uma fraude. E agora eu vou explicar. Próximo eslaide, por favor. Os alertas. Sempre que uma atividade de apostas incomum ou suspeita é detectada pelo SportIM ou quando recebemos uma informação por fontes de inteligência sobre a possível ocorrência de alguma fraude, um especialista da unidade de integridade avaliará meticulosamente todos os fatores pertinentes, como lesões, suspensões, desempenhos recentes de equipe, jogador, condições do campo, clima, etc., pra então atribuir uma das seguintes classificações ao evento que foi alvo do alerta: verde, há uma explicação clara e legítima pras apostas que geraram o alerta e, por isso, não persistem preocupações discerníveis quanto à integridade do evento; âmbar I, que é o amarelo, concluída a nossa investigação, não identificamos evidências significativas de manipulação, mas havia um pequeno elemento nas apostas que não foi totalmente explicado ou de alguma forma foi notado, não consideramos que haja necessidade da condução de uma investigação mais aprofundada, mas o evento será marcado pra fins de inteligência e pra possíveis referências futuras; âmbar II, laranja, a investigação concluiu que havia algo incomum relacionado às apostas e/ou à ação da partida e, muito embora essas nossas preocupações com o jogo não tenham acarretado uma classificação como vermelho ainda, vimos o suficiente pra sugerir que as apostas ou a ação do jogo foram possivelmente anormais sob a ótica da integridade - nesses casos, efetua-se o acompanhamento próximo dos possíveis envolvidos a partir daí até que se possa rebaixar ou escalar esse alerta -; e, por fim, o vermelho, com base em todas as informações disponíveis, somos incapazes de expressar confiança na integridade do evento, pois havia... (Soa a campainha.) O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Tá, obrigado. ... pois havia algo completamente inexplicável em relação às apostas - nesses casos, os detalhes da partida serão imediatamente comunicados pras partes interessadas relevantes, um relatório detalhado de apostas sobre o evento será preparado em um prazo de 24 a 48 horas, e sugere-se também à entidade parceira que realize investigações aprofundadas, e, em vista disso, colocamos à disposição suporte investigativo. |
| R | Faço o registro de que todos os argumentos acerca dos alertas são revisados de forma minuciosa por pelo menos mais um membro da unidade de integridade. Relatórios classificados como vermelho, que é o nível máximo quando a gente, de fato, tem uma ideia de que a fraude aconteceu, recebem escrutínio de pelo menos mais dois membros da unidade de integridade - são três pessoas, portanto -, sendo um deles o supervisor chefe especializado. E esse alto padrão de qualidade é usado no intuito de assegurar a máxima assertividade em relação às partidas potencialmente fraudadas. E aí, fazendo um parêntese, pegando até o que o Felippe disse antes, nós também temos uma responsabilidade muito grande pra dizer que uma partida foi efetivamente fraudada. Isso não é algo que a gente vai fazer em relação a qualquer tipo de situação. Por isso é que tem todo esse cuidado. E, por fim, próximo eslaide, por favor... É quando a gente vai falar de análise de performance. Análise de performance refere-se à análise detalhada do desempenho esportivo de uma equipe ou indivíduo, incluindo árbitros e auxiliares. Tipicamente, ela visa a apontar quaisquer anormalidades ou tendências subjacentes em relação ao desempenho verificado em campo. Por exemplo, podemos destacar uma situação que tenha gerado suspeita envolvendo um árbitro que marcou um pênalti estranho ou outra que tenha saltado aos olhos em razão do posicionamento equivocado de um goleiro ou do alto volume de erros não forçados cometidos por um determinado jogador de linha. A partir da análise da performance, é possível fornecer às entidades parceiras informações relevantes a serem utilizadas pra fins disciplinares. Agora, isto aqui é importante: o método pra confecção desses relatórios envolve uma combinação entre análise subjetiva, realizada por especialistas, e análise objetiva de dados, baseada inteiramente nas evidências coletadas a partir do uso de ferramentas de inteligência artificial. A nossa recomendação é sempre no sentido de que relatórios de análise de performance sejam utilizados de forma complementar aos dados de monitoramento dos mercados de apostas, bem como à inteligência adicional a ser provida. O objetivo aqui é robustecer o conjunto de evidências e encorpar eventuais denúncias de manipulação a serem oferecidas pelos órgãos disciplinares, ou seja, o nosso entendimento, de forma taxativa, é o de que análise de performance feita de forma isolada não tem força pra provar a ocorrência de uma potencial manipulação. Próximo eslaide, por favor. Já está terminando, Senador. Superada a primeira etapa da apresentação, em que falei sobre o uso de tecnologia pra identificar situações potenciais de manipulação de resultados, passo a sugestões sobre como o Brasil pode melhorar a sua atuação no combate ao problema da manipulação de competições. Fato é que nosso país é um alvo extremamente vulnerável à ação dos manipuladores, e essa vulnerabilidade é um obstáculo gigantesco pra que possamos manter a integridade no esporte por aqui. Mas por que somos tão vulneráveis? Em primeiro lugar, devemos reconhecer que o grande número de jogos disputados em diversos níveis esportivos criam um ambiente propício pra manipulações. Cada jogo, principalmente aqueles de divisões inferiores, representa uma oportunidade em potencial para os que buscam corromper o esporte, e o Brasil, senhores, é o país no qual mais partidas de futebol são disputadas no mundo inteiro. Além disso, não podemos ignorar o fato de que a maior parte dos nossos atletas recebe salários baixos, o que os torna alvos propensos às abordagens corruptas. Ora, se temos sido surpreendidos, nos últimos tempos, com casos de manipulação envolvendo atletas de ponta e que recebem altos salários, o que dizer da possibilidade dessa prática pelos menos favorecidos, os quais, esses, sim, podem vislumbrar aí uma possibilidade de mudança de patamar em suas vidas? Não podemos desconsiderar que a necessidade financeira pode, sim, levar atletas a tomarem decisões desesperadas e equivocadas, algo que, naturalmente, coloca em risco a integridade das nossas competições. Isso é ainda mais evidente quando, analisando as estatísticas que cuidam da manipulação de competições em todo o mundo, constatamos que a maioria esmagadora dos casos de fraudes ocorrem em torneios de divisões inferiores da base, ou seja, exatamente os que envolvem os atletas em posição mais vulnerável economicamente. |
| R | Diante desse quadro, entendo que o enfrentamento do problema no Brasil, tal qual vem sendo feito em outras nações e que tem obtido êxito nesse tema, passa pela construção de sistemas de integridade no ambiente esportivo que verdadeiramente se sirvam a prevenir a ocorrência de fraudes no esporte, a detectar eficazmente aquelas que ainda assim venham a ocorrer, e, por fim, que forneçam as ferramentas para que uma resposta rápida possa ser dada, seja através de sanções severas ou outros meios. A consolidação desses sistemas deverá incluir a implementação de linhas diretas de denúncia anônima - vocês já trataram disso -, a formação de comitês de integridade verdadeiramente independentes, e a aplicação rigorosa de penalidades para os infratores. Último eslaide, por favor. Por fim, chamo a atenção para o fato de que esses sistemas de integridade deverão primar, acima de tudo, pela ênfase na questão da educação sobre a manipulação de competições. É essencial que todos os atores que permeiam o ambiente esportivo, principalmente árbitros e atletas, mas não somente eles, recebam orientação constante a respeito dos riscos e consequências do potencial envolvimento com manipuladores e sobre como devem agir para se proteger desse problema. Sinceramente, nós acreditamos que há uma chance de vencermos o problema da manipulação de competições, mas ela passa necessariamente pelo aspecto-chave da educação. Se focarmos na educação, temos uma chance. Se a deixarmos de lado, a derrota para esse mal é certa. É isso, Senador. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu é que agradeço, Sr. Tiago Horta Barbosa, da Genius Sports. As suas palavras representaram, da mesma forma da nossa oitiva anterior, a confiabilidade em cada tom, até muito semelhante ao que apresentou aqui o Marchetti. Portanto, nós vamos de imediato ao nosso histórico Relator de CPIs e homem público notável desta Casa, o Senador Romário de Souza Faria, como Relator desta CPI da manipulação de resultados de futebol e de apostas. Irmão, a palavra é sua. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Boa tarde, Sr. Tiago Barbosa. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Boa tarde, Senador. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Muito obrigado pela presença do senhor aqui nesta Comissão. Vou ser bem objetivo aqui, bem direto nas perguntas. Em um recente caso de muita repercussão no Brasil envolvendo o jogador Paquetá, vimos que a IBIA, uma instituição da Inglaterra, que é uma associação internacional de integridade das apostas, está desempenhando um papel central na investigação conduzida lá nesse país. Recentemente, a Genius Sports se tornou membro associado da IBIA, que também tem como associadas as maiores casas de apostas da Inglaterra. O senhor acha que um modelo semelhante poderia ser aplicado no Brasil? E o senhor acha que as casas de apostas deveriam participar ativamente dessas investigações? Essas são as duas primeiras perguntas, por favor. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA (Para expor.) - Boa tarde. Obrigado, Senador, pela pergunta. Com certeza. A atuação... O ingresso da Genius na IBIA, que ocorreu há poucos dias, tem exatamente esse intento de melhorar a nossa relação também com as casas de apostas que se relacionam com a IBIA e propiciar, a partir daí, um trânsito de informações cada vez mais... um fluxo de informações cada vez mais fluido. Então, esse tipo de associação é sensacional. O colega que esteve antes também citou a associação que é feita pela empresa deles, e, da nossa parte, a gente trabalha com a IBIA, porque a gente acredita que é o melhor meio realmente de atuação, é a forma realmente como a gente consegue ter o maior alcance para desenvolver esse fluxo de informações que a gente deseja obter. |
| R | O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E no caso dessas casas de apostas que estão aqui no Brasil, no seu entendimento poderiam participar mais ativamente dessas investigações? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Acredito que sim, acredito que isso é natural dentro do processo de regulação que a gente está passando. O meu entendimento é que isso naturalmente acontecerá, até porque a própria lei determina que as casas de apostas façam parte de algum sistema de monitoramento de integridade. Então, existe hoje uma determinação de que as casas de apostas brasileiras, para que elas possam estar obtendo a autorização de funcionamento até o final do ano, elas se associem, seja à IBIA ou a algum outro instrumento desse de integridade. Então, eu acho que é natural que isso aconteça, é fundamental, é natural e vai acontecer. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O senhor entende que a manipulação envolvendo eventos simples ou individuais, como recebimentos de cartões, facilita o processo de organização criminosa pela maior facilidade em sua execução? Na experiência das Genius, haveria uma maior dificuldade de detecção e comprovação desses casos? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Qualquer situação de fraude, de manipulação de resultados, que é provocada por uma ação individual de um atleta ou de um árbitro sempre vai gerar uma dificuldade maior de detecção do que aquela que é provocada por um grupo de pessoas. É muito mais fácil, vai ser mais fácil de ser detectada porque ela também é mais fácil de ser praticada. Então, imagine, a gente sempre fala nas aulas, quando a gente dá aula sobre esse tema, a gente sempre menciona que o tênis é talvez o esporte mais fácil, é o esporte mais fácil de ser manipulado porque é um esporte individual, você só precisa de uma pessoa ali para poder estar praticando aquela fraude. Então, se a gente trouxer isso para o âmbito do futebol, vai ser muito mais fácil também, eventualmente, uma fraude ser praticada por um atleta que queira forçar um cartão do que provocar um gol, quando às vezes você precisa de três, quatro defensores para estarem colaborando com aquela fraude. Então é uma situação, sim, um pouco mais difícil que, obviamente, também demanda mais esforço de quem trabalha, como é o nosso caso, de quem trabalha para estar detectando as fraudes, até porque a gente sabe que os manipuladores estão sempre procurando dar um passo adiante. Então, na medida em que eles identificam que quem trabalha para detectar fraude está conseguindo ter um sucesso grande na detecção de determinado tipo de fraude, eles vão passar a procurar outros. Então, a lógica que foi utilizada, dois anos atrás, de provocar esses atletas a tentarem fraudar a questão dos cartões, por exemplo, vai muito de encontro a isso: "Já que eles estão conseguindo detectar fraude de mercado de odds, de 1x2, ou mercado de gols, por exemplo, mercado de primeiro e segundo tempo, mercado de gols, vamos procurar algo que seja diferente, algo que precise de menos atletas estarem envolvidos". Mas é óbvio que, da parte de quem trabalha para detectar também há um trabalho, uma etapa seguinte de trabalho, exatamente para você estar calibrando os seus sistemas a poderem identificar esse tipo de fraude. É exatamente o que tem sido feito. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A Genius Sports é uma concorrente direta da Sportradar? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sim. A pergunta que eu vou fazer ao senhor é a seguinte, Sr. Tiago, por exemplo: a CBF contratou a Sportradar para fazer um determinado relatório de um determinado jogo. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Hum-hum. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E a Sportradar passou para a CBF um determinado resultado daquele jogo. E a CBF, não muito convicta do que foi passado, contrata a Sports Genius, não no mesmo período, que seja um pouco mais na frente. Vocês teriam - a palavra não sei se é coragem - coragem de dizer para a CBF: "Aqueles estudos feitos pela Sportradar em relação àquele jogo não são corretos, os estudos corretos são os nossos". Isso há entre vocês, dentro dessa competitividade de espaço? |
| R | O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Isso pode acontecer no sentido de uma situação; tanto é que, se você reparou no eslaide, eu coloquei que a gente trabalha junto com a FIFA, e a Sportradar também trabalha junto com a FIFA. A gente também trabalha junto com a UEFA, eles também trabalham junto com a UEFA. Nada impede que uma entidade esportiva atue com mais de uma empresa de monitoramento, inclusive essa é a recomendação da FIFA, até para se fortalecer eventualmente casos identificados de manipulação. É lógico que é muito mais forte você ter dois ou três relatórios indicando que houve uma fraude do que apenas um, isso é positivo. Agora, só em relação à questão de dizer que o que a outra empresa fez foi errado, isso na verdade não é o que nós faríamos, imagino que nem é o que elas fazem. Se a gente for convidado a emitir um parecer em relação a determinada situação, a gente vai fazer o nosso trabalho para apresentar a nossa resposta, e aí eles vão poder fazer o juízo deles e buscar outros meios de investigar também para ver quem está trabalhando, quem encontrou a resposta correta. Mas isto a gente não faz: dizer que fulano atuou de forma errada ou trabalhou errado. Isso a gente não... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas, por exemplo, assim, no caso especificamente do Paquetá, hoje lá na Inglaterra: se aparece uma empresa concorrente com os estudos que ela faz - vamos partir da premissa de que essa empresa é uma empresa séria, competente e respeitada -, e essa empresa diz hoje que o Paquetá não cometeu nenhuma fraude em relação aos seus cartões amarelos que ele tomou nesses quatro, cinco jogos, enfim. Aí eu pergunto a você: como é que seria a reação da federação? Porque hoje a federação... Partindo da premissa de que isso esteja claro, o Paquetá vai ser julgado lá e a princípio vai ser banido do futebol, estou falando o máximo. Só que a empresa... Isso é porque... Essa empresa A mostrou à federação que ele cometeu esse crime, porque isso é um crime, concordam? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Hã-hã. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A empresa B diz que não. Como é que ficaria essa situação do jogador Paquetá, ele? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Na verdade, assim, só esclarecendo, o Paquetá está passando por um processo. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sim, mas eu estou indo lá na frente. Desculpa. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Perdão. É porque a questão ali é uma infração disciplinar que está sendo analisada pela federação inglesa, foi investigado, houve um oferecimento de denúncia e agora... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Esses dados foram dados por uma empresa. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Esses dados, se não me engano, foram fornecidos pela IBIA. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Isso, exato. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Foram fornecidos pela IBIA, e isso está sendo investigado no âmbito da federação. Esse papel que o senhor colocou é um papel exatamente da defesa do atleta. Eu imagino que a defesa do atleta, na tentativa de buscar explicar o que aconteceu, vai atrás de qualquer tipo de evidência que possa estar jogando do lado dele. Então, se eventualmente eles forem atrás de alguém que possa estar fornecendo algum tipo de parecer no sentido contrário, isso acho que é o trabalho dela. Agora, eu imagino que, no caso da federação inglesa, ela deve ter muita confiança no trabalho dos parceiros que ela tem, e ela ser influenciada por esse tipo de situação acho que seria bastante difícil. |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Até porque a metodologia é cruzamento de apostas, e aí não tem como isso dar divergência. Não é só o comportamento do atleta, não é? Ela parte de um cruzamento de aposta. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sim, mas eu não estou aqui... Eu não sou advogado... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... e nem sou amigo do Paquetá. A gente está fazendo... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Não, num caso hipotético... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É isso aí. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - É, num caso hipotético. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É o seguinte, porque pode... Eu acho que pode, sim, na minha opinião, uma segunda opinião em relação ao que está acontecendo, porque isso é um caso muito sério, é um caso muito grave. Banir um jogador de futebol... Qualquer um, seria grave, principalmente um jogador do nível, hoje, do Paquetá, porque, no meu entendimento, na minha ideia, isso pra chegar até aonde me parece que pode chegar, eu acho que tem que ser uma coisa estudada com muita calma, com muita inteligência, porque isso vai ser um prejuízo muito grande, e eu não estou falando nem pro jogador de futebol, é pra pessoa, Paquetá, e pra sua família também. E eu não estou aqui dizendo... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Lógico. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... o que ele fez ou o que ele não fez. Eu só estou dando aqui um exemplo porque eu acredito que... Como você falou, pode ter uma empresa que entenda que esses cartões amarelos aí que ele tomou, ele tomou porque tinha que tomar; não foi nenhum tipo de manipulação, não foi nenhum crime que ele provocou. Essa é a minha opinião, entendeu? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas aí é que está, Romário - desculpe-me -, só olhando dados técnicos, pra chegar a isso eles cruzaram o movimento de aposta. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sim... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Você não tem como ter um movimento alto e um outro baixo. Não tem... O movimento de aposta, se outra empresa estiver acompanhando... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sim, mas eu quero dizer o seguinte... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... vai acompanhar o mesmo movimento das apostas. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sim, mas eu quero dizer o seguinte... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E só mais uma... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Quem é que pode afirmar? Ainda ninguém pode afirmar. E é por isso que está havendo uma... Como é que eu posso dizer? Um estudo sobre isso. Não, um estudo, não. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Uma especulação. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Uma especulação. Quero dizer o seguinte: o Paquetá... A gente está falando de um, dois, três cartões que ele tomou pra isso. Ele poderia muito bem, sim, ter tomado esse cartão e, pelo simples fato de ter tomado o cartão... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, sim... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Calma. E não ter nenhum... Os seus parentes, amigos, eu não sei de onde ou quem seja lá de Paquetá... Ele poderia muito bem não ter conhecimento dessas apostas feitas. Eu não estou dizendo o que você falou, que as coisas batem uma com a outra. O que eu quero dizer é o seguinte: ele pode ter tido o cartão sem ter conhecimento de que as pessoas lá apostaram que ele tomaria esse cartão. É isso que eu estou aqui colocando, entendeu? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, mas nesse caso específico não é só cruzamento de apostas. É o que ele falou: depois ele vai pra outras análises de dados e até de comportamento, porque, se eu entendi bem, você une... O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Só deixando claro que a gente está falando em teoria aqui, em relação a tudo... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em teoria. Não... O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - ... até porque eu nem tenho conhecimento dos meandros que envolvem o caso do Paquetá, porque ele nem acontece aqui no Brasil. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Mas esses casos... Você que tem um contrato com a casa de aposta e vê uma movimentação atípica - não é? -, como... O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Hum-hum. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... uma evidência - não é prova, de novo, é um indício apenas, e pode não dar em nada -, você consegue, pelo seu contrato com a casa de aposta, abrir o perfil de quem apostou, não consegue? Essa é a pergunta. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA (Para expor.) - Não, isso aí... Essa informação... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Você consegue chegar... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Pelo menos onde? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Essa informação... Não. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Onde foi apostado? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em quem? Onde? Você consegue, no seu relatório... O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - A informação em relação a quem efetuou a aposta... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, mas isso já está claro. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - ... pertence à casa de aposta. Isso não pertence a nós. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - No caso do Paquetá, especificamente, está claro que foi lá na Ilha de Paquetá, onde os parentes... A pergunta... O que eu quero dizer é o seguinte: o Paquetá poderia muito bem ter tomado esse cartão sem ter conhecimento de que essas pessoas tinham feito essas apostas na ilha, lá na casa da tia. É isso que eu quero dizer. Poderia... Entendeu? |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Então, é assim, mas o volume de aposta não torna crível nesses casos, porque... Agora, lembrando também o seguinte, não é, Romário? A gente... Eu sempre falo isso. Existe o erro... Existe o erro para manipulação e existe o erro para manipulação de apostas, não é? Porque, na hora em que você combina elementos técnicos pra avaliar, é lógico, o primeiro elemento é o volume de apostas, que isso chama atenção, não é? E você vai pros outros. Mas se tiver um erro que não seja para manipulação de apostas, seja só para manipulação, por qualquer razão, como a máfia do apito - não é, Girão? Você até me lembrou aqui no depoimento passado -, não necessariamente isso vai estar coordenado com aposta, não é? E aí a questão do comportamento dos atletas pode passar a ser um outro elemento, não é? Só pra deixar claro, porque não é só comportamento, não é só aposta, não é só para aposta. A gente tem o erro pra manipulação de um interesse político. A gente tem o erro, já teve no Brasil, pra um clube cair, o outro descer, mala branca, mala preta, e não tinha nada a ver com aposta. Só pra deixar claro pra quem assiste: nem tudo são apostas. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bom, então, só rapidinho. Então, uma pergunta lá, a imprensa chamada de marrom. Vamos então entrar na palavra aposta. O senhor, com o seu conhecimento... O senhor apostaria que o Paquetá cometeu ou não esse crime? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Já deve até ter ido à casa de apostas. (Risos.) O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Não, eu... eu, eu, na verdade, o que eu conheço desse caso, Senador, é o que a gente vai vendo de notícia. Então, é muito complicado pra mim emitir esse tipo de opinião. Eu realmente... A gente procura, a gente que trabalha com isso, conforme a gente já vinha adiantando, a gente procura ter muita responsabilidade em relação a qualquer manifestação que a gente venha a fazer. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor admite que ele pode não ter cometido esse crime? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Pode ter e pode não ter. Eu realmente não tenho os elementos pra estar afirmando qualquer situação em relação a isso. Peço desculpas, mas eu não posso realmente emitir opinião nesse caso. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O Sr. John Textor esteve aqui na CPI trazendo denúncia sobre suposta manipulação de jogos em campeonatos brasileiros. O senhor conhece e sabe desse assunto. Essas denúncias foram baseadas em relatórios de análise comportamental de vídeo baseado em inteligência artificial, onde o Felippe... Felippe Marchetti comprovou aqui que não há nem... segundo a empresa dele, no entendimento deles, que não há nem indício de nada, o que ele me mostrou aqui. A pergunta que eu faço ao senhor é a seguinte: vocês da Sports Genius chegaram a analisar jogos tidos como suspeitos de comportamento, como foi feito desse caso da empresa pro Sr. John Textor? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Não, Senador. A Genius, a gente só atua realmente sob demanda. E, conforme eu tinha adiantado no início, a gente não monitora o mercado brasileiro. Então, a gente não realizou qualquer tipo de análise em relação a esse caso específico. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas na Europa vocês já fizeram isso? Analisar esse tipo de comportamento? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Então, é o que eu explico. Fiz a... Quando eu expliquei aqui na apresentação, eu falei que isso é um dos níveis, é uma das etapas da análise que a gente faz. Primeiro, a gente tem uma etapa que é totalmente baseada nos movimentos dos mercados de apostas, onde a gente conclui que efetivamente é fraude, há grande possibilidade de que a fraude tenha acontecido. E a análise de performance é uma etapa complementar, tá? Ela é uma etapa adicional, exatamente quando se busca tentar identificar, a partir do momento em que a fraude efetivamente deva ter acontecido, a gente busca identificar quem são os envolvidos, se algum atleta, se algum árbitro, a gente parte para isso. Mas é o que eu deixei bem claro aqui, a análise de performance é uma análise complementar à análise dos mercados de apostas, ela jamais serve para você afirmar que aconteceu uma manipulação ou que alguém manipulou um resultado. Ela é complementar para dizer: "Olha, a fraude de fato aconteceu em função do que indicam os mercados", e aí você passa para uma análise de performance. |
| R | Então, sem entrar no mérito da forma como a outra empresa atua, a forma como a Genius realiza as análises é uma forma bastante diferente. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A Genius Sports tem forte atuação na Europa, atuando nos jogos do campeonato da Uefa, entre outros. O que você teria a destacar que poderia servir de exemplo para o Brasil da atuação das federações de futebol, das casas de apostas e do poder público no combate à manipulação dos jogos na Europa? E o que a gente poderia trazer de positivo aqui para o Brasil? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Eu qualifico, Senador, já militando nisso, há algum tempo, o que eu verifico é que eles estão alguns anos na nossa frente; eles começaram a fazer todo um trabalho de integridade com 10 a 15 anos de vantagem em relação ao Brasil. Eu não acredito que, aqui no Brasil, o trabalho seja malfeito; eu acho que aqui a gente tem um desafio muito grande em função do alto número de partidas que é disputado no país, mas eu verifico, sim, um esforço no meio esportivo por parte das entidades, ainda que não seja um esforço perfeito, poderia ser melhor, como vocês bem destacaram aqui no depoimento anterior, mas eu vejo que a gente está caminhando. A Europa hoje está na frente, porque ela, de fato, começou antes. Então, com as relações que ela já conseguiu desenvolver, a questão de juntar os stakeholders, conseguir montar um sistema colaborativo com autoridades públicas, entidades esportivas, sindicatos de atletas, tudo isso, eu acho que eles já estão num nível mais avançado do que a gente está hoje, mas não quer dizer que a gente não esteja caminhando nessa direção. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A Genius Sports tem algum contrato com federações aqui no Brasil? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Não, não, a gente não monitora nenhum torneio de futebol, não temos contrato com ninguém de futebol. Temos com o NBB, do basquete, a Confederação Brasileira de Vôlei e a Liga de Futsal. São os três parceiros. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Muito obrigado pela presença. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - De nada. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Agradeço ao Senador Romário, Relator desta CPI da manipulação de resultados de futebol e de apostas. E, rapidamente, Sr. Tiago, por gentileza, imagino que a experiência internacional da empresa que o senhor representa tenha inúmeros exemplos de identificação de atletas atuando com o propósito de manipular as apostas em jogos de que participavam. Além do que hoje já foi exposto a esta CPI, quais outros exemplos de manipulações no Brasil ou no mundo poderiam ser mencionados, principalmente em outros esportes, como o senhor acabou aqui de revelar, os que têm contrato? A Genius Sports, evidentemente, procura evoluir? Ela está nas técnicas de identificação de atletas que atuam para manipular jogos? Sem querer quebrar sigilo sobre futuros avanços nessas técnicas, o que pode ser desenvolvido para melhorar tais identificações? O emprego da inteligência artificial é uma alternativa relevante? São as essas minhas questões, por favor, Sr. Tiago. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - A inteligência artificial, ela é, sim, relevante, ela é utilizada pela empresa, mas, obviamente, que de forma complementar também à inteligência humana. Isso é uma coisa que a gente tem muito clara: todas as análises quantitativas que são realizadas depois necessitam ser avaliadas de forma humana. |
| R | Bom, em relação à experiência europeia, eu verifico que, em outras modalidades, a gente nota realmente que, a partir do momento em que uma modalidade começa a se proteger do fenômeno da manipulação de resultados, os manipuladores passam a buscar outras. Então, o exemplo que a gente tem hoje mais forte, no mundo, é o exemplo do que é realizado no tênis. O tênis construiu uma agência, a ITIA, que é a International Tennis Integrity Agency, e ela é uma agência que realiza um controle completo em relação à questão da integridade, principalmente voltada à proteção contra a manipulação de resultados. Então, hoje, todos os atletas do tênis precisam passar por treinamento para poderem se registrar em torneios de tênis. Além disso, eles realizam monitoramento completo, onde, inclusive, os atletas são compelidos - isso é um ponto bastante importante, são compelidos -, obrigados a estar colaborando com investigações relacionadas à manipulação de resultados. Essa obrigação é firmada pelos atletas antes de iniciarem as competições, após a conclusão dos treinamentos. Então, qualquer tipo de situação em que o investigador necessite da colaboração do atleta para estar elucidando qualquer tipo de fato, o atleta precisa estar contribuindo. O resultado disso é que o tênis evoluiu, nos últimos anos, de tal maneira que ele tem deixado de ser... Antigamente, ele era o esporte com mais casos de manipulação de resultados, rivalizando com o futebol; e, hoje em dia, o que a gente tem é uma queda brutal do tênis, muito em função da atuação dessa agência. Então, se eu pudesse dar uma sugestão, seria muito nesse sentido, de que as diferentes modalidades criassem sistemas, conforme eu falei aqui, sistemas de integridade complexos, não sei se vai se chamar de agência, mas, enfim, sistemas de integridade complexos, onde você procure se cercar de todos esses pontos que são importantes. Então, você focar na questão da prevenção, focar na questão da detecção, da investigação, colocar todos os stakeholders realmente para trabalharem de forma conjunta, de maneira obrigatória ali, e, assim, você conseguir dar as respostas mais rápidas e mais eficientes. Eu acho que o caminho seria esse, Senador. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Agora, é minha última colocação. Eu creio, Relator Romário, com a sua experiência muito maior que a minha, especialmente em CPIs, que essa pergunta aqui, dupla, cabe ao senhor. Um: alguns depoentes aqui disseram claramente que acreditam 0% em tudo o que veio falar na CPI e está falando para o Brasil inteiro o CEO do Botafogo do Rio, John Textor. Disseram com essas palavras. Aqui, Romário, eu, os outros membros: acreditam 0%. Esta é a pergunta: o senhor acredita em algo que até agora traz como denúncia o Sr. John Textor? E qual a diferença? Em qual empresa o senhor acreditaria mais, para o brasileiro saber: na Sportradar ou na Good Games!? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Não, em relação ao Presidente do Botafogo, eu imagino que ele deve estar argumentando em cima do que ele viu, do que ele conheceu e do que ele acredita. Ele deve ter as razões dele para isso. |
| R | Agora, eu não conheço de forma profunda o método que a Good Game! utiliza. Pelo pouco que a gente sabe, mas, muito... Conhecendo em função do que a imprensa coloca, ele é um método baseado mais na questão da análise de performance e, conforme eu explanei, sem criticar diretamente o método deles, mas, a forma como a gente trabalha só utiliza análise de performance de forma complementar o monitoramento dos mercados de apostas. Eu tive a oportunidade, Senador, de trabalhar na Sportradar por três anos, entre 2016 e 2019, e, por mais que eu não mais esteja lá, eu tenho a plena convicção da seriedade com a qual eles trabalham. Então, assim, eu jamais seria leviano de dizer que eles não realizam um bom trabalho, embora hoje eu represente uma outra instituição que eu acho que faz um trabalho ainda melhor, obviamente. Mas, então, dentro do... Se eu for comparar o desconhecido, que seria a Good Game!, com o conhecido, que é a Sportradar, que é por onde eu já passei, eu não teria como escolher aquilo que eu não conheço. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. Para concluir a nossa reunião importantíssima de hoje, desta quarta-feira, 18 de junho de 2024, da Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI da manipulação de resultados de jogos de futebol e apostas, com a palavra, o nosso Vice-Presidente, cearense, Senador Eduardo Girão. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Muito obrigado, Senador Kajuru. Eu vou pegar a deixa dessa sua última pergunta - sempre ótimas as perguntas feitas pelo senhor. Em primeiro lugar, seja bem-vindo, Dr. Tiago Horta Barbosa. Eu queria, sequenciando o que ele colocou... O diferencial - o diferencial - da abordagem da empresa, da sua empresa, com a empresa em que o senhor trabalhou por três anos, que é a Sportradar, empresa Genius Sports e Sportradar, qual é o diferencial delas em termos de abordagem, vamos dizer assim, de estratégias? O senhor pode colocar pra mim? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA (Para expor.) - Senador, de forma geral, sem entrar em especificidades, o que eu posso dizer é que os métodos são muito parecidos. Eu acho que as premissas - acho que a gente pode colocar dessa forma: as premissas -, tanto a que uma utiliza como a outra, elas são muito similares, então, é claro que a gente pode debater qualidade pra um lado ou pra outro, quantitativo de parceiros, quem tem um alcance maior, mas as premissas, elas são muito parecidas... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ambas usam inteligência artificial... O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Sim, sim, sim... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... também cruzam dados de apostas, têm... É a questão do software, não é? A questão da... O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Sim, sim. As premissas são parecidas. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E tem outros concorrentes? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Tem, tem sim. No mundo, tem. Tem a Starlizard, tem a Stats Perform, que realiza trabalhos aqui no Brasil também. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - A Genius... Ela é... A sede dela onde fica? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Inglesa. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ah, fica na Inglaterra. E a anterior, na Suíça, não é, a empresa Sportradar? Deixa eu perguntar uma coisa pro senhor: a Genius Sports também tem parceria com várias ligas internacionais, da NFL, Nascar... Enfim, eu pergunto: como está essa questão da manipulação em outros esportes também, de resultados fora do Brasil, a manipulação de resultados? Além do futebol, tem muita... É muito diferente? Como é que funciona? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Existem... O futebol, hoje, infelizmente, acaba que é o carro-chefe... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O carro-chefe. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - ... onde se vê esse problema, mas existem problemas em diversas outras modalidades. Eu citei aqui o tênis, que tem evoluído muito em relação ao combate ao problema, mas ainda existe - tem uma atuação ativa da agência, mas ainda existe -, o tênis de mesa, você tem o próprio basquete, você tem casos, enfim, tem... de uma forma bem abrangente, se a gente for citar aqui, talvez em grande parte dos esportes tenha algum caso. |
| R | A gente, recentemente, teve o banimento no basquete na NBA de um atleta por envolvimento com manipulação e com apostas. Enfim, na própria NBA, que é a maior liga de basquete do mundo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O fornecimento de dados e estatísticas segue mais ou menos o mesmo fluxo dessas... O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Sim, é muito parecido. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... dessas ligas internacionais também? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Sim. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mais ou menos. E como é que estão os procedimentos de enfrentamento à manipulação de resultados fora do Brasil? Qual é o diferencial que o senhor vê, pela sua empresa, que tem uma experiência internacional? Como é que nós estamos, numa escala de 0 a 10, em relação aos Estados Unidos, em termos de um alinhamento com a integridade, um enfrentamento a isso? Como se dá a relação com os órgãos de fiscalização e controle desses países, com as empresas de aposta, com os organismos federativos, enfim? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Nem sei se os Estados Unidos seriam o melhor exemplo, e eu também, para dizer a verdade, eu desconheço... eles têm uma forma muito peculiar e fechada de trabalhar, eles não compartilham muito da experiência, mas, em relação, principalmente, à Europa, foi citada aqui, por exemplo, a possibilidade de o Brasil ingressar na Convenção de Macolin. Eu acho que seria um ponto interessante, porque a grande vantagem dessa convenção é que ela estabelece parâmetros de atuação e, hoje, os parâmetros de atuação mais desenvolvidos, de fato, são os parâmetros europeus, os quais têm, realmente, fluxos de informação definidos, têm a questão das plataformas, de quem seriam os órgãos que poderiam atuar. Então, eu acho que se a gente puder copiar isso de alguma forma e trazer para cá... ainda que não firmemos a convenção, mas se pudéssemos copiar o modelo e de alguma forma trazê-lo... para a gente poder ter uma atuação mais coordenada e mais estruturada contra o problema, com engajamento tanto do meio esportivo quanto do poder público, eu acho que esse seria o grande ponto a ser considerado nessa questão. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Senador Girão fez, como sempre, um escorreito questionamento aqui, e aí, como televisão e audiência são rotativas, de repente ninguém sabe - eu não sei, não sei se o Girão sabe. O senhor falou que existe um caso de manipulação de resultado na NBA? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor pode dizer qual foi esse caso? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Sim, isso aconteceu há pouco mais de um mês. O atleta Jontay Porter, do Houston Rockets, andou se metendo com alguns apostadores, manipuladores, e, a partir daí, simulou algumas contusões nele próprio para ficar fora de alguns jogos, realizou apostas no próprio time, passou informações de dentro do vestiário para alguns apostadores e, também, em partidas em que ele atuou, ele recomendava algumas apostas, no sentido de: "ah, manipulador, aposta aí que eu vou marcar menos de cinco pontos no jogo", e aí ele fornecia algumas informações para esses manipuladores, apostadores.... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Teve quebra de sigilo? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Não, eles realizaram uma investigação própria. Eu não conheço detalhes. Eu sei que teve um lance que chamou muita atenção, porque ele recebeu uma bola praticamente embaixo da cesta para fazer a bandeja e marcar os pontos, e ele estava sozinho, realmente não tinha ninguém, e ele simplesmente pega e joga essa bola para trás para que alguém arremessasse na linha dos três pontos. (Risos.) |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O que é que é isso? (Risos.) O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - E isso chamou muito a atenção. E depois eles investigaram e descobriram que é porque ele já estava com quatro pontos marcados nessa partida e se ele fizesse a cesta, ele iria para seis, e a aposta era de que ele marcaria menos de cinco pontos no jogo. E esse fato acabou desencadeando a investigação que levou ao banimento do atleta da NBA. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor tem exemplo, o senhor tem ideia de quanto ele ganhava por mês? Qual era o salário dele? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Ah, não, não tenho. Não tenho, mas ele... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas ganhava muito? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Não, ele não era dos... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Dos mais bem pagos? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Não, porque ele era daqueles atletas que... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas ganhava muito bem, claro. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Não, ganhava um bom salário. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Aí, Senador Girão, imagina quem ganha R$1,5 mil. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Pois é, pois é. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Aqui no Brasil. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Que loucura, que loucura esse fato. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Perdão, é Toronto Raptors, ele me corrigiu, porque eu tinha falado Houston Rockets, eu me confundi. Perdão. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Olha aí, que bom, a nossa Secretaria sempre atuante aqui. O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Obrigado, viu? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E gosta de basquete, hein? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Está sabendo do caso aqui. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Que bom, rapaz, que bom. É muito triste a gente ver isso, não é, rapaz? É um negócio, assim, surreal, a gente... E o pior é o volume acontecendo, isso vai desacreditando um pouco. As pessoas... Eu estava falando com o Senador Magno Malta agora, Senador Kajuru, e ele me dizendo, está acompanhando a gente, o Senador Magno Malta, acompanhando. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Aliás, eu mandei uma mensagem para ele, orando por ele evidentemente, porque ele é merecedor de recuperação. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Pronto, está melhor, está melhor. E ele dizendo como está pegando ojeriza disso tudo, não é? E ele é um desportista, adora, ele disse: "Rapaz, o que é que eu vou assistir? Não sei se estou sendo enganado e tal." Eu digo, não, vamos lá, vamos dar os passos aqui, venha nos ajudar, pedi até para ele vir. Venha para esta Comissão também aqui, pô. Nós estamos fazendo... Aliás, eu quero parabenizá-lo, tá, Senador Kajuru? Quero parabenizá-lo publicamente por o senhor ter colocado o requerimento para votar, do Paquetá, do jogador, repito, sem nenhum tipo de prejulgamento ao atleta, mas esse é o papel de uma CPI, analisar, para se aprofundar, até para resguardar o próprio jogador e também as entidades e o próprio esporte brasileiro. Então acredito que esta CPI cumpre um papel importante. Teremos outros desafios. Quero parabenizá-lo publicamente, o senhor, a Carol, toda a Secretaria aqui, por ter marcado, para o dia 2 de julho, o requerimento que a gente vem adiando, mas não por outra coisa, é por questão de data mesmo, até do próprio depoente que vai vir, o Sr. Manssur. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É o Sr. Francisco Manssur, ex-Assessor Especial do Ministério da Fazenda. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Exatamente. Vai ser muito esclarecedor. Teve uma matéria em que ele vai poder nos ajudar, um escândalo nacional, capa de uma grande revista brasileira, que colocou os interesses por trás do jogo no Brasil e que fala inclusive em propina, fala em coisas graves. Então, se esta CPI não fizer isso, ela não fez nada, ela não tem... Então o senhor está de parabéns, porque eu sou testemunha de pressões políticas que o senhor tem sofrido, outros colegas aqui desta Comissão, mas nós não vamos nos intimidar, nós estamos aqui para cumprir nosso dever, para buscar as entranhas, para que possamos buscar soluções. Mas para isso, precisamos da responsabilização de quem porventura tenha algum equívoco. Então, só para encerrar... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Irmão Girão, só me permita... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Claro. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ... ter dado essa oportunidade, porque eu faria aqui um registro final. O meu telefone não para, o dia todo. É a imprensa perguntando por que é que não haverá a CPI amanhã, quando ouviríamos esse Sr. Manssur. Amanhã - para que vocês da imprensa saibam -, vai ter uma votação polêmica, na CCJ, com direito à sabatina, vai durar até 3h da tarde e vai para o Plenário depois, que é a votação de cassino, bingo e jogo do bicho. Nesta CPI, coincidentemente, há membros dela - aqui não tenho nada a esconder -, como Girão e eu, que somos, radicalmente, contra e ponto final! Não tem Governo que me convence, não tem ninguém que me convence a votar diferente. |
| R | Então, como é que a gente vai fazer uma CPI tão importante, com esta oitiva, amanhã, sendo que o dia todo nós estaremos entre a CCJ e o Plenário? Então, é apenas este o motivo para mudarmos para o dia 2 de julho, porque, na semana que vem, como semana de festas juninas, será por sessão semipresencial. Ninguém estará, aqui, presente, praticamente. Então, ficou para o dia 2 de julho, às 14h, e ninguém muda, ponto final! O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Acordado com o próprio Manssur... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor e o Brasil conhecem a minha história, pelo amor de Deus! O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Claro! E o detalhe, por que eu quero parabenizar a sua equipe e a secretaria, é que foi acordado, também, com o próprio depoente, com o Sr. Manssur, que alinhavou essa data do dia 2. Então, eu acredito que vai ser muito esclarecedora. Que possamos, quem sabe, ter desdobramentos a partir disso, porque tem outros requerimentos que a gente precisa votar também. Mas para encerrar, doutor, eu fiz a pergunta também ao Dr. Felippe, aqui, da Sportsradar, e queria lhe conceder também essa mesma situação. Vocês têm parceria com as empresas bets ou não? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Sim. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Vocês têm parcerias, não é isso? Como se dá essa parceria? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Bom, Senador, de forma bem resumida, o core da Genius é aquisição de dados das entidades esportivas e repasse desses dados às casas de apostas, para que elas possam estar oferecendo o seu serviço. A partir disso, a gente consegue ter o mesmo acesso que a Sportradar mencionou, aqui, para obtenção das informações para nível de monitoramento. Então, é uma espécie de uma situação que vai e volta, não é? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Assim como com as federações também, não é? Parcerias... O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Isso. Com as federações, aí é já um fornecimento de serviços de integridade... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Informação de dados... Para fechar, quais as sugestões o senhor tem? O mesmo questionamento e o mesmo espaço que nós demos para o Dr. Felippe... Quais as suas sugestões, no sentido de minimizar esses crimes de manipulação de esporte, que o senhor daria para nós, aqui, nesta Comissão Parlamentar de Inquérito? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Senador, conforme eu já coloquei, na minha explanação inicial, eu acho que são dois pontos principais. Tem que ter, primeiro, investimento na construção de sistemas completos de integridade que mirem no esporte com a participação dos diferentes stakeholders. A manipulação é um problema sério, é o maior desafio que o esporte já enfrentou - o futebol, mais ainda. Tem que existir uma consciência de que não se consegue construir uma solução de forma isolada. Realmente, precisa-se de uma contribuição diversa. Agora, o ponto que eu gosto sempre de estressar, e é o ponto que eu mais trabalho, que eu mais, realmente, acho importante e que eu gosto, realmente, de estar trabalhando é o foco na questão da educação. Conversar com os atletas, para explicar riscos e consequências, falar para um atleta, olhar no olho do atleta e dizer: "Cara, você vai se envolver com uma situação que pode colocar a sua vida em risco, que pode acabar com o seu sonho. Poxa, desde pequeno, você sempre sonhou em jogar bola e, de repente, você vai jogar isso tudo para o alto, por uma situação de corrupção?". |
| R | Então, eu acho que esse é o ponto principal a ser tratado não só com atletas de ponta, mas principalmente com os atletas de divisão inferiores, aqueles que são realmente os mais, os que estão nas posições mais vulneráveis, atletas de divisões de base também, de 17, 20 anos, que também são muito suscetíveis a seguir, exemplos, às vezes, ruins dos mais velhos. Então, se a gente tem realmente a capacidade de estar orientando essas pessoas, seja de forma presencial, seja de forma virtual, por meio de plataformas de ensino virtuais, eu considero que esse é o grande ponto realmente para onde a gente tem que estar mirando, olhando para o futuro. Foi o que eu falei no início, se a gente investir na educação, olhar para esse lado, a gente tem uma chance de ganhar dos manipuladores. Mas, se a gente deixar a educação de lado e não olhar para ela como algo preponderante, isso aqui é uma luta perdida. Eu realmente vejo dessa forma. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Perfeito. E o senhor também concorda com a necessidade de um canal aberto assim, de denúncias? O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Sim, sim, sim. Dentro dos sistemas de integridade, canais de denúncia são fundamentais. E foi muito bem pontuado pelo Senador aí o que ele vai estar solicitando à Confederação Brasileira. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, Senador Eduardo Girão, Vice-Presidente desta CPI, sempre do começo ao fim presente. Agradeço também a sua colaboração, Tiago Horta Barbosa, da empresa Genius Sports. E siga o seu trabalho de cabeça erguida, porque isso é fundamental para a volta da credibilidade da nossa maior paixão, que é o futebol brasileiro! Seja feliz! O SR. TIAGO HORTA BARBOSA - Obrigado, Senador. Obrigado. Agradeço a todos aí pela presença e possibilidade de estar participando. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - O que é isso! Eu gostaria de agradecer a todos os Senadores e Senadoras presentes nesta reunião. Agradeço também à minha equipe de gabinete, às craques Carol da Luz, Luma Paschoalato e ao editor Roberto Gonçalves, e chefe de comunicação; do gabinete do Senador Romário, aos craques Wester, Flavio e Vicente; do gabinete do Senador Girão, aos craques Chico e Roberto; da Liderança do PSB, meu partido do qual sou o Líder, a Olga, Santi e Carlos. Agradeço ao Advogado do Senado Dr. Octavio, mas me perdoem, eu esqueci os outros nomes. Outros advogados estiveram aqui hoje, do começo ao fim, nesta reunião importante e agradeço também a todos os outros. Portanto, foram quatro advogados aqui presentes. Aos Consultores do Senado, o Luciano, o Tiago Ivo e o Vinícius. E aos servidores da Secretaria supereficiente desta Comissão pela colaboração deles à minha questão visual, no tamanho nº 50 de letra, marca-texto amarelo, negrito, caixa-alta - mas, graças a Deus, vou recuperá-la, com o apoio do Senador, oftalmo, Dr. Hiran Gonçalves, que segue o tratamento de minha visão! São o Marcelo Lopes, o Henrique Cândido e o Gabriel Udelsmann. Deus e saúde, pátria amada! E vamos dando sequência aos nossos trabalhos. Ainda tem votação lá no Plenário. Precisamos trabalhar ainda mais hoje, amanhã também e quinta-feira também. E a nossa próxima reunião está marcada para as 14h, terça-feira, do dia 2 de julho. Agradecidíssimo. (Iniciada às 14 horas e 14 minutos, a reunião é encerrada às 17 horas e 40 minutos.) |

