09/07/2024 - 14ª - CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas

Horário

Texto com revisão

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O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Presidente, pela ordem, só...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Carlos Portinho, do Rio de Janeiro, com o maior prazer, antes de começarmos a reunião.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Tem um pedido de inclusão de deliberação para um requerimento extrapauta. Os colegas tomaram conhecimento de que, na última semana, o Relator do STJD, Dr. Mauro Marcelo, soltou um relatório. Ele se debruçou sobre as mesmas provas, e nós iniciamos esta CPI por isso, por iniciativa do Senador Romário, e estamos também debruçados nisso e muito mais. Ele soltou o seu relatório pedindo a condenação do Sr. John Textor - que esteve aqui prestando... foi o primeiro depoente. Uma pena que eu confesso que, em 20 anos do STJD, eu não vi ser aplicada nem a quem fraudou resultados em competição nem a corruptores, com exceção daqueles que foram banidos - naturalmente atletas, alguns -, mas, quanto aos outros, nunca vi uma pena pedida nessa proporção. Já vi a Procuradoria pedir, porque a Procuradoria pede o máximo, sempre é assim, mas nunca vi o próprio relator, condutor do inquérito, sugerir essa penalidade, o que me chamou a atenção, até porque esta CPI nasce justamente das denúncias.
Então, eu acho que é importante nós ouvirmos, porque nós temos aqui a nossa avaliação das provas, e ele certamente chegou a uma avaliação primeiro até do que nós - nosso trabalho só se encerra ao final. E, como nós ouvimos o Presidente do STJD, o Procurador-Geral, agora esse requerimento extrapauta para, numa sessão, provavelmente na volta do recesso, com a extensão do prazo que é necessário desta CPI, a gente possa ouvir e compreender as razões, até pro nosso próprio convencimento.
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Então, é um pedido extrapauta pra votação desse requerimento, pra convocar o Sr. Mauro Marcelo, auditor do STJD.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sobre esse assunto, eu...
Já praticamente começamos mais uma reunião aqui, mas eu coloco, Portinho, que, sem querer entrar no mérito de dar crédito ou não às denúncias feitas por John Textor até agora, o que eu não entendi foi que, numa reunião nossa aqui, o representante do STJD - o Relator Romário, nosso histórico Romário de Souza Faria, deve se lembrar, e você também - falou que a punição máxima que ele daria seria de 60 dias, no caso do Textor, e o relator deu dois anos agora. Eu até fiz uma brincadeira com ele...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Seis anos.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Seis anos, desculpa.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Seis anos e R$2 milhões.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E 2 milhões de multa.
E aí eu brinquei com ele: "Mas punição de 60 dias é de criança de escola. Não é pouco, não?". Ele falou: "Não, é o máximo". Aí agora o relator... Mas, enfim...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - É pra gente entender.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Enfim, vai haver votação, não é? Isso apenas foi o relatório inicial.
Bem, então, havendo, brasileiras e brasileiros, minhas únicas vossas excelências, Deus e saúde, alegrias e vitórias para todas e todos presentes aqui, e os ausentes que nos acompanham pelos meios de comunicação, TV Senado, Agência Senado, Rádio Senado, no YouTube... E também registro aqui a Band FM 90.7. Hoje, em rede mundial de televisão, esta reunião... A partir de agora, a TV Meio decidiu transmitir todas as nossas reuniões, e agradecemos a esse importante veículo de comunicação, que chega ao Brasil inteiro por TVs abertas, por TVs fechadas, e nos aplicativos SmartTV em qualquer lugar do mundo. Agradecidíssimo.
Hoje é terça-feira, 9 de julho de 2024.
Havendo número regimental, declaro aberta a 14ª Reunião da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, criada pelo RQS 158/2024, para apurar, no prazo de 180 dias, fatos relacionados às denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro envolvendo jogadores, árbitros, auxiliares, dirigentes, empresários, empresas de apostas, ou seja, corruptores e corruptos.
Antes de iniciarmos os nossos trabalhos, submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e a aprovação da Ata da 13ª Reunião.
Aqueles que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
A ata está, então, aprovada e será publicada no Diário do Senado Federal.
A presente reunião se destina à apreciação de requerimentos e aos depoimentos do Sr. Manoel Serapião Filho, aqui já presente, a quem agradecemos, ex-Árbitro da FIFA, meu conhecido dos bons tempos de imprensa esportiva, porque hoje os tempos não são mais tão bons como antigamente, e, naquela época, a gente também acreditava mais nos árbitros, não é? Tivemos briga, mas sempre terminamos bem, com um bom relacionamento, Serapião, baiano aqui presente.
Da mesma forma, o nosso respeito ao Romulo Meira Reis, que é ex-Oficial de Integridade da CBF, nos termos dos Requerimentos nºs 66 e 75, de 2024.
Ainda foi convocado...
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Peço aqui a atenção da imprensa, com a qual eu tenho o melhor relacionamento e o maior respeito, aqui presente ou nos vendo: foi convocado para prestar - convocado para prestar - depoimento o Sr. William Pereira Rogatto, investigado, ele, na Operação Fim de Jogo do Ministério Público de Goiás, nos termos do Requerimento de nº 72/2024. Entretanto, apesar de novo contato na data de hoje - que a imprensa saiba -, pela Secretaria da Comissão, o Sr. William não informou se iria comparecer nem enviou justificativa para a sua ausência.
Aqui trago a transparência, que meu irmão Romário sempre me pediu, na Presidência desta CPI, até porque tenho o Romário como exemplo de Presidência de CPI. Eu trago aqui, então, a conversa de hoje, por telefone, em que ele ficou surpreso.
O Marcelo é nosso Secretário eficiente. Disse ele: "Boa tarde, Sr. William. Envio, em anexo, o ofício de convocação para o depoimento de V. Sa. perante a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado Federal, a ser realizada na próxima terça-feira, dia 9 de julho, às 15h30". Respondeu William Rogatto: "Quem está falando e como conseguiu o meu contato?". Respondeu Marcelo, nosso Secretário: "Esclareço que o mesmo também foi encaminhado para o seu e-mail. Fico à disposição para quaisquer esclarecimentos. Me chamo Marcelo; tentei ligar para me apresentar ao senhor. Sou o Secretário da Comissão". O William Rogatto respondeu: "Olá, Marcelo. Tudo bem?". Marcelo: "Tudo bem. E o senhor?". William Rogatto: "Não muito, não é? Convocado para uma CPI, algo que não estava nos meus planos, mas deixa tirar uma dúvida. A minha ausência vai me prejudicar em alguma coisa?". O Marcelo respondeu: "A convocação é uma intimação para comparecimento obrigatório, que foi aprovada pelos Senadores membros da CPI. Eu, como Secretário, lhe encaminho este documento e entendo que seja uma situação incômoda. Quanto às consequências do não comparecimento, minha sugestão seria perguntar a seu advogado de confiança". William Rogatto respondeu: "Então, o.k. Obrigado, Sr. Marcelo". Volta Marcelo, Secretário nosso: "Pois o entendimento sobre a ausência a uma convocação é complexo e envolve a situação exata do senhor sobre os fatos que motivaram a sua convocação, que não são de meu conhecimento. Por isso, recomendo conversar com o advogado para responder da forma que julgar melhor para o senhor. De nada, qualquer dúvida pode me chamar por aqui". Por fim, William Rogatto respondeu: "Entendi. Muito obrigado. Poderia apenas tirar uma dúvida? Meu contato foi pego como amigo?" Ou: "[...] com um amigo?". Marcelo respondeu: "A CPI, como órgão de investigação, tem acesso a sistemas e ferramentas para localizar pessoas". William Rogatto: "Entendi. Que legal!". Marcelo: "Qualquer dúvida, fico à disposição, Sr. William". Aí hoje: "Bom dia, Sr. William. Tudo bem? O senhor tem algum retorno quanto ao seu comparecimento para o depoimento na reunião da CPI de hoje?". Responde William Rogatto: "Desculpa, Marcelo, meu advogado é o único com que falo e que pode responder qualquer coisa. O.k.? Muito obrigado".
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Grosso no telefone e com parecer, ou seja, com um feeling... E eu aqui afirmo que, se ele quiser me processar, será um atestado de idoneidade pra mim, será mais um quadro em meu gabinete entre tantos que eu tenho.
Esse senhor que manipula resultados de futebol - e aqui nós provaremos -, desde 2020, no Campeonato Paulista, é corrupto até na medula, até na essência. Ele respondeu então aqui, por fim: "Certo, poderia passar o contato do seu advogado ou pedir para ele entrar em contato comigo?", o Marcelo. Não teve mais nenhuma resposta, nenhuma mensagem. Pela experiência do Senador Romário e do Senador Portinho, da mesma forma, e como aluno de vocês aqui, o que terá que acontecer? Agora será por bem ou por mal?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É debaixo de vara, não é?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Por bem ou por mal?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É debaixo de vara que dizem.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não é isso? Debaixo de vara, não é?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Vir aqui ele tem que vir.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não é? Não tem discussão, certo, Relator? Então, é o que vamos fazer, não é? É nossa obrigação.
Sabemos que ele pode conseguir no STF um habeas corpus, como o Romário me disse aqui, mas o nosso papel nós faremos, porque ele está mostrando ao Brasil que ele tem culpa no cartório. Ele ignorar e não querer vir?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Está muito esquisito, não é?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não está, não? Pelo amor de Deus, não é?
Passamos, então, à parte deliberativa da reunião, destinada à votação dos Requerimentos 89 a 91/2024.
3ª PARTE
ITEM 1
Requerimento Nº 89/2024
Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico, telemático de BC SPORTS MANAGEMENT LTDA, desde
janeiro de 2022 até a presente data.
Autoria: Senador Romário
3ª PARTE
ITEM 2
Requerimento Nº 90/2024
Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico, telemático de Bruno Lopez de Moura, desde janeiro de 2022 até a presente data.
Autoria: Senador Romário
3ª PARTE
ITEM 3
Requerimento Nº 91/2024
Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico, telemático de Camila Silva da Motta, desde janeiro de 2022 até a presenta data.
Autoria: Senador Romário
Caso o Plenário esteja de acordo, votaremos em bloco todos os requerimentos da pauta que tratam de transferências de sigilo.
Aqueles que concordam permaneçam como se encontram.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não, Senador Portinho.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Só incluir o meu...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O extrapauta.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... Requerimento 92, extrapauta, de que eu já fiz a defesa.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Já está aqui na sequência do roteiro, me diz o Secretário Marcelo.
Aprovados os Requerimentos de 89 a 91/2024.
Consulto o Plenário sobre a possibilidade de inclusão extrapauta dos seguintes requerimentos:
3ª PARTE
EXTRAPAUTA
ITEM 4
Requerimento Nº 92/2024
Convida Mauro Marcelo de Lima e Silva, Auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, a prestar depoimento.
Autoria: Senador Carlos Portinho
De autoria do aqui presente, como sempre, exímio Senador Carlos Portinho. Convida ele o Sr. Mauro Marcelo de Lima e Silva, auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, para prestar depoimento sobre o relatório apresentado ao STJD no âmbito do inquérito instaurado para apurar denúncias feitas pelo Sr. CEO do Botafogo do Rio, o americano John Textor.
3ª PARTE
EXTRAPAUTA
ITEM 5
Requerimento Nº 93/2024
Requisita ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva o compartilhamento dos documentos e informações
produzidos do inquérito das denúncias de John Textor, sobre possível manipulação de resultado no Campeonato Brasileiro de 2023.
Autoria: Senador Jorge Kajuru
Requisita os documentos e informações produzidas no âmbito do inquérito instaurado para apurar denúncias apresentadas pelo Sr. John Textor sobre manipulações de resultados no Brasileirão Série A 2023.
Caso o Plenário esteja de acordo, também votaremos em bloco esses requerimentos extrapauta.
Aqueles que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovados, então, os Requerimentos 92 e 93/2024.
Rapidamente, em nome do Relator Romário, dos membros desta Comissão aqui, Portinho, Girão, Hiran, Chico, todos que fazem parte dos nossos trabalhos, o nosso aplauso a uma matéria que acabei de ler e vou enviar a Romário e Portinho aqui, do jornal O Globo, que traz uma constatação feita por esta CPI. Ficamos felizes pela postura do jornal O Globo - o jornalista está inclusive aqui presente, é o Vinícius - numa reportagem que demonstra à sociedade brasileira do futebol, a nossa independência e a credibilidade, de que vocês podem ter certeza, desta CPI aqui no Senado Federal, que não terminará em pizza e jamais terá denúncias de suspeitas de achaques.
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Aqui não terminará sem gols esta CPI, no relatório que será, mais uma vez, histórico, do Senador Romário. E desta vez, irmão, você não tem Romero Jucá aqui não, tá?
Bem, então, dando sequência aqui, por gentileza, vamos às oitivas.
Eu dou início às nossas oitivas, concedendo inicialmente a palavra, por 10 minutos - posso tolerar mais, evidente, como sempre -, ao baiano, o Sr. Manuel Serapião Filho, ex-Árbitro de Futebol da FIFA, começando por ele, e também, depois, ao Sr. Rômulo Meira Reis, ex-Oficial da Integridade da CBF, após os quais, o nosso Relator histórico, Romário de Souza Faria, bem como os demais membros, poderão fazer as suas perguntas aos dois convidados.
Manuel Serapião Filho, por favor, e Rômulo, aqui na Mesa Diretora. E fiquem à vontade. E, mais uma vez, o nosso agradecimento pelo convite.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pela ordem, Senador Carlos Portinho.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Pela ordem, Sr. Presidente.
O Sr. Manuel Serapião, no seu depoimento, certamente vai nos trazer elementos importantes sobre a implementação do VAR, e uma das exibições que eu peço seja definida, Sr. Presidente, como complemento, é justamente para a gente entender como é que é o mapa de câmara, como é que funciona... Eu acho que o seu assistente está aí com essas informações, porque são visuais.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito, sem nenhum problema.
Sr. Manuel Serapião Filho, fique à vontade.
Ligue o microfone.
Ligou?
Já foi, já foi.
Obrigado.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO (Para expor.) - Boa tarde, Senador Kajuru, boa tarde, Senador Romário. Obrigado por nos dar alegria, muitas alegrias no campo, sobretudo na nossa seleção brasileira.
Senador Portinho, senhores, senhoras, é um prazer.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Ainda mais depois, Serapião, do vexame contra o Uruguai, não é? Aí dá vontade de ficar vendo o YouTube e ficar vendo os lances, os dribles do Romário, no PSV, no Barcelona, no Flamengo, onde esteve, porque que tristeza essa seleção, hein, gente? Só para aproveitar, hein? Pelo amor de Deus!
Eu sou do tempo, Romário, em que a gente tinha Cafu, Roberto Carlos, laterais; Jorginho, Leonardo, Branco, Carlos Alberto Torres, Leandro, Júnior, hein?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Zico.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não, estou falando dos laterais.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Ah, dos laterais!
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Porque hoje, Portinho, é duro ver a seleção brasileira com os laterais que nós temos.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, ela não tem nem centroavante!
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É. Nem isso. É triste.
Desculpe a interrupção. Só para lembrar e mostrar para o Brasil que a gente ficou aturdido com essa nossa seleção de anteontem. Mas, se Deus quiser, ela vai se recuperar.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Perfeito.
Primeiramente, Senadores e senhores, nós gostaríamos de dizer da nossa honra de estar nesta Casa, a mais alta Casa do Poder Legislativo de nossa República, que presta relevante serviço para os destinos de nossa sociedade.
Também quero dizer que me congratulo com os Srs. Senadores que estão participando desta CPI, justamente porque a transparência e a ética devem prevalecer, e os serviços que os senhores prestarão para o futebol brasileiro será, com certeza, de extrema relevância.
Temos certeza, como disse o Senador Kajuru, que não teremos pizza; teremos um relatório conclusivo, responsável, o que a competência dos senhores, sem dúvida, vai demonstrar para o nosso país. E as providências serão adotadas para corrigir possíveis desvios, se houver, mas sobretudo para beneficiar o crescimento do nosso futebol e, particularmente, da nossa arbitragem.
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Nós, como autores do projeto VAR - o único projeto que foi encaminhado à FIFA em 2015, na administração do Sr. Marco Polo Del Nero, quando o Presidente da Comissão de Arbitragem era Sérgio Corrêa da Silva, e eu compunha a comissão ao lado de Luiz Cunha Martins, Paulo Jorge Alves e Edson Resende -, tivemos a oportunidade de - porque havia muitos lances de dúvida e de erros na arbitragem - encaminhar para a FIFA. E a FIFA, felizmente, encampou nosso projeto encaminhado nos meados de 2015. E, já em 2016, nós passamos a fazer experimentos para implementação. Eu e Sérgio Corrêa ficamos responsáveis por implementar o VAR no Brasil, e assim o fizemos, e hoje é uma realidade.
O nosso projeto foi absorvido quase 100%. Houve um acréscimo do erro de identificação de um jogador: quando o jogador que pratica uma infração é o número 7, e o árbitro se equivoca e dá cartão ao número 3, que também estava na jogada, o VAR pode verificar quem cometeu a falta. Esse índice muito pequeno foi o que foi agregado.
E uma coisa, que é o que está dando o grande problema hoje, foi a introdução do monitor no campo, para possibilitar a revisão pelo árbitro, porque o nosso projeto se destinava - como, aliás, o protocolo o estabelece - para correção de erros claros, induvidosos e inequívocos. Os lances relacionados com o fato - por exemplo, a bola saiu de campo e depois volta, e um gol é marcado; o jogador está em posição de impedimento e faz o gol ou passa a bola para o seu companheiro; o penal foi marcado com uma falta fora da área ou uma falta dentro da área foi marcada fora da área - são situações, de fato, em que o VAR simplesmente passa a informação para o árbitro, e ele efetivamente consolida aquilo, sem necessidade de uma revisão, até em nome da celeridade do processo, porque o árbitro não iria lá para confirmar o que foi visto. Afinal de contas, o árbitro de futebol tem que enxergar bem, e o VAR também tem que enxergar bem.
Mas, com a introdução do monitor, surgiu o grande gargalo e o grande problema do VAR no Brasil e no mundo - menos um pouco na Europa e na Inglaterra, porque eles traçaram uma diretriz mais firme do que seria o erro claro, erro óbvio. Há pessoas até que dizem "erros claros e óbvios"; não: claro, óbvio - óbvio é um reforço de linguagem. A Conmebol inclusive fala "erro claro, óbvio e manifesto". Basta claro, e o que é claro é claro; basta óbvio, porque óbvio é óbvio; e manifesto é manifesto. Mas a gente faz essa linguagem de reforço, para demonstrar que os limites do VAR têm que estar ali bem estabelecidos.
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Mas, no nosso país, principalmente na América do Sul, as dúvidas por equívoco de orientação, por falta de diretriz firme do que é um erro claro, do que é um erro óbvio, que ninguém vai discutir, está gerando toda essa confusão, toda essa instabilidade. E instabilidade inclusive emocional, no próprio árbitro de vídeo, que tem uma responsabilidade extraterrestre.
O árbitro, em campo, apita o que vê. O VAR não pode errar, porque ele se louva das imagens. E imaginem o VAR na dúvida sobre se foi ou não foi, e aí entra na dicotomia: recomendo uma revisão ou não recomendo uma revisão? E, entre recomendar e não recomendar, sobretudo para não ser considerado omisso, ele opta por fazer a recomendação. E, às vezes, a gente vê revisões que não têm o menor sentido, que não têm nenhuma pertinência com a filosofia do VAR, que é a mínima interferência e o máximo benefício para evitar paralisação do jogo.
E no nosso projeto está lá estabelecido, de modo muito textual, que o objetivo era manter a sistemática de arbitragem vigente com observação. Depois que o mundo do futebol absorvesse a cultura do VAR para lances claros e inequívocos, aí sim, gradativamente, analisando irresponsavelmente e responsavelmente os lances que podem ser agregados para o futebol.
Por exemplo, um lance de mão, em que o jogador está com o braço aberto e que não se sabe se ele está com o seu braço compatível com o movimento para jogar futebol, que é um grande problema e, aqui no Brasil, um problema ainda maior. Isso é um grave defeito de nossa arbitragem, que precisa exatamente ter diretrizes mais seguras, os golpes de cotovelo, as mãos nos rostos dos jogadores, que passaram a ser comuns, e há instruções que me deixam absorto: "Ah, a mão foi no rosto, mas não teve impacto".
Futebol é MMA? O jogador que pratica, deixa de jogar a bola, está com o seu adversário atrás e dá um tapa no rosto do adversário não merece outra coisa senão a punição de expulsão.
Então, essas dúvidas, essas inconsistências e que existem também no procedimento do VAR, na nossa tecnologia não tem o devido calibre, as imagens não são boas, as iluminações dos estádios não são boas. Na Série A, você ainda tem uma boa visão, um bom ângulo, um número de câmeras suficientes, mas, na Série B, a coisa já cai um pouco; na C e D, a gente julga que a coisa é bem difícil, e isso é uma postura que me parece inadequada, de a CBF tratar desigualmente, porque o futebol não é somente para o mundo rico, é para o mundo do entretenimento, e a classe mais baixa talvez precise... Mas baixa financeiramente - apenas desse particular -, porque pode haver homens de elevação muito mais alta do que as nossas, que estamos aqui com esse privilégio.
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Então, nas Séries C e D a coisa fica bem melhor.
Então, nós precisamos ter...
(Soa a campainha.)
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - ... posições e diretrizes e atitudes da CBF para melhorar todo o processo.
Como árbitro de futebol, sei o tempo e respeito o tempo.
Obrigado por terem me ouvido. E estou à disposição para quaisquer esclarecimentos.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A gente que agradece. Finalmente um convidado que cumpriu o tempo, não é? Mas, se quisesse falar mais, poderia falar.
E eu já vou de imediato ao nosso Relator - como ser humano, exemplo para este país, com o seu amor ao próximo, e, como homem público, exemplo de uma honradez intocável -, Romário de Souza Faria, irmão, com as suas perguntas; e depois nós daremos sequência aqui nesta importantíssima reunião de hoje.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Muito obrigado, Presidente. Boa tarde a todos: ao Presidente, meu irmão, Kajuru; a todos que estão presentes; ao Senador e amigo, irmão, Portinho; aos nossos convidados, Serapião e Rômulo Meira.
Eu vou diretamente às perguntas, Sr. Serapião, para a gente tentar objetivar mais aqui esta reunião. O senhor foi o responsável técnico pela implantação do VAR no Brasil. Muito se fala sobre a edição de imagens que a cabine do VAR faz para mandar pro árbitro em campo quando há verificação de algum lance. O senhor acha que neste momento existe alguma possibilidade de manipulação? É possível o árbitro de campo solicitar todas as imagens disponíveis para um determinado lance?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO (Para expor.) - Senador, nós fomos responsáveis (Fora do microfone.) pela implementação do VAR, e posso lhe assegurar que a mais absoluta transparência e dignidade eram exigidas e passadas para os árbitros e para todos que participam do processo: operadores, o AVAR, os árbitros em campo. Tenho certeza, posso lhe dizer sem titubear, que o grupo de árbitros do país é composto por rapazes sérios, corretos, honestos, com os quais eu convivi, ultimamente, por 17 anos; antes, fiz parte de outras comissões e convivi com uma equipe que já se afastou. Posso lhe assegurar, Senador, que não vejo a mínima possibilidade de que haja manipulação, de que o grupo de árbitros do Brasil, tampouco os dirigentes de arbitragem que estão na CBF, que eu os conheço, possam induzir ou praticar qualquer ato de desvio.
Se houver, será uma grande decepção e uma grande surpresa. E, se houver, posso lhe assegurar, Senador, que será com uma ou outra ovelha negra, que não vai contaminar o grupo.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Na opinião do senhor, a tecnologia trazida pelo VAR aumenta ou diminui a possibilidade de se tentar manipular uma partida? O senhor considera que temos hoje um elevado grau de transparência em seu funcionamento?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Eu acho que diminui, porque antigamente o árbitro interpretava algum lance ou não via algum lance claro, e não se podia afirmar que ele tinha visto ou não tinha visto o lance, que decidiu corretamente ou não corretamente.
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Então, diminui. E este foi o grande objetivo do nosso projeto, que nasceu em 1976, quando eu marquei um gol num jogo entre Bahia e Galícia, que, depois, eu não sabia se a bola tinha entrado ou se não tinha entrado, se tinha sido gol ou se não tinha sido gol, porque a televisão não mostrava. Aí nasceu a ideia de que há lance no futebol que é impossível o homem ver, que ele precisa de um socorro técnico. E, a partir daí, nasceu nossa ideia de criar a filosofia do VAR, que se desenvolveu até 2009, quando pudemos apresentar no Footecon.
Então, acho que não há possibilidade e há mais segurança para o futebol. Onde está o homem é possível que haja falhas, mas a intenção, o objetivo, o VAR veio exatamente para corrigir possíveis distorções, possíveis equívocos, sobretudo aqueles que o árbitro não tem capacidade visual de analisar, haja vista a dificuldade que todos percebem quando há um lance de impedimento, se diz se é impedido ou não e só a tecnologia é que pode definir isso. Então, há lances dificílimos e o VAR tem trazido um resultado muito positivo, apesar de precisar evoluir, precisar melhorar, de a tecnologia precisar ser mais bem dirigida.
Os treinadores, operadores precisam conhecer o futebol. Eles têm dificuldade grande. Por exemplo, no momento de botar o frame correto para medir o momento do passe, o operador tem dificuldade. O operador trabalha, às vezes, com o monitor em diagonal, quando deveria ter o seu próprio monitor para ter uma visão mais perfeita. Então, todos esses pontos podem melhorar, e devem melhorar, e nós precisamos melhorar, inclusive melhorar a análise técnica, a linguagem, uma linguagem clara, absoluta.
Se me permite, Senador, só para dar uma ideia, imagine que dois jogadores se choquem fora do campo natural de visão do árbitro, que ele veja apenas o choque. É o único caso em que ele pode dizer ao árbitro de vídeo: "Houve um choque ali, eu não vi nada, cheque o lance para mim". Fora daí, o árbitro de vídeo é quem provoca o árbitro de campo; o árbitro de campo nunca provoca. Então, ele faz esta análise, o árbitro de vídeo analisa o lance e, por infelicidade, diz assim: "Olha, não é lance para cartão vermelho, a jogada foi temerária". Se ele disser isso, ele está ferindo o protocolo, está dando uma dica para o árbitro de campo de que deve aplicar cartão vermelho e este cuidado, a instrução tem que ser absolutamente rigorosa para evitar exatamente esse tipo de coisa. Então, o VAR tem que dizer: "Lance checado, segue o jogo". Se não mandou ou sugeriu a paralisação, é porque não era para cartão vermelho.
Recentemente, Senador, só para complementar, nós tivemos um jogo entre Corinthians e Vitória em que a análise do VAR foi, me permitam adjetivar, mas foi desastrosa, sobretudo para um VAR que tem competência e sabe, que é o Caio Max.
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Ele disse: "Pra mim não teve força intensiva, pra mim não foi trava de chuteira, o contato não foi pleno, não é pra cartão vermelho. Mas o que é que você viu aí, fulano?". Ele disse: "Não, eu só vi o jogador cortar a bola". Ele sai então: "Eu vou recomendar, porque você não viu". E o VAR não é pra uma segunda oportunidade. Então, é um erro imperdoável pra um profissional competente, mas acontece, passa, porque isso, efetivamente, não pode acontecer porque se ele...
A gente ouve a imprensa dizer... Vou completar, Senador. A gente ouve a imprensa dizer "o árbitro estava muito bem colocado" ou "o árbitro estava longe", pouco importa. O árbitro pode estar bem colocado e enxergar mal. Eu já deixei de dar pênalti olhando pro lance e já dei pênalti distante do lance.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Serapião...
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - O que o VAR ter que cuidar é apenas... Só pra complementar, Senador.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, é rapidinho, dentro do que você falou. Tem uns que enxergam mal, mas tem outros que não querem enxergar, não é? (Risos.)
Tudo bem. Pode continuar.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Eu creio que não enxerguem mal, perdão.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Isso é pergunta ou drible?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - É drible, é drible. Isso é uma dica, Senador.
Mas o meu princípio de boa-fé é de que não há nenhuma possibilidade.
Então, pouco importa - só pra complementar - se o árbitro está bem ou mal colocado. A imprensa diz: "Não, era de interpretação. No mínimo, ele tinha que chamar". Não! É erro claro, é erro óbvio: chama. Não é erro claro, não é erro óbvio: segue o jogo. Porque, quando o VAR recomenda uma revisão, e o árbitro vai ao monitor e não corrige sua decisão, um dos dois está errado. Ou o VAR recomendou uma revisão que não poderia ou o árbitro foi teimoso e se manteve na posição inicial brigando com as imagens.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Tecnicamente falando, o senhor entende que o nosso quadro de arbitragem tem a mesma competência e capacidade dos europeus? Do inglês, por exemplo?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Senador, eu acho que os nossos árbitros são de ótima qualidade. Há árbitros mais bem preparados, há árbitros menos preparados, há árbitros com espíritos mais fortes que se impõem, há árbitros que têm um espírito não tão forte e que sucumbem à pressão, mas o nosso futebol é muito diferente, Senador, do futebol europeu.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas as regras são as mesmas.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Hein?
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - As regras são as mesmas.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - As regras são as mesmas, mas as dificuldades dos nossos jogos são bem maiores. Eu não sei se um árbitro europeu... Já tivemos exemplos de árbitros europeus virem para o Brasil fazerem jogos e saírem escoltados e descerem o túnel.
Acho que há uma diretriz mais clara, há uma postura de continuidade dos instrutores e da arbitragem mais longeva. E acho, por isso, que a arbitragem europeia está mais bem qualificada, em que pese essas dificuldades que o nosso futebol, a forma de jogar nossa, com esses pontos que eu mencionei de entradas, de cotoveladas, dificultam. Mas temos árbitros de ótima qualidade e árbitros que, efetivamente, merecem o nosso respeito. Ser árbitro de futebol, Senador, é como um sertanejo, viu? Antes de tudo tem que ser um forte, porque não é fácil.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Muito obrigado, Sr. Serapião.
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O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Agradeço ao Senador Relator Romário de Souza Faria.
Rapidamente, uma informação para a imprensa sobre o convocado ausente, que se diz empresário, e, com provas cabais, está envolvido na manipulação de jogos de futebol, desde 2020, começando no campeonato paulista, o Sr. William Rogatto: ele está foragido, o DDD dele é de Lisboa, e já foi decretado o mandado de prisão dele, para conhecimento de todos.
Bem, como eu sou triturador de protocolo, sempre o Presidente é o segundo a perguntar, até por chegar antes e se inscrever, mas eu prefiro ser o último e, como o Senador Carlos Portinho também foi o autor deste requerimento, a ele, o direito a suas perguntas, seus comentários e questionamentos.
Por fineza, querido amigo Portinho, preparadíssimo.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Muito obrigado, Presidente Kajuru, e querido Relator, Senador Romário.
Agradecer a presença do nosso ícone da arbitragem, Manoel Serapião Filho. Eu não conhecia a história, exatamente, porque você era chamado "o pai do VAR". Hoje, eu e todos que assistem puderam entender. Vocês encaminharam à FIFA a recomendação de se desenvolver esse protocolo com o uso de tecnologia. Você é um homem à frente do seu tempo, porque isso ocorreu a partir de 1976. Então, parabéns, Manoel! Você dignifica a arbitragem do Brasil e muito bem a representa, porque é feita de homens dignos, quero registrar aqui. Os árbitros brasileiros são árbitros dignos, são árbitros qualificados, merecem todo o respeito.
Eu também achava que, com o advento do VAR, nos lances óbvios, não teríamos mais dúvida, mas nem do que é óbvio, hoje, a gente tem certeza, porque acho que o embrião desse projeto que você liderou se transformou em um monstro. Aqui, esta CPI trata de manipulação, e eu sempre digo que há erros, erros do árbitro, sempre houve, antes do VAR, só que, antes, eram três que podiam errar. Hoje, cinco erram com a ajuda da tecnologia!
Os três que erravam antes estariam sempre desculpados, porque a função de arbitrar uma partida é das mais complexas, são frações de segundo, lances encobertos, muitas vezes, e a decisão tem que ser em uma fração de segundo. Não é fácil ser árbitro. É preciso ser forte, é preciso ter a sua mãe confortada, porque ela é a mais ofendida, sempre foi, mas a arbitragem brasileira sempre revelou bons quadros, e eu também acredito na boa-fé da grande maioria.
Quando a gente vê um caso como o do árbitro do Rio de Janeiro - a gente está quebrando o sigilo dele, porque, comprovadamente, estava envolvido em apostas e, inclusive, foi afastado -, é uma pena. Eu também espero que seja a maçã podre da cesta, só que, Senador Girão, com o advento das apostas, se antes era só erro, se antes só três erravam - ou poderiam, teriam até permissão de errar -, hoje são cinco que erram, e não há mais só o erro, há o erro para a manipulação.
Esse erro, também, a gente sabe que já existia antes, antes das apostas, por interesses políticos, pela ascensão, pela queda... A gente já viu mala branca, mala preta, isso envolvendo atletas, e também já vimos a máfia do apito, envolvendo arbitragem.
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Só que, agora, existe um terceiro erro, que é o erro por manipulação de aposta. Então, a situação do futebol mundial se agrava quando o futebol, que não é um jogo de azar, escolheu as apostas. E foi uma escolha do esporte. Eu sempre disse: votei contra a lei das apostas e votarei contra a lei dos jogos de azar, que, inclusive, dizem que vai entrar extrapauta esta semana, o que eu acho uma temeridade, principalmente a gente tendo uma CPI. A lei acabou de ser aprovada, das apostas esportivas, e a gente já tem uma CPI de manipulação, de diversos casos de manipulação ocorrendo.
Mas eu queria iniciar aqui a minha participação, primeiro, deixando claras algumas questões que você colocou, até porque o Senador Girão chegou agora.
Originalmente, não haveria, então, aquela câmera em campo. O VAR, Girão, seria para lances óbvios, e lances óbvios, com a ajuda da tecnologia: "Essa bola entrou ou não entrou?", está lá o chip na bola, ele vai dizer. Linha de impedimento: dependendo da situação, o que se espera é que não se erre na marcação da linha de impedimento. Cartão para um jogador quando era o outro.
Só que o que a gente está vendo - ao contrário da Europa e da Inglaterra, onde, você disse, Manoel, os protocolos são rígidos e eles esclarecem o que é um erro óbvio, o que é passível de interferência - aqui no Brasil, quando você diz que é vedado, que seja dada a dica ao árbitro de campo pelo VAR, o que a gente somente vê hoje em jogo de futebol - eu tenho chamado e falei, inclusive, para o chefe da arbitragem da CBF - são palpiteiros.
O árbitro, muitas vezes, toma a decisão correta, em campo, do que ele viu de um lance que poderia ser duvidoso, em que ele até teria o direito de errar. Aí vai lá o árbitro do VAR e fala: "Não, checa aí o lance, o cara não tocou na bola, o cara usou de força excessiva".
Quem viu agora este jogo Bragantino e São Paulo? Com todo respeito, não há, na arbitragem brasileira, um árbitro que não tivesse dado um pênalti naquele lance. O cara do São Paulo, dentro da pequena área, levanta, num carrinho, o jogador do Bragantino...
Aí fica um bando de palpiteiro! E é sobre isso que eu queria ouvi-lo, Manoel. Primeira pergunta: isso estava previsto? Primeiro: quantos árbitros de VAR eram previstos? Porque hoje são dois - e agora tem um observador e ainda tem o outro que fala com as empresas de televisão para mandarem as imagens de uma câmera ou de outra. Então, dentro de uma cabine de VAR, era previsto que estivessem quatro pessoas e que, dessas quatro, duas, pudessem palpitar, dar dicas ao árbitro?
O lance do gol do Flamengo contra o Bragantino. No primeiro, a VAR diz, lá no início do lance: "Não foi nada, jogo legal, vamos ver agora o gol". Aí no segundo, a VAR diz: "Não, realmente, o gol foi legal; agora, volta lá atrás que eu acho que foi falta. Olha de novo. Foi falta, não foi?".
Isso está previsto? Estava previsto? Primeiro, se isso, na concepção do projeto, estava previsto. E, se não estava, isto, hoje, é o protocolo? Voltar lance que o árbitro considerou legal para ficar vendo detalhes: se o cara encostou o pé, se aquele pé era suficiente para derrubar, se houve força excessiva, o que, muitas vezes, é mais fácil ver em campo, não é? E eu digo que, na tela de TV, em câmera lenta, um encostão é um tapa.
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Então, eu queria que você explicasse, primeiro, sobre a composição da cabine do VAR e se, originalmente, o conceito é que eles fossem palpiteiros. Vou falar assim só por figura de linguagem, tenho todo o respeito aos árbitros, quero deixar claro, mas não dá aquela gritaria. Eu não sei nem como é que o árbitro... Dizem que ele não ouve a gritaria, ele só ouve a instrução final - eu tenho dúvida, tá? Eu sou leigo, tenho dúvida -, mas a gente vê aqui os vídeos: blá-blá-blá, "eu acho que foi isso", "não!", "tocou", "não tocou"... Isso era o protocolo, e, se não era, virou um protocolo?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO (Para expor.) - Bom, Senador, as observações de V. Exa. são efetivamente profundas e merecem uma resposta com boa reflexão.
Primeiramente, eu gostaria de dizer que, se, para a surpresa minha, há um nome de um árbitro envolvido em possíveis apostas, ele tem que ser afastado imediatamente para não contaminar a cesta, o restante das maçãs que estão na cesta; depois, se ele provar que foi apenas um fogo de monturo, ele volta para atuar. Quem é inocente sempre vai poder provar, mas, preventivamente, para respeitar a arbitragem, ele tem que ser afastado.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Serapião, só uma interrupção rápida, me permita.
Aqui vale lembrar - Portinho e Girão, certamente, têm isso na memória - que o Presidente Itamar Franco da República, na época, deu um exemplo ao país. Quando o seu melhor amigo foi acusado de corrupção, o Hargreaves, ele o demitiu e disse: "Prove sua inocência que você volta".
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - E assim deve ser: o homem público tem que ter cuidados, sua postura absolutamente ilibada, porque senão ele contamina e prejudica as instituições, e isso não pode haver.
Senador Portinho, o nosso objetivo, o nosso projeto - V. Exas. se lembram do gol de Maradona, La Mano de Dios; e do gol de Thierry Henry, França e Irlanda, que eliminou a França? - era para lances daquela natureza, daquela clareza, em que não há quem possa dizer que não houve infração e que não houve erro da arbitragem; era para isso, não era para interpretar.
Então, a FIFA, que era contra - e eu sofri muito, até por árbitros brasileiros, "você é louco", "a FIFA não vai aprovar nunca isso", eu lutei e, finalmente, chegou -, absorveu, a IFAB absorveu a filosofia do erro claro, do erro óbvio, mas a própria FIFA, já no nascedouro do árbitro de vídeo, deu instruções flácidas que possibilitam essa indecisão e essa interpretação, o palpitar, como V. Exa. se refere.
Acho que precisa haver um urgente desvio de rota para colocar o bonde nos trilhos, e nós termos um futebol em que o árbitro não se escude no VAR, deixe de expulsar, deixe de marcar o pênalti, porque sabe que vai ter um suporte, e isso é do humano, é uma autodefesa.
Então, o projeto era exatamente para coisas que não comportassem dúvida: "Ah, a carga foi faltosa ou não foi?"; "O braço estava um pouco aberto ou não estava?".
Nós recentemente vimos o jogo entre a Espanha e a Alemanha, num lance em que o jogador da Espanha estaria com o braço um pouco aberto - aqui no Brasil seria pênalti claramente -, mas a essência da regra manda que o árbitro verifique que movimento o jogador fez. O defensor tem direito de correr para tentar salvar sua meta. Ele estava correndo e não pode correr com os braços colados. O que não é natural é que um defensor vá disputar a bola com os braços atrás das costas. Isso que é antinatural. O braço de quem sobe para cabecear, de quem está chutando a bola; se chuta a bola com o pé direito, o braço esquerdo vai para frente, o direito vai para trás, e ao contrário também. Então, o movimento do braço do jogador que é fundamental.
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Então, nosso projeto era exatamente para situações que não comportassem. E, a partir daí, a cabine não precisaria ter tanta gente, tanta instrução, porque tudo decorre, exatamente, desta ambiguidade, dessa dúvida sobre o que é certo e o que não é certo.
E, por exemplo, há na cabine o árbitro de campo e um árbitro assistente, como se um árbitro assistente fosse a única pessoa capaz de verificar se há ou não o impedimento. Quem vai dizer se há ou não o impedimento é a máquina. Não há necessidade dessa divisão. O árbitro sabe que o impedimento está formado para isso. A máquina vai dizer: está impedido ou não. Com o cuidado que V. Exa. acabou de se referir, e nós precisamos ter expertise no calibrar da bola, que eu já mencionei, no traçar das linhas.
A Conmebol e a CBF fazem uma coisa inconcebível. Imagine que um jogador esteja com a ponta da sua chuteira num determinado nível, com o seu joelho num nível e com a cabeça no outro e a ponta da chuteira é a parte mais avançada. Então eles traçam a linha apenas na parte da chuteira, e o público fica em dúvida sobre o restante do corpo. Eles dizem: "Vocês estão economizando tinta do computador? Por que não fazem todo o corpo, pra demonstrar que a parte mais avançada é exatamente aquela? Não é o joelho, não é a cabeça?".
Então, há algumas inconsistências na execução do projeto que, lamentavelmente, têm trazido - o que eu chamo, adjetivando, pedindo licença, mais uma vez - essa babel na comunicação e na definição da efetiva e esperada, por nós, atuação do VAR.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Essa questão da calibragem da câmera eu vou deixar pra minha última pergunta, porque eu sei que tem uma apresentação a respeito, que é muito elucidativa.
Eu tenho duas perguntas em cima do que foi dito, Sr. Manoel.
A partir do momento, então, que já desvirtuaram, não era para ter um vídeo em campo para o árbitro, e que adensaram a cabine com quatro pessoas lá dentro, não seria melhor - uma pergunta opinativa, lógico, mas, assim - até como reduzir essa interferência? Porque a palavra final é sempre do árbitro, não é verdade? Sempre será, mesmo com VAR. Ele pode, inclusive, discordar. A palavra é dele final. Ele pode ser depois massacrado, mas, se o árbitro falou, se o VAR falou que a bola não entrou, ele pode dar que a bola entrou; depois ele vai responder - não é? - pelo seu erro. A palavra - isso eu aprendi como advogado esportivo - é sempre final do árbitro.
Então, considerando que a palavra é sempre final do árbitro e considerando que já há essa situação da cabine, com tanta gente opinando, que está atrapalhando, não seria melhor essas imagens, os frames dessas imagens serem apenas mandados para campo, para que o árbitro enxergasse a tela de vídeo e ele tomasse a sua decisão, e não o outro tomasse por ele, já que inverteram?
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O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Certo.
O procedimento teria um elemento complicador, porque em futebol acontecem muitos lances que são passíveis ou não.
Qual é a filosofia do VAR? Checar todo lance passível. Há uma disputa, um braço no rosto? Ele tem que checar.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Todo gol também, não é?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Todo gol; todo pênalti marcado ou não marcado; todo gol, verificar se houve um impedimento na origem, se houve uma falta na origem, se a bola entrou ou se não entrou. Aí são situações de fato, para isso não haveria dúvida - como não há hoje, está certo? -, mas quem diria qual seria a imagem a ser levada senão o VAR? Tem que ter o VAR para selecionar a imagem, o que está dentro do protocolo. O que ele precisa é ser um trem, andar sobre os trilhos, e não um carro com a direção não balanceada, numa estrada insegura.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O problema da seleção da imagem até foi gancho da pergunta do Romário, e a gente já confirmou aqui nessa CPI: entre as denúncias do Sr. John Textor, há o lance da expulsão do Adryelson no jogo Botafogo e Palmeiras no ano passado - não sei se o senhor acompanhou, Sr. Manoel -, mas em que o árbitro de campo perguntava para cabine do VAR: "Quem tocou primeiro na bola?". Essa foi a primeira pergunta dele. "Quem tocou primeiro na bola?", porque o VAR é que chamou ele para rever o lance; ele tinha dado um cartão amarelo, já estava resolvido ali.
A primeira pergunta é se o VAR, nesse caso, poderia chamar, num lance duvidoso, para dizer que era para dar cartão vermelho.
A segunda questão é que o árbitro, a todo momento, desde o início, falava: "Quem tocou primeiro na bola?", "Quem tocou primeiro na bola?", e nós aqui comprovamos que uma das imagens que era fundamental para essa resposta o VAR, a cabine do VAR não mandou a campo. Ou seja, o VAR, é lógico, é óbvio que ele que seleciona as imagens, mas isso não significa que ele possa suprimir uma imagem que seja relevante, que ele tinha e que o árbitro pedia e perguntava: "Quem tocou primeiro na bola?" - "Quem tocou primeiro na bola?".
Inclusive, daí eu disse que, das denúncias do Textor - e isso não é inteligência artificial, isso é supressão de imagem e edição de imagem -, essa tinha materialidade, e isso ficou muito claro, porque foi admitido que essa imagem foi suprimida.
E aí é que a minha pergunta: não era melhor pegar todas as imagens - o VAR apenas dizia para o árbitro "faça a checagem do lance" -, o VAR pegar todas as imagens do lance, não são as 50 imagens de câmeras daquele momento, mas daquele frame do campo, em todos os seus ângulos, por isso as melhores, e mandar para campo, para o árbitro tomar a decisão dele? Porque essa resposta... Se não tivesse sido suprimido, ele teria mantido a decisão dele, porque quem tocou primeiro na bola foi o Adryelson. "Ah, mas depois puxou" ou "não puxou"...
Aí é que está, eu acho que a gente está revisando, e são duas pessoas na cabine do VAR: uma tem uma opinião; a outra tem outra. Isso não... Se não for uma coisa óbvia, o árbitro do campo tem que ter a decisão final. E uma coisa é certa: não podem ser suprimidas as imagens dele; as melhores, diz o protocolo, têm que ir a campo.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Perfeito, Senador.
Primeiramente, eu quero fazer uma observação, de que, pelo próprio protocolo VAR, se houver duas emissoras transmitindo o jogo, todas as câmeras das duas emissoras têm que estar à disposição do VAR - todas.
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Hoje as emissoras se consorciam e uma utiliza a câmera da outra; o seu narrador, mas com uma só câmera. Mas eu já tive situação de que eu não... Ou coloca todas as câmeras na cabine do VAR, quando estava como observador, ou não vai ter VAR, porque eu não vou possibilitar que haja uma transmissão para o público e o VAR não disponha, para gerar um descrédito para o procedimento, está certo?
Então, a questão é que, se a gente tivesse o limite do erro claro e do erro óbvio, nada disso passaria.
Este lance do Adryelson, se eu estivesse apitando o jogo, eu o expulsaria, porque a dúvida não é sobre se houve falta ou não houve falta, ninguém questionou isso, a questão está entre o cartão amarelo e o cartão vermelho. Então, significa que a falta foi induvidosa. Então, o fato de um jogador tocar na bola antes ou depois, Senador, e me permita lhe dar esse esclarecimento técnico... O que está se discutindo não é se foi falta ou não foi falta. Se eu toco na bola antes - toco na bola antes - e depois atinjo o adversário no movimento natural, não no segundo movimento, não há infração, mas, se eu toco na bola e depois eu empurro o jogador, aí caracteriza falta. Então, nesse caso do Adryelson, ele tocou na bola, sim, mas cometeu a falta depois de tocar na bola. E o que está se discutindo neste lance é o efeito tático daquela falta, porque a falta não se discutiu. Mas sei e concordo com V. Exa. que, mesmo na minha concepção de árbitro de que a expulsão foi correta, como foi correta a expulsão do jogador acho que do Corinthians, aqui no começo, na rodada passada... O jogador do Atlético Mineiro que deu uma falta estava um pouco distante, mas o atacante sozinho, com a bola dominada, na direção da meta, sem adversários, quer dizer, todas as configurações do DOGSO, que é danificar uma clara oportunidade de gol, que é impedir uma clara oportunidade de gol, estavam ali presentes... Então, no caso do Adryelson, para mim, também estavam, ele mereceria ser expulso. Concordo com V. Exa., estamos plenamente de acordo com que tem um liame de interpretação profundo de que naquilo não era para o VAR interferir: a decisão do árbitro, se tivesse sido de expulsão, o VAR nada diria; não expulsão, o VAR nada deveria dizer. Essa é que é a chave do problema, para nós evitarmos esse achismo e esse palpitar a que V. Exa. se referiu.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E, mesmo assim, eu acredito, além de concordar com V. Exa... Eu acho que é exatamente isso que o senhor concluiu, mas ainda acrescentaria que acho temerário ter sido suprimida essa imagem, porque o árbitro pediu. Ainda que ele falasse assim: "Vou te dar a imagem, ele tocou primeiro na bola, mas o problema foi depois", o.k. Mas eles não mandaram a imagem melhor para o campo. E isso cria a desconfiança natural de que o VAR, ao escolher imagens, pode beneficiar um lance ou outro, ao não encaminhar imagens para o campo, porque o protocolo diz que têm que ser as melhores, mas não diz que ele pode suprimir qualquer uma das melhores.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Eu cometi um deslize imperdoável em não abordar essa parte.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Obrigado por ter me permitido corrigir.
V. Exa. está corretíssimo. É um verdadeiro absurdo afirmar-se... E, no começo da nossa explanação, disse que, se houver duas emissoras transmitindo, todas deveriam estar no VAR. E para quê, se quem decide é o árbitro? Para estarem disponíveis para o árbitro. Então, o VAR é obrigado a disponibilizar todas as imagens para o árbitro. O que é muito diferente quando um VAR competente seleciona duas ou três imagens; nunca uma só. Eu dizia aos meus árbitros: "Olha, se apaixone pela primeira imagem, mas nunca case com ela. Namore com a segunda e depois volte para casar com a primeira, depois de você ter uma experiência". Então, nunca decida o lance apenas com uma imagem - apenas com uma imagem -; decida, no mínimo, em lance absolutamente claro e aberto, com duas imagens que lhe mostrem com nitidez, com clareza, com ângulo, porque o VAR tem que saber.
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Imagine um foco em V. Exa., outro no Senador Girão, outro no Senador Kajuru, outro no Senador Romário, outro na plateia. O VAR tem que saber o lance que aconteceu, qual é o foco que vai iluminar aquela jogada. O VAR tem que ser treinado para isso, e o próprio árbitro também, porque quando ele vai... E aí falo com V. Exa. o que V. Exa. quer ouvir: o árbitro de vídeo exibe as melhores imagens, as mais prováveis - está certo? -, e o árbitro toma decisão se se julgar satisfeito. Se não, ele pode dizer: "Me dê a câmera tal". Como tem acontecido no Brasil: "Tem outra imagem aí?", como se o operador é que fosse o dono da bola. O operador é um mero executor, e isso é imperdoável, essa atecnia é imperdoável na nossa arbitragem. O árbitro que tem que dizer: "Me dê a câmera 6 do lado esquerdo, que é a do impedimento; me dê a câmera do fundo do gol". Nesse lance do Adryelson, por exemplo, a câmera que melhor definia sobre se há... é a câmera do gol oposto. E o VAR tem que saber disso, e o árbitro tem que saber. Eu preciso ter uma amplitude da jogada.
Então, esta omissão e, sobretudo, a afirmativa de que o VAR não é obrigado, é absolutamente imperdoável. E a omissão em mostrar esta câmera, já que se tratou de uma expulsão, e de uma falta que seria ou não seria, tocando ou não tocando a bola, se sobejava essa dúvida, o VAR já não chamaria o árbitro, mas, se chamou, com esta liberdade, com essa oscilação grande que há no futebol brasileiro, ele teria que ser fiel e dizer: "Tem essa imagem aqui; verifique, inclusive, se houve falta". Porque, na concepção, na análise de um pênalti, de um gol, de uma expulsão, de cartão vermelho por dano tático, ou seja, impedir uma clara oportunidade de gol, o árbitro pode examinar até a falta e revogar a falta, não apenas mudar o cartão amarelo para vermelho, ou do vermelho para o amarelo, mas revogar a falta.
Recentemente, teve um jogo do Brasil aí, e o mundo esportivo não compreendeu, e o árbitro marcou uma falta que seria a penal, que seria para expulsar o jogador, e não houve a falta. Ele voltou e reiniciou o jogo com bola ao solo.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Manoel, a minha última pergunta é só porque você falou de câmeras, posicionamento, para a gente entender como é que são. Eu queria que você fizesse a apresentação através da sua assessoria aí, e, inclusive, dizendo quantas câmeras são recomendadas pela FIFA, quantas câmeras tem nos jogos do campeonato brasileiro.
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O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - É, o número de câmeras estabelecido pela FIFA é até uma briga nossa, porque, no começo, a FIFA queria dez, doze câmeras e depois baixou até para seis, sete, e nós entendíamos que poderia ser apenas com uma câmera. Se se trata de provar que o árbitro errou apenas com uma câmera e se é essa câmera que vai provar que o árbitro não errou ou vai provar que errou, o futebol pobre, que não tem condição de botar vinte câmeras, pode simplesmente funcionar apenas com uma - tendo certeza, uma só. Tem imagem nítida? Vale. Não tem, segue a decisão de campo.
Agora, no nosso futebol rico, no mínimo, câmera 1 e 2. A câmera 1 é a que o senhor assiste ao jogo na TV e a câmera 2 é mais centrada, está certo? A 1 e a 2; depois, a 6, que é a câmera do impedimento do lado esquerdo, que é a chamada de 16-50 e fica, mais ou menos, no limite da linha da grande área; a 7 - está certo? -; e a câmera 4 e a 5. Aí tem as microcâmeras do gol, tem as câmeras que hoje são indispensáveis, denominadas goal-line, na direção da linha de fundo, porque decidem e comprovam se a bola entrou ou não no gol, se saiu ou não do campo. E também há uma câmera 8, que é uma câmera invertida, porque, às vezes, o jogador está de costas, tá? O jogador está de costas... Ali tem um plano de câmera mais rico, deve ser do futebol europeu, não é do nosso.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas, no mínimo, de sete a oito câmeras, então?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - É, o que a FIFA tem estabelecido é isso aí.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Lembrando que o chefe da arbitragem diz que, no futebol brasileiro, pode haver até seis câmeras em campo. Então, não segue a recomendação mínima de sete a oito.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Eu me permito ser sincero com o senhor. O número aí que é a recomendação da FIFA... A gente não está em seis, sete. Para as câmaras 1 e 2, o impedimento; outro, 2, 4, 6... Pode ser de seis. Pode ser de seis, Senador. Eu não tenho segurança pra confrontar essa informação. Eu tenho que ser honesto com o senhor.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Como você disse, podem ser seis, mas, se as seis não captam, é melhor ficar com a imagem do árbitro, não é isso?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Mas, sem dúvida.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Com o que o árbitro viu.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Mesmo com dez. Mesmo com dez.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mesmo com uma, se não captou, não é claro, não é óbvio, fique com a decisão do árbitro.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Agora, o que eu não consigo...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só rapidinho, por favor, Manoel Serapião.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Pois não. Desculpe, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Aquele dia, Portinho, em que nós vimos as imagens com o pessoal do VAR, que foi muito gentil... O pessoal veio aqui pessoalmente, você se lembra? Naquele dia ali, eram cinco ou seis?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, eu me lembro de que eu fiz essa pergunta e ele falou que varia no Campeonato Brasileiro, varia nas séries de 6 a 25 câmeras. Imagino que, num estádio de maior infraestrutura, devem chegar a 25.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Mas só pra concluir, o futebol brasileiro está passando por uma coisa inacreditável. Qual é o lance mais importante do futebol?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - O gol.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - E as câmeras que foram postas na nossa administração passada, com o Leonardo Garcia, que é a goal-line, que define se a bola entrou ou não, se saiu ou não pela linha de meta, não estão sendo utilizadas constantemente. E isso é imperdoável.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Veja que, dentro do número mínimo, pelo menos a de gol ou não gol, de goal-line, da linha, por causa do chip da bola...
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Pra mim é fundamental.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E a gente saber que tem jogo que não tem a câmara de goal-line é...
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Isso pra mim é efetivamente imperdoável.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas tem jogo que não tem? Existe hoje... Essas câmeras, determinadas câmeras não existem em todos os jogos? Eu não ouvi porque não estava aqui.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Nós criamos estrutura em todos os estádios, porque todo estádio é vistoriado. Nós criamos estruturas, postes, localização de todas essas câmaras, inclusive porque elas têm uma função extraordinária. Na medida em que a câmera do impedimento não capta qual o jogador que está mais à frente quando se trata de um impedimento ajustado, um jogador próximo do outro, a câmera do impedimento, se estiver na linha, não vai definir qual o jogador que está mais na frente, não tem como ver.
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O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Isso pode ter acontecido naquele lance do Vasco e Palmeiras, inclusive, que é um dos denunciados? O posicionamento da câmera pode interferir no traçado das linhas?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Não, mas ali foi a questão do sol.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, era de noite.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Não foi num jogo à tarde, no ano passado?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, não.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Foi este ano?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, foi ano passado.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Ano passado? Não, era... Foi o sol.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Foi ano passado.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Foi o sol que não possibilitou...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Se não me engano era noite.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Foi à tarde, sim, foi à tarde.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Foi à tarde, foi o sol que não possibilitou a captura da imagem. Ali é diferente. Mas quando você tem...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Só porque esse lance é um dos lances que foram denunciados aqui e que chamou a atenção, porque há um traçado de linha torta e, na verdade, na explicação do Bassols, que muito gentilmente veio aqui, montou tudo aqui e mostrou esse lance, ele não falou nada com sol, de iluminação, de nada não. Ele falou que estava certo o traçado, que era mais ou menos o que você falou. Ele pegou a ponta do negócio, não necessariamente pegou o corpo inteiro. Eu fiquei com essa dúvida. Mas ele não falou nada de sol, não.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Senador, esse lance não foi passado, foi dito, para a decisão do árbitro, que a câmera não capturou a imagem...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O jogo foi à noite.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - O que foi dito, desse jogo do Vasco, é que a câmera não capturou a imagem por causa do sol que não deixou passar. Não, isso foi dito. Isso foi dito, e não foi traçada a linha.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas esse jogo foi à noite. Acabei de confirmar aqui.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Então foi dito que foi à noite.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Não.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Aliás, foi dito que foi à tarde, com o sol.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O jogo foi à noite.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas o jogo foi à noite. Confirmado.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O jogo foi à noite, e o que foi dito ali dentro daquela reunião secreta em que mostraram o VAR é que o traçado estava certo e que a linha do Textor estava errada. É a primeira vez que eu escuto que pode ter sido questão de iluminação, sinceramente.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Olha, Senador, o que me foi passado... Eu estava assistindo ao jogo, um jogo do Vasco...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu sei que um vascaíno está dizendo que foi Vasco e Inter, não foi não? Em 2020? E você está confundindo? Desculpa, Manoel.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Ah, eu não sei...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Que teve um problema com o sol.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - É. Teve um problema com o sol.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Foi num jogo do Vasco.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Eu estou me referindo a esse lance, foi outro.
O fato é que é imprescindível que tenha as câmeras do fundo do gol, porque capta a imagem de gol num gol, de bola saindo ou não pela linha de meta, na batida de um tiro de canto que a bola faz a curva. O Romário batendo na bola vai fazer uma curva, mas ele vai entrar na meta, está certo? Vai por fora, mas ele faria o gol.
Mas muito bem, é indispensável essa câmera, porque nós criamos toda uma estrutura, e a CBF, agora, não sei por quê, se por questão tecnológica, não sei as razões, só ela pode esclarecer, mas o fato é que, tendo possibilidade, tem que ter o máximo de segurança, sobretudo para o gol/não gol e para traçar as linhas de impedimento de trás para a frente, porque aí a câmera do goal-line vai ver os jogadores que estão mais adiantados ou não com absoluta clareza.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E tem jogos - só respondendo ao Senador Romário - em que essas câmeras de gol não existem.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - É o que V. Exa. me falou, que seriam apenas até com seis, não é? Então...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A CBF diz que tem jogos que são com seis câmeras.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Eu não estou acompanhando o dia a dia, não sei como é que o procedimento está sendo realizado agora, estou afastado, mas na nossa época havia essas câmeras e nós implementamos isso aí na gestão, repito, de Leonardo Garcia.
R
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E a qualidade da imagem dessas câmeras, no mundo hoje do 8K? A FIFA recomenda uma qualidade específica de resolução? E se você sabe dizer quais são as resoluções usadas, se são câmeras 8K em todos os jogos ou como você imaginou originalmente.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Não, a FIFA não recomenda. Não tenho conhecimento de que a FIFA recomende. Óbvio que a FIFA recomenda que seja a melhor tecnologia possível. E, se a gente tiver 8K, aí, às vezes...
Nesse lance que a gente falou do Adryelson, em que a câmera do fundo seria a melhor para capturar a amplitude do jogo, o VAR dá um touch na tela e amplia e traz à imagem nitidez.
Aqui, quando não era Full HD, se fizesse isso, virava um borrão. Então, com HD já vira um borrão, o ideal é que a gente tenha uma tecnologia... Agora, no Brasil, nós estamos tendo aí 4K, o que já possibilita esta ampliação da imagem.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E elas são 4K? Todas as usadas em todos os jogos do Campeonato Brasileiro?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Não... Creio que não, porque, quando é, eles anunciam. Eles anunciam...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E, quando não é, na hora de você fazer uma aproximação de zoom mesmo - não estou nem falando dedo...
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Vai borrar...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... você vai conseguir ver pixel suficiente para ver quem tocou primeiro na bola?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Não creio, não creio. Só se for uma situação muito aberta.
Nós precisamos evoluir na tecnologia sem sombra de dúvida. Não creio. Se for uma situação muito clara, muito aberta, sem sombra de dúvida que nós veremos, mas, se for alguma coisa sutil, que não deveria estar sendo analisada pelo VAR, porque situações sutis estão fora do mundo ideal, do mundo da transparência e da dinâmica do futebol, que não pode sofrer interrupções a todo momento, inclusive pelos próprios árbitros que se posicionam mal, que a bola bate neles e paralisa o jogo indevidamente...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Última pergunta: o senhor achar, Sr. Manoel, que árbitros aposentados deveriam prolongar sua carreira, sendo utilizados nas cabines de VAR, pela sua experiência?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Acho que não há nenhum inconveniente. Se ele tiver capacidade, tiver treinado e habilitado, com os óculos atualizados, sem sombra de dúvida que sim, porque a experiência para esse tipo de atividade é o que mais conta.
O arroubo do jovem, do impetuoso pode precipitar as coisas. Eu acho que a experiência é o que vale realmente.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Estou satisfeito.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Serapião, eu tenho uma pergunta. Por exemplo, em um jogo sem VAR, um árbitro expulsa um jogador. E aquela... Vai para a súmula. Ele tem que apresentar aquela súmula no dia seguinte para a CBF ou para determinada...
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Até quatro horas depois, ele tem que redigir.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Até quatro horas.
Vamos imaginar que, no dia seguinte, ele viu, reviu, viu de novo e se arrependeu daquele cartão que ele deu para o jogador de determinado time. Expulsou o jogador e, consequentemente, prejudicou o outro time. O que é que acontece? Nada?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Aí não acontece nada. O que acontece, e que deve acontecer, é a Comissão de Arbitragem analisar a atuação do seu árbitro, para verificar se o erro era um erro grosseiro, se era uma coisa sutil, e que, só por meio de televisão, ele pôde ver que no campo era falível. Aí não pode acontecer nada do ponto de vista jurídico.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu vou passar uma imagem para o senhor aqui que não tem nada a ver com VAR, não tem nada a ver com a CPI, mas é interessante, pela experiência do senhor. Eu queria que o senhor me desse uma... Me falasse...
Mostra aí, por favor.
Isso aconteceu com o meu América, domingo. O jogo estava 2 a 1.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Nosso América, não é, Senador?
R
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O nosso América.
O jogo estava 2 a 1 para eles, 43 minutos, o juiz expulsou o meu jogador.
Olha lá. O meu é o vermelho.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Conseguiu ver?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - O jogador parece que botou a mão para trás e teria derrubado o jogador. Agora eu preciso...
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Olha primeiro o que aconteceu na parte de baixo.
Olha lá.
Ó.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Falta primeiro do atacante, depois...
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Só isso.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - E depois...
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Pode tirar. Obrigado. É a nossa arbitragem. É (Trecho editado nos termos do art. 48, inciso XXXI, e art.19, inciso I, do Regimento Interno.), desculpa. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não, não tem desculpa não.
Isso aconteceu domingo então com o América?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Isso é futebol, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O que é isso?
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ele estava com o segundo amarelo, com 42 minutos... Segundo amarelo. O cara expulsou o meu jogador. É isso aí.
Mas enfim, vamos dar seguimento aqui.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Por isso que eu falei com o Serapião que eu sou do tempo dele. Eu, como repórter, esportivo, comentarista, na época a gente confiava mais em árbitros.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É bom para o Rubinho saber.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Presidente da Federação, dê uma olhadinha nos seus árbitros aí, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Rubinho, com certeza, está assistindo.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Rubens.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - É o Rabelo?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não, o Rubinho é o Presidente da Federação, não é?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Enfim, podia prestar um pouco de atenção no que está acontecendo aí no futebol carioca da segunda divisão.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu só queria fazer uma observação aqui, Serapião, que eu fui a um estádio da Serrinha, em Goiânia, com um cinegrafista que fez várias Copas do Mundo comigo, da TV Globo. E, como eu aprendi com o Boni, meu ídolo da televisão, nos meus 50 anos de carreira, televisão é qualidade.
E eu e a Senadora Leila do Vôlei fazemos um programa em rede mundial de televisão de entrevistas, semanalmente, e investimos no melhor equipamento possível que a TV nos proporcionou, a TV Meio. E aí eu entrei e vi as câmeras do VAR com esse cinegrafista. E, pela minha visão, eu perguntei a ele: "Qual é a sua opinião?". Ele me chama de mestre de brincadeira. Ele: "Mestre, Kajuru, as suas câmeras têm qualidade infinitamente melhor. Essas câmeras são uma das piores hoje de qualidade".
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas foi por isso que eu fiz a pergunta...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Que eu prestei atenção.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... porque isso influi diretamente na análise do VAR, inclusive se é aproximação.
Você quer saber se foi um pênalti ou não? Aproxima.
Se você tem uma câmera de pouca resolução e você só confirmou a denúncia que eu já tinha recebido, de que não são em todos os jogos que são usados um padrão 4K, que tem câmera de festa infantil... Foi isso que a pessoa me disse.
Quero deixar claro para a CBF: a denúncia que eu tenho é que é usado câmera de festa infantil!
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É brincadeira.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Imagino que seja, espero... Espero que não seja na Série A. Mas, de qualquer maneira, não deveria ser em nenhuma série.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não, no Serrinha foi jogo da Série B. Desculpa.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Pois é.
Então, para ver que isso influi diretamente na decisão. E aí, nesse caso, eu fico com o nosso mestre guru, pai do VAR, Manoel Serapião. É melhor não olhar o VAR; é melhor deixar com árbitro em campo, que era a orientação que sempre foi - que é a orientação, na verdade.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Quer uma informação pior agora?
Sabe quanto custa essa câmera? Essa que eu trabalho, que o Senador Esperidião Amin hoje deu entrevista, que o Romário, que já foi entrevistado meu, você será um dos próximos, que o General Hamilton Mourão já foi... Eles chegam e ficam impressionados: "Kajuru, que qualidade o seu estúdio".
Eu faço entrevista com quatro câmeras. Quatro. A TV Globo às vezes faz com três.
Aí, eu perguntei para o cinegrafista: "Qual é o valor dessa câmera lá na Flórida?". Ele: "Com todos os acessórios, US$450". E ela é robótica inclusive.
R
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Aí me vem uma pergunta: é terceirizado? São as câmeras das TVs ou são câmeras próprias da CBF?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - As transmissões são das empresas que transmitem o campeonato. Então, as câmeras são dele. O equipamento de tecnologia para levar - o vai e vem -, fazer as imagens e mostrar na cabine é da empresa - que era a Hawk-Eye, atualmente eu não sei qual é -, que é terceirizada.
Agora, vou fazer uma observação muito interessante, Senadores, porque isso fecha a ideia geral do VAR: o VAR tem que atuar em lances claros, óbvios, demonstrados por imagens claras.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - E óbvias.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - E óbvias.
Se não houver imagem clara, o VAR não tem que atuar.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Kajuru, só para deixar registrado...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não, Senador Portinho.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... e dar uma sugestão a você, que é o homem das câmeras: eu pedi já, num jogo da CBF em que houve uma interpretação de um lance em que eu receio - receio - que a câmera não tinha a melhor resolução, eu pedi o mapa de câmera e pedi a resolução das câmeras. Eu gostaria de sugerir a você que pedisse pra CBF pra ela informar...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Urgentemente farei isso.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... nas Séries A, B, C, D...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Carol, urgente, Carol!
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... em todos os jogos, o mapa até aqui de câmeras, pra gente saber quanto tinha em cada estádio, e a resolução de cada uma.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. Pra discutirmos qualidade, não é? Não tem nem como discutir...
O Senador Portinho fez um pedido, vamos enviar esse ofício já agora à tarde para o Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, por fineza? Você, que é minha assessora-chefe; você, que manda em mim, manda mais até do que a minha mulher.
Você vê, minha mulher está sem moral, gente. Perceberam, não é?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Que nada, ela é fantástica.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas é verdade, ela está separando já.
Brincadeira à parte... Só converse com o Portinho sobre esse ofício, por gentileza, pra gente já mostrar na hora aqui o que temos que fazer.
Mas eu tenho só uma última pergunta. Quero só dizer o seguinte, Manoel Serapião Filho: além de ter sido um prazer revê-lo - há muito tempo eu não falava contigo pessoalmente -, eu fiquei feliz, porque você reforçou uma frase minha. Porque muita gente na televisão ri dos meus comentários, e outros até não, quando eu falo que às vezes a vontade minha é dizer: "Vai te catar", ou seja, "VAR te catar", porque tem erros do VAR - realmente não dá pra acreditar, com cinco, seis câmeras -, erros imperdoáveis.
A minha última colocação a ti, pra gente ouvir o Rômulo, já aqui presente... Eu peço a compreensão do Rômulo e o cumprimento pela paciência de Jó aqui - você terá todo seu tempo, fique tranquilo.
O Sr. Manoel Serapião disse que a filosofia do VAR é: o mínimo de interferência e o máximo de benefício. Diante dos equívocos frequentes, podemos dizer que temos, no Brasil, máxima interferência e mínimo benefício?
E concluo com uma outra questão: de zero a dez, Serapião, qual a nota que o senhor daria hoje para o VAR no Brasil?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO (Para expor.) - Senador, primeiramente, eu gostaria de dizer que eu estou... Mantive o contato com o Gabriel e vou disponibilizar para os senhores algumas colocações, por escrito, do VAR, com o projeto originário, a nossa carta de Londres, que eu e Sérgio Corrêa redigimos, quando a Ifab, de que nós éramos representantes do Brasil, em Londres, estabeleceu que teria que ter o monitor e apenas o monitor.
Nós brigamos muito e redigimos a carta de Londres, pedindo a eles que fizessem, já que estavam numa fase de experiência - quando se procura vacina, buscam-se todos os meios, não é verdade? -, que fizessem uma experiência com o monitor e sem o monitor, respeitando o nosso projeto, mas não fomos ouvidos, e é o que está passando aí.
Então, eu estou encaminhando para os senhores alguns documentos que podem ajudar, inclusive com observações técnicas sobre os lances de mão, que já mencionei aqui, e a gente pode aperfeiçoar a nossa arbitragem, principalmente no VAR.
Mas, Senador, a primeira pergunta me permita aqui que lhe responda, porque a nota eu vou dar: 6,5.
R
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Nota 6,5?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - É 6,5, sim, porque poderia ser muito menos tumultuado, muito mais claro, muito mais livre, muito mais firme e sem dúvida para os clubes, que ficam sem saber como atuar e como orientar seus jogadores.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A nota 6,5 é uma nota preocupante, hein?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu daria menos.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não é não? Eu sei porque eu fui jurado de Silvio Santos, Flávio Cavalcanti e Chacrinha.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu daria menos, infelizmente, porque...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu também.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... queremos ajudar no aperfeiçoamento, e precisa.
Tem um lance ali de gol não gol? Eu queria passar, só para a gente ver...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... como é na Série C.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Mas a pergunta do Senador, primeiro...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É se nós podemos dizer que temos no Brasil máxima interferência e mínimo benefício.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Pela nota dada, que passou do 5, de zero a 10, significa que a gente tem mais benefício, sobretudo nos lances factuais. Nos lances de interpretação, a gente está carente.
E esses 3,5 pontos são caídos - 3 pontos; 0,5 por causa da incorreção, da inconsistência na formação das linhas do impedimento, na agilidade do processo e pela linguagem também e a técnica entre árbitro e VAR.
Uma coisa que precisa ser corrigida é, quando o árbitro está no campo, e os senhores já ouviram os áudios, isso está indo lá para a cabine do VAR, em vez de fechar, e fica uma verdadeira algazarra, em que ninguém entende ninguém. O árbitro está reclamando com os jogadores, os jogadores reclamando com o árbitro, cercando o árbitro, que é o mal dos nossos jogadores, um embate verbal desagradável de se ouvir, num momento de exigência de concentração e de plena agonia.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas o árbitro não ouve o que os dois VARs estão discutindo?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Não, o árbitro não ouve, mas a gente ouve o árbitro, e a cabine fica uma dificuldade. Para o árbitro ouvir, é necessário apertar um botão.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É só porque é o seguinte: a gente tem um tempo breve, porque daqui a pouco começa a sessão. Eu tenho só duas perguntas para o Romulo, certeiras, tá?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas só rapidinho, só para aproveitar o momento aqui, que é raro, não é?
O Manuel Serapião deu nota 6,5 para o VAR hoje no Brasil. O Senador Portinho e eu, nota inferior. Não tem como não pedir, quebrar o protocolo aqui e pedir a nota sua, histórico Romário, um dos melhores jogadores do mundo.
A mesma da nossa opinião? (Pausa.)
Então, aqui estamos juntos rigorosamente, em sintonia.
Qual é o lance? É da Série C? Série C do Campeonato Brasileiro?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - ... a imagem lá...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Como é que é a imagem da série C do Campeonato Brasileiro?
Atenção, pátria amada.
R
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - São Bernardo e América do Rio Grande do Norte.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Dá pra parar aí? Dá um stop, por gentileza.
Senhores, há necessidade desse "segura, segura, segura"? (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Com essa aí, eu me assustei.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Diga-me uma coisa: todo gol é checado? O árbitro não pode reiniciar o jogo?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É, uai...
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - No máximo, um "segura". E o VAR que se segure. (Risos.)
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É questão de impedimento pra ver quando é que o jogador bate na bola e como é que é traçado, não é isso?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Isso, perfeito.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E a qualidade do áudio, hein?
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Espere um instantinho só... Para aí. Espere um instantinho só. "Segura", como diz...
Romário, olha só, porque você, em breve, vai estar, se Deus quiser, com o América de volta ao Campeonato Brasileiro.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Amém!
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Amém!
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Olha a Série C, a qualidade da imagem, Kajuru. Eu não sei se você...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu sei que você tem a sua dificuldade de visão, mas eu só quero relatar a você o seguinte: eu já teria abandonado aí...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... porque você não consegue ver nem o braço do jogador. Quem é que está vendo o braço do jogador de amarelo ali? Não dá! A qualidade do pixel é tão ruim que está faltando pedaço do jogador. Esse é o VAR da Série D. Era melhor deixar tudo com árbitro no campo, e a gente desculparia o erro dele, porque traçar uma linha de impedimento? Só se tiver interesse em fazer um resultado aí. Vocês me desculpem, porque isso aí é uma vergonha!
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Você vê a dificuldade do VAR para dizer "para a direita, para a direita". O operador tem que saber isso.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Claro!
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Todo mundo entrou na frente dele, e ele já coloca automaticamente, não aumenta o toque na bola para fazer a calibragem, tem que ser imediato. É uma briga grande, uma falta de treinamento muito grande, e de responsabilidade, nesse particular, muito grande.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Mas ele não está vendo a batida do atacante.
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Ele já calibrou.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Ele já calibrou?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Já, já calibrou antes, não é?
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Dá uma paradinha, por favor, Gabriel, porque eu me sinto mal. Stop.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Stop, por fineza.
R
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O Mario Vianna diria: "Gol Legal".
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - "Gol Legal"!
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Eu me sinto mal com uma análise de um lance desse. E, depois que as linhas são traçadas, vamos ver quem faz o gol. Esse é o primeiríssimo passo para saber em que jogador coloca a câmera. É um processo todo incipiente e que precisa de uma correção urgente.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Foi anulado o gol?
O SR. MANOEL SERAPIÃO FILHO - Acho que foi confirmado.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Foi confirmado?
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Dez minutos para ver o que todo mundo viu, e que não dava para enxergar com a câmera, não dava.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Uma mesa redonda.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Só para dizer que essa imagem nublada, míope...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Muito. Até pro míope Kajuru.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... eu já vi traçada até na Série A, para a gente ver a importância da qualidade das câmaras.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro. Sem nenhuma dúvida.
Bem, dando sequência então para esta importantíssima reunião que realizamos nesta terça-feira, 9 de julho de 2024, da CPI da manipulação de jogos de futebol e de apostas, é a vez do Sr. Romulo Meira Reis, ex-Oficial de Integridade da CBF, com direito a dez minutos para sua explanação, e depois as nossas perguntas.
Obrigado, de novo, pela paciência, Sr. Romulo, e fique à vontade, por fineza.
O SR. ROMULO MEIRA REIS (Para expor.) - Bom, muito boa tarde a todos e todas, a V. Exa., Senador Jorge Kajuru, ao Senador Romário, ao Senador Portinho.
Bom, eu me chamo Romulo Reis, sou natural do Rio de Janeiro, exerci a função de Oficial de Integridade da CBF entre 2017 e 2022. A função de Oficial de Integridade é uma função nova, criada por uma deliberativa da FIFA, onde cada associação membro, no caso do Brasil, a própria CBF, deveria estabelecer uma pessoa destinada a verificar as possíveis irregularidades entre o que acontecia em campo versus o que acontecia no mercado de apostas esportivas.
Aqui no Brasil nós conhecemos especificamente em relação à questão de casas de apostas, que, nada mais nada menos, são como anunciantes convencionais. Hoje o boom de anúncios é das casas de apostas, como um dia já foi das montadoras, como um dia já foi dos grandes magazines e assim sucessivamente - e assim sucessivamente.
É uma função extremamente técnica, uma função que não é política. Eu recebi treinamento da FIFA, recebi treinamento da Conmebol e ajudei a implantar um projeto relativamente novo no futebol brasileiro, não só brasileiro, mas no futebol mundial.
Eu creio que todos conhecem aqui os maiores escândalos de manipulação, a questão do futebol italiano recentemente, já teve na Nigéria, na África. E o grande foco inicial que chamou essa atenção da FIFA, na ocasião, foi o mercado asiático, onde ocorreu uma série de manipulações nesse sentido.
Estou aqui como cidadão de bem, disposto a colaborar dentro do meu conhecimento, dentro dos fatos com que eu conseguir colaborar. Por favor, fiquem à vontade.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - De imediato, o nosso histórico Relator, especialmente em CPIs, Romário de Souza Faria, com as perguntas.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Muito bem. Muito obrigado.
Sr. Rômulo, o que o senhor pensa da recorrência de nomes na escalação da equipe de arbitragem de campo e da equipe do VAR. Isso, de fato, pode facilitar uma atuação mais entrosada ou abre uma brecha para possíveis questionamentos?
R
O SR. ROMULO MEIRA REIS (Para expor.) - Bom, a função de integridade não tem conexão alguma com a arbitragem, diretamente, mas eu acredito, como especialista na área de integridade, que o árbitro é um ponto extremamente sensível. Um dos protocolos, até simples e básico, é, quanto menor a divisão, menor o poder aquisitivo, mais fácil de ser corrompido, quanto mais alto o poder aquisitivo, mais difícil você comprar, deliberadamente, um atleta, talvez, um árbitro, não é?
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E mais caro também...
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Bem mais caro, é claro.
Agora, todos nós aqui conhecemos, como amantes do futebol, que a arbitragem, realmente, exerce um papel indispensável e, às vezes, comete uma interferência, que é o assunto, agora, que o Manoel Serapião explanou muito bem, que foi abordado. A integridade não faz conexão com a arbitragem especificamente.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Faz com as apostas...
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Faz com as casas de apostas e manipulação. Para explicar tecnicamente, Senador Romário, a V. Exa., digamos que o jogador A tenha uma opção, na casa de apostas, de que ele vai tomar um cartão amarelo na partida que ele vai disputar. Esse jogador... Algum apostador realiza um grande montante financeiro, aposta naquele cartão, e aquele cartão, subitamente, ocorre na partida. Ou seja, há um dolo para o esporte, há um dolo para a casa de apostas, e alguém se favoreceu com aquele resultado. Assim pode ocorrer com escanteios, pode ocorrer com o resultado da partida, pode ocorrer um pênalti ou não ocorrer, entre outros que a casa de apostas disponibiliza dentro do mercado. Quem frauda, dentro do mercado esportivo de apostas, normalmente, busca o interesse financeiro, busca se valer financeiramente. O processo normal que acontece é esse.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Quais são ou qual é a sugestão que o senhor poderia dar, aqui, em relação a esta CPI, para que a arbitragem de vídeos se tornem menos suscetíveis a um episódio de manipulação por parte dos árbitros?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - O árbitro faz parte do espetáculo. A medida preventiva referente à arbitragem não é esconder a escala do árbitro, por exemplo, o fulano de tal será o AVAR ou será o VAR na partida, e, sim, tratar a informação de quando chegará à cidade, em qual hotel ele vai ficar, qual é o itinerário que o árbitro vai fazer, em caráter totalmente sigiloso, porque esses aliciamentos costumam ocorrer em contato pessoal, em telefonemas, isso pode acontecer. Então, uma sugestão, uma solução seria, literalmente, garantir a segurança e a integridade do árbitro.
Por outro lado, não podemos colocar isso somente na informação, há uma necessidade, sim, de o árbitro receber treinamento para isso. Dentro de um vestiário, dentro de um campo, qualquer situação de contato com o árbitro pode ocorrer, e o árbitro tem que ter a maturidade e o treinamento para entender o que é um cumprimento, um gesto cordial, totalmente diferente de um aliciamento, ou de alguma coisa para ser facilitada.
A Conmebol, na ocasião, e a FIFA recomendaram, inclusive, que arbitragem e delegados Conmebol e FIFA - como eu exerci essa função - não aceitassem nenhum tipo de presente de clubes, dos mais simples, uma camisa da qual, porventura, o árbitro seja até fã, o que pode acontecer, até um presente que, porventura, chega ao vestiário, tem um kit lá - não vou citar nomes para não dar propaganda para ninguém - do fornecedor de material esportivo do clube Y.
Então, é em duplo sentido, você precisa zelar pelo árbitro, para que ele fique blindado na informação, e ele também precisa receber treinamento, para saber diferenciar e saber a quem denunciar, inclusive, caso isso aconteça.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Muito obrigado.
R
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, Relator Romário de Souza Faria.
Senador Carlos Portinho - como sempre, eu fico para o fim -, as suas colocações.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Até porque, Senador Jorge Kajuru...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Temos Plenário.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É rapidinho.
O que eu gostaria de saber é se o senhor foi Oficial de Integridade da CBF de 2017 a 2022. A função de Oficial de Integridade é, justamente, quem recebe os alertas, por exemplo, da Sportradar e passa a colaborar com as instituições, para tentar ver se houve manipulação, se não houve, encaminhamentos e tal.
Não é isso?
O SR. ROMULO MEIRA REIS (Para expor.) - Exatamente, Senador.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Depois do senhor, qual é o nome do que o sucedeu?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Eu desconheço.
Eu saí da CBF em maio de 2022.
E, em janeiro de 2023, eu recebi um contato da FIFA - eu tinha, na época, uma ponte, que era o Sr. Rodrigo Arias - me perguntando se eu estava pela CBF e se estava exercendo a função.
Eu, simplesmente, disse a ele que tinha sido demitido, tinha sido desligado da CBF e, infelizmente não poderia ajudar.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ou seja, de maio de 2022... Isto é muito sério: de maio de 2022 a janeiro de 2023 não havia um Oficial de Integridade...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É muito tempo.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... designado pela CBF?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Eu não posso provar, Senador.
As minhas designações para exercício da função eram realmente enviadas para a FIFA através de uma comunicação oficial.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A FIFA e a Conmebol são informadas oficialmente quem é?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - São, pela própria CBF, quem é o responsável.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Se alguém da Conmebol faz o contato achando que é você é porque, provavelmente, ela não foi informada de que tinha outro.
O SR. ROMULO MEIRA REIS - No caso, foi um membro direto da FIFA que fez o contato.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Hoje, tem um Oficial de Integridade?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Não sei dizer.
Depois, eu troquei, praticamente troquei de ramo.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Entendi.
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Eu trabalho...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Isso, a gente vai oficiar, Kajuru, porque é muito sério não ter um Oficial de Integridade, tendo, inclusive, a CBF patrocínio de casa de aposta.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sem dúvida alguma.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Você, como Oficial de Integridade ou como Delegado da Conmebol e da FIFA, você assina algum contrato de não corrupção? Isso existe fora do Brasil?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Durante os treinamentos da FIFA, eu assinei, inclusive, um termo de acordo com o Código de Ética e conduta da própria FIFA.
Eu me recordo que a CBF, assim que implantou o Código de Ética da CBF, passou uma circular para todos os funcionários para que eles assinassem. Dentro do Código de Ética, havia alguns artigos que - se não me engano 19 ou talvez 22 ou alguma coisa que eu não lembro de cabeça - tinham essa relação.
Automaticamente, se o funcionário acerta que está de acordo, ele compreende também que uma das regras é que ele não poderia participar de qualquer tipo de mercado de apostas nesse sentido.
Agora, onde esse documento foi parar? Talvez, nos recursos humanos, alguém tenha acesso a isso.
Eu me recordo, sim, de que assinei.
Inclusive, na FIFA, era o primeiro ato que você tinha que assinar na reunião. Você recebia os manuais.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Kajuru, um contrato de não corrupção, um acordo de não corrupção, uma declaração, um comprometimento é o que a gente vem batendo aqui desde o início...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Desde o início.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... que não vai inibir, mas vai, certamente, dificultar e vai prever penalidades, até além do próprio CBJD para isso.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro.
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Senador, apenas para complementar minha resposta, esse termo de acordo e conhecimento do Código de Ética foi estendido aos funcionários da CBF, um quadro de aproximadamente, na ocasião, 150 funcionários, talvez 200.
Isso não foi estendido, por exemplo, para clubes, para afiliados, para federações, ou seja...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É o que a gente defende.
O SR. ROMULO MEIRA REIS - ... o Código de Ética se restringiu somente, na ocasião, aos funcionários da confederação.
R
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E os servidores da CBF e diretores podem apostar?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - De acordo com o Código de Ética da CBF e o Código de Ética da FIFA, não. Nenhum dirigente, seja ele diretor, supervisor, coordenador ou até mesmo quem está relacionado direto à operação - e aí vamos descer um pouquinho a escala -, primeiro, arbitragem, depois, supervisor de futebol, jogador, diretor, executivo de futebol, quem está relacionado ao clube, não pode.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, isso é uma questão que a gente vai, inclusive, oficiar para saber melhor.
Uma última pergunta, a partir até do que o senhor disse: você acha importante que tenha um canal, você, como ex-oficial de integridade - e é uma coisa que a gente vem discutindo muito aqui -, um canal público de denúncias para o irmão do atleta, se soube que o atleta foi assediado, que o árbitro foi assediado, ou a quem ele recorre? Acha importante que tenha um canal de denúncia que preserve a identidade, inclusive, do denunciante?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Esse é um item recomendatório, inclusive para a FIFA. A FIFA hoje dispõe, na verdade, de um aplicativo próprio, chamado Integridade FIFA, FIFA Integrity, no qual qualquer pessoa pode fazer uma denúncia, inclusive submeter documentos, fotos, entre outros.
Na ocasião em que eu exerci a função...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Existe isso na FIFA?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Existe isso.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Há quanto tempo? Desde... Bom, pelo menos você estava de 2017 a 2022.
O SR. ROMULO MEIRA REIS - O senhor pode... Se o senhor quiser abrir agora o seu aplicativo, pode observar aí; pela Play Store, o senhor consegue baixar de imediato, da FIFA.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Desde quando isso?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Desde 2017.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Desde 17?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Desde 17.
Os canais de denúncia que a CBF, na ocasião... A associação-membro tem a sua autonomia de tomar as decisões dentro do que ela realiza. Um canal exclusivo para integridade no futebol não existia; entretanto, existia um canal de ética para que você fizesse todos os tipos de denúncia, tá? Então, a decisão, na ocasião, da CBF foi simplesmente centralizar tudo no canal de ética. Se esse canal hoje funciona ou não funciona, se tem alguma coisa de integridade, eu não sei dizer.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - No caso, só uma que me veio: ano passado, foram 109 alertas de possível manipulação...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Suspeitas.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Suspeita.
... de jogos das Séries B, C e D. É isso?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Isto: B, C e D.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - B também, não é?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Da B, é Londrina e Tombense.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, B, no caso do Londrina.
O que o oficial, em tese, recebendo esses alertas... Qual é o procedimento padrão?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - O oficial de integridade, quando recebe...
Primeiro, eu vou voltar um pouquinho atrás. O senhor fez uma pergunta, e eu lhe agradeço.
O contrato da Sportradar assinado passava por mim; ou seja, o escopo contratual versus orçamento, entre outros, passava por mim. Então, nós tínhamos previsto, realmente, Séries A, B, C e D, não é? A C e a D, parcialmente - a Série C, também parcialmente -, e a Copa do Brasil, a partir das fases eliminatórias. Então, isso estava previsto em contrato.
Dos alertas, normalmente, o oficial de integridade tem autonomia para realizar a análise. Não adianta receber um relatório, porque ele já vem com uma certa informação. Então, as análises geralmente são: aquela infração no mercado de apostas ocorreu em campo? Sim ou não? Caso não, automaticamente, é descartado; ou seja, algum apostador tentou alguma coisa ou movimentou um volume financeiro muito acima do normal e foi detectado, aquilo não aconteceu. O.k. Ocorreu em campo? De que maneira ocorreu em campo? Interferiu no resultado? Sim ou não? Caso tenha interferência, isso gera uma documentação, e a CBF encaminhava, na ocasião, para o STJD. De qualquer forma, todo e qualquer relatório que eu recebi na ocasião, além da análise técnica, era encaminhado para o STJD. Ao que acontecia dentro do STJD, processualmente, eu não tinha o acesso. Entretanto, por não ter o acesso, não significa que eu não estivesse disponível para prestar qualquer tipo de esclarecimento; diga-se de passagem, é um dos protocolos que eu preciso cumprir.
R
Até 2022, eu não fui chamado para nenhum tipo de esclarecimento referente aos relatórios. Então, somando aí aproximadamente cinco temporadas, devem ter passado pela minha mão mais de 200 relatórios.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Nessa época, teve mais de 200 alertas, entre, pelo menos, 2007 e 2022...
O SR. ROMULO MEIRA REIS - De 2017 a 2022.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - De 2017 a 2022. Em cinco anos, teve mais de 200 alertas?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Provavelmente.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E, encaminhando... Eu sempre falei isso, o STJD não é uma instância do Judiciário, ele é um departamento da CBF, e isso ficou claro e estabelecido em decisão transitada em julgado da Corte Arbitral do Esporte, no leading case, no primeiro caso em que se discutiu isso, essa sua natureza jurídica, do ponto de vista nacional. Foi o caso Dodô, e que eu fui o advogado, inclusive, e eu sustentei a autonomia e a independência do tribunal e me conformei que há autonomia e há independência nas suas decisões.
E, para alguns casos, a gente sabe que é relativo, porque ele é um órgão da CBF. E o STJD tem limitações, ele não tem poder de polícia, não é? Ele pode até intimar um terceiro, que, se ele não for da família do futebol, o cara nem vai. Aqui a gente ainda convoca abaixo de vara, o cara vai ter que pegar um habeas corpus; no STJD, se não for um agente, um "agente", entre aspas, que não é um agente credenciado, que esteja envolvido, ele nem vai, ele não está nem aí. Então, ela tem limitações para essa investigação.
O que a CBF disse, apenas aqui para deixar claro, é que, hoje, ela manda esses relatórios para o Ministério Público...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Hum-hum.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... o que, aliás - é por isso que eu quero aqui ouvir o Relator Mauro Marcelo -, na minha opinião, era o que ele deveria fazer, porque ele não tem instrumento de investigar; a gente tem mais do que ele aqui.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Se eu quiser perguntar o nome dos atletas do clube em que houve a denúncia, se eles têm cadastro em casa de aposta, eu posso perguntar. E eles vão ter que me responder - as casas de aposta. O STJD? Dão de ombros para ele.
Então, o que deveria... Por isso eu quero ouvir o Relator, para não ser injusto, mas o que deveria seguir o caminho de todas as 109 denúncias. Pega, manda para o Ministério Público, e, de preferência, o Procurador do STJD tenha a representação junto ao Ministério Público para acompanhar. Porque, quando - pelo menos nesse período que você relata, 2017 a 2022 - você mandava para o STJD, você foi chamado lá alguma vez para falar desses relatórios?
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Não, não fui chamado. V. Exa. está bem correto.
A associação-membro possui uma limitação de atuação. A própria FIFA prevê no código de ética. Se não me engano, o código da CBF também, o código de ética da CBF possui também. Você pode dar multas financeiras, suspensão e até a exclusão do desporto.
Entretanto, conduzindo uma investigação com maior rigor, digamos assim, quem seria, por exemplo, talvez eu ou alguém do STJD, um civil, para fazer um inquérito ou até mesmo uma inquisição? Não teria a qualificação, e eu tenho muitas dúvidas se, legalmente, poderia ser exercida esse tipo de atividade.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É verdade.
Então, muito esclarecedor, inclusive uma informação que a gente não tinha: mais de 200 casos de alertas de suspeitas de manipulação, em cinco anos passados - de 2017 a 2022 -, que foram para o STJD e de que a gente não teve nem conhecimento, nem na imprensa.
Estou até curioso em saber. Isso eu posso oficiar ao STJD, para saber se esses alertas... E pedir a cópia deles? Eles têm lá?
R
O SR. ROMULO MEIRA REIS - Senador, o senhor pode, talvez, solicitar à própria Diretoria de Competições da CBF, que a correspondência saía... Não saía diretamente do Romulo Reis, saía do departamento de competições através da secretaria, como qualquer despacho administrativo.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Vou pedir para a minha assessoria já preparar esse ofício, Senador Kajuru, tanto para o departamento de competições...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Parabéns!
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... quanto para o STJD, para que informe a essa CPI, a nós aqui, e traga a cópia desses alertas.
Não vou nem dar o número, acredito que sejam em torno de mais de 200, o que é espantoso, mas que eles nos encaminhem todos os alertas que foram encaminhados, nesse período de 2017 a 2022, ao STJD. Porque em 2023 a gente sabe que são 109...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - São 109.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... e em 2024 a gente já tem uns casos aí. Eu até estou pedindo - já fiz um outro requerimento, já foi aprovado - para saber quantos alertas tem este ano. Eu sei que em um caso, pelo menos, a própria CBF se antecipou junto com a Polícia Federal.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu faço questão de subscrever esse ofício contigo...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Juntos.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ... com o maior prazer.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Partilho com o maior prazer, tá?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para interpelar.) - Claro.
Só uma dúvida, Sr. Romulo, nessa sequência de perguntas qualificadas, como sempre, do Senador Carlos Portinho, do Rio de Janeiro: há denúncias de árbitros? A CBF tinha conhecimento disto, árbitros envolvidos?
O SR. ROMULO MEIRA REIS (Para expor.) - Bom, eu não recebi nenhum alerta da Sportradar diretamente apontando a atuação de um árbitro. Normalmente as questões eram o atleta com comportamento - vamos chamar de - fora do padrão.
Talvez o canal de denúncias da CBF, de ética, ao qual eu não tenho acesso, possa ter recebido alguma denúncia mais específica da arbitragem. Agora, a esse tipo de questão somente a CBF irá responder - tem qualificação para responder.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Senador Kajuru, só uma informação que corrobora o que foi dito pelo Romulo.
Eu entrei aqui no...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - No aplicativo?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... aplicativo da FIFA, o FIFA Integrity, de integridade da FIFA. O aplicativo tem seis anos! Ou seja, a FIFA já tem o seu canal de denúncia há seis anos. A CBF está seis anos atrasada no que essa CPI agora lhe recomenda, mas que ela já poderia ter feito.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Houve a promessa de que, o mais rápido possível, inauguraria esta central de denúncias, quando eu enviei o ofício ao Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Eu gostaria de fazer aqui alguns agradecimentos.
Como sempre, é um privilégio estar trabalhando em uma CPI desse naipe, com essa pauta - manipulação de resultados de futebol e apostas e tal -, com um Senador da qualidade de Carlos Portinho, que sempre está do começo ao fim de cada reunião.
Agradeço aqui a todos os colegas Senadores presentes e àqueles que nos viram remotamente.
Enalteço o conteúdo dos dois convidados aqui presentes: o ex-árbitro da FIFA, o baiano Manoel Serapião, um amigo que construí no futebol; o Sr. Romulo Meira, da mesma forma. Conteúdo é o que mais precisamos aqui, ou seja, gente qualificada, gente preparada e gente que tem opinião própria. Isso que é importante, porque poderia vir aqui, desfilar, nos driblar; e aqui não, pelo contrário, aqui a gente ouviu opinião até vendo imagens - ou seja, cara a cara, lance a lance.
Agradeço também à minha equipe eficiente de gabinete, como já disse: a Carol da Luz, que manda mais em mim do que a minha esposa, a Luma Paschoalato, o Roberto Gonçalves; do gabinete do Senador Romário, o Wester, os craques Flavio, Vicente; do gabinete do Senador Girão, Chico e Roberto...
Aliás, uma falha aqui da nossa assessoria: por que não tem os seus assessores aqui, Senador Carlos Portinho, para dar os nomes? (Pausa.)
Tem? Ah, desculpa. Então foi falha da minha visão, e não do meu caráter.
R
Do gabinete do Senador Portinho, agradeço aqui à eficiente Fran Vieira, sempre presente; da Liderança do meu histórico partido de 80 anos, o PSB, à Olga, ao Santi, ao Carlos, craques; ao Advogado do Senado Dr. Octávio, de qualidade irretocável - e parece que ele está acompanhado de outro advogado que hoje veio também, se a Carol puder me dar o nome dele -; aos Consultores do Senado Luciano, Tiago Ivo, Vinicius, eficientes, atuantes; aos servidores desta Secretaria, com que raramente eu convivi nesses cinco anos e meio de mandato, desta Comissão, desta Comissão Parlamentar de Inquérito, Marcelo Lopes, Henrique Cândido e Gabriel, que só tem uma coisa ruim na vida dele, o sobrenome dele, Udelsmann. É pior do que Kajuru, desculpe.
Bem, não havendo nada mais a tratar, agradeço a presença de todos e todas e convidamos para a próxima reunião, a realizar-se amanhã, dia 10 de julho de 2024, às 2h da tarde, para a oitiva do Sr. Roberto Avatar, Presidente do time mineiro da Patrocinense. Esperamos a sua presença. Do contrário, ele será convocado. Aqui é por amor ou por dor.
Declaro, então, encerrada a presente reunião.
Agradecidíssimo, pátria amada, Deus e saúde.
(Iniciada às 15 horas e 51 minutos, a reunião é encerrada às 17 horas e 47 minutos.)