Notas Taquigráficas
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| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Brasileiras e brasileiros, minhas únicas vossas excelências, Deus e saúde a todos e todas presentes e àqueles que nos acompanham pelos meios de comunicação do grupo Senado, TV, Rádio, Agência, e também o nosso agradecimento, por estarem sempre transmitindo, na íntegra, cada reunião desta importantíssima - e que fará história - CPI da Manipulação de Jogos e Apostas às rádios BandNews FM 90.7, Rede Novabrasil FM e TV Meio, em rede mundial de televisão. Aqui, o roteiro para este dia 6 de agosto de 2024, hoje, terça-feira. Havendo número regimental, declaro aberta a 16ª Reunião da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, criada pelo RQS 158/2024, para apurar, no prazo de 180 dias, fatos relacionados às denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, envolvendo jogadores, dirigentes, árbitros, auxiliares, enfim, empresas de apostas, corruptores e corruptos. |
| R | Havendo quórum, antes de iniciarmos os nossos trabalhos, submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e a aprovação da Ata da 15ª Reunião. Aqueles que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) A ata está aprovada e será publicada no Diário do Senado Federal. A presente reunião, senhoras e senhores, nossos únicos patrões, se destina à apreciação de requerimentos e aos depoimentos do Sr. Anderson Ibrahim, representante da empresa Air Golden, nos termos do Requerimento nº 94/2024, e do Sr. Wesley Cardia, ex-Presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias, nos termos do Requerimento nº 27/2024. Passamos à parte deliberativa da reunião, destinada à votação dos Requerimentos 95 a 100/2024. Caso o Plenário esteja de acordo, votaremos em bloco todos os requerimentos da pauta, que tratam de convites, convocações e pedidos de informações. Aqueles que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovados os Requerimentos nºs 95 a 100/2024. (São os seguintes os itens aprovados: 1ª PARTE ITEM 1 Requerimento Nº 95/2024 Convoca Camila Silva da Motta, na condição de investigada. Autoria: Senador Romário 1ª PARTE ITEM 2 Requerimento Nº 96/2024 Convida Péricles Bassols, ex-árbitro de futebol e integrante da equipe do VAR da CBF, a prestar depoimento em CPI, na qualidade de testemunha. Autoria: Senador Eduardo Girão 1ª PARTE ITEM 3 Requerimento Nº 97/2024 Requer que sejam prestadas, pelo Senhor Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, informações acerca da partida do Campeonato Brasileiro 2024 entre Flamengo e Fortaleza, ocorrida no dia 11/07/2024, às 20h00, no Maracanã-RJ Autoria: Senador Carlos Portinho 1ª PARTE ITEM 4 Requerimento Nº 98/2024 Requer que sejam prestadas, pelo Senhor Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, informações acerca da partida do Campeonato Brasileiro 2024 entre Atlético-MG e São Paulo, ocorrida no dia 11/07/2024, às 21h30, na Arena MRV, em Belo Horizonte-MG. Autoria: Senador Carlos Portinho 1ª PARTE ITEM 5 Requerimento Nº 99/2024 Requeiro o fornecimento de informações pela empresa SPORTRADAR AG, em relação aos alertas de suspeita de manipulação de resultados envolvendo partidas de futebol de campeonatos disputados no Brasil nos anos de 2017, 2018, 2019, 2020e 2021, com suspeita de manipulação Autoria: Senador Carlos Portinho 1ª PARTE ITEM 6 Requerimento Nº 100/2024 Requeiro o fornecimento de informações pela Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD) e pelo Departamento de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em relação aos alertas de suspeita de manipulação de resultados envolvendo partidas de futebol de campeonatos disputados no Brasil nos anos de 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021, com suspeita de manipulação. Autoria: Senador Carlos Portinho) Consulto o Plenário sobre a possibilidade de inclusão extrapauta dos seguintes requerimentos: 1ª PARTE EXTRAPAUTA ITEM 7 REQUERIMENTO DA CPI DA MANIPULAÇÃO DE JOGOS E APOSTAS ESPORTIVAS N° 34, DE 2024 Requer sejam convidadas a comparecer a esta Comissão, a fim de prestar informações sobre como o Estado está se organizando para combater a manipulação das apostas esportivas após a sua regulamentação no Brasil. Autoria: Senador Carlos Portinho (PL/RJ) Requerimento 34/2024, de autoria do Senador carioca Carlos Portinho, que solicita realização de audiência pública sobre como o Estado está se organizando para combater a manipulação das apostas esportivas. 1ª PARTE EXTRAPAUTA ITEM 8 REQUERIMENTO DA CPI DA MANIPULAÇÃO DE JOGOS E APOSTAS ESPORTIVAS N° 79, DE 2024 Requer que seja convidado o Senhor Robinson Sakiyama Barreirinhas, Secretário Especial da Receita Federal do Brasil, a comparecer a esta Comissão, a fim de para prestar informações. Autoria: Senador Carlos Portinho (PL/RJ) Requerimento 79/2024, também de autoria do Senador Carlos Portinho, que convida Robinson Sakiyama Barreirinhas, Secretário Especial da Receita Federal do Brasil, a prestar depoimento nesta CPI, na qualidade de testemunha. (Pausa.) Coloco para aprovação. Aqueles que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.) Portanto, aprovado os requerimentos e também os extrapauta. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Presidente... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pela ordem. É importante... Antes de iniciarmos a primeira oitiva com o Sr. Wesley, Senador querido amigo e exemplar Carlos Portinho, à disposição, por fineza. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Muito obrigado, meu querido Presidente, grande Senador Kajuru, Senador Romário, nosso Relator, saúdo aqui o Senador Girão e todos que nos acompanham. Nesse recesso eu me debrucei sobre muitos dos requerimentos, cujas respostas já foram encaminhadas. Não esgotei ainda, naturalmente, a análise de todos, mas eu trago dois aqui, em especial, porque eu gostaria de dar transparência a esta CPI. E o primeiro deles que me causa alguma perplexidade e eu entendo que... E já fica o meu requerimento para, ao final desta sessão, em deliberação secreta entre nós, nós podermos avaliar que providências tomar. |
| R | Sr. Presidente Kajuru, a CBF mentiu para esta CPI. Ela não falseou, ela mentiu deliberadamente para essa CPI, o que eu lamento muito, porque, inclusive, a resposta por escrito foi assinada pelo Sr. Presidente da CBF, Presidente Ednaldo, e é muito sério isso. Um breve relato. Eu fiz um requerimento, nós ouvimos aqui o Sr. Rômulo Reis, que foi o Oficial de Integridade da CBF. O oficial de integridade, ficou claro, é aquele que justamente recebe os alertas das empresas de monitoramento, no caso a Sportradar. Só no ano de 2023, foram 109 alertas, e nos anos anteriores também - descobrimos nessa CPI, porque isso não foi ventilado na mídia - há outra centena, que justamente está lá para a gente se debruçar a respeito. Mas a minha pergunta foi muito objetiva à CBF: depois do Sr. Rômulo Reis, a partir de 2023, quem foram os oficiais de integridade?; o nome e data de cada nomeação dos oficiais de integridade que atuaram na Confederação Brasileira de Futebol no período mencionado, posterior a 2022; documentação enviada à FIFA referente à nomeação e atuação dos oficiais de integridade mencionados - o Sr. Rômulo Reis disse que a nomeação desses oficiais de integridade tem que ser reportada à FIFA e à Conmebol. Então eu pedi a documentação que teria sido enviada à FIFA, após 2022, para o substituto do Sr. Rômulo Reis -; relação das partidas em que cada oficial de integridade atuou e o referido período. Em breve resumo, a CBF, em papel timbrado - vou deixar à disposição de todos; é documento que está à disposição da CPI -, responde, abro aspas: "esclarece inicialmente que não existe determinação normativa de qualquer natureza que imponha às entidades de administração de futebol a manutenção de pessoas ou mesmo unidades administrativas para que exerçam atividades como oficial de integridade". Depois ela vem dizendo que criou em 2024... Nós soubemos, porque esteve aqui o Sr. Eduardo Gussem, que é o Diretor de Integridade. É um cargo até não exigido pela FIFA, que é a entidade maior do futebol, nem pela Conmebol, mas a CBF se diz na vanguarda por ter criado em 2024. Só que tem um lapso de 2022 a 2024, e nesse lapso, não à toa, 109 alertas de manipulação, e a CBF diz que não existe determinação normativa de qualquer natureza que a obriga a indicar um oficial de integridade. Ela não dá o nome, naturalmente porque não há, isso já está comprovado... Após o Sr. Rômulo Reis, em 2022, até pelo menos o Sr. Gussem, que virou Diretor de Integridade em 2024, não há nenhum nome, nenhuma pessoa indicada como oficial de integridade, e a CBF, para se safar da sua omissão, escreve com todas as letras que não há normativa de qualquer natureza. |
| R | Eu, que sou advogado esportivo, fui lá pesquisar na FIFA se realmente a FIFA exige que seja reportado o nome, se a Conmebol exige que seja reportado o nome de oficial de integridade. Como não há determinação alguma, de qualquer natureza, que obriga a CBF a indicar? E eu fui lá na página, no site oficial da FIFA, e encontrei. Veja que é uma preocupação antiga da FIFA. No que a gente está fazendo agora, já era para ser tomada a atitude de combate e fiscalização de manipulação lá atrás: "Aos membros da FIFA, Circular nº 1.424", da FIFA, papel timbrado, em que ela inicialmente recomenda ações específicas para combater a manipulação de apostas em 2014; estamos em 2024. E ela, manifestando a sua preocupação, já antevendo o problema das apostas, até porque em 2009 houve um grande escândalo na UEFA, ao final escreve, abro aspas: A fim de coordenar outras atividades relacionadas à luta contra a manipulação de jogos, convidamos todas as federações afiliadas [todas afiliadas] à FIFA a informarem à Divisão de Segurança da FIFA qual a pessoa responsável designada pela sua federação para atuar em todas as questões relacionadas à manipulação de partidas (conforme o item 1.3 das recomendações) por meio do e-mail integrity@fifa.org. Então, a Circular 1.424 determina, a convite, mas é uma determinação, e era cumprida até 2022, tanto que o Sr. Rômulo Reis era o oficial de integridade, por muitos anos foi... No item 1.3, da mesma circular, está escrito: Designe um ponto único de contato ("SPOC") As federações deverão nomear um ponto único de contato ("SPOC") como a pessoa responsável (como um inspetor, oficial de inquérito ou inspeções, e/ou o oficial de integridade) que atuará em todas as questões relacionadas à manipulação de jogos. Então, Sr. Presidente, a FIFA está achando... A FIFA, não; a CBF deve estar achando que aqui tem algum neófito. Aqui tem um dos maiores jogadores de futebol do mundo, um dos maiores locutores, jornalistas de futebol do Brasil, um grande Presidente de um clube e um modesto advogado de direito esportivo, que bobo não é, pelo menos sabe ler. Então, como é que a CBF diz que não existe - eu sublinhei -, não existe determinação normativa de qualquer natureza? Como não? E essa circular de 2014, Circular 1.424, da FIFA, que determina que seja informado a ela o nome de um oficial de integridade, que é a pessoa com quem as empresas, a Sportradar, que é contratada da FIFA - da CBF, mas através da FIFA -, vão se comunicar, vão caminhar os alertas, que vai tomar providências com relação a esse alerta. |
| R | Conclusão 1: do período após o Sr. Rômulo Reis, em 2022 até 2024, com o Sr. Gussem - quando entrou, pelo menos -, não houve oficial de integridade, e pelo menos 109 alertas foram enviados pela Sportradar, acusando possível manipulação em partidas que a gente já viu da Série B, Série C e Série D do futebol brasileiro. A CBF está brincando com um assunto sério. E conclusão 2: está brincando com esta CPI. É inadmissível o que o Presidente da CBF, Sr. Ednaldo - por quem eu tenho o maior respeito, mas ninguém aqui é palhaço -, escreveu e botou no papel, não foi de boca, não: que não existe nenhuma obrigação de qualquer natureza. Como não, se a FIFA está aqui, obrigando? Então, mentiu a CBF para esta CPI, o que é grave, e eu peço que, ao final, a gente, em deliberação secreta, discuta esse assunto para que a gente possa tomar providências, mas já consignando ao Relator que, no período de 2023, a CBF não cumpriu obrigação como afiliada à FIFA, e não havia nenhum agente oficial de integridade, o que é gravíssimo para o futebol brasileiro, para os clubes que investem a sério no futebol brasileiro e se sujeitam a pelo menos 109 alertas, sem ter na CBF uma pessoa indicada para atuar. Então, é mentira, está comprovado, e eu espero que, ao final, a gente possa deliberar. Eu tenho mais uma outra questão, mas gostaria de ouvir V. Exa. antes. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Insofismavelmente o assunto é sério, e cabe a nós quatro, ao final da reunião, com a devida independência desta CPI, tomarmos uma providência de como vamos agir diante deste fato que está absolutamente esclarecido, não paira nenhuma dúvida, é documento, perfeito? Então, não tem o que discutir. Senador Eduardo Girão, Vice-Presidente da CPI, outro exímio Senador, atuante, está à disposição para falar. Por fineza. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Pela ordem.) - Obrigado, Sr. Presidente. Quero cumprimentá-lo, cumprimentar também o Senador Romário, Relator desta CPI, que está dando o que falar, porque está fazendo um trabalho sério, está buscando fazer, sem poupar ninguém para buscar a verdade, com todo o respeito que todos merecem. Mas o que traz aqui o Senador Portinho é, ao meu modo de ver, muito grave, porque numa CPI pode acontecer tudo, menos mentira. Então, ele mostrou, comprovou aqui, com documento oficial, que realmente houve uma... Se faltou com a verdade a esta CPI em um assunto que é o tema central desta CPI, que é a manipulação de apostas esportivas. E eu queria ir um pouco além. Eu já me manifestei publicamente, inclusive aqui, Sr. Presidente, que eu achei uma atitude muito ruim da CBF no momento em que nós aprovamos o requerimento para ouvir o atleta Lucas Paquetá, respeitando completamente, sem fazer prejulgamento ao atleta, mas os indícios são graves de manipulação esportiva desse atleta. A CBF não o afastou, resolveu manter o atleta concentrado, e, para mim, nada acontece por acaso, o resultado a gente viu na Copa América: o atleta desconcentrado - normal, ele tinha que estar concentrado na sua defesa. E todo mundo falando sobre o assunto. Acha que o quê? Que vai se botar debaixo do tapete? Acha isso a CBF? Então, o senhor foi tolerante, e eu o admiro, porque nós temos que buscar o equilíbrio. E o senhor disse: "Não, vamos deixar passar a Copa América". O senhor colocou sua opinião, discordava de manter o atleta concentrado, mas já passou a Copa América. Então, que, neste primeiro dia após o recesso, neste primeiro dia após a Copa América, em que nós estamos tendo aqui esta nova sessão da CPI, o senhor possa priorizar o convite ao atleta pra que ele possa explicar essa situação pra gente desses graves indícios que mancham não apenas o esporte, mas também o futebol brasileiro. |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu queria aqui... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Concordo plenamente, Senador Eduardo Girão. E a nossa assessoria já têm conhecimento da minha posição, como Presidente da CPI, e da posição do nosso Relator, o histórico Senador Romário. É evidente que talvez ele prefira por videoconferência, em função de morar na Inglaterra. O que importa é ele ser ouvido. Não há como não ouvir, não há nada pessoal aqui, nada "pessoento", apenas que se esclareça... E ninguém aqui está condenando o jogador Paquetá de forma alguma. Pois não, Senador Portinho. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Eu queria dar sequência também a outro requerimento e outra resposta da CBF. Foi requerido à CBF que informasse, naquelas duas partidas em que John Textor acusou um alerta, um indício de possível manipulação... Nós o ouvimos aqui. Foi a partida Botafogo e Palmeiras no dia 1º de novembro de 2023 e a partida Palmeiras e Vasco no dia 27 de agosto de 2023: Palmeiras e Vasco, a questão da linha do impedimento; e Botafogo e Palmeiras, a expulsão do Adryelson. Eu pedi, em requerimento, que fosse informado, Senador Romário, pela CBF, qual o nome do observador do VAR. A gente aprendeu que, na cabine, além do VAR 1, do VAR 2, do AVAR, tem um observador e um gerente de qualidade chamado quality manager. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - São cinco, não é? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E nós pedimos aqui, por requerimento, à CBF que informasse o nome do observador do VAR e o do quality manager que atuaram nessas duas partidas, que são chave, inclusive, dessa denúncia que motivou a abertura desta CPI. A CBF respondeu pela metade. Na verdade, ela respondeu que tinha, e - pasmem -, nessas duas partidas, o observador do VAR foi o Sr. Giuliano Bozzano, nas duas, por acaso. E não havia quality manager, ou seja, gerente de qualidade, nessas duas partidas, porque a CBF só trouxe aqui o nome do observador e ela diz: "Por isso, encaminham-se abaixo os dados pessoais do observador VAR e quality manager das partidas entre Palmeiras e Vasco, 27 de agosto, e Botafogo e Palmeiras, 1º de novembro de 2023, válidas pelo Campeonato da Série A de 2023. Observador do VAR, Giuliano Bozzano". Ou seja, para o nosso Relator constar do relatório: não havia quality manager nesses dois jogos denunciados, acusados, com alerta, vamos dizer assim, com indícios de manipulação pelo Sr. John Textor. Fica o registro. Terceiro, foi requerido por mim que encaminhassem o mapa das câmaras das partidas Athletico Paranaense e Flamengo do dia 16 de junho de 2024 e de um outro jogo que eu já pego aqui... Perdão, já pego aqui. E eu fui ver o mapa de câmera. |
| R | Eu fiquei interessado na exposição que foi feita aqui na última audiência, e a gente inclusive viu o Manoel Serapião, pai do VAR, trazer aqui um lance da Série C, em que estavam marcando a linha de impedimento - vocês se lembram - e no meio eu falei: "Poxa, já não dá para enxergar mais nada!", porque o cara aumenta a resolução e perde qualidade na resolução, dá o zoom e perde qualidade. Estavam traçando, na Série C, uma linha de impedimento espírita, porque era impossível. Mas vamos considerar, aquilo era a Série C. Aí, por acaso, esse jogo do Flamengo e Atlético Paranaense foi um jogo polêmico. E do outro jogo - eu não estou aqui agora à mão, mas também foi um outro jogo polêmico - eu pedi um mapa de câmeras. Está aqui o mapa, está à disposição de todos, como a resposta oficial da CBF. Senador Kajuru, é muito sério, e a gente está levantando uma lama aqui nesta CPI. Nenhuma das câmeras, com exceção da câmara da linha do gol - e essa da linha do gol é da CBF, ela compra e ela coloca; das outras, a CBF se vale de quem estiver transmitindo a partida, qualquer um -, as outras câmeras não têm resolução 4K. Todas as câmeras da Série A do futebol brasileiro... Eu estou pegando por amostragem desses dois, duas partidas que valiam liderança, certamente, no campeonato, não era um joguinho da Série B, Série C. Todas as câmeras têm apenas a resolução HD. Essa semana - eu até vou convidá-lo aqui -, o árbitro conceituado, Alfredo Loebeling, fez uma denúncia. Eu quero trazê-lo aqui - a gente vai fazer um requerimento, Senador Romário -, porque ele diz que o VAR comprado pela CBF é o mais barato, o software não é o mesmo usado na Premier League. Estão fazendo economia de porco, com todo o respeito. E isso se confirma, porque não é só o software que é o mais barato. A qualidade das imagens, a resolução não é suficiente, não é a mais avançada e não é suficiente para você ver, na hora em que você amplia uma imagem e vai traçar uma linha de impedimento, se o ombro é um ombro, porque há um blur. Acho que você, Senador Kajuru, com todo o respeito, deve enxergar melhor do que as câmeras HD das transmissões, porque, na hora que aproxima, não dá para você ter a certeza. Isso aconteceu na partida também de Palmeiras e Vasco. Aquela discussão sobre a linha, que o Textor trouxe, aconteceu no jogo da Série C, que a gente viu. Impossível! Coitado do Romário, lá na Série D. Não quero nem ver do que é a câmera, deve ser de rolo. (Risos.) Mas isso é muito sério, porque vocês viram que o corner que o Arrascaeta bateu ocasionou um gol, que foi anulado, algumas rodadas atrás, e mandaram voltar; ou seja, o VAR já se meteu no que não é óbvio, aquele lance não era óbvio. Nem eles conseguiam chegar à conclusão na cabine do VAR, e eles afirmaram que o Arrascaeta deu dois toques na bola. Para mim, ele chutou a perna, mas não dava nem para ver, porque, na hora em que você amplia o zoom da imagem, fica nebuloso. E é assim que estão sendo tomadas as decisões do VAR no Campeonato Brasileiro! Acordem, clubes de futebol do Campeonato Brasileiro! Estão ameaçando o produto. Isso é uma ameaça ao produto. A negação de que tudo isso está acontecendo é uma ameaça ao produto futebol, à integridade do resultado esportivo, vira discussão de mesa de bar dentro de uma cabine do VAR, porque a gente está vendo que não só, parece, o software não é o mais atualizado, como é na Premier League, como as câmeras não são com resolução 4K. E a gente está adivinhando a interpretação de lances, afastando o que é óbvio e discutindo sobre o que é duvidoso. |
| R | E, por isso, como você disse, Senador Kajuru, ao contrário - deveria ser a menor interferência e o maior proveito ao futebol -, é a maior interferência e o pior proveito ao futebol. É muito sério. O descaso que a gente está revelando da instituição CBF, com manipulação de resultado, com a ausência de oficial de integridade, com a ausência de quality manager nas partidas e com a ausência de uma câmera com alta resolução, que deveria ser a preocupação primeira dela... Ela deveria ter, no mínimo, seu equipamento - paciência! - vezes o número de jogos. Vai ter que investir, sim, ou então não usa o VAR, porque ele está atrapalhando, está prejudicando o futebol brasileiro. Está comprovado aqui. E eu peço, Senador Romário, que essa questão também - até à sua assessoria - possa constar do relatório, porque está provado que a qualidade da resolução da imagem importa na decisão do VAR, ou melhor - o que deveria ser -, do árbitro de campo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Presidente, rapidamente... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Apenas, Senador Girão, para corroborar - o Senador Portinho se lembra, o senhor também estava aqui, o Senador Romário, Relator, também -, eu fui ver as câmeras. E se lembram que eu dei... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Disso você entende. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Porque, modéstia à parte, são 50 anos de televisão em carreira nacional. E eu fiquei pasmo, porque um cinegrafista da TV Globo, meu amigo, falou: "Kajuru, as suas câmeras, no seu programa com a Leila do Vôlei de entrevistas, são altamente superiores". Eu jamais imaginava que a câmera não tivesse qualidade, porque isso é uma câmera que eu uso para entrevista cara a cara. Romário já foi entrevistado. Agora, você imagina uma imagem para um jogo de futebol? Porque a câmera fica na tribuna, fica atrás de um gol. Pois não, Senador Girão. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Pela ordem.) - Não, em primeiro lugar, eu queria apenas fazer uma correção aqui para o meu amigo, com todo o respeito a ele, meu amigo Senador Carlos Portinho, porque, quando ele fala aí "economia de porco", alguém que torça pelo porco lá em São Paulo... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Não... (Risos.) O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... pode estar achando: "Então, a gente tem que mudar o animal aí". O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, não, pelo amor de Deus. Isso nunca passou... (Risos.) O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas eu queria apenas dizer, meu querido Senador Presidente desta Comissão, Jorge Kajuru: nós estamos no Senado da República do Brasil e nós sabemos que um dos grandes patrimônios nosso é o futebol. É o primeiro esporte do brasileiro. Somos pentacampeões! E fazer economia de câmera? Tu estás de brincadeira. Com todo o respeito aos demais países, o melhor futebol do mundo, nato, é o nosso. Os clubes aí, deslanchando nas competições onde jogam. Está fazendo a entidade máxima do futebol economia de câmera? Isso é uma coisa que me surpreende como um desportista, como uma pessoa que gosta de fazer, de praticar esporte e de assistir. Ontem eu fiquei, até de madrugada, assistindo ao meu Fortaleza. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu também. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E, Presidente, até agora, eu digo pro senhor: o senhor está de parabéns. Eu quero repetir - uma coisa quando é bem feita, a gente tem que estar sendo justo -: o senhor está colocando todos os requerimentos pra votar. E hoje o senhor colocou um que não deu tempo de a gente votar antes, porque foi ali no período do recesso, de um lance escandaloso que mostra que as imagens continuam... Cada vez que a gente puxa isso, está deixando claro que essa CPI está cumprindo o papel, escancarando que não temos transparência nas imagens que são mostradas para o público e para os próprios árbitros dentro do campo. |
| R | Continua, agora, no Campeonato de Futebol Brasileiro, agora, Série A, no jogo entre o São Paulo e o Atlético Mineiro, naquele lance do jogador Paulinho, do time mineiro, envolvendo ele, que mudou completamente o resultado da partida. O ângulo que mostrava o lance não foi mostrado nem para o público e nem, pelo que se pôde notar, para o árbitro do campo, assim como no jogo Flamengo e Fortaleza também, em um lance, lá no Maracanã, 34 minutos do primeiro tempo, onde o Pedro recebeu uma entrada na área, avançou em direção ao gol, ele ensaiou a finalização e caiu após suposto contato com Pedro Augusto, que é do Fortaleza. Isso gerou uma repercussão nacional, porque também pelas imagens não foi mostrado o toque. Então, será que tem outra imagem que não foi mostrada? Por isso que o senhor aprovou aqui - e eu quero lhe agradecer -, nós aprovamos, esse requerimento para que a gente possa ouvir com muito respeito exatamente os integrantes, principalmente aqui o árbitro Péricles Bassols, ex-árbitro de campo e atual integrante da equipe de arbitragem do VAR, para que ele possa explicar para a gente exatamente se isso vai continuar acontecendo no futebol brasileiro, porque, em meio a tantas denúncias de manipulação e tudo, a gente precisa fazer o dever de casa, o feijão com arroz, o básico. E o VAR eu acredito que seja importante para o futebol. Eu tive até, no primeiro momento, assim: poxa, mas isso aí vai atrasar... a vibração do... Mas é justo se for aplicado corretamente, com tecnologia alta... (Intervenção fora do microfone.) O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... que é o que o Brasil merece, que é o que o futebol brasileiro merece. Então, Presidente, parabéns mais uma vez! O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Que isso! É nossa obrigação, Senador Eduardo Girão. Apenas para comunicar à opinião pública brasileira, especialmente à sociedade do futebol, que a nossa CPI terá a prorrogação de mais 30 dias. O Presidente do Congresso Nacional e deste Senado, Rodrigo Pacheco, foi compreensivo de entender a situação do Rio Grande do Sul, que fez com que a gente adiasse algumas reuniões, também a questão do recesso parlamentar e, pela expressão lá de Cajuru, no interior de São Paulo, de mamãe, pela fartura de novas denúncias que estão chegando e de acontecimentos. Eu não sei se aconteceu com o seu glorioso América, Presidente Romário, mas eu tenho visto que este Campeonato Brasileiro, para concluir essa abertura de pauta extra, esses assuntos... Eu nunca vi antes tantos gols nos acréscimos. É uma coisa impressionante! E o que está acontecendo em alguns jogos, que eu vou apresentar a vocês aqui na nossa reunião de amanhã? Mais uma vez essa CPI mostra a diferença dela no que tange à vontade de trabalhar: duas reuniões por semana - perfeito? -, nós que já fizemos reuniões até nas segundas-feiras. Gente, o juiz aponta sete minutos de acréscimo. O que que ocorre? Ele passa mais três minutos, e um time vai e faz um gol: 2 a 1. Isso é muito grave. Essa Comissão de Arbitragem da CBF, pra mim, francamente... |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Qual o critério? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Qual o critério? Pra mim ela é a pior dos últimos tempos, porque é um erro atrás do outro. Porque um acréscimo que não é obedecido... Se o torcedor no estádio viu que tem mais sete minutos, por que que o árbitro dá mais dez? Dá mais 12? Isso para um time de futebol é um prejuízo enorme; lá na frente, na última rodada, ele vai sentir a falta que fizeram os dois, três pontos perdidos num jogo de futebol. Bem, a Comissão foi notificada - aqui é um esclarecimento - da decisão do Ministro Flávio Dino, em medida cautelar, no Habeas Corpus nº 244.362/DF, que deferiu o pedido da defesa e garante ao Sr. Wesley Cardia, em sua inquirição perante esta CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas - aspas -: "a) o direito ao silêncio, ou seja, de não responder, querendo, a perguntas a ele dirigidas; b) o direito de não ser submetido ao compromisso de dizer a verdade ou de subscrever termos com esse conteúdo; c) o direito à assistência por advogado durante o ato; e d) o direito de não sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício dos direitos anteriores". Passamos agora, então, à oitiva e pedimos a sua presença aqui na mesa, do Sr. Wesley Cardia. Sabemos respeitar lei, mas devemos apenas lembrar, como bem orientou juridicamente, na CPI da Covid, o Ministro Luiz Fux, quando concedeu um habeas corpus - eu não sei se os senhores estão lembrados -, Fux disse o seguinte: que há limites no que tange ao silêncio; ou seja, eu poderei fazer um alerta se começar a ter abuso do silêncio em relação às perguntas, que serão iniciadas, evidentemente, pelo Relator desta CPI, o histórico homem público Romário, em todos os sentidos. Portanto, esperamos que isto não aconteça. Seja bem-vindo, Sr. Wesley. E eu, de imediato, passo a palavra ao Relator para o início desta oitiva, Romário Souza Faria, mais uma vez deixando aqui a sua marca histórica como homem público em mais uma CPI. Irmão, com a palavra. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Boa tarde a todos. Boa tarde, Presidente, meu irmão Kajuru; Senadores, amigos e irmãos também, Portinho e Eduardo Girão. Agradeço a presença aqui do Sr. Wesley Cardia. Só para registrar aqui, amigo Portinho, em relação à nossa relatoria, pode ter certeza absoluta, tudo que for importante e relevante, assim como esses dados que vieram aqui sendo colocados por V. Exa., pode ter certeza que a gente colocará lá. Nada vai escapar. A princípio essa é a nossa ideia, também com a ajuda de V. Exa. nessa relatoria. |
| R | Eu apenas quero dar de novo as boas-vindas ao Sr. Wesley Cardia e dizer que eu, particularmente, tenho algumas perguntas aqui que talvez não impliquem no silêncio e gostaria muito que o senhor respondesse, mas respeito. O senhor está no seu direito. Fique à vontade. Seja bem-vindo a esta Casa. O SR. WESLEY CARDIA (Para depor.) - Senadores, obrigado pela oportunidade. De verdade, agradeço por estar aqui, principalmente por estar na presença de dois Senadores que foram tão importantes para que a gente tivesse a melhor lei possível, que é o Senador Portinho, que trouxe uma das colaborações mais importantes da lei, aonde exige a foto de todo jogador para que não aconteça, Senador, aquilo que acontece muito. Nas casas em que o pai tem o seu controle para entrar numa determinada casa de apostas, e aí o filho vai lá, pede a foto, vê que não é e tranca. Então parabéns, muito obrigado pela contribuição, Senador. O outro, o Senador Girão, com quem nós estivemos mais de uma vez. E a outra associação, o IBJR, também conversou com o senhor várias vezes, aonde o senhor faz contribuições fantásticas, acho que com cinco emendas, Senador. Estou certo? (Intervenção fora do microfone.) O SR. WESLEY CARDIA - Cinco emendas aprovadas, justamente tratando dos controles para que as pessoas tenham a melhor interação e para que se protejam aquelas pessoas que não têm condições de discernir o momento de parar, quem pode e quem não pode jogar. Então, também eu quero cumprimentá-lo, porque isso tudo faz dessa atividade uma atividade mais regrada, portanto mais afeita ao bom trabalho. Eu fiz uma apresentação muito rápida, Senador Romário e Senador Kajuru. Posso fazer? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pode, com todo o direito, no prazo de dez minutos. Pode ser? O SR. WESLEY CARDIA - Sim, senhor. O senhor que manda. Obrigado. Por gentileza. É bem rápida. Vai surgir lá? Se eu não enxergar, eu tenho aqui. Vamos lá. Eu fiz aqui um apanhado, Senadores e senhoras e senhores, da legislação que foi promulgada desde 2018, lá no Governo Temer, com a 13.756, depois a 14.790 no finalzinho de 2023, aonde traz um dos regramentos que é fundamental para esta CPI, que é a instituição de regramentos para o funcionamento das casas de apostas esportivas e jogos online, aonde as empresas têm que estar ligadas a órgãos internacionais de controle. Aparece aqui, eu mencionei a IC360, uma empresa americana, a Sportradar, que já esteve aqui, a Stats Performance e a Genius/IBIA. Aliás, sobre a IBIA, Senador Portinho, eles lançaram semana passada um relatório primoroso - que, se o senhor me permitir, eu vou passar às suas mãos depois, ou a todos os Senadores, se me permitem -, aonde traz informações preciosas justamente sobre o tema desta CPI, que é a manipulação de resultados. Aonde acontece, aonde acontece mais, em quais esportes. Claro que infelizmente o futebol é o mais visado, porque o futebol é o que mexe com as maiores quantias. No Brasil, o futebol representa, sozinho, mais de 90% do mercado esportivo. Não estou falando de bets, eu estou falando de mercado esportivo, de publicidade, de direitos de transmissão, etc., etc. Mas esse relatório é primoroso. (Intervenção fora do microfone.) |
| R | Vou lhe passar. Obrigado. Vou passar aos senhores. Próxima. Os senhores todos já têm isso certamente, mas eu vou falar aqui que tem a portaria de pré-credenciamento, que foi, ainda no ano de 2023, feita antes de ser Secretaria, quando era assessoria, em que ela traz os primeiros elementos de condições gerais de operação, as primeiras normas contra a lavagem de dinheiro - só as primeiras -, direitos e deveres de jogadores e normas de jogo responsável. A partir dessa portaria, foi aberta a porta para que as empresas fizessem um pré-licenciamento. O pré-licenciamento é para dizer: "Sim, eu tenho interesse. Quando houver o regramento, eu quero pedir licença". E 134 pediram essa pré-licença. Por favor. Eu estou correndo aqui, porque o Senador Kajuru vai me dar um... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Fique tranquilo. O SR. WESLEY CARDIA - ... um beliscão aqui. Essa é outra portaria fundamental. Por que eu digo que é fundamental? Porque cada uma das empresas terá que ter contratado um grande laboratório internacional que possa fazer a aferição dos jogos que estão sendo colocados à disposição do público. Eu não posso criar um joguinho lá, botar e fazer com que as pessoas joguem. Não! Tem que ser um jogo que tenha passado pela aferição dessas empresas. Estas cinco já pediram licença ao Governo brasileiro e foram credenciadas pelo Governo brasileiro para atuarem junto às plataformas e aos operadores. Sem o contrato com uma dessas cinco empresas, não se pode pedir licença ao Ministério da Fazenda. Próximo. Meios de pagamento: essa eu acho que é a grande revolução. Por que é a grande revolução? Porque, hoje, como é feito o jogo? Passa por qualquer Pix de qualquer lugar. O cara bota uma empresinha lá no bairro e faz um acordo com o cara da padaria, e o cara da padaria, que recebe o Pix, repassa o dinheiro pra ele, e assim vai. Acabou isso. Isso acaba com essa portaria, porque o Pix é exclusivamente de entidades financeiras credenciadas junto ao Banco Central, e quem faz o Pix para a casa de apostas tem que ser a pessoa que recebe o valor quando ganha. Isso muda radicalmente o mercado, porque, hoje, o Senador Kajuru aposta, eu retiro, aí mando pro Dr. André, e a Dra. Marília recebe. Não pode. Perde-se completamente o controle disso em termos fiscais. Então, essa portaria também é fundamental. Próximo, por favor. Vou ficar sem voz, porque eu não tenho hábito de falar tanto, Senador Kajuru. Não sou como o senhor que fala por três horas... Requisitos técnicos e de segurança dos sistemas de aposta: ele deve fornecer as movimentações realizadas pelos apostadores, identificar tentativas de fraude, possibilitar a geolocalização do apostador e manter todos os dados gravados dos últimos cinco anos. Com isso, cria a rastreabilidade para que se possa ir atrás daquele jogador e ter a certeza de que foi ele que pagou, que recebeu, que fez a aposta. Próxima. Essa é a portaria mais abrangente de todas, é a maior. Eu tenho todas elas impressas aqui, Senador Kajuru, caso precise recorrer a alguma coisa na hora de alguma pergunta que os senhores venham a fazer. Essa é a mais abrangente, porque ela cria todas as regras de quem pode operar jogos no Brasil, estabelece valores pelas licenças, paradigmas para as empresas, sócios e beneficiários. |
| R | Um ponto importante aqui: as exigências feitas às empresas, Senador Portinho, são mais sérias, são mais apuradas do que as exigências para abrir uma instituição financeira no Brasil. É inacreditável. Eles foram tão a fundo, tão a fundo no Ministério da Fazenda, que se corre, por um lado, o risco do overruling, de regramento em excesso. Isso é um perigo. Eu posso explicar por que depois. Mas ela foi muito, muito severa. Próximo, por favor. (Pausa.) Não vai me dizer que trancou... Travou. Eu sigo aqui... Foi! Lavagem de dinheiro. Ainda hoje de manhã, eu discutia com a Dra. Marília, que é uma especialista no tema justamente sobre lavagem de dinheiro, é a tese de doutorado dela. O Dr. André também tem vários livros escritos sobre isso. E essa portaria vai no âmago, vai no fundo. Ela cria todos os controles possíveis que o Governo brasileiro pode ter para que esse dinheiro não tome outro caminho. Então, isso é fundamental, porque não é a segurança, quando diz "ah, mas é a segurança do Estado brasileiro". Não é só a segurança do Estado, Senador Girão. É a segurança do apostador, daquele que está brincando, daquele que quer ir lá fazer a sua apostinha no jogo do Flamengo, no jogo do Fortaleza. É a segurança do sistema tributário brasileiro e é a segurança do operador. Próximo, por favor. Essas portarias aqui, a partir desse momento, foram publicadas na semana passada. Algumas na segunda-feira, depois terça e quarta-feira. São as últimas portarias, e elas tratam dos requisitos técnicos dos jogos online e dos estúdios de jogos ao vivo a serem observados pelos operadores, mais uma vez, demonstrando que não pode sair pegando qualquer coisa que tenha no mercado. Não! Tem que ser controlado, tem que passar por todos os crivos, tem que ter a certeza de que o montante da tal do odd que for programado é aquele que ele vai receber. A 1.212 estabelece os procedimentos para as destinações do produto da arrecadação da loteria. O que significa isso? Aqueles valores da lei que os senhores criaram, da 14.790, onde diz que X por cento vai para isso, X por cento vai para aquilo, há uma regra geral sobre isso. Se não me falha a memória, acho que só falta um, que são os requisitos referentes ao que trata o Ministério dos Esportes, que virá numa outra portaria. Estou certo, Senador Portinho? (Pausa.) Obrigado. A 1.231, as diretrizes para o jogo responsável - aí o Senador Girão tem um interesse especial nisso -, eu acho uma das mais bonitas porque exerce um... (Soa a campainha.) O SR. WESLEY CARDIA - ... controle... De novo, desculpe-me. Posso continuar mais um pouquinho? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Pode. O SR. WESLEY CARDIA - Obrigado. ... direitos e deveres de apostadores e de agentes a serem observados na exploração comercial das modalidades. Acaba aquele negócio do influencer que faz qualquer coisa, diz qualquer bobagem, para não dizer um palavrão aqui, e os incautos seguem. Acabou! Isso não pode! Não tem condições de acontecer! O Senador Girão... Eu espero que o senhor já tenha lido, Senador; se não, eu arranco aqui e lhe dou para ler, porque atende muito das suas preocupações. Próxima, por favor. A Portaria 1.233, o regime sancionador no âmbito de exploração comercial da modalidade lotérica de apostas de cota fixa, essa é menos interessante. |
| R | Próximo, por favor. (Pausa.) Por favor, pode passar? Eu fiz aqui um comparativo do jogo regulamentado versus jogo ilegal. Eu canso de ouvir, canso de ouvir: "Ah, mas não sei o quê!". É porque não é regulamentado. Essas 11 portarias que foram apresentadas regulam de tal forma, com o meu receio de um overruling, que é quando acontece, Senador Kajuru, um excesso de regramento, como foi feito agora na Alemanha... Criaram mais regras, mais regras, e o que é que aconteceu? Explodiu o jogo ilegal, porque ele tolheu de tal forma a operação legal que a operação ilegal cresceu. Vou lhe dar outro exemplo, e aí um exemplo de que o Senador Girão vai gostar. Na Itália, não pode fazer qualquer tipo de publicidade. O que é que aconteceu? Como é que eu, incauto, vou saber que a bet A é legalizada, é regulamentada, segue todas as regras, e a bet B não? Como eu não sei qual é qual, onde é que eu jogo? Na que dá o melhor prêmio, porque, como a legalizada dá menos prêmio por ter que pagar impostos, a ilegal dá um prêmio maior, e migram para lá. Então, esse é o grande problema que a Itália enfrenta, esta regra de não poder fazer publicidade, que é um erro fatal. Nós temos que mostrar quem é correto e quem não é correto. Segue, por favor. O primeiro quadro ali. O regulamentado paga imposto, e o jogo ilegal não paga imposto. Paga 30 milhões pela licença, o outro não paga nada e continua atuando. Se quebrar as regras, perde a licença; o outro faz o que bem entende. Tributa quem ganha acima de R$2.112; o outro não tributa ninguém. Impossível usar para lavagem de dinheiro; o outro é canal de lavagem de dinheiro. Vetadas as apostas por menores de idade; na outra, aposta quem quer, e, se tiver dez, doze anos, pode apostar. Publicidade atende às normas padrões do Conar e dessa portaria que saiu semana passada; a outra faz publicidade enganosa. Prevenção ao uso por ludopatas, tem aqui uma série de medidas em que tem que haver, a casa tem que se responsabilizar por isso, não é o Estado, a casa tem que estar atenta para que o ludopata possa dizer "não quero mais jogar, cancela minha inscrição ou cancelem todas as inscrições em todas as casas onde eu aposto", isso tem que acontecer imediatamente; na outra, não tem prevenção nenhuma. Garantia do pagamento de prêmios, hoje a garantia é zero tanto é que determinadas casas atingem determinado montante depositado e somem no mercado. Sede e diretoria registradas no Ministério da Fazenda no Brasil; na outra, ninguém sabe quem é o dono. Cumpre legislação antiterrorismo; na outra, não tem esse compromisso. Cumpre legislação contra lavagem de dinheiro; na outra, não tem compromisso. Multa por falhas e erros; a outra não pode ser punida, ninguém sabe quem é. Escrutínio permanente do Ministério da Fazenda; a outra, sem qualquer chance de controle. Próxima lâmina. Eu estou correndo para não ser advertido. No jogo regulamentado, o CPF que aposta saca; no jogo ilegal, o CPF aposta, e o outro pode sacar. O CPF do jogo regulamentado é registrado a cada operação; o outro não tem controle de CPF. O apostador do jogo regulamentado é conhecido pelo que se chama de KYC (know your customer), tem que saber tudo desse sujeito, até para saber se ele está jogando mais do que a capacidade financeira dele permite: "Opa, esse cara tem problema, vou segurar esse cara por 1 dia, 30, 90 dias"; no outro, não há. O CPF tem que bater com a face - sua emenda -; no outro, não tem reconhecimento facial, reconhecimento capilar, reconhecimento de qualquer coisa. Num, a intenção é que seja basicamente entretenimento; no outro, é usado como incentivo ao uso de meio de vida, o que nós abominamos. Pagamento somente por Pix; o outro aceita cartão de crédito... Como é que se chama a moeda aquela... |
| R | O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Bitcoin. O SR. WESLEY CARDIA - Bitcoin, etc. Somente via bancos registrados no BC; o outro aceita qualquer meio de pagamento. E serão menos de cem. Na minha opinião, serão menos de cem casas operando, enquanto hoje eu escrevo 5 mil sites, Senadores, mas não é. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - No Brasil? O SR. WESLEY CARDIA - São mais de 10 mil. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Operando no Brasil? O SR. WESLEY CARDIA - Operando no Brasil. Por favor, a próxima. Eu gostaria de que assistissem a isso, que eu acho primoroso para ilustrar esse nosso encontro. (Pausa.) Opa, por favor. Assim como essa, e eu trouxe essa porque ela é... ela chega a ser quase engraçada... Tem som? (Procede-se à exibição de vídeo.) O SR. WESLEY CARDIA - Pode parar por aqui. Obrigado. Senhores, não é o único. Se os senhores olharem na internet, tem dezenas oferecendo esse tipo de serviço. Tem um site, tem uma empresa no Estado de Pernambuco que tem mais de mil sites que ela atende - mais de mil sites. Os meninos se reúnem numa festa; ao final da festa - pode apagar, por favor - dizem: "Vamos fazer uma bet?". E aí ligam para um sujeito, para uma senhora dessas e fazem a sua bet. E isto esculhamba o mercado. Então, enquanto nós não regulamentarmos, enquanto não chegar o dia 1º de janeiro, quando só poderão operar as bets que aceitem toda a regulamentação e cumpram toda a regulamentação, nós vamos continuar tendo casos como esse, Senadores. E isso, nós... Não posso falar mais nós, porque eu não faço parte da entidade, mas as entidades que representam as maiores bets do Brasil são veementes na defesa desse... que se acabe com esse tipo de coisa. Senador Girão, só com uma boa regulamentação. Esse é o nosso caminho. Obrigado, Senador Kajuru. Eu me coloco à disposição dos senhores. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito, Sr. Wesley. Voltamos, então, a palavra ao Relator Romário de Souza Faria, com as suas sempre qualificadíssimas perguntas e questionamentos. À vontade, irmão. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Sr. Wesley, pela sua explanação bem interessante. Nos últimos anos, nós tivemos, no Brasil, pelo menos seis grandes operações policiais, conduzidas pelo Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Federal, para desbaratar quadrilhas especializadas na manipulação das apostas. As denúncias que levaram a essas operações tiveram como origem, em grande parte, os relatórios da empresa Sportradar, e, no caso, foi o Presidente do Vila Nova, Hugo Bravo, que virá a esta CPI amanhã, que fez a denúncia. |
| R | Em nenhum caso, a denúncia partiu de casa de aposta. É de se estranhar que as casas de aposta, que têm acesso a todas as informações de apostas e apostadores, não tenham tido um papel ativo, e, por isso, eu pergunto: as casas de apostas não sabem o que acontece em suas plataformas ou elas não comunicam os crimes de que têm notícia? Qual é o compromisso que essas empresas têm com o jogo limpo e com o combate à manipulação? Essas duas são minhas primeiras perguntas. O SR. WESLEY CARDIA - Obrigado, Senador Romário. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Antes da sua resposta, só, rapidamente, um registro prazeroso aqui: a maior audiência de Minas Gerais, a rede Itatiaia, de rádio, também está cobrindo nossa reunião. Muito obrigado. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Senador Kajuru, só um pequeno aparte. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Eu vou acompanhar pelo sistema, e lá... Porque eu tenho uma reunião sobre a PEC 66 com o Governo, mas, quando o Girão for o último e acabar de falar, eu venho, que eu tenho algumas questões e vou estar acompanhando. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito, Portinho. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sr. Wesley: a pergunta de Romário. O SR. WESLEY CARDIA (Para depor.) - Senador Romário, antes disso, eu queria ter trazido aqui hoje uma bola que o senhor me deu após um jogo no Barcelona, onde fui convidado a assistir ao jogo pelo seu técnico, o Cruijff, à época, e o senhor me deu uma bola, na sala da Presidência, autografada. Só que essa bola, Senador, que está intacta, mas uma funcionária, lá em casa, achou que estava riscada e apagou o seu nome. Mal dá para ler. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Tem que trazer, para eu assinar de novo. O SR. WESLEY CARDIA - Eu quero trazer, para o senhor assinar de novo. Não quis trazer hoje, para não constrangê-lo, mas eu quero fazer isso. Obrigado, Senador. Bem... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor tomou bola nas costas da sua empregada então. (Risos.) O SR. WESLEY CARDIA - Mais ou menos. Senadores, Senador Romário... Sim, as casas de apostas que são filiadas - todas elas - às grandes casas ou às casas que têm representação nas duas entidades reportam, quando percebem alguma coisa, imediatamente à Sportradar, à Ibia, às empresas que fazem esse tipo de coisa. Talvez algum dos casos que a Sportradar tenha documentado, tenha trazido à tona, tenha sido divulgado, tenha sido levado ao conhecimento da Sportradar pela própria empresa. Não dá para fazer o controle do cara que ganhou R$20, não sei... Não dá. Mas, como são esses casos grandes, como esse do Lucas Paquetá, esses é óbvio que aparecem, e elas imediatamente entram em contado com a Sportradar, com a Ibia, com todas essas empresas que fazem com a IC360. O senhor tem que levar em conta, Senador, que essas empresas não têm ou não tinham - não têm ainda - representação no Brasil. Agora que estão abrindo. São empresas estrangeiras e talvez não soubessem o melhor caminho, a não ser através das agências de controle, como Sportradar, Ibia, IC360, para fazer essas comunicações. Mas aí eu trago um outro problema, Senador: as casas de apostas são as mais interessadas nesta CPI. São as mais interessadas nos resultados daqui, porque são as casas de apostas, Senador Romário, que pagam o pato. Quem paga o pato não é, como estava explicando aqui o Senador Portinho, o VAR, o quarto juiz, o quality manager - não sei como é que se chama o cara do VAR... Quem leva, quem paga o pato é justamente a empresa, porque é quem paga a aposta fraudulenta. |
| R | Então, as empresas têm total interesse no resultado dessa CPI e na qualificação de sistemas. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O senhor... Aqui esteve um promotor... O SR. WESLEY CARDIA - Sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Procurador. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Procurador de Goiás. O SR. WESLEY CARDIA - Procurador de Goiás. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Senhor... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Lauro. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... Lauro, que, em relação a essas empresas, usou a seguinte frase: "São empresas que têm conhecimento das fraudes, mas não têm interesse de divulgar ou de anunciar isso". Por que seria? O SR. WESLEY CARDIA - Desculpa, Senador... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Estou falando do Promotor que foi um dos primeiros a começar a abrir processo em relação a essas fraudes. O SR. WESLEY CARDIA - Perfeito. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ou seja, é uma opinião bem diferente da do senhor. O SR. WESLEY CARDIA - Tá! O.k. Talvez não tanto. Eu vou até onde o meu conhecimento... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Como não tanto? O senhor está dizendo que eles têm interesse... O SR. WESLEY CARDIA - Sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... e eles falam que não têm interesse. É bastante, é oposto, 100%. O SR. WESLEY CARDIA - O senhor vai entender agora através da minha resposta. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Certo. O SR. WESLEY CARDIA - Provavelmente - e eu não sei quais são as casas - algumas dessas casas não querem aparecer em lugar nenhum, porque são casas que não têm o menor interesse em que saibam que elas existem, a não ser os jogadores. As casas grandes que contam com sistemas de controle comunicam imediatamente às suas agências de controle. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sobre esses comunicados dessas casas de apostas a essas agências, essa CPI pode pedir documentos e a gente terá esses documentos aqui, através dessas evidências? O SR. WESLEY CARDIA - Boa pergunta, Senador. Eu não posso falar em nome das casas de apostas, mas isso pode ser... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, não! Não é das casas de apostas; estou perguntando se as empresas que trabalham com essas casas de apostas podem fornecer a essa CPI esses documentos... O SR. WESLEY CARDIA - Acredito que sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... de que elas... O SR. WESLEY CARDIA - Não posso falar em nome delas, Senador, mas acredito que sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Houve uma manipulação e elas denunciaram, porque até hoje, neste momento da CPI, não apareceu nenhuma casa de apostas ou nenhuma empresa, como a Sportradar, que apresentou aqui algum documento de que essas casas de apostas realmente fazem a denúncia. Só para o senhor entender. O SR. WESLEY CARDIA - Sim. O.k. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em todo esse processo, nós temos visto as associações de casas de apostas bastante presentes aqui no Congresso, na discussão dos projetos de leis de seus interesses. Normal. Quanto à criação de um ambiente que garanta o jogo responsável e íntegro, que está na missão da ANJL, que é a empresa, associação, o senhor poderia nos dizer quais são as ações da ANJL nessa direção? As empresas de bets defendem a criação de uma agência de integridade sugerida pelos vários depoentes aqui desta Comissão? O SR. WESLEY CARDIA - Sim. Não só nós defendemos, Senador, como recentemente, eu fui alertado pelo atual Presidente, que me disse: "Wesley, nós tivemos esta semana [que foi a semana passada] uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo pedindo que seja criada uma secretaria especializada nesse tema". Também foi feita uma reunião com o Ministério Público de mais de um estado pedindo que atuem de forma mais enfática. Isso demonstra, Senador, a preocupação, porque, como eu disse, o grande prejudicado é quem tem que pagar. Eu não tenho ideia de quais foram os valores que esses jogadores lá na Ilha de Paquetá ganharam, mas certamente foi muito dinheiro e isso prejudicou muito as casas de apostas que foram vítimas dessa manipulação. Aliás, o Promotor que o senhor citou disse que as casas de apostas são vítimas dos estelionatários. Está no discurso dele. Ele mesmo reconhece isso. Acho que eu respondi a sua pergunta. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Se não me engano, o Promotor usou a palavra "vítimas desinteressadas". O SR. WESLEY CARDIA - Vítimas desinteressadas. |
| R | O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Vamos lá! O Governo Federal tem feito um esforço de regulamentação das apostas, inclusive em um ritmo mais lento do que nós esperávamos aqui. Um elemento crucial desse modelo é a concessão das licenças de operação em todo o território nacional. Apesar do grande interesse inicial, até o momento, apenas um número ínfimo de casa de apostas formalizou o pedido de registro. A que o senhor atribui isso? As empresas, no seu entendimento, não têm o interesse real de legalização? O SR. WESLEY CARDIA - Excelente pergunta. Muito obrigado pela pergunta. O senhor, no início da sua pergunta, disse que há demora na regulamentação. Isto foi um fator crucial. Se nós tivéssemos essa regulamentação no ano passado, nós já teríamos um grande número de casas de apostas trabalhando dentro de todas as regras estabelecidas pelo Governo, mas, infelizmente, talvez pela mudança na secretaria, na nomeação das pessoas - a equipe era muito pequena, hoje tem uma equipe suficientemente grande para cuidar disso -, este foi o fator decisivo para a demora. Hoje, se não me engano - alguém pode me ajudar, alguém da imprensa? -, são seis empresas que já pediram... É isso? São seis empresas que já pediram, e a principal razão, Senador Romário, é: como é que vai pedir licença para algo que eu não conheço as regras? As principais regras vieram na semana passada. Eles devem estar lá debulhando esses calhamaços de papel que eu trouxe aqui para entender bem quais são as regras, porque, por incrível que pareça - e isso é uma coisa que eu ouço às vezes repetidamente de que os lucros são imensos -, os lucros são bons não pagando imposto. Pagando imposto, o lucro é micro, é mínimo, só funciona se tiver muita, muita, muita aposta, senão não tem lucro. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Por isso o desinteresse, a princípio, das empresas, dessa demora da legalização. O SR. WESLEY CARDIA - Não, o interesse na demora da legalização são daquelas empresas daquela senhora ali que vende por R$50 mil uma empresa. Esses não querem que legalize. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas as próprias que são legalizadas, que serão... O SR. WESLEY CARDIA - Sim, essas têm todo interesse. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... ou já estão, elas pagam imposto, passam a pagar imposto. O SR. WESLEY CARDIA - Sim, senhor. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E sem a legalização, com certeza, elas ganham mais porque elas não pagam imposto. O SR. WESLEY CARDIA - Elas não vão operar, Senador. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não. Eu sei que elas não vão operar. Estou dizendo até este momento. Então, não existe por parte das empresas, mesmo as grandes, que essa legalização aconteça de uma forma mais rápida? O SR. WESLEY CARDIA - Não, senhor, Senador. Todas querem a legalização, inclusive algumas do exterior que não podem atuar no Brasil porque não é um mercado regulamentado estão ansiosas pela regulamentação. O senhor não faz ideia de quantas empresas que não atuam hoje no Brasil virão, porque são empresas com ações em bolsa, com uma série de ações de compliance que não podem atuar no Brasil, porque não é um mercado regulamentado; a partir de agora, virão. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Além das concessões federais, alguns estados como o Rio de Janeiro, por exemplo, meu estado, e alguns municípios maiores iniciaram o processo de concessão de licenças para as casas de apostas. Isso tem sido objeto de muitos questionamentos, inclusive na Justiça. Qual a posição da associação, a ANJL, sobre as concessões estaduais e municipais? O SR. WESLEY CARDIA - Senador, eu vou me permitir fazer essa observação dizendo que a minha opinião como ANJL se refere a quando eu era Presidente. Hoje eu não sei, Senador Kajuru, se a opinião é outra. Mas a Lei 14.790 faculta aos estados e aos municípios, também por uma decisão do Ministro Gilmar Mendes, terem as suas empresas de apostas desde que, e aí está o furo da bala, atendam as regras nacionais. Por quê? |
| R | Não pode um município criar, por exemplo: "Ah, aqui vai ter cassino". Pode cassino? Não, não pode cassino, então não pode fazer um cassino lá em São João de Meriti, mas aquilo que é previsto na lei federal os estados, dentro da sua territorialidade, observando o princípio federal da territorialidade dos estados, podem fazer. Nós não podemos ser contra nem a favor. É a lei que diz que pode fazer. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Para finalizar, eu queria saber de V. Sa. quais são as fontes de financiamento da associação que paga ou pagou o seu salário, o salário das pessoas que ali trabalharam, além de todas as despesas decorrentes das atividades da associação. No site oficial, no caso da associação, não consta o nome de nenhum associado. Essa é uma informação sigilosa? E, se é, por qual motivo? O SR. WESLEY CARDIA - Desculpe, Senador. Salvo alguma mudança muito recente, ao contrário, a associação tem orgulho de ter o nome de seus associados lá. Eu peço que alguém dê uma conferida nisso, mas sempre estão lá os nomes. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A fonte pagadora? O SR. WESLEY CARDIA - A fonte pagadora é a contribuição, a mensalidade dos associados, como se fosse um clube. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E o senhor está afirmando aqui que, se a gente levantar lá, esses associados estão dizendo que eles pagam o salário daquelas pessoas que trabalham ali? O SR. WESLEY CARDIA - Sim, senhor. Se por acaso não estiverem, até o fim do dia eu lhe forneço. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Muito obrigado pelas respostas e, da minha parte, eu estou bastante satisfeito. O SR. WESLEY CARDIA - Eu lhe agradeço a oportunidade desses esclarecimentos. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, Relator Romário de Souza Faria, como sempre insofismavelmente qualificado em seus questionamentos. Eu quebro sempre protocolo. Normalmente o Presidente é o segundo a perguntar, até pela inscrição, mas eu prefiro ceder o meu espaço - e ficar para o final - ao Senador Eduardo Girão, que é Vice-Presidente desta CPI, para os seus questionamentos. À vontade, Senador Girão, do Ceará para o mundo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - É isso, é isso. Muito obrigado, Presidente, meu querido amigo, Senador Kajuru. Senador Romário, muito feliz nas perguntas, muito objetivas e importantes, que fique nos anais da Casa tudo que foi perguntado, que foi respondido, mas eu até me preocupei com algumas respostas aí, quando... Seja bem-vindo, Dr. Wesley, desculpa. Seja bem-vindo. Seja bem-vindo o seu advogado André Callegari, a advogada Marília Fontenele também. Eu fico até preocupado - viu, Senador Romário? - quando dizem aí: "Não, mas vai vir mais empresa de aposta com essa regulamentação, o pessoal já está preparado para vir para o Brasil". Se o estrago está ruim hoje para a sociedade, imagina que pode ficar pior, porque o que está acontecendo hoje... E eu sou abordado, cada vez mais - está difícil -, em porta de estádio, porque eu sou desportista, porque eu me preocupo com o brasileiro, eu me preocupo com o esporte, eu estou vendo uma tragédia cada vez pior. Aí nós vamos naquela questão bíblica, uma passagem que diz: eles não sabem o que estão fazendo. E eu fico estarrecido, Senador Kajuru, quando eu vejo matéria do Estadão, capa recente, mostrando aqui o seguinte: "Ex-secretários de Haddad que regularam 'bets' viram chefes da área de apostas em escritório". |
| R | Se isso não é um conflito ético, eu não sei o que é. Eu até fiz pergunta aqui sobre quarentena, na época em que veio o Manssur, e aqui na matéria diz que foi liberado pelo comitê de ética pública, que informou que pode rever imposição de quarentena caso surjam novos elementos. Mas o fato aqui: dois integrantes, Simone Vicentini e Francisco Manssur, foram anunciados como os cabeças da área de betting do escritório de advogados. Poxa vida, estavam neste instante no Governo, com Haddad, articulando a votação - pessoas boas, inclusive o Sr. Manssur, pessoa de um nível excelente. Mas nada como um dia atrás do outro. E o que eu vejo, repito, é uma armadilha, uma arapuca cada vez maior para as pessoas que apostam. "Ah, não, mas teve uma regulamentação agora, vai melhorar, teve as novas medidas." Como diz meu pai, o tempo é o senhor da razão, mas o que a gente está vendo são pessoas se suicidando, Dr. Wesley. São pessoas se suicidando, irmãos nossos, amigos, pessoas que estão perdendo tudo por causa disso, porque o esporte é o âmago, o esporte e o clube pelo qual você é apaixonado, você vai diretamente na alma, você não perpassa nem a razão. Então, é muito complicado o que a gente está vivendo hoje, nós estamos jogando para o espaço o próprio esporte em si, que virou um campo aberto de apostas, como também a própria manipulação, que a gente está vendo aí tomar conta, ganhar força, porque sempre houve, mas ganhar uma força jamais vista. E todos os dias a gente não sabe se o jogo que a gente está assistindo está combinado ou está... Enfim, então eu queria deixar isso muito claro e, em primeiro lugar, parabenizá-lo, porque o senhor está com uma desenvoltura muito boa - aliás, sempre teve, nos encontramos no corredor, naquela véspera da votação, e o senhor sempre teve muitos argumentos fortes, a gente reconhece, e está aqui respondendo tudo. Eu não entendi para que pediu o habeas corpus ao STF, porque quando a gente, pelo menos aqui, tendo em vista outras CPIs de que eu participei... Eu participei, desde que cheguei aqui, de três CPIs, Senador Kajuru, duas com o senhor, inclusive. Aliás, de uma o senhor não participou, mas o senhor foi o autor, que é a CPI da Pandemia, outra foi a CPI do dia 8 de janeiro, de que o senhor participou, e agora essa CPI da Manipulação de Apostas Esportivas. Em cinco anos e meio, nós chegamos juntos aqui... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... nós já tivemos essa experiência. E quando eu vejo alguém pedir um habeas corpus preventivo e tal ao Supremo é porque tem receio de falar alguma coisa, porque aqui o senhor está vendo o nível de respeito, e nós vamos fazer os questionamentos aqui para o senhor com relação a exatamente isso. Eu espero que o senhor me responda, assim como respondeu ao Senador Romário tudo, que o senhor possa me responder também sobre os casos graves que eu vou trazer aqui, que é o objetivo. O objetivo da vinda do senhor aqui é essa matéria aqui, matéria de capa da revista Veja, que impactou fortemente a nossa nação, e o Sr. Manssur esteve aqui e citou o senhor, e nós precisamos... |
| R | A grande crise moral que vive a nossa nação hoje, que nós estamos vendo, não é uma crise econômica, não é crise política, é uma crise de valores. E o senhor tem a oportunidade, nesta CPI, de nos ajudar a fazer o nosso trabalho pelo bem da nação, pelo bem do esporte, pelo bem dos nossos filhos e dos nossos netos. Eu não sei se o senhor tem filho, tem neto. Eu tenho cinco filhos e, se Deus quiser, vou ter netos, mas eu me preocupo, porque a gente vai embora, a gente passa rápido, nossa vida aqui na terra é um sopro, mas eles vão ficar. O Brasil já tem problemas demais, e essa questão de aposta já está mostrando o grande erro que foi a gente votar essa regulamentação. Só pro senhor ter ideia, R$100 do Bolsa Família... Olhe só, quem é que recebe Bolsa Família no Brasil são os mais necessitados. Por causa desse negócio de aposta esportiva, que eu votei contra com louvor e vou trabalhar no limite das minhas forças para a gente reparar esse erro, o senhor sabia que mais de R$100 do Bolsa Família o brasileiro, em média, já gasta com aposta esportiva? Olhe que loucura! O comércio já está preocupado, o setor de serviço, de indústria... Já tem várias cartas aqui de presidentes de associações dizendo que o dinheiro está saindo lá da compra do alimento pra aposta esportiva. Olhe que inversão, o que é que nós estamos fazendo com as futuras gerações. Então, eu faço um apelo pro senhor, que tem a chance de aqui, perante o Brasil, perante a nação, nos revelar a verdade sobre o que... O que a gente quer buscar é a verdade sobre isso. E eu confio, acredito de verdade, porque já estive com o senhor e vejo uma boa intenção, o senhor acredita naquilo que o senhor defende. Divergência faz parte da democracia, mas o senhor acredita, tanto é que eu não sei hoje qual é a sua função, o senhor é ex-Presidente da associação, mas fez uma apresentação aqui como se estivesse à frente da associação ainda ou de alguma casa bet, ou de alguma coisa, eu não sei. Mas eu digo pro senhor o seguinte: o senhor tem a chance aqui de revelar a verdade, porque o senhor foi um instrumento importante pra que existisse essa matéria de capa, pra que houvesse toda essa celeuma, que eu mesmo denunciei depois à PGR e está lá sendo investigada. Mas a gente precisa que o senhor seja instrumento pra que a gente vá buscar a verdade através de uma preocupação legítima de um cidadão como o senhor, que foi surpreendido, pelo que nós estamos aqui vendo - e eu vou lhe perguntar -, com um pedido de propina de R$35 milhões de um Deputado Federal. O Brasil não pode ter um corpo na sala, nesta CPI, como outras CPIs acabaram. Inclusive, um dos motivos dessa denúncia, Senador Kajuru, foi para que acabasse em pizza aquela CPI e também que se aprovasse logo esse projeto de lei de jogo de azar, de casa bet, que, curiosamente, coincidentemente, foi aprovado rápido. Então, não me parece uma coisa sem cabimento essa matéria de capa da revista Veja mostrando o jogo de interesses por trás da legalização de casas bets no Brasil. |
| R | Então, eu faço uma contextualização, para quem não acompanha esse assunto desde o início. A Revista Veja, na sua edição nº 2.860, de setembro do ano passado, publicou, no fim de agosto de 2023... publicou o quê? No fim de agosto de 2023, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi alertado, por um assessor especial de sua equipe, de que um Deputado Federal da base governista teria pedido R$35 milhões a uma associação que reúne empresas de apostas em troca de duas contrapartidas. Olha só, Senador Jorge Kajuru! O senhor é um homem que sempre buscou a verdade e é conhecido no país inteiro por isso. Buscou duas contrapartidas: defender seus interesses na regulamentação do setor - parece que conseguiram, não é? Parece que conseguiram - e não transformar a vida de seus associados num inferno, na CPI das apostas esportivas instalada na Câmara dos Deputados. Esse Deputado citado na extensa matéria foi o Deputado Federal Felipe Carreras. Na matéria, está aqui escrito. Ainda segundo a Veja, a alegada cobrança de propina por parte do Deputado Carreras foi levada ao Ministro Fernando Haddad por V. Sa. Ainda citando a matéria da revista Veja, o senhor foi procurado - que aqui, no caso, na verdade é o nosso Manssur - pelo Presidente da Associação de Jogos e Loterias, Wesley Cardia, que narrou, em uma conversa reservada, que foi abordado pelo Deputado Felipe Carreras, que a época era também Relator da CPI das apostas esportivas, na Câmara dos Deputados, a qual, coincidentemente, terminou em pizza e sem votação sequer do relatório. Isso aqui, nas perguntas que a gente fez aqui para o Sr. Manssur, segundo ele, Cardia, o senhor, teria... o Deputado teria lhe pedido R$35 milhões em troca de ajuda e proteção, certo? E dentro do contexto aqui da matéria, para piorar, o Presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias disse que essa não teria sido a primeira interpelação por parte do Parlamentar, pois um assessor do Deputado já havia lhe procurado anteriormente. Ele acrescentou que outros integrantes da CPI, sem citar nomes, pressionavam o setor em busca de vantagens financeiras. Cabe destacar que Felipe Carreras, acusado de cobrar propina das empresas de aposta de cota fixa, além de ser Relator da CPI das apostas esportivas, também relatou o Projeto 442, o famigerado Projeto 442, de 1991, que libera os jogos de cassino, bingo, vídeo, bingos e jogo do bicho no Brasil, que foi aprovado na CCJ do Senado, sob o nº 2.234, de 2022. Eu tenho uma notícia para o brasileiro: atenção, estão querendo aprovar. Já não basta a lama toda, estão querendo aprovar esse projeto na semana que vem, aqui no Senado Federal - na semana que vem. Inclusive, vai ter um debate quinta-feira; mil bingos e 67 cassinos. Imaginem! Aí é empurrar o brasileiro para o precipício de vez, se já está acontecendo o que está acontecendo com aposta esportiva. |
| R | Ou seja, onde supostamente tem jogatina, esse Parlamentar ocupava posição de destaque na Câmara dos Deputados. Dito isso tudo, fiquei extremamente surpreso quando fui comunicado, agora há pouco, que o depoente tinha ingressado no STF com um habeas corpus preventivo, com o pedido de liminar contra o ato convocatório desta Comissão Parlamentar de Inquérito, resumidamente pedindo para ficar em silêncio e não ter a obrigação de prestar termo de compromisso em dizer a verdade. Mas eu agradeço mais uma vez ao senhor por estar aqui falando a verdade até esse momento na CPI. O senhor está prestando um grande serviço. Quero dizer ao Sr. Wesley Cardia, aqui, olho no olho, que sempre tive... na verdade, eu sempre o tive como mocinho dessa história toda, por mais que nós estejamos em lados opostos, mas eu sempre o vi com muito respeito. Na verdade, o senhor estava fazendo um enorme favor ao Brasil e, em especial, ao esporte brasileiro, às famílias brasileiras, quando teve a coragem de denunciar esse caso - e espero que aqui mesmo permaneça firme - sobre esse possível esquema de propina no mundo da jogatina virtual, conhecido como bets. Ressalto que, com as perguntas que eu vou lhe fazer, caso fique em silêncio - eu espero sinceramente que não; isso seria uma decepção, uma frustração para mim -, aí vai começar a trazer graves suspeitas para mim, e a gente vai precisar se aprofundar. Pior do que esse pedido desnecessário, pois o senhor aqui não figura como investigado, e sim como testemunha, pois foi nessa circunstância que eu convidei, com a anuência dos colegas desta Comissão, foi a decisão do Ministro Flávio Dino em deferir essa liminar. Tal concessão por parte do Ministro Dino ajuda a jogar, no meu modo de ver, mais sombras sobre esse tema que tanto mal está fazendo aos brasileiros, ao comércio, à indústria. É muito por culpa, no meu modo de entender, do Governo Lula, trazendo até hoje... Um único centavo não foi trazido aos cofres do Brasil. E o que vai trazer vai ser à custa de sangue, de dor. Na verdade, eu não poderia esperar nada diferente do Ministro Dino: quando ele era Ministro da Justiça e Segurança Pública, desrespeitou a CPI de que eu fazia parte e não enviou as imagens, todas as imagens da câmera do Palácio da Justiça. E até hoje nós temos presos políticos no Brasil, e a gente não sabe a verdade, já que tinha, segundo testemunhas aqui relataram, tropas posicionadas para defender o patrimônio público que não foram acionadas pelo Ministro da Justiça. Ressalto que a sua oitiva tem tudo a ver com o objetivo desta Comissão, que é o de apurar os fatos relacionados às denúncias e suspeitas de manipulação de resultado no futebol brasileiro, envolvendo jogadores, dirigentes e empresas de apostas. |
| R | Diante do resumo desses fatos, Dr. Wesley, todos extraídos de uma das revistas de maior circulação nacional, a Veja, e dos graves indícios de que o senhor foi achacado para pagar propina em troca de beneficiar a indústria das bets, eu pergunto ao senhor: o senhor confirma todos esses fatos narrados na revista Veja, aos quais acabei de me referir? Essa é a primeira pergunta, Sr. Presidente. O SR. WESLEY CARDIA (Para expor. Fora do microfone.) - Antes de entrar... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O microfone, por favor. O SR. WESLEY CARDIA - Desculpe. Antes de entrar no assunto, o senhor fez um preâmbulo com relação às 10 mil e viriam mais... Não, é o contrário. A intenção é fechar as 10 mil para que fiquem só umas poucas que atendam a regulamentação. Não vão ficar as 10 mil que já existem e mais cem. Vão ficar só... A ideia é que fiquem as cem. Voltando agora à sua pergunta. Se o senhor permite, eu vou ler, Senador Girão: Eu estou de verdade honrado em poder trazer informações que eu julgo importantes para a CPI da Manipulação de Resultados, bem como informações que demonstram a necessidade urgente da regulamentação da 14.790 e o combate ferrenho às operações de sites ilegais no Brasil. Aplaudo a iniciativa do Senado em debater a manipulação de resultados e de sua intenção de ajudar a sociedade, as empresas operadoras e o Ministério da Fazenda, que vem se empenhando para publicar as melhores regras possíveis para refrear essa prática delituosa. Não pretendo, no entanto, dar azo a qualquer situação que possa criar ilações sobre o comportamento de membros deste Parlamento, seja do Senado, seja da Câmara de Deputados. E eu, como um democrata convicto, entendo ser o Congresso Nacional a voz mais importante e derradeira do povo brasileiro, não cabendo a mim discutir questões de fórum interno dessas duas Casas. Reitero que fiz parte de um grupo de empresas que se reuniram para lutar pela ampla legalização e regulamentação de uma atividade que até agora se desenvolvia sem regras, grupo esse de empresas que se dedicou e se dedica ao combate ao jogo ilegal e irresponsável e à manipulação de resultados. Esse grupo de empresas se notabiliza pelo comportamento ético, responsável e transparente, não tolerando, portanto, qualquer atitude não republicana. Dito isso, Excelências, peço a gentileza de entenderem que eu vou permanecer calado sobre as perguntas que não façam parte do assunto manipulação de resultados, porque elas não serão respondidas. Para reforçar minha decisão de me ater apenas ao tema desta CPI, o eminente Dr. André Callegari e a Dra. Marília Fontenele, que estão aqui ao meu lado, impetraram habeas corpus preventivo, concedido pelo egrégio Supremo Tribunal Federal. Permaneço, no entanto, à total disposição desta CPI caso ainda possa esclarecer algum tema sobre integridade dos jogos, compliance e manipulação de resultados. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Girão, me permita, como Presidente desta CPI, e depois o senhor fica à vontade - é só um minuto -, fazer uma observação aqui. Eu gostaria que o Sr. Wesley prestasse atenção neste questionamento, com todo o respeito que tenho pelos exímios advogados que estão aqui, que eu conheço, a Dra. Marília e o Dr. André: primeiro, em relação ao caso do citado Deputado - eu jamais censuro pergunta, Girão, quero que você entenda o que eu vou falar -, eu prefiro não dizer que ele é "da base do Governo", porque, caso se confirme esse caso, é um caso individual do Deputado e ele terá que responder por isso. A base do Governo não pode ser culpada por isso. Então, só essa colocação. |
| R | Agora, o fato de o senhor ficar em silêncio... O senhor não entende que o senhor pode estar prejudicando um inocente ou acobertando um culpado? O SR. WESLEY CARDIA - Um comunicador da sua qualidade tinha que fazer uma pergunta... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Modéstia à parte, eu pergunto bem, é verdade. O SR. WESLEY CARDIA - O senhor pergunta muito bem. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Segundo o Silvio Santos, o melhor do Brasil, só isso. O SR. WESLEY CARDIA - Mas, apesar de toda a qualidade da pergunta e da sua verve, da sua capacidade de comunicação inegável - eu gostaria de ter a metade dela -, também sobre essa pergunta eu vou permanecer em silêncio. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - É muito triste isso. Eu retiro o que eu disse agora há pouco, os elogios que eu fiz à sua postura aqui nesta CPI. O senhor vinha por um caminho, falante, por um caminho... extremamente com desenvoltura, e muda completamente o semblante. Aqui ficou claro pra mim. O seu semblante muda, a sua postura muda. Vai ficar em silêncio num assunto em que o senhor pode ajudar este Congresso Nacional à verdade, num assunto que tem total correlação. Eu jamais perguntaria algo aqui que não tivesse correlação com o escopo desta CPI, que é apurar na questão de manipulação esportiva. Então, a CPI que virou pizza lá na Câmara dos Deputados tem a ver com manipulação esportiva. As denúncias que a gente está tendo têm a ver com manipulação esportiva. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Inclusive, ela terminou com suspeitas de achaques, não é? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Suspeita de achaque. Olha, essa aprovação das casas bets no Brasil tem a ver com essa denúncia também, porque, curiosamente, foi rápida a aprovação dela, e teve uma denúncia de propina de R$35 milhões. Nós não podemos deixar, absolutamente - nós que estamos aqui nos propondo a representar os estados da Federação, o povo do nosso estado que gosta de futebol -, de fazer o nosso trabalho. Eu respeito sua decisão - está certo? -, mas eu vou fazer as perguntas. Respeito sua decisão, embora tenha me decepcionado com essa postura... O SR. WESLEY CARDIA - Eu lamento a sua decepção, mas do meu lado vou continuar apreciando-o, como sempre fiz. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - O.k., então vamos lá. Eu quero... O senhor não confirma a matéria da revista Veja. Não... Aliás, o senhor permanece em silêncio, não diz que confirma, nem que "desconfirma". O senhor foi procurado pelo Deputado Felipe Carreras, que lhe fez uma proposta de cobrança de propina no valor de R$35 milhões em troca de ajuda e proteção na CPI das apostas da Câmara dos Deputados? O SR. WESLEY CARDIA - Lamento, Senador, mas vou permanecer em silêncio. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Quando, onde e como foi feita a abordagem do gabinete do Deputado Felipe Carreras pra tratar desse assunto? Foi por telefone? Pessoalmente? Via assessoria? |
| R | Apenas para ressaltar, o Sr. Francisco Manssur, que se sentou aí onde o senhor está sentado, algumas semanas atrás afirmou aqui nesta CPI que o senhor tinha dito que foi abordado tanto pelo gabinete quanto pelo próprio Deputado Felipe Carreras. O senhor pode nos passar esses detalhes? O SR. WESLEY CARDIA - Em razão do habeas corpus preventivo que eu consegui, eu vou permanecer em silêncio. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sr. Wesley... O SR. WESLEY CARDIA - Pois não. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ... por fineza, eu quero apenas lembrar aqui que houve uma orientação jurídica do Ministro Luiz Fux durante a CPI da pandemia, que só foi realizada, a CPI da Covid, por uma interferência minha e me acompanhou o Senador Alessandro Vieira; ou seja, se não fôssemos nós dois, nós teríamos mais de um milhão de mortes neste país, porque a CPI teve a sua importância indiscutível, apesar de também ter tido seus erros. Eu me lembro de que Fux fez uma observação quando concedeu um habeas corpus, de que, no caso do senhor, que o tem, o direito do silêncio... Eu gostaria que o senhor refletisse, em nome de sua família, pela qual eu tenho o maior respeito - e ela está acompanhando agora evidentemente esta sessão -, porque, às vezes, pode ser interpretado o seu silêncio, se ele continuar insistente, como um abuso a esta CPI. Nesse caso de abuso - eu me lembro das palavras do Ministro Fux -, isso pode ser interpretado com um desacato. O SR. ANDRÉ CALLEGARI (Fora do microfone.) - Sr. Presidente, acho que não. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Foi isso que Fux disse. O SR. ANDRÉ CALLEGARI (Fora do microfone.) - Mas o Fux decidiu no caso específico, determinado para aquela situação. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim, sim. Doutor... O SR. ANDRÉ CALLEGARI - Cada paciente... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Doutor, eu vou concluir, e o senhor pode falar. O SR. ANDRÉ CALLEGARI - Perfeito, Presidente. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito? O senhor terá todo o direito de falar, pelo amor de Deus. Eu só estou dizendo o seguinte: eu não quero... Pela minha mãe - a coisa mais importante da minha vida, o amor mais incondicional da minha vida -, eu não quero ter o direito de dar voz de prisão ao senhor caso chegue ao desacato. Então, por gentileza, reflita, porque pelo menos alguma pergunta o senhor pode responder e não 100%, penso eu. Não sou jurídico como o Dr. André. Com a palavra o advogado, democraticamente. O SR. ANDRÉ CALLEGARI - Muito obrigado. Sr. Presidente, antes de mais nada, saudar V. Exa., porque eu não tive a oportunidade de falar antes. Eu o admiro muito não só como Senador, como comunicador e na Presidência destes trabalhos. Também saúdo o Senador Girão. Também sei do seu interesse em esclarecer os fatos, que são fatos importantes desta CPI. O objeto dela, no nosso entendimento jurídico, modesto entendimento, está adstrito à manipulação de jogos de futebol. Portanto, a decisão do Ministro Dino, tudo que refoge a isso diz que o paciente, no caso aqui o depoente, tem o direito absoluto ao silêncio. E eu entendo a interpretação de V. Exa. e o que diz o Ministro Fux. Com todo o respeito ao Ministro Fux, não me interessa e não interessa a esta CPI, porque ele decidiu naquele caso, um caso específico, que era a CPI da Covid. Cada paciente, na sua impetração, tem um espectro jurídico na concessão de uma medida liminar de habeas corpus que se dá do menos ao mais. No nosso caso, nós temos o mais: não só o direito de não prestar o compromisso de dizer a verdade, como também o direito absoluto de não responder nada. E desculpe, Sr. Presidente, mas, se V. Exa. praticar esse ato de prendê-lo ou de ameaça de prendê-lo por desacato, V. Exa. estará cometendo um crime de abuso de autoridade. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu não fiz ameaça, eu fiz um alerta. O SR. ANDRÉ CALLEGARI - Mas seria um crime de abuso de autoridade por V. Exa., porque descumpriria uma ordem específica de um Ministro da Suprema Corte, da qual... Sim, a decisão não é do... Nós não estamos discutindo a decisão do Ministro Luiz Fux, que, com todo o respeito, com a maxima venia, para aquele caso específico, pode ter dado a interpretação que ele quis. Mas, da decisão do Ministro Flávio Dino aqui, me parece que é inadmissível qualquer outra interpretação que não seja esta: o silêncio é, sim, absoluto. Aliás, se ele quiser, ele não precisa responder nada. Pode-se dizer que é um desrespeito à Casa - aí eu vou concordar com V. Exa. -, que é uma interpretação de V. Exa., enquanto Presidente, ou do Senador que retirou até os elogios feitos ao meu cliente. Agora, tecnicamente e juridicamente falando, ela é irretocável. Ele nem sequer pode ser ameaçado ou pode ser advertido de que, permanecendo reiteradamente em silêncio, ele poderá sofrer um crime de desacato, porque aí, sim, nós vamos ter que deslindar essa questão na Suprema Corte. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Presidente, o senhor me permite... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só pra colocar ponto final nisso e dar sequência às perguntas que o Senador Girão deseja continuar fazendo, eu não falei aqui, ou seja, eu não acionei a boca e não liguei o cérebro, até porque eu o tenho. (Risos.) Caso o senhor duvide, pergunte a José Luiz Datena, que foi ao Hospital Einstein, em São Paulo, fazer o QI comigo. O meu QI é de 198, é quase próximo ao de Einstein. Desculpe a modéstia. Eu não faria isto jamais, ou seja, ver o galo cantar sem saber onde. Antes de começar esta reunião, a Consultoria Jurídica do Senado Federal é que me deu esta orientação. Perfeito? O SR. ANDRÉ CALLEGARI (Fora do microfone.) - Perfeito. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Então, é só para o senhor entender que não foi aqui o Kajuru que resolveu fazer essa colocação, e nunca em tom de ameaça, simplesmente um alerta. Repito que a Consultoria Jurídica competentíssima deste Senado Federal me orientou a alertá-lo, caso o senhor insistisse num silêncio que pudesse ser interpretado como desacato. Senador Girão. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Olha, falar que o que nós estamos questionando aqui não está no escopo da CPI é um absurdo, porque está aqui. O escopo da CPI envolve, sim, a questão de empresa de aposta. Está lá no escopo. E se o senhor representa, ou representava, o Presidente da Associação Nacional de Empresas de Aposta, é claro que o senhor teria que responder sobre este caso, que é justamente sobre empresa de aposta esportiva. Está aqui, porque a CPI é clara. Mas a decisão do Ministro Flávio Dino, para mim, não me surpreende tanto, porque aqui nós estamos tentando fazer o nosso trabalho não é de hoje, e ele, como Ministro, numa outra CPI, também tomou a decisão de não apresentar as câmeras de segurança, e toma essa decisão aqui. Nós apelamos para essa decisão, mesmo sabendo... Hoje, particularmente, eu vejo que a justiça não é para todos neste país, que existe um poder, acima dos demais, que manda e desmanda, que não respeita este Parlamento. Para fazer uma CPI, de novo está havendo desrespeito com este Parlamento, mas nós vamos insistir. O senhor pode ter certeza de que, no limite das forças, nós vamos insistir pela busca da verdade. |
| R | E eu posso estar equivocado, mas o Brasil está acompanhando, a imprensa está acompanhando, a imprensa livre deste país está vendo justamente o que nós estamos buscando aqui, que é simplesmente a verdade, e tem uma decisão para o senhor não responder. Então, isso já gera uma pulga atrás da orelha. Por que não? O que é que estão querendo esconder de vocês, imprensa brasileira? O que é que estão querendo esconder do brasileiro? Eu não posso deixar de fazer aqui, para o senhor, mais algumas perguntas, para encerrar. O senhor foi pressionado por outros integrantes da CPI da Câmara dos Deputados na busca de vantagens financeiras? Se sim, quem o pressionou? Foi Parlamentar? Foi assessor? Foram os dois? Quais os nomes? O SR. WESLEY CARDIA (Para depor.) - Lamento, Senador Girão, vou permanecer em silêncio. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Como foram passadas essas informações publicadas na revista Veja? Como foram passadas? Como a revista Veja teve acesso? Eu sei que tem o princípio da fonte e tudo, mas foi o senhor mesmo quem passou para a revista Veja essas informações? Foi iniciativa do senhor, como cidadão, preocupado com a ética, que estava sendo achacado, e o senhor foi lá e procurou a revista para denunciar? Porque eu o estou vendo, e o vejo, quero lhe deixar muito claro, nessa situação, como o mocinho da história, como a pessoa... Eu me coloco no seu lugar. Acontecendo isso, eu faria a mesma coisa. Eu iria dizer "poxa, olha o que está acontecendo aqui". Por isso que eu lhe peço para não ficar em silêncio, porque o senhor tem a chance de colaborar com o Brasil, colaborar com o futuro do nosso país. Então, foi iniciativa do senhor para procurar a revista Veja? O SR. WESLEY CARDIA - Senador Girão, vou permanecer em silêncio. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para interpelar.) - Senador Girão, uma observação importante. Talvez essa pergunta o senhor deseje responder. O Sr. Manssur, da mesma forma que o senhor reagiu, disse que a minha pergunta foi pontual quando eu coloquei a ele que um jornalista importante, aqui presente nesta CPI naquela sessão, naquela reunião, informou a mim que o Sr. Manssur havia considerado o senhor, quando se dirigiu a ele para esta informação grave, mas ainda sem provas, que o senhor não estava bem, que o senhor tinha tomado remédios, e que ele sentiu que o senhor não estava se mostrando seguro na denúncia que fez. Ele usou a palavra que, inclusive, tem aí, na nossa casa, na nossa secretaria... Ele usou a palavra que o senhor se mostrou duvidoso. A isso o senhor pode responder? O SR. WESLEY CARDIA - Senador, não cabe a mim fazer juízo de valor sobre o depoimento do Dr. Manssur, profissional de primeira linha, mas, com relação a qualquer coisa relativa a estado de saúde, isso é questão de foro íntimo, Senador. Eu não gostaria de responder. Concorda? |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Concordar eu não concordo, mas respeito o seu direito de ficar em silêncio. É evidente que eu não vou concordar com o senhor... Se ele disse que os senhores... O senhor falou pra ele que o senhor estava mal, que o senhor estava tomando remédio. Então, ele aí achou que o senhor estava duvidoso em função da sua pessoa, ou seja, do seu semblante. Foi isso que ele quis dizer aqui. É por isso que eu perguntei respeitosamente. Girão, querido. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Sr. Wesley, o senhor... O SR. WESLEY CARDIA - Pois não. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Dr. Wesley, o senhor encontrou com o Dr. Francisco Manssur nas últimas semanas? O SR. WESLEY CARDIA - Não, senhor. Nas últimas semanas, não, mas, ao longo do ano de 2023, várias vezes. Nós tínhamos reuniões semana sim e semana não com a equipe da secretaria - e então não era secretaria, era assessoria -, onde a associação, com vários membros sempre, com vários integrantes, levava especialistas em cada um dos temas que seriam tratados. O tema, por exemplo, era Pix, nós buscávamos alguém dos principais bancos que iam com conhecimento técnico pra ajudar a secretaria a formular as melhores portarias. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu lhe agradeço demais, inclusive, por o senhor ter começado a voltar a responder. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É por isso que foi importante o alerta que eu fiz. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Superimportante. E eu espero que a gente possa concluir, como disse o grande humanista e pacifista Chico Xavier, que me norteia muito... E eu tenho muitas imperfeições e limitações, eu sei, mas eu procuro melhorar a cada dia. Ele disse o seguinte: a gente não pode voltar atrás pra fazer um novo começo, mas todos nós podemos, a partir de agora, fazer um novo fim. Então, nós estamos no final aqui do seu depoimento, e eu quero lhe fazer uma pergunta, porque reitero: eu acredito que o senhor não é o vilão dessa história. Pelo movimento, pela matéria da revista, pelo movimento, pelo depoimento do próprio Sr. Manssur, o senhor não é o vilão. Tudo demonstra isso, mas esse seu silêncio incomoda bastante, porque é como se estivesse querendo proteger alguém, e o Brasil já está de saco cheio disso, ninguém aguenta mais isso. Eu e Kajuru não viemos pra cá pra ficar fazendo jogo de cena. Então, vou lhe perguntar: por que o senhor procurou o Sr. Francisco Manssur, do Ministério da Fazenda, e não diretamente a polícia ou o Ministério Público, já que se tratava claramente de um crime de corrupção passiva o achaque feito ao senhor? O SR. WESLEY CARDIA - O senhor juntou duas situações diferentes, me perguntou se eu visitava o Dr. Manssur. Sim, nós o visitávamos em grupo, sempre para fazer as reuniões em grupos da ANJL junto com o grupo técnico da secretaria. Eram essas as reuniões. Sobre qualquer outra reunião, eu não vou me manifestar. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para interpelar.) - Sr. Wesley, permita-me mais uma pergunta à la Kajuru? O SR. WESLEY CARDIA - Sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor tem filho? O SR. WESLEY CARDIA - Tenho uma filha. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Tem neto? O SR. WESLEY CARDIA - Ainda não, infelizmente. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Uma filha. Se uma filha - essa sua filha - perguntar ao senhor hoje à noite "pai, esse Deputado denunciado é inocente ou culpado", o senhor responderia a ela como? O SR. WESLEY CARDIA - Isso é uma pergunta à la Kajuru, muito capciosa. E eu ia dizer a ela: "Minha filha, o Dr. André me deu um habeas corpus pra eu não te responder". (Risos.) |
| R | O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - É complicado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - É. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - É complicado, mas vamos lá. O que o senhor esperava que Manssur ou o Ministério da Fazenda fizessem, e eles não fizeram? Na sua... E o senhor levar esse assunto para o Sr. Manssur, esse achaque que o senhor sofreu, o que o senhor esperava que o Sr. Manssur ou o Ministério da Fazenda fizessem com relação a isso, ou não fizeram o que o senhor estava esperando? O SR. WESLEY CARDIA - Desculpe, Senador. Eu fico um tanto constrangido, sendo o senhor a fazer as perguntas, e eu não lhe respondendo. Eu... Oxalá fosse outra pessoa que eu não conhecesse que estivesse fazendo isso, mas o senhor me perguntando, eu fico muito constrangido, mas eu não vou responder. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu sinto isso. Eu sinto que o senhor tem a colaborar nessa CPI e eu acredito que, até o final dela, o senhor vai colaborar nessa CPI, porque... Quero deixar bem claro para a população que está nos assistindo aqui que o movimento que o Sr. Wesley Cardia fez foi o movimento de um cidadão, e eu me coloco no lugar dele. Só aqui, na CPI - e aí o senhor me perdoe -, eu esperava um procedimento diferente, até porque eu ouvi o senhor responder todas as perguntas do Senador Romário, e a minha infelizmente eu não estou conseguindo. Mas vamos lá para a parte final. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Nem a minha. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E nem a do Senador Kajuru também, que é o Presidente dessa Comissão. Mas o ex-servidor do Ministério da Fazenda, Francisco Manssur, que - também coloco - me parece uma pessoa muito correta, me parece uma pessoa... afirmou que o senhor o procurou muito nervoso, procurou o Sr. Manssur, muito nervoso, naquela oportunidade. Segundo ele, até um pouco descontrolado e dizendo que o senhor estava tomando remédios. O Senador Kajuru até já perguntou - o senhor não quis responder, e eu não vou insistir - se o senhor estava ou não sob o efeito de remédios naquela hora. Mas como se deu essa reunião? O senhor saiu da Câmara dos Deputados e foi direto à Esplanada dos Ministérios falar com o Sr. Manssur? Já que o senhor costumava ir muito conversar com o Sr. Manssur junto com outras empresas, associações? Isso foi colocado em grupo também ou foi em particular com o Sr. Manssur? Ou o senhor revelou esse pedido de propina para outros colegas que estavam querendo fazer aprovação das casas de apostos? O SR. WESLEY CARDIA - Mais uma vez, eu me reservo o direito ao silêncio. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Só um detalhe, só uma informação importante aqui. O senhor marcou essa reunião por telefone ou foi diretamente com o Sr. Manssur, no Ministério da Fazenda? Essa reunião em que teve origem essa denúncia e tudo foi por telefone ou foi pessoalmente apenas? Como o senhor a marcou? O SR. WESLEY CARDIA - Vou permanecer em silêncio, Senador. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Qual foi a participação da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) na regulamentação das apostas esportivas? O SR. WESLEY CARDIA - A participação foi levando técnicos e conhecimento para poder debater cada um dos assuntos, levando informações internacionais, de associações internacionais, de órgãos reguladores internacionais, fornecendo toda a informação que se podia, porque o ministério tinha pouca gente para trabalhar, então nós os auxiliávamos levando informações. |
| R | O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tanto ao Ministério da Fazenda como ao Congresso Nacional também? O SR. WESLEY CARDIA - Também, a mesma coisa. Várias vezes estivemos aqui... Tive o privilégio... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Era um grupo? Era um grupo? O SR. WESLEY CARDIA - Sempre era um grupo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas esse pedido de propina foi só para o senhor? O SR. WESLEY CARDIA - Senador, eu vou ficar em silêncio. Senador, eu teria respondido diferente para o Senador Kajuru. Aqui eu teria dito: Senador, isso é uma trick question, uma pergunta truque: o senhor pergunta uma coisa absolutamente plausível e, depois, tenta chegar a um outro sentido. Por favor, Senador. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Está bom. O senhor tratava diretamente com o Sr. Francisco Manssur? O SR. WESLEY CARDIA - Sim, todas as reuniões... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Sempre, sempre com ele? O SR. WESLEY CARDIA - Não. Várias vezes foi só com a equipe, quando ele estava viajando, fazendo palestras. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Para não ser repetitivo, nesse caso, foi só com ele, nessa abordagem da revista, dessa matéria que... Supostamente, o pedido de propina foi só com ele, pessoalmente, o senhor e ele? Isso o senhor pode confirmar. Se foi num grupo grande... Eu não vou perguntar detalhes. Eu queria saber se foi apenas com ele. O SR. WESLEY CARDIA - Não, Senador. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ele falou, ele falou que foi com o senhor. O SR. WESLEY CARDIA - Senador, apesar da fidalguia da sua pergunta, eu vou permanecer em silêncio. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Além desse episódio, o senhor tomou ciência de alguma outra situação em que houve oferta ou pedido de propina que envolvesse esse universo de casas de apostas? Se sim, qual foi e como se deu? O SR. WESLEY CARDIA - Permanecerei em silêncio, Senador. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Para todos os efeitos, o senhor fez um favor ao Brasil, naquele momento - naquele momento -: delatou um esquema de propina que, segundo o senhor, envolve o Deputado Federal e a indústria. Eu pergunto: por que o senhor interpôs um habeas corpus ao STF, já que nem investigado o senhor é? O senhor está sofrendo algum tipo de ameaça de alguém, de algum poderoso de plantão? O que o senhor tem a esconder? Essa é a minha última e derradeira pergunta, Sr. Presidente. O SR. WESLEY CARDIA - Meu advogado aqui vai me torcer o pescoço, mas eu vou... Eu posso cantar? (Risos.) Não. Já disse que não. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O senhor queria o quê? Cantar? O SR. WESLEY CARDIA - Cantar. Eu ia dizer que era um pobre rapaz latino-americano. Senador, não vou responder. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tudo bem, mas, por favor, também não cante... O SR. WESLEY CARDIA - Está certo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... porque aqui é uma CPI, que está querendo fazer o que é correto. O SR. WESLEY CARDIA - A minha mulher teria dito... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É por isso que eu usei a palavra "desacato". O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Sr. Presidente, eu não tenho mais questionamentos. Eu queria dizer que saio desta CPI ainda com mais foco, juntamente com o senhor, com outros colegas, para que a gente possa buscar a verdade sobre esse tema, por que esse assunto está tão na sombra, está tão nas trevas, de uma denúncia que saiu numa das maiores revistas do Brasil, e que ninguém fala mais sobre esse assunto. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A própria revista não deu sequência à denúncia que ela apresentou. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - A própria revista não fala nesse assunto, a própria revista, outros veículos da mídia... |
| R | Eu espero que esse... Se a gente não - hoje, depois deste depoimento aqui, mesmo com... o silêncio diz muita coisa -, se a gente não vai deixar um corpo, aqui no Senado Federal, no sentido figurado, óbvio, de mais um caso de corrupção sem ser desvendado na história deste país? Da minha parte, não vai ser, o senhor pode ter certeza, e eu tenho certeza de que da sua. Até o último momento desta CPI, nós vamos buscar ouvir quem quer que seja para que a gente possa ter a busca da verdade. O STF poderia ter colaborado hoje, através do Ministro Dino, nesta CPI, não dando esse habeas corpus. Com respeito, a gente tem que respeitar a decisão judicial, mas, simplesmente, o objeto desta CPI é o que nós estamos fazendo aqui. Então, tirar uma denúncia grave de cobrança de propina, não deixar que a gente pergunte, que a gente possa buscar a verdade através de uma oitiva aprovada pelo Congresso Nacional, eu repito, é mais um desrespeito a esta Casa. E o Senado precisa agir nesse sentido. Eu sou um, aqui, que o senhor sabe, que quero ver de volta o reequilíbrio entre os Poderes da República. Isso é ótimo para a democracia... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Harmonia. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... cada um fazendo o seu trabalho, mas, a partir do momento que não deixam a gente fazer o nosso trabalho... E a gente teve mais um caso hoje aqui. Depois de muitos meses, mais um caso ocorrendo aqui nesta CPI, é muito triste. Mas, vamos insistir. Sr. Presidente, eu tenho um requerimento a que nós já demos entrada para que a gente possa, a partir do que nós ouvimos e não ouvimos aqui, requerer que o Sr. Wesley Cardia passe a figurar como investigado desta comissão parlamentar de inquérito de apostas esportivas. Em tempo, eu requeiro a quebra do sigilo fiscal, bancário, telefônico e telemático. Está aqui o requerimento. Eu não vou ler ele todo, mas está aqui todo o embasamento feito por ele. Se o senhor quiser, eu leio. O senhor quer que eu leia? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Fique à vontade. Eu apenas não posso tomar uma decisão, porque só estamos nós dois aqui. São onze membros desta CPI. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O.k. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Relator está ausente porque teve um compromisso no seu gabinete. O Carlos Portinho saiu porque está reunido com o Ministro interino da Fazenda. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Perfeito. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Então, eu sozinho não posso tomar essa decisão, eu não seria democrata. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tranquilo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O senhor vai marcar... O quórum a gente tem. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Uma reunião com a... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O quórum o senhor sabe que a gente tem. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim, mas precisamos saber se vai ter a votação, senão fica só o seu voto, eu só posso votar se houver empate. Como é que eu faço? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas aí eu lhe peço que vote na próxima. Amanhã... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim, aí teremos outros aqui. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E aí nós teremos outros aqui. Eu tenho certeza de que todo mundo vai aprovar. Não acredito que ninguém vai chegar e dizer "não". Depois do que nós ouvimos aqui, eu acredito que os Senadores vão aprovar esse requerimento. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu só espero que você entenda a minha situação. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Claro. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu, como Presidente da CPI, tenho que cumprir o Regimento. Eu só posso votar se houver empate. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Perfeito. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só teria o seu voto. Como é que eu faço? Concorda? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Perfeito. Então fica... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Isto hoje, amanhã é outro dia... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O senhor coloca amanhã para votar? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Com o maior prazer. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu lhe agradeço. Então, eu, com fundamento no art. 58 da Constituição Federal, combinado com o art. 2º da Lei nº 1.579/1952, o art. 148 do Regimento Interno do Senado Federal, requeiro a aprovação do presente requerimento para que o Sr. Wesley Cardia passe a figurar como investigado desta comissão parlamentar de inquérito de apostas esportivas. Em tempo, requeiro também a quebra do seu sigilo fiscal bancário, telefônico e telemático. Justificação. |
| R | A revista Veja, da Editora Abril, na sua edição nº 2.860, de 22 de setembro de 2023, essa que nós mostramos aqui algumas vezes, publicou que, no fim de agosto de 2023, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi alertado por um assessor especial de sua equipe, o Sr. Francisco Manssur, de que um Deputado Federal da base governista teria pedido 35 milhões... Retiro "da base governista"... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Por gentileza, porque é uma injustiça, não é? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O Deputado Federal Felipe Carreras teria pedido R$35 milhões a uma associação que reúne empresas de apostas em troca de duas contrapartidas: defender seus interesses na regulamentação do setor e não transformar... Isso é tão grave, Senador, isso é tão grave! Defender seus interesses na regulamentação do setor - e foi regulamentado, coincidência ou não - e não transformar a vida dos seus associados em um inferno na CPI das apostas esportivas instalada na Câmara Federal. E não foi um inferno, foi um céu lá que eles fizeram porque eles acabaram a CPI, e nem relatório foi votado. Então, este é o Deputado citado na matéria de que eu falei: Deputado Felipe Carreras. Ainda segundo a revista Veja, a alegada cobrança de propina por parte do Deputado foi levada ao Ministro Fernando Haddad pelo Sr. Manssur. É isso? Perfeito. Tudo aqui de acordo com o que a gente ouviu na revista e que conseguiu falar com ele. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Agora, o Manssur desmentiu a informação de que o Fernando Haddad teve acesso a essa informação. Foi o secretário dele, do Haddad, que tomou conhecimento. Pode ter certeza. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Verdade. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Concorda comigo? Foi o que ele falou aqui. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ele falou. As notas taquigráficas estão aí, inclusive, para mostrar. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Elas estão aí, elas estão aí para falar. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ainda citando a matéria da revista Veja: "O senhor foi procurado pelo Presidente?". Na verdade, o Manssur foi procurado pelo Presidente da Associação Nacional dos Jogos e Loterias, que é justamente o Sr. Wesley Cardia, aqui presente hoje, que narrou em uma conversa reservada que foi abordado pelo Deputado Carreras, que à época era também Relator da CPI das apostas esportivas na Câmara dos Deputados, a qual, repito, terminou em pizza e sem votação do relatório. Segundo Cardia, este lhe teria pedido - esta matéria diz - R$35 milhões em troca de ajuda e proteção. Para piorar, o Presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias disse que não teria sido a primeira interpelação por parte do Parlamentar, pois um assessor do Deputado já o havia procurado anteriormente. Ele acrescentou que outros integrantes da CPI, sem citar nomes, pressionavam o setor em busca de vantagens financeiras. Cabe destacar que Felipe Carreras, acusado de cobrar propina das empresas de apostas fixas, além de ser Relator da CPI das apostas esportivas, também relatou o Projeto 442, de 1991, que libera os jogos de cassino, bingo e jogo do bicho no Brasil, que foi aprovado na CCJ poucas semanas atrás, sob o nº 2.234, de 2022, e que está previsto ser aprovado na próxima semana. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Infelizmente. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ou seja, onde tem jogatina, este Parlamentar ocupa posição há muito tempo de destaque na Câmara dos Deputados. Não é possível que, além da queda, a gente vai ter o coice. |
| R | Ocorre que o Sr. Wesley Cardia ingressou no STF com habeas corpus preventivo, com pedido de liminar, contra o ato convocatório desta Comissão Parlamentar de Inquérito. Resumidamente, pediu para ficar em silêncio e não ter a obrigação de prestar termo de compromisso em dizer a verdade. O senhor não prestou termo... Agora é uma pergunta que eu estou fazendo, desculpe: o senhor não prestou termo de compromisso de verdade aqui não, não é? O SR. WESLEY CARDIA (Fora do microfone.) - Não. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É porque, quando você consegue o habeas corpus... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tá. Está certo. Não, é porque eu não vi o senhor perguntar, mas o senhor já queimou nessa etapa corretamente, porque não adiantava... Portanto, quem vinha até agora prestando um enorme favor ao Brasil, em especial ao esporte brasileiro, quando denunciou - e eu repito e elogio a sua coragem no momento de denunciar... E espero que, de alguma forma, mais na frente, a gente possa poder terminar bem esta CPI, investigando esse esquema de propina do mundo da jogatina virtual, conhecida como bets. Não podemos esconder absolutamente esse tipo de gravidade, que joga graves suspeitas sobre um setor. Eu ressalto que a oitiva do Sr. Wesley Cardia teve como objetivo apurar os fatos relacionados às denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, envolvendo jogadores, dirigentes e empresas de apostas. Por tais razões, Sr. Presidente, considero fundamental, diante dos fatos aqui narrados, que o Sr. Wesley Cardia passe a figurar como investigado desta Comissão Parlamentar de Inquérito das Apostas Esportivas, em tempo requerendo aqui também a sua quebra do sigilo fiscal, bancário, telefônico. Já que ele não quis falar - e respeito a decisão -, já que ele não quis falar, teve a oportunidade, pelo menos nós vamos saber com quem que ele falou a partir da quebra do sigilo. Isso é importantíssimo para que a gente possa concluir o nosso trabalho, pelo menos na parte do período... Perdão, do período de 1º de janeiro... Só para incluir no requerimento: do período de 1º de janeiro de 2023 até 5 de agosto de 2024, ontem. Está certo? Que a gente possa ter a aferição aí da quebra do sigilo, especialmente telemático, telefônico do cidadão Wesley Cardia. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Eduardo Girão, eu tenho certeza, me dirigindo agora à pátria amada, brasileiras e brasileiros, minhas únicas vossas excelências, que a sociedade sabe do meu histórico de 50 anos de carreira nacional em todas as redes de televisão do país, nas maiores rádios, nos maiores jornais, colunista do maior jornal do Brasil, Folha de S.Paulo. Eu tenho muito medo, e o senhor fez aqui uma observação muito coerente, Senador Girão, quando colocou que o fato de o senhor ter ficado aqui em silêncio, e o Ministro Flávio Dino, merecedor de meus aplausos, de minha amizade, mas isso não significa que eu tenha que concordar tudo com ele... Nesse caso eu discordo da atitude dele. Por quê? Porque, gente, vocês que estão aqui, mulheres e homens, esse assunto precisa ter um basta até em função do Deputado que está sendo nacionalmente, toda hora, apresentado como alguém acusado de ter recebido propina. Imagine, ele tem família, ele tem esposa, ele tem filho, ele tem pai, ele tem mãe. |
| R | Existe algo que muito jornalista "polichinclo"... Aliás, jornalista que nem sabe o que significa "polichinclo", até porque não tem no Aurélio. Para você entender esse adjetivo, você precisa ler os diálogos de Nietzsche e Sócrates. Eu até aviso a alguns jornalistas que não é o Sócrates da seleção brasileira, é o filósofo grego. "Polichinclo" por quê? Porque o jornalista esquece que ele comete um crime: morte social. Concorda, Dr. Ricardo? O que é morte social? Você está deixando uma pessoa sendo execrada a partir do momento em que o assunto vai continuar em tona. O Senador Eduardo Girão, no papel dele de Parlamentar, tem todo direito de fazer as suas observações enquanto não tiver um fim, um basta. E aí, nesse campo de raciocínio meu, eu só faria uma pergunta final ao senhor e depois uma última que eu sei que o senhor vai querer responder, que é outro fato. O senhor é um homem que teria coragem de fazer acusação a alguém sem ter provas? O SR. WESLEY CARDIA - Desculpe, não vou responder a isso. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É por isso que o assunto vai continuando, continuando... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Sr. Presidente, se o senhor me permite, só rapidamente, não vou fazer mais perguntas, não tenho mais, só agradeço essa oportunidade. Mas eu queria dizer pro senhor o seguinte: que eu sou de um estado diferente do Senador, do Deputado Felipe Carreras, eu sou do Ceará e ele é de Pernambuco, eu não tenho absolutamente nada contra a pessoa dele. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pessoal, não é? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Deixei muito claro isso, inclusive pra interlocutores que vieram falar comigo: absolutamente nada, pelo contrário. Vejo um Deputado articulado, um Deputado que está em muitas relatorias, mas, nesse aspecto, tem uma denúncia nacional de uma revista de grande impacto, que teve aqui um Secretário, que é o Manssur, que trabalhou diretamente com o Haddad, falando sobre a questão de um pedido de propina. Então, sabe aquelas coisas que estão no ar, como o senhor colocou... E a gente precisa de um esclarecimento, a gente precisa esclarecer isso, pra mostrar que o processo foi todo correto, não teve absolutamente nada, até pra gente se tranquilizar. Mas essa blindagem que está acontecendo vai me botando mais pulga atrás da orelha pra gente buscar o que é que está acontecendo. Então, deixando muito claro que não estamos fazendo prejulgamento. Por isso é que nós precisamos aqui cumprir o nosso dever, inclusive até pra ouvir o Deputado - inclusive até pra ouvir o Deputado. E não temos como fugir de uma situação dessas. Então, eu agradeço mais uma vez a presença de todos vocês, da advogada Marília Fontenele, do Dr. André Callegari, do Dr. Wesley Cardia. Me desculpe se de alguma forma eu fui um pouco insistente, um pouco indelicado com o senhor. Essa não foi a minha intenção. Apenas eu estava na expectativa, talvez eu tenha criado uma falsa expectativa de que iria conseguir, já que o senhor estava respondendo aos colegas, iria me responder, porque eu que fiz o requerimento. Mas eu acredito que a gente vai ter outras oportunidades para, de alguma forma, reparar isso; e que essa CPI vai cumprir o seu dever, é para isso que a gente vai trabalhar, nesse sentido. |
| R | Parabéns, Senador Kajuru. A sua condução aqui hoje é exemplar. Parabéns! E vamos que vamos aí, para amanhã aprovar esse requerimento, para que a gente possa avançar. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Tenha certeza da independência de minha postura como Presidente dessa CPI. Eu apenas concluo dizendo que o triste de não ver esse assunto rapidamente encerrado é porque Romário e eu ouvimos pessoalmente o Deputado Felipe Carreras, ele que foi Líder do PSB na Câmara dos Deputados. Ele chegou até mim - e o Romário disse que o mesmo aconteceu com ele - chorando, não é chorando como chora apresentador de televisão, em que você não vê lágrima. Tem um monte de apresentador de televisão que chora com qualquer coisa, mas você não vê nenhuma lágrima cair. Desse Deputado, eu vi a lágrima dele cair. Ele disse que estava arrasado. Por isso que esse assunto precisa ser encerrado, e eu lamento, repito, que tenha acontecido hoje esse habeas corpus, como observou o Senador Eduardo Girão. Por fim, Sr. Wesley, qual é o seu papel na ISL, empresa suíça, que no ano de 2000 se associou, no Brasil, ao Flamengo e ao Grêmio Porto Alegrense? Em 2000, a ISL enviou, da Suíça, cerca de US$500 mil para saldar dívidas que segundo o Grêmio se referiam a multas pelo atraso no pagamento dos passes de dois jogadores de futebol, multas que não existiam, segundo apurou a polícia, que ainda descobriu os três cheques enviados pela ISL nas mãos de doleiros. E aí, pergunto: que explicação o senhor teria a dar para o fato? Por causa desse episódio, o senhor e o ex-Presidente do Grêmio José Alberto Guerreiro foram condenados, em 2007, por crime de estelionato. Um ano depois, em 2008, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul o liberou de cumprir a pena, sob o argumento de que ela prescreveu. O senhor diria que a Justiça errou na condenação? E, por fim: o senhor dirige a Aspen Capital? E qual é a atividade dessa empresa? São as minhas últimas perguntas, que eu creio que o senhor poderá responder, pelo menos parte delas. O SR. WESLEY CARDIA (Para depor.) - Posso responder tudo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Fica à vontade. O SR. WESLEY CARDIA - Sim, eu era o Presidente da ISL no Brasil. Quando foi feita a Lei Pelé, várias empresas internacionais decidiram vir para o Brasil para tentar profissionalizar o futebol brasileiro, organizando e administrando de uma forma mais empresarial. Infelizmente, os projetos não tiveram sucesso, porque a empresa que tinha os direitos da FIFA, os direitos das Olimpíadas, os direitos de marketing no mundo todo comprou os direitos do ATP Tour, que é o maior campeonato, o maior torneio de tênis do mundo, e isso deu um problema de caixa, e a empresa quebrou no mundo inteiro - tinha escritórios em 24 sedes, em 24 países do mundo. |
| R | No Brasil, nós já tínhamos aportado, naquele momento, US$16,8 milhões - não é US$500 mil; é US$16,8 milhões - para o Grêmio comprar jogadores, etc. E nunca, nunca, embora isso estivesse em contrato, o Grêmio deixou que a ISL tocasse nas receitas de marketing que lhe competiam, que lhe diziam respeito. Então, isso foi gerando uma situação extremamente complicada entre o clube e a empresa ISL, porque só colocava dinheiro e não conseguia reaver um centavo. Isso foi mote de brigas, quase às vias de fato, dentro do Grêmio Porto Alegrense. E, em consequência disso, algumas pessoas foram processadas lamentavelmente. E um dia eu ouvi uma autoridade dizendo: "Vamos resolver isso, deixando os dois Presidentes responderem, e a gente libera todos os outros". E foi o que aconteceu: os dois panacas foram os que responderam pelo processo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor não entendeu que isso ficou como uma mancha na sua vida? Porque o senhor foi condenado e, depois, só não teve a condenação concretizada porque ela prescreveu. O SR. WESLEY CARDIA - O senhor não faz ideia do quanto isso me incomoda, mas eu não tinha a menor condição de refutar, por uma razão... Por outra razão: os diretores da empresa - olha que fato absurdo -, mesmo tendo recebido tudo, tudo que lhes dizia respeito na hora da demissão, resolveram, porque ficaram bravos que a empresa quebrou, entrar contra mim, pessoa física, na Justiça. Eu não tinha um talão de nota de contador, uma caixinha com contabilidade, um livro caixa ou qualquer outra coisa, porque eu havia sido demitido junto. Eu não tinha nenhum elemento para contestar. E a Justiça do Trabalho me condenou, e eu, na física, tive que pagar as rescisões dessas pessoas sem que um centavo fosse devido. São mágoas que ficam? Sim, são mágoas que ficam, mas, como disse o Senador Girão, nas palavras do célebre médium Chico Xavier, essa gente pode mudar o fim da história. E a minha mudança do fim dessa história, que o senhor citou, é tentando esquecer esse fato horroroso e tentando sublimar a raiva que eu tenho pelas pessoas que provocaram isso. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro. O SR. WESLEY CARDIA - Eu e o Presidente Guerreiro. Nunca pedi, nunca disse, em nenhum momento, que ele era vítima também. E foi. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Pegando essa deixa... O SR. WESLEY CARDIA - Por favor. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Pegando essa deixa do Sr. Wesley... E eu, nesse aspecto, o cumprimento - no aspecto da resiliência, de sublimar isso para a sua vida pessoal -, só que a gente aqui, na CPI - por isso que eu lhe peço desculpa de a gente ter ido até um pouco mais duro -, não pode sublimar isso, porque este é o interesse da nação: esse caso da denúncia da revista Veja, esse caso que envolve um Deputado Federal. E esse Deputado não o processou. Olha só como a coisa não bate, não fecha. Se fosse uma coisa que não tivesse cabimento nenhum, esse Deputado, em vez de estar procurando blindar essa situação, deveria tê-lo processado se não fosse verdade. |
| R | Ele não o processou porque talvez seja verdade. Aliás, isso é algo que se encaminha e nós vamos buscar isso no limite das nossas forças, porque não é uma pessoa prejudicada, não é uma sublimação pessoal, não é uma resiliência pessoal; é um problema pra nação, pro esporte brasileiro uma denúncia de 35 milhões de propina pra regulamentar casa bet, pra acabar com a CPI. E, coincidentemente, foi regulamentada a casa bet e foi acabada a CPI em pizza. Então, que a gente possa fazer diferente nessa CPI. Muito obrigado, Presidente, mais uma vez. Parabéns. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, Senador Vice-Presidente Eduardo Girão. Só deixando claro: é uma opinião sua, que a gente respeita, ainda não é a opinião da CPI, porque nós teremos que chegar às conclusões para que provas cabais e irrefutáveis sejam aqui apresentadas. Por enquanto, é isso que temos que fazer. Agradecer a sua presença, Sr. Wesley, dos seus advogados, o Dr. André e a Dra. Marília. E, se o senhor quiser fazer alguma observação final, fica à vontade, porque nós temos mais uma última oitiva nesta reunião da CPI. O SR. WESLEY CARDIA (Para depor.) - Eu só quero agradecer a essa Casa pelo seu interesse, interesse da CPI, do Senador Girão, de tratar do tema manipulação de apostas, que é fundamental para que as casas, os operadores tenham mais segurança no seu trabalho no Brasil. Parabéns. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Saúde e Deus na sua vida. A assessoria, por gentileza. Muito obrigado, Henrique. Eu convido agora o Sr. Anderson Ibrahim a tomar assento à mesa. (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim, liberados. Vão com Deus. Muito obrigado. (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Que isso! Até logo. (Pausa.) Ah, já está chegando. Peço a ele desculpas pelo tempo, mas aqui a gente não pode limitar tempo de perguntas. E o senhor teve uma paciência de Jó. Então, eu passo agora à leitura do termo de compromisso do depoente. V. Sa., Sr. Anderson, promete, quanto aos fatos de que tenha conhecimento, na qualidade de testemunha, sob palavra de honra, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal, dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado? Responda, por favor. O SR. ANDERSON IBRAHIM (Para depor.) - Prometo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A partir deste momento, então, V. Sa. está sujeito ao compromisso de dizer a verdade quanto aos fatos de que tenha conhecimento ou tenha protagonizado, na qualidade de testemunha, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal. |
| R | Nesta oportunidade, esclareço que o art. 4º, inciso II, da Lei nº 1.579, de 1952, estabelece que "fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito", esta CPI, constitui crime punível com pena de "reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa". Fiz apenas essa leitura para cumprir o Regimento, sei que o senhor aqui não vai faltar com a verdade. A minha assessoria, por gentileza, a Carol Luz. E eu aproveito pra dar ao senhor o direito de dez minutos para a sua explanação inicial sobre o que deseja falar, Sr. Anderson. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Boa tarde a todos da Casa, ao que preside. O trabalho que vocês vêm fazendo é um trabalho que eu acredito que é de interesse não só da Casa, do Senado, mas também de quem acompanha o futebol, de quem gosta do esporte e de quem também trabalha com esse segmento. Primeiramente, eu não pude - vou justificar, eu sei que eu fiz isso por escrito - estar presente no primeiro convite. A minha esposa estava gestante na fase final, graças a Deus já nasceu meu filhinho, vai fazer 12 dias agora. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Deus o abençoe! O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. E foi necessária a minha presença, porque nós temos outros filhos pequenos e eu dirijo, eu que levo ao médico e acabo dando toda essa assistência. Tinha a questão da logística também, e como foi uma surpresa com relação ao convite... Eu sei que vocês têm um prazo, uma demanda pra ser atendida, mas eu não podia me organizar dentro daquele primeiro prazo. Foi quando eu solicitei uma nova data, e cá estou. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sr. Anderson Ibrahim Rocha, o jogo suspeito de fraude envolvendo Patrocinense e Inter de Limeira, um time mineiro e um time paulista, aconteceu no dia 1º de junho de 2023, quando o futebol profissional do Clube Atlético Patrocinense era gerido pela sua empresa, a Air Agenciamento e Marketing Ltda. Suspeitas recaíram sobre jogadores contratados por ela, por essa sua empresa. Como inicialmente explicar essa situação, por fineza? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Bom, Kajuru, quando eu recebi esse comunicado, me espantou um pouco, a partir do momento que eu tive o entendimento do inquérito, juntamente com o jurídico nosso, porque dentro desse inquérito constam algumas alegações que prontamente eu conseguiria rebater que não são verdadeiras. Lá, diz-se que eu montei o elenco de forma autoritária, sem aceitar indicações, sem ouvir parte da direção do clube, e isso não é verdade, porque eles indicavam atletas, eles participaram, indicaram goleiro, indicaram atletas de linha, enfim, jogadores que vinham jogando, vinham atuando; até jogadores da cidade, a quem foi dada a oportunidade pra que eles fizessem avaliações num período, e depois, posteriormente, foram aprovados e ficaram dentro desse grupo. Então, dentro desse inquérito, foi alegado um autoritarismo meu na questão de montagem do grupo, com relação a não dar ouvidos à direção, porém uma coisa que não consta no inquérito ou nunca é explanada pra imprensa ou pras pessoas próximas é que, quando foi feito um contrato de parceria entre a Air Golden juntamente com o Clube Atlético Patrocinense, esse contrato tem cláusulas. E qual é o intuito desse contrato? O intuito desse contrato é tentar profissionalizar a administração do clube de uma maneira que ele não vem sendo gerido. "Ah, mas o clube não é profissional?". Ele é um clube profissional no papel. Porém, quem acompanha o futebol sabe que o clube... Você acompanha o futebol mineiro, acredito eu. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu trabalhei lá seis anos. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso. O Patrocinense, para quem acompanhou o Campeonato Mineiro, não conseguiu nem concluir a sua participação no estadual mineiro. Houve três W.O. seguidos. Então, não vinha sendo feita uma boa administração do clube, não vinha sendo feita uma boa gestão da instituição. Eles pecaram com pagamentos, eles pecaram com a logística, eles pecaram com administração de grupo, tomadas de decisões. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pagamento de multa à Federação Mineira de Futebol, não é isso? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Tudo. Eles estavam, vamos dizer, numa situação bem delicada. Eu vou ter que contar um pouco sobre isso para poder dar um entendimento melhor para a Casa com relação ao que, no meu ponto de vista, levou a tal situação, de acusação e tudo mais. O clube vinha com essa bagunça administrativa antes da minha existência junto à instituição, antes de eu estar próximo. Foi oferecido que esse clube buscasse uma parceria para disputar a Série D, pois ele não tinha recursos e não tinha profissionais para poder estar tocando nessa competição. E se porventura ele desistisse da competição quando não havia mais tempo de desistência, ele pegaria um gancho, se eu não me engano, tanto da Federação Mineira quanto da CBF. Isso atrapalharia o futuro breve do clube. Foi feita uma parceria. O Presidente Roberto Avatar, na minha época de fechar esse contrato de parceria junto à equipe do Patrocinense, era Vice-Presidente. Eu até não pude acompanhar presencialmente nesse último convite, mas eu acompanhei virtualmente. Eu o assisti, não só uma vez, e eu vi até que ele citou, porque ele começou a ter proximidade comigo na semana em que ele assumiu presidência. Isso não é verdade. Ele participou desde a aprovação do conselho na parceria, como ele era o responsável pela Prefeitura em organizar os campos de treinamento, e eu na parte de... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor está dizendo que ele mentiu, então? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim, faltou com a verdade, sim, com relação a essa situação. Porque ele afirmou que a gente não tinha contato e foi ter contato só na semana em que ele assumiu. E, no final de semana seguinte, ele rompeu o contrato de forma unilateral. Isso não é verdade, porque tanto ele quanto o Presidente, quanto o Iverson, que era o braço direito do então Presidente Ronaldo, quanto o Presidente do conselho, José Félix, quanto o Régis, o Regin, que é um Diretor também do clube, todos eles participavam. Porém, no início da parceria, quando se iniciou a parceria, quem estava mais ativamente no dia a dia do clube era o então Presidente Ronaldo com o Iverson. Quando eles renunciaram, esses demais ficaram mais próximos do clube. Porém, eles estavam presentes desde o início da negociação da parceria, eles estavam presentes desde a assinatura porque foi feita uma reunião com o conselho, saiu matéria na imprensa local. Eles assinaram ata de que iam estar fazendo essa parceria. Eles tinham conhecimento de como que é esse contrato. O contrato, acredito que, se vocês não tiverem disponível, eu posso disponibilizar para vocês poderem olhar as cláusulas desse contrato. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A CPI quer. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Oi? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A CPI quer, por favor. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Perfeito, eu tenho o... E, dentro desse contrato, tem as cláusulas, deveres e direitos também da parceria. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado. O SR. ANDERSON IBRAHIM - E, dentro disso daí, quando foi firmada a parceria, foi um contrato de gestão. Por que gestão? Eu sempre trabalhei de uma forma que eu não busco levar ao pé da letra as minhas parcerias ou ser engessado com elas. Eu procuro entender que existe o lado sentimental de quem se envolve com o clube - a pessoa que é torcedor, que o pai foi Presidente, que o filho assumiu, que o neto vai assumir -, a gente sabe que isso acontece, que envolve esse lado sentimental do torcedor. Porém, a gente entende que o futebol, se ele ficar sendo gerido dessa forma, vai acontecer o que acontece cada vez mais: falta de recurso, falta de pontualidade nos compromissos, falta de organização. De vez em quando, eles acertam, montam um elenco competitivo e conseguem fazer uma boa competição, mas, na grande maioria da história dos clubes, é sofrimento dentro da competição, brigando para não rebaixar, atrasando o pagamento, faltando alimento, faltando estrutura básica. |
| R | Então, quando a gente fez a parceria com o CAP, foi para quê? Num projeto de médio e longo prazo, introduzir essa profissionalização, criar o departamento de marketing, criar o administrativo, melhorar a estrutura. O clube não tinha nem sala de fisioterapia. Eu comprei todos os equipamentos, montamos uma sala de fisioterapia para fazer o tratamento dos atletas, para não ficar dependendo, às vezes, do hospital local da cidade, porque, às vezes, a demanda é muito grande, e eles não conseguem dar a devida atenção para o atleta, para a necessidade que o clube tem. Mas, enfim, quando se fez a parceria, todos esses, até o então Presidente Roberto Avatar, tinham ciência da parceria, tinham ciência desse documento, porque esse documento foi entregue ao então Presidente e ao Iverson. Então, acredito eu que todo mundo que assinou a ata deve ter pedido esse documento para dar uma analisada, até porque o contrato teve vários ajustes por parte do jurídico do clube. E, nesse contrato, está que a empresa capta recursos para investir dentro do futebol e administrá-lo, principal e primeiramente, no futebol profissional. Posteriormente, iria ser feito um trabalho com base, num futuro próximo, até porque a gente pegou o clube vindo de um rebaixamento no estadual, no Campeonato Mineiro, que é uma competição muito forte, que o clube não conseguiu terminar, teve W.O., ficou com dívidas na Federação. Dentro da parceria, foi aberta uma negociação com relação à cota que a CBF transfere para o clube, para que se conseguisse regularizar essas pendências, que foi o que eu passei para o então Presidente Ronaldo, na época porque, se o clube estivesse recebendo, toda hora, cobranças e dívidas, ia ser ruim para administrá-lo, para tocá-lo, com o telefone toda hora tocando por causa de débito do Campeonato Mineiro, que não teria nada a ver comigo. Então, dentro disso daí, a gente procurou ser o mais maleável possível, para que o clube conseguisse se organizar, e aí começar a montagem do elenco. Eu perguntei para eles, na época, o que eles teriam de atletas do Campeonato Mineiro que pudessem ser aproveitados, e eles não tinham nada, a não ser o atacante, o Gabriel Tocantins, que esteve no campeonato, mas não foi relacionado para nenhum jogo. É um atacante jovem, para quem eu dei oportunidade ali no elenco da Série D e para o goleiro que eles também fizeram questão que ficasse, o Gianluca, que é o goleiro que também não teve um minuto em campo no estadual, no Campeonato Mineiro. Mas eles exigiram que esse goleiro ficasse no grupo, porque era um pedido deles, e eu falei: "Não, sem problema. É bom de grupo? Se não for um cara que vai criar problema se for titular ou não, porque ele tem que brigar pelo espaço dele, não tem problema de estar fazendo parte. E ele que busque a oportunidade, juntamente com os demais companheiros, dentro de campo e no dia a dia de treino". E, depois, começaram a fazer algumas outras indicações. E, dentro do que estávamos dentro de contrato com as nossas obrigações e também com os nossos deveres e direitos, o clube não vinha cumprindo algumas situações, por exemplo: transparência com relação a repasse de receita, sócio torcedor, bilheteria, coisas para as quais o clube teria que fazer repasse, e não para eu, Anderson, gastar. Não. Era para fazer, pelo menos, a transparência. Eles poderiam direcionar diretamente para os pagamentos de alguns funcionários, de algumas despesas, mas que mostrassem que o dinheiro que entrou aqui foi para isso, e que o daqui foi para aquilo. E isso não aconteceu desde o início da parceria. Em pouco tempo, com o início dessa parceria, a gente teve que montar um elenco praticamente do zero. Quem trabalha com o futebol sabe que não é fácil montar um grupo. Ainda mais onde você compete com equipes que têm um poder financeiro maior, que têm condições e que já vêm de um estadual onde o atleta prefere continuar no clube em que ele já está do que buscar um novo clube. A gente estava numa chave, no meu ponto de vista, a chave mais difícil da Série D deste ano. Não vou falar tecnicamente, porque, depois, a gente viu que um clube outro acabou se destacando em outras chaves, mas eu digo em questão de nomes de clube. Futebol paulista, futebol paranaense, salvo o representante do Mato Grosso do Sul, que é um futebol um pouco mais modesto, porém o Costa Rica é um time muito bem organizado e bem administrado. É uma chave difícil de competir. Eu tinha ciência disto. Não prometi acesso, não prometi título, mas prometi organização para que a gente conseguisse, em um futuro breve, ter um time competitivo, talvez ficar para o ano seguinte para a disputa do mineiro do Módulo 2, que era uma proposta dentro do contrato. Nesse contrato tem cláusulas de gatilhos de renovação e metas atingidas: classificou na segunda fase, tem uma renovação; acesso para a Série C, teria uma outra renovação. Para quê? Para que a gente pudesse se empenhar e junto, não só a parceira, mas que os representantes do clube, que gostavam de se envolver no dia a dia, pudessem se empenhar junto nessa busca de objetivo. |
| R | Mas eu sou do interior de São Paulo, sou da cidade de São José do Rio Preto. Eu sei como a política, às vezes, destrói um clube de futebol, infelizmente. Não, a política que eu digo... As pessoas usam como uma ferramenta a instituição. A gente vê hoje grandes times do interior paulista em que há uma briga por poder, para tomada de cadeira, que vai arrebentando com a instituição. A gente tem um gigante, um estádio gigante na minha cidade, que, infelizmente, hoje disputa a quinta divisão. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O América. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso. E é um time de que eu gosto muito, simpatizo demais. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu também. O SR. ANDERSON IBRAHIM - É um time que... Eu lembro de criança, sendo criança, meu pai assistindo jogos lá. E, infelizmente, a gente vê que a briga política do clube faz com que ele chegue na situação em que está. No CAP não estava diferente. Muita briga, não comigo. Logo quando eu cheguei, briga política entre eles. Era o Ronaldo brigando com o Roberto Avatar, que era o Vice, um querendo tirar o outro, um tentando derrubar o outro. Chegou um momento em que o Ronaldo, acho que se cansou do esforço da outra parte da direção em querê-lo fora do clube, fez a renúncia dele, e, juntamente, o Iverson fez essa renúncia, que era o braço direito dele, que trabalhava ali na diretoria, e esse pessoal assumiu, que é o - o Presidente do Conselho continuou - Régis, e o Roberto Avatar, que assumiu a Presidência. Tem outros lá que participavam, mas esses que eu estou citando são os que iam no clube pelo menos, que, de vez em quando, apareciam lá. E, depois que chegaram lá, já chegaram com a ideia, isto que foi passado para mim, num dos bastidores, que eles não queriam que a empresa estivesse lá, que foi uma decisão, na época, do Ronaldo e que, por eles, quebrariam o contrato. Automaticamente, eles buscaram formas de fazer isso. Mas eu não acredito que eles tenham feito da maneira correta. Eles alegam, uma outra pontuação de uma situação que ele comentou na participação dele aqui na outra reunião, que ele teve contato comigo só em uma semana, que o clube havia notificado a empresa de forma extrajudicial. De fato, isso ocorreu no dia 20 de maio. A gente estava com parte dos pagamentos em aberto, porque muitos tinham pegado vale. Então, tinha partes do pagamento em aberto. Porém, depois da notificação extrajudicial que eles fizeram, que, na época, ainda foi feita pelo Iverson, que ele ainda estava na... Depois eu te encaminho, ou eu te passo para você também ter um acesso. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não. |
| R | O SR. ANDERSON IBRAHIM - Eles me notificaram, só que eu já tinha comunicado a eles que não havia necessidade de uma comunicação extrajudicial, porque já estavam sendo feitas regularizações, porém eu respeitaria a decisão deles de me comunicar dessa forma, porém que estaria sendo resolvido, e, em seguinte, eu estaria contranotificando eles para avisá-los. Aqui, se quiser ficar contigo... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado. O SR. ANDERSON IBRAHIM - E esta foi a notificação que eles fizeram no dia 20 de maio. No dia 24 de maio, nós contranotificamos já com a regularização. Aqui pontuando todas as cobranças deles por parte da empresa que estavam em aberto... Contranotificamos eles dentro do prazo muito, muito tranquilo, dentro do prazo que rege dentro do contrato. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sr. Anderson, por gentileza, no depoimento do Presidente Roberto Avatar, da Patrocinense, em algum momento... O senhor assistiu na íntegra. Perfeito? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Assisti. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Em algum momento, o senhor se sentiu ofendido por ele? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, não senti diretamente, eu senti assim... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor não acha que ele quis demonstrar aqui que realmente o senhor cometeu erros? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Eu acredito que a falta de um esclarecimento devido leva pessoas a entenderem as coisas... Então, deixar no ar alguma situação pode levar pessoas a terem uma indução ou um pensamento ruim sobre alguém que não estava aqui para poder depois falar, no caso. Eu não vi ele me acusar diretamente de nada, porém, quando questionado... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas os jogadores ele deixou claro, não é? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Olha, ele deixou... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Ele até comentou... Não sei se o Senador Portinho estava aqui no dia... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Assisti depois. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Depois. Para ele, aqueles dois lances... O goleiro que ele falou, me parece... Sobre dois jogadores, ele deixou claro aqui que ele não teve nenhuma dúvida de que eles receberam propina. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim, bom, sim... Na forma... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Porque a falha que eles cometeram, segundo o Presidente da Patrocinense, foi gravíssima. Nós vimos na televisão... O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Realmente foi de assustar. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, eu vi os três lances depois por gravação, eu não estava também presente no jogo. Mas, rapidinho, só pra justificar essa questão... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não. O SR. ANDERSON IBRAHIM - No dia 31, antes do jogo da Internacional de Limeira, naquela semana, foi feito até uma... Depois, eles apagaram da rede social do clube. Foi feito um comunicado sobre o desligamento de alguns atletas, atletas que não vinham tendo bom desempenho em campo, atletas que estavam saindo muito na noite... A gente sabe que a mulher mineira é uma mulher bonita, o povo gosta de um churrasco, gosta de uma confraternização... (Risos.) E, infelizmente, o atleta... A gente sabe que a rotina de treino e a ausência de familiar, longe de casa há muito tempo, levam eles a criarem amizades e gostarem disso. Natural, a gente não está ali pra prender atletas, eu nunca... Mas a gente procura explicar que eles têm que tratar as coisas de forma moderada, porque o corpo deles é a máquina de trabalho. Então, eles precisam estar descansados. Mas a gente estava tendo alguns problemas com alguns atletas, atletas esses que a própria direção, o próprio Roberto e alguns outros questionaram e pediram para estar desligando do clube. Prontamente, eu falei: "Eu concordo ". São jogadores que eu também não estava contente não só pelo campo, mas pelo extracampo, de saindo muito à noite, chegando tarde, não cumprindo o horário do alojamento... E a gente fez isto: desligou. Alguns, na verdade, não precisaram nem desligar, acho que já sabiam que iam ser mandados embora, pediram a liberação. Isso antes do jogo da Internacional, está bom? Nesse meio tempo, ele solicitou que a gente trouxesse atletas. Eu falei: "Vocês têm algum atleta para indicar? Não tem?". Eles pediram para um parceiro, o parceiro indicou quatro atletas, eles deram o o.k. Era um goleiro, porque a gente liberou zagueiro, liberou lateral... Perdão, o lateral estava machucado. Liberou o volante e liberou... Outro zagueiro foi para a equipe do Boa, ele recebeu uma proposta salarial muito boa perto do que ele recebia - os nossos salários lá eram baixos, não eram salários altos. Ele recebeu uma proposta muito boa pra ele, pediu liberação, e liberou. Nisso, trouxemos as peças de reposição, tínhamos atletas machucados no grupo e nós procuramos agilizar para poder estar regularizando esses atletas. |
| R | Eu costumo ir em todos os jogos. Raramente eu fico de fora, a não ser que tenha algum compromisso que me impossibilite de estar participando. Eu gosto de assistir, eu gosto de acompanhar, eu gosto de estar presente. Não foi diferente nessa competição. Porém, nesse jogo específico, eu não fui. Mas por que eu não fui? Tínhamos quatro atletas para regularizar e pôr no BID. Estávamos indo para o jogo com 22 atletas. No dia da viagem, o Thiago Ribeiro solicitou a liberação dele. Falou que viu que o time não ia ter condições de chegar e tinha coisas particulares dele para resolver, um documento da Itália, algumas situações. E depois até me espantou o fato de ele voltar para o time, mas, enfim, ele pediu para estar indo para casa. Eu falei: "Olha, você quer esperar um pouquinho e tal?". Ele pegou e falou "não", pediu a liberação, eu falei "tudo bem", a gente comunicou a saída dele via rede social do clube e comuniquei os atletas que eles tinham saído do clube já. E ia ser feita a comunicação dos novos atletas, que já estavam treinando na semana, no clube. A gente sabia que não poderíamos ir para um jogo com o até então líder da nossa chave, que era a Internacional de Limeira, que estava invicto até então, e nós em último colocado. Não poderíamos ir com eles desfalcados. A possibilidade de desastre seria gigantesca. Então, eu não viajei na quinta-feira. Fui de manhã no campo, que a gente treinou na quinta-feira de manhã. Depois do almoço, pegaram estrada. O Presidente Roberto Avatar estava no campo. Busquei a assinatura dele nos quatro contratos dos atletas que estariam sendo regularizados e solicitei o pagamento dos boletos. A gente organizou o pagamento dos boletos. Porém, na quinta-feira era feriado, e o escritório de contabilidade não estava aberto para poder fazer o registro dos atletas para, então, subir o contrato no BID. Eu não sei se, talvez, quase ninguém aqui vai ter conhecimento de como que é o trâmite para regularizar um atleta, colocá-lo no BID e deixá-lo disponível para jogo, mas passa-se aos exames médicos, que a gente fez na quarta-feira, assinatura dos contratos, contabilidade para o registro devido na carteira de trabalho e pagamento das taxas, e, posteriormente, subir o contrato, fazer o upload do contrato para que eles sejam regularizados na CBF e estejam à disposição. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Anderson, só para não ficar um monólogo aqui, com todo o respeito, e por respeito a uma voz consagrada do Estado do Rio de Janeiro, que é o Senador Carlos Portinho, membro desta importante CPI - e ele é fundamental porque ele é implacável e tem trazido uma colaboração preciosa nas informações, em tudo que ele apura e na dedicação dele a esta CPI -, eu farei uma proposta para o nosso pingue-pongue, caso o Senador Portinho deseje fazer alguma colocação. Fique à vontade. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Minha pergunta é breve. A verdade é uma, podendo se desdobrar em outras, mas o que eu queria saber se a Air Golden, antes Patrocinense, geriu o departamento de futebol de outros clubes. O SR. ANDERSON IBRAHIM (Para depor.) - Sim, a gente já teve parcerias em outros clubes, mas nem sempre no mesmo modelo de parceria. Cada situação é uma situação. Eu já trabalhei onde eu cheguei com a proposta de poder gerir e implantar uma profissionalização do futebol, e, chegando lá, a autonomia que eu teria que ter para poder realmente tentar organizar as coisas era grande, e a pessoa propor uma outra situação, como me oferecer para ser gerente de futebol ou como me oferecer para ser um outro cargo, mas de uma forma com menos autonomia. Então, já tive parcerias, como também já tive parcerias onde só trabalhei com a captação de recursos, patrocínios, parceiros para poder ajudar a fomentar investimento e conseguir tocar o futebol. |
| R | Então, já estive, de forma presencial, em alguns, já estive, de forma não presencial, fazendo algumas visitas, correndo em empresas também e já estive trabalhando full time, igual eu fiz nesse último aí, onde eu fiquei na cidade, visitei empresas, fazia contatos com empresários também. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Se só puder passar a relação desses clubes... O SR. ANDERSON IBRAHIM - Olha, eu já trabalhei no Tanabi, eu era recente, ainda estava aprendendo, isso faz bastante tempo; já fui Diretor de Marketing do América, de São José do Rio Preto; Internacional de Limeira, aconteceu isso, eu apresentei uma proposta. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Deixa eu só... Só para eu poder organizar aqui, você podia dizer só o ano e o clube? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Internacional de Limeira, final de 2018 e 2019, no acesso da 2 para 1, lá eu fui Gerente de Futebol e depois de algumas reuniões eles propuseram o salário, eu trabalhei remunerado, eu não fiz gestão. Era remunerado, mas com a função como se fosse um gestor, fazendo a captação, montando departamentos também. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E depois? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Da Internacional de Limeira, eu montei um projeto para o Jaguaríuna, mas não fiquei presencial, só montei, TV, clube, captação, projeto para captação de patrocínios. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Isso foi quando? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Em 2019 também. Porque era a Bezinha, era uma competição depois. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Jaguariúna é de São Paulo? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É, a terra do rodeio. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O que mais? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Do Jaguariúna eu estive na cidade de Batatais, em 2020, quando iniciou a pandemia, que teve a paralisação. Quando retornou da pandemia, eu fiz uma parceria com eles. Na época quem me indicou lá foi o Prof. Mirandinha, lá de Fortaleza. Ele era treinador, depois ele saiu da função de treinador e me indicou para ajudar o clube. A gente chegou nas quartas de final daquele ano, quase subimos para a 2, na 3 Paulista. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em 2020? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Em 2020. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em 2021? O SR. ANDERSON IBRAHIM - No ano seguinte eu fechei com a equipe do Toledo, lá não era gestão, eu fui trabalhar, fui diretor lá. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Paraná? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso, primeira divisão do futebol paranaense. Mas lá quem mandava era o presidente, eu fazia a minha participação dentro da função. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em 2022? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Em 2022 eu trabalhei no Estado do Piauí, na equipe do Altos, Série C do Campeonato Brasileiro. Também não tinha autonomia, era um trabalho ali na minha função mesmo e captando recursos para o clube e desenvolvendo o que eu podia. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em 2023? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Em 2023... O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Patrocinense já? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, não. Patrocinense foi nesse ano. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Foi 2024... O SR. ANDERSON IBRAHIM - Em 2022 também eu tive uma parceria onde eu não ficava presencial, também em Minas, que é no clube da URT, onde eu fui procurado porque, como eu tenho relacionamento com empresas, eu consigo apoio, eu trabalhava... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - URT de Patos de Minas? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Patos de Minas. Só que eu não ficava lá, lá tinha um gerente chamado Matheus, esse que ficava, a Presidente era ativa, os diretores eram ativos. A gente trabalhava buscando parcerias, jogadores que viessem com um salário mais baixo, enfim. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em 2023? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Em 2023 eu tive... Eu quase não estive presencialmente em clubes, mas trabalhando com as intermediações da empresa, indicação de atletas para fora e outros clubes no Brasil. Mas eu também estive no projeto junto à prefeitura, no Mato Grosso do Sul, na equipe do CAC. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - CAC. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Primeira divisão, chegamos nas quartas de final também. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Portinho, como você é muito novo, quando ele falou em Batatais, sabe quem jogou lá? Baldochi, zagueiro do Corinthians, lembra? Não, não é? O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não. (Risos.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sacanagem comigo. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Desculpa, eu não queria te deixar mais velho. Se você falasse Neto, eu nunca esqueceria; se falasse Zanon, eu nunca esqueceria. (Risos.) Está bom. Só tinha essas perguntas. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, Senador Portinho. O Clube Patrocinense anunciou, em 2 de junho, um dia depois do jogo suspeito, o fim do contrato com a sua empresa, a AIR Agenciamento e Marketing Ltda. |
| R | O senhor disse à imprensa que tomou a iniciativa de notificar o Clube Atlético Patrocinense no dia 31 de maio, antes, portanto, do jogo suspeito. Aí cabe a pergunta: quem é que tem razão nessa dúvida? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Olha, eu sei que ele falou que eu não notifiquei. Eu ouvi na fala do Presidente Roberto que a notificação foi porque eles haviam me notificado, porém - eu te entreguei impresso o documento -, quando eles notificaram, eu contranotifiquei com a solução dos devidos itens que eles estavam me questionando, o que constava em contrato que era de obrigação da empresa. Posteriormente, de forma informal, eu sempre pedia para que eles pudessem cumprir com a parte deles no contrato, desde a tomada de decisões por parte da empresa em desligar quem não está tendo bom rendimento e contratar quem seja necessário contratar, como também por parte de infraestrutura, porque que era obrigação do CAP o mínimo que o clube teria que fornecer e que eles não estavam conseguindo cumprir, conforme constava em contrato. Por esse motivo, no dia 31 de maio, antes do jogo da Internacional de Limeira e depois de o Roberto Avatar interferir na regularização de atletas para o próprio jogo da Internacional de Limeira, eu, de forma formalizada, notifiquei o clube e encaminhei tanto para um grupo que tinha da direção lá como também pro e-mail da constituição, mas trouxe também um modelo impresso para te entregar. Aqui é a nossa notificação extrajudicial, no dia 31 de maio, contra a equipe do Patrocinense pelo não cumprimento das cláusulas que davam autonomia para nós regularizarmos atletas que fossem necessários. Por que que eu estou te falando isso e por que que, para mim, essa tomada de decisão por parte da direção teve um grande impacto nesse jogo contra a Internacional de Limeira? A gente teve um... Igual eu estava citando antes, que aí depois você... Para não estender demais, o clube veio com alguns atletas que foram desligados. Tínhamos atletas com lesão, e a gente precisava... Tanto que a gente viajou para esse jogo contra a Internacional de Limeira com 21 atletas. A gente poderia levar até 23, mas viajamos com apenas 21. Desses 21, dois garotos da cidade com 19 anos e 18 anos, garotos jovens que ainda não tinham sequência, não tiveram nenhuma oportunidade. Desses outros 21, no caso os 19 restantes, dois estavam lesionados, que era o Wesley e o Júlio Carioca, um atacante de beirada, que fazia lateral direito, e o Wesley, que era lateral direito titular, ambos com lesão, em final de tratamento muscular, mas que a gente queria poupar, porque eles falaram que não tinham condição de realmente jogar. Estavam com medo de abrir a coxa mais, um era na panturrilha e outro era na coxa, na posterior, e iam acabar ficando o restante do campeonato impossibilitados de jogar. Então, a gente levou esses 17 atletas, sendo desses 17 dois lesionados e dois meninos novos que não eram do profissional ainda, que tinham acabado de ser introduzidos no trabalho, e levamos quatro atletas que já vinham treinando a semana toda pelo Prof. Estevam, como titulares, que estavam bem, que eram da posição de origem. E o Roberto Avatar assinou esses contratos na quinta-feira. Na sexta-feira à tarde, quando já estava tudo regularizado, pagamentos de taxas, exames médicos, contabilidade, eu simplesmente entrei em contato com o Ricardo, que é o rapaz que cuida da documentação, que foi funcionário da Federação Mineira e que hoje atua como consultoria para os clubes do Estado de Minas, solicitando, mandando os comprovantes e solicitando que ele subisse os contratos no BID, porque eu não tinha acesso ao sistema, não é minha área fazer essa parte. Eu posso ler o print? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Hum-hum. |
| R | O SR. ANDERSON IBRAHIM - Nesse dia, eu mandei pra ele: "Pagamos e mandamos o comprovante". Isso aqui era para uma baixa de um único boleto que faltava. Eu perguntei se ele queria que eu mandasse o Pix pra ele dar baixa por lá, aí ele falou que já estava dada a baixa. Aí depois, às 14h11 da sexta-feira, antes do jogo, ele falou: "Anderson, há uma situação inusitada. O Roberto Avatar me ligou agora e disse que não é para dar prosseguimento em nenhum registro de atleta. Por favor, resolva tal situação, pois estou em uma sinuca de bico, afinal, pelo que consta, ele agora é o Presidente. Vou ter de interromper qualquer processo". Eu falei pra ele: "Vou ligar pra ele". Ele falou: "Me faça esse favor, pois eu não sei o que está ocorrendo aí". "Também não sei, porque pra mim foi uma surpresa." Busquei a assinatura dele na quinta de manhã, num feriado, fiz a correria na contabilidade, pagamento das taxas pra regularizar pra que a gente não fosse desfalcado pro jogo da Internacional de Limeira. Aí ele até me encaminhou o print, o Ricardo me encaminhou o print da conversa do Roberto para justificar por que ele não estava querendo subir o contrato no BID. E, nesse print, tem aqui: "Ricardo, boa tarde. A partir dessa mensagem, não é para fazer registro de nenhum atleta para o CAP, sem atualização minha. O.k.?". Aí eu peguei e falei pro Ricardo que não tinha o que fazer, já que ele não queria que subisse, por mais que estivesse tudo pago, por mais que... Quer esses papéis também? Por mais que estivesse tudo pago e por mais que não tivesse nenhum impedimento pra que subisse o contrato deles no BID, eu liguei pro Presidente então e falei: "Presidente, o que está acontecendo?". "Não, a gente vai ver; não, vai ver." Eu até achei que, no finalzinho do dia, ele fosse subir os meninos no BID, não é? Falei: "Bom, até às 19h, dá tempo". Estava tudo pago, era só dar o o.k. e fazer o upload desses contratos. Mas deu o horário e não subiu. Eu liguei pra ele e falei: "Olha...". Eu ia pro jogo de carro depois, porque eu tive que ficar pra fazer isso. Normalmente eu viajo junto com o clube, mas, como eu fiquei pra organizar tudo, falei: "Eu vou de carro depois". Eu peguei e liguei pra ele e falei: "Olha, você está fazendo eu ir pro jogo contra o líder". Até então, o time mais forte e competitivo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A Inter. O SR. ANDERSON IBRAHIM - A Internacional de Limeira, invicta. Até então, eles estavam invictos na competição, contra nós que estamos em processo de ajustamento e de evolução dentro da competição, porque o nosso time estava melhorando, estava evoluindo, com quatro desfalques, porque os meninos viajaram, mas não puderam ficar em campo, nem no banco, tiveram que ficar na arquibancada, e com duas lesões e com dois meninos da base. Eu falei assim: "Vocês querem que eu tome uma lapada, porque, se eu não tomar agulhada no começo, eu tomo no final, não vai ter perna pra correr contra eles, jogando na casa deles ainda". "Não, mas a gente vai ver, vai ver." Pra resumir essa questão, eu não viajei, falei que eu não iria viajar. E, em nenhum jogo, a direção acompanhou o time. Por mais que sempre tivesse no nosso acordo que eles mandassem um representante em todos os jogos, a nenhum jogo foram. E justamente nesse jogo, eles foram com o carro, com três diretores lá e foram para esse jogo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Anderson Ibrahim, você está tendo o privilégio aqui de estar diante de um dos três maiores jogadores do mundo, Romário de Souza Faria, que também, como homem público aqui, é um dos maiores Relatores da história deste Congresso Nacional e tem vida de Bolt. Você sabe quem é o Bolt, não é? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Bolt? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bolt, o corredor. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Ah, sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Ele está numa Comissão, vai pra outra, vem pra cá. Aqui na CPI, ele vai, volta. E ele está aqui, ele é o Relator. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Então, eu tenho que passar a ele agora a bola pra que Romário faça as perguntas que desejar. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Muito obrigado, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - À vontade, irmão. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Anderson Ibrahim, muito obrigado pela presença. Eu, infelizmente, não acompanhei aqui o seu depoimento. Então, o tema é exatamente sobre esse fatídico jogo: Patrocinense e Inter de Limeira. |
| R | As suspeitas foram tão fortes que a Polícia Federal deflagrou a Operação Jogo Limpo para investigar as graves suspeitas de manipulação, cumprindo 11 mandados de busca e apreensão em diversas cidades. A investigação ainda está em andamento, segundo confirmou, em depoimento à CPI, o Sr. Roberto Avatar. Naquele momento, o senhor, através da sua empresa Air Golden, era o gestor do futebol do Patrocinense, é isso? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Além da gestão do futebol do Patrocinense em 2004, o senhor também confirma que foi gestor do futebol da Inter de Limeira em 2018? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, não fui gestor. Eu trabalhei... eu era gerente de futebol. Cheguei no final de 2018, porque era pré-temporada, não é? A gente iniciou lá em... Eu cheguei em outubro, final de outubro; pré-temporada, em novembro e dezembro; e iniciou a competição em janeiro, quando foi vice-campeão. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O senhor era gestor de um e gerente do outro? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, não. Isso foi em anos diferentes. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Então, o senhor era gestor em... Tinha a gestão do Patrocinense em 2024, este ano. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E, em 2018, o senhor era gerente do futebol da Inter de Limeira. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso, eu tinha um cargo... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Qual é a diferença? Só para eu entender um pouco. O SR. ANDERSON IBRAHIM - O gestor de futebol, na verdade, é uma função como se fosse um presidente, mas que consiga viver, vamos dizer, em prol do time, em prol do futebol. Trabalha com essa função. A grande maioria dos presidentes dos clubes são cargos voluntários, em que a pessoa faz por paixão, mas ela não consegue disponibilizar muitas horas do seu dia porque alguns têm suas profissões. Então, o gestor nada mais é que profissionalizar essa função para desenvolver o trabalho no time. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ele tem mais autonomia que o gerente? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. No modelo de contrato que eu apresento em parceria, eu busco dessa forma, porque eu costumo até ter gerentes onde eu trabalho. Eu contrato o gerente para o operacional do dia a dia, quando o orçamento permite. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ele é como se fosse um diretor, se me permite, Romário. Em 2018, 2019, na verdade - final de 2018, início de 2019 -, no Inter Limeira, ele era como se fosse um diretor de futebol remunerado... O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... que teria o gerente, teria a estrutura do clube abaixo dele. Se eu entendi bem, em 2024, no Patrocinense, já era diferente. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Você tinha o departamento de futebol arrendado... O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... terceirizado... O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso! O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... para a sua empresa. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Terceirizado. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E essas pessoas da Inter de Limeira, de 2018, quando você era o gerente - não é isso? -, são as mesmas pessoas que estavam no grupo? Não os jogadores, mas, no geral, é o mesmo grupo que estava no jogo contra o Patrocinense em 2024? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, mudou todo mundo. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Jogador também não? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim, jogadores, que eu me recorde ali do elenco atual, são totalmente diferentes. Hoje a Inter está num outro patamar. Ela disputa Campeonato Paulista, que é um estadual, para mim, dos mais fortes do Brasil; um nível técnico muito elevado; vão brigar por acesso. Então, é totalmente diferente o elenco da nossa época. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Na concepção do senhor, que gosta de futebol e conhece, o senhor entende que aqueles lances foram normais ou o senhor suspeitou de alguma manipulação? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Bom, eu não assisti ao vivo, porque a esse jogo específico eu não fui - eu até relatei o motivo aqui de eu não ter ido -, mas depois eu vi os lances. Tendo em consideração... Quem não acompanha o time ou não acompanhou a semana nossa, o bastidor nosso, naquele jogo a gente jogou com um atacante improvisado de última hora, que foi improvisado dentro do vestiário praticamente, que é o Dener, que o então Roberto colocou a mão no fogo por ele - ele é da cidade. Nós demos a primeira oportunidade para ele e profissionalizamos ele com 30 anos de idade, porque ele se mostrou capaz para aquilo. Ele jogou de lateral. E, no meu ponto de vista, dois dos gols saíram nas costas dele, mas ele não tem preparo para a cobertura daquela posição. Ele é um atacante, é um cara ofensivo. Ele corre, ele ajuda naquela posição pelo fato de correr, mas ele não tem capacidade técnica de marcação para atuar como um lateral direito. E eu não acho que ele tenha feito isso de forma equivocada. No primeiro gol, que é uma falha conjunta de posicionamento e de tomada de decisão do zagueiro Renan com o goleiro Felipe, no meu ponto de vista, olhando o vídeo pausadamente, você acha absurdo, mas você olhando no decorrer do jogo, é rápida a tomada de decisão. Quem jogou sabe, às vezes a tomada de decisão é de milésimos de segundo; e se você tomar uma decisão errada, você vai falhar. Pelo que eu percebi no lance, um deixou pro outro e ninguém foi. E quando tentou ir... |
| R | O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Senhor... O SR. ANDERSON IBRAHIM - ... o atacante chegou rápido. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ibrahim, não é? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Tomar decisão errada é muito mais rápido do que a certa, entendeu? Por isso que só tem cara ruim hoje no futebol. (Risos.) O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Na sua concepção, então, os gols foram por decisões erradas e equivocadas de jogadores do Patrocinense? Na sua ideia de futebol. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, na minha ideia, assim, do que eu acompanhei do bastidor, e sabendo que tinha jogadores jogando em posições que não eram a deles de origem, numa situação em que a gente não tinha um banco, jogando contra o então líder, que é um adversário que a gente tinha que respeitar demais, porque estava invicto na competição, se você errar contra jogadores tecnicamente melhores, você está fadado a tomar gol; isso faz parte da bola. E, como você disse, na Série D, infelizmente, o nível técnico é muito baixo. São jogadores que jogam... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, eu não disse na Série D, não; eu disse no futebol em geral. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, no futebol em geral, sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Na Série A também. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim, mas, se na Série A a gente vê lances, às vezes, até grotescos de qualidade técnica, de tomadas de decisão erradas, imagine numa divisão como a Série D! Então, assim, infelizmente, eu não quero passar pano para nenhuma tomada de decisão errada de quem quer que seja, mas eu não posso acreditar que houve uma falha em conjunto dessa maneira. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Nós temos o vídeo ainda aí? Vamos passar o vídeo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É porque o Presidente Avatar... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Talvez o senhor possa rever a sua opinião. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ... o Presidente Avatar não falou isso, não. (Procede-se à exibição de vídeo.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Meu Deus... (Procede-se à exibição de vídeo.) O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O Sr. Roberto Avatar chegou a afirmar que havia recebido informações de possíveis manipulações antes do jogo, daquela partida. O senhor também ouviu ou recebeu esse tipo de informação antes do jogo, sob suspeita? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não. Até me gera estranheza ele não ter me comunicado sobre tal situação. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A pergunta que eu ia fazer era exatamente esta. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ele não te comunicou? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, e ainda barrou a inscrição de quatro atletas. Há prints que comprovam que ele barrou essa inscrição. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O senhor fez algum tipo de aposta naquele jogo? Algum parente, amigo, sócio ou conhecido... O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... fez aposta naquele jogo? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O senhor conversou com jogadores envolvidos nos lances suspeitos? O que eles disseram? O senhor conduziu alguma investigação após assistir à partida? Tem alguma suspeita? Vamos uma por uma. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O senhor conversou com jogadores envolvidos naqueles lances suspeitos? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Depois? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não. Não, porque eu fui ver os lances mais à noite, os lances dos gols, mais à noite. Porque o jogo não foi transmitido, eu não estava presente. E a Internacional posta, grava, mas não transmite, por causa do público. Ela postou depois, aí depois é que eu fui ver os lances. Mas aí eles estavam em viagem, não tinha nem porque eu bater boca também. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Logo em seguida àquele jogo, o Sr. Roberto... Roberto Avatar, é isso? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Roberto Avatar. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ele tomou posse de novo do Patrocinense, é isso? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Isso, no domingo... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ou foi... foi depois do jogo ou foi antes do jogo? |
| R | O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, na verdade, as tomadas de decisões dele e o bloqueio foram antes do jogo, ele já começou o não cumprimento de forma mais incisiva com relação ao contrato firmado, mas, posteriormente ao jogo, no domingo, no período da tarde, por volta das 15 horas, ele me chamou para conversar no clube. Eu fui até lá, estava presente ele, o Presidente do conselho, o Zé Félix, e o Régis, que é do conselho também. E eles vieram com esta folha, que depois eles publicaram na rede social do clube, comunicando a quebra de contrato de forma unilateral. Também me gera estranheza o amadorismo, mas, infelizmente, faz parte do futebol brasileiro e, ainda mais, dos clubes teoricamente de menor expressão, o amadorismo. Um contrato de dez páginas, onde tem cláusulas, onde tem obrigações, onde foram feitos investimentos, eles quebrarem contrato com dois parágrafos de rescisão, sem uma descrição da motivação dessa quebra de contrato, gera estranheza. E o que mais gera estranheza é que, posteriormente a essa quebra de contrato de parceria que eles foram divulgar na cidade, porque eles gostam é de dar atenção para a imprensa local, a partir daquele momento, eles estariam assumindo o clube, que é uma paixão deles e tudo. Na semana seguinte, eles fecharam uma outra parceria, trouxeram pessoas, trocaram o treinador, jogaram contra a equipe do São José ainda com, parcialmente, o elenco que eu havia montado. Foi ganhado o jogo por 2 a 1 dentro de casa, e, no jogo seguinte a esse de 2 a 1 a vitória, perdeu pro último colocado, o próprio São José, por 6 a 0, fora de casa, onde haviam trocado o treinador. Tiraram o auxiliar que eu levei, tiraram o treinador auxiliar, colocaram o treinador desse novo parceiro, levaram novos jogadores, tomaram 6 a 0, mas eu não vi estranheza por parte deles num placar tão elástico. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Anderson, a sua empresa era responsável pelo pagamento dos salários dos atletas do Patrocinense no momento daquela partida contra o Inter de Limeira, é isso? Salários? O SR. ANDERSON IBRAHIM - A empresa é responsável pelo... Enquanto contrato ativo, a empresa é responsável, sim, pelo pagamento de atletas, funcionários terceirizados, despesas do futebol. Parte de alimentação, estrutura, cuidados médicos, medicação e moradia dos atletas é responsabilidade do clube em contrato. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E salários, segundo o Sr. Roberto Avatar aqui afirma, não foram pagos os salários de maio, o que era obrigação da sua empresa. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Ele rompeu o contrato no dia 2 de maio, os vencimentos eram dia 10 de maio. Ele quebra o contrato de forma unilateral, coloca segurança dentro do clube, impedindo que a gente faça qualquer tipo de movimento administrativo, e, oito dias depois, ele ainda espera que a empresa pague o contrato que foi quebrado por conta do clube? Enquanto a empresa estava à frente, os contratos estavam em dia, as despesas estavam em dia. Teve um atraso, justificado com a notificação, contranotificado pela empresa, porém, regularizado dentro do prazo. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Qual é a sua relação hoje com o Sr. Roberto? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Faz tempo que eu não falo com ele. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E o senhor nunca mais voltou ao clube? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Eu fui na segunda-feira... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Depois desse jogo. Nunca mais? O SR. ANDERSON IBRAHIM - No domingo, não... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, não. Depois... O SR. ANDERSON IBRAHIM - Desse episódio todo? O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, não fui mais para lá. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O senhor viu os gols. O que o senhor acha? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Olha, como eu disse, no contexto da semana, de tudo o que aconteceu, de todo o ambiente, eu não tenho como acusá-los. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É normal tomar esses gols, então? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Olha, pra mim... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Dentro do que você me falou, que o senhor falou, que o senhor viu, entendeu, está dentro da normalidade? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Dentro da circunstância e sabendo como são os bastidores, como estava a mentalidade de atleta, a turbulência, enfim... Eu, como atleta, se eu fosse um atleta, passando por um ambiente igual estava aquela semana, da forma que foi, como foi o pré-jogo poucos minutos antes... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Até gol contra você faria? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, eu não faria gol contra. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu quero entender. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Mas o que eu quero dizer é o seguinte: o meu rendimento eu tenho certeza de que não seria o mesmo de quando você tem um ambiente saudável para trabalhar. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Então, é o quê? Os jogadores fizeram corpo mole, de sacanagem cometeram aquelas falhas? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Olha, eu acho que se eles tivessem... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Você está querendo dizer isso? Porque o Avatar deixou claro que eles se venderam. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. Eu não vi, com essas palavras, por parte dele. A desconfiança, sim, como ele deixou no ar a desconfiança por cima da minha pessoa, mas ele não me acusou de nada. Entendeu? Então, assim, não é questão de corpo mole, mas eu entendo como é a cobrança em cima de um atleta, como é ambiente. E uma situação, na época, até ocasionou, que eu comentei antes de o Romário chegar: estavam alguns atletas tendo posturas ruins fora de campo, saindo muito à noite; tinha jogadores, por exemplo, que foram a pagode, que estavam muito em pagode, com frequência, e não estavam rendendo dentro de campo, no treinamento, estava caindo o rendimento nos jogos - entendeu? -, que foram alguns que a gente começou a querer liberar e a querer mudar. E foi aí que a gente começou a ter problemas com a direção também, na dispensa desses atletas. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O.k., meu Presidente. Por mim, está o.k. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Aqui cabe... Para concluir, o senhor foi alvo de apreensão e busca por parte da Polícia Federal? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim. Estiveram na minha casa às 6h da manhã, seis e pouquinho, e pediram - pediram não, né? -, eles averiguaram, olharam o meu apartamento, levaram documentos, comprovantes de pagamento do salário dos atletas, funcionários, taxas, enfim, porque eu tinha tudo organizado. Na verdade, eu tinha tudo numa pasta, desde os comprovantes, porque, devido ao clube ter quebrado o contrato, eu estava estudando a questão da... Porque tem uma multa dentro desse contrato, então eu estava analisando toda essa situação e eu tinha a documentação separada. Eles analisaram toda essa documentação, olharam onde eles tinham que olhar, solicitaram o aparelho, e a gente entregou. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor fez algum depoimento na Polícia Federal ou ainda vai fazer? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não. Eu ainda não fiz, eles vão marcar uma data. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas vai ser marcada uma data, não é isso? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim, a gente está aguardando isso. Estamos aguardando... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor está tranquilo em relação...? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Não, sem problema nenhum. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Hum? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sem problema nenhum. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor entende que a Polícia Federal vai questionar o quê? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Olha, eu acredito que eles vão ter... Eu tive acesso ao inquérito, né? Eu acredito que eles vão trabalhar em cima do que eles estão averiguando com relação à Internacional de Limeira. Eles têm acesso a isso, porque eu tinha esses prints também, esses arquivos todos que eu entreguei agora para vocês terem o conhecimento; acredito que eles vão analisar essa documentação, vão colher depoimentos de atleta e, da minha boca, eles não vão ter eu falando com o zagueiro: "Faça isso" ou "Goleiro, faça aquilo". Não vai ter, entendeu? Então, eu estou tranquilo com relação a isso, aguardando só eu poder prestar meu depoimento, dar a minha contribuição com isso e deixar que eles façam o trabalho deles. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Presidente? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não, Relator Romário. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu queria fazer uma pergunta. O senhor acha normal, Sr. Anderson, que 99% das apostas foram a favor, independentemente do time, mas para que aquele time fizesse dois ou mais três gols em uma partida, é normal na concepção do senhor? O SR. ANDERSON IBRAHIM - Olha, eu não tenho o hábito de aposta. Até truco, se eu jogar valendo R$1, eu perco. Então, eu não tenho entendimento de como que funciona ao pé da letra. Mas, pelo pouco que a gente acaba vendo, porque tem no Instagram, tem os trainers, esse pessoal que explica como funciona isso, para quem vive de aposta ou para quem aposta, eles trabalham muito com estatísticas e com números. Então, assim, a gente enfrentando um clube que tem uma média de fazer dois, três gols - até então, na competição, eles estavam fazendo em seus adversários -, um clube que atua de forma fulminante em casa, indo para cima, buscando resultado, contra um time que, até então era o último colocado, é natural, acredito eu, natural para quem faz uso da aposta esportiva, jogar numa situação do tipo - quanto você falou? - um e meio, dois e meio de diferença? É isso? |
| R | O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Três. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Três? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Três. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Enfim... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - No primeiro tempo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só isso. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Sim, agora eu não tenho o conhecimento desse estudo aí, ou de como foi, ou o valor que foi feito. Enfim, eu só não tenho como te passar, eu não tenho conhecimento. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Relator Romário, pelo respeito que tenho por ti, e daí te chamar de irmão, eu queria te dar aqui uma satisfação pública, porque conheço o seu caráter e sei que você pensa como eu. Aconteceu aqui hoje nesta CPI... Respeitosamente eu ouvi a opinião do Senador Eduardo Girão, que é Vice-Presidente desta CPI, sobre aquela acusação de ter recebido propina o Deputado Federal Felipe Carreras, e o Senador Eduardo Girão classificou o Deputado como culpado. Eu fiz uma afirmação, como Presidente da CPI, de que não é a opinião da CPI, é uma opinião isolada do Senador, que respeitamos, e de que isso caberá ao seu relatório - o seu posicionamento. E que a imprensa não entenda que foi uma opinião da CPI e, sim, de um membro da CPI. Concorda? O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Com certeza. Perfeitamente colocado. E o meu relatório... Aquilo que eu falei antes vou repetir. Tudo o que for interessante, importante e relevante dentro desta CPI, independentemente do tempo, de quantas reuniões aqui nós fizemos e continuaremos fazendo... Tudo estará lá dentro. E essa opinião do Senador Girão é uma opinião única e exclusiva dele, a minha não é essa. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. Eu tinha certeza dessa sua posição. Bem, Sr. Anderson, gostaria de fazer alguma observação final sobre esse caso sinistro - pra mim - de Patrocinense e Inter de Limeira? Fique à vontade. O SR. ANDERSON IBRAHIM - Bom, com relação ao que buscam, acredito que o órgão tem competência para estar averiguando. E, com relação ao que eu faço dentro do futebol, trabalhar em instituições de menor expressão é difícil. É difícil para quem é o presidente, é difícil para quem são os diretores, mas hoje o futebol brasileiro tem usado muito como muleta de má montagem de elenco ou de má gestão ou de maus trabalhos esse artifício. Acredito que possa ter a má índole de um atleta ou outro dentro de um cenário que tem tantos times e com tanta dificuldade financeira, onde a base sofre muito. A base que eu digo é a base do futebol, os que ganham pouquinho, os que têm sempre salário atrasado... Nada que justifique, obviamente. A dificuldade não justifica cometer um crime ou um erro, mas a gente entende que são alvos mais vulneráveis, por muitas vezes. Porém, acaba não se dando a devida notoriedade para quem faz péssimas escolhas e péssimos trabalhos à frente de clubes; usam parceiros ou usam atletas para jogar toda a culpa, mas se esquecem de fazer a parte deles dentro do futebol, o que dificulta cada vez mais a chegada de investidores, parceiros, patrocinadores. Hoje, quase ninguém mais acredita no futebol brasileiro. As empresas não querem mais colocar marca na sua camisa. Os investidores não têm mais interesse em investir, porque sabem que a probabilidade de dar errado ou de gerirem de péssima forma o dinheiro que eles aplicam ali é gigantesca. Então, essa é a dificuldade. |
| R | E eu acho que, cada vez mais, as empresas que talvez tenham interesse de desenvolver, tanto no caso... eu penso no plano de carreira e tudo mais, mas, assim, desenvolver esse tipo de trabalho, implementação de trabalho, vai acabar se afastando porque vai se deparar com isso com frequência, vai ver pessoas fazendo péssimas campanhas, péssimos trabalhos e depois querendo descarregar as decisões erradas deles em uma pessoa, achar o culpado para aquilo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Eu gostaria de agradecer a todos os amigos Senadores presentes nesta reunião, agradecer também a minha equipe de gabinete, Carol da Luz, Luma Paschoalato e Roberto Gonçalves; do gabinete do Senador e Relator Romário, os craques Wester, Flavio e Vicente; do gabinete do Senador Girão, os também craques Chico e Roberto; da Liderança do meu PSB, Olga, Santi e Carlos, outros craques; do gabinete do Senador Portinho, a Fran Vieira, sempre eficiente. Quero agradecer aos advogados do Senado, Dr. Octavio, Dr. Marcelo Cheli e Dra. Bárbara Rodrigues; aos consultores do Senado, Luciano, Tiago Ivo e Vinicius; aos servidores da Secretaria da Comissão, sem a qual eu não teria como presidir esta sessão, o Secretário, que está de férias, Marcelo Lopes, muito bem substituído hoje pelo Henrique Cândido e pelo Gabriel Udelsmann; e aos policiais do Senado presentes, como sempre, Itamar e Braga. Não havendo nada mais a tratar, agradeço a presença de todos, convidando-os para a nossa reunião de amanhã, dia 7 de agosto de 2024, às 14h, para as oitivas dos Srs. Hugo Bravo, Presidente do Vila Nova Futebol Clube, de Goiás, pioneiro nas denúncias de manipulação contra o seu próprio time e jogadores; Emanuel Medeiros, Presidente da SIGA Latin América; e Ricardo Gonçalves, Presidente do Conselho Administrativo da Santa Casa Global Brasil. Declaro encerrada a presente reunião. Agradecidíssimo. Deus e saúde, Pátria amada. (Iniciada às 14 horas e 44 minutos, a reunião é encerrada às 18 horas e 12 minutos.) |

