15/08/2024 - 27ª - Comissão de Assuntos Sociais

Horário

Texto com revisão

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A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Fala da Presidência.) - Bom dia.
Havendo número regimental, declaro aberta a 27ª Reunião, Extraordinária, da Comissão de Assuntos Sociais da 2ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura.
A presente reunião atende ao Requerimento nº 129, de 2023, da CAS, de minha autoria, para a realização de audiência pública destinada a instruir o Projeto de Lei 610, de 2021, que institui a Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Cabelo a Pessoas Carentes em Tratamento de Câncer e Vítimas de Escalpelamento.
Informo que a audiência tem a cobertura da TV Senado, da Agência Senado, do Jornal do Senado, da Rádio Senado e contará com serviços de interatividade com o cidadão, Ouvidoria, através do telefone 0800 0612211 e do e-Cidadania, por meio do Portal www.senado.leg.br/ecidadania, que transmitirá ao vivo a presente reunião e possibilitará o recebimento de perguntas e comentários aos expositores via internet.
Inclusive perguntas já estão chegando de todo o país, o que mostra que o assunto chama a atenção pela sua delicadeza e pela sua importância.
Nesta audiência pública nós temos convidados. Nós temos uma convidada que está presencial, está aqui conosco no plenário, que é a Lenize Baseggio, Coordenadora do Acolhimento da Rede Feminina de Combate ao Câncer aqui de Brasília. E nós temos convidados online. Nós temos a Paula Elaine Diniz dos Reis, Coordenadora-Geral da Liga de Combate ao Câncer da Universidade de Brasília. Muito obrigada, Paula. E temos a Lúcia Brugnera. Eu acho que eu acertei, não é, Lúcia? Presidente do Instituto Hera Artemisul (Casa da Mulher Paulistana). É um instituto com que eu tive a alegria de trabalhar enquanto Ministra também, com esse instituto. Queremos agradecer a presença das três.
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E vai ser uma audiência muito rápida, direta, porque qual é o nosso objetivo aqui, ilustres convidadas? É a gente decidir sobre o projeto de lei. Cabe a mim a relatoria, e a legislação estabelece que eu preciso ouvir o segmento. A legislação está construída.
A gente entende que a autoria do projeto, a motivação da autoria do projeto é muito nobre. Mas nós precisamos ouvir vocês que estão lidando com o tema todos os dias, para que o voto seja preciso, assertivo, para que o voto inclusive venha melhorar o projeto de lei, modificar, acrescentar algum outro dispositivo.
Então nós estamos cumprindo hoje, com esta audiência, uma etapa estabelecida pela legislação. Os segmentos precisam ser ouvidos em propostas legislativas dessa natureza. Então nós vamos ficar muito com o foco no projeto de lei.
Nesse sentido, eu quero já passar a palavra para a nossa querida Lenize.
Lenize, as convidadas terão dez minutos para exposição, podendo ser prorrogado um pouquinho mais.
E nós vamos fazer o seguinte: nós vamos ouvir as três e, à medida que os Senadores vão trazendo perguntas, nós fazemos as perguntas no final. Temos perguntas já dos internautas. Assim que a Lenize fizer a primeira exposição, eu já apresento as perguntas dos internautas, e poderão, nas considerações finais, respondê-las, está bom?
Muito obrigada, senhoras incríveis, que fazem, lá na ponta, um trabalho tão lindo, tão extraordinário. Eu acho que esta audiência hoje é uma audiência de muita sensibilidade.
Eu estava falando para a Lenize que hoje a Casa está pegando fogo. Está todo mundo brigando. Tem muitos temas extremamente polêmicos sendo discutidos aqui nas Comissões ao lado. Mas vem esta Comissão, a Comissão de Assuntos Sociais, trazer um tema leve, que é o coração, a generosidade, a solidariedade.
Então eu estou muito feliz de estar com as três nesta nossa audiência pública.
Lenize, seja bem-vinda. Dez minutos para a sua exposição.
A SRA. LENIZE BASEGGIO (Para expor.) - Obrigada pelas suas palavras. E eu serei bem breve também.
Primeiro, eu quero agradecer o convite, em nome da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília, na qual eu trabalho justamente no acolhimento, que é, vamos dizer assim, a nossa porta de entrada, aonde chegam as pacientes que recebem a sua notícia de que estão com câncer, não é? Então eu conheço bastante essa realidade, estou bem próxima dela.
E também parabenizo a todos os envolvidos que trabalharam na consolidação desse projeto de lei que trata dessa instituição, dessa campanha nacional de incentivo à doação de cabelo a pessoas carentes em tratamento de câncer e vítimas de escalpelamento. É muito importante que, com essa campanha, a gente consiga a conscientização sobre a importância da doação dos cabelos para recuperar a autoestima dessas mulheres principalmente, porque lá, inclusive, a gente consegue atender até homens que perdem o cabelo em função do câncer, mas todos são atendidos.
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É importante também a população saber quais são os procedimentos para uma doação de cabelo e onde elas podem entregar essas doações. E eu creio que aumentar a conscientização das pessoas, com certeza, vai aumentar a doação de cabelos, porque, para fazer uma peruca hoje em dia, a gente precisa mais ou menos de 11 metros de cabelo. Onze metros que eu digo é espalhar o cabelo, porque eles são costurados, até a gente poder formar, no vai e vem, uma peruca.
E é muito importante que também, consequentemente, em função de tudo isso, a gente vai poder amenizar um pouco da dor dessas mulheres que sofrem com a perda dessa parte visual tão importante para todo mundo, mas eu digo principalmente para a mulher, porque geralmente ela gosta desse cuidado com o cabelo. Faz parte do impacto da imagem que ela vai passar para as outras pessoas.
Então, o que eu também constato lá no dia a dia, quando a gente entrega uma peruca, é que essa campanha vai também contribuir para a gente aumentar a autoestima dessas pessoas que estão recebendo a peruca, porque elas voltam a se enxergar como eram antes, ou muito parecidas a como eram antes. Ela favorece psicológica e emocionalmente a saúde dessas pessoas, pois ameniza um pouco a agressão que elas já estão tendo da doença, que acarreta essa perda do cabelo, e também favorece uma melhor qualidade de vida, porque quase que a maioria das pessoas que perdem o cabelo e não têm uma peruca se retraem. Elas deixam de ir ao convívio social com outras pessoas, têm dificuldade de ir a um trabalho, a um estudo ou até de sair de casa para fazer uma compra, justamente porque elas não têm o cabelo.
Pode-se até dizer que cabelos que se transformam em perucas contribuem para o melhor enfrentamento da doença, porque, no momento em que essa pessoa passa a ter uma peruca, a se sentir mais, entre aspas, "normal", ela está se sentindo melhor. E, quando a pessoa tem essa autoestima vamos dizer assim preservada, aumentada, com certeza, isso contribui para a melhora de um tratamento de uma doença.
Um ponto que eu cito nesta campanha, justamente por isso que é uma campanha de conscientização, é a preparação do cabelo para doação. Primeiro, a gente precisa ter um cabelo com mais ou menos 25 centímetros de comprimento para que permita fazer uma peruca que tenha um caimento. O cabelo precisa ser lavado, estar seco, porque há muita gente que lava o cabelo e, com ele molhado, já faz um rabo de cavalo e o corta. Só que isso prejudica o cabelo. Depois, a gente tem que secá-lo. Só que aí ele tem que estar solto.
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Então, na campanha, se for possível conscientizar sobre a forma de cortar o cabelo, também vai nos ajudar muito.
Eu vou citar aqui um bom exemplo. Recentemente, aqui no Distrito Federal, foi promulgada a Lei 7.533 - foi agora, recentemente; foi em julho, eu acho -, que criou o selo Salão Amigo de Pacientes em Tratamento de Câncer, que concede um reconhecimento público aos salões onde são cortados os cabelos, para que - naquele mesmo local onde a pessoa corta os cabelos - esses salões já possam acondicioná-los para o encaminhamento às instituições que produzem as perucas.
Já para finalizar, eu reitero os parabéns à instituição dessa importante campanha de doação de cabelos, e eu deixo aqui um apelo para análise, indo um pouquinho mais além, que seria uma proposta de quem sabe, futuramente, implementação do fornecimento de próteses capilares pelo SUS, visto que o Ministério da Saúde, hoje, já oferece órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção para reabilitação visual, auditiva, física e ostomias. Então, já que são fornecidos coletes, calçados ortopédicos, cadeiras, bengalas, andadores, por que não se ter uma prótese capilar também ofertada pelo nosso serviço de saúde? Seria uma merecida e equalitária forma de tratar essas pessoas que já têm essas deficiências, recebendo esses tipos de órteses e próteses, também incluindo as pessoas que perdem os cabelos por câncer, alopécia, lúpus e outras doenças que provocam a queda do cabelo.
Muito obrigada.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Lenize, obrigada.
Olha, às vezes as pessoas perguntam assim: "Há necessidade de uma audiência pública para debater tudo?". Observem a colaboração que a Lenize trouxe aqui agora: por que a gente não está junto ao SUS trabalhando a doação da prótese? Nós que trabalhamos em regiões muito distantes - e aqui o pessoal da Casa da Mulher Paulistana me ajudou com as escalpeladas lá do Marajó - sabemos que, se a gente não levar daqui, das instituições para lá... Não tem instituições locais fazendo as perucas; não tem! Mas, se fosse uma obrigação do SUS, elas teriam acesso mais rápido, não tirando o trabalho das instituições lindas como a de vocês, que fazem, porque a demanda é grande...
A SRA. LENIZE BASEGGIO (Fora do microfone.) - Sim, com certeza.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - É bom dizer, porque tem muita gente perguntando: "Mas pede-se tanto cabelo...?" - gente, a demanda é grande, porque a peruca de uma nem sempre pode ficar para outra; a gente tem que entender isso, não é? Tem que entender isso.
Mas a pergunta que eu vou lhe fazer, Lenize, já que você foi tão sucinta e que tem gente perguntando aqui, é: Por que cabelo? Por que não as perucas, todas sintéticas? Por que essa importância do cabelo?
Explique aí, porque tem gente que não entende a qualidade, a diferença entre uma peruca sintética e uma peruca de cabelo. Explique para os nossos internautas que estão perguntando.
A SRA. LENIZE BASEGGIO - Explico.
Hoje, na rede feminina, a gente trabalha com os dois tipos de peruca: a gente recebe da indústria as perucas sintéticas; e, através da doação de cabelos, nós mesmos é que produzimos as perucas.
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Em uma peruca de cabelo humano, você consegue tratar esse cabelo da mesma forma como você trata o cabelo que tem na cabeça. Você consegue lavar, passar um secador, passar uma chapinha, fazer um babyliss, igualmente, do mesmo jeito, lavar, passar xampu, da mesma forma.
Uma peruca sintética, embora muitas vezes fique mais assentada à cabeça, ela tenha um pouquinho mais de brilho até do que o cabelo humano... A peruca sintética não pode nem passar perto de um secador de cabelo, porque, se você esquentar aquele fio, ele é sintético. Vamos dizer assim, ele é quase como, para que todo mundo possa entender, é quase um plasticozinho, é um cabelo de boneca. Então, se você esquentar esse cabelo, ele vai derreter.
A sintética nasceu daquele jeito, ela vai ficar daquele jeito. Você vai poder lavar as duas perucas da mesma forma, só que uma nasce e morre daquele jeito; e a outra, que é de cabelo humano, é mais flexível no sentido de você poder trabalhar esse cabelo, mudar o cabelo, o formato desse cabelo.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - O.k. Eu acho que está esclarecido. Muita gente tem essa dúvida e está chegando pergunta nesse sentido.
A última pergunta que eu vou te fazer, Lenize, e aí a gente já pode dar, assim, por satisfeita a sua exposição, apesar de que eu vou ler as perguntas dos internautas, é o seguinte, o projeto de lei estabelece uma campanha nacional, e essa pergunta, inclusive, já direciono às outras duas expositoras.
Então, o que eu preciso aqui decidir com o segmento? O autor do projeto de lei, o Deputado Vinicius, indica que a campanha seja feita na semana do dia 27 de novembro - e é isso que eu preciso ouvir de vocês.
A gente continua com essa data, 27 de novembro? Alguma objeção do segmento, de vocês que estão lá na ponta, trabalhando com as pessoas com câncer? Porque dia 27 é um dia sagrado para vocês, é um dia sagrado, quando vocês chamam a atenção do Brasil inteiro para a prevenção do câncer, para o combate ao câncer.
A pergunta é, essa campanha, da forma como o autor apresentou... E a Câmara dos Deputados já aprovou, tá? Eu quero dizer que essa matéria já foi decidida na Câmara dos Deputados. Nós, como Senado, estamos sendo a Casa revisora. Nós estamos aqui dizendo sim, ou não, à matéria.
A pergunta é: a decisão dos Deputados pode permanecer, essa campanha pode ser na semana do dia 27 de novembro?
A SRA. LENIZE BASEGGIO - Eu acredito que sim. Eu acho que já termos uma data, em que se ressalta a questão do câncer... A gente associar justamente nesse mesmo período uma campanha de incentivo, eu acho totalmente pertinente. Eu acho que ela está adequada, sim.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - O.k. Obrigada, Lenize.
Além dessa pergunta que eu fiz, e eu gostaria que as duas também se manifestassem sobre a data, eu vou ler perguntas que chegaram da internet, que foram selecionadas, são muitas, mas a Secretaria seleciona algumas.
E, se essas perguntas já puderem ser respondidas pelas próximas expositoras, e se Lenize quiser falar de alguma dela também...
Lucas do Paraná pergunta: "Quais são as principais estratégias para engajar a população na campanha? [Uma excelente pergunta.] E para garantir a qualidade e segurança dos cabelos doados?". Isso aqui é uma pergunta em que com certeza muita gente está na dúvida agora.
Ângelo do Rio Grande do Sul: "Quais são as possíveis parcerias e colaborações previstas no âmbito do PL 610/2021 para expandir a atuação dessa campanha [...]?". Essa eu já vou responder.
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Aprovada a campanha, ela vai para um calendário oficial no Brasil, ela fica lá instituída como lei, e aí o que a gente vai fazer? Que lá nos municípios isso se repita, e os Vereadores entrem com a campanha municipal, aprovem a campanha municipal na mesma data; os Vereadores, as instituições lá na ponta. Estando essa campanha num calendário municipal, as instituições podem buscar parceria do poder público, e a campanha ir para as escolas e estar nas instituições públicas e privadas. Então, eu acho que eu já respondo dessa forma.
Luccas, do Maranhão: "Quais medidas [serão adotadas] para que esse apoio atinja toda a população com câncer no Brasil e vítimas de escalpelamento?".
Danielly, de Rondônia, pergunta: "Como será o gerenciamento dos cabelos doados [novamente a preocupação com a qualidade], assegurando que sejam corretamente processados e distribuídos conforme as necessidades?".
E Alexandra, do Rio de Janeiro: "A autoestima ajuda imensamente no tratamento, portanto é importante usarem as plataformas digitais [fantástico!] para incentivar a doação".
Na sequência, nós vamos ouvir a Lúcia.
Lúcia, seja bem-vinda à nossa sessão de audiência pública para discutir um tema tão importante e que sei que faz parte da sua história, da sua vida.
Dez minutos, Lúcia, e, se precisar, a gente estende um pouquinho mais.
A SRA. LÚCIA BRUGNERA (Para expor. Por videoconferência.) - Bom dia! Ainda não me acostumei, Senadora ou Ministra, não é?
Eu tive o privilégio de conhecer a Senadora Damares nesse projeto magnífico que estamos fazendo aqui em São Paulo, nessa questão da mulher com câncer, lúpus ou qualquer tipo de patologia em que a mulher venha a perder o cabelo. E também, desde 2019, iniciamos, até então com a Ministra Damares, esse trabalho na Região Norte do Brasil, com as vítimas de escalpelamento; e que demos continuidade, Senadora.
Dia 28 de agosto é o Dia Nacional da Vítima de Escalpelamento; já está aí no calendário. Então, todo mês de agosto, a Casa da Mulher Paulistana vai até a Região Norte do Brasil para fazer esse trabalho. Inicialmente, começamos esse trabalho com a doação das perucas. Bem como a Senadora comentou, realmente esse trabalho não chega até essas mulheres ribeirinhas, porque o acesso é muito difícil.
Na época, tínhamos o projeto de ensiná-las a confeccionar perucas, porque ficaria mais fácil. Atualmente, nós enviamos pelo correio durante todo o ano. As perucas da Casa da Mulher Paulistana são 100% personalizadas, principalmente no caso das vítimas de escalpelamento. Por quê? Porque o acidente realmente deforma o formato da cabeça, e como elas moram numa região muito quente e úmida, há a necessidade de essa peruca ser personalizada através das medidas, para que não machuque o couro cabeludo, que, devido ao acidente, fica muito sensível. Por ser um ambiente muito quente e úmido, acaba machucando essa mulher.
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Agora, Senador, estamos com uma parceria com a Marinha do Brasil e com o MP do Pará. No dia 26, estaremos em Portel e em Oeiras, mas não só para doação de perucas. Com certeza, a Lenize já falou sobre a necessidade da peruca, então não há a necessidade de eu me prolongar nesse assunto, mas, realmente, a peruca levanta a autoestima da mulher.
Tem mulheres, principalmente as vítimas de escalpelamento, que ficam realmente deformadas. Elas não saem de casa, não conseguem trabalhar; muitas vezes, perdem o marido, porque o marido as abandona. Então, realmente, a peruca acaba contribuindo não só para a sua autoestima, mas também para a própria sobrevivência da sua família, porque ela consegue sair de casa, trabalhar e sustentar os seus filhos, porque acabam virando mães solo.
Mas, agora, estamos com um projeto, no dia 26, em que vamos levar capacitação para essas mulheres: cursos rápidos, profissionalizantes, na área da beleza; cursos que elas conseguem fazer até em casa, e ter a sua geração de renda. Eu acho, no caso das vítimas de escalpelamento... Na época, acho que já tinha debatido esse tema aí em Brasília, da questão não só da necessidade da peruca, mas também do depois disso, de como ela sobrevive depois de um acidente. Então, isso é um tema, também, que eu acho muito importante, não só para as vítimas de escalpelamento, mas também para as mulheres com câncer. Graças a Deus, já existem as leis que beneficiam essas mulheres com câncer ou com qualquer patologia, mas, para as vítimas de escalpelamento, ainda não saiu essa lei que abrace essa mulher, para que ela, realmente, tenha esses direitos como a mulher com câncer, graças a Deus, já tem hoje.
Esse projeto foi iniciado pela Senadora Damares, aí teve a interrupção, uma paradinha, mas eu fiquei muito feliz, Senadora, em revê-la e por que a senhora tenha voltado com esse tema tão importante e tão necessário para as mulheres - não só mulheres, porque hoje o que a gente vê muito são meninas, adolescentes, a maioria das vítimas de escalpelamento, e meninos também. Então, com esse trabalho nosso na Região Norte, a gente vê que o leque aumenta: não são só mulheres, são crianças, são adolescentes, são meninos, são jovens, são homens.
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Eu acrescentaria, nessa nossa pouca experiência - mas a gente está se aprofundando -, realmente, que a Senadora, com os Parlamentares, Senadores, criassem esse acolhimento, essa lei para as vítimas de escalpelamento também, tão necessária. Porque essas mulheres... A mulher com câncer, graças a Deus, um dia volta a ter o cabelo, mas as mulheres vítimas de escalpelamento nunca mais terão cabelos. Então, elas precisam desse acolhimento. E a Senadora põe em pauta novamente essa lei que, em 2020, a Senadora colocou, para que realmente cuidasse dessas mulheres.
Então, a minha contribuição, como a nossa colega já falou bastante da mulher com câncer, é realmente esta: que se crie uma lei também, como tem a mulher com câncer, para as mulheres vítimas de escalpelamento, que elas tenham esse apoio dos Parlamentares. Eu acho importantíssimo esse acolhimento à mulher vítima de escalpelamento, que ainda, infelizmente, é deixada de lado.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Obrigada.
Obrigada, Lúcia. Obrigada por ter trazido para o protagonismo as nossas mulheres escalpeladas, homens, meninos - às vezes a gente fala do escalpelamento e se esquece dos meninos também.
E você trouxe algo extremamente interessante, que as pessoas não entendem: em cada acidente de escalpelamento, o crânio fica de um formato. Tem pessoas que é de um lado só que ficaram machucadas, elas têm cabelo de um outro lado, é um complemento; e, se você colocar uma peruca inteira, vai esquentar demais. Então, são esses detalhes de personalizar a política por cabelo.
Eu fico imaginando uma peruca sintética lá no Pará, 40 graus, como ela aquece. Então, que as pessoas entendam que o cabelo, a peruca de cabelo tem um outro significado, tem uma outra função. As perucas sintéticas fiquem aí para quem quer ficar bonita, quem quiser usar suas perucas. Também as pessoas com câncer usam as perucas sintéticas, mas existem situações em que precisa ser, de fato, a peruca de cabelo.
Lúcia, eu estava aqui conversando com a Lenize enquanto você falava. As perguntas aqui todas sobre a segurança e qualidade do cabelo. É bom a gente deixar claro: não é objeto desse projeto de lei, mas as instituições de vigilância sanitária no Brasil estão atentas a isso. E essa campanha vai ser direcionada no seguinte: doe o cabelo, mas esse cabelo vai lá para as instituições sérias, como a Casa da Mulher Paulistana, a Rede Feminina de Combate ao Câncer, porque elas sabem quem confecciona com qualidade e o processamento deste cabelo.
Lembro que, hoje, todo mundo está falando: "Ah, mas tem aquelas coisas tenebrosas, do cabelo que foi roubado lá no cemitério". Isso é crime! Isso é crime! Isso tem que ser denunciado, isso é crime.
Existe também a questão ética, que eu estava falando com a Lenize: "Eu vou vender meu cabelo". Gente, cabelo se doa. Não se vende rim, não se vende fígado. Não se vende cabelo, cabelo se doa.
Então, gente, olhem só quanta coisa uma campanha dessa, instituída, poderá fazer, em forma de conscientização no Brasil inteiro.
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Parabéns, Lúcia, pelo trabalho com as mulheres escalpeladas.
Obrigada por não ter desistido delas.
A SRA. LÚCIA BRUGNERA (Por videoconferência.) - Não.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Obrigada.
Que Deus abençoe vocês!
Sair de São Paulo para cuidar da mulher na região da Amazônia!
Parabéns!
É assim que as instituições no Brasil fazem. É assim.
É desse jeito que a rede, os institutos, as instituições fazem.
É amor puro, é solidariedade, é empatia.
Na sequência, vamos ouvir a Paula. A Paula é Coordenadora-Geral da Liga de Combate ao Câncer da Universidade de Brasília.
Prazer, Paula.
Muito prazer.
Eu acho que eu não estive pessoalmente com você ainda.
Obrigada por ter aceitado o convite.
E você já entendeu, o objeto é a campanha, o período, a data, a importância.
Isso vai ficar registrado em notas taquigráficas para justificar o acolhimento ou não do projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados.
Paula, dez minutos.
A SRA. PAULA ELAINE DINIZ DOS REIS (Para expor. Por videoconferência.) - Tenho muito prazer em estar aqui com vocês, Senadora Damares.
Eu cumprimento a senhora, todos os senadores presentes, quem está assistindo a essa audiência pública - extremamente importante - e as minhas colegas de luta, porque realmente é uma luta muito importante essa de trazer novamente o empoderamento para essas mulheres que sofrem tanto.
Eu sou Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade de Brasília e aqui a gente acompanha bem de perto essas pacientes. Nós fazemos anualmente a entrega dessas perucas para as pacientes, então nós temos uma parceria com a Roberta Andrade, que é cabeleireira aqui no Distrito Federal. Ela perdeu a mãe com câncer de mama e desde então criou um projeto que se chama Perucas do bem e vem entregando, confeccionando as perucas.
Eu até pedi permissão ao pessoal para poder mostrar uma foto para vocês. Eles me autorizaram a compartilhar a tela para eu conseguir mostrar aqui.
Vocês estão vendo minha tela?
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Sim, estamos vendo.
Acho que agora vai entrar.
A SRA. PAULA ELAINE DINIZ DOS REIS (Por videoconferência.) - Então, é esta aqui que eu queria mostrar.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Não, não, espere.
Não estamos vendo a imagem ainda, eles estão...
Só um instantinho, Paula.
A SRA. PAULA ELAINE DINIZ DOS REIS (Por videoconferência.) - Está bom.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Nós temos a imagem?
Feche que nós vamos exibir a imagem daqui, Paula.
A SRA. PAULA ELAINE DINIZ DOS REIS (Por videoconferência.) - Ah, que ótimo!
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Nós temos a imagem.
A SRA. PAULA ELAINE DINIZ DOS REIS (Por videoconferência.) - Só um minuto.
Deixe-me voltar aqui.
Bom, eu vou adiantando enquanto isso.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Ótimo.
A SRA. PAULA ELAINE DINIZ DOS REIS (Por videoconferência.) - Essa imagem pretende mostrar para vocês a diferença que faz de fato uma peruca.
A peruca de cabelos naturais, com certeza, tem um impacto muito grande, não só por essas questões de ser sintética, de ser quente, mas é também porque é um cabelo natural, o qual elas podem arrumar do jeito que querem e também por poder se aproximar do que era o cabelo delas.
Quando a gente vai fazer uma peruca, a gente sempre pergunta: "Como era o cabelo?". "O cabelo era liso, era de qual cor, era enrolado?". Então aqui...
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A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - A imagem está sendo exibida.
A SRA. PAULA ELAINE DINIZ DOS REIS (Por videoconferência.) - Ah, ótimo!
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - A imagem já está sendo exibida.
A SRA. PAULA ELAINE DINIZ DOS REIS (Por videoconferência.) - Perfeito.
Essa imagem aqui mostra exatamente uma das campanhas que a gente fez num Outubro Rosa, aqui no Hospital Universitário de Brasília. E vocês podem ver que nós fizemos o antes e o depois. E a diferença, se vocês olharem cada foto... eu acho que essas fotos têm muito significado e até me emocionam muito, porque você vê a transformação, e a gente consegue enxergar essa transformação exatamente no momento. É um processo tão lindo.
Se alguém um dia quiser participar, a gente sempre abre para voluntários que queiram ajudar, que queiram participar desse momento.
No decorrer do processo de escolha das perucas, porque a gente coloca as perucas no balcão e começa a conversar, a perguntar como era e como ela quer o cabelo, e essa forma de escolher a peruca, de encaixar na cabeça, de arrumar como vai ficar é muito emocionante. E a gente vê, assim - elas começam a contar a história delas, o que elas passaram -, olha, por meio dessas fotos... eu acho que essas fotos dizem realmente o quanto essa peruca significa para essas mulheres.
E aí, Senadora Damares, eu gostaria também, assim como minha primeira colega, de ir um pouquinho além. Eu sei que aqui, este momento é de fato de a gente dizer o quanto é importante a entrega, a campanha para a arrecadação de cabelos, mas algo para que eu gostaria de chamar a atenção dos Senadores e de outras pessoas que possam contribuir é que o custo para se fazer uma peruca é altíssimo. Então, muitas vezes, nós temos entrega de cabelo. Lá no HUB, a gente recebe cabelo o ano inteiro. A gente recebe também lá na Universidade Brasília. Na minha sala, as pessoas vão lá e entregam.
Então, assim, eu tenho geralmente, durante quatro vezes ao ano, o meu carro cheio de caixas de peruca, que eu vou lá entregar para a Roberta fazer. Mas o problema é que a tela para fazer a peruca é caríssima, e a mão de obra para fazer a peruca é uma mão de obra especializada, porque a gente tem que costurar cada mechinha de cabelo naquela tela para poder, de fato, fornecer.
Então o que a gente faz ao longo do ano é: nós fazemos camisetas, vendemos camisetas, fazemos jornadas científicas e retornamos esse dinheiro para a confecção de perucas. Então é outra coisa para que a gente precisaria também fazer uma ação de capacitação de pessoas, para que elas possam fazer perucas. Poderia ser um projeto de voluntariado, pessoas que vão lá para costurar a peruca na tela.
E a gente também precisaria angariar fundos para comprar as telas para fazer as perucas, porque a doação de cabelo é importantíssima, o cabelo também é algo extremamente caro. Se alguém fosse comprar um cabelo natural, com certeza seria algo que não está disponível e acessível para a nossa população hoje. Mas nós também precisamos tentar traçar estratégias para angariar fundos para comprar telas e para capacitar pessoas para a produção de perucas.
Então esse é um pedido que eu gostaria de fazer, além deste momento.
E gostaria de agradecer muito a oportunidade que vocês estão nos dando de falar sobre algo que é tão importante e tão caro para as nossas pacientes. Eu vou dizer para vocês, eu fico lá no hospital, atendendo pacientes e, muitas vezes, elas falam: "Não foi a perda da mama que mexeu comigo. Não foi meu marido me abandonar quando soube do diagnóstico que mexeu comigo. O que mexeu comigo foi eu ficar sem cabelo", porque isso realmente impacta muito. O cabelo é a moldura do nosso rosto e você se olha no espelho todos os dias e, com aquilo, se sensibiliza muito, não é?
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Então, muito obrigada pela oportunidade.
Agradeço, de coração, por este momento e pela oportunidade de falar um pouquinho sobre as nossas experiências.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Paula, muito obrigada. Muito obrigada.
Você traz aqui mais um elemento, não é? Se a gente vai ter uma campanha instituída por lei e, segundo o projeto de lei, ela vai ser sob a coordenação do Ministério da Mulher ou do órgão que cuida da política da mulher que, passa governo, é um ministério, no outro, não é mais ministério, é secretaria, eu acho que vou adequar a redação, tão somente dizendo "o órgão responsável pela política pública destinada a mulheres". E aí, Paula, se a gente vai ter uma política coordenada por um ministério, esse ministério vai ter que ter dinheiro para a campanha, o.k.? E não se faz uma campanha sem parceria.
Eu acho que você toca num ponto aí de a gente começar a abrir um leque e pensar, por exemplo, até mesmo em recursos de emendas parlamentares lá na ponta, para incrementar a campanha. E você trouxe um elemento assim muito interessante. Pode ser uma forma de renda: se a gente qualificar pessoas para fazerem as perucas, a gente pode estar gerando emprego também.
Então, a gente trouxe elementos aí bem importantes na sua fala e acho que a instituição dessa campanha pode abrir leques.
Eu entendo, Paula, que não é só confeccionar. Esse cabelo tem que vir tratado. Depois vocês têm que processá-lo, vocês têm que higienizá-lo. Isso é custo. Depois vocês têm que costurá-lo, fazer.. É custo. Onze metros para fazer uma peruca. Depois tem a distribuição, que é o grande problema da Lúcia. A Lúcia faz a peruca para o Marajó, mas quem vai levá-la para lá? Como é que isso vai ser enviado? E não é só enviar, tem que ter uma pessoa na hora para testar, colocar na cabeça da usuária, tudo. Então, existem custos e a gente vai conversar sobre isso.
Instituindo a campanha, Paula... Paula, Lúcia, Lenize, acho que a gente pode depois ter aí reuniões bem pontuais, sobre, por exemplo, como a gente vai trabalhar custos, recursos para a campanha? Como a gente pode trabalhar, lá na ponta, com as instituições que já estão fazendo... E aqui, gente, Brasil, quem está acompanhando via internet, são três instituições extremamente sérias, que têm um trabalho há anos. Instituições que a sociedade ama.
Então, são instituições que estão trazendo aqui a colaboração para a gente instituir a campanha. O.k. Agora a gente tem o apoio do segmento. Pode ser a data, pode ser, sim, da forma como está proposto no projeto de lei, mas trouxeram outros elementos. Por que não, Paula, a gente já sair daqui com o encaminhamento de a gente fazer uma indicação ao SUS da distribuição das perucas via SUS, da prótese, como a Lenize falou? Por que não já começarmos a pensar no apoiamento de verbas públicas para a campanha e para vocês que estão aí na ponta, cuidando do nosso povo?
Nós já estamos indo para o encerramento. Eu disse que seria uma audiência bem rápida, mas a gente tem a possibilidade de ainda ouvir, por um ou dois minutos, se alguma de vocês quiser fazer, uma consideração final.
Quer fazer uma consideração final, um agradecimento, Lenize?
Fique à vontade.
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A SRA. LENIZE BASEGGIO (Para expor.) - Quero agradecer muito, mas muito, por trazer à tona esse assunto que, eu digo, para a maioria da população não existe.
E eu acredito que, agora, com essa implementação, com essas contribuições dadas pelas instituições parceiras, ele possa ser melhor trabalhado. E que a gente possa dar - eu falo mulheres, porque é a maioria - essa autoestima, essa qualidade de vida.
Para quem vive esse dia a dia - e eu falo voltada a pacientes com câncer -, essas fotos mostradas ali, eu digo assim, não têm preço.
E o trabalho que a gente faz é um trabalho voluntário. Todo mundo acha assim: "Ai, é voluntário...". Gente, eu ganho tanto fazendo esse trabalho voluntário, em ver o sorriso de uma mulher que chega lá, que muitas vezes tem vergonha de tirar o lenço da cabeça para provar a peruca. E, quando você consegue dar a ela... Às vezes ela já põe na cabeça e já quer sair; sem preço.
Então, assim, muito obrigada por esta audiência, e por tudo que vai decorrer dela.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Obrigada, Lenize, obrigada.
Vamos ouvir, na sequência, a Lúcia para agradecimentos e considerações finais.
A SRA. LÚCIA BRUGNERA (Para expor. Por videoconferência.) - Bom, sem palavras, Senadora. Desde que eu a conheci, sou sua fã, pelas suas iniciativas sensíveis e que realmente impactam a vida das mulheres aqui do nosso grande país, Brasil.
Acho a consideração da Paula... Hoje, na casa, nós já temos o curso de confecção de perucas, para geração de renda. Então, a gente já tem a ideia. A princípio, lá em 2019, era levar para a Região Norte do Brasil esse curso, para que elas não fiquem dependentes de São Paulo; e que elas, além de confeccionar para elas, também tenham a geração de renda.
Quanto à questão financeira, a Paula comentou, a Lenize também, realmente nós somos voluntárias. Para todas essas nossas viagens à Região Norte, nós pagamos a nossa passagem. Nós não temos ajuda financeira de nenhum órgão, é realmente voluntário. Nós bancamos tudo.
Então, realmente pesa. É importante a gente ter esse recurso. É lógico que, sem a campanha do cabelo, nada é possível - precisa do cabelo. O cabelo natural devolve a autoestima, a mulher consegue se olhar no espelho e se ver novamente como mulher.
Essa personalização do cabelo, como ela era antes... Às vezes, acontece que a mulher quer trocar, tinha cabelo crespo e quer liso, mas muitas vezes elas querem voltar a ser como elas eram antes. O cabelo natural propicia que ela tenha o cabelo parecido com o que ela tinha antes.
E isto é levantar a autoestima: a mulher se olhar no espelho e se ver novamente como mulher. Isso é extremamente importante. Por isto a campanha do cabelo é importante, porque realmente nós precisamos - a gente usa o termo - de quatro cabeças para fazer uma peruca.
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As pessoas, às vezes, cortam o cabelo antes da queda e dizem, "ah, eu quero fazer uma peruca!". Não dá! Então, a gente costuma misturar os cabelos dela, os que eram cabelos dela, para formar uma peruca. Realmente precisa-se de muito cabelo; é muito complicado confeccionar uma peruca.
Então, eu deixo aí também esta dica: que a gente leve realmente esses cursos, para todo o Brasil, de confecção de perucas, e podem contar com a Casa da Mulher Paulistana. Enfim, a gente também tem o custo com os Correios, porque a gente envia peruca para a Bahia, para o Sul, para todo lugar do Brasil. Então, a gente também, além da confecção, tem o custo do envio, mas a gente faz isso com muito carinho e não tem nada que pague você olhar para uma mulher e vê-la restabelecida e com esperança de vida. E realmente o importante: quando se levanta a autoestima, melhora o tratamento - e isso é cientificamente comprovado -, porque ela encara a doença de uma outra forma.
Então, gente, peruca, cabelo é vida! Para todos que estão nos assistindo, vamos doar e vamos ajudar essa campanha. É um pouquinho que você dá de você, mas que vai fazer uma grande diferença, não só na vida da mulher, mas na de toda a família dela.
Muito obrigada pela oportunidade, Senadora. Sou uma admiradora sua! Obrigada por essa iniciativa, com pautas tão sensíveis e tão importantes hoje em dia. Obrigada! Obrigada e parabéns às colegas!
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Obrigada, Lúcia.
Paula, para os agradecimentos finais e considerações.
A SRA. PAULA ELAINE DINIZ DOS REIS (Para expor. Por videoconferência.) - Eu agradeço a oportunidade de estar aqui e concordo com a fala das minhas queridas colegas, Lúcia e Lenize.
Fico muito feliz, Lúcia, em saber que você já está um passo à frente e que já tem um curso de capacitação. Nossa, que coisa boa! Quem sabe a gente poderia compartilhar isso com várias instituições no nosso país, capacitar em massa e dar oportunidade para outras mulheres ajudarem outras mulheres.
E eu só gostaria de acrescentar algo que eu não tinha falado, mas que eu vi que estava nas perguntas das pessoas que estão participando desta audiência pública: é sobre a segurança. O que a Lúcia trouxe foi importantíssimo, porque eu acho que é importante ficar claro. Às vezes as pessoas vêm com uma mecha de cabelo e falam: "Olha, eu quero doar o meu cabelo" - vêm com uma mecha grande, às vezes de 30cm, porque resolveu cortar curtinho e entregar. E aí elas vêm, no dia da entrega da peruca, querendo ver a peruca com o cabelo delas. Mas não é assim, de fato, porque é preciso muitas mechas para poder fazer a volta da franja, fazer o comprimento... Então, uma só mecha, por mais que seja o cabelo todo que a pessoa doou, cortou curtinho... Vai ser preciso muito mais para poder, de fato, fazer toda a cabeça.
Então, foi muito bom a Lúcia ter esclarecido isso, e eu acho que vem nesse sentido da pergunta da segurança, que as pessoas perguntaram: "Mas há segurança de que eu vou doar esse cabelo e ele vai de fato para essa finalidade?". E o que a gente pode dizer é o seguinte: pesquisem, pesquisem essas instituições que têm história, que estão há longo tempo entregando perucas, e entreguem para quem vocês já sabem. Aqui, no DF, nós temos o Hospital Universitário de Brasília, temos o Hospital de Base, a Rede Feminina; nós temos outras instituições, como o Fio de Luz. Então, pesquisem e vejam, conheçam a história e confiem, porque vocês vão ajudar muitas outras mulheres.
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Novamente, então, Senadora Damares, muitíssimo obrigada pela oportunidade de estarmos aqui falando sobre nossas experiências e, também, sobre uma questão, de fato, como a Lúcia falou, tão sensível para as mulheres, tanto vítimas de câncer quanto vítimas de escalpelamento.
É uma excelente ideia juntar realmente essas frentes aqui, contem comigo, contem aqui conosco, no que nós pudermos ajudar, para continuar essa ação tão linda.
A SRA. PRESIDENTE (Damares Alves. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Obrigada. Obrigada, Paula.
A gente já vai para o encerramento.
Eu me comprometo que, no dia da votação do PL, aqui na Comissão, eu comunico as senhoras para acompanharem. E, no dia em que estiver lá no Plenário, para encerrar, eu as convido para estarem comigo no Plenário - estarem lá comigo no Plenário. Está bom?
Muito obrigada por terem separado esse tempo para a gente discutir um assunto tão sensível. Num dia de tanta confusão aqui, a gente trouxe leveza para o Senado Federal. Obrigada.
Parabéns pelo trabalho das três instituições, das três organizações. Vocês são incríveis! O Brasil ama vocês. Muito obrigada.
Em nome de toda a Comissão de Assuntos Sociais aqui do Senado Federal, obrigada.
Em nome do nosso Presidente, Senador Humberto Costa, que já foi Ministro da Saúde, que entende a necessidade, a importância de ter trazido e de ter me nomeado Relatora, porque sabe essa sensibilidade que a gente tem com o tema... Obrigada, Senador Humberto, por ter me dado a oportunidade de relatar este projeto de lei.
E os Senadores, muitos não estão aqui, hoje está todo mundo dividido, mas os gabinetes estão acompanhando online. Depois os Senadores assistem, de madrugada. O nosso lobby é assistir audiência pública que a gente não pode ir presencialmente. Muito obrigada.
Obrigada aos internautas que acompanharam a audiência.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada a presente reunião e que Deus abençoe vocês, meninas.
Muito obrigada.
(Iniciada às 10 horas e 03 minutos, a reunião é encerrada às 10 horas e 55 minutos.)