Notas Taquigráficas
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| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Brasileiras e brasileiros, minhas únicas vossas excelências, Deus e saúde, alegrias e vitórias em suas vidas neste 2024, aos que estão aqui presentes e aos que nos acompanham pelos meios de comunicação - iniciando pelo tripé TV Senado, Rádio Senado, Agência Senado, e, como sempre, os melhores momentos são transmitidos pela rede Novabrasil FM, pela BandNews FM 90.7 e pela TV Meio, e toda a imprensa esportiva brasileira presente ou nos acompanhando pelos veículos de comunicação e pelas redes sociais. Hoje é terça-feira, 26 de novembro de 2024. Havendo número regimental, declaro aberta a 26ª Reunião da CPI da Manipulação de Jogos de futebol e Apostas Esportivas, criada pelo RQS 158/2024, para apurar fatos relacionados às denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro envolvendo jogadores, árbitros, auxiliares, dirigentes e empresas de apostas, enfim, corruptores e corruptos. Antes de iniciarmos os nossos trabalhos, submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e a aprovação da Ata da 25ª Reunião. Aqueles que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) A ata está aprovada e será publicada no Diário do Senado Federal. A presente reunião, mais uma vez, sendo duas semanais, de uma CPI séria e não CPI de holofote, se destina aos depoimentos do Sr. Felipe Tavares, economista, Chefe da CNC - Confederação Nacional de Comércio -, nos termos do Requerimento nº 121/2024; do Sr. Rogério Antônio Lucca, Chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistemas de Pagamento do Banco Central, nos termos do Requerimento 115/2024; e também, remotamente - e já está conosco, mesmo antes de iniciarmos os nossos trabalhos -, o Sr. Bruno Lopez, um ex-Atleta, aliás, jogador de futebol de salão, pelo que eu fiquei sabendo, e Empresário, que está convocado, nos termos do Requerimento 62/2024. Eu, cumprindo regimentalmente, dou início à oitiva do Sr. Bruno Lopez, convidando-o a fazer sua exposição inicial, no tempo de dez minutos - e seremos tolerantes, caso queira falar mais -, o convidado por videoconferência, autorizado por esta Presidência. (Pausa.) Vou. Cadê? (Pausa.) Aqui já? |
| R | Passando agora à leitura do termo, Sr. Bruno, de compromisso do depoente - eu gostaria de sua atenção -, de nossa parte, respeitosa: V. Sa. promete, quanto aos fatos de que tenha conhecimento, na qualidade de testemunha, sob palavra de honra, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal, dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado? O senhor pode responder, por fineza? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - "Sim". A partir deste momento, V. Sa. está sujeito ao compromisso de dizer a verdade quanto aos fatos de que tenha conhecimento ou tenha protagonizado, na qualidade de testemunha, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal. Nesta oportunidade, esclareço, respeitosamente, que o art. 4º, inciso II, da Lei nº 1.579, de 1952, estabelece que fazer afirmação falsa, ou negar, ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete perante a Comissão Parlamentar de Inquérito constitui crime punível, com pena de reclusão de até dois a quatro anos e multa. E, por fim, faço uma observação, depois de a Consultoria Jurídica me informar, para que tudo seja respondido, que tudo seja esclarecido, por fineza, Sr. Bruno, para que, inclusive, não prejudique os benefícios que o senhor já possui através de sua delação feita. Como sempre, já está presente na CPI desde o início o histórico Relator desta Casa, homem público raro, Senador, ser humano, Romário Souza Faria, que, após sua explanação, iniciará os seus questionamentos. Por gentileza, Sr. Bruno, o seu tempo, com a palavra, e obrigado por aceitar o nosso convite. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Para depor. Por videoconferência.) - Primeiramente, boa tarde a todos. Estou aqui à disposição, da mesma forma que esclareci tudo no Ministério Público, me confessei, mostrei arrependimento e expliquei tudo que foi feito desde o início, estou aqui abertamente pra poder responder, dentro das limitações, porque também tenho que me privar um pouco, por questão de segurança pessoal, mas estou aqui abertamente pra poder responder o que for necessário. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. De imediato, então, com a palavra, o Relator Romário Souza Faria. Irmão, à sua disposição. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Boa tarde, Presidente, irmão Jorge Kajuru; boa tarde a todos presentes; boa tarde, Sr. Bruno; boa tarde ao seu advogado. Obrigado por estarem participando desta reunião. O senhor confessou a participação da manipulação de jogos que foram investigados na Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás - entre eles estão as partidas entre Sampaio Corrêa contra Londrina, Tombense contra Criciúma e Vila Nova contra Sport. Nessas partidas, a combinação era para o cometimento de pênaltis no primeiro tempo dos jogos. Falando sobre os eventos em que se poderia apostar - cartões, pênaltis, diferença de gols -, qual era a opção mais fácil e garantida para obter lucro na manipulação de resultados? O senhor poderia explicar como se usava a combinação de resultados e robôs de apostas para operar esse esquema? |
| R | O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Para depor. Por videoconferência.) - Boa tarde, Romário. Especificamente nesses casos, que foram essas três partilhas, era para cometer o pênalti no primeiro tempo, no qual eu não obtive nenhum tipo de contato diretamente com os atletas. Eram terceiras, terceiras pessoas que falaram tanto com o atleta do Tombense quanto do Sampaio Corrêa. E, a princípio, de início, não tinha sido eu que tinha falado com o pessoal do Vila Nova. E seria a combinação que a gente chama de múltipla; daí, multiplica um jogo pelo outro, aí, sim, caso ocorresse tudo, obteria o lucro. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Nos depoimentos que ouvimos de pessoas envolvidas com a manipulação de resultados, há comentários sobre as trocas de informações entre os grupos de apostadores, em que se comenta sobre jogadores que atuariam nas manipulações de resultados. O senhor trocava informações com outros grupos de manipuladores? O senhor teve conhecimento, antes ou depois do fato, de manipulações de resultados envolvendo outros jogos e outros jogadores que não aqueles da Operação Penalidade Máxima? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Tudo que tem relacionado a apostas, à Operação Penalidade Máxima e a todos os jogadores que foram citados aí realmente eram tudo que tinha no meu celular entre grupos e conversas particulares. Só. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Tudo que foi achado em relação à sua participação direta estava dentro daquele celular? Ou dos celulares? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Isso. Exatamente. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O jogador Luiz Henrique, do Botafogo, está sendo investigado por uma suspeita de manipulação de resultados quando jogava pelo Betis, da Espanha. O senhor teve acesso a alguma informação nos grupos apostadores envolvendo apostas em jogos em que o Luiz Henrique estava escalado? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, no caso, até me surpreendi um pouco nessas últimas semanas, porque eu vi o meu nome ligado a ele: "O Luiz Henrique está envolvido junto ao empresário relacionado ao Bruno Lopez". E a única informação que eu tenho, e até passei, na época, para o Ministério Público, é que, através de uma terceira pessoa, que eu também não posso citar nome, mas está nos autos, chegou a informação para mim: ele tomaria um cartão, e eu, simplesmente, só apostei. E só isso. Não tive nenhum tipo de contato com ele, não tive nenhum tipo de relação com ele, só chegou a informação que aconteceria. E eu... Bom, vamos dizer assim, no palavreado que a gente usa, eu fiz uma fezinha só, não coloquei muito dinheiro, mas... Só para ter algum tipo de lucro. Mas zero contato com ele. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O Paquetá está sendo investigado pela Federação Inglesa de Futebol em relação à manipulação de resultados envolvendo cartões amarelos. O senhor teve acesso a alguma informação nos grupos de apostadores sobre jogos envolvendo o Paquetá? O senhor conhece o Bruno Tolentino, tio do Paquetá? O senhor conhece o Matheus Tolentino de Lima, irmão do Paquetá? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - No caso, é a mesma coisa: não conheço nenhum dos dois, mas veio, através de uma terceira pessoa, a mesma coisa que aconteceu com o Luiz Henrique, a informação de que aconteceria e por isso eu apostei, mas também não tive nenhum tipo de assunto ou de conversa com nenhum deles. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Nesses dois casos, você só apostou? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Isso. E uma única vez. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Na terceira fase da Operação Penalidade Máxima, o senhor e outros são acusados de manipular 12 jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022. Todos os casos envolviam cartões que seriam tomados pelos jogadores, quase todos cartões amarelos. Em um caso, cartão vermelho. Os jogadores recebiam valores de até 80 mil para fazer a manipulação. |
| R | Considerando que os valores pagos a jogadores da Série A seriam obviamente mais altos, o senhor poderia explicar o motivo de terem optado por manipular jogos da Série A? Isso seria motivado pelo limite mais alto de valores de aposta? O senhor poderia explicar mais ou menos essa situação? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, Romário, de primeira instância, assim, eu nem sabia desse mercado. Ao rigor da CPI, eu vou esclarecendo um pouco mais isso, mas eu fui convidado para explicar uma situação, como é que funcionava, e o meu trabalho era captar atletas, por eu já ter jogado, ter amigos influentes, já ter tido loja que vendia roupas importadas para os jogadores. O meu trabalho, na época, era captar os atletas. Aí quem fazia as operações era uma terceira pessoa acima de mim, mas era só para eu captar os atletas, e, pelo que sei, e hoje depois me aprofundei mais, é que a Série A era a única opção que abria, no caso, a opção de cartão no nome do atleta, entendeu? Então, é por isso que acho que a busca era por jogadores da Série A. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Esse grupo em que você participava eram quantas pessoas? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Ao certo, não era nem um grupo, porque quando eu recebi, não sei se... vou colocar convite, não é? Não era um grupo, era uma pessoa em si. Aí depois que as coisas foram andando, aí tinham grupos de coisas particulares mesmo no WhatsApp e mais pessoas participavam, ou até a gente mandava dicas para o pessoal fazer, mas um conhecia o outro, eram pessoas distintas. O SR. KALED LAKIS (Por videoconferência.) - Excelência, questão de ordem, só para desligar o meu WhatsApp que está atrapalhando aqui, é só um segundo. Me permite? O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Claro. O SR. KALED LAKIS (Por videoconferência.) - Vamos lá, deixa eu desligar aqui. É um prazer falar com o Senador Romário, o meu ídolo de... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado. O SR. KALED LAKIS (Por videoconferência.) - ... 1994. Vamos lá, deixe-me desligar isso aqui. Pena que não pudemos estar aí pessoalmente. Vamos lá. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em sua colaboração, o senhor admite ter ganho R$720 mil em uma única rodada, onde os acertos envolviam cinco atletas de quatro times diferentes. O senhor menciona a participação de Thiago Chambó Andrade no esquema, dizendo que ele usava um robô de apostas, um software que ele teria adquirido em Dubai. Trata-se, portanto, de uma operação complexa, envolvendo diversas contas e dezenas de apostas simultâneas. O senhor e o seu grupo nunca foram questionados pelas casas de apostas em relação a essas operações? Essas apostas não eram canceladas? O senhor acredita que as casas de apostas sabiam ou pelo menos suspeitavam dessas manipulações? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, Romário, no caso, a respeito, como o senhor mencionou o nome do Thiago, foi através dele que eu fui convidado. E ele só me colocou o trabalho de ir atrás dos jogadores, porque ele já falou que tinha tudo por trás, tinha como fazer, tinha como operar, tinha como fazer as apostas, usar esse software dele, então eu mesmo não era nem encarregado em fazer as apostas, eu só - vamos dizer assim - arrumava os jogadores e entregava na mão dele. Aí ele fazia todo o restante. Só nesse começo, como você mencionou, do caso do Luiz Henrique e do Paquetá, foi um caso atípico, que foi no início de 2023, se não me engano, que eu fiz na minha conta pessoal mesmo, eu fiz uma fezinha só para ganhar um dinheirinho, mas as operações em si que ocasionavam bastante dinheiro, que eram relacionadas a quatro jogadores, a cinco jogadores juntos, eu não tinha nem acesso a fazer a operação. Eu só chegava com os nomes, entregava a ele e ele que fazia tudo, depois só me vinha com os números. "Ah, deu tanto, ganhou tanto". Só isso. |
| R | O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Tivemos nesta CPI o depoimento de William Rogatto, que diz ter movimentado R$300 milhões com aposta esportiva e ter atuado no rebaixamento de 42 times do futebol brasileiro. O senhor conhece o William Rogatto? Ouviu falar dele? Nessas trocas de informações entre apostadores, o que o senhor acha das alegações dele? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não conheço. Só por que eu ando acompanhando a CPI, aí vi a vez em que ele participou com vocês, eu acompanhei, mas nunca falei com ele e não o conheço também. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em uma reportagem da revista Veja, em maio de 2024, o repórter pergunta, abro aspas: "Há outros apostadores que corrompem jogadores?", fecho aspas. O senhor não responde... Então, o senhor responde: "Esse mundo é muito amplo. Eu não fui o único. Outras pessoas me procuraram, incluindo de outro país. Tem muita gente fazendo". O senhor nos poderia dizer os nomes dos manipuladores, um, dois ou três, enfim, quantos sejam, especialmente aqueles mais graúdos que o procuraram para fazer acordo de manipulação de resultado? A gente tem aqui alguns apelidos. O senhor conhece Tiago tatuado? Conhece Léo de Goiânia? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, Romário, esses nomes eu não conheço. O único Thiago que eu conheço é o Chambó, que, vamos dizer assim, me convocou, me chamou. E, quando eu quis dizer que esse mundo é muito amplo, é porque realmente não para, todo canto tem. Se vocês virem estaduais aí, você se depara com coisa bizarra acontecendo. Entendeu? E, desde daquela época, quando tudo aconteceu, na época eu não fui o primeiro nem serei o único. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Em sua colaboração, comenta que o Thiago Chambó disse que, com um esquema de cartões vermelhos, poderiam ser oferecidos valores de até R$500 mil para jogadores, porque o retorno poderia chegar a R$5 milhões ou R$6 milhões em uma operação. O senhor acredita que, considerando os lucros astronômicos das operações com cartões, essas manipulações vão continuar a acontecer? O senhor acha que a única forma de acabar com isso seria proibir as apostas em cartões? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Romário, eu acredito que, tirando das plataformas a opção de cartões, isso daí já ajudaria muito, porque daí não teria opção de fazer. Até porque não sei se há controle, mesmo depois de tudo que aconteceu, estão conseguindo controlar quem está fazendo e quem não está fazendo. Entendeu? É uma coisa muito simples. Vou dar um exemplo: eu não, porque eu estou com um cautelar, mas, se eu quiser hoje apostar que fulano vai tomar um cartão no jogo do Palmeiras e do Botafogo, eu consigo fazer. Então, é uma coisa simples e óbvia de ser feita. Eu acho que só tirando mesmo das plataformas que seria uma forma de acabar com isso. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas você, quando fala "consegue fazer", você também consegue identificar o jogador que vai tomar o cartão amarelo? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não, no caso de... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É um cartão simples, não é? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Isso, de eu querer... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Qualquer jogador poderia tomar um cartão amarelo, tanto do Palmeiras quanto do Botafogo. Entendi. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - É, vou arriscar que o Palmeiras vai tomar, vou colocar lá. Da mesma forma que dá para você combinar com eles; se tiver contato direto com eles, você pode combinar que ele vai tomar o cartão. Então, eu acho que a única forma de isso acabar é tirando mesmo das plataformas. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Você acha que essa manipulação dos jogos hoje está maior do que antes? Está crescendo cada vez mais, no seu entendimento? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Bom, Romário, sendo bem honesto, depois do meu caso que aconteceu, sempre fiquei muito alerta acompanhando tudo, eu acho que depois que aconteceu tudo, que foi no final de 2022 para o início de 2023, eu acho que realmente deu uma caída, até porque todos que acompanharam... Foi uma repercussão nacional, não é? |
| R | Então, pra quem fazia, pra quem mexia com isso aí, ficou, acredito, com receito, com pé atrás, e "não vou dar andamento, não". O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Muito bom. Muito obrigado, Bruno. Estou satisfeito, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para interpelar.) - Obrigado, como sempre, Relator Romário de Souza Faria, pelas qualificadíssimas perguntas. Sr. Bruno, na linha do que respondeu ao Relator, Senador Romário, por fineza: em relação ao que um homem como o senhor, que se envolveu neste "ramo" - ramo entre aspas -, William Rogatto aqui se declarou réu confesso e afirmou ter recebido 300 milhões ao longo desses anos todos que trabalha como manipulador de resultados de jogos de futebol. O senhor recebeu milhões ou não chegou a essa quantia? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Para depor. Por videoconferência.) - Boa tarde, Kajuru. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Boa tarde. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Vou ser um pouquinho breve, pra não me estender muito. O que me chamou a atenção, de fato, foi quando me chamaram pra essa primeira reunião e me apresentaram esse "ramo", entre aspas, e me chamou a atenção realmente os números, falando que podia ganhar x, ganhar y, e, numa primeira oportunidade - em que, no caso, na época, eu arrumei um atleta pra eles -, deu errado, e eu fiquei com uma dívida de 100 mil com esse pessoal. Eu não tinha como pagar, e queriam pegar meu carro, isso, aquilo outro, e eu falei: "Não. Deixe eu tentar arrumar outros jogadores para tentar cobrir esse buraco". Foi onde eu arrumei outros jogadores, através de terceiros, e aconteceu essa operação dos 720 mil. Então, assim, de uma dívida de 100 mil, veio um lucro de 720, com o qual se pagou para os jogadores e ainda eu lucrei aí duzentos e pouco. Então, meus olhos brilharam. Sendo bem honesto, você cresce o olho. Você fala: "Vou mudar de vida!" E, na época, eu não imaginava o quão grave era isso daí. Entendeu? Mas milhões, não, porque o meu lucro maior foi esse, mas não foi pra mim. Foi dividido. Peguei, na época... Ainda peguei um carro... Foi um carro e mais 200 mil. Aí depois teve mais uma outra operação, em que eu ganhei mais uns 50, 60, e só ficou nisso. Só ficou nisso. Aí aconteceu tudo que aconteceu, aí veio essa taxação de chefe... Eu nunca fui chefe. Sempre deixei bem claro. E matérias, como eu comentei, milhões, mais não. Não cheguei nem perto de 1 milhão. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Você repetiu aí uma parte do que o William Rogatto falou aqui - o Senador Romário se lembra muito bem, como Relator, e aqui a imprensa presente, que assistiu a este dia da sua oitiva -: que ele começou a ver o quanto poderia ganhar. Lembra, Romário? Ele viu 1 milhão, 2, 3, 4, 5, 10, 15, 20... Então, o senhor considera que o senhor não chegou a ganhar milhões porque, ao contrário do William Rogatto, o senhor fraquejou e ele foi mais "competente" do que o senhor? Competente entre aspas. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não, Kajuru, porque, assim, no caso, pelo que eu acompanho do William Rogatto, o William Rogatto dizem que tomava a frente e fazia tudo. Ele que tomava a frente dos clubes, ele que fazia... Tinha um modus operandi de fazer tudo. Agora, eu não. Eu não tinha nem acesso a isso. Eu só tinha que captar os atletas. |
| R | Quem fazia tudo era o Thiago. Então, o Thiago tinha a questão de, vamos dizer assim, ele tinha controle de todos os números. Ele falava para mim que lucrou 700 mil, mas eu não sabia se realmente lucrou 700 mil, se ele lucrou 1 milhão, se ele lucrou 2 milhões, eu não sabia. Ele só me passava, vamos dizer assim, o feedback do dia: "Olha, hoje rendeu tanto". Me dava a mesma parte e acabou, entendeu? Só isso. Então, eu não posso falar que eu fracassei, porque eu mesmo não tomava frente de nada. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu não vou afirmar que você mentiu, Bruno, mas você foi incoerente aí, porque, na resposta ao Relator Romário, você disse que não conhecia o William Rogatto e, nessa sua resposta, você deu-nos a entender que você conhece, que você sabe coisas dele. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não, referente à primeira, à vez que ele passou, eu assisti e vi que ele falou que ele tomava conta dos times, que ele pegou o time, então ele tomava a frente. Eu assisti a última CPI que ele... Mas eu nunca conversei e não conheço ele. Através da CPI de vocês aí, que eu conheci quem é ele, e ele mesmo alegou e explicou para vocês o que ele fazia, qual que era o trabalho dele. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Agora, categoricamente, para concluir essa parte do que se arrecada, quem faz esse jogo sujo no futebol, que é a manipulação, você admite que a pessoa, assim como o Rogatto, pode realmente ganhar milhões? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Com certeza. Nesse meio da manipulação, é igual ao que falei, eu vi com meus próprios olhos; eu saí de uma dívida de R$100 mil para... Eu nunca tinha visto três dígitos na minha vida; R$700 mil, assim, de lucro, para dividir e eu ganhar R$200 mil. Então, assim, automaticamente, se dá para fazer isso, com certeza dá para chegar a números maiores. E é coisa que para mim foi, vamos dizer assim, encheu meus olhos, não é? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E esse lucro você obteve em quanto tempo depois do prejuízo de R$100 mil? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Foi mais ou menos em, acho, que um mês depois. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Foi bem rápido, não é? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Em um mês depois. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Cá entre nós, Bruno, você não foi bem-sucedido então, não é? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Sim, não. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bom, voltando ao tom da oitiva, você é jogador de futebol de salão. É isso? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Eu joguei futsal até 2022. Eu tive a cirurgia no tendão de aquiles. Ainda estava jogando em 2022, mas, quando ocorreu tudo em 2023, aí... Penso em voltar, mas querendo ou não, mancha, não é? Por mais que hoje em dia a gente está seguindo certinho, trabalhando certinho, mas fico um pouco da imagem ruim. Querendo ou não, se coloco o nome na internet, é manipulador, é chefe para cá, chefe para lá. Então isso até hoje atrapalha no meu trabalho atual. Então... Mas vou tentar voltar. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bom, a gente agradece a sua boa vontade de estar respondendo a tudo até agora. No futsal, também tem manipulação de resultado? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não. Futsal... Pelo menos nunca presenciei; até então eu jogava, nunca presenciei nada. Até porque acho que não sei nem se tem futsal nas plataformas. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E em outros esportes? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - De repente seja só coisa grande de Europa, assim, mas... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Em outros esportes você tem conhecimento? Basquete, vôlei, tênis? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Nunca tive. Eu até mencionei na época para o promotor, que até perguntou: "Qual a constância que você aposta?". E eu falei: " Eu aposto todos os dias". Ele até estranhou: "Como assim todos os dias?". Eu falei: "Não, é que eu gosto de acompanhar basquete e eu gosto de apostar no NBA e tudo mais". Mas manipulação em si, que eu só tinha visto, só tinha sido no futebol. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bruno, eu sou de Goiás, desde 1979, embora tenha saído do estado várias vezes para trabalhar em rede nacional de televisão, e conheço muito bem o trabalho do Gaeco, do Ministério Público, e logo tomei conhecimento de toda a sua delação. Em relação a ela, pelo fato de o Ministério Público de Goiás alegar que não é de sua alçada e ter transferido tudo que você relatou na sua delação sobre Paquetá e sobre Luiz Henrique quando jogavam - no caso, o Paquetá ainda, Luiz Henrique hoje está no Botafogo -, como disse o Relator Romário, ele, no Betis, da Espanha, e o Paquetá, no West Ham, da Inglaterra... Aliás, antecipamos aqui já que agora em dezembro os dois estarão presentes aqui nesta CPI, serão convocados já, a partir de hoje, e os advogados, logo, logo, já darão aqui a resposta. Aí fica uma dúvida. Então, se não é da alçada do Ministério Público de Goiás, ele já passou para o Ministério da Justiça. Eu já tive um contato no Ministério da Justiça, semana que vem o Relator Romário e eu seremos recebidos pelo Ministro Lewandowski, e aí cabe a pergunta: se o que você relatou sobre os dois foi só aquilo que você falou de cartão amarelo e que você apostou uma única vez, por que, então, que o caso sairia do Ministério Público e viria para o Ministério da Justiça? Porque aí, do jeito que você falou, o caso é um caso de café pequeno, é um caso de lambari, que não precisava nem vir para o Ministério da Justiça. Se ele veio para o Ministério da Justiça é porque na sua delação você falou mais do que está falando aqui. Me perdoe. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, Kajuru, como eu disse, o que chegou pra mim na época foi somente isso, só que, pelo que eu entendi, teve outras investigações, através da minha delação foram atrás e foram ver e aí viram números discrepantes, de familiares e da cidade onde estavam familiares dele, um número grande de apostas, então, assim, estou falando o que eu fiz, estou falando por mim, o que eu fiz foi isso. Agora, quem fez por fora, quem fez a mais é uma coisa que eu não posso falar nem alegar. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Essa foi a parte mais forte de sua oitiva até agora, quando o Romário tentou tirar exatamente isso de você, você colocou parte, e agora você traz o quê? Que depois do que você falou, outros falaram também, outros responderam também ao mesmo Promotor, Dr. Cesconetto, e daí a razão dele de, não sendo da alçada dele, transferir tudo que ele recebeu para o Ministério da Justiça, porque, para quem não sabe, quando o caso é fora do país, somente o Ministério da Justiça - você está fazendo assim com a cabeça, concordando com o que eu estou falando -, só o Ministério da Justiça é que pode entrar em contato com a Justiça da Espanha, com a Justiça da Inglaterra e unir o que tem, o que recebeu de informações com o que lá as duas Justiças também receberam, estou certo? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, no caso, isso aí é uma coisa que tem que ser perguntada, acredito eu, para o Dr. Cesconetto, do Ministério Público, porque o que a respeito... Quando ele me questionou sobre esse caso, foi a mesma coisa que eu apurei agora para o Romário, e da minha parte foi feito isso, agora, as coisas a mais que apareceram sobre Paquetá, as coisas a mais que apareceram sobre Luiz Henrique, aí já não faz parte do que eu passei. |
| R | O que eu passei é até onde eu sabia, até onde aconteceu comigo. Foi por isso que eu resolvi colaborar e me confessar. Então não pude hesitar em nada, tive que contar toda a verdade. Agora, essas coisas a mais já é uma coisa que eu não posso ter controle. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Jornalista, às vezes, tem que ser igual criança. O Romário não é jornalista, é gênio dentro de campo, na área, um dos três melhores do mundo. E a minha especialidade é ser jornalista. Jornalista é igual criança, fica toda hora perguntando por que, como, onde. Então eu vou insistir numa pergunta para você. Se tivemos mais informações sobre Paquetá e sobre Luiz Henrique, além das suas, nesse mesmo processo, repito, que o Ministério Público de Goiás entregou ao Ministério da Justiça, eu pergunto a você, com toda a sinceridade: pra você, Luiz Henrique, hoje no Botafogo, e Paquetá, da Seleção Brasileira, no West Ham, pra você, eles estão envolvidos realmente na manipulação? Nós vamos descobrir fatos aqui lamentáveis sobre dois jogadores que ganham milhões e atuam na Seleção Brasileira? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, Kajuru, como eu te falei, chegou pra mim os nomes para eu apostar, apostei. Então, possivelmente não chegou em vão - não é? -, não chegou em vão. Só que, se você acompanhar hoje - eu pelo menos acompanho futebol, gosto de futebol -, até hoje o Paquetá anda ainda tomando cartão. Então, não sei se é também dele tomar cartão. Então, assim, é uma coisa que eu não posso alegar. Mas, na época, no início de 2023, chegou o nome dos dois, e eu apostei, e aconteceu. Se foi proposital ou não... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não, Relator Romário de Souza Faria. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Presidente, eu quero fazer uma pergunta aqui ao Bruno. Então, você sabia... Você apostou. Então, você sabia que ele tomaria o cartão? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Sim. Como eu expliquei, uma terceira pessoa me falou pra apostar tanto em um quanto no outro, e eu apostei. Igual eu falei, fiz uma fezinha só pra ganhar um dinheirinho, vamos dizer assim, mas ele falou para apostar, eu apostei. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É por isso que essa resposta sua ao Romário fortalece o que eu estou dizendo aqui: que não é um caso de lambari; é um caso de tubarão. Você, por exemplo, chegou a ouvir falar do envolvimento de familiares desses dois jogadores nas apostas? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Eu fiquei sabendo depois, quando passou na televisão. Aí, quando passou na televisão a situação da família do Paquetá... E, agora, recentemente, eu vi, porque lincaram o nome do Luiz Henrique comigo. Aí eu fui ficando mais por dentro, mas conhecimento de familiares, não. Mais acompanhando... Queira ou não, passa sempre na televisão, internet, está sempre passando. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Em relação a valores, você chegou a saber o movimento nos casos de cartões desses dois jogadores para com familiares? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Na delação você não falou nada sobre isso? Porque o que chegou até mim é a quantia de R$6 milhões recebidos por familiares desses dois jogadores. Chegou até você? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Isso, não. Isso aí eu afirmo que... Eu falar a quantia de R$6 milhões que familiares receberam, isso aí eu afirmo que não falei isso, até porque eu não sei nada relacionado a valores dos familiares deles. Eu sei o que eu apostei na época e só. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Na delação sua, houve a afirmação de que foram 20 jogos da Série A do Campeonato Brasileiro? |
| R | O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Eu não sei ao certo a quantidade de jogos. Eu sei, assim, por nome de jogadores, mas, se eu não me engano, na minha denúncia, são 16 denunciados, e 13 são jogadores. Acho que deve estar em torno desse número, não sei se chega a 20 jogos, mas é mais ou menos isso. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É oficial, eu tenho a informação: 20 jogos da Série A. Eu só queria confirmar contigo isso, porque até então a gente não... O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Eu só não sei ao certo de cabeça, mas é... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. Eu só não tinha a informação correta, mas você acabou de me passar: o envolvimento de 16 jogadores - repetimos aqui - da Série A do Campeonato Brasileiro. Correto? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não. No caso, Kajuru, foram 16 denunciados... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas as séries? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, acho que é no total: Série A e Série B. E desses 16 denunciados: eu, outros dois réus e 13 jogadores, no caso. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Tá. Você respondeu ao Romário, e eu fiquei feliz, porque o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pensa como Romário e eu, aceitou a minha ideia e está estudando o decreto-lei para que se proíba a partir de 1º de janeiro, definitivamente, a aposta em cartão amarelo, cartão vermelho, arremesso manual, escanteio, pênalti, quem fez gol, e apenas poderá se apostar no resultado do jogo. Assim, para você, reduzirá muito a manipulação, mas será o fim dela ou ainda não será o fim da manipulação? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - O fim eu não posso dizer, porque, querendo ou não, o pessoal quando quer fazer inventa alguma coisa, mas, tirando todos esses tópicos que você falou, tirando principalmente cartão, escanteio, essas coisas, que acho que é o que mais o pessoal anda fazendo, acho que com certeza ia reduzir muito. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Presidente... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Romário. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Tenho aqui uma lista... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Uma lista? O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... dos jogos da Série A de 2002 investigados na operação Penalidade Máxima, terceira fase: Atlético Paranaense e Fluminense; América de Minas Gerais e Curitiba; Juventude e Avaí; Flamengo e Ceará; Juventude e Fortaleza; Red Bull Bragantino e Goiás; Atlético Paranaense e Cuiabá; Atlético Paranaense e Curitiba; Ceará e Cuiabá; Goiás e Juventude; Fluminense e Goiás; Atlético de Minas Gerais e Cuiabá. São esses 12 jogos que foram ou estão sendo investigados nessa operação. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Parabéns, Relator. Portanto, um assunto esclarecido aqui. Sr. Bruno, para chegarmos ao finalmente aqui - chegou também o nosso Vice-Presidente, o Senador Eduardo Girão -, se a gente analisar a delação premiada que ele fará, com certeza, o William Rogatto - que já está preso em Dubai, a sua extradição está sendo providenciada, há um trâmite, uma pequena burocracia, mas ainda esta semana ele chegará, e já há um compromisso da Polícia Federal com esta CPI de que, ele chegando na segunda, na terça ele viria aqui à nossa CPI, até para sabermos se o que ele conversou conosco, dando a sua palavra de que entregaria computador, quando o Relator Romário o questionou, e que, em pelo menos 40% de tudo o que aconteceu até hoje na corrupção de manipulação do futebol brasileiro, ele poderia nos ajudar e nos informar, que ele só tinha medo dos tubarões, ou seja, tinha medo de morrer -, eu pergunto a você: juntando a sua delação com a delação do William Rogatto, você acha que nós vamos chegar, percentualmente, a quanto para que o Senador Romário, como sempre, possa fazer um relatório histórico mostrando o que realmente até hoje ninguém sabe? Juntando as duas delações, você acha que a gente chegará a quanto? A 20%? A 30%? Quanto? |
| R | O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, Kajuru, a porcentagem em si não tem como eu saber, porque, pelo que eu vi na última CPI do William Rogatto, ele trabalhou muito, fez muitas coisas, então acho que a delação dele tem mais a contribuir do que a minha. Como eu mencionei no início da minha oitiva aqui, o que pode chegar através da minha delação é, no caso, que realmente eu não sou o chefe, nunca fui chefe de máfia nenhuma, igual me taxaram. E teve pessoa acima de mim que muito me estranha não ser convocada, nunca ser mencionada em nenhuma matéria, televisão, Fantástico... Nunca mencionam essa pessoa. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Por exemplo, Bruno? Por exemplo? Uma pessoa dessa... O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, o nome já foi mencionado, eu só não gostaria de repetir, até por questão de segurança, mas vocês têm acesso aos autos aí. O senhor, Romário, mencionou o nome dele já, então foi uma pessoa que... O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - O Timbó, não é? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - ... usando o gancho aqui para falar, vamos dizer assim, me usou de bode expiatório, porque, na minha primeira prisão temporária, contratou um advogado para mim, e, no caso, quando eu fui ver, o advogado não estava me defendendo. Aí, eu estava dentro da prisão, tive o primeiro acesso, a primeira visita da minha esposa, e a minha esposa falou que tinha... O meu advogado, que ele tinha contratado para mim, estava defendendo ele, estava conversando com ele dentro da cadeia, com o celular dentro da cadeia. Então, eu vi que eu estava sendo usado de testa de ferro, estava sendo usado de testa de ferro, e foi quando eu resolvi entrar em contato com o Dr. Kaled, e ele começou a tomar conta do caso. E eu falei: "Não. Não vou ficar aqui fazendo um papel que não é meu, tendo um papel que não é meu", não é? Então, é mais ou menos isso. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Então, você quer dizer, categoricamente, que a gente ainda não ouviu aqui gente graúda e que poderia trazer coisas mais pesadas? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Com certeza, porque foi essa pessoa que me trouxe para isso daí. No caso, eu era um funcionário dele, era um funcionário que tinha só o trabalho de captar jogadores. E, como eu tinha, acho, esse papel diretamente de falar com o jogador, ou... Depois, ele fazia um pagamento para mim, e eu era o responsável por pagar o jogador. Quando teve a primeira busca e apreensão a respeito da situação do Vila Nova, com o Presidente lá, o Hugo, foi aí que apreenderam o meu celular e viram tudo. Aí, me taxaram como se eu fosse o manipulador, fosse o chefe, mas sempre teve uma pessoa por trás de mim, sempre teve uma pessoa que financiava, que tinha dinheiro, que fazia as operações, que pagava. Então, assim, eu fiquei por um bom tempo e acho que até hoje, se olhar as matérias até hoje, eu estou em uma posição que não é minha, sou taxado numa posição de chefe e de líder que nunca foi minha. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Presidente, posso fazer mais uma pergunta? O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É evidente, Relator. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Bruno, é claro que, se o senhor falar o nome, seria o ideal, mas a pergunta é: ainda existem jogadores de futebol da primeira divisão, da Série A, do Brasileiro, que fazem manipulação, no seu entendimento? |
| R | O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, Romário, sendo bem sincero, hoje em dia, eu não sei mais, porque eu preferi me afastar de tudo que é relacionado a aposta. Hoje, eu estou por fora de tudo, então é uma coisa que eu nem busco saber, nem busco informação, nem quero saber mais. Mas hoje eu não sei se tem atletas fazendo, ou não. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mas você não botaria a sua mão no fogo pela Série A, não, não é? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Nunca. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Tem medo de queimá-la, claro, não é? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não boto a minha mão no fogo nunca. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - De forma alguma, não é? Para fechar, a sua delação pega gente graúda ou pega gente só miúda? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Aí... Vamos dizer assim, eu sempre fui miúdo. Então, se tinha gente acima de mim, era pessoa com poder aquisitivo maior e pessoa graúda. Então, acredito que tenha mais a esclarecer para vocês. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sobre a sua delação premiada feita, você crê que esclareceu tudo aqui ou faltou alguma coisa para a gente perguntar? Além de mim e do Romário, tem o Senador Eduardo Girão. Sobre o que nós questionamos até agora, tem alguma coisa que você gostaria de dizer? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - No caso, Kajuru, da minha parte, é como eu falei: eu que pedi ao Doutor para ir até Goiás para falar com o Cesconetto, porque eu queria, sim, já me confessar. E, na primeira instância, a gente teve uma oitiva; foram acho que cinco ou seis horas de oitiva. Aí, ele marcou para vir aqui presencial, em São Paulo - na época eu estava no presídio, conversou comigo também lá, foram mais seis, sete horas de oitiva com ele, confessei tudo. Algumas coisas que ele fala, se eu tiver esquecido de alguma coisa, podia anotar. Mandei um bloco de umas seis, sete páginas escritas também, algumas coisas que eu não tinha falado para ele. Então, acho que já está muito esclarecido, tudo bem detalhado já e acho que vocês têm acesso aí também. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Essa sua prisão em São Paulo, só confirmando, foi por quanto tempo? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - A primeira foi em fevereiro de 2023, foi uma prisão temporária, na qual eu ainda estava com outro advogado que foi colocado por essa pessoa, que eu não vou mencionar o nome. Aí, passaram-se dois meses, veio a prisão preventiva em abril. E, depois de eu ter feito a colaboração, o advogado fez o pedido, e eu consegui a liberdade depois de quatro meses e meio, se eu não me engano. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Quase seis meses. E, hoje, elas estão como, essas questões jurídicas em São Paulo? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - O processo está rolando, a gente tem a próxima audiência agora no próximo ano, eu estou com cautelares, eu não posso ter contato com nenhum tipo dos denunciados, nada relacionado à aposta eu posso fazer, não posso me ausentar mais de sete dias de São Paulo e... O SR. KALED LAKIS (Por videoconferência.) - Se me permite, Excelência, o processo está correndo em Goiás. Nós estamos participando de audiências virtuais, são três processos e já tivemos duas audiências. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Duas audiências. Perfeito. Senador Eduardo Girão, Vice-Presidente da CPI, à sua disposição o nosso convidado, o Sr. Bruno Gomes, por videoconferência. Conforme o senhor já tem conhecimento, ele fez uma delação premiada junto ao Ministério Público de Goiás, com aquele Promotor que o senhor conheceu aqui pessoalmente, Dr. Cesconetto. Fique à vontade. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Perfeito, perfeito. Em primeiro lugar, quero cumprimentá-lo, Presidente desta CPI, meu querido amigo Senador Jorge Kajuru; cumprimentar o nosso Relator, o Senador Romário; cumprimentar também o Sr. Bruno Moura; o seu advogado, que está com ele aí. |
| R | Eu queria só me aprofundar - os colegas aqui foram muito felizes nas perguntas; eu estava acompanhando também do gabinete uma parte -, eu queria só complementar aqui, tentando me aprofundar, Sr. Bruno. Se o senhor pudesse me esclarecer, eu lhe agradeço demais, porque o senhor falou que o seu contato não era direto - o aliciamento, vamos chamar assim -, que tinha uma terceira pessoa envolvida para chegar no jogador e tudo. Quem é essa terceira pessoa? Eu queria saber disso. Como se dava a atuação dessa terceira pessoa nesse esquema? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Para depor. Por videoconferência.) - Boa tarde! No caso, por questão de segurança, também não vou mencionar o nome, mas vocês têm aí nos autos. Mas eu tinha uma pessoa que... E, vamos colocar aí, acho que de 80% dos atletas, porque eu acho que ele vendia produtos para eles e tal, quem conseguia os contatos era ele. Ele tratava com o jogador e, no caso, eu repassava para aquela outra pessoa também. E aí, no caso, a operação acontecia. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Girão, Thiago Chambó Andrade é o nome dessa pessoa. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tá. Eram fixados os valores nessa abordagem? Como é que...? Quem é que chegava com o valor diretamente para o jogador? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - No caso, o nome que o Romário acabou de mencionar... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Certo. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - ... e falava quanto poderia ser pago para cada atleta. E, no caso, eu passava para essa terceira pessoa que tinha contato direto com os jogadores, e ele oferecia, e fazia a negociação. Então, variava de 30, 40, 50, 60 mil. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Chegava até R$60 mil? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Cartão amarelo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Cartão amarelo até R$60 mil? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Chegou, se eu não me engano, até 70. Agora a questão de expulsão e pênalti chegou à faixa etária de 150 mil e teve um caso que chegou até 400 mil, se eu não me engano. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Um caso que chegou até 400 mil, quase R$0,5 milhão. Qual o caso, Bruno? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Foi do Fernando Neto. Foram oferecidos 400 ou 450 mil. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Fernando Neto. De onde ele é? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - À época, ele era do Operário. Acabou não fazendo, não fazendo; só foi a negociação, ele não fez... Na época, ele era do Operário. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Certo. E deixa eu te perguntar uma coisa, você tem conhecimento de... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Operário de Ponta Grossa, Girão, por favor? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Do Paraná; de Ponta Grossa, do Paraná, não é isso? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Do Paraná. No caso, esse do Fernando fui eu que tratei diretamente com ele, isso aí fui eu que falei, isso aí não foi por terceiros. Eu conversei com ele direto do meu WhatsApp. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Certo. Bruno, e com relação aqui - eu sei que o Romário já fez esse questionamento, mas eu fiquei um pouco na dúvida -: alguma empresa de aposta esportiva, essas bets aí, de alguma forma, você teve algum conhecimento da participação delas, um interesse delas de alguma forma? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Sendo bem sincero, acredito que não tem nem como elas serem, terem algum tipo de participação, porque a maior prejudicada, no caso, é elas - não é? -, a maior prejudicada no caso é elas! O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Certo. E outra coisa... O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Entre aspas, não é? Porque, assim, ganham muito dinheiro, vamos dizer assim, que nem sentem falta, mas a maior prejudicada estão sendo elas. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas por que elas não denunciam isso, então? Você tem alguma explicação? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Eu acredito pelo grande volume de valores que elas movimentam diário, porque, assim, é o mundo todo apostando. Então, uma casa de aposta assim tem inúmeras coisas: tem aposta em tênis, aposta em cassino, aposta em vôlei. Então, é muita gente, é o mundo todo apostando. Aí não são, vamos dizer assim, 300 mil que ela perde num dia... Isso não vai fazer nem cócega. |
| R | O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tá. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Desculpe o termo, mas acredito que seja assim. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - É peixe pequeno. Como fala o Kajuru, é coisa pequena. Mas me diz aqui uma coisa, que eu queria te perguntar: nesses contatos que você fazia, muitas vezes via terceiro, com os jogadores, esses clubes eram patrocinados por casas de apostas esportivas? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Aí, na época, eu não posso te afirmar porque eu não lembro. Agora eu sei que, pelo menos agora, 90% do futebol hoje é patrocinado por casas de apostas, mas, na época, isso em 2022, eu não lembro se estava essa ascensão tão grande das casas de apostas no Brasil, não. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Você conhece a Sra. Deolane Bezerra? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Conheço pela internet, conheço pela... O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Só pela mídia mesmo? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Pela mídia. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Não teve nunca contato com ela? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não, não. Para falar que não tive contato, eu conhecia antes o falecido marido dela, o MC Kevin. Eu o conheci pessoalmente, mas nunca tive nenhum tipo de contato com ela, não. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Certo. Perfeito. E, assim, eu agradeço - viu, Presidente? - a oportunidade também ao Relator. Acredito que o Bruno colaborou bastante aqui conosco, trazendo essas informações, e vamos continuar aqui atentos a essas movimentações todas. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para interpelar.) - Eu que agradeço, Vice-Presidente desta CPI, exímio Senador Eduardo Girão, pelas colocações sempre pontuais. E, pra fechar de vez, Bruno, e te liberar, nas investigações do Ministério Público, você foi apontado como um dos comandantes da organização criminosa que manipulava atletas para ganhar dinheiro com apostas esportivas. Mais precisamente, você era o líder do núcleo apostadores. Quantas pessoas você liderava? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Para depor. Por videoconferência.) - Nunca liderei ninguém, nunca fui chefe, nunca fui líder. Como eu te falei, fui convidado por uma pessoa, e essa pessoa que, vamos dizer assim, orquestrava tudo. Eu só tinha o trabalho de pegar o jogador e entregar para ele. Vamos dizer assim, a mágica quem fazia era ele; depois, só chegava com os números e com os valores. Eu nunca fui chefe. Eu acho que - volto a repetir -, como teve a primeira busca e apreensão, foi direto em mim, porque eu tive o primeiro contato com o Hugo, do Vila Nova. Aí foi aquele boom, "ele é o chefe", mas eu nunca fui chefe, deixei bem claro isso no Ministério Público, deixo para vocês também. Nunca fui chefe - nunca, nunca, nunca. Como falei, até me surpreende até hoje não ter sido convocado, até hoje quase não ter sido mencionado em matérias... Era sempre o meu nome, era o nome da minha esposa. Teve o fato de a esposa dele estar conversando com ele dentro da cadeia, ele com o celular dentro da cadeia, e repercutir minha esposa no Fantástico, e, em um caso desses, nada. Meu advogado, na época, que seria o meu advogado, falando com ele, e ele mandando botar tudo em mim: "Foda-se o Bruno". Desculpa o termo. Então, nunca fui Líder. Então, nunca comandei ninguém, sendo bem honesto e sincero com vocês. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Já que você falou esposa, mas é verdade que a sua esposa trabalhava com você nesse caso? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não, Kajuru. O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Não? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - No caso, também deixei bem claro para o Ministério Público. No caso, eu usava a conta que estava no meu celular, era no CPF dela. Então, realizei alguma... (Falha no áudio.) ... no nome dela. Por isso que ela apareceu como aliciadora que pagava os jogadores, mas ela nunca teve participação, nunca falou com um jogador, nunca fez aposta nem nada. Isso aí eu já deixei bem claro. Realmente, eu usava a conta dela e realizei alguns pagamentos todo pelo CPF que seria dela. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Você voltou a falar sobre essas pessoas que a gente aqui ainda não ouviu? E são pessoas graúdas, não há nenhuma dúvida. Na sua delação, você passou os nomes para o Dr. Cesconetto? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Sim, todos os nomes. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Todos os nomes estão, portanto, aqui no Ministério da Justiça agora? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Sim, está tudo com o Dr. Cesconetto. Passei tudo, detalhadamente, tanto na oitiva online quanto presencial. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Gente graúda? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Sim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim, não é? Repita: sim! O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Sim! O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Por favor, quantos eram núcleos? Como funcionava a hierarquia da organização? Você sabe? O seu núcleo, que você diz não ter, de apostadores era o segundo, o terceiro, o quarto? Qual foi o maior valor pago para um jogador cometer ilícito? E você se lembra qual foi esse ilícito? Seria importantíssima essa sua colaboração, Bruno, por fineza. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Então, Kajuru, no caso foi aquela que eu mencionei. A que eu mais vi valores, assim, foi aquela de 720 mil, que eu saí de uma dívida para esse núcleo de 720 mil. E, em questão de núcleo, nessa operação, foi igual falei, eu estava na dívida, arrumei os jogadores, passei para essa pessoa, e essa pessoa tinha um comandado por ela que fazia a operação para ela nesse robô, nesse sistema. Então, assim, ele fazia a operação, ele me dava os números e, depois que deu certo, ele me fez o pagamento, fiquei com a minha parte e o restante eu diluí entre os cinco atletas que foram participar desse ocorrido. E foi feito pagamento. Se não me engano, foram R$50 mil para cada atleta. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Acho que foi o maior valor que eu cheguei... Eu, eu... Passou dinheiro por mim e repassei. Foi, acho, o maior valor que eu acabei pagando. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bruno, prometo que é a última pergunta. Você imagina quantas pessoas no Brasil fazem o que você fez, o que o William Rogatto fez? Não sei se ele ainda faz. Agora não, porque ele está preso lá em Dubai e vem para o Brasil. Quantas pessoas você imagina a gente ter nesse movimento - Girão, Romário, senhoras e senhores, todo o Brasil - que faz com que a cada dia a gente tenha uma novidade? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Eu não sou nenhum... Eu acredito que... Até foi algum Senador, se não me engano, da CPI, que mencionou a minha entrevista com o Cartolouco. Foi o que eu falei lá na entrevista do Cartolouco: eu acredito que sempre vai ter, sempre vai ter pessoas fazendo, acredito que com menor frequência agora, depois desse boom. Mas, assim, ideia de quantas pessoas tem... Não sei. Mas isso aí é uma coisa que, acredito eu... A não ser fazendo aquilo que o senhor mencionou, que é limitar algumas opções na fase de apostas, eu acredito que, enquanto não acontecer isso, sempre vai ter uma coisinha ou outra. Não tem jeito. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Você demonstrou aqui o tempo inteiro a sua irritação com gente graúda que ainda não apareceu, não foi denunciada e nem ouvida por nós ou por outra instância da Justiça. Para você, essas pessoas graúdas serão pegas ou continuarão livres, soltas? |
| R | O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Uma delas está no processo e foi presa também na época junto comigo, teve sua liberdade também, mas é o que... Não é nem a questão de irritação, porque, assim... Eu ainda sou homem, aguento as consequências do que eu errei, tenho que pagar mesmo, me arrependi amargamente, só que, assim, minha família - tenho filho pequeno, tenho esposa -, a gente sofreu bastante por ser atacado como chefe, como líder, minha esposa sendo atacada, e a gente sabendo da verdade, e a gente querendo ter uma defesa do nosso lado, e a defesa sendo manipulada por ele também, e a gente sempre ficando de lado, ficando de lado... E por isso que realmente a minha indignação é sempre eu ser o foco, ser o alvo, que nem agora teve recentemente as matérias do Luiz Henrique: "Ah, é ligado com o Bruno, tem esquema com o Bruno". E, cara, nunca chegam realmente e apontam o dedo e chegam em quem tem que chegar mesmo. É mais essa a minha indignação. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só para concluir, eu lamento em relação à sua família, quem tem família às vezes sofre morte social, mas, no seu caso, você foi o culpado, não é? Você usou o nome da sua esposa, você deu o documento dela, não é? Você que a colocou. O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Com certeza, Kajuru. Sendo bem honesto, na época, sim, sabia que não era uma coisa lícita, mas eu não tinha noção da gravidade que era. Para mim, estava sendo uma coisa simples: "Ah, vou contatar um atleta, ele vai tomar um cartão, todo mundo ganha um dinheirinho, acabou". Aí, depois que deu o boom, e eu vi que eu estava sendo usado de testa de ferro, e tudo em cima de mim, em cima de mim, e eu vi a gravidade pela qual eu coloquei a minha família em risco, minha esposa, tudo em risco, por conta de ganância, por conta de dinheiro, hoje eu prefiro trabalhar do jeito que eu estou trabalhando, mas ter uma vida digna e dormir, colocar a cabeça no travesseiro em paz. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Parabéns, Bruno, por essa sua posição. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Só uma perguntinha. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu queria também fazer. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Senador Eduardo Girão tem uma outra pergunta, e o Relator Romário também tem mais uma, para gente te liberar. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Bruno, uma pergunta que eu queria fazer a você é a seguinte: as apostas do Paquetá e do Luiz Henrique foram casadas ou foram apostas isoladas? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Para depor. Por videoconferência.) - Na época em que me mandaram, eu fiz casada. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O.k., obrigado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para interpelar.) - No caso, você fez casada, com cartões amarelos dos dois? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Para depor. Por videoconferência.) - Eu fiz casada. Eu fiz casada. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. Girão? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Ainda na linha, como costuma colocar o Senador Kajuru, o Presidente desta Comissão, Bruno, a gente percebe, como o Senador falou, o incômodo com relação a gente graúda - gente graúda. E nós estamos aqui querendo apurar a verdade. Eu não sei se através de uma sessão secreta, Senador Romário, ele poderia colocar esses nomes para a gente. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Dar esses nomes, não é? O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E me coloco à disposição para fazer o requerimento. Mas, assim, eu lhe pergunto. Tem... Por exemplo, quando você vê pessoa graúda, muita coisa, você já pensa, nós estamos aqui no Congresso Nacional, em político, não é? Tem político envolvido? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Para depor. Por videoconferência.) - Não, que eu saiba, não. Nunca tive nenhum tipo de contato, nada. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Nas bets... Essa questão de casas bets é uma coisa, uma novidade que impulsionou, sem dúvida nenhuma, essa quantidade de possibilidades de apostas, com propaganda na televisão o dia inteiro, totalmente indo na contramão... E eu vejo, viu, Senador Kajuru e Senador Romário? Eu estava acompanhando a outra CPI das Bets, que está acontecendo aqui concomitantemente na Casa e eu vendo discursos lá: "Olha, mas é como cigarro", não sei o que e tal. E, no cigarro, o que conseguiu também ajudar muito, além da conscientização, foi por causa das propagandas, que foram proibidas, não é? Eu lhe pergunto: o senhor tomou conhecimento já de que o crime organizado está em algumas dessas casas, bets, lava dinheiro, aumenta seus lucros, o senhor tem conhecimento de alguma forma com relação a isso? |
| R | O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Não tenho nenhum conhecimento. Nenhum conhecimento. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tá, tudo bem. Então, só para agradecer mais uma vez. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Senador Romário, Relator, está com um pouco de dor de cabeça, vai até o seu gabinete, e só lhe pedir aqui, enquanto o Romário ainda está aqui, Bruno: faça uma fineza para nós, você foi muito gentil, respondeu tudo, eu não posso ser mal-educado com você de forma alguma, pelo contrário - agora no final eu fiquei preocupado quando você falou da sua esposa, da sua família -, mas o seu advogado... Você viu o sorriso que ele abriu? Ele abriu um sorriso, ele parecia um menino de oito anos vendo o Romário, ou seja, um fã do Romário que queria estar aqui pessoalmente para dar um abraço no Romário - aqui já veio convidado e convocado que, ao final, deu um abraço no Romário, pelo que ele representa -, e eu sei que você tem também pelo Romário essa admiração. Então, em nome dela, nos ajude, dê um nome de que nós precisamos ir atrás e ainda não fomos. Seja amigo da gente, dê um nome, ou publicamente ou vamos combinar uma sessão secreta. O SR. KALED LAKIS (Por videoconferência.) - Excelência, uma questão de ordem só: quando o Bruno se refere à oitiva com o Cesconetto, foi tudo gravado em vídeo. São seis horas ali de extenso... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu sei, nós estamos vendo. O SR. KALED LAKIS (Por videoconferência.) - Ah, sim. Quer saber se tem outro nome. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A gente começou a ver hoje. O vídeo é longo, Doutor, seis horas. O SR. KALED LAKIS (Por videoconferência.) - É longo. Eu fiquei lá no presídio durante seis horas. Não é fácil, não. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Hein? Você não poderia ajudar a gente publicamente ou numa sessão secreta? O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Novos nomes? No caso... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É, nomes desses graúdos, que eu estou doido para saber. Eu tenho mais paixão em saber isso do que na Angelina Jolie. (Risos.) O SR. BRUNO LOPEZ DE MOURA (Por videoconferência.) - Novos nomes não tem, mas, no caso - o próprio Romário mencionou -, na minha posição, acima de mim, como eu falei, quem orquestrava tudo e cuidou de tudo era o Thiago Chambó. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito, então. Bruno, muito obrigado; muito obrigado ao seu advogado. Sejam felizes. Agradecidíssimo, Doutor. Vamos dar sequência aos nossos trabalhos. O SR. KALED LAKIS (Por videoconferência.) - Estamos à disposição. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Satisfação nossa. Fiquem com Deus. Vou dar início agora à oitiva do Sr. Rogério Antônio Lucca e convido-o prazerosamente a tomar assento à mesa. (Pausa.) Por fineza, fique à vontade. O senhor tem o tempo de dez minutos para a sua explanação inicial, e, evidente, se necessitar de um tempo maior, eu lhe darei. Não vou ler aqui aquele mesmo script, até por respeito ao senhor, o senhor não tem delação, o senhor não foi condenado, o senhor não foi preso, portanto, não vou ler aquela baboseira toda aqui - perfeito? -, que é obrigatória quando você está diante de alguém suspeito. Fique à vontade, por gentileza. O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA (Para expor.) - Obrigado, Senador. Exmo. Sr. Senador Jorge Kajuru, Presidente desta Comissão Parlamentar de Inquérito; Exmo. Sr. Senador Eduardo Girão, Vice-Presidente desta Comissão; senhoras e senhores, é com grande satisfação que compareço a esta Comissão Parlamentar de Inquérito como representante do Banco Central do Brasil, para prestar esclarecimentos acerca do objeto desta CPI no que diz respeito à atuação do Banco Central. Em primeiro lugar, cumpre esclarecer que o Banco Central do Brasil não tem competência sobre as empresas de apostas e de jogos de azar. |
| R | As empresas de apostas e jogos de azar não exercem serviços financeiros nem serviços de pagamentos que são regulados no âmbito da competência do Banco Central, tampouco a lei específica, a Lei nº 14.790, atribui nenhuma competência sobre essas empresas ao Banco Central. Toda competência sobre essas empresas, seja do ponto de vista de regulação, de supervisão, ou de normatização, ou de autorização dessas empresas é atribuída ao Ministério da Fazenda. O papel do Banco Central neste debate tem sido o papel de colaborar com o debate. Nossa principal colaboração em relação a esse debate foi a estimação do tamanho desse mercado que a gente fez por meio de uma nota técnica de um estudo especial que tratou da análise técnica sobre o mercado de apostas online no Brasil e o perfil dos apostadores. A missão do Banco Central é estabilidade monetária e estabilidade financeira. No âmbito dessa competência, o Banco Central acompanha a movimentação dos pagamentos, principalmente do Pix, que é o pagamento mais tempestivo em tempo real, de forma a tentar estimar, de uma forma mais tempestiva, o funcionamento da economia e alguns indicadores macroeconômicos de uma forma geral, como, por exemplo, a atividade econômica. Então, de forma rotineira, o Banco Central acompanha os pagamentos que são feitos na economia como forma de antecipar esses indicadores da atividade econômica em que existe uma defasagem pra você ter uma noção desses indicadores de atividade. O acompanhamento dos pagamentos faz com que a gente tenha um indicador, uma sensibilidade mais tempestiva em relação à atividade econômica, por exemplo. Com base nesse papel e com vistas, de novo, à competência do Banco Central, a gente realiza reuniões com o mercado, onde a gente trata de conjuntura econômica. A partir do mês de agosto, mais ou menos, nessas reuniões com o mercado, a gente começou a ouvir muito, principalmente de instituições financeiras, que a movimentação financeira de aposta poderia estar impactando a atividade econômica e o crédito de uma forma geral. Isso, potencialmente, poderia ter algum impacto na estabilidade financeira e na transmissão da política monetária, na atividade econômica de uma forma geral, influenciando diretamente na competência na missão do Banco Central. Algumas instituições, inclusive, começaram a produzir alguns relatórios específicos sobre o tema, fazendo estimação sobre o tamanho desse mercado, estimação sobre o tamanho do movimento financeiro que estava sendo dedicado a essa atividade específica. Essas estimações tinham uma variação muito grande em termos de valor. A gente ouvia números desde algo em torno de 20 bilhões por ano até algo em torno de 250 bilhões por ano que eram girados nesse mercado. Como parecia um montante muito relevante, a gente entendeu por bem fazer uma estimação pra avaliar se, potencialmente, poderia estar tendo algum impacto em termos de atividade econômica ou de instabilidade financeira no sistema financeiro como um todo. Com base nisso, a gente começou a desenvolver o estudo que foi publicado no mês de setembro. A gente iniciou fazendo uma análise sobre os pagamentos que eram realizados por pessoas físicas, aquelas empresas que se identificavam como empresas de jogos de azar e aposta. Existe um identificador de atividade econômica, que é o identificador do IBGE que se chama Cnae, onde a empresa se declara qual é o setor econômico onde ela atua. A gente começou o levantamento do Banco Central com base nas transferências que eram feitas pra essas empresas que se identificavam nesse Cnae específico, nesse identificador específico do IBGE, de jogos de azar e aposta. A gente acabou encontrando muitas empresas atuando nesse mercado, mas um volume financeiro relativamente muito pequeno, muito inferior àquilo que a gente estava ouvindo das instituições financeiras, como eu disse, que girava algo em torno de 20 a 250 bilhões por ano. |
| R | Com base nisso, a gente realizou algumas reuniões com algumas instituições financeiras, tentando esclarecer por que é que isso estava acontecendo, e eles relataram pra gente que eles tinham chegado ao mesmo resultado: que o que acontecia era que essas empresas não se identificavam nessa atividade econômica específica e, muitas vezes, nem possuíam contas bancárias em titularidade própria, utilizando o que a gente entende, o que é chamado no mercado como "facilitador de pagamento" ou uma "empresa prestadora de serviços de pagamento". O que é que são essas empresas? São pessoas jurídicas não financeiras, que não são reguladas pelo Banco Central, mas que fazem o serviço de coletar pagamento pra uma atividade específica. Essas empresas geralmente não são limitadas a prestar serviço a uma empresa específica, então, por exemplo, uma empresa de pagamento dessas, ao mesmo tempo que presta um serviço pra uma empresa de jogos de azar, pode prestar o serviço também pra uma empresa de streaming de vídeo, de streaming de áudio ou mesmo de aplicativo de mobilidade. A gente passou, então, a identificar algumas chaves Pix, alguns identificadores de transferência Pix específicos que direcionavam diretamente a essas empresas de aposta, e a gente achou um padrão no recebimento de transações por parte dessas chaves Pix que era caracterizado, muito, por: um número muito grande de pessoas que realizavam transferências pra essas empresas; um número de transações muito alto que essas empresas recebiam; um tíquete médio relativamente baixo, ou seja, as transações em si tinham um valor específico relativamente baixo - muitas vezes, múltiplos de R$5 -; e essas transações acabavam se concentrando em um período do dia que era o do final da tarde e início da noite. Com base nisso, a gente teve a capacidade de identificar um padrão que possibilitou que a gente identificasse aquele fluxo de recurso pra essas empresas de aposta em jogos de azar. Com base nessa identificação, a gente estimou que, neste ano, até o mês de agosto, pessoas físicas teriam feito transferências pra essas chaves Pix estimadas em algo em torno de R$20 bilhões por mês, totalizando algo em torno de 24 milhões de pessoas. Da mesma forma, a gente fez a identificação no sentido contrário, ou seja, o dinheiro que saía da conta dessas empresas em benefício de pessoas físicas, e esse montante foi estimado em algo em torno de 85% do que entrava. Então, se a gente está falando de R$20 bilhões de entrada, a gente está falando de em torno de R$17 bilhões de saída - é a média mensal isso. Só pra fazer uma analogia aqui, pra deixar claro... A gente não tem exato, a gente não consegue estimar de uma forma exata e direta aquilo que é apostado. Fazendo uma analogia, pensando como um cassino, o que eu consigo ver é o que a pessoa entra de dinheiro no cassino. O que ela faz com esse dinheiro dentro do cassino - se ela aposta uma, duas, três vezes; se ela ganha e volta a apostar... A gente não tem como mensurar isso. Então, a gente vê que as pessoas entraram, nessa analogia, com R$20 bilhões por mês no cassino e saíram do cassino com algo em torno de R$17 bilhões por mês, neste ano de 2024, até o mês de agosto. Outros estudos que a gente fez: a gente tentou identificar o perfil de apostadores com vistas a poder subsidiar potenciais trabalhos que a gente pudesse fazer do ponto de vista de educação financeira. Então, a gente fez uma análise em relação à idade dos apostadores e a gente encontrou uma concentração muito grande dessas transferências saindo de conta corrente de titularidade de pessoas entre 20 e 40 anos de idade, e a gente fez um filtro, também, dos recursos que teriam saído de contas de titularidade de beneficiários do Programa Bolsa Família. O objetivo, como eu falei, foi compreender o tipo de apostador que participava mais nesse mercado, avaliar potencialmente se existia algum público mais sujeito, mais suscetível aos riscos desse mercado, até mesmo para poder subsidiar ações que a gente poderia tomar do ponto de vista de educação financeira e de cidadania financeira. |
| R | Nesse sentido, a gente fez essa estimativa, a partir das contas de titularidade de beneficiários do Programa Bolsa Família, apenas para o mês de agosto de 2024... (Soa a campainha.) O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA - ... e a gente achou 5 milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do programa, enviando cerca de R$3 bilhões, no mês de agosto, para essas empresas de aposta. Concluindo, então, a minha exposição final e ficando à disposição do senhor e desta Comissão para qualquer esclarecimento, eu acho que vale ressaltar de novo: apostas e jogos de azar não são competência do Banco Central. O papel do Banco Central, neste debate, é de trazer subsídio, trazer luz, trazer informação para este debate. Do nosso ponto de vista, a gente tem interesse na avaliação do impacto na estabilidade financeira e na atividade econômica de uma forma geral e no desenvolvimento de ações de cidadania financeira, como as ações educacionais de comunicações que a gente já tem feito. Reitero, então, o comprometimento do Banco Central, a disponibilidade do Banco Central e fico à disposição para esclarecimentos. Obrigado, Senador. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Nós que agradecemos a sua colaboração. São 4h07 da tarde. Só para justificar aqui o nosso Relator Romário ausente, ele veio trabalhar com febre e, com muita dor de cabeça, voltou ao seu gabinete. Alguns outros Parlamentares estão, neste momento, em pronunciamentos devido... Vou trazer aqui ao conhecimento de quem está aqui. Normalmente quem é jornalista no celular já tem conhecimento, mas para quem está nos acompanhando, a notícia é a seguinte: o Ministro Alexandre de Moraes retira sigilo e envia à PGR relatório da Polícia Federal sobre suposto golpe. Isso está movimentando o Plenário neste momento. Imagine o clima todo que lá se encontra. Então quero pedir perdão à falta de Parlamentares aqui para questionamentos. Mas, na verdade, não há nada significante para lhe questionar. Eu apenas queria aproveitar a sua presença com a sua experiência, como eu fiz essa pergunta a todos que vieram aqui, não sei se chegou a ver a entrevista exclusiva do Presidente Lula, a mim e à Senadora Leila do Vôlei, em que ele aceitou a minha sugestão humilde para que, a partir de 1º de janeiro, se proibisse veementemente a aposta do cartão amarelo, do cartão vermelho, do arremesso manual, do escanteio, do pênalti, de quem fez gol, e que só permitisse, a partir de agora, a aposta no resultado do jogo e mais nada. O senhor entende que essa é uma saída para a gente parar de ver tantos escândalos e toda hora um nome diferente e, de repente, até nome de jogadores da seleção brasileira que normalmente ganham por mês R$4 milhões e conseguem ter seus nomes envolvidos? E apenas, não sei se o senhor reparou, na declaração feita aqui pelo Sr. Bruno, quando Romário perguntou se ele fez a aposta em cartão amarelo de forma separada ou casada entre o Paquetá e o Luiz Henrique, que jogava no Betis, da Espanha, e o Paquetá, no West Ham, da Inglaterra, ele respondeu claramente que fez de forma casada. Muito estranho, não é? Como é que você faz de forma casada? Você dormiu, e aí você teve um sonho, e o sonho falou: "Faz de forma casada"? Ou alguém te informou: "Faz de forma casada que você pode pegar uma boa grana". Fica no ar. Eu vou aguardar, porque teremos o conhecimento de toda a delação dele no Ministério da Justiça, mas isso me deixou curioso. |
| R | E, com relação a esta sugestão dada, que o Presidente pretende usá-la como decreto de lei, qual é a sua opinião, Doutor? O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA (Para expor.) - Me desculpe, Senador, mas eu não tenho conhecimento do mercado, como eu comentei. Esse nosso conhecimento se dá no âmbito das transações financeiras. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor não tem conhecimento em detalhes, mas o senhor sabe como é que é. O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA - Não tenho, Senador. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O senhor nunca jogou? O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA - Não. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Nunca apostou? Ninguém na sua família? O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA - Não sei, Senador. Nunca foi tema de debate na minha família, mas realmente... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O seu filho nunca pegou o seu cartão de crédito, não? O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA - Tomara que não. (Risos.) Nunca identifiquei. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Tomara que não. O senhor sabe que teve filho e neto que fizeram isso. O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA - Com certeza. Eu sei. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Isso aí o senhor já sabe. O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA - Com certeza teve. Mas, com certeza, o senhor tem um conhecimento muito melhor desse mercado do que eu e sabe conduzir essa discussão muito melhor do que eu. Desculpa, eu não consigo prestar subsídio nesse sentido, eu não tenho conhecimento. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Nenhum problema, foi só uma pergunta. Muitíssimo obrigado pela sua presença. O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA - Obrigado, Senador. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Fique com Deus. Muito obrigado. O SR. ROGÉRIO ANTÔNIO LUCCA - O senhor também. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Vamos dar sequência à última oitiva. Por fineza, Secretaria. Então agora, a última oitiva do dia é do Sr. Felipe Tavares. Eu o convido para tomar assento à mesa. Ele é o Economista-Chefe da CNC. E, na explanação inicial dele, pelo tempo de dez minutos ou pouco mais, se quiser, ele poderá explicar o que é ser economista da CNC, por gentileza, e falar o que ele mais gostar de esclarecer aqui e de nos ajudar aqui na questão de colaboração a esta nossa CPI. Muito obrigado pela sua presença. Seja bem-vindo. Fique à vontade. (Pausa.) Há uma informação aqui que a Secretaria me passa agora, como sempre, muito bem informada. Essa CNC significa o quê? O SR. FELIPE TAVARES (Para expor.) - Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É bom a gente informar aqui: ela era rigorosamente contra a existência das casas de apostas esportivas? O SR. FELIPE TAVARES - A gente entrou com uma ação no Supremo contra os cassinos online. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Cassinos online. O SR. FELIPE TAVARES - Cassinos online. Aposta esportiva, a gente não tinha sido contra, se manifestado, porque ela, quando estava funcionando perfeitamente e ela era exclusiva, não tinha essa mistura com os cassinos, a roleta online, essas coisas, ela não afetava a sociedade, aparentemente, ela estava indo de uma forma positiva. Então, isso não fez parte da nossa ação no Supremo Tribunal Federal. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Então, antes da sua explanação, só uma pergunta rápida, para o senhor, o que é pior: cassino online ou casa de aposta? O SR. FELIPE TAVARES - Cassino online. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É pior? O SR. FELIPE TAVARES - Pior. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E o jogo do bicho aí? O SR. FELIPE TAVARES - Também é ruim. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pior também? O SR. FELIPE TAVARES - Pior. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Fique à vontade com a sua explanação, por gentileza. Desculpe prejudicá-lo aqui, no começo, mas o senhor tem o tempo que quiser. O SR. FELIPE TAVARES - Muito obrigado, Senador. Vou falar um pouco só o motivo de a gente estar aqui, o nosso papel. A CNC, a gente representa o setor de comércio de bens, serviços e turismo. A gente é um representante do setor produtivo, e o nosso papel na nossa atuação é garantir ou buscar a melhoria do ambiente de negócios do Brasil - buscar maior prosperidade, maior geração de valor, de riqueza e de atividade econômica. Esse é o nosso papel. A gente luta pelo desenvolvimento brasileiro via setor privado e setor produtivo. Quando começou a discussão dos cassinos online - e aí tudo foi muito misturado, porque foi apelidado como bets e envolvia um espectro muito grande de coisas -, a gente começou a observar que tinha algo estranho, porque a gente começou a ver muito relato de afetação do consumo das famílias - no supermercado, itens essenciais, farmácia, roupa e etc. -; a gente começou a ver relatos de impacto no ensino superior privado - cancelamento de matrícula, atraso de mensalidade -; a gente viu relato de impacto no setor de saúde, com planos de saúde, etc.; a gente viu impacto no endividamento. A gente começou a ver muitas instituições falando sobre o assunto. E quando a gente mergulhou nos dados - a CNC tem uma pesquisa própria, que é a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor -, a gente viu que, devido ao aumento desses cassinos online, muito significativo, a gente colocou, em 2024, em torno de 1,3 milhão de brasileiros na situação de inadimplência. Esse foi até o estudo que a gente levou ao Supremo Tribunal Federal no dia 11. E isso está gerando efeitos negativos sobre a economia como um todo. As famílias brasileiras aplicaram entre... Esse número varia muito, porque a gente não o tem correto, e clareza no número de benefícios pagos por essas casas. Esse é um número nebuloso. Tem apostador que relata... tem aí na grande mídia, divulgado, o apostador que fala assim: "Eu ganhei R$1 milhão, porém eu nunca consegui sacar. E aí eu fui apostando aquilo, até que perdi tudo de novo". Então esse benefício é meio virtual. A gente não tem esse número real, mas, segundo os números do Banco Central, que foi o que mais assustou, a gente pode ter gasto, em 2024, cerca de R$240 bilhões em apostas nos cassinos online. Então, isso está afetando a economia e isso gerou uma retirada de recursos do comércio. O varejo vendeu menos do que poderia ter vendido. Então a atividade econômica estava bem; a renda das famílias, bem; o desemprego estava indo melhor e não conseguia performar tudo o que era esperado. E aí a grande explicação foi o excesso das apostas. E aqui a gente fez uma grande explicação no Supremo para demonstrar que a gente não tem controle nenhum sobre essas casas e sobre essa estrutura. Então, a empresa é sediada em paraíso fiscal estrangeiro. A gente não tem nenhuma geração de valor e controle operacional no Brasil. Tudo é feito de forma muito nebulosa, algo que não tem forma, na internet, então é difícil de controlar. E a gente não tem condição de pôr uma governança mínima sobre o setor e as apostas. Então a gente se posicionou sugerindo - até é a petição que está no Supremo - a proibição total desses cassinos online, por conta disso, entendendo que a outra contrapartida seria a gente ter que começar pelo físico, que é mais fácil de regular e ter controle. Sobre a parte esportiva, na nossa análise, quando a gente foi fundamentar os cassinos, a gente não tinha visto na série histórica de dados de apostas, desde 2018, um problema de descontrole das famílias brasileiras em apostas. |
| R | Então, aqui o nosso papel é olhando muito o efeito sobre a economia. A gente viu que a série de apostas estava mantida muito estável, então o cara trocava a Tele Sena, um carnê, Mega-Sena, pela aposta esportiva quando era do perfil dele. O problema que eu acho que é semelhante - isso a gente ainda não entrou nessa perspectiva esportiva a fundo, porque a gente nunca foi contra as apostas esportivas - é a parte de governança. O que a gente relata no estudo que está público no site da CNC é que todos os países, sejam em apostas esportivas ou casas online, tomam um cuidado muito grande pela governança de como o sistema funciona, porque qualquer boa iniciativa que gere recurso, que gere atividade econômica, pode ser perdida, se a governança não for bem-feita. Então, a gente não entrou na parte esportiva, a gente não viu isso como um problema, dados os números, porém a governança assusta. E os relatos que vêm vindo na grande mídia é que tem algo estranho. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só conferir com a nossa Secretaria: este requerimento foi feito pelo Senador Eduardo Girão? (Pausa.) Ah, foi feito pelo Romário. Então, só te pedir desculpas em função do estado: ele veio trabalhar com febre e saiu com uma enorme dor de cabeça. Ele, evidentemente, teria boas colocações a te fazer. Uma curiosidade: que solução você apontaria para essa questão da corrupção já escancarada, de que ninguém mais tem dúvida, de manipulação de resultados de jogos de futebol, de cartões amarelos que a gente vê e não entende, de cartões vermelhos? Eu, por exemplo, nunca vi na minha vida, com 50 anos de carreira, com nove Copas do Mundo, com seis Olimpíadas transmitidas ao vivo, eu nunca vi um jogador entrar em campo e, em quatro segundos, ele dar um soco de boxe no adversário, que foi aquele jogador do Cruzeiro, agora recentemente, 15 dias atrás, contra o Athletico Paranaense, pela Série A do Campeonato Brasileiro. Aí veio uma denúncia, ainda não confirmada, de que o sobrinho dele teria apostado no cartão vermelho dele no primeiro tempo, com quatro segundos, e teria recebido 5 milhões e meio - a gente está ainda apurando essa notícia. Enfim, o que o senhor imagina para uma solução desse caso lamentável, que nos proporcionou a realizar esta CPI e a levar a Justiça a realmente trabalhar, como foi o primeiro Ministério Público do Brasil, no caso do meu Estado de Goiás, e hoje outros órgãos, outras instâncias, inclusive a Polícia Federal? O SR. FELIPE TAVARES - Sobre a parte futebolística das regras, eu não sou uma boa fonte, não sou tão especialista em como adaptar essa parte, mas sobre a parte de governança, acho que a gente pode pegar a experiência do que a gente está discutindo no estudo dos cassinos online. A nossa preocupação é criar boas regulamentações e, no limite do cassino online, a gente levou para a plena proibição. No caso das apostas esportivas, acho que dá para pegar uma experiência na literatura econômica de criar bons incentivos. Então, penalizações aos clubes, critérios de governança para qualquer penalização, qualquer ação suspeita, criar algum movimento de coalizão para que as próprias instituições atuem pela maior transparência, penalização de jogadores e criar incentivos econômicos. |
| R | A gente sabe que multas, penalizações, taxas funcionam bem porque tem que doer no bolso. Então, acho que a gente tem que resgatar a atividade esportiva; o futebol é uma paixão nacional. A gente tem que preservar o esporte de uma forma saudável, e acho que esse fechamento sobre incentivos econômicos, incluindo os clubes e penalizando todo mundo, não é... Se o jogador toma uma ação indesejada, ilícita, toda a cadeia tem que ser afetada. Então, os clubes têm que começar a reforçar e ser um parceiro nesse enforcement sobre os jogadores que estão vestindo a sua camisa. Acho que isso tende a ter uma solução maior, porque o custo da decisão errada para quem manipula tem que ser maior. Então, acho que isso é o que a teoria econômica sugeriria na experiência em vários lugares. Os Estados Unidos são um país que tem muitos esportes; eu acompanho muito a NBA, por exemplo. Eles vivem muito bem com a parte de apostas e eles conseguem ter uma governança boa sobre esse tipo de entretenimento. E um fator que contribui para o sucesso do mercado de apostas deles é esse comprometimento. A instituição tem que ser responsável pelos seus atos e também pelos seus jogadores. (Soa a campainha.) O SR. FELIPE TAVARES - Se você tem um jogador de ação suspeita, não tenha mais ele. Penalize, suspenda ou demita no limite para melhorar. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Há punição, não é? O SR. FELIPE TAVARES - Tem que ter punição e financeira. Tem que doer no bolso do atleta e da instituição. E aí a própria instituição pode começar a filtrar: "O jogador tomou o cartão vermelho nos quatro minutos, eu vou tirá-lo do time". Pouco importa quem seja, porque mantê-lo custa muito caro. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É por isso que eu costumo dizer aqui, na CPI, que não adianta só pedir punição a atletas, a dirigentes, a árbitros. Apostadores também merecem punição. O SR. FELIPE TAVARES - Todo mundo tem que ser penalizado, não é? Se você compra algo de procedência duvidosa, você é afetado pela consequência. Então, o consumidor tem que ter responsabilidade. A gente preza isso em todas as ações da confederação, tanto que a nossa defesa sobre cassinos nos físicos - fazendo um paralelo - é trazer um ambiente em que a gente consiga trazer maior responsabilidade e comprometimento, tanto da empresa quanto do usuário. O consumidor tem que estar disposto e pagar o custo para aquilo. Então, tem que se locomover, tem que ter um custo de transação, e ele tem que saber: se fizer algo errado, ele também é penalizado, porque não é só quem... O mercado existe pela oferta e pela demanda. Tem que ter os dois lados para que haja um acordo - não é? - entre as partes. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sem dúvida alguma. Bom, gratíssimo pela sua colaboração. Deus e saúde! Muitíssimo obrigado. Tenho certeza de que, se a gente necessitar de mais colaborações de sua parte, de sua confederação, nós teremos. O SR. FELIPE TAVARES - A confederação, a gente fica aberto à conversa, ao debate. Se precisar de estudos, esclarecimento, análise técnica, a gente se dispõe para ajudar no que for preciso, Senador. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Muito obrigado. Vai com Deus! Bem, eu gostaria de agradecer a todos os amigos e amigas, Senadores, Senadoras presentes e ausentes em seus gabinetes, acompanhando esta reunião. Agradeço também à minha equipe de gabinete: Carol da Luz, Luma Paschoalato e Roberto Gonçalves. Do gabinete do Senador e Relator Romário, os craques: Wester, Flavio e Vicente. Só que as minhas também são craques, hein? Do gabinete do Senador Eduardo Girão, craques também: o Chico e o Roberto. Da liderança do meu histórico partido, PSB, socialista brasileiro: a Olga, o Santi e o Carlos, craques. Do gabinete do Senador Portinho, ausente por viagem: a eficiente Fran Vieira. |
| R | Quero agradecer aos advogados do Senado pelo trabalho dia e noite, por milhares de páginas em suas mãos, Dr. Otávio, Dr. Marcelo Cheli, Dra. Bárbara Rodrigues, aos consultores do Senado, Luciano, Tiago Ivo e Vinícius, aos servidores eficientes desta Secretaria da Comissão, sem eles eu não conseguiria trabalhar em função das minhas dificuldades visuais, o Marcelo Lopes, e pela competência total de sua equipe, no plural, o Gabriel Udelsmann e o Henrique Cândido e aos policiais do Senado, Daniel Mascarenhas, Karolinne Laissa, o Itamar e o Braga, que além de tudo são nossos amigos. Vamos seguir a vida! Nada mais a acrescentar, declaro encerrada a presente reunião, e amanhã, às 14h30 da tarde, teremos nova reunião da CPI. Aproveito para confirmar a informação de novas convocações, como os dois jogadores da seleção brasileira, Paquetá e Luiz Henrique. Agradecidíssimo. (Iniciada às 14 horas e 50 minutos, a reunião é encerrada às 16 horas e 28 minutos.) |

