Notas Taquigráficas
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| R | O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, Deus e saúde sempre, alegrias e vitórias em suas vidas e nas de seus familiares e amigos neste 2025! Hoje é 19 de março de 2025. Havendo número regimental, declaro aberta a 33ª Reunião da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, criada pelo RQS 158/2024, para apurar fatos relacionados às denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, envolvendo jogadores, árbitros, auxiliares, dirigentes e empresas de apostas, ou seja, corruptores e corruptos. A presente reunião se destina à deliberação do relatório final desta CPI, apresentado - e esperado -, como sempre de forma irretocável, ontem, pelo nosso especial Senador e ser humano Romário de Souza Faria. Concluída na reunião de ontem, dia 18 de março de 2025, a leitura, eu coloco em discussão o relatório final. (Pausa.) Não havendo oradores, declaro encerrada a discussão. Votação do relatório final. Aqueles que concordam permaneçam como estão. (Pausa.) Registro aqui, democraticamente - cada um tem o seu direito -, que o Senador Chico Rodrigues está na Presidência da sessão neste momento, mas pediu para deixar o voto dele totalmente favorável ao relatório do Senador Romário, exímio relatório por sinal; e, respeitosamente, registramos aqui o único voto contrário, entre todos os membros, do Senador Eduardo Girão. Portanto, aprovado o relatório final, que passa a constituir o Parecer nº 1/2025-CPI. |
| R | Votação da ata. Havendo o número regimental, submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e a aprovação das Atas da 32ª e 33ª Reuniões. Aqueles que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) As atas estão aprovadas e serão publicadas no Diário do Senado Federal. O Senador Chico já saiu da sessão, está vindo para cá, e o Senador Portinho também está chegando. E eu quero aqui fazer registros de agradecimentos. Neste momento, irmão Romário, Relator, em que chega ao fim nossa Comissão, eu gostaria de agradecer a todos os amigos, Senadores, Senadoras, presentes nesta reunião ou remotamente, e ao longo dos nossos trabalhos. Aqui vale um reconhecimento ao homem público, Romário, que, diariamente, semanalmente, repassava a cada membro desta CPI tudo o que ele observava nas oitivas. E nós atendemos rigorosamente a todos os requerimentos solicitados pelos Senadores, que passaram de cem, inclusive. Senador Sérgio Petecão, prazerosamente presente. Meu amigo Petecão, orgulho do Acre. E o Petecão, que compareceu às reuniões, tem essa certeza também de que com tudo o que foi solicitado, o Relator Romário e eu concordamos, requerimentos todos, de forma transparente, de forma democrática. E, ontem, eu aqui quero registrar para a opinião pública e para que a imprensa tome conhecimento, em função da opinião do Senador Eduardo Girão, que eu repito, democraticamente, respeito... Ele até hoje disse a mim: "Kajuru, esquece o assunto do Deputado, eu só tenho dois pedidos a fazer". Eu falei: "O relatório está pronto e você viu ontem a reação do Presidente", Senador Portinho, nosso companheiro fundamental nessa CPI em todos os momentos. E eu disse... Aí, Portinho, orgulho do Rio de Janeiro, aí, Portinho, você não estava lá na Mesa Diretora. Eu subi à mesa, o Romário subiu depois do que aconteceu. Estavam lá presentes o Senador Jayme Campos, a Senadora Ana Paula Lobato, sentada ao lado do Presidente Davi Alcolumbre, e eu cheguei nele para atender aquela solicitação do Senador Eduardo Girão de mais dez dias da CPI, para que a gente pudesse ouvir aquelas pessoas que ele colocou aqui na apresentação de seus requerimentos, ontem. Eu juro por Deus. Eu gosto o Davi, todo mundo sabe disso, fui o primeiro a declarar voto a ele, mas eu nunca vi tanta irritação. E ele, aos gritos, falou: "Avisa ao Girão que se ele continuar insistindo com isso, eu vou extinguir essa CPI amanhã". Eu falei: "Presidente, calma, a gente está conversando". Hoje o Girão entendeu, o Girão apenas se posicionou. Só estou perguntando ao senhor se a gente não pode continuar mais dez dias. Ele: "Não pode; ou encerra, Kajuru, amanhã, ou eu vou acabar com essa CPI". |
| R | Eu nem comentei com o Romário, porque falei: "Eu não vou dar esse aborrecimento para o Romário", mas eu desci, respeitei a posição do Presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, e, portanto, hoje estamos encerrando esta CPI. E só, rapidinho, Portinho, por gentileza... (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim, só para concluir aqui. Então, ao longo dos trabalhos, eu fiz esse registro em relação ao comportamento esperado do Relator Romário, pelo suporte, pelo apoio, pela colaboração. Agradeço também à minha equipe de gabinete, a Carol da Luz, a Luma Paschoalato, o Roberto Gonçalves; à do gabinete do Senador e Relator Romário, o Wester, o Flavio, o Vicente; à do gabinete do Senador Girão, o Chico, o Roberto; à da Liderança do meu PSB, a Olga, o Santi, o Carlos; à do gabinete do Senador Portinho, sempre ela, a Fran Vieira. E quero agradecer aos Advogados do Senado que estão aqui hoje, o Dr. Octávio, o Dr. Marcelo Cheli e a Dra. Bárbara Rodrigues; aos Consultores do Senado, o Luciano, o Tiago Ivo e o Vinícius; aos Policiais do Senado, Daniel Mascarenhas, Karolinne Laissa, Itamar e Braga; à Secretaria de Registro e Redação Parlamentar, na pessoa da Coordenadora Quésia de Farias Cunha; aos garçons e auxiliares de copa pelo suporte durante as reuniões; e aos servidores da Secretaria da Comissão, Marcelo Lopes, de licença, Henrique Cândido, Gabriel Udelsmann, Lenita Cunha e Silva, Anderson Antunes e seu Coordenador Leandro Cunha Bueno. E, para fechar e dar a palavra ao Senador Portinho, registro a presença deste homem público raro, reserva moral da Bahia e do país, a quem eu carinhosamente chamo de Otto de Deus: o nosso Otto Alencar, que hoje me ensinou, inclusive, a usar o colírio por causa do olho. Obrigado, Otto: 7h da manhã, o seu telefonema me confortou. Portinho, à vontade, querido. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Senador Kajuru; Relator, nosso querido ídolo, Senador Romário; querido Petecão, que todos entendam que essa CPI cumpriu o seu papel, sim. E eu posso registrar que o ato mais importante... E, se tivesse uma razão, inclusive, para prosseguir, não seria essa, infelizmente, porque o assunto que foi trazido, que o Senador Girão está pedindo, não andou. Era tanta coisa aqui - e é muita coisa - que a gente poderia ficar aqui três anos numa CPI, mas o interesse não é esse; o interesse é que a gente possa, através do bom relatório do Senador Romário, encaminhar para as autoridades tomarem as providências. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E eu me refiro ao caso do William Rogatto. Isso foi, e a sua prisão... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Uma vitória da CPI. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, uma vitória da CPI. Mas a gente também não pode deixar de olhar para o ser humano, porque a gente, na nossa Constituição... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... tem o dever: todos têm o direito de defesa, têm o direito de tratamento digno. E, se tem uma coisa que justificaria, mas acho que a gente pode, através de outras medidas, alcançar o mesmo resultado, é a extradição do William Rogatto. O rapaz está lá, há quatro meses, preso em Dubai porque confessou; confessou nessa CPI, porque tem um mandato de prisão preventiva do Processo 0706457-89.2024.8.07.0003, do Tribunal de Justiça aqui do Distrito Federal, da 1ª Vara Criminal e Tribunal de Júri de Santa Maria, por manipulação, que é o processo a que ele responde, com o pedido de prisão preventiva e, por isso, foi desse processo que saiu o alerta vermelho, que o prendeu lá desembarcando em Dubai. |
| R | Eu, inclusive, disse aos familiares que me ligaram, estão todos apreensivos, o advogado me ligou com dificuldade a ter acesso ao processo, dizendo que a Polícia Federal não franqueou, não disse nem qual era o processo, por isso que eu fiz questão de ler o número, porque há um mandado de prisão sim, mas o que a gente quer... Aliás, esta CPI, desde o início, se colocou à disposição do William Rogatto, que ele voltasse ao Brasil, de Portugal onde estava, que a gente daria toda a garantia de que ele estaria aqui sentado, e era interesse desta CPI e ele manifestou interesse em fazer a sua delação premiada. E ele deve fazer, porque o futebol precisa saber, e, se ele se arrepende ou pelo menos manifestou isso naquele dia, a melhor maneira de reparar o dano, o erro, é fazendo uma delação, para que a gente possa minimizar a manipulação ou evitar, se possível, completamente a manipulação de resultados esportivos, principalmente no futebol brasileiro, que é o nosso maior patrimônio. Só que não foi essa a decisão que o Sr. William Rogatto teve. Ele resolveu ir para a Espanha, e da Espanha, em vez de vir ao Brasil e aceitar a guarida que daria esta CPI a ele, e toda a boa vontade nossa, ele resolveu ir para os Emirados Árabes, país com quem o Brasil não tem tratado de extradição. Não teria país talvez mais complicado para ele ir: outra língua, outra cultura, outra forma de Governo, não sei se boa ou má, não vou entrar no mérito, mas é completamente diferente, culturalmente diferente. E ele foi preso lá, porque havia esse alerta vermelho da Interpol, isso a gente já tinha informação do Ministério da Justiça, quando eu estive lá com o adjunto do Ministro Lewandowski para apurar, e ele foi preso. Só que ele está lá preso há quatro meses. E, até onde eu sei, sem nenhum... Eu registro aqui, Kajuru, e peço até como ato final, não precisa constar do relatório, mas que a Presidência desta CPI possa oficiar a Embaixada do Brasil lá, porque, até onde eu sei, ele não está tendo apoio ou assistência da Embaixada do Brasil. O seu advogado não está tendo acesso ao preso, não sei como funcionam essas coisas lá, como eu disse, é outra cultura, e a família parece estar tendo esporadicamente contato telefônico com ele, e a informação que eu tive é que é uma situação muito difícil num presídio, em outro país, onde ele é um estrangeiro e que não é muçulmano também, e que a cultura, a religião é completamente diferente, e ele tem, enfim, tido algumas dificuldades. E, como ser humano, tenho certeza de que tanto você quanto o Romário, todos nós aqui, Petecão, o que a gente quer é que ele tenha acesso à defesa, que ele seja extraditado, que ele tenha o direito de poder compor com a Polícia Federal uma delação premiada. E, por força disso, eu encaminhei junto com V. Exa., Senador Kajuru, alguns ofícios, e quero registrar e agradecer ao juiz titular, Germano Oliveira Henrique de Holanda, da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Júri, e ele me responde, porque eu perguntei que providências estão sendo tomadas com relação ao processo. E eu queria ler, se me permitem brevemente aqui, a resposta, até para deixar registrada, do Dr. Germano, Juiz da 1ª Vara, de Santa Maria: |
| R | Em resposta ao ofício recebido, passo a tecer alguns esclarecimentos pertinentes. [Eu presto atenção, porque aqui também tem algumas providências que eu acho que a gente deve adotar ainda como consequência dessa CPI.] [Ele diz:] Desde a comunicação da prisão de WILLIAM PEREIRA ROGATTO, em 18 de novembro de 2024 [a Vara foi comunicada da prisão dele então], este Juízo tem adotado contínuas e ininterruptas diligências para o regular andamento do procedimento de extradição. É oportuno destacar que o Brasil não mantém acordo bilateral de extradição com os Emirados Árabes Unidos [...], o que impõe desafios adicionais ao cumprimento dos requisitos exigidos por aquele país. Entre as dificuldades verificadas, sobressai a necessidade de tradução integral dos documentos processuais para a língua árabe, tarefa que tem se revelado especialmente complexa e desafiadora, dada a especificidade do idioma, a dificuldade em se localizar e contratar tradutores oficiais com proficiência em português-árabe e os critérios formais exigidos para a sua aceitação [que é o tradutor juramentado]. Nesse sentido, foram mantidas tratativas constantes com: a Coordenação-Geral de Extradição e Transferência de Pessoas Condenadas do Ministério da Justiça e Segurança Pública; o Núcleo de Cooperação Judiciária [...] do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios [...]; a Coordenação-Geral de Cooperação Jurídica Internacional da Polícia Federal [...]; a Corregedoria-Geral de Justiça e a Secretaria-Geral do TJDFT [o Tribunal de Justiça Desportiva aqui, imagino que seja; não; é do Tribunal de Justiça - perdão, perdão - do Distrito Federal e Territórios]; a Consultoria Jurídica do Ministério das Relações Exteriores [...] e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (GAECO/MPDFT). Todos os atos processuais e administrativos adotados até o momento encontram-se devidamente registrados nos autos n. 0706457-89.2024.8.07.0003 [que é onde há o pedido de prisão], em que decretada a prisão preventiva e expedido o mandado de prisão de WILLIAM [...] ROGATTO, e no Processo Administrativo SEI/TJDFT n. 8756/2025. Cumpre ressaltar que, embora a advocacia do Senado Federal tenha requerido habilitação em diversos processos relacionados ao tema, tal pedido não foi [...] [feito nesse que é o processo] 0706457-89.2024.8.07.0003. [Inclusive, particularmente, eu só tive a ciência agora que é esse... Sabíamos que tinha vários processos, mas de onde tinha saído o mandado de prisão eu, pelo menos, estou sabendo agora, imagino também V. Exa., até para, se for o caso, colocar a Advocacia do Senado para que ela ingresse no processo e tente ajudar na extradição.] Diante do exposto [diz o Juiz], não há que se cogitar em morosidade por parte deste Juízo ou do [...] [Tribunal de Justiça do DF] no trâmite da extradição. [E eu peço aqui as escusas porque realmente, no meu ofício, eu imputei essa morosidade e vou deixar para minha conclusão final o que eu penso sobre isso, mas não cabe ao Juízo, ao Dr. Germano. Quero agradecer, inclusive, a ele pela resposta rápida que deu.] Ressalto, por fim, que este Juízo permanece à disposição para esclarecimentos, inclusive para eventual colaboração do Senado Federal, caso disponha de expertise na condução de procedimentos de extradição envolvendo Estados Nacionais que não mantêm tratado de cooperação bilateral com a República Federativa do Brasil. |
| R | Senador Kajuru, o Juiz da Vara, dada inclusive a quantidade de atribuições que ele tem, é lógico que não é quem vai traduzir os documentos. E ele diz que está em contato com a Polícia Federal e com o Ministério de Relações Exteriores. Eu venho pedir ao Relator e ao Presidente que, diante desse ofício que eu vou lhe entregar, encaminhe o urgente requerimento ao Ministério de Relações Exteriores, que com certeza tem um tradutor lá na Embaixada do Brasil, em Dubai, que não se coçou até hoje nem para visitar o preso e dar assistência, que agilize essa extradição, porque corre sério risco - atenção! E eu não sei às vezes se isso não é proposital. Deus queira que não - de os Emirados Árabes terem que soltá-lo por essa demora. E aí todo o bom trabalho que esta CPI conduziu e entregou de bandeja para o Sr. Andrei, Diretor da Polícia Federal, para o Ministério da Justiça e entregou inclusive aqui para a 1ª Vara, porque a prisão dele... Embora o alerta foi consequência da sua confissão aqui e de medidas que a CPI tomou, já que ele não atendeu a nossa sugestão de voltar ao Brasil, a gente quer que ele venha em segurança ao Brasil, preso, preste aqui depoimento e colabore com as autoridades na delação premiada para o bem do futebol brasileiro. Então, não sei se é proposital a morosidade, que, agora sim, eu atribuo ao Ministério de Relações Exteriores e principalmente à Polícia Federal... Inclusive, liguei agora antes para o Sr. Andrei, que não me atendeu mais uma vez, e deixei o recado de que eu preciso falar, mas agora eu passo esse encargo como trabalho final desta CPI, até porque eu fiz no meu próprio gabinete, assinado por você, Senador Kajuru, e eu acho que o Relator junto com o Presidente poderiam oficiar o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e principalmente o Ministério das Relações Exteriores, porque não posso acreditar que está há quatro meses para uma tradução em árabe e o coitado do juiz não sabe nem a que requerer, tanto que ele pede até assistência aqui do Senado, se puder. E que a Advocacia do Senado possa ingressar inclusive nesses autos e tentar ajudar na tradução desses documentos em contato com a embaixada, com o Ministério de Relações Exteriores. É lógico que deve ter um tradutor juramentado no Ministério de Relações Exteriores ou um expert que possa fazê-lo com fé pública. Obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Portinho, ontem, o senhor não estava presente, e eu fiz questão de colocar todas essas suas ponderações. Hoje, meio-dia, dei uma entrevista à Band News e evidentemente dei crédito a ti, porque você, por telefone, na semana passada, me colocou todas essas questões, principalmente sobre o William Rogatto, e eu até comentei com o Romário que, se não houvesse essa morosidade da Polícia Federal, do Ministério Público, hoje nós estaríamos aqui, Relator Romário, com um relatório diferente, porque ele tinha prometido para nós que entregaria o computador dele, aqui - lembra disso? - e que entregaria mais 40% a 50% de informações importantes a que nós ainda não tínhamos acesso. Ele disse isso, nós temos a gravação na íntegra, que, se a imprensa quiser, está à disposição na Secretaria aqui desta CPI. Então, eu concordo em gênero, número e grau contigo. Vamos fazer exatamente isso, para encerrarmos de uma forma positiva e de uma forma, da minha parte, Petecão, Capitão Styvenson, que passou por aqui, Senador Chico, que está aqui presente, sempre colaborando em todos os sentidos, como sempre, nossa voz de Roraima. |
| R | Com o que eu mais fico feliz, Romário, é que essa CPI termina com você, para sua história, por tudo que você representa no mundo e hoje como homem público. Você está feliz com a conclusão. Houve apenas um voto contra, mas em nenhum momento voto pessoal, de forma alguma, só por pensamentos que ele tem - e nós respeitamos o Senador Eduardo Girão. Mas o brilhantismo dessa CPI e você não sair dessa CPI como você saiu daquela outra, decepcionado, traído, na verdade. E eu, como Presidente, jamais iria causar a você uma decepção. Eu não tenho cara de ser Romero Jucá e de fazer com você o que você passou naquela outra CPI, em que você também tinha tudo para apresentar à Justiça brasileira, com provas cabais e refutáveis... Caberia a ela investigar, mas eis que, naquela época... Evidentemente, os motivos para derrubarem o seu relatório nós sabemos quais são; são escusos, foram escusos. E eu não tenho paciência em perdoar o nome e nominei mesmo esse cidadão, que, infelizmente, é da terra de Chico Rodrigues. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Só para fazer um acréscimo, até elogiando o trabalho da CPI por final. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro! O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Romário, eu tive a informação de que - inclusive é até uma das recomendações nossas à CBF no relatório o aprimoramento da tecnologia - a CBF vai adotar o VAR automático. Então, só para registrar que isso também nasce aqui. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É uma vitória. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E como recomendação, que é o que a gente pode fazer. E parabéns à CBF se adotar! O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E outra vitória da CPI: a demissão do Presidente da Comissão de Arbitragem, lembra? Nós aqui, juntamente com ele, fizemos questionamentos fortíssimos. O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Aquele que escolhe as imagens. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Lembra? Aquele que escolhe as imagens. Exatamente! E também a central de denúncias, que partiu de você. A nossa CPI acompanhou a sua posição, e o Presidente da CBF demorou, mas criou realmente essa central. A gente só espera, como o Romário leu no relatório dele ontem, que essa central agora dê informações, ou seja, dê visibilidade a tudo que chegar até ela em relação a qualquer denúncia de manipulação. Pois não, Senador Chico Rodrigues, com prazer. O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR. Pela ordem.) - Presidente Jorge Kajuru, eu gostaria de deixar nos Anais da Casa o registro do meu voto total, sem nenhum questionamento ao relatório do Relator Romário. Ele se debruçou sobre a CPI, fez tudo que era possível, houve um indiciamento, a sugestão para que práticas já viciadas sejam alteradas. De qualquer forma, a CPI nunca pode ser um tribunal de inquisição. Não pode. Ela tem que apurar, instalar no suprimento, na manutenção, no acompanhamento, na fiscalização, no controle e tudo mais. E foi exatamente isso, com o jeito jeitoso do Senador Romário, que foi conduzindo, e V. Exa., presidindo, com a maestria de sempre, a Comissão sem conflitos. E é tão verdadeiro que, apesar de discordâncias em termos de alguns itens do relatório, apenas um colega, por questão de convicção, foi contrário ao relatório e à aprovação. |
| R | Portanto, parabéns a V. Exa. pela condução e, obviamente, ao Senador Romário pela paciência, pelo cuidado e, acima de tudo, com um relatório redondo - na linguagem da bola -, para que pudesse entregar para a Presidência do Senado esse relatório conclusivo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, Senador Chico Rodrigues. Nós, tanto o Romário como eu - o Romário vai falar, evidentemente -, temos por ti o maior respeito, sabemos que você acompanhou. Foi o que eu coloquei aqui: de tudo que se passava durante a semana, o Romário prestava informações a todos os membros da CPI. Portanto, a nossa sintonia foi absolutamente a esperada por todos nós, conforme eu me referi aqui ao Senador Petecão também. E, só para concluir da minha parte, uma outra vitória da CPI, que só não reconhece quem não quer, sobre o caso Paquetá da Seleção Brasileira. A federação inglesa começou as três audiências anteontem, e a esperança é de demorar, de um ano a um ano e meio, o julgamento do jogador lá. Então não tinha como esta CPI continuar mais um ano e meio, tanto é que o Presidente Davi não queria nem que ela continuasse hoje. Eu consegui para que, pelo menos, ela terminasse de forma honrada, e o Davi foi muito cortês, o Presidente do Congresso Nacional. Então, nós aqui - o Senador Romário fez questão de fazer a observação -, nós trouxemos o tio do jogador Paquetá, e todo mundo deve se lembrar da oitiva dele, em que ele veio com habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, não falou nada, não respondeu nada, mas lá na sala, antes de começar, para mim ele falou. E eu evidentemente não tenho off comigo - coitado, ele não conhecia o Kajuru -, não existe off na minha vida. Por favor, não conte segredo para mim, porque se você não está dando conta de segurar o segredo, você quer que eu o segure? Então ele contou e eu tornei público. Portanto, a federação inglesa, inclusive, pediu essa oitiva dele, do tio dele, e nós vamos saber o que vai acontecer daqui para a frente, lá, com a federação inglesa, até porque ela tem muito mais elementos, porque partiu dela essa denúncia, e nós vamos aguardar o que vai acontecer. Para concluir, evidentemente, a última palavra é dele, o nosso inquestionável Relator e homem público, Romário Souza Faria - irmão. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Muito bem, Presidente, irmão Kajuru, eu quero aqui começar a agradecer a todos os Senadores que participaram aqui desta CPI: Senadores Chico, Petecão, Portinho, Girão, Styvenson, Veneziano... O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Otto. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... Otto, Cleitinho - enfim, se eu esquecer alguém aqui, eu peço desculpa. Quero dizer que foram quase dez meses de uma CPI muito bem presidida pelo meu amigo e irmão eterno Kajuru. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, irmão. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Um agradecimento especial a você por ter colocado todo o seu prestígio nesta CPI, você que sempre foi um jornalista e será sempre, como você mesmo me fala, sério, digno, guerreiro e um cara que tem uma credibilidade muito grande no nosso país, não só hoje como Senador, mas como jornalista e como pessoa. |
| R | Então, eu tenho certeza de que o ponto positivo desta CPI foi você ter presidido esse trabalho, ter conduzido esse trabalho da melhor forma possível até hoje. E, de coração, quero te agradecer por essa oportunidade que você me deu de ter sido o seu Relator. O que eu posso dizer para todos é que, dentro do relatório que eu fiz, a gente trabalhou com todos os órgãos que foram possíveis e necessários para que a gente pudesse chegar aonde a gente chegou com esse relatório. É claro que a gente não tem como agradar todo mundo. Eu quero dizer aqui para o Senador Girão que a minha relação com ele não mudou em nada. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro. O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Continuo tendo o mesmo carinho, o mesmo respeito pelo Senador e continuo gostando da mesma forma da pessoa, só que, infelizmente, no nosso entendimento, o que ele pediu, realmente e definitivamente, não tinha mais como colocar dentro do relatório, porque a gente entendeu que os seus pedidos não eram compatíveis com o que a gente acompanhou ao longo desses meses. Enfim, foi um trabalho muito duro, muito difícil, mas foi um trabalho interessante, positivo. A gente conseguiu indiciar as pessoas que realmente tinham que ser indiciadas e a gente espera que as instituições competentes tomem realmente atitudes em relação a esses indiciados. Digo que, mais uma vez, foi um prazer poder participar de uma CPI tão relevante do nosso país, que é sobre a manipulação dos jogos. Nós temos muita coisa ainda pela frente, irmão, que vamos fazer aqui diretamente relacionada aos jogos, principalmente ao futebol e ao esporte do nosso país. Pessoas, assim como o Petecão, o Chico, o Portinho, enfim, que participaram da CPI, tiveram bastante noção e consciência do que a gente está vivendo em relação a este momento no país, mas, por outra forma, a gente está dando um resultado a esses corruptos, a esses vagabundos, porque aqui a gente tem compromisso com a verdade, com a lealdade. Aqui - desculpa até a expressão - não vai ter nunca sacanagem por parte de ninguém; aqui nós somos pessoas comprometidas com o que é certo. Então, por mais que eu não tenha, com certeza, agradado a todos no meu relatório, eu estou muito feliz por ter terminado, ter feito aquilo que eu entendo. Quando eu falo eu, eu falo o meu gabinete, eu falo o seu gabinete, Kajuru, o gabinete do Portinho, do Girão, dos Senadores presentes. Eu estou me referindo a todos os que participaram direta e indiretamente: à advocacia do Senado, enfim, aos secretários, aos assessores. Foi um trabalho de várias mãos que a gente conseguiu finalizar com muito êxito, e eu fico feliz e agradecido de coração por ter participado desses meses, próximo de vocês, e digo que continuo aqui na luta incansável de organizar e de moralizar esse nosso esporte, que é o esporte futebol, no caso, especificamente, que é o esporte mais praticado e mais querido deste planeta. Muito obrigado por tudo. O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Nós que agradecemos, Romário de Souza Faria. E, rapidamente, eu me lembro aqui de um momento vivido em Nova York, no Carnegie Hall, quando Paul McCartney estava na fila - ele era o 32º -, para pegar um autógrafo do músico brasileiro Ivan Lins. Imagina, Petecão, Paul McCartney na fila! A produção foi lá para buscá-lo, para ele sair da fila. Ele falou: "Não, eu vou ficar na fila, eu vou esperar". Ele esperou por mais de 40 minutos. E, quando ele chegou até o camarim do Ivan Lins, que é meu padrinho de casamento, ele disse o seguinte: "Ivan Lins, o mundo agradece por sua música". |
| R | Então, Romário, tenha certeza: o mundo agradece pelo seu talento e pelo seu caráter. De cabeça erguida, nós, não havendo nada mais a tratar, declaramos encerrados os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. Na imprensa brasileira toda, de forma geral, respeitamos as críticas, mas também sabemos reconhecer aqueles que deram todos os espaços para esta nossa Comissão, sempre ouvindo e presenciando cada sessão - foram 33 ao total. A única CPI na história do Senado Federal que chegou a trabalhar por várias semanas em três dias, tendo CPI, inclusive, na segunda-feira. Eu creio que isso também servirá de exemplo para outras CPIs que trabalham uma vez por semana e que terminam, como muita gente diz, em pizza. Esta não termina em pizza e, graças a Deus, sem nenhuma denúncia, porque a outra, infelizmente, terminou até com denúncia de corrupção. Deus e saúde, pátria amada. Agradecidíssimo a todos e todas. (Iniciada às 14 horas e 51 minutos, a reunião é encerrada às 15 horas e 27 minutos.) |

