21/05/2025 - 19ª - CPI das BETS

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR. Fala da Presidência.) - Bom dia a todos.
Havendo número regimental, declaro aberta a 19ª Reunião da CPI das Bets, criada pelo Requerimento 680, de 2024, para investigar, no prazo de 130 dias, a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro, bem como o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades.
Antes de iniciarmos os nossos trabalhos, submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e a aprovação das Atas da 15ª, 16ª, 17ª e 18ª Reuniões.
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Aqueles que as aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
As atas estão aprovadas e serão publicadas no Diário do Senado Federal.
Iniciando a primeira parte da nossa reunião, informo que temos em pauta o Requerimento 458, subscrito pelo Presidente e pela Senadora Damares. A senhora tem um requerimento, Senadora Soraya, nossa Relatora, tratando do convite do Padre Patrick Fernandes, para depoimento perante esta Comissão.
Em votação.
Aqueles que aprovam a matéria permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Pediria que a assessoria convidasse o Padre Patrick, para que participasse com a gente, na nossa reunião. (Pausa.)
Bom, eu quero aqui, antes de passar a palavra para a nossa Relatora, expressar a nossa gratidão, em nome desta Comissão, ao Padre Patrick Fernandes.
Padre, a sua presença aqui é um marco importante para os trabalhos da Comissão. Sabemos da sua atuação incansável em diversas frentes sociais e da sua dedicação em combater as desigualdades e as injustiças. Sua decisão de se disponibilizar espontaneamente para contribuir com nossa investigação é um gesto que demonstra não apenas o seu compromisso com a verdade, mas também a sua confiança no papel desta CPI para esclarecer fatos.
Seu depoimento é crucial, pois, ao recusar diariamente diversas propostas de publicidade de casas de apostas, o senhor representa aqueles que, como o senhor, valorizam a integridade acima do ganho financeiro e precisam de ter vozes escutadas na sociedade.
Muito obrigado pela sua presença e passo inicialmente a palavra à nossa Relatora, saudando aqui nossa Senadora Damares, que também foi a autora dessa solicitação, para que nós fizéssemos esse requerimento ao Padre Patrick. Muito obrigado, Senadora, pela sua colaboração inestimável a esta Comissão.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS. Como Relatora.) - Bom dia, Sr. Presidente; bom dia, Senadora Damares; bom dia a todos os colegas que finalmente deram presença para a gente ter quórum - finalmente -, porque a dificuldade está tremenda. Milagre do Padre Patrick. (Risos.)
Só o Padre Patrick conseguiria fazer isso - viu, Padre? Forças ocultas atuam aqui, e é muito difícil a gente lidar com tamanho poder, mas nós estamos junto com as famílias brasileiras.
Os jogos de azar, os jogos eletrônicos de azar estão destruindo vidas, patrimônio, estão destruindo famílias.
Então, Padre, muito obrigada pela sua presença aqui, hoje, mas, antes de tecer algumas considerações, eu gostaria de agradecer a presença da Alessandra, Presidente do Podemos - Mulher, São Paulo. A Tuta também está aqui, uma cantora sertaneja de renome. Sigam a Tuta, sigam a Alessandra. A nossa outra amiga ali é a...?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Eloisa, de Colômbia, Vice-Prefeita de...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - ... Colômbia, São Paulo, e também o esposo da Tuta, Vinícius. Muito obrigada pela presença de vocês.
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Quero cumprimentar...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Fiquem à vontade.
Muito obrigada.
Quero cumprimentar os servidores e toda a imprensa.
Toda a mulherada lá atrás, ó!, e um time de fãs do Padre Patrick aqui. Depois ele vai tirar fotos.
Padre, eu vou devolver a...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - O Padre é jeitoso, né?
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Ele é jeitoso, tem fãs para todo lado.
Padre, quero agradecer ao senhor. Em um story seu, o senhor pediu para ser chamado. Nós ficamos muito felizes e desejamos muito ouvi-lo. Tenho certeza de que o Brasil também não só deseja ouvi-lo, como precisa ouvi-lo.
Nós estamos num trabalho para desestimular a jogatina no nosso país, tal qual aconteceu com o cigarro. Uma campanha muito forte diminuiu o tabagismo.
Senador Izalci, prazer tê-lo aqui, sempre com a sua presença.
Então, Presidente, sem mais delongas, acho que, antes, vamos ouvir o Padre e depois nós vamos trocar ideias. Ele não está aqui sendo inquirido nem nada, ele veio colaborar. Então, por isso, hoje vai ser um tanto quanto mais tranquilo, mas eu não duvido de que será emocionante, porque nós traremos vários relatos de famílias, relatos de pessoas que estão sofrendo com a jogatina.
Muito obrigada, Sr. Presidente. Devolvo a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Obrigado, Relatora.
Então, Padre Patrick, nós vamos lhe conceder 20 minutos. Se o senhor necessitar de mais tempo, eventualmente, nós podemos conceder, para que o senhor faça sua apresentação inicial. Depois passamos às perguntas. Por favor.
O SR. PATRICK FERNANDES (Para expor.) - Primeiro, bom dia aos Senadores, a todos que estão aqui. Para mim, é um prazer imenso, de verdade. Eu sinto prazer em poder colaborar com o meu país de alguma forma, porque eu sei o estrago que isso tem feito na vida de tantas pessoas.
Os padres geralmente se ocupam em ouvir, e quase ninguém procura um padre, um pastor para contar coisas boas, assim, sabe?, novidades. Foi-se o tempo em que as pessoas iam lá levar uma galinha caipira, um pão. Hoje é mais para contar problemas, dificuldades. Então, a gente se vê exposto, a todo momento, a realidades que as pessoas estão vivendo. E nos últimos tempos, eu tenho percebido que muitas pessoas nos procuram, as famílias, para partilhar situações como essas, de famílias destruídas por conta de jogos - e, quando eu falo destruídas, não estou me referindo somente à questão financeira, que é uma realidade também, mas eu me refiro, acima de tudo, ao estrago que isso tem feito no convívio social dessas famílias - e sem, assim, comparar, né? -, como se fosse droga mesmo. Quando a droga toma alguma pessoa, isso afeta, de alguma forma, a família inteira. Uma pessoa viciada em uma droga acaba trazendo um prejuízo para o pai, para a mãe, para os irmãos, para a família inteira. E esses jogos também estão fazendo isso na vida de muitas pessoas e a gente tem visto isso se alastrar de uma forma, assim, como nunca antes foi vista.
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Existe um caso, a meu ver, de saúde pública. Eu acho que o senhor médico pode até dizer melhor a respeito disso, né? Porque não é um padre que está falando. Isso são dados científicos. Se não querem acreditar num padre, a ciência está aí para isso. Hoje a ludomania é classificada como uma doença, um transtorno mental, que é justamente o vício nos jogos e os estragos que isso pode causar na vida de uma pessoa. E é isso que está acontecendo de forma muito não velada, mas de forma rasgada mesmo, e assim a gente está testemunhando isso.
A internet tem sido um meio de proliferação e incentivo desses jogos e aqui a gente vê, como vimos aqui nesta CPI, vários casos de influenciadores de nome no Brasil inteiro que incentivam esse tipo de coisa, mas a gente se esquece também daqueles microinfluenciadores que estão presentes nas pequenas e médias cidades do nosso país, que começam a ostentar uma vida que, aos moldes de muita gente, é a vida ideal. Uma pessoa que antes não tinha muitos recursos aparece com um carro de luxo, com viagens internacionais, divulgando esses jogos, o que dá uma falsa ideia de uma vida fácil, de que aquele que está vendo, que está por detrás da câmera, talvez possa pensar que aquilo é possível através do jogo, porque é isso que está sendo apresentado. E isso vai gerando um ciclo vicioso que vai tomando conta mesmo, assim se alastrando aos nossos olhos.
Eu acho que vocês talvez morem em cidades, alguns de vocês, de médio porte, como eu moro, e vocês são testemunhas disto: cada uma dessas cidades tem pessoas que estão divulgando esses jogos, alguma bet, alguma coisa toda, e começam a pintar essa realidade, dessa vida que é muito fácil. E, na verdade, não é assim que funciona, né? O que a gente tem percebido é pessoas cada vez mais endividadas. Acaba tendo aquele efeito do caça-níquel, as pessoas por conta de um prejuízo começam a apostar ainda mais. A gente sabe - eu li dados do próprio Senado - que até usar dinheiro de programas de assistência social está sendo utilizado. Tem números a respeito disso, o Brasil gasta, por mês, mais de R$20 bilhões em jogos de azar, de apostas, são números assim que são assustadores.
Essas casas de apostas estão patrocinando os times de futebol, por exemplo, do Brasil. Fora isso - talvez ainda não foi falado por aqui, não que eu tenha acompanhado -, existem pessoas que são tidas como ídolos no nosso país e que estão divulgando esses jogos também. Então, assim, é uma coisa assustadora. Eu acompanhei algumas auditivas de vocês e assim, faço das palavras... Eu vi a Senadora falando isso. Fico me perguntando para que, assim, algumas pessoas que a gente sabe que já têm um poder aquisitivo absurdo ainda se submetem a uma situação dessa.
Não é simplesmente, assim, joga porque quer. Eu acho que isso é uma falta de empatia com o ser humano, de caridade, e é ver uma realidade distorcida. Sabe aquele negócio que o povo costuma dizer que pimenta no olho dos outros é refresco? Não é isso, não é que joga quem quer.
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É como eu disse para vocês, uma pessoa que está doente, que está tomada pelo vício, ela tem todos os sinais de uma pessoa que vive uma outra patologia: sofre de abstinência, ansiedade - o jogo causa isso -, depressão.. Não é simplesmente jogar se quiser jogar. A gente tem que entender isso como um vício que precisa ser tratado.
O Hospital das Clínicas de São Paulo, inclusive, relata que aumentou três vezes, mais de três vezes o número de pessoas que buscaram ajuda médica por conta de jogo. Então, são casos de saúde.
E o pior ainda é quando esses influenciadores, a meu ver, se utilizam do discurso, porque eu já fiz publicidade de outro... é evidente que não de jogo, mas eu já fiz publicidade de alguma coisa em que eu acredito. E as marcas mandam para gente um briefing - né? -, que é aquele texto que você vai falar. Eles mandam um texto pronto. E você pode perceber que todos eles se utilizam deste discurso: "Jogue pouco, não comprometa sua renda.", para romantizar o negócio, né? "Faça pouquinho, só um pouquinho, vai tentando um pouquinho.", como se isso fosse possível. "Jogue isso, jogue aquilo, é desse jeito."
A verdade mesmo é que essas pessoas que divulgam esses jogos não jogam isso. Eles ganham, eles faturam. Faturam de quem está perdendo, que é do povo mais simples.
Existem dados também de que a maioria dos jogadores são homens, homens adultos inclusive. Não sei se, talvez por conta do futebol, de toda audiência que existe, influencia de alguma forma. Pode ser que sim. Mas são homens que estão comprometendo a renda, muitas vezes, da alimentação, da saúde, da educação dos filhos, para essa finalidade.
Então, além de eu ser um padre, e eu estou aqui também representando a minha igreja de alguma forma, os cristãos de forma geral, que eu acho que não devem compactuar com isso, por ser um erro e contrário ao Evangelho, eu acredito nisso, que isso é realmente contrário ao Evangelho, existe uma questão moral por detrás disso, e a gente tem que estar atento a estas situações que têm levado à ruína de muitas pessoas, inclusive algumas delas à ruína... ao fim da vida mesmo, com pensamento suicida, diante de dívidas contraídas por conta disso.
Então, eu acho que esta CPI tem a oportunidade de ser uma luz na escuridão, de verdade. Eu acho que vocês têm um dever, como representantes do nosso país e do povo brasileiro, para tentar de alguma forma amenizar este câncer que está tomando conta de tantas famílias, de tantas pessoas.
Em contrapartida, existem muitas pessoas, e isso acho que é interessante falar... Não sou único na internet que se mostra veementemente contra a esse tipo de coisa, não sou único. Tem várias pessoas que se utilizam das redes sociais para se colocar contra esse esquema.
Eu, sim...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Obrigado, Padre Patrick.
Passo, em seguida, a palavra à nossa Relatora Soraya Thronicke.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS. Como Relatora.) - Agradeço, Padre Patrick, mas, como combinado com o nosso amigo Senador Izalci, eu vou passar a palavra para ele, ele vai fazer primeiro as perguntas e depois eu faço a minha...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Senador Izalci.
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O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Para interpelar.) - Obrigado.
Presidente, primeiro, a gente vai aprendendo, na condução das CPIs. Se a gente tivesse feito, naqueles depoimentos dos influenciadores, tivesse colocado na mesa alguém como o padre, pessoas que tiveram na família pessoas que se suicidaram, pessoas endividadas, casais que foram separados, talvez o resultado dos influenciadores seria diferente, eles teriam, com certeza, mudado um pouco de opinião, que não foi o que aconteceu com os que vieram aqui, que, no dia seguinte, comemoraram muito sobre isso. Mas fica para as próximas, eu acho importante essa ponderação.
Bem, primeiro quero agradecer ao Padre Patrick estar aqui, acho que pode contribuir muito com esta CPI. Padre, o relatório que subsidia os trabalhos aqui da CPI, bem como diversos estudos acadêmicos, como foi citado aqui, da universidade, da Unifesp, aponta que 1,4 milhão de brasileiros com transtornos de jogo é alarmante. O índice é de 66,8% dos jogadores de bets apresentando uso problemático ou de risco. E pinta um quadro assim extremamente preocupante sobre os impactos das apostas online. O senhor mesmo, em manifestações públicas, que motivaram o seu convite a esta Comissão, afirmou inclusive que a todo momento vêm pessoas falidas aqui, viciadas, tomadas por conta de joguinhos e que têm ciência do estrago que isso está fazendo na vida delas e também da família. Eu pergunto então, para além das estatísticas, que já nos causam grande apreensão, V. Revma. poderia detalhar para esta Comissão Parlamentar de Inquérito a natureza e a profundidade dos relatos que chegam ao seu conhecimento? Quais são os impactos mais recorrentes e devastadores que o senhor testemunha no cotidiano de pessoas e famílias brasileiras afetadas por apostas online, especialmente em termos de saúde mental, desagregação de laços familiares e completa ruína financeira?
O SR. PATRICK FERNANDES (Para expor.) - Perfeito, Senador.
Então, primeiro quero deixar bem claro sobre o meu sigilo de confissão, que não estou violando aqui, estou falando, de forma geral, de pessoas e que, muitas vezes, esses casos são de conversas. Eu acho que os estragos vão muito além de financeiros, não é só isso. Eu acho que a matéria a gente recupera, dinheiro se recupera, mas existem questões psicológicas que estão por detrás disso também. Existem pessoas que estão vivendo o drama de se sentirem acorrentadas a esse tipo de vício e isso está tomando conta de famílias mesmo. São esposas destruídas porque os maridos perderam tudo por conta dos jogos. A pessoa quer muitas vezes se libertar disso. É muito simples você achar assim que é pegar um celular e rodar ali um tigrinho, alguma coisa. Não é somente isso, não. É um vício contraído, é algo que está enraizado no coração e a ausência daquilo gera problemas psicológicos na vida da pessoa, de dor, de angústia. Não é fácil ele ver a vida estar se arruinando à sua frente e se tornar uma pessoa impassível diante daquilo. A pessoa que está dependente sofre também.
A gente tem um trabalho lá em Parauapebas, e eu acho que talvez é do conhecimento de alguns de vocês, porque isso está no mundo já, que é a Fazenda da Esperança. Às vezes a gente tem a ilusão de que só vai para a Fazenda da Esperança pessoas que estão envolvidas com drogas ilícitas - e não é só. Lá tem pessoas de todos os tipos que estão passando por vícios - álcool, drogas... -, e a gente percebe que pessoas estão procurando ajuda também em relação a isso, porque estão vivendo crises de abstinência. Essas crises de abstinência são manifestadas pelo mal humor, por crises de ansiedade que estão acarretando outras coisas também.
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Há dois anos, era raro pessoas que procuravam a gente para relatar problemas com jogos. Não era comum. Era uma vez ou outra a gente se deparava. Na maioria das vezes, eram questões de jogos, não sei como a gente diz, jogos físicos, de baralho, de coisa do tipo. No último ano, isso tem sido constante. Não é algo raro que acontece uma vez ou outra, é constante. Os relatos são constantes, de maneira que, a todo momento, a gente se expõe. E aí envolve tudo, separação, endividamento, porque pega um dinheiro emprestado por conta disso, jovens que usam o cartão de crédito dos pais sem o conhecimento... É uma problemática que é uma bola de neve de verdade. E como o senhor disse, os efeitos disso são efeitos psicológicos também. Por isso que deve existir, como a Senadora disse, um incentivo, como ela falou do cigarro, forte por parte dos influenciadores, por parte da política brasileira, para inibir o jogo. Se é uma realidade que está aí e não tem como fugir dela, a gente tem que procurar meios de inibir isso e mostrar a realidade para as pessoas. Essa ilusão de uma vida fácil é utópica, é utopia. Essas pessoas, como eu disse para vocês anteriormente, que incentivam esses jogos, e todas elas, vocês podem ter certeza, já estão milionárias, principalmente esses grandes influenciadores, o máximo que eles vão jogar é nos cassinos no exterior. Não vão jogar tigrinho, esse tipo de coisa. Vocês sabem que existe uma conta demo por detrás. Quando eles são contratados, aquilo não é ao vivo. "Está aqui, estou jogando ao vivo". Existe matéria, existe arquivo. Os meios de comunicação já exibiram matérias longas a respeito disso. A Polícia Federal já comprovou que existe uma conta demo por detrás daquilo, que é gravado aquilo. Não é uma coisa que é ao vivo e que a pessoa está ganhando dinheiro.
E, principalmente, também, esse estrago é causado nos pobres, nas pessoas mais simples. Os números apontam isso. Quem está tomado pelo vício do jogo são pessoas humildes, são pessoas simples, pessoas que têm o mínimo para viver. E, quando se priva do mínimo para viver, isso gera muitas outras coisas. Aí, a pessoa não consegue viver, sobreviver mesmo.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Bem, até aproveitando, Senadora Soraya, como a gente não joga, eu nunca joguei nesse tigrinho, a gente viu aquele dia aqui, você viu que ele demorou um pouquinho lá a jogar porque ele estava antes exatamente identificando algum algoritmo, alguma coisa que... Ele não jogou assim espontaneamente. Houve alguma coisa que ele ganhou, mas que tem manipulação.
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A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Vou aproveitar, Izalci, para te explicar o que aconteceu. Se você se recorda daquele dia, ele não divulga mais o tigrinho, ele divulga a cobrinha. Ele jogou no tigrinho, ele jogou com um link de apostador. Quando eu pedi pra ele jogar o jogo que ele divulga, que é a cobrinha, ele se negou terminantemente. E o resgate que ele fez foi do tigrinho, não foi da cobrinha, de que ele tem a conta demo. Daí a importância de as pessoas entenderem o que aconteceu naquele dia. E nos criticaram, mas nós não temos sequer tempo de fazer uma busca e apreensão no celular, nos computadores dessas pessoas. Aquele dia ele foi pego no pulo, as pessoas que não entendem a profundidade da nossa investigação não entenderam, mas eles entregaram muito para todos nós, porque nós estamos envolvidos. Então, se você se lembra disso, é isso. Ele joga a cobrinha, e na cobrinha ele tem a conta demo, né?
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - É isso aí.
Padre, compreendemos a natural discrição e a sensibilidade que envolvem esses relatos. Contudo, para que a CPI possa efetivamente dimensionar a extensão do drama humano por trás dessas apostas online, seria de imenso valor se o senhor pudesse compartilhar, preservando evidentemente o anonimato dos envolvidos, exemplos concretos dessa desestruturação que mencionou. O senhor poderia nos dar uma estimativa da frequência e da gravidade dos pedidos de ajuda que recebe?
O SR. PATRICK FERNANDES - Sim. Para mim, os danos psicológicos são os piores. Eu falo os danos psicológicos piores, mais do que os financeiros para essas pessoas. Se você quer relato, acho que semanalmente de uma a duas pessoas, quando eu estou em Parauapebas ouvindo, me procuram ou a própria pessoa, que geralmente não é, porque uma pessoa viciada, gente, ela tende a negar. É aquele tipo de coisa: "eu paro quando eu quero", "eu tenho o controle sobre a situação". Então, quando a pessoa chega ao ponto de reconhecer que está doente, que precisa de ajuda, aí a gente já está falando de um estopim, de quem não aguenta mais, de quem já não está suportando mais, de quem está vivendo o efeito da abstinência que aquilo está causando mesmo. Mas geralmente quem procura a gente são pessoas que estão vivendo junto com esta pessoa, a esposa... E aí são vários, frequentemente, todo dia, pessoas que nos procuram - meu marido, meu filho, "meu filho está com jogo", e não sei o quê. Isso é constante, Senador. Então, se você quer número, sei lá, de duas a três pessoas nos procuram, principalmente pessoas que são afetadas, que não são as jogadoras, mas que estão vivendo no mesmo lar, que estão acompanhando o drama.
Como eu disse para vocês, a pessoa que está vivendo isso, ela tende a negar isso. E essa ideia de que pode recuperar, isso vai causando endividamento ainda maior. Eu não conheço ninguém - se vocês conhecem, não é? - que ficou rico jogando esse tipo de coisa. Assim, se alguém conhece alguém que ficou... Quem está ficando rico, com certeza, é quem está divulgando, porque se paga muito, principalmente para quem tem muitos seguidores.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Padre, a legislação brasileira recentemente implantada, notadamente a Lei 14.790, de 2023, e também as portarias ministeriais que a complementam, depositam grande ênfase no conceito "jogo responsável". As plataformas são obrigadas a disponibilizar ferramentas de autocontrole com limites de tempo e de gastos. No entanto, o senhor manifestou o ceticismo contundente afirmando que "esse negócio de jogar com responsabilidade, pelo amor de Deus, não existe isso não!". Essa visão crítica encontra eco entre pesquisadores da Unifesp e também questiona a eficácia dessa narrativa.
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Então, com base nessa vasta experiência pastoral e nos inúmeros testemunhos que o senhor acolhe, por quais razões fundamentais V. Revma. considera que a noção de jogo com responsabilidade, da forma como é atualmente promovida pela indústria e prevista na regulamentação, se mostra ineficaz ou, quiçá, uma perigosa falácia para proteger os indivíduos no desenvolvimento de ludopatia e suas consequências sociais e financeiras devastadoras?
O SR. PATRICK FERNANDES - Perfeito. É como o senhor citou no seu texto, né, e aquilo que eu falo também: nós estamos diante de uma patologia. Nós estamos falando em casos em que a pessoa tem essa necessidade do jogo, de maneira que não jogar causa nela sintomas físicos mesmo, de ansiedade, de irritabilidade, de todas essas coisas. Então, não adianta nada, por exemplo, você chegar para uma - já que a gente falou sobre isso anteriormente -, para uma pessoa que está vivendo, sei lá, o vício das drogas, e você dizer para essa pessoa: "Você não pode fazer isso". No fundo, ela sabe que ela não pode, só que o corpo não consegue não absorver as drogas, ela tem abstinência se ela não se drogar. Uma pessoa dessa precisa de ajuda, sozinha ela não consegue. Até ela reconhecer que ela precisa de ajuda, a droga já causou um estrago tremendo, já feriu, já machucou.
Eu uso outros exemplos também. Sei lá, vamos falar de depressão, que também o jogo causa, os estudos falam sobre isto: que causam depressão nas pessoas. Você chegar para alguém que está vivendo um processo de depressão e você dizer para essa pessoa: "Mas vai rezar, isso é falta de Deus, você está assim por quê? Você tem tudo?". Sabe? Então, é falta de empatia você dizer isso. E a mesma coisa funciona também para quem está vivendo esse tormento do jogo, dessa patologia. Não adianta você chegar para essa pessoa e dizer: "Você não pode jogar", ela sabe que ela não pode jogar. Ela tem a consciência, no fundo, que é um erro o que ela está fazendo, que ela está perdendo, só que existe o quadro clínico que está por trás disso, que faz com que ela não resista. Então, quando eu tomo o meu celular e digo: "Jogue com responsabilidade" ou, assim, "você joga só se você quiser", a meu ver, a meu ver pastoral mesmo, de padre, isso é uma falta de caridade com a pessoa, porque eu não estou levando em conta todo um contexto, todo um histórico.
Eu acho que o discurso deveria ser o contrário: você divulga o jogo, porque você quer, você tem liberdade de divulgar ou não divulgar. Esses influenciadores que estão fazendo, eles não estão doentes, não estão viciados, eles têm a possibilidade de não fazer e estão fazendo. É o contrário de quem foi tomado por isso por conta dessas influências. E eu não estou dizendo aqui somente de quem está no digital, não, estou dizendo de tudo, porque a gente sabe que é uma rede, está na TV, está em tudo quanto é canto. Essas pessoas que estão divulgando têm a liberdade, a autonomia de escolher, como tantos escolhem não fazer. É como eu disse para vocês, eu não sou o único e também não são poucos, gente, tem muita gente que se coloca veementemente contra. Muitas pessoas mesmo, que estão aí na internet. É a liberdade. É oferecido a nós, mas eu posso não fazer. O dinheiro pode ser tentador, como é, senão ninguém absorveria isso.
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Eu achei interessante, vocês questionaram: "Mas você já não precisa, já tem tanto", só que existe no coração do ser humano - e agora eu falo como padre mesmo - uma sede que não é saciada nunca, uma incompletude, que parece que quanto mais se tem, mais se quer, nunca se está satisfeito. Santo Agostinho tinha uma frase que fala mais ou menos isso: o meu coração estava inquieto e ele só descansou quando te encontrou; te procurava fora, tu estavas dentro; te procurava longe, tu estavas perto. E a gente se esquece dessa realidade.
Me desculpe se eu estou falando... Não sei se eu... Falando de Deus numa Casa que é laica, mas eu acho que é exatamente isso. Eu acho que falta ao ser humano essa compreensão de Deus, muitas vezes, que é capaz de saciar essa sede. E eu acho que isso, talvez, seja também ausência de Deus mesmo na vida das pessoas, assim, que... Ausência de Deus no coração dessas pessoas que estão divulgando, porque eu, realmente, tenho compaixão por aqueles que estão tomados pelo vício.
Eu acho que existe uma falta de Deus para saciar essa incompletude. Até que ponto o dinheiro pode te trazer paz? Até que ponto você pode deitar sua cabeça num travesseiro e ficar em paz com tudo isso, sabendo que você talvez possa estar sendo o canal para destruir tantas vidas?
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Se o senhor considera que jogar com responsabilidade, nos moldes atuais, é uma ilusão para muitos, quais seriam, na sua visão, as medidas verdadeiramente protetivas e eficazes que o Estado ou a sociedade deveriam implementar para além das ferramentas da autoridade do autocontrole individual que as plataformas são legalmente obrigadas a oferecer? Seria o caso de repensar a própria licitude de certas modalidades de jogos online?
O SR. PATRICK FERNANDES - De nossa parte, quem está na internet, e eu me coloco aí... Eu acho que a gente precisa cada vez mais levantar uma bandeira contrária: se existem as pessoas que estão fazendo, eu acho que, quanto mais vozes se levantarem contrárias a isso, seria melhor.
Da parte de vocês, agora eu falo como cidadão, eu acho que faltam, talvez, políticas públicas - me desculpem por falar -, políticas públicas que combatam esse tipo de jogo mesmo. Eu desconheço o teor da lei, até que ponto foi aprovado, realmente eu não conheço o que é permitido, o que não é permitido, eu sei que tem algumas regras, só que eu acho que ainda é ineficaz, não está surtindo efeito porque cresce.
Os números que a gente tem estão explodindo. O número cresce cada vez mais, de bets, de casas de apostas, é cada vez maior o número. Então, tem que ter um efeito contrário de você diminuir isso. E aí eu acho que vai de consciência pública, de publicidade, de propaganda. Eu acho que tem que ser mais falado, mas como é que vai falar isso, por exemplo? Houve um tempo em que se falava sobre o cigarro em redes nacionais, a gente via aquelas propagandas...
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - É.
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O SR. PATRICK FERNANDES - Não é? O estrago que o cigarro faz. Só que como é que vai fazer propaganda pública nas redes nacionais se elas também estão recebendo?
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - É isso.
Padre, o senhor revelou publicamente ter sido procurado com propostas financeiras para promover empresas de apostas e suas plataformas de grande alcance e que recusou tais ofertas por uma questão de dignidade. Esta Comissão tem dedicado especial atenção ao papel dos influenciadores digitais na disseminação, realmente, e normalização das apostas online. V. Revma. poderia detalhar a esta CPI a natureza dessas abordagens e ofertas, quais empresas ou seus intermediários o procuraram, quais foram os valores e as condições contratuais propostas para divulgação desses serviços de aposta e de que forma crucial, para entendermos a dimensão ética da questão, quais foram os principais valores morais basilares que o conduziram a declinar de tais propostas, mesmo diante de um potencial retorno financeiro que, presume-se, seria considerável?
O SR. PATRICK FERNANDES - Certo. Bom, logo quando começou a internet na minha vida, assim, eu nunca imaginei de verdade que isso iria acontecer comigo... Eu sou padre no interior do Estado do Pará, eu moro numa cidade chamada Parauapebas, então eu estou longe dos grandes centros urbanos; eu não sou um padre que canta, geralmente os padres conhecidos no Brasil são cantores. Então, internet nunca foi algo que eu busquei. Eu já mencionei sobre isso, né? Eu vivi um processo depressivo muito forte, e eu vi na internet, ali naquele tempo de pandemia, uma forma de eu conversar com as pessoas. Então, eu comecei a gravar uns vídeos, assim, de forma aleatória, aquilo teve um... viralizou, foi se espalhando, né?
Neste início, algumas plataformas me procuraram. Eu me lembro de uma proposta de valor, eu não saberia dizer qual delas - depois eu posso ver -, que me procurou me oferecendo, naquela época, que foi bem no início, que acho que eu ainda não tinha 1 milhão de seguidores no Instagram, R$560 mil, naquela época, para divulgar. E geralmente as divulgações são assim: duas vezes na semana você grava dois stories, três stories, eles mandam o briefing, né? Só que ali eu já não aceitei, pronto. E sempre chega, tem agência que cuida disso, e eles já sabem, nem passam para mim, porque sabem que eu não vou aceitar.
Agora, se você pega, por exemplo, o meu Instagram, nos directs, aí todo dia vai ter uma mensagem: "Ah, eu sou gerente tal, plataforma tal, nós vimos o seu perfil", existe um aliciamento por detrás disso. É feito assim, não é direto: "Ah, eu quero ir ao Padre Patrick". Eu desconfio que o próprio algoritmo do Instagram, das redes sociais, do TikTok, eles mostram para esses aliciadores, esses capacitadores esses perfis que talvez sejam virais, que tenham um público, e aí eles acabam mandando mensagem. Se você dá assunto, aí pronto, vem a proposta. Eu nem chego a abrir essas coisas, essas mensagens, né?
Mas, em toda cidade, tem alguém divulgando o jogo - toda cidade - pequena, média, grande. De repente surge alguém lá que começa a viajar demais, que chega com carro de luxo importado. Eu falei isso ontem quando eu... Algumas páginas postaram que eu vinha para cá, e existe uma tendência do nosso povo de não ler matéria, eles leem o título, né? E aí, assim, eu comecei a ler alguns comentários de algumas páginas: "É só o que me falta, um padre envolvido em jogo...", e não sei mais o quê. Sabe? Esse tipo de coisa, assim, como se eu estivesse sendo intimado também a depor aqui, porque eu estava envolvido em jogo também. Por parte da própria Igreja, eu recebi críticas - não da minha Igreja, mas de alguma ala conservadora -:"Pra que se envolver nisso?" e não sei o quê. Existe um discurso, inclusive, de que esta CPI - não sei se vocês já chegaram a ver isto - é como se fosse uma cortina de fumaça para não falar do INSS, não sei o quê... Está cheio de comentários a respeito disso nas minhas redes sociais, do povo que vai lá comentar esse tipo de coisa.
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E o que eu falei ontem é assim: eu me sinto com uma obrigação de vir aqui e de falar isso. Eu acho que a minha obrigação como padre é de vir e de falar a respeito disso. Então, eu acho que a gente tem que ter este espaço, como o senhor disse, de dar visibilidade a isso mesmo e eu acho que eu tenho certeza de que a partir daqui esses cortes... Às vezes, eles são nocivos, mas, às vezes, eles são bons para isso se espalhar mesmo para que a gente possa mostrar para a população que a coisa não é romântica desse jeito, que a realidade não é bonita desse jeito, que a chance de você perder é infinitamente maior do que você ganhar alguma coisa.
Mas, Senador, todo momento, mandam proposta. A que eu posso dizer que eu recebi no início e que foi a que eu recusei - a partir de então, eu nunca mais nem fui atrás, e o pessoal que mexe com isso nem passa para mim - foi essa de R$560 mil, para divulgar duas vezes na semana.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - O senhor tem quantos seguidores, Padre?
O SR. PATRICK FERNANDES - Acho que é 6,6.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Bem, o relatório desta CPI assim como os estudos também da Unifesp e da UFF apontam uma vulnerabilidade acentuada de determinados grupos, como os jovens e a população de baixa renda, com apelos sedutores, ao ciclo vicioso das apostas online. O estudo do Ibict chegou a denunciar o direcionamento de conteúdo de apostas ilegais para o público infantil.
O senhor mencionou que o estrago causado pelas apostas atinge pessoas de todas as idades e classes sociais. Em sua experiência pastoral e na interação diária com milhares de seguidores, milhões de seguidores, V. Revma. observa uma incidência particularmente alarmante nos problemas relacionados às apostas em algum grupo demográfico específico, sejam jovens, idosos ou pessoas em situação de maior fragilidade socioeconômica? Quais os fatores em sua análise tornam esses grupos mais suscetíveis ao perigos de ludopatia e também ao endividamento por aposta?
O SR. PATRICK FERNANDES - Certo. Primeiro, em relação aos jovens, eu acho que é um fenômeno que está acontecendo. Eu já vi também algumas coisas da Organização Mundial da Saúde a respeito do uso exagerado de telas, que já começa nas primeiras idades.
Para você ter uma ideia, ontem, por exemplo... Ontem? Hoje é... Não. Segunda-feira. Segunda-feira é dia de folga dos padres. Geralmente é assim no Brasil, não sei se para cá, Brasília, como é que funciona, mas geralmente...
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - É, também é segunda-feira.
O SR. PATRICK FERNANDES - ... é segunda-feira. Eu estava lá em casa com meus cachorros, eu estava vendo Instagram, essas coisas que vão aparecendo para a gente. Aí apareceram, assim, essas novelinhas, que tem um minuto o capítulo. Aí o Instagram oferecia lá os dez primeiros capítulos de graça. E eu fui vendo aquilo... Meu Deus do céu! E aí eu fui indo naquilo. De repente, começa a pagar a partir do capítulo 10, eram 60 capítulos. Aí eu fui... A gente vai se iludindo com aquilo, vai se envolvendo, querendo assistir àquela coisa toda, você vai e paga. Então, assim, existem todas as ferramentas que vão prendendo você àquilo a ponto de você ir adiante.
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Hoje, nós sabemos - e isto não é padre que está falando, é a ciência, são médicos que estão falando -, o índice de crianças depressivas, de crianças suicidas é alarmante, e os médicos são unânimes em dizer que isso é resultado de tela, porque deveria existir um limite para isso, mas não é o que acontece. Infelizmente, é aquilo: não quer dar presença, você dá presente, coloca uma tela ali na frente da criança, e ela está crescendo com aquilo.
Os jogos, voltando para o nosso assunto... O senhor, Senador, você não precisa ir atrás. Você está, num determinado momento, ali no seu Instagram, ele aparece para você, ali, como uma proposta. Vai aparecendo. São aquelas publicações que a gente chama de publicações pagas. Eu não sei se vocês já... Você quer impulsionar uma publicação, você paga, e é isso que acontece.
Então, essas bets, as casas de aposta, elas pagam para impulsionar, e isso vai aparecendo nos perfis de todos nós. E, num determinado momento, a gente vai e clica aquilo. Então, os jovens, desde crianças, já estão nas telas. Têm uma oportunidade...
A gente sabe da dificuldade. Eu moro no Norte do país, e a gente sabe também que o índice, no Norte e no Nordeste, é alarmante, a respeito de apostadores, justamente porque talvez sejam as regiões do nosso país que não têm as mesmas oportunidades que têm o Sul e o Sudeste, tudo mais. A gente sabe que são mais pessoas carentes que são levadas por situações como essas, né? Então, veem ali uma oportunidade.
Mas, assim, a meu ver, ao menos por experiência, as pessoas que mais estão nisso são homens adultos. Existem os jovens também, mas a maioria, a meu ver, são - ao menos que nos procuram - homens adultos.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Padre, caso o senhor... Está confirmando já essa vulnerabilidade, particularmente também adultos e também alguns jovens que estão formando seus valores, hábitos... Que tipo de mensagem ou alerta o senhor acredita que seria mais eficaz para protegê-los?
Qual é o papel que figuras públicas com a sua credibilidade e alcance podem e devem desempenhar nesse urgente processo de conscientização por prevenção?
O SR. PATRICK FERNANDES - Sim.
Falando sobre o meu ministério: quando eu fiquei padre... Eu já tenho 13 anos de padre. São 13 anos vividos lá em Parauapebas. Eu me ordenei e fui para lá. Eu lembro que, quando eu era padre jovem, eu era talvez, assim, rigoroso em algumas coisas, sabe? Sei lá.
Tinha um show, na cidade, de um cantor secular, eu marcava um retiro na igreja no mesmo dia, na mesma hora, e falava que era pecado o jovem ir, aquele discurso todo. Eu comecei a pensar: "Mas, se eu quero conversar com os jovens, eu tenho que saber o que eles estão vivendo, o que eles escutam, o mundo deles".
Comecei a ouvir, naquela época, o que é que se tocava mais, sei lá, Maiara e Maraisa, Zé Neto e Cristiano... O problema é que eu até gostei depois também. (Risos.)
Mas eu comecei a ouvir essas coisas, assim, para saber o que falar para eles.
Eu nunca tive problema na minha paróquia em relação a jovens, "ah, que não tem jovens na igreja". Pelo contrário: tem muitos, inclusive. E eu acho que a gente tem que se fazer presente.
O Papa Francisco, quando ele inaugurou o pontificado dele, ele disse uma coisa que é muito verdade para os padres: que os padres deveriam ter o cheiro das ovelhas, estar no meio delas, e eu acho que a gente tem que ter essa sensibilidade.
Isso serve para todo mundo, até para os senhores que estão aqui, que são pais... Às vezes, a gente vive uma vida que é tão corrida, tão acelerada, e eu acho que é necessário a gente parar, desacelerar um pouquinho, olhar mais as pessoas que estão ali. Olhar com compaixão, não um olhar físico, que só enxerga o externo.
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Você pode perceber que às vezes você sai de casa de manhã cedo, chega tarde, não tem tempo para a família, não tem tempo para olhar para as pessoas que estão na sua casa, é reflexo deste mundo acelerado, corrido demais, em que nos falta tempo de qualidade para os nossos. Então a gente tem que estar junto das pessoas.
Então, como padre, eu tenho feito isto: mostrado uma realidade diferente para os jovens e incentivado, mostrado que a vida é um dom precioso e que a gente precisa viver intensamente, porque o nosso próximo segundo não nos pertence.
Eu estava até falando com a Senadora Damares, antes de a gente começar, que, no final do ano passado, a gente viveu lá na minha diocese uma perda muito grande. Um padre jovem, querido, ele se parecia fisicamente comigo, a Senadora até falou que chorou por mim, mesmo eu estando vivo, porque ela achou que era eu que tinha morrido. E ainda hoje eu encontro pessoas que se assustam quando me veem porque achavam que era a mesma pessoa. O Padre Fabrício teve um acidente, veio a falecer, da minha diocese também, então a gente se parecia fisicamente. Eu acompanhei o velório do Fabrício, e a todo momento eu fazia uma experiência de morte, sabe, assim, eu me colocava no lugar dele, poderia ser eu. E se fosse comigo, sabe, eu acho que também estou vivendo uma vida tão acelerada, preciso parar um pouquinho, desacelerar, esse tempo de qualidade e olhar para as pessoas, olhar com compaixão, com misericórdia, aquilo que Jesus fazia. Então, como padre, eu acho que a gente tem feito isso, tem mostrado à juventude, aos jovens que a vida é um dom, é preciosa demais, a gente não tem certeza do nosso próximo minuto. Por isso é que a gente tem que aproveitar as oportunidades que a gente tem de viver, de viver intensamente.
Na internet, eu acho que o que eu tenho feito... E eu cito outras pessoas aqui, sei lá, que me vêm à mente agora: Felca, que é também alguém que está atuante nesta causa; Camilla de Lucas, que é outra influenciadora grande, tem muito mais seguidores do que eu, tem falado sobre isso também; Patrícia Ramos. Então estou falando de pessoas que eu já vi, testemunhei falando contra. Já vi também, parece que Zé Neto e Cristiano não fazem show em casas que são patrocinadas por bets, né? Tem muita gente, e a gente precisa de mais, porque tem aqueles que são como Pilatos: lavam as mãos, não estão nem num canto nem num outro. Como diz o Livro do Apocalipse: ou tu és quente ou és frio; se fores morno, estou prestes a te vomitar.
Então a gente tem que tomar partido; tem que ser incentivado, quem tem voz na internet, a falar contra. Se tem pessoas que estão ganhando para falar a favor, deve ter pessoas com dignidade, mais e mais, que se coloquem contra, e deve ser uma pauta que tem que ser levantada mesmo nesta Casa, na internet, onde a gente tiver oportunidade.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - A publicidade de apostas online no Brasil é onipresente e notadamente agressiva, dominando patrocínios esportivos e utilizando intensivamente influenciadores digitais, conforme tem sido debatido e investigado por esta CPI.
O Conar, através do Anexo X de seu código, e a Portaria do Ministério da Fazenda SPA 1.231, de 2024, estabelecem regras para essa publicidade, incluindo a obrigatoriedade de alertas como o "jogue com responsabilidade". Inclusive, a Senadora Relatora desta CPI mencionou ter tido dificuldades em localizar tais avisos em publicações de alguns influenciadores.
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Qual é a sua avaliação, Padre, sobre o impacto real dessa avalanche publicitária, especialmente a veiculada por influenciadores com milhões de seguidores, na percepção que o público, sobretudo os mais jovens, tem sobre as apostas? O senhor acredita que as atuais mensagens de advertência, de jogo responsável são suficientes e eficazes para contrabalançar o forte apelo de ganho fácil, a sensação de entretenimento inofensivo e a normalização do ato de apostar promovido por essas campanhas multimilionárias?
Acho até que os nossos times de futebol, todos, também já estão viciados, estão dependentes disso, né? Acho que o senhor já respondeu isso, mas só para reforçar realmente que essa questão da propaganda é fundamental e é o grande problema. Só para deixar claro para quem está nos assistindo também que já tem projeto tramitando, já está em fase de votação, inclusive, limitando a questão da publicidade, inclusive colocando horário e tudo mais. Espero que a gente consiga aprovar isso o mais rápido possível.
Bem, considerando também, Padre, a sua experiência como comunicador de grande alcance e também de credibilidade, se as atuais regras e práticas de publicidade não se mostram suficientes para proteger a população, que tipo de restrição mais severa ou mudança fundamental na forma como as apostas são comunicadas o senhor julgaria necessário e urgente para proteger efetivamente a sociedade, em particular os cidadãos mais jovens e vulneráveis?
O SR. PATRICK FERNANDES - Primeiro, Senador, em relação à primeira parte do seu texto, ao meu ver, as recomendações do tipo "não jogue se você não for maior de idade" ou "jogue com responsabilidade" são totalmente ineficazes, não funcionam.
E, segundo, eu acho que deveria ter uma restrição maior por parte... Aí vocês estão certos em restringir horário, esse tipo de coisa. E aí eu não sei até que ponto isto é possível: seria proibido influenciadores divulgarem, eu acho que seria o meio talvez que deveria... Acho que deveria ser proibido divulgar casas de apostas.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Enquanto a gente não aprova aqui os projetos, talvez fosse interessante os influenciadores que possam divulgar como V. Sa. tem feito, V. Revma., divulgar realmente o mal que faz tudo isso. Então, se tem mais influenciadores...
O SR. PATRICK FERNANDES - Inclusive, tem influenciadores que eu vi que estão deixando de fazer. Eu acho que isso talvez seja reflexo daquilo que vocês estão fazendo, né? Uma pressão popular... Eu vi aquele ator da Globo, Cauã Reymond, ele divulgava e falou que não iria mais fazer. Então, acho que talvez uma... Porque, gente, assim, chega um momento em que a pessoa começa a se envergonhar também, joga luz sobre o erro, né? O que a gente faz escondido, nossos pecados geralmente a gente faz escondido, porque a gente tem vergonha deles. Quando Adão e Eva pecaram lá na Bíblia, qual foi a primeira coisa que eles fizeram? Se esconder por detrás de uma moita, porque descobriram que estavam nus. A gente se envergonha do nosso pecado, do nosso erro. No fundo, essas pessoas também sabem que elas estão erradas. Elas estão ali por conta do dinheiro, não existe uma outra realidade que justifica. Não estão ali por conta de entretenimento, de jeito nenhum. O entretenimento deles é outro totalmente diferente. A gente... Eles querem entretenimento, eles pegam o jato deles, vão viajar, vão fazer outra coisa, eles não se divertem jogando joguinho. Então, a gente precisa jogar luz nisso, precisa iluminar isso.
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Então, o trabalho de vocês eu acho que é de extrema importância, porque eu acho que isso está agora sendo discutido, o que antes não existia, e talvez algumas pessoas vão começar a se sentir envergonhadas mesmo, como está acontecendo. Aí a gente vai andar no caminho, né? Então, assim: "Realmente chega, eu fiz, mas não preciso continuar. Vou cumprir o contrato até, sei lá, onde tem que cumprir, vou parar". Quanto mais se falar, eu acho que a gente alcança mais resultados.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - O relatório da consultoria PwC indica que a principal motivação declarada pelos apostadores é ganhar dinheiro. O Prof. Marcelo Pereira de Mello, da Universidade Federal Fluminense, em uma análise citada no relatório desta CPI, observa que o apostador habitual, especialmente aquele pertencente às classes sociais menos favorecida, tende a encarar a aposta como uma forma de investimento. Vale ressaltar que o Anexo X do Código do Conar veda explicitamente que a publicidade apresente a aposta como investimento ou forma de renda.
Pergunto, Padre Patrick, nos inúmeros relatos e pedidos de ajuda que o senhor recebe é comum constatar essa percepção distorcida da aposta online como uma espécie de investimento financeiro ou como uma solução mágica para as dificuldades econômicas? De que forma essa mentalidade na sua avaliação contribui para o círculo vicioso de perdas, endividamentos e profunda frustração de que o senhor tem testemunho?
O SR. PATRICK FERNANDES - É exatamente isso, é o que a gente chama de efeito caça-níquel, né? Diante de uma perda grande, de um endividamento, você vê ali uma possibilidade de você recuperar algo que você perdeu, ou de pagamento de uma dívida grande que você tem. Então, você acaba às vezes... E eu já escutei relatos sobre isso também, coisas do tipo de você pedir dinheiro para agiota para você poder investir e aí ganhar alguma coisa com que você vai pagar o que você está devendo, vai pagar o agiota. Só por aí a gente já percebe que a pessoa não raciocina direito. Talvez seja um ato de desespero, de falta de lucidez, e vê uma possibilidade fácil. E por que ela vê essa possibilidade fácil? Porque tem alguém que está mostrando que dá para fazer: "Está vendo, eu ganhei... Eu tenho um carro aqui, nossa!".
Teve uma época - ela vai me odiar por falar nisso - que eu cheguei... A minha mãe mora em Marabá. Eu cheguei lá em Marabá, estava minha mãe com o tigrinho. Eu disse: "Mãe, está doida?". "Não, assim, é só para brincar mesmo assim..." E ela ficava naquilo, botava R$0,50 e não sei o quê - sabe? - e aquela coisa toda, porque ela sempre citava uma mulher lá da cidade dela, de Marabá, que começou a viajar o mundo, ia para Dubai, para Paris, começou a construir uma casa, com essa ideia de que tudo aquilo foi fruto de apostas que ela ganhou, né? Graças a Deus ela se libertou.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Padre, se essa perigosa percepção da aposta como investimento é de fato disseminada, como V. Revma. acredita que as autoridades competentes, as instituições de ensino e a sociedade civil organizada podem efetivamente combater essa narrativa enganosa que parece ser um dos principais motores de endividamento e da disseminação da ludopatia no país?
O SR. PATRICK FERNANDES - Assim, como eu falei anteriormente, eu acho que, em relação a quem está na internet, precisam levantar a bandeira contrária mais e mais pessoas, né? Quanto mais gente falar a respeito disso, mais a gente alcança pessoas. Então, eu acho que o caminho é esse, é o que a gente pode fazer, o que eu posso fazer como cidadão, que também estou na internet...
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E, quando eu falo, gente, "quando eu estou", eu acho que não somente quem tem milhões de seguidores, não. Eu acho que você que tem mil seguidores, 1,5 mil seguidores precisa fazer isso, porque tem algumas pessoas lá que seguem o seu conteúdo e gostam de te ouvir dizer... Então, eu acho que tem que ter uma mobilização para quem está na internet de, em algum momento lá da sua semana, você falar sobre isso.
O que, Senador, fez com que os meus vídeos viralizassem foram caixinhas de perguntas respondendo de forma, assim, lúdica: "Ah, um padre falando essas coisas" e tudo mais. Só que eu não fico... Eu digo assim: segunda-feira é meu dia do lixo, eu falo besteira dia de segunda, em que eu faço as caixinhas. A partir de terça, eu começo a ficar um padre mais católico ortodoxo e eu vou falando as coisas sérias, não é? (Risos.)
Então, assim, eu aproveito esses momentos que eu tenho... Alguém me pergunta lá o que você acha sobre o joguinho, eu sempre estou falando lá, eu sempre escrevo alguma coisa, faço um vídeo não só sobre este assunto, sobre outros em que eu acho que eu tenho voz para falar, em que eu posso ajudar de alguma forma, não é? Então, quanto mais pessoas fizerem isso melhor.
Em relação aos...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu...
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Estou terminando, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Não, não, eu só queria pedir um aparte a você, que você está sendo brilhante. Você está sendo tão brilhante que você já acabou com minhas perguntas todinhas aqui. (Risos.)
Eu queria só perguntar, dentro que você está perguntando, se me permitir...
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Lógico.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR. Para interpelar.) - O senhor disse que recebeu essas propostas, o senhor deu até o valor da proposta. O senhor se lembra de ter lido algum contrato desse, algum contrato que lhe mandaram? Ou a sua assessoria... O senhor tem muitos... O senhor deve ter uma assessoria para cuidar...?
O SR. PATRICK FERNANDES - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Disseram-lhe assim: "Olhe, teve uma proposta aqui de uma casa de bets que diz que ela remunera o senhor dependendo de quantos acessos o senhor tiver"?
O SR. PATRICK FERNANDES - Hã-hã.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Se o senhor fizer com que as pessoas atinjam aquela plataforma...
O SR. PATRICK FERNANDES - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - O pessoal chama aí de "o cachê da desgraça alheia".
É isso que... Não sei se você iria perguntar. Tem isso, Padre?
O SR. PATRICK FERNANDES - Vou mostrar aqui...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - E me desculpe, Izalci!
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Não, foi ótimo.
O SR. PATRICK FERNANDES - Tem um grupo no WhatsApp que se chama meu, não é? Publicidade Padre Patrick. Bom, quem me acompanha sabe que eu faço pouquíssima publicidade. Assim, meu perfil não é disso. Eu não costumo... Tem que ser algo assim em que eu acredite muito para eu fazer. Eu não vou divulgar somente por divulgar. Então, geralmente eu faço coisas em que eu acredito muito, que valem a pena, até porque também existe uma coisa: as marcas não querem envolver muito figuras religiosas no conteúdo delas. Então, eu faço muito pouca publicidade. Então, geralmente eles mandam assim: "Ah, chegou uma proposta aqui...". Por exemplo, aqui - eu não vou falar o nome, porque não tem nada a ver com a CPI - é um combo de stories, três telas com link; para eu fazer três stories, vou falar o valor aqui que eles pagaram: R$5 mil para gravar três stories de 15 segundos. O produto... Vou falar de forma geral. Negócio de magnésio, essas coisas... Não é algo que eu me identifique com isso. Não quero fazer isso, sabe? A mesma coisa acontece com o jogo: "Chegou aqui, tem esse valor aqui, depois, a gente... Tem interesse da plataforma". Eu aceito? Não, não aceito. Depois disso viria como é que seria feito: stories, feed, essa coisa, tirar foto, aquela coisa toda que aparece. Então, eu já não aceitei desde a primeira vez. E o que aparece hoje é no próprio direct do Instagram. A todo momento você vai e vai ter propostas assim: "eu sou gerente da plataforma tal, vimos o seu perfil". Isso aí é diário mesmo, acontece. Só que eu nem respondo, nem abro, porque não é o interesse meu fazer esse tipo de coisa, e não vou fazer.
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O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Entendi.
A indústria de aposta e sua publicidade frequentemente colocam grande ênfase na responsabilidade individual do apostador. Contudo, o estudo do Ibict mencionado no relatório dessa CPI argumenta que a responsabilidade primária deveria recair sobre as empresas que promovem e lucram com atividade de alto potencial de dano. O senhor mesmo, como já mencionado, questiona a eficácia da bandeira do jogo de responsabilidade, com responsabilidade. Na visão do senhor, qual deveria ser o justo equilíbrio de responsabilidade entre a plataforma de aposta que aufere lucros bilionários com essa atividade e o cidadão individual, no que tange à prevenção do vício e dos severos danos socioeconômicos associados às apostas? As plataformas estão, de fato, fazendo o suficiente para proteger seus usuários ou o modelo de negócio delas, como atualmente explorado, é intrinsecamente problemático e propenso a gerar dependência?
O SR. PATRICK FERNANDES - Eu acho que não existe nenhuma... Aí é uma opinião minha, né?
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Sim.
O SR. PATRICK FERNANDES - Mas eu acho que não existe nenhuma responsabilidade social por parte destas casas de apostas, eu não acredito que existe por parte deles. E eu vejo como ação criminosa...
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Entendi.
O SR. PATRICK FERNANDES - ... por parte deles, das casas de apostas, porque eu acho que eles têm consciência disso, clara, de que ninguém está ganhando dinheiro com aquilo que eles estão oferecendo.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Padre, V. Revma. entende que as plataformas de apostas têm responsabilidade significativamente maior do que a que costumam admitir? Que tipo de obrigações adicionais ou mudanças estruturais no modelo de operação dessas empresas o senhor sugeriria para que essa responsabilidade fosse efetivamente exercida em prol da proteção da saúde financeira e mental da população brasileira?
O SR. PATRICK FERNANDES - Então... Eu acho, mas aí eu não sei se é possível isso, que deveria ter alguma legislação para ao menos inibir as divulgações, os influenciadores que estão fazendo. Já que não tem como, pela lei que nos rege, acabar com as casas de apostas, eu acho que deveria ter alguma política para inibir quem está divulgando, e por parte de uma represália maior de você, sei lá, projetos de lei que dificultam esse tipo de coisa, imposto, sei lá mais o quê. Eu não entendo sobre a lei que rege os jogos no país.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - V. Revma., como proeminente líder religioso e influenciador digital, oferece apoio espiritual e aconselhamento a um vasto número de pessoas. A ludopatia, como bem destacado no âmbito desta CPI, é frequentemente descrita como uma pandemia silenciosa, muitas vezes oculta pelo estigma social e pela vergonha dos afetados.
Qual é o papel fundamental que a fé, as comunidades religiosas e o amparo espiritual podem desempenhar tanto na prevenção da ludopatia quanto no acolhimento, tratando de recuperação de pessoas e famílias que foram devastadas pelo vício de apostas online? Existe iniciativa específica ou abordagens pastorais que o senhor, em sua prática, considera particularmente eficazes e humanizadoras neste contexto de sofrimento?
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O SR. PATRICK FERNANDES - Sim, a gente tem que pensar nos sintomas da ludopatia, aquilo que ela causa. E a gente sabe que o que ela causa são problemas de ansiedade, de depressão, de pensamento suicida, de irritabilidade; então, são sintomas de uma pessoa que está vivendo este mal. E a gente consegue dar uma assistência espiritual, psicológica a estas pessoas. Diversas paróquias por aí, por exemplo, têm psicólogos que atendem de graça, inclusive, que fazem um serviço pastoral, cristão, a gente tem os grupos de jovens nas paróquias e casais, onde a gente tem a oportunidade de falar a respeito, mas uma coisa que eu acho que é muito importante é a prevenção. Eu acho que tratar enquanto está no início é muito mais fácil do que quando está tomado. Então, a gente tem que falar, como a gente tem feito.
Tem várias frentes, não só católicas, mas eu tenho visto frentes religiosas também, de evangélicos que estão falando a respeito disso, uma maneira de prevenir, enquanto ainda se pode fazer, através de trabalhos com juventude, de responsabilidade social, de encontros, de retiros, enfim, de tantas coisas que podem proporcionar esta compreensão não só do vício, Senador, mas, para a gente, no nosso caso, da acusação de pecado, porque a gente acredita que seja pecado. É contrário ao Evangelho, então a gente tem que falar sobre isso também. Como eu volto a dizer, talvez, assim, não seja o lugar para falar sobre isso, mas a gente tem a consciência de que é contrário à dignidade humana. E quem erra, quem está divulgando peca mais ainda, porque tem a consciência clara daquilo que está fazendo.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Para além do fundamental apoio espiritual e comunitário, como V. Revma. enxerga a possibilidade de uma articulação mais estreita e colaborativa entre as comunidades de fé que estão na linha de frente do acolhimento e os serviços públicos de saúde, no caso o SUS, e também a assistência social no enfrentamento dessa crescente crise? Haveria espaço e necessidade para uma maior integração e esforços?
O SR. PATRICK FERNANDES - Eu acho que quanto mais gente, como eu disse anteriormente, se envolver nesta causa, maior será a nossa representatividade, a gente alcança mais pessoas a partir do momento que se tem políticas públicas voltadas para este assunto, a partir do momento que igreja - e aqui eu não estou denominando Igreja Católica -, as igrejas de forma geral estão em sintonia com os poderes públicos. E a gente sabe que existem tantas prefeituras neste país que trabalham em conjunto com as diversas igrejas dos municípios também, junto com os projetos de assistência psicológica, Caps, psicólogos. Então, são frentes de trabalho que estão lutando contra este tipo de coisa. Eu acho que vocês devem ter ouvido também pessoas da área da saúde, que devem ter testemunhado isso, né? Enfim...
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - É.
Padre, sua presença e depoimento nesta Comissão, esta colaboração aqui na Comissão Parlamentar de Inquérito representa uma oportunidade singular de trazer uma voz de grande alcance social e autoridade moral para um debate que, por vezes, se restringe a cifras, aspectos técnicos e interesses econômicos. A CPI das Bets, como o senhor sabe, tem o objetivo precípuo de subsidiar ações legislativas e fiscalizatórias no âmbito do Senado Federal. Se V. Revma. pudesse deixar uma mensagem central e incisiva para os legisladores que compõem esta Comissão bem como para a sociedade brasileira como um todo, qual seria o seu principal apelo, advertência ou conclamação em relação à disseminação desenfreada das apostas online e à urgente necessidade de proteger os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis, de seus efeitos mais nocivos e, por vezes, irreversíveis?
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O SR. PATRICK FERNANDES - Bom, eu acho que eu, como líder religioso, como padre, e vocês, como representantes do Poder Legislativo... A gente tem uma missão de proteger a dignidade humana e ir contra tudo que possa afetá-la. A vida é um dom precioso demais. A gente tem dignidade, nós não somos um acaso simplesmente. Eu acho que a gente tem a possibilidade de encontrar pessoas nas estradas da vida e mostrar para elas o quanto que vale a pena apostar na esperança, que não decepciona nunca, de saber que aquilo que é passageiro não é capaz de preencher o nosso coração, que a gente precisa de algo a mais, aquilo que dá sentido à nossa vida, aquilo que é capaz de mudar o rumo, mudar a nossa história. E a gente tem que continuar a lutar de forma incansável para que a vida humana, na sua dignidade e na sua integridade, seja protegida de todas e quaisquer ameaças que possam feri-la de alguma forma. E, a meu ver, já que estamos nesta CPI, o jogo é uma causa que destrói a dignidade do ser humano, e a gente precisa combatê-lo.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Padre, o senhor afirmou conhecer de perto o estrago que as apostas estão fazendo na vida de tantas pessoas e famílias. Com base nesse conhecimento direto e doloroso da realidade, quais seriam, em sua opinião, as três prioridades legislativas ou de política pública que o senhor recomendaria para que o Congresso Nacional e o Poder Executivo pudessem mitigar urgentemente esse estrago que tanto preocupa?
O SR. PATRICK FERNANDES - Eu apontaria restringir a acessibilidade às casas de apostas, a facilidade que se tem hoje. É muito forte, é muito acessível tudo. Então, eu acho que deveria ter um restringimento em relação a isso. Eu acho que deveria ter também um serviço de coibir os influenciadores que estão divulgando. Eu acho que políticas que dificultem esse tipo de divulgação, para fazer com que eles repensem, para dificultar mesmo para que não seja uma coisa viável a eles financeiramente... E eu penso também que talvez deveriam ser aplicadas algumas leis que coibissem o funcionamento dessas bets no nosso país.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - A última aqui, para encerrar, Presidente.
Muitas dessas sugestões, especialmente as que envolvem maiores restrições à atividade econômica ou à publicidade, podem encontrar forte resistência de setores com grande poder econômico e político. Como o senhor acredita que a sociedade civil, as lideranças religiosas e comunitárias e as figuras públicas como o senhor podem se mobilizar para construir um apoio social e político necessário para que as medidas mais protetivas e por vezes mais restritivas sejam de fato consideradas e implementadas em defesa do bem comum?
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O SR. PATRICK FERNANDES - Eu acho que temos que, como eu disse várias vezes, continuar falando a respeito disso mais e mais. Eu acho que é urgente. Nós não podemos nos calar, nos silenciar em relação a isso. Infelizmente isso está tomado. Eu nem vejo que os influenciadores são a principal causa, mas está alastrado na TV, no futebol - em tudo quanto é canto, você vê alguma publicidade em relação a isso. Só que o mal não prevalece nunca. Eu tenho esperança no ser humano. Eu sei que a gente é bem mais do que isso.
Então, ao meu ver, o que nós podemos fazer e iremos continuar a fazer é ser essa voz profética, em meio à escuridão, de fazer com que as pessoas cada vez mais se conscientizem de que não vale a pena.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Presidente, obrigado.
Estou satisfeito e agradeço mais uma vez ao Padre.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Obrigado, mas eu fico só um pouco triste, porque o Izalci é tão competente que ele termina perguntando tudo que a gente vai perguntar. Mas parabéns, meu querido Senador.
E eu quero passar em seguida ao Senador Cleitinho, que me informou que ele tem um vídeo para nos apresentar.
Por favor, Senador Cleitinho.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Para interpelar.) - Bom dia, Sr. Presidente.
Antes do vídeo, eu quero deixar alguns encaminhamentos aqui.
Dar um bom-dia a todos os Senadores presentes, à Relatora Soraya, ao Presidente Hiran, ao Izalci, ao Padre Patrick, que está aqui, e a todos que estão aqui presentes na CPI.
Padre, me identificou uma fala sua agora, bem no final, o senhor dizendo que, às vezes, na segunda, você tem o dia do lixo, né? Na terça-feira, o senhor vira Padre, vira católico.
Eu estou falando isso, porque eu tenho um dever moral como cristão, e como ser humano, e como político. Na terça-feira passada, eu não fui político no momento, eu fui pai. No momento em que eu sentei aqui e vi a que estava aqui, a Virginia, minha filha me pediu para poder fazer um vídeo, para poder mandar um vídeo para ela, e eu me levantei aqui. Não era o local, não era o momento. Então, eu venho como homem público aqui, como pai, como ser humano, como político, pedir desculpas a todos vocês que estão presentes aqui e à população brasileira. Eu tenho esse dever moral de fazer isso, porque, depois que eu agi com a razão, eu vi que eu não estava... eu não tomei uma atitude correta, não, mas, nas falas que eu falei, eu não tiro uma vírgula do que eu falei, porque, Padre, eu quis dizer o seguinte: que nós políticos... Aí eu não estou aqui generalizando nenhum Senador que está aqui, não; pelo contrário, antes da minha fala, eu até falei isto, que não era para nenhum deles. Eu falei que eu não tinha moral para fazer isto - apontar o dedo para qualquer influenciador que está aqui ou que vai vir novamente -, porque a Casa, o Senado, aqui, em 2022, regulamentou. Então, pode ser até imoral, mas é legal.
E o senhor falou uma coisa importante aqui, é sobre projetos de lei. E, vendo toda a situação, eu queria que mostrasse o vídeo agora. Mostre o vídeo, por favor. Isso foi ontem, à noite.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - O que eu quero falar - e o senhor falou sobre isso agora com o Senador Izalci - é sobre essa questão de que somos nós que temos de legislar. Então, acho que não... Igual eu... Para mim - eu sou bem radical -, por mim, acabaria com todos os jogos. Isso para mim é um vício que não é abençoado, está destruindo família. Então, se a gente conseguisse, era acabar com esses jogos.
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Se eu fosse ainda um Presidente da República, eu mandaria um decreto para aqui, uma MP, na hora, para o Congresso Nacional acabar com todos os jogos. E doa quem doer.
Eu entendo, como ser humano, um pouco, que o ser humano, desde a época de Adão e Eva, nunca foi disciplinado. Deus falou pra Eva: "Não coma a maçã". Ela foi lá e comeu. Então, não adianta falar "joga menos", "joga menos"; "não, jogue só um pouquinho...". Eles não vão ser disciplinados. Esse jogo é um vício que tem que acabar.
Então, se, como o senhor disse, a gente não consegue acabar com esse jogo, então a melhor maneira que tem é acabar com a propaganda.
Aí, eu estou vendo um cancelamento seletivo. Eu, aqui, no dia da CPI, eu falei pra Virginia: "Virginia, você não precisa mais disso. Por mais que seja legal, é imoral. Então, pare de fazer esse tipo de propaganda".
O SR. PATRICK FERNANDES - Eu vi.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Então, eu não tinha como obrigá-la, porque, dentro da lei, ela pode. A lei permite.
O SR. PATRICK FERNANDES - Sim.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Só que eu estou vendo um cancelamento seletivo, porque não é só ela que divulga. A Rede Globo divulga.
O SR. PATRICK FERNANDES - Sim.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - No BBB, que todo mundo assiste ao BBB... Eu quero entrar nessa questão, porque vira uma coisa ideológica, se é de direita ou esquerda.
Tantos influenciadores de esquerda e tantos influenciadores de direita estão divulgando. Então, a gente tem que cortar esse mal pela raiz.
Se a gente não consegue acabar com o jogo, então a melhor maneira...
Como o cigarro, que não pode ter propaganda, porque é um vício, então a gente tem que acabar com as propagandas também de jogos de azar, tanto a Globo, tanto sites de notícias, tanto o rádio, ninguém mais divulgar.
E eu peço ao senhor, como influencer, além de padre, pra poder divulgar essa fala minha aqui.
Eu divulguei esse projeto meu de lei, para que tanto os Senadores como os Deputados Federais tenham essa consciência, pra gente acabar com esse tipo de propaganda, porque cabe a nós.
O erro veio daqui, em 2022. Então, cabe a nós consertar. E eu não estava aqui em 2022. Estou aqui agora. Sempre me posicionei contra e vou sempre me posicionar contrário.
Outro encaminhamento que eu faço também, Presidente e Relatora também - peço o apoio de vocês: vou entrar com uma ação civil pública também, pra gente poder, junto com a Defensoria Pública, tirar do ar esses jogos também.
Esse jogo do tigrinho, pra mim, é diabólico! O que eu mais recebo das pessoas também é pessoas se suicidando, por causa desse jogo do tigrinho. E a quem mais afeta, que eu vejo, são pessoas jovens, adolescentes, pré-adolescentes, jovens que estão virando adultos.
Então, a gente precisa acabar urgentemente.
Então, uma coisa que eu peço também é o apoio de todos os Senadores aqui, pra fazer esse encaminhamento, porque eu estou entrando com uma ação civil pública também, pra poder tirar do ar.
Eu acho que isso aqui deveria ser uma mobilização também do Presidente da República, de todos os Senadores, de todos os Deputados, de todos os políticos do Brasil, poder ter essa oportunidade de a gente cortar esse mal pela raiz.
E, por mais, Soraya, que semana passada a gente tenha ficado em evidência, mas foi por um lado bom também, porque trouxe esse debate para o Brasil, e a gente precisa, dentro desse debate, agora, acabar com esses jogos. E é qualquer tipo de jogo, o mais rápido possível.
E, Soraya, eu vi várias entrevistas suas, inclusive me criticando, e eu tenho toda humildade de receber as críticas que V. Exa. fez pra mim, mas aqui, como homem, eu quero te falar que eu estou do teu lado. Você falou que está sozinha, e você não está sozinha. Inclusive, V. Exa. disse que, se a senhora citar nomes de políticos aqui, a senhora acorda amanhã com a boca cheia de formiga. Pode me passar esses nomes aqui, que eu faço questão de falar um por um, convocar um por um aqui, que esses vão pra cadeia. Você não vai ficar com a boca cheia de formiga nem eu. São eles, que vão pra cadeia.
Então, espero que você me passe esses nomes, que eu tenho coragem, como homem e como Parlamentar, que eu não tenho rabo preso com ninguém, pra poder citar o nome de cada político que está chantageando, extorquindo...
E, Padre, o senhor está aqui hoje em uma audiência pública. O senhor não é investigado, o senhor também não é testemunha...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Convidado.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - ... o senhor está aqui como convidado - eu vou finalizar, Presidente -, mas quem deveria estar sentado aí são os donos das casas de aposta, que eu iria apontar o dedo na cara deles e falar tudo que eu tenho vontade de falar.
Então, que, a partir das próximas, a gente comece a trazer realmente quem precisa ser trazido aqui, inclusive político.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Obrigado, Senador Cleitinho.
Antes de passar a palavra à nossa Senadora Soraya, que é a nossa Relatora, eu queria dizer, Padre, que as suas palavras aqui são muito emblemáticas pra mim, porque eu também sou de um estado pequeno, eu sou de um estado longínquo, eu sou de Roraima, e ontem, querida Relatora, eu recebi um número muito grande de Vereadores.
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Fizemos uma reunião à noite e este nosso assunto veio à baila, a questão dessa jogatina que se instalou dentro da casa das pessoas. E lá também, nos municípios lá de Roraima, como Rorainópolis, como Caroebe, municípios longe, tem muita gente sofrendo com perdas que estão influenciando na subsistência das pessoas, que estão passando fome porque se endividaram com essa questão desses jogos tipo tigrinho, roleta, cobrinha, aviãozinho etc. Eu, inclusive, preocupado com isso, Padre, já apresentei dois Projetos de Lei, o 2.362, de 2025, que proíbe jogos de azar nas bets, e o segundo projeto, que é o 2.365, que implanta, no SUS, ambulatórios para tratamento de ludopatia que serão financiados com parte do imposto que é arrecadado por essas plataformas. Então, é o que eu posso fazer. E eu acho que aqui vão surgir muitas propostas legislativas. Nossa Relatora vai complementar, inclusive, com o trabalho que ela vem fazendo de investigação, de acesso a todas as informações que nós temos. Se Deus quiser, nós vamos realmente dar uma resposta para o país.
Nós estamos aqui...
Quando o senhor fala a uma Comissão Parlamentar de Inquérito que está sendo assistida por milhares de pessoas, o senhor está também mostrando para as pessoas aquilo que eu digo sempre, que é: ninguém ganha das bets. Que fique bem claro isso. Eu quero parabenizar o senhor e parabenizar o Izalci pela maneira como ele conduziu as perguntas para V. Sa.
Vou passar a palavra aqui para a nossa Relatora para fazer suas considerações e, posteriormente, para o nosso Senador Girão.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS. Como Relatora.) - Senador Cleitinho, realmente, eu até disse em algumas entrevistas: eu não respondo pelos outros Senadores, não respondo. Cada um aqui faz o que quer. Eu não tenho o poder de cortar. O microfone é teu. Não faria aquilo, mas é bom... E parabenizo V. Exa. pela humildade de dizer que não era o momento. E eu também não tenho compromisso com o erro. Então, parabéns. Isso é um ato de humildade e o coloca num patamar maior ainda, reconhecendo isso.
E sobre proposituras de projeto de lei, eu perguntei, momentos atrás, para o Senador Hiran por que ele não propõe aqui, no relatório final da CPI. Porque, quando acabar a legislatura, os nossos projetos de lei que não foram apreciados caem, e esse da CPI nunca vai cair. Então dá para propor tanto para tramitar com o seu nome, de forma independente, quanto no da CPI, tá?
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Sem nenhum problema.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Então, tem esse valor. Nunca você... Então, eles vão ser obrigados a apreciar um dia, por quê? Porque a pressão dos grandes veículos e também... Isso é muito grande. Um dia nós vamos conseguir chegar lá, tá?
E quero relembrar também que eu também... Se nós pudéssemos acabar com os jogos, esse seria o ideal. Como eu tenho dito, a gente não consegue colocar o muro virtual no nosso país, não temos tecnologia para isso. E o Senador Omar acabou de me dar uma informação que eu vou checar: que nos Estados Unidos você não consegue acessar links de fora do país, você só joga em bet americana.
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Então, se isso existe, nós devemos ir atrás dessa tecnologia, porque até mesmo a Anatel aqui não sabe dessa informação, então isso me preocupa.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Ele falou que não tem condição de bloquear.
Então, se a gente não regulamenta, a gente nem acompanha os números. Ninguém ganha das bets até o momento, nem nós - nem nós, nem quem tem poder de polícia, nem a Justiça. Por isso é importante saber os números.
Por exemplo, a história dos dispositivos eletrônicos de fumar. Como nós não regulamentamos, nós não sabemos o que há lá dentro e o que causa dependência ou problema de saúde... Não é esse o fato. Mas também ninguém coíbe. Aí é que está. Ninguém coíbe.
E quero lembrar aqui a todos que nós estamos sendo... Em relação à Virginia, eu também fui muito criticada pela foto. É bom a gente esclarecer que eu cumprimento todas as pessoas que chegam aqui com urbanidade, com respeito, porque eu tenho educação, tanto na entrada quanto na saída. E ela veio na condição de testemunha. Eu nunca tirei foto com investigado aqui. Se ela mudar de patamar, o.k. E naquele momento, quando eu fui cumprimentá-la, ela me pediu uma foto. Eu não iria dizer não, principalmente porque ela não é investigada.
Então, é bom esclarecer, porque eu tenho dado algumas entrevistas, e as pessoas lá fora... Quando o Padre disse que as pessoas só leem o título da matéria... E estão falando que essa CPI aqui é cortina de fumaça para a CPI do INSS, é bom dizer que eu pedi a abertura dessa CPI em agosto do ano passado. Essa CPI funciona desde o final de... Começou em novembro, porque nós esperamos passar a eleição de 2024. Então, as pessoas não leem e criticam. Mas eu até perdoo a população que não lê. O que é difícil de tolerar... Eu não estou falando de jornalistas, de todos, porque eu não generalizo. Há jornalistas, ou pseudojornalistas, que nos chamam para entrevistas, não assistiram nada, não acompanham nada, não leem, não estudam para te entrevistar e te chamam. Aí não dá. E além de tudo, querem dar opinião, querem cantar alto. E não sabem de absolutamente nada. Isso sim, é revoltante, porque estão numa posição absolutamente diferente da do restante da população. Aí é imperdoável mesmo, como é imperdoável quando os próprios Senadores criticam o que não sabem - o que não sabem.
Então, é cansativo. Não é fácil tolerar isso no dia a dia, mas, enfim, faz parte do jogo. E eu também... Ninguém vai desestabilizar esta CPI, absolutamente ninguém. Ninguém. Então, conto com a sua força, com o seu caráter, para que você faça parte. E tem vaga para a CPI. Tem gente esquentando cadeira aqui, não deixa a gente trabalhar e não dá quórum - não dá quórum. E aí a gente não consegue avançar mesmo. Então, é muito fácil falar, né?
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Eu permito, Presidente, que V. Exa. passe para o Senador Girão. E eu falo na sequência do Senador Eduardo Girão.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Antes de passar para o ilustre Senador Girão, eu queria também dar ciência às pessoas de que eu assinei a CPMI do INSS. E, dois dias depois, eu trouxe à Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle desta Casa o Ministro Wolney Queiroz para falar sobre o roubo que aconteceu, a roubalheira que aconteceu no INSS em relação aos aposentados e pensionistas. Inclusive, o Senador Girão estava presente, o Izalci e você.
Então, nós estamos aqui fazendo duas coisas ao mesmo tempo, mas nenhuma coisa se superpõe à outra. Estamos trabalhando com toda a seriedade para que as pessoas tenham a informação adequada do que está acontecendo no nosso país.
Eu acho que aquela nossa reunião foi extremamente importante, com repercussão imensa, com o Governo tentando fazer o máximo para tentar... Porque o mais importante, General... Senador Girão - desculpe-me, General é o Deputado meu amigo -, o mais importante é a gente saber como é que essas pessoas vão ter o dinheiro delas de volta. Isso que é o mais importante de a gente saber e quão rápido isso será efetuado.
Então, foi só para a gente esclarecer aqui às pessoas que estão nos assistindo.
Passo a palavra, em seguida, ao Senador Girão.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Muito bem, meu querido Presidente, Senador Hiran, digo àquelas pessoas da CPMI do INSS, que nós assinamos, todos nós aqui, que nós vamos buscar esse dinheiro de volta para as pessoas que foram roubadas. Mas os milhões de brasileiros que perderam dinheiro com bet, com aposta não terão o dinheiro de volta. Esse dinheiro está na mão dos magnatas. E a gente tem o dever, nesta CPI, de buscar os responsáveis.
Eu, antes de fazer as perguntas aqui, quero cumprimentar o senhor, Padre Patrick Fernandes. Parabéns pelo seu trabalho, pela sua coragem de estar aqui!
Mas antes eu queria, Presidente, primeiro me manifestar. Eu vi a entrevista da Senadora Relatora desta Comissão, Soraya Thronicke. Ela falou não uma vez, falou duas vezes, e eu faço das palavras do Senador Cleitinho as minhas. Essa história de que pode amanhecer com a boca cheia de formiga é muito grave. Isso é muitíssimo grave. Imediatamente, quando eu tomei conhecimento disso, eu enviei uma carta oficial, um ofício ao Senador Presidente Davi Alcolumbre, porque precisamos tomar medidas em relação a isso. Que trabalho é esse que a gente faz aqui que a gente pode amanhecer com a boca cheia de formiga? Isso é insalubre? Isso é periculoso? O que é que tem aqui? A atividade Parlamentar vai ser ameaçada? Por quem?
Então, Senadora Soraya, até eu sei que a senhora tem o direito da fonte, de reservar, é uma questão pessoal, mas eu acredito que, para todos nós, para o Senado da República, é importante que a senhora oficialize isso, para deixar claro, porque todo mundo entra na mesma vala aqui, inclusive. Então, a gente precisa saber, até para a gente trabalhar com tranquilidade.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu não... Eu não ameacei ninguém, não.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Pois é.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Pode ficar tranquilo. Pode dormir tranquilo, porque eu não ameaço nem...
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O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Exatamente. Mas e aí? E os outros 80, né? Nós precisamos ter uma posição com relação a isso.
E eu acho que o requerimento... Eu não sei se o Senador querido Dr. Hiran já colocou nessa... Porque eu acho que é uma das últimas que a gente vai ter deliberação em termos de votação de requerimento.
E, hoje, Senadora Soraya, finalmente nós conseguimos ter quórum. Não tem mais desculpa de que não tinha quórum. Parabéns aos Senadores desta Comissão que registraram a sua presença. Nós temos quórum para votar. E eu tenho...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Hã?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu peço até para, se puder colocar no quadro aqui o quórum... Nós temos quórum para votar.
Então, o que o Brasil quer, Senador Hiran... E eu te digo isto porque eu sou um Parlamentar que ando nas ruas, nas feiras, nos mercados, como o senhor, como os que estão aqui também. Nós precisamos votar requerimentos indigestos nossos aqui. Se a gente quer fazer desta CPI - e aí me permitam, é uma opinião minha; pode ser que os outros colegas não tenham a mesma opinião -, se a gente quer fazer desta CPI algo que tenha um resultado concreto, que não deixe um defunto no meio da Comissão, como aconteceu com a outra, a das apostas esportivas, de que eu fui Vice-Presidente e votei contra o relatório, porque não quiseram chamar um Deputado Federal que, segundo uma grande revista tradicional, que não é qualquer pé-rapado, é a Veja... Ela disse que esse Deputado teria cobrado R$35 milhões de propina. Sabe para quê, Senador Cleitinho? R$35 milhões! Sabe para quê? Para agilizar a aprovação dessa lei das bets. E sabe o que mais? Para não chamar empresários para a CPI da Câmara, os donos das bets, para não criar constrangimento.
E um dos requerimentos meus é uma denúncia feita - inclusive teve bate-boca entre Senadores aqui no começo - de que teria um lobista usando o nome de Senador, fazendo o mesmo modus operandi, segundo a denúncia, lá da Câmara dos Deputados aqui dentro do Senado. Ou seja, para quê? Para não trazer empresários de casas de aposta. Então, quer dizer, o acordo está se repetindo... o que se repetiu na Câmara estaria se repetindo aqui no Senado.
E basta o senhor colocar um requerimento. Eu entrei com quatro. E eu quero agradecer publicamente ao Senador Marcos Rogério, muito atuante nesta Comissão, e tem muitos requerimentos dele de quebra de sigilo também pendentes de votação. Hoje é o dia para isso. Mas eu lhe peço que, dos quatro requerimentos que eu entrei, pelo menos esse que o senhor coloque. Eu acho que os quatro são muito importantes, mas esse para que a gente possa ouvir o lobista citado, Silvio, para... E ele quer vir à Comissão. Olha o detalhe: ele está querendo vir à Comissão. Então, é só votar e marcar. Antes do final, dá; se a gente quiser, dá. Então eu queria fazer esse pedido para o senhor, para a gente colocar... Tem outros requerimentos também meus, mas esse é o principal, para que a gente possa buscar a verdade nessa CPI e passar o Brasil a limpo.
Eu acho que essa história de casa de aposta, o mal que está gerando... Eu sou daqueles que acreditam no seguinte: todo mal tem um fim. E não há mal que não coopere para um bem maior.
Então, a gente pode, com o nosso mandato, confiado pelo povo diretamente, a gente pode fazer um grande bem à nação se a gente realmente votar esses requerimentos e buscar a verdade com relação a esses assuntos.
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Então, eu faço um apelo ao senhor, sei que o senhor vai ter uma sessão deliberativa, já tem quórum, para incluir, não sei se já está incluído, mas esse meu requerimento é muito importante, eu quero... sobre esse assunto você quer falar também?
Depois eu queria fazer as perguntas para o padre.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Fora do microfone.) - Quero.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Senador Izalci.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Deixe-me só fazer aqui algumas ponderações, Presidente.
Primeiro, quero dizer, Senador Girão, que apresentei ontem, Presidente, dois projetos de resolução tentando modificar o regimento não só do Senado como também do Congresso. Em função do que nós sofremos aqui, com a falta de quórum, eu apresentei uma resolução do Senado para dizer o seguinte: o Senador, membro da Comissão, que faltar três vezes consecutivas, ou cinco intercaladas, o Líder precisa substituir imediatamente.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Fora do microfone.) - Excelente.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Porque não dá para você tocar uma CPI dessa como esta, de total importância, sem essa aprovação. Da mesma forma no Regimento do Congresso, o membro da Comissão faltou três consecutivas, ou cinco intercaladas, será substituído. O Líder teria que indicar o substituto, enquanto isso o suplente seria convocado para participar até a indicação.
Nós não podemos, em função até que não conseguimos aqui, tentamos prorrogar esta CPI por 120 dias, não conseguimos, nós não podemos perder o foco desta CPI. Esta CPI tem uma importância muito grande, eu que participei intensamente de todas as reuniões aqui, nós não podemos... Nós temos instrumento aqui chamado Conselho de Ética para tratar dos Senadores. Se existe, de fato, alguma denúncia formal ou alguém denunciou alguma coisa, que seja apresentada imediatamente ao Conselho de Ética, para o Conselho de Ética cuidar disso. Eu não posso aqui, na Comissão da CPI das bets, tirar o foco do que nós estamos concluindo no relatório e vamos... Ainda tem muita gente para ser chamada, e esse é o problema e espero que aqui a gente consiga. Por exemplo, qual é o maior beneficiário hoje dessas propagandas? A CBF.
Saiu o relatório agora do Ednaldo, qual foi a receita? Foram bilhões e bilhões de receita da CBF. Tanto é que contratou o técnico por 5 milhões e mais de 500 coisas que ele vai ter direito. Fruto de quê? Das bets. Todos os clubes no Brasil hoje dependem de bet e pagando salário de 2 milhões, 3 milhões por mês, uma coisa totalmente incompatível.
Então, nossos times... E eu sou fanático por futebol, gosto de futebol, vejo que meu time agora dificilmente vai sobreviver se não tiver patrocínio de aposta. Então, por que não chamar esses caras aqui? Tem que chamar. Agora, qual é a dificuldade? Esse é o foco. Então, esse requerimento tem que ser aprovado. Quem é o maior causador de tudo isso? Não são os influenciadores, o maior são os donos das bets, cara, nós temos que chamar esses donos das bets aqui. Por que não querem chamar os donos da bets, que são os principais atores desta CPI? Ora, é isso que nós temos que fazer.
Agora, se tem chantagem de algum Senador, que chame lá no Conselho de Ética, denuncie oficialmente e vamos resolver isso lá. Aqui o foco tem que ser esse desastre que está acontecendo no nosso país.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu só queria lembrar V. Exa. que nós já convocamos aqui, inclusive, dono de bet, dono de empresa de meio de pagamento, já convocamos muita gente aqui e muitos conseguiram, infelizmente, um habeas corpus para nem vir aqui, para nem vir aqui. É bom que se coloque isso, porque...
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Sim, com certeza.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - ... senão a gente começa a ficar falando aqui assim, e as pessoas que não assistiram a outras sessões, a outros trabalhos da nossa CPI, elas vão achar que ninguém... A gente colocou muitas pessoas aqui que realmente conseguiram um habeas corpus para nem vir aqui.
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O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Esse foi um ponto, inclusive, que critiquei na última reunião, exatamente isso. As liminares do Supremo, tanto a do André Mendonça, dispensando a Deolane de vir aqui, como a do Toffoli, na última também, são um desastre. Isso acaba com o principal instrumento. Lembrando que a Constituição é muito clara: a CPI tem realmente força como a Justiça. É uma CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito. Então, a gente não pode continuar trabalhando com CPI e com liminar toda hora proibindo as pessoas de virem aqui. Mas vamos chamar, vamos chamar.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Izalci, olha como que os tempos mudam. Na época da CPI da Covid, ninguém era dispensado de vir à CPI. Era obrigado a ir na CPI e ainda tinha lá "ah, não, mas ele pode exercer o direito constitucional ao silêncio". Não, quando a resposta implicar em autoincriminação. Esse era o entendimento da CPI da Covid. Hoje, não. Hoje, já pode deixar de vir. Se vier, ele pode alegar o direito ao silêncio de A a Z e não importa. Se você perguntar...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Não são todos, Senador Marcos Rogério.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - É um troço maluco.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Foram decisões exaradas apenas de dois ministros. Outros mantiveram este entendimento. Só dois.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Mas a Casa recorreu para uniformizar a decisão?
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Está recorrendo. Sim, recorremos.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Ótimo, porque não se pode ter dois parâmetros.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Mas a gente perde o objeto, porque a CPI vai acabar daqui a duas... São três semanas, mas na semana do Brics não vai ter nada. Nós temos duas semanas...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Tem que ter um relatório, então.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - ... e não podemos perder o foco.
Depois que o Izalci entregar a palavra...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - O padre foi ao banheiro, e ninguém nem notou, porque começaram a fazer discussões paralelas aqui. O padre está aqui para ser ouvido. Vamos perguntar ao padre.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS. Como Relatora.) - O que acontece, Senador Girão... Eu, inclusive, subscrevi seus requerimentos. Eu subscrevi, porém... No dia 13 de junho termina a CPI, infelizmente. Durante esse período, até lá, nós temos uma semana em que não haverá trabalho por conta do Brics. Vai estar tudo suspenso. Ou seja, a questão realmente é de Conselho de Ética. Conselho de Ética. Por quê? Porque aqui nós vamos perder a linha. E é o que muitos querem. Muitos querem, com essa conversa, com essa calúnia e com essa difamação... Por quê? Porque, até agora, eu não sei quem é a vítima dessa possível extorsão. Quem é a vítima? Cadê a vítima? Quem tem que falar...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Em outra sessão, a senhora chegou a sugerir quem é o dono do tigrinho.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Eu sugeri. Eu desconfio, porque não há nada... Eu deixei muito claro: eu não estou imputando nada a ninguém, e, na verdade, ele seria. Mas eu já o reconvoquei, e, simplesmente, não consigo agendar. Porque eu gostaria de ouvir questões acerca das bets que não ficaram claras, porque ele deveria ser escutado novamente, mas também perguntar se é ele, porque, segundo eu perguntei para o Diretor-Geral da Polícia Federal, não há nada lá, nenhuma denúncia. E, quando o senhor fala isso o tempo inteiro, o senhor pede isso, pede isso, o senhor envolve também meu nome. Meu nome está em vários lugares dizendo que eu estaria, possivelmente, por trás de uma extorsão de R$40 milhões.
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Então, enquanto o senhor não for claro sobre isso, nós vamos ter problemas, eu com o senhor. Por quê? Porque todo mundo sabe...
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Posso dar uma sugestão para a Relatora?
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - ... e aqui dentro eu não levanto, não vou falar nome de absolutamente ninguém, porque eu não vou correr risco de falar besteira ou falar sem prova. Eu sei de onde estão vindo os tiros contra mim, eu sei. Como eu disse, eu vou repetir: eu não tenho medo, tanto que estou aqui sentada todos os dias, eu tenho é informação.
Então, eu vou pedir para o senhor tomar a atitude correta, vá para o Conselho de Ética e pense mil vezes antes de falar pelos corredores sobre uma possível... E não parar de falar isso, o senhor lê a mesma coisa todo dia. Que nem disse o Kajuru um dia: o senhor chegou aqui e leu o mesmo papel todo dia. Nós estamos falando de reforma tributária, o senhor fala de aborto e de maconha. Está igual aqui. Nós estamos falando, investigando, e o senhor na mesma tecla: não há tempo para desviar.
Eu peço, como foi a questão do Cleitinho, o INSS e rachadinha...
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Todas, né?
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Tudo isso. Então, a sugestão é que faça...
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Só uma questão de ordem: vamos concluir a...
(Tumulto no recinto.)
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Em sessão deliberativa...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Por favor...
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Só um minuto.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Cleitinho...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Pois é, olha o desvio de foco. Eu não posso deixar, Senador Izalci...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Desculpe-me, termine.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - ... eu não posso deixar que o meu nome fique aí na boca de gente que está cometendo contra mim calúnia e difamação, e eu já acionei a minha banca de advogados. Nós vamos conversar no lugar correto, lá no Supremo.
Então, por favor, eu não quero me desentender com o senhor nesse ponto, eu não quero desviar o foco daqui, não quero fazer barraco, mas eu não falo pelas costas. Ainda bem que o senhor veio, porque senão eu falaria para o senhor no Plenário. Aqui ainda está menor. Por favor...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Presidente...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - ... não coloque o meu nome onde o senhor não sabe, porque o senhor está cometendo, insinuando calúnia e difamação contra mim. Eu não aceito.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Presidente, eu...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu, eu, eu...
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Deixa falar, depois eu falo, eu espero.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Pode falar, Cleitinho, depois a gente fala.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Até porque a minha é mais uma sugestão, deixa eu te falar...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Sabe por quê? Vamos distensionar, calma. Todo mundo muito nervoso.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - A minha sugestão... Não é briga, não, pelo contrário. A minha sugestão aqui é para a gente ouvir o Padre Patrick.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Isso.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - E eu acho que na próxima Comissão de CPI, na minha humilde opinião, ele deveria participar é de uma audiência pública. Então, eu acho que a gente deveria fazer uma audiência pública, numa Comissão temática, para chamar outros influenciadores. Aqui, pelo tempo que a gente tem, que é até 12 de junho, como a Soraya colocou, a gente tem que trazer aqui são os donos das bets.
Sobre a questão da Comissão de Ética - a própria Soraya disse em entrevista que não quer acordar com a boca cheia de formiga -, ela mesma pode levar na Comissão de Ética e colocar os nomes desses Deputados ou Senadores...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Não só a Comissão de Ética, querida...
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Estou aqui para ouvir.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - ... com a polícia, pelo amor de Deus, tem polícia para isso.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Pronto, acabou. Eu acho que a gente está aqui para ouvir.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - A polícia não descobriu o roubo do INSS, não descobriu essas coisas? Descubra essas coisas...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Eu já mandei para a polícia, já falei com o Dr. Andrei, tá?
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Pronto, acabou.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - A Polícia Federal já sabe os nomes.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) - Então, a gente tem até o dia 12 de junho para acabar a CPI. Então, o que eu peço aqui, se for para trazer outros influenciadores, vamos fazer audiência pública. E agora, na CPI aqui, vamos trazer realmente quem que a gente precisa incriminar.
Muito obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Olha, deixa eu dizer uma coisa para vocês. Eu sou o Presidente da Comissão de fiscalização, controle e transparência. O que vocês precisarem lá, eu fico muito à vontade. Vocês sabem do meu trabalho lá, trabalho com absoluta tranquilidade. Tenho convidado quem tem que convidar, tenho convocado quem tem que convocar, e todo mundo tem ido e prestado esclarecimento. Tranquilo, sem grito, não adianta a gente gritar. Aqui é a Casa da argumentação e do convencimento, no grito aqui a gente não vai ganhar nada, não é verdade?
Então, eu quero aqui, só antes de voltar, porque agora é a hora da nossa... A Relatora foi dando a palavra para todo mundo e ela ficou por último. Ela era para falar primeiro.
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Mas eu queria dizer que nós fizemos 19 reuniões, temos 301 requerimentos aprovados, incluindo quebra de sigilo, informação bancária e fiscal de instituições, cópias de inquéritos policiais, ofícios. Nós temos um arsenal, um arsenal documental extremamente robusto para a senhora fazer um relatório muito consubstanciado, porque não é chamar aqui, a senhora sabe o que acontece através dos relatórios de inteligência financeira, essas coisas, não é isso? Então, não adianta a gente ficar aqui com essa gritaria: "Chama fulano"; ou eu digo: "Chama o jogador tal, chama o fulano, chama o cantor tal". Isso não vai resolver o nosso problema porque a gente sabe, através dos relatórios, como as coisas acontecem e nós sabemos quem é quem, quem é que é dono da empresa tal, quem é o laranja da empresa tal, a gente sabe tudo isso; é só ela fazer o relatório e ela vai apresentar aqui para vocês.
Eu vou passar a palavra para ela, Marcos...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Sr. Presidente, a palavra estava comigo.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu só queria, sabe o que é... Senador Girão.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu queria só, Senador Marcos Rogério, rapidamente... Eu fui citado aqui, inclusive, e eu quero dizer para a Senadora Soraya...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Agora, eu queria, Senador, à guisa de nós continuarmos nesse caminho...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Nesse rumo...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - ... nesse rumo...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas eu tenho que fazer uma contradição...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Pois não.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... eu tenho que contraditar porque isso é público, Senadora Soraya, não fui eu que disse.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - O que é público?
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O que é público? Saiu na revista Veja. Inclusive, eu, dentro aqui da CPI...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Eu já ouvi coisas sobre o senhor, públicas, também em revista...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ótimo, então...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - ... questão de INSS, de não sei o quê, e eu nunca fiquei falando e...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - De INSS? De quê? Que INSS?
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Por favor, eu vou restaurar a ordem nesta Casa, espere aí. Eu não gosto de fazer isso.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Deixe-me contraditar, não vamos bater boca. Deixe-me contraditar.
Eu estou querendo buscar a verdade aqui, estou falando por mim. Esse requerimento é com base em uma matéria gravíssima da revista Veja, que é pública. E esse tal de lobista que é citado na revista Veja, que teria relação aqui... Eu sempre tento evitar, muito pelo contrário, falar o nome da senhora ou o nome de outro Senador. A senhora é que chegou na última audiência aqui da CPI e disse: "Sou eu".
Então, o que eu quero dizer para a senhora é o seguinte: eu estou fazendo o meu trabalho, estou aqui pedindo para colocar o requerimento desse Sr. Silvio, para entender a relação...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Está aqui.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Está aqui. Está certo.
E eu quero dizer para a senhora o seguinte, que é fundamental que esta Casa avalie isso. Não é questão de Comissão de Ética entre Senador e Senador, não; é uma questão aqui desta CPI porque o trabalho da CPI foi prejudicado porque, segundo a senhora colocou, a sugestão da senhora é o dono do tigrinho, que teria sido esse empresário que teria sido extorquido.
Então, o que a gente precisa fazer? Restaurar a credibilidade desta Comissão. A partir do momento em que a gente chamar esse senhor que quer vir aqui, que quer vir fazer o depoimento... Sr. Presidente, só para concluir, ele quer vir fazer o depoimento e eu acho que vai esclarecer tudo. Isso é fundamental para que não deixe isso...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu já falei mais de uma vez, não vou repetir mais: isso foi uma denúncia, foi pública. Eu falei que a Polícia Federal deve investigar essa questão.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Que eu levei.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Ela levou, então...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Eu levei a reportagem da Veja para a Polícia Federal.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Foge do escopo desta CPI. Acabou.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) - O Senador Alessandro Vieira também.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Eu levei.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O Senador Alessandro Vieira também fez um ofício.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - E ele só vai ser apreciado porque eu subscrevi, porque o senhor não é membro.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu sei da sua boa vontade...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Então, está tudo certo, chega.
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O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu sei da sua boa vontade.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Então, vamos...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - A senhora podia estender a CPMI...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu vou... É porque desde o início, ela chegou aqui cedo...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Eu vou sair...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Meu querido amigo...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - O senhor me perdoe. Deixe-me só fazer uma...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Sabe o que que é? Ela, com toda a generosidade, passou a palavra para todos os Senadores fazerem as suas questões...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Deixe ela me ser uma generosa...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - A senhora permite?
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Trinta segundos...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Trinta segundos.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Trinta segundos.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Pela ordem.) - Eu não vou... Com todo o respeito ao Padre Patrick Fernandes, eu não vou ficar na Comissão hoje para tomar depoimento de alguém que é influenciador, por mais que a pauta seja, nesse caso, diferente das anteriores.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) - Um influenciador do bem.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Do bem, é do bem. Eu acho que o trabalho dele é positivo, é maravilhoso, mas eu vi o que aconteceu. Eu não estava na sessão passada aqui, e aquilo é um desserviço ao Senado Federal, o que aconteceu com os influencers que estiveram aqui. Eu acho que o nosso foco é apurar crime - apurar crime. O cara que se utilizou de meios para ir lá fazer propaganda e tal, enfim, é um erro moral, é uma questão moral e que, enfim, é problema dele. Agora, aqui há um núcleo criminoso. E aí o apelo que eu faria à Relatora, ao Senador Presidente, se nós só temos três semanas e não vai ser possível colocar para sentar na cadeira para tomar depoimento aqueles que são peças-chave aqui, então o que nós temos que fazer é aprovar os requerimentos de quebra de sigilo...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - É isso.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - ... de relações... de informações financeiras, tudo para poder pelo menos permitir à Relatora ter a instrumentalização material.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Estão na pauta vários RIFs, na pauta.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Isso, porque aí, sim. Senão nós vamos chegar ao final e não vai ter nenhum relatório aprovado.
Então, assim, eu acho que a vinda do Padre aqui é importante do ponto de vista de divulgar aquilo que... os males que isso causa, do uso da tecnologia, do impacto emocional, tudo isso. O trabalho dele é fantástico. Mas, para o que nós estamos tratando aqui de CPI e de crime, porque o ponto para mim aqui é o crime - lavagem de dinheiro...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Lavagem...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - ... crime organizado capturando esse segmento, os meios de pagamento, o que é uma pouca vergonha, que é um troço que ninguém controla, Cleitinho. Banco Central não sabe o que acontece, Receita Federal não sabe o que acontece, e bilhões, e bilhões, e bilhões, e bilhões... E aí, as pessoas com vícios, com ludopatia, com famílias perdendo o poder de compra, perdendo as condições de comprar um remédio para tomar.
Então, assim, para mim o foco da CPI tem que ser o crime, e não...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Ontem era para ter vindo a Pinflow... Pinbank! Pinbank, Pinbank... E aí a enrolação está no exterior e não sei o quê.
Então, a agenda, quem determina a agenda é o Presidente. Eu não tenho esse poder. Temos inúmeros requerimentos aprovados, há RIFs chegando, nós precisamos de tempo para leitura desses RIFs, para análise desses RIFs. Enfim, nós estamos trabalhando com afinco, mesmo diante de tanta adversidade.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Esse é o caminho, Presidente. Eu acho que não adianta ficar mais aprovando mil coisas.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Mas é bom aprovar.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Tem que aprovar aquilo que é o foco. Não, pode aprovar, mas há convocação...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Tem RIFs aqui hoje. Vai dar tempo de chegar.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Não dá tempo de convocar mais ninguém. O ponto agora é pegar as informações financeiras, porque o ponto, assim, é o follow the money antigo, a velha... O caso Watergate como referência de novo. Se nós temos condições instrumentais de buscar essas informações e a CPI não será prorrogada para se aprofundar na investigação, porque tem gente jogando com o tempo...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Claro.
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O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Tem gente jogando com o tempo. Agora, nós podemos usar as ferramentas que temos para buscar as informações, que são informações que estão lá - é só aprovar aqui e buscar -, para que o relatório pelo menos nos dê, no final, uma condição pelo menos de dignidade e de respeito.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - É engraçado, depois que... Olhe, eu até fui ao banheiro, desculpe-me, não foi falta de atenção sua, foi a premência de ir ao banheiro, mas eu ouvi. E depois que as coisas acontecem, depois que a gente vai vendo as coisas, é muito fácil a gente vir aqui e dar o diagnóstico. Depois que a gente tem um exame clínico bem-feito, é fácil para eu dar diagnóstico, mas, quando se está lá no afogadilho, assim, é difícil. Vou lhe explicar.
Você sabe por que isso aqui? Porque nós aprovamos essas bets e depois ninguém regulamentou nada, e todo mundo começou a fazer...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Com o meu voto contra.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Houve um... Houve um...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Eu não votei a favor disso.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu estou dizendo assim...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu também votei contra.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Fora do microfone.) - Eu também.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Houve um vácuo legislativo e todo mundo se aproveitou. O que nós estamos fazendo agora, aqui? Nós estamos tentando corrigir os erros, acabou. A gente sabe que em meio de pagamento tem coisa errada, tem evasão de divisa, tem gente que usa...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Tem que ser rastreável, tem que rastrear...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - A própria Receita Federal já veio aqui e disse assim: "Olhe, nós não temos como controlar".
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - O Banco Central já veio aqui e não sabe... Quer dizer, nós precisamos resolver essas questões.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Não adianta a gente ficar batendo boca sobre se teve isso e tal. Extorsão é na polícia, pelo amor de Deus! Eu não vou ficar aqui batendo boca. O cara vai dizer assim: "Olhe, o cara cobrou, ou não cobrou...". Eu vou passar o dia todinho ouvindo...
Agora nós estamos aqui, há mais de meia hora. A oitiva do Padre foi muito marcante, ela vai ter uma repercussão muito grande. Ele foi muito claro em relação aos danos que os influenciadores causam às pessoas, porque os influenciadores usam esses negócios, demo, aí para dizer que eles estão ganhando sempre, estimulam as pessoas. Quer dizer, foi muito importante! E nós perdemos aqui mais de 40... Estamos há quase 40 minutos falando de coisas que não vão acontecer aqui, jogando para a torcida. Eu não gosto de jogar para a torcida, eu não gosto, Soraya!
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Eu também não.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Você sabe, eu sou seu médico, sou seu oftalmologista; já lhe operei, já operei seu marido. Então, você conhece. Eu não gosto... "Vai ser assim, vai ser assim, vai ser bom, vai doer, dói, vai doer...", é assim. Eu não gosto de ficar aqui conjecturando sobre as coisas. Respeito muito aqui. Eu acho que cada um aqui também tem o lado político, está colocando as coisas para o seu eleitorado, para a sua... enfim para a opinião pública que ele acha que é importante. Isso aí é de cada um, mas eu espero que a gente volte aqui ao foco.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Hã-hã.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - E aí, eu me sentei aqui com a Soraya e falei: "Soraya, nós temos um monte de... Vamos embora dar prioridade à coisa que a gente acha que deve ser prioridade para lhe ajudar. Beleza. Está bom?". É isso.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - É isso.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu quero aqui... Eu vou voltar...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu tenho umas perguntas para fazer.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu vou voltar ao Senador Girão para fazer especificamente perguntas.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS. Fora do microfone.) - Não, eu quero fazer. Eu não tenho espaço, eu preciso sair.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Agora ela não está lhe concedendo espaço, ela tem a prerrogativa, porque ela deu espaço para todo mundo. Então, eu passo em seguida ao senhor.
Senadora Soraya, por favor.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS. Como Relatora.) - Apenas para terminar, a vítima, eu sou uma das vítimas desse burburinho de calúnia e difamação. Eu sei de onde veio o tiro, e a maioria dos Senadores sabem, mas eu não sou obrigada a ficar falando aqui. Eu falei para quem eu devo falar, para a polícia. Então, já está encaminhado - durma sossegado -, mas ninguém vai ficar, ninguém vai servir de... Eu não vou servir de escada para ninguém; ficar o dia inteiro colocando meu nome aí, meu nome nessa penumbra. Não aceito, não aceito! Então, se alguém tem algum problema em alguma situação, vá para o Conselho de Ética! Enfim, isso é de suma importância. Não quero, Senador Girão, meu nome ou que o senhor mencione o meu nome em relação a isso, porque nós vamos ter problemas - nós dois! Aí nós vamos ter que conversar, atravessar a rua para conversar! E a rua é STF.
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Bom, Padre, muito obrigada pela sua presença, foi de extrema importância para a população. Eu sempre digo que a CPI, Padre Patrick, tem um condão pedagógico muito importante. Muita gente diz: "Olhe, não vamos abrir a CPMI do INSS, porque a polícia já está investigando e tarará, não é necessário". Sabem por quê? Primeiro, que nenhuma investigação exclui a outra, não existe isso, nenhuma investigação exclui a outra. E, ademais, a CPI tramita assim, com reuniões públicas, o que não acontece nos inquéritos, o que não acontece no Judiciário, em que tramita a maioria dessas questões em segredo de justiça. Então, nós não conseguimos alertar a população. Como esse problema é um problema de saúde pública, nós estamos conseguindo a adesão da população. E, com isso, nós temos influenciadores contra. Tem gente aqui, Padre... E todo mundo... Eles estão agradecendo! Nós estamos realmente colocando luz no problema e fazendo o trabalho contrário: desinfluenciando as pessoas a jogarem.
Aqui, eu nunca pensei que eu fosse... É porque eu sou uma pessoa... Eu sou liberal na economia, eu desejo sucesso e prosperidade para todo mundo, mas para as bets, para o jogo eu desejo insucesso, eu desejo que elas quebrem!
E essa corrente que nós despertamos vai continuar mesmo após a CPI. Podemos, sim, continuar ouvindo influenciadores, convocando por meio de outras... Não é pelo fim da CPI que esta investigação vai acabar, porque o nosso poder de fiscalização continua, e o nosso dever de legislar continua.
Eu gostaria, Padre Patrick, de ler alguns relatos, vou ler pequenos relatos, principalmente porque eu imagino até que o senhor já esteja cansado, e nós não queremos cansá-lo. Olhem só aqui. Eu gostaria que o senhor ouvisse - de repente, deve ser mais ou menos nesse sentido que o senhor ouve os seus fiéis, às vezes até no confessionário, pessoas que estão confessando que estão se sentindo em pecado. Olhem só. "Escrevo...". Algumas pessoas não permitiram a divulgação de seus nomes, outras, sim; então, aqui é um anônimo:
Escrevo com as mãos trêmulas, os olhos marejados e a alma rasgada em pedaços. Talvez, ao fim desta carta, eu recupere algo: minha voz. Uma voz calada em meio ao ruído ensurdecedor das apostas online, da promessa de enriquecimento instantâneo que me empurrou para o abismo mais escuro da minha existência.
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Próximo, uma pessoa falando sobre o início do vício. Isso aqui é, assim, em todos os meus canais, todos os dias. A minha chefe de gabinete me ligou, dias atrás, chorando, porque atendeu telefonemas e pessoas estavam chorando desesperadas um dia depois da oitiva dos influencers.
A pessoa disse o seguinte: "Comecei por curiosidade. Joguei R$ 10 no 'tigrinho', ganhei R$ 30 - uma descarga de dopamina que me fez sorrir sozinho. E ali, naquele instante, o anzol foi lançado e eu mordi a isca. Em poucas semanas, as apostas estavam no topo do meu celular, abrindo automaticamente. Jogava escondido no banheiro do trabalho, no trânsito, de madrugada, ao lado da minha esposa".
Falando sobre isso, nós vamos aprovar agora a Jéssica, a oitiva da Jéssica, cuja irmã se matou em dezembro do ano passado. Quando a irmã atentou contra a própria vida, a família não tinha ideia do que poderia ter acontecido; depois ela conseguiu... investigando e olhando os dispositivos - o telefone, o computador - da irmã, ela pegou um áudio e soube que a irmã estava endividada e se matou por causa disso.
Ela abriu uma ONG...
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Fora do microfone.) - Soraya, esse jogo era qual... que ela estava jogando?
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Não sei, era tigrinho também? Não lembro o da Jéssica. A Jéssica virá independente da CPI, porque o que nós estamos fazendo aqui é a favor das famílias brasileiras, e não nos concentrando em... Quando a gente muda a nossa concentração e está tudo certo em relação a outras investigações, nós estamos atrapalhando e fazendo mal às famílias brasileiras, porque isso aqui é uma oportunidade. Então, a Jéssica virá dar o seu testemunho.
Na ONG dela, os números são alarmantes, e ela passou a ajudar essas pessoas vítimas do jogo. Então, vai ser uma oitiva muito interessante.
Eu vou para mais uma, padre e quem está aqui.
Escalada da destruição: “Perdi tudo: mais de R$ 200 mil, [perdi] minha esposa, meus filhos e minha paz. Vendi o notebook do trabalho, o videogame da minha filha, penhorei o carro da família. Peguei empréstimos de amigos e adiantamentos no emprego. Tudo para alimentar a máquina que nunca se sacia”.
Agora uma de impacto familiar: “Minha filha de oito anos me viu quebrar o cofrinho dela [...] [tirar, furtar... Furtar, não, porque ela viu, mas praticamente roubar o dinheiro dela, para jogar], e [...] [a minha filha] não entendia por quê. Minha esposa começou a dormir em outro quarto, me olhava como um estranho. Eu me tornei um espectro de mim mesmo”.
As pessoas escravizadas, Padre, estão ligando, estão entrando em contato para pedir socorro.
Aqui o fundo do poço: “Numa madrugada, depois de perder o dinheiro do aluguel, sentei-me à mesa com uma faca no pulso. Pensei no silêncio que viria. Foi então que ouvi uma notificação: minha filha mandou um áudio dizendo, ‘Pai, fiz um desenho para você. Eu te amo’. A faca caiu da minha mão. Aquele foi o meu ponto de virada”.
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Agora um relato sobre o papel da CPI: "Quando assistia à Senadora Soraya Thronicke e aos Senadores falando sobre a CPI das Bets, senti pela primeira vez que alguém me dava esperança. Essa CPI não é apenas investigação: é um resgate de vidas silenciadas”.
Aqui, um apelo final: "Eu não sei onde estarei daqui a um mês, mas tenho esperança. Porque alguém no Senado não se calou [alguém ou 'alguéns', tá?]. Sua coragem em enfrentar essa máquina milionária é um ato de humanidade. Obrigado [a você e a todos os Senadores] por ser um farol na escuridão de milhares”.
Outro: "Prefiro ficar anônimo pela vergonha, mas peço que este depoimento seja lido em plenário. Que a voz de quem perdeu tudo ajude a salvar outras famílias".
E aqui, o último que eu vou ler - nossa, tem tanta coisa...
Eu vou escolher...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Tigrinho e aviãozinho. Tá?
Eu dormia e acordava jogando, deixava de viver momentos em família para ficar jogando, deixava de pagar contas para jogar, na esperança de multiplicar o valor - e aí perdia tudo.
Recebendo um salário mínimo e alguém me apresenta uma casa de aposta onde eu ganharia mil reais em poucos minutos? Tentador demais... e foi assim que eu me viciei.
Hoje, convivo com a ludopatia, estou cheia de dívidas, com o nome negativado. Quase perdi meu casamento. Sinto que perdi a minha dignidade.
Aqui, uma professora, Profa. Débora J. Lopes, da rede pública de ensino. Ela contou o que vem acontecendo na escola, e o Secretário de Educação do Mato Grosso do Sul, o Secretário Hélio, me pediu ajuda, porque está uma pandemia nas escolas, e nós fizemos muito bem quando nós proibimos o celular dentro da sala de aula, e tinha gente querendo que nós deixássemos para o terceiro, o ensino médio... O pessoal diminuiu o tanto que jogava.
Porque é muito fácil ficar ali, o professor está falando, e a pessoa está jogando. Pelo menos eles ficam no período escolar sem jogar.
A Profa. Débora disse o seguinte: "Uma mãe desapareceu após se envolver com apostas [a mãe do aluno desapareceu], deixou um filho de 10 anos aos cuidados de uma idosa. Até hoje não [...] [sabemos] se [ela] está viva [ou morta]".
Acredita-se que com muita gente tem acontecido isso porque está devendo para agiota.
"A avó, sensibilizada, contraiu empréstimos consignados em seu nome para tentar quitar as dívidas deixadas [...] [por essa] filha [desaparecida]".
Outro caso que a Profa. Débora relata: "Um neto gastou, em menos de um mês, todo o dinheiro da venda da casa da avó em apostas online. A senhora descobriu, tarde demais, que estava sem teto".
Aqui outro.
Apelo à CPI e às autoridades.
Por muito pouco eu não tirei a minha vida. Peço que a senhora leve [aos demais Senadores, leve] adiante essa investigação, e não ceda. Precisamos de uma solução. Precisamos que o governo olhe para o povo e não permita que algo continue destruindo milhares de famílias.
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Senadora, confio no seu trabalho [confio no trabalho dos membros da CPI]. Que Deus a abençoe e que o trabalho da CPI continue com coragem e justiça - e que haja mudança.
Eu tenho um muito longo aqui, mas é de uma pessoa de Campo Grande, da minha cidade. Ela disse o seguinte - ela perdeu mais de R$1 milhão em jogos de azar -: "Para tentar coibir os prejuízos, eu precisei vender a minha casa, meu carro e contrair dívidas que ultrapassam 500 mil, boa parte, com agiotas. Desesperada e sem ver saída, tentei tirar minha própria vida três vezes. Na última tentativa, meu marido descobriu tudo. Foi graças ao apoio dele que comecei a me reerguer. Ele negociou com todos os credores, inclusive os agiotas, e hoje estamos juntos tentando reorganizar minha vida. Também iniciei tratamento psicológico e sigo lutando um dia de cada vez. O vício em jogos destruiu minha saúde mental, minha estabilidade financeira, minha dignidade, quase tirou minha vida. Não desejo a ninguém o que vivi. É uma prisão invisível. No início, cheguei a ganhar muito, entre R$30 e 40 mil por dia, mas eu não sacava nada. O que me dominava era a adrenalina de perder. Sentia um estranho alívio quando o dinheiro acabava. Essa é a armadilha silenciosa do vício. Um dos momentos mais dolorosos para mim foi quando gastei em apostas o dinheiro que havíamos guardado, economizado, com tanto esforço, para realizar o sonho das minhas filhas: uma viagem especial para comemorar os 15 anos delas. Planejamos isso o ano inteiro. Quando percebi que eu tinha destruído os sonhos das minhas filhas e vi a tristeza nos olhos delas, foi como se a realidade me atingisse com força. Foi nesse momento que finalmente reconheci que eu estava doente. Hoje estou em recuperação e peço encarecidamente que olhe com atenção para essa realidade".
E quero lembrar mais uma vez: o que o Rico Melquiades disse aqui foi muito grave. Ele disse que jogava para acalmar a sensação de ansiedade. "Acalma a minha ansiedade, muita gente sente isso". Eu adverti o depoente. Por quê? Porque as pessoas que estão assistindo apenas a cortes podem achar que isso alivia a ansiedade, se sentirem representadas ali naquele influenciador.
Quando você estiver ansioso, vá procurar um psiquiatra, vá fazer terapia. Eu uso ansiolítico. Não tenho vergonha. Que essa minha... Que eu consiga influenciar ao menos um pouco, não como os influenciadores.
Se nós nos unirmos, Cleitinho, vamos quebrar essa gente.
Então, Padre, muito obrigada. Queremos continuar ouvindo o senhor. E que o senhor não perca esse contato aqui conosco, porque esse trabalho, mesmo após a entrega do relatório, da aprovação, vai continuar. Isso virou um tema da minha vida. E não é à toa que eu estou passando por calúnia e por difamação; é porque nós estamos tratando de gente perigosa, de gente com poder, com muito dinheiro, mas que achava que eu seria fraca, que achava que ia conseguir me conter. Venderam - venderam - para donos de bets que conseguiriam fazer com que eu parasse.
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Ninguém vai me parar, e eu tenho certeza de que ninguém vai parar essa CPI. Absolutamente ninguém! Eles fracassaram no intuito, e vão continuar fracassando, porque são uns fracassados mesmo, de alma, de tudo.
Enfim, devolvo a palavra, Sr. Presidente, e agradeço.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Obrigado, minha querida Senadora Relatora desta CPI, Soraya Thronicke.
Eu quero também aqui fazer uma referência à presença de alguns Vereadores do meu Estado de Roraima que estão aqui. Eu falei de Rorainópolis, eu falei do que está acontecendo lá, esse drama dessa perda de subsistência das pessoas por conta dessa jogatina. Nós estamos aqui com o Marcinho, que é o Presidente da Câmara de Vereadores, o Dr. Davi, Evangelista Paulinho, João Filho, Raquel Genelhú, Rildo Costa, Professora Isneide e Andrea Gomes. Sejam muito bem-vindos a esta CPI.
E eu quero aqui passar agora a palavra para...
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Só gostaria de pedir - eu preciso sair - se o Senador Izalci pode ficar no meu lugar. É meu relator ad hoc. Eu gostaria de pedir, por fim... Eu preciso sair, eu tenho compromisso no Palácio do Planalto.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Fique à vontade.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MS) - Só quero pedir, Padre, que nos abençoe, ore por nós, ore para que essas almas penadas que querem, para subir, nos usar de escada, para subir nos seus likes, mas nos puxando para baixo, que encontrem a consciência, que encontrem o caminho da luz. Eu conto com as suas orações, eu e todos nós aqui, e vamos continuar ajudando essas pessoas. Obrigada, Padre.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Obrigado, Senadora Soraya.
Eu quero passar a palavra ao Senador Girão, para fazer as perguntas ao nosso convidado.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Muito obrigado.
Só antes de a Senadora Soraya sair, se ela puder me ouvir dois minutos, quero dizer o seguinte, Presidente, que eu não vou desistir. Eu vou brigar por esse requerimento, é uma prerrogativa, é para buscar a verdade, eu não envolvo nomes, e eu acho bacana a capacidade de reflexão da Senadora Soraya, porque a Senadora Soraya... E eu acredito, Senador Cleitinho, na capacidade de reflexão de cada um, cada ser humano. Então, essa tragédia que a senhora acabou de ler, Senadora Soraya, de tantas famílias que estão aí perdendo os seus entes queridos, é a nossa dor, é uma dor minha, dor sua, dor de todo mundo. Eu votei contra essas bets, e outra coisa, fiz várias emendas para acabar com esse tipo de coisa.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Senador Girão, se começar a demorar muito, não vou nem votar nenhum requerimento desse aqui, porque a gente está perdendo tempo aqui.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Não, é só para...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Por favor.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Nós vamos votar. É só para... É só para...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Faça a pergunta ao nosso convidado, por favor.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - É só para justificar que nós estamos juntos nessa luta para acabar. Por mim, dá para acabar. Mas, enfim...
A CNBB, Padre, já se manifestou abertamente contra a jogatina, inclusive com duas notas muito fortes, seja bets, seja cassino, bingo, jogo do bicho, em espaços físicos. Um projeto absurdo que pode ser votado no Senado! É importante que as pessoas compreendam. Não sei se é por acaso que querem acabar essa CPI logo, porque está esse projeto prestes a ser votado, de bingo e cassinos no Brasil. Então, eu pergunto para o senhor, com toda essa tragédia das bets, esse posicionamento da CNBB, como o senhor vê essa coragem de uma instituição tão importante, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, em ter se posicionado com relação à jogatina, aos jogos de azar no Brasil?
O SR. PATRICK FERNANDES (Para expor.) - Eu vejo que a CNBB é uma voz profética no nosso país. Assim como o Vaticano está para o mundo, como voz profética, a CNBB está aqui para o país, porque ela representa aqueles que mais precisam, os preferidos de Deus, que são os mais simples. Aquilo que a CNBB está fazendo, na pessoa de todos os bispos ali - e eu vi as notas, são unânimes, né? Todos eles assinaram essa nota -, é ser, neste mundo sombrio e escuro, essa voz que não silencia. É aquilo que vocês estão fazendo.
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Eu acho que o critério para a gente saber se nós estamos no caminho certo é quando a gente passa a incomodar. As coisas que vêm de Deus, que são de Deus não são fáceis de verdade. É por isso que talvez vocês estejam enfrentando tantas dificuldades, tantos empecilhos, tantos obstáculos, porque a gente vai ter que passar por essas dificuldades. Então, a gente não pode se silenciar mesmo que a maioria esteja contra a gente.
Como o Senador Cleitinho estava dizendo, existem estruturas que são poderosas demais, que querem manter esse tipo de aposta, de jogo, estruturas que dominam a TV, programas de televisão e tudo o mais, mas não é por conta disso que a gente precisa se silenciar. Então, a gente tem a oportunidade de ser voz profética, de denunciar. O profeta é aquele que denuncia. Então, aquilo que vocês estão fazendo - e eu estou aqui para isso também e a CNBB - é denunciar aquilo que está ferindo a dignidade da pessoa humana, está ferindo... Basta a gente ver esses relatos todos aí que foram lidos pela Senadora.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Perfeito.
Como o senhor falou, cada vez mais pessoas estão jogando, destruindo famílias, finanças. Como padre, mas também como pessoa que tem influência nas redes sociais, qual o seu testemunho sobre os influencers que fazem propaganda das casas de apostas?
Queria ouvi-lo sobre isso, porque a gente ouviu aqui alguns influencers, muitos até ficaram de refletir - e eu acho isso muito importante - depois dos dados que nós trouxemos sobre suicídio, sobre o que está acontecendo. E muitos... Ficou uma coisa, uma penumbra aqui. Ganha-se com a desgraça alheia, no aspecto até de ganhar sobre a perda do dinheiro. Eu lhe pergunto: o que o senhor pensa sobre essa atividade que é ganhar dinheiro mesmo sabendo que pode estar empurrando a pessoa para o abismo?
O SR. PATRICK FERNANDES - Eu gostaria muito de pensar que existe uma inocência, mas não é essa a realidade. Eu não acredito que nenhum deles é inocente a ponto de achar realmente que aquilo possa trazer alguma vantagem. Eu acho que todos têm plena consciência daquilo que estão fazendo e do mal que estão causando também. Mas, infelizmente, a cultura do dinheiro e do ter fala muito mais alto e isso acaba seduzindo, né? Eles se deixam levar. Eu não estou aqui citando A ou B, até porque eu não costumo acompanhar muito.
Mas a gente enalteceu aqui também que tem tantos que se colocam numa posição muito contrária e que não se deixam vender; pessoas que falam abertamente sobre isso também. Eu não sou o único que está falando sobre isso. Existem outras pessoas que também têm uma influência, que têm voz nesse meio e que, graças a Deus, estão se colocando contra.
E eu acho que o trabalho de vocês aqui - eu falei sobre isso - joga uma luz sobre tudo isso mesmo. Então, mais e mais pessoas talvez estão começando a repensar: repensar por que estão arrependidas - a gente torce para que seja isso mesmo - ou mesmo que seja repensar pela vergonha e pela exposição, porque, não sei se vocês viram, a moça que veio aqui perdeu, depois que ela esteve aqui, 500 mil seguidores. Para alguém que está nesse meio, 500 mil seguidores é um número significativo demais. Então, assim, algo está sendo feito, e isso é positivo, isso é bom. Então, se as pessoas não estão repensando pelo arrependimento sincero e honesto - porque, como homem de Deus, eu acredito na conversão, eu realmente acredito que uma pessoa pode mudar a conduta da vida -, talvez comecem a repensar pela vergonha e pela exposição de estarem ligadas a algo que é tão nocivo, que é tão prejudicial e que tem causado tantos danos.
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O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Perfeito. E nós temos o lado bom também - né? -, que é, por exemplo, já me encaminhando para a última pergunta, com relação ao Filipe Luís, que é o técnico do Flamengo, que fez o caminho inverso, que chegou lá e disse que teve propostas de muitas bets para fazer propaganda, mas ele recusou. E disse que o mal que aquilo faz às pessoas jamais permitiria que ele fizesse isso. Então ele foi, como o senhor está sendo também, um movimento diferente da maré. Isso é muito importante. Eu quero parabenizá-lo.
A pergunta final é... Certamente o senhor conhece a teologia e a palavra de Deus que consta no Evangelho. Eu pergunto: em algum momento a Bíblia, em alguma passagem de Jesus, trata dessa questão da jogatina, do jogo de azar, de aposta? É uma dúvida que eu tenho, porque é uma causa que me toca muito essa contra o jogo. Como foi colocado pela Senadora, eu sou um ardoroso defensor da vida desde a concepção, contra o aborto. Isso nós temos muitas passagens, como "Deixar vir a mim as criancinhas" e tantas outras do Evangelho. E também a questão de droga, a legalização de maconha, de outras drogas, isso aí é muito pernicioso para a sociedade. E eu também defendo contra. Mas eu lhe pergunto: com relação ao jogo de azar, tem alguma passagem, alguma parábola, algo que, na época de Jesus, ou de Francisco, de Paulo, nós tenhamos alguma mensagem para nos orientar neste momento de sombras?
O SR. PATRICK FERNANDES - Certo.
Senador, antes de responder a sua pergunta, eu acho que o Evangelho, se você ler o Novo Testamento, assim, e o ler por inteiro, você vai perceber que é uma defesa da pessoa humana. Jesus a todo momento se colocava a favor e principalmente do lado daqueles mais marginalizados: das mulheres, dos pobres, dos doentes. Então o Senhor valorizava o dom da vida. Nós estamos falando aqui sobre a dignidade do ser humano, da vida humana. A Igreja, o Evangelho, a Sagrada Escritura vão denunciar tudo aquilo que é contrário à integridade da pessoa humana. É evidente que não vai ter explícito Jesus falando sobre casas de apostas, porque são contextos e realidades diferentes. Mas me vem muito, por exemplo, uma passagem do Evangelho de João, 10, 10: Eu vim para que todos tenham vida, e tenham vida em abundância, vida plena.
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Pessoas que estão vivendo estas patologias relacionadas ao vício, que estão vivendo a fome por conta do vício, que estão endividadas por conta do vício, pessoas que estão machucadas emocionalmente por conta do vício, estão com a vida ferida, marginalizada. É um dever, portanto, nosso, da Igreja, de todo cristão - eu falei isso na minha rede social -, não é porque eu sou padre... Santo Agostinho dizia isto: "Para vocês eu sou bispo, com vocês eu sou cristão". É porque eu sou cristão. Isso para mim não é motivo de me vai envaidecer: "Ah, eu não aceito fazer divulgação". Não existe orgulho nisso, gente. Acho que é uma normalidade, sabe? É o mínimo. Não mereço palmas por conta disso, de jeito nenhum. Sabe? Eu seria tosco demais, tolo se eu fizesse. Então eu faço mais que a minha obrigação. São Paulo dizia isto, que, no final das contas, fizemos o que deveríamos fazer, que somos servos. Eu não mereço elogios por não aceitar. Talvez elogio, aceito os parabéns que vieram pelo fato de estar contra. É, de falar contra, mas, por não fazer isso, é minha obrigação. Não tenho o que se pensar a respeito disso.
É claro que vocês estão mexendo em uma caixa de maribondo. Desejo sorte a vocês também. Tudo de bom para mim também, porque eu tenho medo de falecer, né? Eu não queria... (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Para concluir, Padre, por favor.
É, porque, ele contou a história, que você chorou por causa da morte dele.
O SR. PATRICK FERNANDES - É.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Graças a Deus não era ele.
Mas para concluir, Padre, por favor. (Risos.)
O SR. PATRICK FERNANDES - Eu concluí.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Bom, nós encerramos aqui.
Antes de encerrarmos esta nossa reunião, vou colocar alguns requerimentos aqui para votação em bloco, que são o 448, o 459, o 460, o 462 e o 463, de 2025.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Pela ordem.) - Presidente, o senhor poderia falar que requerimentos são esses? Pode... Por favor?
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Passe para ele, por favor.
Mas eu queria...
Aqueles que estiverem de acordo, que permaneçam como se acham. (Pausa.)
Aprovados.
Não havendo mais nada.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tem algum requerimento meu ou não foi colocado?
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Não.
A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Presidente Hiran, posso fazer um complemento ao padre?
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Pois não.
A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Pela ordem.) - Eu estava, Padre, comecei na reunião aqui, mas eu tive que presidir a Comissão de Direitos Humanos. Foi uma pauta enorme lá hoje, inclusive instalação de Subcomissão das Mães de Haia. Mas eu não podia deixar encerrar esta sessão sem agradecer ao senhor por ter vindo.
O senhor é uma pessoa amada pelo Brasil, o senhor influencia milhões de pessoas. Sua participação aqui, ela... Tem muitas famílias, tá? Uma audiência, Senador, recorde esta sessão hoje, tá? Eu acho que até mais recorde do que com os outros influenciadores, porque os pais queriam ouvi-lo. Os outros, eram muito adolescentes jovens que queriam ouvir a outra influencer. Hoje os pais, as famílias queriam te ouvir. Obrigado por ter colaborado com esta CPI. Obrigada por ter vindo, se disponibilizado. Reze por nós. Reze por quem faz cross fit ainda aí para correr na rua.
Obrigada por sua simpatia, a forma como o senhor fala de valores com humor. O senhor faz uma releitura do sacerdócio. Nós o amamos. E que esta nação caminhe, Padre, para a gente se livrar do azar. Que uma nação que pautar a sua economia no azar, é uma nação fadada ao fracasso. Que Deus lhe abençoe.
Obrigada por ter aceitado o convite. Chegando em casa, vou passar a noite assistindo esta reunião para ver as suas ponderações, as respostas que o senhor deu às perguntas. Mas que Deus o abençoe. É uma honra o Brasil ter um sacerdote do nível do senhor. Muito obrigada. Que Deus o abençoe.
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O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Poxa, eu quero fazer aqui minhas as palavras da nossa Senadora Damares, que foi a autora dessa ideia do seu convite. Aliás, é uma presença muito importante para nós aqui. Parabéns, Senadora; parabéns a todos que participaram dessa nossa...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Pela ordem, Presidente, rapidamente.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Eu vou encerrar. O senhor me dá licença? Eu vou encerrar porque eu também tenho compromisso...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas deixa só, de acordo com o que a gente ouviu aqui, só um encaminhamento...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Pois não.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Pela ordem.) - Tudo o que a gente ouviu aqui, que foi um presente, a presença do Padre Patrick Fernandes, as cartas que a Senadora Relatora leu... A reconvocação desse dono do tigrinho, eu queria pedir, já que o senhor não colocou nessa pauta, que o senhor coloque na pauta.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Nós vamos ter outras deliberações.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu lhe agradeço.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Nós temos mais de 130 requerimentos aprovados já, tem muito trabalho.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Porque esses são essenciais, sabe? Depois de tudo que a gente ouviu.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Obrigado, Senador.
Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos e convido-os para a próxima reunião desta CPI, com horário e dia a serem oportunamente divulgados pelos meios da comunicação do Senado Federal.
Muito obrigado a todos.
(Iniciada às 10 horas e 51 minutos, a reunião é encerrada às 13 horas e 29 minutos.)