15/07/2025 - 3ª - Subcomissão Temporária para acompanhamento dos preparativos para realização da COP 30

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Texto com revisão

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A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF. Fala da Presidência.) - Havendo número regimental, declaro aberta a 3ª Reunião da Subcomissão Temporária para Acompanhamento dos Preparativos para a Realização da COP 30 da 3ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura, que se realiza nesta data, 15 de julho de 2025, no modo semipresencial, o que faculta aos membros registrar presença e participar remotamente da reunião.
Antes de iniciarmos os nossos trabalhos, eu submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e aprovação da ata da 2ª Reunião, realizada em 27 de maio de 2025.
As Sras. Senadoras e os Srs. Senadores que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
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A Ata está aprovada e será publicada no Diário do Senado Federal.
A presente reunião está dividida em duas partes: uma para a audiência pública e outra para deliberar sobre requerimento.
Na audiência pública de hoje, vamos debater sobre os preparativos para a 30ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30, a ser realizada em Belém, Pará, em novembro de 2025.
Em atenção ao Requerimento nº 2, da CMACOP30, de minha autoria, Senadora Leila Barros.
Eu convido para tomar lugar à mesa o Sr. Valter Correia, Secretário Extraordinário da COP 30. (Palmas.)
E a Sra. Embaixadora e Diretora de Clima e Negociadora-Chefe do Brasil no Ministério das Relações Exteriores, a Sra. Liliam Chagas. (Palmas.)
Agradeço aqui a presença dos dois.
Muito obrigada.
Também foi convidado o Sr. Embaixador Maurício Lyrio, Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, que não pôde comparecer devido à agenda.
Antes de passar a palavra aos nossos convidados, eu comunico que esta reunião será interativa, transmitida ao vivo e aberta à participação dos interessados por meio do Portal e-Cidadania, na internet, no endereço senado.leg.br/ecidadania, ou pelo telefone 0800 0612211.
O relatório completo com todas as manifestações estará disponível no nosso portal, assim como as apresentações que forem utilizadas pelos nossos expositores.
Ao final das exposições, será concedido tempo aos nossos colegas Parlamentares inscritos para fazerem alguma pergunta ou comentário.
A exposição para cada convidado... Está aqui o uso da palavra por até 15 minutos, mas, por favor, fiquem à vontade! É um prazer tê-los aqui conosco na nossa Subcomissão!
Eu vou passar a palavra primeiramente para o Sr. Valter Correia, que é o Secretário Extraordinário para a COP 30.
Seja muito bem-vindo, Dr. Valter!
O SR. VALTER CORREIA (Para expor.) - Muito bom dia, Senadora Leila Barros.
É um prazer estar aqui com vocês, estar aqui numa audiência pública. É sempre importante termos esses espaços para dialogar com esta Casa, com as pessoas que estão nos assistindo, mesmo remotamente.
Queria cumprimentar Senadores e Senadoras que estejam também de forma remota.
Queria cumprimentar minha colega, a Embaixadora Liliam, com quem a gente tem conversado bastante, juntamente com o Presidente André Corrêa do Lago.
Então, muito obrigado pelo convite.
Muito bom dia a todas; muito bom dia a todos. Eu vou reproduzir aqui um briefing que eu fiz em Bonn, de balanço da parte de logística. Talvez, Senadora, passe um pouquinho dos 15 minutos, mas peço já desculpas, porque a gente está fazendo bastante coisa. (Risos.)
Então, eu gostaria de mostrar um pouquinho mais.
Vou tentar ser ágil. Vou tentar ser rápido, na medida do possível, para poder esclarecer o máximo possível, trazer o máximo de informação também aqui para esta Casa.
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É essa aqui mesmo? (Pausa.)
É.
Só está tendo um delay, né? (Pausa.)
Mas enfim...
É para falar um pouquinho sobre a COP, a importância que tem essa conferência. (Pausa.)
Não, pode ir. Pode ir. Obrigado.
Falar da importância que tem essa convenção para o planeta e, obviamente, a embaixadora vai falar bastante sobre isso também.
Nós temos 198 Partes, países - são 197 países, mais a União Europeia -, e se tornou a maior reunião anual do sistema das Nações Unidas, com milhares de participantes. São representantes globais que se reúnem para avaliar o progresso no combate às mudanças climáticas e para negociar as ações conjuntas para mitigar seus impactos e promover a sustentabilidade.
As negociações formais são complementadas por uma grande variedade de eventos, representada por essas Partes, que são esses 197 países mais a União Europeia; as organizações observadoras; os secretariados do órgão da ONU que organizam a COP, que é esse monte de letrinhas aqui; o UNFCCC; e o país anfitrião.
Reúne uma vasta gama de participantes, desde chefes de Estado... Nós teremos a nossa cúpula de chefes de Estado; depois, eu vou passar aqui as datas mais importantes e o momento em que teremos a participação dos chefes de Estado desses 197 países. Esperamos que venha uma quantidade bastante representativa para Belém.
Essa aqui é só para a gente ter uma clareza do que são essas COPs. Como nós estamos falando da COP 30, já tivemos 29 outras COPs já realizadas.
Desde 1995... Aliás, começou um pouco antes, na Eco 92, no Rio 92, quando a gente fez a primeira iniciativa nesse sentido e que depois se transformou nas COPs a partir de 1995. Esses são todos os anos e os países nos quais foram realizadas essas COPs como países anfitriões. A última foi em Baku, no Azerbaijão, que foi em novembro, exatamente em novembro do ano passado.
Os principais resultados anteriores: na Eco 92, foi a largada para essa conscientização ambiental e ecológica; a COP 3, em que nós tivemos o Protocolo de Kyoto, com o primeiramente tratado internacional para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera; a COP 7, em que foi criado o Fundo Especial para Mudança do Clima; a COP 12, projeto de redução de emissões por desmatamento e degradação; a COP 15, em que foi estabelecida a meta inicial de elevação de 2ºC na temperatura média do planeta, e no Acordo de Paris, esses dois foram reduzidos a 1,5°C.
Aqui, os organizadores: então, tem a Presidência da COP; tem a Casa Civil, a Secop, que é a minha secretaria, através da Casa Civil; o Ministério do Meio Ambiente; o Ministério das Relações Exteriores e vários outros ministérios que se envolvem de acordo com a temática a ser desenvolvida; os órgãos da ONU, que são o UNFCCC e a UNDSS, que trata das questões de segurança - são dois órgãos diferentes dentro da ONU; o Governo do Estado do Pará; o Governo municipal, a Prefeitura de Belém; e aí os fornecedores. Do outro lado, os participantes: Chefes de Estado, delegados, empresariado, sociedade civil, imprensa, e outros não registrados.
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O que é essa minha Secretaria? Para que todos possam ter noção um pouco mais clara: ela foi criada em março do ano passado e é um órgão vinculado à Casa Civil da Presidência da República. Foi criada para fazer a coordenação nacional e a preparação da COP 30. Atua com forma de organização interministerial e interfederativa, articulando ações com os ministérios, o Governo do Estado do Pará, a Prefeitura de Belém - mas não só - e outras prefeituras também da região metropolitana, a sociedade civil, o setor privado e organismos internacionais. Serve como um ponto focal entre o Governo Federal e as Nações Unidas.
A COP representa uma oportunidade muito estratégica para o país para reforçar a imagem internacional do Brasil e destacar seu papel nas negociações climáticas, o que tem sido importantíssimo nas últimas COPs. Realizada em Belém, a conferência colocou a Amazônia no centro do debate global, através da decisão do Presidente Lula de levá-la para o centro da Amazônia, lá em Belém, no Pará.
O evento também já impulsionou... Isto é uma realidade que já tem acontecido em Belém e nos outros municípios, nas outras regiões do Norte: já teve um impulsionamento muito forte do turismo, fortalecendo já a economia local como um grande legado e tem gerado benefícios diretos para os setores de serviços, como hospedagem, alimentação e transporte, conectando o desenvolvimento sustentável. Várias obras que estão em andamento hoje, que estão em curso, vão deixar um legado muito forte, não só para a cidade de Belém, mas para toda a Região Norte.
Para isso, obviamente, todos nós estamos trabalhando muito intensamente. A Senadora teve a oportunidade de estar em Belém, numa missão...
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF. Fora do microfone.) - Infelizmente, não...
O SR. VALTER CORREIA - Não foi? Mas vocês estiveram lá, vocês puderam observar que está um movimento bastante intenso. Sei que estão programando uma próxima visita...
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF. Fora do microfone.) - 18 e 19 de agosto.
O SR. VALTER CORREIA - Estarei junto para acompanhá-los.
Eu vou falar aqui, rapidamente, das datas mais importantes: dos vistos, de logística e alfândega, aeroporto e voos, mobilidade, segurança e proteção, saúde, escritórios e pavilhões, alimentação, tradução e interpretação, acessibilidade e hospedagem. Como a gente vê, tem muitas frentes nessa área de logística em que a gente tem atuado fortemente, cada uma delas com os nossos análogos na ONU, discutindo isso lá com eles também.
Nas datas mais importantes, temos a Pré-COP, que vai ser realizada aqui em Brasília, nos dias 13 e 14 de outubro; a Cúpula de Líderes Mundiais, dias 6 e 7 de novembro, em Belém, onde vão juntar todos os Chefes de Estado que poderão estar disponíveis para esse evento; as pré-sessões, que começam no dia 4 e vão até o dia 9 de novembro; e a COP 30 propriamente dita, de 10 a 21, também - todos em Belém, com exceção da Pré-COP, que será em Brasília.
Uma das coisas que tem preocupado bastante os países é a questão do visto para entrada aqui no Brasil. Eles têm muita preocupação de como conseguir esses vistos, se é de forma eletrônica ou não, porque o Brasil nunca teve visto eletrônico, mas foi desenvolvida já uma plataforma pelo MRE para disponibilizar o visto para todos que quiserem vir, de forma gratuita.
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Um e-Visa especial para a COP 30 está sendo implementado gratuitamente com base no credenciamento deste órgão da ONU, a UNFCCC. O portal oficial será lançado nas próximas semanas e poderá ser acessado por esse sítio cop30.br. Os participantes já isentos de visto, obviamente, não precisam solicitá-lo. Todos os participantes credenciados estarão isentos de pagamento de taxas de visto. Os participantes devem iniciar o processo tão logo sejam feitos seus credenciamentos. E uma coisa importante é que não será feita nenhuma emissão de visto na chegada aos aeroportos em território brasileiro; portanto, todos os que necessitam precisam solicitar e emitir esse visto pela internet, gratuitamente.
A logística e a alfândega. Nós temos já a estatal, os Correios, que vão servir como operador logístico oficial do evento. Vai ter um centro logístico dedicado para isso; então, vai estar à disposição dos países também que quiserem fazer transporte de lá, dos seus países para cá, e, daqui, de volta para os seus respectivos países. Os pedidos e solicitações desse serviço poderão ser feitos através do site oficial. Teremos aí uma central de vendas e relacionamento dedicada. Então, é uma das nossas obrigações que entrará no acordo de país-sede disponibilizar algumas empresas para prestação de serviços para os países. Aliás, é o acordo que será também homologado aqui nesta Casa, aqui no Congresso, porque tem uma série de coisas importantes nesse acordo de país-sede que necessita da autorização legislativa.
O aeroporto, quem esteve lá recentemente viu que está em obra já há mais de um ano, através da concessionária. E os voos internacionais diretos para Belém já existem a partir de Lisboa, Fort Lauderdale, Miami, Caiena e Paramaribo. O número de voos, nós estamos em negociação, em tratativas através do Ministério de Portos e Aeroportos para ampliação desse número de voos. De qualquer maneira, nós teremos as opções de conexões internacionais nas nossas principais capitais: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Manaus, Recife, Guarulhos, Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte e Campinas.
A hospedagem, que é um dos maiores assuntos que a gente tem tratado diariamente, quase que diuturnamente...
(Intervenção fora do microfone.) (Risos.)
O SR. VALTER CORREIA - Diuturnamente, não é? Às vezes, eu acordo com pesadelo sobre hospedagem, mas vamos tratando.
Nós estamos com três novos hotéis em fase final de construção. Esse daqui é o que a gente está chamando de Vila Líderes vai ser em frente onde vai ser realizada a COP, vai ser bem em frente! São 406 apartamentos que serão disponibilizados para os chefes de Estado, ministros, enfim, a alta delegação da ONU. Nós temos hoje mais de 28 mil quartos já em estágio bastante avançado de negociação e discussão, o que representa mais de 55 mil leitos.
Temos vários tipos de soluções distintas, não é uma única solução. A rede hoteleira, normalmente nos outros países onde foi desenvolvida a COP, é o principal fator de hospedagem, mas aqui em Belém nós tivemos que achar uma série de outras soluções para além da rede hoteleira.
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Então, nós temos a rede hoteleira. Temos os aluguéis de curto prazo, que são aqueles tipo de temporada feito pelos Airbnbs e Bookings da vida. Temos dois navios com que acabamos de assinar o contrato, são navios de cruzeiro que vão aportar ali em Outeiro, que estão em ampla construção, ampla reforma. E há outras soluções que passam desde leitos em áreas militares, das forças militares, da defesa, até outras alternativas em outras situações que nós estamos também disponibilizando.
Segurança e proteção é uma das áreas em que a gente mais tem avançado desde o início, desde o ano passado. O Brasil vai implementar uma operação integrada de segurança, que foi muito bem planejada e projetada para garantir um ambiente seguro para todas as autoridades e participantes e para toda a população não só de Belém, mas de toda a região metropolitana. E essa operação abrangerá não só a Zona Azul e a Zona Verde, como eu acabei de falar, mas também toda a região, incluindo hotéis, condomínios residenciais e áreas turísticas.
Nós fizemos uma série de oficinas com todas as forças de segurança do país, não só a nacional, mas também estadual e municipal, garantindo segurança aérea, segurança marítima e segurança cibernética, além da territorial. Então, estão envolvidos nisso Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Agência Brasileira de Inteligência, Secretaria de Segurança Institucional da Presidência da República, Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará e cidade de Belém, que estão envolvidos em todos os planos de segurança. Foram mais de dez oficinas com todas essas forças presentes para poder estabelecer a matriz de responsabilidade. Agora estão detalhando os planos operacionais.
Na saúde, todos os participantes também terão acesso à estrutura pública de saúde, que é um dos sistemas mais avançados do mundo, que é o nosso SUS, em situações de urgência e emergência. Belém ainda possui uma ampla rede privada de saúde através de seguro-saúde. Será disponibilizado um aplicativo com contatos úteis e localização dos serviços de saúde. E o Ministério da Saúde também, obviamente, recomenda algumas vacinas, que as pessoas se vacinem principalmente contra febre amarela e sarampo. Sarampo, obviamente, já está erradicado, mas pedimos também que não tragam para nós sarampos alheios. (Risos.) Então, que venham vacinados também para nos ajudar.
O local do evento é este aqui. Para quem não conhece ainda, este aqui é o Parque da Cidade, o que está de fundo, é um antigo aeródromo que foi cedido pelo Governo do estado. Estão fazendo um parque na cidade com 500 mil metros quadrados de área verde. É ali que nós vamos estruturar as duas áreas principais. Há a Blue Zone, que é a Zona Azul, que é onde se dão as negociações e onde o território é considerado da ONU. Está isto também no acordo de país-sede: a gente transfere esse espaço para a ONU. Toda a segurança, toda a logística, toda a articulação lá dentro é deles. E há a área verde, onde teremos também a parte não institucional da COP, onde teremos vários pavilhões e várias representações da sociedade civil.
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Essa aqui é a estrutura que está sendo... Começou já a montagem disso, começou já na semana passada. São, na Zona Azul, 240 mil metros quadrados de área, com 160 mil metros quadrados de área total coberta. Então, é uma estrutura gigantesca, enorme, com muitos pavilhões, com plenárias, com mais de 1,8 mil pessoas; são muitos pavilhões, muitos escritórios para os países; enfim, é uma grande estrutura que já começamos a implementar.
Isso aqui é só para ter uma ideia do que vai ficar de legado também e que já faz parte do Parque da Cidade, que é um centro gastronômico que vai ser utilizado como restaurantes e como área de alimentação para a Blue Zone. Vai ser uma das áreas. São várias outras áreas que estão sendo construídas nessa área.
Aqui é o parque, é uma vista aérea do parque, a parte que vai ser, em especial, da área verde. Isso aqui tudo vai compor a Green Zone, a Zona Verde. Vai ter também várias... São mais de 40 mil metros quadrados de área coberta, e nós vamos aproveitar toda essa parte maravilhosa que está sendo construída, para fazer de fato uma área verde diferenciada das outras COPs.
Alimentação. O Brasil vai garantir uma alimentação saudável, inclusiva e culturalmente diversa, com cardápios que respeitam diferentes dietas e tradições alimentares, inclusive as religiosas, uma série de culturas, enfim, vamos ter que respeitar todas essas tradições. Serão adotados rígidos protocolos de segurança alimentar, com controle de qualidade e treinamento das equipes. Além disso, alimentos, bebidas e água estarão disponíveis continuamente em locais acessíveis. Então, nós vamos ter vários locais com bebedouros, com quiosques, enfim.
Alimentação ainda. Restaurantes com cozinha internacional e brasileira, cafés e máquinas de autoatendimento. E importante: 40% das opções de alimentação serão vegetarianas ou veganas; e 30% desses alimentos, provenientes da agricultura familiar e agroecologia. Então, nós teremos vários tipos de opções sem glúten, sem lactose etc.
Sustentabilidade em alimentos. Pequenos agricultores, já estamos em discussão bastante avançada com todos eles; agroecologia e sociobiodiversidade; alimentos com baixa pegada de carbono; utensílios compostáveis e recicláveis; separação de resíduos e gestão; e rastreabilidade da origem dos gêneros alimentícios. Tudo isso aqui, gente, envolve uma série de organismos, envolve uma série de órgãos estaduais, federais e municipais, envolve sociedade civil, envolve organizações sociais, enfim, toda uma cadeia de debate e discussão.
Para a questão da tradução e interpretação, também uma das obrigações de uma das empresas é a gente disponibilizar tradução para as reuniões bilaterais, e isso em seis línguas oficiais, mais o português. Tradução multilíngue, numa base comercial - obviamente isso vai ser ofertado para contratação. Teremos intérpretes de sinais internacionais. E a contratação pode ser feita também via plataforma ou presencialmente. Estará disponível para todos os países.
Acessibilidade. O Brasil é um dos países do mundo que tem um protocolo de maior acessibilidade. Nós teremos lá uma infraestrutura física acessível e tecnologias assistivas.
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Aliás, os participantes quando fizerem as suas inscrições, podem também indicar determinadas necessidades específicas para darmos um tratamento também personalizado.
Compensação voluntária de carbono. Vamos buscar a neutralidade de carbono com a certificação PAS 2060. Os participantes também poderão compensar as suas emissões por meio de mecanismo que vamos disponibilizar para compensação voluntária.
Um compromisso climático do Brasil para a COP 30 é que será um evento neutro em carbono, segundo as normas internacionais. Todas as emissões serão cuidadosamente calculadas, reduzidas sempre que possível e de forma transparente, e afirmando o compromisso com a ação climática global. Teremos uma metodologia de cálculo adotada, que é esse Protocolo GHG, um padrão reconhecido internacionalmente para dar maior transparência nessa compensação.
Escritórios e pavilhões, nós já colocamos à disposição para inscrição através do nosso site. Manifestações de interesse, tanto para os pavilhões da Zona Azul quanto da Verde, também já estão disponíveis. As partes interessadas vão receber todo o suporte técnico e logístico, e teremos três pacotes diferentes de pavilhões, de tamanhos e tipologias.
Eu dei uma acelerada aqui, no final, Senadora, porque eu sei que já estava gastando bastante do tempo, mas fico aqui agora à disposição para as questões, para dúvidas, enfim.
Muito obrigado, gente.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Nós que agradecemos, Secretário Valter.
Inclusive, a gente vai ter umas perguntas, o e-Cidadania já está começando a dar uma bombada, digamos assim. Eu vou passar a palavra, então, para a Sra. Embaixadora Liliam Chagas, que, enfim, poderá nos atualizar sobre as principais frentes diplomáticas, e como é que... As frentes diplomáticas, os desafios e as oportunidades que o Brasil pode ter com a vinda da COP 30 para o nosso país. Eu acho que é uma oportunidade única.
É um prazer tê-la de novo aqui conosco, Embaixadora. Seja muito bem-vinda!
A SRA. LILIAM CHAGAS (Para expor.) - Bom dia. Senadora Leila, muito obrigada pelo convite. É sempre uma grande satisfação participar dessas audiências e ouvir tanto os Parlamentares como a sociedade, por meio do e-Cidadania.
Em relação à última vez em que eu estive aqui, em que nós tínhamos planos, agora nós temos planos na rua, planos em ação. Eles estão sendo muito bem recebidos pela comunidade internacional, que tem grande expectativa com essa COP do Brasil. Por quê? Um pouco em função da tradição brasileira nas negociações em política ambiental e nas negociações de mudança do clima. Faz parte da história do país ter lançado conceitos que são válidos até hoje, 30 anos depois.
A Rio 92 foi uma conferência chave, que lançou o conceito de desenvolvimento sustentável, que é um conceito que pegou e que significa que o crescimento econômico, que é necessário para que as sociedades do mundo tenham bem-estar, não pode se dar à custa da destruição dos recursos naturais. Então, o crescimento econômico tem que ser feito de uma maneira responsável, sustentável, daí o nome "desenvolvimento sustentável", que baliza todas as conversas, todas as ações e as normas internacionais que foram se conformando.
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Então, isso nasceu no Brasil. O mundo, os governos têm muito premente essa questão, e isso só dá mais importância e relevância para a COP que a gente vai fazer agora, em 2025, 33 anos após a conferência do Rio.
Outra brasilidade, digamos assim, outro vínculo que essas discussões têm com o Brasil foi que a Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas teve sua assinatura aberta em 1992, no Rio de Janeiro. Então, ela tem o seu berço também muito vinculado ao Brasil, e, desde então, o país tem sido uma ativa voz nessas negociações, portanto, um ativo construtor de todo esse arcabouço jurídico que existe, hoje, após 33 anos, e três acordos internacionais, que são a Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas - Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima -, o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris, que é o mais recente - o acordo de 2015 - e é o acordo que, digamos assim, internacionalizou a ação climática. Por conta desse acordo, todos os países, hoje, são obrigados - eles se comprometeram - a ter políticas para o enfrentamento do aquecimento global, para o enfrentamento da mudança do clima.
Bom, por que essa COP também é única? Porque, diferentemente de anos anteriores, como o Secretário mostrou na apresentação dele, nós não temos, assim, um grande tema a resolver este ano, como a COP de Baku, a COP 29, que teve a questão do financiamento, de qual seria a meta global de financiamento climático anual. Esse foi o grande assunto da COP 29.
Na COP 28 foi a primeira vez que os países fizeram uma avaliação do Acordo de Paris. O acordo diz que seria preciso ter um balanço global dez anos depois, e isso foi feito na COP 28, o que resultou em recomendações inéditas para os países sobre qual é a direção que as políticas climáticas domésticas devem tomar para, seriamente, enfrentar a mudança do clima.
Foi desse balanço geral que saíram recomendações para a área de energia, de triplicar o uso de renováveis, de duplicar a eficiência energética e de afastar os combustíveis fósseis dos sistemas energéticos nacionais.
Então, dois anos depois, nós chegamos à COP 30, que não tem um grande tema, mas tem vários mandatos em todos os pilares do regime do clima. Quais são eles? Os esforços de mitigação: como reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que são a causa desse problema; adaptação - é o segundo objetivo do Acordo de Paris, em que os países precisam estruturar formas de adaptar as suas estruturas, suas infraestruturas, as suas sociedades aos impactos da mudança do clima -; e o terceiro pilar é a questão do financiamento - como se financia essa transição para energias limpas, transição para economias de baixo carbono e transição para sociedades mais resilientes.
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Então, nós temos, para a COP 30, mandatos substantivos em todas essas áreas, e, na totalidade deles, o que eles vão conseguir é reforçar esse regime do clima em um momento em que há questionamentos por parte de alguns governos sobre a validade disso, se isso não está emperrando a liberdade dos países de crescerem da forma que eles acharem melhor... Há esses questionamentos até por parte de sociedades que temem que essas medidas de descarbonização da economia resultem em contas de luz mais altas. Há essas discussões, essas pressões no mundo inteiro, mas esse sistema é baseado nos países - é um sistema intergovernamental - que são partes - todos membros da ONU - e em mais alguns não membros da ONU - inclusive a União Europeia, que é um agrupamento de países -, que dão a totalidade de 198 partes, e é o único sistema que envolve todo o mundo. As decisões tomadas nessas COPs se tornam compromisso jurídico internacional para esses países - daí a importância delas -, que se comprometem a atuar. Então, o que nós temos na COP 30 é um mapa bem amplo de decisões que, na sua totalidade, vão fortalecer esse regime do clima, esse regime global; vão fortalecer as ferramentas, os programas que já existem. São essas as decisões que estão à frente de nós.
A Presidência da COP, o Embaixador André Corrêa do Lago, deixou já claro que esta COP tem três objetivos: reforçar o multilateralismo nesse momento de desafios geopolíticos; fazer com que as decisões tomadas sejam mais próximas da realidade das pessoas, que os povos do mundo entendam o que essas COPs estão decidindo e o que tem lá para eles, o que é, basicamente, ajudar o mundo a não sofrer um impacto devastador, que pode decorrer de eventos climáticos extremos. Então, basicamente, é um futuro saudável, é um planeta saudável que está em jogo - decisões que sejam mais impactantes na vida das pessoas. E o terceiro objetivo é que a gente chegou a um ponto em que a implementação desses acordos, dessas decisões que são tomadas precisam ir além da convenção do clima. O clima precisa entrar no seio das políticas globais de todos os setores: do sistema financeiro internacional, dos bancos multilaterais de desenvolvimento, das políticas domésticas dos países, dos bancos centrais, da regulação financeira, dos sistemas de seguros, ou seja, a implementação desses compromissos precisa ser - no jargão, se configurou dizer - da totalidade da sociedade, da totalidade dos governos. Há muito, deixou de ser assunto de um país, de um ministério, de uma área do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Agora todas as áreas de governo têm que dar alguma contribuição para que essas políticas sejam efetivas para a vida real.
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Quais são os meios que se tem à disposição de uma COP? E a COP 30 está até ampliando esses meios. Então, a COP 30 está se organizando, está se propondo a ter quatro diferentes dimensões: a dimensão das negociações formais, de que eu e o meu ministério, o Ministério das Relações Exteriores, estamos mais à frente; a dimensão das negociações multilaterais; a dimensão da agenda de ação...
A agenda de ação são eventos paralelos à COP, que acontecerão ali no esquema que o Secretário mostrou, tanto na Zona Azul como na Zona Verde, que traz para a COP todos aqueles entes não Estados - grandes corporações, big techs, bancos, Parlamentos, academias, universidades. Esses atores também têm políticas de longo prazo de descarbonização e eles vão a esses espaços aprender e informar, se informar e intercambiar metodologias, tecnologias, coisas que estão acontecendo já no mundo e que precisam de ser ampliadas para que a luta contra o combate à mudança do clima seja mais efetiva, mais ágil e mais rápida.
Essa agenda de ação é o que acabou um pouco, para preocupação do Secretário Valter, trazendo milhares de pessoas para essa COP, porque as delegações são os Governos e elas levam 50, 100, 200 pessoas - o Brasil costuma levar muito mais. As negociações são entre os Governos. Essa agenda de ação é para todos os atores e ela se tornou, ao longo dos anos, muito importante. As empresas têm áreas, setores de sustentabilidade, diretorias de sustentabilidade; os Parlamentos estão preocupados, estão legislando. Então, essas pessoas se encontram nesses espaços para um grande intercâmbio de soluções: soluções na área financeira, soluções na área de legislação, soluções sociais de todo o conjunto da sociedade. Então, essa agenda de ação, que vai estar acontecendo lá, é a que acaba trazendo 50 mil pessoas que são esperadas em Belém.
Uma terceira dimensão da COP é a Cúpula de Chefes de Estado, que o Brasil decidiu fazer antes, um pouco antes da abertura da COP, nos dias 6 e 7 de novembro, quando os líderes dos mais altos escalões dos países vêm discutir questões que dizem respeito ao estado atual do problema e ao estado atual da solução.
Nós queremos fazer com que esta COP seja um celeiro de soluções. Há soluções para a mudança do clima - os estudos científicos têm mostrado vários caminhos - e elas precisam também ganhar uma vitrine importante para que se acredite nessas soluções e se busquem os meios de fazê-las tornar realidade.
Essas quatro dimensões ficam muito claras nas cartas que o Presidente da COP escreveu ou emitiu dirigidas à comunidade internacional. Para quem ainda não leu, elas estão disponíveis em inglês e em português, no site da COP 30, cop30.br, e elas deixam muito claro essas quatro dimensões e como será possível tirar vantagem de todas elas em novembro.
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Uma palavrinha aqui sobre as negociações em si: nós temos vários mandatos. É importante entender que a agenda da COP 30 já está feita. Ela vem de decisões anteriores, de COPs anteriores, que foram tomando decisões e que encomendam, para novembro de 2025, a avaliação de um programa de trabalho, o relançamento de uma ferramenta financeira... Essa agenda já existe e, como é um processo multilateral, envolve 198 partes, é muito difícil transformá-la. Então, a gente não tem de ter expectativa de que nós vamos trazer da nossa manga assuntos, colocar novos assuntos na agenda, porque a agenda já está feita. Qualquer outro novo assunto precisa do consenso dessas 198 partes. É possível? É. É difícil? É. Então, a gente pretende trabalhar com os mandatos que existem.
Desses mandatos, que são mais ou menos uns 15, um pouco mais de 15 mandatos substantivos, as estrelas, os mais importantes são, primeiro, uma decisão sobre transição justa, em que está em jogo, também, talvez criar um mecanismo ou alguma instituição nova no sistema em que os países possam ter ajuda para que a transição para economias de baixo carbono se dê da forma justa. O que isso significa? O retreinamento de mãos de obra, né? Trabalhadores que trabalhavam num setor que vai, paulatinamente, fechar ou passar para outra área, áreas menos poluidoras do meio ambiente, essas pessoas precisam ser recolocadas no mercado de trabalho. Isso é uma transição justa, não deixar ninguém para trás, levar em conta a necessidade real dos grupos vulneráveis. Então, algumas partes, algumas opiniões dizem que o grande legado da COP 30 para a negociação é dar sentido a uma transição justa para economias de baixo carbono.
Um segundo tema é a implementação do balanço global do Acordo de Paris, que foi resultado da COP 28 e que dá uma série de recomendações para os países na área de energia, na área florestal - tem lá uma recomendação de que o desmatamento florestal deve ser terminado até 2030. Para que se faça isso, tem uma série de recomendações também de como apoiar os países para conseguirem fazer essas metas. Então, como implementar o balanço do Acordo de Paris é uma das questões que está em jogo, e ela vai ser definida na COP 30.
Além disso, há a preparação também, precisam ser acordadas as regras do próximo balanço global, que vai ser feito em 2028.
Um quarto elemento é uma decisão sobre adaptação. Adaptação é o segundo objetivo do Acordo de Paris - o primeiro objetivo é o de temperatura -, e tem um mandato para tomar uma decisão muito importante, que é aprovar indicadores para adaptação, para os países poderem medir o quanto eles estão conseguindo e o quanto eles precisam de apoio em determinada área, como área da saúde, área de infraestrutura urbana, área de resíduos, em qual eles precisam melhorar as suas políticas de adaptação para conseguir tanto apoio financeiro como ter políticas que protejam as sociedades de eventos climáticos.
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Além disso, tem outras coisas no radar, como decisões para reforçar as ferramentas de transferência de tecnologia, o que é um dos pilares do acordo também, um novo plano de trabalho para gênero e clima e uma série de outras, como perdas e danos, revisões do mecanismo de perdas e danos para ganhar maior efetividade. Então, estes seriam os principais temas da negociação: transição justa, adaptação, implementação do balanço global do Acordo de Paris e tecnologia.
Sobre as negociações, a gente está em plena atividade. Nós tivemos uma boa notícia na reunião de junho, a reunião dos órgãos técnicos da convenção do clima que aconteceu em Bonn durante duas semanas. A secretaria extraordinária esteve lá também, dando essas informações, fornecendo essas informações sobre a organização da COP, mas, nessas duas semanas, o resultado foi muito positivo, porque houve acordo para que todos esses assuntos - todos esses assuntos - para os quais existe um mandato para serem negociados, houve acordo preliminar, minutas de decisão, minutas de conclusão, e tudo foi encaminhado para a COP 30. Então, no pilar negociação, a gente pode dizer que nós estamos no caminho. Há pontos de divergência importantes que precisam ser equacionados até novembro. Nós temos planos para equacioná-los, ajudar as partes a chegarem a um acordo, mas a sessão de Bonn foi muito, muito positiva para nós, porque nenhum assunto ficou para trás. Houve acordo e textos-bases para encaminhar todos os assuntos para a COP 30.
Além disso, dentro dessas minutas, entraram questões que são importantes para o Brasil em particular, como reconhecimento de populações de descendência africana, afrodescendentes, reconhecimento da contribuição que povos indígenas e comunidades locais dão ao conhecimento de como se adaptar, que o conhecimento deles seja levado em conta em políticas de adaptação, e também entrou, pela primeira vez, nas negociações do clima um ponto sobre a sinergia entre as convenções do Rio, as três grandes convenções multilaterais, que são a do clima, a da biodiversidade e a da desertificação. Então, além de conseguirmos elevar todos os temas que a gente precisa que estejam na COP para que as negociações avancem rumo a fortalecer esse multilateralismo climático, nós ainda conseguimos colocar temas que eram de especial interesse do Brasil. Então, no pilar negociação, estamos bem, temos muito trabalho pela frente, mas o mapa está dado para um pacote importante de decisões a serem tomadas em Belém.
Obrigada.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Obrigada, Embaixadora Liliam.
Eu tenho algumas perguntas aqui que foram feitas até pela nossa assessoria, pela consultoria, mas que batem muito com as que foram feitas até pelo e-Cidadania. Eu tenho algumas... Eu acho que as perguntas estão muito em volta de dois temas, e cabem aos dois aqui. Um é o financiamento, o outro é a hospedagem. Então, assim, eu vou fazer... Apesar de que nas falas vocês responderam, acho importante fazer a pergunta e reforçar a resposta dos nossos dois expositores aqui, o Secretário Valter e a Embaixadora Liliam.
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Pegando a questão da hospedagem, como país-sede da COP 30, o Brasil tem buscado exercer uma liderança propositiva nas negociações climáticas e na mobilização internacional. No entanto, têm se intensificado os alertas sobre a infraestrutura de Belém, especialmente quanto à escassez e aos altos custos da hospedagem. Há relatos de que diversas delegações planejam reduzir o número de representantes enviados à conferência devido aos valores elevados de aluguel e diárias, o que pode comprometer a representatividade e a pluralidade de vozes, especialmente de países em desenvolvimento e da sociedade civil - a gente sabe que tem muita gente se mobilizando dentro do nosso próprio país para participar desse incrível evento -, pontos fundamentais para o êxito, inclusive, da COP.
Diante disso, Sr. Secretário, eu gostaria de saber quais as medidas concretas o Governo Federal, em articulação com o Governo do Pará... Inclusive, nós vamos tentar chamar o Governador Helder Barbalho para vir à nossa Subcomissão aqui. Vai ser um prazer receber o nosso Governador. Eu queria saber, nessa articulação entre o Governo Federal, o Governo do Pará e organismos internacionais, o que está sendo adotado para garantir que a questão da hospedagem e a logística em Belém não comprometa a participação plena das delegações estrangeiras e da sociedade civil na COP 30.
O SR. VALTER CORREIA (Para expor.) - Muito obrigado pela pergunta, Senadora, que nos dá a oportunidade de falar um pouquinho mais do que na apresentação.
Nós temos feito um esforço muito grande, tanto o Governo Federal quanto o Governo do estado, de dialogar com toda a rede hoteleira, com os proprietários de imóveis privados que estão colocando seus imóveis também na plataforma. E, com isso, a gente tem conseguido alguns bons resultados. Inicialmente, eu, pessoalmente, fiz umas quatro, cinco reuniões com todos os empresários da rede de hotéis, junto com a associação representativa, com o sindicato. E depois, mais recentemente, o Governador e a Vice-Governadora também têm feito um trabalho intenso com cada um desses empresários na tentativa de baixar os valores, baixar os custos e disponibilizar os apartamentos, porque, às vezes, não tem sequer disponibilidade para que as pessoas possam adquirir as estadias para poder se alojarem durante a COP. Então, a gente tem conseguido fazer esse diálogo.
Apesar de a gente, enquanto autoridade federal, ter tido que tomar algumas atitudes em relação a isso também do ponto de vista legal, de pedir informações para os hotéis, não foi como foi divulgado que houve uma ingerência ou intervenção nos hotéis, mas, como autoridade, nós somos obrigados a intervir em determinados momentos, principalmente quando há algum tipo de prenúncio, algum tipo de suspeita de abuso contra a economia popular. Então, nós não fizemos nada além do que pedir informações para os hotéis. Foi apenas isso e depois a gente conseguiu retomar todo o diálogo. A gente tem conversado muito, tem dialogado bastante. Eu estive lá, na semana passada, conversei com vários empresários do setor, conversei com todas as imobiliárias da região, não só de Belém, mas de toda a região metropolitana e até fora da região metropolitana, nessa tentativa de buscar os preços mais razoáveis - vamos dizer assim - para que se possam contemplar todos os países.
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Com esse esforço, nós fizemos também um acordo com a própria UNFCCC do que seria razoável para a gente poder ofertar para todos os países poderem ter essa representatividade, poderem estar presentes. E nós hoje temos uma reunião com o secretário executivo da UNFCCC, na parte da tarde, com o Ministro Rui Costa também, para que a gente sele definitivamente esses acordos que a gente tem feito, esses esforços.
Então, nós já temos uma oferta de leitos a preços razoáveis, conquistados com as negociações com essas redes de hotéis, com esses imóveis privados, com os próprios navios com que a gente conseguiu fechar os contratos recentemente, para poder ofertar um número de quartos para todos os países, em especial os países menores em desenvolvimento e os países insulares, os países considerados países ilhas, que são, na verdade, os mais fragilizados com o aquecimento global, por verem os seus respectivos países literalmente desaparecerem com a subida do nível do mar. Então, com isso, a gente garante a participação de todos os países.
Nós estamos oferecendo um número de quartos pactuados anteriormente com a própria UNFCCC, para todos esses países pequenos insulares e também para os países em desenvolvimento e países ricos também. Todos eles podem participar a preços razoáveis.
É óbvio que a gente não pode ofertar os 24 mil quartos que são solicitados para um evento como esse, todos eles a preços razoáveis ou preços populares, porque em nenhuma COP isso aconteceu. Em todas as COPs nós tivemos preços de vários tipos, mas tivemos preços também muito mais elevados do que o que está sendo exigido nesse momento em Belém.
Óbvio que tem alguns abusos, mas os abusos estão sendo contidos e estão sendo colocados num patamar bastante razoável. O que eu chamo de razoável? Para países menores e países insulares, quartos até US$200 a diária, coisa que é bem diferente do que estava sendo praticado, de milhares de dólares cada uma das diárias. E os valores para os países em desenvolvimento e países ricos, que vão de US$200 a US$500 a diária.
Então, nós estamos ofertando isso na rede hoteleira, com os imóveis privados, no navio. Com isso, a gente garante a participação de todos os países que assim desejarem participar desse evento, em condições suficientes para poderem participar das negociações e todos esses países estarem presentes nessa discussão, nesses debates.
Continuamos nesse esforço. Nós vamos continuar ofertando mais imóveis e mais hotéis. Em relação a isso, vamos continuar buscando isso. Por que nós não colocamos na plataforma ainda? Porque a gente quer reduzir, nós estamos numa negociação permanente com todos eles, com toda a rede imobiliária, para trazer a patamares bastante razoáveis, para aí sim colocar nas plataformas.
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Esses 2,5 mil quartos que nós estamos oferecendo hoje para essas delegações todas nós faremos isso diretamente via plataforma, mas não publicizada, junto com a UNFCCC, diretamente com as nações dessas 198 partes.
Então, acho que nós tomamos aí algumas iniciativas, algumas decisões práticas e reais para viabilizar a participação de todos.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Perfeito, Secretário.
Só uma pergunta: no início, eu ouvi que a estimativa era receber 100 mil pessoas. Hoje a Embaixadora falou 50. O que a gente já tem de concreto disponível hoje? Eu sei que a gente ainda tem meses aí.
Eu lembro até que... bom, não sei se vocês acompanham, quando a gente fala de Olimpíadas, tem muitos países e, dependendo do país, o próprio Presidente... por exemplo, o Macron fez isso na França, pedindo à sociedade civil, aos moradores de Paris que saíssem, que fossem, enfim, passar férias em outro país ou desocupassem, inclusive, a casa por um período, enquanto acontecesse o evento - claro, eu estou simplesmente dando um exemplo. Mas, assim, é pensado isso também com relação à sociedade civil, de se fazer um apelo aos moradores da região para que possam, de alguma forma, disponibilizar por um período - claro, pagando aluguel e tudo, as diárias -, a sua casa, suas moradas para que esses turistas, os visitantes, aqueles que viessem acompanhar e participar da COP?
O SR. VALTER CORREIA - Nós temos feito isso desde que foi indicada Belém para sediar a COP. Então, tanto o Governo do estado já decretou férias escolares nesse período; incentivo a... Todos os órgãos governamentais, estaduais, federais ou municipais, vão estar em trabalho remoto; estamos estimulando mesmo o pessoal a ir para suas casas de veraneio, enfim, que possam viajar e colocar a disponibilidade das suas residências para isso.
Aumentou muito a quantidade de imóveis privados colocados à disposição - muito, muito mesmo. Algo, assim, em torno de... Saiu de 500 imóveis para quase 5 mil imóveis já, e crescendo, semanalmente crescendo isso. Até do Enem nós conseguimos alterar a data e fazer isso ou em outras regiões ou colocando uma data específica para esvaziar mesmo a cidade.
E estamos incentivando também as empresas, o comércio, enfim, quem puder trabalhar de forma remota, estamos incentivando isso nesse período.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Excelente iniciativa, importantíssima.
E o povo brasileiro é empático, é solidário. A importância de um evento desse para o nosso país é fundamental. Então, é importante a compreensão, a participação, o envolvimento da população do Estado do Pará, principalmente da capital Belém, para acontecer a COP. Muito legal!
O SR. VALTER CORREIA - Eles têm abraçado muito isso, viu, Senadora? Eles têm abraçado muito a COP, a importância dessa COP. Então, a gente tem tido um diálogo muito importante não só com a sociedade organizada, mas também com a desorganizada. Você sente isso quando você vai para a rua para conversar com as pessoas.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Excelente.
Bom, além da hospedagem, há preocupações com conectividade, mobilidade urbana, infraestrutura para eventos paralelos e espaços para a sociedade civil em Belém.
O que está sendo consolidado em termos de parcerias e contratos para garantir que todos esses pontos sejam atendidos?
O SR. VALTER CORREIA - Bom, são coisas, assim, um pouco distintas.
Na mobilidade urbana, nós estamos trabalhando agora um projeto, um plano diretor para isso. Assim como nós trabalhamos para a saúde, assim como nós trabalhamos para a segurança, nós estamos trabalhando um projeto mesmo de mobilidade urbana, inclusive de inversões de vias, enfim, uma série de... Vias exclusivas. Vamos disponibilizar ônibus gratuitos que vão percorrer toda a cidade até o local do evento, passando pelos setores hoteleiros, pelo centro, por alguns lugares mais turísticos, por onde tiver um volume maior de pessoas hospedadas, para poder fazer isso durante todo o dia.
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Então, nós teremos vários ônibus disponibilizados gratuitamente para todos os credenciados.
Na questão da conectividade, nós temos que fornecer essa conectividade. Então, estamos com um contrato sendo finalizado agora com a Telebras, para que a gente possa não só colocar conectividade na zona azul e na zona verde, mas também em toda a cidade, em todas as áreas, chegando até os navios inclusive.
Então, vai ter sinal para que se possa fazer o trabalho, para que se possa comunicar de uma forma bastante eficiente. Isso já está no nosso projeto. É o nosso plano e está em plena execução.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Excelente.
Bom, então, nós vamos estar juntos lá, não é? Em agosto, dias 18 e 19...
O SR. VALTER CORREIA - Certamente.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - ... porque, além da Subcomissão do Senado, também vai a da Câmara. Vamos numa força-tarefa para lá.
Acho que vai ser muito bacana, pelo trabalho que foi apresentado até o momento.
Está trabalhando pouco, hein, Secretário? (Risos.)
O SR. VALTER CORREIA - Será um prazer acompanhá-los.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Muito bom.
Agora, a Embaixadora Liliam.
Um tema crucial para a COP 30 é o financiamento climático - isso já foi falado pela senhora, mas é importante reforçar. Apesar do consenso sobre a necessidade urgente de recursos para ações de mitigação, adaptação e transição justa, as promessas dos países desenvolvidos permanecem aquém do necessário. O valor proposto é de um trilhão, mais de um trilhão, anual, até 2035, defendido por países em desenvolvimento, que ainda enfrenta forte resistência e o fantasma de Baku, como ficou conhecido o impasse da COP 29 e que ronda as expectativas para Belém, como a senhora falou.
Nesse cenário, o Brasil tem buscado alternativas como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre e articula a sua liderança também em espaços de negociação.
E aí eu quero parabenizar o nosso Ministério, os nossos embaixadores, que realmente fazem um trabalho primoroso nessa questão diplomática, nessa representação dentro do evento.
Diante disso, de que forma o Brasil pretende conduzir as negociações da COP para romper o impasse histórico sobre o financiamento climático, garantir maior comprometimento dos países desenvolvidos e fortalecer os mecanismos inovadores?
A SRA. LILIAM CHAGAS (Para expor.) - Sim, obrigada pela pergunta.
Eu deixei para mencionar isso depois, mas as reuniões em Bonn, agora em junho, de 16 a 26 de junho, que foram muito positivas para a pauta da COP 30, também tornaram a agenda um pouco mais desafiadora, porque dois pontos que não estão na agenda foram levados de uma forma muito assertiva por delegações de países em desenvolvimento para a reunião de Bonn.
Uma é o art. 9.1, do Acordo de Paris, que é o artigo que diz que financiamento climático são recursos de países desenvolvidos para países em desenvolvimento, que se entende como recursos públicos de forma concessional, que não são na forma de empréstimos. Os países em desenvolvimento não têm que se endividar ainda mais para conseguir colocar em prática suas políticas climáticas.
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Então, isso é um compromisso do Acordo de Paris, e esses recursos, na visão de muitos países em desenvolvimento, não estão chegando. Mais de 90% da ação climática no mundo, no Sul Global, é feita por meio de empréstimos. Os países precisam buscar recursos internacionais, pagando os juros de mercado, para conseguirem fazer os seus planos de transição energética, energia solar, energia eólica, alternativas para os combustíveis...
Então, a gente achou que o quantum de Baku, os US$300 bilhões por ano, seriam suficientes, eles não viraram a página do financiamento climático. O assunto voltou com muita força na sessão de Bonn. Não houve consenso para colocar isso como um ponto de agenda específico. Os países que têm a obrigação de dar esse dinheiro não querem ficar prestando contas assim.
Então, a reunião de Bonn atrasou dois dias. A gente demorou dois dias numa luta de agenda, e um dos pontos era esse, o 9.1. E uma delegação do Sul Global - a Índia - já informou que vai trazer isso de novo para a COP 30. É um ponto que não está na agenda e que nós, a presidência, com a ajuda das Partes, vamos ter que equacionar como tratar disso.
Então, ele continua, né... Assim, os países que devem receber esses recursos estão cobrando; eles estão cobrando. E eles estão inconformados, porque as informações, os estudos, estudos de economistas, mostram que o mundo tem recursos. Esses trilhões de dólares existem, eles só não estão sendo canalizados para as melhores causas.
Então, a questão do financiamento público concessional, de países do Norte para os países do Sul Global, voltará a ser um assunto da COP.
O que também, paralelamente, está se armando? Um dos grandes resultados da COP vai ser o chamado mapa do caminho para se conseguir US$1,3 trilhão por ano até 2030.
O que aconteceu? Em Baku, os US$300 bilhões foram considerados muito insuficientes para fazer frente às necessidades do mundo inteiro - US$300 bilhões por ano.
Só para vocês terem uma ideia - eu estava lendo ontem, num jornal britânico -, que o orçamento de defesa da Alemanha, um país europeu, até 2029, vai ser de US$162 bilhões. Ou seja, o orçamento de defesa de uma Parte, uma daquelas 198, será metade do total global de todos os países, de todo o financiamento climático para países em desenvolvimento.
Então, esse mapa do caminho, ou esse roteiro de coisas, de medidas, de iniciativas que deveriam acontecer no mundo para que o dinheiro necessário para a transição apareça - e que ele não leve ao endividamento crescente de país pequeno - é um dos grandes resultados da COP. Mas ele não será uma negociação. Ele foi uma encomenda das Partes às duas presidências, ao Azerbaijão, que é a atual, e ao Brasil, que é a próxima, de indicar que tipo de medida, como lidar com a dívida dos países, troca de dívida por ação climática, novas taxas internacionais...
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As duas presidências estão trabalhando: foi criado o Círculo de Ministros de Finanças, foi criado um grupo de economistas internacionais para recomendar essas medidas de curto e médio prazo que possam fazer esse valor acontecer.
Esta é uma tensão do regime: são acordados esses compromissos, mas esses compromissos devem ser acompanhados de meios de implementação. Então, os países que devem receber ajuda para fazer essa transição não estão esperneando, eles estão gritando que eles só vão conseguir fazer... E eles querem fazer, porque todo mundo precisa reduzir emissões, mas todo mundo precisa se adaptar.
Vocês vejam o que está acontecendo no Brasil: secas extremas; mudanças no regime de chuva; o preço do café, que está muito mais caro porque a safra foi muito menor devido a questões climáticas. Isso está acontecendo em todas as partes... Ondas de calor na Europa, não é? Isso está acontecendo em todas as partes! As pessoas querem viver bem, querem poder sair à rua e não viver dentro de ar-condicionado.
Enfim, essa é uma das tensões atuais, e a COP 30 vai ser uma oportunidade para dar vazão ao que precisa acontecer no mundo para que esse financiamento surja e ele facilite que os países possam implementar, no terreno, as suas políticas climáticas.
Então, além do financiamento, tem um outro complicador para a agenda da nossa COP, que são as medidas unilaterais que afetam o comércio. Trata-se de medidas que alguns países estão adotando em nome da ação climática, em nome de políticas ambientais, mas que limitam a capacidade de outros países de exportarem para aqueles mercados do Norte. Esse é também um assunto que não está na pauta, mas ele surgiu muito forte na sessão intermediária de Bonn, e a gente vai ter que lidar com ele. Financiamento vai ser via esse roteiro, esse mapa do caminho do US$1,3 trilhão, um dos grandes resultados de Belém.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Excelente, Embaixadora. Então, o desafio é grande para a nossa COP.
Bom, a gente sabe, como você falou, das enchentes, da seca; da enchente que teve agora nos Estados Unidos que matou não sei quantas crianças. Enfim, todo mundo, independentemente de ser mais rico ou mais pobre, está já sentindo as ações - e são irreversíveis muitas delas. A gente vai ter que se adaptar a tudo isso, então, o trabalho nosso, aqui, enquanto país, vai ser desafiador, principalmente para a nossa área diplomática.
Quero desejar muita sorte a todos os envolvidos na COP aqui em Belém, no Brasil.
O Vitor Sion, que é da Embaixada da Finlândia - seja muito bem-vindo - está fazendo... Eu vou fazer a pergunta aqui ao Secretário, porque eu achei muito interessantes as perguntas. É sobre hospedagem, é claro: "Há alguma data concreta do lançamento da plataforma oficial para as hospedagens? Como os leitos serão ofertados aos países, via embaixadas ou diretamente para as capitais dos 197 países envolvidos?".
O SR. VALTER CORREIA (Para expor.) - Obrigado, Vitor. Acho que a gente tem conversado um pouco via algumas outras diretorias da Secretaria, mas o que nós estamos fazendo hoje é o lançamento oficial da plataforma. Só não vai estar pública, porque nós queremos resolver isso de forma bilateral com esses países que eu citei aqui hoje. São todos os países, mas tem os países de um bloco, vamos dizer assim, do bloco 1, que são os LDCs e os países insulares, porque nós estamos tratando isso. Vamos resolver a acomodação pelo menos para todos os países, para que tenha delegado de todos os países e, na sequência, ainda entre hoje e amanhã, com os outros países em desenvolvimento e os países mais desenvolvidos. Então, de uma forma oficial, está sendo lançado mesmo hoje, nós estamos discutindo isso.
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Como eu disse, vou discutir isso com o Secretário-Executivo da UNFCCC, que está aqui no Brasil, está aqui com a gente hoje. Estaremos à tarde, no Palácio do Planalto e, lá, nós vamos estabelecer o formato de como fazer esses contatos. Eu já vou solicitar a ele que mande um ofício, hoje ainda, para todos os países, para os representantes dos países que estão em diálogo constante com a UNFCCC e, na sequência, nós estabeleceremos a metodologia da oferta desses imóveis para cada um desses países. Na sequência, a gente vai subir publicamente os outros imóveis para que outros setores da sociedade, outros setores possam também ser contemplados, mas vocês vão receber um comunicado oficial da UNFCCC e depois um comunicado do Governo brasileiro.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Eu vou fazer as perguntas para as considerações finais, para nós irmos para a segunda parte da nossa sessão aqui, e aí eu vou passar para as considerações finais dos nossos expositores. Enfim, fiquem à vontade também para responder qualquer uma das perguntas que eu vou ler aqui ou comentários. Vou passar para vocês no final.
Alana, do Pará: "Existe um plano de legado para a cidade de Belém após a realização da COP 30 [garantindo que as melhorias realizadas sejam permanentes]?".
Sílvia, do Pará: "Quais ações [...] previstas para garantir a participação real dos cidadãos locais na construção e nos resultados da COP 30?".
Ronald, do Pará... Tem bastante gente do Pará. Foram mais de cem comentários, mas, enfim, nós pegamos alguns.
Alana, do Pará, novamente: "Como o Governo pretende articular a participação de povos indígenas e comunidades tradicionais nas discussões sobre [as] mudanças climáticas?".
Raíssa, do Mato Grosso: "A COP 30 em Belém é [uma] chance histórica para o Brasil liderar o debate climático; é preciso planejamento, consenso e ação parlamentar efetiva". São os comentários.
Luzia, do Pará: "A COP [30] é uma oportunidade única para [...] [que os olhares se voltem] para o Norte [e] para a cultura paraense [...]".
Thiago, do Rio de Janeiro: "Poderia ser criado um site [...] que organizasse todas as instituições que financiam projetos na área de sustentabilidade!".
Mariana, do Distrito Federal: "O que o Brasil está fazendo para se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas e o que tem feito para mitigar [...] [esses] efeitos [...]?".
Lucas, do Pará: "Como o Brasil pretende abordar os efeitos das mudanças climáticas sobre doenças tropicais e surtos em áreas vulneráveis?".
Raphael, do Espírito Santo: "Quais compensações ambientais serão feitas para a cidade de Belém diante de tamanha intervenção humana gerando resíduos durante o evento?".
Jhonnil, do Pará: "Quais contribuições pesquisadores e estudantes podem oferecer para a COP 30 em Belém, considerando os desafios ambientais da Região Amazônica?".
Pergunta de Wendyo, de Pernambuco: "Como a organização do evento assegurará a participação de populações tradicionais e indígenas?".
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Comentários finais.
Marize, do Rio de Janeiro: "Os [...] [povos indígenas] e a população ribeirinha devem estar incluídos nesse debate e ser os primeiros a opinar".
Rosemeire, do Pará: "É necessário [...] [abordar] [...] as mudanças [...] [climáticas] e os problemas enfrentados por pequenos produtores de alimentos".
Thiago, do Rio de Janeiro: "Diante de um sistema econômico tão perverso ([baseado no] consumo desenfreado), é preciso criar regras internacionais de comércio [...] [aliadas] à causa ambiental".
Gente, eu quero agradecer muito a participação dos nossos internautas. Não deu para ler todos, mas todos constam no nosso site ali da nossa reunião. Quero agradecer demais a participação.
Vou passar para as considerações finais aos nossos expositores.
Vou passar a palavra - ladies first, o.k.? - para a Embaixadora Liliam Chagas, a nossa Embaixadora Diretora de Clima e Negociadora-Chefe do Brasil do Ministério das Relações Exteriores, mais uma vez, agradecendo a sua participação, mais uma vez, aqui conosco, Embaixadora.
A SRA. LILIAM CHAGAS (Para expor.) - É sempre uma satisfação. Podem me convidar que eu virei sempre, se não estiver em alguma negociação fora de Brasília.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Por sinal, estamos muito bem representados. Obrigada!
A SRA. LILIAM CHAGAS - Muito obrigada, muita generosidade sua.
Eu vou usar o meu tempo aqui para responder três das perguntas que chegaram pelo Portal e-Cidadania, mas, antes, eu quero dizer também, em apoio aqui ao trabalho do Secretário Valter, da Secretaria Extraordinária para a COP 30 e da equipe dele, que a questão logística não é uma questão fácil, porque, como a COP evoluiu de uma negociação entre governos para um megaevento, para um grande evento, realmente, fazer frente a todas essas necessidades das pessoas, não só as delegações governamentais, mas esses outros atores que também participam e que têm legitimamente interesse nessas causas, porque é a vida de todos que está em jogo... As pessoas precisam chegar à cidade, precisam se hospedar, precisam chegar ao local da reunião e precisam entrar para o local da reunião. Nós sabemos que, no histórico daquelas COPs, quem não conseguiu garantir isso prejudicou o resultado final. Teve COPs em que as pessoas demoravam quatro horas para entrar, porque, se os planos não são feitos adequadamente para população credenciada, isso acontece. Então, teve COPs aí em que negociadores, equipes ficavam esperando na neve até conseguir entrar no venue. Aí fica muito difícil você conseguir um resultado. Ou se falta comida, ou se não tem água... Então, isso é uma parte muito importante da conferência. E o Governo brasileiro está dando a devida importância para isso, levou uma boa equipe lá para Bonn, acalmou os ânimos. As pessoas estão assustadas, porque elas já queriam ter as suas reservas, e, pelos preços praticados, nem todos ainda conseguiram ter. A gente entende que a participação lá de todas as informações numa grande sessão informativa acalmou um pouco. E estão à espera, então, de esses quartos e esses preços normais ou mais normais se materializarem.
Eu vou responder aqui uma pergunta da Alana, do Pará, entre tantas que ela fez: "Como o Governo pretende articular a participação [..] [dos] povos indígenas [...]?".
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O regime tem uma plataforma para comunidades locais e povos indígenas. Eles se reúnem uma semana antes da COP, durante uma semana, e encaminham todas as suas demandas para a COP. E o Brasil tem uma representação nessa plataforma, participa com uma delegação bastante numerosa - inclusive, agora, na delegação brasileira, em Bonn, o pessoal do Ministério dos Povos Indígenas foi mais numeroso do que o do MRE. Eles, então, têm esse espaço dedicado no qual eles encaminham as suas demandas para o regime do clima.
Além disso, por uma iniciativa do MPI (Ministério dos Povos Indígenas), da Ministra Sonia, foi criado um curso sobre as negociações do clima para representantes de povos indígenas, para eles colocarem as demandas deles dentro da negociação. O Brasil está sendo vanguarda também nesse movimento, então eles estão muito mais habilitados a colocar dentro da discussão de redução de emissões, de conservação de florestas, de financiamento. Eles demandam, por exemplo, que os mecanismos financeiros sejam abertos a acesso direto de comunidades, isso também está sendo trabalhado. Então, é uma forma de eles levarem as demandas para dentro do sistema. Na COP 30, a questão... Os povos indígenas vivem na Floresta Amazônica, são guardiões dessa floresta, a integridade dessas florestas é fundamental para o meio de vida deles. Então, eles têm total interesse nessas discussões e estão cada vez mais capacitados a influenciarem-nas.
Em Belém, tem uma iniciativa política, que é o Unidos por Nossas Florestas, que é a primeira iniciativa que só reúne países em desenvolvimento donos de floresta tropical, sem a presença de países que só são doadores, por exemplo. Então, são as demandas dos países donos de florestas e como organizar essas demandas. E essa iniciativa está ganhando um braço financeiro, que é a TFFF, que é um novo mecanismo pelo qual os países florestais poderão ter recurso para conservação de floresta. É também um mecanismo inédito que se espera estar pronto e lançar na COP 30.
Segunda pergunta, da Mariana, do Distrito Federal: "O que o Brasil está fazendo para se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas e o que tem feito para mitigar [...] [esses] efeitos [...]?".
O Brasil, pela política climática que ele apresentou recentemente, na sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), que é o nome da política climática... É uma das NDCs mais ambiciosas apresentadas até agora. O prazo era fevereiro. O Brasil, por ser Presidente de COP, quis liderar pelo exemplo; apresentou em dezembro, na Cúpula de Baku; o Vice-Presidente da República foi à COP 29 apresentar essa política; e ela tem uma meta de redução de emissões de gases de efeito estufa, todos os gases, de 59% a 67% menos emissões até 2035, com relação aos números base de 2005. Isso é uma meta muito ambiciosa, o que faz com que, dentro dos dez anos, o Brasil tenha que mais que reduzir as emissões atuais.
Então, Mariana, do Distrito Federal, convido que você procure na internet a NDC brasileira, e ela não só tem essa meta, como ela tem todas as políticas existentes para que essa meta seja atingível.
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Mais uma pergunta do Thiago, do Rio de Janeiro, que é sobre a necessidade, a sugestão de fazer uma plataforma onde se organizem todas as instituições que financiam projetos na área de sustentabilidade. É uma excelente recomendação. Existem muitas plataformas no regime do clima, como uma de agricultura, onde se colocam projetos de redução de emissão de agricultura, de adaptação de agricultura resiliente ao clima. Existem várias, mas eu acho que não existe uma congregando todas as instituições financeiras, e vou sugerir aqui que essa plataforma seja criada. Quem sabe, pode ser mais um resultado aí da COP.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Vamos registrar aí. Parabéns ao Thiago e a todos que participaram.
Obrigada - viu, Embaixadora? -, mais uma vez pela sua participação conosco aqui, na CMA.
Eu vou passar a palavra agora para o Secretário Valter Correia, Secretário Extraordinário para a COP 30.
O SR. VALTER CORREIA (Para expor.) - Muito obrigado. Só quero agradecer, mais uma vez, o convite. Como disse a nossa Embaixadora, estarei presente sempre que for convidado. Com certeza, farei questão de acompanhá-la juntamente com a sua equipe nessa visita a Belém, quantas vezes forem fazer a visita. Quero estar acompanhando isso de perto.
Agradeço a participação de tanta gente nesse evento, porque isso é bastante gratificante. As pessoas se interessarem por esse debate, nessa discussão e participarem de forma ativa, isso é bastante gratificante para a gente.
Como a Embaixadora respondeu, acho que a maior parte das questões que foram apresentadas, acho que tem duas questões de que eu quero tratar, mas, antes disso, eu queria só fazer um comentário sobre essa questão da logística. Eu costumo compará-la a um juiz de futebol: quanto menos ele aparecer, melhor está sendo a sua eficiência. Então, quanto menos aspectos de logística as pessoas notarem que existem... É igual à energia elétrica: a gente só sabe que ela falta quando ela acaba, não é? Aí dá um problema danado. Sistemas, essas coisas todas, quanto mais aparecem, pior é. A gente tem que passar batido nisso, porque o que interessa nisso, de fato, são discussões que a Embaixadora traz, as negociações, os debates, as discussões; é nisso que a gente precisa focar, é isso que a gente precisa ter como clareza.
E acho, concordando com a Senadora, que estamos muito bem representados aqui, com a Embaixadora Liliam. Eu acho que ela tem, junto com o Embaixador André Corrêa do Lago e a Diretora Ana Toni, feito um excelente trabalho na condução dessa COP.
Em relação à COP como evento, a gente tem discutido bastante isso também no interior do Governo. Nós, assim, achamos e consideramos que a COP não pode ser um evento social intenso ou uma coisa mais turística. Ela tem muito foco, ela tem que ser, como diz a Ministra Marina, sóbria. Ela não pode ser shows, ela tem uma intensidade, como disse aqui a nossa Embaixadora, muito pesada de negociações e discussões. As pessoas passam a noite discutindo e negociando.
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Muitas vezes, lá em Baku, eu chegava muito cedo às salas de negociação. Muitas vezes, eu abria uma porta, uma sala, tinha gente literalmente dormindo em cima da mesa, porque passou a noite negociando e sequer foi para o seu hotel. Então, nesse caso, a hospedagem não fez tanta falta. (Risos.)
Acho que a gente pode colocar umas redes em alguns lugares estratégicos, para as pessoas poderem descansar. Nós vamos ser um pouco criativos.
Mas, enfim...
Aqui tem a Alana, do Pará, que fez uma questão sobre o legado para Belém após a COP 30.
Eu não tenho a menor dúvida de que tudo que está sendo feito, com raríssimas exceções, como a estrutura provisória, por exemplo, que nós estamos construindo, que não ficará de legado, mas todas as obras, todo o investimento que o Governo Federal está fazendo, que não é pouco... São quase R$5 bilhões que estão sendo investidos, que o Governo do estado está investindo, que o município está investindo, ficarão de legado na veia. São novas infraestruturas fundamentais.
Só para se ter uma ideia, o turismo já aumentou demais lá, no contexto da minha apresentação, não só turismo de passeio, mas turismo de negócio, muitos evento. Os hotéis praticamente lotados, todos os dias.
Muitas vezes, quando eu quero ir para Belém, eu tenho que ficar em alguma instalação militar, porque não tem mais áreas nem hotéis também. Eu tenho ficado, em vários momentos, nessas instalações militares, que, aliás, são muito boas e fazem parte da nossa oferta também para a hospedagem, que nós vamos oferecer também.
Então, como fazem isso aqui, realmente a COP é muita intensa, é muita negociação, para que a gente possa sair com os resultados que a Embaixadora aqui colocou.
Então, os legados que nós vamos deixar são todos de infraestrutura, bastante importantes não só para Belém, mas para toda a Região Norte do país.
Só essa estrutura que nós estamos fazendo no Porto de Outeiro, para acomodar dois navios de cruzeiro, isso vai representar um processo de desenvolvimento local muito forte. Se puderem atracar outros navios de cruzeiro, para poderem fazer o desenvolvimento local...
Enfim, são várias obras, são várias frentes que estão sendo trabalhadas que vão ficar de legado muito forte.
E todas as obras estão no cronograma, estão dentro daquilo que estava sendo previsto, e todas serão entregues até o início da COP. Não ficará nada para depois, não ficará nada para ser entregue posteriormente.
E o Raphael, do Espírito Santo, que pergunta sobre compensações ambientais que são feitas diante de tamanha intervenção humana e da geração de resíduos durante o evento.
Aqui, o Brasil tem um compromisso de carbono zero. Nós vamos fazer todas as compensações, vamos ter, depois, auditoria externa em relação a isso. Estamos contratando uma empresa para fazer auditoria, para fazer o acompanhamento, para fazer o registro de tudo que está sendo compensado, tudo que é necessário fazer. Então, fiquem tranquilos, que nós não deixaremos resíduos, como foi dito aqui, durante o evento. Geração de resíduos e a intervenção humana não vão ser algo que não esteja sob controle, que não esteja sob compensação de forma adequada e correta.
Mais uma vez quero agradecer então a paciência de vocês todos, dos senhores e das senhoras, a paciência e a compreensão, em especial, da Senadora Leila Barros, da qual, de novo, a gente está à disposição. O Governo, como um todo, está à disposição desta Comissão para a hora em que bem entender.
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Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Em nome da CMA, em nome do nosso Presidente Fabiano Contarato e no de todos os membros, agradecemos aqui a presença da Embaixadora Liliam Chagas e do nosso querido Secretário Valter Correia.
A gente tem uma expectativa muito grande, né? O mundo tem pressa, a gente não tem plano B, eu sempre falo isso. Então, realmente, a expectativa é muito grande. Os olhares, o mundo vai estar muito ali de olhos fixos, naquela expectativa de que a gente saia com um resultado positivo dessa COP.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Exatamente. Não é a logística. O maior desafio nosso é justamente essas negociações, porque o mundo já está sofrendo. Vidas estão sendo perdidas, há insegurança alimentar... Temos, realmente, de frente para nós uma realidade que nos preocupa, que nos entristece. E aí vale muito a capacidade não só de nós brasileiros, mas o mundo ter a capacidade de dialogar e enxergar a realidade que está na nossa frente aqui, que é terrível. Então, depende muito desse trabalho de todos vocês, aliás, de todos nós.
Em agosto, dia 18, estou lá - vou estar na COP.
E, no que depender deste Parlamento aqui e dos membros desta Comissão de Meio Ambiente, nós iremos juntos avançar.
Mais uma vez, agradeço.
Gente, uma salva de palmas para os dois aqui, que estão trabalhando muito. (Palmas.)
Obrigada.
Vamos para a segunda parte aqui da nossa sessão da Comissão. (Pausa.)
Bom, agora vamos para a segunda parte da nossa reunião - aprovação de requerimento.
É apenas um requerimento para darmos celeridade ao encerramento da nossa sessão.
2ª PARTE
ITEM 1
REQUERIMENTO DA SUBCOMISSÃO TEMPORÁRIA PARA ACOMPANHAMENTO DOS PREPARATIVOS PARA REALIZAÇÃO DA COP 30 N° 3, DE 2025
- Não terminativo -
Requer, nos termos do art. 90, inciso XIII, e art. 142 do Regimento Interno do Senado Federal, a realização de diligência externa em Belém, do Pará, nos dias 18 e 19 de agosto próximo, com a participação de parlamentares membros da “Subcomissão Temporária para acompanhamento dos preparativos para realização da COP 30 - CMACOP30”, com o objetivo de acompanhar os preparativos logísticos, a organização espacial e o planejamento das programações para a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima- COP 30.
Autoria: Senadora Leila Barros (PDT/DF)
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A votação será simbólica.
Em votação o requerimento.
As Sras. Senadoras e os Srs. Senadores que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado o requerimento.
Eu quero agradecer mais uma vez a participação de todos que estiveram conosco nessa excelente audiência, com dois grandes expositores que sanaram grandes dúvidas sobre a realização da COP 30. Mas vamos ter mais, vamos acompanhar, vamos ter diligência e teremos a participação ainda de outros expositores em outras audiências até o evento em novembro.
Nada mais havendo a tratar, eu agradeço a presença de todos e declaro encerrada a presente reunião.
Boa quarta-feira para todo mundo! Até mais.
(Iniciada às 10 horas e 19 minutos, a reunião é encerrada às 11 horas e 57 minutos.)