13/08/2025 - 18ª - Comissão de Esporte

Horário

Texto com revisão

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A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE. Fala da Presidência.) - Bom dia a todas, bom dia a todos!
Quero aqui cumprimentar toda a assessoria da Comissão, cumprimentar todos os convidados.
Havendo número regimental, declaro aberta a 18ª Reunião da Comissão de Esporte da 3ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura, que se realiza na data do dia 13 de agosto de 2025.
Antes de iniciarmos aqui os nossos trabalhos, eu quero dar um informe: a Senadora Leila Barros, que preside esta Comissão, está pedindo desculpas por não ter podido comparecer, por não estar aqui hoje presidindo esta audiência pública, esta reunião, por problema de saúde familiar. O filho dela sofreu um acidente, e ela não pôde estar aqui presente. Então ela está pedindo desculpa e me passou essa tarefa, essa missão. E eu vim com o maior prazer para poder recebê-los e a gente fazer esta audiência pública.
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Aqui, esta reunião vai se destinar à realização de uma audiência pública com o objetivo de promover, na forma de seminário, diálogo sobre a formação esportiva dos jovens no Brasil - nós vamos ter o primeiro painel: Governança e Articulação do Sistema Esportivo na Formação de Atletas -, em atenção ao Requerimento nº 20 desta Comissão, de autoria da Senadora Leila Barros.
Para a gente dar início, eu já quero aqui convidar, com muito prazer e satisfação, os senhores que irão participar deste painel e deste debate: o Sr. Sebástian Pereira, Gerente-Executivo de Educação, Fomento e Infraestrutura do Comitê Olímpico do Brasil - por favor, pode vir até aqui a nossa mesa -; o Sr. Yohansson do Nascimento Ferreira, Vice-Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro; o Sr. Paulo Germano Maciel, Presidente do Comitê Brasileiro de Clubes; e o Sr. Cícero Rosa de Souza, Gerente de Seleções Masculinas da Confederação Brasileira de Futebol.
Antes de passar a palavra para os nossos convidados, eu comunico que esta reunião será interativa, transmitida ao vivo e aberta à participação dos interessados por meio do Portal e-Cidadania, na internet, no endereço senado.leg.br/ecidadania, ou pelo telefone 0800 0612211.
O relatório completo, com todas as manifestações, estará disponível também no portal, assim como as apresentações que forem utilizadas aqui pelos expositores.
Na exposição inicial, cada convidado poderá usar de até 15 minutos e, se for necessário, a gente também acrescenta - fiquem tranquilos em relação ao tempo. Depois, no final, a gente vai ter algumas perguntas e alguns comentários das pessoas que estão aí acessando os nossos portais e de algum Senador ou Senadora que queira vir também fazer alguma pergunta.
Já para dar início à nossa audiência pública, antes de começar, eu quero aqui desejar para a nossa querida Senadora Leila Barros, com muita solidariedade, que o filho dela se recupere o mais rápido possível e que ela possa voltar, porque ela faz muita falta aqui no Senado.
Então, com a palavra o Sr. Sebástian Pereira, que pode usar dos seus 15 minutos regimentais.
O SR. SEBÁSTIAN PEREIRA (Para expor.) - Bom dia. Bom dia a todos.
Obrigado, Senadora Augusta.
É um prazer enorme estar representando o Comitê Olímpico do Brasil, em nome do Presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Sr. Marco La Porta, e da nossa Vice-Presidente e medalhista olímpica, Yane Marques.
Quero agradecer a oportunidade de estarmos aqui representando um pouquinho daquilo que a gente vem contribuindo para esse tema tão importante, em que, desde o início dessa gestão, a gente vem trabalhando, no compromisso de fazer, juntos, com várias parcerias, realmente uma nação esportiva. E é em cima disso que eu gostaria de fazer a nossa apresentação.
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A gente já consegue... (Falha no áudio.)
Só aproveito para agradecer à Senadora Leila Barros pelo convite.
Eu sou também atleta olímpico de judô, representei o Brasil em 1996, junto com a Senadora, quando ela foi medalha de bronze. Eu fui quase um medalhista de bronze, por um minuto eu não fui medalhista de bronze, fui quinto colocado, perdi a disputa de bronze, mas é uma satisfação muito grande. Nos últimos 20 anos, eu trabalhei diretamente no alto rendimento do Comitê Olímpico do Brasil e agora tenho uma missão de poder liderar o Instituto Olímpico Brasileiro, a área de educação do Comitê Olímpico, para que a gente possa contribuir para esse tema tão importante que é a formação de pessoas.
Acho que agora está o.k. Eu já entro já com esse eslaide, onde a gente claramente vê, através dessa estrutura, uma definição das fases na formação de um jovem atleta: desde o processo de iniciação, obviamente; a gente precisa ter a identificação, seja ela motora ou mesmo para um esporte específico; a partir da identificação, a gente precisa ter a confirmação; e a partir daí o desenvolvimento até a chegada ao alto rendimento, que é a ponta da pirâmide, onde o COB (Comitê Olímpico do Brasil) tem o seu foco total para que a gente busque o resultado esportivo.
Mas a gente, olhando para a nação esportiva, para construir de fato uma cultura esportiva, precisa olhar para baixo também e contribuir de forma decisiva para que a gente possa ter uma melhor formação dos nossos jovens e principalmente dos nossos atletas. E aí eu trago alguns exemplos dessas ações que nós estamos desenvolvendo.
Um deles é o programa Transforma, que é um legado dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, que tinha o objetivo de apresentar o esporte nas escolas, esportes principalmente menos populares, esportes olímpicos. E ele teve, após 2016, a possibilidade de nós reconfigurarmos através do Comitê Olímpico do Brasil para trazer a cultura de uma educação olímpica para outras disciplinas escolares, não somente educação física, mas para as outras disciplinas escolares em que a gente pudesse contribuir através do esporte para a formação dessas outras disciplinas, contribuindo para a formação integral, baseados sempre nos valores olímpicos, que são: amizade, excelência e respeito.
Os objetivos desse programa são: aumentar o relacionamento com a nossa sociedade, especialmente com a não esportiva, a gente não somente falar de quatro em quatro anos em movimento olímpico, em Jogos Olímpicos, mas, sim, todos os anos, todos os dias e em todos os momentos; fortalecer, obviamente, a cultura esportiva nacional, que é o nosso principal objetivo hoje; através disso, com a temática olímpica, trazer exemplos para todos os componentes curriculares; de acordo e contribuindo com a desenvolvimento das nossas habilidades socioemocionais, principalmente das nossas crianças, alinhados, obviamente, com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
Aqui é um vídeo que explica muito claramente o que a gente vem desenvolvendo em diversas iniciativas do Transforma dentro da sala de aula.
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(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. SEBÁSTIAN PEREIRA - Esse projeto é tocado pela Carolina Araújo, nossa Gerente de Cultura e Valores Olímpicos do Comitê Olímpico do Brasil. Ele faz parte da nossa estratégia para que a gente possa fortalecer a cultura esportiva dentro do nosso país, começando desde lá de baixo com as crianças que a gente precisa encantar. Cada vez menos crianças estão praticando esporte. A gente precisa fazer com que elas se encantem pelo esporte, possam nunca mais sair do esporte. Mesmo que não se tornem atletas, mas sim que possam realmente consumir esporte de alguma forma, seja com a família, comprando algum material, comprando tíquete, praticando wellness, o bem-estar... Isso hoje precisa ser incluído, precisa ser levado a sério de uma forma completa. E a gente vem trazendo o que o esporte no dia a dia pode trazer de forma positiva.
Através do Instituto Olímpico Brasileiro, da nossa área de educação, a gente também vem contribuindo para isso, para poder montar, com base nesses pilares, que é o Programa de Carreira do Atleta, Academia Brasileira de Treinadores, e também gestores e projetos especiais, como, por exemplo, o Programa Esporte Seguro que nós temos, a gente vem trabalhando também com esse foco de poder contribuir para essa formação dos nossos jovens através de pessoas.
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Dentro do Programa de Carreira do Atleta, a gente tem a ideia de trabalhar o indivíduo globalmente, para que a gente possa desenvolver o atleta. Esse é o nosso o grande objetivo, para que a gente consiga oferecer condições e ferramentas para um melhor planejamento da carreira desses atletas, obviamente contribuindo para a preparação deles, desenvolvendo desde a iniciação da carreira esportiva. E a gente sabe que a carreira esportiva de alto rendimento tem muitos desafios, ela não é fácil. Então, para que o atleta, o jovem atleta possa entender quais são os desafios, quais são os sacrifícios e aquilo que precisa ser realizado, ele precisa ter uma orientação. Atuamos até a chegada da fase de transição, na qual a gente tem também um foco especial, para que a gente crie oportunidades para que eles possam seguir dentro do mercado de trabalho, aproveitando tudo aquilo que eles aprenderam enquanto atletas. São pessoas diferenciadas, de fato, por conta de todos os objetivos e as dificuldades que eles passaram e sacrifícios.
E dentro do Programa de Carreira, a gente trabalha como gerir a sua carreira esportiva; como lidar com as redes, superimportante hoje em dia; a parte financeira; como conciliar principalmente estudos, treinos e competições. A gente sabe que muitos atletas acabam deixando de estudar para só focar nos treinos ou nas competições, e não é preciso. A gente pode fazer junto tanto o estudo, a sua formação, como também a parte esportiva. Trabalhamos como lidar com patrocinadores: cada vez mais, patrocinadores, agentes esportivos vêm trabalhando dentro do meio esportivo, não somente no futebol, mas também no esporte olímpico. Então, é muito importante que a gente consiga vivenciar e aprender como lidar com todos esses agentes. E, principalmente, trabalhamos entendendo, quando ele for parar, o que ele precisa fazer, qual é o caminho que ele precisa seguir.
Dentro desse caminho, a gente tem cursos gratuitos dentro da nossa plataforma, do Comitê Olímpico do Brasil, dentro do Instituto Olímpico Brasileiro - cursos ligados à parte financeira, apoio pedagógico -, a gente tem mentores, coaches que podem orientar não somente o atleta, mas também o entorno dele, principalmente as famílias. Sem o apoio da família para ele poder seguir nessa formação de atletas, não funciona. Oferecemos apoio psicológico, até mesmo colocação profissional; a gente tem, através dos nossos parceiros, através dos nossos patrocinadores, a oportunidade de podermos oferecer um caminho que eles possam visualizar como pós-carreira.
Dentro desse Programa de Carreira, a gente tem três pilares: jovens atletas, que através de cursos gratuitos na nossa plataforma podem acessar todos esses conteúdos e até mesmo mentores; atletas em alto rendimento, que estão competindo ainda - a gente também tem esse foco -; e, principalmente, aquele em transição de carreira, caso em que a gente oferece um trabalho todo especial para que eles possam seguir depois da sua carreira esportiva.
E focado nos jovens atletas, a gente, como já foi falado, trabalha como construir uma carreira de alto desempenho, principalmente focado nessa idade de 12 a 17 anos, que é aquela transição quando o atleta ou vai seguir a carreira esportiva, ou vai seguir no mercado de trabalho; conhecimentos sobre como organizar melhor os treinos, competições, estudo, essa concomitância; e, como eu falei, o apoio à rede familiar e aos responsáveis e treinadores ou treinadoras também desses jovens.
Aqui, alguns dos nossos alunos que já passaram por nós, medalhistas olímpicos, já no processo de transição de carreira.
Aqui um pequeno vídeo sobre o lançamento, quando nós fizemos esse programa.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
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O SR. SEBÁSTIAN PEREIRA - Dando sequência, não somente os atletas, mas também os treinadores, que fazem parte importante desse processo de capacitação e de formação desses jovens. O nosso objetivo dentro da Academia Brasileira de Treinadores é complementar a formação profissional desses treinadores e professores. Atuar na parte desde iniciação, juventude até a chegada ao alto rendimento.
Dentro da ABT, através dessa estrutura, a gente tem o Cievo, que é o Curso de Iniciação Esportiva e Valores Olímpicos, também um curso gratuito para professores em que possam, através de quatro modalidades - atletismo, natação, judô e ginástica, que foram consideradas modalidades doadoras para outras modalidades que fazem parte daquela sedimentação e iniciação dos nossos atletas, na sua grande maioria no território brasileiro -, de acordo com a faixa etária, quais valências podem ser trabalhadas através do esporte, ou seja, trazendo conteúdo e conhecimento para esses professores poderem melhor trabalhar a formação desses jovens de 5 a 12 anos. A partir dos 12 anos, a gente tem também cursos gratuitos dentro da nossa plataforma de fundamentos do treinamento esportivo, quando começa, de fato, um processo já de especialização dentro de um esporte com conhecimento específico. Aí, os outros pilares são mais voltados para o alto rendimento. A gente está falando de Curso de Esporte de Alto Rendimento e o Curso Básico de Gestão para Treinadores, em que nós entendemos que cada treinador precisa ter também a gestão. Sem gestão, só com conhecimento, fica meio caminho andado. É preciso que todos tenham planejamento e possam contribuir, de fato, para a gente chegar às medalhas olímpicas.
Um terceiro projeto de supersucesso que a gente tem são os Jogos da Juventude, que, inclusive, agora no próximo mês de setembro, vai ser realizado aqui em Brasília, com uma faixa etária de 15 a 17 anos. É um dos principais eventos e uma das principais ações do Comitê Olímpico do Brasil. Além de ser uma competição esportiva, é uma grande celebração do talento e potencial dos jovens atletas do Brasil. Nós realizamos há mais de 20 anos, anualmente. É a maior competição multiesportiva nessa faixa etária.
A gente entende que é uma oportunidade enorme para esses atletas complementarem a sua formação, porque é um evento que se assemelha em muitos aos Jogos Olímpicos, guardadas as suas devidas proporções. É um evento multiesportivo, é um evento que é completamente diferente da realização de um campeonato somente de uma modalidade. Aqui ele tem uma verdadeira noção do que é participar de um evento multiesportivo, da mesma forma que é o sonho de todo e qualquer atleta participar dos Jogos Olímpicos. Isso contribui demais para, mais uma vez, o compromisso de, juntos por uma nação esportiva, a gente estar contribuindo diretamente através dos Jogos da Juventude.
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Os objetivos são estimular a prática desportiva na juventude, fortalecendo o esporte de base no país, com a possibilidade de identificar jovens com potencial esportivo, difundindo o olimpismo e os valores olímpicos e contribuindo para a educação por meio do esporte.
Aqui estão alguns atletas de destaque, campeões olímpicos, medalhistas olímpicos que já passaram pelos Jogos da Juventude. Realmente, é uma celebração do nosso esporte e uma grande oportunidade.
E agora um videozinho para finalizar.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. SEBÁSTIAN PEREIRA - E, para finalizar, a gente retorna aqui à nossa pirâmide de formação, em que a gente está trabalhando para poder aumentar o nosso repertório, o conteúdo e para montar uma metodologia, desde a iniciação até a chegada ao alto rendimento, que possa embasar todo e qualquer projeto que a gente possa desenvolver, construindo pontes, construindo parcerias com todos os agentes que fazem o esporte nacional, como o Ministério do Esporte, o Ministério da Educação, os clubes, as confederações, os atletas... Que a gente possa de fato contribuir e, juntos, fazer esta nação esportiva...
(Soa a campainha.)
O SR. SEBÁSTIAN PEREIRA - ... que a gente tanto almeja!
Obrigado, Senadora, pela oportunidade.
Prazer enorme contribuir para todo este debate. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Eu é que agradeço aqui ao Sebástian, que tão bem fez aqui sua exposição.
É bom que, como eu não sou muito da área do esporte, eu estou aprendendo com esta audiência pública. Já tenho algumas perguntas e dúvidas, que vou deixar para o final também.
Eu queria aqui também registrar, agradecendo-lhes, a presença: do Sr. Valmir, que é da Confederação Brasileira de Atletismo; do Sr. Daniel, do Comitê Paralímpico Brasileiro; do Sr. Fábio, do Ministério da Defesa; do Sr. Eduardo, advogado da Confederação Brasileira de Futebol; do Sr. Luis Felipe, advogado do Comitê Brasileiro de Clubes; do Sr. José Carlos, do Comitê Olímpico do Brasil; e do Sr. David, da Confederação Brasileira de Vela. Obrigada pela presença de todos que aqui estão. Sejam bem-vindos, se sintam bem acolhidos aqui nesta Comissão!
E, agora, dando continuidade para fazer também a sua exposição, vou chamar o Sr. Yohansson... Acertei? Yohansson... Se eu errei... (Risos.)
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Quase, não é? Até o final, eu vou acertar...
O SR. YOHANSSON DO NASCIMENTO FERREIRA - Acertou, acertou, sim, Senadora.
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Pronto.
Terá seus 15 minutos. Se for necessário, também a gente acrescenta ao seu tempo.
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O SR. YOHANSSON DO NASCIMENTO FERREIRA (Para expor.) - Senadora Augusta Brito, é um prazer estar aqui, mais uma vez, no Senado, falando sobre o nosso esporte paraolímpico.
Cumprimento também a Senadora Leila, que foi uma grande esportista, de quem eu me orgulhei muito, em quem me espelhei também na minha carreira, e está aqui presente nesta Comissão do Senado; o Sebástian, na pessoa de quem cumprimento o nosso Presidente do COB, Marco La Porta, e a minha amiga e Vice-Presidente do COB, Yane Marques; o Sr. Paulo Maciel, meu amigo do CBC, que faz um brilhante trabalho com todos os clubes, de todas as nossas 27 unidades federativas do Brasil; o Sr. Cícero Rosa, que faz também um trabalho de excelência à frente da CBF; o meu amigo Wlamir, do atletismo, paratletismo, é um prazer ter aqui você conosco; e toda a nossa equipe do CPB. Cumprimento meu amigo Daniel Brito, responsável por toda a nossa comunicação do CPB e por mostrar todos os nossos feitos, o que estamos fazendo ao longo de uma jornada muito grande, brilhante, no esporte paraolímpico.
Senadora, eu vou primeiro começar aqui falando sobre o CPB. Está na nossa missão promover o esporte paraolímpico da iniciação ao alto rendimento e a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade. É um compromisso nosso fazer toda essa atuação para o atleta, como estamos falando aqui, para a formação de atletas, essa formação esportiva, com projetos bem estruturados, começando pelo Festival Paralímpico, um projeto grandioso do CPB, que foi idealizado na gestão do Mizael Conrado. Tenho o prazer de também estar ao lado hoje do Presidente José Antônio, fazendo essa atuação em todo o Brasil.
Eu sei que todos esses contextos são um desafio muito grande do Brasil, as faltas de instalações esportivas. Eu tenho percorrido o Brasil com os nossos meetings paraolímpicos e, lamentavelmente, não temos toda a estrutura necessária para poder promover essa iniciação desses atletas. Posso citar aqui o caso do CFO lá em Fortaleza: vamos fazer uma parceria com o COB, para que possamos fazer com que esses atletas jovens possam ter o início da sua formação esportiva. Nos nossos meetings paraolímpicos, também espalhados por todo o Brasil...
Lamentavelmente... Hoje eu queria poder falar aqui que temos todas as estruturas necessárias para que esse plano de longo prazo que o CPB está fazendo possa também ser em conjunto com os municípios, em conjunto com os estados, em conjunto com as federações, com as confederações, com o CBC, CBCP, para que, quando chegue nas Paralimpíadas de 2028, eu possa falar mais uma vez que foi um recorde de medalhas, tanto para o movimento olímpico quanto para o movimento paraolímpico. Ainda sinto falta dessa integração entre municípios e estados.
Hoje, o CPB, com o nosso programa de centros de referência, Senadora, tem parceria com todos os estados do Brasil para levar o esporte paraolímpico, com nossas escolinhas. Posso chegar hoje lá no Ceará, com o Secretário de Esportes Henrique, para fazer parcerias, em conjunto com o COB, CPB... O CBCP vem realizando fóruns em todo o Brasil para também poder fazer com que esses clubes se estruturem cada vez mais e possam descobrir novos atletas. O trabalho do CBC e do CBCP é tentar fazer com que esses clubes estejam efetivamente nas pontas, para que possam formar atletas. O Wlamir, na CBA, e também a preocupação com a formação desses atletas... Orgulha-me muito, Wlamir, saber que, hoje, temos atletas já sendo referências para esses jovens que estão começando hoje. Acabamos de ver um atleta brasileiro correr a marca de 9,93. Quantos atletas também vão sonhar em estar correndo algumas marcas abaixo dos dez segundos?
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O CPB tem vários programas, Senadora. Eu vou falar um pouco sobre essas boas práticas do CPB para essa formação de atletas. Os centros de referências são um projeto grandioso. Hoje temos 86 centros de referências que estão espalhados por todo o Brasil. O Brasil tem 5.570 municípios. Hoje eu estou presente em 86 desses municípios. A nossa meta é que, a longo prazo, possamos ter, pelo menos, 500 centros de referências, porque, se eu tiver 500 centros de referências, e cada município puder atender a cinco municípios vizinhos, o CPB já estará presente em, pelo menos, metade do nosso país - e é um país de dimensões continentais.
O CPB foi criado em 1995. Pela primeira vez, em 2008, o Brasil ficou entre as dez potências em uma paralimpíada. Agora, nas Paralimpíadas de 2024, Senadora, o Brasil conquistou 89 medalhas. Foram 25 medalhas de ouro. Estamos entre as cinco potências paraolímpicas mundiais, mas, para que isso aconteça, eu tenho que continuar me preocupando com a formação esportiva.
Quem aqui não conhece o Daniel Dias? Quem aqui não conhece Carolina Gomes Santiago? Meu amigo, aqui de Brasília, Antônio Delfino de Souza? Atletas que conquistaram e brilharam no cenário internacional e nos quais eu também me espelhei. Antônio Delfino conquistou medalha em 2000, em Sidney. Eu conquistei medalha, Senadora... Eu fui do atletismo. Conquistei medalhas em 2008, 2012 e 2016. Que tenha essa continuidade desses atletas brilhando no alto rendimento e que essas crianças com deficiência estejam em casa e pensando: "Um dia eu vou conseguir chegar a essas conquistas"! Daniel Dias é o maior medalhista paraolímpico da história. Certamente, ele incentivou para que o Gabrielzinho também conquistasse as medalhas dele. Acabamos de voltar de Paris. Só o Gabrielzinho trouxe três medalhas de ouro. Nossa educação paraolímpica.
Senadora, eu só comecei o esporte paraolímpico com 17 anos - eu sou natural de Maceió, Alagoas -, porque uma treinadora tinha o conhecimento sobre esporte paraolímpico. Quantas crianças não têm essa oportunidade por falta de conhecimento desses professores?
Nosso programa de educação paraolímpica, no último ciclo, já capacitou 84 mil profissionais de educação física em todo o Brasil. Se não fosse essa treinadora, a Walquíria, que, por acaso, me viu em um ônibus, viu que eu não tinha as duas mãos, e me convidasse, eu não sei o que eu estaria fazendo aqui hoje. Eu não sei se eu teria me tornado um atleta paraolímpico e estaria falando sobre o esporte paraolímpico no dia de hoje.
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Esse nosso compromisso todo estruturado vem passando por educação paraolímpica, também pelo programa Atleta Cidadão. A nossa preocupação é essa formação esportiva dos jovens, mas também a formação de cidadãos, essa formação de toda a trajetória do atleta, da iniciação ao alto rendimento e o pós-carreira. Certamente, o COB também se preocupa com isso, o pós-carreira do atleta.
O nosso programa Atleta Cidadão todos os anos oferece, Senadora, 300 bolsas de ensino de pós-graduação, de graduação, para que esses atletas, nas suas trajetórias esportivas, possam brilhar nas pistas de atletismo, nas piscinas, nas quadras, nos tatames, e para que depois, no pós-carreira, eles possam também ter uma carreira estruturada, para que eles possam continuar, quem sabe, em um projeto esportivo, dando a oportunidade que ele teve enquanto atleta.
Eu vou pedir aqui para passar um vídeo para falar um pouco sobre essa formação desses novos atletas e depois eu continuo com a minha fala.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. YOHANSSON DO NASCIMENTO FERREIRA - É de se orgulhar, Senadora Augusta, esse atleta indo para sua primeira competição e já tendo esse entendimento. E o esporte vai fazer com que ele continue se desenvolvendo não apenas como atleta, mas como cidadão, de nos ensinar. Quantas crianças com deficiência estão ainda espalhadas pelo Brasil que não tiveram essa oportunidade que eu só tive aos 17 anos? Esse atleta acabou de competir, neste ano de 2025, em um dos nossos Meetings Paralímpicos. A deficiência é apenas um detalhe. Estamos falando aqui sobre essa oportunidade no esporte. Eu não poderia de deixar de citar hoje um dos nossos grandes parceiros, a Caixa Econômica Federal. Acabamos de anunciar o maior patrocínio da história com o Comitê Paralímpico Brasileiro. São 20 anos de parcerias entre Caixa Econômica e o esporte paraolímpico brasileiro.
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Semanas atrás, estávamos aqui na Câmara dos Deputados e no Senado celebrando o esporte olímpico, o esporte paraolímpico, com a aprovação... Que a Lei de Incentivo ao Esporte seja uma lei permanente, que ela possa aumentar esses recursos para que todas as nossas entidades possam estar cada vez mais estruturadas. Eu necessito desse apoio financeiro, de leis, para que eu possa transformar esses recursos em oportunidades. Eu preciso que comitês, confederações... Que os meus amigos também da CBDE e da CBDU possam ter esses recursos para fazerem parcerias integradas entre os comitês para otimizar os recursos.
Como eu citei aqui, Sebástian, o COB e o CPB, necessitamos fazer com que estejamos presentes no CFO lá em Fortaleza. Eu tenho certeza de que será uma grande oportunidade para o Brasil, para as federações, para os clubes ter um polo ali no Nordeste. Quantas pessoas podemos integrar, incluir através do esporte?
Não sei se todos aqui conhecem o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro. É um dos grandes legados que temos das Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016.
(Soa a campainha.)
O SR. YOHANSSON DO NASCIMENTO FERREIRA - Mas por que não o Brasil ter um centro de referência em cada região? No Nordeste, lá no CFO; aqui no Sudeste, no CPB em São Paulo; no Centro-Oeste, na Região Sul?
Então, é isto que estamos dispostos a fazer, Senadora: essa integração, esse compromisso com o CPB, não somente pensando em 2028, nas Paralimpíadas de Los Angeles. Eu quero que o esporte brasileiro continue brilhando em 2032, em 2040, para que, quem sabe, um dia eu possa brigar lado a lado com a China, com a posição número, no quadro geral de medalhas no esporte paraolímpico. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Eu agradeço demais a oportunidade de poder estar aqui presenciando todo o trabalho, comprovando-o.
O CFO de Fortaleza precisa realmente ter essa utilidade a mais. Para quem não conhece, é um equipamento muito completo. O senhor já foi lá? Pronto. É um equipamento muito completo, e a gente precisa verdadeiramente abrir as portas e dar oportunidade. Então, eu vejo de uma forma muito positiva essa parceria, não só com Fortaleza, Ceará, mas com o Nordeste, com certeza, abrindo lá o CFO, para que a gente possa abraçar todos os esportes, especialmente com a capacidade que ele tem de treinar profissionais e dar essa continuidade que eu estou vendo aqui sendo apresentada.
Eu quero dizer que a apresentação, o vídeo do Gabriel... Ele tem quantos anos?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Eu acho que tem uns dez anos, né? Ele serve de exemplo de vida, porque ele - como é que a gente poderia dizer? - está dando uma lição de moral em muitas pessoas que não têm algum tipo de deficiência e que ainda reclamam. E ele está lá feliz, mostrando que pode, que precisa da oportunidade, que não se faz política pública sem recurso, sem orçamento.
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Essa é uma questão também em que é tudo bonito e sobre a qual é bom se falar, mas, se não tiver orçamento e se não estiver dentro do Orçamento, a política pública não acontece, e a gente sabe que precisa muito também deste espaço aqui, dentro do Congresso, para que a gente possa garantir, verdadeiramente, as oportunidades - e se garante se garantindo também orçamento.
É só um comentário que eu fiz, mas eu fico feliz em poder conhecer todo o trabalho dos nossos expositores aqui.
E agora vamos chamar o Sr. Paulo, que também poderá usar seus 15 minutos.
Fique bem à vontade para fazer sua apresentação, sua explanação.
O SR. PAULO GERMANO MACIEL (Para expor.) - Bom dia a todos.
Senadora Augusta, muito obrigado. Foi um prazer muito grande conhecê-la pessoalmente. Já sei do seu brilhante trabalho aqui, no Senado. E, graças a Deus, hoje, temos pessoas como você e a Leila proporcionando isso ao esporte brasileiro.
Pode-se dizer que o esporte olímpico brasileiro, hoje, começou a entrar na linha, em um caminho perfeito com a união... Para que a senhora saiba, no dia 9 de setembro, iremos, aqui, realizar a assinatura de um comitê brasileiro dos conselhos nacionais, em que todos os comitês vão se juntar em um só. Isso era praticamente inimaginável há dez anos. Hoje, temos pessoas aqui, como o Cícero, da CBF, o Yohansson e o Sebástian, debatendo o esporte olímpico brasileiro.
Sabemos que as dificuldades são muito grandes, mas temos também presidentes de confederação como o Wlamir, que é um dos maiores presidentes - eu conheço o trabalho dele - e que sabe das dificuldades para a formação do esporte olímpico brasileiro.
Eu fui Presidente do Tijuca Tênis Clube por muitos anos. Por vinte e poucos anos fui o Presidente lá do Tijuca, que é um clube social e formador de atletas olímpicos. Eu estou como representante aqui, Senadora, de 1,7 mil clubes hoje, e, quando nós começamos o nosso plano e o nosso projeto, foi com 17 clubes. Inclusive, clubes como o Flamengo, como o Vasco, Fluminense, Corinthians e Palmeiras ajudaram na formação desse comitê. E a gente sabe - o Wlamir acompanha o esporte olímpico há muitos anos - a dificuldade que era. E os clubes... Eu era o Presidente do Tijuca e formava atletas.
Inclusive, teve um caso lá muito significativo. Era um sábado de manhã, eu estava no Tijuca, andando ali, e uma senhora veio reclamar da piscina, porque tinha duas meninas treinando lá que estavam ocupando a piscina às 8h da manhã. E eu fui lá ver quem eram. Realmente, eram duas garotas de sete ou oito anos praticando nado sincronizado - na época, era nado sincronizado. E eu falei: "Mas a senhora está reclamando de duas meninas que poderão divulgar o nome do esporte olímpico brasileiro em todo lugar do mundo e estão aqui, no Tijuca, nesse esforço, com a técnica aí?". E ela: "Não, porque eu sou sócia e queria...". E eu disse: "Nós temos mais três piscinas, que a senhora poderia usar". E passou-se o tempo. Essas meninas, nada mais e nada menos, eram Bia e Branca, as gêmeas do nado sincronizado; e hoje viram quem eram aí.
E, um dia, a Bia e a Branca, já com 16 ou 17 anos, me procuraram - e o Wlamir sabe muito bem o que eu vou dizer - e me disseram: "Olhe, Presidente, nós estamos treinando aqui o ano todo, e não tem competição". Estavam treinando nado sincronizado o ano todo e não tinha competição, Sebástian. Olhem a dificuldade que era. E eu falei: "É mesmo. Como é que vamos resolver isso?".
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Aí começamos a luta por verbas, porque o esporte olímpico é muito caro. A formação - não é, Sebástian? - é muito cara. E os clubes já estavam, apesar de ter essa tradição no Brasil, na formação de atleta... Eu acho que principalmente a iniciação no esporte brasileiro é quase que 90% em clubes. Só que os sócios começaram a reclamar. A vida foi mudando, o esporte foi ficando caro, os técnicos foram ficando cada dia mais caros, material e equipamento cada dia mais caros, o aquecimento de uma piscina caríssimo. A gente precisava de verba, e começamos esse trabalho. Foram os clubes que começaram esse trabalho, o trabalho para conseguir verbas aqui no Congresso.
E foi a sorte que pessoas como você, como a Leila, como o Romário - posso falar vários aqui -, como o Orlando Silva, que foi Ministro do Esporte e fez um trabalho brilhante aqui... Começamos e conseguimos esta verba que hoje significa muito: a verba das loterias. Foi a primeira verba que nós recebemos em 2011; e, em 2014, começamos a fazer a distribuição nos clubes. Então, os clubes hoje têm os técnicos, toda a comissão técnica paga pelo CBC, todo o equipamento, bola, redes, piscinas... A preparação da piscina, como foi a do Flamengo, a piscina olímpica, foi repassada pelo CBC com verbas conseguidas aqui. Foi um trabalho muito difícil - foi um trabalho muito difícil!
E começou o meu trabalho aqui de fazer, junto a outros presidentes também, a captação de mais verba, de procurar mais verba. E conseguimos agora, através das bets, colocar lá um percentual. Todos os comitês têm um percentual, menos o futebol profissional, em que o Cícero atua - não se repassa essa verba por política de trabalho deles.
E, com isso, o esporte está dando uma melhorada, o que se vê a cada ano que passa, a cada Olimpíadas que passa, a cada Paralimpíadas que passa, Yohansson. Foi um trabalho muito importante dos clubes.
Eu estou defendendo aqui os clubes, dizendo o que é, porque hoje é mais ou menos isto: os clubes preparam o atleta na iniciação; as federações vêm e começam a fazer suas competições, Senadora - aquela federação estadual -; e as confederações, como o Wlamir, vêm e fazem esse trabalho importante em cima deles. Aí vêm os grandes comitês - Comitê Olímpico, Comitê Paralímpico, Comitê de Clubes - para formar o atleta de alto rendimento. Até chegar aí, é um trabalho muito difícil, é um trabalho que, às vezes... Quando a gente estava debatendo aí, esses três anos, a lei das bets, a gente estava torcendo, pelo amor de Deus, para que viesse mais alguma coisa, porque a gente sabe do trabalho que é e da dificuldade que é.
E o Yohansson sabe muito bem isso. Os clubes que têm atletas paraolímpicos sofriam muita dificuldade, tinham muita dificuldade com isso. E, quando nós conseguimos essa verba também para o paraolímpico, foi muito importante - ainda não tinha a formação do Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos. E, quando a gente começou, a demanda era muito grande para o paraolímpico; foi necessária a formação de um Comitê Paralímpico de Clubes, que foi formado pelo João Batista, com a contribuição do Comitê Brasileiro de Clubes, que fez um trabalho muito grande sobre isso.
É essa união que se está tendo agora. Quando você vê aqui, na mesma mesa, neste bom debate, nesta audiência pública, presidentes de confederações, presidentes de federações também juntos, nos acompanhando, e a gente trabalhando, sempre querendo ter a mesma direção, isso vai aumentar muito o esporte olímpico. Esse legado que a gente vai deixar, Yohansson, Sebástian, Cícero, esse trabalho que a gente vai deixar aí para o futuro vai ser muito bom, porque nunca houve união tão grande entre os comitês, as confederações e as federações como está tendo agora.
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Por quê? Porque foi um trabalho em que a gente sabe o quanto é importante não só formar o atleta... De todos os que fazem a participação nos clubes, que começam a participação ali com cinco, seis anos, nem todos vão ser atletas, claro, mas vão ser cidadãos. A gente vai formar pessoas que vão saber perder e ganhar. Já ensina ali e tem essa iniciação. Então, tanto no esporte estudantil como no universitário, fazemos hoje esse trabalho de união que eu tenho certeza de que vai ser de um futuro muito brilhante.
Senadora, eu peço à senhora - através da Leila, claro, também, que tem feito esse trabalho - que sempre incentive esses debates. Isto aqui é muito importante para a gente, a gente está demonstrando...
Eu me lembro muito bem que, às vezes, eu formava o atleta ali... Eu era Presidente do Tijuca, chegavam os atletas lá às confederações, aos comitês, ao paraolímpico... Eu conversava, às vezes, muito com o Nuzman: "Nuzman, as minhas atletas Bia e Branca foram formadas no Tijuca desde a sua iniciação, e hoje elas recebem uma medalha aqui, ganham uma medalha com tanto esforço, e nem o nome daquele clube, nem o daquela federação, nem o daquela confederação são citados". Eu reclamava muito disso, cobrava. Então, pessoas como a gente, que fazem esse trabalho no dia a dia, querem ser reconhecidas.
E, hoje, os clubes, com esse papel importantíssimo no esporte brasileiro, no desenvolvimento, já reconhecido por todos... É um trabalho reconhecido por todos o dos clubes... Ele teve o reconhecimento do Congresso com a Lei 13.756, a lei das loterias, e agora com a lei das bets, e temos mais uma participação aí que é uma parceria do PL 244, que está para sair aí também, com mais verba também para o esporte. Isso significa que pessoas como você estão reconhecendo o trabalho que a gente faz, que é um trabalho que precisa muito isso.
O engrandecimento de uma nação é através do esporte hoje em dia. Não adianta a gente querer procurar só o esporte através das escolas, que não têm esse talento ainda, não têm essa força... Acredito que um dia vá ter, porque há procura, e a gente clama muito por isto: que o esporte escolar também seja regulado. A gente sabe das dificuldades da educação no Brasil, a gente sabe das nossas limitações, e os clubes têm esse papel importante hoje. É um papel de desenvolvimento do esporte olímpico brasileiro - e não só o esporte olímpico, os esportes hoje não olímpicos também. Por exemplo, agora acabamos de fazer um convênio com a Confederação Brasileira de Futevôlei, teve até a abertura lá no Rio de Janeiro, eu estava lá presente. Eu vi que... Fiquei muito orgulhoso sabendo que já estavam nascendo outras coisas ali... Futebol de salão, todos esses esportes a gente incentiva. A gente sabe que o esporte do brasileiro, Cícero, hoje, é o futebol, mas o esporte olímpico é muito importante para a formação de uma nação.
Eu tenho certeza de que esse trabalho que nós estamos fazendo aqui hoje... Vamos deixar esse legado para o Brasil todo. É um trabalho de união, Wlamir, esse trabalho de união, o apoio de vocês, o reconhecimento de vocês aos clubes... Vocês imaginam: o clube fazia aquele trabalho - hoje não, hoje é reconhecido -, mas não era reconhecido nem o atleta que era daquele clube, verba muito menos. Então, com esse esforço nosso aqui no Congresso, esse trabalho do dia a dia que nós fizemos, um trabalho em que o Dr. Felipe Cavalcanti, que está aqui, nos ajudou muito com o talento dele, com a desenvoltura dele... Hoje, eu tenho certeza de que, daqui a anos, você vão ver que essas palavras que eu estou dizendo vão ecoar na formação de atletas, não só nos resultados.
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Eu tenho certeza, nas próximas Olimpíadas, com o trabalho que o Brasil está desenvolvendo, de que teremos medalhas, bastantes medalhas. Eu tenho certeza de que o paraolímpico vai ser... Ele está sendo um exemplo já. E o olímpico, através do nosso Presidente La Porta, que é uma pessoa realmente com outra cabeça... Eu vi no La Porta o futuro do esporte olímpico brasileiro. Ele tem outra cabeça, tem outro pensamento. Junto com o Arialdo, da Confederação Nacional dos Clubes, eles têm feito um trabalho... Agora, esse conselho nacional dos comitês significa que a gente está num caminho correto.
Eu quero agradecer a todos aqui a presença, quero agradecer à Senadora Augusta e desejar ao filho da Leila - o Emanuel é muito meu amigo também, vou até saber o que é que foi depois - uma melhora o mais rápido possível.
Muito obrigado a todos. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Obrigada, Sr. Paulo.
Eu quero dizer que é exatamente isto: com a união é que podem realmente ser fortalecidas todas as ações, especialmente também no esporte. Então, a gente vê aqui, nesta audiência pública, exatamente esse interesse, essa vontade e essa construção. A gente sabe que, um tempo atrás, isso não existia, mas agora já começou, e a gente espera que ainda seja mais fortalecida com as ações que vão acontecendo. A gente vai vendo que dá resultado com a união; soma, não diminui.
O SR. PAULO GERMANO MACIEL - Era inimaginável anos atrás o Senado, com uma Senadora tão importante, com um momento tão importante, estar voltado também para o esporte. Era muito difícil, era praticamente impossível. Às vezes, eu passava dias aqui, rezando para ver se um...
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Existe uma Comissão específica.
O SR. PAULO GERMANO MACIEL - Exato! Hoje!
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Está vendo? É, inclusive, porque a nossa Senadora Leila junto com tantos outros também Senadores...
O SR. PAULO GERMANO MACIEL - Pessoas como você aí também fazem esse trabalho.
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - ... lutaram para ter esta Comissão, que a gente sabe que tem uma importância muito grande.
O SR. PAULO GERMANO MACIEL - Gratidão para sempre. Os clubes agradecem, os comitês também, tenho certeza de que estão gratos aí.
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Agradecemos também, porque a gente constrói assim: ouvindo, debatendo, discutindo, aprendendo. Sempre vou dizer que toda audiência pública para mim é muito valiosa, porque eu aprendo sempre.
Aqui eu queria já passar a palavra para o Sr. Cícero, que também vai dispor aí dos seus 15 minutos - se for necessário também, pode utilizar de mais.
Fique à vontade, Sr. Cícero.
O SR. CÍCERO ROSA DE SOUZA (Para expor.) - Muito bom dia, Senadora Augusta Brito. Muito bom dia aos companheiros de bancada, Paulo, Sebástian, Yohansson... Acertei?
O SR. YOHANSSON DO NASCIMENTO FERREIRA (Fora do microfone.) - Acertou.
O SR. CÍCERO ROSA DE SOUZA - De primeira.
Muito bom dia a todos aqueles aqui presentes de forma física na audiência e a todos aqueles que nos acompanham de forma remota em casa.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), através do seu Presidente Samir Xaud, agradece a inserção de órgão tão expressivo na discussão, no debate sobre a formação esportiva de jovens no Brasil.
Nós nos preparamos para fazer uma breve explanação em dois vieses: falando um pouco da história da formação do jovem futebolista brasileiro e falando também sobre as competições de categorias de base que essa confederação se propõe a fazer e que já executa.
A confederação escolheu para estar presente aqui nesta audiência o Gerente da Seleção Brasileira, e eu gostaria de apresentar o Gerente e o Cícero.
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Talvez as pessoas tenham muita curiosidade em saber o que faz um gerente dentro de um clube, o que faz um gerente dentro de uma seleção. Ele é um grande elo, ele é a pessoa, o profissional responsável em, a partir da tomada de decisão do Presidente da instituição e do Diretor de Seleções, hoje Rodrigo Caetano, estabelecer as ligações com muitas áreas: com a comissão técnica, hoje liderada pelo Prof. Carlo Ancelotti; com as categorias de base, hoje coordenada pelo nosso inesquecível lateral esquerdo Branco; com a sua análise de desempenho, que possui a sua coordenação; com o seu núcleo de saúde, que possui também a sua coordenação; com a logística; e com a parte administrativa. Além disso, o gerente cria os processos junto a outros departamentos da CBF, como o jurídico, a comunicação, o marketing, o financeiro e, no caso da pauta de hoje, também a pasta de desenvolvimento da Casa.
O Cícero? O Cícero é um gaúcho que tem 51 anos e, aos 15, iniciou em uma escolinha de futebol e por lá ficou 17 anos. Por 17 anos, eu trabalhei no interior do Rio Grande do Sul - dos meus 15 aos 31. Eu sei bem como se marca um campo, como se corta uma grama, como se coloca uma rede no gol, como se vive com muito pouco no interior para fazer formação de jovens em uma escolinha. O trabalho me conduziu ao Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, no qual eu fiquei por cinco anos e meio; ao Sport Club do Recife, por um ano e meio; ao Bahia, por um ano; Criciúma, por um ano; por nove anos e meio, à Sociedade Esportiva Palmeiras; e, nos últimos dezoito meses, já à CBF. Mais do que olhar para um currículo com algumas Libertadores, Recopas, quatro Campeonatos Brasileiros, Copas do Brasil - sempre no plural, e eu fico feliz com isso -, eu sempre cito que as maiores conquistas do Cícero não são as que viram troféus; elas são as que viram seres humanos. Então, participar do processo de formação de jogadores muito expressivos, como Gabriel Jesus, Endrick e Estêvão, talvez os últimos três de mais renome, mas há muitos outros, me orgulha muito, mas me orgulham muito todos aqueles que também não viraram jogadores profissionais de altíssimo nível e que puderam utilizar o aprendizado que tiveram no futebol para constituírem as suas carreiras profissionais e as suas famílias.
Afinal, o futebol - e o desporto - possibilita, na sua formação, a construção de um cidadão íntegro, pois ele define metas, define objetivos, define estratégias, e, com ele, aprende-se a ser líder, aprende-se a conviver em grupo. E a CBF hoje se propõe, com dois pilares - o de humanização e o de excelência -, a contribuir nesse processo de formação.
A primeira parte da nossa explanação vai falar da formação histórica do futebolista brasileiro.
Senadora, quando o Brasil se torna tricampeão mundial, em 1970, no México, o Brasil adquire uma grande hegemonia no futebol mundial. A Seleção Brasileira de 1970 é um marco pela sua construção técnica e também por fazer do Brasil um país campeão em três das últimas quatro edições da até então Copa do Mundo.
O europeu, muito afeito ao estudo e ao conhecimento, pretende identificar os porquês que um país sul-americano consegue ser tão competitivo. E ele entende que o motivo da grande diferença técnica é justamente a qualidade técnica. O brasileiro executa melhor as ações do jogo: ele domina melhor, ele passa melhor, ele dribla melhor, ele conduz melhor.
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O europeu, afeito ao conhecimento e à educação, busca um segundo porquê: por que ele executa melhor os gestos técnicos do futebol? Veja bem, nós estamos falando de cinco décadas atrás, e o europeu já está buscando o segundo porquê. Talvez nós, que militamos nos principais clubes, nas principais federações, nos principais órgãos públicos, até hoje não tenhamos nos questionado ainda sobre o primeiro porquê: por que éramos tão bons? Por que éramos tão diferentes? Pois essa distância diminuiu, e seria muito importante nós entendermos um pouquinho dos porquês. Talvez o europeu nos contribua com isso.
O europeu detectou, na década de 70, três valências muito importantes para o jovem brasileiro praticar melhor o futebol. Primeira, pela demanda geográfica populacional do Brasil, um país continental com uma população absurda e com uma capacidade de seleção natural maior - e nisso ele não poderia intervir. Segunda, a miscigenação, a construção dos atletas futebolistas brasileiros passava por um país que sofreu um processo de miscigenação muito forte e que carregava, nos jogadores de futebol, características de força, como o europeu, e de ginga, como o africano. Essa interferência o europeu, ao longo dos anos, conseguiu incutir; hoje ele possui muitos jogadores de descendência africana também em seleções, como a portuguesa, como a alemã, como a francesa e outras mais. Mas o terceiro motivo era o mais importante: o europeu entendeu, já na década de 70, o mundo compreendeu, aquele que é afeito ao estudo e ao conhecimento percebeu que a grande diferença do jogador brasileiro era a sua formação de cultura de rua, pois os jovens brasileiros, dos seis aos doze anos - na década de 70, assim como na de 60, e talvez um pouquinho mais adiante, 80, 90 -, com um gap até os catorze, era um jovem que praticava futebol diariamente, três, quatro, cinco horas, que praticava futebol na rua, que praticava futebol na grama, na terra, na areia, na praia - são 8 mil quilômetros neste país. Era um jovem que praticava futebol de tênis, de Kichute, de Bamba, de pé descalço, jogava em pisos diferentes, com calçados diferentes, em circunstâncias diferentes. Esse jovem jogava na chuva, jogava de noite, jogava com sol. Esse jovem, quando não tinha onze para cada lado, juntava de sete, ou juntava de cinco, ou juntava de três contra três, ou ele fazia "matou no peito vira drible", ou ele fazia o cabeçabol, ou ele fazia "o três dentro e três fora", ou ele botava chinelo para simular o gol, mas ele jogava diariamente de todas as formas. E a sua formação vinha justamente de todas essas formas. O jogo apresentava o problema; o atleta apresentava a solução. Eis a seleção natural, desde muito cedo, no processo de formação do jovem brasileiro. E é aí que o europeu entra: ele começa a incutir o futebol diariamente dentro de um processo já de seleção natural, já que são países menores, naqueles que consideram mais bem dotados, com 6, 7, 8, 9, 10 anos.
Por que é importante a CBF ter a compreensão e a visão de tudo isso? Porque ela se propõe, desde os últimos três meses, desde o início da gestão do Presidente Samir, a visitar os clubes de futebol brasileiro e propor que a metodologia de rua volte a ser incutida; de muitas formas e de muitas maneiras isso é possível.
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O último time em que eu trabalhei, o Palmeiras, é exemplar nisso. Em um primeiro momento, ele visita terrões diariamente com suas categorias abaixo dos 14 anos. Ele culmina por construir um terrão dentro do seu centro de treinamento. Jovens de 7, 8, 9, 10 anos não precisam estar condicionados a alguém apitar e ensinar tudo. O jogo precisa lhes ensinar. Eles precisam despertar o autoconhecimento.
Essa foi a essência da nossa formação, e é a isto que se propõe a CBF: em visitas técnicas aos principais clubes brasileiros e àqueles que são também senão os principais de Série A ou B, mas os principais enquanto chanceladores de formação, divulgar o quanto acreditamos na metodologia de rua e, cada vez, mais na necessidade de fazermos uma captação precoce, pois falarmos de inserir essa metodologia a partir dos 15 anos não faz muito sentido, porque, por todas as referências bibliográficas já consultadas e até hoje publicadas, nós temos a clara e nítida compreensão de que o desenvolvimento pleno, em nível psicomotor de um jovem, ocorre dos 6 aos 12 anos, com um gap máximo até os 14. Então, difundir e divulgar essa metodologia, estimulando-a a acontecer em todo o território nacional, é, sim, uma responsabilidade da casa-mãe do futebol brasileiro, e já estamos nos propondo a realizar isso nos últimos meses.
Paralelamente a isso, já temos os jovens que passaram pelos primeiros processos de formação, que venceram as primeiras peneiras, que conseguiram chegar aos grandes clubes e que hoje participam de um processo final de formação. A eles precisamos entregar as competições.
Em um primeiro momento, sabemos que a competição é a maior geradora de motivação. Aqui, na minha opinião, deveríamos educar os nossos treinadores para que não fossem apenas treinadores, e, sim, professores. E precisamos educar um público muito especial: os pais. Os pais, com motivos e objetivos muito diferentes do educacional e do formativo, assistem a jogos de crianças, transportando o mundo adulto para o mundo juvenil e exigindo performance e resultado de crianças que, em muitos momentos, só queriam se divertir e utilizar o futebol e o desporto em todas as suas atividades como um fomento de lazer; ou seja, sem querer, estão tirando o prazer da prática esportiva.
Mas aqueles jovens que venceram esses obstáculos e que hoje estão nas principais equipes precisam da competição não só como motivação, mas como uma introdução final ao desporto de alto rendimento e alto nível. É numa competição que um jovem de 14, 15, 16 anos vai ter a compreensão mais clara das regras, da convivência do grupo, ele vai ter a necessidade de exigência de uniformes, ele vai começar a conviver com viagens, com concentrações, com uma necessidade iminente de cardápio, de nutricionista. Serão incutidos profissionais de área de saúde, performance, análise de desempenho... E toda essa compreensão macro do jogo lhe ajuda no processo de formação.
A CBF, casa-mãe do futebol brasileiro, em 2025, entendeu a necessidade de expandir as suas competições de formação. Neste ano, pela primeira vez, o Campeonato Brasileiro Sub-20 ocorre em duas séries, Série A e Série B. Neste ano, também na categoria Sub-20, a Copa do Brasil tem uma ampliação de 32 para 64 clubes envolvidos, aumentando o fomento e a oportunidade da formação final desses jovens. Também na categoria Sub-20, neste ano, a Copa do Nordeste volta, de uma forma revitalizada e com a participação de 16 clubes, entregando um calendário um pouco mais robusto às equipes nordestinas.
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Na categoria Sub-17, replicamos o mesmo conceito da Copa do Brasil e, na categoria 17, ampliamos a fórmula de disputa desta competição, até então disputada por 20 clubes em duas chaves de dez, na qual a cada clube eram entregues nove partidas. A partir deste ano, os 20 clubes jogam em chave única: 19 jogos garantidos.
E temos a honra e o privilégio de anunciar, para 2026, a criação do primeiro Campeonato Brasileiro Sub-15, reunindo uma quantidade expressiva de equipes, ainda em processo final de formatação e de embalagem desse produto, e também de uma construção coletiva com as equipes. Afinal, é muito importante ouvirmos os coordenadores de base das equipes, visitarmos os coordenadores de base das equipes, trazermos esses coordenadores de base para dentro da CBF e trocarmos muitas ideias para que o produto, o Campeonato Brasileiro Sub-15, nasça não só robusto, mas também muito consistente no seu ideal de formação.
Encerrando e caminhando para o final da minha dissertação, em 2016, aqui, em Brasília, tivemos uma discussão acerca da exclusão da Educação Física como parte obrigatória da grade curricular de ensino médio. Eu acredito que essa discussão, em algum momento, possa ser reativada, e torço plenamente para que nunca ocorra essa discussão no ensino fundamental. Afinal, se hoje temos muito poucas praças, campinhos, lugares para desempenharmos o desenvolvimento do futebol, acredito que os Poderes públicos, em todas as suas instâncias - nacional, estadual, municipal -, devam salvaguardar as praças, os campos, todas as possibilidades de ferramentas e oportunidades de o jovem desenvolver o futebol; e a CBF também deve fazer isso com os seus clubes.
Então, agradecemos, mais uma vez, a atitude, a iniciativa da Senadora Leila. Agradecemos a excelente condução, Senadora Augusta, e lembramos que a CBF acredita que, enquanto bater um coração juvenil, o futebol sempre vai pulsar forte em todo o território brasileiro.
Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Obrigada, Sr. Cícero. Mais uma vez nós agradecemos muito.
Eu tenho algumas perguntas aqui, que foram apresentadas no e-Cidadania, mas, antes mesmo de ler aqui essas perguntas, eu gostaria de também fazer uma pergunta.
Primeiro, em relação ao que o Cícero acabou de falar, em relação à grade curricular no ensino médio, indago se nessa grade curricular também existe alguma coisa sobre a Paralimpíada, já que foi a sua fala. E também, dentro da formação dos possíveis profissionais de educação física, já existe alguma cadeira específica falando da Paralimpíada ou não?
É só a minha curiosidade para poder ver, em cima disso, o que é que a gente pode fazer aqui dentro, não é? Porque aí a gente pode pensar, de forma - lógico, obviamente - discutida com vocês que estão aqui, na audiência pública, com outras pessoas que não estão, com nossa Senadora Leila, alguma proposição legislativa, para que a gente possa vir a contribuir com essas questões que foram ditas aqui, o que não tem - eu ainda não sei se tem ou não tem - e o que a gente pode pensar para fazer um grupo de trabalho e dar alguma sugestão futura.
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Mas eu vou ler aqui as outras perguntas. Aí, vocês falam de uma vez só, pode ser? Tudo bem?
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Aqui nós temos a Melyssa, de São Paulo, que está perguntando: "Quais [...] as políticas públicas mais eficazes que o Brasil pode adotar ou expandir para garantir [o] acesso equitativo à formação esportiva?".
Nós temos também a Lara, do Rio de Janeiro: "Como fortalecer a articulação entre instituições para a formação de atletas no esporte de base?".
O Tiago, do Rio de Janeiro: "Qual a estratégia para consolidar a base esportiva no Brasil [...] [evitando que seja] abandonada [...] [ou usada só como] propaganda em ano de eleição?".
E a Letícia, de São Paulo: "Quais boas práticas podem [...] fortalecer [...] [o] desenvolvimento [esportivo] em comunidades carentes?".
Nós temos também alguns comentários aqui, mas eu vou deixar só com as perguntas.
Já passo aqui para o Sr. Sebástian, só agora fazendo um breve comentário e uma breve pergunta: no que foi apresentado do Transforma, uma curiosidade, mais uma curiosidade. Há quanto tempo ele já existe e como fazer - ou é município - para acessar? Como é que eu...? Só uma curiosidade.
O SR. SEBÁSTIAN PEREIRA (Para expor.) - Maravilha, Senadora! Obrigado pela oportunidade.
O programa Transforma é um legado de 2016, é um projeto que foi realizado em parceria com o Comitê Olímpico Internacional e o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Jogos Paralímpicos de 2016. Após 2016, o Comitê Olímpico Internacional conversou com o Comitê Olímpico do Brasil, para que a gente pudesse dar continuidade dentro de uma nova roupagem, sendo que até 2016 o objetivo foi alcançado, que era apresentar o esporte olímpico de uma forma mais ampla dentro das escolas.
Olhando isso e vendo essa oportunidade, o Comitê Olímpico do Brasil, através da área de cultura e valores olímpicos, repaginou o programa para poder levar de fato o que significa o movimento olímpico, já que o Comitê Olímpico do Brasil, dentro do território nacional, tem esse objetivo de poder difundir, cada vez mais, os valores olímpicos, o movimento olímpico, de uma forma geral. E a gente faz isso desde 2016, ao final dos Jogos Olímpicos, em parceria, principalmente com secretarias de educação ou de esporte de diversas cidades. A gente está aberto sempre a qualquer parceria, de qualquer movimento, de qualquer entidade, sejam ONGs, sejam outras instituições esportivas que possam estar trabalhando em parceria.
É importante sinalizar - e, aí, já entrando um pouquinho nas respostas a partir das perguntas que foram colocadas -: o Comitê Olímpico do Brasil acredita que ninguém faz nada sozinho, não é? A gente precisa de parcerias. Nós temos aqui o CBC (Comitê Brasileiro de Clubes); nós temos o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro); nós temos a CBF representando as confederações; nosso Presidente Wlamir, da Confederação Brasileira de Atletismo; a CBDE; a CBDU.
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Se a gente, de fato - é essa iniciativa que o Presidente Paulo trouxe, que é a união de todos esses agentes, trabalhando no mesmo objetivo, no alto rendimento, mas também na formação dos jovens -, não fizer isso, a gente não vai a lugar nenhum. E nisso a gente precisa trazer também o poder público, para que a gente possa, de fato, estabelecer uma política de Estado, não uma política de Governo, para que a gente possa, de fato, contribuir decisivamente para a formação do nosso jovem.
Lá em 2016... Eu trabalhei nos últimos 20 anos na área de alto rendimento. Pós-2016, a partir de trabalhar diretamente com os nossos atletas no objetivo de ganhar medalhas, a gente viu e percebeu que vários atletas chegam ao momento de conseguir a sua medalha e, às vezes, não conseguem até mesmo por um processo falho na sua formação, gaps que são encontrados dentro desse processo de formação e que não foram preenchidos. E aí a gente começou a identificar o quão necessário era a gente, de fato, chegar mais cedo à base, para que tudo aquilo que pudesse ser ofertado para o atleta de alto rendimento pudesse chegar de forma mais antecipada a esse jovem para complementar a formação. E começamos um trabalho grande para poder estabelecer uma metodologia que pudesse complementar todas as falhas na formação, não somente físicas, mas também globais na formação desse atleta.
(Soa a campainha.)
O SR. SEBÁSTIAN PEREIRA - A partir da mudança do Comitê Olímpico em 2017, eu acabei voltando para o alto rendimento e abandonei esse projeto lá atrás. Voltei para o alto rendimento, mas, agora, nessa nova função, liderando a área de educação, a gente inicia um grupo de trabalho com acadêmicos, com gente da área prática esportiva, que vão contribuir, sim, para que a gente possa ter um conteúdo, um pathway, um caminho claro de formação desse atleta, para que isso possa gerar iniciativas, como processos de formação para professores de educação física e para treinadores, que possam contribuir diretamente nesses anseios que a gente precisa preencher. Não é somente para escolas, mas também para clubes, para parceiros, para ONGs, para todos que possam, de fato, contribuir, para que, juntos, possamos formar este verdadeiro objetivo que é uma nação esportiva, preenchendo essa lacuna que existe hoje dentro do esporte educacional e o esportivo.
(Soa a campainha.)
O SR. SEBÁSTIAN PEREIRA - Obrigado.
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - É a sirene... É porque ela... Mas pode relaxar! (Risos.)
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - A gente fica mesmo, mas já estou acostumada com ela. Então, pode relaxar que a gente amplia o tempo, se for necessário.
Agora, já passo para o Sr. Yohansson... Ainda não consigo falar... É para também fazer suas considerações finais. Fique à vontade se quiser responder alguma das perguntas, alguns dos questionamentos.
O SR. YOHANSSON DO NASCIMENTO FERREIRA (Para expor.) - Senadora, a senhora falou em relação às escolas, às graduações. E, num curso de Educação Física, num período ali de quatro anos, existe uma disciplina chamada disciplina adaptada... Essa disciplina adaptada não fala nem exclusivamente nos esportes olímpicos, nos esportes paraolímpicos. Nessa disciplina, temos que aprender como trabalhar com a terceira idade, como trabalhar com gestantes, como trabalhar com hipertensos e como trabalhar com a pessoa com deficiência. Como é que esse aluno vai sair da sua graduação sabendo sobre esporte paralímpico, sabendo o que é uma classificação esportiva, sabendo quais deficiências são elegíveis para o esporte paralímpico?
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Então, eu tenho certeza de que o esporte tem que estar dentro de toda a sua formação, durante todos os quatro anos. Onde tiver a disciplina de basquetebol, que tenha também o basquetebol em cadeira de rodas. Onde tiver o voleibol sentado, que tenha o voleibol convencional em conjunto. Onde tiver a disciplina de atletismo, que tenha a disciplina do atletismo paralímpico. É saber quais são os graus de deficiência, saber que um deficiente visual pode ingressar no atletismo e que tem modalidades exclusivas que são para pessoas com deficiência visual, como é o caso do golbol.
Somos, em todas as paralimpíadas, medalhistas, somos pentacampeões no futebol de cegos. O nosso ex-Presidente Mizael Conrado foi bicampeão paralímpico, foi eleito o melhor jogador do mundo em 1998.
Então, a questão da educação é fundamental para fazer essa Política Nacional do Esporte. O Sebástian falou com muita propriedade: não deve ser uma política de governo, e sim, uma política de Estado. Não era nem para estarmos conversando aqui que o esporte faz bem para a saúde, que o esporte transforma vidas. Isso todo mundo já sabe, isso já deve ser um assunto superado.
A nossa estratégia, hoje, no esporte paralímpico é massificar cada vez mais essa oportunidade para as nossas crianças.
Senadora, no ano passado, no projeto dos meetings paralímpicos, estivemos presentes em todos os estados. Lá em Alagoas, quando eu iniciei, não tinha projeto nenhum, praticamente, do esporte paralímpico. Hoje, eu me orgulho em falar que o Brasil está presente em todas as unidades federativas do Brasil. Eu até brinco, Senadora, ao falar que o CPB este ano esteve em Rio Branco, levando uma competição, que é o meeting paralímpico. Nem McDonald's tem em Rio Branco, mas tem esporte paralímpico lá. E eu me orgulho bastante.
Com o Festival Paralímpico, estivemos presentes, o ano passado, em 120 cidades do Brasil. Atendemos a 45 mil crianças. E o bacana, Senadora: dessas 45 mil crianças, um percentual de 20% eram crianças sem deficiência. Isso é inclusão. Aquelas crianças competindo, aprendendo um pouco sobre o esporte paralímpico, uma criança sem deficiência correndo ao lado de um cadeirante. Isso é inclusão, chegar na sua casa, chegar para um amigo que tenha algum tipo de deficiência: "Você sabia que existe a possibilidade de você se tornar um atleta?".
(Soa a campainha.)
O SR. YOHANSSON DO NASCIMENTO FERREIRA - Todas as crianças passam a não ser mais aqueles coitadinhos.
Quantas e quantas vezes nossa sociedade enxerga primeiro a deficiência e depois vai, quem sabe, enxergar uma potencialidade? A criança em uma cadeira de rodas, a sociedade enxerga o quê? "Coitado, está em uma cadeira de rodas." Uma criança sem a visão: "Poxa, coitado, como é que vai ser a vida dele sem a visão?". "O coitado nasceu sem as duas mãos, como é que ele vai conseguir se alimentar?". E, depois do esporte, dessa oportunidade, começam a enxergar o atleta do bairro, o atleta...
A senhora viu, aquela criança vai chegar à sua escola com as medalhas. Ela não será mais aquela única criança com deficiência daquela escola, ela vai ser o medalhista, já vão falar dela como um campeã. Então, esse é...
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(Soa a campainha.)
O SR. YOHANSSON DO NASCIMENTO FERREIRA - ... o nosso sentido.
Tem um projeto que eu quero muito que possa ser replicado, nos próximos anos, em todos os estados do Brasil. Trata-se de uma parceria que temos, hoje, com o Governo de São Paulo. Chama-se Projeto Escola Mais Inclusiva.
Este ano estaremos presentes, Senadora, em um projeto piloto em dez escolas estaduais, para que todos aqueles professores de educação física das escolas sejam capacitados para trabalhar com as crianças com deficiência de cada escola. Até o final do projeto, estaremos presentes em todas as cidades do Estado de São Paulo.
Em todas as aulas de educação física, teremos o esporte paralímpico presente. São 23 modalidades paralímpicas.
Já temos uma parceria também muito positiva com a Secretaria do Paradesporto, com o Secretário Fábio.
(Soa a campainha.)
O SR. YOHANSSON DO NASCIMENTO FERREIRA - O Ministro Fufuca...
Senadora, a senhora me pediu para não me preocupar com o sino. (Risos.)
Então, por isso que eu vou me prolongar um pouquinho aqui, porque, realmente, esse nosso compromisso, pelo qual estamos aqui sentados, é não somente para falar dos nossos projetos, mas para falar no nosso compromisso. Eu sei como o esporte transformou a minha vida. Cada um que está aqui sabe desse poder de transformação.
Em algum momento, Cícero, eu quis ser jogador de futebol. Não tinha habilidade, eu era velocista. Nem sabia ainda dessa oportunidade. Jogava de lateral-direito, sempre tive essa velocidade, mas foi o esporte paralímpico que descobriu isso.
Foi o esporte paralímpico que me deu essas medalhas, que me deu essas oportunidades, pelo qual tantas e tantas crianças, em algum momento, se espelharam ali, nas minhas conquistas como atleta paralímpico.
Hoje, o nosso atleta paralímpico mais rápido do mundo, em todas as categorias, é brasileiro. É um paraibano. Petrúcio Ferreira. Ele correu 10,29.
O Vlamir sabe muito bem o quão expressiva é essa marca, tanto no esporte olímpico quanto no esporte paralímpico.
Vocês podem ter a certeza de que o esporte paralímpico vai continuar dando muito orgulho à nossa nação. Que vocês possam saber: "Ah, realmente, aquele menino do nome difícil, Yohansson, ele falou desse compromisso do esporte paralímpico, em 2028, de conquistar cada vez mais medalhas".
Que eu possa conquistar, em 2028, em Los Angeles, pelo menos três dígitos de medalhas e, pela primeira vez, falar: "Ah, o Brasil conquistou cento e tantas medalhas nos Jogos Paralímpicos". E que essas crianças, que essa massificação possa estar em casa, olhando: "Do mesmo jeito que aquele cadeirante conquistou medalha; do mesmo jeito que aquele atleta do futebol de cegos...". "Puxa, eu sou cego. Eu posso me tornar um jogador de futebol. Eu posso me tornar um jogador de golbol, posso me tornar um judoca...".
O judô paralímpico trouxe quatro medalhas de ouro! Foi a melhor participação da história do judô paralímpico.
Foram 25 medalhas de ouro, Senadora, em uma única edição de jogos paralímpicos.
Podem ter certeza de que essa formação dos atletas estará na nossa missão, estará no nosso compromisso, e vamos transformar, junto com os comitês CPB, COB, CBC, CBCP, CBDE, CBDU, confederações, federações, clubes e associações, vamos transformar o Brasil em um país esportivo, um país que dá orgulho.
Já me estendi demais, Senadora. Desculpe-me aqui, também meus companheiros, mas esse é o nosso compromisso. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Obrigada. Mais uma vez eu agradeço e já volto de novo a insistir.
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Eu sei que você já falou que existe esse projeto lá em São Paulo, mas é um projeto de governo, né? Eu acredito que sim. E a gente quer falar sobre um projeto de Estado, que fique, né? Que você pense se tem a necessidade. Pelo que eu entendi na fala do senhor, tem a necessidade, mas veja de que forma a gente pode apresentar um projeto ou mudar alguma lei já existente, em relação a fazer essa inclusão dentro da própria lei, para que os cursos de educação física tenham a obrigatoriedade de ter especificamente o que vocês vão me dizer que é para ter, porque eu não sei... Eu espero isso do Comitê, espero isso de todos que aqui estão e outras pessoas que possam contribuir, para que, efetivamente, a gente apresente uma lei que vá realmente fazer a diferença. Porque a nossa ideia aqui - eu falo por mim e vou falar pela Senadora Leila, obviamente, pela confiança que ela me deu de estar aqui presidindo a Comissão - é de fazer e de elaborar que sejam projetos ou defender os que vão fazer realmente e verdadeiramente diferença nas pessoas que vão se utilizar dele, lá na ponta.
Então, com esse intuito, eu quero deixar aqui um pedido para que você veja, junto com o Comitê, como seria a estruturação. Eu vou pedir para minha assessoria já estudar sobre o tema, já pesquisar se a gente pode mudar alguma lei que já exista, porque às vezes é mais fácil mudar uma lei do que criar outra.
A gente sabe que tudo tem debate, tem discussão. Isso faz parte da construção, isso é positivo. Estou longe de ser a pessoa que vai saber realmente o que vai trazer e vai fazer diferença. Por isso eu preciso de vocês demandando, para que legitime o que a gente quer apresentar. Se for para apresentar também, se tiver fundamento e tiver realmente a necessidade.
Eu estou botando a Comissão, estou botando aqui o nosso mandato totalmente à disposição, para que vocês pensem, construam, elaborem. E eu também vou fazer uma sugestão e a gente entra em contato, que a gente vai ter aqui a nossa equipe de assessoria fazendo alguma proposição. Entraremos em contato com vocês, para dizer "olhe, analise isso aqui. O que é que pode melhorar? Isso aqui atende ao que a gente discutiu na audiência pública?", para gente começar esse diálogo.
Efetivamente, além de ser uma audiência pública que várias pessoas vão assistir, em que o debate está sendo posto e em que a gente constrói e aprende, enfim, vocês também apresentam o que está sendo feito, ela pode vir também com esses encaminhamentos, que são a intenção dela, os encaminhamentos que vão fazer parte aqui dessa construção, além de estar dentro do orçamento, além de mudar ou criar alguma lei que vá beneficiar.
Eu também falo muito, né? Vou falar pouco, que aqui eu estou mais para ouvir.
Agora eu já passo para o Sr. Paulo também fazer suas considerações finais, já agradecendo a todos.
O SR. PAULO GERMANO MACIEL (Para expor.) - Não, Senadora, a senhora não fala muito. Ainda bem que a senhora fala. Praticamente, a senhora respondeu à Melyssa e à Letícia aqui, quanto à preocupação delas com essa formalidade do esporte. Quer dizer, você já deu a resposta indiretamente para elas lá.
Quando o Cícero me falava dos exemplos ali, dando o exemplo de como o atleta é formado ali no campo de futebol de barro, ali formando o gol com a sandália, tal, aquilo me despertou.
Realmente é, Cícero. A gente hoje não via mais aquilo. Queria só o campo já gramado, com rede, com apito, marcado, e as grandes peladas, os grandes jogadores saíram ali do barrão, né? Sem nada, né? Isso aí significa que, realmente, o trabalho de iniciação que nós tínhamos no Brasil deve continuar com aquele trabalho, só que com uma política de governo, Senadora.
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Eu acho que o que a senhora fala aqui é importante para o Brasil todo escutar. É uma preocupação já, quando a gente traz uma situação aqui...
O Yohan, que é muito craque agora, escutou muito o Mizael, o chefe dele, e trouxe já um pedido que foi aceito imediatamente.
Yohan, parabéns pelo trabalho! É isso aí que significa. Para isso o Senado está aqui, para trabalhar junto com tantas pessoas que querem um esporte cada dia melhor.
Eu continuo com aquela briga pelos clubes. Os clubes vão estar sempre juntos com o esporte brasileiro, vão estar sempre junto com o Senado, Senadora, a hora que precisar. Os clubes hoje, da cabeça da iniciação até os de grandes recursos já, de alto padrão, com atletas ali formados...
A gente está chegando hoje com a Superliga de Vôlei, Superliga de Basquete, a gente está sempre junto delas, e a gente quer participar ativamente disso aí, do trabalho aí.
Nós, hoje gestores do esporte, temos a obrigação de responder à Letícia e à Melyssa exatamente isso, com palavras como as da senhora.
Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Obrigada. Eu que agradeço.
Com certeza, vamos ter bons encaminhamentos desta audiência pública.
Aqui eu vou só ler um comentário - não é pergunta -, antes do Cícero, porque vem da última fala, que é exatamente o que ele botou. Eu vejo aqui alguns comentários.
Esse aqui é do Leonardo, Distrito Federal: "A formação de atletas começa nas escolas, a partir do esporte da escola, garantindo preciosas etapas de formação social e profissional".
Além dele, nós temos o Elias, de Goiás, que também fala sobre a questão da escola, do esporte dentro da escola.
Eu estou deixando aqui os comentários para deixar a deixa para você vir, Cícero, e fechar com chave de ouro.
O SR. CÍCERO ROSA DE SOUZA (Para expor.) - Perfeito, Senadora.
Vou pegar a sua deixa e a dos colegas.
Paulo, o desafio hoje não é só perceber que o europeu aprendeu com a nossa cultura de rua; talvez o maior desafio seja nós termos a visão clara e nítida de que nós perdemos a cultura de rua.
Existem componentes. Existe aí um boom da construção civil, gerando uma urbanização fantástica. São grandes metrópoles que tiram o espaço do jogo.
Existe a insegurança de um pai, de uma mãe de liberar um jovem de oito, nove anos para ir para a rua praticar esporte. Na realidade, essa insegurança não é só para o esporte, é para tudo.
E existem também componentes modernos muito atrativos para as crianças, tecnológicos, e que hoje são concorrentes da prática desportiva.
Mas, juntando com a sua fala, Yohansson, juntando as duas... Porque você vislumbra o Brasil ganhando mais de cem medalhas paraolímpicas. Esse número, que seria ampliado, não reflete só o produto final; ele reflete que, antes disso, muito mais gente praticou. E isso reflete que, antes disso, muito mais gente teve oportunidade. E aí, Senadora, é que entra o nosso fomento.
Então, a competição, embora muitas vezes exista a distorção sobre quem banca a competição, é geradora de motivação e ela é que pode difundir a prática desportiva.
Encerrando as minhas palavras aqui, eu digo que a CBF, nos últimos três meses, desde o início da gestão do Presidente Samir Xaud, tem se proposto a esse fomento de competições.
Eu não trouxe números, mas, em categorias de base, são mais de 600 jogos no Brasil este ano, e, se você multiplicar isso por custear a logística de todos esses jogos, de um time viajar e se hospedar e fazer as suas refeições, isso tem um volume financeiro muito significativo.
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E também, agora nos últimos três meses, a CBF está inaugurando centros de desenvolvimento - são 14 - que foram legados da Copa do Mundo realizada no Brasil. Os CDs todos ficaram prontos agora. O Presidente Samir já inaugurou três e, no dia 15, ele vai inaugurar um novo em Santa Catarina.
E, lá em Santa Catarina, também nos dias 21 e 24, a Seleção Brasileira Sub-17 faz dois amistosos com a Costa Rica, num projeto de se tornar itinerante e de se aproximar do torcedor brasileiro. Afinal, uma grande oportunidade hoje de o torcedor de estados alternativos poder receber a visita de grandes jogadores, que logo, logo, serão os principais jogadores mundiais, ocorre na categoria Sub-17, já que, na categoria Sub-20, eles já estão profissionalizados, já estão defendendo grandes clubes e acabam, em momentos que não são Datas FIFA, não sendo liberados à seleção. E, na Sub-17, a gente não tem esse problema.
A ideia é aproximar o público da CBF, da Seleção Brasileira, para a gente retomar algo muito importante aí, que é o orgulho de torcer pela nossa amarelinha.
Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE (Augusta Brito. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - CE) - Obrigada também, Sr. Cícero.
E agora, já indo aqui para a final da nossa audiência pública, em consideração aos internautas que fizeram comentário aqui, eu vou só pedir aqui para ler os últimos comentários. Não é pergunta. Então, fiquem tranquilos.
Alguns comentários aqui.
Mauro, da Bahia: "É fundamental o estímulo esportivo, mas isso se fortalece [de fato] com políticas públicas e com participação da comunidade e apoio privado".
Nós temos o Leonardo, aqui do Distrito Federal... Foi o que eu li, o do Leonardo.
Agora o Fernando, do Rio de Janeiro: "[...] [é] fundamental o estímulo de práticas esportivas entre os jovens, [...] [especialmente os mais vulneráveis]".
Philippe, de Minas Gerais: "Instituições poderiam se [envolver] [...] mais, de forma gratuita, para oferecer formação básica ao esporte e selecionar os futuros atletas".
E a última, a Ana, do Pará: "Acho que a formação esportiva dos jovens [...] [deve vir] acompanhada de acesso à educação e incentivo financeiro".
E aqui nós já fizemos as considerações finais.
Eu gostaria imensamente de agradecer a todos os expositores que aqui estiveram. Volto a dizer: o nosso compromisso - o meu, do nosso mandato, da Comissão, e com certeza da Senadora Leila - é que a gente continue os trabalhos além da audiência pública, para ver se realmente a gente consegue fazer alguma proposição, para que a gente possa fortalecer, especialmente na formação dos profissionais e também dentro do ensino médio, fortalecer a educação física em si e os profissionais que vão ser formados através dela, para que possam ter esse olhar que sua professora teve, dando-lhe a oportunidade.
Se a gente conseguir fazer com que vire realmente uma política de Estado, a gente vai ver tantas outras professoras e professores também podendo incluir, porque isso é inclusão.
E aí eu agradeço demais.
E, antes de encerrar os nossos trabalhos, eu submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e aprovação da Ata da 17ª Reunião, realizada no dia 6 de agosto de 2025.
As Sras. Senadoras e os Srs. Senadores que aprovam permaneçam como estão. (Pausa.)
A ata foi aprovada e será publicada também no Diário do Senado Federal.
Nada mais havendo a tratar, eu desejo a todos e todas um ótimo dia e muito obrigada, mais uma vez, aos expositores.
Obrigada. (Palmas.)
(Iniciada às 9 horas e 41 minutos, a reunião é encerrada às 11 horas e 22 minutos.)