10/09/2025 - 22ª - Comissão de Esporte

Horário

Texto com revisão

R
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF. Fala da Presidência.) - Bom dia a todas e todos! Vamos para mais uma sessão da nossa Comissão de Esporte. Eu agradeço a todos a presença e peço desculpas pelo atraso.
Havendo número regimental, eu declaro aberta a 22ª Reunião da Comissão de Esporte da 3ª Sessão Legislativa Ordinária e da 57ª Legislatura, que se realiza nesta data, 10 de setembro de 2025.
Senhoras e senhores, Senadoras, Senadores, autoridades e representantes do esporte, convidados e todos os que nos acompanham nesta reunião, hoje damos continuidade ao seminário diálogo sobre a formação esportiva dos jovens no brasil, chegando ao seu quarto painel dedicado à perspectiva comparada, que são os modelos e experiências internacionais.
R
Este painel nos permite dar luz sobre as experiências consolidadas em outros países, analisando como diferentes nações estruturam políticas públicas para o esporte de base. É uma oportunidade de aprender com modelos internacionais, conhecer boas práticas e refletir sobre como aplicá-las na realidade do nosso país.
Para isso, temos, como convidados, especialistas de renome, como o Prof. Jorge Knijnik, da Western Sydney University, na Austrália; o Prof. Martin Camiré, da University of Ottawa, no Canadá; a Profa. Carine Collet, que é doutora em Educação Física e Esporte na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e consultora esportiva; e o Prof. Billy Graeff Bastos, da Furg, e membro da Catedra Unesco Esporte para o Desenvolvimento, a Paz e o Meio Ambiente. Cumprimento todos os nossos expositores e agradeço, mais uma vez, a participação.
Esse diálogo é fundamental, porque o esporte de formação é mais do que um capítulo específico da política esportiva; ele é a base sobre a qual se constrói cidadania, inclusão e principalmente desenvolvimento humano. Precisamos reconhecer que a ausência de um projeto nacional articulado fragiliza a estrutura esportiva brasileira. É hora de pensar o esporte de base como prioridade, com políticas justas, sustentáveis e principalmente intersetoriais.
Antes de encerrar esta abertura, eu registro alguns fatos recentes que nos tocam profundamente e nos inspiram à reflexão nesta Comissão.
Eu começo por lamentar profundamente mais um episódio de racismo no futebol brasileiro, após o fim de uma partida realizada em Santa Catarina, com mando do Clube Brusque, pela Série C. O atacante do Clube Náutico, de Pernambuco, o Igor Bolt, denunciou um torcedor da equipe catarinense por tê-lo chamado de macaco - mais um caso doloroso que reforça a nossa responsabilidade em combater o preconceito com rigor e firmeza, dentro e fora dos gramados. Nossa solidariedade ao Igor e à equipe.
Mas também celebramos conquistas. Na Série D do Campeonato Brasileiro, quatro equipes garantiram o acesso à Série C: São Raimundo, de Roraima; Maranhão; Itabuna, da Bahia; e Pouso Alegre, de Minas Gerais. Eu parabenizo cada uma dessas equipes, seus atletas, dirigentes e torcedores por essa vitória que valoriza o futebol regional e leva novos protagonistas ao cenário nacional.
O Bahia também brilhou ao conquistar de goleada a Copa Nordeste deste ano, 2025, celebrando a força do futebol nordestino e se transformando no maior vencedor da competição.
No vôlei, nossa seleção feminina conquistou a medalha de bronze no mundial, em campanha marcada por emoção, superação e muito aprendizado, lembrando que é uma geração muito jovem e que brilhou muito, uma semifinal duríssima contra a Itália, 3 x 2, e conquistando, com placar de 3 x 2 também, a medalha de bronze contra o Japão. A Gabi, nossa capitã, foi eleita a melhor ponteira do torneio, entrando para a seleção do campeonato e reforçando o protagonismo do Brasil na modalidade.
No cenário das artes marciais, o Brasil alcançou sua melhor campanha em dez anos no Mundial de Wushu realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, com grandes conquistas brasileiras. Na modalidade Sanda, Beatriz Silva, da categoria até 56kg, levou a prata; e o João Oliveira e a Nathália Briquezi ganharam a medalha de bronze. Parabéns aos nossos atletas!
R
Na ginástica artística, celebramos os dois ouros conquistados por Caio Souza, no Campeonato Brasileiro, consolidando sua posição como um dos maiores nomes da modalidade no país.
E novamente, aqui em Brasília, nós vamos ter o retorno, após uma década, do Challenger Internacional - tivemos, né? - de Basquete 3x3, reforçando o papel da capital como espaço de grandes eventos esportivos.
E por fim, eu destaco com entusiasmo: ontem eu estive em uma recepção, uma homenagem aos Parlamentares do Comitê Olímpico do Brasil. Junto com o Governo aqui do Distrito Federal, fizeram uma homenagem aos Parlamentares que são parceiros do esporte, do setor esportivo. Lá estavam várias confederações, ex-atletas, atletas, enfim, o Governo local, alguns representantes também no Governo Federal.
E todos aqui estão celebrando essa semana que vai ter os Jogos da Juventude em Brasília, lembrando que a primeira edição foi em 2000, aqui em Brasília; em 2017, nós tivemos um segundo retorno à cidade - à época eu era Secretária de Esporte aqui, e a gente trouxe; foi uma grande celebração. E agora, novamente, em Brasília, vamos ter a participação de 4,7 mil atletas, um evento que celebra a nossa juventude esportiva, promove integração entre os estados, e é claro, Jogos da Juventude é sempre um espaço de revelação de novos talentos nas mais diversas modalidades no nosso país. E mais do que uma competição, os Jogos da Juventude são um exemplo prático do tema que debatemos neste seminário: a importância de estruturar o esporte de base como caminho de formação, inclusão e cidadania. Que as vitórias recentes e o debate de hoje nos inspirem a trabalhar com ainda mais determinação pelo futuro do nosso esporte nacional!
Obrigada.
Eu estou aqui ao lado do Vinícius Calixto, que é nosso Consultor Legislativo aqui do Senado. Que bom que você está aqui do meu lado, Vinícius!
E vamos para o nosso debate. O objetivo da reunião... A presente reunião está dividida em duas partes: a primeira é a audiência pública interativa e a segunda, deliberativa. A primeira parte destina-se à realização de audiência pública com o objetivo de promover, na forma de seminário, diálogos sobre a formação esportiva dos jovens no Brasil. Esse é o quarto painel, Perspectiva Comparada: Modelos e Experiências Internacionais, em atenção ao Requerimento nº 20, de 2025, CEsp, de autoria desta Presidência.
Participam desta audiência pública... Já foram citados os nomes de todos eles.
E antes de passar a palavra aos nossos convidados, só quero fazer um pequeno lembrete, um breve lembrete de que esta reunião será interativa, transmitida ao vivo e aberta à participação dos interessados por meio do Portal e-Cidadania na internet, no endereço senado.leg.br/ecidadania, ou pelo telefone 0800 0612211.
O relatório completo com todas as manifestações estará disponível no portal, assim como as apresentações que forem utilizadas pelos nossos expositores.
Na exposição inicial, cada convidado poderá fazer o uso da palavra por até dez minutos e, ao fim das exposições, a palavra será concedida aos Parlamentares inscritos para fazerem suas perguntas ou comentários.
Bom, vamos começar o nosso debate.
Eu vou passar a palavra ao Prof. Jorge Knijnik, da Universidade do Oeste de Sydney, na Austrália.
Seja muito bem-vindo, Professor. Desculpa a pronúncia aí do seu sobrenome.
R
O SR. JORGE KNIJNIK (Para expor. Por videoconferência.) - Olá a todos e a todas. Saudação à Senadora Leila.
Knijnik, é assim que fala meu sobrenome, um sobrenome que tem muita tradição aí no Rio Grande do Sul.
Agradeço ao Vinícius o convite. Saúdo todos os meus colegas participantes: Prof. Martin, Profa. Carine, Prof. Billy; e todos os Senadores e Senadoras e todo mundo que está presente.
Eu estou falando aqui de Sydney, na Austrália, onde já são 10h40 da noite, de modo que se porventura eu sair um pouco antes da sessão, é porque eu já estou quase caindo aqui.
Mas o que eu gostaria de falar, brevemente, sobre o tal do modelo australiano, é que esse modelo ainda é uma é uma construção, ele não existe de fato. Em 2018, o governo australiano e diversas entidades fizeram um programa chamado Esporte Austrália 2030, que tinha quatro pilares estratégicos.
O primeiro é o esporte participação, no sentido de ampliar a participação das pessoas de todas as gerações, de todas as idades, esporte comunitário, esporte escolar e assim por diante.
O segundo pilar é a integridade no esporte, abarcando questões de doping, combate ao doping, combate à corrupção, combate às apostas, e duas partes das quais eu participo: combate ao abuso infantil no esporte e por uma maior equidade de gênero.
O terceiro pilar, claro, é o esporte de alto rendimento, apoio a atletas, integração, sobretudo integração do famoso Instituto Australiano do Esporte com as federações. E o terceiro pilar é promover a indústria esportiva, indústria recreativa, tanto de materiais e equipamentos quanto de participação, mais oferecimento, mais pessoas formadas para trabalhar no esporte.
Eu gostaria de falar um pouco basicamente da questão do esporte de base, né? O esporte de base aqui é fundamentalmente promovido e tocado pelas comunidades, com muita participação voluntária. Então, são os diversos clubes locais e associações que acabam promovendo esse esporte, muitas vezes por meio de voluntários, técnicos voluntários, coordenadores, administradores, uma grande força voluntária e que tem um custo. É claro, a participação não é gratuita em geral. Os pais, as famílias, as entidades pagam. E o que acontece com isso? Esse custo acaba, de um lado, afugentando muita gente do esporte e de outro lado favorecendo os esportes que, por diversas razões, têm mais poderio financeiro. Por exemplo, o rugby aqui, os esportes mais populares, os esportes que têm, em termos profissionais, os maiores contratos com patrocinadores, com as televisões e outros meios aí de difusão. E o próprio... o que se chama aqui de Australian football rules, que é um outro esporte, não é o nosso futebol, que são esportes aí bilionários, e esse dinheiro acaba também indo para o esporte de base, favorecendo as comunidades - por exemplo, comunidades indígenas no norte do país, ou comunidades mais marginalizadas - a trazer essas crianças para os esportes deles com custo baixo, ou mesmo sem custo, e com muito apoio. Outros esportes não contam com esse favorecimento.
R
Então, esse programa que eu mencionei no início, o Esporte Austrália 2030, passou por uma avaliação recente, no ano passado. Apesar de diversas tentativas de apoios governamentais, governos estaduais lançando vouchers para as famílias poderem usar para pagar os custos de participação dos seus filhos, seja em esporte competitivo, seja em aulas de esporte, em aulas de artes marciais, ou, enfim, outras técnicas, outros esportes, tênis, assim por diante, isso não foi adiante. O que tem acontecido na Austrália, as pesquisas mais recentes aí do ano passado, deste ano mostram que o custo do esporte comunitário subiu por diversas questões: aluguel de equipamentos, aluguel de locais, seguros e assim por diante, e a participação neles diminuiu, né? As pesquisas mais recentes também mostram que os esportes nos quais a participação aumentou são aqueles esportes com pouca ênfase na competição, mas com muito mais ênfase na participação, na integração social, na alegria de se conviver junto, de um lado, e que são praticados informalmente, né? Como eu disse, com baixa ênfase na competição em si, mas com pouca organização, com muito mais informalidade, sem ter compromisso de todo sábado ir lá, participar, jogar, ganhar e assim por diante.
De outro lado, o que se viu na questão do incentivo ao esporte, até um pouco do esporte de rendimento, foi uma descentralização. Antigamente, as pessoas, os grandes atletas, os promissores jovens iam para a capital, para Camberra, ficar no Instituto Australiano de Esporte. Hoje em dia, esse instituto já dá mais recursos, sejam esses recursos financeiros, ou recursos técnicos de assessoria para as federações e institutos locais, nos estados mesmo.
Uma iniciativa que tem tido sucesso, é um dos pilares que eu mencionei inicialmente do plano, que é a integridade. Existe um órgão que recebe denúncias sobre diversos problemas e malfeitos no esporte, muitas denúncias de abuso em questões de gênero, né? As denúncias podem ser feitas anonimamente, e eles investigam denúncias sobre corrupção e esporte, ou seja, o setor de integridade nesse plano está bem desenvolvido.
R
Mas, voltando ao esporte de base, ele continua tendo a sua maior base mesmo, o seu maior fundamento nas comunidades, que é onde eu atuo, também na promoção e na educação de técnicos, que são familiares, pais, mães, irmãos mais velhos e pessoas da comunidade que querem ajudar as crianças a participarem.
Por outro lado, há ações importantes também de organizações não governamentais que às vezes contam com o apoio governamental em termos de recursos financeiros para promover o esporte nas comunidades indígenas, que eu acho que no Brasil vocês chamam de aborígenes australianos, né? Seja no norte do país ou em outras localidades, esse tipo de participação também tem aumentado. Inclusive, na Copa de 2014, teve uma delegação do norte australiano, de uma cidade, de uma localidade, de uma comunidade indígena bem afastada que foi para a Copa, né? A gente conseguiu que oito adolescentes, de 13 a 15 anos, quatro meninos e quatro meninas, fossem para a Copa no Brasil e acompanhassem o time australiano Socceroos, lá em Vitória. Isso foi um grande sucesso. E tem acontecido um pouco mais de favorecimento para, sobretudo as meninas e moças, jovens mulheres de comunidades indígenas, participarem do esporte.
Eu reitero que acredito que o grande aprendizado na Austrália ou que vem da Austrália é a questão do esporte comunitário e como favorecer esse esporte comunitário informal que promova realmente a sociabilidade e, com isso, favoreça bastante as questões de saúde mental coletiva, né? Eu acho que realmente, no esporte comunitário, daqui a grande lição que fica é o apoio às comunidades, não as questões mais propensas a patrocínios e vinculadas a questões financeiras. E, claro, as comunidades vão se organizar para conseguir suporte dos governos locais, estaduais e federais para darem cada vez mais suporte em termos de instalações, em termos de cursos e apoios para os técnicos e outras pessoas para as crianças também participarem, seja com uniformes, equipamentos e viagens. Está certo? Então, acho que a grande lição mesmo da Austrália vem do esporte comunitário e dessa integração entre profissionais.
Acho que, para iniciar, era isso o que eu tinha que falar.
Agradeço de novo o convite.
Estou aberto a quaisquer questionamentos dos participantes.
Obrigado.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Obrigada, Prof. Jorge Knijnik.
Professor, rapidamente, quero aproveitar que o senhor... Sei que já está quase de madrugada aí. Uma pergunta: sobre essa questão do esporte na escola, nós entendemos que é o comunitário, mas ele também é desenvolvido na escola? E a questão de estrutura? Sendo desenvolvido na comunidade, como é essa questão da estrutura para ser desenvolvido? Que tipo de equipamento? Que tipo de atividade é desenvolvida nessas comunidades?
R
O SR. JORGE KNIJNIK (Por videoconferência.) - Olhe, Senadora, em geral, existem as estruturas locais, que são as estruturas das cidades, que aqui são os cálcios, né? E as associações ou os clubes alugam, fazem uma espécie de permuta, mas pagam para alugar, pagam a luz, enfim, esses são os custos que mais encarecem o aluguel das quadras ou dos campos. E os clubes, as associações se comprometem a cuidar disso durante as temporadas esportivas, ou seja, cuidar... Se é um campo de futebol, fazer a grama, essa coisa toda.
Depois do esporte comunitário, num segundo nível, já tem aí as associações que peneiram os talentos, fazem times mais competitivos, e aí muitas dessas já têm os seus próprios locais de treinamento, contando com os seus associados, com patrocinadores, e assim por diante.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Obrigada, Professor. Grata pela sua participação aqui.
Eu vou passar a palavra agora para o Prof. Martin Camiré, que é da Universidade de Ottawa, no Canadá.
Seja bem-vindo, Professor.
O SR. MARTIN CAMIRÉ (Para expor. Por videoconferência. Tradução por profissional habilitado.) - Muito obrigado. Bom dia a todos. Eu gostaria de começar hoje agradecendo a todos pelo convite para participar desta audiência pública. É uma grande honra e um grande prazer conversar com todos vocês aqui hoje.
Baseado no objetivo desse painel, que é discutirmos os modelos internacionais, experiências internacionais, eu vou levar alguns minutos esta manhã, para discutir isso com vocês e explicar como o sistema canadense atua no esporte como uma grande prioridade que nós temos.
Então, no Canadá, nós temos uma entidade governamental chamada de Sport Canada. É o programa prioritário para esportes no Canadá. Então, o Sport Canada funciona sob um dos ministérios. Ele fornece assistência a diferentes setores do sistema esportivo canadense. Então, por exemplo, se a gente analisar os esportes de alto desempenho, esse Sport Canada, através de um programa, fornece 33 milhões de dólares canadenses anualmente para financiar 19 mil atletas para que eles possam pagar por suas carreiras.
O Sport Canada também fornece 179 milhões de dólares canadenses em financiamento para 58 organizações esportivas nacionais que nós temos. E esses fundos visam fortalecer o sistema esportivo nacional no Canadá. Então, através da canalização desses fundos, o Canadá tem uma política nacional, que é chamada Política Canadense de Esportes. É um documento que é revisado a cada dez anos, e foi projetado para aumentar as oportunidades para todos os canadenses participarem de esportes.
Então, essa política, desde que foi criada, provou ser uma ferramenta poderosa para melhorar a saúde dos canadenses, ao criar uma cultura esportiva que está focada na participação e na excelência. E, ao fazermos isso e ao promovermos os valores de diversão, segurança, desenvolvimento pessoal, inclusão, respeito e fair play, então esses são os valores que atualmente estão guiando a política esportiva do Canadá.
R
Então, se a gente der uma olhadinha agora nos esportes para jovens no Canadá, a gente pode falar que eles são mais jogados através de duas estruturas. A primeira é o que nós tradicionalmente chamamos de um clube ou uma estrutura comunitária de esportes. É aqui que a maioria das crianças e jovens canadenses pratica esportes. Então a gente tem clubes em comunidades, em todo o país, que estão oferecendo oportunidades para eles jogarem, praticarem esportes, isso para milhões de jovens canadenses. A segunda estrutura também é muito popular: é a estrutura escolar de esportes. Então, esses são esportes que são praticados dentro de escolas e são governados pelas escolas, e nós temos 750 mil alunos que são desportistas também. A maior missão deles é promover e defender o bom desportista, e também eles promovem isso através dessas escolas.
Então o que vemos no Canadá é que, ao longo dessas duas estruturas, na comunidade, nos clubes e também na estrutura escolar para os canadenses, a razão pela qual temos essas estruturas é porque queremos construir um sistema desportivo que tenha uma visão para os esportes que seja centrado, mas que compartilha valores de equidade, de segurança, de inclusão. A gente também quer que os esportes sejam acessíveis, que eles sejam fáceis de os pais pagarem, que eles possam acessar os esportes através desses programas. Queremos engajar os jovens nesses esportes para que depois eles possam ficar envolvidos em atividades, ao longo de toda a sua vida - esportes sustentáveis.
Se dermos uma olhadinha nas pesquisas agora sobre o desenvolvimento de jovens e os esportes para jovens, isso é uma pergunta muito complexa. A evidência científica diz que há pares a algumas evidências de que há desenvolvimento e de que a educação acontece através dos esportes. No entanto, eu acho que a discussão precisa continuar, e a evidência ainda está inconclusiva. Precisamos de evidências mais robustas nessa área da pesquisa para fazermos declarações definitivas que poderão ser generalizadas para toda a nossa população.
No entanto, a pesquisa que já foi feita nos informa sobre algumas coisas. Nos próximos minutos, vou discutir algumas dessas coisas, e eu vou focar em três elementos principais que fazem com que os esportes valham a pena para o desenvolvimento.
Então, qualquer sistema esportivo deveria focar no seguinte: ter um sistema de esportes para jovens, e eles têm que ser gerenciados por pessoas competentes e pais, porque a pesquisa nos informa que a qualidade da relação entre os treinadores e os atletas é muito, muito importante e grandemente impactou o desenvolvimento de jovens.
A segunda recomendação seria de que nós não deveríamos deixar o desenvolvimento para o acaso. O que eu quero dizer com isso? Dentro dos sistemas esportivos, temos que ter oportunidades tangíveis e diretas que são oferecidas aos jovens para que eles possam desenvolver habilidades. Sim, nós podemos desenvolver habilidades físicas, habilidades técnicas, mas a gente deveria estar desenvolvendo habilidades sociais, assim como habilidades diferentes para a vida como um todo. A terceira coisa que eu quero enfatizar é que os esportes para jovens têm tudo o que nós fazemos na sociedade. Então, se a gente quer nutrir e fomentar o desenvolvimento através de esportes, nós precisamos de esforços comunitários que são guiados pelos pais, pelos treinadores, pelos diretores de escolas, pelos líderes comunitários. Só trabalhando juntos é que poderemos otimizar o desenvolvimento dos nossos jovens.
R
Eu queria dizer que o sistema de esporte dos jovens não é perfeito. O sistema canadense está sofrendo pressão de muitos âmbitos que outros países não sofrem. Então, por meio da profissionalização, o que eu quero dizer é que eu não estou falando que as pessoas jovens estão sendo pagas para praticar os esportes, mas a profissionalização quer dizer que nós estamos vendo as abordagens, as estruturas de treinamento e a mentalidade do esporte profissional entrarem nas comunidades e nos esportes escolares. E o que nós vemos nos últimos 20 anos no Canadá é que isso tem efeitos gigantes.
Desde o começo do século XXI, no Canadá, houve um aumento da popularidade dos esportes nas escolas. Eles são demandados e desenhados para os atletas passarem metade do dia praticando o esporte e a outra metade do dia tendo atividades acadêmicas. Então, essas escolas especializadas no esporte têm uma equipe de esporte muito forte - coaches, psicólogos, fisiologistas -, e nós queremos ajudar esses atletas a atingir níveis internacionais de competição.
Então, o que nós estamos vendo é que alguns valores que a gente discutiu antes... os valores dos esportes estão baseados em performance, em equidade, e a profissionalização que a gente está vendo nessas escolas é que essas escolas estão se encontrando com o desenvolvimento, a educação e a participação que a gente devia promover nas comunidades e nessas escolas esportivas.
Então, se eu poderia dar uma mensagem final nesta manhã, é que, se nós considerarmos a porcentagem pequena de atletas que vão competir em nível nacional ou internacional, é uma vergonha que nós estamos vendo que as forças de profissionalização estão permitindo a participação baseada... A minha pergunta é: por que a gente deveria ser um sistema que serve menos de 1%, de forma que não beneficia 99% da nossa população? Então, nós precisamos pensar sobre por que nós estamos promovendo sistemas que estão ajudando a profissionalização em vez de priorizar acesso, inclusão, educação e desenvolvimento dessas crianças.
R
Todas essas coisas são mais fáceis de falar do que fazer. Eu já percebi que é difícil implementar esse tipo de sistema, considerando as forças de organização que a gente está encarando, mas o desenvolvimento tem que ser priorizado nos nossos sistemas de esporte. Eu acho que todas as partes têm que trabalhar em conjunto, para implementar políticas em que o esporte possa servir como uma iniciativa de saúde pública que vai beneficiar o desenvolvimento pessoal para todas as pessoas da sociedade.
Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Nós é que agradecemos a sua participação e os esclarecimentos, Prof. Martin. É muito importante ouvir isso, cabe muito no nosso modelo aqui.
A gente tem, no nosso país, a discussão sobre o PND, que deveria ser discutido a cada dez anos, da mesma forma como é no Canadá, e aí nós vemos o quanto nós estamos atrasados nesse debate, nesse diálogo, principalmente aqui, dentro do Congresso Nacional, e nessa relação com o Executivo, com os governos: passam governos, o PND eu acho que já está aqui há mais de 20 anos, essa discussão do primeiro ainda, e não tivemos nada ainda muito claro passado para o sistema esportivo brasileiro.
Parabéns pelo trabalho e por esse modelo que, de fato, já se torna uma inspiração para nós, aqui, do esporte brasileiro.
Eu vou passar a palavra agora para a Profa. Carine Collet, que é Doutora em Educação Física e Esporte na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e consultora esportiva.
Seja bem-vinda, Profa. Carine.
A SRA. CARINE COLLET (Para expor. Por videoconferência.) - Bom dia. Eu agradeço a oportunidade, na pessoa da Senadora Leila, agradeço o convite e a oportunidade de estar aqui, de falar sobre a formação esportiva.
Agradeço a presença de todas as Senadoras e Senadores, autoridades, meus colegas professores e todas as pessoas que acompanham a gente.
É muito gratificante, para mim, poder falar sobre a formação esportiva, é um tema que eu estudo e em que atuo, trabalho há mais de 20 anos, principalmente dentro de universidades, mas também em projetos sociais, nas escolas, em clubes, em instituições esportivas, e eu gostaria de destacar cinco pontos importantes que a gente tem olhado e estudado nessa formação esportiva.
Eu vou colocar aqui uma apresentação, para a gente conseguir visualizar um pouco melhor esses principais pontos. (Pausa.)
Desses principais pontos, eu gostaria de começar com a compreensão de que essa formação esportiva precisa acontecer em longo prazo. O desenvolvimento esportivo não é algo em que a gente precise de uma resposta imediata, de resultados imediatos; é um processo de muitos anos, um processo que envolve várias questões, como o Prof. Jorge e o Prof. Martin já mencionaram.
A gente tem olhado muito aqui no Brasil, a partir desses modelos internacionais, inclusive do modelo canadense, do modelo australiano e outros modelos internacionais, que vêm falar para a gente principalmente isso que o Martin falou, que todas as pessoas precisam ter direito a esse esporte.
A gente precisa olhar para os 99% das crianças e jovens envolvidos nesse esporte e também ter um caminho possível para aquele 1% das pessoas que têm interesse, condições e possibilidades de seguir até o alto rendimento.
R
É importante, olhando para a formação, respeitar essas etapas, não é? É um processo de evolução, é um processo de longo prazo e que pode ter várias saídas. A gente pode ter que as muitas pessoas, a grande maioria das pessoas precisa ser bem formada, para que leve o esporte por toda a sua vida, e também ter essas possibilidades de formar atletas que vão participar de competições nacionais, internacionais, nos modelos de alto rendimento.
A partir desses modelos, a gente olha para a formação como etapas iniciais. Então, a gente olha para as crianças com características que precisam desenvolver atividades diversificadas, atividades lúdicas, precisam experimentar, precisam brincar de esporte.
Essas primeiras etapas da formação são brincar de esporte, experimentar, vivenciar uma grande possibilidade, um grande leque de modalidades, para que a criança, quando começar a virar adolescente, virar jovem, comece a se direcionar, a direcionar os seus esforços a modelos, a esportes mais específicos, aqueles esportes pelos quais ela mais se interessa, em que ela mais se sente competente, em que ela tem condições de investir e de se especializar. E, a partir disso, a partir dessa especialização, essa escolha se o esporte vai ser para toda a vida - e uma escolha que é carregada aí de contextos - ou se vai seguir para o caminho da excelência.
Outro ponto importante para a gente destacar é em que local que esse esporte acontece: qual é a estrutura? Qual é a característica da comunidade? Quais são os interesses, principalmente da comunidade - não é? -, as modalidades principais que são desenvolvidas, os esportes de maior interesse dessas pessoas? Construir, junto com essas pessoas, entendendo esses locais, esses contextos, e entendendo também que diferentes instituições promovem esse esporte.
E é preciso uma conexão entre essas instituições. Muitas vezes, a universidade não conversa com clubes, com federações, com confederações, ou a escola não conversa lá com a ONG que está desenvolvendo também modalidades e esportes para crianças. Então, promover alguns espaços ou momentos de conexão, porque a gente está trabalhando com as mesmas crianças, não é? A gente tem um olhar aí dessa diversificação, dessa diversão dentro do esporte em todos esses locais. Então, uma conexão e troca entre esses locais que promovem o esporte são muito importantes para que a gente consiga aí fomentar essa cultura esportiva cada vez mais para esse olhar da formação mais diversificada e ampla possível.
Outro ponto importante é quem está tendo oportunidade para acessar esses espaços esportivos, não é? A gente lembra que o esporte é um direito constitucional, é um direito que está destacado dentro da nossa Constituição Federal, mas a gente já tem aí estudos e relatórios de que nem todas as pessoas têm acesso e conseguem permanecer nesse ambiente esportivo. Principalmente, quando a gente olha para as questões de gênero, as meninas têm tido menos oportunidades, e tem estudos que trazem uma maior desistência das meninas, quando passa de uma etapa da infância para a adolescência. É preciso entender por que isso vem acontecendo. A gente tem alguns estudos que vêm falar da questão das transformações corporais, da negligência de profissionais, a partir dessas transformações, e também das demandas que, culturalmente, tradicionalmente, muitas meninas têm de cuidados com a casa e de cuidados familiares.
R
É importante considerar essas questões também, além das questões de raça, porque as pessoas negras têm menos oportunidades e menos acesso ao esporte, e as pessoas de classes sociais menos favorecidas têm menos acesso... Então, políticas afirmativas, ações afirmativas que tragam essas pessoas também para dentro dos contextos. A gente tem explorado bastante isso, em termos de estudos e em parcerias em consultorias com entidades e com locais que oferecem os esportes.
Por último, e não menos importante, é a qualificação dos profissionais e das pessoas que atuam nesses locais, que atuam com o esporte.
Muitas vezes, a gente vê modelos tradicionais de ensino que focam muito nas questões técnicas, questões físicas, mas isso favorece somente aquelas pessoas que têm uma habilidade maior, que já têm um envolvimento maior, que tiveram maiores experiências. Quando a gente passa a olhar para o ensino, para o treino, a partir das questões mais amplas do esporte, o esporte requer um desenvolvimento, um desempenho tático, técnico. Ele é carregado de sentidos e significados para aquelas pessoas.
Essa modalidade de esporte é construída historicamente. Então, a gente teve muitas mudanças, muitas transformações do esporte, ao longo do tempo, que vão influenciar diretamente naquelas crianças, naqueles jovens que estão ali, praticando o esporte.
O profissional é peça (Falha no áudio.) ... para poder atuar (Falha no áudio.) ... pensando numa perspectiva mais ampla de compreensão do esporte e, principalmente, em atuar qualificadamente.
A gente tem, no Brasil, uma necessidade, uma obrigatoriedade de formação universitária, o que dá mais qualidade e fundamentação, inclusive teórica, para poder qualificar essa atuação, diferentemente de outros países do mundo.
Os professores anteriores trouxeram um exemplo de modelo. Nós temos, aqui no Brasil também... Em função das nossas parcerias, a gente tem trabalhado em cima de um modelo que foi desenvolvido em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil e universidades do país, olhando para o caminho de desenvolvimento de atletas, e o próprio Comitê Olímpico reconhece que essa base, a formação inicial, envolve o esporte de participação, que é o esporte de formação para todas as pessoas.
As características principais das três primeiras etapas que envolvem infância e a adolescência são de experimentar e brincar o esporte, passa para uma etapa de brincar e aprender, para depois entrar numa etapa de aprender e treinar. É importante que a gente não pule essas etapas. Depois dessa formação ampla para todas as pessoas, pensando nos direitos, no acesso e na permanência dessas pessoas, a gente tem aí a continuidade de possibilidade do esporte para toda a vida. São aquelas pessoas que vão praticar esporte, que vão assistir a esporte, vão para o estádio torcer para sua equipe, para o seu time, respeitando as pessoas que estão jogando, entendendo toda uma cultura esportiva, para saber, inclusive, torcer da melhor forma. E há também aquelas possibilidades de as pessoas que têm mais condições, mais competência e interesse, entrarem para o caminho da medalha, intensificando seus treinamentos e competições, buscando também competir e vencer para uma etapa de vencer e inspirar, quando consolida uma carreira internacional, pensando também no inspirar e reinventar-se, pensando numa pós-carreira em longo prazo.
R
Então, a ideia é que, mesmo que a gente fale de atletas ou busque olhar para atletas de alto rendimento, a gente tem uma formação que é ampla, que é culturalmente desenvolvida a partir de princípios pedagógicos, de princípios que respeitem as pessoas que estão praticando esporte num olhar mais amplo e mais holístico, e não especificamente com relação a rendimento ou alto desempenho.
Então esses são alguns pontos iniciais que a gente tem estudado e trabalhado junto com federações, confederações e universidades do país inteiro. E sigo aqui à disposição também para a gente conversar um pouquinho mais sobre isso na sequência.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Obrigada, professora.
Estou aqui num dilema, ouvindo os nossos primeiros três expositores, ao lado do Vinícius aqui.
Quando as pessoas olham para mim, naturalmente elas acham: "A Leila quer fazer do Brasil uma potência olímpica". Claro que é um sonho, é um sonho, mas, mais do que isso, foi o que a senhora falou: o experimentar é na infância, na adolescência, e é justamente o foco.
O nosso foco hoje, falando para aqueles que nos acompanham nesta Comissão, é justamente proporcionar o acesso à criança, ao adolescente, principalmente nos primeiros anos, à atividade física, à promoção da saúde, à questão de socializar.
A gente perdeu muito essas conexões por causa de pandemia, principalmente essa geração, e a gente vê os recursos...
Eu trato muito aqui de recursos, recursos para as entidades esportivas, a gente tem um ministério, mas eu vejo o Estado brasileiro colocando essa responsabilidade muito nessas entidades e esquecendo o seu papel, que é a promoção de uma política pública consistente, uma política pública que propicie o contato dessa criança, desse adolescente, nos espaços, seja na rua...
Eu sou de uma geração... Eu tenho mais de 50 anos, e tem muita gente que está aqui e sabe o que eu vou falar: eu sou de uma geração privilegiada, porque comecei a experimentar o esporte na rua. Eu brincava na rua, pique-bandeirinha, jogava vôlei, colocava uma cordinha de uma ponta a outra de um poste, e ali eu brincava com os meus colegas. Eu não tinha assédio, violência, nenhum tipo de violência, nada. Então, assim, eu sou de uma geração que podia estar numa quadra até 11h da noite, enfim, eu aproveitava aquele momento. Eu sou de uma geração que curtia, na grade horária da escola, de duas a três aulas-horas semanais de educação física. A gente também não vê isso, essa garantia.
Então, o nosso objetivo aqui, a gente pode tratar de tudo, pensar no alto rendimento - gente, o alto rendimento é uma consequência -, mas o meu foco, enquanto Presidente desta Comissão, não é o alto rendimento.
O alto rendimento tem recurso, o alto rendimento vai ter patrocínio, o alto rendimento, de alguma forma, sobrevive, porque sabe os caminhos, mas, até chegar ao alto rendimento, que é uma consequência, e isso depende de inúmeras situações para se chegar, que é menos de 1%...
Vocês falaram em 1%, mas eu acho que, enfim, eu comecei a atividade na escola e lembro, com mais de 200, 300 meninas, brincando cada uma em inúmeras atividades, e só eu me tornei uma atleta, atleta olímpica.
R
Então, esse não é o foco. O foco é a questão de proporcionar à população brasileira, em especial aos jovens... Nós temos uma geração já sedentária, porque essa questão da tecnologia é muito séria. Você vai ver uma menina brincando, ela não tem coordenação para correr. Hoje eu vejo as meninas brincando na rua, brincando com os colegas, e elas não têm coordenação. E isso vai gerar um desgaste físico. Ela vai ter sérios comprometimentos na fase adulta, porque não teve a devida instrução ou o devido contato com esse tipo de atividade, de correr, de brincar, de pular. Enfim, essa é a minha preocupação. O que vai ser das futuras gerações se elas não têm esse contato, nos primeiros anos, ou na escola, ou nas comunidades, ou nos clubes, com a atividade física, para a promoção da saúde, o contato com os colegas para lidarem com as diferenças, socializarem-se? Esse é o nosso foco, o qual eu quero deixar muito claro a todos vocês aqui.
Eu não estou preocupada, nesse primeiro momento - quando eu falo de tratar do esporte de base, da atividade física para a base -, com a formação de atletas, porque isso é uma consequência. Nós estamos preocupados hoje com os números. Pelos números, nós temos hoje, para cada três brasileiros, um obeso. E isso vai piorar, porque, com o advento da tecnologia, com os jovens cada vez mais presos em casa, com pouca oferta de esporte, de atividade física na escola e em outros espaços, nós estamos com sérios comprometimentos, seja na área da segurança, da saúde, em várias outras políticas. Então, o foco, reforço, e já agradeço à Profa. Carine, ao Prof. Martin e ao Prof. Jorge, por mais que a figura aqui sejam os 20 anos dentro do esporte de alto rendimento, o foco aqui, de fato, é o acesso e a como oportunizar às crianças e aos jovens, principalmente nos primeiros anos, anos iniciais, seja na escola, seja nas comunidades, a atividade física e o esporte. É isso.
Obrigada, Dra. Carine.
Eu vou passar a palavra agora para o Vinícius. (Pausa.)
Perdão, perdão. Eu peço até desculpas. Eu vou passar para o Billy.
Billy, desculpe-me, eu me empolguei aqui na fala. Billy Bastos é o nosso Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro da Cátedra Unesco Esportes para o Desenvolvimento, a Paz e o Meio Ambiente.
Seja muito bem-vindo, Professor Billy.
O SR. BILLY GRAEFF BASTOS (Para expor. Por videoconferência.) - Muito obrigado. Quero apenas um segundo para eu compartilhar a minha apresentação. Parece-me que não vai ser possível por conta de questões técnicas. Como eu recebi o acesso só agora, vamos ver aqui se eu consigo.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Professor Billy, se não tem condições de apresentar, o senhor fique à vontade para o uso da palavra.
Eu acho que... Enfim, peço até desculpas.
O SR. BILLY GRAEFF BASTOS (Por videoconferência.) - Não, sem problema. É porque parece que tenho de liberar alguma questão no sistema aqui e vai levar algum tempo, ou eu vou ter que sair da reunião e voltar.
Então, eu gostaria muito de agradecer o convite à nossa Cátedra para participar dessa atividade e, ao fazer isso, eu saúdo a Senadora Leila pela iniciativa, e à Comissão por ter dado e estar dando espaço à discussão do esporte num dos maiores cenários da República, que é o Senado.
R
Meu nome é Billy. Eu sou Professor da Universidade Federal da Paraíba e membro do Comitê Executivo da Cátedra Unesco Esporte para o Desenvolvimento, a Paz e o Meio Ambiente. Essa cátedra foi proposta à Unesco há dois anos pela Profa. Karen Petry, da Universidade do Esporte da Alemanha, em Colônia, pelo Prof. Tegwen Gadais, da Universidade de Quebec, em Montreal, Canadá, pela Profa. Simona Šafaríková, da Universidade Palacky, em Olomouc, na República Tcheca, e por mim, que à época estava na Universidade Federal do Rio Grande, a Furg, Senadora. Nós temos desenvolvido atividades ao longo desses últimos dois anos, desde que a cátedra foi aprovada.
Acho que a senhora vai, talvez, gostar de algumas coisas que eu vou trazer, porque eu acho que sigo na linha da sua mais recente fala nesta sessão. Nós temos atuado justamente onde o Estado falta, Senadora Leila. Nós nos organizamos, sobretudo, a partir da história de uma área específica, que é o SDP (sport for development and peace), que no Brasil é muito associada à atividade dos projetos sociais esportivos. O nosso diagnóstico vem mostrando que essa área se desenvolve em grande parte pelo abandono do Estado de populações vulneráveis. Eu vou explicar mais especificamente logo em seguida.
Então, nós nos organizamos, sobretudo, a partir da presença massiva da questão do esporte na Agenda 2030 da ONU e em relação aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Aqui é importante fazer um parêntese e dizer que a palavra esporte é a palavra que mais se repete ao longo do documento da Agenda 2030 relativa aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Nós trabalhamos, sobretudo, em relação aos SDGs 3, 4, 5, 8, 10, 13, 16 e 17, que lidam com questões como a desigualdade de gênero, a questão do trabalho decente e a questão do meio ambiente.
Nós temos realizado atividades na tentativa de construir uma relação horizontal com os nossos parceiros e parceiras, atuando, sobretudo, em formação e em pesquisa. Nós realizamos o lançamento da cátedra em Colônia, na Alemanha, ano passado, e este ano a reunião anual no Canadá, em agosto. Essa cátedra deve se encontrar, em 2027, no Brasil, e ano que vem, certamente na República Tcheca. À medida que nós fazemos esses encontros, também promovemos a formação de quadros locais. Este ano, então, realizamos uma escola de verão para estudantes canadenses da Universidade de Quebec, em Montreal.
Nós trabalhamos com quatro eixos principais, Senadora, organizados a partir do que a área do esporte para o desenvolvimento e a paz, em diálogo com a Unesco, identificou como as principais questões que têm sido lidadas nesse contexto: o eixo educação, saúde e desenvolvimento social; o eixo meio ambiente, natureza, mudanças climáticas e atividades outdoor; o eixo gênero e equidade; e o eixo paz e coesão social.
R
Talvez nesse eixo seja necessário que a gente explique que, para nós brasileiros e brasileiras, sobretudo, a paz pode ser um conceito bastante discutível em função de o nosso país não ter se envolvido em conflitos armados, em guerras, nas últimas décadas, mas nós sabemos também que grande parte das nossas comunidades não vive em paz. Então, paz não é ausência de guerra; paz é uma condição humana de sobrevivência que depende muito mais de condições do que simplesmente da ausência de armas nas ruas.
Essa área na qual nós estamos intervindo é entendida - eu achei importante explicar, Senadora - como uma área que se desenvolve e cresce, sobretudo a partir dos encontros de Bretton Woods, ao final da Segunda Guerra. Bretton Woods, uma pequena cidade nos Estados Unidos, reuniu as principais lideranças mundiais a partir de 1942, quando os aliados tinham a perspectiva de vencer a Segunda Guerra Mundial contra o Eixo do Mal. Foi nessa cidade que foram firmados acordos que criaram o Banco Mundial, o FMI e as Nações Unidas e se pensou então uma nova ordem mundial, sobretudo com a mudança do eixo do lastro econômico do ouro para o dólar e uma nova forma de organizar o Estado, a partir de uma ideia de um Estado do bem-estar social, que nem mesmo nos países desenvolvidos foi a pleno, mas que, durante algum tempo, criou, por exemplo, a expectativa do emprego pleno, pelo menos nos Estados Unidos. Essa mudança foi bastante grave para os países periféricos, como o Brasil. Sobretudo a partir do abandono dessa ideia e da entrada do neoliberalismo, há ainda um abandono maior do Estado, que cria um vácuo que é ocupado por várias entidades sociais, entre elas o tráfico, a igreja e, em grande parte, também o esporte.
À medida que avança a história, nós tivemos então um grande orador, chamado Nelson Mandela, que um dia fez um discurso bastante emocionado a partir da sua ideia de que o esporte poderia ajudar a manter a unidade no seu país, que estava socialmente destruído pelo apartheid. Essa ideia deu bastante certo, e a gente pode ver isso no filme Invictus, que mostra Mandela usando, de certa forma, a sua relação com o esporte, naquele caso, a seleção de rugby, e, de certa forma, consegue unificar o seu país. Ele consegue levar a Copa do Mundo de Rugby para a África do Sul e ganhar aquela Copa do Mundo. Aquilo dá tão certo que ele tenta levar uma copa do mundo de futebol, então, e consegue. Em 2010, antes de vir para o Brasil, essa Copa do Mundo vai para lá.
O impacto desse discurso e dessas ações fez abrir os olhos da ONU, e o esporte passa a ter então, a partir desses acontecimentos, entre outros, uma grande participação nas políticas da ONU, de tal modo que, entre 2002 e 2017, a ONU teve um escritório específico para o esporte, para o desenvolvimento e a paz. O escritório foi fechado pelo atual Presidente da ONU e toda a herança desse escritório foi passada para o Comitê Olímpico Internacional, o que a área tem julgado como um erro histórico, porque, como tu dissestes bem, Senadora, existe uma perspectiva muito forte de que o esporte de competição, sobretudo representado por grandes instituições transnacionais como o COI e a FIFA, acabe criando um desequilíbrio em relação, sobretudo, ao financiamento e organização do esporte que não visa à formação de atletas ou o desempenho esportivo.
Eu tinha preparado aqui eslaides e gostaria de fazer uma propaganda descarada de um livro que eu liderei e que foi lançado no passado, que se chama The Routledge Handbook of the Global South in Sport for Development and Peace, que pode ser achado nas livrarias, o handbook, o manual do esporte para o desenvolvimento no Sul Global, com mais de cinquenta textos e mais de cem autores de todo o Sul Global, entre eles dois textos, acredito, do nosso talentoso colega Jorge Knijnik, da Austrália.
R
Eu encerro por aqui, apresentando essa perspectiva transnacional, Senadora, a partir dos problemas sociais que têm sido identificados por batalhadores e batalhadoras de projetos sociais esportivos ao redor do mundo e me colocando à disposição para o debate.
Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Nós é que agradecemos, Prof. Billy.
Na verdade, é isso... Eu, como agente pública agora, tenho muito contato com o terceiro setor. Acho que, nesses sete anos, foram mais de 190 projetos. E, de fato, esta é uma realidade: o terceiro setor está nas bases, é ele que proporciona essa política pública que, muitas vezes, o Estado não consegue elaborar nem atingir, que são essas bases, principalmente, das camadas mais vulneráveis do nosso país.
Então, a gente tem uma grande missão. O senhor falou que o senhor se põe à disposição, eu falo para o senhor que eu me ponho totalmente, absolutamente à disposição não só do terceiro setor, mas da universidade, de todos aqueles que estudam há anos essa questão do acesso, essa complexa relação das várias camadas que envolvem o nosso sistema esportivo, essas desigualdades, essas distorções.
A gente tem que, enfim, fazer essa avaliação, porque, por mais que a gente pense no alto rendimento, quem abastece o alto rendimento, pensando pragmaticamente, é justamente essa base que está sendo abandonada também. Além do esporte, do acesso ao esporte e à atividade física, eu também me preocupo com essa base. A gente está vendo alguns resultados em algumas modalidades que poderiam estar muito melhores, porque justamente as próprias entidades mesmo... E falo, com absoluta propriedade, que essas entidades abandonam essa base, e é essa base que alimenta o sistema que traz, digamos assim, os heróis esportivos. São essas bases que criam e que alimentam todo o sistema para que tenhamos esses expoentes que são, de certa forma, exemplos para esses jovens que estão ali e que muitas vezes a gente está deixando para trás também por falta de incentivo.
Não só a oferta, mas, acima de tudo, a valorização dos profissionais é uma coisa que me preocupa muito, porque muitas vezes aquele profissional de educação física, aquele técnico e aquele professor que está na escola fazem uma função de família. Além de um professor, de um docente, de um educador, ele também abraça aquele jovem muitas vezes por questões familiares. Assim, a assistência, o assistir a esse profissional também é uma coisa que...
Eu estou aqui, neste momento, dentro do Congresso e quero, de alguma forma, trabalhar nesse sentido. Eu estou ao lado aqui do Vinícius, que é o nosso Consultor. Eu estou deixando-o doido, assim como a Comissão, do quanto que nós vamos apresentar numa sugestão legislativa, porque tudo isso passa por uma proposição legislativa. Por mais que tenhamos a academia, que tenhamos os profissionais, os setores, as entidades e tudo, nós precisamos revisitar legislações, nós precisamos pensar questões orçamentárias, de estrutura, porque, assim, a gente também depende de um olhar que muitas vezes falta para o gestor público, para um Governador, para um Prefeito, para um secretário, para um Ministro. Este olhar muito mais abrangente do que é o esporte é o que me preocupa. E aí a gente vai ter que de fato provocar, às vezes mexer na ferida, talvez... Por mais que tenhamos a boa intenção, muitas vezes ao mexer em ferida, a gente mexe com situações não tão favoráveis à gente. Mas eu estou absolutamente convencida de que a gente realmente precisa, seja conversando com as outras Comissões aqui, Comissão de Educação, né? Porque a gente sabe que a educação é fundamental nesse processo de diálogo, de oferta, como eu falei, do esporte, principalmente nas escolas, por causa de questão de segurança pública, de espaços, de oferta de espaços para a atividade. A gente tem que começar um processo. Onde será? Acredito que é o trabalho com o terceiro setor, a valorização desse setor tão fundamental e também é dentro da educação e na escola.
R
Eu vou passar a palavra aqui para o Vinícius, nosso Consultor, porque ele quer fazer algumas perguntas para os nossos expositores.
Mais uma vez estou agradecendo a colaboração e a fala de cada um.
O SR. VINÍCIUS MACHADO CALIXTO (Para expor.) - Obrigado, Senadora.
A gente, quando pensou nesses seminários compostos por essas audiências públicas, a gente pensou exatamente num dos pontos levantados pela Profa. Carine, que foi nessa falta de espaço de conexão entre os entes que pensam e fazem o esporte no Brasil, especialmente o esporte de formação, né? Como a gente conseguiria reunir, em alguns encontros, as opiniões sob a perspectiva de cada entidade: clubes, escolas, confederações, comitês.
A gente observa que o esporte de formação no Brasil passa por alguns gargalos, e esses gargalos estão muito ligados a essa falta desses espaços de conexão. E, ao mesmo tempo, a gente pensou também em como a gente consegue trazer um pouco de experiências internacionais que são exitosas e que, embora estejam ligadas às particularidades de cada local, podem, em certa medida, ser incorporadas em algum aspecto para cá, né?
Por exemplo, eu até anotei aqui a questão do esporte na Austrália, de formação, baseado muito no fortalecimento desses laços comunitários e na questão do voluntariado, né? Eu acho que esse é um ponto em que a gente no Brasil, claro, por diversos fatores, ainda pode avançar um pouco em termos de também legislação, política pública, essa questão do voluntariado, essa questão dos laços comunitários, como a gente consegue fortalecer isso.
No Brasil, por exemplo, a gente tem o Sistema S, uma especificidade nossa que a gente vê que funciona com as suas questões também, mas o esporte é muito praticado em Sesi, Sesc, como a gente consegue pensar talvez no esporte comunitário voltado a esse sistema e tudo mais, né?
Então, a gente viu aqui também o Prof. Martin comentar sobre a preocupação com a hipercompetitividade no esporte escolar, no esporte educacional. E eu estava lembrando que a nossa legislação, a Lei Geral do Esporte é bem recente, mas ela já é bem avançada em vários aspectos. Inclusive, nesse ponto, a gente tem lá o artigo 10º, que fala sobre o esporte educacional, tendo como princípio evitar a seletividade e a hipercompetitividade. Então, assim, você vê um problema que o Canadá está enfrentando e que a gente já conhece, embora, na prática, a gente enfrente desafios, a gente tenta superar.
R
Eu iria até perguntar para o Prof. Martins, se ele ainda estiver com a gente, responsável por trazer algumas luzes aí do Canadá para gente, sobre essa questão da preocupação com essa hipercompetitividade, se isso é algo também do Estado, se o Estado também se preocupa com isso. Como que o Estado canadense tem visto essa questão, se tem tomado algum tipo de medida prática também, porque a gente aqui no Brasil tem na nossa lei, mas é isso, como transformar isso em política pública?
E também pergunto para o Prof. Martin, como é que funciona em termos de descentralização as políticas esportivas no Canadá. Ele mencionou a questão de uma política nacional, que é revista a cada dez anos no Canadá. A gente tem aqui, no Brasil, também esse mecanismo em várias áreas. No esporte, a gente está enfrentando este momento de lidar com essa política nacional, com esse plano nacional, e como é que o Canadá atua nisso, se é algo unificado, federalizado, ou se os estados e os seus municípios, os seus entes menores têm essa autonomia para dispor sobre a política esportiva canadense. Eu fiquei curioso com relação a isso.
E também quero perguntar para ele, aí no Canadá, também como que tem sido vista a questão da tecnologia nas escolas, do uso da tecnologia, porque no Brasil a gente teve uma medida muito recente que a gente ainda não está vendo, agora, os resultados que foi a questão da proibição do celular nas escolas, como que isso impacta também na atividade física. E, se o Canadá tem feito políticas com relação a isso também, para diminuir, além da hipercompetitividade, a hiperconectividade dos estudantes, dos jovens.
Eu queria perguntar também para a Profa. Carine, até para gente aproveitar este momento de trazer informações, porque ela comentou sobre essa questão dos espaços de conexão entre os entes, que eu também acho muito relevante a gente focar nisso. E eu queria saber dela sobre pesquisas, dados, se ela tem ou teria alguma coisa para comentar sobre a questão da evasão também da prática de atividade física, para atividade prática de atividade esportiva nos jovens meninos e meninas, né?
A gente sabe que ela comentou sobre essa questão do Direito Constitucional e das diferenças que o Estado deve também apresentar com relação ao tratamento de meninas, questão de gênero, questão de políticas para políticas afirmativas. A gente sabe que a prática de meninas, no esporte, enfrenta outras dificuldades também, né? Há uma evasão grande de também meninas na prática esportiva.
Então, eu acho que o legislador tem esse dever de trazer essas perspectivas práticas para poder fazer, de fato, uma política. Eu lembro aqui a questão do Bolsa Atleta, da atleta gestante. É isso, é um projeto de lei que foi aprovado, é uma lei que está lá hoje na nossa Lei Geral do Esporte, a Senadora foi a Relatora. É isso. Então, é uma observação de que as atletas gestantes enfrentavam um problema que só elas, obviamente, enfrentavam, que era a questão do Bolsa Atleta. Então, quais são os problemas que as meninas enfrentam também, específicos, na prática inicial esportiva, na vivência esportiva, na aprendizagem. E quero perguntar, por fim, ao Prof. Billy, aproveitando a experiência dele com relação a vários contextos e a vários países, sobre em que lugar está o Brasil, de uma forma comparativa, uma perspectiva comparativa, nesse campo do esporte para o desenvolvimento e a paz, com relação a outros países, outros lugares, especialmente do Sul Global, né? O Brasil, na sua visão, Professor, tem sido exitoso nessa política de terceiro setor com relação, por exemplo, à utilização da Lei de Incentivo ao Esporte, à utilização dos mecanismos que tem em termos práticos? A gente sabe que o Brasil tem uma gama de organizações esportivas, que se dialogam em alguma medida, enfim. Ou o Brasil ainda tem muito a trazer de experiências internacionais com relação a esse esporte praticado, voltado especificamente a regiões de vulnerabilidade, à prática esportiva para promoção, de fato, de desenvolvimento e paz?
R
Então, eu acho que são essas questões.
A gente aqui na Consultoria está à disposição.
É isso. Vamos buscar construir e aperfeiçoar essa legislação, que é recente - a nossa Lei Geral tem dois anos.
E conte conosco, Senadora.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Obrigada, Vinícius.
Eu já concedo a palavra, então, aos nossos expositores, a quem queira, enfim, falar a respeito das perguntas do Vinícius.
Eu agradeço. Obrigada.
O SR. BILLY GRAEFF BASTOS (Por videoconferência.) - Senadora...
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Pois não.
O SR. BILLY GRAEFF BASTOS (Para expor. Por videoconferência.) - Senadora, eu gostaria de falar - eu tenho outros compromissos às 11h, infelizmente -, porque acho que o Vinícius fez uma provocação bastante importante, aliás, diversas provocações bastante importantes, e eu adoraria ouvir meus colegas que estão aqui, a Carine e o Martin, suas respostas, porque o Vinícius foi pontual e foi bastante preciso nas suas perguntas, né?
O Vinícius levanta a questão do desenvolvimento da área no Brasil. Vinícius, é preciso levar em conta uma questão bastante marcante nesse campo, que é a seguinte: a divisão Norte Global e Sul Global se manifesta de maneira muito forte nesse campo.
Em 2016, um colega da Austrália realizou um estudo sobre a literatura internacional nesse campo, uma revisão de literatura, e identificou que 90% das pesquisas realizadas sobre esse tema são realizadas no Sul Global e que 90% do financiamento e dos autores dessas pesquisas são do Norte Global. E, lá no interior do Rio Grande do Sul, em Teutônia, de onde eu venho, tem um dito bastante característico que diz o seguinte: "Quem paga a banda escolhe a música". Então, a gente tem visto que a maior parte dos problemas são levantados a partir do Norte Global e que muitas vezes esses problemas não condizem com a realidade.
Eu queria dar um exemplo bem prático e que responde a sua pergunta em relação ao desenvolvimento da área no Brasil. Eu realizei um pós-doutorado na USP em 2022, e a minha pergunta era: por que e como atletas e ex-atletas investem tempo e dinheiro em projetos sociais esportivos? Foi muito difícil, porque existe uma série de interesses envolvidos. Eu entrevistei diversos atletas e diversos participantes de projetos sociais esportivos. E as nossas conclusões, a partir dos dados levantados, foram que existe uma grande dificuldade de entendimento de para que esses projetos servem. Então, se usa o esporte para qualquer coisa, sem nenhuma finalidade, né?
R
Mas em relação à sua pergunta específica, gostaria de dizer que no mundo inteiro tem acontecido um fenômeno bastante parecido, que é o seguinte: existem agentes e atores muito mais bem preparados para ter acesso a recursos. E à medida que vão sendo destinados à área dos projetos sociais esportivos, esses atores acabam tomando o lugar de outros agentes e atores que estão desenvolvendo trabalhos nesse campo. Um exemplo é a Lei de Incentivo ao Esporte, que, de certa forma, é necessário que seja bastante cuidadosa, né? Mas, na medida em que estabelece a sua burocracia, de certa forma também impede atores menos preparados de ter acesso a recursos. Então, nós encontramos uma série de o que a gente chama de exércitos de uma pessoa só, ou seja, pessoas que fazem trabalho de base nas suas comunidades usando o esporte para prevenir, por exemplo, a relação de jovens com as drogas e o abandono à escola e que não têm condições de preparar uma proposta, não conhecem empresários para buscar os recursos e ter acesso às leis de incentivo. Isso tem acontecido no mundo inteiro com grandes instituições, ONGs que são instrumentalizadas por grandes empresas e sobretudo empresas que utilizam o esporte para o desenvolvimento e a paz como parte da sua ferramenta de marketing, tomando o lugar e o espaço de instituições e pessoas que têm dedicado a vida à promoção do esporte em favor das comunidades menos favorecidas.
Espero ter ajudado com a resposta, Vinícius.
O SR. VINÍCIUS MACHADO CALIXTO - Obrigado, Professor, ajudou bastante, sim.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Profa. Carine, deseja contribuir?
A SRA. CARINE COLLET (Para expor. Por videoconferência.) - Claro. Obrigada pelas considerações, Vinícius. Isso é muito importante, a gente vem estudando bastante, principalmente a presença das meninas e mulheres no esporte. Tem uma questão cultural que é muito forte. A gente tem aí um esporte que muitas vezes olha e valoriza muito mais o esporte para os homens, né? O esporte praticado por homens.
Mas a gente vê ao longo da história... Eu vou te dizer que a gente não tem dados específicos de evasão, a gente tem um relatório de 2017 que mostra que há uma diminuição dos níveis de atividade física ao longo da vida, principalmente entre as mulheres. E aí as mulheres negras, as mulheres... as pessoas com deficiência, as pessoas com menos renda familiar têm cada vez menos esse acesso, essas oportunidades de esporte. Mas o que a gente tem estudado, principalmente com relação às meninas, é que culturalmente, desde criança, as meninas não são estimuladas ao esporte. Os próprios brinquedos das crianças são com relação à casa, aos cuidados, às bonecas, enquanto os meninos ganham bola, ganham carrinho. Então, com isso, a gente já vai culturalmente desestimulando as meninas a praticarem o esporte desde casa. Essas oportunidades de brincar na rua, como a Senadora Leila comentou, para as meninas é muito menor, é menos possível que isso aconteça, em função das violências, em função dos assédios que são percebidos também.
R
E a gente precisa que esses ambientes que favorecem e oferecem esportes sejam seguros para as meninas e para todas as pessoas, obviamente, mas principalmente com relação às mudanças corporais que vão acontecendo da infância para a adolescência, das oportunidades. Por exemplo, se todas as meninas têm acesso a absorventes, porque, em uma prática esportiva, enquanto a menina ou a pessoa que menstrua está no seu ciclo menstrual, precisa ter esse cuidado. A questão dos sutiãs também; é um desconforto praticar esporte quando a gente está começando a se desenvolver e precisa desse suporte, nessas questões estéticas, inclusive, que são mais exigidas das meninas e das mulheres. É uma série de falta de investimento também.
Quando a gente vai olhar para clubes formadores ou para ambientes das categorias de formação, a gente tem um número muito menor de oferta de esporte para as meninas e muito maior para os meninos, mais equipes, uma quantidade maior de equipes de meninos. Há a própria desvalorização, muitas vezes social e cultural do esporte das mulheres, o excesso de julgamento, uma pressão muito grande.
Isso vai se refletir também na questão da falta da presença de lideranças femininas no esporte, na questão de se ter treinadoras mulheres, de se ter gestoras que vão orientar, muitas vezes, esse cuidado um pouco maior, porque historicamente existe um olhar muito de desempenho, de força, que a gente geralmente não associa às meninas, inclusive de liderança, que, preconceituosamente, não se associa às mulheres.
E aí a presença de mulheres treinadoras, orientando esse processo de formação, é uma representatividade muito importante para as meninas, principalmente quando começam a competir, pois se sentem muito mais seguras - inclusive as famílias - para viajar com outras mulheres, com outras lideranças femininas.
Então, a gente percebe que há uma série de questões que não... E as pessoas costumam julgar que as meninas não têm interesse ou que as meninas não têm vontade de jogar, de praticar esporte, seja na escola, seja em outros locais, mas existem tantos contextos sociais e culturais que vão interferir nessa, entre aspas, "escolha" de as meninas participarem do esporte que precisam ser observados. Isso passa muito pela qualificação de quem está atuando nesses ambientes para considerar esse olhar mais amplo do esporte, para além das questões do desempenho físico e técnico, pensando em questões socioculturais, em desenvolvimento de valores, em desenvolvimento socioeducativo dentro desses ambientes, para que esse esporte seja cada vez mais seguro e mais possível para todas as pessoas em questões de gênero, em questões de raça, de classe social e para que a gente possa ampliar esse acesso e permitir a permanência, para evitar a evasão dessas pessoas dentro do ambiente esportivo, quando a gente está falando de uma formação mais ampla e como um direito para todas as pessoas.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Eu vou deixar o Vinícius, falar daqui a pouco, Professora, mas a sua observação é muito pertinente.
Inclusive o COB esteve aqui, no último painel, e apresentou para nós um programa inovador, que é o Mira, que trata justamente sobre a qualificação de treinadoras. Então tinha ali várias treinadoras de algumas modalidades, seja no judô, seja no voleibol. Realmente é uma iniciativa que é pioneira até então.
R
Como a senhora falou aí, essa predisposição do sistema em incentivar as mulheres à participação, a estarem se qualificando para serem gestoras, para serem treinadoras realmente isso é uma iniciativa muito recente. Eu até cumprimentei o COB, na figura da sua Vice-Presidente, Yane Marques, que também é a primeira mulher a compor a gestão. Assim, quero parabenizar a atual gestão.
Mas é isso, nós estamos muito aquém, e eu concordo com a senhora que as meninas não são estimuladas à prática esportiva. Eu falo isso porque... A senhora trouxe uma fala muito pertinente ao momento que eu vivo hoje, que é a questão da política: "Ah, a mulher não gosta de política, a mulher não gosta de esporte". É óbvio: a mulher não tem apoio, não tem incentivo, ela... É claro que... Como é que a pessoa vai se interessar? Internamente ela tem toda uma aptidão, todo um interesse, mas, enfim, pelo contexto social que a senhora mesmo falou, a gente tem inúmeras barreiras a transpor nesse sentido. Então é muito desafiador esse processo para nós.
Quero agradecer a todos vocês pela participação. O nosso painel, este debate não vai terminar. Nós vamos ter o quinto ainda e, se precisar, nós vamos ter ainda outras oportunidades.
Antes de eu passar a palavra para o Vinícius, eu vou passar a palavra para o Prof. Martin, que quer também fazer o uso.
Pois não, Prof. Martin, e obrigada.
O SR. MARTIN CAMIRÉ (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Muito obrigado pela oportunidade de contribuir hoje. É maravilhoso ver que o Brasil está levando essas questões muito a sério! Eu valorizo a Senadora Leila e a sua paixão genuína para discutir esses temas.
Eu também acredito que o Sr. Vinícius fez uma pergunta muito, muito importante. Baseado nas conversas, eu me lembro das três perguntas e vou tentar responder às três rapidamente.
A primeira, os embates entre a profissionalização e a participação. Isso é uma situação extremamente difícil no Canadá. Então, nós temos essas escolas profissionalizantes de esportes que estão entrando no sistema de esportes, e eles estão treinando os melhores desportistas. Eles vão jogar contra uma outra escola e eles vão ganhar por 14 a 0. Então, o equilíbrio de competitividade está torto, está errado. Muitas associações estão tentando evitar com que essas escolas profissionais joguem contra as escolas amadoras.
Então, isso está sendo analisado pelo Judiciário canadense. Eu estou envolvido nessa batalha jurídica. Ainda continua sendo uma situação muito questionável por causa da profissionalização que vimos no sistema.
Quanto à segunda pergunta, Sr. Vinícius, é importante também entendermos que, se nós tivermos políticas no nível nacional, como entender e como fazer com que elas vão para os outros níveis da Federação? Nas atividades diárias das pessoas, isso é um desafio muito grande.
Então, a política esportiva canadense é implementada por 58 das nossas organizações, vai para as províncias, depois vai para os municípios, mas isso é muito difícil e exige trabalho diário para que essas políticas sejam implementadas da forma correta.
R
E eu também queria reforçar que essas conversas são muito importantes. Elas não podem parar agora, elas precisam continuar, porque, como a Profa. Carine, o Prof. Billy e o Prof. Jorge disseram, há muitas, muitas variáveis que precisamos continuar a debater.
Então, por exemplo, os direitos das mulheres nos esportes para que elas possam se expandir. Quando a gente pensa no esporte para o desenvolvimento da paz, é claro que há desequilíbrios entre o Sul Global e o Norte Global; precisamos retificar, consertar esses desequilíbrios. Os esportes comunitários têm que estar lá para a comunidade, e os esportes precisam continuar a se desenvolver.
Obrigado.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Nós que agradecemos a sua participação e a colaboração, Prof. Martin.
Vou passar agora a palavra para o Vinícius, para as colocações finais.
E gostaria de só pedir aos nossos convidados para que eles também pudessem fazer o uso da palavra por até dois minutinhos para finalizar as participações aqui na nossa Comissão, mais uma vez agradecendo.
Vinícius, por favor.
O SR. VINÍCIUS MACHADO CALIXTO (Para expor.) - Bom, da minha parte, Senadora, somente quero agradecer aos demais painelistas, agradecer pelo contato inicial, pela disponibilidade de estar aqui; o Prof. Jorge, num horário bastante difícil para ele na Austrália, foi muito importante a compreensão. Que bom que a gente conseguiu reunir todos! E a gente vai dar sequência, com certeza, Prof. Martin. As conversas não vão parar por aqui, a gente vai continuar debatendo e tentando aperfeiçoar a nossa legislação.
Obrigado, Senadora.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Eu que agradeço, Vinícius.
Vou passar a palavra para o Prof. Billy Bastos. Professor...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Saiu, é verdade.
Profa. Carine.
A SRA. CARINE COLLET (Para expor. Por videoconferência.) - Muito obrigada. Mais uma vez, eu agradeço a oportunidade, o convite para estar aqui falando sobre isso, sobre o esporte, sobre a formação, que é algo que eu gosto muito.
Também tentei ser atleta de voleibol, Senadora, mas, como os caminhos me levaram para... Tracei outros caminhos. Hoje sou professora universitária. Pela paixão, com o esporte na formação, eu segui estudando e segui ensinando, envolvida com o esporte e praticando o esporte, na participação ao longo da minha vida. Então, o quanto é importante que essas experiências na formação inicial sejam positivas e que a gente entenda que o esporte faz parte da sociedade! Ele não é algo que está à parte, ele está inserido em toda a cultura, em todas as dificuldades, nas barreiras com que muitas pessoas têm acesso ou não têm acesso aos seus diferentes direitos.
Lembro que, até em termos de lei, as mulheres por um tempo foram proibidas de praticarem alguns esportes, e isso culturalmente vem sendo reproduzido ao longo do tempo. Então, essa compreensão de trabalhar com esporte com um olhar mais amplo de que ele não se restringe a questões tático-técnicas ou a questões físicas é superimportante para que a gente consiga ir transformando esse fenômeno social em possível, acessível para todas as pessoas que possam participar e que possam se envolver com seus diferentes sentidos, seus diferentes significados com esse fenômeno.
R
Então quero agradecer, mais uma vez, a oportunidade e me colocar à disposição e colocar a universidade também à disposição para a gente continuar com esse debate e essas conexões, como o Vinícius falou.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Eu que agradeço, Professora. Não se tornou atleta, mas a universidade ganha pesquisa também e o esporte. Através do seu trabalho dentro da universidade, com essas pesquisas, nós vamos poder fazer uma grande dobradinha, quem sabe uma dupla aqui, que vai poder, enfim, trazer algum trabalho realmente para que a gente consiga, de alguma forma, apresentar à comunidade esportiva e acima de tudo, na questão, como nós falamos aqui e tanto insistimos, do esporte de participação, da promoção da saúde e da qualidade de vida da nossa população. Obrigada pela participação.
Eu vou passar a palavra agora para o Prof. Martin.
O SR. MARTIN CAMIRÉ (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - O.k., obrigado.
É muito bom ter essas discussões internacionais porque todos nós podemos aprender uns com os outros. Embora entre o Brasil e o Canadá haja diferenças em termos de língua, de cultura, algo que compartilhamos é que nós temos países muito, muito grandes geograficamente e nós temos muitas diferenças regionais. Então, esses são desafios que o Canadá enfrenta, que o Brasil enfrenta. Eu acho que precisamos manter essas conversas fluindo, precisamos trocar informações uns com os outros, aprendermos uns com os outros.
Eu já visitei o Brasil em várias ocasiões e eu fui muito feliz em relação a isso. E tenho trocas com a Profa. Carine, com outros colegas. Tenho colegas em Campinas, em Florianópolis. E eu queria dizer que o Brasil está em boas mãos, porque há excelentes acadêmicos aí no Brasil fazendo as perguntas certas: Como podemos melhorar o sistema esportivo? Encorajo o Senado Federal, encorajo a Senadora Leila a trabalhar com a comunidade acadêmica. Como podemos tornar os esportes melhores para todas as pessoas no Brasil?
Obrigado.
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PDT - DF) - Nós que agradecemos, Professor. Tenho certeza de que sua participação aqui conosco neste debate será a primeira de muitas ainda, tá? Muito obrigada por sua participação.
Bom, quanto aos demais, o Prof. Jorge saiu e o Prof. Billy também.
Mas é isso, eu quero agradecer a participação de todos.
Nós temos perguntas no e-Cidadania que eu vou encaminhar aos nossos expositores.
E é isso.
Eu vou passar agora para a segunda parte da nossa reunião, agradecendo mais uma vez aos professores que estiveram conosco aqui representando as universidades, a academia e a pesquisa na área do esporte, tão importante.
Bom, vamos para a segunda parte.
A presente reunião é destinada à deliberação de requerimentos apresentados a esta Comissão.
2ª PARTE
ITEM 1
REQUERIMENTO DA COMISSÃO DE ESPORTE N° 37, DE 2025
- Não terminativo -
Requer, nos termos do art. 58, § 2º, II, da Constituição Federal e do art.
93, II, do Regimento Interno do Senado Federal, a realização de audiência pública,
com o objetivo de reunir e compreender as avaliações qualificadas sobre a execução
e os impactos do Programa Segundo Tempo (PST).
Autoria: Senadora Teresa Leitão (PT/PE)
A autoria deste requerimento é da Senadora Teresa Leitão, subscrito por mim.
Eu coloco em votação, que será simbólica, o requerimento.
R
As Sras. Senadoras e os Srs. Senadores que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado o requerimento.
Antes de encerrarmos os nossos trabalhos, eu submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e a aprovação das Atas da 20ª reunião, realizada em 27 de agosto de 2025, e da 21ª Reunião, realizada em 3 de setembro de 2025.
As Sras. Senadoras e os Srs. Senadores que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
As atas estão aprovadas e serão publicadas no Diário do Senado Federal.
Bom, eu agradeço a participação de todos nesta quarta-feira, na manhã desta quarta-feira. Agradeço aos profissionais aqui, os servidores do Senado Federal, nas pessoas do Flávio, nosso Secretário, e também do Vinícius Machado, nosso consultor do Senado Federal.
Também agradeço aos expositores, que trouxeram suas experiências do Canadá, da Austrália, enfim. Tem brasileiro aí fazendo um trabalho lindo, tem muita gente boa. Nossa academia pode nos ajudar muito neste debate aqui sobre o esporte de base e a promoção da saúde.
E vamos para o quinto painel. É isso. Semana que vem vai ter mais, e nós vamos continuar aqui esse trabalho que eu tenho certeza de que vai ser - já está sendo - muito profícuo, e teremos frutos.
Nada mais havendo a tratar, eu agradeço a presença de todos e declaro encerrada a presente reunião.
Boa quarta para todo mundo.
Obrigada.
(Iniciada às 9 horas e 31 minutos, a reunião é encerrada às 11 horas e 09 minutos.)