15/05/2015 - 6ª - CPI das Próteses - 2015

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Declaro abertos os trabalhos que visam a investigar a máfia das órteses e próteses no Brasil.
Cumprimento os senhores e as senhoras que estão neste recinto, neste ambiente. Mais uma vez, cumprimento a assessoria da Assembleia Legislativa. Cumprimento os Deputados que aqui vieram e o Deputado proponente da CPI local.
Faço o registro da presença sentida do nosso Relator, Senador Humberto Costa, que, por conta de compromissos assumidos nesta semana, visto que a semana anterior seria a que nós certamente aqui estaríamos, trago essa justificativa do nosso Relator, que, a despeito dos acontecimentos, gostaria muito de estar presente, mas está representado aqui nas inquirições que eu farei.
Tive a oportunidade de conversar com os senhores advogados e quero agradecer-lhes. Seus clientes estão aqui.
Ontem, nós havíamos feito um comunicado, em função de que tínhamos algumas negativas na planilha feita pela assessoria do Senado. Para o balizamento dos trabalhos aqui, um esclarecimento: os convidados poderão aceitar falar ou não, vir ou não, como ocorreu com as vítimas, mas o convocado é obrigado a comparecer a este juízo. Por quê? Porque CPI tem poder de polícia e poder de Justiça. Nesse momento, instalada aqui a CPI, nós somos os juízes desse processo de investigação.
Tive uma conversa muito salutar com todos os advogados de compreensão, de entendimento, de procedimento, de como vamos conduzir os trabalhos.
De maneira que, de acordo com o que nós acertamos, vamos ouvir primeiro a Drª Letícia. Depois, vamos ouvir o Dr. Fernando Sanchis. Os outros todos estão liberados para ir para o almoço. Serão comunicados sucessivamente, de acordo com a planilha que fizemos, para vir e prestar o depoimento. Nesta sala, vai ficar aquele que será o seguinte, e os outros podem ficar à vontade.
Gostaria tão somente de solicitar que os depoentes que não querem ir para o almoço que sigam para o plenarinho lá de cima, porque, no procedimento, nós teremos aqui, para evitar constrangimento, tão somente o depoente do momento. Quanto aos outros que estão em plenário, peço para se retirarem. Gostaria muito também que o advogado aqui não estivesse, mas não estou cerceando. A audiência é pública, está aberta. Como qualquer cidadão da imprensa, cidadão do povo pode ficar aqui, também o advogado pode. Quer dizer, este "gostaria" é coisa minha. Fiquem à vontade, mas, em relação aos depoentes, eu gostaria que aqui só permanecesse, neste momento, a Drª Letícia e, na sala do lado, o Dr. Fernando Sanchis.
Agradeço e gostaria que assim se procedesse, para que possamos começar.
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Quero convidar a Drª Letícia Pinto, advogada, para se sentar aqui do meu lado, e também vou pedir aos Deputados, se puderem, para se sentarem desse lado. Deixem o advogado dela mais próximo dela, aqui.
Eu quero fazer o registro de que a Drª Nieli de Campos Severo, advogada, disse não à convocação. Mas o filho dela está no recinto, e eu quero pedir a ele para se retirar. Em seguida, peço à Polícia Federal que, de ordem desta Presidência, vá buscar a Drª Nieli.
Eu vou esperar que o rapaz se retire. Não vejo nenhuma movimentação.
Peço à Assessoria que me ponha na linha com o Presidente da OAB. Faço este procedimento em respeito à Ordem, à classe. Por isso tomei a deliberação de ouvir e de conversar com os advogados antes, fazendo essa deferência, porque, ao contrário do que muita gente imagina, de que nós trataremos...
Eu estou acostumado a presidir CPI dura e complicada. Presidi a CPI do Narcotráfico, presidi a CPI da Pedofilia. Lidei com crimes anos a fio. Então, o tempo me ensinou, e eu continuo dentro dos mesmos princípios. O princípio é o princípio de respeito. De respeito, até porque quem está aqui, sentado nesta cadeira, está na desvantagem, seja qual for a situação.
Reitero que nenhuma das acusações foram produzidas nem por mim nem pelo Senador Humberto Costa. Não foram produzidas por nenhum de nós que compomos a CPI. O processo investigatório em função de denúncias e a investigação do crime se dão a partir de denúncias, e denúncias que não foram feitas por nós. A CPI tem um caráter investigatório tão somente, e cumpre o seu papel. E é isso que vou fazer neste momento, no cumprimento do meu papel. E essas coisas têm que ficar extremamente claras, essas coisas têm que ficar extremamente claras, para que a população não imagine - quando digo a população, eu me refiro aos familiares das pessoas que vêm aqui para depor, aos seus mais próximos - que alguém foi chamado à CPI porque havia uma deliberação, uma vontade pessoal de produzir humilhação. Em absoluto. A diferença é que nós temos plena compreensão, plena compreensão do nosso papel a ser cumprido.
Doutora, a senhora tem todos os seus direitos constitucionais. A Constituição lhe dá o direito de não falar, de ficar calada, de não produzir prova contra si, o que eu acho completamente errado, e acho que tem que mudar imediatamente, até porque a gente, quando vai depor como testemunha, em qualquer caso, entra num tribunal e o juiz já fala logo com você: "Jura dizer a verdade...". Você vai de testemunha e ele fala: "Se você mentir, eu te prendo". Agora, o réu pode mentir. É um troço que nunca entrou na minha cabeça. Acho que é por isso que fiz vestibular para Direito e não passei. Não entra na minha cabeça esse negócio. Mas é o que a lei diz, e a senhora tem esse direito. A senhora é advogada, a senhora sabe disso.
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Eu lhe quero dar o tempo de que a senhora precisar. Se a senhora quiser fazer qualquer tipo de consideração, acho que este é o fórum adequado. Quem sabe a senhora nunca teve a oportunidade de falar a sua verdade publicamente?
A senhora tem convivido com notinhas de jornal, com ironia, com acusação. E sei o que é isso para uma pessoa, para uma família. Sei como essas coisas desgastam, mexem com o emocional. Posso imaginar suas noites indormidas, a partir desses problemas todos. Imagino que isso deve ter afetado a sua vida profissional, o seu escritório.
A senhora é casada?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tem filhos?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sei como é olhar para o filho, sei como essas coisas são. Tenho a certeza de que a senhora daria tudo para não estar aqui, mas, já que a senhora está aqui e já que há um microfone na sua frente, aproveite e conte a sua verdade, fale da sua verdade. Vou, em seguida, fazer perguntas para senhora, porque é meu dever. E tomara que, ao final, ao cabo do processo, a senhora obtenha êxito com a sua verdade, juntamente com seu advogado! Conversamos longamente a respeito de muitas coisas hoje, pela manhã.
Então, a senhora fique à vontade. A senhora tem o respeito desta Comissão. Tem o nosso respeito. Tão somente queremos chegar ao cabo disso com um relatório de que aqui há um crime, mas aqui há um inocente. Aqui, há um inocente; aqui, há um crime. Não queremos colocar todos na vala comum, o que queremos é que haja justiça, é que haja esclarecimentos.
Estamos aqui. Esse microfone está ligado. É a hora de a senhora falar a sua verdade, se essa for a sua intenção. A senhora tem a palavra.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Obrigada, Senador.
O que eu tenho para esclarecer é que, de fato, não tenho nada relacionado a isso, porque eu era funcionária do escritório de advocacia. Inclusive, eu me afastei do escritório em abril de 2014. Depois disso, não trabalhei mais com o escritório. Eu me desvinculei dele. Quando entrei nesse escritório para trabalhar, esse escritório já tinha esse funcionamento, já trabalhava com esse tipo de ação.
Então, fui para o escritório do Drª Nieli para auxiliá-la com esses processos. Eu cuidava somente da parte processual, não tinha ligação nenhuma com a parte administrativa do escritório. Não sei como é que funcionava a administração dele. Eu não tinha acesso à parte administrativa, não tinha acesso aos cliente dela. Enfim, eu era funcionária. Realmente, eu não tinha acesso aos médicos nem conhecia esses médicos. Eu os conheci através da televisão, em janeiro. Eu já não estava mais no escritório havia um ano. Então, realmente, nem sei no que posso contribuir para esta CPI, porque só sei aquela parte de processo. Eu ia para lá para trabalhar, porque eu precisava trabalhar.
Inclusive, Senador, eu até abro mão do sigilo da minha conta bancária, que é uma só, porque realmente não ganhei nada com isso. Não tenho esse envolvimento. Tenho todos os documentos aqui de que eu era subordinada do escritório. Todas as ações que eu fazia eram feitas por modelos de petições, de iniciais, que o escritório passava. Todo dinheiro que entrava no escritório vinha dela, era passado para ela. Todos os alvarás eram para as contas da proprietária do escritório, que era a Drª Nieli.
Então, eu era, realmente, funcionária. Não tenho praticamente nada a relatar dessa parte da máfia, porque, realmente, desconheço. Eu desconhecia na época. Ela não me abria. Ela tinha contatos com os médicos, mas ela não deixava eu ter. Então, realmente, não tenho muito o que auxiliar nessa parte da CPI da máfia, da investigação mesmo, porque eu nem tinha acesso a esse tipo de coisa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora encerra a sua fala, colocando à disposição seus sigilos?
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ah, tá.
Ela entrava com muitos processos?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Com certeza, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas ela não ganhava as liminares com os médicos, ganhava com o tribunal, não é? Ganhava com o tribunal.
Você se lembra dos processos todos em que você trabalhou, dos que vocês ganharam essas liminares? Porque é muita liminar. Era liminar. Essas liminares era o mesmo juiz que dava?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Seus sigilos bancários, telefônicos, fiscal...
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não. É que é assim: por exemplo, contra o Estado; ações contra o Estado sempre caíam na mesma Vara, que é a 10ª Vara da Fazenda Pública.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim. Sim, com certeza.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
Então, a senhora era uma advogada que trabalhava no escritório da Dr. Nieli?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ela vai confirmar isso, na hora em que ela vier depor hoje?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Espero que sim, porque é a verdade.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, porque ela vai vir depor.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Tem que vir, não é? Ela já deveria estar aqui.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você se lembra do endereço do escritório?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Pode...
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Praça Dom Feliciano, nº 78, sala 611.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
Você disse que viu esses médicos pela televisão?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim. Vi um médico, porque eu nunca tive acesso a esses médicos e nunca os vi lá no escritório. Eu vi um médico pela televisão, e eu sabia que ele conversava com ela, inclusive ela me dizia que ele era cliente dela.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Qual foi o médico?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Dr. Fernando Sanchis.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você disse na sua fala que você tão somente trabalhava e que você chegou lá e já existia esse procedimento.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim. Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Que procedimento é esse?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Os processos. Ela já trabalhava com esse tipo de processo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Que tipo de processo?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Processos contra a saúde. Da área da saúde. Contra planos de saúde.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O índice de acertos era grande? Ganhava sempre? Perdia mais do que ganhava?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - No início, sempre; inclusive, quando ela me convidou para trabalhar com ela, ela disse que todas as liminares ela ganhava. E até hoje, pelo que eu tenho acompanhado - porque eu renunciei a todos os processos quando eu saí -, pelo que eu vejo dos processos, ainda há algumas sentenças procedentes. Então, ela sempre conseguia as liminares. De um tempo para cá, foi cessando. Como eu saí de lá em abril de 2014, eu já não sei o que lhe dizer sobre os processos, porque daí eu realmente não acompanhei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aham.
Ela é uma advogada competente ou uma advogada bem relacionada?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Acho que os dois.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aham.
Há alguma reincidência? Por exemplo, ela ganhava muitas liminares. O sujeito que tem muitas vitórias no tribunal fica famoso, cresce, não é?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eu acredito que, dentro do tribunal, ela não era conhecida. Eu acredito que ela tinha conhecimento com os médicos, enfim, com essa área; mas, dentro da Justiça, acredito que não.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não. Sempre iam para cartórios diferentes.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E, mesmo em cartórios diferentes, você se lembra de algum em que há repetição, algum juiz que andou repetindo liminares, o mesmo nome? Quer dizer, por coincidência, não é? Vamos dizer que houve coincidência, que o mesmo juiz assinou duas, três...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo. Certo. E aí?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Então, o mesmo juiz concedia várias liminares, conforme o número dos processos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo. O mesmo juiz concedia, não é?
Deve ser por que ela fazia uma fundamentação muito boa e convencia o juiz, não é?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eu acredito que sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
Normalmente, essas liminares eram ela pedindo urgência na cirurgia de alguém?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim. Era pedindo urgência.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você sabe quais os honorários que ela cobrava numa liminar dessas?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não cobrava honorários. Ela cobrava um valor de entrada, que era referente à consulta, e ela não cobrava. Ela recebia a sucumbência. Alguns ela cobrava. Alguns eram cobrados. Quando era SUS, por exemplo. Aí eram cobrados.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Na sucumbência...
Porque o seguinte: o que nós temos conhecimento é de que esses valores eram valores muito altos nessas próteses e tal. A sucumbência normalmente... Você tem noção de quanto variavam os valores?
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A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Mora.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Oitocentos reais, mil reais. Às vezes, os planos de saúde faziam acordo. O Estado nunca fazia acordo, mas os planos de saúde, às vezes, faziam acordo. Aí eram R$2 mil os honorários. Não eram grandes, não eram altos.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - São só esses processos da área da saúde.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você tem conhecimento se, fora dos honorários, ela recebia também, por fora, dos médicos?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Tenho. Ela recebia sim, mas ela me passava que eram honorários dos médicos, porque ela é advogada deles.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo. Você tem noção de quanto eram esses honorários?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não, não tenho, porque eu não tinha acesso a isso. Eu não podia nem abrir os envelopes do escritório.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não podia abrir, né?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Esse médico visitava o escritório de vez em quando?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - É como eu lhe falei, Senador. Eu nunca o vi . Eu só o vi pela TV. Eu nunca vi o médico lá no escritório.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O escritório é grande?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não. É pequeno.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas a doutora vive bem, tem uma vida confortável?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Que eu saiba, sim, vive bem.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mora bem?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Assim, mora bem em...
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - O senhor está me perguntando da Drª Nieli?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim. Que eu saiba, ela tem a casa dela, própria.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Boa?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eu nunca entrei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas você conhece a fachada?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Conheço a fachada sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Bom carro?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Tem. Tem um carro bom.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas dá para pagar com honorário de R$800,00?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não sei, Senador. Não posso lhe informar isso. As minhas contas eu não consigo pagar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Num processo desse, em que ganhava uma liminar, você recebia quanto como advogada?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eu recebia só no final do processo. Eu recebi 40%. Dez por cento ficavam para o escritório e 40% para mim. Alguns. Outros, quando era acordo... Vamos supor que o acordo fosse R$3 mil, eu recebia R$500,00 e ela ficava com o resto, que era o meu salário. Era o que eu tinha para me manter e sustentar a minha filha.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo. E como esses clientes chegavam ao escritório? Os clientes que chegavam eram indicados por médicos?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eles eram indicados por médicos e indicados por outros pacientes, clientes, enfim. Só que essa triagem inicial, essa entrevista com o cliente inicial eu não fazia. Quem fazia era a secretária. Eu sei pelo que elas comentavam ali entre si.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É né? Chegava um número grande de indicados, de pacientes...
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - ...do Dr. Sanchis para ela?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Na verdade, o foco dela, do escritório é esse.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É só liminar?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Contra plano de saúde.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Tanto que ela é pós-graduada em...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Em liminar.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não. Em Direito da Saúde.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você acha que isso é saúde mesmo?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não sei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quem lhe entregava a documentação e instruía para iniciar os laudos médicos, exames, orçamento?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim. Funcionava assim... Tudo e la passava para a secretária.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quem é a secretária?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - A secretária...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você sabe o nome dela?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN (Fora do microfone.) - Posso fornecer o nome?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim. Raquel. Depois, ela saiu e entrou outra secretária.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A Raquel foi secretária muito tempo?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Foi. Antes de eu entrar, ela já estava.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então, é a Raquel que recebia isso tudo?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim. Ela recebia a documentação na entrada. A minha parte... Porque, na verdade, eu chegava lá, abaixava a cabeça e trabalhava. Então, eu que posso falar o que eu fazia, Senador. A Drª Nieli pedia para a secretária montar uns documentos de um determinado cliente e me passar...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então, se precisar, eu posso convocar a Raquel, porque a Raquel sabe, né?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim.
A Drª Nieli pedia para a secretária me passar os documentos para eu poder fazer a ação. Então, eu já recebia tudo pronto: procuração, já recebia os laudos. Já vinha tudo dentro de um saco.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Prontinho.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Pronto. Eu só tinha que montar a inicial e, depois, acompanhar o processo. Inclusive, se eu via que estava faltando algum documento - olha, está faltando um orçamento; geralmente eram três orçamentos -, eu pedia para ela ou para a secretária. E elas providenciavam.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo. Como ela ganhava muitas liminares, o texto da liminar estava pronto também? Sempre estava pronto?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Era só trocar a data e assinar, não é?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E havia garantia de que ia ganhar.
Em algum momento você não estranhou, não, como a pessoa ganha tanta liminar assim?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não. Depois me fizeram essa pergunta. Não, porque, como ela já fazia isso, quando eu entrei ela já tinha esse sistema de trabalho, então, para mim estava... Era uma coisa...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você é advogada, e é o seguinte, você sabe o seguinte, eu estou falando para você, você é advogada e eu até tenho uma admiração muito grande, estava dizendo à sua advogada hoje que meu sonho era ser advogado. Fiz vestibular três vezes, não passei em nenhum, entendeu? Mas hoje eu sou convidado para ser orador de turma, paraninfo de formandos em Direito, eles me convidam achando que eu sou. Mas eu só conto no final, porque senão eles tiram meu convite, me devolvem, me mandam embora, me tiram do hotel e eu fico na rua. No final eu conto, entendeu? "Vocês convidaram o cara errado. Eu fiz vestibular e não passei. Queria estar com essa roupa preta aí e nunca consegui, e tal."
Mas, veja, eu acho que para um advogado, por exemplo, que vem ralando há muito tempo é até frustrante ver, porque, para você também que é advogada, é até frustrante, que nem sempre o advogado ganha tanto, não é? O advogado perde muito no tribunal. Está cheio de advogado aí. O cliente, muitas vezes, fica animado. O advogado mostra a ele um memorial desse tamanho assim... Aí o cara fala: "O meu advogado escreveu um memorial que vai arrebentar". Mas manda um memorial desse tamanho, o juiz nem lê, manda o estagiário passar o olho, e depois derruba, fala que não. Aí o cara fala: "Perdi noite escrevendo, na frente do computador, podia ter saído com os meus meninos, e não saí, fiquei aqui escrevendo..." E o cara... Aí vem uma liminar igual, com o mesmo texto? Cai na mesma Vara e no mesmo juiz...
Você só emite opinião se quiser sobre o que eu vou te perguntar. Você acha que se eu convidasse esse juiz para falar na CPI será que ele colaborava?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Na verdade, numa Vara há dois juízes, não é?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não sei. Não sei o que lhe dizer. Não o conheço.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas você via o despacho. Quando não era um era o outro?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eu via o despacho pela internet. Sim. Na verdade, eu não prestava muita atenção no nome de quem dava o despacho, do juiz que despachava.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Porque o escritório ganhava tanto que você nem dava atenção mais para quem deu e quem não deu.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não. É que essa parte, na verdade, de quem dá as liminares não ficava a meu cargo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum. Não ficava. Não. Eu sei que não ficava. Eu só estou dizendo porque você estava no escritório ali, a liminar vinha. Diziam: "Ganhamos" e tal. O pessoal comemorava no escritório, quando chegava?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Senador, assim, olha... O que acontece? Eu estava começando, eu ainda estou começando, e eu entrei num escritório que já trabalhava com isso há bastante tempo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
Mas me diga uma coisa: você, ainda nessa questão da estranheza, você não estranhou, não? Não estranhou que essas liminares, essas ações, a instrução das ações era sempre dos mesmos médicos e os mesmos hospitais?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não. Porque, na verdade, são vários médicos e são vários hospitais. São vários médicos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você se lembra dos hospitais?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Nossa Senhora das Graças...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - João Becker.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - João Becker.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Ernesto Dornelles.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Dornelles.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não me lembro. Acho que tinha Mãe de Deus também...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eles trocaram. Às vezes, os hospitais eram trocados também.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Depende de onde tinha... É que, na verdade, eu fazia mais as ações contra o plano de saúde, não é? Contra o Estado eu fiz algumas. Contra o SUS, mais ela fazia. Então, depende de qual hospital era conveniado com o plano da pessoa, do cliente, do paciente...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum. Mas você quantos anos mesmo trabalhou com ela?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Um ano e dois meses, três meses.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Nesse ano e dois meses, vocês tinham boa convivência?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Inicialmente sim. Depois, ficou difícil.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ficou difícil por quê?
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A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Por questão de gênio. Ela tinha um jeito, uma personalidade, eu tinha outra, enfim, e comecei a ficar sobrecarregada porque ela passava tudo para eu fazer, os processos, a parte processual. Tudo era comigo, e resolvi sair.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ela tem o gênio forte?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não, não sei se é forte.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, e isso também não tem nada a ver.
Você acha que ela não veio por quê?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não sei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - De repente, porque tem o gênio forte?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não sei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não tive mais contato com ela.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ontem eu estive com o diretor de uma instituição... Não sei se você sabia disso, mas, quando ouvia falar das liminares, quando apareceu toda essa coisa, da denominada máfia das próteses e tal, quando você viu aparecer isso tudo, quando começou a aparecer nos jornais e na televisão, quando você viu que o escritório estava envolvido e que, em seguida, tocaram no seu nome, qual foi sua reação? Você tinha noção, antes, de que era uma máfia?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não, nunca tive. Eu me assustei e fui falar com ela para saber, para esclarecer, para ver se havia alguma coisa, para saber se aquilo era verdade. Eu não sabia, nunca imaginei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E o que ela disse?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Ela disse que também não sabia, que era surpresa, enfim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ficou surpresa?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eu?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ela.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Ela, sim. Disse ela que sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum. É o seguinte: ontem, estive com um diretor de uma instituição - na verdade, dois diretores - que congrega hospitais... Você viu televisão ontem? Viu o jornal ontem, o local, aqui?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Perguntei a ele como se dava esse procedimento, e ele disse que, na verdade, o médico demanda o hospital de que via fazer uma cirurgia tal dia no paciente tal e que precisa de tais materiais. O hospital encomenda o material para o distribuidor do material, para que seja entregue no dia da cirurgia. Você é advogada. Compreende-se, então, que ele comprou o material, e esse valor da compra tem que ser ressarcido, ou então, se ele teve o prazo, assim que receber, vai pagar. Porque ao hospital ele tem que pagar o aluguel do centro cirúrgico, todas as despesas de hospital, a equipe do hospital.
E ele disse-me - não sei se soltou porque escapuliu ou porque quis falar mesmo - que, nessas próteses, o hospital ainda bota 15% em cima.
A senhora sabia que muitas dessas próteses saem da fábrica por um valor de R$4,5 mil e, quando são muito caras, chegam a R$6 mil, não chegam nem a R$7 mil? E a doutora lá do seu escritório - como é o nome dela?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN (Fora do microfone.) - Nieli.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - ... entra contra o SUS, instando o Estado? Depois, é liberada essa liminar para que o Estado pague mais de R$300 mil?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Como lhe falei, essa parte de pedir orçamento...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, não, estou lhe dando apenas dando uma informação. Sei que você não sabe nada disso não.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Antes das reportagens, eu não tinha essa dimensão. Como eu lhe falei, eu recebia tudo pronto. Dentro dos saquinhos que eu recebia, havia os três orçamentos, um parecido com o outro, havia os documentos, todos montados. Então, eu não tinha acesso a valores, o quanto era fora dos orçamentos que estavam apresentados para mim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eu só tinha acesso, eu só sabia daquilo que estava olhando ali.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você, em algum momento, desses honorários médicos, honrados honorários... Você falou que o seu eram R$500,00 quando a ação era boa?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não, não quando a ação era boa; tinha acordo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aí você levava R$500,00?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Está tudo aqui...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - ... documentado.
R
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bem. Depois, você pode passar para mim?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Claro.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você nunca recebeu nenhum oferecimento por fora, de alguém, de algum hospital, de algum médico?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Eu não tinha contato com hospitais, Senador. Eu não tinha contato com hospitais, eu não tinha contato com médicos. Não tinha contato com nada, a não ser com os processos que eu fazia. Todos os contatos eram com ela.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Com a doutora?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Inclusive ela não deixava eu ter contato com os médicos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum hum. Ela não deixava?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quando o Dr. Fernando esteve lá no escritório, a senhora nunca o cumprimentou?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Como eu lhe falei, eu nunca o vi no escritório. Eu só o conhecia pela televisão. Ele nunca foi ao escritório.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas sabia que ele... Ele nunca foi?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não. Eu sabia que ele era cliente dela. Eu sabia que ele conversava com ela sobre as cirurgias. Mas ele nunca foi ao escritório. E eu sabia porque ela me repassava e-mails que eles trocavam entre si. Às vezes eu pedia algum documento e ela me mandava o e-mail e, embaixo, constavam todos os e-mails deles. Mas nunca vi o médico, eu nunca tive, nem por telefone, conversa algum, nunca recebi dinheiro algum, a não ser desses para quem trabalhei, porque eu trabalhava só para me manter mesmo. Nunca recebi nada fora isso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Para a gente encerrar, você já tomou conhecimento, sabe que, nesse processo investigativo, o número de vítimas é muito grande. Muito grande. E por que elas se acham vítimas? Não é porque... Eu sou vítima também. O povo todo do Rio Grande do Sul é vítima. Todo mundo aqui é. Porque, quando se sangra os cofres públicos, tira-se de todo mundo que paga imposto. Quando se tiram R$300 mil do SUS, de uma Secretaria de Saúde... Ontem eu estava vendo televisão, vendo o novo Governador tentando fazer ações propositivas na saúde, tão cambaleantes, com tanta gente precisando. E, por uma ação coordenada - isso é o que diz a investigação -, as pessoas vão lá e arrancam na dura R$300 mil, R$400 mil, que, depois, viram iate, viram avião, enquanto as pessoas estão morrendo e sofrendo.
As pessoas são vítimas não porque estão reclamando disso - e reclamam também -, mas elas são vítimas porque entraram com um problema, foram induzidas à tal prótese, e ficaram pior do que quando entraram. Ao ouvir e ver essas vítimas e saber que você, em depoimento aqui a mim, diz que estava fazendo um trabalho normal, sem saber o que estava lá do outro lado da ponta, mas como cidadã, mãe e ser humano, como você se sente sabendo que essas pessoas, hoje, se sentem vítimas e lesadas? Porque, além desse sangramento, alguns tiverem o sangramento de famílias que podiam um pouco mais, eles pioraram o seu estado de saúde.
Ocorre-lhe algum sentimento?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim. Depois de ver toda essa reportagem, sim. Mas é como eu lhe falei, Senador, eu precisava trabalhar. Eu seguia ordens. Eu não sabia da dimensão. Eu não sabia... Como eu estava ali trabalhando num lugar que já trabalhava com isso, eu não sabia o que estava acontecendo. Eu não tinha essa noção.
Como ela já fazia isso, o escritório já fazia isso, já trabalhava com isso, eu entendia, pela inicial dela, pela legislação juntada, que não tinha... Que por trás desses processos tinha todos esses envolvimentos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bem, Drª Letícia. Hoje, você advoga onde?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Hoje, eu tenho um escritório na zona sul de Porto Alegre, que não tem nada a ver com esses processos, porque os clientes eram todos dela; eu não levei nenhum processo desses comigo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A sua advocacia é advocacia de quê, de família, criminal?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - De família, trabalhista.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você advogaria a causa de uma dessas vítimas que lhe procurasse?
R
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Como assim? Não entendi a pergunta.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Se uma dessas vítimas, dessa chamada máfia, no processo investigatório, a procurasse, você teria coragem de advogar?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Advogar em que sentido? Contra o Estado?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não. Advogar, porque há muitas dessas vítimas, contratando advogado, indo atrás de advogado e algumas, como não podem, indo atrás de Defensoria Pública, né? Porque as pessoas acham que foram lesadas no seu direito e querem ter um advogado.
O que estou perguntando é o seguinte: a senhora que, com o seu depoimento aqui, diz - e de boa-fé estou ouvindo e acreditando - que tão somente trabalhava lá e, como foi colocado aqui, mais nada que isso, se uma dessas pessoas, que, hoje, está no grupo das vítimas, um cidadão comum, simples, do povo, que é vítima desse processo, fosse lá, em busca dos seus trabalhos, porque decidiu processar quem o operou. A senhora advogaria?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Não. Porque não é a minha área. Eu não advogaria.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A sua área é qual?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Trabalhista. Como falei, de família. Eu estava lá, trabalhando, usando aqueles processos para trabalhar. É a área do escritório. Eu saí para atuar na minha área, que é outra, que eu gosto, que é a área trabalhista, a área de família.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bem, doutora.
Muito obrigado pelo seu depoimento.
A senhora coloca à disposição seus sigilos?
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Sim, senhor.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Embora esteja gravado, embora estejamos gravando tudo, eu gostaria que a assessoria me ajudasse, apesar de o meu Relator estar ali me ajudando, mas eu gostaria de todos os seus dados para que possamos tomar aqui...
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Com certeza.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tomara que ao final de tudo isso a senhora tenha êxito e se saia bem, tá bom?!
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Terei. Sairei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Muito obrigado.
A SRª LETÍCIA PINTO LAUXEN - Obrigada. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quero registrar a presença do Deputado Jardel. Saiu? O goleador Jardel. Não é uma pessoa por quem nutro qualquer tipo de simpatia, porque jogou no Vasco e fez muita raiva ao meu Flamengo em alguns momentos. Então, embora o admire, tenho algumas reservas, mas é um prazer tê-lo aqui, Jardel.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Acompanhei a sua carreira vitoriosa. Parou muito cedo. Tinha muito gol para fazer ainda, mas espero que, no exercício do seu mandato de Deputado, cumpra tão bem o seu papel quanto cumpriu dentro da área. Fez muita raiva ao pessoal do Internacional aqui, não é? Acho que você não arrumou um voto com eles aqui, não é? Acho que, com o pessoal do Grêmio é que você...
Passo a palavra ao Deputado, para ele dar esse depoimento, e vermos se o indiciamos ou não.
R
O SR. MÁRIO JARDEL - Bom dia a todos!
É um prazer enorme conhecer um amigo de um grande amigo meu, o Eduardo Girão, um grande defensor do aborto.
Hoje estou tendo a oportunidade de participar de uma defesa do País. Vou ter de me defender. No futebol, acho que peguei alguns votos sim. (Risos.)
Mas acho que o mais importante é estarmos honrando o que fazemos. Espero, nesta nova atividade, que eu possa honrar também na política.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É o que o povo do Rio Grande espera.
O SR. MÁRIO JARDEL - Amém.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas, no dia em que houver uma pelada de veterano aí, você joga pelo Internacional.
O SR. MÁRIO JARDEL - Eu sou internacional! Conhecido internacionalmente! Trabalho pelo Rio Grande e sempre vou trabalhar daqui pra frente.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas qualquer desculpa que você der não justifica os gols que você fez contra o Internacional, nem contra o Flamengo.
O SR. MÁRIO JARDEL - Já passou. Já passou. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quero pedir a assessoria que, pelo amor de Deus, providencie o almoço, porque hoje não vai dar para parar, nós vamos seguir direto.
Convido e peço à assessoria que faça entrar o Dr. Fernando Sanchis.
O Eduardo Girão, de que fala o Deputado Jardel, é um dos grandes líderes do movimento Pró-Vida, no Brasil, de que faço parte, de combate ao aborto. Lutamos incessantemente para que o Brasil não cometa o erro dos Estados Unidos de legalizar o aborto nesta Pátria.
Aliás, tenho afirmado, e não me canso disso, que quem defende aborto não tem moral para falar de direitos humanos, porque a vida começa com a vida; a vida é a concepção. E falar em aborto é ter coragem de fazer um acinte contra a natureza de Deus.
Por isso, o nosso companheiro, amigo em comum, Eduardo Girão, é uma dessas figuras impolutas e importantes na luta de combate à vida. É muito importante que, como Parlamentar, encampe e tome as dores daqueles que não têm advogado, daqueles que não têm quem advogue pelas suas causas. Uma criança, no útero, hoje, é muito pior do que Fernandinho Beira-Mar, porque ele tem 22 advogados, ou seja, alguém advoga por ele. Mas pela causa dessas crianças, só há um inocente respirando ali e pedindo licença para passar - aliás, é tão interessante o discurso desses "abortistas", porque, se a mãe deles tivesse decidido abortar, eles não estariam em pé, fazendo aqui um discurso tão desconexo, tão desencontrado com a vida.
Convido o Dr. Fernando. (Pausa.)
Dr. Fernando Gritsch Sanchis, concedo ao senhor o tempo que for conveniente, até porque penso que - entrevista e qualquer outro tipo - o ideal para qualquer pessoa era não estar aqui. Mas, em estando aqui, o senhor tem oportunidade, uma vez que você tem microfone e câmara a sua frente, e a sua verdade é você quem conhece. A sua verdade é a sua verdade.
R
O SR. FERNANDO GRITSCH SANCHIS - Num primeiro momento, muito obrigado, Exmº Senador, pela oportunidade. Só para deixar bem claro - esse microfone está funcionando? - que eu tomei conhecimento de que deveria estar aqui hoje pela televisão, ontem. Em nenhum momento, fui informado ou comunicado. Não recebi nenhuma comunicação oficial. Estou aqui, porque, às oito horas da noite, ligaram-me, dizendo: "Olha, Fernando, estão dizendo que vão à tua casa te prender, se tu não aparecer". Disse: "Ué! Então, vamos à CPI!" Certo? Então, estou por vontade própria aqui também.
Tendo em vista que existe já uma investigação em curso desde janeiro, na Polícia Civil do Rio Grande do Sul, e já existem duas ou três CPIs instaladas, ou sendo instaladas, a respeito desse tema, e que até agora, a gente não teve, nem eu nem meus advogados, nenhum acesso a nenhum documento, embora tenhamos solicitado por dezenas de vezes nesse período, ao inquérito, ao objeto do inquérito da investigação, por orientação dos meus advogados, vou preferir permanecer em silêncio neste primeiro momento, até que consigamos ver a profundidade de toda essa situação, para, inclusive poder elaborar respostas adequadas ao que vocês precisam.
Então, neste primeiro momento, eu gostaria de usar do meu direito constitucional de permanecer em silêncio.
Então, vou dar a palavra ao senhor, até porque esta CPI, como qualquer outra, é uma Comissão Parlamentar de Inquérito com poder investigativo, mas de denúncias que não foram produzidas por nós. A CPI tão somente investiga denúncias existentes num processo investigatório, e já existe uma investigação, um inquérito em curso. Para tanto, penso que - queria pedir um pouco de silêncio aqui - o doutor nunca teve uma oportunidade de se manifestar publicamente - não sei se já teve numa emissora ou qualquer lugar -, mas nunca num fórum como este, que forma juízo sobre o indivíduo.
Agora, estamos aqui. O ideal é não estar do outro lado da cadeira. Costumo dizer que, seja qual for a situação do indivíduo, quem está do lado de cá, está em desvantagem. Eu estou do lado de cá também, mas estou em vantagem, porque sou o inquiridor. Penso, então, que, neste momento, já que aqui estamos, os microfones estão abertos, o senhor use o tempo necessário, e, em seguida, depois da sua fala, pretendo lhe fazer algumas perguntas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Discuti um procedimento com o seu advogado. Disse a ele que lhe trataria com respeito, como faço com todo mundo, mas o fato de o senhor não querer responder não precisa o senhor ser grosso comigo.
O SR. FERNANDO GRITSCH SANCHIS - O senhor me perdoe. Não foi a minha intenção.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está certo. A Constituição lhe dá esse direito de o senhor de ficar calado. Dizia ao seu advogado ali dentro, porque conversamos longamente, que a Constituição dá ao réu o direito de ficar calado, mas não tira o meu de falar.
O SR. FERNANDO GRITSCH SANCHIS - Com certeza.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então, eu me preparei, sem dúvida. Mas eu quero saber da sua origem, se puder falar isso: família, onde nasceu, quanto tempo tem de formado.
O SR. FERNANDO GRITSCH SANCHIS - Eu gostaria de continuar usando do direito de permanecer calado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor acha que dizer a cidade onde nasceu o compromete?
O SR. FERNANDO GRITSCH SANCHIS - Acho que isso é tão fácil de descobrir também, né? Então,...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, o senhor não precisa ser grosso comigo, porque estou sendo educado com você.
O SR. FERNANDO GRITSCH SANCHIS - Desculpe. Não foi essa a intenção. De maneira nenhuma.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Até porque eu nunca o acusei de nada. Quero é esclarecer a verdade. Quem sabe o meu esclarecimento o ajude a sair desse rolo.
R
Então, a minha pergunta é porque acho que estou aqui inquirindo um ser humano. Não há nenhuma necessidade tripudiar em cima do senhor. É por isso que estou perguntando sobre a sua origem, quando se formou, onde estou estudou, se tem mais irmãos, se tem pai vivo, se tem mãe viva. Eu, pelo menos, não tenho mãe viva; não tenho pai vivo. Minha mãe morreu com 57 anos de idade. Perdi a maior preciosidade da minha vida no melhor da vida dela. Acho que essas coisas são muito importantes.
Por que a minha pergunta nesse sentido? Porque, hoje, quem ouve falar do senhor só ouve falar do médico que enriqueceu com a desgraça dos outros. Essa pecha o senhor tomou na testa. Entendeu ou não? Quer dizer, as pessoas não o conhecem, não conhecem a sua origem, não sabem se você ficou noites sem dormir estudando, para chegar onde chegou, se fez residência com dificuldade para chegar até aqui. Então, ninguém sabe. Se essas coisas preliminares o comprometem, o senhor tem o direito de ficar calado. Mas, isso compromete o senhor?
O SR. FERNANDO GRITSCH SANCHIS - Vou seguir usando o meu direito de permanecer calado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor tem quantos filhos?
O SR. FERNANDO GRITSCH SANCHIS - Vou permanecer usando o meu direito de permanecer calado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor não precisa repetir. Deixe eu ir perguntando, tá bom?
O SR. FERNANDO GRITSCH SANCHIS - O.k.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor só fica calado, até porque, nesses casos, a lógica de mãe é que vale. Minha mãe era analfabeta profissional, viu doutor? Mas a lógica de mãe tem uma verdade muito séria. A lógica da mãe é a lógica da mãe de todo mundo, não é? É a lógica que está na rua, de que quem cala consente. Então, não vou fazer nenhuma pergunta que não seja verdadeira. Só vou fazer perguntas verdadeiras, porque vai soar para mim como consentimento, não é?
Fico com muito medo quando um cara diz: "Prefiro falar em juízo". Fico perguntando-me por quê. Falar em juízo é mais fácil? Depois resolver com o juiz? Se eu fosse juiz e ficaria ofendido com essa frase: falar em juízo. Por quê? Lá, facilita? Por que o senhor prefere falar para o juiz e não para mim? Facilita? Se eu fosse juiz, tomaria isso como uma ofensa tão grande! Iria dar entrevista todo dia para falar desse negócio!
Dr. Fernando, há uma acusação contra o senhor, médico, jovem - o senhor está meio gordinho, mas acho que o senhor não passa de 42 anos, de novo que você é. Eu não vi nada em sua ficha não, mas eu acho que você tem uns 42 anos. É novo. Quarenta e dois, doutor? Errei? Ou 43? Hein? Porque eu já passei dos 50, mas tem gente que diz que eu tenho 38. Então, é jovem. É muito jovem.
Há uma investigação em curso no Brasil, chamada - esse crime está no Brasil todo, máfia das próteses. Mas a chamada máfia das próteses, que não é privilégio de vocês, do Rio Grande do Sul, essa máfia está em todo lugar. É possível que ela nem exista aqui. E o senhor tinha a oportunidade de falar que não existe, que não é isso, que o senhor não participou disso e tal. É possível que aqui isso nem exista, que seja só uma ilação. Mas, a máfia da prótese, se ela existe no Rio Grande do Sul, e isso, para nós, é emblemático, porque começamos aqui, porque aqui ela veio à tona, aqui foi a ponta do iceberg. Nos outros Estados têm, no meu Estado tem, aqui tem, todos os lugares têm, mas essa coisa carimbou o senhor.
Aí, a minha preocupação, porque o senhor é jovem ainda. Coisa dura é a gente ser acusado do que não fez. Coisa dura é você ser atacado pelo que não fez. Ou que algumas coisas aconteceram, mas você tinha boa intenção, e não era essa a intenção, e as coisas ficam nebulosas.
R
Acho que o caminho da investigação é tão longo, e o caminho do Judiciário é tão longo...Por que vale o bom nome? Salomão escreveu, em Provérbios, que "nada vale mais que o bom nome". E imagino que, com esse processo todo, com essa investigação que está em curso ainda - há um inquérito em curso -, e você já ter alguns direitos seus cerceados pela Justiça do seu Estado, o prejuízo do bom nome você já tem. E eu estou te dando a oportunidade de usar o microfone e falar, porque você sabe o que o incrimina e o que não o incrimina. Você não precisa falar o que o incrimina, mas aquilo que não o incrimina... Você sabe do que não o incrimina. E o que não o incrimina?
O sujeito diz: "Não; eu vou me valer do meu direito, por orientação do meu advogado". Está certo! Você o contratou para defendê-lo. E ele diz: "Fica calado para não falar nada que te comprometa". Sim; o que o que compromete, mas e o que não o compromete?
"Não; eu não vou falar nada porque eu não conheço os autos do processo". Mas, para você dizer que tem um, dois ou três filhos, você precisa ler os autos do processo? Isso não está nos autos do processo. Onde é que isso o compromete?
Eu, que vou a fundo, desde já lhe faço uma pergunta para, em seguida falar: o senhor colocaria à disposição desta CPI todos os seus sigilos?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Posso responder?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Pode.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Vou seguir mantendo a minha postura de ...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu pensei que você ia responder mesmo. Mas você não respondeu...Você...
Quando for essa frase aí, você não precisa dizer mais nada, porque eu já estou sabendo qual a sua posição.
Eu até pensei: "Agora vem..." Mas está bem!
Só para sua informação: se você não me der, eu vou quebrar. E, num segundo momento, eu vou reconvocar você, vou levá-lo a Brasília e, aí, com esses sigilos quebrados, você não vai poder me dizer o que está na minha mão - o que eu tenho e o que não tenho. (Pausa.)
O senhor sabe, hoje, quantas pessoas existem... Quantas são as vítimas?
O senhor tem noção do número de pessoas que o acusam? (Pausa.)
Qual a sua relação com as empresas fornecedoras de próteses? (Pausa.)
O senhor usa algum cartão corporativo? (Pausa.)
Qual o cartão corporativo que o senhor usa? De que empresa?
Que a sua esposa usa? (Pausa.)
O senhor tomou conhecimento de que o juiz ontem negou a quebra do sigilo das empresas? (Pausa.)
Mas eu quero informar ao juiz que o senhor proibiu... Proibir a quebra de um sigilo de um processo investigatório, doutor, é mandar parar a investigação. E por que parar a investigação?
Mas eu advirto que eu vou quebrar. A CPI vai abrir o sigilo, e, abrindo o sigilo dessas empresas, eu vou achar o senhor? (Pausa.)
R
Eu vou encontrá-lo? (Pausa.)
Se eu disser alguns números aqui, o senhor é capaz de confirmar? (Pausa.)
O senhor é capaz de confirmar? (Pausa.)
Se eu falar números aqui, e nome das empresas... E com elas eu quero tratar, porque eles vão vir também.
De quais dessas empresas o senhor recebeu dinheiro na sua conta pessoal? (Pausa.)
Se eu lhe der números, o senhor é capaz de identificar? (Pausa.)
O senhor precisa saber que eu sei mais do que o senhor achou que eu sabia.
E, para dizer ao senhor... E o senhor quer ficar calado; eu lhe perguntei quantos filhos o senhor tem...
O senhor sabe que há uma centena de pessoas aí que o acusam? São as vítimas e elas estão corretas!
O senhor pode me informar como foi a transação do seu avião? (Pausa.)
Como é que se mantém um patrimônio cobrando R$30,00 a consulta?
E o senhor opera um milagre também, porque vai à cidade com avião particular... Eu acho que R$30,00 é o que custa o litro de gasolina de avião. (Pausa.)
O senhor tem a oportunidade de falar. (Pausa.)
Qual a sua relação com a Drª Nieli de Campos Severo? (Pausa.)
Ela é uma advogada vitoriosa, que ganhou muitas liminares para os clientes que eram enviados pelo senhor.
Como era a forma de pagamento dela? (Pausa.)
O senhor conheceu Letícia Pinto? (Pausa.)
Deixe-me lhe explicar uma coisa: quando o senhor começou falando, o senhor disse que não foi informado de que iria depor. Primeiro, o senhor vem acompanhando a CPI com a sua assessoria atentamente, porque bobo o senhor não é nem criança, Então, todo dia o senhor é informado do que acontece em Brasília, se a CPI se reuniu, se vai vir, se não vai vir, quem convocou, quem não convocou... O senhor sabe de tudo.
R
A CPI tem uma assessoria muito séria, doutor, que trabalha seriamente. E nós lhe mandamos e-mail sim! O fato da negativa aqui, já que o senhor não quer falar e não vai falar, para mim também não tem nenhum problema, porque quem tem que investigar sou eu. E eu não vou conviver com a ilusão de que alguém vai se sentar aqui e dizer: "Não; eu fiz; fui eu mesmo; eu pratiquei isso; a gente tinha um grupo de médicos, advogados e, realmente, a gente ganhou muito dinheiro do SUS, a gente ganhou muito dinheiro do plano de saúde". Eu não tenho a ilusão de nada disso, doutor. Eu só tinha a ilusão de que o senhor fosse falar e se defender, dizendo: "Olha, há muita ilação nisso; se algum erro aconteceu, eu me penitencio, mas há muito erro, estão me acusando de coisas que não fiz". Essa ilusão eu tinha, mas já vi que era ilusão.
O senhor foi, sim... O senhor disse-se que veio de livre e espontânea vontade. Eu expliquei para o seu advogado, conversei com seu advogado antes. O senhor só veio porque eu disse que ia lhe buscar. Se eu dissesse que iria lhe buscar...Porque no dia em que o presidente do tribunal ou o juiz convocá-lo, o senhor vai ter que ir. No dia em que o delegado te convocar, o senhor via ter que ir. E aqui não é diferente, aqui não é diferente.
O senhor seria capaz, em sua defesa, porque o senhor deve se julgar inocente, e quem sou eu... Saberei no final da investigação. Não estou aqui... Não sei nem sei qual será o relatório do Relator. É a seu respeito, vamos julgar por aquilo que teremos. Mas, se reconvocado, o senhor e os donos das empresas, para uma acareação, se eles negassem o modus operandi com que operaram com o senhor, o senhor seria capaz de desmenti-los? O senhor acha...
Estamos diante de uma investigação muito grande hoje, no Brasil, que é a da Petrobras. É muito ruim o que estamos vendo, mas é um processo de depuração, expurgando. O senhor é médico, sabe que o tumor só sara se você espremê-lo. Dói. Fede, porque pus fede, mas cura, sara. Mas se não espremer e tirar o carnegão, aquilo que fica dentro, não vai sarar nunca. Então, acerca desse pus que está derramando na Petrobras, os caras estão indo lá e dizendo: "Olha, eu cometi o erro mesmo; quero dizer que errei, confesso que errei". E aqueles resistentes, que estão sendo colocados frente a frente, acareados, com os outros, se valem desse recurso de que o senhor está se valendo - é constitucional, o senhor está no seu direito, plenamente respeitado, o senhor pode passar a tarde inteira calado, sem problema algum -, mas, sabem que, na frente daquele que resolveu assumir a verdade em benefício da sua própria vida e da sua família, ficam sem pau para medir.
Imagine o senhor que um fornecedor de próteses desses, um outro médico ligado ao senhor ou alguém que está dentro desse bojo, em que ninguém tem a conclusão, é um processo investigativo, cujo final se deseja chagar, imagine um indivíduo desses, acareado com o senhor, frente a frente com o senhor, resolva te desmentir e dizer o modus operandi com que vocês agiam.
O senhor tem noção dos valores dessas próteses?
Do sangramento que isso implicava ao SUS?
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E de como, se é que existe a máfia das próteses, denominada assim no processo investigatório, vocês conseguiam ajoelhar os planos de saúde com uma liminar que era imposta por um juiz? Qual é a sua relação com esses juízes que lhe forneciam tamanho número de liminares? (Pausa.)
Se o senhor é inocente nesse processo, não lhe causa estranheza o fato de ver tantas liminares dadas e aprovadas e raramente uma negada? Por que a minha pergunta? Porque o senhor é um homem doutor. Porque eram vocês que faziam as cirurgias. Vocês indicavam o paciente e indicavam o advogado. (Pausa.)
Como funcionava esse organograma? Principalmente, do princípio até o meio, que era a captação, ou seja, a isca para cooptar o indivíduo, para, depois, induzi-lo à cirurgia? (Pausa.)
As pessoas são atraídas por uma consulta muito barata, de R$30. E alguém que dispõe de um patrimônio, tem avião, como viaja tantos quilômetros para dar plantão sendo que não tem necessidade desse dinheiro? É filantropia? Ou é para poder captar futuros operandos? É o modus operandi para o futuro operando, aquele que será operado. (Pausa.)
Os plantões do senhor eram por filantropia? Porque é muito pouco para quem tem o seu patrimônio. (Pausa.)
O senhor, quando põe a cabeça no travesseiro, não sente temor, tremor, quando olha para os seus filhos, para sua família e sabe que tem tanta gente lesada, de cirurgia malfeita, de próteses que não são de fato aquela proposta na operação e que sangrou o SUS em R$300 mil, R$350 mil? (Pausa.)
Olhar esse patrimônio que o senhor tem hoje, tipo assombroso, em nome da desgraça de pessoas simples, não lhe causa nenhum temor? (Pausa.)
Vou lhe falar uma coisa, doutor: estou lhe inquirindo aqui com muita responsabilidade, porque eu não estou lhe perguntando nada de que eu não tenha conhecimento. Se o senhor achou, em algum momento, que eu sou inocente, que eu não tinha conhecimento... Eu vim lhe fazer perguntas plausíveis, dentro desse processo que se segue. E avisei ao seu advogado que o senhor tem seu direito de ficar calado, mas eu vou perguntar, perguntar e perguntar, e falar, e perguntar e perguntar. Mas já comunico ao senhor e a ele que eu vou levá-lo a Brasília, num segundo momento, no Senado, porque eu preciso colocar junto com os donos das empresas para que a gente possa revelar uma verdade dentro desse processo.
Eu sempre desejo bom êxito para que está depondo, mas eu não sei se o senhor terá.
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Penso que o Brasil vive um processo depurativo absolutamente importante e o Poder Judiciário não se furtará, do Rio Grande do Sul, a responder em favor de centenas de vítimas, de inocentes lesados nesse processo avassalador que envolve milhões em que o senhor tem o carimbo número 1.
De qualquer maneira, a mim chama a atenção a sua mente brilhante, a sua capacidade de envolvimento, a sua capacidade de criar essa rede. Ontem eu estava vendo uns folders do senhor. O senhor é um homem de mídia, é um homem midiático, de publicitações, de publicidades, um folder muito benfeito, em que o senhor propõe uma técnica nova, uma técnica nova de curar a coluna, de deixar o sujeito bem.
O senhor estudou onde? (Pausa.)
A faculdade inicial de medicina foi onde? (Pausa.)
O senhor fez doutorado? (Pausa.)
Onde? (Pausa.)
Essa técnica nova foi o senhor mesmo que inventou? (Pausa.)
Ou é de onde? (Pausa.)
Todas as vítimas dizem que entraram com um sofrimento e saíram com um sofrimento e meio. O senhor, como médico especialista, com uma nova técnica... Isso aprova ou reprova a sua técnica? (Pausa.)
O senhor já tem noção do que pensa o Conselho Nacional de Medicina a respeito das acusações que lhe faz? (Pausa.)
Na próxima semana, nós vamos ouvir o Conselho de Medicina, e eu gostaria de saber o que eles pensam a seu respeito. O senhor já tem noção disso? (Pausa.)
O senhor tem medo de perder o seu registro? (Pausa.)
Se o senhor perder o seu registro, o senhor vai ficar triste? (Pausa.)
O senhor faz medicina por vocação? (Pausa.)
Ou medicina para o senhor é um negócio? (Pausa.)
De tudo o que eu coloquei aqui, das perguntas que eu lhe fiz, o senhor assinaria alguma dizendo que eu menti? (Pausa.)
Onde eu errei? (Pausa.)
O senhor acha que essa investigação está correta? (Pausa.)
A da Polícia Civil está correta? (Pausa.)
O senhor acha que a decisão da juíza de cercear alguns de seus direitos, que o senhor tem direito de circular na grande Porto Alegre, de tomar o seu passaporte... O senhor tem também visto espanhol. O senhor é espanhol? (Pausa.)
O senhor é de origem espanhola? (Pausa.)
De pai ou de mãe? (Pausa.)
A juíza cometeu erros? Ela errou ao tirar os seus direitos? (Pausa.)
Mesmo com seus direitos cerceados, o senhor continua procurado para fazer cirurgia? (Pausa.)
O senhor tem feito cirurgia? (Pausa.)
O seu conceito caiu ou as pessoas continuam procurando o senhor? (Pausa.)
O senhor quer mais água?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Por favor.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ponha mais água para ele.
Quer café?
Ponha mais água para ele aí.
Se você quiser ir ao banheiro também, você pode.
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Se, ao cabo desta investigação, houver uma sentença condenatória em relação ao senhor e houver a devolução dos seus bens ao patrimônio público do Rio Grande do Sul, à saúde, o Judiciário estará fazendo uma maldade contra os seus anos de trabalho, o seu dinheiro suado, ou estaria fazendo justiça? (Pausa.)
O senhor tem mais um irmão médico, não é? (Pausa.)
Esse seu irmão tem a mesma especialização que o senhor? (Pausa.)
Os pacientes do seu irmão também são levados aos mesmos advogados? (Pausa.)
São quantos advogados que compõem a equipe do senhor? (Pausa.)
Ontem, ouvi o diretor de uma instituição aqui, e ele acabou me dizendo o seguinte: que a prática... Eu perguntei como se davam esses valores. Sei que, quanto aos valores, há uma liminar que vocês entram, pedindo, e dizem que é muito caro e tal, que é importado, obriga-se a colocar importado, o fio é importado, o parafuso é importado. Mas o senhor sabia que há gente lesada, há vítima aí que já foi examinada, e que há parafuso enferrujando? (Pausa.)
Deixa eu te falar uma coisa, isso é o que eu ouvi, porque parafuso só enferruja se for comprado em ferro-velho. Então, como é coisa importada, pode ser conversa de quem está revoltada; não estou levando isso em consideração, estou dizendo sobre o que eu ouvi.
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Com o diretor, ontem, perguntei a ele: "Como o senhor acha que se dá essa divisão de valores, já que o senhor lida com hospitais, e a instituição de vocês congrega hospitais?" E ele me disse o seguinte... Eu sou leigo, viu, Dr. Fernando, nessa questão de próteses de médico - eu sou leigo! E eu pedi a ele para me explicar. E eu perguntei: "O hospital vende prótese?" E ele disse: "Não. O médico só avisa ao hospital que vai operar tal tipo de paciente e diz o que ele precisa." É assim mesmo? (Pausa.)
O médico diz o que ele precisa. O hospital providencia tudo, e, no dia da cirurgia, está tudo lá. O hospital que pede para o distribuidor, e o distribuidor, então, entrega. Mas eu disse: "Como que é feito isso?" "O hospital compra?" O hospital pede, e já está incluído o que eles devem pagar para o hospital, o valor referente ao que cabe ao hospital, ponto! Quanto ao centro cirúrgico, para receber, existe uma tabela. E ele falou o nome ontem, não sei se o senhor pode me ajudar. Há uma tabela em que se incluem materiais pequenos, como luva, seringa. Depois, é preciso ressarcir esse dinheiro ao hospital, além do valor referente ao centro cirúrgico, quanto à linha, sei lá, essas coisas pequenas. E, como havia muita dificuldade, por exemplo, de colocar isso junto com uma prótese, que custa R$300 mil, criou-se, então, uma nova nomenclatura chamada órtese e prótese. Diz ele que foi um nome bonito que se criou para poder incluir, porque não colava colocar dentro da mesma tabela, juntamente com luva, com seringa e tal - beleza. E eu disse: "Mas, então, o hospital compra e recebe o que pagou, ou recebe e paga? E, desse valor absurdo dessa prótese...
O senhor está me ouvindo? (Pausa.)
"E, desse valor absurdo dessa prótese, o que o hospital ganha?" Ele falou assim: "Não, é praxe o hospital colocar mais 15% em cima." Aquilo me assustou. Quer dizer que o hospital ganha mais 15%, põe mais 15% em cima daquilo que ele já pediu, recebe o dinheiro para pagar, e, nessa nova nomenclatura de órteses e próteses, você põe, junto com luvas, a prótese; junto com seringa, a prótese, e paga, para, suponhamos, se custou...
Isso, porque essas próteses - não é, doutor? - existem por, no mínimo, R$4,5 mil e chegam até a R$7 mil. Mas isso, depois, vira R$300, vira R$350, vira muito dinheiro.
Então, sobre o valor dessas próteses, o hospital bota mais 15%. E pergunto ao senhor: o senhor tinha conhecimento dessa informação? (Pausa.)
Fora esses 15% que os hospitais colocam sobre o valor das próteses... E é preciso, realmente, que se tomem providências; é preciso que o Secretário de Saúde, é preciso que o Governador cheque isso, a Assembleia Legislativa, que tem o poder e que tem a obrigação, cheque isso, esses 15%. O senhor, no seu caso, com a sua equipe, quanto à divisão desse dinheiro, porque é muito dinheiro para uma prótese, ainda dava mais algum ao hospital, a despeito de o hospital já colocar mais 15%? (Pausa.)
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O que o senhor sabe sobre prótese em cirurgia de coração ou o senhor não a conhece, porque só é ortopedista? (Pausa.)
O senhor ouviu falar de casos de pessoas que sofreram cirurgia no coração, para colocar um stent - é esse o nome, não é? - sem haver necessidade, só para o médico receber R$40 mil de oferta de coração bondoso, generoso e por obra e graça dos distribuidores do laboratório? Isso, porque eles são bondosos, R$40 mil! O senhor já ouviu falar de casos de pessoas que foram operadas para colocar um stent, sem haver necessidade; teve o peito cerrado, porque o médico precisava ganhar esses R$40 mil? (Pausa.)
Há algum casos desses aqui de que o senhor já tenha ouvido falar? (Pausa.)
Doutor, eu lhe dei a oportunidade de o senhor falar. O senhor veio para o fórum competente, para o lugar competente, em que o senhor teve todas as oportunidades de falar, de se defender, mas o senhor deve ter as suas estratégias, é claro que tem! Tem um advogado jovem e inteligente que sabe o que está fazendo, ao lhe conduzir, ao lhe orientar.
Eu somente já falei o que penso sobre a Constituição. E penso que nem é de bom-tom e não lhe ajuda esse tempo em que o senhor ficou calado, porque o fato de o senhor calar-se não cessa a investigação. E sigilo quebrado revela muita coisa, doutor.
E penso que falar iria ajudá-lo, até porque esse processo investigatório não vai acabar amanhã, nem depois de amanhã. Ele vai longe - ele vai longe!
Estão instalando uma CPI na Assembleia, agora, que vai começar do zero, vai ouvir o senhor de novo - de novo! E eu disse que vou querer estar com o senhor novamente em Brasília. E estou falando da CPI do Senado, porque, na Câmara, há uma também, e não sei se eles vão vir ouvir o senhor aqui, ou se o senhor vai ter que ir para a Câmara dos Deputados.
Então, o senhor tem um caminho longo. E penso que o senhor poderia ter falado, mas é seu direito. É seu direito, não é?
E volto a dizer: é um direito absolutamente equivocado da Constituição, porque, se o senhor ficar calado e, se quiser falar, pode mentir, e uma pobre testemunha, se mentir, o juiz manda algemá-la. É completamente desconexo. Mas o senhor tem um caminho longo para andar.
Juridicamente, o seu advogado está aí preparado, e vai orientá-lo. E ele sabe que o caminho do senhor não é curto. Eu lhe dei todas as oportunidades e digo ao senhor que tudo sobre o senhor - tudo sobre o senhor! -, informações, nós temos. Não joguei uma palavra ao vento.
Agradeço ao seu advogado, Dr... Qual é o seu nome, Dr.? Esqueci. (Pausa.)
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Diego. Tem cara de Diego mesmo. Diego. Agradeço ao Diego. Agradeço até a gentileza dele na nossa conversa, no nosso bate-papo ali dentro. O Dr. Diego sabe que ele é operador do Direito, esta de um lado, cumprindo o seu papel, e eu cumprindo o meu.
E eu vou encerrar, Dr. Diego, vou encerrar, Dr. Sanchis. Só quero fazer uma pergunta ao senhor, para encerrar. Você não vai me responder, mas acho que não te compromete não, mas o senhor pode também não responder. Já está calado, calado uma vez, calado para sempre, não é? Fique quieto aí, não é? Não precisa tentar responder. Só se quiser mesmo. Se cismar que vai responder, responda. Se o Diego autorizar. Esta é a única hora em que o mais novo manda no mais velho, não é, Diego?
Então, esse Deputado será o Presidente da CPI local. O senhor o conhece? (Pausa.)
Reconhece? (Pausa.)
Não? Não o reconhece? (Pausa.)
Pois é. A mãe dele procurou o senhor, e o senhor fez o mesmo procedimento com ela. A mãe dele é vítima sua. O senhor mandou chamar a família porque o plano de saúde dela não cobria. Ele é que foi, por isso é que eu perguntei se o senhor o conhece. E ela tinha Golden Cross, mas o senhor falou que ajeitava tudo, que o seu advogado ajeitava tudo, e ajeitou. Obrigou a Golden Cross a pagar R$70 mil naquela época. E uma informação para a sua medicina: ela está pior. Mas ele, como tem a mãe que é vítima, tem um bom mote para começar a CPI dele.
Dr. Diego, obrigado pela sua presença.
Dr. Fernando, obrigado também por ter vindo.
Estamos cumprindo o nosso papel. É o meu papel, e por mais respeito que eu tenha ao senhor e ao seu advogado como ser humano, não estou aqui para lhe sentenciar, longe de mim, até porque jamais faria uma bobagem dessa, para não criar ilegalidades, mas afirmo ao senhor que eu vou à exaustão na sua investigação, dentro daquilo que nós precisarmos. Porque eu penso, doutor, que o senhor ainda é muito jovem e pode recompor sua vida do ponto de vista profissional. Estou falando do ponto de vista dos seus bens, do que o senhor adquiriu. Porque minha mãe, doutor, minha mãe era analfabeta profissional. Minha mãe morreu ganhando meio salário-mínimo por mês. Analfabeta profissional. Dizia assim: "Meu filho, depois que a gente morre, não presta nem para fazer sabão". E não vale a pena ganhar dinheiro por ganhar, doutor. Fazer qualquer negócio para ganhar. Porque quem faz qualquer negócio para ganhar não tem noção de como é tão rápido perder. O senhor ganhou, ao longo aí... O senhor é um menino. Se eu tivesse a sua idade, 40, 42 anos de idade... O senhor ganhou muito, mas o que o senhor já perdeu do ponto de vista de credibilidade, de nome, esse dinheiro não paga, doutor. E parte desse dinheiro o senhor vai ter que dar para o Dr. Diego.
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É, o caminho é longo, é seu companheiro, você vai ter que pagar. Estudou para isso. Entendeu ou não? Estudou para isso. Tem família, é profissional, competente. O senhor tem direito, como cidadão, de ter advogado, de ser acompanhado. Até que se prove o contrário no processo, o senhor é inocente. Mas veja o que o senhor já perdeu. E depois, quando morre, não presta nem para fazer sabão. Minha mãe falava: "Não presta nem para fazer sabão!".
Então, enriquecer por enriquecer, fazendo pessoas chorarem pelo caminho, doutor, o senhor é muito jovem ainda, não vela a pena. Não vale pena. O glamour das capas de revista, das entrevistas, das socialites, eu aposto que já não é mais o mesmo, porque os amigos do nosso sucesso só são amigos do nosso sucesso, doutor.
Eu tenho pedido a Deus muita sabedoria, viu, doutor? Eu sou um homem de construção evangélica, graças a Deus. Amo a Bíblia, amo Deus. Só sei fazer uma coisa na minha vida: tirar drogado da rua. Há 37 anos que eu faço isso. Aqui eu lhe digo: o senhor, como jovem que é, nunca, nunca é tempo para se recompor. Tomara que tudo isso que falam a seu respeito seja mentira. Tomara que tudo que está nos documentos seja um equívoco, o que não é. Mas leve para o senhor a palavra da minha mãe: não há bens na face da terra que paguem o nosso sono, que paguem a nossa paz. E por mais duro que o senhor tenha de ser, e eu sei como essas coisas ocorrem por dentro, o senhor vai ver a inquietação de ser chamado de novo, de ser convocado de novo, de ser chamado na Polícia, de ser chamado ali, de ser chamado ali, de ser chamado ali, de ser chamado aqui, de ser chamado aqui... Porque essas coisas não valem a pena. Essas coisas não valem a pena. E a Bíblia diz que muito mais vale o pouco na paz do que o muito na tribulação.
Dr. Diego, muito obrigado, viu? Deus te guarde.
Dr. Fernando, obrigado. (Pausa.)
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...Vou suspender esta reunião por trinta minutos, e informo por quê. Vocês estão curiosos. Eu informo que estou suspendendo porque eu sou filho de Deus e preciso comer.
Muito obrigado. Até daqui a pouco.
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(Suspensa às 13 horas e 30 minutos, a reunião é reaberta às 14 horas e 56 minutos.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sob a proteção de Deus, estão reabertos os trabalhos da CPI que visa investigar a máfia de órteses e próteses no Brasil.
Voltando a este segundo período, para dar sequência, convido a sentar-se à mesa a advogada Nieli de Campos Severo.
Passo a ouvir a Srª Nieli. A senhora tem os seus direitos constitucionais, que a senhora conhece muito bem, por ser advogada, e está acompanhada de sua advogada. A senhora tem seus direitos constitucionais e pode exercê-los. A senhora tem o direito de ficar calada e não responder a nenhuma pergunta. Mas a senhora sabe o que a incrimina e o que não a incrimina. Se sobre aquilo que não a incrimina a senhora quiser falar, fique à vontade. A Constituição lhe dá este direito de ficar calada. Graças a Deus que a Constituição que lhe dá o direito de ficar calada não tira o meu de perguntar. Imagine se tirasse o meu de perguntar!
Vou dar à senhora o tempo que precisar ou quiser, imagino. A senhora é mãe, tem família. Eu não conheço a senhora, não sei da sua origem, aliás, não originei nenhuma denúncia. Na verdade, esta é uma Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga denúncia. Penso que este é um caminho longo, eu dizia para a sua advogada. Até porque são n CPIs e mais delegado e, depois, mais Ministério Público. A senhora tem um longo caminho a percorrer. Não sei se a senhora já teve uma oportunidade como esta, de ter um fórum.
Infelizmente - eu dizia pela manhã e repito -, estar do lado de cá do balcão é uma situação de desconforto e de desvantagem. Ninguém queria estar aqui. Acho que ninguém queria estar desse lado, na sua situação. Mas está e, estando, a senhora tem a oportunidade de contar a sua verdade, de falar a sua verdade. Uma coisa é a senhora ser rotulada, receber carimbo e aparecer em notinhas de jornais, charge, ilação, e as pessoas vão formando consciência em cima disso, se você não tem oportunidade de falar. A sua verdade tem que ser a sua verdade. Imagino que a sua advogada está trabalhando em cima da sua verdade. A sua verdade é o que a senhora falou para ela. Então, a senhora tem a oportunidade de falar a sua verdade, a sua versão, que pode ajudar na formação de juízo.
No meu caso, no caso desta CPI, que temos um relatório, indicações a fazer e quebras de sigilo a fazer, as coisas ocorrem na formação de juízo, para o sim ou para o não. E eu preciso formar juízo. Por exemplo, o que eu tenho de mídia, não do processo investigatório, sobre a sua pessoa, a senhora acha que é suficiente, se fosse só tratar disso? Mas eu nunca ouvi a sua verdade, nunca ouvi a senhora, não li nada que a senhora pronunciou ou escreveu.
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Então, está aqui. Se a senhora acha que pode falar, em nome de seus filhos, em nome da sua mãe, em nome da sua família, da sua história, da sua faculdade, de onde você nasceu, viveu, a luta para chegar aonde chegou. A senhora fique à vontade, tem o tempo que for. Depois, vou fazer algumas perguntas, se a senhora achar que deve responder, tudo bem; se não achar, também não tem problema nenhum. Eu vou perguntando e falando sozinha, que para mim não tem problema nenhum, está bom? A senhora pode ficar à vontade.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Bom, meu nome, todo mundo já sabe. Eu sou formada vai fazer 20 anos, estudei em Pelotas, me formei em Pelotas e fiz a minha faculdade lá, terminei, trabalhei dois anos lá. Cursei minha faculdade com crédito que eu tive na época, porque, realmente, não tinha condição de pagar. Depois, passados dois anos, eu vim para Porto Alegre. Praticamente, há quase os 20 anos que eu atuo na área da saúde. Também atuo, porque eu também tenho outra profissão, sou corretora também. Já tive imobiliária e tudo o mais. Mas depois... Não lembro se foi em 2011, como é que foi... 2012, eu vendi a minha carteira, enfim, e segui... Em jurídico, eu sempre trabalhei. Enfim, sempre pautei meu trabalho assim pela honestidade. Nunca tive nenhum problema. Essa situação toda, realmente, assim, me deixa triste, me deixa... Tenho todo o interesse que seja elucidado tudo. Tenho filhos, tenho família, enfim, obviamente, onde a honestidade é a lisura... É só olhar meu histórico, meu currículo. É isso aí. Sempre trabalhei. Tenho todo o interesse de que tudo seja resolvido, até mesmo porque eu acho que acabou envolvendo muitas pessoas, né? É nesse sentido.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu posso perguntar ou a senhora quer continuar? (Pausa.)
Mas a senhora tratou isso com ela? Então, deixe-a.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Em resumo, seria isso, eu sempre trabalho. Eu sou pós-graduada, tenho pós-graduação na área de saúde, gosto muito do que eu faço. Trabalho há muito tempo, há quase 20 anos, nessa área também.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O microfone dela não está desligado? A senhora pode ficar tranquila, ouviu, doutora. A senhora vai ser tratada com respeito aqui.
A senhora é de Pelotas?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mãe, pai, todo mundo é de Pelotas?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Toda a família.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A família vive lá ainda?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, não, mora aqui.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mora aqui, não é? Sua mãe é viva, então, seu pai. Como é que eles estão diante dessa situação toda?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Chateados, obviamente, assim como eu também.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora tomou ciência dessa situação toda, de que estava acontecendo um processo investigativo e tal, no ano passado ou foi este ano?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Foi pela imprensa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Foi o ano passado ou este ano?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Foi quando saiu a reportagem, a primeira reportagem. Foi no início do ano.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A primeira reportagem qual? Essa do Fantástico?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - É, isso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas, antes da reportagem do Fantástico, já se falava nisso por aqui, ou não?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Para mim, não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora não tinha o conhecimento?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora falou que teve imobiliária.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Também.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aqui, inclusive, esteve uma pessoa ontem que veio depor e disse, realmente, que foi a uma imobiliária. Até eu perguntei: o escritório na imobiliária? É imobiliária? Ele falou: "Não, fui à imobiliária."
Era na imobiliária esse escritório?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Na verdade, a empresa existe, porque eu sou também corretora, mas eu não atuo praticamente, só eventualmente, entendeu? Mas, estou sendo como advogada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então, o escritório era no mesmo lugar, no mesmo espaço, não é?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Junto, isso, exatamente.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora continua advogando, doutora?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim, eu só advogo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas continua? Depois disso tudo que aconteceu, como é que está?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Como assim?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Depois disso tudo, dessas denúncias? Continuo advogando normalmente?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O bem maior que a gente tem é o nome, não é?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Com certeza.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Teve alguma consequência? Atingiu o nome da senhora?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Olha, eu acho que, conforme o senhor falou no início, ninguém gosta de ser envolvido em alguma situação desse tipo, não é?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas a senhora percebe que isso teve algum reflexo?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Como eu lhe falei, eu me sinto assim triste - entendeu? - por essa situação de esclarecimento, exatamente como a parte inicial que eu falei. Estou repetindo o que eu falei antes.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora trabalha com ele já há quanto tempo?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas o que eu estou perguntando é o seguinte: a senhora percebe que houve algum reflexo, assim, de ter diminuído os seus clientes, se as pessoas ficaram um pouco...
Porque acontece o seguinte, e isso é com todo mundo: a gente tem amigo, mas 90% deles são amigos da posição da gente. Quando podem te exibir como um troféu, todo mundo é amigo, mas quando acontece alguma coisa com a gente é que a gente sabe quem é mesmo, porque quem é amigo do teu prestígio, da tua posição, desaparece. Ficam só aqueles, realmente, que são teus amigos e são capazes de dizer: assino embaixo do que você está falando, eu sempre assinei e continuo assinado.
A minha pergunta é esta: houve reflexo com isso tudo? Há pessoas que sumiram?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Graças a Deus, não. Graças a Deus, eu acho que, justamente pelo que eu lhe falei no início, eu tenho já quase 20 anos de formada e as pessoas que convivem comigo conhecem o meu trabalho, me conhecem. Então, esse tipo de problema nunca tive. Continuo trabalhando da mesma forma, na mesma lisura, como eu falei no início, trabalhando do mesmo jeito como eu sempre trabalhei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Do mesmo jeito.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - E as pessoas não teriam por que se afastar porque, na verdade, elas me conhecem. Poderia se afastar alguém que não me conheça.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Faz quanto tempo que a senhora conhece o Dr. Fernando?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Olha, faz já algum tempo. Vou ficar em silêncio, então.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora falou que faz um tempo que conhece ele. A senhora...
Agora sou eu e ela, doutora. Se a senhora quiser eu suspendo, a senhora fala com ela o tempo que precisar, tranquilamente. Eu dou todo o tempo, a senhora pode conversar e depois eu volto a falar e ela, se quiser ficar calada, pode ficar calada.
A senhora diz que faz um tempo que conhece ele. A senhora ouvia comentários sobre ele, que ele não era honesto?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não?
A SRª PRESIDENTE (Nieli de Campos Severo) - Não.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, eu não trabalho com ele. Eu trabalho...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, eu sei, eu sei. Advogando e clientes que ele lhe manda. Já faz muito tempo?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Como eu lhe falei, já.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu estou perguntando isso para a senhora porque eu preciso formar juízo, não é? Se a senhora me informar, eu formo juízo. Se a senhora não me informar, eu vou ter que formar também do mesmo jeito.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Uma coisa que eu não falei no início, que era da minha introdução, que acho que responde a sua pergunta. Como eu lhe disse, eu trabalho há quase 20 anos. Então, todos os meus clientes são clientes de diversas áreas da saúde, de várias especialidades da área de saúde. Eu não trabalho com uma área de saúde. É essa introdução que eu acho que esqueci de fazer no início, nesse sentido. Então, não é uma área da saúde.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas a minha pergunta com relação ao Dr. Fernando é porque aqui, neste processo chamado de Máfia das Próteses, o carimbo maior está na testa dele. E ele tem um número grande de clientes que ele operou e que as liminares foram ganhas exatamente pelo seu escritório, não é?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Também.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É. Um número maior, mais significativo. É por isso que eu perguntei se a senhora tinha um bom relacionamento com ele e tal.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Profissional.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E ele, especificamente, era seu cliente?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Profissional.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele era seu cliente?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Profissional.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele era seu cliente? Ele, o Dr. Fernando, era seu cliente?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu não...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, como advogada, a senhora tinha procuração dele? Ele era seu cliente? Ele, o médico, era cliente seu, como advogada?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu... Então, nessa eu vou ouvir o que a minha advogada falou: vou me reservar o direito de ficar calada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, sem problema. Tranquilo. Pode ficar calada.
Eu ouvi uma advogada hoje, pela manhã, aqui, a Drª Letícia...
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu perguntei isso para ela e eu perguntei sobre a justificativa também. Ela só tinha isso. Não existe justificativa. É só esse fundamento. Mas como o despacho é sem justificativa?
Por exemplo, se eu estou convencido de que alguém tem que ser preso, eu tenho que juntar provas para justificar o meu fundamento, fundamentar com provas para o Ministério Público, como Presidente de CPI, pedir ao Ministério Público que peça essa prisão ao juiz, para o juiz ler a fundamentação do Ministério Público e a minha e, a partir da minha fundamentação, o juiz expedir o mandado de prisão para que eu execute.
Então a fundamentação é tudo. Inclusive, por ironia do destino, estava tendo uma boa conversa com a sua advogada ali e a gente estava falando sobre fundamentação mesmo, que ela falou que tem tentado entrar em contato com os fundamentos que lhe cercearam alguns direitos, e ela não consegue ter acesso a esses fundamentos para saber que fundamento foi que tirou o direito da minha cliente. Ela estava falando comigo e tal. E acho o fundamento muito importante
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E ela, realmente, falou que nunca viu o Dr. Fernando no seu escritório, mas sabia que ele era seu amigo e que ele era seu cliente, a senhora era advogada dele também, ele era cliente seu. Sabia da amizade de vocês, mas que ela nunca ouviu, viu pela televisão, mas, trabalhando lá um ano e pouco, nunca o viu no seu escritório e disse, realmente, que o maior número de liminares saía do seu escritório, porque também passava pela mão dela e tal. E eu perguntei para ela se ela suspeitava dessa sequência. E até disse que para um advogado... Tem advogado que se frustra muito, porque tem advogado que se esmera demais, estuda muito e, em determinados casos, ele escreve um memorial que ele sai convencido da frente do computador, depois que imprime aquele memorial, de que o juiz não tem como negar um memorial numa causa qualquer. E ele volta para o escritório frustrado depois, porque vê o juiz dar uma negativa. E eu sei por que a negativa vem, não é? Com o acúmulo de processos, o cara não lê nada, manda o estagiário sentar a caneta e pau e pronto. Aí aquele advogado estudou, estudou, estudou.
E fiquei pensando: o cara se frustra com um memorial bem escrito e depois o juiz libera a liminar com a maior facilidade. E as liminares com o mesmo texto, muda nome de pessoa e muda data.
Então perguntei para ela. Não estou perguntando para a senhora. Se a senhora tiver interesse em desmenti-la desminta.
E ela disse: "Não, é o mesmo texto. É o mesmo texto. Muda nome, muda pessoa, é o mesmo texto".
Será que o juiz não estranha? Mesmo texto, mesma sequência? E pouco se perde, muito se ganha, quase todas as liminares.
A senhora tinha noção de que essas liminares levavam a quantias exorbitantes nessas próteses, que chegavam a sangrar o SUS em mais de R$300 mil? E aí eu perguntei para ela e pergunto para a senhora.
Ela disse que os seus... Quando era consulta, era uma taxa que dava cento e poucos reais. Acho perfeitamente no que eu li... São R$176,00, o que é muito pouquinho para o cara ser consultado. Qualquer outra consulta com qualquer outro tipo de profissional é muito mais cara. Mas ela disse que o ganho era no êxito. E quase sempre tinha o êxito, porque tinha liminar direto e tal. E ela disse que ganhava R$500,00 no que ela fazia e que o seu ganho girava em torno de R$2 mil por liminar e tal. Mas não falou com precisão, não. Falou na base do achismo e tal, o que eu acho pouco também para se ganhar com o êxito de uma liminar.
A senhora acha que o juiz se impressionava com o texto da liminar, a fundamentação da liminar? É o coração misericordioso do juiz em ver um pobre precisando ser operado ou porque o doutor Fernando, ou pode ser a senhora também, tem muita força com o Judiciário?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Os fundamentos eram exatamente... A questão de ser igual, que o senhor comentou, as coisas que eram iguais eram apenas os fundamentos jurídicos. Os fatos, cada fato é um fato. Então o que tinha igual numa petição eram os fundamentos jurídicos.
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A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Se eu tenho patrimônio?
Agora, não é estranho que um juiz despache uma liminar só com o fundamento jurídico, sem um fundamento de mérito?
No caso de uma pessoa que tem que ser operada, e a pessoa é simples, a pessoa é pobre, o fundamento de mérito é mexer com o emocional do magistrado, para que ele, além de ter o fundamento jurídico, no mérito, seja mexido no seu exercício de misericórdia, na sua compaixão e dê, porque é um pobre que precisa ser operado, não tem plano de saúde e tal ou outro cujo plano de saúdo não cobre e o cara vai ficar aleijado e tal. E esse negócio de ficar aleijado é uma conversa que rolava para todo mundo também, mas aqui não tem nada da senhora a partir dos médicos, entendeu? Se não vai ficar aleijado, se não vai ficar aleijado, se não vai ficar aleijado, tem que botar, tem que botar, tem que botar... O cara está com dor de cabeça, botava uma prótese no joelho, e está todo entrevado hoje, mas não é a sua parte.
Então, sinceramente, de coração, a senhora estava fazendo o seu trabalho.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O cara veio, comprou o seu serviço, a senhora está vendendo o seu serviço. Mas não é estranho juiz, de cada dez, dar nove só com o fundamento jurídico, sem que o mérito em si seja bem fundamentado? Porque o mérito não é receita do cara, uma letra malfeita de médico dizendo que precisa ser operado. Isso não é mérito. Isso não é mérito, não é? Aliás, esse mérito não vale, por exemplo, para uma pessoa que está com problema seriíssimo se aposentar. O perito vai lá, nem olha e não quer aposentar a pessoa. E a pessoa precisa disso, tem necessidade disso.
Então não causa estranheza? Sem fundamento de mérito, sem fundamento de mérito, o juiz despachar uma liminar atrás da outra. E liminares que ocorriam de sexta para sábado, e o sujeito operava no final de semana, que era para a liminar não cair. Aí a senhora pode dizer: não tem nada a ver comigo. O meu era entrar com o pedido de liminar.
Pergunto a você: em algum momento você percebeu que isso era uma quadrilha, que isso era uma máfia que tinha começo, meio e fim? A senhora sabia que essas pessoas eram cooptadas nos hospitais? Não lhe causava estranheza, por exemplo, que um médico que tenha avião dê plantão? Quem tem um patrimônio exacerbado faz consulta por R$30,00, que é um litro de gasolina de avião? Que não era para cooptar as pessoas simples, para induzi-las a uma operação.
Depois que isso tudo veio à tona, a senhora percebeu que tinha alguma coisa armada por trás disso?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu não poderia perceber, não. Sempre fiz o meu trabalho, a parte técnica, a parte... Como falei no início, voltando ao que eu tinha falado no início, eu fiz o meu trabalho, pelo que me procuraram, pelo que queriam. Foi o que eu fiz. Eu não sou médica, eu não sou...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É claro, é claro.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Os fundamentos estavam de acordo com os fundamentos médicos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora tem patrimônio?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Tenho uma casa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas não é um patrimônio assim, tipo o do Dr. Fernando?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, com certeza não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora riu porque é grande o dele?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, porque o senhor também riu.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu ri porque é.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu não tenho conhecimento do... Eu tenho uma casa financiada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu sei.
Você sabe, eu não sou só advogado. Aliás, quem dera eu fosse advogado, mas não... Igual a vocês. Eu não passei no vestibular, eu fui fraco.
A senhora sabe que muita gente foi usada nessa engrenagem para legalizar o crime de alguns? A senhora, advogada, já atinou para isso? Não?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Desculpe, eu não entendi.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Que alguns foram usados nessa engrenagem para legalizar o crime de alguns.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Alguns foram usados para...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Legalizar o crime de meia dúzia. Meia dúzia ficou rica, rica; meia dúzia ficou pelo meio do caminho. Alguns, pelo que a senhora está falando aí, usados por migalha, fazendo o seu trabalho, tipo, vou explicar para a senhora: tem uma máfia nas secretarias de saúde do Brasil hoje, que eu quero começar lá pelo meu Estado. Todo lugar tem. A pessoa tem doença crônica. O cara que tem doença crônica, o Estado é obrigado a dar a ele o medicamento, que é caro. Tem uma anomalia. Aí o cara vai buscar o medicamento. Aí quem entrega o medicamento fala: acabou. Não! Como acabou? Eu não posso ficar sem o medicamento! Acabou o efeito! Eu tenho que tomar amanhã! E o cara: não, acabou. A secretaria não fez licitação, que não sei o que e tal, porque tem esse problema, não sei o que e tal. Mas, olhe, vá ao Ministério Público, fale para o promotor. Ele vai determinar. Se ele determinar, a gente compra.
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Mas é malandragem. Aí o inocente vai. Chega lá e conta a situação dele para o promotor. O promotor, no exercício da misericórdia - e aqui é o mérito - fala: negativo! O Estado tem que lhe dar o seu remédio. E dá 24 horas para o secretário ou eu mando lhe prender. Puf! Legalizou o crime do malandro. Era tudo de que ele precisava. O cara chega, entrega a liminar na mão dele, a ordem do Ministério Público, aí ele compra um lote sem fazer licitação. E está legalizado! Não! Aqui quem mandou foi o promotor. É uma máfia. É uma máfia.
A minha pergunta é esta: pelo meio do caminho, não tem pessoas que foram usadas para dar legitimidade ao crime de meia dúzia? Se existem pessoas que foram usadas nesse crime que aponta máfia e põem a senhora como uma das advogadas mais próximas dele - é assim que está na investigação -, e provérbios de Salomão dizem que mais vale o bom nome do que as muitas riquezas, e a senhora me disse que não tem patrimônio nenhum, a senhora julga que a senhora é desse time?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu tenho uma casa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, mas uma casa...
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Financiada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu estou falando de patrimônio. Quem tem uma casa que dê graças a Deus porque tem um telhado para dormir embaixo, entendeu? Estou falando de vida nababesca.
A senhora tem avião?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora tem iate?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora tem casa nos Estados Unidos?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então vamos embora.
A senhora tem um teto, não é? Então está bom.
O seu carro é aquele BMW ainda?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, nunca tive.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ou BMV? BMV eu já tive.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Nunca tive.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Brasília muito velha, até 1994.
Como a senhora se sente, já que a mídia a glamorizou? O Fantástico a glamorizou, a mídia a glamorizou como alguém que está no time de cima, não é? Então, ao final dessa investigação, a senhora vai ter que ser encontrada com o mesmo patrimônio deles.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Teria que ter sido.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E essa é a sua sorte, porque, se é isso mesmo, você pode chegar ao final sem esse patrimônio. Você não tem. Aí vai provar que você cometeu o crime como? Não é?
Então esta é a minha pergunta: nesse meio, você se sente no meio ou no topo? No meio ou no topo?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu me sinto como alguém que fez o trabalho para o qual foi contratada, como falei no início.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Deixe falar uma coisa para a senhora: a máfia existe, a máfia existe.
Doutora, a senhora quer falar com ela? Pode falar com ela.
Não dá para a senhora ficar batendo aí. (Ininteligível.)
Eu já conversei com a senhora, já fiz mil conversas.
Doutora, por favor. Doutora, por favor. Doutora, por favor.
Não sei se o seu advogado é Fernando.
Fernando é advogado dela.
Está suspenso por cinco minutos.
A senhora pode falar com ela ali dentro.
(Suspensa às 15 horas e 25 minutos, a reunião é reaberta às 15 horas e 31 minutos.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quem paga o seu advogado?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Como?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quem paga o seu advogado?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Qual advogado?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora não tem advogado?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Ela?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora tem o valor desses honorários?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Isso é uma coisa ética, não é?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo. Está bem.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Dentro das minhas possibilidades...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora sabia que ela é irmã do médico?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Como?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Que ela é irmã do médico?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Quem é irmã do médico?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sua advogada?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então vamos embora falar sério agora.
Eu tentei conversar com a senhora, lhe dar oportunidade. Conversei com sua advogada, tratei bem.
Eu quero saber uma coisa da senhora: qual é a idade de sua mãe?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Oitenta e três.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Depois que o escândalo apareceu.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Fique à vontade, doutora. Eu tenho sido cortês, educado com todo mundo, com tudo quanto é advogado. A senhora vai criar um problema comigo e com a OAB, porque, daqui a pouco, eu peço à senhora para sair, a OAB vem para cima de mim, e eu vou também. Eu estou sendo respeitoso com a senhora. Há uma série de advogados aqui que... Estamos aqui desde ontem, eu a recebi antes do depoimento, conversei com a senhora, tratei-a bem...
Não estou... Sua cliente está aqui bem tratada, respeitada e tal. Se a senhora combinou com ela, ela que cumpra o combinado! A senhora não pode é ficar me atrapalhando aí, batendo na mesa o tempo inteiro.
Está combinado que ela não vai falar?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Hum, hum.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim.
Os outros médicos, além do Dr. Fernando, com quais deles a senhora tem relação mais próxima, dos que estão envolvidos, quer dizer, dos que estão sendo investigados?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está combinado, senhora? Está combinado?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Como não respondeu? Eu estou falando como eu estava falando antes! Dentro do que eu lhe respondi, não é?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Depois que o escândalo apareceu, quantas vezes...? A senhora tem noção de quantas vezes falou com o Dr. Fernando?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Quantas vezes?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eventualmente, alguma vez, por causa de paciente.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu não tenho essa informação. Eu não tenho.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Depois que o escândalo apareceu.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora falou com ele no telefone?
Eu quero saber se a senhora tem noção de quantas vezes foi.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Se eu falei, foi alguma coisa para paciente, de ordem judicial.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não estou falando de antes da reportagem do Fantástico.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
Não, não tenho. Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas a senhora sabe que falou com ele?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não me recordo disso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora falou com ele!
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não. Não me recordo disso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora não precisa mentir pra mim.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, não estou mentindo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tá. Vou tomar qualquer atitude. A senhora está mentindo pra mim. Eu estou perguntando o que eu sei, porque eu vou ouvir a senhora num segundo momento. Eu vou ouvir a senhora num segundo momento. Num segundo momento. E eu estou lhe fazendo perguntas que eu me programei pra fazer, porque acho que não era este momento, mas eu tomei o rumo de outro momento, porque fui conduzido pra isso. Fui conduzido pra isso.
A senhora falou com ele sim. A senhora falou com ele sim.
Quais foram os pacientes da senhora, digo, clientes da senhora que eventualmente depositaram dinheiro na conta de parente seu?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - De parente meu? Não tenho esse conhecimento. Não tenho conhecimento dos autos de forma alguma.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora...
A pergunta que eu estou lhe fazendo, a senhora responde se quiser e...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - ... por mim, a senhora pode ficar calada até o tempo inteiro.
A senhora, em algum momento, ventilou, ofereceu seu sigilo, os seus sigilos... A senhora ventilou isso?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não entendi pra onde.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ofereceu espontaneamente a quebra dos seus sigilos?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Nem tenho conhecimento do processo, nem de nada... Não tenho esse conhecimento dos autos. Não tenho esse conhecimento.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora não ventilou?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - O quê?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora não ventilou isso?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não tenho... Quem faria isso? Não entendi.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Em nenhum momento?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, não tenho conhecimento dos autos, nem do inquérito. Nós não temos esse conhecimento. Não temos! Acho que o senhor sabe dessa parte, não é?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu não tenho conhecimento dos que estão sendo investigados, porque eu não tive acesso a nada de todo...
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, mas está na mídia, doutora! A senhora é advogada!
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim, sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É igual à história de que "eu não sabia que eu fui convocado".
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Se não tivesse chegado um papel à mão, vocês sabem que existe uma CPI, que ela se instalou, que ela disse que vinha tal dia, e que saiu nos jornais o nome de todo mundo: quem foi convocado e quem não foi convocado. A história aqui não cola. Tipo "vai que cola", mas não cola! Entendeu ou não?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não cola! A senhora sabia que estava convocada e sabia que tinha que vir, não é? Agora, se vocês fizeram uma estratégia de advogado, é outra coisa. Está respeitado. Está respeitado. A estratégia "vai que cola". Mas não cola! Mas não cola.
São exatamente essas coisas que estão na mídia e que não precisam de processo investigatório. A senhora me dizer que não sabe quem é que está sendo investigado?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Estou. Eu não tenho esse conhecimento de todos. Está sigiloso! De todos, não tenho!
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O nome dos médicos e o da senhora estão na mídia!
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Meu nome eu acho que não tinha saído.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Na mídia?!
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu acho que não. Não, doutor.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Senhora, o seu nome eu li no Correio Braziliense antes de instalar a CPI! No dia seguinte ao Fantástico, eu li seu nome no Correio Braziliense. Como? E é num veículo de circulação nacional.
Se a senhora me disser que seu nome não está em matéria nenhuma aqui, em era de internet, com mil blogues, com mil não sei o quê, com mil não sei o quê e tal, tal, tal...
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - (Ininteligível.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - ... a senhora dizer que não está... Eu posso abrir um aqui e vou achar um monte de veículos de comunicação que, quando falam no nome dos investigados... Claro que a senhora figura!
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Por isso as minhas perguntas, que não são contundentes. São perguntas até para a senhora ter possibilidade de se explicar...
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - ... porque eu não estou perguntando à senhora nada de que eu não tenha conhecimento! Nada de que eu não tenha conhecimento. Eu tenho!
Quando eu estou falando que a senhora falou com o Dr. Fernando, vai chegar o momento em que a senhora vai ver os cruzamentos disto: das suas ligações com ele, tempo de ligação, hora da ligação, momento da ligação, depois da matéria.
Ora!
O que falou e o que tratou é problema nosso. Nós é que temos de investigar. Não é de vocês. Não é de vocês. Agora, o fato de ter visto uma matéria e de ter-se apavorado, e, a partir daí, ter ligado para advogado de fulano, advogado de fulana, contratado fulano e contratado fulano e tal, isso é um problema de vocês!
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu só estou dizendo à senhora que eu tenho conhecimento. Eu só preciso formar juízo, porque a senhora me disse que não tem patrimônio. Eu ouvi aqui uma advogada que disse que trabalhou para a senhora e que seu honorário era esse. A senhora não tem patrimônio. Estou lidando com gente que está sendo investigada e que tem muito patrimônio!
Aqui tenho médico, tenho advogado, tenho outro grupo de médicos que também é captador de clientes, e há os hospitais! Há os hospitais.
Se o nome é máfia e se, lá na frente, vai-se manter o nome de máfia ou vai desfazer-se porque não havia máfia, é outra coisa. Mas a investigação é essa! É nesse sentido a investigação. E a senhora está dentro dela!
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ou a senhora acha que quem investiga...
Eu jamais viria aqui botar a senhora na minha frente e botar os outros na minha frente se eu não tivesse conhecimento de nada! Mas eu dei a oportunidade à senhora de falar! Dê-me condição de formar juízo, dê-me a sua verdade para...
Eu já tenho documento. Eu tenho. Eu terei muito mais daqui a pouco. Nesta semana, eu vou quebrar o sigilo das empresas. Vou quebrar o sigilo das empresas e vou saber mais do que eu já sei.
Eu estou dando oportunidade à senhora. Então, eu lhe pergunto: a senhora conhece, já falou, já se relacionou com os outros médicos, além do Dr. Fernando? Porque ele não é sozinho! Tem um irmão também que é médico.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Ah...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Porque eles é que mandavam para a senhora! O seu cliente vinha deles! É toda uma cadeia, é um cronograma. Ele mandava pra vocês! Se a senhora entende isso como cronograma ou não, que estava só cumprindo o seu papel e estava, como advogada, sendo usada, pela sua competência de fazer uma fundamentação tão somente jurídica igual a todas as vezes, sem fundamento de mérito, e o juiz dava; se é por essa capacidade ou não, eu não sei.
R
ORADOR NÃO IDENTIFICADO (Fora do microfone.) - Quinze dias.
Eu só sei o seguinte: que eles mandavam para a senhora! Os seus clientes eram pacientes deles!
Quando o Dr. Fernando estava aqui, eu encerrei com ele assim: "O senhor conhece ele?" Ele falou: "A-hã conheço." Foi a única coisa que ele falou. Ele é Deputado.
O senhor se lembra dele? "Não."
Não lembra? "Não."
Mas o senhor botou uma prótese na mãe dele, pobre. E o senhor falou que ela iria ficar aleijada, se não fosse urgente. Mandou chamar o filho. O filho foi. Só que não estava assim engravatadinho, porque não era Deputado! E, chegou lá, o senhor disse que não, que não cobre, que não sei o quê, tal, tal, tal, mas "eu vou orientar vocês; eu vou arrumar advogado, o advogado vai entrar contra o plano de saúde, nós vamos ganhar a liminar, e eu vou operar sua mãe".
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, não. Eu vou repetir o que eu lhe falei antes.
Eu trabalho nessa área há muitos anos, tenho pós-graduação, tenho... Mas não foi...
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim. É o meu trabalho, não é?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Em que ano foi isso?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ah, seis anos. É. Está certo.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO - Há seis anos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Seis anos. Não foi a senhora que foi advogada não?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não. Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quem sabe até se, pelo nome, nos seus cadastros lá, quem sabe até foi?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não. Não. Nesse tempo, não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não tem seis anos, não é, que a senhora convive com eles, então?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, eu trabalho nessa área, como eu lhe falei... Vou repetir mais ou menos o que eu lhe falei no início.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas a senhora só fala se quiser, viu?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Tá.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu não quero ter problema com sua advogada mais não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim, querida. Não! Que a senhora tem cursos, isso não tem... Entendeu?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu sei que a senhora... Eu sei que a senhora.... Qualquer pessoa na sua condição iria ficar relutante em responder ao que estou perguntando, porque a senhora sabe com quem a senhora está lidando, ué! A senhora iria ficar relutante mesmo. E eu não estou ignorando isso não. Até por isso que eu estou falando: fale se quiser.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Se não quiser, não fale! Fique calada.
Eu vou fazer... Eu faço juízo. Eu faço juízo do que eu pergunto, e eu posso ler minha resposta no seu rosto, nos músculos do seu rosto, no seu olho.
Fique calada! (Pausa.)
Pode ter sido!
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Se é...
Mas a senhora não sabe o nome da mãe dele! Como é que não foi ele?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não, porque não... Não... Não... Como é que vou lhe explicar? Não... Não...
Não faz tanto, tanto, tempo...
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - É isso, entendeu?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É isso? Está bom.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - É.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Entendi.
Sim, mas, veja, o mesmo procedimento: mandar a mãe dele para o advogado, mandar a mãe dele para o advogado...
A senhora está querendo alguma coisa, doutora?
ORADORA NÃO IDENTIFICADA (Fora do microfone.) - Não. não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora quer que pare a inquirição? (Pausa.)
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ah, eu... (Fora do microfone.)
A senhora está conseguindo conviver com esse nó aí ou não?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - É complicado, não é?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, mas é ela que está complicando.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - A não ser que a situação...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, porque... Pô! Veja...
Deixe eu fazer meu serviço, doutora! Faça o seu depois. Escreve tese de que ela é inocente, vai buscar os documentos. A senhora está cumprindo o seu papel, e eu respeito. Agora, eu estou cumprindo o meu! Ué! Eu não estou desrespeitando a senhora em momento nenhum, não estou lhe atrapalhando em momento nenhum. Muito pelo contrário! Muito pelo contrário!
Fica a senhora aqui que não sabe o que faz, coitada. Se...
Ela é advogada experimentada, tem doutorado, uma mulher que estudou. Ela sabe o que complica para ela e o que não complica; para o que ela pode dizer "sim" e para o que ela pode falar "não", ué! Não é criança! E, se ela não quiser lhe atender e responder tudo, até isso ela pode! A senhora pode depois entregar a procuração dela, mas ela pode fazer o que ela quiser. Mas...
Eu quero que a senhora tenha paz. Se a senhora quiser ficar tranquila aí, só bebendo sua água e me olhando, eu pergunto, vou falando, vou falando, e uma hora nós vamos encerrar. Nós vamos encerrar.
E dizia ele isso! O modus operandi é o mesmo!
"Pode ficar tranquilo" - falou pra ele -, "que eu vou arrumar advogado, nós vamos entrar, vamos ganhar uma liminar, e o plano de saúde vai ter que pagar."
Ele tomou R$70 mil da Golden Cross!
Então... (Pausa.)
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não estou dizendo que foi a senhora que advogou. Eu perguntei: quem sabe foi? Então, há seis anos, não foi.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Há seis anos, não foi.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não é?
A minha pergunta é simples! A senhora... O tempo todo eu perguntei a mesma coisa! Vocês se conhecem! A senhora e o Dr. Fernando se conhecem! A senhora pode não ter com os outros médicos o mesmo relacionamento, que lhe mandava clientes, porque o que era paciente para eles era cliente seu! Era cliente seu! Era cliente seu!
E as minhas perguntas foram muito simplórias. E a minha pergunta é esta: qual é o seu relacionamento com os outros médicos? Se a senhora quiser. Se não quiser...
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A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Mas não era nesse caso não.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - É como eu lhe falei no início: eu não atuo numa única área. É como eu lhe falei no início. Então, os meus clientes não são...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas a minha pergunta é só nessa área. Eu estou falando de médico. É só nessa área.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - De médicos de várias especialidades.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, mas eu estou falando da máfia das próteses. A senhora está depondo para a máfia das próteses. Esquece outras especialidades.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim. É o trabalho, né?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu estou falando desses médicos que estão sendo investigados. A senhora disse que não tem conhecimento. É claro que tem.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não. Eu não disse isso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A pessoa mais simples do mundo que vê internet, que vê televisão sabe quem são os investigados.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não. Eu não disse isso. Eu disse que não tinha conhecimento do todo do... (Ininteligível.)
...que eu falei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Exatamente. Mas a minha pergunta foi: qual é o nível de relacionamento que a senhora tem com esses médicos?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Profissional, apenas profissional. E tem muitos que eu nem conheço.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Isso. Mas a senhora tem um relacionamento profissional. Foi isso que eu perguntei.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Mas alguns eu não conheço.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Porque, a princípio, é que não conhece, não convive... É só profissional. É profissional, mas o seu cliente é o paciente dele. Eles pegam e mandam. Eles cooptam e mandam, porque o juiz não recebe uma liminar se um pedido de liminar não vier pela mão do advogado. Alguém tem que fazer.
E, na verdade, essa é parte de uma engrenagem, porque eles montaram uma engrenagem: a indústria de liminares. Tem que envolver quem escreve, quem tem inscrição para poder assinar. Senão, não tem como protocolar no tribunal, na vara. E, logicamente, o juiz não vai despachar para um estagiário ou para um rábula qualquer. Acho que nem há mais essa figura de rábula. Tem que ser advogado. E, na investigação, seguramente... Veja, então, que não é simples. Se a senhora não tem nada, como a senhora disse que não tinha relacionamento, e o relacionamento existe, os telefonemas existem... E, no segundo momento, a senhora vai vê-los cruzados para ver os horários, de onde a senhora falou, como falou, com quem falou, o tempo inteiro, quais são os números. E parece que a senhora está na ponta mais fraca, está do lado mais fraco. É onde a corda arrebenta.
Então, no começo, o que fiz? Dei-lhe possibilidade. Vamos formar consciência sobre isso. "Fale!"
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora falou até um certo momento, mas eu queria ouvir a senhora falar dessa problemática, porque a senhora está no olho do furacão. E a senhora tem que entender esse furacão, o porquê disso, como foi cair dentro disso. A senhora não foi sugada pelo sugar do ventilador, mas caiu dentro do olho do furacão. Como? Quem é culpado disso? Quem se enriqueceu com isso? A sua parte era qual? Consciente ou inconsciente? Porque, se esse juiz que deu esse tanto de liminar deu inconsciente ou deu pelo mérito, ele estava dando por um mérito que estava legalizando um crime - estava legalizando um crime! Onde já se viu uma prótese que sai por R$4.500 - a melhor não passa de R$7 mil - chegar por mais de R$380 mil, R$300 mil? Onde já se viu isso?
Então, ou "sanamente", de sã consciência, sabendo o que está fazendo, ou com o coração misericordioso, o juiz deu uma liminar como essa. A senhora conhece esses juízes?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - De todas as liminares..., a senhora não os conhece?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não. Não conheço.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Nunca conviveu com eles?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Nunca.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Nunca esteve com eles?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Algumas vezes, em algumas situações mais urgentes. Não nessa especialidade. Em outras, atropelamentos, aí, sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Nunca despachou com eles?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Como?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Nunca despachou com esses juízes?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Como despachou com eles?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Despachar, pedir uma audiência e conversar.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não. Falei algumas vezes com esses de atropelamento, assim, uma situação mais...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas atropelamento quando envolve prótese?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Não. Mas era outra. Não é prótese. É outra; é isso que estou dizendo, atropelamento, que são matrizes, coisas que...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas atropelamento também, em diversos casos, envolve prótese, porque a pessoa quebra braço, quebra perna, some joelho.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu quero que a senhora me dê a compreensão disso tudo, porque a senhora conhece isso tudo, porque a senhora está no meio dele, e a senhora advogou para eles. O seu escritório advogou para eles.
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Então, começamos parecendo que eu estava falando com uma pessoa que caiu da espaçonave e chegou aqui sem saber o que estava fazendo aqui, por que foi convocada. E não é. A senhora, do alto da sua vivência, sabe o seu escritório para quem advogou.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E de quem eram esses pacientes.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ou a senhora, quando pedia essa liminar, não sabia que ele era paciente do médico?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sabia, de vários.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Exatamente.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - São esses vários que estão sendo investigados. Agora, estamos chegando a um ponto, mas reafirmo: estamos chegando a um ponto, a senhora está falando, dando-me condições de formar juízo, mas a senhora não está obrigada a falar. A senhora se valha do seu direito constitucional, que, para mim, não tem problema nenhum. Para mim, não tem problema nenhum. (Pausa.)
O Dr. Fernando... É claro: nenhuma investigação anda, e não se chega à conclusão nenhuma sem que se busquem mecanismos legais e judiciais no sentido de que se possa dar inocência ou provar a culpabilidade de quem você está investigando. E todas as ferramentas nessa direção são para apontar culpados nesse núcleo. Não sei nem... O carimbo maior é dele, do Fernando, mas não sei, ao final disso, se realmente ele é o maior. E, para nós, será uma surpresa desagradável, no final, se envolver o Judiciário nas vantagens que ele aferiu com o argumento de que estava socorrendo, por misericórdia, as pessoas que precisavam.
Penso que a importância da senhora..., porque, daqui para frente, em todo o lugar que a senhora falar, as informações serão outras. Eu tenho informação hoje. Hoje, eu tenho. Na quinta-feira próxima, eu devo ter 100 vezes mais. E, na semana seguinte, terei mais, porque, nesse cruzamento de informações, nesse cruzamento de dados, vai caindo tudo o que se disse que não era verdade.
Por isso, mais uma vez, movido pelo que ouvi da advogada que trabalhou com a senhora sobre o seu patrimônio, movido pelo que a senhora falou sobre a inexistência de patrimônio, que justifica a participação de uma máfia, que dividiu bolos astronômicos - e, no seu relato, a senhora não é parte do bolo astronômico -, é que, mais uma vez, dou-lhe a possibilidade de a senhora me dar o que a senhora tem de conhecimento.
Eu lhe pergunto: se eu fizer uma sessão reservada com a senhora, a senhora teria alguma coisa a me acrescentar, além do que eu já sei?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Do que eu estou falando?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Do que eu já sei. O que a senhora está falando é menos do que eu tenho.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - É porque eu não sei exatamente o que o senhor sabe, mas eu tenho que falar a verdade do que..., a minha verdade, o que aconteceu. Sobre isso estou tranquila. Eu respondo pelo que falei, porque falei exatamente a verdade sobre o que o senhor me perguntou.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, não é exatamente isso. Eu tenho muito mais do que a senhora já falou para mim, do que a senhora concordou para mim. Eu só acho que a senhora está num processo de investigação em que a senhora está trabalhando para se limpar, para tirar o seu nome...
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - ...para chegar ao final disso e dizer: "Olha, graças a Deus, o Ministério Público não denunciou, não o levou o meu nome, porque concluiu, no inquérito, que eu não sou parte disso".
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Traída ou usada também?
Isso, neste momento, é uma possibilidade absolutamente remota, porque eu já sei mais do que a senhora conseguiu falar.
Então, eu gostaria da senhora essa possibilidade. Se a senhora tiver alguma coisa para me acrescentar, para me falar, mais do que eu coloquei aqui, e até dos seus telefonemas com o Dr. Fernando, eu posso fechar uma sessão, fazer uma reunião fechada com a senhora e, numa sessão fechada, ouvi-la, se a senhora tiver mais alguma coisa para me falar.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu não tenho mais o que acrescentar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora só me ouviu, a senhora não acrescentou, a senhora só falou da sua história. É por isso que eu acho que a senhora tem para acrescentar, porque a senhora está no meio.
Se a senhora não participou desse bolo, se a senhora não conseguiu pegar um pouquinho disso aí, desse "tantão" que eles juntaram nesses anos aí, sangrando os parcos recursos da saúde, acochando plano de saúde com liminares, e a senhora não teve nada disso, embora seja uma pessoa que se relaciona com o Dr. Fernando, é essa a minha intriga e lhe dá a possibilidade: a senhora vai junto com eles, vai pagar por aquilo que a senhora não tem, vai pagar por aquilo que não recebeu, vai pagar pelo que não praticou, até porque a senhora é inocente hoje, porque todo cidadão o é, até que se prove o contrário. É um processo investigatório. A senhora não é condenada - está dentro de um processo investigatório - até que se prove o contrário, não é?
Agora, penso que, nesse processo, só a senhora pode se ajudar, se a senhora não tem e não fala, está ajudando quem tem, quem ficou com muito, até porque a legalidade disso, para que o dinheiro pudesse vir, tinha advindo de uma liminar, e uma liminar impetrada por um advogado. E, no caso, grande parte das liminares do Dr. Fernando foi a senhora que impetrou.
Então, por isso, eu faço essa colocação para a senhora, porque o que a senhora está colocando é muito menos do que eu já sei, ou do que eu já tenho. E tenho certeza de que, na próxima quinta-feira, eu terei muito mais do que eu estou falando com a senhora.
A senhora tem mais alguma coisa para acrescentar em seu favor?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - O que eu posso dizer a meu favor é como eu lhe disse: eu trabalhei corretamente, de acordo com o que os meus clientes pediam. Fiz o meu trabalho com lisura, com dedicação, como sempre fiz e como sempre me dedico. Fiz com toda a minha dedicação, com empenho, enfim.
É o que tenho para dizer.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É um absurdo o que esses médicos fizeram?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu não posso emitir esse juízo.
Eu fiquei chateada, surpresa, estou ainda, porque isso é uma coisa que gera um tumulto para todo mundo, mas eu acho que não há como emitir.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora ficou surpresa com?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Depois da função toda do... Até conversei com a minha colega sobre isso. Ficamos surpresas - ela trabalhava, na época, comigo -, ficamos surpresas e ficamos realmente... O nosso trabalho estava sendo feito.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Com a sua sensação de surpresa, a senhora se sentiu usada por eles?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu me senti triste.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu não tenho essas informações, porque não tenho conhecimento de saber o que é ou o que não é.
Como eu disse no início, eu não tenho o conhecimento para dizer: "Bah, isso aqui é assim".
Eu volto a repetir o que eu lhe disse no início.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A senhora ouviu o depoimento de alguma vítima na televisão?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Ouvi.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não lhe causou um sentimento de tristeza de ver alguém se lamentando.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Com certeza, só que eu não tenho conhecimento do que foi apurado até ali.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E a relação entre o patrimônio do médico e a tristeza dessa pessoa lhe causou pânico interior?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu não posso opinar a esse respeito.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não é opinar. O que os olhos veem o coração sente. Estava na televisão. A senhora ver alguém que é vítima, alguém que foi lesionado, e se mostra uma reportagem de alguém que conseguiu uma vida nababesca em cima desse tipo de gente, pessoas que são cooptadas e mandadas para um advogado para entrar com uma liminar, que é todo um processo.
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E a senhora está aqui numa parte desse processo. A minha pergunta é: como a senhora se sentiu? Sentiu-se traída, sentiu-se usada? E, depois, em seguida, eu perguntei sobre o seu sentimento com relação às pessoas.
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Eu me senti triste, eu me senti muito confusa, triste. Isso eu posso lhe afirmar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu compreendo a senhora no seu limite de querer falar e não poder falar, e, mesmo assim, falando mais do que foi orientada para falar. Sem problema. O resto somos nós que temos de fazer.
Obrigado, viu?
A SRª NIELI DE CAMPOS SEVERO - Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Temos um dia longo. Temos sete ainda.
Eu quero só fazer um pequeno conserto aqui. Quando eu perguntei à Drª Nieli se ela sabia que a advogada dela é irmã de um médico, e ela disse: "Não sou". Dona Denise Severo é irmã do Dr. Nilvio Campos Severo, que, por via de consequência, é dono da Prohosp. E quem vai depor aqui no lugar dele, que foi convocado, é Larson Hermilo Strel, eu acho que é isso...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas não é o senhor agora não. Eu só estou fazendo uma retificação aqui, porque a Drª Denise veio aqui no meu ouvido e disse: "Não, não sou irmã de doutor nenhum". Sim, é irmã, sim. Está aqui.
Só Jesus na causa, mas vamos embora.
Agora, vamos ouvir o Henrique Alves Cruz.
Dr. Henrique, para economia processual, quando eu vi ali que ainda há sete, o senhor foi convocado aqui, porque está arrolado nesse processo investigatório. O senhor confirmou que estaria aqui, a confirmação está aqui. Já conversei com o seu advogado, o senhor conhece os seus direitos constitucionais. O senhor pode usá-los da maneira como o senhor quiser e fique à vontade; é um direito constitucional que lhe assiste.
Eu lhe dou a palavra. O senhor fique à vontade para poder usá-la, e, após a sua fala, eu vou lhe fazer algumas perguntas.
Pode ficar à vontade, doutor
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Boa tarde.
Eu gostaria, primeiramente, de agradecer a oportunidade para poder prestar esclarecimentos. Logo que ocorreu esse fato, o Grizotti até me ligou, na época da reportagem. E, logo após isso, eu procurei, prontamente, comparecer à delegacia fazendária. Inclusive, marcamos um apontamento, com horário, e eles nos solicitaram que a gente fosse - eu, no caso - sem advogado, porque eu queria ser ouvido. Foi feita toda uma quebra de sigilo, como se diz. Foram à minha casa, pegaram documentos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Busca e apreensão.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - É.
Busca e apreensão...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Pode ficar tranquilo.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - ... sob a alegação de que a gente colaborasse com o processo.
Bom, prontamente, eu tentei ligar, entrar em contato com o delegado para prestar esclarecimentos. Foi solicitado que eu fosse sem advogado. Fui sem advogado. Chegando lá, não nos ouviram.
Depois, numa segunda oportunidade, pedi que o meu advogado fosse lá também, e também não fui ouvido. Então, aqui é a primeira oportunidade, e eu agradeço muito por isto: por estar podendo passar o que, para mim, é a verdade, mas, para vocês, seria a minha versão, e entender um pouco essa situação, porque, na verdade, eu fui um pouco vítima de algo que eu ainda não sei o que é, do que está se tratando, porque a gente não tem acesso a inquérito, não tem acesso a nada.
R
Bom, só para falar um pouco de mim, como o senhor perguntou aos outros.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim, vai.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não sou natural daqui; sou natural do interior de São Paulo. Venho de uma família que também se construiu com base em honestidade. Meu pai é funcionário público, e minha mãe também. Eles foram conseguir estudar depois de muito trabalhar. Minha mãe chegou a trabalhar como faxineira, conseguiu economizar para estudar; fez odontologia e era funcionária pública. Meu pai foi office boy do IAPTEC e, com 40 anos, ele conseguiu fazer faculdade de Direito e galgou todos os degraus até terminar como Procurador-Chefe do INSS - acho que foi em 1989 que ele se aposentou. Temos toda uma estrutura de educação pautada na honestidade.
Comecei a trabalhar com 19 anos, por meio de um concurso, porque meu pai jamais me indicou para ninguém. Eu teria que crescer sozinho. Prestei concurso no Banco do Estado do Paraná, que tinha em Bauru, na época, que era minha cidade.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Banestado.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Que, depois, também deu confusão.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu estava no meio daquela confusão lá. (Risos.)
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Comecei a fazer Direito e não me interessei pelo Direito, porque essa questão de briga para mim não funciona.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Advogado não briga, não. Olha, aí, o advogado, calminho.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Lá, conheci a Medicina Legal. Através da Medicina Legal, me interessei por Medicina, parei tudo, fui fazer a prova e passei na faculdade aqui, a contragosto, porque não tínhamos condição de fazermos uma faculdade. Fiz uma faculdade federal aqui, trabalhei no IBGE para poder me sustentar. Assim que me formei, meu pai já não era... Àquela época do Fernando Henrique, não se tinha uma salário muito bom, e o sonho dele sempre foi viajar para Portugal. Meu primeiro salário foi para isso.
Não fiz a minha residência, fiquei trabalhando como clínico por cinco anos, sempre tive um bom vínculo médico-paciente. Depois disso, procurei fazer a residência de ortopedia. Retornei para o Estado de São Paulo, fiz a residência de ortopedia e voltei para cá com indicação de um colega meu de turma, Dr. Gustavo Vanni, que me perguntou se eu me interessava por coluna. Na época, me interessava por cirurgia de mão e de coluna. Como, de tanto ficar operando em pé, desenvolvi uma hérnia discal, me interessei por essa área também e fui buscar essa especialização.
Como era uma indicação de amigos, confiava, e confesso que não fui fazer uma averiguação de quem seria meu preceptor e coisa e tal. Só sabia que ele operava muito bem e que indicava bem as cirurgias. E, de repente, me vi nessa situação.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Que situação!
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - É, que situação.
Fiquei dois anos fazendo uma especialização, porque eu estava fazendo com o Dr. Sanchis. Na verdade, quando ia entrar era um ano; no momento em que fui entrar, passou para dois anos. Você fica naquela: operando, auxiliando e tal, durante todo esse período, na esperança de, quando acabar isso, começar a vida sozinho.
E, no meio desse processo, aconteceu isso tudo. Eu me desliguei do serviço dele no momento em que eu... Alguns colegas começaram a falar: "Cuida, está acontecendo alguma coisa estranha", mas ninguém me dizia o que era. Notei que uns colegas também se afastaram do serviço, e ocorreram algumas coisas - não sei, o senhor deve ter conhecimento, até pela reportagem do Grizotti. Não concordava com certas atitudes dele e pedi o meu desligamento no final de julho do ano passado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Beleza!
Ficou especialista de coluna ou de mão? Coluna mesmo, não é?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - De coluna, faltando seis meses.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não encerrou?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não, optei por prejudicar essa minha parte do curso...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sua residência?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - ...mas não..., porque usou meu nome - entendeu? - sem meu conhecimento. Como eu ia conseguir? Para mim, o cara era o preceptor, era o cara que operava coluna. De repente, o cara pega e usa meu nome sem dizer nada, sem me falar nada.
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O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - É, quer dizer, processo contra o IPE, e o advogado do IPE estaria representando contra mim no Conselho de Medicina.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Em que ele usou o seu nome?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não há mais relação assim. A confiança acabou.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Em que ele usou o seu nome?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Então, como aconteceu?
Eu auxiliava o Dr. Fernando Sanchiz, como na residência se faz, e havia o preenchimento das descrições cirúrgicas no final. Ele deixava lá carimbado, colocava o nome dele lá, cirurgião principal e tal, e, num belo dia - até as gurias que trabalham lá no bloco cirúrgico do Hospital Nossa Senhora das Graças pode confirmar isso -, num belo dia, ele falou: "Coloquei seu nome como...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Canoas, não é?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Canoas.
"Coloquei seu nome como cirurgião principal."
Olhei para as gurias assim e falei: "Esmola demais, o santo desconfia". Anotei o nome do paciente, fui falar com a enfermeira. Falei: "Enfermeira, deixa ver os papéis do paciente fulano de tal". A enfermeira - Marília, o nome dela: "Da judicial que teve sexta-feira?" Falei: "Judicial, como assim?" Ela falou: "É, uma judicial". Aí ela me deu no outro dia, porque não estavam lá; esses papéis haviam sumido. Ela me concedeu esses papéis na outra semana, na segunda-feira. Eu, de posse desses papéis, peguei o nome e fui folheando. Ao folhear, tinha código de processo, entrei na internet e fui lendo algumas decisões. Em alguns dos despachos do juiz, estava dito que tinha concedido uma liminar... Porque havia umas falando que o médico assistente não é credenciado, e não sei o quê... No caso, era IP. Fui vendo, e, no final, deram a liminar, falando assim: "Concedo a liminar para o médico assistente, Dr. Henrique Cruz".
Falei: "Bom, vi o paciente ali, auxiliando-o somente". Fui questioná-lo por que estava sendo utilizado o meu nome, porque não queria isso, por mais que as razões que me eram ditas - que o material era melhor, que o paciente seria jovem, e você poderia usar certos materiais para não fazer uma artrodese... Aliás, tudo aquilo que é indicação do meu caso cirúrgico.
Falei: "Não concordo, não gosto de brigas. Fiz Medicina, porque gosto de ajudar as pessoas, não gosto de confusão com nada. Gosto de as pessoas me encontrarem na rua e me cumprimentarem de bom grado assim".
O que aconteceu? Pensei que ali ele me tiraria. Não me tirou. Não obstante isso, passaram mais alguns dias... Eu estava fazendo R4 para o R5, que são dois anos. O meu antigo R+ - a gente chama de R+ o residente antigo anterior, que, no caso, estava sendo meu preceptor. Você não discute o caso com o chefe, mas discute o caso com o seu mais próximo, que, no caso, era o Dr. Antônio Carlos.
Estava passando visita nos pacientes - porque a gente vai, auxilia, passa a visita nos pacientes, aquela correria na residência -, e ele me chamou no consultório e falou: "Olha, Henrique, o que está acontecendo aqui..." Me passou um papel.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Antônio Carlos?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Sim. Passou-me um papel que eles atendiam os pacientes lá no Rio Grande e Pelotas, local ao qual nunca fui, e uma paciente teria entregado esse papel para ele. E, nesse papel, estaria constando uma representação.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Antônio Carlos é o Sábio Júnior?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Isso! Ele deve ser ouvido aí depois.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está aí o Sábio Júnior?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Está lá fora.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está lá fora?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Chame-o para mim. Pede a assessoria para chamar o Antônio Carlos Sábio Júnior.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Ele será ouvido hoje.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu sei.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Bom, o que aconteceu? Ele me mostrou esse papel e, nesse papel, constava que eu estava sendo representado no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, acerca de alguns...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Só um minutinho! Pede à assessoria para ficar com ele ali só um minutinho, que já vou chamá-lo.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Haveria dois ou três processos que estariam correndo no IPE.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Contra você?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Um processo que você, como auxiliar dele...
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Como se eu fosse...
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O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - O que aconteceu? Em que parte eu estava?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele te deu um prêmio de ter te colocado como o principal.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Essa cirurgia foi a que levantou a lebre. Ele falou isso, eu conversei com ele, fui lá, verifiquei toda a situação, falei com a enfermeira e disse para ele: "Fernando, eu não concordo com isso. Tire o meu nome disso. Eu não quero saber disso".
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Para eu entender. E aí...
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não, isso foi um fato.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Esse é um fato.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Ele falou: "Não, mas isso aí é negócio do melhor para o paciente". E eu disse: "Fernando, não me interessa que é melhor para o paciente. Você faz o que é melhor para o seu paciente. Tudo bem. Eu acho ótimo isso. Só que use o seu nome, não use o meu nome". Eu não comecei minha carreira ainda como ortopedista. Eu levei cinco anos para guardar um dinheirinho para fazer a residência médica, porque a bolsa era pequena, mil e poucos reais, para depois poder começar a trabalhar, Já entrei na faculdade um pouco atrasado, fiquei mais cinco anos para poder fazer a residência para, depois, chegar ali... Você começa a trabalhar com convênios.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo, certo.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Eu falei que não concordava com isso. Achei que teria parado por ali.
Bom, eu tinha em mente terminar os meus seis, sete meses que faltavam. Ótimo. Beleza.
Estou lá atendendo os pacientes, o Antônio teria regressado de Rio Grande, pois eles atendiam num consultório lá, e veio com esse papel. Eu falei: "Não, mas isso é um absurdo". "Não, o Fernando pediu para não falar nada."
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você tinha operado lá também?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Onde? Em Rio Grande? Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não sei... Espiritualmente.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Nunca pus o pé em Rio Grande.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você estava lá sem estar.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não estava lá.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Pois é, ele usou.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Sim, aí o que aconteceu? A paciente, que se consultou com o Antônio, não sei, mostrou isso para ele e falou: "Olha, doutor, o que estão falando de vocês". Ele me mostrou isso, e eu falei que não concordaria com isso. Aí, tive uma conversa com outro colega que também tinha abandonado a equipe dele, que é o Dr. Marcelo Tafas, para entender as razões, porque a pessoa sai, está atendendo no ambulatório, parou de atender, e a gente não sabe o porquê. Fui conversar com ele. Achei por bem mandar uma comunicação para o Fernando, a partir do final de julho, desligando-me de toda e qualquer atividade ali - do SUS, do ambulatório de convênios, de tudo, inclusive esse aqui -, porque isso não fazia parte do... (Ininteligível.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Desligamento?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - É.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Seu e-mail aqui, seus números. "Bom dia, Fernando. Antes de ler esta carta, por favor, veja os arquivos anexos.", que você mandou, não é?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Sim, que eram as cópias desses...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - "Estou sendo representado... PGR... Com relação a cirurgias judiciais solicitadas em meu nome, tal, tal."
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não é solicitado no meu nome, mas eles usaram como se fosse eu que tivesse feito laudos e pedidos de materiais que eu nunca fiz. Eu nunca lidei com empresas de material. Eu era apensa um residente.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu entendi. Falsificaram a sua assinatura?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Falsificou também?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Sim. Foi por isso que o Grizotti me ligou...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você já pediu perícia da assinatura dele?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não tiveram acesso? Eu vou pedir a perícia da assinatura dele, por favor.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - O que aconteceu? O Grizotti fez uma perícia.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas eu vou pedir, é CPI, eu vou pedir... Esse papel pode ficar comigo?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Pode. Eu trouxe para isso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Um minutinho só. Assine aqui para mim.
É, o bicho é mais fera braba do que eu achei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Fique calmo, nós estamos indo bem.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Da saída do... Eu demorei uns 20 dias...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Vamos parar um pouquinho só no Antônio Carlos aqui. O Antônio Carlos lhe comunicou. Ele já tinha feito alguma coisa no nome do Antônio Carlos também?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Aparecia o meu nome e o nome do Antônio Carlos. Aí, aconteceu isso, e eu fiquei com receio. Não sei se o senhor sabe como é na residência?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Só na minha mesmo. (Risos.)
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Como é que eu vou dizer? Só na cabeça do residente, entendeu? A gente sempre fica com um pouco de tato, porque pensei: "Eu saio da residência e, depois, não consigo me desenvolver na área porque ele começa a falar para todo mundo que eu estou... "Olha, não dá para trabalhar com esse cara..." Então, tinha muito tato na hora de fazer isso.
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Por isso, que este e-mail aqui foi conversado com o Dr. Marcelo Tafas, que era o colega, também, que saiu, para ver a melhor forma para a gente não brigar com ele. Eu não queria me indispor com ele, porque eu o respeito como cirurgião. Claro, eu estava aprendendo. Não é como vir um perito aqui, com PhD, e dizer que as indicações dele eram corretas. Para mim, as indicações dele eram todas corretas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo, claro. Entendo perfeitamente. E ele respondeu seu e-mail?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Ele não respondeu, mas me ligou e perguntou se eu ia sair de tudo. Falei: "Não, vou sair de tudo, eu quero me desligar, quero começar a minha vida..."
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quero paz.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Exatamente. "Quero começar minha vida de outra maneira."
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Uma pergunta: aqueles prontuários todos que você acabou vendo que tinham seu nome, você os copiou?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Prontuários do...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Onde eles falsificaram a sua assinatura e tal.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Então, como eu vi a falsificação dessa assinatura? O Grizotti... Uma paciente, quando eu estava para sair... Porque é assim: tu vais lá, ele operava, aí a gente passava a visita... Quem passava a visita era eu. Não sei como era a relação dele com os pacientes. Sei que os pacientes muitas vezes me ligavam para se queixar - não sei se não conseguiam falar com ele. Muitos pacientes ficavam lá, e estava demorando para operar. Eu perguntava: "Mas, por que está demorando tanto a sua cirurgia?" "Ah, é questão de processo..." Aí, comecei a ficar ressabiado.
Uma paciente, que se chama Daniela de Castro Nichele - e não sei se foi ela que iniciou isso aí - estava internada lá, resolveu sair, e falou: "Eu vou procurar, porque eu acho que tem coisa errada nisso." Logo depois disso, eu saí. Apareceu toda essa situação, e eu saí. Em dezembro, ela me ligou falando que o Grizotti tinha interesse em falar comigo. Ai, eu falei: "O que está acontecendo, porque eu não sei?" Ela disse: "Não, tem coisas lá no teu nome... " E eu falei: "Mas, eu preciso saber, porque eu não sei de nada."
Concordam comigo que ele sabe onde ele me enfiou? Eu não sei onde fui enfiado.
E o Grizotti me mandou por Whatsapp, naquelas mensagens, algumas assinaturas - não era esta daqui. Essa aqui é uma. Ele mandou tipo um papel com uma assinatura minha, assinatura que seria do irmão do Fernando, como se tivesse feito - entre aspas - um "pot-pourri" das assinaturas para comparar. E eu falei: "Não, essa assinatura não é minha." "Ah, posso fazer uma perícia?" Eu falei: "Grizotti, podia ter feito a perícia antes de me ligar; podia ter te poupado o trabalho." Foi aí que ele fez a perícia.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Orçamento para honorários de cirurgia de coluna particular. Paciente Teresa de Lourdes Francesconi Prestes. Cirurgia: R$10 mil. Auxiliar: R$5 mil. Esses R$5 mil eram seus? Dois auxiliares: R$3 mil. Anestesia: R$3 mil. Total: R$21 mil.
Essa aqui é a assinatura, e eles assinaram em cima do seu nome?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Esse parece o meu carimbo, mas o meu carimbo sempre esteve comigo, nunca ninguém pegou...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Fizeram outro carimbo?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Provavelmente. Em qualquer esquina, o cara vai e faz um carimbo. E a assinatura...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Essa assinatura aqui não bate. Eu vou...
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Deixe-me fazer a minha rubrica para o senhor ver.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu quero. Faça aqui porque, na segunda-feira, eu mando ao Molina e, já na quarta-feira, eu tenho.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Esta é a minha rubrica.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tome aqui. Assine várias vezes. Faça seu nome e, do meio para baixo, faça a rubrica. (Pausa.)
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Tudo?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tudo. (Pausa.)
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Na reportagem, saiu que ele foi lá. Inclusive, acho que o "tchan" da reportagem foi que mostrou ele falando e mostrou o perito.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Faça essa aqui. (Pausa.)
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Mas, para mim, só serve a de Molina. Põe embaixo aqui.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Já? Não entendi.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quer dizer, respeito todos os peritos, mas eu... (Pausa.)
Estas daqui são as assinaturas originais - sei que todo mundo quer ver. Tem que ser público. Este daqui está meio ruim porque é um xerox, mas dá para a gente conseguir o original dele. Este aqui também.
Bom, vamos continuar.
E o Antônio Carlos? Depois que lhe comunicou isso, chegou a falar alguma coisa se ele também falsificou a assinatura dele? Não?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Falsificou também?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Falsificou também. Aí, a questão estava em a gente fazer a defesa; ir ao Conselho fazer a defesa ou não. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Onde é que nós paramos? Aí você se desligou...
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Eu me desliguei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - ... e nunca mais falou com ele?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Nunca mais falei com ele. Às vezes alguma mensagenzinha, assim. Ele mandava mensagem no WhatsApp, umas bobaginhas e tal. Eu não vou me indispor com o meu preceptor, porque, tipo, eu cheguei para a minha cidade para ver a questão de outras pessoas, de colegas que fizeram ortopedia.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quem teve coragem de falsificar a sua assinatura, não é? Você tinha que tratar com cuidado mesmo.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Exatamente. Aí, tipo, vamos manter uma relação e tal. E eu falei para ele: "Olha, Fernando, tu que fizeste a bobagem. Agora, tu me ajudas a resolver isso aí.É meu nome".
Na verdade, por que eu não procedi à denúncia? Por receio de retaliação dele.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu entendo.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Só que eu não me senti mais confortável de estar ali trabalhando e sendo supervisionado, devendo ser supervisionado, por uma pessoa... Acabou totalmente a confiança.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Bom, se você, que é um médico, um rapaz que estudou, tinha receio, eu não posso recriminar nenhuma das vítimas que não tiveram...
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Eu confiava tanto nele que... E confio na parte cirúrgica dele. Tu ficas auxiliando uma pessoa por quatro horas. Havia outros doutores que vinham fazer a escoliose - quem fazia a escoliose. Porque era um serviço de residência. Era o Becker e o Nossa Senhora das Graças. Então, vinha doutor lá de Caxias do Sul, que opera muito bem, e às vezes a cirurgia levava quatro, oito horas. Isso me estragou a coluna. Chegou uma hora em que eu não consegui mais trabalhar. Eu confiava nele. Eu me submetia a procedimentos cirúrgicos com ele.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você tem uma prótese também?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não, eu não fiz prótese. Eu fiz... Antes de fazer, tu fazes uma discectomia, que foi o que ele fez.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Melhorou mesmo?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Melhorou.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Melhorou, porque tu não tens prótese, não é?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Aí já não sei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Porque, se fosse botar uma prótese importada, você ia ver.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Pois é, isso eu já não posso dizer.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E como é que está a sua vida hoje, depois desse episódio?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Bom, a minha vida. Nos seis meses seguintes, eu fiquei sem conseguir emprego. O pessoal fala: "Médico arruma emprego em qualquer lugar". Eu estou há seis meses sem conseguir trabalhar no lugar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Todo mundo se lembrando do episódio da televisão?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não. Não havia episódio ainda.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ah, não havia a matéria do Fantástico ainda?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não havia episódio. Então, o que acontece? O que eu achava? Em um lugar em que eu fiquei fazendo plantão, no Hospital Nossa Senhora das Graças, eu não fiz mais plantão, porque ele me tirou tudo. No Dom João Becker eu ainda fiquei fazendo...
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - De Gravataí?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - É. Em uns dias ou outros. Aí, lá pelas tantas, entrou um guri novo lá, e ele falou: "Não, eu vou passar o seu plantão lá para o outro." Ah, mas e aquela questão de antiguidade, esse tipo de coisa e tal? Porque eu precisava pelo menos de um plantão para eu me manter. Eu não estava conseguindo trabalhar em nenhum outro lugar. Eu estava conseguindo me manter com os pagamentos dos plantões do Nossa Senhora das Graças, que vinham se atrasando por três, quatro meses. Então, eu consegui receber ainda uma coisinha até dezembro. E só um colega que me ofereceu, porque já conhecia o Fernando, que falou: "Não, vou te dar uma mão." Foi o Dr. Alcino, lá em Cachoeirinha, e o Dr. Guilherme Sampaio.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Porque ele já conhecia o Fernando.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - De má fama.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, de má fama.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Mas, em vários outros lugares que eu procuro - eu me sinto vítima, eu sou inocente nisso aqui -, a primeira coisa, quando eu chego, eu falo que aconteceu isso, isso e isso comigo. "Sabe aquele caso que saiu?" Isso depois, agora em janeiro. "Aconteceu isso, isso e isso. Então, eu quero que vocês saibam disso." Eu acho que, falando isso, dá uma credibilidade de que eu não estou envolvido. Eu fui vítima disso. Só que, mesmo assim, a pessoa não quer que o seu serviço de ortopedia fique enrolado. Daqui a pouco: "Ah, quem está de plantão amanhã?" "Ah, é o Dr. Henrique." "Ah, não, mas o Dr. Henrique, daqui a pouco, tem que ir a uma audiência. Então, não vamos dar o plantão para ele." E nisso tu vais ficando...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu sei como é.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Então, foi terrível. A minha vida está em trabalhar em clínicas populares, em que estou tendo uma boa aceitação.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu estou com muita dor no joelho. Tomei um Tandrilax. Fiz certo ou errado?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Bateu o joelho? Tem artrose no joelho?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não. É uma dor no joelho que só Jesus. Agora, com esse negócio de prótese, eu vou morrer com ele do jeito que ele está. (Risos.)
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - É, isso gerou muita desconfiança.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Depois que você tomou conhecimento desta questão, por exemplo, dos advogados existentes que ajuizavam as ações?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Depois que eu saí, aí eu comecei a ouvir falar disso, porque as pessoas com quem antes eu conversava diziam: "Ah, tu estás fazendo especialização em coluna?" Sim. "Com quem?" Com o Dr. Fernando Sanchis. "Ah, opera muito." Aí, depois que tu sais, vira outra figura.
Por exemplo, o meu irmão se casou com uma instrumentadora cirúrgica. Ela se mudou de Passo Fundo, foi para Bauru morar com ele e começou a trabalhar lá. E ela veio a um curso aqui. Num desses cursos, ela falou: "Vamos jantar lá, com o pessoal do curso." "Ah, eu não posso, estou na residência." E ela comentou com o pessoal: "Ah, está na residência." "Com quem?" "Com o Dr. Fernando Sanchis."
Isso foi naquela época em que eu estava ficando já mais...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mais ligado.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Aí ela falou: "Olha, sai."
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sai, não é?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Lá em São Paulo. Pessoas de São Paulo me falando para sair. Aí, eu comecei a atinar. Aí, aconteceu a questão do paciente lá, que não era meu e que estava como meu. E aí eu falei: "Quer saber? É muita confusão. Eu não gosto de confusão".
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você checou na papelada o nome do advogado ou da advogada que ajuizou a ação?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não. Não me lembro.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você se assombrava com os valores das cirurgias?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Eu nuca tive acesso a esses valores. Quando chegava o material, vinha a instrumentadora, que, normalmente, era a Anelise, que era da Intelimed. E vinha ali só escrito ou o nome do paciente numa fitinha ou que a cirurgia era do Dr. Fernando Sanchis.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Anelise era a instrumentadora dele?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Era a instrumentadora. Era a única pessoa com quem eu tinha contato.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E era a instrumentadora dele?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Era a instrumentadora da Intelimed, que era uma instrumentadora muito boa. Então, era sempre ela que estava lá instrumentando com a gente. Era a única pessoa com quem eu tinha contato dessas empresas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu queria ouvir essa mulher.
Deixa eu te falar uma coisa.
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Qual foi o espanto dele quando você disse que tomou conhecimento de que sua assinatura estava falsificada e que o seu nome tinha sido usado? Ele negou que não foi ele, que alguém errou? "Fui eu, desculpa"?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Ele falou: "Não vou mais fazer isso?"
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele falou?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - "Não vou mais fazer isso. Não te preocupes."Aí, eu falei: "Eu vou sair". "Não, esfria a tua cabeça, não sei o quê". "Mas nem no SUS vai ficar?" Eu falei: "Nem no SUS. Eu quero distância de tudo". Mas - claro - eu falei numa boa, para não criar atrito.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Entendi, entendi.
É o seguinte: eu estou sentindo firmeza em você e já percebi que você está pagando um preço por tudo isso.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Até assim - outra coisa que eu queria dizer: o Grizotti queria que eu desse entrevista. Mas eu não queria dar entrevista porque eu queria que ficasse parecendo que...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Só um minutinho. Eu queria registrar a presença do Deputado Osmar Terra, nosso companheiro, grande militante.
Queria convidá-lo para sentar aqui, Deputado, ao meu lado, por favor. (Pausa.)
É o seguinte: eu vou, num determinado momento, precisar de você de novo, porque eu vou levar o Dr. Fernando para Brasília e eu preciso fazer uma acareação dele com outras pessoas. Infelizmente, eu vou fazer uma acareação dele com você. Mas eu estarei de posse de documento. Infelizmente, você vai pagar esse preço por um tempo ainda, infelizmente.
Eu pergunto a você se o fato de você manter essa relação amistosa por precaução... Por essa precaução, várias vítimas que estariam aqui não vieram, pediram para não vir, porque estavam com medo. Eu também teria. As vítimas estão justificadas. Eu também teria. Você pega um cidadão do povo qualquer, iludido de que vai ficar paralítico, de que nunca mais vai andar, de que sua mãe não vai andar, tocam o terror: "Pode ficar tranquilo. Eu arrumo advogado. Eu entro com a liminar." Está bem! E, depois, essa pessoa fica pior.
Essa onda de grande cirurgião aí, mas todo o mundo de que tenho conhecimento piorou. A mãe de um Deputado está toda troncha, no mesmo procedimento: "Eu arrumo advogado". Inclusive ele estava depondo, e eu lhe perguntei: "O senhor o conhece?" "Conheço." "E a mãe dele?"
Pois é. Ele vai ser o Presidente da CPI. É um bom caso para ele começar, que é com a mãe dele.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Os meus pacientes, os pacientes que eu atendo - eu atendo muitos pacientes de coluna nessas clínicas - sabem que eu me tratei com fisioterapia, pilates, tudo. Se tu consegues isso sem botar parafuso e tal é a melhor maneira. Eu acho que não está invadindo nada. Mas há casos em que é preciso operar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas, se não botar parafuso, não compra avião.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ (Fora do microfone.) - Ah, isso eu já não sei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, eu sei.
Você sabe que uma vez a Matemática foi contrariada;, só uma. Aquilo que a gente não imaginava foi. A Bíblia diz que Jesus curou dez,e só um voltou para agradecer. Foi a única contrariedade da Matemática. Um ficou maior do que nove, porque nove não vieram.
Mas, nesse caso, também tem a ver; parafuso produz riqueza....
Agora, me diga uma coisa: no meio acadêmico, no meio médico - responda se quiser, se não quiser, não responda, mas é o tipo de pergunta que, se não responder, respondeu... O meio médico aqui no Rio Grande do Sul considera-o um garoto prodígio,que chegou a essa fortuna todo por ser prodígio, por ser um iluminado ou porque é sabido demais?
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Esta é uma boa ideia: fazer uma lei...
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Como assim: sabido demais?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu queria dizer esperto, mas...
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Ah, tá. Olha, isso eu não sei também responder.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Boa resposta.
Eu lamento pelo que aconteceu. Ele teve assinatura, carimbo, foi falsificado pelo Dr. Fernando, que está respondendo por quem ele não operou.
Eu lhe pergunto se você tem algum temor.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Tenho.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você precisa que peçamos garantias para você? Se precisar, eu vou pedir.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Eu gostaria, porque todo o mundo sabe que ele é um cara poderoso. É o que dizem. Eu nunca vi, mas dizem que é milionário. E aí? Não só eu. Há outros colegas que estão aí e que também...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu sei que ele é muito bom de coração. Ele viaja no avião dele para o interior para atender paciente a R$30. Ele é um cara com coração bom, porque R$30 é o litro de gasolina de avião.
Vou lhe dizer: poderoso é Deus, grande é Deus.
Hoje eu disse para ele que, quando morrer, não presta nem para fazer sabão.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Desta vida, não se leva nada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não! Fez isso tudo, um absurdo! Desmoralizado, vai ter que entregar a metade do que ganhou para o advogado - advogado novo, inteligente, trabalha honestamente. São honorários. É serviço. E agora, doutor?
A Justiça depois manda bloquear tudo. Tomara que mande devolver tudo para o SUS.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - O duro é a gente que não tem, que tem casa modesta.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Esperamos que haja Sérgio Moro nessas questões que envolvem essas pessoas, porque há juízes e juízes. Se há um Sérgio Moro de um lado, por outro lado, você tem um advogado do caso Eike Batista, aquele meliante, aquele pilantra. Então, espera-se que nesses casos...
Mas o seu depoimento é corajoso, embora sua situação não seja fácil. Tudo o que importa é zelarmos por nosso nome. Pelo nosso nome, vale até correr risco.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Eu não sei de onde ele construiu a riqueza dele, essas coisas, e tal. Mas a única coisa que eu não queria é que mexessem no meu nome. Eu não tenho nada com isso. Eu não quero saber de onde ele arrumou, se foi lícito, se não foi lícito. Eu não tenho nada com isso. Eu não quero acusar, mas o meu nome não era para ter ido para essas coisas, e foi, pura e simplesmente, por causa de uma grafia, uma impressão com um carimbo.
E eu pergunto - vamos supor: "Você me paga uma conta no restaurante tal?" E você diz: "Não, tudo bem!" Você me dá o seu talão de cheque, eu assino: "Está aqui. Tudo O.K.?" O banco vai aceitar isso? Óbvio que não.
Agora a Justiça - muitas vezes, você vai transferir um carro - exige que se reconheça a firma. Como é que, para processo de vultos absurdos, como estão dizendo - é o que eu vi pela mídia -, não se checou a assinatura?!
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Essa é uma boa ideia.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Por que não se checou a assinatura? Teria acabado com tudo isso.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Por quê? Para vender um carrinho de R$5 mil, o cara checa a assinatura. Tem que assinar na frente da outra pessoa, porque só o fato de você assinar e o cara botar o selinho não vale. Tem que constar ali todo o mundo junto, e num processo de - sei lá - R$200 mil, que disseram aí...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Há prótese que passa de R$300 mil.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - E o Judiciário diz que se sentiu enganado nisso. Espera aí: se sentiu enganado? Pois é. Era só checar a assinatura, pararia tudo. Ele iria fazer a assinatura certa e não iria usar o meu nome.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas, realmente, ele é um iluminado e um homem de sorte, porque ganhava todas.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bom. Tenha calma.
É importante o que você está falando aqui para mim. Tenha calma.
Quando a gente lida com a verdade e a gente tem a verdade - muita gente me encontra na rua e diz: "eu acho que o senhor é um homem corajoso". Eu não sou corajoso, eu sou igual a todo mundo... Quando a gente lida com a verdade, a gente não conhece este sentimento, que é o sentimento de medo. Você está lidando com a verdade.
Acontece o seguinte: há um processo investigatório numa coisa chamada máfia. E a investigação precisa dar-se no entorno, precisa chegar na ponta. E você estava no entorno. Por azar seu, você estava no lugar onde o carro escorregou; você não estava nem no ponto do ônibus. Você estava sentado do outro lado. Ele escorregou, virou e foi lá em você. Tenha calma.
Se essa busca e apreensão, ao final dessa investigação... Você tem elementos aqui.
Você teria problema... Uma pergunta que eu lhe faço: você me autoriza, a CPI - para que eu faça sem... Porque eu posso fazer - a quebrar todos os seus sigilos?
Em tudo o que entrava, tinha liminar para ele. De cada dez, ele ganhava 9,5. Só perdia 0,5. E o advogado fazia em série.
Houve uma advogada aqui que não sabe dizer nem se botava justificativa de mérito; era só o fundamento jurídico. No fundamento jurídico, você troca só nome, endereço e data de pessoa.
Mas eu vou oficiar agora ao Governador do Estado, ao Secretário de Segurança e vou pedir segurança para você. E advirto que qualquer coisa que ocorrer a esse moço é em função do que ele falou aqui.
Eu vou tomar todas as providências cabíveis nesta investigação.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - O que? O valor? Trezentos reais, dependendo da cirurgia... Vai depender muito do valor principal que o cirurgião recebe.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Agora outra coisa. Eu tenho parentes na Justiça - procuradores, promotores, juízes -, mas foram à minha casa, pegaram documentos de 2005 - que depois eu fui checar - , há coisas minhas da Previdência, de que eu preciso.
O que tem a ver 2005 com essa situação de agora?
Se pegassem a minha agenda, porque, para a gente fazer a prova da coluna, eu tenho que anotar todas as cirurgias em que eu auxiliava, todos os diagnósticos, o número do prontuário e ter fotos. Eles podem pedir fotos disso ou daquilo para ver o que foi feito.
Isso eles levaram, tudo bem. O senhor concorda comigo que isso teria relação para ver os pacientes e tal. Agora para que levar documentação de um apartamento onde em morava em 2005? Pagamentos de aposentadoria de INSS em 2005?
Eu fui lá e questionei isso. Disseram: "O senhor está sendo investigado. O senhor não pode pegar esses documentos". Mas esses documentos não têm...
Outra coisa: não me deixaram - falando das ilegalidades - sequer uma cópia do mandado de busca e apreensão. Eu fui... Através do meu advogado, a gente viu que no mandado de busca e apreensão, dirigido para o meu endereço em Canoas - eu moro em Canoas -, que eu não poderia sair da cidade de Porto Alegre. Pegaram o mandado de segurança do Fernando, copiaram e colaram com o meu nome!
Então, essas coisas me preocupam. Eu vou tentar lá esclarecer, e não querem me ouvir. Dizem que pegam todos os meus documentos, porque eu posso não querer prestar esclarecimento.
Eu vou lá, estou prestando esclarecimento. "Não, não vou te ouvir".
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Tudo. Pode quebrar tudo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Estou autorizado.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Sim. Perfeitamente. Pode olhar tudo, todas as contas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então, eu vou quebrar todos os seus sigilos com a sua autorização.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Pode ser.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu pergunto uma coisa a você: desses valores aferidos pelo Dr. Fernando com as vultosas quantias dessas cirurgias, você recebia dele alguma coisa?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Eu recebia apenas o auxílio da cirurgia em que eu auxiliei - e só.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O que é o auxílio de uma cirurgia hoje?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você passa quatro horas auxiliando a cirurgia e ganha R$300?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - É. Do SUS, é mais ou menos isso.
Na verdade, ele passava e a gente nem olhava. Ele passava a tabelinha do... Tudo está na fichinha do Becker, e o Becker passava... Cirurgia do Bradesco, sei lá quantos níveis, ficou R$3 mil para o cirurgião principal. Para o primeiro auxiliar, eu acho que são 30% e, para o segundo auxiliar, menos um pouco. Algo assim.
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Então, os valores são baseados nisso daí. No início, eu recebia bolsa. Até o final do primeiro ano, era bolsa. Ele falou: "Não, esse ano eu vou começar a te pagar os auxílios do que tu me auxilias". Como é em todos os R4s. No R4, a pessoa já fez uma residência e tem que começar a trabalhar. Como é em todos os R4s.
Quando eu comecei o quinto ano, que era o R5, iria começar a ser assim. Aí, os colegas me falaram: "Mas está bonzinho. Dá uma olhada. Está ficando bonzinho, alguma coisa está estranha".
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aí você descobriu que...
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Eu comecei a ficar antenado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aí você descobriu que era o seu nome.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - E eu falei: "O que é isso? Meu nome aqui, não. Tchau".
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Bom.Interessante.
Alguma vez ele lhe pediu seu CPF emprestado, perguntou se poderia depositar alguma coisa na sua conta?
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Henrique, eu não vou te perguntar mais nada não.
Eu só quero que passe esses dados ali. Vou conferir isso aqui, certamente.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Vou passar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu terei andamento disso e peço que...
Nós somos, de fato, um auxílio. A CPI, pelo poder que tem, é um auxílio muito imediato mesmo ao Ministério Público e ao inquérito dos delegados.
Então, aquilo em que eles têm dificuldade, porque eles ainda têm que pedir para o juiz, eles têm que... Isso que você acaba de falar para mim: "autorizo a quebra do meu sigilo", eles já devem ter pedido.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E o juiz, ou dá imediatamente, ou, por causa das razões dele, demora para dar.
Mas nós podemos fazer isso imediatamente.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - O quanto antes.
Uma coisa que eu falo para os meus amigos é o seguinte: "Eu quero resolver isso o quanto antes, porque eu não tenho nada para esconder". Eu acho que quem fica enrolando com a Justiça está retardando até para, de repente, obter uma prescrição e não ser punido.
Agora, a pessoa que é inocente e não tem nada com a situação quer que resolva o quanto antes para poder viver a vida dele sem uma sombra em cima.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está certo.
Eu preciso assinar um ofício ao Governador e ao Secretário de Segurança pedindo proteção para ele.
Senhores, façam-me um favor. Doutor, faça-me um favor, um momento. O senhor pode vir aqui com a minha assessoria? Vá com eles ali dentro.
Muito obrigado, doutor. Muito obrigado, Henrique, pelas informações.
O SR. HENRIQUE ALVES CRUZ - Eu que agradeço. Muito obrigado. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Paladini, muito obrigado pela presença, querida. Mais uma vez agradecendo pela presença também do nosso Deputado Osmar Terra.
Antes de chamar o próximo depoente, que será o Ricardo Filipe Bayer, eu passo a palavra ao nosso querido Deputado Osmar Terra, para fazer uma saudação ao seu povo.
O SR. OSMAR TERRA (PMDB - RS) - Eu queria cumprimentar todos que estão participando deste momento da CPI, cumprimentar o Senador Magno Malta, que é meu grande parceiro lá no Congresso na luta contra as drogas. Nós termos uma parceria forte, não é Senador?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Com certeza.
O SR. OSMAR TERRA (PMDB - RS) - Para enfrentar o tsunami que vem por aí, a epidemia.
Vim aqui dar um abraço no Senador Magno Malta. Eu não sou membro da CPI, porque esta CPI é do Senado, mas vim aqui dar um abraço. Ele, vindo ao Rio Grande do Sul, eu tinha de cumprimentá-lo. Eu tinha que, de alguma forma, recebê-lo aqui.
E desejar sucesso, porque são questões que têm de ser exemplarmente esclarecidas e punidas.
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Não há como se admitir que o pouco recurso que o Sistema Único de Saúde tem, proporcionalmente, ainda vá pelo ralo, do jeito que está indo.
Então, quero cumprimentá-lo pela coragem e pelo desprendimento, Senador Magno Malta, que já se destacou em outros momentos em questões tão ou mais graves do que essa, e desejar-lhe boa sorte.
Então, um abraço.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Muito obrigado, Deputado Osmar. Fique à vontade e se sinta parte daqui. Se tiver desejo de participar e de inquirir, certamente, eu direi que a ajuda é bem-vinda. (Pausa.)
Ricardo Filipe Bayer, jovem advogado. Você parece dois atores que eu conheço. Parece o Harry Potter e aquele que fez.... Ele mesmo, não no papel. No papel, é o desenho do rosto e tal. Mas ele mesmo, fora do papel...Como é o nome daquele ator que fez Mãos de Tesoura? Johnny Depp. É um filme muito interessante. Você viu? Esse filme aqui é que não está legal, mas nós vamos chegar...
Ricardo, vou te dar a palavra, para que você, que é advogado, faça as suas considerações sobre esse rolo todo. Eu conversei um pouco, de manhã, com o Dr. Antônio. O senhor é advogado, ele é advogado...
O SR. RICARDO FILIPE BAYER - Senador, tendo vem vista o meu pedido de vista dos autos desta CPI, e não foi me ofertada vista dos autos, vou usar o meu direito constitucional de permanecer em silêncio.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tá legal. Eu não posso te dar vista dos autos, mas, na hora que eu tiver, eu te dou. Entendeu? Eu tenho muito pouca coisa e queria até que você me ajudasse e colaborasse comigo para eu ter uns autos bons, porque aí eu te dou tudo.
Eu tinha explicado isso ao Dr. Antônio, que me levou o seu pedido de vista dos autos, mas eu não tinha para fornecer para ele ainda, até poque estou requerendo também os autos do inquérito, para que eu tenha as atitudes que eu tenho de tomar ainda, estou dependendo da resposta delas, que devo ter a partir de quinta-feira. Acho que o Dr. Antônio ouviu falar aqui. Aí eu não tenho dificuldade nenhuma, não. Sem nenhum problema.
Doutor, está bem. Se o senhor quer ficar calado, vai ficar calado. Mas de uma coisa eu já sei: você tem trinta anos. Deve ter se formado muito jovem. Por que você acha que o seu nome está envolvido nisso?
O SR. RICARDO FILIPE BAYER - Ah, Senador, vou usar o meu direito de ficar calado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Pode usar.
Qual a sua relação com o Dr. Fernando?
O SR. RICARDO FILIPE BAYER - Vou permanecer calado.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O seu escritório advoga para o Fernando, para a pessoa do médico Fernando? Você também era instado a receber os futuros pacientes, operandos, que são pacientes dele, para que você faça um processo de maneira a adquirir uma liminar do juiz para que essas pessoas, em seguida, possam ser operadas? Aí é que é o grande problema.
Não vejo qual é o problema, desculpe-me, de o senhor não falar, até porque, se o senhor não deve, se o senhor recebeu honorários normais de um advogado, como advogado, é o seu trabalho. E, se o senhor nada tinha a ver com essa chamada máfia, que recebia quantias vultosas, em nome da miséria de pessoas simples, induzindo-as a um procedimento cirúrgico, em sua grande maioria...
Há médico que afirma que há pessoas que têm placa hoje na coluna, mas que seriam tratadas com analgésico, com relaxante muscular, com isso aqui que é mais antigo que andar para a frente, o Dorflex. Receberam uma placa e... E há caso de estivador que chega com dor no músculo aí dizem para ele: "Não, você tem de operar. Isso aí vem da sua coluna." Aí ele fala: "Não, mas eu sou estivador. Hoje, o peso foi exagerado. Eu quero saber o que..." E falam: "Não, você vai operar." E o estivador não operou nem os braços nem as pernas. E aí, em nome disso, fez-se sangramento no SUS, fez-se sangramento em cima de plano de saúde. E os planos de saúde ficam reféns.
Então, eu, pessoalmente, não vejo porquê. Eu entendo que esse direito constitucional é uma faca de dois gumes. Não sei para que serve, porque, se a verdade está comigo, porque eu vou me calar? Eu acabei de ouvir um depoente agora que, na minha visão, se se cala, se prejudica. Falou. Falou. Ainda vai viver um momento difícil esse jovem médico, vai, porque ele foi arrolado e a nossa Justiça é morosa e problemática, e ela só vai andar um pouco mais rápido por causa da CPI, porque, se depender do inquérito, do delegado que pede para o juiz... Quando o juiz é rápido, quer decidir o problema e faz isso rápido e quando o juiz é do bem...Quando o juiz tem o espírito do Sérgio Moro... Mas, quando o juiz tem espirito de porco, como aquele lá do Eike Batista, aquele meliante, aí fica seletivo, escolhe, "vamos ver se dou, se não dou", e tal. E o sujeito fica lá sofrendo.
Agora, o senhor é um jovem advogado e está exposto nisso que dá jornal todo dia. Amanhã... O senhor está depondo aqui, o doutor está depondo aqui, o doutor não falou, o doutor ficou calado. Por que o doutor ficou calado? Bom, é uma decisão sua. Você tem o direito constitucional. Você acertou isso com seu advogado. Mas, se o senhor não deve, por que não falar?
A sua relação com o Dr. Fernando Sanchis seria a mesma relação com o irmão dele, com o Dr. Alfredo, com os outros médicos que estão sendo investigados? Ninguém está sentenciado, ninguém foi denunciado. Existe tão somente um processo investigativo.
O senhor tem relação com o restante deles?
O SR. RICARDO FILIPE BAYER - Vou permanecer calado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor é amigo do Dr. Fernando ou o senhor advoga para outros pacientes?
O SR. RICARDO FILIPE BAYER - Vou permanecer calado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor colocaria os seus sigilos à disposição da CPI, doutor?
O SR. RICARDO FILIPE BAYER - Vou permanecer calado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Se eu quebro o seu sigilo, eu encontro um cruzamento do senhor com o Dr. Fernando?
O SR. RICARDO FILIPE BAYER - Vou permanecer calado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor ingressou na Justiça, o seu escritório, com quantos pedidos? Quantas ações o senhor ajuizou e em quantas o senhor teve êxito?
O SR. RICARDO FILIPE BAYER - Vou permanecer calado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Vai permanecer calado. Está bem. Eu vou buscar os instrumentos que eu tenho. Certamente, os nossos instrumentos investigativos são as quebras de sigilo, que eu farei. Se, em determinado momento, quando se fizerem os cruzamentos, eu precisar do senhor, eu o chamarei outra vez.
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Não vou mais voltar aqui - disso eu tenho certeza - e vou convidá-lo para ir a Brasília, para que, de posse de todas essas medidas, façamos isso juntamente com o Dr. Fernando, visto que a situação dele já não passa mais por um bom advogado, tem que passar pelo Mandrake, um mágico de revista em quadrinho que fazia sumir e aparecer coisas.
A situação desse rapaz é extremamente grave, extremamente problemática. Se o entorno dele estiver comprometido com ele... Não estou falando de comprometimento de coisas simples. Você pode falar ao telefone com qualquer pessoa. Eu recupero drogado há 35 anos, tiro drogado da rua, tiro drogado de cadeia. É a minha respiração, é o que eu faço, é a minha vida, é o que eu sei fazer. Se você quebra o sigilo telefônico de um drogado daqueles, você me acha. O cara liga para mim, desesperado, de um orelhão, drogado, de madrugada: "Me ajuda, me ajuda." Quando quebrarem o sigilo do cara, vão me achar. Então, não estou exatamente falando dessas coisas simples. "Ah, você falou com o cara e tal." Falou. Falou.
Para nós, o importante é a profundidade da investigação; nada com superficialidade e leviandade.
Do alto da minha experiência, Senador Osmar Terra... Deputado Osmar Terra... Eu fiz uma profecia, e sou bom na profecia.
O SR. OSMAR TERRA (PMDB - RS) - Quem sabe!
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A minha experiência me diz que, quando se está com a justiça, esse preceito constitucional não favorece. Não é bom ficar calado. Quando você fala e tem a oportunidade de falar, você se expressa. Até quando você está com a verdade, com a justiça, e toma a decisão de não falar, você dá a possibilidade de as pessoas pensarem o que quiserem, de deduzirem o que quiserem. E, numa era de internet, numa era de circulação de redes sociais, isso é absolutamente complicado. Mas essa é uma decisão pessoal, uma decisão de cada um, estratégia de advogado - ele também é advogado. Ele deve ter conversado com o advogado dele, com a advogada que está ali também, e discutiram essa estratégia.
Eu torço, doutor, para que o senhor não tenha nenhum envolvimento. O senhor é muito jovem - e eu torço para que saia disso muito bem -, mas figura como investigado nesse processo em que vocês ainda não foram ouvidos, porque parte dele corre sob sigilo e os delegados ainda estão diligenciando o processo.
Certamente, a minha missão nesta CPI eu vou cumprir, como cumpri nas outras, sem me omitir em nenhum momento, sem me afrouxar em nenhum momento, sabendo separar as coisas. Eu digo: o que é certo é certo, o que é errado é errado, o que é certo será certo sempre.
Eu me lembro de que, na CPI da Pedofilia, recebi uma mãe muito desesperada, Deputado Osmar, uma médica, que me procurou porque o marido, um diretor da Chesf, na Bahia, tinha abusado do filhinho deles. Ela denunciou, tocou o terror, a delegada fez um inquérito muito benfeito, o Ministério Público denunciou, e ele foi preso. Depois de preso, desmoralizado, saiu. Ela achou pouco e ainda veio atrás da CPI em Brasília, porque queria mais justiça ainda, queria vê-lo por 30 anos na cadeia e tal. Eu ouvi a mulher e disse: "A senhora quer depor?" "Quero." "Por favor, a senhora, na próxima sessão, vai depor." E eu a levei para depor. Ela fez um depoimento tão emocionada, que o Senador Tuma chorou. Mas o depoimento dela, o jeito como ela chorou não me bateu bem aqui. Então, resolvi investigar tudo: o pai, uma psicóloga especializada em depoimento sem dano - uma coisa que nasceu aqui, no Rio Grande do Sul - e credenciada pelo Judiciário do Rio de Janeiro. Nós a convocamos para fazer o depoimento sem dano com essa criança.
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Ela me contou o caso dos psicólogos que tratavam do seu casamento e falou uma série de coisas, como esse problema com o marido. Eu convoquei as psicólogas e as ouvi, ouvimos o garotinho mais uma vez, e mandei para lá os promotores e a assessoria para investigarem a mulher.
Depois disso tudo, convoquei o homem para depor, um homem enorme, que se sentou do meu lado chorando. Ele começou a falar que ficou viúvo, com dois menininhos pequenos para criar - ele os criou sozinho -, e, depois de muitos anos, casou-se com essa médica, e tiveram essa criancinha. Eu comecei a colocar para ele todos os pontos, e ele dizia que não era verdade. Eu tinha a certificação de que não era. Eu disse: "Quem são os seus filhos?" "Eles estão aqui." Levantam-se uma moça e um rapaz, de mais de 20 anos, universitários. O filho dele se levanta chorando e diz assim: "Eu só sou o homem que sou porque meu pai é homem." A filha levanta chorando e diz: "Ele é homem. Meu pai nos criou sozinho, pai e mãe, e nunca tocou um dedo em nós." Eu já tinha consciência disso. Pensei: aquela mulher é psicopata. Verdade! A investigação nos levou a isso. Ele foi preso, porque ela criou um troço muito bem criado. A delegada foi induzida e fez um inquérito em cima dele. O Ministério Público foi induzido. A capacidade dela... Só que a mim não enganou. Sabe o que resultou no final daquela CPI da Pedofilia? Não era alienação parental. Ela perdeu a guarda do menino. No depoimento sem dano, o garoto foi treinado, induzido, a mente dele foi trabalhada para aquilo lá. Ela perdeu a guarda e, no final da CPI, foi indiciada.
Tem gente que acha que sou duro nas minhas ações. Sou um homem que ama a justiça, e, para se fazer justiça, é preciso ir até as últimas consequências. Sou um homem à prova de lobby, sou um homem à prova de conversa de compadre. Ninguém se aproxima de mim para pedir por ninguém.
Então, doutor, o que estou querendo dizer é o seguinte: se o senhor não deve nada, não deve; sai mais limpo do que entrou. Agora, se o seu silêncio é porque o senhor tem medo de se comprometer e de falar alguma coisa, penso que essa... Aliás, quem sou eu? Não sou seu advogado, mas, para mim, essa é uma péssima estratégia, uma péssima estratégia. Mas cada qual tem a sua própria decisão. Lá na frente, de posse dessas informações que, certamente, eu terei - o senhor autorizando ou não -, saberei como me posicionar.
Sr. Antônio, obrigado.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Obrigado. (Pausa.)
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Registro a presença do Deputado Sérgio Peres conosco.
Muito obrigado, Deputado.
Quero registrar, para que, amanhã, não esteja na imprensa - com todo o respeito ao Dr. Antônio, advogado que esteve aqui. Ele não não depôs nada porque não falou nada. Ele veio aqui para dizer ao meu ouvido: "Ele autoriza a quebra do sigilo dele". Eu falei: "Não. Ele tinha que falar isso publicamente, para, depois, não dar entrevista e dizer 'eu autorizei'." Autorizou nada, eu vou quebrar de qualquer jeito. Então, para mim, ele não falou nada. Quero que fique claro porque, se, amanhã, sair alguma nota dizendo que autorizou, não autorizou nada. Eu vou quebrar, a CPI vai quebrar. Oportunidade ele teve aqui. Ele não quis falar e eu avisei para o Dr. Antônio. Então, essa fala no meu ouvido não existe e não estou autorizado nada. A CPI vai quebrar porque é a CPI.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu vou ficar até tarde aqui, rapaz. Estou lenhado.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO - Solidariedade.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você vem, mas não fala nada. Alguém fique, por solidariedade a mim.
Agora, quem for solidário a mim mesmo manda desligar esse ar condicionado.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO - Já pedi, Senador. Já pedi. Fique tranquilo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Já pediu?
ORADOR NÃO IDENTIFICADO - Já.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O bicho é central, não é?
ORADOR NÃO IDENTIFICADO - Basta mexer na temperatura. Não precisa desligar, não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu queria que vocês me desculpassem a franqueza de... O cara vem no meu ouvido e tal. Aí o cara vem no meu ouvido e fala e, depois, chega lá fora e dá entrevista dizendo: "Não, ele autorizou." Autorizou nada. Fica quieto aqui e depois vem no meu ouvido e cochicha? Eu tenho todo o respeito, mas aí é desrespeito a mim. Não autorizou nada. O sigilo dele vai ser quebrado porque a CPI vai quebrar.
Quero chamar o Antônio Carlos Sábio Júnior.
Quem é seu advogado, Sábio? Você têm advogado?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Pronto. Isso aí. Então, você é macho mesmo.
Quero passar a palavra aos nossos queridos Deputados Estaduais para que façam uma saudação ao nosso povo do Rio Grande.
O SR. CATARINA PALADINI - Obrigado, Senador Magno Malta.
Quero, de uma forma muito rápida, parabenizá-lo pelo trabalho, pela disposição, pela coragem de tratar de um tema extremamente relevante.
Quero também parabenizar o jovem Deputado, novo Deputado nesta Casa, Missionário Volnei, por ter a disposição de fazer um enfrentamento dessa ordem. É importante colocar aqui à disposição a Bancada do PSB. O senhor talvez não tenha o acúmulo, mas, no final da legislatura passada, um Deputado suplente do PSB, Deputado Vanderlan Vasconcelos, fez o processo de instalação da CPI no Rio Grande do Sul, referendado e orientado até mesmo pelas suas atuações no Senado.
Agora, o Deputado Volnei tem a disposição e aqui, com todo o acúmulo, condição e construção, e o objeto que havia sido construído e otimizado pela construção do Deputado Vanderlan Vasconcelos, a Bancada do PSB quer contribuir para esta CPI de uma forma muito verdadeira, muito leal e justa, porque compreende a importância desse tema na discussão do Parlamento gaúcho para a política de saúde deste Estado e, principalmente, deste País.
Então, de uma forma muito rápida, quero parabenizá-lo e dizer que é uma satisfação tê-lo nesta Casa e tê-lo na condução desses trabalhos. Estamos juntos e irmanados na construção dessa política séria e responsável.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu que agradeço, querido.
Muito obrigado, Deputado Catarina.
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Nosso Deputado Sérgio.
O SR. SÉRGIO PERES - Quero cumprimentar o senhor, Senador Magno Malta, e quero também saudar o nosso Missionário Volnei e o nosso Parlamentar Catarina, que está aqui. Eu estava, pela TV Assembleia, acompanhando.
Muito nos honra sua presença aqui. Já o conheço do antigo PL. Eu fui Deputado Estadual - talvez o senhor não perceba, tivemos uma reunião juntos em Brasília.
Acredito que esse doutor não tenha lido a sua história ou entendido bem quem é o senhor. Tenho certeza de que ele se arrepende, porque eu o acompanho desde o tempo da CPI do Narcotráfico, que o senhor fez como Deputado Federal, e sei do destaque que teve. Hoje, eu falaria para a minha assessoria que sua presença aqui ia mudar muita coisa neste Estado, principalmente nesta CPI, porque o seu caráter, a sua dignidade e o seu trabalho não são de, como diz o gaúcho, afrouxar o garrão, mas de ir em frente.
Então, quero parabenizá-lo pelo trabalho. Tenho certeza de que o nosso Estado só tem a agradecer a sua vinda aqui. Nós, que tivemos lá, até há pouco, o nosso Senador Pedro Simon, que nos honrava, temos certeza de que essa cadeira ocupada pelo senhor vai nos dignificar muito, porque o senhor tem o perfil do homem que enfrenta as adversidades e as encara com muita firmeza.
Então, tenho certeza de que, pela sua postura, pelo seu perfil, pelo seu caráter, esta CPI vai "dar pano pra manga".
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu que agradeço. Obrigado. (Pausa.)
Estamos aqui agora para ouvir o Dr. Antônio Carlos Sábio Júnior. Então, sem mais delongas...
Veio sozinho?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim, vim sozinho.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Veio. É sua escolha pessoal? Senão, eu posso botar um advogado dativo para acompanhá-lo.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Acho que não tem problema nenhum.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tem não, não é?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não, nenhum.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então, está bom. Fala perto, aqui, para ficar gravado.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - O.k. Acho que não tem problema nenhum. Eu posso responder tudo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bom. Então, eu te concedo a palavra, Antônio.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eu gostaria, antes de começar a sessão, de ter cinco minutinhos com o Senador para esclarecer...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quer falar em reservado?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Reservado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está suspensa a sessão.
(A reunião é suspensa por cinco minutos.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Dr. Antônio Carlos Sábio Júnior, desejo que você seja sábio no seu depoimento.
Seu pai é Sábio, não é?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você é Sábio Júnior. Não é Fábio Júnior
R
Porque você é Sábio Júnior. Não é Fábio Júnior, é Sábio Júnior.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sábio Júnior, você trabalhou com o Dr.Fernando?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim, trabalhei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Dr. Fernando... Você ficou quantos anos na companhia dele?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eu fiquei dois anos e nove meses.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Dois anos e nove meses.
O seu amigo que saiu daqui, Henrique Alves Cruz, disse que o Fernando havia falsificado a assinatura dele num procedimento que o colocou implicado nesse processo. E ele disse que foi você quem avisou que lá não estava. Qual é a sua relação com o Henrique Alves Cruz e por que você resolveu avisá-lo?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Porque, quando eu tomei conhecimento, foi através de uma paciente.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, sua relação com ele. É de amizade? Vocês são amigos...?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim, na realidade, assim, eu conheci o Henrique quando eu fiz uma especialização e ele era o meu R- (erre menos). Então, eu terminei meu R1...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aliás, é o que se espera de um médico, né? Que erre menos.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - É, sim.
Eu era residente, e, quando eu terminei meu primeiro ano de residência em ortopedia e traumatologia, ingressei no segundo ano, o Henrique ingressou no primeiro ano de ortopedia. Então, eu estava um ano na frente dele da residência. Foi através daí que eu conheci ele.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum, hum.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - E para eu vir para o Rio Grande do Sul, eu vim por indicação dele. Na realidade, ele sabia que eu queria fazer coluna e falou que iria abrir uma residência de coluna aqui e me indicou. Através disso, eu vim para o Rio Grande do Sul. A primeira vez que eu pisei aqui no Estado foi em 2012, para ser residente do Dr. Fernando Sanchis, que eu não conhecia até então.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Por que você resolveu avisar para ele, para o Henrique, que ele estava enrolado porque o Fernando estava usando o nome dele porque havia assinado...
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Porque, na realidade, era o dele e o meu, né?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hein?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Era o dele e o meu, na realidade. Havia pedidos de cirurgia em nome dele e em meu nome, e eu cheguei para o Henrique e falei: "Olha, Henrique, estou te mostrando esse documento, eu acho que..." E aí fui mostrar pra ele... "Ó, chegou esse do Fernando." Quando eu tomei conhecimento, eu avisei a ele.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele falsificou assinatura sua também?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Também.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele, além de falsificar prótese, falsifica assinatura também?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Olha...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele falsificou ou não?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Prótese, eu não sei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, né?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Assinatura, sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É porque tem denúncias de que o SUS pagou um negócio e ele botou outro negócio, né?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Quanto a isso, assim, durante... Enquanto eu era residente, eu não observei nada disso. Na realidade, assim, se estava um pedido de prótese cervical, era feita uma prótese cervical, se estava um pedido de artrodese, era... Eu fui residente dele durante um ano.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Foi, né? E ele é bom cirurgião?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Tecnicamente, ele é bom.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então, você aprendeu como se faz a cirurgia e aprendeu como não se faz.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Como não se deve.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Como não se faz do ponto de vista do caráter. O que se faz e o que não se faz. Mas você tem provas, tem algum documento, alguma coisa que tenha o seu carimbo, com assinatura que não é sua?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eu vi, no Fantástico...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Porque o Henrique disse que ele falsificou o carimbo dele também.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim. Aí, assim... Eu vi, no Fantástico, uma matéria...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você veio sem advogado. Então, é um bom sinal. Não "amarela", não. Ele falsificou ou não?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim, ele fez...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele falsificou ou não?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - O que ele disse, no Fantástico, foi...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, não quero saber o que ele disse. Ele falsificou? Você deu algum carimbo seu para ele?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não, não dei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas, no documento, não tem seu carimbo?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Tem.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Com a sua assinatura?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Deixa eu ver aí! Mostra aí!
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Na realidade, o que eu tenho aqui são fotos do que foi mostrado no Fantástico.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, de documento... Não, mas não quero saber de Fantástico, não. Não estou investigando o Fantástico. Vamos embora! Me mostra aqui o seu! Foi o cara que falsificou, rapaz! Deixa eu ver!
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Na realidade, ali tem assinatura minha. Aquele assinatura é minha.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, mas as outras. E as outras?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eu não tenho mais fotos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - São quantos colocados na sua conta?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Ah, tem mais.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, mas tem aquele que tem a sua assinatura e a do Henrique.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - A Drª Mariana...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Deixa eu ver a que você me mostrou! Você me pediu segredo de outras coisas; disso aqui você não me pediu, não. Você devia ter me pedido.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - São da reportagem do Fantástico. São da reportagem do Fantástico, que eu te mostrei.
R
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Vários.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas me mostra de novo! Deixa eu ver!
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Esse trem dá pra comprar avião?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Tá, vou te mostrar. O que eu tenho foi reportagem do Fantástico.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim, moço. Me mostre!
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Essa aqui.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum, hum.
Essa assinatura é sua?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A mesma assinatura que ele botou no nome de Henrique? A mesma.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Dezoito mil, o total. Você pegou esses R$18 mil?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não pegou, não? É, rapaz...
Então, quer dizer que o cara tem falsidade ideológica também.
Me diga uma coisa; você teve a assinatura falsificada... O Fantástico mostrou um monte de falsificações, e, nessas falsificações...
Meu amigo, se você quer mostrar isso exatamente aqui, não pode ter medo. Alguém já me disse aqui que todo mundo tem medo dele. Todo mundo tem medo dele, porque ele é poderoso. Você já ouviu falar isso também?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Algumas vezes.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E eu falei pro menino: "Poderoso é Deus."
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim. Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Entendeu? Eu tenho certeza de que a magistratura, de que os tribunais aqui não vão se curvar a isso.
Nossa mãe! É muita assinatura falsificada com o mesmo...
Você o autorizou a fazer o seu carimbo?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu já ouvi dizer... As informações que eu tenho são de que ele tem carimbo de todo mundo; não só o seu e o do Cruz, do Henrique Cruz, que passou por aqui.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Pode ser.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Um médico novo... Ele é novo. Qual a sua idade?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Trinta e sete anos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele tem 42, não é isso?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Creio que sim. Não sei a idade dele ao certo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Novo, novo. Esse é um médico vencedor, um médico que ficou rico na medicina... Ele devia ser muito admirado por vocês estagiários, fazendo residência. Tipo assim "Quando eu crescer, quero ser igual a ele..."
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim, ele operava... Tecnicamente ele não tinha...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Na medicina normal, no Brasil, fazendo medicina como os normais fazem, dá para ficar rico dando plantão?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não, dá pra viver bem.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Dá pra viver bem, mas rico, não. Milionário, pior ainda.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não, milionário não. Dá pra viver bem.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você dá plantão?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Opera?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim, nos plantões, hoje. Antes, eu operava.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não. (Risos.)
Não, não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas ele faz consulta de R$30,00 e tem avião. Você acha que isso é um milagre ou...?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Olha, eu prefiro não opinar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ou ele nasceu combinado com a Lua?
Eu estou admirado com isso aqui. É muita falsificação, e sem cuidado de mudar o risco, né?
Você, algumas vezes... Você conhece a Drª Neli?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Nieli.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Nieli. Conhece?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eu conheci ela, sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, porque ela falou aqui que não conhece nenhum de vocês.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eu conheci ela por outras circunstâncias, não por isso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Pela informação que me deram... A-hã...
Você nunca encaminhou paciente para ela?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não, nunca.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Me deram uma informação, duas vezes, aqui, truncada. Na verdade, a Drª Nieli é que é Severo. Ela é irmã de um dos donos da Prohosp. Não é a advogada; a doutora é que é. A advogada que é, não a advogada dela. Ela que é irmã do Severo, que não veio. Quem veio foi o Hermilo Strel, Iarson. E um dos donos é esse aqui. Eu vou convocá-lo.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO (Fora do microfone.) - Presidente, questão de ordem para auxiliar V. Exª. Eu sou advogado da empresa Prohosp. O representante da Prohosp chama-se Larson, e esse médico não é e nunca foi sócio da Prohosp. É só uma questão para ajudar o trabalho de V. Exª.
R
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Completamente. Bancário, telefônico...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu agradeço, doutor. Que bom! Mas eu vou checar isso.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO - Mas eu poderei ajudar nisso, sem dúvida.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aí, só se o senhor fosse membro da CPI, e o senhor não é. Mas a sua informação já basta para mim.
O médico Dr. Campos Severo é irmão, então, da médica, e me deram uma informação equivocada. Eu até me desculpo. Ela não conhece nenhum médico, ela me disse. Ela conhece, mais ou menos, o doutor...
O senhor acha que ela tem medo dele também, como todo mundo tem?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eu desconheço. Não sei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele é maldoso? Ele é acostumado a fazer maldade?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não, comigo nunca. Sempre me tratou com relação de respeito, mas...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então o cara que falsifica o seu nome te respeita?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Até então.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Até você descobrir?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Meu amigo, você tem instrumento, você tem uma falsificação no seu nome, e você pode processá-lo por danos morais. Você acha que ninguém o processou por danos morais? Esses médicos que estão em volta dele, que ele falsificou todo mundo... Botou todo mundo no bolo e fez uma fortuna para ele e restou para vocês a pancadaria do processo. Não sei se alguém já moveu algum processo contra ele de danos morais. É um absurdo isso aqui.
Então, quer dizer que você, em um dos processos, foi induzido por ele a assinar?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Não, nenhuma vez eu assinei nenhum processo desse, nenhum pedido desse. Eu fui procurar a doutora uma vez no IP. Na realidade não era ela. Eu fui procurar o IP uma vez para descobrir quantos casos cirúrgicos havia em meu nome. E havia vários. E, assim, eu conferi uma por uma das assinaturas, eu olhei um por um dos processos, e nenhum tinha a minha assinatura. Pode periciar qualquer assinatura.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu vi um processo em que... Ele falou, no Fantástico, que ele fazia, mas que tinha autorização de vocês para poder falsificar. E ele falsificou muito mal. Para falsificação, se você autoriza alguém, você tem que dar procuração em cartório. Você deu procuração a ele?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Nenhuma.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tá legal.
Você me autoriza a quebrar seus sigilos?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Fiscal?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Fiscal.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Na sua vida de médico nesses anos, você mandou algum paciente para a Drª Nieli?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Nunca, nenhuma vez.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas por que você acha que ela falou que não conhecia você?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Era por outro motivo. Por conta de, quando eu precisei, uma vez, de advogado, e o Fernando me indicou ela numa outra causa médica.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ah, foi o Fernando que indicou você para ela?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ela disse que não tinha muita amizade com ele.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim, eu era residente dele.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ela com o Fernando. Estou falando da advogada.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eu não sei se tinha uma relação de amizade. Eles se conheciam.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Como ele ia te indicar um bom advogado se ele não a conhecesse. Ele conhecia ela.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eles se conheciam.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Será que ela tem medo dele também?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Eu desconheço.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você sabe que, quando eu vim para cá, um sujeito falou comigo: "Tem cuidado! Essa máfia é perigosa." Perigoso é caranguejo que entra na cidade amarrado. É com eles mesmos.
Então, Antônio, está autorizada a quebra dos seus sigilos.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu já tomei conhecimento desses documentos. Nós, rapidamente, vamos te ajudar a se livrar da sua angústia.
Vou fazer uma pergunta que eu fiz ao Henrique: você se sente seguro?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Olha, eu não...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Na verdade, quem guarda a gente é Deus. A Bíblia diz que, se o Senhor não guardar a casa, em vão trabalha o sentinela. Se você não se sentir seguro, eu vou pedir segurança para você.
R
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Acho que... Por enquanto, não vejo necessidade. Acho que ninguém vai tentar nada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Beleza. É com você.
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Acho que não precisa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bom.
Antônio, por enquanto, obrigado. Vou prosseguir nas investigações. Se você não tem dívida no cartório, que ela lhe ajude a se livrar desse fardo muito rapidamente. Beleza?
Você tem advogado?
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Tenho, sim. Na realidade, ele é de Campo Grande. Minha família toda é de lá e...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas constitua um advogado aqui para facilitar a sua vida. Porque, em breve, você vai ser ouvido no inquérito também, porque ninguém foi ouvido ainda, e é importante você ter um advogado para te acompanhar, para te orientar. Do que eu ouvi de você, se isso vai bater no processo investigativo, para o advogado que vai pegar a sua causa vai ser mais mole do que mastigar água. Mas é preciso que você tenha um advogado.
Você veio aqui sem advogado, parabéns pela sua segurança, pelo seu entendimento do que você... Porque, se você estivesse com um advogado, teria feito igual ao Henrique, cujo advogado trouxe papéis, entregou na minha mão.
Então, não fique desprotegido, não, porque qualquer coisa pode intentar contra você, não contra a sua integridade física, mas contra a sua integridade moral, ,porque quem falsifica um documento uma vez falsifica outro. E quem é falsificador é amigo de falsificador e tem quem possa fazer e te comprometer de alguma forma em algum lugar. Não estou te metendo medo, mas se resguarde e contrate um advogado. Está bem?
Vai com Deus!
O SR. ANTÔNIO CARLOS SÁBIO JÚNIOR - Obrigado. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu gostaria que chamassem o Alfredo Sanchis. (Pausa.)
Alfredo, você tem direitos constitucionais, que estão à sua disposição. Se não quiser falar, você não fala.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Eu vou falar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Acho isso bacana. Gosto. Acho que se encolher é ruim.
Você sabe exatamente o que está acontecendo e você sabe que o principal investigado, o número um, é seu irmão. E já ouvi médicos colegas seus aqui, situações até que me comoveram, que me fazem acreditar neles. Até porque não vim aqui porque li uma nota no jornal. Eu me preparei para vir aqui. Eu tenho conhecimento das coisas um pouco mais do que o advogado de vocês, porque eles sabem do que vocês falaram porque não tiveram acesso ainda ao processo investigativo. Não é isso, doutor? Mas eu sei um pouco mais.
A Bíblia diz que a verdade liberta. "Conhecereis a verdade e ela vos libertará."
Eu te passo a palavra. Fique à vontade. Você conhece o assunto. Fale e me dê as razões de por que você acha que está sendo investigado, de quais as razões disso, de quais os problemas do envolvimento do seu nome, de por que seu nome foi envolvido, se você se envolveu, se você cometeu erro, se você cometeu crime, se você merece estar nessa situação, se não merece estar sofrendo junto com sua família, se o seu irmão é inocente, ou não é... Você tem a palavra para falar o que você quiser, e, na necessidade, eu te pergunto.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Bom, inicialmente, vou falar do dia 24 de dezembro de 2014, que, para mim, foi chocante, porque eu estava trabalhando em Gravataí, no hospital...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você é ortopedista também?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Sou ortopedista e trabalho na área de quadril e trauma ortopédico também. Atendo pacientes com fratura.
Nesse dia, eu fiz a visita dos meus pacientes e vi a reportagem local e ouvi sendo feita a menção ao nome do meu irmão. E preocupei-me muito porque até aquele momento eu não tinha ideia do que estava acontecendo. E, realmente, fui me preocupando, porque as coisas foram sendo noticiadas naquela semana, e eu tentando trabalhar...
R
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sem cabeça, não é?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Tentando trabalhar... E fui até a direção do hospital, lá de Gravataí, e realmente havia uma denúncia contra ele, que seria divulgada dia 4 de janeiro deste ano.
Eu assisti à reportagem... Estou começando do fim...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sem problema. Fica à vontade.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - ... porque, no dia 5 de janeiro, eu acordei para ir trabalhar, para ir fazer cirurgia, e aí o senhor imagina de que forma que eu fui.
E, de lá para cá, resumidamente, está sendo muito difícil: perdi empregos e perdi um irmão.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Os empregos eu entendo. Mas por que perdeu o irmão?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Porque eu não consigo, ainda, acreditar que chegou a esse ponto uma situação que realmente não precisaria.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você o conhece mais do que todo mundo, é o seu irmão, e você sabe dos problemas da investigação, de como ele está sendo denunciado e de como ele fez, como ele praticou, para arrancar dinheiro dos cofres do Estado, de onde ele podia, de uma forma compulsiva, induzindo pessoas a cirurgia, fazendo cirurgias sem que as pessoas tivessem necessidade. Eu gostaria de ouvi-lo com relação a isso.
Você sabia que ele praticava esse tipo de crime, porque isso é crime, e que ele era falsificador de assinaturas, que falsificava carimbos, e que daí advém esse sucesso financeiro todo dele? Você tinha conhecimento disso, você e a sua família?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Fiquei sabendo na reportagem.
O que vou lhe dizer é que, em abril do ano passado, foi baixada uma normativa no hospital em que dois convênios, planos de saúde grandes do Rio Grande do Sul, proibiam cirurgia de coluna no hospital de Gravataí.
Eu conversei com ele nessa época e perguntei o que estava acontecendo, e ele me disse que era um problema pessoal dele, que era uma coisa dele, que isso não teria porque me interessar. E eu disse: "Está bem. Então, tudo bem. Você tem um problema, resolva". Mas é evidente que, se o senhor me perguntar porque somente as cirurgias de coluna foram suspensas, ficou um ponto de interrogação.
Mas eu segui trabalhando, até o final do ano, quando realmente fiquei sabendo desta situação.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Nenhum dia te chamou e disse: "Meu irmão, é fácil: a gente pega o paciente e essa mecânica toda que você conhece e indica um advogado. Eu já tenho um advogado. Eles fazem uma ação judicial e a gente já tem quem libera essa liminar. A liminar vem, a gente opera e entra um bom dinheiro"?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Não, ele nunca me comentou essas coisas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você tem... Qual é o seu patrimônio?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Eu tenho um apartamento aqui, em Porto Alegre, tenho um apartamento na praia e dois veículos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O seu patrimônio chega perto do patrimônio do seu irmão?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Com certeza, não. Pelo que foi divulgado...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O sujeito que faz medicina como você faz tem condições de viver bem. Não é rico...
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Vive muito bem.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não vira rico, vive bem e tem condições realmente de ter um apartamento e uma casa na praia. Mas alguém que faz medicina no Brasil vira milionário?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Muito difícil. Muito difícil.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É seu irmão...
Deixa eu te fazer uma pergunta, que você responde se quiser. Se não quiser, não responda.
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O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Eu posso lhe dizer que ele é um pouco agressivo na questão do tratamento, no tratamento com as pessoas. E isso era uma coisa que eu, mesmo tendo uma relação muito afastada dele,tentava fazê-lo ver, que não precisa brigar com alguém para conseguir as coisas. Ele brigava muito comigo, pessoalmente. Então, eu não sei lhe dizer exatamente o que é medo para essas pessoas, porque eu não acompanhei esses pacientes. Mas, com certeza, se elas relataram medo, é porque é verdade.
Você hoje está convencido de que seu irmão cometeu um crime?
Bom, é seu irmão. Responda se você quiser, mas cada um tem o irmão que merece.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Não saberia lhe dizer concretamente, mas são indícios.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você sabe que, ontem, muitas pessoas, muitos pacientes, pessoas que foram lesadas e vítimas... Nós fizemos uma primeira lista de 68, para, depois, ir ouvindo os outros.
São 68 ou 64?
São 68 vítimas do seu irmão, vítimas do esquema dele. Ele armou um esquema, com organograma e tudo, sabe?
Essas pessoas começaram a desistir, pedindo pelo amor de Deus. "O senhor me dispensa, eu tenho medo." "Eu tenho medo." "Eu tenho medo." "Eu tenho medo. " "Eu tenho medo." "Eu tenho medo."
Em alguns, eu pensei: a pessoa é simples, a pessoa já se sentiu lesada... Porque é a maioria. E eu separei alguns casos muito cabeludos de pessoas que já em um segundo exame... A fama de bom cirurgião do seu irmão... As placas que ele colocou nessa gente... Ele acabou de aleijá-los. Inclusive, vou pedir uma perícia para essas pessoas no Sarah Kubitschek, porque eu preciso de um laudo do Sarah para essas pessoas.
Elas com medo, com medo, com medo, com medo. E as pessoas que depõem reservadamente para mim dizem "não, eu tenho medo dele".
Os médicos todos têm medo dele, porque dizem que ele é poderoso, que ele tem...
Você tem conhecimento dessa fama de poderoso dele?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tem medo.
Você são irmãos e ele é assim truculento desde a infância?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Você quer saber da minha relação com ele?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A-hã...
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Nós temos quase a mesma idade, eu tenho 42 e ele tem 41. Nós fomos criados juntos e, como nós somos de uma faixa etária muito próxima, sempre havia muita competição, o que é uma coisa normal entre irmãos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sei, sei, de irmãos. Claro.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - E, de muitos anos para cá, a gente se afastou, porque, quando o sujeito cresce, a coisa para de ser discussão verbal e, vamos falar o termo certo, vai para a porrada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Vias de fato.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - E eu me cansei disso."Eu não vou brigar mais com ele." E tomei o meu rumo, toquei a minha vida, tenho a minha família. E nós não nos vemos mais há muitos anos, não nos falamos, não temos contatos familiares mais. E ele sabe disso. Ele veio hoje falar aqui e podia ter dito isso para o senhor.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele não falou nada. Ficou calado.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Podia ter dito. Isso não é mentira, é a mais pura verdade. E as pessoas que trabalham comigo me perguntam: "O que vocês têm que vocês não se falam? Qual é o problema de vocês?" Porque é "bom dia" e "boa tarde".
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - De repente, esses episódios aí respondem as pessoas.
Você tem mãe viva?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Pai e mãe falecidos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O pai... São falecidos?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Os dois.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E, certamente, estariam vivendo um momento de sofrimento agora muito grande. Não é isso?
O seu irmão, em uma investigação séria como se está fazendo, e nós estamos fazendo, certamente, vai virar um símbolo e um exemplo para os novos e para os antigos médicos daquilo que não se deve fazer. Alguém pode ter estranhado: o cara vai virar um exemplo? A minha mãe dizia que os maus é que servem de exemplo; os bons servem para ser imitados.
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O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Eu não vi nada oficialmente, não tive acesso.
Ao longo dessa investigação, o patrimônio do seu irmão é alguma coisa assustadora. Só que a matemática dele é matemática inconsequente, que é feito corrente dentada de bicicleta: quando quebra os dentes, não se consegue encaixar. Porque o sujeito ir de avião particular para um Município clinicar por R$30,00? Alguma coisa errada há. Alguma coisa errada há.
Eu lhe pergunto: ele já falsificou sua assinatura?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não. Casado há quantos anos?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas já teve conhecimento? Alguém já te disse se ele falsificou?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Colegas, o Henrique e o Antônio, já me falaram que sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E o carimbo também?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Eu nunca dei carimbo para ele.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas os outros também não deram. Estava no bolso deles, e ele carimbava sem que eles vissem. O senhor acha que é possível ele ter o seu carimbo também?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Eu acredito que possa ter.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quando foi feita a busca e apreensão, foram à sua casa também?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Pegaram meus passaportes.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E o senhor não tem nada a ver com ele?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Com quem?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Com seu irmão e as ações dele.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Nada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Nada a ver.
O senhor, se não fosse irmão, se o sangue dele não estivesse na sua veia - eu percebo no seu comportamento sereno -, se ele não fosse seu irmão, se fosse qualquer outro médico desses que depuseram aqui e tivesse falsificado a sua assinatura, de uma forma tão vil como ele fez com os outros - ele não teve nem o cuidado de fazer diferente, pois riscou o mesmo risco em cima de todas -, o senhor o processaria por danos morais?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Preferiria esperar para dar essa resposta. Mas, se confirmar, provavelmente, sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu o tirei da condição de irmão. Estou perguntando se você fosse alheio, um médico que tivesse descoberto que o cara usou, mas ele não é teu irmão. Foi isso que eu perguntei.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Porque o cara falsificou.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tu tem filho?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Não, ainda não.
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Nove.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E a esposa sofrendo, com vergonha, não é?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sabe o que é o triste de uma coisa como essa? Quando você é atacado injustamente - estou falando porque já fui atacado injustamente - e você sabe que tem a verdade, que ela está com você, e parece que você fica de mãos atadas, impotente, sem poder provar que você é limpo, você sabendo que é... Hà essa morosidade, e até porque o processo investigativo é lento mesmo, mais moroso - e nós vamos adiantar, porque tudo o que nós fizermos com celeridade nós vamos compartilhar com o inquérito, aqui, dos delegados, para que haja essa celeridade... Isso produz um sofrimento. Imagino que as suas noites são noites muito ruins.
Mas eu já conhecia todos esses detalhes que te perguntei. E eu pergunto uma coisa: você coloca à disposição da CPI os seus sigilos?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Tudo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bem.
Quebrando os seus sigilos, você será uma das últimas pessoas a serem encontradas falando, nesses últimos um ou dois anos, com conversas com seu irmão e... Porque. na verdade, nós queremos fazer cruzamentos com o sigilo dele, com o sigilo dos advogados dele.
Acabou de sair daqui um advogado, um rapaz muito novinho, que preferiu ficar calado. E eu acredito muito na indignação do justo. O justo fala, o justo se indigna, sabe? O justo, quando o sujeito toca no nome dele, ele reage, ele se indigna. E quando você vê alguém que vai sereno... Você já viu esses bandidos do petrolão e do mensalão deporem? Com a cabeça cheia de Rivotril, quietinhos assim. Você fala: "Pôxa, o cara tava tão tranquilo." Tenha medo dessa tranquilidade, porque quem não deve se revolta. É a indignação do justo. Quem está com a justiça tem que se indignar, tem que falar, tem que abrir a boca, tem que esmurrar.
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Saiu daqui um médico, agora, acabou de falar também, que falou reservadamente comigo também lá dentro. Ele falou a seu respeito e fez exatamente um relato, sem que eu pedisse, da sua relação com seu irmão, e eu falei: "Por que é que você não o processa?" Ele disse: "Eu tenho medo dele. Ele, além de ser truculento, é poderoso." Poderoso é Deus! A justiça está aí.
Eu duvido que o Tribunal de Justiça deste Estado, eu duvido que o Judiciário deste Estado não esteja vivendo e sensibilizado com a situação das vítimas, das vítimas do seu irmão. São vítimas interessantíssimas, porque o cara tem fama de grande cirurgião, e agora entendi que o grande cirurgião é o cara que faz escala, que faz cirurgia em série, compulsivamente, e o cara que tem disposição para operar também no final de semana, para não dar tempo de a liminar cair. Uma liminar, duas, você entende, mas o cara receber em série - tudo que entra, ganha - que me desculpe quem assinou essas liminares para ele, porque todo crime, o salvo conduto dele é a autoridade.
O senhor acha que Fernandinho Beira-Mar ter um telefone celular dentro da cela, em presídio de segurança máxima, esse celular nasceu no chão, brotou da janela, brotou do teto, caiu na mão dele/ Ele sonhou que estava telefonando, acordou, e estava em cima do peito dele aquela dádiva? Não, alguém levou. Alguém deu. Alguém levou. Alguém deu, não é?
E com essa - também o senhor responde se quiser; fique à vontade para não responder -, com esse poder todo que dizem que ele tem, o senhor diria que ele é um garoto prodígio? O senhor o conhece desde a infância. Ou ele é esperto?
O SR. ALFREDO SANCHIS GRITSCH - Hoje, eu ficaria com a segunda opção.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E o esperto, normalmente, depois se atrapalha, se enrola na língua, nas pernas, na língua, e cai.
Olha, doutor, eu já tinha, eu e o Senador Humberto Costa já tínhamos um pré-levantamento, e temos de tudo e de todos, de alguns um pouco mais além. Eu já sabia exatamente da sua relação, sabia o que é um, o que é o outro, o que vive um, o que vive o outro, o que tem um, o que tem o outro. Eu espero não ter necessidade de chamá-lo, até em respeito à memória de sua mãe e de seu pai, para fazer uma acareação com você e seu irmão. Penso que onde nós chegamos, posso... Em nome da memória da sua mãe, porque não há coisa mais sagrada do que mãe, mas, certamente, os pontos em que nós tocamos aqui, se tivermos que fazer a acareação, eu posso fazer com os outros, eu posso fazer com os outros.
O seu irmão é um homem poderosíssimo do ponto de vista de que tudo o que ele desenhou para poder fazer um duto para escorrer muito dinheiro ele conseguiu construir.
Há muita gente que morreu por falta de uma agulha em algum hospital aqui neste Estado, como no meu. Faltando luva, faltando o básico... Vocês são médicos e sabem que há hospital aí, que há posto de saúde onde o sujeito não tem um Tylenol para dar para o cara que aparece com dengue. Mas, muitas vezes, não tem, doutor, porque o dinheiro disso aí o seu irmão tirou. Tirou para comprar casa em Miami. E a gente tem de se indignar! E, se depender de mim - você pode acreditar -, se depender de mim, eu vou com seu irmão ás últimas consequências. Não por ele, porque quem faz tem de pagar, mas por essas vítimas, vítimas que não foram operadas por ele, mas que poderiam ter tido medicamento no posto de saúde e não tiveram. Tirar do Estado mais de R$300 mil em uma prótese? O sujeito precisa de uma corrente para dividir isso aí. Os mais bestas... Não é? Minha mãe dizia que os sabidos vivem dos bestas, e os bestas vivem do seu trabalho. Eu, se puder evitar isso, o farei.
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Nós vamos seguir com essa investigação. E espero que o delegado do inquérito que estão trabalhando muito que, com nosso auxílio e com a rapidez da CPI, possam, já no segundo momento, chamá-los para depor, para falar no inquérito, para que... Eu tenho plena consciência de que muita gente, até no Judiciário, inflamado por seu gesto de misericórdia, entendendo o mérito do pedido, por ele mesmo, porque era um pobre para ser operado, porque, no pedido, não tinha justificativa de mérito - o advogado disse aqui que era só a justificativa jurídica. E, hoje, nós temos em nossa mão aqui que esta representação feita por ela só muda de nome e data, porque o texto é o mesmo. E não é possível que esses juízes não identificavam o mesmo texto o tempo inteiro! Mas um dia a casa cai... A Bíblia diz que tudo o que é feito nas trevas um dia virá à luz. Tudo o que é feito no escuro um dia virá à luz.
Eu não tenho mais nada a lhe perguntar. Espero que a gente possa realmente contribuir para dar celeridade e que aqueles que são inocentes possam dormir em paz e se livrar do seu fardo. Agradeço a seu advogado, que foi muito gentil, e a você também.
Está encerrado este depoimento. (Pausa.)
Marcelo Leal Tafas.
Depois, só sobram os seus, doutor.
Você é o advogado de todos?
Improtec. Quem é o advogado da Improtec?
O senhor, doutor?
Beleza!
Da Proger. O advogado está aí? (Pausa.)
Não está, não. Não está, não.
Mas o Luiz Alberto da Paz está?
Maria Alice Guerra, da Proger, Comércio de Importação, está? (Pausa.)
Ela está convocada. Ela não apareceu, não. Convocada: Maria Alice Guerra.
Peço à Polícia Federal para fazer contato e encontrar Dª Maria Alice Guerra e trazê-la coercitivamente.
Em não encontrando, terça-feira, ela irá depor para mim em Brasília. E também vale essa ação coercitiva na terça-feira, em Brasília.
Luiz Alberto da Paz também não está aqui.
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Eu gostaria que fizesse também contato com o Luiz Alberto da Paz, Comércio de Exportação. Luiz Alberto Paz e Maria Alice Guerra. Os dois... Peço aos agentes de Polícia Federal que conduzam coercitivamente esses dois. Eu tenho até meia-noite para eles. (Pausa.)
O senhor Hermilo está ali.
Francisco José Dambros, da Improtec... Está aí também? Não está, não? Está aí? Está. (Pausa.)
Dr. Marcelo Leal Tafas.
Marcelo, você tem o direito constitucional... Tratei com seu advogado. Fique à vontade para responder ou não responder. A decisão é sua.
Eu faço minha consideração a respeito desse direito constitucional, que, para mim, é uma besteira. Para mim, quem não deve não teme. Para mim, quem se calou está pedindo para ser vasculhado. Mas é de cada um, é um direito constitucional.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - É a ideia que eu iria falar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu lhe dou a palavra, então. Fale de toda a situação: se conhece o Fernando, como é que se viu envolvido nisso, de sua atuação como médico ortopedista, se conhece os advogados, se mandou paciente para a Nieli ou qualquer outro advogado, se teve seu nome também falsificado... Nem sei agora... O cara falsificou até o irmão... Se a mãe tivesse viva, ele teria aberto uma conta em nome dela. E aquilo que eu precisar eu vou lhe perguntar. Então, pode ficar à vontade.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Boa noite a todos.
Para mim... Eu estou há dois dias, praticamente, sem dormir aguardando este dia.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) - É difícil, né? É ruim, né?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Minha ideia era não falar, porque sou muito chorão.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Chore. Minha mãe era analfabeta profissional e falava: "Meu filho, quem não chora não tem capacidade de amar". Então, chore!
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Eu comentei com o Dr. Márcio, meu advogado, que está me ajudando bastante, e ele me falou de uma coisa que o senhor comentou aqui hoje. Eu vou acabar mostrando - não o trouxe aqui para lhe mostrar -, mas vou lhe mostrar isso aqui. O senhor tocou no assunto, eu ouvi aqui agora, da indignação dos justos. O Dr. Márcio falou isso para mim na quarta-feira. E eu trouxe isso aqui no bolso e passei o dia inteiro lendo isso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Amém! É isso mesmo! O justo tem de se indignar. Isso aqui é uma cristalina verdade.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Eu trouxe isso para ler. Porque vão passando as horas, eu não sou chamado, vou ficando ansioso... Já tomei uns 20 cafezinhos hoje.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Bebeu pouco. Já bebi umas cinco garrafas.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Em primeiro lugar, Senador. São tantas as perguntas que o senhor fez que, conforme for lembrando, vou lhe dizendo.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, não perguntei. Falei do assunto assim... O senhor pode ir falando.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Nunca vi esses advogados, não conheço esses advogados, nunca tive um telefonema com esses advogados, nunca mandei um e-mail para esses advogados. Comprometo-me a estar falando a verdade.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, com certeza.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Nunca encaminhei nem um paciente para advogado. Mas pode chamar o Estado inteiro e pode pegar todas as relações de cirurgias que fiz até hoje, desde o tempo que me formei, pode chamar todas as cirurgias do Dr. Marcelo, chamar os pacientes aqui e perguntar "o Dr. Marcelo alguma vez te instruiu para procurar um advogado?" E o senhor vai ter a resposta: "Não!" Porque eu nunca instruí paciente a procurar advogado para processar essas coisas.
Estou me comprometendo a dizer a verdade para o senhor.
Conheço o Fernando já há algum tempo. Colega de trabalho. Eu trabalhava no Hospital de Canoas e Gravataí e nos hospitais... Inicialmente, o Fernando era o chefe do Hospital de Gravataí, conduzia muito bem o serviço, um serviço muito bem organizado, referência para várias cidades na região. Mais tarde, o Fernando assumiu a coordenação, pelo sucesso que teve em Gravataí... Não estou tirando o mérito dos que estão sendo investigados...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, mas as mérito ele tem.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - É, ele tem os méritos dele.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Claro!
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Ele foi convidado para chefiar os serviços de Canoas, eu fui trabalhar lá também e estou sendo investigado agora
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E estou sendo investigado agora pela operação Bones, da Polícia Civil. Não sei exatamente - estou sendo bem franco...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Claro.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Eu não sei por que estou sendo investigado, porque a gente teve um acesso parcial ao processo. Por enquanto, a gente não sabe...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, ninguém teve, ninguém teve.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - O senhor comentou até com outros profissionais, aqui, de quebra de sigilo. Eu faço questão perante esta Casa aqui, todos que estejam aqui vendo, faço questão: quebrem meu sigilo bancário, telefônico, e-mails, avaliação do meu patrimônio, investigação em meu nome na Receita Federal. Eu faço questão de que aconteça.
E me comprometo, sob as penas duras da lei: se houver algum indício, algum telefonema meu para advogado, eu encaminhando paciente para advogado, eu falando com representante de material ortopédico, de prótese, ou alguma filmagem em que eu apareça recebendo dinheiro, que caiam as duras penas da lei em cima de mim.
É um compromisso que faço perante a Casa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Hum-hum! Bom!
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Quanto à questão do meu patrimônio, eu tenho um carro, que é uma Cherokee 2011, comprei financiada, terminei de pagar no ano passado, no ano retrasado. É o que tenho.
A casa onde moro é um presente da minha sogra, declarado em Imposto de Renda.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O.k.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Nós temos um apartamento em Itapema, Santa Catarina, também, que é doação do pai dela, também tudo declarado. Está à disposição da Justiça isso.
Os pais da minha esposa são os antigos donos da Selenium Alto-Falantes. São pessoas que têm bastante...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Selenium?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - É.
Então, estou à disposição. A minha vida... Eu faço o seguinte: minha vida está aberta. Eu assino aqui a quebra de sigilo bancário, telefônico, meus e-mails. Posso mostrar para todo mundo. Se tiverem como recuperar isso aí, vão ver que não tenho relação nenhuma com esse esquema que está sendo investigado pela Polícia Civil.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Qual é a sua relação com o Fernando?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - O Fernando, eu o conheci, acho, em 2008. Eu voltei do Rio de Janeiro - fiz minha residência no Rio de Janeiro -, comecei, trabalhando num plano de saúde chamado Ulbra Saúde, aqui em Gravataí.
Não tenho bem certeza das datas agora, porque já faz muito tempo. Não sei se foi em 2008 ou em 2009. O Fernando já tinha um grupo no Hospital de Gravataí, que é o hospital que fica na frente desse convênio, da Ulbra, ali no centro de Gravataí. Eu estava precisando ganhar um pouco mais de dinheiro. Então, vamos tentar...
O mercado estava um pouco fechado, estava bem fechado, quando vim do Rio de Janeiro. Como vim de lá, não tinha conhecimento, não conhecia muitos médicos aqui, não estava conseguindo muito trabalho. Então, trabalhava durante o dia e queria pegar um ou dois plantões noturnos, para ganhar um dinheiro extra.
Aí liguei para o hospital, nem liguei para o Fernando. Liguei para o hospital, me apresentei para um moça lá, não sei quem. "Sou médico ortopedista, estou precisando trabalhar, tenho interesse em fazer alguns plantões." Aí a moça me disse: "Tem de falar com o Dr. Fernando, que é o chefe de serviço". Não deram cinco minutos, e o Fernando me ligou.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É mesmo?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Muito delicadamente, muito prestativo, me ofereceu, pediu para falar comigo, conversei com ele e comecei a fazer plantões lá. Mas fiquei só na parte de plantão, eu não fazia parte da equipe.
Na medicina é assim: quem faz o plantão é a carne de pescoço. Fazer parte da equipe é como se fosse o filé mignon, só para vocês entenderem. Eu fiquei nessa carnezinha de pescoço por alguns anos, tentando mostrar trabalho, trabalhando direitinho, para um dia angariar chegar à equipe.
Foi o que aconteceu. Não tenho certeza sobre se foi em 2011 ou 2012. Aí comecei a fazer parte da equipe. Aí foi o dia em que o Fernando me convidou, em que o grupo me aceitou. Aí o grupo... Na verdade, não é ele que me convidou. Ele propunha para o grupo, e o grupo como um todo aceita ou não. E fui aceito pelo grupo. E foi um dos dias mais felizes da minha vida, porque já vinha esperando isso, há muito tempo.
E, por volta de meados de 2013, mais ou menos, tá? Não vou ser bem preciso em datas, vou tentar ser o mais preciso possível.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não tem problema.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Por volta de meados de 2013 - não estou dizendo quem é o certo, quem é o errado, veja bem -, começou a haver - como vou dizer a palavra... Os trabalhos no grupo de ortopedia começaram a ficar um pouco dificultados. Por exemplo, o convênio disse que descredenciou todos os médicos da ortopedia, por causa do Dr. Fernando.
Não estou dizendo que o Dr. Fernando era o certo e que o convênio era o errado ou vice-versa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O.k.
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O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Sim. Estou sendo bem honesto: não sei. É por isso que até hoje a gente... Converso com meu advogado, o Dr. Márcio. Ele já foi várias vezes lá à Polícia, à Delegacia Fazendária, e tem acesso a isto aqui, por exemplo. Ele olha e diz "Isso aqui eu já sei, não tem nada no teu nome aqui". É o que ele me diz. Só que nós não temos acesso total ao processo. Há coisas que estão correndo em sigilo.
Eu não sei se, ali, naquelas peças...
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Então, começou a haver uma perseguição dos convênios- perseguição, uma guerra de braços.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - De repente, decidiu reagir, não é?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - É, isso aí.
E isso aí acabou repercutindo na minha vida pessoal, porque houve um convênio... Eu tenho uma clínica... Anos depois de ter voltado do Rio de Janeiro, entrei de sócio em uma clínica no centro de Gravataí, e houve um convênio que ameaçou me descredenciar, porque eu trabalhava com ele. Então, essas coisas começaram a se somar, e eu senti que a consequência estava vindo pesada para cima de mim.
Em dezembro de 2013 ou janeiro de 2014, eu decidi sair por isso. Conversei com o Fernando, expliquei numa boa para ele. Fui correto, honesto com ele. Falei para ele: "Fernando vou sair, e o motivo é este. Não estou dizendo que tu és o certo e o outro lado o errado, mas infelizmente está repercutindo em mim, não estou bem". E fui obrigado a sair, acabei saindo, pedi para sair.
Então, não faço mais parte do grupo desde de janeiro de 2014, do ano passado. Voltei para a carne de pescoço, voltei a fazer só plantão, não fazia mais parte da equipe.
Minha relação é essa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você, quando fazia parte da equipe, o que ganhava? Porque hoje você sabe que essas ações judicias dele rendiam milhões para ele, até porque ele é... Como se diz, ele é o... Do ponto de vista do crescimento financeiro, ele é a estrela do meio médico, ele é o iluminado, que conseguiu ficar rico com a medicina.
O fato de ele ficar rico com a medicina não causava estranheza ou você... Você tinha conhecimento dessas ações que ele fazia contra o IPE, contra os planos de saúde? Cooptava... Porque um homem que tem o patrimônio que tem não precisava fazer plantão. O plantão era feito para cooptar as pessoas e depois levá-las para o matadouro, sem pena e sem dó. E subtrair recursos do Estado e fazer e acercar os planos de saúde, porque ordem judicial o plano de saúde é obrigado a fazer.
Você tinha conhecimento disso? Ele chegou a lhe contar? Ele ofereceu...
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Nunca me ofereceu nada. Nunca recebi nada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas você tinha conhecimento dos valores que vinham dessas ações judiciais?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Não. Aos valores, na verdade, o médico não deve nem ter acesso. O certo é não ter acesso a esses valores, porque não faz parte da conduta médica saber quanto custa aquela gaze, quanto custa aquela seringa. A conduta médica correta é oferecer o que você tem convicção de que é melhor para o seu paciente.
Eu nunca tive acesso a valores dessas cirurgias.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas, tipo assim, uma prótese de cinco e poucos mil, de R$6 mil reais, e o Estado ser obrigado, por uma ordem judicial, a pagar R$300 mil, R$360 mil. Você sabia disso?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Sabia.
Nunca me envolvi com isso aí.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele oferecia?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Nunca me ofereceu.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Pediu, alguma vez, para usar seu nome, para assinar um documento para ele?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Não, é isso que eu lhe disse no início. Nós tivemos acesso parcial, Senador. Eu gostaria de ter acesso total a esse inquérito, para saber. Acredito...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você não sabe, então, se ele falsificou seu nome também?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É o processo investigativo.
Agora... Mas, de qualquer maneira, é o seguinte: você viu que ele falsificou algumas assinaturas. Falsificou carimbo, assinatura...
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Sim, ele falou na TV, não é?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Falsificou e...
Você teme, por ter feito parte da equipe, ele...
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Ter feito...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ter feito no seu nome também?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Se fez, é falso.
Se fez, é falso, e exijo perícia. Se aparecesse o delegado, por exemplo, o Sr. Joerberth, que está investigando, e abrisse todo o... Na hora em que abrir todo o inquérito e aparecer alguma assinatura em meu nome, exijo uma perícia, porque é falsa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quando a reportagem apareceu, detonando tudo, vocês sabiam. Você não é tolo: começou a presenciar esse descredenciamento, essas coisas todas de pessoas descredenciando para não conviver com ele, para tirar e tal. E você começou a perceber até sair.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Fantástico.
Você chegou a ter alguma conversa com eles para perguntar o que estava acontecendo? Você conversou com ele depois da reportagem do Fantástico?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Nunca. Nunca conversei com o Fernando depois da reportagem. A última vez que conversei com ele mais ou menos foi em setembro, outubro ou novembro. Por aí.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Do ano passado?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Do ano passado. Depois não conversei mais com ele.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você sabe que ele tem um patrimônio invejável, né? Um patrimônio invejável.
Fazendo consulta de R$30, você que é médico, dá para comprar avião?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Eu não. O estilo de vida com os meus ganhos, não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele deve fazer isso há algum tempo. Você não achava isso paradoxal para um cara que tinha tanto patrimônio e ainda dar plantão? Fazer consulta de R$30? Um cara que tinha uma equipe, acostumado a operar...
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Eu vou dizer assim: eu já ouvi dizer que ele tinha outros negócios. Não sei entrar em detalhes do que era. Não sei se era de construções, alguma coisa desse tipo. Não tenho certeza bem do que era.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Construtora?!
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Não sei bem. Posso estar errado, mas ele tinha outra atividade paralela. Não tem como médico ter um avião, pelo menos para mim. Na minha concepção, não tem como.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É complicado. Hoje o senhor vive com dificuldades. O irmão dele também falou que está em dificuldade depois dessa reportagem. Vocês tiveram os nomes citados...
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Não. O CPO é uma máxima para a gente. Sofremos muito. Só para você ter uma ideia: algumas vezes já liguei para o Alfredo, que é o irmão dele, algumas vezes liguei chorando à noite...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O Alfredo acabou de falar comigo, que é o irmão dele, que você ligou para ele algumas vezes.
O Alfredo também chorou.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Essa questão da exposição dos nomes das pessoas... Digo assim, o Dr. Henrique foi o segundo médico que veio aqui. Sabe o Henrique?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sei.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Que veio e falou um monte de coisas para o senhor. Às vezes, eu estava tão para baixo nessa situação, tão lá embaixo, um morto-vivo dentro de casa, não conseguia nem prestar atenção nas crianças - eu tenho quatro filhos - e o Henrique me ligava mal. O Henrique muito pior do que eu. E eu tinha que arranjar forças - eu, do nada - sem forças nenhuma, sem estrutura nenhuma, tinha que arranjar forças para acalmar o Henrique. O Henrique passou por um período muito mal, muito ruim. Logo depois da reportagem que saiu o nome dele no Jornal Nacional...
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Fantástico. Ele falando aquele monte de coisas. Então, o Henrique ficou muito mal com essa situação. E eu tinha que arranjar forças, não sei de onde, não tem explicação. Eu já fui na casa dele e disse: Henrique, calma. Vamos nos manter fortes. A gente tem que sair dessa situação que é injusta. Só nós sabemos o quanto é injusto o que estamos passando. Não é fácil, Senador, a polícia entrar na sua casa com os seus filhos dentro de casa. Tenho um filho de oito anos...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Na busca e apreensão?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - É. Tenho um filho de oito anos que eu acho que vamos ter que começar a fazer um tratamento com ele...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Psicológico?!
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Com a busca e apreensão... Ele não consegue... Ele ouve sirene de ambulância e fica mal. Ele fica estranho, ele fica agitado.
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Nós estávamos em um restaurante em Gramado, comendo uma sopa - saímos do hotel - e entraram dois policiais para comer a sopa, ou seja, se servirem no buffet. Mas quando eles entraram, ele se levantou e me abraçou, como se fosse para me proteger. (Pausa.)
Desculpe, é difícil...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Pode ficar à vontade.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Estou fazendo tratamento psiquiátrico. Uso quatro tipos de remédios. Não posso ficar sem esses quatro tipos de remédios.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É mesmo?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Uso quatro tipos de medicamentos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Um trauma emocional muito forte, né?
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Sequelas. E em casa eu não deixo transparecer isso aí. Não mostro que eu estou triste, que eu estou preocupado. Minha esposa me ligou agora há pouco e perguntou como estava a situação. Eu disse que estava tudo tranquilo. Não quero preocupar ninguém, entendeu? Tem que ter muita estrutura para enfrentar isso aí.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Vocês precisam, vocês que são médicos e que foram envolvidos, arrastados para dentro desse tsunami e que...
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Eu sempre usei essa palavra. Eu sempre soube... Eu sempre usei a palavra tsunami. Uma vez eu comentei com o Fernando que iria acontecer um tsunami que iria pegar todo mundo que estivesse por perto. O Fernando sempre justificou que o que ele fazia, fazia com convicção; tentava fazer o melhor para os seus pacientes.
Eu sempre entendi, compreendi, mas achava perigoso, porque, às vezes, por mais que você tente fazer uma coisa certa - e não sou eu que vou julgar se é certo ou errado -, isso tem consequências. Eu já usei essa palavra tsunami. É difícil remontar tudo e se reerguer. É difícil.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Vocês precisam se indignar mesmo. Os justos se indignam. É a indignação dos justos que precisa acontecer.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Por isso que eu demonstrei isso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É. Senão não tem como! Essa coisa de não reagir, de se calar, de não falar... Que os juízes todos estejam me ouvindo: para mim cheira muito mal quando o cara prefere falar em juízo. Por que falar em juízo? É mais fácil? Resolve mais rápido?
Para mim, essa frase é como se fosse uma ofensa para um juiz. Uma ofensa para um juiz. Mas o sujeito tem livre arbítrio para falar o que quiser ou o que não quiser. Mas para mim soa muito mal. Se o sujeito vem depor e, no depoimento, se ele não deve, é para se indignar e se colocar à disposição, dizer que pode quebrar os seus sigilos.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Eu faço questão disso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu sei de fato o que é ser atacado. Quando o sujeito corre e fica buscando habeas corpus preventivo, com medo da quebra do sigilo, alguma coisa vai ser lá na frente.
Ele simplesmente ficou aqui calado. É um direito que assiste a ele, ao Dr. Fernando. Mas eu lamento, lamento mesmo que pessoas que eu ouvi...
Quem tem coragem de fazer com as vítimas o que ele fez... Hoje, o que essas pessoas estão sofrendo... Não estão sofrendo e se dispondo a participar de um processo porque elas estão chorosas pois o Estado arrancou R$360 mil ou R$380 mil para uma prótese dela. Elas não têm nem noção disso. Pensam que tinham direito como cidadãos, já que pagam imposto. Correto. Mas as vítimas estão indignadas pelo mal invasivo que ele praticou como grande cirurgião. Na verdade, a figura de um grande cirurgião é a de um sujeito glamorizado como um grande centroavante e que não faz gol. Não faz gol.
Só nessa primeira leva, seriam 68 a serem ouvidos, lesionados por ele.
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O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Já está tendo repercussão.
Ele gosta de jogar futebol. Ele pediu para colocá-lo na escolinha do Grêmio. Ele joga direitinho. Não é porque sou pai, mas realmente, acho que ele joga. Ele parou de jogar futebol, porque os amiguinhos dele do condomínio falaram: "A polícia foi na casa do teu pai, vai prender teu pai". Acabou com a criança. Não joga mais e fica dentro de casa, jogando vídeo game...
Olhe, doutor, nós vamos fazer a quebra dos seus sigilos, ao seu pedido...
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - Faço questão.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Vamos acelerar esse processo, porque o que está acontecendo com vocês acontece também na vida pública. As pessoas acham que a maioria dos homens que fazem a vida pública são do mal; que a maioria da classe política é de pilantras e picaretas. Isso está no inconsciente e no consciente das pessoas, mas não é verdade. A maioria é de gente do bem. O problema é que os homens do mal são tão ousados que levam os bons para a vala comum.
E os bons não têm a ousadia dos maus, porque se tivessem o mundo seria outro. Vejam só esse rapaz. Um só, com a ousadia quantos ele arrastou para a vala com ele. Dá um ninja aqui, puxa outro aqui, puxa outro aqui, faz aqui...
Anteontem, aquela doleira que está presa fez um depoimento em Curitiba e debochou no depoimento dela. Disse: "Não, o Brasil é movido a corrupção. Veja só, quem descobriu esse esquema de corrupção, prendeu todo mundo, nós estamos presos, prendeu os donos das empresas, parou as empresas, parou a corrupção e o Brasil parou". Ela disse isso. "Parou a corrupção o Brasil parou. E ele só vai voltar a funcionar se houver mais corrução".
Então, isso envolve corrupção. Ninguém recebe 200 liminares, 10 ou 20 encarrilhadas, de sexta para sábado. Isso não é porque o cara é iluminado por obra e graça, porque o Espírito Santo de Deus o protege, cega o juiz, põe a caneta na mão de um juiz e o faz assinar.
Amigo, há um esquema. E eu, nesse esquema fraudulento, espero que ao final disso o seu filho, você se sente com com ele - ele viu, e eu sei o que é isso na cabeça de uma criança -, trate mesmo psicologicamente seu filho, porque senão ele vai levar essa lesão emocional para a vida adulta dele. E isso vai prejudicá-lo na vida adulta, no relacionamento dele quanto tiver de se casar, quando for pai, na criação de filho. O inconsciente armazena essas lesões.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Vergonha.
O SR. MARCELO LEAL TAFAS - ...Computador. Aí, eu tento empurrar ele: vá jogar bola, vamos jogar bola!
"Não quero". Eu falei para ele: Gui, tu não queres mais jogar futebol. O que tu tens? Ele disse: "Eu não gosto mais!"
Mas eu já ouvi a informação, por outras pessoas, do que os garotos disseram para ele, o que se espalhou no condomínio, um vizinho fala para o outro: "A polícia foi na casa, queria pegar teu pai, o passaporte do seu pai". Todo mundo fica falando. Machucou a cabeça da criança.
E agora, para resolver isso?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas cuide dele você. Para essa lesão que o Dr. Fernando fez no cérebro do seu filho não existe prótese para colocar no lugar. É cuidar mesmo com carinho e amor. E passar essa tempestade confiando, mais nada.
Tenha certeza de que vamos envidar esforços, quem foi inocente inocente será, e quem deve tem que pagar. Eu reafirmo a minha convicção no Judiciário deste Estado. Reafirmo, em um caso como esse, porque não é novidade alguma. O sujeito comete um crime do tamanho desta sala e, daí a três ou quatro meses, está na rua.
Há pessoas que, com 10 ou 15 anos, porque não tem um defensor público, porque roubou um toca-fitas, na época em que havia - hoje, nem toca-fitas existe mais em carro -, está há 10 ou 15 anos apodrecendo na cadeira, porque o critério é outro.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bem.
O senhor é diretor?
Então, eu imagino e quero reiterar a minha crença no Judiciário e lhe desejar boa sorte, para a sua família e para os seus filhos. Nós vamos proceder essa investigação, esse cruzamento de dados. Certamente, vamos ajudar a acelerar o processo para que vocês tenham bom êxito no final.
Muito obrigado ao doutor pela conversa que nós tivemos. Muito obrigado ao senhor por ter vindo, atendido o nosso chamamento.
Está encerrado seu depoimento.
Dando continuidade, vamos ouvir o Sr. Larson Hermilo Strehl.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - ...comercializo? (Pausa.)
Sr. Larson, vamos começar?
O senhor conhece os direitos constitucionais que o senhor tem?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Fique à vontade com eles. O que senhor achar que não deve falar não fale.
Vou lhe passar a palavra e o senhor pode descrever o que sabe dessa problemática, a posição de vocês, a posição da ProHosp, para que possamos, em seguida, fazer algumas perguntas.
Eu lhe passo a palavra, o senhor fica à vontade.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - O.k., Senador. Estou à sua disposição. Pode fazer as perguntas. Pode fazer as perguntas sem problema.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Sou dono da ProsHosp.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor é o dono?
Tem quantos anos a empresa, doutor?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Trinta anos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Trinta? Fica aqui mesmo?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Fica aqui em Porto Alegre.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Na capital mesmo?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Sim, capital.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Que tipo de prótese o senhor...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Trabalho com uma marca alemã e uma marca nacional.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ah, não. O senhor importa, não tem fabricação?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - ...no Rio de Janeiro e distribuo aqui no Rio Grande do Sul.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ah, é distribuição. Não é fabricação?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Não, não é fabricação.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Porque é alemã e...
O SR. LARSON HERMILO STREHL - É uma alemã e outra nacional.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E qual é a nacional?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - MDT.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Fabricada onde?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - São Paulo. E há uma outra linha que eu trabalho chamada Biomecânica.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Bio...
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Biomecânica.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Todo tipo de prótese?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Especificamente implantes para a coluna.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O médico que me operou disse que eu tenho muitas aqui na minha.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Como?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Disse que eu tenho muitas aqui na minha coluna.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Por quê?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Eu tive... Assim que encerrou a CPI do Narcotráfico, meus pés estavam ficando dormentes e tal, mas como eu tenho uma vida esportiva muito intensa, a coisa de academia, acabei achando que era tensão da CPI do Narcotráfico, pois havia muita tensão, muita ameaça de morte, muita doideira. Estou tenso e isso está me... Assim que se encerrou, eu resolvi fazer uma ressonância dos meus joelhos, que estavam doendo muito.
R
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não quer dizer nada. Não sei se você estava aqui a tarde toda, se me ouviu falar. Eu falo com drogado, ao telefone, todos os dias.
Contei para o médico, o ortopedista - olhem como o mundo dá voltas, estou falando com um ortopedista aqui -, e ele falou: "Vamos fazer uma ressonância, mas essa coisa do seu pé estar ficando dormente... Vamos fazer também da coluna, da sua medula, dessa região lombar".
Fizemos. Em seguida, disseram: "Deixa esse seu joelho para lá. Ele está ruim, mas deixa para lá. Vamos ter que operar". E aí a minha intriga, porque começou a vir na minha cabeça: a conversa é a mesma - "Não. Você tem que operar em 30 dias. Em 30 dias, ou o senhor vai ficar paralítico, o senhor vai paralisar no meio da rua. O senhor está com uma lesão comprimindo a sua medula, e tal... O senhor precisa desmarcar tudo o que é compromisso".
Desmarquei e, com menos de 30 dias, eu fui para a cirurgia. Chamaram a minha família e disseram: "Infelizmente, ele tem um tumor. Nós o tiramos. Tiramos o fio condutor do tumor na medula. O dele cérebro não vai comandar as pernas, e ele vai ficar paralítico. Nós vamos ter que fazer um procedimento para enxertar a coluna dele". Minha família autorizou, e eu fui. Quando voltei a mim, no centro cirúrgico, estava completamente paralisado, e o médico falou que aquilo era a anestesia. Não queria falar a verdade, porque eles mesmos tinham acabado de me lesionar.
Bom, esta história é tão longa. No primeiro ano, eu fazia 18 horas de fisioterapia por dia. Quando eu voltei da anestesia - eu estava na UTI e só vim tomar conhecimento mais ou menos 40 horas depois -, eu recebi a visita de Jesus na UTI, e ele falou que eu iria ficar em pé. Mas como ficar em pé? Eu não entrei ali para ficar paralítico. Eu não sabia de nada.
Anos depois, fui fazer um exame no Sarah Kubitschek - porque fiquei com um déficit neste pé, por causa da cirurgia - e fui examinado, por toda aquela tecnologia do Sarah. Eles se reuniram e falaram: "Quem te operou te aleijou".
Olhem como o mundo dá voltas. Essas vítimas todas que eu estou ouvindo escutam a mesma coisa: "Você vai ter que operar, senão você vai ficar aleijado, etc. e tal. Tem que ir, tem que..." Havia uma norma na Câmara dos Deputados, eu era Deputado e Aécio era o Presidente, e ele teve que mudar essa norma, para poderem me operar. Eu até vou requerer à Câmara, para eu saber, porque não me toquei naquela época. Daqui a pouco, eu sou vítima também, não é? E se eu for vítima, vai ser melhor, porque, se eu descobrir que eu sou vítima também, eu estou na causa dos companheiros. De qualquer maneira, eu estou.
Então, eu tenho esse problema também. A coluna está aqui, mas, depois disso, eu treino três horas por dia, luto jiu-jítsu e sou instrutor de boxe. Tenho uma instituição de recuperação de drogados e um centro de treinamento de MMA, e quem treina os atletas sou eu. Tudo depois disso, desses enxertos, dessa coisa toda.
Mas parece que há uma história que se repete. É impressionante, mas...
O SR. LARSON HERMILO STREHL - É uma cirurgia de risco, não é?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas estou bem. Estou de pé, estou de pé.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Eu faço aiquidô.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Faz? O meu "aiquidô" é só neste joelho aqui. (Risos.)
O SR. LARSON HERMILO STREHL - O meu é nas costas. (Risos.)
O SR. LARSON HERMILO STREL - Eu também mudei as costas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas veja, doutor, eu queria que o senhor me falasse qual é a sua visão, quais são as razões para a sua empresa estar metida nesta investigação?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Eu desconheço, Senador, porque eu não forneci nenhum implante para essas cirurgias que estão sendo investigadas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O Dr. Fernando?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - O Dr. Fernando não fez nenhuma cirurgia com o meu material.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você o conhece?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Conheço.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Teve relacionamento com ele?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Relacionamento de...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim, sei, o senhor o conhecia.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Hum-hum.
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Se quiserem quebrar o sigilo dos caras, vão dizer: "Ah, esse Senador fala com traficante". Então, é a vida.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Como todo médico que a gente visita e trabalha... Claro, eles conhecem a gente.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Com outros médicos que fazem, o senhor tem relacionamento, fornece?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Há uma gama de médicos que trabalham com o meu material, principalmente com esse material importado. É um material... (Ininteligível.)
... que é uma empresa muito grande e tem uma tecnologia muito avançada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas o sujeito já tinha ouvido falar dessa máfia que fazia essas ações judiciais, operava na base da liminar e puxava muito dinheiro? Por que hoje eu me aprofundei, porque é algo que não conheço, a questão de valor de prótese, fabricação e tal, essas quantias assombrosas de 380 mil, 360 mil...
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Desses valores eu nunca fiquei sabendo, até porque eu nunca fiz uma cirurgia dessas. A minha empresa nunca forneceu um parafuso para uma cirurgia dessas. Então, sobre essas liminares e valores, eu não sei.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor já tinha ouvido falar que havia um burburinho no mercado, que havia médicos fazendo esse tipo de coisa?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Uma coisa eu digo: não existia burburinho no mercado a respeito de valores que eram cobrados, cirurgias... judiciais... Não participei disso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Como é que o senhor recebeu essa notícia?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Através da reportagem. Depois a gente ficou sabendo, claro, no mercado, que estava acontecendo isso aí.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E qual foi o ponto inicial que o senhor acha que levou a sua empresa a estar dentro da investigação?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Eu desconheço o porquê de a minha empresa estar dentro da investigação. Talvez porque eu esteja há 30 anos no mercado. É uma empresa que tem determinado nome aqui em Porto Alegre, e o pessoal... Porque cirurgia não aconteceu.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor sofreu busca e apreensão também?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Sofri. De alguns documentos. Foram lá na firma, na minha empresa, pegaram alguns documentos, e não houve maiores problemas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor já foi chamado? O senhor já falou no inquérito?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, né?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Porque, na verdade, a citação vai ser à empresa, não é, doutor?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - À empresa.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) - É o senhor que vai falar não sei o quê. É um advogado...
O SR. LARSON HERMILO STREHL - É, mas eu desconheço o porquê.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não te ocorre nada que possa ter fomentado essa razão ou, na sua cabeça, a razão é só porque o senhor é fornecedor e tem uma empresa...
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Porque eu sou um fornecedor de material também, exatamente nos mesmos moldes das empresas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Alguma vez esses médicos que praticam esse tipo de cirurgia de prótese, esses médicos de coluna e de joelho, algum deles já se aproximou para pedir alguma coisa?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, né?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E os hospitais?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Os hospitais lidam muito com a minha empresa, não para pedir algum desconto, eles lidam muito com o prazo. Eles pedem 90, 120, 150 dias, para eu efetuar o pagamento no título. Então, isso é uma coisa que, para mim, complica também. Mas, em termos de desconto, não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor viu ontem o diretor de uma instituição - até esqueci o nome - que depôs aqui...
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Borges?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Borges. Ele falou que os hospitais botam até 15% em cima, e tal.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Aí é uma prática do hospital com o convênio, né? E acho que o convênio acata aquilo também, porque, se eles fazem esse tipo de negociação, o fornecedor fica à parte disso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ou com ele ou o convênio ou é autodeliberação do próprio hospital, porque se...
O SR. LARSON HERMILO STREHL - O convênio autoriza a cirurgia.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ou não.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Ou não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Diz que o procedimento o médico requer. O médico só requer o hospital para fazer a cirurgia. O centro cirúrgico diz: "Dia tal eu preciso desse e desse material, e entrega a lista". O hospital compra - pelo menos foi isso o que eles me disseram.
Aí eu perguntei das vultosas quantias. "O médico que opera e que ganhou essa liminar, em seu favor, deixa algum dinheiro com o hospital?", eu perguntei. E ele disse: "Não. Há alguns hospitais que..." Porque o procedimento correto é: o cara pede a prótese, o hospital compra, há o prazo dele, e, na hora de pagar, paga-se, porque o hospital cobre os seus materiais, o centro cirúrgico, essas coisas.
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O SR. LARSON HERMILO STREHL - Bloco cirúrgico, antibiótico.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aí ele falou que tem alguns hospitais que botam até 15% em cima.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Quinze por cento em cima do valor do material do implante?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Exatamente.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Desconheço isso, porque não cobram de mim. Eles cobram do convênio hospital. Deve ter alguma negociação que o convênio aceite ou acate isso aí.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Doutor, não vejo razão para agora irmos mais adiante, visto que o senhor não tinha nenhuma relação com o Dr. Fernando, com esses médicos que depuseram aqui, o Alfredo, que é irmão dele; o Antônio Carlos, esse que acabou de sair; o Henrique Cruz. O senhor não conhece e eles nunca o procuraram?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Não. Até porque o irmão do Dr. Fernando trabalha com quadril, joelho, é um material que eu não trabalho.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor é só coluna.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Só coluna. Já trabalhei com quadril e joelho, mas atualmente é só coluna.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Essa prótese de joelho...Já temos aqui algum material...
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Que seja de tecnologia mais avançada? Acho difícil de traçar um paralelo, mas há muita pesquisa fora do Brasil em relação a esses materiais. Então, quando eles chegam aqui já é com um outro tipo de tecnologia, completamente diferente.
As próteses que são feitas no Brasil se tornam obsoletas.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então, esse Dr. Níveo Campos Severo, irmão da advogada, não tem nada a ver com a empresa.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Não tem nada a ver com a empresa. Conheço ele, conheço o Dr. Níveo, ele coloca o meu material, mas ele não faz e o contrato social prova. Não tem nada, nenhuma relação empresarial com ele. Até seria antiético o fornecedor ter uma parceria com um médico como sócio. Não existe isso.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É antiético, mas isso tem muito Brasil afora, viu doutor, porque tem gente que faz medicina como em tudo na vida, sacerdotalmente, por pura vocação. Dr. Fernando tem mais por aí espalhado por esse Brasil afora, em todas as especialidades. Mas não é diferente da vida.
Esse Dr. Níveo é do bem?
O SR. LARSON HERMILO STREHL - É sim. O Dr. Níveo é uma pessoa ilibada.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O interessante é ver a advogada dizer que não conhece nenhum médico dessa área, que ele nunca se relacionou com ninguém.
Depois de todo mundo dizer que tem medo dele, vou dar um desconto para ela. Como tenho muito conhecimento dela, mais um pouco do que ela pensa, ela não tem tanto medo dele assim, não.
É isso. No mais, será a investigação lá na frente que vai dizer.Faço votos de que lá na frente não tenhamos nada.
O SR. LARSON HERMILO STREHL - Perfeito.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Agora Francisco José Dambros. Cadê o Francisco José? Veio não também? Ah, é você?
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Luiz Alberto Paz e Maria Alice Guerra. Mas eu não vou ouvir advogado, não. Eu os convoquei. Se eles não vierem, coercitivamente vão a Brasília, na terça-feira. Eu não os convidei; eles foram convocados, não há justificativa. E se alguém os conhece, avise-os, porque eles irão a Brasília. Se eles acharam que podiam dar um drible, sendo comunicados, cada qual faz o que quer fazer. Mas cada qual se responsabilize pelos seus atos.
Francisco, você tem direitos constitucionais, amigo. Você passou a tarde aí e me ouviu repetir a mesma coisa. Seus direitos constitucionais estão mantidos, respeitados. Você se utilize deles da maneira que você quiser. Você pode ficar calado, não falar, mas eu vou perguntar da mesma forma. Mas eu lhe dou a palavra para que você faça qualquer consideração que achar importante, pelo fato de o nome da empresa ProHosp... Não, não, não.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Improtec.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - ... Improtec ter sido envolvido aí nesse furacão. Se você tem conhecimento do envolvimento e do porquê disso, então fique à vontade. Em seguida, começamos a perguntar.
Fale ao microfone.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - A empresa tem 23 anos de mercado, trabalhando na área de ortopedia, neurocirurgia e bucomaxilofacial. A empresa possui 30 funcionários hoje. Nós cumprimos todas as regras, inclusive a RDC 16, que é de Boas Práticas, da Anvisa, sobre rastreabilidade de produtos. E estou a sua disposição aqui para responder o que o senhor precisar saber.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Você é o dono?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Sou o proprietário da empresa.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É o proprietário. Há quantos anos, mesmo?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Há 23 anos.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Há 23 anos.
O seu material é importado também, o que você distribui?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Trabalhamos com material importado e material nacional.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É só na área de coluna também?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Coluna também.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas e outros, joelho, pé?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não, não. Nós trabalhamos na área de coluna, comercializando materiais importados e nacionais. Os materiais importados a gente comercializa basicamente o material da Engimplan, fabricante. Eu sou distribuidor só, e importo alguma coisa também de material. E trabalhamos com material importado também. Isso é na área de coluna.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - O material importado é importado dos Estados Unidos.
Na área bucomaxilofacial, nós trabalhamos com material importado, e aí não sou que importo. Eu sou distribuidor aqui, no Rio Grande do Sul, de uma importadora do Rio de Janeiro. É material alemão.
E depois, dentro da neurocirurgia, alguma coisa de material nacional.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certo.
Diga-me uma coisa, você conhece o Dr. Fernando?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Conheço.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Tem relacionamento com ele?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - O meu relacionamento com o Dr. Fernando sempre foi estritamente profissional. Aliás, eu acho que... Acho não, no ano passado, para o senhor ter uma ideia, eu devo ter falado com o Dr. Fernando umas três vezes, no máximo.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor tem dificuldade em abrir o sigilo da sua empresa?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - No ano passado?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não sou só eu. A minha conta pessoal, eu autorizo, porque sou só eu. O telefone, eu autorizo, porque o telefone é da empresa, mas onde envolve outros clientes juntos, aí fica mais difícil.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas o senhor já o conhece de quanto tempo?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Eu o conheço acho que desde 2008.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele sempre adquiriu prótese com o senhor?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não de rotina. Havia épocas em que ele passava tempos sem pedir material, depois voltava a pedir. Nunca houve uma sequência.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor ficou assustado quando apareceram essas coisas, e o nome dele estava junto?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - A gente sempre fica assustado, não é doutor, com as coisas que aconteceram, porque a gente não imagina que isso está acontecendo!
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, né?
Ele já esteve na sua empresa, ele visitava a sua empresa?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele falava muito com o senhor ao telefone?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Falava no telefone fixo da empresa?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor acha que a sua empresa está arrolada na investigação só pelo fato de ele consumir o seu produto?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Senador, eu ainda não sei, porque não tive acesso ao processo. Então, não sei lhe dizer porque eu estou, porque a minha empresa...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Quando você viu o nome da sua empresa na investigação, você ficou assustado, ou você acha que está sendo investigado só porque é distribuidor de prótese, e o problema foi aqui?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Acho que estou sendo investigado porque sou um distribuidor de próteses.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor sofreu busca e apreensão também?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Também. Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O que levaram? O que a polícia levou?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Levou notas fiscais de compra e venda.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Da minha empresa? Da minha empresa eu tenho dificuldade. Por quê? Porque os clientes para os quais eu vendo não me autorizam a fornecer o sigilo deles, porque estou fornecendo o sigilo deles. Da minha conta pessoal, não tenho problema nenhum. Posso lhe fornecer.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O sigilo da empresa, que o senhor fala, é o sigilo fiscal da empresa?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - É.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E o sigilo telefônico da empresa?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - O sigilo telefônico da empresa?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não tem problema nenhum.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - O senhor só não autoriza o sigilo fiscal?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Só não autorizo da empresa, porque, aí, é a relação com os clientes, não é, Senador?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E o sigilo telemático da empresa?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Telemático?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - O que é telemático?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É a quebra do sigilo do seu computador, do IP do seu computador.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Sim!
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Aí vai-se ter acesso à memória do seu computador, aos arquivos do seu computador.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não tem problema, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - A polícia levou algum arquivo de computador seu?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não. O que eles buscavam? Eles buscavam as notas fiscais de compra e as notas fiscais de venda daquele período em que eles estavam investigando. Foi a única coisa que eles me disseram.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Certamente, um dos pontos disso é o fato de ser o Dr. Fernando e de já ter feito alguma compra com vocês, em algum momento.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não, o Dr. Fernando não compra na empresa. Não vendo nada para o Dr. Fernando.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele é médico, e, na verdade, vai para o paciente dele, para o hospital. Certamente o sujeito está sendo operado por conta de uma ação judicial que ele ganhou.
Quando eu me refiro ao Dr. Fernando, não estou me referindo ao fato de que ele, pessoalmente, tenha feito a compra. Como ele comandava essa máfia de operar a coluna de todo mundo para poder tirar dinheiro do Estado e extorquir os planos de saúde, quer dizer, esse cara opera em série, então deve comprar para todo mundo. Estou dizendo que um dos pontos é esse. Eu não sei quais são os outros, não sei qual é a linha de investigação da polícia, mas tenho certeza de que um dos pontos é esse.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bem.
Em algum momento, alguém lhe procurou, em nome do Dr. Fernando, para lhe fazer algum pedido, de algum favor?
O seu sigilo fiscal, telefônico e telemático pessoal, o senhor autoriza, o sigilo seu, pessoal?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Eu também estou aguardando ansioso que eles me chamem para que eu possa falar também, porque tenho documentos lá, inclusive, que são documentos que fazem parte da rastreabilidade do produto. Porque, não sei se o senhor sabe, mas os produtos implantados têm uma rastreabilidade. Cada um desses produtos tem uma rastreabilidade, e eu tenho que controlá-los por muitos anos, Senador.
Então, a responsabilidade minha não termina no momento em que eu vendi esse produto; a minha responsabilidade vai muito além disso. Eu fico com o registro de tudo isso. Além dessa nota fiscal que foi, eu fico, dentro da minha empresa, com todo esse registro lá dentro. Daí por que Boas Práticas de Distribuição, que é uma regulamentação, uma RDC da Anvisa. Então, eu sou responsável por tudo isso.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Sim.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Eu não ouvi falando que foi colocado prótese nacional no lugar de importada.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Tem prótese de 50% a mais, com outra tecnologia também. Não é só o fato de a prótese ser importada; ela tem uma outra tecnologia também.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não. Ninguém me procurou.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Ele nunca sugeriu que a empresa desse a ele um cartão corporativo?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Desse o quê?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Um cartão corporativo, um cartão da empresa?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Da empresa?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É, para ficar com ele.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - A única pessoa que usa o cartão corporativo da empresa sou eu, proprietário da empresa. Ninguém mais. Eu só tenho um cartão, e esse cartão está, inclusive, com o meu nome também gravado. E só eu uso. Eu não deixo ninguém usar esse cartão.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Então, se houver a quebra do sigilo fiscal da sua empresa, certamente nós não vamos encontrar qualquer tipo de relação de superfaturamento dentro dessa lógica e ótica operada pelo Dr. Fernando?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Superfaturamento?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - De próteses.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não. Não vai encontrar.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Está bem, doutor. Não tenho mais nada... Penso que, daqui para frente, é conosco, até porque a empresa, nós não temos nada, a não ser... Porque penso que o inquérito, as buscas e apreensões estão sendo analisadas pela Polícia Civil, e eu não sei exatamente os delegados do inquérito, eu não sei exatamente qual é a estrutura e o preparo que eles têm para andar rapidamente, mas é aguardar um pouco. E eu vou cumprir o meu papel...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Há chances de o Estado ter pago uma prótese importada, pelo menos, e isso estar na denúncia, estar na investigação, e o médico ter usado uma nacional que fosse mais barata?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Da minha parte, na minha empresa...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Não, não. Estou te fazendo uma pergunta genérica.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não, Senador...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas o senhor ouviu falar isso na reportagem. O senhor assistiu à reportagem?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Na reportagem?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não, eu não... Eu confesso que isso daí eu não...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Fala de troca de próteses, de prótese importada. O senhor não ouviu?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Por que todas as liminares, todas as ações que ele fez judiciais e as liminares que ele ganhou, todas elas pediam valor de prótese importada? O valor é muito diferente de uma prótese nacional e uma importada? A diferença é muito grande?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - A prótese importada é mais cara do que a prótese nacional.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Valor muito grande? Diferença grande?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Algumas têm mais diferença do que outras.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Mas é diferença significativa ou pouca coisa?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Ah, tem um... O que vou lhe dizer? O que é significativo para o senhor ou não, para mim...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Cinquenta por cento a mais...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - E a nossa tecnologia, hoje, para fabricação de próteses no Brasil já é razoável, é boa?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Eu não... Eu não posso lhe dizer, assim, hoje, se ela é boa ou se ela é razoável. Eu não consigo medir isso, Senador.
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O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Medir seria o quê? Medir seria o quê? As importadas são mais caras porque em qualidade e em tecnologia são melhores ou elas são mais caras só porque são importadas?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Não, acho que em qualidade. Pelo menos, o que se diz é que é em qualidade. Mas, se eu tiver que emitir o meu juízo, neste momento, vou lhe dizer que não tenho como emitir. Quem pode emitir juízo é o fabricante da prótese. Mas o que a gente ouve falar é que a prótese importada é melhor.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Há reclamação?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Porque ela tem mais...
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Há reclamação?
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Da prótese importada?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Nacional.
O SR. FRANCISCO JOSÉ DAMBROS - Há reclamação de instrumental para colocar.
Para colocar a prótese importada, o instrumental dela, para começar, é superior.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - É?
Deixe-me falar uma coisa. O que vamos avançar nisso depende de nós, não depende do senhor. Eu sei que de todos vocês que estão na investigação, ninguém foi ouvido ainda e o delegado vai fazer isso o mais breve possível. Pelo menos é a informação que tenho dele, do delegado. O resto desse procedimento é conosco, para o bem dessa investigação.
De maneira que não tenho mais nada a lhe perguntar. Agradeço ao seu advogado a gentileza de ter vindo. Agradeço ao senhor também a gentileza de ter atendido.
Eu não vou ficar aqui aguardando o Sr. Luiz Alberto Paz e a Srª Maria Alice Guerra, porque... Doutor, falo com o senhor depois que encerrar a reunião.
Eles estão reconvocados coercitivamente para Brasília. Prepare um ofício assinado pela Polícia Federal, por favor, com o nome dos dois. Eles vão a Brasília, então, já que tiveram dificuldade de sair de casa para vir aqui, vamos a Brasília, então, para podermos fechar o ciclo dos nossos trabalhos aqui.
Quero, de coração, agradecer à Assembleia Legislativa por nos ter cedido este espaço e os funcionários, desde o garçom à pessoa que faz o café, os funcionários do som, o cerimonial da Assembleia, o servidor mais simples e mais anônimo que esteve conosco o tempo inteiro, desde a nossa chegada. Muito obrigado mesmo, de coração.
Quero agradecer ao Presidente da Assembleia Legislativa pela gentileza de ter cedido o espaço a nós; agradecer ao nosso missionário Deputado Walney, pela iniciativa da CPI; agradecer aos Deputados que estiveram comigo aqui ontem e aos que estão hoje, recebo o Deputado Marcel van Hattem, um jovem ainda. "Não quero viver em outro País, quero viver no Brasil", muito bem. Muito obrigado à Deputado Catarina Paladini; agradeço ao Deputado Sergio Peres por ter estado conosco neste tempo ontem.
Obrigado ao pessoal da TV também, da TV Assembleia, que produziu o sinal o tempo inteiro para nós, que esteve à disposição da CPI o tempo inteiro nesse liga-desliga, liga-desliga, fecha reunião, abre reunião. Agradecemos de coração a todos vocês. Muito obrigado, gente.
Muito obrigado ao nosso querido vereador que veio do interior e ficou esses dois dias seguidos aqui.
Quero agradecer ao advogado dos convidados e ao advogado dos investigados que vieram gentilmente. Àqueles que foram convocados, que vieram, atendendo à convocação da CPI.
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Minha solidariedade às nossas queridas vítimas desse processo.
Nós esperamos levar com dignidade esse trabalho até o final, levando-o a bom termo.
Agradeço à assessoria da CPI que veio comigo de Brasília. São servidores da Casa que me acompanharam: os técnicos, os mais próximos, o pessoal da TV Senado. É um trabalho sério a ser feito. Eu quero agradecer o nosso querido André, assessor do nosso Relator, Senador Humberto Costa, pela sua disposição e dedicação em estar preparando material. André, muito obrigado. Agradeço à nossa assessoria toda aqui.
Agradeço à Polícia Federal pela disposição, o tempo todo ao nosso lado, ao meu lado, ao lado da CPI, que vai estar conosco até o dia da nossa partida. Muito obrigado mesmo, de coração.
Eu quero agradecer aos delegados do inquérito, aos promotores e à Procuradora.
Eu oficiei ao Governador do Estado e ao Secretário de Estado pedindo segurança para o médico, na certeza de que serei atendido. Olhem bem: já tenho resposta do Governador e do Secretário de Segurança de que já foi atendido o pedido da CPI para que o médico possa ter segurança. Penso que a todos do Rio Grande do Sul importa que essa investigação chegue bem até o final, para que haja justiça e legalidade em todo esse processo.
Eu quero agradecer ao meu Deus por ter nos trazido e guardado até aqui. Agradeço a Deus por ter permitido, por ter nos dado saúde, por ter nos dado a oportunidade de ter uma convivência, de conhecer novas pessoas, novos amigos.
Eu agradeço à imprensa pelo trabalho, principalmente a RBS, que é a transmissora da Globo - as outras televisões eu não vi aqui. Certamente, esse assunto não interessa às televisões, porque penso que o sofrimento das pessoas importa muito pouco na hora em que elas precisam de que haja apoio nisso. Mas cumprimento a imprensa escrita, falada e televisiva.
Eu agradeço a minha assessoria que veio do meu Estado para poder me auxiliar aqui também.
Em nome de Deus, eu quero encerrar esta reunião, dizendo que nós temos o privilégio de termos nascido nesta terra, no Brasil, uma terra que tem tudo que tinha que ter e não tem nada daquilo que não deveria ter. Este País tem água, tem ouro, tem minério, tem peixe, tem carne, tem aves, tem aves marinhas, tem animais silvestres, tem animais selvagens, tem terra boa para plantar, tem chuva. Este País é magnífico, aqui tem tudo que devia ter e não tem nada do que não devia ter. O Brasil não tem terremoto, não tem tsunami, não tem maremoto, não tem tremor de terra. O Estado Islâmico não está aqui matando ninguém, Bin Laden morreu sem jogar um avião aqui dentro. Não há ninguém nos declarando guerra. Aqui, o que não devia ter não tem.
Esta é uma terra maravilhosa que Deus nos deu para cuidar, mas que tem sido mutilada pela corrupção e tem sido acintosamente maltratada pela indignidade de homens gananciosos que perderam a visão da vida e que pensaram em construir um Estado para si, para chamar de seu, como se fosse a casa deles. Chegou-se a um ponto em que não era nem a casa deles, mas transformaram este País em casa da mãe joana, e nós lamentamos muito isso.
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O SR. MARCEL VAN HATTEN - Agradeço esta oportunidade em nome dos meus colegas Deputados que aqui estão e em nome de todo o povo gaúcho, porque é ele que agradece, na verdade, o seu trabalho, o seu sentimento de missão, de vocação tanto à frente deste trabalho na CPI quanto no seu mandato no Senado Federal.
Como o senhor leu há pouco no meu cartão que passou, nós todos aqui não queremos viver em outro País. Nós queremos viver em outro Brasil, não em outro Brasil, como o senhor disse, de natureza diferente. Temos a natureza mais linda que poderia existir, inclusive a natureza humana. Queremos viver em outro Brasil, em que se respeitem justamente aqueles valores e princípios que precisam ser respeitados, em que se respeitem o Estado de direito, as liberdades individuais, a democracia representativa, a transparência. Que tudo que o senhor está buscando nos trabalhos desta CPI tão importante para o povo gaúcho e para o povo brasileiro seja respeitado por aqueles que deveriam prestar um serviço público relevante e, muitas vezes, estão traindo o povo e os rumos da nação gaúcha e da Nação brasileira.
Sou um homem que amo este País. Quando na minha tenra idade, a escola pública... Tudo que perdemos de sentimento nativista, de amor à terra onde nós nascemos, precisa ser recuperado. O povo desta terra tem muito orgulho de ser gaúcho. Aqueles que fizeram a opção de viver aqui, que aqui não nasceram, que se tornaram gaúchos por opção e que se fizeram adotivos desta terra têm muito orgulho desta terra alegre, de um povo trabalhador, com muita tradição, que traz cultura para este País.
Fico muito feliz. Sei que muitos são do meu tempo, em que nós, na tenra idade, sabíamos cantar a Hino Nacional, o Hino das Armas, o Hino da Bandeira, que aprendíamos na escola. Na escola, nós os cantávamos. Nós os cantávamos em todos os lugares.
Tenho presidido CPIs muito violentas, com muita ameaça de morte, porque mexem com o interesse de terceiros, porque mexem com indivíduos que estão cometendo crime contra o Erário, que estão desviando dinheiro, que estão roubando dinheiro. Essas pessoas, na verdade, não amam quem ama e quer fazer justiça.
Ao longo da minha vida, presidi a CPI do Narcotráfico, presidi a CPI da Pedofilia no Brasil e já recebi, no comando dessas CPIs, todas as ameaças de morte que alguém possa receber. Esta também não é uma CPI fácil, porque essa máfia não é privilégio do Rio Grande do Sul, mas está no Brasil todo, operando no Brasil todo, praticando essa maldade no Brasil todo contra pessoas, em detrimento dos outros. Pelo sofrimento dos outros, há a riqueza de meia dúzia. Mas vejam: precisamos nos posicionar com muita coragem em favor da Nação, em favor das pessoas.
Eu me lembro de que, quando recebi muitas ameaças de morte na CPI do Narcotráfico, minhas filhas eram mais novas e ficavam muito preocupadas. Eu dizia: "Não se preocupem! Não se preocupem, porque, se a gente luta pela causa da vida, a causa da vida é tão importante, que vale a pena. E, se alguém nos ameaça e tenta colocar em risco nossa integridade física, se ameaça nossa integridade, chegando às raias da ameaça de morte, nós não temos de ter medo, porque lutar pela causa vale a pena."
Como não vale a pena morrer pela causa das crianças? Isso vale a pena! Um dia, todos nós vamos passar desta vida. Como não vale a pena lugar por justiça? Isso vale a pena, sim! Se alguém for alvejá-lo por justiça, vamos ter de passar de qualquer maneira, e vale a pena, sim!
Eu dizia às minhas filhas: "Se um dia eu for alvejado em praça pública pelo que defendo, pelo que acredito, por aquilo que falo e que assumo que falo, pela minha maneira de agir com muita sede de justiça, se isso um dia ocorrer comigo, quero que Deus me dê a oportunidade de respirar por mais 30 segundos, para que eu possa morrer recitando o que aprendi de mais bonito e significativo na escola pública deste País, um trecho de um dos hinos mais importantes da vida de todo brasileiro, que todos nós, em toda e qualquer circunstância, em defesa deste País e da justiça, teríamos de falar." Seria maravilhoso se você sucumbisse por uma causa tão importante como essa e tivesse a oportunidade, antes de suspirar pela última vez, de dizer: "Ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil."
Com essas palavras, eu me despeço, agradecendo aos senhores, dizendo muito obrigado.
Vou encerrar a reunião...
O SR. MARCEL VAN HATTEN - Senador, o senhor me concede um aparte antes de encerrar?
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Sim.
R
Portanto, Senador, não é o senhor que agradece. Aqui, a Casa é legislativa, e todos os servidores, sem dúvida nenhuma, estão tão agradecidos pela sua presença quanto o restante do povo gaúcho por tê-lo recebido. Continuaremos recebendo o senhor de braços abertos aqui.
Aproveito, portanto, esta oportunidade breve da minha participação, mas não poderia encerrar sem deixar aqui registradas as minhas palavras de apoio ao seu trabalho e ao de todos os colegas no Congresso Nacional, de V. Exª, que tem buscado trazer não apenas a verdade, mas também a justiça, nesse trabalho na Comissão Parlamentar de Inquérito que o senhor preside.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco União e Força/PR - ES) - Muito obrigado, Deputado, mesmo, de coração. Agradeço sensibilizado.
Muito obrigado a todos.
Deus os abençoe.
Está encerrada a reunião.
(Iniciada às 11 horas e 35 minutos, a reunião é encerrada às 20 horas e 15 minutos.)