28/10/2015 - 15ª - CPI do Futebol - 2015

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Boa tarde a todos.
Havendo número regimental, declaro aberta a 15ª Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito, criada pelo Requerimento nº 616, de 2015, com a finalidade de investigar a situação do futebol brasileiro.
Conforme convocação, a primeira parte da presente reunião destina-se à realização de audiência pública com os presidentes de Federações Estaduais de Futebol, nos termos do plano de trabalho proposto pelo Relator, Senador Romero Jucá, e do Requerimento nº 14, de 2015, de minha autoria.
Vamos chamar, primeiro, o Sr. Cesarino Oliveira, Presidente da Federação de Futebol do Piauí; Sr. Antônio Américo Lobato Gonçalves, Presidente da Federação Maranhense de Futebol; Sr.João Carlos Oliveira Santos, Presidente da Federação Mato-grossense de Futebol; Sr. Felipe Omena Feijó, Presidente da Federação Alagoana de Futebol.
Sejam todos bem-vindos!
É um prazer tê-los aqui.
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Nós vamos dividir esta audiência pública hoje em dois grupos. Esse é o primeiro grupo e, logo em seguida, entrará o segundo grupo, que é composto pelos outros quatro presidentes convidados.
Esta audiência pública será realizada em caráter interativo com a possibilidade de participação popular. Por isso, as pessoas que tenham interesse em participar com comentários ou perguntas podem fazê-lo por meio do Portal e-Cidadania, no endereço www.senado.leg.br/ecidadania, e do Alô Senado, através do número 0800-612211.
Para organizar nossos trabalhos, esclareço que, após a exposição inicial dos nossos convidados, a palavra será concedida aos Senadores na ordem de inscrição. Terão preferência ao uso da palavra, na seguinte ordem, o Relator, o Presidente, os membros e os não membros. Com o fim de organizar o tempo disponível nesta audiência pública, sugiro que cada convidado tenha dez minutos para sua exposição.
Agradeço a presença dos Deputados Federais Roberto Góes e Marcus Vinicius. Sejam bem-vindos. Obrigado pela presença, Senador Ciro, e a todos os que aqui estão.
Não preciso dizer a importância da vinda do senhores presidentes. Nós estamos vivendo um momento no futebol bem complicado, todos nós sabemos disso. Muitas coisas ruins, negativas estão acontecendo no futebol mundial e no nosso também, portanto, está mais do que na hora de a gente dar, cada um da sua forma, a sua ajuda, sua participação para que a gente possa melhorar o nosso futebol em todos os sentidos. Obrigado pela presença dos senhores. Eu tenho certeza de que será uma grande relevância a presença dos senhores hoje aqui nesta audiência pública.
Concedo a palavra agora ao nosso primeiro orador Cesarino Oliveira, Presidente da Federação de Futebol do Piauí.
O SR. CESARINO OLIVEIRA - Boa tarde, Presidente da CPI, Senador Romário.
Gostaria de cumprimentar aqui o nosso companheiro, o Presidente da Federação, Deputado Federal Roberto Góes, o Vice-Presidente da CBF, Deputado Federal Marcos Vicente, em especial o Senador da República e do meu Estado, o Senador Ciro Nogueira.
Eu sou Cesarino de Oliveira Souza, Presidente da Federação de Futebol do Piauí. Este ano estou completando quatro anos à frente da federação, uma federação que, quando eu assumi, se encontrava numa situação bastante ruim, desde as instalações até em termos de colocação nas competições.
Nossa federação hoje tem suas instalações condignas a representar, a receber bem. Em tempos de competição, nós fizemos um planejamento para que, em cinco anos, pudéssemos ter um resultado - e esse resultado já veio bem antes. Nós estamos, neste ano, na Terceira Divisão do futebol brasileiro, através da equipe do River Atlético Clube, da qual o presidente Ciro também foi presidente, e está em vias de decidir o título brasileiro da Quarta Divisão.
Isso é importante, mas a importância veio lá de trás. Quando assumimos, nós tínhamos um público médio de 200 pessoas - 206 pessoas, sendo mais exato - nas competições locais. Hoje nós temos um público médio de 1.100, por jogo. Já houve um avanço considerável. Na Série D, em que nós tínhamos um público de 600 pessoas, hoje, nós temos, em termos de renda, cerca de R$6 mil e, com a participação e hoje, com a participação do River, nós atingimos uma média, por jogo, de R$170 mil, e um público médio de 14 mil pessoas.
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Então, uma importância, desde que também nós conseguirmos inserir na Copa do Nordeste, e esse desempenho do River vem desse trabalho, bem como o incentivo à base. Nós encontramos a federação sem realização desses categorias de Sub-15, Sub-17 e Sub-19, e nós, então, efetivamos essas categorias. E elas, hoje, já preenchem o nosso calendário, bem como o futebol feminino. E futebol feminino também, porque o Piauí está na semifinal, com a representação do Tiradentes no título brasileiro deste ano.
Isso é de grande importância para o soerguimento do futebol. Acreditamos que, com isso, nós possamos realmente ter a companhia, a parceria do Poder Público estadual, do Poder Público municipal, da iniciativa privada em termos de poder avançar mais no futebol.
Aqui, coloco-me à disposição para ser útil e poder sugerir, estando inteiramente à disposição dos senhores naquilo em que possamos contribuir.
Meu muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Obrigado, presidente.
Passo a palavra, agora, ao Sr. Antônio Américo Lobato Gonçalves, Presidente da Federação Maranhense de Futebol.
O SR. ANTÔNIO AMÉRICO LOBATO GONÇALVES - Boa tarde a todos!
Saúdo o Senador Romário, aos demais Senadores membros desta Comissão.
Vou fazer um breve histórico de como era o futebol no Maranhão e como ele está hoje, como o nosso amigo Cesarino fez.
Em outubro de 2011, em obediência a uma liminar deferida em uma ação de improbidade, movida pelo Ministério Público contra a Federação Maranhense de Futebol, nós fomos - como Presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Maranhão, representante da OAB - nomeados interventor. Vendo a situação caótica por que passava o futebol, isso nos motivou à nossa eleição, para cumprir o mandato do presidente afastado, e fomos reeleito agora em 2015.
O futebol maranhense, à época, tínhamos uma média de público de 600 torcedores no estádio, hoje nós temos uma média de público de 2.000. O Sampaio Corrêa que não passava da Série D, hoje está aí brigando para ter acesso à Série A do futebol, à elite do futebol maranhense. Lá, nos fizemos uma ampla reforma.
Senador Romário, eu gostaria de, nessa oportunidade, passar a V. Exª e pedir que faça chegar aos membros da CPI um relatório fotográfico daquilo que nós encontramos na Federação e aquilo que hoje representa, também com os termos de posse que nós fizemos.
Encontramos dívidas no montante de R$1,4 milhão. Todos os fornecedores da federação, nós, em um ano, quitamos todas as dívidas, e hoje estamos negociando as dívidas fiscais. Promovemos lá o Sub-13, o Sub-15, o Sub-17, o Sub-19, o Sub-20, o futebol feminino e o futebol de Liga, no interior.
Nossa federação é uma federação absolutamente pobre. Nós temos um custeio mensal, da federação, de algo em torno de R$85 mil. E, para nós, lá do Maranhão, é fundamental e providencial a ajuda da CBF. Se não fosse ela, nós teríamos que fechar as portas. Estamos lá funcionando muito bem. Para que se tenha uma ideia, dos cinco computadores que nós encontramos lá, apenas dois funcionavam. Hoje nós temos 15 computadores. Todos os ambientes estão equipados com ar-condicionado, e temos uma relação muito boa com todos os clubes, tanto amadores como profissionais, e viemos administrando no vermelho quase que o tempo todo. Mas o futebol tem vencido, o futebol maranhense tem subido. A exemplo disso, como disse há pouco, é a provável subida do Sampaio Corrêa para a Série A.
Coloco-me à disposição dos Srs. Senadores para ajudar e fazer proposições, porque eu tenho proposições, sim, para o futebol brasileiro. Viemos fazendo isso ao longo dos anos, junto a CBF, que tem nos escutado. A CBF tem discutido conosco todas as propostas que nós levamos. Infelizmente, algumas não são deferidas, não são aprovadas, e nós nos submetemos àquilo que decide democraticamente a maioria da assembleia geral.
Senador, com essas palavra iniciais, coloco-me à sua disposição.
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O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, presidente.
Agora, a palavra é do Sr. João Carlos Oliveira Santos, Presidente da Federação Mato-grossense de Futebol.
O SR. JOÃO CARLOS OLIVEIRA SANTOS - Boa tarde a todos e ao Presentes da CPI, Senador Romário. Cumprimento Roberto Góes e Marcus Vicente, nossos companheiros de futebol, e todos os seus pares desta CPI.
A Federação Mato-grossense de Futebol se encontra hoje num estágio muito bom, haja vista que temos clube nas Séries B, C e D. É uma federação praticamente enxuta. Temos, realmente, uma arena a que levamos grandes espetáculos neste ano. Temos as categorias de base. O próprio Luverdense, está vindo muito bem na Série B; praticamente, tirou o Santos, tirou o Internacional. Estamos, realmente, em uma caminhada. Estamos lutando pelas categorias de base. Eu peço aos senhores que, para as federações menores, que nem a nossa, nos ajudem a obter recursos, porque, sem as categorias de base, estamos fadados a vários insucessos.
Nós nos colocamos também à disposição para qualquer assunto que seja pertinente ao futebol brasileiro, para que possamos dar a nossa cooperação. Nós precisamos discutir, debater a fundo.
Quando eu cheguei a Mato Grosso, eu vim de Minas Gerais, Senador Zeze Perrella, de Governador Valadares. Viemos justamente também ajudar o futebol brasileiro. No Mato Grosso, estamos bem. Temos o Cuiabá que disputa o Campeonato Sul-Americano de 2016.
Eu acho que vocês têm que nos ajudar muito mais e têm que nos mostrar um caminho, para que nós não sejamos empecilhos para ninguém e para termos um futebol glorioso como está sendo o futebol brasileiro.
É isso o que eu tenho a dizer.
E eu me coloco à disposição.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, presidente.
Passo, agora, a palavra ao Sr. Felipe de Omena Feijó, Presidente da Federação Alagoana de Futebol.
O SR. FELIPE DE OMENA FEIJÓ - Boa tarde a todos.
Eu queria cumprimentar todos os presentes na pessoa do Senador Romário e queria agradecer a oportunidade de estar participando desta Comissão.
Meu nome é Felipe, eu tenho 24 anos, concluí o curso de Direito pela Universidade Federal de Alagoas e, há cerca de seis meses, fui eleito Presidente da Federação do Estado de Alagoas. Ao contrário dos meus companheiros, eu peguei a federação já em estágio de evolução. Mas, como qualquer jovem, tenho algumas outras ideias, e um ímpeto, talvez um pouco maior e uma ansiedade, de implementar algumas situações. É dessa maneira que nós estamos procurando trabalhar na Federação de Alagoas.
Hoje, nós possuímos um clube na Série B, um clube na Série C e um clube na Série D. Já possuímos dois clubes na Série B e quase conseguimos isso neste ano novamente com o Asa, de Arapiraca, que acabou sendo eliminado pelo Tupi.
Como meus colegas, eu acho que contribuímos muito mais nos colocando à disposição para tentar contribuir para aquilo que for proposto e para dar nossas opiniões.
Então, eu me coloco à disposição dos companheiros aqui presentes para esclarecer e dar minhas opiniões naquilo que for necessário.
Obrigado a todos.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Obrigado, presidente.
Passo a palavra, agora, ao nosso Relator da CPI, Senador Romero Jucá.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) - Sr. Presidente, dentro da mesma linha que nós tivemos na reunião anterior com os presidentes de federações, eu gostaria, para os novos presidentes que estão aqui, de reforçar o nosso posicionamento de que, além da investigação das irregularidades e de possíveis malfeitos no futebol brasileiro, nós temos como meta também, na relatoria da CPI, apresentar muitas propostas que possam fortalecer e modernizar o futebol, fortalecer os clubes, fortalecer o processo organizativo do futebol brasileiro e dar mais transparência. Nós temos de dar modernidade a essas ações.
Eu queria pedir aos presidentes de federações que encaminhassem sugestões e propostas. No dia a dia de cada um de vocês, vocês convivem com muita dificuldade e muita disparidade, com muitas diferenças no futebol brasileiro, porque temos Estados ricos e Estados mais pobres, futebol de capitais e futebol de interior. Como é que nós podemos, efetivamente, fortalecer a captação de jogadores? Como manter esses jogadores no Brasil? Que tipo de legislação tem de ser ajustada?
Eu quero aqui saudar o Senador Leomar Quintanilha, nosso parceiro de Tocantins, que tanto fez pelo Estado de Tocantins aqui no Senado, e que continua fazendo pelo esporte de Tocantins e do Brasil.
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Não tenho pergunta direta a fazer, por enquanto, Sr. Presidente, mas eu gostaria de reforçar meu discurso feito na semana passada. Quero pedir, realmente, a colaboração. Acho que esta CPI - volto a dizer -, independentemente de punir aqueles que cometeram algum tipo de irregularidade, tem a condição histórica efetiva, depois do fiasco da Copa do Mundo, depois do fiasco da Copa América, de propor tanto mudanças nas leis que estão vigendo quanto avanços para modelos novos que possam, como eu disse, fortalecer o futebol brasileiro e fazer com que possamos novamente sentir orgulho da camisa da Seleção e dos times brasileiros que disputam Copa Internacional e todos os torneios da maior categoria no Brasil e no mundo.
Então, é essa a minha colocação. Eu me resguardo no sentido de, posteriormente, fazer algum tipo de pergunta sobre respostas que sejam colocadas.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Obrigado, Senador.
Estão aqui o Senador Zeze Perrella e o Senador Ciro Nogueira, que querem usar da palavra.
O SR. ZEZE PERRELLA (Bloco Apoio Governo/PDT - MG) - Só quero, na verdade, cumprimentar os presidentes das federações.
Acho - já conversamos sobre isto com o Senador Romário; sei que o espírito do Senador Romário também é este - que tínhamos de trabalhar pelo fortalecimento do futebol. Sabemos - já repeti isto por várias vezes aqui - das dificuldades por que as federações estaduais passam. Isso vale para a do meu Estado, Minas Gerais. Talvez, com exceção das Federações de São e do Rio, todas estejam em muita dificuldade. E sabemos também que o apoio da CBF para que essas federações continuem existindo é fundamental.
Então, quero só dizer que admiro o trabalho de vocês. Sei o que é ser dirigente esportivo. Fui Presidente do Cruzeiro por 18 anos e sei a dificuldade por que a gente passa. Ser presidente de um clube grande não é fácil. Imaginem ser presidente de um clube pequeno do Norte ou do Nordeste! O Ciro sabe muito bem disso, porque ele foi Presidente do glorioso River. Ele sabe as dificuldades por que passou.
Mas é isso. Quero dizer para vocês qual é o nosso espírito principal. Obviamente, queremos corrigir e mudar o futebol. Isso é óbvio. Se existirem irregularidades comprovadas, é claro que esta CPI está aqui para isso. Esse é um dos nossos objetivos, mas o objetivo principal, seguramente, é ouvir os senhores, para que possamos formular projetos de lei que venham, realmente, ajudar o trabalho de vocês e o futebol brasileiro.
Não tenho perguntas a fazer. Vim aqui mais para ouvir. Mas foi um prazer recebê-los aqui.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, Senador Zeze.
Passo, agora, a palavra ao Senador Ciro Nogueira.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) - Sr. Presidente, quero saudar todos e agradecer a presença dos nossos convidados.
Quero dizer de dois aspectos sobre os quais eu gostaria de ouvir um pouco mais dos nossos convidados, até porque as federações se parecem um pouco pelo tamanho, pela sua importância e pelo caráter dos seus clubes que disputam os campeonatos. Dois aspectos têm me preocupado no que diz respeito à formação de jogadores no nosso País. Esse é um dos aspectos que eu gostaria que os senhores abordassem. Tenho essa preocupação.
Tenho mais conhecimento da questão do futebol do meu Estado. O Cesarino tem desempenhado um grande papel lá, tem sido um grande Presidente da Federação, pois conseguiu unificar o nosso futebol piauiense. O futebol piauiense está vivendo um grande momento.
Mas tenho preocupação, Cesarino, com a formação dos jogadores. Praticamente nenhum clube no Piauí investe em formação de jogadores. Essa situação que foi criada pela Lei Pelé, praticamente, tirou os grandes atrativos para se investir na formação de jogadores. No meu Estado, no Estado do Piauí, praticamente nenhum clube investe em categorias de base.
Eu gostaria de saber o que poderíamos modificar na legislação para incentivar a formação de jogadores. Hoje, a formação de jogadores no País está restrita aos grandes clubes, que podem investir. Hoje, um clube de futebol de ponta investe de R$30 milhões a R$40 milhões por ano na formação de jogadores. Para isso, tem de se ter retorno.
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Outro ponto que eu gostaria de abordar: nós tivemos um crescimento muito grande no nosso Estado, graças à participação do nosso glorioso River Atlético Clube, na Quarta Divisão. Hoje, nós conseguimos nos classificar para a Terceira Divisão. Estamos nas finais. Se Deus quiser, vamos à final do campeonato da Quarta Divisão.
Eu queria saber o investimento que a CBF tem feito nessas divisões. Tem sido um investimento significativo? Pode melhorar? O que nós podemos fazer? Porque, aí, sim, se tivermos as Séries D, C e B rentáveis, com investimentos, nós vamos ter um futebol que saia do eixo Rio-São Paulo-Minas e, no máximo, Rio Grande do Sul. Tem que haver valorização dessas Séries.
Eu gostaria de saber dos senhores se está, realmente, acontecendo isso? O que a CBF, a grande gestora do nosso futebol, pode fazer para melhorar, para que esses campeonatos tenham ainda maior importância e para que haja mais investimento para que o futebol brasileiro tenha sucesso nos próximos anos?
Muito obrigado pela presença dos senhores.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Obrigado, Senador Ciro.
Senador Davi Alcolumbre, com a palavra.
O SR. DAVI ALCOLUMBRE (Bloco Oposição/DEM - AP) - Presidente, apenas vim prestigiar a nossa CPI, que V. Exª preside. No mesmo sentido dos Senadores que me antecederam, assim como o Senador Romero Jucá, Relator desta Comissão, todos nós temos o intuito - e acho que este é o papel da CPI - de conseguir fazer com que a grande paixão nacional dos brasileiros dê orgulho para todos nós, corrija os erros e avance para melhorar o futebol nacional.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito bem, Senador.
O Senador Donizeti Nogueira quer usar da palavra.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - Sr. Presidente, boa tarde; boa tarde, senhores convidados; nosso Relator, Senador Romero Jucá.
Nessa corrida, eu estava na Comissão Mista, da 685; agora tenho que relatar a 696, mas a expectativa - quero parabenizar, agradecer aos convidados e o empenho do nosso Presidente nesse processo, e do nosso Relator - de que possamos, ao final, mais do qualquer punição, ter um marco legal mais seguro e que possa haver encaminhamento melhor para o futebol brasileiro, que é patrimônio do povo brasileiro. Portanto, nosso comentário aqui é de elogio e de agradecimento.
Quero dizer da expectativa que temos de que o resultado desta CPI seja para podermos contribuir para melhorar a gestão do futebol brasileiro, porque com a bola a rapaziada é boa. Talvez tenhamos é que melhorar a gestão.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito bem, Senador.
Senador Wellington Fagundes, V. Exª quer fazer alguma colocação?
Por favor.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) - Quem chega por último não tem direito à preferência!
Na verdade, eu queria saudar aqui todos os Presidentes. Não pude acompanhar. Tive uma informação do nosso assessor. Temos aqui algumas perguntas, mas eu precisaria de mais tempo para fazê-las.
Porém, quero cumprimentar todos aqui, em nome do João Carlos de Oliveira Santos, que representa a Federação Mato-grossense, sempre, claro, com o objetivo, como já colocamos aqui em outras reuniões, de buscar o aperfeiçoamento também daquilo que representa a paixão brasileira, que é o futebol; poder deixar aqui, através desta CPI, um legado, no sentido de que possamos responder à sociedade que nós melhoramos. E melhorar significa que até aquilo que está bom pode ser melhorado.
Então, claro, queremos aqui averiguar aquilo que aconteceu de errado, essa é a função da CPI, mas eu já tive oportunidade de participar, como Deputado Federal, inclusive, da CPI do Banco do Brasil. E, na época, havia um movimento muito grande dos funcionários do Banco do Brasil, preocupados. Achavam que nós íamos acabar com a instituição. Na verdade, o objetivo principal, naquela época, era aperfeiçoar as atividades do Banco do Brasil. E, após a CPI, a conclusão de todo o nosso trabalho foi exatamente encaminhamentos dos próprios funcionários do Banco do Brasil, que entenderam e participaram efetivamente daquilo que representou realmente um crescimento do Banco do Brasil.
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Por isso, quero aqui fazer esse registro.
Não vou fazer perguntas agora. Se tivermos oportunidade, ainda poderei fazê-las.
Mas eu quero aqui pedir a vocês, que representam as federações, como aconteceu na última reunião, que tragam as contribuições para a CPI, mesmo posteriormente, indicando aos membros da CPI, ao Presidente, ao Relator ou individualmente a qualquer um de nós, a cada um, inclusive, de seu Estado ou região.
Mas eu tenho aqui apenas uma pergunta a fazer, que entendo ser genérica, pois pode ser dirigida a todos também, em relação a esses recursos que são liberados e que praticamente custeiam as federações, e, principalmente em caso de as federações passarem agora, todas elas, como a CBF, a ter mandato com tempo definido, com no máximo uma reeleição, se todas elas adotarem isso da mesma forma, se elas teriam também a condição de independência e, principalmente, de sobrevivência com recursos próprios, ou de que forma vocês entendem que se poderia democratizar mais ainda esses recursos que a CBF repassa para as federações de acordo com critérios. Aliás, quanto a esses critérios, eu até gostaria que vocês fizessem comentários sobre se acham justos esses critérios, se eles podem também ser melhorados.
Quando nós estivemos aqui, na última reunião, o presidente da Federação de Rondônia, mostrou interesse que de lá houvesse um estádio. E eu gostaria até de saber do representante da Federação de Mato Grosso, porque eu fiz aqui esse comentário. Lá não há, e para nós que temos, e foi uma grande conquista, pois a população imaginava que seríamos uma das subsedes da Copa do Mundo, mas hoje há o questionamento, e já vimos muitas matérias em rede nacional, dando conta de que aquilo é um elefante branco.
Então, eu gostaria de estar aqui também questionando o nosso representante da federação sobre como ele analisa o que foi a Copa do Mundo no Estado de Mato Grosso e, principalmente, quais são os benefícios, ou até malefícios, que V. Sª entende que aquele estádio representa para o Estado de Mato Grosso. Ou seja, valeu a pena para a população de Mato Grosso se endividar ou buscar os recursos necessários para fazer a Copa do mundo em Mato Grosso? Valeu a pena construir aquele estádio, ou foi um caminho errado? E qual é o caminho que os recursos do futebol brasileiro devem tomar para melhor satisfazer, digamos, o aperfeiçoamento da atividade futebolista no Brasil?
Até sugeri, na última reunião, quem sabe, da possibilidade de criarmos um fundo nacional - e isso eu não tenho aqui pronto e acabado, até gostaria até de ouvir, porque quando sugeri isso aqui houve um consentimento de positividade de todos os presidentes que estavam à frente - e que esse fundo fosse no sentido de que, como estamos discutindo muito, um fundo de compensação das perdas que os Estados exportadores têm hoje para exportar as commodities brasileiras; também os Estados menores, que, às vezes não têm um time que possa competir, porque o sistema e, principalmente, o financiamento não permitem que um Estado como Rondônia ou até Mato Grosso possa ter, de forma perene, um time para representar em um campeonato nacional...
Antigamente, Sr. Presidente, nós tínhamos até os times que eram formados pela seleção do Estado. Hoje, isso não existe mais. Convocava-se lá a seleção do Estado, que se transformava em um time no Estado. E ele ia automaticamente competir como representante daquele Estado em um campeonato nacional de envergadura , enfim, de acordo com o que a gente tem agora.
Então, é uma sugestão sobre a qual eu gostaria de ver uma análise também por parte de todos vocês.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Obrigado, Senador Wellington.
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Quero agradecer a presença do Deputado Andres Sanchez, Deputado Federal por São Paulo, agradecer a presença do Deputado Maurício Quintella, companheiro durante quatro anos na Câmara. Obrigado. Seja bem-vindo!; Senador Leomar Quintanilha, hoje Presidente da Federação do Tocantins, obrigado pela presença.
Agora vou abrir os microfones para os Deputados presentes, aqueles que quiserem se manifestar. O primeiro será o nosso Marcus Vicente, Deputado Federal pelo Espírito Santo.
O SR. MARCUS VICENTE (Bloco/PP - ES) - Muito obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Acertei, não é?
O SR. MARCUS VICENTE (Bloco/PP - ES) - Agora acertou. Na outra reunião eu ia reclamar - Marcus Vinícius -, mas o Senador tem a prerrogativa do foro especial.
Quero informar ao Senador Ciro que, na Câmara, nós temos uma Comissão Especial - o Andres é o Presidente e o Relator é o Deputado Rogério Marinho, que já estuda a questão da reformulação da legislação que fala principalmente do passe. Então, a Câmara já está atenta a isso, porque foi um longa discussão da 671, em uma comissão mista das duas Casas. Nós acreditamos que vamos fazer algumas modificações importantes para o futebol brasileiro, para as categorias de base.
Sendo breve, meu caro Senador, só para retornar àquela notícia de V. Exª, na semana passada, que desde 30 de janeiro de 2008 - e eu me enganei com a data, porque não posso ser tão preciso - que a Federação de Futebol do Espírito Santo, então presidida por mim, foi excluída em sentença do juiz em primeiro grau, da lide daquele processo da Desportiva Capixaba, arrimada pelo art. 267, que então o juiz utilizou para extinguir o feito contra a particularidade de a Federação participar, sem julgamento do mérito.
E a segunda informação, que julgo importante, é que desde 14 de dezembro de 2014, a Justiça, em primeiro grau - está faltando só a publicação -, também fez a dissolução da sociedade entre a Desportiva Capixaba e a Desportiva Ferroviária. Então, elas não existem mais. A empresa mãe da Desportiva Capixaba faliu também. Era um grupo composto por postos de gasolina e que não havia razão mais de existir. Então, a Desportiva Ferroviária, que é a tradicional Vale do Rio Doce lá de trás, readquiriu seu patrimônio. É apenas para informar a V. Exª e a esta Comissão, à luz da verdade e dos fatos, que posso dizer que todas as questões estão absolutamente claras e não há nada que não possa estar em cima da mesa para que seja questionado por todos. Inclusive está tudo publicado no site da Justiça do Município de Cariacica, onde fica a sede da Desportiva Capixaba e da Desportiva Ferroviária.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito bem, Deputado.
Agora passo a palavra ao Deputado Roberto Góes.
O SR. ROBERTO GÓES (PDT - AP) - Presidente, Senador Romário, quero agradecer por esta oportunidade e parabenizar e agradecer aos colegas presidentes que estão aqui.
Na última audiência que nós tivemos eu fiquei de trazer a resposta com relação a algumas informações do legado da Copa do Mundo aos Estados que não tiveram jogos na última Copa do Mundo. Eu já entreguei esse material à Mesa, com todas as informações de todos os Estados, com todas as questões técnicas, com os programas e os valores que estão no fundo e como deve ser executado. Há também a questão dos impostos, tanto os impostos da parte física, como também dos projetos que estão sendo executados ou que vão ser executados.
No mais, era isso.
E quero parabenizar, mais uma vez, a Comissão pelo trabalho que vem fazendo, ao Senador Romero Jucá, que é um homem de muita experiência. E, lá no nosso Amapá, o Senador é muito querido pelo nosso Governador Waldez, que tem um carinho especial por V. Exª. Eu tenho certeza de que, fazendo desse limão uma limonada, nós vamos, no final desse relatório, ter muitas coisas para mudar no futebol brasileiro. Logicamente sabemos que o futebol já evoluiu muito e com certeza o que nós queremos é uma evolução cada vez maior e uma melhor organização no futebol em todos os sentidos. Nós estamos discutindo, como eu falei, na Comissão de Esportes, eu faço parte da Subcomissão que trata da questão da violência nos estádios, questão que deve ser discutida também com os presidentes das federações, com o próprio Ministério da Justiça. Já tivemos reunião com o próprio Ministro.
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Então, tenho certeza de que, no final, o relatório deve ser encaminhado à Comissão, à CPI do Esporte, para que se tenha um diagnóstico geral da questão da segurança nos estádios nos eventos de futebol, tanto em nível estadual como em nível nacional.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, Deputado.
Passo a palavra agora ao Deputado Andres Sanchez.
O SR. ANDRES SANCHEZ (PT - SP) - Primeiro, obrigado por me conceder a palavra, Sr. Presidente, obrigado ao Relator, Senador Jucá. Todos os convidados são muito bem-vindos, é um prazer vê-los novamente.
Quero ser bem rápido e objetivo com relação as palavras que foram ditas aqui. Se a CBF não fomentar o futebol nas 21 federações...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ANDRES SANCHEZ (PT - SP) - ... mas essas seis ou sete não precisam. Pelo contrário. Essas seis ou sete têm que ajudar as outras federações. Se a CBF não fomentar o futebol, os campeonatos, dentro dessas federações menores, aqui nós vamos ficar dando chutes, vamos ficar falando e não vai mudar nada. Então, quem tem de fomentar isso é a CBF. A CBF não pode ficar com R$200, R$300, R$400 milhões na conta e as federações não terem um campeonato mais forte.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Obrigado, Deputado.
Deputado Maurício, V. Exª vai usar da palavra?
O SR. MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (PR - AL) - Presidente, somente para parabenizar a iniciativa da CPI, saudar o Senador Romero Jucá, os presidentes de algumas federações, em especial o Felipe Feijó, que é Presidente da Federação Alagoana de Futebol, e, como todo brasileiro, desejar que esta CPI passe o nosso futebol a limpo, a CBF, e que, a partir desse relatório, a gente tenha outra situação no futebol. No mais, desejar bom trabalho a toda a Comissão e aos presidentes de federações aqui presentes.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Obrigado, Deputado.
Os senhores presidentes gostariam de responder à pergunta do Senador Wellington Fagundes? (Pausa.)
Sr. Cesarino Oliveira, Presidente da Federação de Futebol do Piauí.
O SR. CESARINO OLIVEIRA - A respeito da pergunta, Senador, da formação de valores, nós temos a certeza absoluta de que dependemos disso para melhorar o futebol. Temos encontrado até maiores dificuldades, mas acho que essas dificuldades, como o Deputado Marcus Vicente disse haver, na Comissão, junto aos Deputados, a vontade de uma melhora, mas, veja bem, nós somos cinco vezes campeões mundiais. Nós não temos sequer uma escola, ao menos no meu Estado, quiçá nos outros Estados do Brasil, que tenha um campo de futebol. Então, o Governo não dá a contribuição dele. Sou professor de Educação Física, tenho formação, fui treinador e sei da importância e da necessidade disso.
Então, a partir do momento em que houver o engajamento de todos nessa situação, principalmente na educação, nós teremos outro resultado, mas já há um comprometimento nosso com todos os clubes de que isso seja inserido na base do nosso futebol.
A respeito do que disse o Senador Wellington Fagundes sobre o problema da Seleção, quero dizer que fui treinador de uma seleção, inclusive o Presidente desta CPI, o Senador Romário, dela participou, a seleção do Rio e seleção do Piauí, no Vasco e Fluminense, no Cefan, ele representando a seleção do Rio, eu dirigindo a seleção piauiense. Isso tinha e continua tendo uma grande importância. Nós estamos advogando essa questão junto à CBF para que possamos reativar a competição entre seleções. Porque, ao tempo em que você revela o atleta, você revela a comissão também, os dirigentes e isso tem uma importância grande.
Outra inspiração nos dá a certeza de que esse momento está chegando, em resposta ao Deputado Andres Sanchez, faz parte do legado. Para o Estado do Piauí, a construção de um legado com dois campos de futebol e toda a estrutura nos dará uma obrigação e a certeza de você poder exigir e realizar esse trabalho, já que temos dificuldades. Eu não diria que somos de um Estado pobre, mas há dificuldades, tanto em nível municipal como em nível de Estado, em relação aos locais. Os campos são grandes.
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O progresso, a modernidade, a construção de equipamentos de moradia tiram, consequentemente, aqueles espaços que nós tínhamos. Para se ter uma ideia, no bairro onde nasci, Vila Operária, tinham 23 campos de futebol e hoje têm três. Então, os espaços somem e, consequentemente, a droga impera, enfim, há outras várias situações.
Penso que esse interesse tem que ser de todos, de CBF, de Governo, de todos nós, para que possamos dar essa contribuição também ao jovem que tenha o anseio de se tornar um atleta e, acima de tudo, um homem. Acredito ser extremamente importante.
A respeito da resposta do investimento na Série D e na Série C, os clubes do Piauí, e principalmente o River, estão participando e fazendo essa figura por conta desses investimentos, já que temos conhecimento, por parte da CBF, de que nas Séries C e D são gastos cerca de R$70 milhões, para que as duas competições possam acontecer.
A nossa equipe que disputa não tem nenhum gasto com deslocamento e também com hospedagem. Isso representa um valor grande. Então, é uma ajuda essencial para que ela pudesse... Ela não tinha. Ela foi instituída a partir do momento em que o Presidente Marinho assumiu. Foi ele quem instituiu que essa despesa fosse paga pela CBF na Quarta Divisão, e fez com que houvesse uma melhora sensível nessas competições.
Espero ter respondido.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) - Só queria acrescentar a questão dos critérios. Como V. Sª colocou, o Presidente Marinho decidiu, como se fosse um socorro, atendeu ou pode, amanhã, preferencialmente o presidente vota em mim e vou mandar mais recursos para aquele Estado, para aquela federação.
O objetivo nosso, claro, é democratizar o máximo possível. Então, queremos a contribuição na experiência de vocês, porque aqui estamos no Parlamento.
O que vocês podem sugerir, quem sabe até o Estatuto do Futebol, enfim, outras alternativas que possamos também, no aspecto legislativo, democratizar esses recursos. Se quiserem fazer um comentário... Porque não tem time de futebol que sobreviva só com profissionalismo. Mesmo que ele seja profissional, tem que investir alguma coisa em base.
Nos Municípios do interior, a maior dificuldade de um time de várzea é saber quem ajuda. Eles acabam nos procurando, porque, no Ministério do Esporte, para onde estariam indo os recursos que poderiam ser canalizados de forma mais organizada, a começar pelo recurso público e o recurso da CBF, que não é público, mas, como é, digamos, um patrimônio nacional, eu acho que tem caráter público.
O SR. CESARINO OLIVEIRA - Sempre dizíamos, no Piauí, que, primeiro, quando se participava da Terceira Divisão, quando não tinha a Quarta, era castigo. Por quê? Porque a equipe iria disputar e teria que arcar com o seu deslocamento e, consequentemente, com as despesas. Todos os presidentes se reuniram e conversarem com a direção da CBF naquela oportunidade, que se demonstrou sensível, sem o problema de individualizar, determinou que essa ajuda fosse para todos. Dessa forma, ela tem acontecido e tem ajudado sobremaneira.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Algum outro presidente quer responder?
(Pausa.)
Por favor, Presidente Antônio Américo Lobato Gonçalves, da Federação Maranhense.
O SR. ANTÔNIO AMÉRICO LOBATO GONÇALVES - Sr. Presidente, respondendo os questionamentos dos Senadores, é óbvio que é de suma importância essa formação de atletas. O Brasil, de modo geral, faz um baixo investimento nas categorias de base. Sabemos que o Sul e Sudeste fazem. No meu Estado, especificamente no Maranhão, apenas o Sampaio Corrêa faz, tem equipe de base, de formação. Mas temos novos horizontes abrindo com a nova postura da CBF que vem, ao longo desses últimos anos, fazendo planejamentos para que isso possa ocorrer.
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Os centros de treinamentos estão aí, vão atender 15 Estados. Esses centros de treinamentos serão de propriedade da CBF, mas administrados pelas federações, e é uma programação para atender 700 jovens por ano. Isso é de fundamental importância nos Estados. A CBF também tem planejamentos, sabem disso, de não permanecer apenas com esses 15 centros de treinamentos. Posteriormente, ela deverá criar outros centros de treinamentos nos Estados.
Afora isso, há também um regulamento que deve estar, a partir de janeiro, em vigor na CBF, que é muito rígido na criação de novos clubes. Cria uma das exigências primordiais de que para o clube se profissionalizar, tem que haver investimento maciço na categoria de base.
Eram apenas essas informações, Senador. Não sei se eu omiti...Salvo engano, aqui tem também sobre os recursos liberados pelas federações. Nos nossos Estados, vivemos no limite. O Piauí não é pobre, como disse o Cesarino, mas o Maranhão é um Estado pobre, mas vivemos no limite, e eu acho que poderia ser melhorado, sim. Eu tenho essa opinião lá, na CBF. Entramos muito em conflito lá; eu já entrei em conflito por várias coisas nesse sentido, porque eu acho que nós temos que tirar do Brasil... Nós temos, por exemplo, Série A, Senador, na Série A, nós temos, hoje, 18 clubes do Sul e Sudeste, um clube do Centro-Oeste e um clube do Nordeste. Absolutamente desigual.
O Sampaio Corrêa, o glorioso Sampaio Corrêa, se subir para a Série A, deverá receber, de direito de imagem, algo em torno de R$16 milhões; o Flamengo recebe R$120 milhões. Fica absolutamente desigual. É uma situação que se tem que discutir, que se tem que melhorar, para que esses clubes possam receber recursos para, pelo menos, aproximarem-se ali do ideal de formar uma boa equipe.
Nós temos que ver que o futebol, outrora, há muitos anos, pagava-se todo o custeio de um clube com as rendas. Hoje em dia, a situação econômica do País não permite. Os valores dos ingressos não podem ser altos, têm que ser pequenos, e com as rendas, às vezes, não dá para pagar o salário de apenas um atleta.
Então, a situação é transitória, a situação é difícil. Os repasses, nós achamos que têm que ser melhores para os clubes, têm que ser melhorados esses repasses. A CBF vem fazendo a sua parte, a partir do instante em que está custeando essas outras Séries, que essas são as Séries mais pobres, mas tem que também haver a modificação dos regulamentos. Nós temos lá as propostas, Deputado Andres, de melhorar. Por exemplo, a Série C e a Série D, que até 2013 eram regionalizadas, os clubes do Norte e Nordeste, jogam entre si, e os do Sul e Sudeste entre eles e Centro-Oeste, e depois se cruzavam no final. Hoje em dia, não. Quer dizer, a tendência, como os clubes do Sul e Sudeste são melhores preparados, é que subam cada vez mais clubes do Sul, e nós, lá, vamos ficando para trás, vamos ficando para trás!
Essas mudanças vão ocorrer. Não se pode fazer isso do dia para a noite. É um trabalho amplo de discussão, afinal, mexe com interesses de muita gente. E eu acho que nós estamos no caminho certo e vamos fazer esse trabalho sim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, presidente.
Agradeço a presença dos senhores aqui, nesse primeiro bloco, e aproveito a oportunidade para chamar aqui os próximos convidados.
Sr. João Carlos, o senhor vai responder? (Pausa.)
Por favor, Sr. João Carlos Oliveira Santos.
O SR. JOÃO CARLOS OLIVEIRA SANTOS - O questionamento é realmente sobre a nossa Arena Pantanal. Vou dizer para o senhor o seguinte: realmente é viável, o Governador Pedro Taques tem de realmente colocar as pessoas certas, entendeu? Eu acho que o Secretário, que é o Leandro, quando estamos com um grande evento, não quer nos ceder a arena.
Então, eu acho que tudo isso só vem nos atrapalhar, também futebolisticamente. O Mato Grosso tem um grande potencial, o senhor conhece muito bem. O seu Estado, as categorias de que nós estivemos falando, tem o Valdívia, no Internacional; o REC - Rondonópolis Esporte Clube - é um grande formador; tem a União de Rondonópolis com grande potencial. Então, o que nós estamos falando é que, realmente, eu acho que o que a CBF, muitas vezes, repassa não é o suficiente. Mas o Presidente Marco Polo está interessado, está conversando e precisa ajudar, porque as federações menores, como o Andres conhece o nosso problema, nós temos, por exemplo, o Paulo Vitor, saiu lá do nosso querido Operário Várzea-grandense, porque as categorias de base, lá tem Rogério Ceni, que vai encerrar agora, lá em Cuiabá, agora em dezembro, são craques que vieram de Mato Grosso. Precisam realmente, sim, Andres, nos ajudar com toda essa pauta, para que possamos investir mais nas categorias de base.
Os próprios Governos, como eu disse, Estadual e Municipal têm que ajudar a favorecer. Não é só... Lá, nós temos a Juíza Patrícia Ceni, que nos proibiu fazer o campeonato Sub-19, em que chegamos à semifinal, no Dutra, que o senhor conhece, no Dom Aquino e no CPA. Onde essa juventude vai jogar?
Nós também comentamos. Realmente, a especulação imobiliária acabou com vários campos. Inclusive o Vila Aurora, da sua cidade, está com esse problema.
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Então, eu gostaria que a gente unisse as forças, realmente. Vamos mandar nossas sugestões para cá, porque nós não podemos ficar omissos nisso aí. O futebol brasileiro merece o quê? Que nós tenhamos grande respeito e grande admiração.
Muito obrigado.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) - Sr. Presidente, eu só queria fazer um comentário nesse aspecto.
O que acontece no Mato Grosso? Lá, a Copa do Mundo foi um sucesso. Não tivemos sequer um incidente lá. Mas, claro, nós nos submetemos - à época, aqui no Congresso, nós votamos - à Lei Geral da Copa; e, claro, a FIFA veio com todo o seu know-how e expertise em realizações no mundo inteiro. A FIFA foi embora, nesse aspecto da organização, mas a representante da FIFA no Brasil é a CBF. Eu acredito que faltou, da nossa parte, exigir também que esse legado de organização da FIFA fosse imposto à CBF, e que ela fizesse então a manutenção, como obrigação, inclusive, da legislação. Acho que faltou, talvez, a gente pensar no pós-Copa do Mundo. O que a população mais cobra de todos nós é: valeu a pena? Fica aquela sensação... Por exemplo, nós temos lá uma situação em que mudou o governo. Então, um governo que foi oposição na campanha chega e diz que tudo que foi feito no passado, mesmo que tenha dado tudo muito certo, estava errado, superfaturado, o estádio não tinha que ter aquela obra, enfim. No caso específico do Verdão, em Cuiabá, além de todo o sucesso, foi um estádio cujo projeto de arquitetura foi premiado. Ou seja, pode ter algum defeito da construção, mas o certo é que a Copa em si foi um sucesso. Mas o legado disso para a população é a sensação de que não valeu a pena. Foram só quatro, naquele momento todo mundo torceu, todo mundo achou bom demais. Foi todo mundo embora e nós não tivemos a responsabilidade suficiente de mostrar, ou de fazer que isso tivesse uma sequência.
Eu já falei aqui em outra reunião: eu tive a oportunidade, quando o Mato Grosso foi - e nós dizíamos - contemplado com a subsede da Copa do Mundo, eu fui a Portugal conhecer um pouco do que aconteceu da Eurocopa lá. Portugal é um país pequeno. Eles construíram, em um espaço muito menor do que a maioria dos Estados pequenos, de Mato Grosso, oito estádios. A minha preocupação era exatamente essa questão: o que ficaria para depois? E aí é onde eu quero a consideração, não necessariamente agora. Que vocês depois possam fazer as considerações, porque também, Relator, foi de responsabilidade da CBF, naqueles Estados em que não houve a Copa do Mundo - essa me parece que foi uma coisa boa -, construir pelo menos os centros de treinamento. Ficou sob a responsabilidade da CBF.
Mas eu acredito que a CBF também poderia, assim como essa responsabilidade que ficou, talvez ter essa capacidade gestora para fazer com que os estádios que foram construídos também tivessem a oportunidade de funcionar. Por exemplo, quando acontece alguns jogos do campeonato nacional no interior, sempre o estádio está lotado, mesmo que seja no começo do campeonato. É um exemplo de que o interior, se tiver estímulo, porque, claro, o torcedor brasileiro é apaixonado em qualquer Estado, seja pelo Flamengo, seja pelo Corinthians.
O Brasil é um País único. Nós não temos nenhuma dificuldade, falamos a mesma língua, não temos dialeto. Temos um sistema de comunicação que o que acontece... Os campeonatos são vistos ao mesmo tempo em todo lugar. Então, acho que aí é uma questão talvez de gestão de quem cuida desse maior volume de recursos, que é a CBF. Como aqui o alvo também é a CBF, eu acho que a gente precisa contribuir, ou seja, buscar a solução.
Por isso, eu gostaria que depois a gente tivesse, durante um tempo... Vocês estão vindo aqui à audiência, mas a gente continua trabalhando aqui.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Obrigado, Senador.
Sr. Antônio Américo.
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O SR. ANTÔNIO AMÉRICO LOBATO GONÇALVES - Senador Fagundes, obviamente que, depois do sete a um, nós ficamos um pouco com a visão negativa e abalada. Mas o legado da Copa também se traduz em mobilidade urbana, se traduz em saneamento básico e, principalmente, em turismo. O Brasil foi notícia no mundo inteiro durante um ano, aproximadamente, ou talvez um pouco mais. Esse foi o grande legado.
Agora, para o futebol, acredito que os centros de treinamento vêm suprir essa lacuna. É um trabalho de planejamento e de longo tempo, isso haveremos de alcançar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito bem, presidente.
Muito obrigado pelas presenças dos senhores.
Vamos chamar aqui agora o Sr. Antônio Aquino Lopes, Presidente da Federação de Futebol do Acre; o Sr. Dissica Valério Tomaz, Presidente da Federação Amazonense de Futebol; o Sr. Antônio Carlos Nunes de Lima, Presidente da Federação Paranaense de Futebol; e...
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) - Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - ... o Presidente atual, Senador Leomar Quintanilha, se quiser participar desta Mesa, sendo Presidente da Federação de Tocantins, será um prazer.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) - Presidente, só uma informação, eu vejo que também nós temos uma pauta deliberativa. O senhor vai colocar em votação esses requerimentos ainda hoje ou não?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Creio que não.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) - Não, porque nós não temos número para deliberar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Não há quórum. (Pausa.)
Obrigado pelas presenças.
Vamos dar segmento a esta audiência pública.
Passo a palavra ao Sr. Antonio Aquino Lopes, Presidente da Federação de Futebol do Acre.
O SR. ANTONIO AQUINO LOPES - Queremos, neste momento, agradecer o convite da CPI, através do Senador Romário, que é o grande mentor desta Comissão Parlamentar de Inquérito. Dar o nosso boa-tarde aos outros Parlamentares, nominar aqui seria muito difícil, porque não conheço todos. Mas parabenizar a todos pela presença e pelo esforço de estar presente, acompanhando esta Comissão Parlamentar, no intuito de que nós possamos encontrar caminhos para o futebol brasileiro.
Eu, inicialmente, gostaria de falar um pouco sobre a minha trajetória no futebol. Ex-atleta, dirigente de clube, diretor de federação e, hoje, Presidente da Federação do Acre. Quando eu assumi a federação, ela era eclética, composta por aquelas entidades que comandavam todos os esportes. E, por coincidência, essa mesma federação não era, legalmente, de direito. Ela era de fato, mas de direito não existia, porque o seu estatuto, à época, fazia-se necessário ser aprovado na CBF, no CND e homologado, então, pelo Ministério da Educação.
Nós, no decorrer desses anos, transformamos a antiga FAD em Federação de Futebol do Acre, com toda a sua legalidade. Temos, hoje, uma entidade funcionando na maior normalidade dentro daquilo que o nosso Estado oferece.
Quando eu assumi a federação, nós não tínhamos nenhuma credibilidade na cidade, em nenhuma casa comercial. Hoje nós temos toda essa atividade reconhecida. Quero dizer aos senhores que a Federação do Acre não tem nenhuma dívida em nível Federal, temos certidões. E dizer também que é muito difícil para entidades como as do Norte do Brasil, porque as distâncias entre uma e outra dificultam o intercâmbio. Tudo, lá, tem que ser por via aérea.
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E os senhores sabem mais do que todos nós que por via aérea, no Brasil, é uma coisa muito cara. Esse assunto tem sido até tema do Senador Jorge Viana, que questiona as empresas aéreas em função dos preços das passagens na nossa região. Isso, lógico, dificulta muito o intercâmbio.
Eu, como Presidente da Federação, encontrei uma federação que não tinha crédito no comércio, o menor possível. Construí, primeiramente, uma sede e, depois, construí um estádio para 10 mil pessoas; estádio este no qual o próprio Senador esteve presente, fazendo uma partida de solidariedade, convidado pelo Senador Petecão.
Temos lutado muito para que o futebol da nossa região possa crescer, mas as distâncias são grandes. A televisão também atrapalha, porque ninguém quer ver futebol local, quando você tem todos os níveis de futebol, em nível mundial, dentro da sua casa, a custo zero. Isso tem sido para nós muito ruim. No passado, quando o futebol ainda era amador, os estádios eram cheios, porque o momento era outro. Naquela época, o cinema tinha muito valor. Hoje, já não se vai mais a cinema. Cinema, hoje, é uma coisa mais social.
Então, meus amigos, quero dizer a vocês que estou aqui, aberto, para algum esclarecimento e deixar já uma proposta para os Congressistas, porque se fala muito em renovação do futebol brasileiro. Se possível, que se faça uma lei, a exemplo do que existe nas escolas estaduais, porque toda escola tem que ter uma quadra, que as cidades, os Municípios possam fazer campos de pelada na periferia. A comunidade toma conta. Para isso, seria necessário que se fizesse uma lei. E que também se contemplasse um outro modelo de escolinha, porque nem todo mundo tem direito ou tem possibilidade de entrar nas escolinhas dos clubes. Refiro-me às escolinhas de bairro. Existem muitos ex-atletas que trabalham com as categorias de base. Eu posso dar um exemplo vivo dessa situação: o goleiro do Atlético Paranaense Weverton, que veio de uma escolinha de bairro, e hoje é titular do Atlético Paranaense. Ele veio para São Paulo na Copa São Paulo, foi visto pelo Corinthians, ficou no Corinthians, depois foi emprestado para um clube do interior, foi para a Portuguesa e, hoje, está no Atlético Paranaense.
Entendo que precisamos criar alternativas para os jovens brasileiros em todas as cidades, em todos os Municípios. Acredito que as prefeituras possam, com pouca coisa, fazer campos de pelada na periferia. Não precisa ser no centro da cidade, porque, na realidade, o craque, a meu ver, vem da pelada.
Seriam essas as minhas considerações.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, presidente.
Passo a palavra, agora, ao Presidente da Federação Amazonense de Futebol, Sr. Dissica Valério Tomaz.
O SR. DISSICA VALÉRIO TOMAZ - Boa tarde a todos.
Boa tarde, Presidente; boa tarde Senador Jucá. É um prazer estar presente nesta CPI, poder trazer algumas ideias, mas também poder dizer como chegamos a dirigente da Federação.
Quero saudar todos os nossos companheiros que aqui estão, Senadores e Deputados, parceiros da nossa Confederação Brasileira.
Fui jogador de futebol desde as categorias de base. Fui jogador infantil do Atlético Rio Negro Clube; juvenil, do São Raimundo...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Presidente, mas não foi jogador igual ao Senador Omar Aziz, não, né?
O SR. DISSICA VALÉRIO TOMAZ - Não, não. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Porque ele foi bom, quase 1.800 gols!
O SR. DISSICA VALÉRIO TOMAZ - Não, bem melhor que ele. Ele, como político, como gestor público, nota dez!
Fui dirigente de futebol profissional do Atlético Rio Negro. Depois, deixei o futebol profissional porque fui cuidar da vida. Vi que futebol, naquela ocasião, também não garantia muito o futuro, não. Então, fui cuidar da parte empresarial, trabalhar, para poder chegar à velhice com certa tranquilidade.
Mas, antes de chegar à Federação, sou fundador, Senadores, da Federação Amazonense de Tênis de Mesa. Fui atleta, dirigente e treinador, polivalente mesmo. Inclusive, o Amazonas é um dos quatro Estados do Brasil que detém o título de Campeão Brasileiro de Tênis de Mesa, fora eixo Rio-São Paulo e Minas Gerais. O Amazonas detém um título no infantil masculino.
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Fui campeão do Norte e Nordeste de tênis de mesa individual, mas vi que não dava mais para ser campeão brasileiro e resolvi fundar a Federação de Tênis. Fundei a Federação de Tênis, fui jogador, mas não fui tão bom quanto no tênis de mesa.
Posteriormente, fui à direção do Clube Atlético Mineiro, fui ser dirigente de futebol. Após seis anos, o Nacional, do nosso querido Senador Omar Aziz, já era hexacampeão, e nós fomos, então, para o Rio Negro, para quebrar essa hegemonia do Nacional. E conseguimos.
Aí vem o lado que eu acho extramente importante: fazer o futebol regional não sucumbir. Naquele momento, levado pelo presidente do Clube Atlético Mineiro, fiz uma seleção amazonense dos melhores jogadores do campeonato amazonense, peguei dois juniores, inclusive o Berg, que o senhor deve ter conhecido, pois ele jogou no nosso Botafogo - não é o seu, mas é o meu e do Senador Omar Aziz -, e trouxemos jogadores pontuais. Prestigiamos o futebol do Estado, trouxemos jogadores de renome nacional para o time, pontuais - no caso, o goleiro Tobias, que havia sido campeão pelo Corinthians, do Adãozinho, do Alcino, que jogou no Remo, fez história no futebol paraense e no futebol brasileiro; trouxemos o Tiquinho, ponta-esquerda que foi da Seleção Brasileira, e ganhamos, então, naquele ano de 1982, o título Amazonense.
E fomos, então, para o Campeonato Brasileiro Primeira Divisão, na época em que o Flamengo fora campeão do mundo, e o Flamengo, para o senhor ter uma ideia, Senador, empatou conosco lá em Manaus. No final do jogo, aos 44 minutos, o Zico cobrou um escanteio, e o meu ponta-direita foi desviar e jogou para dentro do gol. Então, nós nos classificamos naquele ano, na Primeira Divisão do futebol brasileiro, para uma segunda etapa, e naquela chave estavam: o Moto Club de São Luís; o Clube do Remo do Pará; o Santos, do Serginho Chulapa; o Flamengo, do Zico; o Rio Negro, do Alcino e do Tobias. Então, nós conseguimos, depois desse trabalho, ser levados à Federação de Futebol.
Nós fomos guindados à Federação de Futebol exatamente por todo esse trabalho que havíamos feito na parte desportiva e também nessas modalidades esportivas amadoras. E fomos para a federação, e encontramos a federação, a exemplo de todos os companheiros que aqui já deram o seu relato, em dificuldade. A federação era um prédio antigo, comprado pelo saudoso Flaviano Limongi, patriarca do nosso futebol, fundador da Federação Maranhense de Futebol. Flaviano Limongi comprou um prédio antigo, reformou todinho, mas, quando o recebemos, depois de três gestões de presidentes, estava totalmente deteriorado. Só tinha uma sala que funcionava, e eu recebi os documentos do Livro de Atas numa sacola de uma loja que é do Belmiro Vianez, antigo comentarista de futebol e grande empresário amazonense.
Assumimos esse futebol e passamos, então, a participar dos momentos vivenciados, bons e maus, do futebol brasileiro. Nós não viemos para cá dizer que tudo está às mil maravilhas, mas eu posso dizer aos senhores que, no decorrer dessa nossa conversa aqui, haverá de surgir algumas ideias, e eu tenho uma das ideias para que se possa unificar verdadeiramente o futebol brasileiro como uma confederação brasileira, porque nós somos um País continental e precisamos estar integrados sempre.
Como já foi dito aqui - não me lembro bem se foi por um Parlamentar -, somos um País extremamente grande, mas tivemos a sorte e o privilégio de falar a mesma língua. Isso para nós é bom, mas só que, no futebol, isso não está se traduzindo. E eu já disse isso em diversas reuniões, tenho colegas presidentes aqui, sabem que eu já levantei esta ideia e defendo esta ideia: a participação de todos os Estados em campeonatos nacionais, a obrigatoriedade de todo Estado ter um representante pelo menos na Série C. No decorrer da nossa conversa, eu poderei pormenorizar a ideia, para talvez termos essa propositura no relatório. Se nós não conseguirmos isso antes, através do nosso trabalho perante a Confederação Brasileira de Futebol, que nós possamos ter reforçado esse nosso pleito através do relatório final desta CPI.
Estou à disposição de todos.
Muito obrigado. É um prazer estar aqui com todos os senhores.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, presidente.
Passo a palavra agora ao Sr. Antonio Carlos Nunes de Lima.
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O SR. ANTONIO CARLOS NUNES DE LIMA - Senador Romário, Presidente desta Comissão; Senador Romero Jucá, Relator também desta Comissão; Srs. Senadores presentes, Srs. Deputados Federais; companheiros de infortúnio como presidentes de federações de futebol, eu me chamo Antonio Carlos Nunes de Lima, sou Presidente da Federação Paraense de Futebol e estou envolvido no futebol, como dirigente, há alguns anos. Comecei como presidente de Liga Esportiva Municipal, do interior, da cidade de Santarém, região oeste do Pará. Depois, em Belém, passei a integrar a diretoria do Paysandu, onde cheguei a diretor de futebol. Na época, carregando também o saco nas costas, nós conquistamos o primeiro título de Campeão Brasileiro da Série B, ascendendo à Série A.
Na Federação do Pará, nós temos hoje 29 clubes profissionais, divididos em Primeira e Segunda divisão, sendo que sete, no momento, estão licenciados por falta absoluta de recursos para sua manutenção. Temos mais 34 clubes amadores, diretamente filiados à federação. E, por ser o Estado do Pará, como digo, quase de dimensões continentais, respeitado o Estado do Amazonas, cuja extensão territorial é maior - o companheiro Dissica sabe disso aí -, nós temos 117 Ligas municipais, todas elas organizadas, funcionando em seus Municípios. E todas essas Ligas, clubes amadores, recebem apoio da nossa federação de futebol. Mas aqui, logo adianto, o apoio é muito pequeno, porque não há recursos, em nível até nacional - poderá ter, poderá chegar no futuro - para aplicações nas divisões de base. Nós também mantemos, por conta da federação, o nosso campeonato feminino, com os clubes do Pará, sempre participando de Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil de Futebol Feminino.
As categorias Sub-15, Sub-17, Sub-20 de futebol feminino; as categorias até intermunicipais, de seleções entre Municípios, todas elas são administradas e orientadas pela federação de futebol. E, eu digo mais, geram em torno de dez competições, todas oficiais.
No Campeonato Paraense de divisão de profissionais, houve uma mudança muito grande. Quando assumimos a federação de futebol, o campeonato, nós o chamávamos de Campeonato Metropolitano; não se ia mais longe. Hoje, o Campeonato Paraense de futebol profissional atinge o sul do Pará, região oeste do Pará, região nordeste do Pará e até o clube de uma nação indígena, que, segundo dizem, é o primeiro clube profissional indígena do Brasil, que é o Gavião Kyikatejê Futebol Clube, da Reserva Indígena Mãe Maria, situada no Município de Bom Jesus do Tocantins, geograficamente ligado ao Município de Marabá, na região sul do Pará. Então, todos eles disputam essas competições.
Agora, como nós saímos da capital para o interior, para chegar a Tucuruí, Marabá e Parauapebas, ao pé da Serra dos Carajás, ou na cidade de Santarém, que teve o privilégio do primeiro Campeonato Brasileiro da Série D, criado pela CBF, termos o São Raimundo como o seu primeiro campeão, porque nós conseguimos mostrar ao governo do Pará de anos passados - e continua até agora - a necessidade de se fundir, de se levar o futebol profissional ao interior, porque antes era só o amadorismo entre as Ligas Esportivas municipais.
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Hoje nós temos, no Pará, o Governo do Estado do Pará como patrocinador master do futebol paraense; recursos para, através de convênios firmados com a Federação de Futebol, transporte, hospedagem e alimentação das delegações visitantes; publicidade do Banco do Estado do Pará, diretamente com os clubes, mas via federação; e também a televisão estatal transmite os jogos e paga, faz o pagamento devido também aos clubes. Então, o Governo do Pará está nos ajudando a manter, vamos dizer assim, integrando o Estado do Pará, através do futebol. Há dois anos, houve uma campanha de divisão do Estado do Pará e usaram muito o futebol para dizer que o futebol já estava integrado ao futebol do Pará, não tinha por que dividir. Eles queriam criar o Estado do Tapajós, o Estado do Carajás e deixar só o Estado do Pará com o que não tinha nada. Então, dessa maneira nós estamos conseguindo administrar o futebol do Estado do Pará. Às categorias de base a federação assiste diretamente.
Agora tenho que dizer aqui, Senador Romário, nós temos, às vezes, o apoio, nós temos o recurso que poderia ser melhor se tivesse de outro órgão, porque eu vou dizer até que é um privilégio termos os grandes jogos lá, no nosso Mangueirão, que dá rendas excelentes, que a federação leva também um percentual. Eu dou um exemplo recente, o Clube do Remo, na Série D, jogando contra o Operário, de Ponta Grossa, no Paraná, conseguiu colocar 40 mil torcedores, gerando uma receita de R$1,6 milhão, agora recente, no Mangueirão. Então, isso é bom para todos. Então, nessa parte do que nós somos aquinhoados e com algum recurso que chega mais, nós fazemos esse apoio e incentivo às categorias de base.
Agora tenho que dizer aqui também que somos a primeira federação a ser contemplada, pelo que os senhores já ouviram falar aqui e já foi debatido aqui, o projeto do legado da FIFA. O Estado do Pará é o primeiro que foi contemplado. Nós não tivemos jogos de Copa do Mundo. Então, nós tínhamos terreno, nós tínhamos todas aquelas exigências que a FIFA fez.
Então, o legado da FIFA, lá em Belém, está em via de conclusão. Já estamos com quatro campos prontos, já estamos com os alambrados e já estamos fazendo também alguns jogos nos campos que a FIFA exigiu que sejam chamados de eventos-teste, para saber se está correto, se está sendo feito direito, porque não é a federação que administra essa construção, é a própria FIFA...
(Soa a campainha.)
O SR. ANTONIO CARLOS NUNES DE LIMA - ... através dos seus representantes, dos seus engenheiros, que vão constantemente a Belém acompanhar.
Então, isso vai representar muito para nós pelo emprego que nós vamos ter das categorias de base lá. E não vai funcionar só para o futebol. Nós vamos ter também a fisioterapia, o atendimento médico, o atendimento odontológico, as aulas e os cursos. Tudo dentro desse projeto do legado da FIFA em Belém,.
Acho que dei aqui algumas explicações, algumas informações e me coloco à disposição dos senhores integrantes desta Comissão para responder as arguições que se fizerem necessárias.
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O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Obrigada, presidente.
Passo a palavra agora ao Sr. Leomar Quintanilha, ex-Senador e Presidente da Federação de Tocantins.
O SR. LEOMAR QUINTANILHA - Sr. Presidente, Senador Romário, agradeço, preliminarmente, a deferência em atender meu pedido de me incluir entre os convidados como presidentes de federação para a rodada desta tarde.
Meu caro Senador Romero Jucá, eminente Relator desta Comissão; Srs. Deputados Marcus Vicente e Roberto Góes; meus caros colegas presidentes de federação; senhores e senhoras; imprensa, é com particular satisfação, Senador Romário, que nos fazemos presentes, imbuídos do propósito de dar uma contribuição aos trabalhos desta Comissão em procurar fortalecer e crescer o futebol como instituição neste País.
Eu sou torcedor do Flamengo. Na minha geração, as crianças e adolescentes, na minha época, torciam para o Flamengo, ou para o Vasco, ou para o Corinthians, ou para o Palmeiras, enfim, torciam para um clube do eixo Rio-São Paulo. O meu Estado, Goiás, tinha um futebol incipiente. O futebol brasileiro se concentrava no eixo Rio-São Paulo. De lá para cá, mais de 60 anos, pouca coisa mudou. A concentração, as principais estrelas do futebol brasileiro, está ainda no eixo Rio-São Paulo. Alguns Estados do Nordeste despontaram, e, na Região Sudeste, em alguns Estados também, o futebol melhorou.
Ouvi a colocação veemente do Deputado Andres Sanchez, que teve uma experiência na presidência de um dos mais importantes clubes do Brasil e sentiu a importância e a necessidade da democratização do futebol, do incentivo ao futebol, nos mais diversos rincões deste País. Primeiro porque talento não escolhe lugar para nascer, pode nascer, sim, no eixo Rio-São Paulo, mas pode nascer no Tocantins, no Amazonas, em qualquer lugar. É preciso que haja uma estrutura que, efetivamente, possa dar oportunidade para que esse talento seja aproveitado.
Aliás, tenho que cumprimentar V. Exª, que, enquanto jogou futebol, muita alegria e muito orgulho nos trouxe, a todos os brasileiros, e não esconde as dificuldades das suas origens. Está aqui no seu informativo a sua origem, de Jacarezinho. Já ouvi relatos de outros craques importantes do futebol brasileiro, dizendo que, no seu início, tinham, às vezes, dificuldades de arranjar dinheiro para pagar o ônibus, sair do seu bairro e chegar ao clube onde eventualmente treinaria. Agora, imaginem nos outros Estados, longínquos, distantes, pobres, em que a influência da economia se faz sentir no futebol.
O time campeão do Tocantins, neste ano, sua folha de pagamento gravitava em torno de R$150 mil por mês. Então, sem que tenhamos uma participação mais efetiva na distribuição dos recursos desse futebol nacional, na ideia do Andres Sanchez, dificilmente teremos uma melhoria mais acentuada. Mas há muitas coisas que podemos fazer. Eu gostaria, Senador Romário, de dar pelo menos uma contribuição, que acho muito importante, que esta Casa e a Câmara dos Deputados podem fazer. Eu me penitencio por não ter observado, não ter tido a sensibilidade de ter percebido isso à época em que tive o privilégio de, representando o povo do meu Estado, ter assento nesta Casa.
Mas foi preciso que o Brasil sofresse aquela derrota vexatória contra a Alemanha, de 7 a 1, para termos conhecimento de que o modelo do futebol praticado no Brasil precisa ser revisto, precisa ser melhorado.
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O SR. LEOMAR QUINTANILHA - Quando se fala em investimento em categoria de base, nós ficamos nos esforçando muito para fazê-lo, e jogamos para os clubes essa responsabilidade. Os clubes têm a responsabilidade de fazer os investimentos de categoria de base.
O meu Estado tem apenas 27 anos. A condição econômica do meu Estado não é das melhores, é uma das mais difíceis deste País, e o futebol é o reflexo dessa situação econômica no modelo atual do futebol.
Então, eu acho que esta Casa pode dar uma contribuição, ainda não só na questão do aspecto econômico, mas no aspecto normativo. Nós observamos o seguinte: aqui começamos a trabalhar com os nossos adolescentes na categoria Sub-15. A CBF investe na categoria de base, mas começa com a categoria Sub-15. Em outros países, as crianças já estão sendo trabalhadas com idade bem inferior, na casa dos oito anos. A Alemanha já começa a trabalhar as crianças a partir dos oito anos de idade. Aqui, no Brasil, nós não podemos, Senador Romário, porque a nossa legislação não permite. Dentre elas, cito o Estatuto da Criança e do Adolescente, que cria até dificuldade hoje dentro de casa no exercício da hierarquia que precisa existir no principal núcleo da sociedade, que é a família. Hoje os pais, às vezes, têm dificuldades em exercitar a hierarquia sobre os filhos. As crianças são levadas, às vezes... A legislação está muito rigorosa com relação a esse tipo de educação. E chega ao ponto de proibir o trabalho. A criança não pode trabalhar. Eu, quando tinha dez anos, trabalhava, mas nessa época a legislação não proibia. E eu tenho certeza de que muitas pessoas da minha geração, os nossos pais, os pais ensinavam as crianças a trabalharem desde 10 anos, que começam a entender das coisas e aprendem depressa as coisas ruins na rua.
Então, Senador Romário, acho que seria bom alvitre que esta Comissão pudesse constituir um grupo que pudesse promover um estudo com relação a uma possível modificação ou aprimoramento na legislação, inclusive no Estatuto da Criança e do Adolescente, que não permite hoje aos clubes fazerem um trabalho efetivo com crianças abaixo de 14 anos. Acho que essa seria uma contribuição boa que esta Comissão poderia dar para a melhoria do futebol no nosso País.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, presidente.
Vou passar a palavra ao nosso Relator para que possa fazer as suas considerações finais.
Por favor, Senador Romero Jucá.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) - Sr. Presidente, na mesma linha quando ouvimos a primeira etapa dos presidentes de federação, acho que estão patentes aqui as dificuldades dos Estados menos desenvolvidos, o tipo de construção que tem que se fazer no futebol brasileiro, o tipo de oportunidade e de sustentabilidade que precisa se fazer, inclusive com utilização mais racional das condições de competições nacionais. Isso é uma pauta que nós traremos para discutir com os membros da Comissão.
Eu tenho anotado, com muita atenção, todas essas condições, e pretendo trazer algumas propostas para que a Comissão, numa reunião interna, possa realmente debater e verificar qual a posição majoritária da Comissão. A gente faz o relatório, mas é importante que esse relatório seja o espírito de toda a Comissão e que a gente possa realmente apresentar algo novo, um alento para o futebol brasileiro, para o futebol de base, para a manutenção dos nossos atletas, para que o futebol possa se espraiar com condições por toda a sociedade.
E aqui foi feito, quero reforçar, essa questão do esporte hoje tem que ser um instrumento não só de ascensão social, mas de resgate dos jovens da marginalidade, da droga. Quer dizer, a cultura, o esporte, tudo isso tem que ser instrumento efetivo de transformação social. E há uma estrutura, uma história no Brasil, no futebol, que pode ser utilizado de uma forma muito forte.
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Eu acho que nós temos aí vários canhões que não estão atirando. Na verdade, a gente está aí padecendo de uma série de dificuldades, quando efetivamente algum tipo de recurso de custeio poderia movimentar de uma forma muito forte todo o interior do Brasil.
Eu sou de um Estado também que tem muita dificuldade no futebol. Aqui eu quero louvar o meu amigo, meu irmão, meu eleitor, meu correligionário, o Zeca Xaud, que é um guerreiro, é um lutador. O Zeca fica lá brigando com todo mundo para fazer futebol. Não tem apoio do Estado, não tem nada, é uma dificuldade muito grande. Então, a gente sabe como é.
Eu sou torcedor do Sport, porque eu sou de Recife. Vou dizer que a gente está bem. Vamos ganhar do São Paulo agora no sábado e vai entrar...
(Interrupção do som.)
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) - Mas é importante que a gente tenha times em todos os Estados que possam, efetivamente, participar e ajudar na melhoria da autoestima de cada Estado. Porque, quando você um time do seu Estado melhorando, jogando, representando, isso cria uma energia positiva. A gente sabe como é.
A população precisa ter alegria, e o futebol já foi a alegria do povo e hoje, infelizmente, tem dado algumas tristezas. Então, a gente quer reverter, mudar essa página. Com a experiência do Presidente, Senador Romário, eu acho que é possível a gente agregar, receber todas essas contribuições e, efetivamente, repassar uma proposta que seja uma proposta que todos possam se unir para melhorar o futebol brasileiro.
Então, eu queria agradecer a presença de todos vocês, dizer que é muito importante ouvir a experiência de cada um. Aqui todos são importantes. Vocês representam cada Estado do Brasil, com suas diferenças, com suas potencialidades.
E eu volto a dizer, eu sou do menor Estado do Brasil em população, em condição econômica. Então, a gente sabe o que é lutar contra a diversidade. Mas eu quero aqui agradecer a presença e dizer que nós vamos fazer um trabalho - eu espero - à altura dos anseios e das esperanças de cada Estado brasileiro.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, Senador.
Dando continuidade às palavras do nosso Relator, Senador Romero Jucá, o que eu poderia propor aqui para os senhores presidentes - e vou fazer para aqueles que já estiveram e outros que virão - é os senhores passassem para a gente três, quatro, cinco sugestões, através de e-mail, porque esta Secretaria entrará, com certeza, em contato com os senhores, do que pode melhorar hoje no futebol em relação às federações e o que pode acontecer de novo daqui para frente.
Eu acho que essas ideias, essas sugestões dos senhores vão ser bem interessantes, bem importantes e bem oportunas, inclusive na hora de o nosso Relator finalizar o seu relatório. Eu, particularmente, também não tenho nenhuma pergunta a fazer.
Coloco em votação as Atas da 13ª e da 14ª Reuniões, solicitando a dispensa da sua leitura.
Os Srs. Senadores que as aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovadas.
Antes de finalizar, eu vou passar a palavra aqui ao nosso Senador Wellington Fagundes.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) - Sr. Presidente, eu gostaria aqui de saudar o nosso Senador Leomar Quintanilha, que hoje está aí como presidente. Eu acho que uma figura como ele, além de carismático, a experiência de conviver aqui, de repente ele podia ser até o nosso coordenador junto aos presidentes da federação para fazer esse trabalho. Principalmente para buscar de todos, porque às vezes há dispersão. Acontece aqui, mas depois cada um vai lá para as suas atividades e se esquece que tem que contribuir. V. Exª poderia até fazer uma reunião com os presidentes aí, para vocês conversarem mais amiúde, fora dos holofotes, enfim, daquilo que a experiência do Leomar, como Parlamentar que foi, também possa contribuir conosco.
Presidente Romário, eu sei que toda CPI nasce e, de repente, muitas delas, a grande maioria fala que foi mais um acordo feito, mais uma pizza fabricada ou mal-assada, enfim, com um final que a sociedade questiona. No entanto sei que, principalmente para V. Exª como Presidente e ainda como uma figura exponente aí na área do futebol, com experiência, claro que todos os brasileiros dizem: "Agora, com Romário, vai dar certo essa mudança." E também com a relatoria do nosso Senador Romero Jucá, uma pessoa que, aqui na Casa, tem uma experiência muito grande e tem a capacidade de fazer esse trabalho de harmonização de todos nós da classe política, eu acredito que ninguém quer ver está CPI sem resultado, como mais uma CPI.
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Acho que, minimamente, se a gente puder contribuir. É claro que tem a questão de a CPI ser uma comissão de investigação, mas o objetivo final dela, acho extremamente importante.
Há problemas aí na questão mundial, da FIFA. É claro que, provavelmente, sobre algumas coisas a CPI vai produzir um relatório para dar satisfação, mas nesse aspecto acho que é muito importante que a gente produza algo que possa, realmente, trazer uma satisfação à opinião pública para dizer que valeu a pena aquele povo ficar gastando tempo lá, ficar lá reunido, porque a sociedade recebeu alguma coisa de benefício.
Então, gostaria de saudar a todos, principalmente o Presidente Quintanilha, que é o nosso companheiro e, com certeza, representa muito lá no seu Estado.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) - Muito obrigado, Senador.
Tenho uma menina que trabalha comigo, a Elaine, que tem síndrome de Down. Ela me passou um WhatsApp dizendo para eu não me esquecer de dar parabéns a todos os servidores, porque hoje é o Dia do Servidor Público. Então, parabéns! Elaine, para você em especial!
Dentro do que eu havia falado sobre essas ideias, peço aos senhores que essas ideias, realmente, possam sair daquilo que os senhores entendam que pode melhorar e do que, por exemplo, nunca existiu no futebol, e que vocês entendam ser interessante.
É claro que eu entendo - e já vivo no futebol há muitos anos - que a CBF pode vir a ter algum tipo de influência nessas sugestões. Mas quero dizer aos senhores que é o que é bom para o futebol, e não para a CBF. Automaticamente a gente tem que saber um pouco separar as coisas, porque a gente sabe da potência, vamos dizer assim, de uma confederação como a CBF, e a gente sabe dos problemas que muitas dessas federações passam no seu dia a dia.
Então, peço aos senhores que enviem essas ideias para esta Secretaria, ideias que, realmente, são necessárias para que as federações dos senhores possam ter uma melhor qualidade e a possibilidade de melhorar o futebol dos seus Estados.
Mais uma vez, muito obrigado pelas presenças. Foi de grande importância e relevância as presenças dos senhores e tudo o que foi colocado aqui hoje.
Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos e declaro encerrada a presente reunião.
(Iniciada às 14 horas e 43 minutos, a reunião é encerrada às 16 horas e 22 minutos.)