Notas Taquigráficas
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| R | O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Declaro, em nome de Deus, abertos os trabalhos que visam investigar maus-tratos infantis no Brasil. Com o quórum regimental, dou início aos trabalhos e coloco em votação as atas das 19ª e 20ª Reuniões, solicitando a dispensa da leitura das atas. Os senhores que as aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) Aprovadas as atas. Antes de iniciarmos o depoimento, com base no art. 121 do Regimento Interno, incluo extrapauta os seguintes requerimentos: EXTRAPAUTA ITEM 1 Requerimento Nº 212/2018 Requer que sejam convidados os consultores da CPI para participar de Audiência Pública nas cidades de São Paulo/SP e Vitória/ES. Assunto: Convite Autoria: Senador Magno Malta EXTRAPAUTA ITEM 2 Requerimento Nº 213/2018 Requer que seja convidado o psicólogo Sidney Kiyoshi Shine para ser ouvido, de forma reservada, perante esta Comissão. Assunto: Depoimento Autoria: Senador Magno Malta EXTRAPAUTA ITEM 3 Requerimento Nº 214/2018 Requer que seja convidada a Srª Tunisia Viana de Carvalho para ser ouvida, de forma reservada, perante esta Comissão. Assunto: Depoimento Autoria: Senador Magno Malta EXTRAPAUTA ITEM 4 Requerimento Nº 215/2018 Requer que seja convocado o Sr. Paulo Henrique Barros para ser ouvido perante esta Comissão, na cidade de São Paulo/SP. Assunto: Depoimento Autoria: Senador Magno Malta EXTRAPAUTA ITEM 5 Requerimento Nº 216/2018 Requer que seja convocado o Sr. Diniz Horácio da Silva para ser ouvido perante esta Comissão, na cidade de Vitória/ES. Assunto: Depoimento Autoria: Senador Magno Malta EXTRAPAUTA ITEM 6 Requerimento Nº 217/2018 Requer a realização de Audiência Pública com a participação de especialistas e vítimas de bullying e cyberbullying. Assunto: Convite Autoria: Senador Magno Malta EXTRAPAUTA ITEM 7 Requerimento Nº 218/2018 Requer a realização de Audiência Pública para debater sobre a violência contra crianças e adolescentes. Assunto: Audiência Pública Autoria: Senador Magno Malta Antes de trazer o nosso convocado, eu registro, Senador José Medeiros, que, na audiência pública que nós teremos amanhã, vamos tratar das questões de bullying e cyberbullying - até porque já lançamos uma cartilha muito importante para o Brasil. Volto a falar dessa cartilha que a CPI lançou no ano passado e que vai tomando corpo no Brasil. As instituições, as autarquias estão repetindo essa cartilha. Essa audiência pública de amanhã será com a presença do Ministro do Esporte e do Ministro da Educação e com a presença do atleta Diego Hypólito, que certamente tem muito a colaborar. Mas tenho uma informação triste, até porque acabei de falar com o Diego Hypólito - falei mais cedo, falei agora. O Diego ainda não tem disposição, não tem coragem de entrar em um avião. Isso são traumas acumulados do bullying, do batismo, dos trotes sofridos, conforme ele mesmo narrou na mídia nacional, a que ele foi submetido, como foram tantos outros. A contribuição é muito importante para uma legislação preventiva futura, e seria mais importante porque nós vamos ter aqui a presença do Ministro do Esporte, porque nós precisamos dar um fim a esse tipo de coisa. Mas, não podendo vir o Diego - e eu entendo perfeitamente o momento psicológico dele, o momento de tratamento dele, um atleta de alto rendimento precisando tomar remédio controlado para poder ter equilíbrio em função de acúmulos a partir da sua vida juvenil -, nós vamos, na nossa ida a São Paulo, fazer uma audiência pública. Nessa audiência pública, podemos ouvir o Diego. |
| R | Os senhores e as senhoras, dentro do quórum regimental que temos, que os aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) Estão aprovados os requerimentos. Conforme está publicado, a presente reunião tem finalidade de colher depoimento do Sr. Fernando de Carvalho Lopes, e a convocação decorre do Requerimento nº 198, de 2018. Peço à assessoria que traga o Sr. Fernando. (Pausa.) |
| R | Para registro, nesta data compareceu, para prestar esclarecimento a esta Comissão, o abaixo qualificado Fernando de Carvalho Lopes - data de nascimento, nacionalidade, estado civil, identidade, endereço, empresa, assinatura; está tudo certo -, acompanhado do Dr. Luís Ricardo Vasques Davanzo... É isso, Doutor? O SR. LUÍS RICARDO VASQUES DAVANZO (Fora do microfone.) - Davanzo. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Davanzo, OAB 11 mil... O SR. LUÍS RICARDO VASQUES DAVANZO (Fora do microfone.) - É 117. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - OAB 117043. Obrigado, Doutor. Bom, vamos iniciar a nossa oitiva. Sr. Fernando, o senhor conhece as razões... O SR. LUÍS RICARDO VASQUES DAVANZO - Questão de ordem, Senador. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Eu já lhe dou a palavra para uma questão de ordem. O senhor tem direitos constitucionais dos quais pode se utilizar. A Constituição diz que o senhor não precisa criar provas contra si. O senhor pode responder ou não - é um direito que lhe assiste. Só o advirto que CPI tem poder de Justiça e poder de polícia. Na verdade, a Comissão de Inquérito é o Judiciário. A nossa intenção... CPI não cria denúncia, CPI não faz denúncia, CPI não é uma usina de denúncia; CPI investiga o que lhe vem à mão. Na verdade, o nosso papel é investigar. O fato de estar numa CPI, de estar sentado numa CPI não é uma boa coisa, é uma desvantagem muito ruim, e ninguém está aqui para tripudiar sobre o senhor, em absoluto. Vamos tratar as coisas com o maior respeito possível. O senhor tem um foro, um lugar apropriado - quem sabe o senhor nunca tenha tido isso - para poder verbalizar a sua verdade. O senhor terá isso aqui, querendo ou não. O senhor tem o direito constitucional de dizer também que não quer falar e pode se utilizar dos seus direitos constitucionais aqui. Então, quero que o senhor fique bem à vontade. É uma coisa ruim; é ruim estar na desvantagem. Estar sentado aqui é absolutamente ruim? É. Mas existe uma denúncia, e esta CPI foi instituída, instalada. O fato determinado é este: investigar, de fato, esse tipo de denúncia. Sim, Doutor, eu o atendo. O SR. LUÍS RICARDO VASQUES DAVANZO - Muito boa tarde, Exmo Senador Magno Malta. |
| R | Cumprimento também o Senador José Medeiros e todos os presentes. Como o inquérito policial que pesa contra o Fernando corre em segredo de Justiça... O segredo de Justiça não é um privilégio dele, é com relação às pseudovítimas, às pessoas que estão se apontando como vítimas. Para que ele não incorra em nenhum tipo de infração exatamente a esse segredo de Justiça, nós fazemos um requerimento para que essa oitiva seja em segredo de Justiça também, bem como todos os apontamentos desta tarde, respeitando, lógico, o trabalho da imprensa, que nós sabemos que é importante, e tudo o mais. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - A princípio, eu indefiro porque o que nós vamos tratar aqui é público. Sei que o inquérito é fechado, e por isso não o requeri. Tive o cuidado de vê-lo, de estar com as pessoas. Cuidadosamente, fui, e elas não vieram à CPI, não trouxeram nada. Eu fui a elas, ao Ministério Público, à delegada do caso. Fui pessoalmente e terei todo o cuidado do mundo para que essas pseudovítimas, que V. Sª acabou de citar, não sejam citadas, não sejam mostradas, para que os nomes não sejam falados. E tudo de que eu necessitar, com relação a isso, certamente mostrarei para ele aqui, eu e ele. Agora, havendo necessidade, e ele querendo falar alguma coisa que contribuirá com a CPI para que nós possamos chegar, na nossa investigação...Uma contribuição, da parte dele, que deseje falar de forma reservada, certamente, nesse determinado momento, eu fecharei para poder ouvi-lo reservadamente. O SR. LUÍS RICARDO VASQUES DAVANZO - Ele tem interesse, sim, de falar. Ele pretende falar. Não quer fazer uso do direito consagrado de se manter em silêncio. Ele quer, realmente, ver aclarada toda essa situação, ele tem interesse de prestar a sua versão com relação aos fatos. O único detalhe, realmente, é este, no sentido de que nós não entremos numa área que incorra em afronta ao segredo de Justiça decretado judicialmente. A gente sabe, entende os poderes... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Está correto. Não o farei até porque aquilo de que vou tratar com ele não vai expor, porque de fato está em segredo de Justiça. A questão não é ele - o fato em si e ele estão públicos -, mas os menores que estão envolvidos. Certamente, aquilo que eu precisar a imprensa não tomará conhecimento nem ninguém. Tomei o cuidado de tratar com ele aqui. O senhor estará diante daquilo que eu aqui vou colocar. Em determinado momento, se ele disser assim: "Eu preciso colaborar com a CPI. Tenho fatos que não foram falados, que não constam e quero colaborar", vou fechar, e, sem dúvida alguma, nós vamos ouvi-lo. Sr. Fernando, eu vou lhe dar o tempo que o senhor precisar. Vou lhe dar 20 minutos. Eu entendo a sua situação. Sei o que é o desconforto de estar sentado aqui, até pela própria CPI em si, pelo que ela investiga, por aquele rótulo que ela pode dar. Mas é a oportunidade que o senhor tem. As grandes redes do Brasil, sejam faladas, televisivas, escritas, já trataram do assunto. O senhor está em público. De repente, o senhor, aqui, vai ter a oportunidade de não falar respondendo a um repórter e nem a mim, nesse primeiro momento. Dou-lhe 20 minutos. O senhor pode ligar o microfone e ficar à vontade. Se disser: "Senador, preciso de mais dez minutos", vai falar mais dez minutos. E o senhor tem a oportunidade de falar a sua verdade. O senhor, hoje, e o seu advogado estão juntos. Gostaria, daqui para a frente, doutor, que o senhor em qualquer intervenção da sua parte comigo... Eu mandei lhe dar uns papéis para o senhor fazer a questão de ordem escrita para mim, porque aí vamos tratar respeitosamente a oitiva do Fernando. |
| R | Fernando, você tem a palavra e pode usá-la pelo tempo que você achar que deve. Você tem uma história de vida, você tem família, você tem mãe, você tem pai, você estudou, você vive numa cidade, você tem uma realidade em volta de si, e certamente tudo isso tem trazido transtornos e adversidades para a sua família e para você, pessoalmente. Então, fique à vontade. Pode... Não sei se a pessoa consegue se desarmar tratando de um assunto como esse, mas aqui você pode ficar à vontade, e neste primeiro momento o microfone é seu. (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Você pode ficar à vontade. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Boa tarde, Exmo Senador Magno Malta, Exmo Senador José Medeiros. Vou contar um pouquinho de mim para vocês. Sou formado em educação física, em Santo André. Trabalhei, na verdade, com ginástica artística durante 18 anos. Há dois anos, eu estou afastado, depois que houve, nas vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, uma acusação sobre o meu nome. A partir desse momento... Isso foi um baque muito grande na minha vida. Realmente, um tipo de acusação dessas desestrutura qualquer pessoa, porém fiquei impactado e a minha família também. Acho que a família de qualquer um de vocês ficaria na mesma circunstância com o tipo de acusação que foi feita. Porém, graças à credibilidade de lugares em que sempre trabalhei - que foram colégios -, no clube do qual hoje estou afastado, porém trabalhei durante 20 anos da minha vida, eu conquistei muito respeito com todos os funcionários e com todos os associados desse clube, tanto é que tive uma oportunidade de retornar para esse clube e desempenhar outras funções que não fossem a de que fui acusado pela mídia. E lá continuei trabalhando e tentando resgatar a credibilidade e o sustento da minha família. Em dado momento, a nossa vida começa a ser reconstituída. Tive que acionar um advogado, até para ficar à frente de tudo isso, porque eu não teria condições de seguir. E o tempo inteiro ele me deu assistência, acompanhou toda a parte de inquérito policial que vem sido feito por parte da Delegacia de São Bernardo do Campo. Conforme a minha vida foi entrando novamente num rumo, e passado - passado, não: convivendo - com esse trauma, mas dando um rumo na minha vida, novamente mais uma denúncia, num momento em que sai na mídia um caso que resolveram associar ao meu nome, que foi o do médico dos Estados Unidos. Então, são situações em que, sempre quando tem algum momento pertinente, eu sou colocado em xeque. Na época dos Jogos Olímpicos, uma disputa onde tinham cinco treinadores para três vagas para participarem dos Jogos Olímpicos. Esse foi um momento em que houve uma situação de um médico dos Estados Unidos e se resgata esse tipo de assunto. |
| R | Então, eu vivo essa vida há dois anos, uma vida que eu tento conduzir da forma mais normal possível, porém, sempre assessorado e esperando uma oportunidade para poder falar. Mas não são todas as pessoas que usam as suas palavras da forma que realmente você as coloca. Saiu na mídia que eu fui convocado para depor e que eu não fui porque apresentei atestados médicos sobre questões de saúde, o que não é verdade. Em momento algum eu fui convocado, em momento algum eu apresentei atestado médico... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Mas aqui na CPI? Essa informação foi que você apresentou atestado aqui? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não! É o que sai nos jornais, o que sai na mídia. Eu falei que estou... Tanto é que eu fiz questão de vir à CPI. Essa foi uma coisa que a gente conversou com o nosso advogado, o Sr. Davanzo. Realmente, eu não tenho por que não falar... Só tenho que ter a cautela de com quem falar, porque, primeiro, colocaram declarações minhas editadas em jornais de uma forma contraditória ao que eu mesmo falei. Deram declarações em jornais de que eu fugi da delegacia, do meu depoimento, porque eu apresentei atestado médico. Isso não confere. Então, como começaram a sair várias inverdades sobre a minha situação, eu me reservei o direito de ficar em silêncio e de só me apresentar realmente no momento de credibilidade e oportuno, que eu acho que aqui é um. Eu confio em que aqui seja um desses momentos. Mas entendo também que eu tenho que respeitar... Os meus conhecimentos de leis são muito baixos. Eu não tenho... Por isso é que eu tenho um advogado. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Com certeza. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Entendeu? Então, desde o começo, está sendo feito um inquérito, uma investigação, e nós estamos respeitando todo esse processo. Feito o convite por vocês, nós achamos relevante, porque ali é uma Casa de credibilidade. Então, vamos nos posicionar também. Essa é mais ou menos a minha história. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Fernando eu vou pedir licença ao... Você quer um café? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não, obrigado. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Vou pedir licença ao nosso Relator, Senador José Medeiros, e vou iniciar com você. Diga-me ou coisa: quando você para para pensar e refletir, por que você acha que isso começou? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu fui um treinador que trabalhei com rendimento. É impossível você agradar a todos... (Intervenção fora do microfone.) O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Continuo? O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Continua. É que você estava meio longe, e eu estava perguntando a ele se estava captando... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu fui um treinador de rendimento. Com certeza, eu causei muito mais descontentamentos do que satisfações. Muitos atletas de outros Estados procuraram vir treinar comigo. Nós sempre tivemos uma procura, num clube muito simples, porque a estrutura do meu clube era muito pequena na época, mas por lá se formaram atletas que foram base para as seleções nacionais. Sempre teve procura de muita gente. Só que eu nunca fui um técnico manso. Pelo contrário, fui extremamente rígido. As crianças treinavam muitas vezes chorando, porque tinham que cumprir suas tarefas, mesmo no pós-treino, quando não se concluía. E criei muitos inimigos. Cortei bolsas de estudo de atletas quando deixavam de render, cortei salários de atletas, demiti auxiliares técnicos, prejudicando as pessoas que não seguiam a minha linha de trabalho. Sempre fui extremamente rigoroso nas minhas ideias e convicções, que levavam a um resultado. Então, eu sinto que, nesse caminho, acabei criando, sim, muitas desavenças. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Você acha que, a partir daí, eles se juntaram como grupo, combinaram o que iam falar e o que iam dizer, ou foi o descontentamento de um que desencadeou? Até porque eu queria que você comentasse mais um pouco, porque você disse que criou mais descontentamento do que contentamento com atletas. Você acha que quem treina... Eu estou falando para você, porque eu sou do esporte também. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Sou do esporte e vivo dentro dele. E o corpo não é uma máquina de fato. Mesmo um atleta de alto rendimento... Chega uma hora em que o corpo pede, até porque o descanso faz parte do treino. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Mas você usou uma expressão muito dura. Você acha mesmo que tratar com criança, saindo da fase da puberdade, entrando na fase da adolescência, indo para sua fase de juventude, esse descontentamento... Você diz aí: "Eu cortei bolsa, eu cortei isso, cortei aquilo." Isso tudo levou com que eles... Porque não foi um só que falou. Foram muitos que falaram. Esta é a minha pergunta: eles se juntaram ou, a partir de um, o outro se encorajou? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Exmo Senador, eu trabalho há 20 anos. Eu não há trabalho há 20 meses e nem há 20 dias. A partir do momento em que uma acusação dessa é feita em meu nome, sobre um assédio sexual, eu entendo que é uma denúncia muito grave e muito difícil de lidar, principalmente com quem sofre. Eu sou pai. Eu sou o primeiro a falar que sou contra tudo isso e correria atrás de todos os direitos possíveis para os meus filhos, mas entendo também que, no volume que é colocado sobre mim, da forma que são feitas as falas e acusações, eu não vejo outra coisa a não ser a vingança, até porque é falado um número alto. Como nunca ninguém se manifestou? Eu tenho 20 anos de trabalho em um clube. Como nunca teve uma reclamação no meu nome? Falar que 10, 20, 30, 50 se acanharam? Mas, espere aí... Estão falando em números muito mais altos. Eu trabalhei com centenas de atletas, centenas de atletas. Em nenhum momento... Eu sou um dos funcionários... Fui, né? Porque no momento eu estou afastado. Mas eu fui um dos funcionários mais antigos do clube. Nunca existiu uma queixa nesse aspecto sobre mim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Nesse aspecto aí, a gente precisa ter muito cuidado porque só começa a aparecer quando aparece a primeira denúncia. Então, assim... Você está vendo na Lava Jato um monte de corruptos. Tem um monte que está preso, mas não tinha aparecido nada. Quando apareceu o primeiro que falou, foi embora. Aí o tumor começou a vir a furo e tal. Eu queria... Você conhece esse garoto? |
| R | O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Para a gente falar sobre pessoas... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não, não, você conhece ele? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - ..., eu vou me reservar o direito ao silêncio. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Eu não estou falando o nome. Eu estou perguntando se você o conhece. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Conheço os atletas. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não, eu perguntei sobre esse aqui, especificamente. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Conheço. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O que ele narra no depoimento dele, e o senhor deve ter conhecimento, porque é o que está aqui, até porque nós não estamos falando de conjunção carnal, nós não estamos falando de violência física. O senhor acabou de colocar aí que correria atrás, sendo seus filhos, por conta de assédio sexual. Eu quero perguntar uma coisa ao senhor: é normal, num clube de futebol, por exemplo... Bom, vocês estão mexendo com atleta, pode ser em qualquer lugar, até porque agora começaram a aparecer as denúncias dos clubes de futebol, uma série de meninos do Santos e de outras bases aí e tal. E nós sabemos o seguinte... Não estou aqui dizendo que as pessoas são, mas todas aquelas pessoas que têm essa tara por criança... Não é que técnicos de natação, técnicos de futebol, técnicos de futebol de salão, técnicos disso ou daquilo sejam essas pessoas, mas aqueles que são vão para essas atividades porque têm exatamente essa facilidade de estar perto da criança. O senhor é pai. Eu li aqui que o senhor é casado. O senhor me disse que é pai e corre atrás. Eu pergunto ao senhor: com base na sua fala... O senhor disse: "olha, quando apareceu aquela história daquele técnico lá dos Estados Unidos," - e eu quero lhe perguntar o que senhor acha daquilo - "aí eles criam um volume grande para cima de mim". E, na verdade, o que esses meninos falam são perguntas... São provocações que não são abertas, não são claras. E aí, dentro disso, o senhor disse que o conhece, e o senhor sabe exatamente o que ele falou, porque também está escrito. Se o senhor quiser, pode dar uma lida, pode dar uma olhada de volta. Não vou nem passar para o doutor, porque ele tem isso aqui tudo também. Não tem? Tem isso aqui, doutor? (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Depois, se quiser, eu te dou. E aí eu quero saber de você: em algum momento, você teve algum tipo de insinuação? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Conhece? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Conheço. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Dá uma olhada no que ele fala. (Pausa.) O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Hum. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Em algum tipo dessas insinuações há verdade? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Vem até aqui. Então, vamos lá. Esse aqui. Conhece? (Pausa.) Esse já é maior, mas, mesmo assim, não vou falar o nome dele por causa de o... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Hum hum. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - ... inquérito estar sob segredo de Justiça. (Pausa.) O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Toda essa parte cabe à minha defesa. Ele é que está à frente de todas as informações. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não, você pode dizer "não, não vou falar, não vou comentar". O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não, prefiro não comentar. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Porque está óbvio que ele é sua defesa. Ele é seu advogado e foi contratado para isso. Não tem nenhum problema. Você fique à vontade, está bem? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Hum hum. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O senhor não comenta? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu me reservo a não falar nada neste momento do que está em segredo de Justiça. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não, até o que não está. Se o senhor não quiser falar também, não tem problema. A lei que diz que você pode ficar calado, só não diz que eu não posso perguntar. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim, senhor. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Né? Então, como esse aqui é maior, e porque está em segredo de Justiça, esse eu vou convocar, mas vou convocar também com nomes fictícios... Não vou expor nem ao inquérito, nem... Eu não tenho nenhum problema com a documentação também aqui, doutor. O senhor pode me requerer depois. Eu não tenho nenhum problema. Bom, você se reserva ao direito de não falar aqui sobre ele, né? |
| R | Eu estou preocupado, porque eu tenho respeito ao segredo de Justiça, como o doutor colocou, seu advogado, de fato. Porque, na verdade, como esse é maior, eu já poderia tê-lo trazido e poderia tê-lo colocado em uma acareação com você. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Hum hum... Para todo... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Mas, se você quiser falar sobre essas questões, depois, reservadamente, não tem problema nenhum. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Esses aqui? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Pelos nomes, conheço todos. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Dá uma olhadinha aí. Há alguma verdade aí? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Conhece? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Conheço. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Olha aí. Algum fato aí que o faça lembrar? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Conhece? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Conheço. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Esses fatos? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Você vê que alguns fatos aqui, todos eles falam a mesma coisa, assim, como uma coisa nenhuma. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Posso fazer uma questão ao senhor? O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Claro. Fique à vontade. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Se eu juntar 40 pessoas que me querem bem, se eu juntar 40, 50, 100 pessoas que me querem bem, e que eu fale que há alguém que induza a falar algo pertinente a ser bom para mim... Isso é possível que aconteça? O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - É possível. Inclusive, aquele técnico lá dos Estados Unidos, se ele fizesse essa mesma pergunta para o juiz que você está fazendo para mim: "Se eu juntasse 200 pessoas que falam bem de mim, doutor, valeria?" O juiz: "Valeria. Vai buscar as 200 pessoas, mas você vai ser preso do mesmo jeito". O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Hum hum. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Então, não é essa questão de quem gosta. Eu sei que há, absolutamente, pessoas que gostam... Quem sabe uma cidade inteira gosta de você. Não é isso que eu estou investigando, está bem? Porque, a figura... Eu estou investigando para que, ao final disso, você saia limpo. Ao final, o inquérito diga: "O rapaz não tem nada a ver com isso"; a investigação diga: "Não tem nada a ver com isso"; o Ministério Público diga: "Olha, não tem como denunciar"; o inquérito da delegada diga: "Olha, é tudo ficção. Esses 40 meninos falaram bobagem. É ficção deles". Beleza. Não se está tratando do resto das pessoas que gostam de você, que conhecem você. Você imagina quantas pessoas gostam do Lula no Brasil? É muita gente. Mas uma meia dúzia falou, ele rodou. Então, não é disso que nós estamos falando. O que nós estamos falando é de crime contra criança. Eles abriram a boca, foram lá e falaram que você fazia, que você praticava. Então, não é o número de quem gosta de você. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Isso eu sei absolutamente. Então, não é o número de quem gosta. Eu estou fazendo o meu trabalho, a minha investigação. As provas que eu tenho são testemunhais. E eu posso chegar nas provas materiais, por isso eu estou colocando para você e perguntando, de uma forma muito respeitosa, a você. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Com certeza. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Vamos continuar. Esse aqui? Ou você quer continuar a conversa? Pode continuar. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu ia, mas... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Pode ir. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Depois eu retomo, vamos lá. Conheço. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Algum fato aí? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Nego. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Conhece? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. Nego. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Conheceu esse? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Conheci. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Dá uma olhadinha aí, porque esse é maior. Leia esse parágrafo aqui. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Qual? Nego. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Já viu que esse é maior, não é? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - E esse eu estou convocando também. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Hum hum. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O senhor, algum dia, manteve algum contato com um desses meninos por e-mail? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Contato por e-mail? O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - É. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Passava treinamentos. A alguns dos atletas foram encaminhados, principalmente quando eu viajava com a Seleção. Para alguns deles, eu enviava o programa de treinamento. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não há nenhuma conversa que possa lhe comprometer? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não acredito. Não existe isso. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Tá. Então, o senhor assina um termo me autorizando a quebrar o sigilo telemático do senhor, dos últimos cinco anos? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Se isso é viável, não vejo problema. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - A cara dele não está boa. Eu deixo você conversar com ele. Pode falar. Desliguem o microfone. Eu estou perguntando se ele nunca se comunicou por e-mail, se nada desses assuntos que aqui estão se ele falou com algum atleta. Ele disse que não por e-mail. Eu disse: "Então, você me autoriza a quebrar o seu sigilo telemático? Porque aí mostra realmente que você..." Eu posso quebrar o seu sigilo, certo? Eu posso, eu posso, mas você me autorizando é alguma coisa que soma para você. "Estou autorizando, porque eu não devo nada". Agora, se você me autorizar, você assina um termo para mim, para a CPI, porque, de qualquer maneira, se você não autorizar, o processo é investigativo e eu vou quebrar o seu sigilo telemático. E aí eu vou saber, dos últimos cinco anos, do seu relacionamento com esses meninos, para que a gente possa chegar ao final, porque o que nós temos aqui são provas testemunhais. Seu advogado sabe perfeitamente do que eu estou falando. Não é prova material, é de prova testemunhal que nós dispomos. O senhor abriria mão do seu sigilo telemático? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES (Fora do microfone.) - Tudo bem. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Eu vou quebrar o seu sigilo telefônico também e o seu sigilo fiscal para esses últimos cinco anos. E eu faço uma pergunta ao senhor: existe um inquérito, eu não sei se o doutor é o mesmo advogado, que está na raia federal, exatamente em que a pronúncia é de desvio de dinheiro federal e que também envolve o senhor. É o mesmo advogado? É exatamente de verba que ia para atleta, esse tipo de coisa. O dinheiro não era entregue aos atletas. Então, estou falando que tomei conhecimento... E essa é outra investigação. Estou vendo que o senhor está assustado, porque não tem conhecimento... |
| R | O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu nunca dei dinheiro para atleta. Eu nunca dei, nunca fiz recibo para atleta. Quem é responsável por isso é a supervisora. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não é que deu, é que desviou. Era deles, e eles recebiam pouquinho. Quando o senhor diz que cortava a bolsa, já me soou com relação a isso. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Mas isso eu passava para a minha superior, a minha supervisora. É ela que... Eu não tinha acesso ao dinheiro. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Como é o nome dela? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu me reservo o direito de não citar agora. Posso citar depois. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Está bem. Então, o senhor pode passar por escrito para mim o nome dela. Ela continua no clube? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Continua. Está entre essas 40 pessoas que gostam do senhor? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O senhor acha que ela pode lhe fazer algum mal? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Para mim? Por quê? O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Eu perguntei se ela está entre as 40 pessoas que gostam do senhor. O senhor disse: "Eu possa trazer 40 que gostam de mim, porque esses aí podem não gostar de mim por causa dos treinos, por causa de uma série de coisas..." O senhor disse: "Eu cortava bolsa". E a bolsa é muito importante para o atleta comer, para o atleta ter suplemento, para ele... E quem treina cansativamente e recebe uma bolsa e depois a vê cortada, tirado um pedaço... E a denúncia é a de que o senhor... É de que eles não recebiam. E alguns recebiam parte, porque o senhor explicava para eles: "Não, porque tem que ficar com uma parte do dinheiro, porque tem que comprar equipamento, tem que comprar não sei o quê e tal". O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Essa era a intenção que nós recebíamos. Então, quem pode... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - De quem? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Da supervisão. Quem pode responder a tudo isso é a supervisão. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Supervisão ou supervisora? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Supervisora. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Reservadamente, o senhor... Reservado, não. Requeiro, e o senhor pode me dar o nome por escrito. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu converso com... Eu vou conversar com meu advogado primeiro. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não, não. Não, não. Aqui... O senhor citou alguém que eu preciso ouvir. Então, alguém que eu preciso ouvir, é claro... Se o senhor me autorizar quebrar o seu sigilo telemático... O senhor sabe o que é isso, não é? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sei. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Se o senhor me autorizou a quebrar o seu sigilo telemático e sabe que a gente pode conseguir ver isso tudo ao longo dos cinco anos - é claro que preciso do nome dessa pessoa, porque... Depois aconselho você até a conversar com o doutor, porque dessa outra denúncia ele não tem conhecimento. Você está se espantando. Ele não tem conhecimento. Ele não pode nem... Mas existe outra investigação correndo de desvio de dinheiro federal - de dinheiro federal. Quer dizer, aí já foge um pouco, porque... Aí já envolve a Polícia Federal, já envolve o Tribunal de Contas da União, porque é dinheiro repassado, é dinheiro público, dinheiro federal, dinheiro do Ministério do Esporte, que é repassado. Bom, eu preciso desse nome dessa senhora. Antes de passar a palavra ao Senador José Medeiros, explico que você será reconvocado por nós, a partir dessa quebra e a partir da convocação desses dois maiores, que serão convocados por nós para ouvi-los também. Então, antes de passar a palavra ao Relator desta CPI, pergunto a você se tem algo para falar, para contribuir. Se tiver, eu fecho a reunião. Suspendo a reunião, fecho a reunião; tiro todo mundo daqui, e ficaremos só nós. Do contrário, a gente vai continuar com ela aberta. À vontade. |
| R | O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Pode continuar aberta. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Então, não entendi. No começo, você a queria fechada, por quê? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sigilo. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não. Você queria a reunião fechada no começo, por quê? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Com certeza, eu me sentiria mais confortável, até porque esse é o primeiro momento em que estou deparando toda a imprensa. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Você falaria além do que falou aqui numa reunião fechada? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Para essas perguntas, não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Eu passo a palavra ao Senador José Medeiros. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Cumprimento o senhor advogado, o Sr. Fernando, o Presidente Magno Malta, toda a imprensa aqui. Sr. Fernando, numa das suas falas, acho que foi para... O senhor disse o seguinte: "Eu tenho minha consciência limpa no que diz respeito a que eu nunca estuprei, nunca molestei ninguém, no intuito como está sendo colocado, entendeu?" Eu queria que você pudesse explicar para a gente essa sua fala aqui. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Essa não foi a minha fala. Essa foi uma edição da minha fala. Primeiro, eu não fui solicitado sobre dar... Me pediram uma entrevista, e eu disse que não era o momento, que eu estava aguardando. Eu fui gravado. No momento, eu estava até numa festa, pego de surpresa, e fui falando várias coisas, mas não foi nesse intuito que foi colocado aí por ela, entendeu? O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Entendi. Então, isso aqui... Então, essa fala o senhor não fez? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - O que eu coloquei é que não tenho culpa nenhuma em assédio sexual. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Entendi. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Que eu sou uma pessoa rigorosa, que sou uma pessoa brava, que eu falava palavrão, tudo isso é uma coisa; agora, sobre assédio sexual, não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Você me permite, Senador José Medeiros? O senhor fala assim: "Eu nunca estuprei ninguém, nunca abusei sexualmente de ninguém e o que fiz não foi com esse intuito." É isso aí. O que é o intuito? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não intuito... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Porque o "no intuito", por exemplo, é bolinar; "no intuito" é tocar. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não, o que eu coloquei foi o seguinte: esse intuito que falo não é esse tipo de acusação que cabe a mim. Falar que sou nervoso, que xingo, que falo palavrão, aí tudo bem. Agora falar... Quando falo "nesse intuito" é o quê? De assédio sexual. Isso, não. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Quer dizer que não queria assediar? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. Nunca tive o intuito ao assédio. O que sempre fiz com meus atletas foi brigar, foi gritar, foi cobrar. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Outro ponto, Sr. Fernando. Há vários atletas e não vamos citar o nome por razões de que já falamos aqui. Vou citar aqui, por exemplo, este trecho que diz o seguinte: |
| R | Todos os atletas morriam de medo dele, inclusive eu. E, na época, eu não tive coragem de falar nada. Isso aconteceu diversas vezes, mais de quinze vezes. Eu precisava dormir na casa dele por não conseguir voltar para casa, e ele se aproveitava enquanto eu estava dormindo para me molestar. E aconteceu quando eu tinha oito, nove, dez, onze, doze anos. A última vez, depois de uma competição, ele falou assim: "Se você confia em mim, então me mostra." Eu falei: me mostra o quê? "Me mostra o seu pênis." Aí eu falei: não vou mostrar, não tem por que mostrar. Aí nitidamente ele se alterou, ficou nervoso, estava sentado e levantou: "Por que você não vai me mostrar?" Começou a falar gritando. Eu falei: não vou mostrar. E ele já gritou: "Vai embora." Mandou eu sair. Essa aí foi a última vez que ele tentou. Esses depoimentos, Sr. Fernando, são extremamente impactantes, e eu não vou ler os demais porque vão nessa linha. E aí é justamente esse ponto que a CPI quer poder sair daqui sem nenhuma dúvida em relação a isso. Se o senhor puder nos falar aqui sobre esses alunos todos que, sem estar, sem conversar entre eles, trazem essas falas todas muito ilustrativas. E a gente queria ouvir do senhor se o senhor nega esses depoimentos, ou se acha que isso foi uma criação deles, ou se foi induzido por alguém. A gente gostaria de ouvir a sua opinião sobre esses depoimentos. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Senador José Medeiros, eu não acredito que não haja comunicação entre eles. Hoje em dia, é muito fácil se comunicar e alinhar pensamentos. Hoje em dia, é muito fácil as pessoas poderem se comunicar. Que eu acredito, sim, em vingança e indução, eu acredito, sim. Eu acredito numa indução de formação de opinião, principalmente de quem é mais novo. Com relação a muitos que me acusam, são os mesmos que bateram na minha porta pedindo para retornar a treinar comigo. Alegam que são abusados quando mais novos, passam-se oito, nove anos, e pedem para retornar. Isso não foi só nem um discurso meu. Foi um discurso do próprio Marcos Goto, de atletas que saíam de mim, iam para ele e voltavam para mim. Então, eu acredito, sim, que a coisa vai num caminho de indução e de vingança, sim. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Mas, Fernando, eu insisto ainda na seguinte tese: você não acha que é muito constrangedor para alguém inventar, porque uma coisa é você inventar uma história em que você é o herói, você é o cara. Mas, nesse caso aqui, é muito constrangedor, a meu ver, eu inventar uma história sobre você de que eu fui abusado por você e tal, expor isso para uma delegada, para um repórter, para a imprensa e saber que o meu nome vai estar lá, que eu vou ser chamado para depor, que eventualmente eu vou estar... Você não acha que fica muito difícil para a gente só acreditar em você falar: "Não, eu não fiz, mas..." Sobre a questão de essas vítimas simplesmente irem lá se expor, não teria que ser uma vingança muito forte? Que ódio tamanho era esse? Você poderia nos falar, por exemplo, que rigidez era essa que você colocava a ponto de eles, de repente, formarem esse ódio tão grande a ponto de querer lhe prejudicar. |
| R | O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Essa é uma pergunta que eu também me faço. O que levaria uma pessoa a chegar a um ponto desse, de se expor com um assunto desse e de tentar destruir a vida de uma pessoa inocente com um assunto desse? Essa é uma questão que eu também faço. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Então, é uma coisa em que o senhor também tem essa dúvida? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Porque, além de eles... A fala da maioria diz o seguinte... Olha, vou ler a de um deles aqui: "Hoje eu quero, mais do que tudo, que ele seja punido pelo que ele fez, porque eu não tinha consciência do que era, e ele se aproveitou disso e cometeu um crime gravíssimo." Não tem como remeter... Você falou aqui sobre a questão do médico norte-americano. Não tem como não fazer realmente uma comparação desse episódio com aquele, porque realmente é muito parecida aquela questão daquelas vítimas lá com esse daqui. Mais uma coisa, eu gostaria de fazer esta pergunta. Aqui vários deles dizem o seguinte, a maioria deles: "Olha, tudo começou quando eu tinha nove anos, a gente almoçava no clube e tal, a gente tomava banho para ir..." A pergunta é: você tomava banho junto com eles na banheira? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - O clube tem um vestiário, um vestiário masculino, um vestiário feminino. Eu não trabalhava só no clube, eu trabalhava em outros locais. Algumas vezes, sim, eu entrei no vestiário para tomar meu banho e ir para o meu outro trabalho. Eu entrei no vestiário masculino. Eu não ia entrar no vestiário feminino para tomar banho. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Sim. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Então, acesso ao vestiário eu tinha, e ao masculino. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Você era técnico só dos meninos ou das meninas também? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Cheguei a trabalhar com meninas também. E sempre, no ginásio em que eu trabalhei, havia pais na arquibancada, havia outros treinadores e havia outros ginastas. Eu nunca trabalhei num lugar isolado com um atleta. Eu sempre trabalhei em um local público, num clube, onde transitavam pessoas o tempo inteiro. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Outra coisa, são recorrentes de vários deles também o seguinte: que eles dormiam com você na mesma cama. Você dormia com os alunos na mesma cama? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Então, isso aqui não é verdade. Então, essa história de que... Aqui ele está dizendo: "Eu achava aquilo muito estranho e tal..." Então, não dormia com os alunos na cama. Outra coisa aqui que eu gostaria que o senhor esclarecesse para a gente. Diz o seguinte: "Se você ficasse de costas para ele quando você estivesse tomando banho, ele falava que queria conversar com você, e você de costas falava que ele podia falar. Mas ele falava: 'Não, você tem que virar de frente'. E ele ficava olhando nossas partes íntimas e ficava pedindo para tocar". Isso também? |
| R | O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Agora, não tome isso como uma afronta, porque, se você quiser tocar no pênis de um, é problema seu, certo? O nosso questionamento aqui é só porque está falando que é uma criança. Se fosse um homem, o problema é seu e dele, entendeu? Agora, porque é uma criança, por isso o questionamento. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Ele... Ah, está aqui: "Ele pegava os mais vulneráveis, os que não reclamavam, os que não falavam nada, porque a gente era criança. Ficava perguntando se a gente tinha pelo e tal". Isso aqui tem sido bem recorrente. Isso também o senhor nega? Essa história de pelo pubiano e tal? Tem alguma coisa técnica nisso, ou isso é falácia deles. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não, isso não tem parte técnica. Só que, principalmente dos ginastas mais velhos com os ginastas mais novos, era feito esse tipo de comentário e brincadeira, e muitas vezes aberto no ginásio, para todo mundo ouvir. E eu participei de algumas brincadeiras desse tipo, mas nunca eu e o atleta: sempre numa roda de brincadeira, onde tinham os mais velhos sempre puxando esse tipo de comentário. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Comentário? Como assim? De... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - "Ah, está crescendo...". Esse tipo de comentário. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - "Ah, está desenvolvendo...". Entendi. (Intervenção fora do microfone.) O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Sr. Relator, são essas as minhas indagações. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Obrigado, Senador José Medeiros. Deixe eu perguntar uma coisa a você? Eu estou lhe perguntando agora tecnicamente, independentemente de qualquer coisa: o desenvolvimento do órgão genital de um menino tem a ver com o tipo de treino que tem que passar para ele? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O short muito apertado... Porque no boxe, no MMA, hoje, em que há misturas de artes, se usa uma coquilha. O short apertar o órgão genital do menino traz algum prejuízo na execução do movimento. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. Isso aí.. Na verdade, o tamanho do short é o que conforta o atleta. Tem atletas que preferem shorts mais curtos e shorts mais largos. Isso é pessoal. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O senhor nunca consertou nenhum short do atleta, que está apertado na perna dele e tal... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não, tem costureira para isso. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não, na hora, a costureira não está, ela faz antes. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Quem ajusta a medida de atleta é a costureira... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não, não, não. Se na hora da competição e antes da competição... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Não? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Assim, muitas vezes o ginasta está com a leotard abaixado, ele pede para subir, e quem arruma muitas vezes é o treinador (que arruma, coloca o número de competição, coisas do tipo, assim). É esse tipo de ajuste que tem no uniforme. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O que o senhor pessoalmente, como pai... Quantos filhos o senhor tem? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Dois. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Menino e menina, ou dois meninos? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Menino e menina. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O que o senhor pensa desse tipo de treinador, desse tipo de atleta ou desse tipo de homem do esporte que se vale da sua posição de técnico, da sua posição superior de faixa etária ou até... É isto mesmo: se valer disso para tirar proveitos sexuais de crianças e adolescentes. Assim, como pai, como cidadão, o que o senhor acha disso? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não acho correto, não acho correto. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Mas é alguma coisa para a gente ficar indignado, assim... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Lógico que causa indignação. Com certeza, esse assunto causa indignação. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O que o senhor faria se soubesse que uma coisa dessa natureza de que estão acusando o senhor fosse feita com um filho seu? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Buscaria a Justiça. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Porque eu, aqui, sei o que eu ia fazer. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Buscaria a Justiça. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O doutor sabe também. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Buscaria a Justiça. |
| R | O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Só mais uma coisa, Sr. Fernando. O senhor falou que havia uma disputa de técnicos para irem à Olimpíada. Eram três técnicos, se não me falha a memória. O senhor acha que essa disputa pode ter tido também influência nisso ou poderia ser uma disputa de... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Alguém precisava cair, alguém precisava estar fora. Cada técnico tinha um ginasta com chance de medalha olímpica. Cada treinador tinha um ginasta com chance de trazer o resultado para o qual você investe a sua carreira inteira. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O senhor tinha inimizade com algum desses aí? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - A vida de treinador sempre foi uma vida complicada. A gente sempre buscou defender o nosso trabalho. A gente sempre teve a ambição de conseguir o melhor cargo dentro do grupo. Então, sempre tinham muitas desavenças e discussão de opiniões. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O senhor imagina que algum desses tinha interesse em derrubá-lo? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sentir eu sinto. Sentir eu sinto. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - E o senhor tinha interesse em derrubar outro? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu derrubei muito técnico. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - É mesmo? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não derrubar o técnico, mas em busca do melhor status, do melhor grupo, a gente acabava se indispondo com muitos técnicos. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - E você acha que esse que queria o melhor lugar pode ter armado essa arapuca aí para tirar você de cena? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não entendi a pergunta. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Ele pode ter armado isso tudo para tirar você de cena? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Desculpe-me. Repita a pergunta. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Algum técnico, com o intuito de passar na sua frente, chegar a isso, armou isso tudo para poder tirar você? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu acredito. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Você suspeita de alguém? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Estamos estudando o caso. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Poderia passar os nomes para mim? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Ainda está em estudo. Eu não posso blasfemar contra ninguém. O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) - Não precisa ser em público. Pode ser... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Reservado, não é? Para a gente encerrar, deixe-me perguntar: o senhor, algumas vezes, caiu na tentação de passar mensagens, via telefone, para algum desses rapazes? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O senhor depositou dinheiro na conta de algum deles? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Muitas vezes, eu estava fora e, às vezes, eu precisava que comprassem ou fizessem alguma coisa. Isso pode ter sido feito, mas não o salário ou coisa do tipo assim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Mas o senhor já fez algum depósito e, em seguida, ele te devolveu dizendo assim: "A minha bolsa toda não está aqui." O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Isso era orientação da supervisão. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Eu estou perguntando se já aconteceu. A supervisão é outra coisa. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. Com a supervisão, sim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - A supervisão orientou que parte da bolsa ficasse para comprar equipamento. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. Na verdade... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - E o senhor ficava com a responsabilidade de comunicar isso para o atleta. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Na verdade, eu recebia um recibo. Nesse recibo, parte era destinado ao atleta; parte, destinado para pagar as competições do atleta. Então, o valor era x mais y; x era do atleta, y era para custear a competição dele. Tinha que ser recebido no nome do atleta. Isso era a informação que eu tinha na época. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Bom, mas o atleta não era comunicado disso? Por que eles se assustavam? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Segundo... Eles todos eram comunicados por ela. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Mas por que eles se assustavam? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Não sei. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Quando o senhor disse que tirava bolsa do atleta porque estava insatisfeito com o treino, que ficava com raiva porque estava com o corpo doendo, o senhor tirava e, quando tirava, para onde ia o dinheiro? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Devolvia para a supervisão pagar as competições. Não era para mim. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - A supervisora? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O senhor vai me passar o nome dela. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Eu estou dizendo isso ao senhor, porque eu já tenho muita informação sobre isso. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Hum hum. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Então, quanto mais o senhor falar a verdade... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Hum hum. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - ... vai ajudar, entendeu? Porque isso pode te trazer um transtorno muito grande. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Sim, eu posso passar... Tanto é que eu nunca efetivei nenhum recibo, nunca fiz um recibo. Quem faz o recibo, quem lidava com o do dinheiro era a supervisora. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Mas por que muitas vezes a comunicação era feita pelo telefone? O senhor falava pessoalmente, mas tem comunicação pelo telefone. Tem ou não tem? (Pausa.) Tem ou não tem? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - De salários e de dinheiro? O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Essas coisas dos meninos: "Ó, vai ser cortado o seu, isso aqui"; eles se assustarem; depósito em conta... (Pausa.) Tem ou não tem? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - O que tem sobre eles quando... O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Mas só estou tratando deles, não tem outra pessoa. O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Eu passava para a minha supervisora assim: "Esse atleta está faltando tantos dias no mês. Eu quero que desconte tantos dias dele, porque ele não compareceu". Era isso que era passado para ela. E quem fazia o recibo era ela, nunca fui eu. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Quem fazia o depósito na conta deles? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Ela. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Ela quem? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - A supervisora. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - O senhor pode me dar o nome dela? (Pausa.) O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Na parte de dinheiro, sempre quem mexeu foi ela. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Eu gostaria que se formalizasse, para votarmos, ao final, a convocação da Srª Ivonete Fagundes. (Pausa.) Fernando, certamente, nós vamos precisar falar com você outras vezes. Nós vamos ouvir os dois atletas menores; vamos ouvir também os menores com um psicólogo juramentado, credenciado pela Justiça, com a presença do seu advogado. Eu vou ouvi-los sigilosamente, mas eu o convidarei para participar. Nós vamos ouvi-los e, os maiores, para preservar o inquérito dos outros que são menores, eu também os ouvirei reservadamente - eu já poderia fazer publicamente, porque eles são maiores, correto? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - Tudo bem. (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - Havendo quórum regimental, antes de encerrarmos, incluo, extrapauta, o Requerimento 219, de minha autoria. EXTRAPAUTA ITEM 8 Requerimento Nº 219/2018 Requer a quebra do sigilo telemático, fiscal e telefônico do Sr. Fernando Carvalho Lopes. Assunto: Transferência de sigilo Autoria: Senador Magno Malta Formalize-se requerimento de minha autoria para que se convoque para depor nesta CPI a Srª Ivonete Fagundes, Supervisora do Clube... Qual é o clube? O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - ASA-São Bernardo do Campo. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - ... ASA-São Bernardo do Campo... O clube é específico de... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - De ginástica. ASA-Caixa-São Bernardo do Campo. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - ASA... O SR. FERNANDO DE CARVALHO LOPES - ASA-São Bernardo do Campo. O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Moderador/PR - ES) - ASA-São Bernardo do Campo, Clube de Ginástica Olímpica. ITEM 9 Requerimento Nº 220/2018 Convocação da Sra. Ivonete Fagundes para prestar depoimento Assunto: Depoimento Autoria: Senador Magno Malta Os Senadores que concordam permaneçam como estão. (Pausa.) Aprovado. Não havendo nada mais, agradecendo a presença do Dr. Edson e do Dr. Paulo, em nome de Deus, encerro a reunião. |
| R | (Iniciada às 14 horas e 25 minutos, a reunião é encerrada às 15 horas e 32 minutos.) |

