Notas Taquigráficas
| Horário | Texto com revisão |
|---|---|
| R | (Procede-se à exibição de vídeo.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Neste momento, gostaríamos de registrar a presença dos convidados: Embaixador do Reino Unido, Sr. Vijay Rangarajan; Sr. Senador Cap. Styvenson; Sr. Senador Esperidião Amin; Sra. Senadora Soraya Thronicke; Sra. Senadora Zenaide Maia Calado; Sra. Deputada Federal Adriana Ventura; Sr. Deputado Federal Rodrigo Coelho; Sra. Deputada Federal, no período de 2011-2019, Rosinha da Adefal; Cônsul da Embaixada da República de Belarus, Sr. Anton Gorbach; Diretora-Geral do Senado Federal, Sra. Ilana Trombka; Comandante da Academia da Polícia Militar de Brasília, Sr. Cel. Borges; Secretária Adjunta da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Sra. Nidia Limeira de Sá; Secretária Adjunta da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, Sra. Roseane Estrela; representando o Estado de Roraima, Sr. Cel. Gondim; senhoras e senhores presidentes, diretores e representantes de instituições de apoio à inclusão: Presidente da Associação Guadalupe, Sra. Mariângela Oliveira; Diretora do Instituto Ápice Down, Sra. Janaina Parente; representando a Associação Sociocultural Koinonia, Sra. Quelma Soares. Senhoras e senhores alunos e educadores presentes; senhoras e senhores, damos início formalmente às atividades do dia. (Soa a campainha.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Para abrir o evento, passamos a palavra ao Presidente da Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, Sr. Senador Romário de Souza Faria. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - RJ) - Muito obrigado. Bom dia a todos. (Manifestação da plateia.) O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - RJ) - Mais uma vez, é com muita alegria, muita honra e muito prazer que estou presidindo a Mesa deste evento, que a cada ano se torna mais especial. Muito obrigado, mais uma vez, pela presença de todos vocês: vocês que têm a síndrome de Down, vocês que têm algum outro tipo de deficiência, os familiares de vocês. A presença de vocês neste evento tem uma significância enorme. Na verdade este evento, sem vocês, não existiria. Eu quero dizer que me sinto até emocionado sempre que tenho a oportunidade de abrir eventos como este. |
| R | Temos aqui hoje presenças marcantes da nossa política. Quero fazer um agradecimento especial ao Exmo. Presidente do STF, Ministro Dias Toffoli. Muito obrigado. Ele também tem um irmão que tem síndrome de Down. (Palmas.) Sempre foi um guerreiro nesta causa. Já esteve com a gente, presente em outros eventos. E não poderia ser diferente hoje, como Presidente do STF, ao marcar presença aqui. Na sua fala, todos vão entender a importância que ele também dá a este segmento da nossa sociedade, até porque ele convive com uma pessoa com síndrome de Down na sua família. Quero agradecer a presença do Senador Eduardo Girão, um guerreiro também nesta causa, que chegou agora neste Senado. Nestes poucos dias de Senado, Senador, posso afirmar que encontrei um grande parceiro nesta luta; em todas as lutas, mas nesta especialmente. E tenho certeza de que, com a presença de V. Exa. aqui, neste Senado, nos próximos oito anos, não só o segmento das pessoas com síndrome de Down, mas as pessoas com deficiência, as pessoas com doenças raras vão ter aqui um grande guerreiro. Eu tenho consciência e certeza de que V. Exa. será muito importante nesta luta. Temos aqui, ao meu lado esquerdo, na ponta, o Senador Eduardo Gomes, também guerreiro desta causa. Estivemos juntos como Deputados há oito anos passados. Ele mostrou-se bastante presente, sendo uma pessoa que realmente tem sensibilidade para esta causa, até por causa da sua filha Sara. Ao meu lado esquerdo, aqui, mais próximo, o Senador Flávio Arns. Eu acredito que, em relação ao Senador Flávio Arns, eu não preciso falar muita coisa. Nós já o conhecemos. Sabemos da sua história de vida, da sua história da luta a favor das pessoas com deficiência, das pessoas com doenças raras. A chegada dele aqui, de novo, no Senado, podem ter certeza de que dá a todo este segmento da nossa sociedade um alento, um alívio e um entendimento de que realmente, em tudo o que for de direito em relação a vocês, terão o Senador Flávio Arns ao lado nesta luta. Realmente, é um grande guerreiro. Preparam para mim hoje uma fala. Na verdade, agradeço mais uma vez a todos os que trabalharam neste evento, a todos do meu gabinete, a todos os funcionários da Casa, do Senado, que prepararam esta festa maravilhosa, este evento maravilhoso. Mas eu quero dizer que nós brasileiros, nós principalmente, Parlamentares, que temos a obrigação de lutar por um Brasil melhor, por um futuro melhor para todos, temos hoje uma consciência muito diferente de alguns anos passados. Hoje, as pessoas já entendem e já vêm as pessoas com deficiência e as pessoas com síndrome de Down de uma outra forma. |
| R | Depois da LBI, de 2015, todas as pessoas que têm algum tipo de deficiência passaram a ter um significado, vamos dizer assim, diferente para a nossa sociedade. É claro que nós estamos ainda longe do que seria o ideal. É claro que, infelizmente, muitas das leis que estão ali na LBI não são cumpridas por vários fatores, por vários motivos. Mas este Congresso, não só aqui no Senado, mas falo do Congresso de um modo geral, porque na Câmara também há muitos Parlamentares que abraçaram essa causa... Essa é uma causa que se tornou, posso afirmar aqui, a causa da maioria dos Parlamentares que hoje estão aqui neste Congresso. Esse abraço a essa causa fez com que muitas coisas relacionadas a esse segmento mudassem, e para melhor. Fico muito feliz em poder ver aqui pessoas que já participam comigo deste evento nesses últimos anos. Hoje temos a presença de pessoas novas, temos aqui Senadores que são de primeiro mandato, mas que têm no seu pensamento e no seu dia a dia o desejo realmente - que é o meu desejo, que é o desejo de todos vocês e que eu tenho certeza de que será um dia o desejo de todo o Brasil - de que essas pessoas com deficiência, no caso, especificamente da pessoa com síndrome de Down, possam realmente ser reconhecidas de uma forma diferente, principalmente ter uma qualidade de vida diferente. Vocês podem ter certeza de que assim como falei das outras primeiras sete vezes, repito aqui, podem ter em mim um guerreiro. Eu estou nesta causa das pessoas com deficiência, da pessoa com síndrome de Down nos últimos 13 anos da minha vida, depois que tive a minha filha; inclusive, ela vai fazer uma apresentação para vocês. A Ivy conseguiu de uma forma direta mudar totalmente a minha forma de pensar, de ver em relação à ação e à defesa de vocês. Nesses últimos 13 anos, eu tenho trabalhado muito para que realmente coisas positivas aconteçam e vocês possam ter os mesmos direitos que as pessoas que não têm nenhum tipo de deficiência podem ter também. Vocês podem contar comigo em todos os sentidos, podem acreditar que a minha bandeira principal nesses próximos quatro anos de mandato e no resto da minha vida, posso afirmar, será a luta constante para que vocês tenham sempre os seus direitos, para que vocês possam sempre fazer o que realmente querem fazer e o que vocês realmente podem fazer. O tema do evento de hoje não poderia ser diferente, está lá: "Ninguém fica para trás". E esta é a grande verdade: ninguém mais pode ficar para trás, nem quem não tem deficiência, nem quem tem deficiência, muito menos quem tem síndrome de Down. Mais uma vez, com todo o carinho, amor, respeito e felicidade, muito obrigado a todos vocês pela presença. (Palmas.) |
| R | A gente vai ter aqui hoje um grande evento para mostrar mais uma vez ao Brasil que a pessoa com deficiência pode, sim, e deve ser o que ela quiser. Muito obrigado. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Com a palavra o Sr. Senador Eduardo Girão. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - CE) - Muito bom dia a todos. Presidente da Comissão de Assuntos Sociais, meu irmão, Senador Romário, grande líder idealizador deste evento; Presidente do Supremo Tribunal Federal, Exmo. Sr. Ministro Dias Toffoli; Sr. Senador Eduardo Gomes, Sr. Senador Flávio Arns, todos aqui, todas as famílias, todas as crianças, adolescentes, demais Parlamentares aqui presentes, eu considero um grande presente estar aqui com vocês, um presente ofertado pelo Senador Romário e sua equipe, que se dedica há vários meses a organizar com muito carinho, com muito amor, este evento "Ninguém Fica para Trás". Eu me sinto extremamente agradecido e comprometido com esta causa, que é uma causa nobre em que a gente tem muito a avançar aqui no Senado, aqui no Congresso, no nosso País. Quero dizer para vocês que - até tive oportunidade de comentar com o Senador Romário e com o Ministro Dias Toffoli também - há 20 anos, 25 anos, quando a gente andava nas ruas dos Estados Unidos, da Europa principalmente, a gente via crianças com síndrome de Down nas ruas com suas famílias, passeando nos parques, nos shoppings. Hoje em dia, com a cultura, infelizmente, que predomina em alguns países, a cultura da morte, a cultura do aborto, são raras as vezes que nós temos essa possibilidade de presenciar esse amor puro nesses países que eu citei. O Brasil é diferente. O Brasil é símbolo internacional de valorização da vida, e é por isso que esta causa ganha força cada vez mais no Brasil, através do Senado, do Congresso e do Supremo que, com muita responsabilidade, têm, diante de si, a continuidade desse processo, porque cada vida é importante. Ninguém pode ficar para trás, nem as pessoas com síndrome de Down, nem as com outras deficiências, que também são muito especiais. |
| R | Então, eu faço aqui um agradecimento ao Senador Romário por me convidar para estar presente neste evento. É uma honra! E vou arregaçar as mangas no limite das minhas forças, com a graça de Deus, para trabalhar por esta e por outras causas que envolvem diretamente o assunto. Eu queria aproveitar e registrar aqui a presença do Riklen, nosso querido irmão Bispo lá do Ceará, e também do Luca, que vai fazer uma apresentação aqui muito especial, pela primeira vez no Senado Federal. Ele veio de Fortaleza especialmente para o evento. Sua esposa e sua mãe também estão aqui. É isso, gente. Vocês todos estão de parabéns, e que essa cultura da vida se perpetue aqui, no Brasil, principalmente sob o comando de pessoas humanas que estão aqui ao nosso lado a partir de hoje. Deus abençoe todos vocês e um ótimo evento. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Com a palavra o Sr. Senador Flávio Arns. O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - PR) - Bom dia. (Manifestação da galeria.) O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - PR) - Muito bem! Bom dia a todas e todos vocês. Quero cumprimentar, em primeiro lugar, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Dias Toffoli. Eu comentava com ele, ainda há pouco, que, muito antes de ele se tornar Ministro do STF, ele já estava em todas as cerimônias aqui, no Congresso Nacional, relacionadas à pessoa com deficiência. Então, a participação do Ministro já ocorre há muitos anos, e hoje é muito importante a presença dele do ponto de vista pessoal e do ponto de vista institucional, agora Ministro e Presidente do Supremo Tribunal Federal. Quero cumprimentar o Romário. Ainda ontem eu dizia no plenário que o Romário deu copas do mundo ao Brasil - não é verdade? -, com muitos gols, muita alegria, muito entusiasmo, e agora ele também tem uma liderança, é uma referência importante. Ele se tornou referência para o Brasil não só no futebol, mas também na luta a favor da pessoa com deficiência, e isto é muito bom, porque ele tem prestígio na sociedade, e esse prestígio vai também para a área de direitos humanos. Quero cumprimentar os colegas Senadores que estão aqui: o Eduardo Gomes, o Eduardo Girão, o Esperidião Amin, a Zenaide Maia, o Capitão Styvenson, a Soraya, vários Senadores, Deputados, embaixadores. Eu queria ser bem rápido e dizer, em primeiro lugar, que este momento é um momento importante no mundo. Nós estamos nos encontrando hoje em todos os países, as pessoas e famílias, profissionais, autoridades a favor da pessoa com síndrome de Down, porque é o Dia Internacional da Pessoa com Síndrome de Down. Então, em todos os países do mundo estamos lembrando essa data. |
| R | Em segundo lugar, nós temos muitas coisas para festejar. Já foi citada a Lei Brasileira de Inclusão, outras legislações, a Constituição, a vontade dos Senadores, Deputados, sociedade, famílias de lutar realmente por cidadania. Então nós estamos comemorando, festejando muita coisa. Mas ao mesmo tempo, a vida continua, os desafios continuam, e nós temos que pensar o futuro. E sempre há, em todos os setores da sociedade, aspectos a serem aprimorados, melhorados. Para quê? Para que a cidadania aconteça. Todas as famílias que têm filhos com síndrome de Down ou não, as pessoas que têm síndrome de Down ou que militam nesta área, a sociedade, a gente sempre tem que pensar: não é por pena, não é por piedade e compaixão, mas é uma questão de cidadania, de direitos humanos. O Senador Romário falou muito bem: ninguém fica para trás. A gente tem que estender esse pensamento para toda a sociedade brasileira. Todo mundo deve participar. Então que bom, gente, que estamos aqui hoje! Vamos nos encontrar, vamos festejar o que já aconteceu e vamos ficar juntos, todo mundo, todas as instituições e pessoas para o futuro, porque o futuro também começa hoje. O meu futuro começa hoje. Então vamos sempre pensar em ter um futuro muito melhor. Grande abraço, gente. Vamos em frente, contem com a gente, com muito carinho. Tudo de bom! Obrigado. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Com a palavra o Sr. Senador Eduardo Gomes. O SR. EDUARDO GOMES (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - TO) - Bom dia! Bom dia a todos! Quero cumprimentar também o Exmo. Ministro Dias Toffoli, Presidente do Supremo Tribunal Federal; meu amigo Senador Eduardo Girão, o Senador Flávio Arns, o Senador Romário, que preside esta sessão, o Senador Styvenson, a Senadora Zenaide Maia, o Senador Esperidião Amin. Quero cumprimentar todas as entidades, grupos de serviço, instituições. Em especial, a nossa amiga Nádia, tão importante na luta pelo Ápice Down e tantas outras causas aqui em Brasília, meu amigo e meu irmão Cleiton Aguiar, e, em nome dele, a memória da Gláucia e da Ampare, de tantos amigos. Hoje é um dia de realização de alguns sonhos. O primeiro, de estar com vocês aqui, meu querido Presidente Romário. A Carla está aqui, minha esposa, nossa família. Todos do Tocantins que acompanham a nossa luta sabem que os nossos cinco mandatos deram à confiança do povo do Estado um sentimento de missão cumprida. |
| R | E só foi possível retornar à política e ao Senado por uma questão muito séria e muito importante na nossa vida que é - e sempre será - a Sarah, a sua memória e a sua luta. E é por isso, Senador, que eu lhe digo que posso reafirmar que, em nossa campanha, quando nós chegamos à maior votação para o Senado do Estado do Tocantins, com o apoio da Nilmar, com o apoio dos prefeitos e dos amigos, alguns estranhavam a ausência do discurso sobre síndrome de Down, mas havia uma razão: a campanha era para chegar ao Senado e o mandato é da síndrome de Down, das doenças raras e das pessoas com deficiência. Todos sabem disso. Essa é a nossa maior causa. E realizei outro sonho hoje, porque qualquer brasileiro que se entende brasileiro de verdade gostaria de ser chamado e referido, aqui nesta mesa, pelo Romário com a seguinte frase: ""Ali na ponta, o Eduardo Gomes". Imaginem o meu sonho de ter Romário me colocando na ponta. Então, sobre a discussão e na defesa dos assuntos de síndrome de Down e doenças raras, eu quero dizer que, lembrando aqui o nosso querido Dr. Zan, no debate sobre a reforma da previdência, é preciso pensar muito no amparo e no cuidado das pessoas com síndrome de Down, porque, como diz o Dr. Zan, os Downs acima dos 100 anos já estão entre nós. Então, Romário, não sei se no lugar no Bebeto, do Dunga ou de quem melhor te serviu na Seleção Brasileira, mas escale o Senador Eduardo Gomes, a nossa causa e a nossa vida aqui no Congresso Nacional. Muito obrigado a todos vocês. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passamos a palavra ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, Exmo. Sr. Ministro Dias Toffoli. O SR. DIAS TOFFOLI - Bom dia a todos! Cumprimento o querido amigo Senador Romário por tudo o que ele significa. Fez grandes gols na vida, mas fez um golaço com a sua filha e com este evento. (Palmas.) Tenho também um discurso escrito, embora tenha de dizer algumas outras palavras. Mas vou começar pelo escrito, porque, senão, não vou conseguir falar. Este Seminário Ninguém Fica para Trás está inserido no calendário oficial da Organização das Nações Unidas. O Dia Internacional da Síndrome de Down é comemorado, como acabou de dizer o Senador Eduardo, por 193 países da ONU no mesmo dia. A data representa momento de reavivar o debate sobre a necessária inclusão dos portadores da síndrome de Down na sociedade. Com eles, nosso convívio se torna uma constante comunhão e uma permanente troca de afeto, carinho, respeito mútuo e aprendizado, muito aprendizado, que são os alicerces do verdadeiro amor incondicional em sua essência. |
| R | Eu tenho um irmão com síndrome de Down que completará, no dia 8 de julho deste ano, 50 anos e chegará, com certeza, aos 100. (Palmas.) Nós somos nove irmãos. Eu sou o oitavo e o Du é o nono. Ele vinha logo depois de mim. Então, convivi toda a infância e adolescência toda a minha vida com ele e com muito ciúme, porque, desde pequenininho, ele, bonito, olho azul, todo mundo procurava ele, dava beijo nele, carinho nele e eu ficava ali, deixado de lado. Mas aprendi com a minha mãe, que já é falecida, e o meu pai também, que ele... (Pausa.) (Palmas.) Ele é a prova da existência de Deus, porque o portador de síndrome de Down não tem maldade, não tem pecado e tem um amor incondicional. (Palmas.) ... o verdadeiro amor. Para além do amor que nos ensinam, devolvemos, e temos que fazê-lo - e parabenizo mais uma vez o Senado, o Senador Romário, o Senador Girão, o Senador Flávio, o Senador Eduardo e todos aqueles engajados, Parlamentares, Deputados também aqui presentes -, nós temos que ter esse compromisso de trabalharmos continuamente para que sejam respeitados, plenamente integrados às diversas esferas da vida, aceitos na sociedade e tratados sob a igualdade que a nossa Constituição garante a todos e para que as nossas leis se aperfeiçoem nesse sentido. Recordemos ainda que há um espaço para evoluirmos do ponto de vista da cultura neste sentido. Muito bem retrata este compromisso este evento Ninguém Fica para Trás. No Conselho Nacional de Justiça, Romário, sabedores de que tenho o meu irmão Eduardo, com síndrome de Down, e em todos os eventos ele vai, na minha posse, na Advocacia-Geral da União, quando eu saudei todos os meus irmãos, somos vários, somos nove, na pessoa do Eduardo, ele se levantou, foi até a mesa e mostrou o RG dele: "Me respeitem, eu sou José Eduardo". (Pausa.) Isso ocorreu em março de 2007, Girão. Esta cena apareceu no Jornal Nacional. No dia seguinte, me ligou uma prima que mora em Santos: "Primo, hoje de manhã, quando eu desci no prédio do condomínio, uma moradora estava lá com um filho portador de síndrome de Down. Eu perguntei a ela: 'Nossa, eu não sabia que você tinha um filho portador de Down.' E ela respondeu: 'É, eu tinha um pouco de vergonha, mas, quando eu vi aquele Ministro no Jornal Nacional dizer do orgulho dele com o irmão dele, eu nunca mais vou ter essa vergonha". (Palmas.) |
| R | Eventos como este são eventos de total inclusão, de mostrar à sociedade que todos nós somos iguais, mas para mim o Du, como a gente o chama em casa - o nome dele é José Eduardo -, é muito mais que os outros irmãos. Depois que os nossos pais se foram, ele começou a visitar todos os irmãos, morando uma temporada com cada um. E, na inteligência que ele tem, mesmo que não estejamos dizendo que estamos passando por este ou aquele período de dificuldade, ele tem a sensibilidade e pede para visitar o irmão que, de alguma maneira, está sofrendo ou passando por uma doença. Ele vai lá, visita e passa uns dias com um de nós que esteja numa situação assim. No Conselho Nacional de Justiça, eu dizia, criamos um grupo de trabalho dos pais magistrados que têm pessoas portadoras de deficiência, que têm filhos portadores de síndrome de Down, porque, muitas vezes, um juiz é empossado no cargo no início da carreira e é transferido para uma cidade distante, para um interior, na qual não há a devida condição de haver uma escola preparada para o devido atendimento a essa ou aquela deficiência. E vamos fazer um trabalho para que a Magistratura tenha leis inclusivas para que, nessas hipóteses, o juiz, a juíza possa ter uma preferência de escolha do local onde vai exercer a Magistratura para dar o devido apoio. Isso é uma construção a ser feita. Estamos trabalhando nesse sentido no Conselho Nacional de Justiça. É impressionante a inteligência do meu irmão. A memória dele é muito melhor que a minha. Se ele encontra uma pessoa, podem-se passar dez anos e ele se lembra daquela pessoa, ele se lembra do nome, ele se lembra das circunstâncias. Ele gosta de tocar piano, gosta de música e, mais do que tudo, tem uma sensibilidade e uma felicidade que contagiam a todos nós. Com certeza, ele é o caçula, mas ele mudou todos os outros oito irmãos. Se somos pessoas tolerantes, se somos pessoas que querem amar, e isso é uma característica de todos os meus irmãos, e alguns dizem que também a minha característica, uma pessoa que tolera, que congrega, que harmoniza, isso eu devo ao José Eduardo. |
| R | Muito obrigado Zé Eduardo. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos aos integrantes da Mesa, que se desfaz neste momento, e os convidamos para tomarem assento no auditório para assistirmos às apresentações que serão realizadas pelos alunos e alunas sob a coordenação das instituições comprometidas e parceiras neste evento. (Pausa.) Gostaríamos de registrar as presenças da Sra. Deputada Federal Maria Rosas, do Sr. Deputado Federal Rubens Bueno e do Deputado Estadual do Rio Grande do Norte Sr. Hermano Morais. (Pausa.) Gostaríamos de registrar também a presença da Sra. Senadora Leila Barros e do Sr. Senador Alessandro Vieira. (Pausa.) |
| R | Dando continuidade às atividades do seminário, convidamos para compor a Mesa o Sr. Samuel Sestaro, a Sra. Liane Collares e o Sr. Luca Lima Oliveira Barros. (Pausa.) Senhoras e senhores, pedimos a todos que se acomodem em seus lugares para darmos continuidade a esta solenidade. (Pausa.) |
| R | Senhoras e senhores, pedimos a todos que se acomodem em seus lugares para darmos continuidade a esta solenidade. Pedimos também a gentileza de manterem os telefones celulares no modo silencioso ou desligado. O expositor Samuel de Carvalho Sestaro abordará o tema "Ninguém Fica para Trás", tema do ano escolhido para sensibilizar sobre o Dia Internacional da Síndrome de Down. Samuel tem 28 anos, mora em Santos, no Estado de São Paulo. É graduado no curso superior de Design de Moda, é modelo profissional e mestre de cerimônias. É Vice-Diretor Regional da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (Fbasd) - Região Sudeste. É também autodefensor e faz palestras no Brasil e no exterior, sempre defendendo a inclusão de pessoas com deficiências. Samuel sempre frequentou escolas regulares e trabalha desde os 18 anos de idade. Atualmente, estuda inglês, e seu principal projeto é fazer um intercâmbio no exterior para aperfeiçoamento. Senhoras e senhores, pedimos novamente a todos que se acomodam em seus lugares para darmos continuidade a esta solenidade. Com a palavra Samuel Sestaro, para falar sobre o tema "Ninguém fica para trás". (Palmas.) O SR. SAMUEL SESTARO - Bom dia! Eu cumprimento o Senador Romário de Souza Faria. Parabéns, Senador! Cumprimento o Senador Eduardo Girão, que foi falou muito bem. Cumprimento o Senador Flávio Arns e os demais Senadores e Senadoras. Senhoras e senhores, bom dia! (Manifestação da plateia.) O SR. SAMUEL SESTARO - Meu nome é Samuel de Carvalho Sestaro, tenho 29 anos, moro em Santos, no Estado de São Paulo. Sou modelo profissional e mestre de cerimônia em eventos. |
| R | Manifesto a minha emoção e agradecimento por estar aqui, falando nesta Casa Legislativa, o Senado Federal, neste dia, 21 de março, quando comemoramos o Dia Internacional da Síndrome de Down. Esta data comemorativa tem o objetivo de provocar na sociedade uma reflexão e uma conscientização dos nossos direitos, objetivo muito bem retratado no tema deste ano: "Ninguém fica para trás". É importante ressaltar que o Dia Internacional da Síndrome de Down consta da Organização das Nações Unidas, sendo comemorado pelos 193 países membros. Hoje a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down está na ONU com a nossa Presidente, Lenir. É oportuno também lembrar que, atualmente, a terminologia síndrome de Down vem sendo substituída por trissomia do cromossomo 21 ou simplesmente trissomia 21, por ser um termo mais técnico. Falando sobre o tema "Ninguém fica para trás", tenho a oportunidade de falar um pouco de nossa própria vida e de nossa trajetória. Desde o nascimento, as pessoas vivem em diversos espaços, na família, na escola e na sociedade em geral. No caso das pessoas que nascem com trissomia 21, no ambiente familiar, que é em sua maioria acolhedor, os desafios são superados com o apoio de todos. Porém, ao saírem desse primeiro espaço, elas encontram muitas barreiras criadas pela sociedade em geral por discriminação e preconceito. Nós não aceitamos barreiras impostas! Temos nossa própria luta pela inclusão nas escolas regulares, no trabalho, em todos os ambientes da sociedade. Eu sempre estudei em escolas regulares. Quando pequeno, estudei na mesma escola em que meu irmão mais velho estudou. Sou formado na Faculdade de Design de Moda em Santos. |
| R | Portanto, se ninguém deve ficar para trás, não aceitamos que uma criança com trissomia 21 seja impedida de estudar na escola regular mais perto de sua casa. No trabalho, temos que lutar pelas vagas das pessoas com a mesma idade e qualificação, porque essa é a forma de incluir e empregar sem discriminar. Eu tenho diversas experiências de trabalho e continuo tendo os meus projetos de vida. Um desses projetos é fazer intercâmbio nos Estados Unidos e aprimorar o meu inglês. Em julho de 2018, fiz uma apresentação no Congresso Mundial de Síndrome de Down, na cidade Glasgow, na Escócia, falando inglês, porque essa era uma exigência dos organizadores do evento, ou seja, eu não fiquei para trás. (Palmas.) Estou também namorando e quero casar, planos que são possíveis pela luta diária, para provar que somos cidadãos iguais a todos. Na Federação Brasileira da Associações de Síndrome de Down, além de ser Vice-Diretor da Região Sudeste, faço parte de um grupo de autodefensores. Existem vários grupos de autodefensores no mundo, todos com o mesmo objetivo, que é, a partir do conhecimento da legislação e das convenções internacionais, dialogar com os poderes constituídos para que os nossos direitos sejam garantidos e para que possamos sempre avançar no caminho da inclusão, pois tenho certeza de que assim ninguém ficará para trás. Em 21 de março de 2018, participei de um evento na ONU, em Genebra, na Suíça, representando o Brasil com os autodefensores da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. Como autodefensores, lutamos para que as pessoas com trissomia 21 tenham o direito e a oportunidade de estudar para se qualificarem, trabalharem, viajarem, namorarem e casarem. O preconceito e a discriminação devem ser afastados definitivamente das nossas relações. |
| R | As Sras. Senadoras e os Srs. Senadores foram eleitos também para legislar nesse sentido. Sabemos que, na última eleição, aconteceu uma grande mudança no Senado através do voto. Foram 46 mudanças, com vários Senadores e Senadoras que nunca exerceram mandato nesta Casa. É importante lembrar principalmente aos novos Senadores que, nas aprovações de projetos envolvendo os direitos das pessoas, eles não devem deixar ninguém para trás. As pessoas com trissomia 21 também são eleitores e, portanto, acompanham o trabalho de V. Exas. e discutem o futuro do nosso País. Todos devem ter oportunidade para mostrar aquilo de que são capazes. Nosso potencial é definido pelos desafios que enfrentamos e superamos. Queremos, exigimos a garantia de nossos direitos! Contamos sempre com o apoio desta Casa, bem como dos demais Poderes para jamais - jamais! - sermos deixados para trás. Nunca superamos... Enfrentamos uma barreira, para impedirmos isso junto com todas as pessoas que têm síndrome. Muito obrigado. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos a primeira representante das mulheres que faz parte da Mesa, Sra. Liane Collares, que abordará o tema "Não coloque limites nos seus sonhos, coloque fé". Liane é Diretora de Relações Públicas da Associação DF/Down. É autora do livro Liane, Mulher como Todas. É premiada no teatro, campeã de natação, alfabetizada na década de 60. Entre os destaques já recebidos, citamos duas medalhas de ouro na Special Olympics International em Minneapolis, Estados Unidos, em 1991. Foi oradora da formatura da 8ª série do Colégio Minas Gerais em 1995; representante do Brasil, recebendo o título de "Atleta Global" em Haia, Holanda, no ano de 2000;representante do Brasil como "Atleta Global" em Porto Rico, em 2002; atriz do grupo Poetizar Coletivo Teatral, sob a direção do Prof. Rômulo Mendes, na peça "Meu precioso Cabaré", que fala sobre a síndrome de Down, tendo sido eleita a melhor atriz no Festival Nacional de Teatro de Barbacena em 2016; palestrante falando da conscientização sobre a inclusão da pessoa com síndrome de Down na sociedade em escolas públicas do Distrito Federal, na Câmara de Vereadores de Valparaíso de Goiás, no evento TEDxLaçador, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul; palestrante na Câmara Legislativa Distrital; e representante do Brasil nas comemorações do Dia Internacional da Síndrome de Down na ONU no ano de 2017. Passamos a palavra para Liane Collares, que falará sobre o tema "Não coloque limite nos seus sonhos, coloque fé". |
| R | A SRA. LIANE COLLARES - A inclusão da pessoa com síndrome de Down na sociedade, narrativa de minha trajetória de vida. Prezados senhores e senhoras, estimado Senador Romário e demais Parlamentares presentes, bom dia a todos! Não coloque limite nos seus sonhos, coloque fé! Faço referência ao tema do Dia Internacional da Síndrome de Down, promovido pela ONU neste ano, "Ninguém fica para trás", pois a fé remove montanhas. Sou Liane Martins Collares. Tenho 55 anos. Nasci em 1963, em Bagé, no Rio Grande do Sul. Começo, lembrando a tese do médico cientista francês Jérôme Lejeune apresentada em congresso científico no Canadá em 1959. A síndrome de Down é uma deficiência intelectual causada por um acidente genético, não é uma doença, como era tratada. O Dr. Lejeune esteve comigo aqui em Brasília. Penso ter sido, no Brasil, uma das primeiras pessoas com síndrome de Down a estudar numa escola regular, aos 5 anos de idade, no Jardim de Infância Menino Jesus, pré-escola, em Bagé, sob a direção da Profa. Marianinha Lopes, a quem dedico a minha gratidão. Concluí a 8ª série do ensino fundamental em 1995, no Colégio Minas Gerais, em Brasília, sob a direção da Profa. Regina Célia de Abreu, uma verdadeira mestra da educação. Lá vivi momentos de muitas alegrias, participando de todas as atividades da escola. Imaginem a minha felicidade quando eu fui escolhida para ser a oradora das turmas na formatura de conclusão do ensino fundamental! |
| R | Vocês podem pensar: "Ela não teve preconceito na escola." Só eu sei o que eu senti! O preconceito maior vinha de alguns pais que achavam que eu poderia atrapalhar a aprendizagem dos seus filhos, mas eu tenho a certeza de que eles aprenderam muito comigo. Na minha trajetória de vitórias e superações, participei como atleta de competições nacionais e internacionais de natação, com várias medalhas de ouro. Sou brasileira com muito orgulho! (Palmas.) Minha família teve papel fundamental no meu desenvolvimento. Estive no mercado de trabalho, com carteira profissional assinada, de 1999 a 2016, desempenhando atividades em empresas privadas, em órgãos públicos, como na sociedade Cruz de Malta, no Superior Tribunal de Justiça, e na Secretaria da Mulher e Direitos Humanos do Governo do Distrito Federal. Hoje estou desempregada. Não fico parada nem acomodada no meu canto. Participo de debates, de seminários, de ciclos de conversas sobre temas que abordam a questão de dar inclusão social e garantia de direitos das pessoas com deficiência. Nas palestras, conto a minha história de vida, como fiz e faço para enfrentar os obstáculos e preconceitos. |
| R | E a luta continua! Hoje faço parte do maravilhoso projeto Cromossomo 21, com a web série Geração 21, Expedição 21, dirigida por Alex Duarte, educador social, cineasta e fundador do projeto Cromossomo 21, que visa a estimular o exercício da autonomia e o pleno direito da cidadania, como todos nós queremos. Os avanços estão sendo alcançados, pois muitos dos participantes estão exercendo a autonomia e a independência. Digo com certeza: se a minha família tivesse me rejeitado, negando a sua parte, as minhas histórias teriam ficado num vazio que ninguém poderia preencher. Sempre tive o grande sonho de publicar um livro sobre a minha trajetória de vida. Sou uma pessoa com síndrome de Down que enfrentou vários obstáculos para vencer o preconceito, a discriminação, os olhares maldosos, a cara feia, até provar que eu era capaz, para, enfim, estar incluída em todos os grupos da sociedade, exercendo o pleno direito da cidadania. Estou preparando a segunda edição. Segundo os leitores, o livro Liane, Mulher como Todas contempla, em cada linha, pessoas e imagens que me são preciosas e revelam a vida de uma mulher como todas, com talentos, medos, frustrações, conquistas, como bem diz a jornalista Claudia Werneck, que fez o prefácio. Desde 2001, faço teatro na companhia Néia e Nando, em Brasília, apresentando peças teatrais no encerramento do ano letivo. Participo ainda do grupo Poetizar Coletivo Teatral, sob a direção do Prof. Rômulo Mendes. Na peça Meu Precioso Cabaré, que fala sobre a síndrome de Down, eu sou a protagonista. Essa peça teatral participou do Festival Nacional de Teatro de Barbacena, em Minas Gerais, em 2016, e fui eleita a melhor atriz do festival. (Palmas.) Estamos aqui para pedir aos Srs. Deputados e Senadores que defendam a causa da inclusão da pessoa com deficiência intelectual na escola regular, no mercado de trabalho e na sociedade. E, para finalizar, eu digo: não deixe que a alteração acidental dos cromossomos tenha a última palavra na sua vida. Eu agradeço a todos vocês, com um grande beijo da Liane. Muito obrigada a todos vocês. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos a palestra que foi proferida pela Liane. Solicitamos novamente a todos que se acomodem em seus lugares para darmos continuidade à solenidade. Pedimos também colaboração para que os nossos palestrantes tenham mais facilidade de se comunicarem conosco. Por favor, evitem conversar, para que nós possamos prestar atenção no que está sendo apresentado. |
| R | Gostaríamos de registrar a presença do Sr. Deputado Federal João Henrique Campos. Chamamos nossa próxima palestrante, que veio do Estado do Rio Grande do Sul, Sra. Luana Dallacorte Rolim de Moura. Luana tem 24 anos, mora em Santo Ângelo, no Estado do Rio Grande do Sul. Graduada no curso superior de Fisioterapia, foi a primeira fisioterapeuta com síndrome de Down a ser formada no Brasil. Luana fez vários cursos na área de Fisioterapia, e o tema do trabalho de conclusão de curso apresentado foi "O tratamento de gameterapia para portadores de paralisia cerebral". A palestrante frequentou escola regular desde a pré-escola, passando pelo ensino fundamental e médio até a graduação em Fisioterapia. Luana fez cursos de inglês, teatro, balé. Foi oradora do ensino médio e juramentista da colação de grau de Fisioterapia. Com vocês Luana Dallacorte Rolim de Moura, com o tema "A pessoa com síndrome de Down não fica para trás na formação acadêmica". (Palmas.) A SRA. LUANA DALLACORTE ROLIM DE MOURA - Bom dia a todos e a todas! Inicialmente, quero agradecer o convite da Afad de Porto Alegre e do Senador Romário de Souza Faria, para que eu fizesse parte deste momento de reflexão. Para mim é motivo de muita alegria poder estar aqui para falar sobre minhas aprendizagens ao longo de minha vida. Comecei a aprender, desde muito cedo, na Apae de Santo Ângelo e, posteriormente, em escolas particulares do meu Município. Quando os meus pais souberam que eu tinha síndrome de Down, minha família iniciou esse percurso junto comigo, e nunca desistimos desses enfrentamentos. Era atendimento de estimulação precoce, atendimento fonoaudiológico, muita fisioterapia - foi tanto, que hoje essa se tornou minha profissão. Nas escolas que frequentei, sempre tive muitos desafios. Hoje percebi que, se eu não tivesse tido muita força de vontade e paciência, eu não teria chegado até aqui. Sei o quanto tive que me esforçar para aprender a falar melhor e para conseguir passar de ano. Muitas vezes, eu chorei, pois achava que não iria conseguir. Acredito que todo o esforço valeu a pena, pois minha família sempre esteve do meu lado, meus professores sempre estiveram me desafiando para ir além. |
| R | Quando concluí o ensino médio, decidi que iria prestar o vestibular para Fisioterapia, uma área do conhecimento de que sempre gostei, talvez por ter conhecido desde pequena. Estudei muito e fiz a prova na Faculdade Cnec, de Santo Ângelo. Nesse período, eu estava muito ansiosa, com medo de reprovar. No entanto, quando recebi o resultado, fiquei radiante de felicidade com a minha aprovação. Eu chorei de felicidade! Iniciei o curso de Fisioterapia em 2015. A partir desse período, meu tempo de dedicação para as exigências que o curso demandava aumentou. Precisei de apoio do Núcleo de Apoio ao Docente de minha instituição, da ajuda de monitores das disciplinas em que eu tinha mais dificuldade e da orientação direta com os meus professores. Eu tinha uma rotina intensa dedicada à minha formação. Precisei muitas vezes recorrer ao apoio psicológico para me acalmar e seguir em frente com coragem e com determinação. No entanto, os desafios foram surgindo, e, com o passar dos anos, eu consegui superá-los, um a um. Houve reprovações em algumas disciplinas. Não pensem que o meu caminho foi fácil e que, por eu ter síndrome de Down, meus professores deixaram a situação mais fácil. No início, foram as provas, após as atividades práticas, que não foram poucas, até chegar aos atendimentos dos pacientes. Um dos maiores desafios pelos quais passei foi vivenciar o estágio. Com planejamento cuidadoso, orientado pelos meus dedicados professores, cuidei para que, sempre que fosse interagir com os meus pacientes, nada interferisse naquele momento único. Em primeiro lugar, eu procurava deixá-los se sentindo confiantes com o meu trabalho. Durante a graduação, fiz parte da comissão organizadora do simpósio de Fisioterapia. Minha pesquisa de conclusão de curso foi sobre o tratamento de gameterapia para pacientes com paralisia cerebral. Escolhi realizar essa pesquisa porque acredito na importância dos recursos inovadores no processo de reabilitação dos pacientes portadores de sequelas neurológicas. Hoje sei o quanto valeu a pena, pois eu não subi pelo elevador, e sim pelas escadas, ou seja, consegui tudo o que tenho com muito esforço pessoal, sem que os outros tivessem que fazer por mim. Assim, eu gostaria de agradecer aos que fizeram parte dessa longa caminhada e dizer que o céu é o limite. (Palmas.) |
| R | Quanto mais penso e reflito sobre a vida e seus propósitos, percebi que eu sou uma pessoa feliz com as conquistas que já realizei. Muito obrigada pela atenção. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos pela palestra da Luana. Chamamos, como último palestrante da Mesa, o jovem Luca Lima Oliveira Barros, que veio de Fortaleza, Ceará, cuja palestra será sobre o tema "Aprendendo a superar limites". Luca nasceu em Fortaleza no dia 10 de agosto de 1998. Aos seus 20 anos, já é um vencedor. Tem o dom de cativar as pessoas, realiza palestras em diversos lugares e se destaca pela sua espontaneidade e dedicação. Foi um dos indicados para que hoje nos abrilhantasse com o seu dom em realizar palestras. Há sete anos, ele é pastor evangélico e tem acompanhado milhares de jovens e adolescentes à luz das Sagradas Escrituras. Está concluindo sua quarta Bíblia de estudo. Luca quer ensinar a quem quiser aprender e diz que nenhuma limitação será justificativa para o não acreditar. Ouviremos agora Luca Lima Oliveira Barros, que abordará o tema "Aprendendo a superar limites". (Palmas.) O SR. LUCA LIMA OLIVEIRA BARROS - Glória a Deus! Glória a Deus! Glória a Deus! Eu quero aqui falar... Aliás, primeiramente, quero agradecer ao Presidente Romário e também quero agradecer ao nosso amado Eduardo. Muito obrigado por esta oportunidade. Quero falar que eu sou um jovem pastor, comecei a ir para a Igreja... Eu só sei que a única coisa que eu vou falar aqui... Eu vou ser bem rápido, eu vou ser bem breve. Vou falar para vocês o que é isso. Entendeu? Agora eu estou lendo a minha quarta Bíblia. Eu gosto muito de ler a Bíblia mesmo e quero ler mais e mais. Eu não vejo a hora de ler cinco, seis, sete horas de Bíblia. O que importa é a Bíblia. Hoje eu trouxe uma passagem aqui que quero compartilhar com vocês, 1 Coríntios 1:28,29: "Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém [...]," Pessoal, eu vou ler somente o versículo 27: "Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes [...]". |
| R | Pessoal, o que eu estou falando aqui é que nós temos que ser fortes. Mas, para você ser forte, não basta você crescer ou querer ser o melhor. Não! Para você ser forte, você tem que aprender muito mais. Quero muito falar isso. Eu sou pastor. Os meus pais estão aqui, para a glória de Deus! Quero dizer que podem contar comigo. Existem três coisas que vocês podem aprender comigo: primeiro, o dinheiro; segundo, a inteligência; terceiro, a casa. Eu quero explicar para vocês essas três coisas, começando, primeiro, com o dinheiro. Com o dinheiro você não compra nada. Já parou para pensar nisso? O dinheiro não serve para nada. O dinheiro não serve para nada, não! O dinheiro não serve para adubar. Segundo, vou explicar o que é inteligência: você tem algo na sua vida, e esse algo na sua vida tem o nome de inteligência. Todos vocês a têm. Vocês têm que usar a inteligência. A inteligência eu vou explicar o que é. A inteligência não é o que o mundo traz. A inteligência não é isto aqui. Entendeu? Agora, quero explicar a terceira coisa, que é a casa. De que tipo de casa que eu estou falando? Não é a casa que eu vivo. Qual a casa em que eu vivo hoje? Eu sei que, 12 anos atrás, eu já estava na Igreja, e ali Deus começou a falar comigo, a ministrar no meu coração. E agora eu sei que Deus está aqui comigo. Eu sei que Deus não vai abandonar vocês nem a mim, porque a única coisa que nos separa de Deus é a vaidade, é o orgulho. Orgulho a gente não pode ter, não! A gente não pode ter orgulho, vaidade, soberba. Isso não pode existir, não! Mas o que tem que vir? O que precisa vir? Precisa vir sabedoria, precisa vir conhecimento. Vocês têm que aprender. Se vocês pensarem um pouco mais sobre o que eu estou falando, será muito bom. Agora eu quero agradecer. Para terminar este negócio aqui, quero agradecer a todos que aqui vieram. Quero agradecer aos Deputados e quero agradecer aos Senadores que estão aqui. Para terminar, eu quero dizer algo que eu sempre gosto de falar: Deus é tudo, está acima de tudo. Se vocês não olharem Deus em cima... Tudo que é ligado ao céu é ligado aqui na terra! (Palmas.) |
| R | Mas tudo que é desligado aqui na terra é... Tudo que é desligado no céu também é desligado na terra. Você não pode, primeiro, se desligar na terra... O primeiro a que a gente tem que se ligar é o céu. O que liga, primeiro, é o céu, para depois se ligar na terra. Quero falar para vocês que esse é um amor incondicional, esse amor a Deus. O amor não exclui Deus. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Após esse show que acompanhamos por meio da fala dos componentes da Mesa, quando percebemos pessoas comprometidas que nos mostram que é possível acreditar que ninguém, mas realmente ninguém pode ficar para trás e que basta que a oportunidade seja oferecida, agrademos a todos os palestrantes por essa maravilhosa apresentação. (Palmas.) Neste momento, a Mesa se desfaz. (Pausa.) Antes de darmos início às apresentações culturais, chamo à mesa a Diretora do Senado, a Sra. Ilana Trombka, para realizar o lançamento oficial do projeto Lei Brasileira de Inclusão, Estatuto da Pessoa com Deficiência, na Língua Brasileira de Sinais, resultado da parceria firmada entre a Presidência e a Direção do Senado, a TV Senado e o gabinete do Senador Romário. Com a palavra a Sra. Ilana Trombka. A SRA. ILANA TROMBKA - Bom dia, gente! Bom dia! Não ouvi nada. Vamos lá! Bom dia! (Manifestação da plateia.) A SRA. ILANA TROMBKA - Valeu! Primeiro, eu queria cumprimentar o Samuel, o Luca, a Liane e a Luana, as meninas, minhas conterrâneas gaúchas, pelo trabalho fenomenal que fizeram. É uma coisa impressionante ouvir a fala deles! Estou vendo daqui a Luana. |
| R | Gente, eu vim muito rapidamente contar para vocês que o Senado Federal também acha que ninguém pode ficar para trás. Ninguém pode ficar para trás, ninguém pode ficar de fora, não porque a inclusão seja uma necessidade das pessoas deficientes, mas porque a inclusão é uma necessidade da sociedade brasileira. Todos precisamos de todos. Não é isso, Senador Flávio? Senador Flávio, eu não tinha visto o senhor aí. O Senador Flávio foi um precursor disso no Senado já há muitos anos. A sociedade brasileira precisa de todos os cidadãos. Quando digo todos, eu me refiro a todos, sem exceção. Eu me refiro a todos: os que têm síndrome de Down, os que não têm síndrome de Down, os deficientes físicos, os deficientes auditivos, os deficientes visuais, as pessoas com transtornos psiquiátricos. A sociedade brasileira precisa de todos, do olhar de cada um e da forma com que cada um pode contribuir. Muito especialmente no Senado, ontem mesmo, eu me reuni com uma colega que tem um filho autista. Conversamos sobre como nós precisamos do olhar dela no Senado, porque o olhar de quem tem um filho autista, Senador Romário, como o senhor sabe, é muito diferente do nosso. Eu preciso do olhar dela para ajudar a gestão do Senado. Então, eu preciso que ela esteja conosco, e que esteja conosco em todos os lugares, nos postos de chefia do Senado também. Se há a necessidade de ela ter uma jornada reduzida, isso não pode impedi-la de ser chefe nem aqui nem em lugar nenhum. O Senado foi precursor nisso - o próprio Senador Romário foi autor de uma lei - ao dar redução de jornada, Senador Girão, sem nenhuma necessidade de recorrer ao Judiciário, para todos aqueles pais servidores do Senado que tinham filhos com deficiência. Nós fizemos isso ainda em 2014, quando a lei do senhor ainda não existia. Agora a gente quer ir mais além. Se a gente já tem um normativo interno que diz que não há obrigatoriedade de jornada integral para esses colegas, por que não eles estarem em todos os lugares do Senado? E todos os lugares são todos os postos de chefia também. Então, a nossa luta para este ano, Senadores, é fazer realmente a inclusão aqui dentro, não só a inclusão de estagiários, de jovens aprendizes e de servidores, porque nós os temos, mas que eles estejam em todos os lugares. O convite é para aceitar o convite que os senhores fizeram para a gente: ninguém fica para trás, ninguém fica de fora. (Palmas.) Obrigada. E foi aceitando um convite do gabinete do Senador Romário... Aqui vou ter a licença de nomear dois colegas, Senador, do seu gabinete que têm, com o senhor, uma luta muito grande: a Loni e o Wester. Aceitando o convite do Wester e da Loni, a Diretoria-Geral e a Secretaria de Comunicação Social deram as mãos a esta ideia do gabinete do senhor, que era a de trazer a Lei Brasileira de Inclusão para Libras. Quem participou desse projeto, como o Wester, a Loni, o pessoal da Secretaria de Comunicação Social, o pessoal da TV Senado, sabe que esse foi um projeto piloto que não foi fácil, mas nós conseguimos. E, se nós conseguimos esse, agora nós podemos conseguir qualquer outra coisa. |
| R | Então, o meu convite aqui é para que vocês assistam a esse vídeo que mostra um pouquinho deste trabalho, que é o de trazer a Lei Brasileira de Inclusão para a Língua Brasileira de Sinais. Senador Eduardo, o Senador Romário, faz quatro anos, tem estado ao nosso lado nessa luta, e sei agora que contamos com o senhor, com o Senador Girão, com o Senador Flávio Arns, com o Senador Paim - que também está nesta luta há muito tempo -, e com a Senadora Mara. Se a gente conseguiu a Língua Brasileira de Sinais, por que, no ano que vem, a gente não pode conseguir mais tantas outras normas e trazer realmente a inclusão? A inclusão é isto, é dar a cada um o que cada um precisa para exercitar a sua cidadania. Eu sou uma soldada de vocês nisso, sou uma soldada que está no quartel para fazer com que essas ideias se realizem. Contem comigo sempre que for necessário! Do gabinete do Senador Romário nós já somos parceiros há muito tempo. E eu conto com os senhores para trazer todos para dentro da administração do Senado. Muito obrigada. Agora, acho que a gente vai poder ver o vídeo. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei Brasileira de Inclusão (LBI) interpretada na Língua Brasileira de Sinais. Organização, coordenação e acompanhamento: Presidência do Senado Federal; Diretoria-Geral do Senado Federal; Núcleo de Coordenação de Ações Socioambientais (Senado Inclusivo); Gabinete do Senador Romário; e TV Senado. Veja toda a Lei Brasileira de Inclusão nesta playlist aqui ao lado. (Palmas.) (Pausa.) Para iniciarmos as nossas apresentações artísticas e culturais, chamamos os representantes da Apae-DF, com a participação especial de Ivy Bittencourt de Souza Faria, que veio do Estado do Rio de Janeiro para colaborar com o evento e se dispôs a interpretar o papel de Iara, a Sereia. |
| R | Pedimos a todos que se acomodem em seus lugares para darmos continuidade a esta solenidade. Pedimos também que evitem, na medida do possível, conversas paralelas para que possamos acompanhar a apresentação da peça. A Ivy, todos já conhecem, é a princesa do Senador Romário. Ivy foi a responsável pela motivação e incentivo do pai em se tornar Parlamentar. A apresentação da peça Iara, Sereia dos Rios tem a coordenação da Profa. Cristiane Rocha, da Profa. Kaká e da Profa. Paula Nogueira Silva. (Pausa.) Senhoras e senhores, pedimos a todos que se acomodem em seus lugares para darmos continuidade a esta solenidade. Pedimos também a gentileza de manterem os telefones celulares no modo silencioso ou desligado. A apresentação da peça Iara, Sereia dos Rios tem a coordenação da Profa. Cristiane Rocha, da Profa. Kaká e da Profa. Paula Nogueira Silva. Chamamos ao palco os participantes desta peça: Arthur, Simon, Herlison, Cláudio Moura, Rebeca, Mônica, Sabrina, Aline, Ana Carolina, Devane, Ana Paula, com a participação especial de Ivy Bittencourt de Souza Faria, do Rio de Janeiro. Com vocês a apresentação do teatro Iara, Sereia dos Rios. (Palmas.) |
| R | (Procede-se à apresentação.) (Palmas.) |
| R | A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos à Apae do Distrito Federal e à especial colaboração da Ivy Faria, que aceitou o desafio, mesmo sem poder ensaiar, e firmou essa bela parceria para nos brindar com essa excelente apresentação. (Palmas.) Dando prosseguimento, chamamos a nossa segunda apresentação artística, que será uma dança, sobre o tema É Preciso Saber Viver. A apresentação se dará com representantes do Centro de Ensino Especial 1 de Brasília, a partir do projeto Inclusive Danço, e com a música do projeto Construsom. A apresentação acontecerá a partir de movimentos livres e orientados com tecidos enquanto os alunos do projeto Construsom cantarão ao vivo a música É Preciso Saber Viver, sob a coordenação das Profas. Ana Cíntia Rezende, Cassia Cristina Carvalho, Joelma Capiberibe, Flávia Barcelos e Fabianne Gotelipe. No palco, o projeto Construsom com a música É Preciso Saber Viver. Essa apresentação também conta com a participação, o apoio do Prof. Jonas, da Polícia Militar - se estiver presente no evento, por favor, venha ao nosso palco. |
| R | (Procede-se à apresentação.) (Palmas.) |
| R | A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos ao Centro de Educação Especial 1 de Brasília, parabenizando e agradecendo a todos os alunos que estiveram no palco, bem como aos coordenadores dos projetos. Continuando com o nosso momento de danças, chamaremos os representantes do Diário da Inclusão Social para a apresentação da música Despacito, com os dançarinos Lucas, Lia e a participação especial da Ivy Bittencourt de Souza Faria. Eles estão chegando, vamos aguardar um instante. (Pausa.) |
| R | A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores, pedimos a todos que se acomodem em seus lugares para darmos continuidade a esta solenidade. Pedimos também a gentileza de manterem os telefones celulares no modo silencioso ou desligados. (Pausa.) Música, por favor. Atenção. Agora, sim, vamos à apresentação da música Despacito com os dançarinos Lucas, Lia e Ivy Bittencourt de Souza Faria. (Procede-se à apresentação.) (Palmas.) |
| R | A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - As responsáveis por essa ação foram as incansáveis Talita, Lourdes e Luciene. Agradecemos pelo momento de animação que vivemos junto com os representantes do Diário da Inclusão Social. E chamamos para uma atividade mais acadêmica do que artística, com os representantes do projeto Canta e Lê, que trata de uma abordagem multissensorial para desenvolver a fala e a leitura. Esse projeto possibilita que crianças com deficiência acompanhem a canção proposta a partir de um vídeo e assim desenvolvam a fala e a leitura. Os recursos incluem ritmo mais lento, imagem da boca para acompanhar a articulação, multigestos como reforço para apraxia, sílabas separadas com cores diferentes para cada família de fonema. Os personagens que aparecem nos vídeos refletem a diversidade humana: criança com síndrome de Down, com fone, cadeirante de diferentes etnias. Os primeiros vídeos foram possibilitados por uma plataforma de financiamento coletivo. O próximo passo será transformar o projeto Canta e Lê em um aplicativo tornando possível a separação das funções do programa de acordo com a necessidade de cada criança. A demonstração do projeto será realizada a partir da música Parabéns a Você, sob a responsabilidade da Patrícia Almeida, cofundadora do Movimento Down e criadora do projeto Canta e Lê, juntamente com a Carol Rivello, de Nossa Vida com Alice. Com vocês, o projeto Canta e Lê. A SRA. PATRÍCIA ALMEIDA - Oi, bom dia a todo mundo! (Manifestação da plateia.) A SRA. PATRÍCIA ALMEIDA - Bom dia. Eu sou Patrícia Almeida, sou membro do Conselho da Down Syndrome International, que criou o Dia Internacional da Síndrome de Down. Então, para mim, é uma emoção muito grande estar aqui hoje. Eu também sou uma das fundadoras do Movimento Down e aqui eu vou apresentar para vocês o projeto Canta e Lê, que eu desenvolvi inspirada na minha filha Amanda, que está ali na segunda fila. Pode passar a primeira. |
| R | Essa é a Amanda. A gente está há dez anos fora. Quando a gente morava em Nova York, ela ganhou um iPad, logo que os iPads saíram. Ela adorou, brincava muito. E ela adorava música, só que as músicas infantis eram muito rápidas para ela. Pode passar a próxima. Eu reparei que ela olhava para minha boca, sempre que eu cantava, para imitar o jeito que eu falava. A próxima. Aí eu perguntei para mim mesma: que tal se a gente unisse a música para desenvolver a fala? A Amanda inclusive já lia. Então, ela lia e cantava ao mesmo tempo, só que como era muito rápido ela não acompanhava. Aí eu pensei: vamos fazer uma coisa mais devagar. A próxima. Por que é importante a música no desenvolvimento da alfabetização? Em primeiro lugar, porque todo mundo viu aqui que as pessoas com Síndrome de Down adoram música. Verdade ou mentira? Todo mundo gosta de música aqui? (Manifestação da plateia.) A SRA. PATRÍCIA ALMEIDA - Então, a música pode ajudar na alfabetização por causa do ritmo, das rimas, dos fonemas e da consciência fonológica. Só que as músicas infantis, como eu falei, são rápidas demais, não só para quem tem deficiência intelectual, mas para crianças pequenas também. Isso vai beneficiar, na verdade, todas as crianças, não só as crianças com deficiência. A gente também pensou em uma versão que pudesse ser para jovens e adultos, mas aí não com músicas infantis. Com músicas como Despacito, por exemplo, que a gente viu que todo mundo adora cantar. Vamos para a próxima. Aí eu fiz essa coisa bem mambembe. Ali é a minha boca cantando a música Pirulito que Bate-Bate. Então, a gente dividiu nas sílabas. Cada sílaba é uma família de letras. Então, por exemplo, no "ba-ba", o "b" é branco, porque aí você associa a cor à letra "b", e é mais uma ferramenta para você aprender. A próxima, por favor. Daí eu conheci a Carol Rivello, que vocês já devem ter visto. Ela é maravilhosa, é designer, tem uma filha com síndrome de Down que se chama Alice, e ela faz muitos vídeos de educação, pedagógicos, e os coloca no canal dela Nossa Vida com Alice. O próximo. E ela desenvolveu essa beleza - essa boca é dela, inclusive. Ela fez o primeiro vídeo do Canta e Lê. Pode passar a próxima. Os recursos que a gente tem no Canta e Lê: o ritmo das músicas é mais lento; a boca, para a pessoa com alguma dificuldade, ou para as crianças olharem e repetirem; o fundo não tem distrações, é um fundo bem neutro, para a pessoa que tem síndrome de Down ou alguma deficiência intelectual ver bem os personagens e poder associar a palavra à imagem; as legendas coloridas, como eu falei, as sílabas correspondentes a uma família de palavras; também tem multigestos, para a praxia, que é essa coisa que você mostra para a criança como a boca abre, para a criança poder falar, e isso ajuda também na alfabetização; e os personagens - se você nota, tem a menina cadeirante, a menina negra, tem uma criança com autismo com aqueles fones, para quando o barulho incomoda. Pode passar a próxima. |
| R | Nós fizemos um crowdfunding, um financiamento coletivo. Conseguimos levantar R$20 mil, com a ajuda de muita gente, e pudemos produzir cinco vídeos. A próxima. A gente conseguiu essas cinco músicas - as pessoas que financiaram o projeto escolheram estas músicas e também as fonos que nos acompanham: Cai-Cai Balão; Cabeça, Ombro, Joelho e Pé; Seu Lobato; Parabéns para Você; Pirulito que Bate-Bate; e O Sapo Não Lava o Pé. A próxima. Aí alguns exemplos de crianças que, com o Canta e Lê, conseguiram aprender a ler, conseguiram falar melhor. A próxima, por favor. Aí o exemplo de como a criança olha para a boca e para os gestos, imita e realmente consegue articular melhor as palavras. A próxima. Isso é só para vocês verem. Vocês podem ver as músicas no YouTube Nossa vida com Alice, ou então no site do Movimento Down. Próxima. O que a gente quer? A gente quer parceiros para continuar com esse projeto. A gente quer mais vídeos, fazer para jovens e adultos, e quer estudos na universidade para comprovar que funciona e para fazer os ajustes necessários. A próxima. Agora, eu queria falar do Dia Internacional e queria me dirigir especialmente ao Romário. Cadê o Romário? Gente, o Dia Internacional... Vocês podem fazer silêncio, por favor? Isso é muito importante. Atenção! Obrigada. O primeiro Dia Internacional foi comemorado, celebrado, foi lançado pela Down Syndrome International, em 2006. O primeiro evento foi na UnB. Tivemos a participação da Liane Martins Collares, da Melina Pedroso. Agradeço à Collares, à querida Marilei e ao Edson, que foram meus pais de acolhimento. Sem eles abrindo portas há mais de 50 anos para a gente estar aqui hoje, a gente não teria conseguido estar aqui. (Pausa.) Próximo ano. Este Senado foi muito importante para o Dia Internacional, porque em 2007 já havia a novela Páginas da Vida, e o Senado nos ajudou a tornar esse dia realmente um acontecimento. Pode passar. Em 2007, a gente organizou - o Instituto MetaSocial, a Helena Werneck - esse evento. Vieram artistas da Globo. A gente lançou bonecas, com a Andréa Barbi e a Audrey Bosio. Pode passar a próxima. E foi o dia em que o Romário esteve aqui no Senado com a Ivy - Romário, você se lembra desse dia? Lembra. Eu, depois, com a Helena e com a Patrícia, disse: foi o dia internacional do Romário, porque a Amanda estava num carrinho e vinha aquela turba de gente em volta de vocês. Eu tive que ir para o outro lado, porque eu nunca vi tanta gente junta neste Senado. Você foi uma comoção. O resultado disso foi que a gente saiu em todos os jornais, teve escalada no Jornal Nacional e, a partir daquele dia, o Dia Internacional passou a acontecer, graças a você! (Palmas.) Próxima. Foi a partir disso que a gente levou o Dia Internacional para a ONU. Graças ao Romário, que pediu para o Itamaraty entrar com um pedido de resolução, e ao Senador Lindbergh Farias também. A gente conseguiu, em 2011, e esse se tornou o dia internacional para 193 países. A gente sempre tem brasileiros palestrando lá, tanto em Nova York, como, há dois anos, agora, em Genebra também. O Samuel Sestaro, inclusive, já esteve em Genebra. |
| R | A próxima. E por que isso é importante, gente? Não é só para celebrar, é para pedir política pública. Por exemplo, o Notificar Importa: a gente conseguiu que o Ministério da Saúde fizesse uma lei para que todos os nascimentos de criança com síndrome de Down fossem notificados, só que isso ainda não está valendo. A gente precisa fazer pressão para que as secretarias de Saúde realmente marquem lá para as crianças serem contadas. A próxima. Isso conta: por exemplo, se não há um número, não há fonoaudiólogo, não há mediador na escola. A gente precisa de estatísticas. A exclusão das pessoas com deficiência começa pelas estatísticas. A próxima. Então, agora, eu vou convidar vocês para comemorar este dia - próxima -, que só aconteceu por causa daquilo ali, Romário. Olhe para lá. Você se lembra desse dia? Se você não tivesse saído do armário e assumido a sua filha para todo mundo, a gente não estaria aqui hoje. (Palmas.) Muito obrigada, em nome da Down Syndrome International, do Movimento Down, de todo mundo que está aqui. Agora, gente, vamos cantar Parabéns para Você para todo mundo que tem síndrome de Down, para todo mundo que tem deficiência e para o Romário. Vamos lá, com o Canta e Lê. (Procede-se à execução de música.) A SRA. PATRÍCIA ALMEIDA - Obrigada. Pode tirar. Eu queria lembrar aqui: todo mundo pegou a revista da Gol? Tathi Piancastelli tem mais de cinco capas de revista com pessoa com síndrome de Down, com entrevistas com pessoas com síndrome de Down. A gente não conseguiria isso sem este dia. Obrigada, gente! (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o projeto Canta e Lê, a partir da instituição Movimento Down. Chamamos para a próxima apresentação os alunos da Pestalozzi, sob a coordenação dos Profs. Bruno e Altivo, para nos presentear com uma apresentação musical, que será uma dança de forró, com a música Esperando na Janela. (Palmas.) Com vocês os representantes da Pestalozzi de Brasília. |
| R | (Procede-se à apresentação.) (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos, em nome da Diretora Luciana, a bela apresentação da Pestalozzi e nos preparamos para mais uma apresentação. Pessoal, silêncio, por favor. Vamos colaborar. É muito importante a participação, a cooperação de todos vocês neste evento. Estamos trazendo diretamente da cidade do Rio de Janeiro a Sra. Gabriela Laborda, a qual é coordenadora do projeto que será relatado sob o título Chat21 (Central Humanizada de Acolhimento Trissomia 21) - pronto atendimento para as famílias. O projeto inovador de acolhimento e informação foi premiado pelo Social Good Brasil em 2017. O portal oferece acolhimento e informação a distância gratuitos para as famílias de pessoas com síndrome de Down. Através de um pronto atendimento pioneiro no Brasil, o Chat21 conecta pais e familiares que recebem o diagnóstico da trissomia 21 com pessoas que já tiveram essa vivência, promovendo um acolhimento personalizado, por meio da troca de experiências. Este modelo inovador de atendimento às famílias de pessoas com síndrome de Down conta com mais de 60 acolhedores voluntários espalhados em 20 grupos estaduais. Cerca de 700 famílias já foram atendidas pelo projeto. |
| R | Além do acolhimento, o Chat21 oferece palestras online gratuitas sobre assuntos relacionados à síndrome de Down, ministradas por profissionais experientes no tema, a maioria deles também pais de pessoas com síndrome de Down. Os webinários são uma iniciativa do Chat21 com o intuito de dar acesso à informação e tirar dúvidas de pais e profissionais, uma vez que é possível, ao final de cada palestra, fazer perguntas. As palestras online estão disponíveis no YouTube, já tiveram mais de 37 mil visualizações, e o endereço eletrônico é www.chat21.com.br. Eu vou repetir: www.chat21.com.br - chat com "c", "h", "a", "t". Com vocês, Gabriela Laborda, que fará a apresentação. (Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.) A SRA. GABRIELA LABORDA - Muito boa tarde. Queria, primeiramente, agradecer ao Romário a oportunidade de estar aqui contando um pouquinho para vocês do Chat21. O Chat21 começou a partir de... Vou pedir um pouquinho de silêncio também para poder falar para todo mundo e todo mundo poder ouvir. Silêncio, por favor! Muito obrigada. Então, vamos lá. O Chat21 começou a partir de uma inquietação que eu senti quando recebi o diagnóstico da minha filha Maíra. A sensação que eu tinha, como muitos aqui devem ter sentido também, era que eu estava sozinha, que eu era a única mãe de pessoa com síndrome de Down. E, na verdade, com o tempo, fui vendo que isso não era a realidade e fui vendo que esse sentimento era muito comum nas famílias que recebiam o diagnóstico. Então, na verdade, o que faltava era conexão entre essas famílias. Essa menina que vocês estão vendo aí é a Raíssa. A mãe da Raíssa, a Renata, entrou para o acolhimento do Chat21, entrou no site. Quando a Raíssa nasceu, ela já estava num grupo com outras famílias, e esse sentimento de isolamento que a gente sente, a mãe da Raíssa, a Renata, não sentiu, porque ela não estava mais sozinha - até me emociona. Um em cada sete bebês nasce com síndrome de Down. Nós já sabemos que esse dado não reflete a realidade por causa da subnotificação, mas há uma coisa muito importante sobre a qual eu gostaria de chamar a atenção de todos vocês aqui, um detalhe: no Brasil, nascem 350 bebês por hora. Então, a gente pode dizer que a cada 2,5 horas nasce um bebê com síndrome de Down; e a cada 2,5 horas nós temos uma mãe passando por esse processo de entendimento dessa realidade. |
| R | Então, esse é um processo que envolve várias etapas. E, muitas vezes, no meio desse entendimento, a pessoa entra numa espiral negativa, e muitos problemas podem acontecer - pode passar o próximo -, como a negligência dos cuidados da saúde da mãe e do bebê; a falta de pertencimento e acesso a informações básicas dos cuidados da saúde e dos direitos; até desconstrução familiar, pais que abandonam os lares, ou as crianças que são colocadas para adoção. Então, com isso a gente pensou - no próximo eslaide - no Chat21. Essa é minha filha Maíra. É um portal de informação e acolhimento. Como é que funciona? Pode passar o próximo. As famílias acessam o site, cadastram-se, e lá há um pronto atendimento pioneiro. As pessoas são transferidas para um grupo de WhatsApp, em que há uma equipe multidisciplinar, e todos são pais de crianças com síndrome de Down. Então, eles podem falar com propriedade e conversar sobre aquele sentimento que está acontecendo naquele momento do diagnóstico. Depois, a gente transfere essa família. Às vezes, vem tio, vem avó, vêm um monte de gente, e a gente os transfere para um grupo dentro do Estado onde eles moram. Então, eles podem se conectar com outras famílias para trocar experiências e informações. Nós já temos 20 grupos de acolhimentos espalhados por todo o Brasil, em praticamente todas as regiões do Brasil. Há mais de 60 acolhedores voluntários, e mais de 700 famílias foram acolhidas no nosso projeto. Só para vocês terem uma ideia da dimensão do nosso projeto, a gente tem informações de algumas instituições locais que fazem acolhimento presencial e têm uma média de 25 acolhimentos por ano. Nós já realizamos 35 vezes esse número. É bastante gente! São 700 famílias em um ano. Pode passar o próximo. Nesses grupos, surge muita demanda por informação, e essas demandas vão sendo assuntos recorrentes. Nós, então, fizemos o Chat21 webinário, que são palestras com profissionais relacionados à síndrome de Down e que trazem informações sobre diversos temas. São todos gratuitos. Nós já tivemos mais de 37 mil visualizações dos nossos webinários. Além disso, nós temos vários outros vídeos e vários outros conteúdos. E é muito importante dizer que esses conteúdos são pautados na diversidade, porque as condições associadas à síndrome de Down não são exclusivas da pessoa com síndrome de Down; são para todas as pessoas que têm alguma dessas condições, não só as pessoas com síndrome de Down. Pode passar o próximo. Do Chat21 eu falo com muito orgulho e com muita gratidão por todas as pessoas que fazem parte dele. Ele é um sucesso porque contou com a colaboração de muitos acolhedores, de muitos profissionais, de muitos amigos e de muitos parceiros. E eu tenho um agradecimento muito grande a todo mundo por fazer o Chat21 ser o que ele é hoje. E aí eu quero trazer para vocês a Raíssa, que foi aquele bebezinho que vocês viram no início da apresentação, e a Renata, mãe dela, que hoje é a coordenadora da comissão de pessoas com deficiência na cidade dela. E ela está aí na Câmara dos Vereadores falando, com orgulho, da filha e da trissomia. Enfim, a gente espera conseguir fazer com que esse caminho seja seguido por muitas outras famílias. E eu me empenho e trabalho para que isso aconteça. |
| R | Muito obrigada. Muito obrigada pela oportunidade. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos à Gabriela pela explanação do projeto, oportunizando não apenas o conhecimento sobre o mesmo, mas também oferecendo a oportunidade para os que desejam participar e divulgar essa ação no Brasil. Vamos, agora, a uma breve manifestação do Judô Precoce. O Judô Precoce é um trabalho desenvolvido com a finalidade de preparar crianças, jovens e adolescentes a partir dos dois anos de idade, portadores de deficiência, para a inclusão no esporte. Atualmente, o trabalho é desenvolvido para crianças com síndrome de Down, autistas e pessoas com paralisia cerebral, entre outras. Os apoiadores e parceiros são o Presidente do projeto, Pr. Sr. Daniel Silva, e a assistente social da associação, Sra. Quelma Soares. Chamamos ao palco o Salomão, que tem três anos de idade, juntamente com o seu pai e professor de judô, o Sr. André, os quais nos brindarão com uma demonstração de judô. O André, pai de Salomão, tem se capacitado para auxiliá-lo em seu desenvolvimento por meio do judô, utilizando os métodos da psicomotricidade dentro do tatame, bem como apoiando na superação do seu desenvolvimento, que é perceptível nos treinos que realiza. Hoje, aos três anos de idade, Salomão, que tem síndrome de Down, acompanha e realiza todas as ações de uma criança sem deficiência. As aulas são ministradas de segunda a sexta, na Associação Sociocultural Koinonia (ASK) e tem como foco a comunidade. Já aos sábados, as aulas são ministradas para os pequeninos que são da turma do Judô Precoce. Agora, iremos acompanhar o vídeo para conhecermos melhor o projeto. (Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.) |
| R | A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Com vocês, o André e o Salomão. (Procede-se à apresentação.) (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos ao André e, especialmente, ao Salomão, que nos emocionaram com essa apresentação. |
| R | Para finalizarmos as nossas apresentações, chamamos aqui ao púlpito a Dra. Lenise Aparecida Martins Garcia, indicada pelo Senador Girão para falar brevemente sobre o trabalho que realiza em prol da vida. Lenise é graduada em Farmácia e Bioquímica na Universidade de São Paulo, Mestre em Bioquímica pela mesma universidade, e Doutora em Microbiologia pela Escola Paulista de Medicina, atual Unifesp; Profa. do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB) desde 1985; professora e orientadora no mestrado e ensino de Ciências da UnB. Desde 1992, atua na formação continuada de professores, particularmente com o uso de educação a distância; tem atuado na divulgação científica, junto ao público e junto a professores e alunos de ensino médio, de temas relacionados à biotecnologia e bioética; atua também com educação ambiental. Lenise foi também Coordenadora Geral e Coordenadora Pedagógica da Licenciatura em Biologia a distância do consórcio setentrional envolvendo nove universidades de sete Estados; participou de audiências públicas no Supremo Tribunal Federal sobre a Lei de Biossegurança, células-tronco embrionárias; sobre o aborto de fetos anencéfalos; e sobre o aborto até 12 semanas de gravidez, ADPF 442; participou também de audiências públicas na Câmara dos Deputados e no Senado, audiências essas que trataram sobre aborto, reprodução assistida e outros temas relacionados à vida e família. Lenise participa das comissões de bioética da Arquidiocese de Brasília e da CNBB. Atualmente é Presidente do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida - Brasil Sem Aborto, e membro do Conselho Nacional de Saúde. Com vocês, a Profa. Lenise, que fará a sua exposição. E ratificamos para que permaneçam conosco, pois, logo após essa fala, iniciaremos a entrega dos certificados de Honra ao Mérito, e desejamos contar com a presença dos Parlamentares para apoiar na entrega. A SRA. LENISE APARECIDA MARTINS GARCIA (Para exposição de convidado.) - Muito obrigada. Bom dia a todos. Posso ter a atenção de vocês? (Manifestação da plateia.) A SRA. LENISE APARECIDA MARTINS GARCIA - Queria agradecer muito ao Senador Romário, organizador do evento; ao Senador Eduardo Girão, que foi quem apresentou o meu nome para muito brevemente trazer aqui para vocês aquilo que é uma preocupação. Eu quero, inclusive, pedir desculpas porque, neste dia tão lindo, uma festa maravilhosa que nós estamos vendo aqui, tantos jovens e crianças apresentando-se de uma forma magnífica, mostrando todos os seus talentos, eu venho exatamente partilhar uma preocupação. Mas é a preocupação de que daqui a 20 anos, daqui a 30 anos nós continuemos tendo essa festa com jovens e com crianças com Down. O Senador Girão falou, de uma forma, da sua própria percepção da diminuição do número de crianças com Down na Europa, nos Estados Unidos. Eu venho trazer um dado científico que foi apresentado na ONU - exatamente nesse evento a que fizeram referência - há dois anos, nessa mesma data. É um doutorado que foi desenvolvido na Espanha e que mostra que, a partir do momento em que se começou a ampliar a possibilidade do aborto na Espanha, nos últimos 20 anos diminuíram 60% os nascimentos de crianças com síndrome de Down, e isso significa que 60% das crianças geradas com Down foram abortadas. |
| R | No Brasil, nós vamos ter agora, no dia 22 de maio, no Supremo Tribunal Federal, o julgamento da ADI 5.581, que pede a possibilidade do aborto em caso de zika porque as crianças podem nascer com microcefalia. Um por cento das crianças que têm a mãe com zika nasce com microcefalia, e pedem o aborto em todos os casos em que exista zika. Por quê? Porque a microcefalia é difícil de diagnosticar, é um diagnóstico tardio, quando a criança já tem perto de seis meses, e é um diagnóstico incerto. A síndrome de Down é um diagnóstico precoce, é um diagnóstico para o qual hoje se tem toda tecnologia para fazer, e é um diagnóstico com grande certeza. Então, vocês tenham esta certeza: se for aprovada no Supremo a possibilidade do aborto em caso de zika, também se estará abrindo a porta totalmente para o aborto em caso de síndrome de Down. E nós não queremos que isso aconteça, isso não pode acontecer. Nós temos que estar mobilizados para que não seja aprovada a ADI 5.581 pelo Supremo Tribunal Federal. Se é que isso tem que ser discutido, isso teria que ser discutido nesta Casa, isso teria que ser discutido no Parlamento, que é o lugar em que se fazem as leis no Brasil, em que se deve fazer as leis no Brasil. E eu tenho certeza de que este Parlamento brasileiro não aprova o aborto das crianças com deficiência. Aqui temos os nossos Senadores, temos lá os nossos Deputados que não vão permitir que isso seja aprovado. Então, não permitamos também que isso entre pela porta dos fundos, pelo Supremo Tribunal Federal. Nós todos temos que estar unidos nessa luta, para que as crianças com deficiência possam gozar do primeiro de todos os direitos, que é o direito de nascer. (Palmas.) Eu quero concluir com uma frase que tem rodado aí pelas redes sociais, dita por uma pessoa portadora de síndrome de Down: a questão do aborto de crianças com deficiência não é que ele tenha que ser ilegal, ele tem que ser impensável. Muito obrigada. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passaremos para um momento muito significativo na vida de algumas pessoas com síndrome de Down e seus familiares. Chamaremos aquelas pessoas que receberão os certificados de honra ao mérito oferecidos aos indicados pelas instituições parceiras. Receberão esse certificado pessoas com síndrome de Down que se destacam em alguma área. Convido a todos para que permaneçam em seus lugares para que possamos fazer a entrega dos certificados, e solicito que, à medida que falarmos o nome da pessoa indicada, esta se dirija à frente, para receber seu certificado, enquanto fazemos a leitura sobre o seu currículo de vida, descrevendo as principais ações desenvolvidas pelos agraciados. (Pausa.) |
| R | Convidamos o Senador Romário para fazer a entrega do primeiro certificado. A primeira pessoa a receber o certificado é Gléssia Lidogario da Silva, que foi indicada pela instituição Pestalozzi na área da superação em sua história de vida e na área da dança. Gléssia inicia sua jornada diária quando ainda o sol não raiou, pois a vontade de aprender torna-se maior que as barreiras. Gléssia possui 30 anos de idade e, devido as inúmeras violências sofridas, foi resgatada pela irmã, com quem reside desde 2010, com três sobrinhos, em Samambaia Norte, numa casa de quatro cômodos. (Palmas.) Vinda da cidade de Matias Cardoso, em Minas Gerais, a menina nunca havia frequentado uma escola. Sempre foi rejeitada e submetida a situações abusivas, mas encontrou seu verdadeiro lar junto à irmã, que hoje se esforça para ter a sua guarda. Assistida pela Associação Pestalozzi de Brasília, encontra ali a oportunidade de ser valorizada e reconhecida pelas suas habilidades artísticas e de convívio. Apesar das dificuldades, Gléssia surpreende pelo seu esforço diário e determinação em busca de uma vida melhor. Tem um sonho, que é ser dançarina. (Palmas.) Para entregar outro certificado, chamamos o Senador Flávio Arns. O segundo indicado, pela instituição Diário da Inclusão Social, é o Gabriel Lima. Gabriel se destaca na área de esporte, no karatê. (Palmas.) Tem 21 e desde os 9 anos de idade pratica o karatê. Foi com muito treino e determinação que conseguiu, com o apoio constante dos mestres Paulo Roberto Borges, 7º Dan, hoje aqui presente, e Dayane Borges, 3º Dan, conquistar a faixa preta do karatê. Conquistar a faixa preta no karatê é fato inédito no Distrito Federal. Hoje o Gabriel continua treinando e participando de campeonatos regionais e nacionais. Atualmente também é modelo fashion, pelo Fashion Inclusivo, e agenciado pela Agência Mega Model. (Palmas.) Gabriel também é aprendiz da Apae, atuando no projeto em parceria com a UnB, e ainda integra o projeto Galera do DIS, do Diário da Inclusão Social, com o objetivo de se tornar um bom fotógrafo. Parabéns ao Gabriel pelo recebimento da merecida Honra ao Mérito. (Palmas.) Agradecemos a participação de vocês. Convidamos agora o Senador Girão. |
| R | Chegou a hora de a Associação DFDown trazer sua indicada, que já nos brindou, na manhã de hoje, com sua palestra. Chamamos à frente, para receber o certificado de Honra ao Mérito, a Srta. Liane Collares. (Palmas.) Liane tem um vasto currículo, que já nos foi apresentado por ocasião da sua palestra. Além de ser Diretora de Relações Públicas da Associação DFDown, Liane é escritora e autora do livro Liane, Mulher como todas. Destaca-se na área da escrita e também já foi premiada no teatro e campeã de natação. Liane foi alfabetizada na década de 1960, sendo que para aquela época não acontecia da mesma forma que hoje: poucos conseguiam ser alfabetizados sendo pessoas com síndrome de Down. Parabéns, Liane, pela sua garra! (Palmas.) Convidamos agora a representante da Secretaria Nacional das Mulheres, Sra. Rosinha Adefal. Chegou o momento de o Jorge Augusto Oliveira Farias vir à frente para receber o seu certificado de Honra ao Mérito. (Palmas.) Jorge foi indicado pela Apae-DF na área do esporte, por ser atleta nacional e internacional. Participou do Mundial de Atletismo Down 2018 e de várias outras competições nacionais. Participou do Campeonato Mundial Down Madeira, Portugal, quando obteve medalha de ouro no revezamento 4x400m, recorde sul-americano, e prata no revezamento 4x100m. Recebeu medalha de ouro nos 400m rasos, da participação no Campeonato Brasileiro de Atletismo CBDI/Abdem 2018. Foi medalhista também no Meeting de Atletismo CBDI/Abdem 2018, quando recebeu medalha de prata nos 200m rasos e prata nos 400m rasos. E, nas Olimpíadas das APAEs 2018, recebeu medalha de ouro 100m rasos e prata 50m rasos. (Palmas.) Parabéns, Jorge Augusto! Você é exemplo de garra e determinação no Atletismo, com muitas medalhas. Agora convidamos a Elaine, assessora do Senador Romário, para fazer a entrega também do próximo certificado. Vem à frente mais uma mulher, a Srta. Jéssica Mendes de Figueiredo, a qual foi indicada pela Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD). (Palmas.) Jéssica se destaca pelo trabalho prestado em prol do movimento de inclusão das pessoas com deficiência no Brasil. É Vice-Diretora da Região Centro-Oeste e integrante do grupo de Autodefensores da Federação Down. Nossa homenageada desenvolve relevante trabalho no País relativamente à inclusão social de pessoas com síndrome de Down e outras deficiências, manifestado tanto na representação dessa entidade nacional nos mais diversos espaços políticos de defesa e promoção de direitos de pessoas com deficiência, quanto no engajamento do mencionado grupo de Autodefensores, do qual é coidealizadora. (Palmas.) Parabéns, Jéssica. Além de todo esse currículo, é também excelente fotógrafa e foi a nossa expositora no evento anterior que realizamos, em 2018, no Senado Federal. Convidamos agora de volta o Senador Romário para mais uma entrega de certificado. As mulheres estão marcando espaço por aqui: mais um destaque feminino. |
| R | Chamamos a Srta. Amanda Aurea Albuquerque Marques, a qual foi indicada pelo Centro de Ensino Especial de Brasília 01, com destaque na área de dança. Amanda tem 40 anos, é estudante do Centro de Ensino Especial 01, de Brasília, e desde os 20 anos participa de projetos de dança. Entre 2000 e 2013, participou do projeto Eu Danço, Profas. Ana Cristina Silva, Lisbela Silveira e Fátima Reis; e, de 2013 aos dias atuais, participa do projeto Inclusive Danço, Profas. Ana Cíntia Rezende e Cássia Cristina Santos Carvalho, destacando-se por toda a sua expressividade e dedicação. Participou de todos os espetáculos produzidos, com apresentações em órgãos públicos e privados, entre eles, citamos alguns: As Mil e Uma Noites; Aquarela do Brasil; Tabuleiro das Baianas; Puxada de Rede; Janelinha; Forró com Bonecos; O Mundo pede Paz; O Bicheiro; A Nega; Brasil rumo ao Penta; e muitos outros. Parabéns, Amanda, merecedora da Honra ao Mérito pelo seu vasto currículo como dançarina. (Palmas.) Convidamos, agora, o Senador Flávio Arns para mais uma entrega de certificado. Senador Flávio Arns para a entrega de mais um certificado. (Pausa.) O oitavo a receber o certificado é o Salomão Freitas Lino da Silva, que foi indicado pela instituição Judô Precoce. (Palmas.) O pai do Salomão nos relatou que, desde o começo da gravidez, a mãe sentia algo diferente. Fizeram vários exames, e a pergunta sempre foi: "Está tudo normal? O bebê tem alguma coisa?". E a resposta sempre foi: "Está. Sim." O pediatra comunicou que Salomão tinha características de Down e que teria uma má-formação cerebral e cardiológica. Salomão venceu um leão a cada dia. Ficaram nove dias internados, cérebro perfeito, todos os testes perfeitos, só um pequeno probleminha no coração, que, até hoje, não o tem atrapalhado em nada. O pai de Salomão, que também é seu preparador, faz a diferença por meio da inclusão no esporte, através do projeto Judô Precoce. Salomão, apesar da pouca idade, é um aluno disciplinado do judô e participante do projeto da Associação Sociocultural Koinonia (ASK), que tem como idealizador e fundador seu pai, Prof. André Pereira. Este projeto só se concretiza pelos parceiros: Presidente, Pr. Daniel Silva; a assistente social da associação, Sra. Quelma Soares; e terceiro, Diário da Inclusão Social. Parabéns ao Salomão e a seu pai pelo trabalho que estão realizando em prol do esporte para pessoas com deficiência. (Palmas.) Convidamos agora o Senador Girão para a entrega de mais certificados. (Pausa.) Mais duas mulheres agraciadas com o certificado de Honra ao Mérito. São elas: Manuella Mattos de Brito Schilling e Laura Couto Fonseca, ambas indicadas pela instituição Musicalização Inclusiva da PMDF. Manuella se destaca na área de superação e na música. Nasceu cardiopata e com síndrome de Down e, ao nascer, foi direto para a UTI, onde permaneceu por dois meses. Com seis meses de vida, Manuella fez cirurgia no InCor, de São Paulo. Aos nove meses, iniciou com a estimulação precoce no GDF e ingressou no projeto de musicalização na PMDF, o que a ajudou no seu desenvolvimento e na sua socialização. Manuella é extremamente amorosa, faz fisioterapia, fonoaudiologia, hidroterapia e também faz TO crisdown. Já a nossa outra homenageada, a Laura, se destaca na área do ritmo musical. Laura é extremamente disciplinada na música e tem uma vida muito ativa. Laura tem seis anos de idade e ama cantar e dançar com o seu irmão gêmeo, Rafael. Participa do projeto de musicalização e, concomitantemente, estuda numa turma inclusiva, onde já aprendeu a escrever o seu nome. |
| R | Palmas para a Manuella! Palmas para a Laura! Parabéns para as duas! (Palmas.) Agradecemos ao Senador Girão bem como às agraciadas e solicitamos que retornem aos seus lugares. Nesta última chamada, convidamos o Senador Romário para entregar o certificado de Honra ao Mérito e chamamos a representante da Juliana Fernandes Peres da Silva, a qual, por motivos de doença, não se pôde fazer presente. Juliana foi indicada pela instituição Ápice Down. Juliana se destaca na área de biblioteconomia e percussionismo. É formada em Higienização de Livros pelo curso de capacitação da biblioteca da UnB, Apae e do Arquivo Nacional. Atualmente trabalha na biblioteca do Ministério da Justiça, onde já recebeu homenagem do Ministro. Tem formação de Assistente Administrativo, via EaD; curso de Letras, pela Faculdade Anhanguera, onde fez parte do estágio em Literatura para atuar entre estudantes dos ensinos fundamental e médio. Esse curso tem como objetivo se instruir para que um dia possa ser contadora de histórias para crianças. (Palmas.) Agradecemos ao Senador Romário e solicitamos a todos que retornem aos seus lugares. Estamos chegando ao final do evento. E agora a Senadora Mara Gabrilli, que estará conosco diretamente de Genebra, onde está participando de uma reunião do Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU. A Senadora, representando o Brasil em Genebra, fez questão de estar conosco neste evento, enviando o seu recado por meio do vídeo que passaremos agora. Só mais um instantinho. Vamos acompanhar. Silêncio, pessoal, por favor! É muito importante este vídeo. Silêncio, por favor! A SRA. MARA GABRILLI (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - SP) - Olá, sou Mara Gabrilli, é uma grande alegria poder falar com todos vocês, diretamente da ONU, onde estou trabalhando como membro integrante do Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, e quis participar, através deste vídeo, desse evento promovido pelo Senador Romário. O tema adotado, em 2019, para o Dia Internacional da Síndrome de Down é "Ninguém fica pra trás". E isso vai justamente ao encontro da Agenda 2030, aqui, da ONU, para o Desenvolvimento Sustentável, que é um plano global de ação para as pessoas, para a prosperidade e para o Planeta. E isso sem deixar "ninguém pra trás", que é o grande lema dessa agenda. São inegáveis todos os avanços que nós já tivemos nos últimos anos sobre os direitos das pessoas com síndrome de Down e com deficiência. Porém, hoje, ainda nos deparamos com atitudes negativas, discriminação, exclusão, especialmente com as pessoas que têm alguma deficiência intelectual. A gente precisa oferecer muito mais oportunidade e ferramenta para apoiar essas pessoas com síndrome de Down para que se desenvolvam e tenham todo o seu potencial explorado e vivam suas vidas com plenitude. |
| R | Sabem que, pela primeira vez, aqui neste comitê, que tem 18 membros, há um membro que tem uma deficiência intelectual e está aqui contribuindo e ajudando muitos países do Planeta. Olha, você quer ver uma palavra que as pessoas com deficiência intelectual ouvem muito, as pessoas com deficiência em geral - e eu me incluo nisso? É a palavra "não": "Não dá. Não pode. Não temos", e, principalmente, o "não" que a gente mais precisa exterminar é: "Não estamos preparados para receber" ou, na escola: "Seu filho não vai ser feliz aqui." Todos nós sabemos que a grande força motriz para o ser humano é ouvir "você pode" e acreditar no imenso potencial a ser desenvolvido por todas as pessoas de diferentes formas. Sabe que um grande exemplo aconteceu aqui na ONU, em 2012. Foi a primeira celebração oficial do Dia Internacional da Síndrome de Down na ONU, e o evento foi uma proposta brasileira - eu até me emociono -, que foi aprovada por consenso pela Assembleia Geral e contou com o lançamento do livro Mude seu falar que eu mudo o meu ouvir, escrito por jovens brasileiros com síndrome de Down da Associação Carpe Diem. Na época, o Secretário-Geral da ONU era o Ban Ki-moon, e lançaram essa publicação aqui, que é a primeira no gênero de que se tem notícia no mundo e veio do Brasil. Mude seu falar que eu mudo o meu ouvir é um guia de acessibilidade na comunicação, com dicas simples para que a informação possa fluir nos dois sentidos, produzindo a sinergia que se espera quando a diversidade coexiste e é verdadeira. A trissomia do cromossomo 21 é a mais comum desordem genética do mundo e atinge uma criança a cada 700 nascimentos, independentemente de raça, país, religião ou condição econômica da família. As pessoas com síndrome de Down estão, cada vez mais, sendo protagonistas da sua vida, fazendo suas escolhas e buscando oportunidades. É nosso dever contribuir para tornar a sociedade cada vez mais inclusiva e nunca mais permitir qualquer retrocesso nos direitos das pessoas com deficiência. Parabéns, Romário, pela iniciativa! Contem comigo nessa luta! Um beijo carinhoso a todos. (Palmas.) O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Chegamos ao final do nosso evento. Chamo, à frente, a Sra. Ana Cláudia Mendes de Figueiredo, mãe da Jéssica e Vice-Presidente da Federação Brasileira de Associações de Síndrome de Down, que fará a leitura e a entrega ao Senador Romário do Manifesto em Prol do Direito à Vida Inclusiva da Pessoa com Deficiência. Ao final deste evento, só temos a agradecer aos incansáveis parceiros e parceiras que decidiram tornar o evento uma realidade. Por favor. A SRA. ANA CLÁUDIA MENDES DE FIGUEIREDO - Bom dia a todos e todas. Eu não farei a leitura inteira do Manifesto em Prol do Direito à Vida Inclusiva da Pessoa com Deficiência, porque ele é longo - ele se encontra nas redes sociais das entidades que o assinam e também no site da Federação Down. Ele é formado... |
| R | A Rede Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência é composta por entidades e coletivos nacionais e apoiada por entidades internacionais. E ela definiu como condições essenciais à efetivação dos direitos assegurados nas normas jurídicas às pessoas com deficiência e à concretização do modelo social de deficiência e de direitos humanos, o cumprimento da legislação brasileira, em especial a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a LBI; o apoio para a criação de um mecanismo de monitoramento da convenção da ONU; o reconhecimento de que todas as pessoas com deficiência gozam de capacidade jurídica em igualdade de condições com as demais pessoas e de que esse reconhecimento é um instrumento essencial para o exercício da cidadania, da autonomia e para o respeito à dignidade; o acesso ao ensino comum, garantindo a todos os estudantes a acessibilidade física, atitudinal e comunicacional, bem como recursos, apoios, estratégias e serviços, entre os quais o atendimento educacional especializado, quando necessário, no contraturno e em caráter não substitutivo, de forma adequada e com qualidade, em conformidade com o Plano Nacional de Educação Especial, na perspectiva da educação inclusiva; o acesso ao sistema público de saúde, dotado de capacidade para atendimento das especificidades de cada pessoa, com criação de serviços próprios para promover o maior desenvolvimento das pessoas e oferecer respostas a suas necessidades; o acesso ao trabalho por meio do contrato de aprendizagem e da reserva de vagas previstas na Lei de Cotas, Lei 8.213, que precisa ser preservada dos ataques que vem sofrendo nesta Casa, e também na Lei 8.112; o fortalecimento da rede de atenção psicossocial, de modo a torná-la hábil a assegurar às pessoas com deficiência mental e psicossocial uma vida e uma assistência integral. A rede busca também o reconhecimento de que é papel das entidades da sociedade civil apoiar as pessoas com deficiência a transporem as barreiras que impedem sua participação plena na sociedade e o reconhecimento também de que é papel do Estado fazer acontecer a legislação que assegura a proteção dos direitos das pessoas com deficiência, formulando políticas inclusivas com a participação dessas pessoas e das suas entidades representativas. Manifesto, por fim, a preocupação - não está no texto - do movimento com os retrocessos advindos que estão vindo da PEC nº 6, de 2019, e da Medida Provisória 871, de 2019, em relação às pessoas com deficiência, que têm custos de vida adicionais, custos que as pessoas sem deficiência não possuem. Nesse sentido, pede que os Parlamentares se comprometam a apreciar detidamente o documento que encaminharemos, na semana que vem, a respeito desse tema. Assinam esse documento a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down; a Apae de São Paulo; a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência (Ampid); a Escola de Gente; a Rede Brasileira do Movimento de Vida Independente; a Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Autismo (Abraça); a Apabb; a Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil; o Coletivo Brasileiro de Pesquisadores e Pesquisadoras dos Estudos de Deficiência Mangata; a Associação Brasileira de Ostomizados; a Associação Brasileira de Saúde Mental; a Mais Diferenças; o Morhan; a Abrasco, que é de saúde coletiva; e a Abrasso, que é de surdos oralizados. |
| R | E recebe o apoio, entre outras entidades, da Federación Iberoamericana de Síndrome de Down (Fiadown); a Red Regional por la Educación Inclusiva (RREI); a Inclusion International; e a Down Syndrome International (DSI). Eu agradeço ao Senador Romário a oportunidade - e peço que nós possamos registrar a entrega - e aos Parlamentares aqui presentes. Muito obrigada. (Palmas.) A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Parabenizamos todos os organizadores e participantes, em especial os Parlamentares que acreditaram e apoiaram o evento, as pessoas com síndrome de Down, as mães e os pais comprometidos com a causa em prol dos avanços da síndrome de Down e as instituições parceiras na organização deste evento. Entre essas citamos: Gabinete do Senador Romário; Gabinete do Senador Eduardo Girão; Gabinete do Senador Flávio Arns; Centro de Ensino Especial 1 de Brasília; Associação DFDown; Senado Inclusivo; Associação Pestalozzi; Apae-DF; Associação dos Familiares e Amigos do Down de Porto Alegre (Afad); Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down; Instituto Ápice Down; blogue Diário da Inclusão Social; Polícia Militar do Distrito Federal; associação Fashion Inclusivo; Judô Precoce Ask; Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do TCU (Sindilegis); intérpretes em Libras por meio das relações públicas do Senado Federal; recepcionistas Bruna Mandarino, Jordana Mesquita e Catharina Brizola, indicadas pela instituição Diário da Inclusão Social; garçons, que nos apoiaram com desenvoltura, Lucas Barozi, Carlos Eduardo, Ian Stuckert, também indicados pelo Diário da Inclusão Social; ainda os 11 fotógrafos, que fizeram a cobertura do evento; e Ivy Bittencourt de Souza Faria, que nos presenteou com sua participação. Aproveitamos para ratificar o convite para que visitem a exposição fotográfica que acontece até amanhã, no Espaço Ivandro Cunha Lima do Senado Federal, localizado perto dos caixas eletrônicos, sob o título "Um olhar especial para a natureza". A exposição acontece com a parceria entre a fotógrafa Gi Sales e o Diário da Inclusão Social. O objetivo dessa exposição é trazer o olhar de jovens com síndrome de Down sobre a natureza por meio da fotografia. Gostaríamos também de convidá-los para participarem de um evento com a Polícia Militar do Distrito Federal, programação com brincadeiras e atrações, no dia 25 de março, às 14h, na Academia de Polícia Militar de Brasília. Assim encerramos o nosso evento, agradecendo a Deus e a todos os que estiveram envolvidos para mostrar ao Brasil que sabemos valorizar todos, lembrando sempre que ninguém fica para trás. Uma ótima tarde a todos vocês. (Palmas.) (Iniciada às 09 horas e 49 minutos, a reunião é encerrada às 13 horas e 19 minutos.) |

