04/12/2019 - 15ª - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - Fake News

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Havendo número regimental, invocando a proteção de Deus, nosso Criador, declaro aberta a 15º Reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito criada pelo Requerimento do Congresso Nacional nº 11, de 2019, para investigar os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público, a utilização de perfis falsos para influenciar o resultado das eleições de 2018, a prática de cyberbullying sobre o usuários mais vulneráveis da rede de computadores, bem como sobre agentes públicos, e o aliciamento e a orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio.
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A presente reunião destina-se à oitiva decorrente do Requerimento nº 240, de 2019 - CPMI Fake News, de autoria do Senador Rogério Carvalho, que convida a Deputada Joice Hasselmann para prestar depoimento a esta Comissão.
Concedo a palavra à nobre Parlamentar Deputada Joice Hasselmann para a sua exposição.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Só uma questão de ordem, Presidente, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Questão de ordem, Deputada.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Pela ordem.) - Eu gostaria de saber se a convidada, apesar de ter sido convidada e não intimada, poderia prometer dizer a verdade, nada mais que a verdade, como se intimada estivesse.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Começou a palhaçada!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Nobre Deputada, a Deputada é convidada. Se ela quiser jurar, não sou eu que irei obrigá-la, entendeu? Ela é convidada e convidada tem essa prerrogativa de jurar ou não.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - V. Exa. poderia questionar se ela poderia fazer o juramento?
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Presidente, essa questão de ordem é baseada em qual artigo do Regimento?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputada, como houve duas questões de ordem, eu gostaria de saber se V. Exa. pretende fazer algum juramento ou não. Isso cabe a V. Exa. decidir.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Ela veio aqui para contar história, desenho animado pra gente.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Faço questão. Faço questão...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - De fazer o juramento?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... de fazer o juramento:
Juro falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Questão de ordem, Presidente!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Questão de ordem, Deputado Alexandre Frota.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Pela ordem.) - A Deputada que interpelou a nossa convidada de hoje está por qual partido?
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - É sério isso? Viramos criança agora?
Vamos voltar para o Jardim de Infância?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - PSL, qual é o partido?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A Deputada poderia responder por acaso?
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Eu estou como Vice-Líder do PSL.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Isso não é questão de ordem, Sr. Presidente!
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Eu acho que isso é notório, todo mundo sabe. E eu não precisaria estar dizendo isso.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não sei...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa. ainda está filiada ao PSL.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Fora do microfone.) - Eu estou, mas não foi para mim a pergunta, não.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Mas a pergunta não foi para a convidada.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Ah, já está respondido.
Então, com a palavra a Deputada Joice Hasselmann.
Agora eu gostaria que todos os senhores e as senhores mantivessem a calma, a tranquilidade. Nós estamos aqui no meio de Parlamentares novos, velhos, de primeiro mandato, de mais de talvez oito, nove mandatos. Estamos aí com a grande mídia televisionando esta reunião. O povo brasileiro está ansioso para ouvir também esta oitiva.
Então, eu espero que todos mantenham a calma, a tranquilidade porque o que queremos aqui é chegar às verdades, ao esclarecimento daquelas dúvidas que por um acaso os Srs. Parlamentares tenham a questionar depois à nobre Deputada Joice.
Então, com a palavra a Deputada Joice.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Obrigada, Presidente.
Boa tarde a todos os senhores.
Eu quero aqui deixar, antes de iniciar a minha apresentação, algumas informações e ponderações a todos.
Eu até cheguei um pouco atrasada. Meu telefone não parou de tocar até o último momento, com pessoas pedindo que eu não viesse, que eu não viesse trazer esta exposição, que isso poderia gerar algum desgaste, além do que já existe, para o Governo, ou mesmo para o próprio Presidente da República.
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Então, eu vou deixar bem claro a todos os senhores que a minha missão aqui não é arranhar a imagem da instituição Presidência da República. Eu ajudei a eleger esse Presidente, como todos sabem - e isso é público e notório, basta um Google. E, aliás, não ajudei a eleger só esse Presidente; ajudei a eleger parte da Bancada do PSL que hoje está na Câmara dos Deputados.
Fiz vídeo, chamadas para vários - inclusive, para os três que estão aqui.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR. Fora do microfone.) - Para mim, não!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Fiz. Fiz, Filipe!
Não, não. Depois, eu fiz para você. Eu não fiz pessoalmente; fiz para você.
Então, senhores, o que eu vou mostrar aqui é fruto de uma investigação que eu comecei a fazer com muito mais intensidade depois que eu virei o alvo de ataques coordenados na internet.
Todos vocês vão entender, porque esses ataques são coordenados, que há, infelizmente, dinheiro público por trás disso, que a instituição Presidência da República, com a minha explanação, estará preservada por conta do nosso País, pelo que nós precisamos para o nosso País, mas que a organização criminosa - porque é criminosa - que se organiza na internet precisa ser exposta. Crime não deixa de ser crime porque é virtual. Código Civil e Código Penal continuam valendo quando os crimes são na internet.
Então, nós não estamos aqui falando das tias do WhatsApp. Eu recebi várias montagenzinhas: "Joice está contra as tias do WhatsApp". Não, não estou contra as tias do WhatsApp. Eu acho que as tias do WhatsApp ajudaram muitos de nós também a fazer campanha. Eu estou contra uma organização criminosa, que funciona de maneira coordenada. Alguns fazem com dolo; outros fazem simplesmente pelo efeito manada. Todos vocês sabem o que é efeito manada e eu não preciso nem explicar.
Eu vou fazer aqui uma apresentação breve. Há muito mais coisa, mas é impossível, numa única reunião e numa apresentação de meia hora, 40 minutos, dar conta de tudo isso. E por isso eu imagino que a CPI esteja funcionando, para que possa investigar, já que a CPI tem poder de polícia. Que possa investigar, com o poder que tem de polícia, alguns dos fatos que vou mostrar aqui e, se necessário for, me coloco à disposição para voltar. Já deixo isso bastante claro, tá?
Então, como vocês estão vendo, nós estamos falando de crime.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Dá licença aí, amigo?
Obrigado.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Caluniar, difamar e injuriar são crimes previstos no Código Penal. Nós não estamos falando aqui de fofoquinha de WhatsApp.
Como é que funciona, como é que se comporta o trânsito de informações? A partir de uma teia. Essa teia foi feita. Para qualquer um que entenda um pouquinho de tecnologia da informação, há softwares que leem essas teias, como elas funcionam nas redes sociais. E, depois, se alguém quiser alguma informação mais específica com o perito que acompanhou esse levantamento, ele está à disposição. Inclusive, os laudos apresentados estão assinados por perito renomado. Vocês terão acesso aos laudos.
Como é que funciona? Como é que se comporta esse trânsito de informação?
Volte um pouquinho. Volte um pouquinho, por favor, à anterior, ali.
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Vamos pegar aqui o caso do Leonardo DiCaprio, que virou o alvo da vez esta semana. Foi, inclusive, agredido verbalmente, aí devolveu, a confusão que vocês viram na internet. A partir de uma informação e de um alvo da vez, há a disseminação dentro de uma bolha na internet.
Passe para o próximo, por favor.
Vocês estão vendo aqui alguns dos Parlamentares que retuítam, que repassam informações ou fazem tuítes. Aqui, prestem atenção, não necessariamente trata-se de fake news. Estou falando só do trânsito da informação, de como é que a bolha se desenha. Não estou acusando, ainda, nenhum desses de fake news, apesar de que alguns produziram, e bastante, fake news.
Então, nós temos ali o alvo da vez, o DiCaprio. Aí há os perfis oficiais ligados ao Presidente, ao filho do Presidente e aos perfis de alguns Parlamentares em alguns sites, como o Terça Livre, que tem o Allan dos Santos. Tem o Leandro, que é muito ativo nas redes sociais; tem o Olavo, que é muito ativo, e alguns desses políticos que estão ali nominados, como o Eduardo, o Jair, o Abraham, a Deputada Carla, o Deputado Daniel Silveira e esses influenciadores. E há, na sequência, os publicadores. Isso forma a teia para fazer a disseminação dentro de uma bolha. Há uma bolha criada e há, depois, o método de expansão para o mundo real. Essa é uma bolha. Estima-se, ali, que tenha, no total, envolvendo das tias do WhatsApp àqueles que fazem as fake news, que tenha no total, no máximo, 8 milhões de pessoas e muitos robôs. Só que dentro dessas 8 milhões de pessoas há um grupo bem menor que é o grupo que dissemina as informações para destruir reputações. E vocês vão entender como isso é combinado na sequência, aqui, da minha apresentação.
Pode passar, por favor. Não, volta um pouquinho.
Políticos são os aliados incondicionais do Presidente. Eu tuitei muita coisa e publiquei muita coisa do Presidente, mas nunca fake news nem nada disso. Vocês vão entender por que não fiz parte desse clã nem antes, nem durante, nem agora. Nem antes da campanha, nem durante, nem agora.
As instruções são passadas por um grupo. São vários deles, mas um eu vou abrir aqui para vocês. É um grupo do gabinete do ódio que tantos dizem que não existe, que não existe. Vocês vão ver prints das conversas desse grupo do gabinete do ódio. As instruções são passadas, principalmente, pelo Eduardo e por assessores ligados a eles. O Carlos também teve muita atividade, mas agora ele está um pouco mais, assim, com o freio de mão puxado. Mas as instruções são passadas basicamente por esse grupo ligado ao Deputado Eduardo Bolsonaro. Eles ativam a militância política. Então, passam para os perfis oficiais. A grande mídia acaba divulgando alguma coisa, por essa bolha que vocês estão vendo ali à esquerda.
Pode passar.
Os influenciadores, normalmente, os discípulos do Prof. Olavo de Carvalho. Digo a vocês que até me surpreendi com o Olavo porque Olavo é uma pessoa com a qual eu tinha um relacionamento muito bom. E sei que ele é desbocado, fala palavrão para caramba, mas eu me surpreendi com a guinada entre a teoria e a prática. Na prática, o Prof. Olavo - por quem, eu repito, eu tenho uma grande estima, de quem eu gosto muito - faz tudo diferente do que me ensinou na teoria.
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Então, acabou que nós ficamos, nesse caso aí, um pouco afastados, tá?
Pode passar, por favor.
Os publicadores.
Os publicadores são pautados e influenciados por políticos, e os influenciadores participam desse movimento de manada. E muitos perfis, sim, são fakes, são perfis falsos para dificultar a responsabilização desses conteúdos, porque, de novo, é crime, está lá no Código Penal. Então, para que não haja a imputação de crime, ou o acionamento da Justiça, ou o pedido de indenização, muitos perfis são falsos.
Vocês estão vendo um corte ali entre o que é a bolha e o que é a vida real. Então, quem faz essa conexão são essas figuras todas liderados, nesse caso, pelos assessores e pelo próprio Deputado Eduardo Bolsonaro. E essa expansão para a vida real que nós chamamos é feita por robôs.
Vocês vão ver isso tecnicamente. Eu não estou aqui falando do que eu acho, porque seria leviano. Eu estou aqui falando tecnicamente. Vocês terão laudos, terão comprovação do que eu estou dizendo. Até por isso eu não estive aqui na semana passada porque tudo isso é muito demorado. A perícia é demorada, o acionamento de polícia é demorado, porque a polícia já está nesses casos. Inclusive, alguns pedidos de quebra de IP já foram encaminhados e determinados já pela Justiça. E, por óbvio, eu não vou dizer o nome dessas pessoas porque há gente que já jogou computador fora. Eu fiquei sabendo que há gente que furou drive de computador com furadeira, dessa de parede. Então, a destruição de provas é muito complicada. Por isso que alguns nomes, apesar de a gente já ter acionado na Justiça, permanecem em sigilo.
Agora, há uma coisa que quem destruiu provas de ataques não levou em consideração: mais de 90% de todos os dados estão protegidos na nuvem. Então, com um pedido da Justiça ou da CPI, é possível resgatar todos esses dados, todos, ou pelo menos 90%, o que nos dá aí uma boa amostragem do que acontece e como funciona.
Nesse caso do Leonardo DiCaprio aqui - eu estou nesse tema porque é o tema mais atual, mas funciona igualzinho para todo mundo, tá? -, houve 30 mil interações em 24 horas - 30 mil interações. Essas interações, de novo, são feitas por gente de verdade e por robôs. Há gente que até apareceu aí: "Não, olha, eu existo. Eu existo!". Sim, mas é uma pessoa por trás de robôs. E isso custa. Isso custa. Em média, para fazer um disparo - um disparo - por robôs, para fazer essa movimentação, um disparo, uma hashtag, gasta-se R$20 mil. Vocês imaginem quantos disparos, quantas hashtags, quantas informações!
Eu estou falando só do disparo do robô. Eu fiquei sabendo desse valor hoje. Achei impressionante. Vocês imaginem o que está por trás: a produção, o pensamento, enfim.
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Pode passar.
Esse Botometer é uma metodologia desenvolvida por cientistas da Universidade de Indiana para identificar robôs. Então, eles têm uma série de características que foram listadas durante quatro anos e eles reuniram essas características: são mais de mil características que diferenciam gente de robô. É simples. Isso é científico. Isso aqui também não é um achismo. E está à disposição para quem quiser entrar em contato com a Universidade de Indiana para ter mais informações.
Então, basicamente, aqui são só algumas das informações para vocês entenderem. O perfil geralmente não tem muita personalização, não tem a foto, tem um avatar diferente, só para constar ali no perfil. No padrão social não há conteúdo original ou há pouco conteúdo original e os retuítes são o que movimentam - quando falam: "Todo mundo está falando na internet disso!", são os robôs que estão retuitando o tempo todo, retuitando o tempo todo, retuitando o tempo todo. Na atividade é o mesmo padrão e atua-se em conjunto - é sempre em conjunto.
Então, vocês vão entender, ao final aqui da minha apresentação, que se escolhe um alvo, o alvo é escolhido, combina-se o ataque - e há, inclusive, um calendário de quem ataca e quando - e, aí, quando esse alvo está escolhido, entram as pessoas de verdade e entram os robôs. É por isso que, em questões de minutos, cinco, dez minutos às vezes, a gente tem uma informação espalhada para o Brasil inteiro. Parece realmente que o Brasil inteiro está discutindo aquela informação. É uma sensação - isso também é fake - que é passada para que muitos fiquem atemorizados ou aterrorizados com o levante da internet.
Pode passar aqui. Próximo. (Pausa.)
Encrespou aí, travou?
Enquanto destrava, eu vou trazer uma outra informação. Uma coisa importante é que muitas dessas páginas e perfis que postam conteúdos nem sempre fakes - alguns são fakes, outros são difamatórios; alguns são completamente fakes. Vou mostrar dois para vocês aqui que são bem interessantes assim, absolutamente malucos. Muitos são de agressão. Eles postam em algumas páginas; aí, uma hora depois, por exemplo, deletam. Só que, depois que foi deletado, já está circulando nas redes e nos grupos de WhatsApp. Então, não tem mais como você segurar a informação nem como fazer uma errata.
Aqui há um aplicativo - de novo, quem quiser, por favor, é a Universidade de Indiana - que foi desenvolvido justamente para que a gente possa verificar se há robô ou não nas redes, como é que é, como é que não é, como é que funciona, como é que não funciona. E as minhas redes estão à disposição, tá? Eu nunca usei robôs. Então, as minhas redes estão absolutamente à disposição para quem quiser: redes, meus telefones, o que vocês quiserem está tudo à disposição.
Eu analisei dois perfis, por óbvio, os dois perfis mais importantes, o do Presidente da República e o do Eduardo Bolsonaro.
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Ali é a análise que foi feita por esse software, e dos 5,4 milhões de seguidores, no caso do Presidente da República, 1,4 milhão são robôs. No caso do Eduardo, 468.775 são robôs. Também está tudo disponível para os senhores, com laudos e tudo o que os senhores quiserem.
Ou seja, nós temos quase dois milhões de robôs em apenas duas contas de Twitter. Eu não vou dizer para vocês... Eu quero crer que o Presidente não sabe disso. Eu quero crer. Agora, pelo que vocês vão ver nas conversas do grupo do gabinete do ódio, o Deputado Eduardo Bolsonaro está amplamente envolvido e é um dos líderes desse grupo que nós chamamos de milícia digital.
Pode ser que esse número seja um pouco maior de robôs, porque como eles pegam características, a gente usou como parâmetro aquilo que tem mais de 50% de característica de robô, para não ter risco de erro, para não cometer o erro da injustiça. Mas pode ser que aquele que tenha característica de 45%, 49%, 48% também seja robô. Mas a gente excluiu isso para termos uma margem realmente confiável para apresentar.
Pode passar.
A atuação. Eu já disse para vocês que cada atuação de robô custa em média, cada disparo, R$20 mil, em média. Se a gente está falando desses robôs todos, quem paga por isso? De onde sai esse dinheiro? Talvez o principal foco desta Comissão Parlamentar seja seguir o rastro do dinheiro, porque é algo, realmente, que chama atenção. Eu fiquei surpresa com os valores e com os números apresentados.
Então, se o ataque é em grupo e se isso é feito em perfis de todos os cantos, de onde vem esse dinheiro? Nós não estamos falando aqui de trocados, nós estamos falando de milhões. Vamos lá.
Murilo Defanti. Esse é um tipo de perfil que claramente é usado por robô. Claro que amanhã pode aparecer o Murilo, a Murila, alguém dizendo: "Não! É meu o perfil". Mas é um robô, é uma pessoa por trás de um robô. É um robô que está operando, é um robô que está fazendo os disparos.
Para vocês terem uma ideia, eles trabalham com retuíte, basicamente retuíte. E robôs também seguem robôs, tá, gente? Só para vocês saberem. Então, aquela coisa de ter só um seguidor e por isso é robô, e o outro tem bastante seguidor e não é robô, não é bem assim. Geralmente... Claro, se a pessoa está seguindo zilhões de pessoas e tem um seguidor, é uma característica de ser robô. Mas robôs também seguem robôs.
Então, nesse caso por exemplo, não há nenhum conteúdo original e 88 mil retuítes em um ano. Oitenta e oito mil retuítes em um ano! Isso foi pego de forma aleatória. Aquela bolha que eu mostrei para vocês, aquele mapinha cheio de pontinhos que estará à disposição de vocês, quando, na internet, vocês clicam num pontinho daquele, vai aparecer qual é a página. Então, naquele mapa colorido onde eu destaquei só o caso do Leonardo DiCaprio e do Eduardo Bolsonaro, vocês podem clicar, podem correr ali o mouse, o cursor, e ele vai mostrar qual é a página, qual é a pessoa. Então, isso foi aleatório. Um que foi pego.
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No caso daquela campanha do fora Gilmar Mendes, foram 1.123 hashtags desse perfil em um único dia. Então, é humanamente impossível. É impossível! É juntar lé com cré. É simples assim. E está lá. O Murilo Defanti está na rede do Deputado Eduardo Bolsonaro. Vocês pegam isso. Depois, quem tiver interesse nesse mapa digital, todos esses pontinhos verdinhos estão interconectados, interligados, com o disparo, nesse caso, que saiu do Eduardo Bolsonaro. E ali uma hashtag também contra o Davi Alcolumbre: #AlcolumbreMaquiavelico. E dali saem aqueles memes que ultrapassam e muito o que nós chamamos de uma zoação, fazer uma graça. Não. São ataques verdadeiros às reputações das pessoas.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Deputada, eu não posso perder a oportunidade. Aqueles pontinhos ali são muito parecidos com o rabo de um pavão.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Chegaremos no pavão. Chegaremos no pavão.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É. Chegaremos no pavão.
Agora, um dado interessante para vocês. O Botometer também fez uma análise no Twitter do Aliança. O Aliança pelo Brasil, que é o que se propõe a ser um partido. Não sei. É uma ideia que se propõe a ser um partido depois de coleta de assinatura, e que causou inclusive, no meio dessa confusão... Nasceu por uma dissidência do PSL, Partido que abrigou o Presidente da República quando outros não acreditavam na viabilidade do Presidente como um candidato que pudesse ganhar a eleição.
São 164 mil seguidores... Deve estar um pouco desatualizado, porque foi feito há uns três dias. Então, já deve ter aumentado os seguidores e também o número de robôs. Só para vocês não entrarem lá e verem um número diferente. Desses 164 mil, 26 mil são robôs. Então, é um número muito grande. E robôs conseguem fazer um barulho, por óbvio, muito maior do que gente, porque nós temos mais o que fazer, nós trabalhamos, e nós temos uma limitação humana e de tempo. Não é o caso dos robôs, que são programados só para isso.
Pode passar, por favor.
Uma coisa importante para que eu queria chamar atenção de vocês. Nós vimos ontem uma decisão do TSE para aceitar os certificados digitais, no caso de criação de novos partidos. As certificadoras digitais - e para isso, quem me alertou foram os peritos que me ajudaram a fazer esses levantamentos - são muitas vezes pequenas empresas privadas quase sem nenhuma fiscalização, ou sem nenhuma. Há lá numa salinha a certificadora digital. Se nós temos esse volume de robôs atuando nas redes sociais...
Qualquer um pode ser alvo, tá, gente? O alvo da vez fui eu, mas pode ser qualquer um, qualquer um. Não existe uma proteção. Pode ser de esquerda, de direita, do centro. Não interessa. Essa pancadaria, esse crime acontece com todos. Mas se há esse volume de robôs nas redes, o que não haverá com as certificadoras?
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Então, é claro que o TSE... Eu vi ontem. Foi apertado, foi quatro a três. Nós sabemos que alguns dos Ministros têm intenções de irem para o Supremo, para o STJ. Eu não coloco ninguém aqui em suspeição. Mas acho que na regulamentação disso há de se ter muito cuidado, para que nós não tenhamos uma fraude. E isso eu não estou dizendo aqui porque o partido nasce por uma dissidência do meu partido, porque todo mundo sabe que eu sou contra a criação de novos partidos. Sempre fui. Basta dar um Google aí no meu nome que vocês verão. Eu sou a favor do enxugamento dos partidos, não de criação de mais partidos. Mas esse dado é bastante importante.
Traz mais água para mim, por favor, e um café.
O mecanismo. Como é que funciona o mecanismo da coisa. Vamos pegar de novo... Eu estou usando a rede do Eduardo porque é uma das redes que mais influenciam nesse processo. Há outras. Eu só peguei... Não dá para fazer tudo, não é? Eu peguei um pelo número de seguidores e tudo. Então, Eduardo determina o alvo. Perfis ligados ou de assessores, ou ligados a assessores parlamentares, de agora, do passado recente, gente que está nas assembleias. Tem assembleia, tá, gente? Assessores de Deputados estaduais espalhados no Brasil inteiro fazendo isso. Não é só Deputado Federal, não. E aqui na Câmara também há Deputados Federais que têm assessores ligados, indicados pelo grupo, pelo Eduardo, pelo Carlos, para ficarem o tempo todo trabalhando com essas fakes ou assassinato de reputações.
Aí tem uma coordenação de ataques. Eu vi que tentaram desdizer, até em tom de sarcasmo, a existência do gabinete do ódio. Eu confesso que achava que o nome era gabinete da maldade, porque era assim que alguns Ministros se referiram ao tal gabinete quando foram atacados. Eu me lembro de um Ministro que falou para mim: "Poxa vida, o que eu faço com o gabinete da maldade, Joice?" Mas é aquela coisa de conversa de palácio. Não era uma coisa assim: olha, está acontecendo isso, isso ou aquilo. Mas eu descobri que realmente é gabinete do ódio. Está ali. Secreto2 G.O. Eles escolhem quem será o alvo da vez. Nesse caso é um print para vocês. Foi o caso do Julian Lemos. Eles escolhem uma pessoa e essa pessoa é massacrada. Massacrada!
Esse grupo não é WhatsApp. Não é WhatsApp. Eles não conversam esse tipo de informação pelo WhatsApp. É um grupo fechado, que tem senha dentro do Instagram. Então, nós já pedimos a preservação do grupo porque, por óbvio, vão deletar. Mas os prints estão aí, e com os laudos, para que vocês saibam que é verdadeiro.
Aí nós temos alguns perfis falsos ali identificados. Falsos ou alguém que se esconde atrás de um perfil. O Ódio do Bem, o Isentões, o Left Dex. Enfim.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É Ódio do Bem. O Ódio do Bem orientou recentemente o ataque à Lava Jato - vocês verão a conversa - para proteger o Senador Flávio. Isso está num print ali para vocês.
Aí, olha lá: "Temos que pegar pesado com os traidores". E eu fico me perguntando o que são traidores? Traidores do quê? Pessoas que trabalharam dia e noite para ajudar a eleger um Presidente da República? Pessoas que trabalhavam muito antes de haver viabilidade de o atual Presidente ser um candidato que tivesse realmente musculatura para ganhar a eleição? Traidores por quê? Porque não entramos no jogo de atacar pessoas dessa forma? Porque não fazemos dessa forma? Ou por que discordamos minimamente de qualquer coisa que seja?
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Ali. São os perfis, esses: Bolsofeios; Bolsolindas; Blosoneas; Carlos Opressor; Presidente Bolsonaro BR e Snapnaro.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Existe o perfil.
E aí, para se ter uma ideia, o Bolsofeios é do assessor do Eduardo, o Dudu Guimarães. E aí a gente vai descobrir quem são eles com os pedidos judiciais.
Ali: viralizar; amanhã é o Julian; canalhas; sim, viralizar, e tal. Aí, crescimento artificial, por robôs também, dessas hashtags: #AlcolumbreMaquiavelico; A hashtag que foi feita contra mim: #DeixeDeSeguirAPepa, a hashtag #ForaGilmarMendes, e qualquer uma que vocês queiram.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - O Snapnaro também é dele.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim. O Snapnaro. Sim, sim.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Snapnaro.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Snapnaro. É.
Pode passar, por favor.
Movimentos. Esse grupo coordenado na internet acaba pautando movimentos, e alguns movimentos fazem uma retroalimentação com esses grupos. O movimento conservador é o que está dentro da questão do gabinete da maldade, de espalhar fakes e dos crimes de improbidade que vocês verão, porque há uso de assessores que ganham dinheiro público para isso. É um dos que está mais envolvido. Aí tem Direita São Paulo, Avança Brasil...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Esse é o ex-Direita São Paulo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É.
Pode passar.
Como é a organização da milícia? Vamos lá.
Ali vocês estão vendo o gabinete do ódio, o Coringa, o Carlos e o Eduardo, que são os cabeças, os mentores. Ali alguns Parlamentares que, por óbvio, replicam informações. E, de novo, não necessariamente, nesse caso, informações fakes, mas muita coisa para destruir reputação; e coisas fakes. Não estou dizendo que tudo é fake. Tem coisa que é, tem coisa que não é. Tem gente que publica e depois foi pego no fake, foi pego na fakelândia. Aí apaga: "Não, não. Ó, descobri... Ah, desculpem aí!". Então, assim...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Foi sem querer, não é?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É. Foi sem querer.
Aí tem os assessores... Os publicadores, assessores de alguns desses Parlamentares, publicadores e movimentos, e os próprios Parlamentares, por óbvio, que repassam algumas informações.
Pode passar.
O gabinete do ódio. Já foi dito aqui, mas fica bem claro como é feita essa formatação do gabinete do ódio. De maneira - digamos assim - legal, comprovável imediatamente, praticamente meio milhão de reais de dinheiro público é destinado para perseguir desafetos. Essa é a função do gabinete do ódio: perseguir desafetos. E de novo, para quem quiser falar que não, não é bem assim, os prints das conversas do gabinete do ódio estão ali. E eu espero que alguém me pergunte, quando começarem as perguntas, como é que eu consegui esse print.
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O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Já estão falando aqui que você vai ter que provar.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Aham. Aham.
Vamos lá: Filipe Martins, o Carlos... É, o Carlos ia muito ao Palácio, mas, depois que saiu muito na imprensa, ficou meio chata a coisa, e ele deixou de frequentar o Palácio com muita frequência.
E nós temos ali o Tercio, o Zé Matheus e o Mateus Diniz.
O Olavo, de novo, está ali. Isso me parte o coração, porque eu tenho um carinho pelo Olavo muito grande, mas essas pessoas todas foram alunas do Olavo. Então, ele ajuda a disseminar e ajuda, obviamente, a fazer a militância atacar pessoas.
De novo: os ataques que têm nome e sobrenome e cara - em que a pessoa se mostra -, aí a Justiça está aí, para reparar.
Eu já fiz posts muito agressivos, brigando com partido político, brigando com ministro, dizendo "não concordo"... Vocês sabem disso. Agora, estava lá minha carinha. Minha cara, há lá o meu nome, meu sobrenome, meu CPF, e, caso houvesse uma infração à lei, qualquer um poderia me acionar por isso. Mas nunca perdi.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não perdi não.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não, não: não perdi não. O do Lula eu ganhei.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ah, não: é verdade. Estou recorrendo. É verdade. Era uma homônima.
Pode passar.
Aí, gente, dá uma olhada nisto: "Senador detona jornalista do Mato Grosso que chamou Joice de garota de programa". "Rodrigo indicado à Sudeco, mas áudio contra Joice deve miná-lo".
Eu estive recentemente no Mato Grosso, para receber o título de Cidadã Honorária de Cuiabá e do Mato Grosso de uma única vez. Foi superbacana.
Na minha infância, eu morei em Cuiabá. Cheguei com seis anos, tá, gente? E olha aí.
Na terça-feira após essa conversa, apareceu um maluco na internet, que eu não sei quem é - por óbvio, já está sendo processado -, usando imagens minhas de agora, com o meu carro, aqui em Brasília... Que é meu. Não é nem público, não é alugado não: é meu, é meu carro particular. Com o meu carro, aqui em Brasília, andando para cá, andando para lá, não sei o quê, não sei o quê, não sei o quê, aí, com aqueles efeitos de internet... E aí ele fala assim: "A Joice, eu sei que a Joice foi garota de programa, lá-lá...", aquela coisa toda.
Aí, eu comecei a rir, mandei para o meu marido... Falei: "Olha, amor; olha a nova deles". E, aí, eu recebo esse print.
Eu quero só aqui fazer justiça ao Senador Eduardo Gomes, porque eu conversei com ele, pela boa relação que tenho com ele, e ele me disse: "Usaram meu nome, Joice. Pode me levar de testemunha no processo". Porque eu estou processando esse vagabundo aí, que eu não sei nem quem é esse maluco. Eu sei que, na época em que eu era Líder, parece que ele queria um cargo e, por algum motivo, ele achava que eu estava atrapalhando - devia ter ficha suja ou coisa assim.
Então, aqui eles usam o nome do Eduardo Gomes... Ligaram do Palácio - do Palácio -, passou para o Eduardo - o Zero Dois, o Bolsonaro -, para ir na terça, com o dossiê da Joice. Graças ao Muvuca, virei best friend dos homens: Joice, Inimiga nº 1. As voltas que o mundo dá, não é?
Aí, o fulano manda uma foto com o Eduardo, e o Eduardo... Falei com ele e repito: ele disse: "Olha, eu não tenho nada com esse cara. Conheço ele, mas ele está usando meu nome. Vou de testemunha a seu favor, contra esse picareta".
Aí, ele se tornou Líder do Governo no Congresso. Melhorou muito para arrumar um cargo lá.
Isso foi uma conversa. O print também está à disposição dos senhores.
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Na terça-feira, data marcada, aparece o tal vídeo, que, claro, já foi deletado. Porque o que que eles fazem? Atacam a reputação, não têm prova de absolutamente nada, destroem, e aí eles deletam! Somem com o vídeo! Desaparecem com isso.
Agora, vocês fiquem imaginando o tamanho do estrago que uma informação falsa como essa pode causar. Claro, talvez fosse uma coisa mais leve, e as pessoas até acreditassem. Uma coisinha assim, "ah, tá, sei lá...". Como é uma coisa muito pesada, as pessoas olham e falam assim: "Não... Tá na cara que é fake". Mas eu sou mãe, eu sou esposa, eu tenho família... A minha mãe mora lá no interior do Paraná, recebendo ameaça pelo computador...
Então, esse tipo de gente destrói vidas.
Há gente que não aguenta: há casos de suicídio, por conta desse tipo de gente - criminosa.
Pode passar.
Vamos lá.
Vamos à "central de boatos".
Os membros do gabinete do "grupo do ódio" acabaram de dizer no grupo, agora: "Fomos descobertos".
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É.
Foram. Foram descobertos. De fato, foram.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Poderia declinar qual o grupo, Deputada?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Do gabinete do ódio. O grupo do... Aquele que eu botei o print ali.
Aqui... Pode colocar o áudio, por favor? Eu acho que vai ter que voltar e aumentar o ódio... Aumentar o volume do ódio, ali, do nosso...
(Procede-se à exibição do vídeo.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Aqui, gente, esse...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Deputada, perdão: isso foi o quê? Foi um evento, foi um stand-up... O que que foi?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Foi um evento conservador, dito conversador, que foi feito em São Paulo, e...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Ah, com dinheiro do PSL.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Com dinheiro do PSL.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Entendi.
Obrigado.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu acho que isso tinha que estar bem publicizado.
Por que que eu mostrei esse vídeo para vocês?
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Claro que esse meme do Guga Chacra é um meme bobo, é uma provocaçãozinha, mas o modus operandi é exatamente esse, e, aí, os níveis de agressão vão aumentando, a depender de quem são as vítimas do momento. E há até essas palavras de ordem, não é? "Sentiu, Galvão", "faz meme" e tal, aquela coisa.
O Julian Lemos, que foi fiel escudeiro do Presidente Bolsonaro no Nordeste, quando ninguém queria estender a mão para o Presidente, andou com ele pelo Nordeste, foi à minha casa, com o Presidente, para me convidarem para disputar uma eleição. Isso está gravado. Eu tenho isso gravado. Foi à minha casa, tomaram café na minha casa, o Presidente, ainda um candidato não muito viável, e hoje achincalhado - por nada. Eu acho que é porque ele discordou do Carlos por alguma coisa, e aí começou a confusão. Basta discordar. Achincalhado.
Isso aqui foi um ataque coordenado contra o Julian. Pelo mesmo grupo, tá? Gabinete do ódio, "ta-na-na-na-na-ná".... E, aí, qualquer pessoa que eventualmente discorde entra como inimigo da milícia. Então... Agora, por exemplo, Dayane Pimentel, atacada ali: "Professora, conte-nos o segredo mágico do seu marido, morador de Feira de Santana que, após a sua eleição, virou secretário (...) Vendeu a legenda do PSL em Salvador? Em Feira? Ou o ACM Neto sempre gostou de vocês? Essa é a sua nova política?"
Atacando a Profa. Dayane, que também, da Bahia, do Nordeste, fez campanha, como mulher - nós sabemos como não foi fácil quando começamos, como mulher, a fazer campanha. O quanto nós ouvíamos "não voto: nesse homem eu não voto"...
E a gente foi trabalhando, trabalhando, trabalhando, achincalhada pelo Eduardo Bolsonaro. Por quê? Por nada. Por nada! A resposta é: por nada. Por nada. Talvez a resposta ali, Deputada, fosse: "Porque meu marido tem competência. Pode dar uma olhada no que ele está fazendo, na administração dele. Olhe o currículo". Não é? "E tenho boas relações com a política, diferente de vocês, que têm destruído pontes no Congresso Nacional".
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - E não fritava hambúrguer, não é?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É. Mas imagine a Palmirinha - não é? -, tem que ser embaixadora do mundo, então.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Ô, Deputada... O senhor me permite, Presidente? Só um minutinho. Só um minuto. Só um minuto...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa. está inscrito, vai falar...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Sim, sim, eu só queria lembrar que o Julian... Todas as vezes que o Presidente foi à Paraíba, ficou hospedado na casa do Julian, e não foi uma vez só não: foram cinco vezes.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Continue, nobre Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ali há... Volte um pouquinho, por favor.
Ali foi quando eu dei uma declaração, dizendo publicamente o que eu já dizia para o Presidente.
As pessoas acham que pontos de tensão acontecem agora. Não: eu sempre tive uma relação franca com o Presidente, para dizer para ele quando ele estava errado, na minha avaliação. Eu tenho isso tudo... Até as reuniões, depois, eu mandava uma ata para ele: "Conforme a reunião, conversamos isso, isso e isso". Até para que ele pudesse ler e refletir.
Então, eu dizia muitas vezes a ele: Não faça dessa forma, Presidente. Não se deixam aliados pelo meio do caminho. Não traia seus aliados de primeira hora, porque o recado que se passa para o Congresso, onde nós - e eu liderava no Congresso -precisamos de aliados, é muito ruim.
Então, nós tivemos vários diálogos, e eu, por óbvio, por ser uma coisa privada, não vou mostrar, mas está à disposição. Não vou apresentar aqui.
Então, Julian, achincalhado da vez.
Poder ir.
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Os ataques coordenados, aí, do nosso baralho.
Gabinete do ódio. De novo.
Vejam que interessante: eles têm uma tabela, para que, cada dia, um produza o meme ou a frase ou a hashtag para destruir alguma reputação. Então, eles vão escolhendo ali, ó: cada perfil com seu dia, para fazer esses ataques coordenados.
Olhem lá: "Quem é hoje? Vou postar daqui a pouco...".
Aí, lá, ó: "Posto o meu hoje"; "está diferente, mudou...";"coloquei o novo também"; "putz, é mesmo..."; "é seu, Bolsofeios"...
Ali é um meme... Eles começaram esse trabalho muito com narrativa, assim, a construção de uma narrativa mentirosa, desse gabinete do ódio, mas eles vão construindo a narrativa.
Então, todo mundo sabe que eu fiz campanha para o Presidente e também ajudei o Doria em São Paulo. Por óbvio: era uma candidatura mais alinhada à direita, eu sou de direita, e havia uma candidatura mais aliada à esquerda. Uma questão ideológica. Ajudei o João Doria, em São Paulo - com a autorização do Presidente, tá? A autorização do Presidente. Isso está no meu celular: "Vai de cabeça. Vai de cabeça. Eu não vou me meter, porque vai que o outro ganha... Mas vai de cabeça". Tá?
Então, logo que a campanha passou, eles começaram a pegar fotos minhas, antigas... Por exemplo, essa foto aqui, em que eu estou com o João Doria, foi de uma entrevista que eu fiz com ele.
Eu entrevistei zilhões de pessoas, da esquerda, da direita, do centro, gente da política, gente da economia... Os meus programas na Veja, ou mesmo no meu canal do YouTube... Então...
E pegaram uma foto minha com o Presidente, recente, da campanha... Do segundo turno. Eu já tinha sido eleita ali, se eu não me engano, e eu o estava ajudando. Não lembro se foi primeiro ou segundo turno, mas era uma foto recente. E, aí, colocaram como um contraponto: "Como que esta Joice está do lado do Doria e contra o Bolsonaro?"
É uma loucura isso! É uma loucura! Pegam um imagem antiga, para tentar construir a narrativa de traidora. É uma tentativa de narrativa. Então, eles vão, eles vão, eles vão mais um pouquinho, até que passa da linha do que é minimamente respeitável, e, aí, eles vão diretamente para a agressão, para o crime mesmo, propriamente dito: o crime virtual.
Então, esse é o modelo, e aqui eles estão combinando, no gabinete do ódio, como é que vão me sacanear em todos os lugares.
E imaginem se as pessoas vão ter a informação do que acontece no meio da política... Elas não sabem! Elas recebem um negócio desses, no WhatsApp... Às vezes me encaminham: "Joice, isso é verdade?" Eu falo: Gente, pelo amor de Deus! Olha aí a foto. É antiga...
E por que eu ser amiga do João Doria significa trair o Bolsonaro? É uma estupidez, é uma idiotice isso. Mas é assim que eles trabalham. Desta forma.
Pode passar.
Esses perfis todos eu vou entregar para a CPI, todos esses perfis lá atrás, com o calendário, para que, por óbvio, a gente possa chegar aos responsáveis por cada perfil.
Ó, outro de novo, o Julian de novo. O Julian, coitado... Esse apanhou.
Ah, lá, ó: "Temos que pegar pesado com os traidores". Grupo do ódio. O Snapnaro falando.
Aí, o Bolsofeios: "Amanhã é o Julian. Tá na tabela".
Você também já foi alvo, viu, Frota?
Aí, o Snapnaro: "Canalha. Sim, viralizaram".
E ali há uma lista - vocês estão vendo? Aquela lista... Está ruim a imagem, mas de pertinho vocês conseguem ver.
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Há uma lista de quem vai ser atacado e em que dia. Eu estou no nº 25 na lista de ataques. Então, ali tem de tudo: tem Parlamentar, tem político, Governador, Ministro, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre... O Rodrigo passou por uma campanha super pesada de difamação também, fazendo imagens pornográficas... É o modus operandi, como fizeram comigo.
Ali a orientação: "Apague as fotos em redes sociais com os traidores ou potenciais traidores". Isso é repassado para todo mundo, e o mutirão é feito.
Pode passar.
É bom lembrar que eles, depois de fazerem isso, distribuem para os multiplicadores pelo WhatsApp. Aí a coisa fica sem controle, sem controle nenhum.
Depois daquela orientação para me atacar, eles começaram a fazer essas montagens, e há coisas muito mais pesadas, gente, mas eu acho que todo mundo já viu... Colocando o meu rosto num corpo de prostituta em cenas de orgia, coisas que foram parar no telefone do meu filho, que foi o que me motivou a de fato entrar nessa investigação, porque não dá. Passou de todos os limites do bom senso. A liberdade de expressão tem um caminho, mas o que deveria ser uma linha tênue para separar a liberdade de expressão das agressões criminosas não é linha tênue mais, é um abismo, é um abismo! Então, as agressões acabam sendo... Enquadra-se esse grupo na liberdade de expressão, mas a gente sabe que não é liberdade de expressão.
E ali eles combinam, tenho os prints deles combinando...
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE. Pela ordem.) - Deputada, permita-me perguntar: qual é a idade dos seus filhos?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O que recebeu, 11; e a menina tem 19.
Ali eles combinam como fazer. "Peguem a Joice, montem um meme com ela o mais gorda possível. Escrache, bote roupa de prostituta e tal..." Então, eles combinam como fazer e disparam os memes.
Pode passar.
Olha lá: essa hashtag me ofendendo no dia em que eu deixei a Liderança... Fui comunicada pela internet, mas eu já sabia porque o Senador Eduardo Gomes, muito gentilmente, tinha conversado comigo... Ele foi o lorde nessa história e disse: "Olha, minha amiga, o que você acha?" Eu falei: "Vá com fé". Porque ele era alguém que me ajudava muito inclusive na Liderança do Governo no Senado e no Congresso, como um todo. Ele tinha me avisado.
Essa hashtag - numa tarde de sábado, em que a atividade é muito baixinha na internet - teve 30 mil interações... Se não me engano... A gente tem esse dado aí. Volte lá.
Vocês estão vendo lá o #deixedeseguirapeppa pelos Parlamentares, 32 mil interações, num sábado à tarde, nessa campanha que foi feita para tentar me esculhambar.
E aí há os de sempre, não é, gente? Vocês já vão ver a participação do Douglas Garcia e do Gil Diniz. Isso merece uma boa operação da Polícia. Vocês vão ver a participação deles.
Eles fazem esses ataques, e a coisa vai crescendo. Inclusive, eu levei o Deputado ao Conselho de Ética porque há limites. Se a gente não aplicar a legislação, isso aqui vai virar uma anarquia, uma terra sem lei.
Pode passar.
(Intervenção fora do microfone.)
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Oi?
Volte lá.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Onde?
Ah! Não, não é 17 de outubro. É outubro de 2019, agora.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ah! Mas nós temos o print dele. Se ele... É... Nós temos o print disso. Isso inclusive foi na rede social de uma Parlamentar.
Pode passar.
Vamos lá... De novo aqui. Como eles agem? Dudu Guimarães, assessor do Eduardo Bolsonaro, está na função de Secretário Parlamentar, organizando esses ataques, a narrativa para construir uma imagem de ligação. Ali coloca o Frota...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Eu estou bem, ali.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Você está novinho, não é, Frota?
Volte, volte...
O Frota, eu e o João Doria, com pé de palhaço e tal...
Volte, por favor. Deixe aí. Não mexa. Não mexa aí.
A gente já vai ouvir um áudio ali.
Eu quero mostrar para vocês que começa assim, começa com essa narrativa e vai aumentando o tom, e vai aumentando o tom. O Bolsofeios é do Dudu, e há um áudio dele quando parte do grupo disse: "Olha, acho que a gente tem que conversar, compor, vocês precisam de votos e tal...". Aí ele orienta.
Conseguem colocar o áudio?
Também do gabinete do ódio.
Olha lá, olha as fakes ali.
Veja se consegue tocar o áudio.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - O áudio é importante.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Consegue ou não consegue?
Então, enquanto acham o áudio, eu vou passando para vocês.
(Procede-se à execução de áudio.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Esse é só um exemplo, está?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Do Eduardo Guimarães.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É o Dudu Guimarães, que, dentro do Grupo do Ódio, vai passando as orientações, inclusive para que haja um afastamento dessas pessoas que tanto ajudaram e continuam ajudando o Brasil. Ele nomina ali Nicoletti, até com um jeito de desdém... São pessoas que têm votos, chegaram aqui democraticamente e ajudam o País, votando por aquilo que é bom para o País.
Aí começam, como eu falei para vocês, como vai aumentando a graduação.
Passe para a próxima.
Ali. "Joice é acusada de usar dinheiro público para financiar ataques aos filhos do Bolsonaro". Piada, não é?
Volte, volte, pode voltar. O Senador pediu, por favor.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É, foi.
Senador Randolfe, Senador Randolfe.
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(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Bolsofeios, Dudu Guimarães. Bolsofeios. É este aí, é ele.
Aí começa uma narrativa e acaba lá: "Joice é acusada de usar dinheiro público...". E olhem o tipo de perfil que posta. São coisas assim.. Tem lá um site Clickcozinha... O que tem a ver Clickcozinha com política? Mas eles usam para disseminar as informações falsas. Eles usam esses sites laranjas... Posso chamar isso de site laranja? Esse Jornal316... São esses perfis.
Aí veja lá que esse tal Tiago dos Santos já mudou a página dele para Aliança pelo Brasil, e alguns já estão usando até o símbolo. Então, eles estão todos interligados, não é?
Ao mesmo tempo em que se detonam aqueles que se consideram inimigos, ficam jogando para cima aqueles que consideram amigos. Então, quando aconteceu a questão do pedido de suspensão do Eduardo, eles... "Ah! Com que moral?" Você vai lá... Aquele moço lá é de um grupo de apoio também a esta tropa aí, e a documentação está à disposição de vocês. Esse grupo de apoio é do Sul. Para vocês verem que há coisas do Nordeste, do Sul, de São Paulo, é no Brasil inteiro, não é uma coisa pontual, é no Brasil inteiro. Então, aqui há prints de gente do Brasil inteiro, trabalhando interligadamente.
Algumas das pessoas que fazem parte da esculhambação. Olha lá... Estão vendo aquele perfil Pátria Amada? Ele já mudou o símbolo também para Aliança. Olha lá. E ali, de novo, os memes... Do Rodrigo, eu peguei até uns mais leves porque não quis escandalizar, gente. Há coisas... Vocês já viram. Enfim, até para não expor mais as pessoas.
Pode passar.
Todos aqueles que eventualmente discordaram de alguma coisa... Olha lá... Snapnaro, também de assessor. Essa montagem do Delegado Valdir... É sempre para tentar deixar a imagem cada vez mais pesada.
Pode passar.
O Pavão Misterioso. Isso aqui é um vídeo que ele postou - e, por óbvio, também está sendo acionado - de uma porca andando. "Deputada é flagrada deixando a Liderança do Governo.". Então, de novo, a intensidade... Começa com a Peppinha, não sei o quê, é de criancinha... Aí vai aumentando a intensidade. Daqui a pouco, é porca, xingam de todos os nomes... Vocês entendem? É uma crescente, é uma crescente. Vão acostumando e vão atacando.
O Pavão Misterioso tem vários perfis até porque, conforme vão tirando do ar ou conforme fazem alguma coisa mais pesada, eles usam outros perfis.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Para interpelar.) - V. Exa. pode explicar por que o nome do Luiz Philippe foi citado ali, por favor? Porque a senhora coloca ali sobre o Luiz Philippe, como se ele tivesse alguma coisa a ver com o nome Acorda Brasil.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ah! Não, coincidentemente, o Luiz Philippe é o príncipe...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Porque Acorda Brasil é um nome que nunca é utilizado para nada, não é? Entendi.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... e o príncipe está lá... Coincidentemente está no fundo do Pavão Misterioso também, Acorda Brasil. Eu só quis mostrar a coincidência.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Muita coincidência.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É coincidência, é coincidência.
Vamos lá, gente.
Esse moço aí se mostrou porque ele foi citado. "Não! Sou eu, sou eu!" Esse moço é um assessor do Bolsonéas ligado a uma Deputada Estadual - o Leonardo Rodrigues - do Rio de Janeiro. Ela se define a Estadual do Bolsonaro e faz parte do grupo do Gabinete do Ódio.
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Dinheiro público pago para essa gente fazer esse tipo de ataque. Está vendo lá? Eles pegam coisas assim... Pegam uma foto do Witzel conversando com o Doria e transformam isso num escândalo: "Maia é traidor da Pátria". Aí sobem a hashtag: #maiatraidordapatria.
Pode passar.
Aqui há alguns dos perfis também para vocês verem...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Só uma dúvida: aquele anterior...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Presidente, eu queria terminar a explanação, porque...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Ah! Quando é o Frota lhe perguntando, pode?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, V. Exas. terão prazo, nas inscrições, para falarem.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Entendi, quando é alguma pergunta que possa ofender, ela não responde. Entendi.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Uh! Deletaram o Grupo do Ódio! Mas o Instagram grava tudo na nuvem - só para avisar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Continue, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu vou continuar.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deletaram, mas não se preocupem porque o Instagram guarda tudo na nuvem, e a gente já fez os pedidos também... Fique bem...
Vamos lá.
Ali, gente, para vocês verem, o Nando Moura... O Nando é outro que ajudou muito, fez campanha, se expôs, não é candidato e nunca foi candidato a nada, nem gosta de nada ligado à política, mas foi esculhambado porque fez uma crítica ou outra e virou inimigo da Nação. Virou Judas... E aí eles todos, de novo, de maneira coordenada... O Kim Kataguiri... E assim vai.
Pode passar.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sempre os mesmos, sempre os mesmos.
O Ódio do Bem ali tuitando a perda de seguidores na campanha que eles fizeram...
O Rodrigo Maia... É o Ódio do Bem. Depois do Pixuleco, vem o Nhonholeco, que é uma maneira de achincalhar as pessoas...
"Vice-Presidente Hamilton Mourão recebe título de cidadania piauiense em Teresina". Ataques ao Mourão. O Mourão foi uma das pessoas que mais foi atacada dentro do Governo, vocês se lembram... O Santos Cruz foi; o Bebianno foi; o Mourão, como Vice-Presidente da República, foi. Então, tentaram de todas as formas denegrir a imagem do Vice-Presidente da República, que é um homem correto. Eu não conheço nada que o desabone, absolutamente nada.
Aqui também a perícia está sendo feita em cima desses prints, e o alvo da vez, orientado pelo Ódio do Bem aí, é a Lava Jato. E ali fica bem claro: "É importante que travem a Lava Jato neste momento. Outra coisa: o Deltan deve cair da Lava Jato. Certamente o Augusto Aras assumirá a PGR, como também o Mendonça assumirá o STF." Lá embaixo: "Tem como blindar o Flávio". Ele está falando do Toffoli, o print é longo, e vocês podem, depois, ler à vontade. "Lembrando que Moro não é um cara malvado, mas é um progressista louco por poder". Progressista é a maneira de eles chamarem alguém que eles consideram mais à esquerda, mas que não querem chamar de esquerda. Daí vira progressista. Então, alguns ataques também... Houve um processo de "fritura" do Sergio Moro.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Aqui, o...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Senador, vamos deixar a Deputada concluir e depois V. Exas. terão tempo suficiente para fazerem as perguntas.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Vamos lá.
Aqui tem o levantamento dos ataques virtuais com o Mourão. Olha, olha... Vice-Presidente da República. Está aqui.
A mobilização e como ela acontece envolvendo alguns movimentos. Vamos no Movimento Conservador.
Pode soltar. (Pausa.)
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Está um pouquinho lenta a internet, não é?
Vocês vejam que esse movimento é recente, foi criado oficialmente - pode trazer mais um café - em 15 de dezembro de 2018. Vocês vão entender quem são as pessoas que estão aí: Edson Salomão, Douglas Garcia e esse Jorge Luiz Saldanha, que são os fundadores do Movimento Conservador.
Se não conseguir o vídeo, passa para frente, depois a gente passa...
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Vamos lá, vocês viram a ata - não é? - ali da fundação do movimento. O Edson Salomão, Presidente; Douglas Garcia, Vice-Presidente; e o Jorge, 2º Vice-Presidente. Aí ele faz uma graça ali e tal, porque começou aquela coisa de falar muito em milícia virtual, faz um tuitezinho bobo...
Passa para frente.
E aí começa a coisa a ficar um pouco mais pesada. Essas imagens aí, uma boa parte faz parte desse grupo de ataques. Aí, passa lá: "Joice canalha paga militância virtual e acusa Bolsonaro de fazê-la!". Então, é um negócio maluco, é um negócio maluco! Tiram as coisas da cartola e vão passando para frente.
Aí, ali: "Atenção, milícia digital, operação Peppa Pig ativar; repito, Peppa Pig ativar!". E aí coloca lá: "A porca foi pro brejo". E aí eles começam as intensificar as ofensas.
Pode passar.
E as vítimas todas, sempre...
O Ted Martins também já está acionado, estou comunicando a ele. Ted você está acionado. E não adianta apagar as coisas, porque a gente já conseguiu a preservação.
Pode passar.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Pode passar.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Aí, eu coloquei só alguns exemplos para vocês. Está lá o Eduardo detonando o Bozzella. E aí começam os ataques. Faz um primeiro, aí vem todo mundo atacando, vem todo mundo atacando! Tentam transformar a vida da criatura num inferno.
O Felipe Moura Brasil, que é um dos poucos jornalistas que assumiu que estava do lado do Governo e aquela coisa toda... Eu já tive até algumas diferenças com o Felipe, trabalhei com ele, mas não dá para dizer que ele não ajudou o Governo; ele ajudou na campanha, e muito. Hoje está sendo escrachado, também fez um questionamento bobo lá. O Danilo Gentili, a mesma coisa. E os rostos ali... O Heitor Freire também é alvo terrível dessa milícia. Lá em cima pegaram uma imagem, é o Bolsonaro chutando um pixuleco, uma coisa assim, e colocaram ali a imagem da Peppa.
Enfim, vai passando.
Narrativa sendo construída. Olha lá o Rodrigo Maia. Sempre as fotos são as piores, não é? Porque também a imagem diz muita coisa.
Ali: "Joice se a linha PSOL e PSB contra os interesses dos militares". Que louco! E as pessoas não checam, elas vão passando para frente. Aí, eu tive que colocar um carimbo de fake lá.
Pode passar.
Gil Diniz, fiel escudeiro, foi assessor do clã, e hoje é Deputado Estadual. Quem é Gil Diniz? É o menino que está acusado de rachadinha, é o modus operandi. Já está acusado, já está denunciado por rachadinha. Esse moço do meio, de camisa azul.
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Pode passar.
"Deputado do PSL montou central de dossiês e ataques apócrifos na Assembleia Legislativa [...]". Ali há alguns prints. Ele sabe que é crime o que está fazendo, porque há dinheiro público, é improbidade, não pode. Então, ele orienta: "Nada que identifique que saiu do nosso gabinete". Então, a gente não está falando de alguém que faz alguma coisa sem dolo. "Não, eu não sei". A pessoa pode ser ignorante. "Eu não sei, não sei que não pode fazer". Então, por ignorância, a pessoa faz. Mas isso? Isso mostra que não há ignorância. Ele sabe o que está fazendo.
E ali começa, está vendo? Aquela nota que foi o Eduardo que publicou, e aí todo mundo atacando, que foi no dia em que eu saí da Liderança.
"Bivar e Bozzella covardes!". Os ataques se intensificam.
Pode passar.
Por ano, quase R$1,4 milhão de dinheiro público para essa turma atacar pessoas, dinheiro público! Está aí a remuneração, quem quiser, Portal da Transparência. Tudo que eu estou falando...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Todos do Direita São Paulo, atual conservador.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Todos!
Edson Salomão, remuneração, 24 mil. Está bem pago para fazer meme e atacar pessoas. Está no gabinete do Deputado Douglas Garcia. Olha lá, Edson Salomão coordenando um dos ataques. Ali, coordenando também ataques contra o Waldir, o Heitor, a Dayane, enfim.
Pode passar.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - E tudo assessor de gabinete.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Há mais gente. Vamos ver.
O Jorge Saldanha...
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Tradução simultânea, Alexandre Frota.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... também no do Douglas Garcia. O Douglas é uma célula importante nisso aí, e os dados mostram isso. Remuneração, R$18.204. Olha lá o horário da postagem, 1h19 da tarde, 10h32 da manhã. Então, não dá para dizer: "Não, foi o horário aqui, em que estava em casa descansando". Não!
Pode passar.
Próximo, Alexandre da Silva, também no Movimento Conservador, também fez parte dos ataques. Olha de novo a construção da narrativa: pegam fotos, cliques assim. Eu fui cumprimentar o Davi, o Davi é meu amigo, todo mundo sabe. Pegam aquela foto para passar uma imagem sempre de denegrir a reputação. Quase R$10 mil.
Pode passar para frente.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ó lá, André Petros, também Movimento Conservador, quase R$10 mil.
Ali o Bivar e o Waldir sendo achincalhados, absolutamente achincalhados!
Aquela imagem que fizeram das hienas, vocês se lembram, havia até um STF no meio. E, aí, por conta de dar um estresse maior entre os Poderes, o Carlos se desculpou por ter postado o vídeo; o próprio Presidente passou esse vídeo para frente.
"Pronto. Em definitivo, ela mostrou quem sempre foi. Uma roliça canalha e infiltrada". De novo, foram construindo a narrativa, construindo a narrativa, construindo a narrativa... E está lá a fotinho dos moços.
Pode passar.
Mais um, olhem quanto dinheiro público há aí, hein? Movimento Conservador, Douglas Garcia. Mesma coisa, mesmo modus operandi, os mesmos ataques de sempre.
R
Pode passar.
Mais um, Dylan Dantas, R$7.338. Dinheiro público para? Atacar! Vocês vejam que esse assessor postou de Sorocaba. É até interessante saber o que ele estava fazendo em Sorocaba. Ele é assessor do Douglas Garcia na capital paulista.
Ali, de novo, Doria, Frota, Joice... Daqui a pouco, chega mais gente, outros serão incluídos na lista.
Pode passar.
Mais um, Jhonatan Valencio. Olha lá o horário, 2h14; olha lá o horário, 16h09. Sempre os ataques. Essa foto é uma montagem do Waldir, por óbvio; fizeram uma montagem para arranhar a imagem, ridicularizar. Eles gostam muito de fazer isso.
Pode passar.
Mais uma, Lilian Goulart - pode passar -, gerencia o Movimento Conservador, tá, gente?
Pode passar.
Lucas Reis, mais um, quase R$12 mil. Olha lá a postagem.
Oi?
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Fora do microfone.) - Foi o gabinete inteiro?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O gabinete inteiro.
Pode passar.
Incitação ao crime de terrorismo ali, explodindo ali o PSL.
Maicon Tropiano, remuneração, quase R$7 mil, está ali, fazendo uma jogada com um daqueles perfis, Left Dex, são sempre os mesmos.
Pode passar.
Matheus Galdino, Movimento Conservador, quase R$7 mil. A mesma imagem, essa imagem vocês devem ter visto na internet: "O PAO não para de crescer. PAO, Partido dos Amigos da Onça". E aí eles vão colocando. Inseriram o Felipe Francischini ali; o Lobão, que nos ajudou muito na campanha, foi muito correto durante a campanha conosco, mas hoje também está sendo achincalhado.
Ali também ridicularizando o Rodrigo Maia nesse modus operandi.
Pode passar.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É, com o dinheiro público, né?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - E dividindo por dois.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É.
Aí, eu quero voltar aqui nas consequências desse crime. Em duas postagens eu fui chamada de prostituta, drogada e débil - prostituta, drogada... Eu fico pensando assim, a criatividade dessa gente é grande. E vocês estão vendo que são sempre sitezinhos.
Esse Serei Deboche é um perfil, inclusive, que de vez em quando ataca gente ligada a nós, ao Presidente e tal... Então, eles pegam uma informação que foi criada por aliados e espalham isso para a oposição. Aí, ninguém segura mais, ou para quem nos ataca... A oposição que eu estou dizendo virtual; não estou falando de questão partidária tá, gente?
O Major Olimpo também ali foi bastante esculhambado.
Pode passar.
Aí, alguns dos ataques mais a reputações aí.
Pode passar.
Algumas consequências reais. Eu acho que é bom lembrar que fake news não é piadinha, liberdade de expressão, piadinha, aquela zuadinha; isso é uma coisa, fake news é outra coisa, é crime e tem consequência. "Mulher espancada após [...] [fake news] em rede social morre no Guarujá". "Polícia investiga grupos [...] suspeitos de incitar suicídio de jovens no Brasil". "Como as fakes [...] levaram um povoado a linchar e queimar dois homens inocentes". Então, a gente está falando de coisas que têm consequências.
R
Pode passar.
Hoje, o que esses grupos ligados a esses movimentos...
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Movimento Conservador atacando a imprensa.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - E é engraçado que o repórter da Jovem Pan sofreu a mesma coisa num movimento que foi feito da esquerda e que nós - e eu digo nós, porque eu estava ali do lado - tanto criticamos naquela época, dizendo: "Olha, respeito à liberdade de expressão! Os movimentos de esquerda não podem agredir pessoas!". Agora, os movimentos que se dizem de direita fazem exatamente a mesma coisa que criticavam.
Essas referências, "sapão", "isentão", eles criam para pegar a narrativa.
Pode colocar lá. Prestem atenção nesse vídeo.
(Procede-se à exibição de vídeo. )
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Olha a camisa!
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É interessante notar que há um menor, uma criança ali junto com o grupo, e por óbvio a gente borrou a imagem da criança para proteger, o que aquelas figuras não fizeram.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É, está usando, está usando...
É interessante encaminhar um ofício ao STF, porque vejam, de novo, crítica é uma coisa. Talvez eu tenha sido uma das maiores críticas do Ministro Gilmar Mendes, muitas vezes fiz críticas. Agora, isso? Isso não é uma crítica; isso é uma clara ameaça, uma incitação ao crime e um crime propriamente dito.
Aqui, algumas das pessoas que entraram na lista de...
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Isso extrapola todos os limites, Deputada, é lamentável. Esta CPI precisa rapidamente se movimentar em relação a esse assunto, isso é muito grave.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Prossiga, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Já estou quase concluindo, gente. Eu peço até desculpa aí por ser longo...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Não, pode ficar aqui até amanhã, está bom.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Mas, como é técnico, eu quero mostrar para vocês.
R
E aqui algumas das pessoas que foram consideradas os principais da República, do Presidente e tal, e vão entrando na lista. A lista já está maior. Esta semana já entraram outras pessoas. O Olavo sempre botando uma pilha, o André Guedes está ali também na lista.
Pode passar.
E aqui... Está escrito ali mais de 100 páginas; são 174 páginas que foram autenticadas por um perito, estão assinadas por um dos maiores no Brasil sobre o assunto. Por que esse material foi encaminhado para a perícia? Justamente para não correr o risco de haver montagens que possam desvirtuar esse material e porque, obviamente, muita coisa já foi apagada. Não é que vai ser, muita coisa já foi apagada, mas está resguardado pela perícia técnica. Então, todo esse material também vai ser entregue para vocês com a confirmação de que cada um desses prints é verdadeiro, assinado por uma perícia técnica.
Pode passar.
E aí o que eu sugiro à CPI? Lamentavelmente, eu não sou membro, mas nós encaminhamos aqui ao Twitter as informações todas do Murilo Defanti e ao Facebook também de toda essa tropa. Também à empresa Twitter Brasil as informações desses dois perfis, o Left Dex e Ódio do Bem. Ao Twitter e ao Facebook para que apresentem informações de toda essa tropa aí usando dinheiro público para atacar pessoas.
Pode passar.
E aqui essa imagem, que é uma das que mais dói no meu coração, porque todos que estão aqui - direita, esquerda, centro - sabem o quanto eu trabalhei pela eleição do Presidente. Essa imagem aqui foi disseminada, acho, pela Deputada Bia Kicis. Quem olha o meu histórico e vê desde quando eu estou nas ruas lutando contra a corrupção, muito antes de Bolsonaro ou de qualquer pessoa, e olha isso aqui... Olha aqui a lista: Delegado Waldir, Joice, Filipe, Olimpio, Dayane, Heitor, Julian, Delegado Pablo, Júnior, Daniel, Marcelo Freitas, Coronel Tadeu. É sério? É sério isso que alguém acredita e dissemina uma coisa dessa?
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Famoso fogo amigo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não. É muito mais do que isso, porque aqui, quando mostra a imagem do nosso Presidente da República com uma facada, essa imagem aqui nos compara a um homem que tentou matar uma pessoa. Exatamente nos compara ao homem que tentou matar uma pessoa, que hoje é Presidente.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Não fui eu que disseminei esta imagem, viu, Deputada Joice Hasselmann? Essa imagem com esses nomes eu não disseminei. Isso é fake news.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não. Eu falei talvez, Bia. Não... Mas eu tenho uma imagem...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Prossiga, Deputada!
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Mas nesse talvez...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu tenho uma imagem sua com o meu nome e com uma imagem colocada, tá?
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Mas é bem diferente.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Vamos seguir, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Não, não, não! É bem diferente, e que já quero esclarecer, porque as pessoas estão assistindo e fica esse talvez, lançando a dúvida. Não fui eu.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Prossiga, Deputada, para concluir.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Essa imagem você disseminou.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Essa imagem com a facada do Bolsonaro você disseminou. Está no seu Twitter.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Então, você apagou, mas eu tenho o print.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Não apaguei. Não é essa imagem. Posso concluir?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Publica e depois me culpa.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - A pior facada de todas...
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O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu gostaria que os Srs. Parlamentares aguardassem o final da exposição da nobre Deputada. V. Exas. terão tempo para questioná-la.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Então, eu quero só que vocês prestem atenção nessa imagem e nesta imagem.
Pode passar.
Isso foi o que nós fizemos para ajudar a eleger o Presidente. Isso foi o que nós fizemos em todo o Brasil. Eu não fiz campanha só em São Paulo; eu rodei esse Brasil fazendo campanha para um homem chamado Jair Messias Bolsonaro.
Eu não sei se o Presidente tem consciência do tamanho da loucura que este gabinete do ódio - e eu mostrei para vocês aqui - produz. Eu não sei. Eu quero crer que não. Agora, é preciso colocar um freio nisso, porque são pessoas - olhem lá - que foram para as ruas, são pessoas que defenderam essa bandeira. Nós prometemos ao Brasil um País decente, mais justo, um país liberal de verdade, conservador nos costumes. Então, há uma trajetória de pessoas que ajudaram, e hoje há toda uma construção de destruição de imagem. Para quê? Por quê?
Então, senhores, eu acho que nós, que nos elegemos com essa bandeira de realmente ajudar o Brasil, temos muito trabalho pela frente. Nós temos de entregar ao País o que nós prometemos, porque nós não entregamos. Me dói no coração quando eu vejo que confunde-se nacionalismo, militarismo com liberalismo. Confunde-se ser conservador com ser reacionário. São coisas diferentes. Liberal é liberal; nacionalista-militarista é outra coisa. Conservador é uma coisa, reacionário é outra coisa. Então, está tudo sendo misturado, e pessoas que têm lutado e que têm histórico de luta pelo Brasil, lamentavelmente, são achincalhadas.
Agora, vocês imaginem se eu não tivesse uma história. Vocês imaginem se eu não tivesse o tamanho das redes que eu tenho, se as pessoas não me conhecem pela minha história. Quantas pessoas já passaram por isso e não tiveram musculatura para reagir, para poderem pelo menos se defender em um espaço para dizerem: "Hei, está errado! Mentira!" Isso é mentira! Eu sempre ajudei, estou aqui do lado"? Então, isso é muito... É grave, mas é triste. É grave, mas é triste, é de causar tristeza ver essas pessoas todas que estão se passando... Estão tentando colar faixa de traidores nessas pessoas que são pessoas que pegaram essa campanha, o Presidente e os próprios filhos pela mão para ajudar, para trabalhar.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Fora do microfone.) - O Presidente sabe disso, porque foi ele que...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Prossiga, Deputada. Concluindo, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Senhores, eu só quero agradecer a paciência de todos. As sugestões de requerimento estão aí...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Eu já pedi sete requerimentos.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Imagino que seja algo que interessa a todos a aprovação desses requerimentos, até porque, como eu falei, houve algumas contestações. Eu acho que a verdade interessa a todos. Então, imagino que quem quer comprovar a verdade vote pela aprovação desses requerimentos, para que nós possamos botar um ponto final nessa questão do gabinete do ódio e do dinheiro público sendo usado para isso, e para que nós possamos de fato nos concentrar no que interessa, que é tocar o Brasil para frente.
Muito obrigada. (Palmas.)
R
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Vamos dar sequência à nossa reunião.
Convido agora para fazer uso da palavra, para seus questionamentos, a nobre Relatora, Deputada Lídice da Mata.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Como Relatora.) - Deputada Joice, eu queria, em primeiro lugar, solicitar que a senhora confirme que põe à disposição da CPMI toda a documentação que aqui apresentou, além de outros documentos que a senhora disse que detém no seu celular, prints outros. Que possa colocar, mesmo não tendo colocado publicamente aqui, à disposição da CPMI aquilo que considera que tem de ser sob sigilo. Sob sigilo ficará, como outro processo que temos aqui sob sigilo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu só peço, Deputada, a preservação de conversas privadas com o Presidente pelo respeito à instituição Presidência da República, a instituição. Mas todo documento que tenho e todo o resto que eu tiver será entregue de bom grado, porque foi feito um trabalho bastante minucioso.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Toda conversa com o Presidente pode ser colocada sob sigilo, decisão desta CPMI. O Presidente desta Comissão assim determina.
A partir daqui, nós teremos que tomar algumas decisões, Sr. Presidente, que serão incorporadas na nossa documentação. Mas as declarações da Deputada foram realmente muito fortes e muito graves.
A senhora confirma aqui inclusive a existência do chamado gabinete do ódio, que já havia sido denunciado pela revista Crusoé, a que o Gen. Santos Cruz se referiu aqui como pessoas que trabalhavam com o Presidente da República, indicadas pelo Presidente da República e contratadas por ele. Ele não queria nominar, mas reconheceu aqui os mesmos nomes que a senhora apontou aqui. Mais do que isso, apenas disse que não queria afirmar nomenclatura sobre esse gabinete, etc. Mas a senhora confirmou aqui, portanto, a existência de um grupo de pessoas que, atuando no Gabinete da Presidência da República e recebendo recursos públicos, recebendo salários, têm a função específica de disseminar campanhas de ódio contra adversários e fazer fake news, jogar fake news na rede. A senhora confirma, portanto, aquilo que falou aqui agora?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu mostrei, não é?
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Mostrou.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Os prints ficam claros ali.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Exatamente.
Eu queria começar, portanto, apenas...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu só quero deixar claro, Deputada, que essas informações foram passadas a mim. Eu, por óbvio, vou preservar a fonte, mas são informações que... Nós estávamos até agora acompanhando o grupo do ódio; eu não faço parte desse grupo, não estive dentro desse grupo. Demorei para conseguir essas informações, porque é tudo muito sigiloso. Mas até aquelas pessoas que fazem parte entendem - algumas delas - que os limites foram todos estourados. Então, ajudaram nisso.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pela ordem, Deputado Rui Falcão.
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O SR. RUI FALCÃO (PT - SP. Pela ordem.) - É só para saber o nome da pessoa que acompanha a Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Nome da pessoa quê?
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Da pessoa que acompanha a senhora.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ah!
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Tony Chalita.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Prossiga, nobre Relatora.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Como Relatora.) - Deputada, apenas para conceituar, porque isso faz parte do nosso relatório, o que para V. Exa. é fake news?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Fake news é uma notícia falsa. É uma notícia falsa manipulada propositalmente para denegrir uma reputação. Nesse caso é disso que estamos falando. É claro que se pode fazer e se faz fake news por vários motivos, mas nesse caso estamos falando de questões políticas.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Sim.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Então, às vezes, pega-se um pontinho de verdade, distorce-se toda informação e cria-se uma narrativa para denegrir uma reputação, como fizeram naquele caso daquele print.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Para prejudicar e denegrir.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu e o Presidente, eu e o João Doria, tentando criar essa narrativa.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Eu fiz aqui uma série de perguntas, Presidente, mas confesso que vou ter de abandonar diversas porque a própria Deputada revelou aqui muito do que nós queríamos lhe perguntar.
Mas eu queria lhe perguntar:
Durante seu período de Líder do Governo, V. Exa. participou de diversas reuniões, discutindo estratégias. Nessas reuniões foram definidas formas de atuação na rede, campanha digital, estratégia de disseminação de informação por meio de disparo em massa? Em alguma delas a senhora participou?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja, desde o início da campanha, lá atrás, sempre houve dois núcleos separados. Todo mundo sabe, isso é público, já foi manchete de jornal, que eu não tenho lá uma relação muito boa com os filhos do Presidente justamente pela forma como se posicionam. Então, isso é público, isso não é uma coisa de agora. E, como isso é comandado também por eles, principalmente por eles, eu nunca participei disso.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Pelo Deputado Eduardo Bolsonaro e pelo Vereador Carlos Bolsonaro?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eduardo, Carlos e assessores. Vai havendo uma ramificação, não é?
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Sim.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deputados Estaduais contratam assessores no Brasil inteiro, e isso vai se ramificando. E gente, obviamente. Nem todo mundo é pago.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Claro.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Tem muita gente que é levada nessa onda.
Agora, na campanha, por exemplo, havia uma mídia... O PSL fazia a mídia normal, e tinha a mídia paralela, que sempre foi o Carlos que controlou, porque as senhas das redes sociais à época do candidato Bolsonaro sempre ficaram de posse do Carlos. E eu estive com o Carlos duas vezes na vida. Uma das vezes, eu levei a Viviane Senna para conhecer o Presidente; eu a havia indicado para ser Ministra da Educação. Então, foi uma das vezes em que eu vi o Carlos.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Eu ia perguntar isso.
Nesse período, como foi sua relação com o Fabio Wajngarten, que é da Secom, e com o Carlos Bolsonaro?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Com o Carlos eu não tinha relação. Eu sempre soube que eles assim me olhavam... Tinha um certo ciúme ali, porque eu sempre tive um contato muito direto com o Presidente e tenho esse problema de dar o nome que as coisas têm. Então, eu não fico passando pano. Então, muitas vezes eu, sim, puxava a orelha na época da campanha, dizia: "Não faça assim. Está errado". Podia até não me ouvir, mas assim foi - e também na Liderança.
O Fabio Wajngarten eu conheci, se eu não me engano, no apartamento do Meyer Nigri, em São Paulo. Ele não tinha absolutamente nada ainda a ver... Era época de campanha, não tinha nada a ver com o Governo, mas era alguém que estava trabalhando pela campanha. Assim, pela relação que eu vi do Fabio Wajngarten antes de entrar no Governo, eu não sei de nada que o desabone. Parece-me que é uma pessoa correta.
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Então, eu não tenho informações que desabonem o Fabio Wajngarten.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - De acordo com diversas matérias jornalísticas, no entanto, Fabio Wajngarten e Filipe Martins, assessor internacional do Presidente, têm uma importante capacidade de influência nas decisões do Governo, seja em ações de publicidade, seja em ações políticas. V. Exa. reconhece... Essas pessoas eventualmente são também influenciadas por Olavo de Carvalho? Têm alguma relação?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Fabio eu não sei se tem uma relação com Olavo. Só se foi agora, porque num passado recente ele até dizia "Ô, ele é doido, está falando bobagem". Então, só se foi a partir de agora. O Filipe, sim. O Filipe tem uma relação muito próxima com Olavo, foi aluno do Olavo, enfim, dizem que foi uma indicação também do Olavo. Disso também eu não sei. Não sei, porque, com essa área, eu nunca me envolvi muito. O meu negócio era despachar com Casa Civil, na época em que o Santos Cruz estava lá, com o Santos Cruz, com os ministros mais ativos. Essa coisa de ficar fazendo a maldade ali por debaixo do pano, eu não tinha nem tempo para isso. Então, ninguém nunca me propôs nada nesse sentido.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Mas o Filipe...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Tem muita ascendência, sim, sobre o Presidente.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Tem muita ascendência nas decisões do Governo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Tem, tem. Nos discursos mais ideológicos, não é? Algumas vezes eu aconselhei até o Presidente: "Presidente, não puxe tanto para o lado ideológico em questões internacionais, pode dar problema para o Brasil". E essa turma ficava dizendo exatamente o oposto: "Não, tem... Não pode convidar embaixador para a posse que não seja de país aliado", aquela coisa toda que é ruim para o País. Então, eu era uma voz discordante ali no meio. O Filipe tem grande ascendência.
O Fabio Wajngarten, no início, não tinha. Mas tem estado muito próximo do Presidente agora.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Sim.
Eu ia lhe perguntar sobre a gangue virtual, mas a senhora já destrinchou tanto sobre ela que eu vou passar adiante.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Um pedaço, não é? A gente tem que investigar mais. Aí é só um pontinho.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Sim.
Em relação aos linchamentos do Deputado Frota, do Gen. Santos Cruz, do Presidente Rodrigo Maia, de outros Parlamentares, há uma série de indícios de que essas ações são orquestradas.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Qual foi a sua percepção sobre estes ataques?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Exatamente o que a senhora disse, Deputada: é orquestrado. E orquestrado de forma a viralizar o mais rápido possível, usando essas pessoas que produzem, têm um calendário de produção de ataques, e usando os robôs, numa repetição sem fim; e depois disso alguns apagam os posts, porque isso pode ser de alguma forma rastreado, mas aí já circula pelo WhatsApp, e aí é uma coisa incontrolável. Mas sempre é orquestrado, sempre tem uma palavra de ordem, sempre tem uma orientação. Eles combinam lá no grupo do ódio, não é? Como vocês viram: "Hoje é o Julian. Hoje é a Joice. Hoje é o Governador do Rio de Janeiro". Então, sempre tem alguém dando a ordem, e aí a coisa fica incontrolável.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - A mídia reportou muito sobre os ataques ao Gen. Santos Cruz, que terminaram com a sua demissão, e também foi feita uma exploração de opinião de que haveria sido um grupo com intenção de querer verbas da Secom. A senhora acredita que há alguma ligação e que esses grupos, essas gangues virtuais também tinham essa intenção de obterem mais verbas?
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Olha, eu seria leviana se eu falasse sobre a obtenção de mais ou menos verba. Havia uma reclamação... O Santos Cruz sempre segurou muito o que ele considerava algo imoral ou eventualmente até ilegal, então ele sempre foi muito correto nisso. Eu acompanhei o desenrolar da atuação do Santos Cruz. E claro que essa turma que fica o dia inteiro fazendo isso não faz de graça. Essa turma que fica o dia inteiro fazendo isso, vocês viram, alguns recebem, e por óbvio que tem gente circulando ali, mais gente em torno do dinheiro público. Talvez o ideal fosse pedir todos os contratos de publicidade, mas não só os diretos. Quem as agências contratadas...
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - As agências.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... subcontratam.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Sim.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Porque talvez aí a gente siga o rastro do dinheiro, porque, na contratação direta, a gente não vai, por óbvio, ter essa informação, mas numa subcontratação... Eu acho que a gente consegue fazer isso pela CPI, e nós conseguiríamos aí ter a verdade sobre isso.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputada, a senhora falou que o custo de um disparo é em torno de R$20 mil. Tem suspeita de quem banca essa despesa?
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE. Fora do microfone.) - E quantas mil pessoas? Vinte mil para quantas mil?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Para quantas mil, para...?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É porque é depende do número de robôs que você tem, mas é de 15 a 20 mil, a depender...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Por robô?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Por disparo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Por disparo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Por disparo. Então, uma hashtag paga 20 mil, aí tem o primeiro disparo, e depois vêm os retuítes, os robôs ficam retuitando o tempo todo para fazer...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Para mil disparos, nós estamos falando na ordem de R$20 milhões? A senhora suspeita de algum empresário que financia isso?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não, mas veja... Não é... Um robô é capaz de disparar milhares de mensagens, um único robô é capaz...
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT - SE. Fora do microfone.) - É uma hashtag.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É uma hashtag, mensagem...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - E o custo desse robô é R$20 mil? Aproximadamente isso.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O custo desse robô... É.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu quero novamente lhe perguntar: a senhora tem suspeita, já que a senhora conviveu muito tempo junto ao grupo do Presidente, de quem financia isso? Quem financiou no passado e quem financia no presente?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, eu não sei quem financia, mas acho que nós temos que seguir o rastro do dinheiro para saber, até, realmente, quem são todas as pessoas envolvidas, quem são as pessoas inocentes ou que não têm dolo no meio do processo e quem são as que têm dolo. Nessa investigação e nessa peneirada, a gente vai encontrar muita gente que entrou de gaiato, não é? Foi repassando informação, nem sabia o que estava fazendo direito, mas a gente vai encontrar, como eu mostrei para vocês ali, os cérebros de um grupo. Veja que eu tive acesso a um grupo. Eles são organizados, esses grupos, por tamanhos de página, então: Grupo X, quem tem até 50 mil seguidores, aí eles se organizam num grupo. Grupo Y, de 50 a 100 mil. Grupo H, até mais de 1 milhão de seguidores. Então, eles se organizam dessa forma. Eu tive acesso a um grupo.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - A senhora saberia dizer qual a relação da empresa AM4, maior fornecedora da campanha de Bolsonaro, na produção desse esquema?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Que eu saiba, não tinha, porque era... Eu acompanhei alguns estresses na campanha com esse grupo mais fechado ligado ao Carlos Bolsonaro, ao Vereador Carlos Bolsonaro, e ao Marcos... Eu não me lembro do sobrenome, se não me engano era o Marcos o representante da AM4, não vou me recordar do sobrenome dele. Então, eu não me metia muito, mas acompanhei alguns períodos de tensão porque um queria fazer de um jeito, outro queria fazer de outro. Não acredito que eles tenham feito de forma coordenada. O Marcos ficava mais com a campanha tradicional, via PSL, aquela coisa de fazer os vídeos, dar o ar de vitória. Dessa outra parte dos ataques, que eu saiba, o Marcos não participou.
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A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O empresário Paulo Marinho afirmou publicamente que cedeu sua mansão no nobre bairro do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, para ser um dos quartéis-generais da campanha de Bolsonaro.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É verdade. Eu estive lá uma vez. Também é público. Foi quando estive no segundo turno com o Governador João Doria, e o Presidente me autorizou a publicamente ajudá-lo na campanha.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Certo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Estava eu, Paulo Guedes, Bebianno, nesse dia, João Doria, o Julian, o Paulo Marinho, e havia um estúdio onde o Presidente gravava na casa do Paulo Marinho, fazia os vídeos.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Certo.
Essa turma, essa gangue virtual, como V. Exa. denominou, eles participavam também lá na casa, eles tinham algum espaço de trabalho na casa ou atuavam fora da casa?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - De novo, eu estive lá uma única vez. mas, à época da campanha, na produção de conteúdo, o Carlos era muito presente, até mais que o Eduardo, depois que o Eduardo acabou meio que assumindo essa liderança de espalhar informações, enfim. O Carlos era mais ativo, o Carlos acompanhava muito o Jair lá, mas isso eu sei de ouvir da boca do Paulo Marinho, da boca do Bebianno, que depois virou Ministro, enfim, não de ter visto o Carlos lá, porque eu estive uma única vez... E também a gente nunca teve essa relação de proximidade. A minha relação era com o Presidente.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Como Relatora.) - Sim.
A senhora, portanto, provavelmente não conseguiria identificar as pessoas que frequentavam a mansão, se estão hoje lotadas no Governo Bolsonaro, no gabinete do Governo, essas coisas, não?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não consigo, mas eu acho que o Paulo Marinho consegue.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Certo. Ele também está...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Agora, por exemplo, o Tércio e o Matheus, é sabido que eles vieram da campanha. Se eu não me engano os dois são do Ceará. Eu sei que são do Nordeste.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - São dois Matheus, é, mas o Tércio e o Matheus são do Ceará. Eles já faziam campanha, então eles saíram da campanha para assumir essa posição no Planalto, de assessor, sei lá... Além dessa questão do gabinete, eu não sei o que mais eles assessoram ali. Então, por óbvio que acompanharam o Presidente, porque estavam na campanha.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - A senhora fez uma afirmação en passant de que o Vereador Carlos Bolsonaro despachava lá...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - No Palácio.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... no gabinete do Presidente, no Palácio.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Se referindo a quê, esse despacho? Ele tomava decisões sobre a comunicação, ia mais além disso? Não é uma coisa estranha alguém que não é contratado despachar no gabinete?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja: a ligação do Carlos com o Filipe e os três ali, os dois Matheus e o Tércio, é uma ligação que todo mundo sabia dentro do Palácio que existia, é uma coisa que não é uma novidade, todo mundo sabia que existia. Então, no começo sim, o Carlos esteve muito ali dentro do Palácio, conversando com o Filipe, despachando com o Filipe. Aquele menino Léo Índio também, várias vezes, chegou até um cantinho ali, onde ele ficava com o computador. Em uma das vezes, eu entrei na sala, e ele estava lá.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Presidente, uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não, Deputado.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP. Pela ordem.) - Essa informação da Deputada é gravíssima. Significa que o filho do Presidente, sem ser funcionário, sendo Vereador no Estado do Rio de Janeiro, despachava no Palácio do Planalto. Essa não é uma informação para ser jogada ao vento. É informação gravíssima.
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O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Isso é usurpação.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Só para botar aqui as coisas em seus devidos lugares: o que eu estou dizendo é que o Carlos tinha uma ligação muito grande com o Filipe, uma ligação ideológica...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim, mas ele é filho do Presidente. Então, eu não o vi despachar. O que eu estou dizendo é que todos ali sabem da ligação e da indicação. O próprio Filipe e os três meninos foram indicados pelo Carlos, se aproximaram através desses grupos de campanha na internet e tal. Agora... "Ah, o Carlos tinha um gabinete". Eu nunca vi. Eu vi, em um momento, na sala do Santini, o Léo Índio num canto despachando, e até comentou comigo: "Ah, eu estou sem sala", mas não sei se ele estava fazendo coisa particular, coisa sobre a Presidência...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Aliás, o Léo Índio estava aqui dentro agora há pouco.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Estava?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - E sumiu.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu acho que agora é do Senado, acho que agora é assessor de um Senador.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não, não.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Deputada, a senhora...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Quer dizer, não sei, não é? De repente até pode ter sido, mas eu não sei.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... afirmou aqui algo que nós, aqui na CPMI, já tínhamos tratado como organização criminosa, e a senhora usou essa mesma expressão.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Essa milícia digital que atacou a senhora compõe uma organização criminosa, no sentido jurídico da palavra, composta por diversos núcleos. O núcleo político, formado principalmente por altos funcionários do próprio Governo, pelo que ficou aqui dito, pelo Deputado Eduardo Bolsonaro, pelo Carlos Bolsonaro, que são dois Parlamentares, filhos do Presidente da República, e pelo Filipe Martins, que participa desse núcleo político, decisório, que define quem vai atacar, quando vai atacar, aquele cronograma, calendário que a senhora colocou. Esses três participam?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim, eles estão ativamente...
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Ligados.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... ligados aos grupos criados no Instagram para fazer essas orientações, não é?
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - E, como foi aqui demonstrado, tem um núcleo operacional, com assessores de segundo escalão, de Deputados Estaduais, Federais; um núcleo distribuidor também, que envolve também alguns sites normais, blogues etc.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - E um núcleo econômico. Todos queremos identificar quem participa desse núcleo econômico.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Uma parte a gente já sabe - não é? -, que é dinheiro público que vem de Deputados para pagar assessores que trabalham, que são indicados para isso, especificamente para isso; os assessores entram para isso.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Inclusive aquele Deputado Douglas tem... A senhora nomeou ali...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O gabinete inteiro.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... quase que o gabinete inteiro, mais de dez pessoas, o que significa que nós precisamos ter a presença desse Deputado aqui para que possa explicar essa sua posição.
O que a senhora recomendaria à CPMI a partir de agora como possibilidade para que nós pudéssemos vir a desmontar este círculo vicioso, criminoso, essa organização criminosa, e pudéssemos também chegar a essa questão que ainda está nebulosa, digamos assim, que é o núcleo financiador? O núcleo financiador. Porque nós agora devemos fazer o caminho do dinheiro para chegar até isso.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Os requerimentos que eu sugeri vão nos ajudar a ter mais informações dessas pessoas que ativamente estavam dentro, estão dentro desse grupo todo. E certamente... Como eu disse para a senhora, eu iniciei um processo de investigação. Tem muito mais para se investigar. Não tem braço para tudo, mas nós descobrimos células no Rio Grande do Sul, no Nordeste, em várias regiões do Nordeste, além dessas de São Paulo, no Rio de Janeiro, aqui em Brasília. Então, tem muito para ser investigado. Acho que ouvir essas pessoas...
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Acho importante também ouvir o ex-Ministro Bebianno, que acompanhou muito de perto o modus operandi que se desenrolava ali dentro desse núcleo de comunicação. Inclusive, ele me deu uma informação - e eu estou dizendo essa informação aqui para vocês porque ele falou claramente com testemunha e disse que confirmaria aqui à CPI - de que houve uma tentativa no início, que o Carlos tentou montar uma Abin paralela para que houvesse grampo de celular, dossiês feitos, e isso teria causado um atrito. E o nome foi este: uma Abin paralela. Isso teria causado um grande atrito entre eles. Aí é que a confusão ficou mais pesada.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O que eu gostaria também...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Acho que o Carlos também é um nome importante.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Claro.
O que eu gostaria também é de ressaltar a importância desta informação: alguém de fora do Governo tenta formar uma equipe de informação sobre membros do Governo, sobre pessoas, sobre Deputados, enfim, uma Abin no Governo quer dizer isto: uma agência de informação sobre pessoas do País, algo absolutamente inconstitucional, ilegal e criminoso, um grampo, o que é também uma atividade criminosa. Era isso que eu queria destacar.
Os requerimentos que V. Exa. encaminhou... Nós devemos também definir junto com o Presidente, obviamente, qual o melhor momento de convocarmos esta CPMI para uma decisão administrativa para que nós possamos aprová-los, porque o que foi dito aqui hoje é de extrema gravidade. No que diz respeito a Parlamentares, deve significar inclusive a denúncia desses Parlamentares à Comissão de Ética da Casa, porque o que foi dito aqui é algo de extrema gravidade.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Passo a palavra para o autor do requerimento, Senador Rogério Carvalho, do PT, do Estado de Sergipe.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT - SE. Para interpelar.) - Queria cumprimentar o Presidente, Senador Angelo Coronel; cumprimentar a nossa Relatora, Deputada Lídice da Mata; cumprimentar a convidada, que aceitou estar aqui, a Deputada Joice Hasselmann.
Primeiro, eu quero parabenizá-la pelo trabalho que fez, que me lembra a época em que eu trabalhava em hospitais, quando a gente tomava um caso, um óbito para fazer o que a gente chama de fluxograma analisador do funcionamento do hospital e por que aquele óbito evitável aconteceu, caso sentinela, como a gente chama. E a senhora foi o próprio caso sentinela, ou seja, a senhora tomou a sua situação, as agressões que a senhora recebeu ao deixar a Liderança do Governo por discordâncias internas dentro do partido e a senhora fez tipo um fluxograma analisador de como funciona uma organização que existe para produzir notícias falsas, para denegrir imagens de pessoas e de instituições, para disseminar o ódio, para dividir a sociedade, uma organização fascista - na sua essência, uma organização fascista, uma organização que vai além de denegrir a imagem de alguém, de inventar uma narrativa sobre alguma instituição, uma organização que se propõe a dividir a sociedade e criar falsas diferenças, o que é a base da cultura e do trabalho de construção de uma ideologia fascista. Então, é muito grave. Nós estamos diante de uma situação gravíssima, porque o que a senhora apresentou, tomando como referência o seu caso, mostra uma organização criminosa com essas finalidades, primeiro ponto, o que é uma constatação.
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Segundo ponto: várias perguntas que eu teria a fazer não faz sentido trazer porque V. Exa. foi se colocando no lugar, analisando, revelando nomes, e revelando o modo operacional com que essa organização criminosa, ou essa milícia digital, ou esses milicianos operaram ou operaram ao longo deste período, não especificamente no caso da senhora, mas em relação a qualquer um que passe no seu caminho.
Em terceiro lugar, fica claro que o excludente de ilicitude, que é um projeto defendido pelo Sergio Moro, que é defendido pelo Presidente Jair Bolsonaro, que é autorizar policiais a matar e, com isso, não serem punidos, a gente pode chamar de excludência da ilicitude. Em outras palavras, nós estamos vendo o que é um Governo que anda na ilicitude, ou seja, tudo tem a ver com ter autorização para matar. Então, se é o adversário, ele quer ter... E constrói um instrumento não para divergir, não para contra-argumentar, mas ele monta um instrumento para destruir, para aniquilar o seu opositor. Se é a juventude negra, pobre, da periferia, ele monta a polícia para matar. Se é em qualquer tema da ordem e do funcionamento do País, a ordem é eliminar, Sr. Presidente, e eliminar com fake news, com mentira, com comunicação dirigida. Tudo tem essa finalidade.
Eu queria aproveitar para perguntar à Deputada algumas questões complementares. A senhora falou do Meyer Nigri. A senhora sabe dizer se o Meyer tem alguma relação com o financiamento do período eleitoral ou financiamento, como pessoa física, dentro da lei, mas, neste caso aqui, se ele continuou financiando a atividade desses grupos? Essa é uma pergunta.
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A segunda pergunta: a Sra. Taiza Krueder Brawn, de quem eu tive informações que reuniu um grupo, aquele grupo, talvez aquele grupo que a senhora apresentou ali naquela foto, essa senhora era a responsável pela captação de recursos para financiar essa milícia digital na pré-eleição e posterior? É uma pergunta. A Sra. Taiza Krueder Brawn.
A senhora poderia me dizer se a Carla Zambelli tem assessor que participa da distribuição ou que faz parte...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT - SE) - Sim, não importa. Pode estar aqui, pode estar onde estiver...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Sou eu.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT - SE) - Pois é, não tem problema.
Se tem assessor que trabalha para fazer divulgação de fake news.
Se o Deputado Filipe Barros tem assessor que trabalha para distribuir ou faz parte desse grupo.
Se a Deputada Carolina de Toni também tem pessoas no seu gabinete pagas com dinheiro público e que integram este grupo para distribuição de notícias falsas e material que denigre, que constrói narrativas equivocadas sobre as pessoas.
A senhora pode informar os nomes, se souber, dos assessores que trabalham no gabinete da Sra. Carla Zambelli?
A senhora pode me dizer se o príncipe, o autointitulado príncipe Luiz Philippe faz parte da rede de agressores virtuais que a senhora afirma existir?
Os demais, o Gil Diniz, a senhora já apresentou os nomes, o Douglas Mansur, a senhora já apresentou o nome...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Fora do microfone.) - Douglas Garcia.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT - SE) - Douglas Garcia... Aqui é Douglas Mansur, Douglas Mansur Garcia... Se faz parte dessa dessa... A senhora já afirmou.
Então, as minhas perguntas são no sentido de saber se o Rogério Chequer... Eu obtive informações, que é do Vem pra Rua, se não estou enganado...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim, do Vem pra Rua.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT - SE) - ... recebeu doação de US$10 milhões para organizar esse movimento de organismos internacionais, se a senhora tem alguma informação a esse respeito.
Nessa reunião em que estava a Sra. Taiza Krueder Brawn, o Rogério Chequer estava, e mais umas 15 ou 20 pessoas, o Ba Assunção, que é um roteirista... Essas pessoas... Segundo informações, a Sra. Taiza Krueder Brawn disse que dinheiro não era problema e ofereceu 10 milhões entre o primeiro e o segundo turno para financiar esse tipo de atividade e as notícias falsas que seriam veiculadas nesse período. Eu queria saber se a senhora tem informações, se a senhora conhece essas pessoas e se a senhora tem alguma orientação a dar à CPI da Fake News em relação a essas questões. Porque eu imagino que o esquema... Apesar de o Santos Cruz aqui não ter tido a mesma disposição de revelar nomes, de apresentar... E ele poderia tê-lo feito, poderia ter dado uma contribuição maior para a democracia, porque isso aqui destrói qualquer democracia, isso daqui constrói uma divisão artificial na sociedade, isso aqui patrocina o fascismo, isso daqui dissemina o ódio, como eles mesmos se autointitulam, como disseminadores do ódio... Ele poderia ter dado uma contribuição muito maior e não deu. Portanto, a senhora veio, fez uma descrição...
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Então, do ponto de vista do funcionamento e de pessoas que precisam ser indiciadas, Sra. Relatora, Sr. Presidente, porque aqui, diante do que foi dito, há materialidade para o indiciamento ou a solicitação de indiciamento de pelo menos duas dezenas de pessoas, Comissão de Ética e solicitação de indiciamento de mais de duas dezenas de pessoas de imediato, pelo que a senhora falou aqui... Agora, falta o que a nossa Relatora apresentou como questão que é: quem financia? Se é R$20 mil para colocar uma hashtag no topo, e não deve ser menos, porque para você atingir o País inteiro, com a quantidade de robôs, com tudo isso... Então, imagine que eu recebo pelo menos três ou quatro por dia diferentes, e cada uma deve ter custado R$20 mil para chegar aqui. Eu estou falando de temas distintos, não é o mesmo tema, são narrativas sobre determinado assunto que é distinto. Portanto, é um esquema milionário que está por trás para dividir a sociedade, para criar uma cultura do ódio, do fascismo, coisas de que a gente se protegeu e se libertou. Há quase 80 anos, a gente se libertou dessas iniciativas, e a gente ia muito bem. E agora a gente volta a resvalar nessa questão.
Por fim, como toda ausência produz uma interação usada, eu quero dizer a todos que, na reunião passada desta Comissão, eu disse que não tinha processo criminal, e não tenho. Tenho processos administrativos por improbidade, porque fui gestor ao longo de oito anos, mas nenhum por desvio de dinheiro, malversação de dinheiro ou por enriquecimento ilícito, natural de quem é gestor público. Agora, eu queria dizer que uma fake news foi produzida aqui depois da minha declaração dizendo que eu era processado, aí caracterizando como pessoa processada por ação penal, quando eu não tenho nenhuma ação penal, nunca tive e não tenho, certo? Queria deixar isso claro para poder em todo o Brasil que está ouvindo não pairar a dúvida que é plantada de forma intencional, desrespeitosa, o que é a prática de quem construiu esse caminho de destruição da nossa democracia e do funcionamento das instituições democráticas, porque a agressão é contra pessoas, contra as instituições democráticas, contra a política. Portanto, se é contra a política, é contra a possibilidade da representação popular. Se é contra a representação popular, é porque o povo não precisa participar. Como foi dito por um dos que foi elencado aqui como chefe desse esquema, é mais importante uma pessoa do que uma instituição, do que um Estado. Portanto, há aqui apologia ao autoritarismo e à atividade individual, ao exercício do Poder como sendo algo divino.
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(Soa a campainha.)
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT - SE) - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Eram essas as minhas questões.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Passo a palavra para a nobre Deputada Joice.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Só para deixar bem claro, Senador, eu sou contra qualquer autoritarismo, seja de esquerda ou de direita. Eu, como disse no começo, permaneço 100% liberal, conservadora nos costumes, e sou de direita. Ser de direita é uma coisa; ser autoritário ao extremo é outra coisa. E quero só deixar bem claro que eu também sou a favor do excludente de ilicitude, com regras, obviamente, mas sou a favor, Senador.
Em relação ao Meyer, eu não tenho conhecimento se ele financiou alguma atividade. O que eu sei é que o Meyer fez alguns jantares em casa, recebeu o Presidente durante a campanha, mas nada que tenha publicidade ou que tenha a ver com financiamento.
Em relação a essa Taiza, eu acho que eu não a conheço. Eu não me lembro dela, mas ouvir falar alguma coisa que ela seria ligada a um hotel. Eu ouvi falar alguma coisa a esse respeito. Mas aí também fica... Eu não tenho nenhuma prova sobre isso. Eu ouvi falar. Dessa história que o senhor ouviu, eu também ouvi falar. Se eu não me engano, essa moça é ligada a um hotel. Mas eu estou dizendo tudo em hipótese, porque eu não me lembro, eu não tenho relacionamento com ela. Pode ser que eu a tenha visto em algum momento.
Em relação aos Parlamentares que o senhor citou, o Filipe, a Carol, o Príncipe, a Carla Zambelli, e aos nomes dos assessores, eu acho que a gente tem que esperar a quebra do IPs, a gente tem de chegar aos IPs. Aí a gente vai saber exatamente de onde isso saiu, quem está fazendo isso e a que horas isso foi feito. É o mais natural a se fazer. Que há uma coordenação, uma disseminação de material de ataque por esse grupo, isso é óbvio, é público. É só olhar, é público!
Inclusive, eu achei aqui o meme que foi feito pela Deputada Bia. Realmente, não há a facada; há a imagem do Adélio. Está lá a imagem do Adélio e a minha imagem, comparando-me a essa pessoa. Ele está aí, já foi passado aqui para vocês.
Então, eu acho que o caminho mais racional é a gente buscar a verdade através das quebras e chegar a esses IPs. Se a gente chega ao IP... É claro que, como eu disse para vocês, muita coisa foi deletada. Até saiu uma notícia agora, recentemente, de que o Carlos teria se desfeito de um computador. Não sei se isso é verdade ou se não é verdade, porque também a gente não pode acreditar em tudo que falam em tudo que é lado, não é? Mas que pessoas começaram a destruir provas é público e notório, tanto que eu preservei as páginas com o perito. Senão, o que ia acontecer? Eles iam dizer: "Não! É fake news. Isso aqui não aconteceu, não! Isso aqui não existe". Então está tudo preservadinho.
Sobre o Vem Pra Rua, é isso, eu conheço o Chequer, fui a alguns movimentos, a algumas manifestações que foram promovidas naquela época em que os movimentos estavam nas ruas. Aliás, fui a vários movimentos, mas desconheço essa doação, se houve ou se não houve, apesar de ter ouvido falar. Mas, se ouvi falar sem alguma prova, aí eu não posso afirmar.
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A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, eu gostaria de usar da palavra por um minutinho, como eu fui citada aqui.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - É pela ordem, Deputada?
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP. Fora do microfone.) - Tem de se inscrever.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Fora do microfone.) - Pela ordem, tem de se inscrever.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu estou inscrita, mas vou ter que ir a uma reunião.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Não! Está todo mundo inscrito.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Há uma ordem de inscrição, Presidente.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Está todo mundo inscrito, Presidente.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, quero falar sobre a citação que foi feita.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Pela ordem, Presidente!
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu quero fazer um esclarecimento.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Vamos respeitar a inscrição!
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Ela foi citada.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Vamos respeitar a inscrição!
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu estou inscrita!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Srs. Deputados...
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu quero falar sobre essa citação.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... a nobre Deputada foi citada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Obrigada, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Esta é uma regra: quando a pessoa é citada, ela tem que ter o direito de resposta. Isso é normal.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Para explicação pessoal.) - Obrigada, Presidente.
Com relação a esse post que a Deputada Joice citou, eu fico aqui pensando.
Considero que é uma questão de inteligência, Deputada, conseguir compreender o que é uma figura de linguagem, uma metáfora. Veja bem: o que eu usei...
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, por favor, assegure a minha palavra.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputada, a sua palavra está assegurada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Só não posso fechar a boca dos seus colegas. (Risos.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Pois não, mas retornar o meu tempo o senhor pode.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Não, a senhora não perdeu o tempo. Estou lhe concedendo um tempo.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Então, o que eu postei foi uma capa de uma revista - não sei se foi a Exame, não sei qual foi - com uma declaração do Deputado Bozzella, amigo da Deputada Joice, que afirmou que o PSL estava pensando em lançar a Deputada Joice candidata à Presidência, para concorrer com o Presidente Bolsonaro em 2022. Foi uma declaração do Deputado Bozzella em uma revista oficial. Eu peguei a capa da revista onde aparecia a figura da Deputada Joice, botei o rosto do Adélio e falei: "E nós pensávamos que a maior facada que Bolsonaro receberia nas costas seria a do Adélio!" A maior facada seria a do Adélio.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Que comparação, hem?
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - A comparação, para quem tem um mínimo de inteligência... Quando eu falo em facada, eu...
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, por favor, por gentileza... Se as pessoas que aqui estão presentes, algumas delas têm um pensamento linear e não conseguem compreender facada como traição...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputada, responda...
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Não compreendem traição como facada! O que eu quis dizer é bem claro. Qualquer pessoa com um mínimo de inteligência entende que facada significa traição, que facada nas costas é traição. Eu juntei a figura do Adélio, que deu uma facada horrorosa, num atentado... Em nenhum momento, eu me dirigi à Deputada Joice como homicida, como assassina. Ela fez esse tipo de mi-mi-mi e falou: "Ah, me comparou com um assassino!".
Não, Deputada Joice! Eu espero que a sua inteligência seja suficiente para entender que facada significa traição.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Conclua, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - E, se V. Exa. não está feliz de ser chamada de traíra, de traidora, espere para ver as redes sociais hoje...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Já usou o tempo, Presidente.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Não é V. Exa. que diz isso.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Conclua, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Estão agora...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Presidente, há uma ordem de inscrição.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Peço que conclua, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - As redes sociais estão chamando...
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Isso é ameaça de fake news.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... a Deputada Joice de traíra...
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Está ameaçando...
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... de traidora e...
(Tumulto no recinto.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputada, V. Exa. pediu um minuto porque foi citada.
(Tumulto no recinto.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa. pediu um minuto porque foi citada, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Fora do microfone.) - Mas eu não consigo ser ouvida!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu já lhe concedi quatro minutos, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu quero falar, Presidente!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A senhora pediu um minuto porque foi citada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu quero dizer o seguinte...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Peço para concluir, por favor.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, quero dizer que quem está escrevendo "traidora" nas redes agora não são robôs, são pessoas privadas, indivíduos. E, se a Deputada não gosta disso, paciência! Mas é o que o público acha dela!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra o Deputado Alexandre Frota.
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O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Para interpelar.) - Presidente, muito obrigado.
Cumprimento a Deputada Joice e a nossa Relatora Lídice.
Primeiro, quero lhe dar os parabéns pela construção e pela explanação da verdade, porque nós estamos aqui falando a verdade. E eu sou testemunha - sou sua testemunha - da maioria das coisas que ali você colocou.
Inclusive, eu trago, para deixar à disposição... Eu gostaria que o pessoal, os técnicos da CPMI viessem aqui buscar, por gentileza. Trago aqui documentos para corroborar tudo que a Deputada Joice falou. Está aqui! Por favor! O técnico está ali conversando... Por gentileza, amigo, tenho aqui um material para o senhor pegar.
Deputada Joice, eu vou relembrar aqui... Apesar de a senhora ter sido elegante e não querer relembrar, eu vou relembrar aqui: onde ficou todo aquele seu trabalho desde a campanha e pré-campanha? Eu a acompanhei, sou testemunha. Muitas vezes, eu estava lá ao seu lado. Onde ficou o seu trabalho?
Numa terça-feira, a senhora foi dispensada pelo Presidente Bolsonaro. A senhora era a Líder do Governo. E aí, na quarta-feira, a senhora amanheceu como? Eu anotei aqui. Desculpem-me as mulheres presentes, mas eu vou falar. A senhora amanheceu como amante, prostituta, traidora, vagabunda, mentirosa, pilantra - "aproveite o seu primeiro mandato, que será o último" -, gorda, porca, sem noção, pretensiosa, falsa, interesseira, oportunista, leviana. Mas antes não o era!
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Antes? O senhor a chamou de vagabunda uma vez.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Antes, não o era.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - O senhor a chamou de vagabunda...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Antes, não o era!
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - ... neste ano!
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Por favor, eu estou com a palavra!
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Ele mesmo...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Estou com a palavra aqui, por gentileza.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O nobre Deputado está com a palavra, Deputada.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Estou com a palavra aqui, por gentileza.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa. está inscrita para falar no seu momento.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Então, a senhora, da noite para o dia, se tornou esse personagem, por fazer o contraditório, por não aceitar participar desse processo infeliz por que muitos Deputados, aqui dentro, já passaram, inclusive eu.
Deputada, alguns Deputados da ala extremista, da base de Bolsonaro, vivem aparecendo nesta CPMI aqui para dizer que ela não deveria acontecer. Isso é estranho, é curioso, pois a investigação sobre manipulação dos debates nas redes é um tema mundial. Ontem mesmo, tivemos a presença de representantes das agências de checagem, mostrando a importância do tema. E, aqui, fortes pessoas ligadas diretamente ao Presidente estão trabalhando em cima da manipulação e do debate político. Aliás, a coisa é grave ao quadrado, pois, além da manipulação do debate, temos um excesso de perfis falsos e um grupo seletivo, sectário, atuando nessa manipulação. Sendo assim, há gente que diz que esta CPMI não deveria acontecer.
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Então, é importante dizer algumas palavras sobre as cinco estratégias que podem ser observadas na manipulação do debate que vemos no Brasil. Acredito que, se ficarmos focados nessas cinco estratégias, conseguiremos entender como essas milícias virtuais atuam. Há perfis falsos organizados, como a senhora bem mostrou ali, comportamento sectário, linchamentos virtuais, mídia amadora, levantamento artificial de temas. Então, nós temos aí à conclusão de que isso realmente existe.
O Gen. Santos Cruz esteve aí sentado no seu lugar. Ele afirmou para todos aqui que quem contratou o Gabinete do Ódio, a pedido do Presidente Bolsonaro, foi exatamente ele. Isso passou pelas mãos dele. Ele contratou aqueles três elementos lá. Ficou bem claro isso aqui. Nós ouvimos da boca dele, não ouvimos da boca de ninguém!
Aqui ninguém traiu! Aqui nós estamos lutando e não aceitamos essa vagabundagem que estão fazendo! Essa é a verdade! É vagabundagem!
Então, quero perguntar para a senhora: sim ou não? Existe dentro do Governo Bolsonaro a milícia digital?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Dentro do Governo? O Gabinete do Ódio existe.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Muito obrigado.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Então, existe.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Muito obrigado.
Há alguém aqui, dentro desta sala, que a senhora suspeita que faça parte também desse grupo? Sim ou não? Não precisa dar nomes. Sim ou não?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Fora do microfone.) - Tem de dar nomes.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Sim ou não?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Não, eu não quero que ela dê nomes. É um problema... Eu não quero.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Mas tem de dar nomes.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Não, eu não quero!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Vamos descobrir nos IPs.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Sim ou não?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - É sim ou não?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim!
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Muito bem, muito bem!
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Fora do microfone.) - Eu quero saber quem é...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Eu quero saber se o Presidente usa o celular para a lista de transmissão dele? Eu quero saber isso. Sim ou não?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Muito bem, muito bem!
A senhora sabe quem é Douglas Garcia e Edson Salomão? A senhora apresentou todos eles ali. Fazem parte do Direita São Paulo, que agora está fantasiado de Movimento Conservador, lançado naquele stand-up comedy do Eduardo Bolsonaro, pago pelo PSL por R$800 mil, mais ou menos. A senhora conhece estas pessoas, Douglas Garcia e Edson Salomão?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Pessoalmente, não. Pode ser que eu os tenha encontrado em algum movimento de rua ou alguma coisa assim, mas não tenho nenhuma relação, não sei o telefone, nada. Eu conheço o Gil.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - A senhora apresentou ali?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É. O Gil, eu o conheço.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - E a senhora me fale uma coisa: o Movimento Direita São Paulo, a senhora já tinha ouvido falar nele?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Já.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - No Direita São Paulo?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Já sim.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Muito bem. E no Movimento Conservador também?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Deputada, eu tenho recebido muitos questionamentos de pessoas que não entendem por que V. Exa. se afastou do Presidente. Além disso, perguntam também por que foi chamada de traidora em algumas matérias e também nas redes sociais. Há relatos seus dizendo que não traiu ninguém. Se V. Exa. não traiu, deve ter discordado do Presidente, em algum momento, em alguma coisa. Eu gostaria que, neste momento, a senhora falasse para a gente do que a senhora discordou.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Aconteceu uma movimentação dentro do nosso Partido, o PSL, para que houvesse uma troca de Liderança. Todos vocês sabem que o Delegado Waldir era o Líder até há pouco tempo. E, à época em que o Delegado Waldir foi indicado pelo Eduardo Bolsonaro - porque foi o Eduardo que o indicou -, essa reunião aconteceu na presença do Presidente, eu fui contra e pedi eleição. E havia outras pessoas contra: eu me lembro de que o Filipe Barros era contra, o Girão foi contra... A gente se organizou porque queria eleição. Houve um processo de convencimento: "É bom deixar o Waldir, porque ele tem mandato...". Eu recuei. Eu nem conhecia o Waldir pessoalmente. Eu recuei, e nós demos a palavra - e, veja, quem indicou foi o Eduardo - de que ele ficaria este ano como Líder e tal.
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Como houve a movimentação do partido, e eu acompanhei ministros ligando, chamando Deputado lá - "Ó, tem uma lista aqui, ó! Você pode assinar. Se não quiser assinar, também não tem problema" -, eu falei com o Presidente: "Presidente, vai dividir o partido. Está errado. Vai dividir o partido". Falei com o Ramos também, o Gen. Ramos. Escrevi: "Isso vai dar uma caca enorme" - eu usei outra expressão. "Isso vai dar uma caca enorme...". Essas conversas estão meu celular. Justamente porque era óbvio e notório que ia dividir o único partido cem por cento aliado com o Presidente. A minha função como Líder é conseguir mais gente para a base, e não dividir a base. E a única base que tinha era o PSL, a única que votava cem por cento com o Presidente e continuava votando nas coisas que são boas para o Brasil, mas, de uma certa forma, esse grupo de Deputados ganhou uma liberdade de opinião maior em temas que nós acreditamos que são contra o Brasil, como aquela flexibilização na reforma da Previdência, que foi uma orientação do Palácio. Eu fui contra. Na CCJ, consegui segurar, depois não teve como - você acompanhou bastante, Deputado. Então, foi por isto, especificamente por isto: porque eu não assinei a lista do Eduardo.
Eu até tive uma conversa com o Presidente pelo WhatsApp e tal. Estava... Ele mandou um comentário numa lista de transmissão, eu não gostei, falei "pô, o que que é isso?" e tal. Ele falou: "Não, não fui eu". Eu falei: "Foi sim, porque eu estou aqui com o print" e tal. Aí eu disse para ele: "Isso vai dar problema. Você vai perder os seus maiores aliados. Você precisa segurar esses meninos. Segure esses meninos, porque você vai perder os seus maiores aliados". E aí aconteceu isso. Isso foi num dia; no outro dia, o Senador Eduardo Gomes me ligou. Na verdade, ligou para um amigo meu e falou: "Olha, a conversa com a Joice, eu achei até uma sacanagem o que fizeram, porque me chamaram aqui no Palácio e"...
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE. Para interpelar.) - Senadora, essa mensagem que o Presidente encaminhou era verdadeira ou era fake news?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Era um texto, que eu não sei quem escreveu, mas um texto muito pesado, xingando vários Parlamentares. Era uma opinião, sei lá o quê, mas um texto muito agressivo mesmo e que, por óbvio, poderia causar um problema aqui dentro, não é? Um texto muito pesado. E por isso que eu chamei a atenção dele.
Como eu sempre tive uma relação muito franca, eu ainda falei: "Presidente, conte comigo para o que for, agora não conte comigo para fazer aquilo que vai prejudicar o Brasil e nem para ficar alisando esses meninos". Isso eu digo desde a época da campanha. E aí, no outro dia, já se começou lá com a hashtag "traidora" e tal, criando essa narrativa.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Muito bem. Eu vou aproveitar este momento aqui - restam 2m40 - que os personagens estão dentro desta sala. Vou aproveitar o Deputado Abou Anni, que está do meu lado...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Só para concluir, Frota...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Pois não.
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu nunca, nunca traí ninguém. Se se fizer um histórico de toda a minha atuação, do que eu fiz como Líder do Governo no Congresso, das vitórias que eu entreguei...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Sim.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... para o Presidente, trabalhando e muito, às vezes convencendo até gente do meu partido, que "Ah...", a oposição votando conosco às vezes. Então, nunca houve isso.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Eu sou testemunha.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Se há alguém traído na história, esse alguém sou eu.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Eu sou testemunha.
Quero aproveitar os personagens aqui dentro: o Deputado Abou Anni, que se encontra aqui do meu lado, do PSL; a senhora também. Nós tivemos uma reunião - eu, a senhora, o Abou Anni, o Luciano Bivar, Presidente do PSL, e o Eduardo Bolsonaro -, para discutirmos a sua possível candidatura a Prefeita do Estado de São Paulo, da cidade de São Paulo.
Nessa ocasião, à mesa sentados eu, o Abou Anni, a senhora e o Eduardo Bolsonaro, ele me questionou algumas coisas, principalmente por eu ter falado que era hora de colocar fogo no parquinho. E aí ele menciona ali, naquele momento, e eu achei até que em tom de ameaça...
(Soa a campainha.)
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - ... "Basta uma tuitada minha, e você será detonado no Twitter". Estávamos eu, o Abou Anni, a senhora e o Luciano Bivar. Ele falou ali na minha cara isso.
A senhora acredita que ele e o filho e o irmão, o Carlos Bolsonaro, realmente participam e comandam essa operação, como a senhora mostrou ali? A senhora afirma aqui?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Pelo menos essa parte da operação sim. Isso é claro e notório.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Perfeito. Perfeito.
Presidente, quero agradecer. Muito obrigado.
Parabéns pela sua explanação. Não se sinta intimidada aqui dentro, continue com essa força. E muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA. Fora do microfone.) - Passo a palavra para a Deputada...
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Presidente... Pela ordem, Sr. Presidente. É que eu fui citado - Deputado Bozzella - e queria um minuto só para esclarecer.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Fora do microfone.) - É verdade.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concedida, Deputado. V. Exa. foi citado anteriormente à pergunta do Deputado Frota.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP. Para explicação pessoal.) - Só para a gente esclarecer como funciona o modus operandi... Eu queria até questionar, Deputada Joice, se, em algum momento, V. Exa. disse que seria candidata...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - É para responder ou questionar, Presidente?
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - ... à Presidência da República.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - "Se em algum momento..." - desculpa...
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Houve um pronunciamento oficial seu de que seria candidata à Presidência da República.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, claro que não.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Nenhum? Zero? Então, a senhora não é traidora, para deixar claro.
Houve uma manifestação minha...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Escuta, mas vamos supor que fosse verdade. E daí? A gente está numa democracia!
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Perfeito. Perfeito. E o...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Tantas quantas pessoas eventualmente quiserem disputar a Presidência da República podem disputar. Isso não faz de alguém mais ou menos traidor ou não traidor. A eleição é em 2022. A gente fez uma eleição agora, para trocar de Presidente, e trocamos: está aí o Presidente. Vai haver uma eleição em 2022. E é democracia: é legítimo que, quem quiser... Ainda que eu não tenha, em nenhum momento, dito nada a esse respeito.
Acho que foi até o senhor, Deputado, que fez um comentário, por conta da minha votação em São Paulo.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Então não houve uma manifestação oficial por parte da Deputada nem do partido...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim, pessoal.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - ... mas uma manifestação da minha parte, de que ela seria um nome. Então, a fake news está mais do que clara e ratificada pela Deputada, porque ela disseminou essa informação de forma equivocada, comparando a foto da Joice com a do Adélio. Então, isso induz as pessoas a entenderem que ela seja traidora, porque o Adélio deu a facada no Bolsonaro. Então, esse é o modus operandi que é preciso deixar claro, para que a gente possa tomar as devidas providências.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O.k., Deputado.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Olha, eu não uso modus operandi de ninguém não. Eu fiz o meu post...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Deputada Natália Bonavides, do Rio Grande do Norte.
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A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... e não vou aceitar aqui ficar me colocando como modus operandi de ninguém, não.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ai... É difícil, não é, Senador?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Presidente, só um minuto. Eu trouxe aqui um bolo, porque a gente tem que comemorar um ano do caso do Queiroz. Está certo?
(Manifestação da plateia.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Deputada Natália... A Deputada Natália estava tão sisuda... Com o bolo, até abriu um sorriso!
(Tumulto no recinto.)
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Podemos restabelecer a ordem, para a gente começar?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A palavra está com a Deputada Natália.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Obrigada, Presidente.
(Tumulto no recinto.)
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Eu vou aguardar o Plenário silenciar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Senhores que estão no plenário, por favor. Há uma oradora...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deixe o Frota só tirar a foto.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... usando a palavra.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ele está tumultuando a sessão. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pronto: tirou a foto do bolo, filmaram, tudo bem.
Com a palavra a Deputada Natália.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN. Para interpelar.) - Obrigada, Presidente.
Deputada Joice, esta Comissão agradece a sua disponibilidade de estar aqui colaborando com os trabalhos desta CPMI. Inclusive, a senhora traz investigações que mostram descobertas muito semelhantes às que esta CPMI vinha identificando. Eu queria registrar que esse depoimento está sendo de enorme importância para os trabalhos da Comissão, e a senhora vem aqui trazendo provas contundentes sobre essa organização criminosa que está em curso no Brasil.
A senhora fala aqui de quase 2 milhões de robôs operando esse esquema de manipulação operado pelo clã Bolsonaro e pelo gabinete do ódio. Aliás, gabinete do ódio que, segundo a senhora informa aqui, durante a Comissão, teve o grupo deletado. E eu já deixo registrado, Presidente, que nós vamos requerer a quebra do sigilo desse grupo, através do acesso ao seu histórico, e também o IP dos membros desse grupo que a Deputada mencionou.
E realmente a senhora traz o retrato do que está acontecendo hoje no Brasil, que é extremamente grave. Um Brasil em que opera uma organização criminosa, que, semana passada, a gente já delimitava aqui e que a Relatora, Deputada Lídice, muito bem definiu: organização criminosa no sentido jurídico, de ter inclusive núcleos organizados - um núcleo político, um núcleo operacional, um núcleo distribuidor e um núcleo econômico.
E a senhora foi chamada de alguns termos bastante pesados - alguns o Deputado Alexandre Frota já aqui mencionou -, e eu peço até licença e escusas, mas chamada de canalha, de cretina, de porca, de prostituta de esquina, de ordinária... Isso está acontecendo agora, inclusive. Nós estávamos verificando as redes sociais durante o acontecimento desta reunião, e isso se repete agora, novamente, contra a senhora. Não posso nem imaginar o que é ter um filho vendo esse tipo de coisa. E a nós, da CPMI, sempre pareceu, e a investigação da senhora também vem corroborar, que eram ataques orquestrados, não só para ofender, não só para difamar, mas também para espalhar notícias falsas.
E a senhora já vinha falando na imprensa sobre a participação dos Srs. Carlos e Eduardo Bolsonaro e, hoje, confirmou essa participação dos dois na milícia virtual, e eu queria que a senhora se aprofundasse um pouco nisso. A senhora fala que essa milícia envolve assessores formais desses Parlamentares, inclusive pagos com dinheiro público. A senhora chegou a mencionar um assessor chamado Dudu Guimarães, aqui da Câmara. Eu queria saber se identificou outros assessores aqui da Câmara, não de Assembleias Legislativas, que pudesse nominar.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Há outros assessores em alguns gabinetes, mas é importante, para que a gente tenha essa informação sem nenhum risco de cometer uma injustiça, fazer a quebra desse IP. Por quê? Porque uma coisa é: o gabinete do ódio comenta, o outro diz "não, é o assessor do Flávio que está no Rio", "não, é o assessor do Eduardo", "é o assessor do Carlos", "ah, é a ex-namorada que tem um grupo"... Isso é uma coisa. Isso é dizer. O que eu estou falando é do que eu tenho prova. Então, vocês ouviram o áudio do assessor do Eduardo... É só olhar e pronto.
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Agora, que eles comentam entre eles que há indicação de assessores para isso há, só que eu não posso afirmar, porque o que eles produzem de bobagem pode também, eventualmente, comprometer alguém que seja inocente. Aí, o problema é você... Mesmo que seja só um inocente, no meio de um monte de gente, fazendo isso, eu não posso cometer esse...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Perfeito.
E de assessores, digamos assim, informais, Deputada? A senhora tem conhecimento?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Assessores informais...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Por exemplo: é público e notório que existe uma investigação contra o Senador Flávio Bolsonaro sobre um esquema de "rachadinhas", que confiscava o salário dos funcionários, e em que o próprio Queiroz, o braço direito da família Bolsonaro, afirma que...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - ... usava esse dinheiro para contratar assessores informais. Eu queria saber se a senhora tem conhecimento de se assessores informais, dessa forma, atuavam nessa milícia virtual - dessa forma como os assessores que o Queiroz selecionava para o Senador Flávio.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja: eu não conheço. Eu não os conheço. Não sei. Então, é uma pergunta que tem que ser feita para o Queiroz mesmo, porque não é uma coisa que eu possa responder. Até acho...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Faz um ano - não é? - que nós estamos...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Até identificar quem é assessor ou não assessor... Eu não... Assim, quem acompanha o Deputado A, B ou C? O que está no Portal da Transparência a gente consegue, o que tem informação a gente consegue, mas tem há gente aí que...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O Vereador Carlos Bolsonaro fez ou utilizou um desses perfis chamados Pavão Misterioso?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Olha...
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE. Fora do microfone.) - É quem é o Pavão.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É quem é o Pavão? Essa é a pergunta, não é? Quem é o Pavão?
A gente pediu a quebra também do sigilo. Assim, o que... Olhando o modus operandi da atuação do Pavão Misterioso, eu, seguindo o rastro - e eu sou jornalista de investigação. Então, seguindo o rastro -, parece-me que não é uma única pessoa. O Carlos fez uns tuítes me agredindo, logo que eu saí daqui, e eu caí na besteira de respondê-lo no mesmo nível. Tanto que depois eu apaguei, porque, assim... Não dá, não é? Não dá.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - A senhora sabe se ele seria um dos...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu, eu... Eu fiz uma provocação no Twitter.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - ... do Pavão?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Falei assim: "Ah, pavão...". Mas, assim, pelo volume de informação que há ali e coisas que são sigilosas, documentos, há mais de uma pessoa, com certeza, operando o...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - A senhora acha que uma dessas pessoas - mais de uma pessoa - seria o Vereador Carlos?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não posso achar. Achar é para amador, não é? A gente tem que seguir o IP e chegar a essa pessoa.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Perfeito.
A senhora mencionou que, no contexto dessa investigação, alguém, pessoas teriam destruído computadores. A senhora sabe identificar quem?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Saiu uma notícia, acho que no final de semana, de que o Carlos teria destruído um computador.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - A senhora mencionou também pessoas que teriam destruído HD. A senhora sabe identificar?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Quando a gente começou a fazer, eu comecei a fazer os levantamentos...
(Soa a campainha.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... claro que as informações circulam - não é? -, e nós vimos páginas sendo apagadas, muitas sendo apagadas. E, aí, uma das minhas fontes nesse processo todo disse: "Olha, eles estão destruindo HDs. Já estão destruindo, já estão colocando furadeira...". E por isso mesmo que a gente pediu...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Mas a senhora tem capacidade de identificar quem estaria destruindo?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ah, não posso... Não posso.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Certo.
Eu queria, Presidente, que se retificasse meu tempo. Eu acho que foi contado de forma equivocada. Eu acho que ainda tenho um tempinho.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Não deu todo o tempo não.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Continuando, Deputada, a gente estava aqui falando a respeito dos núcleos dessa organização criminosa. A senhora mencionou os Srs. Tercio, José Matheus, Mateus Matos... A senhora chegou a conhecer pessoalmente os três?
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não tive nenhum contato com eles. De vez em quando a gente se cruzava, ali pelo Palácio, mas vamos dizer que a patota deles é isolada ali. Eles trabalham fechados ali. Então, eu não tive nenhum contato próximo dos três.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Nessa organização, qual seria o papel deles? Eles que estariam nessa função de orientação? Seriam parte do núcleo político que dá o comando, que orienta?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Segundo as conversas que foram pegas ali no grupo do gabinete do ódio, além de orquestrar esses ataques, eles teriam a função ideológica, e isso é uma reclamação constante de alguns ministros, a função de sempre provocar o Presidente a reagir de maneira mais agressiva. Então, aquelas declarações mais duras, aquele quebra-queixo... E o próprio Ministro Ramos, algumas vezes, e os outros ministros que saíram reclamaram disto: "Olha, a gente precisa apaziguar, e os três ficam o tempo todo colocando mais lenha na fogueira e levando o Presidente a ficar mais agressivo, a, às vezes, atacar uma ou outra figura...". Então, o papel deles ali é isso, é esse.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Esse gabinete do ódio... A prioridade de atuação deles seria o Twitter, o Facebook ou o WhatsApp?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja, a análise que eu fiz foi do Twitter. Por quê? Porque há softwares que conseguem identificar a atuação e os robôs. Dentro do gabinete do ódio, desse grupo específico, do secret ali, você vê que são 21 perfis de Instagram só nesse grupo, interligados, e esses perfis de Instagram distribuem para as páginas de Facebook. Então, todas as redes são usadas - o Twitter, com hashtags e tal... -, mas a produção desse conteúdo, de memes, é feita e distribuída do Instagram e passada para as páginas de Facebook.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E sobre o WhatsApp? A senhora...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Do WhatsApp, aí, aí é...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - ... tem conhecimento de quantos grupos, de quantos perfis, números?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - De quantos não, mas são muitos grupos. Muitos, muitos, muitos, porque, veja, os telefones vão sendo incluídos, né? Cada dia aparecem zilhões de grupos. Então, são muitos grupos.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Teria impulsionamento através de WhatsApp? A senhora sabe por onde começa? Vai do WhatsApp para as outras redes? Das outras redes para o WhatsApp?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não. Primeiro, pelo que a gente levantou aqui, primeiro cria-se nas redes e, depois, até posts que são apagados circulam pelos grupos de WhatsApp.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E qual o papel do Sr. Filipe Martins nessa organização que comanda ataques e dissemina notícias falsas? Porque a senhora já traçou um perfil sobre o Sr. Filipe Martins, mas que papel ele exercia nessa organização? De coordenação? Ele que dá comandos?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja, quando eu estou falando de uma organização criminosa, eu não estou me referindo especificamente ao Filipe, ao Tercio, ao fulano... Eu estou mostrando o modus operandi, eu estou mostrando gente ganhando dinheiro público para atacar pessoas, tá? Então, só para a gente... Para não ficar...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Mas ele faz parte do gabinete do ódio?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... para não ficar, para não ficar focado tudo em três pessoas. Não é isso.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Mas o Sr. Filipe faz parte?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim, sim, o...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Ele que coordena os três, os outros três?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Filipe é muito próximo do Carlos. E, segundo o pessoal mais próximo ainda, os ministros ali, é ele quem influencia. Tanto que o Santos Cruz, isso acabou... É público entre os ministros que o Santos Cruz, certa vez, teve uma discussão muito pesada com ele, numa reunião ministerial. Chamou de moleque, foi uma confusão danada, justamente por conta dessa incitação sempre, de atacar...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Conclua, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... tentando atacar pessoas e...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Então o gabinete do ódio efetivamente funciona dentro do Planalto?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eles estão lá, né?
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Inclusive, a senhora até mencionou ministros que chamavam de outro nome, "gabinete da maldade"... Que ministros reconheciam a existência desse grupo?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Os que estão dentro do Palácio. Todos sabem.
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A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Os que estão dentro. Então é notória, no Palácio, a existência desse grupo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Então o Presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, também sabe da existência desse grupo?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não sei se ele sabe dos detalhes, dessas combinações de grupos secretos...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O que que ele sabe?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... de Instagram, sabe, essa coisa toda muito eficiente, no papel de denegrir.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Do que que ele saberia?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não... Eu imagino, por óbvio, que o Tercio e os dois Mateus que estão lá, o Presidente sabe que eles ficam produzindo material. Agora, o nível de organização disso eu não sei se o Presidente sabe.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - A senhora identificou alguém que orientou, ou determinou, ou sugeriu que o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, virasse alvo dessa organização criminosa?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ah, o gabinete do ódio, o tempo todo. O Davi também, o Davi Alcolumbre também...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Era a minha segunda pergunta: se identificou também a orientação...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim, sim.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - ... de ataques ao Presidente do Senado, Davi.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim, sim.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - A senhora identificou também orientações de ataques a Ministros do STF?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Alguns dos prints das conversas a que a senhora teve acesso e está protocolando na Comissão têm essas sugestões, essas menções aos Presidentes da Câmara, do Senado e a Ministro do STF?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Tem nos levantamentos dos robôs.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E sobre o núcleo econômico, Deputada: quem financia? A senhora, aparentemente, nesse ponto, não teria tantas informações, mas quais informações a senhora tem? Além de muito dinheiro público, o que que mais financia essa organização?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não sei da onde vem o dinheiro, se os pagamentos de robôs são feitos individualmente por várias pessoas, por uma pessoa só, eu realmente não sei. Aí a importância para o País todo de que nós consigamos seguir o rastro, para entender se existe realmente um financiamento de uma pessoa com muito peso, mas eu não...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Ou agência...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - A senhora falou de subir hashtag no Twitter. Era subido com patrocínio ou eram só robôs?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, são as duas coisas.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - As duas coisas.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Há robôs e há gente...
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, o tempo.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E, sobre esses robôs, quem é que faz? Quem financia esses robôs...
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Parou...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não, eu não...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - ... quem são os desenvolvedores...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não consigo ouvir com todo mundo falando.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Presidente, garanta a minha fala, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Conclua, Deputada.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Já estou concluindo.
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Eu já estou concluindo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concluindo.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Já estou concluindo. Tanta gente falou sem estar inscrito, e eu peço essa tolerância.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Isso aí.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Deputada, sobre os robôs, quem faz os robôs? Quem desenvolve? Quem são os contatos, os desenvolvedores desses robôs?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ah, eu não sei. Eu não sei. Mas, assim, o que se comenta nos grupos é que os robôs não são daqui. São robôs de fora do Brasil...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Estrangeiros.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... que são...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Quem administra hoje as redes do Presidente, o Twitter do Presidente?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ah, tem que perguntar para ele, mas o Carlos já administrou.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Sei.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Hoje já não sei se administra. Lá atrás administrou, mas acho que deu...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - A senhora tem conhecimento sobre um vídeo falso...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concluindo, Deputada.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - ... que uma Deputada divulgou sobre as Farc?
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, há 20 pessoas para falar.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Tem conhecimento sobre a origem desse vídeo?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - A origem não, mas eu vi que foi um vídeo fake, não pegou muito bem, aí o vídeo foi deletado. Mas eu não sei quem passou.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E para finalizar, Deputada, porque já, o Presidente já está...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Finalize, Deputada.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - ... já está encerrando o meu tempo, o que foi que eles fizeram no verão passado?
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, tempo de Líder.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O Deputado Eduardo Bolsonaro havia tuitado uma imagem de uma cédula de R$3 com o rosto da senhora, e a senhora, em relação a isso, tuitou e falou: "Não se esqueçam de que eu sei quem vocês são e o que vocês fizeram no verão passado". Quem são? E o que que eles fizeram no verão passado?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, o caráter...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - A senhora se refere a esse esquema criminoso?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... o caráter, o caráter desses dois meninos...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - É algo que já acontecia no passado?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... tanto do Carlos quanto do Eduardo, foi muitas vezes questionado por mim, isso não é novidade. E, quando eu percebi que pessoas próximas, pessoas leais, eram alvos de ataques, como o próprio Vice-Presidente da República, como ministros, as minhas orelhas começaram a ficar mais em pé. Porque, no princípio, ficava aquela coisa de fake news para cá, direita fala, esquerda fala... Eu falei: Isso é conversa fiada da esquerda, que está falando de fake news, fake news, fake news... Vamos seguir a campanha. Toquei a campanha.
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Quando a coisa chegou, primeiro no Bebiano, aí no Santos Cruz e no Mourão, "alguma coisa está errada aí". E aí foi só puxando o novelo, e as informações estão aí.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - É algo, então, desde o passado da campanha.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O.k., Deputada.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Agradeço a tolerância, Presidente.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Deputada Louisiane Lins, do Ceará.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Dê-me o tempo de Líder, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Então, tempo de Líder à Deputada Bia Kicis.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Pela Liderança.) - Pelo tempo de Líder do PSL.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Sabendo V. Exa. que não poderá fazer perguntas à nossa convidada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Não posso fazer pergunta por quê?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Porque é tempo de Líder. Vá ler o Regimento.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Ah, é o tempo de Líder. O.k.
No tempo de Líder, porque eu também estou inscrita.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Marquem o tempo, por favor, nobres operadores.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Por favor, marcar o tempo de Líder.
Eu posso somar com o meu tempo, Presidente? No meu tempo, eu faço as perguntas que eu quiser. (Fora do microfone.)
O.k.
Pois bem...
O som está baixo.
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Aumentem o microfone da Deputada.
Alô, mesa...
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - A Deputada Joice fala em fake news, mas citou o caso de um homem que foi linchado, que isso deveria ser objeto de fake news. Aí era o caso de um crime. Mas esses dias a Deputada Joice também soltou um vídeo, publicou um vídeo do Pantanal, com jacarés, mostrando como fazendeiros do Pantanal maltratavam os jacarés. Essa postagem dela foi bastante repudiada por quem entende, por quem é do Pantanal, por quem trata da questão rural.
Então, eu quero dizer que, em primeiro lugar, nem tudo o que é postado e que não corresponde à verdade pode ser fake news. Às vezes, pode ser um engano da pessoa que recebeu uma notícia, postou, mas quando a pessoa...O que importa é o que é. Não está claro que é essa história de fake news, porque o que eu vi aqui, até agora, foi a Deputada Joice tratar esta CPI como se fosse a CPMI do não falem de mim, a CPMI do não façam memes, porque tudo o que ela falou, para mim, não tem nada de fake news.
Ela falou de injúria, possivelmente de alguma calúnia, de alguma injúria, e todos nós somos sujeitos a isso. É claro que, se crime for cometido, existe o fórum próprio para tratar disso, que a Justiça. Então, quando alguém fizer uma abordagem de calúnia, de injúria, e a Deputada Joice...Tudo o que ela mostrou que falaram dela, os memes, os desenhinhos, os posts...
Isso aqui está se tornando a CPMI do não façam memes, não falem de mim, não me chamem de traidora, mas a Deputada Joice não vai conseguir controlar as redes, porque as redes são utilizadas por pessoas. Não são robôs, não são assessores... Porque assessores...
(Manifestação da plateia.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Por favor, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Senhores do Plenário, por favor. Há uma oradora na tribuna.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - É impressionante como aquelas pessoas que se dizem da direita, mas que vão se juntando à narrativa da esquerda, tentam censurar. Caem na mesma historinha de tentar calar. Porque o que nós estamos fazendo aqui e correndo o risco de censurar a internet, que é um palco livre, para que todos possam se expressar. Porque crime, até agora, eu não vi nenhum.
(Manifestação da plateia.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Por favor, Presidente. Não é possível! Não é possível!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Sua palavra está mantida, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Mas eu quero silêncio, para poder falar, para que as pessoas possam me ouvir.
Então, é muito impressionante isso.
Então, o eu que tenho visto aqui é isso.
(Intervenção fora do microfone.)
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A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Aqui não há ninguém cometendo crime não. Aqui há uma Parlamentar no uso da sua palavra, sendo provocada...
(Tumulto no recinto.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu não posso fechar a boca de ninguém, nobre Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Mas V. Exa. pode botar ordem na Casa! V. Exa. pode botar ordem na Casa, isso sim!
Eu quero saber...
A Deputada Joice fez um documentário em que ela afirmava, nas redes, para quem quisesse ouvir, que, ao final do seu documentário, que ela filmou nos Estados Unidos, ela traria revelações bombásticas que acabariam ou abalariam o Governo - o Governo anterior, no caso. Ela iria fazer revelações terríveis, que iriam abalar... Então, era para que todos assistissem ao documentário, e essas revelações nunca vieram, assim como as revelações bombásticas que ela prometeu para hoje também não vieram. Então, interessante: parece-me que a Deputada pode ser, sim, uma propagadora de fake news.
(Soa a campainha.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - E eu quero perguntar à Deputada...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Perguntar não, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... usando o meu tempo...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Não pode perguntar nada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - O.k.. No tempo de Líder, aqui, eu vou concluir com uma indagação que não é feita à Deputada, mas é uma indagação feita ao universo, a todos que nos ouvem: se eu perguntasse à Deputada Joice Hasselmann quanto tempo falta para ela gritar "Lula livre", isso seria uma fake news, isso seria uma indagação Ou isso seria o meu direito de liberdade de expressão? É isso que eu gostaria de perguntar ao universo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Deputada Luizianne Lins, do Ceará.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deixa só eu fazer um comentário aqui.
Vocês percebem que é exatamente o modus operandi da narrativa, né? Quer dizer, você pega alguém que não concorda com um ponto específico, aí você já cola um selo: "É de esquerda! Está contra mim! Está contra o Governo!". É exatamente como a Deputada fala. Ela acaba de confessar, de ratificar o que eles fazem: criam uma narrativa que, inclusive nós, Deputados da direita, sempre criticamos. Quando na oposição, hoje, no pessoal mais radical do PT, a gente sempre criticou isso. Então, é exatamente isso. Quer dizer.... Veja: eu, Joice Hasselmann, que processei o Lula, que o Lula me processou! A gente brigou na Justiça, e todo mundo sabe - direita, esquerda, centro. Eu ganhei, graças a Deus!
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Eles estão copiando a esquerda.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - E, aí, vem com essa conversinha fiada.
Em relação ao meu documentário que foi citado pela Deputada, não precisou, porque o Pezão foi preso. E lá eu digo: "O Pezão foi preso". Era exatamente envolvendo o caso do Pezão.
Em relação ao vídeo do jacaré, eu faço questão aqui: não havia nenhum comentário, era só um vídeo que foi postado, e aí, estranhamente, um canal rural - eu até preciso pedir informações, para ver de onde está vindo o dinheiro - fez um editorial deste tamanho, enorme, ficou uns 15 minutos falando que eu desconhecia... Era um produtor que estava dirigindo um trator e filmando jacarés. Não fazia comentário. Quem fez comentário foram os seguidores.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Só perguntar para o... (Fora do microfone.) ... Nabhan.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu tenho as minhas suspeitas.
Aí, fez um editorial gigantesco sobre aquilo, com perguntas, assim, das mais imbecis, do tipo: "Onde estava a Deputada Joice Hasselmann quando houve seca no Mato Grosso?" Umas coisas, sabe? "Onde estava a Deputada Joice Hasselmann, eleita por São Paulo, quando houve queimadas no Mato Grosso?" Dá para ver que foi induzido. E, infelizmente, aqui eu vou ter falar isto porque, como foi na lista de transmissão para outra pessoa, eu me sinto livre para falar - as minhas conversas privadas com o Presidente eu prefiro reservar -: o Presidente passou, do celular dele, esse vídeo. Passou esse link do celular dele, e eu tenho o print disso.
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Então, é um tipo de coisa muito ruim. A gente tem que cuidar do País, gente. Isso aí é brincadeira de mau gosto.
Mas a Deputada referenda exatamente aquilo que eu disse. Daqui a pouco, eles vão fazer isto mesmo, começar a criar memes dizendo "Lula livre", e, obviamente, eu vou processar todo mundo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputada Luizianne Lins.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE. Para interpelar.) - Sr. Presidente, demais membros desta CPMI, em especial à Deputada Joice Hasselmann: queria dizer que tenho divergências com V. Exa. na política - sou de esquerda -, sou jornalista e tenho divergências também profissionais, mas quero me solidarizar com V. Exa., por ser mulher, por ser mãe, e, como V. Exa., também sou atrevida - imagine o que nós não sofremos e o que o machismo não faz para poder nos colocar numa situação de subordinação sempre. Acho que uma boa parte, inclusive, teve um cunho machista muito grave.
Mas quero dizer que tenho que admirar a coragem de V. Exa. de vir aqui dizer o que disse e com provas. V. Exa. não veio contar uma historinha. Se alguém está achando que isso que foi apresentado aqui não é algo muito grave, gravíssimo, de uma organização criminosa, aí realmente não sabe o que é democracia, não sabe o que é política.
Então, eu gostaria de fazer alguns questionamentos e já dizer que, pela minha experiência política - já fui Vereadora, Deputada Estadual, Prefeita de Fortaleza, Deputada Federal agora -, eu nunca vi algo parecido, até porque eu estudo esses fenômenos na internet e eles me apavoram, porque nós temos filhos. Eu tenho um filho, assim como V. Exa., que tem 19 anos, e a gente fica imaginando que mundo que a gente está construindo para eles e que exemplo nós estamos dando para eles. Porque é assim que a gente quer: nossos filhos vivendo num mundo muito melhor.
E eu acho que esta CPMI tem uma função fundamental de a gente desvendar essa organização criminosa, para que nunca mais ela faça o Brasil de refém ou as pessoas que aqui estão. E eu quero dizer até para os colegas aí bolsonaristas: isso se vira contra qualquer um; é só uma questão de tempo e é só uma questão de oportunidade. Por isso, é muito importante que as pessoas estejam conscientes disso.
Aí, eu gostaria de perguntar, Deputada Joice... Em primeiro lugar, se a senhora está disposta a ceder, porque, no histórico que V. Exa. apresenta, além dos números, eles também são eivados - porque nós também estamos entrando nessa investigação - de metadados. Esses metadados vão dizer quem participa dos grupos e quando os grupos foram criados, além de outras características que estarão certamente nas suas investigações. Eu gostaria de saber se a senhora vai ceder para esta CPMI esses metadados?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Eu preciso conversar com o meu advogado a respeito, até porque, no meu celular, por exemplo, há fontes que me passaram essas informações e que precisam ser preservadas. Eu sei o que eu estou aguentando: tem que ser muito forte para aguentar isso.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Imagino.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Então, assim, da covardia eu não sofro, não é? Mas, por óbvio, eu preciso preservar essas fontes, porque receber ameaça de morte, minha mãe receber ameaça de morte... Isso não é qualquer um que aguenta.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Não tenho a menor dúvida. Inclusive, na vida pública eu já fui linchada várias vezes, talvez não com essa virulência, porque não existia ainda o fenômeno da internet. Porém, hoje a gente vive isso.
Gostaria de saber - primeiro quero me preservar, não é? - quais são os nomes que V. Exa. disse que são do meu Estado, o Estado do Ceará, até porque certamente serei vítima, no próximo ano ou nos anos seguintes ou em qualquer momento, como tenho sido vítima. Então, quem, desse gabinete do ódio, desse esquema criminoso, é do meu Estado, o Estado do Ceará?
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Tercio e um dos Mateus.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - O.k.
Gostaria também de perguntar para V. Exa. o seguinte: a senhora disse que uma hashtag na rede pode custar até R$20 mil.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não é hashtag, é o disparo do robô.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - O.k.
Ou seja: como V. Exa. disse, isso custa muito caro.
Eu gostaria de perguntar: a senhora tem conhecimento de arrecadações promovidas pelo Sr. Luciano Hang, o dono da Havan, para impulsionamento de fake news ou de mensagens de ódio?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ele arrecadando dinheiro? Não tenho.
Eu conheço o Luciano. Conheço muito. Todo mundo conhece. Ele tem um jeito bem sui generis. Eu me dou muito bem com ele.
Isso que V. Exa. está falando também é aquela coisa de "ah, ouvi falar, ouvi falar...", mas eu não tenho informação nenhuma em relação a isso.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - E V. Exa. sabe se ele também é um disparador de fake news ou de mensagens de ódio pela suas próprias redes?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Para mim ele nunca mandou - para mim. Porque ele me manda algumas mensagens, manda WhatsApp, mas para mim nunca mandou.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - A senhora falou de um estúdio na casa de Paulo Marinho, durante as eleições. A senhora poderia falar um pouco mais sobre isso?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja, eu estive uma vez só na casa do Paulo, antes da campanha, antes da eleição, que foi exatamente nessa coisa entre primeiro e segundo turno, e o que eu sei é o que o próprio Ministro Bebianno havia comentado: o Presidente, uma das vezes, estava gravando... Deixe-me lembrar a data que foi... Vou me recordar já a data. Mas o Presidente usava o estúdio de gravação e fazia alguns vídeos ali. O filho do Paulo Marinho é um menino artista. Ele entende de redes...
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Como é o nome dele, Deputada?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Como é o nome do filho do Paulo? O André.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - É, André Marinho.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Inclusive, hoje ele está no Pânico.
Então, ele ajudou a criar algumas das peças para o Presidente, à época.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Gostaria também de saber... A senhora disse que o Presidente falou para o Deputado Alexandre Frota, pessoalmente: "Encaminha algumas mensagens que são duras." Não necessariamente seriam fake news, mas que são duras.
A senhora já recebeu ou conhece alguém que recebeu mensagens eventualmente falsas que foram enviadas pelo próprio Presidente, ainda que ele tenha enviado por engano, sem saber que eram notícias falsas ou fake news?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não vi... Na minha linha de transmissão, que eu recebi, eu não vi fake news. Eu vi, nessa lista, realmente ataques a pessoas, de maneira bastante dura. Tanto, que eu não repassava; mandava uma carinha, um "kkk", às vezes um puxãozinho de orelha: Olha, não faz isso, vai dar problema, tal... Mas, assim, os ataques... Isso sim.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - E o que que V. Exa. acha disso na pessoa de um Presidente da República que, se... Inclusive, já acho muito grave só o fato de ele não checar, porque o Presidente da República não é qualquer cidadão comum, que pode estar usando as suas redes de forma irresponsável. Mas o que que V. Exa. acha desse comportamento de você passar mensagens duras a, inclusive, aliados, como foi feito algumas vezes, imagino, pelo próprio Presidente.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - No caso de uma das mensagens, algumas Deputadas foram chamadas de prostitutas.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Pelo próprio Presidente.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não sei quem fez o texto. Foi reencaminhado.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Por ele.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É. E, aí, eu o repreendi. Eu falei: "Não se faz isso. Não pode fazer uma coisa dessa. Você acha que esse negócio não vai vazar?" Houve uma repreensão, ali, em relação a isso. Por óbvio que eu não acho um comportamento adequado. Se achasse um comportamento adequado, eu permaneceria de orelhas baixas. Eu acho um comportamento inadequado, tanto que estou aqui. E sempre disse ao Presidente: Não é um comportamento adequado. E uma das vezes - isso está num áudio - eu disse: Pelo amor Deus, me ajuda a te ajudar! Me ajuda a te ajudar, porque, se você continuar agindo assim, eu não vou conseguir dar conta de aprovar nada no Congresso - era a época da previdência. Então, por óbvio que eu não acho adequado.
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Agora, o Presidente também tem o jeitão dele, todo mundo sabe, mas a instituição Presidente da República tem que ser preservada pelo homem que ocupa a Presidência da República. Então, absolutamente inadequado o comportamento.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deputada Joice, só por uma curiosidade: essas Deputadas chamadas de prostitutas eram da oposição ou eram apoiadoras do Bolsonaro?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Gente, deixem-na responder. Vocês não foram chamados de prostitutas ainda.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - A lista é grande. A lista é grande.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu posso até ceder para vocês depois o print, mas eu preciso... Porque não foi passado para mim.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Mas V. Exa. tomou conhecimento?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não... Imediatamente. Foi encaminhado para mim. Não veio na minha lista de transmissão. Então, eu me sinto à vontade, porque, uma vez que já foi passado para outras pessoas, eu posso entregar depois o print para a Comissão.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - V. Exa., depois, também, se quiser mais informações, nós também estamos tendo um processo de investigação, e nossa assessoria, na CPMI, fez uma leitura, uma análise de dados também sobre, particularmente, a situação em que V. Exa. deixa de apoiar o Governo e passa a ser tudo o que mostrou para nós, inclusive. É muito grave.
E o que eu acho mais grave, em especial, são mulheres, como nós, que promovem xingamentos, Deputadas aqui. Eu não vou citar nomes, só para não ter direito de resposta, mas estão aqui na sala e se comportaram com V. Exa. como nenhuma de nós, da oposição, faria.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Isso é verdade.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Porque se existe uma coisa que a gente aprendeu foi a respeitar a condição da mulher e lutar, acima de tudo, contra esse machismo, porque eu acho que, por trás desse discurso de ódio que o Presidente exala, chamando mulheres de prostitutas, as mulheres deveriam ter vergonha de defender um homem desse, um homem que, simplesmente, não tendo argumento, não tendo cultura, não tendo nenhum tipo de habilidade, de inteligência emocional, xinga as mulheres de prostituta. E elas vêm agora...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Não estou falando com a senhora, porque a senhora não escuta ninguém, a senhora fala e vai embora.
(Tumulto no recinto.)
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - A senhora fala e vai embora. Então, não me dirija a palavra. Não me dirija a palavra.
E, por fim, eu gostaria de perguntar à Deputada Joice: Deputada Joice, V. Exa. é jornalista e, como colocou aqui, investigativa - coloca-se nessa posição profissional. Como jornalista investigativa, V. Exa. sabe que um esquema dessa magnitude que V. Exa. apresentou aqui não começou ontem. Eu gostaria de saber o que que V. Exa. acha sobre a participação desse esquema, dessa organização criminosa, no processo eleitoral de 2018, porque é exatamente um dos vieses...
Porque aqui nós vimos quase tudo o que nós estamos investigando: nós vimos ciberbullying, nós vimos crimes de ódio, e eu gostaria de saber o que que V. Exa. acha...
Porque eu acredito no que V. Exa. está dizendo, porque jurou e disse que iria falar a verdade, como eu também acredito no que o Deputado Alexandre Frota, que se colocou para vir também aqui, disse, que vocês não foram usuários dessa organização criminosa. E se elegeram. Talvez até muitos nem acreditassem nisso, e foram vitoriosos com milhares... Milhões de votos, no seu caso.
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Eu gostaria de saber o que que a senhora teria para dizer. A senhora acredita que esse esquema... Qual foi o peso desse esquema criminoso, de organização criminosa, no processo eleitoral de 2018, que elegeu o Sr. Jair Messias Bolsonaro? É a minha última pergunta.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja, eu não tenho como precisar isso. O que é preciso fazer, no meio desse processo - e aí eu acho que vale para todo mundo, para candidato A, B ou C -, para a coisa ser democrática, é uma análise de quantos robôs havia durante a campanha para "x" candidatos.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Mas qual é a sua opinião sobre isso?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja, eu, Joice Hasselmann, nunca usei robô, não impulsionei... As minhas redes são orgânicas. Eu não uso esses artifícios do impulsionamento. Pode haver robô que me siga para monitorar? Eventualmente, até pode. Agora, eu nunca usei robô. Ponto. Acho isso absolutamente uma trapaça. É uma trapaça. Agora, não dá para a gente dizer que um fulano fez e o outro não fez. Eu acho que tem que haver uma investigação, para a gente saber que peso teve esse...
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Não, mas eu posso generalizar a pergunta. Eu quero saber o seguinte...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... volume de robôs na indução de pessoas. Então, acho que é esse o caminho. Ou, muitas vezes, no terrorismo...
(Soa a campainha.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu digo terrorismo digital: colocar medo em outras pessoas, aquela coisa toda.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Além do crime de falsidade ideológica, que é você usar robô por você, como se você estivesse representando alguém ou um cidadão brasileiro.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Isso.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Estou satisfeita, Sr. Presidente.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Passo a palavra agora ao Deputado Marcio Jerry, do PCdoB, do Maranhão.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deixe-me só corrigir uma coisa aqui, Deputada: o Tercio é da Paraíba; o Mateus que é do Ceará.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Vou estar de olho no Mateus, certamente.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA. Para interpelar.) - Obrigado, Presidente.
Eu queria começar, Deputada Joice Hasselmann, cumprimentando a senhora. Não vou reiterar divergências que temos, que são naturais e já até manifestas em outros momentos, mas saudar sua coragem, porque a senhora traz aqui, hoje, um conjunto de informações muito importantes para o trabalho desta CPMI e para o Brasil.
Eu começo essas considerações com uma frase bíblica, que está lá em João e que o Presidente da República gosta de repetir, muito embora não faça jus a ela: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". E a senhora traz aqui, agora, para nós um conjunto de informações que mostra que o esquema Bolsonaro de poder é um esquema assentado na mentira. Portanto, todos os dias também o Presidente da República professa algo com que não tem menor relação.
Por segundo, a senhora disse que iria preservar a instituição Presidência da República. Por tudo que aqui exposto foi, a senhora não acha que o Presidente da República mostra-se indigno da instituição Presidência da República, porque é um conjunto muito grave de ocorrências?
Durante a sua exposição, a senhora nos traz, Deputada Joice Hasselmann... Eu acho que o momento é de se dar uma espécie de F5 até aqui, na Comissão, porque a senhora traz muitas informações bem concatenadas, com começo, meio e fim, que nos apresentam um roteiro de providências imediatas em várias áreas, algumas aqui, inclusive, já mencionadas, que vão até o indiciamento - investigações, indiciamentos, oitivas que precisam ser feitas aqui, para contrapor as informações que a senhora trouxe -, especialmente, de dois personagens centrais nessa teia de fake news, de mentiras, de utilização de dinheiro público para atacar adversários, que são os dois filhos aqui pronunciados, o Eduardo Bolsonaro, Deputado aqui nesta Casa, e o Carlos Bolsonaro, suspeito de muitas coisas, inclusive de ser talvez, quem sabe, esse famoso e criminoso Pavão Misterioso.
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Esses fatos de tal forma vão sendo trazido, que a gente fica estupefato com a forma natural como vimos ali, no quadro de exposição, uma Deputada Federal se pronunciar num grupo e dizer: "Alô, milicianos". Ou seja: é a naturalização do crime. É a naturalização de uma atitude realmente bastante grave, como aqui foi manifestado.
A senhora mostrou também o quanto tem sido utilizado de dinheiro ilícito, porque não se sabe claramente quem é que financia isso tudo, muito embora já haja uma parte identificada como recursos públicos de mandatos parlamentares.
Então, o conjunto de situações que a senhora nos trouxe aqui, hoje, de fato nos faz tirar algumas conclusões importantes.
E a senhora fala com uma autoridade singularíssima, que é a autoridade de quem viveu as entranhas desse sistema de poder. A senhora estava na campanha, com um papel de muito protagonismo; a senhora estava no comando do Governo, como Líder do Governo no Congresso Nacional - portanto, numa posição também de muita liderança. A senhora, portanto, traz ao nosso conhecimento esses fatos todos, que atestam que nós vivemos sob uma grave anormalidade, porque não é normal, não é correto, não é aceitável que se estruture a política, que se ganhe uma eleição presidencial e que se governe assentado em mentiras, sustentando mentiras, agredindo, com mentiras, adversários.
O que aqui se configura hoje são sinais muito graves, Deputado Ivan Valente, de estado de exceção, porque numa correlação muito forte com o núcleo de Governo da República.
A senhora disse, e a imprensa já tinha dito, que o Carlos Bolsonaro despacha do gabinete presidencial, em muitos momentos. Em muitos momentos, coadjuvado com o misterioso Léo Índio, seu amigo e principal...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Aliás, ele voltou. Está aqui dentro. A gente pode até perguntar algumas coisas para ele.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Pois não.
De outro modo também, o Deputado Eduardo Bolsonaro, que tem um papel de comando muito forte na governança da República.
Então vejam, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, povo brasileiro que nos assiste agora, que aqui são trazidas informações que colocam a imperativa necessidade de nós aprofundarmos muito, e no curso prazo, as investigações que aqui estão sendo feitas, Sr. Presidente, porque, olhando sob a ótica de um regime democrático na sua normalidade, o que se expõe aqui hoje traz um vício insanável na origem, no meio e agora de quem ocupa o Palácio do Planalto.
Não se pode dizer que o Sr. Bolsonaro, o Jair, não saiba das ações do outro Bolsonaro, o Eduardo, nem do outro Bolsonaro, o Carlos, nem do outro Bolsonaro, o Flávio, nem de seus outros irmãos, os Queiroz da vida, enfim, os amigos lá daquele condomínio.
Então, eu acho que a gente está aqui hoje diante de um fato de muita gravidade, que terá certamente muita repercussão no trabalho desta Comissão.
E eu queria, por fim, ouvir da senhora a caracterização disso que eu falei como a minha segunda menção: a senhora não acha que tudo o que está aqui narrado, com os nomes dados e os sobrenomes também, que não há nisso um envolvimento claro do Presidente da República, do Sr. Jair Messias Bolsonaro? A senhora não acha - e argumentando com o seu argumento - que ele se mostra, a partir disso tudo, indigno do exercício da Presidência da República?
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Vamos lá, Deputado.
Há de se tomar muito cuidado, de novo, com a criação da narrativa. Eu jamais, os senhores sabem, levantaria, por exemplo, uma bandeira de esquerda, como a Deputada que aqui saiu agora há pouco, que acabou de mandar uma mensagem, e as redes já estão trabalhando nisso. Então, é interessante o pessoal dizendo: "Joice é aliada do PT". Eu sou muito mais à direita que o próprio Presidente, porque eu sou de uma direita liberal de verdade, não nacionalista estatista. É diferente! Então, só para deixar a coisa bem pontuada.
As nossas divergências ideológicas, Deputado, por óbvio, permanecem, e eu mantenho a minha posição, porque o foco é a verdade, o foco é o País. Vão tentar desviar o foco, e isso já está acontecendo nas redes.
Falar que o Presidente da República é indigno seria uma leviandade. Eu acho que o comportamento dele, em alguns momentos, é incorreto. Para eu dizer que o Presidente é indigno, teria que haver uma prova cabal de que ele sabe ou alimenta ou coisa nesse sentido. Então, o que eu estou mostrando são pessoas que têm relações: um é ex-assessor, o outro era assessor, o outro era da cozinha, o outro... Então, são pessoas que têm relações há muito tempo, relações próximas, relações de amizade, que viajam juntos, que viraram assessores e que fazem parte de uma milícia para atacar pessoas. E que têm um relacionamento próximo à família do Presidente. Então, eu não posso dizer isso. Por quê? Porque lutei, Deputado, justamente contra aquilo que eu considerava que assaltou o nosso País. Lutei contra a esquerda. Fui...Então, transformar isso tudo na figura do Presidente é leviano neste momento. Nós precisamos investigar. Investigar.
Eu quero crer que, com esses prints todos aí, do gabinete do ódio - posso até eu mesma mandar para o Presidente -, isso tenha um fim. Porque censura... Eles usam muito essa narrativa: "É censura, é censura!". Não, não é censura. Código Civil e Código Penal não deixam de existir porque o crime acontece nas redes, na internet. Só que se criou, de novo, essa narrativa. Esticou-se tanto a corda, que as pessoas foram ficando complacentes. "Está tudo bem". É um ataquezinho aqui, um outro ataquezinho ali... E foi-se esticando a corda. Hoje parece absolutamente normal, para um grupo de pessoas do País, você denegrir absolutamente alguém, atacar uma reputação e destruir reputações.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Mas veja, a gente está tratando aqui de milícias digitais...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - ... com tudo de danoso que elas realizam, com todas as ilegalidades que elas cometem.
O próprio filho do Presidente da República, o Sr. Carlos Bolsonaro, confessou, teve que fazê-lo, que usa a conta do pai, que é a conta do Presidente da República, que ocupa a Presidência da República, por óbvio, como a senhora gosta de repetir. Então, é por isso que eu fiz essa anotação, que a senhora não precisa afirmar, mas o que a senhora falou aqui permite a todos que nos assistem agora concluir que, de fato, esse caso mostra que o Presidente da República está indigno da instituição que a senhora quer preservar, que é a Presidência da República.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu sempre fui contra, Deputado, o Carlos Bolsonaro ter as senhas do Presidente e tuitar. Isso foi, inclusive... Algumas conversas mais tensas entre nós foram nesse sentido, porque eu sempre orientei a ele ter alguém profissional controlando isso, para que não houvesse desgastes, em especial entre as instituições.
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O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Para terminar, Presidente e Senador Angelo, queria lembrar e sublinhar um fato que acho, aquele que é carregado, talvez, de mais gravidade institucional. Milícia é muito grave, tem que ser apurado. Nós temos que trazer, para explicar aqui, o Sr. Eduardo Bolsonaro. Ele deve ao País uma explicação. O Sr. Carlos Bolsonaro tem que vir aqui. Ele deve uma explicação ao País. Não podem ser preservados por serem filhos do Presidente da República. Ao contrário, devem vir até por essa condição que têm, como convocados
A senhora trouxe aqui uma informação, Deputada Lídice da Mata, que precisa reverberar para o Brasil. Como é que se admite que o filho do Presidente da República, Vereador lá no Rio de Janeiro, portanto, sem nenhuma função da República, no comando da República, tenha ousado ter o desplante, a arrogância, a estupidez autoritária de querer desenha uma Abin paralela no coração do Governo, Deputado Rui Falcão? Isso é um absurdo, tem que ser apurado, tem que ser, primeiro, denunciado. Esta CPMI precisa ir a fundo nisso, porque esse é um dos fatos mais graves aqui trazido hoje: essa suspeita grave de que ele tentou montar...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sugiro que chamem o ex-Ministro Bebianno para dar detalhes sobre isso.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - ... e com o depoimento do ex-Ministro Bebianno, que vai também vir aqui.
Queria, Presidente, Relatora, agradecer o espaço, parabenizar uma vez mais a Deputada e manifestar essa minha reiterada perplexidade com o conjunto de ações criminosas realizadas nessa novela triste de milícias digitais. Também é importante, eu me lembrei agora, que fiquei assustado quando vi naquela tela ali a simulação do assassinato do membro do Supremo Tribunal Federal. Não se pode rir disso, isso não é pequeno, isso não meme. Isso tem um efeito simbólico demolidor, devastador, de incitação ao crime, ao crime físico e ao crime institucional. Foi mostrado ali. Confesso à senhora, aos senhores, que fui tomado até de perplexidade, de choque. Eu disse: a que ponto chegam!
Então, é preciso que a gente recupere a civilidade, as boas práticas das políticas, o respeito às instituições e que a gente diga não, veementemente, a quaisquer tipos de milícias, sejam aquelas lá que o Queiroz conhece bem, sejam essas que o Eduardo Bolsonaro e o Carlos Bolsonaro tão bem, infelizmente, manejam, coadjuvados por muita gente, inclusive por Parlamentares que estão aqui na Casa.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A nossa nobre convidada precisa de um intervalo para ir ao toalete.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Dois minutos. Já volto.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Então, vamos dar esse intervalo a ele. É o tempo que, se os senhores e as senhores desejarem também, aproveitem o embalo.
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O próximo inscrito é o Deputado Rui Falcão. Depois, temos o Senador Humberto Costa; depois, o Deputado Paulo Ramos; o Deputado Carlos Zarattini.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Presidente, Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Por enquanto, esses três aí.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Presidente, enquanto a Deputada vai ao banheiro... Eu vi uma caneca colocada ali. Não sei de quem é. Olhe ali: gabinete do ódio. É para intimidar a Deputada? Esse gabinete do ódio parece uma provocação. É sua, com o gabinete do ódio?
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - É a comprovação de que existe.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - De que existe, de que existe um gabinete do ódio?
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Convoquem-me, por favor; convoquem-me para que eu possa dar explicações!
(Tumulto no recinto.)
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Estou pedindo, convoquem-me!
(Intervenções fora do microfone.)
(Tumulto no recinto.)
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Brincar? Foi brincar na torcida do Fluminense.
(Interrupção do som.)
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O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Se V. Exa. quiser trocar pérolas, pode à vontade, a sessão está suspensa, até a nobre convidada retornar.
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - O senso de proporções aqui é uma coisa impressionante, cara! É impressionante a falta de senso de proporções.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - É verdade.
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Vocês se assustam com uma caneca, com uma declaração debochada.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Presidente...
(Interrupção do som.)
(Suspensa às 17 horas e 10 minutos, a reunião é reaberta às 17 horas e 14 minutos.)
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O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Declaro reaberta a nossa reunião. Estamos aqui ouvindo a nossa convidada.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR. Fora do microfone.) - Espere mais uns três minutinhos; há muita gente fora.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu estou reabrindo a reunião. Daqui a pouco o povo chega.
Reabrindo aqui a nossa sessão, onde estamos ouvindo a nossa convidada, Deputada Joice Hasselmann.
Os próximos oradores inscritos: Deputado Rui Falcão, depois o Senador Humberto Costa e o Deputado Paulo Ramos. São os três próximos a fazerem perguntas à nossa nobre Deputada.
Pela ordem, Senador Humberto Costa.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Posso?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Enquanto ele volta, para adiantar. Com a palavra o Senador Humberto Costa, do Estado de Pernambuco.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, Sra. Deputada, eu quero dizer, em primeiro lugar, que a vinda de V. Exa. hoje, aqui, além do aspecto positivo de ter sido por sua livre e espontânea vontade, V. Exa. trouxe informações, trouxe opiniões que, certamente, vão marcar, durante muito tempo, a história deste Congresso Nacional.
E eu começo já por uma coisa positiva. V. Exa. comentou a decisão de ontem do Tribunal Superior Eleitoral, que resolveu permitir, desde que haja uma regulamentação, a realização de assinaturas digitais para registrarem partidos. Chamo a atenção para a necessidade de que os demais partidos políticos, o mais urgentemente possível, possam impugnar essa decisão do TSE, porque, de fato, não há confiabilidade de que o processo de certificação digital vá ser feito sem qualquer tipo de distorção.
Segundo, as informações que V. Exa. traz dão muitas luzes aqui, para a CPMI. A primeira delas, muito importante, é de que há aqui - possivelmente, se forem verdadeiras todas as questões que forem levantadas, não somente aqui, no Congresso Nacional, mas, em assembleias legislativas, talvez até em câmaras de vereadores - o processo muito claro da corrupção dos mandatos parlamentares. Entre as destinações, entre as responsabilidades constitucionais que o Parlamentar tem, estão lá apresentar projetos, aprovar leis, fiscalizar o Poder Executivo, mas, em nenhum momento, existe a previsão de que o Parlamentar possa contratar pessoas cujo objetivo principal seja realizar crimes, atacando pessoas, destruindo reputações, e isso é muito relevante; significa que este Congresso, pelo menos na parte que lhe cabe, precisa apurar com profundidade a atuação desses Parlamentares, os vínculos que eles têm com essas pessoas. É uma espécie de rachadinha digital. Não é aquela rachadinha em que o Parlamentar fica com o dinheiro do funcionário, mas é uma rachadinha, porque o dinheiro do funcionário está sendo utilizado para uma atividade ilegal, criminosa, para atender o interesse de um projeto político com o qual o Parlamentar se identifica.
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A outra coisa relevante é que nós estamos diante de um grande problema. Veja, ou o Presidente da República sabe da existência dessa rede e apoia a existência dessa rede e o que ela faz, ou o Presidente da República não tem conhecimento da existência dessa rede, e aí quem tem que ser responsabilizado são os órgãos de inteligência que trabalham lá, na Presidência da República, que, ou são incompetentes a ponto de não saber que existe isso, ou não dizem ao Presidente da República que isso existe. Em qualquer das duas condições, é uma situação muito grave para o País: o Presidente ser inocente, ao ponto de não saber, ou o Presidente saber e respaldar esse tipo de ação.
Aliás, houve algumas demissões quando o Deputado Frota aqui falou de pessoas que estavam lá, no Palácio, que participavam disso - houve algumas demissões. E ele falou - outras pessoas reforçaram - sobre esse tal gabinete do ódio, e não houve demissão. Quer dizer, com toda a certeza o Presidente da República soube que se suspeita, pelo menos, da existência do gabinete do ódio, e não teve sequer a preocupação de mandar esse trio para casa, nem de demitir também o Sr. Filipe Martins.
E por que isso é mais grave ainda, Presidente? Porque o Deputado Frota e a Deputada Joice Hasselmann deixaram muito claro que, por trás de ataques que foram feitos ao Congresso Nacional, Câmara e Senado, ao Supremo Tribunal Federal, ao Vice-Presidente da República, estão essas pessoas. Ora, veja, qual a leitura que se pode ter desse tipo de coisa? Pessoas que geraram no Brasil crises institucionais da maior gravidade - da maior gravidade! O Supremo Tribunal Federal se viu obrigado a abrir um inquérito, um processo, que foi inclusive questionado se poderia ser aberto ou não. Este Senado e a Câmara dos Deputados foram vítimas de ataques violentíssimos, inclusive em atos público, que aconteceram por aí. E o Vice-Presidente da República, a segunda maior autoridade do País, foi envolvido numa intriga contra o Presidente da República.
Então, vejam, isso não é pouca coisa - não é pouca coisa. Esse gabinete do ódio, juntamente com o filósofo astrólogo da Virgínia, é dito, são responsáveis por crises institucionais da maior gravidade, que poderiam ter levado a Brasil a uma encruzilhada político-institucional da maior gravidade. Então, isso eu acho que é coisa extremamente relevante.
Eu queria fazer só quatro perguntas, bem rapidamente, e V. Exa. pode responder com tranquilidade. A primeira é que V. Exa. citou aqui vários assessores de Parlamentares. Esses assessores, em si, formam uma célula? Não vou chamar de organização criminosa, mas dessa organização, aqui, no Parlamento, existe uma célula dessa organização funcionando e disseminando, talvez até produzindo essas notícias falsas? Primeira pergunta.
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Segunda pergunta: o Gen. Santos Cruz esteve aqui, foi de uma lealdade enorme - não sei a quem, mas foi. Ao Presidente da República, com toda a certeza, mas ele evitou falar qualquer coisa que envolvesse aquilo que ele testemunhou lá, na Presidência da República. Mas houve alguns momentos em que a gente sentia que ele quase se traía. Uma dessas situações foi quando ele foi exaustivamente perguntado sobre o Sr. Filipe Martins. Outra foi quando ele disse aqui que montaram uma intriga contra ele. Trouxe inclusive aqui os prints de WhatsApp falsos que foram levados ao Presidente da República. E, quando a gente perguntava: "Quem levou? Quem levou?", vinha na ponta da língua, e ele se controlava e não falava. Eu pergunto a V. Exa. se sabe que envolvimento teve esse Sr. Filipe Martins no processo de fritura e de saída do Gen. Santos Cruz e se V. Exa. sabe quem foi essa pessoa que não somente produziu, mas depois ainda levou para o Presidente da República o print, para dizer que era uma conversa que envolvia o general.
A minha terceira questão é: o Ministro da Educação, o Sr. Weintraub, é parte dessa estrutura que funciona da maneira como V. Exa. descreveu?
Por último, se V. Exa. pode emitir uma opinião de por que acha que o Vereador Carlos Bolsonaro resolveu apagar todas as suas redes, sair de todas as redes sociais? A senhora tem algum palpite sobre o que possa ter acontecido que o tenha levado a essa decisão.
Obrigado.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Bom, Senador, em relação à primeira pergunta, se assessores foram uma célula, por óbvio que sim, tanto em alguns Estados e aqui dentro também tem. Até elenquei alguns Parlamentares e os assessores que disseminam, espalham as informações, criam e atacam. Agora, a gravidade e o nível disso tem que se ver caso a caso. Há alguns que mantêm algum princípio dentro da legalidade, mas outros não. Então, sim, há.
Santos Cruz. O que... Assim, o Santos Cruz, muitas vezes, reclamou, por óbvio, da influência ideológica do Filipe Martins em cima do Presidente. Então, os discursos mais pesados, aquela coisa de não convidar alguns Presidentes para a posse, de alguns países que têm governos aí que... Há um combate entre o Governo brasileiro, pelo menos ideológico. Então, há algumas orientações que o Presidente, segundo essa confusão com o Santos Cruz, seguia, e o Santos Cruz não concordava, como eu não concordava. Só que nós fazíamos o papel de bombeiro: "Presidente, freia, para, pensa, não responde!". E eles fazem o papel de incendiários. E o Santos Cruz nunca concordou com isso, tanto que, nessa reunião, os Ministros todos estão de prova, houve um bate-boca, e ele chegou a chamar o Felipe publicamente de moleque, enfim... E o Santos Cruz, quando está zangado, você imagina, um herói de guerra, um homem respeitado, um general, ele realmente saiu do momento centrado dele.
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Poucos dias depois, o Santos Cruz foi demitido usando uma fake news. Então, olha que doido: teoricamente, alguém fotografou o Whatsapp dele, que estaria aberto, entregou esse print para os meninos e para o Presidente, e a confusão se deu. Não era verdadeiro, até porque - vamos aqui pela lógica -, fosse aquilo verdade, bastava o Gabinete de Segurança Institucional fazer uma perícia daquilo. Pronto. Faz uma perícia - ia dizer se é verdade ou mentira, mas foi usado como subterfúgio para que o Santos Cruz fosse colocado para fora do Governo. E claro que esse atrito com o Filipe e também as constantes conversas que o Santos Cruz tinha, assim como eu, com o Presidente, para que os filhos ficassem mais afastados do Governo, para que ele governasse, e não governasse com um puxadinho de casa dentro do Palácio, isso foi gerando alguns atritos ali, isso é notório.
Quando houve, por exemplo, a demissão do Ministro Bebianno - isso também é público, está na imprensa -, eu entrei em campo, justamente pelo recado que estava sendo passado. O Bebianno era um aliado de primeira hora. Largou tudo para ficar do lado do Presidente, viajou o Brasil inteiro com ele, fazia de tudo, de campanha a segurança. De repente, também por um atrito ali com os meninos, ele começou a ser frito, começou o processo de fritura. Sempre a construção de narrativa: primeiro, desgasta-se a imagem da pessoa, e aí frita. Essa é a lógica.
Eu estive com o Presidente, com o Ministro Onix e com o Santos Cruz. O Santos Cruz tinha chegado, estava há pouco tempo ali. E disse para o Presidente: "Presidente, o recado é muito ruim. Não se pode fazer isso de novo com um aliado de primeira hora. A gente está construindo uma base, o recado para o Congresso é muito ruim. Há de se ter lealdade, ainda mais nesse processo de fritura. Chame o Bebianno, converse. Se você não o quer aqui, ele pode estar em outro lugar".
Então, eu tentei, e nós fomos até o Palácio da Alvorada, tivemos essa conversa com o Presidente, o Onix estava ali, e eu disse a eles: "É um problema esse tratamento, porque vocês estão transformando vários aliados em inimigos gratuitamente". Isso é uma loucura do ponto de vista até institucional, para que a gente tenha um pouco de tranquilidade para tocar o País. Mas aí, deu no que deu: fui voto vencido. Até o Presidente, acordado, falou: "Olha, de fato, você tem razão...". Mas, enquanto eu peguei o voo de Brasília para São Paulo, ele foi demitido pela TV. Acho que foi o SBT o primeiro que deu, ou a Record. Acho que foi o SBT. Foi demitido pela TV. E à tarde ele já estava readmitido.
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Então, esses desgastes todos o Santos Cruz acompanhou, e ele sempre foi contra, assim como eu e um grupo muito pequeno do Palácio. O Floriano, Gen. Floriano, também era contra esse excesso de raiva, esse excesso de ódio e de ataques. Por conta disso, quem venceu a queda de braço ali entre a ponderação, tocar a agenda econômica do País, que é a primeira coisa que estava na nossa mão - vamos gerar emprego, vamos tocar agenda econômica -, e as provocações e os tuítes para desestabilizar a harmonia entre os poderes, foi o grupo do ódio, que saiu vencedor.
Próxima.
Weintraub, parte da estrutura. O Weintraub tuíta muita coisa, é provocador, é o jeito dele, vocês sabem bem, mas eu não tenho conhecimento de que ele faça parte do gabinete do ódio.
Por que o Carlos resolveu apagar as redes sociais? Para mim, me parece claro que há algum problema que ele não quer que seja descoberto, por óbvio. Ninguém apaga uma rede social com milhões de seguidores do dia para a noite, em perfeito juízo. Então, por que apagar? Para tentar o quê? Esconder o quê? Então, de fato, eu fiquei absolutamente surpresa com essa decisão do Carlos de apagar as suas redes sociais. É algo que é o óbvio, que está claro que alguma coisa ali poderia eventualmente constrangê-lo minimamente.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Isso é uma coisa muito íntima. O Léo Índio podia responder.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu prefiro não entrar na seara da intimidade.
Acho que eu respondi tudo. Não é, Senador?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Então, concedo a palavra agora ao nosso Deputado de São Paulo Rui Falcão.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP. Para interpelar.) - Relatora, Deputada Joice Hasselmann, obrigado pelo comparecimento.
Eu queria antes, Presidente, fazer dois requerimentos verbais, e transformarei por escrito depois. O primeiro é que a gente comunique ao Presidente da República o teor de pelo menos parte do depoimento da Deputada Joice Hasselmann, dando a ele o princípio da presunção... Dando a ele o benefício da dúvida.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Como eu estou fazendo.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Ela coloca que quer preservá-lo, que acha que ele não sabia, embora eu ache que é muito difícil ele não saber. Demos-lhe o conhecimento do que a Deputada relatou aqui.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Para que tome uma atitude. Não é?
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Pedindo a ele providências para desmontar esse gabinete do ódio, que é o núcleo de uma organização criminosa, como foi dito por ela e pelo Gen. Santos Cruz, e como foi reiterado em entrevista ao UOL pelo Gen. Maynard Santa Rosa, que diz o seguinte: "O Presidente se cercou de um grupo de garotos que tem entre 25 e 32 anos, que fazem uma espécie de cordão magnético em torno dele e filtram o acesso". Quem são os garotos que filtram o acesso? É o Filipe Martins. E é essa turminha que controla as redes sociais. Há outros. Eles não alegam nada. Simplesmente protegem, e não chega à agenda do Presidente.
Então, faço este requerimento aqui formal, para comunicar ao Presidente da República oficialmente, pela CPI, de que ele está cercado por esse pessoal e que ele precisa tomar uma providência, sob o risco de prevaricar no cargo. Segundo requerimento, Presidente, é que a Deputada Joice Hasselmann disponibilize para a CPMI não tudo que ela já disponibilizou, mas o restante que ela diz ter sob sigilo, para que a CPMI possa acompanhar, inclusive, esses requerimentos dela, para identificação de IPs, que seja... Em terceiro, que ela possa prestar depoimento ao senhor e à Deputada Lídice, sob segredo de justiça, sobre os fatos que ela conhece, sobre pessoas que ela conhece, e não quer mencionar, invocando o sigilo das fontes, para que a CPI possa avançar, na linha do que ela também quer, porque foi citado aqui o provérbio de João: "Conhecereis a verdade, e ela vos libertará", e eu acho que a Deputada Joice Hasselmann está fazendo um ato de liberdade, de, ao conhecer a verdade, que ela não conhecia até então, ela aqui se libertar, com esse depoimento.
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Mas eu queria, depois desses requerimentos, fazer algumas perguntas. Quais foram as pessoas que pediram para que a senhora não viesse aqui testemunhar? Algumas pelo menos, uma ou duas.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja, eu coloco, com essa resposta, Ministros numa situação muito constrangedora, e veja que o alvo sou eu, amanhã pode ser um Ministro. Então...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Ah, foram Ministros que pediram, então?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Então, eu tive... Me procuraram alguns Ministros, quatro, e cada um com um argumento diferente. Alguns dizendo: "Olha, acho melhor você não ir, você tem o hábito...".
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Mas não foi tão ameaçador, não?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu recebi ameaças por e-mail.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Mas não dos Ministros?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Já registrei... E por WhatsApp, e já registrei na polícia.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Não, mas esses que pediram, os Ministros...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não, não, não, de maneira nenhuma. O tom ameaçador foi na época, com alguns Parlamentares, da troca de Liderança.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Os Ministros foram só de dissuasão?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Também um Vice-Líder me procurou e um Líder aqui procurou um amigo nosso em comum, pedindo para que, eventualmente, eu não viesse. Agora, uma coisa que para mim é muito clara, Deputado Rui Falcão, é que a verdade tem um som diferente. Então, eu vim aqui para falar a verdade, e disse isso às pessoas que me procuraram.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não estou aqui para perseguir absolutamente ninguém. Eu estou aqui para que nós possamos fazer algo absolutamente decente, legal e moral.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Já entendi.
O que que a senhora quis dizer com arranhar a imagem do Bolsonaro, que a senhora não queria arranhar a imagem do Bolsonaro? É porque certas revelações da senhora poderiam arranhar a imagem do Presidente?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Óbvio que, quando você vê que há um filho Deputado, o outro Vereador, que já causaram muita confusão política no Brasil, e eu não preciso aqui elencar, pode ser por ordem alfabética muitas delas, e a gente vê que, de fato, há comprovação de que eles estão por trás, pelo menos, de parte desse grupo, estimulando, por óbvio que acaba, mesmo que indiretamente, mesmo que o Presidente não saiba, batendo na porta do Presidente. Então, a minha preocupação é preservar a instituição Presidência da República, mas os fatos estão aí: o Gil Diniz, por exemplo. O Gil Diniz era assessor dos Bolsonaro, foi o candidato a Deputado Estadual da família. A pessoa que contrata um dos perfis, eu já vou me lembrar deles, no Rio de Janeiro, é a Deputada Estadual do Presidente. Então, essas pessoas...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Isso já arranha a imagem naturalmente.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Naturalmente, não é?
Alana, Alana! Deputada Alana.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Veja, a senhora disse que cumpriu um papel de moderação quando era Líder do Governo. Diziam até...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - A duras penas.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - A senhora usou uma expressão aqui: "A fulana era da cozinha". Eu não vou usar essa expressão em relação à senhora, para não reforçar o machismo, mas vou usar outra expressão: que a senhora tinha uma espécie de chave do gabinete do Presidente. Entrava e saía, como Líder do Governo. Pela ascendência, pelo prestígio, pelas relações anteriores, entrava e saía. Pois bem, cumprindo esse papel moderador, de por exemplo não deixar de convidar presidentes, o Gen. Santos Cruz também cumpria esse papel.
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Também.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - O Gen. Santa Rosa também.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Também. O Bebianno também.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - O Bebianno também. Não parece que, diante de pessoas que exerciam, mesmo pela direita, com suas convicções, um papel moderador, a organização criminosa está levando vantagem? Porque um a um, vocês foram ou exonerados - como disse o Gen. Santos Cruz, demitidos de forma não ética. A senhora também, sendo leal, como disse a senhora aqui, não se deixam aliados pelo meio do caminho. Parece que esse núcleo, essa organização criminosa, está levando vantagem.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Está levando vantagem dentro da bolha. Eu mostrei para vocês claramente...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Não, não, mas nas atitudes de Governo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, mas dentro da bolha e dentro do coração do Governo. Veja que...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim, mas as atitudes concretas se materializam.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - O conselho que a senhora deu não foi ouvido. Ele não chamou o Presidente...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, muitas vezes ele ouviu. Durante oito meses eu consegui, ali, manter um pouco de tranquilidade em alguns temas, apagar incêndios com o Presidente da Câmara e do Senado - vocês acompanharam - com algumas bancadas. Mas é óbvio que o desgaste de dizer: "Não faça, não faça", isso acaba acontecendo.
Quando aconteceu a demissão do Santos Cruz, eu conversava muito com o Presidente pelo Whatsapp. Mesmo com reuniões pessoais, eu mandava o resumo da reunião, justamente para ele não ser envenenado por esse grupo do ódio, então para ele ler, refletir, ler de novo, para ter uma prova do que a gente conversou para ele. E eu disse a ele: "Como é que você faz isso com o Santos Cruz?". Ele ficou zangado e falou: "Eu não preciso da tua autorização para demitir ninguém". Eu falei: "É verdade, não precisa, mas eu preciso me preparar para o rojão". Então, eu fui tentando ponderar durante esse tempo que eu estava lá, mas, de fato, na queda de braço, quem incendeia é mais ouvido, tem mais espaço nos ouvidos ali do coração do Palácio do que quem quer apaziguar.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - A senhora usou uma expressão: havia um puxadinho dentro do Palácio. O que é esse puxadinho dentro do Palácio?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Os filhos do Presidente! Os filhos do Presidente!
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Então, a senhora tinha dito que eles despachavam lá dentro do Palácio. Então é esse puxadinho?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja, eu não disse que eles despacharam. Eu disse que encontrei o Carlos muitas vezes.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Não, a senhora disse depois...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu vi o Léo Índio num gabinete...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Tem a gravação.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Léo Índio no gabinete e ali...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - A senhora retificou, mas tem a gravação.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - E ali dentro do Palácio se comentava isso, que o Carlos tinha uma ascendência muito grande, que estava tomando algumas decisões de Governo, e isso é meio que o comentário geral ali dentro. O Eduardo me parecia, lá atrás, que não tinha tanto essa ascendência, em especial na época da campanha, em que a ascendência era maior do Carlos, mas ele acabou ganhando uma ascendência maior depois que o Presidente quis colocá-lo como Embaixador dos Estados Unidos.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Mas o que é o puxadinho, afinal?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - São os filhos do Presidente interferindo nas decisões do Presidente.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Dentro das decisões do Palácio.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - De alguma forma, muitas vezes até, na minha avaliação, levando o Presidente a cometer erros. É claro que...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Dê um exemplo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... quando você se põe no papel de pai, você entende. Pai é pai. Agora, no papel de Presidente, aí não. Então, essas provocações, esse turbinar o Presidente, que já é uma pessoa...
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O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Turbinada?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É... Não, ele já é uma pessoa explosiva. Então, você colocar mais desgaste nisso é o que eu chamei de puxadinho.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Eu queria também, Deputada, que a senhora disponibilizasse esse print em que o Presidente chama as Deputadas de prostitutas. Eu queria que a senhora disponibilizasse isso para a CPMI. Está bom? Pode ser?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Sim, tem que se disponibilizar, claro.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Pode ser, pode ser, sim, desde que, obviamente, a fonte seja protegida.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Claro, sem dúvida.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - A outra coisa é: a senhora disse também que...
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Pela ordem.) - Só um minuto, pela ordem. É só para avisar aos Deputados que está havendo outra votação. Quem quiser ir lá e votar.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Vou acabar aqui e vou correr lá para não perder.
A senhora disse também que na campanha havia um núcleo de informação com o ex-Ministro Bebianno e que tinha uma mídia paralela. Quem era essa mídia paralela?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - A mídia oficial que eu disse é a oficial mesmo. Era o pessoal da agência, se eu não me engano, AM4 - se eu não me engano. Eu conhecia o Marcos e ele fazia o trabalho normal de campanha, o trabalho natural de campanha.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Mas a senhora chama de paralelo isso?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não, o paralelo que eu disse era o que os meninos e os assessores faziam...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Na campanha.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... em paralelo. É. Espalhando os memes e os ataques. Isso não era via PSL, ou via AM4, pelo menos não que eu saiba, mas havia essa separação.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - E eles trabalhavam voluntariamente?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eles quem?
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Esses meninos que faziam a campanha.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não sei.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Porque, se tem algum custo, isso precisa ser declarado.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não sei. Eu acho que deve ter algum custo de agência declarado na prestação de contas do Presidente. Eu imagino que sim. Eu imagino que sim.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Defina melhor para a gente o que era essa Abin paralela que o Vereador Carlos Bolsonaro queria criar, ou criou. Eu não consegui entender bem.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Nem eu consegui entender bem, mas a informação exata que eu recebi e sobre o que o ex-Ministro Bebianno se colocou à disposição para vir aqui falar...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Então, a senhora recebeu a informação do Bebianno?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - De outros tantos, mas, segundo as informações, o Bebianno saberia, o Heleno saberia, e o Bebianno atuou...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - O Gen. Heleno sabia disso?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Foi a informação que foi passada, que o Carlos atuou e o Bebianno à época impediu na criação dessa Abin paralela. E aí eu perguntei: "Para quê? Grampos, dossiês...". E até a informação que me foi passada é que a indicação do atual comandante da Abin é do Carlos. Então, essa é uma informação que foi-me passada e eu acho que é natural que as pessoas envolvidas - não sou eu que ouvi alguém me dizer, mas que ouviu e viu a informação de fato - sejam convidadas a prestar esclarecimentos.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Se eu ouvi bem, a senhora disse que o Carlos passou a comandar a Abin?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, eu disse que a indicação é dele. Foi isso que eu disse, que a indicação do comandante da Abin...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - É do Carlos Bolsonaro.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Seria do Carlos Bolsonaro. É a informação que eu ouvi desses envolvidos.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Presidente e Relatora, eu peço que se envie um requerimento de informações ao Gen. Heleno para que ele confirme ou não que teria conhecimento de que o Carlos Bolsonaro queria criar uma Abin paralela e, ao mesmo tempo, se ele informe que o Presidente da Abin é uma indicação do Carlos Bolsonaro. Solicito que a gente envie um requerimento de informações ao Ministro, dentro das normas da lei, com prazo para responder e tudo mais.
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Por uma questão de justiça, Deputado, o Gen. Heleno era uma das pessoas que tentavam sempre apaziguar.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Está durando ainda.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, ele está muito mais, eu acho que ele desistiu, assim, porque ele tentava muito, naquele jeito dele de amizade: "Não, está falando bobagem". Ele tentava muito apaziguar. Agora ele está mais quieto, mas ele era um dos que tinham juízo ali dentro, entre esse gabinete que fica estimulando e o resto que tentava segurar.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - A senhora disse que esteve na casa ou no apartamento do Meyer Nigri alguma vez...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu conheço o Meyer, conheci na época da campanha. Eu estive mais de uma vez, duas ou três vezes.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Por acaso a senhora sabe se além do Meyer Nigri e do Luciano Hang, se o Eli Horn também participou, ajudou a campanha do Bolsonaro? E o Otávio Facuri também.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Dr. Eli Horn eu conheci depois que conheci o Meyer. Que eu saiba, é um dos maiores filantropos do País. Eu sei que ele, na comunidade judaica, queria a eleição do Presidente Bolsonaro, mas é um homem muito correto, um filantropo de primeira hora que inclusive já deixou em contrato que os seus bens sejam doados para caridade pós-morte. Então, é um homem muito correto. A gente tem que tomar cuidado porque, acho que, eventualmente, se o Dr. Eli tivesse colocado qualquer coisa ou pago qualquer coisa, ele não saberia o que estava fazendo.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Ele podia contribuir legalmente para a campanha.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Dr. Eli é um bom judeu, é um grande homem.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - E o Otávio Facuri.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Otávio Facuri conheço também, conheço de muito antes da campanha, na época em que a gente saiu pelas ruas, o Fora Dilma. Vocês lembram que nós rodamos o Brasil inteiro. É um bolsonarista convicto, como eu também era, e espero muito em breve voltar a ser.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Era, era?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Convicta não, eu sou brasileira convicta e quero que o Presidente entregue aquilo que ele prometeu na campanha, é isso que eu quero.
Um bolsonarista convicto. Que eu saiba, ele ajudou, sim, na campanha de muita gente, mas que eu saiba também foi de forma legal. É um empresário bem-sucedido, não teria por que fazer qualquer tipo de malandragem, entendeu? É isso.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Por último, a senhora participou, foi ativista de dezenas de manifestações...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Centenas.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - ... centenas, com toda liberdade de expressão que aquele período lhe assegurou. A senhora acha que, se eventualmente a população resolver se manifestar, por exemplo, contra a alta do preço da carne, contra a reforma da previdência, que a população mereceria ser reprimida por um novo AI-5 ou pela GLO com excludente de ilicitude, a sua opinião?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deputado, eu já disse e vou repetir: eu sou a favor do excludente de ilicitude para que a polícia possa trabalhar sem ser - não estou dizendo que sou a favor de matança, não é isso -, eu sou a favor que, entre polícia e bandido, nós fiquemos do lado da polícia. Esse é um ponto.
Qual a outra pergunta, Deputado? Desculpa.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Se a senhora acha que seria necessário um AI-5?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Um AI-5. Eu fui claramente crítica dessa frase do Eduardo Bolsonaro. Não é a primeira vez, de um jeito ou de outro, a mesma coisa é dita. Então, fui claramente contra, fui nas minhas redes sociais contra, fui alvo da tropa também por conta disso, até porque...
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O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - A senhora é de direita, mas é democrática, é isso?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Brasil precisa de mais democracia, não de menos democracia, não é? Mais democracia, não menos. Absolutamente, para mim, é um repúdio a essa frase.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Obrigado.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Como Relatora.) - Deputada...
Presidente, como Relatora, eu posso intervir a qualquer hora. Peço ao Deputado Paulo que não se preocupe, vai ser uma coisa rapidíssima.
Pela fala dos diversos especialistas, já temos clareza de que é possível também as plataformas darem uma contribuição grande a essa discussão, para resolverem, para identificarem, para abrirem IPs. Agora, ninguém falou aqui, a senhora não falou aqui sobre o Telegram.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - O Telegram?
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - A senhora participa de algum grupo, tem acesso a alguma prática no Telegram desse tipo de fake news?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu usei bastante Telegram na época da campanha, porque é uma ferramenta em que a gente consegue mandar vídeos de qualquer tamanho, o que o WhatsApp não permite. Mas o meu Telegram foi "hackeado" junto com o do Moro, do Paulo Guedes. Naquela época, eu fiz um boletim de ocorrência, mandei o caso para o Ministério da Justiça também e deixei de usar o Telegram. Mas, que eu saiba, eles usam dois programas para se comunicar: o Instagram, esse grupo do Instagram, e outro programa que se chama Signal, que é um programa em que você conversa e escolhe em quanto tempo a mensagem vai ser apagada. Por exemplo, todas as mensagens se autoapagam em 30 segundos, em dois dias, em um dia. Enfim, o dono da conta escolhe. Esse programa também é usado para comunicação, porque é um programa, segundo os integrantes do gabinete do ódio, é um programa mais seguro para conversar.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - E ele não fica nem na nuvem?
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Tecnologia russa, nossa Relatora.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não sei se fica na nuvem, eu acho que não.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O.k.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Passo a palavra ao Deputado Paulo Ramos, na ausência do Deputado Zarattini.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ. Para interpelar.) - Meu caro Presidente, minha querida Relatora, meu Senador Angelo Coronel - Angelo Coronel já tem autoridade maior -, minha querida Deputada Lídice da Mata, Relatora, vou me referir a V. Exa. ao final da minha manifestação.
Mas eu quero primeiro alertar a Deputada Joice de que ela não precisa se preocupar em afirmar que não migrará para o campo político oposto àquele que ocupa hoje. A história está cheia de migrações. Carlos Lacerda chegou a ser comunista e virou um grande quadro da direita. O nosso Presidente Fernando Henrique Cardoso disse: "Rasguem tudo o que eu escrevi". Se nós pegarmos o golpe de 1964, nós temos várias figuras que participaram do golpe, iniciaram contribuindo para a ditadura e depois se distanciaram. Quem é que não se lembra da figura do Menestrel das Alagoas? Então, não precisa se preocupar, não. Não diga dessa água...
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - É porque é fake news. Fake news estão rolando soltas na internet, Deputado.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não diga dessa água não beberei, porque V. Exa. é muito jovem e pode ser que o futuro reserve, possa reservar-lhe algumas transformações. O próprio Olavo de Carvalho é uma ave migratória. Então, não precisa se preocupar em se manifestar com tanta convicção, com tanta firmeza, porque o futuro ninguém pode adivinhar.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Cem por cento de direita, Deputado.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Mas eu quero... Quando a Deputada Luizianne Lins teve a participação dela com as indagações, V. Exa. tratou do ataque às mulheres. Mas V. Exa. conhece, tem a prova de outros ataques e não apenas em relação às mulheres, ataques perpetrados pelo Presidente da República?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Bom, eu pedi aqui já desculpas antecipadas para que eu não revele as conversas privativas minhas com o Presidente da República.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não! Eu não estou dizendo isso.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - No caso dessa lista de transmissão...
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Eu estou dizendo da utilização da rede. Não estou falando de conversas. Aliás, quero até elogiar. Se alguém chegar aqui para explicitar conversas reservadas, perderá completamente o respeito, na minha avaliação. Quando eu digo a utilização da rede...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Em relação a esse texto específico, isso foi passado por uma lista de transmissão e aí a pessoa, uma das pessoas que recebeu fez o print e me mandou. Como outras pessoas receberam também, isso circulou e eu me senti à vontade para falar em relação a esse.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Mas V. Exa conhece outros ataques?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Se eu conheço o quê?
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Outras mensagens do Presidente.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Mas ataques agressivos, não só ofensas, ameaças?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não! Ameaças, não. Pelo menos eu não recebi nada. Ameaça, não. Nunca houve o Presidente eventualmente me passando alguma coisa que fosse ameaçadora aos outros. Até porque eu tinha sempre o hábito de eventualmente dizer: "Não faça. Controle a onda aí. Puxe o freio de mão. Vá mais devagar". Então, ele já sabia o meu posicionamento, que é mais moderado.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Existe uma indagação que permanece no ar sobre o custo, o financiamento. De onde vêm os recursos? Não estou tratando da contratação de servidor, de cargo, não. Eu estou dizendo de recursos para bancar essa rede toda. Então, ficou uma dúvida aqui e não há ainda uma clareza...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não há.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - ... da origem do recurso.
Nós sabemos que o Ministro Paulo Guedes é um homem ligado ao mundo das finanças. Alguma vez V. Exa. tomou conhecimento de o Ministro Paulo Guedes estar mobilizando recursos para financiar a campanha ou financiar esse departamento, essa rede?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, Deputado, não. E duvido muito que o Paulo Guedes o faria. O Paulo é uma figura que tem os seus posicionamentos, inclusive, dentro do Palácio, por vezes duros. Quando, por exemplo, houve a tentativa de flexibilizar, e foi flexibilizada, a reforma da previdência, o Paulo foi contra, e o Governo a favor. Então, nunca, nunca o Paulo Guedes... Eu acho que nem Twitter ele deve ter. Nunca vi o Paulo Guedes fazer nenhuma menção em relação a isso.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - V. Exa. já foi ouvida por algum órgão de investigação, mesmo que sigilosamente?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sobre isso?
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Sobre essas fakes, sobre esses crimes.
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Fiz algumas denúncias, tanto à Polícia Federal quanto à Polícia Civil.
E em relação a essas....
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Vocês fizeram denúncias verbais ou por escrito?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Por escrito, por conta das ameaças.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - V. Exa. poderia encaminhar cópia...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Claro.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Então, Presidente, para encaminhar cópia...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Inclusive uma dessas ameaças veio por WhatsApp.
Então, assim, o negócio é tão maluco que a pessoa às vezes nem tenta se esconder, porque pelo WhatsApp é possível rastrear, de alguma forma.
Então isso já está registrado, tanto aqui na Depol quanto na Polícia Civil e na Polícia Federal.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Se puder trazer cópia, seria relevante.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sem problemas.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Deixa eu fazer agora uma observação, antes de fazer a pergunta.
Não só o Deputado Alexandre Frota, como também o General Santos Cruz, como agora V. Exa., mesmo com qualquer preocupação em relação a inconfidências ou qualquer ato que pudesse de alguma forma comprometer conversas reservadas ou qualquer coisa mais reservada que tenha sido objeto da convivência com o Presidente da República, não há nenhuma dúvida de que os três depoimentos, mesmo o do General Santos Cruz, que em vários momentos ele próprio reconheceu as contratações feitas diretamente pelo Presidente da República, quem está trabalhando no gabinete da Presidência da República... Então, não há dúvidas quanto a isso.
A grande questão, meu querido presidente: há aqueles que lutaram contra a ditadura - a Deputada Lídice da Mata está aqui sendo Relatora desta CPI -, há aqueles que conviveram com as vítimas da ditadura, há aqueles que sabem o que foi a ditadura. E é preciso que assumamos a compreensão de que o Presidente da República, embora tenha chegado à Presidência pela via democrática, ele não tem compromisso com o Estado democrático de direito. Nós estamos diante de uma política pública: a institucionalização e a utilização desses mecanismos para ameaçar, para constranger, para humilhar. Que não haja nenhuma dúvida quanto a isso.
E isso está acontecendo, aconteceu e muitos não se aperceberam.
Para dar uma chance à paz, o entorno do Presidente silenciou. Silenciou! Eu não vou dizer, não vou tratar de omissão. Silenciou, mas progressivamente foi compreendendo que o Presidente da República está organizando uma rede; não é uma Agência Brasileira de Informação, é algo semelhante ao Serviço Nacional de Informações, ao SNI. Ele está estruturando isso. E aí eu não sei se o que resta ainda, no entorno do Presidente da República, se capacitou a compreender o que está acontecendo.
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E eu quero citar o Gen. Heleno, porque é o Gabinete de Segurança Institucional. O Gabinete de Segurança Institucional tem o dever, ou tinha o dever, de saber o que acontecia no Palácio do Planalto, no Gabinete da Presidência da República. O Presidente da República não está sendo enganado; ele está chefiando essa estrutura. E a cada dia, com os depoimentos que vão sendo prestados aqui, vai ficando confirmado: o Presidente da República proclama apoio a ditadura. Quando o filho ou o Ministro Paulo Guedes falam em AI-5, eles têm compromisso com a ditadura, e não com o Estado democrático de direito, e nós temos que tomar cuidado.
Por isso que o depoimento de V. Exa. hoje aqui, como foi o depoimento do Deputado Alexandre Frota e do Gen. Santa Cruz, são depoimentos que nos advertem, que afirmam a nossa convicção. O Estado democrático de direito está correndo risco, e não sabemos, na estrutura militar, nas Forças Armadas, se está havendo já a estruturação de um movimento, porque um Presidente da República não aceitaria, do próprio Palácio do Planalto, do seu gabinete, numa estrutura ali montada, ameaças a Parlamentares, a Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Então, meu querido Presidente, a importância desta CPI é que esta CPI coloca luz nos riscos que a democracia está correndo no nosso País.
Então, quando o Presidente, cinicamente, nega e diz que tem compromisso com o Estado democrático de direito, ele está mentindo. Vamos ver se as forças verdadeiramente democráticas vão estar em condições de resistir e de impedir. Espero que, progressivamente, o Presidente Jair Bolsonaro fique isolado, porque os que compreenderam se afastaram ou foram afastados, mas há aqueles que ainda lá estão, e nós não podemos admitir nem aceitar que as Forças Armadas, que ficaram tão comprometidas ao longo do período pós-64 com tudo o que aconteceu e que foi patrocinado nos porões da ditadura, agora, em que o Estado democrático de direito já caminhava com alguma sustentação, que as nossas Forças Armadas se acumpliciem a tudo isso que está acontecendo.
Então, eu queria saber se V. Exa. tem essa percepção; qual é a percepção de V. Exa. em relação ao Estado democrático de direito e àqueles que ainda estão em torno do Presidente da República e que ainda não se aperceberam do que está acontecendo?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Presidente, depois eu quero o tempo de Líder. Depois eu quero o tempo de Líder, após a fala da Deputada.
(Soa a campainha.) A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - Bom, por óbvio que esses flertes com o autoritarismo me preocupam. Preocupam qualquer um que defenda mais democracia. Nós fomos eleitos - eu repito - como uma direita liberal na economia e conservadora nos costumes; não uma direita nacionalista/militarista e reacionária. São coisas absolutamente diferentes. Então, esses flertes com o autoritarismo preocupam qualquer pessoa que queiram mais democracia e uma democracia mais madura.
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Agora, o que eu espero, Deputado, é que haja correção de rota; que o Presidente corrija essa rota; que realmente cuide do País como nós prometemos cuidar. E não que eventualmente flexibilize por conta da influência de alguém que está querendo cada vez deixá-lo mais irritado, às vezes até mais inconsequente no que diz. Então, eu espero uma correção de rota. Eu espero que o Governo seja tocado pelo Presidente, não pelos filhos do Presidente. Eles não foram eleitos para isso; foram eleitos para outra coisa. Então, esse flerte com o autoritarismo é algo que preocupa não só a mim. Reservadamente, dentro do Palácio, alguns Ministros, vira e mexe, comentam, mas aí a gente vai lá, acalma um pouquinho: "Hoje ele está mais nervoso, menos nervoso", e trabalhando para tentar ajustar a rota. Acho que é possível ajustar a rota. Quero que este País dê certo. Acho que todos nós queremos. Ninguém aqui quer que o País pare, ninguém aqui quer que o desemprego continue, ninguém aqui quer...
Eu me lembro, Deputado, que quando o Presidente foi à minha casa, lá no Piauí - eu sou casada com um nordestino - nós sentamos no sofá - e isso eu também tenho tranquilidade em falar, porque está gravado - e eu comecei a falar para ele sobre a importância das privatizações, porque é claro que a cabeça nacionalista, mais estatista... Ele tinha muita restrição: "Não, não pode, Petrobras, Eletrobras", aquela coisa. Eu fui conversando, falando: "Olha, o Brasil precisa, de fato, de uma onda liberal, a gente tem que enxugar esse Estado." E aí a gente foi trabalhando. O Paulo Guedes é muito responsável por isso, por trabalhar a cabeça do Presidente para um liberalismo econômico.
Então, o que eu espero é que dê certo. O que eu espero é que se corrija a rota. O que eu espero é que o nosso Presidente assuma de fato o poder que tem no sentido de ser um representante maior da Nação, que não se apequene por coisas, para tentar fazer, como eu já disse, o lobby para eleger filho líder ou para botar o filho na embaixada. Não. O papel do Presidente é cuidar do nosso País e eu ainda acredito que é possível.
Deus nos ajude.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Amém!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra o Deputado Filipe Barros.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - A lista é o Filipe agora, Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - É.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Então eu prefiro falar após ele, como Líder. Está bom?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O.k.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Obrigado.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR. Para interpelar.) - Nobre Presidente Senador Angelo Coronel, demais Deputados e Deputadas, Senadores e Senadoras, a CPI tem se transformado, na minha visão, em um tribunal leninista, que pode ser resumido numa única frase: "Xingue-os do que você é e acuse-os do que você faz". E digo isso com propriedade, porque a vida profissional de Joice Cristina Hasselmann foi marcada por fake news e plágio. E o que eu direi agora são fatos: "Livro de Joice Hasselmann é alvo de processo". Depois, a imprensa divulgou conversas de WhatsApp que comprovam que o livro Delatores foi plágio; foi uma outra pessoa que escreveu. Inclusive, uma informação constante nesse livro é falsa, é fake, e foi objeto de processo, o qual a Deputada Joice perdeu. Está aqui a notícia: "Joice Hasselmann é condenada a pagar danos morais por causa de livro da Lava Jato", porque escreveu sem apresentar provas e a pessoa que a processou disse que era mentira.
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"Conselho de Ética" - segundo a notícia dos jornalistas - "comprova plágio praticado pela jornalista Joice Hasselmann". Foram 65 reportagens escritas por 42 profissionais diferentes - números, inclusive, lá da Gazeta do Povo, jornal da minha terra, do Paraná, terra da Joice Hasselmann também.
E aí, recentemente, quando Joice Hasselmann esteve no programa Roda Viva, Joice disse um fake news ao vivo no programa, porque disse que havia sido inocentada no processo, o que não é verdade. Eu estou aqui com a sentença, e o que aconteceu naquele processo em específico foi uma anulação do processo administrativo pelo sindicato, pedido pela própria Joice Hasselmann, ou seja o processo administrativo foi anulado por um erro formal, e não um erro material, tanto é que entrei no Projudi, sistema dos processos, e aqui estou com o andamento do processo, que segue e que, ao que me parece - já fica inclusive a pergunta para a Joice Hasselmann -, no dia 08/09/2019, foi julgada procedente a ação, então foi condenada em primeiro grau por plágio.
Outra notícia: "Joice Hasselmann terá que indenizar Veja por uso indevido da marca". Saiu da Veja, daí criou o "Veja Joice", ou algo assim, notícia inclusive deste ano - recente, novembro de 2019.
Então, Sr. Presidente, o que nós vimos e estamos vendo nesta tarde e início de noite, na data de hoje, nada mais é do que uma repetição da própria história profissional de Joice Cristina Hasselmann.
Então, uma próxima pergunta que tenho para ela é se o Power Point aqui apresentado é de autoria de V. Exa. mesma ou também foi plagiado, como as notícias que a senhora costuma divulgar no seu blogue, à época que estava no Paraná.
Mas também, Sr. Presidente, é importante a gente dizer aqui, como disse no começo, que a vida profissional de Joice Cristina Hasselmann foi marcada por fake news e por plágio. Eu comentei alguns plágios. Agora vamos para as fake news.
Joice Hasselmann disse nesta tarde que @snapnaro pertence a assessor de Eduardo Bolsonaro - mentira. Disse que não conhecia o Tércio - mentira, almoçou com o Tércio e com o Presidente Jair Bolsonaro quando era Líder do Governo. Tércio é do Ceará - foi desmentido, foi corrigido pela própria Joice Cristina Hasselmann. Mostrou na sua apresentação um perfil fake do Olavo. Assim como o Deputado Frota, colocou aqui na sua apresentação o Olavo Opressor, dando como se fosse aquela frase do Prof. Olavo. Não é o perfil do Prof. Olavo. O perfil do Prof. Olavo é verificado. Então, assim como Frota, Joice também, nesta Comissão, comete fake news, divulga fake news.
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E daí há umas outras tantas informações divulgadas por Joice Cristina Hasselmann, e ela não apresenta fonte. Aí fica muito fácil: "Olha fiquei sabendo da informação, Jordy", "Me disseram", "Olha, me contaram". Cadê a fonte? Cadê a fonte? Cadê as informações, a perícia que a senhora diz que fez? Não falou o nome do perito, não falou nada. Disse, na sua apresentação: "Eduardo Bolsonaro determina o alvo". Cadê? Cadê as conversas de Eduardo Bolsonaro determinando o alvo a ser atacado. Cadê o perfil dos assessores comprovando tudo isso?
Então, falar, Presidente, é fácil, até papagaio fala.
Agora, a da vez é a questão da Abin: "Ah, quer criar uma Abin paralela". Quem conviveu com Joice Cristina Hasselmann como eu sabe que Joice Cristina Hasselmann tem o hábito de gravar conversas. Isso é fato público e notório. Grava tudo. Para quê? Com qual objetivo? Para depois produzir dossiês.
Aliás, um integrante do intitulado PSL "raiz", me disse que, ao que parece, foi V. Exa. que divulgou o áudio em que o Presidente falava com o Deputado Heitor Freire. V. Exa. estava com o gravador naquele momento e divulgou para a imprensa. Um integrante do grupo de vocês, do grupo interno dentro do PSL.
Então, se há alguém aqui que produz dossiês, que faz gravações é V. Exa., é a senhora.
Mas eu disse também que esta Comissão, Relatora Lídice da Mata e convidada Joice Cristina Hasselmann, havia se transformado numa lavação de roupa suja. Então, veja: além de ter se transformado num tribunal leninista, xinga o que você é e acusa o que você faz, também é uma lavação de roupa soja, porque o Santos Cruz foi demitido e veio aqui prestar depoimento, não falou nada; o Frota queria ser Ministro da Cultura, depois queria emplacar seus cargos na Secretaria Especial da Cultura, também não foi - Ancine etc.; a Joice, que era Líder do Governo, não é mais Líder do Governo. Agora, certamente vão trazer o Bebianno, tenho certeza de que vão trazer o Bebianno aqui.
Então, veja: todas as pessoas que foram demitidas, que foram exoneradas, que perderam os seus cargos estão vindo aqui e estão construindo a narrativa de que o Presidente é um descontrolado e que esse grupo que foi exonerado, que foi demitido, sim, é o salvador da Pátria. É essa a narrativa que está tentando ser construída.
Não à toa, no começo do ano, a Deputada Joice Hasselmann disse, numa entrevista, que ela se considerava mais filha que os próprios filhos em relação ao Presidente Bolsonaro, o que comprova aqui, Presidente, Senador Angelo Coronel, aquilo que eu já disse nesta Comissão. Sabe o que está acontecendo? É o seguinte: inúmeras pessoas, Deputado Rui Falcão, querem disputar as eleições do ano que vem, as eleições municipais, só que essas pessoas que decepcionaram, traíram o seu eleitor não estão aguentando a pressão advinda das redes sociais, a cobrança do eleitor e agora vêm com esse papo furado de milícias digitais, de organização criminosa, de tudo isso que a gente está vendo. Chegam aqui, bostejam inúmeras informações, sem comprovar absolutamente nada. É o que está acontecendo nesta tarde, neste início de noite.
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Joice Cristina Hasselmann queria ser candidata a Prefeita apoiada por Bolsonaro, não será apoiada pelo Bolsonaro. Foi tirada da Liderança do Governo, está magoada com o Presidente Bolsonaro. Está sendo cobrada pelo seu eleitor em São Paulo. E, assim como Joice Cristina Hasselmann, outros tantos: uma fala que ia dar o abraço imaginário em quem divulgou o áudio do Presidente Bolsonaro para o Deputado Heitor Freire e não aguenta a pressão, não aguenta a cobrança do eleitor, porque a internet, Srs. Deputados, traz esta consequência para a gente: a internet coloca a população aqui para dentro todos os dias.
E, aí, falou-se em dinheiro público. Então, saiu a matéria aqui na Folha de S.Paulo: "Deputada Joice usa recurso público de gabinete da Câmara em guerra digital". Está aqui a matéria da Folha de S.Paulo.
E a pergunta: Joice Cristina Hasselmann, você usou esses contratos para solicitar que criassem robôs, perfis falsos e/ou disseminação de fake news através desses contratos? E você ficaria surpresa com a exposição de áudios seus fazendo esse tipo de solicitação a publicitários, especialistas em redes e/ou pessoas que prestavam consultoria na área?
Duas perguntas, quero saber a resposta.
Joice Cristina Hasselmann, você conhece Roberto Bertoldo? Porque recentemente, antes do racha interno do PSL, a senhora me convidou para um jantar numa casa e disse que a casa era do seu irmão. Eu fui à casa do seu suposto irmão e depois fiquei sabendo que essa casa, Senador Angelo Coronel, uma mansão muito bonita - não sei quantos milhões que vale aquela mansão -, pertence ao Sr. Roberto Bertoldo, ex-Conselheiro da Itaipu, que foi acusado de fazer tráfico de influência dentro do Judiciário, comprando e vendendo sentença. Então, queria saber se essa informação que eu fiquei sabendo procede, Joice Cristina Hasselmann, e qual a sua relação com o Sr. Roberto Bertoldo.
Próxima pergunta: você chegou a marcar reuniões com o Denatran ou outras entidades do Governo Federal para falar sobre um capacete, e, com esse capacete, a moto só liga depois que o motorista estiver com o capacete? Você chegou a marcar esse tipo de reunião com entidades aqui do Governo Federal?
Ponto cinco: o que você fez, Joice Cristina Hasselmann, na madrugada de 16 para 17 de outubro? E digo que foi fato público, noticiado pela mídia, que a senhora estaria passando em apartamentos funcionais nessa madrugada pedindo para as pessoas retirarem a assinatura da lista do Eduardo Bolsonaro para a Liderança e para colocar a assinatura no nome do Delegado Waldir na Liderança do PSL. Isso mesmo depois de o Delegado Waldir chamar o Presidente de vagabundo. Então, eu queria saber se essa informação é verídica ou não e se a senhora também ficaria surpresa caso aparecessem imagens da senhora de madrugada em apartamentos funcionais pedindo Deputados tirarem as suas assinaturas.
Por último, foi dito muito aqui sobre xingamento, sobre uma suposta conversa do Presidente Bolsonaro chamando não sei quem de prostituta, etc. Eu queria saber sobre este áudio aqui:
(Procede-se à execução de áudio:
Eu não sei se eu vou querer ser candidata para essa putaria toda. Não sei!
Se o Datena também for candidato ao Senado, aí eu não saio, porque... Mas aí eu estimulo o Major Olimpio a sair, porque daí ele perde o mandato, sai da vida pública e para de encher o saco.
Acho que se o Datena sair, eu saio a Deputada ou no Senado... Eu estou meio de saco cheio, sabe, desse bando de filho da puta.
É muita sujeira.)
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Quem eram os filhos da puta a quem V. Exa. se referia?
E era esse o seu desejo em relação ao Major Olimpio?
(Soa a campainha.)
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Finalizo aqui dizendo que a Sra. Joice Cristina Hasselmann...
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Não está difícil de saber quem são.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Finalizo aqui dizendo que a senhora produzia manchetes bem mais interessantes quando se limitava a apenas plagiar jornalistas.
Obrigado.
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN (Para expor.) - Bom, concluído o show, o showzinho... É divertido, não é? Porque a gente sabe exatamente quem é quem e quem faz o quê, não é?
Então, vamos lá.
Eu vou por partes.
Xingue-os do que você é e acuse-os do que você é ou do que você faz. É exatamente o que esses senhores, integrantes dessa milícia digital, fazem. Exatamente. Ponto. Então, usar isso para tentar imputar a mim qualquer coisa semelhante ao que eles fazem, me desculpa, é uma narrativa no mínimo babaca.
Fake news e plágio. O Deputado que me antecedeu deveria ter um pouco de cuidado e ler as notícias na íntegra em relação ao processo que foi movido por um sindicato filiado à CUT, que todos, todos, todos sabem tenho uma histórica briga com esse sindicato; uma briga com esse sindicato desde que eu, como acadêmica de jornalismo, assumi a direção da CBN em Ponta Grossa.
Na região - eu não sei se em Brasília é assim -, os ditos estagiários não podem receber, o sindicato proibia, poderiam trabalhar de graça. Eu já era diretora da Rádio, entrei com um processo, e a nossa briga é histórica - histórica.
Depois que eu saí de Curitiba, fui a São Paulo; depois que eu criei a TV Veja, que estava bombando na eleição, de repente eu estava em Brasília fazendo até uma rodada de entrevistas com Ministros tanto do Governo quanto do Supremo, Senadores, eu gravava várias em uma semana, e me aparece a notícia: "Jornalistas processam Joice por plágio". Eu dei risada!
A moça da Gazeta, inclusive advogada, me ligou, me falou: "Joice, é aquele pessoal que não gosta de você e tal. Como é que fica? E como é que não fica?"
Está bom, vamos para a briga.
Primeiro, fiquei muito zangada, por óbvio, porque era óbvio e claro que aquilo era uma tentativa de retaliação para pegar uma caroninha num sucesso que eu estava fazendo claramente na internet, nas redes e tal. Briga ideológica. Ponto.
O processo foi anulado por um erro formal? É verdade, foi anulado por um erro formal. Ponto. Eu sequer sabia dessa história antes da notícia explodir.
Em relação ao livro, o meu livro Delatores - quem quiser está à disposição - é um livro que foi escrito por mim, com decupagens que foram feitas inclusive de muitos vídeos meus. Os dois foram assim, porque eu fui contando a história, cobrindo movimentos, como jornalista, em vários vídeos que eu fiz e, por óbvio, eu tenho mais o que fazer do que decupar os meus próprios vídeos.
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Um desses malucos aí que foi chamado de delator, que se apresentou até para a equipe da própria editora como delator, pediu para mudar o nome para colaborador. E isso foi feito. Só que foi feito depois que o release já tinha saído e, por conta disso, por conta de delator, colaborador, que ele está incomodando. É um cidadão que está querendo arrancar dinheiro.
Em relação ao Veja Joice. É verdade, eu tenho essa briga com a Veja desde que eu saí por uma questão muito simples. Eu criei a TV Veja, eu saí da TV Veja, veja é uma palavra... Podia ser Olha Joice? Daí podia. E eu coloquei o nome para que a minha audiência viesse comigo. A audiência deles fica lá, e a minha audiência veio para cá. A gente está brigando na Justiça, e vamos brigar na Justiça - acabou - até o final. Eu nunca usei a marca da Veja!
Em relação ao Sr. Roberto Bertoldo.... Realmente, eu disse... Assim, o Deputado foi um pouco desleal no que disse, mas vamos lá. Eu fiz realmente um churrasco com a Bancada do PSL e, quando me foi perguntado onde, eu disse: "Na casa de um irmão meu, um irmão meu". Oh, meu irmão! Mas tudo bem. Eu sei que, assim, Deus só limitou a inteligência. Então, a gente precisa ter isto assim de maneira muito clara: a burrice realmente é ilimitada.
Em relação ao Denatran ou entidade do Governo para capacete, é verdade. Aliás, por conta de lobbies e pressões é que uma solução, que é excepcional para o Brasil, excepcional para desafogar a saúde pública, para salvar vidas, não foi implantada. E essa solução, essa solução é uma solução que estava para ser implantada desde a época do Governo do Michel Temer, que é uma coisa muito simples: o capacete transformado em cinto de segurança; a moto só liga com o capacete.
Eu não sei qual é exatamente o problema. Inclusive eu, à época, comentei com a Deputada Bia Kicis e falei: "Olha, Bia, tem um trabalho excepcional que eu descobri, até porque o meu marido é neurocirurgião, e ele tem a maior pesquisa sobre trauma de crânio por acidente de moto". Justamente porque, além de hospital privado, ele atende em hospital público e, por conta disso, por ter esses dados, esses dados foram cedidos. São dados públicos, que foram cedidos para que nós pudéssemos mostrar para a população qual era o tamanho do rombo. Porque enquanto o bonitão que anda sem capacete e tem 30 anos de idade, ele vai para a UTI, fica 30 dias na UTI, a velhinha que chega com aneurisma morre, a criança que chega com problema de insuficiência cardíaca morre. E aí nós apresentamos isso, eu achei excepcional. Deveria até ser um projeto de lei isso porque salva vidas - salva vidas. O problema é que, por óbvio, há corporações que atrapalham o processo com interesses próprios.
O que mais? Ah, sobre o Tércio, se o Tércio almoçou ou não almoçou comigo. Eu não sabia a cara que o Tércio tinha, se ele estava nesse almoço, não sabia a cara que o Tércio tinha.
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Esse almoço foi um almoço em que, eu me lembro muito bem... Quando o Deputado Presidente da Câmara Rodrigo Maia e o nosso Ministro Sérgio Moro - que, aliás, é um dos pilares desse Governo, esse Governo é Moro e Guedes, um dos pilares de sustentação -, houve uma rusga pública, vocês se lembram, por conta do pacote anticrime, e lá vai eu atuar como bombeira.
Eu marquei um café da manhã entre eles, entre o Moro e o Rodrigo Maia, e aí se decidiu criar o grupo de trabalho para que andasse o pacote anticrime aqui na Câmara dos Deputados. E o Presidente me ligou no meu celular e falou assim: "Bom, quer almoçar aqui, Joice?" Eu falei: "Tá, estou indo". Fui lá e almocei. Imagino que, como citou aí o Deputado, o tal do Tércio devia estar lá. Eu nunca conversei com ele. Quem eu me lembro de que estava na mesa era eu, o Presidente da República, se eu não me engano, Nabhan Garcia, o Flávio Bolsonaro chegou depois, mas também sentou ali, e aquele pessoal que fica ali no gabinete de segurança, que sempre está por ali. Ah, e também estava o Célio; se eu não me engano, o Célio que cuida da agenda do Presidente, essas coisas.
Sobre a questão de divulgar áudio ou gravação do Presidente, o que o Deputado de maneira inconsequente e irresponsável faz é muito grave. Primeiro, porque ele acusa um colega, o Heitor, de ter gravado o Presidente. Isso é gravíssimo!
Essa é uma acusação... O senhor fique quieto agora que eu estou falando.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Eu acusei você, não acusei o Heitor.
Acusei você.
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - Não, não, fique quieto que eu estou falando.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Acusei você!
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - Então, ele fala que o Heitor Freire gravou e que eu divulguei.
O SR. FILIPE BARROS (PSL - PR) - Não, você gravou e você divulgou porque você anda com um gravador.
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - Olha, Deputado, realmente, a sua estupidez é marcante.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Precisa provar, não é?
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - É marcante. É marcante.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Eu achei que era CPI de Fake News, não dos esquizofrênicos.
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - Não, não, não, eu vou acionar, esquece.
O Deputado...
E em relação a esse áudio que ele mostrou, qualquer bípede, que tenha pelo menos dois neurônios e não tenha penas, sabe do que se trata. Qualquer bípede que tenha pelo menos dois neurônios e tenha acompanhado a política sabe, provavelmente, que eu devo ter passado esse áudio em conversas para a minha ex-amiga Carla Zambelli, nós conversamos muito, e esse, certamente, esse áudio, foi passado de maneira... Eu estou aqui de maneira ética cuidando das conversas privadas com o Presidente e à época em que essa senhora queria ser candidata, pensava em ir para outro partido, já estava negociada com o Podemos, e eu insisti bastante, inclusive, para que viesse para o PSL para fazer a filiação, tenho, obviamente, tudo para comprovar e, certamente, foi isso que aconteceu.
Houve uma briga pública entre mim e o Major Olimpio. Todos sabem! A briga foi pública - foi pública. Ele brigando comigo, e eu brigando com ele, porque o Presidente da República me convidou para ser candidata ao Senado! Esse foi o convite e escolheu o meu suplente. Ele escolheu o meu suplente, caro Filipe Barros. Ele me ligou e disse: "Pode ser o Marcos Pontes, Joice?" Eu falei: "Você que manda, capitão". Está tudo certo. E ele me disse: "O Olimpio se lançou candidato, mas não vai vingar. Eu acho que ele está ganhando o nome, depois sai para Deputado e garante o mandato".
E saímos nós dois pré-candidatos ao Senado, e aí deu-se a confusão. Deu-se a confusão e, inclusive, houve um pedido de... O Olimpio, à época, pediu a expulsão do partido alegando infidelidade partidária porque um dia, num evento em que eu fiz, fui palestrar para haver arrecadação da campanha para a Carla Zambelli, o Doria passou por lá. Eu fiz alguns eventos para ajudar na campanha, o Doria passou por lá, deu uma passadinha e eu brinquei: "Esse aqui é meu candidato, meu Governador e coisa assim". É engraçado, né? Então, a briga é pública. Eu e o Major Olimpio ficamos por meses com essa rusga, e hoje está tudo muito bem, porque somos adultos, somos maduros.
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E uma briga, caro Filipe Barros, político-eleitoral é uma briga que passa. As nossas divergências, meu caro, não eram ideológicas. As nossas divergências não eram de valores ou princípios. O que havia era uma disputa de espaço. Quando eu vi que o Olimpio realmente estava reagindo nas pesquisas... E o Presidente tirou o pé, não se meteu até aquele momento, houve aquele silenciamento. Ele me liga - isso acho que um ou dois dias antes do prazo legal para fazer a transferência do título - e diz: "Pô, Joice, vamos parar com essa briga", aquele jeitão do Presidente. Ele ainda brincou comigo: "Não se bate em homem com a mão aberta". E eu disse a ele mais de uma vez, mas naquela ocasião: "Presidente, comigo bateu, levou. Eu não tenho medo de marmanjo de botina". Claro, os ânimos estavam muito exaltados ali.
O Olimpio saiu candidato, e o Presidente disse para mim: "Quer ser Governadora?" Um grupo do interior de São Paulo fez um evento e falou: "Ah, vai ser a nossa Governadora..." Isso aí deu uma confusão danada. Eu falei: "Presidente, agora, a "x" meses da eleição? Sem dinheiro, sem tempo de TV, sozinha?" Aí ele falou: "Não, se é para ir para o sacrifício, então venha Deputada". E aí, a contragosto à época, eu saí candidata a Deputada.
Já vou concluir, Presidente. Só para que a gente restaure um pouco da sanidade mental.
Muito bem. Saí candidata, o resultado vocês sabem. Esse áudio, por óbvio, se refere àquela confusão danada em que a gente só não estava se chamando de santa, uma conversa privada com alguém muito mau-caráter que está divulgando essa conversa privada. Por óbvio, eu estava me referindo àqueles que tentavam me expulsar do partido, depois de ser convidada pelo Presidente da República. Simples assim.
Em relação a gravar, caro Filipe, eu sei que há muitos Deputados que têm esse hábito de gravar pessoas. Esse não é o meu hábito. De pessoas que me deram entrevistas ou pessoas que eu investiguei enquanto jornalista, por óbvio, há gravações a respeito, agora, eu não seria canalha de gravar os meus colegas, muito menos de envolver um colega, como você está dizendo, o Heitor Freire, numa safadeza dessas. O Deputado Heitor Freire, que duvideodó - duvideodó - que tenha sido eventualmente ele ou qualquer um daquele grupo que tenha feito essa malandragem. Duvido! Que eu saiba, e isso foi confirmado por vários Parlamentares, o grupo de vocês ligou do Palácio, do celular, para passar ao Presidente fazendo lobby para o Eduardo Bolsonaro ser líder. E isso o grupo de vocês comenta abertamente, claro e transparente. Então, meu caro, se é para fazer uma acusação pela lógica, a lógica me diz que quem ligou gravou, com toda certeza.
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O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Presidente, eu fui citado e gostaria do direito de resposta e, na sequência, o meu tempo de Líder.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Certo, Deputado, mas eu queria anunciar aqui os próximos Parlamentares inscritos, para se prepararem: Deputado Carlos Jordy, Deputado Márcio Labre, Deputado Carla Zambelli e o Deputado Túlio Gadelha são os próximos quatro inscritos.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deputado Alexandre Frota, deixa só eu mostrar um pequeno exemplo do que está acontecendo agora nas redes sociais?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - O.k., a gente já viu aqui.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Para vocês entenderem como é que funcionam os robôs e a máquina de tuítes e retuítes. Eles subiram dois tuítes me atacando e, em questão de três minutos, olha o que acontece. Agora, agora. Está à disposição também da CPI. Põe de novo, só para que não haja dúvidas. Agora, em três minutos, o meu nome Joice estava como o primeiro do Twitter. Aí eles criaram a hashtag, subiram de volta a hashtag #DeixeDeSeguirAPepa e hashtag #JoiceTraidora, que é a narrativa que eles estão tentando construir na milícia. E aqui o monitoramento pega. Olha só que maravilha!
Só falta mais uma coisa em relação ao perito que assina os laudos. Ele se chama Onias Tavares Aguiar, perito do Estado de São Paulo por 26 anos. Foi perito criminal da Polícia Civil de São Paulo, homem extremamente ilibado. Então, de novo, para quem quiser a informação correta, caro Deputado: Onias Tavares Aguiar. Mas os laudos estarão assinados, Deputado, então, vocês terão acesso às informações todas. É isso.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Alexandre Frota.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Para explicação pessoal.) - Primeiro, eu fui citado pelo Deputado sem partido, mentiroso, totalmente mentiroso. E vai ouvir agora, senhor, que é o seguinte: eu jamais pedi ao Bolsonaro para ser Ministro da Cultura e gostaria que ele provasse isso, e ele não vai conseguir provar. Quem me chamou para ajudar a montar aquela secretaria foi o próprio Bolsonaro, que não gostava desse insosso, sem sal, Osmar Terra, que está aí, que estrangulou a cultura. Foi colocado lá pelo Sr. Onyx Lorenzoni, por um acordo dele com o Temer, era a fatia do MDB. E como o Sr. Filipe Barros mentiu aqui, eu vou mostrar a gravação, que já foi publicada inclusive nas redes sociais, mostrando o próprio Bolsonaro me pedindo auxílio para montar a secretaria. Então, vamos ouvir, já que ele gosta de gravação:
(Procede-se à execução de áudio:
Pode ter certeza de que ficar como está não vai. Agora, você está ajudando bastante nessa questão. Joga pesado com o Osmar Terra, esses dois nomes aí, para ver se ele se manca em alguma coisa. Eu acho que ele não quer problema nessa área, até porque a área dele é completamente diferente, é outra. Agora, qualquer nome que você indicar para mim para lá a gente assina embaixo. Está o.k.?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Está vendo aí, Filipe Barros.
Bom, fora isso, quando eu falei de Ancine com o Bolsonaro, acreditem, o Presidente Bolsonaro me disse que não sabia o que era Ancine. A cultura dele, a cultura dele... Não sabia o que era Ancine. Eu expliquei para ele o que era Ancine. Talvez ele achasse que a Ancine estivesse passando só os meus filmes. (Risos.)
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O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Aliás, ele é fã. Então, é o seguinte: eu estou desmentindo o senhor com essa cara de pau, com essa cara lavada que o senhor tem. Estou desmentindo o senhor aqui para todo o Brasil para o senhor saber que o senhor veio aqui mentir, seu mentiroso! O senhor é um mentiroso! Está aqui provado, e eu já tinha provado isso.
E não acabou não.
Agora eu vou falar o meu tempo de Líder.
Pois é, se prepara.
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Calma rapaz!
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Eu quero mostrar aqui e provar aqui... Quero mostrar aqui e provar aqui...
Meu tempo de líder, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não, Deputado, assegurado.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Vamos lá. Quero mostrar...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Tanto ao senhor como a qualquer outro Líder.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Pela Liderança.) - Quero mostrar aqui como essas milícias agiam.
Muito bem, em fevereiro, Ministro da Educação defende universidade só para elite intelectual" - a milícia apoiou.
"Damares diz que holandeses indicam masturbação de bebês a partir dos sete anos" - a milícia incentivou.
"Michelle Bolsonaro vira alvo de investigação por receber cheque de Queiroz" - eles tentaram desmentir.
Aí a gente vai para fevereiro. Em fevereiro:
"Sem diploma, Damares já se apresentou como mestre em educação e Direito"- eles apoiaram, tentaram transformar isso em verdade.
"Após postar vídeo com pornografia, Bolsonaro pergunta o que é golden shower" - eles aplaudiram.
Em março:
"Bolsonaro elogia o ditador paraguaio Alfredo Stroessner em público" - eles apoiaram.
"MEC envia carta às escolas pedindo que crianças sejam filmadas durante a execução do Hino Nacional" - eles apoiaram em massa, isso é apoio em massa.
"Ministro do turismo criou candidatos laranjas para desviar recursos" - eles tentaram desmontar.
Aí nós vamos passar para abril. Vamos para abril.
"Presidente Jair Bolsonaro censura campanha do Banco do Brasil focado na adversidade" - isso porque ele disse que ia governar para todos, sem viés ideológico; eles aprovaram.
Dia 14: "Após dizer que é possível perdoar o holocausto, Bolsonaro tenta se retratar" - todos também tentaram se retratar.
Abril: "Não houve ditadura", disse Bolsonaro sobre o golpe de 64" - eles apoiaram.
Junho: Bolsonaro sobre estudantes que protestam: são uns idiotas [...], são uns imbecis" - eles apoiaram.
Dia 5: "Bolsonaro quer o fim da multa a quem transportar criança sem cadeirinha" - a milícia apoiou em massa.
Em julho:
"Bebianno sai da toca e acusa Bolsonaro de terceirizar laranjal". Eles: "Vamos queimá-lo". Em massa.
Dia 26: "Militar da Aeronáutica, que levava cocaína em avião da FAB, é preso pela polícia da Espanha" - eles entraram para defender o militar, a cocaína e o avião.
Agosto. Vamos lá.
"Governo brasileiro se prepara para negar aquecimento global" - disse que não existia e todos eles disseram também que não existia.
Dia 27: "Questão ambiental só importa aos veganos que comem só vegetais". - eles apoiaram.
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"Passar fome no Brasil é uma grande mentira", disse o Presidente Bolsonaro - eles apoiaram.
"Daqueles governadores de 'paraíba', o pior é do Maranhão", disse Bolsonaro - eles apoiaram.
Setembro:
"Fazer cocô dia sim, dia não vai melhorar o meio ambiente"- eles apoiaram.
(Soa a campainha.)
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - "Bolsonaro disse que poderia nomear Eduardo Ministro [esta foi a piada do ano] - se ele não fosse eleito embaixador". O Eduardo está melhor do que o Whindersson Nunes. Ele virou um comediante sensacional. O stand up dele deve estar valendo uma fortuna.
Aí tem outubro, tem novembro, aí vem a questão de quem jogou o óleo no mar, Leonardo DiCaprio queimou a Amazônia e mais tudo isso que vocês já viram aí. Então, é assim... E aqui está provado isso. Isso aqui não é loucura. Isso aqui está documentado. Nós temos aí a documentação de todos os ataques. Então, é uma mentira quando vem um Deputado com a cara lavada que nem mais neste momento tem partido, porque não sabe qual é o partido...
Inclusive, ainda, uma senhora agora chamada... Coloca aqui. Uma senhora acabou de fazer uma publicação aqui agredindo a Joice. Aí, a gente vai no perfil da Sra. Leila Cordeiro Justin e vê que ela é uma senhora dona de casa, que tem uma vida pacata, mas, quando a gente clica em cima, cai naquele...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Conclua, Deputado.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Como é o nome? Lambança... Como é o nome do partido?
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Aliança o quê?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Lambança pelo Brasil.
Então, eu queria deixar isso muito claro que aqui é para falar a verdade. Fale a verdade, Filipe! Fale a verdade! Você sabe que eu nunca, nunca pedi ao Bolsonaro para ser Ministro. Nunca pedi ao Bolsonaro para ser Ministro da Cultura. Está certo? Então, quando você quiser falar, fale a verdade! Está certo?
Muito obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não, Deputado.
Passo a palavra ao próximo Deputado inscrito, Deputado Carlos Jordy, do PSL, do Rio de Janeiro.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Carlos Jordy.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Jordy. Desculpe-me.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Deputados, Relatora, Deputada Joice.
Deputada, é com grande pesar que venho aqui hoje para falar a respeito de toda essa situação que V. Exa. traz sobre fake news, gabinete de ódio. V. Exa. sabe muito bem que eu tinha uma grande admiração por V. Exa. Contudo, no momento em que nós vemos que o Governo está sendo atacado, em que tantas mentiras estão sendo propagadas, e V. Exa., com alguns Deputados do PSL, com o Frota, com Deputados de oposição se unindo - aquele ditado "ninguém solta a mão de ninguém" -, contra o Governo, não dá para deixar isso passar batido. E já que o Frota falou que é fake news o que meu amigo Filipe Barros disse, eu queria saber se isso aqui também é fake news: "Rachel Sheherazade processa Alexandre Frota por ter sido comparada a prostituta pelo Deputado". Está no Diário do Centro do Mundo.
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O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Quer que eu responda agora?
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Não, depois V. Exa...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Eu respondo.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Não, vai ter direito de resposta.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Está bem.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Está no Diário do Centro do Mundo. Pode ser que seja fake news. Aí a gente convoca aqui. A gente convoca, porque, inclusive, eu já sofri fake news por parte do Diário do Centro do Mundo. Mas estou olhando o que está aqui na imprensa. É fake news? Então, depois ele prova isso.
Foi dito aqui por um Senador, se não me engano o Rogério Carvalho, que o que está sendo arquitetado aqui pelo Governo, por esses milicianos, é uma organização fascista. Aí foi citado ali todo o PowerPoint da Joice.
Engraçado que... Aí ele disse aquela coisa do linchamento virtual, perfis fake, mas engraçado é que o que está sendo até meio criticado pelos Parlamentares de oposição, falando que o que há dentro do Planalto é uma milícia virtual que caça seus opositores, caça aqueles que não concordam com sua opinião política, é o que era feito pelo PT em outros Governos.
Aqui a Folha de S.Paulo, 2011: "PT treina 'patrulha virtual' para atuar em redes sociais". "Militantes usarão rede para rebater reportagens 'negativas' contra o partido". "Sigla vai editar 'manual do tuiteiro petista' para ensinar filiados a fazer propaganda e espalhar mensagens na internet".
Aqui fala até de guerrilha virtual. O PT fazia isso e pagava com recursos públicos. Engraçado que houve até o mensalinho do Twitter. E naquela época não houve aqui esse teatro de CPMI de Fake News em que só querem atacar o Governo, e, lamentavelmente, pessoas que fizeram parte agora se juntam à oposição.
A Deputada Lídice da Mata disse que o que foi dito aqui hoje é de extrema gravidade. Não só ela, mas também outros Parlamentares disseram que o que foi dito aqui hoje é de extrema gravidade. Realmente, é de extrema gravidade. É de extrema gravidade se não houver provas para o que foi dito. Lamentavelmente, a Deputada não veio como convocada, mas como convidada, porque tudo que ela trouxe aqui hoje, muitas coisas, na verdade, não remetem a fake news. Mas essa questão da Abin e do Carlos Bolsonaro são questões que devem ser investigadas, e, caso não tenham lastro, não tenha provas, isso deve ter o seu destino legal, um destino judicial, até porque a Deputada aqui não está como Deputada, mas como convidada da CPMI.
E é curioso como todo ataque agora é apontado como de robô, né? A gente está numa CPI de Fake News, só que a gente não vê aqui nada com relação a fake news. Uma ou outra que é levantada aqui, mas o cerne principal são ataques virtuais, ataques virtuais que ocorrem tanto da oposição quanto daqueles que são adeptos do Governo. É o tempo inteiro falando de ataques virtuais. E, obviamente, existem ataques virtuais que devem ser coibidos, reprimidos, porque aí já partem para a calúnia, para a difamação, para a injúria, para crimes contra a honra, e isso deve ser responsabilizado penalmente - por isso há esses tipos legais no Código Penal -, mas também há aqueles que nada mais são do que a liberdade de expressão, a liberdade de associação de pessoas que se mobilizam numa democracia em que a internet acabou democratizando efetivamente a política e cobram dos agentes públicos, dos agentes políticos, fazendo críticas, fazendo memes.
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E qual o problema de fazer memes? Ou nós vamos, agora, partir para o campo da esquerda, o campo do Lula, e querer regulamentar as redes sociais? O meme... Todos já passamos por isso, somos figuras públicas e estamos submetidos a isso. Não vejo problema algum. É óbvio que os excessos com relação a questões de ofensas criminais, questões de calúnia, difamação, aí, sim, devem ser responsabilizados judicialmente.
Mas é curioso que todo mundo agora virou robô. Tem tuíte da Deputada que bate 17 mil curtidas. Por exemplo, tem um aqui: "A esquerda raivosa e os bonecos de ventríloquos estão em polvorosa por causa da decisão do Governo Jair Bolsonaro de autorizar as comemorações devidas ao março de 1964. Podem berrar, o choro é livre, e, graças aos militares, o Brasil também é". Dezessete mil e cem curtidas! Quantos robôs, né? Quantos robôs! Se vocês olharem agora as redes sociais, o tuíte dela dá 700, 800 curtidas. Será que os robôs, então, trocaram de lado? Será que não são pessoas que gostavam da posição política da Deputada, por ela ser alguém que levantava a bandeira do Governo Bolsonaro, alguém que levantava a bandeira Bolsonaro, e agora, por ter trocado de lado, agora perdeu seus seguidores, perdeu a quantidade de curtidas?
E aí também... Bom, eu também, recentemente, fui atacado. Já que todos falam aqui dos ataques nas redes sociais e que são grupos organizados que começam a fazer disparos em massa e começam a atacar... Eu, recentemente, fui atacado. Passo o tempo inteiro com relação a isso. Passei mais de 40 libertários me atacando no meu tuíte. A única coisa que eu fiz foi bloqueá-los, bloquear. Resolveu o problema. Só que, hoje, como a Deputada quer atacar o Governo, quer arrumar uma justificativa por ter pulado do barco, pulado de lado, agora tem que judicializar, tem que vir fazer essa participação na CPMI, que é uma demonstração de traição ao Governo. Os ataques que ultrapassam as legalidades, sim, devem ser coibidos na lei. Devem ser coibidos na lei. Sou solidário quando V. Exa. recebe algum ataque como alguns que foram demonstrados ali, que não são fake news, mas são ataques, ataques contra a honra, ataques que começam a atacar sua honra, e, obviamente, como uma mulher, uma mãe, tem realmente algo que não poderia ser atingido, porque seus filhos estão vendo isso e sofrem da mesma forma.
E, da mesma forma, eu me solidarizo por conta de um apelido que tenho certeza de que V. Exa. não gosta que é Pepa Pig. Eu tenho certeza de que V. Exa. não sabe quem colocou esse apelido em V. Exa. Quem colocou foi um blogue chamado Jacaré de Tanga. E a senhora sabe de quem é esse blogue? É de alguém que está aqui conosco e hoje é seu amigo solidário, fala tanto que está do seu lado e a parabeniza pela sua atuação. Foi essa pessoa que hoje é seu aliado e lhe colocou esse apelido.
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Falaram também do dinheiro público, o dinheiro público que é utilizado para financiar a milícia digital e atacar os aliados, aqueles que são contrários aos aliados do Presidente. Falaram que parece que existem cargos que são utilizados exclusivamente para fazer ataques, como se houvesse alguém a que você paga lá um subsídio mensal, cujo único trabalho é fazer ataques e fake news na internet, esquecendo-se de que esses que são os nossos cargos comissionados também têm uma vida. Eles têm uma vida, eles têm perfis e eles têm todo o direito de fazer perfis também de memes. Isso não é nenhum crime ou, a partir de agora, todos aqueles que forem assessores de Deputados não podem ter mais redes sociais?
Mas, já que foram para esse lado do dinheiro público, o Frota recentemente fez um ataque num tuíte, numa enquete, em que ele questionava se o Adélio, na tentativa de assassinato do Presidente Jair Bolsonaro - naquela época, Deputado e candidato à Presidência -, tinha sido incompetente ou distraído. Bom, isso é dinheiro público para fazer ataques à honra do Presidente da República, incitando apologia ao crime.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Ataque?
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Aí pode? Nesse caso pode?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Fora do microfone.) - Ataque?
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - É ataque, fazendo apologia ao crime. E aí? Deve ser muito tranquilo...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Fora do microfone.) - É uma enquete.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Pois é, uma enquete. V. Exa. tem toda razão, V. Exa. sempre tem a razão em tudo que faz, faz ataques...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Eu não vou responder a V. Exa., não. Depois faz o seu direito de resposta, mas eu não falo com pessoas que mudam de lado como mudam de camisa não.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Está bom.
(Interrupção do som.)
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Essa enquete fazia essa associação, querendo comparar o Adélio como se fosse uma pessoa que cometeu um erro ao não matar o Presidente da República. E mais: se quer falar de dinheiro público, a Deputada não respondeu à pergunta sobre a Folha de S.Paulo, que diz que a "Deputada Joice usa recurso público de gabinete da Câmara em guerra digital. Ex-líder gasta verba parlamentar com empresa que gerencia redes com ataques a adversários", Fábio Zanini. Se for fake news, vamos convocá-lo, então.
Para concluir, Deputada, eu digo que eu realmente fico muito triste em estar aqui, porque tinha uma admiração muito grande por V. Exa., sempre deixei isso muito claro. Não a conhecia pessoalmente antes da eleição. Muitas pessoas até me questionavam, eu via muitas pessoas criticando V. Exa. - alguns até que hoje aqui são solidários e que dão as mãos para V. Exa. como se fossem seus maiores aliados a criticavam, falavam do seu ego, falavam da sua soberba -, e eu nunca critiquei, sempre disse que tinha uma dívida de gratidão, porque, diferentemente de V. Exa., eu sou uma pessoa que leva sempre lealdade e gratidão dentro do meu coração.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Em nome de Jesus.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Eu fui e sou muito grato por você ter pedido votos para mim como Deputada Federal, não sem me conhecer, no Rio de Janeiro, mas V. Exa. está sendo muito ingrata com o Governo, muito ingrata com o Presidente Jair Bolsonaro, e eu tenho certeza de que o futuro mostrará quem é quem, as urnas vão lhe mostrar quem é quem.
(Soa a campainha.)
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O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Eu tenho certeza de que a sua eleição pode não estar comprometida, porque tem milhares, milhões de seguidores, mas, quanto ao seu prestígio do lado daqueles que estão do lado de Jair Bolsonaro, que pensam pela fidelidade, pela lealdade, não pensarão boas questões a seu respeito. E pode ter certeza de que a política perdoa até a traição, mas não perdoa o traidor.
Eu queria muito poder não estar aqui falando contigo. Eu relutei demais para um dia vir falar com V. Exa. - sempre disse isso -, mas a traição que V. Exa. e outros Deputados estão fazendo com o Jair Bolsonaro, com o Governo é imperdoável.
Muito obrigado.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Presidente, tenho direito de resposta, fui citado três vezes.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Se V. Exa. foi citado, o direito será concedido, como a qualquer um que for citado aqui neste Plenário.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Para explicação pessoal.) - Muito obrigado.
Presidente, depois de assistir aqui ao Deputado que me antecedeu, inclusive com final melancólico, emocionante - parecia até que estava no Fala Que Eu te Escuto -, primeiro, o caso da Rachel Sheherazade foi arquivado, para que ele possa saber, não houve condenação. Então, que fique claro aqui para ele.
Mas, já que ele gosta de falar de processos, no dia 15 de abril: "Humorista obtém vitória judicial contra Carlos Jordy", o humorista Felipe Neto, porque ele havia dito que o Felipe Neto estava ensinando os jovens a entrar na deep web. É verdade ou não é? O senhor foi condenado e foi obrigado a tirar o Twitter do ar. Então, o senhor pode rir agora, mas, se há alguém condenado aqui, é o senhor, que, aliás, na homenagem que nós fizemos ao Flamengo, que é o meu time de coração e o seu também, fez uma revelação bombástica de que o senhor, quando me conheceu, sentou no meu colo. Eu fiquei impressionado, porque eu não sabia, eu não sabia que eu já tinha ido aí. Desculpe-me.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Sr. Presidente, direito de resposta.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Aí eles falam que eu fiz uma enquete em que eu não emiti nenhuma opinião. Eu apenas fiz uma enquete com uma ferramenta do Twitter, que me dá esse direito de fazer uma enquete, e simplesmente não emiti nenhuma opinião sobre o atentado do Presidente Bolsonaro. Mas eles falam no AI-5, eles falam em fechar o STF, eles falam no jipe com cabo. Não sou eu que falo. Estou vendo aí o trio calafrio falando tanto: "Olha só, cometeu crime". Olha bem. Quem falou em AI-5? Quem falou em fechar o STF? Um atentado à democracia, tanto é que nós, eu e o Deputado Molon, somos autores para mudar o dia 13 de dezembro para ser o dia da democracia.
E, para terminar, já que falam tanto, eles vão buscar tantas coisas na internet, minha vida é um livro aberto - todo mundo sabe o que eu fiz, o que eu não fiz -, então, para mim, não há problema nenhum.
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Londrina, terra de quem? MP apura suposta compra de votos do Vereador eleito. Como a gente vê, não é só... Nós temos que saber que vento que venta lá venta cá. Parece até que são os paladinos da pureza, parece que são todos puros, que nunca cometeram absolutamente nada.
Então, são ataques levianos, que chegam aqui para querer tentar desconstruir, porque o assunto aqui é a CPMI da Fake News. Acho que nós somos, Deputada Joice, maiores de idade e não precisamos de conselho de ninguém para dizer se a gente está seguindo certo ou errado, é um problema nosso. A vida é feita de escolhas, cada um escolhe o que quer e qual o caminho a seguir. Isso tem que ficar muito claro para todos aqui dentro.
E o quanto falarem a meu respeito, eu tenho munição aqui, eu não tenho problema nenhum.
(Soa a campainha.)
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Posso ficar até sábado, domingo, não tenho problema nenhum, mas as coisas têm que ser faladas na realidade.
Muito obrigado.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Já que ele está falando que sentei no colo dele no jogo, na verdade, eu entrei com ele no Maracanã. Em 1992, eu tinha dez anos, mas beleza.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Não, o senhor é quem falou lá. Está gravado lá.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Como é que eu vou sentar no colo dele se ele admitiu que teve que fazer uma prótese para implantar um pênis?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Está gravado lá.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado, vamos respeitar o povo brasileiro, que está nos assistindo aí. Pelo amor de Deus!
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Mas esse foi mais...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Tem que respeitar.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Presidente, o problema é que eles ficam excitados com essas coisas a meu respeito.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Conclua, Deputado.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Pela ordem, Presidente, vamos...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu gostaria que os Srs. Parlamentares...
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Presidente, Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... não baixassem o nível.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Mas não está baixando o nível, é porque está se falando aqui... Só um minuto, Deputado Paulo. É porque está se falando aqui, e isso é mais uma fake news. Mas não há problema nenhum, a gente está no jogo para jogar, vamos em frente.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Presidente, não vamos permitir esse desvio de foco.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu falei aqui, Deputado.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É quebra de decoro, não é? Eu acho que a gente tem que...
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Fica uma provocação...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Mas tem que falar a verdade.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Fica uma provocação...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Fica uma provocação...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa. tem razão, Deputado.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - ... recíproca, e nós não podemos perder a perspectiva da seriedade de uma CPI.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com certeza.
Com a palavra o nobre Deputado Márcio Labre, do...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não, não, não.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Aliás, não, desculpa, Deputada. A Deputada Joice ainda vai responder ao Deputado Carlos Jordy.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Vamos lá.
De fato, Deputado Carlos Jordy, eu pedi voto para o senhor no Rio de Janeiro, como eu pedi voto para tanta gente. Quantos são os Deputados hoje do PSL que me pediam vídeo: "Posta nas suas redes, me ajuda", e eu ajudava. E eu disse no seu caso, inclusive na véspera da eleição, que, se eu votasse no Rio, teria votado no senhor. Lamentavelmente eu me arrependo, não pela sua característica de atuação como Parlamentar ou por qualquer conduta ética e moral que possa ser reprovada, mas porque o senhor sabe exatamente o que está falando, o senhor sabe exatamente o que está acontecendo e o senhor vem aqui e desvirtua todo o discurso, fala em lealdade.
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Desculpe-me, caro Deputado, mas nós temos lealdade é com o País. Pessoas que fazem o que é correto merecem o nosso apoio. Pessoas que fazem o que é errado merecem que nós assumamos a responsabilidade porque estamos aqui para ajudar a conduzir o País.
Lealdade incondicional no erro, caro Deputado? Isso é de uma estupidez acachapante. Será mesmo que todo mundo com que o Deputado disse que está magoado, que saiu do Governo... Será que todo mundo está errado? Será que todas essas pessoas que ajudaram a fazer campanha e foram leais... Será que todo mundo está errado? Parem para pensar, é um atrás do outro.
E aí, com a maior cara de que não está entendendo nada, eu tenho que ouvir um discurso desse, mas o senhor sabe o que está acontecendo, o senhor falou de fake news, o senhor foi condenado. O Twitter apagou a sua publicação, um negócio pesado - um negócio pesado.
Então, essa falta de responsabilidade que está sendo levantada como bandeira chamada de lealdade, mas é uma pseudolealdade, é uma irresponsabilidade com o País. Ninguém aqui pode defender crime - ninguém, ninguém.
O Deputado também falou sobre os assessores. "Ah, mas os assessores têm suas redes sociais, têm que ter as redes sociais." Nós temos aí - Deputado, acho que é bom o senhor anotar - os atos de improbidade administrativa, art. 9º e art. 10. A lei é longa, não vou lê-la toda, mas diz que "utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades" é improbidade.
Apenas para que fique muito claro, porque, senão, fica parecendo uma conversa de maluco. A gente fala uma coisa e fica reverberando um outro discurso como se a gente não estivesse mostrando o que está acontecendo. Pelo amor de Deus, em relação a provas, peguem o que está aqui, investiguem, não tem problema nenhum.
Eu sempre fui leal às minhas bandeiras. Quem conhece a minha história sabe que eu sempre fui leal às minhas bandeiras. Agora, eu não posso passar a mão na cabeça de quem tem distorcido a lei sob esse manto de pseudolealdade. Isso é uma fraude, pelo amor de Deus. Pelo amor de Deus, cadê a responsabilidade com o País?
Não venham me dizer: "Ah, não se pode mais fazer meme". Quando se compara um Parlamentar ou uma lista de Parlamentares a um assassino, o Adélio, quando se compara a essa criatura, isso é um meme, isso é uma expressão? Não, isso é crime. Isso é crime. É de uma irresponsabilidade acachapante.
Aí o Deputado Jordy diz: "Olha, é uma organização que foi citada aqui, mas o PT fazia da mesma forma". E nós criticávamos. Nós criticávamos ou não? Quantas vezes nós não fomos para as redes sociais criticar exatamente essa atuação? Aí porque o nosso vizinho está fazendo é bonito? "Ah, não, com esse aqui não pode." Mas com o nosso vizinho pode? É isso?
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Exatamente, o próprio Deputado se responde. Exatamente, nós mostrávamos que havia ataques coordenados e criticávamos isso. Mensalinho no Twitter. Por que não houve uma CPI antes? Olha, Deputado, eu não era Deputada. Mas eu acho que deveria ter havido. Aí é um problema da oposição no passado que não investigou e da própria situação.
Abin, a informação sobre a tentativa de uma Abin paralela. Acho também que tem que investigar isso de forma absolutamente séria e chamar essas pessoas que eu já nominei aqui.
Outra pergunta, todo mundo virou robô? Não, claro que não. Eu mostrei aqui o percentual com um programa confiável. Mostrei aqui o percentual. O robô vai onde a tropa direciona, simples assim. E essa narrativa constante de dizer: traição, traição com o Governo, traição com o Governo, traição com o Governo. Eu desafio qualquer um, qualquer um a me dizer qual foi a traição com o Governo. Por que eu não assinei a listinha, que vocês estavam pressionando, usando ministros e fazendo o Presidente da República se apequenar para fazer lobby para o filho? O Presidente da República é a entidade máxima deste País, é um homem que tem que saber o tamanho que tem. E isso é traição? Quem viajou o Brasil inteiro na caravana da Presidência fui eu. Quem aconselhava muitas vezes o próprio Presidente... Eu dizia: "Presidente, fica quieto, por favor, porque está dando problema. A gente está querendo R$1 trilhão do Guedes, e aí o Senhor faz uma live e diz que R$600 bilhões está bom. Não fala. Ajuda". Fui eu. Quem segurou as ondas aqui fui eu. Quem conseguiu aprovar, com um acordo republicano, decente, com a situação e a oposição, o PLN de R$248 bilhões fui eu, por unanimidade, Deputado. Por quê? Ah, houve o toma lá, dá cá? Não. Houve a garantia de liberação para dinheiro para o Minha Casa, Minha Vida, para atender as pessoas mais pobres. Houve a garantia de liberação de custeio para a educação.
E aí vem um moleque e fala para mim: "Isso é traição". Isso é traição? Eu já o desafiei na tribuna e o desafio de novo. Se houver uma única pessoa, desses que estavam aqui na frente e que agora viraram tietes, mas nem todo mundo estava nessa mesma onda, se houver um ministro que tenha trabalhado por este Governo metade do que eu trabalhei, eu renuncio ao meu mandato. Durante a previdência, foram 20 horas ininterruptas de trabalho todos os dias, todo santo dia, com o reconhecimento, inclusive, desses que hoje me atacam.
Então, caros, não há como colar no povo brasileiro que pensa essa narrativa de traição. Parem para pensar: todo mundo? Todos esses Parlamentares realmente traíram o Governo do dia para a noite, todos esses ministros? Pelo amor de Deus, não é preciso ser muito inteligente! Uma criança de sete anos entende o que está acontecendo. E eu via o constrangimento do Deputado. Ele não conseguia olhar no meu olho, constrangido, porque ele está cumprindo uma missão, um serviço. Eu via o constrangimento do Deputado Felipe. Ele não conseguia olhar no meu olho. Eu disse aqui para ele baixinho, sussurrei, falei: "Você está mentindo". E ele baixou os olhos.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Cabeça baixa, os dois.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Gente, isso é vergonhoso, isso é vergonhoso!
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Não se pode acadelar um Parlamentar, desculpem-me pela expressão forte. Não se pode fazer uma coisa dessas. Não interessa que governo seja. E eu só estou falando de Governo agora, porque eles citaram Governo. Vocês são testemunhas de que o tempo todo eu estava mostrando o que acontece nas redes, o tempo todo. Quem falou em Governo e em traição foram esses dois Parlamentares que aqui estavam. É o óbvio o que está acontecendo.
Sobre a Folha de S.Paulo, o que o Deputado perguntou. É fake news? É. Está aqui: conversa com o Fábio Zanini, da Folha. Eu posso disponibilizar também para a CPMI, só para matar a curiosidade dos colegas. Ele foi atrás de uma assessora que é contratada PJ, via PJ, que ganha R$2,5 mil, para filtrar as demandas que chegam. Ou alguém acha que eu consigo filtrar as demandas que chegam não só de São Paulo, mas também de todo o Brasil? Agenda... "Ah, muito obrigada". A equipe da Joice Hasselmann responde, manda coraçãozinho. É muito diferente de chamar pessoas de prostitutas, de porcas, de traidoras, de assassinas, ou não? Todos os Parlamentares aqui que têm redes sociais têm assessor para cuidar das redes sociais, não de massacres orquestrados. Isso é crime.
Então, mais uma citação aqui: a esquerda raivosa. Ele falou das curtidas no tuíte. Eu fiz esse tuíte. Eu sempre dou a cara para bater. É verdade. Porque houve uma briga ideológica quando se aventou que houvesse uma espécie de comemoração, de lembrar o regime de 1964. E eu fiz esse tuíte. E acho realmente que naquele momento os militares tinham que intervir, porque ou você tinha o que se chama de ditadura de um lado ou de outro. Qual foi o problema na minha visão? Isso é público. Está nos meus vídeos. O tempo que ficaram. Era uma intervenção. Era para chegar, limpar a bagunça, segurar um golpe de qualquer lado e depois promover eleições democráticas. E pronto! Nunca escondi isso. Agora, isso não significa que eu estou defendendo o AI-5, como uns idiotas aí que agora - desculpem a expressão -, idiotas mesmo que se intitulam agora 100% Governo, parará, tentam... A própria Deputada aqui fez uma montagem pegou meu tuíte, Joice falou: "Que legal! Vamos lembrar o dia do regime, o março de 1964, que iniciou o regime". Aí coloca eu falando do AI-5. O que tem uma coisa a ver com a outra? O fato de eu apoiar a rememoração da história não significa, num momento como esse, que é totalmente diferente, em que o Brasil precisa de mais democracia, apoiar o AI-5. Isso é estupidez. Nem a pessoa com mais mal caratismo realmente acredita nisso. Então, entendam de novo, trata-se de narrativa.
Acho que que eu respondi tudo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Passo a palavra ao nobre Deputado Márcio Labre, do PSL do Rio de Janeiro.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Gente, só um pouquinho. Está havendo a votação da urgência do pacote anticrime. Eu gostaria de votar. Se for possível suspender por cinco minutos, eu vou e volto. Vamos lá. É o tempo de ir e voltar.
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Vamos lá votar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Fica suspensa a reunião pelo prazo de dez minutos.
Srs. Parlamentares que desejarem votar, nós vamos suspender a sessão por dez minutos.
(Suspensa às 19 horas e 22 minutos, a reunião é reaberta às 19 horas e 34 minutos.)
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O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Reaberta a presente reunião.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Sr. Presidente, eu fui citado nominalmente enquanto estava indo votar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não, Deputado. Eu já disse a V. Exas. que concederei a todos que forem citados, mesmo não estando no Regimento, que só permite a duas pessoas que forem citadas responderem, mas esta Presidência está sendo muito condescendente, já que o debate está muito rico.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - É verdade, é verdade.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Mas já que V. Exa. foi citado, será o primeiro a fazer uso da palavra, antes do Deputado Labre, do Rio de Janeiro.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - É só porque ele foi citado. Ele tem um minuto porque foi citado.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ. Para explicação pessoal.) - Eu tive que sair por conta da votação nominal. Tenho as minhas responsabilidades como Deputado. Corri e voltei.
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Mas, nesse meio-tempo, fiquei sabendo que a Deputada disse que eu estava acadelado e que eu não estava olhando no olho dela. Isso é uma grande mentira. Isso é uma grande mentira.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Bom, todos aqui me informaram isso. Todas... As redes sociais informaram isso...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Então o senhor está mal-informado mais uma vez, porque eu disse que Parlamentares não podem se acadelar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Jordy, se ela está falando que não falou, eu acredito que...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, está aí.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Bom, disseram que eu estava acadelado...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Vamos confiar na palavra de uma Parlamentar.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O senhor está mal-informado.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Então, todos estão mentindo e, como sempre, ela está correta. Eu não tenho problema algum de olhar no seu olho.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja, veja o áudio. Veja o áudio!
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - A Deputada...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Veja o áudio!
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Tudo bem.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Para não falar besteira mais do que já falou.
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Tudo bem. A senhora só fala besteira!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Por favor! Pelo amor de Deus!
O SR. CARLOS JORDY (PSL - RJ) - Além de trair o Governo, fala muita besteira. Não tenho problema nenhum em olhar no seu olho, não tenho problema em olhar em olho de traidores. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra o Deputado Márcio Labre, PSL, Rio de Janeiro.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Sr. Presidente, Sr. Presidente! Sr. Presidente, só, como Líder aqui, eu queria passar uma...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Questão de ordem, Senador Humberto Costa.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE. Pela ordem.) - ... informação aqui, chegou agora pelo O Globo, o posicionamento do Presidente da República sobre esta sessão aqui, dizendo:
Tem um idiota prestando depoimento a esta hora lá", diz Bolsonaro sobre a CPI das Fake News.
Sem citar o nome da deputada Joice Hasselmann, o presidente negou que exista "o gabinete do ódio" [no Palácio do Planalto] para coordenar ataques em redes sociais.
Enquanto a deputada [...] prestava esclarecimentos [...], o presidente [...], durante uma visita à feira popular em Brasília, disse [...] [isso:] [...] havia "um idiota prestando depoimento a esta hora [...]", sem citar nominalmente a parlamentar.
O presidente disse não temer nenhuma reação no Congresso com o inquérito que apura a existência do "gabinete do ódio", supostamente formado por assessores do Palácio do Planalto e ligados à família Bolsonaro, que seriam encarregados de coordenar ataques virtuais e disseminação de notícias falsas nas redes sociais.
[Ele disse:] "Chance zero. O gabinete do ódio inventaram, e alguns idiotas acreditaram. Outros idiotas vão até prestar depoimento, como tem um [...] [agora] prestando [...] a esta hora lá [...] O presidente ficou cerca de 30 minutos no local.
Pronto.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Só uma referência, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - O padrão do Presidente, essas palavras do Presidente em público, sempre quando há qualquer tensionamento, são muito pesadas. Mesmo com tamanha grosseria, deslealdade e falta de gratidão com quem sempre trabalhou com ele, e continua trabalhando no que for bom para o Brasil, eu ainda dou o benefício da dúvida, porque, se o Presidente não sabe da existência, nós estamos fazendo realmente um trabalho excepcional de informá-lo que existe, com as provas, para que se tome alguma providência em relação a isso.
E, para que todos saibam, eu estou acompanhando, mesmo aqui, o que está acontecendo nas redes, a atuação dos robôs, então nada fica em oculto. A gente consegue fazer o rastreamento, as pessoas que já apagaram perfis, isso também já está na nuvem, até porque nós sabíamos os perfis antes, então, só essa ponderação.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Labre.
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Agora vai, hein?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Agora vai! Eu sei que V. Exa. está ansioso para fazer uso da palavra.
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Não, eu estou calmo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Está calmo? Então...
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Eu estou plácido. Tendo o senhor como comandante, o senhor faz lembrar o meu avô, o senhor é gente boa demais, pela calma e pela tranquilidade.
Bom, boa noite a todos. Vou abrir aqui essa... Quanto tempo que eu tenho, doutor?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Dez minutos.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Labre, só queria que V. Exa. fizesse uma retificação: o senhor me acha com idade de ser seu avô? Não é possível! (Risos.)
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Não, mas o senhor me lembra muito o meu avô. Lembra muito. O jeito do senhor lembra.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Então, se é a lembrança, está desculpado.
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O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - É porque lembra mesmo. Não é pela idade, não. É pelo jeitão.
O meu avô já foi embora já, está tudo certo.
Se o senhor quiser ocupar o lugar dele, está tudo bem também.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu espero demorar muito ainda, ouviu, Deputado?
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ. Para interpelar.) - Não, não, o senhor vai longe ainda.
Então, é o seguinte: eu vou abrir aqui essa conversa de hoje, aproveitando esse tempo que eu tenho. Depois, todo mundo vai entender o porquê. Eu vou abrir, falando de um assunto que aparentemente não tem nada a ver, mas, depois, vai tudo se encaixar.
Existe um transtorno que atinge mais ou menos três em cada dez pessoas no mundo, que é diagnosticado como transtorno narcisista. Isso atinge mais ou menos 30% da população mundial. Basicamente, as características desse transtorno são: pessoas cuja motivação existencial é se cercarem de serem servidas por outras pessoas. Elas não vivem pela motivação coletiva, elas não vivem pela motivação de comunidade. Elas vivem para atender aos seus projetos pessoais, existenciais e, para isso, elas desenvolvem algumas habilidades, que são a capacidade de sedução, a capacidade de manipulação, e isso faz com que elas consigam ter em torno delas uma série de pessoas e aí elas conseguem conduzi-las.
Geralmente, são líderes, são manipuladores, são narcisistas, mas o que é importante dizer aqui é o seguinte: essa capacidade, esse transtorno faz com que as pessoas tenham uma motivação, sempre, no final de tudo, de benefício próprio, pessoal.
Portanto, eu vi uma declaração - depois, eu vou encaixar isso no final -, eu vi uma declaração da depoente se defendendo, dizendo que ela trabalha bastante e, mais uma vez, eu percebo que isso se repete frequentemente aqui, ela se defende do que não está sendo atacada e ataca o que não está sendo defendido.
Nunca ninguém, de todas as pessoas que eu conheço, ninguém nunca negou que a depoente, de fato, é uma pessoa muito dedicada, trabalha bastante, sempre foi, até, de certo modo, tem uma grande competência naquilo que faz, entretanto, a motivação não é exatamente, não é exatamente o bem do Presidente, o bem do Governo. É, no final das contas, uma projeção pessoal e política, o que não chega a ser um crime, mas também desmonta essa ideia de que "eu estou preocupado com o País", "eu estou preocupado com que as coisas deem certo". Não, "eu estou preocupado com que o meu projeto dê certo".
Sobre um amigo, não o que me antecedeu, mas o que fez várias intervenções, eu não vou citar o nome para não dar o direito de resposta, que tentou, de alguma forma aí, mencionar o Presidente da República por não saber o que é a Ancine, eu gostaria de lembrar ao amigo que, obviamente, na estrutura do Estado é muito difícil que você tenha um gestor público que conheça todos os órgãos, isso é normal; Parlamentares que conheçam todas as leis, conheçam todas as legislações, dominem o Regimento Interno; é normal e é natural que as pessoas não saibam.
Então, por exemplo, esse amigo, quando esteve aqui na reforma da previdência, por várias vezes, me chamou no canto e falou: "Meu amigo, o que é BPC?". E era uma pessoa que estava coordenando o trabalho de combate na reforma da previdência e não sabia o que era BPC.
Então, beleza, isso é normal. Não saber não é crime.
Então, isso é só para ficar registrado.
Agora, em relação ao que eu vi na apresentação da depoente, da convidada, eu gostaria de deixar agora algumas perguntas para serem respondidas.
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A primeira: no finalzinho do ano passado, pouco antes da eleição, a senhora fez uma declaração pública em suas redes sociais de que uma grande revista teria recebido R$600 milhões para arrebentar com Jair Bolsonaro na campanha, para, enfim, assassinar a reputação dele. A senhora fez essa declaração textualmente nos seus vídeos nas suas redes e disse que, inclusive, isso seria revelado posteriormente.
Esse assunto morreu, nunca mais foi tratado, não tivemos nenhuma evidência de que esse assunto teve prosseguimento. Então, eu gostaria de saber da senhora - a primeira pergunta - se, de fato, aconteceu isso, se isso se transformou em um inquérito policial, se sim ou não, se ele se transformou, se a senhora poderia nos informar se esse inquérito, qual é o status desse inquérito no momento.
Segunda questão: a senhora também, dois dias antes da eleição, fez uma peça, fez uma chamada jornalística bombástica, praticamente aterrorizando a população brasileira e os eleitores - inclusive isso resvalou nas minhas redes, eu tive que fazer uma contenção -, dizendo que havia um hacker que ia contar tudo e que já tinha garantido que as eleições seriam fraudadas. E aquilo foi: "Bomba! Bomba! Bomba! Eu conheço o hacker. Esse hacker vai mostrar que ele vai fraudar as eleições, e eu vou mostrar para vocês quem é o hacker".
E a única coisa que aquilo produziu foram likes e ampliação dos seus seguidores, porque, no final das contas, as eleições passaram, esse hacker não foi apresentado, e nós não sabemos até hoje o número desse inquérito, para que lado isso foi parar.
Então, são duas situações que a gente pode chamar, poderíamos chamar hoje, já que nós não temos um resultado disso, podemos chamar de fake news, porque nada se comprovou - nada se comprovou. Então, sim, podemos já dizer que a senhora já praticou duas fake news.
Quando a senhora começou a sua apresentação, a senhora tratou de mostrar alguns gráficos. O primeiro foi uma grande, foi uma simulação do globo terrestre, uma série de pontos, aqueles gráficos de uma bolha, como uma tentativa de tentar enriquecer o argumento, como se aquilo fosse uma comprovação cabal de que existe uma estrutura montada para atacar pessoas. Aquilo ali é um mapeamento de rede. Vários softwares e apps na internet demonstram aquilo. Aquilo são softwares de rastreamento e que mostram estatísticas de forma gráfica.
Então, assim, eu posso dizer para todos vocês aqui como alguém que sabe razoavelmente do que está falando que aquilo não quer dizer nada. Aquilo não quer dizer nada. É só encheção de linguiça.
Uma outra pergunta: como a senhora e as pessoas, que afirmam aqui, insistentemente, que existem robôs - e eu estou procurando esses tais desses robôs -, por que vocês conseguem afirmar que existem robôs, e as empresas, o Twitter, o Facebook, o YouTube, seja lá quem for, todas essas empresas, que têm algoritmos ultracomplexos, que têm gerentes, que têm coordenadores, têm administradores de todo o sistema de TI deles, de fluxo de informação de dados, Ph.D., os caras do mais alto nível de inteligência, os caras com QI acima de 130, que controlam essas redes, eles, que são eles, não conseguem conter esses robôs, não conseguem identificá-los? Mas, aqui, os peritos que vocês apresentam conseguem, assim, por achismo, por analogia, por ligação de dados subjetivos, montar uma ideia de que existem robôs.
Então, eu gostaria de saber baseado em que, tecnicamente e materialmente, vocês conseguem enxergar robôs e, se vocês que não são de dentro da estrutura da administração dessas redes sociais conseguem enxergar, por que as redes sociais e os seus administradores não conseguem enxergá-los e derrubá-los imediatamente? Por que os algoritmos não conseguem fazer isso, mas vocês aqui, nós da política conseguimos?
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Então, para mim, essas afirmações de que nós temos um monte de robôs não passam de ilações, porque, na verdade, a gente desconfia de que algumas rotinas - rotinas - são feitas por programadores. Mas aí você dizer que existe uma estrutura de robôs montada... Até agora não vi uma evidência aqui, técnica, que diga assim: "É assim, a linha de instrução é essa, o programa é descarregado desse jeito, ele entra com esse fluxo". Se botar um técnico aqui, provando isso, a gente pode reavaliar.
A pergunta que eu faço também para a depoente, que eu gostaria que a senhora anotasse e respondesse depois, e aí vale o juramento: a senhora nunca, em toda a sua vida, nas redes sociais, nunca usou uma ferramenta - é uma pergunta -, nenhuma ferramenta de impulsionamento, nenhuma ferramenta de alavancagem, nenhuma ferramenta - porque está disponível no mercado, legalmente, existem várias -, a senhora nunca usou nada disso? Tudo que a senhora tem hoje de seguidores foi 100% orgânico? A senhora pode afirmar e provar isso se nós precisarmos levantar essa informação?
Então, anota essa pergunta. Eu quero que a senhora responda, é uma pergunta binária, é sim ou não: é 100% orgânico? Beleza?
Como a senhora pode provar, depoente, que um disparo de robô custa R$20 mil? Como eu posso ter certeza de que a senhora está me falando a verdade? Que materialidade a senhora tem? A senhora tem fontes? A senhora perguntou? A senhora gravou alguma transação? A senhora acompanhou alguma transação financeira? A senhora viu alguém recebendo um boleto? A senhora viu uma transferência sendo feita? A senhora transacionou alguma coisa que prove que alguém paga R$20 mil e recebe um disparo de robôs?
Então, se isso não conseguir ter materialidade aqui para ser demonstrado, também é só ilação.
Então, fica aí a pergunta para ver se a senhora consegue demonstrar isso.
Mais uma pergunta que eu acho importante: baseado em que, com que dados técnicos - técnicos -, linha de instrução, precisa estar demonstrado - demonstrado -, se consegue comprovar que existem 1,4 milhão de robôs na rede do Aliança, na rede do Presidente Jair Bolsonaro? Dizer que existem 1,4 milhão porque o perito da Universidade de Cambridge estudou, isso não quer dizer nada. Eu quero uma prova cabal, material, de que existem 1,4 milhão de robôs. Então, gostaria de saber qual é a prova. Estudo de achismo não vale.
A senhora critica, dona depoente, as certificadoras digitais, mas isso passou a ser uma preocupação para a senhora a partir do momento em que o Aliança conseguiu obter a possibilidade de fazer coletas de assinaturas biométricas.
Então, agora, as certificadoras digitais passaram a ser suspeitas, mas ontem elas não eram. Eu gostaria de saber por que agora elas são, uma vez que elas têm fé pública, todos os critérios que são exigidos para que uma certificadora digital possa operar são cumpridos, então, estão dentro da lei, e aí, mesmo sem saber como vai ser a maneira de coletar, a senhora já se antecipou em dizer que as certificadoras são suspeitas.
Então, eu quero perguntar à senhora: isso é uma tentativa de enfraquecer a campanha que será feita para a criação do novo partido? Sim ou não?
Mais uma pergunta: com base em qual evidência técnica a senhora afirma que o Aliança já tem 40 mil robôs?
Mais uma pergunta: a senhora declarou aqui que a página Ódio do bem é um perfil falso e a página Isentões é um perfil falso. Eu não reconheço como perfil falso. É um perfil de sátira, é um perfil que pode até ser que cometa calúnia e difamação como vários outros que a senhora demonstrou aqui.
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Todos os que cometem calúnia e difamação, já há amparo jurídico para ser resolvido. É bom que eu abra parêntese de novo, Presidente, sabe por quê? Porque isto é uma CPI para apurar notícia falsa, não é CPI para apurar calúnia, injúria e difamação. Dessa CPI não se precisa. E o que eu ouvi da demonstração da depoente foi demonstração legítima, em muitos casos, porque é inadmissível atacar a pessoa dela, a questão pessoal. Inadmissível. Por mais que eu tenha todos os problemas com ela, jamais eu reproduziria um apelido de animal como aquele que foi utilizado para ela.
(Soa a campainha.)
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - Agora, o que a senhora demonstrou aqui foi apenas calúnia, difamação e injúria. Eu não vi nada, nada de fake news.
Então, o Ódio do Bem e Isentões são páginas de sátiras, que eventualmente podem cometer crimes e têm que pagar pelos crimes.
Mais uma coisa para finalizar. A senhora, em muitos momentos, aplicando-se o que falei lá no início sobre a questão do transtorno narcisista, ele se revela nesses momentos. Uma característica fundamental é a pessoa que sempre, sempre, sempre, em 100% dos casos, conjuga o verbo na primeira pessoa do singular: eu fiz, eu resolvi, eu falei, eu chamei. E várias vezes, nesse caso da saída do Governo, e também quando disse que praticamente foi ela que deu a eleição para o Jair, porque ela chegou e apoiou.
Eu queria apenas dizer o seguinte: infelizmente é um caso do transtorno que eu falei, e acho que a solução é muito difícil - vou encerrar em 30 segundinhos -, é uma solução difícil. Gostaria, porque ela tem competência, mas, infelizmente, a conduta a levou a essa condição. Hoje ela está aqui como convidada, mas de fato a maior parte dos problemas que a depoente, que essa senhora está passando é por conta do seu comportamento, não é por conta de perseguição. As pessoas perceberam isso, o eleitorado percebeu, e nunca é tarde para mudar quando se quer.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu queria aproveitar, nobre Deputada, antes de V. Exa. responder ao Deputado Labre: V. Exa. fez um juramento no início da sua oitiva, o que não havia necessidade, porque a senhora aqui está como convidada. A partir do momento em que a senhora fez um juramento - eu não estou dizendo que a senhora vai mentir -, aconselho que só fale a verdade, para evitar que haja um processo por quebra de decoro parlamentar por faltar à verdade.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Não precisa, Presidente. Eu estou imbuída em falar a verdade.
Só uma informação aqui para que vocês saibam: a hashtag que foi criada enquanto eu estava aqui na CPI, #JoiceTraidora, os robôs estão disparando de 0 a 600 tuítes por minuto. Então, a cada minuto, eles disparam 600 tuítes, a cada minuto, e retuítam. Então, o levantamento está sendo feito também.
Vamos lá. É interessante que a gente tem até terapia, diagnóstico de terapeuta aqui na CPI. Achei interessante. Eu não vou responder a essa bobagem toda de transtorno de sei lá das quantas. Vamos aos fatos.
Em relação à informação dita, à primeira pergunta: "no final do ano passado, uma grande revista ganhou 600 milhões". Primeiro, não foi uma grande revista, eu disse que foi um grupo de comunicação. Houve uma reunião... Eu falo tim-tim por tim-tim nos vídeos que eu fiz que houve uma reunião em São Paulo com um grupo de pessoas, gente ligada a partidos políticos, e que houve essa proposta para que esse grupo de comunicação ficasse na linha de ataque. O valor seria esse; e o pagamento, um pouco em espécie, e o restante, como é muito dinheiro, em bitcoin, que é também mais complicado de rastrear. Por óbvio, eu deixei muito claro e me coloquei à disposição de qualquer um que quisesse eventualmente tomar o meu depoimento. Aventou-se um monte de coisa, que foi revista A, B ou C. E o negócio, por óbvio também, foi desfeito, porque correu como rastilho de pólvora. Eu, como responsável pela notícia e por uma informação tão grave quanto esta, não podia ficar calada. Ponto.
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Segunda pergunta: "Dias antes da eleição, a senhora disse que tinha um hacker, que conhece o hacker, e o hacker não foi apresentado". O Deputado tinha que fazer a lição de casa um pouquinho melhor, porque o hacker foi apresentado no outro dia. E o senhor pode ver o vídeo. O vídeo está aí, claro, obviamente, sob a condição de sigilo. E mais do que dizer que poderia haver uma mudança de rotina nos servidores no caso das urnas... Todo mundo se lembra de que a gente estava num período de muito ebulição. "Alteração de rotina", ele disse, "eu sei quem faz, eu sei onde está". Eu cheguei a falar sobre isso com o Presidente da República, à época. Até ele falou: "Ah, mas a gente está aqui em primeiro lugar. Será que se você divulgar essa a informação não vai ter problema, não vão questionar a minha eleição?". Eu falei: "É uma informação muito grave. Então, eu tenho que divulgar". E eu divulguei e entrevistei esse hacker. Inclusive, à época, no dia da eleição, alguns técnicos... Segundo me informaram o próprio Deputado Celso Russomanno e pessoas do Palácio, alguns técnicos em TI acompanharam toda a operação dentro do TSE para garantir a lisura das eleições. Então, pode perguntar ao Deputado Celso Russomanno, que tem peritos que trabalham com ele nessa área também.
"Como o Twitter e outras empresas não conseguem identificar?" Qualquer um de vocês que converse com qualquer perito da área digital ou qualquer hacker ou qualquer um que entenda disso aqui sabe que existem robôs, por óbvio. O papel do Twitter e de outras plataformas não é necessariamente ficar investigando isso. Se fosse uma coisa feita por amadores, nós não teríamos tantos robôs nas redes sociais. É óbvio que isso é feito...
O SR. MÁRCIO LABRE (PSL - RJ) - O algoritmo trabalha automaticamente. É só botar no algoritmo que ele trabalha automaticamente e derruba...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Por favor, Deputado.
É óbvio que isso é feito de maneira muito profissional, e não de maneira amadora. E creio eu que um dos papeis desta Comissão é justamente chegar à verdade. É para isso que estamos aqui.
"Ferramentas de impulsionamento, já usou?" As minhas redes... Eu sou da época do Orkut ainda. Eu tinha Orkut, tinha o blogue. Aí veio o Facebook, eu fiz o Facebook. Na época da campanha, foram feitos alguns poucos impulsionamentos declarados à Justiça Eleitoral. E, depois que eu tinha mais de um milhão e tanto de seguidores já no Facebook, nós testamos algumas vezes fazer - três ou quatro vezes, eu não vou me recordar de quantas vezes - o impulsionamento, mas não dá resultado para mim, porque o meu seguidor é orgânico. Então, é uma idiotice gastar dinheiro com isso. É simples assim, é matemático. "Quantas vezes foram feitas?" Sei lá, meia dúzia, três, quatro, não sei, mas nunca foi um hábito, porque eu já tinha um número grande de seguidores. Eu acredito que o impulsionamento possa ser feito só no Facebook, eu não sei se pode ser feito em outras ferramentas, mas especificamente no Facebook... Veja, eu tenho mais de um milhão de seguidores no Youtube, aí tem o Facebook, aí tem o Instagram e tem o Twitter. Então, é isso, Deputado. Mas eu também coloco à disposição. Se quiser vasculhar as minhas redes... Inclusive para a CPI, está à absoluta disposição.
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"Como saber que a transação custa R$20 mil?" Pura e simplesmente porque esses técnicos, esses peritos, combatem exatamente isso. Eles sabem das informações. É gente que foi da polícia, que faz esse tipo de perícia técnica. Esse não é um número que se tira do além.
"Por que a certificadora é suspeita?" Eu não disse que é, eu disse que é um risco; que, pelo volume de robôs que nós estamos monitorando, nós temos que ter um compromisso claro com o processo democrático, para que nós possamos... Crie-se partido A, B, ou C, pouco me importa, mas que seja dentro das regras legais. Existe lei eleitoral, ela tem que ser cumprida. E o TSE deu uma autorização, mas não regulamentou. Então eu acredito, Deputado, que o senhor também não gostaria que houvesse qualquer tipo de fraude na criação de qualquer partido, seja o que o senhor vai migrar, seja de outra ideologia. Nós queremos que a coisa seja feita com luzes sobre ela. Não vejo problema em que se monitore isso de maneira absolutamente legal.
Aí o Deputado disse: "ela disse que ela deu a eleição para o Jair". Eu não disse isso, Deputado. O que eu disse é que eu trabalhei, e muito. O senhor falou até que eu falo que trabalho muito. Eu trabalho muito mesmo. É um problema. Eu preciso até aprender a trabalhar menos. Eu nunca disse que eu dei a eleição ao Jair. O que eu já disse algumas vezes - isso é fato - é que, quando eu entrei na campanha dele como mulher, nós tínhamos levantamentos, caros Deputados e Senadores, de qual era a visão que as mulheres tinham em relação ao Presidente, e a visão era muito pesada. Chegou ao ponto de, em algumas regiões do Nordeste, a rejeição ser de 78%. Essas são informações de monitoramentos que a própria campanha fazia. Então, eu tentei concentrar muito a campanha com mulheres. Fiz campanha em tudo que é canto. Vocês vão ver viagem minha... Depois que aconteceu aquela fatalidade do maluco lá, do Adélio, eu viajei com o Mourão, a gente tocou a campanha no Paraná, porque eu nasci no Paraná. Então, eu nunca disse que eu dei a eleição ao Presidente. Isso é uma falácia. Quem deu a eleição ao Presidente foi o povo brasileiro, e todos nós, mais ou menos - alguns mais, outros menos - ajudamos nesse processo. Alguns foram mais ajudados, outros ajudaram mais. Eu concorri em um Estado em que eu disputei o voto com o filho do Presidente da República, Deputado Márcio Labre. E eu fiz campanha ininterruptamente para o Presidente, isso é público. Isso está claro e notório. Por óbvio, o Presidente conta com o meu respeito - eu sei - e eu conto com o respeito dele, apesar dessas rusgas. Eu me engajei de corpo e alma. Eu posso lhe passar vídeos em Minas, no Nordeste, no Sul do País, em São Paulo. O que eu estou dizendo não são ilações; são fatos, simples fatos. Então, é isso.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Presidente... Só uma pequena questão de ordem, Sr. Presidente. Pequena.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Ivan Valente, pelo PSOL.
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu acho que eu respondi tudo, Deputado. Se houver mais alguma dúvida, eu posso responder depois pessoalmente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra o Deputado Ivan.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Sabendo V. Exa. que não pode fazer nenhuma pergunta à nossa convidada.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP. Pela Liderança.) - Articularei o discurso de forma que a Deputada Joice faça uma boa interpretação da minha fala. Obrigado.
Deputada Lídice da Mata, Relatora; Deputada Joice, eu, como Líder de bancada... Estão lá votando inclusive o pacote anticrime, e eu tenho que ir para lá, mas eu fiz questão de vir aqui ver, fiz questão de ficar um tempo razoável aqui hoje. O que eu vi foi um circo de horrores. Eu convivi 20 anos aqui como Deputado com o Jair Bolsonaro. Ele foi Deputado 28 anos, não é nenhum neófilo. E digo mais: V. Exa., num dos seus pronunciamentos, colocou que ele era "um fofo". Eu quero discordar de V. Exa.: ele é um troglodita. E ele é um troglodita por várias razões, é só ver as declarações dele e pegar a listagem que o Deputado Frota, que também apoiou a campanha, listou ali das questões. Então, ele apoia tortura, ditadura, AI-5, é homofóbico, é racista, é machista, e ele é explícito mesmo. Ninguém pode negar isso, porque são frases textuais.
Então, eu queria dizer a V. Exa.: V. Exa. se colocou como uma democrata de qualquer forma - de direita, mas democrata.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Isto aqui não é democrático: apoiar o AI-5. E queria até depois... Se V. Exa. comentasse eu acharia ótimo. Apoiar tortura é democrático? Não é. Então, eu acho que é melhor rever esses conceitos, porque ele agrediu as mulheres e V. Exa. também. V. Exa. foi duramente agredida, e nisso eu me solidarizo, porque eu faço política em cima de ideias e há mais de 45 anos, não só como Parlamentar - em cima de ideias. O que está havendo neste País é a era da mentira. Por isso que esta CPI se chama CPI da Fake News.
Então, queria dizer o seguinte: esse depoimento que V. Exa. deu foi um dos mais importantes. Sim, é grave, é gravíssimo o que foi colocado aqui. Isso eu não vou desqualificar, não; vou qualificar o seu depoimento. Independentemente dos seus motivos, eu vou qualificar, ele é qualificado. E a Deputada Lídice vai usar, como Relatora, a peritagem. Tudo que foi colocado são questões graves, porque, na verdade, não é só o Presidente: o Carlos Bolsonaro, o Flávio Bolsonaro são líderes de uma rede especializada em campanhas de difamação de notícias falsas usando aplicativos. Isso é muito grave. Sabe quem é o chefe deles todos? Jair Bolsonaro. Não há como separar.
E aí eu quero falar do tal Gabinete do Ódio. Eu tenho pouco tempo aqui. Deputada Joice, eu mandei dois requerimentos de informação que eu vou agregar ao relatório aqui da CPI, perguntando quem é o Gabinete do Ódio - não usei esse termo -, quem são estas pessoas: Filipe Martins, José Matheus Sales Gomes, Tércio Arnaud e o outro Mateus? A resposta deles é um show de hipocrisia e cinismo. E, em vez de falar logo que eles são milicianos digitais mesmo, vão falar que eles são servidores que ocupam cargos de assessor chefe, adjunto da Assessoria Especial da Presidência da República. O dia inteiro...
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(Soa a campainha.)
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - ... tuitando aí, fazendo toda essa questão.
Então, eu acho que esse documento aqui, o requerimento de informações, quando é enviado para a Câmara, assinado pela Presidência da República, que vem do Gabinete da Presidência, ele tem que ter um caráter... Não se pode mentir, sob pena de crime de responsabilidade, Deputada Lídice. Segundo o requerimento, eu fiz sete perguntas, e o último perguntava exatamente isto: quem são as pessoas que administram as redes sociais pessoais do Presidente da República para a divulgação da sua comunicação oficial? Olhe a resposta, Deputada Joice: "o Senhor Presidente da República, é ele mesmo que administra suas redes pessoais e pessoalmente seleciona os conteúdos a serem postados", ou seja, o Presidente não faz, não governa, só fica fazendo fake news o dia todo. A equipe, o gabinete da maldade ou do ódio, o que for, isso aqui é uma mentira, que o Presidente mesmo... Até porque o Carlos Bolsonaro tem a senha. Está certo? Então, essa resposta, Deputada Lídice, é uma grande mentira.
Eu vou deixar esses dois requerimentos para a CPI para que elas sejam usadas como comprovação de mentiras, porque, em todos os artigos do Regimento Interno da Câmara e da Constituição, mentir ou deixar de responder em um mês os requerimentos é crime de responsabilidade. Então, eu peço que, Deputada Joice, neste momento... Esse depoimento e o depoimento do Deputado Frota também são depoimentos que foram feitos de forma que a gente aproveite o máximo, sem desqualificar, independentemente das intenções de V. Exa., independentemente do que aconteceu com V. Exa. V. Exa. foi vítima de agressões porque a agressão é generalizada, a mentira é generalizada.
Eu termino com isto: na verdade, as fake news começaram antes da eleição - antes da eleição.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O.k., Deputado.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - As fake news são de antes. Então, essa eleição foi fraudada por Jair Bolsonaro, que só aceitaria o resultado se tivesse o voto impresso, mas, como ele ganhou, ele esqueceu o voto impresso.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pela Liderança do PT, o Deputado Rui Falcão.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP. Pela Liderança.) - Sr. Presidente, eu acho que os trabalhos estão se estendendo em demasia e provavelmente daqui a pouco o chamamento lá na Câmara vai nos tirar aqui do seguimento, mas acho que o que já foi dito é suficiente, embora tenham dito, tentado colocar até um Lula Livre...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Era só o que me faltava.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - ... na boca da nossa Deputada, o que evidentemente é uma provocação, porque todos sabemos as convicções dela. É uma tentativa de desqualificação. E, na verdade, a Deputada, sem ser obrigada a isso, porque era uma convidada, fez um juramento de dizer a verdade; mais que isso, veio aqui depor após ter recebido, como ela disse, muitas ameaças pela internet. E quatro ministros - declarado por ela -, se não a ameaçaram, procuraram...
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A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não ameaçaram.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - ... que não a ameaçaram, procuraram dissuadi-la de vir aqui.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Aconselharam.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Pouco importa. Foi uma tentativa de que a senhora não viesse ou, se viesse, não falasse nada. Como, aliás, deve ter acontecido com o Gen. Santos Cruz, que, por lealdade às Forças Armadas, disse algumas coisas que... Nós, na verdade, as dissemos, e ele confirmou.
Pois bem, são revelações gravíssimas. Eu quero ressaltar isso, porque nós entramos aqui numa fase em que um xinga o outro, um fala do outro... Bom, eu não vou entrar no mérito, porque houve, como se diz na linguagem popular, muita baixaria, cenas hilárias também, que servem para desqualificar a seriedade desta CPMI e a gravidade dos fatos que foram aqui relatados. Não são poucos: a tentativa de criação de uma Abin paralela e a indicação do diretor-chefe da Abin pelo filho do Presidente da República Carlos Bolsonaro; a existência de um puxadinho dentro do Palácio do Planalto - na verdade, são os filhos do Presidente e um grupo que, segundo o Gen. Santos Rosa, cerca o Presidente e impede até que as pessoas tenham acesso a ele -; e mais, denúncia de robôs, denúncia de utilização de dinheiro público em vários gabinetes, não porque as pessoas estão lá como assessoras de imprensa, que podem ter suas redes, mas durante o horário de expediente estão propagando notícias falsas e derrubando reputações. Então, essa gravidade em nenhum momento pode ser minimizada aqui. E nós vamos ter que indiciar pessoas. Já há razões para isso.
E a tentativa final de desqualificar o depoimento foi quando o Presidente da República, supostamente, numa informação, chama a depoente de idiota, que é uma maneira também de desqualificá-la, logo aquela que trabalhou tanto pela eleição dele.
Eu queria ressaltar isso aqui. Vou ter que me retirar para para ir lá votar e participar da discussão sobre o projeto anticrime, mas não queria que o depoimento da Deputada fosse aqui esvaziado, desmerecido, independentemente das razões dela. Houve aqui uma tentativa de dizer que ela mentiu, que ela é vaidosa, que ela tem um transtorno de narcisismo e tal. Isso pouco importa, não é isso que está em discussão na CPMI. Vamos aos fatos, vamos à denúncia que ela fez, que está documentada, tem perícia, e nós vamos investigar mais fundo, inclusive com as propostas que fizemos aqui de que ela possa ter um depoimento sob sigilo prestado ao senhor e à Relatora.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O.k., Deputado.
Passo a palavra agora à Deputada Carla Zambelli, do PSL, do Estado de São Paulo.
Antes, porém, informo os três próximos oradores inscritos: Deputado Túlio Gadelha, Senador Randolfe Rodrigues e Deputado Marco Feliciano.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP. Pela ordem.) - Sr. Presidente, eu gostaria de saber se eu posso falar pela Liderança do Governo, abrindo mão da minha última fala.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pode ser.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Pode ser?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pode.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Posso falar agora? V. Exa. me permite?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pode.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP. Pela Liderança.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados e Senadores, Relatora, Joice, confesso que não estou nada confortável de estar aqui neste momento. Eu assisti a boa parte da transmissão do seu depoimento aqui pela internet e precisei vir aqui só pontuar algumas coisas que eu ouvi.
Antes de falar o que de fato eu preciso falar aqui, eu só queria dizer que, assim como você narrou aqui vários fatos ilícitos, me ficou a questão: por que você não falou isso antes? Talvez a resposta seja porque você foi aqui convidada; se não tivesse sido convidada, não teria falado - mas só ficou isso aqui na minha cabeça.
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E segundo ponto, Sr. Presidente: eu queria pontuar aqui sobre a nossa Relatora, Deputada Lídice, a quem eu peço atenção neste momento, para que V. Exa. possa continuar sendo aqui a Relatora desse caso, a senhora tem que se mostrar menos parcial. Pela televisão, eu estava assistindo, e a senhora afirmou que aqui há uma quadrilha, que aqui há uma organização criminosa para disseminação de fake news, envolvendo, inclusive, Deputados Federais. Isso torna a senhora alguém suspeita para estar aqui à frente da relatoria, porque, quando a senhora afirma que há uma organização criminosa, claramente antecipa o seu relatório, antecipando o seu julgamento, mostrando a sua parcialidade. E qualquer Deputado sabe que uma CPI tem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais e que estamos aqui processando um inquérito. Logo, temos que ter os cuidados no devido processo legal, afinal, como processar um inquérito, uma investigação se a Relatora já sabe de antemão o resultado final da mesma? Ou será que todos nós é que somos bobos, estamos fingindo aqui que estamos investigando algo, mas na realidade tudo isso aqui se trata de um jogo de cartas marcadas, uma encenação, para dar a aparência de legitimidade a uma câmara de gás montada para aniquilar o Presidente Bolsonaro e todos aqueles que são seus aliados? A CPI de Fake News não foi feita para investigar a direita, e sim todo tipo de fake news, seja ele de qual for, mas não parece que esse é o direcionamento da investigação atualmente.
A Deputada Joice falou aqui de fake news que supostamente os apoiadores do Presidente Jair Bolsonaro espalharam. Ela disse que... chamou até de organização criminosa.
Joice, até dois meses atrás, para você organização criminosa era o PT. Se eu pudesse fazer uma pergunta - o que eu não posso agora, porque estou falando como Líder -, eu perguntaria se você ainda acha que o PT é uma organização criminosa.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não mudo minhas posições, caro Deputado.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Ótimo. Não, mas eu não posso fazer perguntas, e você não pode nem responder, não é?
Pois bem. Mas, neste momento, aqui na CPI, a senhora se alia à quadrilha que simplesmente tenta de qualquer maneira derrubar o nosso Presidente. Ver você aqui fazer uma dobradinha com Rui Falcão, que não está mais presente, que foi Presidente do PT, fiel escudeiro do condenado Lula - aliás, ao que parece, você pode até ter esquecido que fez um culto ecumênico no seu gabinete exorcizando de lá aquele pessoal do PT que ocupava o cargo.
Afinal de contas, por tudo o que disse até aqui, me parece que você seja uma expert em fake news. Aliás, eu gostaria de lembrar aqui do site Intercept, que denunciou você como sendo uma das maiores propagadoras de fake news na última eleição. Se você não fosse do Governo, eu acho que você não estaria aí como convidada; estaria aí como convocada, e pelo pessoal do outro lado com que agora você faz coro. É muito triste ver isso.
Eu fico, de fato, intrigado, porque declarou algum tempo atrás, Joice, que você queria ser o Bolsonaro de saias. Então, estar aliada aqui neste momento ao que você chamou de quadrilha e esquecer de como denunciou que o PT era o maior disseminador de fake news das eleições no ano passado, isso me deixa, como eu disse, constrangido.
Como eu disse algum tempo atrás, para terminar, o PT é ao mesmo tempo o pai e a mãe de todas as fake news no nosso País. Quando era oposição, montou um esquema de produção de dossiês falsos para destruir os aniversários e, quando foi Governo, aprimorou o esquema...
(Soa a campainha.)
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - ... criminoso usando do aparato policial do Estado e das gordas verbas publicitárias aí da Secom. As milícias digitais são verdadeiras, inclusive eu já requeri aqui à Secom todos os pagamentos de verbas publicitárias para a milícia digital petista e, assim que eu receber os documentos, eu vou requerer a juntada de todos os documentos nos autos que formam este inquérito aqui.
Finalizo aqui, Sr. Presidente, lembrando o que eu disse esses dias, e retorno a dizer, até porque fui ameaçado aqui por um Senador do PT, e sempre tentam me desqualificar aqui. Eu finalizo dizendo a minha frase que já virou uma alcunha pela internet: o PT não tem moral para investigar ninguém, principalmente aqui nesta CPI. O PT aqui nesta CPI é como aquele batedor de carteiras que, após furtar um desavisado, sai gritando "pega ladrão".
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Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não. Eu preciso...
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Eu não fiz...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, ele fez várias ilações. Por favor, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Como V. Exa. citou a nossa convidada, ela terá o direito de resposta.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - O senhor fique vontade.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Como Relatora.) - Eu quero responder também.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Como também a nossa Relatora foi citada. As duas terão o direito de resposta.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para explicação pessoal.) - Exatamente, senão fica um samba do crioulo doido isso aqui.
Vamos lá.
Quanto à tentativa, Deputado Marco Feliciano - Deputado que eu levei para ser Vice-Líder do Governo no Congresso...
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Por isso eu disse do meu constrangimento em estar aqui.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... que eu levei, e trabalhamos juntos para aprovação de várias matérias -, essa tentativa de me misturar com o PT, ela é natimorta.
Eu sei que o senhor é muito inteligente, nós somos amigos. Eu sei que o senhor está cumprindo o seu papel, o senhor está cumprindo o seu papel. Tudo bem, é do jogo democrático. Agora, jamais qualquer criatura em sã consciência me misturaria com o PT. Não teve jornalista que mais bateu no PT e denunciou o PT e saiu pelas ruas... colocando o meu pescoço, inclusive, a prêmio no meu emprego, no meu trabalho, porque eu sai pedindo o impeachment da Dilma com os movimentos democráticos da época.
Então, é assim... É até esquisito: "Ah, você está fazendo uma dobradinha com o Rui Falcão?". Por que? Porque ele está na CPI e falou alguma coisa? Porque ele fez um posicionamento ou porque eu estou aqui mostrando, por "a" mais "b", com informações técnicas, que existe realmente uma rede, uma milícia? E eu não atribui isso em nenhum momento ao Presidente da República. Qualquer um que falar isso está sendo canalha, mentiroso, desonesto, desleal. Durante toda a minha fala, toda a minha fala, eu disse aqui: acredito que o Presidente não sabe do peso, de como as coisas realmente funcionam.
Por que que eu não falei antes? Porque eu, caro Deputado Marco Feliciano, achava que era uma lenda urbana: "Isso é fake news do PT esse negócio, tá doido?". Achei que era só briga ideológica: um falando mal do outro; o outro, falando mal do um. Porque era muito burburinho para pouca coisa. Chegamos a pensar, à época da campanha, que os próprios partidos de oposição faziam fakes contra si mesmos e espalhavam para culpar a gente. Sei lá!
As minhas orelhas ficaram em pé quando começaram a fritar o Bebianno e o Vice-Presidente da República Mourão. E aí, na sequência...
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Mas nesse momento você já era Governo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sim, já era Governo.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - E por que você não denunciou isso?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Porque eu não tinha provas, meu caro. Falei com o Presidente mais de uma vez. Pergunte ao Presidente da República quem esteve com ele no Alvorada, conversando para que isso não se tornasse uma perseguição de aliados. Eu estive lá, eu falei com o Presidente, orientando para ele: "Calma, fique tranquilo". Eu não era nem Líder nessa época ainda, ainda não era Líder, depois que eu me transformei em Líder, fui nomeada Líder.
Então, "ah, por que não falou isso antes?". Porque essas informações não podem ser ditas de forma leviana, no achismo. Se você pegar e olhar no achismo, você vai dizer "não, está na cara que isso aqui é combinado", mas isso é achismo. Então, eu precisava...
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Você só foi estudar...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deixe eu só concluir.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Só para o meu raciocínio aqui: você só foi estudar isso depois que você foi demitida do cargo?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não; deixe-me responder. Deixe-me responder. É porque essa é também uma narrativa interessante.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Responda, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É uma narrativa interessante. Eles ficam tentando plantar: "Tem mágoa, tem mágoa, tem mágoa...".
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O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Não, Excelência, eu não estou perguntando...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Meu caro... Não, não, deixe-me responder, Feliciano. Gente, uma coisa óbvia, uma coisa clara...
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deixe-os pararem de bater boca, e aí eu respondo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Vamos, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Vamos lá. É óbvio, porque, quando você imagina que é uma lenda urbana, por que eu me dedicaria a investigar o que eu considerava uma lenda urbana?
Quando eu vi e eu falei com o Vice-Presidente da República, prestei a minha solidariedade a ele, ele sendo atacado por um dos filhos, da maneira mais suja. Inclusive, o senhor sabe disto, quando o senhor atacou o Vice-Presidente num tuíte, eu entrei no nosso grupo de Liderança e disse: "Isso não pode acontecer. Não pode acontecer!". E você disse: "Não, estou exercendo meu direito de liberdade", blá-blá-blá-blá-blá. O nosso grupo está aí para comprovar isso. Eu saí em defesa do Vice-Presidente. Por quê? Porque ele também é uma instituição. E aí eu cheguei a cogitar com...
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Só não defendeu o Santos Cruz.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Defendi. Defendi!
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, no grupo não, publicamente. Publicamente!
(Tumulto no recinto.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu defendi publicamente, claramente. Não, deixe-me só concluir.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Para concluir, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, deixe-me só concluir aqui, porque senão fica esse nhem-nhem-nhem, entendeu?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Por quê? Porque quando eu virei alvo... E, me desculpe Deputado, se você está no meio de uma guerra, e todos voltam as armas para você, o que é que você faz? Você tem que saber pelo menos de onde vem o tiro. Você tem que saber quem está atacando. E foi exatamente o que eu fiz.
Eu cheguei a conversar com o Presidente sobre o tuíte que o senhor fez contra o Mourão e, depois, contra o Santos Cruz também, porque achei inadequado e disse ao senhor isto: achei inadequado, para um Vice-Líder do Governo, atacar o Vice-Presidente da República. E disse ao Presidente: é preciso chamar o Feliciano e conversar com ele. O Presidente deu de ombros em relação a isso. Não sei se foi algo combinado entre vocês ou não. Tudo bem. Ele manda. Tudo bem.
Agora, que fique muito claro que os meus posicionamentos têm uma sequência lógica, uma sequência lógica. "Por que você foi investigar?" Porque eu virei alvo, por óbvio. Por óbvio, tentando destruir a reputação de quem criou, a duras penas, uma reputação, trabalhando, defendendo o que acha correto, acreditem ou não nas minhas teses da direita. Claro que a esquerda vai criticar, outro vai... Tudo bem. É do jogo democrático também, senão não é democracia, é ditadura, não é?
Essa conversa de "isto é uma câmara de gás para aniquilar o Presidente da República", o senhor pode até aplicar isso a algumas pessoas, não a mim. Durante esse tempo todo, eu estou aqui blindando e dando o benefício da dúvida. O que eu estou falando tem prova, tem prova, está aqui, tá?
"A senhora se alia à quadrilha do PT?" Eu já respondi.
Quanto ao Intercept, eu acho engraçado, porque todos nós, governistas, sentamos a borduna no Intercept por não ser um site de confiança. Agora vem o senhor, governista, e pega o site, o perfil que é de alguém que ataca o Governo, ataca o Moro e diz que o site me atribui qualquer coisa em relação a fake news. Então, só para ficar claro, não é?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA. Fora do microfone.) - Para concluir, Deputada.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, já concluí, é isso mesmo.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Se começar um debate paralelo aqui, nós não vamos terminar a reunião hoje.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Aí não dá, aí não dá!
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não, Deputado.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Eu não apoiei Intercept. Eu disse que o seu nome...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não; o senhor usou a informação.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Deixe-me terminar.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O senhor usou a informação.
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O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - O seu nome estava no Intercept. E eu disse: se você não estivesse agora nesta posição contra o Governo, você não estaria aqui...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não estou contra o Governo.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - ... sendo convidada. Você estaria...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não estou contra o Governo.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Deixa-me terminar, Joice.
Você estaria aqui sendo convocada pela turma a que agora você se une para falar as verdades ou as mentiras...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu não me...
Olha, de novo, Presidente, isso é a tentativa da narrativa... Me desculpe, é uma malandragem.
De novo, eu não estou me unindo a ninguém. Eu não estou me unindo a ninguém de esquerda, eu estou aqui falando a verdade sob juramento porque eu quis, Marco Feliciano.
E o Intercept, que foi o site que atacou o Moro, que fez uma série de acusações sobre o Moro, contra o Presidente e contra tantos e que sempre foi visto por nós como um site absolutamente suspeito, pelas informações, agora é usado como fonte para tentar me imputar esse tipo de...
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP. Fora do microfone.) - Eu não disse nada ao contrário, Joice.
Eu não disse, não acusei...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Deputada Carla Zambelli, do PSL, São Paulo.
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Presidente, por favor. Não, Presidente.
(Tumulto no recinto.)
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Presidente, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Aliás, Deputada, antes, porém... Porque a nossa Relatora foi citada pelo Deputado, então ela tem o seu direito também de resposta.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Não apenas como direito de resposta, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Aqui eu já disse que a Presidência é literalmente imparcial.
O SR. JEAN PAUL PRATES (PT - RN) - Presidente, uma questão de ordem depois da Relatora.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Mas não apenas como direito de resposta...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A Relatora e, depois, o Senador.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... pelo Regimento, a relatoria pode interferir a qualquer tempo...
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Interferir, sim, mas a senhora não pode tomar posição e a senhora não pode fazer juízo de valor.
(Tumulto no recinto.)
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O senhor não está me deixando falar, isso é que é um absurdo!
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Não, a senhora não pode, a senhora é Relatora.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado, deixa-a responder.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - A senhora é Relatora, está antecipando o seu voto.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deixa ela responder, Deputado.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Ao final vai ter tumulto?
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Isso não é tumulto.
V. Exa. sabe, V. Exa. é regimentalista.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Eu não estou entendendo...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu gostaria que a palavra fosse mantida aqui para...
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Eu deixei apenas um conselho...
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Presidente, não, não, não.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Eu não estou entendendo a posição de V. Exa.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - A senhora está entendendo muito bem.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A palavra está com a Deputada Lídice da Mata.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Eu disse a V. Exa...
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não, não, Presidente.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Eu disse a V. Exa. que a título de...
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Presidente, não, não, não!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A palavra está com ela, Deputado.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - ... conselho que V. Exa. não tomasse posição...
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não, Presidente! Não pode fazer isso!
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - ... fosse menos parcial.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Presidente, não pode fazer isso.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - É claro que eu posso.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não, não pode não.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Relatora.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Presidente, dê a palavra para a Carla Zambelli.
Não, não, está vindo para tumultuar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Relatora.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Sr. Presidente, eu não me coloco na posição...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Relatora Lídice da Mata.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... de bater boca com ninguém aqui.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP. Fora do microfone.) - Não é bater boca.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O senhor não me deixou falar.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Continua não me deixando falar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Relatora Lídice da Mata.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Sr. Presidente, só para terminar, então.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Está interrompendo a Relatora, Presidente. Não pode!
(Tumulto no recinto.)
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não, não vai deixar não. Não pode isso não, Deputado.
Não, Presidente.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - V. Exa. vai receber o vídeo degravado com as falas da nossa Relatora...
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não pode isso, não!
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - ... dizendo que há uma organização criminosa e que existem Deputados...
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não, não pode não, Presidente!
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - ... que estão misturados com isso.
Ela, na posição...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Ele veio aqui para isso.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Acabou, Presidente. Acabou!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Não tiro a sua razão, mas V. Exa. já falou isso.
Já falou.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Acabou, Presidente, acabou.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Deputada Lídice da Mata, a Relatora.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ. Fora do microfone.) - Deixe-a falar. V. Exa. é muito chato! (Fora do microfone.)
Toda hora está interrompendo a Relatora.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Sr. Presidente, eu tenho...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Fale, Deputada.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... o dever de fazer o relatório de uma investigação, de um inquérito que está aqui instalado. A CPMI é um inquérito.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP. Fora do microfone.) - Sim, senhora, questionamento.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra a Relatora!
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Como Relatora.) - Realmente, eu não posso falar, me desculpe. O senhor está interrompendo. Não entendo o porquê dessa postura, sempre lhe respeito. Já é a segunda vez que V. Exa., ao se pronunciar, acusa a relatoria. Na reunião passada fez a mesma coisa, acusando a relatoria de parcialidade.
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O Gen. Santos Cruz, em depoimento nesta Comissão e em diversas manifestações públicas, usou a expressão "milícia digital" - milícia. A milícia é algo não legalizado, não legal, neste País. Só alguns dão a função de legalidade. Ilegal.
A Deputada Joice usou a expressão "gangue virtual". A Deputada Joice, mais do que isso, deu um depoimento tratando de uma organização criminosa, usou essa expressão aqui ao apresentar, inclusive, o seu PowerPoint.
Eu lhe perguntei diretamente sobre a existência de uma organização criminosa, ao que ela respondeu que sim, e detalhei o que isso, do ponto de vista jurídico, representava.
"Há um núcleo político?" Respondeu que sim. "Formado por políticos? Quem coordena esse núcleo político de elaboração de ideias políticas?" Ela disse: Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Filipe Martins. Foram palavras ditas aqui, e eu posso... Basta pedir a degravação do que foi dito aqui durante o dia de hoje.
Portanto, como Relatora, eu repito o que foi dito aqui, mas, mais do que isso, senhores, como Relatora eu posso ter uma linha de investigação, sim, que possa indicar, num sentido de que há uma formação de organização criminosa e perguntar a quem eu quiser sobre isso aqui, porque é uma investigação.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O que não está no Regimento...
Não está bom, não. Eu tenho o direito de falar quanto tempo desejar...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Prossiga, Relatora.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... pelo Regimento Interno da Casa.
E respeito V. Exa. aqui, tratando de briguinhas internas do seu partido. Não me pronuncio sobre isso. Não acho que serve à investigação, mas, se vocês querem usar o tempo de vocês para fazerem isso, é um problema de cada Deputado. Não me cabe censurar ninguém.
No entanto, o Regimento Interno desta Casa, naquilo em que ele alcança a investigação, é usado o Código Penal, o Código Penal, criminal. Aliás, eu já utilizei isso aqui quando V. Exas. tentaram me impedir de perguntar sobre a vida dos depoentes, porque o Código criminal determina que assim possa ser feito.
Portanto, diferentemente do que está sendo dito, eu posso, sim, desenvolver uma linha de raciocínio desta investigação que leve a afirmar determinadas questões que percebo com os depoimentos dos demais.
Portanto, eu quero absolutamente rechaçar esse tipo de fala que tenta desqualificar a relatoria, o que já fez e já tentou fazer com todos os depoentes que aqui falaram...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Vamos suspender por cinco minutos, Presidente?
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Como tenta fazer agora com a depoente.
A depoente está sendo desqualificada pela tentativa de se estigmatizarem as razões de seu depoimento.
A mim não cabe julgar a razão de quem está aqui falando.
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - As razões, não, mas a sistematização do que é dito, cabe.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Deputada Lídice... Pela ordem, vamos suspender por cinco minutos?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Como está havendo sessão, votação nominal na Câmara, eu vou suspender a sessão por cinco minutos, e retornaremos logo após a briga de vocês.
E a palavra fica mantida com a Senadora Lídice da Mata.
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A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... que isso aqui é tribunal de exceção e câmara de gás, num desrespeito total ao que já aconteceu nas câmaras de gás no mundo, com os judeus.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Mas são muito próximos disso.
(Suspensa às 20 horas e 34 minutos, a reunião é reaberta às 20 horas e 46 minutos.)
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O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A reunião está reaberta.
Pela ordem, tem a palavra o Senador Jean Paul, do Rio Grande do Norte.
O SR. JEAN PAUL PRATES (PT - RN. Pela ordem.) - Obrigado, Presidente.
Eu queria apenas colocar... Há algum tempo, quero fazer esta fala, pessoal. Eu preciso fazê-la hoje, Deputado Feliciano. Eu até conversei consigo agora. Eu preciso repudiar e deplorar essas menções ao Partido dos Trabalhadores como quadrilha. Isso já faz tempo! Parece até que a turma se acostumou, não é? Até nós mesmos, às vezes, já estamos encaixando esse tipo de golpe.
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Mas eu queria apenas lembrar que nós somos mais de dois milhões de filiados. Dois milhões de filiados ao Partido dos Trabalhadores são ofendidos cada vez que alguém diz isso. Então, eu, de fato, enquanto ouvir isso ao vivo, transmitido em TV, independentemente do assunto que estiver em voga, vou pedir questão de ordem para lembrar... Eu, por exemplo, filiei-me em 2013. Comparar grupos como esses que a gente está investigando, tanto de um lado quanto de outro, e envolver ou generalizar e chamar todo mundo de um partido de quadrilha eu não admito, não vou deixar que aconteça isso na minha frente.
Então, se alguém acha que o Partido dos Trabalhadores é quadrilha como um todo, que processe o Partido dos Trabalhadores como um todo, como quadrilha.
Aqueles que cometeram mau passo, erros ou crimes estão sendo processados ou poderão ser processados e investigados. Os que não são, não é possível que eles sejam colocados no mesmo grupo. O Partido dos Trabalhadores é um partido honrado, o partido tem vários Deputados nesta Casa. Os Senadores, nós seis, temos atuado inclusive numa oposição ao Governo muito responsável e construtiva.
Eu mesmo estou acabando de relatar um projeto das ferrovias que vai destravar os investimentos em ferrovia no País, para o Governo de Bolsonaro, mas não para o Governo de Bolsonaro, para o Estado brasileiro contar com instrumentais novos para investimento nesse setor. Então, não posso me deixar chamar de quadrilha indiretamente.
Digo isso com todo o respeito, Pastor, Deputado. Inclusive, é um Pastor, um homem de Deus, da conciliação. Eu lhe peço, por favor, que cesse com esse tipo de colocação genérica. Acuse quem tiver que acusar diretamente, sem a prerrogativa parlamentar de fazer isso. Mas não acuse diretamente o Partido dos Trabalhadores, porque está me acusando também. Mal nos conhecemos, e isso gera um relacionamento que se inicia mal. O.k.?
Obrigado.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Eu fui citado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - De novo?
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Sim, mas agora é dentro do requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - É só pedir desculpa, para que V. Exa. respeite os membros do partido de que ele faz parte.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - É claro!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa., como homem de Deus, eu tenho certeza, vai acatar a solicitação do Senador Jean Paul.
O SR. JEAN PAUL PRATES (PT - RN) - Se for para penitência, por favor, dê o direito!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Vamos manter a harmonia.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Sr. Presidente, eu não sou homem de briga, sou homem de paz. Eu quero apenas dizer ao nobre Senador que suas palavras entram no meu coração e que eu vou ponderar e pensar. E explico o porquê. Em 2013, eu fui alvo do seu Partido, e apanharam minha filha, as duas, as três, a minha esposa e eu. E do microfone da Câmara...
O SR. JEAN PAUL PRATES (PT - RN) - Talvez de pessoas, não do partido.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Eu posso falar?
O Partido dos Trabalhadores, todos em conluio, dentro da Câmara dos Deputados - vocês têm uma reunião diária -, iam para o microfone e faziam de tudo para me desmoralizar. Então, ficou aqui um ranço. De repente, um pedido de perdão... Como cristão, liberarei o perdão a quem quer que seja.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pronto! Está perdoado, Deputado.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP) - Enquanto isso, como Deputado, nós vamos para o embate político.
O SR. JEAN PAUL PRATES (PT - RN) - Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputada Carla Zambelli, do PSL de São Paulo, está com a palavra.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Para interpelar.) - Obrigada, Presidente.
Eu gostaria de corrigir uma questão que foi colocada no início da reunião. Nesta minha fala, quero separar bem... Peço a atenção da Relatora Lídice da Mata, porque a gente precisa separar bem o que é crime do que pode ser colocado aqui como uma possível fake news - isso pode gerar um processo - e também do que é sentimento, ataque político, embate político. A gente tem de separar as coisas.
Começando com essa correção do início da reunião, a Deputada Joice Hasselmann falou que ela ajudou os Deputados de São Paulo a serem eleitos. Sete Deputados não entraram. Nós, em São Paulo, conseguimos eleger 17 Deputados no PSL, mas sete ficaram de fora. Eles ficaram de fora porque não conseguiram os 30 mil votos necessários, o que seria o mínimo para se atingir a cadeira. Então, nós tínhamos voto suficiente para eleger 17 Deputados, mas sete não entraram porque não tiveram o mínimo.
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Então, quando ela diz que os votos dela serviram para eleger os Deputados, na verdade, os 700 mil votos que sobraram da cadeira dela se perderam, com os 2,1 milhões de votos que se perderam nessas sete cadeiras vezes 300 mil votos. Isso é matemática, ou seja, deve-se corrigir isso.
As pessoas perguntam assim: por que os sete Deputados não entraram? Por que eles não tiveram 30 mil votos? Até foi solicitado, nas redes sociais, que eu falasse sobre isso aqui, porque houve uma construção de fake news durante a campanha, feita pela Deputada Joise Hasselmann, em que ela tentou acabar com as candidaturas de várias pessoas. Eu tenho aqui vídeos para provar. Eu posso até passar os vídeos depois, durante a minha fala, em que ela se dizia a única pessoa chancelada pelo Presidente Bolsonaro. E há o áudio do Presidente Bolsonaro dizendo que ele apoiava todos os Deputados de São Paulo.
Então, fica a minha pergunta: por que ela se dizia a única chancelada? Isso é uma fake news, já que o Presidente falou em seguida, em áudios, e mandou-os para ela várias vezes, dizendo que havia outros Deputados chancelados. Por que ela insistia em se dizer a única chancelada?
Ela tentou acabar com a minha candidatura, pessoalmente falando, com um dossiê que ela enviou para o Presidente Bolsonaro e para as pessoas que o cercavam, dizendo... Aí eu estou dizendo isso não porque é fake news e nós estamos numa CPMI, mas porque nós temos de separar o que é guerra política do que é crime. Então, aquilo ali, talvez, não tenha sido um crime porque não foi público. A senhora entende, Relatora?
No dossiê, ela dizia que eu era prostituta, abortista e traficante de drogas. O termo "prostituta" foi, inclusive, referendado pelo Bebianno. Então, quando ele vier aqui à CPMI, se ele vier eventualmente, ele vai poder dizer, porque eu conversei com ele pessoalmente sobre o incômodo que isso gerou durante a campanha, em que a Deputada Joice Hasselmann afirmou que eu teria sido prostituta e que eu usava drogas. Havia até um delegado da Polícia Federal ao lado, e eu pedi que ele fizesse busca e apreensão nos meus endereços conhecidos.
Essa questão de ela dizer que eu era abortista e que eu tinha abortado uma criança etc., isso não ficou só no dossiê privado que ela mandou para o Presidente. Ela também tornou isso público. Aí eu queria que os senhores tomassem atenção para o seguinte: quando a gente fala de embate político, de ódio, dessa questão de um ofender o outro... Até concordo com o Senador petista que disse que toda generalização é ruim, porque você não tem como dizer que todos são criminosos em determinado grupo. Sempre há aquela pessoa que é ruim, sempre há as pessoas que são boas, independentemente do local. Mas ela publicou isso nas redes sociais; isso está público.
"É oportunista. Foi eleita com os meus votos." Eu acabei de dizer que não, porque os 700 mil votos dela que sobraram foram perdidos nessas sete cadeiras que foram perdidas. "É incapaz de fazer uma cadeira na Câmara." "Arma contra o Presidente." Por que ela dizia que eu estava armando contra o Presidente? Porque, na época da MP 870, a Joice Hasselmann fez uma tratativa com os partidos de centro para recriar dois Ministérios - já havia até os nomes dos Ministros - e também para tirar o Coaf do Moro e para tirar os poderes dos auditores fiscais, porque eles não poderiam então reportar indícios de crimes não tributados. À época, eu fiz um questionamento público à Deputada, perguntando por que, como Líder do Governo, ela estava traindo tudo que o Governo defendia até então. Aí ela disse que eu era abortista: "Infelizmente, sou culpada pela filiação dessa abortista quando ninguém a queria". Na verdade, quem assinou minha filiação foi o Major Olimpio. Ele pode confirmar isso quando vier aqui. E realmente ninguém me queria, porque ela tinha mandado um dossiê para o Presidente dizendo que eu era abortista, prostituta e drogada. Na época da campanha, inclusive, eu fiz um teste toxicológico - imaginem uma Deputada ter de fazer teste toxicológico! - para provar que eu não era drogada. Consegui provar isso para as pessoas envolvidas.
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Depois, em 20 de outubro, recentemente, ela disse: "Essa mulher é um lixo humano, abortista, cruel, golpista, um monstro".
Na época em que eu critiquei a questão da MP 870, ela disse que eu era burra e não sabia fazer contas, quando, na verdade, é ela que não sabe fazer contas, porque ela continua falando e ainda hoje repetiu que foi com os votos dela que eu fui eleita. Na verdade, quem me ajudou foi o Eduardo Bolsonaro, porque eu obtive 76 mil votos, e a diferença disso veio dos votos que sobraram do Deputado Eduardo Bolsonaro.
Em outro tuíte... Você vê que isto aqui, sim, é um gabinete do ódio, ao disparar essa quantidade de coisas! Aí me chamou de serpente: "A cobra ficou com ciúmes da homenagem". Na verdade, a homenagem foi um boneco... Ela combinou com alguns seguidores de fazer um boneco para ela mesma, dizendo que eu estava com inveja. Na verdade, não era inveja. Eu olhava para ela numa foto aqui, pensando: em que momento essa mulher será desmascarada e todo mundo vai perceber que ela não é amiga do Governo, não é amiga do Bolsonaro e nunca o foi?
Mas, graças a Deus, as coisas vêm à tona. A verdade vem a tona. Então, se o Bebianno vier aqui, ele vai poder comprovar que houve, sim, um dossiê em que a Deputada dizia que eu era prostituta, drogada e abortista e que, inclusive, o Presidente ficou sem falar comigo durante um bom tempo, até que eu pude provar a minha inocência. Aí a história fala por si só.
Ela também falou do Deputado ator pornô. Ela falava o tempo todo: "Eu sou a única chancelada. Não votem em ator pornô! Não votem em abortista! Eu sou a única pessoa chancelada". E isso prejudicou sete pessoas. Eu consegui entrar porque fiz 76 mil votos, mas várias pessoas não conseguiram.
Só fechando essa questão, quando se fala sobre responsabilidade com o País, ela faltou com a responsabilidade com o País quando queria criar dois Ministérios a mais. E, na reunião com o Presidente Bolsonaro, ela falou: "Mas tem que ser assim, porque, se não for assim, eles não vão aprovar a MP 870". E, no final das contas, a MP 870 foi aprovada sem a criação dos dois Ministérios.
Em relação também a acabar com a campanha, aí é uma pergunta que eu faço à Deputada Joice Hasselmann. No primeiro dia de campanha, eu anunciei uma dobradinha com a Deputada Estadual Janaina Paschoal. Essa dobradinha seria uma dobradinha única: eu com ela, ela comigo. Eu não dobraria com mais nenhuma Deputada Estadual, e ela não dobraria com mais nenhuma Deputada Federal. A gente já tinha tirado fotos juntas etc., era uma combinação. No primeiro dia de campanha, a Deputada Joice Hasselmann publicou uma foto, dizendo que a dobradinha de São Paulo era de Joice Hasselmann e Janaina Paschoal.
A pergunta que eu faço é: a Deputada Joice Hasselmann combinou essa dobradinha com a Janaina Paschoal, ou foi publicada essa dobradinha sem nenhuma combinação e nenhum acordo prévio? Isso era uma fake news da época. Agora, não era uma fake news que fosse um crime. Não foi nenhum crime. A gente tem de separar o que é crime, o que é passível de...
Quando ela me chama de abortista, ela está me acusando de um crime. Eu fico até emocionada porque eu acabei de perder um bebê. Eu estava grávida há duas semanas e perdi um bebê. Eu tenho um filho de 11 anos. Meu filho mora comigo, e eu sou uma excelente mãe. Tento ter outro filho e acabei de perder um bebê. E sou acusada de ser abortista. Então, quando há uma imputação de um crime, mudam de figura as coisas. Ela falou aqui sobre a questão de assessores não poderem ter rede social. Mas, dentro da assessoria dela, há uma pessoa que inclusive eu prezo muito, uma pessoa muito guerreira, mas que é assessora dela e que publicou e publica, nas redes sociais, durante o horário comercial, ataques à esquerda. Isso acontece! E não acho que seja um crime, porque também no PT há gente, na Liderança, que sobe a hashtag #EleNão, sobe hashtag contra o Governo. Isso acontece, isso é natural, é do jogo político! As pessoas que trabalham como assessores... A assessora dela está publicando #SomosTodosAugustoNunes, no dia em que o Augusto Nunes brigou com o Glenn Greenwald.
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Então, isso está errado? A Deputada Joice Hasselmann está cometendo crime de improbidade porque uma funcionária dela está publicando e criando hashtags ou ajudando nas hashtags contra a esquerda? Isso não tem nada a ver, isso é guerra política, isso não é crime.
Agora, vamos separar o que é crime. Por exemplo, ela diz que escutou pessoas falando que queriam criar uma Abin paralela. A pessoa fala: "Ah, eu sou contra autoritarismo". Ela disse isso hoje. Se ela é contra autoritarismo, por que, quando ela era Líder do Governo e escutou isso, ela não denunciou que queriam criar uma Abin paralela? Por que só denuncia depois que sai do Governo? Então, é muito fácil: eu só denuncio depois que eu já saí e abandonei o barco. Mas, enquanto eu estou no barco, isso não é crime, não é errado? E como ela prova isso agora? Afirma coisas aqui, dizendo: "Eu escutei, eu falei...". Como é que prova?
Aí eu vou para a questão técnica. Quando a gente fala de robôs... A Joice Hasselmann até colocou ali que eu escrevi "alô, milicianos". A gente foi chamado de miliciano, de miliciano e de robô. Então, as pessoas até foram com plaquinhas para a rua: "Não sou robô, não sou miliciano". E há gente até que fez brincadeira com o gabinete do ódio: "Os milicianos do Jair Bolsonaro". Só que ela perdeu, então, 720 mil robôs?
Pode haver perfis fake? É lógico que eles existem!
Aí eu venho para a questão técnica e tenho como provar e posso deixar isso inclusive... Posso acostar isso nos autos da CPMI. Peço, inclusive, que isso seja acostado, porque ela publicou hoje aqui que 1,4 milhão de perfis na rede do Presidente Bolsonaro são fakes. E aí, para quem estiver escutando, para o telespectador que tiver escutando, eu peço muita atenção neste momento. Joice Hasselmann afirmou hoje que 38% dos perfis do Presidente Bolsonaro eram fakes, através de uma auditoria que ela fez. Só que eu convido os senhores, inclusive quem está ouvindo e as Sras. e Srs. Deputados e Senadores, a entrarem no twitteraudit.com. Esse é um site dentro do Twitter que o próprio Twitter oferece como ferramenta para auditar perfis fakes. E hoje eu puxei os perfis fakes que existem do Presidente Bolsonaro. Realmente, ele tem perfis fakes, só que não são da ordem de 38%, como afirmou a Joice, mas da ordem de 4%.
Também aproveitei para puxar os do Presidente Lula, para saber se todo mundo tem perfil fake ou não: 9%. E da Deputada Joice Hasselmann, quando eu puxei... Estou com os prints aqui, com as provas, e quero acostar essas provas para a senhora poder analisar. Há quatro anos, ela tinha 22% de perfis fakes.
(Soa a campainha.)
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A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - E, hoje, na data de hoje, na rede social dela, 8% dos perfis dos seguidores são fakes. Pela ferramenta oficial do Twitter, 8% dos perfis que seguem Joice Hasselmann hoje são fakes. E 4% dos perfis que seguem o Presidente são fakes.
Isso acontece com todo mundo, porque há perfis fakes na esquerda e na direita. Acabei de provar com os números do Lula. E convido os senhores para entrarem em twitteraudit.com. E eu os tenho também! Aproveitei para puxar os meus também. Eu também tenho perfis fakes me seguindo. Eu não tenho culpa disso!
Então, existe uma hipocrisia. Essa hipocrisia, Presidente, a gente deve deixar de lado, porque aqui nós somos Deputados... Eu sou chamada de Ronald, Ronald McDonald, por causa do cabelo vermelho. Então, a esquerda me chama de Ronald nas redes. Eu acho isso bonitinho, legal.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PODEMOS - SP. Fora do microfone.) - É fofo!
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - É fofo, é engraçado.
A ela chamam Peppa, que é um desenho animado. É lógico que, quando ultrapassa o limite do razoável, aí é preciso investigar pessoa por pessoa que atingiu a... Assim como eu a estou processando na esfera cível, para ela provar que eu sou abortista, para ela, enfim, provar as acusações de imputação de crime que ela fez contra mim publicamente, eu acho que ela tem que entrar contra todos os perfis que a atingiram e cometeram crimes, cometeram delitos. Isso deve ser apurado.
Agora, guerra ideológica, chamar de Peppa, de Ronald... Ela perdeu 720 mil seguidores. Não eram robôs. E fake por fake, ela tem 8% de perfis fakes a seguindo, que é o dobro da porcentagem que segue o Presidente Bolsonaro.
Aí eu gostaria de pedir que ela respondesse essas questões que eu fiz, poucas questões, mas, principalmente, a questão da Janaina Paschoal, porque isso eu sei que é mentira. E vai ser muito interessante...
Finalizando a minha fala, é muito interessante ver o PT, o PCdoB e o PSOL parabenizando a Deputada Joice Hasselmann hoje. E é por isso que ela está sendo chamada de traidora, não porque nós estamos eventualmente imputando alguma crítica a ela.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputada Joice...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Presidente, só quero informar que está em votação nominal novamente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Nominal...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - E precisaremos nos ausentar.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - É nominal. Pedi para...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Mas qual é?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Vamos ter que ir, não é?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Não dá tempo de a Deputada responder à colega?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu acho que dá. Eu acho que dá.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Dá tempo!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Então, vamos lá!
Eu nunca vi um show de cinismo nesse nível da Deputada Carla Zambelli! Eu nunca vi nada parecido com isso! Não há uma informação aqui que seja 100% verdadeira, todas ou são mentiras ou são manipuladas. E eu vou pegar ponto a ponto.
Aliás, eu tenho que pedir perdão realmente ao povo de São Paulo por ter ajudado a eleger essa senhora.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - É matemática mesmo!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Você não conhece a lei. Você é burra, Carla. Desculpa! É isso. Coeficiente eleitoral é calculado pela cadeira...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Isso é ofensa pessoal!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Sras. e Srs. Deputados...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Isso é ofensa pessoal, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... vamos manter a tranquilidade.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Você não tem o mínimo de nível, Joice Hasselmann.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Somam-se os votos da legenda. Divide-se pelos mais votados da lista. Então, basta ver a lei eleitoral e pronto!
Quanto às acusações... Eu vou começar pela que eu imputo mais grave, porque a Parlamentar, na sequência de mentiras, fala das minhas redes usando o Twitter Audit, que é claro que já foi pego. Inclusive, ela montou uma fake news no Twitter dela. Por quê? Esse app não é oficial do Twitter, não analisa as ações dos perfis, não analisa a interação, não diz se é robô, não tem referência de autenticidade, não tem parâmetro de verificação. E o robô interage.
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Inclusive, esse aplicativo analisa a consistência da rede. E, quando ela está consistente, há um "joinha": "plim". E o "joinha" ela apagou da fake que ela está colocando. Então, isso é muito fácil, não é? O "botômetro" tem critério. Acabou!
Há outra tentativa de mistura - e aí eu não sei se é por uma questão realmente intelectual ou de caráter -, ao misturar robô e perfil fake. Robô é uma coisa, perfil fake é outra coisa. Não há como haver qualquer critério, como impedir que um perfil fake me siga. Por quê? A gente nem sabe, porque qualquer um chega lá, a não ser que você bloqueie aquele perfil. Descobre que é fake e bloqueia aquele perfil. A pessoa pode seguir. Robô é outra coisa.
Esse levantamento, de novo, está à disposição de todos aqui.
Em relação ao dossiê que a Deputada afirma que eu entreguei ao Presidente da República, essa é a mentira mais deslavada que eu já vi na minha vida!
Você mente, Carla Zambelli!
Já que entrou um pouquinho na seara pessoal... Eu vou tentar não ir muito, porque é feio. Eu quero tentar resguardar um pouco de sanidade aqui, com essas declarações. Quem me perguntou, textualmente, olhando no meu olho, na sala do Presidente, depois de eleito, se você tinha sido prostituta na Espanha foi o Presidente. Ele me perguntou. Pergunte a ele o que eu disse. Ele me perguntou!
Se o ex-Ministro Bebianno disse isso, que é um dossiê, desculpe-me, mas o ex-Ministro não fala a verdade, e não sei o porquê e com que intuito.
Em relação a você ficar magoada por eu ter feito um vídeo em que... De fato, eu perdi a paciência por outras questões e disse que havia dois Deputados chancelados pelo Bolsonaro, eu e o Eduardo, e ainda fiz uma brincadeira: "Eduardo, o nº 1; Joice, a nº 1". Isso aconteceu principalmente pelas insatisfações do Presidente.
Como a Deputada deve lembrar - e, se não lembrar, pode convocar a Janaina ou pedir explicações à Janaina -, numa viagem que fizemos ao interior do Estado, pelo interior de São Paulo, estávamos em um caminhão. E ela mentiu, nas redes dela, dizendo que eu mandei expulsá-la do caminhão. Estávamos em cima de um caminhão...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Você olhou na minha cara e mandou eu descer, Joice. Fale a verdade!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É claro, o Presidente mandou! O Presidente mandou. Então, escuta! Escuta!
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - O Presidente mandou? Você é louca!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Pergunte ao Presidente! Pergunte à Janaina, que ouviu, ou à irmã da Janaina, que estava lá em cima. Estávamos, em cima do caminhão, eu, o Presidente Jair Messias Bolsonaro, Janaina Paschoal, a irmã da Janaina Paschoal e Nabhan Garcia. O Presidente me chamou, fez uma cara feia e falou: "Só Joice e Janaina aqui!". Eu falei: "Presidente...". O Nabhan tentou botar panos quentes na coisa, porque tem uma relação muito próxima com a Parlamentar. E eu falei para a Janaina: "E aí, Janaina?". Ela falou: "Se minha irmã descer, eu desço". Esta foi a frase que ela usou: "Se minha irmã...". A irmã dela estava lá, e ela ficou com medo, obviamente, que houvesse algum tipo de agressão ou qualquer coisa assim.
Foi o Presidente que pediu para que a Deputada Carla descesse. O Nabhan botou panos quentes, e ela ficou.
Nesse mesmo dia, houve um jantar pela região ali; não foi em Araçatuba, acho que foi em Rio Preto. Houve um jantar. Isso está gravado. Eu posso mostrar para vocês. E o Presidente começa a falar quem são os candidatos dele. Ele dá nomes: "Nós temos para o Senado o Major Olimpio; nós temos para a Câmara o Eduardo Bolsonaro; nós temos para a Câmara a Joice Hasselmann".
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A Deputada Carla Zambelli ficava atrás - isso está gravado - e ficava sussurrando: "E Carla Zambelli! E Carla Zambelli!".
O Presidente olhou - isso está gravado -, fez uma cara muito ruim, tirou o microfone: "Cadê a Joice?". Eu estava conversando com o ex-Ministro Bebianno e com mais algumas pessoas, saí correndo e cheguei lá correndo.
Então, havia um desconforto muito grande à época.
Quando eu disse que eu filiei a Deputada Carla Zambelli, não é que eu peguei e assinei a ficha de filiação. Ela estava de malas prontas para o Podemos; e eu, para ser candidata ao Senado. E eu disse a ela: "Pense na sua campanha".
Por circunstâncias que são alheias à minha vontade, porque eu queria ser candidata ao Senado àquela época... E creio que teríamos sido eleitos eu e o Olimpio. Por circunstâncias outras, eu acabei indo para Deputada Federal, e a Deputada Carla Zambelli começou a orquestrar um ataque nas redes. A própria mãe dela mandou para mim mensagens, a Dona Rita - eu tenho as mensagens aqui -, para dizer que... "Por que você está fazendo comigo?" E eu falei: "Venha, que nós vamos elegê-la! Ou, se você se sentir mais confortável em grudar na Janaina, você pode sair candidata a Estadual". Ela me respondeu: "Minhas pautas são nacionais". Essa foi a resposta. Era uma conversa de amigas! Era uma amiga que dormia na minha casa! Quando ela estava em depressão, eu ligava, para tirá-la da depressão. Eu paguei as contas, muitas vezes, em restaurantes. Ela comeu na minha casa!
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Conta em restaurante?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Sua e do Alex, seu ex-namorado, que lhe deu conselhos para que você segurasse a onda nos seus impulsos, para que uma conservadora que se diz conservadora realmente pudesse ser respeitada como conservadora. E você sabe exatamente do que eu estou falando. Então...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Você é louca. Você é psicopata.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu tenho vários vídeos, se vocês quiserem, com a gente na minha casa, num churrasco, com a gente dançando, nós duas, dançando, brincando, dançando!
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Fora do microfone.) - Queremos ver os vídeos.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Quando eu fui obrigada a sair candidata a Deputada, houve essa... Isso é público. Acho que está até no Instagram. Houve essa guinada, Presidente, de ataques, porque ela ficou insegura em não ser eleita. Ficou insegura em não ser eleita. O fato é esse.
Em relação...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Prove esse ataque!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Em relação a ser traficante de drogas, eu nunca disse isso. Isso é mentira.
A Deputada, como vocês bem sabem, eu imagino - pelo menos nós, dos movimentos -, foi casada, morou com Marcelo Reis, e o Marcelo Reis já confessou publicamente que tinha problemas com algum tipo de droga. Nunca eu falei nada sobre isso com ninguém. Isso é mentira.
Em relação a ser abortista, de fato eu escrevi isso no Twitter. Escrevi com a segurança de que uma pessoa que a maioria de vocês conhecem, a Sara Winter, que morou na casa dela - ela me contou -, que ficou com ela um tempo...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ficou no seu apartamento, sim!
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - Um dia...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Você me contou. E me contou algumas barbaridades.
A Sara Winter fez um vídeo em que conta a história, a narrativa do aborto que a Carla Zambelli...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP) - A Sara Winter está sendo processada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu estou dizendo o que... Tudo bem! Prove na Justiça. Talvez, o Marcelo possa falar alguma coisa em relação a isso.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Continue!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Aí, é o seguinte... Só para retomar aqui, Deputado Alexandre Frota, a Sara Winter fez um vídeo em que ela conta, em que ela narra como era a parceria das duas no Femen. A Carla fez parte do Femen, que é um grupo que a gente sabe que é de extrema esquerda.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Nunca fiz parte do Femen! Pare de mentir!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ela, na Paulista - a Sara ainda postou isso -, com aquele colarzinho de flor que o pessoal do Femen usa...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Eu nunca fiz parte do Femen!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Estava lá. Estava lá!
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E, segundo o que a Sara Winter conta... Não é uma coisa que foi tirada da cartola! Ela contou publicamente, gravou um vídeo e, depois, foi processada, ficou com medo. Mas as informações estão todas registradas na rede. Elas estão lá. A Sara Winter conta essa história. E, segundo a Sara Winter, houve uma manifestação, num domingo, em que a Deputada teria colocado dizeres fofos na barriga, e, na segunda, o aborto já estava marcado. Isso foi ela que falou. Não fui eu que falei. Não fui eu que falei. Está à disposição, na internet, de quem quiser.
Em relação à MP 870, é a mentira mais deslavada que eu já vi, e a Deputada Carla Zambelli sabe disso. Isso não é engano, é mau-caratismo mesmo!
Quanto a essa MP 870 e à recriação de dois ministérios, isso foi decidido numa reunião de que eu não participei, em que estava o Presidente da República, o Rodrigo Maia, o Davi Alcolumbre e o Líder Fernando Bezerra. E quem quiser pergunte ao Líder Fernando Bezerra e aos Presidentes da Câmara e do Senado!
O Presidente, segundo o que me relataram - eu não estava nessa reunião -, teria sugerido, para acalmar os ânimos - havia uma insatisfação grande com o Ministro Canuto -, recriar o Ministério das Cidades. Segundo o que me disseram Davi Alcolumbre, Rodrigo Maia e o próprio Fernando Bezerra, essa foi uma sugestão do Presidente.
E retirar o Coaf do Moro, à época, também foi uma sugestão... O Líder subiu, depois, à tribuna e até disse: "Olha, eu tive que dizer que fui que inventei esse negócio, mas também era uma sugestão do Presidente, que nos orientou que, para não perder a MP toda, teríamos que abrir mão do Coaf". Era uma questão de lógica, de raciocínio.
Nunca houve qualquer reunião comigo para recriação de ministérios. É mentira! É uma mentira das mais absurdas!
Em relação à Janaina e a mim, se qualquer um de vocês tiver o cuidado de entrar nas minhas redes da época da campanha, vocês vão ver a Janaina viajando comigo. A gente fez uma viagem para o interior, para Suzano. A gente fez...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Responda à pergunta, Janaina!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Dá licença? Dá licença?
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Responda à pergunta!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Então, a Deputada Janaina, que estava comigo lá, nas minhas redes - estava nas minhas redes -, estava comigo em Suzano.
Depois disso, a própria Deputada Janaina foi ao meu estúdio. Foi ao meu estúdio! E fez uma live, porque eu estava dizendo quais eram as pessoas que eu estava apoiando, aquela coisa toda, e a Janaina até esteve lá. Foi lá, pegou o carro, chegou lá, foi com a irmã, deu entrevista. A entrevista está na internet!
Então, qual é a lógica de você ter alguém que você está ajudando e que, obviamente, tinha uma imagem sensacional, que foi ao meu estúdio... Como eu poderia gravar uma entrevista e não divulgar? É uma coisa surreal! É surreal!
A Janaina, muitas vezes, que é uma mulher muito séria, muito correta - e nós agora vemos que ela falou muita coisa séria, muita verdade -, sempre dizia: "Joice...". Quando começou essa rusga por conta da candidatura, ela dizia: "Joice, perdoa! Ela é criança. Ela não sabe o que está fazendo. Ela é infantil. Perdoa!". E eu, depois de anos de amizade, disse francamente, com todas as letras: "Não, ela não é infantil. Ela é mentirosa, ela é manipuladora, é psicopata". Eu disse isso à Janaina e estou repetindo aqui claramente, porque todas as coisas que eu falo - e eu estou sob juramento - eu posso comprovar.
Se a Janaina jurou ser só sua dobrada, então ela não poderia estar no meu estúdio, fazendo gravação comigo. Eu não a amarrei, eu não a coagi, eu não botei uma arma na cabeça dela. Nós temos uma relação de respeito e mantemos essa relação de respeito.
Estou terminando, Presidente.
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"Por que a Líder não denunciou a Abin paralela?" Porque eu não sabia! Essa informação eu consegui há dez dias, há dez dias! Como é que eu iria denunciar uma coisa que eu não sabia? Por óbvio, por óbvio...
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Você disse que escutou ele falando, Joice.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Presidente pode convocar a pessoa que diz que, inclusive, confirma, porque quem me disse foi o ex-Ministro Bebianno. Foi o ex-Ministro Bebianno.
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Vou votar na nominal, Presidente.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Fora do microfone.) - A senhora vai embora?
A SRA. CARLA ZAMBELLI (PSL - SP. Fora do microfone.) - Vou votar na nominal.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concluiu, Deputada? Concluiu?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Só para concluir, Presidente, em relação a essa coisa de seguidores que mandaram fazer um boneco, isso é uma piada, não é? Isso é uma piada de mau gosto, que combina perfeitamente com a Deputada.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Fora do microfone.) - Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Frota, eu fiquei preocupado aqui, porque a Deputada Carla falava aqui "Presidente", e aí olhavam para mim! Eu digo: meu Deus, eu sou Presidente da CPMI!
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - A votação foi cancelada! Ela saiu porque quis! A votação foi cancelada!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Não sou o Presidente da República. Pelo menos não o sou ainda, não é? Eu fiquei preocupado. Confesso a vocês.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - A votação foi cancelada, só para vocês saberem.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pela ordem, tem a palavra o Deputado Frota.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu quero pedir desculpas a todos aqueles que tiveram que ouvir esse relato odioso, porque eu jamais entraria nessa seara se não tivesse sido alvo de uma série de mentiras e dissimulações. Eu jamais faria isso. Jamais faria isso!
Eu, de fato, perdi a paciência no Twitter, porque uma conservadora que faz campanha contra o aborto, como nós sempre fizemos, e que tem essa história por trás fica dissimulando e enganando pessoas e me atacando com mentiras! Eu perdi a paciência e realmente falei isso.
Já ouvi, como ela era muito próxima a mim, muitas histórias que nós fomos puxando e descobrimos que era mentira.
Em relação à assessora que ela diz que, em horário de trabalho, posta coisas fakes ou ataques, eu a desafio a provar que há um centavo de dinheiro público no bolso de qualquer assessor, que esteja sendo pago para atacar quem quer que seja. Quando eu quero ir para a briga, eu vou para a briga. Eu coloco meu rosto. Não há um único centavo. A minha equipe é extremamente enxuta. Estão aqui. E ponto final!
Resumindo, Presidente, foi uma sequência de mentiras, dignas de uma psicopata.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Deputada, a senhora pode continuar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu imaginava, Deputado Frota, que, só no Nordeste, havia essas guerras.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Não, não!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Mas já vi que, em São Paulo, é pior ainda! (Risos.)
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Deputada, a senhora pode...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Depois de V. Exa., pela ordem, vai entrar o Senador Randolfe Rodrigues, que eu tenho certeza de que também deve estar aí abismado.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Para interpelar.) - Perfeito!
É muito rápido: a senhora pode continuar falando.
Nós estamos aqui. A comunidade espírita também está aqui na frente, como a senhora vê. (Risos.)
Já partiram, foram todos embora. Falaram, falaram e foram embora, mas nós vamos ficar aqui até o fim.
Agora é o Senador Randolfe, com muito prazer. Estou ansioso para ouvir a fala do Senador.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Senador Randolfe...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Senhores, apenas para comprovar, está aqui a foto da Deputada Carla Zambelli com a camiseta do Femen, com a tiara do Femen, grávida, um dia antes de, segundo o que foi denunciado pela Sara, fazer o aborto, com os dizeres, na barriga, "quero nascer em casa". Isso foi uma manifestação na Avenida Paulista.
E, de novo, eu jamais traria isso à tona se não houvesse a série de mentiras...
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Foram várias.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... de maneira descarada!
Então, eu preciso, minimamente, informar parte... Não vou entrar em outros detalhes que ela sabe - até por isso, ela saiu. Não vou entrar em outros detalhes, porque a população brasileira merece mais.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Em nome da paz, tem a palavra o Senador Randolfe. (Risos.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP. Para interpelar.) - Não serei tão brilhante, tão importante e tão necessário para esta CPMI quanto o Deputado Alexandre Frota, Presidente.
Eu queria cumprimentar a Deputada Joice. Eu considero que é um dos mais contundentes depoimentos nesta Comissão Parlamentar de Inquérito.
É importante e rico o fluxograma que V. Exa. traz aqui do funcionamento das redes do ódio.
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Eu acho que o importante é... Nesta CPMI, a gente se apega somente, Presidente, ao nome dela: "Fake News". A questão não é só fake news, as mentiras que são espalhadas.
V. Exa. fez uma separação brilhante aqui sobre o que é fake seguidor de qualquer um de nós, seja em qualquer uma das redes sociais, e o que é robô que manipula resultados, que organiza ataques. E V. Exa. aqui, inclusive, declina números, diz quais são e dá nomes. Eu acho que essa é a importante contribuição que V. Exa. traz. Mas tão importante quanto isso é esta CPMI descobrir - e acho que V. Exa. trouxe uma contribuição importante para cá - as origens da linguagem de ódio e de ataque às instituições e à ordem democrática que está em curso no Brasil. Isso é o mais importante. Isso tem estado em curso, e nós sabemos as origens, de onde está em curso. E me parece que a ausência, como disse o Deputado Alexandre, de vários aqui me dá um sentimento de que a carapuça serviu, de que a carapuça está servindo.
Então, minha caríssima Joice, eu queria... Além disso, obviamente, eu sou, repetidas vezes, vítima e objeto desses ataques. Aliás, depois, vi que um dos eslaides apresentados por V. Exa...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Foi contra o senhor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Eu estou ali como vítima.
Da mesma forma, e não somente por isso, qualquer um que foi vítima disso tem o dever de dar a mão, em solidariedade ao outro. E assim eu fiz quando V. Exa., covardemente, foi atacada.
Acho que boa parte das perguntas aqui foi feita. Neste final de depoimento seu, do longo e importante depoimento seu, vou tentar ver se algum dos temas não foi abordado.
Em vários momentos aqui, tivemos perguntas sobre a participação do Presidente da República. Eu quero diretamente perguntar em relação ao Presidente da República: ele tem conhecimento da existência desse gabinete do ódio, de como ele funciona? Ele contrata ou contratou o funcionamento desse gabinete do ódio? Ele acredita nas chamadas fake news?
Eu falo isso, se ele acredita em fake news, porque notícias dão conta de que o Gen. Santos Cruz, um dos generais mais condecorados do Exército Brasileiro, foi exonerado do posto que ocupava na Presidência da República a partir de uma fake news que teria chegado ao Presidente da República.
Nesse sentido, ao perguntar a V. Exa., eu trago aqui uma entrevista, de hoje, do Gen. Santa Rosa, no UOL, em que ele diz o seguinte... Pergunta o repórter: "O senhor não teve acesso direto ao Presidente Bolsonaro?". Diz o Gen. Santa Rosa: "No início, sim. Depois, foi ficando mais difícil, porque o Presidente se cercou de um grupo de garotos, que têm entre 25 e 32 anos, que fazem uma espécie de 'cordão magnético' em torno e filtram o acesso. Então, começou a ficar difícil. Mas, como o Ministro Jorge é do círculo próximo ao Presidente, imaginamos que seria facilitado o nosso trabalho, porque, por meio dele, faríamos a interlocução, o que não aconteceu".
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Mais adiante, ele retrata que o Filipe Martins é um desses garotos.
Aí eu pergunto a V. Exa... Talvez, nós pudéssemos dividir em dois grupos de publicadores, alguns que estão na lógica governamental. Eu faço a mesma pergunta que foi feita ao Gen. Santa Rosa para V. Exa.: quem são esses, abro aspas, "garotos", fecho aspas, declinados por ele? V. Exa. tem conhecimento do papel deles nesse dito gabinete do ódio? Poderíamos classificar o funcionamento dessa rede de fake news, de ódio e de tudo mais em dois grupos, publicadores e financiadores? Nesse grupo de publicadores, da parte não governamental, estariam o Sr. Allan dos Santos, do blogue Terça Livre, e os Srs. Paulo Eneas e Otávio Facolri, do Crítica Nacional?
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Fora do microfone.) - Facuri.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - É Facuri. Obrigado, Alexandre.
Ali estão também o Sr. Flavio Morgenstern, do Senso Incomum, e o Sr. Bernardo Küster? Esses são alguns dos publicadores do gabinete do ódio e das mentiras?
Na lista de financiadores, eu pergunto se se encontra o Sr. Luciano Hang, o Sr. Vitor Savates Meta, a Sra. Letícia Catelani, nome já dito algumas vezes nesta CPMI, e o Sr. João Bernardo Barbosa. Eu pergunto se V. Exa. tem informações a respeito destes.
Já foi perguntado aqui... Desculpe-me! Para facilitar para V. Exa., eu estou resolvendo fazer logo todas as perguntas. Inteligente como V. Exa. é, saberá captar todas aí, para respondê-las.
Foi dito aqui, no decorrer de seu depoimento, da criação da tal Abin paralela. Se já foi perguntado, desculpe-me! Mas qual a participação do Sr. Carlos Bolsonaro na indicação do atual diretor da Abin e no funcionamento dessa Abin paralela?
Ainda sobre essa Abin paralela, a senhora tem algum conhecimento da utilização da ferramenta Pegasus, uma ferramenta israelense? Alguns dão conta de que somente a Polícia Federal a tem no Brasil. A senhora tem conhecimento ou teve alguma informação sobre a utilização dela por parte desses gabinetes?
A senhora declinou aqui que são mais de 2,8 milhões de robôs.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - São 1,8 milhão só no Twitter, nesses dois tuítes. Essa ferramenta só analisa Twitter. Então, não dá para analisar o Instagram nem o Facebook com essa ferramenta.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Então, é 1,8 robô.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Milhões!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - São 1,8 milhão de robôs. Perdão!
O Presidente da República está lançando um novo partido. Ontem, o Tribunal Superior Eleitoral, em uma decisão, aceitou, admitiu a assinatura eletrônica para o funcionamento desse partido. Eu considero uma incoerência atroz do Tribunal Superior Eleitoral.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Foi rápido.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Rapidíssimo, numa incoerência atroz, Deputado Alexandre!
O meu partido, a Rede Sustentabilidade, buscou e reivindicou a assinatura eletrônica na eleição em 2013, antes das eleições de 2014. O Tribunal Superior Eleitoral não concedeu esse direito à Rede Sustentabilidade. E, em virtude, em decorrência disso, num primeiro momento, a candidata do meu partido na época, Marina Silva, teve que se filiar ao Partido Socialista Brasileiro para ser inicialmente candidata a Vice-Presidente de Eduardo Campos e, só depois, em virtude da tragédia que acometeu Eduardo Campos, foi candidata a Presidente.
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Enfim, o meu partido deixou de existir por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral em 2014, tendo atrasado o seu registro em dois anos, com todos os prejuízos que vieram até por conta disso, inclusive o de não alcançar a cláusula de barreira na eleição última. E um partido político, rapidamente, em prazo recorde, reivindicado pelo Presidente da República, já obtém a autorização do Tribunal Superior Eleitoral!
E eu lhe pergunto porque isso diz respeito à democracia brasileira e ao nosso sistema político partidário: a senhora acredita que é possível a utilização dessas ferramentas que tem para termos assinaturas falsas para a obtenção do registro desse partido político, já que o Tribunal Superior Eleitoral assim o autorizou?
Eu lhe pergunto ainda o seguinte. Há 45 dias, há depoimentos, fotos e registros da senhora junto com o Sr. Allan dos Santos e, há poucos dias, ele tem hostilizado a senhora nas redes sociais. O que a senhora poderia declinar em relação a este senhor, que é importante para essas nossas investigações?
E, por fim, Deputada Joice, para concluir: em um dos eslaides expostos por V. Exa. aqui, o grupo chamado Ódio do Bem, que é um dos grupos disseminadores das correntes, tem um diálogo que eu vou reproduzir aqui, que diz o seguinte.
Rejeitaram hoje o plea bargain do pacote do Moro, ou seja, tiraram a delação premiada. É um bom sinal em meio à guerra do STF. É importante que travem a Lava Jato neste momento.
Outra coisa, Deltan deve cair da Lava Jato e certamente o Augusto Aras assumirá a PGR, como também o Mendonça assumirá o Supremo Tribunal Federal.
[Mais adiante diz, num diálogo longo que não vou reproduzir todo, mas o que interessa, mais adiante diz:] O Guedes vai tocar o Presidente do Coaf. Assim, se Toffoli perder a liminar, tem como blindar o Flávio da perseguição esdrúxula por parte do Ministério Público Federal e do Coaf.
O Gabinete do Ódio, esse grupo Ódio do Bem, as redes do ódio, aí disseminadas, conspiraram, conspiram contra a Operação Lava Jato quando ela ameaça atingir os seus interesses?
São essas as perguntas, Sr. Presidente e Deputada Joice.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu vou começar de trás para frente aqui porque são muitas perguntas.
Em relação ao grupo Ódio do Bem - eu até entreguei esses prints também aqui para a CPI -, claro que há alguém, porque há produção de conteúdo, há um ser humano por trás desse perfil que quer se esconder com esse nome Ódio do Bem; é alguém que ataca pessoas e há combinações de ataques, como vocês viram, inclusive nos prints, nas conversas ali de WhatsApp.
O Deltan foi chamado, pelo grupo e pelo que a gente pode caracterizar de milícia, de esquerdista. O que acontece? Para qualquer um, como a gente teve uma polarização muito grande na eleição, qualquer um que seja contra uma vírgula que seja, Senador, eles tentam pregar imediatamente a pecha de esquerda.
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(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Opa, é para votar? Há nominal?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu posso...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - É?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Gente, gente, eu queria também comunicar aos senhores que nós estamos no final...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, então, eu volto, eu volto, eu volto...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Vai se encerrar a sessão.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu tenho que votar; pacote anticrime, não posso deixar de votar. Desculpe, mas eu venho, eu venho.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ah, é um destaque?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa. ainda vai fazer uso da palavra, Deputada?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, então, tudo bem, tudo bem, tudo bem.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Porque não estava, ainda vai fazer uso...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Tudo bem, tudo bem. Não, já votei no mérito, já votei no mérito.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Já votei no mérito, já votei no mérito.
Então, Senador, por óbvio...
Gente, eu queria só um pouquinho de silêncio aqui, porque, senão... É complicado o ti-ti-ti.
Esses grupos combinam ataques e fritaram... Tentaram fritar o Deltan de todo jeito nas redes sociais, que é um homem ilibado e que nós ovacionamos - nós, eu digo, o nosso grupo de direita, nós ovacionamos o Deltan. De repente, porque a investigação passa por quem o grupo A, B ou C não quer que passe, o Deltan vira inimigo número. Tentaram também - vocês se lembram, foi matéria de jornais aí - iniciar uma fritura até em relação ao Juiz Sergio Moro, o nosso Ministro Sergio Moro, que tem uma popularidade gigantesca, e essa popularidade manteve o freio desses ataques.
Em relação ao novo partido - eu já tinha até abordado esse tema, Senador -, eu acho que, com o volume que nós estamos vendo de robôs e como as certificadoras não têm exatamente uma fiscalização eficiente, eu temo que, eventualmente - não para a criação desse partido, não vamos nominar se é o Aliança, se não é o Aliança, porque é questão de qualquer partido -, possa haver algum tipo de fraude, e isso é muito ruim para a democracia brasileira. Eu particularmente sou a favor da redução de partidos, e não de aumentar o número de partidos, todo mundo sabe disso. Então, é uma coisa que realmente me preocupa e também é de se questionar essa posição tão rápida do TSE num momento como este.
Em relação aos financiadores e publicadores - o senhor citou alguns aí; Allan dos Santos, Paulo Enéas, Otávio, Bernardo. O Allan dos Santos, que realmente está me atacando aqui ou ali - eles até seguraram um pouco para me atacar -, o Allan tem uma maneira de apoiar o Governo, apoia cegamente qualquer coisa para a qual o Governo diga amém. Eu o conheço, de o Allan ficar no meu apartamento em São Paulo hospedado; eu o conheço bem, eu o conheço, conheço a esposa, conheço os filhos, gosto do Allan. Pessoalmente, ele é uma pessoa muito doce, é gostoso conversar com ele. O que a gente vê na internet não corresponde à convivência com ele. Vi que eles demoraram um pouco para começar a me atacar, porque todo mundo também sabe que eu tive uma boa relação com o Olavo de Carvalho, ainda que não concorde com algumas coisas, mas cada um no seu quadrado. Então, ele realmente influencia e republica.
Há algumas informações que, aí, é preciso que a gente cheque se há um acompanhamento do Presidente com esses blogueiros. O Allan já disse aqui que não há dinheiro público dentro do site dele, mas é uma questão de se investigar, porque são várias pessoas que estão ali dentro do site. Mas quero deixar claro que é uma pessoa que... Até dói o meu coração, porque é um amigo e, para mim, nunca ninguém passou fake news dele, ou, por exemplo, ele passar para eu passar para frente. Isso nunca aconteceu. Paulo Enéas. Que eu saiba, é o colunista do Crítica Nacional. O Crítica Nacional é um site muito alinhado também ao Presidente, às bandeiras de direita, e eu espero que continue sendo.
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E o Otávio Facuri, que o senhor citou: conheço também o Otávio de antes da campanha, da época dos movimentos de rua, e o que eu sei do Otávio é que é um homem do mercado financeiro que tem uma postura firme em relação à esquerda, mas não há... Eu não tenho informação que o desabone. Eu sei que ele ajudou a campanha de muita gente, ajudou muita gente, de várias maneiras, mas fez isso de maneira legal, pelo que me consta.
Em relação ao Bernardo: eu não sei, mas você vê que o modus operandi é o mesmo e os grupos de influenciadores são os mesmos.
Em relação aos financiadores: sobre nenhuma dessas pessoas aqui eu tenho informação; eu estaria sendo leviana se dissesse que algum botou dinheiro para contratar robô.
Conheço bem o Luciano Hang.
Conheço o Vitor Meta.
Conheço a Letícia Catelani.
João Bernardo: eu acho que eu não o conheço; pode ser que eu tenha visto, mas não era da minha relação.
E aí, Senador, eu acho que a questão é seguir mesmo o rastro do dinheiro para a gente ter essas informações.
Está quase terminando, mas é que ele fez um monte de perguntas.
Em relação à consciência do Presidente do Gabinete do Ódio: acho, quero crer, que ele não tinha, mas, com essas informações todas, agora tem. Então, é preciso que se tome uma decisão.
Se ele acredita em fake news: as fake news têm um peso grande ali, as coisas de internet, hashtags; eles são muito pautados por isso e reagem de acordo com o movimento das redes. Então, às vezes, é criado um movimento e, às vezes, quando a rede está indo com um embalo, para não desgastar nas redes, a tropa muda o curso do posicionamento para não perder seguidores ou perder aliados nas redes sociais.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra o Deputado Nereu Crispim, já que o Deputado Gadêlha estava ausente no momento oportuno.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Presidente, estou aqui; Presidente, já estou aqui!
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Aí, V. Exa. agora passa...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Como V. Exa. determinar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... a ser a voz do Deputado Nereu. (Risos.)
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS. Para interpelar.) - Boa noite, Senador Angelo!
Cumprimento também a Mesa.
Venho aqui, nesta CPI de fake news, na realidade até para fazer um desabafo. Deixo bem claro sempre que eu nunca fui político ou ocupei cargo público algum, e tenho verdadeira vergonha do que acontece aqui no Congresso Nacional, porque, lá no Rio Grande do Sul... Vou rapidamente comentar o que acontece lá comigo e depois eu vou fazer uma pergunta para a convidada.
Eu, desde que eu fui eleito, eu sofro o efeito de fake news. E gostaria aqui, primeiramente, porque há várias pessoas assistindo e falam em fake news... Eu queria dar o conceito aqui de fake news rapidamente, me permita.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA. Fora do microfone.) - Pois não.
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - Fake news são notícias falsas publicadas por veículos de comunicação como se fossem informações reais. Esse tipo de texto em sua maior parte é feito e divulgado com o objetivo de legitimar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo, geralmente figuras públicas. As fake news têm um grande poder viral, isto é, espalham-se rapidamente as informações falsas, apelam para o emocional do leitor, espectador, fazendo com que essas pessoas consumam sem confirmar a verdade de seu conteúdo.
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Quero também aqui dizer o conceito de organização criminosa. Possuía os seguintes requisitos: associação de três ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a quatro anos.
Eu venho tipificar esses dois casos aqui porque eu tenho... E vou citar os nomes, até porque eu já entrei com 70 ações de dano moral, calúnia e difamação no Rio Grande do Sul. Existe uma parte desses sites aí que a convidada colocou ali na tela... São mais de 40, e há uma pessoa identificada já que coordena mais de 30. Em algumas delas há 300 mil pessoas, 200 mil pessoas aglutinadas nesses grupos, que chegam a fazer 500 a 600 mil compartilhamentos de qualquer notícia falsa - há o nome e o telefone da pessoa.
Eu, desde que fui eleito, sofro calúnia e difamação. A minha esposa é chamada de prostituta, eu sou chamado de corno, todos os dias, por pessoas de dentro do meu partido. O Deputado Sanderson tem assessores dentro do gabinete dele - há nomes e valores que são pagos -: Tenente Coronel Zucco, Deputado Estadual, veio do Exército, e não devia fazer esse tipo de coisa; Coordenador da Bancada Gaúcha, Coronel Andreuzza, também, e, inclusive, assediou a minha mulher através do WhatsApp para tentar me difamar. De todas essas coisas eu tenho provas. Há vários depoimentos de pessoas na Justiça já citando o nome desses Deputados, os seus organizadores, uma verdadeira organização criminosa, com intenção de difamar Deputados, difamar os seus mandatos. E esses sites que existem lá atualmente têm simplesmente como objetivo desmoralizar as instituições brasileiras: STF, Senado e Câmara de Deputados. Tenho tudo "printado", faço questão de entregar a esta CPI.
Mais ainda: tive o meu sigilo bancário quebrado por gente de dentro do partido, criminalmente; tive dois telefones roubados do meu gabinete, que foram entregues à Polícia Federal por um delegado da ativa sem-vergonha que faz ativismo político contra mim. Tenho tudo isso, e já foi denunciado à Polícia Federal. E é gasto o dinheiro público para investigar essas porcarias, essas baixarias.
Eu costumo falar pouco no Plenário, mas eu não posso mais aceitar esse tipo de coisa, em que, às vezes, o Presidente Bolsonaro... É que eu gravei um vídeo dentro da casa dele, antes do segundo turno, em que ele falava que eu iria ser Deputado, eleito, iria ser companheiro dele, colega dele aqui em Brasília. E eu vim para cá ouvir essa baixaria, como dessa mentirosa dessa Deputada Bia Kicis, que estava aqui, que nos orientou numa votação do "fundão". E a gente dela e mais pessoas foram nos denegrir com fake news outro dia nas redes sociais, e continua até hoje. Eu gostaria que ela estivesse aqui para ouvir isso, porque ela é uma mentirosa; ela trocou no meio da sessão, em que a Deputada Dayane Pimentel aqui foi escrachada na internet, como outros colegas nossos... E ontem armaram uma outra cama de gato numa votação... Ela acabou de fazer uma fake hoje, está aqui.
(Soa a campainha.)
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - Eu gostaria que ela estivesse aqui vendo isso. Denegriu a imagem de pessoas que têm família.
A minha filha hoje é tratada por psicólogo, tem 21 anos, deixou a faculdade; o meu filho teve que mudar de cidade por causa dessa quadrilha que existe lá no Rio Grande do Sul, que me difama até hoje. Isso aí é impossível, tem que acabar. Eu não estou para o mandato, é a primeira vez que eu me elejo, eu era simplesmente uma pessoa que era um empresário, um sofredor, eu tinha um CNPJ. E entrei para a política porque eu tive dois caminhões roubados, eu fui assaltado duas vezes em saidinha de banco, tenho seis pinos e uma haste na perna porque eu fui atropelado por vagabundos e resolvi tentar mudar o Brasil, com essa história de "muda Brasil, muda de verdade".
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Só que o Presidente Bolsonaro ouve as pessoas erradas. Há pessoas aqui que deram a vida, deram seu tempo para essa eleição. Eu sou contra, tanto a esquerda quanto a direita extrema, fazer esse tipo de coisa. E hoje, inclusive, existe uma campanha, e eu acho que isso aí, inclusive, tinha que ter visto para ver onde é que se podem enquadrar essas pessoas. Eles só pregam AI-5 e intervenção. O povo não quer ouvir isso; o povo está preocupado é com a prestação do banco que está atrasada, e estão tirando o carro dele, como tantas outras pautas pelas quais as pessoas estão esperando na rua para acontecer alguma coisa. Nós não precisamos desse tipo de coisa.
Então, essa Deputada, que estava aqui, que fala que é um palco livre a internet... Eu quero ver o palco livre quando eu mostrar para ela o que a médica e a psicóloga falam da minha filha, como é tratada a minha filha agora; como o meu filho é tratado; como os filhos da minha esposa também são tratados, meus enteados, sob ameaça toda semana em grupos de WhatsApp. Foi criado um grupo de WhatsApp chamado Patriotas e Paraquedistas. Eu tenho todas as atas notariais disso, em que existe um grupo de pessoas, assessores desses Deputados que passam o dia gastando dinheiro público, acusando e difamando mandatos de Deputados; eles estão aí hoje. E eu entrei na Justiça, tenho todas essas confirmações, tenho declarações de pessoas que resolveram sair desses grupos e estão dispostas, sim, a vir dar depoimentos.
Eu tive meus telefones "hackeados". Houve gente do Exército, da ativa, que está lá dentro dos gabinetes deles e depois foram para... Saíram já do Exército, mas, inclusive, andavam dentro de reuniões do PSL. E havia mulher fazendo investigação, querendo saber quem é que estava lá dentro, se passando por esposa de pessoa que era filiada ao partido.
Eu não me elegi nem fui para a política para fazer esse tipo de coisa ou ouvir esse tipo de coisa. E eu digo: eu tirei foto antes de me eleger com a Joice; tirei com o Alexandre Frota; tirei com o Major Olimpio; tirei com o Delegado Francischini; tirei, inclusive, com o Presidente Bolsonaro - me elegi na onda do Presidente Bolsonaro, não era político, não era conhecido, entendeu? Mas é inadmissível que as pessoas venham para cá... Todos me perguntam lá, os eleitores - eu era um cidadão comum - me perguntam: "Como é que funciona lá?" Aquilo lá é uma baixaria! Há gente boa aqui dentro do Congresso, que está a fim de fazer alguma coisa pelo Brasil; há em todos os partidos, há na esquerda, há na direita. Conheço pessoas do PT, do PSDB, do PSB, de todos os outros partidos. Só que o extremismo está tomando conta, está tomando conta de uma maneira que as pessoas têm um ódio plantado hoje pelas ruas que parece que está dividindo o povo de novo, como estavam tentando dividir antes. Eu não estou acusando aqui partido nenhum, mas só que tem que se acabar com isso, criar legislação que penalize esses criminosos.
No meu caso lá, por exemplo: há gente condenada, eu continuo entrando com criminal, mas imaginem só quantos dias eu tenho que justificar que eu não venho aqui à Câmara para ir às audiências... Amanhã há 14 audiências; a cada 15 minutos há uma lá, exatamente chamando essas pessoas, e demoram a ser punidas. E a velocidade do dano...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Para concluir, Deputado.
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - A velocidade do dano que eles causam para as famílias e para as pessoas... Demora muito para ser restituída!
Então, eu quero entregar, se senhor me permitir, nesta CPI, toda essa documentação. Que essas pessoas sejam chamadas. Eu não tenho medo de tomar posição. Eu já denunciei no Delegado-Geral da Polícia Federal, porque há servidores públicos, como esse delegado lá no Rio Grande do Sul, Luciano Ledur - vou dar o nome... Ele pegou os telefones e entregou na Polícia Federal, e me acusou de um monte de crime através de um ex-funcionário do meu gabinete, e outras coisas mais, como invasão de privacidade, os meus e-mails, os meus telefones e tantas coisas mais.
E eu, inclusive, tenho passado algumas coisas para a convidada aqui relacionadas a várias páginas que existem na internet, e páginas criminosas que estão aí para difamar tanto as pessoas da direita e da esquerda como as de centro. E eu não estou aqui por mandato, eu não tenho medo de falar isso, não tenho medo de tomar essa posição. O que vocês precisarem, eu trago aqui as informações.
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E a Deputada Bia Kicis tinha que vir aqui ouvir esse tipo de coisa, porque, no dia da votação...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - A senhora está aí?
A senhora orientou...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - Não, primeiro, e depois mudou orientação. E hoje, até hoje, está aqui: neste momento eu estou sendo escrachado aqui, a favor do "fundão". A senhora tinha que ter habilidade de chamar o Deputado um dia, e nós não estarmos pagando a conta até hoje, porque a senhora é uma mentirosa, e está aqui postando porcaria na internet, com fotos que um outro sem-vergonha ali tirou, me acusando, dizendo que eu sou uma vergonha, que eu sou um traidor do Presidente Bolsonaro. Eu não tenho nenhum patrimônio político, para a senhora me chamar disso. A senhora tenha vergonha e compostura! A senhora, que era do Ministério Público, não sei de onde era, tinha que pensar nisso. A senhora tem um filho que mora no exterior; os meus moram no Brasil e estão acompanhando tudo, estão passando vergonha, estão sendo tratados por psicólogos. Então, o seu está no exterior, não precisa acompanhar tudo isso.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu combinei aqui com a nossa convidada... Eu vou botar os que...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... estão inscritos para falar...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - Presidente, deixe eu fazer uma pergunta para ela rapidamente.
Como é que foi a reação dos seus filhos, convidada, em relação a esse monte de baixaria que é publicado na internet quando encontram os amigos e têm que comentar esse tipo de baixaria, como comentam com meus filhos no Rio Grande do Sul?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Presidente, o senhor quer que eu responda ou respondo depois em bloco?
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, só uma pergunta...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O Presidente me solicitou para responder...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa. pode responder depois em bloco.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Depois em bloco.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, uma questão de ordem, uma pergunta...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu vou lhe conceder a palavra, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Para questão de ordem.) - Não, eu só quero saber o seguinte. Estou inscrita; se estiver próximo, eu aguardo para falar de uma vez.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Não, está próximo, estamos já praticamente no final da nossa sessão.
Vamos ouvir agora a Deputada...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - Presidente, no dia de hoje, está rodando um vídeo na internet, uma foto minha, uma imagem, dizendo que eu estou pedindo impeachment do Presidente, porque simplesmente eu me neguei a fazer parte, saí do Governo no Rio Grande do Sul na sexta-feira. E eles, reacionários, essa turma lá do Rio Grande do Sul, estão publicando uma montagem, como já publicaram uma montagem nesses tempos, um áudio, dizendo que eu estava agredindo a minha esposa. Isso é para ver o nível baixo que essa gente tem.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O.k. Vamos ouvir a Deputada...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Presidente, eu solicitei inversão com o Senador Randolfe; eu acho que a minha vez passou em três Parlamentares.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Não, na verdade é o seguinte, Deputado. Eu tinha feito uma resposta a uma questão de ordem nas sessões anteriores no sentido de que, mesmo o Deputado ou o Senador se inscrevendo e saindo, se alguém estiver na frente, não vai ficar esperando o Deputado chegar...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... porque aí é um sacrifício para quem está sentado.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Mas agora é o Túlio.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Há uma solicitação formal na sua Mesa, Presidente. Gostaria apenas de conferir se isso... É inversão.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Não, V. Exa. vai falar, com certeza.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Mas, Presidente, me permita, sem querer atropelar V. Exa.: se justifica a saída do Deputado, porque foi em decorrência da nominal lá na Câmara.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu sei, eu sei, vários saíram. Fique tranquilo que ele vai falar.
Vai falar agora a Professora Dayane; depois, o Deputado Gadêlha; temos o Deputado Rogério Correia; o Deputado Bozzella; e a Bia Kicis.
A SRA. PROFESSORA DAYANE PIMENTEL (PSL - BA. Para interpelar.) - Obrigada, Presidente.
Aproveito já para...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Vai, vai, vai. Ele vai, vai, com certeza.
(Intervenção fora do microfone.) (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputada Dayane Pimentel...
A SRA. PROFESSORA DAYANE PIMENTEL (PSL - BA. Para interpelar.) - Obrigada, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... baiana de Feira de Santana.
A SRA. PROFESSORA DAYANE PIMENTEL (PSL - BA) - Isso!
Aproveito para cumprimentar toda a Mesa; cumprimentar V. Exa.; a Relatora Lídice; Joice Hasselmann, minha amiga, minha correligionária.
Joice, quando eu aceitei o convite do Presidente Bolsonaro para integrar o seu grupo e fazer não a campanha para ele, porque na época ele sequer imaginaria que um dia teria uma legenda, só para começar...
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Muitas pessoas nos acusam de surfar numa onda que nós mesmas e mesmos, já que também estamos com muitos homens, produzimos. Bolsonaro tinha ali uma expectativa de 2%, talvez, quando ele gostou de um discurso que eu fiz na internet com meu filho de cinco meses no colo e o defendendo, em um Estado onde as pessoas - e está aqui o Presidente da CPMI e a nossa nobre Relatora, que podem confirmar isso - são extremamente esquerdistas, onde há 75% de aprovação a um Governador que é de esquerda - me dói falar isso, mas é o dado.
Eu me levantei porque eu buscava, e busco ainda, para o meu filho um mundo conservador, um mundo onde a liberdade de expressão exista, mas a libertinagem seja podada. Que mal há nisso? Nenhum.
Eu sou uma mulher de direita que escolheu a direita depois de ter passado pela esquerda. E em um pronunciamento meu com meu filho de cinco meses no colo, que hoje tem quatro anos de idade, exaltando o então Deputado Bolsonaro, ele me convidou. Afinal, eu era uma mulher, uma nordestina, professora diplomada, pós-graduada, falando bem das suas posições políticas. É que as posições políticas do nosso Presidente são as mesmas posições políticas que eu defendo e que não são dele, são de um país, de um país que quis mudança.
Então, é importante salientar que difícil não é abandonar o barco agora, com a sua aprovação, como é o caso de Bolsonaro. Difícil é segurar na mão dele, com menos de 2%, e dizer que a gente ia construir um Brasil juntos. Mas, no meio da carruagem, a gente vê que as nossas posições não são ouvidas.
Isso é ser traidora? Então eu vou ser traidora. O que eu não vou trair é a minha Nação, as minhas pautas anticorrupção, minhas pautas de direita, minhas pautas de desaparelhamento de um Estado extremamente esquerdista, porque foi isso que eu prometi.
Não aceitei a lista deliberada pelo Presidente, imposta dentro do nosso Partido, porque eu tinha dado a minha palavra, e eu a cumpro, porque não a dou à toa. Eu penso antes de dá-la. Uma palavra que eu dei, inclusive, para o seu próprio filho, Eduardo Bolsonaro, que me pediu que apoiasse a liderança de Delegado Waldir. Por isso eu me tornei traidora?
Ficha limpa, mãe de família, bem casada, casada há anos, uma filha excelente, uma pessoa do bem. Quem me conhece, da Bahia, sabe: eu sou ficha limpa. Meu envolvimento é com gente decente, com a educação, com as pautas em que eu acredito.
Do que essa fake news hoje está me acusando, Joice? De ser solidária a você, mulher guerreira? Eu compro essa briga, porque eu também tenho filho pequeno dentro de casa, e ele pode achar que a mãe dele é qualquer coisa, menos frouxa. Eu não criei meu filho até agora - comecei, quando ele tinha cinco meses, a falar em Bolsonaro - para agora dizer para ele que o mesmo que eu exaltei dizendo que me deu o direito de exercer minhas prerrogativas iria agora me calar. Não vai. Não vai nem quando eu criticá-lo e não vai quando eu quiser elogiá-lo, porque continuarei defendendo as pautas governistas que forem positivas para a sociedade.
Não haverá fake news para me calar, e olha que eu sofro muitas! Mas quem não deve não teme, Relatora Lídice.
(Soa a campainha.)
A SRA. PROFESSORA DAYANE PIMENTEL (PSL - BA) - Me abordaram outro dia no aeroporto para me chamar de quê? De ter opinião própria? Porque de corrupta não podem e nunca poderão me chamar. Sou uma pessoa consciente das coisas que eu faço. Não aprendi a andar segurando a mão do meu pai e da minha mãe, que muito lutaram, porque são pobres, para me criar, para chegar aqui, soltar essas mãos e fazer o que há de errado. Repito: acusem-me de que quiserem, mas não podem me chamar de corrupta, porque isso eu não sou. Jamais irei trair a minha Pátria, porque eu não estou aqui por um projeto de poder familiar nem pessoal. Eu estou aqui porque acredito num projeto de Brasil. Caso não, não deixaria meu filho todas as semanas, porque eu não tenho uma falta e sou considerada a melhor congressista do Estado da Bahia pelo ranking dos políticos. Deixo meu filho em casa todos os dias, todas as semanas, e venho para cá lutar pelo que eu acredito.
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Dói não poder dormir com seu filho de quatro anos todos os dias. Dói saber que precisa a avó estar fazendo a tarefa de casa, principalmente porque sou professora e sei o que é uma construção pedagógica. Dói chegar em casa triste, cheia de problemas que eu não causei - pelo contrário, são problemas que eu tento solucionar -, sem poder explicar a meu filho.
Outro dia fui buscá-lo na escola, numa oportunidade que quase nunca tenho, e um grupo de pais veio para me indagar que história era essa. Aproveitei para fazer uma palestra e saí aplaudida da escola de meu filho. Porque não há nada, Joice, não há fake news, Joice, que manche uma história ilibada, e a minha e a sua eu sei que são.
Muito obrigada, Presidente.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Presidente, deixe só eu fazer um comentário, porque não tenho como não reagir a esse depoimento da Deputada Dayane Pimentel.
Eu tenho acompanhado o quanto essa mulher foi alvo de massacres nas redes também, alguns, como eu mostrei aqui, coordenados. Eu conheço a história dela e sei que ela está, desde o princípio, lutando pelo Brasil, desde os 2%, 3%, lá atrás. Eu sei o quanto dói para todos nós ficar longe da família, longe dos filhos. Eu sei da história da Dayane Pimentel, alinhada com as pautas que nós prometemos ao Brasil - nós prometemos ao Brasil! Essas são pautas da maioria da Nação que foi às urnas. E nós temos que ser leais e fieis a esses eleitores, a essas pautas.
Então, é emocionante, porque eu também tenho filho pequeno, eu sei o que é ter meu filho ameaçado de morte, eu sei o que é ter que esconder o meu filho, eu sei o que é a minha filha não usar o sobrenome na universidade, usar no jaleco o outro sobrenome - ela faz Medicina.
Meu filho de 11 anos - já respondendo ao Deputado Nereu - foi que me motivou a ir para a tribuna, como vocês acompanharam aí, há alguns dias, e contar uma parte dessa história. Porque enquanto eu estava vindo com discurso pronto já, um discurso mais político, mostrando o que estava acontecendo, chega mais uma mensagem do meu filho me perguntando por que eu estava passando por isso - "você que ajudou tanto o tio Bolsonaro?", ele falou. Eu disse: não é o tio Bolsonaro, não é o tio Bolsonaro! Mas eu sei o quanto dói.
Eu sei o que sente a minha mãe. A minha mãe chora. Minha mãe é uma senhora idosa que trabalha num negócio pequenininho, uma padaria que eu ajudei a montar, onde minha família toda trabalha. Minha mãe é uma mulher reta. Minha mãe é uma guerreira. Eu contei até uma parte da história, vocês viram, o quanto foi difícil para a minha mãe criar os filhos. Chegamos a passar fome.
Sabe o que fizeram, Senador? Fizeram fake news e espalharam em todos os lugares quando eu disse: olha, eu vim de uma região de uma favela rural. Estava me referindo à minha casa. Disseram que eu chamei a minha cidade, o meu Município, de favela. Para quê? Para colocarem aquelas pessoas para atacar minha mãe! Eu não estou em Ponta Grossa, cidade que eu respeito; eu nasci lá, a minha filha nasceu lá, a minha mais velha é de lá. Meu Deus do céu! Então, são coisas absurdas.
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Eu entendo a indignação. E, olha, Dayane, eu vou dizer para você: você é uma guerreira! Eu tenho orgulho de estar lutando pelo Brasil a seu lado.
Deputado Nereu, muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Túlio Gadêlha, pernambucano.
O SR. FELÍCIO LATERÇA (PSL - RJ. Pela ordem.) - Pela ordem, Sr. Senador. Eu também estava inscrito e me ausentei. Deputado Felício Laterça.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA. Fora do microfone.) - Está na relação, Deputado.
O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Só para falar: se vocês acham que aqui está quente, saibam que lá na Alesp saiu uma pancadaria de soco! (Risos.)
O pau comeu lá violentamente. Aqui está sessão da tarde. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Túlio.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE. Para interpelar.) - Bem, Presidente, estamos aqui já há mais de oito horas ouvindo todos esses depoimentos, muitos deles até bastante emocionados. Bem, eu só acho que isto não deve fazer bem para a nossa saúde mental, oito horas aqui neste espaço ouvindo também muita lavagem de roupa suja.
Parabenizo a depoente pela exposição. Dali, de muita coisa teremos proveito aqui nesta Comissão das fake news, mas boa parte do tempo que utilizamos aqui foi para escutar as questões internas do PSL, e isso nada nos acrescenta.
Mas, Deputada, depois do seu depoimento - peço desculpas até pelo cansaço, são oito horas aqui -, nós já fizemos e protocolamos um requerimento, e o submetemos a esta CPMI, visando obter a quebra do sigilo de comunicação telegráfica da empresa mantenedora do Instagram para que tenhamos acesso ao conteúdo das mensagens trocadas num grupo intitulado Gabinete do Ódio, ou seja, nós queremos resgatar todo o histórico de mensagens desse grupo. Por isso pedimos que esse requerimento seja apreciado por esta Comissão, porque, sem dúvida, terá elementos materiais. Esse histórico de mensagens são elementos materiais que nos servirão de prova para, inclusive, a Relatora construir um relatório mais firme.
Deputada Joice, V. Exa. estar aqui é um gesto de coragem e é um gesto muito importante para todos nós. Coragem porque V. Exa. revelou esse sistema opressor que dissemina fake news, que estimula a divisão das pessoas pelo ódio, que utiliza robôs e pessoas que administram perfis falsos. Muitas dessas pessoas, inclusive, recebem recursos públicos para fazer isso, seja no gabinete de Parlamentares, seja com verba de assessoria parlamentar, seja com recurso de fundo partidário, seja com cargos no Governo. E olha que, como bem foi colocado aqui, muitas das publicações feitas em horário de expediente, que incitam ódio, nos dão a entender que aquelas pessoas ocupam aqueles espaços justamente para fazer isso. Isso é crime de improbidade.
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Mas V. Exa. também está aqui hoje denunciando toda essa prática nefasta porque as milícias digitais apontaram o alvo para V. Exa.. E isso é importante ser dito, porque a verdade é que esses canhões de ódio e intolerância é que motivaram V. Exa. a estar aqui depondo.
A prática nefasta e obscura à qual me refiro não coloca V. Exa. do outro lado. E eu lamento profundamente, Deputada Joice, porque as imagens de pornografia com o seu rosto, como V. Exa. falou aqui, que foram disseminadas e circularam na internet, elas só reafirmam algo que vem acontecendo há alguns meses, desde a pré-campanha do atual Presidente Bolsonaro. Eu digo isso porque nós deixamos chegar até esse ponto. E V. Exa. fez parte dessa estrutura que disseminou fake news todo esse tempo. V. Exa. sabia como funcionava esse mecanismo de disseminação, de produção de conteúdo falso. E olhe que coisa: por que V. Exa. não anunciou isso antes?
Na pré-campanha do Presidente Bolsonaro, no início de 2018, muitas pessoas foram atacadas. Olhe que coisa: o depoimento do Deputado Nereu, que conheci agora há pouco, que me antecedeu... O Deputado foi atropelado, utiliza hastes e pinos nas pernas por conta dessa fatalidade que não foi fatalidade, foi um crime, como ele bem colocou, motivado pelo ódio. Porque o discurso de ódio, Presidente, Deputada Joice, o discurso de ódio toca aqueles corações que estão contaminados com o ódio, e isso é muito grave, porque toda essa cúpula governista trabalhou na disseminação desse material.
Para concluir: a prática de difamação e calúnia já se tornou regra no ambiente digital. E preciso dizer que V. Exa. tem grande participação em tudo isso, porque fez parte dessa rede, porque todo esse tempo fez parte desse sistema perverso que hoje critica.
Essa é a minha contribuição.
Obrigado.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP. Para expor.) - Eu vou responder.
Eu até entendo, porque o Deputado Túlio não acompanhou toda a minha apresentação, que o Deputado esteja...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Deputada, acompanhei oito horas de apresentação.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Então o senhor não entendeu.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Entendi tudo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Se o senhor acompanhou, o senhor não entendeu, não compreendeu, e eu vou tentar ser um pouco mais didática para explicar, tá?
"A senhora está denunciando", o senhor disse, "porque as milícias apontaram o alvo para a senhora". Respondendo a um outro Parlamentar, cujo nome não me recordo, isso me foi perguntado duas ou três vezes... Ah, Marco Feliciano, lembrei! Respondendo ao Marco Feliciano, eu disse textualmente: eu achava que essa histeria em torno das fake news era só discurso de oposição.
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Nesse nível. Nunca dei bola para isso. Por óbvio que, se eu sou jogada aos leões, o mínimo que eu tenho que fazer é puxar o fio para ver de onde vêm. E as minhas indignações, porém sem provas - eu não sou leviana -, começaram à época da fritura do Mourão e do Bebianno. Agora, eu não tinha provas. Algumas das provas foram apresentadas.
Quando o senhor diz: "A prática não coloca a senhora do outro lado", de estar aqui... De fato, eu não estou do outro lado, Deputado. Eu sou assumidamente de direita, eu sou liberal conservadora, eu não estou do outro lado...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Não é esse lado, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - E eu nunca, ao contrário...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - É o lado da ética.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ao contrário do que o senhor disse...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - É o lado da disseminação do ódio...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ao contrário do que o senhor disse...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - ... e o lado da ética.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Deixe-me concluir, Deputado, eu estou na minha vez de falar.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Mas está falando de forma errada, porque...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Ao contrário do que o senhor disse, porque isso é mentira, eu nunca participei desse esquema, do Gabinete do Ódio ou do grupo de WhatsApp para orquestrar. E eu já coloquei os meus telefones à disposição! Para proteger fontes em sigilo? Não tem problema.
Então, eu quero só restabelecer a verdade, porque, se eventualmente eu tivesse participado disso, eu jamais colocaria os meus telefones à disposição. Aliás, um deles, um dos meus telefones é ainda da época da pré-campanha. Está à disposição. Nunca fiz parte desse grupo.
Então, há de se ter muita responsabilidade, porque o fato de eu ser muito firme com algumas coisas e combativa não pode ser misturado com fake news. Eu não uso robôs ou perfis fakes. Eu tenho o meu rostinho. Quando eu quero criticar alguém, eu vou, critico. Quando eu quero criticar um projeto, eu critico. Isso faz parte da democracia, Deputado. Criticar coisas, dentro da política, com que V. Exa. não concorde faz parte da democracia. Denegrir é outra coisa. O que eu trouxe aqui está dentro do Código Penal. E eu citei, inclusive, os artigos, não é?
Então, se o senhor prestou atenção, foi isso que eu disse. Logo, suas perguntas ficam meio sem sentido nesse miolo todo.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Deputada - ainda está no meu tempo, Presidente -, quando me refiro a estar desse lado, eu não estou falando aqui de esquerda ou direita, porque existem diversos olhares para a leitura, para a política hoje aqui no nosso País. E essa polarização, infelizmente, deixa o debate mais raso e menor.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu concordo.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - O que eu estou afirmando quando falo que não a coloca desse lado... É porque existem dois lados: o lado da ética e o lado da covardia e da disseminação de mentiras, de fake news. Assim como V. Exa. tem publicado, e temos aí um leque de publicações de inverdades feitas em sua rede durante o período eleitoral e até depois dele, não a coloca desse lado. O que eu estou falando é que V. Exa. vem aqui depor, e muito por estar blindada por esse campo, pelo campo que sempre a criticou, o campo da esquerda, e isso vem sendo feito de forma errada, porque V. Exa. participou desses esquemas que elegeram o Presidente. Se existiram robôs, eu não acredito que V. Exa. só ficou sabendo disso agora, depois que foi afastada da liderança do seu partido.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Mas aí é um problema do senhor, não é meu. Eu estou falando a verdade, e eu tenho peritos. Se o senhor acredita ou não é um problema do senhor, não é um problema meu.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Independente, independente disso...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - A questão de o senhor acreditar ou não não faz a menor diferença quando se apresentam as provas.
E quando o senhor insiste em inverdades no período eleitoral... Existe uma coisa, caro Deputado, chamada lei eleitoral, que é muito rígida em período eleitoral. Qualquer tipo de disseminação de fakes em quaisquer redes... Isso é punido pela lei eleitoral. Então, se houve disseminação de fakes nas minhas redes, o senhor que apresente, o senhor que apresente. Porque, de novo, ficam tentando fazer o jogo da narrativa. Eu estou aqui falando a mais absoluta verdade, colocando as informações e disponibilizando, inclusive, se necessário for, algumas informações do meu telefone celular.
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O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Então me fale aqui, já que V. Exa. não difunde fake news, como bem colocou, me fale um pouco sobre o processo do Nassif, da filha do Nassif.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - O processo da filha do Nassif foi um meme que foi feito num protesto contra o Moro...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Por quem? Por quem foi feito?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... contra o Moro por uma das pessoas que trabalham comigo, mas não no gabinete.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Olha... Certo.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Tá? Essa moça, um homônimo, a assessora...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Mas foi publicado, Deputada?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Foi publicado e depois apagado.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Ah, então V. Exa. difundiu.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu posso... Eu posso concluir?
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Não, porque eu estou aqui justamente interrogando.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, não... É que, assim, Deputado, se o senhor não deixa eu concluir, aí fica complicado...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Eu só a estou interrogando, Deputada, é meu papel também.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, você não está me interrogando. Eu sou convidada; não sou interrogada. O senhor está me questionando.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - É meu papel também perguntar.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Pergunte, mas deixe eu concluir a resposta.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Então foi publicado por V. Exa.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Foi publicado. Não foi publicado por mim esse meme específico...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Pelas redes de V. Exa..
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... foi publicado no Instagram, se não me engano. Eu, depois que vi que era um homônimo, inclusive me retratei. E conversei com a assessora, que claramente disse: "Fui eu mesma, pronto, acabou, está tudo certo". Não tenho absolutamente nada a ver com a questão de assessoria parlamentar. É uma pessoa que me acompanha desde lá da época da Veja, cuidando, me ajudando a cuidar das minhas redes pessoais. E, por óbvio, ninguém é infalível. Eu estou falando de uma coisa sem dolo. Eu jamais difundiria uma informação que não fosse verdadeira de forma dolosa. Jamais faria isso. Eu...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Mas fez.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Eu acho que o Deputado tem um problema de compreensão. De novo: a minha assessora fez. Imediatamente, quando houve a informação... Se eu não me engano, foi o próprio Nassif que conversou com uma pessoa que me conhece e disse: "Olha, é um homônimo". Eu liguei e disse: que porcaria é essa que você fez? "Ah..." Deletamos e imediatamente fizemos uma retratação.
(Soa a campainha.)
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Isso significa um erro sem dolo, Deputado.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Hum, hum.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Se não houver a compreensão da diferença entre uma milícia, um ataque, um crime com um erro doloso e um erro que não é doloso, que é culposo, aí a gente realmente... O debate fica bobo, não é? Porque são coisas absolutamente diferentes.
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Certo, Deputada.
Só para concluir...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Se os fakes, se os fakes quiserem...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Ninguém, ninguém, Presidente...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... fazer retratação também, quiserem fazer como eu fiz...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - ... as pessoas, todos os depoentes, Presidente, que estiveram aqui nesta Comissão, e é importante falar isso, nunca disseram que disseminaram fake news com intenção. Isso é muito claro. Está aí o Allan Santos, do canal Terça Livre. Disseram que foi sem querer, que foi a equipe...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Como é que alguém monta uma, uma...
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Deputada, eu estou tentando concluir.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - ... um meme como prostituta e isso não é com intenção? Por favor!
O SR. TÚLIO GADÊLHA (PDT - PE) - Eu estou tentando concluir.
O que eu estou querendo dizer, Presidente, é que a gente precisa investigar isso a fundo, porque informação disseminada de forma irresponsável, que desinforma as pessoas, causa o que aconteceu com o Deputado Nereu: dissemina ódio, toca o coração daquelas pessoas que guardam ódio no coração. E isso nós não podemos tolerar aqui dentro. Ou seja, é preciso combater esse sistema descobrindo a fonte, mas também compreendendo os canais que disseminam essas informações que desinformam as pessoas.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Passo a palavra ao Deputado Rogério Correia, do PT de Minas Gerais.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Para interpelar.) - Obrigado, Presidente.
Eu não faço parte da CPI, mas a acho uma comissão parlamentar mista de inquérito fundamental.
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E o depoimento da Deputada Joice Hasselmann é um depoimento bombástico e muito importante, porque muito esclarecedor e com muitos dados.
A Deputada disse também que tem as provas, que está deixando, para que a própria Comissão Parlamentar possa averiguar.
Mas veja bem: um filho do Presidente fala em Abin paralela. Isso é gravíssimo. Imagina: substituir o Estado alguém, para perseguir os outros, seus adversários, podem ser de esquerda ou de direita, pelo visto, agora, através de uma Abin paralela.
Quase dois milhões de robôs só do Presidente e do filho Eduardo. Imaginem: dois milhões de robôs, R$500 mil por ano. E os filhos do Bolsonaro são cabeças desse processo de diversos sites, de robôs e de mídias virtuais, de milícias virtuais. Isso é o mínimo que eu escutei, e não escutei durante todo o processo. Isso é evidentemente gravíssimo, muito sério e coloca esta CPMI num outro patamar de informação.
Segundo, eu fiquei impressionado, Deputada, quando V. Exa. mostrou a velocidade de algo que aconteceu agora: em três minutos, o mapa ficou vermelho de insinuações contra V. Exa., dizendo que V. Exa. era traidora, com outras palavras de baixo calão...
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - Exatamente.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - ... que V. Exa. não merece nem que sejam repetidas aqui. Em três minutos, envermelhou o mapa. Também, com 2 milhões de robôs! Ou seja, eles continuam ativos, porque, acontecendo isso naquele momento, é porque eles continuam ativos, ou seja, continuam cometendo crime.
Eu chamo a atenção para isso, porque isso é muito grave. O Deputado falou da família dele. Eu certa vez, fazendo campanha, quase fui atropelado por um carro que se arremeteu com ódio contra mim e contra uma Deputada que fazia campanha comigo e foi eleita em Minas Gerais também. Ele gritava contra mim como um louco: "Comunista", daí para baixo. Num ódio que era algo que eu nunca tinha visto em anos e anos em que fui Parlamentar. Nunca tinha visto um clima de ódio como esse.
É importante dizer isso, porque nós precisamos combater. Veja bem, e aí eu faço algumas indagações a V. Exa.: primeiro, parabenizo pela coragem. Não importa a posição de V. Exa. - e nós temos posições antagônicas, quase completamente, do ponto de vista político-ideológico -, mas tenho que enaltecer a coragem de V. Exa. vir aqui e dizer a verdade, seja lá em que momento for, porque realmente um ataque desse, seja contra direita, seja contra esquerda, é inadmissível, porque isso não é forma de fazer política. Isso, sim, dissemina o ódio na sociedade e a intolerância.
Veja bem, eu peguei aqui alguns pontos que eu queria saber se V. Exa. sabe se foram usados - ou se há como saber - pelo tal gabinete do ódio. Por exemplo, mamadeiras eróticas, que depois não foram distribuídas, em creches pelo PT - todo mundo se lembra das mamadeiras eróticas, para não dizer outro nome, que eram distribuídas em creches, depois foi desmentido. Avião do filho do Lula custou 50 milhões e também havia o avião... Eu tenho aqui as imagens.
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - Desculpa, Deputado. É que eles me chamaram a atenção e eu perdi a segunda pergunta. Pode repetir, por favor?
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - É a seguinte: eu dizia da disseminação do ódio, se, por algum acaso, V. Exa. pode nos ajudar a saber se outras mensagens - não apenas as que V. Exa. colocou, e já nos prestou um grande serviço ao demonstrar o que é esse gabinete do ódio...
(Soa a campainha.)
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O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - ... mas eu termino - que foram feitas durante a campanha e que colocaram o ódio contra outras pessoas ou contra a esquerda, nesse caso que eu vou citar aqui, e que foram feitas também através de fake news e disseminadas por milhões, provavelmente com esses dois milhões de robôs. Como nós podemos chegar a isso também? A essa checagem?
Uma forma poderia ser, como o Deputado Túlio Gadêlha diz e eu acho correto, saber o que esse gabinete do ódio andou disseminando, mas eu me lembro aqui das mamadeiras eróticas, que foi uma farsa, todo mundo sabe disso; ou do avião do filho do Lula, que custou R$50 milhões; ou da Presidenta Dilma de pernas abertas - lembro dessa cena tão horrorosa quanto as que foram feitas com V. Exa. -, com coisas de gasolina, como se estivesse entrando na vagina de uma Presidente da República, isso foi disseminado aos montes também por robôs; ou das fazendas falsas do filho do Lula; ou do kit gay em escolas.
Eu não estou fazendo isso para colocar nenhuma questão relativa a uma disputa aqui entre esquerda e direita, mas mostrando que este tipo de ação não pode continuar no Brasil. Fake news e robôs têm que terminar, porque senão nós não temos mais debate político, nós não vamos discutir conteúdo, se é preciso privatizar, qual é o papel do tamanho do Estado, que é o que nos separa, e nos separa no debate, e esse debate tem que ser feito, a sociedade precisa fazê-lo em alto nível, mas ele é substituído, infelizmente, por memes horrorosos contra V. Exa. agora, mas, no passado, contra, por exemplo, a Presidenta Dilma.
Então, eu queria parabenizá-la, mas queria também que nós pudéssemos ir a fundo nesse tipo de coisas que existiram no passado também, se desde lá, é a pergunta que eu faço, esse gabinete do ódio ou essas pessoas já estavam por trás da disseminação também de fake news.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A Deputada Joice me informou que vai à toalete. Isso é uma coisa realmente insubstituível.
Eu quero anunciar que após... Nós vamos ouvir agora o Deputado Júnior Bozzella, do PSL, de São Paulo, depois o Deputado Felício Laterça e, encerrando, a Deputada Bia Kicis, também do PSL, para encerrarmos esta reunião que já vai para nove horas de trabalho.
Inclusive, eu deixei a Deputada Bia Kicis por último, porque foi citada algumas vezes pelo Deputado Nereu. Eu acho que ela deve ter alguma resposta para dar ou não, não sei, vai ficar por sua conta.
Com a palavra o Deputado Júnior Bozzella, PSL, de São Paulo.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Sra. Relatora, nobre Deputada Joice Hasselmann, fiz questão de permanecer nesta Casa, apesar do avançado da hora, justamente para dar a minha cota de contribuição e parabenizar a Deputada Joice Hasselmann pelo valoroso trabalho prestado à sociedade brasileira na tarde de hoje, já noite.
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Eu gostaria de me ater aos fatos da fake news e não errar aqui na minha reflexão no que diz respeito a brigas entre partidos, direita e esquerda, até porque, como a gente já tem acompanhado, Sr. Presidente, fake news hoje é considerada uma questão de saúde pública.
A gente viu a Deputada Joice Hasselmann apresentar, nos seus eslaides, o caso da menina do Guarujá, em 2014, que foi espancada e morta por causa de uma fake news: "Mulher espancada após boatos em rede social morre em Guarujá, São Paulo." Ela foi agredida após ser acusada de praticar magia negra com crianças.
Então, depois dessa fake news, depois dessa postagem, o próprio advogado do caso disse que a maior responsável pelo assassinato dessa senhora, dessa moça - só peço um pouco de silêncio, Sr. Presidente, por favor -, foi justamente a rede social, foi o site, o Facebook. Enfim, tentando quebrar o IP para mostrar o quanto que, há 4 ou há 5 anos, nós já éramos reféns desse assassinato digital. Fomos sequestrados pela milícia digital.
Eu ouvi aqui alguns Deputados se pronunciando. Eu não quero cometer nenhum equívoco e, como disse um Deputado, "boostear". Vou tentar evitar citar o nome de alguns colegas. Uma vez viraram para mim e falaram assim: "Bozella, lá na Câmara é um teatro, mas eu nunca imaginei que fosse um circo, repleto de palhaços, imbuídos de mau-caratismo."
A partir do momento em que a Deputada Joice Hasselmann vem a esta Comissão para contribuir com a sociedade brasileira, eu vejo aqui algumas pessoas tentando inflamar e construir uma narrativa, uma falsa narrativa, para acuar a Deputada, na tentativa de contar uma mentira cem vezes para virar uma verdade.
Eu acho isso muito grave, Sr. Presidente, porque eu posso aqui dizer também que, na época das fake news, disseminadas quando alguns Deputados do PSL foram à China, eu vi a Deputada Carla Zambelli, o Deputado Bibo Nunes, o Deputado Daniel Silveira sendo vítimas de fake news desse próprio eslaide que a Deputada aqui tentou expor para todos nós, Deputados. E, a partir do momento em que se tornaram subservientes a esse mundo, a esse contexto, eles passaram a não mais ser atacados.
Então, eu até compreendo, às vezes, o posicionamento.
Até falei para o Marco Feliciano, e gostaria que ele estivesse aqui, que, quando ele sai da sala e abraça a Joice - eu testemunhei: "Joice, a gente é amigo, mas ali você sabe como é que é" -, eu não concordo com isso. Eu não sou obrigado a aceitar isso na posição de Parlamentar, porque eu represento alguns mil votos - eu tive quase 80 mil votos - e tenho responsabilidade para com essas pessoas que me escolheram.
(Soa a campainha.)
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - E eu falei: "Deputado, eu posso dizer também que eu ouvi dizer, que um passarinho me contou, que V. Exa. usou do expediente de ser amigo do filho do Presidente para fazer pressão na 2ª Vice-Presidência da Casa para pagar o seu tratamento dentário de R$150 mil com o dinheiro do povo. Um passarinho me contou isso; não sou eu que estou falando.
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Então, tudo isso são narrativas, são fatos que se criam que podem agora, pela atmosfera, se alguém estiver ouvindo, disseminar nas redes sociais: "Olha, o Deputado Marco Feliciano usou dessa prerrogativa e desse expediente", mas ninguém sabe se é verdade ou se é mentira.
Eu vi lá. Abraçar faz parte do jogo político, mas nós temos que ter aqui responsabilidade com a sociedade brasileira e com o povo, porque o que a Deputada Joice nos trouxe são atos de flagrante crime de improbidade administrativa, em que assessores parlamentares lotados em gabinetes de Deputados Federais e estaduais estão usando dessa prerrogativa, desse expediente, de perfis falsos, fakes, para disseminar o ódio e a mentira, como aqui já foi colocado diversas vezes.
Chama a minha atenção a atitude de alguns Deputados que vêm aqui a esta sessão minimizar os memes. Nós não podemos aceitar isso, Presidente, na atual conjuntura.
Eu queria ver a cara de algum Deputado que aqui estava se se falasse assim... E ter que se explicar lá para o filho, em casa, como a Deputada Joice teve que se explicar. Eu não estou aqui defendendo a Deputada Joice. Eu não tenho procuração para ser advogado da Deputada Joice. Eu tenho uma obrigação com a sociedade: eu tenho que prestar esclarecimentos sobre o que está acontecendo hoje no Brasil, que é uma questão de saúde pública. Os jovens hoje não leem jornal; eles se informam pela internet. E eles não conseguem mais diferenciar o que é fake news do que é verdade. Há um estudo que mostra que 50% dos jovens são informados pelas redes sociais e não sabem diferenciar o que é fake news do que é verdade.
Então, se você pegar esse Deputado que aqui estava e começar a proliferar memes: "Deputado abortista; Deputado nepotista; Deputado alcoólatra, viciado em cocaína; Deputado princesa; Deputada bruxa", como fizeram com a Carmem Lúcia no STF... Então, não dá para a gente achar que tudo pode e nada acontece e você usar desses expedientes, dessas improbidades administrativas com dinheiro do povo para disseminar e fomentar e potencializar ainda mais esses graves memes, que para eles não têm gravidade nenhuma.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Conclua, Deputado.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Então, Presidente, para finalizar, eu gostaria muito que... Não sou membro desta Comissão, mas fiz questão de estar aqui hoje. Eu nem sabia que fui vítima de tantos memes na internet. Eu não tenho tempo para acompanhá-los, porque eu tenho tempo para trabalhar. E não coloco funcionário de gabinete para ficar proliferando o ódio.
Então, quanto ao que o Deputado Túlio falou, eu concordo que quanto mais você incita o ódio mais você percebe aquele grupo de movimentos conservadores com metralhadoras no carro - acho que são de paintball, não me interessa; eu acho que até já foram presos, segundo me informaram -, incitando ódio na sociedade e colocando a vida de pessoas do bem em risco.
Portanto, Deputado Federal, assessor de Deputado Federal e Deputado Estadual não pode cometer esse crime. Eu espero que muitos desses atores irresponsáveis possam sair de camburão aqui desta CPI.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra o Deputado Felício Laterça, PSL, Rio de Janeiro.
O SR. FELÍCIO LATERÇA (PSL - RJ) - Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Marquem o tempo do Deputado, por favor, operadores do painel.
O SR. FELÍCIO LATERÇA (PSL - RJ. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Senador Angelo Coronel, parabéns pela condução dos trabalhos, antes de mais nada.
Eu vou iniciar a minha fala apresentando uma obra atualíssima, está até aqui no vídeo. E eu vou presentear com esta obra não só o Sr. Presidente, como a colaboradora, a Deputada Joice Hasselmann, e a nossa Relatora. Esta obra é algo atualíssimo: Combate às Fake News. E é uma coleção com a visão do delegado de polícia, então, foi gestada lá no Sindicato dos Delegados de Polícia Federal por um colega, que é o Dr. Clayton, um dos organizadores.
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Eu fiz questão de estar aqui hoje não só para falar um pouquinho sobre fake news, mas para falar que nós estamos trazendo os remédios também e que vamos presentear os senhores que estão à Mesa com o conhecimento jurídico. Eu vou ler um trechinho da apresentação e dizer como fica:
Este décimo livro da coleção doutrina e prática a visão do delegado de polícia aborda questões atinentes a um dos grandes problemas da atualidade, as chamadas fake news e seu impacto na sociedade moderna e no mundo jurídico, com a visão de profissionais que trabalham com tema, quer sejam policiais, juízes, advogados ou pesquisadores.
Eu, na verdade, vou acrescentar aqui: vou botar uma vírgula e vou botar "ou Parlamentares". Então, vocês aqui também estão trabalhando.
Há uma pequena contribuição minha. São vários artigos, e eu também tenho um capítulo, em contribuição com o amigo, colega Delegado de Polícia Federal, Dr. Lorenzo Martins Pompílio da Hora, que é "Fake news - um dano social".
Tudo que nós vimos e falamos aqui é muito grave. Esta CPMI, acredito, vai entrar para a história do Brasil. Esta CPMI tem muito a contribuir.
Colega Deputada Joice Hasselmann, um belíssimo trabalho. Eu estive aqui mais cedo, participei da sua apresentação. E nós todos assistimos - eu acho que o Brasil assistiu, porque foi televisionado, está sendo ainda gravado - à gravidade de fazer fake news e como isso... O Deputado Bozzella falou aqui da questão de 50% hoje do conhecimento - eu acho que é mais do que isso, Deputado, é mais do que isso. E as pessoas ainda têm o péssimo hábito de não conferir nada. Receberam: "Ah, que bonitinho". E aí aquela dimensão atinge o mundo; em fração de segundos, vai para outro lado do mundo.
E aí eu vou fazer menção aqui a algo de que eu participei. Eu estava na viagem à China em janeiro deste ano. Fui carinhosamente apelidado como da bancada da China. Um senhor senil lá dos Estados Unidos, que eu sinceramente não conhecia e que não quero conhecer pessoalmente, fez uma matéria dizendo que nós fomos para a China, que o que estávamos pensando... Que estávamos deslumbrados. Ele soltou isso, dizendo que nós íamos conhecer uma empresa para trazer tecnologia para espionar não só os chineses que estavam no Brasil como os brasileiros, algo de botar no aeroporto, um negócio completamente fora de contexto. E isso tomou uma repercussão... Os robôs também entraram em ação. As pessoas, até pessoas do nosso partido, pessoas de direita, caíram de pau: "comunista" e por aí foi. Foi citado aqui pelo Deputado Bozzella. Estavam lá a Deputada Carla Zambelli, o Deputado Daniel Silveira... Todos eles sofreram muito com essa questão. Aliás, eu gostaria que a Deputada estivesse aqui, mas depois eu vou pegar a gravação e vou colocar...
(Soa a campainha.)
O SR. FELÍCIO LATERÇA (PSL - RJ) - ... para ela ouvir, porque eu fui um dos que lhe oferecerem um ombro amigo, que a acalentaram. Eu disse para ela suportar aquilo, porque isso não era verdade. Ela sabia do propósito da viagem, que foi de uma grandeza imensa, que foi uma experiência incrível. Depois, o Senador Flávio Bolsonaro foi lá, e ninguém falou; o Presidente foi lá, e ninguém fez comentário. Aliás, o nosso Presidente - eu continuo defendendo as suas pautas positivas e vou continuar assim, porque esta é a nossa linha: também sou conservador nos costumes e liberal na economia, frize-se - foi lá inclusive e visitou a empresa Huawei, em que nós tivemos.
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Então, Deputada Joice, de fato, a senhora está trazendo uma grande contribuição.
Eu vou encerrar, eu sei que o senhor vai passar a palavra, vou terminar fazendo a entrega desse belíssimo exemplar, com a nossa contribuição aqui também.
Parabéns pela condução dos trabalhos, parabéns a todos pelo belíssimo trabalho que estão desempenhando.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado, agradeço, antecipadamente, o livro. Vou ler e, enquanto não ler todo, vai ser o de cabeceira.
Vou passar agora a palavra à última oradora inscrita, a Deputada Bia Kicis, inclusive porque ela foi citada, repito, algumas vezes pelo Deputado Nereu, Deputado Nereu Crispim, e esta Comissão, esta Presidência já tomou por prática dar sempre às pessoas o direito ao contraditório.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Para interpelar.) - Obrigada, Presidente.
Eu vou deixar o meu direito de resposta para o final da fala, porque prefiro começar tratando desta CPMI, do seu objetivo, do que eu estou vendo aqui.
Primeiramente, eu queria dizer que a Deputada, vamos falar aqui em fake news, a Deputada Joice postou nas suas redes que eu havia feito caixa dois na minha campanha, mas eu sei que ela sabe que isso não é verdade, que eu não fiz caixa dois. E ela se baseou numa denúncia de uma pessoa sem nenhuma qualificação, que foi ao ao Ministério Público, fez uma carta dizendo que era estranho, primeiro, dizendo que era meu amigo, que ele não tinha bandido de estimação... Só que essa pessoa nunca foi minha amiga. Foi um candidato, quer dizer, ele queria ser candidato, mas não conseguiu a legenda, porque é uma pessoa que responde a processo por Maria da Penha, uma pessoa complicada, sem nenhuma qualificação. E resolveu, como algumas pessoas resolveram, me atacar, dizer que eu gastei muito em gasolina, que eu tinha um local que eu usava, um apart-hotel, um apartamento do Octavio Fakhoury, que ali era o meu gabinete de campanha, o meu comitê. Só que tudo isso está declarado nas minhas contas eleitorais, foram aprovadas, e a Deputada Joice sabe disso, porque nós tínhamos um relacionamento, nós conversávamos, e ela também usou um imóvel do Octavio Fakhoury em São Paulo. E eu tinha um contrato de comodato. Então minhas contas foram aprovadas, mas sem nenhum apego...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Alugado, o meu. Alugado.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - O meu foi emprestado. Comodato.
Não faz a menor diferença, Deputada, o que interessa...
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Não, só para deixar claro para a Nação.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - O que interessa para fins eleitorais, Deputada, é que foi devidamente comunicado, fez parte da prestação de contas e foi aprovado. Então filigranas, dizer se é alugado, isso não interessa. O que interessa é que eu fui acusada por V. Exa. de ter feito caixa dois e V. Exa. tinha plena noção de que isso não era verdade.
Bom, outra coisa: a Deputada Joice me colocou num painel que ela fez ali, umas cartinhas, um jogo de baralho, sei lá, de cartas, e me colocou como número dois ou três de Deputados que disseminam fake news, Parlamentares. Ela sabe que eu não faço isso. Ela sabe que eu não dissemino fake news, conhece o meu caráter, pode não gostar, entortar a boca agora, mas reconhece, sabe que eu não dissemino fake news, e que uma vez que eu postei um vídeo que recebi, achei que fosse verdadeiro, da história, sobre alguma coisa da Colômbia, das Farcs, tão logo me escreveram: "Bia, pode ser que esse vídeo... Parece que não é... ", eu imediatamente retirei. Assim como aconteceu com a assessora dela, o meu assessor também postou. E tão logo eu soube, retirei. E ela disse aqui que isso não é fazer fake news, que não há dolo. Foi exatamente o que aconteceu comigo.
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Eu não fico postando fake news, eu não fico tentando lacrar na internet, isso não é o meu estilo. As únicas vezes em que eu me dirigi à Deputada Joice na internet foi quando ela postou mentiras a respeito do Presidente Bolsonaro, dizendo que ele havia oferecido cargos para quem votasse na lista do Eduardo, porque ele queria fazer o filhinho dele Líder, sendo que eu participei desse processo. Eu liguei para o Eduardo: "Eduardo, nós precisamos mudar o Waldir porque ele está chamando o Presidente de vagabundo e está orientando contra o Governo na votação. Eu não aceito mais nem um dia o Waldir na Liderança por conta disso". E ela disse o seguinte: "Nós tínhamos um acordo no início do ano, eu tenho palavra, então vou ficar até o fim". Eu também tenho palavra, mas, diante da gravidade dos fatos, eu não aceitei mais o Waldir e pedi ao Eduardo, porque ele era o único que o nosso grupo aceitava para ter as 27 assinaturas...
(Soa a campainha.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - E pedimos ao Presidente. Fomos falar com ele, dizer: "Presidente, precisa ser o Eduardo". Ele não queria. Ele falou: "Vai dar confusão, é meu filho, vão bater, vão falar". Eu falei: mas tem que ser ele, porque ele é o único que os 27 aceitam. Então, ele não ofereceu cargo. Ligou para alguns que ele considerava pessoas leais a ele: "Olha, assina a lista", porque realmente o Waldir não dava. E aí aconteceu tudo aquilo que todo mundo já sabe, não preciso repetir.
Eu me dirigi, pelas redes, fiz comentários nos posts da Joice, dizendo que ela estava mentindo pontualmente. Nunca te chamei de Peppa Pig ou de mentirosa. Eu falo pontualmente, Joice, não fico adjetivando, eu não faço fake news. Eu falei: "Você mentiu!". Joice mentiu. Nesse caso, o que aconteceu foi isso, isso e aquilo. E mentiu quando disse que eu fiz caixa dois também. E quando ficou dizendo que eu ficava indicando milhares de pessoas e eu botei as pessoas que eu indiquei para o Governo.
Bom, outra coisa: agora eu queria falar com relação à viagem da China, que foi um episódio... O que aconteceu foi o seguinte: eu também fui convidada, mas tive o cuidado de ligar para o Presidente e ver o que ele achava disso, e ele disse que não ficava muito... Que não achava interessante que Deputados do PSL começassem a sua carreira - nem ainda empossados estávamos - indo à China. Foi a opinião dele. Eu respeitei e não fui. Nunca bati em um colega que foi à China, embora pessoalmente eu achasse que não era nosso papel ir à China. Isso não é fake news, isso é um desagrado, o povo não gostou e falou mal.
Então, é isto: esta CPMI está se tornando local de as pessoas colocarem suas mágoas, suas dores: "Ah, não gosto, porque bateram em mim". Bateram. Nós somos pessoas públicas, nós vamos apanhar muitas vezes nessa vida. Quando os nossos eleitores discordarem do que fazemos, eles vão bater. E calar, procurar calar sob o argumento de que é fake news, isso é um caminho errado, Joice Hasselmann. Esse caminho foi tomado na Rússia, que agora tomou total controle das redes. E também pela Angela Merkel, você sabe disso, que fez um acordo com o Facebook para calar qualquer pessoa que falasse mal da sua política de migração.
Então, é para isso que nós estamos caminhando. E eu fico muito preocupada com esta CPMI das Fake News, que também está totalmente direcionada para um terceiro turno, querendo acusar o Presidente de ter usado robôs. Você está se prestando a esse papel, Joice Hasselmann! Você não está fazendo revelações bombásticas, você está-se prestando a esse papel de dar munição àquelas pessoas que querem, sim, retirar o Presidente Bolsonaro, com base em fake news, com base em mentiras que essas pessoas estão produzindo. Porque, como já foi dito mais cedo aqui, a esquerda e o PT são os mestres de fake news, dos dossiês falsos. Você sabe disso. Você pode fazer o seu risinho torto, entortar a cara para lá e para cá, mas você sabe disso, Joice, e eu sei que você sabe, porque nós convivemos juntas muitas vezes. Então, não adianta querer tampar o sol com a peneira.
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Agora, falando... É um perigo o que está acontecendo aqui. Eu fico preocupada com esta CPMI, sim, porque sei os rumos que ela pode tomar. Sei que não existe muito apreço à verdade por muitas pessoas que vão ficar repetindo uma historinha, assim como repetem "golpe, golpe, golpe". Vão ficar repetindo, vão ficar repetindo...
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Sr. Presidente, o tempo. Está sem marcar o tempo.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... que houve fake news e que há gabinete do ódio. Inclusive, ficam usando este nome "gabinete do ódio", cumprindo essa narrativa...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Para concluir, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... criada por pessoas que você sabe muito bem que não têm apreço nenhum à verdade.
Para concluir, eu quero me reportar aqui à fala do Deputado Nereu, que começa falando... Eu não ouvi o início, mas ele me chamou de mentirosa, e eu não sei por que ele me chamou de mentirosa.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O que ele falou no início ele repetiu na sua chegada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu cheguei, e ele estava me chamando de mentirosa. Aí ele falou que eu postei e que eu mudei uma orientação.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Não, não sou mentirosa. Estou aqui, como diz a Deputada Joice, mostrando a minha carinha. Eu também não me escondo através de anonimato.
Então, quero dizer o seguinte: uma vez eu mudei uma orientação, e ele ficou mordido, porque eu mudei a orientação. A orientação não estava realmente agradando, e, nos últimos minutos, todos os Deputados do PSL que estavam no Plenário - estavam ali mais de 20 - votaram contra a orientação do partido, e eu mudei a orientação. Ele não estava mais lá e foi prejudicado. Os colegas vieram falar comigo, como a Deputada Dayane, e eu gravei um vídeo explicando para as pessoas que não era culpa dela. Gravei para um Deputado do Rio Grande do Sul e para todos que me pediram. Agora, ele aguente as consequências. Se o eleitorado dele não gostou e está batendo nele, ele aguente as consequências.
E outro fato: talvez se ele tivesse vindo agora com o Presidente Bolsonaro, se estivesse no grupo daqueles que vieram com o Presidente Bolsonaro e que não aceitaram o Waldir chamar o Presidente de vagabundo, talvez o eleitorado dele já tivesse esquecido e até perdoado.
Agora, eu estou sofrendo as minhas consequências dos meus atos. Estou sendo perseguida pelo partido, punida num processo absurdo - um processo absurdo -, sendo suspensa...
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Presidente, se tivessem gravado todos os Deputados...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... sendo suspensa...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Bom, eu não sei. Eu garanto que não.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Para concluir, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Para concluir...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Para concluir, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Para concluir...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Para concluir, eu nunca...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Para concluir, eu nunca chamei. Posso falar de cara limpa...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, por favor. Presidente, por favor, ponha ordem.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado, calma. Vamos manter a palavra da Deputada...
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Ponha ordem, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... que está encerrando a fala dela.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu posso falar de cara limpíssima que nunca chamei o Presidente de vagabundo. Eu quero dizer o seguinte...
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Isso é hipocrisia, Presidente.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Nunca chamei. Não sou hipócrita.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Vários não têm nome.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado, a palavra está com a Deputada Bia.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Vários...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa. pode falar.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP. Fora do microfone.) - O povo está assistindo.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Bom, vários... Meu nome é Beatriz, Deputada Bia Kicis. Meu nome não é "vários". Então, eu nunca chamei o Presidente de vagabundo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O.k., Deputada. Encerrou.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Então, eu quero dizer o seguinte: eu também estou pagando pelas minhas escolhas. Estou sendo punida, estou sendo suspensa num processo absurdo, inclusive por colegas que eu sempre tratei com muita decência. Tratei com decência, sempre olhei nos olhos, e essas pessoas... Eu postei uma foto - a foto que ele citou -, que é uma foto...
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Eu vi a Carla Zambelli chorar...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... no partido, uma foto no partido...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu não sou a Carla Zambelli. Eu sou a Bia Kicis.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Para concluir, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Para concluir, a foto que o Deputado Nereu citou...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... a foto que o Deputado...
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP. Fora do microfone.) - Eu vi. Ninguém me contou.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Deputado, estou tentando falar.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, eu nunca interrompo.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Estou aqui ouvindo.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Mantenho a palavra à Deputada para ela encerrar, Deputado Bozella.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Deputado, eu não me chamo Carla Zambelli. Eu me chamo Bia Kicis. Estou falando só de mim aqui. Estou falando que o Deputado Nereu citou...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Para encerrar, Deputada.
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A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... que eu postei uma foto e disse que eu sou mentirosa por isso, que eu sou isso, sou aquilo. Quero dizer o seguinte: eu postei uma foto que eu recebi das pessoas que estavam lá e que julgaram à unanimidade pela nossa suspensão, pessoas que eu considerava amigas e eu não entendo por que queriam me punir...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Conclua, Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - ... foi essa foto que eu postei. Isso não é fake news. Eu não pratico fake news. E sinto muito, acho que as pessoas aqui infelizmente estão pegando um caminho do qual elas ainda, quem sabe um dia, possam se arrepender.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O.k., Deputada.
Deputada, antes de passar ali para o Deputado Nereu, que foi citado, eu queria explicar a V. Exa. que esta CPMI foi aprovada via requerimento do Partido Democratas, que é o maior partido hoje que apoia o Presidente. Então, se esta CPI, como a senhora está falando, é para tirar o Presidente, então está nascendo do seio, do berço dos apoiadores do Presidente.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Pois é, mas o autor da CPMI até retirou o nome dele, porque ele disse que foi totalmente desvirtuada quando ele viu a forma como ela foi composta.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A senhora votou a favor da CPI?
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Eu não, eu me recusei a assinar porque no início eu já via onde isso ia chegar. Me recusei a assinar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Está certo.
Então, Deputado Nereu.
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS. Para explicação pessoal.) - Respondendo à Deputada Bia Kicis, quando ela fala de escolha de lado, eu escolhi o lado do Brasil, de um discurso do Presidente Bolsonaro que unia este País, principalmente um Presidente que era rejeitado pelas mulheres. A nobre Deputada, há uns dias, publicou, parabenizando Augusto Nunes por bater em Greenwald, aquele senhor aí da internet que está no caso Moro. Inclusive, ela bota aqui. Em vídeo é possível ver a Deputada ao lado de Augusto Nunes, onde ela afirma que ele representa o povo brasileiro por agredir alguém. Então, essa é a política das mulheres, que ela quer para as mulheres brasileiras: agressão e ódio.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Vou ter que falar de novo, Presidente.
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - Tá? Não, está aqui, está no Twitter da senhora. A senhora não... Ah, então, a senhora é uma mentirosa mesmo.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Vou ter que falar de novo. Vou ter que falar de novo.
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - A senhora é mentirosa. A senhora prega uma coisa e faz outra.
E, quanto à questão de lado, eu quero dizer para a senhora que eu continuo votando as pautas do Presidente Bolsonaro porque quem me elegeu foi ele. Eu não minto. E a senhora tinha que ter vergonha na cara porque está aqui, ó, a partir desse momento está aqui, ó: uma das páginas citadas ali está aqui a senhora publicando, agora, neste momento, está aqui. Vou mostrar aqui: "Bia Kicis enquadra Joice: quanto tempo falta para ela gritar 'Lula Livre'?". Está aqui numa das páginas daquela ali, na página da milícia criminosa...
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Saiu no jornal. É verdade.
O SR. NEREU CRISPIM (PSL - RS) - ... de que a senhora faz parte. Está resolvido o seu problema.
O meu lado é o Brasil e o Presidente Bolsonaro, o da senhora é agressão, agressão inclusive para as mulheres.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Presidente, eu quero falar.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Está encerrada a oitiva da nobre Deputada.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF) - Não. Presidente... Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Encerrada a sua participação, Deputada. Deputada, eu dei réplica e dei tréplica. Então, vamos passar aqui até o dia de amanhã só réplica e tréplica, Deputada. Não dá, não é? A senhora teve o direito.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Fora do microfone.) - Ele me citou novamente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Não dá, Deputado. A senhora teve o direito, como eu dei muitas vezes à senhora.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Fora do microfone.) - ... novamente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Mas daí a senhora vai citar ele, e ele vai citar a senhora, e vai terminar que dia? Vai terminar quando, Deputada? A senhora sabe que eu sou bem condescendente. Eu não sou ditador aqui, na Presidência. A senhora já se defendeu.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Fora do microfone.) - Só porque eu sou uma mulher?
O SR. FELÍCIO LATERÇA (PSL - RJ) - Presidente, só fazendo...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pela ordem, Deputado Laterça.
O SR. FELÍCIO LATERÇA (PSL - RJ. Pela ordem.) - Deputada Bia Kicis, a senhora fez um grupo Bancada a Cargos? Deputada Bia Kicis, a senhora por acaso fez um grupo de WhatsApp chamado Bancada a Cargos DF? É Bancada de Cargos. A senhora falou que o Presidente agiu, que conseguiu... O Eduardo Bolsonaro era unanimidade; e não era, não. Eu sei como foi conseguida a liderança do Eduardo, tá?
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Exatamente.
O SR. FELÍCIO LATERÇA (PSL - RJ) - Não foi assim. Então, foi, inclusive, destituindo cargos de pessoas que tinham a confiança do Presidente. Foram todos exonerados. Foram todos exonerados.
A SRA. BIA KICIS (PSL - DF. Fora do microfone.) - Isso não é verdade.
A SRA. PROFESSORA DAYANE PIMENTEL (PSL - BA) - É verdade sim, Bia. O assessor foi, sim, exonerado.
O SR. FELÍCIO LATERÇA (PSL - RJ) - Então, amanhã eu trago o Diário Oficial para a senhora. Vamos jogar a verdade aqui. Eu sou nova política. Por favor. Por favor.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Pela ordem, Presidente.
O SR. FELÍCIO LATERÇA (PSL - RJ) - O meu partido verdadeiramente é o Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Encerrada aqui a nossa sessão do dia de hoje.
A Deputada Joice vai fazer as suas considerações finais.
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Em tempo, agradeço o convite e a sua vinda, essas nove horas aqui. Sei que está exausta. Já chorou bem, está vermelhinha, mas eu sei que ainda tem mais um minuto para concluir a sua participação.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Um minuto não, não é, Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Um minuto e meio, Deputada.
A SRA. JOICE HASSELMANN (PSL - SP) - Um minuto e meio.
Bom, gente, eu vou tentar responder os três posicionamentos em uma única resposta.
O Bozzella fala da questão dos memes.
O Deputado Rogério Correia pergunta sobre fakes, se o Gabinete do Ódio fazia isso antes da campanha. Eu não sei. Eu não sei se havia alguma coisa exatamente como os prints que eu mostrei aqui. E para quem está falando, a Deputada aí que me antecedeu: "Ah isso não existe, não existe". Gente, é simples: tem o print e isso está resguardado por um perito. Pronto. Então, é simplesmente investigar. Não se trata de: "Ah, eu acho isso, eu acho aquilo". Está ali. Estão ali os ataques orquestrados, o assessor do Deputado Eduardo Bolsonaro fazendo a orientação dos ataques, chamando vários Deputados, que ajudaram, e muito, de vagabundos e coisas assim. Então, eu não estou falando de um achismo, eu mostrei. Pronto. Qualquer um que tenha um mínimo de paciência para olhar vai entender que eu estou mostrando o que eu achei. Se isso aconteceu antes, eu não posso dizer porque eu estaria sendo leviana. Eu não posso dizer.
Em relação ao que o Bozzella e a Deputada Beatriz Kicis falaram sobre memes, o que é uma zoação e o que é realmente uma atitude criminosa, é importante fazer uma divisão entre o que se chama de meme. Porque parece uma coisa bobinha: "Ah é um meme, farmeme, #farmeme. Meme é uma coisa bobinha". Bobinha até que ponto? Um meme de ridicularização - o Bozzella citou o caso da Ministra Cármen Lúcia - tem uma gravidade; em alguns casos, isso está dentro da liberdade de expressão e em outros ultrapassa um pouquinho, pode ser injúria, calúnia. Algo que é montado e inventado com uma informação falsa transformada no inofensivo meme é uma outra coisa. São dois caminhos totalmente diferentes. Colocar tudo no mesmo balaio de gato é uma das coisas bem do cretinismo. Colocar tudo no mesmo balaio de gato, isso não existe. Falar que é um meme em que bota um assassino, o homem que tentou matar o Presidente da República, com a minha foto ao lado e dizer: "É isso aí, não tem nada a ver, não; isso aí foi só uma expressão". Desculpa. Desculpa. Qualquer um que tenha um mínimo de inteligência sabe que não é isso. São coisas totalmente diferentes. Fazer montagens com rosto de pessoas, eu tenho aqui.
E aí tem um link que depois vou passar para vocês, acho que esse eu não consegui colocar ali, por exemplo, explode: "Rodrigo Maia comandou um mega-assalto e foi denunciado". Está aqui compartilhado pelo grupo, esse grupo que o Nereu citou. Isso aqui é um meme? Isso aqui está dentro da liberdade de expressão? "Rodrigo Maia", está aqui, "na cadeia já! O mega-assalto de Maia deu ruim." Então, há de se ter uma diferenciação das coisas.
E aí a narrativa - eu já tinha avisado, Deputados - seria essa. Como eu estou me posicionando contra esse modus operandi: "Não, a Joice está aliada com a esquerda!". Com todo o respeito, Deputado Rogério Correia, não estou e nem nunca estarei, e o senhor sabe disso. Nossas posições são muito antagônicas. E, como eu disse já no começo, sou, e sempre disse isso, eu sou mais liberal que o próprio Presidente. Isso é público. Está em tudo que é jornal. É só procurar.
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Em relação ao que a Deputada Bia falou - "a Joice postou fake news" -, isso aí foi matéria de jornal, e o Ministério Público é que está investigando, não sei se arquivou ou não arquivou. Foi uma matéria de jornal. Houve ataques pessoais a mim, mesmo depois de uma relação... Eu entendo, está cumprindo o papel, tudo bem, mas houve ataques. E aí, por óbvio, eu respondi com isso, como respondi até, na época, ao Silas Malafaia, que também entrou nessa. Eu só coloquei links de investigação por lavagem de dinheiro. Não foi nada, eu só coloquei os links. Só. É uma matéria de jornal.
Em relação a falar que é mentira, que eu pedi vários cargos, não é. Não é. Durante muito tempo, eu tive alguns pré-atritos ali com a Bia porque ela queria a lista dos cargos de segundo e terceiro escalão para ficar com alguns dos cargos. E essa lista só foi passada depois que eu tive autorização do Ministro Onyx, por quê? Porque foi feito um acordo de que os cargos - e eu não estou falando de ocupação imoral, ilegal, nada disso -, de que esses cargos de segundo e terceiro escalão seriam conversados, as indicações, com o líder das bancadas regionais, que aí conversariam com a bancada. E não havia Líder no DF ainda. Depois o Izalci acabou se tornando o coordenador da bancada. E eu estava relutando por isso. Até a Deputada Celina e a Deputada Flávia citaram que disseram "não" aos cargos. Na Liderança, a Bia me pediu cargos, e eu disse "não". Ela me pediu na Liderança do Governo no Congresso, e eu disse claramente, com jeito: "Não vou dar cargos. Esses cargos são da assessoria técnica, são cargos do Senado, não vou dar cargos". Eu não tinha um único cargo na Liderança do PSL. Eu não tinha um único cargo no Governo. E se os senhores quiserem confirmar, falem com o Deputado Herculano Passos, coordenador da bancada de São Paulo, porque quando veio a lista dos Deputados com os cargos e me perguntaram: "O que você vai querer, Joice?", eu peguei a lista da mão do Deputado, fiz um X em cima da minha foto e falei: "Eu não quero nada". Fui chamada de otária por alguns. Eu falei: "Não quero nada, não quero um cargo". Eu estou aqui para exercer o meu mandato. Vou fazer com decência e não vou fazer parte disso, pronto e acabou. Quem quiser, tudo bem, é legítimo.
Estou concluindo já, Presidente, é que foi muita coisa.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Fora do microfone.) - Não precisa responder a tudo.
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - Não, mas eu quero. Eu quero, Presidente. Eu já fiquei aqui nove horas.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Prossiga, Deputada.
A SRA. JOICE CRISTINA HASSELMANN - Em relação a dizer que não houve uma tentativa de achaque de Deputados para fazer o Eduardo Bolsonaro Líder, gente, desculpa, isso é uma clara mentira. Deputados tiveram seus cargos exonerados. A Deputada Soraya Manato foi chamada pelo Ministro Luiz Eduardo Ramos. E ele disse: "Se você não votar na lista, nós vamos exonerar seus cargos". E ela ainda respondeu: "Que cargos? Eu tenho só um" - ela falou. Isso aconteceu, sim!
Eu já disse aqui e reitero que acho que aquela conversa que o Presidente teve com o celular de algum Parlamentar - disse a Deputada Carla, na imprensa, que foi com o celular dela -, eu imagino que ela tenha gravado, eventualmente. Eu não sei. Quem gravaria? Quem gravaria? E ali fica muito claro: na Liderança tem cargo para isso, cargo para aquilo.
De novo, eu não estou dizendo que isso é correto ou incorreto. Eu estou dizendo um fato que aconteceu. Eu estou relatando aqui para vocês, e eu tenho testemunhas, e eu tenho provas.
Entrar em um caminho sem volta é lutar contra o Brasil. Eu jamais faria isso. Eu sigo firme com os meus propósitos. Sigo firme. Sei exatamente... E a Bia sabe também. Ela sabe. Ela está cumprindo o papel dela, mas ela sabe também. A gente sabe exatamente isso. Em relação à bancada da China, tudo que aconteceu também, como é que foram orquestrados os ataques. O próprio Eduardo fez posts à época também. Eu fiquei meio em cima do muro e falei: "Ah, gente, se resolvam com quem foi para a China", porque eu fiquei naquele negócio, bate aqui, bate nos colegas. Eu fiquei meio em cima do muro naquele momento.
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Então, esse é o resumo da ópera e essa é a mais pura verdade.
Eu avisei. Avisei ao Ministro Ramos. Eu tenho nossas conversas. Até acabou que ele mesmo vazou uma conversa para O Antagonista, não sei por quê. Eu tenho essas conversas com o Ministro Ramos dizendo: "Não vai dar certo. Isso que vocês estão fazendo vai dividir o único partido que vota 100% com o Presidente". Se o Presidente falar: "Isso aqui amarelo é azul", o pessoal vota, inclusive nos desgastando, como foi o caso de desidratar a previdência.
O Felício sabe que eu briguei com todos os delegados. Não foi, Felício? Fomos para a briga com o Felício. Estava o Felício, estava o Nicoletti. O pau quebrou, porque eu falei: "Eu não vou desidratar a previdência". Mexemos os integrantes da CCJ na época, mas veio uma ordem do Palácio para isso. Nós assumimos o desgaste. O quanto eu não apanhei do povo brasileiro por pedir que o tiozinho de 65 anos, com a enxada, trabalhasse até os 65? Mas quem está lá, o delegado que vai aposentar já com 55, dez anos a menos, tem uma transição ainda maior: 52 e 53. Mas nós assumimos o desgaste. Tudo bem, vamos lá, vamos assumir o desgaste. Eu fiquei três dias sem dormir, porque a consciência pesou, ai como pesou.
Então, claro, a gente assume alguns desgastes, assumimos esse desgaste, e eu sabia, como todos nós sabíamos, que essa manobra que foi feita infelizmente para atender o Eduardo, ou o grupo de lá, ou o grupo de cá - chamem como quiser -, não ia dar certo, tanto que não deu.
É isso, senhores.
Muito obrigada.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Sra. Deputada, Sr. Presidente, só para concluir, eu queria encaminhar e pedir para V. Exa. que pudesse solicitar a esta CPI a quebra dos IPs dos computadores, enfim, dos Deputados e dos seus funcionários que estão usando perfis fakes. Não é o fato de o Deputado ou o assessor estar lá na sua vida normal, no seu dia a dia, disseminando, mas de fakes que eles operam para instigar o ódio e a violência e esses memes, que para eles não têm problema nenhum.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado, formalize.
O SR. JÚNIOR BOZZELLA (PSL - SP) - Eu vou formalizar. O.k.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Coloco em votação a Ata da 14ª Reunião, solicitando a dispensa de sua leitura.
Os Srs. Parlamentares que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
A ata está aprovada.
Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos.
Antes, porém, queria registrar a presença do Deputado Felipe Francischini, grande Presidente da CCJ da Câmara dos Deputados.
Agradeço a presença de todos e convidamos para a próxima reunião, a realizar-se-á no dia 10/12, às 13h. Em breve, publicaremos a pauta.
Agradeço também à Deputada Joice, que recebeu esse convite e veio aqui muito gentilmente; à Relatora, Lídice da Mata; aos Parlamentares que ficaram até este instante; aos assessores; à imprensa; à minha esposa, Eleusa, também presente. E agradeço a audiência do povo brasileiro, que eu sei que, nesta tarde noite, foi uma das grandes audiências do Congresso Nacional. Então, o povo brasileiro está aí firme e forte, ouvindo, esperando até ouvir mais, mas eu acho que teremos muito tempo, até o encerramento desta CPI, para esclarecer e sair daqui com legislações duras para proteger a sociedade brasileira, proteger as instituições, porque é importante.
E que tenhamos eleições cada dia mais limpas no Brasil.
Uma boa-noite e sigam com Deus, que é o nosso guia.
(Iniciada às 13 horas e 42 minutos, a reunião é encerrada às 23 horas e 7 minutos.)