10/12/2019 - 16ª - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - Fake News

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Havendo número regimental e invocando a proteção de Deus, declaro aberta a 16ª Reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, criada pelo Requerimento do Congresso Nacional nº 11, de 2019, para investigar os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público, a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições de 2018, a prática de cyberbullying sobre os usuários mais vulneráveis da rede de computadores bem como sobre agentes públicos e o aliciamento e a orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio.
A presente reunião destina-se à oitiva decorrente do Requerimento nº 218, de 2019, CPI da Fake News, de autoria da Deputada Natália Bonavides, do Rio Grande do Norte, em que convoca o Sr. Paulo Marinho a prestar depoimento a esta Comissão.
Portanto, solicito à Secretaria da Mesa que conduza o depoente para tomar seu espaço aqui à nossa esquerda. (Pausa.)
Antes de passar a palavra para o nosso depoente, queria registrar a presença do ex-Ministro do atual Governo Gustavo Bebianno, que inclusive há até um requerimento para a sua convocação. Acredito que venha fazer estágio nesta tarde de hoje.
Concedo a palavra ao Sr. Paulo Marinho, para as suas considerações iniciais.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN. Pela ordem.) - Pela ordem, Presidente, só lembrando a prestação de juramento do convocado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - É facultativo, porque o requerimento de V. Exa. não disse como testemunha ou como investigado, então é omisso. Aí, fica a critério do depoente.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - A Deputada Joice voluntariamente fez.
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O SR. PAULO MARINHO - Sim, mas eu não tenho nenhuma dúvida, posso fazê-lo, não há problema nenhum.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Aí cabe ao nosso depoente.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Então, faça.
O SR. PAULO MARINHO - Enfim, em que termos? É dizer que eu juro, me comprometo a falar...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sob as penas da lei.
O SR. PAULO MARINHO - Eu me comprometo a falar a verdade, sob as penas da lei. Faço isso com muito prazer.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Inclusive, gostaria até de falar para os nossos colegas Parlamentares desta Comissão que, nos próximos requerimentos, coloquem, para evitar que haja questão de ordem nesse sentido.
Então, concedo a palavra ao Sr. Paulo Marinho.
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Presidente, muito obrigado; Deputada Lídice, muito obrigado.
Agradeço à Deputada Natália - desculpe, Natália. Agradeço a V. Exa. pela convocação para fazer parte desta CPMI para prestar este depoimento sob juramento de dizer a verdade e acho que essa é, para mim, uma boa oportunidade para esclarecer muitas coisas que foram ditas na imprensa e que não correspondem à verdade. Por isso, então, renovo os meus agradecimentos por esta convocação.
É isso que eu tenho a dizer por enquanto.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não, Deputado.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Difícil aqui. Acendeu?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Acendeu.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Quero somente cumprimentar V. Exa., cumprimentar a nossa Relatora, Lídice da Mata, o Dr. Paulo Marinho e somente fazer um pequeno registro que acredito que seja importante, já que o depoente está sob juramento: não só falar a verdade, omitir a verdade também representa uma invasão daquilo que prevê a respeito de comissão parlamentar de inquérito. Se houver necessidade de o advogado esclarecer o Dr. Paulo Marinho, para que a gente possa caminhar aqui, tenho certeza de que a colaboração vai ser excepcional.
O SR. PAULO MARINHO - Posso usar a palavra?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não.
O SR. PAULO MARINHO - Eu queria agradecer a palavra do Deputado Paulo Ramos, que é um Deputado velho combatente no Rio de Janeiro pelas boas causas e, enfim, fico muito feliz por poder contar com sua presença aqui nesta Comissão e tranquilizá-lo com relação à questão da verdade, não só de dizer, como deixar de omitir qualquer fato que possa ajudar, enfim, esta Comissão.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Neste momento, vamos iniciar a primeira fase das perguntas e passo a palavra para a Deputada Relatora, Lídice da Mata.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Como Relatora.) - Boa tarde a todos os Srs. Parlamentares, ao Sr. Paulo Roberto Franco Marinho, acompanhado de seu advogado.
Nossa CPMI, Presidente, trata especialmente da prática de fake news e como ela pode ter sido praticada nas diversas campanhas. O nome do Sr. Paulo Marinho surgiu, pelo que li do requerimento, em função de algumas entrevistas dele. Então, eu vou me utilizar dessas referências para fazer as suas perguntas.
Em entrevista para a Jornalista Andréia Sadi, na GloboNews, V. Sa. admitiu haver um QG de comunicação da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, onde foram enviadas mensagens de fake news para grupos de WhatsApp na sua casa. Nesse contexto, pergunta-se: como o senhor se aproximou da família Bolsonaro? Eles o procuraram devido às suas relações políticas ou foi de outra maneira? Ou foi o senhor que os procurou? Que serviços o senhor prestou durante esse período que justificaram sua posição posterior em relação à campanha de Jair Bolsonaro?
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Antes, porém, eu queria perguntar como o senhor prefere.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pergunta, e o senhor...
O SR. PAULO MARINHO (Fora do microfone.) - Eu prefiro cada pergunta...
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Cada pergunta. Pronto, assim o faremos.
Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, peço que a Secretaria forneça algumas folhas de papel para que, eventualmente, se o depoente sentir necessidade de anotar, se for como eu, que tenho que anotar tudo o que fala...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A Secretaria está providenciando.
Então, eu passo a palavra para responder a essa primeira pergunta...
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Como o senhor se aproxima da família Bolsonaro? Eles o procuraram devido às suas relações políticas ou o inverso?
O SR. PAULO MARINHO - Eu me aproximo da família Bolsonaro em novembro de 2017, quando fui procurado pelo meu amigo de longa data que está aqui presente, o advogado Dr. Gustavo Bebianno. O Dr. Gustavo Bebianno era na ocasião o coordenador-geral da campanha do Presidente Bolsonaro, me procurou, perguntando se eu poderia colaborar com a campanha já que ele era o coordenador. O Dr. Gustavo Bebianno é uma pessoa com quem eu mantenho relação de amizade há quatro décadas. Eu o conheci, ainda estagiário, no escritório de advocacia do Dr. Sergio Bermudes, e foi através dele que eu ingressei como apoiador e como simpatizante na campanha do então Capitão Bolsonaro.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Que serviços o senhor prestou durante esse período que justificaram sua posição posterior em relação à campanha de Jair Bolsonaro?
O SR. PAULO MARINHO - Excelência, para lhe dizer a verdade, no primeiro momento do contato com o Capitão Bolsonaro, o que eu prestei de serviços que tiveram, na opinião talvez dele, algum valor foi de análises políticas do quadro que se desenhava no final de 2017 para a campanha presidencial. Naquela ocasião, o Capitão Bolsonaro tinha um núcleo duro que cabia numa Kombi, e metade da Kombi ficava vazia. E era motivo de piada a candidatura do Capitão Bolsonaro. E, de fato, eu acreditei que, dado o cenário político naquela ocasião, havia uma chance de que o Capitão Bolsonaro pudesse ser o interlocutor de uma parcela importante da população que estava insatisfeita com a situação política naquele momento. E resolvi, enfim, ajudar na campanha.
E foi por esse motivo que eu, enfim, entrei na campanha do Capitão Bolsonaro. Foi, num primeiro momento, por uma questão de acreditar que ele poderia, de fato, enfim, ser uma pessoa que poderia transformar aquele quadro, aquele cenário que se desenhava ali com as candidaturas que estavam postas ali em novembro de 2017. É isso.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Obrigada.
Sendo assim, a partir dessa relação, que função o senhor desenvolveu na campanha, apenas de emprestar a casa?
O SR. PAULO MARINHO - Deputada, eu fui, primeiro, um apoiador, um simpatizante da campanha, justamente no momento em que não existiam muitas pessoas dispostas a acreditar naquele projeto político. Num segundo momento, eu fui o anfitrião da campanha do Capitão Bolsonaro na minha residência por conta de que, como era uma campanha pobre, não havia nem espaço para que pudesse ter um estúdio de gravação dos programas de televisão, da questão das redes sociais, do PSL. E eu fui anfitrião desse momento, cedendo dois cômodos da minha casa, de um anexo da minha casa, que foram utilizados para, enfim, servirem de base de comunicação da campanha Bolsonaro. Mas isso ocorreu durante os últimos seis meses da campanha, digamos assim, no início, um pouco antes da campanha e até o final da campanha. É basicamente isso.
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A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O.k.
O senhor, então, emprestou uma parte da sua casa - apenas, retomando - para que fossem realizadas essas atividades de comunicação, praticamente de estúdio de comunicação para a TV e para as redes sociais.
A casa é do senhor ou foi alugada? É sua.
O SR. PAULO MARINHO - Não, eu resido nessa casa há muitos anos, enfim, há pouco mais de cinco anos. É uma casa que eu aluguei no Jardim Botânico, onde eu moro com a minha família, e essa casa tem um anexo, e esse anexo fica distante da casa principal. E até eu aceitei fazer essa generosidade, digamos assim, com a campanha em função de que aquele espaço da casa não iria conflitar com o meu dia a dia com a minha família. Então, enfim, é isso.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Pelo que eu li e vi nas entrevistas que o senhor deu, o senhor desmontou uma academia de ginástica, não é isso...
O SR. PAULO MARINHO - É, inclusive fiquei um pouco...
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... para que lá se preparassem as ilhas de edição, para que fossem lá instaladas?
O SR. PAULO MARINHO - Fiquei, inclusive, um pouco fora de forma nesse período, porque não pude fazer os exercícios que normalmente fazia lá na minha academia, mas, enfim, naquela ocasião, era por uma boa causa.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Mas o senhor, portanto, como um apoiador...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Ele ressalta o que o senhor disse: que, naquele momento, era uma boa causa, não necessariamente agora?
O SR. PAULO MARINHO - Essa é uma pergunta?
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Sim.
O SR. PAULO MARINHO - Não. Eu digo que era uma boa causa, porque, naquela ocasião, era uma campanha eleitoral; agora é um governo, enfim, é um governo que governa o Brasil, com erros e acertos, como todo governo tem. Mas, para mim, para a minha relação, para a minha questão de natureza pessoal, naquele momento era uma boa causa.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Certo. Diante dessa situação, como apoiador, cedendo parte de sua propriedade, o senhor atua apenas como um apoiador que empresta um imóvel ou o senhor atua como coordenador político, operacional, de comunicação? Qual era o seu papel?
O SR. PAULO MARINHO - O meu papel, Deputada, era exclusivamente de anfitrião da campanha, e, por óbvio, eu convivi, como era na minha casa, e tive, aliás, o privilégio de viver essa experiência de ter uma campanha presidencial vitoriosa dentro da minha residência. Obviamente, a meu filho, que está aqui presente neste momento, até disse na ocasião: "Meu filho, você tem 24 anos de idade e está vivendo uma experiência única", um rapaz, com 24 anos, assistir a uma campanha presidencial dentro da sua casa e que, depois, foi uma campanha vitoriosa e uma campanha, enfim, completamente fora dos padrões da política de até então. Não é?
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A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Então, essa atividade que funcionava, da campanha, o QG de comunicação que funcionava num anexo de sua casa... O senhor tinha ideia de como era o dia a dia de trabalho, do que acontecia nesse local?
O SR. PAULO MARINHO - Deputada, eu tinha os meus afazeres pessoais de trabalho, enfim, de vida. Eu não ficava o tempo inteiro na minha residência. As pessoas que lá trabalhavam faziam trabalho de comunicação, e eu não ficava ali o dia inteiro. Enfim, vez por outra, encontrava, na minha casa, com as pessoas que lá trabalhavam e conversávamos sobre a campanha, aquele momento da campanha, do futuro da campanha, mas que nada que eu possa me atribuir algum tipo de atuação profissional na campanha. Eu era simplesmente um apoiador.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Na entrevista em que o senhor revelou esse QG e a sua função como um apoiador da campanha e com essa contribuição, o senhor chega a dizer que era lá - se expressa desta maneira - que eram feitas as mensagens, eram distribuídas as imagens e mensagens da campanha. Se não me engano. Há uma pergunta que a jornalista lhe faz, perguntando se o senhor tinha conhecimento de que algumas daquelas mensagens poderiam ser mensagens falsas, ou desinformação, ou fake news, como popularmente é chamado. O senhor, então, sabia? O senhor acho que chega a dizer que, quando era uma coisa engraçada, os senhores passavam adiante. Em que medida isso acontecia, de que forma o senhor chegou a conhecer esse processo de organização dessas mensagens?
O SR. PAULO MARINHO - Deputada, eu vou lhe pedir a permissão de, antes de responder essa pergunta, fazer um pouquinho um histórico de como eu me coloco nesse mundo digital, porque eu acho que isso é importante para a compreensão do que nós estamos falando aqui.
Eu sou uma pessoa que você poderia classificar como analógica: eu não tenho Twitter, eu não tenho Facebook, e no único Instagram que eu tenho eu sigo os meus quatro filhos, porque, hoje em dia, é mais fácil saber da vida dos filhos através do Instagram do que no próprio convívio. Então, eu me considero uma pessoa absolutamente analógica. Então, eu não sou do mundo digital. Portanto, eu não tenho nenhum conhecimento.
Eu gostaria, inclusive, de fazer um reparo, que essa expressão que a senhora, que V. Exa. usou há pouco, de que a minha casa era o QG, essa expressão foi cunhada pela imprensa, que transformou a minha residência num QG, mas, enfim, existiam outros lugares em que se fazia a campanha também, enfim, porque tinha candidatos a Deputados, tinha candidatos a Deputados Estaduais do Rio de Janeiro, a Senadores. Quer dizer, o que transcorria na minha residência era exclusivamente a gestão da área de comunicação que envolvia a rede social do PSL e os programas de rádio e televisão.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Essa expressão "QG" para mim não tem grande importância; ela atuou como uma produtora, como um comitê eleitoral, se o senhor preferir essas expressões. O Quartel General é porque, justamente, as campanhas todas têm um pouco essa característica, não é?
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O SR. PAULO MARINHO - Eu compreendo, eu apenas fiz esse reparo para não...
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - E, em se tratando de uma campanha de um militar, o capitão, então, QG pega mais fortemente.
O SR. PAULO MARINHO - É mais apropriado. Tem razão. (Risos.)
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - É mais apropriado.
Então, o senhor não sabe dizer se havia alguma orientação oficial ou extraoficial de como se deveria proceder mediante o recebimento de mensagens com conteúdo potencialmente falso? Se as mensagens recebidas, que vocês disseram que passavam adiante, que o senhor chega a dizer, elas algumas vezes foram checadas para ver se eram verdadeiras ou apenas eram retransmitidas, porque podiam prejudicar o adversário, como é que o senhor viu isso?
O SR. PAULO MARINHO - Deputada, eu vou esclarecer. Eu acho que eu fui convocado pela Deputada Natália, por V. Exa., apenas por uma questão de uma entrevista que eu dei à jornalista Andréia Sadi. Essa é a minha leitura, por conta de que, num dado momento da entrevista, eu menciono, quando ela me pergunta sobre fake news, que aquilo a gente recebia e repassava. O que eu quis dizer ali - e agora é a verdadeira oportunidade de um poder esclarecer isso de forma definitiva - é que, primeiro, dada a circunstância de que eu não sou uma pessoa do mundo digital, para mim, essa coisa da fake news, do meme, isso está na mesma vala. O que eu disse a ela é o seguinte: chegavam, durante a campanha, aqueles memes do capitão com óculos escuros, com aquela coisa da arminha e tal; quando essas coisas tinham graça, tanto de um lado quando do outro, eu repassava, eu, pessoalmente, para a minha rede de WhatsApp, que contém 15 pessoas, é o número de pessoas que eu tenho na minha rede de WhatsApp, de pessoas com quem eu falo com frequência. Então, não tem nenhuma consequência aquilo que eu falei. Agora, óbvio, eu usei, talvez, o momento errado, a expressão errada. Aliás, desculpa, quando eu assisti à entrevista, na mesma hora, eu me dei conta e disse: "Olha, isso aí vai me dar problema, alguém vai entender que isso tem uma conotação que não tem, que não é a verdadeira". Então, além do prazer de estar aqui, neste momento, eu acho que essa é a oportunidade de eu poder esclarecer isso definitivamente, porque vários veículos de imprensa repetiram isso à exaustão, me atribuindo coisas que jamais aconteceram na minha residência. É isso.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Essa pergunta eu faço a todos os que vêm aqui; portanto, o senhor fique tranquilo. Apenas para o senhor: o que é fake news? O senhor já ouviu falar? O que é uma fake news?
O SR. PAULO MARINHO - Fake news, para mim, é você criar uma mensagem na internet, mentirosa, desconstruindo, agredindo alguém, e repassar isso, e que essa coisa fique viralizada. Eu acho que isso é um atentado, enfim, à idoneidade das pessoas. Para mim, fake news é isso. Ou, então, você... Fake news, por exemplo, um artista famoso, atribuir que o artista faleceu de uma hora para a outra. Muita gente acredita, já aconteceu isso várias vezes. Eu entendo, como fake news, isso.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pela ordem, Deputado Rui Falcão.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP. Pela ordem.) - É praxe aqui que os depoentes, sobretudo aqueles que são convocados, não utilizem o telefone celular durante o inquérito. Ele já está acompanhado do advogado, que é um direito. Eu acho que é praxe não utilizar o telefone celular.
Obrigado.
O SR. PAULO MARINHO - Deputado, como eu não tinha essa informação, agradeço a sua lembrança, e não o utilizarei mais. Queria apenas constar que o Deputado que me acompanha, além de Deputado, Dr. Marlan Marinho, é membro do diretório estadual do PSDB, que eu presido hoje, no Rio de Janeiro. E ele hoje está aqui na condição de meu colega também do PSDB. É só para esclarecer que...
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Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Antes, porém, Deputado Rui, é importante que fique claro que não é nenhum impeditivo o depoente estar com o seu celular ao seu lado. Se no Regimento V. Exa. tiver algo contrário, eu dou minha mão à palmatória.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Ele já cedeu.
O SR. PAULO MARINHO - Não, já cedi, não tem problema nenhum. Com o maior prazer, não tem problema nenhum.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Retorno a palavra à Deputada Lídice da Mata.
O SR. PAULO MARINHO - Aliás, eu vou pedir, se o senhor me permitir, deixar o meu celular com o meu filho André. Por favor, André, dá uma monitorada aí de vez em quando.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Ainda sobre as atividades, como todos nós aqui fazemos campanha, conhecemos os ritmos de campanha, o senhor tendo um comitê eleitoral da comunicação tão próximo do senhor, certamente teria a oportunidade, mesmo com muito trabalho, de sempre passar por ele acompanhando uma campanha que, como o senhor disse, terminou sendo vitoriosa, portanto em crescimento. O senhor ouviu, nesse período, alguma orientação das equipes de comunicação, já que o senhor não estava na coordenação disso, para que não retransmitissem notícias falsas, que checassem essas notícias? Qual foi a orientação que o senhor recebeu sobre isso?
O SR. PAULO MARINHO - Eu não recebi nenhuma orientação, porque, como eu não tinha nenhuma participação ativa na campanha, enfim, não recebi nenhuma orientação. Eu responderia V. Exa. dizendo isso: eu não recebi orientação, porque eu não fazia parte do núcleo de comunicação. Eu não sou um expert nesse assunto. Como eu lhe falei há pouco, eu sou um sujeito completamente analógico, eu seria a última pessoa a colaborar com essa campanha que foi tão pautada pelas redes sociais.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O senhor disse que o senhor tinha apenas 15 pessoas para quem repassava. Eu só quero dar um esclarecimento, que o fato de ter 15 ou 150 não faz diferença, porque essas 15 podem ser pessoas com influência tal e direcionamento que elas podem fazer o mesmo trabalho de distribuição de uma mensagem falta que 150 ou 250 pessoas. Apenas para esclarecer o que senhor falou, obviamente, sem contestação à sua informação. É apenas para esclarecer.
O SR. PAULO MARINHO - Obrigado, Deputada. Muito obrigado. Só para esclarecer também, Deputada, quando eu mencionei essas 15 pessoas, só para ficar também registrado aqui, eram pessoas da minha absoluta intimidade, meus quatro filhos, minha mulher, dois amigos. Não eram pessoas que tinham essa capacidade de transformar as informações, viralizar a informação.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O senhor conhece o Sr. Marcos Aurélio Carvalho?
O SR. PAULO MARINHO - Conheço.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Tem alguma aproximação maior?
O SR. PAULO MARINHO - Tenho. Meu amigo.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Ele também participou da campanha, claro.
O SR. PAULO MARINHO - Ele foi o coordenador da área de comunicação dentro da minha residência.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Ele pertence, portanto, à empresa AM4.
O SR. PAULO MARINHO - Ele é dono da empresa AM4, junto com outros dois sócios. Essa empresa existe há 20 anos. Ele fundou essa empresa com 17 anos de idade. Hoje ele deve ter 34.
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A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O senhor conhece, portanto, o Sr. Magno Carvalho também?
O SR. PAULO MARINHO - Esse eu conheço menos. É o irmão dele. Mas esse eu estive uma vez com ele. Quem eu conheço de fato é o Marcos Carvalho.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O senhor conhece também o Sr. Alexandre José Martins?
O SR. PAULO MARINHO - É um outro sócio dele, se eu não me engano, mas também não tenho relação com ele, não. Estive uma vez com ele.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Todos os três - o senhor sabe, e todos acompanham, sabem também - compõem o quadro societário da agência de publicidade AM4.
O SR. PAULO MARINHO - Exatamente. O Magno é irmão do Marcos e o Alexandre é um amigo de 20 anos deles. Eles formaram essa empresa, como eu lhe falei, em Barra Mansa, no interior do Rio de Janeiro, 20 anos atrás.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O senhor mantinha antes relação com essa empresa ou passou a manter a partir da campanha?
O SR. PAULO MARINHO - Não, eu conheci o Marcos Carvalho na campanha e passei a ter por ele uma admiração imensa pelo trabalho que ele empreendeu. Eu acho que foi, talvez, o principal responsável pela eleição do Capitão Bolsonaro. O trabalho que ele fez nas redes sociais foi primoroso e eu fiquei tão impressionado com isso que eu cada dia ficava mais convivendo com ele, primeiro pela idade dele, que eu gosto de conviver com gente jovem, sobretudo com o conhecimento dele. Ele é uma pessoa extremamente dotada nessa área. Como é uma área que eu não conheço, como eu lhe falei, porque eu sou um analógico, eu sou um curioso para poder conhecer essas novas tecnologias. E ele é absolutamente um homem diferenciado.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Imagino. Então, o senhor não foi quem levou essa empresa AM4 para a campanha. O senhor, mesmo tendo conhecido ele antes, apenas manteve contato durante a campanha eleitoral?
O SR. PAULO MARINHO - Durante a campanha eleitoral.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - E assim, mantendo esse contato, o senhor decidiu ceder a casa a essa empresa?
O SR. PAULO MARINHO - Não, eu cedi a casa à campanha.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - À campanha, diretamente?
O SR. PAULO MARINHO - Isso. Como a campanha tinha ele como principal articulador da área de comunicação, ele foi para dentro da minha casa com a equipe dele.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Essa cessão foi uma doação à campanha?
O SR. PAULO MARINHO - Não. Nós tivemos o cuidado de fazer um contrato de aluguel para que tudo isso ficasse muito bem documentado. Isso está na prestação de contas do partido.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O senhor pode informar os valores desse aluguel?
O SR. PAULO MARINHO - Deputada, se eu não me engano - se eu não me engano, eu não vou afirmar com absoluta segurança porque já faz mais de um ano, mas tem contrato de aluguel que está lá na prestação de conta dos tribunais - foi um valor de R$8 mil. Mas, de novo, faço a ressalva de que não tenho certeza se foi esse o valor.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - O senhor fez a devida declaração dos valores de sua contribuição, ou seja, do aluguel que recebeu, conforme exige a legislação eleitoral?
O SR. PAULO MARINHO - Excelência, essa residência está alugada em nome da minha esposa e foi ela que celebrou esse contrato com a campanha. Então, eu não tenho essa informação para lhe dar agora.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Está certo. O senhor, depois da campanha, continua mantendo relação com a referida empresa?
O SR. PAULO MARINHO - Mantenho.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Relação profissional ou apenas relação de amizade?
O SR. PAULO MARINHO - Eu tenho relação profissional e pessoal com o Sr. Marcos Carvalho.
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A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Certo.
O senhor disse que custou R$8 mil o aluguel e que foi declarado na prestação de contas.
Sr. Presidente, da minha parte, o que me interessava perguntar ao depoente era justamente isso, e essa situação da casa, que eu creio que precisa, certamente, ficar legalmente esclarecida. Espero que tenha toda a possibilidade de confirmar esses valores e este contrato de aluguel.
Era só.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concedo a palavra à Deputada Natália Bonavides, autora do requerimento, do PT do Rio Grande do Norte.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN. Para interpelar.) - Obrigada, Presidente.
Boa tarde a todo mundo que nos acompanha, nossa Relatora também. Boa tarde, e obrigada pela presença, Sr. Paulo.
Eu queria me reportar a algo que o senhor mencionou há pouco, ainda sobre a utilização da casa pela campanha do então candidato Bolsonaro. O senhor mencionou que a casa foi usada por meses de campanha, vários meses de campanha. Eu fiquei... Chegou até a usar a expressão "seis". Foi desde quando, Sr. Paulo?
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Deputada, eu vou lhe dar essa informação, mas vou ressaltar que eu não tenho nesse momento a precisão de datas.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Não, pode ser uma estimativa, não há problema.
O SR. PAULO MARINHO - Então? Eu acho que a estimativa começa 15 dias antes da campanha de televisão, a campanha oficial, e termina exatamente três dias após o último, o segundo turno.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - É que o senhor havia falado pelo menos seis meses de campanha. Esse período a que o senhor se refere chega...
O SR. PAULO MARINHO (Fora do microfone.) - Últimos seis meses.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O senhor havia falado sobre seis meses de campanha.
O SR. PAULO MARINHO - E esse período que eu estou falando se refere a quantos meses?
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Ah, de agosto a outubro, aproximadamente.
O SR. PAULO MARINHO - Não, teve o segundo turno, não é?
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Sim.
O SR. PAULO MARINHO - Então?
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Que é em outubro.
O SR. PAULO MARINHO - É, então é isso.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Mas a campanha começa em agosto. Então, antes de agosto, havia atividade de campanha na casa, é isso?
O SR. PAULO MARINHO - Não, não havia atividade de campanha na casa. Atividade de campanha começa na campanha. Na pré-campanha, eu me reunia com o coordenador da campanha na minha residência, mas eram reuniões pessoais.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Então, o senhor está corrigindo a informação anterior de que por pelo menos seis meses de campanha...
O SR. PAULO MARINHO - É, eu estou corrigindo. Estou corrigindo.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Entendo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Só aqui é que ele percebeu que...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Certo.
O senhor corrige aquela, e não essa última?
O SR. PAULO MARINHO - Não, eu corrijo aquela. Quer dizer, na realidade...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O senhor retira que funcionou a campanha lá por seis meses?
O SR. PAULO MARINHO - É, eu digo o seguinte: uma atividade de campanha mesmo, com pessoas trabalhando, começa dez dias antes do primeiro turno, de o horário eleitoral começar.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Isso.
O SR. PAULO MARINHO - E termina após o segundo turno.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Certo.
O SR. PAULO MARINHO - É isso.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O senhor disse que não atuava especificamente na comunicação da campanha, que ajudou mais na parte da estrutura que foi colocada à disposição dessa comunicação. O senhor também mencionou que não estava lá toda hora. Mas o senhor pode nos descrever um pouco, nos momentos em que o senhor estava, qual era o dia a dia de trabalho na casa?
O SR. PAULO MARINHO - Deputada, eu não sei lhe descrever com precisão o dia a dia da casa. Existiam pessoas, no primeiro turno, num grupo muito reduzido, porque a campanha no primeiro turno tinha apenas oito segundos de televisão, e no segundo turno passou a ter 35 minutos. Então, eram duas pessoas antes, durante o primeiro turno, e, após o segundo turno, aproximadamente umas 15.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O senhor lembra o nome dessas pessoas?
O SR. PAULO MARINHO - Não. Assim, nome e sobrenome não lembro.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Nem das duas do primeiro turno, por exemplo?
R
O SR. PAULO MARINHO - Não lembro.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Que iam a sua casa?
O SR. PAULO MARINHO - Hein?
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Que iam a sua casa?
O SR. PAULO MARINHO - Que iam a minha casa.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Não lembra o nome?
O SR. PAULO MARINHO - Não, lembro... Um ou outro eu lembro. Mas, enfim, há um rapaz que tem o mesmo sobrenome que eu, Mário. Ele era um dos coordenadores da área de comunicação. Mas, enfim, esses nomes, com nome e sobrenome, eu não tenho, até porque eu não tinha convivência muito íntima nem passada nem durante o período da campanha.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Entendo.
O senhor já informou a nós que eram produzidos vídeos lá. Além de vídeos o que mais era produzido na área de comunicação de que o senhor tenha tido conhecimento? Esses memes a que o senhor se referiu há pouco, eles eram produzidos lá?
O SR. PAULO MARINHO - Não, não, não. Não havia nada que fosse produzido lá que não fossem trabalhos de campanha eleitoral. Ou seja...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Não, mas memes, às vezes, foram.
O SR. PAULO MARINHO - Meme não era para ser utilizado... Eu estou falando...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Nem todo meme é uma coisa ruim, Sr. Paulo.
O SR. PAULO MARINHO - Não, eu não estou dizendo que seja ruim, é até engraçado. Não é ruim, não. É até bom, diverte as pessoas.
O que eu estou dizendo é o seguinte: na ocasião, o que era feito lá era um trabalho de comunicação nas redes sociais do PSL e a produção de rádio e televisão do primeiro turno eram oito segundos e, no segundo turno, eram 35 minutos.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Pois bem, então. Então, nas redes sociais... Também havia produção de material para as redes sociais? Não eram só vídeos de televisão?
O SR. PAULO MARINHO - Claro. Inclusive, veiculavam nas redes sociais vídeos que eram feitos para a televisão que eram reproduzidos nas redes sociais.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E o senhor sabe informar quais eram essas redes sociais, cujo material produzido se deu na sua casa, WhatsApp?
O SR. PAULO MARINHO - Não, é PSL; nas redes sociais do PSL.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Certo. WhatsApp? Material para WhatsApp?
O SR. PAULO MARINHO - Não, isso eu não sei.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Para YouTube?
O SR. PAULO MARINHO - Isso não sei, não sei.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Não sabe?
O SR. PAULO MARINHO - Não sei.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Para Instagram, Twitter?
O SR. PAULO MARINHO - Não sei, não sei.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Certo.
O senhor, como já a nossa Relatora tocou no assunto, o senhor chegou a dar algumas declarações. Em uma delas, dizendo que quando alguma coisa tinha um interesse eleitoral, alguma crítica, alguma graça, algum humor, mandavam fake news. Porque, enfim: "Como chegava a gente saía". O senhor mencionou época que isso era enviado para 200 ou 300 pessoas. Hoje o senhor está mencionando que isso seria enviado para 15 pessoas.
O SR. PAULO MARINHO - Não, não.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Se por acaso a CPMI quebrasse o sigilo telemático do senhor, iria encontrar essa média de envio desse tipo de material...
O SR. PAULO MARINHO - Iria.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - ... desse tipo de material, de fake news para 15 pessoas.
O SR. PAULO MARINHO - Iria, iria. E já lhe adianto que, se quiser quebrar esse sigilo, pode quebrar. Não tem problema nenhum.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Certo.
Então, o senhor... No caso, da informação anteriormente também dada em entrevista de que eram 200, 300 pessoas, o senhor volta atrás?
O SR. PAULO MARINHO - Não, não. O que eu disse na ocasião não foi isso, não. Eu vou lhe recordar o que eu falei, está na entrevista, inclusive. O que eu disse é o seguinte: antigamente, antes da eleição, havia a possibilidade de você pegar uma determinada mensagem e reenviá-la para 200, 300 pessoas. Depois, o WhatsApp limitou aquilo em 20 pessoas.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Entendo.
O SR. PAULO MARINHO - Foi isso o que eu quis dizer.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Então, isso se fazia lá na casa, esse envio para 200, 300 pessoas, na época em que era possível?
O SR. PAULO MARINHO - Durante a campanha, já havia essa limitação de 20 pessoas. Quando eu disse na entrevista que eram 200, 300, depois, um amigo meu me corrigiu, dizendo: "Olha, o que você disse na entrevista não é fato, porque já durante a campanha eleitoral - e foi por causa da própria campanha - o WhatsApp limitou em 20 pessoas o reenvio de mensagens".
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Além do senhor, o senhor sabe quem mais na casa repassava essas, para usar a expressão do senhor, essas fake news engraçadas?
O SR. PAULO MARINHO - Não, não eram fake news engraçadas, porque, de novo, o que eu disse é o seguinte: o que eu repassava eram memes, coisas engraçadas, aquela coisa de... O que eu chamo de fake news, e eu já descrevi isso há pouco, é aquela coisa de produzir uma desconstrução da idoneidade de uma determinada pessoa e tentar viralizar. Isso para mim é fake news.
R
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Entendo. Mas há informações, por exemplo, de que o senhor teria repassado, do próprio celular, ao menos três fake news, falando de fake news no sentido técnico do termo, e não como memes engraçadas. Por exemplo, a famigerada fake news da mamadeira de piroca, a famigerada fake news do kit gay e a famigerada fake news de uma senhora que foi agredida por ser eleitora de Bolsonaro. Há informações de que o senhor repassou mensagens com esses conteúdos do seu próprio celular. O senhor acha que elas são engraçadas?
O SR. PAULO MARINHO - Não, não acho que elas são engraçadas e quero corrigir-lhe: eu não repassei absolutamente nada. A senhora está com a informação errada.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O senhor não repassou essa informações?
O SR. PAULO MARINHO - V. Exa. está com a informação errada.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Certo. Então, o senhor, sob juramento, confirma que não repassou.
O SR. PAULO MARINHO (Pela Liderança.) - Sob juramento absoluto.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Certo.
O SR. PAULO MARINHO - Essa coisa que a senhora mencionou há pouco, de piroca, nem sei do que se trata.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Não?
O SR. PAULO MARINHO - Não.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Então, não participou das eleições do ano passado.
Continuando, Sr. Paulo, qual era a estrutura que ficava na casa, computadores, câmeras, estúdio?
O SR. PAULO MARINHO - Era uma ou eram duas câmeras de gravação de vídeo e duas ou três mesas de edição. Era isso.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E quem foram os empresários que colaboraram para montar esse estrutura?
O SR. PAULO MARINHO - Empresários? Não, isso tudo foi pago pela própria campanha. Imagino que sim. Eu não tenho conhecimento. Eu não era da contabilidade da campanha. Eu era apenas, como já falei, anfitrião da campanha, cedendo a minha casa.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O senhor aqui mencionou que houve uma regularidade na cessão da casa, porque ela constou na prestação da contas do Partido. Isso é verdade, não é? Teria constado na do Partido, porque não constou na da campanha. Nós termos observado, na verdade, a cada dia, a cada semana, que a famosa campanha barata do candidato Bolsonaro se desmonta. A gente descobre, a cada dia, coisas que foram utilizadas estritamente para a campanha - como o senhor, desde o seu momento introdutório aqui na CPMI, afirma que a casa foi - , mas que não constaram na prestação de campanha, foram, enfim, maquiadas na prestação do Partido. O senhor tem conhecimento de outros casos em que isso aconteceu, além desse imóvel do senhor?
O SR. PAULO MARINHO - Eu não tenho conhecimento.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Entendi.
O nome da senhora sua esposa, se me permite?
O SR. PAULO MARINHO - Adriana Marinho.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Somente pela menção que o senhor fez ao contrato.
O SR. PAULO MARINHO - Adriana Marinho.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O senhor sabe como foi pago? Qual foi a origem do recurso que pagou pelo imóvel, pelo aluguel do imóvel?
O SR. PAULO MARINHO - Dinheiro do fundo partidário.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Do fundo partidário.
O SR. PAULO MARINHO - Eu imagino que sim. Não sei.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Ah, o senhor não sabe.
O SR. PAULO MARINHO - Eu não sei. Essa informação não estava ali. Eu não era da contabilidade.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O Sr. Queiroz chegou a frequentar a casa?
O SR. PAULO MARINHO - O Sr. Queiroz não frequentou a casa. Ele esteve na minha residência.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Chegou a visitar a casa? Corrijo-me.
O SR. PAULO MARINHO - É. Ele esteve na minha residência durante duas ou três vezes acompanhando o Senador Flávio Bolsonaro. Ele, na ocasião, servia o Senador Flávio Bolsonaro como motorista e, eventualmente, segurança. Não sei qual era o trabalho que fazia. Nas vezes em que o Senador Flávio Bolsonaro foi à minha residência, ele estava acompanhado do Queiroz.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O senhor tire-me uma curiosidade. Em uma das entrevistas o senhor mencionou que ele fazia papel de dublê. Poderia explicar?
O SR. PAULO MARINHO - Como assim?
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Dublê de Flávio.
O SR. PAULO MARINHO - Não entendi.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Não?
O SR. PAULO MARINHO - Não entendi a sua pergunta.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Em uma entrevista o senhor mencionou que o Sr. Queiroz acompanhava Flávio e, por vezes, fazia o papel de dublê.
O SR. PAULO MARINHO - Com dublê o que eu quis dizer foi isso: ele era motorista e segurança.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E o senhor acha ou tem alguma informação sobre se os valores da rachadinha que o Queiroz diz ter promovido confiscando parte dos salários dos servidores do agora Senador Flávio Queiroz, se isso teria...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - É difícil, é difícil...
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Sr. Presidente, Sr. Presidente, fugiu do objeto, Sr. Presidente.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Eu não terminei a pergunta, Deputado.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Presidente, por favor...
R
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Tem, é claro que tem.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Imponha a sua autoridade.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado...
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Fugiu ao objeto, Sr. Presidente, e outra...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... deixa ela concluir a pergunta.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - ... a colega já está falando há 15 minutos. Qual é o tempo que o senhor está colocando? Ou é tempo livre? Não, aquele tempo...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Ainda falta...
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Entrou agora o tempo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - São 15 minutos para pergunta.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Não tem tempo, é livre?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - São 15 minutos.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Se for livre, me diga que eu vou passar a tarde toda fazendo pergunta.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Se o Presidente puder esclarecer para o Deputado que eu sou a propositora do requerimento e que, portanto, aquele tempo que aparece é o tempo que está correndo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Ela é autora do requerimento de convocação.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Acho que tem que repor o tempo, inclusive.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Exato.
Posso continuar, Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Prossiga, Deputada.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Sr. Paulo, como eu dizia, o senhor tem conhecimento se valores advindos desse esquema de rachadinha entre o Sr. Queiroz e o hoje Senador Flávio Bolsonaro se advinha daí o dinheiro, valor, enfim, para financiar alguma das áreas de comunicação da campanha do então candidato Bolsonaro?
O SR. PAULO MARINHO - Deputada, eu não tenho nenhum conhecimento dessa questão, mas queria aproveitar agora para, enfim, lhe dar a minha opinião pessoal sobre esse episódio.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Eu posso concluir as perguntas? Porque a sua opinião pessoal acho que o Presidente pode lhe ceder mais tempo, como o meu tempo é restrito e limitado...
O SR. PAULO MARINHO - Não, claro.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - ... mas imagino que o Presidente vá ter essa flexibilidade.
O SR. PAULO MARINHO - Mas V. Exa. não me deixou responder a pergunta.
Só para registrar...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Não, eu quero a pergunta, quero que responda.
O SR. PAULO MARINHO - Eu não tenho esse conhecimento.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Não tem, certo, obrigada.
Continuando as perguntas. Qual era o papel do Vereador Carlos Bolsonaro na comunicação da campanha, segundo o conhecimento que o senhor tem?
O SR. PAULO MARINHO - Durante todo o período da campanha, o Vereador Carlos Bolsonaro foi à minha residência por duas vezes e lá ficou por meia hora. Um dia acompanhando o pai na entrevista do Jornal Nacional. Como a minha residência fica ao lado da TV Globo, a gente resolveu fazer uma reunião antes do Jornal Nacional na minha residência e o Vereador Carlos Bolsonaro estava presente nesse dia. E, depois, no segundo dia, ele esteve presente na minha residência, eu não me recordo qual foi o evento, mas eu estive com ele duas únicas vezes.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E o Vereador Carlos participava da comunicação? Nesse momento em que ele esteve, deu alguma orientação para quem trabalhava lá?
O SR. PAULO MARINHO - O Deputado...
O Vereador Flávio...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Carlos. Vereador Carlos.
O SR. PAULO MARINHO - O Vereador Carlos Bolsonaro não teve nenhuma participação, nenhuma, zero, no trabalho de comunicação da campanha, zero! Ele...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Na sua casa ou da campanha como um todo?
O SR. PAULO MARINHO - Não, isso que eu vou esclarecer.
Na minha residência, mal esteve lá por duas vezes e ficou por meia hora.
O que eu estou dizendo é o seguinte, se houve alguma participação do Vereador na campanha foi na gestão das redes sociais do pai, das quais ele detinha as senhas.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E o senhor José Matheus? Ele frequentava a casa?
O SR. PAULO MARINHO - Esse eu não sei nem quem é.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Mateus Diniz.
O SR. PAULO MARINHO - Esse eu não sei quem é.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Tercio Arnaud?
O SR. PAULO MARINHO - Tercio frequentava.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Frequentava? Então, ele era parte dessa equipe de comunicação?
O SR. PAULO MARINHO - Não. O Tercio...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Qual era o papel dele?
O SR. PAULO MARINHO - De novo, o Tercio era uma pessoa que acompanhava ora o Capitão Bolsonaro, ora acompanhava o Flávio Bolsonaro, e ele ficava basicamente, o que eu sabia na época, não estou atestando não...
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Claro, só o que você sabe.
O SR. PAULO MARINHO - ... mas eu imagino que ele ficava na casa do Capitão Bolsonaro ou na casa do Vereador Carlos Bolsonaro, cuja casa é vizinha a do Capitão, então, eles ficavam na Barra e raramente eu via essas pessoas.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E o Sr. Filipe Martins?
O SR. PAULO MARINHO - Não sei quem é, quer dizer, sei quem é, mas nunca vi.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O senhor não conhece o Sr. Filipe Martins?
O SR. PAULO MARINHO - Pessoalmente nunca vi, não sei quem é.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Certo.
O SR. PAULO MARINHO - Aliás, assisti a uma entrevista dele no programa Pânico na semana passada, que ele deu, e eu só assisti essa entrevista, porque o meu filho André participa da bancada do Pânico.
R
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Finalizando, já que o tempo está finalizando, só mais duas coisas. Na entrevista o senhor falou de Carlos Bolsonaro e disse que ele que se relacionava com o que o senhor chamava de "os apoiadores de Bolsonaro nas redes". O senhor sabe identificar essa rede de apoiadores, os principais perfis?
O SR. PAULO MARINHO - Não.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - E a última pergunta, Sr. Paulo, nossa equipe não está encontrando a prestação de contas do aluguel da casa que o senhor disse que aconteceu. Já sabia que não estava na prestação da campanha, mas não estamos encontrando nem mesmo na do partido. O senhor poderia enviar a esta CPMI?
O SR. PAULO MARINHO - Com certeza.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - O recibo, ou o contrato...
O SR. PAULO MARINHO - Eu vou fazer o seguinte. Eu vou pedir isso ao partido. Está na prestação de contas.
Se a sua equipe não encontrou, eu vou tentar encontrar e lhe encaminhar.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Agradeço muito Sr. Paulo.
O SR. PAULO MARINHO - Com o maior prazer.
A SRA. NATÁLIA BONAVIDES (PT - RN) - Sr. Presidente, agradeço o tempo concedido.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concedo a palavra ao Senador Humberto Costa, do PT, de Pernambuco.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Sras. Deputadas, Srs. Senadores, Srs. Deputados, ilustre depoente, na verdade, a minha percepção é de que nós vamos ter pouco substrato desse depoimento a julgar pelas informações que foram passadas até o presente momento. Mas mesmo assim eu quero fazer algumas perguntas ao Dr. Paulo Marinho. O senhor é proprietário de quantas empresas?
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Eu tenho duas empresas, uma empresa de consultoria minha e uma outra empresa que acabei de constituir.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Essas empresas aqui, Carmo Consultoria Ltda.
O SR. PAULO MARINHO - É de minha propriedade. É uma delas.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - JP Consultoria Empresarial Ltda.
O SR. PAULO MARINHO - Essa empresa eu acho até que já dei baixa nela, se não me engano.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Lock Consultoria Empresarial Eireli.
O SR. PAULO MARINHO - Essa empresa existe, mas está parada.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Hara Empreendimentos e Participações Ltda.
O SR. PAULO MARINHO - Essa é uma empresa que eu tinha em sociedade com o Sr. Ricardo Amaral e que já foi desfeita a sociedade há um tempo.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Porto do Rio Empreendimentos e Participações Ltda.
O SR. PAULO MARINHO - Essa eu nem me recordo. Eu não sei qual é, mas enfim...
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - PFM Consultoria Ltda.
O SR. PAULO MARINHO - Essa foi dado baixa na junta comercial já faz tempo.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Então ativas V. Sa. reconhece duas.
O SR. PAULO MARINHO - Duas, isso.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Bom, neste momento de crise econômica, como estão as suas empresas?
O SR. PAULO MARINHO - Na realidade, Senador, essas empresas são empresas de consultoria. A minha vida profissional eu fiz toda na iniciativa privada. Eu fui durante muitos anos Diretor Executivo do maior grupo industrial de construção naval no Rio de Janeiro. Fui, inclusive, Presidente do Sindicato Nacional da Construção Naval. E depois eu vim, durante 17 anos ocupei essa função. Depois eu fui vice-Presidente do Jornal do Brasil, depois fui Vice-Presidente da Gazeta Mercantil, morei aqui em Brasília durante três anos. E eu hoje tenho 67 anos e estou numa fase um pouco já de me aposentar e meus filhos é que estão praticamente tocando as coisas que eu, enfim, tinha.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - O.k. As duas empresas estão em funcionamento. E que tipo de serviço elas prestam hoje?
O SR. PAULO MARINHO - Serviços de consultoria comercial.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Alguma delas é prestadora de serviço ou faz consultoria para algum órgão federal?
O SR. PAULO MARINHO - Senador, além de eu nunca ter trabalhado em nenhuma função pública, eu também nunca fiz nenhum negócio com nenhum Governo, nem municipal, nem estadual, nem federal. Todo o meu trabalho foi feito exclusivamente na iniciativa privada.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Nem com nenhum órgão do Governo do Estado de São Paulo?
O SR. PAULO MARINHO - Nem com nenhum órgão do Governo do Estado de São Paulo.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - E do Rio de Janeiro?
R
O SR. PAULO MARINHO - Também não.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Também não? Nenhum?
O SR. PAULO MARINHO - Também não.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Ainda que não seja a título contratual, V. Sa. recebe algum tipo de remuneração do Governo do Estado de São Paulo, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, tipo participação em conselhos de empresas públicas?
O SR. PAULO MARINHO - Como eu já lhe falei anteriormente - e vou reafirmar novamente -, eu nunca tive, não tenho e não terei nenhuma participação em nenhuma empresa pública.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - O.k.
Nós tivemos aqui, na semana passada, a Deputada Joice Hasselmann e, dias antes, tivemos o Deputado Alexandre Frota, que aqui trouxeram várias informações relevantes. Dentre elas, a informação do que já é notório, já é do conhecimento público, pelo menos é a hipótese do que teria acontecido durante a campanha, da existência de uma espécie de núcleo econômico, que era composto por vários empresários e empresas, que havia agência ou terceiros que financiariam a distribuição dos conteúdos de notícias falsas ou conteúdo ofensivo, visando destruir reputações. Essas agências ou terceiros manteriam sites e blogues, inclusive por meio da monetização.
V. Sa., em algum momento, ouviu dizer da existência desse núcleo econômico ou tem informação de alguma empresa que tenha pago disparos de mensagens pelas redes sociais ou de alguma maneira tenham financiando de modo indireto a campanha presidencial do Sr. Jair Bolsonaro?
O SR. PAULO MARINHO - Não, Senador, eu não tenho conhecimento.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Eu queria, só para reafirmar aqui, o senhor não conhece Filipe Martins, não conhece Tercio Tomaz...
O SR. PAULO MARINHO - Não, Tercio eu conheço, sim, senhor.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Conhece?
O SR. PAULO MARINHO - Conheço.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - José Matheus Sales o senhor não conhece?
O SR. PAULO MARINHO - Não conheço.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - E Mateus Matos Diniz também?
O SR. PAULO MARINHO - Não conheço.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - Não conhece.
Conhece o Sr. Olavo de Carvalho?
O SR. PAULO MARINHO - Não, senhor.
O SR. HUMBERTO COSTA (PT - PE) - O.k.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Passo a palavra ao Deputado Paulo Ramos, do PDT, do Rio de Janeiro.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ. Para interpelar.) - Estou aqui tendo a alegria de receber a sempre Deputada Raquel Cândido, Constituinte, que foi comigo e com a Deputada Lídice da Mata. E eu acabei me distraindo aqui, neste finalzinho, por um justo motivo.
Mas a pergunta que vou fazer, e algumas já foram feitas, é se o senhor chegou a colaborar, mobilizando recursos financeiros para ajudar na campanha do Presidente da República.
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Não, Deputado.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Tem alguma informação sobre a mobilização de recursos, se alguém mobilizou, alguém do relacionamento mais próximo da campanha? Como é que a campanha mobilizava recursos?
O SR. PAULO MARINHO - Eu não tenho essa informação.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não tem?
O SR. PAULO MARINHO - Eu não tenho essa informação.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - O senhor chegou a conviver com o atual Ministro Paulo Guedes?
O SR. PAULO MARINHO - Eu estive algumas vezes com o Ministro Paulo Guedes, na minha residência, e outras vezes na residência do Capitão Bolsonaro.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Sabe dizer se o atual Ministro Paulo Guedes, pelo relacionamento que tinha, mobilizou recursos para a campanha?
R
O SR. PAULO MARINHO - Não tenho essa informação.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - A Deputada Joice Hasselmann esteve aqui e disse que, para sustentar essa rede de fakes, era preciso a mobilização de recursos financeiros expressivos. O senhor tem ciência disso?
O SR. PAULO MARINHO - Não senhor, Deputado.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não tem ciência.
Uma pergunta que é uma curiosidade: o senhor está fazendo questão de chamar o Presidente da República de Capitão, e não de Deputado. Qual a razão dessa...?
O SR. PAULO MARINHO - Não, porque...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não, de Presidente, não... Do tempo da campanha, do tempo da campanha.
O SR. PAULO MARINHO - Ah, sim, porque eu me habituei, durante o período da campanha, e foi tão somente no período da campanha que eu tive convívio com o Presidente Bolsonaro, e lá ele preferia ser chamado de Capitão a de Deputado. Então, eu passei, por uma deferência a ele, a chamá-lo de Capitão e fiquei com esse hábito. Só por esse motivo. Mas, se o senhor preferir, eu o posso chamá-lo de Presidente.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - De repente, eu não sei se foi feita essa pergunta, porque eu tive que sair, correndo, para registrar a minha presença em outra Comissão, que dependia de quórum, para realizar a atividade, o senhor se transformou num desafeto do Presidente da República. Qual foi a razão disso?
O SR. PAULO MARINHO - Não, eu não sou desafeto do Presidente da República, absolutamente.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não?
O SR. PAULO MARINHO - Não. Eu, enfim, simplesmente, eu, durante a campanha, tive um relacionamento, enfim, de apoiador. Após a campanha, o Presidente foi Governar o Brasil e eu fui cuidar da minha vida. Eu nunca fiz parte do núcleo duro da campanha, eu não fazia parte do grupo da intimidade do Presidente e, portanto, quando o Presidente foi cuidar da vida dele, eu fui cuidar da minha. Não existe nenhum desafeto do Presidente.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Quem integrava esse núcleo duro? Porque essa expressão...
O SR. PAULO MARINHO - Hein?
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Esse núcleo duro quem era desse núcleo duro?
O SR. PAULO MARINHO - Basicamente, que eu me recordo, era Paulo Guedes, o Deputado Julian Lemos e o coordenador da campanha que está aqui presente, o advogado Gustavo Bebianno.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - O senhor passou, experimentou alguma desilusão, depois da eleição, com o Presidente da República?
O SR. PAULO MARINHO - Não, não. Desilusão, não. Eu nunca tive ilusão, portanto, não tive nenhuma desilusão.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Mas não acreditou no projeto?
O SR. PAULO MARINHO - Claro que acreditei no projeto. O projeto é um projeto político sério. Está aí o Paulo Guedes, que está aí, trabalhando para o Brasil, está tentando encontrar um caminho. Agora, eu não tive, eu não tinha ilusão e, portanto, não tive desilusão. É isso que eu estou respondendo a sua pergunta.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não, é porque o senhor figurou como primeiro suplente do Senador Flávio Bolsonaro.
O SR. PAULO MARINHO - É, eu sou o primeiro suplente.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Então. Ser o primeiro suplente alimentou alguma esperança de assumir o mandato?
O SR. PAULO MARINHO - Não, não. Aliás, quando eu fui convidado, aliás, é até bom esclarecer isso, eu fui convidado pelo Senador Flávio Bolsonaro para compor a chapa junto com ele, acredito que ele tenha feito isso um pouco por inspiração do pai, porque eu tinha pouco relacionamento com o Senador Flávio Bolsonaro, e o pai achava que, pela minha história de vida, pela minha experiência, pela minha idade, eu poderia ser um bom conselheiro para ele e me indicou. Não havia muita gente também para fazer parte daquele grupo político e ele achou que eu poderia dar uma contribuição como conselheiro do filho. E o filho me telefonou, às vésperas da convenção, me perguntando se eu aceitaria o cargo de primeiro suplente da chapa dele. E eu, na ocasião, fiquei muito honrado com o convite e disse a ele que aceitava.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - É claro que o senhor foi convidado, obviamente, pelo seu prestígio pessoal.
O SR. PAULO MARINHO - Sem dúvida. Não tenho a menor dúvida disso.
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O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ. Para interpelar.) - E obviamente que a sua presença na campanha, cedendo parte da sua residência, isso naturalmente tinha algum alcance político. O senhor deixou de receber qualquer retribuição que tenha sido alimentada durante a campanha?
O SR. PAULO MARINHO - Retribuição?
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - É, retribuição.
O SR. PAULO MARINHO - Não. Eu não... Desculpa, eu, durante a campanha, convivi com o Capitão e, a partir daí, eu nunca alimentei... E aí eu volto a insistir: como eu nunca trabalhei em Governo, nunca fiz parte de conselho de empresa de Governo, nunca vendi para Governo, nunca comprei de Governo, eu não tinha nenhum interesse em fazer parte do futuro Governo Bolsonaro e, portanto, eu não alimentava ali nenhuma expectativa de poder, entendeu?
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Nem uma manifestação de afeto?
O SR. PAULO MARINHO - Uma manifestação de afeto é perigosa, porque, quando o Presidente Bolsonaro faz qualquer manifestação de afeto, você se torna alvo do ódio dos filhos dele. Então, eu preferi que ele não fizesse nenhuma manifestação de afeto para mim; e, aliás, não fez.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Agora só uma curiosidade. O senhor disse que teve a atuação no setor empresarial da indústria naval?
O SR. PAULO MARINHO - Foi, durante 17 anos.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - A indústria naval foi mobilizada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, com isenção fiscal, para construção, inclusive, de muitos navios. Lamentavelmente, isso foi perdido. Então, o senhor disse que nunca prestou serviço para...
O SR. PAULO MARINHO - Não, não, mas desculpa; eu sou da época que não tinha incentivo.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Antes...
O SR. PAULO MARINHO - É, é. Quando eu trabalhei na indústria naval, nós sofríamos muito, porque a nossa concorrência era com os grandes construtores navais do mundo; nós não tínhamos nenhum incentivo. Não havia aquela proteção do conteúdo nacional, não.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Eu estou citando isso como um dado positivo.
O SR. PAULO MARINHO - Aquilo veio para depois.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Eu estou citando como dado positivo: lamentavelmente não houve.
O SR. PAULO MARINHO - Hein?
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Eu estou citando isso como algo positivo para a indústria naval brasileira.
O SR. PAULO MARINHO - Sem dúvida.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Não estou citando como tendo sido algo negativo.
O SR. PAULO MARINHO - Não, não, mas eu queria também esclarecer que, durante o período em que eu trabalhei na construção naval, o nosso grupo industrial na época atravessou momentos muito difíceis, porque nós concorríamos com empresas altamente capitalizadas do exterior - da Coreia, do Japão, da Espanha, da China -, onde a mão de obra, enfim... Você sabe que a indústria naval tem uma intensa mão de obra. Então, quando a gente concorre com países cuja mão de obra é mais barata, a gente sofre isso. Depois que o Governo Lula assumiu, ele criou para a indústria naval o conteúdo nacional de proteção à indústria, que eu acho que foi uma medida extremamente positiva para a indústria. E acho que foi uma pena, inclusive, o atual Governo ter diminuído essa proteção.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Também concordo plenamente com isso.
Só reitero... Durante a campanha, porque já está... Vou usar a expressão... Já existe a comprovação de que a campanha se utilizou maciçamente de fake, até para alcançar reputações.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Eu não sei...
Sr. Presidente, eu não estou entendendo: tem alguém assumindo...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Alguém está assumindo... Não estou entendendo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - A Presidência não tem o poder ainda de chegar e colocar um tampão na boca de ninguém que está no Plenário.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - É que o interventor... Seria bom que o interventor...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - E também aqui na Presidência não tem nenhum botão para cortar o som, infelizmente.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Seria bom que o interventor se identificasse, porque o interventor está ali agoniado.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Bom, vou identificar: Delegado Éder Mauro. Está identificado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Que é o próximo orador inscrito.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Sr. Presidente, é delegado ou é Deputado?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - É capitão. Serve capitão?
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - Eu não estou entendendo.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Prossiga, Deputado.
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O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - É porque as pessoas não se conformam, ficam... Já está comprovado isso aí. Depoimentos prestados aqui, já há documentos comprovando. Seria bom que os membros da Comissão se inteirassem daquilo que a Comissão já amealhou como provas documentais.
A pergunta que eu estou fazendo é se o depoente, à época, teve ciência de disparos de notícias falsas para influir negativamente na reputação de outras pessoas para conquistar votos para outros candidatos, não apenas para Presidente da República, para os candidatos do PSL. É isto que eu estou perguntando: se tinha ciência de que existia um núcleo integrando a campanha que disparava notícias falsas para angariar simpatias ou promover antipatias em relação a outras candidaturas e de que esse núcleo, depois, se instalou no Palácio do Planalto, no gabinete do Presidente da República; se o senhor tem ciência disso.
O SR. PAULO MARINHO - Não, Deputado, eu não tenho ciência disso.
O SR. PAULO RAMOS (PDT - RJ) - É isso, Presidente. Então, quero agradecer. Espero que os incontidos tenham a oportunidade agora de fazer as respectivas perguntas, não fiquem sofrendo com a pergunta alheia.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Com a palavra o Deputado Delegado Éder Mauro, do PSD, do Pará.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - O senhor está desperdiçando três minutos que lhe competem ainda, Deputado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Próximos oradores inscritos são a Deputada Caroline de Toni e o Deputado Rui Falcão.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA. Para interpelar.) - Posso começar, Sr. Presidente?
Sr. Presidente, obrigado.
Primeiro, seja bem-vindo, Sr. Paulo Marinho a esta Comissão.
O SR. PAULO MARINHO - Obrigado, Deputado.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Eu fico assim estarrecido, tirando as exceções, com as perguntas que são feitas por uma grande maioria de Parlamentares aqui, que tinham que ter, pelo menos, conhecimento, ou se preparar, pelo menos, para vir aqui fazer perguntas que tivessem alguma coisa a ver com o que está sendo tratado aqui, porque sai cada pergunta... Sai do objeto de fake news para o Tribunal Superior Eleitoral, para a prestação de contas eleitoral, varia lá para o caso Marielle, e por aí vai. E, para ironizar, de certa forma, não vá se espantar com as minhas perguntas.
Já que a sua casa foi tão bem tratada aqui nesta CPI, eu lhe pergunto: o Haddad teve acesso à sua casa?
O SR. PAULO MARINHO - O candidato?
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Sim.
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Não, senhor.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Isso, só diga sim e não.
O Haddad montou um núcleo duro na sua casa, ou o PT, para disparar fake news?
O SR. PAULO MARINHO - Não, Deputado.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - O senhor alugou a sua casa para o PT, ou para o Haddad, ou para alguém da esquerda para fazer campanha e disparar fake news?
O SR. PAULO MARINHO - Não, Deputado.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Frequentou a sua casa, por acaso, o Sr. Sérgio Sombra, que foi acusado de encomendar a morte do Prefeito Celso Daniel, de Santo André?
O SR. PAULO MARINHO - Não, Sr. Deputado.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Não foi? O senhor tem certeza?
O SR. PAULO MARINHO - Absoluta.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Muito bem.
O Sr. Ronan Maria Pinto, que foi preso recentemente, envolvido na Lava Jato, e também empresário ligado àquele esquema de ônibus que, certamente, levaria o ex-Presidente a ser levado como um dos principais envolvidos na morte de Celso Daniel, ele frequentou a sua casa?
O SR. PAULO MARINHO - Não, Sr. Deputado.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - O senhor está sentindo, assim, que as perguntas têm alguma coisa a ver com fake news?
O SR. PAULO MARINHO - Eu acho que não têm nada a ver com fake news.
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O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Pois é, mas é o que estão perguntando aqui, direto, do senhor. Só são perguntas sem nexo, que nada têm a ver com fake news, que estão sendo tratadas aqui. E completamente direcionadas a um único núcleo duro, e muito duro, que é o Sr. Presidente e Capitão Bolsonaro, é isso que está sendo tratado aqui. Então, não se espante de estar ouvindo esse tipo de perguntas, que de certa forma são direcionadas para tentar, de alguma maneira, levar a relatoria, levar a Comissão a uma única direção que, parece-me, a cada dia que eu participo dessas reuniões aqui, ficam mais claras, muito mais claras.
Eu lhe pergunto: em relação a fake news, o Sr. Capitão Bolsonaro, à época candidato à Presidência da República, já que o senhor participou da campanha, o senhor tomou conhecimento de ataques fake sobre a pessoa dele naquela ocasião?
O SR. PAULO MARINHO - Não, senhor.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Mas o senhor tomou conhecimento de muitos ataques que fizeram ao Presidente e que não eram verdades, como, por exemplo: "Bolsonaro não gostava de negros; Bolsonaro não gosta de mulher, Bolsonaro é homofóbico", o senhor ouviu muito isso na campanha?
O SR. PAULO MARINHO - Ouvi, Deputado.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Era verdade, o senhor que conviveu com o Capitão, Bolsonaro não gostava de mulher, Bolsonaro não gostava de negro, ele era homofóbico?
O SR. PAULO MARINHO - Deputado, ele não era homofóbico, ele não era racista e, enfim, qual foi a outra questão que o senhor colocou?
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Que não gostava de mulher.
O SR. PAULO MARINHO - Não, que não gostava de mulher não; que eu tenha lembrança disso, não. Ele gostava, de vez em quando, de fazer umas piadas meio gays, e tal, mas não sei se isso é homofóbico. Uma coisa divertida, né.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Pois é, agora o senhor já imaginou, se nós formos levar em consideração de que fake news é fazer piada, para o País, para o País completamente.
Mas o que é importante e que tem a ver com fake news é saber - e eu não vejo aqui o outro lado fazer nenhuma pergunta nesse sentido - se o Presidente, então Capitão e candidato à Presidência da República, recebia ataques de fake news como esses tipos que eu lhe passei agora.
O SR. PAULO MARINHO - Recebia; recebia.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Muito bem. Mas eu não vejo ninguém da esquerda perguntar absolutamente nada disso, parece que a coisa é altamente direcionada só para um lado. É como dizem no meu Estado: é um papagaio penso, que no Rio chamam de pipa. Parece que colocaram a porra de um pano e só vão para um lado essas perguntas de vocês, rapaz. E o que é pior, muitas das vezes perguntas que não têm nada a ver com fake news, o que é mais triste de a gente estar ouvindo aqui.
Então, Sr. Presidente, como nós temos ainda muito tempo, e eu vejo aí que o tempo é longo para as perguntas, e eu vejo aqui que o Sr. Paulo Marinho participou grandemente da campanha do Presidente Bolsonaro, e que ele, na intimidade que tinha, de relacionamento, chamava-o de Capitão, eu vou fazer uma pergunta que é clara e objetiva: o senhor fez ou tomou conhecimento de um ataque vindo do Presidente ou de pessoas que faziam parte da campanha do Presidente aos adversários políticos para denegrir a imagem que não fossem fatos verdadeiros, fossem fake news?
O SR. PAULO MARINHO - Não, eu não tenho esse conhecimento.
O SR. DELEGADO ÉDER MAURO (PSD - PA) - Claro e objetivo.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Passo a palavra ao Deputado Márcio Jerry, do PCdoB do Maranhão.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA. Para interpelar.) - Presidente, boa tarde; boa tarde à nossa Relatora, Deputada Lídice da Mata, ao Presidente Angelo Coronel, a todos os que nos acompanham, ao depoente, Sr. Paulo Marinho, aos colegas Deputados e Senadores aqui presentes.
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É absolutamente inevitável que ao início eu faça aqui duas considerações mais gerais, antes de agradar aqui ao meu colega Deputado delegado, colega da Bancada do Pará, que não quer que se fale em coisas genéricas, ele quer perguntas bem precisas, as farei, delegado. Fique tranquilo.
Mas, de início, duas questões bem emblemáticas, Deputada Lídice, desse momento que vivemos. Está aqui o Sr. Paulo Marinho. Foi do QG de campanha do ex-Capitão afastado por deslealdade e indisciplina do Exército Brasileiro, por desonrar a farda do glorioso Exército Brasileiro. Está aqui o ex-Ministro Gustavo Bebianno, a expressão mais aguda do descalabro político que é esse edifício liderado por Jair Bolsonaro. Esse QG montou esse tipo de política. Esse QG montou esta situação, em que V. Sas. aqui estão, menos de um ano depois, e todos... O senhor até citou o nome de um outro Deputado, Julian Lemos, também em desacordo hoje com o Presidente da República.
E V. Sa. inclusive, num dado momento, cita que a condição de gostar ou de ter afeto pelo Presidente da República é a mesma condição de ter o ódio dos filhos do Presidente da República. Já, já voltarei aí a essa questão, a esse tema.
Na semana passada, Sr. Paulo Marinho, a Deputada Joice Hasselmann, ex-Líder do Governo no Congresso Nacional, apresentou ao Brasil, através desta Comissão, ali naquela tela, uma exposição detalhada de uma organização criminosa, de uma milícia digital. Ora, V. Sa. afirma que hospedou o QG da campanha e nesse QG funcionava, sobretudo, comunicação.
A Deputada Joice Hasselmann trouxe aqui todo um organograma de como se estruturou essa organização criminosa de milícia digital. Por um princípio elementar de lógica formal, eu afirmo e o senhor comenta. O seu QG, o QG que o senhor hospedou na sua casa, é o QG em que se gestou essa milícia digital?
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Não, senhor.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - O que o senhor tem assim de mais convincente para atestar que não? O senhor tem segurança absoluta disso? Pelas pessoas que frequentavam...
O SR. PAULO MARINHO - Absoluta.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - E sobre a exposição da Deputada Joice Hasselmann acerca da milícia digital, qual é a sua apreciação dessa tão grave denúncia, já que vindo das entranhas do próprio sistema de poder de Bolsonaro? Qual a sua apreciação sobre essa afirmação da Deputada Joice Hasselmann?
O SR. PAULO MARINHO - Deputado, a Deputada Joice é uma atuante contumaz das redes sociais. Ela é uma grande operadora. Ela inclusive conseguiu muitos votos pelo trabalho que fez na campanha nas redes sociais. Portanto, ela conhece esse assunto de uma forma profunda. Eu não conheço, como já falei aqui várias vezes. Então, eu não sei avaliar a opinião dela em relação à minha.
O que eu posso assegurar é o seguinte. No âmbito do setor de comunicação que atuou dentro da minha residência, não havia em nenhum momento nada que pudesse sugerir algum tipo de atuação de fake news ou de qualquer outro tipo de medida dessa forma, entendeu?
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O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Tá. Com todo o respeito a V. Sa., é um pouco difícil compreender, acreditar, crer que quem está no QG de uma operação tão sofisticada como essa que foi montada, estando no coração dessa operação, não tenha mais informações sobre ela.
O senhor de fato não tem mais informações sobre fake news? Qual a segurança que o senhor tem de que da sua residência não foi montado um esquema para disparar fake news ao País?
O SR. PAULO MARINHO - Deputado, eu falei anteriormente. Esse grupo...
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Só que o senhor falou muito evasivamente, por isso eu estou voltando...
O SR. PAULO MARINHO - Não, mas eu falei o que eu sei. Eu não posso falar do que eu não sei. Eu estou lhe respondendo com toda a sinceridade, sob juramento, daquilo que eu sei. Agora, aquilo que eu não sei, eu não posso falar nem quero falar porque seria uma leviandade da minha parte.
O que eu posso lhe assegurar novamente é dizer o seguinte. Na minha residência, atuava um grupo, um núcleo de pessoas que cuidavam da comunicação. Essa comunicação era restrita à administração das redes sociais do PSL e dos programas de rádio e televisão do programa eleitoral. Ponto.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Muito bem. Então, na sua casa não tinha, o senhor afirma.
Mas o senhor acha, ou qual é a avaliação que o senhor tem sobre fora da sua casa. A campanha operou ou não operou com esquemas de fake news?
E acrescento uma questão concreta. Está aqui o ex-Ministro Gustavo Bebianno. Bastou ele se afastar do Governo e ele próprio foi vítima de ataques cibernéticos. Isso não é a prova concreta de que o que há agora era algo que já havia naquele tempo em que o senhor era membro desse comando de campanha, desse quartel-general, desse núcleo?
O SR. PAULO MARINHO - Espera aí, Deputado. Eu, comandante desse núcleo, não. Pelo amor de Deus. O que eu era, de novo, anfitrião de uma casa da qual eu cedi dois cômodos para que ali se instalasse um grupo de comunicação sério, gente da mais alta qualificação e que eu repito aqui: foram as verdadeiras pessoas responsáveis pelo trabalho de comunicação que elegeu o Capitão Bolsonaro.
Todo o resto que operava fora dali, primeiro, eu não tenho conhecimento. Aliás, tenho pela mídia e imagino, pelo tanto que falam, que deve existir. O que o senhor menciona em relação ao ex-Ministro Gustavo Bolsonaro, que está aqui...
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Gustavo Bebianno.
O SR. PAULO MARINHO - Desculpa.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Eu acho que assim agora o senhor o ofende, chamando de...
O SR. PAULO MARINHO - Desculpa, desculpa. Uma falha horrível, mas enfim, do nosso Gustavo Bebianno aqui é o seguinte. Ele está aqui como um amigo meu, meu irmão, que está aqui prestando um carinho para mim. Então, é isso, não tem...
Agora, acho que, em relação a ele, o que foi feito depois da saída dele foi cruel. Eu não concordo em absolutamente nada, mas isso é a característica desse grupo dos bolsomínions. Isso existe. Todo mundo sabe disso. É isso.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Pela avaliação que o senhor tem, pelo nível de conhecimento privilegiado que o senhor tem, o senhor é uma pessoa que tem décadas já de convívio com núcleos importantes de poder no Brasil, no mundo empresarial, no mundo privado, no mundo de governo também, no business inclusive. Enfim, o senhor tem uma longa trajetória de muita relação com esses núcleos de poder formal ou informal do País.
Portanto, o senhor é um homem possuidor de uma inegável experiência. Sabe analisar o mundo, sabe olhar em sua volta. Olhando em sua volta, qual é o papel que o senhor acha que tem nesse jogo de milícias virtuais, que não poupa nem os amigos de ontem, quanto mais os adversários, essas milícias virtuais, que inventam fake news as mais absurdas possíveis. Qual é o papel que, na sua avaliação, tem aí o filho do Presidente Jair Bolsonaro, o Sr. Carlos Bolsonaro?
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Eu acho que esses grupos de direita radical existem e eles atuam preferencialmente na internet. Isso todo mundo sabe. Enfim, desculpa. Não há...
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O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Eu perguntei especificamente sobre Carlos Bolsonaro.
O SR. PAULO MARINHO - E eu vou chegar lá, mas eu estou respondendo a sua pergunta de uma forma mais completa, para lhe dizer o seguinte. Obviamente que tem esses grupos de direita. Aliás, esses grupos de direita entendem que ou você está a favor do Presidente Bolsonaro ou você está contra o Brasil. Para eles, não há nenhuma outra alternativa. E, portanto, são pessoas que são chamadas de radicais. Eu acho que é um pequeno grupo, que se beneficia da sua falta do que fazer e atua na internet. Porque, para atuar na internet, você precisa gastar tempo.
Eu, por exemplo, não atuo porque inclusive nem tenho tempo para isso. Você ficar... Quatrocentas pessoas na internet toda hora querendo saber o que está acontecendo. Deve gastar um tempo imenso. Então, é o seguinte. Eu acho que é um bando de desocupados, que ficam ali colocando as suas frustrações pessoais para xingar os outros na internet.
Eu, vira e mexe, sou taxado de traidor, do que o senhor imaginar, enfim. Mas, como eu não faço parte do mundo digital, essas coisas não me alcançam porque eu não leio. Eu não perco meu tempo lendo essas coisas.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Muito bem. Carlos Bolsonaro.
O SR. PAULO MARINHO - Eu não respondi sobre o Sr. Carlos Bolsonaro. Carlos Bolsonaro, pelo pouquíssimo que eu conheço o Vereador Carlos Bolsonaro, eu acho que precisaria ressuscitar o Dr. Freud lá em Viena, trazê-lo para cá, fazer um trabalho intensivo com o Vereador Carlos Bolsonaro para entender a psiquê dele. Eu acho que é uma pessoa perturbada. É isso.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Ou seja, o Brasil infelizmente, portanto, entrou numa imensa tragédia. Entregou o Governo, a Presidência da República para gente que precisa ir a Viena se tratar com Freud, que entre nós não mais está. Portanto, o atestado da gravidade da situação política que nós estamos vivendo.
O SR. PAULO MARINHO - Só um reparo, Deputado. Eu não sou psicanalista nem psicólogo. Isso é uma opinião, assim, pessoal, pelo que eu vejo e leio, enfim. E ele está sempre na mídia aí e sempre de uma maneira, enfim, fazendo um estardalhaço, então...
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Já estamos encaminhando para o final, Sr. Paulo Marinho. Eu queria só uma pontuação importante. Esta CPMI não é uma CPMI contra A, B, C, ou D. Ela é para apurar um fenômeno contemporâneo que está arranhando as democracias no mundo inteiro, que é esse fenômeno de fake news.
Isso ocorre aqui, como ocorre alhures. Isso aconteceu nos Estados Unidos, aconteceu na Europa, aconteceu fortemente aqui no País. E está assim muito eloquentemente demostrado que as ocorrências de fake news em nosso País na última eleição alteraram profundamente o curso normal do processo democrático brasileiro.
Por fim, então, eu queria assim, com a sua experiência toda a que eu já aqui referi, que o senhor comentasse sobre este ponto. Sobre o dano que é, o que significa - e essa pergunta tem lógica com a seguinte -, o dano que representa para a democracia brasileira essa ocorrência tão frequente e, assim, até agora sem nenhuma punição de fake news. Qual a sua apreciação sobre isso?
Por que eu faço ao senhor essa pergunta, que parece tão ingênua? É porque o senhor estava no centro de um projeto político que se estruturou muito fortemente na disseminação de fake news.
O SR. PAULO MARINHO - A minha opinião sobre essa questão de fake news, eu acho que isso é um mal. É um mal que está presente, como o senhor falou, no mundo inteiro. As pessoas denigrem, é bullying com adolescentes, é o diabo. Isso aí é uma coisa que deve ser, enfim, banida, deve ser combatida energicamente para que isso não volte a acontecer ou pelo menos aconteça cada vez menos.
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Eu acho isso um malefício para a sociedade brasileira, mas é um fenômeno mundial. Essas coisas acontecem. Há adolescentes que cometem suicídio por causa de bullying na internet, que são questões muito mais dramáticas e graves do que o que nós estamos falando aqui.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Obrigado, Sr. Paulo Marinho.
Presidente, em mais uma oitiva aqui, na Comissão, o que se acentua a cada uma delas - e olhe que estou na minha segunda como membro desta Comissão - é a corroboração, a confirmação factual, prática, mesmo quando não se afirma algo novo, mas, no conceito, no conjunto da obra, Deputado Rui Falcão, há a confirmação do grau de envolvimento dessas milícias digitais. O bunker, o quartel-general, o papel nocivo aqui reconhecido deste Sr. Carlos Bolsonaro e de outros...
(Soa a campainha.)
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - ... tantos, os disparos contra os aliados de anteontem, essa guerra insana contra os adversários, tudo isso gera realmente um ambiente que atesta, de maneira peremptória, a esta Comissão Mista que é preciso que ela faça alguma coisa para pôr fim a esse tipo de prática, porque ela ajudou, entre outras coisas, a colocar no comando da República isso que o senhor, com uma palavra aqui, com outra acolá, classificou de maneira muito negativa que é esse sistema de poder sob o comando do ex-Capitão, que foi defenestrado do Exército Brasileiro, hoje Presidente da República, que tem uma mania muito grande de desconsiderar a importância institucional do que é a Presidência da República. Portanto, é mais um depoimento que se soma a outros tantos que mostram que é preciso termos uma ação muito forte e imediata para pôr fim a essa onda de ataques à democracia através de fake news.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concedo a palavra à Deputada Caroline de Toni, do PSL, de Santa Catarina.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - Presidente, eu gostaria só do tempo de Liderança, primeiro, antes de falar. É só para fazer um desagravo a todos os Deputados que foram citados na reunião anterior. Então, eu só gostaria que, antes de computar este tempo, o pessoal ajustasse para o tempo de Liderança do PSL.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não, Deputada. Pode falar, Deputada, eu concedo a prorrogação para V. Exa.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC. Pela Liderança.) - Presidente, eu gostaria só de começar fazendo um desagravo a todos os Deputados que foram citados pela Deputada Joice Hasselmann na última reunião, porque ela classificou a mim e mais seis, salvo engano, outros Deputados como Deputados que fariam parte de uma milícia digital. Eu queria aqui fazer um desagravo a todos os Deputados, porque, primeiro, o que a gente vem demonstrando, desde o início desta CPMI, é que essa não só é uma narrativa criada pela oposição, pela esquerda que não aceita a vitória de Jair Messias Bolsonaro, mas também é uma narrativa que vem até de entidades internacionais que querem criar uma opinião pública global. Essas entidades vêm financiando certos checadores independentes mundo afora e estão tentando adentrar com esse discurso de democratização das redes, mas, em verdade, querem cercear a liberdade de expressão do povo, que agora viu nessa nova plataforma de redes sociais uma janela realmente democrática e um ambiente realmente de liberdade de expressão plena. Como todos aqueles que têm sede pelo poder não só no âmbito das nações, mas também internacionalmente, eles vêm criando essa narrativa, e essa narrativa adentrou no Brasil e agora está aqui. Estamos em plena CPMI que tem objetivo checar fake news ou também colocar em xeque a própria eleição do Presidente Bolsonaro, que foi maciçamente eleito pelo povo brasileiro.
R
Inclusive, como já salientamos também, pela primeira vez desde a Nova República, não foi o estamento burocrático dos partidos de centro-esquerda que impôs os candidatos a Presidente, mas o próprio povo por meio da liberdade nas redes é que pôde levantar do baixo clero do Congresso Nacional um Deputado com quem sentiu identidade e pôde alçá-lo, então, à Presidência da República. Foram 57 milhões de brasileiros que elegeram o nosso Presidente.
Infelizmente, muitas pessoas que embarcaram nessa onda, agora, por motivos "n"... E a gente não vai adentrar aqui em questões pessoais, até porque somos todos humanos, e desentendimentos podem acontecer e inimizades podem ser criadas ao longo de uma caminhada. Infelizmente, a Deputada Joice acabou entrando nessa narrativa, taxou a mim e taxou outros Deputados, inclusive que fazem parte desta Comissão, como milicianos. Como falamos aqui, todas as provas que foram trazidas são prints públicos que nada evidenciam.
Inclusive, uma das narrativas que foram trazidas pela referida Deputada foi que ela tentou apresentar um panorama dos seguidores do Twitter do Presidente Jair Bolsonaro e do Deputado Eduardo Bolsonaro. Segundo ela, seriam dados científicos advindos de um programa desenvolvido pela Universidade de Indiana. Em tese, esses dados que ela trouxe teriam sido guiados por um perito. O nome desse programa é Botometer. Na verdade, o que ele traz... Quando a gente vai averiguar o que seria esse programa, ele é um programa que, diariamente, tende a aprender padrões e comportamentos e, com base nisso, dá uma probabilidade de a conta ser ou não robô. É apenas isto: uma probabilidade. E por que ele não diz peremptoriamente se a conta é ou não robô? Ora, justamente porque isso só é possível sendo auditada individualmente cada conta. Então, este programa Botometer esclarece ainda que, como seus parâmetros são constantemente atualizados, a probabilidade que é exibida de uma conta ser robô ou não pode, inclusive, sofrer alterações.
Inclusive, eu queria aqui desagravar a pessoa que foi acusada de ser um perfil...
(Soa a campainha.)
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - ... robô, e aqui eu queria demonstrar isso, que é o Twitter do tal de Murilo Defanti. Essa pessoa foi exposta aqui como se fosse um perfil robô. E, logo na sequência, essa pessoa, que, inclusive, eu não conheço, foi lá no Twitter dele e publicou a própria identidade: Murilo Defanti Gomes Silva. Ou seja, a própria pessoa que, em tese, seria um robô veio e demonstrou ser uma pessoa, desmentindo, então, esse dado que foi trazido pela Deputada na reunião passada. Mais uma vez, estamos comprovando que isso nada mais é que narrativa e que não é verdade. Inclusive, o exemplo que ela trouxe é inverídico.
Ainda ela falou que cada hashtag subida artificialmente custaria em torno de R$20 mil. Ora, os robôs são algoritmos programados. Qualquer estudante de programação, se souber programar um algoritmo, pode criar quantos perfis de robôs ele quiser e o quanto o tempo livre dele permitir. Então, mesmo na hipótese da existência de robôs - e a gente não nega que existam robôs -, essa atividade não é necessariamente remunerada. Agora, nada foi trazido de prova ou evidência de que haveria essa remuneração, de como ela se daria. Nada foi trazido de provas concretas disso e quanto mais de que haveria dinheiro público envolvido. A gente sabe que, na oposição, sim. Em governos passados, a Secom foi instrumentalizada muitas vezes para financiar blogueiros famosos. E por que a gente não investiga esse tipo de situação? Por que só o Governo Bolsonaro com base em narrativas sem evidências, sem provas?
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Outra coisa interessante que eu queria até comentar, que não sei se é do conhecimento do público aqui - até o Deputado Filipe Barros, que está aqui ao lado, comentou -, foi que a Deputada Joice teria dado um jantar na casa de um amigo irmão, que ela disse que era irmão, depois ela falou aqui que era amigo irmão, que é um tal de Roberto Bertoldo. Para quem não sabe, Roberto Bertoldo, basta buscar aqui nas notícias pelo nome dele, teria grampeado o Juiz Federal Sergio Moro em 2003, 2004, inclusive teria sido preventivamente preso em 2015, por conta do grampo ilegal que fez ao Ministro Moro. Ora, também é muito estranho que a Deputada dê festas na casa de alguém, ainda mais sendo biógrafa do hoje Ministro Sergio Moro, uma das personalidades mais respeitadas do Brasil.
Ademais, outra coisa para que eu gostaria de chamar a atenção, só para a gente tentar manter um pouco da isenção desta Comissão, que já passou, extrapolou todo o limite, mas, por fim, no meu tempo de Liderança...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - V. Exa. está no tempo de pergunta. Eu já emendei, Deputada.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - ... eu gostaria só de salientar o seguinte: a gente quer tentar manter a isenção, inclusive para fins do parecer final da Relatora, mas a Relatora, no dia 5 de dezembro, participou de um evento chamado Redes Cordiais. Neste evento quem estava era um dos convocados pela própria Relatora, o chamado Carlos Afonso, que a gente tanto fala aqui, que é um dos criadores dessa narrativa. O Carlos Afonso, hoje conhecido como Luciano Ayan, estava no mesmo evento com a Relatora. Até gostaria de perguntar à Relatora que mantivesse a isenção. Eu tenho aqui as fotos depois do evento. Ela mesmo o convocou dizendo que ele teria feito fake news com relação a Vereadora do PSOL e agora participa de eventos sobre fake news com um convocado. Então, para a gente tentar manter no relatório final a necessária imparcialidade eu gostaria também de ressaltar isso.
Muito bem. Agora eu gostaria que começasse o meu tempo de perguntas.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Começou há quatro minutos, Deputada.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC. Para interpelar.) - Muito bem.
Quero salientar aqui que muitas vezes esta Comissão, desde o início nós anunciamos que ela tem objeto indeterminado, que ela nem deveria existir porque não cumpriu os requisitos regimentais. Tentamos fazer ação judicial inclusive, mas, como ela já tomou uma proporção indevida, cabe aqui esclarecer ao povo brasileiro que tem acompanhado esta CPMI sobre uma verdadeira... Que vem naquela narrativa que eu trouxe no início da minha fala, no intuito de que o povo brasileiro, em várias consultas que já foram feitas, demonstra ser conservador. Só que, no entanto, como eu falei antes, infelizmente, os partidos que têm prevalecido são de centro-esquerda.
O próprio PSDB passou a campanha inteira dizendo que o radicalismo não ia vencer as eleições, PSDB esse que tem uma linha considerada por nós, que somos de direita, não extrema-direita, mas direita genuína, que até então estava sendo calada pelo Governo anterior, quando a gente tinha uma verdadeira hegemonia em escolas, universidades, em toda a narrativa pública, de não poder passar uma visão de direita conservadora... E agora nós estamos tendo essa oportunidade. E o Bolsonaro, o Olavo de Carvalho, filósofo, meu professor inclusive há mais de dez anos, quebrou essa hegemonia de pensamento esquerdista vigente no Brasil. E hoje a gente está podendo falar livremente, e já estão querendo nos calar novamente.
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Então, o próprio PSDB, de que estamos falando, passou dizendo que o radicalismo não ia vencer as eleições. Inclusive a grande parte da filosofia do PSDB é muitas vezes pró-droga, pró-ideologia de gênero, muitas vezes pró-aborto também. A gente identifica como mais alinhado à esquerda. Inclusive falaram que, quando começasse a propaganda na TV, o Bolsonaro iria decair. Agora, após uma campanha malsucedida, abraça uma narrativa de que Bolsonaro é uma onda passageira, um ponto fora da curva de uma polarização histórica entre eles e o PT. Já começam dizendo inclusive que o PT está ajudando o Bolsonaro porque dá eco à polarização com o Bolsonaro, o que mantém o País dividido. Eles conseguem ser... Verdade, pois o PT não quer o PSDB no jogo, pois julga acertadamente que o PSDB teria o apoio do eleitorado do Bolsonaro em um segundo turno contra eles, podendo vencer mais facilmente.
Ademais, o PSDB já começa a dizer também que o povo brasileiro não é assim e que esses dois partidos não representam a maioria pacífica e moderada da população. É uma tese que tem tudo para ser falsa, ainda mais considerando a definição deles do que seja moderado, como eu falei anteriormente de grande parte da filosofia do PSDB.
Então, junto do PSDB, que estou tomando como exemplo aqui só desta minha fala, tem a maior parte dos partidos de centro, que consideram que a onda Bolsonaro, que a gente chama que nada mais é do que um levante da direita brasileira que foi calada até então, até o advento da livre manifestação do pensamento por meio das redes, o pessoal acha que isso é uma onda passageira, mas eu, como conservadora, liberal conservadora, acredito que, por ser grande parte do povo brasileiro liberal conservador também, é interessante que a gente comece a respeitar a maciça maioria da população brasileira, que elegeu o Presidente Bolsonaro.
Considerando isso, agora eu vou me reportar, dar boa-tarde ao Sr. Paulo Marinho. Eu acho que a maioria das questões que o pessoal já levantou, a maior parte já meio que satisfez grande parte do que eu tinha para perguntar, que o senhor já explicou anteriormente, mas eu gostaria só de comentar com o senhor sobre uma entrevista que o senhor deu para o UOL, na qual... O senhor é suplente do Senador Flávio, correto?
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Correto.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - Aqui o senhor explica por quais motivos o senhor saiu do PSL. O senhor falou: "Me filiei ao PSL exclusivamente para poder disputar a eleição do Senado junto com o Flávio. E quando o Governador Doria depois da eleição me chamou para reconstruir o partido, eu só poderia fazer isso filiado ao PSDB. Não houve qualquer problema. Foi uma decisão política minha. Minha decisão foi o reencontro com meu projeto original". Confere essa resposta?
O SR. PAULO MARINHO - Confere.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - Certo.
Então, o senhor saiu e hoje está filiado ao PSDB?
O SR. PAULO MARINHO - Eu sou Presidente do PSDB no Rio de Janeiro.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - No Rio de Janeiro. O.k.
Então, recentemente se filiou ao PSDB e é dirigente partidário no Rio de Janeiro, com a missão de organizar a legenda para o projeto... É uma missão também de reorganizar o PSDB para um futuro projeto presidencial do Governo Doria? Eu gostaria de perguntar ao Sr. Paulo Marinho.
O SR. PAULO MARINHO - Pois não.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - O senhor considera que agora o senhor está alinhado, Sr. Paulo Marinho, o senhor considera que agora, ao migrar para o PSDB e ser dirigente partidário, o senhor estaria mais vinculado a um projeto que teria mais a ver com o projeto Doria do que com o projeto Bolsonaro, no atual momento?
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O SR. PAULO MARINHO - Deputada, na realidade, eu vou dar um passo atrás. Em 2016, quando se ensaiou a candidatura do então Prefeito João Doria à Presidência da República, eu tentei criar um apoio no Rio de Janeiro para que o então Prefeito João Doria pudesse se viabilizar internamente no PSDB para concorrer às eleições de 2018. E durante todo esse período de 2016 fizemos vários eventos no Rio de Janeiro em apoio à candidatura, à pré-candidatura do então Prefeito João Doria à Presidência da República.
No final de 2017, meio de 2017, o próprio Prefeito verificou que as condições internas do partido não iriam caminhar na direção da candidatura e decidiu disputar a eleição para o Governo de São Paulo. Nesse momento, pouco depois, eu fui procurado novamente - eu já relatei isso aqui - pelo meu amigo Gustavo Bebianno, me convidando para que ajudasse na candidatura do Capitão Bolsonaro. E aí tudo começou.
Quando terminou a eleição do Presidente Bolsonaro, ele já eleito, eu, como não tinha nenhuma identidade com o grupo político do... Eu estou falando aí do ponto de vista partidário, certo? Não é uma questão... A eleição presidencial foi uma outra coisa. Ali era quem estava a favor do PT e quem estava a favor de haver uma mudança no comando do País depois de tantos anos em que o PT governou. Enfim, eu achei que aquilo era o melhor caminho para o Brasil. E aí fui convidado, em janeiro ou em fevereiro deste ano, pelo Governador João Doria, para que eu ingressasse formalmente no PSDB e assumisse a presidência do partido no Rio de Janeiro, que é uma unidade do PSDB que tem muito pouca representação, a ponto de não ter elegido um único Deputado Federal. Talvez seja o único Estado do Brasil - deve haver outros -, dos grandes Estados do Brasil que não trouxe para a Câmara dos Deputados nenhum Deputado Federal eleito pelo PSDB. Então, o PSDB do Rio de Janeiro é uma legenda que sofre por ausência total de pessoas com valores político- eleitorais para comandar o partido. E ele me fez esse convite, e eu achei que esse convite era, enfim, o momento de eu retornar ao meu projeto originário, de apoiar o PSDB, o novo PSDB, como o Governador costuma chamar.
Obviamente, primeiro, o grande objetivo nosso é disputar as eleições para a prefeitura no ano que vem. O PSDB vai ter candidato e provavelmente vai eleger o próximo Prefeito do Rio de Janeiro. Nós vamos ganhar musculatura. Nós vamos subir para o andar de cima da política do Estado do Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro precisa, com a máxima urgência, de uma salvação. A cidade do Rio de Janeiro não vai resistir a mais quatro anos de gestão como a de hoje. Então, eu estou nessa missão de reorganizar o partido e, por óbvio, essa organização e esse trabalho eleitoral do ano que vem vão propiciar, criar uma plataforma eleitoral para que, em 2022, vindo o Governador João Doria candidato à Presidência da República - o que seria, aliás, um processo natural -, eu tenha o Rio de Janeiro em condições de poder ajudar o próximo candidato do PSDB de forma como nunca aconteceu, porque de fato o Rio de Janeiro carece de valores dentro do PSDB. E eu estou fazendo esse esforço imenso, esse mutirão para trazer pessoas de fora da política para dentro do PSDB.
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A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - O.k.
O senhor tem consciência de que a Sra. Rebecca Félix, coordenadora de conteúdo de mídias sociais do PSL na campanha, que trabalhou na casa atribuída ao senhor, declarou em testemunho ao TSE que não presenciou...
(Soa a campainha.)
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - ... o envio de fake news a partir da sua casa?
O SR. PAULO MARINHO - Eu não tive acesso ao depoimento dela.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - Tem uma notícia, notícias correndo sobre isso também.
O SR. PAULO MARINHO - Eu não tive acesso ao depoimento dela, não conheço...
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - Mas o senhor a conheceu na campanha?
O SR. PAULO MARINHO - Eu conheci, estive com ela umas duas vezes.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - Ela declarou que não teria qualquer fake news partido da sua casa durante a campanha.
O SR. PAULO MARINHO - Mas isso eu também já declarei hoje aqui.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - O.k. Não, só para confirmar.
Inclusive o senhor não considera que ela seria a pessoa mais correta para declarar se houve ou não, já que ela é coordenadora de mídia, não seria mais interessante direcionar essas perguntas, mais que ao senhor, à própria Rebecca, que coordenou as mídias do PSL na campanha?
O SR. PAULO MARINHO - Eu acho que sim, porque afinal de contas eu não tive nenhuma ingerência nessa área, então provavelmente ela teria muito mais autoridade para responder, e a resposta dela já foi dada nesse depoimento.
A SRA. CAROLINE DE TONI (PSL - SC) - O.k.
Era isso, Presidente. Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concedo a palavra ao Deputado Rui Falcão, do PT, de São Paulo.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP. Para interpelar.) - Srs. Deputados, Deputadas, Senadores, Sr. Paulo Marinho, obrigado pelo comparecimento. O senhor tem tido uma postura aqui compreensível, porque é possível que o senhor não soubesse da maior parte das coisas que nós perguntamos, mas eu devo esclarecer que não há nenhuma intenção nossa de comprometê-lo com qualquer coisa. O senhor não está aqui como réu. O que nós queríamos era que o senhor colaborasse, na medida do possível, com algo que a Deputada Joice Hasselmann reconheceu aqui, que o senhor nos ajudasse a desbaratar o que ela chama de organização criminosa, ou bando, como ela também se referiu, dizendo que há uma organização cujo núcleo está hoje dentro do Palácio do Planalto. Deu nomes às pessoas, e algumas dessas pessoas - o senhor citou o nome de uma delas - já trabalhavam na campanha do Capitão Bolsonaro.
Está evidente também que o senhor, como também eu acho que o ex-Ministro Gustavo Bebianno, estão na lista daqueles que foram expelidos do projeto de governo que o senhor disse que acreditava ser uma boa causa. Cito aqui: a Deputada Joice dizia que ela cumpria um papel de moderação junto ao Presidente, talvez por causa desse grupo de bolsomínions ou talvez desses dois filhos, de quem, como o senhor disse, por qualquer declaração de afeto, a pessoa pode se transformar em alvos deles. E um a um foi caindo como uma espécie de dominó: o General...
O SR. PAULO MARINHO - Santos Cruz.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - ... Santos Cruz, que cumpriu um papel moderador e foi demitido depois de mensagens falsas, entregues ao Presidente por um assessor que ele chamou de canalha, mas que não quis declinar o nome. Supomos que seja alguém ali do núcleo palaciano.
Depois o Gen. Santos Rosa...
(Intervenção fora do microfone.)
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O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - ... Santa Rosa - Santos Cruz e Santa Rosa -, que disse que havia um grupo de meninos, de 29 a 32 anos - certamente não é o André, que não está lá -, que ficavam cercando o Presidente e produzindo essas notícias falsas.
Enfim, e a própria Deputada, que também sucumbiu e nos ajudou muito aqui fazendo revelações comprovadas.
Então, eu disse a ela o seguinte: Deputada, infelizmente, parece que a organização criminosa está levando vantagem - aliás, esqueci de citar o Ministro Bebianno, que foi dos primeiros - e mostra também uma deslealdade extrema com aqueles que ajudaram o Capitão. Diz o senhor aqui que era um pequeno núcleo, cabia numa Kombi e tal, que o ajudou a se eleger.
Então, a gente quer a colaboração dos senhores para desbaratar essa organização criminosa. Não se trata aqui de depor o Presidente da República, como os partidários dele imaginam. Nós queremos realmente reduzir o impacto dessa produção de desinformação, que não se dá só no plano político-eleitoral, dá-se no plano de estímulo ao suicídio, da cultura de ódio, de dizer que vacina faz mal. É uma desinformação em vários níveis que esta CPI aqui está procurando apurar. Inclusive, estava convidado aqui o Dr. Drauzio Varella, que denunciou muito essas campanhas contra a vacinação. Enfim, ela tem um escopo amplo.
Não fomos nós que propusemos esta CPMI, quem propôs a CPMI foi um Deputado do DEM.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Que depois pediu para sair dizendo que a CPI estava manipulada. Mas consta que na verdade ele pediu para sair porque não conseguiu ser Relator, como aliás deveria ter sido. É praxe que o proponente seja Presidente ou Relator. O fato é que ele - como diz no interior de São Paulo - se desacorçoou e foi embora. Mas a CPMI tem aqui seguido seu trabalho.
O PSL tem a sua representação, fala; e fala de todos os assuntos também. A Deputada aqui perguntou até da filiação partidária. Isso é natural. Não tem nada que determine que a gente tenha uma pauta fixa, para perguntar só aquilo que alguém imagina que se pergunte.
Mas o senhor, mesmo com todo cuidado nas suas declarações, reafirmando até sua filiação partidária, porque o PSDB é sempre muito cauteloso nas suas afirmações, deu alguns... Assim como o Gen. Santos Cruz... O Gen. Santos Cruz foi extremamente leal, provavelmente por apelo da corporação. E a Deputada Joice disse que recebeu apelo de quatro ministros para que não viesse depor. Recebeu inclusive muitas ameaças na rede. Mas além das ameaças, que podem ser sem identificação, quatro ministros, Sr. Paulo Marinho! Havia um temor do que ela pudesse falar aqui, pelo nível de participação que ela teve na campanha.
Então, já apuramos aqui como o senhor está falando a verdade. A sua esposa, que aliás consta o nome Adriana... Não consta Adriana Marinho. Qual era o nome de solteira dela? Adriana...
O SR. PAULO MARINHO - Bourguignon.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Isso. Ela tem lá a prestação de contas. Já verificamos. O senhor não tinha certeza e tal, nós fomos verificar, porque se não fosse isso, pelo menos nesse caso - não significa em outros - estaria configurada a existência de caixa dois. Embora a gente ache que tem caixa dois no disparo de mensagens e nós vamos, como sugeriu aqui a Deputada Joice Hasselmann, rastrear o dinheiro. Nós estamos rastreando, nós vamos ter meios técnicos para chegar ao dinheiro. Seguramente, é um dos objetivos desta CPMI.
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Mas o senhor disse aqui coisas assim: que o Paulo Guedes está tentando encontrar um caminho. Depois de um ano, já era para conhecer o caminho. O caminho que ele está trilhando é muito ruim para o País. Está desmontando tudo o que foi construído aqui, inclusive a política de conteúdo nacional, que o senhor, com razão, elogiou. E o senhor teria sido convidado para ser suplente do Senador Flávio Bolsonaro, que foi pouco mencionado aqui, pela sua experiência, pelo seu traquejo, pelo seu passado e tal; pela sua idade, o senhor poderia ser um bom conselheiro. O senhor chegou a dar algum conselho para ele ou não?
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Deputado, infelizmente eu, logo após a campanha...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Não, não, durante a campanha.
O SR. PAULO MARINHO - Ah, durante a campanha, não.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Não?
O SR. PAULO MARINHO - Durante a campanha, ele...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - E depois?
O SR. PAULO MARINHO - Ele estava envolvido na campanha dele de Senador, ele estava na rua, e eu estava praticamente na minha residência, cuidando dos meus...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - O senhor deu algum conselho depois que mencionaram a história da rachadinha e tal? O senhor aconselhou como? O que ele deveria fazer e tal?
O SR. PAULO MARINHO - Uma vez ele me procurou, e eu dei a ele o conselho de que ele deveria procurar...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Um advogado.
O SR. PAULO MARINHO - Não, um advogado não. Que ele deveria procurar se apresentar na mídia, enfrentar a mídia. Eu acho que ele...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Mas não ouviu o seu conselho, não é? Ele se escondeu.
O SR. PAULO MARINHO - Não, não sei se ouviu, mas enfim... Aliás, eu queria até aproveitar esse episódio para dizer o seguinte: eu, pessoalmente, acredito na inocência do Senador Flávio Bolsonaro...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim, a gente deve sempre ter o princípio da presunção da inocência, não é?
O SR. PAULO MARINHO - Enfim, então...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Ele deve valer para todos.
O SR. PAULO MARINHO - Mas eu estou lhe falando isso aqui com toda a sinceridade, eu não estou querendo aqui fazer nenhum jogo de cena, não. Eu acredito de fato na inocência dele. Acho que ele foi traído, em algum momento, na confiança do seu assessor, mas enfim, voltando à questão, é o seguinte: eu não tenho nenhum contato com o Senador Flávio Bolsonaro...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Não?
O SR. PAULO MARINHO - ... desde a eleição, então... Logo depois, estive com ele uma única vez, e, desde então, eu não tenho tido mais contato com ele.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Quem o senhor considera como grupo dos bolsomínions, quem são?
O SR. PAULO MARINHO - Deputado, o senhor...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - O senhor mencionou aqui.
O SR. PAULO MARINHO - Não, eu vou lhe dizer, eu vou lhe dizer. Como eu não frequento muito a internet, mas esses grupos...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - É, mas o senhor utiliza um termo que é muito usado aí na internet...
O SR. PAULO MARINHO - Qual é?
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - O senhor falou várias vezes de viralização, e tal.
O SR. PAULO MARINHO - É, não, porque a gente acaba aprendendo um pouquinho. Eu tenho quatro filhos em casa que operam isso diariamente. Então, eu sou uma pessoa curiosa, eu pergunto e tal, quero sempre me atualizar. Mas, enfim, no caso do... Qual era a pergunta mesmo?
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Grupo dos bolsomínions, quem são?
O SR. PAULO MARINHO - Os grupos dos bolsomínions são esses grupos de direita que você... que vive... por vezes me atacam pessoalmente, porque me acham traidor, e aí... Bolsomínions são esses grupos de direita radicais que operam na internet... O que eu chamo de bolsomínions são esses, e que, na ampla maioria, são um bando de desocupados. É isso.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Aqui, sem entrar em nenhum tipo de acusação, o senhor falou dos seus filhos, tem o André Marinho. Consta que, numa entrevista dele no canal do MBL, ele admitiu ter produzido mensagens de áudio com a voz do então candidato, o Capitão Jair Bolsonaro, que foram disparadas via WhatsApp durante o período da campanha. Consta que o André atuava como se fosse o próprio candidato. O senhor confirma essa informação?
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O SR. PAULO MARINHO - Deputado, o André Marinho, que está aqui ao meu lado...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Não, mas é o senhor que...
O SR. PAULO MARINHO - Eu vou dizer, eu vou lhe responder com toda clareza.
O André Marinho é um verdadeiro talento.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim, está até escrito aqui. O senhor tem um talentoso filho...
O SR. PAULO MARINHO - Mas ele é tão talentoso que após a campanha o grupo Jovem Pan fez um convite a ele para que ele se tornasse membro...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim, mas...
O SR. PAULO MARINHO - Deixe eu lhe explicar. Membro da bancada...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - É que o meu tempo está correndo.
O SR. PAULO MARINHO - Mas eu ouvi... Membro da bancada do programa Pânico, onde...
Outro dia eu saí para almoçar com ele em São Paulo num restaurante. Dezenas de pessoas vinham fazer self com ele. Está aqui, estou dizendo ao senhor, a V. Exa. que ele é um talento...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim.
O SR. PAULO MARINHO - ... como imitador. Ele imita o Capitão Bolsonaro à perfeição.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim, mas também nessa imitação ele teria gravado um áudio dirigido a garimpeiros de Serra Pelada, que, segundo ele, seria um reduto petista.
Ele chegou a forçar a voz se dizendo até abatido, porque foi depois da facada que o Presidente sofreu, o atentado, em que ele diria o seguinte: "Estamos aqui agradecendo as orações e para dizer que conto com vocês aí para o que der e vier. Vocês sabem que terão em mim um defensor implacável de agora em diante, está o.k.? Valeu pessoal!".
Isso aqui é propaganda eleitoral, propaganda eleitoral... Ele recebeu, inclusive, mensagens de garimpeiros chorando... "Eu devo ter virado uns 50 mil votos, eu não sei se isso é crime eleitoral ou não, mas eu estava correndo esse risco". Essas entrevistas estão todas disponíveis no YouTube.
Ninguém quer aqui incriminar o André, mas eu quero saber se isso ocorreu?
O SR. PAULO MARINHO - O que o senhor chama de... Como é que o senhor definiu essa menção dele?
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Propaganda eleitoral.
O SR. PAULO MARINHO - O que o senhor diz... O que o senhor chama de propaganda eleitoral eu chamo de uma brincadeira. Isso foi uma brincadeira que alguém...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim, mas o senhor admite que existiu?
O SR. PAULO MARINHO - Mas deixe eu lhe explicar no contexto, porque parece que nós estamos falando aqui de uma coisa relevante.
O André Marinho, essa figura maravilhosa, um filho espetacular, só me deu alegria e prazer...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - De todos os nossos filhos, a gente gosta muito e não tive o interesse de...
O SR. PAULO MARINHO - Mas tem filhos de que a gente gosta e que dão problema. Há outros de que a gente gosta e só dão prazer. Este é do tipo que só me dá alegria.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - No caso dos filhos do Capitão, o senhor acha que eles estão no segundo campo?
O SR. PAULO MARINHO - Não, esses... Eu eduquei melhor os meus filhos do que o Capitão, os dele. Mas, enfim...
(Soa a campainha.)
O SR. PAULO MARINHO - ... voltando à questão, o que o senhor chama de propaganda eleitoral eu chamo de uma brincadeira que foi feita...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Esses áudios...
O SR. PAULO MARINHO - Espera aí...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Foram na sua residência essas brincadeiras?
O SR. PAULO MARINHO - Foi, na minha... Aliás, vários apoiadores do então Capitão Bolsonaro pediam ao André para fazer... "Faz uma mensagem para a minha mulher de apoio, de gracinha, diz para ela que eu sou lindo, diz que é o Capitão que está falando".
Aí ele fazia essas imitações em uma coisa absolutamente ingênua, infantil...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Sim.
O SR. PAULO MARINHO - ... e de grande talento, enorme talento.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - E o senhor acha que piada gay, por exemplo, não é homofobia?
O SR. PAULO MARINHO - Não, piada gay eu acho de mau gosto.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Mas é homofóbico.
O SR. PAULO MARINHO - Eu acho que é homofóbico, mas se você faz uma piada gay entre você e o seu amigo... Homofóbico é quando você está...
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - É o que Capitão, no caso, ele espalha isso.
O SR. PAULO MARINHO - Vira e mexe ele fazia aquela coisa, e os que estavam ali em torno achavam a maior graça. Eu não achava graça nenhuma, mas enfim...
Mas enfim, é isso. Cada um com a sua circunstância.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Bom, eu vou...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concluiu, Deputado?
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Eu vou encerrar porque realmente o Sr. Paulo Marinho talvez tivesse mais o que dizer, mas eu compreendo que, se alguém de outra parte é desleal, não necessariamente o troco vem na mesma dimensão, apesar de grupos de bolsomínions, de extrema-direita, o qualificarem como traidor. Ele não quer sofrer esse estigma.
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O SR. PAULO MARINHO - Desculpe-me, Deputado, só fazendo um comentário. Enfim, eu não tenho nenhum problema de trazer nenhuma verdade. Estou sob juramento. Tudo o que eu disse é verdade.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP. Fora do microfone.) - Acho que o senhor não sabia muita coisa.
O SR. PAULO MARINHO - O que eu sei, declarei aqui nesta CPI.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concedo a palavra ao Senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco/PT - SE. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Sra. Relatora, Deputada Lídice da Mata, senhoras e senhores, Senadores e Senadoras, Deputados e Deputadas, em primeiro lugar, queria chamar a atenção para um site chamado politicos.org.br. Na apresentação do General Santos Cruz ele mostrou qual é o esquema; apesar de não ter tido a disposição de falar o que realmente poderia falar e sabe, mostrou aqui como se produz e qual é o método de trabalho adotado no gabinete do ódio.
Na semana seguinte, a Deputada Joice Hasselmann falou como se define o gabinete do ódio, como trabalha o gabinete do ódio, como é a distribuição de tarefas do gabinete do ódio e quais são as tarefas. Não são só fake news, o linchamento político é também uma das ações e uma das atividades do gabinete do ódio.
Chamou-me a atenção, no momento em que o País vive, com 13,5 milhões de pessoas na miséria, em que o Brasil caiu uma posição no IDH, no ranking global de desenvolvimento, em que o Brasil disputa com o Catar a maior concentração de riqueza do mundo, no momento em que o Brasil vive a concentração da riqueza, o aumento da inflação, promessas que foram feitas e que não se materializaram, como a reforma trabalhista significar mais empregos, como a reforma da previdência significar estabilidade econômica e mais empregos, como a venda das nossas estatais significar mais empregos, com a relação de subserviência com os Estados Unidos e vantagens comerciais... A gente está vendo que nada disso tem surtido efeito e que o País mergulha numa paralisia econômica, no aumento da miséria, na concentração de riquezas.
Estou falando tudo isso para mostrar que o site politicos.org divulgou uma pesquisa - vejam o nome: "pesquisa" - que ranqueia os melhores Parlamentares, mas não o faz, com a vênia necessária, estabelecendo, explicitando o critério. Poderiam dizer: "Nós somos um site de ultraneoliberais, de direita, que acredita..." E aí elencar no que acredita e dizer que é uma avaliação para avaliar aqueles que são ultraneoliberais e, quanto mais ultraneoliberais, excludentes e concentradores de riqueza, mais pontuam nessa pesquisa.
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Mas, aí, faz uma pesquisa disfarçada, debaixo de um manto, dizendo que é uma instituição que tem zelo pela boa política, zelo pela informação, faz uma pesquisa e divulga um ranking no qual coloca o Deputado João Daniel, um exemplo, do meu Estado, que é um excelente Deputado do meu ponto de vista, ou do ponto de vista que ficou em ascensão de outros pontos de vista, de outras avaliações, como o pior Deputado do Brasil. Mas por quê? Porque o Deputado João Daniel é do MST, porque o Deputado João Daniel votou contra a reforma trabalhista, porque o Deputado João Daniel votou contra a reforma da previdência, porque o Deputado João Daniel... Ou seja, por ele ter uma posição política determinada, foi enquadrado como o pior Deputado. Mas eles deveriam explicitar...
E o que é pior: eu tive acesso a essa pesquisa por uma eleitora no interior do meu Estado que olhou lá e viu que, além disso, eles negligenciam a formação. Eles colocaram que eu não tinha nem graduação, então eu não pontuava porque eu não tinha graduação. Eu sou mestre, sou doutor, mas disseram que eu não tinha nem graduação.
Então, eu estou trazendo o caso deste site, politicos.org, porque, no conselho deste site, estão algumas pessoas que são suspeitas ou de receberem dinheiro, como o Rogerio Chequer, ou de financiarem ações da milícia digital, como a Sra. Taiza Krueder.
Então, Sr. Presidente, a minha fala aqui é no sentido de reforçar... Eu vou passar para a Presidência da Comissão os dados que eu levantei e que fiz questão de registrar, porque eu colhi o dado hoje e amanhã já não é o mesmo dado, porque eles mudam. Vou fazer questão de encaminhar para V. Exa. para que a gente possa, numa reunião administrativa, quando houver, solicitar a presença da Sra. Taiza Krueder, do Sr. Rogerio Chequer e de outros que eu vou elencar através de requerimentos, porque me parece que essas pessoas são aquelas - eu suspeito; eu não estou afirmando, mas eu suspeito - pessoas que receberam dinheiro para fazer ação da milícia digital para colocar em operação o gabinete do ódio ou que financiaram e continuam financiando o gabinete do ódio.
Então, eu fico por aqui, Sr. Presidente, e fica aqui registrado este site, politicos.org, que tem no seu conselho editorial pessoas cuja suspeição já foi aqui levantada, suspeição como quem executa, e quem executa porque recebeu dinheiro, são suspeitas de terem recebido dinheiro para executar as ações do gabinete do ódio e de arrecadar para financiar o gabinete do ódio, como já foi aqui apresentado.
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Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concedo a palavra à última oradora inscrita, Deputada Luizianne Lins, do PT do Ceará.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Boa tarde...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Um momentinho, Deputada, que o nosso convidado vai fazer uso do toalete. (Pausa.)
Dando sequência, concedo a palavra à Deputada Luizianne Lins, do PT do Ceará.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE. Para interpelar.) - Boa tarde a todas! Boa tarde, Presidente, Sra. Relatora, Sr. Paulo Marinho, que está presente, Deputados e Deputadas, Senadores e Senadoras.
Eu queria perguntar aqui ao Sr. Paulo Marinho, que claramente, embora não tenha um vínculo direto, é próximo... Se é suplente do Sr. Flávio Bolsonaro e se sua casa foi sublocada para a campanha do Sr. Jair Bolsonaro, certamente há uma relação política clara. Eu gostaria de saber se o senhor conhece ou se já ouviu falar de um empresário americano chamado Robert Mercer?
O SR. PAULO MARINHO (Para depor.) - Não, Deputada.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - E do Steve Bannon, o senhor nunca ouviu falar?
O SR. PAULO MARINHO - Não, do Steve Bannon pelos jornais, mas, enfim...
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - O senhor nunca esteve com ele?
O SR. PAULO MARINHO - Não, nunca.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - E, do Robert Mercer, nunca ouviu falar?
O SR. PAULO MARINHO - Nunca ouvi falar.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Bom, o fato é que... O senhor também falou que o Vereador Carlos Bolsonaro precisava de tratamento psiquiátrico. O senhor poderia dizer por quê?
O SR. PAULO MARINHO - Porque eu acho que ele é doido.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Certo. E o que exatamente leva o senhor a crer nisso?
O SR. PAULO MARINHO - Como é?
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - O que leva o senhor a crer que ele é doido?
O SR. PAULO MARINHO - A coleção de frases que ele tem dito nos últimos meses.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Coleção de frases?
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O SR. PAULO MARINHO - É, de posturas, frases, enfim, essas coisas de internet que ele posta toda hora.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Inclusive podendo ser fake news?
O SR. PAULO MARINHO - Isso eu não sei, Deputada. Estou dizendo o seguinte: ele precisa de um tratamento, ele é doido. Fora isso...
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Bom, eu queria fazer alguns colocações tendo em vista que o senhor se coloca como totalmente fora desse processo que levou o Presidente atual ao poder. Mas eu acho que, embora também tenha um filho talentoso, bom comediante etc., é importante que a gente diga aqui nesta CPMI que nós estamos diante de algo muito sério, porque nós temos aqui um linchamento de pessoas, um verdadeiro - expressão que foi usada aqui várias vezes - linchamento virtual, do qual várias pessoas foram vítimas, sentiram isso na sua vida.
Não é raro um Deputado ou uma Deputada ou um Senador ou uma Senadora vir aqui falar do que já passou, inclusive Deputados do PSL, partido ao qual o senhor já foi filiado. É muito impressionante como as pessoas ficam se sentindo impotentes diante disso. Isso é muito grave, isso não foi montado agora. Então, as pessoas podem até vir aqui tergiversar, dizer que o que a Joice disse foi loucura, mas nada vai passar impune a um analista de dados. É simples, é simples você detectar os robôs nas redes.
O senhor tem filhos, não sei se o senhor já tem netos, mas estou extremamente preocupada com este mundo que está sendo deixado para eles: é o mundo da mentira, da falsidade; o mundo onde as coisas sérias estão sendo tratadas como brincadeira; mundo onde a gente não sabe mais o que é verdade e o que é mentira, porque a capacidade de se propagar e de se construírem informações falsas é muito grande. Isso tem levado pessoas, primeiro, a um grau de ansiedade alto. Essa juventude nunca sofreu tanto com um processo de ansiedade, algo que as redes sociais têm provocado, inclusive porque, como não têm maturidade e inteligência emocional suficientes ainda, porque estão na sua fase de formação, essas pessoas ficam impactadas com o que passam e com o que sofrem.
Então, nós estamos perdendo aqui a oportunidade de desvendar um esquema muito maldoso, agressivo, grosseiro, não com político A, B, C ou D, mas com o mundo, com a vida, no caso específico, com o nosso Brasil. É tão sério isso que hoje saiu uma pesquisa, feita pelo Senado e pela Câmara, que ouviu milhares de entrevistados, segundo a qual 79% dos brasileiros admitem receber notícias por WhatsApp - é quase 80% da população, são 136 milhões de usuários no Brasil! É a plataforma mais popular, sem dúvida, já passando em muito o Facebook. Onde é que vai parar isso? Porque, assim, cada uma das ditas democracias no mundo estão sendo abaladas por uma rede social. Se a gente entender que a história dos BRICS e, posteriormente, a eleição do Trump foram feitas via Facebook...
Nós vimos, aqui no Brasil, o WhatsApp tomar... Inclusive porque a população pobre às vezes usa o WhatsApp para ligar, porque não tem dinheiro para poder pagar uma conta de telefone. Por isso mesmo se torna tão popular, a partir também da necessidade das pessoas e, o que é mais grave, elas estão sendo desinformadas e estão se achando muito informadas. Quando a verdade chega, elas agora acham que é fake news, e isso é muito grave para a democracia. Isso não é uma brincadeira e, se for, é uma de muito mau gosto, porque isso vitimou o Ministro Bebianno, Alexandre Frota, Joice, e vai vitimar qualquer um, mesmo que venha aqui dizer que não tem nada a ver com isso. Isso é cruel, porque, quando os robôs... A gente tem o mínimo de...
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Pode até haver uma perversidade enrustida no humano, mas o robô não tem nem isso, robô não tem nem a capacidade de saber se está sendo perverso ou não, e eles estão sendo usados para disparar contra pessoas, contra dignidades, contra pessoas, muitas vezes, que têm honra. E esse linchamento virtual tem que acabar. É uma pena que o senhor não possa ajudar nisso, porque o senhor foi parte integrante... O senhor sabe que isso aí pode acabar com a democracia no Brasil e no mundo. É sério, é muito sério.
E principalmente a juventude - eu não sei qual é a idade de seus filhos -, que nasceu só com a internet, não teve um parâmetro de avaliação de qualquer coisa fora da conectividade, que está sendo extremamente prejudicial, extremamente malévola e extremamente cruel com essa juventude.
Eu fico pensando aqui - o senhor fala dos valores que o senhor imagina de alguém para presidir o partido ou para governar o Rio de Janeiro - que, se o senhor imaginava isso com a atual política que está sendo desenvolvida hoje, o senhor se enganou profundamente, porque esses valores que o senhor reclama no Rio de Janeiro, com os quais eu até posso concordar, certamente não vão ser encontrados nessa quadrilha organizada. E não se organizou agora: esse processo de organização criminosa de que se fala hoje, e quem fala são as próprias pessoas do Governo, que são massacradas também quando começam a divergir de milícia digital, gabinete de ódio...
Aí vem aqui uma Deputada, que não fica para ouvir, dizer que isso aí é uma coisa que está sendo imaginada, que está sendo inventada. É grave! É mais grave ainda quando alguém diz que é discípula de Olavo de Carvalho, gente! O que ele tem para dizer além do terraplanismo mais insosso, mais inóspito, mais degenerado e mais mesquinho? Uma série de insanidades que está fazendo o Brasil voltar a andar para trás! A quem falava aqui dos governos do PT, do Governo do Presidente Lula: pelo menos nós tínhamos um povo que tinha a cabeça erguida, tinha mais dignidade, o Brasil era mais respeitado lá fora, inclusive perante a comunidade empresarial, da qual o senhor faz parte. Agora, quando a gente anda fora do Brasil, tem vergonha de ter um Presidente que diz tanta bobagem, vergonha de ouvir dizer que a Terra é plana e que os valores são os que a gente acredita e não os que a gente comprova ou que a ciência pode dizer. Está tudo muito ruim!
E se estivéssemos em plena vitalidade econômica... Nem isso! Nem com as maldades do Sr. Paulo Guedes com os trabalhadores brasileiros, que vão sentir na pele o que é não ter mais previdência, conseguiram tirar o País do buraco em que está, porque o País, além do problema econômico muito grave, está passando por uma crise moral muito séria, muito séria, uma crise moral que não começou, como querem dizer, no governo PT. Dizem que o PT fez isso, fez aquilo outro, fez esquerdismo de A, B, C ou D. A pergunta não é essa, a pergunta é: que Brasil que nós tínhamos e que Brasil que nós temos hoje? Um Brasil que acaba com a Amazônia, que aumenta em 30% a destruição da maior floresta do Planeta? Um Brasil que assassina índio diariamente, os líderes indígenas? Que nega o povo originário? Que volta de novo a fazer barbaridades?
O que a gente ouve agora é a política como ódio, a política está sendo pensada e realizada com ódio e, com ódio, nunca se vai construir nada. O primeiro passo para você não construir nada é começando com ódio. O ódio só serve para destruir.
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Eu estou me lembrando de um jovem que foi quem denunciou à imprensa internacional o que a Cambridge Analytica tinha feito. Ele disse esse sistema que ele estava ajudando a construir - por isso ele estava fazendo a denúncia, ele não queria mais fazer parte disso, um jovem de 26 anos - tem por método destruir tudo o que está posto, porque, para ele começar a reconstruir em cima das suas bases, das suas crenças, em cima daquilo que o sistema quer fazer com que as pessoas pensem, ele precisa destruir o que está posto, e o que a gente vê é uma verdadeira destruição da civilização brasileira, agora, neste momento.
São três: o 01, o 02, o 03. Como o senhor mesmo falou, imagino que o senhor deva ter criado os seus filhos melhor do que o Presidente criou, porque a gente vê cada uma das pessoas que configuram o bolsonarismo... Ou seja, a gente pensou que elegeu um, mas o Brasil elegeu quatro, cada um puxando para um lado, cada um dizendo a bobagem da vez, e todo mundo achando isso a coisa mais normal do mundo.
Há uma coisa que é importante dizer aqui. Dizem que a Deputada Joice trouxe, na reunião passada... Isso aí não foi só uma coisa que ela está fazendo, qualquer analista de dados detecta isso. Quem está negando aqui vai se dar mal, porque isso aí não é uma coisa que vai sumir na nuvem não. As empresas, todas elas, vão ser chamadas aqui. As principais redes sociais vão ser chamadas aqui. As operadoras de telefonia, que já denunciaram outras empresas que dispararam em massa, vão ser chamadas, já estão convocadas para cá, ou seja, eu imagino que a gente vai começar... A gente já está elaborando o quebra-cabeça, esse quebra-cabeça que é você ter um centro de pensamento.
Não vou dizer que é um centro físico não. Ilude-se quem acha que partiu de um canto só. Ninguém é bobo de fazer isso. Isso aí, na verdade, faz parte de um comando geral, quem é o da vez, quem é que vai ser defenestrado, ser humano, homem, mulher, basta não estar dentro da cartilha do Presidente e dos seus filhos.
Isso tudo é muito grave, e eu fico muito triste de o senhor não poder ajudar com nenhuma informação, porque é um mundo que a gente precisa reverter imediatamente e que está ceifando vidas, está tirando esperança de muitos jovens. Ninguém sabe como vai ser daqui para a frente.
Eu lamento as informações não contribuírem de forma objetiva para o que a gente está perseguindo, mas eu quero que o senhor pense sobre aquilo com que o senhor pode no futuro contribuir, porque eu acho que, como cidadão brasileiro, o senhor, como nós, quer um Brasil melhor economicamente, mas também com valores humanitários. Aqui está cheio de gente dizendo que é conservadora: "Ah, eu sou conservador. Ah, o Brasil é conservador. Ah, não sei o quê". Eu tenho dito: esse conservadorismo não faz parte do povo brasileiro, o povo brasileiro não tem conservadorismo hipócrita, esse conservadorismo vagabundo, esse conservadorismo que não diz nada a ninguém, que só fala em ódio. Para mim, isso não é conservadorismo, isso é maldade. Isso tem outro nome, isso é ignorância, só não é conservadorismo, porque eu nunca vi... Até comentei outro dia aqui: "Nunca vi conservadores aqui tão para frente como muitos que estão aqui". A gente só encontra histórias pitorescas aqui sobre os conservadores deste Congresso, é impressionante! Parece, assim, que se abriu a gaiola. É muito impressionante, e eu não estou falando de animais não, porque eu respeito profundamente os bichos, os animais. A gaiola que aberta foi de outra ordem, foram as trevas que emergiram para a esfera pública, e a gente não está sabendo nem lidar, nem entender direito como chegaram.
E outra coisa: chegaram de uma forma tão intempestiva que vão embora de forma intempestiva, porque os diálogos aqui, as relações, os xingamentos mútuos de pessoas do mesmo partido que chegaram aqui são uma destruição completa de tudo em que se possa acreditar, e não é esse...
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Eu tenho um filho também, eu tenho um filho de 19 anos. Não é esse o Brasil que eu quero para os meus filhos, para os meus netos, não é esse o Brasil que eu quero para os brasileiros e para as brasileiras. Eu quero um Brasil num outro patamar e, certamente, não é esse Presidente da República, com esse tipo de comportamento, com essa coisa rasa de pensamento e de sentimento, que vai fazer com que o Brasil seja um país melhor.
Então, eu gostaria de deixar as minhas considerações aqui e dizer que, se o senhor tiver alguma coisa depois a acrescentar... O senhor reflita, porque o senhor pode ajudar a gente a destruir uma milícia digital - já foi provado que é uma milícia digital - da qual o senhor no futuro pode até ser vítima se o senhor, por acaso, discordar da linha política de pensamento do Presidente da República e dos seus filhos.
Obrigada, Sr. Presidente.
O SR. PAULO MARINHO - Deputada, eu... Presidente, o senhor me permite responder a Deputada?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Pois não.
O SR. PAULO MARINHO - No futuro eu vir a ser vítima? Não, eu já sou vítima, eu já fui vítima. Aliás, aqui, neste Plenário hoje, está a maior vítima dessas patrulhas digitais, está aqui o ex-Ministro Gustavo Bebianno, que, durante a campanha eleitoral... Por duas vezes, o Capitão Bolsonaro chegou para mim, de mano, pessoalmente, apontou para o Gustavo Bebianno e disse para mim: "Eu só cheguei até aqui por causa dessa pessoa ali". Eu nunca conheci, em toda a minha vida, ninguém tão desambicioso quanto Gustavo Bebianno: nunca pediu para ser ministro, não queria nada. Ele ajudou porque acreditava naquele projeto. Ele foi atirado pela nuca; sofreu barbaridades, sofre até hoje, sem merecer absolutamente nenhuma das críticas, nenhuma das ofensas.
Então, com tudo o que a senhora está falando, Deputada, eu concordo, mas, infelizmente, eu não poderia dar nenhum depoimento aqui que não fosse a verdade. Eu não conheço os fatos que suscitaram a criação desta CPI, eu não participei dessa coisa.
Então, a minha preocupação... Eu tenho quatro filhos, um neto por vir. Então, eu tenho a mesma preocupação da senhora, de V. Exa., em relação ao futuro do Brasil. E, como lhe disse há pouco, já fui vítima e continuo sendo vítima. A única coisa, diferença em relação a mim: como eu não faço parte do mundo digital - felizmente eu sou analógico -, eu não fico na internet nem tenho tempo de ficar olhando pessoas que eu não conheço falando mal de mim. Eu não tenho essa curiosidade. Então, eu sofro menos por isso.
A SRA. LUIZIANNE LINS (PT - CE) - Mas o senhor sabe da possibilidade de serem, inclusive, robôs?
O SR. PAULO MARINHO - Eu acho que isso... Já me falaram que isso existe, até isso existe. Eu não sei se eu sou atacado por robôs ou se tem ali uma pessoa que não gosta de mim, que não me conhece e que me ofende, mas, enfim, o fato é o seguinte: isso é um mal que precisa ser energicamente tratado para nós acabarmos com isso, darmos um limite nessa coisa. Isso causa mal a adolescentes, a pessoas de bem. Enfim, eu concordo com muitas das coisas que a senhora acabou de falar aí, no seu discurso.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Presidente, como Líder.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concedo a palavra ao último orador inscrito, na condição de Líder do PSOL, Deputado Ivan Valente, do Rio de Janeiro.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - De São Paulo!
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - São Paulo?
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - São Paulo, há muito tempo.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Presidente, eu também quero depois usar o tempo de Líder.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Eu já morei no Rio de Janeiro.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Foi?
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Mas foi na clandestinidade, enfrentando a ditadura.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu imaginava que V. Exa., por ser carioca...
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - ... ia interpelar menos aqui o nosso convidado.
Com a palavra o Deputado Ivan.
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O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Obrigado, Presidente.
Sr. Presidente. Sra. Relatora Deputada Lídice, Sr. Paulo Marinho, eu tenho pouco tempo e, formalmente, nem posso lhe fazer perguntas porque eu não sou membro, mas eu queria fazer um comentário, dois ou três comentários, e depois fazer um pedido ao Presidente.
Em primeiro lugar, acho que V. Exa. foi muito sucinto, pelo que eu ouvi aqui: classificou o Carlos Bolsonaro como doido. Não é fácil porque isso aí é uma... É falar que a pessoa está fora da casinha, está fora, uma pessoa que tem uma influência tão grande dentro do Governo e sobre o Presidente. Então, V. Exa. poderia depois comentar se o Presidente, que ouve tanto um doido, também é doido. É uma pergunta que cabe.
O senhor falou muito em filho talentoso, e os dois filhos mais ativos - há um Senador de quem o senhor é suplente também - são pessoas muito ativas na produção de fake news, eles é que são os principais responsáveis pela montagem das mentiras em série e comandam um espetáculo de que eu vou falar daqui a pouco, que está dentro dos gabinetes, dentro do Gabinete da Presidência da República. Eles comandam uma tropa, inclusive, de mentiras. Então, o senhor poderia também comentar se o Eduardo Bolsonaro, aquele que era para ser Embaixador, mas não foi, também é talentoso. E talentoso para quê? O senhor conheceu ele, certamente.
Em terceiro lugar, eu queria perguntar ao senhor o seguinte. Ao empresário, ao empresário quer fez parte do núcleo duro dos empresários que apoiaram o Presidente, eu queria colocar o seguinte. O senhor - certamente estava presente, porque foi na sua casa a festa da vitória - acha que as fake news do movimento que levou o Bolsonaro ao poder e agora continuam atacando, mentindo, provocando ódio e intolerância na sociedade, inclusive sobre os membros que foram do Governo, amigos do Governo, etc, não se produziram antes, durante a campanha? Será que foi só depois da campanha?
V. Sa. poderia me informar quais são os empresários que também frequentavam a sua casa? O o senhor tem conhecimento de empresários que impulsionaram as redes sociais ilegalmente? E o senhor conhece o Sr. Luciano Hang pessoalmente... Então, se V. Exa. pudesse tocar nessas questões, agradeceria bastante. Que outros empresários participaram? O Sr. Luciano Hang é seu conhecido? Há impulsionadores?
O Sr. Tercio Arnaud Tomaz: o senhor o conhece, não é? Já me colocaram aqui, no balanço, que o senhor o conhece. E parece que o senhor não conhece o Sr. Filipe Martins, José Matheus Sales e outro Mateus. Mas o Sr. Tercio Arnaud, segundo requerimento de informações que nós mandamos à Presidência, responde como assessor especial da Presidência da República. Esse trio aqui, ou quarteto, parada dura, é acusado, inclusive pela Deputada Joice...
(Soa a campainha.)
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - ... e pelo Deputado Alexandre Frota, que vieram pessoalmente aqui dizer que ali está a central de fake news...
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Eu quero finalizar, Presidente, colocando o seguinte. Eu conversei com a Deputada Lídice da Mata, eu dei entrada naquele dia mesmo em que recebi esse requerimento de informações vindo do gabinete da Presidência... Eles me forneceram que o Sr. Filipe Garcia Martins está de posse do computador registrado no seguinte patrimônio: 197.680 - eles responderam isso -; o Sr. José Matheus Sales Gomes, 197.588; e o Sr. Tercio Arnaud Tomaz: o número do patrimônio da posse que ele tem, do computador, é 197.656. Eles também usam um celular, que é adaptado ou adequado a emitir notícias etc.
O que eu pediria é o seguinte. Eu entrei com um requerimento para busca e apreensão desses aparelhos, baseado no depoimento da Deputada Joice Hasselmann aqui nesta Casa, que tem informação segura de que eles estão apagando as informações, Presidente. Eles estão apagando as informações. Só que nos informam que é possível resgatar todas as informações pelos meios tecnológicos, de tecnologia de informação, existentes.
Então, eu pediria que V. Exa., também a pedido da Relatora e dos demais Deputados que quiserem assinar, colocasse em votação na próxima reunião da CPI esse requerimento de busca e apreensão, dentro do Palácio do Planalto, desses patrimônios aqui e dos celulares também que são de uso dessas pessoas que trabalham no chamado gabinete do ódio, dentro da sala ao lado da do Presidente da República do Brasil. Então, eu pediria que V. Exa. pudesse botar em votação na próxima reunião.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Ivan, infelizmente tenho que comunicar a V. Exa. que, como o senhor não é membro da CPMI, não pode fazer requerimento. V. Exa. poderia utilizar-se de outro colega para fazer esse pedido.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Eu peço à Relatora e aos Deputados que quiserem assinar, que estão aqui presentes, a Deputada Luizianne, o Deputado Rui Falcão...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - O.k.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - Eu assino simbolicamente como Líder do PSOL.
O SR. PRESIDENTE (Arolde de Oliveira. PSD - RJ) - Se derem entrada aqui...
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - E o Deputado David Miranda, que é desta Comissão, também, porque ele não estava presente, estava com um problema de saúde quando eu entrei com o requerimento. Então...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Então, pelo tempo de Líder aqui, o Deputado Rui Falcão, do Estado de São Paulo.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP. Pela Liderança.) - Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Informando que é o último orador inscrito, porque acho que começou a Ordem do Dia.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - ... primeiro, na linha dos requerimentos, acho que era bom o senhor saber, a título de informação: a Deputada Joice disse que o Carlos Bolsonaro tentou montar uma Abin paralela para investigar e grampear pessoas; deu a entender também que ele despacha no Palácio, o que é crime de usurpação de função, porque ele não é funcionário público, tampouco da Presidência. Ela acha que, talvez, o Presidente não saiba desses fatos.
Então, nós pedimos que todo o relato dela seja comunicado ao Presidente da República para que ele se manifeste. Pedimos também ao Gen. Heleno, que é o chefe do GSI, que informe se ele tem conhecimento dessa tentativa de uma Abin paralela e se é verdade que o presidente da Abin teria sido indicado pelo Carlos Bolsonaro também - foi outra afirmação dela. Esse gabinete do ódio a que o Deputado Ivan Valente faz menção também teve sua existência confirmada pela Deputada Joice Hasselmann e várias reportagens na mídia falam desse chamado gabinete do ódio também.
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Para concluir, Sr. Presidente, duas coisas.
Uma é uma pergunta à Presidência. Nós pedimos ao Supremo Tribunal Federal acesso ao inquérito que corre lá sob a Presidência do Ministro Alexandre de Moraes. Parece que a resposta é que eles não podem dar acesso a esse inquérito porque há diligências em andamento que são sigilosas. Então, eu pediria que a gente reiterasse aquele pedido - para concluir - das diligências, para que a gente pudesse ter acesso, porque elas são fundamentais para os trabalhos desta CPMI.
Por fim, eu noto aqui a ausência hoje do Deputado Marcos Feliciano. É uma presença constante aqui e, inclusive, tem por hábito se inscrever no final para me provocar. Não é do meu estilo, o senhor sabe disso, sou uma pessoa muito ponderada, mas eu não admito ser chamado de ladrão. Então eu disse a ele que ladrão é ele, que ele é um desqualificado, e não adianta vir me pedir desculpas no privado depois. Eu esperava que ele estivesse aqui hoje, mas, pelo que eu vi na mídia, parece que ele está encontrando algumas dificuldades. Não pude confirmar, então falo aqui com ressalvas que li nos jornais que ele teria sido expulso do Podemos, o partido a que ele era filiado, sob acusação de ter feito um tratamento dentário de R$157 mil.
É direito dos Parlamentares receberem de volta tratamento médico ou dentário, mas eu indaguei para o meu dentista o que seria um tratamento de R$157 mil. Os senhores riem, mas é dinheiro público isso aí. Ele falou: "Olha, nem que tivesse importado todos os dentes da Alemanha", que é considerada o top dos implantes, "e feito com o Fábio Bibancos, esses dentistas aí que nem são chamados de dentistas, não chegaria a esse valor". Essa é uma acusação que precisa ser comprovada, mas é uma acusação de lavagem de dinheiro, e há uma que eu reputo da pior espécie, que é assédio sexual, mais de um assédio sexual. Isso o teria levado a ser expulso do Podemos. Como ele não está aqui, só menciono como notícia da imprensa, mas que ele venha aqui à CPI para novamente chamar os Deputados do PT de ladrões, sem provas, para que a gente possa questionar se essas notícias são verazes ou não.
(Soa a campainha.)
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Deputado Rui, usando o mesmo modus operandi de outra reunião, gostaria que V. Exa. fizesse essas críticas com a presença do Deputado, porque na ausência não fica bem a pessoa acusar um colega.
O SR. RUI FALCÃO (PT - SP) - Eu vou repetir: é que ele falou de mim na minha ausência.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL - SP) - O empresário Marinho vai se pronunciar?
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Vai.
Então, encerrando os trabalhos dos nossos Parlamentares que fizeram perguntas, passo a palavra, para suas considerações finais, ao nosso convidado - e depois à nossa Relatora -, o Sr. Paulo Marinho.
(Interrupção do som.)
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O SR. PAULO MARINHO (Para expor.) - ... à Deputada pela convocação, porque essa convocação me propiciou a oportunidade de esclarecer algumas coisas que eram importantes para mim e que pairavam ainda como dúvidas. Então, enfim, quero agradecer à Deputada Lídice pela forma cordial com que me recebeu aqui, ao Presidente Senador Angelo também, enfim, agradecer a todos os que estiveram presentes aqui hoje.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Concedo a palavra, para suas considerações, à nossa Relatora, Deputada Lídice da Mata.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA. Como Relatora.) - Sr. Presidente, vou direto ao assunto para não tomar mais o nosso tempo, já que começou a sessão.
Eu geralmente sistematizo algumas das coisas que a gente discute nas reuniões. Hoje, a primeira delas, para a qual eu quero chamar a atenção, é a tentativa permanente de um grupo de Deputados - que eu não posso caracterizar de que partido são, porque já não são do PSL, são da base do Governo do Presidente - de tentar desqualificar esta CPMI de duas formas. Uma é insistindo na criação de um slogan de que se trata de uma CPI para censurar as redes sociais - esse foi o primeiro movimento. Estou evitando a palavra "narrativa", que se tornou uma moda sociológica na política brasileira desse momento, tão repetida aqui pela Deputada desse grupamento.
Nesta reunião de hoje, eu quero registrar algumas coisas. Quando a gente pergunta nem sempre está numa pergunta direta sobre fake news, mas num contexto político que leva à caracterização da existência do fato e do objeto da nossa investigação, que é também o financiamento, a distribuição, e as perguntas por mim conduzidas vieram nessa direção. Essas pessoas estão insistindo em dois tipos de estratégias.
Uma, volto a dizer, é tentar dizer que a CPMI não visa à investigação de fake news. Tanto visa que esses Deputados, desde o início, têm se colocado de forma permanente contra a existência desta CPMI, certamente porque não querem que nós possamos descobrir, ou dar o caminho, de como isso acontece no Brasil. Talvez uma parte dessas pessoas, ou gente muito próxima a elas, possa estar envolvida nisso.
A segunda é a tentativa de criar um clima, Deputado Rui, de agressão entre os Deputados que estão nesta Comissão, com acusações bombásticas e xingamentos que tiram a audiência das pessoas sobre esta Comissão. É um comportamento realmente de gangue, de milícia, como aqui já foi registrado por outras pessoas. Eu não tenho esse comportamento, não é da minha formação. Eu já sou um pouco mais antiga na política, mais experiente, e não me fiz na política xingando ninguém - tenho mais de 30 anos de vida pública -, xingando, atacando, acabando com reputações. Não é isso.
Agora fui surpreendida por uma foto e um questionamento por eu ter participado de uma reunião na semana passada, da qual participaram diversos Parlamentares, jornalistas, influenciadores de mídias e youtubers, que tem o nome de Redes Cordiais e que busca exatamente debater o ambiente nefasto das redes sociais,que tanto tem trazido prejuízos à democracia em nosso País e à vida na sociedade. E, mesmo tendo sido divulgados os principais influenciadores que estavam colocados, não me neguei a ir, principalmente porque também não costumo deixar de ir a um lugar porque vou encontrar alguém de quem eu não goste. E quero dizer que foi uma experiência muito positiva.
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Esse senhor a que a moça se referiu, e que eu nunca tinha visto antes, apresentou-se publicamente lá, o Luciano Ayan, e se disse arrependido de ter participado de ações na rede consideradas agressivas às pessoas e se autodeclarou, como hoje, uma pessoa que se afasta do movimento de extrema-direita para virar uma pessoa do centro.
Pouco me importa qual é o posição ideológica dele. Não tenho nenhuma relação com isso. Tenho relação, sim, com a obrigação que sinto, também como parte desta CPMI, de criar um novo ambiente na política brasileira e nas redes sociais, que são parte hoje dessa política, de civilidade, de respeito e de cordialidade entre as pessoas que vivem e devem viver aqui representadas, tendo o voto do povo brasileiro, para, em respeito a esse povo, defender da melhor maneira possível as suas convicções.
Nesta sessão de hoje, por exemplo, eu creio que duas coisas foram registradas e são importantes.
Primeiro: a afirmação aqui - e não tem nada de mais - de que o Sr. Queiroz esteve nesta Casa mais de uma vez e que ele era um acompanhante permanente do Senador Flávio Bolsonaro. É uma questão paralela à discussão da CPMI, mas que se transformou num episódio de investigação na política brasileira, que é importante e foi aqui reafirmada hoje.
A outra questão que foi esclarecida devidamente foi qual a relação da casa do Sr. Paulo Marinho com a campanha. Ele próprio diz que fez questão de fazer um contrato - na minha opinião, um contrato muito generoso, porque eu fui candidata a Governadora em 2014 e me lembro dos preços de uma casa onde se organizava a comunicação de toda a área; inclusive, em geral, as pessoas almoçavam na própria casa. Eu gostaria de ter tido um preço tão simplório, tão pequeno...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - No Rio é mais barato, Deputada.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... em relação a uma candidatura. Mas entendi como um gesto de V. Sa. de contribuição à campanha, fazendo colaboração à campanha. É claro que não era um mercado.
O SR. PAULO MARINHO - É claro, mas só um esclarecimento: esse aluguel não foi pela casa, o aluguel foi por dois cômodos da casa.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - Sim, entendi, entendi, mas ainda assim... Geralmente o espaço às vezes é até uma garagem de uma casa que se aluga para se colocar toda essa parafernália que caracteriza a comunicação. Mas entendi que o senhor fez por um preço módico em função de ser um apoiador e que está na prestação de contas do Presidente, ou na prestação de contas do partido. Já foi confirmado isso.
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Eu também queria dar o meu apoiamento ao requerimento apresentado pelo Deputado Ivan Valente. Embora ele não seja sobre o número dos IPs, seja sobre o número dos aparelhos, e nem sempre as fake news são fabricadas em aparelhos institucionais, ainda assim acho que é uma boa medida que nós podemos tomar em relação a isso.
Finalmente, Presidente, quero dizer que, para o bom funcionamento desta Comissão, a minha expectativa... Nós temos amanhã a última reunião. E creio que nós avançamos muito aqui ouvindo especialistas, ouvindo pessoas da área jurídica, pessoas da área de tecnologia da informação, e agora começamos a ouvir pessoas na área da política. Isso tem incomodado muita gente, porque, apesar de toda a roupa suja lavada aqui no final daquela reunião, o depoimento da Deputada Joice Hasselmann contribuiu, sem dúvida nenhuma, para o trabalho de investigação desta CPMI. Mas quero dizer que nós já aprovamos, com expectativa para logo no início de fevereiro, o convite para podermos ouvir aqui o Dr. Drauzio Varella.
Aliás, a Rede Globo está anunciando que amanhã fará uma grande matéria sobre as notícias falsas, a desinformação, como atinge a área da saúde. É extremamente importante para acender na cidadania, na sociedade brasileira, digamos assim, a luz vermelha, a atenção sobre a necessidade de combater esse tipo de prática.
Além disso, eu queria também dizer, Sr. Presidente, que, naquela naquela reunião da semana passada, a Deputada Joice apresentou um vídeo no qual saem três pessoas, três homens armados, apresentando armas, com uma simulação de um sequestro do Ministro Gilmar Mendes, que era um boneco, e logo após, um atentado à sua vida. Obviamente isso não é uma caracterização de fake news, isso é uma caracterização de um vídeo que busca ameaçar, criar temor nas pessoas ou especialmente naquela autoridade. Eu quero dizer a V. Exa. que acho que nós devemos ter a iniciativa de apresentar esse vídeo, que foi entregue à CPMI, ao relator do processo que investiga esse tipo de ataque no Supremo Tribunal, o Ministro...
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Moraes.
A SRA. LÍDICE DA MATA (PSB - BA) - ... Ministro Alexandre de Moraes, e também ao Ministro Gilmar Mendes, porque acho que este vídeo é, sim, merecedor de uma investigação. Quem são essas pessoas? Por que elas estão armadas? Onde obtiveram aquelas armas? Por que fazem um vídeo ameaçando a vida de um membro do Supremo Tribunal no Brasil?
Na minha opinião, nós não podemos, volto a dizer, normalizar essas ações que parecem ser brincadeiras, mas não são brincadeiras nem de mau gosto: elas visam efetivamente criar um clima de caos, um clima de país sem lei, um clima em que se pode tudo, principalmente na agressão, na atemorização, na ameaça a qualquer pessoa, a qualquer autoridade, a qualquer pessoa destituída de autoridade formal, mas também a qualquer pessoa que tenha mandato ou que tenha uma autoridade efetiva, como os membros do Supremo Tribunal Federal. Portanto, eu creio que esta CPI está cumprindo a sua função.
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Também quero registrar que, há quatro reuniões, há sempre um Deputado escalado para tentar descredenciar a relatoria desta CPMI. Não se preocupem que eu não tenho o menor abalo com esse tipo de manifestação. Portanto, prosseguimos na luta.
O SR. PRESIDENTE (Angelo Coronel. PSD - BA) - Eu agradeço a presença do nosso convidado Paulo Marinho. Foi um depoimento de grande valia. Teve coragem de fazer o seu juramento, porque não havia nem essa necessidade. Mas ele teve essa delicadeza, mostrou coragem.
Agradeço a seu advogado Marlan Marinho, aqui presente, que praticamente não precisou atuar hoje em nada importante; agradeço a seus filhos André e Daniel; ao Cristiano; ao ex-Ministro Gustavo Bebianno, presente; à imprensa também, que se fez presente; aos assessores.
Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos convidando-os para a próxima reunião, a se realizar amanhã, às 13 horas, para ouvirmos os seguintes convidados: Leonel Azevedo de Aguiar, Diretor do Departamento de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC); Requerimento 22 convocando o Sr. Diogo Rais Rodrigues Moreira, Doutor em Direito Constitucional da PUC São Paulo; Requerimento 46 convidando Rafael de Almeida Evangelista, representante da Labjor, da Universidade de Campinas, Unicamp. Os requerimentos são de autoria da Deputada Lídice da Mata.
Declaro encerrada a presente reunião.
Vamos com Deus, e que ele nos conceda discernimento e sabedoria para protegermos as famílias brasileiras deste monstro chamado fake news.
Boa tarde a todos.
(Iniciada às 14 horas e 30 minutos, a reunião é encerrada às 17 horas e 22 minutos.)