3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
55ª LEGISLATURA
Em 3 de abril de 2017
(segunda-feira)
Às 11 horas
35ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco Moderador/PR - MT) - Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
A presente sessão especial destina-se a comemorar os 100 anos de instalação da IBM no Brasil, nos termos do Requerimento nº 924, de 2016, da Comissão Senado do Futuro.
Esta Presidência gostaria de convidar o Sr. Marcelo Porto, Presidente da IBM do Brasil. (Palmas.)
Queremos também convidar o Diretor da Secretaria de Tecnologia da Informação (Prodasen), Sr. Alessandro Pereira de Albuquerque. (Palmas.)
Queremos convidar também o Sr. Thieres, o nosso companheiro do Bloco, para estar aqui conosco na Mesa. (Palmas.)
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Gostaríamos também de convidar a Srª Magali, representando os funcionários da IBM. (Palmas.)
Os competentes funcionários da IBM. Segundo o Presidente, ela é unanimidade. (Risos.)
Gostaríamos de convidar a todos, para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional Brasileiro.
(Procede-se à execução do Hino Nacional Brasileiro.)
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O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco Moderador/PR - MT) - Iniciando, gostaríamos de saudar todos que aqui se fazem presentes em nome dessa grande empresa, a IBM, do seu Presidente Marcelo Porto, reverenciando, então, a Magali, como a funcionária unanimidade da empresa - hoje a colaboradora, que é mais moderno, não é, Presidente? - e também o Alessandro Pereira de Albuquerque, representando nosso Prodasen, que presta um grande trabalho aqui à nossa estrutura parlamentar. Quero também cumprimentar o meu companheiro Thieres, Senador da República, de cujo Bloco eu tenho a honra de ser Líder, o nosso Bloco Moderador. Ele representa, no nosso Bloco, o PTB.
Esta sessão especial atende ao Requerimento nº 924, de 2016, de minha autoria ainda quando Presidente da Comissão Senado do Futuro, e destina-se a comemorar os 100 anos da IBM no Brasil, essa empresa que para todos nós dispensa apresentações, porque, sem dúvida nenhuma, é uma das empresas mais conhecidas e reconhecidas do Brasil. Como todos sabem, portanto, trata-se de uma das líderes mundiais em tecnologia da informação.
Permitam-me ler uma manchete recente sobre a homenageada de hoje: "IBM cria o menor ímã do mundo - e ele tem um mísero átomo". A reportagem foi publicada no site da revista Superinteressante e relata uma das últimas explorações da IBM na vanguarda da tecnologia, tal qual descrito em artigo na prestigiada revista científica Nature. Nesse trabalho, os cientistas identificaram, no elemento químico hólmio, um componente capaz de reter informações magnéticas de maneira legível em apenas um átomo.
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A descoberta mostra que é possível reduzir drasticamente o tamanho das unidades de armazenamento de dados, já hoje em dia tão diminutas se comparadas aos cartões perfurados do passado - inovação em que a IBM também esteve entre as pioneiras no seu tempo.
Senhoras e senhores, a notícia que eu citei ilustra muito bem o nível técnico a que chegou a IBM. Administração competente, muita pesquisa, muito desenvolvimento e, acima de tudo, muito trabalho em todos os patamares da organização, da base até o topo, tudo convergindo para colocar a empresa na fronteira do conhecimento humano.
A IBM tem sido uma empresa presente em todos os aspectos, e, por este evento, somos reconhecedores de sua importância para o Brasil. Não apenas com o desenvolvimento de sua tecnologia de ponta, mas também no compromisso social.
Cito aqui o apoio dado pela empresa ao Prof. Eduardo Simões em seu projeto voluntário sobre robótica e inclusão social. A iniciativa consiste em elaborar robôs com sucata para transmitir e demonstrar, de maneira prática e instigante, conceitos científicos a jovens da cidade de São Carlos, no interior paulista. Com o auxílio da IBM, o Prof. Simões pretende ampliar o projeto para alcançar mais mentes interessadas País afora.
A IBM é uma gigante, sim, mas uma gigante com um pé na excelência e o outro no desenvolvimento.
E nós aqui, no Brasil, temos, Sr. Presidente, o privilégio de tê-la entre os brasileiros há cem anos, neste 2017. Temos a sorte, portanto, de um século!
Nós fomos o primeiro País para onde a IBM se expandiu após sua fundação nos Estados Unidos. Aqui vivemos as três eras tecnológicas em que a companhia divide sua história.
Na era da tabulação, em que a tecnologia predominante da empresa era a de contar - medir tempo, pesos, registrar e processar valores -, deu-se a vinda da IBM, então CTR, para o Brasil, em 1917.
Sua primeira tarefa em Território nacional foi a de auxiliar nos censos econômicos da Diretoria de Estatística Comercial, órgão que se tornou o atual Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o sucesso da empreitada, a representação brasileira da empresa foi contratada para prestar serviços para outras entidades, como o Departamento de Saúde Pública, o Instituto Brasileiro do Café e o Banco do Brasil.
A partir dos anos 1930, acompanhando a industrialização brasileira, a IBM abriu sucursais em Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Niterói e uma fábrica no Rio de Janeiro, no bairro de Benfica.
Nessa época, desenvolveu-se ainda um dos produtos mais célebres da história da IBM, a máquina de escrever. Combinada com a tecnologia da tabulação, a máquina de escrever ensejou uma nova era técnica na IBM: a era da programação.
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E foi durante a era da programação, ainda, que se criou o computador pessoal, o IBM PC, lançado no Brasil em 1984 - uma verdadeira revolução no processamento de dados, fundamental para que chegássemos ao ponto em que estamos hoje.
Senhoras e senhores, as transformações das últimas décadas foram acentuadas. Em 1994, a Universidade de Campinas inaugurou o Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Cenapad), por meio de um convênio entre a Unicamp, a Finep - empresa pública que financia estudos e projetos - e lá estava também a IBM do Brasil. E assim prosseguiu. Nos anos 2000, a IBM continuou realizando seus investimentos em território nacional com a criação, em 2008, do Centro de Tecnologia e Serviços Globais, na unidade de Hortolândia; com a fundação, em 2009, do IBM Solutions Center, em São Paulo; e com a inauguração, em 2010, do IBM Research Brasil, o nono laboratório de pesquisas da IBM no mundo.
Atualmente, os especialistas da IBM consideram que estamos na era cognitiva, esta que se caracteriza pela inteligência artificial, em que os sistemas processam grandes volumes de dados e entendem a linguagem natural das pessoas, buscando, ao máximo possível, aproximar-se da inteligência dos seres humanos. Nessa nova era, as parcerias no Brasil se multiplicaram; por exemplo: em 2011, a Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou um centro de operações que usa tecnologia da IBM para relacionar dados captados por diversos órgãos do Município e extrair conclusões em tempo real, inclusive sobre segurança pública. Em 2012, a Prefeitura de Porto Alegre, por sua vez, celebrou um acordo com vistas a melhorar a gestão dos ativos e dos serviços públicos da cidade, como esgotos, parques e sistemas de iluminação pública. Em 2016, um laboratório especializado da Universidade Federal de Minas Gerais firmou com o Centro de Pesquisa IBM um convênio de cooperação para estudos de nanociência e também de nanotecnologia no Brasil. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) fechou com a IBM, também, um acordo de cooperação na área de computação cognitiva, para projetos em universidades e institutos de pesquisa. E os programas de cidadania corporativa - como aquele que resultou na parceria com o Prof. Eduardo Simões, que eu mencionei agora, no início - continuam transformando a vida das pessoas, no País e mundo afora.
Para concluir, quero dizer que a tecnologia da informação que a IBM domina é empregada hoje em dia em praticamente todas as atividades humanas. Vejam o privilégio que temos: ter uma das líderes mundiais nesse setor e que é parceira histórica do Brasil; está disposta a trabalhar com as nossas universidades em favor do desenvolvimento do País. Ou seja, isso já tem sido demonstrado ao longo de sua presença aqui no Brasil.
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Em tempos de economia globalizada, em que há uma liberdade para as empresas investirem em qualquer parte do mundo, receber os investimentos de uma gigante mundial como a IBM e permanecer por um século sediando esses investimentos e vendo-os se ampliarem - e, mais importante ainda, recebendo um retorno social sério e profícuo - são os principais motivos para esta homenagem do Senado da República. Dessa maneira, arrisco-me a dizer que, mesmo de origem norte-americana, a IBM é um patrimônio nacional que pretendemos conservar.
Parabéns à IBM, um século no Brasil! Que venham outros cem anos dessa parceria profícua! Quero desejar à empresa, com todos os seus colaboradores, que continue nesse trabalho que não só ajuda o desenvolvimento do Brasil na tecnologia, mas, sem dúvida nenhuma, na inteligência brasileira, na geração de emprego de qualidade e, principalmente, no trabalho social que a empresa presta no Brasil.
Eu quero aqui dizer que ano passado estive como Presidente da Comissão Senado do Futuro. Este ano, deverei ser o Vice-Presidente dessa comissão. Essa comissão, quero aqui dizer, não tem a pretensão de discutir o futuro do Senado. Ela foi trazida ao Brasil pelo saudoso Senador Luiz Henrique e o Senador Cristovam Buarque, um exemplo do Chile, uma das comissões mais importantes daquele país. E a função dessa comissão é exatamente discutir as futuras gerações, as futuras gerações do mundo e, claro, em especial, do nosso País.
Nós tivemos, no final do ano passado, o primeiro Congresso do Futuro no Brasil, que foi um sucesso. No final deste ano, em dezembro, teremos esse congresso, que, claro, é um aperfeiçoamento, um aprendizado cada vez mais. E, já aqui de público, convidamos a IBM, através da Confederação Nacional da Indústria, que também nos apoiou bastante, para que esteja aqui, através de palestras, principalmente para oportunizar às nossas crianças e aos jovens o interesse pela tecnologia, que, sem dúvida nenhuma, cada dia mais avança para bem da população mundial.
Então, parabéns à IBM do Brasil. Que venham mais cem anos!
Muito obrigado.
Felicidade a vocês! (Palmas.)
Nós vamos aqui agora conceder a palavra ao nosso Presidente, que poderá usar da tribuna ou falar aqui também.
Se alguém da plateia quiser fazer uso da palavra, pode se inscrever. Depois, teremos o nosso Senador Thieres Pinto e o Diretor da Secretaria de Tecnologia da Informação (Prodasen), Sr. Alessandro Pereira de Albuquerque, que são os inscritos. E depois - não sei - a Drª Magali vai se manifestar.
Com a palavra o Presidente da IBM do Brasil, Sr. Marcelo Porto.
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O SR. MARCELO PORTO - Sr. Presidente, antes de mais nada, muito obrigado pela síntese da história desses cem anos. Devo confessar que, escutando o senhor, tenho, talvez, a dimensão do que, de fato, foram esses cem anos. E também acho que eu não seria tão feliz nessa síntese. Eu acho que o senhor explorou pontos que foram fundamentais durante toda a nossa jornada aqui neste País. Eu tenho certeza de que a gente está também escrevendo capítulos para mais cem anos pela frente. Acho que o senhor refletiu muito bem o que é o DNA dessa companhia e por que estamos há tantos anos, há praticamente um século aqui no País.
Sr. Presidente, autoridades, clientes, amigos ibeemistas - como nós nos intitulamos -, senhoras e senhores, muito bom dia. Impossível eu negar a minha emoção por estar aqui hoje, representando a IBM Brasil, nesta sessão especial, convocada em função do requerimento do Senador Wellington Fagundes, a quem agradeço muito pela atenção e deferência, considerando-a muito mais do que uma sessão especial: uma sessão única, histórica e que celebra o empenho, a criatividade, o compromisso e a força de milhares de brasileiros - brasileiros esses que, ao longo do último século, passaram pela IBM ou seguem conosco, absolutamente dedicados a contribuir com o crescimento e com o desenvolvimento do nosso País.
Importante registrar a alegria e o privilégio que tenho de representar nesta sessão a empresa que me acolheu há mais de 30 anos e que hoje tenho a honra e o prazer de liderar. Se com 30 anos de casa o que não me faltam são referências sobre como a IBM contribuiu com os principais marcos da transformação do Brasil, com cem anos essa empresa pode se orgulhar por ter sido protagonista da história que permeia o avanço da ciência no nosso País. E nesse sentido cabe aqui uma homenagem um pouco mais enfática ao nosso anfitrião e padrinho desta sessão. Senador Wellington Fagundes, na condição de Presidente da Comissão Senado do Futuro, como acaba de mencionar, V. Exª não apenas reitera o seu compromisso com o amanhã, mas, ao longo da sua gestão em comissão, vem impulsionando uma série de debates e medidas que certamente colocarão o Brasil em posição de ainda maior destaque no cenário global. Quando o assunto é inovação, transformação da gestão pública e fortalecimento da democracia representativa no mundo digital, o senhor e outros membros dessa comissão são voz ativa e não fogem à responsabilidade de legislar, pensando também nas futuras gerações de brasileiros e brasileiras.
Sr. Presidente, a trajetória da IBM no Brasil ao longo de cem anos já foi muito bem lembrada pelo senhor e por aqueles que me antecederam. Portanto, evitarei ser repetitivo, mas não sem antes mencionar a homenagem e homenagear a pessoa que conseguiu a proeza de, em 1917, trazer a representação da IBM para o Brasil; e mais: como mencionado, a primeira filial da IBM fora dos Estados Unidos. Estou falando do santista Valentim Fernandes Bouças, um vendedor de máquinas registradoras que vivia modestamente, tinha duas filhas, e carregava consigo a ambição de se tornar um grande empresário. Incentivado por um amigo, vendeu todos os móveis da sua casa, deixou sua família com os sogros e partiu para os Estados Unidos sozinho, em busca da oportunidade de trazer para cá uma empresa que o ajudasse a realizar o seu sonho. A despeito de todas as dificuldades logísticas e linguísticas da época, esse brasileiro bateu à porta do fundador da IBM, Thomas Watson, e o convenceu, em um inglês macarrônico, de que existiam oportunidades reais para o seu negócio no Brasil. Sem a determinação e o espírito empreendedor de Valentim Bouças, certamente nós não estaríamos aqui celebrando este momento; e é na sua figura e memória que homenageio todos os brasileiros que ajudaram a construir a IBM ao longo desse século.
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Sr. Presidente, a IBM investiu e segue investindo milhares de reais todos os anos porque acredita no Brasil, em suas instituições e no povo brasileiro. Nós nos comprometemos a formar e aprimorar constantemente nossa mão de obra. Desenvolvemos tecnologia; exportamos bilhões de dólares em serviços, especialmente do centro de Hortolândia; apoiamos empreendedorismo, cidadania e inovação. Se formos pensar nas maiores invenções e inovações dos últimos cem anos, muitas delas saíram dos nossos laboratórios ao redor do mundo - inclusive dos do Brasil, onde, há sete anos, temos gerado centenas de patentes e contribuições científicas para todo o nosso ecossistema global.
Sr. Presidente, autoridades, clientes, amigos ibeemistas, senhoras e senhores, um dos maiores orgulhos que tenho por trabalhar na IBM é a certeza de que a nossa evolução só faz fortalecer as nossas crenças, valores, níveis de integridade, de respeito e de inclusão. Fomos uma das primeiras empresas do mundo a contratar funcionários com deficiência; a contratar, promover e garantir as mesmas condições salariais a homens e mulheres com a mesma função. Em 1934, contratamos as primeiras funcionárias do sexo feminino; em 1943, já contávamos com uma mulher ocupando uma vice-presidência da empresa. Hoje, a Presidente da IBM Global e também Presidente do nosso conselho é uma mulher. Entre os vice-presidentes da IBM Brasil, várias são mulheres. Em 1940, contratamos o Dr. Michael Supra para desenvolver produtos mais acessíveis aos deficientes visuais; o Dr. Supra era cego. Em 1943, contratamos o nosso primeiro vendedor negro; em 1984, viemos a público para declarar nossa intolerância com a discriminação de funcionários com base em sua orientação sexual. E neste ano a IBM Brasil foi pioneira na abolição do seu código de vestimenta. Nós acreditamos que, ao estimular um ambiente mais leve e descontraído no trabalho, teremos funcionários ainda mais motivados, produtivos e felizes.
Sr. Presidente, nosso passado é valioso, porque dele tiramos aprendizados e experiências para pavimentar o presente, mas ainda mais importante é olhar para o futuro com a certeza de que ele não está garantido por um passado de glórias. Nesse sentido, o clichê de que o mundo mudou não poderia ser mais apropriado para descrever as transformações pelas quais a IBM passou ao longo dessa jornada. E, com elas, em 2015 surge uma nova IBM, uma empresa que procura liderar tendências e mercados em uma nova era da computação, a era dos negócios e governos competitivos, como o senhor acaba de mencionar, uma era na qual o maior recurso natural para o desenvolvimento da sociedade não é mais o petróleo, a agricultura ou a água: são os dados; dados esses que, analisados em grande quantidade e inseridos em sistemas cognitivos, apoiam o processo de interação com o ser humano, por meio da compreensão de linguagem natural, raciocínio e aprendizagem. Com isso, contribuem para solucionar os maiores desafios da humanidade.
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Convido-os para, inclusive, a partir do dia 5, visitarem a Pinacoteca de São Paulo, onde verão uma plataforma cognitiva, explicando detalhes sobre obras de artes que estão disponíveis no museu.
Se estivesse vivo, Roberto Campos, um dos maiores defensores da modernização das instituições, também completaria 100 anos em 2017. E, ao homenageá-lo, gostaria de lembrar uma das suas célebres frases: "Mais importante que as riquezas naturais são as riquezas artificiais da educação e tecnologia".
Com o Watson, plataforma de inteligência artificial da IBM, é possível...
(Soa a campainha.)
O SR. MARCELO PORTO - ... ampliar o conhecimento humano em áreas como saúde, educação, finanças, varejo, agricultura, meio ambiente, mobilidade urbana e até gestão pública.
Todo esse conhecimento ajudará a humanidade a ainda ir mais longe, conquistando objetivos que pareciam impossíveis de serem alcançados até pouco tempo atrás.
Nesse cenário, todos, governos, empresas, sociedade civil, temos de estar preparados para lidar com as mudanças tecnológicas, mesmo que, muitas vezes, não saibamos por onde começar.
E o papel dos reguladores, nesse mundo de transformação - permita-me, Sr. Presidente -, é o de estender os benefícios da tecnologia para ainda mais empresas, governos e indivíduos. É o de criar o ambiente para que haja confiança nas tecnologias, garantindo a privacidade, o livre fluxo de dados, a segurança e incentivando ainda mais a participação popular em um debate tão vital para o futuro de nosso País.
Muitas vezes, pessoas, empresas e governos se tornam desatualizados e mantêm a sua postura no mundo, porque acham que são grandes demais para falhar ou orgulhosos demais para mudar.
Sr. Presidente, algo de que tenho certeza e que a IBM do Brasil aprendeu ao longo da sua história e que gostaria de deixar como mensagem final é que, se chegamos a este jubileu, foi porque tivemos e temos tido coragem de mudar, coragem de nos transformar, de quebrar o nosso compromisso com o passado, pois o que nos trouxe até aqui não garante o nosso futuro.
Obrigado, mais uma vez, a todos e a todas que fizeram parte da nossa história até aqui. E que sigamos juntos olhando para frente e trabalhando para garantir que as próximas gerações voltem a esta Casa para celebrar os 150 e até os 200 anos da IBM Brasil.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco Moderador/PR - MT) - Antes de chamar o nosso Diretor do Prodasen, queremos também dizer que Roberto Campos nasceu em Mato Grosso. Eu sou natural de Mato Grosso, e ele nasceu em uma cidadezinha muito pequena, próxima a Cuiabá, a cidade de Santo Antônio do Leverger.
Agora, no dia 17 de abril, estaremos fazendo aqui também uma sessão em homenagem aos cem anos de Roberto Campos. Todos vocês que estão aqui presentes são convidados. O Presidente, pelo que percebi, é um fã de Roberto Campos. Com certeza, os internautas, enfim, aqueles que nos assistem pela televisão, pelo rádio poderão fazê-lo também através dos meios de comunicação da Casa.
Então, quero convidar agora o Diretor da Secretaria de Tecnologia da Informação (Prodasen), o Sr. Alessandro Pereira de Albuquerque, que poderá usar da palavra daqui ou da tribuna.
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O SR. ALESSANDRO PEREIRA DE ALBUQUERQUE - Obrigado, Sr. Presidente, a quem eu tenho o meu grande agradecimento por este convite, Senador Wellington Fagundes. Saúdo o Presidente da IBM, Sr. Marcelo Porto. Saúdo o Presidente do Instituto Brasileiro de Direito Digital, Sr. Frederico Meinberg Ceroy. Saúdo o Presidente da Federação das Associações das Empresas Brasileiras de TI, Sr. Jeovani Salomão. Saúdo o Presidente da Associação Brasileira de Empresas de TI e Comunicação (Brasscom), Sr. Sergio Paulo Gallindo. Saúdo as senhoras funcionárias funcionários da IBM e saúdo, ainda, os colegas do Senado Federal, especialmente aqueles lotados no Prodasen.
A Secretaria de Tecnologia da Informação do Senado Federal (Prodasen), criada em 1972 como Centro de Informática e Processamento de Dados, completa 45 anos com a mesma missão de prover ao Senado Federal e ao Congresso Nacional a tecnologia da informação como meio de transformar digitalmente seus processos de trabalho.
Naquele momento, a IBM criava o seu atual logotipo e a indústria da computação estava restrita aos modelos de processamento centralizados de grande porte, os mainframes. A transformação do mundo por meio da computação pessoal ainda não havia começado. Tudo era desafiador. As interfaces homem-máquina eram acessíveis apenas àqueles que possuíam conhecimento técnico específico.
Com a criação do Prodasen, um grupo de técnicos pioneiros, apesar das limitações tecnológicas existentes, dedicou-se a desenvolver soluções inovadoras que colocassem o Senado Federal como referência no uso racional da tecnologia. Foram desenvolvidos sistemas inéditos de armazenamento e pesquisa da legislação brasileira, sistemas de acompanhamento dos trabalhos legislativos, sistemas de apoio às atividades parlamentares, soluções inovadoras de editoração de textos e sistemas de apoio às rotinas administrativas do Senado Federal. Ali estavam técnicos que tinham conhecimento do moderníssimo hardware disponível, o sistema IBM 370/158, e do software STAIRS, cujo uso aplicado fornecia funções operacionais que permitiam a organização e a recuperação eletrônica da informação.
O mainframe foi selecionado como a plataforma tecnológica para suportar tudo isso, por meio de um contrato com a subsidiária brasileira da IBM, com filial em Brasília desde 1963. A primeira máquina instalada foi um monumental processador IBM 155 com inimaginável capacidade de processamento de 0,7 milhões de instruções por segundo, 0,5MB de memória, 0,3GB de armazenamento em disco e 18 inovadores terminais de vídeo. Nos dias atuais, esta capacidade é facilmente superada por um simples brinquedo eletrônico.
Tais limitações corroboram a competência dos nossos pioneiros na implementação de soluções automatizadas para o Parlamento brasileiro. A evolução tecnológica e a disseminação do uso da TI nos diversos setores do Senado Federal provocaram uma necessidade crescente de atualização do nosso parque computacional. Novas tecnologias foram incorporadas, como, por exemplo, a de impressão a laser: o Prodasen adquiriu a primeira impressora na América Latina, IBM 3800.
A partir de 1977, tem início um processo de atualização da planta mainframe IBM instalada. Até a chegada, em 1992, ao IBM 9021, o Prodasen saiu do IBM 370, passando pelos modelos 3158, 3083 e 3084. Nesse período, a capacidade máxima de armazenamento de dados chegou a 512MB de memória e a 88GB de espaço em disco. Atualmente, o data center do Senado Federal conta com milhares de gigabytes de armazenamento total.
No final dos anos 80, com o advento da computação pessoal, o modelo de processamento centralizado começou a ceder espaço a um novo modelo de processamento distribuído. O Prodasen não fechou seus olhos para essa nova realidade e, em 1992, foi novamente pioneiro na implantação de uma grande rede local de microcomputadores tipo PC (personal computer). Essa nova realidade tinha como premissa o convívio sinérgico das plataformas tecnológicas mainframe e PC.
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O surgimento da internet, cujo uso, na Casa, iniciou-se antes mesmo de sua disponibilidade comercial, permitiu uma grande popularização do uso de computadores pessoais e o desenvolvimento de uma gama de novas soluções. Paralelamente, as opções de processamento centralizado se expandiram. O Prodasen foi paulatinamente investindo nessa nova realidade. Novos equipamentos, programas básicos e sistemas foram disponibilizados. Aos poucos, os serviços processados no mainframe migraram para outra plataforma. Os usuários começaram a pensar e agir de forma diferente, contando, cada vez mais, com recursos de TI para melhor executar suas tarefas.
Finalmente, por determinação da 1ª Secretaria, foi instituída, em 3 de julho de 2003, uma comissão técnica especial, cujo objetivo foi levantar, propor e implementar uma solução que possibilitasse descontinuar a plataforma mainframe. Os trabalhos dessa comissão seguiram uma metodologia que consistia na realização de um levantamento minucioso de todos os aplicativos, programas, sistemas, equipamentos e contratos e na análise de alternativas de migração. Com mais de 230 reuniões formais realizadas e cerca de 180 sistemas tratados, vários processos de aquisição foram deflagrados visando à implementação das respectivas alternativas de migração, cujos investimentos, com a desativação do mainframe, implicariam uma economia anual em contratos de hardware e software superior ao valor investido. Equipes inteiras de desenvolvimento de sistemas e de infraestrutura tecnológica foram mobilizadas na migração. Destacam-se aqui o comprometimento, a dedicação, a competência e o profissionalismo de todos os envolvidos.
Após um longo e árduo trabalho, o mainframe finalmente seria desativado naquela segunda-feira do dia 30 de maio de 2005. Para nós do Prodasen, isso não representou apenas uma simples desativação de uma plataforma de hardware e software. Implicitamente, em cada linha de programa de computador, em cada parâmetro ajustado, em cada dado armazenado, estão escritas histórias pessoais daqueles que por lá passaram e se dedicaram, momentos históricos da nossa Nação, como as comissões parlamentares de inquérito, o processo de elaboração da nossa Carta Magna e muitos outros fatos políticos relevantes para a construção da nossa democracia. No entanto, não se encerrou, naqueles 33 anos, de 1972 a 2005, a presença da IBM na TI desta Casa. Suas modernas soluções de cópias de segurança, computadores servidores, virtualização e computação pessoal ainda apoiam nossas atividades.
Assim como a IBM entende o papel da TI no mundo moderno, o Prodasen entende seu papel no Parlamento. Hoje vemos a IBM, que inventou o cartão perfurado, o caixa eletrônico, o disquete, o disco rígido, o código de barras e o banco de dados relacional, explorar comercialmente a era cognitiva com sua solução Watson de inteligência artificial, além de armazenar um bit num átomo. No domínio de sua atuação, presenciamos o Prodasen reinventar-se ao modernizar o Legislativo com soluções recentes, tais como: LexML, Sigen, Vetos, e­Plenário, Escriba, LexOr, SAC, Comiss, SVE, Legis, LexEdit, GeGab e Painel Cidadão. Isso mostra que, do processamento de dados à inteligência artificial, do mainframe à nuvem, ambos seguem inovando e buscando o pioneirismo.
Esse texto é de um colega, Pedro Enéas Mascarenhas, editado por mim, ambos do Prodasen.
Parabéns à IBM Brasil.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco Moderador/PR - MT) - Mais uma vez, aqui registro a nossa sessão solene do dia 17 de abril, em homenagem a Roberto Campos, fazendo uma correção: Roberto Campos nasceu também numa cidade vizinha a Cuiabá, que é Nossa Senhora do Livramento; em Santo Antônio do Leverger, nasceu o Marechal Cândido Rondon. Portanto, também são orgulho para todos nós as duas pequenas cidades, ali muito próximas de Cuiabá, com pessoas tão competentes e referência em todo o mundo.
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Eu gostaria de convidar, então, a nossa colaborara da IBM, a Magali Cardoso Caruso, que, de forma improvisada, vai aqui falar, com toda a sua emoção, por ser a unanimidade entre todos os colaboradores.
A SRª MAGALI CARDOSO CARUSO - O fato de eu estar compondo esta Mesa é mostrar que esta empresa é diferente e inovadora. Ela prestigia os funcionários, independentemente - como bem falou o nosso Presidente - de raça, de religião. Então, eu represento todos vocês - os nossos funcionários que colaboraram.
E, para mim, é uma emoção muito grande, porque eu participei já da cerimônia de 60 anos da empresa, 70, 80, 90 e estou tendo esse privilégio de estar aqui nos cem anos. (Risos.)
E aí vocês ficam me perguntando: "Poxa, esse tempo todo?". Esse tempo todo, mas eu me inovei, como todos os nossos funcionários se inovaram também. Eu comecei, na IBM, com máquina de escrever. Havia até Telex, coisa que muita gente nem sabe do que se trata.
Mas, com tudo isso, eu fui permanecendo na empresa - e muitos colegas nossos também, que foram acompanhando essa inovação, essa mudança na carreira -, fomos reinventando também.
Eu, na função de Secretária Executiva, era diferente na época. Hoje, totalmente... Todo o recurso... E estamos inovando, ou seja, nós estamos atendendo, remotamente, executivos: não na mesma cidade, até em países diferentes.
Então, isso mostra como a tecnologia ajuda em todas as carreiras - inclusive na minha também, que é de Secretária Executiva.
Para mim, é uma honra estar aqui representando todos os funcionários. E dou parabéns a esta empresa, que nos acolheu e continua aí brilhando no mercado.
Muito obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco Moderador/PR - MT) - Percebe-se, Presidente, pelas palmas, que é unanimidade. (Risos.)
Então, eu quero agora comunicar a todos que nós vamos, antes de encerrar, exibir um vídeo institucional do centenário da IBM. E que todos possam assistir a ele. Vamos aguardar que a área técnica coloque o filme.
(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco Moderador/PR - MT) - Cumprida a finalidade da sessão, agradeço às personalidades que nos honraram com o seu comparecimento; ao Senador Thieres Pinto; também ao Dr. Marcelo Porto, mais uma vez, aqui, representando toda a Diretoria da IBM Brasil; ao Diretor da Secretaria de Tecnologia da Informação (Prodasen), Sr. Alessandro Pereira de Albuquerque, com todos aqueles colaboradores também do Prodasen que aqui estão; a toda a minha equipe do gabinete, bem como da Liderança do Bloco Moderador.
Quero também aqui cumprimentar a Magali Cardoso Caruso, representando todos os colaboradores, que falou muito bem. Parabéns!
Está encerrada a sessão.
(Levanta-se a sessão às 11 horas e 50 minutos.)