3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
55ª LEGISLATURA
Em 4 de maio de 2017
(quinta-feira)
Às 9 horas
56ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Invocando a proteção de Deus, declaro aberta a presente sessão especial, que se destina a homenagear a memória do Senador Antonio Lomanto Júnior, por 49 anos de vida pública, nos termos dos Requerimentos nºs 105 e 170, de 2017, de minha autoria, o que faço com a consciência de que estamos prestando uma homenagem a um grande baiano, a um grande brasileiro.
Convido a compor a Mesa o ex-Deputado Federal pela Bahia, de 1975 a 2003, Dr. Leur Antonio de Britto Lomanto, um grande amigo, por quem tenho grande admiração e respeito. (Palmas.)
Deputado Federal José Carlos Araújo. (Palmas.)
Deputado Estadual e neto do Senador Antônio Lomanto, Leur Antonio de Britto Lomanto Júnior, Deputado Estadual na Assembleia Legislativa da Bahia. (Palmas.)
Queria registrar a presença de diversas autoridades que aqui se encontram, do Deputado Sandro Régis, do Estado da Bahia, da Assembleia Legislativa, do Deputado Adolfo Viana, do Deputado Pedro Tavares, do Deputado Euclides Fernandes, também de Jequié, do Desembargador do Tribunal de Justiça da Bahia Roberto Frank, do Prefeito do Município de Jequié, terra natal do Dr. Antonio Lomanto Júnior, Luiz Sérgio Suzarte Almeida, que está aqui presente, do Secretário de Planejamento Econômico do Município de Jequié, José Sérgio Costa Nogueira, do Ministro da Integração Nacional no período de março a maio de 2016, Sr. Josélio Andrade Moura.
Aqui também estão presentes os seus filhos, Lomantinho, apelido carinhoso com que o denomino, também Marcos Antônio Lomanto, Marcos Thadeu, Lilian, seus netos, amigos, pessoas ligadas à família Lomanto e outras pessoas, outros amigos da Bahia, que aqui vieram para esta solenidade. Vereador Paulo Câmara, Presidente da Câmara de Vereadores de Salvador. Queria saudar todos os amigos da imprensa, que aqui compareceram. Gostaria de destacar também a presença da Srª Maria Eduarda Gordilho Lomanto, neta do homenageado, além de outros familiares.
Perguntaria se o Leur pretende usar da palavra. Será o filho ou o pai? Será você, então? Vou passar a palavra ao...
Antes disso, como é de praxe do rito, vamos ouvir o Hino Nacional brasileiro.
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(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Convido o Ministro-Chefe da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, para compor a Mesa. (Pausa.)
Antes da fala do meu amigo Deputado Leur Lomanto, teremos a exibição de um vídeo, que peço à Secretaria da Casa possa iniciar-se.
(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Destaco também a presença nesta solenidade do Deputado Federal pela Bahia Paulo Magalhães; do Dr. Marcos Thadeu, que chegou há pouco, cujo nome eu havia citado antes; do Sr. Frederico Lomanto da Cunha Guedes, neto também e filho de um grande amigo meu, Alex Cunha Guedes; do Deputado Luiz Carlos Hauly; do Deputado Antonio Brito; de outros Deputados; e do Senador Garibaldi Alves.
Convido o Senador Garibaldi Alves para compor a Mesa.
Senador Garibaldi Alves, V. Exª nos honraria muito com a sua presença aqui à Mesa.
Anuncio a presença do Deputado Mauro Benevides, companheiro do Senador Lomanto Júnior.
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Vou passar, então, a palavra ao Deputado Federal Leur Lomanto.
O SR. LEUR ANTONIO DE BRITTO LOMANTO - Sr. Presidente desta sessão especial, Senador Otto Alencar, Sr. Ministro-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, nosso querido conterrâneo e amigo, Deputado Antonio Imbassahy, Deputado Federal José Carlos Araújo, também nosso conterrâneo, Deputado Estadual da Bahia, representando, neste instante, os netos do Senador Lomanto Júnior, Leur Lomanto Júnior, desejo inicialmente cumprimentar o autor e o proponente desta sessão especial, Senador Otto Alencar, a quem dirigimos nossos agradecimentos por esta homenagem.
V. Exª, assim como Lomanto Júnior, cultiva os gestos de aproximação com aqueles que vivem nos pequenos recantos da Bahia, do nosso interior, empunhando também, Senador, a bandeira municipalista. Sem dúvida alguma, V. Exª honra a Bahia no Senado Federal. (Palmas.)
Como os senhores puderam perceber, meu filho, Leur Lomanto Júnior, que está seguindo os mesmos passos do seu avô e é um dos frutos herdados da vocação política de Lomanto Júnior, maior fonte de nossas inspirações.
Em que pese eu ter atuado durante muito tempo na política e exercido sete mandatos consecutivos como Deputado Federal, ou seja, 28 anos, a emoção me domina neste momento - emoção pelo motivo da própria homenagem e também por ser a primeira vez que ocupo esta tribuna do Senado, a mesma que o Senador Lomanto ocupou por tantas vezes, sempre na defesa dos interesses do nosso Estado da Bahia e do nosso País.
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Estar na mais alta Casa Legislativa do País a falar do Senador Lomanto conduz-me a grandes recordações. É inegável que foram muitos os ensinamentos transmitidos pelos laços de pai e filho. Porém, mais relevante ainda foram as lições dos gestos de homem público que amava o seu povo.
O olhar sobre o outro, a fé em Deus e a obstinação em perseguir esses ideais que contribuíssem com a coletividade traçavam o perfil do homem público Lomanto Júnior. Desde cedo, ele revelava o apreço pela política, e, ainda na infância, já se predestinava à vida pública ao relatar para seus professores que um dia se tornaria governador da Bahia. Ao confessar esse anseio, Lomanto fortaleceu o destino de grande político que o aguardava.
Nascido em Jequié, onde iniciou a longa e vitoriosa trajetória política, tornou-se o mais novo vereador da cidade, aos 23 anos. Confirmou o desejo de servir ao povo de sua cidade natal, tornando-se prefeito e, logo em seguida, Deputado Estadual. O apelo do povo de Jequié sempre foi forte em sua vida. Foi assim que, após terminar o mandato na Assembleia Legislativa, voltou à prefeitura da cidade pela unanimidade dos votos dos seus conterrâneos, realizando uma administração que o tornou conhecido em todo o Estado e lhe deu as bases para lutar em favor de todos os Municípios da Bahia.
Dessa forma, Lomanto passou a dar voz à bandeira municipalista, levando ao governo as reivindicações do interior. Esse ideal o conduziu à Presidência da Associação Brasileira dos Municípios (ABM) quando conseguiu aprovar uma emenda na Constituição que elevou a participação dos Municípios no orçamento da União.
Ainda na ABM, alcançou também o grande feito junto ao Presidente Juscelino Kubitschek de trocar com o governo alemão excedentes de café por tratores que serviram a diversos prefeitos em Municípios de todo o País.
Com esse emblema, fez o interior marchar para a capital, e, com a esperança brotada nos corações dos baianos, elegeu-se o mais jovem governador da Bahia aos 37 anos, como os senhores assistiram há pouco através do vídeo, com o famoso jingle Lomanto, Esperança do Povo.
Em seu Governo, promoveu um grande acervo de realizações. Assim, implantou uma gestão voltada a priorizar o interior, visando obras de infraestrutura e integração das regiões, a exemplo da rodovia que liga Feira de Santana a Juazeiro e também a Ponte Ilhéus - Pontal, umas das mais emblemáticas.
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Essas sintetizam a grandiosidade de obras que foram realizadas, mas a maior delas, sem dúvida alguma, segundo especialistas, foi a reforma administrativa do Estado, que serviu de modelo para outros entes da Federação e até mesmo para o Governo Federal.
A reforma, pioneira no País, revelou o espírito de administrador ousado, que promoveu. junto à Universidade Federal da Bahia e a uma equipe de grandes auxiliares, inovações na estrutura do Estado, que persistem até hoje.
Uma de suas marcas era o espírito conciliador e a vontade de servir ao próximo. Com esse desígnio, que colocava a política acima dos Partidos, Lomanto construiu também a sua trajetória no Legislativo. Como Deputado Estadual, Deputado Federal e aqui neste Senado, como Senador, tendo sido, inclusive, seu primeiro Vice-Presidente.
Exerceu com muita dignidade a sua missão nesta Casa e fez grandes amizades. Na Câmara Federal, compartilhei diariamente suas experiências, tendo o privilégio de ser seu colega, pois fomos eleitos juntos para uma mesma legislatura, até então fato inédito no País.
Ele afirmava sempre que a política tem caminhos tortuosos, tem flores, mas também tem espinhos. Ainda assim, quando perguntado qual o caminho que seguiria caso tivesse a oportunidade de voltar no tempo, ele respondia: "percorreria o mesmo caminho, com os mandatos que me foram confiados para servir ao povo".
Ele sempre exaltava o Congresso como uma caixa de ressonância da Nação, e que era preciso escutar os clamores do povo. Assim, Lomanto Júnior foi interprete da vontade popular. Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. Deputados Federais, Deputados Estaduais, Prefeitos, Vereadores e amigos de Lomanto Júnior nesta sessão, o maior patrimônio que herdamos dele foram os grandes amigos que ele conquistara ao longo do tempo, ao longo da sua vida.
As manifestações de apreço e carinho no Congresso repercutiram em todos os rincões do Estado, em especial na sua Jequié, quando, num gesto de humildade aceitou, em 1992, ser Prefeito da cidade pela terceira vez, encerrando assim a sua carreira política.
Jequié está aqui muito bem representada pelo seu Prefeito Sérgio da Gameleira - é assim que o povo o elegeu e lhe conhece -... (Palmas.)
... a quem saúdo, e agradeço, em nome da família, a sua presença. Não tenho dúvidas de que, onde estiver, Lomanto estará muito feliz com a presença de tantos amigos a recordarem a sua trajetória.
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Com certeza, ele continuará a nos guiar para que trilhemos os mesmos caminhos que ele sempre ressaltou. "Meu maior legado não serão bens materiais, mas, sim, meus valores de amizade, honradez, ética e honestidade." O carinho das pessoas que o encontravam era a resposta àquilo que tinha como lema. Ele confirmava em palavras aquilo que vivia: "A política para mim é a arte de servir. Sou político para servir e não para ser servido."
Agradeço a todos pela presença.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Quero parabenizar o Deputado Federal Leur Lomanto pelas palavras e queria perguntar se posso franquear a palavra a alguém que queira se manifestar.
Ministro Antonio Imbassahy, Ministro-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Deputado Federal, ex-Prefeito de Salvador.
Eu queria destacar a presença da Senadora Lídice da Mata. (Palmas.)
Senadora Lídice, V. Exª, se não estiver de viagem para Bahia, pode vir compor a Mesa. Está de viagem?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Então veio mesmo para a solenidade.
Com a palavra o Ministro Antonio Imbassahy.
O SR. ANTONIO IMBASSAHY - Meu querido amigo Presidente desta sessão, Senador Otto Alencar, quero cumprimentá-lo pela iniciativa justa, humana, bela que significa, antes de tudo, nesses tempos tão difíceis, destacar um exemplo extraordinário da vida pública: o nosso inesquecível e sempre amado Lomanto Júnior.
Cumprimento também o Deputado José Carlos Araújo, o Senador Garibaldi Alves, a Senadora Lídice da Mata, o Deputado Federal, nosso amigo, Leur, que seguiu os passos do nosso saudoso Lomanto Júnior, que também agora recebe o bastão, amigos todos, Deputados, prefeitos, amigos todos, familiares de Lomanto Júnior.
Serei breve, mas começo dizendo que ainda estão impregnados, na minha alma e no meu coração, momentos que vivi com o Senador, Prefeito, Governador e Deputado Lomanto Júnior; "Lomanto, a esperança do povo" - aquele jingle inesquecível, que eu saberia até reproduzir na sua inteireza.
Fiquei muito comovido com esse vídeo que foi apresentado agora. Vi aqui também muita emoção entre seus familiares e amigos. É um vídeo que praticamente revela, de maneira sintética, a passagem desta figura extraordinária, Lomanto Júnior, entre nós.
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Quero, mais uma vez, parabenizar o Senador Otto Alencar pela iniciativa desta sessão especial, um reconhecimento, Senador Otto, amigos todos, que o Parlamento brasileiro faz a esse grande baiano de Jequié, imortalizado nas muitas obras e ações que contribuíram para a melhoria da qualidade de vida do povo da Bahia, para o crescimento do nosso Estado e para o Brasil também. A contribuição do Senador Lomanto, do Governador Lomanto foi para o Brasil.
Estamos aqui celebrando também os seus valores de respeito ao próximo, de solidariedade aos que mais precisam, de extrema dedicação à vida pública. Costumava dizer - e o nosso Leur encerrou com esta frase - que era um político para servir, não para ser servido. Essa frase tem uma amplitude e uma profundidade muito grande e deve ser sempre objeto de reflexão cada vez mais intensa, sobretudo nesses dias.
Ao longo dos seus 49 anos de atividade pública, passou por quase todos os cargos eletivos - Vereador, Prefeito, Governador da Bahia, Deputado Estadual, Deputado Federal e Senador -, sempre movido pelo mesmo princípio de que a atividade política é um meio para se buscar o bem comum e para reduzir as desigualdades e as distâncias. Digo isso com muita franqueza, com muita sinceridade, porque convivi com ele, fui liderado por ele, acompanhei o seu desempenho, vi o amor que ele dedicava à sua família, a D. Detinha, a seus filhos, aos netos, uma pessoa realmente extraordinária.
Uma de suas muitas marcas foi a defesa da causa municipalista. Foi Presidente da Associação Brasileira de Municípios e seguia a concepção de que só teremos Estados e um País forte se os Municípios estiverem fortalecidos. Era defensor da agricultura, porque via nessa atividade uma forma de gerar emprego e renda no campo e nas cidades, ao mesmo tempo em que, à frente do Governo do Estado, estimulou o desenvolvimento industrial da nossa querida Bahia. Suas lutas demonstram sua capacidade de enxergar adiante, um homem de ampla visão, um estadista de grande visão, qualidade de um grande gestor.
Lomanto Júnior será sempre lembrado pelo povo da Bahia como quem fez a diferença por onde passou, que se importava com as pessoas e que extraía delas a inspiração para desempenhar, com paixão e comprometimento, todas as funções e posições que ocupou.
Finalizo trazendo aqui também - e me dirijo aos familiares e, em especial, ao Presidente desta sessão, Otto Alencar - uma palavra de admiração, respeito e reconhecimento de Sua Excelência o Presidente da República, Michel Temer, que tinha pelo Lomanto não apenas a amizade, mas também uma admiração muito grande, de convivência. Sabe muito bem o nosso sempre Deputado Leur Lomanto.
Lomanto, um bom homem, um homem de bem, um exemplo.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Vou passar a palavra à nobre Senadora Lídice da Mata.
Senadora, eu queria registrar a presença do Deputado Federal Bebeto, do PSB da Bahia, e do Deputado Paulo Azi, do Democratas, que chegaram à solenidade.
Passo a palavra a V. Exª.
A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, senhoras e senhores familiares, amigos e convidados para esta sessão especial em homenagem ao Sr. Antônio Lomanto Júnior, ex-Governador da Bahia, ex-Senador e Deputado Federal, quero saudar os representantes do Senado, Senador Otto Alencar e Senador Garibaldi Alves, o representante do Governo Federal e Deputado Federal pela Bahia, Antônio Imbassahy, o Deputado Federal José Carlos Araújo, seu filho Leur Lomanto e seu neto Leur.
Perdoem a voz, eu estou no início de uma gripe da secura de Brasília.
Quero falar rapidamente, mas não podia deixar de, estando presente nesta sessão, registrar o meu carinho, o meu abraço a todos aqueles que admiraram e que homenageiam Lomanto. Saudar de forma especial o Prefeito de Jequié, Sérgio da Gameleira, que tem essa grande responsabilidade de ser Prefeito da cidade aonde Lomanto iniciou a sua vida. E marcou profundamente a sua presença no cenário político baiano justamente por essa referência de Jequié.
Saudar os Deputados Federais que vejo aqui, amigos, independentemente de legenda: Deputado Paulo Azi, do DEM, que tem base principal em Alagoinhas, também minha terra, Antônio Brito, que é meio Jequié, Sandro Régis, o filho de Honorato, Deputado Estadual Adolfo Viana, meu querido amigo Pedro Tavares e, também de Jequié, Deputado com muita expressão política na Bahia, representante dessa cidade, Euclides Fernandes. De maneira mais especial ainda, perdoem-me todos, o Deputado do meu Partido Bebeto Galvão, da região sul do Estado da Bahia, com muita relação também com Jequié. E, em nome destes, saudar todos os políticos que estão presentes aqui no plenário do Senado.
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Eu queria dar um testemunho, um testemunho de improviso sobre essa relação com o Lomanto. Primeiro, aquilo que fica na memória de qualquer criança, que é a música, como já foi dito aqui. Esse foi um jingle que marcou a história da Bahia. Aliás, quando cheguei à universidade, uma chapa adversária minha tinha justamente o nome Sangue Novo e fazia uma paródia do jingle de Lomanto. Era a chapa capitaneada por meu querido amigo Paulo Fábio, hoje cientista político em Salvador, na Universidade Federal da Bahia, e, à época, um dos representantes do PCB no movimento estudantil.
Aquela música, que já fazia parte da nossa história, falando de um homem que se tornou governador, vindo do alto sertão, marcou muito profundamente a história política da Bahia. Lomanto assume o Governo da Bahia num momento extremamente delicado, no momento em que o Brasil acabava de sofrer um golpe, um golpe militar. Portanto, ele governou com adversidades maiores do que as comuns e soube fazer isso com a característica de ser um homem pacífico, de ser um homem fazedor de amigos, agregador na política. Talvez tenha sido essa a sua característica principal.
Além do seu talento político e do empreendedorismo que teve como representante do Governo da Bahia, Lomanto, ao longo de sua história, fez muitos amigos e transformou Jequié nessa referência de um governador que vem do interior para a capital do Estado da Bahia e traz para a capital os problemas do interior, unindo a Bahia, abraçando a Bahia como um todo. Essa foi a marca principal de sua campanha, que se tornou também a marca de sua vida. Com essa marca ele fez seu filho e seu neto políticos da Bahia, representando a sua região. Com a força eleitoral que tinha, durante muitos e muitos anos, não se podia falar de Jequié sem se referir justamente à figura carismática de Lomanto, porque Lomanto, como político, foi um líder carismático. Um líder que tem essa característica agregadora é acima de tudo um líder carismático.
Digo isso, mas tive uma convivência muito pequena com ele. Não fui sua colega como Deputada, mas fui Prefeita de Salvador, e ele me procurava para falar da amizade que tinha com o meu tio, Salvador da Mata, de Ipiaú, que tinha sido prefeito num período mais ou menos próximo ao dele, com quem mantinha boas relações de amizade. Ele sempre me buscou e me tratava com muito carinho. Numa Bahia, como vocês sabem, de muita disputa política, onde os lados políticos estavam sempre muito definidos, Lomanto se sobressaía e ultrapassava os lados. Ele era uma figura que circulava em todos os lados da política baiana. No período democrático, ele tinha e teve essa função de buscar unir esses lados.
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Portanto, fico muito feliz que o Senado Federal, por intermédio do Senador Otto Alencar, tenha tomado a iniciativa de fazer esta homenagem, que é uma homenagem devida da Bahia, e que Otto, ao fazê-la, faça em nome de toda a Bancada da Bahia e de todo o povo baiano. É um registro que nós não poderíamos passar sem fazer, o registro da presença benéfica de Lomanto na política baiana e na política brasileira.
A sua participação foi sempre isso, a participação de um homem simples, mas de um homem do bem, que passava para as pessoas o contato de um homem alegre, que não nos encontrava para fazer queixas, mas para ressaltar questões positivas da vida naquele momento, fosse qual fosse o momento.
Tenho a satisfação de poder contar com a amizade dos seus filhos, um deles aqui na minha frente, Marquinhos, um grande parceiro nosso, meu e de tantos outros amigos na área do turismo, e de Leur, com quem tenho uma relação muito fraterna. E de podermos nos beneficiar, todos os baianos, da história política de Lomanto.
E olha, dizer isso, eu que sou uma pessoa que tem uma vida totalmente ligada à esquerda, Senador Otto Alencar, desde os primórdios da minha participação política, fui uma política de esquerda e sou uma política de esquerda...
Numa eleição em que eu era criança, meu pai participou destacadamente da campanha de Waldir Pires, que veio a ser derrotado por Lomanto, pela força desse voto do interior que se levantava de Lomanto e das relações que Lomanto soube construir. Quando me refiro a esse lado da história, digo, com todo esse lado da história que ele recompôs e refez essa relação, é uma posição muito singular.
Eu não poderia deixar de dar o meu testemunho a favor dessa figura política histórica da Bahia que foi o Governador Lomanto Júnior, independente da grande obra que tenha realizado no nosso Estado, inclusive obras de infraestrutura que até hoje são referências no Estado, mas principalmente pela figura política que é Lomanto Júnior, que foi Lomanto Júnior, porque ele continua sendo essa referência. E virou uma referência da força de governo que vem do interior para a capital, Imbassahy, que é um político da capital, assim como eu, com origem na capital, mas representando todos os baianos. Nós sabemos da importância que tem isso para o marco da história política da Bahia.
Lomanto, a esperança do povo, é gente nova, é sangue novo. Lomanto é a renovação vinda do Alto Sertão.
Não há coisa mais bonita que possa ser dita sobre Lomanto.
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Quero registrar a presença do nobre Senador Fernando Bezerra, do Estado de Pernambuco, de Petrolina, cidade que foi beneficiada por Lomanto desde que ele fez a estrada 407, que sai próximo de Feira de Santana, passa em Capim Grosso, Juazeiro e Petrolina. Ontem ele falava comigo, dizendo que é um dos beneficiados pela força política e pela capacidade gerencial e administrativa do Governador Lomanto Júnior.
Passo a palavra ao Senador Garibaldi Alves, do Estado do Rio Grande do Norte.
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O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Quero cumprimentar o Presidente da Mesa, Senador Otto Alencar, e dizer do apreço e do respeito que tenho por este Senador. Quero manifestar o meu apreço à Senadora Lídice da Mata. Quero cumprimentar a Senadora Lídice, o Deputado Federal José Carlos Araújo, o Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, o Deputado Federal, pela Bahia, Leur Lomanto e o Deputado Estadual pela Bahia Leur Antonio de Brito Lomanto Júnior. Quero cumprimentar o Senador Mauro Benevides, cearense, que foi Presidente do Senado. (Palmas.)
Eu me antecipei, na tribuna, porque eu quero ser o primeiro não baiano a homenagear a figura de Lomanto Júnior - porque eu já vi o Senador Fernando Bezerra Coelho se movimentando para vir à tribuna, e a vizinhança deles, claro, o impulsiona a vir à tribuna, porque, diante do que foi dito a respeito de Lomanto Júnior, não são apenas os baianos que não devem calar, mas qualquer um brasileiro não deve calar diante do exemplo de Lomanto Júnior! (Palmas.)
E permitam - o Prefeito de Jequié está presente, o "homem da gameleira". Eu já estou criando uma intimidade danada! Permitam-me dizer que nesta hora, neste momento da vida política brasileira é que nós devemos reverenciar a memória daqueles que, no exercício de cargos públicos, só fizeram engrandecer o seu Estado e o seu País. (Palmas.)
E eu digo neste momento, quero acentuar neste momento, porque é um momento em que os políticos são lançados, Sr. Presidente, diante de uma verdadeira tempestade política. Quer-se descrer da política. Como descrer da política? Como descrer dos políticos, se nós temos, lá atrás, honrando o povo da Bahia, o povo brasileiro um homem como Lomanto Júnior? (Palmas.)
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Eu serei breve, serei muito breve, porque eu não convivi com Lomanto Júnior. A minha convivência foi com Leur Lomanto. E a convivência maior com Leur Lomanto foi do ex-Deputado e ex-Ministro Henrique Alves, que é meu primo. (Palmas.)
E eu vi ali uma fotografia que me trouxe a lembrança do meu tio Aluízio Alves, que foi... (Palmas.)
Olhem, se vocês continuarem a aplaudir, as minhas breves palavras se tornarão palavras mais longas. (Risos.)
Eu quero agradecer, isso é patente, isso só se faz impor numa coisa: que é a generosidade do povo baiano.
Então, como não deixar, numa hora dessas, de se inspirar no exemplo de Lomanto Júnior. Político é para servir e não para ser servido. Isso poderia ser um conselho, uma referência evangélica. E o é! Isso vem do evangelho, isso vem das raízes cristãs de um homem como Lomanto Júnior.
Meus amigos, perdoem-me se estou trazendo aqui a emoção de um político que nasceu para servir e não para ser servido, como Lomanto.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Queria destacar a presença aqui do Deputado Federal José Rocha, do Deputado Federal Lúcio Vieira Lima, do ex-Ministro Geddel Vieira Lima e de outras autoridades que vieram.
E convidar o Senador Fernando Bezerra para compor a Mesa e, se desejar também, fazer a sua saudação ao homenageado.
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O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente e amigo, Senador Otto Alencar. Minha amiga, companheira de Partido, Senadora pela Bahia, Lídice da Mata. Prezado amigo, Senador Garibaldi Alves Filho. Queria aqui também cumprimentar o amigo, Deputado Federal José Carlos Araújo, em nome dele cumprimento todos os Parlamentares da Bahia presentes a esta sessão de homenagem. E quero registrar aqui a presença dos Ministros de Estado, da Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, do Ministro Antonio Imbassahy e do meu amigo, ex-Ministro, Geddel Vieira Lima. Queria cumprimentar a todos os familiares do nosso homenageado na pessoa do meu amigo, Deputado Federal, Leur Lomanto.
Eu não poderia me ausentar desta tribuna. Fui um dos primeiros a chegar a esta sessão. Abracei os filhos de Lomanto Júnior e disse a Leur que ia dar presença na Comissão de Relações Exteriores, mas para cá voltaria, porque eu acho que através de mim, nesta manhã, vão falar muitos petrolinenses, vão falar filhos da minha terra que tiveram o privilégio de conhecer e conviver com Lomanto Júnior. Eu falo aqui, Senador Otto Alencar, do meu tio, ex-Governador de Pernambuco, Nilo de Souza Coelho. (Palmas.)
Eu falo aqui do meu tio, ex-Deputado Federal, Osvaldo de Souza Coelho. (Palmas.)
Mas eu falo nesta manhã, sobretudo, em nome do meu pai, Paulo de Souza Coelho,... (Palmas.)
... rotariano como Lomanto. E ele tinha uma determinação na vida, muito grande: que era unir Petrolina e Juazeiro. Porque ele entendia que aquela ponte, aquele rio, não separavam as duas cidades, mas unia as duas comunidades em defesa do Vale do São Francisco.
E naquela época em que Lomanto governava a Bahia, meu pai, ao lado do então Bispo de Juazeiro, Dom Tomás Murphy, ao lado de Américo Tanuri, Prefeito de Juazeiro, ao lado de Giuseppe Muccini, ao lado de João Freitas, todos baianos e juazeirenses, fundaram e criaram a Codevasf - Comissão de Desenvolvimento do Vale do São Francisco -, fundada em Juazeiro e Petrolina e que nascia com duas grandes bandeiras. A primeira, implantar uma companhia telefônica entre Petrolina e Juazeiro para que as ligações entre as duas cidades não fossem interestaduais, mas ligações locais. E a companhia se constituiu, se criou e serviu, durante muitos anos, à comunidade de Petrolina e Juazeiro. E a segunda bandeira era a estrada asfaltada de Feira de Santana até Juazeiro/Petrolina. Eu era menino, Senador Otto, tinha pouco mais de 10 anos, e nunca irei me esquecer da inauguração dessa estrada, a estrada que Lomanto trouxe da capital baiana até as margens do São Francisco.
Juazeiro se engalanava para receber o seu Governador, mas eu aposto que a maior festa Lomanto teve em Petrolina, no Iate Clube, quando o Governador já eleito de Pernambuco, Nilo Coelho, o recebeu em Pernambuco, agradeceu pela estrada e disse que Lomanto o estava colocando numa situação de desafio, porque, se ele, sertanejo de Jequié, tinha feito o asfalto chegar a Juazeiro, ele, sertanejo de Petrolina, haveria de ligar Petrolina até o Recife, no asfalto. (Palmas.)
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Por isso é que eu precisava vir a esta tribuna para dar o testemunho de como este Governador da Bahia, este Senador, este homem público marcou a história da minha cidade e marcou a minha história, porque o asfalto que ligou Juazeiro a Salvador me levou a estudar na Bahia. Em vez de fazer o curso de ginásio e científico no Recife, era mais próximo ir pela estrada de Lomanto, no ônibus leito da São Luís, para poder fazer o curso de ginásio e científico nos Maristas de Salvador. E, aí, eu tive o privilégio de me tornar também meio baiano. Convivi na Bahia durante sete anos. Devo a minha formação aos professores, às instituições de ensino, que me empurraram para a trajetória política que hoje abraço.
Por isso, Senador Otto, minha amiga, Senadora Lídice, meu amigo, Deputado Leur Lomanto, é uma belíssima homenagem a que o Senado presta hoje ao Governador Lomanto Júnior. É um dos grandes nomes da história da política da Bahia e é um homem que tinha um temperamento alegre, como Lídice aqui bem colocou. Depois, eu cruzei com Lomanto aqui, neste Senado, ainda à época de Nilo Senador, cruzei com ele aqui e só via nele o sorriso, o desejo de bem viver, de bem servir e sempre a paixão pela Bahia e a paixão, sobretudo, pelo interior da Bahia.
Portanto, salve Lomanto! Viva Lomanto! E que ele sirva de exemplo e de inspiração para os que hoje marcham na vida pública para servir ao seu povo e a sua gente.
Parabéns. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Eu queria parabenizar o nobre Senador Fernando Bezerra pelo depoimento e tanta veracidade a respeito do Senador Lomanto Júnior.
Pergunto se tem algum outro orador que deseje usar a tribuna.
Queria, então, passar aqui a Presidência à Senadora Lídice da Mata.
Fernando, então, você vai presidir para que eu possa falar?
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O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Pois não, Senador Garibaldi.
O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Eu queria fazer o registro da presença aqui do ex-Ministro Geddel Vieira Lima. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Senador Garibaldi, eu já tinha registrado a presença do ex-Ministro Geddel Vieira Lima e do seu irmão Lúcio Vieira Lima, que também está presente e de outras autoridades que aqui vieram.
O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Então perdoe-me, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - V. Exª fez bem. Registrou outra vez, não há problema. Sempre Presidente, tem toda autoridade para fazer o que desejar aqui na sessão de homenagem ao Lomanto.
Passo a Presidência aqui ao Senador Fernando Bezerra Coelho.
(O Sr. Otto Alencar deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Fernando Bezerra Coelho.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Com a palavra o Senador Otto Alencar.
O SR. OTTO ALENCAR (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Fernando Coelho, agradeço a V. Exª a Presidência desta sessão neste momento.
Quero saudar o Senador Garibaldi Alves, a Senadora Lídice da Mata, o Deputado Federal José Rocha, o Deputado Leur Lomanto, Deputado Leur Lomanto Júnior. Quero saudar também todos os familiares que aqui estão presentes. Seus filhos Antonio Lomanto, Lilian, Marco Antonio, Marco Tadeu, os seus netos que estão aqui, seus bisnetos. Enfim, todos os familiares.
Os Deputados Federais que aqui vieram, como o Deputado Federal José Carlos Araújo; em nome dele saúdo todos os Deputados Federais que estão presentes. E também os Deputados Estaduais da Bahia que aqui vieram.
E saudar um grande amigo meu, que também representa a família Lomanto, que é o meu amigo Fernando Jorge Carneiro, esposo de Virgínia, filha de Vavá Lomanto, um grande amigo com quem convivi e tenho ótimas lembranças de Vavá Lomanto. (Palmas.)
Eu vi o vídeo que foi aqui passado pela família e também me emocionei. Eu convivi com o Dr. Lomanto, como era chamado, por muito tempo. E ele teve de minha família, em 62, o apoio lá em Ruy Barbosa, minha cidade natal. Eu tinha 15 anos e ele foi candidato a Governador.
Eu me lembro que, naquela época, colocávamos as chapas no envelope para levar para a urna. E eu fazia essa confecção com meu pai, com meu avô. Meus familiares todos o apoiaram à época.
Ele teve um apoio muito grande da igreja lá em Ruy Barbosa. O Padre Cizinho fez uma campanha maravilhosa, ressaltando as qualidades de cristão e de religioso. Ele era um católico fervoroso.
Ele foi Governador muito jovem, com 37 anos. Antes disso talvez tenha sido - aliás, é o único baiano que exerceu, na Bahia, todos os cargos públicos. Começou como Vereador - aliás, a formação dele era de odontólogo -, depois Prefeito, Deputado estadual, voltou a ser Prefeito e, depois, Deputado Federal, Governador e Senador.
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Como Senador, ele se elegeu em 1978. Antônio Carlos foi indicado ainda de forma indireta, e ele disputou as eleições para o Senado e foi vitorioso. E nessa campanha eu pude votar em Dr. Lomanto, levado por Fernando Jorge num comício lá em Itapoã. Eu me lembro, como se fosse hoje, de que ele me levou a dar esse voto. Eu lembro exatamente como foi e também o seu discurso, a sua maneira de agir.
Ele, como Governador, já se destacaram aqui todas as obras que foram por ele realizadas e que são marcas até hoje: a estrada que o meu amigo, Senador Fernando Bezerra, aqui ressaltou, que fez a Bahia se abraçar com Petrolina e com Pernambuco, como a Ponte do Pontal, lá em Ilhéus, e como outras tantas obras que foram realizadas com determinação, com coragem, num momento muito difícil da vida brasileira, até porque foi o momento em que se iniciou um novo regime político, com o golpe militar de 1964. E ele teve a capacidade de harmonizar a vida política baiana e também de conseguir exercer o seu mandato de Governador.
Eu, depois, eleito Deputado Estadual, participei da campanha para o governo, em 1990. E fui indicado Secretário de Saúde pelo então Governador Antônio Carlos Magalhães, que foi Senador também aqui e foi Presidente do Senado Federal, outro grande baiano que ajudou muito a Bahia.
Permitam-me os familiares acrescentar também, porque vejo aqui Michele Magalhães, fazer uma homenagem póstuma a um amigo meu, Luís Eduardo Magalhães,... (Palmas.)
... que foi um grande baiano também, Presidente da Câmara Federal.
E, nesse período em que fui Secretário da Saúde, o Dr. Lomanto saiu candidato a Prefeito de Jequié. Eu nunca imaginaria que ele voltaria - depois de ser Governador, Senador - a ser Prefeito de Jequié. Ele esteve comigo na Secretaria da Saúde para conversar sobre os problemas de saúde, ainda na campanha. Ele estava preocupado com o Hospital Prado Valadares. Perguntou-me se haveria como, ele sendo Prefeito, nós recuperarmos, reequiparmos o hospital. Eu disse a ele que sim.
Mas eu fiquei curioso e disse: "Dr. Lomanto", porque nós todos o chamávamos de Dr. Lomanto, "o senhor foi tanto, o senhor foi Governador, foi Senador e agora vai ser Prefeito de Jequié?". Eu nunca esqueci o que ele me disse: "Olha, Otto, eu já fui tudo isso, mas lhe digo de coração que eu prefiro ser o primeiro em Jequié do que ter sido o primeiro, na Bahia, Governador e o segundo no Senado. A minha terra é a minha vida". Então, eu gravei isto: "prefiro ser o primeiro na minha terra a ser o segundo em qualquer lugar", porque é uma coisa que mostra o sentimento de paixão por sua terra, pelo seu povo, por sua Jequié. Aqui está o Prefeito, Sérgio da Gameleira, os vereadores.
Portanto, ele tinha esse sentimento de voltar à sua cidade, à sua terra natal, para servir ao seu povo. Ele, Prefeito, nós fizemos a recuperação do Hospital Prado Valadares. Trabalhei bastante nesse período como Secretário de Saúde. E, um certo dia, já deixando a Secretaria, Fernando, me convidam a uma churrascaria, onde me fariam uma homenagem.
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Eu pensava que era uma homenagem simples de alguns prefeitos. Seriam o quê? Dez, doze, vinte prefeitos, e ele estava à frente dessa homenagem.
Quando eu cheguei à churrascaria, fiquei completamente assustado, porque havia mais de 200 prefeitos que ele conseguiu levar para a churrascaria, ex-prefeitos, várias pessoas. E, naquele momento, o Governador Antonio Carlos Magalhães não sabia a dimensão - tampouco eu sabia, e todos que conheceram Antonio Carlos sabem que um secretário jamais poderia querer ultrapassar a autoridade dele.
Cheguei à churrascaria, e ele disse: "Vim lhe prestar uma homenagem pelo Secretário de Saúde que você foi e pelo o que você fez por Jequié". Digo: "Olha, Dr. Lomanto, tem um problema aí. O senhor vai ter de ser orador, vai falar e não falar em sucessão estadual. Eu não sou candidato a Governador de jeito nenhum!". (Risos.)
Aí, ele disse: "Não. Pode ficar tranquilo que eu serei o orador", porque alguns prefeitos queriam fazer uma marcha a Ondina. Vocês imaginem a briga que eu iria comprar. (Risos.)
Então, ele terminou sendo o orador, falou e agradeceu, mas não tocou em política, felizmente.
Logo depois, eu tive um despacho com o então Governador Antonio Carlos Magalhães, que disse: "O senhor foi homenageado numa churrascaria, com vários prefeitos". Disse: "Fui, sim, senhor.". Ele disse: "Lomanto salvou a sua pele: não falou em sucessão.". Digo: "Exatamente!"
Lomanto não falou de sucessão de governo, com uma tranquilidade, com aquela maneira dele de ser, sempre alegre, amigo. E foi Prefeito de Jequié. Aqui no Senado, deixou uma marca muito importante: foi Vice-Presidente aqui do Senado Federal, fez grandes amigos e deixou uma história de vida. Cada um de nós constrói a nossa própria história.
Eu diria que o ex-Senador, ex-Governador, Lomanto Júnior construiu uma história que marcou a Bahia não só pela execução física das obras, pela capacidade gerencial e administrativa que ele teve. E isso, sem nenhuma dúvida, é reconhecido por todos os políticos baianos, mas a grande que ele deu, foi a lição de que, exercendo todos esses cargos públicos, construiu uma história digna e honrada que serve de exemplo a todos os baianos.
Foi grande executor de obras. Foi construtor. Foi administrador. Realizou muito, mas nunca foi arrogante. Sempre foi dócil, mas sempre foi firme nas suas decisões. Enfrentou várias dificuldades. Enfrentou os fortes e os grandes com altivez, mas os humildes, sempre com caridade, que era uma coisa da sua formação, do seu coração, da sua índole mesmo, de ser um homem formado e com educação familiar muito forte - como são todos aqueles que têm os seus pais centrados, no interior da Bahia, e recebem educação familiar, que é fundamental para a vida.
Tinha uma capacidade muito grande de oratória. Eu ouvi vários discursos do Dr. Lomanto, com aquela voz sempre firme, que falava com a sua convicção.
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E, portanto, eu creio que prestar uma homenagem a um grande baiano, que foi Antônio Lomanto Júnior, é um dever nosso, um dever de todos nós, como falou Lídice da Mata. Esta homenagem é endossada pela Lídice da Mata, pelo Senador Roberto Muniz, que não pôde estar aqui hoje, por todos os Deputados Federais, são vários Deputados Federais que estão aqui hoje com o ex-presidente do Senado Federal, com os Senadores que aqui vieram, com seus familiares.
Portanto, eu apenas cumpro o dever de baiano de prestar esta homenagem, que é de minha iniciativa, prestar homenagem a Antonio Lomanto Júnior. Creio que é justa, como todos aqui falaram. Foi um homem que construiu uma vida de trabalho, de luta, ligado à sua família, ligado à crença religiosa de forma muito verdadeira, que foi um esposo maravilhoso, podia até dizer um exemplo puritano até na relação familiar, totalmente puritano. Eu nunca vi alguém dizer que Dr. Lomanto tinha dado um pulinho em alguma cerca pela história da Bahia. Jamais! (Risos.)
Esse exemplo é um exemplo importante que deveria ser seguido por todos os baianos e todos os que estão me ouvindo aqui agora. Então, o Dr. Lomanto deixou essa história de vida bonita.
E quem constrói uma história de vida dessa natureza, uma trajetória vitoriosa, que deixou tantos amigos e tantas saudades, eu posso dizer, com toda a convicção, com toda a firmeza de quem conheceu profundamente esse homem do sertão, esse grande baiano, esse bom baiano: Lomanto não morreu nem morrerá nunca, cessou de viver para continuar habitando o coração de todos os nossos baianos, todos os nossos amigos que aqui vieram e de outros tantos que vão ouvir e vão assistir a esta sessão, que não está sendo, agora, transmitida diretamente pela TV Senado, porque nós temos agora uma Comissão de Relações Exteriores, presidida pelo ex-Presidente Fernando Collor, mas todos os baianos vão ter oportunidade de saber que este homem que viveu na Bahia, que foi Governador, as novas gerações de políticos - que aqui estão muitos deputados estaduais e vereadores - haverão de tê-lo como exemplo, um exemplo de vida a ser seguido.
Eu olho muito, eu gosto muito da história e de ler a história, e a história é o que mais ensina os políticos. Eu conheço bem a história do meu País, a história toda da República, do Império, desde garoto, ainda na época lá, Leur, no interior da Bahia, não tinha os livros, mas tinha um sabonete chamado eucalol, e esse sabonete trazia umas estampas dentro que traziam a história de Roma e da Grécia. A partir daí, eu me apaixonei pela história de Roma, por toda a vida dos césares, conheço aquilo mais talvez que os italianos.
Recentemente eu li a biografia de um grande homem do mundo, um cidadão do mundo. Eu li, terminei no ano passado, no mês de junho, a biografia de Nelson Mandela. Foi o grande líder africano que, com a sua capacidade de unidade, pacificou o seu país. Nelson Mandela lutou na luta armada, foi preso 27 anos e deixou a prisão para perdoar os seus agressores, para pacificar a vida da África do Sul. Foi um pacificador: perdoou os brancos - que foram os seus opressores - e uniu a África do Sul com negros e brancos e, a partir disso, o seu país começou a crescer.
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Lomanto foi um grande pacificador, um grande executor da harmonia da vida pública da Bahia e, neste momento que o Brasil vive, o Brasil precisa de pacificadores.
Eu acredito que seria uma coisa que, se eu pudesse fazer agora, faria, até porque eu saía com esse livro da biografia ou alguém que tivesse feito a biografia de Lomanto ou com a biografia mesmo do Nelson Mandela, eu não mudaria o Fernando Henrique Cardoso, porque ele fez o prefácio do livro, mas daria um conselho ao atual Presidente Michel Temer, ao ex-Presidente Lula, aos Líderes do PSDB e a todos que comandam o Brasil hoje, que vive um momento muito grave, e diria: "Sigam o legado e a história de Lomanto: pacifiquem o Brasil! Sigam o legado de Nelson Mandela: pacifiquem o Brasil!" Porque este é um momento em que alguém só vai resolver os problemas brasileiros através da moderação. Se a solução do Brasil não vier de moderados, como Lomanto, não virá de exaltados. Portanto, a presença de Lomanto agora, aqui no Senado, aqui no Brasil, serviria de exemplo para resolver as dificuldades sociais e econômicas do povo brasileiro e do Brasil.
Eu me miro muito na vida de Lomanto Júnior, e, na minha vida inteira, sempre que puder, dentro de um acordo ou de uma conversação, de uma pacificação que seja em benefício do povo, como ele escreveu ali: "servir e não ser servido", eu o farei, sem hesitar em nenhum momento, porque Antônio Lomanto Júnior deixou esse exemplo. E eu repito, não morreu, cessou de viver.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Antes de devolver a presidência dos trabalhos ao Senador Otto Alencar, eu registro a presença na nossa galeria dos alunos da Escola da Benção de São Sebastião, da classe de cerâmica, do Ensino Fundamental, aqui do Distrito Federal. Sejam todos bem-vindos.
(O Sr. Fernando Bezerra Coelho deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Otto Alencar.)
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - Quero registrar aqui a presença do Prefeito do Município de Igaporã, Sr. José Fagundes Netto; do Prefeito do Município de São Domingos, Izaque Rios da Costa Junior; além de outras autoridades e vereadores que aqui vieram. Agradecer ao Senador Fernando Bezerra, muito obrigado. Eu vi ali a sua inquietação em querer falar. Não acho que o Senador... Não iria cassar a sua palavra de jeito nenhum. Desde ontem, ele falava: "Você tem que me dar o direito de falar, porque eu quero agradecer ao Governador da Bahia os benefícios que o meu Estado recebeu."
Quero agradecer a presença de todos os familiares que aqui vieram, os Deputados Federais, Estaduais e dizer da minha alegria e também da minha emoção. Quando eu estava falando há pouco, faltou um pouquinho a palavra, porque eu tenho uma lembrança muito ligada ao sentimento de ter convivido com ele e hoje convivo com seus filhos, com o seu neto, Deputado Estadual Leur Lomanto Júnior, que eu espero possa fazer e seguir a carreira do seu avô, sempre crescer na política, porque reúne todas as virtudes e capacidades...
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(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) - O exemplo do pai e do avô, não há problema.
O Deputado José Rocha está aqui me soprando. Muito obrigado.
E eu quero encerrar esta sessão solene de homenagem a esse grande baiano e agradecer a presença de todos.
Espero que Deus possa nos guiar pelos melhores caminhos da vida baiana e da vida brasileira.
Muito obrigado a todos.
Está encerrada a sessão.
(Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 10 horas e 44 minutos.)