3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
55ª LEGISLATURA
Em 6 de novembro de 2017
(segunda-feira)
Às 11 horas
168ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Social Democrata/PSDB - MG) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
A presente sessão especial destina-se a celebrar o centenário da terapia ocupacional no mundo, nos termos do Requerimento nº 471, de 2017, de minha autoria, juntamente com outros Senadores.
Para compor a Mesa, tenho a honra de convidar a Vice-Presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Srª Patrícia Luciane Santos de Lima; (Palmas.)
Convido igualmente o Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4ª Região, do Estado de Minas Gerais, o Sr. Anderson Luís Coelho; (Palmas.)
Convido igualmente a Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 15ª Região, do Estado do Espírito Santo, Srª Eunice Garcia da Silva e Sousa; (Palmas.)
E, por fim, convido para compor a Mesa o Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região, do Estado de São Paulo, Sr. José Renato de Oliveira Leite. (Palmas.)
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Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos a execução do Hino Nacional.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Social Democrata/PSDB - MG) - Dando continuidade à nossa sessão especial, o Senado da República tem o prazer de receber nesta data a comemoração do centenário no mundo da Terapia Ocupacional.
Nós vamos ouvir os pronunciamentos das autoridades da Terapia Ocupacional presentes a esta Mesa e falarei, Srª Presidente, ao final, fazendo também os cumprimentos e as homenagens que o Senado da República gostaria de fazer a esta importante profissão e atividade.
Desse modo, passo em primeiro lugar a palavra à Vice-Presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Srª Patrícia Luciane Santos de Lima, para o seu pronunciamento.
A SRª PATRÍCIA LUCIANE SANTOS DE LIMA - Bom dia a todos e todas.
Cumprimento as autoridades aqui presentes e estendo esse cumprimento a todos que vieram abrilhantar esta solenidade.
A esta Casa, que através do Senador Antonio Anastasia nos recebe de braços abertos e proporciona este momento tão importante e honroso para comemorarmos o centenário da terapia ocupacional no mundo, nosso agradecimento.
Muitos exemplos ficaram registrados ao longo do tempo sobre a importância da ocupação na vida das pessoas. Em 2600 a.C. os chineses consideravam que a doença resultava da inatividade física e utilizavam o treino físico como terapia. Os egípcios deixaram, cerca de 2000 a.C, vestígios que revelam a utilização de templos onde pessoas melancólicas eram tratadas recorrendo a jogos e onde se defendia a aplicação do tempo em ocupações agradáveis para melhorar a saúde geral. Na Grécia clássica, por volta de 600 a.C, dizia-se que Asclepius, o deus da cura, utilizava cantigas, músicas e dramatizações para acalmar os delírios. Também o escritor e orador romano Sêneca, em 30 a.C., defendia a utilização de cantigas e músicas para tratar qualquer tipo de agitação mental, e Hipócrates, em 220 d.C., enfatizava a ligação entre o físico e a mente e recomendava a luta greco-romana, a equitação, o trabalho e os exercícios vigorosos para relaxar e tornar o homem menos agressivo.
Mas foi como consequência dos acidentados da Primeira Grande Guerra (1914-1918), e da Segunda também, que a Terapia Ocupacional começou a existir como profissão, na área das disfunções físicas, com a criação de serviços de terapia ocupacional nos hospitais militares, pois havia a necessidade de reabilitar os jovens militares incapacitados durante a guerra. Os primeiros serviços de terapia ocupacional foram, portanto, na área das incapacidades físicas e valorizavam o exercício articular e muscular.
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Em 1786, o médico francês Philippe Pinel deu início a uma reforma com implicações profundas no tratamento dos doentes mentais colocados em asilos. Essa reforma valorizou a importância da ocupação e da terapia ocupacional e ficou associada ao conceito de tratamento moral. Preconizando que o trabalho executado com rigor é o melhor método para a boa moral, disciplina e saúde mental, Pinel prescrevia exercícios físicos e ocupações manuais como forma de terapia. Esta nova postura começou a ser difundida e a ter uma maior aceitação no decorrer do século XIX, levando ao crescente envolvimento dos doentes mentais nos trabalhos dos asilos onde estavam inseridos. E assim, muitas vezes com base em observações empíricas ou apenas intuições, foi-se caminhando para o desabrochar daquilo que seria a futura profissão Terapia Ocupacional.
No Brasil, é de extrema importância a referência da vinda da família real portuguesa, que deu impulso à reestruturação psiquiátrica, principalmente depois da independência. Em 1852, no Rio de Janeiro, iniciou-se o uso das ocupações como forma de tratamento com a fundação do Hospital D. Pedro II. Em 1898, com o funcionamento do Hospital do Juqueri - atual Hospital Franco da Rocha -, eram atendidos doentes mentais de todo o Brasil; foi onde Franco da Rocha e Pacheco e Silva introduziram o tratamento pelo trabalho, intitulado na época por "praxiterapia".
Em 13 de outubro de 1969, a Terapia Ocupacional foi reconhecida como profissão de nível superior e regulamentada na forma da lei. Cem anos de Terapia Ocupacional no mundo, 48 anos de Terapia Ocupacional no Brasil.
Atualmente, contamos com aproximadamente 18 mil profissionais no País, 84 escolas formadoras e a necessidade social, cada vez mais eminente, do profissional terapeuta ocupacional inserido em todas as políticas de saúde, em todas as áreas de atuação. Por isso a nossa busca pela valorização deste profissional no mercado de trabalho, pelo fortalecimento dos cursos de Terapia Ocupacional no País, pela abertura de novos cursos e pelo reconhecimento da população desse serviço como direito.
Mas, deixando de lado esses fatos históricos e numéricos, eu gostaria de trazer a vocês uma reflexão acerca daquilo que queremos, daquilo que buscamos como terapeutas ocupacionais.
Acredito que todos aqui buscam algo que pode ser definido por apenas uma palavra: sucesso. Pode ser o sucesso profissional, que é ter um bom emprego, obter um ótimo salário, conseguir alcançar um cargo diferenciado, montar sua clínica, passar num concurso. Pode ser também o sucesso em conseguir adquirir determinado bem, como a casa própria, um carro novo. Seja qual for o entendimento e a busca do sucesso, devemos considerar um fato: o sucesso não existirá sem a sua determinação.
A falta de esforço, interesse, proatividade ou planejamento não leva ninguém ao sucesso. Não conheci nenhuma pessoa em minha vida que apenas ficando sentada no sofá da sala, em casa, o tempo todo, tivesse conseguido um emprego importante, um bom preparo físico, uma extensa rede de relacionamentos ou adquirido conhecimentos úteis que colaborassem para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. No entanto, já presenciei, centenas de vezes, profissionais desinteressados, que não se atualizam, não buscam o desenvolvimento pessoal e profissional, não colaboram, não apresentam sugestões em reuniões, não desenvolvem projetos, pesquisas, mas são os primeiros a comentarem pelos corredores que não estão satisfeitos com algo, que não têm o reconhecimento que gostariam, que o salário não é adequado, e assim por diante.
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Wagner Campos, palestrante e conferencista, administrador de empresas e especialista na formação de professores para o ensino superior, autor do livro Vencendo Dia a Dia, em seus apontamentos sobre sucesso e determinação dos profissionais no mercado, faz uma rápida analogia entre os atletas e o sucesso dos profissionais no mercado. Ele nos lembra que
(...) o atleta que participa das Olimpíadas não está lá por acaso ou sorte. Treinou todos os dias incansavelmente. Fez esforços sobrenaturais, mudou sua alimentação radicalmente, ouviu elogios, críticas e muitas broncas durante seus treinos; abriu mão, quando necessário, de momentos com algumas pessoas que ama, para que todo esse esforço resultasse em sua vitória e realização (...).
Seus méritos, remuneração e reconhecimento, (...) são provenientes de suas vitórias, obtidas através de sua determinação (...) [em melhorar a cada dia].
É fácil compreender que, para ser um verdadeiro campeão (...) e obter o tão almejado sucesso, devemos nos preparar, atualizar, dedicar, esforçar e estarmos dispostos, em alguns momentos, a abrir mão de algo a que somos apegados e muitas vezes quebrar paradigmas, para centralizarmos toda nossa atenção e esforços em um projeto mais importante: (...) [nossa vitória!]
Eu sempre digo, nos meses chuvosos, a meus alunos, lá no Paraná, que a chuva vem para todos; às vezes, nesses meses chuvosos, os alagamentos acontecem, mas quem sabe nadar sobrevive! Se queremos que a terapia ocupacional seja vista, destaque-se onde atuamos, precisamos de preparo - pre-pa-ro! Temos que ter o diferencial.
Que tal refletirmos sobre o quanto somos determinados para chegarmos ao tão esperado reconhecimento e sucesso?
Alunos, qual seu projeto de vida? O que vocês desejam conseguir como terapeutas ocupacionais? Em quanto tempo? O que vocês farão para atingir esses objetivos?
Profissionais, como fazer para melhorar? Todo progresso acontece fora da zona de conforto. Como já dizia Albert Einstein, "insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes".
Vamos todos praticar o princípio do espelho: a primeira pessoa que devemos analisar e mudar somos nós mesmos. Canso de presenciar terapeutas ocupacionais que não sabem explicar o que fazem - "Explicar para quê? Ninguém vai entender" -; que também não leem - "Ler para quê? Já faço isso há mais de dez anos" -; que não publicam o seu fazer - "Publicar para quê? Preciso trabalhar e não tenho tempo".
Seu sucesso depende da sua determinação para conquistá-lo, e é necessário, antes de tudo, que você saiba o que realmente deseja.
A terapia ocupacional precisa de todos nós. Temos cursos fechando, alunos desistindo, profissionais desistindo. Precisamos fortalecer a nossa profissão.
O COFFITO está nesse processo junto com vocês. Estamos investindo em marketing, cursos, visitas, pesquisas, mas precisamos que você nos ajude. Sozinhos, nada faremos; juntos, mudaremos esse cenário. Temos que sair da zona de conforto.
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Pelo dia de hoje, nossa gratidão a todos e todas que vieram conhecer um pouquinho da nossa história; nossa gratidão a todos esses profissionais maravilhosos que construíram a história da terapia ocupacional; nossa gratidão aos nossos colegas fisioterapeutas que vieram nos prestigiar - dividem conosco o mesmo conselho e têm sido nossos apoiadores e incentivadores -; nossa gratidão a estes alunos que hoje estão aqui e que são o nosso futuro.
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional agradece a todos e se coloca, mais uma vez, à frente das lutas da nossa categoria profissional e à disposição de todos vocês.
Um grande, fraterno e carinhoso abraço, que segue finalizando com a nossa oração:
Que eu tenha braços para acolher todo aquele que do meu acolhimento precisar.
Que eu tenha olhos para ver a eficiência do meu paciente diante das dificuldades.
Que eu possa escutá-lo, ainda que não me fale verbalmente...
Que eu possa fazê-lo ativo, ainda que lhe faltem os movimentos, as oportunidades, as ações, as práxis...
Que eu saiba entender a sua dor, o que me pede, o que me diz e o que não diz...
Que eu saiba perceber em seus olhos os seus sonhos e cultive neles a esperança.
Que eu tenha palavras para partilhar e cantar alegrias.
Que eu tenha mãos para trabalharmos juntos.
Que eu seja instrumento para 'ressignificar', construir e reconstruir.
Que eu possa criar, adaptar, analisar e buscar novos meios de fazer, de viver o seu cotidiano.
Que jamais deixe de acreditar no brincar de uma criança, na sabedoria de um idoso, no artista incompreendido, na riqueza dos fazeres, na importância que eles têm em nossas vidas e para a terapia ocupacional.
Obrigada a todos e todas. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Social Democrata/PSDB - MG) - Agradecendo à Vice-Presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, que acaba de se pronunciar, a Srª Patrícia Luciane Santos de Lima, nós passamos a palavra ao próximo orador, que é o Sr. Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4ª Região, do Estado de Minas Gerais, Sr. Anderson Luís Coelho, que tem a palavra.
O SR. ANDERSON LUÍS COELHO - Exmo Sr. Senador da República Dr. Antonio Anastasia; Ilma Srª Vice-Presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Drª Patrícia Luciane de Lima; Ilma Srª Vice-Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4ª Região - MG, a terapeuta ocupacional Drª Daniela Rodrigues Villani; Ilmos Srªs e Srs. Terapeutas Ocupacionais, Conselheiros, colaboradores e meus colegas, Presidentes de Regionais, do Sistema COFFITO/CREFITOs.
Ilmos Srs. Representantes da Confederação Latino Americana de Terapeutas Ocupacionais, da Reneto, da Atohosp, da Executiva Nacional dos Terapeutas Educacionais e da Fenafito.
Ilmos Srs. Coordenadores dos Cursos de Graduação em Terapia Educacional, especialmente os aqui presentes das instituições de ensino superior do Estado de Minas Gerais, Drs. Bruno Bechara, Alessandra Cavalcanti e Fabiana Caetano.
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Prezadas e prezados profissionais, docentes e estudantes de terapia ocupacional; minhas senhoras, meus senhores. Bom dia!
Na oportunidade, gostaria de agradecer ao nobre e respeitado Senador da República, nosso conterrâneo, Dr. Antonio Anastasia, que acolheu nossa ideia e abraçou a terapia ocupacional. Sua sensibilidade em marcar o centenário mundial de institucionalização da terapia ocupacional no Senado Federal, na Casa Legislativa mais elevada de nosso País, é digno de nosso sincero agradecimento. A trajetória de crescimento, reconhecimento e conquistas da terapia ocupacional, principalmente no Brasil, melhorando o desempenho ocupacional e qualidade de vida da população ao longo da história, precisava restar registrada nos Anais do Congresso Nacional.
No Brasil, temos profissionais e cursos expoentes, com contribuições científicas e assistenciais que repercutem no mundo inteiro. Como já te disse em outras oportunidades, Senador, inclusive nossas Minas Gerais é berço formador de grandes profissionais e vasta e rica produção científica na área.
Nos minutos finais do belíssimo longa-metragem que narra sua revolução particular, Drª Nise da Silveira afirma concordar com as palavras do poeta e dramaturgo francês Antonin Artaud: "Há 10 mil modos de ocupar-se da vida e de pertencer à sua época".
A história da humanidade até hoje é, de certa forma, a história das ocupações humanas.
Curiosamente, segundo alguns autores, a palavra "ocupar", de origem latina, teria ocorrido pela primeira vez na língua portuguesa por volta do século XIV, como sinônimo de "estar de posse de" ou "conquistar". De lá para cá, as acepções do termo "ocupação" se multiplicaram. Mas foi somente no início do século XX que essa palavra se juntou àquela criada há mais tempo pelos gregos para designar "cura", ou seja, "conquistar", "terapia".
Ocupamos hoje o plenário principal do Senado Federal para rememorar um dia que já dura cem anos: a data em que um pequeno grupo de homens e mulheres decidiu se ocupar de algo até então inexistente, para pertencer a um tempo que ultrapassaria a própria época. Sim, era numericamente pequeno aquele grupo que se reuniu em 27 de outubro de 1917, na cidade de Nova York, para fundar a associação, e, com isso, institucionalizou a profissão de terapeuta ocupacional. Três mulheres e três homens, reza a tradição.
Eram poucos sonhadores diante de um grande sonho, um sonho possível e promissor, pois ali estava começando a se concretizar, e, no último dia 27 de outubro, completou um século, tendo conquistado todos os continentes nesse período.
Esse generoso sonho, essa bela declaração de amor à humanidade - a terapia ocupacional - levou algumas décadas até ocupar o Brasil. E isso aconteceu no mesmo século em que Minas Gerais sediou o holocausto brasileiro, na cidade de Barbacena, e, mais tarde, momentos memoráveis da luta antimanicomial.
O que estamos celebrando nesta manhã, minhas senhoras e meus senhores, é a trajetória exitosa da terapia ocupacional em território brasileiro.
Atualmente, nosso País é internacionalmente reconhecido pela qualidade da produção científica de terapeutas ocupacionais que aqui trabalham. E toda a sociedade se beneficia onde há a presença desse profissional. Toda política pública que garante a assistência terapêutica ocupacional garante os direitos humanos.
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Para não sermos injustos e esquecer de citar trajetórias individuais dignas de nossos aplausos, o Conselho Federal muito bem resolveu simbolizar o reconhecimento do Sistema COFFITO/CREFITOs às entidades de classe que contribuem diuturnamente na construção dessa história no País.
A dignidade de uma profissão está na somatória de valores das pessoas que a integram. Então, a terapia ocupacional, no Brasil, é hoje, sem dúvidas, um reflexo do perfil profissiográfico de seus profissionais.
O gesto do Senado Federal e nossas falas são tão singelos quanto sinceros.
Uma vez mais, agradeço ao Sr. Senador Antonio Anastasia pela oportunidade de tornarmos pública a importância que o povo brasileiro e o Sistema COFFITO/CREFITOs atribuem aos terapeutas ocupacionais radicados no Brasil.
Estamos certos de que todos os profissionais, instituições de ensino com cursos, entidades de classe, órgãos e serviços de terapia ocupacional contribuem para o desenvolvimento da profissão em todos os Estados, no País, e no mundo.
Da implementação de um modesto serviço nos rincões do País à apresentação de pesquisas em eventos e publicações internacionais, cada personalidade ou organização colaboraram a seu modo, construindo, no cotidiano, o reconhecimento da terapia ocupacional, a partir da dignidade pessoal ou da reputação institucional.
Se há 10 mil modos de ocupar-se na vida e pertencer à sua época, cumprimentamos os profissionais e acadêmicos aqui presentes, por terem escolhido um dos mais nobres e belos: a terapia ocupacional.
Bom dia, muito obrigado e vida longa à profissão centenária! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Social Democrata/PSDB - MG) - Agradecemos as palavras do Dr. Anderson Luís Coelho, que preside o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4ª Região, e damos agora sequência, passando a palavra à Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 15ª Região, do Estado do Espírito Santo, a Srª Eunice Garcia, para a sua fala.
A SRª EUNICE GARCIA - Eu vou ser bastante breve.
Apenas quero cumprimentar todos os profissionais e acadêmicos de terapia ocupacional. Quero cumprimentar a Mesa, todas as autoridades que aqui estão presentes, e parabenizar, em nome da sociedade do Espírito Santo, a terapia ocupacional.
Parabéns a todos vocês, parabéns aos acadêmicos, conforme o Dr. Anderson falou, por terem escolhido uma profissão tão nobre. Parabéns a vocês.
E, mais uma vez, é um prazer poder trabalhar junto com vocês no Espírito Santo.
Parabéns, gente! Parabéns mesmo!
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Social Democrata/PSDB - MG) - Muito obrigado, Drª Eunice Garcia, que preside o Conselho Regional do Estado do Espírito Santo.
Passamos a palavra ao nosso derradeiro orador, antes de minha fala, que é o eminente Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região, do Estado de São Paulo, Dr. José Renato de Oliveira Leite.
Com a palavra V. Sª.
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O SR. JOSÉ RENATO DE OLIVEIRA LEITE - Bom dia a todos.
Inicialmente, cumprimento o Exmo Senador da República Dr. Antonio Anastasia por esta excelente iniciativa em pleitear este dia maravilhoso aqui para todos os nossos profissionais, comemorando, sem dúvida, o centenário da Terapia Ocupacional no mundo.
É fato que nós temos muito ainda que caminhar. As nossas profissões, tanto a de Fisioterapia, mas, sobretudo - porque é o nosso momento - , a de Terapia Ocupacional, são vestidas de uma história muito bonita, uma história muito linda, de muitas lutas, muitas alegrias, tristezas, mas histórias que marcaram toda a nossa vida.
Nós temos hoje o reconhecimento, pelos profissionais da saúde, da importância do terapeuta ocupacional como membro efetivo de uma equipe de saúde, mas ainda não temos, na sua totalidade, o reconhecimento da nossa sociedade. Por isso é que precisamos ainda trabalhar muito, como falou muito bem a Drª Patrícia. Existia, na verdade, um senhorzinho, de cabelo branco, bigode, que muito nos ensinou na nossa vida - eu acredito que todos devam se lembrar -, que falava que o único local onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.
Portanto, senhores doutores, precisamos arregaçar as nossas mangas. Ainda temos muito que caminhar, muito a fazer. Precisamos abrir mais escolas de Terapia Ocupacional neste País. Precisamos abrir mais postos no Sistema Único de Saúde, precisamos abrir mais vagas nas escolas, nos centros de saúde, precisamos colocar o Terapeuta Ocupacional, de fato, à disposição da nossa sociedade. O nosso povo merece isso e muito mais. Por isso é que ainda temos muito a caminhar.
Diante do cenário nacional, nós temos certeza de que estamos no caminho certo também. Hoje a Terapia Ocupacional está muito bem representada no cenário. A Drª Patrícia é uma expoente não só no País, mas reconhecida em todo o Estado de São Paulo como símbolo maior da Terapia Ocupacional. E a presença dela no Conselho Federal, a presença dela na Vice-Presidência, juntamente com o sistema Coffito-Crefito, trouxe muita luta para que nós consigamos alcançar esse local, esse lugar de excelência, esse lugar de destaque na sociedade brasileira, e, certamente, no cenário nacional.
Mais uma vez agradeço ao Dr. Antonio Anastasia pela oportunidade de estarmos aqui - não que seja o primeiro passo, mas é um dos passos para nos tornarmos presentes para a sociedade, para os nossos políticos e para os nossos gestores. A Terapia Ocupacional veio para ocupar espaço e vem crescendo ao longo dos anos, com força, com garra, através das suas militâncias, através dos seus expoentes, através dos seus representantes. E esses representantes atuais certamente vão deixar um grande legado para vocês que estão chegando no cenário nacional, vocês que, amanhã, irão nos representar. Eu tenho certeza absoluta de que as nossas profissões vão chegar, de fato, a um local de destaque.
Agradeço mais uma vez a todos. Parabéns para todos nós. Parabéns para todos os Terapeutas Ocupacionais. Parabéns para o Estado de São Paulo. Nós temos, Dr. Anastasia, um terço dos Terapeutas Ocupacionais no Estado de São Paulo - mais de 6 mil Terapeutas Ocupacionais. E hoje quem representa a Terapia Ocupacional no Estado é o Dr. Adriano Conrado, o nosso Vice-Presidente, quem eu gostaria que se levantasse aqui, por gentileza, quebrando um pouco o protocolo. (Palmas.)
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E eu tenho orgulho de estar ao lado desse profissional em todas as lutas, todos os dias, dividindo, compartilhando, rindo, sofrendo, chorando e decidindo pelo futuro das nossas profissões. Muito obrigado.
Parabéns a todos e um excelente dia. Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Social Democrata/PSDB - MG) - Agradeço ao Dr. José Renato Oliveira Leite, que preside o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região, de São Paulo, as suas palavras.
Eu gostaria de cumprimentar, entre tantos convidados, pelas presenças - e agradecer - a Srª Vice-Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 1ª Região, dos Estado de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, a Srª Leiliane Helena Gomes; da mesma forma, já acaba de ser mencionado, o Sr. Vice-Presidente do Conselho Regional da 3ª Região, do Estado de São Paulo, Sr. Adriano Conrado Rodrigues; a Vice-Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª Região, do Estado do Ceará, a Srª Luzianne Feijó Alexandre Paiva. Quero saudar igualmente o Sr. Vice-Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 10ª Região, do Estado de Santa Catarina, o Sr. Lourival Jaime Vieira Filho; a Srª Vice-Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 14ª Região, do Estado do Piauí, a Srª Leila Mendes da Silva; a Srª Vice-Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 16ª Região, do Estado do Maranhão, a Srª Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima. Quero cumprimentar o Sr. Presidente da Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais (Abrato) no período de 2009 a 2013, o Sr. José Naum de Mesquita Chagas. Quero saudar os alunos de Terapia Ocupacional da Universidade de Brasília, aqui presentes, e da mesma forma os alunos de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, igualmente aqui presentes. A todos esses alunos, as nossas saudações. Estendo meu cumprimento também ao Deputado Federal Alexandre Silveira, que nos honra com sua presença, ele que é meu conterrâneo, do Estado de Minas Gerais.
Minhas senhoras e meus senhores, eu gostaria, em primeiro lugar, ao fazer aqui igualmente rápidas as minhas palavras, de cumprimentar a todos os profissionais da Terapia Ocupacional de nosso País nesta sessão, tendo em vista, como aqui foi dito pelos profissionais, especialistas, professores da área - à qual evidentemente eu lamentavelmente não pertenço, eu sou advogado - a importância dessa atividade.
Vimos a nossa Vice-Presidente Federal lembrando - e durante seu discurso eu me recordava - a antiguidade clássica. Quando tive a oportunidade de visitar recentemente, quer na Grécia, quer na Turquia, ruínas dos antigos hospitais ou institutos de saúde, pude perceber lá claramente, pela explicação, que aquela forma de tratamento na antiguidade clássica, inspirada nos ensinamentos de Esculápio e de outros grandes mestres da Medicina da antiguidade, sob a proteção de seus deuses, era exatamente no sentido que hoje nós damos, inclusive com grande modernidade - com a questão dos exercícios físicos, da ocupação, das questões de ordem até psicológicas, que eram muito importantes também àquele tempo -, e que, a partir daí, a evolução se notou.
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Estamos comemorando agora cem anos - na verdade, cem anos da formalização, porque, como bem disse a nossa Vice-Presidente, a atividade é milenar, mas ela se consolida através dos percalços da guerra.
Lamentavelmente a Primeira Guerra, agravada pela Segunda Guerra, e a vida civilizada, a vida com as dificuldades que temos hoje - com estresse, danos e problemas -, acabaram levando à necessidade de uma inserção cada vez maior, Dr. Anderson, da Terapia Ocupacional na nossa vida.
Assim, comemoram-se cem anos dessa formalidade em Nova York. Durante esses cem anos, nós acompanhamos uma evolução tão rápida da humanidade - quem iria imaginar que amanhã, 7 de novembro, se irá comemorar o centenário da revolução russa, pelo calendário juliano? Quantas coisas foram modificadas na história da humanidade a partir daquele momento? - inclusive o fim da Primeira Guerra, o acontecimento da Segunda Guerra, a Guerra Fria, tantas disputas ideológicas até o a queda do Muro de Berlim. Cito alguns exemplos - e poderia citar outros tantos, históricos - que aconteceram, como o fim do imperialismo na África, com a independência, felizmente, desses países; a mudança de perfil econômico do mundo; o avanço tecnológico arrasador que aconteceu.
Nessa questão tecnológica, permito-me mencionar a importância da Terapia Ocupacional. Aqui falo como cidadão, não como especialista. Observamos que a inteligência artificial, minhas senhoras e meus senhores, é algo que veio para ficar, mas ela jamais substituirá a humanidade e o tratamento direto que a Terapia Ocupacional permite realizar em prol da pessoa humana.
Observava, outro dia, uma recomendação de uma grande empresa multinacional, dirigindo-se aos estudantes da minha área de Direito, da Advocacia dos Estados Unidos, para deixarem imediatamente o curso porque 90% dos advogados não terão, daqui a poucos anos, serviço, pois a inteligência artificial vai resolver os problemas. Mas tenho certeza de que ela jamais vai substituir a orientação, a mente humana, a orientação da Terapia Ocupacional, que é tão fundamental.
Foi citada aqui pelo nosso Presidente, meu colega mineiro, Anderson, a figura daquele que chamou de "holocausto mineiro" em seu pronunciamento: a triste história do Hospital de Barbacena, do antigo hospital psiquiátrico, porque foi exatamente na questão da psiquiatria que surge o primeiro esforço da Terapia Ocupacional, que, depois, é claro, se desdobra para vários outros ramos. Ali há uma nódoa, uma mácula, na nossa história. As razões da época, talvez, pudessem eventualmente justificar - não sou eu, aqui, para fazer uma análise, porque, falta-me dizer, não conheço tecnicamente -, mas é algo, de fato, terrível, medieval; felizmente, coisa do passado.
O que temos de fazer agora é prestigiar, como disse a nossa Vice-Presidente, o estudo, as publicações, a dedicação, a inovação, tudo também no campo da Terapia Ocupacional.
Por isso, quando recebi, através do Presidente do Conselho Regional de meu Estado, Dr. Andeson, a solicitação para promover aqui esta sessão, o fiz com extremo gosto, dizendo e reconhecendo, pelo Senado da República, a necessidade de nós aplaudirmos uma atividade que não é nova. Volto a dizer, é milenar, universalmente centenária, reconhecida. E, no Brasil, deu-se o seu reconhecimento em 1969. Então, já é quase cinquentenária, mas ainda - confessemos todos - pouco conhecida do público, que, de fato, tem uma dificuldade, como disse a nossa eminente Vice-Presidente, em distinguir de modo claro as suas atividades, que são relevantíssimas.
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Assim, todo esclarecimento é bem-vindo. Acho que o Senado, embora de modo singular, modesto e singelo, contribui para a difusão, para a dispersão do conhecimento das atividades da Terapia Ocupacional através desta sessão especial de aplauso e de reconhecimento a essa atividade tão importante, especialmente para aqueles nossos semelhantes que têm as suas dificuldades e que têm, por consequência, a necessidade desse acompanhamento pela Terapia Ocupacional.
Concluo aqui as minhas palavras levando aos alunos que aqui estão presentes o entusiasmo e a palavra de ânimo, de fé e de esperança de um professor, já encanecido nos seus cabelos, da área do Direito, mas que aplaude todas as atividades do conhecimento, recomendando que estudem sempre. Quanto mais nós estudamos, menos nós sabemos, mas, pelo menos, passamos a ser conscientes disso. E tenho certeza de que serão excelentes profissionais no futuro como Terapeutas Ocupacionais.
Agradeço muito esta oportunidade de ter podido presidir esta cerimônia. E, pois, cumprida a finalidade desta sessão, agradeço às personalidades que nos honram.
Mas, antes de encerrar, eu gostaria de presidir a entrega da homenagem que o Conselho Federal de Terapia Ocupacional e de Fisioterapia está fazendo a algumas instituições. Na realidade, salvo engano, são quatro instituições cujos representantes aqui se encontram.
Como a nossa Vice-Presidente já me deu o título honorário, porque acha que eu conheço as siglas, ela gentilmente vai ter de traduzi-las para mim, porque eu ainda não tenho expertise nas siglas do setor. (Risos.)
Então, a Srª Fatima Depieri que preside a AtoHosp (Associação Científica de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos), que deve ser a associação de Terapia Ocupacional e hospitalar. Então, o bom senso ajuda nessa compreensão.
Vou anunciar e pedir à nossa eminente Vice-Presidente, cara Patrícia, que faça a entrega dessa placa comemorativa do centenário a cada instituição.
Então, convido a Srª Fatima Depieri para fazer a gentileza de comparecer aqui para receber a homenagem do Coffito. (Palmas.)
(Procede-se à entrega da placa comemorativa.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Social Democrata/PSDB - MG) - A próxima entidade homenageada é a Fenafito (Federação Nacional de Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais), na pessoa da Srª Flávia Cipriani, quem convido para comparecer para receber igualmente a sua homenagem. (Palmas.)
(Procede-se à entrega da placa comemorativa.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Antonio Anastasia. Bloco Social Democrata/PSDB - MG) - Agradeço à Drª Flávia Cipriani.
E, agora, a entidade homenageada é a Reneto (Rede Nacional de Ensino em Terapia Ocupacional), na pessoa do Sr. Rafael Barreiro, que convido para aqui receber da Vice-Presidente do Conselho Federal a homenagem para a Reneto. (Palmas.)
Agora, convidamos também para receber a homenagem a Executiva Nacional dos Estudantes de Terapia Ocupacional o acadêmico Jonathan Benedito Bezerra, que, aliás, fui comunicado de que é meu conterrâneo de Minas Gerais.
Que receba, então, mais um cumprimento especial. (Palmas.)
Eu agradeço à Srª Vice-Presidente do Conselho Federal de Fisioterapia, a Srª Patrícia Santos Lima por ter promovido essa entrega.
Os homenageados, as instituições recebam também os cumprimentos do Senado Federal. Tenho certeza de que todas essas instituições colaboram no seu mister e no seu labor juntamente com o Conselho Federal e os conselhos regionais na promoção e no fortalecimento e robustecimento da Terapia Ocupacional em todo nosso País.
Dessa feita, cumprida de fato a finalidade completa da sessão, agradeço às personalidades com cujo comparecimento nos honraram e cumprimento mais uma vez o terapeuta ocupacional pelo seu centenário.
Declaro encerrada a presente sessão.
Muito obrigado. Bom dia a todos! (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 12 horas e 06 minutos.)