4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
55ª LEGISLATURA
Em 27 de agosto de 2018
(segunda-feira)
Às 11 horas
113ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.
A presente sessão especial destina-se a comemorar os 110 anos do início da imigração japonesa no Brasil, nos termos do Requerimento nº 384, de 2018, do Senador Hélio José e outros Senadores.
Meus cumprimentos e meus agradecimentos, em nome do Senado brasileiro, a todos que aqui comparecem a esta importante sessão solene, em comemoração aos 110 anos do início da imigração japonesa.
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Tenho a honra de convidar para compor a Mesa, em primeiro lugar, meu amigo, meu professor, meu companheiro de longas jornadas, da luta do Brasil e Japão, Representante Chefe do escritório da Agência de Cooperação Internacional do Japão no Brasil.
Eu quero é o Sato. Onde está o meu amigo Sato aqui? Professor, como é o primeiro nome do senhor? (Pausa.)
Aqui, o nosso monge aqui, eu quero convidar o meu monge aqui, para vir aqui para a Mesa.
Qual o telefone do meu amigo? Ademar Sato.
Convido para compor a Mesa meu ilustre amigo, que tanto representa bem a comunidade do Japão no Brasil, com o seu trabalho ali no Templo Brasil-Japão, meu amigo Ademar Sato, do meu lado aqui. (Palmas.)
Abençoe-nos nesta sessão tão importante, meu monge querido. Meu professor, professor da minha esposa, um democrata, uma pessoa que bem representa toda a comunidade japonesa no Brasil e que é uma pessoa que nós respeitamos muito.
Em seguida, quero convidar o nosso querido representante do Embaixador do Japão no Brasil, Ministro Osamu Yamanaka, por favor, com muita satisfação. (Palmas.)
Quero convidar também o Diretor-Geral do Instituto Rio Branco, Embaixador José Estanislau do Amaral Souza Neto, por favor. Está presente? Não está? (Pausa.)
Então, já aproveito e convido imediatamente o nosso representante do Ministro das Relações Exteriores, o Sr. Embaixador Eduardo Paes Saboia, nosso novo Embaixador já sabatinado e aprovado no Congresso, Brasil-Japão. (Palmas.)
O Representante Chefe do escritório da Agência de Cooperação Internacional do Japão no Brasil, Sr. Akio Saito. (Palmas.)
Dando sequência, chamo para compor a Mesa também o nosso Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil, Sr. Aiichiro Matsunaga. Está presente? Não? (Pausa.)
Então, convido também o Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Dr. Eiiti Sato. Está presente? (Pausa.)
Convido o nosso nobre Deputado... Aqui a nossa Keiko não está - não é? -, a Keiko Ota. Então, o nosso nobre Deputado Vitor Lippi, do Estado de São Paulo, para compor esta Mesa aqui inicial. (Palmas.)
O Presidente da Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro Oeste, meu nobre Sr. Hermínio Hideo Suguino. (Palmas.)
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Convido a Srª Angela Hirata, ex-Presidente da Japan House, São Paulo. Está presente? (Pausa.)
Convido a fundadora e Presidente da rede Blue Tree Hotels, Srª Chieko Aoki. Está presente? Não? (Pausa.)
Convido o Professor do Departamento de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Dr. Masato Ninomiya. Está presente? Não? (Pausa.)
Então, quero convidar o Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Sr. Eiiti Sato. Está presente? Não? (Pausa.)
Já foi aqui o meu monge querido. Não tinha achado aquela hora. Assessor do Secretário-Geral... Não. Já foi. Assessor da Embaixada do Japão.
O.k. Vamos começar nossa solenidade.
Quero cumprimentar todos os presentes, cumprimentando o Embaixador dos Estados Unidos Mexicanos, Sr. Salvador Arriola. Meus cumprimentos.
Quero cumprimentar o Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Sr. Eiiti Sato. Presente? Não? (Pausa.)
Quero cumprimentar o Sato, que está aqui do meu lado.
Quero cumprimentar a Assessora da Secretaria-Geral do Ministério das Relações Exteriores, Srª Cecilia Kiku Ishitani. Está presente? (Pausa.)
Meus cumprimentos. Eu queria que a senhora, representando nossas mulheres, compusesse esta Mesa conosco, por favor. Meus cumprimentos à senhora. Tenha a gentileza, venha compor a Mesa conosco. (Palmas.)
As nobres mulheres nipo-brasileiras representadas aqui pela senhora.
Quero cumprimentar também... Onde eu parei aqui? Está aqui. A Assessora da Embaixada do Japão, Srª Sueli Takako Aoto. Obrigado pela presença.
Cumprimento também o Chefe do Setor de Assuntos Políticos da Embaixada do Japão, Sr. Kazuu Wakaeda. Presente? (Pausa.)
Obrigado, Sr. Kazuu. Obrigado.
Cumprimento o Assessor de Assuntos Políticos da Embaixada do Japão, Sr. Roberto Jimmy Hideki Yamamura. Meus cumprimentos.
Cumprimento o Chefe da Divisão do Japão e da Península Coreana do Ministério das Relações Exteriores, Sr. Maurício Candeloro. Muito obrigado.
Cumprimento a Assessora do Chefe da Divisão do Japão e da Península Coreana do Ministério das Relações Exteriores, Srª Helena Hoppen Melchionna. Pronuncia-se Hoppen Melchionna. Presente? (Pausa.)
Obrigado.
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Cumprimento o representante sênior da Agência de Cooperação Internacional do Japão, Sr. Atsunori Kadoya.
Presente? (Pausa.)
Muito obrigado.
O Administrador do Riacho Fundo do Distrito Federal, o Sr. Heitor Kanegae. O Heitor está por aqui? (Pausa.)
Meu abraço e meus cumprimentos, Heitor. Você nos orgulha, a comunidade nipônica de Brasília, Brasil, se orgulha de você, que é um excelente administrador. Muito obrigado aqui pela presença, Heitor Kanegae.
Cumprimento o Presidente da Associação Nikkey do Brasil, Sr. Waldemar Hiroshi Umeda. Muito obrigado. Você colaborou muito para fazermos esta audiência pública. Meus agradecimentos a você e a todos do Clube Nipo-Brasileiro. Muito obrigado, Umeda.
Demais representantes do corpo diplomático, meus cumprimentos a todos.
Alunos do Instituto Rio Branco, meus cumprimentos a todos vocês. Se vocês quiserem, há cadeiras vazias aqui embaixo.
Eu quero cumprimentar todas as senhoras e os senhores que estão aqui presentes.
Eu convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional brasileiro.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Eu quero cumprimentar todos antes da minha fala. Cumprimento minha esposa, que está ali, Edy Gonçalves, está aqui no Plenário, também aluna do nosso mestre, do nosso Monge querido Ademar Sato, coordenador do nosso Templo Budista no Distrito Federal, uma pessoa respeitadíssima por todos nós, com quem temos a honra muito grande de contar. O nosso Umeda é um dos parceiros principais na nossa parceria Brasil-Japão aqui em Brasília.
Sato, você é muito importante na nossa vida, porque você nos ensinou bons princípios. Se eu sou um Senador da República hoje, devo muito também a seus ensinamentos e à sua sempre clareza de posição para o bem-estar da população e do nosso povo. Muito obrigado a você pela sua existência e por estar aqui no Brasil, em Brasília, nos ajudando sempre com a sua iluminação. Está bom?
Eu gostaria de fazer meu pronunciamento.
Onde está meu pronunciamento, meu pessoal, por favor? Meu pronunciamento está onde? (Pausa.)
Iara, minha assessora querida, onde você está? (Pausa.)
Enquanto meu pronunciamento chega aqui, eu quero dizer que, como Senador da República do Distrito Federal, uma cidade onde temos uma comunidade japonesa pujante, muito grande, atuante principalmente na nossa zona rural, produzindo as nossas hortaliças, as nossas frutas e também com uma vocação comercial muito grande, é com muita honra, mesmo com o Senado praticamente paralisado, com o Congresso paralisado, porque todo mundo está nas suas campanhas eleitorais, que nós estamos aqui. Fiz questão de aprovar esta sessão especial, porque o Japão é um parceiro de primeira linha do Brasil, de primeira linha de Brasília. O Umeda, que representa bem o Clube Nipônico aqui em Brasília, o meu amigo Ademar Sato, professor e monge, que representa bem a relação de amizade Brasília-Japão, a Embaixada japonesa, todos que estão aqui, a relação nossa é muito profícua.
Meu nobre Heitor Kanegae, que é um administrador desta cidade, que tão bem trabalha a amizade, a harmonia, e é exatamente por isso - não é, meu nobre Deputado Lippi? - que nós fazemos questão de trabalhar, no Grupo de Amizade Brasil-Japão, a melhor relação possível. E essa relação não poderia passar em branco aqui no Senado Federal, especialmente numa data tão importante como esta em que se comemoram os 110 anos de início da imigração japonesa para o Brasil, uma questão tão importante. (Pausa.)
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Antes de começarmos os nossos trabalhos propriamente ditos, eu gostaria de informar aos presentes que o áudio que nós vamos ouvir em seguida é um resumo de uma reportagem especial produzida pela Rádio Senado no ano de 2008, quando da comemoração dos 100 anos da migração japonesa para o Brasil.
Naquela oportunidade, em 2008, foram entrevistados descendentes de imigrantes e autoridades, Senadores e personalidades, que marcaram a história da cultura nipônica em solo brasileiro. Assim, peço a todos vocês atenção para o áudio que exibiremos agora.
Por favor, podem exibir o áudio.
(Procede-se à execução de áudio.)
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O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Pessoal, como todos podem perceber, não é de hoje que o Senado Federal da República tem, pela cultura nipo-brasileira, profunda admiração, e não o faz sem razão. Esse áudio, esse filmete - ao qual eu quero agradecer a produção da TV Senado e da Comunicação do Senado - retrata bem algumas ações que unem os nossos povos no dia a dia. Está intrínseco na nossa cultura.
Quando apresentei a esta Casa o Requerimento nº 384, de 2018, solicitando que fosse promovida uma sessão especial em comemoração aos 110 anos do início da imigração japonesa para o Brasil, tinha em mente a imagem viva dos 781 labradores, que, embarcados no Porto de Kobe, e depois de 52 dias a bordo do Navio Kasato Maru, chegaram ao Porto de Santos no dia 18 de junho de 1908.
Como nós temos um lugar na mesa, permitam-me fazer mais uma homenagem antes de continuar o meu discurso.
Umeda, dê-me a honra de sentar à mesa comigo, porque você representa bem o povo de Brasília japonês, aqui da relação. Por favor, dê-me a honra.
Meu amigo Waldemar Umeda, que muito representa toda a população brasiliense japonesa, aqui na mesa comigo. (Palmas.)
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A princípio, os imigrantes japoneses vieram para ajudar na cafeicultura, mas aqui adaptaram a técnica de produção de alimentos por meio da hidroponia e da plasticultura. Aclimataram ao solo brasileiro o cultivo da maçã fuji, da mexerica poncã e do morango, que estão hoje na mesa de todos os brasileiros. Além disso, eles nos trouxeram o caqui doce, a cereja e nos ensinaram o uso do bambu e da técnica do bonsai, importantes atividades da cultura japonesa que foram introduzidas em nosso País.
Ensinaram-nos o caratê, o jiu-jítsu e o judô. Trouxeram a gastronomia: o sushi, o sashimi, o yakisoba, o tempura, o chá. E se destacaram nas artes: na pintura de Tikashi Fukushima e de Manabu Mabe; na escultura de Tomie Ohtake; no cinema de Tizuka Yamazaki, apenas para citar alguns expoentes dessa extraordinária fusão nipo-brasileira. Quem não se emocionou com as cenas de Gaijin, com os japoneses pegando café, que é um filme exatamente de Tizuka Yamazaki. Há até quem diga que foram os japoneses que nos ensinaram a andar de chinelos de dedo, as chinelas Havaianas.
O fato é que o Brasil aprendeu muito e se beneficiou imensamente com a imigração japonesa. Temos hoje quase 1,5 milhão de nipodescendentes. A maior comunidade nikkei do mundo está no nosso Brasil.
E os vínculos se fortaleceram com o tempo. As empresas japonesas participaram ativamente da industrialização brasileira, nas décadas de 60 e 70. A Usiminas, um dos maiores complexos siderúrgicos da América Latina, é resultado do Acordo Lanari-Horikoshi, assinado em 1957 entre os governos brasileiro e japonês.
O sistema nipo-brasileiro de TV digital é outro exemplo da parceria tecnológica entre nossos países. São inúmeros os projetos conjuntos de cooperação na área de biotecnologia, na área de geologia, na área de robótica, na área de nanotecnologia, na área de tecnologia aeroespacial.
O Japão é um parceiro de primeira linha. Eu tive a honra de visitar, por 12 dias, no Grupo Amizade Brasil-Japão, o Japão e de estar lá com o filho do príncipe herdeiro do Japão, de estar em Hiroshima, em Nagasaki, de andar por Tóquio, de passar por todas as regiões em trem-bala, pelo Vale do Silício. O Japão é um exemplo a ser seguido. Tive a honra de conhecer a florada das cerejeiras, que tão bonito é e que tão bem representa a beleza japonesa, de conhecer o Templo Dourado e de saber o tanto que o povo japonês nos recebe bem, os brasileiros, e o tanto que a nossa relação cada vez é mais harmônica.
Daí o meu grande interesse em fazer esta sessão especial e homenagear, como Senador da República, essa relação tão importante, em homenagear nossos milhares de descendentes de japoneses que moram aqui, na nossa Brasília, não é, Umeda, e que têm tanto nos ajudado.
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Em 2014, o Japão possuía o sexto maior estoque de investimentos externos diretos no Brasil - quase US$27 bilhões. Em 2011, o fluxo anual de investimentos chegou a mais de US$7 bilhões.
Como, pois, não celebrar a imigração japonesa? É claro que temos de celebrar. Como deixar de reforçar esses vínculos que persistem há mais de um século? É óbvio que temos de reforçar. Como não comemorar o pacto centenário de amizade entre o Brasil e o Japão? É lógico que temos de, cada vez mais, reforçar a nossa relação e comemorar esse pacto.
E não podemos nos esquecer de que os que aqui recebemos também nos receberam mais tarde, no final dos anos 80, quando a direção do fluxo migratório se inverteu. Foram brasileiros que saíram do Brasil e foram para o Japão a partir de 1980. Era a vez de o Brasil enfrentar uma grave crise econômica que estimulava a diáspora de brasileiros pelo mundo afora. Nesse movimento, quase 300 mil brasileiros, descendentes de japoneses, decidiram voltar à terra dos antepassados. Estima-se que mais de 150 mil brasileiros ainda vivam no Japão. É uma relação muito importante.
Por tudo isso, receba a comunidade nipo-descendente, nestes 110 anos de imigração japonesa, o meu cumprimento, a minha saudação em nome do Senado brasileiro.
Não fosse a vinda dos japoneses, o Brasil seria hoje, sem dúvida, um país menos plural, um país menos rico, um país com menos diversidade. O Brasil seria menos Brasil, porque nada nos define melhor do que a nossa diversidade, principalmente com a colaboração dos nossos amigos japoneses.
Celebremos, pois, a coragem dos primeiros imigrantes japoneses que souberam reconhecer, neste País, sua nova pátria e souberam superar as primeiras décadas de sofrimento e opressão de um mundo diferente e bruto. E cumprimentamos todos os brasileiros que souberam não apenas recebê-los, mas também fazer deles novos e queridos irmãos. Aos nossos patrícios, moradores de São Paulo e do Paraná, dois Estados muito habitados pela colônia japonesa, nossos agradecimentos.
São essas as minhas palavras de saudação. Obrigado a todos pela presença.
Passo agora a palavra, em ordem, primeiro, ao meu orientador espiritual, uma pessoa que eu respeito demais, uma pessoa que colaborou muito com a minha formação, meu nobre Prof. Ademar Sato, Coordenador do Templo Budista no Distrito Federal.
O senhor pode fazer uso da palavra tanto aqui como no púlpito. Fique à vontade. O senhor tem até dez minutos para fazer seu pronunciamento, iluminando-nos com sua bênção, com sua bondade e demonstrando o tanto que o Japão é parceiro do Brasil.
O SR. ADEMAR KYOTOSHI SATO (Fora do microfone.) - Boa tarde a todos.
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Som.
O SR. ADEMAR KYOTOSHI SATO - Eu me sinto muito honrado em aqui estar, convidado pelo nobre Senador Hélio José e compartilhando a mesa com pessoas tão significativas, tão importantes no relacionamento de duas grandes nações: Japão, com a tradição que se renova, e Brasil, que busca seu caminho nessa modernidade.
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Aqui estão presentes, convidados pelo nobre Senador Hélio José, o Deputado Vitor Lippi, o representante do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Eduardo Paes Saboia, representantes da Embaixada do Japão, pessoas significativas da Embaixada do Japão no Brasil, representante da Jica, o escritório da Agência de Cooperação Internacional, e também representantes dos nikkeis - nikkei significa brasileiro de origem japonesa: o Presidente da Federação, Sr. Hermínio Suguino, a assessora do Ministério Relações Exteriores e também o meu amigo Valdemar Umeda.
Só queria mencionar também a presença do meu mestre, o Mestre Woo, que, chegando a Brasília antes de mim, por tanto tempo se dedica à comunidade de Brasília, na Praça da Harmonia, como professor de tai chi chuan.
Eu sinto muita honra em aqui estar, mas estou constrangido. Estou constrangido pelas palavras do nobre Senador Hélio José. Nós nos conhecemos há muito tempo - ele, engenheiro, não era Senador, naturalmente; eu, recém-chegado a Brasília. Eu cheguei a Brasília em 1986. Eu, ele e sua esposa tivemos atividades, digamos, político-sociais afins. Fico muito constrangido em receber tantos elogios. O que eu posso dizer é que Hélio José, hoje Senador, não mudou nada, não mudou nada. Essa espontaneidade, esse informalismo, essa energia mostram o seu carisma, a sua liderança, a sua brasilidade.
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E eu me sinto orgulhoso de ser brasileiro.
Eu sou neto de japoneses. Meu avô chegou ao Brasil certamente no segundo navio - não foi no primeiro. Ele deve ter chegado no segundo navio, em 1910, e meu pai é um caipira paulista, nascido no interior de São Paulo, numa fazenda de café, perto de Araçatuba. Minha mãe é japonesa, nissei, casada com o meu pai, que teve que servir ao exército japonês. Meu pai é nissei, nascido no Brasil, mas teve que servir ao exército japonês. Por quê? Porque meu avô era muito patriota e mandou o filho para servir ao exército japonês. E meu pai ficou em Manchúria. Retornando ao Japão, servindo ao exército japonês, casou-se com a minha mãe, e parece que eu fui concebido no navio que os trouxe ao Brasil. Então, sou sansei, filho de um caipira paulista, nascido numa fazenda de café, no interior de São Paulo, e de uma mãe japonesa.
E essa relação com o Hélio José foi porque, como brasileiro, eu pude me dedicar às causas nacionais, pude me dedicar à democracia. É dessa época que eu me lembro do Hélio José, da sua esposa, e sinto orgulho de uma pessoa como ele, com a sua energia, com a sua informalidade, com a sua espontaneidade, representar o interesse na democracia dos descendentes e dos japoneses no Brasil.
Há muita coisa para se desenvolver entre o Brasil e o Japão. Como disse: Japão, uma tradição que se renova; Brasil, um país que busca seu caminho nesta modernidade. É claro que os dois países têm muito a trocar.
Eu queria, além de expressar o meu orgulho de ser brasileiro, prestar homenagem aos pioneiros de Brasília, aos pioneiros japoneses budistas que fundaram esse templo que vocês estão vendo. Esse templo é o Templo Shin Budista. Quero também dizer que esse templo já é patrimônio histórico de Brasília.
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Conversei com o Governador e com outros políticos que representam Brasília sobre ser um patrimônio histórico e cultural, cultural visando ao futuro. Relações econômicas, sim, muitas, frutíferas, entre Brasil e Japão, mas relações culturais... Eu sei que a Universidade de Brasília, outras escolas-modelo e também as várias associações têm essa preocupação de desenvolvimento cultural. Por que não também a religião? Religião faz parte da cultura. E, como nunca, as relações entre o Brasil e o Japão dizem respeito não só ao aspecto econômico.
(Soa a campainha.)
O SR. ADEMAR KYOTOSHI SATO - Ou seja, os imigrantes, quando vieram ao Brasil, não o fizeram apenas por uma relação econômica, mas por uma relação cultural.
Com certeza - terminando - este orgulho também se refere ao meu amigo Hélio José, que certamente vai continuar sendo um elo importante nesse relacionamento entre Brasil e Japão.
Muito obrigado pelo convite para aqui estar presente.
Desejo muita boa sorte a você, como político, engenheiro que foi, sindicalista que foi, hoje representando um Poder tão importante desta democracia brasileira, que é este Congresso.
Muito obrigado a todos vocês. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Meus agradecimentos ao Sato, meu amigo, meu professor, nosso mestre espiritual, coordenador do Templo Budista de Brasília.
A gente é que fica constrangido com uma homenagem tão singela como esta. O senhor merece muito mais. O senhor é muito grande.
O Senado Federal quer presentear todos os membros da Mesa, Sato, com uma coletânea feita pelo Senado Federal, que são estes três livros. Neste livro de capa azul, temos, na p. 70, toda a história sobre a vinda dos primeiros japoneses. Esta coletânea será entregue pela Biblioteca do Senado.
Agradecemos ao pessoal que fez o áudio inicial e aos que elaboraram esses exemplares que serão entregues a todos os componentes da Mesa.
Eu gostaria que a Secretaria entregasse a todos os nossos convidados a coletânea de livros.
Meus sinceros agradecimentos pela sua existência, Sato, por você ter sofrido tanto para chegar ao nosso Brasil, sendo perseguido político, e ter conseguido chegar aqui em Brasília, podendo mostrar para nós melhores caminhos.
Muito obrigado.
O SR. ADEMAR KYOTOSHI SATO - Sou importante porque sentei ao seu lado.
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Você estar do meu lado me honra muito, meu Deus!
Passo a fala agora às representações diplomáticas.
Primeiro, representando a Embaixada do Japão, com a palavra o Sr. Ministro Osamu Yamanaka, por dez minutos, em qualquer um dos púlpitos que escolher.
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O SR. OSAMU YAMANAKA - Boa tarde a todos.
Exmo Sr. Senador Hélio José, demais Parlamentares, senhoras e senhores, é uma grande honra participar desta sessão especial no ano em que se comemoram os 110 anos da imigração japonesa no Brasil.
Eu gostaria de agradecer ao Senador Hélio José e ao gabinete do Senador os esforços em realizar esta sessão hoje.
Os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Porto de Santos, há 110 anos. Apesar de terem enfrentado inúmeras dificuldades, os imigrantes dedicaram-se com afinco e seus descendentes tornaram-se hoje membros indispensáveis da sociedade brasileira. Atualmente, a comunidade nipo-brasileira no Brasil é composta por aproximadamente 1,9 milhão de pessoas. Eu sinto orgulho de que muitos brasileiros de origem japonesa tenham contribuído para o desenvolvimento do Brasil e estejam atuando em diversas áreas da sociedade também nos dias atuais.
Por outro lado, no Japão existe uma comunidade brasileira de aproximadamente 180 mil pessoas. Essas pessoas representam um laço pessoal que constrói as relações tradicionalmente amigáveis dos dois países.
Nos anos recentes, os dois países têm implementado em conjunto diversos projetos de grande escala, chamados "projetos nacionais". Podemos citar o desenvolvimento agrícola do Cerrado, a Usiminas na siderurgia, a Cenibra na celulose, a Ishibras na indústria naval, a Albras no alumínio, o desenvolvimento de Carajás para extrair o minério de ferro, etc. Além disso, o governo japonês tem contribuído em áreas como infraestrutura urbana, transmissão digital de sinal de televisão e prevenção de desastres naturais. Na área de segurança pública, o governo japonês tem cooperado com o Governo Federal e com os governos estaduais para a introdução do modelo de polícia comunitária Koban em todos os Estados brasileiros.
Com a finalidade de desenvolver ainda mais os muitos anos de cooperação entre os setores público e privado e em outras áreas, um diálogo multifacetado vem acontecendo ativamente. Atualmente, há diálogos para cooperação em infraestrutura, ciência e tecnologia, reuniões de conselheiros para a parceria econômica estratégica Japão-Brasil, etc.
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Além dessas relações bilaterais, o Japão e o Brasil vêm aprofundando as cooperações e parceria estratégica na área internacional em temas como a reforma das Nações Unidas, mudança climática, meio ambiente, desarmamento, etc.
Por outro lado, nos últimos anos, as relações dos dois países vêm evoluindo muito, e as visitas de autoridades vêm aumentando cada vez mais.
Em 2015, os dois países celebraram os 120 anos desde o estabelecimento das relações diplomáticas. Foram realizados, em todo o Brasil, cerca de 500 eventos comemorativos. Naquele ano, Suas Altezas Imperiais o Príncipe e a Princesa Akishino visitaram o Brasil e foram calorosamente recebidos pelas autoridades e pelos cidadãos brasileiros.
Em 2016, após a participação do Primeiro-Ministro Abe na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto, o Presidente Michel Temer fez uma visita oficial ao Japão em outubro, sendo a primeira visita de um Presidente da República do Brasil em 11 anos. No encontro entre o Primeiro-Ministro Abe e o Presidente Temer no Japão, os dois líderes confirmaram a importância de reforçar ainda mais a Parceria Estratégica e Global para o futuro.
Em 2017, foi inaugurada em São Paulo a Japan House como a primeira do gênero no mundo. Na inauguração, contamos com a presença do Presidente Temer, do Chanceler Aloysio Nunes e de alguns deputados que estão aqui presentes, entre muitas outras autoridades. Do Japão, veio ao Brasil o Vice-Primeiro-Ministro Taro Aso, que é também o Presidente do Grupo Parlamentar Japão-Brasil, para participar da inauguração. A Japan House tornou-se um novo ícone cultural de São Paulo e está apresentando o Japão contemporâneo e os seus encantos diversos para o público do Brasil e de toda América Latina.
Agora, neste ano em que se comemoram os 110 anos da imigração japonesa, Sua Alteza Imperial o Príncipe Herdeiro visitou o Brasil, em março, para participar no Fórum Mundial da Água em Brasília. Em seguida, o Senhor Eunício Oliveira, Presidente do Senado Federal, fez uma visita oficial ao Japão em abril, a convite do Presidente da Câmara dos Conselheiros do Japão. No mês seguinte, em maio, o Chanceler Aloysio Nunes visitou o Japão, e foi realizada a reunião dos chanceleres Japão-Brasil em Tóquio.
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Logo depois, no dia 20 do mesmo mês, o Chanceler Taro Kono visitou São Paulo e, em seu pronunciamento político, anunciou a intenção de cooperar estreitamente nos foros internacionais com os países latino-americanos, incluindo o Brasil.
No mês passado, em julho, Sua Alteza Imperial a Princesa Mako fez uma visita ao Brasil, como o ponto mais alto dos 110 anos da imigração japonesa. Sua Alteza Imperial a Princesa Mako cumprimentou a comunidade nikkei em 14 cidades de 5 Estados, agradecendo a contribuição da comunidade para desenvolver as relações bilaterais.
(Soa a campainha.)
O SR. OSAMU YAMANAKA - Para encerrar minhas palavras, em nome da Embaixada do Japão no Brasil, eu manifesto aqui os nossos votos de que as relações entre o Japão e o Brasil se fortaleçam cada vez mais, neste momento tão importante.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Nossos agradecimentos ao Sr. Ministro Osamu Yamanaka, representando aqui a Embaixada do Japão.
Passo imediatamente a palavra ao representante da nossa Embaixada, nosso novo Embaixador do Brasil no Japão, já sabatinado nesta Casa e já aprovado aqui neste Plenário, Dr. Eduardo Paes Saboia. (Pausa.)
Enquanto o Saboia se ajeita, em seguida vai ser o nosso nobre Deputado Vitor Lipp, representando exatamente o grupo de amizade Brasil-Japão.
O SR. EDUARDO PAES SABOIA - Exmo Sr. Senador Hélio José, em nome de quem cumprimento os integrantes da Mesa, senhoras e senhores, é para mim motivo de particular satisfação representar o Ministro Aloysio Nunes Ferreira nesta sessão especial. Tive a honra de ser aprovado pelo Senado, com votos de V. Exª, e nomeado pelo Senhor Presidente da República para assumir a Embaixada do Brasil em Tóquio. Não poderia haver melhor ocasião, portanto, para voltar a esta Casa.
Quero saudar a iniciativa de V. Exª de patrocinar a louvável iniciativa de realização desta sessão.
As relações entre o Brasil e o Japão são excelentes. Temos sólidos vínculos políticos, econômicos e humanos. Compartilhamos valores comuns, como o apreço pela democracia, pela paz, preocupação com o meio ambiente e o horror às armas nucleares. Temos uma parceria global e estratégica.
As visitas de altas autoridades garantem fluidez às relações políticas. Há uma agenda frequente de contatos entre Parlamentares dos dois países. Em abril, o Presidente Eunício Oliveira cumpriu uma extensa agenda de trabalho no Japão, acompanhado dos Senadores Jorge Viana e Antonio Anastasia.
Tivemos a honra de receber recentemente a visita de Sua Alteza Imperial a Princesa Mako por motivo das comemorações dos 110 anos da imigração japonesa. Foi um gesto que tocou o coração do povo brasileiro.
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No campo da economia, trabalhamos para deslanchar um novo ciclo de investimentos japoneses no Brasil e de transferência de conhecimentos - não é mesmo, Deputado Vitor Lippi? - e para promover um salto qualitativo nos fluxos de comércio, que já são importantes, mas cuja pauta precisa tornar-se mais diversificada. Vejo aqui o Embaixador do México, país que já tem um acordo de parceria com o Japão, e queremos avançar nessa direção.
Celebramos os 110 anos da chegada do navio Kasato Maru ao Porto de Santos e da presença, no Brasil, da influente comunidade japonesa, que contribuiu de maneira expressiva para o desenvolvimento de nosso País e para a formação da rica diversidade de nossa identidade nacional.
Tendo chegado para trabalhar inicialmente na lavoura cafeeira, os primeiros japoneses rapidamente ocuparam um crescente espaço na sociedade nacional, contribuindo para o progresso de nossa agricultura e o desenvolvimento de outros setores da economia.
Com uma matriz cultural bastante diversa da brasileira, em comparação com a da maioria dos demais imigrantes, os japoneses tiveram de vencer enorme barreira para sua plena integração, não obstante a positiva recepção aqui encontrada.
Hoje, a comunidade nipo-brasileira, com quase 2 milhões de pessoas, notabiliza-se nas mais variadas áreas, da arte à academia, da economia à política, da religião - aqui o Monge Sato - à diplomacia, como a minha colega, Ministra Cecília Ishitaní, a quem cumprimento.
Em sentido inverso, vivem em território japonês cerca de 190 mil brasileiros, que representam a mais nova face, iniciada nos anos 80, dos vínculos humanos entre Brasil e Japão. É importante trabalhar pela valorização dessa comunidade residente no Japão. E quem sabe possamos, um dia, comemorar os 30 ou 40 anos dessa emigração?
Todos já sabem, mas vale a pena sempre lembrar, que a maior cidade japonesa fora do Japão é São Paulo. O Bairro da Liberdade representa, como poucos lugares, a união de nossas culturas e a exemplar integração da comunidade nipo-descendente à sociedade brasileira.
Não foi um percurso fácil para aqueles que vieram trabalhar na lavoura cafeeira e enfrentaram o preconceito e a incompreensão - eu posso imaginar a história dos pais do Monge Sato, chegando ao Brasil e enfrentando essas diferenças -, mas os japoneses rapidamente ocuparam um crescente espaço.
O Brasil foi construído, em grande parte, por aqueles que aqui chegaram. A nova Lei de Migração, cujo projeto foi apresentado pelo Ministro Aloysio, quando era Senador, atualizou o antigo Estatuto do Estrangeiro, tornando mais humano o acolhimento dos imigrantes que aportam em nosso País.
Os japoneses fazem parte dessa história de edificação de um país pela mão dos imigrantes - inclusive, a edificação de Brasília, e temos aqui vários pioneiros de Brasília, a quem cumprimento também -, o Brasil. Este Brasil que busca esse caminho na modernidade. E os imigrantes são parte dessa caminhada. Um Brasil que se orgulha das suas raízes multiétnicas, de ser uma terra de oportunidades para imigrantes de todas as partes do mundo; um Brasil que se orgulha de ter vínculos humanos, históricos, sanguíneos, com o Japão, vínculos que queremos seguir fortalecendo, em benefício de ambos os povos e nações.
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Com a permissão de V. Exª, gostaria de dirigir, no meu japonês ainda muito rudimentar, breves palavras de agradecimento ao Embaixador do Japão no Brasil, Akira Yamada, pelo seu trabalho incansável em prol das relações entre o Brasil e o Japão.
(Pronunciamento em língua estrangeira, aguardando posterior tradução.)
O SR. EDUARDO PAES SABOIA - Muito obrigado. Arigatou gozaimasu. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Nossos agradecimentos ao nosso novo Embaixador no Japão, nosso nobre Embaixador Eduardo Saboia. Meus cumprimentos aí pelo seu bom japonês! (Risos.)
Parabéns!
Chamando para fazer uso da palavra, nossa Deputada Keiko Ota não está presente.
Nosso nobre Deputado Vitor Lippi, representando o grupo de amizade Brasil e Japão e as relações que sempre tivemos.
Em seguida, vou passar a palavra para o nosso representante do chefe de escritório da Agência de Cooperação Internacional do Japão no Brasil, Sr. Akio Saito.
Deputado Vitor Lippi com a palavra.
O SR. VITOR LIPPI - Minhas senhoras e meus senhores, boa tarde!
Quero cumprimentar o nosso querido Senador Hélio José, felicitá-lo por esta iniciativa tão importante para nós, brasileiros, como um sentimento de gratidão a esse povo tão maravilhoso, que nos ensina sempre, que hoje é, sem sombra de dúvida, um povo que representa o que nós temos de melhor em valores, em qualidade, em tecnologia em todo o mundo. O povo japonês é um exemplo, um exemplo para toda a humanidade.
Portanto, quero felicitá-lo pela oportunidade de nós estarmos aqui, numa justa homenagem aos 110 anos de imigração japonesa.
Quero cumprimentar também o Sr. Ministro de Relações Exteriores, aqui representando o Ministério de Relações Exteriores, o Sr. Embaixador Eduardo Paes Saboia, representando agora o Brasil no Japão, certamente uma grande oportunidade de nós avançarmos ainda mais nessas relações tão oportunas para ambos os países e que têm beneficiado tanto o nosso povo e a nossa gente.
Quero cumprimentar a todos os japoneses aqui presentes, descendentes, a colônia japonesa no Brasil, em nome do Embaixador, que não pôde estar presente aqui conosco, Sr. Yamada, mas quero cumprimentar então o Sr. Ministro Osamu Yamanaka e dizer que eu fico muito agradecido pela forma com que nós temos sido recebidos, pelas oportunidades de avançarmos juntos nesse esforço de cooperação internacional.
Quero cumprimentar todos os membros da Mesa, todos os participantes, e venho, primeiro, ressaltar a importância do Japão no contexto global, do mundo. O Japão hoje é a terceira maior potência econômica do mundo, obviamente só atrás de Estados Unidos e da China, que tem 1,2 bilhão de habitantes. Então, logo na sequência, vem a força econômica do Japão, esse país tão pequeno, mas de um povo extremamente habilidoso, trabalhador, disciplinado e determinado a produzir sempre mais e melhor.
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Para que possamos aqui mostrar a importância da inovação, da tecnologia e do uso do conhecimento, temos de lembrar que o Japão tem sido a referência mundial nos sistemas de produção nas últimas décadas; o mais importante país que vem contribuindo para a melhoria da gestão empresarial no mundo. Além disso, das cem empresas mais inovadoras do mundo, 40 estão no Japão. Isso, para demonstrar a importância desse povo extraordinário, o povo japonês.
Mas, como o Brasil tem muitos privilégios, um desses privilégios foi ter a maior colônia japonesa do mundo. Então, como foi dito aqui, nós temos quase 2 milhões de japoneses que ajudam a construir um País melhor.
E essas contribuições do Japão e dos japoneses aqui no Brasil são em todas as áreas, quer seja na produção de alimentos... E, aí, é incrível a capacidade de produção, o uso da tecnologia na produção de alimentos no Brasil.
Temos o Cerrado brasileiro, que passou por uma grande contribuição do governo e da tecnologia de pesquisadores japoneses e que hoje passou a ser uma das áreas mais produtivas do nosso País. Nós devemos muito disso aos japoneses.
Há a questão da Usiminas, que já foi citada aqui, na área de celulose... Os profissionais liberais japoneses, que tanto vêm contribuindo para o nosso País, em todas as áreas: na educação, dentro das universidades, médicos, advogados, no setor do comércio, no setor da indústria...
Hoje, nós temos algo próximo de 600 empresas japonesas no Brasil.
Então, sem sombra de dúvida, o Japão é um país determinante para os resultados da qualidade de vida do Brasil e dos brasileiros.
Portanto, eu venho aqui com o entusiasmo de que tudo que nós fizermos, querido Senador Hélio José, no sentido de reconhecer, de valorizar e de demonstrar essa profunda gratidão a todas essas inestimáveis contribuições do povo japonês ainda será pouco.
Quero agradecer aqui também a oportunidade que nós temos, no Parlamento brasileiro, com o programa que o Japão instituiu, chamado "Juntos", onde há um esforço de cooperação, um esforço de integração. E eu fui um dos beneficiados. Tive o privilégio de conhecer o Japão, numa agenda muito oportuna, e voltei encantado, muito feliz de ter tido essa oportunidade, esse privilégio de conhecer o Japão e o seu maravilhoso povo. E eu não tenho dúvida de que, se há algo que diferencia o Japão, aquela pequena área ainda com tantas dificuldades, esse cenário tão diferenciado, é a qualidade do seu povo, da sua gente. Portanto, nós só temos aqui que agradecer. Represento aqui a Câmara Federal. Quero deixar o meu abraço especial à nossa querida Deputada Keiko Ota, que tão bem representa os descendentes japoneses aqui no Brasil, e dizer a todos vocês que tudo que nós fizermos, nesse sentido, será muito bom para o Brasil. Não é, Sr. Embaixador?
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E nós estamos agora com uma agenda, propondo uma agenda aí de alguns assuntos estratégicos a serem desenvolvidos.
Quero dizer que não vou ousar falar japonês, como aqui fez o nosso Embaixador Saboia, que falou em japonês. Eu não tenho essa habilidade. Mas deixo aqui o nosso sentimento brasileiro de algo que o brasileiro gosta muito de fazer, que é abraçar. Deixo aqui o abraço do povo brasileiro, do Parlamento brasileiro, a todo esse povo maravilhoso, que tem dado - como eu disse - inestimáveis contribuições ao povo brasileiro. A nossa mais elevada gratidão.
Parabéns pelos 110 anos de imigração japonesa no Brasil!
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Meus agradecimentos ao nobre Deputado Vitor Lippi. O Grupo de Amizade Brasil-Japão tem feito muito. Eu acho que ele muito bem representou o que é a importância dessas relações entre os Legislativos do Brasil e do Japão, entre o Executivo também e entre a sociedade.
É tão importante a Câmara dos Deputados, que eu sou pré-candidato a Deputado Federal. Com todas as prerrogativas para eu poder ser candidato a Senador, eu preferi ser pré-candidato a Deputado Federal, exatamente porque é a Casa que representa o povo. Todas as proposições que entram no Congresso, vindas do Executivo, começam pela Câmara dos Deputados, e é lá que se dá a representação popular do nosso País. Então, o meu Partido, as minhas bases, acharam que seria por bem que eu fosse pré-candidato a Deputado Federal. E sou, nesta eleição agora, em vez de ser candidato ao Senado, candidato a Deputado Federal, para estar junto com vocês, trabalhando e aumentando essa relação, se Deus quiser.
Obrigado, ouviu, Lippi?
Eu quero passar a palavra para o nosso representante, chefe do escritório da Agência de Cooperação Internacional do Japão no Brasil, Sr. Akio Saito; em seguida, em homenagem a todas as mulheres japonesas que tão bem lutam e representam - eu fui o Relator do projeto de lei, aqui, do empoderamento da mulher na política e no esporte -, eu quero dar a palavra à Cecília Kiku Ishitani. Em seguida, posteriormente, ao Dr. Akio Saito.
Com a palavra.
O SR. AKIO SAITO - Boa tarde.
Exmo Sr. Senador Federal Hélio José, autoridades aqui presentes, senhoras e senhores, agradeço por esta oportunidade de falar sobre a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica).
Em julho de 2017, a Jica lançou o lema ''Unindo o Mundo com Laços de Confiança" como nova visão da agência. Podemos dizer que "confiança" é o conceito básico da cooperação japonesa.
Hoje, gostaria de rever as nossas atividades no Brasil de acordo com essa visão.
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A cooperação econômica entre o Japão e o Brasil se iniciou há 59 anos, em 1959, quando foi enviado um perito japonês na área de agricultura.
Como uma das atividades representativas na área de agricultura, podemos citar o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer).
O programa iniciou-se em 1974. Foi celebrado entre o então Premiê Kakuei Tanaka e o Presidente Ernesto Geisel e perdurou até o ano 2000.
Os Estados participantes do Prodecer foram Minas Gerais, Bahia, entre outros, e transformou os cerrados desses Estados, que eram inapropriados para a agricultura, em uma grande região cultivável, tornando o Brasil num grande País fornecedor de soja e de outros grãos, marcando a sua presença como importante País para a segurança alimentar mundial.
Tivemos a participação no projeto de siderurgia da Usiminas, que iniciou a operação em 1962. Esse projeto é o primeiro que vem a simbolizar o forte laço entre o Japão e o Brasil e é amplamente conhecido no Japão. Além da Usiminas, a Jica participou nos projetos nacionais do Brasil, tais como, o da Cenibra, o do Alumínio da Amazônia, entre outros. Ao participarmos desses projetos, os laços de confiança foram fortalecidos, contribuindo para a capacitação constante de recursos humanos do setor produtivo e para a criação da base para o rápido progresso do Brasil.
Além das áreas de agricultura e da indústria, viemos executando projetos em muitas outras áreas, abrangendo várias regiões do Brasil.
Atualmente temos executado o projeto de multiplicação de Policiamento Comunitário, com o objetivo de melhorar, passo a passo, a situação de segurança pública do Brasil, através da construção de laços de confiança entre a população e as Polícias, tendo como parceiros a maioria dos Estados brasileiros e tendo como Estados modelos os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Tendo o Brasil como pioneiro, no âmbito da cooperação triangular, esses resultados da cooperação técnica estão sendo disseminados nos países da América Latina e da África.
Estamos presentes na cooperação para o desenvolvimento da infraestrutura. Por exemplo, o de rebaixamento da calha do Rio Tietê, em São Paulo, com o objetivo de melhorar o fluxo de água do rio através de dragagem, correção e proteção das margens do rio para a prevenção de transbordamento.
Além desses, temos os projetos de saneamento em Salvador da Bahia, de eletrificação rural no Estado de Goiás, entre outros.
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Atualmente, sob liderança do Premiê Shinzo Abe, temos uma diretriz de executar projetos de infraestrutura de alta qualidade com os países parceiros. O Brasil é um dos países parceiros promissores.
A Jica envidará todos os esforços para que sejam executados projetos de infraestrutura de alta qualidade e para que haja confiança do povo brasileiro, com o aproveitamento do programa de empréstimo ODA da Jica.
Também concentramos os nossos esforços em capacitação de recursos humanos na forma de treinamentos. Os cursos de treinamento no Japão da Jica são oferecidos principalmente para os funcionários públicos. Desde 1961, tivemos a participação de 11.245 técnicos brasileiros que receberam treinamento no Japão nas mais variadas áreas e estão contribuindo para solucionar os desafios do desenvolvimento do Brasil.
Os ex-bolsistas se organizaram em associações e atualmente são oito no Brasil.
Após o retorno deles, os laços com o Japão estão sendo mantidos, desenvolvidos, e os conhecimentos adquiridos durante o treinamento no Japão estão sendo aplicados nas várias regiões do Brasil.
Neste ano, estamos comemorando os 110 anos da imigração japonesa no Brasil.
No Brasil, até algum tempo atrás, havia a expressão "japonês garantido" graças aos nikkeis que viveram com diligência e sinceridade, contribuindo para a sociedade brasileira. Acredito que essa ótima avaliação aos nikkeis é o pilar da relação de confiança entre o Japão e o Brasil de hoje.
A Jica vem apoiando as atividades da sociedade nikkei, e, atualmente, as atividades principais estão sendo direcionadas para os cursos de treinamento de nikkeis e envio de voluntários japoneses para entidades nikkeis.
As atividades dos voluntários consistem no ensino da língua japonesa, no cuidado aos idosos, nos esportes, entre outras, independentemente de os beneficiários serem descendentes de japoneses ou não, trabalhando diariamente para aprofundar os laços de confiança entre os nossos países em nível de comunidade.
Daqui para frente, dedicamos também os nossos esforços na capacitação daquelas pessoas que estão na camada de liderança e se tornarão a ponte de confiança entre os nossos países.
Sobre esse esforço, no ano passado, acrescentamos o Programa Líder Pró-Japão na modalidade treinamento no Japão, com o objetivo de apoiar o estudo nos cursos de mestrado e doutorado no Japão.
(Soa a campainha.)
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O SR. AKIO SAITO - E ainda estamos nos esforçando para criar um curso que ofereça as experiências de desenvolvimento do Japão nas universidades brasileiras.
A Jica continuará a envidar esforços para assegurar que o Japão e o Brasil estejam firmemente unidos por meio de laços de confiança e, além disso, que esses laços de confiança entre os nossos países também envolvam os países vizinhos e de outras regiões.
Por fim, agradeço do fundo do coração ao Exmo Sr. Senador Federal Hélio José pela realização desta brilhante sessão especial.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Quero agradecer ao Sr. Akio Saito pelas extraordinárias palavras e dizer que sou o Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional, exatamente uma frente parlamentar que tem mais de 400 Parlamentares. Quanto à infraestrutura brasileira, eu, como engenheiro, como analista de infraestrutura, com a mão de obra que trabalha nos Ministérios para cuidar de todos os projetos de grande vulto no Brasil com relação à infraestrutura, seja no Ministério dos Transportes, no Ministério de Minas e Energia, Ministério da Integração Nacional, Ministério das Cidades, Ministério do Planejamento, etc. e tal, quero dizer que é muito bem-vinda a Jica, as iniciativas da Jica.
Nós precisamos da tecnologia brasileira para as nossas rodovias, para os nossos portos, para os nossos aeroportos, para que possamos ter melhor mobilidade urbana com metrô e com trens de média e alta velocidade. A gente tem uma demanda muito grande de trem de média velocidade no Brasil. Então, eu acho que o Japão e a Coreia têm muito que nos ajudar nisso, assim como também na agricultura, com um projeto tipo Matopiba, que está sendo feito. São projetos fundamentais. O Brasil e o Japão só têm a ganhar com esse incremento e esse trabalho da Jica.
E cabe a nós, o Grupo de Amizade Brasil-Japão, Senadores e Deputados, com as relações diplomáticas e também a relação espiritual, colaborar para que a coisa caminhe da melhor forma possível.
Muito obrigado, Akio.
Ouvindo a voz das mulheres japonesas, que tão bem abrilhantam nosso País com a sua delicadeza, com a sua sensibilidade, com a sua educação, com o fino trato - muito nos orgulha conviver com as descendentes japonesas aqui no Brasil -, a nossa nobre Cecília Kiku Ishitani, assessora do Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores. Você falará aqui pelo Ministério das Relações Exteriores e em nome das mulheres japonesas que vivem em nosso Brasil. Nossos agradecimentos. A senhora está com a palavra.
Em seguida à Srª Kiku Ishitani, vai falar o Sr. Hermínio Hideo Suguino, Presidente da Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro-Oeste, e, para finalizar, meu nobre Waldemar Umeda, falando em nome dos japoneses que vivem em Brasília, em nome dos nossos chacareiros, em nome das nossas pessoas que produzem a verdura que consumimos, que produzem a nossa goiaba, que produzem o nosso morango, que produzem o nosso bem-estar nessas relações aqui do anel produtor brasiliense. É exatamente o grupo nipo-brasileiro de Brasília que faz isso, e o nosso Waldemar Umeda, com muita satisfação para mim, vai falar em nome desse grupo.
Minha nobre Kiku Ishitani, a palavra é da senhora, como das milhares japonesas que convivem com o nosso Brasil.
Muito obrigado.
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A SRª CECÍLIA KIKU ISHITANI - Muito obrigada, Senador. Agradeço a V. Exª e o parabenizo por tão meritória e oportuna iniciativa, não só com relação à menção da celebração dos 110 anos da emigração japonesa, mas também à celebração das mulheres na vida política, social e em tantas frentes, em que a participação das mulheres se faz cada vez mais necessária e importante nas conquistas sociais, nas conquistas em todas as diferentes áreas de desenvolvimento deste País.
Parabenizo também os demais Congressistas, a Embaixada do Japão, os demais representantes diplomáticos, meus colegas aqui do Ministério das Relações Exteriores, membros da comunidade nipo-brasileira aqui presentes, acadêmicos, representantes da Jica, nosso representante também do centro Brasil-Japão, do centro budista. Agradeço a todos e os parabenizo por estarmos juntos nesse congraçamento, que é tão importante e representativo da Nação brasileira, uma Nação plural, uma Nação democrática, uma Nação de emigração, que tanto enriqueceu com a contribuição dos nossos emigrantes japoneses.
Nesta sessão especial, Senador, tenho a oportunidade de, como representante nikkei de 3ª geração, neta de quatro avós japoneses, que, no período entreguerras, na década de 20, migraram para este País, prestar uma homenagem dupla: aos meus ancestrais nipônicos, que tiveram a coragem de buscar um futuro melhor para seus filhos em uma terra pródiga e longínqua, e a este País, que acolheu com grande generosidade esta comunidade.
Meus quatro avós mal aprenderam a falar português. Do interior de São Paulo, foram para o interior do Paraná e, em meio a tantos sacrifícios, dedicando-se à agricultura e a uma fábrica de molho de soja, priorizaram o que lhes pareceu mais importante: a educação dos seus filhos, todos devidamente formados. De minha infância, tenho como uma das lembranças mais presentes uma recomendação constante dos meus avós, repetida como um mantra: ganbatte kudasai. Com origem na filosofia confucionista, significa: esforçar-se e perseverar, a despeito das dificuldades que se apresentam.
E, hoje, vejo meu pai entoar esse mesmo mantra, agora em português, para seus netos e para minha filha, que agora completou 11 anos; parte dessa herança imaterial do amor pela disciplina e pela perseverança, segundo a qual o estudo e o trabalho tudo podem.
Como diplomata de carreira, com quase 22 anos dedicados à Casa de Rio Branco, tenho o privilégio de integrar o serviço exterior brasileiro atualmente como Ministra de Segunda Classe. Atualmente, assessoro o Secretário-Geral das Relações Exteriores em temas relacionados à Ásia e a assuntos consulares.
O Itamaraty, refletindo o microcosmo da sociedade brasileira, conta, hoje, em seus quadros, com 29 diplomatas nipo-descendentes. E, por esses contrassensos, sempre tão interessantes e instigantes, mais da metade desse universo são mulheres, proporção que contrasta com a composição majoritariamente masculina do quadro diplomático brasileiro.
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Agradeço uma vez mais a iniciativa desta Casa.
O Brasil é um país de imigrantes, uma sociedade plural e democrática, e temos muito orgulho disso.
Neste mundo de fronteiras relativas e comunicações instantâneas, Brasil e Japão estão cada vez mais próximos. E explorar esse valioso capital humano que uniu nossas comunidades imigradas e seus descendentes de forma singular constitui um desafio compartilhado por ambas as nações, realidade a que o Itamaraty está atento e conta com apoio de interlocutores essenciais, como este Congresso.
Creio que os primeiros imigrantes podem estar orgulhosos da decisão tomada há mais de um século. As raízes não só se fincaram como se universalizaram. Afinal, todo brasileiro parece ter assimilado algo da cultura, dos costumes e das tradições nipônicas, num sincretismo único que reflete nossa mais pura brasilidade.
Aproveito a oportunidade para desejar muito êxito ao nosso Embaixador Eduardo Saboia, que assumirá em breve nossa Embaixada em Tóquio, um colega muito estimado e que, tenho certeza, fará um trabalho excepcional na Embaixada num momento tão importante em que o Japão sediará os jogos.
Estaremos em breve celebrando também mais de 30 anos do movimento inverso, ou seja, brasileiros que voltam ao Japão em busca de novas oportunidades.
Desejo muito sucesso. Tenho certeza de que fará um brilhante trabalho à frente da nossa Embaixada.
Agradeço novamente o Senador Hélio José pelas suas iniciativas, pelo seu apoio, por suas iniciativas sempre tão oportunas na promoção de lembrança do apoio que esta comunidade tem prestado à construção deste País, que queremos e que temos certeza de que pode ser sempre melhor.
Muito obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Agradeço à Srª Cecília Kiku Ishitani, que tão bem representou as mulheres aqui, as mulheres nikkeis, as mulheres japonesas tão lindas, todas lindas - nós brasileiros admiramos muito a beleza japonesa -, que trabalham muito, que produzem muito e que são profundamente dedicadas. E nós só temos a agradecer por vocês estarem no nosso País. Muito obrigado.
Sei que, como em todo mundo, ainda temos muitas barreiras a vencer contra a discriminação das mulheres, como a defesa de que não devem trabalhar. Nós estamos, cada vez mais, avançando e dando oportunidade de igualdade de condição para que, independentemente do sexo, as pessoas possam contribuir para uma sociedade melhor.
Parabéns à senhora. E parabéns a todas as mulheres nikkeis deste Brasil nosso imenso.
Passo a palavra ao nosso Sr. Hermínio Hideo Suguino, Presidente da Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro-Oeste; depois, para concluir, ao nosso nobre Waldemar Hiroshi Umeda.
Depois, vamos ainda abrir uma exposição Brasil e Japão. Todos serão convidados a ir comigo ao Salão Nobre, num importante momento para encerrar este dia de hoje tão bonito e tão maravilhoso.
Dr. Hermínio, com a palavra o senhor, que representa a Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro-Oeste.
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O SR. HERMÍNIO HIDEO SUGUINO - Boa tarde, senhores.
Exmo Sr. Senador Hélio José, por meio de quem cumprimento todos os representantes na Mesa.
Agradecemos o convite do Senador Hélio José para participar das solenidades dos 110 anos da imigração japonesa no Brasil, e a Feanbra (Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro-Oeste) se sente honrada em poder compartilhar este momento, para falar um pouco sobre a federação e a relação de cooperação e amizade Brasil-Japão.
A Feanbra foi originalmente constituída em 8 de fevereiro de 1976 como Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Distrito Federal e em 2003 mudou para a atual denominação, atualmente consolidada pela união de cinco associações, que são as seguintes: Arcag (Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão); Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Vargem Bonita; Associação de Estudo da Língua Japonesa de Brasília; Incra (Associação Rural, Cultural e Recreativa de Brasília); e a Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Paracatu.
A Feanbra tem como objetivo promover a cultura japonesa, o fortalecimento da união entre as associações e entre os associados e o fortalecimento da relação de amizade Brasil-Japão.
As associações nipo-brasileiras de Brasília e da região promovem diversas atividades ao longo do ano, como a Japonina, festa em Vargem Bonita; o Bon Odori e a Festa do Morango pela Arcag, em Brazlândia; o ensino da língua japonesa aqui em Brasília.
Eu gostaria de registrar a presença da Diretora Kimiko Sambuichi e da Diretora Masae Yada - e pediria uma salva de palmas -, que têm tanto contribuído para o ensino da língua japonesa aqui, no Distrito Federal. (Palmas.)
E, por sua vez, a Feanbra realiza anualmente o Festival do Japão em Brasília, promovendo a cultura japonesa através de shows musicais, danças japonesas, exibição de artes marciais, apresentação de tambores japoneses, gastronomia, espaço para bazares para os produtos japoneses, desfile cosplay, concurso de beleza Miss Nikkey, exposição de cerâmica, quimono, origami, caligrafia japonesa e iquebana.
Neste ano foram arrecadadas 14 toneladas de alimentos, que foram doadas a entidades beneficentes, distribuídas através da parceria com o Banco de Alimentos da Ceasa, órgão vinculado à Secretaria da Agricultura do GDF.
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Durante a realização do 7º Festival do Japão, realizado em maio deste ano, a Feanbra homenageou 14 famílias de pioneiros pela comemoração dos 110 anos de imigração japonesa no Brasil.
As 14 famílias homenageadas foram as seguintes: Saburo Onoyama; Yasutaro Kanegae, que é o pai do colega nosso que estava aqui, o Heitor Kanegae, o primeiro nipo-descendente que nasceu aqui em Brasília e foi batizado pelo Presidente Juscelino Kubitschek; Kioto Kahi, que tanto trabalhou na construção do Templo Budista, em que hoje nós temos como monge o Sato; Kiyoji Mizuno; Seitei Hanashiro; Seifuku Uema; Tatsuo Koyama; Masatoki Sambuichi, que é o marido da Sensei Kimico Sambuichi; Komaji Taira; Yukiyo Matsunaga; Takeshi Mori; Massaki Sato; Yoshinori Niho; Ichizo Kazumi Ofugi.
Esperando continuar a contribuir para o fortalecimento da relação de amizade entre o Brasil e o Japão, agradecemos, mais uma vez, a oportunidade concedida pelo nobre Senador Hélio José, para participar da comemoração dos 110 anos da imigração japonesa no Brasil.
Há muito nos honra ouvir as palavras de agradecimento e reconhecimento proferidas pelos membros da Mesa à contribuição dos nikkeis ao desenvolvimento do Brasil. Através de suas generosas palavras, é como se eu ouvisse os meus avós, que são todos japoneses, dizerem: "Valeu a pena o nosso esforço em trabalhar tanto!"
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - Meus agradecimentos à Feanbra, na pessoa do Sr. Hermínio Suguino.
Quero colocar o meu gabinete à disposição para que a gente possa estar junto desenvolvendo projetos, trabalhando em prol dessa integração tão importante.
A colaboração é indiscutível nas culturas brasileira e japonesa.
Para concluir esta solenidade, vamos ouvir o Sr. Waldemar Hiroshi Umeda. Hiroshi, que é a pronúncia correta. Queremos dizer que ele é um entusiasta dessa relação Brasil-Japão. É uma pessoa, um achado no meu gabinete. Com o Hiroshi, desde o primeiro dia em que foi ao meu gabinete, tivemos uma relação de empatia. Quero agradecer o sem-número de reuniões no Clube Nikkei, lá no Clube Nipo, no Riacho Fundo I; agradecer a toda a sociedade nipo-brasiliense e nipo-brasileira, que aqui convive conosco; e dizer que o senhor representa muito bem essa pujança dessa relação.
O senhor tem a honra de fazer a fala do senhor, por dez minutos, falando sobre as dificuldades, as necessidades e a esperança do nosso grupo tão bacana de nikkeis que convive aqui conosco em Brasília.
Muito obrigado.
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O SR. WALDEMAR HIROSHI UMEDA - Boa tarde, senhores.
Eu não preparei discurso, mas, em síntese da síntese, eu gostaria de transmitir o meu pensamento e o meu sentimento sobre 110 anos da imigração japonesa.
Em primeiro lugar, eu gostaria de cumprimentar todas autoridades presentes, em especial o Senador Hélio José, que foi o autor desta sessão especial do Senado Federal.
O ano de 2018 é o ano de agradecer a todas as pessoas das gerações dos nossos pais e nossos avós, que vieram de tão longe. Muitos não conseguiram nem retornar à sua terra natal, mas aqui se mantiveram e conseguiram conquistar a confiança e o respeito da sociedade brasileira.
Por isso que nós estamos aqui, hoje, totalmente integrados à sociedade brasileira. E temos essa responsabilidade de fortalecer e aproximar, cada vez mais, esse relacionamento entre Brasil e Japão.
Agradeço realmente ao Senador Hélio José, meu amigo pessoal. O gabinete dele eu considero o gabinete sem portas, porque, todas as vezes em que temos procurado para pedir auxílio para sociedade, para segmento, para classe, para cidade, ele tem nos atendido sem objeção.
Muito obrigado a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Hélio José. Bloco Maioria/PROS - DF) - O Umeda e o Kanegae são dois exemplos da integração Brasil-Japão. O Kanegae teve que ir, porque ele é o administrador de uma cidade, mas, com certeza, filho do nosso primeiro... Primeiro filho aqui de Brasília. O pai dele é uma pessoa muito bacana.
Cento e dez anos de imigração japonesa no Brasil.
Poucos anos depois de o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação firmado entre o Brasil e o Japão ser aprovado pelo Congresso Nacional, chegaram, em 1908, os primeiros imigrantes japoneses. Foram 781 pessoas cheias de esperança e fé em um futuro que não imaginavam ser tão difícil e árduo.
Deste outro lado do mundo, conheceram a dor da saudade e sofreram para se adaptar a uma terra onde não encontraram seus alimentos e sua cultura. Uma terra bruta e hostil, mas que dominaram nas gerações seguintes e ajudaram a transformar em uma terra de convívio de povos, os mais diversos, e etnias, as mais diferentes. Ensinaram mais do que aprenderam. Com certeza os ensinamentos japoneses foram muito grandes.
A homenagem que o Senado Federal presta aos imigrantes japoneses se estende a todo o povo daquele país do sol nascente. Devemos muito aos japoneses e aos seus descendentes.
Nesses 110 anos, aprendemos a respeitá-los, e agora não se veem diferenças. Estão fortemente presentes em São Paulo, no Paraná e em Mato Grosso do Sul - também aqui em Brasília -, mas também encontramos seus descendentes em todos os Estados, desde o Pará até o Rio Grande do Sul, contribuindo para o desenvolvimento do País. Não à toa em São Paulo, onde mais se encontram, chama-se Liberdade o grande bairro habitado pelos japoneses. Um dos dons mais caros e preciosos para humanidade: a liberdade.
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Os debates havidos no Senado Federal desde 1896 sobre a imigração japonesa hoje não mais se dão com caráter de distinção; somos todos brasileiros e comemoramos 110 anos de vida em comum com a comunidade japonesa. Que Deus ilumine! (Palmas.)
Eu quero agradecer, em nome do Senado Federal, as palavras dos oradores.
Antes de encerrar os trabalhos desta manhã, eu gostaria de convidar os presentes para a inauguração da exposição de documentos históricos sobre a imigração japonesa no Espaço Cultural Senador Ivandro Cunha Lima. O espaço é aqui embaixo, é só me seguir.
Antes disso, eu queria fazer uma homenagem ao nosso nobre Mestre Woo. O Mestre Woo está aqui presente ainda? (Pausa.)
Mestre Woo, uma salva de palmas ao senhor! (Palmas.)
O senhor, todos os dias, ensina, na prática do tai chi chuan, a paz, a vida fraterna; ensina para as pessoas o tanto que é importante o entrelaçamento cultural entre os povos. Muito obrigado ao senhor. Ali, na Asa Norte, toda manhã, está lá o Mestre Woo dando força e fazendo a nossa integração. Não é, Sato? É uma pessoa a quem nós só temos a agradecer.
Ali, na exposição no Espaço Cultural Senador Ivandro Cunha Lima, serão expostos documentos do Arquivo S: o Senado na História do Brasil, um trabalho conjunto de pesquisa da SGIDOC (Secretaria de Gestão de Informação e Documentação do Senado Federal) e a Comunicação Social. Os documentos expostos estão sob a guarda do Arquivo da Biblioteca do Senado Federal. Os pesquisadores reuniram registros de mais de um século de informações históricas sobre a imigração japonesa, no Congresso Nacional. Estarão na exposição ainda telas originais de Tomie Ohtake, que fazem parte do acervo de obras de arte do Senado Federal. Não deixem, pois, de prestigiar a exposição.
O Espaço Cultural Senador Ivandro Cunha Lima está localizado no corredor que dá acesso ao Anexo I do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Para quem não sabe, o Anexo I é aquele prédio do Senado Federal das duas torres - nos prédios, para lá é Câmara dos Deputados, para cá é Senado Federal. Encontramo-nos ali dentro de alguns minutos para descerrar, com a proteção divina do meu amigo, do meu monge querido, o Dr. Sato, a placa dessa exposição tão importante.
Agradeço a presença de todos nesta importante sessão.
Está encerrada esta sessão.
Muito obrigado a todos os servidores do Senado Federal, muito obrigado a todos desta Casa. Vamos à luta! Que Deus nos proteja e nos encaminhe para os melhores caminhos pela paz do Senhor. Muito obrigado. Que Deus nos abençoe. (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 13 horas e 27 minutos.)