4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
55ª LEGISLATURA
Em 11 de dezembro de 2018
(terça-feira)
Às 11 horas
153ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Horário

Texto com revisão

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A SRA. PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco Maioria/MDB - SP) - Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
A presente sessão especial destina-se a homenagear a memória do empresário Fabrizio Fasano, falecido no dia 24 de novembro de 2018, nos termos do Requerimento 559, de 2018, da Senadora Marta Suplicy e de outros Senadores.
Composição da Mesa.
Convido para compor a Mesa: Rogério Marco Fasano, filho do homenageado; Ana Luiza de Aguirre Joma Fasano, nora do homenageado; Caetano Fasano Quintella, neto do homenageado; e Guilherme Afif Domingos, Presidente do Sebrae.
Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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A SRA. PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco Maioria/MDB - SP) - Caros representantes da família do querido Fabrizio Fasano, amigos presentes, vocês que estão escutando nos pelo rádio ou pela televisão, caros Senadores e Senadoras, o Brasil perdeu recentemente um dos seus maiores e mais respeitados ícones empresariais.
Italiano de nascimento, mas brasileiro por adoção e sentimento, Fabrizio Fasano foi ousado, inovador, sofisticado, empresário que procurou, em tudo, colocar a qualidade em primeiro lugar.
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Fabrizio é, verdadeiramente, um ícone, referência e símbolo da gastronomia paulista e brasileira.
O seu jeito era simples, simpático, sereno.
Como era naturalmente sofisticado, ao dedicar sua vida, ao lado de sua família, a fazer restaurantes e hotéis, fez os melhores, sempre pautado pelo critério da excelência.
Fundou o grupo Fasano que, hoje, além de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, está conquistando o mundo levando seu formato e maneira de fazer o melhor, muitas vezes, abrindo mão da própria essência do comércio, que é o lucro, para priorizar o "estado da arte", usando sempre os melhores produtos e seu serviço impecável.
Almir, no Fasano de São Paulo, Ismael, no Gero, Everaldo, no Parigi, e Célio, no Gero de Brasília, formam um time campeão de grandes profissionais regidos, impecavelmente, pelo Rogério, que herdou as mesmas qualidades e características do seu pai, Fabrizio, assim como a Andréa, no Buffet Fasano, e Fabrizio Júnior nos melhores programas de gastronomia na TV.
Fabrizio Fasano representa o espírito empreendedor que tanto prezamos e que fez toda a diferença para melhor em nossa cidade de São Paulo. Lembro aqui um pouco da sua trajetória.
Fabrizio Fasano honrava a tradição iniciada pela família. Em 1902, tivemos a inauguração de uma confeitaria no Centro de São Paulo - depois, você acrescenta ou me corrige se eu estiver alguma coisa fora da biografia - pelo seu avô, Vittorio Fasano, italiano de Milão. Depois, seu pai, Ruggero, deu continuidade ao legado gastronômico, mais uma vez, apostando no Centro de São Paulo, no famoso endereço da Rua Vieira de Carvalho.
Além de apoiar o pai, ao lado dos amigos Luis Carta e Domingo Alzugaray, Fabrizio fundaria a Editora Três.
Ao passo que São Paulo expandia os negócios, os Fasano ampliaram investimentos, sempre gerando empregos e promovendo a imagem da cidade como espaço de excelência na gastronomia. Depois, eles foram para o eixo da Avenida Paulista, onde receberam e tivemos a oportunidade de conferir, no País, o talento de artistas internacionais, como Nat King Cole, sob os aplausos de celebridades como David Niven, Marlene Dietrich e Ginger Rogers. Receberam autoridades internacionais, dentre eles Fidel Castro e o Presidente norte-americano Dwight Einsenhower. Foi nessa época que eu o conheci.
Já em 1982, Fabrizio Fasano, um executivo com formação em administração de empresas nos Estados Unidos, ao lado de seu filho Rogério, abriu o restaurante no Shopping Eldorado.
Dizia ele: "Apostamos na maturidade de São Paulo, que começava a ficar mais exigente no paladar".
Os Fasano também tiveram a ousadia de apostar numa versão menor e muito requintada de restaurante, cartão de visitas paulistano, na rua Amauri, um dos mais prestigiados de São Paulo.
No ano de 2003, tivemos a abertura do Hotel Fasano, na rua Vitório Fasano.
A inauguração desse hotel foi ponto de partida para novos desafios do grupo - empreendimentos no Rio de Janeiro, fora do País, em Punta del Este. Portanto, tendo mais de cem anos de atuação em São Paulo, terra mater do empreendedorismo nacional e grande acolhedora dos imigrantes, o Grupo Fasano, hoje, é a grande referência nacional nesses setores, passando de uma confeitaria para um grande conglomerado internacional de restaurantes e hotéis.
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A excelência no atendimento de hotéis e restaurantes da rede Fasano coroa o trabalho de um empreendedor visionário. Por isso, além de sua base em São Paulo, como mencionei, está no Rio de Janeiro, em Brasília, em Belo Horizonte e em Salvador.
Fabrizio Fasano, falecido em 24 de novembro último, deixa saudades e o exemplo de perseverança, de pluralidade, de espírito criativo e de otimismo, sempre. Não há dúvidas de que a pujança de um país se faz com homens visionários e corajosos como Fabrizio Fasano. Alguém que não se acomoda com os padrões existentes, que não se atém ao básico, que não se conforma com o razoável. Grandes empresários se mostram especialmente em suas capacidades visionárias e de assumir riscos, de projetar o futuro com a experiência do passado e o trabalho incessante no presente.
Por sua história de vida, apresentamos nosso respeito, consideração e consternação e propusemos a presente sessão solene, pelo Senado Federal, em homenagem à sua memória.
Eu, como Senadora pelo Estado de São Paulo, mas também como ex-Prefeita de São Paulo, dou aqui o meu testemunho do que esse grande, eu diria, personagem da nossa cidade pôde fazer pela mudança de hábitos, de costumes e do requinte da gastronomia paulistana e da hotelaria, que, como disse, se expandiu para todo o Brasil e para fora também.
Grazie, Fabrizio!
Passo a palavra agora a seu filho, Rogério Fasano.
Você pode falar de lá, que é mais confortável.
O SR. ROGÉRIO MARCO FASANO - Antes de tudo, em nome de toda a família Fasano, gostaria de agradecer muito a esta Casa pela homenagem ao meu pai, Fabrizio Fasano, e, com especial carinho, à Senadora Marta Suplicy.
Fabrizio, apesar de ter nascido na Itália, foi um grande brasileiro. Amava este País como poucos. Gerou e continuamos a gerar milhares de empregos e chegou, inclusive, a enriquecer muito, mas também passou por vários contratempos, que o levaram um dia a praticamente falir. Contudo, depois de muitos anos, ele e eu tomamos um porre homérico, pois havíamos pago até o último centavo do que devíamos. Era uma questão de honra.
Quando eu quis reabrir o restaurante Fasano em 1982, que havia fechado em 1968, quando meu avô faleceu, foi por meio de um convite da família Veríssimo, dona do Shopping Eldorado, convite este que havia sido negado pelo meu pai, pois, naquele momento, a sua única preocupação era recolocar a sua indústria de bebidas no mesmo patamar que sempre esteve e cumprir os seus compromissos.
Por acaso, naquele exato momento do telefonema do Sr. Veríssimo, eu estava em sua frente. Ele disse que eu adoraria resgatar a origem gastronômica da família Fasano de meu bisavô e meu avô. Após alguma resistência sua, ele me disse, liberal como sempre foi: "Rogério, se você quer reabrir o Fasano, aqui está o telefone do Sr. Veríssimo". Eu tinha apenas 20 anos à época. Eu e...
Desculpem-me; eu sou gago. Ironicamente, meu pai se reencontrou comigo na profissão dos nossos antepassados e fizemos juntos uma parceria da qual me orgulho muito. E acho que fizemos muita coisa. Nós nos completávamos. Por 37 anos, trabalhamos lado a lado de forma muito, muito próxima. Brigávamos, mas rimos muito. Ah, como rimos! Sua ausência me fará muita falta para sempre.
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Com o seu carisma absurdo, sempre impecável, meu pai nunca levantava a voz. Suas broncas, quando necessárias, a algum funcionário, soavam muito mais como um conselho. Meu pai colecionava amigos. Nunca soube sequer de um único desafeto seu, assim como nunca precisou recorrer a nenhum advogado para alguma questão societária. Era amado, muito amado por todos os funcionários, não importando o cargo, do mais simples ao mais graduado, e sempre os tratava com a mesma atenção e carinho. Esse, para nós que ficamos por aqui, será sempre seu maior legado, o qual eu tento seguir à risca.
Quando meu avô Ruggero faleceu, um jornal paulistano publicou a seguinte manchete - aliás, este quadrinho é a única decoração que tenho em minha sala de trabalho. Ele dizia: "Ruggero foi, mas os Fasano ficam". E agora, ao lado do meu sobrinho Caetano, a quinta geração, digo com a mesma certeza: Fabrizio foi, mas os Fasano ficam.
Obrigado a todos. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco Maioria/MDB - SP) - Lindo discurso, Rogério. Falou muito como ele era. Parabéns!
Eu gostaria de registrar a presença da Prefeita do Município de São Pedro da Serra, Rio Grande do Sul, Sra. Isabel Joner Cornelius; do Vereador do Município de São Pedro da Serra, Sr. Carlos Adriano Schlindwein; e também do Presidente do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, MDB, em Jaú, Sr. Geraldo Grizzo.
Agora concedo a palavra ao Sr. Guilherme Afif Domingos, que é Presidente do Sebrae.
O SR. GUILHERME AFIF DOMINGOS - Minha cara Senadora e amiga Marta Suplicy, que preside esta sessão solene, quero cumprimentar o meu amigo Rogério Marco Fasano, nosso Gero, o Caetano Fasano Quintella, neto, e a Sra. Ana Luiza de Aguirre Joma Fasano, nora. Saúdo o nosso querido Tripoli, Deputado por São Paulo, como também o nosso Piquet.
Nelsinho, grande prazer.
Marta, primeiro, quero cumprimentá-la pela iniciativa muito justa em homenagear um símbolo do empreendedorismo, de uma família empreendedora. Vocês sabem o quanto eu me comprometi e me comprometo, na minha vida inteira, na defesa do empreendedorismo, especialmente da micro e da pequena empresa. E essa é a história de todos os imigrantes, essa é a história de todos aqueles que vieram para cá para tentar a vida. É a história do meu avô, do avô, do pai, de todos nós.
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O nome Fasano sempre esteve ligado ao meu crescimento. O nosso escritório era no centro de São Paulo, na Rua Boa Vista e meu avô falava da Brasserie Fasano, que ficava ali, na Praça Antônio Prado. O nome Fasano sempre nos acompanhou, principalmente na juventude, quando se abriu o Jardim de Inverno Fasano, no Conjunto Nacional, e lá promovíamos os bailes de calouro ou de formatura, com a orquestra do Dick Farney. Ali era um luxo, era um símbolo de São Paulo, da marca empreendedora.
Eu tive a felicidade de conviver com o Fabrizio, o empreender irrequieto, que salvou a nossa geração do uísque de má qualidade, quando ele criou, junto com o Mário Amato, da Drury's, criou o Old Eight, que salvava as nossas noites numa época de uísque falsificado, que era a qualidade de um uísque feito no Brasil, e sempre procurando inovar, com essa marca empreendedora, que contaminou a sua geração.
O nosso Gero, o nosso Rogério, deu total segmento a essa história, contando também dos tombos que se leva, porque, às vezes, no empreendedorismo, a gente aprende muito mais no tombo do que no acerto. E é exatamente esse processo de aperfeiçoamento da garra, de não desistir. Isso é uma marca que tem que se deixar para todos os empreendedores do Brasil, e eu fiz questão de, hoje, me irmanar nesta homenagem para que isso possa dar exemplo aos milhões de empreendedores que hoje, devido às dificuldades pelas quais estamos passando, estão buscando no empreendedorismo e no trabalho por conta própria o seu caminho. Esses exemplos precisam ficar bem realçados, principalmente a visão de mercado.
Nos anos 90, no início do ano 90, eu tinha saído da campanha presidencial, um tempo em que eu me dediquei muito ao aspecto político e fiquei distante, com a Constituinte, de São Paulo, da minha base. Um dia fui conhecer o Restaurante Fasano da Rua Haddock Lobo e lá fui recebido com braços muito abertos pelo meu amigo Fabrizio. Ele até se sentou à mesa, comigo e com minha esposa. E era um sábado e eu comentei com ele: "Fabrizio, eu não conheço ninguém que está aqui." Ele falou: "Esta é a marca de São Paulo, Guilherme. O dinheiro muda de mão a cada 20 anos. Esse povo que está aqui é o pessoal da zona leste, zona norte, que vem com as suas mercedes, com os seus jaguares, mas essa é uma nova geração e é um novo ciclo, porque o dinheiro circula, porque São Paulo tem mobilidade social." Isso ele me mostrou muito claramente: "Tem sempre mercado, não fique adstrito a um mercado só de conhecidos. São Paulo tem essa dinâmica."
Aquilo me deixou uma marca muito, muito forte em termos da visão do empreendedor. E uma pessoa extremamente boa, uma pessoa extremamente amiga dos seus amigos.
Por isso, Rogério e família, eu me sinto muito feliz.
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Obrigado pela oportunidade, Marta, de poder me manifestar. Você sabe que eu tenho um sonho - nós que estamos convivendo mais em Brasília -: que você não fique só num restaurante em Brasília, que nós tenhamos em Brasília um hotel com a marca Fasano, um hotel 6 estrelas. Brasília precisa disso.
Parabéns a toda a família! E a nossa saudade do querido amigo Fabrizio.
Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco Maioria/MDB - SP) - Lindas palavras, principalmente da Presidência do Sebrae, que é uma instituição aqui no nosso Brasil que tanto colabora para o empreendedorismo, do qual Fabrizio Fasano é realmente um grande exemplo. Você citou uma palavra que achei que determina muito quem ele era: garra. Para empreender precisa ter garra e saber o que quer, o que o Fabrício tinha muito.
Também quero citar aqui a presença do Deputado Tripoli, por São Paulo, e Luiz Osvaldo Pastore, ex-Senador pelo Estado de São Paulo.
Quero chamar para fazer uso da palavra Guilherme Fasano. Desculpe. Guilherme Farhat. É tão Fasano que eu até adotei o sobrenome, Guilherme.
O SR. GUILHERME FARHAT FERRAZ - Olha, o Fabrizio era um amigo tão querido que eu tomo como máximo elogio, Senadora.
Exma. Sra. Senadora Marta Suplicy, outras autoridades que estão aqui presentes, Rogério, amigo querido, Ana Joma, Caetano, outros amigos aqui presentes, antes de mais nada, eu queria agradecer à Senadora Marta por ter proposto, ter tido essa ideia tão feliz de fazer uma sessão solene em homenagem ao Fabrizio. Eu sou testemunha de que o Fabrizio tinha enorme apreço pela senhora. Eu me lembro do carinho com que ele falava, do entusiasmo nas suas campanhas. Ele estava sempre torcendo pela senhora. Então, fica aqui um agradecimento especial.
Bom, o Fabrizio foi um homem especialíssimo, um daqueles personagens que, quando morre, quando chega ao fim da vida, a gente olha para trás e diz: "Nossa! Esse cara viveu!" Ele teve uma vida extremamente intensa. Teve amores, desamores, vitórias, derrotas e enfrentou desafios enormes, mas construiu com a Sra. Daisy uma família linda e deixou sua marca em vários lugares e sobre várias pessoas.
O Fabrizio começou a trabalhar cedo, deu seguimento à tradição familiar do investimento nos ramos de hospitalidade e gastronomia na cidade de São Paulo. A família começou - a Senadora Marta já falou, mas vale relembrar - seus negócios no Brasil em 1902, quando o avô do Fabrizio, Vittorio, inaugurou uma confeitaria em São Paulo. Depois disso, seu pai, Ruggero, inaugurou o restaurante da Vieira de Carvalho, que faz parte da história de São Paulo. Acho que todas as casas do Fasano fazem parte da história de São Paulo. Não há nenhuma delas que não tenha marcado muito a sua época. O Fabrizio me contava histórias do tempo em que ele trabalhou na casa Fasano da Avenida Paulista, que é um lugar, acho, lendário da noite de São Paulo. Quem conhece um pouco da noite de São Paulo se lembra da casa Fasano. Passaram lá nomes incríveis do mundo, como Nat King Cole, Marlene Dietrich, Ginger Rogers, Fidel Castro, o Presidente dos Estados Unidos Dwight Eisenhower, que visitou a casa quando esteve em São Paulo.
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E eu lembro-me do Fabrizio contando. O Fabrizio tinha histórias ótimas, não é? Mas uma delas, de que eu me lembro e achava uma graça, foi da noite em que a Casa Fasano contratou Nat King Cole para um show. Então era um enorme investimento para a família trazer o Nat King Cole, que era uma estrela importantíssima. E estava lá a plateia toda reunida, a casa lotada, e nada de o Nat King Cole chegar. E o Fabrizio então, jovem, pegou o seu Fusca, foi até o hotel onde estava o Nat King Cole e descobriu que ele já tinha bebido muito mais do que deveria antes do show. E ficou preocupadíssimo e disse, "Olha, se o senhor não aparecer na Casa Fasano, nós vamos à falência, porque nós vendemos os ingressos, está todo mundo lá reunido. Vai ser o vexame do século." E ele, com...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. GUILHERME FARHAT FERRAZ - É mesmo? Bom, então a aflição realmente foi máxima, não é? E ele, com o charme que tinha, o Fabrizio era um homem extremamente charmoso, carismático, conseguiu convencer o Nat King Cole a embarcar no Fusca e seguir para a Casa Fasano. Ele me disse que disse para o Nat King Cole: "Olha, você tem que pelo menos ir lá. Você sobe no palco. Dali para a frente, quem passa o vexame é você, mas você tem que chegar à Casa Fasano." E isso aconteceu. Foram os dois juntos no Fusca para uma noite memorável.
E o Fabrizio era assim. Ele era cheio de histórias geniais, que se não fossem verdadeiras, como eram, elas não poderiam ser inventadas, de tão coloridas e interessantes que eram.
Bom, depois de trabalhar com o pai, Fabrizio teve vários empreendimentos próprios. No setor de bebidas, como bem lembrou o Guilherme Afif, ele criou o Deity, criou o Wein Zeller, que era um vinho inspirado no vinho alemão da garrafa azul, que ele dizia, "Olha, esse foi o jeito de o mercado de vinhos crescer no Brasil." Muita gente aqui parou de tomar Coca-Cola e passou a tomar vinho a partir do Wein Zeller. Então ele tinha muito orgulho de ter contribuído para a educação gastronômica também de uma geração toda.
Mais tarde ele presidiu a Associação Brasileira de Bebidas, a Abrabe, que representa todo o setor no Brasil. Durante muitos anos, ele foi o presidente.
Eu tinha falado aqui mais um pouco de outras casas, mas eu vou direto para o hotel. Eu me lembro dele extremamente orgulhoso e até me lembro de uma noite, meio assustado até com a ideia do Rogério, de construir um hotel. Ele dizia: "Será que nós não estamos dando um passo maior que as pernas? Será que..." Mas ele, como Guilherme Afif colocou, era um homem corajoso, era um empresário de visão. E lá foi ele com o Rogério abrir o hotel, e o resto é história, não é? O hotel é um sucesso, está em várias cidades do Brasil, e as coisas andaram bem.
Bom, a qualidade do serviço das casas do Grupo Fasano não encontravam precedentes no Brasil. Eu acho que os restaurantes do Fasano estabeleceram um novo patamar em São Paulo, no Brasil todo, não é? A presteza dos funcionários, a qualidade da comida, o conforto dos quartos. Eu afirmo, sem medo de errar, que o Fabrizio teve um papel decisivo na consolidação da cidade de São Paulo como um polo mundial de gastronomia e hospitalidade.
Fabrizio era um homem simples e generoso. Tratava a todos com carinho e dignidade. Como o Rogério colocou, das pessoas mais simples, mais humildes às pessoas mais graduadas, ele tratava a todos com o mesmo carinho, o mesmo entusiasmo.
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Ele tinha orgulho imenso da família: do Rogério, com o seu enorme talento e bom gosto; da Deca, que ele dizia que era muito parecida com ele; do Fabrizio Júnior, que puxou do pai muito do seu talento de comunicação, muito do seu carisma.
Bom, eu tive a honra de conviver com o Fabrizio por quase duas décadas... (Pausa.)
Ele foi para mim um amigo querido, um mentor, um professor. Um dos melhores caras que eu conheci na vida.
Por isso, Senadora Marta, cumprimento a senhora mais uma vez pela iniciativa.
Fabrizio era tímido, não muito dado a solenidades, mas tenho certeza de que, onde ele estiver, hoje é dia de apreciar um prato de cabelinho de anjo e uma boa garrafa de vinho.
Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco Maioria/MDB - SP) - É muito emocionante a sua fala, porque mostra um carinho muito grande e uma amizade dessas que a gente só constrói com muito cotidiano e muito amor.
Parabéns.
Bem, cumprida a finalidade da nossa sessão, eu agradeço às personalidades que nos honraram com o seu comparecimento e dou a sessão como encerrada.
Muito obrigada a todos.
(Levanta-se a sessão às 12 horas e 13 minutos.)