1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
56ª LEGISLATURA
Em 26 de abril de 2019
(sexta-feira)
Às 9 horas
58ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Convido todos e todas para que possam tomar assento, para iniciarmos essa sessão solene.
A sessão solene especial do dia de hoje destina-se a comemorar o transcurso do 54º aniversário da Rede Globo de Televisão.
Requerimento, aprovado nos termos, nº 22, de 2019, de autoria do eminente Senador Randolfe Rodrigues e outros Senadores.
Gostaria de convidar para compor a Mesa desta sessão especial solene o Exmo. Sr. autor do requerimento, Senador Randolfe Rodrigues. Gostaria também de convidar para compor a Mesa o Sr. Vice-Presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo, Sr. José Roberto Marinho. (Palmas.)
Gostaria de convidar para compor a Mesa desta sessão o Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo e Presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Sr. Paulo Tonet Camargo. (Palmas.)
Quero agradecer também a presença do Embaixador da República do Malawi, Sr. Brian Bowler; Embaixador da Embaixada Real da Tailândia, Sr. Surasak Suparat; Embaixadora de Barbados, Sra. Tonika Sealy Thompson. Quero agradecer a presença do Secretário-Executivo do Ministério da Educação, Sr. Antonio Paulo de Medeiros; a presença da Diretora do Escritório da Unesco em Brasília e Representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto; do Diretor-Presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Sr. Christian de Castro; do Diretor-Geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, Sr. Cristiano Lobato Flores; do Diretor Jurídico da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, Sr. Rodolfo Salema; da Diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Sra. Teresa Azevedo; do Diretor de Tecnologia da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, Sr. Luiz Carlos Abrahão; do Diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Abert, Sr. Márcio Maciel; da Diretora Executiva da Associação Nacional de Editores de Revistas, Sra. Juliana Toscano; do Diretor Regional e Comercial da TV Globo de Brasília, Sr. Cláudio Corrêa; do Diretor de Jornalismo da TV Globo Brasília, Sr. Luiz Fernando Ávila; do Diretor da Sucursal Brasília do jornal O Globo e da revista Época, Sr. Paulo Celso Pereira.
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Quero agradecer também a presença do Diretor de Relações Institucionais do Grupo Globo de São Paulo, Sr. Fernando Vieira de Mello.
Quero agradecer ao Diretor de Relações Institucionais e Regulação do grupo Globo, Sr. Marcelo Bechara.
Quero agradecer a presença do Vereador do Município de Riacho da Cruz, no Estado do Rio Grande do Norte, Sr. Paulo Cesar Amorim Alencar; do representante do Ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, Sr. Edivaldo Dias da Silva; e do advogado da Associação Brasileira (Abert), Sr. Rafael Larcher. (Pausa.)
Gostaria de convidar a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Gostaria de cumprimentar todos os convidados, todas as convidadas, para esta sessão em comemoração ao 54º aniversário da Rede Globo de Televisão.
Quero parabenizar o Senador Randolfe Rodrigues, cumprimentá-lo, assim como outros Senadores signatários deste requerimento que foi apreciado no Plenário do Senado, e hoje estamos todos aqui tendo a felicidade de participar.
Quero agradecer a presença do Senador Jorge Kajuru, Líder do Partido Socialista Brasileiro nesta Casa, que representa os Senadores e Senadoras que compõem este Senado da República.
Quero agradecer à imprensa, agradecer aos servidores do Senado da República, que nos ajudam a construir as sessões desta Casa e a trabalhar pelo Brasil.
Quero registrar a presença em Plenário do Senador Lucas Barreto, do PSD, do Amapá. Quero agradecer a presença do Lucas, assim como a do Kajuru, e estender os cumprimentos a todos os Senadores do Senado da República.
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Quero agradecer também a presença, representando a Câmara dos Deputados, representando as mulheres brasileiras e a força da mulher na política nacional, da Deputada do PCdoB, do Amapá, Deputada Professora Marcivania Flexa.
Muito obrigado pela presença de V. Exa. nesta sessão solene no Senado.
É com muita satisfação que dou início a esta sessão de homenagem à Rede Globo de Televisão, pelo seu aniversário de 54 anos de existência.
A Rede Globo de Televisão consolidou-se, em mais de meio século de existência, como um verdadeiro patrimônio dos brasileiros e talvez, Dr. José Roberto, o mais democrático instrumento de informação, de aprendizagem e de entretenimento de nossos cidadãos brasileiros. E isso, minhas senhoras e meus senhores, nunca seria possível sem a determinação e o empreendedorismo do seu fundador, o jornalista Roberto Marinho. Trata-se de um brasileiro que dispensa maiores apresentações. Um realizador e um exemplo de pioneirismo para todos nós. Sua biografia certamente se encontra na categoria dos mais importantes personagens de toda a nossa história.
Nesta oportunidade, senhoras e senhores, não poderia deixar de transmitir aqui aos seus filhos, sua família, seus colaboradores, seus netos, familiares e amigos a gratidão desta Casa, a Casa da Federação, pelo espírito visionário e inigualável do Dr. Roberto Marinho, este homem público que orgulha a Nação com a sua coragem, com a coragem que teve, e com seu entusiasmo.
Os brasileiros não seriam o que são hoje com o mesmo sentimento de pertencimento cultural e nacional sem as indispensáveis contribuições da Rede Globo de Televisão.
Sempre verificamos uma programação de elevada qualidade técnica e artística, com ampla variedade de temas e com o dom de conquistar todos, todos os distintos públicos existentes em nosso País.
O jornalismo da emissora é referência nacional e internacional, reconhecido pelo respeito, pela verdade, pela seriedade, pela visão crítica e pelo comprometimento de seus profissionais com o dever principal da imprensa, o dever de informar.
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Tenho a convicção de que o Brasil certamente não seria a pujante democracia de hoje sem a contribuição inestimável do jornalismo independente, responsável e, novamente, crítico da Rede Globo de Televisão.
São incontestáveis os momentos em que os brasileiros de todo o País se viram presos à tela da TV para testemunhar os mais importantes acontecimentos históricos e esportivos das últimas décadas, seja no Brasil, seja no mundo. E, ao informar, a Rede Globo transformou-se em um dos principais instrumentos para que o Estado, o Poder Público pudesse divulgar suas iniciativas, orientar a população em momentos de dificuldade, enfim, torna-se mais presente na vida das pessoas.
Hoje a Rede Globo é uma grande emissora, com forte presença no Território nacional e possivelmente com o maior número de funcionários empregados no setor.
Mas os desafios não se acabam nas conquistas já obtidas pela Rede Globo nesses 54 anos. Antenada aos rumos que os meios de comunicações têm seguido desde o começo deste milênio, nós telespectadores podemos testemunhar uma interativa cada vez maior dos programas transmitidos pela Rede Globo de Televisão. Da mesma maneira, há uma aproximação mais significativa com as novas mídias, com as redes sociais, com os portais de informação on-line, além, é claro, de uma maior abertura às críticas de seus telespectadores.
Tudo isso, repito, tudo isso é sintoma de um mundo que vem demandando conteúdo com mais profundidade e com mais celeridade. Sem dúvida, trata-se de uma nova fronteira na forma de trazer informações e de entreter. Mas tenho certeza de que tem sido muito bem administrada e compreendida pela Rede Globo, uma emissora cujas principais características sempre foram o pioneirismo e a criatividade.
Por isso, mais uma vez, em nome do Senado da República, transmito meus agradecimentos à família, aos amigos do Dr. jornalista Roberto Marinho, pelo legado que deixou a todos nós, brasileiros e brasileiras. Da mesma forma, reafirmo meus parabéns a todos os profissionais da Rede Globo de Televisão, que, todos os dias, diariamente, em seu ofício, contribuem para a construção de uma Nação cada vez mais próspera e orgulhosa de suas conquistas.
Parabéns à Rede Globo de Televisão por comemorar democraticamente o seu aniversário no Senado da República.
Muito obrigado. (Palmas.)
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Gostaria, agora, neste momento, de conceder a palavra a um entusiasta, ao Senador proponente desta sessão, que orgulha o povo brasileiro, mas foi uma pérola trazida pelo povo do Amapá, Senador Randolfe Rodrigues, autor do requerimento desta sessão.
V. Exa. tem a palavra. (Palmas.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP. Para discursar.) - Exmo. Sr. Presidente do Senado Federal, Senador Davi Alcolumbre, que dirige esta sessão, da mesma forma o meu entusiástico cumprimento ao Dr. José Roberto Marinho, Vice-Presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo.
Cumprimento também o meu caríssimo amigo, Dr. Paulo Tonet Camargo, Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo e Presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.
Estendo aqui os meus cumprimentos aos colegas Senadores aqui presentes nesta sexta-feira pela manhã: Senador Jorge Kajuru; meu caríssimo amigo Senador, que integra também a bancada do Amapá, Lucas Barreto; Deputada Marcivania Flexa, que aqui, neste ato, representa a Câmara Federal e que muito nos honra também como Deputada Federal pelo Estado do Amapá.
Cumprimento a Dra. Marlova Noleto, representante, no Brasil, do escritório da Unesco.
Cumprimento, ao mesmo tempo, o Sr. Cristiano Reis Lobato Flores, Diretor-Geral da Abert.
Estendo os cumprimentos aqui para o Sr. Fernando Vieira de Mello, Diretor de Relações Institucionais do Grupo Globo em São Paulo; e para o Sr. Cláudio Corrêa, Diretor Regional e Comercial da TV Globo Brasília.
Quero aqui, em especial, cumprimentar dois caríssimos amigos que estão mais próximos de nós Parlamentares aqui em Brasília: o Dr. Luiz Fernando Ávila, Diretor de Jornalismo da TV Globo Brasília; e o meu caríssimo Paulo Celso Pereira, Diretor da sucursal do jornal O Globo em Brasília. Em nome dos senhores, cumprimento todos os jornalistas que dia a dia, como a Zileide, nos aturam aqui no Congresso Nacional e levam a boa informação a todos os brasileiros e a todas as brasileiras.
Dr. José Roberto, nem sempre a coincidência de hoje ocorre, o dia da sessão solene de homenagem coincidir com a data exata do aniversário. São 54 anos que completa hoje a Rede Globo, primeiramente a TV Globo Rio de Janeiro - estava confirmando a informação com o meu querido Tonet - e, em seguida, a Rede Globo de Televisão, quatro anos depois, em 1969.
A coincidência não para por aí. Estamos às 10h07 do dia 26 de abril de 2019, e foi exatamente às 10h45, há 54 anos, a primeira transmissão da TV Globo Rio de Janeiro.
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Ao longo desses 54 anos, a TV Globo Rio de Janeiro conquistou o mundo. Hoje é uma das cinco maiores redes de televisão do Planeta, o maior conglomerado de televisão da América Latina. É difícil um país de língua latino-americana, seja dos nossos irmãos portugueses, seja passando aqui pelos nossos irmãos latinos, que não tenha ouvido falar ou que não assista a uma novela ou a um programa da Rede Globo de Televisão.
Permita-me, Dr. José Roberto Marinho, testemunhar aqui um fato.
No ano de 1997, eu ainda era muito jovem - não que eu tenha envelhecido daquela época para cá -, eu participei em Cuba, Havana, do 14º Festival Mundial da Juventude dos Estudantes, e a grande curiosidade dos cubanos para comigo, Tonet, era saber quem tinha matado Odete Roitman, porque estava em voga, em Cuba, a novela global Vale Tudo. Então, a todos eu garanto que eu mantive todo o sigilo absoluto até a minha saída do território cubano e deixei para que a novela per si pudesse revelar para eles.
Essa expectativa existente na sociedade cubana de então...
Eu suspendo, é claro, Sr. Presidente, para receber S. Exa. o Presidente do Supremo Tribunal Federal a quem, ao mesmo tempo, estendo os meus cumprimentos, o Ministro Dias Toffoli. (Pausa.)
Então, eu relatava e dizia que, ao mesmo tempo, essa expectativa criada na sociedade cubana, naquele ano de 1997, retrata a dimensão do que os produtos da Rede Globo tomaram em escala mundial. A Rede Globo se tornou um produto de exportação da cultura brasileira, um produto de exportação da cultura brasileira que amplia a autoestima para todos nós, brasileiros.
Há uma infinidade de citações que eu poderia aqui destacar a respeito de todo o conteúdo que a TV Globo gera para brasileiros e brasileiras, mas eu queria, neste momento em que nós construímos esta homenagem à TV Globo, à Rede Globo, dizer da relevância deste ato, em frente a um momento tão complexo que estamos vivendo no Brasil.
Este ato, em que o principal meio de comunicação do País, uma das maiores redes de televisão do mundo, a maior rede de televisão da América Latina celebra o seu aniversário, tem que ser também um ato de celebração de um princípio indissociável da nossa Constituição.
Eu queria aproveitar este ato para destacar e fazer homenagem a todos e todas profissionais do jornalismo da Rede Globo de Televisão e a todos e todas profissionais da imprensa brasileira, principalmente porque o momento histórico urge a necessidade de fazer a homenagem, neste ato, à atuação da imprensa.
É a nossa Constituição que proclama, no seu art. 5º, sobre a liberdade de imprensa. Diz a Constituição: “Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social.
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No dizer - e aqui cito um ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal, o eminente Ministro Ayres Britto -, no dizer do Ministro Ayres Britto, e assim eu concordo com ele: "A liberdade de imprensa foi consagrada na nossa Constituição como irmã siamesa da democracia. Está junto, caminha junto. Não há democracia sem liberdade de imprensa".
Aliás, isso é consagrado na Constituição redemocratizadora de 1988, que pôs fim a um triste período de arbítrio e de censura em que os meios de comunicação não poderiam expressar livremente aquilo que queriam. Mas isso está como princípio fundante do Estado democrático de direito moderno.
E Alexander Hamilton, um dos federalistas presentes na fundação, um dos pais fundadores da democracia americana, um dos pais fundadores do Estado democrático de direito como nós conhecemos, que tem três baluartes fundadores: as revoluções democráticas burguesas inglesa, de 1648, francesa, de 1789, e americana, de 1776. E Alexander Hamilton, que diz, já naquele momento, no seu célebre texto, na célebre produção de O Federalista, que, sem a liberdade de imprensa não existe regime democrático, não existe sociedade democrática.
As constituições que se seguiram, inclusive, repito, a nossa democratizadora de 1988, só reproduzem algo que é indissociável à existência de uma sociedade livre.
Portanto, em tempos atuais, em que a liberdade de atuação da imprensa, em que a liberdade de atuação de jornalistas muitas vezes é atacada - e me permitam aqui dizer, muitas vezes é atacada inclusive pelo mais alto mandatário da Nação -, muitas vezes é atacada a atuação livre do jornalista, que, no fundo, é quem faz a liberdade de imprensa, é quem faz os meios de comunicação; num momento como este, é necessário que esta celebração seja também uma celebração à mais importante de todas as liberdades.
Caminha junto na Constituição a liberdade de imprensa com a liberdade de ir e vir, com a liberdade de expressão. Sem essa tríade, sem a convivência dos três, não há de se falar em Estado democrático de direito, não há de se falar em democracia.
A imprensa não tem comprometimento e não pode ter, a liberdade de imprensa não pode ter comprometimento em ter amigos ou inimigos. E eu quero aqui reproduzir, meu caríssimo Dr. José Roberto e meu caríssimo Tonet, eu quero aqui reproduzir os termos ditos em recente editorial do Jornal Nacional. A imprensa, a liberdade de imprensa, o jornalismo não podem ter amigos ou inimigos. A única amizade possível é com o fato, é com a verdade. É a única amizade a ser proclamada. Fora disso e os que querem fora disso proclamam assim o excesso do arbítrio; proclamam assim a exceção ao Estado democrático de direito.
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Faço isso e destaco esse papel, porque tem sido rotineiro sempre quererem que a atuação da imprensa agrade uma ou outra autoridade. Nós somos agentes públicos. Eu estou no exercício de um mandato público. Nós estamos à disposição, à mercê da fiscalização pública e da crítica pública. Se há algo que tem que ser mais sagrado entre todos os atos e deve ser assim colocado no mais alto patamar e altar é esse valor inalienável, o valor inalienável da possibilidade da crítica que possa ver a atuação de qualquer figura pública, esteja ela no Executivo, esteja ela aqui no Parlamento, no Legislativo, esteja ela no Judiciário.
Nós Parlamentares aqui convivemos diariamente com os profissionais da Rede Globo. Convivemos diariamente e sabemos que a pauta principal desses profissionais é a pauta do fato que chega aos cidadãos e cidadãs, principalmente através de seus diferentes veículos, seja jornal, seja televisão. Os jornalistas dos diferentes meios de comunicação da Rede Globo aqui presentes, seja da própria TV Globo, seja da GloboNews, seja do jornal O Globo, seja da CBN e suas produções jornalísticas, por testemunha nossa, estão a todo tempo apurando informações úteis e relevantes ao Brasil.
Eu não poderia terminar este pronunciamento, Dr. José Roberto, sem fazer uma citação ao seu pai o jornalista Roberto Marinho, fundador dessa obra que nós no dia de hoje homenageamos. É dele a célebre frase destacada que diz: "Acreditamos no sonho e construímos a realidade". Era impensável, com certeza, nos ideais do jornalista Roberto Marinho, era impossível para o sonho imaginado há mais de 50 anos que a Rede Globo pudesse se tornar o meio de comunicação e a rede de dimensão mundial que se tornou. Foi a crença que esse sonho poderia se tornar realidade, esse sonho proclamado pelo jornalista Roberto Marinho, que transformou a Rede Globo nesse símbolo de orgulho de todos nós brasileiros.
Desejo e reitero à Rede Globo vida longa. Reitero a necessidade do compromisso inalienável de todos nós para com a liberdade de imprensa, para com a liberdade de comunicação e com a necessidade de defendê-la. Repito: não existe democracia que não tenha a tríade liberdade de expressão, liberdade de ir e vir e principalmente a liberdade de imprensa. Sem essa tríade não há que se falar em Estado democrático de direito. A existência daqueles que ameaçam essa tríade, na verdade, ameaçam a democracia brasileira. Então, a homenagem que faço é também uma homenagem para que este ato do dia de hoje seja um ato de solidariedade em especial à atuação livre dos jornalistas comprometidos somente com a amizade, a amizade com o fato que chega para todos os cidadãos e cidadãs brasileiras. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Em tempo, eu gostaria de registrar novamente e agradecer a presença do Presidente do Supremo Tribunal Federal no Senado da República para prestigiar esta sessão solene em homenagem à criação da Rede Globo de Televisão.
Cumprimentando o Presidente do Supremo, eu cumprimento as instituições nacionais, Ministro Dias Toffoli. A presença de V. Exa. nesta Casa, no Senado da República, na Casa da Federação, para participar desta sessão em homenagem à Rede Globo é a presença da liberdade das instituições e do fortalecimento da democracia. Seja muito bem-vindo ao Senado da República, à Casa da Federação, à Casa dos brasileiros.
Muito obrigado por sua presença.
Convido S. Exa. o Presidente do Supremo Tribunal Federal para fazer uso da palavra.
O SR. DIAS TOFFOLI - Bom dia, Presidente Davi Alcolumbre, do Senado da República da nossa Nação, na pessoa de quem cumprimento todas as senhoras e os senhores Senadores aqui presentes, Senador Randolfe Rodrigues, amigo de mais de 30 anos - estamos ficando velhos, não é, Randolfe, muitos anos juntos, trabalhando -, querido José Roberto Marinho, Paulo Tonet, senhoras e senhores.
A comemoração da criação da Rede Globo não é só a comemoração de um importante órgão de imprensa; é um registro necessário à história do nosso País. O Randolfe destacou a questão da parte jornalística, daquilo que Ulisses Guimarães chamava S. Exa. o fato, mas o fato verdadeiro, não o fato mentiroso, não o fato fraudulento. O fato verdadeiro, e isso a Rede Globo tem feito, tem feito sempre isso.
Mas eu gostaria aqui de destacar também o lado da dramaturgia. Nós que crescemos, Davi - você é um pouco mais novo do que eu e o Randolfe -, nós que crescemos assistindo Sinhá Moça, não é, Kajuru, Gabriela, Cravo e Canela; nós que assistimos às novelas da Rede Globo contando a história do Brasil, fazendo dramaturgia com os romances de José de Alencar e de tantos autores, trazendo para nós a nossa visão de Brasil. Por que não lembrar, nesta comemoração, Tonet, A Escrava Isaura? A dramaturgia de A Escrava Isaura fez com que na Rússia hoje exista a palavra "fazenda". Foi introduzida na língua russa, no dicionário russo, a palavra "fazenda" em razão da novela A Escrava Isaura. Quem me contou isso foi o Presidente da Suprema Corte da Rússia, quando lá estive visitando.
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Então, vejam a importância de uma nação que tem um modo de narrar a sua história e teve, José Roberto, na visão de seu pai, e os três filhos continuam narrando a nossa história. Se não fossem as novelas da Globo, a que a Nação brasileira estaria assistindo? A enlatados - desculpem o termo - da dramaturgia de outra nação, de outro país. E o Projac faz a narrativa da história do Brasil, da vida do brasileiro. Mais do que nos contar a nossa história, a dramaturgia da Rede Globo exporta essa história ao mundo, dá uma identidade ao brasileiro, dá uma autoestima à Nação brasileira, dá a todos nós a alegria de poder saber que nós temos uma dramaturgia que produz mais horas do que Hollywood inteira.
Esse fato é extremamente importante, porque essa ideia de termos uma televisão de qualidade, uma televisão que retrate a identidade nacional, uma televisão que mostre o País a si mesmo, que saiba tratar dos temas, do ponto de vista jornalístico, dramaturgo, do humor... Quem não se lembra do Casseta & Planeta? Quem não se lembra de tantos programas que a Rede Globo levou ao ar e que traziam aquilo que eu costumo dizer: ridendo castigat mores - o humor corrige os costumes? E nós, lá no Supremo Tribunal Federal, decidimos a favor da liberação do humor, inclusive nas campanhas eleitorais, porque exatamente se trata de uma maneira de brincar com as coisas e melhorar a qualidade dos debates. O riso corrige os costumes. Então, desde o telejornal, desde a dramaturgia, desde o humor, desde o entretenimento, a Rede Globo, nesses 54 anos, tem prestado um serviço extremamente relevante.
Nós temos que lembrar, Davi - você vem lá do Amapá -, que ainda vivemos num país muito desigual. A maioria dos brasileiros não tem condições de ir a um cinema; a maioria dos brasileiros não tem condições de assinar um canal fechado; a maioria dos brasileiros não tem acesso à informação. E a TV aberta é esse produto que chega a mais de 60% dos brasileiros de maneira gratuita, uma concessão pública prestando um serviço público.
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Eu conheço os profissionais da Rede Globo, conheço a direção da Rede Globo - Paulo Tonet, querido amigo, tem feito aqui um trabalho maravilhoso -, e sabem o que eu estou dizendo, sabem e conhecem o que eu penso: que realmente nós precisamos ter, num País como o Brasil, a possibilidade de levar à população brasileira, principalmente àquela mais pobre, uma informação verdadeira, uma informação correta, um entretenimento que seja aquele entretenimento que mostre a nossa vivência, a nossa história.
Por isso, queria registrar, fiz questão de vir aqui - José Roberto, meus cumprimentos também ao João, ao Roberto Irineu, a toda a equipe da Rede Globo, a toda a família Rede Globo, Tonet; cumprimentar o Senador Randolfe Rodrigues pela iniciativa deste requerimento de sessão solene e o nosso querido Presidente Davi Alcolumbre, que cada dia mais eu admiro. Cumprimento o Senado Federal do Brasil por esta homenagem, que não é uma homenagem à Rede Globo, é uma homenagem à história do Brasil, é uma homenagem àqueles que mostraram na televisão brasileira aquilo que é o Brasil, a nossa história, e ocupando um espaço que, se não fosse a Rede Globo, estaria sendo ocupado por outros tipos de produtos importados, mostrando outras culturas, mostrando outras realidades.
Então, eu gostaria de registrar esse aspecto importantíssimo do trabalho que faz a Rede Globo de Televisão e as Organizações Globo.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Gostaria de conceder a palavra à figura que representa a homenagem desta sessão solene, que compõe a Mesa, que engrandece a nossa democracia. Convido o Dr. José Roberto Marinho. (Pausa.)
O SR. JOSÉ ROBERTO MARINHO - Se quiser, eu espero...
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Não, não, porque nós temos Senadores inscritos, então, o Dr. Paulo não vai se pronunciar; o nosso homenageado, e daqui a pouco os Senadores vão fazer os seus pronunciamentos.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - Desculpe, Presidente, é porque eu quebro o protocolo mesmo e eu acho que o Dr. José Roberto Marinho tinha que ser o último a falar.
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Ele vai falar e vai aguardar V. Exa. falar.
O SR. JOSÉ ROBERTO MARINHO - Bom dia.
Bom, então, posso seguir, não é?
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Pode.
O SR. JOSÉ ROBERTO MARINHO - Bom dia, Sr. Exmo. Senador Davi Alcolumbre, Sr. Senador Randolfe Rodrigues, que foi quem criou esta homenagem; agradecer muito a vocês e, em nome de vocês, agradecer aos outros Senadores e políticos presentes; a meu companheiro Paulo Tonet, que engrandece a nossa equipe, e, através do Tonet, agradecer a presença de todos os outros companheiros da Abert, do nosso jornalismo, e também aqui ao Ministro Dias Toffoli, Presidente do Supremo.
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Antes de iniciar aqui o discurso que eu preparei, eu queria agradecer as palavras de todo mundo porque me sensibilizaram muito. Nós estamos num momento muito difícil em que os nossos companheiros jornalistas, algumas pessoas mais conhecidas da tela, que apresentam os jornais, são muito agredidos através da mídia social, de uma forma muito violenta, muito pessoal, por grupos extremados. Então, essas palavras aqui confortam muito e é muito bom ver que pessoas que realmente representam o povo estão pronunciando essas palavras, pessoas de origens políticas diferentes, de ramos políticos diferentes, mas todos atrás da verdade dos fatos.
Sr. Presidente do Senado, Sras. e Srs. Senadores, bom dia.
Eu vou começar falando do meu lado pessoal. Há 40 anos, eu fui repórter de O Globo aqui no Senado, onde trabalhei um ano fazendo cobertura diária. Eu gostaria de agradecer, em meu nome e em nome dos meus irmãos, a homenagem que esta Casa presta hoje aos 54 anos da TV Globo.
Os senhores e as senhoras, legitimados pelo voto, são representantes do povo brasileiro, como eu dizia há pouco, e por isso não pode haver um reconhecimento maior.
É com o povo brasileiro que nós nos relacionamos todos os dias, desde que meu pai, Roberto Marinho, fundou a Globo. É um contato cotidiano em que buscamos oferecer ao público informação e entretenimento de qualidade. Um trabalho de todas as horas, todos os minutos do dia, e encaramos este trabalho como uma verdadeira missão. É com a paixão que temos por comunicação que mantemos o entusiasmo de nosso fundador todos os dias até hoje e haveremos de manter por muito tempo.
Preciso revelar que é gratificante, mas não é fácil. Exige um trabalho imenso, uma dedicação enorme dos milhares de profissionais que conosco trabalham. Mas, ao longo desses anos todos, se há uma lição que aprendemos é que o êxito só acontece quando não buscamos atalhos ou caminhos fáceis: é preciso oferecer sempre um trabalho e uma programação de qualidade, fruto de muito esforço.
O nosso povo é exigente e tem a prerrogativa de escolher livremente. Isso era verdade no passado e é ainda hoje mais verdade, quando a concorrência nos meios de comunicação é cada vez maior. Além dos muitos concorrentes na própria TV aberta, há a TV paga com um sem número de canais brasileiros e estrangeiros, com os enlatados que citava o Ministro Toffoli; há também a internet banda larga, oferecendo produtos audiovisuais sob demanda. Não podemos esquecer das novas plataformas chamadas big techs, que são gigantes internacionais que também são, sem dúvida, veículos de comunicação.
Ser líder em todos os horários, diante de tanta concorrência e de um público tão exigente, só tem mesmo uma explicação: a obsessão pela qualidade sem concessões e também muita responsabilidade.
Essa lição, aprendida de forma intuitiva no passado, é hoje algo de que temos plena consciência.
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O sociólogo francês Dominique Wolton, no início dos anos 90, escreveu um livro chamado Elogio do Grande Público, que é obviamente o elogio da escolha. Ele discutia o então processo de privatização das TVs públicas europeias, com críticas ao modelo de TV comercial praticado em alguns países. Wolton escreveu, entretanto, sem que nós da TV Globo soubéssemos, que um bom caminho era o de uma TV brasileira chamada TV Globo que, sendo comercial, parecia ter a autoconsciência de ser também um serviço público, de estar sempre a serviço da nossa audiência. Isso nos definia à época e nos define hoje. E acreditamos que explica o sucesso que temos.
Hoje, produzimos por ano 3 mil horas de entretenimento, com histórias passadas em todos os recantos do nosso País, e 3 mil horas de jornalismo. Isso equivale à produção de 30 longas-metragens por semana ou 1.500 longas-metragens por ano. A gente produz mais do que Hollywood inteira, em termos de horas.
Nossos conteúdos, enfatizando sempre a cultura brasileira e empregando brasileiros, são hoje vistos em mais de 160 países, seja por meio do licenciamento a outras emissoras, seja pela exibição dos nossos próprios canais internacionais. Fazemos quase nove horas diárias de jornalismo, amplo e plural, das quais três horas são de notícias locais, produzidas pelas 122 emissoras afiliadas, pertencentes a emissoras independentes em todo o Território nacional. O modelo de rede inovador montado sobre a parceria com diversos empresários pelo Brasil afora garantiu que o sinal da Globo, levando conteúdo internacional, nacional, regional e local, chegasse aos mais longínquos pontos do nosso Território, fazendo uma verdadeira integração nacional. Podemos dizer com orgulho que hoje o Brasil se conhece de sul a norte, de leste a oeste, com a densa e múltipla cultura de nosso povo. No esporte, oferecemos ao público as emoções do futebol, do vôlei, do automobilismo, agora do surfe - porque nós temos o brazilian storm aí, ganhando todos os campeonatos mundiais - e das diversas modalidades dos esportes olímpicos...
E esqueci de citar a Marlova, nossa companheira de muitos anos, nossa parceira prioritária, representando a Unesco, e, quando eu vi aqui essa parte do conteúdo todo de esportes e jornalismo, eu me lembrei.
É uma oferta sem igual!
Estamos cientes de que, agradando a maior parte do público, não agradamos a todos. Não poderia ser diferente. Se erramos, temos a humildade de corrigir, porque o nosso compromisso é com o público, é com a verdade.
Somos um conjunto de pessoas comprometidas com o nosso trabalho e apaixonadas por comunicação, um conjunto que tem alma e tem dedicação ao que faz, mas a escolha e a crítica livre são a própria democracia. Na verdade, que democracia não é barulhenta, ruidosa, viva, com múltiplos pontos de vista, projetos em choque, formas de viver diferentes, de se comportar, de crer? Tudo isso com tolerância e respeito ao outro. Isso é o Brasil que esta Casa aqui tão bem representa. E é assim que deve ser.
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Pois bem. É preciso ter em mente que a TV Globo não quer fazer barulho, mas é obrigada a exibi-lo, a colocá-lo à mostra, seja em seus telejornais, seja em sua teledramaturgia. E, claro, com isso, temos a consciência de que desagradamos ora uns, ora outros e vice-versa, mas o vice-versa é chave da questão, porque a TV Globo não apoia partidos, não apoia religiões, não defende formas de comportamento, não defende formas de agir. A TV Globo procura acompanhar, isso, sim, as mudanças na sociedade, a sua evolução, com as contradições que essa mesma evolução acarreta, mas sem proselitismos. Não acertamos sempre, é claro, mas sempre procuramos corrigir rumos quando detectamos o erro. O que nos conforta é que a escolha do público mostra que nossos acertos são em maior número.
O que a Globo defende, de forma enfática, e sempre defenderá é a democracia, a liberdade de expressão, a República, o império da lei e do voto, do qual os senhores e as senhoras são expressão genuína. E isso é inabalável. Esse é o nosso compromisso. E não há melhor momento para reiterá-lo do que na celebração destes 54 anos e diante desta Casa, nesta homenagem que os senhores e as senhoras, representantes legítimos de nosso povo, nos prestam e pela qual agradecemos em nome de nossos 24.971 colaboradores, funcionários, que fazem a Globo todos os dias.
Muito obrigado aos senhores e senhoras e aos 100 milhões de brasileiros que nos assistem diariamente. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Líder Jorge Kajuru, primeiro orador inscrito.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - O Presidente Davi se esqueceu do "poeta" hoje.
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Poeta Jorge, eu me esqueci. É porque não estamos em sessão plenária, estamos em uma sessão solene. Perdoe-me.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para discursar.) - Jornalista, 40 anos de carreira e talvez o único Senador aqui com conhecimento próprio para falar o que poucos neste País falam, o que poucos reconhecem e aquilo em que muitos cometem injustiça com a história das Organizações Globo.
E eu não quero aqui falar apenas da TV Globo, até porque, Sr. José Roberto Marinho, o senhor não precisa fazer mais nada na comunicação; depois de ter criado a Rádio CBN, uma referência para o País, não precisa fazer mais nada - evidente que o seu pai foi muito mais brilhante do que o senhor, não há nem comparação. (Risos.)
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Como diz o meu amigo... E eu tenho várias gratidões para com a Globo, uma delas foi quando a Globo liberou um dos maiores narradores do mundo que é Galvão Bueno para trabalhar, em Goiânia, na minha Rádio K do Brasil, e lá foi meu sócio. Eu achava que a Globo não o liberaria, e ela liberou. E o Galvão criou um slogan para mim: "Jorge Kajuru, o supersincero". Então, como eu sou o supersincero, eu tenho que começar me dirigindo aqui a alguém de quem eu gosto de graça, porque eu sou assim mesmo. Lá da Suprema Corte, eu gosto de sete só, e um dos sete está aqui: o Ministro Dias Toffoli. Aliás, no dia em que me conheceu, falou que adora os meus óculos, quadrado e redondo, e falou que ganhou do Jô Soares um parecido, não foi? Aí eu ofereci para ele, mas ele não quis, não. Graças a Deus que o senhor não quis, porque eu também não ia dar para o senhor. (Risos.)
É porque eu só tenho este, é por isso - e, no Brasil, não há.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - É, vamos combinar.
Ministro, Tonet, Randolfe, amigo querido, quando o Randolfe trouxe o requerimento para mim - eu fui o primeiro Senador a assinar o requerimento -, havia um Senador do lado. Lucas Barreto, eu falo o nome dele ou não? O Senador falou: "Kajuru, você vai aceitar a homenagem à Globo?" Eu falei "Por que não? Eu tenho história com essa emissora, com esse grupo". Ele falou: "Não, Kajuru, eles não gostam de você, não. Se você morrer, nem a sua morte será anunciada no Jornal Nacional". Eu já brinquei com o Dr. José Roberto Marinho, que falou assim: "Não, Kajuru, se você morrer, a morte vai ser anunciada". (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Espero que não seja tão cedo.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - A homenagem às Organizações Globo, para ser completa, tem de vir associada à figura de seu fundador, Roberto Pisani Marinho, primeiro dos cinco filhos de Irineu Marinho Coelho de Barros e Francisca Pisani Barros Marinho.
Quando surgiu o jornal O Globo, em 1925, já estava claro que o sábio Dr. Roberto herdara do pai o talento para a escrita. Meses depois, com a morte de Irineu Marinho, ele teve de se preparar para dirigir o jornal. Ele era o primeiro funcionário a chegar ao jornal e era o último a sair e gostava mais do jornal que da TV - concorda comigo ou não? Ele gostava mais do jornal que da TV, era apaixonado pelo jornal. Daí partiu para o erguimento de um império que o tornaria um dos homens mais poderosos e influentes do País no século XX.
Em 1944, inaugurou a Rádio Globo, onde, em 1982, menino, eu conheci José Roberto Marinho, lá na Rua do Russel, com Jorge Curi e Waldir Amaral. A Rádio Globo era o canhão do Maracanã. Anos depois, sempre atento às novidades, vislumbrou a comunicação social por um meio mais dinâmico do que a transmissão radiofônica, predominante até então. Percebeu na emissão de sons e imagens uma oportunidade de desenvolver a comunicação social no País. Em 26 de abril de 1965, aos 60 anos - 60 anos de idade -, em que muitos procuravam uma cadeira de balanço, o Dr. Roberto fundou a TV Globo no Rio de Janeiro e, no ano seguinte, a Globo São Paulo. Seguiu-se o processo de expansão para 54 anos depois alcançar 100% dos lares do País.
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Cabe aqui agora, senhoras e senhores, funcionários da Rede Globo... E, em nome deles, eu cumprimento aqui - por questão de visão, não enxergo, pelo diabetes - a repórter Zileide Silva, para mim disparada a melhor da televisão brasileira, e, entre os outros funcionários, um amigo especial, que foi meu diretor na Band e meu parceiro na Rádio Trianon, Fernando Vieira de Mello. E o parêntesis que cabe, Senador Randolfe, é restabelecer aqui uma verdade, uma justiça. Por ser Roberto Marinho, o fundador, apoiador do regime militar que se instalou no País em 1964, muitos, injustamente e covardemente, creditam a esse apoio a expansão e o sucesso da TV Globo. Que mentira! Que tolice! Que falta de informação! Que falta de sabedoria, que é o que mais há neste País, até porque a ignorância é a maior multinacional do mundo! O fato é que as duas únicas concessões obtidas pela Globo foram outorgadas antes do período militar: a primeira foi em 1957 pelo Presidente Juscelino Kubitschek para a Globo Rio e a segunda, em 1962, por João Goulart para o canal da emissora aqui em Brasília. A transformação em rede se deu com a aquisição de outros canais próprios junto a particulares, comprados em São Paulo, Recife e Belo Horizonte, e as mais de cem emissoras que hoje fazem parte da rede são afiliadas, empresas associadas, mas não de propriedade do Grupo Globo.
Sem ignorar eventuais benesses decorrentes da proximidade com o poder, creio que a razão essencial para o seu rápido crescimento está no DNA da Rede Globo: o pioneirismo. Foi a primeira emissora a realizar a transmissão em cadeia nacional no ano de 1969, ao estrear o Jornal Nacional na sua grade de programação e parar o Brasil. No ano seguinte, transmitiu ao vivo o tricampeonato da seleção de futebol no México e, dois anos mais tarde, começou a transmissão de TV em cores. São 54 anos de TV Globo em que a emissora soube se reinventar a cada década, evoluindo de uma transmissão em preto e branco para o sinal digital. Expandiu sua atuação para a TV fechada em 1991, com a criação da Globosat, e depois para as indústrias fonográfica e cinematográfica, chegando, nos tempos recentes, ao streaming.
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Aproveito para fazer outra referência ao jornalismo da Globo, a minha área de atuação por quatro décadas, e ao Dr. Roberto Marinho, como era carinhosamente chamado pelos colegas, o líder do grupo.
Embora muitos esqueçam, filho José Roberto, o jornalismo da Globo não teve tratamento diferenciado durante o regime militar, não. Como os demais veículos de comunicação, o seu noticiário, Presidente Davi, que nem vivo era, sofreu com a censura, que atuava diretamente na emissora na forma de telefonemas, memorandos, comunicações oficiais. Eu me lembro de tudo. Notícias, por exemplo, como a morte de Carlos Lamarca, provocaram, por exemplo, a presença na emissora de oficiais do SNI (Serviço Nacional de Informações) e do chefe da polícia. Em agosto de 1969, a Globo chegou a ser retirada do ar durante algumas horas como punição pela leitura, no programa no Ibrahim Sued, de uma nota sobre a doença do Presidente Costa e Silva. Aqui poucos se lembram disso. A censura não se restringia às notícias, também se intrometia no entretenimento. Dos inúmeros casos de censura à dramaturgia da Globo, o mais sério, Ministro, foi o da proibição, a dois dias da estreia, da novela Roque Santeiro. Como não se lembrar dessa novela? E, em nome dos atores, eu homenageio o meu amigo pessoal, tricolor, Lima Duarte - vocês se lembram de ele fazendo assim com a mão? - e Regina Duarte. Então, ali, em 1977, um ano antes, a novela Despedida de Casado havia também sido censurada na véspera da estreia, já com 30 capítulos gravados.
Cabe de novo menção ao homem Roberto Marinho, ao ser humano, porque, durante o tempo em que esteve à frente da empresa - e lá se vão 16 anos desde a sua morte -, a Globo jamais demitiu um profissional sequer em consequência de suas ideias ou posições políticas. Mesmo no período mais duro da repressão, a Globo foi a única emissora - e aqui fala um jornalista que já a criticou várias vezes -, durante a repressão, que contratou vários artistas, intelectuais e jornalistas de esquerda, que não tinham emprego em lugar nenhum. Só a Globo contratava, por causa do velho Dr. Roberto Marinho. Alguns deles, a quem cito, faço questão, eram notadamente do Partido Comunista e trabalhavam na Globo. Gente como Mário Lago, Gianfrancesco Guarnieri, meu amigo também, desde a TV Tupi, onde eu trabalhei - veja como sou velho, Presidente, mas não sou "gato" como senhor, que mente a idade, brincadeira à parte. Como não lembrar de Oduvaldo Vianna Filho?
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E, quando profissionais eram convocados a depor na delegacia - e esta o filho também não sabe -, quando profissionais da Globo eram convocados a depor na delegacia de ordem política e social, o Dr. Roberto Marinho fazia questão de acompanhar o funcionário. O senhor sabia disso?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - Sabia? Parabéns. Um filho que tem gratidão, então.
Ou, então, ele mandava alguém da família representá-lo. Quem faz isso? Qual patrão faz isso? Eu sei, porque eu trabalhei em todas as emissoras - e, daqui a pouco falo, para encerrar -, menos na Globo, embora ela tenha me convidado, como escreve o Galvão Bueno em seu livro e conta os episódios.
No dia a dia do relacionamento com os subordinados, Roberto Marinho procurava saber das necessidades de cada um e não se furtava a ajudar quem precisasse - ser humano -, desde autorizar, gente, o pagamento de despesas de saúde para funcionário demitido até custear - e um deles eu conheço, ele fala isso para mim até hoje, que é o Julinho - bolsa de estudos para ex-funcionários que se notabilizaram pela dedicação ao Grupo Globo.
Para encerrar, eu não vou discorrer aqui sobre os números da grandeza da Globo. Eu prefiro destacar, com toda a sua expansão, a família Marinho, que nunca deixou de retribuir a hospitalidade recebida nos lares brasileiros, incentivando, criando inúmeros programas sociais, em ações de responsabilidade social. Da mesma forma, a Fundação Roberto Marinho, criada em 1977, realizou vários outros projetos de educação, preservação do patrimônio cultural e ambiental, além da produção de programas educativos.
Fechando, Presidente, entendo que a justa homenagem que prestamos a esse instrumento de informação é meramente representativa. Não haveria tempo suficiente para expressar as virtudes envolvidas na livre circulação da informação por esse canal de alcance irrestrito dentro das fronteiras nacionais e também internacionais.
No mais, fica aqui a minha saudação a esse importante veículo de comunicação social do Brasil e, aqui, agora, de coração, fica a minha maior gratidão. Em 1978, na Rua das Palmeiras, 315... O senhor deve se lembrar desse endereço, ali no Largo do Arouche, em São Paulo. Até hoje é a Rádio Globo. Eu fui trabalhar na equipe do histórico Osmar Santos - ô, ô, ô, Osmar Santos vem aí! Lembram? É de Marília, da sua terra, Ministro Toffoli. Nascido em Osvaldo Cruz e acabou sofrendo o acidente ali, infelizmente. Osmar Santos, o maior de todos na Globo. E eu ali cheguei e não tinha lugar para comer, não. Filho de merendeira de grupo escolar, minha mãe me criou com um salário mínimo e com dignidade. Não faltava nada para mim. Tudo o que um filho rico tinha na lancheira eu também tinha. Não sou daqueles que trabalham em televisão e vão lá no Arquivo Confidencial do Faustão: "Oh, eu passei fome quando era criança". Passei fome coisa nenhuma. Minha mãe me criou com dignidade. A única herança que ela me deixou sabe qual foi? A palavra - única herança que ela me deixou. E o meu pai era padeiro. A única herança que ele me deixou: a vergonha e mais nada.
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Eu cheguei à Rádio Globo e disse: "Gente, eu não tenho onde dormir". O diretor que o seu pai tinha escolhido na época, seu Francisco, me disse: "Kajuru, pode dormir ali na discoteca". E eu dormia na discoteca da Rádio Globo e era plantão esportivo junto com o Sílvio Luiz e com Ovídeo Nascimento. Na equipe que tinha Faustão como repórter de campo, Juarez Soares, uma equipe fantástica, a maior equipe de todos os tempos. E ali dormia, ganhava um salário razoável, mas não dava para pagar moradia.
Só para terminar. Um dia... Que emoção! Eu dormia até mais tarde, porque eu ficava até às 2h da manhã acordado na Rádio Globo, ouvindo outras rádios para passar informações para o Departamento de Esportes. Estava chegando a hora do programa do Marcos "Baby" Durães, de que o Fernando Vieira de Melo se lembra. Marcos "Baby" - lembra? -, comunicador da Rádio Globo. Aí quem chega e me vê dormindo na discoteca da Globo? Tarcísio Meira, aquele homenzarrão. Eu morri de vergonha. Acordei. "Desculpa, seu Tarcísio."
(Soa a campainha.)
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - E, assim, eu encerro mostrando a minha gratidão, porque eu morei ali. Tenho espaço no jornal O Globo sempre. Tenho espaço sempre na revista Época. A TV não, a TV realmente nem fala meu nome, nem fala que eu existo.
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Foi feito o compromisso hoje pelo Dr. José Roberto.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - Mas tudo bem. Eu não tenho - juro pela minha mãe - sentimento de rancor. Eu tenho sentimento de solidariedade e de honestidade. E quando muito bem disse sobre liberdade de imprensa, meu amigo, meu ídolo, meu futuro Presidente do Brasil, Randolfe - se quiser, eu serei seu vice. Aliás, é a única chance de você ganhar. Modesto, hem?
Para terminar, Presidente - desculpa, eu não tenho como deixar de falar -, em um editorial do jornal O Globo, que eu lia todo dia, do Dr. Roberto Marinho, tinha a frase linda dele: "A liberdade de imprensa é o pilar da democracia". Frase de seu pai.
Então, vou dar uma sugestão ao senhor, Sr. José Roberto Marinho, faça como eu. Se quiser depois passa lá para ver. Gabinete 16 aqui do Senado. Sabe o que eu faço? Dependendo de quem me ataca, como a Rede Globo tem sido muito atacada, dependendo de quem é, sabe o que eu faço? Eu ponho lá um atestado de idoneidade.
Vou ficar assim, porque ele está lá junto com o Ministro. E este aqui eu gosto, gosto de graça, mas aquele tal de Gilmar Mendes me processou. Eu registrei lá "atestado de idoneidade": Jorge Kajuru processado por Gilmar Mendes.
(Soa a campainha.)
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - Então, a Rede Globo deveria ir ao antigo Projac - aceita minha sugestão - e criar uma galeria lá. Dependendo de quem atacar a Globo, vai lá e registra atestado de idoneidade para o grupo, paras as Organizações Globo.
Muito obrigado por tudo o que fez, por tudo o que representou, Rede Globo; pelas duas entrevistas que dei no Programa Jô Soares - liberado total, sem censura. No Esporte Espetacular, na Copa de 98, fui entrevistado por quase meia hora pela Globo.
(Soa a campainha.)
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O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - Muito obrigado a todos os funcionários da Globo, muitos deles amigos pessoais que tenho. Só para dizer que só...
(Soa a campainha.)
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) - ... trabalhei em todas as emissoras, sou a único jornalista que poderia ter trabalhado em todas.
Sabe por que eu não trabalhei na Globo? Luiz Fernando Lima, autorizado pelo Carlos Schroder, o alemão - fantástico Schroder! -, com Marco Mora e Galvão Bueno, os três pagaram cinco jantares para mim, em São Paulo, em fevereiro de 2003. A Globo tentando me contratar e a Band também, disputando. Não deu certo, porque a Globo foi honesta comigo, antes de me contratar, mostrou o manual dela, dizendo: "É assim, Kajuru". As outras emissoras me contrataram e falavam: "Você tem total liberdade, fala o que você quiser, Kajuru." E eu era demitido ao vivo um ano e meio depois, como fui. O Fernando lembra. Então, ela foi honesta. Se quiser trabalhar aqui, Kajuru, é assim. Eu preferi a Band, na época, e a Band me demitiu ao vivo a pedido do Aécio Neves.
Agradecidíssimo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Convido o Senador Chico Rodrigues, Senador eleito pelo Estado de Roraima, para fazer o seu pronunciamento.
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR. Para discursar.) - Exmo. Sr. Presidente do Senado da República, Davi Alcolumbre; Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Dias Toffoli; requerente desta sessão, nobre Senador Randolfe Rodrigues; Vice-Presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo, Sr. José Roberto Marinho; Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo e Presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Sr. Paulo Tonet Camargo; minhas senhoras e meus senhores, colegas Senadores, comemoramos hoje, nesta sessão solene, o 54º aniversário da Rede Globo de Televisão.
Figura mítica, aos 60 anos de idade, Roberto Marinho inaugurou a TV Globo e em poucos anos a emissora transformou-se na maior rede de televisão do Brasil e uma das maiores do mundo. O jornalista assumiu todos os riscos e desafios para criar um canal de televisão. Em 1950, a TV chegou ao Brasil e, no ano seguinte, Roberto Marinho deu início à realização do seu sonho ao solicitar uma concessão de canal, que foi aprovada no início do Governo Getúlio Vargas. No entanto, em 1953 foi cancelada pelo mesmo Governo. O canal foi finalmente concedido em 1957, durante o Governo do Presidente Juscelino Kubitschek. Começou, assim, a estruturação na TV e, posteriormente, a construção do prédio próprio, para abrigar a emissora e os estúdios no Rio de Janeiro.
Em 26 de abril de 1965, entrou no ar o canal 4 do Rio de Janeiro. A Globo expandiu seu alcance no País com a inauguração de mais quatro emissoras e associação de afiliadas. Atualmente, o sinal da Rede Globo chega a 98% dos Municípios brasileiros. Roberto Marinho esteve à frente da TV desde a inauguração até o dia em que faleceu, em 6 de agosto de 2003, aos 98 anos.
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Durante esse período, reuniu profissionais talentosos que criaram uma programação de sucesso, um padrão de produção que se tomou referência mundial, um moderno complexo de estúdios, além de escritórios em diversos países. Todo esse legado é hoje administrado por seus três filhos, que mantêm viva a essência de alta qualidade, informação, entretenimento e prestação de serviços deixadas pelo pai.
Em termos administrativos, a TV Globo sempre se caracterizou por altas taxas de reinvestimento. Durante os primeiros 14 anos, esses investimentos chegaram a 100% dos lucros, segundo Roberto Marinho.
Também se mantinha em dia com o avanço tecnológico, importando todas as novidades do mercado internacional. Tratava-se da empresa mais moderna no ramo das telecomunicações, vertical e centralizada, enquanto as emissoras mais familiares e artesanais enfrentavam dificuldades.
No início da década de 1970, o Presidente Emílio Garrastazu Médici declarou: "Sinto-me feliz, todas as noites, quando ligo a televisão para assistir ao jornal [Nacional]. Enquanto as notícias dão conta de greves, agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como [...] [tomar um calmante] após um dia de trabalho."
De acordo com Armando Nogueira, o recurso ao noticiário internacional era uma maneira de dar informação atualizada e "transparente", não censurada, ao público, uma vez que, em relação aos assuntos brasileiros, o Jornal Nacional recebia instruções precisas sobre o que deveria sair ou não sair.
Em 1975, estreava a primeira programação totalmente nacional, a mesma para todas as emissoras afiliadas, acabando com a prática de programas específicos para cada região. Além das novelas e noticiários, marcaram a produção da emissora, na década de 70, programas humorísticos.
Já na década de 80, a emissora reformulou o Jornal da Globo, em que se concentrou a cobertura política, embora o Jornal Nacional também desse amplo espaço aos grandes comícios, que se beneficiaram da mobilização popular iniciada com as diretas. O noticiário das 23h, apresentado por jornalistas e recorrendo a comentaristas especializados e humoristas, passou a ser mais opinativo. A Globo propôs e realizou também o primeiro debate entre candidatos a presidente a ser transmitido ao vivo nacionalmente.
Tancredo venceu numa votação transmitida ao vivo e realizada com ampla cobertura. Antes de tomar posse, no entanto, Tancredo adoeceu e, em pouco mais de um mês, foi operado duas vezes, piorando gradativamente até morrer, no processo mais noticiado da imprensa brasileira - e ali estava presente a Globo -, com equipes de televisão e rádio em plantão permanente e flashes ao vivo durante a programação. Em lugar de Tancredo Neves, tomou posse seu Vice-Presidente, José Sarney.
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No início da década de 90, a Globo contava com cerca de 15 mil funcionários, hoje são quase 25 mil funcionários, tamanho quase equivalente ao da inglesa BBC. A TV Globo concentrava, de fato, fatia considerável do mercado publicitário brasileiro, que destinava 50% da verba nacional, o equivalente a US$2 bilhões, à propaganda de televisão.
A Globo gastava, nessa época, cerca de 40% de seu orçamento em telejornalismo, com noticiários de manhã, na hora do almoço e à noite, além de um programa semanal de grandes reportagens, o Globo Repórter. A emissora tinha sucursais em Londres e Nova York, àquela época, e cerca de dois mil jornalistas profissionais. As emissoras afiliadas eram obrigadas por lei a produzir um noticiário local.
A Rede Globo sempre investiu em audiência, procurando descobrir os formatos e programas preferidos do público - isso é profissionalismo. As novelas, por exemplo, sempre foram um gênero interativo, uma vez que a trama era modificada e personagens eram eliminados ou tinham sua participação aumentada em função dos resultados de pesquisa de opinião. Repito: isso é profissionalismo.
Em 2000, o Grupo Globo lançou o portal e provedor de internet globo.com. Sobre essa nova frente de atuação, Roberto Marinho à época afirmou: "Nosso ingresso nesse mundo do futuro está sendo garantido por uma série de providências e de iniciativas, como o recente ingresso de nossas organizações no mundo da internet, com a globo.com, iniciativa que já nasceu assumindo posição de liderança incontestável. "Sempre achei que teríamos muito futuro pela frente", afirmava Roberto Marinho.
A Globo optou por uma nova linguagem na cobertura das eleições de 2002. Os candidatos foram entrevistados ao vivo nas bancadas do Jornal Nacional, Bom Dia Brasil, Jornal da Globo e GloboNews. O debate do segundo turno foi inspirado no modelo norte-americano, e os candidatos se posicionaram em pé numa arena, dando mobilidade e agilidade às argumentações e perguntas. Os bastidores desse encontro também foram gravados e exibidos em muitas reportagens.
(Soa a campainha.)
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Prêmios, condecorações, títulos e homenagens das mais diversas origens e modalidades representam o reconhecimento que o jornalista e empresário Roberto Marinho recebeu por sua atuação na vida pública do País: na educação, na cultura, no incentivo ao esporte, no desenvolvimento tecnológico, econômico e social, no crescimento da comunicação e da publicidade e nas mais diversas atividades. Homenagens dos quatro cantos do País e do mundo, dos maiores Estados às menores cidades do País, de órgãos públicos, entidades privadas, empresas e universidades. Nos seus 98 anos de vida, Roberto Marinho recebeu mais de 500 homenagens, prêmios e títulos nacionais, merecidamente.
Apesar do aumento da competição no setor de televisão aberta, tendência que se manteve na primeira década do século XXI, o prestígio e a influência da Rede Globo de Televisão mantiveram-se em alta.
A Globo, esse meio de comunicação fantástico, em que seus tentáculos no rádio, na internet e em outros segmentos, tem um papel importante na informação e no alimento da política nacional. Esse alinhamento é fundamental para a vida brasileira nesse momento de transformação da sociedade, com a realização das reformas fundamentais para a vida e o futuro do País.
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Entendo... E não falamos em um alinhamento direto com as ações do Governo Bolsonaro, mas com a informação para a sociedade de um novo tempo que está por vir, com todas as mudanças que viveremos no País. Assim, será fundamental para a consolidação cada vez maior da nossa democracia e do destino que nos está reservado de um Brasil forte e poderoso.
Portanto, Sr. Presidente, meu prezado homenageado, em nome deste Congresso, eu gostaria de dizer que o Brasil tem uma admiração e, obviamente, as palavras são menores para afirmar a grandeza que esse poderoso instrumento de comunicação representa para o nosso País e que tem uma responsabilidade enorme nesse momento de transformação do nosso País.
Tenho certeza de que o meu sentimento é o sentimento de todo o Brasil.
Parabéns à Globo, a cara do Brasil.
Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Eu gostaria de agradecer a todos e a todas que prestigiaram esta sessão solene, reiterar os meus agradecimentos aos servidores, funcionários, os 24 mil que constroem as Organizações Globo em todo o Território nacional e fora dele.
Quero fazer um registro e um agradecimento a todos os presidentes de colégios de tribunais de contas do Brasil, em nome do Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amapá, Conselheiro Presidente Michel Houat Harb, e dizer ao Dr. José Marinho, ao Presidente Dias Toffoli, que estão acompanhando esta sessão no dia de hoje, e a todos os presidentes de tribunais de contas do nosso País associados à Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil): sejam muito bem-vindos ao Senado da República.
Quero agradecer ao autor do requerimento e aos Senadores que prestigiaram esta sessão: Senador Randolfe Rodrigues, Senador Jorge Kajuru, Senador Chico Rodrigues e o Senador Lucas Barreto, que abrilhantaram essa sessão solene.
Quero agradecer e cumprimentar os Deputados e Deputadas, em nome da Deputada Federal Marcivânia, que também prestigiou esta sessão solene.
Quero agradecer e reiterar os agradecimentos que fiz, em nome do Senado da República e do Congresso Nacional, pelo sinal de prestígio a esta sessão solene e a esta Casa de S. Exa., o Presidente do Supremo Tribunal Federal Ministro Dias Toffoli. Reitero as palavras que fiz na sua chegada: Presidente Dias Toffoli, a harmonia e a independência dos Poderes prevalecerão neste momento para a estabilidade e segurança jurídica de 210 milhões de brasileiros. Seja sempre muito bem-vindo ao Congresso Nacional.
Sr. José Roberto Marinho, Sr. Roberto Irineu Marinho e Sr. João Roberto Marinho, em nome dos herdeiros desse grande líder nacional, parabenizo a construção desse legado.
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O Senado da República abraça as Organizações Globo, como instrumento de liberdade, de cidadania e de democracia.
Parabéns a esta sessão e aos homenageados!
Está encerrada esta sessão.
(Levanta-se a sessão às 11 horas e 20 minutos.)