1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
56ª LEGISLATURA
Em 29 de agosto de 2019
(quinta-feira)
Às 16 horas
149ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, com Jesus no comando, iniciamos os nossos trabalhos.
Quero agradecer a presença de todos vocês que estão aqui no Plenário do Senado da República Federativa do Brasil, a vocês que estão em casa nos assistindo pela TV Senado, ouvindo-nos pela Rádio Senado. É um trabalho dedicado e competente dos funcionários desta Casa.
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É um dia muito especial o 29 de agosto, um dia que nos traz à memória, ao coração e à alma a lembrança de um grande brasileiro que transcendeu a pátria do Evangelho, o coração do mundo, e hoje a sua inspiração, pelo tempo que passou na Terra, no Brasil, já chegou a muitos países, em obras assistenciais, em trabalhos voltados à reforma íntima, em restabelecimento de saúde.
Ele foi considerado o médico dos pobres, Dr. Bezerra de Menezes, cearense da minha terra, que viveu uma parte da sua vida em Martins, no Rio Grande do Norte - e aqui nós temos a honra de ter um Senador do Rio Grande do Norte conosco -, e que foi para o Rio de Janeiro, fez sua vida, com o sonho de ser médico. E lá fez uma trajetória brilhante, de muita superação, levou muita luz para essa terra, como médico, como político, político libertário, um político que foi um dos grandes responsáveis pela abolição da escravatura no Brasil, um político preocupado com o meio ambiente. Naquela época, já estava preocupado com a indústria do fumo, combatendo-a, com o empreendedorismo também, levando estrada de ferro.
Dr. Bezerra de Menezes também ficou marcado na história do espiritismo. Nós vamos conhecer um pouco da história do Dr. Bezerra de Menezes aqui. Declarou-se espírita, escandalizou a sociedade carioca - naquela época era algo impensado se declarar espírita - e teve um trabalho belíssimo de unificação da doutrina espírita brasileira, uma doutrina que foi codificada por Allan Kardec, na França, mas que encontrou um território muito fértil aqui na nossa Nação, aqui no Brasil, e que, do Brasil, está voltando para o mundo inteiro através de abnegados trabalhadores espíritas, que têm feito esse trabalho.
Então, é uma honra muito grande para mim estar presidindo esta sessão e poder, de alguma forma, com todas as minhas limitações e imperfeições, servir de instrumento para que muitas pessoas que estão agora, aqui neste Plenário e no Brasil, recebam uma mensagem de luz, recebam inspiração de um grande homem, Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, no momento em que o Brasil passa por turbulências sob todos os aspectos.
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A gente sabe que o destino desta Nação é um destino de prosperidade, de fraternidade, solidariedade, de muito amor. E a gente tem que ter fé, orar muito pela Nação, pelos governantes, mas também agir com muita sabedoria, serenidade, onde quer que estejamos, para o bem do Brasil.
A presente sessão especial é destinada a homenagear o grande pacifista e humanista do século XIX, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, nos termos do Requerimento nº 535, de 2019, de autoria nossa e de outros Senadores também.
Eu queria, neste momento, já iniciar a sessão aqui chamando à mesa, para fazer o uso da palavra daqui a pouco - cada um falando sobre um aspecto da vida do Dr. Bezerra, trazendo uma mensagem para todos nós -, o Senador, meu amigo, irmão, que esteve aqui no Senado no primeiro semestre, quando a gente fez uma homenagem ao Allan Kardec, e fez um depoimento que surpreendeu a todos, Senador Nelsinho Trad. Por favor, Senador Nelsinho Trad, venha à mesa. (Palmas.)
Eu gostaria também de chamar o Presidente da Federação Espírita Brasileira, meu amigo, irmão também, Jorge Godinho Barreto Nery, por favor. (Palmas.)
Eu chamo aqui à mesa também outro irmão querido, amigo, Presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará, historiador, biógrafo do Dr. Bezerra de Menezes, Luciano Klein Filho, conhecido como Lucianinho. (Palmas.)
Eu queria também neste momento chamar outro... Aqui todos são meus irmãos e amigos, mas essa pessoa que eu vou chamar aqui, é um grande artista do Brasil, corajoso, ousado no bem. Eu tive o prazer de trabalhar com ele - as coisas de Deus - na produção de um filme sobre o Dr. Bezerra de Menezes, em 2008, o ator Carlos Vereza, por favor. (Palmas.)
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Eu queria chamar à mesa, neste momento, outro irmão querido, o grande escritor, palestrante, que também tem um papel relevante na sociedade como ex-Presidente da Editora Abril e do jornal Valor Econômico, Alexandre Caldini, por favor. (Palmas.)
Eu também gostaria de chamar aqui, para, se possível, ficar aqui conosco, uma pessoa que eu aprendi a admirar muito, a aprender com ele aqui, nesta Casa, no Senado Federal, o ex-Governador, agora Senador, um homem que tem uma grande responsabilidade com a pauta da educação, que sempre está aqui conosco, combatendo o bom combate por uma educação de qualidade, o Senador Confúcio Moura.
Por favor, Senador Confúcio. (Palmas.)
Faço o registro da presença dos alunos do ensino médio do Colégio Estadual Jalles Machado, de Goianésia, Goiás, que estão visitando o Plenário do Senado.
Sejam muito bem-vindos. (Palmas.)
Para encerrar, eu queria chamar mais um querido, que eu admiro há muito tempo e que vou ter agora o prazer de conhecer pessoalmente, de ouvir sua palestra, que eu já vi pelo YouTube várias vezes, uma pessoa muito iluminada, que é José Carlos de Lucca, por favor, que é Juiz de Direito do Estado de São Paulo e orador espírita. (Palmas.)
Registro também a presença, no Plenário do Senado Federal, do Senador Alessandro Vieira, do Estado de Sergipe, novato como eu, que tem feito um grande trabalho, e do Senador Styvenson Valentim, do Rio Grande do Norte.
Então, vamos iniciar agora, pessoal.
Vamos ao Hino Nacional.
Vamos, agora, por favor, de pé, ouvir a execução do Hino Nacional da República Federativa do Brasil.
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(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Eu queria, neste momento, chamar à mesa também uma pessoa que eu tive a oportunidade de conhecer neste ano, que foi o pioneiro em fazer sessão solene aqui nesta Legislatura em homenagem ao espiritismo - e a gente sabe que nada é por acaso: o Deputado Federal que fez uma sessão solene em homenagem ao espiritismo, Deputado Rafael Motta, do Rio Grande do Norte.
Por gentileza, Rafael, venha para a Mesa. (Palmas.)
Inclusive, eu quero dar uma notícia a todos vocês aqui presentes, uma boa notícia. E o mundo precisa de boas notícias, não é mesmo? A gente conseguiu aprovar nesta semana, na terça-feira, na Comissão de Educação aqui do Senado Federal, dois projetos interessantes. Um, inclusive, foi iniciado pelo Deputado Rafael Motta, um projeto antigo, que infelizmente não conseguiu se desenvolver na Câmara dos Deputados, foi arquivado, mas demos entrada em um este ano e nós conseguimos aprová-lo: o Dia Nacional do Espiritismo, aprovado já pelo Senado Federal nesta semana, que será o dia 18 de abril. E já falei com o Deputado Rafael Motta para ele pedir a relatoria, para a gente aprovar, se Deus permitir, ainda este ano, lá na Câmara dos Deputados. E outro projeto também: o que concede a Jaguaretama, no interior do Ceará, terra natal de Dr. Bezerra de Menezes, o lugar que ele escolheu para nascer, o título de Capital Nacional do Espiritismo. (Palmas.)
Vai para a Câmara dos Deputados também.
Então, vamos iniciar aqui as falas dos palestrantes. Eu queria já iniciar...
Antes disso, nós vamos ouvir a música do Pai Nosso executada pelo Lânio Silvério Thomáz, versão de Elizabete Lacerda, para nos harmonizarmos e iniciarmos as falas.
Eu gostaria da atenção de vocês.
Muito obrigado pela presença do senhor, que esteve já em outras sessões aqui. Seja muito bem-vindo.
(Procede-se à execução musical.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado pela sua generosidade, pela sua gentileza. Parabéns pelo trabalho.
Eu queria registrar aqui as presenças ilustres dos seguintes convidados:
Representando aqui o Governador do Estado de Goiás, Sr. Claudio Jorge Siqueira Rodrigues. Muito obrigado pela presença;
Secretário de Audiovisual do Ministério da Cidadania, o meu amigo, irmão, Ricardo Rihan, aqui presente. Muito obrigado, Ricardo, a você, que é um pioneiro desse trabalho todo, no audiovisual, também da cultura da paz;
Presidente da Federação Espírita do Distrito Federal, Sr. Paulo Maia da Costa. Muito obrigado pela presença, Paulo;
Presidente do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal, meu amigo, irmão, Marcos Linhares, que está aqui conosco também;
Presidente da Comunhão Espírita de Brasília, Sr. Adilson Mariz de Moraes. Muito obrigado pela presença. É um irmão que veio lá do interior de Minas Gerais, São João Nepomuceno; Minas Gerais, que é a terra do Chico Xavier.
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Queria agradecer ao Claudinei Paulino, que está aqui conosco, prestigiando; à Presidente do Centro Espírita Paulo de Tarso, do Lago Norte, Sra. Verônica Maia Baraviera; à Vice-Presidente da Comunhão Espírita de Brasília, Sra. Maria Luiza Bezerra de Melo; ao Vice-Presidente do Centro Espírita Chico Xavier, Sra. Fernanda Negreiros; à Diretora-Geral da Universal Pictures do Brasil, Sra. Patricia Kamitsuji - muito obrigado pela sua presença; muito honrado -; assim como ao diretor e cineasta do filme Nosso Lar e do filme Kardec - a gente até passou o trailer aqui na sessão do Allan Kardec -, Sr. Wagner de Assis. Muito obrigado pela presença. Parabéns pelo talento!
Mais tarde, inclusive, teremos, no Cine Brasília, a estreia - nós vamos passar o trailer depois das falas - do filme de outro grande humanista brasileiro, grande orador espírita, um homem caridoso, chamado Divaldo Pereira Franco, filme que vai entrar em cartaz agora, dia 12 de setembro, em todo o Território nacional. É um filme muito bem produzido pela Cine e pela Estação Luz, que está aqui também representada pelo Sidney Girão de Araújo, que está conosco.
Eu queria, neste momento, passar a palavra para o Presidente da Federação Espírita Brasileira, uma entidade centenária, Godinho.
Por favor, pode ocupar a tribuna se desejar, Jorge Godinho Barreto Nery.
O SR. JORGE GODINHO BARRETO NERY (Para discursar.) - Exmo. Sr. Senador Eduardo Girão; Senador Confúcio Moura; Senador Nelsinho Trad; Deputado Rafael Motta; nosso querido e conhecido no movimento espírita, Dr. Lucca, que é expositor espírita, conhecido de todos nós; Sr. Luciano Klein, que, na realidade, é Presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará, aqui conosco presente; o ator Carlos Vereza, conhecido por todos nós, que protagonizou o Dr. Bezerra de Menezes no filme que tem o seu próprio nome; e Alexandre Caldini - acho que eu citei todos aqui presentes -, esta é uma grande oportunidade que nós estamos tendo. Neste momento, não vou tecer a biografia do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, mas eu vou pinçar, da sua vida, alguns pontos que nós achamos para trazer a público.
Era o ano de 1873. Naquele ano, pela primeira vez, uma instituição de nome Confúcio registrou-se, atendendo ao ordenamento jurídico do País, como uma instituição formalizada e que teve uma duração efêmera de três anos. Ali se encontravam espíritas pioneiros, como Bittencourt Sampaio, Antônio Luiz Sayão e Joaquim Carlos Travassos.
Joaquim Carlos Travassos se empenhou para fazer a tradução das obras da codificação: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho, O Céu e o Inferno e A Gênese. E ele, naquele momento, quando a primeira tradução foi feita no Livro dos Espíritos, na sua 1ª edição, destacou um exemplar e fez uma dedicatória, uma dedicatória a um homem público conhecido à época e respeitado por ser um político, um médico reconhecido, um católico praticante que, pelos seus exemplos, na sociedade, então, no Rio de Janeiro, no Segundo Império, era respeitado. Daí ele ter que levar às suas mãos o exemplar de O Livro dos Espíritos com essa dedicatória.
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O Dr. Bezerra de Menezes escreve para nós - depois está isso no Reformador -, dizendo o seguinte: que ele morava em São Cristovão, e à época o deslocamento do centro da cidade para São Cristovão durava em torno de uma hora aproximadamente. E naquele momento, no bonde, ele estava com o livro à mão, que tinha recém-recebido do Dr. Carlos Travassos, e dizia assim:
Eu sou conhecedor de todas as filosofias. Tenho à mão uma filosofia espiritualista e eu acho que eu não vou para o inferno se eu ler essa filosofia, porque, na realidade, ficaria até incongruente eu conhecer todas as filosofias e esta não ser do meu conhecimento.
E ele diz assim:
Li, li como lia a Bíblia. E o interessante é que, à proporção que eu ia lendo, eu não encontrava nada de novo, apesar de tudo ser novo para mim. Isso me ocupou e me preocupou que, ao longo do trajeto da minha leitura, eu fui tomando consciência, achando que eu tinha nascido espírito - e como se diz, vulgarmente, eu nasci espírita - porque esses conceitos para mim não eram novos.
E a partir daquele momento da leitura do livro, ele passou, então, a se dedicar ao estudo e à leitura das obras que chegavam ao seu conhecimento.
Assim, passaram-se aproximadamente, desde aquela data, que gira em torno do ano de 1874, quando, no dia 16 de agosto do ano de 1886, diante de duas mil pessoas, no Salão da Velha Guarda, no Rio de Janeiro, ele teve a oportunidade de falar para um público de duas mil pessoas que tinham a expectativa de ouvir mais uma vez a palavra sábia, ponderada de um eminente político, de um religioso, de um homem público, de um médico conhecido na sociedade. E é naquela oportunidade que ele, então, declara-se espírita. Por isso é que nós ouvimos no início da sessão solene o Senador Girão falar a respeito desse momento, que foi uma surpresa para todos, porque ninguém ali estava na expectativa dessa declaração dele. E, a partir de então, ele, de forma ostensiva e pública, foi reconhecido como um espírita que procurou ter um comportamento coerente com a doutrina de que até então ele tinha conhecimento e que estudou profundamente ao longo daqueles anos.
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E passou a escrever, no jornal de maior circulação do País, de nome O País, e também na revista Reformador, que até hoje se encontra sendo editada todos os meses e que é um registro importante, porque só dois jornais no nosso País, desde a sua criação até os dias de hoje, jamais deixaram de ser publicados: um deles é o Diário Oficial, naturalmente; o outro é o Reformador. É uma revista da Federação Espírita Brasileira cuja Presidência o Dr. Bezerra de Menezes veio a assumir durante dois mandatos. Um mandato no ano de 1889, numa oportunidade em que ouviu uma mensagem póstuma do codificador Allan Kardec, que, no Grupo Fraternidade, através do médium Frederico Júnior, trouxe uma mensagem que alertava os espíritas à época para três aspectos: o estudo, a caridade e a unificação.
A partir desta mensagem, o Dr. Bezerra, estudando-a profundamente, aceitou o convite para ser Presidente da Federação Espírita Brasileira no ano de 1889. A partir daí, o seu objetivo era fazer cumprir aquela convocação que a mensagem póstuma de Kardec havia trazido ao conhecimento dos espíritas brasileiros. E ele assume a Federação Espírita Brasileira, faz reuniões para tratar do assunto, é aceita a sua ideia, faz a segunda reunião já com o objetivo de uma constituinte para criar um grupo que tivesse a oportunidade de coordenar o movimento espírita, já que ele no Brasil era um movimento incipiente e sentia-se a necessidade de uma coordenação porque o codificador, o líder do espiritismo no mundo, havia desencarnado no ano de 1869 e, a partir daquele momento, o movimento espírita ficou sem uma liderança.
Na Europa, procuraram substituí-lo, em vão. Nas Américas, os grupos que até então se constituíam procuravam, então, fazer em torno de si ou de outros grupos esta coordenação. E é assim que ele, na terceira reunião que procura fazer, não consegue êxito porque lembramos que o ano de 1889 é o ano que nós comemoramos a efeméride da Proclamação da República, que naturalmente o impediu, porque todo o ordenamento jurídico do País, saindo do Segundo Império, passou, então, para a Nova República. E naquele momento, na Nova República, o Código Penal brasileiro, no ano de 1890, contempla o espiritismo como sendo crime a sua prática, mas o Dr. Bezerra, no final do ano de 1889, ocupado bastante, porque, na sua família grande, dois filhos haviam desencarnado, entrega a presidência da Federação Espírita Brasileira e vai cuidar dos seus afazeres, que eram muitos.
Mas, no ano de 1890, quando o Código Penal foi promulgado, ao contemplar este fato, a Federação Espírita Brasileira teve naquele momento uma iniciativa de fazer uma carta aberta junto ao Ministro da Justiça para que explicasse o que era o espiritismo. Era uma ciência nova que tinha ao mesmo tempo uma característica importante, porque ela era uma doutrina filosófica e também uma ciência de experimentação, dizendo-lhes que, como ciência prática, ela vinha mostrar a comunicação que existe entre ambos os planos da vida: o plano material e espiritual; mas, como doutrina filosófica, vinha também mostrar todas as consequências morais decorrentes das relações que existem entre os espíritos, sejam eles encarnados ou desencarnados.
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Em síntese, é uma ciência nova que vem falar da natureza do espírito, da sua origem, da sua destinação: o que nós estamos fazendo aqui? Para onde vamos? Responde a questões milenares para as quais a humanidade buscava respostas. O código não foi mudado, mas foi autorizado aos espíritas professarem a doutrina espírita, sem nenhuma perseguição ou alternativa que não fosse a liberdade de professar a doutrina espírita.
Nós vamos verificar que, no ano de 1895, o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes é convidado, pela segunda vez, para assumir a presidência da Federação Espírita Brasileira. Assim o fez e conseguiu, num momento muito crítico, porque lhe deram todos os poderes para que ele pudesse exercer a presidência da instituição num momento muito crítico, de fragilidade em todos os aspectos. A partir de então, com sua personalidade agregadora, buscando justamente cumprir aquela convocação que o codificador havia feito no ano de 1889, ele consegue reerguer a Federação Espírita Brasileira, que já tinha uma liderança, no movimento espírita, em torno dela já se aderiam, já se agregavam, muitas instituições espíritas em todo o País.
Assim, ele veio a desencarnar no ano de 1900, deixando a Federação Espírita Brasileira e o movimento espírita numa situação muito tranquila, de fraternidade, de compreensão, de entendimento, em que a união e a fraternidade eram buscadas, porque esse era o seu objetivo.
Mas gostaria, para ir finalizando a minha fala e para que outros também tenham a oportunidade de falar de outros aspectos da sua vida, de dizer algo que, certamente, os outros não diriam, porque isso cabe a mim, como Presidente da Federação Espírita Brasileira. Somos espíritos imortais.
O trabalho do Dr. Bezerra de Menezes, após a sua desencarnação, iniciou-se nos dias seguintes porque, no momento seguinte, ele teve a oportunidade de comunicar-se, em reuniões mediúnicas, dando continuidade àquele trabalho que, até os dias de hoje, vem fazendo de forma contínua, de forma amorosa, como ele diz, paternal, convidando não só os espíritas, mas toda a humanidade para um sentimento que ainda não desenvolvemos, que é o sentimento de fraternidade. É um sentimento que, no momento em que a humanidade desenvolver, certamente a união se fará como consequência. Como ele bem diz, não haverá unificação sem união, e não haverá união sem fraternidade. E é isso o que ele vem fazendo ao longo de todo esse período, principalmente desencarnado, nas oportunidades que tem hoje de forma ostensiva, pela mediunidade já consagrada e conhecida de Divaldo Franco, que, nas suas falas, de forma tão singular, tão singela, faz uma transição tão suave que nós observamos a fala do Dr. Bezerra de Menezes, através da psicofonia, porque suas falas fazem uma transfiguração no médium, dando-nos a oportunidade de ouvi-lo, dessa forma, de maneira paternal, amorosa, convidando todos à construção de um mundo melhor, de um mundo de paz, já que a Terra é de paz.
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A humanidade conhece esta frase, em que se glorifica a Deus: Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade entre os homens. Para que haja paz é necessário a benevolência e ainda não construímos a paz, porque a boa vontade entre nós ainda não se configurou.
Que nós possamos ouvi-lo sempre, nos estimulando a esperança, a fortaleza para que o bem predomine, a paz predomine com a boa vontade entre os homens da Terra. Que Deus possa abençoá-lo nesse trabalho que vem executando no plano espiritual, não só no Brasil, mas, fora do Brasil, a sua presença também se faz através de...
(Soa a campainha.)
O SR. JORGE GODINHO BARRETO NERY - ... percepções mediúnicas daqueles que têm esta sensibilidade para observar a sua presença.
Agradeço a oportunidade que o Senador Girão nos dá de termos, nesta tribuna, a oportunidade de estarmos falando sobre esse grande brasileiro, sobre esse grande homem, que veio trazer à humanidade, pela sua missão, pelo seu trabalho, um exemplo a ser seguido não só pelos médicos, porque ele assim o foi, não só pelos espíritas, porque também o foi, não só pelos católicos, como também o foi, não só pelos políticos, como também o foi.
Foi um homem que teve atividades multidisciplinares, mas em todas elas desenvolveu a cidadania com honradez, tanto que nos dias de hoje nós comemoramos, 188 anos após o seu nascimento, uma efeméride como esta, na Casa do Povo, ou seja, no nosso Congresso, aqui, onde a representatividade do povo brasileiro se faz, e uma casa que no Rio de Janeiro ele frequentou também e conhece muito bem.
Que ele possa nela continuar inspirando os homens públicos, inspirando os Srs. Senadores, inspirando os Deputados e todos aqueles que buscam fazer com que este País cumpra o seu papel no concerto das Nações, um País de um povo bom, fraterno, que tem um papel na humanidade, que aos poucos o povo brasileiro vai construindo - coração do mundo e Pátria do Evangelho.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Muito difícil falar sobre Dr. Bezerra de Menezes, Godinho, sem se emocionar, não é?
Então, muitíssimo obrigado por mais uma vez estar aqui conosco nesse momento de fé, de fraternidade, de luz.
Existem pessoas que têm a bênção também de aniversariar nesse dia, e algumas delas estão aqui, dia 29 de agosto. A Claudia, que nos ajudou, com muita dedicação, a organizar esse evento, a Claudia Nery - sua parente, ouviu? Ela, a Claudinha, a nossa Chefe de Gabinete aqui, aniversaria hoje. Também a Greicy de Oliveira, que trabalha no Gabinete do Senador Flávio Arns, aniversaria hoje. E a Fernanda Negreiros, que está aqui presente, a Vice-Presidente do Centro Espírita Chico Xavier, também aniversaria hoje.
Coincidência não existe, não é?
Quero mandar um abraço para Telma Bezerra lá de Fortaleza que está assistindo agora também a essa sessão.
Vou chamar à tribuna agora para fazer seu pronunciamento esse sensível Senador, médico, que deu um depoimento muito bonito aqui, que eu não sabia, na sessão do Allan Kardec, sobre Chico Xavier.
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A família dele teve uma passagem muito marcante naquela psicografia... Foi seu pai, não é? Foi advogado naquela psicografia de Chico, que foi utilizada inclusive em tese de defesa, que resultou na inocência, na absolvição lá em Mato Grosso do Sul, que é a sua terra natal.
Senador Nelsinho Trad, por favor.
O SR. NELSINHO TRAD (PSD - MS. Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas. Sejam muito bem-vindos ao Senado da República. E, com muito prazer, gostaria de cumprimentar os meus colegas. Senador Eduardo Girão, que é o Presidente requerente desta sessão de homenagem; Senador Confúcio Moura, meu colega médico, pessoa muito respeitada, um grande Senador, tem um conceito muito grande nesta Casa; os demais Senadores que aqui passaram e fizeram-se presentes, Senador Styvenson Valentim, Senador Alessandro Vieira. Olha o Styvenson lá!
E cumprimento o Deputado Federal Rafael Motta; o Presidente da Federação Espírita, Jorge Godinho; orador espírita e Juiz de Direito, Dr. José Carlos de Lucca; nosso querido ator e espírita, Sr. Carlos Vereza; o escritor espírita, Alexandre Caldini; biógrafo do livro Bezerra de Menezes, Sr. Luciano Klein Filho, e todas as senhoras e os senhores.
Eu me chamo Nelson Trad Filho, sou médico na especialidade de cirurgia geral e urologia e tenho muito orgulho da profissão que escolhi, como um dom que sempre tive na minha vida. Para a minha surpresa, eu sabia, mas aqui me foi relembrado esse fato, Adolfo Bezerra de Menezes também foi médico, jornalista, escritor, militar e político e tornou-se um dos grandes nomes da chamada Doutrina Espírita.
Nasceu na antiga Riacho do Sangue, no Ceará, hoje Jaguaretama - tem até um projeto de lei aqui para denominar Jaguaretama a capital nacional do Espiritismo - e desencarnou no dia 11 de abril de 1900, no Rio de Janeiro. No ano de 1886, caro Senador Confúcio, proclamou-se espírita e trabalhou intensamente em prol da união e da liberdade dos estudiosos da doutrina. Imagina, naquela época, como deve ter sido laboriosa essa sua missão.
Por sua incansável atividade em benefício dos mais necessitados, ficou conhecido como o médico dos pobres, tendo sido por duas vezes presidente da Federação Espírita Brasileira. Tinha uma frase muito famosa, que eu vou partilhar com todos vocês aqui: "A vida, sob qualquer aspecto considerado, é dádiva de Deus que ninguém pode perturbar. Todos os seres sencientes desenvolvem um programa na escala da evolução demandando a plenitude e a perfeição que lhes é meta final de aperfeiçoamento".
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Dr. Bezerra de Menezes atendia gratuitamente aqueles que não podiam pagar pelo seu atendimento. Sua fama se espalhou, e o consultório do centro da cidade começou a ficar movimentado também com clientes que se dignavam a lhe fazer algum pagamento. Esse dinheiro, que ele recebia no consultório, era gasto com os pobres que não tinham condição de comprar remédios, roupas ou simplesmente para o auxílio em dinheiro. Médico tem muito disso, não é, Confúcio? Aquele que realmente faz por amor e com dom na arte de salvar e de curar.
Eu queria até dar um testemunho aqui, sem nenhuma falsa modéstia. Eu me formei em 85, fiz minha residência médica durante quatro anos, e nunca, na minha vida profissional, me neguei a atender alguém. Aquele que podia pagar e aquele que não podia eram atendidos da mesma forma, com o mesmo carinho, com a mesma atenção. Dava-me muito mais prazer aliviar o sofrimento de uma pessoa e vê-la curada, com um sorriso, me dando um abraço, do que qualquer outra intenção material.
Bezerra de Menezes tinha também a função de médico no mais elevado conceito. Por isso, dizia ele, e é bem isso: "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou se é perto, principalmente quando um aflito qualquer lhe bate à porta".
Eu costumo dizer que ninguém vai ao médico com a intenção de vê-lo, de lhe fazer uma visita; vai porque está precisando, está sofrendo e está necessitando de um auxílio.
Aquele que não acode por estar com visita, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, por ser alta hora da noite ou devido a um caminho tortuoso ou a um tempo longo e quando, sobretudo, não tem como ser paga consulta e a receita, não é um médico, mas um negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos com seu curso.
Esse anjo da caridade que faz exatamente o contrário deve ser cada vez mais evoluído no sentido de transmitir a sua energia àqueles que o procuram.
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Assim, com essa bela doutrina que nos faz crer que a medicina é realmente um dom que tem muito a ver com a evolução espiritual daquele que a pratica, tem que também ser ressaltada nesta tarde em função dos grandes exemplos e do legado deixado por Bezerra de Menezes.
Por fim, gostaria de, mais uma vez, parabenizar o nobre colega, Senador Eduardo Girão, por nos dar essa oportunidade de participar junto com ilustres personalidades, que, com certeza, vão nos fazer sair muito melhor do que entramos aqui neste recinto.
Parabéns, Girão.
Viva Dr. Adolfo Bezerra de Menezes! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado, Senador Nelsinho Trad. Obrigado mais uma vez.
Eu imediatamente já vou aqui passar a palavra para o biógrafo do Dr. Bezerra de Menezes, um pesquisador, historiador, hoje Presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará, da minha terra natal, meu querido Luciano Klein. (Palmas.)
Por favor, Lucianinho, pode escolher a tribuna.
Enquanto o Lucianinho está se dirigindo à tribuna... Só estão usando esta tribuna por quê? Tem aquele outro lado, lá. Ah, está imprensado aí. Está certo.
Mas é só para dizer o seguinte: o Nelsinho aqui me contou algo em um momento tenso deste Plenário, em que eu tive a oportunidade de estar com ele aqui, e a gente aprende todo dia uns com os outros. Estávamos votando sobre a questão de armas de fogo, um debate acalorado aqui, e o Nelsinho me contou uma passagem, que é muito interessante, de como o bem volta. Tudo que você faz de bem volta. O que você planta, você vai colher. Aconteceu uma situação um pouco traumática com ele e a família dele, um assalto na casa dele. Ele foi rendido, a família e tudo, e, em um momento muito delicado, em que a vida dele estava correndo risco, o assaltante reconheceu que o Nelsinho tinha atendido de forma amorosa, de forma caridosa, tinha ajudado a avó dele. Naquele momento, poupou a vida dele perante seus familiares, não é isso? É muito marcante. É impressionante. O bem que você faz fica para a eternidade. Graças a Deus ele está aqui conosco.
Lucianinho, por favor, faça uso da palavra. Obrigado.
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O SR. LUCIANO KLEIN FILHO (Para discursar.) - Exmos. Srs. Senadores, demais autoridades aqui presentes ou representadas, ilustres integrantes da Mesa, em especial o Presidente desta sessão solene, meu querido amigo e irmão, Luis Eduardo Girão, nosso cordial boa-tarde a todos e os nossos votos de muita paz.
De vez em quando, nascem na Terra grandes expoentes da espiritualidade humana, almas, poderíamos dizer, privilegiadas, se não soubéssemos, contudo, pela doutrina que professamos, que não existem privilégios, nem prerrogativas na obra da criação divina. São tão somente irmãos nossos, mas psiquismos mais maduros, mais burilados, mais refinados, que, mediante seus próprios esforços individuais no curso de múltiplas existências - como assim cremos -, galgaram degraus mais elevados na escala de ascensão das almas. E, por amor, tão simplesmente por amor a nós outros, que nos encontramos mais atrás nessa árdua, porém necessária caminhada de ascensão espiritual, volvem de quando em vez à nossa dimensão, recebendo o comando divino para virem ter conosco e, através não tão somente de suas palavras, mas, sobretudo, pelos seus exemplos de vida, nos ensinarem o abecedário do amor.
O nosso ilustre conterrâneo Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti é homenageado nesta sessão histórica especial - idealizada pela inspiração desse homem de bem, amigo, por quem tenho o ensejo e a oportunidade de privar com sua amizade há praticamente duas décadas -, algo que certamente vai marcar as nossas vidas.
Falar de Bezerra de Menezes é algo que nos emociona profundamente. Na condição de pesquisador de sua trajetória existencial há quase três décadas, debruçando-nos sobre documentos antigos nos escaninhos das nossas bibliotecas, temos a oportunidade de, sobretudo, através de velhos jornais, constatarmos a grandeza desse homem, muito, mas muito maior do que o mito talvez que alguns idealizaram. Porque, entendendo o médico, político, jornalista, vanguardista em várias ações na área da ciência, como aqui lembrado pelos expositores anteriores, quando nós nos debruçamos sobre esses documentos, nós constatamos que ele era, na verdade, muito mais do que as biografias escritas até hoje já disseram. Um homem que viveu no Brasil oitocentista e teve o ensejo de seguir a carreira política na vereança na então Corte Imperial do Rio de Janeiro, na deputação geral, que equivaleria hoje à função de Deputado Federal, como também, por seguidas vezes - e poucos sabem disso -, até quase a sua desencarnação em 1900, já após o advento da República, de pelejar para tentar uma vaga no Senado do Império e depois no Senado Federal, que surge a partir da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.
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Entretanto, mesmo sendo no Império o candidato à senatoria mais votado nas listas tríplices então existentes - a primeira Constituição vigente, outorgada, de 1824, estabelecia o Senado vitalício, e, portanto, à medida que os Senadores iam falecendo, novas eleições eram convocadas -, ele sempre concorreu, quase que anualmente, mas, em razão das divergências políticas contra as autoridades que assessoravam o Imperador Dom Pedro II, ele sempre foi preterido, mesmo tendo uma votação maciça da população carioca e fluminense.
O Dr. Bezerra de Menezes, portanto, se nos apresenta como alguém que, diferentemente de muitos de nós, pregava o que vivia e vivia o que pregava cotidianamente. Isso nós constatamos in loco, nos jornais, vendo-o, portanto, como homem do século XIX. Avulta o seu nome nas várias áreas em que atuou, aqui já citado, como empreendedor, como homem que esteve à frente, poucos sabem, de algumas instituições financeiras, mas sempre tendo a preocupação precípua de atender alguém que padecia de algum mal, de alguma dificuldade, nos momentos de sua trajetória de vida.
O Dr. Bezerra de Menezes foi, como disse na introdução deste encontro o nosso Eduardo Girão, um homem que, muito à frente do seu tempo, seguindo os passos de José Bonifácio de Andrada e Silva - que de fato foi o pioneiro nesse mister. Teve a preocupação em defender a causa da ecologia, já se preocupando, além das indústrias que se montavam no Rio de Janeiro - naquela fase de industrialização do nosso País, sobretudo após a ação pioneira de Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá -, ele que deu um contributo notável, assessorando nessa atividade, sobretudo em relação às ferrovias, mas também em relação às indústrias que surgiam e se preocupando também com o desmatamento da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Além das atividades espíritas que marcaram a sua vida, que são sobejamente conhecidas de todos nós e já foram aqui brilhantemente expostas pelo nosso querido Presidente da Federação Espírita Brasileira, não podíamos deixar de destacar o seu grande contributo à difusão do espiritismo, pouco lembrado, porque, além de sua feição de pacificador, de unificador - e ele tentou, tentou o quanto pôde, e quase desistiu; por vezes talvez tenha pensado na expressão dita por Bittencourt Sampaio, que era, como todos nós, humano e ciente de que o movimento espírita era, e é, conduzido por seres humanos falíveis, como todos nós, chegou a dizer em seu tempo: "A união vale para todos, menos para os espíritas". É algo que nos enseja sempre uma reflexão muito oportuna. À frente da Federação Espírita Brasileira, ele nos legou um contributo extraordinário, de cujos frutos ainda hoje, de alguma forma, nós podemos usufruir.
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Mas o seu grande legado junto ao movimento espírita brasileiro, que fez com que ele merecesse com justiça o título de O Kardec Brasileiro, foi o seu projeto único, incrível, de pelejar, de 1887 até o seu regresso triunfal ao mundo espiritual, no dia 11 de abril de 1900, com o projeto Estudos Filosóficos, quando, valendo-se da mídia de então, a imprensa, escreveu, como jornalista talentoso, utilizando o pseudônimo de Max, nas principais folhas que circulavam no Rio de Janeiro e no Brasil - o jornal O País, o jornal Gazeta de Notícias, o Jornal do Brasil e o jornal Gazeta da Tarde -, numa linguagem simples, direta, objetiva, portanto, dirigida ao povo, veiculava, através dessas folhas, os postulados da doutrina que abraçara e pela qual se apaixonara desde a sua declaração definitiva, no dia 16 de agosto de 1886, de adesão ao espiritismo.
E por fim, para finalizar essa nossa afetiva exposição, não poderíamos deixar de mencionar uma faceta entre tantas outras do Dr. Bezerra de Menezes que nos comove, a de pai, de homem de família, casado por duas vezes, com Maria Cândida de Lacerda Prego, a primeira esposa, que desencarnaria prematuramente, aos 19 anos, em março de 1863, deixando-o com dois filhos pequenos, Antônio e Adolfo - Adolfo na verdade era o mais velho, Antônio era o segundo filho -, o que fez com que ele repensasse a sua vida e sofresse dolorosamente, a ponto de praticamente passar por um momento de melancolia, o que hoje talvez poderíamos diagnosticar, embora não sejamos da área, mas os sintomas sinalizam nesse sentido, por um quadro depressivo, mas que com sua resiliência ele supera, continua a trabalhar em prol dos seus ideais. Consorcia-se novamente, em 1865, com Cândida Augusta Bezerra de Menezes, que lhe daria mais 12 filhos, uma prole considerável de 14 filhos, honrando a tradição do meu Ceará e do nosso Nordeste, como todo bom nordestino de seu tempo.
Mas, pasmem, meus irmãos: desses 14 filhos que Deus lhe concedeu, no momento em que ele regressaria ao mundo espiritual, conforme constatamos no Arquivo Público do Rio de Janeiro, diante dos documentos a que tivemos acesso, especialmente o seu inventário, desses 14 filhos, 8 partiram antes dele, só restavam 6. Portanto, ele viu partir 8 filhos antes dele. E não eram filhos pequenininhos. Alguns nasciam e desencarnavam pouco tempo após, em razão das limitações da medicina de seu tempo. Imaginem sua dor, médico, impotente diante das enfermidades de um Brasil oitocentista, relegado ao abandono, ao esquecimento, sobretudo com as várias epidemias existentes, notadamente a febre tifoide, as crises de malária, de varíola, que assolaram a nossa gente. E o fato é que, mesmo assim, ele tudo suportou sem queixa, mesmo com a desencarnação de filhos de 21, 22, 23 anos de idade.
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Em 1887, só para ilustrar, por exemplo, no dia 2 de abril daquele ano, desencarnaria o seu segundo filho do primeiro casamento, um jovem chamado Antônio Bezerra de Menezes, que, aliás, também cursava a faculdade de medicina, certamente inspirado na ação missionária de seu pai nessa área. E Antônio desencarnaria prematuramente, aos 25 anos. Aliás, será sobre esse filho que o Dr. Bezerra, mais tarde, irá se debruçar para escrever aquela obra que era, usando uma expressão do nosso Nordeste, o seu xodó, o seu bem-querer. A obra Loucura sob Novo Prisma foi publicada, entretanto, somente 20 anos após o seu falecimento, no ano de 1920, graças à dedicação extremosa de seus filhos queridos, que doaram os manuscritos dessa obra à Federação Espírita Brasileira.
O fato é que Antônio desencarna no dia 2 de abril. Dia, aliás, do nascimento de Chico Xavier, de 1887. E, nesse mesmo ano, com uma diferença de praticamente três meses, uma linda filha chamada Maria, do segundo casamento, aos 22 anos. Ele com febre tifoide; ela com tuberculose. Imaginem a dor de um pai! E o Dr. Bezerra era aquele pai tátil, aquele pai afetuoso, aquele pai carinhoso, ao contrário talvez do que rezava a tradição oitocentista, em que o pai tinha que manter uma certa distância dos filhos. Mas ele falava fininho com os filhos, roçava a sua barba espessa no pescoço deles, externando ali o seu carinho. E o curioso é que punha, em todos eles, apelidos afetuosos, mais tarde homenageados em alguns dos seus romances.
Esse é o Dr. Bezerra mais humano, mais perto de nós. Esse homem que passamos a admirar, esse homem que passamos a amar e que pode e deve ser lembrado como um homem além de seu tempo, que poderia perfeitamente estar nesse panteão, nessa galeria dos grandes humanistas, dos grandes pacificadores desse período contemporâneo da história da humanidade terrestre. Alguém que está ao lado de Madre Teresa de Calcutá, de Irmã Dulce, de Allan Kardec, de Chico Xavier, de Mohandas Karamchand Gandhi, de Martin Luther King Jr., que tem uma frase admirável, muito sugestiva a todos nós neste momento em que o ranço da antifraternidade ainda nos faz pessoas insensíveis e frias nas nossas relações: ou nós aprendemos a viver juntos como irmãos ou pereceremos juntos como loucos. O Dr. Bezerra faz parte desse panteão, como outros que ainda se encontram entre nós: o Dalai-lama e o nosso sempre lembrado, admirado e muito querido - homenageado com justiça através de um filme que estreará em breve - Divaldo Pereira Franco.
(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO KLEIN FILHO - O nosso reconhecimento a você, Eduardo, pela oportunidade que nos concede de darmos o nosso testemunho acerca da vida desse homem que passamos a admirar. E algo até um tanto estranho, suspeito, para um biógrafo, mas não tem como não haver esse envolvimento afetivo.
E a ele, o homenageado deste dia, em face da celebração dos 188 anos do seu nascimento, em 29 de agosto de 1831, no nosso Ceará, as nossas mais doces e ternas vibrações de carinho, de reconhecimento e de gratidão. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado, Lucianinho, muitíssimo obrigado mesmo, querido. Ele foi fundamental, o Luciano, para que a gente pudesse realizar, Patrícia, aquele filme por que você também foi tocada. Então, você estava como diretora da Fox do Brasil, da Fox Filmes, e o filme conseguiu ser surpreendente, emocionar muitas pessoas e abriu essa fresta para o cinema espírita no Brasil. Depois veio o Chico Xavier, depois veio o Nosso Lar. Foi através do filme do Dr. Bezerra de Menezes, e tinha que ser com ele o primeiro, porque ele foi o pioneiro.
Então, agradeço ao Ricardo Rihan, fundamental naquele filme do Bezerra, ajudou muito na produção; Alexandre Caldini, que foi na Fox fazer uma palestra para explicar para a equipe quem foi Dr. Bezerra de Menezes, e toda essa sinergia culminou com um filme que entrou para a história do cinema brasileiro. Fernando Lobo, que está ali também, quero registrar a importância do seu trabalho, Fernando, na Estação Luz Filmes; o Sidney, que eu já mencionei aqui, que fez pré-estreia no Brasil inteiro e conseguiu levar esse filme para muitas pessoas. Inclusive, quem puder assistir ao filme, já saiu do Netflix, está no YouTube. Está no YouTube, de graça, a história do Dr. Bezerra de Menezes, interpretado por esse homem que daqui a pouco vai usar a palavra aqui, esse grande ator, cidadão de bem, Carlos Vereza. Daqui a pouco, a gente vai poder ouvir o Carlos Vereza.
Eu queria registrar a presença da minha esposa amada, querida, Márcia Thé, que está aqui. Muito obrigado, Márcia.
Queria registrar a presença da Daniela Migliari, que é escritora. Esse livro aqui, dos bastidores do filme do Divaldo Pereira Franco, eu já estou com curiosidade aqui para lê-lo, recebi agora. Parabéns pelo seu trabalho obstinado. A sua mãe, Elce Guimarães, que está aqui e também é escritora. Muito obrigado pela sua presença.
Um telespectador que está em Fortaleza agora, Sr. Ritomar, é espírita, está acompanhando a sessão, admira muito o Dr. Bezerra de Menezes, tem 81 anos. Muito obrigado, Sr. Ritomar.
Nazareno Feitosa, outro palestrante espírita aqui presente conosco.
Agradeço ao Francisco do nosso Gabinete, à Talita.
Agradeço também à Dona Maria, que estava aqui conosco nesse instante.
O Senador, que estava sentado aqui há pouco tempo, saiu, daqui a pouco volta, o nosso querido Vanderlan, Senador de Goiás, veio aqui prestigiar também essa sessão.
E agora nós vamos ouvir o Deputado Federal Rafael Motta, outro grande irmão, jovem, do Rio Grande do Norte, que foi o pioneiro aqui, neste ano, nesta Legislatura, em sessão em homenagem à doutrina da razão, à doutrina espírita.
Muito obrigado, querido.
O SR. RAFAEL MOTTA (Para discursar.) - Obrigado, Senador.
Amigos não se fazem, se reconhecem, e com V. Exa. eu tenho esse sentimento, essa sensação de que as nossas vibrações são muito parecidas. E pode ter certeza, Senador, de que a forma como você sempre me recebe, o carinho que você tem comigo, eu diria que quase paternal, é transmitido através desse afeto que eu tenho por V. Exa., por você, me permita.
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O povo do Ceará tem muito orgulho do seu trabalho. Eu tenho acompanhado, sou um bom crítico, mas certamente a sua condução como Senador tem orgulhado muito o povo do Ceará, os meus irmãos do Ceará.
Eu queria fazer uma saudação especial ao Senador Confúcio, que esteve aqui conosco; ao Nelsinho. Queria também fazer uma saudação especial ao Presidente da FEB, Jorge Godinho. Tive o prazer de conhecê-lo lá na FEB. Sou frequentador daquele espaço que nos transmite muita paz. No momento, às vezes, de confusão aqui na Câmara, eu dou uma fugidinha ali entre uma votação e outra, dou um pulinho na FEB. A gente volta um pouco mais alimentado aí de paciência, que é importante neste ambiente em que a gente vive, mas de muita sabedoria.
Queria saudar também o Sr. José Carlos De Lucca, o Lucianinho, me permita chamá-lo de Lucianinho. Parabéns pelo conhecimento que tem dessa figura ilustre que tanto abençoa a nós brasileiros e temos orgulho. Eu, como político, como Parlamentar jovem, nordestino também, tenho orgulho de personalidades como Adolfo Bezerra de Menezes, que auxiliou o nosso País através da política também.
Queria saudar também o ator Carlos Vereza. Já fui noveleiro, viu, Carlos: vi Rei do Gado, Cara a Cara. Muito seu fã. Prazer dividir esta Mesa com o senhor.
Queria também saudar o Alexandre Caldini e dizer que, mais uma vez, eu me sinto muito honrado em vir aqui a esta Casa, ainda mais numa sessão tão especial, que trata de uma personalidade que tanto inspira a nós brasileiros. Eu queria cumprimentar todas vocês aqui da nossa audiência, em nome da esposa do nosso Senador, que aqui se encontra. Uma salva de palmas. O que seria de um homem se não tivesse uma mulher à sua altura ladeando a nós homens, né? (Palmas.)
É uma enorme satisfação, Sr. Presidente, ocupar esta tribuna para falar de Bezerra de Menezes, do progressista Bezerra de Menezes. Adolfo Bezerra de Menezes foi médico, militar, escritor, jornalista, político e filantropo. Cearense, passou parte da sua infância na antiga Vila de Maioridade, no alto da Serra de Martins, no meu querido Estado do Rio Grande do Norte.
Inclusive, Senador Girão, acho que a gente vai ter alguns problemas, viu? Porque esse seu PL que trata Jaguaretama como a Capital Nacional do Espiritismo, pode haver algum tipo de emenda lá na Câmara dos Deputados, porque existem registros da época em que Adolfo Bezerra de Menezes esteve na Serra do Martins e dizem pessoas daquela região, o Senador Styvenson pode ser testemunha disso, que, quando ele abria a janela e via aquela bela serra, ele dizia: olhe, eu nasci em Jaguaretama, mas o meu sonho e a minha vontade era ter nascido em Martins, no Estado do Rio Grande do Norte. Então, quem sabe na próxima encarnação ele seja realmente um potiguar.
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Bezerra de Menezes foi defensor do abolicionismo. Defendeu não só a liberdade dos escravos, mas também a sua inserção na sociedade por meio da educação. Vejam que atual, se trocarmos a escravatura pela escravidão das ideologias conservadoras e, muitas vezes, o pensamento individualista que vivemos no nosso País.
Durante o Império, foi eleito Vereador na Câmara Municipal do Município Neutro que existia no território correspondente ao Município do Rio de Janeiro atualmente. Também foi eleito Deputado Provincial e Deputado Geral pelo Estado do Rio de Janeiro.
Pioneiro, ainda nos anos de 1860, buscou regulamentar o trabalho doméstico, conferindo direitos trabalhistas como o aviso prévio, e também combateu a poluição em tempos em que poucos tratavam do assunto. Um pensamento muito atual, um pensamento progressista, apesar do pensamento atrasado da época, conservador.
Conhecido como médico dos pobres, via a Medicina como sacerdócio. Não negou atendimento aos enfermos sem recursos. Assim como o Senador Nelsinho Trad, levou sua palavra. Atendeu o próximo sem saber o que aquele próximo tem a lhe oferecer. Uma frase famosa de sua autoria diz que o médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto, de não atender por estar com visita, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, por ser alta noite, mau caminho ou tempo, ficar longe ou no morro. Dedicou sua vida à caridade e ao amor ao próximo, como prega a doutrina espírita. Viveu seguindo os exemplos de Cristo, e seu legado nos inspira.
Nunca devemos limitar as homenagens que prestamos aos homens e às mulheres, às pessoas que eles foram, mas, sim, manifestar publicamente o nosso respeito pelo legado que deixaram. Não se trata de uma questão religiosa ou de fé; trata-se de fazer o bem e reconhecer essa prática como norteadora de toda e qualquer ação do homem.
O entendimento entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal deve existir sempre que o tema interessar não aos seus membros, mas a quem está lá fora. Estamos diante de um desses casos.
Senador Girão, mais uma vez, eu queria agradecer pelo convite e dizer que o espiritismo em minha vida me auxiliou em muitos momentos de dificuldade. Eu não costumo muito expor minha vida particular, mas, nos momentos de escuridão, era onde eu via a claridade. Nos momentos de frio, era onde eu tinha a minha alma aquecida. E até hoje, nos momentos de dificuldade, de inquietude da minha jovialidade, apesar de ter 33 anos e já estar no segundo mandato de Deputado, mas com todas as dificuldades que nós temos, inquietudes e dúvidas, é através do espiritismo que eu encontro o caminho da claridade. É através do espiritismo que eu sempre procuro pensar naquelas pessoas que apostaram e depositaram sua confiança em um Parlamentar. É através do espiritismo que eu busco fazer o bem ao próximo que se inspira na gente, que busca na política realmente uma melhoria de vida. É para isso que a política existe, para auxiliar aquelas pessoas que não têm suas vozes ouvidas, que não têm seus direitos preservados, e eu, como Parlamentar, jurei defender essas vozes que não são ouvidas pelo Parlamento brasileiro e assim continuarei fazendo, como você faz aqui, Senador Girão, e dizer a todos vocês que estaremos sempre à disposição, seja no tratamento legal, através de legislações, através do reconhecimento da doutrina espírita, mas especialmente através do tratamento humano.
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Então, Senador Girão, mais uma vez, obrigado pela oportunidade. Agradeço a todos vocês por dividirem este tempo e esta era.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado, Deputado Rafael Motta. Muito honrado com a sua presença. Ele, como bem colocou, é da terra onde Dr. Bezerra de Menezes, em Martins - não é, Lucianinho? -, ensinou latim quando o professor faltava lá. Inclusive está no filme. O Dr. Bezerra de Menezes, com 13 anos, ensinava latim lá em Martins. Eu estive em Martins. Nós passamos - não é, amor? - uma passagem de ano lá em Martins, acho que uns dois anos atrás. Foi muito marcante. É uma terra abençoada. Faz frio, acreditem, faz frio lá no Rio Grande do Norte! Trinta e três anos não é uma data qualquer. Trinta e três é a idade de Cristo. Para mim, tem um significado especial. Que Deus continue abençoando a sua vida e que você consiga continuar fazendo um grande trabalho.
Candice, que é a esposa do Senador Styvenson, está aqui, estava aqui nas outras sessões também. Muito obrigado pela sua presença. Muito honrado, Candice.
Vamos agora imediatamente passar a palavra aqui, neste momento, para o nosso querido irmão, Alexandre Caldini, que é palestrante, fala fácil sobre o espiritismo. Não sei se ele vai contar para a gente, ele tem uns causos muito interessantes, algumas situações do dia a dia das pessoas, e ele consegue traduzir a doutrina espírita com muita simplicidade e força.
Eu quero agradecer à Secretaria de Turismo do GDF, que está trazendo aqui agora alguns convidados que estão conhecendo o Plenário aqui, nas galerias da Casa. Tudo de bom para vocês!
Registro a presença da Olga Freire, Presidente da Associação Peter Pan, que é referência no Brasil - é lá do Ceará - no tratamento do câncer infantil. Eu tenho certeza de que o Dr. Bezerra apoia o trabalho que é feito lá há décadas, que tem levado muita humanidade, muito amor para as crianças lá da Associação Peter Pan.
Meu amigo irmão Alexandre Caldini, fique à vontade para o seu pronunciamento.
Eu gostei que mudou agora, hein. Agora vai ser o seguinte. Tem que equilibrar. Ali é esquerda e aqui é direita.
O SR. ALEXANDRE CALDINI - Então eu vou para lá. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Então agora vai ser tudo aqui do lado direito, para equilibrar.
O SR. ALEXANDRE CALDINI (Para discursar.) - Exmos. Srs. Senadores, Senadoras aqui presentes, Deputado Rafael Motta, de cuja fala eu gostei muito - parabéns -, caros amigos espíritas e não espíritas presentes aqui hoje, é um prazer estar aqui. Como o Girão disse, nós todos acreditamos na imortalidade do espírito, não há pressa. Então, até meia-noite, meia-noite e quinze, eu sigo falando aqui. Não.
Eu queria agradecer ao Girão. Todo mundo já agradeceu. Eu conheço o Girão e a Márcia talvez há uns dez anos, doze anos, por época do filme, e tive a oportunidade de jantar na casa deles um dia.
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E conto para vocês, se não estiveram lá, que coisa interessante: o Girão tem, tinha lá em Fortaleza - não sei se está aqui também -, na casa, quadros dos principais humanistas. Tem Gandhi, tem Madre Teresa, tem Chico, tem Papa, tem o Dalai Lama, tem todo esse povo lá. Então, isso para mim mostra que beleza que é uma pessoa que preza as diversas vertentes da humanidade, do humanismo, da paz. Então, parabéns!
Se eu fosse definir Girão, eu definiria como uma pessoa extremamente aguerrida, convicta. Ele vai nas causas. E as causas dele são sempre muito nobres. A gente discorda até numa coisa ou outra, numa causa ou outra, no peso que se dá a uma causa ou outra, mas elas são todas muito nobres. E, neste momento, nesta Casa, neste País, quando se discute o armamento, complicadíssimo - e eu acho estranhíssimo se houver algum espírita que defende o armamento; basta ler Kardec para entender que isso não faz nenhum sentido -, e também outras pautas, como aborto, como o jogo, como a tortura, tantas coisas acontecendo, a própria preservação da natureza... Aqui foi falado: o Dr. Bezerra já falava disso há 120 anos. Então, são temas muito atuais, muito pujantes; fico muito feliz que nós tenhamos gente como o Senador Girão aqui atrás desses temas.
Bom, eu não vou falar de Bezerra. Curiosamente, é uma homenagem a Bezerra de Menezes, e eu não falarei de Bezerra de Menezes; porque todo mundo já falou, repetir as mesmas coisas acho que não faz sentido. Então, vou tentar passear por outros caminhos aqui, talvez abordar um pouquinho o que é espiritismo. Vários daqui conhecem o espiritismo muito bem - o Presidente da FEB está conosco -, mas estamos aqui na TV Senado também. E várias pessoas da TV seguramente têm uma vaga ideia do espiritismo, talvez não conheçam tanto. Eu queria falar algumas coisinhas para tentar esclarecer um pouquinho sobre isso.
Antes disso, pela manhã eu coloquei nas redes sociais, no Facebook, no Instagram - "instagram", para parecer mais americano, não é isso? - que eu estaria aqui para falar na homenagem ao Dr. Bezerra de Menezes. E choveu... Havia, até a hora que eu mostrei para o Girão, uns 11 mil likes lá dados. E pouquíssimos, alguns poucos criticando. Qual era a crítica de quem criticava? Falava: "Poxa, o Senado não tem mais o que fazer? Vão lá fazer homenagem agora? Vão trabalhar!". E eu fiquei pensando: puxa, será que tem razão? Não tem razão? Eu acho que não tem razão. Esta Casa trabalha pra caramba. Eu venho a Brasília com certa frequência, vinha mais ainda quando estava à frente de negócios, e vejo gente em Brasília trabalhando arduamente, 8h da noite, seja no Banco do Brasil, seja em outras instituições, no próprio Parlamento. Então, existe gente muito boa e existe gente muito ruim em todo canto; aqui também.
E acho que uma iniciativa como esta, Girão, é fundamental, porque esta é a Casa do povo: reconhecer uma pessoa de mérito, não por ele... E tenho certeza de que o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, sendo um espírito já um pouco mais evoluído do que a maioria de nós, seguramente muito mais evoluído do que eu, não está nem aí para uma homenagem. Ele ia falar: "Ah, bacana, legal, valeu, Girão, mas isso não importa". O que importa provavelmente para ele é o que nós estamos discutindo hoje aqui: o bem, seguir fazendo a tal da reforma íntima, cuidando de nós mesmos, tentando caminhar a passos bons, levando a humanidade para lugares melhores. Então, é um pouco isso que eu queria abordar hoje aqui.
Falando um pouquinho do espiritismo: quando o espiritismo surgiu? Bom, a conversa entre vivos e mortos, encarnados e desencarnados, espíritos que estão neste momento na carne ou fora da carne, isso existe desde sempre. As pitonisas na Grécia há 2.500 anos, 500 anos a.C., na época de Sócrates e Platão, já havia ali comunicação mediúnica. Os pajés aqui brasileiros, os incas, os maias, os astecas, aonde você for, sempre há comunicação, sempre há conversa entre os supostos mortos e os supostos vivos. Então, o espiritismo não é pioneiro nisso. Aliás, ele é muito atrasado, chegou apenas há 160 anos mais ou menos.
Foi ali na França que Allan Kardec codificou - eu nunca entendi bem o que era essa história de codificar, que os espíritas falam: nada mais é do que organizar - esse conhecimento que já havia de uma forma palatável, para que a gente conseguisse entender e discutir um pouco isso.
E há o brilhante filme do Wagner de Assis, meu querido amigo, recém-lançado. Hoje estreia no Netflix para quantos países?
(Intervenção fora do microfone.)
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O SR. ALEXANDRE CALDINI - Para 174 países, exceto China e mais dois ou três, que você me falou, não é?
Então, para quem não assistiu, eu recomendo muitíssimo que assista. Mostra Kardec inseguro em alguns momentos, o apoio da esposa dele, é um filme brilhante, muito interessante.
Bom, a partir daí, surge o tal do espiritismo, e eu queria comentar quatro pilares que eu acho que representam um pouquinho o que é o espiritismo para a gente. Dava para ser seis, oito, dezoito, um pilar só, não é? Mas escolhi quatro aqui, Girão.
Primeiro, a sobrevivência do espírito. Nós espíritas acreditamos que o espírito não acaba, não morre, continua, que a única coisa que fica é o que é material. Quem morre é a célula, o corpo físico. O espírito, não. "Ah, mas o que é o espírito, afinal de contas?" Somos nós. Espírito é você, espírito sou eu. Você que pensa que entende alguma coisa, isso é você, isso é o espírito que continua. "Ah, e como é que você sabe que continua?" Por conta da tal da mediunidade. Várias pessoas vêm e contam: "Olhe, assim, assim e assado..." - e falam coisas. E eu sempre tenho um pouco dessa dúvida: será que existe mesmo esse negócio de espiritualidade, espiritismo, espírito? E eu vejo depoimentos de gente não espírita, absolutamente insuspeita, absolutamente da minha maior confiança, que fala: "Olhe, eu estive numa reunião espírita, e o espírito do meu filho, do meu pai falou isso, isso, isso... Não era possível que não fosse, porque isso só ele e eu sabíamos". Então, eu acredito que, de fato, isso haja, isso exista, e está ali, a partir de Kardec, que diz.
Então, o primeiro pilar: sobrevivência do espírito. Isso já leva a uma série de considerações, não é? Se a gente vai continuar, é bom cuidar, para voltar melhor numa próxima volta, que seria o segundo item, o segundo pilar, que é a reencarnação. Quem sugeriu colocar reencarnação aqui foi o meu filho Pedro, ontem. Quando eu lia isso para ele, ele falou: "Pai, mas se você não falar da reencarnação, não é espiritismo. A base do espiritismo é a reencarnação". E aí é importante compreender que reencarnação não é punição divina. Vários de nós usamos a terminologia carma, aquela coisa pesada, vim aqui para sofrer, e eu não entendia isso quando eu comecei no espiritismo. "Esses espíritas são todos loucos, eles acham que sofrer é bom, que história é essa?"
E sofrer não é bom e não é necessário, e Deus não deseja que nós soframos. Os problemas existem para que nós pensemos a respeito: "Ah, está ruim, está difícil. Espera aí, espera aí... Ah, eu acho que vou por aqui. Não, não deu certo. Eu vou por ali. Opa, deu certo", para que nós achemos os caminhos, desenvolvamos o intelecto, nos desenvolvamos moralmente também. Só para isso existe a reencarnação. Então, o primeiro pilar é a sobrevivência do espírito. Segundo, a reencarnação, não como uma punição divina, mas como uma benção na verdade, uma oportunidade de conhecermos mais e mais, a todo momento, sobre tudo.
O terceiro pilar é a evolução, o progresso sem cessar do espírito. Mas todo mundo evolui? Sim, todo mundo evolui. Todos nós, que somos espíritos, criações divinas, temos a mesma oportunidade. E o mais picareta do mais picareta, o mais bandido do mais bandido, também esse evolui? Sim, também esse evolui, só que não dá um pulo, não dá um salto. É lentamente, um pouquinho depois o outro.
Outro dia, o centro espírita que eu frequento em São Paulo, você conhece o Gerson, um dos fundadores, um senhor de oitenta e poucos anos, brilhante - Gerson Rodrigues e a Regina, esposa dele -, e o Gerson me falava que não há salto. Ele falava assim: "O traficante de droga, esse cara já evoluiu? Sim ou não?" Eu falava: "O traficante de drogas? Que difícil, não é, Vereza?" Ele falava: "Já evoluiu. Esse cara, em outra encarnação, era o traficante de humanos, traficava escravos". O que é melhor: traficar escravo ou traficar droga? Ah, nenhum dos dois é bom, mas, entre os dois, melhor é traficar droga. Então, vejam: não é um "saltaço", não é um bandidão que vira mocinho rapidinho. É aos pouquinhos, pelo esforço próprio, o nosso próprio esforço.
Então, primeiro, a sobrevivência do espírito; segundo, a reencarnação; terceiro, a evolução, o progredir sem cessar; e o quarto, que eu achei aqui, eu tentei pensar em dois termos que estão muito na moda hoje em dia, que eu acho que o espiritismo não usa esses termos, mas a significância é a mesma. O espiritismo tem 160 anos, esses termos devem ter 20 anos. Quais são eles? Empoderamento e meritocracia. Como assim, isso é espiritismo? Sem dúvida que é. Empoderamento em que sentido? O espiritismo eu acho que não é para todo mundo. Por que não é para todo mundo? Porque ele é "pauleira"! Se você vai a um centro espírita buscando milagre, queridão, queridona, não é aqui. Não vão ser resolvidos todos os seus problemas. Ninguém vai resolver o seu problema. "Ah, tira esse espírito encostado aqui em mim!" Não é assim que a coisa funciona.
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O que o espiritismo faz pela gente? Ajuda-nos a compreender melhor as coisas; e, mais que tudo, compreender a nós mesmos de uma forma melhor. A partir dessa compreensão, "está aqui, é seu, se vira, eu te apoio, eu te explico, eu te ajudo, mas é você que resolve os seus problemas". E nem todos nós queremos isso porque dá trabalho. É mais fácil delegar para outro resolver o nosso problema, não é? Só que não funciona. Então, o tal do empoderamento está aí: você tem poder de resolver suas próprias coisas, e o espiritismo ajuda nessa compreensão. Mais uma vez: os problemas não acabam, o que muda é que nós aprendemos a encarar os problemas de uma forma diferente, agir de uma forma diferente e, por consequência, sofrer menos com os mesmos problemas.
E a história da meritocracia, onde é que vai? Vamos pegar um exemplo aqui. Duas pessoas, dois irmãos gêmeos univitelinos, iguaizinhos, um a cara do outro, são idênticos, são iguaizinhos. Sim ou não? Não são, são muito parecidos, mas parece que, para um, a vida sorri, tudo dá certo, tudo é bacana, tudo vai bem, é uma maravilha; e para o outro, a vida é um horror, tudo dá errado, só dá cabeçada, todo mundo meio que o sacaneia. Ele fala: "Mas como pode? Deus é injusto! Deu muita alegria, felicidade, tranquilidade para esse e nada para esse!" Não, é que não são o mesmo espírito; parecem um com o outro porque fisicamente parecem, mas são espíritos diferentes. Esse aqui já tem mais mérito ou, como foi dito aqui, já é um espírito mais antigo, já viveu mais, já aprendeu mais, já tirou de si os seus problemas, tirou a sua arrogância, a vaidade, o egoísmo, a maledicência. Tudo isso ele já retirou, então é só natural que ele encare melhor a vida e viva uma vida mais tranquila. Isso é mérito, progresso. O outro também chegará lá, só que talvez demore um pouquinho mais, vai depender da aceleração que ele der no seu próprio aprendizado.
Os quatros são: sobrevivência do espírito, reencarnação, evolução - progresso sem cessar - e o empoderamento, meritocracia.
Quando a gente fala dessa coisa de crescer, de meritocracia, eu canso de ouvir, no centro que frequento - vocês devem ouvir também -, você fala qualquer coisa e as pessoas falam assim: "Ah, mas não é fácil!" É fácil? Não é fácil. Estar encarnado na Terra não é fácil, aqui é duro, porque nós merecemos estar aqui. Ainda bem que estamos aqui, neste momento histórico, em um País como o Brasil, num perrengue danado. Que bom, estamos sendo mais forçados a resolver as questões! Vamos crescer provavelmente mais rapidamente, vamos desenvolver soluções mais rapidamente. Se não é fácil, eu sempre respondo: "Não, não é fácil, mas é possível". É isto: é possível, dá? Você tem que estar afim e tem que caminhar para tanto.
Falando um pouco mais do espiritismo. Fui pegar no censo do IBGE os dados que vocês conhecem - IBGE de 2010, que já está bem desatualizado - e que dizem o seguinte: o espiritismo é a terceira maior religião do País. É a religião de maior renda, em que as pessoas que frequentam, os espíritas têm a maior renda entre a população. É a religião das pessoas com maior número de anos de estudos - se não me engano, nove anos e meio ou coisa assim. Diz também que é a religião que mais pessoas têm nível superior - 31,5% dos espíritas têm nível superior de acordo com o censo de 2010; o próximo censo provavelmente vai, imagino, ser ainda melhor. Entre o penúltimo censo, 2000, para 2010, cresceu em 65% o número dos que se declararam espíritas, ou seja, mais ou menos 4 milhões de pessoas se autodeclaram espíritas - lembrando que muita gente tem vergonha de dizer que é espírita ainda hoje em dia, por incrível que pareça.
Eu acho, na verdade, que esse número é muito maior. E há uma série de especulações quanto a esse número. Eu acredito que talvez seja um quarto da população brasileira, talvez alguma coisa como 50 milhões de pessoas. Por quê? Porque todos vocês que nos assistem agora pela TV e que estão aqui hoje, seguramente, conhecem alguém - um tio, uma tia, um primo, um irmão - que fala assim: "Eu não sou espírita, eu gosto, eu simpatizo, de vez em quando até vou a um centro espírita". Já ouviram essa história ou não? São só 97,8% da população brasileira. Quando a coisa aperta, "opa, deixa eu tomar um passe", como se o passe resolvesse tudo. Passe não é Neosaldina, não é Cibalena, não é nada disso. O que resolve é mudar a si mesmo. O passe ajuda, mas não é a solução da lavoura.
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Se você pensar, as pessoas que leem livros espíritas, romances espíritas, os que vão lá tomar um passe, os que estão atrás de psicografia, os que vão em busca de cura, tudo isso é gente que está orbitando em torno da filosofia espírita, mesmo não sendo espíritas confessos.
Falei aqui em filosofia espírita, e o Godinho, Presidente da FEB, falou um pouco de ciência, o espiritismo como ciência. Eu tenho uma grande discussão comigo mesmo, que é, afinal de contas, o que é o espiritismo? É religião? É ciência? É filosofia? O próprio Kardec abordou lá... No meu entendimento, ele deu uma escorregada ali para não ficar mal com ninguém e tal. Eu não acho, é a minha opinião, que o espiritismo seja uma religião. E eu não quero achar que o espiritismo seja uma religião, porque acho que daí fecha, trava. E os exemplos que a gente tem das religiões ao longo da história da humanidade são todos catastróficos: é poder, pressão, condução para onde eu quero. É muito complicado. Eu acho que o espiritismo está ainda passando batido nessa história toda, o que é muito bom.
Acho que a confusão talvez venha de Jesus. "Ah, vocês são cristãos? Ah, vocês estudam Jesus?" Sim, o espiritismo estuda Jesus, não como um Deus, não confunde Jesus com Deus, mas como um espírito "mega-hiper-blaster" evoluído. E, portanto, um exemplo a ser seguido. E os ensinamentos de Jesus estão a toda hora sendo analisados, estudados por nós, espíritas, claro como um belíssimo exemplo.
Mas há muitas diferenças entre o espiritismo e as religiões. Por exemplo, o espiritismo não tem profissionais. Ninguém vive do espiritismo. Todos são voluntários, o que é maravilhoso. Eventualmente, até conheço uma casa em São Paulo que tem uma gerente paga para cuidar, porque é uma casa grande. Então, ela é paga para cuidar da casa. Às vezes, você tem alguém que cuida do ambiente, mas não tem profissionais. Não tem um padre, um sheik, um rabino, um presbítero. Não, o espiritismo não tem ninguém profissional. Nós não temos objetos sagrados, tampouco temos locais sagrados. Agora, se passar essa capital brasileira do espiritismo, espero que não vire uma meca para os espíritas terem de ir lá uma vez por ano, uma vez na vida. Que seja para passear. Nós não temos um lugar sagrado, não temos nenhum objeto sagrado, o que é maravilhoso. Fiquemos firmes nisso.
Para mim o que é mais importante... Acho que hoje é um momento importante para a gente discutir isto: o espiritismo não tem um líder. O espiritismo não tem um ídolo. E é complicado. E pessoas famosas... E o Chico foi um cara maravilhoso, espetacular, mas ele mesmo fazia questão, quando alguém beijava a mão do Chico, o que ele fazia? Beijava de volta para falar: "Eu não sou mais que você. Eu sou igualzinho a você" - bárbaro, humilde, modesto. Seguramente, o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes a mesma coisa. Então, eu acho que a gente tem que ter cuidado com esses que se falam como a voz do espiritismo. O espiritismo não tem uma voz. E essa é a beleza do espiritismo.
Aí eu passo já para um outro caminho que são as casas. As casas espíritas também não têm uma central que cuida das casas, apesar da FEB. Cada casa cuida de si. Essa autogestão, essa autodeterminação para mim é uma coisa encantadora. Como é que pode haver 15 mil centros espíritas no País? Gordinho, é mais ou menos 15, 20 mil centros espíritas, cada um cuida... Eu dou palestras em vários lugares e cada uma cuida de um jeito e funciona. Isso é maravilhoso, é um exemplo de autodeterminação, autogestão.
Espiritismo não tem sacramentos - vocês sabem bem -, não tem casamento, não tem batismo, não tem crisma, porque a gente acha que não faz sentido apresentar uma criação de Deus para Deus. E quem não for apresentado, ferrou! Não, não faz sentido. Não tem promessas, não tem autoflagelação, porque não faz sentido quebrar o corpo. Tem que quebrar o espírito, mudar o espírito e não o corpo.
E importante para quem nos ouve agora, tudo no espiritismo é gratuito. Não há dízimo, não há venda de nada sagrado, de nada que seja bento, de nenhum amuleto. Mas eu vejo, nas cidades, nos postos, aquelas videntes espíritas falando que fazem amarração, que trazem a pessoa amada em nem sei quantos dias. Isso é espiritismo? Não, nunca foi. As pessoas usam da palavra espírita, espiritismo, porque ela goza de uma credibilidade, de uma seriedade, mas isso não é espiritismo. Se você vai a algum lugar que lhe cobram algo, ali não é espiritismo.
O espiritismo nada proíbe. Como assim? Eu posso fazer o que eu quiser? Posso abortar? Posso assassinar? Posso roubar? Posso estuprar? Posso matar? Bom, essa só a história da humanidade até hoje. Mas eu posso, só que causa e consequência. Arcarei, como foi bem dito aqui pelo Girão, no exemplo oposto, de arcar com o bem que se faz, mas também se arca com o mal que se faz. Mas você pode o que quiser.
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Recentemente, estava dando uma palestra em Teresina... Essa não foi... Foi na Bahia. Uma senhora muito simpática estava me contando da sobrinha, que quis ir ao espiritismo - nunca tinha ido a um centro espírita - e falou: "Tia, mas eu posso me maquiar?" A tia falou: "Que pergunta é essa? Claro que pode." "O espiritismo não proíbe maquiagem?" Ela falou: "Não. Imagine! O espiritismo nada proíbe." Por quê? Porque você faz o que quiser e arca, essa é a beleza, para o bem e para o mal, como foi dito aqui.
Por fim, entre as diferenças das religiões, o que eu acho mais bonito, talvez, é que o espiritismo não é exclusivista, claramente é dito o tempo todo: você não precisa ser espírita. Isso não importa nada, isso não garante nada, importa a prática da caridade, é o tal de fora da caridade não há salvação, ou seja, importa a prática do bem, seja você de que religião for, de que seita for ou de seita nenhuma, agnóstico, ateu.
E aí é preciso cuidar, também... Nós espíritas... Cansei de ver, sobretudo na época eleitoral: "Ah, mas eles não são cristãos, fulano não é cristão." E daí que não é cristão? Só os cristãos são filhos de Deus? Só os cristãos merecem alguma consideração? É claro que não! Os muçulmanos não merecem consideração? Os ateus, os agnósticos, os judeus não merecem consideração? Claro que sim. Então, é importante ampliar isso. E nós espíritas somos pela amplitude. Aqui nós falamos várias vezes, brincando, do Ceará e tudo o mais, mas eu penso, Girão - e você seguramente assim age -, que os Senadores e Deputados agem por suas bases eleitorais, mas não apenas. Sêneca, brilhante filósofo da época de Cristo, disse assim: "O mundo é a minha casa". Então, acho que quem está aqui nesta Casa defende, sim, a sua base eleitoral, mas não apenas, defende, sim, o Brasil, mas não apenas, defende o mundo, a humanidade, assim como cada um de nós aqui. O nosso compromisso é com a nossa casa, a nossa casa não é nem a humanidade, é o universo. Quando a gente entende isso, tudo melhora, tudo muda.
Por fim, três conceitos, rapidamente: livre arbítrio, um conceito claro do espiritismo. O que é livre arbítrio? Posso fazer o que eu quiser e arco com as consequências.
Aqui nesta Casa, fazem-se leis. O Senado Federal, a Câmara Federal fazem leis. O Poder Legislativo legisla e nós todos estamos subordinados a essas leis. Mas essas leis são temporárias, são falhas, são mutáveis. O que é permitido hoje no Brasil não era tempos atrás, ou ao contrário. Na época de Bezerra de Menezes, ele próprio abolicionista, era permitido ter um escravo ou você ser o escravo de alguém. Hoje isso não é mais permitido. Então, a legislação humana muda de acordo com o tempo, de acordo com o país, de acordo com o povo. Mas há uma lei que não muda nunca. Que lei é essa? A lei de Deus ou a lei moral, a lei da ética - chame como quiser chamar - ou a lei natural. É uma lei só. Que lei é essa? Dá para traduzir por amor, caridade, bem. Agir no bem é uma lei universal. Quando nós aprendermos isso, a Terra passa de qualidade, vira de prova e espiação para regeneração. É o tal do amor ao próximo, do amai ao próximo como a ti mesmo. A gente fala, fala, fala, para os outros, mas, para nosostros acá nada. Por que é que a gente fala de amor ao próximo e não ama o próximo? Por que a gente insiste em se armar para matar as pessoas?
(Soa a campainha.)
O SR. ALEXANDRE CALDINI - Por que gente pratica o aborto? Por que a gente pratica o suicídio? Por que a gente quer se livrar daquela pessoa incômoda via eutanásia? São temas atualíssimos. Por que a gente mata pessoas via lucro exacerbado? Ou isso não acontece? Pense em várias indústrias em que o lucro é... Pense num medicamento, num medicamento necessário que custa caríssimo, em uma pessoa não poder ter acesso e alguém está ficando muito rico com isso! Aliás, houve uma fala muito interessante de uma Senadora aqui sobre um tema parecido, logo antes desta sessão. Por que a gente mata via desvios de dinheiro, tão comuns? Via suborno, uma discussão tão frequente? Por que a gente opta pelo suborno, por subornar ou por aceitar suborno se a gente sabe que isso é errado, se a gente sabe que isso não é bom? Por que a gente usa droga? Por que a gente mente? Por que existem as tais das fake news? Aliás, sobre isso, se vocês não viram, recomendo, na Netflix, um documentário chamado Privacidade Hackeada, muito interessante, muito importante, absolutamente necessário assisti-lo.
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Mas, enfim, vamos pegar uma coisa mais simples: por que a gente fofoca? A gente sabe que a fofoca não faz bem a ninguém. Eu diria que a gente fofoca, faz tudo isso por ignorância. A gente ignora que agir mal é contra o nosso interesse. A gente acha que é bom agir mal, porque eu vou sair ganhando, vou ter alguma vantagem com isso - vantagem nenhuma.
Outra coisa é assim: "Ah, mas eu não fiz nada de ilegal". Pode não ter feito de ilegal, mas fez alguma coisa imoral. Então, a gente devia pautar a nossa vida pela moralidade, não só pela legalidade.
E a pergunta é: por que Deus permite? Porque Deus permite o livre arbítrio. A gente faz o que a gente quiser e existem as consequências disso. Deus não fica cuidando de cada um de nós. Mas, junto com o livre arbítrio, vem a Terceira Lei de Newton, ação e reação, ou causa e efeito. Faz e recebe, não há como não receber de volta. A história do plantio livre e a colheita obrigatória. Plantei coisa boa, recebo coisa boa, e o contrário também é verdadeiro.
Por fim, o outro item, o autoconhecimento, aquela história do conhece-te a ti mesmo, que estava lá no templo de Delfos, na Grécia antiga, 2.500 anos passados. O autoconhecimento é a chave. Quando nós conseguirmos compreender a nós mesmos, quando a gente se perguntar o tempo todo "Por que eu sou assim?", "Por que eu ajo assim?"...
(Soa a campainha.)
O SR. ALEXANDRE CALDINI - ... e começarmos a mudar uma coisinha depois da outra, imagine cada um de nós fazendo isso, todos que nos assistem nessa hora fazendo isso, todo mundo cuidando de si, de se melhorar, em vez de falar mal do outro, em vez de querer que o outro mude, quando isso acontecer, está tudo resolvido.
Frequentemente, vários aqui são palestrantes espíritas, seguramente acontece com vocês, quando eu acabo uma fala no centro espírita que eu frequento, as pessoas falam: "Nossa! Ai, eu gostei tanto dessa fala, foi tão boa. Meu marido que tinha que ter ouvido" ou "Minha mulher que tinha que ter ouvido" ou "Meu filho", nunca sou eu, não é? Não, é conosco, não é com o outro. Você não muda o outro, mas você pode mudar a si mesmo.
Enfim, encerrando a coisa toda, voltando para o Dr. Bezerra de Menezes, eu diria o seguinte, que ele, como todos nós, é um espírito que encarnou aqui imperfeito, mas que ele, diferentemente de vários de nós, provavelmente, foi buscar a sua melhora. Ele reconheceu que precisava melhorar e foi atrás disso, teve compromisso consigo mesmo no bem e lutou para tanto. A gente viu os exemplos de quanta luta ele fez, usou o seu livre arbítrio.
E onde é que existe ação e reação com o Dr. Bezerra de Menezes? Está aqui a ação e reação. A ação foi lá, a reação é hoje, 188 anos depois do nascimento, do reencarne dele aqui, nós estamos na maior Casa do Parlamento brasileiro, homenageando essa pessoa. Olha, está aí a devolução, uma pequeníssima devolução de tudo que ele fez e é, mas é uma devolução. Quantos de nós, Senadores ou não Senadores, poderemos dizer que daqui a 188 anos, acho que dão em dois mil e qualquer coisa, sei lá quanto, daqui a 180, quase 200 anos, será que algum de nós será lembrado e falarão: "Poxa, o cara era porreta, hein? O cara era bom. Olha, o cara fez isso, aquilo, fez aquilo outro?". Dificilmente, mas a gente deveria querer isso. Não pelo legado, não pela glória de ser lembrado, porque eu tenho certeza de que para Bezerra de Menezes isso não importa nada, mas pela beleza de ter contribuído, de ter crescido em si mesmo. Isso é que a gente devia sempre tentar e buscar.
Então, aos Senadores, Senadoras, a todos nós, eu digo o seguinte, sobretudo aos Senadores, Girão, e aí falo para você, representando todos os seus colegas: têm um poder muito grande na mão, pelo que representam aqui, e o poder não lhes pertence. O poder é de quem votou em vocês. Isso tem que ser claro o tempo todo, e é difícil. O poder, eu tive muito poder, você sabe, fui Presidente de duas grandes empresas e tal, e optei por não continuar. E a vida muda. Então, assim como o poder fascina, o poder vai embora rapidinho. Ele muda de mãos muito rapidamente, sobretudo se for feito mau uso dele.
Então, eu diria, se me permite, com toda a modéstia do mundo, sugerir, recomendar que não só os Deputados, Senadores, mas todos nós aproveitemos a oportunidade da reencarnação para agir, falar menos e agir mais. Agir de forma correta, no bem, na ética, no que a gente sabe que é o certo e não escorregar na justificativa que a gente sempre tem.
Caminhemos como o grande exemplo que foi Adolfo Bezerra de Menezes.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado, meu querido irmão, Alexandre Caldini. Muita paz para você.
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Vamos aqui nesse momento agradecer também a presença do Fernando Girão, que está aqui conosco; do Roberto Lasserre, que nos ajudou também muito a fazer esse evento; de toda a equipe do Senado Federal, uma equipe comprometida. Muito obrigado mesmo.
E nós vamos imediatamente passar a palavra aqui para o nosso querido irmão, José Carlos de Lucca, orador espírita, Juiz de Direito do Estado de São Paulo. Por favor, pode ocupar ali a tribuna, fazer uso da palavra. De Lucca, grande escritor. (Palmas.)
Também quero agradecer a presença do João Rabelo, que é Diretor da FEB (Federação Espírita Brasileira"). Muitíssimo obrigado pela sua presença, meu irmão querido.
Com a palavra José Carlos de Lucca.
O SR. JOSÉ CARLOS DE LUCCA (Para discursar.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Eduardo Girão, permita-me a informalidade, mas quero cumprimentar você, o espírita, o irmão, o cidadão e o representante desta Casa pela iniciativa, tão importante para esses dias.
Recordo aqui uma frase de Monteiro Lobato, conhecida: "Um país se faz com homens e livros"; o Brasil foi feito com a história de Bezerra de Menezes. E é essa a história que nós estamos recordando, não por mero saudosismo, mas porque queremos nos banhar nas mesmas águas em que Bezerra navegou, para que nós possamos também, da nossa parte, construir um País melhor, uma Terra melhor, um Planeta melhor.
Em seu nome, cumprimento todos os Senadores, funcionários desta Casa, servidores do seu gabinete e todos aqueles que se empenharam para que esta cerimônia pudesse se realizar.
Também cumprimento o nosso Presidente Jorge Godinho, da Federação Espírita Brasileira. Em seu nome, presidente, cumprimento não só V. Exa., o amigo, o dirigente da nossa federação, mas também a toda família espírita que está aqui conosco presente, toda família que ama Bezerra de Menezes, todos os espíritas que estão nos acompanhando pelas redes sociais, pela televisão.
É uma alegria poder participar desta cerimônia ao lado de V. Exa., ao lado também de presidentes das demais federações, do Ceará e também do Distrito Federal, a quem cumprimento.
Eu queria, com o perdão da ousadia, entrar nessa disputa de Bezerra de Menezes. Eu digo que ele nasceu no Ceará, passou ali pelo Rio Grande do Norte, mas tudo isso aconteceu porque ele não conheceu São Paulo. E, se tivesse conhecido, a história certamente seria outra. (Risos.)
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Ouvimos a palavra de Jesus, um alerta importante: nem todos aqueles que dizem "Senhor, Senhor" entrarão no Reino dos Céus, mas somente aqueles que praticarem a palavra do Senhor. E Bezerra de Menezes, indiscutivelmente, foi o discípulo do Evangelho que se distinguiu não apenas por tê-lo ouvido, mas por tê-lo vivido em todos os âmbitos da sua vida, quer como pai, quer como esposo, quer como cidadão, quer como político, quer como médico. Em todas as áreas em que Bezerra enveredou em sua vida, tão rica, ali estava viva a ideia de alguém que tinha princípios, princípios que não estavam apenas nos templos religiosos, princípios que não estavam apenas nos livros, nos textos sagrados, mas que estavam entremeados na sua vida, na sua dinâmica, sobretudo, na minha modesta percepção, sobretudo na preocupação imensa dele com as pessoas que hoje a sociologia chama de pessoas invisíveis.
É fácil a gente notar as pessoas visíveis. É fácil estarmos aqui a reverenciar com justeza os Parlamentares, os políticos, as autoridades. Era muito bom e é muito gostoso tirar uma foto ao lado de um ator famoso, brilhante, mas Bezerra de Menezes olhava para os invisíveis, para os que não tinham nome, os que não tinham dignidade, os que não eram ouvidos pelo Estado, pelos Poderes Públicos, os que não tinham dinheiro para pagar uma consulta, os que não tinham dinheiro sequer para comprar o remédio das suas receitas. Por isso se tornou tão célebre o episódio, que todos nós conhecemos, que emociona, tão bem interpretado pelo Carlos Vereza, em que ele retira o anel de formatura, uma joia tão rara à época, tão importante, de tanto prestígio, para que, com aquele anel... Uma mãe cujo filho estava enfermo e que acabara de receber uma receita gratuita, como tantas e tantas outras, ele, então, ouvindo a súplica daquela mãe dizendo que não tinha dinheiro para comprar os remédios e sequer para comprar comida - talvez estivesse aí a razão da própria enfermidade: inanição. E ele, que também não tinha dinheiro algum, revirou os bolsos... Não era apenas o médico dos pobres, era um médico pobre e talvez, por isso, tinha empatia de saber o que é um estômago roncando, de saber o que é chegar em casa e talvez não ter nada para comer, como tantas vezes sua segunda esposa se preocupava: "Bezerra, a despensa está vazia". E ele dizia: "Confiemos em Deus". E Deus nunca faltou, mandando pessoas anônimas. E, quando Bezerra chegava em casa à noite, a esposa agradecida: "Bezerra, que bom que você mandou alimento!". Ele disse: "Eu?". "Sim, chegou uma entrega, uma encomenda." "Mas não fui eu." "Quem foi?" "A providência divina."
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A providência que Bezerra foi para os invisíveis, a cura que ele foi. A sua pessoa curava. Apontamentos feitos pelos estudiosos, como Luciano, narram que Bezerra de Menezes, ao chegar ao seu consultório onde atendia à população desprovida de recursos, antes de entrar na sala, ia cumprimentar um por um dos pacientes, e os abraçava, e os olhava com aquele olhar que talvez a imaginação nos permita. Seus olhos esverdeados, como as praias do Ceará, os olhavam com ternura, eram pessoas importantes para ele. E muitos se sentiam curados com o abraço. Talvez não eram os remédios homeopáticos e alopáticos, os quais muitos talvez nem dinheiro tinham para comprar, era o acolhimento, certamente suprindo a carência emocional de cada um, o que provavelmente seja o cerne das nossas enfermidades. Este olhar de Bezerra para as pessoas próximas e mais próximas, as que não eram notadas, as que são esquecidas e que ele jamais deixou de olhar e não apenas olhar, comprometer-se, tão diferente de nós que muitas vezes ouvimos apenas a palavra, nos encantamos com ela, mas não damos o próximo passo, como disse o Caldini.
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Eu me recordei, não com uma certa tristeza, que, em uma noite de frio em São Paulo, eu passei por uma esquina, e havia ali um morador de rua em São Paulo. Havia muito frio, ele estava ali tremendo. Eu havia saído do centro, e estava então envolvido pela mensagem, pelas energias, e fui capaz então de parar. Olhei para ele e o que eu fiz foi uma prece: "Meu Deus, socorra este irmão, envie vibrações que possam aquecê-lo". Terminada a prece, eu estava tão feliz e orgulhoso de mim mesmo, e fui embora. Fui embora para a minha residência. Entrei, tomei meu banho quente, me agasalhei, pus touca, meia, fechei todas as janelas, e sentia muito frio. Deitei-me, depois da refeição, e fui fazer as minhas preces. E nas minhas preces, uma voz me disse: "Suas preces em favor daquele irmão foram ouvidas". Eu fiquei tão feliz! E perguntei à mesma voz: "Qual foi a solução?". "Bezerra de Menezes sugeriu seu nome para socorrer aquele irmão". Eu falei: "Eu - eu, que já estava todo enrolado nas cobertas?". "Sim".
E aí, com muita dificuldade, me vesti - ou desvesti - e fui em busca de algum agasalho, de algum alimento para aquele irmão, algo que em Bezerra de Menezes já teria acontecido naquele instante da prece, ou talvez ele nem tivesse orado, ou a sua oração teria sido a própria caridade. Ter tirado a roupa, ter tirado o próprio casaco, ter atravessado a rua para comprar um café com leite e ter se ajoelhado para conversar com aquele irmão. Ter perguntado o nome dele - e, muitas vezes, em nossos trabalhos sociais, no grupo espírita a que pertencemos, sempre temos essa lembrança: perguntar o nome desses irmãos de rua. Quando nós perguntamos qual é o seu nome, muitos deles se assustam, porque já perderam tanta dignidade que muitos nem sequer se lembram de quem são e como se chamam.
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Mas Bezerra de Menezes era esse coração aberto, coração pronto; não era para depois. Embora fosse reencarnacionista, nunca deixou a sua salvação, a sua caridade para outra encarnação, para depois, para amanhã.
Quando altas horas da noite foram procurá-lo em sua casa, era uma mãe desesperada com a saúde do filho - e não havia quem o socorresse - que foi pedir ajuda a Bezerra de Menezes. Ele estava nos seus aposentos, estava com um filho doente, com febre. E a mãe dizia: "Bezerra, por favor, socorra meu filho". E a esposa de Dr. Bezerra dizia: "Meu marido, nosso filho está com febre". E ele disse: "Nosso filho está cuidado, está amparado por Deus; agora, este outro filho não tem ninguém que o vele". Saiu de casa altas horas da noite, foi a pé, subiu os morros do Rio de Janeiro, atendeu de graça, deu remédio de graça e voltou para sua casa altas horas da noite. E, ao entrar, viu o filho, cuja febre havia cedido.
Esse é Bezerra. Esse é o homem que, estando prestes a desencarnar depois de um provável acidente vascular cerebral, depois de quatro meses acamado, sentindo já a morte próxima, pediu para que o colocassem sentado na cama. A família, com esforço, deixou. E falaram: "O que você deseja, Bezerra?". E ele, com dificuldades, disse: "Estou preocupado com os meus doentes. Eles me aguardam, mas a senhora há de ampará-los". Esta fala a mim me tocou muito, quando ele diz comovido: "Os meus doentes me aguardam". Ele estava preocupado com os doentes.
Sr. Senador Girão, o povo nos aguarda. O povo aguarda esta Casa, aguarda V. Exa. e seus pares, aguarda os juízes, aguarda os médicos, os professores, os artistas; aguarda todos nós. Só assim a nossa homenagem a Bezerra de Menezes será viva.
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Ainda ontem em nosso centro, fazendo um trabalho em homenagem ao Dr. Bezerra, um dos médiuns da instituição trouxe uma notícia de onde estaria o Dr. Bezerra naquele momento da homenagem, e a informação é de que ele estava num barraco da periferia de São Paulo, atendendo uma gestante tuberculosa, prestes a desencarnar.
Bezerra está nos esperando. O Cristo está nos esperando. E as nossas mãos não podem ficar mais ociosas. Gratidão a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Muito obrigado. Muito obrigado. Deus o abençoe.
Bom, parece que foi combinado aqui, mas a gente sabe que não existe coincidência, existe "Jesuscidência"; e há pouco tempo eu descobri que também existe a "Cristocidência". Enquanto De Lucca estava fazendo a palestra, ele citou uma cena do filme Bezerra de Menezes, O Diário de um Espírito, e a Ludmila e o Francisco, pessoas aqui muito comprometidas com esta sessão, tinham preparado uma surpresa. E, no momento em que eu vou chamar o último palestrante, Carlos Vereza, que interpretou o Dr. Bezerra no cinema, nós vamos passar essa cena, uma das cenas tocantes do filme. Não sei se o Vereza se lembra, mas a primeira entrevista nacional que ele deu sobre o filme, em 2008, antes do seu lançamento, no Jô Soares, essa cena foi passada lá, durante a sua entrevista.
Vamos à cena do filme Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito.
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(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Carlos Vereza, por favor, suba à tribuna, você, que já interpretou um Senador da República, vai fazer uso da palavra. Eu queria dizer que a sequência dessa cena é tão linda quanto essa cena, porque vem aquela passagem em que ele diz que um médico não pode negar o atendimento, mesmo que esteja terminando a refeição, mesmo que não tenha um transporte. É linda a sequência dessa cena. E um trabalho belíssimo do cineasta Glauber Filho, que não pôde estar aqui hoje, mas fica a minha gratidão.
Carlos Vereza.
O SR. CARLOS VEREZA (Para discursar.) - Estimado irmão Eduardo Girão, Sr. Senador Confúcio Moura, Sr. Senador Nelsinho Trad, Sr. Deputado Federal Rafael Motta, Presidente da Federação Espirita Brasileira, Sr. Jorge Godinho Barreto Nery; orador espírita Juiz de Direito do Estado de São Paulo, Sr. José Carlos de Lucca; biografo do livro Bezerra de Menezes: Fatos e Documentos e Presidente do Centro de Documentação Espírita no Ceará, Sr. Luciano Klein Filho; escritor espirita, Sr. Alexandre Caldini, eu estava vendo essa cena e até hoje eu não entendo como é que escolheram um pecador para interpretar um santo. É sério! Quando o Girão me convidou, eu disse: "Tem que chamar o Chico Xavier, o Divaldo Franco para interpretar o Dr. Bezerra de Menezes". Mas eu fiquei pensando: eu não vou pesquisar. Eu sabia dos dados biográficos, enfim, mas eu não queria me preocupar com dados biográficos.
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Eu pedi ao Dr. Bezerra de Menezes que encontrasse em mim o que eu poderia ter de melhor para chegar, ainda que modestamente, muito longinquamente, perto da grandeza do médico dos pobres. E eu pude perceber, durante a filmagem, que alguns elementos da equipe foram curados.
Olhando esta Casa, eu me lembro de um aspecto muito importante do Dr. Bezerra, que é o aspecto do homem político. Porque ele foi Vereador, ele lutou contra a escravidão, a favor da abolição, construiu a estrada Macaé-Campos. Enfim, era um homem voltado fortemente para o cotidiano, para a realidade.
Aí ocorre-me que esta Casa, que é uma Casa política... Remeto-me à etimologia da palavra política: polis, cidade, ação pelo bem comum. E penso também num certo pudor que alguns confrades têm...
Ficou faltando o boa noite para as senhoras e os senhores do Plenário. Eu estava um pouco emocionado com a cena, desculpem.
Certos confrades têm pudor de falar em política. Por favor, não confundam política com política partidária, é completamente diferente! Estamos vivendo um momento gravíssimo em que se travam dois tipos de combates: no plano espiritual e no plano da Terra. Espíritos resistentes, que sabem ou intuem que serão transferidos para orbes mais primitivos, mais atrasados, tentam desesperadamente conturbar e atrapalhar o desiderato do País, como pátria do Evangelho. São dois tipos de combate. E cabe aos espíritas esclarecerem aos confrades que nos visitam, que há uma estratégia de pegar primeiro as crianças, através da sórdida e sinistra ideologia de gênero.
O que é a ideologia de gênero? Eles confundem no noticiário, falam como se fosse discriminar o gênero feminino. Não tem nada a ver. Ideologia de gênero tem a ver com um critério absolutamente absurdo que diz que a criança não é menino nem menina, que durante a vida ela vai escolher se quer ser masculino ou feminino, indo contra o código genético, indo contra a própria determinação divina. O DNA não muda. É um outro dado que nós devemos colocar para as pessoas que frequentam as casas espíritas. Se nós não falarmos de política com as pessoas que frequentam a casa espírita, outras religiões o farão, e farão de uma maneira deturpada, farão de uma maneira dogmática, de uma maneira assustadora para que a gente tenha medo do divino e não amor pelo divino.
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Por que esse pudor da maioria das casas espíritas, meu Deus, que não explicam que a cada 43 minutos há um suicídio no Brasil? Que, no mundo, a cada três segundos, há um suicídio? Não é feio, não é pecado falar de política; é feio falar de política partidária.
Gente, o maior político da história chama-se Jesus, o Cristo. Quando ele criticava os fariseus, os saduceus, quando ele entra no templo e expulsa os mercadores, isso é um ato político - é um ato político. Quando ele oferece a sua vida pela redenção da humanidade, é um ato político. Nós não somos, com todo respeito, escoteiros, plenos de ingenuidade. Enquanto os debates, as batalhas ocorrem às nossas vistas, Bezerra de Menezes, se encarnado estivesse, apoiaria a Lava Jato e apoiaria o Dr. Sergio Moro. (Palmas.)
Com absoluta certeza, eu falo isso.
É claro, todo mundo sabe que devemos falar de amor, de ternura, de fraternidade e de solidariedade, mas é preciso que os dirigentes das casas espíritas, sem fanatismo, com doçura, com calma, na paixão, expliquem para as pessoas que frequentam essas casas que nós não devemos ter uma atitude implacável com as jovens que cometem e praticam o aborto. São jovens ingênuas, mas, ao mesmo tempo, nós temos o dever de explicar a engenharia reencarnatória que determina o nascimento. Há destruição dessa engenharia reencarnatória quando é praticado o aborto, mas sem julgar as jovens. As jovens não sabem - não sabem. Há um esquema poderosíssimo de desinformação das pessoas, sobretudo da juventude - sobretudo da juventude.
Eu fiz aqui... A corrupção, de tanto repetir, baliza-se o que é absurdo. Isso é uma estratégia. Você começa a repetir o absurdo, você começa a repetir o absurdo, de repente, o cotidiano não te assusta mais, você perde a capacidade de se espantar, você perde a capacidade de ficar indignado. Isso é uma estratégia contra a comunicação. A corrupção começa com o primeiro degredado, Afonso Ribeiro, que foi trazido à força para o nosso País. Depois, foi o pau-brasil, o ouro, o diamante. A corrupção quase vira algo de genético, algo de DNA da nossa história.
Vocês sabiam que o Chanel nº 5, que a nossa estimada Marilyn Monroe, que Deus a tenha... O Chanel nº 5 era usado com pau-rosa, que foi levado daqui do Brasil. Tudo foi levado daqui do Brasil. E, nas casas espíritas, assumimos posturas angelicais - nada contra -, mas, por outro lado, esquecemos de falar que existem 14 milhões de desempregados que mal têm tempo de rezar à noite. Como é que eles vão rezar à noite se eles têm fome? Como é que eles vão rezar à noite se eles não têm dinheiro para comprar comida para o filho? Isso são dados reais, não são metafísicos. Perdoem a empolgação, mas são dados reais.
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Nós não podemos ficar falando apenas da angelitude da condição humana. Ela existe, claro. A angelitude da condição humana existe, mas nós temos que falar do cotidiano duro, difícil, difícil. Hoje este País é assaltado diuturnamente por organizações criminosas travestidas de partidos políticos!
E nós, espíritas, não podemos apenas, depois de cada reunião, dizer: vá com Deus. Sim, vá com Deus, mas vá também com a consciência, meu irmão, de que você deve questionar o seu cotidiano, que você deve questionar o seu partido político, que você deve questionar o seu governo. Sem ódio, com a calma na paixão, porque, irmãos, se nós não fizermos isso, outros o farão, e o farão de uma forma deturpada, alienando as pessoas.
Ainda que eu fale todas as línguas dos homens e dos anjos, se eu não tiver amor, seria apenas um bronze que ressoa, um címbalo que retine. Ainda que eu possua o dom das profecias e saiba todas as ciências, ainda que eu distribua meus bens entre os pobres e deixe, então, o fogo consumir o meu corpo, nenhum proveito tiro se eu não tiver amor.
O amor é paciente, o amor é bondoso, não é nada exigente, arrogante, orgulhoso, jamais é descortês, nunca interesseiro. O amor não se irrita, não guarda rancor no coração. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor não terá fim! As profecias, sim. As línguas se calarão. As ciências têm o seu termo imperfeito ao nosso conhecimento e também às profecias, mas, quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança, eu falava como criança, pensava como criança, como criança raciocinava. Homem feito, me despojei dos atributos de criança. Por enquanto, enxergamos Deus obliquamente por um espelho, mas um dia teremos a visão de Deus face a face. Por enquanto, conheço apenas uma parte, mas logo conhecerei como sou por ele conhecido.
Temos agora a fé, a esperança e o amor, mas, dos três, o mais excelente é o amor. Obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado, Carlos Vereza, ator, cidadão de bem. Muito obrigado por sua presença aqui conosco.
Ele tocou num assunto que é uma epidemia hoje no mundo: o suicídio. Já tive pessoas próximas que cometeram, por desespero, para tentar findar uma dor, esse grave atentado contra a vida, essa afronta ao Criador.
Eu tive a oportunidade de ler um livro que espero que um dia nós possamos filmar para o mundo inteiro, chamado Memórias de Um Suicida.
Se você tiver algum conhecido, amigo, que esteja passando por um problema e que já passe por sua cabeça esse ato, é muito importante lhe dar esse livro, um livro psicografado por Yvonne Amaral Pereira, do espírito comunicante Camilo Castelo Branco. Ele vai perceber que a tormenta é muito maior depois da vida. A gente acha que está cessando a dor, mas a dor é muito mais delicada depois. Então, é muito importante a leitura desse livro esclarecedor.
Para encerrar esta sessão, eu queria atender à solicitação de um grande amigo, irmão, que veio do Ceará, da terra natal do Dr. Bezerra de Menezes, o Coronel Francisco Nunes, que vai tocar o Hino a Bezerra de Menezes, uma música muito bonita. Depois, nós vamos encaminhar uma prece. Essa prece vai ser feita por uma pessoa que nem sabe que vai fazê-la aqui, mas ela vai fazer essa prece. Eu vou pedir que ela faça essa prece para a gente.
Antes do hino ao Dr. Bezerra, eu queria passar o trecho de um filme que vai entrar em cartaz, um filme de cultura de paz. É o trailer do filme sobre Divaldo Pereira Franco, outro grande espírita, caridoso, humanista, palestrante. Eu queria solicitar que a gente passasse o trailer desse filme, que estreia dia 12 de setembro.
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(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Divaldo Franco muitas vezes psicografou Dr. Bezerra de Menezes. É um filme que vai levar muita luz para o Brasil e para o mundo.
Por favor, Francisco Nunes. Muito obrigado pela sua presença. Hino do Dr. Bezerra de Menezes para todos nós.
(Procede-se à execução musical.)
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Muito obrigado, meu irmão, Francisco Nunes, que veio acompanhado de seu filho, Wagner Nunes.
Para encerrar esta sessão, como foi bem convidativa a fala de todos aqui, eu agradeço a todos pela presença. Uma fala que tocou num ponto importantíssimo desta Casa, que é uma casa política, Carlos Vereza, nós temos muitas batalhas aqui diariamente. A guerra é espiritual sim. Passam pautas aqui para que peço a oração de todos, não apenas para o combate à corrupção, que é uma chaga que tem colocado este País de joelhos há muitos anos - se Deus quiser, nós estaremos em breve passando por essa etapa -, mas querem de qualquer maneira liberar o aborto; a maconha, que é uma droga; a jogatina, que também destrói famílias, que é uma porta aberta para a corrupção; e querem liberar as armas de fogo, o que é um retrocesso no processo civilizatório.
Nós estamos aqui combatendo o bom combate e contamos com todos vocês, não apenas em orações, mas com ações, conversando com o Parlamentar, participando mais da vida política do País. Como dizia Platão, 350 anos antes de Cristo: o destino das pessoas boas e justas que não gostam de política é serem governadas por pessoas nem tão boas nem tão justas que gostam de política. Então, vamos gostar de política, cada vez mais nos interessarmos por política. Fica o convite.
Para encerrar esta sessão, eu peço que a nossa querida irmã Olga Freire faça a prece de onde ela está sentada. Pode ser? Você vai ter que apertar um botãozinho aí, como a gente diz lá no Nordeste, um biloto. Vai ficar verde e você faz uma oração de encerramento, por favor, Olguinha.
A SRA. OLGA LÚCIA ESPÍNDOLA FREIRE - A prece é uma ponte que nos une ao mais alto.
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Oh, Jesus, no teu evangelho, você nos falou do convite para uma festa de núpcias. Disse-nos que muitos não aceitaram os convites e foram para suas empresas, para suas casas, suas fazendas, seus interesses mundanos, mas você, Jesus querido, não desiste de nós, não desiste de nós, e busca sempre os missionários da luz, os mensageiros da paz, para fazer com que na Terra haja o amor, que se materializa sempre, sempre, na caridade. Allan Kardec nos diz que é a beneficência sim para com todos, mas que é também a indulgência para com as faltas alheias e o perdão das ofensas.
Oh, Senhor! Aqui, como foi falado, muitos não veem os invisíveis, os miseráveis, os doentes. Crianças com câncer morrem por falta de remédio, Jesus, enquanto governantes gastam dinheiro visitando aqueles que não merecem. Nós estamos aqui, Senhor, no Senado Federal, enquanto há a batalha da luz e da sombra. Sabemos que há aqueles que morrem nos hospitais, os miseráveis da comida, os que não têm cobertor, mas, Jesus, permite que te peçamos nesta tarde, nesta noite por todos os nossos Congressistas, para que eles entendam que a vida continua para muito mais além do túmulo, para onde eles não vão levar nada, nada a não ser, Senhor, o bem que fizeram, as lágrimas que enxugaram, os sorrisos que promoveram.
Oh, Senhor da luz e da paz! O nosso Mestre, que, pela própria vida, mostrou que o amor é o caminho, abençoa o nosso Brasil, chega ao coração de cada um que faz a lei. Àqueles que deveriam defender a lei dai forças, Senhor, dai coragem! Dai coragem, Jesus, a quem aqui está com o poder de dizer sim para um novo tempo, porque o homem velho só semeia a morte e a ilusão, mas um novo tempo vai surgindo num mundo mais irmão.
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Derrama, neste instante, sobre os hospitais, sobre as escolas, sobre as ruas nas madrugadas frias; que os homens possam aceitar o convite de ser a mão de Deus. Permite, Senhor, permite, Jesus da vida, que nós possamos dizer, como esses mensageiros luminosos, como Bezerra de Menezes: de que vale um anel quando a vida está em jogo? Que nós possamos dizer, como Maria de Nazaré, Senhor, que disse sim à vontade de Deus sobre nós. Que tenhamos coragem de lutar o bom combate. E, no final, como foi, Senhor, que você se fez conhecido ao se apresentar a Tomé, mostrou as mãos calejadas das injustiças do mundo, mas estavam limpas.
Abençoa, Senhor, este Senado, este Congresso. Em nome do Senador Eduardo Girão, nós te pedimos por todos que aqui trabalham, todos - os assessores, os colaboradores, os que limpam esta Casa, os que servem o cafezinho.
Que o Brasil possa, sim, iniciar um tempo novo e que todos nós possamos dizer assim: "Ave, Cristo; Ave, Cristo!"
Nós que já entendemos o valor da caridade queremos te entregar a nossa vida, os nossos dias, o nosso amor. Que assim seja!
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) - Amém! Assim seja!
Eu queria encerrar esta sessão com a frase do aniversariante do dia, Dr. Bezerra de Menezes: "Quanto mais auxiliardes aos outros, mais amplo auxílio recebereis da Vida Mais Alta".
Muito obrigado, Dr. Bezerra, por essa Nação, que é a Nação mais católica do mundo, mais evangélica do mundo, mais espírita do mundo.
Muito obrigado, meu Deus! Que Jesus nos abençoe.
Está encerrada a sessão. (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 19 horas e 31 minutos.)