1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
56ª LEGISLATURA
Em 13 de setembro de 2019
(sexta-feira)
Às 11 horas
168ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Bom dia a todos e a todas.
Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Informo que esta sessão especial é destinada a comemorar os 50 anos do Jornal Nacional, nos termos do Requerimento nº 673, de 2019, de autoria do nobre Senador Jorge Kajuru, apoiado por outros Senadores, para esta sessão solene, aprovado por unanimidade.
Gostaria de convidar para compor a Mesa do Senado Federal o autor e requerente desta sessão de comemoração, Senador Jorge Kajuru. (Pausa.)
Gostaria de convidar para compor a Mesa desta sessão solene o Vice-Presidente do Conselho de Administração e Presidente do Conselho Editorial e Comitê Institucional do Grupo Globo, Sr. João Roberto Marinho. (Palmas.)
Gostaria de convidar para compor a Mesa o Presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Sr. Paulo Tonet Camargo. (Palmas.)
Gostaria, em nome do Senado Federal, de homenagear todos os jornalistas, apresentadores do Jornal Nacional e do Grupo Globo de Comunicação, jornalista Zileide Silva. (Palmas.)
Convido todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional do Brasil.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Gostaria de agradecer a presença, nesta sessão solene, do Embaixador da República Árabe da Síria, Sr. Mohamad Khafif; do Conselheiro para Assuntos de Imprensa e Relações Públicas da Embaixada da República Islâmica do Irã, Hamid Soltan; do representante da Ministra de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Secretário Adjunto da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, Sr. Paulo Fernando Melo; da representante do Governador do Estado de Goiás, a Assessora do Gabinete da Representação de Goiás no Distrito Federal, Sra. Bárbara Rosa Teixeira; da Diretora e Representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Sra. Marlova Noleto.
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Gostaria de cumprimentar o Diretor-Geral da ABERT, Sr. Cristiano Lobato Flores; o Diretor Executivo da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Ricardo Pedreira; a Diretora Executiva da ANER (Associação Nacional de Editores de Revista), Sra. Juliana Toscano; O Secretário Executivo do Comitê Jurídico e Comitê de Relações Governamentais da ANJ, Sr. Júlio César Vinha; a Coordenadora da Unidade de Comunicação, Informação Pública e Publicações da UNESCO, Sra. Ana Lúcia Guimarães; o Diretor de Relações Institucionais da ABERT, Sr. Márcio Maciel; o Diretor de Tecnologia da ABERT, Luiz Carlos Abrahão; o Diretor de Relações Institucionais do Grupo Globo, Sr. Fernando Vieira de Melo; o Diretor de Relações Institucionais e Assuntos Econômicos do Grupo Globo, Sr. José Nilvan de Oliveira; o Diretor de Relações Institucionais, Regulação e Mídias do Grupo Globo, Sr. Marcelo Bechara; o Gerente de Relações Governamentais do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), Sra. Juliana Noronha; o Gerente Jurídico da ABERT, Sr. Rodolfo de Souza Salema; o Diretor Regional de Jornalismo de Brasília da TV Globo, Sr. Luiz Ávila; a Coordenadora de Comunicação Corporativa da Diretoria de Relações Institucionais do Grupo Globo, Sra. Heloisa Prata; a Coordenadora de Comunicação do Grupo Globo; Sra. lvana Rodrigues; a Coordenadora de Assuntos Legislativos da Diretoria de Relações Institucionais do Grupo Globo, Sra. Jucelane Tagliari; a Coordenadora de Assuntos Legislativos da Diretoria de Relações Institucionais do Grupo Globo, Sra. Patrícia Goulart; o Coordenador de Planejamento do Grupo Globo, Sr. Pedro França; a Coordenadora de Comunicação Corporativa da Diretoria de Relações Institucionais do Grupo Globo, Sra. Taís Marçal; o Chefe de Redação do Jornalismo da Rede Globo de Brasília, Sr. lain Semple.
Também agradecer aos jornalistas do Grupo Globo, a Sra. Deliz Ortiz; o Sr. Eraldo Pereira; a Sra. Giovana Teles; a Sra. Giuliana Morrone; o Sr. João Borges; o Sr. Júlio Mosquera; o Sr. Nilson Klava e o Sr. Valdo Cruz; assim como ao Consultor de Relações Institucionais do Grupo Globo, Sr. Gustavo de Sousa e ao Assessor Parlamentar da ABERT, Adolfo Fernandes.
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Gostaria da atenção para todos assistirmos agora ao vídeo comemorativo dos 50 anos do Jornal Nacional, com duração de sete minutos.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
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O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Que vídeo emocionante! Parabéns, Dr. João! Parabéns a todos!
O Senado Federal se reúne hoje em sessão especial convocada a partir da aprovação do Requerimento nº 673, de 2019, para homenagear os 50 anos de existência do Jornal Nacional.
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Como Presidente desta Casa, em nome de todas as Senadoras e de todos os Senadores, gostaria de fazer um parêntese para registrar a presença em Plenário do Senador Lucas Barreto, que representa o PSD como Vice-Líder, nesta sessão solene; agradecer a presença do Senador Eduardo Braga, Líder do MDB nesta Casa; agradecer a presença do 2º Secretário da Mesa do Senado Federal, Senador Eduardo Gomes, do MDB do Tocantins; agradecer a presença do Líder da Rede, Senador Randolfe Rodrigues; e agradecer a presença do Senador Rodrigo Cunha, Vice-Líder do PSDB, que o representa também nesta solenidade.
Além do mais, a presença do autor do requerimento, que compõe a Mesa dos trabalhos, e também, em nome do Gerson Camarotti, cumprimentar todos os jornalistas, todos os repórteres, todos os apoiadores do Grupo Globo.
Quero Parabenizar a TV Globo pela importância desse telejornal que há meio século - sim, há meio século - vem contribuindo para integrar o Brasil por meio das telecomunicações.
Quero registrar a presença do Líder do Progressista, Senador Esperidião Amin, que o representa nesta sessão solene.
Quando criança, via meus pais reunidos em frente à TV para assistir ao Jornal Nacional e saber o que estava acontecendo no Brasil e no mundo, rotina comum para milhares de famílias brasileiras, que colocaram em suas vidas o hábito de assistir ao Jornal Nacional.
No ar desde 1º de setembro de 1969, o Jornal Nacional tem estado presente nas vidas de todos nós, nos últimos 50 anos, seja num furo de reportagem, seja trazendo as notícias do dia ou ainda matérias especiais cuidadosamente preparadas.
Sua audiência sempre foi alta e a produção primorosa. São centenas de profissionais, entre editores, maquiadores, cinegrafistas, produtores, técnicos e jornalistas, num trabalho de equipe, coordenado para transmitir ao vivo o Jornal Nacional.
Chegar aos 50 anos não é fácil, sobretudo para um veículo de comunicação que precisa se adequar a todo instante às mudanças cada vez mais rápidas do tempo em que vivemos.
Quando o Jornal Nacional foi ao ar pela primeira vez, os equipamentos eram bastante precários em relação aos que temos atualmente. Naquele momento, não era possível sequer imaginar que, meio século depois, estaríamos assistindo ao Jornal Nacional em imagem digital, na tela de um telefone celular.
Com essa revolução tecnológica, vieram também fake news, fenômeno que vem preocupando todos pelo impacto que exerce sobre a formação da opinião pública. Fake news se espalha rapidamente por intermédio das redes sociais. Por isso, mais do que nunca, um veículo com a credibilidade, a isenção e a qualidade do Jornal Nacional é cada vez mais importante para a nossa sociedade.
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Não há democracia sem uma imprensa livre e imparcial, que permita aos cidadãos conhecer os fatos e livremente opinar sobre eles, tanto nas urnas como nas ruas ou mesmo nas redes sociais. E, nesse particular, um Congresso Nacional forte e independente e uma imprensa livre são sinônimos de uma democracia cada vez mais sólida e estável. Ambos, repito, devem caminhar juntos.
Nesses 50 anos de existência, o Jornal Nacional tem contribuído de uma forma muito consistente para a integração nacional. De norte a sul e de leste a oeste, ele tem permitido que as diversas regiões do nosso País conheçam os problemas e as realidades umas das outras, o que também tem sido fundamental para a estabilidade da nossa democracia.
Nesta Casa, tenho a honra de ser um dos representantes do Estado do Amapá, Estado do extremo norte do Brasil, que também recebe as imagens do Jornal Nacional, transmitido localmente pela TV Amapá, afiliada à Rede Globo e que integra a Rede Amazônica, a maior rede de televisão da Região Norte do Brasil, com 13 emissoras afiliadas, em cinco Estados. São mais de 150 Municípios cobertos.
Sem dúvida, produzir um telejornal que alcance todo o Território nacional, durante meio século, num país de dimensões continentais, como o Brasil, é um grande desafio, desafio esse que foi incorporado ao próprio nome do telejornal, cuja proposta sempre foi a de levar a informação de qualidade a todo o País. Daí o nome "Jornal Nacional". Essa missão tem sido plenamente cumprida.
Senhoras e senhores, Srs. Senadores, senhores convidados, ao realizar esta sessão especial em homenagem aos 50 anos do Jornal Nacional, o Senado Federal homenageia, sobretudo, os profissionais, sejam eles jornalistas ou não, que contribuíram, ao longo desse tempo, para fazer do homenageado o principal telejornal do Brasil. À competência e à dedicação desses profissionais adiciono o pioneirismo e a determinação do Jornalista Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo.
Nos dias de hoje, a celebração, aqui no Senado Federal, de um órgão de imprensa com a relevância do Jornal Nacional, completando 50 anos, é uma forma de dizer ao Brasil que nós, políticos, estamos aqui. Estamos atentos e não desistimos, mesmo que as dificuldades sejam grandes e crescentes.
Nós não desistimos. Nós estamos aqui em nome do nosso compromisso profissional, e esse compromisso é com o povo brasileiro, com o cidadão brasileiro, com a democracia. Parabéns ao Jornal Nacional e ao Grupo Globo!
Muito obrigado. (Palmas.)
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Concedo a palavra ao primeiro subscritor do requerimento, Senador Jorge Kajuru.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PATRIOTA - GO. Para discursar.) - Inicialmente, o bom-dia à Pátria Amada. Em relação aos presentes e às presentes aqui, eu vou dar bom dia a todos e a todas. Exceto a duas pessoas eu não vou dar bom dia: à notável Zileide Silva e ao completo Heraldo Pereira. Por quê? Porque milhões de brasileiros dizem e já disseram várias vezes a eles "boa noite!" Porque quantas vezes neste País, desde 1969, milhões de brasileiros, no momento da bancada do Jornal Nacional, do "boa noite", lá da sua sala: "Boa noite!". Eu cansei de fazer isso. A minha mãe, merendeira de grupo escolar, dava boa noite desde 1969 para o Hilton Marques e para o Cid Moreira. E o papai ficava bravo com ela, padeiro: "Para de dar boa noite! Ele não está dando boa noite para você, não, Maria José! Está dando boa noite para o Brasil". Então, é o início, de forma bem-humorada, e o Brasil inteiro sabe o que significa esse boa-noite.
Como homem de comunicação que sou, com mais de 40 anos de carreira na televisão brasileira, não poderia deixar de propor uma homenagem ao Jornal Nacional pelos seus 50 anos. A sessão solene no Senado é também uma homenagem a alguém que sempre mereceu a minha admiração, o carinho que os filhos dele sabem que ele nutria por mim: o jornalista e fundador da Rede Globo, Roberto Marinho, que, aos 60 anos, poderia se preocupar com netos ou outros prazeres, eis que a trouxe ao Brasil e a transformou na quarta maior rede de televisão do mundo. Enquanto vivo, ele autorizava e liberava citações a todos. Ele contratava intelectuais, jornalistas de esquerda; gente que sofria na época da ditadura só tinha emprego através de seu pai, João Roberto, o Dr. Roberto Marinho. Quantos lá trabalharam sabendo que em outro local não havia espaço.
O Jornal Nacional, sabemos, nasceu do sonho do Dr. Roberto de fazer um telejornal que pudesse unir o Brasil através da notícia. Sonho materializado em 1º de setembro de 1969, quando o JN foi ao ar pela primeira vez e já nasceu histórico por se constituir no primeiro programa gerado no Rio de Janeiro, em rede nacional, através da Empresa Brasileira de Telecomunicações, a Embratel.
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Com ele, a TV Globo, criada quatro anos antes, passava a ser, de fato, a Rede Globo de Televisão. As imagens de Hilton Gomes e Cid Moreira, vistas simultaneamente, ao vivo, em todos os recantos do País, significaram mais que o acesso a notícias transmitidas em rede nacional, representaram para o Brasil um de seus maiores saltos no mundo da comunicação.
Nelson Rodrigues escreveu que "a televisão matou a janela", frase de efeito restrita, é claro, a um momento histórico quando, em nossas vilas interioranas e nos subúrbios das grandes cidades, as famílias viam a vida passar pela janela, literalmente. Se vivo estivesse, o genial dramaturgo reconheceria que, para os brasileiros - e a isso chamaria de "óbvio ululante" -, o Jornal Nacional abriu, sim, uma janela para o mundo, já em sintonia com o conceito de aldeia global do filósofo e teórico da comunicação Marshall McLuhan.
Constituiu-se no Brasil, a partir do JN, uma associação definitiva entre TV e informação, e o Jornal Nacional, inspirado nos telejornais principais norte-americanos, inovador no formato e na linguagem, logo se tornaria o mais importante e famoso noticiário brasileiro, alcançando altos e duradouros índices recordes de audiência.
No começo, era o tubo do aparelho de TV em preto e branco, fixo na sala das casas. Hoje, são as telas gigantescas de alta definição, esparramadas por todos os lugares, ou as microtelas móveis que nos acompanham 24 horas. A televisão mudou, os meios de comunicação, em geral, continuam se transformando, mas o jornalismo, em qualquer plataforma, mantém a sua essência e segue firme na missão de informar e produzir conhecimento.
O avanço tecnológico modifica, constantemente, a maneira como se produz jornalismo em TV, mas o trabalho com informação, um dos mais importantes bens sociais, mantém-se como um árduo e contínuo exercício de busca da notícia, com isenção e correção, numa batalha incessante contra o movimento do relógio em que a agilidade tem de se impor.
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Na luta constante pela informação de qualidade, o Jornal Nacional soube ser exemplar: enfrentou as vicissitudes da censura no regime militar, moldou-se às novas demandas trazidas pela redemocratização e firmou identidade em meio ao processo de alternância de poder, neste mais longo período democrático da história brasileira. Cometeu erros? Sim, como todos. Mostrou mais virtudes, e a principal delas foi a admissão dos próprios erros.
Volto no tempo para lembrar a polêmica edição veiculada pelo JN no debate entre os candidatos no segundo turno da eleição presidencial de 1989. A emissora absorveu o dano à sua imagem e, posteriormente, adotou como norma não editar mais debates políticos, que passaram a ser vistos apenas na íntegra e ao vivo. Não poderia deixar de assinalar também o fato registrado em 2013 quando o Grupo Globo reconheceu em editorial lido pelo próprio Jornal Nacional que foi um erro o apoio ao golpe militar de 1964 e ao regime subsequente.
Fazer uso da autocorreção em meio à trajetória vitoriosa! Esse - a confiança - é mais um dos motivos, entre tantos outros, que levaram a maioria dos brasileiros a se inteirar sobre o que acontece no Brasil e no mundo através do Jornal Nacional.
Ao longo de meio século pelo Jornal Nacional, acompanhamos as grandes transformações na política, na ciência, na religião, no esporte, nos costumes, na cultura e na tecnologia. Pelo JN, acompanhamos a nossa história e vimos o reconhecimento do Jornal Nacional extrapolar fronteiras. Neste 2019 de comemorações, o jornalismo da Globo concorre ao prêmio Emmy Internacional pelo 13º ano consecutivo. Cabe destacar que o chamado Oscar da televisão mundial já foi conquistado. Em 2011, o JN ganhou o prêmio na categoria notícia devido à cobertura, um ano antes, da expulsão dos traficantes e da ocupação policial no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro.
A maior vitória do JN, a meu ver, é a credibilidade conquistada junto aos brasileiros, e é ela que dá o suporte a centenas de profissionais, muitos aqui presentes, dedicados à produção diária da informação correta.
Por isso, apesar do leque de opções, no último mês de agosto, cerca de metade de todos os televisores ligados estiveram sintonizados no JN, um desempenho que o Presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo, aqui presente, querido João Roberto Marinho, definiu como sem igual não somente no Brasil, mas mundo afora. Aliás, faço questão de também assinalar o quanto V. Sa., Sr. João Roberto, herdou de seu pai a vocação jornalística. E, ao aperfeiçoar um talento nato, transformou-se o senhor em um dos maiores jornalistas deste País.
Tudo que aqui já disse é pouco para expressar a minha admiração, especialmente pelos colegas jornalistas que criaram, aperfeiçoaram e transformaram em essencial para os brasileiros o Jornal Nacional.
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Priorizar o JN, na condição de telespectador, é algo que se impõe pelo resultado de um trabalho coletivo, revelador da qualidade da equipe. Guardadas as proporções, é como se ver um filme bem dirigido, uma peça de teatro com elenco estelar, um concerto com músicos e maestros talentosos. Quando você vê a qualidade de cada reportagem no Jornal Nacional, com o conteúdo, não há como você desligar, você mudar de canal.
Por isso, quando de certas críticas, Sr. João Roberto Marinho, amigo Tonet e jornalistas da emissora, recomendo humildemente - quem duvidar passe em meu gabinete 16, lá vocês verão - aos responsáveis pelo Jornal Nacional que as críticas sejam relevadas. Já em alguns casos, sugiro como resposta a colocação delas na parede da redação, como eu fiz em meu gabinete, quando processado pelo Ministro Gilmar Mendes, como atestado de idoneidade.
Em tempos de fake news e novos desafios à sempre necessária reafirmação de nossa democracia, cuja manutenção é essencial à atividade jornalística, era o que eu tinha de falar.
E, de coração, João Roberto Marinho, entre tantas frases de seu pai, quero lembrar uma, para que funcionários da emissora mais novos do que eu possam ter a certeza de quem era Roberto Marinho. Ele, um dia, disse o seguinte, em Barcelona, na Espanha, na Olimpíada: "Pague-se muito quando houver talento, demita-se muito quando faltar talento". É o que mais tem no Jornal Nacional nesses 50 anos.
Agradecidíssimo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Concedo a palavra ao Líder do MDB, Senador Eduardo Braga.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM. Para discursar.) - Meu caro Presidente do Senado, amazônida como eu, meu querido eminente Senador Davi Alcolumbre; caro Senador Jorge Kajuru, autor da propositura; meu caro Vice-Presidente e Presidente do Conselho Editorial e do Comitê Institucional do Grupo Globo, João Roberto Marinho; meu caro presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Sr. Paulo Tonet Camargo; e, em nome de quem eu saúdo a todos os jornalistas e funcionários da Rede Globo, nossa querida Zileide Silva; falar sobre o Jornal Nacional e os 50 anos do Jornal Nacional, no século XXI, quando a comunicação ganhou novas plataformas, ganhou novas práticas, é sem dúvida nenhuma constatar que o Brasil é e será um grande País e um grande continente, pela sua dimensão, pela sua diversidade e pela peculiaridade característica.
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Nossos antepassados nos deram uma língua única, falada de Norte a Sul deste País continental, quando não havia meios de comunicação. E coube exatamente ao Jornal Nacional o desafio de poder integrar, de norte a sul, o nosso País, fazendo com que a notícia pudesse chegar a todos aqueles brasileiros que falavam a mesma língua.
No dia 1º de setembro de 1969, nascia a primeira edição do Jornal Nacional. A música, aquela mesma música instrumental eletrizante que tanto conhecemos, se tornou parte da cultura e da memória viva do povo brasileiro. Sua vinheta se tornou sinônimo de notícia, anunciando o momento no qual a família ainda hoje se reúne para ver e ouvir os principais acontecimentos do País, depois de uma longa jornada de trabalho e de estudo.
Naquele já longínquo 1969, o objetivo "modesto", entre aspas, de apenas pessoas que poderiam ser estadistas e visionárias, do Jornal Nacional era o de integrar o Brasil através da notícia e ser o primeiro telejornal que atingia todo o Território nacional. E olhem que território! Hoje, quando parecemos estar inundados de informação, isso soa assustadoramente estranho, mas, naqueles tempos, havia muitos brasis separados, quase como imensas ilhas, com enormes desigualdades econômicas, sociais e até mesmo de culturas de cada uma dessas ilhas isoladas.
Avançamos muito, sem dúvida. Porém, sabemos que o desafio, que ainda permanece, de integrar as regiões mais isoladas, as isoladas das isoladas, é muito menor do que aquele de 1969, mas não menos importante. Quanto às regiões isoladas na Amazônia, ainda temos muito a fazer, mas, graças a empreendedores, como o saudoso Roberto Marinho, como Phelippe Daou e como outros brasileiros, tem sido possível sonhar e acreditar que essas regiões isoladas das isoladas, em que, muitas vezes queremos fazer notícias por elas, muitas vezes queremos falar por elas, e elas querem, muitas vezes, ser ouvidas por nós... Esse mecanismo é apenas construído quando há vontade e fé de que podemos vencer.
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O sucesso do Jornal Nacional é imenso, único em termos mundiais, ao conseguir produzir conteúdo internacional, nacional, regional e local e fazer com que a informação alcance praticamente todo o Território nacional. Para o Jornal Nacional, não há o distante, há o próximo, há um só Brasil. Há um só Brasil, imenso País com mais de 8 milhões de quilômetros quadrados - apenas o meu querido Amazonas, mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados -, com a maravilhosa diversidade de sua gente.
Como comemorar os 50 anos do Jornal Nacional? Na minha opinião, é principalmente reverenciar a sua história e a sua própria vontade de realizar essa visão, com todos os avanços, com os tropeços e os desafios que o País tem enfrentado neste meio século; é relembrar a longa caminhada pela redemocratização; é refletir sobre os erros e acertos na política e na economia; é festejar conquistas na área tecnológica; é vibrar com nossos atletas; é se indignar com a violência de cada dia, com a corrupção; e é lamentar o muito que ainda temos que lutar por um Brasil mais justo e menos desigual.
O Jornal Nacional, que hoje homenageamos, é um espelho do nosso País; do Brasil engravatado, mas, acima de tudo, do Brasil de pé no chão; do Brasil dos poderosos, mas, acima de tudo, dos mais humildes; da roça, das grandes cidades, da floresta, do campo; de quem dita as regras e de quem vai de encontro às regras.
Do primeiro bom dia de Cid Moreira e Hilton Gomes, em 1969, até os dias de hoje, o Jornal Nacional se tornou a voz de um Brasil continental, com todas as suas diferenças, todas as suas culturas, suas riquezas, suas raças e seus valores.
O rigor técnico, as inovações tecnológicas e a qualidade primorosa do trabalho de comunicação são reconhecidos no mundo inteiro - o padrão Globo de qualidade -, mas essa capacidade de integração, essa capacidade de diálogo com todos os brasileiros, das mais diversas crenças e classes sociais, de norte a sul do País, talvez seja o maior mérito do Jornal Nacional ao longo deste meio século.
Vale destacar que integração é palavra-chave para quem vem da Amazônia, como eu, como o nosso querido Davi Alcolumbre, como Randolfo Bittencourt, como Lucas Barreto... Perdão, Randolfe Rodrigues. Eu quero aqui me penitenciar, pois, quando fui Deputado Estadual - e já se vão alguns anos -, eu tinha como um dos colegas meus na Assembleia Legislativa Randolfo Bittencourt e, por isso, eu vivo chamando o Randolfe Rodrigues de Randolfo Bittencourt, que era um Parlamentar com grande espírito público. Portanto, honra-me mencioná-lo.
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Quero dizer que, como amazônida, eu preciso reconhecer que, numa região em que as florestas e os rios dominam grande parte da paisagem, dificultando o acesso e a comunicação, todo o esforço por integração é precioso e merece o nosso reconhecimento e apoio.
Com o Jornal Nacional, o povo do Amazonas supera barreiras e se sente gente e parte da história, junto com os demais brasileiros. Somos muitos em nossa diversidade. E o Jornal Nacional tem parte relevante para nos sentirmos, assim, irmanados e iguais, mas desafios enfrentados iam muito além da integração nacional, como se essa tarefa já não fosse considerável.
E cabe uma reflexão sobre algo extremamente importante e essencial: o papel do jornalismo numa sociedade moderna. O protagonismo é o dos fatos, não o das opiniões de uma pessoa atrás de uma tela de computador. O jornalismo em sua melhor forma, como tem demonstrado o Jornal Nacional ao longo dessas cinco décadas, significa uma fonte de informação confiável e fidedigna, compreensível para uma audiência variadíssima. O jornalismo são os olhos de um País, é a vigilância permanente da democracia. É ali que está o jeito como o povo se vê e vê o mundo. É ali que está a grande aventura de compreender o que se passa ao nosso redor.
O jornalismo, especialmente o televisivo, é por vezes a primeira mirada sobre o que está acontecendo. Ele tem que ser ágil, até para concorrer com as outras plataformas, mas, ao mesmo tempo, fidedigno à realidade. Conciliar as duas coisas não é fácil, como sabe qualquer profissional da área, mas o jornalismo tem filtros como os da autocrítica constante ou da admissão do erro, quando é o caso.
O bom jornalismo, do qual o Jornal Nacional é exemplo, não é a expressão de uma ideologia, de que lado ela for do espectro ideológico. O bom jornalismo, do qual, repito, o Jornal Nacional é exemplo, é a expressão do compromisso com a verdade, por mais dolorosa que ela possa ser e a busca, por mais difícil que seja, para superar os nossos próprios vieses, orientações intelectuais, culturais ou políticas. Não é fácil, mas ninguém disse que seria.
Em tempos de fake news, relembrar a importância da notícia fidedigna e confiável é fundamental. Valores como isenção, correção e respeito aos fatos são essenciais para todos nós.
As redes sociais, Presidente - e me encaminho para finalizar -, trouxeram coisas novas, inéditas, mas, ao mesmo tempo, carregam, em seu lastro, o peso de uma imensa dissonância cognitiva. Muitas pessoas perdem a conexão com a realidade e acreditam apenas em suas próprias convicções. Amigo é quem compartilha dessas mesmas certezas, e inimigo é aquele que as questiona. Inimigo, nessa visão curta, é aquele que está preocupado com a apuração cuidadosa dos fatos, com a independência, com a correção da notícia. Por isso, tantas e tantas vezes, a agressão violenta e purulenta ao trabalho de centenas, talvez milhares, de profissionais sérios e comprometidos que fazem o Jornal Nacional.
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Existem críticas? Claro, sempre irão existir, ainda mais quando o cenário político é dominado pelo radicalismo e por paixões ideológicas, mas nada supera a admiração pela qualidade do trabalho de comunicação levado à frente por centenas de profissionais de primeira linha Brasil afora.
O Jornal Nacional é, sem sombra de dúvida, a referência mais importante da imprensa brasileira, o degrau mais alto da notícia, a vitrine mais disputada e, por vezes, a mais temida. O Jornal Nacional pauta o noticiário, pauta as conversas do dia a dia, pauta, muitas vezes, a agenda nacional.
Não sei se, ao criarem o Jornal Nacional, Alice-Maria e Armando Nogueira, sob o comando de Roberto Marinho, chegaram a imaginar o alcance que esse jornal teria. Creio que sim. Os visionários fazem a história, mudam os seus cursos e constroem pontes para o futuro.
Um alcance conquistado com dedicação e profissionalismo admiráveis não apenas por parte dos idealizadores do jornal, dos diretores da Rede Globo, dos que estiveram e estão hoje na linha de frente do Jornal Nacional, mas de um batalhão de repórteres, editores, cinegrafistas, produtores, técnicos, apresentadores. A todos os meus parabéns e muito obrigado.
Para concluir, agradecemos, pois, à Rede Globo e, em particular, aos profissionais, que, ao longo de 50 anos, fizeram o seu trabalho - na maioria das vezes, de forma invisível para nós espectadores - de unir este imenso e maravilhoso País, que é o nosso Brasil. Ajudaram a nos unir, ajudaram a termos uma só Nação e, ao mesmo tempo, tão diversa e tão única como é o Brasil.
Obrigado ainda pelo esforço contínuo de oferecer uma fonte de informação preocupada com a agilidade, com a facilidade de compreensão e, sobretudo, com a verdade. Obrigado a toda a equipe do Jornal Nacional. Vocês são prova de que o Brasil pode dar certo, de que o Brasil deu certo, de que o Brasil vai dar certo.
Parabéns ao Jornal Nacional! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Convido o Líder e Senador Randolfe Rodrigues para fazer uso da palavra.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP. Para discursar.) - Meu caríssimo conterrâneo, Presidente do Senado Federal, Presidente do Congresso Nacional, Senador Davi Alcolumbre, meus cumprimentos também ao autor e requerente desta sessão especial - me permita dizer -, a quem eu invejo pela iniciativa. Fui um dos subscritores, mas a iniciativa é de V. Exa. Fiz questão, inclusive, de registrar aqui, antes de chegar ao Plenário, que destaca uma data importante não somente para a comunicação brasileira, mas importante para este País. Meus cumprimentos, Senador Jorge Kajuru.
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Um especial cumprimento ao Vice-Presidente do Grupo Globo, o jornalista Sr. João Roberto Marinho. Mais uma vez, é uma satisfação enorme estar ao seu lado. Meu cumprimento também ao Sr. Paulo Tonet Camargo, meu caro amigo, Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo e também Presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão; à minha querida Zileide Silva, para nós é uma satisfação enorme. Permitam-me, meus colegas: a Zileide ficou muito bem nesta mesa central do Senado. Quem sabe ela não está treinando, Presidente Davi, para tanto.
Permitam-me...
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Eu estou fazendo a minha parte. Já a convidei para vir para a mesa.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) - Permitam-me fazer um cumprimento especial, e faço questão de cumprimentá-los, porque estão, a ampla maioria, no dia a dia aqui conosco. Conosco convivem as angústias deste Plenário, as convergências, as divergências, os sabores, os dissabores, o dia a dia. Por conta disso, faço questão de cumprimentar meu querido conterrâneo também Gerson Camarotti, Nilson Klava, Valdo Cruz, Giuliana Morrone, Heraldo Pereira, Giovana Teles, Júlio Mosquera, Gustavo Garcia, Sarah Rezende, Luiz Felipe Barbiéri, Fernanda Calgaro, Nathalia Toledo, Geiza Duarte, Luiz Ávila, Cristiana - nossa querida Cris Lôbo -, Elisa Craveiro, João Borges, Iain Semple, Delis Ortiz, e todas e todos, funcionárias e funcionários das organizações Globo que aqui estão presentes.
Poderia falar aqui das singularidades que forjaram, ao longo desses 50 anos, o Jornal Nacional. Faço questão de destacá-las: o primeiro jornal televisivo de dimensão nacional. Diria, ao surgir, um ponto de integração, de afirmação da unidade nacional. O Jornal Nacional nasce no ano de 1969. No ano seguinte, já trazia notícias do nosso tricampeonato mundial de futebol, em 1970, no México. Assim, nós temos um pouco a dimensão do tempo. Nada como fazer uma relação, caríssimo João Roberto, com essa paixão dos brasileiros, que é o futebol. O Jornal Nacional é na véspera do nono campeonato mundial de futebol, no México. Nós já estamos ás vésperas da realização do 22º. Do México, em 1970, passou para Alemanha, 1974; Argentina, 1978; Espanha, 1982; México de novo, 1986; Itália, 1990; Estados Unidos, 1994; França, 1998; Coreia e Japão, 2002; Itália, 2006; África do Sul, 2010; Brasil, 2014; Rússia, 2018. Ufa! Todas essas tiveram a cobertura do Jornal Nacional.
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Entre as singularidades, uma foi ancorada, de lá de 1994, pelo Jornal Nacional: a Copa do Mundo do nosso tetracampeonato. Outra com algumas cenas... Aliás, são tantas cenas que talvez no documentário ainda tenha faltado. Há uma em especial, em 2002, quando do nosso último pentacampeonato, com a Fátima Bernardes recebendo também a taça no ônibus da delegação da seleção brasileira e a beijando. Quem de nós não se sentiu um pouco beijando a taça, um pouco distante da impessoalidade dos jogadores no meio do campo?
As singularidades são enormes. Poderia falar do Prêmio Emmy, que o Jornal Nacional recebeu. O jornal tem essa dimensão de nos juntar, do Oiapoque, no Amapá, ao Chuí, da Serra do Caburaí, em Roraima, até o Chuí, do Acre até a Paraíba. É um ponto de unidade.
Foi muito bem dito aqui por Eduardo. É para muitos? Vai sair no Jornal Nacional. É, para muitos, razão de regozijo, razão de expectativa; para outros, inclusive, de temor.
As singularidades do jornal são razões de nossa mais profunda homenagem. Mas talvez o momento atual implique que esta sessão, tal qual outras sessões... Fiz questão, Presidente Davi. Esta é a quarta sessão em homenagem a um meio de comunicação, neste ano, da qual participo. Estive presente em todas: naquela em homenagem às Organizações Globo, o querido João Roberto e Paulo Tonet aqui estavam; em homenagem ao jornal Folha de S.Paulo; em homenagem à Associação Nacional de Jornais; e hoje em homenagem ao Jornal Nacional.
Eu o cumprimento, Presidente, por transformar este tapete azul do Senado em um espaço de afirmação de um princípio basilar da democracia que precisa ser reafirmado atualmente: a liberdade de imprensa! Destaco-o porque a liberdade de imprensa incomoda. Às vezes incomoda muito até os colegas, nós mesmos que frequentamos estes tapetes azuis, os políticos em geral. A liberdade de imprensa, a liberdade de falar é uma arma perigosa, é uma arma perigosa contra todos aqueles que detêm poder e acham que são donos absolutos do poder. Todos aqueles que são incompatíveis com a democracia detestam a liberdade de imprensa, detestam a liberdade de manifestação, detestam o que é pronunciado.
Há um poeta, Ataíde Lemos, mineiro, que diz: "A liberdade de expressão é um dos grandes pilares da democracia, bem como é um direito fundamental para a transformação social [...]". Sem liberdade, sem as liberdades, sem a liberdade de imprensa, sem a liberdade de expressão, se faz o arbítrio, se faz a ditadura. Quando se faz o arbítrio e se faz a ditadura, é o caminho mais curto para todas as mazelas, para a corrupção, para a destruição social, para o caos.
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Não é verdade que o caminho da humanidade seja a ditadura. Não existe caminho curto que não seja o caminho da democracia. É o caminho virtuoso da democracia que levou este País às suas maiores conquistas; foi no caminho virtuoso da democracia que Brasília foi erguida; foi no caminho virtuoso da liberdade de expressão que houve a reconquista das liberdades fundamentais e imprescindíveis. Não há caminho curto fora da democracia.
Fora da democracia, os caminhos são a tortura, o arbítrio, o porão, a morte; fora da democracia, é o nazismo e os seus mais de 1 milhão de mortos; fora da democracia, é o stalinismo e os seus mais de meio milhão de mortos.
Qualquer ditadura ou qualquer regime de exceção, à esquerda ou à direita, deve ser condenado. Qualquer ditadura, seja à esquerda ou à direita, tem, na imprensa livre, seu mais fiel adversário, seu mais fiel opositor.
Tem significado de diagnóstico, querida Zileide, querido João Roberto, que o vídeo do Jornal Nacional tenha iniciado com um dos momentos mais belos já transmitidos pelo telejornal: a promulgação da Constituição de 1988. Diz Ulysses Guimarães: "Temos ódio e nojo à ditadura...". Completa Ulysses Guimarães: "... onde quer que ela exista [...], principalmente na América Latina". E termina Ulysses Guimarães, na promulgação daquele belíssimo documento, que nos orienta e que coloca no altar a liberdade de imprensa: "Está promulgada a Carta da liberdade, da cidadania e da democracia".
É por isso, Sr. Presidente, que eu quero, neste momento aqui...
Eu abri, iniciei, inaugurei este pronunciamento ao homenagear a Zileide, homenagear os jornalistas. Permita-me, João Roberto, homenagear uma outra jornalista, que, talvez, não esteja frequentemente no Jornal Nacional, mas que faz parte das Organizações Globo.
Eu quero homenagear, como baluarte atual da luta pela liberdade de imprensa e pela democracia, a jornalista Miriam Leitão, principalmente pelo que Miriam Leitão tem sofrido, principalmente pelas agressões que Miriam Leitão tem recebido. Essa é a nova forma de ditaduras se expressarem. Aliás, não é nova.
Qualquer ditadura, com qualquer violência, sacrifica jornalistas, ameaça jornalistas, desqualifica jornalistas, em qualquer ato de intolerância. As senhoras e os senhores podem testemunhar isto: qualquer ato de intolerância que não quer ver a verdade, qualquer cúmplice do crime, uma das primeiras vítimas é o profissional da imprensa. Foi assim com Tim Lopes e é, no presente, com Miriam Leitão, quando ela é agredida.
Então, quero manifestar minha solidariedade a uma jornalista das Organizações Globo.
E, principalmente... Pode-se com o jornalismo divergir, ou com os jornalistas, ou com âncoras... Convergir ou divergir. Mas, em nenhum Estado de direito, principalmente autoridades - principalmente autoridades - podem atacá-las.
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As ameaças à democracia e à liberdade de imprensa também são atuais. As ameaças atuais, já foi dito aqui anteriormente pelo Presidente Davi, pelo Senador Eduardo Braga, fake news - vamos traduzir para o português: notícias mentirosas -, é engraçado como se estabelecem: às vezes elas são estabelecidas pelo poder oficial, dizendo que as notícias verdadeiras são falsas, são fake, e as notícias falsas é que são verdadeiras. Essa lógica parece dialética, mas é a lógica contraditória da atualidade. Por isso que é necessário homenagear o Jornal Nacional e é necessário homenagear a imprensa livre.
Só há uma forma de buscar a verdade num mundo de pós-verdade: é a verdade ser pesquisada, ser investigada; é haver o outro lado para ser ouvido; é ser apresentado o contraditório, e, apresentado o contraditório, deixar o leitor, o ouvinte ou o telespectador formar sua convicção. Não há fonte melhor do que aquela que apresenta os dois lados. O mundo atual me parece ser o mundo de tentativa de, por notícias falsas, as ditas fake news, destruir o que é verdade e estabelecer uma pós-verdade. É uma prática e uma atuação autoritária moderna, porque, sim, os ditadores e as ditaduras se reciclam, se renovam, se afirmam, seja em qualquer lugar do mundo: seja na Turquia, na Hungria, na Venezuela, seja no Brasil.
Ameaças atuais são a censura, e eu queria aqui agradecer em especial ao João Roberto as posições recentes, porque às vezes é necessário também ter coragem. A coragem é a matéria-prima da civilização. Não seria sem coragem que o seu pai teria organizado uma das maiores redes de televisão do planeta, motivo de orgulho para todos nós, brasileiros. Não seria sem coragem que teria sido fundado o Jornal Nacional há 50 anos, com uma rede de televisão que atingisse a todos os brasileiros. Então, a coragem impõe que um meio de comunicação, como as Organizações Globo, tenha que também emitir as suas opiniões quando valores da democracia estão sendo ameaçados.
Meus cumprimentos pela posição firme e recente contra a censura, não há nada que ameace mais também a ordem democrática. Aliás, poesias nunca foram tão atuais; nunca foi tão atual a poesia, por exemplo, que diz o seguinte: "Se primeiro nós deixarmos violentarem a liberdade de imprensa, depois nós deixaremos violentarem a censura, depois nós deixaremos triunfar a mentira e depois a ditadura se instalará".
Por isso, temos que saudar a posição firme contra a censura, porque a censura é uma forma também de o autoritarismo se impor. Aliás, a censura é uma forma concreta de impedir que a verdade seja proclamada. Nós já vivemos tristes anos de censura nesse País, em que a arte foi obstaculizada, em que o obscurantismo prevaleceu sobre as artes, a literatura, toda a produção e, principalmente, de que o jornalismo foi vítima.
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Quero reafirmar esses princípios e eu quero aqui, ao homenagear o Jornal Nacional, fazer uma homenagem a estes princípios que é necessário serem defendidos na atualidade: liberdade de imprensa, repudiar qualquer forma de censura, repelir qualquer hipótese de notícias falsas, as chamadas fake news.
Uma obra da atualidade, e falo isso para concluir, Sr. Presidente, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, Como as Democracias Morrem, traz quatro características de como se estabelece um Estado de exceção. A primeira delas, a rejeição às regras democráticas do jogo político; a segunda delas, a negação da legitimidade dos oponentes políticos; a terceira delas, a tolerância ou encorajamento à violência; a quarta delas, a propensão a restringir as liberdades, principalmente as liberdades da mídia.
Não quero imaginar que essas características estejam em curso no Brasil. Sempre, em momentos de desespero, é importante encontrar-se com o alento, encontrar-se com a esperança.
Em momentos em que a democracia pode sofrer quaisquer ameaças, em que jornalistas são agredidos e ameaçados, em momentos tais quais estes, é necessário ter um meio de comunicação, ter um jornal de abrangência nacional que reafirme os princípios irreversíveis da formação do Estado de direito, inaugurado naquela primeira cena do documentário a que assistimos, da Constituição de 1988.
É necessário reafirmar os princípios, e os princípios são: não existe democracia com intolerância, não existe democracia sem respeito à oposição e aos adversários, não existe democracia sem o respeito à liberdade de imprensa e o respeito à liberdade de informar dos meios de comunicação.
É por isso que eu acredito que, como alento e esperança para defender esses valores, a democracia, que é a primeira cena do documentário que nós vimos, ainda há pouco, sobre o Jornal Nacional, nós teremos como um dos baluartes não somente as Organizações Globo, Dr. João Roberto Marinho, mas o Jornal Nacional. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Convido para fazer uso da palavra o Senador Líder Esperidião Amin.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Para discursar.) - Sr. Presidente, Senador Davi Alcolumbre, prezado Senador Jorge Kajuru Nasser, que é o primeiro subscritor deste requerimento, quero saudar o Sr. João Roberto Marinho, a nossa querida Zileide Silva e o Paulo Tonet, meu velho amigo, agradecendo publicamente pelo suporte que deu à apresentação de um dos instrumentos da Locopeia, em Nova York, no dia 1º de setembro próximo passado.
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Quero aproveitar, das palavras do Senador Randolfe, a minha saudação a toda a constelação. Eu não vou ler de novo a escalação do time, mas quero subscrever o aplauso, não à escalação, mas à constelação que aqui foi nomeada, representando todos aqueles que dão alma, sentimento e movimento à Rede Globo. Por quê? Porque são essas pessoas, esses profissionais, cada qual na sua função, que conseguem dar ao Jornal Nacional o privilégio de poder comemorar 50 anos. E 50 anos atualizados; atualizados na sua forma, na sua tecnologia. O que me faz lembrar um livro dos meus cursos de Administração, sobre empresas e empreendimentos feitos para durar. O que chega aos 50 anos, neste mundo cheio de transformações? Não é pouca coisa. E quando esse mundo de convivência é a mídia, com um processo extraordinário de criação destrutiva e de destruição criativa de meios e formas de se processar e de acontecer, é porque muito talento, muita criatividade e muita obstinação contribuíram para esse sucesso que nós estamos aqui a celebrar.
E é lógico que se tratando de mídia, tratando-se de meio de comunicação, por envolver o meio social nosso e do mundo, eu quero destacar dois aspectos. Primeiro, quero dizer que ao unir o Brasil, como bem salientou o Senador Eduardo Braga, o Jornal Nacional fez, em termos de mídia, aquilo que nós devemos, de maneira mais cara, a Portugal: a unidade da língua. É um milagre que nós falemos a mesma língua nos vários quadrantes do Brasil. E esse milagre está sendo perenizado com a tecnologia moderna, pela mídia em geral. E o Jornal Nacional é, sem dúvida alguma, uma peça lapidar e fundamental dessa preservação e de tudo que isso representa em termos de fazer convergir o interesse da Nação brasileira neste mundo diversificado em que nós vivemos.
Portanto, é em nome dessa conquista do Jornal Nacional que eu gostaria de enaltecer, aí como catarinense, como fez há poucos dias a Deputada Angela Amin, quando se pronunciou, a lição de solidariedade que o Jornal Nacional traz a todos nós.
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Isso é muito importante para unir o ser humano ou os seres humanos, aqueles que constituímos o nosso País, e nos lembrar que nós somos mais do que a nossa vila, do que a nossa rua ou do que nós mesmos isoladamente. Nós valemos pelo que pudemos somar, acrescentar e promover de forma sinérgica.
E o segundo aspecto que eu quero enaltecer decorre da minha origem pessoal. Eu sou filho de migrantes por parte de pai e por parte de mãe - sou primeira geração -, de latitudes diferentes e de culturas diferentes.
O Jornal Nacional representa um amálgama para essa diversidade que é a própria riqueza do Brasil, que começa pela tolerância, pela capacidade de coexistirmos, pessoas de origens e matizes diferentes, de crenças diferentes.
O Jornal Nacional consegue nos ajudar a compreender que a diversidade não é uma contrariedade e, sim, a possibilidade de convergirmos, enriquecendo-nos a cada um.
Por tudo isso, quero enaltecer, de parte do patrono, desse empreendimento que é o Jornal Nacional, aquele que é o nosso sonho de liberdade, de capacidade de contribuir, trazendo coisas novas, fazendo oposição de ideias, porque é isso que faz a humanidade crescer. Se não houvesse ideia diferente, se não houvesse pensamento firme diferente daquele que nos porta ou que nós portamos, o mundo seria muito pobre.
Então, eu quero me congratular com a iniciativa do Senador Kajuru e fazer deste aplauso singelo, que nós aqui reproduzimos, um voto de vida longa, de constante inovação, de fazer dessas incertezas que o mundo nos oferece um estímulo para que nós também saibamos ter a capacidade de sempre inovar, de não temer o novo, nem mesmo o princípio do outro.
E que o Brasil possa sempre viver essa emoção do novo, da sua constante criação e atualização, animado pela liberdade das pessoas, pela liberdade da imprensa, pela liberdade de expressão, criando sempre a nossa capacidade de coexistir e construir, então, a democracia, que alguns temem, que uns tantos criticam, mas que é, como diziam os mais sábios do que nós, não o melhor de todos os sistemas ou regimes políticos, talvez seja até o pior, depois de todos os outros.
Portanto, cabe a nós tornar esse instrumento de trabalho, de convivência, de governo e de crescimento algo que realmente seja amado, além de sonhado por todos nós.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Convido, para falar em nome do Democratas, o Vice-Líder Chico Rodrigues, como último orador. Em seguida, ouviremos o pronunciamento do Dr. João Roberto Marinho.
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR. Para discursar.) - Presidente do Senado Federal, Exmo. Sr. Davi Alcolumbre, companheiro e Líder nesta Casa, que, com o vigor da sua juventude, teve uma das vitórias mais belas aqui, agora no início do ano, e tem conduzido esta Casa com absoluta maestria, tendo sido, inclusive, elogiado pela esmagadora maioria dos seus pares pela sua posição cartesiana, pelo seu compromisso e, acima de tudo, pela sua responsabilidade cívica na ocupação de tão relevante cargo; autor do requerimento desta sessão de comemoração, Senador Jorge Kajuru; Vice-Presidente do Conselho de Administração e Presidente do Conselho Editorial e do Conselho Institucional do Grupo Globo, Sr. João Roberto Marinho; Presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo; jornalista Zileide Silva, figura emblemática, entre tantas outras, na televisão brasileira, especialmente na Globo; caro jornalista Gerson Camarotti, na pessoa de quem cumprimento todos os jornalistas da TV Globo e servidores; minhas senhoras e meus senhores, eu não poderia deixar de registrar aqui hoje os meus parabéns e o muito obrigada da população brasileira a toda a equipe do Jornal Nacional pelos serviços prestados ao longo desses 50 anos. A importância desse programa de televisão que uniu o Brasil, fazendo com que a população receba notícias de todos os Estados da Federação, é inestimável.
Podemos dizer que o Jornal Nacional é um patrimônio brasileiro. Estreou no dia 1º de setembro 1969 para competir com o Repórter Esso, da TV Tupi. Em pouco tempo, conquistou a preferência do público e se transformou num dos jornais mais respeitáveis da televisão brasileira.
O Jornal Nacional foi o ponto de partida de um projeto que pretendia transformar a Globo na primeira rede de televisão do Brasil. Meses antes, a Embratel havia inaugurado o Tronco Sul, que possibilitava a integração de Rio, São Paulo, Porto Alegre e Curitiba. A formação dessa espécie de rede era possível com a ajuda de um sistema de micro-ondas. O equipamento ligava, por sinais, o estúdio à torre de transmissão da emissora. A partir dessa tecnologia, a Globo pretendia gerar uma programação uniforme para vários Estados e diminuir, consequentemente, o custo de produção.
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O principal telejornal brasileiro, traz as principais notícias do Brasil e do mundo. Exibido no horário noturno, de segunda-feira a sábado, estão em suas pautas atualidades, matérias de denúncias e investigação, séries especiais, os fatos mais importantes do dia e os acontecimentos que terão repercussão no dia seguinte, quase que pautando os demais veículos de comunicação da televisão brasileira.
Essa daqui é do baú.
"O Jornal Nacional, da Rede Globo, um serviço de notícias, integrando o Brasil novo inaugura-se neste momento: imagem e som de todo o Brasil" - foi assim que o apresentador Hilton Gomes abriu, às 19h45, a primeira edição do Jornal Nacional no dia 1º de setembro de 1969.
Na edição de estreia, o principal assunto era a reviravolta política que vivia o Brasil. O País seria entregue a uma junta militar devido a um problema de saúde do então Presidente Costa e Silva. O anúncio foi feito pelo Ministro Delfim Neto e exibido em filme durante 46 segundos.
Primeiro telejornal do Brasil a ser transmitido em rede, o Jornal Nacional conquistou a preferência do público e se firmou como um dos mais respeitáveis do País, porque não dizer o mais respeitável do País.
Márcia Mendes foi a primeira mulher a apresentar o telejornal, em um 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
Em 1977, Glória Maria torna-se a primeira repórter brasileira a entrar no ar ao vivo. Na ocasião foram inaugurados equipamentos portáteis para a geração de imagens.
Em 1978 o filme 16mm começa a ser substituído, com a instalação da ENG, que permitia a edição eletrônica de videotape e a edição de VT, aumentando assim a velocidade do telejornalismo.
Em 1983 houve novas mudanças: o Jornal Nacional ganhou a sua primeira vinheta eletrônica. A dupla de apresentadores também mudou. No lugar de Sérgio Chapelin, que apresentava o Jornal Nacional com Cid Moreira, entrou Celso Freitas que já apresentava eventualmente o telejornal. Moreira e Freitas ficaram juntos no Jornal Nacional até 1989 mesmo ano em que o telejornal estreou abertura, cenário e logotipos novos.
Em 1991, pela primeira vez, uma guerra foi transmitida ao vivo, a Guerra do Golfo.
Em 1994, pela primeira vez, uma cobertura da Copa do Mundo é ancorada ao vivo do país sede, os Estados Unidos. Também em 1994 o Jornal Nacional completava 25 anos.
Em 1996, Cid Moreira e Sérgio Chapelin passaram a bancada para William Bonner e Lillian Witte Fibe.
Em 1998, Fátima Bernardes substituía Lillian Witte Fibe, formando com William Bonner.
Em 2000 o Jornal Nacional mudou o cenário de estúdio e passou a ser apresentado de dentro da própria redação. Pela matéria Feira das Drogas o repórter investigativo do telejornal Tim Lopes ganhou o prêmio de jornalismo em 2001. No ano seguinte, Lopes seria morto por narcotraficantes da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, onde havia sido feita a reportagem.
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Em 2001, o Jornal Nacional foi indicado ao Emmy de 2002 de melhor cobertura jornalística pela cobertura dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Nas eleições de 2002, o Jornal Nacional inovou, realizando entrevistas ao vivo, no próprio cenário, com quatro candidatos à Presidência da República.
Em 2006, em um link direto com a Estação Espacial Internacional, William Bonner entrevistou o astronauta Marcos Pontes, primeiro brasileiro a viajar ao espaço. No mesmo ano, Pedro Bial apresentou a Caravana JN, que, durante dois meses, fez reportagens por todo o Brasil sobre as eleições gerais. E por aí vai deslizando a história. A cada duas semanas, o Jornal Nacional foi apresentado ao vivo, por William Bonner e Fátima Bernardes, de uma cidade representativa de sua região.
Em 2008, a cobertura do sequestro de Eloá Pimentel pelo ex-namorado fez o Jornal Nacional ser indicado, pela quinta vez, em sete anos, ao Prêmio Emmy Internacional de Notícias de 2009.
Em agosto de 2010, o Jornal Nacional inicia seu projeto em relação às eleições naquele ano, com o JN no Ar, que utilizava um avião para visitar cidades dos 26 Estados e do Distrito Federal. O projeto, que se tornou fixo no ano seguinte, foi lançado na cidade de Macapá, cidade do nosso Presidente.
Em 6 de agosto de 2011, William Bonner e Fátima Bernardes leram, no último bloco, um resumo de um documento com os princípios editoriais das Organizações Globo, que, em 2014, passariam a ser Grupo Globo.
Depois de quase 14 anos (1998-2011), Fátima Bernardes deixaria a bancada do JN para apresentar o programa de variedades Encontro com Fátima Bernardes, que entrou na grade da Globo em 2012, ocupando o lugar do infantil TV Globinho. Quem a substituiu, dividindo a apresentação com Bonner, foi Patrícia Poeta, que estava havia cinco anos no Fantástico. Patrícia, por sua vez, foi substituída no Show da Vida por Renata Ceribelli. Uma edição especial do Jornal Nacional ocorreu no dia 5 de dezembro de 2011, quando Fátima Bernardes passou a ancoragem para Patrícia Poeta. A nova âncora assumiu todas as funções da antecessora no Jornal Nacional, tornando-se também editora-executiva do telejornal, além de apresentadora.
A cobertura no exterior foi fortalecida em função das pressões políticas para tratar dos assuntos internos do País. Outro destaque na reestruturação da cobertura política foi o processo de eleições diretas para Prefeitos de capitais não consideradas de segurança nacional, em novembro de 1976. O planejamento começou em agosto, no Rio. Era a primeira vez que o jornalismo investia pesado em uma cobertura desse tipo. Do dia 15 ao dia 17 de novembro, o Jornal Nacional apresentou edições especiais, atualizando a votação e a apuração dos votos.
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Quero destacar agora a importância de combater as fake news, hoje comuns em nosso meio político. O Jornal Nacional, que tem feito companha contra essas fakes, contribui para o melhor entendimento do povo ao cenário político. As verdades dos fatos apresentados são acessadas, do mais rico ao mais pobre, e isso fortalece a união do povo na sua tomada de decisões.
Nós, fazendo a pesquisa para nos pronunciarmos, vimos aqui dezenas - por que não dizer? -, centenas de prêmios conquistados, Dr. João Roberto Marinho, pelo Jornal Nacional. Isso é fruto da persistência, da obstinação, mas, acima de tudo, da qualidade e do profissionalismo dessa empresa, que hoje, na verdade, é orgulho do País. Eu tenho certeza de que, tirando dos velhos alfarrábios do tempo, nós encontramos essas informações, que a memória, para nós já mais velhos, se enche de lembranças, porque tenho certeza absoluta de que, do cidadão mais simples àquele que tem expectativa por informações mais apurada, o Jornal Nacional é como se fosse uma obrigação quase diária de cada um de nós. Às vezes, nós saímos aqui do Plenário para ir rapidinho lá no cafezinho para ver exatamente a hora do Jornal Nacional, Zileide, porque são informações que na verdade são publicadas em tempo real. Ela decodifica a cada momento a realidade brasileira.
Portanto, eu tenho certeza de que, olhando daqui a cem anos para a história, muitos lerão realmente que nós aqui estivemos hoje nesta data em que a Rede Globo comemora os 50 anos do Jornal Nacional, e verão que é uma longa caminhada, mas com profissionalismo, competência e, acima de tudo, grandes serviços prestados à população brasileira. O Brasil hoje, tenho certeza, tem no Jornal Nacional a sua maior referência jornalística. E vocês, esses profissionais, como disse aqui o Randolfe, são uma constelação de jornalistas que na verdade só engrandecem a emissora. Na pessoa do seu Vice-Presidente de administração, Dr. João Roberto Marinho: orgulho. Nós, o Parlamento, temos em vocês uma referência, porque sabemos que a cada dia vocês se aperfeiçoam mais, a cada dia vocês se preparam mais para levar o melhor da notícia para a população brasileira.
Então, parabéns e que esses 50 anos sejam comemorados muitas vezes, não pela data, pelo dia, pelos 50 anos especificamente, mas a cada ano pelo profissionalismo e, acima de tudo, pelo que representa como informação para o Brasil.
Parabéns! Que Deus abençoe a Rede Globo e que continuem nessa longa caminhada, trabalhando sempre para informar melhor a população brasileira.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Concedo a palavra agora ao Vice-Presidente de Administração e Presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo, Sr. João Roberto Marinho.
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O SR. JOÃO ROBERTO MARINHO (Para discursar.) - Sr. Presidente Davi Alcolumbre; caro Senador Jorge Kajuru, propositor dessa homenagem ao Jornal Nacional; caro amigo e companheiro Paulo Tonet; Zileide, companheira de jornalismo de tantos anos na Globo; meus demais colegas aqui presentes e jornalistas que trabalham duramente para colocar o Jornal Nacional no ar.
Eu queria começar agradecendo as palavras carinhosas que foram ditas aqui sobre o Jornal Nacional, Presidente Davi, Senador Kajuru, demais Senadores. E como cidadão, eu queria agradecer também as palavras que foram ditas sobre o Estado de direito, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa como pilar fundamental da democracia. Estamos precisando reafirmar isso. É uma pena que isso seja necessário, mas estamos precisando reafirmar.
Indo para o discurso aqui mais formal, antes de mais nada, quero enfatizar a honra que é estar aqui para receber essa homenagem, em nome dos quase cinco mil profissionais ligados ao jornalismo, muitos conhecidos por estarem no ar, mas a grande maioria trabalhando por detrás das câmeras na Globo e em suas afiliadas. Trabalham para levar informações aos brasileiros.
Sou muito grato ao Senador Kajuru pela iniciativa, e às Senadoras e aos Senadores pela acolhida. É também uma oportunidade sem igual para que eu possa abordar como o Grupo Globo entende o jornalismo e assim possa prestar contas dessa atividade ao Senado Federal.
Ficou de certo modo consagrado chamar a imprensa de quarto poder. A expressão surgiu em meados do século XIX e queria enfatizar inicialmente a independência da imprensa frente aos poderes constituídos. De fato, não há imprensa, não há jornalismo de qualidade sem independência. Mas com o tempo, a ênfase recaiu de tal modo na palavra poder, que há muito nós do Grupo Globo nos afastamos dela, não a endossamos.
A imprensa, essa é a verdade, não tem poder, não no sentido que lhe é atribuído; tem, sim, um direito que esta Casa nunca se cansou de defender com ardor, por saber que é essencial a toda democracia: o direito de informar. Não é à toa que ao longo da história esse direito é o primeiro que regimes autoritários correm a suprimir, como foi mencionado aqui antes, porque sabem que informados os cidadãos não deixam de escolher apenas segundo as suas consciências, mas o fazem com conhecimento; e regimes autoritários não sobrevivem a cidadãos informados.
Mais ainda, o direito à informação é composto pelo binômio indissociável entre os direitos de informar e de ser informado. Ao direito dos cidadãos de serem adequadamente informados corresponde o direito da imprensa à apuração e veiculação da informação. Em síntese, o direito de informar reconhecido à imprensa é importante não por ser um direito individual de cada veículo, mas por corresponder ao direito coletivo à informação de todo o povo brasileiro.
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A independência da imprensa a que me refiro não é, no entanto, um capricho, um ato de vontade, mas o requisito básico e indispensável ao jornalismo.
A despeito disso, a independência cobra um preço, e as senhoras e os senhores, independentes em suas jornadas de servir a quem representam, sabem disso por experiência própria.
Ao jornalismo profissional também não há alternativa: pode ser penoso, num momento ou noutro, e aqui não me refiro a quando somos criticados com severidade, de modo justo ou injusto. A crítica é um direito de todos. Eu me refiro a momentos em que a imprensa está diante de ameaças, de retaliações concretas ou insinuadas, ou quando a imprensa depara com tentativas de intimidações em palavras ou em atos.
Mesmo nesses momentos, é preciso perseverar na independência, porque, sem ela, não há isenção, pedra de toque da informação de qualidade. E, sem informação de qualidade, não há credibilidade; sem credibilidade, não há mais a confiança dos leitores, ouvintes e espectadores.
Em seu direito de informar, à imprensa cabe apenas jogar luz sobre todos os fatos relevantes, sejam políticos, econômicos, humanos, científicos, e é por isso que eu rechaço a ideia de poder, porque, se houver outro propósito senão o de informar, um veículo de imprensa não sobrevive por muito tempo - e não, certamente, por 50 anos.
O público percebe, e onde havia a confiança nasce a repulsa. À imprensa cabe levar os fatos ao conhecimento do público e, ao fazê-lo, contribuir para que os cidadãos formem sua própria opinião e participem ativamente da construção de um País melhor, de um mundo melhor.
Quando foi ao ar pela primeira vez, em 1969, o Jornal Nacional realizava um sonho de meu pai, Roberto Marinho: jogar luz sobre os fatos, unir os brasileiros em torno da informação relevante, bem apurada, com isenção e checada e rechecada, e unir um Brasil, de norte a sul, em torno das notícias que estavam sendo transmitidas.
Era o primeiro telejornal transmitido em rede para todo o Brasil. E para milhões de brasileiros era a única fonte de informação. O cenário, hoje, é completamente diferente: com a TV por assinatura em 17 milhões de lares, oferecendo mais de 200 canais; com 230 milhões de smartphones tornando possível a informação ao alcance das mãos; com sites jornalísticos de qualidade na internet, em número infinito, as opções se multiplicaram.
Se é assim, por que, ainda hoje, metade das televisões ligadas no horário está sintonizada no Jornal Nacional? A resposta está em muitos fatores, mas, se tivesse que escolher um, apontaria o rigor com que exercemos o jornalismo profissional.
O JN é a opção em que as pessoas sabem que podem confiar, porque confiam em quem informa com independência e isenção. Essa credibilidade foi conquistada ao longo de anos, é e sempre será testada.
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O espectador é absolutamente livre para desligar seu aparelho e mudar de canal, escolher outra fonte de informação, todas as noites, todos os meses, todos os anos, há 50 anos. Para citar apenas um aspecto, a análise cuidadosa do conteúdo do Jornal Nacional durante os mais diversos Governos mostra que ele nunca escolheu notícia: os fatos acontecem, o Jornal Nacional apura e publica. No meio jurídico, diz-se que processo não tem capa. É uma forma de demonstrar que o juiz deve sempre decidir da mesma forma, independente dos nomes envolvidos na causa. Peço emprestado o ditado jurídico para adaptá-lo à forma como o Jornal Nacional é feito: notícias para o Jornal Nacional não têm capa; entra o que é relevante, independentemente de quem seja o protagonista da notícia.
E se assim podemos agir, é devido ao compromisso que as senhoras e os senhores têm com a liberdade de imprensa. Se podemos perseverar na independência, é graças ao Senado Federal, que se empenha sempre em fortalecer a imprensa, em robustecê-la, em evitar que paixões políticas ou incompreensões momentâneas sobre o papel da imprensa possam minar um direito tão sagrado para a democracia, que é o direito de informar.
O que eu disse há dez dias em homenagem dos Deputados ao Jornal Nacional, lido pelo Paulo Tonet, porque eu infelizmente não pude estar presente, me obrigo a repetir aqui, porque é justo, porque é correto. Eu disse à Câmara e repito agora ao Senado, abre aspas: "Só se pode fazer esse bom jornalismo isento e independente graças à Constituição que nos rege, escrita por seus predecessores e respeitada pelos três Poderes ao longo dos anos que se sucederam, desde 1988.
Sem desmerecer os outros Poderes, todos fundamentais, o papel desta Casa tem sido de suma importância. Graças às senhoras e aos senhores e àquelas e àqueles que aqui estiveram antes, o jornalismo pode cumprir o seu papel. Ontem, como hoje, é o compromisso desta Casa com a democracia, com a República e com as liberdades individuais, em especial a liberdade de imprensa, que permite que se possa informar sem amarras o povo brasileiro.
Temos a consciência de que esse compromisso é tão profundo, que se mantém inalterado mesmo quando integrantes desta Casa têm críticas, por vezes contundentes, a determinadas coberturas: não há prova maior de apreço pela liberdade de imprensa e de reconhecimento de sua importância no regime democrático", fecha aspas.
É com emoção e gratidão que recebo, em nome do Grupo Globo e de seus colaboradores, esta homenagem tão eloquente. Há 50 anos temos nos esforçado para acertar mais do que errar, como mostra o sucesso do Jornal Nacional. Mas, quando erramos, não hesitamos em nos corrigir e nos desculpar.
Como brasileiros a serviço de brasileiros, nosso desejo é o progresso do nosso Brasil, fiquem seguros disso, e nossa contribuição é esta: ao nos dedicarmos ao jornalismo, informarmos com qualidade.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) - Eu gostaria de novamente agradecer a presença de todos, exaltar esse dia histórico, dito aqui por vários Senadores que tiveram a oportunidade de se manifestar em relação a esta sessão especial em comemoração aos 50 anos do Jornal Nacional; eu gostaria de cumprimentar, em nome do Dr. João Roberto Marinho, todos os atores, os profissionais que ajudam a construir esse grupo de comunicação que orgulha a todos nós brasileiros pela competência, seriedade e altivez com que trata a informação.
E, Dr. João, o Senado da República tem a honra e o privilégio de ter hoje nesta sessão especial a sua presença em nome do Grupo Globo. O Dr. Paulo Tonet, que trata das relações institucionais, está sempre presente, fazendo da aproximação com esse veículo de comunicação, respeitado por todos nós, a forma direta no trato da relação institucional, democrática, livre e altiva do Parlamento brasileiro, do Senado da República.
E, como Presidente do Senado Federal e Presidente do Congresso Nacional, eu quero manifestar nossa solidariedade e apoio à imprensa nacional livre, que ajuda a informar todos os brasileiros. Então, em nome de todo o colegiado do Senado Federal, a sua presença nesta sessão solene.
Quero cumprimentar o autor desta propositura, o Senador Jorge Kajuru, que foi subscrita por todos os Senadores e aprovada, por unanimidade, respeitando a importância desse telejornal e desse grupo.
Como Senador, é uma honra e um privilégio poder participar hoje, em uma sexta-feira de trabalho do Senado Federal, em que fizemos a sessão de discussão da reforma da previdência, atuando no Senado da República com vários Senadores trabalhando na sessão de hoje, para contarmos o prazo do acordo estabelecido com todos os Líderes, em votação de uma reforma importante para o Brasil. E, nesse intervalo, comemorarmos, nesta sessão especial, a luta do Dr. Roberto Marinho, iniciada muitos anos atrás, com a festa e a homenagem feita aqui por esses sete minutos de vídeo, que nos emocionou a todos. Muitos momentos daqueles que foram exibidos aqui foram assistidos no Jornal Nacional por milhões de brasileiros.
É essa capacidade de informar e de levar a informação que faz com que esta sessão solene seja, sim, uma sessão solene especial, neste momento de fortalecimento das instituições, de liberdade da imprensa e de respeito à democracia. E é através da busca do fortalecimento da democracia que o Senado Federal se curva ao brilhante papel realizado pelo Grupo Globo e pelo Jornal Nacional nesta homenagem.
Parabéns, em nome do Congresso Nacional, a todos os profissionais de imprensa do Brasil, que estão representados nesta sessão solene em homenagem ao Jornal Nacional.
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Cumprida a finalidade desta sessão, eu agradeço a todos que nos honraram com o seu comparecimento e, por sugestão do autor da propositura, Senador Jorge Kajuru, eu convido todos os profissionais para que a gente possa fazer um registro fotográfico desta sessão em homenagem ao Jornal Nacional, para ficar marcado na história do Senado e na do grupo Globo de Comunicação.
Está encerrada a sessão. (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 13 horas e 40 minutos.)