1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
56ª LEGISLATURA
Em 18 de outubro de 2019
(sexta-feira)
Às 10 horas
198ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Bom dia a todos e a todas.
Invocando a proteção de Deus, declaro aberta, no dia 18 de outubro de 2019, às 10h16, a Sessão Especial do Senado Federal destinada a homenagear diversas personalidades da área da saúde que trouxeram relevantes contribuições à Medicina.
Esta sessão, nos termos do Requerimento nº 399, de 2019, de autoria do Senador Nelsinho Trad e do Senador Izalci Lucas, que aqui se encontra, ao meu lado, e demais Senadores, tem o objetivo de homenagear diversas personalidades da área da saúde que trouxeram relevantes contribuições à Medicina.
Composição da Mesa.
Convido para compor a Mesa o Sr. Sérgio Tamura, Vice-Presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal e representante do Presidente do Conselho Federal de Medicina, Dr. Mauro Luiz Ribeiro. (Palmas.)
Sr. Farid Buitrago Sánchez, Presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal. (Palmas.)
Sra. Vanessa Dalva Guimarães Campos, Gerente dos Programas de Residências Médicas da Escola Superior de Ciências da Saúde. (Palmas.)
Sr. Paulo Cesar Fructuoso, cirurgião geral e oncológico. (Palmas.)
Sr. Paulo Roberto Krause, cirurgião urológico. (Palmas.)
Sr. José de Jesus Peixoto Camargo, cirurgião torácico. (Palmas.)
Gostaria de registrar a presença do Senador Acir, sempre assíduo, e nos honra muito, a mim e ao Senador Izalci, a sua presença neste Plenário.
Hino Nacional.
Convido todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional, que será executado pela Banda da Polícia Militar do Distrito Federal. Aproveito a oportunidade para agradecer a presença da Banda da Polícia Militar do Distrito Federal, atendendo a um convite do Senador Izalci Lucas. Aqui se faz presente na galeria superior.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Assistiremos agora a um vídeo institucional.
(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Convido a Sra. Nyedja Gennari para contar a história do médico.
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A SRA. NYEDJA GENNARI - (Interpretação narrativa.) - Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que, no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.
Senhoras e senhores, bom dia.
Com o juramento de Hipócrates, convido cada um de vocês a uma viagem, uma viagem pela história da Medicina. Então, apertem os cintos da imaginação, ou soltem, se preferirem, e viagem comigo por tão inspiradora história, uma história tão distante.
Medicina deriva do latim ars medicina e significa a arte da cura.
O conceito de Medicina tradicional refere-se a práticas, abordagens e conhecimentos, incorporando conceitos materiais e mentais, técnicas manuais e exercícios, aplicados individualmente ou combinados, a indivíduos ou a coletividades, de maneira a tratar, diagnosticar e prevenir doenças, ou visando a manter o bem-estar.
Existem duas versões da origem da Medicina. Segundo os países xiitas, a Medicina surgiu no Império Aquemênida, e, segundo a tradição ocidental, Hipócrates é considerado o pai da Medicina - ele viveu entre 460 a 377 a.C. e deixou um legado ético e moral válido até hoje. Precursor do pensamento científico, procurava detalhes nas doenças de seus pacientes para chegar a um diagnóstico, utilizando explicações sobrenaturais, devido à limitação do conhecimento da época.
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Ainda antes da Era Cristã, Asclepíades de Bitínia tentou conciliar o atomismo de Leucipo e Demócrito com a prática médica. No primeiro século da Era Cristã, Cláudio Galeno, outro médico grego, deu contribuições substanciais - baseado em dissecções de animais - para o desenvolvimento da medicina.
Na Idade Média, os religiosos assumiram o controle da arte de curar através de medicamentos e deixaram para os barbeiros, que já lidavam com a navalha, a arte de drenar abscessos e retirar pequenas imperfeições.
Em 1865, Louis Pasteur teorizou que as infecções eram causadas por seres vivos. Foi ele o inventor do processo de pasteurização, muito utilizado no leite. Lister, em 1865, aplicou pela primeira vez uma solução antisséptica em um paciente com fraturas complexas, com efeito profilático na infecção. Iniciou-se uma nova era. Em 1928, Alexander Fleming descobriu a penicilina ao observar que as colônias de bactérias não cresciam próximo ao mofo de algumas placas de cultura. Essa nova era foi chamada de era dos antibióticos e permitiu aos médicos curar infecções consideradas mortais. A evolução desde então não parou. A eterna luta do homem contra a morte entrou em uma nova etapa, cada vez mais moderna.
Até o século XIX floresciam curandeiros, alguns charlatães, feiticeiros. O primeiro médico prático do Rio de Janeiro foi Aleixo Manuel, o velho, em meados do século XVII. Os caboclos empregavam a Medicina dos pajés; e os negros, seus amuletos e ervas. Os cirurgiões-barbeiros eram os responsáveis pela prática de prescrição de drogas, sangrias e atendimento aos partos mais difíceis. Não havia faculdade de Medicina, e os cariocas que desejavam fazer o curso eram obrigados a estudar em Coimbra. A Medicina do tempo do Primeiro Reinado, embora D. João VI tivesse trazido alguns bons médicos para o Rio de Janeiro, era do tipo caseira: rodelinhas de limão nas frontes para enxaquecas; suadouros de sabugueiro e quina para as febres; cataplasmas contra as asmas; antipirina para as dores de cabeça; banhos de malva para as dores nas cadeiras; um "cordial" contra a insônia e, para os loucos, o hospício, na Praia Vermelha.
O Rio de Janeiro foi sempre, no tempo colonial, um verdadeiro campo experimental para remédios, tal sua quantidade. Além de serem imitados os de Portugal, havia especialidades indígenas ou africanas. Na Farmacopeia de Vigier, de 1766, são anotados: para a sífilis, carne de víbora em pó; para a tuberculose pulmonar ou chaga de bofe, açúcar rosado com leite de jumenta ou cabra; para a verminose, raspas de chifre de veado; para a calvície, pomada de gordura humana retirada dos enforcados; nas anginas, pescoço de galo torrado e pulverizado; para panarícios, pasta de minhoca. Havia chás feitos com excrementos de gatos e cães, percevejos, urina, carne e pele de sapos e lagartixas. Uma emulsão conhecida como da castidade era dada a padres e freiras como antiafrodisíaco: levava água de alface, rosas e sementes de papoula.
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Após abrir os portos do Brasil às nações amigas de Portugal, D. João VI assinou, em 18 de fevereiro de 1808, por influência do Cirurgião-Mor do Reino, José Correia Picanço, o documento que mandou criar a Escola de Cirurgia da Bahia e deu início ao ensino da Medicina no País. A Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro foi criada meses depois por carta régia assinada em 5 de novembro de 1808, com o nome de Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia, instalada no Hospital Militar do Morro de Castelo.
Em 1929 é fundada, no Rio de Janeiro, a Academia Nacional de Medicina, por Joaquim Cândido Soares de Meirelles, seu primeiro Presidente. Antes de a instituição ser chamada de Academia Nacional de Medicina, havia tido dois outros nomes. Há cem membros titulares, que ingressam na instituição mediante a apresentação de teses cientificas. Numa de suas dependências, um pequeno museu mostra, por exemplo, o primeiro estetoscópio chegado ao Brasil.
A interiorização do ensino da Medicina começou somente em 1950, quando foi fundada a primeira faculdade de Medicina no interior do Brasil, a Faculdade de Medicina de Sorocaba, da PUC de São Paulo.
Em 13 de junho de 1974, o diretor do Instituto Brasileiro de História da Medicina plantou no Jardim Botânico do Rio uma muda vinda da Árvore de Hipócrates, multimilenar, que ainda existe na Ilha de Cós, na Grécia. O médico pernambucano Correia Picanço é considerado o patriarca da Medicina brasileira e fundador do ensino superior no Brasil por ter implementado as primeiras faculdades de Medicina do País.
De lá para cá, a coisa só cresceu, só melhorou, só evoluiu. A vocês devemos todos os orgulhos e glórias. O Brasil hoje possui uma equipe dos melhores médicos do mundo, admiráveis, inspiradores, assim como cada um de vocês.
E essa foi apenas uma pequena homenagem do Senador Izalci Lucas e toda a sua equipe a vocês, mestres da saúde e da vida humana.
Eu sou Nyedja Gennari, contadora de histórias. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Impressionante! Gostaria de registrar aqui os parabéns a Sra. Nyedja Gennari, que, de uma forma bastante ímpar, soube aqui fazer uma viagem no tempo, desde o juramento de Hipócrates até os dias de hoje.
Passo, neste instante, a Presidência desta sessão ao também subscritor da mesma, Senador Izalci Lucas, a fim de que ele possa fazer o uso da palavra e a entrega dos certificados aos seus homenageados.
(O Sr. Nelsinho Trad deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Izalci Lucas.)
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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Quero cumprimentar aqui o meu querido amigo e também autor do requerimento desta sessão solene, Senador Nelsinho Trad; cumprimentar também o Presidente Regional de Medicina do Distrito Federal, Farid Sánchez; representando o Conselho Federal de Medicina e Vice-Presidente do Conselho Regional de Medicina do DF, o Sr. Sérgio Tamura; cumprimentar a Gerente dos Programas de Residência Médica da Escola Superior de Ciências da Saúde, Sra. Vanessa Dalva Guimarães Campos; cumprimentar o membro da Academia Nacional de Medicina e Cirurgião Torácico, Sr. José de Jesus Peixoto Camargo; o nosso cirurgião geral, cirurgião oncológico, mastologista e videolaparoscopista, Sr. Paulo Cesar Fructuoso; o Sr. Paulo Roberto Krause; cumprimentar todos os profissionais da área de saúde; cumprimentar os nossos convidados.
Senhoras e senhores, hoje, 18 de outubro, nós comemoramos o Dia do Médico no Brasil. Esse profissional representa o encontro de uma formação técnica rigorosa com o último estado da arte na área e ainda a sensibilidade de cada médico ou médica. Talvez por isso se diga correntemente que a Medicina é um misto de arte e ciência. Atualmente, assistimos a um desenvolvimento cientifico notável na seara médica: são exames laboratoriais de ponta, associados a um maquinário impressionante, desenvolvidos por físicos, matemáticos e engenheiros, para garantir diagnósticos mais precisos, sem procedimentos invasivos.
Desde o alvorecer da Medicina no Ocidente, na Grécia antiga, sobretudo com a escola de Hípócrates, de Cós, principal formulador do sistema de teorias médicas e, depois, com Galeno de Pérgamo, em uma nova perspectiva que entrava nas artes médicas com a criação das teorias ocidentais e com as investigações da anatomia do corpo humano, a investigação das patologias e da normalidade não mais buscavam, no universo mágico e mítico, explicações para as doenças, mas a racionalidade do mundo.
Embora na antiguidade essa racionalidade ainda fosse predominantemente marcada pela anatomia, já estava em curso um entendimento mais genérico de ciência na Medicina.
A história da Medicina não foi linear, de progresso constante. É cheia de altos e baixos. Durante muito tempo foram empregados métodos arcaicos e contraproducentes no tratamento dos enfermos. Mas, com o ideário do século XIX, em que a ciência apareceu como solução para quase tudo em desconcerto na humanidade, a Medicina começou a trilhar o caminho cartesiano do método científico. E vieram as pesquisas, as descobertas. Os médicos passaram a ter um guia mais seguro para experimentar e para questionar. O emprego de procedimentos experimentais padronizados para testar as teorias e a possibilidade de validação destas teorias, respaldados pela clínica, foram construindo uma Medicina cada vez mais moderna e mais eficaz.
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Os autores antigos, como Hipócrates, Galeno, Avicena, dentre tantos outros, médicos e autores de obras respeitáveis, foram fundamentais para que Medicina se transformasse no que é hoje.
Aforismos de outras eras ainda são repetidos, como é o caso do famoso aforismo hipocrático: "Faz do alimento teu medicamento", cuja validade é algo inquestionável. A gente sabe que quem come bem e produtos saudáveis pode, de fato, ter uma saúde melhor.
Mas as doenças podem atingir a todos, mesmo aqueles que têm uma alimentação supersaudável. É claro que temos que ficar sempre alertas àquilo que nos é mais caro, que é alimentação. E isso o Brasil já faz e reconhece. Mesmo assim, é preciso que fiquemos sempre alertas.
Também é preciso marcar que a arte dos médicos é variada. Enquanto no Ocidente nos aproximamos de uma Medicina que espelha sua racionalidade em bases físico-químico-matemáticas, por intermédio do método científico, outras formas de entender as doenças, os doentes e os tratamentos existiram e ainda existem. Cito a Medicina tradicional chinesa, cuja faceta mais conhecida seja talvez a acupuntura, praticada por médicos, e a homeopatia, também reconhecida como terapia válida.
A China e a Índia, as duas maiores populações do Planeta, com cerca de 2,5 bilhões de pessoas, formam profissionais para atuar com essas técnicas, em larga escala, nos seus serviços de saúde públicos. Assim, os médicos podem se dedicar a diversas técnicas que venham a desenvolver novas tecnologias na detecção das doenças e de terapias, para juntos propiciarem aos pacientes um pronto restabelecimento e uma melhor qualidade de vida.
Naturalmente, a Medicina, graças aos processos de formação do seu corpus científico, passou a definir e trazer especialidades. Mais de cinquenta especialidades são hoje reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina. Esse leque de especialidades é o sinal mais presente do avanço da Medicina ocidental. Os especialistas não se opõem ao médico generalista ou ao clínico geral, mas complementam a abordagem primeira.
A comemoração do Dia do Médico é um evento importante para nós, pois denota o reconhecimento de uma profissão e de um profissional que se dedicam ao bem comum, entregando à população um bem preciosíssimo, que é a saúde. O médico age, portanto, não apenas devolvendo ou dando saúde às pessoas, mas permitindo que a sociedade, como um todo, possa gerir sua vida. O médico sabe qual o medicamento necessário ao paciente. Ele deve atendê-lo com rapidez e acerto e conseguir evitar que determinadas doenças debilitantes prejudiquem o paciente no âmbito do trabalho e de sua vida cotidiana.
No século XX, com a genética e outras disciplinas médicas, importante passo foi dado para a compreensão do ser humano e de inúmeras patologias para as quais não se tinham explicações. A cura de doenças ou seu controle efetivo já são parte da vida de milhões de pessoas que, de outro modo, morreriam sem viver uma vida digna.
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Doenças crônicas, como a diabetes ou a hipertensão - e mesmo a aids -, são controladas pelos médicos nos ambulatórios de saúde ou consultórios, permitindo que a coletividade se torne ainda mais saudável, tanto no plano íntimo quanto no plano social.
Tenho hoje uma boa notícia.
Como Relator da MP nº 894, que diz respeito a direitos de famílias com crianças afetadas pelo zika vírus, conseguimos avançar nesses direitos e na responsabilidade do Estado com relação às nossas crianças com microcefalia e outros sintomas desse vírus.
O Dia do Médico se deve ao evangelista São Lucas, que se tornou o padroeiro da Medicina. Tenho, senhoras e senhores, a honra e alegria de ter, no meu nome e no nome de minha família, o nome Lucas, o padroeiro da Medicina.
Ele estudou Medicina na cidade de Antioquia e o dia do seu nascimento é utilizado em vários países para marcar essa data.
Embora a cura seja uma meta médica, sabemos que nossa sociedade não é exatamente sã e todos nós portamos algum tipo de enfermidade, desde algumas coisas mais comuns até doenças mais complicadas, como as síndromes raras. Seria arriscado dizer que nossa sociedade é saudável.
Os médicos trabalham na busca de uma normalidade possível e, se temos um modo de vida saudável, equilibrado, isso auxilia, e muito, no atingimento desse fim.
Assim, contamos com o profissionalismo e a dedicação de médicos e médicas que abraçam essa nobre profissão.
Ajudar ao próximo é a condição que caracteriza médicos e médicas, frequentemente com o sacrifício da convivência familiar.
O dia de hoje é, portanto, especial pela garra com que os médicos e médicas defendem a vida de seus pacientes.
No Brasil, de modo especial, devemos reforçar essas comemorações, embora saibamos que a violência que viceja entre nós e a pobreza, com seu cortejo de misérias, são aspectos sociais que levam muita gente a procurar ajuda nos hospitais e centros de atendimento.
Aqui, lembramos o trabalho pioneiro de Oswaldo Cruz (1872-1917) e de Carlos Chagas (1878-1934), médicos que se notabilizaram no estudo das doenças ou moléstias tropicais. O Brasil ainda precisa de muitas pesquisas na área, pesquisas estas que a universidade pública leva adiante, em colaboração com institutos como a Fundação Oswaldo Cruz, sediada em Manguinhos, tentando achar vacinas e remédios que ajudem a tratar doenças como a malária, para ficar em um exemplo tão desafiador para nós.
Lembremos a relação entre Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. Carlos foi aluno de Oswaldo Cruz no doutorado. Ele vem a substituir o mestre na direção da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, após sua morte. Posteriormente, ao descobrir um novo protozoário, a que dá o nome de Trypanosoma cruzi, faz uma homenagem ao seu professor. Carlos Chagas também ganha um prestigioso prêmio internacional, na Alemanha, por seus estudos. Essas figuras de médicos são emblemáticas da nossa Medicina e devem servir de exemplo, ainda hoje, para todos que desejam cuidar do outro que sofre.
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Repito que celebrar o Dia do Médico é uma obrigatoriedade nossa. A saúde das pessoas é fundamental para que tenhamos um tecido social íntegro. Também não esqueçamos da atuação médica nos mais distantes rincões do Território nacional, levando esperança e alívio a muitos necessitados.
A Medicina já foi comparada a um sacerdócio. Em alguns aspectos, devemos concordar. São Lucas reunia essa mensagem viva: era médico de homens e de almas. Aqui no Legislativo, nos prontificamos a sempre ter aquele cuidado que também pode ser entendido como terapêutico, pois pode resolver e evitar muitas dores desnecessárias.
Quero aqui agradecer e homenagear o nosso querido Senador Nelsinho, que também é médico, e quero, neste momento, fazer aqui uma homenagem àqueles que, dentro de suas tarefas diárias, tiveram o reconhecimento de seus colegas e de seus atendidos.
Para vir aqui receber uma homenagem, vou convidar seis pessoas. Depois, o meu querido Nelsinho também fará uma homenagem.
Eu quero convidar aqui a Dra. Andrea Palmeiras Kavamoto.
( Procede-se à entrega da placa e o Certificado à Sra. Andrea Palmeiras Kavamoto.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Convido também a Dra. Ana Paula Tupynamba.
(Procede-se à entrega da placa e o Certificado à Sra. Ana Paula Tupynamba.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Convido também a Dra. Gilda Ladeira Adorno.
(Procede-se à entrega da placa e o Certificado à Sra. Gilda Ladeira Adorno.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Nelsinho dizia que só eram mulheres, mas agora vão começar os homens.
Convido aqui agora o Dr. Adilson Cândido de Oliveira.
(Procede-se à entrega da placa e o Certificado ao Sr. Adilson Cândido de Oliveira.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Convido também o Dr. Calil Salomão Abud Neto.
(Procede-se à entrega da placa e o Certificado ao Sr. Calil Salomão Abud Neto.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Convido também a Dra. Vanessa Dalva Guimarães Campos.
(Procede-se à entrega da placa e o Certificado ao Sr. Vanessa Dalva Guimarães Campos.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Passo a Presidência dos trabalhos ao nosso Senador Nelsinho Trad.
(O Sr. Izalci Lucas deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Nelsinho Trad.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Continuaremos agora com os homenageados, chamando neste instante o Dr. Sérgio Tamura, representando o nosso Presidente do Conselho Federal de Medicina, nosso conterrâneo de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Dr. Mauro Luiz de Britto Ribeiro. Sérgio Tamura, aqui ao lado.
(Procede-se à entrega da placa e o Certificado ao Sr. Sérgio Tamura, representando o Dr. Mauro Luiz de Britto Ribeiro.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Convido, com muito prazer, o Dr. José de Jesus Peixoto Camargo.
( Procede-se à entrega da placa e o Certificado ao Sr. José de Jesus Peixoto Camargo.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Convido agora o Dr. Paulo Cesar Fructuoso.
(Procede-se à entrega da placa e o Certificado ao Sr. Paulo Cesar Fructuoso.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Convido agora, representando o seu irmão, o Dr. Fabricio Colacino, a Dra. Paula Roberta Laraya, indicação essa inspirada pelo Vereador Chitão, lá de Camapuã.
(Procede-se à entrega da placa e o Certificado à Sra. Paula Roberta Laraya, representando o Dr. Fabricio Colacino.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Convido agora o meu colega urologista, Dr. Paulo Roberto Krause.
( Procede-se à entrega da placa e o Certificado ao Sr. Paulo Roberto Krause.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Concedo nesse instante a palavra ao Dr. Sérgio Tamura, representando aqui o Conselho Federal de Medicina do Distrito Federal.
O SR. SÉRGIO TAMURA (Para discursar.) - Bom dia.
Cumprimento o Sr. Senador Nelsinho Trad, o Sr. Senador Izalci Lucas, o meu colega Farid Buitrago, Presidente do CRM-DF, a Dra. Vanessa Dalva, o Dr. José de Jesus Peixoto Camargo, Dr. Paulo Cesar Fructuoso e o Dr. Paulo Roberto Krause. Cumprimento os senhores na presença do Presidente da Associação Médica de Brasília, Dr. Ognev Cosac; cumprimento todas as senhoras na presença da Dra. Andrea Kavamoto.
Venho hoje trazer aqui os cumprimentos e felicitações do Presidente do Conselho Federal de Medicina, Dr. Mauro Ribeiro, e demais conselheiros federais pelo nosso dia, o Dia do Médico.
Agradecemos aos ilustres Senadores pela oportunidade e pela homenagem que prestam a essa importante classe de trabalhadores.
Hoje é um dia de festa, de lembrar o valor e a importância do nosso trabalho, que é o de cuidar bem das pessoas. Somos 475 mil médicos brasileiros empenhados diuturnamente em oferecer boa saúde à nossa população.
Mas tenho que trazer a esta Casa a nossa preocupação com a votação da Medida Provisória 890. No último dia 1º de agosto, após mais de 30 anos aguardando a carreira de Estado federal para o médico, o nosso Presidente lançou Programa Médicos pelo Brasil com o objetivo de levar assistência médica para todo o Território nacional.
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Todavia, na Comissão Mista, o Relator acatou as emendas que destruíram o texto original do nosso Ministro da Saúde. A flexibilização do Revalida e a contratação direta dos médicos por meio de consórcio, entre outros, configuram série ameaça à saúde da nossa população. Todos os médicos formados no exterior, independente da faculdade que tenham feito, são bem-vindos, mas necessitam de ser submetidos ao exame do Revalida nos moldes que são hoje. Não existe reserva de mercado ou discriminação da nossa parte. Estamos somente preocupados com o bom atendimento à nossa população. Em nenhum país do mundo, isso é permitido.
Nesse sentido, Srs. Senadores, apelamos aos Parlamentares que não votem a favor das emendas e que deixem o texto original.
Deixo aqui, mais uma vez, os meus cumprimentos aos médicos e reitero os nossos agradecimentos aos Srs. Senadores pela lembrança deste importante dia.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Concedo a palavra ao Dr. Farid Buitrago Sánchez, Presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal.
Antes, porém, a pedido do Senador Izalci, gostaria de registrar a presença da Dra. Lucilene Florêncio, Secretária-Adjunta de Assistência à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Gostaria de agradecer a presença, representando o Secretário de Saúde do Distrito Federal, da Sra. Lucilene Florêncio, que já falei; Presidente da Associação Médica de Brasília, Sr. Ognev Meireles Cosac; Presidente da Academia de Medicina de Brasília, Sr. Marcus Vinicius Ramos; Diretor Executivo da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, Sr. Marcos de Sousa Ferreira; representando a Rede D'Or São Luiz e o Diretor do Hospital Santa Helena, Sr. Hernandes Ramiro de Souza Aguiar; regente da Banda da Polícia Militar do Distrito Federal, 1º Tenente Paz. Gostaria de agradecer a presença também da família do Dr. Fructuoso, José Antônio Goulart Rodrigues, Iane Neves Ewald, Valéria Martuscelli, Fausto Ribeiro Martuscelli, Daniel Carlos Ewald Abrão, Angela Rodrigues, Senador Acir, Senador Esperidião Amin. E, com a licença das senhoras e dos senhores, agradecer a presença da minha esposa, Sra. Keila Trad.
Com a palavra o Dr. Farid Buitrago Sánchez.
O SR. FARID BUITRAGO SÁNCHEZ (Para discursar.) - Obrigado, Senador.
Gostaria de cumprimentar o Exmo. Senador Nelsinho Trad e o Exmo. Senador Izalci Lucas, que são os requerentes desta sessão plenária, que muito nos honra; cumprimentar o representante do Conselho Federal de Medicina, Dr. Sérgio Tamura, neste ato representando o Dr. Mauro Ribeiro; cumprimentar a Sra. Vanessa Dalva Guimarães Campos, Gerente de dos Programas de Residência Médica da Escola Superior de Ciências da Saúde, que também foi homenageada aqui nesta sessão solene; o membro da Academia de Medicina e cirurgião torácico, Sr. José de Jesus Peixoto Camargo; o Sr. Cesar Fructuoso, cirurgião geral, cirurgião oncológico e mastologista; o urologista Sr. Paulo Roberto Krause. Gostaria de cumprimentar todos os senhores médicos e médicas que se encontram presentes nesta sessão e cumprimentar as senhoras e senhores, em nome de minha mãe, que se encontra presente aqui também. Bom dia a todos vocês.
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Hoje estamos comemorando o Dia do Médico. Dirijo-me diretamente a todos perguntando qual é a função do médico em nosso País. A resposta não é simples, pois está dentro de cada um de nós. Penso que, para responder, devemos consultar os nossos corações. A Medicina é vocação, dedicação, prazer, cansaço, é sacrificar o tempo com a família e os amigos para ajudar o próximo. Talvez não haja outra profissão na qual seja possível fazer tanto bem ao ser humano. Por isso, a satisfação de ser médico supera todas as dificuldades e os desânimos que encontramos no meio do caminho.
A Medicina é uma vocação e não perdemos uma só oportunidade para defendê-la de quantas acusações ou calúnias são conta ela levantadas - e não são poucas nestes dias. Assim sendo, quando recebemos a generosa atribuição de falarmos em nome dos médicos e da Medicina, aceitamo-la pela alegria de poder homenagear a quem tanto tempo tem dedicado suas vidas ao processo de curar quando possível, aliviar quase sempre e consolar em todas as oportunidades.
Diante do significativo crescimento da Medicina e em meio a tantos anos de história, estamos comemorando o Dia do Médico homenageando os profissionais que se destacaram no exercício da Medicina, e nada mais justo que dar conhecimento público dos exemplos dignificantes do exercício profissional.
São médicos que exerceram seu ofício com dignidade e profissionalismo, e hoje reconhecemos essa trajetória que acaba sendo um exemplo de vida para todos nós. Tenho orgulho desses médicos e médicas, do caminho percorrido por cada um e da experiência de vida acumulada. São colegas que atuam com os mais nobres princípios de respeito ao próximo, de dignidade e de ética.
Nossa profissão, como sabemos, é reconhecida pela entrega pessoal, pela paixão. Por isso, também estendemos a homenagem aos familiares dos médicos, que tantas vezes se desprenderam do próprio lar, se ausentaram em momentos importantes, muitas vezes para dar a atenção aos pacientes, como se fossem seus próprios filhos.
Em nome do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, parabenizo todos os médicos que estão sendo agraciados nesta sessão solene e felicito também os médicos do Distrito Federal e de todo o Brasil pelo Dia do Médico.
Parabéns a todos e sucesso!
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Assistiremos agora a um vídeo para vocês poderem entender por que eu escolhi essa pessoa para ser homenageada. Antes, porém, gostaria de registrar que, infelizmente, não pode estar aqui presente um dos nossos homenageados, o anestesista Walter Duailibi, por motivo de compromisso de trabalho, assim como o Dr. Silvestre Matos Gomes, que foi meu professor de cirurgia e a quem devo muito da minha formação, lá do Rio de Janeiro, que está fazendo 80 anos e cuja família não permitiu que ele viesse aqui receber esta homenagem. Nós, aqui, de tão longe, gostaríamos de cumprimentá-lo e dizer o quanto ele é importante para a Medicina brasileira.
Então, vamos assistir a esse primeiro vídeo.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Foi uma surpresa para o Dr. José de Jesus Peixoto Camargo, pois não estava esperando isso.
Com muito prazer, com muita honra, estou presidindo esta sessão do Senado Federal, passo a palavra ao Dr. José de Jesus Peixoto Camargo.
O SR. JOSÉ DE JESUS PEIXOTO CAMARGO (Para discursar.) - Bom dia a todos.
Senador Izalci Lucas, meu querido amigo Nelsinho Trad, eu queria começar dizendo que um velho decano na Academia Nacional de Medicina, há algum tempo, disse-me que nós sabemos que estamos ficando velhos quando começamos a receber muitas homenagens e que nós saberemos que estamos muito velhos quando começarmos a reclamar da demora da homenagem. É uma fase de ranço prospectivo e que significa que estamos muito velhos.
Eu queria rapidamente contar um pouco da história do que eu acho que foi a coisa mais marcante da minha vida e que, em parte, justificou o convite a receber essa homenagem, que é o transplante de pulmão. O transplante de pulmão começou para valer - o que significa depois da descoberta da ciclosporina - em 1983, quando foi transplantado, em Toronto, um professor de química, com fibrose pulmonar. Ele viveu seis anos. Isso deu início, então, a uma nova fase nos transplantes de órgãos. Em 1989, nós fizemos o primeiro transplante de pulmão na América Latina, na Santa Casa de Porto Alegre, seis anos depois da retomada dos transplantes no mundo.
Pode ir adiante, por favor. Eu não tenho como comandar daqui.
Esse foi o nosso primeiro paciente transplantado. Era um homem de 27 anos, de Vargeão, oeste de Santa Catarina, um agricultor, com uma capacidade pulmonar de 23% e usando oxigênio contínuo há três anos. Foi o melhor paciente que alguém podia ter encontrado pela motivação, pela vontade de viver, pela coragem de ser o primeiro e viveu essa angústia de não ter com quem trocar experiência. Hoje, quando é internado um paciente com enfisema para transplante, a primeira coisa que a gente faz é colocá-lo em contato com um transplantado por enfisema. E não há nada que substitua essa conversa. O desespero dele foi tão grande que um dia ele quis saber se nós não tínhamos um cão transplantado. Ele gostaria de ver um animal transplantado de pulmão para que ele pudesse tocá-lo. Eu tinha um cão - eu tinha um cão.
Eu fiz uma experiência antes de ir para os Estados Unidos - e por causa dessa pesquisa eu acabei sendo convidado para ir - que envolveu 60 transplantes em cães. E um desses cães era o mais inteligente deles, muito feio porque ele tinha uma cara que lembrava buldogue e um vira-lata daí para trás. Ele era horroroso, mas extremamente inteligente e afetivo. Nós desenvolvemos uma relação de empatia instantânea. Por conta dessa empatia, ele acabou ficando para o último lote de animais sacrificados para a complementação do estudo.
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Na sexta-feira anterior ao sábado em que iam ser sacrificados os últimos três animais, fui ao biotério e tive uma crise de fraqueza científica incomparável: roubei o cachorro, levei o cachorro para casa. (Risos.)
No dia seguinte, voltei - nós éramos 11 pesquisadores - e vivi o constrangimento de justificar o que tinha feito, mas não consegui. Consegui fazer uma coisa pior: ajudei a procurar o cachorro. (Risos.)
Essa experiência do contato do Vilamir, esse paciente, com o Lung, que era o nome que eu coloquei no cachorro - um nome muito adequado para um transplantado de pulmão -, foi um encontro inesquecível: dois seres vivos unidos pela ideia do transplante. Foi muito interessante porque o Vilamir chorava dizendo que tinha uma inveja enorme do Lung porque o transplante do Lung tinha sido um sucesso e o dele era uma incógnita; e o Lung, muito assustado com aquele abraço, não estava entendendo nada.
Pode ir adiante, por favor.
Esse é o Vilanir, nove anos depois. Ele foi o melhor paciente também pela força que tinha e a energia que colocava no procedimento que tinha que ser feito. Ele foi transplantado na madrugada de 16 de maio de 1989. No início da tarde desse dia, ele acordou, ainda entubado, pediu um papel para se comunicar e escreveu com uma letrinha trêmula - eu guardo esse bilhete na minha gaveta das coisas inesquecíveis. Ele escreveu, com uma mão trêmula, a prova definitiva da sua coragem e determinação: "Eu não disse que essa porra ia dar certo!". Ele nunca duvidou disso. (Risos.)
Pode ir adiante.
Quem participa dessa alegria de recuperar o fôlego de um paciente... Um paciente com falta de ar é vítima da mais humilhante forma de sofrimento. É pior do que a dor, na opinião de quem passou por falta de ar. Quando a gente convive com isso e com a gratidão que isso desencadeia, é completamente previsível que não se consiga mais parar.
Adiante.
A minha principal queixa é a de que o tempo passa rápido demais. Então, de repente, já se passaram 30 anos. Nesse mês de maio, nós comemoramos 30 anos. A mesma emoção... A emoção de ver o pulmão insuflar e colorir o sangue é exatamente igual 660 vezes depois. Esse número representa 53% da experiência de transplante de pulmão no Brasil, até hoje.
Pode ir adiante.
Esse gráfico é da nossa experiência, iniciada lá em 1989. O ano passado foi um ano atípico para melhor: nós fizemos 52 transplantes de pulmão, o que é um número emblemático porque é um transplante por semana.
Adiante.
Essa é a experiência brasileira até março do ano passado: foram 1.131 transplantes. A gente tem aqui um número muito restrito de centros fazendo transplantes. A gente vê, em Fortaleza, São José dos Campos, São Paulo e Porto Alegre os únicos centros que fazem transplante de pulmão, o que é muito ruim para um País da extensão continental do Brasil.
Pode ir adiante.
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Vinte anos depois dessa experiência, tendo já feito 175 transplantes de pulmão, surgiu um desafio novo: o que fazer com as crianças que precisavam de transplante? A morte encefálica é muito rara na infância, e nós não tínhamos como transplantar crianças, porque temos de compatibilizar o volume do pulmão com o volume da caixa torácica. E aí surgiu uma ideia que achei desafiadora. Eu tive contato com essa ideia, pela primeira vez, em 1986, que era a possibilidade de transplantar crianças com partes dos pulmões dos pais. E nós fizemos esse tipo de transplante, pela primeira vez, em 1999.
Pode ir adiante.
O procedimento consiste nisto: em rosa, nós temos o lobo inferior do pulmão direito para substituir o pulmão direito da criança; e, do outro lado, em amarelo, o lobo inferior esquerdo de outro doador para substituir o pulmão esquerdo do paciente. Essa é uma dificuldade, ou seja, nós precisamos de dois doadores, porque um lobo só não chega e porque nós não podemos retirar mais do que um lobo de alguém sem comprometer a sua qualidade de vida.
Adiante.
Então, desde que eu assisti à apresentação do Starnes, em 1986, fiquei fixado com a ideia de, um dia, fazer esse tipo de transplante, até que apareceu um menino de Curitiba, com 12 anos, com a maior expressão de falta de ar na infância que eu já vi. Ele havia tido uma bronquiolite viral aos oito anos de idade e, a partir daí, uma falta de ar permanente. Vocês vão ver uma foto que eu acho chocante: ele dormia acocorado porque não conseguia se deitar; e ele tinha 12% de capacidade pulmonar.
Pode ir adiante.
Essa é a foto dele, a expressão de sofrimento. E o único jeito que ele suportava dormir era naquela posição. Ele não conseguia se deitar. E uma das fotos mais impressionantes do vídeo que nós fizemos desse transplante foi a chegada dele ao bloco cirúrgico, ajoelhado na maca porque não suportava deitar-se.
Adiante.
Essa é a foto que eu acho mais expressiva de sofrimento: a tentativa de levantar os ombros para, assim, tentar aumentar o tamanho da caixa torácica.
Adiante.
Essa é a radiografia.
Adiante.
Ele foi transplantado e recebeu o lobo inferior direito do pai e o lobo inferior esquerdo da mãe. Essa é uma radiografia de dois anos depois, quando ele tinha 97% da capacidade pulmonar.
Adiante.
Dois anos e meio depois, ele havia crescido 11cm e o pulmão havia crescido 390ml. Essa é uma coisa interessante, porque você retira órgãos maduros, porque saíram de adultos, e os coloca em uma criança, que ainda produz hormônio de crescimento, e o lobo retoma o crescimento, crescendo enquanto o receptor crescer.
Adiante.
Aqui quatro anos depois do transplante: um adolescente com atividade normal.
Adiante.
Esse é raio-X de quando da comemoração, em setembro, de 20 anos desse transplante.
Adiante.
Quinze anos depois, ele, que se formou em Direito, casou-se. Eu fui convidado para ser padrinho desse casamento e me pediram que eu falasse. Eu disse uma coisa que divertiu todo mundo, menos a noiva. Eu disse que achei que ele era um tipo interessante, que gostava de correr riscos, considerando que, a cada 15 anos, ele fazia uma coisa muito arriscada. A noiva não gostou nada, nada da minha... (Risos.) A noiva não gostou nada, nada da minha...
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Pode ir adiante.
Esse transplante, com tudo o que significou de impacto emocional na sociedade, foi extremamente útil num momento em que a Santa Casa batalhava pela obtenção de verbas por doação de grandes empresários para construir o centro de transplante de órgãos, que é o único hospital sul-americano construído especificamente para transplante. É um hospital de 71 leitos, 11 leitos de terapia intensiva.
E eu fui também agraciado por uma experiência curiosa. Dias depois desse transplante, sobre o qual a mídia toda noite fazia relato em rede nacional, eu saí de Porto Alegre para ir a uma cidade satélite. Existe uma via expressa de alta velocidade, eu exagerei na alta velocidade e fui parado pelo policial. Ele me chamou - "Me acompanhe até a viatura para lavrar a infração" - e, quando nós caminhávamos no acostamento cheio de pedregulho, ele, com meus documentos na mão, disse: "O elemento faz o quê?". Eu adoro ser chamado de elemento. Aí eu disse: "Eu sou cirurgião". Andou mais um pouquinho, parou, pegou meus documentos, olhou e disse: "Eu não acredito! É o senhor que fez aquele transplante que apareceu na televisão?". Eu disse: "Fui". "Doutor, me esqueça, vá embora". Entregou-me os documentos. "Se a minha mulher souber que eu lhe multei, ela me mata, porque ela chorou muito quando viu a matéria na televisão ontem." Até agora foi o único ganho direto dessa proeza: ser salvo de uma multa.
Adiante.
Esse é o Centro de Transplantes da Santa Casa. Esse hospital foi construído com doações de grandes empresários. Quase 90% da verba aí despendida foi por doações.
Adiante.
O transplante intervivos tem essas características. Os doadores precisam ser parentes, no máximo até de, ou, no mínimo, de terceiro grau, o risco de rejeição é menor, pela compatibilidade imunológica, e é o único tipo de transplante que nós podemos oferecer a estrangeiros, porque, desde 2009, pela legislação brasileira, não se pode usar órgãos de doadores brasileiros em receptores estrangeiros.
Adiante.
E essa foi uma experiência emocional muito forte. Essa menina é de Monterrey, no México. Ela estava sendo tratada no Children's Hospital of San Antonio, no Texas, com 11 anos de idade, uma insuficiência respiratória, sempre nessa máquina. Eles não fazem transplante em Pediatria e não fazem transplantes de intervivos e sabiam que o tempo de espera era incompatível com a gravidade do caso e aconselharam que a família a levasse de volta para o México, para se despedir dos familiares.
E aí, para mostrar que o mundo ficou pequeno com a internet, eles descobriram a Santa Casa na rede, fizeram contato e ela foi encaminhada, então, voltou para Monterrey, para arrecadar fundos, uma família extremamente pobre. Foi um exercício de solidariedade comovente.
Adiante.
O pai, a mãe e a avó, que foi uma das doadoras.
Adiante.
Essa conta bancária em que as pessoas, voluntariamente, faziam... Foi um exercício de comoção nacional no México para obter esse financiamento.
Adiante.
Quando ela chegou ao hospital, cheia de corticoides, essa bochecha não é normal.
Adiante.
A radiografia.
Adiante.
À esquerda, vocês veem o pulmão da avó. Eu nunca vi um pulmão tão róseo numa paciente de 59 anos.
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Adiante.
No primeiro dia, pai e avó já caminhando no corredor e ela já sorridente.
Adiante.
Terceiro dia, dormindo na poltrona.
Adiante.
E essa é a cara da felicidade. Ela fez uma coisa que eu achei inesquecível: no 14º dia pós-transplante, ela estava fazendo fisioterapia no corredor do hospital e ela subiu uma escada correndo e, quando chegou ao topo da escada, ela teve um ataque de riso. Ela nunca tinha pensado na possibilidade de subir escada, ainda mais correndo. A euforia do paciente que recupera o fôlego é uma das coisas mais comoventes no exercício da Medicina.
Adiante.
Aqui já na fase da fisioterapia.
Adiante.
As nossas dificuldades mais importantes: escassez de doadores, nós temos um baixo índice cultural da população; nós temos uma remuneração precária para os hospitais que fazem transplante, há muito poucos hospitais interessados em correr esse risco; nós temos alguns gestores desinteressados, é impressionante como oscila ao longo dos anos o interesse da Secretaria da Saúde de um governo para outro; nós temos uma burocracia, que eu acho mortal na elaboração de qualquer coisa que envolva... Por exemplo, liberar voo para buscar órgão a distância. É inacreditável que eles exijam três horas para plano de voo para buscar um pulmão em Florianópolis. Não é para o Afeganistão, é para Florianópolis, mas é incrível como eles são complicados.
Acho que há também, temos que admitir, o fato de essa geração jovem ser muito menos afeita a desafios e é melhor investir em coisas mais simples, que paguem melhor e que garanta um futuro mais sereno.
Adiante.
Há alguns mitos: o mito de que o transplante é oferecido a todos os brasileiros, independentemente de onde ele viva. Isso é uma falácia. Se o indivíduo doente de pulmão precisar de um transplante e viver no Sul do Brasil, ele tem quase 100% de chance de vir a ser transplantado; se ele viver no Sudeste, já reduz; se ele morar no Nordeste, reduz muito e se ele for um habitante do Norte do Brasil, ele só será transplantado se ele tiver recursos para sair de lá; no Centro-Oeste as coisas estão começando a deslanchar muito lentamente, porque é um procedimento de exigência extrema do ponto de vista de qualificação multidisciplinar.
Adiante.
E esta, que é uma grande aberração da nossa lei: o indivíduo paga um plano de saúde a vida toda, um plano privado. Se ele precisar de um transplante, ele tem que torcer que o seu órgão doente seja o olho, o rim ou a medula, porque, se ele precisar de um transplante de coração, de fígado, de pulmão ou de pâncreas, o plano de saúde não está obrigado a pagar, conforme determinação da Agência Nacional de Saúde. Nunca consegui uma explicação razoável, nem um argumento que os comovesse a admitir que a gente não pode escolher o órgão para ficar doente e é melhor ter proteção justa em todas as circunstâncias.
Pode ir adiante.
A média de saúde pública é muito baixa. Como saúde pública, o nosso País tem exemplos de grandes grotões de pobreza. A contrapartida é que nós temos inúmeras Ilhas...
(Soa a campainha.)
O SR. JOSÉ DE JESUS PEIXOTO CAMARGO - ... de excelência. Algumas delas representando Medicina de altíssima qualidade, comparáveis aos melhores órgãos de saúde do mundo. Uma coisa de que todo mundo está convencido é que o índice de doação de órgãos é um eficiente monitor para demonstrar qual é o nível de desenvolvimento social de uma região.
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Pode ir adiante.
O Rio Grande do Sul é o Estado que mais transplanta por milhão de habitantes. Esse índice de 5,6 transplantes por milhão de habitantes é incomparavelmente superior ao restante do País.
Adiante.
Nós estamos vivendo, em Porto Alegre, uma situação muito especial, porque Santa Catarina e Paraná, que são os Estados brasileiros que têm melhores programas de captação de órgãos, não transplantam pulmões. Então, nós recebemos os catarinenses e paranaenses com necessidade de transplante, e eles oferecem os órgãos dos melhores doadores disponíveis.
Adiante.
Eu queria terminar dizendo que é possível ser muito feliz fazendo Medicina, desde que a gente saiba eleger a prioridade. O meu modelo de exercício de Medicina que persiga a ideia de felicidade passa pela seguinte concepção: nós seremos melhores médicos quando a nossa preocupação for dar a um paciente a oportunidade de ele ter uma alegria que ele não teria se nós não existíssemos.
Eu, trabalhando com transplante, convivendo com o sofrimento das pessoas, quero que elas voltem a respirar bem, quero que elas me agradeçam dizendo que agora a vida vai valer a pena, para que eu fique com a sensação pura, legítima de que eles não conheceriam essa alegria se eu não tivesse sido capaz de fazer o que eu fiz, sem nenhuma soberba, até porque, em cada gratidão expressa, depois desse grande presente que é voltar a respirar, estará sempre explícita a sensação de que é possível fazer melhor, mesmo quando nós achamos que o que fizemos não podia ser feito de melhor maneira.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - O próximo a fazer uso da palavra é o Dr. Paulo Cesar Fructuoso, cirurgião geral oncológico e mastologista. Ele já me questionou: "Por que você resolveu me homenagear?". Vamos assistir a um vídeo para vocês entenderem.
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(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Vamos ouvir agora o Dr. Paulo Cesar Fructuoso, cirurgião geral oncológico e mastologista.
O SR. PAULO CESAR FRUCTUOSO (Para discursar.) - Eu vou pedir um pouquinho de tempo porque me pegaram de surpresa, e eu estou um pouco emocionado.
Se puder recuar a primeira imagem, eu... Se for possível. (Pausa.)
Exmas. Senadoras, Exmos. Senadores, funcionários subalternos e outros desta Casa e todos os convidados e convidadas presentes, meus cumprimentos através da pessoa do Senador e médico Nelsinho Trad Filho, a quem expresso meu profundo agradecimento pelo honroso convite para aqui estar nesta data em que comemoramos o Dia do Médico em nosso País.
Por que estou aqui? Parece-me que o motivo principal foi a chegada, ao Senador Nelsinho, de informações sobre minhas atividades espiritualistas e científicas, apresentadas em vídeos, livros e palestras no Brasil e no exterior, nos quais relato meu testemunho sobre estranhos fenômenos de teletransporte e materializações de seres denominados espíritos desencarnados, que, mesmo já tendo passado pelo fenômeno natural da morte, como todos passaremos, continuam vivos habitando universos paralelos a este em que ainda estamos, expressos pelas religiões como planos espirituais, astrais ou celestiais, dentre outras denominações.
Tais ocorrências por mim testemunhadas, que exigem a manipulação de um fluido de alta potência energética, expelidos pelos chamados sensitivos ou médiuns de efeitos físicos, presente em todo ser vivo e denominado por Charles Richet, descobridor da resposta anafilática humana, como o ectoplasma, foram por mim presenciadas, estudadas e pesquisadas ao longo de quatro décadas, no Lar de Frei Luiz, o maior centro espírita do Rio de Janeiro, que aqui está na imagem projetada.
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Curiosamente, o maior centro espírita do Rio de Janeiro é comandado por uma entidade católica, assessorada por outras duas entidades católicas, Frei Leonardo e Pe. Tadeu. Disso se deduz facilmente que nós é que nos dividimos em evangélicos, em católicos, em espíritas, em protestantes, em hinduístas, em maometanos, em ateus, em judeus, etc.
Eu acho que para esse tal de Deus que eu não compreendo - por enquanto só sei que ele existe - não existem essas divisões. Nós é que nós dividimos, mas na realidade somos um único rebanho, um único conjunto familiar, comandado por um único pastor.
Tamanhas foram as constatações trazidas nessas sessões extremamente raras ao longo da história - extremamente raras ao longo da história - da humanidade, contudo comprovadas por inúmeros vultos da ciência, inclusive detentores do Prêmio Nobel, que me vi na obrigação de trazer a público, especialmente à minha classe, a classe médica, o resultado deste longo trabalho que agora aqui apresento em curto resumo.
Que constatações obtidas, principalmente em diálogos com médicos que já viveram neste mundo que nós estamos, faleceram ou desencarnaram e se teletransportaram e se materializaram nessas reuniões - evidentemente, agora habitam em outros planos de existência, para onde nós nos transportaremos quando chegar o momento -, foram essas?
Somos todos seres imortais.
Segunda: o que denominamos corpo físico é, em verdade, um veículo transitório de que necessitamos para interagir com este universo. A vida, porém, não está na matéria a qual tanto valorizamos, mas é transmitida esta pelo componente extrafísico e imaterial, energético e imortal, denominado alma ou espírito.
Terceira: não é a primeira vez que aqui aportamos e nem será esta a última. A reencarnação é uma verdade consolidada. Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo. Poderemos retornar em qualquer nação, raça, regime governamental, família, profissão, religião ou sexo. Todas essas verdades, mais cedo ou mais tarde, serão comprovadas pela nossa ciência, lançando definitivamente por terra as motivações que levam às guerras, desavenças e intolerâncias de toda espécie.
Nossos equipamentos médicos já utilizam a antimatéria no escrutínio dos corpos humanos e se acham em célere avanço na detecção da sobrevivência e imortalidade da alma. Diante de tal constatação, por que investir, por exemplo, no comércio de armas, já que a morte não existe?
Quarta: nossa evolução é acompanhada e vigiada por um governo imaterial e espiritual, comandado por um Cristo planetário há 5 bilhões de anos. Seu nome? Jesus.
Quinta: não estamos ocupando nossos lugares como governantes, médicos, representantes do povo, homens da lei e da ciência, das artes, pais e mães de família ou qualquer outra atividade por mero acaso. O acaso não existe.
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Sexta: muitas das doenças que nos acometem não têm origem nos corpos físicos, e, sim, no componente extrafísico espiritual, onde estocamos as impurezas geradas pelos vícios, sejam quais forem, e o mau cumprimento dos deveres para com o próximo, nesta e em vidas passadas, que assim se exteriorizam através de enfermidades, como, por exemplo, o câncer.
Nós médicos estamos, muitas vezes, tratando os efeitos; não sabemos as causas, como, por exemplo, tumores de alta malignidade que acometem fetos. Deus existe, mas por que permitiria tamanha tragédia biológica se a criança nem nasceu? Fez mal a quem?
Queremos agora respostas lógicas e racionais, que não estão nos sendo dadas. As religiões estão nos levando até a morte, mas não sabemos nada do que poderá acontecer além dela. Que vamos continuar vivos me foi informado e me convenceu. Que espécie de corpo eu terei? Necessitarei de algum alimento? As crianças que falecem em tenra idade continuam crescendo? Idosos rejuvenescem? Cegos voltam a enxergar? Paralíticos voltam a andar? Nós não sabemos nada; então, a necessidade da ciência na comprovação e revelação do que acontece depois do fenômeno natural da morte.
É chegado o momento, senhoras e senhores, de refletirmos sobre quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo. Nesse desdobramento, terão papel fundamental a tecnologia e a ciência, que se acham em velocidade evolutiva jamais observada na história, no desvendamento do que é ainda incompreensível e tido à razão de "milagres", entre aspas. O sobrenatural não existe; tudo é regido por leis naturais físicas, químicas e biológicas conhecidas ou ainda desconhecidas pelos nossos cientistas.
Quando eu chego a um hospital moderno no Rio de Janeiro para realizar algum procedimento cirúrgico, eu não abro a torneira com as minhas mãos; eu passo a minha mão em frente a uma célula fotoelétrica, e a água sai, sem que eu toque em nada. Talvez, se eu estiver com um selvagem ou uma criança ao meu lado, eles achem que eu fiz um milagre. Não existem milagres; existem leis físicas, químicas e biológicas que a nossa ciência não alcançou, mas a própria ciência é humilde o suficiente para reconhecer que só sabe o que acontece em 4% do universo; em 96%, o que acontece no universo, a nossa ciência não sabe - é expresso em energia escura, em matéria escura e em outras energias.
O sobrenatural não existe; tudo é regido, portanto, por leis naturais físicas, químicas e biológicas, conhecidas ou ainda desconhecidas pelos nossos cientistas. Portanto, a vida espiritual é uma lei natural e nunca terá fim.
Todas essas convicções absolutamente inabaláveis na minha pessoa e muitas outras acham-se alocadas em seis livros, por enquanto, da nossa autoria. No primeiro, denominado A Face Oculta na Medicina, e no quinto, A Medicina Mediúnica do Futuro, demonstro que nenhum médico da Terra que honre a sua profissão jamais estará sozinho, nem mesmo os que não acreditam nessa verdade.
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Há pouco tempo, conversei com um colega, talvez incluído nesse grupo e indaguei: "Colega, você tem ideia de quantos pacientes você já operou?". Com a maior tranquilidade: "Uns 23 mil". Então, mais uma vez está comprovado, no meu entender, que a conduta é mais importante do que a crença.
Enquanto cuidamos dos corpos materiais dos nossos pacientes, colegas dos universos paralelos ao nosso cuidam do seu componente extrafísico e nos intuem mentalmente que atitude tomar, tamanha a sua humildade que não nos permitem sequer perceber seu auxílio, deixando o mérito e a glória da vitória sobre as doenças inteiramente sobre nossos ombros. Porém, ouso afirmar - ouso afirmar - que sem essa ajuda imponderável aos nossos pobres cinco sentidos, muitos dos sucessos por nós alcançados no tratamento das doenças não seriam alcançados.
Mostro agora uma imagem onde os senhores veem a fotografia do Frei Luiz, um frade franciscano, alemão, que veio para o Brasil na primeira metade do século XX e se radicou na Serra do Rio de Janeiro, na cidade de Petrópolis.
E à esquerda, mostro um desses médicos, que já teve um corpo igual ao meu, passou pelo fenômeno natural da morte e, sob condições especialíssimas e raríssimas, com manipulação de tremendas quantidades de energia, pôde se teletransportar e, durante alguns momentos, se materializar no nosso meio - tanto é que está materializado numa chapa fotográfica. Nitidamente se nota nas mãos desse médico um lírio. Quando ele se teletransportou e se materializou e foi fotografado, o lírio foi uma homenagem ao Frei Luiz, que, quando habitava um convento na cidade de Petrópolis, era quem cuidava dos jardins do mosteiro. E ele adorava lírios e violetas. E pelos benefícios que esse colega alemão, morto na Segunda Guerra Mundial, recebeu dessa entidade católica, ele se materializou com um lírio entre suas mãos.
Próxima.
Os senhores estão vendo aí uma fantástica fotografia conseguida também do Lar de Frei Luiz, de um desses raríssimos médiuns sensitivos em transe profundo, expelindo pelos orifícios naturais do corpo, como nariz, boca e ouvidos, essa substância fluídica ainda não alcançada pela nossa ciência e que permite que ele se teletransporte e se materialize em nosso meio.
Próxima imagem.
Aproveito essa imagem para as minhas últimas palavras nesse momento inesquecível. Que o Criador abençoe todos aqueles que se dedicam à cura, ao alívio e ao consolo dos seres humanos, e também aos esculápios das outras dimensões, que nunca nos abandonam em nossa difícil labuta. E peço a esse Criador que, quando chegar o meu momento do transporte, da separação desse corpo físico que eu utilizo como instrumento ou como veículo nesse universo, permita que eu também me aproxime de algum colega que continue na Terra intuindo-o e cuidando das partes imateriais, energéticas, imortais dos pacientes que serão por ele tratados.
Senador Nelsinho Trad, não há palavras, mas eu vou tentar agradecer. Muito obrigado pelo honroso convite de aqui estarmos nesta data de comemoração pelo Dia do Médico. Que tenhamos a consciência de que devemos assumir nosso posto de trabalho junto aos enfermos com a dignidade e a absoluta compreensão do porquê somos médicos e do propósito de nossas existências.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Registro também a presença do Sr. Allan Duailibe, Superintendente da Região de Saúde Sul da Secretaria de Saúde do Distrito Federal; do Diretor do Hospital Materno-Infantil de Brasília, Sr. Rodolfo Alves Paulo de Souza; do Coordenador de Cardiologia do Sírio-Libanês, Sr. Carlos Henrique Rassi.
Já estamos entrando na última parte da sessão, até porque o Dr. JJ. Camargo tem que pegar o voo até às 14h30, tem que se dirigir ao aeroporto.
Quero dizer aos senhores, de uma maneira muito particular, que as pessoas que aqui foram homenageadas, que aqui se encontram, contribuíram de alguma forma para aquilo com que desejo aperfeiçoar a minha vida. Esse vídeo a que nós vamos assistir agora é de uma dessas pessoas que tenho como exemplo. Volta e meia, assisto a essa entrevista, leio alguma coisa sobre ele. Para mim, é um ícone da Medicina brasileira.
Pode passar o vídeo.
(Procede-se à exibição de vídeo)
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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Vou procurar ser breve para poder encerrar a nossa sessão.
Queridos colegas doutores e doutoras, apenas uma reflexão: por que escolhemos ser médicos? Essa é uma provocação bem interessante, porque nas outras ciências, na maioria das vezes, encontramos conformação à pergunta por questões contextuais, familiares ou mesmo vocacionais. No que concerne aos profissionais da ciência da Medicina, tenho a impressão de que a missão assumida de cuidar ou mesmo de salvar vidas guarda em si algo transcendental. Médico é um instrumento de Deus para curar os males dos homens na Terra, privilégio divino de ajudar pessoas neste plano.
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No Juramento de Hipócrates, tão bem representado no início pela artista, prometemos estimar, tanto quanto aos pais, aquele que nos ensinou essa arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar nossos bens; ter seus filhos por nossos próprios irmãos; ensinar-lhes essa arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração, nem compromisso escrito.
Prometemos aplicar os regimes para o bem do doente, segundo nosso poder de entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém daremos por comprazer nem remédio mortal, nem um conselho que induza a perda. Conservaremos, dessa forma, imaculada a nossa vida e nossa arte.
Para ser médico é preciso se emocionar com a vida salva ou mesmo sentir a dor pela perda de alguém. Ser médico é cuidar do próximo sem preconceito ou distinção.
Para sermos médicos precisamos estar conscientes de que teremos que abdicar de muitos momentos caros junto aos nossos familiares. Nossos filhos só vão entender isso com o tempo.
Meus parabéns aos doutores que convivem com essa dura realidade da saúde brasileira de perto. Parabéns aos médicos que deixam suas cidades para ir para regiões ribeirinhas atender em uma comunidade muitas vezes esquecida e carente de atenção. Meus parabéns aos médicos que têm a sensibilidade de renovar a esperança no paciente e em seus familiares nos momentos mais difíceis do tratamento.
São tantos os exemplos de personalidades que mereciam ser citadas neste dia de homenagem. Gostaria de lembrar o nome de médicos brasileiros que se tornaram celebridades no mundo da Medicina, como o Dr. Zerbini, cujo vídeo acabamos de ver, como o Dr. Adib Jatene; e de médicos brasileiros que agregaram novas técnicas reconhecidas pela ciência mundial. Falo do Dr. José Eduardo Sousa, que foi o primeiro médico a fazer cateterismo no Brasil e criador do stent. Também faço uma referência ao Dr. José Osmar Medina Pestana, criador do maior centro de transplantes do mundo; também ao Dr. Antônio de Salles, que criou o marca-passo cerebral, que revolucionou o tratamento do mal de Alzheimer, da anorexia, da depressão e da obesidade. Por fim, não poderia deixar de mencionar o nome da Dra. Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista brasileira, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, tia do nosso ilustre colega, Senador Flávio Arns, pelo Paraná.
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Tenho uma grande satisfação - e aqui peço licença pelo meu egoísmo, mas imagino que alguns aqui tenham filhos médicos - de ver minha história sendo refletida na vida da minha filha, Maria Cecília Amorim Trad... (Palmas.) ... que recentemente passou no vestibular e passou a cursar Medicina. Sou testemunha do seu empenho, da sua dedicação e, em seu nome, gostaria de homenagear todos os acadêmicos de Medicina que buscam na arte dessa ciência a construção de suas vidas.
Por fim, senhores e senhoras, queridos colegas, gostaria de fazer um merecido registro. Todos devem ter conhecimento de um paciente de mais de 60 anos que tinha um linfoma em fase terminal, tomava morfina todo dia e recebeu alta após ser submetido a um tratamento inédito na América Latina. Ele deixará o hospital livre dos sintomas do câncer graças a um método 100% brasileiro, baseado em técnica de terapia genética descoberta no exterior e conhecida como CAR T-cells.
O paciente submetido ao tratamento é o mineiro Vamberto Luiz de Castro, funcionário público, aposentado, 62 anos. Antes de chegar ao interior de São Paulo, ele tentou quimioterapia, radioterapia, mas eu corpo, com essa doença, não respondeu a nenhuma das técnicas. Em um tratamento paliativo, com dose máxima de morfina, o paciente deu entrada na cadeira de rodas, no dia 9 de setembro, no Hospital das Clínicas, em Ribeirão Preto, com muitas dores, perda de peso, sem conseguir se locomover. O tumor havia se espalhado por vários órgãos. O prognóstico, de acordo com os médicos, era de menos de um ano de vida.
Como última tentativa, o grupo médico incluiu o paciente em um protocolo de pesquisa. Testaram a nova terapia, até então nunca aplicada no Brasil. No início de setembro, o corpo do paciente estava tomado por tumores; na semana passada, no entanto, a maioria deles já havia desaparecido, e os que restam, segundo os médicos, sinalizam a evolução da terapia.
Parabéns aos médicos brasileiros envolvidos nessa conquista, chefiados pelo Dr. Dimas Tadeu Covas, coordenado do Centro de Terapia Celular da USP de São Paulo.
Para a gente mudar uma história que inspira um sorriso, uma esperança, a gente tem que ter a inspiração de Deus. Que nós, que nos dedicamos a cuidar de vidas todos os dias, possamos reconhecer essa importância e, com isso, o meu respeito a todo esse conhecimento.
Para você, colega doutor, colega doutora, o meu muito obrigado.
Termino com uma frase do professor discípulo do Dr. Zerbini, Adib Jatene: Ele dizia o seguinte: "A função do médico é curar. Quando ele não pode curar, ele precisa aliviar. E quando ele não pode curar nem aliviar, precisa confortar. O médico precisa ser especialista [em alma] e em gente".
Muito obrigado. (Palmas.)
Está encerrada a sessão.
(Levanta-se a sessão às 12 horas e 31 minutos.)