1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
56ª LEGISLATURA
Em 25 de outubro de 2019
(sexta-feira)
Às 11 horas
206ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
A presente sessão especial é destinada a comemorar o Dia do Professor, nos termos do Requerimento nº 92, de 2019, do Senador Izalci Lucas e outros.
Convido para compor a Mesa o Prof. João Pedro Ferraz dos Passos, Secretário de Estado de Educação do Distrito Federal, representando aqui o Governador. (Palmas.)
Convido também o Prof. Ademar Batista Pereira, Presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares. (Palmas.)
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Convido também o Prof. Francisco Moreira da Cruz Filho, Vice-Presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos Particulares de Ensino Superior do Distrito Federal. (Palmas.)
Convido também a Profa. Natanry Osório, professora pioneira de Brasília. (Palmas.)
Convido também a Profa. Patrícia Albuquerque de Lima, Diretora-Geral do Instituto Federal de Brasília. (Palmas.)
Convido também a Profa. Ana Cristina Silva, professora aposentada da Secretaria de Estado de Educação. (Palmas.)
Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional do Brasil, executado pela Banda Acorde do Centro de Ensino Especial de Taguatinga.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Assistiremos agora a um vídeo institucional.
(Procede-se à exibição de vídeo institucional.)
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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Convido a Sra. Nyedja Gennari para contar a história do professor.
A SRA. NYEDJA GENNARI - (Interpretação narrativa.). - Senhoras e senhores, professores e professoras, bom dia! Apertem os cintos da imaginação, ou soltem, se preferirem, e viajem comigo por uma história de Márcio Vassallo: A Professora Encantadora.
Maísa era uma professora que olhava para tudo com um olho de assombro e estranheza. Ela dizia que assombro é um susto cheio de beleza e que estranheza é o casamento do estranho com a surpresa.
As aulas de Maísa eram mesmo assombrosas, estranhas e surpreendentes. Na escola, ela se derretia de amor pelas palavras, pelas frases, pelos livros. Mas a Maísa se derretia pelas pessoas ainda mais do que pelos livros. Então, a professora contagiava a gente com todo aquele derretimento e dava aula de esticar suspiro. De olhos fechados, nós aprendíamos a suspirar fundo. E a Maísa suspirava junto com a gente, com aquele seu riso, às vezes freado, às vezes desembestado.
Ah, e para ninguém atrapalhar a aula com urgências sem importância, no lado de fora da porta a professora pendurava um aviso: "Não entre agora. Estamos suspirando".
No começo, os alunos que ainda não conheciam bem a Maísa achavam que um dia ela daria uma prova para ver quem tinha aprendido a suspirar certo. Mas a professora logo explicava que não existia suspiro certo, nem suspiro errado e que suspirar de verdade [para ela] era puxar do peito uma quentura infinita e tirar de lá de dentro uns apertos ruins de largura descabida.
Sempre que podia, e a Maísa podia quase sempre, ela também nos ensinava a catar perguntas novas dentro das histórias, dos versos, das cenas, das ideias, das pessoas. Ela dizia que pergunta nova é uma que desdobra a gente por dentro, e a Maísa gostava um bocado de desdobrar gente por dentro.
Assim, a professora também nos ensinava a diminuir medos no coração, dividir silêncios na frente de uma beleza e multiplicar poesia no pensamento.
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E ela nos mostrava que estranho pode ser só o que a gente ainda não conhece; que um dia cinzento pode ser bonito, por fora e por dentro; que uma vida sem perturbações é que nem um mar sem onda; que alguém só sabe ensinar quando não consegue parar de aprender; que errar também pode ser uma forma de caminhar; que ninguém escolhe o momento em que uma raiva começa, mas que todo mundo pode escolher quando é que ela acaba; que nada é mais importante do que entender os próprios sentimentos, para não deixar que eles mandem nas nossas razões; que nada é mais importante do que entender as próprias razões, para não deixar que elas mandem nos nossos sentimentos.
Ah, tinha vezes que a Maísa confundia a gente, tinha vezes que a gente confundia a Maísa. Mas a maior confusão de todas era mesmo quando tanta gente na sala tinha vontade de abraçar a professora ao mesmo tempo. E a Maísa abraçava as pessoas que sentavam na frente, abraçava as pessoas que sentavam atrás, abraçava as pessoas que sentavam no meio, e inventava motivos para todo mundo se abraçar.
Aliás, na escola toda, quem aceitasse ganhar um abraço da Maísa ganhava também um poema.
Ela sempre tinha um poema para dar asa nos outros. A Maísa dizia que dar asa nas pessoas é reconhecer o que cada uma delas tem de mais bonito e mágico.
Bem, a verdade é que nem todo mundo na escola dava asa para a Maísa. Algumas pessoas costumavam dizer que ela precisava parar com aquela mania de dar asa para os outros, que ela deveria ter os pés no chão e que, na realidade, a Maísa não era uma boa professora, porque não preparava os alunos para o futuro.
Mas a Maísa só voava porque pegava impulso do chão e ela não entendia essa história de preparar gente para o futuro, não.
No relógio da Maísa, o futuro chegava sempre em um minuto para daqui a pouco. E antes de daqui a pouco, sem pressa nenhuma, ela também dava para a gente a aula de despreparo. Afinal, a professora nos explicava que ninguém pode ter surpresas deliciosas com as coisas mais simples da vida se estiver preparado para elas.
Só que ninguém quase nunca estava preparado para a Maísa.
E assim, ela me ensinou a suspirar, me ensinou a não ter medo de errar, me ensinou a reparar, me ensinou a escutar, me ensinou a esperar, me ensinou a parar, me ensinou a flutuar.
Não que eu tenha aprendido tudo tanto assim, mas a Maísa me ensinou mais do que um bocado de coisas. Ela só não me ensinou a ficar tão longe dela, aquela professora. E se puder me encontrar com a Maísa de novo, um dia, vou confessar, bem no ouvido dela, por que eu escolhi ser [contadora de histórias].
E eu conto histórias, mais do que tudo, para ficar perto de você, minha professora encantadora, que também poderia se chamar Natanry, Ana Cristina, Carla, Amábile, Edilene, Tatiana, Helder, Hosana, Ana Paula, Ana Ester, Kelly, Mark, Paulo e até mesmo Prof. Izalci, este que preparou esta homenagem a cada um de vocês, através desta história - professores e professoras encantadores.
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Eu sou Nyedja Gennari, professora e contadora de histórias. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Quero cumprimentar o Prof. João Pedro Ferraz dos Passos, nosso Secretário de Estado de Educação do Distrito Federal, representando o Governador do Distrito Federal; cumprimentar o Prof. Ademar Batista Pereira, Presidente da FENEP (Federação Nacional das Escolas Particulares); cumprimentar o Prof. Francisco Moreira da Cruz Filho, Vice-Presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras do Estabelecimentos Particulares de Ensino Superior do Distrito Federal; cumprimentar a Profa. Natanry Osório, professora pioneira de Brasília; a Profa. Patrícia Albuquerque Lima, Diretora-Geral do Instituto Federal de Brasília; a Profa. Ana Cristina Silva, professora aposentada da Secretaria de Estado de Educação; cumprimentar a todos os professores e professoras, mestres, os nossos queridos alunos, essa banda maravilhosa, Acorde, do Centro Especial de Ensino de Taguatinga, quero cumprimentar todos que aqui estão.
Nenhuma profissão do mundo é mais amorosa do que a do professor. Entretanto, este amor não é e nunca foi incondicional, caso contrário, não seria uma profissão, seria lazer, hobby ou caridade.
Por isso, há que se investir em salários e condições dignas. Nenhuma profissão do mundo é mais importante do que a do professor. Todos nós, hoje profissionais de várias áreas, só chegamos até aqui porque tivemos professores. Os grandes transformadores da sociedade são vocês, professores; nós, professores. Por isso falei principalmente que o amor também precisa de investimento, exige dignidade e respeito.
Tenho uma lembrança cada vez mais recorrente na minha vida; é a lembrança de minha infância e juventude nas escolas que frequentei nas três cidades em que morei, Araújos, Minas Gerais; Itaúna e, depois, Brasília, a nova Capital. Em todas elas eu tive educação primorosa em todos os aspectos, mas gostaria de destacar que isso só foi possível porque os professores eram mestres, respeitados pela comunidade, pelos governos e, sobretudo, pelos alunos.
O exemplo do respeito e da valorização tem que vir de cima, mas, infelizmente, o que vemos são professores tratados com violência física e moral.
A inversão de valores neste País é hoje algo assustador. Como podemos exigir de nossas crianças e adolescentes que respeitem seus mestres, se o Estado não o faz?
No último ranking de aprendizado mundial, realizado a cada três anos, mais uma vez o Brasil ficou entre os últimos colocados. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) tem o objetivo de gerar indicadores que possam contribuir para a discussão da qualidade educacional dos países participantes. Assim, políticas de desenvolvimento para o ensino básico podem ser subsidiadas.
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O programa também tem o propósito de verificar até que ponto as instituições públicas e particulares de cada nação estão preparando os alunos para exercerem corretamente seus papéis de cidadãos em nossa sociedade contemporânea.
As avaliações do PISA buscam analisar o desempenho escolar dos países participantes em três aspectos principais: leitura, matemática e ciências. O ranking é baseado em dois indicadores: um que verifica a habilidade cognitiva dos alunos, através de uma série de testes de leitura, matemática e ciência, e outro que aponta o nível de sua formação, através das notas de graduação e cultura geral. Vinte três mil, cento e quarenta e um estudantes brasileiros, de todas as unidades da Federação, participaram da avaliação, e os resultados são muito desanimadores para o Brasil: 59º lugar em leitura, 63º em ciências, 65º em matemática. Mais uma vez, ficamos na lanterna entre os 70 países avaliados. É triste.
Em todas as avaliações, os países mais bem colocados têm em comum uma cultura de educação. Seus professores são respeitados e gozam de alto status social. Mas como bem disse a jornalista Cora Ronai, em um artigo publicado por O Globo há alguns anos e que continua cada vez mais atual - abre aspas: "O Brasil, longe de ter uma cultura da educação, tem uma cultura da ignorância, que as nossas crianças aprendem desde cedo. Melhor do que ser um bom aluno é ser esperto, é colar sem que o professor veja, é comprar as respostas das provas para ter não um conjunto de conhecimentos importantes, mas um diploma, o que, aliás, não é por acaso que vale cada vez menos." E disse mais: "Longe de gozar alto status social, como nos países verdadeiramente desenvolvidos, os nossos professores são humilhados e desprezados pelos governantes e agredidos pelos alunos em sala de aula, com uma fluência alarmante."
Senhoras e senhores, a instituição do Dia do Professor se deve ao professor paulista Salomão Becker, que, em 1947, junto com três colegas, teve a ideia de criar um dia de confraternização em homenagem aos docentes. O dia 15 de outubro foi escolhido para essa homenagem porque em 15 de outubro de 1827, o Imperador D. Pedro I editou um decreto introduzindo o ensino elementar no Brasil e determinando a criação de escolas de primeiras letras em todos os vilarejos e cidades do País. O decreto imperial estabeleceu também a regulamentação dos conteúdos a serem ensinados e as condições de trabalho dos professores. Sua Majestade já sabia da importância dessa profissão para o progresso do recém-estabelecido País.
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Portanto, esta sessão solene que hoje tenho a honra de presidir é a mais importante data que esta Casa comemora, porque nela reside todo o nosso passado, o presente e o nosso futuro. Somos aprendizes, alguns se tornaram mestres, outros, como eu, ainda aprendem todos os dias.
Os países que investiram em educação e, sobretudo, na valorização do professor, todos eles prosperaram, evoluíram e foram capazes de formar gerações ricas em saber.
O economista britânico, Arthur Lewis, ganhador do Prêmio Nobel, alertou em sua grande sabedoria que "a educação nunca foi despesa, sempre foi investimento com retorno garantido".
A frase de Lewis, embora dita em meados do século passado, é muito atual e vale como alerta ao Brasil, que não priorizou os seus professores, nem investiu na educação de suas crianças e jovens e, hoje, colhe os frutos amargos que plantou.
Diferentemente do Brasil, os países que colocaram a educação como prioridade hoje estão colhendo os frutos do desenvolvimento e do bem-estar de sua população.
Senhoras e senhores, quis o destino que eu estivesse no Senado e na Comissão Mista de Orçamento com a missão de, neste momento difícil pelo qual passamos, aceitar este que, talvez, seja o maior desafio nessa área que escolhi como minha maior bandeira, que é a educação.
Recebi de meus pares a missão de ser o Relator na área de educação para a Lei Orçamentária Anual de 2020 e o desafio de, junto com vocês, fazermos as mudanças e os avanços de que o Brasil precisa. Creiam, nada acontecerá se não começarmos pela educação, porque só a educação transforma.
Já fui professor, ensinei práticas comerciais, contabilidade e matemática financeira no ensino médio e, também, no ensino fundamental e em faculdades. Conheço a sala de aula e a vida dos seus professores de tempo integral.
Esta experiência me ajuda a compreender melhor as dificuldades que vivem os integrantes desta, que, para mim, é a mais sagrada das profissões. Não foi por outro motivo que requeri esta sessão de homenagem aos professores do Brasil.
Quero aproveitar este Dia do Professor para advogar a causa desses abnegados que, em sala de aula, a cada dia, tentam iluminar mentes e forjar cidadãos.
Sem eles, aliás, não se forma nada, nem médicos, nem engenheiros, nem advogados, nem nações. É preciso dar aos professores as melhores condições de trabalho, salários dignos e formação continuada, se é que queremos construir alguma coisa, se é que queremos que o Brasil se transforme numa Nação digna, na qual todos possam viver bem e em paz!
Parabéns a todos os nossos queridos professores! (Palmas.)
E, agora, gostaria de chamar aqui à tribuna para receber a nossa homenagem pelos relevantes serviços prestados à educação em nossa cidade e em nosso País, chamo aqui a Sra. Natanry Osório, pioneira e primeira professora de alfabetização do Distrito Federal.
(Procede-se à entrega do Certificado Honra ao Mérito à Sra. Natanry Osório)
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Convido aqui também a minha querida colega Amábile Pacios, Vice-Presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep).
(Procede-se à entrega do Certificado Honra ao Mérito à Sra. Amábile Aparecida Pacios.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Convido também a Sra. Ana Cristina Silva, representante dos professores aposentados de Brasília. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Certificado Honra ao Mérito à Sra. Ana Cristina Silva.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Convido também Karla Daniela Ferreira, Profa. do Instituto Grupedh. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Certificado Honra ao Mérito à Sra. Karla Daniela Ferreira.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Convido também, enquanto ela chega, as Profas. Edilene Vieira de Sales Carriel e Tatiana Pinheiro de Faria, que representam a Banca Acorde, do Centro de Ensino Especial de Taguatinga. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Certificado Honra ao Mérito à Sra. Edilene Vieira de Sales Carriel.)
(Procede-se à entrega do Certificado Honra ao Mérito à Sra.Tatiana Pinheiro de Faria.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Aproveito ainda para parabenizar também as Profas. Rosana Azevedo e Ana Paula de Souza, bem como a Coordenadora da Área Interdisciplinar, Ana Ester Soares Oliveira; e o Centro de Ensino Especial de Taguatinga, aqui representado pelo Prof. e Vice-Diretor Hélder Ferreira Gonçalves, que também convido para receber aqui a nossa homenagem. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Certificado Honra ao Mérito ao Sr. Hélder Ferreira Gonçalves.)
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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Estão descendo as professoras? (Pausa.)
Elas merecem que aguardemos um pouco.
Ao Centro de Ensino Especial de Taguatinga, com a Banda Acorde, os parabéns por essa banda maravilhosa.
Prof. Hélder Ferreira Gonçalves (Palmas.)
Muito bem, Hélder, parabéns!
Nossa querida Edilene Vieira e Tatiane Pinheiro. (Palmas.)
Concedo agora a palavra ao Prof. Ademar Pereira.
O SR. ADEMAR BATISTA PEREIRA (Para discursar.) - Em nome da escola particular brasileira, quero parabenizar o Senador Izalci pela proposição de homenagem ao Dia dos Professores.
Quero cumprimentar o Secretário de Estado de Educação do Distrito Federal, João Pedro Ferraz dos Passos, em nome de quem cumprimento todos os responsáveis pela educação pública dos Estados e Municípios brasileiros - são 5.570 Municípios; a Diretora-Geral do Instituto Federal de Brasília, Profa. Patrícia Albuquerque de Lima - quero cumprimentar, na pessoa dela, todos os diretores de escolas públicas e privadas do Brasil, que têm a responsabilidade de dirigir as escolas, instituições de ensino e dar as condições de gestão para que os professores possam fazer o que sabem fazer -; a professora pioneira de Brasília, Profa. Natanry Osório, que é homenageada e é a professora a quem a gente deve hoje a reverência pelo papel que desempenhou durante a sua vida toda pela educação de Brasília e do Brasil como um todo; o vice-Presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras do Ensino Superior Privado do Distrito Federal, a quem cumprimento e, em seu nome, os dirigentes de entidades, de sindicatos, de sindicato patronal, de sindicato dos trabalhadores, dos professores, da educação deste imenso Brasil; e a Profa. Ana Cristina Silva, representando os professores aposentados. Depois de uma longa luta, se aposentam e continuam sendo professores, porque professor é uma missão.
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Gostaria de aproveitar a oportunidade e falar um pouquinho da escola particular. A escola particular brasileira tem 15 milhões de estudantes, 9 milhões na educação básica e 6 milhões no ensino superior. Só para vocês terem uma ideia da grandeza, alguns países como a Finlândia têm 5 milhões de habitantes; a escola privada brasileira tem 9 milhões de alunos. A escola particular brasileira emprega, tem em seus quadros, 750 mil professores para fazer frente a esses... E os professores, em geral, na sua grande maioria, são professores iguais aos outros professores, igual à professora relatada pela nossa professora aqui, a Profa. Maísa. São muitos, milhares, milhões de maísas no Brasil.
Também me referindo ao que o Senador Izalci falou, ao Pisa, se nós fomos olhar o relatório do Pisa, os estudantes mais carentes do Brasil, no relatório do Pisa, esperam muito do aprendizado de matemática que terão na escola, que fará diferença na vida deles, que eles poderão ter. Se a gente pegar aquela faixa mais elevada da população em termos econômicos, a gente vê que a expectativa dos estudantes é um pouco menor em relação ao aprendizado que ele poderá ter e à diferença que isso fará na sua vida.
Então, na escola, Senador, na escola brasileira de educação básica, nós temos dois mundos, um mundo de professores, como a Profa. Maísa, sedentos, sábios, que podem fazer e sabem o que fazer para ensinar e conduzir as crianças, e temos na outra ponta crianças pobres, sedentas por aprender, que acreditam que a escola é a última salvação, é a única oportunidade, que a escola é a escada de ascensão social deles. A pergunta que fica, Senador, é por que a gente não consegue unir essas pontas?
Eu tenho as minhas dúvidas de que a questão passe por salário, por mais dinheiro. Eu gravei um vídeo, Senador, para homenagear os professores, quem me conhece sabe que eu acabo falando um pouco duro, e o vídeo ficou um pouco duro. E eu pedia para os professores, pedia para a sociedade brasileira que a sociedade precisa refletir, que os professores precisam de respeito, que os pais precisam, ao se dirigir aos professores, em princípio, por princípio, respeitá-los porque, alguns anos atrás, esses professores, nas escolas de que nós temos saudades, quando se respeitavam os professores, quem dava autoridade para o professor eram as famílias, e nós sabemos que hoje a autoridade não está mais com os pais, está com as crianças, com os jovens.
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Ninguém pode dar o que não tem. Então, a reflexão de que nós precisamos, se pudéssemos pedir para o Brasil uma coisa para melhorar a educação brasileira, eu pediria, como pedi no vídeo que gravei, que a sociedade brasileira respeite os professores, que dê exemplo para seus filhos, que questione o seu filho e não o professor quando seu filho não tiver uma nota adequada. Com isso, eu tenho certeza de que nós melhoraremos muito, tiraremos a culpa das costas do professor e daremos para eles o que eles devem ter: a responsabilidade para fazer o que eles sabem.
Todas as questões que se levantam de dinheiro, de formação, são importantes, Senador, mas definitivamente não são determinantes para nós melhorarmos a qualidade da educação básica brasileira.
Muito obrigado pela oportunidade. Parabéns ao Senado Federal e ao Senador Izalci, por propor, mas, especialmente, o meu respeito e as minhas homenagens aos milhões de professores que lutam todos os dias para tentar levar aos filhos do Brasil, aos filhos de outras pessoas educação, princípios e valores, que, muitas vezes, eles não têm nas suas casas. Meus parabéns! Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Quero registrar aqui também a presença, representando a Ministra de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, da Chefe da Assessoria Parlamentar do Gabinete, Elizabeth Domingos Carneiro; do Subsecretário de Educação Básica da Secretaria de Educação do DF, Helber Ricardo Vieira; da Subsecretária de Gestão de Pessoas da Secretaria da Educação do Distrito Federal, Profa. Kelly Cristina Ribeiro Bueno; do Coordenador da Regional de Ensino do Plano Piloto e Cruzeiro da Secretaria de Educação do DF, Álvaro Matos de Souza; do Diretor do Instituto de Educação Superior do Imagens Médicas de Brasília, Alaor Barra Sobrinho; do Diretor da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, Sr. Fernando Reynoso Acosta; da Diretora do Centro de Ensino e Reabilitação do Distrito Federal, Martha Barros dos Santos; do Diretor do Colégio Ciman Octogonal, Sr. Mark Melo; representando aqui os estudantes presentes nesta sessão, os alunos do Centro de Ensino Médio da Asa Norte (Cean) Ana Maria Clara e Danilo Inácio Martins; dos alunos da Escola Classe da Vila - Regimento de Cavalaria da Guarda - Coordenação Regional do Plano Piloto/Cruzeiro; dos alunos do Centro de Ensino Médio da Asa Norte; dos alunos do Centro de Ensino Especial de Taguatinga; dos alunos da Ação Social do Planalto.
Registro ainda a presença da Administradora Regional do Varjão, Sra. Nair Queiroz Pessoa; do Coordenador Regional de Ensino de Samambaia, Prof. Elivan Feitosa; do Presidente Executivo da Ação Social do Planalto, Maryvan Favoretto Rossi; da Diretora da Escola Classe nº 1 do Guará, Sra. Sandra Maria Morais Sousa Guimarães; da Diretora da Escola Classe 325 de Samambaia, Valgdamir Ferreira Costa; da Diretora do Centro de Ensino Especial nº 1 do Guará, Lady Oliveira; da Diretora da Escola Classe 303 de Samambaia, Sra. Bárbara Regina Gomes da Silva; do Diretor da Escola Classe 410 de Samambaia, Paulo Gileno; da Vice-Diretora da Escola Classe 325 de Samambaia, Reila Boaventura Marques; da Coordenadora da Associação Pestalozzi de Brasília, Adriana Almeida; e da Coordenadora da Associação Pestalozzi de Brasília, Maraísa Estevão.
Concedo a palavra agora à Profa. Ana Cristina Silva.
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A SRA. ANA CRISTINA SILVA (Para discursar.) - Bom dia a todos.
Gente, eu estou nervosa igual a aluno quando faz prova. Vocês ficam nervosos, não ficam, quando tem prova? Estou desse jeito hoje, mas estou muito honrada e gostaria de parabenizar e agradecer ao Senador Izalci pelo convite. Eu ia parabenizá-lo pela sua fala, no Dia dos Professores, aqui neste Plenário, perante seus colegas Senadores, quando o senhor faz um apelo a eles e pede que o compromisso com a educação saia do discurso e entre na prática. É uma fala muito pertinente e demonstra a necessidade atual de que o Sistema Educacional brasileiro como um todo sofre. E queria parabenizá-lo mais ainda pela mais pertinente fala de hoje, que fala sobre a necessidade urgente de valorização dos nossos professores.
Eu, como professora aposentada da educação especial - esqueceram-se de falar da educação especial -, é muito pretensão minha, eu sozinha achar que represento um grupo. Então, eu gostaria de dividir este momento com colegas que estão aqui, pois, mesmo depois de aposentados, não paramos, continuamos trabalhando. Não tem como parar; primeiro, por causa do salário; segundo, porque está no sangue da gente e a gente vê que existe a necessidade.
Então, eu gostaria que se levantassem as colegas que fizeram e fazem parte da minha vida e da minha jornada. Eu gostaria de dividir essa honra com vocês hoje - Maraísa, por favor... (Palmas.)
... Adriana, Claudinha - cadê a Claudinha? A minha coordenadora pedagógica de seis anos de Centro de Ensino Especial, só na direção; Helder, Airton, Lady, nossa guerreira Lady. Aliás, todos nós somos lutadores. A gente luta, a gente aprende na educação, principalmente na educação especial, a lutar pelo outro. A gente não luta pelos nossos direitos. A gente aprende que, quando a gente consegue vencer uma luta, vencer uma etapa... Cadê a Martha? A Marta também é nossa colega do CER; o Airton, do CEEDV.
Como eu ia dizendo, quando a gente vence uma luta, vence uma etapa, a gente se sente vencedor também, embora o beneficiado seja o aluno e sua família.
E, no ensino especial, a gente acha que aprende mais do que ensina e aprende principalmente o que falta hoje em muitas escolas, infelizmente, que é respeitar o outro, saber que o respeito tem que estar à frente de qualquer relação humana. Sem o respeito, a gente não chega a lugar nenhum.
E é muito triste, Senador, quando a gente vai pesquisar sobre os índices de valorização do professor e a gente chega a pesquisas dizendo que o professor brasileiro ocupa o último lugar no ranking de valorização de professores. É uma pesquisa da OCDE com 35 países, uma pesquisa recente, divulgada agora em 2019. É muito triste quando a gente vê que os dados estatísticos de pesquisa colocam o Brasil agora em primeiro lugar, só que na violência contra os professores. Nós somos o País que mais agride professores nas salas de aula. Esses dados são reais e preocupantes, e a gente só tem uma pergunta a fazer: quando foi que o Brasil começou a errar e nós não percebemos? Na minha época de aluna não existia isso. Professor era autoridade máxima, era o nosso ídolo. E hoje nós somos o primeiro lugar no ranking em violência contra o professor. Tivemos este ano um professor morto dentro da escola. A gente hoje vê nas mídias sociais professores espancados. Muito feio.
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E eu tenho certeza de que os alunos sentem vergonha por esses alunos, porque não é a maioria. Eu tenho certeza de que isso é uma vergonha, e vocês, alunos, vocês podem mudar isso, porque vocês são a geração do futuro, vocês são a geração que estará aqui mais tarde, e espero que essas estatísticas sejam outras. Nós não somos um país subdesenvolvido para ter esses índices vergonhosos. Então, acho que a educação brasileira hoje, no cenário nacional, nos coloca numa situação muito delicada, muito difícil, porque nós somos um país que não respeita a educação.
A sua pergunta, Senador, foi muito pertinente, quando o senhor fala: será que queremos mudar isso? Será que queremos mudar isso?
Outro índice em que o Brasil ocupa o último lugar é o índice de remuneração do seu professor. A remuneração é, sim, um item muito importante, porque a gente tem que sentir que a nossa remuneração está de acordo com a importância do nosso trabalho. E qual é o trabalho mais importante senão o do professor, que forma todas as outras profissões? Quem é que chegou a algum lugar sem ter passado por um bom professor? Então, são dados alarmantes. A gente pede, Senador, que o senhor junto com outros Parlamentares, com o Executivo, que tomem providências com relação a esses dados alarmantes.
Só rapidinho, para acabar a minha fala... Eu acho que ainda tenho dois minutos, não é? Rapidinho.
Secretário de Educação, eu gostaria de conversar com o senhor agora, falar sobre a educação especial. O senhor entrou agora, eu lhe desejo boa sorte e gostaria de pedir encarecidamente diálogo com as escolas especializadas e as associações do DF. Nós precisamos... Eu falo "nós" porque estou aposentada só no papel, a gente continua, e o gabinete do Senador Izalci, nas pessoas da Ana Beatriz e da Kátia, tem nos auxiliado bastante. Então, Secretário de Educação, nós temos muita demanda. A educação especial parece ser uma ilha dentro da Secretaria de Educação. Temos inúmeros problemas, precisamos de apoio. Os convênios das associações que recebem os professores da Secretaria de Educação que não são assinados, passam dois anos sem ser assinados. Precisamos de cursos na Eape, cursos na área da educação especial, cursos mais aprofundados que atendam tanto os professores de contrato temporário quanto os professores iniciantes e os monitores. Precisamos da valorização dos profissionais que trabalham com os surdos, o CAS.
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Há pelo menos cinco anos, eu acompanho de perto o pedido de institucionalização do CAS. Esse pedido estava na mesa do secretário anterior, com toda uma justificativa, e a gente não entende por que existem 27 CAS no Brasil inteiro e só o do DF não é institucionalizado.
As escolas bilíngues também. Você vê o trabalho diário das diretoras e você olha e ouve: "Eu não aguento mais. É um desânimo. Eu quero desistir". Então, são situações que podem ser resolvidas. Como o Senador diz: se tiver a vontade de resolver, a gente resolve.
Então, Secretário de Educação, em nome aqui dos colegas que trabalham e que se doam diariamente para a educação especial...
(Soa a campainha.)
A SRA. ANA CRISTINA SILVA - ... eu gostaria de pedir uma atenção especial a esses profissionais.
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Muito bem, Ana.
Concedo a palavra à Profa. Patrícia Albuquerque de Lima.
A SRA. PATRÍCIA ALBUQUERQUE DE LIMA (Para discursar.) - Bom dia.
Eu quero agradecer imensamente ao Senador Izalci por esta oportunidade e cumprimentar, em nome dele, todos os membros da Mesa.
Sou diretora do campus Brasília, aqui do Instituto Federal de Brasília, na asa norte, e aqui represento a nossa reitora, Profa. Luciana Massukado, e, mais do que isso, represento cerca de 1,4 mil - um pouco mais do que isso - profissionais da educação. Então, eu gostaria de estender, Senador, esta homenagem a todos e todas que trabalham com a educação. É muito importante, é muito bom nós recebermos, como docentes, esta homenagem, mas nós não somos os únicos, então eu gostaria de estendê-la a todos esses profissionais que atuam, técnicos, servidores. Nós temos vários colaboradores terceirizados que atuam conosco para a execução disso que eu digo que é muito mais do que uma profissão, é uma missão.
Nesse sentido, eu gostaria de falar, aproveitando essa oportunidade, um pouquinho sobre o Instituto Federal de Brasília. Desde 2008, a rede federal tem a sua expansão. Só o Instituto Federal de Brasília, aqui no Distrito Federal, já acolheu cerca de 120 mil pessoas, sejam pesquisadores ou estudantes. Atualmente nós temos cerca de 20 mil estudantes em todas as nossas dez unidades aqui no Distrito Federal.
A gente fica muito feliz de poder contribuir, principalmente com o Distrito Federal, ultrapassando as barreiras de uma instituição federal e assumindo o nosso papel como membros dessa comunidade em que nós estamos inseridos.
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Da mesma forma, a gente fica muito feliz de poder contribuir com o ensino democrático, com o acesso democrático. Atualmente os nossos processos seletivos têm acolhido pedidos que superam várias outras instituições. Então, estamos muito felizes com esta oportunidade e queremos agradecer, Senador, por todo o apoio que o senhor tem nos dado, também a toda a Casa, e, da mesma forma, nos colocar à disposição.
Continuamos nessa missão da educação e, mais uma vez, eu gostaria de agradecer e estender esta homenagem a todas e a todos que, diuturnamente - porque é isso que a gente faz -, atuamos com a educação no Brasil, no Distrito Federal, na nossa região.
Muito obrigada e conte conosco. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Eu vou conceder agora a palavra aos alunos Maria Clara de Paula Machado e Danilo Inácio Martins, do Centro de Ensino Médio da Asa Norte (Cean), representando aqui os alunos. (Palmas.)
A SRA. MARIA CLARA DE PAULA (Para discursar.) - Bom dia a todos e a todas. É uma honra representar os meus colegas e a minha escola neste dia para discutir um tema de tamanha importância para a sociedade.
É impossível tornar-se um real cidadão sem passar por um professor. São essas pessoas que acreditam plenamente na educação e que mudam a realidade de milhares de pessoas todos os dias, e é a partir desses profissionais que existem outras profissões.
São esses profissionais que criam um laço tão grande com seus alunos tornando-se uma parte da família dos mesmos. Todos nós temos um professor ou uma professora que mudaram a nossa história, aquele que realmente marcou nossa vida e jamais será esquecido. Mas, como será que alguém assim pode nos marcar tanto? Acredito que é possível responder essa pergunta entendendo que é através da educação que podemos mudar a nossa realidade e, dessa forma, podemos romper as barreiras da ignorância e da alienação, permitindo utilizar o pensamento crítico. Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Paulo Freire deixa clara a importância da educação e dos professores para gerar mudança.
Quero deixar meu grande respeito aos professores, que acordam cedo todos os dias e transmitem o seu conhecimento, trazendo consigo uma pequena esperança de um futuro melhor para o nosso País, mesmo que, infelizmente, passem por situações de desrespeito e desvalorização.
Além disso, quero agradecer por serem guerreiros e acreditarem que a educação é transformadora, nunca desistindo de inspirar e de educar.
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. DANILO INÁCIO MARTINS (Para discursar.) - Bom dia a todos.
Antes de mais nada, eu gostaria de agradecer por estar aqui representando os alunos do meu colégio. Quando fui chamado para fazer esse discurso eu pensei: "Professor", essa é uma profissão sobre a qual eu parei poucas vezes para pensar qual o seu real significado. Tudo que eu podia assimilar dela era a imagem de alguém na frente de um quadro lecionando algo para seus alunos. Era uma imagem bem simples e eu sentia que faltava algo nela.
Decidi, então, fazer uma pesquisa e buscar o seu real significado. No início, meus resultados deram com o professor sendo uma pessoa qualificada academicamente e pedagogicamente para ensinar alguém sobre algo que estudou por um longo período. Eu pensei: bom, isso combina muito com o perfil de um professor, mas ainda está faltando algum detalhe.
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Busquei analisar sua origem. Então, lembrei que nada melhor do que conhecer a etimologia para compreender verdadeiramente o seu significado. Etimologicamente falando, a palavra professor vem do termo latim professus, que significa aquele que afirma publicamente, que era um termo que se referia àqueles que se declaravam aptos a realizar algum feito. No nosso caso, ensinar. Pensei: se ele afirma publicamente que é capaz de ensinar aos outros, então, ele deve ser a pessoa certa com quem eu devo contar.
Em outros resultados, também foi dito que o professor é aquele que se dedica. E vemos que não somente a si mesmo, mas a todos aqueles a quem ele se comprometeu a ensinar. Ele se dedica diariamente, ele se esforça diariamente para que possamos aprender e crescer com tudo que ele tem a nos ensinar.
O professor é aquele que está de prontidão para auxiliar nosso desenvolvimento. É aquele que tem a vontade de passar o conhecimento que possui para os outros, a fim de vê-los evoluir. É alguém que é capaz de ver nossos pontos fortes e fracos e nos mostrar como podemos gradativamente transformá-los em algo melhor.
Tudo que nós aprendemos e utilizamos para entender o mundo a nossa volta devemos a todos os professores que tivemos em nossas vidas, que nos mostraram o caminho certo a ser trilhado e que se encheram de orgulho e alegria por nos ver trilhando a rota do sucesso.
Por isso, eu digo a todos os alunos aqui presentes: não desistam jamais, pois a vida de estudo e aprendizado é a que todos nós devemos levar conosco se quisermos crescer, e podem ter a certeza de que sempre terão um professor com quem contar.
E a todos os professores eu tenho apenas a agradecer por todo o trabalho que fizeram, por todo o esforço que tiveram e por jamais desistirem, pois vocês estão ajudando nossa sociedade a crescer, com mentes fortes e hábeis a construir um mundo melhor. Desejo a todos vocês a felicidade por nos ajudarem sempre a evoluir.
Muito obrigado a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Concedo a palavra agora à Profa. Natanry Osório. (Palmas.)
A SRA. NATANRY OSÓRIO (Para discursar.) - Cumprimentando a todos nesta especial sessão que ora ocorre neste nobre Plenário pelo Dia do Professor, saúdo a todos, todos que já foram maravilhosamente citados pelos que me antecederam, na pessoa do nosso nobre Senador Izalci Lucas, que me deu a honra de estar aqui falando, por uma simples experiência de uma professora pioneira, mas que estendo também, como as minhas antecessoras fizeram, a todos os professores não só de Brasília, como do nosso universo. Por ele fui convidada para ser homenageada, como acabei de dizer, como pioneira, e isso muito me honra.
Eu vou fazer algo diferente do que já foi feito aqui agora, até porque, como estão a nossa educação e o caminho que toma, todos já disseram com muita sabedoria. Eu peço licença então, Senador, para dar um testemunho de vida.
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Em agosto de 1959 - 1959, antes de Brasília -, fui contratada por Israel Pinheiro, Presidente da Novacap, órgão que administrou o início das obras em Brasília, para trabalhar quatro horas com o salário de 8 mil cruzeiros. Ah, essas crianças aqui presentes sequer sabem ou conheceram ou já ouviram falar o que era a moeda antes! No meu tempo, 1959, eram cruzeiros. Vocês acham que era muito? Eram 8 mil cruzeiros.
Em 21 de abril de 1960, Brasília, construída pelo carismático e determinado Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira, é inaugurada. E, nessa data, o meu contrato passa para a primeira instituição educacional de Brasília, a Caseb (Comissão de Administração do Sistema Educacional de Brasília). Por indicação do MEC, do então Ministro Pedro Paulo Penido - talvez poucos saibam quem foi o nosso primeiro ministro da educação -, Armando Hildebrand é nomeado Presidente da Caseb, e nós professores do antes tivemos nesta mesma data, 21 de abril de 1960, o nosso contrato assinado por ele e fomos recebidas e recebidos, porque havia também professores pela Caseb, passando a ganhar, prestem atenção, de 8 mil cruzeiros por quatro horas para 25 mil horas por seis horas de jornada de trabalho. Estímulo, valorização da educação! Vejam bem, foi, em 1961, criada a Fundação Educacional do Distrito Federal, e por ela também continuamos contratadas para trabalhar em horário integral ganhando, não houve baixa, 28,8 mil cruzeiros em contrato assinado por Dr. Bayard Lucas de Lima. O aumento galopante do salário prova o propósito e a intenção do nosso Presidente Juscelino Kubitschek da valorização da educação.
Aqui eu já estava morando. Portanto, é com muita emoção que eu conto a vocês por que para cá vim: vim trazida pelo sonho e pela visão de D. Bosco. Agora me perguntam: "Mas como? Pelo sonho e visão de Dom Bosco?". Sim, quando havia a polêmica entre Israel Pinheiro, que queria levar a Capital para o Triângulo Mineiro, e JK, para Brasília, era Governador do Estado de Goiás José Ludovico de Almeida, mais conhecido como Juca, meu parente - sou Natanry Ludovico. Um belo dia, estava eu no Palácio das Esmeraldas tomando cafezinho com a Tia Iracema, que fazia um delicioso pão de queijo - goianas e mineiros, a casa de todo goiano e mineiro tem cafezinho e pão de queijo -, mas fui até a cozinha tomar um suco de laranja e vejo o Juca reunido com um grupo de ex-alunos do Colégio Salesiano, seus colegas, entre eles, Germano Roriz e Segismundo de Araújo Melo. E sabem o que faziam? Discutiam sobre a tradução da profecia de D. Bosco para ser levada à feira da agropecuária com o propósito de harmonizar a questão, mostrando a Israel Pinheiro que o local deveria ser onde apontava a profecia de D. Bosco, entre os paralelos 15 e 21. Naquele momento, os meus olhos brilharam.
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Eu estava fazendo o curso de normalista no Colégio Santo Agostinho. De imediato, decidi: é para lá que eu quero ir para lecionar. Vou ajudar a construir a Capital do Brasil. E eu entreguei - sabem as crianças, as crianças que aqui estão e os adultos também que todos temos um anjo da guarda - o meu sonho ao meu anjo da guarda.
Em maio de 1957, o primeiro saco de cimento é aberto pelo engenheiro Israel Pinheiro onde hoje se encontra a Ermida Dom Bosco.
E agora, meu anjo da guarda, como realizar o meu sonho de ser professora em Brasília? Morando em Goiânia, eu não conhecia e não sabia como chegar aqui.
Em 1958, em uma matinê dançante do Jóquei Clube de Goiânia, em mesa com um grupo de amigas, eis que veio em direção da nossa mesa um cidadão diferente dos demais goianos do meu tempo: magro, óculos muito escuros, cabelos estranhos. Uma das amigas, entusiasmada, disse: "É este! É este o arquimilionário francês, e vem me tirar para dançar". Para ele olhamos todas, e comentei comigo: "Mas como é feio!". Ao chegar, ele me convidou para dançar. Levei um susto. Ele insistiu. Olhei para aquela amiga que era mais velha que nós e que contava muita vantagem e aceitei. Na pista de dança, ele me falou que vinha me observando já há algum tempo e insistira em me convidar para dançar com o propósito de me pedir em casamento, porque morava em Brasília. Podem imaginar o que eu senti naquele momento! Mulher de fé que sou, meus olhos voltaram a brilhar, e o coração bateu, bateu forte, pois lembrei que, antes de me formar como normalista, entregara o meu desejo ao meu anjo da guarda. Saímos para conversar, e, em 1959, eu me casei com Antônio Carlos Osório, gaúcho, o primeiro advogado a instalar escritório no Núcleo Bandeirante, em 1957. Chegando aqui, eu me apresentei à Santa Soyer, coordenadora dos professores que aqui chegavam.
E, nos meus 80 anos, a chama de pioneira permanece.
Grande é a minha emoção quando agora vejo, no Plenário, o Dr. Alaor Barra Sobrinho - levante-se, Dr. Alaor! -, que, em 1960, foi alfabetizado por mim na Escola Classe da 308, conjunta com a Escola Parque. (Palmas.)
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De criança que era, hoje, Dr. Alaor Barra Sobrinho é Presidente da empresa Imeb (Imagens Médicas de Brasília). Há mais de 30 anos, ele é referência em medicina nuclear e radiologia. Além da competência técnica que possui, a sua empresa presta um atendimento humanizado aos pacientes. O extraordinário, que me toca profundamente, é que ele se preocupou em retornar a Brasília o que ela lhe deu fundando um instituto de ensino superior. Saiba, nosso Senador, que ele acaba de fundar um instituto de ensino superior para a formação de tecnólogos em radiologia, sendo Imeb o mantenedor, presenteando a sociedade com uma instituição sólida. E foi no instituto que Brasília acabou de receber o primeiro curso de Libras, com técnicas de dublagem, para que o surdo, além da voz, possa sentir pela interpretação, com a emoção do orador, enriquecendo assim a comunicação com o paciente surdo. Peço licença ao cerimonial e convido o meu aluno que, representando todos os que foram alfabetizados pela professora pioneira, se levante novamente e receba novamente os aplausos desta plateia, sobretudo com crianças. (Palmas.)
Meu compromisso com as crianças, jovens da Ação Social do Planalto e por Brasília é tão grande que considero, como disse o poeta Antônio Carlos Osório, uma usina de amor ação.
Também vejo no Plenário o ilustre advogado trabalhista Dr. Ilauro Santos, que também passou - por favor, Dr. Ilauro - pela Ação Social do Planalto... (Palmas.)
Ele passou pela professora pioneira, quando, aos nove anos de idade, morava no Gama e às 4h da manhã vinha para o Plano Piloto vender jornais e engraxar sapatos, tendo sido acolhido em 1963 pela obra pioneira Ação Social do Planalto.
Lecionei vários anos contratada até pela Secretaria de Educação, porque a fundação posteriormente se transformou em secretaria. E aqui está o nosso nobre Secretário, conterrâneo do meu marido, amigo e agora colega, amigo também do meu filho Antônio Cândido, o primogênito, que nasceu em 8 de março de 1960, no Dia Internacional da Mulher.
Vejo também o Sérgio Alexandre Veras. Sérgio morava e ainda mora em Planaltina; 30 anos atrás, fez oficina de pão na Ação Social do Planalto e tornou-se instrutor; hoje é o nosso representante de TI na Ação Social do Planalto.
Peço a Ilauro, Sérgio, a todas as nossas crianças, aos educadores e à equipe da ASP que se levantem e recebam os nossos aplausos, a nossa gratidão. (Palmas.)
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Para finalizar, louvo e agradeço a Deus a família que me confiou e, na pessoa de meus filhos... Está aqui a minha filha, a rapa de tacho, como diz o povo, que nasceu 13 anos depois do meu caçula na época. Onde está você, Cecília? Ah, ali, na galeria, documentando este momento que me enche de emoção. E aqui cito, com emoção, o escritor Antônio Carlos Osório: "Sendo o amor uma energia, ele [o amor] há de poder ser gerado e distribuído, e a escola pode se tornar em uma das mais importantes centrais energéticas de amor". O processo educativo é basicamente um processo de amor ação. E, como disse Maísa, que não pensava no futuro, as nossas crianças também não pensam no futuro, porque para elas o futuro é hoje, é agora. Continuando o poeta, ele diz: "Como método, educar não é sempre ensinar, ou mesmo ensinar a aprender formando a mente. É substancialmente amar". A receptividade do educando tem por base essencial a radiação amorosa que sente no mestre. Para concluir, vamos fazer de nossas escolas verdadeiras usinas geradoras de amor. Uma usina de amor ação é a nossa proposta.
Louvor e glória a ti, Senhor!
Minha gratidão a todos, em especial aos meus pais, Domingos Pinheiro Lacerda e Júlia Ludovico Pinheiro Lacerda, e à Carmela Salgado, fundadora da ASP da Casa do Candango.
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Convido, agora, para fazer uso da palavra o nosso Secretário de Educação do Distrito Federal, representando o nosso Governador.
Antes, só registro também a presença do Diretor do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais, Sr. Airton Dutra; da Diretora do Centro de Ensino da Asa Norte, Maria das Graças de Paula; e da Diretora da Escola da Vila, Regimento de Cavalaria da Guarda, Sra. Cláudia Garcia.
O SR. JOÃO PEDRO FERRAZ DOS PASSOS (Para discursar.) - Presidente, muito obrigado pela palavra.
Eu quero cumprimentar a todos desta sessão e agradecer ao Presidente por esta homenagem aos professores, o Senador e Prof. Izalci Lucas. Muito obrigado, em nome da Secretaria de Educação e do Governo do Distrito Federal, por esta lindíssima homenagem aos professores.
Quero cumprimentar todos da Mesa e dizer que me sinto honradíssimo de estar aqui neste momento, pela primeira vez na Mesa desta Casa Alta - já há muitas vezes neste Plenário, muitas vezes no corredor, mas pela primeira vez nesta Mesa, graças ao convite de V. Exa., que eu não vou esquecer.
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Cumprimento a todos os professores, alunos, meus colegas da Secretaria de Educação, que estão tentando fazer a educação no Distrito Federal.
Quero dizer a todos que eu tive a minha carreira, a minha vida na escola pública, indo do começo ao fim, do primário à graduação superior. Jamais entrei numa escola particular. E devo o que tenho, o que fui, o que sou à escola pública. E, quando digo à escola pública, eu digo aos professores.
Vou ser rápido.
Senador Izalci, eu me lembro e me lembrei muito dos meus bancos escolares. Primeiro, lembro-me do meu professor de graduação nos primeiros anos da faculdade. Ele olhou para os alunos - eu, um dos mais jovens entre eles - e disse: "Vocês são o futuro deste País". Eu não levei a sério. Prof. Izalci, esses alunos que aqui estão estarão sentados nas nossas cadeiras, estarão sentados aqui, na Presidência do Parlamento; estarão à frente das secretarias de educação; estarão à frente das escolas. Então, essa é a responsabilidade dos professores.
Eu me sinto um pouco frustrado, Senador. Eu acho que a nossa geração falhou. Se nós não andamos bem, é porque não fizemos corretamente. Como disse a Professora, nós precisamos saber onde erramos para retomar. E erramos, porque, senão, a educação e os professores não estariam hoje com todas essas reclamações que nós ouvimos todos os dias, na mídia.
Eu quero dizer que eu me sinto honradíssimo de estar nesta homenagem aos professores, encontrando aqui o meu colega que eu conheço, dos tribunais, como o Dr. Osório, simpático e competentíssimo advogado. Eu não sabia que você tinha uma mãe com essa história, uma mãe professora e uma mãe tão linda. Parabéns! (Palmas.)
Peço à Profa. Natanry que me permita estender esta homenagem que o Prof. Izalci está fazendo a todos os professores não só do Distrito Federal, mas do Brasil.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - DF) - Cumprida a finalidade da sessão, eu agradeço às personalidades que nos honraram com o seu comparecimento.
Nós vamos encerrar a sessão e, em seguida, nós vamos ouvir aqui ainda as canções Billie Jean e O Xote das Meninas, que serão tocadas pela Banda Acorde.
Declaro encerrada a sessão - e com vocês a Banda Acorde.
(Levanta-se a sessão às 12 horas e 59 minutos.)