3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
56ª LEGISLATURA
Em 30 de agosto de 2021
(segunda-feira)
Às 10 horas
102ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
A presente sessão especial remota foi convocada nos termos do Ato da Comissão Diretora nº 8, que regulamenta o funcionamento das sessões e reuniões remotas e semipresenciais no Senado Federal e a utilização do Sistema de Deliberação Remota.
Esta sessão é destinada a comemorar o bicentenário de nascimento de Anita Garibaldi.
A Presidência informa que esta sessão terá a participação dos seguintes convidados, independentemente de eventuais outras presenças: Sr. Edson Lemos, Presidente da Fundação Catarinense de Cultura, representando o Governador Carlos Moisés da Silva; Sra. Daniela Reinehr, Vice-Governadora do Estado; Deputada Federal Angela Amin, Deputada Federal e Coordenadora do Fórum Parlamentar, ou seja, a Bancada Federal de Santa Catarina; Sr. Prefeito da cidade de Laguna, Samir Azmi Ibrahim Muhammad Ahmad; Sr. Prefeito de Tubarão, nosso querido amigo de jornadas garibaldinas, Joares Ponticelli, que, em 1999, participou da celebração do sesquicentenário da morte de Anita Garibaldi; Sr. Adílcio Cadorin, Diretor do Instituto Cultural Anita Garibaldi; Sra. Lélia Pereira Nunes, representando a historiografia de Santa Catarina e a Academia Catarinense de Letras.
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Não contaremos, e faço questão de registrar, com a presença do jornalista e escritor Moacir Pereira, Presidente da Academia Catarinense de Letras, infelizmente, que está vencendo, terminando de vencer a covid-19. Todos nós lamentamos muito não poder contar com ele, e aproveito para desejar integral restabelecimento o mais breve possível. Teremos a presença, também, do Sr. Augusto César Zeferino, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Santa Catarina, e do Sr. Salomão Antonio Ribas Júnior, ex-Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, membro da Academia Catarinense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do nosso Estado.
Convido todos a, em posição de respeito, acompanharmos a execução do Hino Nacional Brasileiro.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Senhoras e senhores que nos honram com sua presença, remota ou presencial, nesta sessão, que faz justiça ao que representa, para Santa Catarina e para o Brasil, Anita Garibaldi, tenho o dever de, dando por iniciado efetivamente o conteúdo desta sessão, dizer que Anita Garibaldi é uma figura singular para o Brasil - e para Santa Catarina de uma maneira muito especial.
Essa singularidade pode ser expressa pela disputa intelectual e literária sobre o local onde nasceu. É uma disputa saudável que só as figuras muito ilustres conseguem produzir. Ao tempo em que saúdo a presença do querido amigo Senador Nelsinho Trad, Líder da Bancada do PSD, seria mais ou menos como, no seu Estado, disputar ter nascido em Campo Grande, porque, se não tiver nascido em Campo Grande, Nelsinho Trad vai arrumar uma forma de trazer os melhores talentos para sua cidade.
Transcendendo a este papel, ao colocar o amor como parceiro da luta e da liberdade, Ana Maria de Jesus Ribeiro fez-se Anita. Combateu as batalhas dos farroupilhas, da República Juliana, que tinha como capital a nossa querida Laguna; esteve ao lado dos uruguaios, na resistência a Rosas; casou-se com Giuseppe Garibaldi, no Uruguai, logo após a saída do Brasil. Com a legião italiana de Garibaldi, cruzou o oceano para lançar-se em mais uma batalha à guerra pela unificação italiana.
Ao transferir-se para a Itália, em 1847, dois anos antes de sua morte, Anita fez com que a história entre estes dois países, Brasil e Itália, mais uma vez confluísse.
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Ela é um dos raros personagens históricos que está inscrito no panteão dos heróis nacionais de dois países: Brasil e Itália. E todos nós sabemos da longa história da Itália, pois ela transacionou dois mundos, desafiou os padrões que fortaleciam as diferenças de gênero, como mulher, como mãe, como guerreira, estabeleceu pontes entre culturas, para morrer, heroicamente, no outro lado do oceano, consagrando-se como heroína de dois mundos.
Anita teve cinco filhos, um brasileiro, três uruguaios e um italiano. O seu percurso familiar cinge-se com o papel que desempenhou na história destes três países. Lutou bravamente, ao lado dos farrapos, na retirada da Laguna. Garibaldi, ao descrever os feitos heroicos da corajosa revolucionária no episódio, reconhecia nela a imagem do soldado-mulher, que desafiava as convenções sociais ao adotar condutas não previstas, então, para a condição feminina.
Segundo ele:
Na missão de transportar as armas até a orla e no seu retorno à embarcação, ela talvez tenha realizado 20 vezes o trajeto, cruzando invariavelmente sob o fogo inimigo dentro de uma pequena barca com dois remadores [...]. Ela, porém, de pé à popa da barca, no encruzamento dos tiros, surgia, ereta, calma e altaneira como uma estátua de Palas, recoberta pela sombra da mão de Deus, que naquela hora repousava sobre mim.
São palavras de Giuseppe Garibaldi.
Anita Garibaldi inscreveu seu lugar no panteão dos heróis nacionais, ao lado de personagens femininas destacadas na história nacional como mulheres que estavam à frente de seu tempo. Por isso, muitas vezes assumiam a feição de mulheres virago, participando ativamente do espaço público, o espaço masculino por excelência.
Heroína de dois mundos, Anita Garibaldi, com seu exemplo de vida, aparecia, sobretudo, como a precursora de papéis que as mulheres aspiravam para si, colocando em questão séculos de tradições misóginas, que restringiam e impediam - e ainda impedem - a participação delas no espaço público da humanidade.
Homenageando o bicentenário do nascimento de Anita Garibaldi, o Senado Federal homenageia todas as mulheres brasileiras, verdadeiras heroínas que batalham incessantemente, muitas vezes, para trazer alimento para os filhos, na batalha cotidiana pela sobrevivência sua e dos seus.
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Esta Casa homenageia, também, as muitas mães e irmãos, mães, irmãos e irmãs que faleceram sendo heroínas, particularmente nos hospitais, os dolorosos campos de batalha da pandemia, e ela, muitas vezes, esteve nessa azáfama.
Finalmente, quero registrar dois sentimentos que me orgulham muito neste momento. Deus me deu saúde para participar, em 1985, da celebração dos 150 anos da Revolução Farroupilha e da República Juliana, junto com os Governadores Jair Soares e José Richa, e nos deu a alegria, que eu compartilho com o Prefeito de Tubarão, de termos participado, em 1999, do sesquicentenário da morte de Anita Garibaldi, com o resgate de um discurso de um ilustre lagunense, grande historiador, Osvaldo Rodrigues Cabral, brindado no discurso de então de Joares Carlos Ponticelli.
E, finalmente, tenho a ventura de estar aqui representando o Senado Federal - e agradeço ao Presidente Rodrigo Pacheco e aos Senadores que subscreveram o requerimento -, celebrando o bicentenário de Anita Garibaldi, Heroína de Dois Mundos e do Estado de Santa Catarina, duas mulheres que são sempre referência nas nossas vidas.
Muito obrigado.
Assistiremos agora a um breve vídeo institucional: Santa Catarina no mundo. Visita à estátua de Anita Garibaldi no Janículo.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Agradeço aos produtores desse pequeno documentário, Sr. Marcos Bayer e José Carlos Soares.
Concedo a palavra ao Sr. Edson Lemos, que aqui representa o Governador Carlos Moisés da Silva.
O SR. EDSON LEMOS (Para discursar.) - Bom dia, Senador!
Na sua pessoa, eu gostaria de cumprimentar todos que estão fazendo parte desta sessão em homenagem ao bicentenário de Anita; a Deputada Angela Amin, que aqui se encontra presente; o Prefeito Joares Ponticelli, de Tubarão, do Município de Tubarão; o Prefeito Samir, da cidade de Laguna; Lélia Pereira Nunes, historiadora; Augusto César Zeferino, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Quero parabenizar, por esta sessão, em homenagem ao bicentenário de Anita Garibaldi.
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Gostaria de dizer que, no ano de 2021, o Governador do Estado, através de decreto, instituiu o ano do bicentenário de Anita. Foi constituída uma comissão estadual no Estado de Santa Catarina, com mais de 30 entidades que fazem parte, e lá estão sendo comemorados mais de 160 eventos nas mais diversas cidades por onde Anita passou e especialmente em Florianópolis, onde nós, através da Fundação Catarinense de Cultura, também elaboramos uma série de eventos programados, alguns já realizados e outros ainda por realizar.
Quero dizer que nós estamos no Museu Histórico de Santa Catarina, no Palácio Cruz e Sousa, com a bela exposição em homenagem contando a história, na ordem cronológica, de Anita Garibaldi.
Hoje, na data de seu aniversário, nós abrimos efetivamente as portas do palácio, do Museu Histórico, para que a população possa apreciar essa bela exposição, de forma gratuita, seguindo todos os protocolos de segurança com relação à covid-19, e ficará essa exposição aberta à população até o mês de dezembro. Ela será uma exposição de forma guiada. Lá nós temos os nossos historiadores, que acompanham juntos o grupo de pessoas que lá se fazem presentes, para que prossigam, porque ela é feita através de um circuito, toda a exposição começando na entrada do palácio e até pelos jardins do palácio.
Quero falar de Anita, essa lagunense, mulher guerreira que lutava por direitos de igualdade e de liberdade e que, há 200 anos, já estava à frente do seu tempo. Nós temos aqui pessoas que vão discorrer sobre a vida de Anita, são pessoas que se aprofundaram na sua história, e com muitos relatos, como o do Senador Esperidião, que é um profundo conhecedor da história de Santa Catarina, da qual já foi Governador, e falou muito bem.
Então, o Governo do Estado se sente muito lisonjeado, em nome do Governador Carlos Moisés, com esta sessão, em homenagem aos 200 anos de Anita Garibaldi.
Hoje, Senador, nós teremos o privilégio de estar, às 15h, no Palácio do Itamaraty, para o lançamento do selo alusivo, em parceria com os Correios, proposta também pelo Deputado Coronel Armando, de Santa Catarina, da bancada catarinense, o selo alusivo aos 200 anos de Anita Garibaldi.
Na última sexta-feira, nós participamos, no Museu Histórico do Palácio Cruz e Sousa - na última quinta-feira, desculpa -, de um documentário que foi realizado pelo grupo NDTV, lá de Santa Catarina, que fala da vida de Anita Garibaldi. Um documentário muito bem-feito, muito bem elaborado, que tem a participação de algumas personalidades de Santa Catarina que aqui se fazem presentes, inclusive do Adílcio Cadorin, que faz parte da sessão. Ali está sendo mostrado, todos os sábados, durante meia hora, para todo o Estado de Santa Catarina, esse documentário, nessa rede de televisão, para que os catarinenses conheçam um pouco mais da história dessa nossa guerreira, dessa nossa Heroína dos Dois Mundos.
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Fica aqui o nosso reconhecimento e o nosso agradecimento a toda a comissão que organizou esses mais de 160 eventos no nosso Estado. E, hoje, dia 30 de agosto, seu aniversário está sendo comemorado aqui no Brasil, no Uruguai e também na Itália.
Quero dizer que a história de Anita é tão atual e tão vivenciada por milhões de Anitas por este Brasil afora, essa guerreira que deu seu sangue, que foi mulher, que foi esposa e que, acima de tudo, deixa um legado, principalmente para as mulheres nos dias de hoje.
Obrigado, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Agradeço as palavras do Sr. Edson Lemos, que aqui representa o Governador.
Referendo que realmente essa exposição no Museu Cruz e Sousa, antiga sede do Governo do Estado de Santa Catarina, é realmente uma homenagem marcante, criativa e muito educativa.
Registro ainda a presença do prezado amigo e Deputado Federal Coronel Armando, que é o protagonista do evento que teremos hoje no Itamaraty com a obliteração do selo comemorativo.
Ouviremos agora, em vídeo, a mensagem da Sra. Daniela Reinehr, Vice-Governadora de Santa Catarina.
A SRA. DANIELA CRISTINA REINEHR (Para discursar.) - (Falha no áudio.) ... Santa Catarina, em especial, está comemorando um fato histórico, uma mulher histórica, a nossa querida Anita Garibaldi.
Quero agradecer inicialmente ao Senador Esperidião Amin pelo convite, por me chamar para este momento comemorativo, este evento comemorativo aos 200 anos de Anita Garibaldi.
Essa catarinense, essa mulher guerreira, de uma coragem, de uma bravura como poucas, realmente deixou uma história sensacional, uma história de coragem, uma história de amor, de patriotismo, de uma mulher muito à frente do seu tempo, que acreditava em ideais desde pequenininha e que, desde pequena também, já aprendeu a lida do campo com o pai, aprendeu ideais de liberdade com seu tio e deixou, com certeza, um grande legado para todos nós e, especialmente, para nós mulheres por ter sido exatamente aquilo que ela queria ser. Hoje, quando a gente ainda sente grandes dificuldades, eu, pelo menos, fico pensando o que Anita tinha de dificuldade, como era naquele tempo, há quase 200 anos, ela empunhar uma arma e lutar por aquilo em que ela acreditava. Eu acho que este é o maior legado da Anita: o fato de ela ter batalhado para ser aquilo que ela queria ser, batalhado pelos ideais dela. E, especialmente para nós mulheres, isso é extremamente importante e nos enche de orgulho.
Então, eu desejo que sejamos sempre Anitas, que tenhamos sempre esse espírito aguerrido, guerreiro, lutando sempre pela liberdade e pelo bem do nosso País.
Eu quero aproveitar esta oportunidade também para parabenizar e agradecer ao Instituto Cultural Anita; ao Dr. Cadorin; ao Dr. Rau também, em memória, que deixou uma história sensacional de pesquisa sobre a vida de Anita Garibaldi; às Guardiãs de Anita, que vivem no dia a dia, que resgatam dia a dia e tocam para a frente essa história tão bonita da Anita Garibaldi.
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E quero aproveitar também para agradecer ao Instituto Culturanita e ao Museu e Biblioteca Renzi pela medalha que eu recebi, no ano de 2019, a medalha em memória de Anita Garibaldi, do projeto Dois Mundos e uma Rosa por Anita, um projeto do Museu e Biblioteca Renzi, na Itália, que eu tenho muito orgulho de ter recebido.
Também comemoramos e plantamos aqui, em Santa Catarina, no Museu Cruz de Sousa e em todas as cidades por onde a Anita passou, uma rosa, que já floriu, inclusive, aqui, em Santa Catarina, uma vez e, com certeza, vai embelezar os jardins do nosso Estado por muito, muito tempo e lembrar a nossa Anita Garibaldi.
Um grande abraço a todos vocês.
E viva Anita!
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Nossos agradecimentos à Sra. Vice-Governadora por sua participação e por suas palavras.
Passo a palavra à Sra. Deputada Angela Amin, Coordenadora do Fórum Parlamentar. Consulto se o Senador Nelsinho Trad ainda está presente e se deseja usar a palavra e, igualmente, consulto o Coronel Armando se ele... (Pausa.)
Então, depois da Deputada Angela Amin, passarei a palavra ao Senador Nelsinho Trad, por um tempo moderado, de que o nosso querido amigo sabe gozar, e, igualmente, ao Coronel Armando, que vai exatamente falar neste evento, assim como usará da palavra hoje, à tarde, no Itamaraty.
Com a palavra a Deputada Angela Amin, Coordenadora do Fórum Parlamentar de Santa Catarina.
A SRA. ANGELA AMIN (Para discursar.) - Ana Maria de Jesus Ribeiro, uma mulher de visão de mundo muito acima das mulheres daquela época.
As mulheres não tinham o direito de evoluir na busca do conhecimento, cursavam apenas o básico, não tinham direito ao voto, portanto cerceadas em sua liberdade de pensar, agir e ajudar a decidir. As mulheres eram orientadas apenas para o casamento. Sem o direito de construir um relacionamento, o casamento era imposto pela família.
Assim aconteceu com Ana ao ser obrigada a casar com Manuel Duarte Aguiar. Diz a lenda que o casamento não chegou à sua plenitude. Após quatro anos, houve a ruptura, e Manuel se mudou para Desterro, hoje Florianópolis, para seguir a vida militar, abandonando Ana na Laguna. Diz a lenda que pode ter sido Ana que solicitou o fim do casamento.
Ana, em vez de questionar a separação e apenas lamentar, usou o episódio para defender seus princípios de paz e liberdade. Na sua atuação, encontrou Garibaldi, por quem se apaixonou, e ele a denominou de Anita, Ana no diminutivo, e juntos seguiram defendendo, lutando em várias batalhas pelos princípios que entendiam ser o ideal, com muita ênfase à liberdade.
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Um trecho muito curto e preciso define a Anita: "Um filho no braço, no outro um fuzil", da cantora e historiadora Marlene Pastro. Anita, a mulher amante, mãe e guerreira, que o seu exemplo possa nos acompanhar em todas as nossas decisões e nas das nossas filhas e nossas netas para que, com as suas ações e com os seus exemplos, possam significar a sua atuação nas suas gerações.
Obrigada pelo seu exemplo, Anita. Festejar o bicentenário de nascimento, e o seu exemplo deve ser de agradecimento sempre. Obrigada, Anita Garibaldi.
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Agradecendo à Deputada Angela Amin pelo seu depoimento, pelo seu pronunciamento neste evento, concedo a palavra ao nobre Senador Nelsinho Trad.
O SR. NELSINHO TRAD (PSD - MS. Para discursar.) - Sr. Presidente, caro amigo Esperidião Amin, que, de uma maneira muito peculiar, revive a história, de uma forma muito justa, no bicentenário dessa personagem que deve ser a inspiração de muitas lutas femininas que nós estamos observando acontecerem no mundo afora. Anita Garibaldi realmente é digna desta sessão de homenagem. E registro aqui a sua persistência de sempre cultivar a cultura e fazê-la presente no ambiente em que nós estamos convivendo aqui no Senado da República.
Cumprimento o Prefeito de Tubarão e, na sua pessoa, saúdo a todas as autoridades catarinenses; a Deputada Angela Amin e, na pessoa dela, todas as mulheres presentes nesta sessão.
Nunca é demais saber da história de Anita Garibaldi, relembrar os seus feitos e seguir os seus exemplos de luta, de persistência de uma mulher guerreira à frente da sua época e que nunca deixou de, através das suas batalhas, colocar a sua opinião e aquilo que ela imaginava ser pertinente ao tempo em que vivia.
Parabéns, Senador Esperidião Amin!
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - O meu agradecimento pela presença do nosso querido amigo Senador Nelsinho Trad, cuja fala eu vou creditar ao conjunto do Mercosul, que V. Exa. tanto valoriza, desde a sua querida Campo Grande até a sua atuação, especialmente e particularmente, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Concedo a palavra ao prezado amigo Coronel Armando, nosso Deputado Federal.
O SR. CORONEL ARMANDO (Para discursar.) - Prezado Senador Esperidião Amin, prezado Senador Nelson Trad, minha colega Deputada Angela Amin, Presidente do Fórum Catarinense, eu não vou me estender aqui porque hoje à tarde eu vou participar e vou ter a oportunidade de falar no Palácio Itamaraty, no lançamento do selo. Eu só queria cumprimentar o Senador por ter trazido, conseguido fazer esta sessão solene. É a primeira do ano. Nós temos que destacar que nós não temos sessões. E só aqui, graças à iniciativa do Senador Amin e de todos que estão se mobilizando na comemoração, nós estamos tendo esta sessão aqui no Congresso.
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Cumprimento o Prefeito Samir, de Laguna, o Prefeito Joares Ponticelli, os historiadores e todos que estão presentes aqui, o Adílcio Cadorin, que vai falar da história de Anita.
E queria convidá-los para acompanharem também o lançamento do selo, agora às 15h, no Palácio do Itamaraty, com a presença do Embaixador Carlos França, do Embaixador da Itália, do Embaixador do Uruguai, Alexandre Garcia também vai estar presente, nosso repórter. E no dia 20 de setembro, nós antecipamos, que vai ser feito em Laguna, o lançamento da medalha comemorativa.
Mas hoje eu vim aqui para cumprimentar o Senador e a todos vocês. É uma data que tem que ser lembrada. E é lembrada, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Muito obrigado. Brasil acima de tudo.
Senador, parabéns, parabéns Anita Garibaldi.
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Obrigado ao prezado amigo Coronel Armando. Se Deus quiser, lá estaremos para prestigiar esse grande evento.
Concedo a palavra, com muita satisfação, ao ilustre Prefeito de Nossa Senhora dos Anjos da Laguna, Samir Azmi Ibrahim Muhammad Ahmad.
O SR. SAMIR AHMAD (Para discursar.) - ... Cumprimento também todos os demais Deputados, na pessoa do Deputado Coronel Armando, todos os Deputados Federais, na pessoa da Deputada Angela Amin, todos os Deputados Federais. E também eu gostaria de deixar o meu cumprimento especial ao Dr. Adílcio Cadorin, nosso grande historiador, PhD em Anita Garibaldi. Também cumprimento o Sr. Edson Lemos, Presidente da Fundação Catarinense de Cultura, que vem sendo um grande parceiro na divulgação da nossa Laguna, da nossa história e da nossa Anita Garibaldi.
Contar os feitos de Anita, hoje acredito que não é o melhor momento, já que temos grandes historiadores e com grandes reportagens, que precisamos de muito tempo para poder explanar um pouco da sua luta. Foram mais de 160 eventos que foram estudados. E estamos aqui realizando, em Santa Catarina, em parceria com o Governo do Estado, e acredito que ainda serão pouco para honrar essa grande mulher que foi Anita Garibaldi.
O aniversário de Anita Garibaldi é, sem dúvida nenhuma, o maior evento da cultura e que nós podemos aproveitar para reverenciar a nossa cidade, já que Anita Garibaldi iniciou a sua vida e a sua atividade na luta por justiça aqui em Laguna. Então Laguna tem muito a ganhar com a história de Anita Garibaldi. Por isso, tem todo o nosso empenho.
Além de todo um passado de glórias e de lutas, Anita Garibaldi ainda nos brinda com um futuro, um futuro promissor, em busca por convênios, em busca de turismo e de cultura, que eu tenho certeza de que farão a diferença na indústria que nós temos em Laguna, que é a indústria do turismo. Então nós temos muito a agradecer a Anita Garibaldi por tudo o que ela fez e por tudo o que ela ainda vai fazer por nossa Laguna.
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Comemorar os 200 anos da nossa heroína Anita Garibaldi, uma mulher guerreira, à frente do seu tempo e que levou o nome da nossa cidade para todos os cantos do mundo, com o seu exemplo de bravura, com o seu exemplo de mulher, com seu exemplo de mãe, com seu exemplo de soldado.
Acima disso, esta comemoração nos remete à reflexão da inserção da mulher na nossa sociedade, na sociedade em que a gente vive hoje e em que, às vezes, existem essas discrepâncias que nós, infelizmente, acompanhamos. Anita Garibaldi, além de ser um exemplo para todas as mulheres, também é um exemplo para a humanidade.
O espaço da mulher - que teve tanto trabalho para ser conquistado, tenho certeza - se deve muito à Anita Garibaldi. Um dia, nós saberemos reconhecê-la devidamente, com ações como esta, Esperidião, que o senhor está promovendo. Nós estamos podendo multiplicar a informação de quem realmente foi Anita Garibaldi que, infelizmente, para muitos brasileiros, é uma desconhecida. Então, nós precisamos, cada dia mais, do apoio federal para podermos disseminar a realidade, fazer justiça à Anita Garibaldi.
Nós encerramos o mês de agosto, aqui em Laguna, trabalhando políticas públicas em torno do combate à violência doméstica. Falar de Anita é mostrar que a força da mulher, o que ela tem e o que ela pode fazer. A mulher Anita Garibaldi foi mais do que uma mulher à frente do seu tempo, ela foi mais do que a humanidade tenha compreensão. Ela foi o maior exemplo em inspiração de coragem para o seu esposo Giuseppe Garibaldi.
Eu aproveito, ainda, para ressaltar a importância de Anita para a nossa cidade como uma das propulsoras do turismo (Falha no áudio.) ... brasileiro e internacional.
Agradeço o espaço ao Senador que está presidindo esta sessão solene. Esse seu ato foi muito importante para podermos compartilhar sobre essa Heroína dos Dois Mundos e seus feitos.
Muito obrigado. Sejam todos bem-vindos à nossa Laguna. Venham conhecer a nossa cidade, que é fantástica e está de portas abertas para receber vocês. Viva Laguna e viva Anita!
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Agradeço as palavras do Prefeito Samir.
Acho que não vamos ter tempo, mais seria muito bom que nós, juntos, cantássemos o Hino da Laguna.
Concedo a palavra ao nosso querido amigo e grande Prefeito da nossa querida Tubarão, Joares Ponticelli.
O SR. JOARES PONTICELLI (Para discursar.) - Senador Esperidião Amin, que preside esta sessão, parabéns pela iniciativa, Senador Nelsinho Trad, Deputada Angela Amin, Deputado Coronel Armando, Prefeito Samir, nas pessoas dos quais saúdo todos os demais participantes desta sessão.
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Que alegria a minha, Senador, poder participar, mais uma vez, de um momento histórico que o senhor lembrou, com muita propriedade, quando no seu Governo todas as estruturas estaduais foram transferidas, no dia 4 de agosto de 1999, para a querida cidade de Laguna, ao tempo em que celebrávamos os 150 anos da partida, prematura, de Anita Garibaldi, e hoje, novamente, temos essa oportunidade de poder marcar, registrar nos Anais da história essa importante data, a passagem dos 200 anos de nascimento da nossa heroína Anita Garibaldi.
E, às vezes, eu me pergunto por que alguns heróis morrem tão cedo, porque, no caso de Anita, com 28 anos apenas, dez anos de uma vida muito intensa ao lado de Giuseppe Garibaldi, mas que foram suficientes para, quase 200 anos, 172 anos depois da sua morte, ainda estarmos aqui reunidos para celebrar a vida, a permanente vida dos ideais de Anita Garibaldi. O corpo foi sepultado, por sete vezes, como o Cadorin sempre conta, mas os seus ideais permanecem vivos, porque os heróis não morrem. E ela, em apenas uma década, conseguiu, como lembrou o nosso Senador Esperidião Amin, transformar-se na Heroína dos Dois Mundos.
Eu poderia aqui homenagear, ainda, Ludwig Rau - não é, Esperidião? -, que tivemos o privilégio de conhecer e, no seu Governo, adquirir aquele acervo extraordinário e entregá-lo a nossa querida Laguna, por ocasião do sesquicentenário do seu passamento; poderia lembrar do João Feliciano dos Santos, que se esforçou tanto para manter a memória de Anita viva; de Paulo Markun; de Walter Zumblick, com o seu Aninha do Bentão, e lá eu pude compreender que a força dela apenas se consolidou ao lado de Garibaldi, mas que vinha das suas origens, do pai, do tio, aquela garra, aquela coragem, aquela valentia.
Poderia homenagear, também, a figura de Edla Zim, que, no último sábado, lançou o seu livro, provocada, agora, para crianças, para nós levarmos a literatura infantojuvenil para as escolas, para reescrevermos e resgatarmos parte dessa bela história perdida.
Poderia falar de Willy Zumblick, que, na ponta dos pincéis, talvez, tenha, na melhor compreensão, na mais fácil compreensão, contado um pouco da saga, da trajetória dessa vida brilhante de Anita Garibaldi, e tantos outros, que se esforçaram para manter essa memória viva, mas é preciso, neste momento, homenagear Adílcio Cadorin, que, como bem colocou o Prefeito Samir, tem feito um esforço gigante para contar e até reescrever alguns capítulos dessa história.
Eu me apaixonei por essa causa há mais de duas décadas, quando, numa missão liderada pelo então Prefeito Cadorin, nós fizemos o primeiro esforço e a sua luta pela repatriação dos restos mortais de Anita. A sua luta pela certidão de nascimento tardia, concedida pelo Juiz Maurício Mortari, hoje Juiz da Comarca de Tubarão, no ano de 1998, e essa luta foi de Adílcio Cadorin. E, aí, eu gostaria de dizer, Esperidião, que lá na certidão consta que ela nasceu em Laguna, na localidade de Morrinhos, que hoje pertence a Tubarão, mas isso está absolutamente pacificado entre Tubarão e Laguna, porque, em 30 de agosto de 1821, todos nós éramos Laguna.
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Então, se há alguma disputa é com o nosso amigo Ceron e com a Serra, mas entre nós, aqui no litoral, Cadorin e Samir, está tudo pacificado, afinal de contas, Anita, acima da naturalidade de um Município, é catarinense, Anita é brasileira, e nós estamos felizes por poder celebrar este momento.
Infelizmente, eu não vou poder participar de toda a sessão porque vamos lançar, daqui a pouco, esse livro chamado Santa Catarina - Estado Feminino, que começa exatamente falando um pouco da trajetória dessa grande heroína catarinense. E vamos lançá-lo, Esperidião, em frente à herma doada pelo seu falecido pai, a herma de Anita Garibaldi, onde também plantamos a rosa de Anita, que, coincidentemente, floresceu nesse final de semana.
Então, eu o cumprimento mais uma vez por esta celebração, por marcar tão dignamente a passagem dos 200 anos de nascimento dessa catarinense que orgulha a todos nós.
Parabéns mais uma vez e muito obrigado!
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - (Falha no áudio.) ... Joares Ponticelli.
Eu quero, antes de passar a palavra ao Professor Adílcio Cadorin, que tem que se conter ao tempo razoável, porque, se não, ele tem... Eu queria só registrar que não sei se ele doou isso para o Senado ou para mim, mas corre grande risco de ficar com o intermediário, este livro Guerreira das Repúblicas e da Liberdade, e este outro, Dois Mundos e Uma Rosa para Anita, que é em parceria com Andrea Antonioli.
Então, passo a palavra ao dedicado historiador e animador, que infunde alma às suas iniciativas, Adílcio Cadorin.
O SR. ADÍLCIO CADORIN (Para discursar.) - Bom dia a todos e, de uma forma muito especial, ao Senador Esperidião Amin, na condição de Presidente desta sessão, que, tenho certeza, entrará para a história, para os anais da história brasileira.
É com grande prazer que, hoje, a convite do Senador Esperidião Amin, o Instituto Anita se faz presente, por nosso intermédio, para participar deste evento que, como eu disse, na nossa concepção, é o evento mais emblemático e significativo do bicentenário de Anita.
Neste momento, gostaria também de cumprimentar, na pessoa da Deputada Angela Amin e na pessoa da amiga Lélia, que nos assiste e vai falar daqui a pouco, todas as mulheres, detentoras de cargos públicos ou não, brasileiras que estão, neste momento, nos assistindo.
Como disse, neste momento, falo em nome do Instituto Cultural Anita Garibaldi, única instituição de direito privado, com sede em Laguna, que se dedica, singular e exclusivamente, há mais de 20 anos, à preservação, valorização e divulgação da saga e dos valores que nos foram legados pela heroína.
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E, aqui, devo registrar também um pleito de gratidão muito grande ao então Governador Esperidião Amin, que, em 1999, por ocasião do sesquicentenário da morte de Anita Garibaldi, transferiu todo o Governo do Estado para Laguna, e ali nós fizemos uma grande comemoração.
Epicamente, acredito que foi a primeira vez que Laguna foi a capital do Estado de Santa Catarina. Já havia sido República, não é, Senador Esperidião Amin? Já havia sido Capital da República, mas foi capital, por um dia, do Estado de Santa Catarina.
Eu acredito que o registro desses Anais de hoje para a história deste Parlamento e a história nacional também deve ser considerado como a maior homenagem que a Nação brasileira até então já prestou à memória dessa filha ilustre.
Há duzentos anos, nascia, na pacata Vila de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, uma mulher que se tornaria um dos mais corajosos vultos femininos mundiais: Ana Maria de Jesus Ribeiro, a Anita Garibaldi, como ficou internacionalmente conhecida; foi e é, até os nossos dias, um exemplo de coragem, que demonstrou nos diversos combates que enfrentou, de crença e de determinação com que buscou seus ideais, sem jamais macular sua paixão ao homem que amou e o zelo e educação aos filhos que gestou. Mas, sem dúvida alguma, foi pela defesa sem quartel da causa republicana que ela se imortalizou.
Mais que merecida, esta sessão nos remete ao fato de que, se compulsarmos os anais da história universal, não encontraremos nenhum registro de vulto feminino que tenha pegado em armas para defender os transformadores ideais republicanos em dois continentes distantes e diferentes. Ana Maria de Jesus Ribeiro lutou em defesa da instituição de quatro Repúblicas: a República Catarinense, a República Rio-grandense, a República Uruguaia e a República Romana.
Em suas lutas em território catarinense, Anita antecedeu exatamente em 50 anos a instauração do regime republicano, instituído que foi pelos militares que tanto a combateram em 1839 e a prenderam em 1840, em Curitibanos.
É emblemático o grandioso e célebre monumento do escultor Rutelli, que, em 1932, a imortalizou na colina do Janículo, em Roma, simbolizando seus sentimentos de mãe zelosa e de guerreira corajosa retratados, quando, montada a cavalo, ainda em estado puerperal, com um braço, acolhe e protege seu rebento primogênito enquanto que, com a outra mão, empunha a arma com a qual rompe o cerco que a submetia.
Incompreendida em sua época e rompedora de barreiras e de preconceitos, Anita foi envolta, ainda muito cedo, em uma atmosfera de ideais republicanos que a ajudaram a moldar seu caráter único e forte. Não aceitava injustiças sociais. Não aceitava que homens e mulheres tivessem tratamentos diferenciados. Foi soldado republicano por ideal, pois, conforme registrou em suas cartas, somente uma República daria representatividade popular aos seus governantes, promoveria a justiça social e a igualdade entre homens e mulheres. Em nenhuma das lutas de que participou, conseguiram demovê-la de ausentar-se das fileiras que se formavam para os embates.
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Ainda por oportuno, Sr. Presidente, resgato um trecho de uma das cartas que endereçou a sua irmã Felicidade, que residia no Rio de Janeiro.
Na epístola, Anita expressou a saudade que sentia de sua Laguna, a verde Laguna, que, apesar de tudo que vivera, era sua terra natal. Mas, hoje, repousa em solo eterno, a mais de 10 mil quilômetros do seu solo pátrio, distante até mesmo de onde está sepultado o seu eterno Giuseppe, o José, como ela o chamava.
Por isso, cabe a nós, brasileiros, a missão de cumprir seu desejo e sua vontade de retornar para que ela possa, enfim, descansar eternamente em seu solo natal e com as glórias de uma verdadeira heroína.
O Brasil tem um tamanho continental e uma história muito rica, história essa que valorizaremos, sobremaneira, quando conseguirmos cumprir este seu último desejo. Então, Sr. Presidente, permita a audácia, mas que parta desta Casa Legislativa a iniciativa de fazer o seu repatriamento como forma de demonstrarmos ao mundo os nossos sentimentos cívicos, resgatarmos a autoestima nacional e quitarmos o débito que temos para com a memória desta que é a nossa maior heroína nacional, a precursora do movimento republicano brasileiro.
Viva a República! Viva Anita!
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Meus cumprimentos muito efusivos ao Professor Adílcio Cadorin, e que Deus continue lhe dando energia para ser um grande animador nesta causa.
Concedo a palavra à Sra. Lélia Nunes, escritora, historiadora e membro da Academia Catarinense de Letras.
A SRA. LÉLIA PEREIRA DA SILVA NUNES (Para discursar.) - Obrigada, muito obrigada.
Bom dia, senhores e senhoras. É uma honra muito grande estar presente nesta sessão. Agradeço o convite do Senador Esperidião Amin.
Antes de iniciar a minha pequena mensagem, eu gostaria de fazer alguns cumprimentos: por representar, em nome das mulheres de Santa Catarina, esse Estado feminino, Prefeito Joares Ponticelli, de tantas mulheres importantes, com garra e com força - aliás, Santa Catarina é um Estado único e ímpar, no qual tenho um orgulho muito grande ter nascido, e que tem por nome Santa Catarina de Alexandria, em homenagem à Santa Catarina de Alexandria -; e quero homenagear a mulher de Santa Catarina, citando a Sra. Vice-Governadora Daniela Reiner e a Deputada Federal Angela Regina Amin.
Quero também, nesta oportunidade, cumprimentar o Presidente do Instituto Histórico, Dr. Augusto Cesar Zeferino - Presidente da instituição a que também pertenço -, e trazer o abraço da Academia Catarinense de Letras e a ausência muito sentida neste dia do nosso Presidente, o jornalista Moacir Pereira. Quero saudar o Presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Sr. Edson Lemos, e um abraço muito especial ao Sr. Adílcio Cadorin, verdadeiro defensor e estudioso da nossa Anita Garibaldi.
Permita que eu abra um espaço para mandar um abraço ao Senador Nelsinho Trad Filho e que ele leve para sua Campo Grande, terra de tantas mulheres fortes, especialmente para a Academia Feminina de Letras e Artes, à qual pertenço como membro correspondente.
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Anita Garibaldi, Ana Maria de Jesus, Aninha do Bentão, que mulher é essa? Estamos falando este ano inteiro e celebrando todas as geografias da grande mulher, a catarinense Anita Garibaldi, essa mulher que, ali na beira-mar, junto à cidade histórica de Laguna, conheceu José Garibaldi. Ela foi a mulher, a companheira de todas as lutas até morrer aos 28 anos, na Itália, passando à história como Anita Garibaldi, a heroína de dois mundos; uma mulher que, premida entre as convenções sociais, as tradições e a paixão, entre o presbitério e o pecado, largou tudo: rompeu com o seu pequeno e acanhado mundo e seguiu Garibaldi, passando à história como a heroína de dois mundos. A mulher transformou-se num mito e o mito colocou à sombra a mulher.
Muitos biografaram e escreveram sobre Anita, mas, já referenciado hoje nesta sessão, eu quero sempre lembrar o arquiteto apaixonado pela sua heroína Anita Garibaldi, Wolfgang Ludwig Rau, e a sua obra Anita Garibaldi - O Perfil de Uma Heroína Brasileira, recentemente reeditada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.
Embora o meu querido amigo Prefeito de Tubarão já tenha citado, eu escolhi para falar da Anita através da arte e a arte de dois nomes: Willy Alfredo Zumblick e seu irmão, Walter Zumblick; um, através da pena, transformou em pincel e escreveu o delicioso Aninha de Bentão; o outro fez do pincel a sua pena e escreveu as mais importantes telas da historiografia de Santa Catarina - da escultura popular das nossas festas do Divino Espírito Santo, pegadas de uma cultura secular açoriana, a história da Guerra do Contestado, cujas telas grandiosas também se devem à iniciativa do Senador Esperidião Amin e que são memoráveis. É um conjunto, se não me engano, de dez, doze telas, citadas inclusive pela grande Professora, já falecida, Maria Isaura de Queiroz, autora de O Messianismo no Contestado, e imortalizou Willy Zumblick a trajetória de Anita Garibaldi. São 18 imensas telas, em que ele conta toda a saga, a luta daquela mulher e de um punhado de homens que deram a vida para prevalecer os seus ideais de liberdade.
Anita Garibaldi, estou hoje falando em uma sessão do Senado Federal. Em 1949, no Senado Federal, o Senador Ivo D'Aquino dizia, Prefeito Samir, que a nossa Anita nasceu em Morrinhos, que hoje pertence ao Município da minha cidade natal Tubarão, que, a partir de maio de 1870, se desmembra de Laguna, do grande Município de Laguna. A menina, a Aninha, criada na vida campeira, na lida do campo, a menina-mulher, a menina, a mulher se transforma num mito, no mito Anita Garibaldi.
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Walter Zumblick, ao historiar, em suas telas, a obra, a vida, a trajetória, a saga de Anita e de Garibaldi, corporificou os ideais dessa mulher, corporificou, em grandes telas, a história de Santa Catarina. E é um orgulho imenso para nós mulheres de Santa Catarina, do Estado de Santa Catarina, e para o Brasil não silenciar uma história sufocada por tantos anos e lembrada a partir da Itália e da unificação italiana. Anita Garibaldi é um mito, e a mulher Ana, Aninha, é o grande orgulho de nós tubaronenses e ali da comunidade de Morrinhos.
Eu também espero, Cadorin, que seus restos mortais venham descansar, mas venham descansar sabe onde? Ali em Morrinhos.
Eu queria dizer, então, que Walter Zumblick, com a pena, foi o sábio que pintou Aninha (Falha no áudio.) ... 18 telas e imprimiu a mais bela crônica da mulher e heroína Anita Garibaldi.
Sua biografia foi melhor registrada a partir da sua vida ao lado de Garibaldi - é verdade. Palavras de Alexandre Dumas. Rompeu-se o silêncio, quebraram-se os preconceitos contra a mulher Ana Maria de Jesus Ribeiro e, ao mesmo tempo (Falha no áudio.) ... Anita Garibaldi, permanecendo o mito, a mulher, a mãe, a companheira que adentrou o seu Estado, o Rio Grande do Sul, adentrou a Itália, o Uruguai e se fez o grande mito, a grande mulher, o panteão da nossa história brasileira. Viva Anita Garibaldi!
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Obrigado à Professora Lélia.
Antes de passar a palavra ao nosso Presidente, ao nosso chefe do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Santa Catarina, eu volto a assinalar, como se presente estivesse aqui - e felizmente espero que, daqui a alguns dias, esteja completamente presente na nossa vida, na vida dos catarinenses, pelo jornalismo -, o nosso Presidente da Academia de Letras, Moacir Pereira, que, neste momento, está afastado de atividades laborais em face de estar sofrendo ainda os efeitos da covid-19, ao tempo em que nós rezamos e reafirmamos a nossa certeza da sua plena e total recuperação. Eu me permito considerar presente aqui o querido amigo Moacir Pereira, que, com todo o mérito, diligenciou para que esta sessão ocorresse.
Concedo a palavra ao Presidente do nosso Instituto Histórico e Geográfico, Sr. Augusto César Zeferino.
O SR. AUGUSTO CÉSAR ZEFERINO (Para discursar.) - Bom dia!
Ao Senador Esperidião Amin os meus cumprimentos pela iniciativa e a todos os presentes nesta sessão que já me antecederam.
Agradeço a oportunidade em dizer que o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, fundado em 1896, tem, ao longo de sua existência, premiado, em muitos momentos, a história catarinense evidentemente, que é a base da sua atuação, e, especialmente, alguns personagens de grande vulto da sua história; um deles, Anita Garibaldi.
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O instituto já realizou alguns eventos, inclusive no ano passado, com a reedição do livro do Wolfgang Rau, cujo lançamento mereceu uma sessão especial, e agora, inclusive, no dia de amanhã, realizaremos uma sessão solene com o lançamento de uma coletânea de artigos alusivos à história de Anita, e também a obliteração do selo emitido pelos Correios ocorrerá amanhã, à tarde.
Anita Garibaldi, então, é esse vulto importante na história catarinense e, sem dúvida, tem contribuído muito para a historiografia do Estado pela sua própria existência, o seu roteiro de vida não programado, mas de forma espontânea tão bem conduzido por ela no sentido da realização de grandes conquistas, ultrapassando as fronteiras nacionais. Hoje temos, então, essas comemorações dos 200 anos de seu nascimento, uma data que certamente permanecerá por toda a existência da vida, enquanto assim estivermos sobre a face da Terra.
Anita Garibaldi nos deixou um legado importantíssimo, já tão bem falado pelos que aqui se pronunciaram: Senador Esperidião Amin, Deputada Angela Amin, Edson Lemos, Adílcio Cadorin, Joares Ponticelli e todos os demais, de modo que nós ficamos muito felizes por essa realização.
Parabenizamos o próprio Senado pela oportunidade e, em especial, o trabalho liderado pelo Senador Esperidião.
Muito obrigado e um bom dia a todos.
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Quero agradecer a presença, a participação do nosso querido Presidente do Instituto Histórico e Geográfico.
Eu estava contando com a presença do querido amigo Salomão Antonio Ribas Júnior, mas sou informado de que ele também não pôde comparecer. Quero dizer que ele é um dos inspiradores desta sessão solene.
Assistiremos, a seguir, a um trailer do documentário Anita: Amor, Luta e Liberdade, que foi estreado no último sábado. É uma iniciativa do Grupo Notícias do Dia, o Grupo ND, que tem como Presidente o empresário Marcello Petrelli.
Eu gostaria de cumprimentar parte dos criadores dessa importante homenagem, que conta com a direção de Isabela Hoffmann; com a fotografia de Marcelo Feble; com a produção de palco de Nelson Félix, que também interpreta o pintor italiano Gaetano Gallino; com a atriz Lize Souza, que tem o privilégio de interpretar Anita Garibaldi; e com Wellington Moraes, que interpreta Giuseppe Garibaldi.
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Nós vamos assistir a um pequeno trailer, para o qual eu peço a atenção de todos. E agradeço, ao mesmo tempo, pela iniciativa que se multiplica pelo Estado afora.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Não posso deixar de, junto com os cumprimentos, ressaltar e fazer um pedido. São inúmeras as criações, escritos, produções artísticas que, neste momento, são entregues ao nosso conhecimento, e outros tantos que nós temos que resgatar. Por isso, eu quero fazer um pedido à Academia de Letras de Santa Catarina e ao Instituto Histórico e Geográfico para produzir um inventário, porque nós citamos aqui autores, não de maneira exaustiva.
Eu gostaria de acrescentar aos nomes já mencionados: Leatrice Moellmann; aquele que eu, pessoalmente, considero o maior apaixonado, apaixonado mesmo, por Anita Garibaldi, que é Wolfgang Ludwig Rau, ombreando com o nosso grande embaixador Licurgo Costa essa paixão por Anita; também Yvonne Capuano; e, sem ser exaustivo, o trabalho recente de Deonísio da Silva, que realmente inova em matéria de expressão a nossa homenagem a Anita Garibaldi. E quero ressaltar que nós vamos assistir agora à apresentação da Marlene Pastro, um hino a Anita Garibaldi, mas nós poderíamos acrescentar aqui os sambas-enredo de várias escolas de samba, por Santa Catarina especialmente, tanto no Vale do Rio do Peixe, quanto em Laguna, quanto em Florianópolis, cidades que têm a tradição do carnaval de rua organizado.
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Então nós não temos como fazer uma exposição exaustiva, mas talvez, na parte escrita e artística, a Academia de Letras e o Instituto Histórico Geográfico pudessem nos fornecer.
Vamos assistir agora à apresentação de Marlene Pastro, com letra de Alcy Cheuiche, música de Marlene Pastro e o arranjo do grande Maestro Alfred Hülsberg. Uma homenagem ao Rio Grande do Sul também.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
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O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Acho que todos nós nos emocionamos com essa apresentação, especialmente os que tivemos oportunidade de assistir, há algum tempo, o mesmo talento de Marlene Pastro nos emocionando.
Eu vou abrir aqui, em caráter excepcional, reconhecendo que há dificuldades técnicas e por isso o que for possível fazer será apresentado - vai nos tomar mais três minutos e meio -, com a participação do Secretário de Estado da República San Marino, Federico Pedini; da Síndica de Verucchio, Stefania Sabba; e do Embaixador de San Marino no Brasil, Filippo Francini, para uma mensagem alusiva a este evento.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
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O SR. PRESIDENTE (Esperidião Amin. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) - Grazie infinite!
Eu desejo ainda registrar o belo trabalho veiculado pelo grupo NSC, tratando dos 200 anos de Anita Garibaldi, com os escritos de Maria Eduarda Dalponte, muito didáticos, e de Catarina Duarte.
E lamento alguma omissão em matéria de homenagem ou referência. Há pouco, fui repreendido porque eu não falei do Paulo Markun, mas ele foi citado. Então, nós vamos ter muitas omissões, especialmente quanto às manifestações populares. Nós ficamos devendo, e dever à Anita Garibaldi não é novidade. Nós continuaremos devendo à Anita Garibaldi o seu exemplo.
Eu consulto se o Prof. Salomão Ribas Júnior está presente, porque, se estiver, eu estou também lhe devendo a palavra. (Pausa.)
Mas aí ele fica nos devendo uma palavra, a inteligência e o respeito à história de Santa Catarina. (Pausa.)
Sei que ele está nos assistindo - sou informado agora -, mas a sua inteligência, o seu amor à nossa terra, o seu conhecimento, enfim, os seus sentimentos estão aqui presentes e são homenageados com essas palavras.
Eu desejo, em primeiro lugar, agradecer ao Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a toda a equipe técnica tanto da Secretaria-Geral da Mesa quanto do nosso bunker, que animou a existência do Senado nesse mais de ano e meio de pandemia. Foi graças a esse estabelecimento aqui no Prodasen que nós legislamos, que ajudamos a reduzir as dores do povo brasileiro, com linhas de crédito, com o plano nacional de imunização, aqui apresentado e que, agora, vai ser ampliado pela revacinação ou pela terceira dose. Enfim, nós estamos sofrendo muito, e comemorar os 200 anos de Anita Garibaldi, que colocou, como diria Fernando Pessoa, o seu horizonte e o seu objetivo além da dor, eu acho que é fortalecer o caráter do povo catarinense e do povo brasileiro.
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Desejo, ainda, com esse agradecimento, salientar que nós teremos um outro bicentenário em março do ano que vem, com sessão já requerida e autorizada por Senadores e pelo Senado, que é o segundo centenário de nascimento de Fritz Müller, que honra a ciência brasileira, reconhecida essa honradez pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e também numa iniciativa de Santa Catarina.
Agradeço a presença, a participação, a colaboração de todos e me cabe, neste momento, declarar encerrada a sessão.
Muito obrigado.
(Levanta-se a sessão às 11 horas e 29 minutos.)