3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
56ª LEGISLATURA
Em 8 de novembro de 2021
(segunda-feira)
Às 15 horas
148ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
A presente sessão especial remota foi convocada nos termos do Ato da Comissão Diretora nº 8, de 2021, que regulamenta o funcionamento das sessões e reuniões remotas e semipresenciais no Senado Federal e a utilização do Sistema de Deliberação Remota, e em atendimento ao Requerimento 1.542, de 2021, de minha autoria e de outros Senadores, aprovado pelo Plenário do Senado Federal.
A sessão é destinada a homenagear o Dr. Alysson Paolinelli, indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em 2021, por suas consideráveis lutas e contribuições na promoção da Revolução Verde no Brasil, que resultaram no aumento da segurança alimentar de nosso País e do mundo e reduziram os conflitos no campo.
A Presidência informa que esta sessão terá a participação dos seguintes convidados: Sr. Guy de Capdeville, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Sr. Edvan Alves Chagas, Chefe-Geral da Embrapa Roraima; Sr. Sebastião Pedro, Chefe-Geral da Embrapa Cerrados; Sr. Nilson Leitão, Chefe da Assessoria de Relações Institucionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); Sr. Antônio Arantes Lício, economista e amigo do nosso homenageado; Sr. Emiliano Pereira Botelho, Presidente do Grupo Campo e também amigo do nosso homenageado; Sr. Fabrício Morais Rosa, Diretor-Executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).
Gostaríamos também de deixar um registro importante da liderança do nosso Presidente Rodrigo Pacheco, que se encontra em missão no exterior, mas que deixou aqui também as suas congratulações ao homenageado.
Ouviremos agora o Hino Nacional.
Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional brasileiro.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Gostaria ainda de fazer o registro da presença do ilustre Senador Esperidião Amin, que também participará, virtualmente, desta sessão, e de Manoel Mário de Souza Barros, Presidente da Comissão de Direito do Agronegócio e Conselheiro Federal do Agro.
Esta homenagem se reveste da mais elevada importância porque se trata de uma homenagem a um homem da dimensão além do seu tempo. Trata-se de uma homenagem ao pai da agricultura brasileira - podemos realmente aqui deixar esse registro -, o Ministro Alysson Paolinelli. A alimentação, o emprego e o compromisso com a humanidade são, na verdade, marcas e um símbolo da vida profissional do homenageado.
Eu vou fazer apenas um pequeno registro aqui, porque imaginem, há mais de 40 anos, a dimensão do que já representava o Ministro Alysson Paolinelli.
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Antes de deixar a sede da Embrapa, o Presidente da República Ernesto Geisel assegurou ao Ministro da Agricultura Alysson Paolinelli e ao seu Diretor-Presidente à época, José Irineu Cabral, aspas: "Não mudem a rota. O caminho é esse que foi traçado, Paolinelli." Portanto, isso já marca a dimensão que vai além do tempo da figura expressiva do Dr. Alysson Paolinelli.
Todos os brasileiros estamos muito felizes com a indicação de Alysson Paolinelli ao Prêmio Nobel da Paz em 2021. O Senado Federal não poderia de deixar de prestar as devidas homenagem a esse brasileiro cujo trabalho teve influência decisiva no combate à fome em todo o mundo.
A apresentação do seu nome para o Nobel foi amparada por mais de cem cartas de instituições de 28 países. Sua projeção internacional já havia sido reconhecida em 2006, quando foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio World Food Prize, uma espécie de Nobel da alimentação. Os laureados são honorificados e recebem a sua condecoração em Iowa, nos Estados Unidos, nas discussões, nos debates sobre fome e segurança alimentar no mundo, e essa homenagem tem a mesma dimensão do Nobel da Paz.
Durval Dourado Neto, responsável pelo envio do dossiê ao Comitê do Prêmio Nobel e Diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), observa que não seria possível o desenvolvimento da agricultura e pecuária na Savana brasileira sem as iniciativas do Ministro Alysson Paolinelli.
A chamada Terceira Revolução Agrícola, que tem na Revolução Verde a sua expressão mais visível, colocou a produção mundial de alimentos em outro patamar, tornando possível a superação da insegurança alimentar em vastas áreas do globo. A incorporação de pacotes tecnológicos sofisticados baseados em robustos desenvolvimentos científicos resultou em profundas revoluções técnicas que afetaram, radicalmente, a maneira de se produzir nos campos, expandindo as fronteiras agrícolas com a incorporação de áreas anteriormente definidas como impróprias para a agricultura e estabelecendo inúmeros recordes de produtividade.
Poderia haver outro móvel mais definitivo para a superação dos conflitos entre os povos e, portanto, para a promoção da paz mundial do que a mitigação da eterna disputa entre as nações pelos limitados meios de reprodução de sua existência? Por isso, Norman Borlaug, conhecido como o Pai da Revolução Verde e agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1970, considerou o desenvolvimento do Cerrado como uma das grandes conquistas da ciência da agricultura no século XX, a qual transformou uma terra estéril em uma das áreas agricultáveis mais produtivas do mundo. O Ministro Alysson Paolinelli, Sras. e Srs. Senadores, teve papel fundamental para que isso se transformasse em realidade. Aliou a sua formação científica, obtida inicialmente como pesquisador e professor da Universidade Federal de Lavras, ao papel de liderança no desenvolvimento de políticas públicas para estabelecer a revolução verde no Brasil.
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Na sua gestão no Ministério da Agricultura, durante o Governo Geisel, Paolinelli criou e implantou a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater) e fortaleceu a pesquisa científica na Embrapa, então uma empresa recém-criada; e promoveu a ocupação econômica do Cerrado por meio da execução de grandes projetos, a exemplo do Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Polocentro), em 1975, e do Prodecer, em 1976. Mais de 3 milhões de hectares passaram a ser cobertos por programas oficiais que associavam a concessão de crédito à incorporação do pacote tecnológico e da assistência técnica na produção rural. Era a semente do modelo de agronegócio atual.
Nesse contexto, a descoberta científica dos processos de correção de solo, o desenvolvimento de pacotes de adubação e aplicação de agrotóxicos, a mecanização da produção e o desenvolvimento de sementes adaptadas às áreas tropicais proporcionaram a revolução agrícola nos nossos campos. A partir daí, o Cerrado brasileiro, cuja imagem era a de uma terra infértil, associado à pecuária extensiva, passou a ser ocupado por meio de atividades econômicas de alta tecnologia e inversão de capital, expandindo suas fronteiras da região centro-sul, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, para a região denominada de Matopiba, Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, chegando a Rondônia e hoje também chegando ao nosso glorioso Estado de Roraima, lá no Hemisfério Norte. O agronegócio transformou-se em produção para o mundo, mitigando a fome por meio da produção em larga escala de várias commodities, como soja, milho, café, proteínas animais, etc., e do abastecimento do mercado interno de hortifrutigranjeiros, contribuindo para a segurança alimentar de nossa população.
Alysson Paolinelli, Sras. e Srs. Senadores, telespectadores que nos assistem neste momento, simboliza todo esse desenvolvimento da economia nacional em prol da erradicação da fome no mundo, associando o nosso desenvolvimento a uma das causas mais nobres e urgentes da humanidade no tempo presente: a erradicação da fome, da miséria e da pobreza. Essa figura emblemática, expressiva, que se transformou em orgulho nacional, que é o Dr. Alysson Paolinelli, merece aqui esta homenagem e tenho certeza de que é um dos mais conceituados pesquisadores.
Os brasileiros de todas as camadas sociais que já ouviram falar neste nome Alysson Paolinelli ao longo dos últimos 40 ou 50 anos sabem do seu valor e do que representa para o Brasil e para a humanidade.
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Portanto, gostaria de deixar hoje aqui, nesta tarde, este simples registro de homenagem, mais uma vez, agradecendo aos meus colegas Senadores, agradecendo especialmente ao Presidente Rodrigo Pacheco, que, na verdade, pautou, nesta tarde, esta homenagem ao Dr. Alysson Paolinelli.
Com a palavra o Ministro Alysson Paolinelli.
O SR. ALYSSON PAOLINELLI (Para discursar.) - Exmo. Sr. Senador Francisco Rodrigues, meu colega de profissão, eminente Senador Esperidião Amin, homem que conheço há mais de 50 anos, que, aqui estando, não posso deixar de referenciar a sua belíssima linha de conduta, o seu trabalho, a sua crença neste País. O seu Estado, Sr. Senador Esperidião Amin, é um dos Estados de maior IDH do País, graças ao trabalho básico desenvolvido nessa terra pelos governos que sensivelmente acreditaram na ciência, na tecnologia para o desenvolvimento.
Caríssimos irmãos, Emiliano Pereira Botelho, da nossa Companhia de Desenvolvimento Campo, tenho muita alegria de vê-lo aqui presente. Trabalhamos juntos, lado a lado, por quase 40 anos. Tenho a certeza de seu caráter e de sua ilibada condição de trabalho, do seu entusiasmo, da sua competência.
Meus irmãos da Embrapa, aqui meu conterrâneo Guy de Capdeville, o nosso Edvan Alves Chagas e Sebastião Neto; meu prezado amigo, companheiro de luta Antônio Arantes Lício, economista que sempre me orientou; meus senhores, minhas senhoras; tenho de agradecer penhoradamente as palavras, para mim comoventes, do meu colega de profissão Senador Francisco Rodrigues. O Estado que V. Exa. representa é uma das inspirações que temos para que o Brasil, lá no Hemisfério Norte, implante uma de suas grandes trincheiras do desenvolvimento da produção agrícola, da ciência, da tecnologia para o bem do País.
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Quero, nesta oportunidade, agradecer a sua generosidade. As palavras a mim referidas talvez saiam mais de seu coração, pois sempre pautei a minha vida não como super-homem, que nunca fui, não sou e nem pretendo ser; a minha vida se pautou sempre em somar bons amigos, companheiros de ideal, de luta, que buscaram, incessantemente, as soluções definitivas de que este País sempre necessitou.
Ao receber as homenagens que tenho recebido nos dias de hoje, fico preocupado. Sei que represento apenas uma juventude que já se vai ao acaso. Tenho hoje 85 anos de existência, de trabalho permanente e contínuo. O meu primeiro desafio tem sido para mim uma permanente inspiração.
A instituição evangélica americana que criou em Minas Gerais a Escola Superior de Agricultura de Lavras, não podendo mais sustentá-la, fez a nós ex-alunos o desafio de buscar a sua permanência. Custou-nos muito esse desafio, mas foi, inclusive, aqui no Senado brasileiro, como também na Câmara, no Congresso Brasileiro que pudemos dialogar com os representantes do povo daquela época e demonstrar a importância da permanência de uma instituição, uma casa de ensino criada para a glória de Deus e o progresso humano. Só na sua essência justificaria qualquer esforço.
Tive a oportunidade ali de exercer a habilidade que me cabia para conseguir nestas Casas aqui os votos necessários para que ela pudesse ser federalizada, como o foi em dezembro de 1963. Posteriormente, pude trabalhar, aprendendo aqui e, principalmente, levando àquela casa de ensino a certeza de que seria o nosso trabalho, a nossa dedicação, a nossa competência que a tornariam o que ela é hoje.
O projeto da universidade foi a primeira tarefa. E, ao chegar aqui hoje, neste mesmo Congresso Nacional, que, àquela época nos apoiou, eu tenho de agradecer penhoradamente a confiança que tiveram em nós.
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Aquela universidade, a Universidade Federal de Lavras, hoje é, para o Brasil, um exemplo claro do que pode e deve fazer: uma instituição daquela estirpe, colaborando de forma efetiva para que o Brasil reencontre, com suas riquezas, o seu potencial, usando a ciência, o conhecimento, a sabedoria, para que saibamos obter os melhores resultados.
Quero agradecer também a oportunidade que tive, convocado que fui para a Secretaria da Agricultura de Minas Gerais, onde arrebanhamos um grupo de companheiros profissionais que ainda hoje permanece unido e trabalhando. É, para mim, uma satisfação inequívoca saber que os sonhos daquela época não se apagaram. Ao contrário, continuam vivos, porque este País também não os apagou. Ele hoje demonstra ao mundo o que é capaz de realizar. Se temos ainda muita tarefa pela frente, eu tenho de agradecer a lealdade, o compromisso, a devoção dessa mesma equipe que permanece unida, sem interesses financeiros. Trabalham eles, em sua maioria, embalados pela fé e pela convicção de que o Brasil é potente e ainda temos muito a realizar.
O Fórum do Futuro, que hoje dirijo, nada mais é do que a permanência de uma equipe que, voluntariamente, exerce toda a competência - e ela é grande - para trazer as indicações necessárias para projetos estratégicos que andam muito esquecidos neste País.
Entendemos que a experiência acumulada ao longo desses 50 anos é necessária. E nós acreditamos fielmente que os homens que ainda dirigem este País haverão de ter a sensibilidade e acordar para as advertências que temos, direta ou indiretamente, feito.
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Agradeço, portanto, a oportunidade de retornar a esta Casa do povo para agradecer àqueles que aqui ainda estão no sentido de alertá-los: a nossa fé, a nossa convicção são as mesmas, embora hoje desgastadas pela idade, mas presentes e firmes como foram no Brasil antes de 74.
Pudemos realizar uma tarefa cujos resultados não precisamos anunciar aqui. O Brasil criou, de forma inteligente e capaz, com a ajuda de instituições como a nossa Embrapa, as nossas universidades, as nossas instituições estaduais de pesquisa e, principalmente, da iniciativa privada brasileira, e entre elas coloco a Campo como uma das grandes fontes do desenvolvimento do Cerrado brasileiro, auxiliada e patrocinada pelo país-irmão, o Japão, que, acreditando no Brasil, aqui fez, naquela época, um investimento de US$560 milhões, desenvolvendo experimentalmente 21 projetos que nasceram na solidão do Cerrado brasileiro e que, hoje, para alegria nossa, se transformaram em centros de excelência, cidades altamente desenvolvidas, capazes de demonstrar o que será este País com o seu desenvolvimento. Essas mesmas cidades, que eram verdadeiros vácuos na extensão de um cerrado que antes não valia nada, hoje são, sem dúvida, berços de novas civilizações e que dão o exemplo do que podemos fazer.
Estou aqui com o coração agradecido pela confiança, pela compreensão e, sobretudo, pela participação que recebi nestas Casas da nossa democracia. Tive a oportunidade, durante a Constituição, de aqui me eleger como o seu Deputado Constituinte. Confesso que aprendi muito. Para mim, isso teve um valor inestimável.
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Se não quis e não pude continuar na carreira política porque a minha vocação profissional chamou-me mais alto, quero, hoje, trazer àqueles que representam o povo brasileiro alguns pontos que nos preocupam. O primeiro deles: o País, infelizmente, tem sofrido, especialmente nesses últimos 30 anos, revezes perigosos. A dívida pública, que queira Deus não atinja, no mês de dezembro próximo, a cifra de R$7 trilhões, mesmo se não atingir, é suficiente para praticamente forçar o País a recuar.
Não somos caloteiros, não podem os milagreiros vir dizer que dívida pública não se paga, apenas se rola. Não são esses ou essas as cabeças que deveremos seguir. Precisamos ter administração financeira segura para que o País possa continuar a disputar o mercado internacional com uma moeda forte, que precisamos ter - o que hoje não temos.
É preciso dar um basta nesse descontrole, é preciso alertar o País de que temos de administrá-lo agora, porque, graças a Deus, um de seus setores, o agronegócio brasileiro, é capaz de gerar recursos suficientes para isolá-lo das crises permanentes por que o mundo passa.
Quero, então, deixar aqui uma advertência, a de que o País não terá condições de usar todas as suas potencialidades se não consertar, de maneira definitiva, a administração financeira, que já vem há anos titubeando neste País. Equilíbrio financeiro é fundamental, seriedade nos gastos públicos faz parte da base de uma sociedade sólida.
Quero também chamar atenção para alguns pontos que ainda nos preocupam: fizemos, indiscutivelmente, nesses últimos 30 anos, a maior revolução verde que o mundo já experimentou. Montamos os instrumentos estratégicos, na década de 70, que funcionaram brilhantemente, e, agora, temos de nos penitenciar pela falta de estratégia para um desenvolvimento equilibrado econômica, social e ecologicamente.
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Muito temos a fazer. O Brasil precisa retomar os seus investimentos em instituições sérias de pesquisa. E nós hoje já nos notabilizamos no mundo com uma Embrapa, com algumas de nossas instituições estaduais de pesquisa, com as nossas universidades, que se despontam como as melhores universidades de conhecimento de agricultura tropical no mundo, e, especialmente com a iniciativa privada, porque hoje, trabalhando mais com ela, a cada dia tenho a convicção de que poderá ir substituindo muitas das tarefas que o Governo tem demonstrado ser incapaz de realizar e de completar.
É triste para nós. V. Exa. mesmo aqui lembrou, Senador Francisco Rodrigues, que, na década de 1970, além da Embrapa, criamos a Embrater, talvez o mais agressivo programa de política pública para o desenvolvimento do Cerrado brasileiro, a ponto de o Dr. Norman Borlaug, a figura que é para o mundo, ter elogiado o Brasil aqui, dizendo que aqui se realizou a maior revolução verde de que o mundo necessitava e que iria dar ao mundo a estabilidade negada pela tese malthusiana.
Pois bem, não sei qual a razão: alegaram gastos, mas fecharam a Embrater. Felizmente não fecharam a Embrapa, porque ela já era maior do que si própria. E os resultados desse fechamento aparecem agora em 2017, num estudo feito pelo IBGE, uma das três maiores instituições de pesquisas que o mundo tem reconhecida, que fizemos essa revolução apenas - apenas - com 842 mil propriedades, deixando, no entanto, do outro lado, 4,5 milhões de propriedades que não tiveram a felicidade de poder receber os conhecimentos gerados pela nossa equipe de cientistas, exercendo uma agricultura de subsistência, sem renda, sem condições ideais, que não dá a eles a renda suficiente sequer para alimentação.
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Essa é uma das feridas, exatamente aparecida depois do fechamento da nossa Embrater. Temos experiência para afirmar que essa ferida, que é cancerosa, não poderá ser tratada apenas com esparadrapo, como estamos fazendo, para encobri-la. Temos que ir à raiz do mal, e essa raiz só será atingida pelo profissional preparado, no Brasil, para assistência técnica, assistência creditícia e, sobretudo, assistência social e educacional, que é a extensão rural. Reclamo a reconstituição desse quadro!
E quero confessar aqui que fico pesaroso, porque estou vendo que, há três Governos, tenta-se criar um novo sistema Sibrater, que apoiamos, no entanto, se a primeira lei não saiu ideal, não conseguem montar a lei de que se precisa. É caminharmos para trás, é negarmos as nossas próprias negativas.
Chamo também a atenção. O Brasil hoje se transformou nesta potência produtora de alimentos - os órgãos internacionais, ONU, FAO, bancos internacionais e instituições de pesquisa, reconhecem que é a capacidade produtiva brasileira que dará garantia de sustentabilidade permanente à produção de alimentos no mundo -, somos, de fato, a representação da segurança alimentar no mundo, no entanto, preocupa-nos, porque estamos vendo um mundo tumultuado, onde os países ricos gastam bilhões e trilhões em suas moedas para impedir a causa de uma corrente migratória provocada pela fome, pela miséria e pelas guerras. Essa é uma tarefa que pode ser resolvida não como estão querendo realizar, pelos seus efeitos, fazendo muro, como fez o Sr. Trump, de US$2 trilhões que, quatro anos depois, não serve para impedir a corrente migratória para aquele país rico. A Europa gasta bilhões e trilhões de euros com suas polícias, seus exércitos, para tentar impedir, em toda a costa do Mediterrâneo, a avalanche torrencial dos africanos e dos muçulmanos que para lá se dirigem. Esse problema não pode ser tratado nos seus efeitos, mas nas suas origens. E não querem eles enxergar que o Brasil é exatamente o construtor da arma principal para evitar esse mal. Essa agricultura tropical aqui desenvolvida será indiscutivelmente a única fonte geradora de alimentação, de recursos e a evolução para os países pobres e miseráveis, que não são capazes de produzir para si próprios.
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Essa advertência tenho feito a todas as lideranças internacionais e gostaria de trazer aqui ao Senado Federal brasileiro, espelho de uma política que o Brasil deve ter, advertência para que o País possa oferecer aos países ricos a solução dessa tecnologia desenvolvida aqui como a única forma capaz de promover melhores condições de vida, igualdade econômica e social dos povos que hoje se transformaram em indigentes nas correntes migratórias.
Espero que essas duas advertências que faço possam aqui serem ouvidas e, sobretudo, meditadas. Estratégias temos nós do Brasil. Se não temos os recursos suficientes ainda para resolver os nossos próprios problemas, é preciso que esses países ricos parem de jogar dinheiro fora tentando tratar um dos maiores problemas da humanidade que são essas correntes migratórias pela fome e pela miséria e deem aos povos tropicais a oportunidade que eles não tiveram até hoje de serem capazes de produzirem para si e para suas famílias.
Agradeço esta homenagem que tive e esta oportunidade de alertar as lideranças que aqui se representam.
Tenho fé neste Brasil, porque acredito principalmente na juventude brasileira. Confiei nela na década de 1970. Fui buscar 1.530 jovens, e os mandamos para os maiores centros de ciência e tecnologia que o mundo tinha. Foram lá para conhecer a ciência, mas foram com uma obrigação que souberam cumprir: tecnologia, inovação é para serem feitas aqui nos biomas tropicais brasileiros. Realizamos. Essa comprovação quero levá-la em todas as oportunidades que tiver. E é por isso mesmo que eu quero dizer aos Srs. Senadores que essa juventude brasileira, cujos princípios não foram desviados nem pelas viúvas do Muro de Berlim, pela radicalização de uma sociedade que não é condizente com os princípios da sociedade brasileira... O Brasil prefere o amor, o entendimento e não a luta de classe. Espero, sim, que essa juventude, que está aí aflorando, que está participando... O setor agrícola é um exemplo disto: somos hoje o País onde a gestão da produção no campo é a mais nova do mundo, competente, capaz de decidir bem.
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Por isso, eu tenho pedido a Deus que, aos meus 85 anos, se Ele vai me dar um pouco mais de vida, eu gostaria, sinceramente, meus caros Senadores, que esta vida fosse dedicada a acompanhar essa juventude, ouvindo-a, recebendo dela os seus anseios, o que ela é capaz de realizar. Não é só o homem, a mulher brasileira hoje demonstra que sabe e que quer participar. Isso para nós é uma honra. O setor agrícola se orgulha muito da participação da mulher na atividade que faz. É por isso que eu insisto: se Deus me der a oportunidade de caminhar com essa juventude, que eu possa fazê-lo ouvindo-a e acompanhando-a. Eu estarei carregando junto dela o meu bastão de 70 anos de profissão e vou passá-lo muito breve. E eu espero, Senadores, que, no último passo que eu der, eu possa transferir esse meu bastão a um jovem, a uma jovem mais competente do que eu.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - As palavras do nosso querido Ministro Alysson Paolinelli demonstram exatamente este vigor: o vigor de uma juventude que não envelhece. A sua motivação, o seu ânimo, a sua estima, a sua confiança no Brasil, na verdade, nos contaminam e deveriam contaminar todos que fazem o Governo ou não. Eu diria que essas palavras quase que, se fossem transformadas em uma aula, em poucos minutos, reproduzem na sua essência tudo aquilo de que o Brasil precisa neste momento, Ministro Alysson. E tenho certeza de que as suas palavras deverão chegar àqueles que decidem os destinos deste País e tocá-los profundamente. Tenho certeza de que os nossos colegas, Senadoras e Senadores - os que não estão nos assistindo, mas que assistirão ou que irão ler após reproduzidas as suas palavras -, vão ver quanta sabedoria e quanto amor ao Brasil.
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Parabéns! E me sinto cada vez mais orgulhoso de ter proposto esta sessão de homenagem a V. Exa.
Com a palavra o Senador Esperidião Amin. V. Exa. era o primeiro inscrito nesta sessão.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Para discursar.) - Prezado Presidente Chico Rodrigues, V. Exa. lavrou, sem dúvida alguma, um tento, um golaço, como se diz, a favor do Brasil ao propor, com o apoio de todos nós, esta sessão que homenageia um exemplo e que oferece ao mundo um excelente exemplo.
E é sobremaneira importante destacarmos que não existe paz com fome. A história nos mostra isso desde os tempos bíblicos lá do Egito. É impossível ter o básico para se falar em paz, em pacificação com fome. E, dentre as contribuições que nos fazem aplaudir Alysson Paolinelli, sem dúvida alguma, recomendando-o para ser o nosso capitão da paz, a sua contribuição para que o Brasil deixasse de ser importador de alimentos para ser o maior celeiro em matéria de oferecimento de alimentos ao mundo, portanto, um grande autor e ator da paz, bastaria para que Alysson Paolinelli nos representasse como um bom, um excelente exemplo para o mundo.
Além disso, eu gostaria de agradecer as palavras merecidas que o nosso ilustre homenageado destinou ao meu Estado, o Estado de Santa Catarina, que, realmente, conjuga estas palavras que marcaram o seu pronunciamento: educação, qualificação, jovens, acreditar nos jovens, capacitar os jovens, que foi a homilia que ele aqui nos apresentou, sabedoria para compreender essa necessidade e ciência e tecnologia, o que ele sempre prestigiou e o faz ser este lume que hoje nós estamos aplaudindo.
Também gostei de ouvir as suas advertências. Esse sucesso, Ministro Alysson Paolinelli, V. Exa. sabe, nos fez altamente invejáveis. E não existe essa coisa de inveja branca; a inveja, Senador Heinze, é sempre corrosiva para quem tem inveja e também para o invejado.
Queria confirmar as suas palavras e dizer que o grande desafio, além de acreditar na juventude, além de aplaudir essa potencialidade que se vai realizando com a participação da mulher no agronegócio brasileiro além dos jovens, em geral... Eu não tenho dúvida de que a sustentabilidade, que o nosso clima, a nossa diversidade e a nossa experiência baseada em ciência e tecnologia vão tornando cada vez mais viável... Tudo isso vai marcar a nossa corrida na superação dos desafios que estão aí, em matéria de fertilizantes, de defensivos agrícolas... Enfim, cada degrau que se sobe na vida mais permite descortinar novos desafios. Este é o momento que nós vivemos.
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E estamos aqui, Ministro Paolinelli, para agradecer, também, pela lembrança de que não é com muros, muros que, infelizmente, são hoje quase que uma obsessão mundial, a começar pela Terra Prometida, pela terra onde nasceu Jesus Cristo e as três religiões monoteístas por excelência, lá os muros continuam sendo erguidos, como se eles fossem contribuir para a paz...
Então, quero cumprimentá-lo e, em nome de Santa Catarina, eu vou me permitir, Ministro Paolinelli, ler aqui um pequeno texto escrito por um velho admirador seu, Glauco Olinger. Quando o senhor fala em assistência técnica e extensão rural, certamente, tem que se lembrar de Glauco Olinger. Aos 99 anos de idade, completados no dia 17 de setembro passado, lúcido, está lançando o livro Água Doce no Planeta Terra. Aos 99 anos de idade, ele me mandou, por WhatsApp, dele mesmo, digitalizado por ele. Por isso, a homenagem, eu acho que V. Exa. sabe que é uma homenagem relevante:
Paolinelli foi o criador da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural [...], quando no cargo de Ministro da Agricultura, destinando à instituição excepcional apoio financeiro [e técnico, basta lembrar os 1.530 apóstolos, jovens que o senhor possibilitou que fossem ao mundo, destinando além desse apoio] igualmente à Embrapa [criada pouco tempo atrás] [...]. Paolinelli queria a mais profícua cooperação entre as duas empresas [assistência técnica, extensão rural e pesquisa, ciência e tecnologia] [...]. As [...] instituições, aliadas a empresários [jovens à época, como são jovens os de hoje] [...] praticamente [desvendaram boa parte do potencial agrícola, agrossilvipastoril, como ele diz, especialmente no Cerrado, onde] [...] já é expressiva e tende a crescer. São [esses os] motivos que eu [acrescento para] [...] as homenagens que prestamos ao Engenheiro Agrônomo e ex-Ministro [e meu amigo; dele, em particular, também] Alysson Paolinelli [...].
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Creio que essas palavras resumem o que nós catarinenses e brasileiros queremos endereçar e, na pessoa de Glauco Olinger, eu acho que nós esgotamos a nossa autoridade perante V. Exa. Mais do que um candidato ao Prêmio Nobel da Paz, você, Paolinelli, é um mensageiro da verdadeira paz. Parabéns!
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Cada vez nos orgulhando das manifestações do nobre Senador Esperidião Amin, que, com muita propriedade, coloca suas concepções de forma clara, transparente, como uma janela sem vidro, porque nos ensina a cada dia de convivência com V. Exa.
Passarei agora a palavra ao Senador Luis Carlos Heinze.
V. Exa. é o próximo inscrito.
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) - Senador Chico, está me ouvindo?
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Muito bem.
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS. Para discursar.) - Parabéns ao Senador Chico pela justíssima homenagem, nesta sessão, que estamos prestando hoje no Senado Federal ao meu colega, Engenheiro Agrônomo Dr. Alysson Paolinelli; nosso colega, Chico, porque você também é agrônomo. O Esperidião não é agrônomo, mas é parceiro nosso e já fez as manifestações. Então, parabéns também ao Senador Esperidião Amin. Glauco Olinger, que tive o prazer também de conhecer, é uma referência hoje na assistência técnica, Ministro Paolinelli. Estou vendo aqui o Garbanzo, nosso Emiliano. Um abraço, Emiliano. Nilson Leitão e os demais, Antônio Lício, que estão conosco hoje, aqui, nesta justíssima homenagem que está sendo prestada a um ícone da agricultura brasileira e mundial.
Eu tive oportunidade, Paolinelli, de ser paraninfando do nosso Cirne Lima, seu antecessor no Ministério da Agricultura, que iniciou o processo da Embrapa, e quem sedimentou a Embrapa foi Alysson Paolinelli. Essa revolução brasileira, Emiliano, se deve a esse homem chamado Alysson Paolinelli, iniciada pelo nosso Cirne Lima, gaúcho, conterrâneo meu, meu paraninfo na faculdade de Agronomia, em 1973, quando me formei.
Um fato importante, Esperidião, Chico e demais que estamos assistindo: essa revolução iniciada no Brasil de importador de alimento para ser um dos maiores exportadores de alimento do mundo hoje, para mais de 200 países, mais de 200 milhões de bocas que consomem alimento brasileiro. E a revolução iniciada por Cirne Lima e sedimentada pelo Paolinelli - foi colocado aqui já por quem me antecedeu - a centenas de profissionais que foram estudar na Europa, nos Estados Unidos, para poder fazer esta revolução na agricultura: de importador passar a ser exportador.
Paolinelli, tive a honra de conhecer Norman Borlaug num jantar contigo. E, quando eu via, aos que estão me assistindo presencialmente e pelas redes da nossa TV Senado, Chico, quando Norman Borlaug disse: "Eu tenho que me penitenciar diante dos técnicos brasileiros, da pesquisa brasileira, da assistência técnica brasileira...", porque ele havia profetizado, quando você o trouxe, nos anos 70, ao Brasil, assim: "Essas terras pobres do Cerrado brasileiro não prestam para nada, não vão dar certo. Eu errei". Imaginem um Prêmio Nobel da Paz dizer que não imaginava que os técnicos brasileiros, a pesquisa brasileira, as empresas brasileiras pudessem fazer essa verdadeira revolução que é o Cerrado brasileiro hoje. Basicamente são as nossas técnicas, e você começou isso, Paolinelli. Então, parabéns por essa grande revolução de o Brasil ser hoje um dos maiores produtores de alimento do mundo. E, seguramente, nós ainda seremos a maior Nação agrícola do planeta. E essa revolução, você começou, juntamente com o Cirne Lima. Você implementou esse processo todo. Por isso, parabéns! Estamos aqui lhe dando essa homenagem, como colegas, como Engenheiros Agrônomos e produtores rurais, que nós somos, por essa revolução que foi feita pela agricultura brasileira.
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O mundo hoje teme a nossa agricultura. Essas questões climáticas, ambientais de que falam hoje, do Brasil... Agora, no caso da COP 26, criticam o Brasil, quando o Brasil emite um pouco mais de 2% dos gases de efeito estufa do mundo, pouco mais de 2% dos gases de efeito estufa do mundo; quando a China sozinha produz 30. E, se você pegar os Estados Unidos e toda a Europa, outros 30, e o Brasil, 2; agora, criticam o Brasil. Não falam dos combustíveis. Nós temos os combustíveis. O etanol, Paolinelli, você lembra quando iniciou o etanol, o álcool brasileiro. Nós temos hoje o biodiesel. Enfim, a energia nossa é limpa. As propriedades rurais têm mais de 60% preservados no Brasil; poucos países preservam hoje o que nós temos.
E, também, se nós compararmos, Paolinelli, o subsídio que os americanos, que os europeus, que os asiáticos recebem hoje, quase US$1,5 bilhão por dia que eles recebem. Nós não temos o subsídio que os europeus têm e que os asiáticos têm. Agora, nos criticam por quê? Porque justamente nós estamos fazendo sombra. Se nós somos o maior exportador de soja do mundo, o maior exportador de boi do mundo, o maior exportador de frango do mundo e de vários produtos o maior produtor hoje do mundo, logicamente essa revolução começou no seu tempo. E vamos render um pouco de homenagem também ao Cirne Lima. Então, vocês iniciaram essa revolução para o Brasil ser o que é hoje. Com muito orgulho, estou hoje o cumprimentando.
E fiz também aquela indicação, porque eu fui um dos que ajudou a indicar para que o seu nome fosse hoje reconhecido como Prêmio Nobel da Paz, por todo esse papel, pela revolução que você fez no Brasil, e essa revolução é reconhecida no mundo inteiro. O Brasil, sem sombra de dúvidas, será a maior Nação agrícola do planeta.
Você, Paolinelli, deixa para os seus filhos, para os seus netos, para sua família, para as gerações que vêm esse legado de ter iniciado esse processo no Brasil. Muito importante! Essa revolução da agricultura brasileira se deve a você praticamente e à equipe da Embrapa. Quero saudar aqui o Dr. Eliseu Alves, que hoje, ainda no auge da sua sabedoria, está peleando junto conosco, não é? Uma grande figura. E, na pessoa dele, todos os embrapianos que iniciaram esse processo muitos anos atrás; então, na pessoa do Dr. Eliseu, também nosso parceiro e que hoje ainda está ombreando esta atividade. Então, parabéns a você!
Apenas deixo este registro, Senador Chico: parabéns, mais uma vez, a V. Exa., que fez esta justíssima homenagem de reconhecimento a uma revolução que a agricultura brasileira fez no mundo, iniciada por Alysson Paolinelli. Parabéns, Paolinelli, parabéns ao Senado brasileiro por fazer esta justa homenagem!
Estamos na torcida para que a sabedoria do nosso Nobel da Paz seja dada a um brasileiro Alysson Paolinelli, colega Engenheiro Agrônomo e produtor rural.
Um abração a vocês todos. Prazer!
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Obrigado pela participação, nobre Senador Luis Carlos Heinze, do Rio Grande do Sul, que, na verdade, é um dos expoentes do setor agropecuário no Senado Federal.
Agora, vamos passar aos oradores convidados.
Concedo a palavra ao Sr. Guy de Capdeville, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). V. Sa. dispõe de cinco minutos.
O SR. GUY DE CAPDEVILLE (Para discursar.) - Boa tarde, Senador Chico Rodrigues! Quero aqui, na sua pessoa, cumprimentar o Senador Luis Carlos Heinze e o Senador Esperidião Amin e, na pessoa deles, cumprimentar todos os demais Senadores e Senadoras que participam desta audiência.
Quero cumprimentar também os meus colegas Sebastião Pedro e Edvan Chagas, Chefes-Gerais da Embrapa Cerrados e da Embrapa Roraima, respectivamente; o Chefe da Assessoria de Relações Institucionais da Confederação Nacional de Agricultura, Sr. Nilson Leitão; o CEO do Grupo Campo, Sr. Emiliano Botelho; o Diretor-Executivo da Associação Brasileira de Produtores de Soja, Fabrício Rosa; e também o economista e também meu amigo Antônio Lício.
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Senador Chico, é fantástica esta homenagem ao Ministro Alysson Paolinelli, pessoa que eu admiro, por quem tenho um profundo respeito, e acho extremamente acertada esta homenagem feita a ele.
Eu gostaria de fazer um relato rápido aqui. E aí, Ministro Paolinelli, quero, primeiro, cumprimentá-lo pela sua fala inicial. O senhor traz aqui pontos que somente uma pessoa com o seu respeito tem autoridade para nos dar esses recados.
Senador Chico, eu e o Ministro Paolinelli estivemos, há poucas semanas, num evento no Palácio do Itamaraty, junto com uma série de embaixadores de todos os países africanos. E lá, naquele evento, eles estavam lá buscando a retomada da relação com o Brasil, querendo o apoio do Brasil para levar uma agricultura pujante lá para a África e para os seus países. Uma das coisas de que eu fiz questão, logo no início da minha fala lá, foi de deixar um recado para eles, de que, apesar da vontade deles de transformarem a sua agricultura, de trazerem a segurança alimentar para o seu país, eles precisariam ter um nome como Alysson Paolinelli, começando e dando o pontapé inicial, como foi dado aqui no Brasil, para que os seus países despontem na agricultura mundial e até mesmo para trazer segurança alimentar para os seus povos.
O pontapé dado pelo Ministro Alysson Paolinelli acabou servindo de base, de pavimento para o desenvolvimento científico e tecnológico, para o fortalecimento da Embrapa. E aqui cabe dizer: não é só a Embrapa, mas o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, com todos os institutos estaduais de pesquisa, com todas as agências de extensão rural, que, naquela época, se tornaram fortalecidas graças à criação da Embrater, iniciativas essas que acabaram criando todas as bases para termos o agro robusto, o agro agressivo, de porte e que, de fato, tem aquela capacidade empreendedora.
Nós avançamos hoje e somos respeitados no mundo, apesar das críticas. O curioso é que essas críticas estão vindo de jovens, de pessoas que a gente vê que não conhecem, de fato, o que é o trabalho da produção agrícola. E eu me refiro ao mundo inteiro. É muito fácil nos criticar quando não se olha, vamos dizer assim, para o próprio umbigo.
Fica a pergunta: graças à adoção de tecnologia, do fortalecimento das instituições de pesquisa e ensino na área agrária para os trópicos no País, nós hoje somos capazes de mostrar para o mundo - e fizemos isso hoje numa apresentação na COP 26, e o Presidente Celso Moretti está lá em Glasgow agora, neste exato momento, fazendo uma outra apresentação para mostrar para o mundo isso -, nós somos capazes de, graças à adoção de tecnologia... E aqui eu quero dar só dois exemplos, Senador Chico. A cultura da soja, se nós produzíssemos os volumes produzidos hoje com a tecnologia da década de 70, quando o nosso Ministro deu o pontapé inicial, nós precisaríamos de 200% mais áreas disponíveis. Isso leva a um efeito poupa-terra da ordem de 70 milhões de hectares. Isso é o somatório das áreas de alguns países europeus.
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Na cultura do algodão, graças à evolução que veio sendo feita - e, claro, o setor privado também entrou nesse jogo -, se nós usássemos as tecnologias da década de 70, nós precisaríamos de 4 milhões de hectares para produzir 1 milhão de toneladas de algodão.
Hoje, graças à adoção de tecnologias poupa-terra, nós conseguimos produzir 4 milhões de toneladas em 1,7 milhão de hectares. Um efeito poupa-terra da ordem de 13 milhões de hectares. Bom, isso mostra claramente como a ciência deu suporte para que o nosso agro fosse o agro robusto que é. E as críticas que nós recebemos - e aqui eu faço coro com o Ministro Paolinelli - não fazem jus, principalmente porque a nossa agricultura, além de ser sustentável, não é subsidiada. E o que acontece nos outros países, em relação a esse subsídio, traz uma desigualdade e gera essa conversa toda que contamina jovens, que não entendem, não conseguem enxergar globalmente e, com isso, acabam trazendo toda essa indisposição que nós vemos e que nós estamos tentando vencer e mostrar para o agro.
Agora, nós precisamos também, para poder trazer esses 5 milhões, 4,5 milhões de players da agricultura familiar, de alguma forma agregar mais valor às nossas commodities, talvez não a todas elas, em volume, mas, em metade, pelo menos, nós poderíamos agregar valor e trazer muito mais empregos, muito mais robustez para as contribuições que o nosso País pode trazer para a nutrição do planeta como um todo.
Era isso. Grande parabéns ao senhor, Ministro Alysson Paolinelli. Eu tenho um grande respeito, uma grande admiração pelo senhor e o senhor merece todo esse reconhecimento que o senhor vem recebendo de todos nós. O senhor pode não ser o Superman, mas o senhor é um superbrasileiro; disso eu tenho orgulho.
Grande abraço a todos.
Devolvo a palavra, Senador Chico.
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Obrigado, Dr. Guy de Capdeville, pelas palavras.
Concedo a palavra ao Sr. Edvan Alves Chagas, Chefe-Geral da Embrapa Roraima, por cinco minutos.
O SR. EDVAN ALVES CHAGAS - Senador Chico, me escuta?
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Sim, perfeito.
O SR. EDVAN ALVES CHAGAS (Para discursar.) - Bom, inicialmente, eu quero fazer algumas breves saudações, na pessoa do nosso ilustre homenageado, Professor Alysson Paolinelli, e quero saudar a todos os senhores e senhoras participantes desta sessão especial e aqueles que participam através da sua transmissão.
Nas pessoas do Senador Chico Rodrigues, do Senador Esperidião Amin e do Senador Luis Carlos Heinze, eu quero também saudar e cumprimentar todos os nossos Parlamentares desta casa tão importante para o nosso País; na pessoa do Dr. Guy de Capdeville, nosso Diretor de P&D da Embrapa, eu cumprimento também todos os demais colegas do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação no nosso País; e, na pessoa do colega Nilson Leitão, representando a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), eu também quero saudar todos os nossos parceiros do setor produtivo e do agro brasileiro, inclusive, os colegas da Aprosoja e da CAMPO que estão aqui conosco.
Senador Chico Rodrigues, participar de uma sessão especial para homenagear o Professor Alysson Paolinelli, nosso visionário da agricultura tropical, faz com que nos sintamos homenageados; na verdade, nós é que estamos sendo homenageados por participar desta homenagem a uma pessoa tão ilustre.
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Quero dizer, ainda, da grata satisfação que eu também tive de estudar na Universidade Federal de Lavras, instituição que somente foi possível graças a mais uma tomada de decisão visionária do Professor Paolinelli, quando federalizou a antiga Esal (Escola Superior de Agricultura de Lavras), então Ufla.
A partir daí, tentar expressar em palavras todas as contribuições do Professor Paolinelli seria uma missão impossível. Mas eu gostaria de mencionar alguns grandes feitos que apenas são possíveis de se enxergarem hoje, 40 anos depois, ao se fazer uma conexão entre a sua tomada de decisão, um pouco antes de assumir o Ministério da Agricultura do Brasil, em 74, até os dias atuais. É só olhando para trás que nós conseguimos enxergar essa contribuição: contribuições sob a forma de políticas públicas de combate à fome e à pobreza e em prol da melhoria do bem-estar da nossa população; políticas de inovação, inclusão e trabalho digno dos nossos trabalhadores rurais. O Professor Paolinelli foi pioneiro em bioenergia, no efeito poupa-terra, que foi comentado agora há pouco, nas questões climáticas, cujo tema principal está sendo discutido neste momento na COP 26.
Então, Senador Esperidião Amin, a delegação brasileira, com a presença da Embrapa e de diversas outras instituições públicas e privadas, teve a honra de mostrar ao mundo, Senador Chico Rodrigues, o papel fundamental da agricultura como protagonista e parte da solução para as mudanças climáticas - não parte do problema, mas da solução. E isso também somente tem sido possível porque, ainda na década de 70, o Professor Paolinelli foi um dos principais responsáveis pela criação de mais da metade das 43 unidades da Embrapa, distribuídas por todo o Brasil, quando fomentou a criação e a gestão das instituições de pesquisa e desenvolvimento e também de transferência de tecnologia do nosso País, naquele momento chamado Embrater, para prestar assistência técnica aos nossos produtores. É um somatório de gigantes embutidos em instituições e parceiros trabalhando em prol do desenvolvimento da nossa população e do nosso País.
Foram diversos programas de desenvolvimento, colegas, criados pelo Professor Paolinelli que também culminaram com a incorporação dos Cerrados ao processo produtivo da agropecuária, ou seja, uma produção sustentável para a nossa segurança alimentar e para a segurança alimentar do mundo. E, assim, hoje nos orgulhamos dos grandes feitos do Professor Paolinelli.
Professor, esses grandes feitos foram já mencionados aqui em números, mas, para finalizar, não posso deixar de fazer uma comparação entre os desafios enfrentados com muito sucesso pelo Professor Paolinelli e pelo Senador Chico Rodrigues nesta sessão especial. Nós temos aqui, Professor Paolinelli, em Roraima, o desafio de incorporar a última e melhor, permitam-me, fronteira agrícola do País: mais de 1 milhão de hectares, oriundos do Cerrado ou dos Lavrados de Roraima, ao sistema produtivo. E o Senador Chico Rodrigues, há quase 40 anos, vem dedicando esforços nesse sentido. Nós saímos, em 80, de uma produtividade de 25 sacas por hectare para quase 80 sacas atualmente.
Assim, quero agradecer o convite e dizer que o nosso País deve ser uma locomotiva guiada por grandes visionários como o Professor Paolinelli: uma agricultura movida a ciência, como tem mencionado o nosso Presidente da Embrapa, Dr. Celso Moretti, e um setor produtivo, empreendedor e inovador.
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Muito obrigado, Professor Paolinelli, por ser cidadão brasileiro. O senhor já é Nobel do Brasil e da Paz e, como escrito também pelo nosso ex-Ministro da Agricultura Professor Roberto Rodrigues, o senhor é nobre.
Obrigado, Senador.
Obrigado, Professor Paolinelli.
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Muito obrigado ao Edvan Alves Chagas, Chefe-Geral da Embrapa de Roraima. A sua empolgação, o vigor da sua juventude, na verdade, atinge os seus colegas, que devem estar, neste momento, a nos assistir.
Concedo a palavra ao Sr. Sebastião Pedro, Chefe-Geral da Embrapa Cerrados.
V. Sa. tem cinco minutos. (Pausa.)
Acho que caiu a conexão. Quando o Sebastião Pedro retornar, nós passaremos a palavra a ele.
Então, concedo a palavra ao Sr. Nilson Leitão, Chefe da Assessoria de Relações Institucionais da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
V. Sa. dispõe de cinco minutos.
O SR. NILSON LEITÃO (Para discursar.) - Muito obrigado, Senador Chico Rodrigues.
Parabéns pela iniciativa, esta sessão especial representa muito para o Brasil. Já cumprimentando V. Exa., também cumprimento esses dois grandes Senadores, meu ex-colega de Câmara, o Senador Luiz Carlos Heinze, esse grande líder gaúcho para o Brasil; o Senador Esperidião Amin, que tem aí uma experiência enorme no Congresso, na política brasileira e nos orgulha; e cumprimento a todos os convidados da Embrapa, ao Emiliano, esse entusiasta do Prêmio Nobel para o nosso querido Alysson Paolinelli; enfim, cumprimento o nosso querido Alysson Paolinelli, em nome da Confederação Nacional da Agricultura, e trago aqui o abraço do Dr. João Martins e de toda a diretoria - o Dr. João Martins está em trânsito, vindo para Brasília, nosso querido professor Alysson Paolinelli -, mas sinta-se abraçado por todas as entidades, representantes e representadas.
A minha fala vai ser muito breve, Senador Chico Rodrigues, apenas para parabenizá-lo. Como é bom o Senado Federal ter uma sessão solene para homenagear os nossos heróis, heróis vivos, heróis que ainda fazem parte da nossa história e que têm muito ainda a contribuir com o Brasil.
A agricultura, a agropecuária brasileira devem muito, mas muito mesmo, não só ao Alysson Paolinelli, mas a toda a sua turma, a toda a sua equipe, a todo o seu grupo de trabalho daquele período, quando se iniciou um novo Brasil.
Alysson Paolinelli foi um visionário - e junto com ele, outros - que ajudou a construir um Brasil novo: o Brasil que importava alimento para o Brasil da exportação. Eu, que sou de Mato Grosso, fui chamado, como tantos brasileiros, para ir para aquele norte do Estado, onde, ainda no Governo militar, se construiu uma nova região, uma nova fronteira agrícola. Sem dúvida nenhuma as impressões digitais de Alysson Paolinelli e de outros é que construíram religiões como aquela.
E hoje podemos dizer, com muito orgulho, que produzimos para o Brasil e para o mundo, exatamente pelo olhar visionário, eficiente e pela ciência que se iniciou desde aquela época, de tantos jovens que foram fora do Brasil trazer esse conhecimento pelo olhar, pelo trabalho de Alysson Paolinelli.
O Brasil, sem dúvida nenhuma, ainda tem muito que vencer. São mais de 5,5 milhões de propriedades que o Brasil tem, ainda com 4,5 milhões de propriedades para serem superadas, que ainda precisam sair da obscuridade, da pobreza para ter uma nova classe média brasileira com uma nova revolução da área rural. O Alysson Paolinelli já deixou tudo pronto, faltam ainda políticas que precisam evoluir cada vez mais. As entidades têm muito a contribuir, a Embrapa tem muito a contribuir, mas as políticas regionais ainda precisam contribuir mais.
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O puxão de orelha de Alysson Paolinelli tem que ser levado a sério, porque esse brasileiro, que mudou a página, que mudou a cor da nossa capa do livro brasileiro da agricultura e da agropecuária ainda espera que seja mudada mais uma vez. O Brasil ainda precisa evoluir mais e deixar de discutir temas ainda do século passado, como regularização fundiária, as nossas questões ambientais, as questões trabalhistas, que precisam ser evoluídas, porque da porteira para dentro o Brasil venceu; agora precisa vencer da porteira para fora.
Então, o nosso abraço e os nossos parabéns aqui a Alysson Paolinelli, a todos aqueles que constroem um Brasil para frente, um Brasil que não tem retrovisor, um Brasil que enxerga cada vez mais para gerar mais emprego e gerar mais renda.
Parabéns ao Senado Federal e ao Congresso brasileiro, que sempre estão também à sua frente. A política e o político brasileiros têm que ser reconhecidos pelo seu trabalho. Se o Brasil fez tudo isso, é porque algum político foi lá e reconheceu Alysson Paolinelli e fez dele um instrumento de transformação que somente a política pode fazer.
Parabéns a vocês! Que Deus abençoe o nosso Brasil e continue iluminando o nosso querido Alysson Paolinelli!
Um grande abraço.
Que Deus abençoe a todos!
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Muito obrigado ao Nilson Leitão, da CNA, pelas manifestações claras e muito determinadas de reconhecimento ao Dr. Alysson Paolinelli.
Vou passar a palavra ao Sebastião Pedro, Chefe-Geral da Embrapa Cerrado.
O SR. SEBASTIÃO PEDRO DA SILVA NETO (Para discursar.) - Minhas cordiais saudações a todos. Parabenizo o Senador Chico Rodrigues pela iniciativa desta sessão especial no Senado brasileiro e a homenagem àquele que, sem dúvida nenhuma, pode ser considerado o pai da agricultura brasileira e talvez o pai da agricultura tropical no mundo, Dr. Alysson Paolinelli. Ao Senador Esperidião Amin, ao Senador Luis Carlos Heinze, minhas saudações, e também aos nossos convidados Dr. Emiliano Pereira Botelho, ao Dr. Edvan, meu colega da Embrapa, ao Dr. Guy; ao nosso Diretor de Pesquisa, representante da Aprosoja Brasil, Dr. Fabrício Rosa, e ao Dr. Antônio Lício, nosso colega, na missão de incorporar o Cerrado brasileiro no processo produtivo.
Eu agradeço muito essa oportunidade e gostaria de aproveitá-la para, em nome da Embrapa, em nome da Embrapa Cerrados, essa unidade que eu tenho a satisfação de chefiar atualmente, agradecer ao Dr. Alysson Paolinelli por tudo que tem feito. A sua visão de futuro, a sua clarividência, a sua capacidade de agregar pessoas e de liderar em rumos certos, em prol do desenvolvimento econômico, social e ambiental realmente são dignos de toda homenagem que lhe é rendida sempre, no Brasil e no exterior.
Eu gostaria de exemplificar que muito se fala do Dr. Alysson pela obra, pelo seu legado.
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E nos dias de hoje, nos últimos meses, nós temos visto exemplo da clarividência e da percepção do Dr. Alysson. Nós estamos vivendo em um mundo onde a produção de alimentos é essencial e um mundo onde só se fala em sustentabilidade. Pois, antes mesmo dessa onda, o Dr. Alysson nos motivava, aqui na Embrapa Cerrados, a pesquisar mais as alternativas, os remineralizadores de solo, os pós de rocha, como se estivesse antevendo essa crise que hoje enfrentamos no fornecimento de fertilizantes no mundo. Antes mesmo disso, ele nos incentivava a pesquisar a tecnologia da rochagem, que não vem a substituir os fertilizantes solúveis, mas vem aumentar a sua eficiência, melhorar a autossuficiência brasileira em insumos, melhorar também a capacidade de fixação de carbono, pois o próprio pó de rocha tem essa capacidade de fixar o carbono no solo. Então esse homem, antes de tudo isso ser fato, ele já como que pressentia e nos incentivava a pesquisar a rochagem e os bioinsumos.
Então é uma pessoa, o Dr. Alysson, que precisa estar entre nós, porque ele estando entre nós, nós estaremos sempre no caminho certo.
Muito obrigado Dr. Alysson, que Deus o abençoe muito, conserve sua saúde e sua presença entre nós.
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Muito obrigado, nobre Sebastião Pedro, Chefe-Geral da Embrapa Cerrados, V. Sa. se manifesta de uma forma muito emocionada também, porque conhece o legado, todo esse legado do Dr. Alysson Paolinelli, que, para nós, é a referência e o exemplo da agropecuária brasileira e, por que não dizer, mundial.
Concedo a palavra ao Antônio Arantes Lício, economista e amigo do homenageado, por cinco minutos. (Pausa.)
Não estando conectado, concedo a palavra ao Sr. Emiliano Pereira Botelho, Presidente do grupo Campo.
V. Sa. dispõe de cinco minutos.
O SR. EMILIANO PEREIRA BOTELHO (Para discursar.) - Boa tarde a todos. Eu fico aqui extremamente confortável, participando dessa homenagem ao nosso querido amigo Alysson Paolinelli. Eu fico confortável, primeiro, pela visão do meu grande amigo, Senador Chico Rodrigues. Pelas suas mãos, a Campo, Alysson Paolinelli, teve a visão de iniciar um processo de desenvolvimento agrícola no Estado de Roraima.
Muito obrigado, Senador Chico, eminente Senador, o senhor que visitou os nossos campos de sementes lá em Roraima, o senhor que foi, realmente, a pessoa que teve essa visão de transformar o lavrado num sistema hoje real de produção agrícola no Brasil, no Norte.
Eu fico aqui extremamente confortável porque dois Senadores que participaram aqui, o Senador Esperidião Amin e o Senador Luis Carlos Heinze, têm uma importância significativa para a nossa companhia. Existem fatos no Brasil que são históricos, mas passam despercebidos.
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Em 1993, 1994, o Senador Esperidião Amin, no Governo Itamar Franco, foi o Relator, no Senado, que autorizou o empréstimo do governo japonês para o Prodecer III. Naquela época, não existia esse trabalho de lobby ou qualquer outro. Nós tivemos a satisfação de ver um Senador honrado, depois da moratória de 1990, ver o Brasil assinar o primeiro grande empréstimo internacional que nasceu dessa relatoria do Senador Esperidião Amin.
Quero cumprimentar o nosso amigo Garbanzo, Senador Luís Carlos Heinze. Nós fomos acompanhando o Ministro Paulinelli algumas vezes ao México para estudar seguro agrícola. E descobrimos ali o modelo especial para o Brasil. Tudo nascido da visão de Alysson Paulinelli. Eu não quero aqui falar da capacidade técnica, da capacidade científica, daquilo que o Dr. Alysson fez pelo Brasil. Eu quero aqui falar do grande companheiro, do grande irmão, do grande amigo, do grande pai, do grande avô que é Alysson Paulinelli. Eu tive oportunidade, com muita honra, de andar com Paulinelli por esse mundo afora - Japão várias vezes, Taiwan, México várias vezes, América Latina, Equador, Uruguai, Argentina, Venezuela, ser recebido pelas maiores autoridades desses países e, ao mesmo tempo, caminhar com Paulinelli pelas ruas de Unaí, de João Pinheiro, de Paracatu, de Bambuí, sua terra natal, e ver como um homem da postura de Paulinelli, do tamanho de Paulinelli, tratava chefes de Estado e cidadãos das pequenas cidades de Minas Gerais, de Goiás, de Mato Grosso, do Tocantins, da Bahia, de Mato Grosso do Sul... Então, esse homem realmente é um homem diferenciado. Sabem seus amigos, sabem seus filhos, sabem os seus companheiros de longa data que nesse a gente pode confiar em qualquer hora do dia e da noite.
Tivemos momentos difíceis, nesses 40 anos. Tivemos que implantar, a 200 quilômetros ao sul de Balsas, o projeto de colonização de Balsas, no Maranhão. Em um ano, plantamos 20 mil hectares, sem estradas, sem energia, sem comunicação, levando para lá jovens recém-formados da cooperativa de Carambeí, a Cooperativa Batavo, de Carambeí, no Paraná. Tivemos desafios em Lucas do Rio Verde, meu caro Nilson Leitão. Tivemos desafios em Tapurá. Tivemos desafios em Barreiras, em Cristalina, no noroeste de Minas. Esses 21 projetos foram realmente o efeito multiplicador da visão de Paulinelly, a sua contribuição para o Cerrado brasileiro, que se tornou, em 20 anos, um dos maiores produtores de soja do mundo, se comparado com país.
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Para os senhores terem uma ideia, até 1980, o Cerrado produzia menos de 1% dos grãos brasileiros; 20 anos depois, o Cerrado já era o maior produtor de algumas oleaginosas que existem no Brasil.
Eu quero cumprimentar também o nosso colega, o nosso amigo Sebastião Pedro, que durante mais de 20 anos foi um grande guerreiro nos quadros da Campo. Tivemos a oportunidade de acompanhar o seu doutorado em Tóquio, no Japão, e Sebastião, de uma maneira brilhante, hoje chega a chefe daquilo que ele começou a construir aqui na Campo, e isso nos honra muito.
Quero, então, Senador Chico Rodrigues, dizer que por suas mãos, hoje o Senado brasileiro presta uma homenagem ao maior brasileiro vivo. Grande abraço para o senhor. Um abraço especial para o meu amigo, meu irmão Alysson Paolinelli. Grande abraço!
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Muito obrigado ao Emiliano Pereira Botelho pelas palavras, pela amizade fraterna com o nosso homenageado. Agradeço também as palavras de V. Sa. Nós queremos exatamente que continue nessa labuta por muitos e muitos anos, abrindo novas fronteiras que ainda existem no nosso País.
Concedo a palavra ao Sr. Fabrício Morais Rosa, Diretor-Executivo da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja). V. Sa. dispõe de cinco minutos.
O SR. FABRÍCIO MORAIS ROSA (Para discursar.) - Obrigado, Senador.
Quero aqui cumprimentar todos os amigos, parabenizando o Senado por esta justa homenagem; cumprimentar também o Presidente da sessão Chico Rodrigues, o amigo Senador Luis Carlos Heinze, Esperidião Amin, também os colegas da Embrapa aqui presentes - Edvan, Guy e Sebastião -, Nilson Leitão, meu amigo, e, em especial, o nosso homenageado Alysson Paolinelli.
Nós sabemos da importância da soja e do milho feito em segunda safra, na mesma área da soja, para a alimentação do Brasil e da humanidade. Eu poderia aqui destacar muitas virtudes da soja e do milho e dizer que hoje ninguém come carne, ovo e leite que não tenham sido produzidos com rações a partir da soja e do milho. Eu poderia destacar também que Municípios em que temos soja e milho são aqueles cujo IDH saltou, prova de que onde essas culturas foram implantadas, a vida das pessoas melhorou efetivamente, e tantas outras vantagens alimentares e energéticas nessas culturas, como outros já destacaram aqui.
Mas se hoje o Brasil é esse colosso na produção de soja e de milho, é porque veio carregado e impulsionado por gigantes como o nosso amigo - e merecidamente indicado ao Nobel - Alysson Paolinelli. Dizem que todo ser humano se sentirá mais pleno em sua vida se plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro, e todas as pessoas de valor, sem dúvida nenhuma, querem deixar um legado para a sua família, para a sua comunidade, para o seu país e, quem sabe, para a humanidade. Nós podemos dizer que o brasileiro, mineiro, Alysson Paolinelli, em um tempo em que o Brasil não tinha o conhecimento suficiente para produzir comida para a sua população, ajudou a plantar uma árvore muito importante que é a árvore do conhecimento, estimulando a formação de milhares de brasileiros no exterior para depois retornarem ao Brasil e desenvolverem a mais bem-sucedida agricultura tropical do mundo.
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E, sem dúvida, da iniciativa do nosso amigo Alysson, podemos dizer que ele deixou muitos filhos também, isto é, muitos outros trilharam esse caminho a partir do seu exemplo. E o Brasil seguiu crescendo, adotando tecnologias de ponta, poupando terra, como outros já destacaram hoje aqui, desenvolvendo regiões antes desabitadas, como foi a grande conquista do Cerrado brasileiro, que o Ministro sempre fala - sem dúvida, ele foi um dos pais desse desbravado Cerrado -, desenvolvimento, crescimento, expansão da produção do Brasil. E hoje ajuda a alimentar não só o Brasil, mas podemos dizer que mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo, ou seja, é um benefício para toda a humanidade.
E podemos dizer que a sua história é mais que inspiradora. Ela também é contada e recontada, com certeza, em vários livros, periódicos, artigos, jornais, por todos os amigos que o conhecem, entendidos, estudiosos, que contam e recontam a história desse brasileiro que tanto nos orgulha. De maneira que enche de orgulho não só a família e amigos do nosso querido Alysson Paolinelli, mas toda a Nação brasileira e, sem dúvida, serve de inspiração e estímulo para gerações futuras de que vale a pena, vale a pena ser persistente, acreditar em sonhos, vale a pena investir em si, em conhecimento, dar duro, superar os desafios - não foi fácil, todos nós sabemos.
Portanto, hoje eu quero aqui, em nome do meu Presidente, Antonio Galvan, de toda a Diretoria da Aprosoja Brasil, dos produtores de soja e milho e do meu pai em especial, Benedito Rosa, que é um brasileiro que também fez parte da cultura brasileira e que também é amigo do nosso Ministro e admirador do seu trabalho, render essa homenagem ao amigo, professor, brasileiro Alysson Paolinelli, por todo o seu legado e por ajudar a plantar essa árvore frondosa da agricultura tropical brasileira, por ajudar a escrever no livro da história do Brasil esse capítulo de sucesso e por deixar tantos filhos aí, homens, mulheres, desejando seguir seus exemplos, impulsionar o País e a humanidade nos caminhos da ciência e do conhecimento, sem os quais nós sabemos que seria impossível termos chegado até aqui.
E dessa maneira eu fecho aqui com um abraço apertado de toda a família Aprosoja ao meu amigo Alysson Paolinelli e também encerro a minha fala agradecendo a oportunidade e parabenizando, mais uma vez, o Senado por essa justa homenagem.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Obrigado ao Fabrício Morais Rosa pelas palavras, representando a Aprosoja.
Passo a palavra agora ao Sr. Antônio Arantes Lício, economista e amigo do homenageado. V. Sa. disporá de cinco minutos. (Pausa.)
Vamos aguardar um pouco. Está-se tentando conectar o microfone do Antônio Lício. Ou pode ser feita a ligação também, que nós acompanharemos, então, no viva-voz. (Pausa.)
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O senhor pode ligar o seu microfone, Dr. Antônio Lício? (Pausa.)
O SR. ANTÔNIO ARANTES LÍCIO - Estou tendo problemas aqui com o som.
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Mas estamos ouvindo bem agora, Dr. Lício.
O SR. ANTÔNIO ARANTES LÍCIO - Estão ouvindo?
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Sim, perfeitamente.
O SR. ANTÔNIO ARANTES LÍCIO (Para discursar.) - Depois de todas essas manifestações dos amigos, sobrou pouco para falar, mas, como vocês todos sabem, Alysson Paolinelli me retirou dos bancos de Professor de Economia da UFMG em 1974 para me trazer para Brasília. Eu tirei uma licença de professor e não mais voltei. Estamos juntos desde então, já vai fazer mais de 45 anos, quase 50 anos.
Eu tenho orgulho... Todos nós! Como ele falou no seu pronunciamento, existe ainda viva uma equipe de mais de dez pessoas que colaboraram, intimamente, com Alysson Paolinelli nos anos de 1974 a 1979 - ele como Ministro. Nós criamos, além de uma identidade profissional, uma amizade muito profunda, tudo sob a liderança dele, não só a liderança profissional, a liderança técnica, mas, principalmente, a liderança pessoal. Seu carisma, sua amizade... Ele, sua família, todos nós viramos uma grande família. Estamos todos chegando aos 80, outros passando dos 80, ainda trabalhando, todos sob a sua batuta. É uma grande responsabilidade, mas é um grande orgulho com que - e eu gostaria de frisar - eu faço parte dessa equipe de 50 anos que ainda trabalha com Alysson Paolinelli.
E, Sr. Senador, nós nos conhecemos nos últimos três ou quatro anos, tentando implantar um modelo de trabalho para a Amazônia. A pandemia nos separou um pouco - claro a todos nós, não só a nós, mas a todos os brasileiros -, mas, como talvez o senhor saiba, através do seu assessor José Ricardo, nós estamos voltando àquelas ideias de dois ou três anos atrás e estamos prontos para levar novamente isso aos mais altos níveis da República, para retomar alguma coisa, desta vez com a batuta de Alysson Paolinelli e do Senador Chico Rodrigues.
Um grande abraço.
Muito obrigado.
E parabéns pela iniciativa.
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Muito obrigado, Dr. Antônio Lício. E nos anima bastante essa sua disposição para que nós possamos recomeçar aqueles estudos, porque, na verdade, a Amazônia é um mundo novo dentro deste projeto Brasil.
Eu gostaria, primeiro, de agradecer a todos os oradores convidados, que, de uma forma brilhante, pronunciaram-se aqui nesta tarde de segunda-feira, nesta bela homenagem, na sessão especial remota, e dizer a todos que o Senador Rodrigo Pacheco, o Presidente do Senado e do Congresso Nacional, e todos os Senadores e Senadoras sentem-se honrados com esta grande homenagem a esse brasileiro de elite, esse brasileiro que orgulha a todos nós.
R
Vou repetir o que eu disse: o vigor da juventude do Dr. Alysson não envelhece. As palavras dele em cada manifestação dele são como se ele estivesse começando 50 anos atrás. Isso nos anima.
Gostaria de deixar uma pequena lembrança, entregando pessoalmente aqui neste momento, uma simples lembrança ao nosso querido homenageado, para que ele guarde, entre dezenas, centenas de honrarias que já recebeu, essa simples lembrança numa placa representativa desta sessão especial de hoje.
(Procede-se à entrega de homenagem.)
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) - Cumprida a finalidade desta sessão especial remota do Senado Federal, agradeço às personalidades que nos honraram com sua participação.
Está encerrada a sessão.
(Levanta-se a sessão às 17 horas e 14 minutos.)