4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
56ª LEGISLATURA
Em 23 de março de 2022
(quarta-feira)
Às 10 horas
22ª SESSÃO
(Sessão de Premiações e Condecorações)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.
A presente sessão é destinada à entrega do Diploma Bertha Lutz às agraciadas em comemoração aos 20 anos do prêmio.
Instituído em 2001 pelo Senado Federal, o Diploma Bertha Lutz foi criado para agraciar pessoas que contribuíram na defesa dos direitos da mulher e da equidade de gênero no Brasil. A premiação recebe o nome da líder feminista Bertha Lutz, que foi Deputada Federal e se empenhou pela aprovação da legislação que deu às mulheres o direito de votar e de serem votadas.
Em 2022, serão agraciadas com o Diploma Bertha Lutz 21 mulheres que se destacam pela defesa dos direitos femininos e fazem a diferença na sociedade brasileira.
Entre as agraciadas, uma é homenageada in memoriam, a Sra. Wilma de Faria, como forma de agradecimento ao incansável trabalho que resultou em uma sociedade brasileira mais plural e moderna.
Esta sessão terá ainda uma homenagem especial à Sra. Maria da Penha.
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Convido para compor a mesa a Ministra-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, S. Exa. a Ministra Flávia Arruda. Convido também a Líder da Bancada Feminina no Senado Federal, a Senadora Eliziane Gama; e a Procuradora Especial da Mulher no Senado, a Senadora Leila Barros. (Pausa.)
Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional brasileiro, que será executado pela Banda da Marinha do Brasil, a quem agradeço.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG. Para discursar - Presidente.) - Eu saúdo a Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Ministra Flávia Arruda, uma das agraciadas desta sessão de hoje; a Procuradora Especial da Mulher do Senado Federal, Senadora da República pelo Distrito Federal, Leila Barros; a Líder da Bancada Feminina do Senado Federal, Senadora da República pelo Estado do Maranhão, Eliziane Gama. Saúdo todas as agraciadas das quais me permito ler os nomes: Sra. Ana Lara Camargo de Castro; Sra. Andreia Gadelha; Sra. Angela Maria Moraes Salazar; Sra. Eva Evangelista; Sra. Filomena Camilo do Vale; Sra. Flávia Cintra; Sra. Heloísa Starling; Sra. Ilda Peliz; Sra. Inês Santiago; Sra. Jocilene Barbosa; a agraciada Jurema Pinto Werneck, representada pela Sra. Juliana Cézar Nunes; a agraciada Luiza Trajano, representada pela Sra. Luiza Helena Moreira da Silva; Sra. Margareth Dalcolmo; Sra. Michelle Bolsonaro, a Primeira-Dama do Brasil; Sra. Miracy Barbosa de Souza Gustin; Sra. Mônica Sifuentes; Sra. Renata Gil de Alcantara; Sra. Rosa Geane; Sra. Ruth Almeida. E a agraciada in memoriam, Sra. Wilma de Faria, representada nesta sessão pela Sra. Márcia Faria Maia. Igualmente, saúdo a líder de movimentos de defesa de direitos das mulheres no combate à violência doméstica, Sra. Maria da Penha.
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Cumprimento todos os Srs. Senadores, Sras. Senadoras, Srs. Deputados Federais, Sras. Deputadas Federais - muito bem-vindos ao Senado Federal! -, o Exmo. Sr. Ministro do Superior Tribunal de Justiça Reynaldo Soares da Fonseca, a quem saúdo e agradeço pela presença no Senado Federal; o ex-Govenador do Distrito Federal José Roberto Arruda, igualmente muito bem-vindo ao Senado da República.
Senhoras e senhores, é com especial satisfação que declaro aberta a sessão especial destinada à entrega do Diploma Bertha Lutz.
Este ano marca o 20º aniversário da concessão deste prêmio, que já se tornou uma tradição no Senado Federal. A cerimônia esteve suspensa nos últimos dois anos em razão da pandemia do covid-19. Felizmente, podemos retomá-la agora, em 2022. Espero que essa retomada seja mais um indicativo, que se soma a outros, da volta à normalidade da vida dos brasileiros e também da vida política do país, o que é ansiosamente aguardado por todos nós.
A personalidade histórica de Bertha Lutz, escolhida muito sabiamente pelas Senadoras e pelos Senadores, no ano de 2001, para dar nome a esta prestigiosa comenda, continua até hoje a inspirar as mulheres em sua caminhada em direção à autonomia e ao reconhecimento e respeito da sociedade brasileira. Bertha Lutz foi pioneira em tudo. Bióloga, cientista de renome internacional, professora, educadora, foi também servidora pública, aliás, a segunda mulher a entrar no serviço público brasileiro. Estudou na Europa e de lá trouxe a influência benfazeja dos movimentos femininos para ser aqui, no Brasil, uma pioneira da luta pela emancipação feminina e pela extensão do direito de voto às mulheres. Foi, portanto, uma sufragista, uma expoente da luta pela emancipação política que apenas se completa pelo exercício do direito de votar e de ser votada.
Uma vez conquistado o direito de voto em favor das mulheres, mediante a aprovação do Código Eleitoral de 1932, Bertha Lutz, já no ano seguinte, conquistava uma suplência na Câmara dos Deputados. A legislatura para a qual Bertha foi eleita como suplente elaborou uma das constituições democráticas brasileiras, a Constituição de 1934, que inaugura institucionalmente o primeiro período de governo democrático do Presidente Getúlio Vargas, depois abruptamente interrompido em 1937 pelo alto golpe que dá início ao período ditatorial do chamado Estado Novo. Um ano antes desse alto golpe, ainda no Parlamento livre, a Deputada Bertha Lutz assume o mandato - isso foi em 1936 - e o exerce por pouco mais de um ano.
Quero dizer, para finalizar, às agraciadas desta edição com o diploma que todas as senhoras honram a memória desta mulher, esta mulher espetacular. Pioneira em tudo, como eu disse: uma pessoa de visão, uma pessoa engajada que transbordava competência e seriedade em tudo que fazia. Que a memória de Bertha Lutz e esta singela homenagem do Senado Federal sirvam sempre de inspiração a cada uma das senhoras que a recebem neste momento. Sintam-se, evidentemente, todas honradas pelo Senado Federal com a outorga dessa comenda.
Muito obrigado. (Palmas.)
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Assistiremos agora a um vídeo institucional produzido pela TV Senado em comemoração aos 20 anos do Prêmio Bertha Lutz.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) - Houve um problema na execução do vídeo do sistema da Secretaria-Geral. Eu solicito a interrupção. No decorrer desta sessão, será, depois de solucionado o problema técnico, exibido o vídeo para as senhoras e para os senhores. Eu agradeço.
Dando sequência aos trabalhos, concedo a palavra à Sra. Maria da Penha, que recebe homenagem especial desta edição do Prêmio Bertha Lutz, pelo sistema remoto.
Com a palavra a Sra. Maria da Penha.
A SRA. MARIA DA PENHA (Para discursar. Por videoconferência.) - Bom dia a todos e a todas.
É com grande alegria que agradeço o convite do Sr. Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, para me fazer presente, mesmo que de maneira virtual.
Em março de 2005, eu fui agraciada com esse prêmio, o que muito me honrou e muito me honra, especialmente pela trajetória de vida da bióloga, advogada e vanguardista Bertha Lutz, que ousou assumir vários papéis sociais ainda no início do século XX e lutou pela condição feminina.
Na época em que recebi esse prêmio, foram agraciadas ainda quatro mulheres: a Clara Charf, a Palmerinda Donato, a Rozeli da Silva e a Zilda Arns. Eu não poderia estar em melhor companhia. Todas elas, em vida ou in memoriam, são uma grande inspiração para mim. Quando a ONU reconheceu o Dia Internacional da Mulher, em 1975, já se passam 112 anos que as mulheres lutam nessa agenda. De norte a sul, de leste a oeste, globalmente falando, não podemos negar as conquistas profundas e significativas cujas transformações proporcionaram o nosso status de hoje, um status de protagonismo diferente, eficiente, ousado, crítico, dinâmico e de um avançado empoderamento em todas as áreas da atuação humana. Contudo, não podemos negar também que esse status, no que diz respeito à qualidade do reconhecimento da nossa dignidade humana, ainda está muito distante do que deve ser. E a isso, infelizmente, de forma notória, temos a questão da violência contra a mulher, a agressiva desigualdade econômica no mercado de trabalho, os entraves humilhantes no acesso à Justiça e, ainda, a negação dos princípios fundamentais, por parte do Estado democrático de direito, ao fortalecimento dos direitos das mulheres, principalmente quando a negação desses direitos agrava o status de vulnerabilidade que as mulheres, em especial as brasileiras, vivenciam diuturnamente.
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A mensagem que eu quero deixar aqui não é uma reflexão sobre a perspectiva histórica, sobre os fundamentos e contextos dos movimentos de luta pelo direito das mulheres. Acredito que essa missão tem sido muito bem realizada por nós mulheres rotineiramente, sob todos os aspectos, avaliando os avanços e desafios que enfrentamos desde os tempos mais remotos da nossa existência. Nessa minha mensagem de hoje, quero desafiar cada mulher a construir um plano de quebra de legados que persistem em negar, desqualificar e manter práticas que vulnerabilizam os processos de empoderamento feminino do século atual. Essa quebra de legado tem como principal objetivo o compromisso que todas nós deveremos ter com a geração de meninas e meninos, com o desenvolvimento e maturidade das suas identidades cidadãs.
É necessário romper o ciclo geracional da violência, da desigualdade de gênero, dos vários tipos de violência que cicatrizam o corpo e provocam a marca da humilhação e do constrangimento constante na vida e na alma de todas as mulheres, das impostas limitações no acesso aos direitos políticos em razão do modelo dominador do patriarcalismo.
Assim, deixo, no reforço da minha mensagem, o destaque ao art. 16 do antológico texto sobre a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, nossa vanguardista do século XVII, Olympe de Gouges. "Toda sociedade em que a garantia dos direitos não é assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem Constituição; a Constituição é nula se a maioria dos indivíduos que compõem a nação não cooperou na sua redação."
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E nesse aspecto ouso acrescentar que é necessário, para além da elaboração, o empenho e engajamento no processo de execução, conquistas, ampliação, vigilância e preservação da dinâmica de transformação dos direitos humanos das mulheres. E o que estamos fazendo hoje aqui é justamente isso, reconhecer o empenho das mulheres e homens, pois as 138 pessoas que já foram agraciadas com esse diploma deixarão seu legado no que diz respeito à luta por uma vida mais justa e igualitária para as nossas mulheres.
No meu caso, a minha luta começou com muita dor e sofrimento, mas ao final a conquista não foi pessoal. Minha contribuição foi servir de inspiração a dar nome a uma lei que veio para resgatar a dignidade da mulher brasileira, e as novas gerações e esse exército de pessoas de bem irão atuar na vigilância para que nenhum direito que conquistamos seja tirado de nós. Eu perdi o movimento das pernas, mas posso dizer que criei asas, que me foram dadas por todas as pessoas que são engajadas na nossa causa e que multiplicam e assumem o seu verdadeiro papel de transformadores sociais.
E, para encerrar, deixo a mensagem da grande poetisa Cora Coralina, que teve o seu primeiro livro publicado aos 76 anos de idade. Eu me vejo retratada neste poema:
Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.
Creio numa força imanente
que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros
e angústias do presente.
Acredito nos [...] [jovens].
Exalto sua confiança,
generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência [e da oportunidade]
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências do presente.
Muito obrigada, eu me sinto muito honrada, como disse no início, e parabenizo todas as homenageadas. Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) - Eu agradeço à Sra. Maria da Penha, cumprimento-a pelo pronunciamento e, em nome da Presidência do Senado Federal, gostaria de fazer o reconhecimento público da importância de V. Sa. na defesa e na luta pelos direitos das mulheres no Brasil. Esta homenagem especial feita à senhora nesse momento é absolutamente justa e certamente compartilhada por todos que aqui estão, também nesse reconhecimento do que a senhora representa para o Brasil. Muito obrigado, Sra. Maria da Penha.
Agora nós vamos voltar à etapa anterior do vídeo. Eu peço que haja a execução do vídeo institucional produzido pela TV Senado em comemoração aos 20 anos do Prêmio Bertha Lutz.
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(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) - Eu também registro a presença do Desembargador Jorge Rachid, do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão - seja muito bem-vindo ao Senado! -; e as ilustres presenças da Maria Clara e da Maria Luisa, filhas da Ministra Flávia Arruda e do Governador José Roberto Arruda. A Maria Luisa faltou à aula por um bom motivo hoje - não é, Maria Luisa? Sejam muito bem-vindas!
Eu concedo a palavra, neste instante, à Sra. Flávia Arruda, Ministra-Chefe da Secretaria de Governo e uma das agraciadas nesta manhã de hoje.
A SRA. FLÁVIA ARRUDA (Para discursar.) - Bom dia a todas e a todos!
Depois de o Presidente citar minhas duas filhas, eu fico mais nervosa de falar.
Há apenas 90 anos, o mundo era assim: as mulheres não votavam e não podiam ser votadas; não estudavam ou, quando muito, podiam fazer o comportado curso de normalistas; não podiam ter empresas; não ocupavam cargos dos governos nem nos negócios das famílias. Divórcio? Nem pensar! E as que tinham a desventura de uma separação eram segregadas do convívio social. Muitas viviam sob a opressão da violência física ou psicológica nos seus lares, ainda hoje tão presente, infelizmente, na vida brasileira, mas na época ainda aceita pelos costumes sociais e até pelas leis. Eram rotuladas maldosamente e impiedosamente se buscassem qualquer tipo de protagonismo na vida social, econômica ou política deste país.
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Sr. Presidente Rodrigo Pacheco, Sras. Senadoras, minhas amigas Eliziane Gama e Leila Barros, minha colega de bancada, na sua pessoa saúdo todas as Senadoras e Senadores do Senado Federal e cumprimento os que outorgam essa honraria.
Eu cumprimento cada uma das que aqui estão hoje sendo homenageadas e que me honram com a possibilidade de falar em seus nomes. Aqui, todas estão presentes, também de forma virtual. Vejo ali a minha amiga querida Dra. Renata Gil, mulher que também me orgulha muito. A Sra. Maria da Penha, símbolo da luta da mulher brasileira, está aqui também, ela que transformou a sua dor em uma causa para nos dizer que há muita luta ainda pela frente.
Senhoras e senhores, os ventos libertários soprados pela Primeira Grande Guerra e pela industrialização fizeram surgir no mundo os primeiros movimentos pela emancipação da mulher. Aqui no Brasil, Bertha Lutz, ao lado de Carlota Pereira de Queirós, a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, como depois o fez Bertha Lutz, e muitas outras mulheres que estavam à frente do seu tempo lideraram o movimento pelo voto feminino.
Aqui, hoje, somos empresárias, profissionais liberais, acadêmicas, magistradas, desembargadoras, parlamentares, que temos a responsabilidade de dar seguimento a essa luta, pois, vamos reconhecer, há ainda um longo caminho na busca do fim dos preconceitos e na busca da igualdade entre homens e mulheres em todos os setores das atividades humanas.
O voto feminino foi o começo, o mais simbólico dos atos públicos nessa direção, pois, quando a mulher passou a ter o direito de escolher os seus representantes, os governantes, e até também de ser escolhida, aflorou na sociedade a ideia, antes negada, da participação da mulher na escolha do destino do seu povo e na definição do seu próprio caminho de vida. Com essa responsabilidade, a mulher passou, passo a passo, a ter reconhecidos seus direitos, a ter respeitadas suas vontades e suas escolhas não apenas na política, mas em todas as áreas, e essa conquista foi se ampliando até os dias de hoje.
Com essa responsabilidade, a mulher passou a avançar muito. Nós avançamos muito, mas ainda há muito o que se conquistar. A política acaba sendo um espelho da sociedade em que nós vivemos. Basta citar que somos 53% da população brasileira e que, no Congresso Nacional, do qual eu faço parte, há hoje a maior bancada feminina da sua história, mas ainda ocupamos apenas 15% das cadeiras parlamentares. Por isso a importância das leis de discriminação positiva, na busca da igualdade e de transformação da sociedade em que vivemos.
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Fui escolhida, com muita honra, para falar em nome de todas que estão aqui hoje recebendo essa homenagem, talvez porque eu tenha sido a primeira Deputada Federal a presidir a Comissão Mista de Orçamento - a Senadora Rose de Freitas, como Senadora, a primeira mulher -, que antes era reserva de mercado dos homens, como se nós mulheres fôssemos incapazes de tratar de números e do orçamento do país; ou talvez por ter presidido a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, de combate à violência e contra o feminicídio; ou talvez por hoje ser a única Ministra de Estado no Palácio do Planalto e a primeira mulher a ter essa responsabilidade - quebramos tabus -; mas, principalmente, estou certa disso, por fazer parte da primeira bancada federal de uma unidade da Federação que tem mais mulheres eleitas do que homens.
Eu e a Senadora Leila fazemos parte de uma bancada de onze Parlamentares, sendo oito Deputados e três Senadores - cinco mulheres Deputadas e a Senadora Leila nos representando no Senado. Então, tenho muito orgulho de representar a maior bancada, proporcionalmente, de mulheres de uma unidade da Federação. Dos onze Parlamentares, todas nós mulheres somos seis. Aqui, no plural, somos Deputadas e Senadoras, provando que o plural também pode ser feminino, Deputada Soraya.
Todas nós, honradas em receber esse prêmio, sabemos que mais importante que a luta de cada uma na área de suas atuações pelos direitos e pela participação da mulher na vida do país é a consciência que temos da responsabilidade de continuar lutando por igualdade, de defender os milhares e milhares de mulheres que sofrem violência e preconceitos, enfim, de lutar por uma sociedade mais justa que só se realizará quando todas, e não apenas algumas, formos respeitadas e tivermos garantido o nosso tão sonho de igualdade.
Ao agradecer em nome de todas essa homenagem, eu renovo o nosso compromisso de continuar lutando por esse sonho nas leis que nascem no Congresso - e têm sido muitas - até o exercício diário de valorização das mulheres brasileiras a partir das funções que exercemos.
Bertha Lutz está aqui. Bertha Lutz é cada uma de nós. O seu espírito libertário está presente na nossa luta e nos nossos sonhos. A Unesco, ao considerar acolher o nome de Bertha Lutz no Programa Memória do Mundo, está fazendo um reconhecimento internacional do legado que ela nos deixou.
Por isso, nós recebemos essa homenagem como a renovação do nosso compromisso de continuar abrindo caminhos, superando obstáculos, um incentivo para renovar nossas energias em busca do espaço da mulher. Continuaremos lutando umas com as outras, uma segurando a mão da outra - não é, Senadora Nilda? -, porque, onde uma mulher abre espaço, as outras vêm e o ocupam.
Nós não queremos nada além de direitos iguais. Nós queremos caminhar junto com os homens. Nós somos absolutamente complementares, e esse é o sonho que todas nós buscamos por um lugar, porque, para todas nós, o lugar de mulher é onde ela quiser.
Muito obrigada. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) - Eu cumprimento a Ministra Flávia Arruda pelo seu pronunciamento em nome de todas as agraciadas.
Passamos agora à entrega do Diploma Bertha Lutz.
Informo a este Plenário que, por motivos pessoais, a agraciada Miracy Barbosa de Sousa Gustin, indicada por esta Presidência, não pôde comparecer presencialmente a esta sessão e nos acompanha remotamente.
Miracy Barbosa de Sousa Gustin é Pós-Doutora em Metodologia do Ensino e da Pesquisa pela Universidade de Barcelona, professora de pós-graduação, idealizadora e primeira coordenadora do Programa Polos Reprodutores de Cidadania e do Projeto Cidade e Alteridade. Já foi agraciada também com o Prêmio Jabuti na área do Direito.
Portanto, é a primeira homenageada na manhã de hoje, pelo sistema virtual.
Informo a este Plenário que a agraciada Renata Gil de Alcântara, indicada por esta Presidência, não pôde comparecer presencialmente a esta sessão e nos acompanha remotamente. A Dra. Renata Gil de Alcântara é Juíza de Direito e foi a primeira mulher a assumir a Presidência da Associação dos Magistrados Brasileiros. Foi idealizadora da Campanha Sinal Vermelho contra a violência doméstica, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça, e lançou a campanha de valorização do trabalho da magistratura hashtag #AJustiçaNãoPara.
Meus cumprimentos também à Dra. Renata Gil. (Palmas.)
A SRA. FLÁVIA ARRUDA (Fora do microfone.) - Que está em Washington nos representando na Campanha do Sinal Vermelho. Ela está lá em Washington.
O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) - Ela está em Washington, nos Estados Unidos, representando o Brasil na Campanha Sinal Vermelho, idealizada por V. Exa.
Neste momento, uma vez feito o agraciamento às homenageadas que não puderam comparecer presencialmente, eu passo a Presidência desta sessão para a Senadora Eliziane Gama, Líder da Bancada Feminina no Senado Federal, para que as demais indicadas possam ser agraciadas.
Muito obrigado. (Pausa.)
(O Sr. Rodrigo Pacheco, Presidente, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pela Sra. Eliziane Gama, Suplente de Secretário.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Bom dia a todas e todos. Fico muito feliz em dar continuidade a uma solenidade tão importante e histórica, não há dúvida nenhuma, para todas nós.
E fico muito feliz em proceder aqui, dando continuidade, à entrega desse diploma à nossa querida e amada Sra. Dra. Angela Salazar.
Angela Salazar é Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, Vice-Presidente e Corregedora do Tribunal Regional Eleitoral do estado. Foi Presidente da Coordenadoria Estadual da Mulher (CEMulher) no Tribunal de Justiça do Maranhão entre 2014 e 2020, quando idealizou e coordenou políticas e projetos de enfrentamento e combate à violência doméstica e familiar contra a mulher em todo o Estado do Maranhão. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Angela Salazar.)
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A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada.
Convido a Sra. Flávia Arruda para receber o seu diploma.
Flávia Arruda é Ministra-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, foi Presidente da Comissão Externa de Combate à Violência contra a Mulher na Câmara dos Deputados e primeira Deputada mulher eleita Presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Flávia Arruda.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, querida Flávia.
Convido a Sra. Heloisa Starling para receber o diploma.
Heloisa Starling é Professora Titular Livre do Departamento de História e Coordenadora do Projeto República: Núcleo de Pesquisa, Documentação e Memória, da Universidade Federal de Minas Gerais, da qual foi Vice-Reitora. Ela é autora do livro “Como Ser Republicano no Brasil Colônia: Uma Tradição Esquecida”, entre outros. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Heloisa Starling.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Convido a Sra. Luiza Helena Loreno Moreira da Silva, que está representando a agraciada Luiza Trajano, para receber o diploma.
Luiza Trajano é empresária, Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, criado em 2013, com o objetivo de discutir temas relevantes para o país e desenvolver ações concretas capazes de impactar a sociedade. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Luiza Helena Loreno Moreira da Silva, representante da Sra. Luiza Trajano.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Convido a Sra. Mônica Sifuentes - perdoe-me se não estou pronunciando corretamente o nome - para receber o diploma.
Mônica Sifuentes, nascida em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, onde obteve também os títulos de Mestre e Doutora em Direito; foi Juíza de Direito no Estado de Minas Gerais e Juíza Federal nos Estados de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal; e atualmente é Desembargadora Federal no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Mônica Sifuentes.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Convido a Sra. Filomena Camilo do Vale para receber o diploma.
Filomena Camilo do Vale, Dra. Filó, é pediatra, palestrante e pregadora. Desde a infância, sua paixão por cuidar e a religiosidade, orientada pela família, guiaram sua vida. Ela acredita na união do exercício da profissão e da palavra de Deus para aproximar e direcionar as pessoas a uma vida de mais espiritualidade. (Palmas.)
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(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Filomena Camilo do Vale.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - As indicadas pelo Presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, já receberam, na verdade, os seus diplomas. Agradecemos a presença do Presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco.
Vamos agora às agraciadas das Senadoras, do Congresso Nacional.
Convido a Sra. Jocilene Barbosa, indicada pela Senadora Daniella Ribeiro, para receber o diploma, da mesma forma que convidamos a Senadora Daniella Ribeiro para fazer a entrega do diploma.
Jocilene Barbosa é graduada em História e em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba, especialista em História da Paraíba e em Neuropsicopedagogia. Foi professora do ensino fundamental e médio, coordenadora pedagógica, e atualmente leciona na educação infantil no interior do estado. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Jocilene Barbosa.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Convidamos a Sra. Juliana Cézar Nunes, que receberá o diploma representando a agraciada Jurema Pinto Werneck. A Dra. Jurema foi indicada por mim para receber o diploma.
Convido a Senadora Leila Barros para que eu possa fazer a entrega do diploma. Aliás, convido a Leila a presidir os trabalhos...
A SRA. LEILA BARROS (PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - DF) - Estou aqui. (Risos.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Só falei isso... Convido a Leila a presidir os trabalhos, enquanto desço para entregar o diploma. (Pausa.)
(A Sra. Eliziane Gama, Suplente de Secretário, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pela Sra. Leila Barros.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - DF) - A Sra. Jurema Pinto Werneck é ativista feminina, médica, comunicóloca, autora e cofundadora da ONG Criola, Diretora-Executiva da Anistia Internacional Brasil e integrante da direção do Fundo Global para Mulheres. Realiza pesquisas sobre condições de vida das mulheres negras e monitora políticas públicas.
Mais uma salva de palmas para a Dra. Jurema Werneck, parabenizando a indicação da Senadora Eliziane Gama. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Juliana Cézar Nunes, representante da Sra. Jurema Pinto Werneck.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - DF) - E agora eu passo a Presidência da sessão para nossa Líder da bancada, Senadora Eliziane Gama. (Pausa.)
(A Sra. Leila Barros deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pela Sra. Eliziane Gama, Suplente de Secretário.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Vamos agora à próxima homenageada, Dra. Michelle Bolsonaro. Informo a este Plenário que, por questões de agenda, a agraciada Michelle Bolsonaro, indicada pela Senadora Eliane Nogueira, não pôde comparecer ou acompanhar remotamente esta sessão.
Michelle Bolsonaro é a Primeira-Dama do Brasil, mãe voluntária e defensora da causa das doenças raras. É a Presidente do Conselho do Programa Pátria Voluntária, da Casa Civil da Presidência da República.
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Informamos que o diploma será encaminhado à Primeira-Dama do país e solicitamos à Ministra Flávia Arruda que possa fazer esse encaminhamento até a Primeira-Dama.
Vamos às próximas agraciadas.
Convido a Sra. Ruth Almeida, indicada pela Senadora Kátia Abreu, para receber o diploma.
Eu convido a Senadora Leila Barros para proceder à entrega do diploma.
Ruth Almeida é autodidata, foi quebradeira de coco, merendeira em escolas públicas, doméstica e cozinheira em restaurantes. Atualmente é empresária, palestrante, educadora social e pesquisadora dos povos tradicionais do Brasil. Foi eleita melhor chef do Brasil pelo Prêmio Dólmã 2021. (Palmas.)
Se não estou enganada, a Ruth Almeida também é maranhense e recebe os cumprimentos do Brasil e, naturalmente, também do Estado do Maranhão.
(Procede-se entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Ruth Almeida.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - A próxima agraciada é a Sra. Eva Evangelista.
Informamos também a este Plenário que, por motivos pessoais, a agraciada Eva Evangelista, indicada pela Senadora Mailza Gomes, não pôde comparecer presencialmente a esta sessão, mas ela nos acompanha de forma remota.
Eva Evangelista é Desembargadora, nasceu em Rio Branco, no Estado do Acre, e formou-se em Direito pela Universidade Federal do Acre. Atual Decana do Tribunal de Justiça do Acre, é Coordenadora Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar e do Programa Justiça Restaurativa.
Ela recebe, portanto, os nossos cumprimentos, ela que nos acompanha aí pelo sistema remoto. (Palmas.)
Convido a Sra. Flávia Cintra, indicada pela Senadora Mara Gabrilli, para receber o diploma.
A Senadora Mara Gabrilli foi designada pelo Senado Federal para acompanhar as negociações sobre refugiados da Ucrânia. Portanto, solicitamos à Senadora Leila Barros que possa proceder a entrega desse diploma, ao passo que deixo aqui os nossos cumprimentos, de forma muito especial, à Senadora Mara Gabrilli, que está fazendo um trabalho extraordinário pela defesa da paz e também da humanidade.
Flávia Cintra é jornalista e empreendedora social, fundadora do Instituto Paradigma e teve importante participação na Organização das Nações Unidas na elaboração da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Ela atua hoje como repórter do programa Fantástico, da TV Globo. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Flávia Cintra.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Convido a Sra. Ilda Peliz, indicada pela Senadora Leila Barros, para receber o diploma.
Já fique aí, querida Leila.
Ilda Peliz é formada em Comunicação Social e é a atual Secretária de Modalidades Especializadas de Educação do Ministério da Educação. Foi gestora do Banco do Brasil e Secretária de Estado no Distrito Federal. Foi também Presidente da Abrace, que assiste crianças e adolescentes com câncer, por 21 anos. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Ilda Peliz.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Convido a Leila para que continue a postos, como uma grande atleta que, portanto, tem toda a disposição física.
Convido Rosa Geane, indicada pela Senadora Maria do Carmo, para receber o diploma.
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Rosa Geane é Juíza de Direito do Estado de Sergipe e atua como Coordenadora da Mulher, em situação de violência doméstica e familiar, do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe. Em sua atuação, destacam-se a elaboração do projeto de criação do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e o fomento para a criação da Casa da Mulher Brasileira em Sergipe. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Rosa Geane.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Convido a Sra. Andrea Gadelha, indicada pela Senadora Nilda Gondim para receber o diploma, ao passo em que também convidamos a Senadora Nilda, nossa Vice-Líder da Bancada Feminina, a fazer a entrega do diploma.
Andrea Gadelha é oncopediatra e Diretora-Presidente da Associação Donos do Amanhã; é mestre em pediatria, com pós-graduação e atuação nas áreas de oncologia pediátrica e também medicina paliativa; coordena unidades hospitalares na Paraíba e atua como preceptora em residência médica. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Andrea Gadelha.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - A próxima homenageada é a nossa querida Margareth Dalcolmo.
Informo a este Plenário que, por motivos pessoais, a agraciada Margareth Dalcolmo, indicada pela Senadora Rose de Freitas, não pôde comparecer presencialmente a esta sessão, mas nos acompanha de forma remota. A Margareth Dalcolmo está apenas pelo sistema remoto. (Palmas.)
Cumprimentamos a Senadora Rose de Freitas, que está presencialmente no Plenário e que é a autora da proposta de indicação da diplomação de Margareth Dalcolmo.
Margareth Dalcolmo é Presidente eleita da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia; é pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz; é doutora em Medicina, docente, membro de comitês científicos e investigadora principal de ensaios clínicos para a prevenção da covid-19. (Palmas.)
Dra. Margareth, receba os nossos cumprimentos, destacando a sua grande atuação no Brasil neste momento crítico que o mundo inteiro acompanhou. A sua contribuição foi de forma extremamente ampla e importante para o combate à covid-19, a partir do seu conhecimento e a partir da sua grande participação nesses experimentos no Brasil. Muito obrigada! Agradecemos, pelo Brasil, a sua grande contribuição.
Senadora Rose de Freitas, autora da indicação da Dra. Margareth, com a palavra.
A SRA. ROSE DE FREITAS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - ES. Para discursar.) - Desculpem-me por quebrar o protocolo, senhoras que aqui estão e Dra. Margareth, mas, Sra. Presidente, eu não poderia deixar de fazê-lo.
Acabei de interromper uma sessão importantíssima da Comissão de Orçamento, que presido, para não deixar de estar aqui de frente para esta grande mulher e fazer a minha homenagem. Se V. Exa. e o Plenário permitirem, eu gostaria de falar umas breves palavras aqui. A nossa Casa é muito de protocolo, gente, mas, às vezes, o protocolo quebra a nossa emoção de fazer uma homenagem tão justa.
Dra. Margareth, na breve saudação feita pela Presidente, falou-se do que a senhora já fez. A senhora é uma médica pneumologista, tem origem no meu estado, estudou no meu estado, mas eu fui conhecê-la, como todos os brasileiros, na televisão.
Nessa longa carreira de combate a doenças pulmonares, ela, para se ver a importância que essa mulher tem... Porque não é só ser, é fazer e reconhecer que, ao fazer, faz melhor do que muita gente. Portanto, eu queria apenas citar algumas questões.
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Na década de 80, ela foi uma das pioneiras brasileiras no combate ao tabagismo, também considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde, quando poucas pessoas, Dra. Margareth, vinham a esta Casa, em que estou desde 1987, para falar sobre o tabagismo, porque havia toda uma indústria mundial que contaminava a política brasileira. Filme bom era aquele em que havia alguém fumando e que tinha grandes patrocínios para promover filmes com atores que fumavam o tempo todo em cena. E a senhora mostrava como isso afetava milhões de brasileiros. Por todas as partes do mundo V. Sa. saiu, atuando como consultora... É essa mulher fantástica!
E também destinava a sua profissão a combater as doenças respiratórias de trabalhadores de mineração - coisa que muita gente não sabe -, à frente, sempre, com protagonismo na África e em outros países em que V. Sa. atuou.
Com dezenas de trabalhos publicados em livros e revistas especializadas no mundo, foi natural que virasse referência quando da eclosão da pandemia do covid. Quem é que não se lembra da Dra. Margareth, que, além de mostrar quem era a Dra. Margareth, especializada, pegou o seu diploma, a sua ciência e colocou a favor dos brasileiros?
Dra. Margareth, a senhora não tem noção de como a senhora é conhecida, reconhecida, abraçada e faz parte da luta dos brasileiros a quem, quando lhes faltou apoio institucional, não faltou a palavra que V. Sa. dirigiu a todos!
Em momentos de conflito, inclusive, Senadora Nilda e Senadora Simone Tebet, ela deu a todos nós a verdadeira orientação científica, quando falar em ciência era privilégio de classes intelectuais, e mostrou sua eficácia: falou qual era o remédio e tratou, principalmente, de desconstruir informações improcedentes sobre a doença que levara à morte milhares e milhares de brasileiros.
Recentemente, relatou esse esforço em um livro, que eu até aconselho que as pessoas procurem, intitulado Um tempo para não esquecer: a visão da ciência no enfrentamento da pandemia do coronavírus e o futuro da saúde.
(Soa a campainha.)
A SRA. ROSE DE FREITAS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - ES) - Vou desconhecer essa sirene aí, viu?
Mulheres como a Dra. Margareth Dalcolmo, quero-lhes dizer, fazem a diferença sempre, em qualquer lugar. Ela não só jurou como ela cumpre o que ela jurou; não faz só a diferença, ela é uma luz.
Como é que eu não poderia oferecer a ela - e não é porque estudou no Espírito Santo - esse diploma, de todas as honrarias que já fizemos nesta Casa?
Eu quero dizer que V. Sa. foi marcante em sua trajetória, no coração de todos os brasileiros, e que todas as mulheres se orgulham da senhora.
Eu quero agradecer, Doutora, pelos serviços prestados à nação brasileira!
Quero também dizer - a senhora não sabe - que eu, como milhares de pessoas, de mulheres, mães, avós, que queríamos o ensinamento...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
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A SRA. ROSE DE FREITAS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - ES) - ... pandemia. Então, eu quero dizer que o profundo conhecimento técnico de V. Sa, que, como todo mundo sabe, trouxe ao brasileiro, o brasileiro recebeu com o coração, as mulheres receberam com orgulho. E o Brasil só lhe agradece!
Eu tenho a honra de dizer que a senhora é a homenageada não da Senadora Rose de Freitas; é a homenageada de toda a Bancada Feminina das duas Casas e é homenageada, sobretudo, pelo povo brasileiro.
Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, Senadora Rose de Freitas.
Vamos seguir aqui. Temos ainda mais duas homenageadas.
Convido a Sra. Inês Santiago, indicada pela Senadora Simone Tebet, para receber o diploma. Também convidamos a Senadora Simone Tebet para fazer a entrega do diploma.
Inês Santiago, nascida em Eldorado, no Estado do Mato Grosso do Sul, é advogada, empresária e a primeira mulher a presidir a Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul, atuando na defesa do varejo. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Inês Santiago.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Convido a Sra. Ana Lara Camargo de Castro, indicada pela Senadora Soraya Thronicke, para receber o diploma, ao passo que também convidamos a Senadora Soraya para fazer a entrega do diploma.
Ana Lara Camargo de Castro é Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, responsável pela implementação da Promotoria de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar em Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul; e professora nas temáticas de direito internacional das mulheres, gênero e sexualidade e direito digital. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Ana Lara Camargo de Castro.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Temos a nossa última homenageada, é uma homenagem in memoriam. A Sra. Márcia Faria Maia receberá o diploma representando a agraciada Wilma de Faria, in memoriam. Ela foi indicada pela Senadora Zenaide Maia.
Convidamos a Senadora Zenaide Maia para fazer a entrega à Sra. Márcia Faria Maia.
Wilma de Faria licenciou-se em Letras, especializou-se em Sociologia, obteve mestrado em educação e lecionou na Universidade Federal do Rio Grande do Norte; foi eleita a primeira Deputada Federal do estado, a primeira mulher Prefeita de Natal, por três mandatos, e a primeira mulher a governar o estado por dois mandatos. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma Bertha Lutz à Sra. Márcia Faria Maia, representante da Sra. Wilma de Faria, in memoriam.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Essas, portanto, foram as nossas homenageadas do Prêmio Bertha Lutz, depois de seus 20 anos.
Eu cumprimento todas as agraciadas, as Parlamentares e o Presidente do Congresso Nacional pela indicação de mulheres tão ilustres para a história do Brasil, para a história do empoderamento feminino, para a história da luta das mulheres pela igualdade, pela isonomia na nossa sociedade brasileira.
Peço aqui uma salva de palmas a todas essas mulheres. (Palmas.)
Seguindo a lista de inscritos, concedo a palavra à Senadora Leila Barros, nossa Procuradora da Mulher no Senado Federal.
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A SRA. LEILA BARROS (PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - DF. Para discursar.) - Eu cumprimento a Sra. Presidente desta sessão, a Senadora Líder da Bancada Feminina do Senado Federal, a Senadora Eliziane Gama, assim como o nosso Presidente do Congresso, Senador Rodrigo Pacheco, que abriu a sessão e teve que se retirar; cumprimento as Sras. Senadoras e Senadores, as homenageadas ou os seus representantes, as senhoras e senhores convidados e as brasileiras e brasileiros que acompanham nossas atividades acessando os veículos de comunicação e as plataformas sociais aqui do Senado Federal.
Eu adorei a quebra de protocolo da Senadora Rose, porque, na verdade, o que nós Parlamentares queremos nesta manhã é justamente falar um pouco das nossas indicações, das homenageadas. Afinal de contas, vocês representam a maioria deste país e nos orgulham tanto.
Nós somos uma bancada aqui, tanto no Congresso como no Senado, muito unida nas causas femininas, independentemente dos espectros em que estejamos, ideológicos, em cada campo, mas, quando é mulher, pauta feminina, os nossos direitos, a equidade, nós nos unimos e somos leoas aqui nesta Casa. Então, é um prazer enorme, enorme. Toda vez que há esse prêmio - eu estou aqui desde 2019, e nós tivemos uma interrupção por causa da pandemia -, quando há esse prêmio, eu adoro contemplar o Plenário aqui de cima justamente olhando para vocês mulheres, que dignificam a nossa maioria da população e que trazem muita esperança para as futuras gerações, para as mulheres que estão vindo e que, de certa forma, também nos encorajam aqui nessa luta diária, porque só nós que estamos aqui... Não é, Deputada Flávia Arruda, Ministra, Senadora Eliziane, Parlamentares que estão aqui, minhas colegas, Senadora Zenaide, Senadoras Nilda, Daniella, Simone Tebet, nossa pré-candidata à Presidência deste país, do nosso país, assim como a nossa querida - não vou dizer veterana, Rose - Constituinte, uma grande inspiração para nós, Senadora Rose de Freitas? Assim como os Senadores também... Estou vendo aqui o Weverton, vi o Omar... Enfim, eu fico muito feliz de, de certa forma, os homens estarem participando, estando aqui conosco nesta homenagem.
O importante neste momento é a gente mostrar um pouco do que as mulheres têm feito pelo nosso país. Então, eu não poderia, neste momento, deixar de dizer que é com muito orgulho que eu participo dessa sessão solene de entrega do Diploma Bertha Lutz. O próprio nome Bertha Lutz simboliza a importância desse prêmio, que é conferido a mulheres que tenham contribuído, de forma relevante, com a defesa dos direitos da mulher e também da questão de gênero.
Dessa forma, eu cumprimento a cada uma de vocês pela indicação e agradeço pelos serviços prestados às causas de interesse da sociedade e das nossas mulheres.
Eu tive a oportunidade de propor o nome da Ilda Peliz para figurar entre as homenageadas e a satisfação de saber que hoje estamos aqui, todas e todos, reunidos também para reconhecer o quanto ela fez por tanta gente.
E aí eu gostaria também de falar um pouco sobre você, Ilda. Graduada em Comunicação Social, como já foi falado aqui, pós-graduada em Administração Hospitalar, em Políticas Públicas e Gestão de ONGs, ela também tem MBA em Marketing e Serviços. A sua vida profissional é tão abrangente quanto a sua vida acadêmica...
(Soa a campainha.)
A SRA. LEILA BARROS (PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - DF) - ... o que nos deixa muito orgulhosas por essa indicação aqui.
A Ilda atuou como gestora no Banco do Brasil e, posteriormente - e isto é o que mais me deixa feliz de citar a vocês -, ela foi Presidente da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace) durante 22 anos. E um drama pessoal modificou os rumos da sua vida: em 1994, sua filha foi diagnosticada com câncer - a Rebeca tinha apenas seis meses. Na busca de tratar a sua filha, a Ilda passou a frequentar o Hospital de Base, que é o principal hospital - todos vocês devem saber - aqui do Distrito Federal. Lá conheceu e conviveu com outras famílias que enfrentam suas tragédias. E, depois do falecimento da Rebeca, em 1995, a Ilda não descansou até conseguir...
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(Interrupção do som.)
A SRA. LEILA BARROS (PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - DF) - Obrigada, Sra. Presidente.
... os recursos suficientes para a construção do Bloco 1 do Hospital da Criança de Brasília José de Alencar, que hoje atende não só as crianças do Distrito Federal, mas de todo o país.
A guerreira Ilda Peliz transformou o seu luto em luta... Eu até me emociono, desculpa, porque quem é mãe sabe dessa luta. (Palmas.)
Também foi Secretária do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Uma das suas prioridades no cargo foi expandir a capacitação e os incentivos para o empreendedorismo feminino, criando oportunidades de geração de renda e emprego para as mulheres.
Depois, Ilda assumiu o cargo da Secretaria de Modalidades Especiais do MEC, que tem entre as suas missões executar a política de educação bilíngue de surdos, das pessoas com deficiência, dos indígenas e das comunidades tradicionais. Como voluntária, ela preside o Conselho de Administração do Hospital da Criança de Brasília e é conselheira de várias instituições que financiam projetos sociais.
Em reconhecimento ao seu profissionalismo, competência e também pela sua dedicação às causas humanitárias e ao bem-estar do próximo, recebeu vários prêmios, comendas e destaques - dentre eles, a do TCU, o Grande-Colar do Mérito - e foi homenageada pela Organização Mundial da Família, ONG ligada à ONU.
Ilda, parabéns a você! A sua história de vida, como eu falei, dignifica todas nós, da mesma forma que a luta, o esforço e a dedicação das demais homenageadas. Em nome da Ilda e em nome de toda a bancada, eu gostaria...
(Soa a campainha.)
A SRA. LEILA BARROS (PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - DF) - ... de, na pessoa dela, homenagear todas vocês e dizer que as histórias de todas aqui são uma grande inspiração para a nossa caminhada nesta Casa.
Então, parabéns a todas vocês! Parabéns à Flávia Arruda também, que é uma colega de bancada!
É isso, gente. Que venham as demais Parlamentares, porque eu acho que todo mundo quer falar um pouquinho.
Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, querida Leila Barros, pelas suas emocionantes palavras.
Concedo a palavra ao Senador Weverton Rocha. Na sequência, Senadora Eliane Nogueira e Senadora Zenaide Maia.
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O SR. WEVERTON (PDT/CIDADANIA/REDE/PDT - MA. Para discursar.) - Sr. Presidente do Senado Federal, Presidente Rodrigo Pacheco, que já teve que se ausentar; Sra. Presidente e Líder da Bancada Feminina, que preside a nossa sessão de premiação e condecoração em homenagem ao Prêmio, Diploma Bertha Lutz, Senadora Eliziane Gama, do nosso querido Estado do Maranhão; Ministra de Estado Flávia Arruda, Deputada Federal aqui de Brasília; Procuradora Especial da Mulher do Senado Federal, Senadora Leila Barros, que tem também raízes maranhenses - seu pai é da nossa querida cidade de Carolina -; Líder da Bancada Feminina, que eu já registrei, nossa querida Senadora Eliziane Gama; homenageada, representando o Maranhão, Desembargadora Angela Salazar, que é Vice-Presidente, Corregedora do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão e, daqui a alguns dias, assumirá a Presidência do Tribunal Regional Eleitoral do nosso estado; Dr. Carlos Santana, Procurador lá no nosso estado, querido Estado do Maranhão, e esposo da nossa homenageada: Desembargadora Angela Salazar; Desembargador Jorge Rachid, aqui representando o nosso Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão - seja bem-vindo! -; Ministro Reynaldo Fonseca, nosso Ministro do STJ que esteve aqui também para cumprimentar, na pessoa da nossa Desembargadora Angela, todas vocês; Juízas Anna Graziella e Camilla Ewerton, do Tribunal Regional Eleitoral lá do Maranhão, que estão aqui presentes também, participando desta justa homenagem; Dr. Daniel Leite, Advogado e ex-membro do TRE do Maranhão, grande amigo e irmão; Deputado Federal João Marcelo, da nossa bancada do Estado do Maranhão, e Deputado Aluisio Mendes, que também prestigiou aqui a sessão; Deputado Estadual Roberto Costa, aqui representando a Assembleia Legislativa do Maranhão - seja bem-vindo, Deputado Roberto! -; nossa Vereadora Silvana Noely, representando a Câmara de Vereadores de São Luís; Sr. Assis Filho, da direção nacional do MDB. Eu quero, nas pessoas de todos, cumprimentar este Plenário e todas as homenageadas.
A Desembargadora Angela Salazar representa as mulheres maranhenses e é uma demonstração de que, com oportunidades, todas podem construir uma linda história. Ela, como eu, vem de uma família maranhense comum. Suas conquistas são frutos da boa educação dada pelos seus pais, com valores familiares cristãos e éticos, e do seu esforço pessoal, apoiado pela família, marido e filhos.
Angela Salazar nasceu em São Luís Gonzaga do Maranhão. Filha de Benedito Salazar e de Maria da Conceição Moraes Salazar. Seus pais deram a base afetiva e moral de que ela precisava para seguir adiante.
Com dedicação, graduou-se em Serviço Social e, logo em seguida, em Direito, pela Universidade Federal do Maranhão. Fez Pós-graduação MBA em Poder Judiciário pela Fundação Getúlio Vargas e Ciências Criminais pelo Centro Universitário do Maranhão.
Sua opção pelo Direito se refletiu na construção de uma sólida carreira. Foi aprovada no concurso para delegada em 1982 e, no ano seguinte, Promotora de Justiça do Ministério Público do Maranhão, cargo que exerceu até 1986.
(Soa a campainha.)
O SR. WEVERTON (PDT/CIDADANIA/REDE/PDT - MA) - Ingressou na magistratura em 1986, tendo atuado com brilhantismo em diversas comarcas e na Vara da Infância e da Juventude de São Luís. Em 2005, implantou a 11ª Vara Criminal de São Luís, com competência para processar e julgar crimes contra crianças e adolescentes. Atuou também na Vara de Família e foi Coordenadora do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais do Tribunal de Justiça do Maranhão.
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Chegou ao cargo de Desembargadora em 2013, por merecimento, após mostrar todo o seu valor de mulher maranhense em atuações sérias e competentes.
Indiquei a Desembargadora Angela Salazar ao nosso Presidente Rodrigo Pacheco para o Diploma Bertha Lutz por ver o mérito do seu trabalho e por reconhecer nela a força de um grande exemplo para todas as meninas e jovens do Maranhão e do Brasil...
(Soa a campainha.)
O SR. WEVERTON (PDT/CIDADANIA/REDE/PDT - MA) - ... e até mesmo para os meninos. Ela é exemplo de trabalho, comprometimento, seriedade e valores éticos que nos levam longe. Ela é exemplo de que o nosso estado não é só para filho de ricos e doutores. Todos podem chegar lá.
Desembargadora, essa homenagem é mais do que justa por tudo o que a senhora construiu de história no Judiciário maranhense, por todo o seu mérito como profissional e como pessoa. E é, por extensão, uma homenagem a todas as mulheres maranhenses.
Viva Bertha Lutz! Viva Angela Salazar!
Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Parabéns, Senador Weverton, e, mais uma vez, parabéns à Dra. Angela Salazar.
Nós, inclusive, acompanhamos, trabalhamos de forma conjunta durante anos a fio, ainda eu como Deputada Estadual, no enfrentamento, no combate à pedofilia, na proteção de criança e adolescente. E fico muito feliz de acompanhá-la hoje nessa grande homenagem, nessa honraria feita pelo Congresso Nacional a sua grande atuação, Dra. Angela. Muito obrigada.
Com a palavra a Senadora Eliane Nogueira; na sequência, Zenaide Maia e Senadora Nilda Gondim.
Cumprimento a Senadora Simone Tebet, que nos dá a honra de compor conosco esta mesa, nossa primeira Líder da Bancada Feminina no Brasil.
A SRA. ELIANE NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - PI. Para discursar.) - Sras. Senadoras, Srs. Senadores e senhoras laureadas, é uma satisfação podermos premiar a Primeira-Dama do Brasil.
Michelle Bolsonaro tem uma vida empenhada em prol dos trabalhos sociais voltados às pessoas com deficiência, em especial, para a comunidade surda, oferecendo imenso suporte aos desafios vividos por milhares de mulheres brasileiras em sua luta diária para conciliar, com sucesso, a vida pessoal, familiar e profissional.
Desde a posse do Presidente da República, Jair Bolsonaro, de forma inédita, Michelle Bolsonaro participou ativamente da solenidade, surpreendendo a todos os brasileiros ao discursar em libras e ao defender o seu papel em defesa "dos esquecidos", preestabelecendo, naquele momento, o que seria o seu maior papel institucional, favorecendo sua defesa pessoal, dada a sua posição pública.
No entanto, muito antes da vida pública, já fazia parte de seus valores e de sua rotina privada a prática de trabalhos sociais que, visando à melhoria da qualidade de vida de mulheres, crianças, deficientes e vulneráveis em geral, a partir da luta pela garantia de direitos civis básicos, pudessem assegurar uma vida digna, inclusive para fins de permitir o exercício de direitos políticos.
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A agenda de Michelle Bolsonaro está sempre voltada para compromissos e eventos, tanto no Brasil quanto no exterior, que buscam promover a conscientização da sociedade, em todos os seus segmentos, acerca da valorização da mulher e da primeira infância, bem como da importância dos trabalhos voluntários voltados para os mais carentes, em dedicação às comunidades vulneráveis.
Em 2019, por exemplo, a Primeira-Dama esteve na Itália, buscando: junto às Nações Unidas, ações conjuntas voltadas para a melhoria das condições de vida das mulheres que vivem na zona rural; junto ao Vaticano, tratar de assuntos voltados para o combate à evasão escolar, problema social que gera muitos desafios para o crescimento pessoal e profissional não só das crianças, mas também de suas mães, muitas delas solos e vítimas da desestruturação familiar.
O trabalho social de Michelle Bolsonaro reflete, pois, o especial papel da mulher brasileira na busca de um país mais justo e equitativo, desde o acolhimento de seus filhos - sejam crianças ou adultos, pobres, deficientes, vulneráveis, minorias sociais - até a valorização de si mesma, como poderosa força econômica e inovadora para a grandeza do Brasil.
Parabéns, Primeira-Dama Michelle Bolsonaro!
Muito obrigada a todos. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, Senadora Eliane.
Convido, para usar a palavra, a Senadora Zenaide Maia; na sequência, a Senadora Nilda Gondim e a Senadora Kátia Abreu, que falará pelo sistema remoto.
A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN. Para discursar.) - Bom dia a todas e a todos aqui presentes!
Eu nem vou falar de Bertha Lutz, porque todos já homenagearam essa mulher que emprestou o nome para esse lindo diploma de homenagem que a gente está oferecendo aqui.
Nossas guerreiras brasileiras, quero aqui cumprimentar a Mesa na pessoa de nossa Ministra Flávia Arruda e, na sua pessoa, todos os demais Parlamentares.
Quero aqui cumprimentar as homenageadas e, in memoriam, Wilma Maria de Faria, na pessoa de suas duas filhas, Márcia Maia e Cíntia Maia, que estão aqui presentes. E quero falar sobre essa minha conterrânea, uma mulher que foi à frente do tempo.
Eu tenho muita alegria aqui, nesta data de hoje, de premiar e homenagear a mulher Wilma de Faria, conterrânea, uma mulher lutadora, natural de Mossoró, Rio Grande do Norte, Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Wilma segue um legado, porque a gente sabe que o Rio Grande do Norte tem o privilégio de ser berço de mulheres como Alzira Soriano, primeira Prefeita eleita da América Latina, na cidade de Lajes, e a primeira eleitora, Profa. Celina Guimarães. Numa época em que as mulheres eram criadas para casar, cuidar dos filhos e cuidar dos seus maridos, ela criou os filhos, voltou a estudar e foi a primeira mulher eleita da capital do Rio Grande do Norte, Natal - três vezes eleita Prefeita da capital do Rio Grande do Norte. Também foi a primeira Deputada Federal eleita no Rio Grande do Norte, acho que foi colega de Rose como Constituinte - Wilma de Faria -, e também foi Governadora do Estado do Rio Grande do Norte, a primeira mulher Governadora por dois mandatos. E marcou seus mandatos... Era uma mulher que tinha carisma no trabalho. A política das mulheres no Estado de Wilma nos orgulhou, e hoje todas as mulheres do Rio Grande do Norte têm uma gratidão imensa por isso.
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Eu queria mostrar que Wilma, como gestora, teve muitos feitos, mas alguns são marcantes. Por exemplo, ela criou e instalou o curso de Medicina na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern) em dois polos. Ela interiorizou o curso de Medicina, que era centralizado na capital. E ela ficou consagrada... Wilma era chamada de "a grande guerreira".
Wilma, que faleceu em 15 de junho de 2017, aos 72 anos, está aqui muito bem representada por suas filhas Márcia e Cíntia.
Por tudo isso, só posso dizer da minha homenageada que estamos orgulhosos - não só minha, mas de todo o Senado Federal. Estamos muito orgulhosos de nos congratular com essa honraria recebida, porque, sim, ela fez toda a diferença no nosso estado e no país, porque foi Deputada constituinte. Ela sempre dizia: "Mais mulheres na política! Uma sociedade livre e democrática só é possível com a participação das mulheres".
Eu finalizo aqui, fazendo um apelo não só aos Parlamentares, mas também a todas as homenageadas, como Margareth Dalcolmo, como Luiza Trajano, todas as homenageadas aqui.
(Soa a campainha.)
A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN) - Eu finalizo, dizendo aqui: mulheres, Parlamentares ou não, mulheres brasileiras, vamos ocupar os espaços de poder para fazer uma diferença real na vida das mulheres, dos grupos que mais precisam, na economia, na educação, na ciência, na saúde, na segurança pública, na sociedade! A construção de um mundo novo e melhor é possível!
Como dizia aquela que nos emprestou seu nome para esse grande diploma que estamos oferecendo a vocês, que merecem mais do que isso até, "para a mulher vencer na vida, ela tem que se atirar. Se erra uma vez, tem que tentar outras cem". Bertha Lutz dizia isto: "É justamente a nova geração a responsável [...]".
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN) - Não vamos nos esquecer: as decisões são políticas. As decisões da vida das mulheres, que são mais de 50% da população, e dos homens são políticas.
Então, eu terminaria, parabenizando aqui Wilma de Faria, in memoriam, e dizendo às mulheres: as decisões são políticas. Vamos ocupar os espaços de poder, porque senão não temos como defender realmente as nossas mulheres.
Obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, Senadora Zenaide Maia.
Com a palavra a Senadora Nilda Gondim e, na sequência, a Senadora Kátia Abreu, pelo sistema remoto.
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A SRA. NILDA GONDIM (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB. Para discursar.) - Sras. Senadoras, Srs. Senadores, senhoras homenageadas, neste dia tão importante, com esse Prêmio Bertha Lutz, que é o mais importante do Senado, eu quero dizer um pouquinho da história da nossa agraciada Andrea Gadelha.
Andrea Gadelha, nossa médica paraibana, é natural de João Pessoa, Paraíba, filha de João Nóbrega de Figueiredo e Sulene Pinto Gadelha Nóbrega.
Médica oncologista e paliativista, Andrea Gadelha é uma mulher que não se conformou com a dura realidade enfrentada por crianças e adolescentes pobres acometidas por câncer e resolveu agir para mitigar o sofrimento desses jovens e de suas famílias.
A homenageada é fundadora e Diretora-Presidente da associação de combate ao câncer infantojuvenil Donos do Amanhã, com sede em João Pessoa. Trata-se de uma instituição sem fins lucrativos que auxilia crianças e adolescentes com câncer, em tratamento em João Pessoa, oferecendo alimentação, local para descanso, cestas básicas, orientações, cuidados e o necessário carinho e acolhimento a esses pacientes.
A Sra. Andrea Gadelha nos orgulha - a mim e a todos os paraibanos - e agora, com os holofotes direcionados ao seu belíssimo serviço, orgulhará todo o Brasil. Em nome do povo da Paraíba, muito obrigada!
O Sr. Presidente não está presente, mas a nossa Líder o representa, como também a Ministra Flávia Arruda e a nossa querida Simone Tebet - querida mesmo.
Na figura de Andrea Gadelha, quero parabenizar todas as agraciadas com o Prêmio Bertha Lutz, que, com o seu serviço e com os seus exemplos, certamente inspirarão novas gerações de brasileiras a continuarem a luta pela emancipação feminina e por um Brasil mais justo e mais igualitário para todas.
Muitíssimo obrigada, minha Líder.
Desculpe-me, omiti a nossa queridíssima Rose de Freitas. Desculpe-me, Rose. Na hora, eu não a vi aí. Rose, desculpe-me.
Obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, querida Nilda. Meu apreço e respeito por você, nossa Vice-Líder da Bancada Feminina no Senado Federal.
Com a palavra a Senadora Kátia Abreu pelo sistema remoto.
Na sequência, a Senadora Soraya Thronicke e a Senadora Daniella Ribeiro.
A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO. Para discursar. Por videoconferência.) - Bom dia. Bom dia a todas as meninas que estão presentes, às colegas Senadoras e, em especial, às homenageadas. Um abraço especial à Maria da Penha, essa guerreira, que se encontra aí.
Eu fico orgulhosa e feliz com todas as homenagens, porque estou o tempo todo assistindo, ouvindo, aqui de Palmas, Tocantins, e fico muito animada de ver apesar de poucas mulheres, mas com tanto destaque já no Brasil. Isso abre uma luz de esperança e de oportunidade para as mulheres do Brasil. Vocês são exemplos de força, de coragem, de que é possível (Falha no áudio.)
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Estamos agora, neste período eleitoral, até o dia 2 de abril, fechando as alianças e as filiações partidárias. E, para minha tristeza, nós temos tido muita dificuldade de encontrar mulheres que se animam a entrar na política. Chega dói meu coração. Nós aprovamos leis que beneficiam as mulheres, aumentando os recursos financeiros, aumentando o tempo de televisão, mas tem sido luta grande. De homens há filas querendo se candidatar, mas infelizmente as mulheres não se determinam, não têm vontade, recusam. Então, eu vejo isso com tristeza, e vocês podem ajudar a reverter isso, para que as mulheres se encorajem a entrar na política. Na política, quando as pessoas boas não entram, abre-se um espaço para as pessoas más, mal-intencionadas, pessoas ruins entrarem na política. Então, nós precisamos ocupar espaço com pessoas que têm espírito público, melhorar a condição do gênero feminino para ocupar esses espaços.
Então, eu queria fazer esta declaração aqui. A Presidente Eliziane me deu essa licença para que eu pudesse fazer este registro, nos últimos dias já que nós temos de filiação partidária, para encorajar e, ao mesmo tempo, fazer esta pequena denúncia da falta de entusiasmo das mulheres com a candidatura.
Eu queria, em especial, registrar a minha admiração, o meu amor, o meu carinho pela Margareth Dalcolmo.
Você é mais do que especial para todos nós. Você é a mulher coragem, a Mulher Maravilha. Você é a Batgirl. Você é tudo de bom! É uma super-heroína deste Brasil. E parabéns pelo seu livro Um Tempo para não Esquecer. Com certeza eu vou ler todo o livro - espero passar esse período mais conturbado. Se eu pudesse aqui, olhando para você, definir o que você significa, o que você significou, principalmente no período da covid: uma luz na pior escuridão que pode existir na face da Terra, que é a da ignorância e do preconceito; a luz diante do preconceito e da escuridão, essa escuridão horrível que às vezes toma conta da alma e do coração de algumas pessoas. Nós temos que eliminar isso do nosso país. A ciência é a verdadeira luz, e você representa isso. E eu tiro o meu chapéu, os meus brincos e os meus colares para você. Como eu não uso chapéu, eu tiro os meus brincos e os meus colares para você, como orgulho deste país.
Ainda cumprimento a Ministra Flávia Arruda - nomino essas duas mulheres para cumprimentar todas que aqui foram homenageadas.
A Flávia Arruda é uma Ministra guerreira, uma moça que, assim como nós, na política principalmente, sofre preconceito, sofre ataques, sofre todo tipo de injúria que uma mulher pode sofrer. E Flávia Arruda aglutina características que às vezes são "imperdoáveis" para alguns na face da Terra, não só homens, mas infelizmente (Falha no áudio.) Ela é obstinada, ela é inteligente e comete o "triste pecado" de ser bonita fisicamente. Então, isso às vezes nos custa caro. A beleza custa caro às vezes para a mulher, e isso é uma tristeza. Houve um tempo em que se dizia que para mulher feia só resta ser inteligente. A questão física não importa! O que importa é o coração das mulheres. A obstinação, o trabalho, o espírito público que cada uma tem. E, assim como Margareth, como cada uma de vocês que estão aqui, meninas maravilhosas do Brasil, Flávia Arruda é também uma Mulher Maravilha. E eu também tiro os meus colares, os meus brincos para todas as mulheres que estão aqui.
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Para a minha querida premiada, do meu Tocantins, nesta sessão do Senado de entrega do Prêmio Mulher-Cidadã Bertha Lutz, venho cumprimentar não só as 21, com muito orgulho e muita emoção, mas cumprimentar (Falha no áudio.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - A conexão com a Senadora Kátia Abreu ficou meio prejudicada.
Senadora Kátia Abreu.
A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO. Por videoconferência.) - ... não só a culinária e a gastronomia, mas também o artesanato, a cultura, as danças.
Além de excepcional pesquisadora e consultora da culinária indígena e quilombola, Ruth Almeida tem contribuição relevante em defesa dos direitos da mulher e das questões de gênero. Ela faz de sua arte fator permanente de transformação social.
A história de Ruth Almeida é notável: ela é ex-quebradeira de coco, que são as mulheres mais (Falha no áudio.) ... e cuidadora de crianças. Ela conquistou inúmeros prêmios na área de gastronomia, a exemplo do título de melhor chefe de cozinha do Brasil, o Prêmio Dólmã 2021, considerado o Oscar da gastronomia brasileira.
Filha de trabalhadores rurais, Ruth Almeida tem nove irmãos. Nascida em Porto Franco, no Maranhão, mas criada, formada e forjada na região do Bico do Papagaio, no Tocantins, casou-se aos 14 anos de idade e, aos 40 anos, tornou-se oficialmente chefe de cozinha.
Em 2016, participou e conquistou o terceiro lugar do reality show Cozinheiros em Ação, do canal GNT. Em 2017, decidiu abrir o seu próprio restaurante de cozinha regional, o Raízes Gastronômicas, e, desde então, vem ganhando prêmios na área da culinária.
É importante reconhecer e fazer justiça que, em toda essa trajetória, a nossa homenageada teve um suporte que considero fundamental: a orientação do Sebrae/Tocantins, desde a participação em eventos, cursos, treinamentos, até a parceria que tem hoje para projetar e dar visibilidade à rica gastronomia regional do norte do Brasil. Com o Sebrae, a Ruth, como tantos pequenos negócios em todo o país, aprendeu também a pensar grande, a ousar, a empreender.
Atualmente, a chefe organiza, pela marca Raízes Gastronômicas, viagens de experiências em aldeias indígenas pelo Brasil e trabalha como consultora em gastronomia por meio de palestras e oficinas sobre gastronomia regional, culinária afetiva, comida brasileira, empreendedorismo e inclusão feminina. Ruth saiu lá do pátio do Buriti, quebradeira de coco, e agora virou uma palestrante, uma professora de primeira linha.
O êxito do trabalho de Ruth Almeida no campo da gastronomia tem sido fundamental para mudar para melhor, por meio da geração de renda, a vida de dezenas de mulheres quilombolas do entorno do meu Jalapão e de outras localidades do interior do Tocantins, como do Bico do Papagaio.
Esta homenagem para a Chefe Ruth Almeida permite ainda uma justa homenagem do Senado...
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Senadora, só para concluir, querida.
A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO. Por videoconferência.) - ... a todas as pessoas que lutam nas cozinhas e nos restaurantes do Brasil, mostrando sua arte generosa e nem sempre reconhecida. Não podemos esquecer que todos os aspectos da comida são culturais, desde a escolha dos ingredientes até a forma como sentamos à mesa.
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E não podemos deixar de condenar a injusta discriminação sofrida pelos que realizam afazeres domésticos. Eles enfrentam - elas, principalmente - o preconceito e, mesmo assim, seguem em frente, sem desanimar, como faz Ruth Almeida e como fazem milhares de pessoas, principalmente mulheres, nas cozinhas do Tocantins e do Brasil. A todas quero dizer que temos direito à felicidade sem sofrer preconceito de cor, sexo, religião ou idade.
A Constituição garante direitos iguais para homens e mulheres...
(Interrupção do som.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA. Fazendo soar a campainha.) - Senadora Kátia, para concluir, querida, por conta do nosso tempo aqui.
A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO. Por videoconferência.) - A propósito, esta homenagem do Senado Federal a todas as 21 mulheres com o Prêmio Bertha Lutz renova o compromisso do Congresso brasileiro com a luta das mulheres.
Parabéns a todas as agraciadas! Parabéns a Ruth Almeida! Parabéns ao Tocantins!
E digo à Senadora Eliziane que não falei mais do que a Senadora Leila e nem mais do que V. Exa.
Obrigada, meninas. Fiquem com Deus! Parabéns! (Risos.) (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Querida Kátia, meu abraço para você, que Deus a abençoe. Mas a gente está aqui... V. Exa.... Estamos aqui tentando assegurar igualdade de tempo para todas as Parlamentares.
Senadora Soraya Thronicke; na sequência, Senadora Daniella Ribeiro e Senadora Simone Tebet.
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSL - MS. Para discursar.) - Senadora Kátia Abreu sendo Senadora Kátia Abreu! É assim que funciona aqui. E tem que ser assim, viu, gente? É que às vezes a gente tem que falar mais alto, um pouquinho mais alto, para que a gente consiga ser ouvida, sem gritar. Parabéns, Senadora!
Bom dia a todos! Bom dia, Sra. Presidente desta sessão, Senadora Eliziane Gama, nossa Líder! Parabéns e bom dia, Presidente Rodrigo Pacheco!
É um prazer enorme estar aqui neste dia da entrega do Prêmio Bertha Lutz. E como sul-mato-grossense, eu quero dizer que são tantas mulheres sul-mato-grossenses que nos orgulham que ficou muito difícil para mim e para a Senadora Simone Tebet. O que nós gostaríamos é de dar o prêmio para várias, mas vocês hoje, a Procuradora Ana Lara e a Inêz Santiago, simbolizam, representam todas as mulheres sul-mato-grossenses que nós admiramos. Muito obrigada pela presença de vocês.
Quero aqui exaltar a fala da Ministra Flávia Arruda, porque nós queremos, sim, o nosso lugar, um lugar equiparado ao dos homens e um lugar de poder. A gente sempre lembra que a primeira Senadora aqui, quando chegou, foi recebida com muitas flores, muitas honras, muitas pompas, mas ela falou que não precisaria daquilo tudo não, porque o que nós gostaríamos de ter realmente seria o nosso lugar de poder do tamanho que nós somos para este país, do tamanho que nós entregamos para o nosso país, juntamente com os homens.
Eu vinha conversando com a Procuradora Ana Lara ontem, no avião, e disse a ela que nós somos muito bem tratadas - a Senadora Daniella, a Senadora Leila -, somos muito bem-tratadas. Todos nos tratam muito bem aqui, os homens, mas nós gostaríamos de ter mais relatorias, Presidente Rodrigo Pacheco, em pontos específicos, porque nós sabemos, como disse a Ministra Flávia Arruda, nós sabemos fazer conta, sim, e nós gostamos de relatar, nós gostamos de atuar no orçamento, nós gostamos de atuar na economia, na infraestrutura.
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Os homens podem passar a ter essas pautas exclusivamente ligadas à violência contra a criança, contra os mais vulneráveis e contra as mulheres como pautas prioritárias dos homens. Eu acho que isso seria muito importante, inclusive para combatermos a violência contra os mais desfavorecidos, contra aquelas pessoas que mais precisam. Deveria ser uma pauta dos homens justamente para que eles dessem o exemplo, porque o que nós temos na maioria... Quem comete geralmente violência? A gente vê violência política contra a mulher sendo praticada por mulheres, a gente vê muita coisa, mas a violência física, a violência da Maria da Penha, a gente tem a maioria de homens como protagonistas dessa violência contra a mulher. Então, eles deveriam passar a levantar essa bandeira. É uma bandeira dos homens essa da proteção daqueles que mais precisam.
Margareth Dalcolmo, homenageada no dia de hoje... Hoje, quem não conhece a Dra. Margareth Dalcolmo? É muito importante para todos nós termos uma mulher de fibra. Hoje ela está nos orientando, nos auxiliando durante toda essa pandemia, mas o seu trabalho vai ficar para a história.
Eu gostaria de destacar aqui a nossa homenageada, Dra. Ana Lara Camargo de Castro.
A Dra. Ana Lara tem um trabalho fabuloso desenvolvido no Mato Grosso do Sul e tem um histórico na defesa de direitos da mulher e de questões de gênero no Brasil.
Ela foi responsável pela implementação da Promotoria de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar...
(Soa a campainha.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSL - MS) - ... de Campo Grande, no ano de 2006 - só mais um minutinho, Senadora Eliziane Gama -, por ocasião da entrada em vigor da Lei Maria da Penha.
À frente dessa promotoria, tornou-se nacionalmente conhecida pela atuação combativa e pelo manejo de teses que contribuíram para a formação da jurisprudência sobre a Lei Maria da Penha no nosso país. O seu papel relevante na aplicação da referida lei foi formalmente reconhecido por elogios da então Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, da Comissão Permanente de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, do Ministério Público brasileiro e da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra a Mulher no relatório final.
Graduou-se, em 2015, Master of Laws in Criminal Law, pela State University of New York, onde concentrou estudos em Direito Internacional das Mulheres e Violência Doméstica, tendo escrito sobre educação para as relações de gênero.
(Soa a campainha.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSL - MS) - É escritora de diversos artigos - isto aqui nos interessa muito -, inclusive de um livro que vou indicar aqui, Sra. Presidente, sobre exposição pornográfica não consentida na virtualidade e Stalking e Cyberstalking. É precursora nessa temática.
É professora há mais de 30 anos e, no presente momento, leciona cursos de extensão e pós-graduação em Direito Internacional das Mulheres, Gênero e Sexualidade, Direito Digital e Direito Penal e Processual Penal estadunidense.
Atuou como membro auxiliar da Comissão de Planejamento Estratégico do Conselho Nacional do Ministério Público, onde participou da elaboração do novo Planejamento Estratégico Nacional do MP e conduziu a pesquisa Cenários de Gênero, em 2018, que analisa a participação política das mulheres em cargos de chefia e liderança do Ministério Público brasileiro.
E não é somente isso. Hoje ela é Procuradora de Justiça...
(Soa a campainha.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSL - MS) - ... e Coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul.
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Portanto, eu digo aqui ao Desembargador Gilberto Castro, seu pai, ao seu esposo Marcos Abreu de Magalhães, Juiz de Direito que atua em Costa Rica, e também à sua cunhada, também presente aqui, Raissa Almeida de Magalhães, que eles têm, sim, muito do que se orgulhar, como todos nós sul-mato-grossenses, todos nós brasileiros.
Muito obrigada pelo seu trabalho exemplar. Que Deus continue te abençoando e iluminando, porque o seu trabalho pode ser difícil no dia a dia, mas ele facilita a vida de todas nós! Muito obrigada!
Parabéns a todas as mulheres homenageadas na data de hoje!
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, querida Soraya Thronicke, pelas suas palavras.
Com a palavra a Senadora Daniella Ribeiro. Na sequência, nossa última oradora, Senadora Simone Tebet.
A SRA. DANIELLA RIBEIRO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - PB. Para discursar.) - Bom dia a todos! Bom dia, Sra. Presidente, nossa Líder querida!
Eliziane, estou achando esta campainha um pouco nervosa hoje. Não sei...
Eu queria pedir licença para mudar um pouco aqui essa história. Primeiro, quero agradecer o papel da imprensa no nosso país, porque a minha agraciada foi escolhida justamente durante a pandemia... Nós ainda estamos vivenciando situações, mas, através da imprensa, eu a conheci.
Eu gostaria de deixá-la contar a sua história de forma objetiva e rápida, mas eu quero dizer que ela é, através da história dela, que é um papel... Foi uma história que foi... De forma rápida e abrupta, como a covid nos apresentou, ela exerceu a sua vocação através da educação com compromisso e muita maestria, precisando se reinventar de alguma forma. É uma declaração de compromisso com a educação. Eu, por conhecer a sua história através da imprensa, faço aqui esta homenagem à imprensa do meu estado, à imprensa da Paraíba, e à imprensa brasileira.
Deixo aqui a Jocilene para que ela possa contar um pouco da sua história. Tenho certeza de que vai ser ainda mais interessante do que a minha fala.
Sra. Presidente, minha Líder, rapidamente ela vai falar, e a campainha não vai ficar nervosa!
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Pois não, Senadora, não há dúvida!
Aliás, Senadora Daniella, eu queria só fazer uma colocação às homenageadas. Se elas quiserem usar da palavra, podem se inscrever para fazê-lo. V. Exa. pode dar parte do seu tempo para ela, mas ela também poderia se inscrever normalmente aqui na nossa lista de inscritos.
V. Exa. fique à vontade.
A SRA. DANIELLA RIBEIRO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - PB) - Aproveito para parabenizar todas as homenageadas e dizer que fico muito feliz em participar de uma manhã como esta. Sei que todas as mulheres têm seus méritos e parabenizo todas as Senadoras pelas escolhas feitas.
Muito obrigada, Sra. Presidente.
Jocilene, é com você. Parabéns!
A SRA. JOCILENE BARBOSA (Para discursar.) - Boa tarde a todos e todas que se encontram aqui.
Gente, vou ser sucinta e vou dizer o seguinte.
Primeiramente, eu não sou professora apenas porque não tinha opções, mas, sim, porque eu escolhi ser professora.
Venho de um lugar onde tenho uma mãe viúva; uma mãe, em seguida, solteira e que se casou com o meu pai; uma mãe que lutou muito para criar os seus filhos, e eu não via possibilidades, certo? E essa possibilidade foi a educação que me trouxe. Então, eu passei a acreditar que, através da educação, eu poderia sonhar, porque, até então, em meu entorno, os sonhos eram trabalhar numa loja, o que não deixa de ser digno, mas eu queria sonhar mais, eu queria mostrar tanto para a minha família como para as pessoas que é possível, enquanto mulher - ao ver a minha mãe no seu lar, dona de casa, sem possibilidades -, e é preciso encontrar um lugar, um lugar maior, um lugar de encorajamento para as outras. Através da educação eu consegui isso.
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Então, na pandemia, eu fiz um projeto...
Inicialmente, sou professora de História e vinha sempre com esse discurso na sala de aula para os meus alunos de História, para os meus alunos de ensino médio, mostrando que, se eu cheguei até ali, eles poderiam chegar. Posteriormente, eu me apaixonei pela Pedagogia e, enveredando pela Pedagogia, no Município de Queimadas, foi-me dada uma educação infantil. Então, como trabalhar com a educação infantil nessa perspectiva? Aí, a gente começa a fazer trabalhos durante o ano, mas veio a pandemia, e, na pandemia, foi preciso, sim, gente, foi preciso o professor se reinventar, não só o pedagogo mas todos nós professores, todos nós que ficamos atrás de uma tela e que passamos a expor a nossa casa para aquelas famílias, assim como as famílias abriram as portas.
Nesse reinventar, houve a oportunidade do projeto da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que era um prêmio para a educação infantil. E uma colega, já no último dia: "Jô, se inscreve, seus projetos são muito bons!". E aí eu me inscrevi. No último dia eu mandei o projeto - foram várias etapas, três etapas - e fiquei como agraciada, na Região Nordeste, de Campina Grande, eu e outra professora fomos contempladas.
O meu projeto fala sobre fotografia, lá no Município de Queimadas. E o que a fotografia traz? Eu busquei trabalhar com essas famílias, que são de baixa renda e que muitas vezes se sentem desqualificadas, descaracterizadas, muitas vezes nem aprenderam a sonhar, porque não têm tempo, porque as mães precisam trabalhar, os pais são recicladores, as famílias precisam buscar o pão de cada dia, e não têm tempo de sonhar... E não pensem que sonhar é tão simples assim! Para alguns, pode ser; para outros, é até uma utopia dizer que eles precisam sonhar, porque eles não acreditam que aqueles sonhos vão acontecer.
Então, eu passei a trabalhar dentro da sala de aula do pré 1, da educação infantil, com fotografias. A realidade de minhas crianças: geralmente são pais alcoólatras, mães solo, presidiários, pessoas de vulnerabilidade social. Então, eu passei a trabalhar com fotografias que pudessem mostrar para essas crianças, dentro do contexto da educação infantil, como aquelas famílias as desejaram, como aquelas famílias as quiseram ali e que o referencial de família, para elas, nem sempre precisaria ser negativo. A gente precisa mostrar que a família é a base e que essa base poderia, sim, ser positiva. E, aí, a gente começou a promover, nesse período de pandemia, de maneira virtual, momentos, um chá da tarde com essas famílias. Eu fazia aquela mediação: mandava o biscoitinho, mandava o chazinho, porque nem todos tinham essa possibilidade - parece até brincadeira, mas, se a gente for adentrar os lares, verá que nem todos têm. E, aí, a gente mandava, e eles faziam. Então, era um momento de afetividade.
Esse projeto trouxe esse rememorar de memórias afetivas dessas famílias, trouxe a valorização daquelas mães que passavam a se arrumar para sair naquela telinha, trouxe a valorização daquelas crianças, que passaram a ver a escola não só como um espaço de se aprender o á-é-i-ó-u, como a gente diz no popular, mas um espaço de acolhimento.
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(Soa a campainha.)
A SRA. JOCILENE BARBOSA - Então, essa foi a nossa proposta na pandemia, uma proposta que realmente saiu aí em muitas redes sociais.
Eu agradeço à Senadora Daniella, que me encontrou, de fato, pelas redes sociais. Já era seguidora dela, porque admiro muito o trabalho dela, mas ela nem me conhecia. (Risos.)
Nós podemos dizer que ser professor foi se reinventar, mas eu acho que, hoje, esta sessão de premiação traz para mim algo assim: que bom que eu estou no caminho certo, em que vou me agarrar a esse compromisso e fazer outros projetos e seguir na educação, na educação pública.
Venho da Universidade Estadual da Paraíba, venho da escola pública e sei que, através da educação, ela mudou a minha vida.
Hoje é uma bênção de Deus, é uma bênção todos estarmos aqui, mas o mais importante é a gente acreditar e levar que somos referências positivas, seja no juizado, seja aqui no Senado, seja na Medicina. Nós precisamos entender que, enquanto mulheres, na nossa luta, seja qual for a nossa história - a minha enquanto professora, as de vocês são múltiplas -, é preciso ser essa referência de possibilidade, essa referência de sonho e essa referência de que é preciso inquietar e sair do lugar de inércia em que muitas vezes a gente se encontra.
Muito obrigada.
Obrigada à Senadora, obrigada a todos vocês.
E boa tarde. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, querida. Parabéns a você pelo seu trabalho, parabéns à Daniella pela sensibilidade e pela valorização. Que Deus a abençoe!
Com a palavra a Senadora Simone Tebet.
Na sequência, nós temos inscritas as agraciadas Andrea Gadelha, Ruth Almeida e Inês Santiago.
A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS. Para discursar.) - Obrigada, Sra. Presidente. Tenho a responsabilidade de falar como última oradora em nome das minhas colegas Senadoras e colegas Senadores. Na sua pessoa, eu cumprimento todas as queridas amigas que se fazem aqui presentes e também as nossas queridas homenageadas.
É bom sempre lembrar que nós ficamos dois anos sem esta festa - não é, Soraya? -, dois anos esperando poder ter a honra de homenagear mulheres as quais nós representamos.
Hoje, eu estava vendo vocês sentadas aqui e falei: "Esta cadeira é de vocês". Nós apenas sentamos representando vocês, podendo falar em nome de vocês, em nome das milhões de mulheres anônimas deste Brasil. Então, ver a mulher brasileira aqui representada por cada uma de vocês não só transforma esta sessão em uma sessão solene, mas transforma esta Casa na verdadeira Casa da população e da mulher brasileira.
Ao render as minhas homenagens a todas vocês não só pela história de luta, mas pelo espelho que são, eu preciso lembrá-las que esses dois anos não foram por acaso: eles vêm para reforçar o papel da força da mulher brasileira. Não foram dois anos simples, foram dois anos muito difíceis, mas foram dois anos que colocaram a mulher no centro do debate, da discussão e do protagonismo. No momento em que o Brasil mais precisou, quando a vida estava por um fio, quando nós tivemos que perder nossos entes queridos, filhos, pais, amigos, foi a mulher que colocou vacina no braço do povo brasileiro, através dos técnicos de enfermagem e enfermeiros majoritariamente femininos nos hospitais deste país. Foram as mulheres, nas salas de aula, como professoras, Jocilene, como professora que eu sou, que tiveram que se redobrar e se reinventar, aprender como fazer no virtual, aprender a chamar a atenção das nossas crianças, para que elas não perdessem ainda mais com os dois anos no aprendizado. Foram as mulheres que foram lá às favelas, às comunidades atender, levar cesta básica a quem mais precisa.
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E foram as mulheres da Bancada Feminina que fizeram a diferença na CPI da Pandemia para mostrar que hoje nós temos um Governo não só incompetente, mas insensível, que não teve a capacidade de olhar a gravidade do momento. Independentemente de coloração partidária, estávamos todas lá, da oposição ou da situação, sem holofotes, sem preocupação com televisão, fazendo aquilo que era nossa obrigação. E eu rendo a minha homenagem aqui, falando da minha grata satisfação de ver a imparcialidade e o comprometimento das Senadoras, na pessoa de uma Senadora que era da bancada de sustentação, mas que teve a capacidade de olhar pelas mulheres e pelo Brasil acima de um projeto político, que é a Senadora Soraya, minha amiga, minha aluna na faculdade, que hoje homenageou e homenageia uma ex-aluna minha também, a Ana. Como é bom vermos os alunos suplantarem os mestres, como é bom ver Ana brilhar muito mais do que eu tive oportunidade de fazer como advogada!
A minha palavra hoje é de homenagem a todas as mulheres que nós representamos.
Eu acho que nós, nesses dois anos, mudamos no vocabulário, no dicionário português o que é a palavra "feminino". Feminino não é símbolo de fragilidade, como todos pensam, mas é, sim, símbolo de sensibilidade. Nós mulheres somos mais sensíveis e, por isso, temos um amor mais incondicional pelo país, pelos nossos filhos e pelos filhos de todas as mães. E é essa sensibilidade e é esse amor que fazem com que cada uma de vocês, na profissão que vocês abraçam ou abraçaram, procurem transformar. Vocês transformam o ambiente em que vocês convivem!
Eu trago aqui uma homenageada não por ela, mas pelo que ela representa. Inês Santiago, aos dez anos de idade, teve que vender limão, porque os seus pais achavam que mulher não precisava estudar, e ela queria estudar e bancou os estudos vendendo limão no interior do interior deste país, no meu querido Mato Grosso do Sul. Ela se formou advogada pós-graduada e depois virou uma empreendedora, mas ela não está aqui por ser uma comerciante de sucesso. Ela está aqui, porque ela foi a primeira mulher à frente da comissão de comércio de dirigentes lojistas e não se contentou em ser a primeira mulher. O que ela fez, Senadora, minha querida Presidente e Líder, nossa Líder da Bancada Feminina? Ela estimulou e estimula todos os dias que mulheres sejam empreendedoras, que mulheres sejam bem-sucedidas.
Eu encerro as minhas palavras aqui para dizer da importância da mulher empreendedora. A mulher empreendedora, a mulher empreendedora é aquela que tem autossuficiência, autoestima e o...
(Soa a campainha.)
A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) - ... poder - já encerro - econômico necessário não só para sustentar a sua família, mas principalmente para romper o ciclo de violência dentro de casa.
Uma em cada três mulheres neste país sofreu, sofre ou sofrerá algum tipo de violência. Ela não escolhe classes, mas as mais favorecidas sofrem menos feminicídio, porque elas rompem mais rapidamente o ciclo de violência por ter para onde ir - ou ela expulsa o companheiro ou ela sai de casa, ela tem para onde ir com os filhos. A mulher sofre violência em qualquer ambiente, independentemente de ser rico ou pobre, mas a mulher mais humilde é aquela que é assassinada, porque começa com um tapa na cara, depois vem um empurrão, vem uma violência psicológica, vem a violência sexual, às vezes até um estupro por parte do companheiro, e ela não consegue romper o ciclo da violência e é assassinada.
É por isso que você está aqui, Inês, não só por você, mas pelo que você representa, porque nós do Parlamento temos que aprovar projetos...
(Soa a campainha.)
A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) - ... estimulando um grande planejamento em que todas as mulheres brasileiras tenham capacidade de serem empreendedoras para que elas possam ser autossuficientes e ser donas da sua própria vida.
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Encerro, Sra. Presidente, não sem antes dizer algo que aprendi nessa minha última ida a Minas Gerais, fazendo aqui também homenagem ao Presidente do Senado, que permitiu esta sessão. E que vocês possam espalhar, pois tudo que eu aprendo eu procuro espalhar e copio, porque os bons exemplos têm que ser copiados. Numa fala de um evento que fizemos com as mulheres do meu partido, o MDB, uma delegada pediu a palavra - e eu vim com esta cor por isso - e disse assim: "Sabem por que a cor rosa é a cor da mulher, embora homem possa usar rosa e menina possa usar azul, sim? Porque, nos momentos mais difíceis, nos momentos de treva, de guerra, diante do sangue do seu filho ou do seu companheiro, a mulher levava um pano branco...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) - ... com o vermelho da guerra e da morte. Ele foi mudado com o branco da paz do lenço de uma mulher". É essa a cor que nós temos, com a capacidade de levarmos pureza, a capacidade de levarmos paz. E aí eu complemento, utilizando as palavras de Senadora Zenaide: Madalena também enxugou as chagas de Cristo com o manto branco. É por isso que o rosa, de alguma forma, representa tudo que nós queremos, toda cor, todo brilho e toda luz que nós queremos que se espalhe especialmente neste momento de guerra não só para o Brasil, mas também para o mundo.
Que nós façamos uma oração pedindo a Deus que o mundo tenha paz, em nome dos milhões de famintos que hoje são considerados miseráveis por conta desta crise política que está virando uma crise econômica. E poderá vir uma crise sem precedentes de falta de alimentos e de fome no Brasil e no mundo.
Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, querida Simone, você, como sempre, com palavras muito fortes e emocionantes para todas nós. Muito obrigada!
Nós temos ainda as inscritas que são agraciadas. Eu queria que, ao final da fala da Andrea Gadelha, que já convido a se dirigir à tribuna para usar a palavra, a gente encerrasse as inscrições, porque nós temos ainda um belíssimo e saboroso almoço concedido aqui pela Presidência do Congresso Nacional a todas nós mulheres.
Com a palavra a agraciada Andrea Gadelha.
A SRA. ANDREA GADELHA (Para discursar.) - Boa tarde a todos.
Meu nome é Andrea, eu sou oncologista infantil.
Eu gostaria de parabenizar a Casa e de agradecer à Presidência desta mesa e a todas as autoridades aqui presentes; eu gostaria de agradecer à Senadora Nilda pela indicação.
Mais uma vez, eu sou oncologista infantil, trabalho na Paraíba, em João Pessoa, no Hospital do Câncer Napoleão Laureano há 25 anos - está fazendo agora dia 1º de abril - e fui pioneira na minha área no meu estado. Hoje, conosco, somos todas mulheres naquela unidade de oncologia infantil, todas médicas mulheres também.
Uma coisa que me veio à mente que acho que a gente não pode esquecer é que a mulher que mais me representa na minha vida é Nossa Senhora. Nossa Senhora representa aquela mãe daquele meu paciente que me procura naquele atendimento com uma doença tão hostil como é o câncer, e ela, olhando para aquele filho, me lembra Nossa Senhora olhando para o filho dela na cruz. Então, eu tenho que mostrar para vocês que a religiosidade também está presente e que ela, sim, representa a minha vida e o meu atendimento àquelas crianças com câncer na minha cidade.
Eu queria agradecer a presença também da minha família que está aqui, que veio comigo para esta homenagem, e falar um pouquinho do Hospital do Câncer Napoleão Laureano, que é um hospital que trata e cuida de todos aqueles pacientes - mulheres, crianças, homens - no nosso estado.
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A saúde no nosso Brasil ainda está doente, e a gente precisa de apoio, o Hospital do Câncer precisa de apoio também. O teto para tratamento de câncer chega a ser uma coisa que judia da gente que está da linha de frente, dos nossos pacientes que precisam daquele cuidado. Então, pensem nisto: a questão de teto para tratamento de câncer. Isso não existe, porque o câncer está ali e precisa ser tratado, independentemente de a pessoa ter recurso ou não. Então, essa é a mensagem que eu queria deixar para vocês.
Queria também dizer que eu sou uma apaixonada por cuidados paliativos. E cuidados paliativos é tratar, sim, das pessoas em que a doença já não pode mais ser curada, mas precisa ser cuidada. E aquelas pessoas em fim de vida ou que têm uma doença que ameaça a vida também são olhadas por nós naquele momento. E isso não é intuitivo, a gente não pode cuidar das pessoas por intuição, isso tem que ser treinado. Então, precisa-se de treinamento em cuidados paliativos no Brasil para todos os médicos e todas as equipes de área de saúde, para que a gente possa cuidar... Um dia, a gente vai ser... Eu acho que aqui nesta Casa ninguém acha que vai viver para sempre, todos nós um dia vamos chegar ao fim. Então, um dia vocês vão ser cuidados por alguém de cuidados paliativos, sim. E, se Deus quiser, essa pessoa vai estar dando a mão naquela hora para vocês. Então, lembrem-se disso e apoiem também a causa dos cuidados paliativos.
Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, querida.
Seguimos, então, aqui com a palavra à agraciada Ruth Almeida, que foi indicada pela Senadora Kátia Abreu.
A SRA. RUTH ALMEIDA (Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas.
Eu não poderia deixar escapar este momento tão único da minha vida. Eu estar aqui hoje é um milagre! Eu falo que o meu trabalho de gastronomia - e eu uso a gastronomia como transformação social - me levou a lugares inimagináveis, embora dentro do meu coração eu sempre tivesse esse desejo. Eu sabia que algo de muito bom ia acontecer na minha vida, porque, de dentro de um barraquinho de lona, dormindo num colchão no chão, eu sonhava alto. Eu sonhava em voar, eu sonhava em ajudar outras mulheres.
Eu tenho quatro filhos, sou avó de dez netos. Aos 14 anos, eu me casei. E a vida me obrigou a ser forte, ela me obrigou a tirar da roça, do coco babaçu o sustento. E eu falava: "Deus, mude a história da minha vida, para que eu vá ajudar outras que não têm força para isso". Quem conhece a luta de uma mulher quebradeira de coco babaçu, de uma mulher que vive na roça, de uma mulher que vive desprezada pelos seus companheiros, pela família...
E, quando você tem o sonho de entrar no Senado Federal, as pessoas olham e falam assim: "Você é doida, nunca vai entrar, você não tem, olhe onde está". E eu falava: "Eu tenho fé e eu tenho coragem, eu tenho fé e eu tenho coragem". Eu sentia nas minhas pernas uma bola de ferro amarrada, eu levantava os pés com muita força e falava: "Eu vou conseguir, eu vou conseguir". E hoje eu estou aqui, indicada pela Senadora Kátia Abreu! Eu tinha terminado um jejum de 21 dias, e eu falei: "Deus, eu quero ser voz daquelas que não tem". E, dentro da minha casa, recebi a ligação de que eu tinha sido indicada para esse prêmio. Então, esse prêmio é para todas as mulheres indígenas, negras, mulheres que vivem ameaçadas. Vivi um relacionamento abusivo durante 28 anos; no dia que eu me sentisse forte e capaz de me sustentar e enfrentar qualquer obstáculo que a vida me colocasse, eu ia abrir a boca e falar para todas as mulheres. Não tem cor, não tem raça, não tem posição social que faça que a gente não possa dar as mãos uma para a outra e pegar juntas. Eu peço a esta Casa de Lei, eu peço às Senadoras que criem projetos sociais voltados para a gastronomia das mulheres quilombolas, cozinhas comunitárias, onde elas possam criar o seu produto e vender, porque elas não têm... Eu falo isso porque eu vivo dentro das comunidades e eu sei a necessidade que essas mulheres passam, e nem todas vão ter a força que eu tenho, mas eu posso ajudar essas mulheres a sustentar as suas famílias.
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E eu não poderia de jeito nenhum de ir embora para Palmas, Tocantins, sem falar que eu passei nesse corredor do Congresso no final do ano de 2021 e eu falei: "Eu vou entrar e eu vou receber um prêmio". Eu não sabia que existia Bertha Lutz, eu não sabia como eu ia entrar dentro desta Casa. Então eu quero falar que somos a pessoa que decide o bem para nossa vida e profetiza aquilo que vai acontecer. Eu estou aqui hoje pela indicação da Senadora Kátia Abreu, mas eu falei para Deus: "Eu quero".
(Soa a campainha.)
A SRA. RUTH ALMEIDA - Eu quero estar dentro desta Casa e eu quero deixar aqui o meu abraço a todas as mulheres, todos os homens e falar que, juntos, a gente chega a lugares inalcançáveis pelos olhos de outras pessoas.
E muito obrigada por ter me concedido essa oportunidade. Vocês não imaginam o tanto que é lindo olhar aqui e me ver aqui dentro, gente!
Muito obrigada, muito obrigada mesmo a todas. E estou aqui para o que der e vier. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Ruth, você é inspiradora. Você é uma mulher inspiradora, você arranca lágrimas da gente. Você diz que não conhecia o Prêmio Bertha Lutz. Eu quero dizer para você que você é uma Bertha Lutz, como nós temos no Brasil várias Ruthes. (Palmas.)
Você é transformadora, reprodutora de mulheres de ousadia, de garra e de determinação como você. Parabéns, querida, e à Kátia pela sua indicação.
Com a palavra Inês Santiago, indicada pela Senadora Simone Tebet. Na sequência da Inês, a palavra com a Rosa Geane, que foi indicada pela Senadora Maria do Carmo.
A SRA. INÊS SANTIAGO (Para discursar.) - Bom dia a todos. Cumprimento a mesa e inicio agradecendo à Senadora Simone Tebet pela escolha do meu nome. Agradeço ao Senado Federal pela aprovação, através do Conselho Bertha Lutz, do meu nome. Quero agradecer a presença também do Presidente da CDL Campo Grande, Adelaido Vila, que está aqui nesta cerimônia.
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Sou Inês Santiago, Presidente da Federação das CDLs de Mato Grosso do Sul. Sou uma menina da roça.
Achei tão bacana ouvir as palavras da Ruth aqui e de tantas outras. Quero já, de pronto, cumprimentar todas as agraciadas. Cada uma, na sua medida, na sua profissão, no seu setor, está fazendo um papel fundamental para este Brasil, para o desenvolvimento do nosso país, servindo de inspiração para tantas outras mulheres.
Como eu dizia, eu sou filha da roça, eu nasci na roça. Para poder estudar, eu vendi limões - foi a primeira vez que eu comercializei e me tornei uma empreendedora, a partir dali, com dez anos de idade. Esse empreendimento foi feito a partir da sobrevivência. Com o tempo, eu descobri que para empreender nós precisamos ser mais técnicas, nós precisamos aprender mais, nós precisamos nos aprofundar. Por isso, hoje sou uma graduanda de MBA do varejo, depois de duas pós-graduações em Direito e Processo do Trabalho e também em Direito Público. Saí da minha cidade muito cedo e sozinha fui fazer a minha faculdade de Direito, porque acredito no conhecimento, no preparo como uma ferramenta de transformação de vida. E, sem saber, eu estava construindo uma história: vendendo limão aos dez anos, saindo do interior sozinha e vindo para a capital em busca de uma faculdade, me pós-graduando, estudando na escola de magistratura, tanto a estadual quanto a do trabalho.
Eu não sabia, quando fui eleita Presidente da Federação das CDLs de Mato Grosso do Sul - sou a primeira mulher a presidir a federação e a segunda mulher dentro do sistema cedelista, eu sou a segunda mulher Presidente de federação; nós somos 27 federações e só temos duas mulheres -, eu não sabia que, com isso, eu estava inspirando outras mulheres. Por isso, eu tenho muita gratidão à vida, a Deus e ao universo, porque, sem saber que era impossível, eu fui lá e fiz. Eu não me dei conta exatamente do que eu estava fazendo.
Por isso, quando eu fui indicada a esse prêmio, meninas, foi uma grande emoção, porque esse prêmio é o reconhecimento de um trabalho que eu entendi que era assim mesmo que se fazia. E hoje eu só posso permanecer motivada a continuar fazendo cada vez mais. Eu fiz por conta das minhas convicções, por conta das minhas verdades, por conta daquilo que eu acredito. Descobri que, na verdade, ser mulher é um exercício de resistência diária. Levei muito tempo para perceber o quanto nós ainda sofremos, o quanto nós ainda temos a avançar e o quanto eu sou grata a Bertha Lutz, uma mulher da década de 20 que abriu uma estrada que hoje todas nós percorremos.
Aqui, como Presidente da Federação das CDLs de Mato Grosso do Sul, apenas em alguma medida, estou ajudando a sedimentar - e vocês também - essa estrada para que muitas outras mulheres que nos sucederão tenham um caminho mais leve. É o que eu desejo para vocês, é o que eu desejo para as gerações futuras, é em que eu espero estar contribuindo em alguma medida...
(Soa a campainha.)
A SRA. INÊS SANTIAGO - ... para que todas nós mulheres possamos - nós e aquelas que nos sucederão - encontrar uma estrada mais leve, um caminho mais tranquilo.
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Muito obrigada. Foi uma honra estar entre vocês e estar nesta Casa, uma grande honra, Senadora Eliziane e todos que compuseram a mesa. Muito obrigada.
Sou grata à Senadora Simone Tebet pela sensibilidade de nos fazer esse reconhecimento.
Muito obrigada.
É uma honra estar entre vocês, meninas!
Obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, Inês, pelas suas palavras.
Com a palavra Rosa Geane, indicada da Senadora Maria do Carmo, e, na sequência, a nossa última oradora de hoje, a Sra. Marcia Faria Maia, que, na verdade, é representante, in memoriam, da D. Wilma de Faria.
A SRA. ROSA GEANE (Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas!
É um prazer, uma honra, uma alegria estar aqui com vocês!
Eu vou começar dizendo justamente isto, com a música Tudo de Novo, de Caetano Veloso:
Minha mãe, meu pai, meu povo
Eis aqui tudo de novo
A mesma grande saudade
A mesma grande vontade
Minha mãe, meu pai, meu povo
Minha mãe me deu ao mundo
De maneira singular
Me dizendo uma sentença
Pra eu sempre pedir licença
Mas nunca deixar de entrar
Minha mãe, meu pai, meu povo
Eis aqui tudo de novo
A mesma grande saudade
A mesma grande vontade
Minha mãe, meu pai, meu povo
Meu pai me mandou pra vida
Num momento de amor
E o bem daquele segundo
Grande como a dor do mundo
Me acompanha onde eu vou
Minha mãe, meu pai, meu povo
Eis aqui tudo de novo
A mesma grande saudade
A mesma grande vontade
Minha mãe, meu pai, meu povo
Meu povo, sofremos tanto
Mas sabemos o que é bom
Vamos fazer uma festa
Noites assim, como esta
[eu digo, tardes assim, como esta]
Podem nos levar pra o tom
Minha mãe, meu pai, meu povo
Boa tarde, integrantes da mesa já nominados!
É uma honra que esta Casa do povo, que representa os estados do Brasil, tenha feito esta homenagem a essas mulheres tão maravilhosas que aqui se encontram, e eu tive a honra de ser uma delas.
É um percurso longo. E eu gostaria de fazer alguns agradecimentos.
Eu agradeço a minha Casa e dedico esta medalha ao Poder Judiciário, especialmente o Poder Judiciário sergipano, o qual eu integro e que me deu justamente o apoio necessário para realizar a minha função e estar aqui hoje.
Eu também dedico esta mensagem aos meus afetos, à rede de afeto tão necessária às mulheres, para saírem da violência, para se empoderarem: a minha família e os meus amigos.
Agradeço também a todas as mulheres e homens que lutam pelo fim da violência contra as mulheres. E aqui faço meu agradecimento especial à Senadora Maria do Carmo Alves, que me indicou para esse prêmio e que tem uma luta pelas mulheres sergipanas. Eu gostaria de deixar aqui o meu reconhecimento. Também agradeço à Alba, sua assessora, que está aqui; ao Luciano; à Deputada Goretti, que é Procuradora de Sergipe.
E, do Tribunal de Justiça, eu gostaria de citar, especificamente, dois presidentes que me deram a oportunidade de mostrar meu trabalho: o Desembargador Osório Ramos e o Desembargador Edson Ulisses de Melo, dois homens comprometidos com a causa da mulher. Então é fruto desse trabalho que eu estou aqui hoje.
Eu gostaria de dizer que tive a régua e o compasso na minha casa, com minha mãe, com meu pai e com meu povo.
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Então, à minha mãe, Maria Teresinha, agradeço imensamente toda a lição - ela é o meu espelho -; ao meu pai, que já não está mais entre nós, mas que também foi esse homem defensor das mulheres; aos meus irmãos, Ana Rita, Antônio João, José Paulo e Jonas; aos meus sobrinhos; à minha família, que é meu meu lar, a minha casa. E, se a gente tem uma casa, a gente não precisa fugir.
Eu quero agradecer a esta Casa por ter aberto as suas portas a todas essas histórias de luta de mulheres que não fugiram da luta, que transformaram a sua dor em ação. É importante que cada mulher que quer ocupar o seu espaço, no poder, na política...
(Soa a campainha.)
A SRA. ROSA GEANE - ... no tribunal, transforme a sua dor em ação. Então, quero agradecer imensamente a esta Casa.
Quero dizer que estou muito feliz em ser homenageada com a minha Presidente da associação, a Renata Gil, e com as minhas colegas de coordenadoria, Angela e Eva Evangelista. Fico muito feliz e muito honrada de também compor essa história com todas.
Estou muito, muito feliz. É um dia muito especial na minha vida. E eu gostaria de dedicá-lo a todas as mulheres que precisam mudar de posição, mulheres que sofrem, mulheres que sofrem violência política e mulheres que querem mudar essa realidade.
Esse dia é de vocês! Esse prêmio é de vocês!
Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, querida. Que Deus a abençoe!
Eu quero chamar agora a Marcia Faria Maia, que é representante da Wilma de Faria e que trará realmente a nossa palavra aqui.
Ela já está na tribuna. Fique à vontade.
A SRA. MARCIA FARIA MAIA (Para discursar.) - Boa tarde. Boa tarde a todos. Boa tarde a todas.
Eu queria, inicialmente, aqui cumprimentar a Senadora Eliziane, que está presidindo esta sessão, esta homenagem, esta solenidade, e cumprimentar também todas as Senadoras e Senadores na pessoa da querida Senadora Zenaide Maia, que foi a Senadora que indicou o nome da minha mãe.
É uma homenagem in memoriam, porque ela não está mais entre nós. Há quatro anos, ela nos deixou por motivo de saúde, por causa de um câncer, mas tem sido, Senadora Zenaide, não só exemplo e referência para mim, que sou filha de Wilma Maria de Faria, homenageada com esse Diploma Bertha Lutz, mas também referência para todas as mulheres do Rio Grande do Norte.
Wilma sempre foi uma grande mulher, perseverante principalmente, porque se casou aos 17 anos com meu pai, teve quatro filhos, deixou os estudos para ter os filhos e, aos 25 anos, já com quatro filhos, resolveu voltar a estudar. Não teve tanto incentivo do meu pai por ele ser uma pessoa mais conservadora, ele era 17 anos mais velho do que minha mãe. Ela já tinha minha irmã Cíntia, minha irmã caçula, com um ano de idade, e se trancava no banheiro, das 4h da manhã até às 6h, para estudar, para terminar o ensino médio e fazer vestibular para Letras, passando, em segundo, no vestibular para Letras e, em primeiro lugar, no supletivo. Naquela época, era supletivo, Senadora Zenaide Maia. Então, isso foi uma demonstração de muita perseverança, de muita força e de muita luta. Depois de se formar em Letras, foi Secretária de Estado, foi Primeira-Dama, porque meu pai também foi Governador. Eu sou filha de dois ex-Governadores.
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Eu quero dizer que ela trilhou o seu próprio caminho. Ela não ficou ali só ao lado do meu pai. Ela foi Deputada Federal constituinte, a única Deputada Federal constituinte do Rio Grande do Norte; foi a primeira Prefeita de capital, a primeira Prefeita de Natal, e foi por três mandatos Prefeita de Natal. No momento, na época, ela já tinha se separado, depois de 27 anos casada com meu pai, ou seja, enfrentou muitos preconceitos, muitas discriminações, mas foi também extremamente forte quando resolveu disputar para ser a primeira mulher Governadora do Rio Grande do Norte, na época com 2% nas pesquisas e por um partido pequeno, que era o PSB (Partido Socialista Brasileiro). Foi, então, eleita a primeira mulher a governar o Estado do Rio Grande do Norte, e por dois mandatos governou o nosso estado.
Ela fez uma gestão que foi destaque, principalmente, nas políticas sociais. A minha mãe tinha formação na área de humanas, tinha especialização em Sociologia, fez mestrado na área de Educação e sabia a importância da transformação na vida das mulheres. Eu sei que muitas vezes o governante dá importância mais a obras físicas, e ela fez, inclusive, uma obra estruturante muito grande, que foi a construção de uma ponte que liga a Zona Norte às demais zonas de Natal, que são as Zonas Oeste, Sul e Leste, chamada Ponte Newton Navarro, a Ponte de Todos, que foi uma grande obra física, mas principalmente o meu orgulho maior...
(Soa a campainha.)
A SRA. MARCIA FARIA MAIA - ... foi pelas políticas sociais que ela conseguiu implementar no Rio Grande do Norte, transformando a vida de jovens, mulheres, crianças e, principalmente, desenvolvendo um programa de combate à pobreza rural.
Quero aqui cumprimentar o Senador Jean Paul Prates, meu querido Senador também, que, junto com a Senadora Zenaide, está aqui neste momento.
E quero dizer ainda, antes de encerrar, que eu também sigo a referência da minha mãe na hora em que eu consigo ser a primeira mulher a presidir uma instituição financeira no Rio Grande do Norte, a Agência de Fomento. E quero agradecer à Governadora, a única Governadora mulher no país, que é a Governadora e Professora Fátima Bezerra, que confiou na minha capacidade técnica e na minha capacidade também produtiva, na minha experiência como gestora pública. E estamos ali, na Agência de Fomento, também fazendo história, por ser a primeira mulher em 21 anos...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
A SRA. MARCIA FARIA MAIA - ... a conduzir a Agência de Fomento, onde 60% dos clientes são mulheres empreendedoras.
Então, é importante também dizer a todas vocês, a todas as homenageadas que é importante a gente empreender na vida, porque empreender significa ousar, significa inovar, significa perseverar. Que nós possamos ter esse espírito empreendedor nas nossas vidas, afinal de contas nós podemos estar onde nós quisermos. Lugar de mulher é onde ela quiser.
Então, parabéns a todas vocês! Vivam as mulheres do Rio Grande do Norte, do Nordeste, de todo o Brasil!
Muito obrigada a todos. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Eliziane Gama. PDT/CIDADANIA/REDE/CIDADANIA - MA) - Muito obrigada, Doutora, pelas suas colocações.
Eu quero agradecer a todas as mulheres aqui presentes e cumprimentar o Presidente do Congresso Nacional por esta solenidade muito importante. Nós tivemos aí um período sem essa solenidade por conta da pandemia.
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Aliás, na pandemia, a qual trouxe vários prejuízos para o Brasil, infelizmente a mulher brasileira foi a mais prejudicada. Nós vimos um aumento do desemprego no Brasil, os homens com uma média de 12% a 13%, e as mulheres com 17%, ou seja, as mulheres brasileiras foram as mais prejudicadas, mas, ao mesmo tempo, em meio a tudo isso, nós tivemos várias mulheres que foram extremamente protagonistas, que foram fundamentais para o que nós temos hoje no Brasil, que é a vacina no braço do povo brasileiro. Eu queria destacar entre elas a nossa querida Margareth Dalcolmo, sempre conosco e sempre presente nessa luta das mulheres no Brasil, e a Dra. Jurema Werneck; foram as duas também homenageadas hoje nesta solenidade.
Eu quero cumprimentar todas as mulheres e dizer para vocês, gente, que é muito bom trazer aqui essa homenagem Bertha Lutz, ela que foi luminar do movimento de paridade entre homens e mulheres no Brasil; ela que, ao lado de outras mulheres da história brasileira, entre elas Maria Cecilia de Moura, criou movimentos muito importantes, como a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher e outros movimentos mais; ela que, ao lado de Maria da Penha, que participou conosco hoje deste debate, foi fundamental na luta. Maria da Penha tornou-se ícone, aliás, no combate à violência contra a mulher a partir de uma experiência trágica que viveu durante 19 anos, e resultou dessa luta a Lei Maria da Penha, que é um divisor de águas no combate à violência contra as mulheres no Brasil.
Eu quero cumprimentar, de forma muito especial, a Angela Salazar, que foi hoje aqui homenageada, e a Ruth, que é nossa maranhense e foi também hoje homenageada; e quero cumprimentar, ao final, a Dra. Miracy, nossa Professora, que ficou ali pelo Zoom até o último momento desta sessão, que é a homenageada do Presidente do Congresso Nacional.
Muito obrigada a todas e a todos.
Eu quero convidar, na verdade, as agraciadas e as Senadoras para almoçarem conosco no Senado, no restaurante do Senado; aliás, o almoço é oferecido pelo Presidente do Congresso Nacional.
Portanto, cumprida a finalidade desta sessão de entrega do Diploma Bertha Lutz, agradeço a todas as personalidades que nos honraram com sua participação.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada esta presente solenidade.
Muito obrigada.
(Levanta-se a sessão às 13 horas e 02 minutos.)