4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
56ª LEGISLATURA
Em 16 de setembro de 2022
(sexta-feira)
Às 10 horas
94ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE. Fala da Presidência.) - Paz e bem a todos vocês que estão aqui no Plenário do Senado Federal, a quem está nos assistindo ao vivo pela TV Senado e por todas as mídias sociais aqui da Casa revisora da República.
Assim como, quero agradecer... Eu acho que o sentimento que está permeando este ambiente hoje aqui, este Plenário centenário, é o sentimento da gratidão. Então, eu tenho muita honra e muita alegria de estar aqui presidindo uma sessão tão importante, tão significativa, tão emblemática para o Brasil, acolhendo, reconhecendo pelo Senado Federal o trabalho importante dessa cura sistêmica chamada constelação familiar. Nós vamos aprender mais, juntos, aqui, hoje nesta manhã, entrando um pouco pela tarde.
Temos palestrantes renomados, com um serviço prestado fundamental para a sociedade brasileira, e eu gostaria muito de compartilhar também algumas experiências que eu tive com a constelação familiar, um testemunho meu. Mas, antes de tudo, nós temos as formalidades aqui.
Eu declaro aberta esta sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. A presente sessão especial semipresencial foi convocada nos termos do Ato da Comissão Diretora nº 8, de 2021, que regulamenta o funcionamento das sessões e reuniões remotas e semipresenciais no Senado Federal e a utilização do Sistema de Deliberação Remota; e em atendimento ao Requerimento nº 649, de 2022, de autoria desta Presidência e de outros Senadores, aprovado pelo Plenário do Senado Federal.
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A sessão é destinada a homenagear a Constelação Familiar.
A Presidência informa que esta sessão terá a participação dos seguintes convidados: Sr. Renato Bertate, Médico pioneiro em cursos de Constelação Familiar no Brasil; Sra. Mimansa Erika Farny, que iniciou o primeiro treinamento em Constelação Familiar do Brasil, na cidade de Caldas Novas, em Goiás, aqui pertinho; Sra. Cornelia Bonenkamp, especialista em Pensamento Sistêmico Complexo e Constelação Familiar; Sra. Zaquie Meredith, Socióloga, Escritora, Psicóloga e Psicoterapeuta; Sra. Rose Militão, Psicóloga Clínica e especialista em Constelação Familiar; Sra. Elza Carvalho, especialista em Metodologia da Ciência; Sra. Dagmar Ramos, Médica em Homeopatia, Psiquiatria, Medicina Social e Psicoterapia; Sra. Irene Cardotti, Psicoterapeuta; Sr. Sami Storch, Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia; Sr. Décio Fábio de Oliveira, Médico, consultor de empresas e constelador; Sra. Hellen Vieira da Fonseca, Professora, Pedagoga, Mestre em Psicologia e consteladora familiar sistêmica; Sra. Ana Lucia Braga, Psicopedagoga, Professora, consteladora sistêmica; Sr. José Miguel, Professor Mestre, especialista em Constelações Familiares; Sr. Reginaldo Teixeira, Psicólogo; Sr. Fernando Freitas, Médico, criador da Consciência Sistêmica e da Constelação Cirúrgica, Estrutural e Estratégica, Presidente do Instituto Brasileiro de Consciência Sistêmica; Sra. Vera Lúcia Muniz Bassoi, Mestre em Comunicação e Cultura, Psicoterapeuta, pesquisadora e palestrante; Sra. Simone Arrojo, docente e facilitadora em Constelação Familiar; Sra. Miriam Coelho Braga, Socióloga Sanitarista, pós-graduada em Saúde Coletiva; Sra. Celene Thaumaturgo, facilitadora em Constelação Sistêmica; Sra. Débora Ganc, maestria em constelações; Sr. Silvestre Falcão, Psicólogo especialista em dependência química, doutor em Psicologia Social; Sra. Márcia Maria Queiroz, Advogada, Escritora, precursora do método psicoterápico Constelação Sistêmica Familiar; e o Sr. Frederico Ciongoli, consultor em Constelação Sistêmica Familiar.
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Se eu tiver cometido algum equívoco nos nomes aqui, na forma de falar e também no breve currículo aqui, pequenininho, porque é o que a gente pôde colocar, eu peço desculpas e, ao longo da nossa sessão, a gente vai corrigindo.
Eu queria também dizer que acho que nunca houve aqui - o Zezinho já está há décadas aqui no Senado, a equipe - uma sessão com tantos convidados para se manifestarem aqui na história do Senado Federal. Mas é isto: constelação sistêmica tem que ser inclusiva. E a gente gostaria de ouvir todas as correntes desse método, que aqui no Brasil tem se expandido bastante nos últimos anos. A gente vai conhecer um pouco da história e ver que, na terra do Cruzeiro, no coração do mundo, no celeiro da humanidade, a gente tem aqui um terreno fértil para a constelação familiar, que tem feito muito bem, em vários estados do Brasil, de norte a sul, de leste a oeste. É impressionante como a gente ouve! E eu, repito, testemunhei aqui, na minha vida inclusive, situações que me ajudaram muito, me auxiliaram, me ampararam.
Para a composição da mesa, eu quero fazer... Eu gostaria de trazer todos para a mesa, todos esses palestrantes e algumas pessoas mais que estão aqui enchendo este auditório de amor, de gratidão, mas a gente tem uma limitação. Então, eu gostaria de chamar para compor a mesa o Sr. Renato Bertate, Sra. Simone Arrojo, Rose Militão, Miriam Braga, Zaquie Meredith e Frederico Ciongoli, por favor. Sejam bem-vindos aqui à mesa do Senado Federal! (Pausa.)
Eu acho que a mesa também nunca ficou tão recheada aqui de convidados. Teve que providenciar cadeira extra. Mas vai ser muito enriquecedor, vai ser um aprendizado para todos nós.
Eu agradeço a presença de todos os convidados que vão fazer exposições e também de vocês - muitos aqui amigos de longas datas - que vieram participar deste evento histórico aqui no Senado Federal.
Eu convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional brasileiro.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE. Fala da Presidência.) - É, com muita honra e alegria, que tomei a iniciativa de propor a realização desta sessão especial destinada à constelação familiar. Para tanto recebi o apoio de vários Senadores, mas, entre eles, eu gostaria de agradecer ao Senador Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado Federal, que, mesmo a gente em meio às eleições nacionais no país - e estamos trabalhando aqui de forma remota -, não com sessões frequentes, colocou em pauta, a pedido nosso, esse requerimento para que pudéssemos realizar esta sessão. Então, gratidão ao Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
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A constelação familiar foi criada pelo teólogo, filósofo, pedagogo e pesquisador alemão Bert Hellinger, desencarnado, falecido em 2019, aos 93 anos, como uma técnica terapêutica que leva em consideração conceitos energéticos e fenomenológicos.
Hellinger possuía sólida formação científica, mas seu trabalho como missionário cristão, em contato com outras culturas, como a dos zulus, na África do Sul, durante o período do nefasto apartheid, o levou a descortinar novos conhecimentos marcados pela postura de reverência aos antepassados e ao círculo de familiares, sejam de épocas passadas, sejam do presente.
Os estudos de Hellinger incorporaram uma grande e valiosa experiência a partir da observação das dinâmicas que regem as relações humanas. A aplicação terapêutica desses conhecimentos teve sintonia com os magnânimos objetivos de reforçar os elos de parentesco, de acordo com uma visão ampla e conciliadora; uma visão que valoriza o afeto, o amor e a compreensão perante os conflitos.
Assim, atuando com foco intergeracional, auxiliou milhares de pessoas, em mais de 50 países, a encontrar a paz e a aceitação, onde antes existiam problemas relacionais e sentimentos negativos, mesmo entre pessoas que se amavam.
A base teórica desenvolvida por Hellinger busca valorizar os mecanismos que promovem reencontro, acalentam a alma, curando as dores e os ressentimentos acumulados. Trata-se, portanto, de um tratamento holístico - o que justifica outra denominação: a constelação familiar sistêmica.
Com efeito, a abordagem por ele criada mostrou-se apta a operar no âmbito das famílias e também em quaisquer organizações complexas, como empresas e instituições, que buscam o apaziguamento de emoções negativas e uma maior compreensão para a administração de conflitos. A cada ano, mais especialistas passam a conhecer, a se despertar, a aderir à prática, que, aliás, pode ser aplicada a diferentes áreas do conhecimento - mais notadamente na terapêutica, saúde, em empresas e organizações, como eu falei há pouco, além do Poder Judiciário. Não por acaso, em 2018, a aplicação das constelações familiares foi reconhecida pelo Ministério da Saúde e passou a compor o rol das Práticas Integrativas e Complementares no SUS (Sistema Único de Saúde, brasileiro), o que, em larga medida, vem aí colaborando com a excelência dos resultados dessa prática. Mas não desejo me estender, até porque eu não conheço ainda com profundidade - apesar de já ter participado como voluntário e me beneficiado - as constelações familiares; eu não tenho conhecimento que essas pessoas aqui têm, e elas estudaram para isso. Por isso, se eu estiver cometendo algum equívoco aqui, inclusive no texto que nós preparamos, eu peço desculpas, mas nós vamos aprender juntos. Nós estamos aqui, realmente, para ouvir os ilustres convidados, que se dedicam com amor a essa causa. Espero que, ao final dos trabalhos, tenhamos conseguido diminuir o preconceito ainda existente em determinados setores da nossa sociedade.
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Nós realizamos, há alguns meses, uma audiência pública aqui no Senado Federal - foi uma audiência longa e muito enriquecedora. Nós a fizemos na Comissão de Assuntos Sociais, e foi um debate: tinham pessoas que, vamos dizer, praticam a constelação familiar, que se desenvolvem, que têm estudos, e pessoas contrárias também - e isso faz parte da democracia. Mas é interessante a gente observar, porque foi um grande aprendizado ali, até a forma de acolhimento às divergências que houve naquele momento, não é? Então, a gente sabe que também existem interesses contrariados com a expansão da constelação familiar. Eu vou dar um exemplo aqui: heranças, casos em que se passam décadas para se resolverem na Justiça conflitos familiares, que, em algumas sessões, em meses, às vezes semanas, se resolvem através da constelação familiar. Então, têm pessoas que naturalmente têm um negócio que muitas vezes, neste mundo materialista que a gente vive, se estende - ou é interessante que se estenda uma demanda dessa, não é? E a constelação dissolve isso. Então, isso naturalmente gera uma resistência muito grande. Mas é aquela coisa que eu aprendi, o meu pai sempre falou: o tempo é o senhor da razão.
Eu achei muito bonito o acolhimento dos consteladores, das pessoas lá para aquelas pessoas que, às vezes, até com um pouco mais de agressividade, se colocaram naquela Comissão. Então foi um acolhimento muito bonito, e eu acho que é este o espírito: do diálogo fraterno, sempre.
Então, eu quero encerrar aqui dando o meu depoimento sobre a eficácia dessas constelações.
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Eu vou aqui, até com a Zaquie Meredith, que está aqui na nesta mesa - acho que ela foi a primeira pessoa com quem tive contato com constelação familiar há cerca de dez, quinze anos, quinze anos, logo no início, então -, também com a Rose Militão e a Daniela Migliari, que aqui está também, ao longo da sessão, colocando as minhas impressões e o benefício que teve para mim e também para as instituições de que eu participei.
Eu encerro, então, agradecendo esta oportunidade a todos que estão aqui, à Mesa do Senado Federal, à Secretaria-Geral, à minha esposa Márcia, que veio comigo aqui também, e ao gabinete, na pessoa da Tallita, que organizou com muito carinho tudo isso aqui, junto com toda a nossa equipe do Senado.
Que nós possamos melhorar como seres humanos, reduzindo nossas imperfeições e ampliando nossa luz interior!
Eu quero também saudar aqui... E eu fico muito feliz com a presença nas galerias do Senado, o que está sendo recorrente, de brasileiros que têm vindo visitar a Casa revisora da República. Aqui é um ambiente que recebe muito bem vocês. Sejam sempre bem-vindos! Essa aproximação da sociedade com os Parlamentares nos tira de uma bolha, de uma ilusão de que, muitas vezes, a gente vive aqui, em Brasília, dentro de um ambiente fechado, controlado. Então, sejam sempre bem-vindos. Eu fico muito feliz e esperançoso com o Brasil quando vejo cada vez mais pessoas aqui! Vêm aqui, Zezinho, umas 20 comitivas por dia, no mínimo, como as que a gente está vendo aqui! São escolas, universidades... E a gente fica feliz em ver o povo brasileiro gostando de política, acompanhando a política, entendendo a sua história. Esse pertencimento, esse sentimento vai fazer a diferença sob todos os aspectos para o futuro da nossa nação, dos nossos filhos, dos nossos netos. Sejam bem-vindos! Muito obrigado pela presença de vocês!
As pessoas que estiverem nos assistindo agora podem agendar para, como esses convidados aqui hoje, conhecer as dependências do Senado. Você pode vir ao Congresso Nacional e conhecer a Câmara dos Deputados, o Plenário, aqui, a história - há o Túnel do Tempo... É só agendar no site. Daqui a pouco, eu passo como é que você deve fazer, o telefone para fazer o agendamento.
Vamos começar.
Eu tenho uma surpresa para todos vocês, para todos que estão aqui: nós vamos ouvir agora... Acho que é a primeira gratidão que a gente tem que ter - depois de Deus, por estarmos vivos - com relação à constelação familiar é o Bert Hellinger. Ele foi o grande, se assim posso dizer, codificador dessa técnica que tem ajudado tanta gente, que tem desatado nós que deixam muitas marcas, libertando as pessoas. O Bert Hellinger... Nós vamos conhecer quando ele fundou, como é que foi todo o desenrolar aqui, como é essa técnica.
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E, hoje, nós temos uma surpresa: a esposa do Bert Hellinger, a Sophie Hellinger, que continua desenvolvendo a técnica na Alemanha e no mundo inteiro, pois tem um grupo muito forte, por problema de saúde, não pôde participar ao vivo aqui conosco, como ela fez da última vez na audiência pública, quando ela entrou ao vivo no link e participou conosco, mas ela gravou um vídeo especialmente para essa sessão. Eu queria pedir para a gente começar ouvindo esse vídeo curto da Sophie Hellinger.
(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Sophie Hellinger, que acabou de falar, criou o Hellinger Schule, Escola de Constelação Familiar, desenvolveu o método de energia Cosmic Power, técnica especial de percepção, e se casou com Bert Hellinger em 2002.
Eu aqui, diretamente do...
Perdão... Em 2002, correto?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Em 2007?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Perdão. Olha aí, já vamos corrigindo aqui automaticamente.
Mas eu quero desejar à Sophie melhoras e que ela receba as nossas melhores vibrações aqui para a sua saúde.
Eu já quero chamar - para falar daqui ou de alguma das tribunas para a gente começar a ouvir os expositores - o Sr. Renato Bertate, médico pioneiro em cursos de constelação familiar no Brasil. O senhor tem dez minutos para fazer as suas considerações onde o senhor quiser fazê-las.
Então, enquanto ele vai para a tribuna, enquanto ele vai se dirigindo à tribuna, eu queria avisar que, para você marcar para a sua família, para a sua escola, para a sua universidade uma visita ao Senado Federal, é só acessar www.congressonacional.leg.br/visite/agendamento.
Repito: www.congressonacional.leg.br/visite/agendamento. Lá você faz o agendamento para vir aqui conhecer a nossa história, conhecer a Casa onde a gente toma decisões importantes para o Brasil. É muito importante a sua visita, é cidadania, e nos faz muito bem essa aproximação.
Sr. Renato, por dez minutos, o senhor tem a palavra. Muito obrigado pela sua presença nesta sessão especial em homenagem à constelação familiar.
O SR. RENATO BERTATE (Para discursar.) - Bom dia a todos.
É uma grande honra estar aqui podendo falar sobre as constelações familiares, mas não posso começar sem antes agradecer ao Senador Eduardo Girão por essa iniciativa, que, com certeza, legitima, fortalece e permite que esse trabalho se expanda ainda mais. É quase inacreditável para mim pensar que eu estou aqui hoje, depois de 26 anos, quando organizei o primeiro evento de constelação familiar no Brasil para a Sra. Mimansa.
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Naquela época, foi uma surpresa maravilhosa quando eu entrei em um campo fenomenológico e pude vivenciar tudo que aconteceu ali, como médico formado há mais de 30 que sempre buscou o essencial e, portanto, fui a muitos lugares no mundo tentar entender a origem dos problemas de saúde, das doenças. Nessa busca, eu encontrei a Mimansa, que conheço desde 1989, quando foi indicado a mim organizar um trabalho para ela no Brasil, pois ela trabalhava com terapias e tinha um conhecimento muito especial. Foi assim que eu cheguei à Mimansa, em 1989, o ano da minha formatura. Ela veio ao Brasil, começou a desenvolver trabalhos incríveis e eu comecei a organizar os eventos dela no Brasil.
Ter encontrado a Mimansa eu posso dizer que foi um dos grandes presentes da minha vida. Eu me sinto uma pessoa muito abençoada porque, a partir dali, nasceu uma grande amizade. É uma pessoa que funcionou como uma mentora para mim. Ela mostrava caminhos, direções na vida.
Assim as coisas caminharam e, por todos os anos consequentes, ela começou a vir ao Brasil, fazendo trabalhos cada vez mais inovadores. E todo ano era uma grande espera, uma expectativa a chegada dela, porque eu sabia que coisas novas estavam chegando, até que, em 1996, ela me disse: "Eu tenho algo muito especial para apresentar a vocês, os brasileiros". E eu disse: "Ah, será um grande prazer, vamos adiante". Assim, organizei o primeiro evento de constelação familiar em São Paulo e também na minha cidade natal, Monte Alto, com a qual tinha, tenho muita conexão. E assim começaram os primeiros eventos de constelação familiar no Brasil, em 1996, e não só em São Paulo, mas a Mimansa percorreu algumas capitais apresentando esse trabalho. Foi maravilhoso, emocionante pensar que, daquele dia, 26 anos depois, estamos aqui, conforme a Sophie falou, porque esse trabalho ganhou muita voz e ajudou tanto as pessoas. E o Senador dar voz a isso no Senado realmente é um presente muito importante para todos nós, aliás, não para nós, mas para a população, que se beneficia desse trabalho.
No ano seguinte, em 1997, a Mimansa iniciou o primeiro treinamento de constelação familiar no Brasil, treinamento esse de que eu participei, e foi aqui no coração do Brasil, em Caldas Novas, quando... Assim como o Senador Eduardo Girão falou, aqui no coração do Brasil. Então, quem tinha interesse em fazer os trabalhos vinha para Caldas Novas. Por que Caldas Novas? A Mimansa adora as águas quentes que tem Caldas Novas. Então, toda vez que ela vinha, ela queria passar o maior tempo possível lá naquelas águas quentes. E foi assim que eu conheci Caldas Novas: vindo fazer treinamento de constelação familiar, turma essa que terminou em 1999, ano em que o Bert veio para o Brasil pela primeira vez, ao Rio de Janeiro, a convite de uma estimada e querida pessoa Esther Frankel. Ela chamou o Bert, convidou-o, e o Bert esteve no Brasil, no Rio de Janeiro, mas, antes de ir para o Rio, ele parou em São Paulo, porque ele foi fazer o lançamento do seu primeiro livro, que se chama A Simetria Oculta do Amor. Esse lançamento foi na PUC de São Paulo, e eu e a Mimansa fomos conduzi-lo até essa universidade. E foi nesse exato momento, encontro, que eu conheci o Bert presencialmente, em 1999, através da Mimansa, que me apresentou a ele. E, depois disso, juntos fomos ao Rio de Janeiro para o primeiro evento do Bert, na linda praia de Copacabana, num hotel ali na beira do mar. E aí foi para mim um choque ver o Bert trabalhar. Eu já era formado, em constelação, já começava a fazer os primeiros trabalhos, mas quando eu olhei para o Bert e vi a presença dele, o centramento e a capacidade de olhar para uma pessoa e ir para o essencial, aquilo foi algo que me estremeceu. Eu sabia que eu estava diante de alguém que tinha alcançado um lugar e um olhar muito amplo e um lugar muito especial diante da vida. Aquilo me emocionava e me emociona de falar.
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Desculpem-me, mas falar um pouco do Bert me emociona. Ver a presteza, a eficiência, a precisão de ajudar no auxílio às pessoas era uma coisa para mim inimaginável. Bom, mas não vou me estender muito.
O Bert voltou pela segunda vez ao Brasil em 2001, a convite agora da Sra. Liane Zink, uma querida amiga, e da Odila Veiga - e dessa vez foi em São Paulo, no B'nai B'rith. Nesse ano, o Bert já agrupou um grupo maior de pessoas. No primeiro encontro tinha umas 60, 50 pessoas. Nesse segundo, encontro já tinha quase umas duas centenas de pessoas, e foi em 2001, no B'nai B'rith. Foi um evento maravilhoso, mas eu percebi, dois anos depois que eu o tinha conhecido, que o Bert já estava num outro lugar. Ele caminhava muito rápido na sua percepção - muito rápido. E também em 2001 eu fui presenteado pelo próprio Bert quando ele me chamou para um evento que seria um evento privado, e eu não tinha noção do que que se tratava. Eu só estranhei que, quando cheguei a esse local, existiam muitos seguranças. O Bert não... Aquilo com certeza não era para ele. E eu estava imaginando: "O que vai acontecer aqui? Para quê tantos seguranças?".
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E, quando eu entro, eu deparo com mais uma grande surpresa: era o Bert, que tinha sido convidado para fazer uma constelação empresarial. Mas, no caso, o empresário era um presidente de um banco muito importante - e, portanto, tinha tanta segurança. E aí, para a minha grata surpresa, eu vi o Bert utilizando a constelação no diagnóstico e no auxílio das empresas. Foi um choque aquilo para mim, ver que a constelação podia ser utilizada nas organizações. Foi um presente isso. Tinha 15 pessoas no máximo. Eram só convidados.
Esse cliente, depois, se tornou um grande ministro e, por muitos anos, esteve - e talvez ainda esteja - no panorama da política brasileira. Um grande ministro, muito importante, das pastas mais importantes. Portanto, ele já tinha esse conhecimento. Ele foi constelado, nessa época trabalhando numa outra empresa. Não estava ainda na política. Ele estava fora. E assim foi em 2001.
Nesse mesmo ano - também 2001 - e exatamente nesse seminário, começou uma outra formação dada pelos alemães, pessoas incríveis, lindas e maravilhosas, que eram Gunthard Weber, Jakob Schneider, Sieglinde Schneider, e todos, juntos, como Regis Teixeira e Richard Hoffmann, que organizaram essa formação. Muitos dos consteladores vêm dessa geração, uma geração riquíssima, com uma formação maravilhosa e que, a partir de então, começou a trabalhar muito seriamente com as constelações. Foi nesse momento uma explosão no trabalho das constelações no Brasil. Que lindo que foi isso. É emocionante.
Eu lembro, assim, como se fosse agora, quando eles anunciaram essa formação lá em São Paulo, no B'nai B'rith, e a alegria nas pessoas de ter mais uma nova formação e tudo começando a florescer, mas jamais imaginaríamos que chegaríamos aqui.
Depois de 2001, o Bert deu uma pequena pausa nas vindas dele ao Brasil. Esteve muito ocupado pelo mundo. Ele deu uma pequena pausa. Mas, daí a poucos anos, não lembro exatamente que ano, ele foi novamente convidado a voltar ao Brasil pelo nosso querido médico e empresário Décio e a sua esposa Wilma, e assim iniciou-se uma sequência de vindas, em que todos os anos ele vinha e trazia trabalhos para muitas capitais aqui no Brasil, e é lógico que o trabalho só foi crescendo, ampliando-se e se desenvolvendo.
Numa dessas vindas, ele chegou agora com a sua nova companheira. Quando ele esteve em 1999, no Brasil, ele estava com a sua primeira esposa à época, Herta, e depois nesses anos, o Bert chegou com a nossa querida e amada Sophie Hellinger, a sua segunda esposa, pessoa que, na chegada à vida do Bert, fez um movimento incrível e trouxe percepções incríveis a esse trabalho. Foi um momento de muita expansão das constelações familiares, com toda essa sensibilidade e essa percepção que Sophie Hellinger tem. A Sophie também antes já havia criado uma escola, a Hellinger Schule, que era uma escola mundial, da qual me orgulho de ser um dos docentes, em que damos formações no mundo todo, inclusive no Brasil.
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Também em 2002 - acho importante relatar -, junto com Mimansa, comecei o primeiro treinamento com um brasileiro dando formação no Brasil. Isso foi em 2002. Tenho pessoas aqui que são dessa turma, e é tão lindo ver essas pessoas, saber que elas desenvolveram e desenvolvem trabalhos muito sérios e que vocês as ouvirão falar daqui a pouco, pessoas que estavam na minha primeira formação. Já foram mais de 23 turmas formadas de constelação.
(Soa a campainha.)
O SR. RENATO BERTATE - Oh, meu Deus! Terminou meu tempo ou está terminando.
Para acelerar um pouco, a partir dessas vindas do Bert, em 2012 e 2013, eu, Simone e Mimansa organizamos já alguns eventos para o Bert, mas aí já era na ordem de milhares de pessoas, já tinha mil, 1,5 mil pessoas nos eventos, e assim tudo isso foi se expandindo, se multiplicando. E, por isto, na verdade, estamos aqui: devido à força e aos benefícios que tudo isso trouxe à população.
Mas também é preciso falar, não posso deixar de falar que outras pessoas chegaram logo em seguida, como Peter Spelter e Tsuyuko Spelter, que vieram da Alemanha e começaram a desenvolver trabalhos aqui; Frank Gallenmüller; Lawrence Weiss. São todas pessoas que...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. RENATO BERTATE - ... deixaram grandes contribuições, motivo pelo qual estamos todos aqui.
Com certeza, eu não conseguiria falar todos os nomes que merecem, com certeza, ser citados, como a Zaquie, a Miriam e tantas pessoas que vêm fazendo, desde lá do início, os pioneiros, todo esse grande trabalho.
Muito obrigado, Senador, pela oportunidade de contar um pouco, brevemente, a história da chegada das constelações ao Brasil.
Vai ser um prazer também agora ouvir a Mimansa, como ela chegou a isso tudo.
Muito obrigado a todos.
Foi um prazer e uma honra estar aqui com vocês. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Olhe, quem tem que agradecer somos nós, Sr. Renato Bertate, médico, pioneiro em curso de constelação familiar no Brasil.
Eu peço desculpas pelo sinal e pela interrupção automática do microfone. É só para dizer que não foi uma coisa deliberada; pelo contrário, eu dei 50% de tolerância. Vamos combinar assim, porque nós temos quase 20 palestrantes: o tempo é de dez minutos, nós vamos colocar uma tolerância de cinco minutos a mais para que se possa concluir, mas o sistema faz automaticamente. Eu só dei a tolerância aqui, mas pelo toque eu peço desculpas.
Vamos agora ouvir, como o senhor mesmo anunciou, a Sra. Mimansa Erika Farny. (Palmas.)
Vejam como ela é querida aqui. Vejam como ela é querida.
Ela iniciou o primeiro treinamento em constelação familiar do Brasil, na cidade de Caldas Novas - como colocou o Dr. Renato -, em Goiás. E o interessante: ela é alemã, mas mora no Brasil há muitos anos, em São Paulo, e agora tinha que estar lá na Alemanha para participar desse evento conosco, porque essa relação da Alemanha com o Brasil nessa questão da constelação familiar é fantástica, é uma ponte a que a gente só tem que agradecer.
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Então, com a palavra a Sra. Mimansa Erika Farny, diretamente da Alemanha, por dez minutos, com a tolerância de mais cinco minutos da Casa.
Muito obrigado!
A SRA. MIMANSA ERIKA FARNY (Para discursar. Por videoconferência.) - Boa tarde! Nossa, que alegria, que bênção experienciar este momento: o trabalho do Bert, o trabalho que foi descoberto e evoluído por Bert Hellinger, chamado constelação familiar - eu, agora, aqui na Alemanha - no Brasil.
Nós ouvimos dizer que se pode descrever como funciona, só que sabemos que é preciso uma atitude de respeito: em nenhum momento julgar; só olhar, permitir a dinâmica que as constelações nos permitem, ver as nossas conexões com pessoas do passado, a que todos estamos conectados - todos.
Agora, eu queria rapidinho, então, falar sobre as constelações no Brasil - eu sou alemã. Isso também tem muito a ver com o nosso passado nos nossos países, os grupos aos quais nós pertencemos.
Então, eu sou alemã, nascida em 1932. Em 1950, quando entrei na faculdade, era pós-guerra, tudo destruído, pessoas ainda com fome. Eu disse: eu vou estudar Português. E toda a gente disse: "Você é louca! O que você faz com o Português?".
Eu não quis ser professora, eu quis me comunicar com pessoas e estudei Português. Conheci Portugal, comecei a traduzir literatura e fui depois chamada para ser professora na faculdade, mas eu não gostei de ser professora. Então, o Governo do Brasil, o Itamaraty, me convidou para conhecer o Brasil, em 1966. E o que eu fiz? Eu fiz como os descobridores: peguei um navio; 12 dias no mar até chegar a Santos. Toda a gente achou que eu era louca; eu, não. Nesses nove meses... Aliás, o Governo me deu uma viagem de Porto Alegre, passando por todas as capitais, até o Amapá.
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Quando eu voltei para a Alemanha, eu não consegui mais ser professora e comecei a buscar, a buscar vida. Bom, vamos fazer um pouco mais rápido. Mas o importante é que nós temos que ver quais são os nossos movimentos. Nós somos movimentados por vários motivos. E também o Bert descobriu como nós estamos conectados com coisas passadas que aconteciam na nossa família, por exemplo. E nós podemos nos conectar com isso, juntar, abrir e, assim, viver e também compartilhar. Então, quando eu voltei para a Alemanha... Nossa! Eu estou muito tocada, porque também nesse momento, como eu falei, das descobertas do Bert, dos relacionamentos... Não é que alguém seja ruim. Ninguém é ruim. E aí também temos pessoas da jurisprudência que trabalham com isto: saber como lidar com crimes, como todos fazem parte e como podemos reconciliar, não é?
Eu estava procurando, então. E, naquela altura, exatamente nos anos 70, 75, os Estados Unidos começaram novas terapias: primal therapy, terapia primal, e mais outras. Então, eu ouvi que vinha alguém que trazia essas terapias - e era o Bert Hellinger, que ofereceu na Alemanha, em 1975, seminários, com 25 pessoas, e ofereceu esses novos trabalhos. Mas a atitude dele, seja uma terapia antiga, seja uma terapia nova, sempre é do centro. E para mim é importante - temos que mencionar isso... Vocês, aliás, sabem, pessoas que já estão com esse trabalho. Em todo caso, eu o conheci em 1975 num seminário assim, solto.
E eu viajava... Depois de voltar do Brasil, daqueles nove meses no Brasil, eu não consegui mais ser professora na faculdade. Então, eu viajei pelo mundo e fui para a Ásia. Naquela altura, muitas pessoas viajavam. Exatamente em Pune, na Índia, com o Osho, se encontravam pessoas do mundo inteiro. Eu estava ali, depois, no departamento de grupos, para ajudar, apoiar as pessoas. E lá tinham muitos brasileiros e pessoas de todos os países.
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E, com os brasileiros - como eu falava português -, nós nos conectamos. E eles me convidaram para ir ao Brasil introduzir, apresentar esse trabalho. E eles conheciam o Renato Shaan, o Renato, que também estava procurando lá com o Sannyasin; era uma época de procura, muitas pessoas procuravam. E, então, ele organizou o meu primeiro curso que ofereci em São Paulo.
E para mim é importante mencionar que nós podemos dizer sobre as constelações, podemos descrever como é a técnica, mas cuidado: a técnica sozinha não funciona de jeito nenhum, a não ser que a minha atitude seja ampla. Ver o todo, incluir o todo, encontrar o lugar certo são descobertas do Bert e precisam de uma atitude. A atitude é tão importante quanto o conhecer como proceder e para mim é o mais importante que posso compartilhar com vocês. (Risos.)
Muitas mais coisas da nossa vida têm a ver com o nosso passado e, se olharmos com respeito, a nossa vida muda. Nós estamos muito mais relaxados e simplesmente presentes vivendo.
Por isso, nesse momento importante: eu gosto muito do Brasil, fico lá, muito tempo. E, agora mesmo, nesse momento eu vim somente para cá, por cinco semanas, e eu queria prorrogar o visto, o meu passaporte. Aconteceu alguma coisa com os meus olhos, tinha que fazer uma cirurgia e tinha que ficar. E agora eu estou aqui exatamente onde eu estava três anos atrás, quando o Bert, em dois dias, deixou o corpo. Estou aqui, nesse momento, na Alemanha, na minha terra natal e sempre aberta para o Brasil, de que faço parte.
Parabéns para todos vocês! Nossa, tantas pessoas que eu conheci também durante anos, porque eu costumava ir todos os anos e comecei a ir a São Paulo - o Renato organizou um grupo em São Paulo, um treinamento -, depois para o Rio de Janeiro, depois Brasília, Fortaleza, novamente São Paulo, anos seguidos, até depois eu morar lá mesmo. Nada é por acaso. (Risos.)
Podem perguntar alguns, eu sou simplesmente feliz. É uma benção, é uma benção e agradeço!
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E a maravilha... Por exemplo, com o Renato, ele procurava por si mesmo, não queria saber uma técnica. A técnica existe, mas só juntamente com a atitude, e essa atitude é o essencial.
Alguém tem alguma pergunta?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Eu queria agradecer muito a sua participação aqui conosco, Sra. Mimansa Erika Farny, que iniciou o primeiro treinamento em constelação familiar do Brasil.
Eu queria dizer o seguinte para a senhora: a honra é toda nossa.
Perguntas a gente tem muitas aqui. Eu tenho já uma, como uma pessoa curiosa que sou, e tem um tempinho ainda, se a senhora puder responder e lembrar: Quem foi, do Governo do Brasil, que propiciou a sua vinda, na época? A senhora falou Itamaraty, Governo brasileiro. Quem foi esse anfitrião, na época, que teve essa iniciativa? Porque é bom para a gente. Nós estamos homenageando a constelação familiar, a história da constelação familiar no Brasil, e a senhora faz parte disso. Se a senhora lembrar o nome desse embaixador, alguém do Governo, ministro, enfim, eu lhe agradeço se a senhora puder responder.
A SRA. MIMANSA ERIKA FARNY (Por videoconferência.) - Eu confesso que não lembro o nome. Eu até vejo a pessoa na minha frente. Eu fui lá no Itamaraty. Eu encontrei com as pessoas. Nossa! Mas o importante para mim era exatamente esse trabalho se difundir. Nossa! Nossa! Nossa! Nossa!
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Que coisa boa! Muitíssimo obrigado!
A SRA. MIMANSA ERIKA FARNY (Por videoconferência.) - Eu tomei chá. Nessa viagem que o Governo ofereceu de Porto Alegre até o Amapá, por exemplo, na Bahia a gente tomou chá com Jorge Amado. Eu conheci todas as pessoas importantes na época. Simplesmente essa conexão com o Brasil é tão importante. E agora está se expandindo por tantas pessoas.
Parabéns, parabéns. Eu estou feliz. E, agora, estou aqui. É a primeira vez desde há três anos.
Eu só queria também dizer: que benção que a Sophie, segunda esposa do Bert, está continuando, porque ela também não deixa fugir. Isso que é importante com esse trabalho. E é bom que as pessoas tenham consciência disso. É um trabalho em que se pode aprender, sim, e você tem que estar dentro, aberto totalmente para o todo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado por a senhora ter se adequado já. Por isto que ela deu boa tarde: porque lá são cinco horas a mais, já está quase, daqui a pouco, chegando a noite, aí na Alemanha.
Muito obrigado pela participação direto com o Senado Federal, aqui do Brasil, e a senhora ter se adequado, ajustado para participar. É memorável e muita gratidão por isso, Sra. Mimansa Erika Farny.
Eu já quero aqui passar a palavra para a Sra. Cornelia Bonenkamp, especialista em pensamento sistêmico complexo e constelação familiar.
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Então, fique à vontade.
Ela pode falar daqui ou ela vai estar online...? (Pausa.)
Exatamente, eu queria passar a palavra e dizer que tem dez minutos.
Dá para acompanhar os dez minutos lá? (Pausa.)
Com a tolerância, Sra. Cornelia, de cinco minutos da Presidência. Muitíssimo obrigado pela sua participação aqui!
E também aproveito, antes de passar a palavra, para dar as boas-vindas: aqui há um grupo de brasileiros que está vindo, acredito, de vários estados nesse agendamento. Podem dizer os estados aí?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Ceará - olha, do meu Ceará! -, Pará, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais. Gente, que bacana, viu? Muito obrigado aí pela presença. Sejam bem-vindos aqui à Casa revisora da República, ao Plenário do Senado Federal!
Então, com a palavra, a Sra. Cornelia Bonenkamp, por dez minutos, com mais cinco de tolerância. Muito obrigado pela sua participação!
A SRA. CORNELIA BONENKAMP (Para exposição de convidado. Por videoconferência.) - Em primeiro lugar, preciso dizer que estou muito tocada pelas palavras da Mimansa e do Renato. Agradeço muito ao Senado pelo convite e espero que possa contribuir, nos dez minutos, com algo que valha a pena.
Para mim... Talvez vou contar: eu comecei a trabalhar na Alemanha como professora, e, claro, como professora, precisava dar notas e percebi que aí havia problemas, algo errado, e pensei: "Ai, o que vou fazer?". Aí decidi: "Eu vou trabalhar num colégio alemão no estrangeiro". E aí me transferiram para o México. E, antes de ir para o México, eu tinha um monte de imagens sobre o México: com muito machismo e um monte de coisas. Estando lá, percebi que o que estava na minha mente não estava desse jeito, e isto para mim foi uma experiência muito, muito, muito importante: perceber que os preconceitos ou o que todo mundo pensa só é uma possibilidade de ver o ego, e com isso comecei a virar uma grande exploradora e com isso aprendi PNL, nos anos 80 e 90, e depois conheci a constelação. E aprendi com o Bert, mas aprendi muito também com outros.
No ano 2000, fui para o Brasil. Ainda estou aqui no Brasil, e vocês podem imaginar que amo o Brasil: se eu não amasse o Brasil não moraria aqui - não moraria aqui! É um país maravilhoso! É claro que tem dificuldades como qualquer país do mundo, mas é um país maravilhoso que tem pessoas muito, muito lindas! Gosto muito.
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Eu comecei a trabalhar aqui com as constelações e percebi, como fui exploradora, que, além da constelação, importa aprender principalmente como funciona o ser humano em si e em sistemas. E aí podemos imaginar.
Imaginem, em primeiro lugar, uma criança que cai na rua e que chora muito. A mãe está junto. Um vê isso e diz: "Que triste, que horrível!". Um segundo vê e diz: "Que gritos horrorosos!". E um terceiro vê e diz: "A mãe está junto. Deste jeito, se aprende na vida". A informação é a mesma para os três, mas cada um processa a informação diferentemente.
Com isso, importa muito perceber que todos nós somos limitados. E, sabendo que somos limitados, podemos nos abrir para aprender algo diferente, algo novo. Todos nós, como também Renato e Mimansa falaram, somos fruto do nosso contexto. Imaginem alguém que nasce em uma favela, ou em uma família classe A, ou na China, ou na Alemanha, ou em uma aldeia indígena. Nós nos desenvolvemos diferentemente; dependendo do nosso contexto, da cultura, viramos o ser humano que somos. E a maioria dos nossos padrões normalmente aprendemos no nosso contexto familiar.
Pela natureza, somos totalmente intuitivos nos primeiros dois anos da nossa vida e captamos tudo que está no nosso ambiente. Depois, entre dois anos e seis, sete anos, aí somos muito intuitivos ainda. E "esquecemos a intuição" - entre aspas - pensando, pensando, pensando, pensando, pensando... Para mim, a constelação é uma ferramenta muito, muito poderosa para conectar, em muito pouco tempo, o campo informacional. Como crianças fazem isso intuitivamente, nós também podemos fazer isso. E os representantes conectam com isso, sendo representantes. Então, para mim, a constelação é um grande gerador de informação. E não existe um método mais poderoso ou igual que, em tão pouco tempo, nos ajude a ampliar a visão e a ver o que não vemos, porque, com essa ampliação da visão, podemos nos reposicionar em relação aos assuntos.
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E eu sempre... Eu sou limitada também e sempre digo: a constelação é uma ferramenta poderosa; ao mesmo tempo, ela não resolve. Quem resolve depois é a pessoa, que tem insights novos e vai aprender algo novo para a vida dela. Então, importa muito também a personalidade, como Mimansa também falou, a pessoa do constelador. Podemos imaginar... Aprendemos o método; o método é o mais importante, mas depende de em que mão está este método. Importa muito, seja como advogado, seja como juiz, como médico, realmente aprender a estar bem consigo mesmo e a vida, a não julgar os outros, ver que os outros são fruto do contexto, limitados como eu, e nos abrir para o outro e conectar de fato com o outro. É muito importante.
E falando, talvez, rapidamente, o que é sistêmico para mim, normalmente, quando pergunto nos cursos o que é sistêmico, todo mundo fala: incluir o todo. Aí falo: se isso, para você, é sistêmico, talvez você fique com o pensamento antigo de certo e errado, bom e mau, mais mecanicista. Sistêmico significa que duas ou mais pessoas - ou ingredientes, quando se trata de células - têm um funcionamento ou um objetivo em conjunto. E aí sempre tem o seguinte: tem regras do jogo. Pergunto também: o que importa mais para o jogo de futebol, o jogador ou as regras do jogo? A maioria fala: o jogador. No meu ver são as regras do jogo, porque é claro que sem jogador e bola não temos jogo de futebol, mas, se temos jogador e bola, pode ser voleibol, beisebol, basquete, handebol, as regras do jogo determinam os fazeres dos jogadores. E dessa maneira qualquer família, o Senado, os advogados, os juízes, os médicos, qualquer sistema tem regras do jogo, qualquer empresa também tem regras no jogo. Importa muito se abrir para ficar consciente do que nos movimenta inconscientemente no nosso ambiente e o que nos movimentou antigamente. Consciente disto, podemos nos posicionar. E a ferramenta poderosíssima para isto é a constelação, porque com ela, em muito pouco, ampliamos a visão, geramos informação.
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Agora, trabalho muito também com as constelações organizacionais e, aí, estou muito fortemente ligada ao Infosyon da Alemanha, uma associação internacional de constelações organizacionais.
Agora abro. Se alguém tem uma pergunta... É uma felicidade realmente ver vocês, é maravilhoso, muito bom. Se alguém tiver alguma pergunta, faça.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Eu lhe agradeço demais, mais uma vez, pela oportunidade, Sra. Cornelia Bonenkamp, de a senhora estar, da Alemanha, privilegiando a gente aqui, participando desta sessão do Senado Federal. É algo que nos deixa muito honrados. Está no Brasil - está no Brasil, mas é alemã e está conosco aqui -, participando desta sessão. Eu lhe agradeço demais a oportunidade.
Se houver alguma pergunta, a gente vai, ao longo aqui da sessão, fazer. Se a senhora estiver conectada... Mas, neste momento, peço permissão para que a gente possa dar sequência.
É uma honra muito grande ver duas alemãs com uma folha de serviço prestado, dedicadas à constelação familiar, participando aqui, enriquecendo esta sessão do Senado Federal em homenagem à constelação familiar.
Eu já quero aqui...
Fiz anotações sobre o que a senhora falou. É muito interessante essa analogia com o futebol - daqui a pouco eu vou falar sobre isso também, porque eu fui Presidente do Fortaleza em 2017, um clube do nosso estado que hoje está na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Quando eu estava Presidente do Fortaleza, nós estávamos na terceira divisão, e, segundo os funcionários, segundo o clima que havia na minha chegada lá, a tendência era a de ir para a quarta divisão. E, aí, uma das ferramentas que ajudou muito o nosso clube foi a constelação, para chegar aonde chegou. Eu vou falar disso mais à frente, da questão de problemas ali com diretores, presidentes do passado, coisas da vida. Na cultura da paz, no apaziguamento, na compreensão, aquela energia bloqueada foi liberada, os nós desatados e a coisa começou a funcionar, mas obedecendo à regra do jogo.
O que a senhora colocou: a intenção, qual é o interesse? Eu acho que tudo isso é que movimenta e que legitima que a constelação possa ser uma ferramenta de resgate, de libertação. A ética é algo muito importante, e o constelador é chave, essa formação não apenas no conhecimento, mas que possa saber usar para o bem a constelação. Isso aí eu acho que, com todas as minhas limitações e imperfeições, é algo que eu vejo não apenas na constelação, mas, para tudo na vida: qual é a intenção, isso é que tem força. Se está alinhada com a verdade, se está alinhada com a justiça, com fazer o bem, com a cultura da paz, a coisa é rápida e funciona bem.
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Eu, antes de passar a palavra para a Zaquie, que já vai se posicionar ali na tribuna - Zaquie Meredith, que é socióloga, escritora, psicóloga e psicoterapeuta -, eu quero dar as boas-vindas aqui também para mais brasileiros que estão visitando as galerias aqui do Senado Federal, que já estão conhecendo - eu não sei se já passaram pelo Túnel do Tempo, pela Câmara dos Deputados, pelo Plenário. É muito boa a presença de vocês aqui. Vocês não sabem a energia que trazem para esta Casa revisora da República, porque nós estamos aqui, os Senadores, os funcionários, para servir aos brasileiros. E essa aproximação de vocês conosco aqui é muito importante para que a gente possa cada vez mais ter consciência de que nós estamos aqui para servir, não para sermos servidos. E essa participação de vocês é fundamental para essa cidadania, para nós conduzirmos juntos esta nação.
Muito obrigado pela presença de vocês.
Eu concedo a palavra à Sra. Zaquie Meredith. Muito obrigado por sua presença. Ela pede para passar um vídeo primeiro, depois ela fala. O vídeo tem três minutos.
Eu gostaria de pedir para passar o vídeo agora à nossa equipe aqui. Muito obrigado.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
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A SRA. ZAQUIE MEREDITH (Para discursar.) - Esse é um trabalho de 20 anos.
Primeiro eu quero agradecer a memória de Bert Hellinger como um representante para a humanidade inteira. Quero dizer que estou muito feliz por estar com os pioneiros brasileiros, meus colegas. Quero agradecer à Casa do Senado e, especialmente, ao Senador Luis Eduardo Girão, que eu conheci em 2007, 15 anos atrás, através do Deputado Caminha. Fui convidada para dar um workshop em Fortaleza e eu lembro muito bem que sentamos - acho que foi num restaurante - em frente ao mar e começamos a falar sobre constelação e como é difícil entender constelação.
Naquela época, nove pessoas de dez nunca tinham ouvido falar em constelação familiar. E elas perguntavam: "Tem a ver com estrelas? Você é astróloga?". Hoje, nove entre dez já ouviram falar. Então, foram 20 anos de trabalho de constelação familiar.
Eu conheci o Bert Hellinger em 1999, quando ele veio para o Brasil, também através da Esther Frankel, bioenergética - já falecida.
Eu morava em Brasília nessa época e eu escrevia para um jornal da comunidade - escrevi durante cinco anos - e eu estava me formando em Medicina Integrativa nos Estados Unidos, com a física Barbara Brennan. E lá eu aprendi muito sobre campo. Então, eu já tinha essa vantagem, eu sabia o que era campo, o que era fenômeno, etc., e, quando eu estudei a constelação familiar... Também fui da primeira formação de Brasília, que iniciou dois meses depois da primeira formação do Brasil inteiro. Quando ela chegou ao Brasil, para mim era a luva que faltava na outra mão, porque eu entendia de campo individual de cada um e agora estava entendendo de campo da família. Isso fez com que eu começasse a trabalhar já com as constelações familiares, porque eu já tinha estudado então fenomenologia durante quatro anos.
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Eu dei entrevistas, palestras, em Brasília - aí vocês viram -, e o apresentador sempre dizia assim para mim: "Mas eu já entrevistei dois alemães, você é a terceira brasileira, eu não consigo entender constelação. Zaquie, o que é constelação?". Então, era muito difícil explicar. Hoje esse conhecimento está bem divulgado, não é? Eu dei entrevistas também; fiz um grande trabalho de divulgação da constelação no Brasil; dei palestras nas administrações das cidades-satélites de Brasília; dei workshop até aqui; dei uma palestra no Banco Central, em Brasília; fui para Lima, no Peru, Uruguai, Flórida, México, Australásia. Eu sou brasileira, mas tenho também a cidadania inglesa, falo fluentemente o inglês.
Em 2003, eu fui ao México, onde Bert Hellinger estava dando um seminário, e lá já tinha mais de mil pessoas. Já começou e o pessoal... O Bert Hellinger entrava no auditório e a gente levantava e aplaudia de pé durante dez minutos sem parar. Ficava todo mundo emocionado com ele. A partir dali, nós decidimos abrir a Associação Brasileira de Consteladores Sistêmicos, que começou em 2004. Eu trabalhei como voluntária durante muitos anos. Sempre meu trabalho foi dar palestra, divulgar, falar da constelação, mostrar o que era, etc.
Eu fiz também alguma pesquisa para Rupert Sheldrake, que é o autor sobre campos mórficos, que queria saber se as pessoas percebiam que estavam sendo olhadas por trás. Eu fiz algumas pesquisas com grupos, e ele acabou escrevendo o prefácio no meu livro A Consciência das Sensações e Constelações, que está em inglês e em espanhol, na Amazon e na Hotmart também.
Depois do México, em 2003, eu escrevi, como socióloga, um projeto chamado Eu Sou, sobre a ressocialização dos egressos, incluindo a constelação familiar como uma das disciplinas para ressocializar o sentenciado. Isso foi na época do Roriz. Eu, inclusive, pedi ao Bert Hellinger, num desses encontros de seminário, que ele fosse membro honorário. Eu até queria por escrito; ele disse que não, que não fazia nada por escrito, mas que verbalmente dava a palavra dele, e Newton Queiroz, o tradutor de Constelações Familiares e de vários livros do Bert Hellinger, foi testemunha. Mas ele disse para mim: "Você é mulher e eles são homens, então eu penso que não daria certo".
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Realmente o projeto não vingou, foi na época do Roriz, mas está aí. A quem se interessar, depois a gente pode falar a respeito, porque eu acho que nós fizemos até um projeto-piloto - seis meses - com eles, com o pessoal, e foi bom.
Muito bem.
Também um dos meus objetivos eram esses workshops beneficentes. Todo ano, no Natal, dando um workshop gratuito. O que as pessoas teriam que trazer era um presente para as crianças. Aliás, eu pedia dois presentes: um para menino e outro para menina, bem baratinhos, mas bonitinhos e bem embrulhadinhos. Então, eu tenho muito orgulho desse trabalho, de fazer com que as crianças órfãs recebessem presentes de Natal.
Eu acredito... Deixa eu ver aqui o que eu tenho mais para falar. Ah, sim: cada um de nós tem uma maneira de enxergar o que aconteceu com a gente em relação à constelação familiar. Então, vocês vão ouvir muitas pessoas falando coisas que, às vezes, não batem, mas isso tem a ver com o que o Einstein sempre falava: o tempo é atemporal e a gente enxerga da onde a gente está vendo. Se eu estou aqui, eu estou vendo o trem um pouquinho mais rápido ou um pouquinho mais devagar. A outra pessoa que está ali vê o trem um pouquinho mais rápido. Mesmo assim, isso não importa. Isso significa que a constelação familiar é dinâmica e cada um recebeu como ela veio, da maneira como ela veio.
Então, eu só tenho a agradecer e deixar aqui a minha reverência profunda ao criador, Bert Hellinger. Quero dizer que, obviamente, eu o conheci pessoalmente - fui a todos os seminários possíveis aqui no Brasil, no México, na Inglaterra, etc. - e dizer que a constelação é uma filosofia de vida - ela é muito mais do que uma técnica, ela é uma filosofia de vida -, ela abre a mente da gente, ela abre o coração, ela nos faz respeitar a natureza, a hierarquia - quem veio antes, quem veio depois - e nos ensina que a única coisa que o ser humano quer é amar e ser amado e que nós não precisamos gostar de todo mundo nem concordar com tudo, mas nós precisamos respeitar todo mundo. Acho que é isso.
Então, assim seja.
Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado pela sua participação, Zaquie Meredith, que é socióloga, escritora, psicóloga, psicoterapeuta, a quem sou muito grato pela minha iniciação no assunto. Eu era totalmente leigo sobre a constelação.
Ela lembrou algo que nem eu lembrava: 2007, lá em Fortaleza, no restaurante Coco Bambu - em seu início, se eu não me engano, porque hoje tem em São Paulo, aqui, em todo lugar -, a gente conversou bastante com o Francisco Caminha, que era, então, Deputado Estadual e que sempre foi muito aberto às coisas novas, do bem. Ele ali fez um seminário. Depois, eu fui a São Paulo conversar com você - eu lembro que eu fui. E a Zaquie me ajudou muito. Eu sou muito grato pelo trabalho profissional que ela desenvolve. Ela falou aqui umas palavras-chaves, que é bom a gente sempre relembrar: a importância da hierarquia. A gente aprende muito na constelação. Para mim... Olha só, como você falou, o referencial, depende do referencial que a gente dá. Para mim é muito autoconhecimento também. E a precedência é algo que a gente aprende a respeitar mais ali, a precedência. Há outros termos que eu aprendi na constelação e há outros que a gente vai aprender juntos aqui. Por exemplo, não existe ex-esposa; é a primeira esposa. Isso faz toda uma diferença, não é? E uma causa que eu sempre tive e aqui procuro colocar no Senado Federal, a serviço, uma causa que eu acredito ser muito justa, é em defesa da vida desde a concepção, é sobre a questão do aborto. E, dentro da constelação, eu também me identifiquei muito, porque aquela criança que foi abortada, de forma praticada ou espontaneamente, é considerada um filho na constelação. Eu acho isso muito bonito. O ser ali é preservado, a existência dele, independente se foi à frente ou não. Então, a palavra inclusão eu acho que define muito bem a constelação. É muito includente. Isso é muito bonito.
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Eu agradeço a sua participação aqui.
Eu já vou transferir agora a palavra para... Vamos alternar alguém que está conosco online, conectado, e alguém que está presencial, para a gente ficar mais dinâmico.
Então, eu vou chamar aqui, conceder a palavra à Sra. Irene Cardotti, psicoterapeuta. Muito obrigado por sua participação, Dra. Irene. A senhora tem dez minutos, com a tolerância da Casa de cinco, para fazer aí a sua palestra. Muito obrigado.
A SRA. IRENE CARDOTTI (Para discursar. Por videoconferência.) - Muito bom dia!
Muito agradecida ao Senado e ao Senador por esta oportunidade tão maravilhosa. Eu estou muito tocada com todas essas pessoas - Mimansa, Sophie, Renato e todos os colegas que eu estou vendo aqui, aí presente e também online -, pessoas que fizeram muito parte da minha história nas constelações. Nós somos da primeira turma que se formou aqui no Brasil. Então, eu estou muito orgulhosa e muito honrada de estar neste momento.
Olha, eu fui convidada a falar um pouquinho da psicologia, da contribuição das constelações na psicologia. Eu sou psicóloga há 43 anos, trabalho em consultório há 43 anos, tenho muitas formações e, há 33 anos, eu fiz a minha formação em terapia familiar sistêmica, onde pude estudar muitos pensadores, muitos autores, inclusive Virginia Satir. E, há 20 anos, eu conheci o Bert Hellinger. Como o Renato falou brilhantemente, em 1999, ele veio ao Rio de Janeiro pela primeira vez, e lá eu estava. Fiquei muito assustada, muito surpresa, não entendia muito bem, mas eu fui para o hotel, e aquilo mexeu muito comigo, com meus sonhos, com as minhas emoções.
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Após 1999 - eu lembro como se fosse hoje -, eu, o Renato e outras pessoas nos reunimos num espaço aqui, em São Paulo, para a possibilidade de formar uma formação. E aí foi formada, sim, a formação através do Régis, do Richard, em 2001, essa primeira turma, que o Gunthard e outros mestres vieram dar. E aqui eu tenho muitos colegas que fazem parte desse contexto, dessa primeira turma.
E aí eu fui caminhando. Então, quando eu comecei a entender as constelações, conheci o Bert, acompanhei o Bert todas as vezes que ele veio ao Brasil, inclusive nas maratonas, em que ficávamos nove dias em Águas de Lindóia, quando saíamos de lá assim meio atordoados, demorávamos uns três ou quatro dias para voltarmos para o prumo.
O que é uma constelação? Como todos já falaram, não é uma só técnica; é uma missão, é virar sua chavezinha interna. Então, quando nós estamos nos trabalhando, nos estudando, a gente está se trabalhando, e eu, como psicóloga, não aplico nenhuma técnica ao meu cliente que antes não tenha vivenciado na minha alma, no meu corpo, e isso faz uma grande diferença. Por quê? Eu vejo a constelação como uma forma de vida, um olhar para a vida de uma outra forma. É virar a sua chavezinha. Então, não é só importante, sim, muito conhecimento, mas é muito importante nós consteladores sermos muito bem trabalhados, reciclados, nunca pararmos de estudar. E eu vejo as constelações, o trabalho, como um eterno aprendizado, e cada vez mais você anda um pouquinho mais, dá um passinho a mais na sua história, na sua alma e na sua essência. Então, não é falar na vida, é ser. O que eu falo nos meus atendimentos, nos meus grupos, nas formações que também eu dou é aquilo em que eu acredito e que tento cada dia mais aplicar na minha vida.
Falou-se da hierarquia, o primeiro marido, o primeiro filho, como isso é importante e como esse falar e esse olhar e esse sentir mudam totalmente dentro desse contexto. Então, como a psicologia, com as constelações, posso dizer, eu pude estar costurando com linhas de ouro tudo isso.
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Desde as minhas outras formações até a minha formação em terapia familiar sistêmica, há 33 anos, que eu conhecia antes, quando eu conheci as constelações tanto familiares como organizacionais, cuja formação eu também fiz, só me agregou, só complementou e me acrescentou.
Então, quando eu acolho, eu recebo um cliente, o meu olhar, a minha postura é totalmente diferente. Eu estou acolhendo aquele ser que veio buscar algo, provavelmente com algo de um conflito, ou de uma grande dor, ou de um grande trauma. Mas, com esse paciente ou esse cliente, juntos, nós podemos construir essa história, e ele também poderá olhar incluindo a sua transgeracionalidade, o seu passado, os seus padrões. Sem julgar e sem se vitimar, tudo muda. E os atendimentos começam a fluir de uma outra forma, com uma leveza, com uma profundidade e com muito amor. Então, eu, como psicoterapeuta, não estou ali para conduzi-lo, e, sim, para ajudá-lo a olhar para toda a sua história, todo o seu sistema, com respeito e com inclusão. E também ele poderá sair daquele lugar, porque muitas vezes chega ao meu consultório com a sua criança - todos nós temos a nossa criança - ferida, machucada, traumatizada, e essa pessoa poderá olhar para todo esse histórico, esse padrão, que muitas vezes é repetitivo, de uma forma adulta, no seu ser adulto. Então, com o adulto cuidando dessa criança com muito carinho, com muito respeito, ele pode tomar a decisão e suas escolhas na vida.
Assim, eu sou muito grata à Celp e à Universidade de Caxias do Sul, que, há muitos anos, me convidou como uma professora convidada a viajar por todos aqueles lugares - Santa Catarina, Paraná e todo o Rio Grande do Sul - dando aula. Com isso, passando o que eu aprendi e aprendo, porque eu faço cursos até hoje e me reciclo, eu pude também estar mais humanizada e retomar na minha história o meu ar, a minha vocação de professora, que eu tinha esquecido. Na minha juventude, eu fiz normal e científico. Normal, porque minha família queria; científico, porque eu quis. E eu fui professora também primária de maternal, mas isso estava adormecido. E, com essa oportunidade, eu pude retomar este lugar também de educadora e também dando formações aqui no Brasil, tanto em São Paulo, como em Goiânia - e também em Vitória, porque eu sou professora convidada -, junto com a minha parceira, a Débora. Nós temos um curso maravilhoso de formação em constelações que nós damos em Goiânia, em São Paulo.
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E, assim, o que eu posso dizer? Que as constelações... Ter conhecido o Bert pessoalmente, ter tido o privilégio de ser já constelada por ele há muitos anos foi um grande presente na minha vida. E, cada vez mais, eu vejo como eu me torno uma pessoa muito mais leve, muito mais de bem com a vida e muito mais produtiva também. Apesar de todas as perdas que a vida nos dá - marido, mães e pais -, não importa: o sentimento, a gente o coloca no nosso coração.
Então, eu faço muitos grupos de constelações também aqui em São Paulo - ontem mesmo eu tive um -, e eu vejo o quanto as constelações, tanto as familiares como as empresariais, ajudam as pessoas, como elas encurtam muitos caminhos e, muitas vezes, muitos anos de trabalho de terapia. Antigamente se ficava dez, quinze anos; hoje as coisas são mais rápidas. Não é que são menores e de menor profundidade. Não. Elas são mais focadas. É claro que eu nunca digo que pare um tratamento médico, pare um trabalho de autoconhecimento - de forma alguma! Constelações não substituem nada. Elas somente agregam e abrem um novo caminho e uma nova possibilidade para que essa pessoa possa ter a sua decisão e a sua escolha. Então, eu diria que as constelações, na minha área, são como um zoom: elas dão uma amplitude, e isso é maravilhoso, como foi para mim na minha vida também.
Então, eu quero agradecer muito esta oportunidade de estar aqui hoje, neste momento tão maravilhoso de validar as nossas constelações no Brasil. É um momento, assim, de muita honra!
Gratidão a Mimansa, a Bert, a Sophie, a todos os meus mestres, a Joan Garriga, a Brigitte, a Gunther, a Lorenz - são inúmeros; a meus colegas também e a minhas amigas; e a meus queridos clientes também, pela confiança que depositam no meu trabalho.
Eu vou dizer mais uma coisa: ser constelador é algo de escolha e de alma! Precisa-se estudar muito. Gente, não é com um cursinho de três meses que se diz: "Eu sou constelador!". A gente tem, cada vez mais, que se abrir como uma cebola, tirando as nossas cascas. Como diz o Bert, até oitenta e poucos anos, 85, 87, a cada vez, eu tomo mais um pouco meu pai e minha mãe. Então, é o que eu faço para a minha vida, para a minha família e para os meus clientes. Pelo menos, é o que me disponho com a minha alma. Eu estou muito emocionada e muito feliz de estar aqui com vocês hoje.
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Muito obrigada!
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - A gratidão é toda nossa, Sra. Irene Cardotti, psicoterapeuta, participando... Diretamente de onde a senhora está?
A SRA. IRENE CARDOTTI (Por videoconferência.) - Eu estou em São Paulo, capital.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - São Paulo, capital.
Muito obrigado pela sua participação.
Eu estou aqui recebendo... Nós estamos aqui recebendo - olhem só - os alunos do ensino médio da Escola Estadual Antônio Atanásio da cidade do Carmo do Paranaíba, Minas Gerais. Sejam muito bem-vindos aqui à Casa Revisora da República. (Palmas.)
Que coisa boa! Os professores, os coordenadores aí, a equipe do Senado recebendo o futuro do nosso país, deste país fantástico em que a gente vive. É muito reconfortante ver vocês aqui, jovens, que - quem sabe, um dia? - estarão sentados aqui, fazendo leis importantes para o Brasil. É uma honra muito grande ter a presença de vocês aqui, tá?
Nós estamos fazendo uma sessão para homenagear a constelação familiar, uma sessão especial, e eu convido vocês para... Eu sei que daqui a pouco vocês vão conhecer outras coisas aqui, mas, depois - quem sabe? -, possam assistir a esta sessão, que vai ficar no YouTube e vai ser transmitida depois novamente, retransmitida na TV Senado. Fica o convite para todos.
Eu já quero agora passar a palavra para a Sra. Rose Militão, tá? Inclusive, o marido dela é meu amigo também, o nosso querido Albigenor Militão, que está aqui no Plenário do Senado. Sejam muito bem-vindos! Ela é da nossa terra... Na verdade, ela é de Alagoas, é do Nordeste brasileiro - eles são. Mas eu os conheci no Ceará. Ela é psicóloga clínica especialista em constelação familiar.
Em vários trabalhos, eu tive a oportunidade de participar com a Rose. Comecei, como eu disse, lá em 2007, com a Zaquie Meredith, meu primeiro contato com a constelação; depois, com a Daniela, a gente participou de algumas constelações aqui em Brasília. Depois, com a Rose Militão, com o Instituto Militão, a gente... Não só de ordem pessoal, certas situações familiares, mas através, inclusive, de que para mim foi missão de vida, como a questão do Fortaleza, que é meu clube do coração e que eu queria ajudar ao máximo dentro dos princípios e valores. E a constelação foi uma ferramenta para entender. Eu tenho convicção de que ajudou muito. E, depois que eu saí do Fortaleza, continuaram fazendo com a atual diretoria através da Rose Militão, e a gente percebe os resultados, que transcendem a questão de resultado prático esportivo. É muito mais que isso, porque um clube pode levar valores e princípios para as pessoas para que não se sintam inimigas - elas podem ser adversárias no campo das ideias ou no campo futebolístico, mas jamais inimigas -, pode levar a ética, o bem, pode fazer o bem. O clube tem uma mensagem poderosa. E, no Fortaleza - eu quero fazer este testemunho aqui -, o instituto da Rose nos ajudou muito e nos ajuda ainda, embora vamos ter alguns trabalhos depois - não é, Rose? - pelas situações que estão acontecendo. Eu quero dar esse testemunho aqui.
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Inclusive, na campanha do Senado Federal, houve uma questão pessoal com o meu pai, um reencontro mais forte, o apoio do pai, e isso foi importante no desenho ali, pois a grande missão da minha vida é esta que estou realizando aqui no Senado Federal. De uma certa forma, a constelação me ajudou muito a encontrar os caminhos para servir aqui.
Isso foi através do instituto fundado pelo Albigenor e pela Rose, e eu agradeço a vocês por isso.
Muito obrigado pela presença aqui, no Senado Federal, e a senhora tem dez minutos, com a tolerância de cinco da Casa para fazer sua explanação. Obrigado.
A SRA. ROSE MILITÃO (Para discursar.) - Queridos, estou muito feliz, porque eu estava dizendo aqui que eu sou a caçula deste movimento - e eu preciso dizer isso.
Antes de falar da minha idade nas constelações, eu quero lhe agradecer muitíssimo, querido amigo Senador, Exmo. Presidente aqui da mesa, Luis Eduardo Girão. Nós nos encontramos, porque a vida permitiu que isso acontecesse.
Eu me congratulo com todos os colegas nesta festa linda. Eu aprendi que existem três momentos presentes. O primeiro é o presente do passado, e esse presente do passado está aqui na nossa memória. E aí tem muita coisa linda sendo colocada aqui. O segundo momento presente é o agora. E eu quero dizer para você que está em casa: aqui tem uma festa de amor, de foto, de congratulação, de gente maravilhosa que nós conhecíamos do trabalho que fazia. Então, tem um momento lindo aqui - e eu preciso dizer isso para vocês. E tem o momento futuro, porque eu não posso organizar o meu futuro se eu não organizá-lo agora, no meu momento presente. No futuro, eu acho que nos esperam muitas coisas em relação às constelações familiares - vocês não acham?
Eu sou nordestina, alagoana, mas estou há tantos anos no Ceará que acho que sou cearense e quero falar em nome dos amigos consteladores da minha terrinha de Fortaleza, do Ceará. Eu preciso dizer aqui... Eu trouxe uma cola, não uma cola... Eu sou amiga do papel e da caneta. E, como eu fico na pressão dos dez minutos, se eu fosse falar sem essa métrica, sem esse arrumado, não daria certo mesmo. Então, aqui, eu estou na fase do "eu sou, eu sou": eu sou nordestina e estou no Ceará há mais de três décadas.
Eu sei que muitos consteladores deveriam estar aqui. Foi uma surpresa para mim ter sido chamada para esta mesa.
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A priori, veio à minha cabeça: "Ah, mas não sei quem, não sei quem e não sei quem deveriam vir para a mesa". Aí eu digo: "O.k., aceite!". E aí eu vim caminhando aqui, aceitando que está tudo bem.
Eu quero agradecer a algumas pessoas que vieram antes de mim e eu preciso organizar esse tempo nessa gratidão. A Cristina Sutter, eu a conheci em constelação familiar, numa ambiência acadêmica, no meu curso de psicologia, que eu levei mais de 20 anos para concluir pelas andanças da vida. E, quando eu vi aquilo lá, eu disse: "Meu Deus!". E aí eu digo sim a isso tudo.
A primeira pessoa que organizou um curso de formação que eu vivenciei, eu preciso trazê-la aqui; eu preciso trazer também a Dagmar, eu passei pela mão dela; o Maurice. E eu também preciso trazer três pessoas. Eu sempre organizo assim na minha mente... Nós convidamos pessoas para nos ensinarem lá na nossa escola. Eu digo: "Nossa [quando eu olho para a pessoa eu penso assim], eu nem era nascida na constelação familiar... Essa pessoa... Eu pensei que era o som de parar. Eu estou aqui aperreada. Eu nem era nascida da constelação, e essa pessoa já mandava muito bem!". Então, eu quero trazer três pessoas lá da minha terra que, sim, fizeram um trabalho lindo: Guilherme Ashara, Lucy Lopes e Isabel Lopes. Eles estavam muito tempo na frente, e eu estou aqui, mas represento a todos vocês. Fica bom dessa forma?
E eu quero fazer uma gratidão especial aos meus alunos das 11 turmas de formação em constelação familiar, aos alunos das três turmas de constelação com estrutura. Eu agradeço muitíssimo a essa caminhada com vocês, porque só é possível o aluno, o professor, se o aluno estiver nessa interação, e eu sou muito grata a todos vocês.
Dizem que o mais importante precisa ficar por último, é citado por último. Eu quero citar a Deus. Gente, eu sou apaixonada por Jesus e eu gosto muito desse movimento de que Deus é o autor da vida e está tudo bem assim, mas, em seguida e por que ele permitiu, eu quero dizer para papai e para mamãe, porque a gente aprende isso - não é verdade? -: Papai, mamãe, meus 11 irmãos, é uma delícia ter vocês aqui integrados nesse movimento, porque, na constelação familiar, se nós não passarmos por essa aula, nós não fazemos nada, a gente fica interrompido ali nessa coisa de não honrar o pai e a mãe. O.k.?
Então, antes disso, eu digo também que constelação familiar é uma coisa de família. E eu preciso, eu vou soltar aqui aquele eslaide maravilhoso, eu preciso mostrar a minha tribo para vocês. O.k.?
Então...
Não, não, não, não, está antes. Chegou. Está bem antes.
O.k.
Não? (Pausa.)
Gente, deixa eu voltar, porque aqui me deram... Eu tenho que falar rapidinho sobre o Instituto Militão, está certo? Mas...
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Deixe-me só, deixe-me só, Rose, enquanto ele ajusta aí, rapidamente saudar aqui mais brasileiros. Olha que coisa! Desde o começo da sessão, já foram o quê? Uns quatro ou cinco grupos que chegaram aqui, que vêm espontaneamente. Isso é muito bacana! Muito obrigado pela presença aqui. E a gente vê a alegria com que vocês chegam, filmando aqui, conhecendo esse espaço em que a gente trabalha fazendo leis para o Brasil. Então, é uma honra, uma alegria muito grande.
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Peço a vocês, sempre, e a quem vai vir depois... A gente tem cada vez mais brasileiros vindo aqui conhecer o Senado, a Câmara dos Deputados, se apropriar da nossa história, estar perto dos seus representantes. E são muito bem-vindos por cobrarem, por acompanharem o trabalho. Nós estamos aqui para servir, esse é o propósito, e a presença de vocês é muito importante. E, sempre que possível, quem é católico, quem é evangélico, quem é espírita ou que não tenha religião, mas que ore pelo Brasil, ore por nós, ore por esse espaço aqui, para que a gente possa desenvolver o nosso trabalho. Isso é muito importante. Eu, particularmente, acredito que a guerra que a gente vive é uma guerra espiritual e é muito importante a oração. Mas quem não tem religião, coloca pensamentos positivos, vibrações boas aqui para o Senado. Esse ambiente aqui é um ambiente que tem muita decisão para o país e que precisa dessa energia de vocês, que têm amor pelo Brasil, porque quem está aqui tem amor, vocês têm amor pelo Brasil, e estão aqui conhecendo a sua Casa. Muito obrigado. (Palmas.)
Rose, desculpa, eu vou repor o tempo. Pode ficar tranquila. Obrigado.
A SRA. ROSE MILITÃO - Ah, está ótimo.
Então, a minha base familiar é esse meu marido maravilhoso que está aqui comigo. Estamos juntos, eu desde os meus 16 anos, e eu digo que a gente está junto tem quase meio século, gente. Reconheço esse namorado, parceiro; com ele, nós fizemos umas coisas legais, não foi isso, Albi? Fizemos Dani, que trouxe Jean, que trouxe Júlia e Pedro, os nossos netos. E aí a gente fez o Diogo, que trouxe a Débora. Fizemos também vários livros, porque, antes da constelação familiar, nós dois trabalhamos muito tempo na ambiência organizacional, então, livro de dinâmica de grupo, livro para recursos humanos, algumas vezes estivemos no Conarh. Somos nós. A gente sempre trabalhou, nós sempre demos aula na base da andragogia, ali, trabalhando com adultos, que é outro movimento. Então, quando a gente se encontra para ensinar... Eu sou docente da escola e sou convidada para dar algumas aulas, e recentemente - e aí, Albi, fui eu sozinha, mas você apresentou o livro - eu lancei o Exercícios Sistêmicos para o trabalho com pessoas. Esse livro, temos vendido muito, partilhado com muitas pessoas.
E aqui tem um pouquinho... Aqui é o Instituto Militão, você não me encontra nas redes sociais, Rose Militão, mas você encontra a minha empresa, eu falo por ela, nós estamos juntos há uns 30 anos. E aí é dentro da Escola de Constelação. Somos também um lugar de acolhimento na psicologia clínica. Essa é a nossa casa, nosso espaço. Preciso fazer isso, meu povo, porque eu tenho o maior orgulho desse canto, em que a gente acolhe famílias não só na psicologia, como na constelação e nos treinamentos organizacionais. E é isso aí.
Aqui é o nosso auditório. Eu digo, eu e Albi, a gente diz que anda com o auditório debaixo do braço, porque onde a gente vai tem que ter um auditório, não é?
Muito bem. Então, nesse sentido eu vou falar para vocês aqui sobre a linha do tempo das constelações familiares. Ora, eu sou caçula e eu me dei, me organizei nesse tempo para falar sobre a linha do tempo. Como psicóloga - e eu trabalho com adultos, com casais, com família -, eu sou apaixonada pela terapia familiar. E na linha do tempo, eu quero trazer vocês comigo para conversar sobre a constelação familiar, dentro desse guarda-chuva da linha do tempo da terapia familiar.
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Então, eu quero dizer que é tão interessante. Você já pensou? Eu sei que nós temos a responsabilidade de falar - e a galera está perguntando aí nas redes sociais - o que é constelação familiar. Então, vocês já vão pensando aí, porque a gente precisa falar sobre isso.
Nesse sentido, imagine você que está aí nos ouvindo poder trazer o seu problema numa construção espacial. Ele está ali e você vê o seu problema; ele fala com você e dá uns direcionamentos. Isso é um pouco do que nós fazemos na constelação familiar, não é isso, meu povo? É uma configuração espacial.
Acontece que a terapia familiar surgiu nos Estados Unidos. O contexto foi o pós-guerra, a guerra da Coreia, a bomba atômica. Naquela época, você imagina que os homens que foram para a guerra não foram os mesmos que voltaram - aqueles que conseguiram voltar - e que as mulheres que ficaram definitivamente não eram as mesmas, a família não era a mesma, os filhos não eram os mesmos. Então, ao mesmo tempo que teve muitas perdas, houve também muita coesão familiar por conta dessas perdas.
Acontece que, apesar dessa coesão, desse envolvimento familiar, houve também delinquência - muita delinquência -, esquizofrenia infanto-juvenil aos montes, e os recursos terapêuticos de um para um - na época, o que existia - não davam conta dessa montanha de problemas na família. Então, investimentos financeiros foram colocados à disposição.
E aqui eu quero trazer um sociólogo, Gregory Bateson, que formou um grupo que a gente chama de primeira cibernética e disse assim: "Olha, vocês comecem a pensar uma forma de trabalhar com essas famílias, porque não dá certo o formato terapêutico que existia antes". Então, a terapia familiar não nasce da psicologia, o.k.?
Eu vou chegar à constelação familiar, segurem comigo.
Nesse sentido - e aí eu vou dizer para você -, começa-se a pensar - olha que coisa linda! - que a doença de uma pessoa nascia e se sustentava no seu vínculo familiar e estranhamente mantinha o equilíbrio interno daquele grupo, o que chamamos - esse equilíbrio - de homeostase.
Então, na década de 50, além de Bateson, a gente destaca - a Cornelia falou sobre o pensamento sistêmico. Deixa eu trazer aqui rapidinho - Karl Ludwig, que é quem traz a teoria geral dos sistemas. Então, você começa a pensar... Na década de 20, vem todo esse trabalho do pensamento sistêmico, que se contrapõe ao pensamento cartesiano - e a gente não vai organizar isso aqui, porque não é o caso.
Nesse sentido, o método de evidência dos processos psíquicos começa a acontecer através de uma representação espacial com representantes, com pessoas desconhecidas, que é o que a gente faz nas constelações. Quem começou essa história? Moreno, através de psicodrama. E muita gente confunde constelação familiar com psicodrama, mas existem, sim, as colocações. O problema começa a aparecer na representação espacial.
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E através do teatro, aquele teatro espontâneo, Moreno fez uma coisa extraordinária, porque se popularizou você perceber os seus problemas. A gente chama de observador alguém aqui de fora que diz assim: "Nossa, é isso mesmo que está acontecendo!".
Depois de Moreno, vem uma pessoa que é peça fundamental para o que a gente está falando aqui dentro da linha do tempo, o.k., pessoal? Essa pessoa... Se Deus quiser, isso aqui vai passar. Olhem a linha do tempo. Quem não conhece Virgínia Satir, gente? Virgínia Satir foi a única mulher a compor o grupo de fundamento lá atrás, década de 50, da terapia familiar.
O trabalho de Satir com as famílias tem uma relevância tão, tão, tão grande, tão extraordinária por uma razão muito simples: ela trouxe, além de inúmeras técnicas mesmo, a família simulada, que é a escultura familiar e a reconstrução familiar. Por que Virgínia Satir é tão citada nas constelações familiares? Por uma razão muito simples... E também Moreno.
Desculpem-me estar dando aula para vocês aqui. Conforme eu digo, a nossa escola surgiu, o primeiro curso de formação, em 2015, mas eu caminho com constelação familiar há mais de 15 anos. Então, eu gosto de pesquisar, eu gosto de ir atrás. E eu sei que, em uma época em que eu pesquisava e ia atrás...
Tenho quatro minutos. Esperem um pouco, viu? Deixe-me ir, porque eu estou na pressão do tempo.
Eu sei que eu queria entender e entender. E as pessoas diziam: "Rose, pare com isso. Constelação familiar é sentir". Está bem! O.k. Então, o que acontece é que... Deixem-me dizer, enfim, desculpe...
Por que a Virgínia Satir é tão importante? Porque ela trabalhou tenazmente com a família, com os recursos familiares. O tempo passou e Virgínia Satir...
A técnica da Satir é reconduzida, reorganizada por Thea Louise. O que ela fez? A família simulada, a escultura e a reconstrução familiar que a Virgínia só queria ver como se fosse uma fotografia - até hoje eu uso esses dois recursos quando eu atendo famílias -, os representantes daquelas esculturas começaram a falar, começaram a ter sensações. E é aí quando a Thea diz assim: "Agora eu dou um passo mais além". E quando falava, a partir da fala deles, Thea Louise ia para a reconstrução familiar. É por isso que é dado crédito a ela das primeiras constelações familiares.
E onde é que Bert Hellinger entra nessa história? Ele participa de um evento com a Thea e, aí, ele representa um rapaz, um jovem esquizofrênico, eu acho, e ele diz: "Meu Deus, o que é isso?". E ele fica assim... Sabe aquele encontro extraordinário fenomenológico? Então ele sai. E, aí, gente, entra Bert Hellinger na história, porque você percebe - Moreno, Virgínia Satir, Thea, Hellinger - que são caminhos, você compreende isso. Nesse sentido, Hellinger entra, com 16 anos de sacerdócio e uma história que faz parte do que a gente recebe hoje como legado.
Eu não tenho a menor ideia, porque eu não estou conseguindo ler, não trouxe meus óculos...
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Gente, eu tenho 62 anos, eu já estou naquele negócio de "a distância", sabe? Então, eu não consigo ler de perto, não consigo ler de longe, está uma confusão.
Mas aí é o Hellinger, que todo mundo sabe quem é, já foi falado e vai ser mencionado mais ainda. Eu quero chamar a atenção para esse sacerdote, filósofo, pedagogo, para a experiência dele com a tribo Zulu, gente. No Zulu, Hellinger aprendeu a honrar os pais pelos filhos. No Zulu jamais, de forma alguma, iriam tirar o mérito da pessoa, havia equilíbrio nas relações. Isso acontecia de forma natural. Hellinger larga...
(Soa a campainha.)
A SRA. ROSE MILITÃO - ... o sacerdócio. E aí o que acontece?
Eu posso ter mais dois minutos, Senador?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Dois minutos para concluir, porque eu já passei do tempo.
A SRA. ROSE MILITÃO - Tá. Desculpem.
Hellinger larga o sacerdócio, vai para os Estados Unidos e ele tem acesso a tantas informações, tanta coisa - acesso ao Sheldrake, com os campos mórficos, acesso a quem mais? A tantas outras pessoas que eu não vou ressaltar aqui mais, para a gente não se prolongar. Juntando tudo isso, o Hellinger juntou e difundiu mundialmente as três leis ou ordens básicas da vida: pertencimento, precedência, equilíbrio de dar e receber. Formou-se aí o movimento que chamamos de constelações clássicas. O.k.?
Primeiro movimento: constelação clássica, que vem de dois tempos. O primeiro tempo é de ordens do amor, porque se se coloca amor no sistema familiar as coisas se organizam. Porém, Hellinger entendeu, logo depois, o movimento da alma, que esse sistema familiar faz parte de um outro grande sistema, nós todos fazemos parte da alma humana. E, finalmente, Hellinger vai lá e em seguida ele vai para um terceiro momento chamado de as constelações familiares espirituais, que são chamadas de novas constelações, coisa de que aqui eu discordo, porque, se eu falar do novo - neste lugar que eu ocupo, gente, é fácil eu discordar -, vou falar do velho, são caminhos. E lá no instituto nós temos uma máxima: "Caminhe e o caminho se abrirá". Então, nessa caminhada, nesse percurso, com tanta informação linda e extraordinária, para mim, essa é a linha do tempo que percorre... Eu, como psicóloga, quero dizer aos meus Conselhos Federal e Regional de Psicologia, que é um divisor de águas daquilo que eu faço.
(Soa a campainha.)
A SRA. ROSE MILITÃO - Muito obrigada pela oportunidade. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Obrigado, querida. Eu peço desculpas aí, mas eu compensei aquela parada que eu dei aqui, dei um tempo. É que a gente tem um extenso número aqui de pessoas que vão palestrar, mas eu lhe agradeço demais pela sua presença, pela sua exposição. E, mais uma vez, manifesto minha gratidão.
Eu queria também saudar os visitantes que estão neste momento conhecendo aqui o Senado Federal. Sejam muito bem-vindos a este Plenário! Hoje nós estamos fazendo uma sessão especial em homenagem à constelação familiar, que aqui no Brasil foi criada por um alemão, Bert Hellinger, e aqui no Brasil tem conseguido um terreno fértil para ajudar, ferramenta de autoconhecimento, ferramenta de cura sistêmica, que pode ser adotada - e vai.
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Eu acho que a constelação vai ter um grande objetivo no Brasil hoje muito dividido, inclusive politicamente falando. Não é por acaso que a gente está fazendo esse evento aqui. Talvez a gente não saiba da importância que os consteladores vão ter no Brasil para reunirmos, independentemente de resultado de eleição, para que a gente possa voltar ao equilíbrio, ao eixo, não é? Este país que tem a maior nação católica do mundo, a maior nação espírita do mundo, a segunda maior evangélica do mundo, chegando à primeira, é o país em que todo mundo sempre se deu bem e se dá bem, mas nós estamos vivendo um momento de muita provação e estamos sendo levados ao limite. Precisamos ter muita serenidade porque vamos passar por essa tempestade juntos, e os consteladores, depois, vão ter esse trabalho - eu acredito, tenho este sentimento - de ajudar nessa conciliação.
Eu já quero aqui, neste momento, passar a palavra para o Sr. José Miguel, professor, mestre e pesquisador, especialista em constelações familiares. Ele tem agora dez minutos para falar, com a tolerância de cinco, e eu agradeço demais pela sua participação, Dr. José Miguel.
Muito obrigado.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Para discursar. Por videoconferência.) - Bom dia!
Bom dia, Exmo. Senador Eduardo Girão, muito obrigado pelo convite, pela honra de estar aqui participando de algo tão importante, não é?
Eu quero pedir para liberarem a minha apresentação, porque tenho uma apresentação para fazer. Eu já fiz um contato anteriormente com a Tallita.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Já está liberada a apresentação.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - O.k. Enquanto eu localizo aqui a apresentação, eu gostaria de também agradecer ao Hellinger, ao Gunthard Weber, ao Jakob Schneider, à Sieglinde Schneider, ao Jan Jacob Stam, que foram meus professores; ao Reginaldo Teixeira Coelho e ao Richard Hoffmann, que organizaram o treinamento que eu fiz, que foi o segundo no Brasil do Gunthard Weber, Jakob Schneider e Sieglinde Schneider; à Mimansa, que também foi minha professora depois; à minha mulher, Vânia Meira e Siqueira Campos, que descobriu as constelações familiares.
Está entrando a apresentação aí para vocês?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Não. Eu recebi o sinal verde de que estaria já no ponto, mas não está.
Eu tenho uma sugestão a fazer: caso a gente não localize, o senhor passar aqui para a equipe... O senhor tem que fazer a apresentação, Sr. Miguel, daí, não é?
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Então...
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Eles já liberaram aqui o compartilhamento.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Deixe-me só tentar aqui... É porque a apresentação... Talvez seja porque eu estou com o celular e estou com o tablet.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Entendi.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Aí precisa entrar...
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Então, vamos fazer o seguinte... Eu quero fazer uma sugestão para o senhor. Vamos agora passar para o Dr. Sami, que está conectado.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - O.k.
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - É o tempo em que a equipe entra em contato com o senhor e vê, tecnicamente, como dá para fazer esse compartilhamento do tablet ou do celular, está bem? Pode ser assim?
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Pode. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Eu lhe agradeço. Eu lhe agradeço demais, Sr. José Miguel, professor, mestre e pesquisador especialista em constelação familiar.
Daqui a pouco ele volta.
Eu já passo a palavra aqui para o Dr. Sami Storch, Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, que participou conosco da última audiência pública aqui, no Senado Federal, na Comissão de Assuntos Sociais.
Eu agradeço mais uma vez a sua participação. Ele tem uma folha de serviços prestados com constelação ajudando na área jurídica, processos emperrados há muito tempo, problemas de ordem familiar e questões, querelas diversas, e, através da constelação, está conseguindo construir um caminho de agilidade e desatar nós importantes, energias negativas. Então, eu quero passar para ele, até para que ele explique melhor para a gente a sua experiência aqui, nesta sessão histórica, o Sr. Sami Storch.
Muito obrigado, querido, pela sua participação. O senhor tem dez minutos, com mais 15 aqui da Casa. Gratidão. Dez mais cinco, perdão! Dez mais cinco.
O SR. SAMI STORCH (Por videoconferência.) - Vocês estão me ouvindo bem?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito bem.
O SR. SAMI STORCH (Para discursar. Por videoconferência.) - Senador Eduardo Girão, é uma grande honra mais este convite, esta oportunidade de estar falando aqui, no Senado Federal, acompanhado de tantos pioneiros, tanta gente importante na minha vida e, com certeza, na história do Brasil também, por serem pessoas-chave, pois cada uma, à sua maneira, acrescentou alguns tijolos na construção dessa nova cultura. E eu vejo que a constelação traz uma nova cultura na ciência, nos relacionamentos, na humanidade. É realmente uma evolução em diversos aspectos.
Então, é uma alegria estar aqui com esses pioneiros, falar depois da Sophie Hellinger, da Mimansa, do Renato, mestres que eu tenho e colegas que eu já encontrei. Quando cheguei na constelação, em 2004, já encontrei diversos desses colegas que estão aqui hoje, que já tinham seus trabalhos nessa área. E, assim como todos que estão dando seus depoimentos, eu também me encantei com as constelações, eu também...
A primeira vivência que eu tive - foi até com o Renato Bertate - foi encantadora. Como advogado que eu era na época, eu sofria com diversos entraves próprios da advocacia e da Justiça, processos intermináveis, conflitos, que parecia que a lei estava dissociada da realidade das pessoas. Muitas pessoas ainda têm essa impressão, ainda têm essa imagem dos operadores do direito, como se a lei estivesse falando de um assunto, e a realidade é outro assunto. Às vezes, as pessoas têm vontade de escapar das questões legais, jurídicas, dos profissionais do direito para resolver as coisas na prática em diversos aspectos. Parece que uma coisa não está ligada à outra. E aquilo me fazia sofrer também como advogado. E, quando eu encontrei a constelação, eu percebi um link, uma forma de as leis estarem de acordo com a realidade, de o direito atender à realidade das pessoas, o olhar para o fenômeno, uma visão fenomenológica do direito também.
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E vi, diante de mim, reconciliações entre mãe e filho que não se falavam havia anos, casais que sofriam porque não conseguiam nem se separar, nem ficar juntos em paz, questões de interdição que geravam desarmonia nas as famílias, heranças sobre as quais as pessoas não se entendiam - havia algum dos herdeiros que se opunha a uma boa solução e aí aquele processo corria por 10, 15, 20 anos. Isso é a realidade de muitos processos no Judiciário. E, quando eu tive acesso à constelação, além do efeito que isso teve na minha própria vida, de melhorar meus relacionamentos, me reconectar de uma forma melhor com a minha família, eu percebi uma ferramenta, um meio, assim, para chegar à finalidade, ao objetivo do próprio direito. Então, eu vislumbrei naquilo uma sintonia perfeita entre as constelações e o direito.
As constelações foram definidas por Bert Hellinger como a ciência dos relacionamentos e, para mim, isso é direito. O direito é a ciência dos relacionamentos também, é uma forma, uma outra ciência dos relacionamentos, uma forma de regulamentar os relacionamentos, a convivência das pessoas para que haja harmonia entre elas. Então, uma coisa tem tudo a ver com a outra. E aí eu busquei em Bert Hellinger, nos conhecimentos de Bert Hellinger, em que as leis da vida, que ele trouxe, que ele descreveu tão lindamente, a lei do pertencimento, a ordem, o equilíbrio entre o dar e o receber, onde isso está de acordo com o direito e onde, eventualmente, o direito não está em sintonia com essas leis sistêmicas.
Então, isso gerou um estudo do direito que eu denominei de direito sistêmico. O direito sistêmico é o direito de acordo com as ordens sistêmicas que regem os relacionamentos. E aí, na minha prática, logo em seguida, eu comecei minhas formações e ingressei na magistratura, a partir de 2006, e pude experimentar, na prática, algumas formas de aplicar o direito tradicional da maneira como vinha sendo feito e eu percebia: "Poxa, isso não está de acordo com as leis sistêmicas". E era nítido como não dava certo, como o processo não se resolvia, a harmonia não acontecia, as pessoas recorriam, descumpriam, esperneavam, reiteravam nas condutas agressivas, violentas, criminosas. E eu fiz experiências de aplicar as leis sistêmicas, fazer interpretações das leis à luz das leis sistêmicas e é visível, evidente, assim, o efeito pacificador, o efeito acalmador com que as pessoas... Parece que o problema deixa de existir quando cada um é visto e reconhecido em seu lugar.
Então, é maravilhoso, assim, o aporte do conhecimento das constelações familiares no direito. E aí começou meu trabalho de buscar, mostrar isso para as pessoas, aplicar no meu próprio trabalho, na magistratura - sou Juiz de Direito na Bahia desde 2006 -, e ver qual a maneira mais clara de se trazer isso à luz. Porque, às vezes, a gente fala: "Não, existe uma ordem de precedência. Quem veio primeiro tem precedência sobre quem veio depois.". E, então, uma ação em que o filho reivindica algo do pai está fadada ao fracasso. Pode até ser julgada procedente pela lei, mas o filho vai ter uma perda em decorrência disso, uma perda muito mais grave, muito mais significativa do que mesmo uma indenização que ele venha a ganhar.
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Às vezes, a pessoa que triunfa, que ganha um processo judicial perde o que ela mais ama, que é justamente um amor, que é a proximidade dos próprios filhos, tantas vezes pela falta de reconhecimento das ordens sistêmicas. Então, do lugar de um operador do direito, de um juiz que se satisfaz em ver as coisas entrando em ordem e as pessoas se satisfazendo e se libertando das dinâmicas de sofrimento, isso é muito poderoso.
Aí eu comecei a publicar artigos. Em 2010, eu registrei o meu blogue, Direito Sistêmico. Eu o batizei com este nome Direito Sistêmico e comecei a publicar artigos analisando a aplicação das leis sistêmicas às questões jurídicas e, na prática também, fazendo experiências, observando e compartilhando isso.
A maior parte das dinâmicas o próprio Bert Hellinger já fazia. Ele já fazia constelações familiares sobre temas tipicamente jurídicos: divórcios, heranças, crimes, violência. Então, considero que ele é o grande pioneiro, inclusive no direito sistêmico, embora sem esse nome. Mas ninguém tinha ousado fazer isso dentro do sistema judiciário.
As constelações são maravilhosas no impacto que elas produzem, na clareza, porque elas dispensam teoria. Elas não têm teoria, não têm polêmica. Bert Hellinger não se envolvia em polêmica. Está claro: o que é é; é só observar. Se não é, não é; é só observar. Se a coisa funciona, é só observar.
Veja o alívio que você sente quando você reconhece alguém que estava excluído, quando você reconhece que você não é o primeiro, que você é o segundo. "Ah, eu sou o segundo!" Isso alivia, traz uma necessidade de humildade, mas facilita o reconhecimento do lugar de cada um e facilita também obtermos a humildade necessária para nos libertarmos de ficar brigando por algo que não é nosso, porque, com cada um no seu lugar... O mundo é grande, tem espaço para todos em todas as famílias, em toda a sociedade, nas constelações, na política. Há de haver lugar na sociedade. Então, todos têm um lugar. Agora, é preciso organizar através de uma ordem. Existe uma ordem natural que traz essa pacificação. Quando é reconhecida, temos paz.
Eu comecei a aplicar no Judiciário, fazendo vivências de constelações no Judiciário. Isso foi a partir de 2012. Até então, as constelações não eram tão conhecidas no Brasil. Eu comecei esse trabalho, e as pessoas falaram: "Nossa! Mas que coisa estranha! Como é que você vai fazer isso no Judiciário? Como assim? Um juiz aplicando isso no direito, no processo?". Então, no começo, gerou algum estranhamento, mas, pelo impacto gerado nas pessoas que participaram, não teve a ver com polêmica, com a defesa de uma ideia; simplesmente as pessoas que puderam vivenciar começaram a falar e começaram a dar seus depoimentos.
E, aí, o tema chegou ao tribunal, chegou à Associação dos Magistrados, chegou aos juízes do Brasil inteiro e se tornou reportagem de TV e de jornal, até que teve uma reportagem do Fantástico, já em 2018, que deu um boom, que popularizou as constelações de uma forma muito impressionante. E foi esse o impacto gerado pelo trabalho no Judiciário, mas isso, também, depois de todo o caminho trilhado por Bert Hellinger e pelos primeiros professores de constelação, pelos primeiros consteladores no Brasil.
Então, eu me sinto muito honrado de estar aqui junto com vocês que estão aqui falando neste evento. Para mim, é uma alegria e me traz uma sensação de amplidão estar com vocês.
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Desde então, temos feito muitas experiências de constelações na área de família, na área de infância e juventude, trabalhando com autores de atos infracionais, com questões de adoção. É impressionante o poder que tem o olhar sistêmico e as constelações para facilitar o desenvolvimento de crianças e adolescentes que viviam com dificuldades em adoções, em atos infracionais, em famílias desestruturadas, quando eles mesmos podem olhar... Os cuidadores, as instituições, os advogados, as pessoas que trabalham com essas pessoas podem olhar para o contexto sistêmico e para o que lhes dá força de viver, de modo a honrar a sua própria história, a sua própria família assim como é, e não a excluir. Isso liberta. Tem um efeito de libertação um filho poder dizer "eu honro essa história porque foi graças a ela que eu estou aqui, graças aos meus pais biológicos serem quem são, graças a pessoas que puderam me acolher quando eu precisei, e agora eu posso caminhar adiante na vida e fazer um pouquinho diferente" e, assim, mudar padrões ancestrais de comportamento nocivo, violento, de abandono. Existem pesquisas. Setenta por cento das pessoas que entram com uma ação de investigação de paternidade... Setenta por cento desses pais investigados, que não reconheceram os filhos, não tiveram a paternidade reconhecida pelos seus próprios pais. Isso é só um exemplo de como essas coisas se repetem.
Então, nós podemos continuar fazendo tudo como sempre foi feito, só que os resultados vão ser os mesmos. Então, hoje, nós temos esta oportunidade de olhar além, de ter acesso a novos recursos, a uma visão mais ampla e de poder mudar um pouquinho a maneira de trabalhar em diversas áreas. Nós ouvimos aqui médicos, psicólogos, psiquiatras, gente de todas as áreas.
No Judiciário, nós temos também agora muitos casos, muitos projetos em andamento: tribunais promovendo capacitações e palestras, OAB e advogados, milhares e milhares de advogados se interessando, estudando as constelações e o direito sistêmico para utilizar os recursos dos conhecimentos descobertos por Bert Hellinger na resolução de conflitos. Então, isso se aplica na área penal. Nós vemos uma redução das reincidências em casos com a aplicação das constelações em pessoas apenadas em presídios, em atos infracionais, em execuções penais, em questões trabalhistas. Tribunais Regionais do Trabalho também estão ensinando as constelações para se enxergar que ordem é essa que às vezes está oculta. Parece que a ordem é só o que está no contrato, mas existem questões que não constam do contrato, que são os relacionamentos dos seres humanos, os vínculos ancestrais de cada um.
Então, isso traz uma clareza. E, muitas vezes, algo essencial surge. E, naqueles autos de 200, 300 páginas, não constava nada disso. Eu costumo dizer que o essencial é invisível aos autos. Às vezes, há todos aqueles argumentos jurídicos, todo aquele trabalho dos advogados para convencer de que o seu cliente é o santo e de que o outro é o monstro da história, mas, às vezes, nada daquilo traz o essencial, que é um olhar, que é o reconhecimento do lugar de cada um na sua própria história, o reconhecimento de quem veio antes na vida do outro e na sua própria vida. É o olhar para a primeira esposa, como disse o Senador; o olhar para aquele filho que não pôde nascer; o olhar para aquele pai que foi julgado e condenado como alguém ruim, mas que é o pai - certo? -, e o filho sabe, sente isso no seu coração. Ele não precisa fazer igual, ele precisa reconhecer de onde ele veio, que existe uma dignidade em cada um ser exatamente como é.
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A constelação traz essa luz, facilita. Então, o princípio soberano do direito, na Constituição Federal, que é a dignidade da pessoa humana, é reforçado com as constelações. As constelações mostram onde está a dignidade de cada ser humano. O ser humano que se sente digno e reconhecido em sua dignidade, sendo quem é, filho de quem é, com a história que tem, com a cor que tem, com a cultura que tem, não precisa atacar ninguém, não precisa ficar na defensiva, não precisa se vingar de ninguém. Ele está bem, está reconhecido, pode seguir adiante, pode cuidar dos seus filhos, cuidar da sua família. Então, é algo realmente maravilhoso que nós temos nas mãos e que nós hoje podemos homenagear aqui.
O meu trabalho, que eu me sinto honrado em fazer, é o de ajudar a transformar o Judiciário de um campo de guerra para que seja um campo de libertação, em que as pessoas possam ter acesso ao direito e encontrar um meio de se libertarem dos conflitos, de se libertarem das questões que lhes estão atravancando a vida, para que possam se libertar para relacionamentos mais harmoniosos, mais felizes. Que o direito, sim, tenha esta cara de ajudar a trazer felicidade para as pessoas!
Já há alguns anos, nós temos uma formação. Já temos 130 Comissões de Direito Sistêmico nas OABs. Então, são muitos advogados interessados, mediadores que podem ter esses recursos a seu favor, facilitadores de justiça restaurativa. O campo do direito está favorável a iniciativas. Há muitos cientistas do direito engajados em olhar para as boas soluções, em buscar melhores caminhos, melhores soluções. Então, são pessoas que lidam com relacionamentos, que trabalham com relacionamentos, que observam os relacionamentos, os processos judiciais. Existe, no Judiciário, a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. Promotores e advogados estão vendo os benefícios desse conhecimento nas próprias atuações.
Então, o constelador não é só um profissional de constelação. A constelação tem um aporte em todas as profissões, e cada uma tem o seu lugar e deve se fortalecer em seu lugar.
Nós temos uma pós-graduação que já vem formando algumas turmas desde 2016. Quero convidar os interessados em conhecer isso mais a entrarem na nova turma de Direito Sistêmico e Meios Adequados de Solução de Conflitos, em que nós estudamos também a justiça restaurativa, que também é uma prática muito nova, muito fora do convencional no direito tradicional, mas que vem dando frutos maravilhosos na reconciliação, na pacificação dos relacionamentos, na mediação. Nós estudamos isso tudo à luz do direito sistêmico das constelações familiares.
Então, Senador, estou muito grato por esta oportunidade.
Quero reverenciar todos os pioneiros, os colegas mais antigos que estão aqui presentes e os que não estão aqui presentes e dizer que imagino o desafio para o Senador para escolher algumas pessoas, para dar a maior representatividade possível, para que não haja exclusões, o que nem sempre é possível. No campo jurídico, hoje, já há também muita gente boa fazendo trabalhos expressivos, pesquisas, teses de doutorado, com livros publicados. Eu aguardo uma oportunidade de darmos mais visibilidade para esse trabalho também no âmbito jurídico, que é um campo próprio, que está conectado a toda a sociedade e que, com certeza, tem muito a contribuir com todos.
Então, muito obrigado a todos pela atenção.
Um grande abraço!
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado, Dr. Sami Storch, que é juiz de direito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Sua presença aqui nos traz muitas informações. É muito gratificante ver, na prática, o destravamento da burocracia toda do nosso Judiciário, pessoas resolvendo querelas de décadas em pouco tempo, a partir da ferramenta da constelação familiar.
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O senhor tem essa marca e é muito dedicado. Eu acompanho as suas redes sociais. Você está sempre postando sobre isso, esclarecendo, levando a informação. Eu acho que este evento aqui em homenagem à constelação familiar também é para isto: para divulgar o bem que já está fazendo, o que já fez e o que vai fazer a constelação familiar para o Brasil e para o mundo.
Eu confesso para o senhor que a intenção minha, nossa, da nossa equipe, foi abrir o máximo possível, tanto é que temos um número recorde de palestrantes. Procuramos tentar fazer com diversas correntes que existem na constelação, mas somos imperfeitos, limitados, e acaba ficando alguém de fora, alguma instituição. Eu peço desculpas porventura a quem não foi convidado aqui. A gente tentou ampliar o máximo. Fizemos alguns convites que não puderam ser aceitos neste momento. Mas eu acho que é mais um passo; já demos um na Comissão de Assuntos Sociais e hoje, fazendo esta sessão, e vamos dar outros passos aqui dentro. Inclusive, eu gostaria da colaboração dos consteladores do Brasil inteiro. Nosso gabinete está à disposição para ver o que nós podemos transformar em políticas públicas, o que nós podemos fazer. (Palmas.)
Eu acho que vai ser um passo que nós vamos ter que dar, mais cedo ou mais tarde, para regulamentar a constelação familiar, assim como alguns trabalhos são regulamentados no Brasil. Não sei, vamos conversar, mas eu acredito que políticas públicas a gente pode ter com essa pujança, com essa experiência da constelação na prática. Como o senhor colocou aqui, é ou não é. Tem que vivenciar. Não é questão de ideia, de argumento, de polêmica. Não! É prática, e tem um resultado.
Então, que essas vivências e experiências se multipliquem para que o que está acontecendo no Judiciário possa acontecer com força também na questão da infância e juventude, dos egressos, como foi colocado pela Zaquie, que tem um projeto. Eu gostaria de receber esse projeto para tentar ajudar as pessoas que estão com penas. Trata-se de humanidade. Trata-se de uma ferramenta importante para o crescimento de cada um. Então, que a gente possa trabalhar nisso.
Muitas coisas eu anotei aqui já, para que a gente possa ver, como a questão de adoções. A adoção é um ato de amor. Como é que se pode desburocratizar, usando a constelação para ajustar, para que haja cada vez mais adoções e para que sejam bem-sucedidas?
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É muita coisa boa. Eu acho essa premissa de não julgar muito bonita na constelação. É difícil para nós, seres humanos - é difícil. E esta ferramenta de não julgar é muito interessante.
Vamos lá.
Ainda não foi ajustada a questão do Sr. Miguel. Estão me passando que é preciso mais algum tempo.
O próximo, Sr. Miguel, se estiver ajustado, será o senhor.
Passo a palavra à Sra. Debora, Debora Gane, mestre em constelações.
Enquanto ela vai tomar posição em uma das nossas tribunas daqui, do Senado Federal, eu saúdo os estudantes que estão chegando.
O Zezinho está pegando o nome da escola.
Quero dizer para vocês que são muito bem-vindos. Muito obrigado pela presença de vocês. É mais um grupo escolar que visita o Senado Federal. São os alunos do ensino fundamental do Instituto Pedagógico da Cidade de Niquelândia Goiás.
Muito obrigado aos professores. (Palmas.)
Inclusive, estou sendo lembrado que a constelação familiar está na pedagogia também, a constelação sistêmica, de que a Hellen vai falar.
Muito obrigado.
Estamos numa sessão especial aqui, nesta tarde de sexta-feira.
Vocês são muito bem-vindos na Casa que é de vocês.
Muito obrigado.
Pronta, Dra. Debora?
A SRA. DEBORA GANC - Ganc.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Ganc... Está errado. Então, foi colocado aqui equivocado. Perdão. Eu falei que a gente ia corrigindo.
Debora Ganc, muito obrigado pela sua presença.
A SRA. DEBORA GANC - Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - A senhora tem 10 minutos, com tolerância de cinco, para fazer a sua explanação.
A SRA. DEBORA GANC (Para discursar.) - Vou ser bem rapidinha para dar tempo, porque fomos avançando nos outros.
Primeiro, agradeço o convite, agradeço o seu esforço junto com os mestres, com Renato, com o Sami, com todo mundo, para que a constelações sejam vivas. São constelações vivas, através do nosso trabalho!
Eu estou aqui, na presença do meu mestre, o Renato Bertate, que me honra muito.
Quero agradecer a todos os meus mestres que eu tive e que ainda terei, se Deus quiser.
Há uma colega minha, que começou comigo, que é a Ana.
A Irene, que falou uma pouco antes, é a minha parceira. Nós damos formação juntas.
Como temos alunos aqui dentro, eu queria falar uma linguagem mais simples. Sou professora de formação. Então, eu gosto dessa conversa mais olho no olho.
Uma colega ali falou que, quando falava constelação, perguntavam se era astrologia, se iria fazer mapa astral. Então, eu queria dizer que a palavra "constelação" não foi um erro, mas foi uma tradução infeliz. Não que ela não designe o que é, mas a palavra em alemão é "ausstellung". Ausstellung é uma representação, é uma configuração da família. Então, o que fazemos é uma configuração da família.
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Quando a gente faz um grupo de constelação e a gente pede para os representantes escolherem, o que eles estão fazendo? Eles configuram a família.
E aí, convido vocês, que estão aí em cima, a pensarem como está essa figura da família de cada um de vocês? Onde está o pai? Onde está a mãe? Avó materna? Avó paterna? Os avós maternos e paternos? Onde você está dentro da sua família? Que lugar você está? Em que lugar você se posiciona? Se eu tirasse uma foto agora da sua família, em que lugar você estaria nessa foto? Aliás, as fotos podem nos dar grandes dicas, não é?
Então, a pergunta que normalmente me fazem é como a constelação familiar pode mobilizar as forças de cura num sistema familiar? Eu vou dar uma notícia, que não é tão boa, mas é real. A constelação não serve para resolver problemas. A constelação serve para liberar movimentos. Que movimentos? Movimentos que foram interrompidos, por exemplo, em direção à sua mãe ou em direção ao seu pai. Serve para liberar identificações ou compensações com pessoas da sua família, dos seus ancestrais e, no momento em que isso acontece, a vida passa a fluir de uma forma melhor.
É mais ou menos assim. Vamos imaginar que nós temos uma mangueira e que nós estamos regando o jardim. A mangueira está presa na torneira, e eu estou aqui, regando jardim. Só que no meio do caminho entre a torneira e a minha mão aconteceram alguns nós. O que acontece com a água? Ela diminui o fluxo, não é mesmo? Mas não é só um nó. Há um nó aqui, depois tem outro nó ali, e eu estou aqui com pouquíssima água, sendo que lá na origem, na torneira, há muita água.
Então, o trabalho da constelação libera esse fluxo, ele vai nesses nós da mangueira, como eu dei o exemplo - é um exemplo só - e libera o fluxo de energia psíquica. O fluxo de energia vital fica mais livre para que a pessoa, cada um de nós, tenhamos mais força e mais disposição para resolver cada um dos seus problemas.
Então, era isso, bem pequenininho, bem curtinho.
Eu queria agradecer, mais uma vez, ao Senador Girão. E eu tenho certeza que o espírito de Bert Hellinger está presente aqui, entre nós. E eu recebo as bênçãos que ele está nos trazendo, como fazer parte dessa grande família das constelações familiares.
Muito agradecida a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito obrigado, Debora Ganc.
Mais uma vez, eu agradeço a sua participação. Sempre é interessante.
Muito obrigado também aos jovens, aos alunos que estão conosco aqui, participando desta sessão, que vieram nos visitar. Mas é interessante como está fluindo bem. A gente vê na sessão uma paz, uma serenidade muito grande, e a gente fica muito feliz.
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Às vezes, não dá vontade nem de você... Eu fico até constrangido quando... A Debora, por exemplo, usou o tempo, deixou um tempo disponível, mas é gostoso ouvir. A gente é uma fonte de sabedoria, e essa calma, quando a gente ouve aqui os consteladores e as consteladoras, é impressionante como isso traz uma paz para quem está ouvindo. Eu acho que foi na senhora, esse sentimento, na Sra. Mimansa também, eu quase que... Meu Deus do céu, a gente fica assim... Poxa, é muito bom. Parece que se entra em outra dimensão. Eu agradeço demais a sua participação. Muito obrigado.
Aqui já passo... Está tudo o.k. com o Dr. José Miguel? Tudo tranquilo?
Então, vamos agora entrar com o Professor, Mestre e Pesquisador, Especialista em Constelações Familiares, Sr. José Miguel. Está falando de onde, José? De São Paulo também, não?
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Goiânia.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Goiânia! Aqui pertinho. Muito obrigado. O senhor tem dez minutos, com cinco de tolerância. Muito obrigado pela sua presença e desculpa o transtorno técnico que tivemos há pouco.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Eu estou falando de Goiânia. Vocês estão me ouvindo?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Perfeitamente.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Então, muito obrigado, Exmo. Senador Luís Eduardo Girão...
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Só precisa abrir o vídeo. Estamos ouvindo bem, só não o estamos vendo bem.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - É porque na hora em que eu abri, o vídeo sumiu.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Ê... (Risos.)
É a internet. Eu não sei o que é, mas vamos ver aqui.
Opa! Agora deu! Vamos lá.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Então, vamos ver, agora, compartilhando a imagem, se o vídeo vai se manter. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Não está compartilhando.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Apareceu?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Não, não apareceu aqui.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Não apareceu? (Pausa.)
Não entrou a imagem? Porque se entrar a imagem, tudo bem se eu não apareço.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Não. Não está entrando nem a sua imagem, nem a imagem da apresentação. Nós estamos com essa... Mas vai dar certo, eu tenho certeza de que vai dar certo!
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Então, se você quiser passar outro na frente, eu fico para depois. Eu estou tentando ligar aí para o Fábio, para poder ver se a gente resolve.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Eu vou pedir, novamente, a sua paciência, para a nossa equipe entrar em contato com o senhor e a gente fazer esse ajuste, mas essas coisas, quando acontecem na vida, eu digo: "Rapaz, tem alguma coisa aí muito..." Quando começa a não encaixar, é porque tem alguma coisa importante que a gente vai... Ressoante, não é? Nós estamos ouvindo aqui.
Mas vamos lá. Eu quero passar a palavra, agora, enquanto se resolve esse problema técnico, mais esse, para a Sra. Elza Carvalho. (Pausa.)
A Elza foi ali ao banheiro. Vamos, agora, chamar... Vamos ver quem... Dagmar, a senhora pode assumir aqui?
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A SRA. DAGMAR RAMOS (Por videoconferência.) - O.k.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - O.k., Dagmar. Então, pronto, ela já está aqui conectada, a Dagmar é de Goiânia, Médica em Homeopatia, Psiquiatria, Medicina Social e Psicoterapia. Ela vai agora entrar conosco aí. A máquina já está desligada? Deu tudo certo? Muito obrigado.
A senhora tem dez minutos e mais cinco de tolerância.
A SRA. DAGMAR RAMOS (Para discursar. Por videoconferência.) - Olá.
Em primeiro lugar, Senador, é com muita gratidão que eu me junto aqui aos colegas, primeiros consteladores do Brasil. Quero agradecer muito ao senhor, ao seu gabinete...
Eu acho que está entrando agora o vídeo da apresentação do meu colega aqui, José Miguel.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Vou recompor seu tempo, perdão.
A SRA. DAGMAR RAMOS (Por videoconferência.) - Está tudo bem.
Eu entrei em contato com as constelações familiares depois de já um tempo na profissão. Eu sou médica. Este ano completamos 40 anos de formados aqui, na Universidade Federal de Goiás, mas depois eu fui para São Paulo e me especializei na USP em Medicina Preventiva e Social e tenho a honra de dizer que sou uma daquelas que ajudaram a construir o SUS no Brasil. Eu fui diretora de uma regional de saúde da Prefeitura de São Paulo e também, no Estado de São Paulo, trabalhei muito com as comunidades carentes. Depois me formei também em Homeopatia e implantei inclusive um ambulatório de Homeopatia na rede pública. Enfim, a minha conexão com o SUS é muito grande, e é com muita alegria que vejo todo esse movimento de integração das constelações familiares na rede pública de saúde, porque realmente nós precisamos ampliar e oferecer essa oportunidade ímpar desse trabalho impactante na vida das pessoas e das famílias. Particularmente, a minha temática, à qual eu me dedico já há 18 anos, são as constelações familiares de sintomas e doenças. Eu me formei também em Psiquiatria, sou médica psiquiatra e atendo no meu consultório, atualmente em Goiânia - voltei para Goiânia depois de 20 anos em São Paulo.
Eu percebo, Senador, que realmente as constelações familiares vieram para ficar. Elas estão impactando sobremaneira a medicina, não só no Brasil como em outros países, porque o método da constelação familiar permite uma ampliação em vários aspectos do ato médico, do ato da equipe de saúde, seja no diagnóstico de doenças, ajudando nesse diagnóstico, seja na percepção da causalidade desses sintomas e dessas doenças.
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E, nesse sentido, eu tive o privilégio... E aqui eu quero honrar muito esse meu mestre Gunthard Weber, doutor, psiquiatra da Universidade de Heidelberg, um dos maiores consteladores e divulgadores do trabalho das constelações em todo o mundo, que foi nosso professor - professor da segunda turma, organizada pelo colega Reginaldo, aqui no Brasil. Gunthard Weber me fez esse convite, e eu coordenei uma das equipes do Brasil no primeiro Estudo Multicêntrico de Sintomas, Doenças e Constelações (Sisc Study), envolvendo sete países. Isso começou no ano de 2005, 2006, e foi um trabalho muito intenso.
Gunthard Weber é um Professor de Medicina da Universidade de Heidelberg, e nós tivemos a oportunidade de aprofundar essa questão das constelações lidando com sintomas e doenças. E hoje eu posso lhes afirmar: lá atrás o próprio Bert Hellinger, desde o início do seu trabalho, já também começou a atender pessoas com sintomas e doenças com resultados incríveis - vários tipos de adoecimento e vários tipos de sintoma -, mas no nosso estudo nós aprofundamos aqueles casos que já estavam demonstrando uma eficácia com o método da constelação, ou seja, as infertilidades sem causa orgânica, os quadros de enxaqueca de difícil diagnóstico e difícil tratamento, as insônias, principalmente aquela insônia no meio da noite, os casos de fibromialgia, de doença de Crohn; enfim, várias condições mórbidas, condições de adoecimento para as quais a constelação trazia um alívio, a constelação mostrava a causalidade. E as constelações têm demonstrado ser um método auxiliar da medicina e um método de cura. Por que não dizer cura?
É claro que aqui nós estamos falando de uma cura mais ampla. Hoje nós estamos atendendo vários pacientes indicados... Aqui em Goiânia, onde eu estou, eu tenho atendido muitos pacientes indicados por colegas psiquiatras, médicos e por colegas da oncologia. Muito interessante isso.
Bert Hellinger, já lá atrás, num trabalho junto com a equipe de psico-oncologia da Áustria, pôde desenvolver um trabalho e mostrar inúmeras conexões, emaranhamentos, dinâmicas que estavam implicadas nos casos de câncer, trazendo alívio, trazendo melhora, trazendo aceitação, o que muitas vezes é o primeiro passo para um bom resultado no tratamento e é, talvez, o passo mais difícil.
E a constelação, com toda a sua dinâmica de mostrar a causalidade, de reforçar o pertencimento daquela pessoa no seu sistema e de apontar para esse eu que adoece, mas também para o eu que tem fé, que tem coragem; essa perspectiva de um trabalho ampliado sobre a questão de uma doença grave e crônica tem sido uma das principais buscas do trabalho das constelações. Como deixar o SUS fora disso? Nós não podemos. Repito: nós não podemos.
Eu tive uma experiência muito rica. Fui a primeira Médica Psiquiatra do Caps, aqui da região de Ceres, Sr. Senador, e nós tivemos ali uma oportunidade de aplicar o trabalho das constelações, trazendo inúmeras resoluções, alívio de doenças, de sintomas, um rearranjo familiar em casos de dependência química, em casos de desestrutura familiar levando a doenças psiquiátricas.
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Também tive e tenho a oportunidade de aplicar esse trabalho em hospitais psiquiátricos, como, por exemplo, aqui em Goiânia, no Hospital Espírita Eurípedes Barsanulfo, onde nós, principalmente no Hospital Dia, estamos utilizando as constelações, e os resultados são incríveis, inclusive quando aqueles pacientes que estão como representantes têm a oportunidade de se trabalharem e de se reconectarem consigo próprios. Isso tem trazido também um ambiente terapêutico para toda a instituição de uma forma extraordinária.
Eu escrevi um livro que é fruto dessa experiência desses 18 anos, que é o Constelações Familiares na Medicina. É este livro aqui. Este livro foi publicado há dois anos pela Editora Pensamento-Cultrix. E neste livro eu relato essas experiências; experiências de atender clientes, pacientes com sintomas psíquicos, mas também com doenças chamadas doenças autoimunes, muitas delas com boa solução e com alívio e melhora a partir do trabalho das constelações.
Algo que me impacta muito é o atendimento de crianças e adolescentes, que, através da constelação, com a presença, obviamente, dos pais, têm a oportunidade de perceber os vínculos invisíveis estudados por outros autores - como nós tivemos aqui o Nagy, esse psiquiatra que estudou, antes mesmo de Bert Hellinger, sobre os vínculos invisíveis no adoecimento das pessoas. E nessas constelações, atendendo crianças com casos de depressão, com ideação suicida, a gente pôde perceber onde estava o emaranhamento. Geralmente essa criança está muito atenta a um caso de depressão da mãe ou do pai, não é? E, quando isso é revelado, quando isso vem à tona, isso pode ser um caminho ou mesmo a cura imediata.
Casos de déficit de atenção são casos frequentes aqui no meu consultório e no de outros colegas consteladores. O que é que nós percebemos? Que essa criança não está livre, não está liberada para prestar atenção à professora, para brincar, para ser uma criança normal. Por quê? Porque essa criança está tentando evitar o suicídio ou tentando proteger a mãe. Então isso é muito revelador. E as constelações... Eu não conheço nenhum outro método que possa abordar, de uma forma tão eficaz e tão rápida, essa temática das doenças psiquiátricas.
E mesmo as doenças graves, incuráveis, os casos de esquizofrenia, os transtornos do humor graves, os quadros psicóticos têm também um alívio com as constelações. Às vezes, esse alívio é para a família, quando a família percebe que aquele indivíduo que é portador daquela doença grave, na verdade, está sustentando algo por todo o sistema familiar. Então, essa família agradece àquele paciente que, num momento anterior, era tido como alguém que estava transtornando todo o ambiente, e a família cansada de socorrer aquele paciente. Quer dizer, há uma ressignificação com relação àquele personagem, àquela pessoa. Então, inúmeros casos, nesses anos de trabalho em que eu integrei as constelações na minha prática médica, estão descritos nesse livro.
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Não quero tomar muito mais tempo. Quero dizer que estou muito feliz de estar aqui. Agradeço o convite. Estou à disposição. Acho que nós temos, sim, Senador, que aprofundar essa discussão. Nós não podemos permitir que críticas infundadas de pessoas que não têm experiência, de pessoas que realmente não conhecem a fundo esse método, esse trabalho, queiram prejudicar essa implantação e essa expansão desse trabalho no SUS, nas escolas, no Judiciário.
Muito obrigada. Continuo à disposição. Estou aqui pertinho, em Goiânia.
Não sei se o senhor já tem o meu livro, mas o enviarei em seguida.
Muito obrigada. Obrigada a todos e um abraço! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Gratidão.
Nós é que temos de agradecer à Sra. Dagmar Ramos, médica em homeopatia, psiquiatria, medicina social e psicoterapia, uma das responsáveis por um grupo amplo.
Eu fiquei entusiasmado com a sua fala, porque eu não fazia ideia do que a senhora falou aí, ainda mais sabendo que a senhora foi uma das precursoras da configuração do SUS no Brasil, do Sistema Único de Saúde.
O que a senhora falou sobre essa questão da medicina, das constelações familiares na medicina - que inclusive é o nome do seu livro -, eu tenho todo o interesse de conhecer mais, faz todo o sentido. A gente sabe que muitas doenças... Acho que as doenças têm origem na questão psicossomática. Você vai somatizando certas situações da sua vida. Grande parte, eu acredito, das doenças vêm daí, da falta do perdão, de mágoas, de ressentimentos. E isso, em algum momento, pode desencadear certas... Estou falando aqui como um leigo, mas é um sentimento que eu tenho. Faz todo sentido esse seu olhar, a partir dessa ferramenta do terceiro milênio, de uma das grandes ferramentas do terceiro milênio, que é a constelação, sem dúvida nenhuma. Isso pode ajudar as pessoas, ajudar muitos casos, como a senhora colocou agora para nós. É realmente redentor.
Gostaríamos de ter mais acesso, mais conhecimento sobre isso. E quem sabe, a partir desta sessão, outras pessoas que estão nos assistindo... Há pouco eu estava vendo: nós temos quase mil pessoas assistindo, no YouTube, a esta sessão, desde o início - está oscilando em torno de 800 -, fora o que está sendo transmitido pela TV Senado. E vai ficar disponível todo esse material que está aqui. Não apenas os discursos, as falas, as palestras, mas também o material que está sendo apresentado aqui vai ficar disponível nos Anais desta Casa. E quem sabe esse conhecimento que a senhora tem já na prática no Hospital Espírita Eurípedes Barsanulfo não possa ser expandido - esse conhecimento, essas técnicas, essa ajuda e esse amparo - para outros hospitais no Brasil e possa ajudar cada vez mais gente. É este o objetivo: ajudar as pessoas a saírem de algumas situações que as paralisam e que podem levar a caminhos ruins para a sua vida, que é uma benção.
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Então, muito obrigado pela sua participação. Fiquei entusiasmado mesmo.
Vamos tentar agora o Dr. José Miguel? Eu acho que agora vai, não vai? Vamos lá! Vamos lá!
Dr. José Miguel, o senhor tem dez minutos e mais cinco para fazer a sua explanação, professor, mestre, pesquisador e especialista em constelações familiares.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Para discursar. Por videoconferência.) - Então, boa tarde, mais uma vez, Senador. Muito obrigado.
Obrigado a todos que me antecederam.
Eu quero, inicialmente, agradecer ao Hellinger e a todos os que vieram depois, que foram meus professores ou que contribuíram para o meu aprendizado.
E o que acontece? Por que eu estava insistindo na apresentação? Porque eu ia mostrar material, alguns artigos, coisas científicas já publicadas. E, como me coube falar da constelação familiar em um ambiente universitário, eu achei que isso era muito importante.
Daqui eu vou tentar projetar. Se sumir a minha imagem, não tem problema, desde que apareça a apresentação, porque eu estou num tablet, e pode ser que a imagem suma por causa disso. Então, eu estou tentando compartilhar. Vamos ver se agora dá certo. (Pausa.)
Veja se está entrando. Se entrou e não apareceu a minha imagem, está tudo o.k.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Ainda não.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Ainda não entrou? Então, pelo visto... Mas vocês estão me ouvindo, não é?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Estamos ouvindo muito bem, só a imagem do senhor sumiu.
Estamos esperando essa apresentação, que estou particularmente muito curioso para ver.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Pois é... Então, eu acho que eu vou ter que fazer sem a apresentação. Mas tudo bem, eu vou falando aqui...
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Não faça isso. Sabe por quê, Dr. José Miguel? Se o senhor tiver tempo, claro, respeitando o seu tempo...
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Eu tenho tempo. Eu tenho tempo.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - É que eu acho muito importante a gente apresentar esse material porque é a questão científica, documentação técnico-científica. Então, é muito... E entrou, teve um momento em que entrou aqui. Na apresentação da Dra. Dagmar Ramos, entrou a apresentação. Então, quer dizer, ela está em algum lugar e vai chegar na hora certa. Tudo é na hora certa que acontece.
O senhor tem tempo? Se o senhor tiver tempo, a gente...
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Por videoconferência.) - Eu tenho tempo.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Então, pronto!
Então, eu vou pedir novamente para a equipe entrar em contato e ver o que aconteceu, porque minutos atrás entrou, e agora não está entrando. A equipe do Senado Federal é competente, e eu não tenho dúvida de que vai descobrir o que está acontecendo e vai encontrar uma solução.
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Enquanto isso, eu vou fazer aqui a solicitação, porque o Dr. Renato teve que se ausentar porque está viajando agora, embarcando, o Sr. Renato Bertate, que já fez, foi a primeira fala aqui, médico pioneiro em cursos de constelação familiar no Brasil.
E eu gostaria de chamar a esta mesa, para dela fazer parte aqui, exatamente no lugar onde estava o Dr. Renato, o Sr. Fernando Freitas. Dr. Fernando Freitas, médico criador da Consciência Sistêmica... (Palmas.)
... e da Constelação Cirúrgica Estruturada Estratégica, Presidente do Instituto Brasileiro de Consciência Sistêmica.
Então, se o senhor puder vir aqui e ficar aqui do meu lado, eu lhe agradeço.
Enquanto a gente chama o próximo palestrante, eu queria dar as boas-vindas a mais um grupo aqui de brasileiros que estão conhecendo aqui o Plenário do Senado Federal.
Muito obrigado pela presença de vocês.
Podem falar o Estado rapidinho?
(Manifestação da galeria.)
Pará, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Pará.
Pronto. Olha aí!
Muito bom, viu? (Palmas.)
Sejam muito bem-vindos aqui!
Olha que legal! Muito legal!
Muito bom! Muito bom ter vocês, conhecendo aqui a história e se apropriando do que é de vocês!
Isso aqui é muito importante, pelo menos, para nós Senadores, falando por mim aqui, e eu tenho certeza de que outros colegas gostam muito desse contato. É muito importante essa presença de vocês aqui para que a gente sinta, sempre, como é que está fluindo o trabalho, as ideias que a gente pode desenvolver juntos.
Então, eu vou passar aqui.
Eu gostaria de saber, presencialmente...
Você pode fazer? (Pausa.)
Olha aqui!
Nada é por acaso, não é, Germana?
Como a gente sabe, nada é por acaso.
Então, eu vou convidar, enquanto se ajusta a questão técnica do Sr. José Miguel, eu queria chamar aqui para utilizar a tribuna o Dr. Fernando Freitas, médico criador da Consciência Sistêmica e da Constelação Cirúrgica Estruturada Estratégica, Presidente do Instituto Brasileiro de Consciência Sistêmica.
Muito obrigado por sua presença.
O senhor é de Ribeirão Preto, não é isso?
O SR. FERNANDO FREITAS - Ribeirão Preto.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - De Ribeirão Preto, veio, especialmente, participar desta audiência no Senado Federal.
Muito obrigado pela sua participação.
O senhor tem dez minutos, com a tolerância de cinco, para fazer sua palestra.
Muito obrigado.
O SR. FERNANDO FREITAS (Para discursar.) - O.k.
Uma gratidão profunda por esse convite e também pela sua atuação em relação às constelações. É um prazer enorme!
Acredito que seja um momento histórico para as constelações esse reconhecimento.
Então, parabenizo o senhor e todo o Senado.
E é interessante que eu faço parte dessa brigada médica, porque parece que teve um monte de médicos e, para mim, também fui tomando consciência, assim, de quantos médicos estão presentes nessa abordagem.
Eu venho de uma área estranha, porque eu sou gastrocirurgião. Pensar num cirurgião fazer constelação é algo estranho. E eu venho daquele lugar que era muito quadrado, científico, que é o que é certo, e eu fui apanhando tanto na medicina, mas tanto, que... Eu estava lá, cuidava dos clientes, dava remédio, fazia cirurgia e, daqui a pouco, lá estavam os clientes doentes outra vez. E aí eu, querendo entender de onde vinha tanta doença, como é que as doenças surgem, como é que essas doenças podem ir embora? Por que um cliente melhora? Por que outro cliente não melhora se faz a mesma coisa?
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E foi a partir daí, principalmente na área da gastro... É muito interessante ver a influência do estado emocional sobre a doença física do cliente. O que tem de "ites" nervosas por lá é impressionante! E era nítido ver, por exemplo, quando surgia a família para fazer visita aos clientes. Tinha alguns que melhoravam bem; outros pioravam.
Era muito interessante ver também o lidar com a morte, porque nós também não somos preparados para lidar com a morte e com a dificuldade que tinham certos clientes de morrer. E o que acontecia com essas pessoas que sofriam tanto? Não tinha jeito! Dava remédio, não passava a dor e eles não conseguiam morrer.
Tudo isso foi me levando a uma série de questões sobre o que tem por trás de tudo isso. E, aí, eu comecei a entrar no campo da psicossomática. O autor que eu sigo é o Georg Groddeck, e o Groddeck falava uma frase que, no começo, para mim, soou estranha, como também a constelação soou estranha para muita gente. Ele falava assim: "Toda somatização tem um conflito emocional infantil não resolvido". A somatização é a dor no corpo, uma doença física, mas um "conflito emocional infantil não resolvido"? Aí eu, gastro cirurgião, falei: "Conflito emocional infantil? O que tem coisa de criança a ver com isso?". Mas eu, curioso e querendo aprender, aprendi. No começo, até falava: "Não, não é possível que sejam todos". Hoje em dia, todos.
A experiência é interessante. Quando você só emite opiniões sem base... "É opinião minha"... Mas, na hora em que você está na prática, na hora em que você realmente vê, na hora em que você vê o sofrimento humano, quando você não tem recurso para lidar com aquilo e quando você consegue entender o que está acontecendo e você sabe o que precisa ser feito e faz e vê os resultados, é algo que não tem preço - não tem preço! Eu comecei a me sentir realmente como médico.
O Groddeck falava algo importante, que ele seguia a linha hipocrática. E quem é Hipócritas? O pai da medicina. Eu fui para a faculdade de Medicina, uma excelente faculdade, a Escola Paulista de Medicina, a atual Unifesp. O que eu aprendi lá? Aprendi a identificar a doença e a acabar com ela. Então, desde que mande a doença embora, está tudo o.k., está tudo resolvido, a pessoa fica saudável. E, aí, quando se vai a Hipócritas, que é o pai da medicina, ele diz assim: "Não devemos tratar a doença, e sim o doente".
A doença tem uma mensagem e ela precisa ser integrada; e você não pode tirar a doença de um doente. Hipócrates tinha um princípio, em 300 a.C, que ele chamava de alternância somática. Ele falava assim: "Se o médico tirar a doença do doente que precisa da doença, ele vai criar outra". Porque a doença tem uma função - função! Quem trabalha com sistêmica sabe que as coisas têm uma função. Então, a doença tinha uma função. E, aí, ele falava algo importante dentro do tratamento. Ele tinha três princípios. Um dos princípios era o vis medicatrix naturae. E o que seria isso? O caminho do tratamento é o indivíduo voltar a ser natural, quer dizer, fazer parte da natureza. E sabe o que é fazer parte da natureza? As leis sistêmicas. Hipócritas já falava isso.
Então, quando ele fala algo assim sobre a medicina, o que me surpreendeu, porque eu não aprendi isso na faculdade... Na medicina, ele fala assim - e ele foi o criador da figura do médico e da medicina: "Onde está o poder de cura?". O poder de cura está dentro do doente. E qual é o papel do médico? Ajudar o doente a se curar, porque o poder de cura deles está bloqueado. E o papel do médico é ajudar nisso. Então, o papel do médico é trabalhar dentro do doente, no indivíduo, e ver por que esse poder de cura não foi para a frente. Quando nós trabalhamos hoje com constelação nós vamos fazendo o quê? Estamos trabalhando exatamente no indivíduo, vendo o que está acontecendo dentro dele que esse poder natural de cura não funciona: são os conflitos emocionais infantis; são os referenciais de família que ele carrega; são os referenciais de vida que ele carrega - o que é viver, o que é amar, o que é se relacionar, o que é família, o que é trabalho, o que é equilíbrio entre trabalho e família, o que é a doença.
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E, quando nós vamos ver as doenças, e foi muito gostoso ver os que me antecederam falando da medicina - o José Miguel tem um trabalho maravilhoso que ele vai mostrar aqui -, quando você consegue pegar um cliente e identificar as raízes do câncer, da depressão, das doenças autoimunes e todas as outras, e você saber que é possível trabalhar numa área onde a medicina não costuma trabalhar... A medicina trabalha de fora para dentro. Então, assim, eu vou identificar algo, o poder de cura está no médico, eu vou dar um remédio e você resolve.
Só que o que aconteceu? O ser humano foi colocado no lixo. O ser humano parece que não tem mais poder de cura. Então, o poder de cura ficou fora. A medicina está doente; o relacionamento médico-paciente está doente; a estrutura de saúde está doente, porque ninguém olha para o doente, por incrível que pareça!
Quando eu trabalho com médicos, até para ver a relação deles com os clientes, adivinhem para onde eles olham! Eles olham para doença.
Teve uma época em que eu trabalhei num setor que trabalhava com câncer, trabalhava em oncologia. E aí eu fazia várias constelações, e me surpreendeu, porque era assim: a cada vez em que eu trabalhava com um cliente e pedia para ele colocar onde ele se via, onde colocava a doença - que no caso era o câncer - e onde ele colocava a equipe médica. Todos, sem exceção, colocaram a equipe médica olhando para onde? Para a doença, mas nunca olhando para o doente.
Então, é uma crença, que acabou ficando, de que o doente não tem capacidade de se curar. A capacidade de cura está só fora. Agora, como é que dá para trabalhar se eu não valorizo o poder de cura que tem dentro do indivíduo? Ele foi capaz de desenvolver a doença!
"Ah, você está culpando o doente?" Não! Estou falando da responsabilidade que ele tem sobre a vida dele. Se ele vai comer coisas que vão matá-lo, se ele vai tomar, ingerir álcool, drogas que vão matá-lo, o que está acontecendo que ele está colocando tanto tóxico e tanto veneno na vida dele? Para que ele está se punindo? Que busca de morte ele está tendo? O que é vida para ele?
Tudo isso, para mim, foi criando um cenário e eu falei assim: "Gente, é possível trabalhar, é possível fazer um tratamento eficaz". E, como foi falado, não é substituir o atendimento médico; é acrescentar ao tratamento médico um outro poder.
Agora, imagine: se tem um tratamento médico de fora, de ponta, e um tratamento médico que ajuda o cliente a ele também colaborar com o tratamento, não é ele ser passivo, passivo: "Estou parado esperando que alguém faça alguma coisa por mim. Se o médico não tirou a doença a culpa é do médico.". Não! Você é responsável pela sua vida e existem recursos, sim, para você sair desse lugar.
Isso, na hora que existe na prática... Tem algo que as pessoas, às vezes, perguntam assim: "Fernando, você largou a medicina?". Eu falei: "Não, agora que eu me sinto médico". Agora, eu me sinto médico, porque agora eu consigo trabalhar com o cliente, entender de onde veio a doença, para que serve a doença e o esse cliente precisa fazer para sair desse lugar, e os resultados são impressionantes.
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E todos que me antecederam e outros que virão estão vendo isso. E aí fica: por que será que ninguém está olhando para isso? Porque é uma coisa que, pelo menos para nós, é tão óbvia...
Mas aí me vêm histórias da medicina. Por exemplo, quando veio Ignaz Semmelweis, naquela época não se sabia nada de doença contagiosa. Ele trabalhava no hospital e via uma série de mulheres que davam à luz e morriam de uma febre que davam no puerpério, a febre puerperal. Era uma infecção. E não se tinha noção de onde vinha aquela doença.
E os médicos, na época, querendo saber da doença, usavam avental. Esse avental que eles usavam era todo sujo de sangue e de pus. E com o avental, quanto mais sujo de sangue e pus, mais o médico era potente. Então, assim, eles iam fazer autópsia de uma mulher que morreu: abriam e tinha um quadro de septicemia. Então, tinha pus lá dentro; mexiam, enxugavam e depois iam fazer o parto da próxima que estava lá.
Morreram milhares de mulheres. Milhares de mães. Milhares de mães. E aí ele olhava para aquilo e falou: "Não, tem alguma coisa errada.". Por quê? Porque, nesse mesmo hospital, na sessão do lado, eram as parteiras e as parteiras não tinham aquela morte, mas na dos médicos, sim.
E, quando ele começou a mostrar isso, ele começou a fazer estatística. Nas estatísticas, ele notou em torno de 4 mil mulheres que morreram depois de dar à luz naquele hospital. Na ala do lado, das parteiras, não tinha essa quantidade de morte. Era uma coisa absurda! Aí ele começou a entender que tinha alguma coisa que podia passar. Ele falava que era uma partícula cadavérica que podia passar do corpo daquela mulher que morreu para aquela mulher que ia dar à luz ali. Por quê? Porque o médico punha a mão ali e ia mexer lá.
Isso ficou muito forte quando um amigo dele, fazendo autópsia, um estudante feriu o dedo dele com bisturi e, quando feriu o dedo, infeccionou e morreu. Houve o mesmo quadro de septicemia. E, quando foram fazer, ele falou: "Ué, tem uma coisa que passa do corpo dessa mulher, desse corpo doentio". Aí ele promoveu algo que foi uma coisa simples e maravilhosa. Era assim: antes de atender os clientes, lavam-se as mãos para tirarem as partículas cadavéricas. O resultado foi impressionante: o índice de mortalidade caiu absurdamente.
Qual foi a reação da classe médica? Ficaram felizes da vida? Não, porque na época... "Assim, são os miasmas que acontecem..." É impressionante! É cada besteira que a gente escuta, não é? "Então, são os miasmas. Isso aqui não tem nada a ver! Nada a ver!"
Resumindo essa história: ele quase enlouqueceu. E depois ele começou a ver que não era só do cadáver. Se tinha uma pessoa viva que estava com infecção, também podia passar. Aí ele promoveu lavar as mãos antes de atender qualquer pessoa. Aquilo foi um rebuliço, porque: "O que é isso?! Lavar a mão?! Não pode! Isso é um absurdo!". É engraçado quando a gente escuta esses absurdos, esses comentários de gente que não sabe nada e depois fica assim: "O que é isso? Vai trabalhar lá e ver como é que funciona.". Para se ter uma noção, ele foi internado no manicômio e levou muita cacetada, porque, na época, o tratamento para louco era dar paulada e ele morreu cheio de pauladas dentro do manicômio. Esse é o destino das pessoas que falam a verdade. Então, quando você traz uma mensagem, ou você ataca a mensagem ou o mensageiro para manter aquele status quo.
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Se os médicos descobriam que havia uma chance de salvar tantas mulheres e que eles não o fizeram, adivinha de quem era a culpa ou a responsabilidade?
Então, era melhor sumir com ele. Hoje ele tem uma estátua em uma universidade na Hungria com o título de "Salvador das Mães", porque, graças a ele... Ele começou a colocar isso aí, até chegar Pasteur, que olhou no microscópio e descobriu que tinha um micro-organismo. Ele falou: "Gente, não é que tem um negócio mesmo?". A partir daí, apareceu a noção de ter uma doença contagiosa.
Então, é assim que funciona. O Freud, por exemplo, quando começou a entender as dinâmicas dos milhares de mulheres que paravam no hospital com cegueira e paralisia histérica... Aquilo entupia os hospitais naquela época. A gente não tem noção do que era aquilo. E ninguém sabia o que fazer com aquilo. Quando Freud entendeu essa dinâmica do inconsciente e como... Não era uma lesão orgânica, era o funcionamento da mente que levava a isso.
(Soa a campainha.)
O SR. FERNANDO FREITAS - Na hora que ele colocou tudo isso aqui, adivinha o que aconteceu? Foi atacado por todo mundo, porque "isso não faz sentido, isso não tem nexo".
É impressionante o que a gente faz! A gente nega a realidade que está na frente. Tem muita opinião. Eu queria ver cada pessoa que tem uma opinião negativa... Se tivesse passado por isso, se tivesse passado por essa situação, ou alguém que ele ama, ele ia ver. Por que será que se atacam tanto as coisas naturais e saudáveis?
É um benefício enorme, é algo que pode diminuir muito os custos da medicina. Imagina, se você promove uma dinâmica mais saudável, com profilaxia, com tratamento, o nível de cura que vai acontecer! Quantos remédios, quanta dor, quanta morte podem ser evitados! E não acontece isso. Por quê? Porque temos opiniões. São opiniões, opiniões! É interessante: há uma coisa que se chama argumento...
(Interrupção do som.)
O SR. FERNANDO FREITAS - Eu queria, se fosse possível, só para terminar, passar um vídeo. Acho que deve ter uns dois minutos e meio, mais ou menos. É possível? É só para mostrar o que é o trabalho das constelações, porque até agora ninguém mostrou. É só para ver na prática. Então, vou pedir para que o passem. Espero que esteja aí. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Enquanto ajustam a passagem do vídeo, peço só um minuto para saudar aqui os alunos do ensino fundamental da Escola Estadual José Galdino, da cidade de Pirenópolis, Goiás. Sejam muito bem-vindos ao Senado Federal! (Palmas.)
Parabéns à direção da escola! Parabéns aos professores e coordenadores por estarem trazendo aqui os alunos!
Isto aqui é o Parlamento brasileiro. É de vocês. A gente está aqui para servir. Estamos hoje fazendo uma sessão especial em homenagem à constelação familiar, que tem ajudado muito os brasileiros, especialmente. É um terreno fértil que foi encontrado aqui de algo que foi desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger, cura sistêmica.
Então, muito obrigado. Eu conheço a cidade de vocês, Pirenópolis, lindíssima, com um potencial para o turismo fantástico. A cidade realmente é uma terra abençoada. Fica a dica para quem está nos assistindo. Esse Brasil é fantástico, não é? Qualquer lugar a que você vai... Lá é especial.
Vamos para o vídeo solicitado pelo Dr. Fernando? (Pausa.)
O SR. FERNANDO FREITAS - Tem som. (Pausa.)
Então, fica sem áudio.
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Esse é o local básico nosso, nossa sede. O que eu queria colocar é o ambiente de cura que existe quando você começa a fazer esse tipo de trabalho. As pessoas entram em contato profundo com a dor. Há um respeito profundo à dor de todo mundo, porque a dor do outro é a minha dor. Quando eu consigo olhar para a dor, eu consigo encontrar um caminho para resolvê-la.
Então, eu tenho uma dinâmica. Eu falo muito assim: há as queixas que os clientes trazem, mas o verdadeiro problema não são essas queixas. A função das doenças e das queixas é ocultar o verdadeiro problema. É ocultar! E, quando você sabe o verdadeiro problema, você sabe onde você precisa agir, mas os problemas que o cliente traz, geralmente, têm a função de esconder.
Quanto à função do profissional, eu faço uma analogia muito interessante. O pessoal diz que a constelação resolve tudo. Não, a constelação não resolve absolutamente nada. A questão é o constelador. A constelação é um bisturi: se se colocar um bisturi na mão de um excelente profissional, salva vidas; se se colocar um bisturi na mão de um leigo, estraga a vida de muita gente. Então, é uma ferramenta extremamente poderosa, e nós temos a possibilidade de levá-la para um patamar muito maior.
O Senador perguntou: "Você mora onde?". Em Ribeirão. Eu estou a caminho da Flórida. Vou estabelecer lá um instituto internacional. Graças a essa formação, eu coloco muitas coisas, como embriologia, genética, epigenética, neurociência. Vou colocando muito a dinâmica da base, da estrutura, para que a constelação não seja um "achômetro". Não tem "achômetro". Eu mostro de onde estão vindo todas essas histórias.
Felizmente, a divulgação desse trabalho é muito grande. O Brasil é um celeiro de excelentes profissionais. É impressionante o que aconteceu com a constelação aqui. O Brasil tem a característica de integração, de miscigenação de abordagem. Cada vez que a gente vem aqui, a gente começa a misturar. Há a bioenergética, o Core Energetics, e vai saindo cada coisa interessantíssima. E essa abordagem cresceu tanto, e o Brasil tem um potencial absurdo. Eu tenho alunos em 46 países. Eu vou montar um instituto internacional com mais de 30 mil alunos. E o grande objetivo é levar essa abordagem a um lugar cada vez mais amplo, levando essa capacidade do Brasil para promover esse tipo de trabalho.
Espero, sinceramente, que o mundo possa se tornar mais saudável, porque ele está extremamente doente.
Eu estou fazendo a minha parte. Estou vendo que o Deputado, desculpa, o Senador Eduardo Girão também está fazendo a parte dele.
E vocês, que estão aqui, com certeza, também estão fazendo. Se todo mundo também fizer a sua parte, nós podemos chegar a um lugar muito mais saudável e promover uma vida, um mundo mais saudável e cada vez melhor.
Espero poder ver isso enquanto estiver vivo, mas eu quero realmente que essa onda caminhe. E conto com todos os mais jovens para levar todo este conteúdo para frente, porque nós somos meio dinossauros.
Então, muito obrigado, mais uma vez, pela acolhida aqui, pela homenagem às constelações vinda do querido Senador Eduardo Girão.
Tenho muita gratidão a todos vocês que fazem parte deste conhecimento, deste trabalho impressionante.
Eu me orgulho de ser um constelador. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado pela sua presença aqui, neste momento, nesta sessão especial, Dr. Fernando Freitas, médico, criador da Consciência Sistêmica e da Constelação Cirúrgica Estruturada e Estratégica, Presidente do Instituto Brasileiro de Consciência Sistêmica.
Eu anotei alguns pontos. Está sendo muito produtiva esta sessão porque a gente vê que a saúde integral do ser humano é o caminho.
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O senhor falou que, muitas vezes, a pessoa vai para o álcool ou vai para a droga e sabe do problema e não consegue controlar a vontade. Ela está sendo empurrada, muitas vezes, por algo automático...
O SR. FERNANDO FREITAS - Que vai muito além dela.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - ... que vai além dela, exatamente, em alguns casos. E aí vem a constelação, de certa forma, para dar esse olhar, para ver o que está travando ali, o que está empurrando, às vezes em gerações passadas. É importante esse trabalho.
O senhor falou que está indo para a Flórida e que está montando lá na Flórida... Que vá para o mundo inteiro! O Brasil é o celeiro da humanidade não apenas em alimento, mas essa miscigenação, que a gente tem aqui, de pessoas com o coração muito bom, dedicadas, competentes... Que possa... Tem brasileiro em todo lugar do mundo. Então, eu, particularmente, acredito que o Brasil é o coração do mundo e a pátria do Evangelho. E o brasileiro, com esse coração bom, pode levar muitas coisas boas para o mundo, a partir daqui.
Muito obrigado pela sua participação.
Quero saudar aqui mais um grupo.
Que bacana! Saiu um agora, e já entrou outro.
Sejam muito bem-vindos aqui! São pessoas que fizeram agendamento.
Há quanto tempo vocês fizeram o agendamento? É só para ver como é a marcação aqui. Demora quanto tempo?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Semana passada?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Um dia? Fez o agendamento, e deu certo.
Vocês são de onde? Podem dizer os estados aí?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Flórida? Estados Unidos? Olhe, gente! Olhe aí!
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Paquistão?
Olhe aí! É do Paquistão!
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Minas Gerais.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Pará?
Rapaz, o Pará está em todo grupo!
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Mato Grosso do Sul ou Mato Grosso? Mato Grosso do Sul.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Rio de Janeiro.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Goiás, aqui pertinho.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - São Paulo.
Muito bem!
Fico muito feliz com a presença de vocês aqui. Sintam-se em casa. Na verdade, a Casa é de vocês. Muito obrigado.
Estamos fazendo aqui uma sessão especial em homenagem à constelação familiar. É muito bom ver cada vez mais grupos aqui.
Para agendar... Quero avisar aqui paras as pessoas que estão curiosas em casa... Você pode vir aqui, sim, para conhecer os corredores, a história. Tem museu aqui. Pode conhecer os plenários, não apenas este em que a gente está falando, o do Senado Federal, mas também o Plenário da Câmara dos Deputados.
Você acessa www.congressonacional.leg.br/visite/agendamento. Vai lá, faz o agendamento e vem aqui, como esses brasileiros que estão aqui, cada vez mais, se apropriando da nossa história, do papel de cidadão mesmo, que é ativo.
Muito obrigado.
Eu já quero passar aqui a palavra, enquanto a técnica não me diz o o.k. do Dr. José Miguel. Mas, daqui a pouco, a gente vai tentar de novo. Nós somos brasileiros, não desistimos nunca.
Vamos agora ouvir a senhora... Vamos sair da área da Medicina. Olhem como é multidisciplinar a constelação familiar!
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Nós vamos já sair daqui para ouvir a Sra. Márcia Maria Queiroz, advogada, escritora, precursora do método psicoterápico Constelação Sistêmica Familiar.
Muito obrigado pela sua participação.
A senhora tem dez minutos, com a tolerância de cinco, da Casa. Não sei de onde está falando, de que estado brasileiro, mas seja muito bem-vinda ao Plenário do Senado Federal.
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Para discursar. Por videoconferência.) - Senador Eduardo Girão, é uma honra muito grande poder participar desta sessão. É uma honra não só participar da sessão como também ter a possibilidade de falar sobre o nosso trabalho aqui, em Campo Mourão, no Paraná.
Então, Senador, até eu queria perguntar se eu posso compartilhar a tela. Vamos ver se a minha tela aqui vai poder ser compartilhada.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Já está o.k.
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Por videoconferência.) - Posso compartilhar a tela? Vamos ver. Vou fazer isso.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Ainda não entrou aqui para a gente.
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Por videoconferência.) - Tá, mas vamos ver, já vai. Vou tentar compartilhar a tela aqui. (Pausa.)
Então, eu pergunto se as pessoas estão vendo a tela que eu estou compartilhando.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Não, não estamos vendo. Não estamos vendo. Está acontecendo o mesmo problema.
Olhe aí, Dr. José Miguel, a mesma situação está acontecendo também com a Dra. Márcia Maria Queiroz.
Vamos ver o que é que está acontecendo, porque a gente viu que entrou... Na hora do Dr. José Miguel, entrou, mas não está voltando. Vamos ver aí o que... O pessoal da área técnica, se puder nos ajudar...
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Por videoconferência.) - Se puder compartilhar, vai ser muito bom.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Nós gostaríamos muito, muito. Se não der, nós vamos colocar - é igual àquela fila de espera dos aviões para decolar - a senhora depois do Dr. José Miguel, para passar para outro que possa apresentar daqui, enfim, alguém que não tenha material para apresentar. Mas a gente quer ver o seu material.
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Por videoconferência.) - O.k.! Eu poderia falar sem o material, mas tem mais uma foto, principalmente, que é a foto final, que eu gostaria muito que fosse mostrada.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Tenho uma notícia boa. Tenho uma notícia boa aqui para a senhora. A equipe está me dizendo que já foi compartilhado o seu material daí.
Em que estado a senhora está?
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Por videoconferência.) - Eu estou no Paraná.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Paraná!
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Por videoconferência.) - Em Campo Mourão.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Campo Mourão! Ótimo!
Então, a equipe já deu o o.k. e disse que o material já está aqui também.
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Por videoconferência.) - Está. Eu o mandei.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Então, está sob controle nosso aqui. A gente pode ir passando o material, e a senhora vai acompanhando. Pode ser assim?
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Por videoconferência.) - Pode ser, sim. Daí, eu vou pedir só para adiantar o eslaide ou não.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Tá. Então, vamos lá!
A SRA. MÁRCIA MARIA QUEIROZ (Por videoconferência.) - Então, vamos lá. Eu vou esperar que eles passem.
Então, aqui é a nossa tela inicial: "O índio que habita em nós".
Eu gostaria de dizer, Senador, que me pediram... Eu estou aqui para compartilhar um trabalho que eu fiz a partir da constelação e que acabou sendo um exercício prático de inclusão. O senhor falou, há pouco tempo, sobre inclusão. Este trabalho que eu apresento agora é um grito pela inclusão e é a observação das constelações que eu faço aqui em Campo Mourão, há 19 anos, toda semana.
Eu vou começar falando da seguinte forma... Eu vou pedir, por favor, que adiantem para o próximo eslaide.
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Então, aqui, esse trabalho é exatamente sobre isso que está se apresentando nesta tela. Aqui nós temos mulheres do final dos anos 1800 e começo dos anos 1900. Eu pedi que fosse colocada aqui, nessa foto, uma índia, que vocês estão vendo aqui, do lado direito. Por quê? Porque o trabalho que vou apresentar hoje é sobre os descendentes dessa índia, que começou uma família com um português, e o português era deste ambiente aqui, que nós estamos vendo.
Então, para não me alongar, eu vou pedir que passe para o próximo eslaide e eu peço que essa imagem seja gravada na mente de cada uma das pessoas que está assistindo, porque, no trabalho que fui fazendo - estou fazendo constelação há 19 anos -, começou a aparecer um padrão, nas constelações que eu fazia, que começou a me chamar atenção. Começou a me chamar a atenção que alguns temas levavam a ancestrais indígenas, temas como dificuldade de vencer na vida, dificuldade de subir na carreira - e é sobre isso que vou falar agora - e esse tema levava a ancestrais indígenas. Isso chamou minha atenção e comecei a observar, a pesquisar, a estudar, e o cerne do trabalho - porque aqui não tenho muito tempo - o cerne do trabalho é isso que se apresenta nesse eslaide: horizontal e vertical, horizontal e vertical. O que vem a ser isso, horizontal e vertical? Horizontal é a cultura indígena; vertical a cultura branca. Eu vou explicar melhor isso e nós vamos passar para o próximo eslaide.
Então, o que significa horizontal e vertical? É a forma como cada uma dessas duas culturas se relaciona. Por exemplo, com a terra, com a natureza, com o alimento, com os companheiros, com o trabalho. O indígena tem com a terra e a natureza uma relação de igualdade, ele não é maior do que ninguém. O índio não conhecia a propriedade, eles não escrituravam propriedade para um indivíduo. A terra, para eles, não se conquista, não se domina. Não se conquista para servir a seus interesses individuais, e a terra para eles também não se dominava para que servisse a seus interesses individuais. Tudo era dividido com todos. Por exemplo, o alimento era dividido com todos. Então, uma cultura horizontal. Tem mais um item que é muito importante, que faz parte da cultura deles, que é viver no aqui e no agora. Isso aqui é muito importante, a gente vai passar para isso depois.
E, na nossa cultura, a cultura não indígena, que eu vou chamar aqui de cultura branca, o que se mostrou nas constelações? A nossa cultura é vertical, baseada no individualismo, baseada na propriedade privada, baseada na acumulação, no lucro, no planejamento. Então, o indígena vive no aqui e no agora, e nós aqui, na nossa sociedade, nós acumulamos para o amanhã, nós temos lucro pensando no amanhã, nós planejamos pensando no amanhã.
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E com relação aos nossos amigos, aos nossos companheiros? É sobrepor-se. O nosso objetivo é sobrepor-se, é competir, é ser melhor, vencer. Então, nós somos aqui a cultura do number one. Nós temos que ser o melhor, nós temos que vencer.
Então, agora, eu vou passar para alguns outros detalhes no próximo eslaide.
Olha, gente, aqui nós temos brancos e índios. Como, de novo, eles se comportam quando estão numa sociedade. E até vou falar uma coisa diferente que eu não pude falar no começo, mas esse trabalho foi feito com os nossos atuais clientes, que são descendentes de índios.
Então, imagine um descendente de índio, um bisneto, por exemplo, daquela índia inicial. Ele vive hoje, ele pode ser loiro, ele pode ser de olhos verdes, mas ele tem um emaranhamento com aquela índia. Então, como ele vai se sentir? Então, ele está aqui, como é que se espera que ele se comporte diante de uma questão de terra? Espera-se que ele seja proprietário, que ele seja dono, mas, para ele, ele não está acostumado com isso. Para ele, não precisa. Do jeito que está, está muito bom. Então, a sociedade no entorno espera que ele seja proprietário; para ele, na cultura dele, não precisa. Então, o que vai acontecer? Vai acontecer o julgamento. O branco vai fazer o julgamento e vai dizer que ele é preguiçoso, que ele é improdutivo, que ele é indolente. Não é?
Na profissão, espera-se que ele suba na profissão, que ele galgue posições na profissão. Mas, para ele, ele não precisa subir. Está bem assim. Ele, estando bem por hoje, está bem então. Então, qual é o julgamento que a sociedade do branco faz? Que ele é incompetente, que ele é uma pessoa sem futuro, que ele é uma pessoa sem iniciativa.
E com relação a patrimônio? Para os índios, ele não precisa acumular. Ele não precisa para o amanhã prover, poupar e guardar. Não precisa por quê? Porque ele pensa no hoje. Para ele, está bom assim. Tendo por hoje, está bom. Então, o que acontece? O branco vem com o seu julgamento. Ele é sem futuro, ele é incompetente, ele é indolente.
E se for o sogro, vai dizer que ele é um mau partido. E se for o sogro, vai dizer que ele é mau marido. Então, e para as pessoas, espera-se que ele vá competir e superar. Mas, para ele, não. Ele não precisa disso, competir e superar.
Então, gente, o que acontece? Acontece que nós temos aqui dois tipos de modelo mental: o modelo mental do branco, o modelo mental da cultura indígena. Acontece que um julga o outro pelo seu modelo mental. O branco julga o indígena pelo seu modelo mental. E o que acontece? Ele acaba sendo, porque como ele não tem o ímpeto de subir, de acrescentar propriedades, de ser dono, ele vai ser, então, sem futuro, sem iniciativa, ele vai ser um mal partido, um preguiçoso. Eu me lembro, numa das primeiras constelações minhas, de que uma mãe veio fazer a constelação de um filho, e o tema da constelação era que ele era folgado.
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Então, gente, eu peço que passe para o próximo eslaide, por favor. Dá mais um clique para voltar. Aí, isso.
Todas as constelações em que os ancestrais indígenas apareciam, o cliente nosso, que era o bisneto, o neto ou bisneto do indígena, ele começava sem força, ele começava, muitas vezes, até no chão. E à medida que o índio era incluído e honrado, o ancestral dele, ele acordava, ele se enchia de força, ele se enchia de energia.
Então, o que é que acontece? Eu comecei a ver que 30% dos brasileiros, aproximadamente 30% dos brasileiros têm ancestrais indígenas. E eu comecei a pensar: quem sabe a mesma coisa que acontece no micro, um caso um por um, pode acontecer no macro? Quem sabe a força do Brasil está bloqueada lá atrás, junto com os índios? Porque os índios realmente não foram respeitados.
Então, eu vou, vocês me perdoem se eu vou ler o que está escrito aqui. Com tudo isso em mente, eu penso que o verdadeiro poder do Brasil como país, a força visceral do Brasil só será liberada quando os indígenas, primeiros habitantes da terra sobre a qual se construiu a nação, forem reconhecidos e honrados. E também quando eles tiverem o lugar de respeito no coração de cada imigrante que aqui veio para fazer a vida, para ganhar dinheiro e criar os filhos, porque o desenvolvimento, claro que o desenvolvimento que os imigrantes trouxeram foi muito importante; no entanto, ele foi, sem dúvida, construído sobre as perdas e o desrespeito que os indígenas sofreram.
Então, a partir de todos os fatos que eu coletei nas constelações, eu cheguei a essa conclusão de que o Brasil hoje é, nessa imagem aqui, o Brasil não está reconhecendo, o Brasil não está incluindo, o Brasil não está respeitando aqueles que foram os nossos primeiros. Eles foram e continuam sendo os nossos primeiros.
E eu vou até citar uma frase de Bert Hellinger. Ele disse o seguinte: "Enquanto não houver honra a todas as culturas ancestrais, não haverá ordem e progresso." (Palmas.)
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Então, Senador, eu encerro dessa forma, apresentando aqui a imagem que eu tenho do Brasil da forma como está hoje.
Muito obrigada, Senador, pela oportunidade que eu tive de apresentar este trabalho.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Olha, é emocionante a sua fala, vai na raiz.
Eu participei já de dezenas de constelações, até como voluntário também, pelo Brasil, e sempre aparece a questão dos indígenas. Estão lá os nossos índios, sempre têm essa força, e realmente há algo que está bloqueado. Então, essa honra aos indígenas, essa valorização, é algo sobre o que eu até conversei com a Daniella, há algum tempo: sobre o que nós podemos fazer aqui, com o mandato que nós temos, com uma certa influência no Parlamento, junto aos Poderes, para que se avance nesse passo tão importante, que já está no nosso coração, ao menos no coração de muitos brasileiros. Mas o que fazer para honrar, para fazer esse gesto a eles e reconhecer os nossos ancestrais, quem estava aqui antes? A gente acabou chegando depois, a precedência é deles.
Eu quero lhe ouvir depois, Dra. Márcia, pessoalmente. Vamos trocar o contato com as nossas... Vou pedir à equipe para pegar o seu contato porque quero lhe ouvir, também, sobre o que, de forma prática, nós podemos fazer aqui, pelo Senado Federal, tentando nos outros Poderes também, para que a gente faça girar esse último mecanismo que está travado aí - eu acredito - para o Brasil decolar e assumir um protagonismo internacional ali no topo do mundo, porque é lá que o Brasil merece estar.
Muito obrigado pela sua explanação tão didática, tão forte. Quero agradecer-lhe por tudo isso.
Aqui nós estamos recebendo os estudantes, os alunos do Colégio Mendonça de Oliveira, da cidade Jardim Zuleika, em Goiás. Muito obrigado à direção da escola. (Palmas.)
Muito obrigado aos coordenadores, aos professores, aos idealizadores, que trouxeram esses jovens que vieram visitar esta Casa, que é deles. É muito importante saber que vocês estão aqui. Isso é cidadania, é formação política. É assim que este país vai para a frente também, é com essa apropriação do que é de vocês, participando da vida política.
Platão dizia, 350 a.C, que o destino das pessoas boas e justas que não gostam de política é serem governadas por pessoas nem tão boas e nem tão justas que gostam de política. Então, é muito bem ver os brasileiros... Eu percebo aqui, a cada dia, os brasileiros acompanhando mais a política nacional, cobrando dos seus representantes. Isso vai dar coisa boa, isso vai dar coisa boa para o nosso país, essa aproximação. Eu não tenho a menor dúvida, eu tenho muita esperança e muito otimismo.
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Essas crianças, quem sabe, daqui a alguns anos, vão estar aqui fazendo leis para o Brasil, cada um dentro da sua missão, dentro do que tem no seu destino.
Mas eu queria aproveitar este momento, antes de passar...
Vamos tentar agora o Dr. José Miguel, porque já deu certo com a Dra. Márcia, e já recebi aqui a informação de que o material dele já está compartilhado também aqui com Brasília. Então, a gente vai fazer a mesma estratégia para dar certo a sua apresentação.
Antes disso, eu tenho que fazer um agradecimento muito especial...
Tchau! Deus abençoe vocês! Muita paz! Obrigado!
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - É um agradecimento muito especial porque esta sessão só foi possível graças à ajuda dos Srs. Mateus Santos, que é constelador familiar segundo Bert Hellinger, e Inácio Junqueira Moraes Junior, que é representante da Hellinger Schule no Brasil, pioneiro em Pós-Graduação em Direito Sistêmico. Eles dois, tanto o meu amigo, o meu irmão Mateus quanto o Inácio Junqueira, estão acompanhando a gente pela TV Senado. Eles foram fundamentais!
O Mateus está em Alagoas, está lá na sua terra - muita gratidão -, já participou presencialmente da audiência pública que houve e ia participar desta, mas, de forma muito gentil, como a gente estava com a limitação, ele compreendeu e deixou o espaço para que a gente possa ter um fluxo melhor, já que ele também está fora.
Então, eu agradeço ao Mateus e também ao Inácio Junqueira, numa situação similar, mas parece que tinha alguma coisa a ver também com saúde. Eu desejo-lhe melhoras e agradeço-lhe a ajuda que deu aqui para este evento estar sendo realizado.
Uma salva de palmas para eles também! (Palmas.)
Muito obrigado.
E quero dar uma informação: junto com eles - eu acabei de abrir aqui com o Dr. Fernando - tem quase 4 mil pessoas nos assistindo. Aumentou consideravelmente, desde alguns minutos atrás, a audiência no YouTube, fora a TV Senado que a gente não tem noção de quantas pessoas estão assistindo. E vai ficar, para depois você compartilhar esse conhecimento para as pessoas que não puderam acompanhar ao vivo e que possam assistir.
Então, vamos lá!
Agora, finalmente, nós vamos fazer mais uma tentativa - eu estou sentindo que agora vai - com o Dr. José Miguel, professor, mestre, pesquisador, especialista em constelações familiares. Ele tem muita paciência, já demonstrou isso, e muito boa vontade, porque ficou esperando já faz algumas horas.
Agora o senhor tem dez minutos, com a tolerância de cinco aqui da Presidência.
Muito obrigado.
O SR. JOSÉ MIGUEL DE DEUS (Para discursar. Por videoconferência.) - Mais uma vez, muito obrigado, Senador Girão. Obrigado a todos que estão aí na audiência. A responsabilidade minha aumentou porque tem muita gente assistindo.
Pode compartilhar a minha apresentação. Eu achei importante compartilhar isso.
Eu sou médico, sou professor titular, mestre e doutor pela Universidade Federal de São Paulo, mas eu trabalho aqui na Universidade Federal de Goiás e também no Hospital das Clínicas. E fui certificado em Constelação Familiar pelo IAG, da Alemanha, por Gunthard Weber, Jakob Schneider e Sieglinde Schneider e, depois, pelo próprio Bert Hellinger.
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Esse é o nosso hospital e a nossa faculdade.
Pode passar o próximo, por gentileza.
Isso aqui é o documento das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Medicina, que, no seu Capítulo III, mostra que o paciente, os alunos de Medicina têm que ser formados aprendendo a olhar para o paciente, tanto nos seus diagnósticos quanto nos seus tratamentos, para o contexto biopsicossocial do adoecimento, e não só o contexto biológico.
Próximo.
E aí como é que eu entrei nisso? Em 2006, a gente começou. Isso aí era uma sala pequena lá dentro do Hospital das Clínicas da nossa Universidade Federal de Goiás. Eu me especializei em cirurgia ginecológica e cirurgia laparoscópica. Quando eu era médico residente, em cada paciente se olhava dentro da barriga para entender por que doía. Os pacientes tinham dor, e a gente não conseguia aliviar essa dor, não conseguia muitos resultados. Então, eu entrei para a constelação, através da minha esposa, a Vânia Meira e Siqueira Campos, que também é consteladora e que está terminando, dentro de dois meses, o doutorado, estudando o vínculo com os pais em mulheres com dor pélvica crônica.
Pode passar o próximo.
E aí, já - eu comecei lá em 2006 -, em 2009, eu fui convidado para escrever o capítulo de dor pélvica crônica desse livro, um livro de uma editora nacional, da Sociedade Brasileira do Estudo da Dor. Escrevi o capítulo de dor pélvica crônica e lá eu já falei da constelação.
Próximo.
Depois, subsequentemente, vieram os nossos Manuais de Ginecologia, do Departamento de Ginecologia, de que eu sou o primeiro autor, junto com o Prof. Waldemar, que atualmente é Diretor da nossa faculdade. E lá também já se estavam mostrando os benefícios da constelação.
Já tem mais de dez anos que eu ministro aula, numa atividade integradora da saúde coletiva com a pediatria e a ginecologia, para alunos do quarto ano de Medicina. É lógico que causa muita estranheza para alguns, porque eles dão um valor muito grande - são muito jovens - para o contexto biológico, mas a gente percebe que só tem aumentado a abertura para se olhar para o contexto psicossocial do adoecimento além do contexto biológico.
Próximo.
Bom, esse aqui é um artigo que eu publiquei com mais alguns coautores - eu fui o primeiro autor dele: "Análise de 230 mulheres com dor pélvica crônica assistidas em um hospital público", que é o nosso hospital aqui, o das Clínicas, de Goiás. E nesse trabalho - pode passar o próximo - já havia aí uma tabela mostrando o benefício da constelação familiar, mostrando uma redução estatisticamente significante para pessoas que participaram dos workshops de constelação familiar lá dentro do hospital.
Próximo.
Isso aí é no texto também, falando o que é a constelação, na discussão do artigo.
Próximo.
E o último Manual de Ginecologia que a gente publicou foi esse aqui, publicado agora no final de 2021, em que também consta, lá no fluxograma de conduta em mulheres com dor pélvica crônica, a utilização da terapia cognitiva comportamental, de uma outra técnica chamada mindfulness e da constelação familiar.
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Próximo.
E este, como vocês podem ver, é o fluxograma. E aí, nesse fluxograma, eu tinha tentado participar daqui, para ver se eu conseguia projetar daqui, porque, assim, eu conseguiria marcar onde era para vocês enxergarem, mas aí, nessa janela maior, está, lá embaixo, em "psicoterapia", escrito "constelação familiar".
Próximo.
Também em 2018, pesquisadores que somos de dor pélvica crônica em mulheres, publicamos o artigo - esse aí é o meu grupo de pesquisa - "Avaliação da função sexual em mulheres brasileiras com e sem dor pélvica crônica". O editor da revista solicitou que a gente colocasse no artigo como é que a gente conduzia as pacientes, as mulheres com dor pélvica crônica, e abriu a oportunidade - passe o próximo, por favor - de a gente também escrever esse artigo, em 2018, um artigo que ganhou o mundo, publicado em inglês, em uma revista chamada Journal of Pain Research, da Nova Zelândia, falando da constelação familiar.
Passe o próximo.
Aí a gente vê uma publicação da Associação Americana de Psicologia no Journal of Counseling Psychology, mostrando um artigo, publicado em 2013: "Seminários de constelação familiar melhoram o funcionamento psicológico em uma amostra da população geral: resultados de um trial controlado randomizado".
Próximo, por gentileza.
Esse é um outro trabalho publicado também mostrando uma melhora na experiência nos sistemas sociais através de seminários de constelação familiar.
Próximo.
Esse também, já em um segmento de oito e doze meses, mostrando ainda, em um segmento de médio e de longo prazo, os benefícios de seminários de constelação familiar.
Próximo.
Bom, aqui é um outro artigo original, mostrando o efeito dos seminários de constelação familiar no prurido ou coceira de pacientes com dermatite atópica e psoríase, em que se mostrou - e tudo tem que passar pelo crivo da ciência, o que está certo - que, para a coceira, na dermatite atópica, teve um resultado bom, mas, para a psoríase, nem tanto. Isso, é lógico, é ciência, e a gente tem que concordar com isso.
Próximo.
Isso aqui já foi uma revisão sistemática, publicada em 2021 pela equipe de pesquisa da Salome Scholtens, de uma universidade holandesa, de Groningen. Ela foi a líder desse estudo, uma revisão sistemática, que é um estudo que, normalmente, é o mais poderoso do ponto de vista de evidência científica - é lógico que ainda se tem muito poucos estudos -, mas mostrando uma efetividade da terapia de constelação familiar na saúde mental, melhorando a saúde mental.
Próximo.
Isso aqui é um artigo que foi publicado agora, em fevereiro deste ano, na revista International Journal of Human's Health, que nós fizemos, o nosso grupo de pesquisa aqui, junto com o pessoal da USP de Ribeirão Preto. Esse aqui é um dos trabalhos já publicados, que é um artigo de revisão sobre: "Desafios atuais no manuseio da dor pélvica crônica em mulheres: da bancada à beira do leito".
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O artigo é da Vânia, que é a minha esposa, que está concluindo o doutorado, estudando vínculos parentais em mulheres com dor pélvica crônica.
Próximo.
É lógico que na constelação a gente trabalha com os vínculos parentais o tempo todo.
Isso aqui é, dentro dessa revisão, também colocando - é de agora, 2022 -, em uma revista de circulação mundial, a gente falando da constelação familiar como uma prática que pode ajudar mulheres com dor pélvica crônica e também, provavelmente, com endometriose, porque um terço das mulheres que têm dor pélvica crônica tem endometriose.
Próximo.
E aqui é o nosso auditório. Esse é o auditório da Faculdade de Educação, que a gente usou por vários anos. A imagem está mostrando um auditório cheio. Vocês lembram daquela imagem inicial de 2006, em que a gente tinha poucas pessoas numa salinha pequena. Aí, temos um auditório cheio, onde estava acontecendo constelação dentro do ambiente universitário. Aqui, no caso, é o auditório da Faculdade de Educação, que a gente utilizava para fazer para executar o nosso projeto de extensão.
Próximo.
E também, como no trabalho de constelação existe uma ordem, que é a do dar e receber, ou dar e tomar, ou tomar e dar, a gente também aproveita isso ainda para angariar alimentos, porque as pessoas se sentem melhor, quando ganham qualquer coisa, quando aprendem algo, se elas também dão algo. E a gente distribui isso também: quando tem menos pessoas, para os funcionários lá da instituição, da limpeza, da segurança; e, quando é muito, como nesse caso aqui, para entidades outras.
Próximo.
Aqui a gente já está vendo o nosso auditório Asklépio, da Faculdade de Medicina da UFG, em um evento também de constelação familiar. Inclusive, já tivemos presença de reitores, vice-reitores, diretores de colégios de aplicação, assim por diante.
Próximo.
Também na revista Planeta já foi feita uma reportagem sobre constelação familiar.
Próximo.
Aqui o trabalho que a gente faz aqui na nossa faculdade, que, na época, foi também citado nessa revista Planeta.
Próximo.
Isso aqui é como era a página do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, dizendo que a "UFG oferece à comunidade atendimento com o método de constelações familiares" de forma gratuita. A gente sugere a quem quiser levar alimento, mas, se a pessoa não levar, entra e participa da mesma maneira. E, quando leva alimentos, são apenas 2kg de alimento.
Próximo.
Isso é o projeto de extensão cadastrado na universidade.
Próximo.
Isso aqui é o cadastro atual. O cadastro era feito pelo Hospital das Clínicas, e existia uma resistência no início em relação a fazer o cadastro na Faculdade de Medicina. Essa resistência foi vencida pelo tempo, pelos resultados que, acho, se espalham sobre a boa utilização da constelação familiar como método para ajudar as pessoas, e hoje ele está cadastrado, até 2027, como projeto de extensão na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás.
Próximo.
Isso aqui é uma orientação de trabalho de curso, dos cursos de especialização que a Miriam organizou aí em Brasília - essa foi uma aluna que eu orientei: "Conexão das lealdades invisíveis transgeracionais de Boszormenyi-Nagy e as constelações familiares de Bert Hellinger, fazendo um paralelo das observações do Nagy e do Hellinger.
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O próximo.
Atualmente, nós temos um projeto de pesquisa chamado "O efeito da constelação familiar em mulheres com dor pélvica crônica". A gente já tinha observado, no estudo observacional de 230 mulheres, um benefício. Não foi todo mundo que participou, mas uma parcela só que participou. E agora esse projeto está aprovado. É um estudo longitudinal, prospectivo, intervencional e analítico, que já está aprovado pelo comitê de ética do hospital.
O próximo.
A gente pode ver que esse é o parecer do comitê de ética.
O próximo.
E aqui é a aprovação do comitê de ética. Está aprovado na Plataforma Brasil.
O próximo.
Qual é o objetivo desse estudo? É analisar o efeito da constelação familiar na qualidade de vida, ansiedade, depressão, resiliência e na intensidade da dor de mulheres com dor pélvica crônica.
O próximo.
Então, é comparar os escores de qualidade de vida, ansiedade, depressão; resiliência, que é a capacidade de adaptação com a dor e a intensidade da dor, colocando os pacientes, randomizando os pacientes para participarem ou em grupo de constelação ou apenas fazerem o tratamento habitual que já existe com remédios e com cirurgias, eventualmente.
O próximo.
Os instrumentos de aferição serão os da qualidade de vida: o WHOQOL abreviado, que é um questionário da Organização Mundial de Saúde, já bem validado; o GAD-7, para ansiedade; PHQ-9, para depressão; o C-D Risc 10, para testar resiliência; e a escala analógica visual de dor.
O próximo.
Então, as mulheres serão randomizadas num sorteio por computador, onde a metade vai participar de grupos de constelação e a outra metade vai fazer tratamento, só o habitual.
O próximo.
Como elas vão ser randomizadas, então, espera-se que você vai ter amostra homogênea nos dois grupos.
E aí vão ser feitas as constelações aos finais de semana e aplicados esses questionários antes, depois de três meses, de seis meses e de doze meses, com acompanhamento de um ano. E é lógico que, se cientificamente a gente conseguir comprovar mais uma vez esse benefício, todas as pessoas que não foram sorteadas para ter a sua constelação serão contempladas com a mesma, se o desejarem ao final.
O próximo.
Os critérios de inclusão quais são? Mulheres com dor pélvica crônica, que é uma dor no pé da barriga, assim leigamente falando, há mais de seis meses e que tenham mais de 18 anos. E os critérios de exclusão serão mulheres grávidas ou que estiveram grávidas até um há ano, porque a gravidez interfere de muitas maneiras nas mulheres, mulheres em tratamento de câncer ou as que se recusam a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido.
O próximo.
Bom, também estivemos, em 2018, no Congresso de Práticas Integrativas e Complementares, organizado pelo Ministério da Saúde. Naquela época, até o Fantástico - vocês estão vendo o Ernesto Paglia, repórter, que fez uma entrevista conosco, na época, que era para ter saído. Mas coincidiu com a época da morte da Marielle Franco e depois eles desviaram assim o rumo das notícias que iam dar, porque foi muito chocante aquilo, e isso nunca saiu. Depois eu acho que foi bom, porque era uma fase em que talvez a gente ainda ia estar muito exposto a muitas críticas.
O próximo.
Bom, então, o que eu vejo no ambiente universitário? Que é preciso despertar o contexto psicossocial no adoecimento e na cura, assim como exigem as diretrizes curriculares nacionais, através de pesquisa, de extensão e de ensino. Pode passar o próximo. Mais uma vez. Isso.
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Isso aqui é um convite da universidade federal, da faculdade de psicologia da nossa universidade, agora de julho de 2022. É a faculdade de psicologia me convidando para ir lá mostrar o que é a constelação familiar.
Próximo.
Isso aqui é um convite da Salome Scholtens, que foi a pesquisadora responsável por aquela revisão sistemática de constelação familiar holandesa. Ela nos convidou para, em fevereiro, estarmos em Groningen, na universidade, para poder - pode passar o próximo - discutir como ensinar, como pesquisar, como fazer extensão no ambiente universitário, com constelação sistêmica, constelação familiar, e prontamente tanto eu quanto a minha esposa, que também trabalha com constelação, pesquisamos isso.
Próximo. Próximo.
Então, concluindo, a constelação familiar já é uma realidade no ambiente universitário, tanto no ensino como na extensão, como na pesquisa. O caminho agora é avançar no ensino e pesquisa para buscar incrementar essa abordagem psicossocial no diagnóstico e tratamento dos nossos pacientes.
Próximo.
E é isso. Esse é o nosso hospital, a nossa faculdade.
Muito obrigado pela atenção de todos. Foi um prazer, Prof. Girão. Muito obrigado por essa iniciativa.
Só quero lembrar que a constelação familiar nada mais é do que uma prática integrativa e complementar em saúde. Ela não veio para substituir nada. É só para agregar, para complementar.
Finalmente, quero agradecer aos meus pais, pela vida que me deram e por tudo o mais. Um abraço a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado, Dr. José Miguel de Deus. Vi pela apresentação que seu nome completo é José Miguel de Deus. Gratidão pela sua participação aqui conosco. Valeu a pena esperar, está vendo? Foram importantes esses documentos que o senhor apresentou, inclusive da pesquisa. Fico muito feliz de a gente poder agregar, deixar nos Anais da Casa, porque tenho certeza de que este momento é histórico.
Eu queria, antes de passar a palavra para a próxima palestrante, agradecer aqui aos alunos, à diretoria, aos professores, aos coordenadores do Instituto Pedagógico, do ensino fundamental, da cidade de Niquelândia, Goiás. Muito obrigado pela presença de vocês aqui. Antes tinha uma turma aqui de Niquelândia, há pouco tempo. Parece que foi dividido em duas turmas. Já veio uma aqui. Agora vocês são muito bem-vindos aqui ao Senado Federal.
Falei certo o nome? É Niquelândia?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Fica a quanto tempo daqui, Niquelândia? Quatro horas? Já voltam hoje? Chegaram hoje cedinho e já voltam hoje. Pois voltem com Deus. Sejam muito bem-vindos porque esta aqui é a Casa de vocês também, o Senado Federal.
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Aqui também já está saindo um grupo e está chegando outro grupo, aqui do lado direito, de brasileiros que vieram conhecer o Senado Federal.
Sejam muito bem-vindos!
É impressionante, não para de chegar gente, jovens, de todas as idades. São bons fluidos que estão trazendo para nós aqui, acompanhando a vida política do seu país.
Sejam muito bem-vindos, todos vocês!
Eu queria dizer o seguinte: eu dei uma informação equivocada. Quero pedir desculpas. Eu entrei no YouTube e vi que havia 4 mil pessoas, mas não estavam ao vivo naquela hora. Já são 4,5 mil, mas não é ao vivo. É o vídeo...
O pessoal da TV Senado não perde tempo e, muito rapidamente, já produziu um vídeo do evento. Já está nas redes sociais, assim como no YouTube, em todas as outras redes do Senado Federal, aquele vídeo, com pequenas participações, que já teve 4,5 mil visualizações.
Ao vivo, há 1,1 mil pessoas assistindo, o que já é um número crescente.
Estamos com mais de quatro horas de sessão.
Acho que vamos bater o recorde de sessão deliberativa. Não é, Zezinho? Você está há quantos anos aqui no Senado? Há 38 anos.
Eu acho que nós vamos fazer uma sessão histórica.
Muito obrigado pela presença de vocês aqui.
É alguma escola? Qual é escola?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Colégio Mendonça de Oliveira, de Goiás.
De que cidade?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Jardim Zuleika.
É outra turma. Uma esteve aqui mais cedo, não foi?
São duas turmas. Está vindo uma turma agora.
Sejam muito bem-vindos. Obrigado por conhecerem o Senado. É muito boa essa energia de vocês.
Parabéns aos professores, à direção da escola por esta iniciativa.
Vamos, agora, passar para a próxima palestrante, que é a Sra. Simone Arrojo, docente e facilitadora em constelação familiar, ela que é comunicadora de rádio e TV. Fica na ponte entre São Paulo e Santa Catarina. Desenvolve um trabalho para o SBT lá de Santa Catarina.
Muito obrigado por sua participação. Você tem dez minutos para sua exposição, com tolerância de cinco. Muito obrigado.
A SRA. SIMONE ARROJO (Para discursar.) - Muito obrigada, Senador Eduardo Girão. Muito obrigada a todos os meus colegas que estão aqui presentes e que estão enriquecendo demais. Que oportunidade maravilhosa!
Eu tive um sonho, há um mês, e comentei com a Dani ontem, em que estava o mar, e o sol iria palestrar. Aí começou a chegar todo mundo da Hellinger Schule e mais pessoas. Nós nos sentamos, e o sol ia falar. Eu falei: "Nossa, o que será esse sonho?".
Logo depois, recebi o convite. Eu estava aqui, e a Dani falou: "Olha para cima, Simone, é o sol".
Então, eu acho que cada um de nós está presente aqui representando e honrando o que Bert Hellinger nos deixou.
Ele nunca foi apegado.
Vou contar um pouco da minha história com ele. Convivi pessoalmente com Bert Hellinger durante 10 anos. Quando ele vinha, eu organizei ele, junto com a Mimansa e com o Renato, aqui no Brasil.
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Então, tanto na Alemanha quanto aqui eu sempre ficava pessoalmente com eles, e eu pude ver o que ele sentia na prática da constelação familiar. Então, eu vou comentar aqui um pouco de como ele agia pessoalmente, para que realmente a gente entre na profundidade do que todos os meus colegas falaram aqui, que é vivenciar a constelação, primeiro, dentro de nós, porque, infelizmente, muitos de nós que trabalhamos com terapia, ou trabalhamos com a constelação familiar, não nos trabalhamos.
Então, é muito importante, e o Bert falava sobre isso também, que a gente possa se trabalhar, e não só ficar como ajudante, porque isso nos humaniza e permite que a gente realmente vá mais fundo, sempre dentro daquilo que o Bert trouxe.
Então, eu sou consteladora familiar e tenho um programa de rádio, há 30 anos, em São Paulo. Esse programa de rádio se chama Virando a Página, na Rádio Mundial. Quando eu pus esse nome no programa de rádio, eu não sabia que, depois de 15 anos, eu iria trabalhar com constelação familiar e que esse nome fazia jus ao que realmente é a constelação familiar, que é a gente virar a página.
Mas virar a página da nossa história não é só nos livrarmos da nossa história, nos livrarmos do antepassado. Virar a página da nossa história é termos consciência do que a gente leu. É termos consciência de que nós não somos sozinhos. Eu não estou aqui sozinha. Eu não vim sozinha. E nem faço nada sozinha. Então, quando eu conheci o Bert Hellinger e comecei a conviver mais com ele, a primeira coisa que aconteceu... Ele falou assim: "Eu vou colocar no campo se eu devo voltar para o Brasil". E ele colocou duas âncoras no campo e, na época, um ex-cunhado meu entrou no campo, e ele não sabia nem o que era, porque ele falava alemão, e eu falei: "Olha, você tem que fazer isso, tem que fazer aquilo, Bert".
"Chiu! Ele sabe o que fazer. A alma dele sabe. Você não precisa explicar nada."
E a partir daí eu comecei a compreender que o Bert sempre esteve a serviço de algo maior. Quando nós estamos num congresso, e quando eu vejo o Senador Girão fazer esse trabalho tão lindo... Ser político é estar a serviço de algo maior. E o Bert um dia, aqui mesmo em Brasília, em homenagem aos indígenas, ele fez um trabalho lindo. E, quando ele foi para trás do palco, ele falou assim para mim: "Onde nós estamos mesmo?". Eu falei: "Bert, aqui tem Ministro, aqui tem...". Ele falou: "Olha, para mim, não interessa quem realmente está aqui, os cargos, mas interessa que não haja mais partido. A estrutura política do mundo é baseada em partido. E toda vez que nós temos um partido nós temos guerra, porque quem tem partido não olha para o povo, olha só para o seu partido.".
Então, talvez precise haver um ajuste mundial político, porque realmente se eu falo: Eu sou são-paulina e o Girão fala... Você é o que, Girão?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE. Fora do microfone.) - Fortaleza.
A SRA. SIMONE ARROJO - Fortaleza.
A gente já vai... Se o São Paulo jogar com o Fortaleza, a gente já vai começar a ter uns atritos na hora de tomar um café e conversar. Por quê? Porque nós ainda não aprendemos que nós não devemos ter partido. Que tudo faz parte, não é?
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Ele também falava... Às vezes, eu estava vendo alguma coisa na televisão. E, um dia, ele viu uma competição e falou: "O esporte não pode ser mais como é, porque não dá mais para competir". É que, enquanto a gente compete, nós realmente perdemos a noção da existência da humanidade. E nós só podemos encontrar Deus a partir da nossa própria humanidade, porque, quando eu me sinto melhor do que o outro, eu ainda estou numa sensação de exterminar o outro, para que eu tenha um lugar. Então, ele falou: "O esporte também vai ter que mudar. O momento certo vai chegar".
Então, nesse estar a serviço de algo maior, ele se colocou várias vezes. Eu não tenho filhos. Ele também não teve filhos. A Mimansa não teve filhos. O Renato não teve filhos. Eu fui aluna do Renato Bertate. E, um dia, o Bert estava escrevendo aquele livro para crianças. A Sophie tinha ido comprar algumas coisas no supermercado. Eu estava com ele no carro, e ele falou: "Olha, eu estou escrevendo este livro para crianças. Você não teve filhos, eu não tive filhos, várias pessoas não tiveram filhos, e eu vou falar algo sobre a família".
É importante que as pessoas saibam que uma família veio como uma tribo, como a nossa colega falou, para dar estrutura, mas ela não possui aquela criança, ela não é dona daquela criança. Quando as famílias começarem a compreender que cada um tem um lugar, sem prender ninguém, então, nós vamos para a sociedade sem nenhum emaranhamento, porque os emaranhamentos sociais começam dentro de casa, a corrupção começa dentro de casa. Quando eu acho que o meu pai não me deu dinheiro suficiente, então, se eu tenho um chefe, eu vou falar: "Ah, não! Eu ganho R$2 mil, eu vou tentar fazer um jeito de ganhar R$3 mil aqui". Eu vou tentar fazer com que esse chefe me dê, financeiramente, o que o meu pai não me deu. Então, aí começa a corrupção no amor, nas finanças, nos relacionamentos, no dinheiro. A gente, o tempo inteiro, quer ordenar fora o que nós não ordenamos dentro.
Então, o Bert trouxe... E ele falava muito das crianças. A Hellen faz um trabalho belíssimo e vai falar aqui sobre a pedagogia sistêmica. Também Angélica Olvera, no México, faz um trabalho belíssimo e o fez junto com o Bert Hellinger durante muitos. Ele fala que a criança, realmente, é o futuro, só que... Como começa um relacionamento? Se eu sou tão emaranhada, eu já escolho um relacionamento querendo um homem como o meu pai e uma mulher como a minha mãe, eu vou escolher alguém já a partir de um emaranhamento. Eu quero engravidar porque eu tenho depressão e quero que esse filho venha trazer algo para mim. Daí ele viu a frase "você por mim": você morre por mim, você carrega por mim.
Então, era tão bonito ver as reflexões dele fora da dualidade. Ele vivia em estado de meditação contínuo - contínuo. Ele não sentava para meditar, ele vivia em estado de meditação.
Uma vez eu o levei à CBN. Como eu sou de rádio e TV, então... Eu tenho um programa de rádio falando de constelação familiar há 15 anos. Talvez eu tenha sido a primeira pessoa a falar de constelação. E, uma vez, eu estava com ele, e uma pessoa me mandou uma mensagem porque eu tinha falado sobre suicídio. Essa pessoa mandou uma mensagem falando: "Puxa, eu tive um filho que se suicidou, e foi muito difícil ouvir o que você disse hoje no seu programa. Eu não gostei". Daí eu mostrei para o Bert, e ele falou assim: "Fique tranquila, o efeito já aconteceu nessa pessoa. É isso, você não precisa nem responder nem fazer nada, o efeito necessário já aconteceu".
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Um dia também, pessoalmente... Eu levo grupos para lugares sagrados no mundo inteiro. Eu ia levar um grupo ao Egito, e a agência com que eu ia levá-lo me deu um golpe, deu um golpe em todo mundo, 45 pessoas. E eu fiquei assim transtornada. Eu falei: "Poxa, por que isso aconteceu?". Eu encontrei com ele e falei assim: "Bert, eu ia para o Egito. Olhe o que aconteceu!". Ele falou: "Qual era o seu objetivo de levar essas pessoas para o Egito?". Eu falei: "A gente ia para o Mar Vermelho, ia atravessar o Mar Vermelho". Ele falou: "Pronto, vocês já atravessaram". "É verdade, atravessamos sem precisar ir até o Mar Vermelho." Então, ele vivia nesse estado de contemplação o tempo inteiro.
Uma vez também falei para ele, num almoço: "Meu cachorrinho está fazendo xixi por toda a minha casa". Ele estava comendo e disse: "Quem te deu esse cachorrinho?". Falei: "Meu primeiro marido". "Então, hoje você vai chegar em casa..." O meu segundo marido estava bravo porque ele tinha que limpar; enfim, ele estava bravo. Ele falou: "Então, você vai chegar em casa hoje e vai dizer ao seu segundo marido... Como é o nome do seu cachorrinho?". Eu falei: "Estopinha". "O Estopinha veio antes de você, e ele tem o primeiro lugar aqui na casa." Eu falei: "Se eu falar isso, eu vou me separar agora". O cachorro estava fazendo xixi em tudo. E eu ia falar isso? Ele falou: "Não, você fala isso para ele, porque ele representa o seu primeiro marido, a quem o seu segundo marido ainda não deu um lugar. Então, ele precisa respeitar o seu segundo marido, e, a partir do momento em que ele respeitar o seu segundo marido, o seu cachorrinho não vai mais fazer xixi". E assim aconteceu.
Então, o Bert Hellinger era puro estar a serviço de algo maior, porque ele sempre falava: "A solução não está na dualidade". Por isso, quando a constelação está na Justiça brasileira - o Dr. Sami Storch faz esse trabalho tão maravilhosamente bem, e outros também -, as pessoas ainda não entendem que não existe vítima e perpetrador. Para a Justiça, é óbvio, vai ter que ter vítima e perpetrador, mas, para que haja uma solução e uma cura, a gente precisa buscar uma consciência além da dualidade. Na dualidade, sempre vai ter bandeira "a" e bandeira "b", sempre vai ter. E, onde há julgamento, é impossível a gente ver a verdade.
Bert Hellinger também falava que ele se sentia como uma ponte entre o Oriente e o Ocidente. Uma vez, num trabalho na Índia, numa universidade da Índia... Eles são considerados gurus lá. Eles foram para a Alemanha a convite do Bert e da Sophie. Eles falaram assim: "Simone, a constelação familiar vai salvar a Índia. Eu não estou brincando". Eu falei: "Gente, que forte! Vai salvar a Índia? Por quê?". Naquele seminário deles de que participei, 100% dos homens que estavam lá tinham sido abusados sexualmente, e eles só puderam trazer isso através do campo da constelação, com coragem de falar, porque tudo que é segredo vai acabar saindo ou através de um abuso sexual ou através de um estupro ou através de um grande escândalo.
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Tudo que ainda dói, tudo que ainda... Se a gente não olhou com grandiosidade para o evento ou com uma visão de realmente sentir a dor, de lamentar a dor... Mas permitir que a culpa e a dor... Que a gente possa fazer algo de bom com isso! Este era outro movimento de que o Bert Hellinger falava: "Faça algo de bom com o que aconteceu com essa sua viagem em que você atravessou o Mar Vermelho". Faça algo de bom com tudo que a gente pode... Foi difícil, mas a gente pode fazer algo de bom.
Complementando o que vocês também falaram sobre os indígenas, eu acompanhei uma conversa do Bert Hellinger com o Tídio, que é um indígena, lá em Sorocaba, junto com a Lúcia. Nessa conversa, eu fiquei traduzindo para eles, e o Bert ficava perguntando o que os indígenas perderam com a entrada dos europeus. E ele começou a falar do tabaco, que o tabaco era considerado uma planta medicinal e que transformaram isso numa coisa que faz mal para a saúde. Ele foi falando, falando, falando, até que o Bert deu a mão para ele e falou assim: "Eu sinto muito, em meu nome e em nome dos europeus". E este é um sonho meu: ver os indígenas e os europeus reconciliados.
Eu estive agora no Jalapão, um mês e meio atrás, com a tribo Xerente, de Tocantins. Eu tive a oportunidade de ver duas indígenas maravilhosas, que são pós-doutoradas, mestradas. Quando ela começou a falar o currículo dela, eu falei: "Meu Deus, estou até com vergonha da mulher". Eu falei: "Olha como mudou". Eu levei um grupo, e todos ouviam os indígenas. Nós estávamos ali aprendendo com eles, não os ensinando.
Ela falou: "Olha, eu não falava o idioma, tive muita dificuldade em falar português [eles não o falavam], mas consegui aprender e consegui chegar aonde eu cheguei. E sabe por que eu consegui chegar aonde eu cheguei? Porque eu não fico mais na dor dos indígenas, eu resolvi aceitar o que os europeus também nos trouxeram de bom. Então, hoje, eu moro aqui na minha cultura [eles continuam morando da forma como eles moram, tiveram algumas adaptações], mas eu resolvi aceitar o que os brancos nos trouxeram".
E daí ela falou assim para mim: "Você é o que do grupo?". Eu falei: "Eu trouxe o grupo para cá". Ela falou: "Nossa, você é uma cacica?". Eu falei: "Se você quiser chamar assim, pode ser". Ela falou: "Então, aqui na tribo, também mudou alguma coisa, porque hoje o meu marido fica aqui, o cacique, e eu saio para estudar. Então, isso também vai trazer mudanças para a tribo, a gente também vai se adaptar".
Então, eu quis fazer um pouco de um resumo aqui do que todos trouxeram dentro da visão do Bert Hellinger também.
Uma vez, então, eu levei o Bert Hellinger para fazer uma entrevista na CBN. E, como eu já tinha dado uma entrevista sobre constelação familiar lá, a Camila Sobral, na época, falou: "Simone, eu quero perguntar quem é Bert Hellinger, para que ele fale a biografia dele". Daí, eu falei: "Bert, olha, o assunto de hoje, então, vai ser a sua biografia". Ele falou: "Não, a minha biografia não interessa a ninguém. Interessam as novas constelações familiares". Eu falei: "Está bom, Bert".
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Fui lá e falei: "Camila, ele disse que não quer falar sobre ele, que ele vai falar sobre as novas constelações". Ela falou: "Simone, mas aqui é o meu roteiro, e eu vou falar sobre isso". E daí ele sentou. Ela falou assim: "Quem é Bert Hellinger?". "Então, as novas constelações familiares..." E daí ela enrolou, enrolou, enrolou e falou assim: "Então eu quero saber como você descobriu isso e como você vai falar sobre isso. Quem é Bert Hellinger?". "Então, as novas constelações familiares..."
(Soa a campainha.)
A SRA. SIMONE ARROJO - E assim era o Bert Hellinger. Era uma presença meditativa o tempo inteiro. Quem se aproximava dele falava: "Bert, posso te dar um abraço?". Ele dizia: "Eu vejo o seu pai e a sua mãe. E você se dá muito bem com a sua mãe, porque olha como você sorri!". Então, o tempo inteiro, ele estava conectado a Jesus, o tempo inteiro.
E tem uma última coisa que eu queria falar sobre isso. Ele falou uma vez... Ele falou: "Olha, vou contar uma coisa que não foi muito certa que eu fiz. Uma vez, uma freira veio se constelar, e eu coloquei lá a constelação dela, mas, na verdade, eu também coloquei Jesus e a mãe dele no campo, porque esse é meu assunto. E ela chorava, e eu olhava para Jesus e a mãe dele. E ela chorava...". E ele contou isso como se fosse algo que ele pudesse fazer ao mesmo tempo, não é? Olhava no campo o que ele mais apreciava...
(Interrupção do som.)
A SRA. SIMONE ARROJO - ... que eram os ensinamentos de Jesus.
E, para finalizar, falo do meu último aprendizado com ele. Um dia, eu estava levando os dois para um lugar no Rio de Janeiro, e a Sophie estava atrás, ele ao lado. A Sophie disse: "Simone, vai chegar o lugar, vai chegar!". E eu, desesperada, dirigindo, não estava com o celular. Ele olhou para mim e falou assim: "O próximo passo virá". E daí eu vi uma placa do lugar aonde nós estávamos indo. E ele só olhou de novo e falou assim: "É isto que eu quero dizer, que a gente tenha paciência com consciência, para saber dar passos agora, no presente, agradecendo ao passado, para que o nosso futuro realmente seja não só estar a serviço de nós mesmos, nem da nossa família somente, mas a serviço [como o Girão] de algo maior".
Obrigada, gente. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - É impressionante como a gente tem falas complementares, por diversos ângulos aqui, nesta sessão. É impressionante!
A Simone Arrojo é docente, facilitadora em constelação familiar, comunicadora de rádio e TV. Inclusive, eu já estive na Rádio Mundial algum tempo atrás.
Eu vou dizer uma coisa para você: esse teu olhar humano do criador... A gente não estaria aqui talvez hoje, neste tempo, neste ano, se não fosse o Bert Hellinger. Eu acho que ele ter criado, ter se dedicado... A coisa se ampliou, e a gente está aqui hoje conversando.
Mas eu digo uma coisa para vocês: eu recomendo para você, que não por acaso é da área de comunicação, quem sabe, fazer um livro contando esses "causos", contando essas situações de sabedoria - é pura sabedoria! - deste grande ser humano que passou aqui pela Terra, Bert Hellinger.
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E você pôde e teve a benção de conviver com ele em alguns momentos, escreva. O que você falou foi muito interessante, eu estava querendo saber mais. Bora, conta outra. Isso é muito interessante porque o humaniza.
A SRA. SIMONE ARROJO - Já estou fazendo.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Já está fazendo. Olha a notícia aqui! Eu não sabia. Isso é muito bom.
Eu queria agradecer e dizer uma coisa. Você falou aí que é torcedora do São Paulo; eu sou do Fortaleza. Primeiro: somos tricolores - porque a gente precisa ver sempre o lado positivo. Então, somos tricolores. Outra coisa, que a Rose sabe: o ídolo de vocês, o Rogério Céni, que foi o maior goleiro da história, artilheiro, tudo, hoje é um técnico vitorioso, foi fundamental para que o Fortaleza chegasse onde chegou. Ele foi o nosso técnico, em 2017. No momento em que eu estava saindo, ele estava entrando. E ele deu uma contribuição fabulosa para o Fortaleza chegar onde chegou. Então, olhe as coisas... Ela falou e não tinha ideia. Você tinha ideia disso?
A SRA. SIMONE ARROJO - Não. Não me lembrava.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - E a coisa se complementa.
Volto àquela máxima que vale para a política, vale para tudo na vida, principalmente para a política, agora, mas vale para o futebol também: nós podemos ser adversários no campo tanto das ideias quanto no esportivo, mas jamais seremos inimigos, porque nós somos filhos do mesmo Deus, nós somos irmãos. Então, essa percepção é muito importante no momento que a gente está vivendo.
Quando eu assumi o Fortaleza, a Rose sabe, havia cinco mortes por jogo, nos terminais de ônibus, ao redor do estádio, porque existia uma rivalidade muito agressiva, muito grande. A primeira coisa que eu fiz, quando assumi o clube, foi visitar o principal adversário do clube, que é o Ceará. É como se fosse São Paulo e Corinthians ou São Paulo e Palmeiras. O Ceará é o maior adversário. Fui visitar o Presidente do Ceará. Na época, as pessoas disseram: "Você está se rebaixando, não pode", o pessoal mais radical da torcida. Mas eu disse: "Calma!". O futebol é o micro no macro; então, a gente tem de dar o exemplo, o exemplo tem de vir de cima.
E olha o resultado que teve: a gente começou a fazer ações juntos. Eu fui assistir ao jogo no camarote do Ceará, eu com a camisa do Fortaleza; ele com a camisa do Ceará. E a imprensa toda pegando. Depois, ele foi ao camarote do Fortaleza. Quebras de paradigmas que não tinham acontecido. As pessoas achavam que tinham de se matar, que tinham de brigar. A gente começou a fazer parcerias, os jogadores entraram alternadamente. O mascote do Fortaleza, que é o Leão, o mascote do Ceará, que é o vovô, entraram juntos, um com a bandeira da paz, com as cores do Fortaleza, e o do Fortaleza com as cores do Ceará, um preto e branco, o outro com azul, vermelho e branco.
Isso foi passando, do consciente para o inconsciente, uma mensagem subliminar muito forte, para as torcidas que brigavam, de que não fazia sentido. É um querendo ganhar do outro dentro do campo, dentro das regras, nas quatro linhas, mas, fora do campo, nós somos irmãos. E, olha, zerou. A violência no Estado do Ceará quintuplicou, é algo absurdo o que está acontecendo lá, mas no esporte caiu.
A SRA. SIMONE ARROJO - Esporte saudável, né?
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Porque é uma nova filosofia que existe, e que essa filosofia se mantenha, não é, Rose? E olha o detalhe aqui colocado pelo Dr. Fernando: os dois clubes, com essa filosofia de cultura de paz e de respeito, estão na série A do futebol brasileiro. Olha só: os dois! Para mim, são irmãos gêmeos. O pessoal não gosta muito que se diga, mas são irmãos gêmeos. Tudo isso a gente tem que observar, e o tempo é o senhor da razão e vai mostrando as coisas.
Então, muito obrigado pela sua participação, Simone.
A SRA. SIMONE ARROJO (Fora do microfone.) - Só me esqueci de agradecer ao Ministro.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Então, ela vai ter que viajar - não é isso? - daqui a pouquinho. Ela quer só fazer um agradecimento. Ela me falou que é importante que ela agradeça.
A SRA. SIMONE ARROJO - Quero agradecer ao ex-Ministro da Saúde Ricardo Barros, que foi quem eu ajudei a fazer o dossiê para que a constelação familiar entrasse no sistema de saúde, no SUS, e foi uma luta bem grande dele, e foi um desejo realizado também.
Agradeço aos médicos aqui presentes que também participaram com pesquisas e a todos os que participaram realmente para que a constelação estivesse na medicina integrativa do SUS.
Então, agradeço a ele também.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito bem.
E essa união dos médicos e de quem está hoje à frente da constelação familiar, as várias correntes, é muito importante. É sempre bom também fazer constelações dentro da constelação, para o movimento de constelação no Brasil, porque existe hoje um movimento contrário, que a gente já identificou. Eu não sabia, mas, durante a audiência pública que nós tivemos na Comissão de Assuntos Sociais, ficou evidente isso. Então, há alguns interesses, talvez contrariados, de alguns grupos - faz parte - com o avanço da constelação.
Então, é preciso estar unido, junto, trabalhando, para manter essa grande conquista para o brasileiro. No meu modo de entender, é uma grande conquista que possa se espalhar e ajudar a destravar este país sob todos os aspectos: as vidas das pessoas, os elos familiares. Enfim, então, existe um movimento para parar essa ampliação no SUS.
É algo preocupante, mas essa união, essa energia e a verdade eu acho que vão triunfar porque é uma coisa do bem. No meu modo de entender, é algo que está fazendo muito bem, é muito saudável, e a gente está vendo aqui, na área jurídica, na área médica, na saúde, na pedagogia, na veterinária as aplicações, a adoção. Então, há muita coisa para a gente aprender. (Pausa.)
Deixa a gente passar... Eu queria só passar a palavra para o Sr. Frederico Ciongoli, que é consultor em constelação sistêmica familiar.
A gente falou agora que a gente veio da comunicação aqui com a Simone, e houve a matéria do Fantástico, a que eu não assisti. Eu vou assistir a essa matéria, que todo mundo está comentando aqui, sobre constelação familiar. Tem um filme na Netflix, uma série na Netflix. Como é o nome da série? (Pausa.)
Uma Nova Mulher, que também aborda de forma, parece-me, muito fidedigna, muito legítima a constelação familiar.
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Uma coisa que ficou muito evidente, nesses últimos tempos: é um vídeo que circulou muito, e nós vamos ouvir agora o responsável por esse vídeo - não sei se foi autorizada por ele a divulgação, se isso foi feito por ele ou não -, mas o Frederico, esse vídeo ajudou muito, vamos dizer assim, a divulgar. Muitas pessoas, às vezes, talvez não tenham a interpretação, tenham entendido equivocadamente, esta é uma sessão para a gente esclarecer isso, mas o Frederico, dentro desse papel de que nada acontece por acaso, participou desse vídeo, que gerou muita repercussão - e, vez por outra, eu o recebo nos grupos, enfim - e fala de indígenas, fala da questão da história do Brasil com os indígenas, sobre o que pode estar travado e essa energia é importante e a gente precisa honrá-la.
Então, é até uma oportunidade para que ele possa, se quiser, obviamente, explicar como é que foi o contexto desse vídeo, que fala do Brasil, o que interessa a todos nós, mas também ele vai trazer a visão dele aqui, como convidado, para explanar sobre esta sessão histórica em que a gente está homenageando a constelação familiar.
Muitíssimo obrigado pela sua presença, por ter atendido o convite, Sr. Frederico Ciongoli, que veio... De São Paulo?
O SR. FREDERICO CIONGOLI (Fora do microfone.) - De São Paulo.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - De São Paulo para participar desta sessão.
O senhor tem dez minutos, com a tolerância de cinco da Casa.
Muito obrigado.
O SR. FREDERICO CIONGOLI (Para discursar.) - Obrigado, Senador Girão.
Graças a Deus, você foi capturado pelo sistema do Brasil para nos trazer este momento tão importante na história do Brasil.
E eu vou falar, em apertada a síntese, por que eu fui me meter nessa, da constelação do Brasil.
Como a maioria das pessoas sabe, por causa dos meus vídeos, eu vinha atuando exclusivamente no Judiciário, nos litígios de família, desde 2012, litígios de família e outras coisas. Com a constelação, eu deixei o contencioso, em 2010, e só trabalho com as constelações, desde lá, nos litígios de família. Só que, em 2018, aconteceu algo surreal no Brasil. Exatamente no dia 2 de setembro, no dia da nossa independência - porque a Leopoldina assinou o decreto da independência no dia 2 de setembro -, o Museu Nacional pega fogo.
Muita gente não sabe do que se trata o Museu, do que se tratou, na história, o Museu Nacional. O Museu Nacional só foi a sede do maior império da humanidade, império ultramarino, em termos de território, que foi Portugal. Naquele lugar, onde tinha bicho empalhado, esqueleto de dinossauro, era a casa dos nossos imperadores e do Reino de Portugal, Reino de Portugal, Brasil e Algarves. O Brasil fez parte do maior império ultramarino da humanidade. Só que o brasileiro esquece, ou seja, a história é apagada.
Então, já começa por aí. Você construir um museu científico? Tudo bem, não tenho nada contra, um museu científico, ótimo, mas na casa onde o Brasil foi construído? Estranho!
Então, o que acontece? Aquilo me deixou meio esquisito.
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Então, naquele momento, eu comecei a ter um chamado, em apertada síntese, para fazer a constelação do Brasil. Parece uma arrogância, mas o que eu vou fazer? Não conseguia dormir, eu ficava recebendo as informações: "Faz assim, faz aquilo, blá, blá, blá..." Bom, fiz a constelação no Brasil.
E aí? O que se revelou lá? Em apertada síntese, com pouco tempo para falar de um assunto tão complexo, eu fiz essa constelação, claro, de uma forma totalmente velada - ela começou velada e eu fui colocando as camisas nos representantes depois. Eles não sabiam que estavam representando. E o fruto daquela constelação, não só o fruto daquela constelação, me jogou em um estudo profundo da historiografia de fontes primárias e secundárias, historiografia de verdade, historiografia de Portugal, história de Portugal e história do Brasil. Há quatro anos eu venho me debruçando muito para combinar o que aconteceu naquela constelação com a historiografia.
Em apertada síntese, aconteceu isso: em 1.500, quando as naus de Portugal circundavam a África, não foi um vento acidental que trouxe as naus aqui para a costa do Brasil - não foi! Os portugueses sabiam muito bem o que estavam fazendo aqui. A conquista, a Descoberta do Brasil foi algo planejado séculos antes. A conquista do Brasil não foi obra da Corte Portuguesa; foi obra dos templários.
Então, quando os portugueses chegaram aqui, eles deixaram uma semente espiritual aqui, provavelmente no Planalto Central. Deixaram uma semente espiritual. Como um homem deixa a sua semente em uma mulher e disso gera-se um filho, Portugal, da mesma forma, deixou a semente aqui e gerou um filho. Quem é esse filho? O Brasil! E esse filho nasce de um ventre feminino indígena.
Então, o que a historiografia brasileira fez logo depois da Independência? Tirou Portugal da história, que é o pai da nação. Isso que foi descoberto na constelação: Portugal é o pai da nação brasileira. E a gente aprendeu na escola que Portugal só veio aqui para explorar e que nós fomos invadidos por Portugal. Exatamente o oposto! Nós não fomos invadidos por Portugal em um nível espiritual; fomos paridos por ele. Isso que se revelou na constelação. E a historiografia, desde o Império, tenta tirar Portugal da história.
Então, o que a constelação revela de forma surpreendente? Que a inclusão dos indígenas e dos negros só pode ocorrer se houver uma restauração do vínculo espiritual entre o Brasil e Portugal. É isso! Eu falo isso com muita força porque - nossa! - o sistema me pegou ali de uma forma muito forte e eu quero propor uma quebra de protocolo aqui, Senador, se for possível, porque eu estou no campo literalmente. Eu tive uma afinidade com a D. Elza ali quando eu cheguei e, sentado ali, ela colocou essa roupa aqui - para olhar é difícil - em vermelho e verde, as cores de Portugal.
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Então, eu faço uma proposta para quebrar o protocolo: se a D. Elza também estiver a serviço, de ela permanecer ali no meio, enquanto eu termino a minha fala, e ela representar Portugal. Pode ser?
E a bancada - é claro que aqui não estou pretendendo trazer movimentos da constelação fortes, mas movimentos sutis -, essa bancada é o Brasil, tudo bem? (Pausa.)
Então, eu vou continuar minha fala enquanto ela está lá.
Como eu estava falando, a historiografia fez tudo para tirar Portugal, e uma corrente ideológica, óbvio, se aproveitou disso, porque é interessante para essa corrente ideológica ver Portugal como explorador, e, na verdade, não é.
Todo mundo fala muito em integrar índios, integrar negros. Isso, temos que integrar. Sem integrá-los nada vai acontecer neste país. Só que a gente vai passar a constelação ali no final, e ali se mostrou que - vou repetir - isso só será possível com a restauração do vínculo espiritual de Portugal; antes disso, a tentativa de integrar negros e índios é em vão.
E outra: este país é órfão de pai, pai espiritual, que é Portugal. Todos os esforços que forem feitos nesta Casa, na Câmara dos Deputados, no Executivo, no Judiciário, se a gente não trouxer nosso pai espiritual, que é Portugal, se não houver essa restauração de vínculo, todas as tentativas aqui serão infrutíferas, porque o Brasil está sem alicerce espiritual. O alicerce espiritual começa com o pai da nação, que é Portugal. Ele entra simultaneamente, junto com os indígenas e os negros. Então, essa mistura só vai poder acontecer trazendo Portugal. Por isso muita gente me critica: "Você fala só de Portugal! Você fala só de Portugal! Você fala só de Portugal!". É porque, se não se trouxer Portugal, indígenas e negros não podem fazer nada. É esse fenômeno que apresentou a constelação.
Isso não é uma ideia racional minha, nem estudo da historiografia. Vocês vão assistir aqui, a constelação trouxe isso: só quando D. Pedro I, que representa Portugal - porque ele era português -, só quando ele entrou na constelação é que os negros e os índios se aprumaram, não antes disso. Não antes disso!
E eu vou falar uma coisa para vocês: eu tinha desistido desse projeto do Brasil, porque é muito pesado, não é fácil. E eu só retomei porque o coração do D. Pedro veio para o Brasil. Isso foi a materialização dessa constelação, que foi feita em 2019, onde, vocês vão ver, D. Pedro I estava sumariamente excluído do Brasil, da alma do Brasil, e com ele o nosso pai espiritual - que eu chamo de pai espiritual -, Portugal.
E mais: nós não temos mitos de fundação. Por quê? Porque a gente exclui nosso pai. Numa família... Gente, numa família... O que a historiografia tentou? Apagar da nossa identidade Portugal. Não só apagar, mas falar isso: "Só veio tirar da gente, explorar".
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Imagina você apagar da sua certidão de nascimento o seu pai. "Ah, não interessa o meu pai. Interessa é que eu nasci. O meu pai eu não quero. Eu apago." Apaga, e você vai ver o que vai acontecer: a vida não vai para frente sem os seus ancestrais, se você nega o pai. É a mesma coisa aqui: enquanto a gente não trouxer Portugal, não adianta nada aqui. Nada! Não tem alicerce espiritual. Nada vai acontecer neste país.
Este país tem uma missão que começou com Portugal. Para você entender o seu destino, você tem que olhar para trás, para os seus ancestrais, para o seu mito de fundação. Como isso começou? Começou com o nascimento do nosso pai, que é Portugal. No mito de fundação de Portugal, no milagre de Ourique, Jesus apareceu para Afonso Henriques e falou: "Você será um reino, e vocês vão disseminar a fé por todos os cantos do planeta". Essa era a missão do Portugal.
E o que é o Brasil? Como eu estou falando, é a extensão de Portugal. Brasil, num nível espiritual, nem colônia foi. Nem colônia foi! Como é que ele pode ser colônia se é o filho? Ele é a extensão de Portugal. Só que a historiografia também massacrou este país: "colônia", "colônia". Num nível espiritual, a gente não foi colônia. A gente é filho, a gente é extensão de Portugal. Quando a gente entender isso - repito, quando a gente entender isso -, a gente vai entender para onde a gente vai, porque a missão de Portugal foi difundir a fé; a missão do Brasil é continuar isso, só que num nível superior, numa espiritualidade universal, que vai além dos dogmas. A missão do Brasil não é econômica, é espiritual. Se a gente não entender isso, nada vai acontecer. A gente está perdido. A gente fica dando volta.
O mito de fundação traz a nossa raiz e para onde que eu tenho de ir. Eu tenho que ser um império espiritual. É o coração do Brasil. O brasileiro... É por isso que ele é coração, ele é afetivo: porque a missão do Brasil é continuar o que Portugal começou.
E o povo brasileiro não tem autoestima. Para resgatar essa autoestima deverá haver uma revisão monumental na historiografia brasileira. Aí, sim, o povo pode sentir orgulho de ser brasileiro, e não só depender do futebol, do samba e da música - o que é maravilhoso. Eu amo os três! É um legado, é uma cultura nossa que é a coisa mais maravilhosa, mas não é só isso! Não é só isso. Este país, quando você mergulha e sente na constelação, na pele, a grandeza desse povo, dessa raça síntese - como fala a eubiose brasileira: nós somos a raça síntese da humanidade... É por isso que aqui tem miscigenação. Não é por acaso que aqui houve essa miscigenação e tudo é universal. As religiões, tudo! Por quê? Existe um plano divino aqui...
(Soa a campainha.)
O SR. FREDERICO CIONGOLI - ... para a gente ser a raça síntese da humanidade. O que é raça síntese? É essa mistura num nível superior, onde o coração - como o Chico Xavier falava, o coração do Brasil é o coração do mundo - possa expandir, e a gente possa cumprir a nossa missão espiritual. Mas a gente precisa resgatar a nossa grandeza e o nosso pai espiritual, que é Portugal.
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Aí os negros e os índios esperam por isso desesperadamente. Eles estão esperando Portugal. Eles estão esperando!
Eu quero ouvir só por alguns... D. Elza, como você está? (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Pode colocar o microfone.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Coloca o microfone. Olha o que ela falou: aliviada?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Coloca o microfone para ela.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Portugal; ela está representando Portugal. Como que Portugal está?
A SRA. ELZA CARVALHO - Aliviado... Tomado... Tem uma explosão de sentimentos aqui.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Imagina o que eu seguro aqui também.
A SRA. ELZA CARVALHO - Eu tremo inteiro. É uma força...
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Você consegue olhar para o Brasil, D. Elza?
(Soa a campainha.)
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Consegue?
A SRA. ELZA CARVALHO - Consigo.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Quer falar mais alguma coisa?
A SRA. ELZA CARVALHO - Que isso demorou muito...
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Isso.
A SRA. ELZA CARVALHO - ... mas está acontecendo.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Está. Muito. Muito! Demorou muito. Mas a vinda do coração de D. Pedro foi o sinal: está acontecendo. Mas aqui existe um chamado: a gente precisa dar continuidade a isso. Se a gente não der continuidade a isso, este país não tem alicerce espiritual para nada!
A SRA. ELZA CARVALHO - A bandeira...
O SR. FREDERICO CIONGOLI - O quê?
A SRA. ELZA CARVALHO - A bandeira, que está atrás de você.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - O que acontece?
A SRA. ELZA CARVALHO - É maravilhoso olhar.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Isso. E aí, o filho, que é o Brasil, resgata o pai também, porque o pai está agonizando; Portugal. Sabem qual é o símbolo de Portugal? Porque é assim que eles fazem para cortar a nossa identidade: destroem os símbolos ou modificam os símbolos. Sabem qual é o símbolo de Portugal? Vai para Portugal. É um galo! Um galo? Como é que um império daquilo se transformou em um galo?
A SRA. ELZA CARVALHO - Não... Não...
O SR. FREDERICO CIONGOLI - É para manipular, é claro; para enfraquecer a nação. O símbolo de Portugal é o dragão. Quando você estuda a história, é o dragão. Eu quero só dar um exemplo. Vocês conseguem perceber a diferença de um galo para um dragão? Dragão é poder espiritual. A mesma coisa fizeram aqui no Brasil, destruíram tudo. Transformaram a casa dos imperadores, que é o Museu Nacional, em um lugar onde tem bicho empalhado. Como a gente pode ir para a frente assim? Não vai.
A gente vai resgatar Portugal também, a gente vai resgatar o pai junto. E aqui a raça síntese. De novo, os negros... Os negros e os índios clamam, pedem de novo - desculpa, eu estou meio exaltado porque eu estou segurando uma bomba aqui que não está fácil também -, eles desesperadamente esperam Portugal.
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O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Eu queria fazer um pedido. Eu sei que há um campo sistêmico acontecendo, mas eu peço perdão, porque a gente tem que continuar.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Talvez, em algum outro momento, isto possa acontecer, de forma que possa fluir, porque a gente tem uma programação feita anteriormente, e precisamos ouvir outros palestrantes.
Se o senhor puder se encaminhar para o encerramento, eu lhe agradeço.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Eu vou encaminhar.
Muito obrigado, Senador.
Da mesma forma...
Ela quer falar.
A SRA. ELZA CARVALHO - Não; está bom.
O SR. FREDERICO CIONGOLI - Tá.
Da mesma forma que eu me excedi, mas é assim que eu trabalho, é muito pesado o que eu carrego, porque eu tenho que passar essa informação.
Eu queria agradecer a todos e dizer que vocês não têm ideia da grandeza deste povo, da nossa grandeza. Era isso que eu queria dizer.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado, Sr. Frederico Ciongoli, consultor em Constelação Sistêmica Familiar.
Agradeço também à Sra. Elza Carvalho, especialista em Metodologia da Ciência, e também ao Dr. Fernando Freitas, médico, criador da Consciência Sistêmica e da Constelação Cirúrgica Estruturada e Estratégica, que, de uma certa forma, participaram aqui de algo inesperado - e que acontece, é um campo.
Espero que, de alguma forma, eu tenha deixado fluir, dentro das limitações que tenho aqui para conduzir a sessão. Peço perdão.
A senhora é a próxima palestrante, Sra. Elza Carvalho. A senhora tem dez minutos, com mais cinco de tolerância da Casa.
Muito obrigado pela sua presença.
A SRA. ELZA CARVALHO (Para discursar.) - Perfeito.
Eu começo pedindo ao senhor que, por favor, corrija o meu currículo. Por favor, eu não somente trabalho com metodologia da ciência. Eu sou filha de Laurentina e de seu João. Eu sou uma normalista. Eu sou do interior do Estado de São Paulo. Há muito tempo estou na lida. Sou professora, uma docente aposentada pela Universidade Federal do Paraná. E, há muito, eu trabalho com gente, com relações. Venho de uma família de 16 irmãos. Portanto, já nasci terapeuta. E trabalhar com as constelações foi, primeiro, para eu aprender a me curar na minha própria família. Então, há muito tempo estamos na lida com as constelações familiares.
Quando eu conheci constelação, quero contar a todos vocês que me assustei - já conversei isso com a Hellen: eu também sou uma pedagoga e honro você aqui, neste Plenário, por saber que você vai falar sobre esta abordagem na educação.
Quero dizer a vocês da importância que isto teve na minha vida.
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Apesar de todo o susto, quando estive com a Mimansa, lá nos primórdios... Eu já vou para os meus 22 anos, 23 anos de constelação. Venho de Curitiba e, há muito tempo, preservo as constelações, como uma guardiã mesmo, para que, de fato, nós pudéssemos chegar aonde estamos chegando.
Mas, enquanto falo, vou pedir aqui uma ajuda. Alguém me traga os óculos! Com os óculos eu penso melhor, sabe? Opa, já está aqui. Obrigada, querida. A gente pensa melhor de óculos, sabiam? É verdade.
Sabem... Eu vivi, Senador... Eu vivi para viver o que eu estou vivendo aqui. E, quando eu me sentei naquela cadeira, a primeira coisa que eu fiz foi trazer a família de todos eles aqui - de todos, todos, o pai e a mãe. E me pediram para que eu falasse sobre as ordens do amor.
Quero dizer a vocês que o que estamos vivendo aqui são as ordens do amor. Nós estamos vivendo essas leis na prática. Quando eu conheci as ordens do amor, também através de Bert Hellinger, porque fiz muitos e muitos treinamentos com ele, eu me lembro que eu saí desesperada de um primeiro workshop e falei: "O que é isso que eu vi? Que trem doido é esse?". Era bem assim que eu pensava.
Então, quando me deparei com tudo aquilo e comecei a fazer pequenas vivências, já fui vendo o resultado que trazia para as famílias e para as relações, e entendi que a base de tudo, de fato, são as ordens do amor. Elas nos estruturam.
E aí tomei uma liberdade, e cada vez que estava com o Bert eu me enchia mais de coragem, de mais ânimo, para continuar contando sobre as constelações. E as primeiras reuniões eram assim: duas horas para falar sobre a fenomenologia, e a gente conseguia fazer uma vivência muito pequena, para que nós pudéssemos ir, devagarinho, abrindo, abrindo a floresta, não é? Porque a gente foi abrindo a floresta para aqueles que chegariam depois, muitos aqui. E eu os tomo em meu coração, aqueles que estão chegando no mundo das constelações, porque precisamos de ajuda, precisamos desse reforço.
Eu sou uma veterana nas constelações, não é? Vocês entendem como eu estou aqui agora, depois disso tudo?
Então, isso é viver as constelações. A constelação é uma vivência sensorial. E Bert nos disse uma vez, no treinamento dele, Senador, ele muito próximo de mim - o campo que ele emanava era enorme - e ele disse assim, com aqueles olhos bem azuis, olhou bem assim e me disse, em alemão: "Não sabemos aonde vamos com isso. Eu não sei o que vocês farão com tudo isso.".
Bert Hellinger disse: "Os que não tiverem medo, virão; os que tiverem medo, não virão. E naquela hora eu compreendi que eu acho que estava com a coragem suficiente para dizer "sim" para aquele homem e dizer: "Mestre, eu vou experimentar passar por tudo isso". Não é?
Então, lidar com as constelações... Por onde eu comecei? Eu comecei a esgarçar o conteúdo. Conhecem esse termo? Gente, eu venho lá do interior do Estado de São Paulo. Depois me criei no Paraná. Assim, "pé vermelho" mesmo. Então, comecei a esgarçar o conhecimento.
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E sabe, Senador, como a gente pertence a algo muito maior, alguém começou a captar todos esses vídeos. Então, eu tenho, lá no YouTube, um livro digital. Talvez eu tenha sido uma das consteladoras que mais fez vídeos explicando, contando, mas trazendo para o nosso vocabulário, para o vocabulário do Brasil, olhando para todos os campos religiosos nossos, olhando para todas as estruturas de famílias que nós temos, porque o que nós vivemos no Brasil não são todos os países que vivem. Então, eu sou essa professora que, depois de me aposentar, porque eu sou desaposentada - deixem isso aí gravado -, eu sou desaposentada, não é? Posso ter aí meus setenta e tarará, mas sou uma desaposentada, ativa mesmo.
Então, o que é que fazemos com as constelações? O que é que as ordens fazem conosco? No primeiro momento, o que ela me trouxe - sabe, Senador? -, de verdade, foi saber - viu, queridos, todos que estão aqui? -, foi saber que a gente precisava tomar a origem, e essa constelação aqui se tratou também de origem. Tomar a origem; tomar esse pai e essa mãe; tomar essa família. A partir daí, eu tenho, então, permissão para seguir na vida.
E aí, então, eu pensei assim... Pensei: "Bom, isso aí é constelação, tem que sentir o campo - tolinha eu, não é? -, tem que sentir o campo. Isso aí, a gente é professora, a gente dá um jeito, não é? Vamos chegando... A gente vai aprender. Nós vamos aprender.".
E aí a gente percebeu o quanto que é importante nós seguirmos essas ordens. E eu não falo de nova constelação, e eu não falo de velha constelação. Eu falo de caminho evolutivo das constelações. É disso. É nisso que eu acredito e é isso que eu vivo. É isso... Quando eu estou lá, já na minha 20ª turma de formação, é isso o que eu conto para os meus alunos. Um abraço para eles, que estão todos antenados aqui conosco, não é?
Então, assim, queridos, o pertencimento é a grande lei que reconhece todos. A primeira lei é a lei do pertencimento: todos pertencem mesmo! E o pertencimento nos leva a reconhecer. Se faltar alguma coisa aqui, Hellen, depois você completa, tá?
Aí, depois, nós temos a hierarquia. Gente, a hierarquia - é tão maravilhoso! -, a ordem, Senador, precede o amor. Quando Bert disse isso para nós, todos nós nos calamos. Todos nós nos calamos. Meu Deus do céu, esse senhor, Bert Hellinger, não brinca mesmo. A ordem precede o amor? Isso foi tão forte, mas vamos esgarçar isso.
Então, Senador, depois da ordem, se você toma o seu lugar, tudo o mais se acalma. Então, as três leis, porque depois vem o equilíbrio entre o dar e o tomar, as três leis são simplesmente as leis que movem os relacionamentos. Elas perpassam os relacionamentos. São a espinha dorsal daquilo que nós temos que começar a iniciar, aprender e compreender para, então, nós seguirmos com outros conteúdos. Então, esgarçar isso, conversar, na nossa linguagem, sobre aquilo que o brasileiro pôde compreender.
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E eu escrevi no meu papel assim, eu começaria a minha frase assim, querido Senador, a quem muito sou grata e honro, assim como toda a sua família, por você estar fazendo isso... Eu diria que nós somos uma escola brasileira que há muitos anos sustenta o campo das constelações. Gravem isto! Então, a Schule é importante? Claro que é. Mas, no Brasil, nós, todos nós consteladores, fazemos parte dessa grande egrégora que sustentou as constelações no Brasil. (Pausa.)
Cada um de nós. Cada um de nós. Eu honro a Sophie, dobro a minha cabeça para ela, dobro a minha cabeça para a escola alemã, mas foi aqui que Bert Hellinger encontrou um terreno fértil e onde ele teve muitas como eu, que dobro minha cabeça para muitos e até aos que não estão aqui, que dissemos "sim" para as constelações familiares. E ainda digo mais para vocês: o início foi duro, porque nem nós sabíamos direito onde a gente estava se metendo.
Mas o que me confortava, Girão, era que cada constelação que fazia ou cada vez que estava num workshop, estava num grupo, a gente percebia um apaziguamento maravilhoso em todas as pessoas. Ele não falou que nós estamos apaziguados? Por que estamos apaziguados? Porque nós estamos com os nossos, nossos pais, nossa mãe, toda a nossa família, não é? Então, essas leis são o cerne. Querem falar para as pessoas sobre constelação? Contem dos benefícios que elas fizeram na sua vida. A atitude arrasta. A palavra pode convencer um pouco, mas a atitude...
Então, do que se trata a gente ser um constelador? Postura, onde quer que você esteja. Postura sistêmica, um olhar de amor para todos aqueles com os quais nossos olhos cruzam e mesmo para aqueles com que não. Falar de amor e praticar amor é tudo que nós precisamos fazer. Com as constelações, isso fica até mais fácil, né?
Então, queridos, eu... O que dizer mais a vocês? Eu estou impregnada de amor, eu fui tomada por algo muito importante. Eu tinha outras roupas para colocar, mas eu disse "eu vou com esta, é com esta que eu quero ir, vou com esta". Este colar veio de Boa Vista, é, como eu chamo, um colar/cocar, igual ao dessa querida que está ali também.
Então, por último quero dizer a vocês: o que está acontecendo agora, a gente sonhou com isso. Nós os mais velhos sonhamos com isso, com um dia podermos falar sobre isso, sem reservas, e também que a gente possa não ser queimado na fogueira, porque o tempo da Inquisição passou, e a gente não vai permitir isso, não. Então, não discuta com quem não quer saber. Bobagem! Sigamos!
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Eu tenho uma frase que eu digo para os meus alunos, eu digo para eles: como é que vocês vão saber sobre constelação familiar? Ela ajuda todas as famílias, todas elas, independente de raça, cor, tamanho. Eu digo: perceba-se o que você está fazendo, que traz força. Se trouxer força, continua; se não trouxer força, muda o rumo. Tudo que tem esforço não vale a pena, sabiam? Porque significa que estamos para um lugar que não é para onde nós deveríamos ir.
Então, constelação familiar é - eles estão ouvindo, vamos ter que dizer assim - constelação familiar...
Chegou num momento, quero contar isso a vocês que estão aí. Tem professores aí? O.k. Nunca, de um bom tempo para cá talvez, me ajudem aqui, talvez de dez, quinze, vinte anos, se falou tanto em honrar pai e mãe. Para mim, honrar pai e mãe, a gente voltou a aprender isso com quem? Com o trabalho da sistêmica. Então, é uma honra para mim estar aqui neste Plenário, nesta Casa, uma honra, uma honra. Eu sei que todos os meus estão aqui. Cada vez que nós honramos nosso pai e nossa mãe, nós damos lugar para algo maravilhoso na nossa vida que é o fluir da vida e, quando tomamos esse fluir da vida, podemos, então, ficar mais saudáveis, prósperos e abundantes. Ao invés do medo, coragem. Experimente, estejam junto, vejam como que acontece. Nós estamos num ponto no mundo em que a gente precisa pacificar, e a constelação faz isso, nos pacifica principalmente com a mãe e com o pai.
E é assim que eu me despeço de vocês, agradecendo tremendamente a oportunidade.
E quero dizer assim, viu? Esses dias fui fazer a hierarquia dos meus certificados, Girão... Eu vou contar isto a você, aguenta aí, segura o sino. Eu olhei meus certificados e falei: meu Deus, eu sou uma normalista. Adivinha qual certificado que eu botei lá no topo? O de normalista, quando tudo começou. Em homenagem à minha mãe e ao meu pai, que eram analfabetos, por eles. Então, o meu diploma de normalista está lá e depois vêm todos os outros. Um de especialista que sobrou aí do meu currículo talvez seja um dos últimos, podem até tirar, eu sou especialista em gente, em amor. Aí podem me chamar que estou junto.
Beijos, queridos. Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito obrigado, querida. Elza Vicente Carvalho. Eu já falei aqui com a nossa equipe, peço desculpas, em nome do Senado, mas o seu currículo é muito grande, a gente tem que escolher uma parte aqui. Agora eu amplio um pouco: Consultora em Desenvolvimento Humano, Comunicação, Motivação e Qualidade de Vida; Terapeuta e Consteladora Familiar Sistêmica, com formação internacional com o próprio Bert Hellinger; e Pedagoga também. Tem outras coisas, mas assim não vou terminar para sequenciar. Muito obrigado.
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Eu já quero passar a palavra agora para a Sra. Celene, que está esperando aqui há algum tempo, a Dra. Celene. Deixa eu só pegar aqui a participação da Dra. Celene Thaumaturgo, facilitadora em constelação sistêmica, que vai agora participar diretamente da... Eu não sei qual é o estado em que ela está, mas ela vai falar para nós. Eu agradeço demais, em nome do Senado, a sua participação nesta sessão do Senado Federal em homenagem à constelação familiar.
Antes disso, eu quero celebrar aqui a presença de brasileiros que estão vindo cada vez mais ao Senado para conhecer a nossa história, as dependências físicas do Senado Federal.
Sejam muito bem-vindos aqui, a este ambiente, que é de vocês!
São pessoas de vários estados aqui avulsas, não é? Podem falar para a gente?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Pindamonhangaba, São Paulo.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Santa Catarina.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Rio Grande do Norte, pertinho do Ceará.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Rio de Janeiro.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Pernambuco.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Paraná.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Goiás.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Teresina, Piauí, vizinho também da gente lá.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Rio de Janeiro.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Petrópolis. Olhe aí! Petrópolis, hein? Coisa boa! Conheço a sua cidade, que tem uma história muito grande com o nosso país, não é? Muito bom!
Sejam muito bem-vindos aqui! Muito obrigado.
A gente vai continuar aqui a sessão.
Mais uma vez, desculpa, ouviu, Celene Thaumaturgo? Você tem dez minutos, com uma tolerância de cinco minutos aqui da Casa. Muito obrigado.
A SRA. CELENE THAUMATURGO (Para discursar. Por videoconferência.) - Boa tarde a todos!
Eu agradeço o convite ao Senador Eduardo Girão, à Talita e a toda essa equipe por estar aqui neste momento tão importante para todos nós consteladores.
É uma honra fazer parte deste evento. Sou pioneira também nas constelações, assim como vários colegas aqui presentes, saudosos, porque a gente não se vê há muito tempo.
Eu também acompanhei Bert Hellinger desde o seu início no Brasil. Fui aluna também de Mimansa, entre muitos outros mestres.
Eu também fico muito feliz de ver que aí na plateia tem muitos alunos de escola e que eles estejam aqui presentes, porque, qualquer que seja a sua escolha profissional, o sucesso será sempre mais fluido em sua vida quando eles utilizarem as dinâmicas sistêmicas em sua vida de uma forma consciente. Essa é uma dinâmica oculta que nós temos, mas, quando nós temos essa tomada de consciência, a nossa vida muda.
Eu também acabei criando um treinamento que eu chamo de "curar o curador", porque todo aquele que ajuda precisa ser ajudado antes. Inclusive, eu fiz um livro para ajudar os meus alunos a trabalharem com isso. O livro é este e se chama Dinâmicas Ocultas. Contém várias miniconstelações que ajudam, que são bem pontuais e ajudam os alunos a trabalharem e a se olharem em vários aspectos, em vários segmentos da sua vida, criando uma maior compreensão sobre si mesmo, sobre a sua história, a sua própria história.
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Então, eu escolhi esse tema, que é a necessidade de cuidar do curador, por saber da importância de avisar aos jovens consteladores do campo o quanto esse campo é delicado e onde eles estão pisando, onde eles vão pisar. A constelação não pode ser um curso de fim de semana, porque nós estamos trabalhando com emoções, nós estamos trabalhando com pessoas, com seres humanos.
Há mais de 30 anos de atendimento dentro do campo sistêmico, com a cinesiologia quântica, e há mais de 20 anos no campo das constelações, eu e alguns colegas nossos temos um olhar preocupado com uma situação de modismo que aconteceu ultimamente sobre as constelações - elas deram um boom -, pela seriedade desse trabalho.
Então, as constelações, como todos nós sabemos, é uma terapia breve, porém muito profunda. Você está entrando num campo muito delicado. Eu sempre digo aos meus alunos que a constelação é como uma cirurgia. Nós temos vários amigos médicos aí, doutores, que sabem muito bem da importância disso. Antes de você escolher um facilitador, é preciso saber mais sobre ele, da mesma forma que você pesquisa um médico para cuidar de você ou para fazer uma cirurgia. Você vai entregar o seu pescoço nas mãos de qualquer um? A quem você vai entregar? Então, como estamos entregando a nossa história, a história da nossa família, que é uma coisa tão pessoal, tão íntima, tão delicada, nós precisamos ter esse olhar mais apurado. Por quê? Porque esse é um campo fenomenológico. Eu aprendi com Bert que o fenômeno é algo que nós não podemos direcionar ou manipular. As histórias familiares são muito difíceis, são tristes, são traumáticas. Todos nós estamos encarnados, todos nós temos problemas, não é? E, por isso, principalmente por isso, o facilitador precisa se trabalhar, e muito.
E também o campo traz à superfície aquilo que estava escondido nos porões do inconsciente coletivo e familiar. Por isso, há a necessidade de que o constelador esteja bem trabalhado em suas questões mais básicas, em seu campo pessoal e familiar - a família é aquilo que move você para se colocar no mundo, para se expressar no mundo, para a tomada de atitudes e ações -, para que ele próprio não se identifique, inclusive, com as questões durante a constelação, no momento em que ele está fazendo a constelação, que podem ser parecidas com o que aconteceu em sua vida e que não foi resolvido.
Nós não podemos esquecer que esse é um campo também de ressonâncias. Nós acabamos atraindo. Por isso nós sempre dizemos que aqueles que estão participando também se trabalham muito, porque nós somos um, na realidade. Isso pode levar o facilitador, de alguma forma, a não ser imparcial ou, simplesmente, a projetar sobre a história do cliente as suas questões pessoais e a interferir, mesmo que de forma inconsciente, porque ele é possivelmente, às vezes, tomado pela sua questão não resolvida, numa crítica internalizada ou num preconceito, baseando-se em seus próprios traumas não ressignificados. Daí a importância do trabalho com o curador.
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O que eu quero dizer é que a imparcialidade e o acolhimento do campo familiar do cliente pelo facilitador é que são importantes, seja lá o que tenha acontecido ou o que é apresentado no campo. Às vezes, há situações dramáticas, pessoais, como abusos. Nós não podemos interpretar isso, nós não podemos ter uma parcialidade sobre isso, nós precisamos acolher essa família. E o cliente precisa entender que você está ali como um acolhedor, mas não como aquele que passa a mão na cabeça, é uma forma diferente.
Eu vejo esse campo numa comparação, talvez, com o metaverso, ou seja, como o mundo virtual que tenta replicar a realidade, e nesta realidade todos nós estamos envolvidos. E, se o facilitador for imparcial, o campo terá mais força em seu manifestar, na fenomenologia, naquilo que estava escondido. Ele se sente confortável porque está permeando todos os visíveis e os invisíveis, digamos assim, perpetradores e perpetrados, porque todos fazem parte desse campo. Isso é importante porque pode nos levar ao momento exato em que a questão precisa ser ressignificada, ou seja, onde tudo começou, no momento primário, naquela questão primária, porque é lá, exatamente lá, que a história precisa ser olhada. Hoje é só uma consequência, é mais do mesmo, porque as questões atuais são reflexos, muitas projeções do nosso passado, e são muitas. É como um Dropbox que a gente tem aqui, e a gente não acessa todas as memórias. Mas, em determinado momento, nós podemos acessar uma dessas memórias que são vividas de uma forma inconsciente.
Se o facilitador está neutro, o campo não tem barreiras, não tem barreiras espelhadas, porque esse é um campo muito espelhado. As relações são espelhamentos, nós sabemos disso, porque nós somos um e não podemos nos esquecer disso. Então, o campo leva você ao lugar onde a solução pode se manifestar, e todos aqueles que fazem parte têm uma oportunidade de ter outro olhar sobre a história vivida e de refazer uma nova escolha. É como se esse campo fosse repartido. E aquela história do passado é trazida até o momento presente. Você, de outra forma, com outro olhar, pode ressignificar algo que, nessa consciência, não ficou muito claro. Nesse momento, talvez, você olhe e diga: "Eu faria diferente". Agora, com outro olhar, com os olhos do amor, possivelmente, que foi interrompido lá atrás por alguma situação que impediu esse amor de fluir até hoje, as coisas podem mudar. E só assim podem mudar, porque a consciência muda, o olhar muda, o sentimento muda, a vibração do campo inteiro muda.
Por isso, o facilitador tem que estar muito trabalhado, tem que ter estudado, tem que ter conhecimento profundo de onde ele está entrando quando vai fazer uma constelação para o seu cliente. Se o facilitador não estiver trabalhado em sua própria ferida, ele não vai permitir que o campo consiga chegar à causa primária, e a ferida não estanca, e a dor fica jorrando e respingando em muitos descendentes, e esses serão obrigados, por amor e lealdade, a cuidar da ferida que ainda não se fechou em algum lugar do passado. Mesmo ele sabendo onde isso começou, ele se colocará a serviço por lealdade e por amor.
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Então, eu quis resumir um pouco, porque esse é um assunto muito vasto, e seria uma tônica a gente falar, falar, falar muito. Ele é muito polêmico, inclusive.
Mas eu agradeço a oportunidade. Espero que tenha ficado clara a necessidade de cuidar de si mesmo. O facilitador precisa ter, antes de começar esse trabalho, o cuidado de olhar para si, porque é muito fácil a gente cuidar do outro e olhar a ferida do outro, mas olhar para a nossa dói terrivelmente. E eu, constantemente, estou me trabalhando.
Eu fiz parte e sou docente da primeira formação de pós-graduação que a Miriam criou aí em Brasília, com muita honra, e fiz questão de entrar como aluna e pagar o meu curso, porque eu queria a pós, queria o certificado, queria estudar e, com isso, fui trabalhada muitas vezes. E isso é muito importante.
Esse é um tema muito vasto. Eu estou aberta para as perguntas, se alguém quiser fazer.
Eu agradeço a todos a presença.
Agradeço por estar aqui para passar esse comunicado a todos.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado pela sua participação aqui, que enriqueceu esta sessão em homenagem à constelação familiar, Celene Thaumaturgo, facilitadora em constelação sistêmica. Inclusive, eu anotei algumas passagens importantes e esclarecedoras. A senhora fala de forma muito didática. Uma marca que ficou muito forte na sua fala foi a questão da necessidade de cuidar do constelador, de cuidar do cuidador. Outra palavra também que ficou muito forte é a que evidencia para mim a importância de uma formação, porque é muita responsabilidade com a vida das pessoas e tudo.
Então, quem sabe a gente tenha que caminhar para pensar numa formação para que o trabalho seja com critérios e tudo, seja cada vez mais redentor, faça cada vez mais bem às pessoas, aos brasileiros e a todos mundo afora!
Antes de passar a palavra para a Sra. Vera Lucia Muniz Bassoi, que é mestre em comunicação e cultura, psicoterapeuta, pesquisadora e palestrante e que já está ocupando aqui a nossa tribuna, eu queria agradecer a presença dos nossos convidados no Senado Federal, que vieram aqui conhecer as instalações, a história da Casa revisora da República do Brasil.
É muito bom ver brasileiros... Todos são brasileiros aqui? (Pausa.)
Pronto! Neste instante, estava aqui um pessoal do Paquistão, de fora. Mas é muito importante vocês virem aqui. A gente sente essa energia, que é muito importante para nós. Falo aqui por mim e por muitos colegas, porque é importante a gente ter esse contato com as energias boas que vocês trazem da vida real.
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Muitas vezes, aqui, a gente fica numa ilusão muito grande, perde o contato com a realidade. Por isso que é importante, muito, o Parlamentar ir à sua base, dela voltar e ter contato na rua, no mercado, na feira. E essa proximidade de vocês, gostando de política, acompanhando, de forma cidadã, a vida política do país, traz muita esperança, muito otimismo para o futuro do nosso país.
Então, muito obrigado pela participação aqui.
Sintam-se bem-vindos!
Eu já passo, agora, imediatamente... Finalmente, não é, Dra. Vera? Obrigado pela sua paciência.
Trago Vera Lucia Muniz Bassoi.
A senhora tem dez minutos, com a tolerância de cinco da Casa.
Fique à vontade.
Muito obrigado.
A SRA. VERA LUCIA MUNIZ BASSOI (Para discursar.) - A minha grande gratidão ao senhor pelo convite feito e, principalmente, por estar fazendo este evento tão maravilhoso que pode dar um impulso nas constelações, principalmente pelo que a gente viu acontecer no outro, em que o grupo contrário às constelações dizia: "A constelação não é científica".
E eu trago aqui o meu trabalho, que é científico, porque eu fiz uma tese de mestrado sobre constelação familiar. E a minha tese de mestrado tem o título: "Comunicação e pensamento sistêmico: um estudo sobre constelações familiares". E, para ser uma tese de mestrado, obviamente tem que ser um trabalho científico.
Eu fiz uma pesquisa durante cinco anos para apresentar a minha tese.
Então, eu vou ler, porque é muita coisa, e eu teria que resumir em dez minutos. A cabeça num faz essa síntese tão rápida.
Então, eu vou ler aqui, me desculpem vocês, mas é necessário, tá bom?
O que eu aprendi com Bert Hellinger? Como consteladora, há anos, ao refletir, profundamente, quando olho para um bebê que tenha acabado de nascer, digo internamente: "Eu vejo você. Vejo que, em todas as células do seu corpo, metade é a sua mãe; a outra metade é o seu pai. Então, ao olhar para você, vejo seus pais, os irmãos de seus pais, seus primos, os avós maternos e paternos, os irmãos dos avós, os bisavós, trisavós, tataravós. Todos eles viveram. A cultura deles está dentro de vocês, e todas as gerações anteriores, e toda a vida deles está dentro de você.
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Vejo a época em que todos eles viveram, a cultura e a história do povo que lhes deu origem; vejo as lutas sangrentas, as guerras, as tribos, a vida nômade, o princípio da constelação de família, da consciência familiar; vejo as dores pelas perdas de entes queridos, as brigas pelo poder e por heranças, as dissidências dentro das famílias, as imigrações, doenças, acidentes, exclusões, sofrimentos, fome, miséria, os vícios, os descontroles emocionais, assassinatos, traições e suicídios; vejo muitas crianças que ficaram órfãs; vejo a construção e a desconstrução de muitos núcleos familiares dentro da grande família humana; e vejo, naturalmente, esse bebê chegando para, juntamente com todos os outros bebês que pertenceram ou pertencem a esse sistema familiar, colaborarem na sua autorregulação e auto-organização.
O objetivo da alma familiar é fazer o sistema voltar para o seu equilíbrio, para a homeostase, e isso está implícito no roteiro de vida dessa criança acabada de nascer. E tudo isso é o que vemos quando trabalhamos com uma constelação familiar.
O tema da minha dissertação era juntar a constelação com comunicação e cultura, e esse tema, graciosamente, foi um presente que eu recebi para trazer aqui hoje. Então, eu trouxe o final da minha dissertação, que são as considerações finais.
Chega um momento em que tenho que encerrar a dissertação, mas devo dizer que a vontade é de continuar, porque foi apaixonante essa aventura de buscar relações entre a comunicação e as constelações.
Aprendi muito sobre comunicação e cultura e me dei conta de que todo tempo em que estava trabalhando com as constelações as mesmas eram permeadas pela história de vida pessoal e familiar dos clientes que chegavam a mim.
História de vida é comunicação, minha gente, principalmente quando, nas constelações realizadas em sessões grupais, vemos os corpos dos representantes narrando fatos de gerações passadas, além da geração atual. Sim, os corpos narrativizam o que a mente desconhece e puxam o fio da meada que se enovelou em um passado distante, não raro em outras paragens e em outras culturas.
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Quero dizer que a origem do povo brasileiro é multicultural, e isso se constata através das constelações que facilitei. Atendi a demanda de descendentes de italianos, espanhóis, alemães, japoneses, chineses, coreanos, franceses, poloneses, portugueses, africanos, índios, bugres, etc.
Dei de encontro com grandes diferenças culturais e raciais que ocasionaram sofrimentos por gerações e mais gerações. É o caso de descendentes de imigrantes que vieram dos países que passaram por guerras, bomba atômica, cataclismos, epidemias, escravidão, perseguição religiosa e outros desatinos humanos.
Pelourinhos e instrumentos e tortura ainda estão presentes nos campos mórficos dos africanos transformados em escravos.
Quantos casos surgiram de amontoados humanos nos porões de navios negreiros, de morte por pestes, de corpos atirados ao mar!
A epigenética terá muito o que contar num futuro a curto e a médio prazo através dos corpos de futuros descendentes dos fugitivos das constantes guerras na região do Iraque e da Síria, como também do Estado Islâmico e da Faixa de Gaza, que fogem da violência e da morte.
Mais uma vez, agora na atualidade, o mar está sendo a última morada para muitos deles, para muitos! Principalmente, na época em que eu fiz a dissertação, que foi 2016, estavam acontecendo as debandadas do pessoal daquela região e muitos naufrágios, muita gente morrendo. Eles estavam vindo, desesperadamente, fugindo da morte. Não sabiam o que iam encontrar.
Mais uma vez, agora na atualidade, o mar está sendo a última morada para muitos deles, para muitos que estão naufragando e sendo envoltos pelo manto ondulante em tons de verde e azul, que se mistura com a cor do céu.
Famílias inteiras chegam desfalcadas em alguma fronteira, na esperança da sobrevida. Imagino - e minha a imaginação vai longe - que, nas grandes cercas de arame farpado, o que encontram é uma placa enorme com letras garrafais, onde está escrito: "você chegou ao mundo da incerteza, livrou-se do naufrágio, mas não sabe se poderá suportar a fome, o frio, o escaldante sol, as doenças, os maus-tratos, os medos, os traumas, o fantasma da morte".
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Voltando o pensamento para o prazer que esta pesquisa teórica me proporcionou, quero pontuar a satisfação em poder dialogar com as ideias de pesquisadores eminentes no campo da constelação e cultura. Eu gostaria de citar Gregory Bateson, que já foi citado hoje aqui de manhã pela Militão. Acho que foi você que citou Gregory Bateson, não é?
E Gregory Bateson... eu fiz um paralelo da vida dele com a vida de Bert Hellinger. Por quê? Porque ele queria chegar no conhecimento daquilo que poderia resolver a questão dos relacionamentos humanos. Ele não conseguiu chegar porque ele morreu antes. Mas ele foi um grande pensador que deu origem ao pensamento sistêmico, lá em Palo Alto, nos Estados Unidos, junto com o grupo de cientistas que se encontravam lá anualmente para comentar os seus estudos.
Também quero colocar como expoente, dentro da ciência, Rupert Sheldrake, que também, não por acaso, foi citado pela Rose Militão. E Rupert Sheldrake foi aquele que deu o seu aval à minha pesquisa científica de cinco anos. Eu fui até Londres e marquei uma consulta científica com Rupert Scheldrake. Ele me atendeu na casa dele com o coração aberto, com uma vontade imensa de poder colaborar. Foi a coisa mais linda do mundo! Se não fosse ele, a minha dissertação não teria sido aceita como trabalho científico. Por quê? Porque toda a bibliografia do trabalho era começando por Bert Hellinger e por todos aqueles que escreveram livros sobre constelação, além dos que escreveram sobre comunicação e cultura. É óbvio, não é? Mas quando eu fui fazer a arguição com os doutores que seriam os doutores da minha banca, eu ouvi o seguinte: "Toda a sua bibliografia é muito incrível, mas não tem nenhum cientista. Todos são ou comunicadores ou psicólogos ou isto ou aquilo - eram várias as possibilidades. Inclusive Bert Hellinger não é cientista; Bert Hellinger é filósofo, é essencialmente filósofo -, e aqui na academia nós precisamos do aval de um cientista". Eu falei: "meu Deus, e agora, o que eu faço? Meu trabalho está pronto e não pode ser aprovado porque não tem o aval de um cientista?". Fiquei assim meio desesperada.
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Aí veio o grande insight: "Está aí, Rupert Sheldrake está vivo!". E, justamente, todo o trabalho que acontece durante a constelação, em que as pessoas se movimentam inconscientemente, quem explicou isso foi Rupert Sheldrake. Então, eu marquei um encontro com ele lá, em Londres, expliquei a ele o meu trabalho - que eu criei uma técnica de constelação individual com bonecos -, mostrei a ele o material, expliquei como funcionava, e ele me disse: "Para eu analisar, eu tenho que experimentar. Posso experimentar?". Eu falei: "Deve, por favor! Deve experimentar". Então, ele experimentou, e para isso ele me deu um tema para que eu o constelasse. Ele queria ver como iria funcionar a constelação com bonecos. Então, eu constelei Rupert Sheldrake. Ele ficou maravilhado, encantado, e certamente ele me deu o aval científico.
Além disso, eu fui pegar o material para guardar, e ele disse: "Não, não, não! A senhora espere um pouquinho. Eu quero buscar a minha esposa para ela ver também esse trabalho. Sabe por quê? Porque ela é consteladora". Opa, eu não sabia que ela era consteladora! Até comecei a tremer por dentro. "Ah, e agora? Eu vou ter que mostrar também para a esposa dele". E o tempo que ele havia me dado para a consulta era de 40 minutos. Eu falei: "Mas o tempo já esgotou". Ele falou: "Não; aguarda".
Aí veio a esposa - porque estávamos dentro de casa. Ela veio lá e falou assim: "Agora eu quero ver como é que é isso. Diz que os seus bonecos andam". Eu falei: "Diz, não. Eles andam mesmo, de verdade". Mas como? Eles andam com a energia eletromagnética que todos nós temos, que o planeta tem, que tudo tem. Tudo, absolutamente tudo. Então, se eu coloco o dedo na cabecinha do boneco, a minha energia eletromagnética vai fazer com que ele se movimente, mas eu estarei de cabeça vazia, totalmente de cabeça vazia, captando o que a ressonância mórfica traz do campo morfogenético do sistema familiar do cliente.
Quando eu falei isso, Rupert Sheldrake me disse: "Então vou contar uma coisa para a senhora. Quando Bert Hellinger esteve aqui em Londres pela primeira vez para apresentar um seminário, eu fui convidado por um amigo para ir conhecer um trabalho diferente. E até o meu amigo disse: 'você vai gostar muito porque você é cientista, e esse trabalho realmente vai mexer com você'. Aí eu fui e tive a sorte de ser escolhido como representante. Eu estava ali no campo e, de repente, comecei a sentir coisas que não eram minhas. Comecei a me movimentar no campo de uma forma que eu sentia claramente que não era eu que queria fazer aquilo, mas eu estava com sensações e emoções não minhas atuando em mim naquele momento. Exatamente, naquele momento, me deu um start: 'Olha, o campo mórfico atuando aqui e agora! A ressonância mórfica está atuando!'. E era do sistema familiar do cliente para quem a constelação estava sendo feita". "Quando terminou o trabalho, o seminário de Bert Hellinger, eu fui para um grupo que estava organizando esse trabalho e falei: eu quero falar com esse senhor" - isso, o Rupert Sheldrake falando -, "eu quero falar com esse senhor, com Bert Hellinger. 'Então, aguarde um minutinho'. Aí falaram com o Bert: 'tem um cientista famoso que está querendo falar com o senhor'." É óbvio que Bert Hellinger foi atendê-lo. E ele disse assim para Bert Hellinger: "Eu participei dessa constelação agora e senti no meu corpo movimentos involuntários, emoções involuntárias, sensações involuntárias. Eu queria perguntar para o senhor: o senhor sabe por que acontece isso? Bert Hellinger respondeu: 'Não, eu não sei. Eu só sei que é. Eu não sei o que é, mas eu sei que é'. Essa foi a resposta que Bert Hellinger me deu. Aí eu falei para ele: se o senhor me permite, eu sei o que é" - isto, o Sheldrake falando para o Bert Hellinger -, "se o senhor me permite, eu sei o que é e posso lhe explicar". Bert Hellinger, então... Dizem que brilhou o olhar dele. E ele falou: "Pois, então, me conte! Eu preciso saber porque eu trabalho com isso e não sei o que é que está por trás fazendo esses movimentos nas pessoas".
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Aí o Rupert Sheldrake disse que, a partir dali, eles tiveram vários colóquios, vários, porque Bert Hellinger, então, ficou superanimado em querer saber mais e mais e mais. Aí Sheldrake explicou para Bert Hellinger toda a hipótese que ele tem da causação formativa, dos campos morfogenéticos, dos campos mórficos, da ressonância mórfica, explicou tudo isso para Bert Hellinger. "A partir daquele momento" - Rupert me disse - "a partir daquele momento, nos livros que vieram depois desse nosso encontro, Bert Hellinger já começou a citar os campos mórficos, morfogenéticos e a ressonância mórfica."
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Olha só que coisa: o próprio Rupert me contando isto! Eu fiquei superfeliz de saber quem é que tinha contado para Bert Hellinger. E aí eu percebi: "Nossa, eu estou na fonte certa. Eu vim ao cientista que realmente trouxe essa informação". E para que o trabalho com as constelações familiares fluísse mais, mais e mais, não é? Então, ele me deu um aval científico, e a minha dissertação foi aceita como um trabalho inédito.
E um trabalho inédito...
(Soa a campainha.)
A SRA. VERA LUCIA MUNIZ BASSOI - E um trabalho inédito dentro desse assunto, obviamente, merecia um título de doutora, não de mestre, mas, na faculdade em que eu estava fazendo o meu mestrado e apresentando a minha dissertação, não havia ainda doutorado na área de comunicação e cultura.
Então, o doutor, na banca, me disse: "Eu sinto muito, D. Vera. Eu queria, agora, dar-lhe o título de doutora, mas não posso, porque aqui, na nossa faculdade, ainda não alcançamos os pontos necessários para o doutorado. Então, a senhora vai sair daqui com o nosso aval para o título de mestre". E foi isso que aconteceu.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito bem. Muitíssimo obrigado! (Palmas.)
Se a senhora puder concluir, eu agradeço. (Pausa.)
Já concluiu? Em altíssimo estilo.
A SRA. VERA LUCIA MUNIZ BASSOI - Bom, é que o senhor fez assim com a mão, e eu entendi que era para parar.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Não, mas, olha, deixe-me falar uma coisa aqui: isso foi um resgate histórico, o que a senhora fez aqui. E a sessão é exatamente para isso. Eu não tinha a menor noção do encontro desses dois grandes homens. E a senhora trouxe dados que eu tenho certeza de que para muita gente foram novidade.
E eu já corrigi aqui, imediatamente, o seu currículo - peço desculpas: é Doutora em Comunicação e Cultura, psicoterapeuta, pesquisadora e palestrante, Dra. Vera Lúcia Muniz Bassoi.
Muito obrigado pela sua participação.
A SRA. VERA LUCIA MUNIZ BASSOI - Eu não recebi o título de Doutora. Não recebi!
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Mas é que não recebeu ainda.
A SRA. VERA LUCIA MUNIZ BASSOI - Estou recebendo do senhor, agora. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Mas, pelo que a senhora explanou aqui, não tenho dúvidas, com um trabalho sendo academicamente respaldado por esse grande cientista britânico...
A SRA. VERA LUCIA MUNIZ BASSOI - Rupert Sheldrake.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Rupert Sheldrake.
Isso é uma grande conquista.
Parabéns e muito obrigado por a senhora vir aqui engrandecer este evento em homenagem à constelação familiar. Muita honra!
A SRA. VERA LUCIA MUNIZ BASSOI - Muito obrigada.
Obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito obrigado.
Eu queria, antes de chamar a nossa próxima palestrante, saudar aqui os alunos do ensino fundamental do Colégio Darcília Coimbra, da cidade de João Pinheiro, Minas Gerais: muitíssimo obrigado às professoras aqui, à coordenação, à diretoria, aos alunos e às alunas. É muito importante essa vinda de vocês aqui, é uma honra muito grande para o Senado. Fica registrada aqui essa visita.
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Sei que, daqui a pouco, vai ter outra turma, que está chegando aqui também. Que bacana! Acho que nós já tivemos hoje umas 15 turmas que vieram em visita. Isso é muito bom! Parabéns pela iniciativa! Isso é cidadania, isso é formação política também, porque são essas crianças aí que vão, se Deus quiser, estar sentadas aqui para fazer as leis do nosso Brasil fantástico, maravilhoso.
Muito obrigado. Tudo de bom! (Palmas.)
Então, eu já passo a palavra, agora, aqui para o Dr. Décio Fábio de Oliveira, que esteve conosco - não foi, Dr. Décio? - naquela sessão histórica, uma audiência pública lá na Comissão de Assuntos Sociais aqui do Senado Federal. Dr. Décio, muito querido, com muita gente admirando-o em todo o país.
Seja muito bem-vindo a esta sessão e obrigado pela sua presença - ele é médico, consultor de empresas e constelador. O senhor tem dez minutos, com a tolerância de cinco aqui da Casa.
Muito obrigado.
O SR. DÉCIO FÁBIO DE OLIVEIRA JÚNIOR (Por videoconferência.) - Muito obrigado, Senador Girão.
Vocês me ouvem bem? Eu estou inseguro aqui quanto ao som. Vocês estão me ouvindo?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Estamos ouvindo super bem.
O SR. DÉCIO FÁBIO DE OLIVEIRA JÚNIOR (Para discursar. Por videoconferência.) - O.k. Muito obrigado.
Quero agradecer a oportunidade de estar aqui, junto com diversos colegas, neste momento sabidamente histórico, em que nós temos a oportunidade, talvez, de difundir um pouco mais o que as constelações são e, principalmente, o que elas não são.
Quero deixar claro, em primeiro lugar, que eu não entrei nas constelações porque eu quis, mas porque eu me vi necessitado, em um momento anterior da minha vida, com uma dificuldade com o meu filhinho pequeno, com o qual eu tinha muitas dificuldades. E foi através das constelações que eu comecei a compreender que as relações familiares seguem um padrão, e esse padrão, quando compreendido, permite não apenas entender o que se passa, mas adquirir uma nova postura e, através dessa postura, resolver muitos dos conflitos cotidianos que as famílias enfrentam.
Isso aconteceu lá no ano de 1999. Quando eu vi esse trabalho pela primeira vez, eu fiquei impressionado como era pontual a intervenção e como ela é certeira. Basicamente, o que a primeira constelação por que eu passei me mostrou é que a postura que o meu filho tinha de resistência a qualquer tipo de comando que ele recebia de mim era a mesma postura que eu tinha com o meu próprio pai. É como se ele tivesse simplesmente imitando a forma, ressoando a forma como eu tratava o meu próprio pai.
Isso foi um divisor de águas porque, sendo médico e cirurgião na ocasião, inúmeras vezes eu tratava crianças que sofriam de distúrbios diversos de atenção ou de problemas diversos de saúde, e eu pude ajudar, muitas vezes, as famílias a colocar essas crianças numa nova situação em que elas pudessem ficar melhores.
Mas hoje eu vim aqui para falar sobre outro tema: a potencial aplicação dessa metodologia para as organizações.
A primeira coisa que eu gostaria de falar com aqueles que estão se empenhando em detratar o método é que as constelações, de fato, não podem ser chamadas de pseudociência porque elas não são ciência. Elas são, na verdade, uma filosofia e derivam de observações filosóficas e empíricas que o Bert Hellinger acumulou ao longo do tempo.
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Quem também chama o Bert de nazista não o conheceu pessoalmente, ou saberia que isso é absolutamente impossível, pois, tendo conhecido um indivíduo como ele, eu, pela primeira vez, só de ver aqueles olhos azuis dele, a profundidade do olhar do Bert, a bondade que emanava dos olhos do Bert e a busca profunda que ele tinha pela reconciliação e pelo sucesso do amor dentro das famílias, vi que isso não tem base nenhuma.
Quero citar aqui, para começar, que, entre as diversas experiências que eu tive, porque nós organizamos a vinda do Bert Hellinger de 2005 até 2010, antes da Simone, por exemplo, e muitos dos que estão aqui palestrando hoje estiveram no treinamento que nós organizamos para ele lá em 2008, 2009... Então, em 2010, o Bert adoeceu e não pôde vir dar o treinamento. Eu fui buscá-lo no aeroporto de Brasília. Ele veio passar umas férias aqui depois que se recuperou de uma pneumonia que teve na Ucrânia.
E, como eu já tinha uma atividade como consultor de empresas há muito tempo, eu me aproximei dele e lhe perguntei... Assim que ele saiu com as malinhas lá do desembarque, eu falei: "Bert, eu tenho uma pergunta". Ele falou: "Mas já? Eu nem cheguei e você tem uma pergunta?". Eu falei: "Não, Bert, é porque eu estou encafifado aqui. Há meses que eu estou procurando ajudar empresários a saberem como tomar boas decisões". E o Bert disse assim: "Espera aí, que eu vou ao banheiro".
Eu esperei o Bert ir ao banheiro. Quando ele voltou, ele falou: "Pronto, pode fazer a sua pergunta". Eu perguntei: "Bert, tem um jeito de a gente saber de antemão se, quando nós tomamos uma decisão, essa decisão vai produzir bons frutos ou maus frutos? Porque, por mais que a gente se esforce, muitas vezes a gente toma a decisão errada". Ele olhou para mim profundamente com aquele olhar doce dele e disse: "Claro! Só existem dois tipos de decisão: as que levam para o mais e as que levam para o menos. Isso não é fácil?". Eu fiquei com um pouco de raiva porque eu não achei nada fácil e entendi menos ainda o que ele disse. Ele falou para mim de uma maneira crítica, pelo menos naquele momento eu entendi assim.
Então, eu pus as malas no carro e o levei para o hotel. Quando chegou a hora de fazer o check-in, eu me aproximei dele e perguntei de novo: "Bert, você pode me explicar um pouco mais sobre aquela resposta?". Ele falou: "Ah, você não conseguiu entender tudo?". Eu falei: "Não consegui entender nada. Não achei nada fácil sua explicação". Como muitas coisas que o Bert dizia, às vezes eu levava meses, às vezes anos, para decodificar a profundidade e o alcance da metáfora empregada.
Então, nesse dia ele me deu uma colher de chá. Ele olhou para mim novamente com aquele olhar bondoso de sempre e disse assim:
As decisões podem ser divididas em dois tipos: as que vão para o mais e as que vão para o menos. As decisões para o mais suportam a vida e apoiam aquilo que fomenta a vida, ajuda a vida e sustenta a vida. Consequentemente, isso leva a uma expansão da própria vida. A plenitude das opções que isso gera leva, fundamentalmente, a um acréscimo para aquilo que suporta a vida. Portanto, você pode esperar mais plenitude, mais alegria, mas também você vai ter que lidar com, talvez, um pouco mais de problemas ou de desafios. Já as decisões que levam para o menos simplificam as coisas, reduzem as coisas, diminuem as opções, vão contra a vida. Elas, na verdade, são decisões contra alguma coisa, em sua maioria. Portanto, elas reduzem as opções e fazem com que, naturalmente, o campo de possibilidade se restrinja, por exemplo, quando as pessoas se fundem para lutar umas contra as outras. Então, o que nós observamos é uma guerra, e a guerra é um movimento para o menos, é um movimento de destruição que, frequentemente, reduz as opções e subtrai algo da vida. Então, se você quer tomar boas decisões [ele disse], faça sua escolha, para o mais ou para o menos.
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Depois que ele respondeu aquilo, eu o botei no quarto dele, sentei no hall do hotel e fiquei ali em estado de colapso mental por mais ou menos meia hora, até eu conseguir digerir um pouco das implicações que isso tinha para todos os âmbitos, especialmente, como eu me perguntei naquela ocasião, para o âmbito da consultoria de negócios.
Nesse intervalo, então, depois desse período em 2010, eu comecei a aplicar cada vez mais essa filosofia para as organizações. Se nós observamos o que a Teoria Geral da Administração tem a nos dizer, um livro grossão que todo estudante de Administração seguramente teve que estudar, o que você vai ver lá é muita coisa sobre finanças, logística, muita coisa sobre muita coisa, menos sobre gente, e o que mais sustenta as organizações é gente, o conteúdo essencial das organizações são as pessoas. Compreender, então, como fazer as pessoas se relacionarem melhor é uma contribuição positiva para qualquer gestor, para qualquer pessoa que esteja envolvida na consultoria organizacional.
Dito isso, eu gostaria de explicar basicamente que os três princípios que o Bert Hellinger demonstrou serem verdadeiros, através das suas investigações filosóficas, e que nós, empiricamente, através das constelações, conseguimos verificar. Não parecem nada mais, nada menos do que três princípios muito básicos que reforçam a grande diferença que existe entre os seres humanos e os animais. Se nós observarmos o ser humano, como uma diferença dos macacos antropoides, nós temos basicamente três grandes diferenças. Nós temos uma postura ereta, um crânio maior e um polegar que faz este movimento opositor aqui.
Eu duvido que ter um polegar opositor, um crânio maior e uma postura ereta sejam um tipo de argumento que afastem um leão de comer os nossos antepassados, lá na África, alguns milhões de anos atrás. Os nossos antepassados conseguiram sobreviver basicamente porque eles tinham um componente que os outros animais não tinham: a capacidade de cooperar melhor do que qualquer outro animal. Nós somos o animal social mais cooperativo que existe. Nós somos melhores que as abelhas, que os chimpanzés, que as formigas, com que às vezes a gente fica maravilhado de como elas têm toda aquela organização social e aquela capacidade de atuar em conjunto. E nós seres humanos somos melhores do que eles.
E por que nós somos melhores? Por causa de três princípios básicos que o Bert Hellinger explicou. Primeiro, a capacidade de nos vincular a grupos. Se eu vou trabalhar em conjunto com os outros, eu preciso estar vinculado a um grupo, eu preciso estar fortemente aderido a esse grupo e me sentir leal a esse grupo, pertencente a esse grupo. Segundo, cada pessoa dentro da estrutura precisa ter um lugar hierarquicamente, digamos, definido e claro dentro da estrutura social ou dentro da estrutura empresarial, ou dentro da estrutura familiar, o que seja, mas essa hierarquia tem que estar clara para que cada pessoa saiba qual é o seu papel e como ele vai aportar valor ao que se vai fazer em conjunto. E a terceira coisa obviamente é que cada pessoa precisa agregar valor ao trabalho do grupo e, por isso, ela tem que ter certeza de que, quando ela agregar valor, ela vai ter esse esforço recompensado, e aí nós temos o equilíbrio entre dar e receber.
Se nós olhamos isso sob esse prisma, digamos, filosófico ou antropológico, nós veremos que na verdade o que Bert nos ensinou são princípios muito simples que norteiam a capacidade de um grupo de cooperar e funcionar bem em conjunto. Pensem bem se nós como empresa não somos exatamente isto: um conjunto de pessoas que precisam cooperar bem em relação a uma meta a que nós nos propomos a servir, e as demais pessoas, através da organização empresária, seja ela uma ONG, seja ela uma empresa privada, seja uma estatal, nós existimos para prestar um serviço.
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Portanto, quando nós rompemos com esses três princípios básicos, nós rompemos com a capacidade cooperativa do grupo. Por exemplo, se nós não damos um dar e receber adequado, a pessoa faz uma coisa valiosa e nós não a recompensamos ou bagunçamos com a estrutura hierárquica da organização. Então, a capacidade de cooperarmos é brutalmente reduzida.
Podemos, então, dizer que a filosofia que Bert Hellinger nos legou é, na verdade, uma filosofia sobre como cooperar melhor. Quero chamar atenção especialmente, então, para uma disfunção que eu tenho observado frequentemente nas organizações atuais: a ideia de que, quando nós nos juntamos com outras pessoas para atacar alguém, nós estamos trabalhando em prol de alguma coisa.
Ora, a necessidade de nos juntarmos com as pessoas para construir alguma coisa é o que geralmente leva ao progresso e ao sucesso profissional, à evolução da organização. É através da junção em torno de um objetivo comum que se levam as pessoas a crescer, e não simplesmente a junção de um grupo de pessoas para atacar alguma coisa. Isso, na verdade, destrói alguma coisa, mas não constrói outra no lugar.
Então, essa percepção me levou a me tornar seguramente um consultor melhor. Por quê? Porque muitas vezes, quando eu chego numa organização, o que eu observo são violações, por exemplo, dessas naturezas que eu acabei de dizer e isso compromete dramaticamente a capacidade da organização de atingir suas metas e objetivos, principalmente a sua capacidade servir as pessoas, que é normalmente o que a organização foi feita para fazer.
Imagine, por exemplo, um hospital onde as pessoas estão mais preocupadas em atacar uma equipe ou outra do que realmente servir aos pacientes. Imagine o que acontece numa empresa privada, por exemplo, de transporte onde as pessoas estão mais ocupadas em acusar uns aos outros do que de transportar carga do ponto A ao ponto B da melhor forma, mais segura e mais eficiente.
Então, a compreensão desses princípios nos permite com certeza responder talvez uma grande pergunta que todo consultor tem que ajudar o empreendedor a responder, que é: o que não fazer?
Um segundo ponto que eu gostaria de frisar, que eu acho que é importante para os consteladores de uma maneira geral, mas para os consultores é seguramente muito importante, é a ideia de que a gente precisa se sacrificar para obter as coisas. A ideia do sacrifício, na verdade, é uma ideia desequilibrada em que uma determinada pessoa acha que ela tem que fazer mais pelo grupo do que as outras pessoas. A ideia do sacrifício, portanto, é uma ideia em que alguém quer assumir provavelmente uma coisa pela outra pessoa e acha que, ao fazê-lo, ela vai conseguir ajudar o todo.
Mas pensem bem. Vamos pegar aqui um exemplo de um estudo feito pelo CRM de São Paulo. Escute isso, Senador Girão, que o senhor vai gostar de saber. A taxa de expectativa de vida dos médicos no Estado de São Paulo, se forem homens, é três vezes menor do que a população em geral e, se forem mulheres, é dez anos menor.
Imagine. É mais grave ser médica no Estado de São Paulo para a saúde do que, na verdade, ter algum tipo de doença contagiosa. Isso acontece porque estima-se que, pela própria natureza da profissão, o médico tem que se sacrificar pelo paciente.
E estima-se que isso é uma coisa boa, mas o que isso produz? Os médicos morrem mais cedo. Eles não conseguem prestar por conseguinte uma atenção com tanta qualidade porque eles estão super desgastados. E os pacientes são tratados de uma forma em que eles não são chamados a se responsabilizarem na sua parte do tratamento para que a coisa aconteça de uma maneira equilibrada, ou seja, nós não fazemos serviço para ninguém quando esperamos que as pessoas não façam a sua parte, e alguém vai fazer por elas. Isso sobrecarrega um lado, enfraquece o outro.
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Se nós considerarmos tudo isso, podemos ver que como filosofia, e não como ciência, talvez, ainda, as constelações têm muito a oferecer para o ambiente organizacional. Elas podem nos mostrar, com extrema precisão e clareza, onde é que o comportamento das pessoas está talvez desviado daquilo que gera a maior cooperação possível e faz com que provavelmente as pessoas, então, lembrando Bert Hellinger, tomem decisões para o menos, e com isso subtraiam o valor da organização, ao invés de acrescentar valor à organização.
Acredito que essa é singelamente a minha contribuição. E gostaria de agradecer, mais uma vez, ao Senado por esta oportunidade especial e aos colegas aqui que palestraram, especialmente àqueles que trouxeram sua contribuição na construção de um conhecimento que vai privilegiar ou vai progredir, continuando e emprestando às constelações a oportunidade de orientar as pessoas sobre como tomar boas decisões para o mais, para que haja mais cooperação, mais reconciliação, mais paz e mais união em direção a objetivos globais que possam servir a todos nós.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito bem, muito bem. (Palmas.)
Agradeço demais ao Sr. Décio Fábio de Oliveira, médico, consultor de empresas e constelador, pela explanação muito didática também, serena e trazendo aí dados interessantes do seu contato com o Bert Hellinger, que, em nome da constelação familiar, que está sendo homenageada hoje, ele é o grande... Eu não sei se estou cometendo um equívoco em falar a palavra "codificador", mas eu vejo alguma nuance aí interessante, porque é um trabalho redentor realmente. Muito obrigado pela sua participação, mais uma vez, por estar aqui conosco.
E nós vamos passar para o próximo palestrante, que vai ser o Sr. Reginaldo Teixeira. Reginaldo Teixeira, psicólogo.
Mas antes disso, eu queria chamar a Germana Karsten. Germana, por favor, se você puder vir aqui ficar ao meu lado, participando aqui. Uma amiga, irmã, de há muitos anos, que eu conheço aqui por trabalhos na área da caridade. É espírita como eu e produtora também de cinema. E, se puder ficar aqui... Eu sei que você não vai falar, não quer falar, mas eu gostaria que você estivesse aqui conosco, está bom?
Mas antes eu queria só falar aqui, antes de passar, Reginaldo, que tivesse um pouquinho de paciência a mais, sei que você já está tendo demais, mas os alunos aqui do ensino fundamental do Colégio Darcília Coimbra estão aqui conosco, lá da cidade de João Pinheiro, Minas Gerais. Muitíssimo obrigado pela presença de vocês. Sejam muitíssimo bem-vindos aqui ao Senado Federal, a Casa de vocês, não é? Neste Plenário onde a gente toma tantas decisões importantes para o Brasil.
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A presença de vocês aqui é motivo de muita esperança para nós, porque é através desse contato, através dessa consciência cidadã que a escola de vocês... Parabéns aos professores, aos diretores, aos coordenadores, porque essa vinda de vocês até aqui é uma semente que é colocada no futuro do Brasil. Quem sabe, um dia, vocês não vão estar aqui fazendo leis para a nossa República, se assim for o destino da vida de vocês, não é? Então, muito obrigado pela presença.
Quanto tempo de João Pinheiro para cá?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - São quatro horas.
Também já veio hoje e volta hoje? Poxa, que bacana! Espero que tenha conhecido bem a nossa galeria, o Museu do Senado e o da Câmara também. É uma honra muito grande receber vocês.
Há também outros visitantes de vários Estados. É isso? Pode falar.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Opa, é do nosso Ceará!
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Rio Grande do Sul. É a BR-116 que liga.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Santa Catarina.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Amazonas. Olha só!
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Mato Grosso do Sul.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Minas Gerais.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Bahia.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Rio de Janeiro.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Goiás. Coisa boa!
Sejam bem-vindos! Olha só que bacana! Cada vez mais, o pessoal está chegando. Isso é fantástico! Todos os estados, praticamente, tiveram aqui hoje representantes.
Muito obrigado, pessoal. Tudo de bom!
Vamos lá!
Dr. Reginaldo Teixeira, que é psicólogo, muito obrigado por sua presença nesta sessão em homenagem à constelação familiar. O senhor tem dez minutos, com a tolerância de cinco, pedindo desculpas já por termos deixado o senhor esperando tanto tempo.
O SR. REGINALDO TEIXEIRA (Para discursar. Por videoconferência.) - Tudo bem!
Como é que faz aqui?
Eu estou fora de Belo Horizonte. Estou em Porto Alegre para dar um curso.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Estamos ouvindo muito bem. Estamos ouvindo bem.
O SR. REGINALDO TEIXEIRA (Por videoconferência.) - (Falha no áudio.) ... foi difícil também. Acompanhei um pouco. Depois, agora, a Talita me ligou. A gente pode falar um pouquinho.
Então, eu venho da Psicologia, das terapias holísticas e transpessoais, que sempre se relacionaram muito com o corpo, da bioenergética, da terapia reichiana, da cinesiologia. Então, todo esse conjunto de saberes ligados à mente e ao corpo começou lá na Califórnia, nos anos 70, quando, depois que eu me formei em Psicologia, fui passar um tempo na Califórnia, com Carl Rogers, e também no Instituto Esalen, onde pude ter contato com o que estava acontecendo na meca da Psicologia moderna, que era exatamente São Francisco e a Califórnia em geral. Dali eu tive contato e treinamento com Stanislav Grof, que estava trabalhando com os estados alterados de consciência e com a cartografia da consciência.
Então, vou dar um toque aqui hoje...
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Nós estamos tendo um problema com o seu vídeo, Reginaldo Teixeira. Acho que o senhor o fechou, sem querer. Se o senhor puder abrir...
O SR. REGINALDO TEIXEIRA (Por videoconferência.) - Fechou?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Está dando ruído também. Se puder falar mais próximo da câmera...
Agora, sim, nós o estamos vendo na câmera do celular. Estamos vendo o chão.
Agora, sim, nós o estamos vendo. Pronto!
O SR. REGINALDO TEIXEIRA (Por videoconferência.) - (Falha no áudio.) ... está me ajudando aqui. Nós estamos improvisando aqui a situação. Está bom.
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Então, eu estava lá na Califórnia. Estou trazendo isso aqui... Eles estavam lá na construção da nova cartografia da consciência, que é todo um mapa da consciência, um modelo de funcionamento da consciência dentro dos estados mais pessoais, como vida interina, e depois em alguns estados transpessoais, que vão além da nossa pessoa. E, nesse mapa, eles fizeram... Se há cem anos Freud preconizou que a maioria dos nossos comportamentos era movida por força do inconsciente, no século XX passou-se estudando esses assuntos do inconsciente, e tivemos várias pessoas eminentes, como Carl Gustav Jung, Wilhelm Reich, Ken Wilber, muitos outros mais e o próprio Stanislav Grof, que é, vamos dizer, um grande internauta da ciência e da psicologia e teve o maior estudo... Passou 18 anos estudando a consciência através de estados alterados de consciência com muitas pessoas e conseguiu montar como é que funciona.
Então, o assunto era como é que essa consciência se desenvolveu - desenvolveu, não; ela está em nós - e começou a ser estudada a partir dos anos 40, quando se determinou o paradigma sistêmico para balizar os pontos de observação dos fenômenos. Então, o pensamento sistêmico vai preconizar que não existe nada isolado, que todos os fenômenos estão interligados, e nós, como um campo fenomenológico total, estamos ligados ao nosso campo mais próximo, que é o campo familiar, e também estamos ligados ao campo universal em espectros diferentes.
Então, a grande contribuição que o método das constelações vem nos trazer é que a gente já sabia de algumas coisas e da importância desse nível de inconsciente, que é o inconsciente coletivo familiar. Bert Hellinger recolheu vários estudos que estavam sendo feitos na época, há uns 40 anos, do húngaro Nagy e do pessoal do Instituto Sistêmico de Milão. Cada um foi ajudando para compor o entendimento dessas ordens, dessas leis que regem o sistema familiar.
Esse foi um avanço dentro da ciência da consciência, porque a gente viu que, muitas vezes, a nossa consciência não está sendo nossa; ela está presa a uma outra consciência que, às vezes, está ligada aos nossos ancestrais ou a pessoas que se sacrificaram na nossa vida ou pela nossa família ou, então, a pessoas que estão ligadas a essas pessoas que foram excluídas do sistema. Então, foi muito importante a gente poder saber disso para ter uma ideia desse "eu" fora do modelo psicanalítico, não só daquele "eu" que foi montado pelas experiências infantis, em que criamos uma imagem de nós mesmos. Essa imagem se reflete um pouco na forma do nosso caráter, da nossa maneira de ser. Mas também tem essa força desse inconsciente, que é invisível também e que vai atuar, vai modelar o nosso destino.
Isso aí foi um salto, mais uma coisa que ampliou essa cartografia de um modo até da prática, porque mexer no inconsciente coletivo, ter uma visão disso era muito complexo. E também demorava muito tempo para a gente fazer uma investigação das comunicações no modelo das escolas sistêmicas de Minuchin, de Milão e mesmo de Palo Alto. Demora tempo para a gente saber como é que é a dinâmica daquela família.
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Então, com a constelação, a gente pode representar isso com pessoas ou com bonecos e fazer uma montagem de como você está dentro do sistema e como o sistema atua sobre você, às vezes empurrando-o para um destino que não é bem o seu destino, é o destino daquela situação, daquelas causas que ocorreram lá com os nossos ancestrais. Isso tudo é um salto na nossa liberdade, a liberdade do indivíduo de poder se desidentificar disso e fazer um processo de cura dessas situações que ficaram em suspenso e estão aí, flutuando no nosso inconsciente coletivo familiar. Então, essa é a contribuição que dá esse salto maior, por ser um método mais pontual, e, às vezes, é rápido você perceber. Com uma sessão, você já pode perceber isso tudo, e não demorar vários meses ou anos para poder entender a dinâmica da família.
Então, é essa que foi a grande contribuição, e a gente pode usufruir disso na nossa vida. E ela se expandiu para várias outras áreas, na educação, no Direito, e, assim, essa consciência é uma nova consciência, é a consciência mesmo que estava preconizada já tanto pelas grandes tradições, talvez quanto à consciência crítica ou à consciência da quarta dimensão, que nós estamos trilhando aos poucos, porque ela está sendo mudada de diversas formas.
O.k., era essa a contribuição que eu queria dar. Eu deixei (Falha no áudio.) ... que eu mandei para a Talita.
Você pode colocá-lo, Talita?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - O que é? É um vídeo? É só para...
O SR. REGINALDO TEIXEIRA (Por videoconferência.) - São três eslaides de PowerPoint.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - O.k., já está no ponto aí.
Pode continuar, Reginaldo.
O SR. REGINALDO TEIXEIRA (Por videoconferência.) - É o próximo eslaide.
É o próximo. (Pausa.)
É o próximo ainda. (Pausa.)
Então, aqui nós temos um pouco dessa cartografia. Aí, no centro, nós temos a figura do homem, e, envolvido aí com essa cor vermelha, seria o inconsciente individual ou a formatação do nosso ego, o nosso inconsciente individual desde o nascimento até a fase de maturação, na primeira infância. E aqui ela vai ser montada, para fazermos essa imagem que nós temos de nós mesmos, que é o nosso ego. E todas as psicologias iniciais estavam relacionadas com isso, tentando entender como é que cada um de nós montamos essa imagem de nós mesmos, o que nós importamos de maneira muito pessoal.
Ali, esse é o campo em que a maioria das terapias trabalha. As terapias que vão envolver o inconsciente coletivo familiar vão ampliar mais esse espectro. E esse nível de inconsciente, o inconsciente coletivo familiar, tem supremacia sobre o inconsciente individual. Por mais que você se desenvolva, se você tem um nó numa dinâmica familiar, ela vai empurrá-lo para um destino estranho ou um destino compensatório ou uma identificação com pessoas do passado que não foram ouvidas ou que foram excluídas.
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Então, disso aí não tem jeito de escapar. Ele tem uma supremacia sobre o inconsciente individual e sobre tudo isso que está em azul aí, o inconsciente coletivo racial, da cultura, que foi estudado por Carl Gustav Jung, com os arquétipos. São as forças mais modeladoras ainda da nossa existência.
Então, nós estamos nesse túnel, nesse funil que vai chegar até nós, mas a maioria de nós está mais movida ainda por essas forças do inconsciente, e, a cada época, nós estamos clareando mais essas forças e entendendo mais a sua ação em nós mesmos.
Então, esta é a contribuição que eu acho que o método das constelações nos traz: a capacidade para investigar as dinâmicas ocultas familiares que existem no nosso sistema e nos sistemas que nos envolvem, podendo ser, inclusive, o sistema organizacional, como estava mostrando o Décio ali, como, por exemplo, as empresas. Em tudo isso, tem campos de consciência que comandam. Esses campos de consciência já são, cada vez mais, estudados pelas ciências nos comportamentos das partículas subatômicas, para saber como é que essas partículas funcionam, como aquelas partículas que têm a consciência pura, que foram descobertas há uns três anos pelo acelerador atômico do Cern, na Suíça.
Existe uma partícula, na nossa célula, tão poderosa que ela tem memória de tudo. Na realidade, tudo tem memória de tudo. Não é só o nosso cérebro que tem memória, não. Todas as coisas têm memória em nível vibracional, e a gente pode interagir e ressonar com elas.
Então, era isso que eu tinha a dizer.
Agradeço esta oportunidade
Nós vamos ter aqui, no final do ano, na ABC Sistemas, o quarto congresso online de constelações sistêmicas. Espero vocês lá. Podem olhar em abcsistemas.org.
Um abração! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado, Dr. Reginaldo Teixeira, psicólogo, por sua participação aqui, por sua exposição nesta sessão especial em homenagem à constelação familiar. O senhor, diretamente do Rio Grande do Sul, neste momento, está fazendo essa participação. E eu lhe agradeço muito, mais uma vez, pela sua paciência.
Nós estamos nos encaminhando para o final da sessão. Faltam apenas três palestrantes aqui, expositores.
Nós vamos dar sequência, agora, com a Sra. Ana Lucia Braga, que é psicopedagoga, professora, consteladora sistêmica.
Muito obrigado pela sua presença aqui nesta sessão. A senhora tem dez minutos, com a tolerância da Casa. Sinta-se aqui em casa, literalmente, porque o Senado Federal é também Casa do Povo.
Muito obrigado.
A SRA. ANA LUCIA BRAGA (Para discursar.) - Muito obrigada. Eu é que agradeço e manifesto um sentimento de gratidão muito grande por este momento histórico e por fazer parte dele.
Eu vou falar sobre constelações com crianças e adolescentes. Eu sou uma das primeiras do Brasil, talvez a primeira a pelo menos manifestar esse trabalho e eu gostaria de iniciar com uma pergunta que sempre ouço: por que constelar crianças e adolescentes? A gente sabe também que existe um movimento contra isso. A resposta é simples: porque crianças e adolescentes sofrem - e sofrem muito, não é?
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E o trabalho não deve ser com os pais? Essa também é uma pergunta que as pessoas fazem. E eu digo: sim, não é possível constelar crianças e adolescentes sem a presença dos pais, mas a criança que sofre pode vivenciar a dinâmica da constelação e aproveitar tudo, tudo que ela pode lhe oferecer.
Sofrimento é a palavra que eu utilizo para substituir o tema, para substituir a questão, como nós dizemos habitualmente.
E eu poderia aqui, para esse público, perguntar: qual era o seu sofrimento na sua infância, na sua adolescência? Qual é o seu sofrimento hoje? Qual é o seu maior sofrimento? Será que ele se liga ainda àquilo que você sentia, ao que você sofreu lá naquele momento quando você era criança?
E como é que os pais reagiam? Imagine você fazendo uma constelação naquele momento, com os seus pais presentes. O que será que você poderia ter ganho nesse sentido?
E hoje nós temos alguns agravantes: nós temos o aumento da violência, dos diversos tipos de ansiedades, de depressões e outros transtornos mentais, inclusive suicídios e tentativas na infância e na adolescência.
Por que as crianças vão para a terapia e não poderiam ir para as constelações, para um trabalho tão possibilitador como esse?
Eu tenho 61 anos - mais de 40 trabalhando com crianças e adolescentes - e afirmo: as crianças merecem. Elas aprendem, elas sentem, elas entram completamente nos exercícios de interconsciência, no campo, trazendo informações preciosas.
Elas são representantes, muitas vezes, melhores do que os adultos, porque elas não têm filtro, elas não julgam. Então, elas entram de coração e ganham a oportunidade de se colocar no lugar do outro, em diferentes papéis; de melhorar os seus sofrimentos, de terem seus pais mais presentes e mais conscientes, de aprender sobre ancestralidade, sobre origem, sobre respeito, inclusive. Aprender sobre as ordens do amor, incluir, olhar para os excluídos com respeito, se curvar, se colocar em seu lugar na ordem de chegada na família, respeitar quem chegou primeiro e perceber que carrega pesos que, muitas vezes - na maioria das vezes -, não são seus e isso é muito importante. Quem sabe até aprender, entender que podem devolver esses pesos para quem de direito.
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A constelação é intervenção terapêutica poderosa e séria. Com as crianças, no entanto, ela pode ganhar um tom de leveza e ludicidade, sem perder a profundidade e a verdade que se mostra.
Com que fatos nos emaranhamos? Com mortes precoces, com suicídios, com crimes de toda sorte, com doenças graves, com destinos difíceis, com eventos traumáticos ocorridos em nossa família, que promovem desordens na hierarquia, com exclusões e desequilíbrios sistêmicos. Com isso nos emaranhamos. Não é isso? Na infância, por amor, com amor cego e o pensamento mágico pela necessidade de receber amor, de pertencer, como já foi dito, acreditamos que podemos salvar nossos pais e nossos familiares, compensar culpas, pagar a conta de outrem, incluir excluídos. Inconscientemente seguimos destinos difíceis. Quais desses eventos traumáticos não estão na TV, nas novelas que as crianças assistem lá, nas suas salas, nos contos de fadas e nos filmes da Disney? Quais? Em Harry Potter, nós temos o grande assassino e torturador que é o Voldemort.
Penso que o trabalho de constelações com crianças e adolescentes merece ser contemplado e expandido com carinho. E eu trago a reflexão acerca da possibilidade dessa presença, inclusive no SUS, com grupos de crianças, de adolescentes e seus pais. Esse é certamente um investimento na saúde mental dos futuros adultos, de adultos mais saudáveis, até porque nossas crianças, como também o Senador já o disse hoje, são - elas não serão, elas são - os líderes do futuro, aqueles que vão estar aqui, inclusive nos representando.
Eu posso afirmar que existe melhora. Já faz muitos anos que eu trabalho com isso. Eu sou formadora de consteladores desde 2010 e já atendi muitos grupos de crianças e de adolescentes, muitos pais, e há muita melhora, muita mudança. Existe uma movimentação na família, mudança no comportamento, maior respeito, luz nas confusões em relação aos papéis, ao tamanho de cada um. Quem é grande aqui? É o pai ou é o filho? Ou é a mãe? Eu atendi uma criança de quatro anos, na semana passada. E aí eu pedi para ela repetir diante da mãe: "Eu sou o pequeno". E ela se colocou como o primeiro na ordem, com quatro anos. Eu pedi que a mãe se levantasse da cadeira e ele pudesse olhar para a mãe. Ele teve que fazer assim, para poder dizer quem era o pequeno ali. E ele não queria dizer. Com quatro anos, ele achava que ele era o grande. Ele dizia: "Eu sou muito grande". Custou, mas ele disse quem era o pequeno ali. Ele era o pequeno.
Então, com as constelações, nós podemos trazer luz em dinâmicas dramáticas, como as que chegam em nossos consultórios, em todas as áreas da vida.
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É claro, é importante orientar a não interrupção de tratamentos médicos e psicológicos. Ao contrário, em muitos momentos, deve-se, ao se perceber a necessidade, encaminhar a criança e o adolescente à família para tratamentos psicológicos, psiquiátricos, médicos, e sugerir grupos para os pais quando estão presentes dinâmicas difíceis. Isso também é uma possibilidade, esse encaminhamento dos pais. E de que modo eu tenho desenvolvido esse trabalho?
Desculpem. Eu estou lendo porque dá muito nervoso ficar aqui.
Então, como eu tenho desenvolvido esse trabalho? Acho que essa pode ser uma colaboração. Talvez essa possa ser realmente a minha contribuição nesta pequena cerimônia, nesta pequena comunicação de minha parte. Então, vamos lá.
Eu pedi para a Tallita para colocar uns eslaides. Eu não sei se é possível. Se não, também, não tem problema.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Já está no ponto.
A SRA. ANA LUCIA BRAGA - Já está no ponto? Então vamos.
Como eu trabalho? Trabalho com constelações individuais e também com constelações em grupo, com grupos de crianças, eles enquanto representantes. Eles entram como ressoantes, como representantes em todos os sentidos.
Pode passar, por gentileza. Obrigada, é esse aqui.
Então, já está escrito lá. E aí eu gostaria de falar desses grupos semanais porque, se a gente trabalha com famílias e a gente coloca oito semanas, por exemplo, em cada semana uma criança constela. Esses grupos são muito possibilitadores. Aí eu coloco como objetivos: primeiro, não é possível constelar crianças sem suas famílias. Não é possível. A criança não é responsável por aquilo que acontece. É importante que alguém... E aí no caso eu ainda coloco os tutores, porque existem crianças que estão sob a guarda de uma casa abrigo, por exemplo, e que têm tutores, e essas crianças e adolescentes podem ter esses tutores como representantes dos pais. Então, quem toma responsabilidade por aquilo que acontece é o adulto, certo? É quem está lá.
E aí um dos objetivos: ensinar a visão sistêmica. Isso é muito importante. Então, vamos trabalhar com as leis sistêmicas, usar a imaginação, trabalhar com mindfulness, trabalhar com as constelações imaginárias, isso é muito importante. Então, esse momento de concentração, esse momento de imaginar mesmo o que acontece na família, como objetivo também efeitos dessas constelações nos pais. O que acontece com os pais? Como eu tenho muita experiência com esse tipo de trabalho, um dos efeitos que eu já observei é o adoecimento dos pais na época da constelação da criança e do adolescente. Muitas vezes, aparecem assim: gripes terríveis na semana da constelação da criança, dores de ouvido muito graves, enfim, há muitos tipos de adoecimentos.
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Aí a gente vê que essa família já está no campo e que, ali, já está acontecendo um fenômeno que talvez seja realmente esse dos pais tomarem responsabilidade em relação àquele tipo de sofrimento que o filho vem trazendo.
Muitos exercícios, buscam um jeito diferente de lidar com a agressão, com o medo e outros sentimentos difíceis. Para isso, nós temos muitas técnicas que são vivenciadas com as crianças. Está aí: vivenciar técnicas e movimentos sistêmicos e constelar o sofrimento da criança.
Muitas vezes, a criança não sabe dizer exatamente qual é o sofrimento. Aí a gente pode pedir a autorização dos pais para que eles possam ser a voz. Outras vezes, elas colocam algo que parece que não tem nada a ver, mas, no momento em que você abre a constelação, aquilo faz todo o sentido. E é uma coisa muito linda isso também.
Bom, como conteúdo, a minha contribuição é trazer muitas possibilidades que, inclusive, já estão colocadas pela Profa. Marianne Frank, em seu livro Você é Um de Nós. E o próprio Hellinger vem trazendo, em alguns livros, muitos exemplos de exercício que nós podemos utilizar com as crianças.
Mas eu coloco: o que é um sistema; que estamos todos interconectados; os tipos de família, que é algo muito importante, porque nós não temos só aquela família nuclear, aquela família composta de papai, mamãe e filhinhos. Ao contrário, nós temos famílias compostas por casais homoafetivos, temos famílias compostas por crianças acompanhadas apenas de seus avós, enfim, só com a mãe ou só com o pai, pais separados. E isso é muito importante de ser trabalhado com essas crianças.
A imaginação, que está escrito e de que eu já falei. A imaginação é muito importante porque ela possibilita um acesso ao inconsciente.
Esse exercício de interconsciência, que é se colocar no lugar do outro; a partir daí, a educação emocional.
As leis sistêmicas, de novo; o trabalho com os pais.
Eu também coloco alguns tipos de intervenção, como, por exemplo, o genograma fenomenológico, a partir de colagens, desenhos, desenho da família. É muito lindo quando a gente vê esse desenho, porque ela configura, ela constela a partir do próprio desenho da família.
A família sentada à mesa. É fantástica essa técnica. Eu gosto muito.
Os contos sistêmicos, a gente sabe, eles são profundamente possibilitadores porque eles trazem para nós o script, trazem para nós, inclusive, o que essa criança pensa sobre o futuro dela. E, no caso dos adolescentes, inclusive, o que está sendo colocado naquele momento em sua vida.
O Schneider, no livro dele sobre os contos de fadas, Ah! Que Bom que Eu Sei - esse é o nome do livro -, vai falar realmente dos scripts, daquilo que a gente coloca, lá na nossa família, como o lugar que a gente vai seguir e que é possível ser trabalhado, ser constelado. Aí nós vamos utilizar bonecos, histórias, pedras na mão, para ver de onde vem o emaranhamento, e por aí vai.
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Aqui eu coloco umas fotos. Eu coloquei assim mais longe mesmo, só para dar uma ideia do tipo de trabalho que se faz. Então, ali a gente tem a lã. A partir dessa lã, a gente vê de onde vem o emaranhamento: da família do seu pai ou da família da sua mãe? E ali eu coloco também uma pequena sequência de fotos, que é uma constelação; tem pessoas, adultos e crianças. As duas crianças ali são filhos desse casal, e é muito interessante porque as crianças acham que aguentam os pais, que elas suportam carregar. E eu faço isso fisicamente, concretamente. Quer dizer, é muito lindo você poder colocar a família inteira no campo. E aí a criança depois percebe que ela não consegue segurar esses pais, que eles são grandes demais. E aí então é muito bonito, porque os pais podem, no próximo momento, carregar essa criança.
Ali a pedra na mão. De onde vem o emaranhamento? Qual é a mão que pesa mais? Mas era só para mostrar.
E só para fechar aqui também, eu acho que é muito importante o grupo de pais estar aí; os grupos de pais. Isso também pode ser feito no SUS. Por que não oferecer grupos para pais? E também, utilizando técnicas mais lúdicas, nós podemos fazer esse atendimento a esses pais. Eu penso que muitos problemas poderiam ser evitados, não só de doenças físicas como também de doenças mentais.
Acho que é isso, mas como eu ainda tenho um minuto...
Acabou.
Eu queria fazer os agradecimentos, que eu não fiz no início porque eu estava mais nervosa do que eu gostaria de estar.
Então, eu agradeço muitíssimo a esta Casa. Agradeço aos meus pais e aos meus ancestrais, porque é a partir deles que eu estou aqui, e também agradeço à minha origem: agradeço à minha origem indígena; não posso, depois daquela constelação, deixar de incluir os europeus; e agradeço também aos pretos da minha família.
Eu queria fechar a minha fala com uma poesia que está no meu sexto livro sobre constelações, que está no prelo - se Deus quiser, no mês que vem ele estará aqui. Esse livro se chama Poesia Sistêmica. Um Campo de Cura. Ele foi escrito por mim; eu o organizei com mais 23 consteladores do Brasil. É um poema que eu escrevi para homenagear Cunhambebe, que é um guerreiro, um cacique lá dos idos de 1540, mais ou menos - eu acho que ele morreu em 1548.
Eu vou ler - ele está no livro:
Cunhambebe
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Cunhambebe
Grande cacique
Em busca da paz,
Liberdade,
Liberação do sofrimento.
Quanta dor!
Morte, tortura, escravidão!
Sofrimento arrebatador!
Devastador foi seu encontro com o branco Brasil afora.
Terra de Santa Cruz!
Via Crucis de Jesus.
Santa, aqui?
Só seu povo
E a natureza sublime.
Terra de abastança,
De bem-aventurança!
Por sua confiança
Rudemente castigada.
Dizimada foi.
Sem piedade, na traição e na maldade, daqueles que só pensavam em si.
Seu povo alegre,
Livre,
Crente,
Agora decepcionado e carente,
Chora por sua traição aparente.
Chora.
Como você chorou.
E se decepcionou, sem escora.
Sequer Deus para você olhou.
Foi a caixa de Pandora aberta contra você,
Sem penhora!
A paga foi imediata.
Alegria? Só outrora...
Seus ferimentos, sua humilhação, Sua morte e sua maldição: E a terra agora é seca.
Sem mais festança
Por sua aliança,
Pela confiança traída,
Intemperança da ganância
Daqueles sem escrúpulos.
Até mesmo os jesuítas!
Que tinham em sua escrita
A boa-fé,
E Deus!
Te enganaram!
Humilharam!
A você, aos outros chefes, a todo povo!
Homem
E terra dizimada,
História mudada,
Pois se você tivesse comandado a guerra...
Talvez os franceses, quiçá os holandeses.
Talvez eu não estivesse aqui,
Nem os pretos,
Nem os portugueses.
Essa sua pujança
Gerou segurança que trouxe desgraça.
Nossa herança maldita por você, eterna, em imprecação proferida,
Por nós ainda sentida, aqui e em todo lugar,
Porque miscigenados estamos.
E, sem saber de quem, temos misturas de sangue
Cruzado, como a cruz que te feriu.
Sua Benção peço, Grande Cacique!
Os homens brancos são mesmo assim,
Em busca do ouro
Fazem estragos sem fim.
Dores atrozes,
Que nos setembros devem ser mudadas,
Comemoradas sim, a valentia, a coragem e o amor por seu povo e pela paz!
O amor por Yperoig e por todas as tribos!
Estátuas sejam erguidas, que seu povo seja lembrado,
Com respeito e dignidade tratado.
Salve
Cunhambebe
Aymberê
Coaquira
Pindobussú
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E todos os guerreiros indígenas que até hoje lutam por sua existência!
Paz!
Para que a dor se transforme em Amor e Abundância!
Que possamos resgatar o feliz de raiz.
Todos! Agora! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo obrigado à Sra. Ana Lucia Braga, psicopedagoga, professora, consteladora sistêmica, pela sua presença aqui, nesta sessão do Senado Federal, sessão histórica. Obrigado pela sua paciência e pelas importantes informações do seu trabalho com crianças - isso é uma quebra de paradigma também. Muito obrigado mesmo por compartilhar isso conosco.
Eu quero saudar aqui mais um... Acho que são pessoas de vários estados diferentes que estão aqui, que estão vindo visitar a Casa revisora da República.
Sejam muitíssimo bem-vindos!
Normalmente, numa sexta-feira, ainda mais às vésperas de uma eleição, aqui não tem ninguém. A gente aqui está fazendo uma sessão em homenagem à constelação familiar, que é um trabalho de cura sistêmica desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger e que aqui, no Brasil, encontrou um terreno muito fértil e tem ajudado muito muitas pessoas.
Vocês são muito bem-vindos aqui porque esta Casa é de vocês. Então, é muito importante este contato - eu estou vendo aqui crianças, pessoas de todas as idades -, este contato com o Parlamento, a formação política. É muito bom ver cada vez mais o brasileiro gostar de política e acompanhar os seus representantes.
Só para ter uma noção aqui dos estados, vamos ver se... A gente já recebeu aqui gente de quase todos, mas vamos ver.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Santa Catarina, Piauí, Bahia, Pernambuco, Paraíba... Só dá Nordeste aqui? Tem um de Santa Catarina. Cadê?
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Amazonas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Maceió, Ceará, Goiás...
Gente, que bacana, hein!
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Do México? Olha só! Seja muito bem-vindo! Bienvenido a Brasil!
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Mato Grosso. Já tinha de Mato Grosso do Sul. Aí fechou. Acho que agora fechou. Eu estava sentindo. Fechou todos os estados.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Está faltando o Acre, é verdade. Mas daqui para o final da sessão... Ainda temos três palestrantes aí. Vai dar tudo certo.
Gente, muito obrigado pela presença de vocês, tá? Muito obrigado mesmo.
Vamos seguir... (Palmas.)
Obrigado.
Vamos seguir aqui...
Aproveitando, quem quiser agendar visita para vir conhecer, venha, não deixe de vir. É fácil, é simples. Durante esta audiência, em que nós vamos completar oito horas de audiência, nós recebemos aqui - vocês estão acompanhando - brasileiros e pessoas de fora do país vindo conhecer a nossa história, conhecer as instalações, os museus aqui, e você pode vir também. É gratuito: www.congressonacional.leg/br/visite/agendamento. Aí você vai lá e faz o agendamento - você vê que de um dia para o outro dá para fazer.
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Quero parabenizar a direção do Senado Federal, a equipe que propõe, que cuida; todos os funcionários que recebem também, que fazem a visita guiada; e os que tiveram essa iniciativa de aproximar a Casa do cidadão brasileiro e de outros países - são todos muito bem-vindos.
Então vamos partir agora... Já está conectado conosco aqui o Sr. Silvestre Falcão, que vai falar de um tema muito próprio. É interessante, eu estava aguardando com muita ansiedade a participação do Sr. Silvestre Falcão. Ele é psicólogo, Especialista em Dependência Química. É um grande problema da humanidade essa questão das drogas, e a gente sabe que a constelação pode ser aplicada também para, de alguma forma, colaborar no processo para que a pessoa efetivamente possa buscar outro caminho, saudável. É o que a gente vem falando: é um campo que vem empurrando lá dos ancestrais, de gerações passadas, e a pessoa vai quase numa autossabotagem, no automático, porque não tem consciência daquilo. As drogas têm devastado a vida de muita gente - a gente vê isso da sociedade -, devastado famílias inteiras, que choram.
Isso é muito importante, e eu quero ouvi-lo. Ele é Doutor em Psicologia Social.
Sr. Silvestre, muito obrigado pela sua paciência, por estar conosco até agora. O senhor tem dez minutos com mais cinco de tolerância.
Muito obrigado.
O SR. SILVESTRE FALCÃO (Por videoconferência.) - Agradeço, Senador Eduardo, à Tallita e à Miriam Braga por estarem aqui.
Estão me ouvindo direitinho?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muitíssimo bem.
O SR. SILVESTRE FALCÃO (Para discursar. Por videoconferência.) - Agradeço a vocês pelo convite para estar aqui no Senado.
Falando da minha trajetória, eu trabalho com dependentes químicos já há 35 anos. O meu trabalho é basicamente em comunidades terapêuticas, não é em clínica particular; é através das comunidades terapêuticas, que são instituições filantrópicas, são ONGs, muitas delas religiosas. E, como eu já tinha o meu trabalho de consultório, em que eu ganhava dinheiro e me sustentava, eu optei em seguir esse caminho pela filantropia. Muitas vezes as pessoas entendem a filantropia como se fosse uma coisa que se pudesse fazer de qualquer jeito, e eu sempre prezei a seriedade e a cientificidade no meu trabalho filantrópico. Então, desde novo, começando a trabalhar, eu visitei clínicas e comunidades terapêuticas dentro do Brasil, fora do Brasil, e, dentro da psicologia, como psicólogo, eu fui fazendo investimentos em especializações para investir na própria comunidade terapêutica. Então, eu passei pela abordagem corporal, da bioenergética, pelo psicodrama do Levy Moreno, fiz especialização em Psiquiatria e Dependência Química, até que cheguei ao doutorado, claro, sempre investindo nas duas bases da instituição em que trabalho, que se chama Comunidade Terapêutica Pequena Comunidade de Jesus. Ela se localiza na Serra, uma cidade do Estado do Espírito Santo. E nós procuramos fazer lá um diferencial de espiritualidade e cientificidade, um trabalho mais específico.
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Nesse trabalho todo, caminhando e caminhando com essas experiências, eu fui construindo um método próprio de trabalho, um método chamado sete passos do processo terapêutico de recuperação e os 20 princípios de recuperação. E aí, a gente aplica esse método no processo de recuperação dos dependentes químicos. Nós temos diversos profissionais lá.
E eu tive a graça de ser um dos pioneiros da constelação familiar no Brasil com Hellinger. Esther Frankel me convidou quando ele esteve no Brasil. Estive naquele encontro também. E, estando lá, eu comecei a perceber que o trabalho da constelação não só vinha a somar ao processo de recuperação do dependente químico, mas ele vinha desobstruir uma série de questões que estariam agarradas. E havia muitas recaídas, ou muitos dependentes químicos ficavam muito na negação, por falta de uma aplicabilidade de um método como esse, de uma técnica como essa da constelação.
E isso me chamou muita atenção, de forma que o Reginaldo Teixeira, psicólogo querido de Belo Horizonte, ele passou... Ele é lá de Minas e ia sempre a Vitória e fazia, aplicava a constelação, logo depois que iniciou a constelação aqui no Brasil.
E aí, eu e o Regis acabamos e fizemos esse livro: Porque a gente é assim? É um livro em que a gente coloca os tipos de caráter de Alexander Lowen correlacionando esses tipos de caráter com os dependentes químicos, vendo o perfil de cada dependente químico dentro dos caráteres da bioenergética. E também colocamos um pouco da constelação, o trabalho da constelação.
E foi muito interessante nesse livro porque a gente começou a ampliar a nossa consciência e o nosso conhecimento através da prática e da teoria. Foi muito legal, muito interessante.
E daí, a gente aplicando tanto a constelação para os residentes da casa quanto para os familiares, eu fui fazer meu doutorado. E o tema da minha pesquisa foi sobre identidade adictiva, e isso me chamou mais a atenção, me intrigava. Para mim, não existia só uma doença adictiva, a doença da dependência química; existia alguma outra coisa além. E as literaturas, os profissionais, as pessoas só falavam "eu sou um adicto", "fulano é um dependente químico", mas o que essa dependência química, essa doença produzia?
E aí, na minha pesquisa de doutorado, eu fui pesquisando e percebendo que um dependente químico só é um dependente químico por questões neuronais, porque houve um curto-circuito no cérebro, o cérebro abriu mão de buscar sensações e prazeres naturais e substituiu pelo prazer da droga, artificial, de substâncias químicas.
E, com isso, no seu sistema de recompensa, a droga se tornou o objeto maior do cérebro. A mente ficou obsessivamente desejosa daquela droga. E aí entrou uma dinâmica cerebral, uma dinâmica obsessiva compulsiva pelo objeto droga.
Mas por quê? Aí, me vem a interrogação. Por que o indivíduo usou droga, ficou obsessivo compulsivo, mas ele tem comportamentos insanos, comportamentos inadequados, comportamentos tóxicos, prejudiciais e que levam até a morte? Porque essa doença constrói nele uma identidade própria.
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Aí foi quando eu comecei a estudar identidade adictiva e incluí nesse livro, no meu segundo livro. E aqui eu coloco essa psicodinâmica da identidade adictiva. Como é que é? Quais os elementos dela? Quais os mecanismos de resistência, porque a doença que forma essa identidade faz a pessoa funcionar. Todo dependente químico perde a identidade que ele tinha antes, a identidade anterior. E ele só fica com uma identidade insana, inapropriada, tóxica.
Mas onde é que entra a constelação familiar aí, que é o que realmente me chamou muito a atenção? A dependência química é uma dependência que é uma doença que leva a desorganização, desarmonia, desequilíbrio, instabilidade em todas as áreas da vida do indivíduo, tanto internas, quanto externas também. Então, essa é a função da dependência química. E quando desestabiliza, desequilibra, desorganiza tudo, o que acontece? Isso vai ser expresso através das atitudes.
Agora, todo esse desequilíbrio, esses transtornos, que só levam a perdas, existe um campo de ação e de atuação, em nível consciente, de intervenções de métodos diferentes para ajudar o dependente químico, mas existe também um desequilíbrio e uma desarmonia em nível sistêmico, em nível maior, em nível inconsciente, que não é só em relação ao passado.
Um dependente químico, a doença dele é instalada na geração em que ele se encontra, a dependência química dele. Agora, se for ver fontes sistêmicas da dependência química, é preciso entrar na transgeracionalidade. É preciso ultrapassar gerações. É preciso buscar, em seus ancestrais e seus antepassados, o que é aquilo que ele está repetindo, turbinado, motivado através de uma dependência química que ele criou nele, uma identidade adictiva, que é alimentada por questões, por entraves ou emaranhados sistêmicos que vão além da geração atual que ele vive. É muito interessante isso.
E essa identidade dele é que o vai governando. O dependente químico que apronta, o dependente químico que comete travessuras, ele, o ego dele é o ego dele suprimido, fragilizado, fraco, não se sustenta por si mesmo. Ele não se governa; quem governa é a própria identidade adictiva. Essa identidade adictiva é formada por uma série de elementos. Ela é formada por elementos conscientes e inconscientes, internos e externos, elementos facilitadores, sociais, familiares.
Mas, dentro da constelação familiar, nós podemos também entender que existe um elemento sistêmico de repetição de destinos anteriores, e é como uma retroalimentação. O próprio dependente químico já tem por si seus emaranhados por causa da doença, porque consideramos a doença progressiva, incurável e fatal. Se a consideramos progressiva, incurável e fatal, então, isso vai se tornando emaranhados, conscientes, vamos dizer assim, emaranhados factuais, emaranhados surgidos como consequência da própria doença que está ali, dentro dessa identidade adictiva.
Mas, se considerarmos numa dimensão maior, existem os emaranhados sistêmicos nesse dependente químico. Claro, jamais podemos pensar em ideia casuística, são questões sistêmicas que são a causa da dependência química. Jamais, isso não existe. Tanto é que a gente... Diz a literatura que a dependência química é multifatorial, que existe uma série de fatores que se juntam e formam a doença.
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O que eu quero trazer de novidade para vocês é que essa doença constrói uma identidade adictiva, uma identidade própria. Aquele indivíduo que tinha uma identidade profissional, de pai, de mãe, de filho, com valores alimentando suas atitudes e o seu comportamento no cotidiano, se perdeu, não existe mais, morreu. O que cresceu foi uma identidade doentia.
Na constelação familiar, nós vemos que os fenômenos é que vão gerando o emaranhado. Esses fenômenos dos ancestrais de dependentes químicos, vivenciaram - esses ancestrais - problemas diversos, sejam eles quais forem, não vou exemplificar aqui agora, têm a capacidade de acelerar a doença adictiva, esses fenômenos têm a capacidade de "cronificar" a dependência química do indivíduo, esses fenômenos têm a capacidade de travar, inclusive, o processo de recuperação, de restabelecimento. Nós costumamos dizer que a dependência química é a doença da negação, porque no início o indivíduo nega muito um rendimento, uma busca de ajuda. Então, imagem!
A constelação é um meio muito favorável para os dependentes químicos em recuperação. Já fiz diversas constelações lá no PCJ. PCJ é o nome da nossa comunidade. Na constelação, eu colocava um representante da doença, o representante do indivíduo e o representante, também, da identidade adictiva. Era impressionante como ali eu ia aprendendo - e aprendo até hoje. A própria doença...O representante da doença tem um comportamento muito particular, muito singular, próprio de uma doença que nós já conhecemos.
E a identidade...E é aí que eu ia aprendendo e aprendo até hoje. É impressionante, gente, quando a identidade começa a falar, a se expressar. Ela vai dizendo: "Eu sou o produto da sua doença. Eu governo a sua vida e o suprimo cada dia mais porque a sua doença me alimenta". Então, é muito interessante quando nós começamos a perceber que a constelação familiar consegue sanar os gatilhos. Eu não diria que dá uma solução ao dependente químico, não é nenhuma mágica, mas ela consegue destravar gatilhos.
Nesses 35 anos de trabalho com dependentes químicos e mais vinte e poucos com constelação familiar, eu percebo claramente, no PCJ, como ela consegue desarmar a doença adictiva, como é que ela consegue brecar a identidade adictiva quando nós começamos a entrar nessa esfera maior.
E aí entra a questão, também, das políticas públicas sobre drogas. Eu estive pensando esses dias que é muito importante nós pensarmos a constelação, em relação à dependência química, não só em nível clínico, mas que todos os nossos gestores, em todos os setores que lidam com políticas públicas sobre drogas, além de estarem preparadas em conhecimento, em entendimento para poder gerir diversas áreas em que se trata a dependência química, é preciso que elas também passem pela constelação. Isso é fundamental.
Nós acabamos de ouvir, agora há pouco, uma colega que falou que nós, profissionais facilitadores de constelação familiar, os que aplicam etc., precisam ser trabalhados.
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Agora, eu fico imaginando os líderes, os políticos, os gestores que lidam, que coordenam órgãos municipais, estaduais e federais, que trabalham com políticas públicas sobre drogas, se a constelação entrar também, não somente no âmbito das clínicas e comunidades terapêuticas em nível clínico, mas também ir aos setores de poder. Olha que maravilha! Porque, se a gente consegue perceber que ela consegue brecar esses gatilhos e consegue dissolver uma série de coisas do próprio dependente químico, as pessoas que estão lá para dar direções precisam viver uma empatia, não só pelo conhecimento técnico que elas precisam ter, mas elas precisam dessa empatia, e a constelação traz isso.
Os benefícios da constelação são trazer uma sensibilidade amorosa pelo outro, sem ingenuidade, porque de ingenuidade já basta a gama de ingenuidade que se encontra nos emaranhados que a gente percebe na repetição de destinos. Então, não é pela ingenuidade, mas hoje eu clamo para que os órgãos de poder e os gestores na área de política pública sobre drogas também passem pela constelação familiar, porque a gente só consegue oferecer aquilo que a gente tem. Num trabalho como esse, a gente não trabalha só oferecendo técnica, a gente precisa também oferecer o coração.
E na constelação familiar um dos pontos fortes que a gente percebe é o reparar - não é verdade? -, reparar, reparar, reparar. E olha que coisa mais linda - por isso eu amo o trabalho de recuperação de dependentes químicos -: recuperação de dependentes químicos, casa de recuperação. O ambiente terapêutico, o ambiente de uma comunidade terapêutica é altamente sistêmico, porque ele é um sistema em si e ele é um sistema organizado. Ele é um sistema justamente com um objetivo, com um propósito.
A proposta de uma comunidade terapêutica é vir levar à ordem, é vir levar à hierarquia, é vir trazer para o dependente químico que está internado lá dentro a inclusão. Então, a inclusão, a ordem e a hierarquia numa comunidade terapêutica acontecem naturalmente, porque a riqueza do trabalho de comunidade terapêutica é a mudança de valores através de novos registros e de repetição de novos comportamentos.
Então, eu percebo que isso atrai as pessoas a ficarem mais sensíveis a entrar nessa dimensão maior em nível sistêmico, porque, entrando nessa dimensão maior em nível sistêmico, elas se abrem para poder começar a construir um próprio ego, um ego diferenciado, sem ter que repetir destino de ancestrais, sem ter que ficar escravizadas e, muitas vezes, por amor ingênuo, sem ter que pensar numa dívida.
O dependente químico, por si, já traz uma dívida que eu não digo sistêmica, uma dívida moral, uma dívida social, uma dívida afetiva; ele traz consigo várias dívidas. Imagine. Isso é o que a gente vê, percebe a olho nu. Agora, nós precisamos através da constelação familiar entender que existem também dívidas que ele traz de seus ancestrais. E essas dívidas que estão num plano muito maior, se elas não se dissolvem, elas acabam se replicando e se refletindo nas dívidas de outras esferas da geração atual em que ele vive. Percebe?
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Então, é muito importante a gente poder compreender que a constelação sistêmica não vem dar solução para o dependente químico em recuperação, mas ela aponta um caminho, ela dissolve, ela pode destravar o caminho para que os movimentos novos possam acontecer na vida do indivíduo. Isso é muito importante.
O trabalho da dependência química é um trabalho em que ele volta para o real tamanho dele e para o verdadeiro lugar dele no mundo, porque o ato adictivo é um ato de alienação, é um ato de se desconectar de tudo que é ordem, norma, contingência social, de tudo. E o trabalho da constelação familiar é exatamente isso, é sobre essa pessoa encontrar o lugar dela, primeiro, dentro dela mesma e, depois, no mundo. O trabalho da constelação, basicamente, é esse. E como ela faz esse encontro? Quando ela começa a se dissociar através de reparações e a se desidentificar de personagens, de pessoas, de protagonistas ancestrais seus. E, se vocês pararem para pensar, é, justamente, em nível geracional, da geração atual, o que ocorre com o dependente químico. Ele perde a identidade saudável dele e traz uma série de dívidas para ele. Ele precisa achar o caminho dele no mundo, encontrando ele próprio, se encontrando, e se encontrando no próprio mundo em que vive.
Por isso, eu vejo que o meu trabalho é feito muito através da clínica, sim, mas também através dessa inclusão do dependente químico dentro das políticas públicas - isso é fundamental -, com os nossos gestores. A gente não vai conseguir buscar qualidade, levar ferramenta para os gestores de comunidades terapêuticas, levar uma nova consciência... Até se falou muito das ciências e do empirismo da constelação familiar. A própria comunidade terapêutica, em sua origem, logo após a Segunda Guerra Mundial, não surgiu da ciência; ela veio também de um empirismo. E, hoje em dia, umas das instituições que melhor dá resultado em termos de tratamento é a comunidade terapêutica no mundo inteiro.
Então, eu convido vocês, que querem saber um pouco mais dessa identidade adictiva e da importância da constelação familiar na desconstrução dessa identidade adictiva, para que o dependente químico restaure a sua identidade anterior ou crie uma nova identidade mais saudável para si... Tenho o meu canal no YouTube: Silvestre Falcão. Lá tem uma série de vídeos. Vocês podem nele entrar e se inscrever e podem entrar mais nesse universo de entendimento da constelação com a identidade adictiva.
E também tem o Instagram da instituição que você pode conhecer. Existem alguns trabalhos de constelação muito legais. E, no Instagram, sempre tem os posts. É pcj_comunidadeterapeutica o nosso Instagram. E, é claro, ali a gente pode conversar, trocar figurinhas; você pode fazer as suas perguntas e conhecer. Isso é fundamental. Isso é muito importante.
Então, as três ordens, as de pertencimento, de equilíbrio e de hierarquia, essas três ordens do amor, se pararmos para pensar, são todas as ordens de que um dependente químico precisa, basicamente, para...
Então, eu quero deixar aqui o meu agradecimento, o meu carinho. Agradeço muito por esse tempo que passamos aqui hoje, meus colegas pioneiros da constelação familiar.
E, mais uma vez, muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Nós é que agradecemos. Muito obrigado, Dr. Silvestre Falcão, psicólogo, especialista em dependência química, doutor em Psicologia Social.
Olha, o que a gente está vendo... Estão faltando apenas duas pessoas aqui para a gente encerrar o evento, dois palestrantes. Na verdade, são duas palestrantes.
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Mas olha, de cada um aqui - cada um! -, não tem nenhum palestrante de quem eu, particularmente, não vou recortar um pedaço e passar o vídeo para alguns grupos de interesse. Por exemplo, a palestra do Dr. Silvestre Falcão eu vou passar para vários amigos que eu tenho, pessoas que desenvolvem um trabalho ali, no peito e na raça, para ajudar em comunidades terapêuticas pelo Brasil afora.
É muito importante, muito importante mesmo o seu trabalho. O senhor trouxe muitas informações aqui. Eu acho que essas informações, até para... A gente recebeu, nessas oito horas - exatamente agora estão dando oito horas de sessão -, tanta informação fantástica aqui. A gente vai, depois, decantar tudo, e a coisa vai ficar nos Anais da Casa. Isso aqui e todo material que foi exposto aqui, as pesquisas, tudo enfim, até a poesia, tudo isso fica nos Anais da Casa e nas notas taquigráficas do Senado Federal. Então, isso vai ser uma fonte de pesquisa muito grande para as pessoas que se interessem por esse assunto que está aí latente, germinando cada vez mais no solo do Brasil.
Muito obrigado mais uma vez. Este é um assunto que me toca muito - sabe? -, essa questão da dependência química. É um assunto, é uma das causas que eu abraço aqui, e a gente vê um lobby poderosíssimo tentando, nas entranhas do Congresso Nacional, liberar a maconha, por exemplo. A gente sabe da devastação, da tragédia que é sem ser legalizada. Vocês imaginem quando liberar. Qual a moral que você vai ter para dizer ao seu filho que não faça se o Governo está liberando? Os países que já legalizaram - eu estudei alguns casos - disseram que ia diminuir o tráfico, e não diminuiu; disseram que ia diminuir a violência, e a violência aumentou muito com a liberação da maconha, por exemplo; e disseram também que o consumo iria diminuir, e o consumo explodiu.
O objetivo desse lobby poderoso, que quer transformar o Brasil em um narcoestado, é transformar o Brasil no maior produtor e exportador de maconha do mundo. Não interessa quantas gerações nós vamos perder com isso. Esse tipo de coisa no Brasil... O Brasil não precisa de mais problemas, não; pelo contrário, nós temos que resolver muitos problemas aqui e temos que cuidar das pessoas. Tem muita gente doente, adoentada, e muitas famílias sofrendo por causa da maconha e de outras drogas aqui no Brasil.
Muito obrigado pela sua participação aqui conosco.
Eu já vou para a penúltima palestrante, que já está ali, já está na tribuna do Senado. É a Sra. Hellen Vieira da Fonseca, professora, pedagoga, mestre em Psicologia e consteladora familiar sistêmica.
Muito obrigado por sua presença. A senhora tem...
Só para falar, você veio de qual estado para participar?
A SRA. HELLEN VIEIRA DA FONSECA - Distrito Federal.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Daqui mesmo, do Distrito Federal.
Mas nós tivemos aqui... A senhora é do Rio... Não, é de São Paulo, não é? De Ribeirão Preto. Veio especialmente... Há muitas pessoas aqui, não é?
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E agora quem falou, o Dr. Silvestre, estava em Vitória, no Espírito Santo. Olhem que bacana!
Então, são alguns estados dos quais a gente não viu a representação aqui, hoje, nas visitas dos grupos. Os consteladores vieram, as pessoas que conhecem bem o assunto e que estão compartilhando esse conhecimento conosco.
Muito obrigado, Sra. Hellen Vieira da Fonseca. A senhora tem dez minutos, com cinco de tolerância desta Casa.
A SRA. HELLEN VIEIRA DA FONSECA (Para discursar.) - Boa noite!
Estou muito grata pela oportunidade, eu e toda a minha tribo de professores e alunos, que estão espalhados por todo esse Brasil, em cada cidade, de cada estado. Estamos muito honrados de estar aqui hoje. Muito obrigada.
Eu vim falar sobre pedagogia sistêmica, que é um movimento que tomou o meu coração desde 2004. Eu conheci o trabalho do Bert Hellinger em 2004. Eu estava gestora de uma escola de educação especial aqui no Distrito Federal, e uma psicóloga chegou encantada com esse trabalho, com mais três professoras, que me disseram tantas coisas sobre as constelações.
Eu confesso que olhei tudo aquilo e falei assim: "Ah! Professora, especialista com um montão de currículo de transtorno, da educação especial, que já trabalhava há tanto tempo com tantas coisas relacionadas à educação...". Aquilo.. Era tão rápido o que elas estavam falando, e eu desconfiei. Mas, como eu sou muito curiosa - e elas não paravam de ir à minha sala, dizendo "você precisa conhecer" -, eu fui atrás, fui conhecer o trabalho.
O primeiro movimento foi o de entrar num workshop de constelação com os Professores Décio e Wilma, que vieram lá de Minas naquele tempo - foi em 2004 -, e ali a minha vida pessoal se transformou daquele dia em diante. Eu tinha o meu primeiro filho com um diagnóstico, entrando numa dislexia, e eu não sabia, não imaginava nada daquilo. E, só com a orientação que eu recebi e com o olhar que eu não estava tendo para o luto da minha mãe, ele saiu do diagnóstico. Aquilo impactou a minha vida. Eu fiquei assim imaginando: "Gente, eu sou gestora, tenho um monte de currículo. Como eu trabalho com isso? Isso foi tão rápido com o Leonardo! Como eu posso levar isso para a escola?". E aí eu não parei mais. Comecei a ir atrás de fazer workshops. Eu parecia um piolho nos workshops, querendo entender, porque nós professores queremos entender. Nós queremos o conteúdo aqui, na palma da nossa mão, tudo certinho, anotadinho, concreto, bonitinho, e esquecemos que nesse trabalho é o sentir, é um movimento que é interno.
Então, eu comecei a formação com o saudoso Peter e Tsuyuko Spelter, e saí de lá um pouco impactada e ainda muito desconfiada porque também eu não entendia nada naquele primeiro módulo, porque a gente estava aqui, na cabeça! Mas, quando ele trabalhou as leis de ordem, pertencimento e equilíbrio, aquilo foi tomando uma ressonância no meu dia a dia familiar e na escola, que eu voltei para a escola e já sabia... Já vinha tudo como uma avalanche. Eu fiz em Goiânia, e, de Goiânia para Brasília, no carro, parecia uma avalanche: eu me reconhecendo fora do lugar como diretora, eu fora do lugar com alguns alunos, em desequilíbrio com alguns professores, eu fora do lugar como mulher, como mãe, como professora daquelas crianças todas.
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Então, quando eu voltei no outro dia para a escola e subi aquela escada, quem me encontra? Quem é a primeira criança? Tinha mais ou menos 15 anos, tinha sido minha aluna por cinco anos. Havia um movimento de apego, de amor, uma coisa que a gente tinha tão forte! As pessoas diziam: "Cuidado, porque, se você sai dessa escola, essa menina morre. Ela não pode ficar sem você". Ela era uma menina com deficiência intelectual, com várias comorbidades. Ela derrubava todas as coisas que estavam na parede, que estavam nas mesas. Eram muitos movimentos de agressão, mas eu conseguia dar conta dela. Então, naquele dia, quando ela veio correndo ao meu encontro e me abraçou, ela disse: "Mamãe Helena!". Eu a abracei amorosamente, olhei nos olhos dela e disse: "Eu não sou melhor que a sua mãe para você. Ela é a mãe certa. Eu sou apenas a diretora da escola. Eu fui sua professora, mas agora a sua professora está na sala de aula. Volte para lá, que a aula começou". Ela olhou para mim, encheu o olhinho de água, virou as mãozinhas e disse "ah não, Helena!" e foi.
Naquela semana, foi muito estranho, porque, todas as vezes que eu passava por essa menina, ela não dava um salto, um surto, e não derrubava nada mais. Ela olhava para mim e dizia: "Olá, diretora!". E eu: "O que é isso? Como isso foi rápido!". Eu fiquei impactada. Aquilo foi muito rápido. Num estalar de dedos, mudou tudo. Mas o que realmente tinha mudado? A minha postura interna, o meu movimento em como eu olho para aquela menina, saindo da pena que eu tinha dela por conta da história familiar que ela tinha; saindo dos julgamentos das relações familiares que tinham dentro da escola; saindo da expectativa de que, se o pai não fosse um pai que se separou e batia na mãe, aquela menina não tinha tantas comorbidades. Então, ali eu compreendi o que era voltar para o meu lugar com os alunos. E ali também eu compreendi que eu não podia parar ali, que eu precisava experimentar.
Naquele tempo, como trazer isso para a escola, as constelações? Mas como? Eu assisti a todas aquelas constelações e não compreendia como trazer para a escola. Então, comecei a experimentar o quê? Uma postura interna. Em tudo que eu olhava, na escola, nas relações... Nós sabemos, todos nós aqui, que essas três leis são leis dos relacionamentos. Então, eu olhava para as pessoas e comecei a mudar toda a minha sensação interna. Eu saía de julgamentos. E aí muitos vão dizer assim: "Ah, mas é muito difícil sair do julgamento". É. Mas eu encontrei uma forma de ajudar os professores a saírem do julgamento com os pais e a mudarem a chavinha, porque eu experimentei muito a minha postura como gestora, como professora de sala de curso depois, como coordenadora de 62 escolas em Taguatinga, aqui no Distrito Federal.
Eu passava todos os dias em várias escolas, e os professores vinham enlouquecidos: "Professora, eu não aguento mais! Eu vou surtar com esse menino!". Eu, calmamente, olhava e dizia: "Você quer uma frase? Olha, não é mais comportamental, é sistêmica. Quer?". "Qualquer coisa que salve o meu dia!"
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Nós, professores, estamos e já estamos vindo, há muitos e muitos anos, fora do lugar, sobrecarregados, cansados, desesperados.
E, hoje, eu não posso dizer mais que é o Governo, é o excesso de trabalho. Eu não posso mais colocar isso. Eu não posso mais dizer isso porque eu trabalho intensamente com formação de professores na pedagogia sistêmica. Eles entram desgastados, cansados, sobrecarregados, e, ao final de sete meses, o sorriso está de orelha a orelha, leves, alegres e desenvolvendo o seu trabalho com propósito, com alma, com coração. Isso traz um novo fluxo.
Mas, naquele tempo, eu não podia dizer nada disso.
Até 2009, eu trabalhei experimentando, sem ninguém saber o que estava por trás dessas frases ou do trabalho do Bert Hellinger, porque ninguém sabia o que era constelação familiar. Como eu ia dizer isso dentro da escola? A escola é muito pedagógica, é muito centrada em conteúdo. Nós não estamos na área terapêutica dentro da escola. Nem os psicólogos, no Distrito Federal, podem fazer terapia dentro de escola.
Então, o meu trabalho era experimentar em todas as situações, aluno que estava nas drogas, aluno que era espancado, questões de abuso, todas as situações. E os efeitos eram sempre efeitos que iam para o mais, e as relações melhoravam.
E, com as frases que eu dava para os professores, estranhamente, eles me ligavam no outro dia e diziam: "Professora, o menino sentou"; "professora, o pai do menino veio"; "professora, aquele menino que só ficava embaixo da carteira, sabia que o menino já faz tarefa"; "professora". E começou: "Professora, professora", para todos os lados.
Até que chegou 2010. Eles me pressionaram e falaram: "Agora, você tem que dizer o que é isso, nós precisamos saber o que é isso".
Foi em 2010 que nós começamos, aqui, no Distrito Federal, a primeira formação de pedagogia sistêmica. Nessa formação, eu não ensino constelações familiares. Eu fui desenvolvendo recursos sistêmicos, materiais sistêmicos. E os professores podem associar isso ao currículo e trabalhar o seu currículo movendo-se no coração através de uma postura de dentro para fora. Ele começa a perceber que ele não vai buscar nada mais no externo. Não é a psicóloga que vai resolver ali na hora, não é a fonoaudióloga que está do lado dele ou a orientadora. Mas ele, como vai olhar para aquele aluno, mudou a chavinha sem julgar a criança e os seus pais, sem pena da criança, sem expectativa, sem medo.
Simplesmente, faça e movimente através do seu coração, porque a pedagogia sistêmica traz a união entre cérebro e coração. Ela faz esse movimento, porque tudo o que nós aprendemos, todas as teorias da escola são maravilhosas, é tudo muito bom já, há muito recurso.
Eu sempre digo para os alunos que o olhar que o Bert Hellinger traz, as três leis fazem um encaixe perfeito naquilo que estava faltando, naquela pecinha da escola. Aí nós podemos, através dessa postura, utilizar tudo dentro da escola. O efeito vai sempre potencializar uma postura que movimenta através do coração.
E isso, eu fui descobrindo e percebendo, o tempo todo, nas experimentações.
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Então, quando eu entrego isso para os professores, que é esse movimento todo da pedagogia sistêmica, é o tempo todo através da experimentação. Eles vivenciam comigo a escola. Eles aprendem o movimento que eles vão levar para dentro da escola e experimentar. E eu sempre digo: Sem experimento, como saber se dá certo? E se não der certo, não tem problema. A gente vai para o próximo passo. E foi assim, eu quero apresentar para vocês, que surgiu o primeiro recurso que nós levamos para dentro da escola, que foi o coração e o fio invisível.
Um dia eu estava numa escola, e a diretora disse: "Professora Hellen, você precisa me ajudar com um determinado menino. Ele pula o muro, ele chuta os colegas, ele derruba cadeira, ele soca, ele faz de tudo. Ninguém dá conta dele. Por favor, com esse trabalho que você está fazendo com as professoras, dá para você atender ele para mim?" Eu falei: "Vamos lá, com a orientadora. Eu não sei se eu posso fazer alguma coisa, mas eu vou conversar com ele".
Ele sentou ao meu lado. Quando ele sentou, eu olhei nos olhos dele. Aquele menino de uma cor jambo, com um cabelinho, assim, lisinho, parecia um índio. Eu olhei para ele e falei: "Eu olho para você e eu fico imaginando aqui os olhos do seu pai". Ele deu um grito assim que estrondoso: "Eu não tenho pai...". Caiu debaixo da mesa e lá vem quatro, cinco, professores: "Ele vai te agredir". Eu disse: "Pode ir todo mundo. Vai para lá, deixa só a orientadora aqui. Não se preocupem".
Eu não tinha medo nenhum de nenhuma criança que estava em surto. Por quê? Porque eu sabia que dentro daquele lugar em que ela estava gritando existia amor. Era ali que o amor pulsava. E o amor por quem? Por seus pais. Mas ela não podia dizer. Como é que eu vou dizer que amo um pai que me abandonou aos seis meses de idade, que está com outra família, ou está preso, ou matou minha mãe... Enfim, eu não posso dizer que amo.
Então, eu chamei esse menino assim pelo ombro e falei: "Vem cá. Senta aqui de novo. Não posso dizer o que você está me pedindo, que você não tem pai, porque todo mundo tem pai e mãe. Ninguém é feito de sementeira, ou você é?". "Não". "Então, todo mundo tem pai e mãe. Deixa eu te dizer uma coisa: quando eu olho para você, eu chego aqui, olha - aí eu encostei no coração dele -, no seu coração. E quando eu chego aí eu chego no grande amor do seu pai e da sua mãe".
Aí ele olhou para mim e uma lágrima caiu.
Cansei de ver as crianças e os adolescentes derramando uma lágrima de amor. E ele disse: "Meu pai me abandonou. Eu tinha só seis meses". E eu disse: "Cadê ele? Está noutra cidade, com outra família?". Ele: "Não, minha mãe sumiu os telefones, e a gente não tem como ver o pai". Eu disse: "Sim, mas tem amor aí. Você quer experimentar o amor?".
E isso veio naquele dia, naquela hora, esse movimento. Eu nunca tinha feito isso. Eu disse para ele: "Fecha os seus olhos". Ele fechou. E eu disse: "Existe um fio invisível que leva você lá no coração do seu pai e da sua mãe, onde eles estiverem. O amor vai e o amor volta. O amor vai e preenche o nosso coração quentinho". Fui fazendo esse movimento com ele, aí escorreu umas lagrimazinhas, mas o sorriso dele fez assim... E aí eu olhei para ele, ele abriu os olhos e ele disse: "Eu senti". "Sentiu o quê?". "Amor". "Como assim?". "Eu senti. Meu coração esquentou. É o amor do meu pai que transborda em mim. Eu senti professora!" Eu falei: "Que bom! Eu não te disse que tem amor aí?". "Eu posso voltar para a sala?". "Claro!".
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Ele voltou para a sala e aí, daquele dia em diante, sem eu ter que fazer nenhum rosário, como a gente fazia antigamente de: "Não faça isso. Não faça aquilo. Sente-se no seu lugar. Obedeça a sua professora...". Eu não precisava fazer nada disso mais. Só de fazer esse movimento, esse menino se transformou: passou a se sentar, passou a fazer as atividades, sabia ler, começou a fazer tudo! E as professoras: "Mas o que aconteceu? O que aconteceu?". Eu falei: "Ele encontrou o amor". Porque o amor existe aqui.
Quando eu vi que isso dava certo, eu, imediatamente, comecei a costurar corações como estes aqui. Eu trouxe. Achei uns na minha bolsa. Não lembrei que eu tinha trazido. São dois coraçõezinhos: um do pai, um da mãe e um do filho. Esses corações - os primeiros foram vermelhos -, depois de muito experimentar, eu os construí e escrevi o livro O Coração e o Fio Invisível.
No livro, os corações que acompanham o livro são verde, azul e amarelo, em homenagem ao meu país, ao Brasil, porque eu sou uma professora que, no dia em que eu pisei a primeira vez na sala de aula, eu disse: "Eu trabalho para o meu país". Eu estou em Brasília, no coração do Brasil, coração do mundo. Essa é uma frase que eu sempre disse, e ele falou aí hoje. É uma frase que me toca e que me movimenta a levar isso para a frente.
Aí, esses coraçõezinhos, por acaso, estão aqui, dourados, porque nós estamos fazendo mil corações para ir para a África. Eu tenho uma aluna que é diretora de uma escola na África, e ela começou a experimentar tudo o que eu ia entregando de materiais e, incrivelmente, com situações graves que há a África, onde os professores são professores cujos pais passaram por abusos, por agressões graves. Simplesmente, ela foi fazer os bonecos de força ou fazer os corações com eles. Todos fizeram. Depois, alguns disseram: "Ah, professora, eu fiz, mas, olha, meu pai, minha mãe...". "Ah, então, a gente não vai aplicar nos alunos". Eles disseram: "Não, nós vamos aplicar nos alunos". E aí vem a frase da Simone, porque você não precisa fazer mais nada, já atingiu o ápice ali, já atingiu o movimento do amor para aquilo transbordar e o efeito acontecer dentro daquele local. Então, nós vamos levar também para a África.
E esse é um movimento que também eu vou ensinando em todos os estados por que eu vou passando, ensinando a pedagogia sistêmica. Eu trabalhei quatro anos, de 2010 a 2014, crescendo módulos através de experimentos. Eu sou pesquisadora desde sempre; então, fui criando módulos por experimentos.
Em 2014, o meu professor Décio, do Idesv, que estava aqui hoje, fez uma proposta: "Vamos levar isso para mais pessoas no Brasil? Você só trabalha no Distrito Federal. Que tal a gente levar isso para mais pessoas? Vem para cá. Vamos fazer isso." Então, eu fiquei em Brasília e no Idesv. Eu consegui com ele levar isso para muitos estados e, em 2018, eu me aposento da Secretaria de Educação e aí eu retorno só para a minha cidade, onde eu fundo o meu instituto, que é um instituto que move, e eu me emociono, porque a quantidade de professores que nós encontramos pelo caminho para esse trabalho... Não sei quem falou, acho que foi a Profa. Elza, que a gente vai trazendo, as pessoas vão junto.
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São muitos os professores que se que se movimentam com esse olhar da pedagogia sistêmica e que é um olhar pelo qual nós não estamos dentro da escola abrindo o campo de constelação, mas nós estamos, o tempo todo, trabalhando a nossa postura interna. Esse é o movimento de todo o acompanhamento aos professores: ensiná-los a modificar como eu olho.
E eu quero, antes de encerrar tudo, dizer como eu descobri, como falei naquela hora, como eu descobri isso. Quando eu era questionada pelos professores em reunião, quando eu dava palestras nas escolas, eles diziam assim: "Ah, mas como eu vou amar, como eu vou dar um lugar no meu coração para esse pai que espanca um filho, professora?". Eu olhava para ele e dizia: "A gente vai fazer o seguinte: vai olhar para a vida. No momento em que você enxergar o olho desse menino, lembra que um espermatozoide fecundou um óvulo, e a vida chegou. Nada vai mudar isso. A vida, a gente traz tudo para o coração. Esse homem que fez tudo isso aí que você está falando, que é um agressor, vai pagar o preço dele. Isso vai, no tempo dele, porém é a história dele, sobre a qual nós não temos controle, que está além do nosso entendimento, que vem de geração em geração, isso só você só respeita e deixa com ele. Mas, quando você olhar para esse menino, há vida".
E assim os professores começaram a tocar o coração dos seus alunos. E eu sempre dizia para eles: "Observem o seu corpo, porque trabalhar com esse olhar do Bert Hellinger..." Eu fui muito observadora. Eu segui o Bert Hellinger em todos os lugares aonde ele ia, Lindóia, São Paulo... Tudo. Eu ia e ficava focada na postura dele. Eu olhava e... Ele dizia: "Vem você". A pessoa andava, e o Bert já ia trabalhando o amor por essa pessoa, a inclusão, e é isto que eu vou, o tempo todo, ensinando aos professores: "Olha, traz para o coração, inclui, porque, quando você diz 'eu vejo você', você diz com o coração, você inclui, você está trazendo e dando lugar. Mas, se você diz 'eu vejo você' desconectado, que efeito isso vai ter? Então, olha!"
(Soa a campainha.)
A SRA. HELLEN VIEIRA DA FONSECA - E assim nós fomos mudando a nossa chavezinha e hoje nós estamos - agora eu vou fechar, porque, senão, não dá tempo -, hoje nós estamos aí, no Brasil inteiro. Eu tenho grupos de professores. Nós estamos criando uma grande comunidade. Em cada espaço deste Brasil em que for possível esses corações chegarem e a gente conseguir ajudar um profissional da escola a voltar para o seu lugar, sair da sobrecarga e virar uma chavezinha em como olha para todos os seus alunos, nós estamos olhando para o futuro das próximas gerações.
Eu olhei para este movimento aqui e, quando a Simone falou "o sol", eu falei "a teia", porque eu digo para os meus alunos: "Nós formamos uma grande teia de corações, e cada um de vocês, onde estiver, faz parte dessa teia num olhar amoroso, porque a escola está carente de amor, a escola está pedindo 'me vejam, me amem como eu sou'". Professores pedem isso, gestores, alunos e pais, todos, e voltarmos cada um para o nosso lugar uma educação mais leve, mais...
(Interrupção do som.)
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A SRA. HELLEN VIEIRA DA FONSECA - Então, eu encerro a minha fala agradecendo a Bert Hellinger, a Marianne Frank, a Angelica Olvera, a todos os professores que vieram antes - os Profs. Décio e Wilma, Tsuyuko e Peter; todos - e dizendo a eles: eu estou fazendo a minha parte e a cada dia procuro fazer o meu melhor.
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Eu confesso que a cada vez eu digo: "essa palestra não vai superar". Eu fico surpreso a cada exposição aqui. Na área da medicina, você falou do cansaço dos médicos - olha para a doença, não olha para a pessoa que está doente, e todos cansados -; a gente viu aqui a questão dos dependentes químicos... Várias áreas, é muita informação. Agora, esta missionária Hellen Vieira da Fonseca, que aqui a Germana colocou, é uma missionária da pedagogia sistêmica. Realmente é uma apresentação...
O testemunho que você deu, Hellen, aqui, foi memorável. Memorável! É por isso que este país é tão especial: porque tem pessoas como você - e como todos que estão aqui, mas essa linha da escola é chave, a educação é chave. E é uma educação em valores humanos, com amor. Então, é atingir aquela fibra lá no coração, aquele ponto vulnerável ali, e a coisa muda. Então, é muito interessante o que ouvi aqui. Escrevi aqui uma série de coisas, mas a gente vai ter outras oportunidades para desenvolver a partir dessa sua palestra.
Muito obrigado por sua participação, Hellen Vieira da Fonseca, Professora, pedagoga, Mestre em Psicologia e consteladora familiar sistêmica.
Vamos agora para a última palestra, a última exposição que vamos ter hoje, para fechar aqui. Eu queria imediatamente já chamar... Aliás, ela disse que quer falar daqui mesmo, da mesa. Mas tem um vídeo, é isso?
A SRA. MIRIAM COELHO BRAGA (Fora do microfone.) - Tenho um PowerPoint rápido.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Um PowerPoint.
Ah, e tem também um videozinho que a gente vai passar aqui no final, do Dr. Genésio. Já, já a gente vai passar. Ele fez especialmente esse vídeo para esse evento. Já, já a gente passa para encerrar.
Eu concedo agora a palavra à Sra. Miriam Coelho Braga, socióloga, sanitarista, pós-graduada em Saúde Coletiva. Ela vai fazer a exposição em dez minutos, com tolerância de cinco, para a gente caminhar para o final desta sessão muito emocionante e que trouxe muitos esclarecimentos. Muito obrigado. (Pausa.)
Pode falar? (Pausa.)
Pronto. Então, não está com o PowerPoint pronto, mas ela vai falar agora.
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No microfone, por favor, Miriam.
A SRA. MIRIAM COELHO BRAGA (Para discursar.) - Eu me sentei aqui e agora me levantei porque o senhor me deu a palavra. E o lugar na nossa mesa nos faz identificarmos muito mais. Eu vou começar com uma frase da Marianne: nós aqui estamos representando muitos que não podem estar aqui. Eu sei que eu sou a mais velha dessa turma toda porque eu tenho o currículo de vocês todos, com os dados, pela Lei Geral de Proteção de Dados. Você sabe porque você passou pela escola; você sabe porque você foi aluno especial; e, como a minha colega lá da ponta, sou socióloga. Mas eu vou começar em pé, honrando esta Casa e agradecendo.
A minha manifestação é uma declaração de amor e de muita gratidão. No final, farei um minuto de silêncio, e depois vou dizer em função de quê. Mas vou começar com a dica que você me deu.
Marianne Franke, durante o curso de pós-graduação - melhor eu ficar aqui porque a minha voz fica melhor; minha voz é gutural... É muito emocionante: depois de oito horas de trabalho, Marianne Franke, com 76 anos - porque ela é da minha idade, e eu falo a minha idade com muito respeito, inclusive pela minha própria idade, sem nenhum botox, com minhas marcas da história da vida -, disse e foi aplaudida de pé num congresso da OAB... E tem gravado isso, porque todo o material do meu projeto, do qual eu sou autora - e eu vou falar a respeito disso -, é uma documentação técnica científica. Eu aprendi no Ministério da Saúde e consegui fazer isso. Eu tenho tudo hoje nos DVDs, nas fitas, desde a primeira vez que Bert Hellinger veio ao Brasil. Ele viu na minha casa, porque estava lá como meu hóspede. Então ele viu lá todos os DVDs, inclusive as fitas da Marianne Franke, as fitas da Esther Frankel, que faleceu exatamente uma semana antes de começarmos o curso. Vera passou, esteve lá; Irene esteve lá; Celene estava lá; Márcia estava lá; José Miguel apresentou a pesquisa na UnB em 2012 - está lembrado? E o efeito era o seguinte, a frase da Marianne: a dignidade humana é intocável. E a dignidade humana começa exatamente no sistema familiar. A dignidade humana começa com a criança que é gerada no ventre materno - e eu boto a minha mão aqui porque tenho três filhos e dois netos.
O Fernando está me tocando para eu ficar no microfone.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE. Fora do microfone.) - Seu PowerPoint já está o.k. Se quiser passar...
A SRA. MIRIAM COELHO BRAGA - O.k. Então, eu vou passar bem rápido porque eu não vou olhar. Eu fiz "n" anotações aqui, e a Miriam tem boa memória, você está entendendo? Mas, agora, pelo que eu vi aqui, para celebrar e para estar fazendo essa declaração e agradecendo a todos que estão aqui - porque é essa a minha razão de me identificar com todos, independentemente da sua diversidade -, eu quero porque faço questão.
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Processo de excelência acadêmica e habilitação. Ética de exercício profissional. E ali, em função disso, começa na escola - e a escola estava aqui manifestando no corpo, coraçãozinho, levantando a mão, dando sinal.
Então, o próximo, por favor, porque senão...
Olha, não me aperta, senão mata a velha aqui, tá? Eu vou pedir que você passe. Passa para mim aí.
Eu quero que vocês olhem para a primeira fala. Eu vou ler: "o olhar do observador altera a natureza do fenômeno observado". Quando você muda o modo de olhar - e vocês estão vendo que eu estou olhando agora para vocês, fazendo um contato corporal, que também fala -, "quando você muda o modo de observar as coisas, as coisas que você observa mudam". Estamos mudando, e fazendo uma grande mudança de status quo - gostou do "sociologuês", colega Meredith?
Então, sou professora, normalista, formei-me no Colégio Mariana. Uau, Elza! Nasci no dia 19, levantando a bandeira, porque é o Dia da Bandeira, dia 19 de novembro de 1945, está bom?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MIRIAM COELHO BRAGA - Exato. Exato!
Então a normalista, o desejo da minha mãe era que ela... Como também normalista, ela queria que as filhas fossem para a universidade. E, na defesa de tese da minha filha, bióloga, da universidade pública... Porque tanto a mãe estudou em universidade pública; o pai, na primeira escola de Itajubá de energia elétrica, de engenheiros eletricistas; e a minha filha formou-se...
Me cutuca para cá. Pode cutucar, que não tem problema. Eu tenho que me movimentar. E tenho que me emocionar.
A filha formou-se, e é Doutora em Neurociência na faculdade, na UFBA, onde eu tenho dois netos, Thor e Gabriel. Suzana seguiu o modelo do professor que vocês viram, que foi o Prof. José Miguel, que, para mim, merece todo o respeito, porque ele, além de desenvolver, como professor pesquisador...
E Suzana, minha filha, não é consteladora, mas participou de vários módulos. Participando, ela conseguiu elaborar um projeto da comunidade, nos moldes do que o Prof. José Miguel está desenvolvendo. Eu peguei os alunos aqui do curso de pós-graduação - e você sabe disso - e saímos às 4h da manhã para chegarmos às 8h e participarmos, em um auditório lotado, atendendo a comunidade.
E nós estamos aqui para mostrar exatamente o que mostrou também o Prof. Silvestre, que é orientador do Régis. Só o conheço em uma telinha, mas que faz um trabalho filantrópico, sem fins lucrativos e - vou olhar bem - de um grande ganho social e político. Isso é que é uma ação política. Todos nós somos seres sociais e políticos. E somos.
Neste momento, eu peço para passar ao próximo.
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Como não me inspirar na minha querida professora de Core Energetics, que veiou com John Pierrakos, a quem fiz declarações de amor muitas vezes? Muitos de vocês já me conhecem - você vai falar porque esteve lá em alguns cursos. Eu falava: I love you, Pierrakos. Foi quem me levou a um caminho diferenciado. Mas, antes de falar I love you para Pierrakos eu falei para Sabin, quando acompanhei Sabin pela Região Sul e pelo seu estado.
Agora vai uma informação muito importante - eu não vou ler, eu vou deixar para vocês - o desejo da Ingala é que isso se transforme, como um processo científico.
Quero informar a todos vocês que a isso vocês terão acesso. O professor ali me disse: "Nada de ler". Faz muito mais sentido eu estar aqui com o meu furor uterino - era assim que ele me chamava no Programa Saúde da Mulher, "porque a Miriam tem o fogo e a paixão".
E Marianne Frank falou para o Sami - ele disse que ia falar isso aqui, então agora eu falo para ele. Eu gosto, Marianne, de ver a paixão - que eu tinha na idade de vocês e que tenho até hoje - que Ingala tem. Ela levou Bert Hellinger ao México e criou o Instituto Sowelu - não sei se falei direito; é a pedra, não importa -, criou uma clínica social e tem lá um nível de mestrado. A América Latina se desenvolveu e se tornou um solo fértil de expansão da constelação, da comunidade do conhecimento. Científico ou não, não me importa. Essa discussão já passou.
Nós já temos aqui, além da Ingala, que foi minha mestra inspiradora e que participou várias vezes, e que é autora de dois livros: Segredos de Família e Relacionamento de Casal... Esses livros foram publicados. E a quem eu fui inspirar? Eu fui inspirar a Justina, que é autora, criou uma editora e elaborou um projeto no qual, como companheira...
Pegar o microfone... Ele está gostando de me tocar aqui. E está me tocando aqui, onde eu tenho uma proteção. Ele sabe que eu tenho uma prótese alemã aqui. Olha, até no meu corpo já tem alemão.
Eu tenho que constelar isso, mas, olha, não me tirem do foco, porque eu quero chegar a contar. Eu fiz uma constelação com o Schneider - você estava lá e viu a constelação. Eu queria ficar só com o tratamento, com a dor e o sofrimento, só tratando com produtos naturais, porque sou realmente da acupuntura, da medicina chinesa, e como terapeuta corporal estava achando que estava cuidando do meu corpo. Mas eu vi a minha lealdade à minha avó, que levou uma queda. Eu falava: o meu desequilíbrio de marcha - e estou até começando a tremer - me leva a uma sensação de uma puxada de tapete. E a minha avó caiu numa escada. Eu não caí na escada, mas a articulação precisava de uma cirurgia.
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E, ao entrar na cirurgia, o apoio foi de uma enfermeira, Cristine Aguiar, que atende no Lago Norte, onde, durante três anos, eu trabalhei, exatamente às segundas, quartas e sextas, fazendo constelação familiar; trabalhos de bioenergética, que eu comecei também; e core energetics, trabalho corporal.
Pode passar? Não. Mas, antes de passar, volte para o anterior: educação permanente.
O meu projeto de autoria é baseado, Sr. Senador, no projeto da Organização Mundial Cuidar do Cuidador. O objetivo específico é cuidar de quem vai cuidar do outro a partir de mim. Eu tenho que convidar e falar como no show aqui em Brasília ontem: "coração de estudante", porque tem que cantar a música quase, porque nós temos que ser eternos aprendizes; é o sentido.
Pode passar.
Educação permanente. O segundo.
Vocês vão ler isso aí. Educação permanente é um convite que eu faço a todos nós do processo de aprender, desaprender para aprender o novo. Se a xícara estiver cheia, não tem como colocar mais. Olha o espaço vazio. Lembram? O Décio fala muito bem nesse sentido.
Pode passar.
O convite é educação permanente: aprofundar e atualizar o nosso conhecimento.
Durante muito tempo, eu pensei assim: eu acho que eu vou convidar todo esse pessoal que está aqui, todos os Senadores, esta Casa, a Casa do Povo, para fazer um módulo de 40 horas numa imersão profunda, porque aí eu vou ter que elaborar um projeto pelo menos para dar continuidade a essa educação permanente.
Quem esteve com Bert Hellinger, no Rio de Janeiro, e com Esther Frankel, que é biossíntese... Concorda? E vai me ajudando aqui porque a memória aqui... Minha avó caducava, minha mãe não teve mal de Alzheimer, mas a Miriam está com lapso de memória, sendo que eu fui considerada uma memória ambulante, uma biblioteca, porque conheço a história todinha. Eu não ia seguir de mochila Bert Hellinger.
E o casal ali, que nós tivemos o prazer - você o levou a Ribeirão Preto -, então, o casal Schneider o seguiu. Schneider estava lá com Bert Hellinger - emocionei-me agora - quando eu falei: "Se essa teoria do senhor está a serviço da vida, isso tem que ir para a política pública". Eu era a única funcionária pública que estava presente lá no momento.
Eu saí do Ministério da Saúde em 1992, dia 3 de maio. Eu falei: "Não quero mais ser consultora na Organização Pan-Americana, no Bird ou no que for; eu quero partir para outra coisa". Sabem por onde eu comecei? Com massoterapia. Tocar: o Significado Humano da Pele. Tocar. Tocar. Vocês conhecem o livro de uma antropóloga? Conhecem? Conhecem Tocar: o Significado... Está certo? Tenho boa memória.
Nós somos os únicos mamíferos que não somos lambidos ao nascer; todos o são. A mãe lambe a cria. Pensem nisso. Não sei por que me veio isso agora. Eu faço ideia, sim. Sou gestada aqui. Qual o primeiro olhar da mãe? Qual o primeiro mundo do bebê? O peito. Eu trago minha mão para o peito e o olhar aqui de ser desejada, de ser querida.
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E vou fazer uma provocação: o mundo da criança e da assistência e, se queremos uma política pública voltada para a criança e voltada para a proteção à mãe e à família, a prioridade é a mãe nesse momento - provocando os homens -, porque é a mãe que leva - o professor me corrija aqui, professor, da sistêmica -, que leva e que abre o espaço para o pai. E, como queridinha do papai... Eu, como queridinha do papai, e vocês conhecem essa dinâmica muitíssimo bem, e Fernando, como queridinho da mamãe, também partimos para ele.
Então, eles também, que trouxeram - no que você se baseou -, eles trouxeram o Playmobil, diretamente da Alemanha, porque Sieglinde, conversando com as crianças, as crianças dela brincavam, como os meus filhos brincavam também, o filho dela, com o Playmobil. E Fernando já criou outro modelo, que não é o Playmobil, e outros já criaram outros modelos, e a gente está continuando.
Passa o próprio, porque, senão - eu estou de olho no horário -, senão...
Ali qual o legado do Bert Hellinger? Como vamos ser guardiões desse conhecimento? É a pergunta que eu estou fazendo aqui. Como esta Casa vai se comprometer, junto à política pública, para sermos os guardiões desse conhecimento? Não vai ser com uma - eu vou falar, porque é um tema sobre que vocês vão ficar aí, que vai ser outra discussão -, criando uma profissão. Uma profissão é muito mais complexa. Envolve a complexidade do sistema formador.
Educação envolve outras questões com o próprio Ministério do Trabalho. A Miriam se apresenta: "Não sou médica, não sou paramédica; sou uma profissional de saúde" - de saúde. A Hellen se apresenta: "Sou uma profissional ou uma trabalhadora da educação". Não é assim que você se apresenta, Hellen? Professora. E os operadores de justiça como se apresentam? Sami vai continuar se apresentando como juiz e como atuando como constelador. Pensem nisso.
E eu, que trabalhei no Conselho Nacional de Saúde, que foi o último lugar, que trabalhei na Secretaria de Recursos Humanos, tenho que falar sobre isso. Não é a profissão do constelador. Guardem bem. Não tem como, nas práticas integrativas complementares, colocar uma profissão para reiki, uma para massoterapia, uma para biodança, uma para isso ou para aquilo. Entendeu? Entenderam o que eu estou dizendo? A ideia não é criar uma profissão das práticas integrativas. É expandir, cada vez mais, esse conhecimento sistêmico, que é um conhecimento transdisciplinar.
Bert Hellinger, no meu entender, se olhamos o contexto de Bert Hellinger, eu o vejo como um teólogo, um filósofo a serviço da vida. E, quando eu falei que tinha intenção, ele fala: "Siga o seu caminho. Eu fiz o meu". E eu, estudante de um colégio de freiras, por oito anos em um internato de colégio de freiras, disse assim: "O senhor está me dizendo: 'o Senhor é o bom pastor que segue suas ovelhas...' Eu guio as minhas ovelhas e eu vou seguir. Consegui sair do Brasil para a Argentina, da Argentina ia para o Chile, do Chile ia para não sei aonde. Não dá! O Brasil é pioneiro na estruturação do primeiro treinamento latino-americano. Meu colega aqui, Fernando, estava aqui. A Irene... Eu nomearia todos. Celene... Os primeiros, a primeira turma. O José Miguel se apresentou como segunda turma. Todos nós somos pioneiros quando trazemos algo que leva à mudança. Isso cria um impacto e cria resistência. E uma sociedade traumatizada como a nossa aqui - olha aqui o livro Quem Sou Eu na Sociedade Traumatizada? - resiste a toda e qualquer mudança.
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Um cuidado que eu tive, Sr. Senador, foi que esse projeto... Eu fui para a secretaria do GDF depois de aposentada - eu já não podia trabalhar com massagem - e pensei: "Eu vou tentar, sim, no projeto". Tive um convite, por incrível que pareça, do Governador Roriz. Ele me chamou no gabinete e eu fiz uma experiência com ele, em que ele ia escolher tomar uma decisão, uma decisão política. E, na hora em que eu fiquei...
Fernando, fica em pé aqui só um minuto.
Aqui estava o Governador Roriz e eu falei: "Eu vou ficar na sua frente ou ao teu lado e vou descrever como o senhor se sente. Ele olhou para a minha cara e perguntou: "A senhora é bruxa?" "Como o senhor se sente aqui?" E eu fui falando o que eu sentia, até a hora em que eu consegui falar que, no momento, ele estava com quatro decisões... Para quem conhece Insa e o nosso amigo, eu estava fazendo com ele um conhecimento do SySt, um tetralema quase - não é? -, porque ele estava com quatro pessoas.
Eu sou capaz de fazer isso aqui. O senhor tem tantas pessoas...
Fui para as âncoras de chão e, na hora em que cheguei aqui, eu me postei assim como um homem, enfiei a mão no bolso: "Quero saber qual o meu?" "Até isso a senhora consegue identificar?" Eu aqui sou um homem. Depois, fui para trás... Ele viu todo o movimento (Matthias Varga e Insa): trabalho de constelação estrutural do SySt. Está certinho? Quem conhece aqui? E prática...
(Soa a campainha.)
A SRA. MIRIAM COELHO BRAGA (Para discursar.) - Pelo amor de Deus! Não toca uma segunda vez, não; senão mata a velha. (Risos.)
Segura, segura, senão mata a velha.
Todo e qualquer processo...
Isso me assustou que eu até perdi o raciocínio.
Todo e qualquer processo requer um passo a passo de um conhecimento que vai exigir de nós uma atitude ética e profissional.
Próximo, por favor.
Passou?
E eu vou dizer a vocês: em 2012, rapidamente... Eu tenho que falar na sequência dos módulos dos professores estiveram aqui.
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Primeiro, em 2012, iniciou-se na UnB a minha contrapartida ao Governo Roriz, diretor da escola... (Falha no áudio.)
... imensamente grata, que trabalhou durante dez anos na Escs, escola do governo... e por que que foi escolhida? A Escola Superior de Ciências da Saúde é ligada diretamente à Organização Mundial de Saúde.
E o dossiê que tem lá, como consultores internacionais docentes, tem também os docentes nacionais, dos quais eu vou utilizar aqui a Profa. Emérita da UnB, que conhece a constelação, que orientou, Isabel Romeu, médica, e orientou Maria de Jesus, psicóloga da Secretaria da Educação, quando foram fazer o curso.
O que eu fiz no GDF? Fiz uma contrapartida: ofereço 12 bolsas, porque eu tive... Elaborei um projeto para nossa associação, não pude investir nesse projeto.
Tive que me tornar empresária - não uma empresária com a cidade do Décio; com a capacidade tua, Fernando -, mas muito revestida talvez, até como uma Madre Teresa de Calcutá - entenderam? -, que eu iria fazer aquilo que era minha missão, meu propósito.
Tanto que no quarto módulo tive que interromper porque tinha mais bolsista do que estudantes pagantes.
Isso funciona? (Pausa.)
Desequilíbrio total, parei o curso.
Só pude totalmente retomar o projeto em 2016, quando vieram Sieglinde e Schneider... Não, só Schneider, a Sieglinde... Foi naquele período em que ela não pôde vir.
Você esteve lá, lembra? Quem esteve lá? Você esqueceu, Rose? Você estava lá como aluna especial.
A SRA. ROSE MILITÃO (Fora do microfone.) - Eu não.
A SRA. MIRIAM COELHO BRAGA - Sim, senhora.
A SRA. ROSE MILITÃO (Fora do microfone.) - Normal. Eu era uma aluna normal.
A SRA. MIRIAM COELHO BRAGA - Normal era quem era regular. Você veio só no módulo.
Esqueceram a característica? Tiveram que ter carta de intenção, uma série de regras para seguir o parâmetro, para seguir os parâmetros do MEC. O primeiro curso, e foi o grande processo...
Em 2012, que foi retomado pela descontinuidade técnica e política; o segundo momento pela Unyleya, que me recebeu de braços abertos através da Escola de Educação e Saúde, e que é um holding português, que tem em todo o Brasil, inclusive no Distrito Federal, e também na mãe África.
Então, o que eu fiz em 2020, 2021? (Pausa.)
Sim, eu estou concluindo, professor, um minutinho. Trouxe o Prof. Franz... esses outros cursos foram todos - você esteve lá no módulo dele, a primeira vez - presenciais.
E é com muita emoção que eu falo do Prof. Franz, porque, em 2020 e 2021, eu dei continuidade aos cursos on-line como coordenadora.
E nesse momento, eu quero agradecer a todos os professores, aos que vieram primeiro: O Schneider e Sieglinde; o seguinte o módulo organizacional, que foi com Anton de Kroon; terceiro módulo, que era pedagogia e, depois, se entrava praticamente para a especialização da sistêmica familiar.
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Então, eu quero aproveitar a fala do Prof. Franz, para, neste momento, ressoarmos aqui a manifestação de total gratidão e de muito amor a todos os nossos professores e consultores internacionais, a todos os alunos que participaram do curso. Se não fosse essa mão dupla, não teríamos chegado a esse sucesso que se expande neste Brasil. Aqui é o centro, o coração do Brasil, mas é o centro do poder político. Portanto, eu espero que isso possa permanecer no Ministério da Saúde como recurso do SUS, que luta pela vida.
E agora peço um minuto de silêncio para lembrarmos que estamos preparados para lidar com todos os traumas. Franz Ruppert me ensinou isso muito bem, durante 2021 e 2022, com o curso "Quem sou eu em uma sociedade traumatizada?". A editora é a que foi criada, uma das últimas editoras, Justina, da Faculdade do Rio Grande do Sul. E aqui é o título do livro: Amor, Desejo e Trauma: uma jornada para uma identidade sexual saudável. A tradução é do Paulo Ricardo Suliani, e a organização de Lia Bertuol, com a teoria e terapia do psicotrauma voltado para a identidade.
Então, eu me rendo aqui numa reverência profunda a Bert Hellinger. Na hora em que eu falei "eu vou fazer", eu toquei a mão dele e dei um beijo. E ele praticamente botou a mão na minha cabeça e disse: "Siga o seu caminho. Não importa que nome você dê. Leve para a universidade, leve para onde for". Eu segui esse caminho, levando-o.
E hoje podemos celebrar e silenciar aqui por um minuto por todos que morreram na pandemia, por todos, como os índios, que morreram, e não só pelos conflitos que nós temos e com que podemos contribuir. Estamos preparados sim, Sr. Senador, para atender a essa demanda.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito obrigado.
A SRA. MIRIAM COELHO BRAGA - Viva o Brasil!
Viva o SUS!
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito obrigado. Muito obrigado.
A SRA. MIRIAM COELHO BRAGA - Obrigada a todos vocês! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Eu agradeço aqui à ultima palestrante do dia, a Sra. Miriam Braga, que é socióloga, sanitarista e pós-graduada em saúde coletiva.
Para a gente encerrar o evento... Eu tinha cometido um equívoco aqui na fala da Rose Militão. Eu a interrompi para saudar as pessoas que estavam aqui, um grupo, e fiquei de devolver-lhe o tempo. Mas eu confirmei aqui que não, que eu lhe dei os cinco minutos extra, mas não dei...
Eu lhe pergunto se posso passar para o Albigenor os três minutos que lhe restam, para ele fazer uma saudação. Ele é da "Terra da Luz"; aliás, ele adotou a "Terra da Luz". Ele é de Alagoas, mas está lá no Ceará, na "Terra da Luz", que foi o local - é bom que se deixe registrado aqui, não é bairrismo - onde eu tive a bênção de nascer nesta vida. Foi o primeiro estado a libertar os escravos no Brasil, quatro anos antes da Lei Áurea. Então, tem a história de grandes humanistas lá e do Dragão do Mar, que não deixou os navios negreiros aportarem. O Ceará teve essa marca, como a de Bezerra de Menezes e a de tantos homens que colaboraram para isso no Brasil Império.
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Então, eu passo a palavra, por três minutos, para fazer a conclusão, ao Albigenor. Eu lhe agradeço.
Ele fala bem, é um homem da comunicação também, mas a gente já adiantou demais o horário.
Eu lhe agradeço.
O SR. ALBIGENOR MILITÃO (Para discursar.) - Querido amigo Luís Eduardo Girão, este enorme auditório, todos vocês, eu estou muito feliz de estar aqui hoje. Eu quero dizer que foi um divisor de águas ou, talvez, como algumas pessoas disseram, um momento histórico. É histórico!
Eu acompanho essa "noviça das constelações", ou seja, a "caçula das constelações". A gente levou para Fortaleza algumas pessoas que são mestres para a gente.
Eu fiquei curioso. Vou falar isso, e serão três minutos.
Eu estava em Mato Grosso, ela estava em Brasília, com Bert Hellinger. Nossa filha morava em Aracaju, e o nosso filho estava na África. E nós ficamos assim: "Poxa vida, nós quatro estamos bem separados!". Ela disse: "Eu não vou voltar para Fortaleza agora. Eu quero ir a Cuiabá para compartilhar uma coisa com você". Eu disse: "Ótimo! Pelo menos a gente faz um videozinho aqui e mostra para os nossos filhos onde a gente está". Ela chega lá e foi falar dessa coisa fantástica que foram os dias com Bert Hellinger, que foram incríveis. Ela foi compartilhar.
Naquele momento ali, eu já vinha ouvindo coisas dela sobre constelação havia muito tempo. E o grande nó que eu carregava na minha vida, que eu não achava que era nó, era a terrível separação que eu tinha da minha mãe. Eu sempre fazia menção a ela como uma megera, uma chata, possessiva, alguém que queria me destruir. Enfim, era assim que eu via minha mãe, porque, desde criança - eu nasci em Mato Grosso do Sul, em Dourados -, desde aquela criancice, eu sentia minha mãe fazer isso.
Eu comecei, nesse dia também... Quero lembrar a Rose que eu estava sentindo umas coisas diferentes. Ela fala que, antes, havia feito uma constelação que me envolveu, justamente a constelação em que eu me despedia da minha mãe e me despedia do meu pai. Daquele momento em diante, creio que começou a haver uma ressonância na minha vida, e, a partir de então, quando eu abro a boca para falar da minha mãe, eu digo que ela é a pessoa que mais me amou, a pessoa que mais quis o melhor para mim e que deixou absolutamente tudo o que ela gostaria de fazer para ela para fazer em função de mim.
Então, como a gente ouviu tanto hoje aqui, honre o teu pai. Não precisa ninguém amar pai e mãe, mas precisa honrar, respeitar.
E faço a minha reverência especial a esta técnica extraordinária, a constelação familiar!
Enfim, tenho um carinho muito especial pelo Eduardo pelo fato de ele ter iniciado e feito algo assim tão extraordinário, que foi trazer a gente para cá. Olhem que é um assunto que não é do meio político, mas eu louvo a Deus pela sua vida e agradeço a todos vocês que estão aqui.
Agradeço também por esta abertura, por me permitir vir aqui. Talvez eu venha aqui como colega seu. É demais! Não quero, não.
Um beijo para todo mundo!
Deus abençoe vocês! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Deus o abençoe! Amém! Muito obrigado, Albigenor Militão.
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Eu quero, aqui, agradecer a todas as pessoas que aqui estiveram. Este auditório recebeu, não apenas nas galerias, vários grupos, e nós estamos com os nomes.
Eu vou ler, um a um, o nome das pessoas que vieram, presencialmente, participar desta sessão, prestigiar esta sessão em homenagem à constelação familiar: Elisângela Barbosa, de Brasília; Lílian Marino; Raquel Albano de Oliveira, de Ceilândia; Sandra Ferreira Pinheiro, de Ceilândia; Antônio César Medeiros, de Brasília; Andrezza Márcia Medeiros Silva, de Brasília; Vitor Hugo Diamantino Laranjeiras, de Brasília; Kellen Medeiros, de Brasília; Erika Leal Mello, também de Brasília; Sildia De Morais, de Brasília; Leia Cardoso Vitória, de Brasília; Renata Fernandes, de Brasília e Sorocaba; Maria Amélia, de Brasília e Taguatinga; Giliana Thomé, de Brasília; Mariana Almada, de Brasília; Sandra dos Reis, de Brasília; Liziana Hoffmam Rosa, de Brasília.
É interessante o sobrenome Hoffmam. Eu fiz até o Processo Hoffman também, que foi importante. Tenho muita gratidão. É um trabalho de autoconhecimento.
E aqui neste Senado a gente fez uma sessão... Para quem quiser pesquisar depois no YouTube, fizemos uma sessão, Profa. Hellen, com relação ao programa Sathya Sai Educare, que veio da Índia, de educação e valores humanos. Foi muito interessante essa sessão. E também fizemos uma de mediação de conflitos. Trouxemos especialistas do Brasil e de fora. Foi muito interessante. São sessões como esta aqui, para quem quiser pesquisar.
Então, prosseguimos: Rodolfo Oliveira, de Brasília; Marcos Rother Cardoso, de Brasília.
Aqui há um nome que não estou conseguindo ler. É Isabele? Não sei. (Pausa.)
É Helga Oliveira, de Brasília. A Helga está igual a mim. Cadê a Helga? Está aqui ou já foi?
As minhas professoras diziam que tinham que fazer malabarismo para entender a minha letra. Tinham que plantar bananeira para entender a minha letra. Mas muito bem... Ainda bem que é sua colega, não é?
Ainda há a Luzia Oliveira, de Brasília, mãe da Helga; o Albigenor, de Fortaleza.
É de Fortaleza, Dourados, Alagoas, não é? É do mundo.
Cito ainda Bianca Carsten, de Brasília, e Germana, que esta aqui ao meu lado, a quem eu vou pedir para fazer o encerramento desta sessão, ouviu, Germana?
Ainda há a Hellen Vieira Fonseca, de Brasília; Debora Ganc, de São Paulo; Ana Lucia Braga, de Ribeirão Preto; Elza Vicente Carvalho, de Curitiba; Vera Lucia Muniz Bassoi. Aqui já estão os palestrantes conosco: Vera Lucia, de Sorocaba; Fernando Freitas, de Ribeirão Preto; Andréa Cussiol, de Sorocaba; Cesar Luis, de Ribeirão Preto; Tatyanna Zamborenci, de Brasília, advogada sistêmica; Marco Antônio Galceran, terapeuta holístico; Regina Rodrigues, que é servidora pública aposentada aqui do Distrito Federal.
Todos esses que estou lendo agora são do Distrito Federal.
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Aqui não dá para ler também o primeiro nome. É de Recife. Puxa, é Costa, família Costa. Não dá para ler.
Cito aqui Pollyana Crisllo, de Ribeirão Preto; Isabela Diniz, de Brasília; e Daniela Migliari, de Brasília, que nos ajudou muito aqui a fazer este evento.
Também quero agradecer aos funcionários desta Casa. Eu já agradeci à Talita, ao Francisco, a todos que nos ajudaram lá no gabinete nosso.
Muito obrigado, Francisco Maiorana.
Também quero agradecer aos funcionários do Senado, do Senac e do Prodasen, à equipe aqui que dá o suporte para que a gente realize este trabalho, ao pessoal da Mesa, da Secretaria-Geral da Mesa: Gustavo Sabóia, que é o Secretário-Geral; Maxwell Godoy, Secretário da sessão; Renata Leão; Zezinho; Jaerson Souza; Waldir; Edinaldo; Silvânio.
Do painel eletrônico do Senado, há o Marcos, o Gabriel, o Fábio.
Secretaria de Polícia Legislativa: Gilberto, Lívia, Itamar, Paulo César, José Luis, Tasmânia, Thiago, Eurípedes, Nivaldo.
Secretaria de Taquigrafia: Armando Menezes, Karla Mancilha, Marta Sales, Jaqueline, Ednalda, Carlos, Lindomar.
Áudio: Emmanuel Bezerra, Antonio Carlos Martins, Sanderson, Luiz Caio, Oslei, Márcio Bezerra, William Batista, Lucas Reis, Manoel Alexandre, Joedson Rodrigues, Wagner Porto, Clair Rezende, Demerval.
TV Senado: Iran, Francisco Cosmo, Juliano, Welson.
Prodasen: Vinicius Noleto e Sóstenes.
Brigada de Incêndio: Adriana, Francisco, Aurélio, Monique, Maria Raquel, Gisele, Alexandre Coimbra, Leonardo, Claudiane.
Senac, o pessoal do Senac que nos serve aqui e ali no Cafezinho do Senado: Michele, Fabrício, Claudinei, Enéas, Alessandra, Magda, Yrley, Josimar, Anderson, Jeová, Rosilda.
Serviços gerais: João Neto, Vanjia, Ilmar, Carlos.
Fotografia: Pedro França.
Libras... Olha aí, vou falar o nome dos nossos amigos de Libras que ajudaram o tempo todo aqui: Orlando e Hiago.
Olha, vamos parabenizar essa turma, que aqui está até uma hora dessas. Rapaz, são nove horas! Já deram nove horas de sessão. Nós vamos encerrar agora. (Palmas.)
Eu peço para colocar o vídeo de Genésio Lopes, que é professor, constelador familiar e apresentador do programa sistêmico. Ele fez um vídeo especial curtinho. Eu agradeço pela participação dele.
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(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Poxa, que vídeo lindo! Muito obrigado, Genésio Lopes, que é professor, constelador familiar e apresentador do programa Visão Sistêmica.
Quero agradecer ao Alexandre e ao Senador Alvaro Dias, que nos fez essa ponte para que ele pudesse fazer essa mensagem que fechou, uma mensagem de pura gratidão.
Muito obrigado, Genésio.
A pergunta que eu quero deixar para todos aqui, e acho que ninguém sabe a resposta: quantos brasileiros já foram impactados em suas vidas pela constelação familiar, por esse grupo de consteladores que vem fazendo um trabalho corajoso, lá atrás? Como foi dito aqui, no início, antes, a cada dez pessoas, nove imaginavam que constelação era coisa de estrela, alguma coisa relacionada à astrologia. Hoje, já existe uma maior consciência graças ao trabalho dessas pessoas e, sobretudo, aos benefícios que muita gente, que muito brasileiro teve com relação às constelações.
Eu sou um exemplo disso, tanto na minha questão pessoal, principalmente, especialmente com meu pai, uma aproximação maior, que foi importante para mim, mas eu já participei de dezenas de constelações como voluntário também e vi coisas que me marcaram profundamente. É um autoconhecimento. No começo, cético - eu sempre fui muito racional -, buscando sempre a lógica ali. Eu fui, acho que fui até com a Zaquie, que está aqui, e depois aqui, em Brasília, e o que aconteceu foi algo impressionante. Eu disse: "Estou indo com os dois pés atrás, mas eu vou porque sou curioso, eu gosto de analisar, de ver".
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E quando eu entrei no campo, quando me chamaram, no momento da constelação, quem já participou sabe, quando a pessoa te convida, o constelador, quem vai constelar alguma coisa da sua família, alguma coisa para que ela queira buscar uma solução, entender, compreender, quando eu fui chamado eu disse "Puxa vida, eu vou estragar a constelação dessa pessoa". Eu não queria, eu queria ficar vendo, eu estava achando interessante aquilo, mas eu vou estragar porque eu sou bloqueado, eu tenho dificuldade muitas vezes para me emocionar, e ali eu vi muita gente se emocionando, muita gente entrando no campo com sensações, e eu disse: "Eu não vou sentir nada". E de fato eu não senti. Eu estava ali bloqueado, de fato eu não senti, mas olha que coisa interessante: quando terminou a constelação eu não senti nada, fiquei ali parado, não me movimentei para lugar nenhum, e eu disse: "Poxa, eu estraguei a constelação dessa pessoa que estava na expectativa, com problema ali". E olha que coisa interessante aconteceu: eu fui para o meu canto, era um grupo de umas 40 pessoas, e começou depois a discussão sobre a constelação. E aí a pessoa que estava constelando me revelou, estava no bolso com o papel, não sabia quem era, revelou que eu era o pai dela, que eu estava representando o pai dela, e aí eu disse: "Me desculpa", já fui falando. "Não, meu pai é exatamente, o campo dele de energia é exatamente como você, muito racional, cético e muito frio" - ela fez aquela revelação. E ali ela disse que bateu exatamente. Olha que coisa impressionante!
A partir dali eu comecei a participar de outras e hoje eu já vou para as constelações, e é impressionante. Continuo cético, continuo sempre na pesquisa, mas eu já sinto uma coisa me empurrando, sabe, certas sensações que, a partir do momento em que você vai se autoconhecendo, evoluindo também, você acaba entrando numa energia maior. Eu já percebo um movimento me empurrando, me colocando no canto, certas sensações que antes eu não tinha. Então, é algo realmente muito interessante e eu sou muito grato por essa oportunidade da constelação familiar, que impactou na minha vida pessoal e também em alguns projetos a que me dediquei.
Muita gratidão a todos vocês por esta sessão, gratidão é a palavra, porque acho que foi uma sessão que vai ficar marcada. Muitos recortes vamos poder fazer aqui de fala dos palestrantes e, de alguma forma, vai chegar aonde deve, vai levar compreensão, amor, compaixão.
Acho que, se tem uma música que representa a constelação, desculpa se estou falando bobagem aqui, mas tem uma música que me veio à cabeça, e você, Germana, é aqui de Brasília, eu gosto muito do Legião Urbana, e tem uma música do Renato Russo, a música chamada Há Tempos, que coloca que "disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem".
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Então, essas estrofes aí... E "compaixão é fortaleza" a gente viu aqui em vários momentos. Eu quero, em nome de todos os palestrantes, falar da Profa. Hellen. "Compaixão é fortaleza". "E ter bondade é ter coragem", como todos vocês aqui, que nos trouxeram até este momento ao longo desse trabalho em décadas.
Em pouco tempo porque começou a constelação quando? Chegou em 1990. Nós já temos aí muitos brasileiros com conhecimento sobre isso e também beneficiados. E pode fazer muito mais para esta nação, muito mais para os cidadãos o desenvolvimento desse trabalho e a divulgação é o primeiro passo.
Então, muitíssimo obrigado a todos os palestrantes pela presença. Muito obrigado mesmo. E eu, como prometi, peço à minha amiga, à minha irmã, que é consteladora, ela lembrou aqui, uma irmã de caminhada daqui, de Brasília, de projetos que visam despertar a consciência das pessoas, especialmente na área cinematográfica, e ela vai fazer o encerramento aqui desta sessão.
Muito obrigado.
A SRA. GERMANA CARSTEN - Já é para terminar?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Já deu antes de começar, né? Mas vou dar mais um tempinho aqui, pode deixar.
A SRA. GERMANA CARSTEN (Para discursar.) - Bem, eu tinha dito para o Senador que eu não falaria nada, mas aí eu pedi a palavra porque nós esquecemos um constelador. E a gente não pode encerrar esta sessão sem lembrar desse constelador: o senhor, Excelência.
Esta sessão histórica foi uma constelação. (Palmas.)
E o senhor é o constelador.
E, olhando para tudo que foi dito aqui, coisas fantásticas, extraordinárias, estudos, pesquisas, direito sistêmico, pedagogia sistêmica, constelação organizacional, familiar, histórias incríveis com crianças, o senhor proporcionou essa união. O senhor é um catalizador dessa união.
Muitos de nós trabalhávamos cada um no seu espaço terapêutico, e o senhor fez o que o Bert sempre dizia: unir muito mais do que estar separado. Hoje quantos aqui pioneiros, conheceram o Bert, os novos que estão chegando, estamos todos unidos aqui porque o senhor é esse catalizador. O senhor fez esta constelação acontecer.
E várias vezes me emocionou o senhor falando: a Casa revisora da República - me emocionei sentada ali. E a Casa revisora da República fez esta sessão, que trouxe o quê?
(Soa a campainha.)
A SRA. GERMANA CARSTEN - O que é uma constelação. A constelação é a verdade. O que é uma constelação? É a verdade. Ela traz clareza e a clareza move aquele que foi constelado para um outro lugar porque ele aí pode ter uma ação com aquela clareza.
E o que nós tivemos aqui? Verdades que foram ditas, testemunhos, realidades que foram comprovadas, estudos científicos que estão sendo feitos. Então, isso foi uma constelação, porque aqui se fez história com esse movimento dessa verdade.
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E aí, a primeira sessão que o senhor fez, o senhor sabia que muitos estudos científicos na academia, esses estudos começaram devido à primeira sessão.
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. GERMANA CARSTEN - A audiência, desculpa. Desculpa, a sessão de audiência pública.
Muitos estudos começaram, e nós estamos surpresos na pesquisa, ao descobrirmos quantas referências científicas de estudos sérios, no exterior e no Brasil, foram feitos. Nós estamos fazendo um fichamento, uma catalogação por causa da audiência pública.
Então, eu pergunto ao senhor, constelador Eduardo Girão: que força é essa que te tomou e que tomou a todos nós? E aí eu vou fazer a pergunta a ti, que Bert Hellinger humildemente fazia em uma constelação. Ele ia para o centro vazio e falava: "Qual é o próximo passo?" E ele esperava.
Qual é o próximo passo dessa força te tomando nesta grande constelação que nos uniu? Será que é considerar essa força que está sendo estudada como uma ciência? A ciência das relações, que levou Sophie Hellinger, em 2020, a cunhar o nome Familienstellen, porque novas constelações não cabiam mais, porque essa força já progrediu, já andou, já trouxe outros movimentos, que hoje se chama Familienstellen. Será, Sr. Senador e constelador desta sessão, desta grande constelação, que nasce aqui a ciência das relações, que vai estabelecer na sociedade o amor que permanece? Porque essa sociedade humana, em que o ser humano é o essencial, e as suas relações são o que realmente o faz se mover e olhar os princípios que são a ordem.
(Soa a campainha.)
A SRA. GERMANA CARSTEN - E a partir do momento em que essa ciência se estabelecer, como todas as demais, como o estudo da eletricidade, da biologia, da gravidade, todas essas ciências que se estabeleceram, será que esses princípios vão fazer o amor permanecer na sociedade?
Olhando a bandeira hoje, eu olhei assim, "Ordem e Progresso". A ordem veio antes do amor. Então, o que está faltando ali? Ordem, amor, para o progresso.
Então, essa ciência, que será um dia assim chamada, vai estabelecer muito mais do que políticas públicas, muito mais do que uma profissão. Vai estabelecer o amor que permanece, porque a ordem vai ser respeitada.
Obrigada. E eu não poderia deixar de agradecer a esse grande constelador Eduardo Girão. A nossa gratidão por esta sessão memorável e histórica. Jamais será esquecida.
Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - Muito obrigado.
Vamos descobrir juntos, não é? Eu acho que ninguém...
A SRA. GERMANA CARSTEN - Qual é o próximo passo?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE) - O próximo passo, nós vamos descobrir juntos, sabendo que somos pequenos nisso tudo, não é? Somos meros instrumentos, imperfeitos e limitados. Mas vamos tentar dar o nosso melhor para servir. Esse é o objetivo.
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Foi cumprida a finalidade desta sessão especial semipresencial do Senado Federal.
Agradeço a todos os que aqui estiveram, que falaram, que ouviram e aos que estão em casa e que nos honraram com a sua audiência.
Está encerrada esta sessão.
Muito obrigado.
(Levanta-se a sessão às 19 horas e 36 minutos.)