1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 28 de fevereiro de 2023
(terça-feira)
Às 10 horas
2ª SESSÃO
(Sessão de Premiações e Condecorações)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MG. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Esta sessão destina-se à entrega da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo.
A Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo, instituída pela Resolução nº 7, de 2018, é destinada a agraciar personalidades, instituições e grupos que tenham oferecido contribuição relevante ao registro e ao fortalecimento da cultura, do folclore e dos saberes tradicionais no Brasil.
Nesta solenidade serão agraciados com a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo o Sr. Flávio Capitulino, o Sr. Milton Nascimento, o Sr. Pedro Machado Mastrobuono, a Sra. Yara Tupynambá e o Instituto Inhotim.
Convido para compor a mesa o Exmo. Sr. Ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça; representando a Governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, a Secretária Extraordinária de Cultura do Estado, Sra. Mary Land Brito; e a Presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Sra. Fernanda Castro. (Palmas.)
Também na mesa conosco a Exma. Sra. Senadora da República, pela Paraíba, Daniella Ribeiro; o Senador, por Roraima, Chico Rodrigues; e a Senadora Zenaide Maia, do Estado do Rio Grande do Norte. São todos bem-vindos.
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Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional, que será executado pela Banda da Marinha do Brasil.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MG) - Eu registro a presença, com muita alegria e honra, dos senhores e senhoras embaixadores, encarregados de negócios e membros de corpos diplomáticos; também, representando o Ministro do Trabalho e Emprego, da Chefe de Gabinete do ministério, a Sra. Lene Teixeira.
Esta comenda que entregaremos hoje homenageia um dos maiores estudiosos da cultura popular do Brasil. Para conhecer um pouco mais sobre esse grande brasileiro que dá nome ao prêmio, vamos acompanhar trechos de um especial da TV Senado sobre Luís da Câmara Cascudo.
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(Procede-se à exibição de vídeo.)
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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MG) - Eu saúdo todos os presentes nesta manhã, no Senado Federal, que nos honram com a participação nesta solenidade. Cumprimento os meus colegas de Parlamento, todas as autoridades presentes, todas as senhoras, todos os senhores, em especial os agraciados desta sessão solene.
De modo geral, eu considero justas e merecidas todas as homenagens que se fazem no âmbito do Senado Federal e do Congresso Nacional, mas devo confessar que a entrega desta comenda tem para mim um brilho especial. Eu sou desde sempre um entusiasta da cultura, e demonstramos isso nos últimos anos, em uma luta muito árdua em defesa da cultura brasileira, no momento crítico da pandemia, votando e fazendo aprovar matérias muito importantes de defesa da cultura nacional, como foram as Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo. Mas somos entusiastas não só da cultura erudita, que se aprende nos livros e nos bancos escolares, mas da cultura popular, que é a expressão mais espontânea do imaginário do nosso povo, a manifestação de uma cultura viva que acontece nas ruas, nos bairros, nas cidades do Brasil.
Creio que essa Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo se reveste de uma importância enorme, até difícil de aquilatar. Ao agraciar alguns daqueles que ofereceram contribuições relevantes ao registro e ao fortalecimento da cultura, do folclore e dos saberes tradicionais do Brasil - quando me refiro ao folclore, peço vênia a Câmara Cascudo, que não gostava dessa expressão -, na verdade, nós estamos homenageando e valorizando a alma do povo brasileiro em todo o seu vigor, beleza e pluralidade.
A comenda foi criada pela Resolução nº 7, de 2018, desta Casa, e tem o objetivo de agraciar personalidades, instituições que tenham oferecido contribuições relevantes ao registro e ao fortalecimento da cultura, do folclore e dos saberes tradicionais do Brasil. A comenda traz o nome de um dos maiores estudiosos das raízes de nossa cultura, pesquisador, literato, folclorista, jornalista, advogado do Rio Grande do Norte, da nossa querida Senadora Zenaide Maia: o grande Câmara Cascudo. Sua obra, construída desde o início do século XX, talvez seja a mais importante compilação de histórias orais, contos folclóricos e da gastronomia nacionais. São relatos e receitas que foram criadas e transmitidas por inúmeras gerações no Brasil e que, com o trabalho de Câmara Cascudo, não serão jamais esquecidas ou perdidas. Boa parte dessa riqueza de sua pesquisa resulta do abandono do viés europeizado que dominou boa parte da pesquisa cultural do Brasil no século XIX. Cascudo trouxe os descendentes de escravos e os povos originários para o centro da produção cultural nacional, mostrando como essas populações são essenciais à concepção de nacionalidade brasileira.
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É imperioso que os brasileiros tenham a oportunidade de revisitar a obra de Câmara Cascudo, que contribui para o reconhecimento de nossas raízes e do processo de construção de nossa identidade nacional. E a cada ano que o Senado Federal promove essa premiação, estamos relembrando a importância desse grande pensador nacional. A entrega dessa comenda é sempre uma oportunidade de reconhecer nos agraciados o mesmo espírito que orientou a vida de Câmara Cascudo e seu compromisso com a construção e a imortalização de uma cultura brasileira singular.
É por isso, minhas senhoras e senhores, que saúdo os premiados deste ano pela inegável contribuição de suas biografias na edificação de nossa cultura. Serão premiados neste ano o restaurador Flávio Capitulino; o ex-Presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Pedro Machado Mastrobuono; o museu e Jardim Botânico Instituto Inhotim; o cantor e compositor Milton Nascimento; e a artista plástica Yara Tupynambá.
O Sr. Flávio Capitulino é destaque nacional no mercado de restauração de obras de arte. Seu trabalho é reconhecido dentro e fora do país e tem garantido que diversos objetos de importância histórica e artística permaneçam ostentando, ou mesmo retornem a ostentar, seu valor cultural.
O Sr. Pedro Machado Mastrobuono presidiu o Ibram entre 2020 e 2022. Foi o responsável pela autarquia federal que gere 30 museus brasileiros. Adotou como sua a missão do Ibram: a valorização desses espaços e a promoção do campo museológico, garantindo direito à memória, à universalidade do acesso aos bens culturais e o respeito à diversidade.
O Instituto Inhotim é a organização da sociedade civil de interesse público que mantém em Brumadinho, Minas Gerais, museu de arte contemporânea e Jardim Botânico, uma reunião de arte e natureza em um mesmo espaço a céu aberto. São cerca de 700 obras de arte, de mais de 60 artistas, em meio a mais de 4 mil espécies botânicas. Milton Nascimento é uma das mais importantes vozes da história da música popular brasileira. Desde os anos de 1960, Milton é responsável por algumas das mais relevantes composições do cancioneiro nacional, além de ter contribuído para o sucesso de dezenas dos maiores intérpretes da música brasileira. São mais de 400 obras musicais e mais de 1,1 mil gravações cadastradas. Não há brasileiro que não tenha sua vida permeada pela obra de Milton Nascimento.
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A Sra. Yara Tupynambá tem desempenhado, desde a década de 50, o ofício de pintora, gravadora, desenhista, muralista, pesquisadora e professora. Em suas inúmeras obras, são notáveis o pioneirismo e a originalidade que lhe são marcas. Não se pode também deixar de mencionar as valiosas referências a sua terra natal, Minas Gerais. Yara Tupynambá, orgulho de Minas Gerais.
Como se vê, minhas senhoras e meus senhores, a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo encontrará, neste ano, agraciados que inegavelmente têm contribuído para a construção e valorização da cultura nacional. Por isso, mais uma vez gostaria de transmitir, em nome da Presidência do Senado Federal e do Congresso Nacional, meus sinceros parabéns aos Srs. Flávio Capitulino, Pedro Machado Mastrobuono, Milton Nascimento, à Sra. Yara Tupynambá e ao Instituto Inhotim, através de seus dirigentes, funcionários e colaboradores.
O Senado Federal é tributário da obra que V. Sas. proporcionaram ao Brasil e da contribuição de seus trabalhos à consolidação da identidade de nosso país.
Muito obrigado. (Palmas.)
Passamos, neste instante, à outorga da Comenda Luís da Câmara Cascudo.
Neste momento, procederei à entrega do diploma ao Instituto Inhotim, que será representado por seu Diretor-Presidente, Sr. Lucas Pessôa.
Localizado no Município de Brumadinho, em Minas Gerais, o instituto reúne museu de arte contemporânea e o Jardim Botânico. Considerado um dos maiores museus a céu aberto do mundo, conta com 140ha para visitação e reúne aproximadamente 700 obras, de mais de 60 artistas, oriundos de quase 40 países. As obras são exibidas ao ar livre e em galerias, em meio a um jardim botânico com mais de 4 mil espécies botânicas raras, vindas de todos os continentes.
(Procede-se à entrega da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo ao Sr. Lucas Pessôa, representante do Instituto Inhotim.) (Palmas.)
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Passo a palavra ao Diretor-Presidente do Instituto Inhotim, Sr. Lucas Pessôa. (Pausa.)
Peço que acione o microfone.
O SR. LUCAS PESSÔA (Para discursar.) - Bom dia a todas e todos! Gostaria de começar agradecendo aqui a todas as Exmas. Senadoras e Senadores pelas palavras. Gostaria ainda de saudar meus companheiros agraciados: Flávio Capitulino; Pedro Mastrobuono, um grande defensor dos museus aqui, no país; nossos conterrâneos de Minas Gerais, a artista Yara Tupynambá e o grandioso e incontornável Milton Nascimento.
Este é um momento particularmente relevante para sermos agraciados, no Inhotim, pelo Senado Federal, Casa que representa o povo brasileiro, pois Inhotim está vivendo justamente um movimento de fortalecimento da sua vocação pública a partir de um amplo processo de renovação e abertura à sociedade civil, vocação pública essa que se inicia em 2006, quando o nosso idealizador, o empresário e mecenas Bernardo Paz, generosamente abre ao público sua coleção privada, como um espaço chamado Inhotim, inaugurando algo absolutamente único no mundo, uma nova tipologia de museu, um espaço capaz de construir uma relação singular entre arte, natureza, cultura e ecologia.
De lá para cá, nesses poucos 16 anos e mesmo deslocado do contexto urbano, Inhotim tornou-se um dos museus mais visitados do Brasil. Recebemos, em Brumadinho, município a 60km de Belo Horizonte, quase 4 milhões de visitantes de todas as partes do mundo - desses, 800 mil jovens e adultos, atendidos gratuitamente em programas socioeducativos, promovendo inclusão e transformação. Desde a queda da Barragem do Córrego do Feijão, em 2019, tragédia que provocou a morte de 270 pessoas e um dano ecológico sem precedentes, Inhotim assumiu uma responsabilidade pública ainda maior de servir como agende de reparação e cura para essa comunidade do entorno.
Além do papel social e educacional, Inhotim possui hoje um acervo de arte que é um patrimônio mundial. Constituído ao longo de menos de duas décadas, tornou-se a mais importante coleção de arte contemporânea do Hemisfério Sul e a única coleção de arte contemporânea internacional em exposição permanente no Brasil. Inhotim possui ainda um jardim botânico que hoje é uma referência na coleção de espécies raras e um centro de excelência na pesquisa e preservação dos biomas em que está inserido.
Todos esses elementos fazem de Inhotim não apenas o maior e mais importante museu ao céu aberto do mundo como também uma das iniciativas mais radicais no campo da cultura no século XXI. E é, nessa radicalidade, nessa singularidade, que reside nossa maior potência. Inhotim tem a textura de um sonho e proporciona uma nova forma de experienciar nosso corpo do mundo. É um lugar que permite que artistas coreografem o não visível, formulem não acontecimentos, ecoem o indizível.
Em tempos como o que vivemos, de colapso ecológico, se torna ainda mais necessário buscar abrigo na potência emancipatória da arte e na sua capacidade de fabular outros mundos possíveis; tempo de empreender uma reflexão crítica sobre a soberba do homem e sua responsabilidade com o meio natural em que habita; tempo de acessarmos outros saberes, saberes não canônicos, contra-hegemônicos e abrirmos nossa história para narrativas mais plurais, polifônicas, diversas e democráticas. É caminhando entre as alamedas do Inhotim, imersos ao abrigo da natureza e na sua monumentalidade, que nos deparamos com a nossa própria humanidade e lembramos que não somos sujeitos destinados a existir apenas a partir de uma ethos utilitarista - viver deve ser muito mais do que produzir e acumular - e tomamos também consciência da potência transformadora da cultura e de se construir um legado que sirva a toda a sociedade. E esse legado, agora, mais do que nunca, é de todos nós.
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Desde junho do ano passado, o Inhotim tornou-se público de forma definitiva, a partir da doação pelo Bernardo Paz, nosso idealizador, de toda a coleção, galerias e jardim botânico para o instituto. Essa é certamente a mais importante doação privada individual da história da cultura brasileira e uma das maiores do mundo, um gesto de absoluta generosidade, desprendimento e espírito público que deve servir de exemplo para todo o empresariado brasileiro; mais do que obras de arte, Bernardo doou seu sonho. Então, agora é nosso dever, tanto como sociedade civil, quanto como poder público, reconhecer a grandiosidade desse gesto e fortalecer o Inhotim não apenas para preservar esse legado extraordinário, mas sobretudo para ampliá-lo, mantendo-o ainda mais vivo, dinâmico e atuante, produzindo experiências transformadoras para seus públicos na busca de uma sociedade mais justa e sustentável.
Acreditamos que a cultura é o campo do saber e do fazer estético e ético que proporciona a construção de valores sociais. Defendemos que o acesso à cultura é fundamental para a construção de uma sociedade inclusiva e menos desigual. Agora, mais do que nunca, essa é nossa vocação. E contamos com o apoio e colaboração de todas e todos aqui para o fortalecimento desse patrimônio mundial e motivo de orgulho nacional que é o Inhotim.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MG) - Eu agradeço o Sr. Lucas Pessôa e cumprimento uma vez mais o Instituto Inhotim pelo prêmio ora recebido.
Neste instante, eu passo a Presidência desta sessão à Exma. Sra. Senadora Daniella Ribeiro, com a anuência do nosso 3º Secretário da Mesa Diretora, Senador Chico Rodrigues, para que a Senadora Daniella Ribeiro assuma a condução dos trabalhos.
Agradeço a todos.
(O Sr. Rodrigo Pacheco, Presidente, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pela Sra. Daniella Ribeiro.)
A SRA. PRESIDENTE (Daniella Ribeiro. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - PB) - Convido agora para receber o diploma das mãos do Senador Chico Rodrigues o Sr. Pedro Machado Mastrobuono, atual Presidente da fundação Memorial da América Latina; também já exerceu a Presidência do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) por três anos; é advogado formado pela PUC de São Paulo e formou-se ainda nos cursos de Storia dell’arte italiana e de Letteratura italiana pelo Instituto Italiano di Cultura, órgão ligado ao Governo da Itália. Com atuação na área de direitos autorais, é Doutor Honoris Causa em Cultura e Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
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(Procede-se à entrega da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo ao Sr. Pedro Machado Mastrobuono.)
A SRA. PRESIDENTE (Daniella Ribeiro. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - PB) - Concedo a palavra ao Sr. Pedro Machado Mastrobuono.
O SR. PEDRO MACHADO MASTROBUONO (Para discursar.) - Agradeço ao bom Deus por esse lindo momento. Baruch Hashem!
Sras. e Srs. Senadores, demais autoridades presentes, queridos amigos e familiares, cumprimento a todos e a cada um na pessoa da Exma. Sra. Senadora Daniella Ribeiro, ao tempo em que agradeço a indicação que recebi do Exmo. Senador Chico Rodrigues para a prestigiosa Comenda Câmara Cascudo.
Meu abraço fraterno ao querido Milton Nascimento, que infelizmente não pôde estar presente, mas é merecedor de cada afago, cada carinho, cada homenagem do povo brasileiro e desta Casa; ao Flávio Capitulino e à Yara Tupynambá, que com amor e dedicação ao seu trabalho enobrecem a arte em nosso país; ao Presidente do Instituto Inhotim, maior museu a céu aberto e centro de arte contemporânea da América Latina, Sr. Lucas Pessôa, meu querido amigo. Muito me honra a partilhar desse momento com pessoas tão dignas e representativas da cultura nacional.
Essa iniciativa pública do Senado Federal reforça a minha crença pessoal de que dedicar minha vida à cultura é investir na memória e legado do povo brasileiro. A história cultural brasileira, como outro dia conversava com minha amiga Marília Marton, Secretária de Cultura do Estado de São Paulo, é uma história plural, diversa e rica, porque nosso povo é resiliente e apaixonado. Nossas culturais nos aproximam. Somos unidos pela brasilidade, nossa identidade maior, razão pela qual entendo cultura por assunto de Estado e não de governo.
Agradeço essa honraria não só por mim, mas por todos os artistas, produtores e gestores culturais que, em cada rincão de nosso país, seguem no árduo e gratificante trabalho de incentivar e dignificar nossa cultura. Hoje esse agradecimento vai em especial aos amigos de Brasília, aqui representados pelos dirigentes do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), casa que tão bem me acolheu nesses últimos três anos. Meu muito obrigado à Presidente Fernanda Castro, que muito me honra com a sua presença; desejo-lhe um mandato exitoso, pleno e tranquilo.
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Aos amigos do Mato Grosso do Sul, na pessoa do Magnífico Reitor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Dr. Marcelo Augusto Santos Turini, registro aqui minhas sinceras condolências pelo falecimento da mãe do Senador Nelsinho Trad, Sra. Therezinha. Por favor, Senador, sinta-se abraçado.
Agradeço aos amigos de São Paulo, aqui representados pela comunidade judaica, em especial ao movimento ortodoxo Beit Chabad, aqui tão bem representado, agradecendo à ilustre presença do Rabino Shabsi Alpern; aos diretores e servidores do Memorial da América Latina, instituição voltada ao estreitamento dos laços com os povos latino-americanos e que hoje tem a honra de presidir em mandato que inicio este mês e que seguirá pelos próximos quatro anos, se o bom Deus assim o permitir; à minha esposa, amiga e companheira, há 34 anos ao meu lado, Sheila, obrigado pelo companheirismo e inspiração todos esses anos; a todos vocês dedico essa comenda.
Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Daniella Ribeiro. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - PB) - Gostaria de convidar para compor a Mesa a Coordenadora do Museu do Senado Federal Maria Cristina Monteiro. (Palmas.)
Passo a Presidência agora ao Senador Chico Rodrigues, enquanto procedo à entrega da comenda ao próximo agraciado.
(A Sra. Daniella Ribeiro deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Chico Rodrigues, 3º Secretário.)
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) - Convido agora para receber seu diploma o Sr. Flávio Capitulino e peço à Senadora Daniella Ribeiro que proceda à entrega do diploma.
Paraibano, criado em Campina Grande, Flávio Capitulino, mudou-se para Paris, no final da adolescência. Na capital francesa, tornou-se restaurador e conquistou o reconhecimento internacional. Tendo trabalhado em obras dos mais reconhecidos pintores, de Leonardo da Vinci a Van Gogh. É ainda o único brasileiro autorizado a cuidar da conservação e restauração do acervo de Pablo Picasso. (Palmas.)
(Procede-se à entrega da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo ao Sr. Flávio Capitulino.)
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) - Sr. Flávio Capitulino, pode se dirigir à tribuna, por gentileza.
V. Sa. está com a palavra.
O SR. FLÁVIO CAPITULINO (Para discursar.) - Bom dia a todos!
Sair do Alto Sertão da Paraíba, filho de agricultor, e estar aqui recebendo esta comenda é uma prova de que não importa sua posição geográfica, sua cor ou seu gênero. Sonhar nunca foi e nunca será uma loucura ou limitação. O limite é a capacidade de cada um. Passei por muitos momentos difíceis, mas nunca pensei em desistir. Sempre acreditei e acredito em mim e em meus sonhos.
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Estar aqui nesta tribuna e ter o reconhecimento, que para mim é a maior das medalhas, é a prova de que todo o meu esforço não foi em vão. O reconhecimento, seja ele qual for, qualquer que seja a sua área, afetiva, paternal, fraternal ou laboral, é um dos prêmios que poucos sabem conceder. Estar aqui recebendo esta comenda e ter o reconhecimento do meu esforço pela minha contribuição à cultura deste país me dá mais forças para continuar a caminhada dura nesta estrada que é a arte. Ser reconhecido em seu país, em sua cidade ou em sua casa é um privilégio que todos merecem ter. Estou emocionado e profundamente lisonjeado (Palmas.) em receber esta condecoração. Meus agradecimentos à Senadora Daniella Ribeiro pelo seu esforço, pelo seu talento, pela sua dedicação pelo nosso país e pela nossa Paraíba! Obrigado!
Obrigado a todos desta Casa Legislativa, a todas as autoridades e a todos aqui presentes, em particular a meus filhos, Helena e Morpheu, a meu genro Andrey, à minha prima Helenice, à minha amiga Fatima, ao meu cunhado Nathan e à sua esposa Juliana, ao meu braço direito Mateus, juntamente com a sua esposa Rita, e ao meu esposo, Fabio Junior.
Dedico esta comenda à minha mãe e a todos aqueles que ousam fazer do sonho um sentimento vivo.
Viva o nosso saudoso Luís da Câmara Cascudo! Viva o reconhecimento! E viva a Paraíba!
Obrigado. (Palmas.)
(Durante o discurso do Sr. Flávio Capitulino, o Sr. Chico Rodrigues, 3 º Secretário, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pela Sra. Daniella Ribeiro.)
A SRA. PRESIDENTE (Daniella Ribeiro. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - PB) - Senhoras e senhores, cumprimento os meus colegas Senadores, como a Senadora Zenaide e o Senador Chico Rodrigues; o Ministro do Superior Tribunal de Justiça Sr. Joel Paciornik; a representante da Governadora do Rio Grande do Norte, a Secretária Extraordinária de Cultura do Estado, a Sra. Mary Land Brito; e a Presidente do Instituto Brasileiro de Museus, a Sra. Fernanda Castro.
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Eu queria, por alguns instantes só, fazer uso da palavra, porque, igualmente emocionada - acho que não igualmente, Flávio, mas, possivelmente, proximamente tão emocionada quanto você -, eu gostaria de dizer da minha alegria da realização desta sessão para entrega da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo, destinada a agraciar personalidades, instituições e grupos que tenham oferecido contribuição relevante ao registro e ao fortalecimento da nossa cultura.
Nosso Presidente, o Sr. Presidente Rodrigo Pacheco, teve oportunidade de estar comigo, no meu Estado da Paraíba, e conhecer a riqueza da nossa cultura, assim como a grande importância que damos ao seu fortalecimento e à sua preservação.
Foi pensando nisso que, desde agosto de 2021, vinha sonhando com a realização dessa sessão tão importante para o reconhecimento de pessoas e instituições que possuem esses mesmos ideais da preservação e do fortalecimento da cultura brasileira.
Aqui eu faço uma pausa para dizer que venho da terra do maior São João do mundo. E quem tem a terra do maior São João do mundo tinha que ser a terra do maior restaurador do mundo: Flávio Capitulino. (Palmas.)
Nossas manifestações culturais perpetuam nossa história; são obra de um povo que as criam, recriam e perpetuam suas crenças, sua arte, seus valores. E aqueles que valorizam, preservam e disseminam esses bens merecem ser homenageados e reconhecidos pelo Senado Federal.
Tive a honra de indicar Flávio Capitulino. Filho de Agricultores, nasceu em Sousa - Sertão paraibano - e foi criado em Campina Grande, onde se dividia entre o trabalho de padeiro e bicos como decorador. Seu sonho era ser pintor em Paris, mas só conseguiu juntar dinheiro para comprar a passagem de ida para a França; um tio teve de financiar a de volta, obrigatória à época para conseguir o visto. Foi morar em Paris no ano de 1982 e hoje é um dos principais restauradores de obras de arte da França, e tem na sua lista de clientes o próprio Beaubourg e o Museu D'Orsay. Já restaurou obras de Gauguin, Renoir e Modigliani. Além disso, a família do renomado pintor Pablo Picasso contratou Flávio para restaurar quadros inéditos do pintor espanhol, que nunca foram apresentados ao público.
Em Sousa, ele restaurou uma capela de 1730, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Trabalhou na restauração de quadros na Catedral de Campina Grande, das estátuas dos Pioneiros da Borborema, na mesma cidade. Agora, trabalha na restauração do salão nobre do Palácio do Bispo, também em Campina Grande.
No Brasil, já deu cursos em São Paulo, ensinando algumas técnicas que criou.
Assim, por valorizar a arte e a cultura de nosso país e do mundo, ajudando na preservação da memória artística e cultural de relevante importância para a humanidade, é que o Senado Federal realiza essa sessão de homenagem e agraciamento.
Eu só queria trazer essas palavras para dizer que, mesmo saindo de onde Flávio saiu, do Sertão paraibano, passando por nossa Campina Grande, que é para onde ele sempre volta, vai e volta, e mesmo chegando a ser um renomado restaurador na França, ele não deixa suas raízes. E quando é chamado... Eu preciso dizer aqui que essa restauração do Palácio do Bispo ele está fazendo por desejo próprio, para ajudar a cidade. O Palácio do Bispo é onde funciona a Prefeitura Municipal de Campina Grande, e por dedicação e sentimento de dever para com a história, com a cultura do nosso país e da nossa cidade é que Flávio costuma fazer isso.
Então, gente, muito obrigada pela paciência.
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Gostaria de homenagear, da mesma forma, o Sr. Pedro Machado Mastrobuono; o Diretor-Presidente do Instituto Inhotim, o Sr. Lucas Pessôa; a Sra. Yara Tupynambá, que está remotamente nos acompanhando; e o Sr. Milton Nascimento, que não pôde estar aqui, mas que também recebe esta homenagem.
Digo que essas palavras que trago para você, Flávio Capitulino, trago para cada um daqueles que hoje são homenageados e que merecem. Eu digo muito: eu sei que deve se fazer homenagem quando as pessoas morrem, mas, gente, homenagem em vida é o que a gente precisa fazer, reconhecimento, quando se está vivo, é mais importante do que tudo.
Que Deus abençoe vocês e muito obrigada. (Palmas.)
Informo que também agora será agraciada a Sra. Yara Tupynambá.
(Procede-se à entrega da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo à Sra.Yara Tupynambá.)
A SRA. PRESIDENTE (Daniella Ribeiro. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - PB) - Yara Tupynambá nasceu em Montes Claros, em Minas Gerais. É ex-Diretora e Professora Titular da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais.
Artista plástica premiada, já participou de mostras e realizou exposições individuais em galerias de vários municípios brasileiros e em grandes centros mundiais de arte, como Paris, Nova York e Londres.
Autora do livro Muralismo, tem mais painéis e murais espalhados por diversas cidades brasileiras, além de murais tombados pelo patrimônio histórico e artístico de Belo Horizonte.
Com a palavra remotamente a Sra. Yara Tupynambá.
A SRA. YARA TUPYNAMBÁ (Para discursar. Por videoconferência.) - Antes de tudo, cumprimento a Mesa, presidida por Daniella Ribeiro, e todos os seus membros, representando o poder do Senado e também da inteligência brasileira.
Eu gostaria de dizer que esse prêmio toca o meu coração, porque significa, de certa forma, o apreço que o poder público está tendo, através do Senado, aos artistas brasileiros.
Yara como sou, nascida em Montes Claros, com a vida dedicada a toda a arte, aluna de Guignard e de Oswaldo Goeldi, tive uma trajetória muito grande até chegar aonde cheguei. Meus trabalhos acabam de chegar de Nova York, onde eu tive uma grande exposição no momento.
Para mim a premiação significa não Yara, mas significa toda uma corrente de artistas mineiros que têm lutado, desde a presença de Guignard em nossa terra, para que seja implantada a arte mineira e ao mesmo tempo reconhecida pelo público tanto mineiro quanto nacional. Creio que esta é a missão do artista: chegar até onde o povo está, e é essa a minha trajetória através dos murais na universidade federal, no Senado, através da Câmara de Vereadores, da Assembleia Legislativa. Enfim, é uma longa trajetória, em que eu conto, de certa forma, a história da cultura e da arte mineira. Esse foi o meu lema e o meu trajeto.
Eu me sinto muito honrada após uma linda exposição que eu tive aí no Senado sobre festas de São João, com você falando da importância da festa de São João. Para mim é das festas mais bonitas e tradicionais do Brasil. Fui também agraciada com a possibilidade de expor aí todo o meu trabalho sobre essa festa, que toca o coração de todos nós.
Então, a minha vida tem sido dedicada à divulgação da arte mineira, especialmente da arte popular, que me toca o coração, além do meu trabalho, de certa forma erudito, nos grandes murais, como na universidade, na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados e em outros locais.
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Enfim, eu me sinto honrada e agradecida a esse Senado pela oportunidade de estar aqui falando junto às pessoas e junto a um público tão importante e, ao mesmo tempo, tão presente na cultura brasileira quanto são hoje os agraciados.
Acredito que esta é uma missão do Senado: também divulgar a cultura em todos os seus aspectos, o que se confirma hoje com essa premiação, que é dada a mim e a todos os que estão aqui.
Meu muito obrigada a todos vocês por essa chance.
Obrigada.
A SRA. PRESIDENTE (Daniella Ribeiro. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - PB) - Informo ainda que também será agraciado o artista Milton Nascimento, que infelizmente não pôde comparecer.
Cantor, compositor e músico, Milton Nascimento completou 80 anos de idade e 60 de carreira em 2022. Um dos artistas brasileiros mais consagrados no país e no exterior, Bituca, como também é conhecido, contribuiu para a cultura nacional compondo e interpretando canções como Travessia; Nada Será Como Antes; Para Lennon e McCartney; Maria, Maria; Canção da América; Paula e Bebeto; Coração de Estudante; entre outras. Decidiu encerrar a sua carreira de turnês, mas já disse que não deixará de fazer músicas nem de cantar.
O Senado Federal enviará o seu diploma por correspondência.
Concedo a palavra ao Senador Chico Rodrigues.
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR. Para discursar.) - Bom dia a todos e a todas.
Quero cumprimentar o nosso Presidente Senador Rodrigo Pacheco, que iniciou presidindo esta sessão; cumprimentar a Senadora Daniella Ribeiro; a Senadora Zenaide Maia; o Ministro do Superior Tribunal de Justiça Joel Ilan Paciornik; o representante do Governo do Rio Grande do Norte; a Secretária Extraordinária da Cultura, Sra. Mary Land Brito; a Presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Sra. Fernanda Castro; a Coordenadora do Museu do Senado, Sra. Maria Cristina Monteiro.
Quero dizer, nesta sessão de entrega da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo, que é motivo de muita alegria e muito orgulho para o Senado da República estarmos aqui para agraciar Flávio Capitulino, Yara Tupynambá, o Instituto Inhotim, Pedro Machado Mastrobuono, meu indicado, e Milton Nascimento com a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo.
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Neste significativo evento, eu, minha colega Senadora Daniella Ribeiro e meu colega e Presidente do Senado, Senador Rodrigo Pacheco, unimo-nos para prestar homenagem a essas ilustres personalidades e instituições.
Mas começo por ressaltar o valor dessa comenda que recebe o nome do sábio Luís da Câmara Cascudo. Nascido em 1898, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, por quase um século ele nos honrou com suas pesquisas tão valiosas e até a sua morte, em 1986, manteve-se produtivo.
Rotular Câmara Cascudo por alguma especialidade é quase impossível, pois seu valor extrapola a condição de advogado, antropólogo, folclorista, historiador, memorialista ou missivista.
No Congresso Nacional, tenho representado o Estado de Roraima desde meu primeiro mandato como Deputado Federal, em 1991. E essa representação muito me honra. Mas não é possível eu me esquecer da condição de nascido em Pernambuco, uma origem que me deu a oportunidade de receber na fonte a rica cultura oral, sertaneja, popular e erudita; um registro cultural que quase todos nós podemos acessar nas obras de Câmara Cascudo, nordestino como eu.
Na condição de engenheiro agrônomo e de extensionista rural, meu convívio com o homem do campo me proporcionou incontáveis horas de boa prosa e boa poesia transmitidas por tantos homens e mulheres simples que habitam os rincões deste país.
Vivendo em Roraima por tantos anos, ali reencontrei essas raízes sertanejas dos nordestinos, que para ali migraram ao longo de décadas. E essas sapiências, crenças e artes, em diálogo com as culturas das diversas etnias indígenas, aumentaram em mim a admiração pelo legado cultural de nosso povo.
Por isso, tanto valor eu associo a essa comenda. Por tudo isso, considero tão relevante esta cerimônia, que não ocorria desde 2018.
E me congratulo com o artista Flávio Capitulino, restaurador reconhecido mundialmente, mas que se mantém ligado pelo afeto a suas raízes sertanejas, paraibanas e nordestinas.
Esse artista e militante das causas ambientais é um exemplo de que o talento pode ser desenvolvido com a persistência, a constância e, acima de tudo, a humildade. Tendo sofrido as agruras de um migrante em terras francesas, não se deu por vencido e tem visto sua arte triunfar. Flávio é reconhecido mundialmente como restaurador. Tem prestado serviços a célebres galerias e museus de reconhecimento mundial.
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Atribuída a Câmara Cascudo, a frase "O melhor do Brasil é o brasileiro" bem se aplica a Flávio e aos demais homenageados nesta sessão.
E vejam como as artes e imagens se ligam, pois congados, cavalhadas e violeiros são temas já pintados por Yara Tupynambá, uma das homenageadas deste dia. Essa artista plástica mineira, mais do que beber em fontes semelhantes às que bebera Câmara Cascudo, fez questão de traduzir em telas e murais o melhor da cultura brasileira. E sua generosidade a fez, também, professora e dirigente de tantas iniciativas públicas para promover Minas Gerais, o Brasil e o nosso povo. É uma verdadeira emoção e uma honra para o Senado Federal homenagear essa pessoa que criou uma bela obra com base no poema A Mesa, de Carlos Drummond de Andrade. Em verdade, homenageados somos todos nós!
Uma homenagem que se estende a Pedro Machado Mastrobuono, que tem aprendido - e nos ensinado, de volta - a ser um guardião da memória, não só a brasileira como a de toda a humanidade, de todos os tempos. Dr. Pedro vem-se destacando não só como administrador de museus e curador de exposições artísticas. Ele tem demonstrado seu espírito republicano ao dirigir instituições nacionais, a exemplo de sua gestão no Instituto Brasileiro de Museus. Essa experiência, ele tem emprestado a muitas instituições, como é o caso de sua participação no Conselho Deliberativo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e no Conselho do Museu Lasar Segall. Um talento e um conhecimento que ele compartilha mundo afora, como na sua participação no Conselho Internacional de Museus da Unesco.
Esse reconhecimento que hoje recebe é por tudo o que, de longa data, Pedro Machado Mastrobuono vem plantando, seja no cuidado com a arte de Alfredo Volpi, seja na direção de instituições vinculadas ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, seja na sua atuação no Instituto de Arte Contemporânea, também em São Paulo. Por sua brilhante atuação em prol da arte e da cultura, Pedro Machado Mastrobuono foi nomeado Diretor-Presidente do Memorial da América Latina, cuja administração será marcada a partir de agora por sua competência e amor às artes.
E, na sequência das homenagens, a Comenda Câmara Cascudo é dedicada não a uma pessoa, mas ao Instituto Inhotim, com sede em Brumadinho (MG).
Ali, como gostaria de celebrar Câmara Cascudo, natureza e arte se integram para proporcionar uma das experiências estéticas mais completas a quem o visita. Entre a Mata Atlântica e o Cerrado, estão expostas cerca de 700 obras, de artistas de 40 países - exposições que ocorrem tanto nas galerias quanto no Jardim Botânico, que abriga mais de 4 mil espécies de plantas raras, oriundas de todos os continentes.
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E, para inteirar essas homenagens, a Comenda Câmara Cascudo é dedicada também ao compositor e cantor Milton Nascimento - Milton Nascimento.
Da voz do cantor já se disse que é a prova material da existência de Deus, pelo seu jeito jeitoso, pela sua melodia, pela sua letra, pela sua imaginação, pelo seu sentimento de troca com o ser humano, da mesma maneira que o são tantas maravilhas neste país e em todo o mundo, em escritos, em artes plásticas, em músicas provenientes daquele belo artista.
Na condição de extensionista rural, profissão que exerci, conheço bem o que são os caminhos poeirentos e as águas frias dos igarapés, assim como as águas caudalosas dos rios da Amazônia.
Se, para Milton Nascimento, "Cantar era buscar o caminho que vai dar no sol", para mim e meus tantos colegas de profissão, buscar o diálogo com o homem e com a mulher do campo era - e é - o caminho de nos encontrarmos com a luz, com as colheitas, com a fartura, com a esperança deste nosso querido e imenso Brasil.
Se, na canção de Milton, "Para cantar, nada era longe, tudo tão bom/ Até a estrada de terra na boleia de caminhão", nós Parlamentares não podemos considerar nada longe, nada distante.
E, em Roraima, não havendo tantas estradas, são as canoas, as rabetas, as catraias, as voadeiras, as balsas e todos os outros meios flutuantes que usamos para chegar até nossas populações ribeirinhas, incluindo as etnias indígenas, que nos alegram e nos contaminam, pela nossa existência e pelo nosso compromisso com a cultura deste nosso país tão abençoado.
Por fim, quero dizer que recebem esta Comenda Câmara Cascudo, além dos homenageados de hoje, todos os cantadores e repentistas do Brasil, todas as lavadeiras que embalam a dura lida com seus cantos de trabalho, e todos os xilogravuristas que tornam o cordel brasileiro uma arte tão valiosa para a construção da nossa identidade cultural. Todos os grupos de bumba meu boi, todos os maracatus, caboclinhos, reisados, e todo o dicionário do folclore brasileiro, com cada um dos seus verbetes, estão escritos e tatuados na nossa memória pelo glorioso Luís da Câmara Cascudo.
Portanto, este é um dia de alegria, um dia de festa, mas, acima de tudo, um dia de compromisso do Senado da República com a cultura brasileira.
Muito obrigado, minha gente! (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Daniella Ribeiro. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - PB) - Muito obrigada, Senador Chico Rodrigues.
Agora, passo a palavra à Senadora Zenaide Maia para fazer uso dela.
A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - RN. Para discursar.) - Quero aqui cumprimentar a nossa Presidente da sessão, minha colega e vizinha, Senadora Daniella Ribeiro; o Senador Chico Rodrigues; a representante da nossa Governadora do Rio Grande do Norte, a Secretária Extraordinária de Cultura do Estado.
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Eu queria dizer que a solicitação desta comenda, com o reconhecimento pelo Senado Federal, foi da então Senadora e hoje Governadora Fátima Bezerra, que fez esta grande homenagem a Câmara Cascudo.
Quero aqui cumprimentar também o meu colega Contarato e, na pessoa dele, cumprimentar toda a Mesa.
E quero aqui cumprimentar os nossos homenageados: o Milton Nascimento, que não pôde estar; o Flávio Capitulino, paraibano, a prova viva de que, através da educação e se a gente oferecer oportunidade, as pessoas vão ter cidadania - está aqui o exemplo dele; a Yara Tupynambá - estou vendo aqui que é a única mulher, Daniella, homenageada. No meu estado, lá no Rio Grande do Norte, a gente tem uma tradição de ter um olhar diferenciado para a mulheres. Eu queria dizer que, em 20 anos, o Estado do Rio Grande do Norte só teve quatro anos governado por um homem. Nada contra; eu sou a favor da política "eles por elas". Então, mostrando isso aqui, Yara, eu vi sua emoção ao receber a comenda. E o Instituto Inhotim, que eu não conheço, mas vejo na televisão e fico encantada.
Eu conheci Câmara Cascudo. Era um grupo de estudantes universitários em 1979 - três faziam medicina e outros... Resolvemos que estava na hora de a gente cuidar da música popular brasileira, porque naquela época tinha discoteca, música eletrônica. Então, a gente procurou Câmara Cascudo, e ele deu uma aula de música popular brasileira e se ofereceu para ser o patrono da Casa da MPB. Essa era uma maneira, para os senhores verem, de como ele era detalhista. Ele estudava todas as formas, como foi mostrado aqui na matéria feita pelo Senado; ele tinha todas as formas de expressão artística da cultura popular - como ele dizia, não eram folclore. E a gente convidou - eram dois luíses - Luiz Gonzaga para inaugurar a Casa da Música Popular Brasileira. Ele era o patrono, e o Luiz Gonzaga foi inaugurar.
Eu lembro que, vendo um programa, acho que da Bandeirantes, perguntaram assim: "Seu Luiz, o senhor sabendo que o senhor é uma figura do folclore brasileiro?" Ele disse: "Isso é bom?". "É". "Então, tudo bem". Entendeu? Esses dois luíses inauguram esta casa, e isso deu credibilidade. Nesta Casa da Música Popular Brasileira, nós tivemos Clara Nunes, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Trio Nordestino, Marinês e Sua Gente.
E Câmara Cascudo... Quando a gente teve outras oportunidades, juntamente com Luiz Gonzaga, a gente tinha... E esse grupo fez como um movimento "Vamos preservar a nossa cultura"! E eles deram as mãos a esse grupo de jovens que tinham a noção de que era hora de preservar a cultura. E ele, como brasileiro, durante 20 anos não se limitou a estudar só as outras expressões artísticas, ele estudava a música popular brasileira também... É tanto que algumas vezes a gente encontrou na residência dele Ricardo Cravo Albin, que é o maior estudioso da música popular brasileira e inclusive tem dicionário dele.
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Então, Câmara Cascudo, eu vim aqui falar, é do meu estado. Eu tive o privilégio, em 1979 - ele morreu em 1986 -, como ele não podia estar presente na inauguração dessa Casa da MPB, ele gravou essa música lá, ele e o Luiz Gonzaga. Nós tivemos o privilégio de ter dois luíses, cada um com uma representação forte da música popular brasileira. E, como foi falado aí, ele ia ao vivo. Você vê que as expressões, na maioria dos livros dele, mostram a vivência de um povo, aquilo... E a gente tinha certeza, sim; eu sempre tive certeza de que a cultura, falando nos termos de hoje, é a digital de um povo, Chico. Sem a cultura, como vamos saber de onde viemos, onde estamos e aonde queremos chegar?
Por isso, eu parabenizo aqui cada um dos homenageados que tem esse olhar diferenciado para preservar a história do nosso povo, que é riquíssima, que é diferenciada.
Então, parabéns, Daniella, eu queria parabenizá-la mais uma vez. E eu lhe digo o seguinte: eu me sentiria... Claro que não é da minha área e eu não vou receber a Comenda Câmara Cascudo, mas lhe digo que é uma homenagem para a qual tem que se tirar o chapéu: um cara grande, que foi reconhecido internacionalmente antes de o ser aqui. Eu sou do Rio Grande do Norte, mas na nossa educação não se falava em Câmara Cascudo. Precisou-se do reconhecimento externo para poder chegar até a gente. Ele, sim, era um cara grande, e foi estudante de Medicina. Como eu era estudante de Medicina, e mais dois diretores dessa Casa da MPB, aí ele começou a falar e a gente sentiu que ele conversava termos técnicos médicos. Aí a gente estranhou e ele disse: "Eu já fui estudante de Medicina na Universidade da Bahia por uns anos e deixei para vir cuidar da nossa cultura".
Parabéns Daniella, Chico, e parabéns à Governadora Fátima Bezerra, então Senadora. É um reconhecimento do Senado Federal a esse grande homem que fez uma grande história.
Muito obrigada a vocês. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Daniella Ribeiro. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - PB) - Obrigada, minha colega Senadora Zenaide Maia.
Agora eu convido também o meu querido colega Senador Fabiano Contarato para fazer uso da palavra.
O SR. FABIANO CONTARATO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - ES. Para discursar.) - Bom dia a todos e todas. Inicialmente, quero parabenizar a condução desta sessão, o que faço na pessoa da Presidente, minha querida Senadora Daniella Ribeiro, do meu querido Senador Chico Rodrigues, da minha querida Senadora aguerrida, Senadora Zenaide Maia.
Quero também cumprimentar a representante da Governadora do Rio Grande do Norte, que foi... Para mim, é com muita emoção que eu estou aqui, porque saber que esta sessão, essa comenda se originou da ideia de uma mulher tão competente, que muito dignifica a honrada classe dos políticos, que era a então Senadora Fátima Bezerra, minha colega do Partido dos Trabalhadores e das trabalhadoras e que hoje é Governadora, isso é motivo de muito orgulho para mim.
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Quero aqui também saudar todos os agraciados, nas pessoas de quem eu saúdo todos que estão aqui presentes.
Meus amigos, querem ver como é que um governo quer bem da população, olhem como ele trata da cultura. Eu ouso comparar a cultura talvez naquilo que seja a base da filosofia, que é a metafísica, que vai além da física, porque cultura envolve absolutamente tudo. E eu falo desde o Carnaval, que nós acabamos de encerrar, até a minha banda de congo capixaba. Eu falo de todos os aspectos da literatura, eu falo de todos os movimentos, todas as músicas, todos os ritmos. Eu falo da gastronomia, eu falo do chimarrão, mas também do acarajé da Bahia. Eu falo da cultura, eu falo de vida. Quer ver como um governo quer bem a sua população, eu volto a repetir: olha como ele trata da cultura.
E eu fico muito feliz porque eu quero falar para vocês: a cultura tem vez e voz. A cultura voltou. Graças a Deus, nós estamos agora num momento de valorização daquilo que eu reputo que seja fundamental e que passa - e tudo passa - pela cultura. Eu ousaria dizer para vocês que eu sempre me questiono, eu falo assim: meu Deus, eu fui cair no direito, com todo respeito ao direito, um povo enjoado, um positivismo napoleônico, uma guerra de vaidades, cargos, status, funções, excelências, doutores, e eu amo a literatura. E nada mais oportuno do que eu pedir licença a vocês. E olha que eu sou professor de Direito. E aí eu questiono: meu Deus, o que o Senhor quer de mim? Fui para o direito, trabalhei por 27 anos como Delegado de Polícia, o que muito me honrou, e sou professor de Direito Penal e Processo Penal. Mas eu sou apaixonado pela cultura.
Eu sou apaixonado pela cultura, e eu não poderia deixar de pegar, quiçá, talvez, um ponto específico da cultura na parte literária. E quero tomar um pouco a paciência dos meus amigos para ousar tentar declamar um dos poemas que, para mim, é fonte de inspiração na minha vida, um poema de José Régio, que foi considerado o pai do presencismo. Em sua antologia Cântico Negro, ele descreve com bastante propriedade um poema com que eu quero homenagear todos aqueles que estão aí envolvidos na cultura, todos. Perdoem-me pinçar apenas a literatura, mas ela faz meus olhos brilharem, meu coração pulsar mais forte. Cântico Negro:
“Vem por aqui” - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, [certos] e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui”!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…
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A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— [...] [Pois] eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes [...]
[...] canteiros, [tendes caminhos, tendes estradas]
[...]
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como [...] [uma chama], a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
[...] [Eu sou como o] vendaval que se soltou,
[...]
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
[Só] sei que não vou por aí!
Viva a cultura! A cultura está de volta! Parabéns a todos os que foram homenageados. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Daniella Ribeiro. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - PB) - Emocionou-nos também o Senador Fabiano Contarato.
Eu gostaria de convidar para agora presidir, neste momento, a sessão o Senador Chico Rodrigues, por gentileza - vou precisar me ausentar.
Antes eu quero agradecer a todos e, mais uma vez, cumprimentar, de forma muito especial por este momento e dizer que nós estamos sendo homenageados nesta manhã por poder ter esse privilégio de estarmos aqui vivenciando essa que é a valorização da cultura e daqueles que fazem a cultura. Parabéns a cada um e a cada uma de vocês, aos colegas Senadores e Senadoras e ao nosso Presidente do Senado pela iniciativa.
Muito obrigada.
(A Sra. Daniella Ribeiro deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Chico Rodrigues, 3° Secretário.)
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) - Convido para se dirigir ao púlpito, representando a Governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, a Secretária Extraordinária de Cultura do Estado, Sra. Mary Land Brito.
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A SRA. MARY LAND BRITO (Para discursar.) - Olá a todas e todos!
Cumprimento a Mesa na pessoa da Senadora Daniella Ribeiro, que está saindo agora - obrigada pela condução -, assim como o Senador Rodrigo Pacheco, que por aqui passou; a minha conterrânea Senadora Zenaide - bom dia também! -; o Senador Contarato, que aqui chegou e nos presenteou com essa expressão literária que nos emocionou também; o Senador Chico Rodrigues, que agora nos conduz - muito obrigada! -; o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Sr. Joel Ilan Paciornik; a Presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Sra. Fernanda Castro; e a Coordenadora do Museu do Senado Federal, Sra. Maria Cristina Monteiro, com a qual já conversamos um pouco, fizemos muitos planos para a cultura. Aproveito para cumprimentar também a família do nosso saudoso Câmara Cascudo, que nos acompanha, assim como todos os potiguares e as potiguares, os brasileiros e brasileiras que nos acompanham também nesta sessão tão especial.
Um bom-dia, quase tarde, a todas as pessoas presentes nesta sessão especial que tem um significado tão importante para esta Casa, uma vez que evidencia e reconhece nomes da nossa cultura, do nosso grandioso país, por meio de uma das maiores expressões culturais do Brasil, que foi a figura do pesquisador, folclorista, etnógrafo, escritor e jornalista Luís da Câmara Cascudo.
Aqui presente na condição de Secretária de Cultura do Estado do Rio Grande do Norte, Secretária há apenas 28 dias e, aqui, nesta honrosa missão de representar a Governadora, que está cumprindo agenda internacional em Portugal, onde se reunirá com lideranças do setor turístico e de energias renováveis durante toda esta semana, portanto, não pôde estar aqui presente... Como vocês devem saber e a Zenaide também aqui pontuou, foi graças à Fátima, à época, na condição de Senadora da República, que foi criada a resolução que instituiu a criação da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo.
Portanto, é grande a minha emoção de estar aqui hoje por inúmeras razões, e vou falar para vocês de duas em especial. Primeiro, pelo orgulho de fazer parte de um evento que traz em si o nome de Luís da Câmara Cascudo, um conterrâneo que enche de orgulho não só os norte-rio-grandenses, mas também todos os brasileiros e todas as brasileiras, por sua marca intelectual e por sua contribuição para o enriquecimento da nossa cultura, sobretudo, e principalmente, da cultura feita, falada, vivida e sentida pelo povo, que está presente na nossa língua, nos nossos costumes, no nosso pensamento e no nosso folclore. A segunda razão é por estar aqui representando a Governadora Fátima Bezerra, responsável pela idealização dessa comenda que reconhece pessoas e instituições que, por meio de suas ações e de sua arte, contribuem para manter vivas as tradições, a história e a cultura popular.
Fátima Bezerra idealizou a criação dessa comenda em 2017 e sua primeira edição aconteceu no ano seguinte. Ela teve a sensibilidade de perceber que o Senado Federal já fazia relevantes reconhecimentos na área dos direitos humanos e da mulher, mas havia esta lacuna a ser preenchida: a área cultural. Naquela ocasião, no primeiro ano, foram escolhidas seis personalidades: Antônio Francisco Teixeira de Melo, Nelson da Rabeca, Nilson Rodrigues da Fonseca e Pedro Baião e as instituições Câmara Brasileira do Livro e o Museu da Gente Sergipana para serem as primeiras agraciadas.
E hoje, neste início de 2023, estão sendo laureados o cantor, compositor e multi-instrumentista Milton Nascimento, um ser humano importante para a nossa essência; o paraibano Flávio Capitulino, que, pelo que eu já vi, é também um grande contador de histórias e que aqui, hoje, nos agraciou, de manhã, com muitas histórias superinteressantes, além de um sonhador realizador, o que é essencial para a nossa cultura; o Presidente do Ibram, Pedro Machado Mastrobuono, essencial para a nossa memória - é muito importante que a gente evidencie e cuide da nossa memória -; assim como a pintora mineira Yara Tupynambá, uma inspiração e orgulho; e, por fim, o Instituto Inhotim, um lugar de explosão de sentidos - aqui representado pelo Sr. Lucas Pessôa -, que, de fato, é uma viagem para muitas emoções e sensações.
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Quero também deixar aqui registrado todo o meu respeito e admiração por vocês por fazerem parte de uma missão, seja ela intuitiva ou racional, que é a cultura, uma atividade essencialmente humana, que nos diferencia das demais espécies - exatamente porque somos seres culturais. Acredito que, assim como muitos de vocês, faço parte do time que enxerga na cultura as bases para o fortalecimento da nossa memória, da nossa história, dos nossos conhecimentos e para a construção de nossa identidade; e, juntando tudo isso, para a possibilidade de cada vez mais nos transformarmos e de melhorarmos como pessoas e como sociedade.
Sigamos com essa esperança e com essa missão.
Muito obrigada a todas e todos aqui presentes.
Parabéns a todas, todos e "todes" homenageados. E que a gente consiga evidenciar e continuar fazendo com que nossa cultura esteja presente, ainda mais nesse momento de reavivar, de termos o nosso ministério de volta. Assim sigamos.
Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) - Convido para também fazer uso da palavra a Presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Sra. Fernanda Castro.
A SRA. FERNANDA CASTRO (Para discursar.) - Bom dia - quase boa tarde, não é? Ainda não almoçamos, então é bom dia ainda - a todas as pessoas presentes.
Agradeço especialmente ao Presidente Pedro, por estar aqui, o convite. E saúdo todos, na pessoa do Presidente da sessão, Senador Chico Rodrigues.
Peço de antemão desculpas pelo improviso da fala, que foi uma grata surpresa.
E não posso me privar de repetir algumas das coisas que foram aqui ditas. A primeira delas: viva o Ministério da Cultura recém-criado! Aqui estou porque existe o Ministério da Cultura.
Além disso, quero também pincelar algumas falas dessa manhã tão inspiradora, tão gratificante, tão cheia de reencontros e novos encontros com novos amigos, as pessoas que aqui conheci e que vou carregar daqui, já cheia de ideias, futuras parcerias. E me agrada muito ter ouvido, em repetidas vezes aqui, nas falas de muitos dos que me antecederam, algumas coisas que eu acho que são muito importantes.
Em primeiro lugar, quero parabenizar os homenageados, mas reafirmar, como já foi aqui dito, que essa homenagem é uma homenagem também a todos nós e a todo o povo brasileiro, porque toda homenagem que é homenagem à nossa cultura é uma homenagem ao nosso cotidiano, porque cultura se faz no dia a dia.
Além disso, quero também reafirmar aqui e dizer que muito me agrada a visão compartilhada de que a homenagem a cada um de vocês, para além do gozo individual, para além do reconhecimento à instituição e às pessoas que são, representa também o reconhecimento a todos nós: as pessoas que participaram das suas trajetórias.
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Agradeço em especial e, na verdade, acolho o agradecimento do Presidente Pedro aos colegas do Ibram, que também fazem parte da minha trajetória de estar aqui hoje. O reconhecimento de que hoje a homenagem que vocês recebem é uma homenagem que foi proporcionada por um coletivo, que foi proporcionada por pessoas que fizeram parte das suas trajetórias, é algo que é muito importante, porque é também a marca de um novo tempo que vem sendo inaugurado com este novo Governo.
Com isso, para não me alongar demais, eu quero trazer as palavras aqui do nosso Presidente, que vêm sendo ressoadas pela nossa Ministra da Cultura de que este novo Governo vai ser um governo para todos. E nada melhor do que a cultura para espelhar e demonstrar o que significa o "para todos": significa todos que estamos aqui, todos que nos colocaram aqui. A cultura é fundamental para garantir o resgate da democracia, para garantir o exercício da cidadania, que é o que esta Casa e as casas que nos circundam aqui na Praça dos Três Poderes têm o dever de realizar.
E, nesse sentido, já fazendo aqui também uma propaganda do que é a minha tarefa...
(Soa a campainha.)
A SRA. FERNANDA CASTRO - ... a gente terá a tarefa de construir o Memorial da Democracia, que vai ficar aqui. E convoco todos vocês a participarem desse processo, Presidente Pedro, desde já, convidado a ser um parteiro... um parceiro importante, porque... parteiro, não é? Veio a palavra errada, mas não deixa de ser um renascimento, um nascimento, a criação do Memorial que, para além de tratar da nossa democracia, do seu fortalecimento, do seu resgate, vai também fazer com que as políticas públicas culturais de memória e de museus no Brasil sejam uma influência e ressoem também na América Latina.
Então, queremos ter aqui todos os brasileiros, queremos ter aqui toda a nossa diversidade, queremos ter aqui nossos hermanos e ser uma inspiração, assim como vocês hoje homenageados são uma inspiração para a nossa cultura e são o que fazem com que a gente se mova todos os dias para criar, para resistir e para seguir sendo esse coletivo que impulsiona e que permite que as trajetórias sejam traçadas individualmente para o êxito que hoje vocês obtiveram e de que estão aqui usufruindo nesta homenagem.
Então, muito obrigada. Obrigada, Pedro, pela oportunidade, obrigada à Casa pela oportunidade de fazer os novos amigos e de sair daqui com a proposta de futuras parcerias. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) - Convido também para fazer uso do microfone a Coordenadora do Museu do Senado Federal, Sra. Maria Cristina Monteiro.
A SRA. MARIA CRISTINA MONTEIRO (Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas, Senador Chico Rodrigues; Senadora Zenaide, acho que já saiu; Senador Contarato; Senadora Daniella; Sra. Mary Land Brito, Secretária Extraordinária da Cultura, representando a Governadora do Rio Grande do Norte; a Presidente do Instituto Brasileiro de Museus, a Sra. Fernanda Castro.
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A todos e todas, boa tarde - a gente não almoçou, mas já está tarde. Então, eu vou ser bem breve, até porque, quando você é a última a falar e a sua fala também é improviso, fica difícil até achar palavras para compor.
Eu queria, primeiro, parabenizar os agraciados com a Comenda Câmara Cascudo, até pela pluralidade do próprio Câmara Cascudo na cultura nacional, na cultura popular. Parabéns ao Instituto Inhotim na figura de Lucas Pessôa, que representa não só a cultura nacional aqui, mas acho que eles são representantes da cultura nacional com reconhecimento mundial, pois o Instituto Inhotim é um dos maiores museus a céu aberto do mundo. E aí a gente tem: Yara Tupynambá, que é uma artista plástica de Minas Gerais, mas que também tem exposições no exterior e que é reconhecida mundialmente; Pedro Machado Mastrobuono, que é um defensor da cultura, que foi Presidente do Ibram e que é também um representante da cultura italiana, da arte italiana e da literatura italiana; Milton Nascimento, que tem a sua música universal, com reconhecimento internacional, universal; e a figura do Sr. Flávio Capitulino, que eu conheci há pouco e de quem virei fã número um.
Eu, ao cumprimentar o Flávio, gostaria de cumprimentar todos os restauradores e conservadores que a gente chama de super-heróis da cultura, da arte, que trazem de volta à vida muitas peças que vão se perdendo ou que parecem se perder. E isso é porque eu assumi o museu nas vésperas do dia 8 de janeiro. Então, eu brinco que eu passei ou tenho passado por um batismo de fogo. E a gente está conseguindo recuperar todas as peças que foram danificadas graças à equipe de restauradores, que trabalham com muita dedicação e com muito amor pelo que fazem. Cada peça restaurada é uma comemoração. Então, eu não podia deixar de homenagear os restauradores que, no Brasil, infelizmente, não têm ainda uma profissão reconhecida, mas a gente está batalhando por isso e a gente vai chegar lá.
O Flávio tem uma história tão emocionante! A gente ouviu tantas histórias... E ele é um contador de histórias fantástico! A história dele, em si, quando você lê, é muito bacana; quando escuta da própria pessoa, é algo que leva a uma viagem. Acho que o Flávio pode roteirizar um documentário ou um filme.
A minha homenagem a todos os agraciados com este prêmio que, realmente, neste momento, eu acho que marca a volta da valorização da cultura. A gente passou um tempo sem conseguir essa expressão cultural. A gente teve um tempo aí de desvalorização, até que se chegou ao auge dessa falta de valorização da cultura com o dia 8, em que as pessoas se manifestaram sem entender, talvez por pura ignorância mesmo do que é uma obra de arte, do que ela representa. Então, eu agradeço a todos, parabenizo a todos que receberam esta comenda. Muito obrigada.
Boa tarde.
Vamos encerrar. A gente já está aqui há muito tempo.
Obrigada. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) - Passa-se aos oradores inscritos, que poderão fazer uso da palavra por até cinco minutos.
Convido o chefe e fundador do Movimento Ortodoxo Beit Chabad, Rabino Shabsi Alpern. V. Exa. tem cinco minutos.
O SR. SHABSI ALPERN (Para discursar.) - Com grande humildade me apresento para falar algumas palavras, um minuto, diante das lideranças tão dignas do nosso país.
Em primeiro lugar, parabéns para todos que foram honrados. Eu quero acrescentar que tenho certeza de que honrados neste andar são automaticamente honrados também no alto.
Pisando na Praça dos Três Poderes, chegando aqui de manhã, me lembrei que na nossa mística, na cabala, também se fala de três poderes, por um lado o Criador, por outro lado as criaturas, e a fé, a religião e a Bíblia no meio, conectando os outros dois.
Aqui no Brasil, uma terra abençoada, se vê nitidamente o orgulho da religião, da fé e da Bíblia. Acho que é a única língua, no mundo, em que se fala toda hora: graças a Deus; Deus é bom; se Deus quiser; etc.
Quero agradecer a este país maravilhoso, onde cada um de nós pode ter o direito de expressão, de praticar a sua fé, a sua religião. É algo realmente ímpar. Peço ao bom Deus que abençoe o Brasil, que seja um grande entre os grandes. Além de três safras de soja e milho por ano, grande em todos os sentidos, se Deus quiser. Peço ao bom Deus que abençoe esta Casa, com todos os seus dirigentes, todas as Lideranças, e que tenham sucesso, saúde, alegrias e o tempo para curti-los. E que realmente tenhamos momentos como esse, que a cultura cresça, que tenhamos alegrias e saúde em todos os cantos.
E que digamos: amém! (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) - Cumprida a finalidade desta sessão de entrega da Comenda Luís da Câmara Cascudo 2023, agradeço às personalidades que nos honraram com a sua participação e convido os agraciados para uma foto conjunta em frente à mesa.
Está encerrada a sessão. (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 12 horas e 36 minutos.)