1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 14 de abril de 2023
(sexta-feira)
Às 14 horas
29ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - RN. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.
A presente sessão especial foi convocada em atendimento ao Requerimento nº 236, de 2023, de autoria desta Presidência e de outros Senadores, aprovado pelo Plenário do Senado Federal.
A sessão é destinada a comemorar o Dia Mundial de Luta Contra o Câncer.
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A Presidência informa que esta sessão terá a participação dos seguintes convidados: Sr. Aldo da Cunha Medeiros, Presidente da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer; Sr. Luciano Luiz da Silva Júnior, Coordenador Executivo da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer; Sra. Maria Angela Marini Ferreira, Presidente da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace); Sr. Gustavo Fernandes, ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica; Sra. Marlene Oliveira, Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida; Sra. Adilza Holanda Alves de Souza, Presidente do Grupo Bonitas, no meu Estado do Rio Grande do Norte; Srta. Thyfani Brito Carvalho, ex-paciente oncológica; Sr. Arisson Tavares, autor do livro O pequeno príncipe careca - está aqui, gente! Bacana, obrigado, Sr. Arisson -; Sra. Luci Ishii, Presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasiliense de Apoio ao Paciente com Câncer (Abac Luz).
Composição da mesa.
Convido para compor a mesa, junto a mim, os seguintes convidados:
Sr. Aldo da Cunha Medeiros, Presidente da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer. (Palmas.)
Sra. Luci Ishii, Presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasiliense de Apoio ao Paciente com Câncer (Abac Luz). (Palmas.)
Sr. Gustavo dos Santos Fernandes, ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. (Palmas.)
Gente, só quebrando um pouquinho o protocolo: este dia é especial, é o dia de combate, é o dia de luta, é o dia contra o câncer. Então ânimo! Está bom? Ânimo! (Palmas.)
Sra. Marlene Oliveira, Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida. (Palmas.)
É isso aí.
Eu falei isso, eu citei isso, Dr. Aldo, porque quem vence o câncer tem que ter ânimo. Para lutar contra o câncer, tem que ter ânimo.
E há uma criança que eu conheci com dois anos de idade, no Hospital Varela Santiago, que é bem especial para mim, como várias outras que eu conheci durante a minha vida: eu vou chamar a Srta. Thyfani Brito Carvalho, ex-paciente oncológica. (Palmas.)
Sra. Adilza Holanda Alves de Souza, Presidente do Grupo Bonitas, no Estado do Rio Grande do Norte. (Palmas.)
Sra. Maria Angela Marini Ferreira, Presidente da associação... (Palmas.)
É isso aí.
Só antecipando como vai ser hoje nesta sessão, a gente vai alternar algumas falas, Senador Izalci, vai abrir para os Parlamentares falarem também, e a gente vai ter a participação de pessoas, de artistas que tratam a doença muitas vezes com alegria, com felicidade, porque é disso que a gente precisa neste país. A gente até tocou nesse assunto hoje durante a sessão mais cedo, e é por isso que eu pedi ânimo mais uma vez, força e toda proteção de Deus para a gente dar continuidade e ficar em pé agora para cantar o Hino Nacional.
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(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - RN. Para discursar - Presidente.) - Vou dar início com uma pequena fala.
Eu inicio fazendo a reflexão de como falar sobre a dor que sentimos quando perdemos alguém. A dor, a perda, a saudade são democráticas e alcançam a todos nós. Ao propor esta sessão especial, pensei, e muito, em um tema que pauta a minha vida, o meu mandato e o meu planejamento: o câncer.
Então, Sr. Aldo, eu acredito que podemos chegar antes da partida, com a prevenção, com a profilaxia. Eu digo isso porque eu tenho uma mãe, chamada D. Edilma, que deve estar me assistindo, que teve câncer. Passei, passamos - eu, minha família, minha mãe, todos que ali acompanharam - pelo mesmo sofrimento. O câncer é a doença não só do paciente, mas de uma família, de uma sociedade. Somos todos levados nessa mesma jornada. Graças a Deus e aos membros da Liga Norte Riograndense - graças a Deus e a eles -, ela hoje está bem.
Enquanto policial militar, que era minha profissão anterior a estar aqui no Senado, eu realizava, nos meus horários vagos, visitas aos hospitais, principalmente de crianças, como o Varela Santiago, para levar instantes de alegria a pessoas tão novas, tão jovens que, quase que injustificadamente, passavam por tudo isso.
Lembro-me, entre tantos outros, do Isac, lembro-me da Bia, do Lucas, da Lauara, em especial da Thyfani, que está aqui do meu lado, que está presente aqui hoje, graças a Deus! Ela, com cerca de dois anos de idade, foi acometida por um câncer e conseguiu ter o diagnóstico precoce. Quatro anos depois, já estava curada. Eu conheci a Luciana, a mãe da Thyfani, que acompanhava o tratamento. Eu a conheci. Teve a mesma doença, mas não teve a mesma sorte. Como não descobriu antes, acabou partindo com 43 anos. Perdemos a mãe de Thyfani, não é?
É dessa dor que eu estou falando. É sobre essa dor que centenas de brasileiros ou as pessoas que estão me ouvindo, acompanhando nas redes sociais, entendem o que eu estou dizendo. Contudo, nos deixou essa linda garota, que sonha em ser e trabalhar com bichinhos, com pets, veterinária. Ela quer cuidar também.
Não vou me estender mais, porque tem um discurso feito, um discurso escrito, e ele parece ser frio. Porque, na verdade, quando eu tive contato...
Obrigado, Senador Eduardo Girão, pela presença.
Quando eu tive contato com essa doença, quando a minha mãe foi acometida, quando eu vi o trabalho incansável de médicos, enfermeiros - e aqui eu saúdo a todos... Acho que a saúde brasileira, na mão de brasileiros valentes, como a gente conhece no sistema SUS, pelas áreas hospitalares Brasil afora, é o que faz a gente acreditar e investir como Parlamentar. Quando eu disse que esse é o centro do meu mandato, o foco do meu mandato, é porque eu conheci essa doença de perto e eu sei o mal, o dano que ela pode causar. E eu acredito que não tem um brasileiro que esteja imune a ela, rico ou pobre, mulher ou homem, negro ou branco. Não se trata disso, não se trata de partido ou de ideologia; trata-se de salvar vidas com precocidade. A grande dificuldade hoje no nosso país, infelizmente, está no cuidar, está na humanidade, está em alcançar as pessoas que estão lá fora e mal sabem o que tem dentro delas e que, quando vêm a descobrir, já estão em um estágio bem longo e terminal.
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Não dá para aceitar perder vidas por negligência, por falta de acompanhamento. Não faltam recursos neste país, falta interesse. E é o mesmo interesse que eu vejo na classe médica de muitos hospitais, nos enfermeiros, em quem trabalha voluntariamente, como essas Mulheres de Rosa, levando café ali no corredor, doando-se. E, quando a gente pergunta qual é o motivo, a maioria ou teve um familiar com a doença ou teve a doença ou presenciou algo do gênero. A finalidade desta sessão é essa.
Perdoem-me se fui um pouco ríspido quando pedi mais emoção, mais ânimo. É porque é disso que o paciente, doutor, precisa; não só de remédio, mas de uma injeção de ânimo na política, nas ações humanas, nas ações médicas. É dessa injeção de ânimo que a gente está precisando para o país, para a gente melhorar não só a saúde, mas melhorar como nação. (Palmas.)
É neste momento agora, Thyfani, que eu convido a senhora, minha jovem guerreira, que com dois anos de idade enfrentou o câncer. E eu sorrio por alegria, porque eu vi Thyfani... Eu acho que ela não tinha noção do que estava enfrentando com dois anos de idade. Quando eu ia fazer meu trabalho voluntário, Senador Izalci, e me fantasiava, ia de policial ou ia de Capitão América, o que levava alegria para aquelas crianças, era porque eu tinha consciência, naquele momento, que podia ser o último dia delas. Eu acho que qualquer pessoa que está hoje em uma cama de hospital com a doença, que muitas vezes é de difícil tratamento, duro tratamento e até desumano tratamento, não tem a certeza de que vai ter amanhã. Imaginem isso para uma criança.
Então, Thyfani, eu quero homenageá-la e, em seu nome, homenagear todas as crianças que estão lutando contra o câncer.
(Procede-se à homenagem à Srta. Thyfani Brito Carvalho) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - As pessoas podem estar pensando assim: "Um cabra de dois metros de altura, todo emotivo?". Gente, minha família, minha mãe...
(Intervenção fora do microfone.)
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Ah, está no painel, olhe lá, Thyfani, a gente no painel quando a gente fazia... Olhe lá você rindo no casamento dos bonecos.
(Interrupção do som.) (Palmas.) (Pausa.)
O senhor vai ocupar a tribuna?
O Senador Eduardo Girão vai ocupar, por improviso, a tribuna.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) - Nobre Senador Styvenson Valentim, Presidente desta sessão, com muita honra e alegria o homem certo no lugar certo; senhoras e senhores aqui presentes, crianças - Thyfani, você é uma benção, linda, um presente de Deus -, eu queria, Senador Styvenson, eu tentei falar ali de baixo, mas não foi possível. O amor que a sua assessoria tem pelo trabalho do senhor - eu estive no seu estado algumas vezes conversando com os potiguares e ficou muito evidente o carinho, a gratidão que as pessoas sentem pelo seu trabalho -, eu quero aqui personificar, na sua caridade, no seu desejo de ajudar crianças como a Thyfani, porque antes de o senhor ser - estar!, porque a gente não é, Senador Izalci -, antes de o Styvenson, esse ser humano ser Senador da República, estar Senador da República, ele já trabalhava nessa seara há muito tempo, e pouca gente sabe disso. Às vezes, muitas vezes, com recursos próprios, ele estava se importando, ajudando no tratamento de crianças lá no Rio Grande do Norte.
E você merece todo o reconhecimento, Senador Styvenson, todo o carinho por uma passagem na Terra, que é passageira para todos nós. Deus é que está no comando e sabe a hora, mas o senhor faz a diferença na vida de muitas pessoas. E esta sessão aqui repleta de pessoas gratas e de pessoas que se importam com as outras é uma prova da importância do seu trabalho no Senado Federal.
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Então, a sua assessoria preparou este momento e eu queria, aqui do púlpito, pedir a todos que estão conosco que a gente possa, para esse ser humano que faz de coração, antes de imaginar entrar na política, um trabalho nos bastidores se fantasiando para levar alegria aos hospitais, como um cidadão que realmente tem o amor no coração, que recebesse esta homenagem de todos nós, Senador Styvenson, por esta sessão histórica que está acontecendo hoje aqui no Senado Federal. Eu lhe cumprimento pela coragem, pela realização desse trabalho que transcende o Rio Grande do Norte; está atingindo todo o Brasil graças ao exemplo ético e amoroso da sua existência aqui na terra. Então, eu convido todos a darem uma salva de palmas ao Senador Styvenson Valentim. (Palmas.)
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Eu que agradeço, amigo, não digo nem Senador, digo irmão. Aqui parece um campo de briga - não é, Izalci? - a todo mundo que assiste nossos discursos, nossos debates, mas é um lugar também em que fazemos boas amizades. Carregaremos isso para a vida. O Senador Girão, o Senador Izalci são mais que amigos, são irmãos que me acompanham. É para isto que serve a política: para servir as pessoas. A finalidade da política é essa, é para isso que servimos. Se não for para servir vocês, não servimos para nada.
Então, concedo agora a palavra ao Sr. Aldo da Cunha Medeiros, Presidente da Liga, para falar por cinco minutos tudo que o senhor tem para falar para a gente. Pode ocupar qualquer um dos lados. Pode ir para a direita ou para a esquerda. Independentemente de ideologia, para a direita ou para a esquerda.
O SR. ALDO DA CUNHA MEDEIROS (Para discursar.) - Senhoras e senhores, boa tarde.
Quero primeiro cumprimentar o Presidente desta sessão, Senador Styvenson Valentim; a Presidente da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace), Sra. Maria Angela Marine Vieira Ferreira; o ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Sr. Dr. Gustavo Fernandes; a Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, Sra. Marlene Oliveira; a Presidente da Associação Brasiliense de Apoio ao Paciente com Câncer, Sra. Luci Ishii; a Presidente do Grupo Bonitas (RN), Sra. Adilza Holanda; e a Srta. Thyfani Brito Carvalho.
Tenho o prazer também de cumprimentar o Dr. Ivo Barreto de Medeiros, Vice-Superintendente da Liga Norte Riograndense contra o Câncer; e o Dr. Luciano Luiz da Silva Júnior, Coordenador Executivo da Liga aqui presente.
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Como Diretor-Presidente da Liga Norte Riograndense contra o Câncer, sinto-me muito honrado ao representar aqui a instituição juntamente com meus colegas Ivo e Luciano, ao mesmo tempo em que agradeço em nome da Liga a homenagem ora prestada através da iniciativa do Senador Styvenson Valentim, que formalizou o convite para que estivéssemos aqui, neste momento solene. Por ocasião do convite, o ilustre Senador homenageou e reconheceu todo o trabalho da Liga na prevenção e no combate ao câncer do meu estado, o Estado do Rio Grande do Norte.
Aproveitamos também o ensejo, caro Senador Styvenson, para agradecer a destinação recente de vultosos recursos de R$15 milhões, através de emenda parlamentar, para construção e aquisição de equipamentos para mais uma unidade de nossa Liga, para o diagnóstico, o tratamento e a prevenção do câncer, na cidade de Currais Novos, na minha região, Seridó, do Rio Grande do Norte. A construção do empreendimento já está em andamento, com as providências sendo tomadas, e trará enormes benefícios para a população de uma região muito carente, como o senhor bem conhece, sujeita a secas repetidas.
Alguns dados a respeito do câncer merecem ser lembrados. É a segunda causa de morte no nosso planeta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 10 milhões de vítimas ocorreram em 2020. O dado basta para entender a campanha promovida pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), com o apoio da OMS, e o objetivo dessa campanha é aumentar a conscientização da sociedade de um modo geral e influenciar os governos para que se mobilizem contra a doença.
Senador, o senhor mobilizou-se, assumiu a causa e está nos ajudando, a todos aqui presentes, que nos preocupamos e tratamos o câncer. Neste ano, o destaque são os investimentos na prevenção da doença e seu impacto na economia global. Vejam que dado interessante e estarrecedor: somente para se ter uma ideia da relevância desse problema, segundo a União Internacional para o Controle do Câncer, investir cerca de US$12 bilhões em estratégia de prevenção gera uma economia de US$100 bilhões no tratamento do câncer. Imaginemos que o total gasto, o total global com o câncer, em todo o mundo, é estimado em cerca de US$1 trilhão, equivalente a 72% do PIB do Brasil em 2021 - é muito dinheiro.
Então, os dados são cruéis, são estarrecedores, e cerca de 10 milhões de pessoas, em todo o planeta, se submetem hoje à quimioterapia - viu, Thyfani, à quimioterapia a que você se submeteu contra o câncer -, e serão de 12 milhões a 15 milhões em 2040. Estima-se que subam para 15 milhões. Então, a nós compete frear essa escalada de pacientes com câncer entre nós e no mundo todo.
No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) - em que alguns de nós fizemos treinamento, o Dr. Ivo, muitos de nossa Liga Contra o Câncer - é de que de 2023 a 2025, o país registrará cerca de 704 mil novos casos de câncer - de 2023 a 2025, cerca de 12% a mais do que nós temos hoje.
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Esses números evidenciam a magnitude dos desafios que envolvem o combate à doença, principalmente os obstáculos ao acesso aos tratamentos, ao diagnóstico precoce, que pode custar cerca de 30% dos casos de câncer.
Então, o diagnóstico de equidade, o déficit de equidade do acesso à prevenção e tratamento está custando vidas, está matando muita gente. Todos nós vemos isso diariamente nas nossas instituições.
Portanto, senhores e senhoras, Sr. Senador, a nossa Liga Norte Riograndense contra o Câncer - que tem como causa combater o câncer, transformando vidas como missão, prestar assistência prioritária à oncologia, com competência e filantropia principalmente, e que tem com valores o respeito ao ser humano, honestidade nas suas ações, compromisso com o fazer bem feito, disposição de servir ao ser humano com câncer - agradece mais uma vez o seu apoio, o apoio desta Casa e a homenagem aqui prestada. Muito obrigado, em nome da nossa instituição. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Eu, como representante do meu estado, Senador da República e do país, estendo o reconhecimento da Liga Norte Riograndense e seus trabalhos. Fiz, como uma amostra, o que fez pela minha mãe, o que faz pelo potiguar, mais o que faz cada instituição dessa Brasil afora: Hospital do Câncer, em Barretos; lá com o Rodrigo - obrigado, Senador Rodrigo Cunha, pela presença -, lá em Alagoas, quando ele levou... Ele vai usar a palavra para falar da experiência dele também.
Então, Sr. Aldo, muito obrigado, viu? Nós que agradecemos. Não é só um estado não. É o país todo e quem luta contra essa doença que agradecem o trabalho dos médicos e enfermeiros.
Agora eu chamo, para ocupar por cinco minutos a tribuna, o Sr. Luciano Luiz da Silva Júnior, o Coordenador Executivo da Liga. (Palmas.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR (Para discursar.) - Senador Styvenson, Presidente desta sessão, na pessoa de quem saúdo todas as autoridades que compõem a mesa; Senadores presentes...
O nosso Presidente já falou da Liga um tanto, mas eu queria historiar um pouco a nossa Casa.
O Senador Styvenson falou da honra que pudemos ter em tratar sua mãe... A mãe da Thyfani também passou numa segunda etapa do tratamento também conosco, mas a base do tratamento foi no Hospital Universitário.
Quero dizer que temos 74 anos e cabe contar um pouco da nossa história, Senador.
Nós começamos numa campanha do Ministério da Saúde, então, que criou ligas pelo país inteiro. Então, nesse período, 40 pessoas da nossa sociedade, das assistentes sociais, médicos, empresários... Eles se juntaram e, aí, foi criada a Liga no Hospital Dr. Luiz Antônio, a nossa Unidade 1, que era na periferia da cidade. Era num hotel, que se chamava hotel de passagem, o seu entreposto da cidade mais próxima, até porque a rota de comércio era beirando o rio, Senador, e era a periferia.
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Essa unidade nasceu para albergar as pessoas em fase terminal para que pudessem ter um tratamento adequado na medida do possível, um tratamento humano e para que pudessem fazer a partida de uma forma digna.
Em 1970, chegaram os dois primeiros... E aí, Dr. Gustavo, começa-se a mudar o perfil da instituição. Chegaram os dois primeiros oncologistas: aqui presente, o Dr. Ivo, oriundo do Inca, e o Dr. Aluísio Bezerra, também oriundo do Inca, um cirurgião oncológico, outro radioterapeuta. Aí começa a guinada da liga em busca dos tratamentos mencionados pelo senhor.
Desde então, há feitos, e aí, sem querer e sem poder perder o propósito, a liga foi crescendo. Hoje, somos quatro unidades hospitalares: a Unidade 1 continua sendo 100% SUS; na nossa Unidade 2, está todo o nosso parque tecnológico, com os aceleradores, toda a quimioterapia, diagnósticos, sem dever a nenhuma instituição privada da cidade; a Unidade 3, onde fazemos as cirurgias, tem a nossa parte suplementar e é onde está a nossa pediatria; e a Unidade 4, uma unidade avançada, uma unidade no interior, com diagnóstico e mais tratamento. A Unidade 5 é uma casa de apoio que mantemos para adultos; junto com a Rede Feminina, nós fazemos o custeio; são 35 leitos de forma gratuita; essas pessoas ficam albergadas, têm transporte, são acomodadas e têm todo o nosso zelo. A nossa Unidade 6 é a parte de ensino. Quero dizer que fui aluno, estagiário... Todos os futuros médicos da cidade rodam conosco, além de serviço social, odontologia, enfermagem, toda equipe multidisciplinar. Temos hoje um centro de ensino. E, Dr. Gustavo, hoje, de todos os trabalhos científicos ligados à oncologia, a liga participa de 45%. E dos que ela participa em 80% nós ficamos entre os cinco primeiros em número de pacientes.
Na cirurgia, Senador Girão... E eu ouvi, de manhã, parte da sessão em que o senhor citava uma unidade 100% SUS. Nós hoje, em um estado - Senador, se orgulhe - pequenininho, somos o terceiro centro em número de cirurgias oncológicas pelo SUS - o terceiro. Se fizermos uma proporção, se formos para a base populacional, em que o primeiro é o nosso coirmão Aristides, em Salvador, talvez seríamos até o primeiro.
O mais importante, Senador, é a qualidade. Eu sou cirurgião oncológico, o Dr. Ivo é cirurgião oncológico, o Dr. Aldo também é cirurgião. E não foi um complô dos cirurgiões, Dr. Gustavo, não foi! Os oncologistas ficaram, os radioterapeutas também. O nosso orgulho, Senador, não são os 100% SUS, é algo que o Senador Styvenson citou de manhã: é que do jeito que eu opero o paciente da medicina suplementar eu faço com o meu paciente do SUS. Isso, sim, é nosso motivo de orgulho.
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E aí gratidão. O Dr. Aldo já mencionou a quinta unidade, outra unidade, também no Seridó, onde vamos poder - aí recurso de emenda de bancada usada pelo Senador, que brigou por ela - edificar, porque nós vimos que nessa região 65% das pessoas que nós atendíamos ainda precisavam ir a Natal. E, numa linha de reduzir asfalto, de reduzir tempo, aí vem, Senador, o senhor citou na sua fala, o nosso tempo de tratamento, o timing para se poder alcançar o que se conseguiu com a bela Thyfani.
Na nossa outra unidade, que é a unidade pediátrica em parceria com o Ministério Público do Trabalho, o Senador entrou na finalização e nós vamos poder edificar. Mais tarde, o Dr. Ivo prepara uma surpresa para ele, uma nova função a essa edificação que vai acrescentar, talvez, a única fronteira que a liga ainda não tenha, que é o transplante de medula, mas aguarde a conversa posterior.
Desculpe-me, Dr. Ivo, se já me antecipei. Perdoe-me. Como professor, o senhor não pode mais me baixar nota, porque que eu já estou ficando de cabelo branco.
O mais importante agora, Senador, ao término disso, a essas 40 pessoas que fundaram a liga é olhar para trás e ver que crescemos.
(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - Ver a nossa responsabilidade. Todas as instituições e pessoas aqui que convivem e conviveram com as histórias de Thyfanis que puderam crescer e que hoje estão em posições...
Ontem conversava com o Dr. Fernando, do Ministério da Saúde, sobre o que nós pudemos fazer. Somos passageiros, Senador Girão lembrou aqui, estamos nessa função. A liga tem 74 anos. Poderia ser o Dr. Ivo aqui, que já foi um dia Coordenador Operacional. Hoje o bastão está comigo. Tenho a honra lembrar que começamos com 25 funcionários, 25 leitos; hoje, juntando com os médicos, são 2,5 mil. Atendemos a todos os municípios do estado - 60% da oncologia SUS estão sob nossa responsabilidade.
(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - E aí, Senador, é olhar para atrás e ver que crescemos e procurar se a nossa essência, se ao nosso propósito de quando fomos fundados por aqueles 40 cidadãos ainda estamos afeitos, se nós deixamos passar entre nossas mãos a nossa máxima, que era o cuidar. A tecnologia vem e ela é complementar, mas a essência do cuidado é esta: nós não podemos em nenhum momento desperdiçar.
Eu ontem, conversando com o Ana, disse: "Ana eu teria um caso para ilustrar..."
Mas eu acho que eu já estourei o tempo, Senador.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - Bom, vou tentar. Quando eu começar a falar, o senhor decide.
Há tempos eu fui convidado para ser paraninfo de uma turma de medicina e, em sendo a última aula, era a última mensagem àqueles futuros médicos, tão distantes hoje em dia da parte humanitária...
(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - E eu queria levar a medicina como algo que iluminasse, mas que permitisse ser iluminado. A sua ação, Senador, lá atrás, como mencionou o Senador Girão antes, manteve-se no propósito. E muitos médicos perdem, e aí eu me recordei e fiz a analogia: iluminar, se deixar iluminado com esse caso.
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E aí, Dr. Gustavo, era uma criança, 13 anos, com um sarcoma, sarcoma no braço, e eu precisei fazer uma amputação. Seguiu na quimioterapia. Era uma criança viva, com os olhos lindos, que vinha sempre com o pai. Estranhamente a mãe nunca apareceu, nunca a conheci. E aquele pai, muito carinhoso, apesar das feições, pele curtida pelo sol...
(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - ... rude, mas carinhoso. Você percebia o amor daquele pai àquela criança. E aí seguiu a cirurgia. A mãe não podia ir, porque tinha mais três filhos menores. Ela abria mão do carinho para cuidar dos outros filhos sadios em casa.
Seguiu, fiz a cirurgia, segui com a oncologia pediátrica. Já digo: eu sofro com as crianças, eu adoeço. É dolorido para mim, mas, numa fase inicial, enquanto cirurgião oncológico, eu fazia e criamos aquele relacionamento.
Tempo depois, dois anos depois, nessa criança surgiu outro tumor. Agora, no joelho, e eu não podia fazer outra amputação. Tinha pesadelos em imaginar. Outro: e era contralateral.
Fizemos um esforço. À época, em Natal, não havia nenhum ortopedista que pudesse colocar prótese, e ela foi...
(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - Conseguimos, e ela foi colocar essa prótese em Recife. Voltou e ela desenvolveu metástase. A prótese fraturou - eu não me lembro de ter visto fratura, mas a literatura diz. E eu me recusava.
Aquela criança sabia todos os meus horários do consultório, do ambulatório, dia em que eu operava, dia em que eu estava de plantão. Ela sabia tudo da minha vida. E vinha o recado da pediatra: "Fulana [que eu vou chamar de Maria] Maria quer vê-lo". E eu não aceitava, porque eu sabia que eu teria que indicar essa cirurgia, mas fui ver a Maria. Tinha ulcerado o tumor da Maria, e ela estava com muita dor. E, naquilo lá, eu vi o quanto eu estava sendo egoísta. A dor era minha de não querer fazer a amputação, mas, ao ver Maria naquela troca de curativo - e eu não fui nem como médico...
(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - ... eu fui como amigo da família -, eu vi o sofrimento e naquele instante eu indiquei a cirurgia.
Já conversei com o pai, conversei com ela - e ela grata, por se livrar daquele sofrimento. Fiz exames pré-operatórios, seguimos e, à véspera da cirurgia - era outra unidade -, eu fui visitar, até porque era uma cirurgia terrível para um cirurgião. Fui lá visitar a Maria. Chegando - ela tinha metástase pulmonar -, Maria estava numa fase avançada da doença, e eu disse: "Que alívio, porque ela não vai ter que fazer uma amputação, ela vai poder seguir para Deus, essa família não vai sofrer e ainda poupou este pobre cirurgião".
Eu tinha um congresso, viajei. Eis que volto e, uns dias depois, a pediatra: "Maria quer vê-lo". "Como?". "Maria quer vê-lo". Precisa fazer a cirurgia, Senador.
(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - E fui. Fiz a cirurgia, conforme prometido. Segui no acompanhamento pediátrico, dei alta. Dias depois - o Dr. Aldo conhece um dos nossos hospitais, um corredor longo até o centro cirúrgico -, à porta do centro cirúrgico, Senador, eu escuto lá aquela vozinha doce chamar pelo meu nome. E eu me viro, ela vem com o pai, com um sorriso de ponta a ponta. A imagem inicial de uma criança sentada a uma cadeira, atravessada, como a gente fala lá no Nordeste, por não ter um braço e uma perna - e era contralateral, meio que se equilibrava naquela cadeira -, o primeiro segundo foi do impacto, porque eu não queria imaginar essa cena, mas ao fitar...
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(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - ... aquele sorriso, era um ser de luz que vinha lentamente naquele corredor - sorriso pleno. E ela vai se aproximando - é incrível a imagem, Senadores, de quanta beleza naquela criatura, de tamanha prova à qual ela foi submetida - e quando ela chega próximo de mim, ela diz: "Dr. Luciano, eu estou tão feliz!". Como? "Dr. Luciano, eu estou tão feliz! O senhor acredita que agora eu posso mexer na internet?". Gente, quão pequeno...
O senhor falou, conclamou por ânimo, Senador. Esse é o nosso ânimo. Essas crianças é que vão nortear a vida... Não achem que nós médicos estamos no topo da frieza. Cada um de nós falaria aqui à tarde, contando alguns casos, de adultos, crianças, sei que o Dr. Gustavo também...
(Soa a campainha.)
O SR. LUCIANO LUIZ DA SILVA JÚNIOR - ... o Dr. Ivo idem, enfim, os médicos aqui presentes.
Mas é esse o estímulo: cuidar. Lá na liga, nosso lema é: "Estar na liga é uma grande oportunidade de fazer o bem". Às instituições aqui presentes e ex-pacientes de instituições: lidar com o câncer é uma grande oportunidade de fazer o bem. (Palmas.)
Senador, em nome da liga, obrigado pela sua luta incansável em prol do nosso estado, em prol da sua atividade aqui nesta Casa, em prol do paciente oncológico. Obrigado por nos ajudar, ajudar a liga e a nós que estamos aqui a fazer o bem. Obrigado. Desculpe o horário. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Agradeço também, Dr. Luciano.
Nas nossas conversas - não é, Dr. Ivo? - eu sempre cito que, se a gente está se preparando para uma guerra, a gente está se equipando para isso. E com os números que o Dr. Aldo trouxe para a gente, com certeza vai ser uma grande guerra contra essa doença. Então, temos que estar todos preparados.
Eu concedo a palavra agora à Sra. Marlene Oliveira, Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida.
A senhora tem cinco minutos, e eu vou acrescentando o tempo. (Palmas.)
A SRA. MARLENE OLIVEIRA (Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas. Eu estou, assim, emocionada, Senador, de estar aqui nesta Casa, que está ocupada por pacientes, por pessoas que eu, como líder de uma organização, o Instituto Lado a Lado, que há 11 anos criou neste país a campanha Novembro Azul, tenho muito orgulho de ver aqui. É o meu primeiro contato com o senhor, eu não o conhecia, e me sinto representada e sinto que a nossa luta agora tem mais um grande aliado. Então isso é motivo de muito orgulho para nós.
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Eu queria muito agradecer aqui à Abrapec, que é a instituição que é parceira. Eu queria que todas as pacientes, as pessoas da Abrapec e as nossas queridas do Escolhemos Viver e da Abrace ficassem em pé, porque é por vocês que a gente acorda todos os dias, é por vocês que a gente trabalha, é por vocês que a gente está aqui, é por pessoas assim. (Palmas.)
Eu fiquei emocionada ao ver a Thyfani. Quantas crianças neste país hoje esperam ter a mesma felicidade que a Thyfani está tendo aqui. Então, é muito bom estar aqui e falar por essas pessoas.
Como - eu vou chamar de doutor - o Dr. Aldo colocou bem os números, 704 mil novos casos é muita coisa. E o nosso maior desafio - aqui está o Sr. Fernando Maia, representando o Ministério da Saúde - é como a gente chega antes do câncer, é como a gente consegue fazer com que a nossa população comece a entender que o câncer hoje já não é mais tão distante, ele está chegando cada vez mais perto. Quem de nós hoje não conhece alguém e não tem alguém na nossa família com câncer?
E o Instituto Lado a Lado participou ativamente, junto com a Comissão Especial de Combate ao Câncer da Câmara Federal - e aqui eu queria deixar registrado o nosso reconhecimento pelo trabalho da Deputada Silvia Cristina e do Deputado Weliton Prado -, onde a gente apresentou uma proposta da nova política nacional de combate ao câncer. Esse é o desafio, e a gente não pode passar este ano sem aprovar essa política. Essa política é algo que vai garantir ao paciente um atendimento digno e de qualidade. E aqui eu estou falando pelos pacientes do Sistema Único de Saúde.
Para a gente que roda este país, para a gente que atua neste país de ponta a ponta, é difícil perder pessoas pelo caminho porque não tiveram acesso a uma consulta. A pessoa morre e a família nem sabe que foi um câncer. Então, esta Casa tem que ter um olhar especial para isso e ter pessoas como o senhor. Hoje aqui eu fiquei muito feliz de ver a sua emoção, e é disso que a gente precisa: de pessoas aqui nesta Casa que sintam o sangue correr na veia e sintam a emoção.
Eu quero muito agradecer e dizer que o câncer é algo que está aqui com a gente, e o paciente com câncer tem pressa, tem urgência e não pode esperar. Então, a minha fala vai muito nesse sentido. E nós aqui todos precisamos aprovar essa política nacional do câncer, que tem que ser prioridade neste país. O paciente com câncer hoje tem essa urgência, e nós devemos isso a ele - nós devemos isso.
Hoje eu estou numa condição de ser uma pessoa saudável, mas amanhã eu não sei. E, quando chegar a minha vez, eu preciso também ter esse direito. Então, é por vocês que eu acordo todos os dias, é por vocês que eu trabalho, é por vocês que a minha instituição tem uma atuação. E a atuação nossa é a seguinte: a gente tem que chegar antes, a gente tem que falar neste país. Neste país, não dá para ter um Ministério da Saúde que só fale de doença, a gente precisa ter um Ministério da Saúde que propague...
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(Soa a campainha.)
A SRA. MARLENE OLIVEIRA - ... a saúde. É disso que a gente precisa.
Muito obrigada.
Não vou ocupar todo o espaço, mas muito obrigada. E que você tenha muita saúde e muita coragem, porque a gente precisa de você estando aí na frente, segurando esse timão junto com a gente.
Muito obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Obrigado, Sra. Marlene. A senhora tinha ainda mais um minuto e o tempo suficiente eu iria dar para a senhora, primeiro, pelo sexo feminino - não é? -, que tem sempre prioridade nesta Casa e em toda a sociedade, e pela experiência que a senhora tem também, dentro dessa área.
A SRA. MARLENE OLIVEIRA (Fora do microfone.) - Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Assistiremos agora a uma apresentação da canção Acreditar, que será executada pelo cantor Alan Cruz, cujo nome artístico é Dr. Melodia, que criou o projeto social Remédio Musical, onde trabalha como voluntário. Com esse projeto, levou apresentação gratuita às cidades de 25 estados brasileiros, em mais de cem hospitais públicos. Hoje ele canta acompanhado de voluntárias do projeto: a Sra. Martha Freitas e Aline Rodrigues Rolim.
Estão prontos? (Pausa.)
À vontade.
O SR. ALAN CRUZ - Boa tarde! A gente vai cantar uma parte da Acreditar e de uma música que a gente rodou todo o país cantando, que é do Roberto Carlos: Como é Grande o meu Amor por Você. E é o que eu quero deixar para todas as pessoas que estão aqui: essa linda homenagem neste dia tão importante.
(Procede-se à execução musical das músicas Acreditar e Como é Grande o meu Amor por Você.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Sr. Alan Cruz, Dr. Melodia, trabalho voluntário, obrigado, viu? Cem hospitais em 25 estados brasileiros, com a D. Martha agora integrando e a D. Aline, é disto que a gente precisa: acreditar.
O SR. ALAN CRUZ - Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - É terapêutico, relaxou. Tira até essa ansiedade. Estava conversando com um médico aqui do meu lado, especialista, e ele disse que é uma forma de combater as doenças também.
O SR. ALAN CRUZ - A música libera endorfina, dopamina, serotonina. É um prazer. Na verdade, o senhor está falando 25, são 26 estados, porque a gente fez em Cuiabá agora. Estou muito feliz de estar fazendo esse projeto em todo o Brasil, levando a música e a alegria gratuitamente. A gente sabe o poder que a música tem na vida das pessoas. Estou muito honrado de estar aqui hoje no meio dessas pessoas especiais, da Abrace, que é nossa grande parceira, e de todos que estão aqui. Muito feliz! Gratidão.
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Obrigado, Sr. Alan. Obrigado. (Palmas.)
Vou conceder a palavra agora ao Sr. Gustavo Fernandes, ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
O senhor terá cinco minutos e mais algum tempo de que precisar.
O SR. GUSTAVO DOS SANTOS FERNANDES (Para discursar.) - Boa tarde a todos!
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Muito obrigado. É uma alegria estar aqui hoje. Obrigado, Senador Styvenson, na pessoa de quem cumprimento a mesa toda. Senador Izalci, na sua pessoa cumprimento o Parlamento e cumprimento as mulheres, as pacientes e a tudo de bom que tem no Brasil na pessoa da menininha - onde está ela? -, a Thyfani. Ela é sensacional, não é? Olha, olha que bonitinha!
Eu acho que, para um dia que comemora a luta... A gente já falou das duas coisas aqui, então: a gente teve muitos sentimentos a comemorar, muita beleza nas falas do Dr. Luciano, muita beleza no sentimento do Senador Styvenson e na história da Thyfani; e a gente também teve elementos aqui que sinalizam, como na fala do Dr. Aldo, o quanto a gente ainda tem de luta pela frente nesse tema.
Então, é, sim, um dia de comemorar, um dia de aplaudir os pacientes pela coragem que têm, os médicos, os profissionais de saúde, todos - notadamente enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, que são muito importantes na condução dos casos de câncer -; são pessoas de muita coragem. Então, isso é digno de aplauso.
Também como colocado pelo Dr. Aldo, nós teremos no Brasil 700 mil casos de cânceres novos por ano no próximo triênio. Se a gente colocar isso em cinco anos, são 3,5 milhões de pessoas que vão adoecer. Se tivermos uma taxa de mortalidade de 20%, o que é uma taxa reportável, nós teremos 700 mil óbitos, o que é, mais ou menos, o número de óbitos que nós tivemos na pandemia. E veja que isso está acontecendo todo dia na nossa frente e isso talvez não gere mais o espanto que deveria gerar. Então, acho que, quando a gente tem um evento novo que acrescenta uma linha de agressão a nós, a gente tem muito mais vontade de falar.
Eu acho que aqui uma das coisas que a gente tem que ter em tratamento de câncer, olhando para as políticas públicas, é não perder a capacidade de se indignar com o caminho que a gente ainda tem para trilhar e com o quanto a gente ainda pode ganhar, quantas vidas a gente ainda pode salvar.
Então, o número é este: uma pandemia a cada cinco anos, de maneira perene, contínua, se a gente não agir para parar.
Como que a gente pensa, e aí falando um pouco da parte técnica, e como a gente sabe que se pode agir no sentido de reduzir o impacto do câncer na vida das pessoas, na vida das famílias, na vida da sociedade e do país? Porque tudo isso tem um impacto pessoal, um impacto íntimo muito grande, muito firme, como a gente pôde ver aqui, mas também tem impactos na sociedade como um todo e mesmo impactos econômicos.
Então, as ferramentas para isso são conhecidas, estão à nossa disposição e começam com métodos de rastreio, métodos de screening, métodos de diagnóstico precoce.
Como bem falou o Senador Styvenson, eu estive com ele aqui, há uns dois, três anos, um pouquinho antes da pandemia, discutindo screening de câncer colorretal. Nós não temos um programa de screening de câncer colorretal no Brasil. Nós não temos um programa institucionalizado de screening para câncer de mama, embora exista até algum grau de esboço disso.
Então, nós precisamos destinar verbas e recursos para diagnóstico precoce e para que, uma vez feito o diagnóstico, firmado diagnóstico, o indivíduo tenha acesso ao tratamento curativo, que habitualmente é o tratamento cirúrgico, que o Dr. Luciano falou, tendo três cirurgiões e um clínico - talvez a proporção seja correta.
E não se faz isso sem política, sem vontade, sem conhecimento, e isso não falta no Brasil, e também sem direcionamento de recursos para isso.
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Então, mais uma vez, usando o doloroso exemplo da pandemia, me solidarizo a todos que perderam algum familiar. E todo mundo teve pessoas que adoeceram muito fortemente na pandemia com covid, embora a gente tenha tido um investimento de R$36 bilhões em vacinas no ano passado, enquanto o investimento em oncologia no SUS é por volta de 10% disso. Então, a gente precisa também de fomento. Não é só de dinheiro, a gente precisa de inteligência, a gente precisa de organização e priorização, mas também a gente precisa de mais recursos para diagnóstico, mais recursos para terapias para quem é curável e também mais recursos para terapias, digamos assim, paliativas e para conforto dos pacientes que são incuráveis.
Então, acho que a nossa luta como Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, que é a sociedade que representa os médicos que enfrentam, junto com os pacientes e com os colegas de outras especialidades e profissões afins, o câncer todos os dias, a nossa vontade é de viver num país em que nós tenhamos acesso mais equânime e que nós não soframos junto com os pacientes - lógico, em uma escala mínima, quando comparado ao sofrimento do paciente - ao enxergar alguém que poderia ter sido salvo, alguém que por um exame de custo, digamos assim, razoável poderia ter sido diagnosticado precocemente e poderia ter tido sua vida poupada. Esse é um sentimento com o qual nós deparamos todos os dias. Na clínica privada, menos, mas ainda assim, eventualmente por falta de informação ou por não aderência, digamos assim, aos protocolos de rastreio. E no Sistema Único de Saúde, muito, muito, muito por falta de recursos e também por falta de um direcionamento. Então, acho que fica aqui para nós essas provocações.
(Soa a campainha.)
O SR. GUSTAVO DOS SANTOS FERNANDES - Nós precisamos ser mais precoces, nós precisamos ter uma estratégia inteligente e priorizá-lo, porque o câncer vai ser a doença que mais mata no Brasil em 2028, essa é a previsão. Nos países desenvolvidos, já é; no mundo, em segundo, indo para primeiro. E nós precisamos do apoio desta Casa, do apoio do Ministério da Saúde para injetar recursos, naturalmente, em iniciativas que tenham alto impacto, como aparenta ser a iniciativa que o Senador apoiou lá em Currais Novos, que vai ser um centro para diagnóstico precoce daquela população, que tem um vazio assistencial muito grande, no interior do Rio Grande do Norte, que eu conheço, o vizinho lá do Estado da Paraíba.
Então, eu agradeço a todos, em nome da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, em nome dos médicos oncologistas do Brasil, pela oportunidade de estar aqui. E é, de fato, um dia de comemorar. Sorriam, comemorem a vida de vocês que são pacientes, comemoremos a vida nós que temos o prazer de estar ajudando vocês, mas também sigamos na luta que é necessária aí para que...
(Soa a campainha.)
O SR. GUSTAVO DOS SANTOS FERNANDES - ... nós vençamos cada vez mais casos de câncer.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Obrigado, Dr. Gustavo.
O senhor disse algo que é lógico, conhecido: é melhor investir na prevenção, acho que em qualquer área, educação, segurança. Em qualquer área, se investir em prevenção, no saneamento, se investir em prevenção, em profilaxia, você gasta menos dinheiro, tem menos resultados ruins. Isso não é diferente na saúde - não é diferente -, mas parece que a política é só do - não é, Senador Izalci? - quebrar a inércia depois que tudo acontece. A gente estava discutindo isso hoje. Depois que a coisa ocorre, depois que o acidente... Depois que a barragem estoura, corre todo mundo para lutar; depois que ocorre um fato criminoso dentro de uma escola, todo mundo quer tomar providência. É assim também na saúde.
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Vou chamar agora a Sra. Maria Angela Marini Vieira Ferreira, que é a Presidente da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace) -, não é isso?
A SRA. MARIA ANGELA MARINI VIEIRA FERREIRA (Fora do microfone.) - Isso.
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - A senhora tem cinco ou até mais minutos.
A SRA. MARIA ANGELA MARINI VIEIRA FERREIRA (Para discursar.) - Obrigada, Senador. (Palmas.)
Senhoras e senhores, boa tarde. Cumprimento-os e agradeço, em especial, ao Senador Styvenson Valentim, que preside esta solenidade, a gentileza do convite à Abrace para nós participarmos deste momento tão especial e falarmos sobre uma doença que tem abatido muitas famílias.
Eu agradeço também a todos os presentes, em especial às associações que aqui hoje também se encontram e que fazem um belíssimo trabalho, como a Abrace, em prol de todos os pacientes com câncer, sejam adultos, crianças, adolescentes.
Cumprimento o nosso cidadão Senador Izalci, representante de Brasília neste Senado Federal, e, através do senhor, cumprimento a todos os demais Senadores que aqui se encontram.
Estou aqui hoje representando a Abrace, mas eu me apresento, Senador, como mãe de ex-paciente. Minha filha, aos cinco anos - eu tenho três filhas -, minha filha do meio, foi acometida de leucemia linfoblástica aguda. Hoje ela tem 43 anos. Graças a Deus, passamos por esse deserto, como outros passam, mas vencemos o câncer, e ela pôde seguir a caminhada dela.
Então, como disse Fernando Pessoa: "Deus quer. O homem sonha. A obra nasce". E assim nasceu a instituição Abrace, que é a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias. Nós assistimos também a doenças complexas do sangue, como anemia falciforme e outras.
A dor cruzou o destino dos fundadores da Abrace, como o do senhor e de outras famílias que estão aqui, com o diagnóstico de leucemia de seus filhos. Era o início da década de 80. No convívio com mães de origens diversas, no Hospital de Base de Brasília, cinco mães e pais saem da própria dor e abraçam a dor coletiva.
Eu peço ao Roberto, que é o meu esposo, que foi o primeiro Presidente da Abrace, para levantar, para que vocês conheçam também um dos pais fundadores. (Pausa.)
A nova e cruel realidade requeria enfrentamento. Que a dor unisse, não separasse. Solidários na dor, subsidiários na ajuda - ajuda solidária e coletiva.
Foi constituída a instituição em 1º de maio de 1986. Então, daqui a uns dias, nós completaremos 37 anos de atividade.
Dentro de toda a estrutura que foi feita naquele momento... Não éramos médicos, não éramos da área de assistência social, éramos pais, vivendo a nossa dor e a dor do outro com quem convivíamos durante o tratamento no hospital.
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Nós criamos, para reforçar mais os trabalhos e direcionar, dez diretrizes fundamentais, e todas eu posso dizer que foram cumpridas nesses 37 anos de atividade. Discorrer sobre cada uma é impossível, porque nós temos pouco tempo aqui e temos mais pessoas que irão trazer à luz novas informações, mas eu devo dizer-lhes que as seis principais são as que se remetem à assistência, que é a nossa missão principal. O nosso propósito está completamente cumprido, e creio que não é para interromper mais; nós devemos seguir em frente sempre com esse trabalho que nós temos feito e atendido a diversas famílias que estão aqui no Distrito Federal, residem aqui no Entorno, e famílias que vêm a Brasília pedindo socorro para o seu tratamento.
Eu fico feliz de que o Alan tenha trazido aquele vídeo, porque ali tem uma criança, a Alice, que nós recebemos na nossa casa ainda bebê e que saiu de lá com sete anos já curada. E vejo que aquela apresentação mostra a alegria pela cura que ela teve. Então, vamos acreditar, é o que nós trazemos de mensagem.
E evoluímos bastante desde a fundação. Para dar visibilidade à causa, a Abrace encampa, junto com outras instituições pelo Brasil afora, que são instituições parceiras, irmãs, uma campanha que nós denominamos, Marlene, Setembro Dourado - a sua é o Novembro Azul, não é? -, e o Setembro Dourado é justamente para nós termos oportunidade de falar sobre a doença e também orientar sobre o diagnóstico precoce.
O câncer tem que ser falado com delicadeza, transparência, esclarecendo os pais, cuidadores das crianças, do cuidado em observar os sintomas, que muitas vezes são confundidos com sintomas comuns que a criança tem nas doenças de infância. O câncer infantil é agressivo e, por isso, a atenção nas queixas da criança e do adolescente tem que ser levada a sério. Uma dor na perna, uma mancha roxinha no corpo, uma dor de cabeça insistente, uma febre que não passa, isso tudo tem que ser levado a sério e em consideração. E os pais ou os cuidadores que observarem isso, por favor, levem a criança ao especialista, que é o pediatra.
A décima e última diretriz fundamental criada pelos fundadores, que é Despertar a sociedade e autoridades governamentais para a enfermidade e consequências sociais, desmistificando a doença, o câncer infantil e o câncer em adulto, eu creio que nós estamos vivenciando aqui hoje, neste momento, ao participarmos desta solenidade tão especial. O exemplo do avanço nesse sentido e direção configura-se com a edição da Lei 14.308, de 08/03/2022, que institui a Política de Atenção à Oncologia Pediátrica, que tem por objetivo aumentar os índices de sobrevida, melhorar a qualidade de vida, reduzir a mortalidade e o abandono ao tratamento das crianças e adolescentes com câncer por meio de ações destinadas à prevenção, detecção precoce e do tratamento da doença, bem como à assistência social, que é o que a Abrace vem fazendo e muitas instituições de apoio também praticam Brasil afora, e aos cuidados paliativos dos pacientes na faixa etária de 0 a 19 anos.
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Aguardamos, portanto - Dr. Fernando Maia, tive o prazer de conhecê-lo esta semana numa reunião no ministério -, a publicação de portaria ministerial do Ministério da Saúde, que nós conhecemos bem e sabemos que está preparada para poder fazer a aplicação dessas políticas públicas, que são imprescindíveis para a mudança da realidade atual do combate ao câncer infantojuvenil em nosso País.
A caminhada da Abrace em defesa da criança, da causa combate ao câncer infantil, nos levou à prática de várias ações ao longo dos 37 anos. A Abrace custeou em vários momentos a recuperação das instalações do 7º andar do Hospital de Base de Brasília, espaço que era dedicado à internação das crianças e adolescentes em tratamento de câncer até 2018, momento em que os pacientes da pediatria especializada foram transferidos para o atual Hospital da Criança de Brasília José Alencar.
Em 1992 a Abrace reivindicou ao Governador do Distrito Federal e ao Ministério da Saúde àquela época a continuidade de obras que estavam paralisadas e que resultaram no Hospital de Apoio de Brasília, com área específica para atendimento das crianças em tratamento de câncer ambulatorial.
A Abrace também reivindicou e obteve do Governador do Distrito Federal, em 1994, a cessão de uso de um espaço na cidade satélite do Guará II, onde instalou a Casa de Apoio e Núcleo de Assistência. Nesse endereço, nós atuamos, e estamos ali até hoje, praticando a nossa assistência às famílias com filhos em tratamento de câncer e hemopatias que residem em Brasília e no entorno, além de hospedar crianças como a Lis Velleis e a mãe, que estiveram conosco por um longo tempo, dando a elas a hospedagem, alimentação, transporte para o hospital e todas as atividades recreativas e educacionais, com sala de aula e voluntários dando esse suporte para que as crianças não sintam o impacto de se afastarem das suas famílias e da escola.
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA ANGELA MARINI VIEIRA FERREIRA - Temos também uma clínica odontológica dentro da instituição, onde há voluntários dentistas dando toda assistência àquelas mães que estão hospedadas conosco e às famílias de crianças que residem no entorno aqui do Distrito Federal. Temos espaços de lazer, cultura e educação que dignificam o espaço, concedem-lhe nobreza de uso, com o apoio de voluntários - muitos deles estão aqui hoje, conosco; muito obrigada! Aos colaboradores também, solidários e amigos da Abrace, tenho a dizer também - para terminar, Senador Styvenson -, eu quero destacar que é uma data importante para nós, pois a partir de 2004...
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(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA ANGELA MARINI VIEIRA FERREIRA - ... com a cessão do uso do terreno público...
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA ANGELA MARINI VIEIRA FERREIRA - ... em contrato assinado com a Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, e o apoio importantíssimo da sociedade civil, pessoas físicas, jurídicas, empresas, instituições parceiras, a Abrace captou recursos, construiu o moderníssimo Hospital da Criança de Brasília José Alencar, e deixamos aqui um convite ao Senador e demais Senadores da Casa para conhecê-lo. Inauguramos o Bloco 1, com 7 mil metros quadrados, em 23/11/2011. Após construída a edificação, a Abrace doou esse espaço, esse hospital para ser um hospital público, com equipamentos e mobiliários para atendimento das crianças...
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA ANGELA MARINI VIEIRA FERREIRA - ... da onco-hematologia e da pediatria especializada. O hospital integra a Rede Pública de Saúde do Distrito Federal, e o atendimento da população dos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) é um orgulho para o Distrito Federal e para nós, Abrace. Eu quero ainda dizer da importância desse hospital, porque ele é um hospital que também foi construído, tem cumprido a sua missão e tem feito um trabalho profundo na área do desenvolvimento do ensino e da pesquisa, com 400 mil atendimentos por ano.
Permita-me ainda, Senador, só mais um minutinho para dar destaque à última ação recente que a Abrace concluiu nesta semana, no dia 11 de abril, terça-feira, e deu um passo histórico na busca de melhores condições para o tratamento do câncer infantil no DF, ao assinar o termo de recebimento definitivo do equipamento de ressonância magnética que nós, Abrace, adquirimos, e foi instalado no Hospital da Criança de Brasília José Alencar. Está na fase de teste para início de operação. Esse é mais um grandioso projeto apoiado pela comunidade brasiliense com doações à Abrace. Agradecemos demais a todos que participam e fizeram a doação à Abrace.
Agradeço a atenção de todos, em especial ao Exmo. Senador Styvenson Valentim. Parabenizo-o, Senador, por promover esta sessão solene, dando-nos a oportunidade de trazer esta fala, este assunto, que há anos, quando a minha filha passou pelo tratamento, era uma doença estigmatizada...
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA ANGELA MARINI VIEIRA FERREIRA - ... não se falava em câncer. A gente falava: "Nós estamos com um familiar com aquela doença". Era assim que nós falávamos, infelizmente.
Estendo os cumprimentos da Abrace ao Senador Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado Federal, que aqui não se encontra, aos demais Senadores e às demais instituições que estão aqui, hoje, representadas, recebendo também esta homenagem.
Muito obrigada a todos.
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Desculpe se eu falei demais. (Risos.)
Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Pelo contrário, D. Maria Angela Marini; ouvir o exemplo da senhora com a Abrace, quase 37 anos trazendo essa experiência... Ela transmite para a gente, estimula, fomenta o voluntariado, e isso é muito bom.
A SRA. MARIA ANGELA MARINI VIEIRA FERREIRA (Fora do microfone.) - Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Que bom ter um companheiro que está na luta, acompanha também, não é?
Bom, nem só com metotrexato, o nome desse remédio que combate o câncer, se combate a doença, não é isso? Tem outro remédio também que é muito eficiente.
Eu vou chamar agora os Doutores do Riso. Neste momento, gostaria de convidar esse grupo para entrar aqui. (Palmas.) (Pausa.)
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(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Atendendo à sugestão do Senador Eduardo Girão, eu chamo o representante dos Doutores com Riso para ocupar a tribuna por cinco minutos para falar sobre esse projeto, que não é aleatório. Estão me explicando aqui que não é por acaso. Existe, sim, uma profissionalização dentro desse voluntariado. Então, com a palavra, por cinco minutos, para explicar, a Dra. Patrícia...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Ah, é a Dra. Zenhoca.
A SRA. PATRÍCIA ANDRADE (DRA. ZENHOCA) (Para discursar.) - Boa tarde.
Eu sou a Dra. Zenhoca.
Primeiramente, quero agradecer pelo convite e pela oportunidade de estarmos aqui.
Sou a coordenadora do grupo dos Doutores com Riso. Nós somos um grupo vinculado à Abrace.
Todo grupo é formado por um estudo. Então, a gente tem um curso bem formado. Nós estudamos de três a quatro meses para nos formarmos em "besteirologistas". (Risos.)
É um curso que é levado muito a sério. Apesar de ser um trabalho de riso, é um trabalho levado a sério!
Nosso grupo hoje conta com 25 doutores. Nós atuamos no Hospital da Criança e nas atividades da Abrace.
A ideia é utilizar a arte do palhaço, essa arte circense, é levar essa alegria para dentro do hospital e é utilizar essas intervenções dentro do hospital, porque a gente viu - tem estudos que comprovam - o quanto o riso é uma terapia, aumenta os níveis das crianças, as auxilia no tratamento. As crianças passam a ver os médicos de outra forma e, então, aceitam mais o tratamento; elas se alimentam melhor, ficam mais felizes, brincam. Então, é uma terapia que a gente faz, mesmo sem sermos terapeutas, nós somos "besteirólogos"!
O projeto é um projeto da Abrace e começou lá atrás com apenas dois doutores indo aos hospitais, até que a Abrace formou com esses doutores as oficinas. E aí a gente faz toda essa formação para que formemos novos doutores.
É isso!
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Em resumo, a gente brinca, a gente tenta levar alegria para as crianças no hospital. O nosso atendimento começa desde a entrada. Então, a gente consegue intervir junto aos médicos, aos enfermeiros, ao pessoal que está ali na limpeza, e isso auxilia até para tirar um pouco aquela carga de quem está ali no hospital trabalhando no dia a dia, a gente consegue auxiliar e trazer também um pouco de conforto para esses profissionais e para os pais e acompanhantes das crianças, que também estão ali naquele dia a dia, sofrendo com o tratamento. Então, o atendimento vai muito além só da criança.
É isso. Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Valeu, Dra. Patrícia, "Dra. Zen" com "dorminhoca", Zenhoca.
Zenhoca, obrigado pela sua alegria.
Antes de registrar aqui a presença do Sr. Fernando Henrique de Albuquerque Maia, Coordenador-Geral de Política Nacional e Prevenção de Controle ao Câncer do Ministério da Saúde, representando aqui a Sra. Nísia Trindade, a nossa Ministra... Se o senhor quiser utilizar a palavra, esteja à vontade. O Governo sempre tem a palavra aberta aqui.
E quero falar também, lembrar das senhoras Vencedoras Unidas, que estão aqui presentes.
Lembro a todos que estão assistindo e que viram agora os Doutores do Riso que o assunto é sério, o assunto muitas vezes não é para brincadeira, mas a gente está falando de tratamento. Quando eu os citei e os chamei, eu falei que não é só com remédio que se combate doenças, mas com alegria também, com felicidade. E estar vivo hoje, depois de uma doença dessa, é motivo de riso, é motivo de alegria, sim! Está bom? Só deixo isso claro, porque a gente vive em uma sociedade hoje em que não se pode mais ser feliz. É impressionante que a gente sorrir parece ser um crime agora. Então, deixo isso claro antes que alguma coisa aconteça fora do controle desta audiência, desta sessão.
Eu vou chamar agora e vou conceder a palavra ao Sr. Arisson Tavares, que é autor do livro O pequeno príncipe careca. Está aqui na minha mão O pequeno príncipe careca. Ele vai utilizar a tribuna por cinco minutos para falar sobre suas experiências, sobre seu livro, sobre o câncer e a visão dele. (Palmas.)
O SR. ARISSON TAVARES (Para discursar.) - Olá!
Agradeço a Deus e cumprimento a todos da mesa. Em especial agradeço o convite do Senador Styvenson Valentim para participar de um momento tão solene. Por meio do Marcos Linhares, eu agradeço o convite. Também cumprimento a Maria Angela, no caso, parceira de longa data, pela Abrace.
O pequeno príncipe careca na luta contra o câncer infantojuvenil: o que era para ser só um cartaz se transformou em uma campanha, onde a gente contava todos os dias nas redes sociais um capítulo do livro. Depois desse projeto, o que era para ser só um projeto se transformou em um livro com o apoio do Instituto Sabin.
O cenário é bem diferente de abril de 1943, quando a primeira edição do livro foi publicada, já que agora a guerra é contra o câncer. Nessa nova versão, a narração foi modernizada: o rei se transformou em um político; o bêbado trocou o vício, substituindo as garrafas por celulares conectados às redes sociais; o piloto virou um médico com o carro quebrado na estrada; e a história foi ambientada em Brasília, entre Brasília e Goiânia, apresentando os detalhes da vegetação, o ipê; o deserto também se transformou no Cerrado brasileiro. E o mais legal: os primeiros exemplares do livro foram disponibilizados exatamente para Abrace, exatamente para o público que era o fim da campanha, em cuidados paliativos. Então, foram 200 exemplares entregues para esses assistidos, que estão passando por um momento até complexo, e me sinto honrado mesmo de, por meio da literatura, poder transformar um pouco alguns momentos dessas famílias.
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Além disso, alguns exemplares foram disponibilizados para grupos de contadores de histórias e voluntários que atuam em hospitais.
Eu não sou médico, eu não sou cientista, mas, como jornalista e cartunista, eu me sinto com uma responsabilidade ainda maior de falar sobre câncer infantojuvenil. Queira ou não, é a doença que mais mata crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no momento.
É preciso falar sobre câncer infantojuvenil. Foi assim com a campanha de O Xerife mais Rápido do Faroeste, que é um gibi do qual foram disponibilizados 10 mil exemplares, distribuídos, com o apoio da Abrace, para a rede pública e particular de ensino, escolas de nível fundamental e escolas classe.
Quando a gente fez essa distribuição, o que a gente percebeu? Que, ao falar sobre câncer, existe um grande tabu. Primeiro, ao falar com a criança, todo mundo tem um medo de falar com a criança sobre câncer, e a gente percebeu que as crianças querem, sim, saber, só que elas querem ouvir da forma certa. Então, eu deixo até esse convite para quem é artista - eu conheço várias pessoas aí artistas, não é, Marlene? - e eu convido essas pessoas também a abraçarem essa causa e participarem ativamente, trazendo a causa do câncer infantojuvenil para esse lado artístico.
Enfim, eu gostaria de agradecer em especial à Abrace, ao Instituto Sabin, que possibilitou essa publicação, à minha esposa e à minha filha, pela inspiração que elas me deram, e à minha mãe, primeiro, por ser um exemplo de superação do câncer - ela venceu: ela teve câncer de mama e ela superou a doença - e também por ter-me apresentado O pequeno príncipe - eu conheci o livro O pequeno príncipe por meio da minha mãe. Então, agradeço a esse time e também gostaria de deixar um destaque para esse time que está aqui de ex-assistidos da Abrace que eu conheci no início - são 12 anos já de atuação na luta contra o câncer infantojuvenil na parte de comunicação. E dou um abraço mesmo, porque eu conheço muitos rostinhos ali, que foram as primeiras entrevistas, os primeiros contatos que eu tive por meio da Abrace.
Então, muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Nós que agradecemos, Sr. Arisson Tavares, pela sua contribuição literária. É sempre bom.
Eu vou conceder a palavra agora - aí a senhora me corrija, porque está daqui do meu lado - à Sra. Luci Ishii. Acertei? É a Presidente do Conselho Deliberativo de Associação Brasiliense de Apoio ao Paciente com Câncer (Abac Luz), por cinco minutos, com o tempo disponível a mais para senhora. (Pausa.)
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A SRA. LUCI ISHII (Para discursar.) - Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar o Senador Styvenson Valentim, na pessoa de quem eu cumprimento todos os componentes da mesa, as autoridades e todos os pacientes aqui presentes, todas as ONGs companheiras, ONGs irmãs de luta nessa campanha contra o câncer.
Eu gostaria de agradecer ao Senador Styvenson Valentim o convite honroso para participar dessa sessão especial em comemoração ao Dia Mundial de Luta contra o Câncer.
Estou aqui em nome da Abac Luz (Associação Brasiliense de Apoio ao Paciente com Câncer), uma associação que foi idealizada por uma paciente terminal de câncer de mama que havia se tratado num hospital em São Paulo que também atendia o SUS e teve contato com pacientes bastante carentes e começou a ver as necessidades dos pacientes, tanto as necessidades materiais como também emocionais. E ao chegar em Brasília, ela disse: "Eu já não tenho mais cura, não quero mais fazer tratamento, mas eu gostaria que a senhora cuidasse de mim. Eu tenho umas ideias que eu quero passar para a senhora e que talvez, no futuro, quem sabe sejam realidade". E assim foi.
Nos últimos momentos, ela me chamou e passou por escrito, ainda escrito à mão... Ela disse: "Olhe, não vai dar tempo de passar a limpo, mas meu marido, Nicanor, vai digitar e dar para a senhora". Então, assim a Magdail Carvalho Noronha idealizou a Abac Luz. Isso foi em 1995, eu ainda trabalhava na rede pública. Em 1996... Até esse momento eu trabalhava muito, não tinha nenhum tempo disponível, inclusive final de semana, mas eu precisava ter um tempo, então eu tive que sair da rede pública, tive que sair também dos meus plantões de final de semana e continuei no consultório, e juntando amigos, familiares de pacientes e pacientes que já haviam sido tratados, em 6 de junho de 1998 - então, em junho agora fazemos 25 anos de trabalho voluntário -, iniciamos a Associação Brasiliense de Apoio ao Paciente com Câncer.
Atualmente, é uma associação que trabalha em várias frentes. Nós fazemos um trabalho de educação para a saúde, falando principalmente como prevenir, como diagnosticar precocemente. São palestras, muitas palestras o ano inteiro, em empresas públicas e privadas, escolas, um trabalho de formiguinha. Nós também falamos sobre alimentação anticancerígena, alimentação cancerígena, quais são os primeiros sinais do câncer, para que a pessoa possa identificar.
Hoje a estatística que nós temos é de que cerca de 70% dos pacientes que chegam à rede pública já chegam em um estágio mais adiantado, quando a curabilidade é menor. Então, se essa paciente tivesse uma orientação, tivesse conhecimento, talvez teria chegado em um momento mais precoce, sem contar que também existe um grande componente emocional, que é o medo, porque não é cultura, não é educação, não é falta de acesso, mas, principalmente, é o medo que faz com que as pessoas procurem tardiamente o médico. Nós vemos pessoas da área de saúde, pessoas com curso superior chegando com tumores avançados até mesmo no consultório privado.
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Nós sabemos que o Governo hoje gasta bilhões com o câncer avançado. Por quê? Porque, quanto mais avançado, o tratamento é mais complexo, as medicações são mais caras, com mais efeitos colaterais muitas vezes - não sempre, mas muitas vezes -, e a curabilidade é menor. Então, se a gente conseguir reverter, conseguir fazer mais diagnósticos precoces, vamos economizar muito para o nosso país, vamos oferecer mais qualidade de vida.
Nós podemos ter câncer, mas não precisamos morrer de câncer. Por isso é que a associação também abriu uma frente, a partir de 2001, que foi a campanha de prevenção em áreas carentes do Distrito Federal, onde levamos médicos, fazemos exames, e, em todos os casos suspeitos, os exames são pagos pela associação.
(Soa a campainha.)
A SRA. LUCI ISHII - Vou tentar resumir: pagamos e, se os primeiros exames apresentam suspeita de câncer, fazemos a biópsia, e tudo pago pela associação. E, se se confirma o câncer, pagamos o exame imuno-histoquímica e todos os exames de estadiamento, que é para saber o quanto o câncer está espalhado - o exame imuno-histoquímica é fundamental para escolher o medicamento mais certo para aquela doença. Fazemos, em menos de 20 dias, todos esses exames necessários para iniciar o tratamento, inclusive o pré-operatório, o risco cirúrgico, tudo pela associação.
Então, a paciente vai para o SUS, porque, assim que ela tem o diagnóstico de câncer, é colocada na regulação. E, falando em regulação, eu acho uma coisa meio injusta é que os pacientes metastáticos também têm direito - eu digo que o paciente com câncer tem prioridade, é risco vermelho -, mas ficam no final da fila. Hoje, como nós vimos tantos pacientes metastáticos vencerem a metástase, não concordamos com que ele fique no final da fila. Eu acho que o paciente com câncer deveria ser prioridade sempre. Também até para fazer o exame de estadiamento no hospital é muito demorado, pode levar meses. Então, tudo isso atrasa o tratamento de um câncer, uma doença que não espera.
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Nós fazemos um trabalho belíssimo também no Hospital Regional de Taguatinga, onde nós damos assistência, alimentação, fazemos lanches para os pacientes que chegam sem se alimentar, coletamos cabelos, fazemos perucas de cabelo de verdade, que são caras...
(Soa a campainha.)
A SRA. LUCI ISHII - ... e elas são distribuídas para as pacientes em tratamento. Cuidamos da autoestima, fazemos maquiagem, esmaltação, damos lenços, bonés, echarpes; enfim, material de higiene, almofada coração. Então, tudo que é para trazer conforto, benefício ao paciente, além das cestas básicas para os pacientes que têm famílias volumosas.
É um trabalho muito lindo e que tem salvado pessoas. Então, eu quero aqui dizer para todas as entidades aqui presentes, irmãs nessa luta, que nós temos que continuar. Nós todas trabalhamos na luta contra o câncer e cada um trabalha num setor: umas mais focando a parte das pacientes mastectomizadas; outras, em outro setor, e a gente tem como...
(Soa a campainha.)
A SRA. LUCI ISHII - ... carro-chefe a prevenção, a educação para a saúde e a nossa assistência aos pacientes do Hospital Regional de Taguatinga.
Então, muito obrigada. Sei que o tempo é pouco. Muito obrigada mesmo. E parabéns a todos os pacientes que tiveram sucesso. E vamos continuar firmes, porque vocês são o exemplo de que nós devemos continuar na luta.
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Mais um exemplo nessa luta.
Nós que agradecemos.
A Sra. Maria Gorette Gabriel Soares, que é do Grupo Bonitas, lá do meu Estado do Rio Grande do Norte, vai ocupar a tribuna agora por cinco minutos. Como todos os outros tratamentos, vou dar mais tempo também, se a senhora precisar. Sinta-se à vontade.
A SRA. MARIA GORETTE GABRIEL SOARES (Para discursar.) - Boa tarde.
Antes de falar o que me propus hoje aqui, nesta tarde, gostaria de passar uma mensagem para a qual fui designada, Senador. O senhor sabe por que o senhor foi chamado ali para que fosse homenageado pela menina Thyfani? Foi porque o senhor fez a diferença na vida dessa menina. Porque o senhor é um de nós, o senhor esteve do lado de quem precisou antes mesmo de estar exercendo uma função no Legislativo, no Senado. O senhor fez a diferença na vida dessa menina e de tantas outras dessas que o senhor citou. Então, em nome delas todas e em meu nome, como paciente oncológica recuperada, sobrevivente do câncer, eu agradeço imensamente a sua tão grande generosidade, boa vontade e vontade de que as pessoas falem mais sobre o câncer, que os cuidados sejam sempre multiplicados, que o diagnóstico precoce seja realmente feito e alcançado, para que a gente possa ter mais vidas salvas.
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Então muito obrigada pela iniciativa. Eu gostaria de pedir uma salva de palmas para esse homem tão grande que eu tenho a honra de dizer que é meu conterrâneo. (Palmas.)
Como eu falei, eu sou sobrevivente do câncer de mama. Estou aqui, fui convidada pelo Senador. Estamos aqui eu e nossa Presidente do Grupo Bonitas, Adilza Holanda, para participar desta sessão tão especial, tão importante.
Quero cumprimentar o senhor e, mais uma vez, agradecer a sua generosidade de dar a possibilidade para que nós possamos ter o lugar de fala. Esse espaço eu busco muito no meu estado e onde eu posso. Eu preciso falar do câncer, seja ele o inicial, seja ele paliativo, esteja ele em que estado estiver. A gente precisa falar sobre o câncer. A gente precisa tratar dessa questão de forma que alcance todas as pessoas, que deixe de ser tabu, porque ainda morrem tantas pessoas e a gente ainda tem medo de falar inclusive o nome da doença. Nós que somos do Nordeste vivenciamos isso também, especialmente nas cidades pequenas.
Gostaria de cumprimentar o Sr. Aldo da Cunha Medeiros, que é Presidente da Liga contra o Câncer, instituição de que eu tenho muito orgulho. Eu sou acompanhada pela liga, faço tratamento nela e eu tenho muito orgulho de dizer isto: o paciente da instituição não tem distinção no atendimento e no tratamento, seja executado pelo serviço público, ofertado pelo SUS, ou por convênio particular. A qualidade do serviço, a competência dos profissionais e o processo que foi construído de humanização no atendimento é algo extraordinário. Então eu faço... Eu tenho orgulho de dizer que eu sou paciente da Liga contra o Câncer.
Quero cumprimentar também a Sra. Maria Angela Marini, que é Presidente da Abrace; o Sr. Gustavo Fernandes, que é ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica; a Sra. Marlene Oliveira, Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida; a Sra. Luci Ishii, Presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasiliense de Apoio ao Paciente com Câncer; minha amiga, companheira, minha presidente, minha mentora, minha guardiã e de tantas outras 129 mulheres do Grupo Bonitas, a Adilza Holanda, essa mulher que teve a iniciativa de criar esse grupo. Do grupo todo, ela é a única que não teve câncer, diagnóstico de câncer, e ela tem uma sensibilidade como se paciente fosse e luta por nossos direitos do mesmo jeito. Então quero cumprimentá-la.
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E também quero cumprimentar a menina Thyfani. Você é linda, você é maravilhosa e você é a esperança de tantas pessoas, inclusive minha esperança, porque o câncer não tem idade, não tem classe social, como o nosso Senador iniciou a fala aqui. Ele não tem idade, ele não tem raça, não escolhe casa. Ele vai lá e alcança, de forma silenciosa, sorrateira, para tentar destruir as famílias. E aí esse processo é muito, muito, muito importante que a gente entenda, e que a gente esteja forte para quando aconteça. E que a gente possa conseguir passar por ele, seja sobrevivendo ao câncer, seja morrendo, não conseguindo obter a cura, porque a gente também precisa falar de finitude, a gente também precisa falar de morte. A gente tem que falar disso também. E aqui os especialistas falaram de números que são muito sérios, imensos, especialmente no nosso país. Então precisamos falar também de finitude, de pacientes paliativos, para que a gente possa entender o local de fala dessas pessoas que têm câncer que não tem cura, mas precisam viver de forma digna e ter conforto, para que possam ter também uma ampliação do tempo de vida. Eu estou aqui para falar por todos nós.
E eu falo sempre uma coisa nas oportunidades que eu tenho: eu conheço a dor de ter recebido um diagnóstico de câncer e também eu conheço a dor de ter um amor da minha vida que teve diagnóstico de câncer: meu pai teve diagnóstico de câncer junto comigo, no mesmo ano, em 2018. E meu pai partiu, ele não sobreviveu ao câncer. Ele não perdeu para o câncer. É outra coisa que a gente tem que começar a desmistificar. Quando alguém morre, por exemplo, pela diabetes, não se diz que a pessoa perdeu para a diabetes, e por que dizer que perdeu para o câncer? Não, não perdemos. Nós vivemos e precisamos ter uma qualidade de vida com segurança, para que a gente tenha conforto, e os serviços públicos precisam oportunizar essas condições. E aí, paralelamente aos serviços públicos, que precisam oportunizar e garantir esses direitos que são constitucionais, nós temos um conjunto de instituições que são de apoio e que estão unidas para que possam alcançar as pessoas, suas famílias e esses pacientes que estão em tratamento.
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E aí eu falo do nosso grupo, o Grupo Bonitas, que é lá do Rio Grande do Norte e é um grupo de apoio. Nós trabalhamos com mulheres com câncer de diversos tipos, temos perdas, mas eu acho que precisamos - foi um dos nossos objetivos primeiros - tentar ressignificar a vida dessas pessoas depois do diagnóstico. E a gente faz isso desenvolvendo ações, programas, projetos e serviços que visem ofertar qualidade de vida e melhorar a autoestima dessas mulheres.
Nós vimos aqui um projeto maravilhoso de música. Nós... Eu gostaria de falar, Senador, que nós do Grupo Bonitas temos um projeto de música e nós temos um coral com nossas meninas, nossas pacientes. E é uma coisa linda de ver, é um trabalho que é realizado com muito amor. Elas chegam tristes, abatidas, porque o diagnóstico, além de trazer essa dor grande, faz com que a gente perca a capacidade de acreditar que ainda existe vida, e a gente consegue fazer isso.
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA GORETTE GABRIEL SOARES - O nosso grupo também tem uma parceria também com a Liga e, quinzenalmente, nós estamos na Liga distribuindo lenços e turbantes para as pacientes que estão em quimioterapia, pacientes do SUS.
Esses lenços e turbantes nós arrecadamos o ano todo, nós sobrevivemos de doações - ainda não temos nenhuma contribuição pública, de órgãos públicos -, mas a gente consegue, a casa 15 dias estar lá na Liga para desenvolver e dar dignidade àquelas carequinhas lindas - porque são lindas. Eu me achava linda, maravilhosa, mesmo horrorosa - porque a gente fica feia, viu? Nem diga que você está bonita quando você está com câncer, especialmente - é uma coisa que eu sempre falo - porque eu morria de medo... Eu dizia: "Meu Deus, eu até aceito ficar careca, mas ficar com cabeça de minhoca, sem sobrancelha, para mim vai ser muito difícil".
E são pequenas coisas... E alguém vai dizer: "Puxa vida, a gente está falando aqui de uma doença tão séria e você vem falar de algo que é tão simples". É simples para quem não vive o dia a dia do processo do câncer. É simples para quem não passa pela experiência de estar lutando para tentar enfrentar, para vencer um monte de inimigos invisíveis, para tentar ser forte para a família...
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA GORETTE GABRIEL SOARES - Porque, às vezes, a gente é que dá força aos nossos familiares. Eles ficam destruídos. E a gente, às vezes, tem que encontrar forças para dar apoio. Então, quem sabe o que é estar com a carequinha e ter condição de ter um turbante bonito, receber um lenço cheiroso, sabe o quanto que é importante. E eu acho que essas ações são de fundamental importância.
Na nossa instituição também nós temos vários voluntários: psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais. Eu sou assistente social de formação e eu já fui ajudada pelo grupo - e hoje sou voluntária.
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Falar do voluntariado á algo importante - eu estou tentando falar bem rápido para poder aproveitar, me perdoem...
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA GORETE GABRIEL SOARES - Ô, meu Deus, esse negócio grita tanto! (Risos.)
E a gente...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MARIA GORETE GABRIEL SOARES - Está certo!
E a gente precisa saber que as ações que nós desenvolvemos e essas instituições que tão lindamente foram citadas e relatadas aqui são complementares umas às outras, e elas dão também apoio ao serviço de saúde institucional. Isso é muito importante.
Então, a gente, no grupo Bonitas, tem esse conjunto de ações que conseguimos desenvolver com essas mulheres. Nós também temos um trabalho de acolhimento com as mulheres, também na Liga e em um outro hospital que tem convênio, lá no nosso estado, com o SUS, o Hospital Rio Grande. Nós acolhemos, iniciamos; estamos com essa paciente quando ela está iniciando a quimioterapia e também finalizando a quimioterapia, que é também um momento de muita felicidade. E a gente acredita que assim é fácil, mesmo sendo difícil. Assim é fácil a gente conseguir conviver lutando diariamente com uma doença tão terrível, mas que não pode ser maior do que nós.
O câncer não nos define. A falta do peito que eu tive um tempo não me definiu. A falta de cabelo que eu tive não me definiu. E muitas pessoas, muitos pacientes deixam de ser respeitados, ficam à margem do mercado de trabalho, Senador, quando adoecem. E nosso objetivo na instituição é tentar fazer com que essas pessoas, essas mulheres e suas famílias ressignifiquem suas vidas, inclusive tentando encontrar formas de fazer com que elas sejam reinseridas, de outras formas, no mundo do trabalho.
Então, nós estamos aqui. E, quando a gente fala da sessão especial em comemoração a essa luta mundial de combate ao câncer, a gente tem mesmo que comemorar, a gente tem que comemorar a vida; a vida minha - eu, que estou aqui -, comemorar a vida do meu pai, que esteve aqui e que hoje já não mais está...
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA GORETE GABRIEL SOARES - ... comemorar a vida de tantas pessoas que se foram e também as que estão lutando e são vencedoras e são corajosas.
E também, além disso, quero agradecer imensamente à equipe de saúde porque, sem vocês, sem as tecnologias, sem as condições para que os diagnósticos e os tratamentos ocorram, nós não conseguiríamos ter os avanços que temos.
Então, muito obrigada. O Rio Grande do Norte tem muito orgulho do senhor. Eu tenho muito orgulho do senhor. Já tínhamos contato através do Abrigo São Vicente de Paulo, lá de Ceará-Mirim, em que o senhor é colaborador também, e eu faço questão de dizer isso porque, de forma muito silenciosa, o senhor ajuda a tantas instituições. E quero agradecer a todos aqui. Muito obrigada pela fala. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Sra. Maria Gorete, desculpe-me pelos gritos, isso aqui é eletrônico, não sou eu que controlo, mas a senhora teve os minutos.
E, Senadores aqui presentes - meu amigo e vizinho Rodrigo Cunha, Eduardo Girão, Izalci -, eu percebi uma curiosidade aqui. Eu estava aqui comentando que todas as pessoas que subiram aqui para falar por cinco minutos no Plenário são mulheres. E, ao ouvir a Sra. Maria Gorete, do Grupo Bonitas, lembro-me especificamente do meu estado, onde há um número alarmante, em que pelo menos o número de vítimas de câncer de mama, que são mulheres, só cresce: são quase 60%; é o segundo no Nordeste! Ao ver as mulheres aqui no Plenário - se passar a câmera aqui, dá para se perceber que é a maioria -, eu perguntei a diferença ao doutor, e ele disse que é porque é da natureza feminina cuidar, é da natureza de vocês esse cuidar da gente. Então, eu não vi nenhum grupo masculino voluntário subir e eu acho que a gente tem que pensar nisso também, viu Senador Izalci, para o futuro.
Parabéns, mais uma vez, a todas vocês mulheres! (Palmas.)
Agora, por cinco minutos, a Sra. Regina Celma Sousa, que é Presidente do Movimento de Apoio ao Paciente com Câncer, do Hospital de Base aqui de Brasília, que vai poder falar. Eu digo cinco minutos, mas, antes de chegar no grito, doutora, aí eu aperto mais um botão, está bom? Fique à vontade.
A Sra. Regina Celma Sousa está chegando? Desculpa, D. Regina, não a vi não.
A SRA. REGINA CELMA SOUSA (Para discursar.) - Boa tarde a todos.
Bom, em primeiro lugar, nós queremos agradecer - o MAC quer agradecer - o convite do Senador, aos Parlamentares aqui presentes e dizer que para a gente é uma honra estar presente num evento tão importante quanto este, já que estamos todos engajados nessa causa tão dolorosa, mas que, para a gente que faz esse trabalho, acho que é um tanto quanto nobre: podermos estar à frente das instituições e saber que, de uma forma ou de outra, podemos ajudar alguém. A cada dia, eu falo que cada paciente que a gente consegue atender é uma alegria a mais para o nosso coração - para eles e para a gente, que eu acho que é muito mais. Então, obrigada pelo convite.
Quero agradecer também ao Hospital de Base, porque o MAC existe há 29 anos. Começou no Hospital de Base, fundado pela D. Maria Rita, que tinha um filho que tinha câncer e fazia tratamento lá. Ela levava um lanche para o filho, acabou se solidarizando com outras pessoas que tinham seus filhos que faziam tratamento e começou a aumentar a quantidade de lanches para essas pessoas. E assim surgiu o MAC: ela convidou pessoas, e as pessoas foram aceitando. Assim surgiu o MAC, e começou essa linda jornada. E hoje eu me sinto muito orgulhosa de estar à frente da instituição.
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Agradeço ao Hospital de Base por ter nos cedido esse espaço. Nós estamos lá, o hospital nos dá todo o suporte. Então, a gente tem uma base fixa, onde a gente pode atender os pacientes, que é o Base.
O MAC hoje presta assistência aos pacientes oncológicos que fazem tratamento lá. Nós temos atendimento na quimioterapia e na radioterapia servindo lanches tanto pela manhã quanto na parte da tarde. Esse lanche que é servido aos pacientes, quando os voluntários chegam - muitos pacientes vêm de fora de Brasília, vêm do entorno, vêm de outros locais, de outros estados -, é levado pelos voluntários com muito amor e solidariedade, que é o nosso lema, e o servem tanto pela manhã quanto na parte da tarde. Todos os dias nós servimos uma média de 140 a 150 lanches a cada período. E faz uma diferença muito grande. Por quê? Além de alimentar o corpo, os nossos voluntários também procuram alimentar a alma com um sorriso, perguntando, dando indicação de que eles têm alguns direitos, que eles podem procurá-los lá dentro do Hospital de Base. Então, a gente faz uma acolhida ao paciente, faz uma orientação para que ele se sinta seguro e fortalecido. E a procura é muito grande. Digo que isso é fundamental dentro da instituição, já que a gente se prontificou a ser voluntário. E ser voluntário é uma coisa para a qual não tem explicação, porque eu faço o bem a alguém, mas me sinto melhor do que talvez o próprio paciente por saber que eu estou tirando um sorriso de alguém que está com uma situação sofrida. Então, é isso.
O que nós fazemos no MAC? Nós fazemos a distribuição de cestas básicas mensalmente para as famílias em situação de vulnerabilidade. Essa cesta nossa é composta por alimentos, distribuímos proteína, distribuímos leite também, distribuímos roupas pela necessidade dos pacientes. Temos um bazar diário que nos ajuda muito financeiramente. Tudo vem de doações. Vivemos exatamente de doações.
Então, o que eu posso dizer do trabalho da instituição? É um dia após o outro, um dia de cada vez. É um dia de cada vez que a gente vai... É como a expressão que as pessoas usam: matamos um leão hoje e amanhã estamos preparando outro para dar conta de atender a quem nos procura. A expressão é exatamente essa.
Entregamos perucas para as pacientes, elas ficam extremamente felizes, lanches... Quando a gente entrega cesta básica, também entrega um lanche para os pacientes. Eles ficam superfelizes. Às vezes, um que chega mais tarde fala assim: "O lanche acabou?". "Eu não tenho esse lanche agora, sabe?". Então, assim, o importante para a gente é conseguir dar conta do trabalho e ver a alegria em saber que a gente está sanando a necessidade desses pacientes. Qual é o nosso objetivo dentro do MAC? Dar um pouco mais de dignidade a esses pacientes, porque a situação de vulnerabilidade deles é muito grande. É o pai de família que adoeceu, perdeu o seu emprego; é a mãe de família também que segura a família. Esse suporte que o MAC dá para esse paciente faz uma diferença muito grande. Nós temos depoimentos de pacientes relacionados a isso.
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Hoje, nós somos 87 voluntários - estamos em busca de mais voluntários. Na pandemia, nós tivemos uma perda grande nesses voluntários, porque nós começamos a atender nos Cuidados Paliativos, que é uma clínica em que tem três especialidades, dentro do Hospital de Base, e a gente está atendendo esses pacientes. Ontem mesmo, eu tive uma informação de que está fazendo uma diferença muito grande na vida das pessoas esse atendimento para eles.
Distribuímos também kits de higiene, distribuímos lenços. Então, são muitas coisas com que a gente consegue, aos poucos, fazer a diferença na vida das pessoas, assim como todas as instituições aqui, assim como todos os que estão envolvidos nessa causa.
Eu digo assim, já finalizando: este certificado que a gente recebeu hoje - eu recebi, a instituição recebeu - representa cada voluntário, cada pessoa que tira o seu tempo, cada pessoa que sai da sua casa, deixa o seu filho, o seu marido, os seus afazeres, o seu trabalho para se dedicar a um momento. Há alguns que passam uma hora, outros passam mais. Hoje nós estamos com alguns voluntários, inclusive, presentes aqui: a Cilda, que tem 25 anos de MAC; a Lurdes, que tem 20. Elas estão ali, são pessoas altamente dedicadas. Temos o nobre colega ali, também, que entrou há pouco tempo e está muito engajado.
Então, é isto: é a importância, é o significado da importância das pessoas, do trabalho que a gente faz com amor e solidariedade. Esse é o nosso MAC, gente. Então, estamos à disposição. Se quiserem conhecer o nosso trabalho, ficamos no Estacionamento 2 do Hospital de Base. Estamos à disposição. É só entrar em contato e falar: "Gente, quero conhecer o trabalho de vocês, quero participar". O convite está feito, está bom?
Muito obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Obrigado, D. Regina Celma Sousa, mais um exemplo de voluntariado. Falou com propriedade; não se sabe nem explicar o que é voluntariado no Brasil.
Agora, eu convido a Sra. Ruskaya Zanini para um testemunho pessoal da sua vida sobre a cura do câncer. (Palmas.)
A SRA. RUSKAYA ZANINI (Para discursar.) - Boa tarde a todos!
Hoje, num dia tão especial, eu fiquei me perguntando e pergunto a vocês qual é a missão? Qual é a sua missão, hoje, aqui? Qual é a nossa missão? E hoje, graças a Deus, eu venho representando uma instituição na qual tenho uma missão que é muito parecida com a minha história, que foi de salvar vidas, porque eu, aos 12 anos de idade, tive um câncer... Meu médico me falou que eu era uma pessoa extremamente especial, porque uma pessoa, em 1 milhão, teria o câncer que eu tive, que foi o Pnet. Com isso, eu, um pouco sem entender, porque era um tumor raro, agressivo e com pouca previsibilidade de vida, assim começou a minha grande luta pela minha vida.
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Eu fiz uma cirurgia às pressas, tirei cinco costelas, tirei um pulmão, e aí comecei o tratamento - obviamente, todos nós sabemos o que é quimioterapia -, sem eu muito entender, porque eu era apenas uma criança. Então, ficava tentando entender: por que é que eu tomava um remédio que, ao mesmo tempo, era para me melhorar e me curar e, ao mesmo tempo, eu ficava sem andar, ficava sem cabelo?
Emagreci 10kg em uma semana. Isso foi uma coisa que eu, como criança, fiquei extremamente sem entender - esse processo.
Mas confesso que, muitas vezes, eu tive muito ânimo, pela minha família, por olhar nos olhos da minha mãe, do meu pai, pela força, principalmente também por todo o meu apoio familiar e por médicos e instituições como a Abrace, como os Parlamentares que buscam aqui pela nossa causa, por nos ajudar a ter condições de ter o máximo de possibilidade de cura.
Eu, além de tudo isso, consegui e hoje faz mais de dez anos que eu fui curada. Hoje, além de ser curada, como uma colega aqui já falou, o câncer não me define também. Hoje, então... Consegui seguir minha vida. Sou sócia e CEO da Fields360, que é uma empresa de Brasília que, desde 2006, é voluntária na Abrace, ajuda a dar voz a essa causa.
Inclusive, a gente tem um grande case aqui, que a gente sempre gosta. Foi um case pensado em mim mesma, pelo meu histórico, porque eu usava muito lencinho, que eu tinha vergonha da carequinha, como a gente fala, e todo mundo me perguntava: "Ruskaya, o que é que te moveu, o que é que fez você seguir, o que é que fez você crescer?". "Cara, eu acho que é o pensamento positivo". Como já falado aqui, é a alegria, é o pensamento, é a força que a gente precisa ter interna. E, aí, a gente desenvolveu a campanha do Lenço Solidário, em que a gente, que já passou pelo câncer, escrevia mensagens e, a cada doação que a gente recebia dentro do nosso site da Abrace, a gente enviava um lenço para cada pessoa que estava passando pelo câncer.
Isso obviamente trouxe a esperança, trouxe o lencinho que todo mundo utilizou, e, para além disso, a gente conseguiu dar mais voz e, principalmente, demonstrar o trabalho da Abrace, que eu acho que esse é o nosso grande objetivo aqui, pautar mais esse tema, estar conversando mais, para que a gente possa trazer mesmo soluções. E, para isso, hoje, depois de dois anos ainda... Não: há dois anos, eu fui convidada pela Presidente da Abrace para ser a Diretora de Comunicações de lá. Então, hoje eu tenho uma missão muito grande, que é dar voz à causa, apoiar, ajudar todas as famílias, todos os profissionais de saúde e todos os pacientes.
E conto com vocês nessa causa, porque precisamos muito.
Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Vou conceder agora a palavra... Tem um vídeo que está pendente... Ele não pôde estar presente aqui... Senador Rodrigo Cunha e Eduardo Girão, que conhecem pessoalmente o Henrique Prata. Eles estão providenciando o vídeo deles, para colocar aqui na nossa tela, para falar sobre a sua percepção sobre o câncer, sobre o hospital de Barretos, e eu estou aguardando.
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Enquanto o vídeo não sai, eu vou chamar o Senador Izalci - vou passar a palavra agora para os Senadores - para ocupar a tribuna pelo tempo necessário para falar sobre esse combate ao câncer hoje - hoje não, sempre.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - DF. Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas.
Primeiro, quero parabenizar a iniciativa do nosso querido amigo, irmão Senador Styvenson.
Cumprimento aqui a minha amiga Maria Angela, na pessoa de quem cumprimento todos os demais membros da mesa. Ela faz um trabalho maravilhoso na Abrace, que a gente conhece desde a fundação - eu cheguei a Brasília em 1970 - no Guará, onde se iniciou todo o trabalho.
Cumprimento também o Dr. Gustavo, que é o meu médico de confiança e de referência. Estivemos juntos algumas vezes com relação a alguns exames.
Quero dizer para vocês... Eu tinha preparado até um discurso, Styvenson - hoje pela manhã, a gente discutiu isso -, mas é melhor a gente falar mesmo com o coração. É um tema que merece realmente uma reflexão. Hoje, esta sessão não é só para comemorar, mas também para fazer uma reflexão sobre este tema tão importante, que muitas vezes as pessoas sequer conheciam.
Eu perdi um irmão com 30 anos por câncer e uma cunhada também por câncer. Então, hoje, essa é uma doença... É difícil encontrar uma família, um conhecido ou um amigo que não tenha alguém com essa doença cruel.
Evidentemente, quando tratada com antecedência, quando se tem diagnóstico precoce, a situação é outra. Acho que mais de 90% dos casos diagnosticados no início são perfeitamente curados, vamos dizer assim, com a tecnologia e com a competência dos nossos profissionais.
A luta nossa é, de fato, para que as pessoas tenham oportunidade e condições de fazer exame. Segundo a Defensoria aqui do DF, nós temos hoje mais de 1,1 mil pessoas aguardando uma consulta e mais de mil e poucas também aguardando uma cirurgia. Estou falando da Defensoria Pública, e imaginem que a grande maioria não procura a Defensoria. A gente vê muitas pessoas com essa situação sem oportunidade de realmente de fazer... E com o câncer não dá para você esperar: "Ah, volta na semana que vem, no mês que vem, no ano que vem". Isso não existe. Então, a gente precisa...
Por mais que a gente tenha instituições... E quero aqui mesmo reverenciar os voluntários... Tem alguns homens também que acompanham as mulheres, mas, de fato, a sensibilidade da mulher é muito maior, e sua participação voluntária também é muito grande.
Vi aqui também as minhas amigas e amigos que vão aos hospitais fazendo teatro, apresentações, músicas, que são fundamentais. Acho que só quem conhece, quem já foi lá é que sabe a importância dessas crianças ou desses jovens ou mesmo adultos receberem uma visita, uma brincadeira dessas... Quanto vale um sorriso dessas crianças? Eu agora que... A gente conhece bem o Hospital da Criança, que foi uma iniciativa realmente da Abrace, uma luta muito grande dos voluntários, inclusive, dos parentes, dos familiares de pessoas com câncer, a referência é que é realmente uma referência muito grande. Girão, como você disse, Barretos também é uma referência.
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Então, a gente tem já... Nós aqui, a bancada inclusive, há quatro anos nós fechamos, com emenda de bancada, a construção do Hospital do Câncer. Com essas questões burocráticas, acabou se perdendo o prazo, mas a gente conseguiu recuperar na Caixa Econômica. E agora inicia-se, então, o processo da construção. Já se iniciou o processo de construção do Hospital do Câncer aqui, mas a gente sabe também que construir hospital não é tão difícil; o mais difícil é mantê-lo. O custo é quase que um pouco mais da metade por ano de custeio.
Mas estamos fazendo inclusive uma homenagem ao nosso querido ex-Secretário de Saúde e ex-Deputado Jofran Frejat, que está recebendo essa homenagem pela dedicação, pelo trabalho. Infelizmente, ele também morreu de câncer e não procurou em nenhum momento - ele tinha isso, não é? - um hospital particular. Ele era realmente o grande defensor e foi o grande Secretário de Saúde que tivemos aqui por três mandatos como Secretário de Saúde. Tudo que nós temos hoje de hospitais e tal a gente deve muito a ele. Então, espero que logo termine a construção, para que a gente possa, de fato, atender melhor a essa demanda que está aí.
Eu quero aqui mais uma vez parabenizá-lo pela iniciativa, Presidente. O que a gente precisa, a gente que conhece bem a saúde, que acompanha bem a saúde, a gente sabe que, infelizmente, a gente não tem uma política de Estado; a gente tem política de governo. Cada governo que entra faz questão, inclusive, de acabar com o que está funcionando e de começar tudo de novo. Então a nossa luta muito é defender realmente o Sistema Único de Saúde, mas que seja tripartite: União, estado e município. Tem que ter essa integração. Não adianta a gente colocar aqui a União funcionando bem se lá na ponta... E as pessoas não moram na União e muito menos nos estados; elas moram no município, e é lá que as demandas estão, as cobranças e tal. Então, precisamos fortalecer, de fato, os municípios, as prefeituras para que possam, de fato, atender às pessoas que estão lá na ponta.
Vocês têm aqui um parceiro realmente, com muita convicção. A gente entrou na política pela educação e para dar oportunidades para as pessoas, mas sem saúde ninguém vai a lugar algum. E essa questão do câncer é chocante. E a gente... Eu lembro que o meu irmão, quando estava com câncer, tomava morfina e não resolvia o problema; era gritando a noite toda, o dia todo. E demorou muito, sei lá, para se encontrar uma solução. Acho que já estava, a coisa avançou um pouco. Então, o fundamental desse trabalho nosso aqui é realmente garantir que as pessoas tenham o diagnóstico precoce, para que elas possam realmente ter a consulta e começar imediatamente o tratamento. E nessa linha nós vamos aqui lutar para a gente...
O Brasil tem muito isto: muito curativo, não é? A gente sempre só resolve, como Styvenson disse aqui hoje de manhã, quando a gente falou sobre isto: só quando acontece o problema a gente corre atrás. Então, não tem uma política preventiva seja na saúde, seja na educação. E a gente precisa disso. E a gente está aqui para ajudar e para insistir com que se tenha uma política de Estado que seja permanente, que as coisas boas continuem e que a gente possa realmente ter um projeto de saúde que a possa atender a toda a população, independentemente da classe social, que tenha o atendimento precoce.
Parabéns a vocês, principalmente aos voluntários aqui. Só quem conhece o trabalho sabe a importância de vocês. Então, parabéns a todos e, nosso Presidente, parabéns pela iniciativa.
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Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Obrigado, Senador Izalci. Fica até agora na sessão. Eu sei que é pauta do senhor, é interesse do senhor, é também a sua luta, a sua causa, o seu combate.
Lembro aqui, como o senhor citou a bancada do integrante do Podemos, por muito tempo, aqui, neste Senado, a pessoa que eu admiro muito, o Senador Reguffe, que lutou aqui pessoalmente, teve um projeto aprovado para fazer entrega gratuita do uso oral de medicamentos. Foi vetado. Era uma dificuldade, é uma dificuldade muitas vezes fazer política pública, quando se trata de olhar para as pessoas, quando a gente só vê números.
O senhor citou aqui 704 mil, o número de 60%, segundo lugar no Nordeste com câncer de mama o meu estado... A gente está falando de números. A gente parece que não enxerga as pessoas. Quando o Izalci fala que o irmão dele foi acometido com 30 anos, que tomava morfina e não parava, aí ele está falando do irmão dele, pessoas. E eu disse antes de eu começar: cada um vai ter uma história aqui para contar. E parece que, exceto ela, que não foi acometida, assim eu prestei atenção, cada um tem uma história para contar: eu tenho a minha, o Dr. Ivo tem a dele com a luta com as crianças. Cada um tem uma história.
Senador Rodrigo, antes de eu chamar o senhor para a tribuna, o vídeo não estava pronto, a gente vai ouvir agora o Dr. Henrique Prata, que é Presidente do Hospital do Amor de Barretos. É um comunicado rápido de um minuto, e eu acho que alguém já falou isso aqui hoje. Acho que o senhor já falou, Dr. Gustavo, a senhora também já comentou o que ele vai comentar agora.
Então, com a palavra, o Dr. Henrique Prata.
(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Enquanto o senhor encaminha-se à tribuna, Senador Rodrigo Cunha, em menos de um minuto, uma das referências do país em combate ao câncer mandou o recado. Eu acho que não é nada afrontoso a governo nenhum; pelo contrário, eu acho que é uma forma de a gente abrir um diálogo para melhorar esse atendimento. Assim eu entendo e assim a gente espera que ocorra.
Agora o meu amigo, meu vizinho, o meu irmão Rodrigo Cunha com a palavra.
O SR. RODRIGO CUNHA (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AL. Para discursar.) - Senador Styvenson, que preside esta sessão tão importante, senhores e senhoras que fazem parte dessa mesa, todos que estão aqui presentes nos acompanhando, boa tarde. Boa tarde a todos que se envolvem diretamente numa rede de proteção pela luta contra o câncer. Esse dia, esse momento é importantíssimo para que essa Casa cada vez mais reflita no que é que nós podemos fazer para diminuir os impactos não só para o paciente, mas também para a família que se envolve quando alguém está com câncer.
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Então aqui, nesse momento, Senador Girão, eu sinto uma energia completamente diferente da grande maioria dos dias, uma energia muito boa, muito positiva, uma energia que é a energia do Senador Styvenson Valentim. E são impressionantes os depoimentos de quem o mencionou e de quem o conhece, que corroboram e sabem que ele não está aqui por acaso, que ele não está aqui pela busca do poder pelo poder, nem para fazer bens, mas ele está aqui para fazer o bem. Então, esses assuntos, Senador Styvenson, você pode ter certeza que o Brasil inteiro está acompanhando. O seu estado, nas palavras aqui também da Maria Gorette, sente orgulho do seu trabalho, de quem você é. É muito difícil - e V. Exa. tem - um político ter autonomia e independência e chegar dessa forma no Senado Federal. Então, permaneça firme, sempre como é: um grande lutador, que eu tenho certeza que ainda tem muita história para ser construída.
Eu vou tentar fazer um paralelo da importância desse momento através dos seus exemplos, e um momento como esse também é de educação política, não é? As pessoas perguntam tanto o que é que um político faz, e uma das principais ações que um Senador faz é destinar recursos, que são as emendas que já foram mencionadas aqui. Essas emendas são discricionárias, ou seja, um Senador, como o Senador Styvenson, pode colocar uma emenda em alguma cidade para fazer um curral eleitoral, como muitos fazem, e o Prefeito ou então aquela liderança ali vai devolver em votos numa próxima eleição; pode colocar um recurso para pagar uma conta de uma campanha anterior ou para fazer um caixa para a próxima; ou pode colocar o recurso para fazer o bem. E aqui, quando o recurso é destinado para uma rede de proteção, que aqui é a Liga Norte Riograndense contra o Câncer, olha só a diferença que uma boa decisão faz. Então é esse o principal atributo também que um eleitor deve observar: qual é a destinação dos recursos que um Parlamentar faz. E não é só para onde, é como é feito.
O Senador Styvenson tem a marca da fiscalização e inclusive chama as pessoas para fiscalizarem junto com ele no seu site, está ali acessível, de maneira transparente. Por isso é que, quando o Presidente da liga, Sr. Aldo da Cunha Medeiros, recebeu o apoio e a emenda do Senador Styvenson, ele viu ali a oportunidade, tenho certeza, de ver uma construção sendo feita, sabendo que ali não vai haver superfaturamento, não vai haver desvios, e sim que ali vai ser um local para salvar vidas e que vai funcionar. Então ninguém... O Senador Styvenson já tem até esse colchão de proteção: quem se associa sabe que ele fiscaliza os outros, imagina os recursos que ele coloca. Esse é um papel importantíssimo. Eu o parabenizo pela escolha de fazer com que uma entidade que trabalha e que se dedica, muitas vezes com voluntários, com os profissionais, os médicos e profissionais de saúde e os do setor administrativo, recebesse 100% das emendas impositivas, que foi o que o Senador Styvenson fez: pegou 100% da emenda de bancada impositiva, que quer dizer aquela que tem que pagar de qualquer jeito e não apenas para dizer: "Ah, a minha intenção era mandar o recurso, mas não tinha dinheiro no Governo Federal". Ele disse: "Esse aqui de que eu tenho certeza é esse que eu vou mandar para a Liga". E assim o fez. E olhe só onde nós estamos. Aqui é para comemorar, sim, um momento como este, chamando a atenção do Brasil inteiro para esse tema. Fazendo um paralelo, quando eu ouço aqui - quase todos falaram isso - que há uma estimativa de que, no próximo ano, se tenha 700 mil pessoas com câncer, eu pergunto: qual é a estimativa de quantas mil pessoas terão cura? Como é que se consegue isso? Eu paro e reflito também. Estou falando do Senador Styvenson, mas eu também, conversando com ele, em vários momentos, puxo esses desafios.
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Senador Girão, nós sabemos pelo menos como é que se faz com que mais pessoas tenham chance de cura no câncer. O câncer já foi - e aqui vários depoimentos demonstraram isso - uma sentença de morte. Hoje não é uma sentença de morte. O câncer tem cura. E, para que se tenha uma solução rápida, tem que se ter um diagnóstico precoce. Então, é a esse viés que eu também me dedico bastante.
Fiz também uma atuação no meu estado. Nós ouvimos, agora há pouco, o Henrique Prata, que é o Presidente do Hospital de Amor de Barretos, que é uma das maiores referências também em toda a América Latina de proteção, diagnóstico e tratamento do câncer. Eu já fui conhecer pessoalmente e coloquei os recursos, quando tive oportunidade, também no meu estado. E hoje, em Arapiraca, que é a segunda maior cidade, é uma cidade-polo, somente no seu primeiro ano, 30 mil mulheres foram atendidas pelo Hospital de Amor que foi construído em Arapiraca com a nossa atuação.
Então, tenho a felicidade de estar aqui hoje vendo também outros exemplos em outros estados, Senador Girão, Senador Styvenson, que têm também histórias para contar. Essas 30 mil mulheres dificilmente iriam fazer um diagnóstico precoce. E aí nós estamos salvando vidas, porque essas 30 mil mulheres foram atendidas naquela doença que mais mata mulheres, que é o câncer de mama. Então, um diagnóstico precoce, inclusive com qualidade e chegando o resultado rápido, consegue fazer com que as mulheres tenham uma chance muito maior de cura ou até de não ter um dano maior ao seu corpo. De lá nós também já investimos, e o Hospital de Amor, além do câncer de mama e do câncer de colo de útero, agora está atendendo também os homens, com especialidade no câncer de pele - eu acho que é o câncer mais presente no país inteiro - e no câncer de boca, que também é uma realidade lá no nosso estado.
Além disso, há uma carreta, Senador Styvenson, que de maneira itinerante percorre 47 municípios, num raio de 200 quilômetros, para fazer essa busca ativa. Há um trabalho muito forte de educação ainda a ser feito, e é necessário a gente estar sempre buscando alternativas para fazer com que aquelas pessoas que não sabem que podem estar com a doença tenham um estímulo a fazer um exame, um diagnóstico. Nós vivemos aqui num país de grandes dimensões e essa foi uma alternativa muito interessante.
Então, eu quis fazer esse paralelo, parabenizando todos vocês que aqui estão, todos que se envolvem voluntariamente, alguns pela dor, por ter alguém da família - o que eu acho que é a grande maioria dos casos -, outros realmente por ter uma sensibilidade. O Senador Styvenson aqui está demonstrando muito bem que isso é muito possível. Mas, mais do que isso, todos com grande objetivo de levar amor ao próximo, entender que a nossa função nesse mundo é trabalhar sim com caridade, trabalhar sim com atenção a quem não pode se defender sozinho.
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E aqui, já para fechar os elogios merecidos ao Senador Styvenson, eu pego uma frase que é dele mesmo - pelo menos assim estava no certificado que ele já disponibilizou - que diz que a grandeza não consiste em receber honras, mas sim em merecê-las. E V. Exa., Senador Styvenson, hoje, com certeza merece todas as honras, por tudo o que fez.
Então, conte comigo, conte com este Senado, porque todos aqui o conhecem. Quem não conhecia, agora, nesses quatro anos, passou a conhecer. E quem o conhece o respeita. Então, vamos juntos trazer aqui melhorias para o nosso povo.
Parabéns e conte comigo! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Aí emociona. Emociona porque como eu disse aqui no início, Rodrigo, você estava presente, a gente entra aqui meio com desconfiança, não é? Meio querendo se afastar, com isolamento político, ainda mais de quem é novo na política, como eu em primeiro mandato, nunca tinha sido político antes, e entra logo para Senador da República, com a representação do estado como o meu, como o nosso, do Nordeste, que tem números cada vez mais alarmantes em todos os índices ruins. Não é uma ostentação, não é contra o Governo que atua, mas é uma população que sofre nisso tudo. E a gente se sente nessa obrigação, nessa responsabilidade de representar bem.
Eu acho que o que a gente precisa fazer, e a gente faz, o senhor faz com eficiência, o Senador Girão faz, muitos Senadores aqui fazem, com muita precisão, cirúrgica, é o recurso que tem, porque essa é uma grande arma que o Parlamentar hoje disponibiliza é saber gastar, e gastar com precisão.
O senhor deu exemplos, vários exemplos ruins de como gastar dinheiro público, porque talvez, Prof. Ivo, o problema deste país não seja o dinheiro não, o problema deste país seja competência para gerir ou caráter para poder manuseá-lo. Então, quando eu cheguei aqui, eu não tinha tantos amigos e os fiz. O Rodrigo, quando começou a falar me emociona, porque são quatro anos. E são quatro anos que quem está do lado de fora não enxerga. São quatro anos em que ninguém vê a sua luta, a sua dor. É o seu sofrimento, ainda mais quando a gente trata de assuntos de saúde pública, quando lida com crianças.
O SR. RODRIGO CUNHA (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AL) - Senador Styvenson, permita-me aqui também só fazer um complemento. Eu até tinha anotado aqui, mas acabei esquecendo. Existe um nome difícil que se chama controle social, para algumas pessoas. E o que é isso? Para mim é o que vai fazer com que a política mude. Será quando as pessoas se envolverem diretamente, ou seja, passarem a exercer o controle social sobre os atos.
E no seu exemplo aqui, com os recursos que V. Exa. colocou, conseguiu fazer uma diferença na vida de muitas famílias, no combate ao câncer, e V. Exa. está com uma campanha muito forte, porque outros recursos foram colocados no seu estado para salvar vidas. E V. Exa. não pode ficar sozinho de maneira alguma! Então, esse controle social, a participação da sociedade para saber onde foi que o Styvenson colocou o recurso, por que ele está agora gritando pelo mundo, colocando outdoor no seu estado dizendo: cadê o recurso que eu coloquei? Por que não sai a escola? Por que não sai o hospital? Não é seu, é do povo e tem que voltar para o povo! E a picuinha política é o que trava este país.
Então, é o momento sim de cada um também chamar a sua responsabilidade e fazer isso, que é o controle social: cobrar, fiscalizar, porque senão as coisas não mudam!
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Já foi uma alternativa conseguir um parceiro e a gente fica muito feliz! Olha a festa que está sendo feita hoje! É porque encontrou um parceiro ideal para realizar o que nós queremos, o que está no nosso coração, no nosso íntimo, no nosso intelecto. Então a gente comemora isso.
Agora, imagine como é desmotivante quando se coloca um recurso, no meu caso, em algumas cidades, para construir um campo de futebol, e, por você não fazer parte de um grupo político daquela cidade, aquele campo que seria o único de um município do Estado de Alagoas, numa cidade do Sertão alagoano, não vai haver, porque, senão, eu posso receber aplausos. Olha só que pensamento pequeno.
Então o trabalho que V. Exa. faz, e eu acompanho pelas redes sociais, não pode ser sozinho. A sociedade inteira tem que acompanhar. Muitos aqui disseram, eu ouvi o depoimento de quantos acompanham o Senador Styvenson, que sabem do que eu estou falando... E daí a importância, sim, de falar de política de verdade, séria e comprometida. Então o caminho é esse. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Espero um dia isso acabar, Senador Rodrigo Cunha. Espero que essas mesquinharias políticas, essas picuinhas, essa briga que não leva a canto nenhum, amigo Secretário, que eu estou vendo agora, que não vai levar a canto nenhum, não atrapalhe a vida do brasileiro. O que o brasileiro quer realmente é um serviço público de qualidade, não ficar em briga ideológica entre esquerda e direita.
Senador Eduardo Girão, nos dê a honra de ocupar a tribuna. (Pausa.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) - Paz e bem a todos vocês que estão aqui neste evento histórico do Senado Federal. Sejam muitíssimo bem-vindos.
Eu fico, assim, Senador Styvenson, muito lisonjeado de estar aqui nesta sexta-feira, participando com colegas, com um grupo multidisciplinar que é conectado pelo amor. Eu acho que o que está fazendo a diferença neste evento aqui é a conexão pelo amor de cada entidade dessa, de cada pessoa, paciente, familiar. Uma coisa que me marcou muito em todas as falas, eu procurei observar o máximo que eu pude, é que a maioria das pessoas estão engajadas. E aí vem aquela frase que a gente ouve desde criança: ou a gente aprende pelo amor ou pela dor.
E eu fiquei emocionado vendo aqui a quantidade de ONGs, de projetos que se multiplicaram a partir de um caso da família, de um familiar seu, que é o próximo mais próximo. Jesus nos ensina muito sobre amar o próximo. O próximo mais próximo começa com a família. E aquele caso do familiar... E aí tem outra passagem que diz o seguinte: a dor é uma benção que Deus envia para os seus eleitos. A partir dessa experiência, forma-se uma rede gigantesca de amor, que uma parte dela está aqui, tem muita gente que não pôde estar, algumas entidades pelo Brasil, mas eu tenho certeza de que a gente vai trabalhar. Pelo que eu ouvi aqui, um programa nacional de enfrentamento ao câncer precisa ser instituído no Brasil. Isso eu acho que é uma obrigação nossa, é um dever nosso, Senador Styvenson. E o senhor, como Líder, que consegue organizar. É difícil ver esse auditório cheio, pessoal. Eu estou aqui todos os dias, junto com o Senador Rodrigo Cunha, o Senador Styvenson, o Senador Izalci e muitos outros, e é difícil ver um auditório, um plenário desse do Senado, que é de vocês - a gente está aqui para servir com o mandato -, preenchido com boa intenção, com gratidão.
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Eu até faço uma pergunta aqui a vocês. Podem ficar à vontade para falar. Como é que a gente sintetiza numa palavra isso que a gente está vendo aqui, desde 2h da tarde, em quase três horas de sessão? Uma palavra que sintetiza isso aí quem quer arriscar?
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Gratidão, amor, solidariedade, união, honestidade, comprometimento. Olhem só que energia positiva que vai irradiando.
Eu quero tomar a liberdade para falar também uma palavra que me move muito aqui, vendo vocês, que fazem um trabalho fantástico que tem feito a diferença na vida de irmãs e de irmãos: aprendizado. O que eu aprendi hoje aqui com as falas de cada um de vocês...
A Liga de Combate ao Câncer é um trabalho fantástico, Dr. Luciano. Parabéns a todos vocês que fazem a Liga! A Abrace, o MAC... Perdão aos outros de que a gente ouviu aqui as falas.
Por falar em perdão, a gente sabe, tem que oferecer e foi colocado pelo Presidente aqui do hospital de Barretos, Senador Rodrigo Cunha, nesta celebração, que... Eu parabenizo o Senador Styvenson e cumprimento a equipe dele, que organizou, com muito amor, esse trabalho aqui hoje. Mas você viu o vídeo de uma das referências também do Brasil, o Hospital de Amor de Barretos, que já está em vários estados brasileiros. O Senador Rodrigo Cunha levou, com muita coragem, para Arapiraca, um instituto de prevenção do câncer, que começou com colo de útero e mama e agora já está também atendendo os homens em câncer de boca e câncer de pele.
Dr. Henrique Prata, eu tive a oportunidade de também, há cerca de 15, 20 dias, visitar o Hospital de Amor de Barretos e fiquei impressionado com a qualidade. Parecia que eu estava entrando ali numa... Tive a oportunidade de morar nos Estados Unidos. E vi não apenas a qualidade física, mas um atendimento altamente humanizado, desde a brinquedoteca, em espaços estratégicos - a gente foi à ala de criança, de pediatria -, mas também nos outros hospitais do complexo. E o que ele falou aqui é importante neste dia de celebração, que é um dia de gratidão, que é a questão da valorização - valorização. E, como bem colocou o Senador Styvenson, não é questão de governo A, governo B, porque vem, ao longo de quase 20 anos, um congelamento dos valores repassados.
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Então, que prioridade é essa que nós estamos dando - e eu me incluo - para o enfrentamento ao câncer, que, segundo eu aprendi aqui, em 2028, vai ser a doença, pela projeção, que mais vai matar brasileiros, é isso? Que mais vai curar também, com o nosso trabalho, com essa rede, mas é a doença que mais vai acometer brasileiros. Senador Styvenson, isso é um alerta. Isso é um alerta muito grande, e nós temos que trabalhar desde agora nesse sentido para ajudar instituições, projetos.
Nós vimos aqui os Doutores do Riso, não sei se tem ainda os Doutores da Alegria, que é uma instituição... Lembram daquele filme Patch Adams, que é uma inspiração? Quem não assistiu ainda, procura, está até gratuito aí em canais. O trabalho feito de música, musicoterapia... Como é o nome dele? Do Alan... Alan já percorreu aí 15 estados? Vinte e seis estados! Olha só!
Então, eu queria parabenizar, Senador Styvenson, por esse evento. Preparei um discurso aqui, mas eu não vou fazer esse discurso. Nós já estamos caminhando para o final. Agora, é marcante esse trabalho que está sendo feito por todos vocês, não é? Eu quero me colocar à disposição.
Sou do Estado do Ceará, estou servindo aqui pelo Estado do Ceará. E, infelizmente, o Instituto Nacional de Câncer não traz boas notícias para a minha terra. A previsão é de que o estado apresente mais de 94 mil novos casos de câncer no triênio 2023-2025. É um número muito preocupante, ainda mais em comparação com o triênio anterior, de 2020-2022, quando foram estimados 81 mil novos casos.
E aí, Senador Rodrigo Cunha e Senador Styvenson, vocês dois foram - e eu quero reconhecer aqui publicamente -, os pioneiros, pelo menos de que eu tive conhecimento, que me alertaram para isso, através dos investimentos das emendas parlamentares, que tanto o senhor destinou para a Fundação Pio XII, que instalou em Arapiraca o Instituto de Prevenção ao câncer de mama e câncer de colo, que já passou para outras especialidades, que atendeu 30 mil já no primeiro ano - 30 mil mulheres alagoanas. Olha que impacto!
E, como é aquela história de você ver lá na frente, e vem já trazendo, já vem evitando um mal maior, porque está identificando no início e já pode tratar, a probabilidade de cura é muito grande. Porque, se eu estiver errado, os doutores aqui me corrijam, mas o que eu pude estudar e ouvir também do Hospital de Câncer de Barretos, é que 37% de todos os cânceres, de toda essa doença estão concentrados no câncer de mama, câncer de colo de útero e próstata - 37%. Então, quanto mais cedo você consegue identificar, a probabilidade é muito grande de se evitar uma perda de um ente querido, sofrimento na família.
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Então, nessa Dia Mundial de Luta contra o Câncer, eu quero dar uma boa notícia para os cearenses. Tem essa notícia ruim dos casos, do prognóstico, mas tem uma notícia boa. Espelhado no que o Senador Styvenson fez com a Liga norte riograndense de combate ao câncer - é esse o nome, "combate ao câncer"? (Pausa.)
Contra o Câncer. E inspirado também no que o Senador Rodrigo Cunha investiu, lá em Arapiraca, no Hospital de Amor, um instituto de prevenção ao câncer de colo de útero e de mama, nós também estamos investindo. E é por isso que eu quero agradecer o despertar, Senador Rodrigo Cunha e Senador Styvenson, para mim, para o meu mandato, com o exemplo de vocês, com o exemplo e a coragem de vocês, que não pensam em política pela política, o poder pelo poder; que estão preocupados lá na ponta, com as pessoas, independentemente de mandato, que acaba, mas vai ficar esse legado para a vida toda. E a gente está destinando também os recursos do nosso mandato para a Fundação Pio XII, que vai instalar no interior do Ceará um instituto de prevenção do câncer de colo de útero e também de mama e que pode - já tem uma expectativa - ir para o câncer de pele e de boca, da mesma forma como aconteceu lá em Arapiraca.
Então, já estivemos com o Prefeito de Juazeiro do Norte, lá no Cariri, que abraça dezenas de municípios na região, e a gente já conversou para instalar. Se Deus quiser, este ano já começam as obras para ter mais esse trabalho.
Para encerrar, Sr. Presidente, eu não posso deixar também de mencionar nesta oportunidade o trabalho que é feito nessa área por algumas instituições que atendem os cearenses na luta contra o câncer. Eu quero citar apenas três.
A primeira é a Associação Peter Pan - não sei se vocês já ouviram falar dela -, que faz um trabalho voltado para o câncer infantil, um trabalho revolucionário, lá em Fortaleza. Ela trabalha em conjunto com o Hospital Infantil Albert Sabin, e esse trabalho, durante 27 anos, já rendeu o título de Melhor ONG do Brasil para a Associação Peter Pan. A sua Presidente, inclusive, gravou um vídeo curto - não sei se vai dar para exibir na sequência -, a Olga. É uma inspiração para nós esse trabalho. Inclusive, um dos que ajudou como voluntário está fazendo hoje 50 anos, que é o Sr. Caram Jorge Karam. Quero mandar meu abraço aqui da tribuna do Senado. Coincidentemente, hoje é o aniversário dele, que é um dos que estava lá no projeto, sempre ajudando, mobilizando de forma voluntária.
Outra é o Instituto do Câncer do Ceará, que é uma instituição, um exemplo em filantropia e responsabilidade social desde 1944, quando nasceu o meu pai - meu pai é de 1944.
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E, finalmente, destaco o trabalho do IACC (Instituto de Apoio à Criança com Câncer), que, desde 2010, oferece suporte às famílias de crianças e adolescentes portadores de câncer em toda a região do Cariri. Então, fica o registro. A D. Isa... Cadê a D. Isa, ela ainda aqui? Não? A D. Isa estava aqui no começo da sessão e é interessante, porque a D. Isa é da Rede, fundou, em 2019, a Rede Feminina de Combate ao Câncer, é uma das fundadoras do Hospital de Base junto com muitas pessoas e hoje está no grupo Sinfonia, o qual faz parte também da Abrace. Ela é esposa do inesquecível Sr. Ariston, que é do Instituto Chico Xavier de Brasília. Então, fica meu abraço à D. Isa, que estava aqui desde o começo e que teve que sair. Que Deus abençoe sempre esse trabalho, muita luz e muita paz, Senador Styvenson.
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Antes de o senhor concluir sua fala, eu acho que o senhor já está partindo para o final, como é do seu estado a Associação Peter Pan, essa instituição de tratamento do câncer infantojuvenil, ia aproveitar sua fala para fazer justamente um aparte com esse vídeo.
Coloquem o vídeo.
(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
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O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Pela ordem.) - Quero só fazer um complemento, Senador Styvenson. Ela sempre falou isso. Há décadas, a Olga sempre falou. Eu nem sonhava em estar aqui, em ser político, mas ela já falava da importância do tratamento precoce, do diagnóstico precoce para se trabalhar.
Lá no Ceará, só para vocês terem uma ideia, apesar de haver 22 policlínicas regionais aptas a realizar algum tipo de exame, diagnóstico para o câncer, apenas em Fortaleza o paciente pode encontrar na rede pública um serviço altamente especializado, no Instituto de Prevenção do Câncer ou Hospital Geral Dr. César Cals, para vocês terem uma ideia do desafio que a gente tem.
Eu quero finalizar com uma frase de um grande pacifista, um grande estadista, na verdade, irlandês que dizia o seguinte: "O mal só triunfa quando os bons cruzam os braços".
Eu estou vendo aqui instituições, famílias, Parlamentares - o nosso Deputado Federal Weliton está aqui também presente. Parabéns! Que Deus abençoe a todos e que a gente possa trabalhar pelo bem cada vez mais.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Perfeito, Senador Eduardo Girão.
Agora concedo a palavra ao Deputado Weliton Fernandes Prado, que é Deputado Federal pelo Estado de Minas Gerais, que também segue na mesma direção, mesmo ritmo, mesma intensidade nessa luta de combate ao câncer.
O senhor tem a palavra.
O SR. WELITON FERNANDES PRADO (Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas.
Primeiramente, a minha gratidão. Agradeço a Deus por este momento, parabenizo o Senador Styvenson e, na sua pessoa, cumprimento a cada Senador e Senadora. É um momento realmente muito importante. Cumprimento a toda a mesa na pessoa da Marlene Oliveira. A Marlene, muitos não sabem, fundou o Novembro Azul. O Novembro Azul é a campanha mais importante em relação à saúde do homem no Brasil. É conhecida internacionalmente, e foi criada por uma instituição brasileira. Então, é um grande orgulho que nós temos, um trabalho maravilhoso.
O homem é muito difícil, não é, gente? Todos vocês sabem que o homem é teimoso, não vai ao médico, só vai quando a mulher leva, bebe mais, fuma mais, se coloca mais em situações de risco, tem a expectativa de vida sete anos menor do que a das mulheres. E o Novembro Azul veio para ajudar muito, muito, muito mais a avançar.
Styvenson, nós estamos brigando - e contamos muito com o seu apoio e de todos os Senadores - para garantir a cirurgia robótica para câncer de próstata, que é um dos tipos que mais mata homens no nosso país. Infelizmente a gente não tem essa cirurgia no SUS, e, infelizmente, a cirurgia convencional traz uma série de problemas aos homens, inclusive psicológicos, há incontinência urinária, muitos entram em depressão, inclusive há casos de assassinatos. Então, é fundamental a gente garantir a cirurgia robótica. É uma cirurgia realmente precisa.
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Eu queria aproveitar e parabenizar a todos e todas vocês, as associações, as entidades. O Girão colocou aqui e eu também: 100% das minhas emendas eu destino para o enfrentamento ao câncer. Ao todo, já são mais de R$132 milhões. Já beneficiei todos os hospitais que enfrentam o câncer em Minas Gerais. Inclusive a Santa Casa de BH, que mais atende pacientes com câncer - 60 mil pacientes -, vai poder atender quase 200 mil pacientes por ano. Nós criamos o Instituto de Oncologia da Santa Casa de BH, com emendas de minha autoria e do Deputado Estadual Elismar Prado.
Em Uberlândia, que é a minha cidade, nós ampliamos o quarto piso, construímos o centro cirúrgico para o câncer, o centro de transplante de medula óssea, adquirimos um acelerador linear, um dos mais modernos do mundo, para fazer a radiocirurgia, uma cirurgia precisa. Hoje, no Brasil, infelizmente, tem muitas regiões que fazem a radioterapia com bomba de cobalto, que queima, que é um verdadeiro absurdo, mata as células cancerígenas e mata as outras células também. Às vezes, o paciente vem a óbito por cauda do tratamento.
Então, a gente tem que garantir, inclusive, uma política... Estive, inclusive, aqui com um representante do Ministério da Saúde, com a Ministra e com o Chioro também, que é Presidente da Ebserh, com a Ministra da Saúde e com o Helvécio, para a gente garantir uma nova política para a radioterapia, ter equipamentos realmente modernos, beneficiando todas as regiões do nosso país.
Nós garantimos também - além de ampliar o Hospital do Câncer de Uberlândia - o acelerador. Cem por cento das minhas emendas foram para medicação, para custeio. Agora, são dois centros que já estão prontos e equipados com as duas carretas de prevenção ao câncer: um na cidade de Patrocínio e outro na cidade de Unaí, que é aqui pertinho, que vão atender milhares e milhares de pessoas. Já estão prontos esses dois centros do Hospital de Amor de Barretos, também 100% com recursos de nossa autoria. Os centros já vão começar a funcionar.
Inclusive hoje, na data de hoje, agora está acontecendo um mutirão, na cidade de Montes Claros, de prevenção ao câncer. A carreta está lá, em Montes Claros, atendendo milhares de mulheres, fazendo a mamografia pelo segundo ano consecutivo. Em Montes Claros também nós criamos o primeiro Centro de Cuidados Paliativos do interior de Minas Gerais, com emenda minha e do Deputado Estadual Elismar Prado, e criamos a primeira Comissão Especial de enfrentamento ao câncer do Brasil, em que nós fizemos centenas e centenas de debates, de reuniões, aprovamos já na Comissão a política nacional de enfrentamento ao câncer, que já está pronta para o Plenário. A gente quer aprovar o mais rápido possível no Plenário da Câmara, já para vir para o Senado, que é o ciclo completo, garantindo a prevenção, o diagnóstico, o tratamento - não é? -, que é fundamental, a cirurgia, a reabilitação, até os cuidados paliativos.
Então, a política foi amplamente debatida com todos os setores da sociedade, e nós queremos aprovar também o Fundo Nacional de Enfrentamento ao Câncer. O que é o Fundo Nacional de Enfrentamento ao Câncer? Pegar impostos do cigarro, do tabaco, das bebidas alcoólicas e não alcoólicas, das moedas apreendidas, provenientes do crime organizado, do narcotráfico, depois de decisão transitada em julgado, pegar todos esses recursos, criar uma rubrica única no Ministério da Saúde para enfrentamento ao câncer, porque, infelizmente, há anos e anos, tem uma luta muito grande para que os governos reconheçam que o câncer é uma doença emergencial - emergencial. Quem tem câncer tem pressa, depende de tempo, não pode esperar.
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Foi colocado por todo mundo aqui: se se demora com o câncer já diagnosticado no estágio avançado, aumenta-se o risco de morte e fica muito mais caro para o governo. Então, é muito importante a gente garantir que o câncer seja reconhecido como uma doença emergencial, que a gente tenha acesso ao diagnóstico, à prevenção, que realmente salva vidas, e tenha acesso a cirurgias e ao tratamento adequado.
Tem várias medicações, que foi uma luta muito grande para a gente garantir para incorporar no SUS, vários tratamentos especializados para vários tipos de câncer, para os quais você já tem, inclusive, a cura, que infelizmente às vezes não estão disponíveis no SUS. E 70% dos pacientes que se tratam do câncer se tratam no SUS e, infelizmente, não têm acesso aos melhores tratamentos. E aí, como o Senador colocou muito bem - já para terminar -, essa pessoa que vem a falecer, a óbito, é uma pessoa querida, é o amor de alguém que poderia estar vivo e que, infelizmente, às vezes é acometido pelo câncer e não tem acesso ao diagnóstico, ao tratamento. E a gente sabe que o câncer é a doença... E muitas pessoas, às vezes, não têm esse conhecimento, e a gente fala isto sempre, para as pessoas ajudarem a fazer essa corrente: o que mais mata, Girão, no nosso país, criança e jovem... Qual é a doença que mais mata criança e jovem no país? É o câncer.
A gente viu um depoimento, agora, e essas crianças, esses jovens, poderiam estar vivos. As nossas mulheres poderiam estar vivas se tivessem tido acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado.
O câncer é a segunda doença que mais mata adultos no nosso país, em muitas cidades já é a primeira...
(Soa a campainha.)
O SR. WELITON FERNANDES PRADO - ... e está avançando. Como o Girão colocou: até 2028, 2030, tem a possibilidade de ser a primeira, concorrendo com as doenças cardiovasculares, as doenças do coração.
Então, a gente tem muito e muito o que fazer, e acho que ninguém faz nada sozinho. É em momentos como este, em que a gente compartilha informações, que a gente aprende, e é fundamental esse trabalho realmente em conjunto dessas associações, das entidades, do Parlamento, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal... Então, a gente tem muito, muito, muito mais que avançar.
Enfim, eu queria agradecer e dizer - viu, Senador Styvenson Valentim? - que a gente conta muito com o apoio do Senado Federal para que a gente possa fazer esse trabalho realmente em conjunto e deixar aí um legado para o nosso país.
Eu queria aproveitar e parabenizar o Senador Rodrigo Pacheco, que é de Minas Gerais, um Senador pelo qual tenho muita gratidão. Nós estamos fazendo um trabalho em conjunto com o Senador Rodrigo Pacheco no Triângulo Mineiro, a obra mais importante, que é o novo pronto-socorro, que vai atender a milhares de pessoas, 249 leitos...
(Soa a campainha.)
O SR. WELITON FERNANDES PRADO - Foi uma parceria nossa com o Rodrigo Pacheco. Conseguimos liberar R$50 milhões, ano passado e, este ano, nós já garantimos R$51 milhões. Infelizmente, eu tive que entrar com uma ação no Ministério Público Federal, porque eles queriam cortar o empenho dessa emenda. Parte do dinheiro já tinha sido depositado, ia paralisar a obra. Eu não tive outra alternativa, a não ser entrar com uma ação no Ministério Público Federal, mas tivemos uma grande vitória, que é a liberação do valor integral dos R$51 milhões, através de uma decisão judicial.
Senador, parabéns ao Senado Federal, parabéns a todas as entidades, e, como Presidente da Comissão Especial de Combate ao Câncer, vamos fazer muitos trabalhos em conjunto.
Fiquem com Deus e muito obrigado. Valeu! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) - Sr. Deputado, pode me incluir. Pode me incluir em toda essa sua fala, atribuição, missão... Ideias boas. Ideias boas, boas mesmo. De verdade.
Acho que toda união ainda é pouco para combater doenças neste nosso país.
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Antes de encerrar, eu vou agradecer aos funcionários do Senado que ficaram até agora comigo, quem está por trás das câmeras e quem está aqui do meu lado; ao pessoal do meu gabinete, a todos que se empenharam, desde a rosa colocada aqui na frente à organização de todos que estão aqui hoje; a participação de todos que vieram espontaneamente para esta sessão; ao senhor da liga e à senhora que representa parte do voluntariado; a todas as mulheres que cuidam da gente, a todos os homens que têm preocupação; a todos! Então, eu não poderia acabar uma sessão como esta sem agradecer a todos vocês, em especial ao meu time, que organiza tudo isso.
Cumprida a finalidade desta sessão especial do Senado Federal, agradeço a todas as personalidades que honraram com a sua participação este dia especial para todos nós brasileiros. E vamos vencer, sim, o câncer hoje e sempre! Abraços! (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 17 horas e 25 minutos.)