1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 2 de junho de 2023
(sexta-feira)
Às 14 horas
60ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

R
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. PDT/PDT - DF. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.
A presente sessão foi convocada em atendimento ao Requerimento nº 54, de 2023, de autoria desta Presidência e de outros Senadores, aprovado pelo Plenário do Senado Federal.
A sessão é destinada a celebrar o Dia da Imprensa.
Convido para compor a mesa os seguintes convidados:
Sr. Jean Lima, Diretor da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC); (Palmas.)
Sr. Oswaldo Lopes Filho, Diretor-Presidente da Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas, representando o Governador do Estado; (Palmas.)
Sr. Silvio Queiroz, Coordenador-Geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal; (Palmas.)
Sr. Guilherme Machado, Presidente do Correio Braziliense; (Palmas.)
e Sra. Luciana Rodrigues Pereira, Diretora em Exercício da Secretaria de Comunicação Social do Senado Federal. (Palmas.)
R
A Presidência informa que esta sessão contará também com a participação dos seguintes convidados: Sr. Luciano Ribeiro, Diretor-Geral da Record-DF, e Sr. Rodrigo Orengo, Diretor de Jornalismo da Band-DF.
Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.) (Palmas.)
R
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. PDT/PDT - DF. Para discursar - Presidente.) - Sras. Senadoras e Srs. Senadores, caras convidadas e convidados, brasileiras e brasileiros que acompanham os nossos trabalhos nas mídias sociais e nos veículos de comunicação do Senado Federal - homenageio também os profissionais que atuam nos veículos de comunicação desta Casa e as equipes da mídia que cobrem diariamente as atividades do Congresso Nacional -, o Dia da Imprensa é uma ocasião que nos convida não apenas a comemorar, mas a ponderar sobre a sua relevância e os desafios enfrentados por esse setor vital.
No entanto, em meio a essas comemorações, não posso deixar de mencionar a agressão sofrida pela jornalista Delis Ortiz, da TV Globo. O episódio mancha a liberdade de imprensa e arranha a democracia que tanto defendemos. Como defensora dos direitos das mulheres e da liberdade de expressão, repudio veementemente esse e qualquer ato de violência contra jornalistas.
Cada profissional de imprensa agredido é uma voz silenciada, é um atentado contra o direito que o povo tem de ser informado. Precisamos refletir sobre as dificuldades e riscos que ainda persistem no exercício dessa profissão em nosso país.
É dever de todos nós proteger o direito desses profissionais de exercerem seu trabalho sem medo de represálias. O incidente com a jornalista Delis Ortiz nos alerta que ainda temos um longo caminho a percorrer até a plena garantia desse direito. Em todos os casos, é necessário que os agressores sejam responsabilizados e que as ameaças e ataques sejam prontamente investigados e punidos, para garantir a segurança e a liberdade de nossa imprensa.
Em momentos como este, temos que lembrar que a imprensa é um dos pilares da democracia. Por isso, é importante render homenagens ao legado deixado por Hipólito José da Costa, fundador do nosso primeiro jornal, o Correio Braziliense, cujo primeiro número circulou no dia 1º de junho de 1808. Apesar de ter sido publicado em Londres, sua contribuição foi fundamental para o desenvolvimento da imprensa brasileira. O Correio, que não tinha licença para circular no Brasil, já naquela época denunciava os problemas da Coroa Portuguesa, instalada no Rio de Janeiro, e só chegava a alguns poucos brasileiros via contrabando.
Hoje, a imprensa brasileira é um ecossistema vibrante e multifacetado de jornais, revistas, estações de rádio, canais de televisão e sites de notícias.
Para entendermos o momento atual, é necessário lembrar que a indústria jornalística teve de se reinventar diante das inovações tecnológicas que transformaram a forma como consumimos informação.
O surgimento da internet e, mais recentemente, das redes sociais obrigou a imprensa tradicional a inovar para se manter economicamente viável e relevante. Na prática, as redes sociais e a internet diluíram o poder da imprensa tradicional. A tecnologia democratizou o acesso à informação e permitiu uma circulação mais ampla das notícias, praticamente em tempo real. Porém, essas mesmas inovações facilitaram a propagação de notícias falsas, as chamadas fake news, gerando um ambiente de incerteza e confusão que tem ameaçado a confiança do público e a própria democracia.
R
Sras. e Srs. Senadores e convidados presentes, estamos vivendo uma realidade paradoxal onde a informação é abundante, porém a verdade parece cada vez mais escassa. Diante desse cenário, a sociedade tem discutido amplamente a necessidade de regulamentação das redes sociais.
Precisamos aprender com iniciativas pioneiras como a da União Europeia, que implementou um conjunto de medidas abrangentes para combater a desinformação e proteger a privacidade dos usuários. É fundamental que busquemos, assim como os europeus, equilibrar a liberdade de expressão com a proteção contra discursos de ódio e a disseminação de notícias falsas.
Tenho acompanhado os debates na Câmara a respeito do PL 2.630, de 2020, projeto que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, incluindo medidas de combate à disseminação de conteúdo falso nas redes sociais. Espero que os Deputados deliberem sobre a matéria o mais rapidamente possível para que nós, no Senado Federal, também possamos oferecer a nossa contribuição a respeito do tema.
Senhoras e senhores, para além da tecnologia e da regulamentação, é importante que a imprensa seja livre e independente para que possa existir uma democracia saudável. O passado recente mostrou que, em tempos de incerteza, é essencial uma imprensa forte e capaz de investigar, questionar, criticar e elucidar sem medo ou depender de favor.
Mas a lista de desafios da imprensa brasileira não para por aí. Além da questão econômica, que aflige a maioria dos veículos, a polarização e a desinformação também são preocupantes. O cenário em constante mudança torna necessário estar sempre se adaptando e aprendendo. Agora mais do que nunca, precisamos de jornalistas dedicados e éticos para filtrar o ruído e nos trazer as notícias e análises que precisamos.
Quero reiterar a importância da liberdade de imprensa como requisito fundamental em todas as nações democráticas. Acredito que, para uma sociedade justa, informada e livre, é essencial termos uma imprensa forte, diversificada e, principalmente, independente. Precisamos lutar contra qualquer forma de censura ou intimidação da imprensa, seja ela vinda do Governo, de empresas ou de indivíduos.
Portanto, ao celebrarmos o Dia da Imprensa, devemos reconhecer a importância do jornalismo na nossa sociedade e apoiar a sua vitalidade e integridade. É nossa responsabilidade, como cidadãos e como legisladores, garantir que a imprensa continue a ser uma força em prol da verdade, da justiça e, principalmente, da democracia.
Muito obrigada. (Palmas.)
Gostaria de agradecer a presença de todos que estão aqui neste Plenário, principalmente os nossos convidados presentes aqui à mesa.
Nós temos alguns convidados. Durante a sessão, eu vou citá-los aqui e agradecer a presença.
R
Vamos, nesse primeiro momento, assistir a um vídeo institucional preparado pelo Correio Braziliense.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. PDT/PDT - DF) - Gostaria de agradecer a presença aqui do Sr. Guilherme Portanova, representando o Diretor-Geral da TV Record. Seja bem-vindo, Portanova.
A Sr. Conselheira da Embaixada da China, Qin Xia. Seja bem-vinda!
O Conselheiro da Embaixada de Cuba, o Sr. Yaniel Flores.
E o Adido Civil da Embaixada da Rússia, o Sr. Egor Sergachev.
Vou passar a palavra agora, agradecendo a presença. Está presente aqui o Senador Izalci Lucas, e eu vou passar a palavra para o Senador.
Seja bem-vindo, Senador. (Palmas.)
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - DF. Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas!
Primeiro eu quero aqui, Leila, parabenizar V. Exa. pela iniciativa. Eu quero cumprimentar aqui também o nosso Diretor da Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas, o Sr. Oswaldo Jodas Lopes Filho; cumprimentar a nossa Diretora em exercício da Secretaria de Comunicação Social do Senado, a Luciana Rodrigues Pereira; o Diretor-Geral da Empresa Brasil de Comunicação, Sr. Jean Lima, o Coordenador-Geral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, Silvio Queiroz; o Presidente do Correio Braziliense, Guilherme Machado; e registrar também, cumprimentar a todos, mas também o nosso Diretor-Geral da Record, o Sr. Luciano Ribeiro; o nosso querido Rodrigo Orengo, que é o Diretor de Jornalismo da Band, aqui do Distrito Federal; Guilherme Portanova, que é da Record, e também o Sr. Gilson, que é historiador; meu amigo Vilela também, que é o representante aqui dos blogueiros; e cada um dos jornalistas, profissionais, servidores da Casa.
R
Primeiro, antes de iniciar minha fala rapidamente, eu quero agradecer toda a imprensa, de um modo geral, pelo apoio irrestrito em defesa do Fundo Constitucional do Distrito Federal. É uma luta nossa. Toda a bancada está unida nesse momento, para poder esclarecer exatamente o papel do Distrito Federal no desenvolvimento do país, na consolidação do nosso país. Então, um agradecimento especial a todos por terem comprado junto conosco, ou nós junto com vocês, essa briga, que é de todos nós, brasileiros. Brasília não é a capital da Leila nem do Izalci, Brasília é a capital de todos os brasileiros.
Bem, homenageamos hoje o Dia Nacional da Imprensa, celebrado na data de ontem. Desde 1999, a data passou a ser comemorada no dia 1º de junho, quando começou a circular o Correio Braziliense, o nosso CB, fundado por Hipólito José da Costa, como foi visto aqui, cujas publicações se iniciaram em 1808.
Faço também hoje uma alusão ao dia 3 de maio, que é o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, data oficializada em assembleia da Organização das Nações Unidas para ressaltar os princípios fundamentais da liberdade de imprensa e reverenciar aqueles que perderam a vida no exercício da profissão. Para que a imprensa informe, denuncie, transforme, é necessário que seja exercida com competência, com responsabilidade e, acima de tudo, liberdade.
Em países democráticos, a imprensa exerce papel fundamental. Mas em alguns países ditatoriais, e até naqueles ditos democráticos, esse direito à liberdade é violado. Publicações e empresas são censuradas, multadas, suspensas e fechadas. Seus profissionais jornalistas, redatores e editores são perseguidos, atacados, detidos e até assassinados.
Ao celebrarmos esse Dia Nacional da Imprensa, assim como o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, vale refletir sobre as palavras do escritor e dramaturgo inglês John Milton, autor do poema épico Paraíso Perdido, que disse: "Acima de todas as liberdades, dê-me a de saber, de me expressar, de debater com autonomia, de acordo com a minha consciência".
Parabéns a toda a imprensa brasileira pela força, pela luta diária e permanente. Parabéns a todos! (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Democracia/PDT - DF) - Obrigada pela participação e presença aqui, Senador Izalci, sempre muito atuante aqui no Senado Federal.
R
Eu vou registrar algumas presenças aqui: Andrea Nalini, que é Diretora de Marketing do Correio Braziliense; Adirson Vasconcelos, um dos fundadores do Correio Braziliense; Ana Dubeux, Editora-Chefe do Correio Braziliense.
Deixo meu abraço carinhoso também para o Geraldo Teixeira da Costa Neto, 54 anos de idade e pelo menos 32 anos de Correio Braziliense; Dr. Alvaro, que é um querido, assim como a D. Nazareth, 80 anos de idade e pelo menos 58 anos de Correio Braziliense - é um carinho muito grande por todos vocês -; Beatriz Souto, Jornalista do Portal On Truck; Francisco Xavier de Castro, Radialista da Rádio Guará Web; Léo Silva, Jornalista e Radialista pela TV Ceilândia; Francisco Barbosa, Editor-Chefe do Times Brasília; Elke Pimentel, da Rádio Terra FM; Cláudio Ulhoa, Jornalista do Portal DF Soberano; Dorinha, Radialista da Ativa FM; Sérgio Ricardo Carvalho Costa, Cinegrafista; Juliana Ribeiro, Jornalista da Rádio Federal.
Vamos passar a palavra agora para um dos nossos oradores.
Eu vou conceder a palavra ao Sr. Jean Lima, Diretor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), já adiantando aqui aos nossos oradores que nós daremos cinco minutos, porque nós temos uma lista aí um pouquinho extensa.
Também gostaríamos de ouvir o Rodrigo Orengo e o Portanova, rapidamente.
Então, seja muito bem-vindo, Sr. Jean.
O SR. JEAN LIMA (Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas.
Queria cumprimentar a Presidente da sessão e idealizadora dessa atividade, a Senadora Leila, e parabenizá-la por essa iniciativa. Senadora, é muito importante trazer essa temática numa sessão solene especial para debater o papel da imprensa.
Como a gente viu no vídeo, e eu, como historiador, sei que a imprensa surge... Uma das teses da Independência é que o Brasil começa a se tornar independente com a vinda de D. João VI para o Brasil, em 1808. Então, são os primeiros acontecimentos da Independência, de que, no ano passado, comemoraram-se os 200 anos. E, na ideia de construir o Brasil, a imprensa surge também, como vários órgãos do Estado: o próprio Banco do Brasil e vários outros órgãos do Estado. A imprensa surge com essa ideia de Brasil, não é? Em 1842, quando D. Pedro II já cria o IHGB (Instituto Histórico Geográfico Brasileiro), a imprensa tem um papel fundamental de construção da ideia de uma identidade nacional. Então, quando a gente faz o debate hoje sobre a imprensa, a gente faz o debate sobre o papel da imprensa na história brasileira, o papel da imprensa no processo de institucionalização da Proclamação da República, do fim da escravidão, todos os processos históricos que a gente acompanhou no século XX.
E debater o papel da imprensa hoje é mais do que urgente. A gente tem o desafio, e, com as redes sociais, isso é uma tônica do nosso cotidiano... Todo mundo produz conteúdo. E a gente sabe que uma das consequências de todos produzirem conteúdo é fake news. Fake news, além de ser um instrumento que distorce a informação, pode ser também um instrumento político. E o papel da imprensa hoje... É fundamental fortalecer o papel da imprensa. Uma imprensa livre significa um país, uma democracia fortalecida.
A gente precisa fortalecer o papel dos jornalistas. O jornalista é o porta-voz da informação. E é crucial hoje o debate de enfrentamento à fake news, que, consequentemente, é o enfrentamento a todo regime que quer silenciar, que quer distorcer. E, para uma democracia fortalecida e livre, a gente precisa ter uma imprensa livre.
R
E, pensando nesse sentido, o papel - falando pela EBC, como um papel dentro de um órgão de imprensa, que tem TV, rádio, agência de notícias, canal no YouTube e, enfim, redes sociais -, o nosso papel, junto com vários outros órgãos da comunicação pública, é fortalecer a comunicação pública. A comunicação pública precisa representar a identidade, a cultura do povo brasileiro. A comunicação pública tem que ser um instrumento para o povo se ver, se enxergar; tem que ser um instrumento de educação, tem que ser um instrumento de difusão cultural, tem que ser um instrumento de integração regional, cultural e territorial.
Nesse sentido, nós estamos, no esforço junto do Presidente Hélio e do Ministro de Comunicação Social, o Paulo Pimenta, construindo diretrizes para fortalecer a EBC, posto que na gestão passada a gente teve um processo de desconstrução, como a tentativa de privatização da EBC. E agora a orientação é que a gente fortaleça, com todos os empregados públicos jornalistas, o papel que eles exercem dentro da empresa e que a gente consiga dar à EBC o papel de destaque que ela precisa. Para isso, a gente vai voltar a dividir os canais, porque hoje os canais ainda estão juntos, tanto o canal governamental quanto o canal público, e a ideia é que em julho e agosto a gente consiga fazer como era antes, em 2017 e 2018, com a divisão dos canais, para que a gente tenha um canal que realmente faça o papel de comunicação pública, não seja o papel de comunicação oficial do Governo. Para isso vai existir outro canal, que é o da antiga NBR. E a gente vai voltar a fazer esse papel de diferenciar esses dois canais.
E é para isso que a gente está aqui, agradecendo mais uma vez a presença. E contamos com toda a rede, inclusive a rede de comunicação pública aqui do Legislativo, no Senado e na Câmara, para a gente unificar esforços e poder chegar a todas as cidades, a todos os municípios, com rádio, com TV, com informação de qualidade, porque é esse o nosso papel e é por isso que a gente está aqui. Então, quero agradecer mais uma vez à Senadora Leila o convite.
Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Democracia/PDT - DF) - Grata pela presença, Sr. Jean, representante e Diretor da Empresa Brasil de Comunicação, a nossa EBC.
Eu vou passar a palavra agora para o Sr. Oswaldo Lopes Filho, que é o Diretor-Presidente da Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas, representando o Governador do Estado.
Seja bem-vindo, Sr. Oswaldo.
O SR. OSWALDO JODAS LOPES FILHO (Para discursar.) - Sra. Senadora Leila Barros, eu inicialmente quero cumprimentar a senhora duas vezes: primeiro pelo que a senhora fez no esporte brasileiro, pela importância e pelo legado que a senhora construiu para que o país hoje pudesse revelar cada dia mais jovens para o esporte, porque o esporte leva aos bons princípios e leva, principalmente, à boa cidadania; e cumprimentar a senhora como Senadora da República do meu país. Acompanho a sua trajetória nesta Casa desde o seu primeiro mandato e tenho visto o trabalho relevante que V. Exa. tem prestado à nação brasileira.
R
Quero cumprimentar o Jean Lima, Diretor-Geral da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), a qual nós, do Amazonas, temos a honra de ser um associado da EBC. A TV Cultura do Amazonas tem uma nova nomenclatura, já há três anos, chama-se hoje Fundação Rádio e Televisão Encontro das Águas. Eu estou lá pela terceira vez como presidente. Eu fui o fundador ainda como TV Cultura, como Fundação TV Cultura, quando nós deixamos de ser a TV Educativa, foi no Governo do saudoso ex-Governador e ex-Senador da República Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo e estou hoje já no segundo mandato no atual Governo do Estado do Amazonas.
Eu estou aqui, Senadora, em nome de um jornalista, que sempre será jornalista: o atual Governador do Amazonas, em segundo mandato, o Jornalista Wilson Lima. Ele se sentiu muito honrado com o convite que recebeu de V. Exa. para que aqui se fizesse presente e, ontem, por volta das 5h30, eu fui comunicado da tristeza que ele estava de não poder estar presente e eu fui convocado para que aqui viesse representá-lo, o que faço com muito orgulho, porque eu o conheço desde a época em que ele praticava o jornalismo na sua essência lá no Estado do Amazonas, o que o levou a governar o nosso estado já pela segunda vez.
Quero cumprimentar o Correio Braziliense, na pessoa do Guilherme, do seu presidente, e eu não vou repetir a história do Correio Braziliense, porque a história está aqui para todos. Quem não conhecia passou a conhecer a importância que a marca Correio Braziliense representa para a imprensa brasileira. A coragem ainda, em 1808, quando não tinha espaço naquela época para fazer um jornalismo com altivez, com ética e fazer aquilo que o bom jornalismo deve fazer: defender a sociedade acima de tudo. E só no Brasil que ocorre isto: editar um jornal do Brasil em outro país, num país europeu, lá em Londres. Uma história que perdurou por 14 anos - de 1808 a 1822 - e veio o grande Assis Chateaubriand, na década de 60, 1960, perpetuar essa marca que o senhor hoje preside e que tem uma relevância fundamental no jornalismo brasileiro.
Quero cumprimentar o Silvio, que é o Coordenador-Geral do Sindicato dos Jornalistas, aqui do Distrito Federal; e quero dizer da importância do sindicato, Silvio, hoje não só na proteção do profissional, mas, acima de tudo, de punir os maus profissionais. Isso é importante. Nós que somos gestores, privados e públicos, às vezes, nós somos, como também os políticos são, alvos daquele que não sabe o que é respeitar o próximo, não respeitar o ser humano.
R
Quero cumprimentar a Sra. Luciana Rodrigues, Diretora em exercício aqui da Comunicação do Senado da República. Quem mais está faltando aqui? A nominata que me deram, acho que eu já completei -, e os demais que se fazem presentes, colegas de imprensa, jornalistas, gestores privados e públicos, e público que aqui se fazem presentes.
Hoje é um dia importante para mim, eu sou um jovem de 69 anos e, como eu digo, dirigir uma empresa pública de comunicação requer alguns atributos - e eu devo ter esses atributos, porque estou lá pela terceira vez. E foi justamente quando eu voltei, no meu segundo mandato, com o Governador Wilson Lima, eu encontrei uma emissora, da qual eu fui o fundador ainda na década de 1990, fundador de fundação, navegando com duas canoas e uma pessoa só remando. Eu peguei duas canoas, fui lá para o Rio Negro e tentei remar duas canoas, eu sozinho. Eu afundei com uma e fiquei em pé na outra. Foi quando eu não dei continuidade ao nosso contrato com a TV Cultura de São Paulo e assinei um contrato que expira em 2032 com a Empresa Brasil de Comunicação, Rádio Nacional e TV Brasil, e estamos felizes em todo esse nosso caminhar juntos, viu, Jean?
Este era o princípio do Governador Wilson Lima: como jornalista, ele sempre defendeu, acima de tudo, o bom jornalismo, e foi isso que o conduziu à cadeira de ser mandatário do meu estado. Ele pediu desculpas, Senadora, e ficou sentido, e eu fiquei muito orgulhoso de ele me escolher para que viesse aqui falar em nome dele e em nome do meu estado. Então, eu quero dizer aos nobres colegas que aqui se fazem presentes e aos jornalistas do Brasil que nós temos que voltar a 1808 e continuar defendendo os bons feitos que são realizados por todos os sentidos corporativos públicos, para que o nosso país alcance o lugar que ele merece. Então, temos que ter coragem, determinação e, acima de tudo, ter orgulho da profissão que escolhemos. Escrevo as minhas linhas com o maior vigor e com muito respeito. Eu pratico a ética e exijo dos meus comandados que pratiquem a ética acima de tudo, porque só assim nós teremos um Brasil melhor e um Brasil maior.
Muito obrigado, Senadora.
Em nome do Governador Wilson Lima, em nome do Estado do Amazonas, os senhores todos ficam convidados para conhecer as belezas naturais, a culinária amazônica. Teria um prazer em recebê-los lá, para a gente comer um tambaqui na brasa. E tenho certeza de que os senhores sairão de lá bastante satisfeitos.
R
E o orgulho, que é o slogan da emissora que eu dirijo, é que o Amazonas é Brasil.
Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Democracia/PDT - DF) - Obrigada, Sr. Oswaldo, que está representando o Governador do Estado do Amazonas. É um prazer estar aqui conosco.
Vou conceder a palavra agora para a Sra. Luciana Rodrigues Pereira, que é Diretora em exercício da Secretaria de Comunicação Social do Senado Federal.
Seja bem-vinda, Luciana.
A SRA. LUCIANA RODRIGUES PEREIRA (Para discursar.) - Obrigada, Senadora.
Sra. Senadora Leila Barros, Presidente desta sessão, demais autoridades presentes, prezados colegas, minha fala vai ser breve.
Como representante da Secretaria de Comunicação Social do Senado, eu gostaria de ressaltar o importantíssimo papel da comunicação pública, que é aliada à imprensa tradicional e à imprensa independente e tem um papel fundamental para dar transparência às ações do poder público.
Em 1997, portanto, há 26 anos, eu comecei a cobrir as atividades do Senado Federal e, portanto, sou testemunha da consolidação dos órgãos de imprensa deste Parlamento.
Se no início havia dúvidas sobre a necessidade da presença das câmeras do Plenário, das reportagens e análises plurais da TV, da Agência, da Rádio Senado, atualmente não há quem questione a importância do serviço e a contribuição desses veículos de comunicação para a divulgação, a fiscalização e o acompanhamento da representação parlamentar.
É o trabalho conjunto, portanto, dos diversos órgãos de imprensa com a imprensa pública que dão ao cidadão brasileiro o olhar integral sobre as atividades que afetam o seu cotidiano, que lhe mostram a representação do seu estado e lhe dão a opção de avaliar sem intermediários - isso é importante - a atuação de seus representantes.
Reforço aqui o nosso compromisso em contribuir com a transparência, com a prestação de contas à sociedade, com informações de qualidade e, primordialmente, com o fortalecimento da democracia.
Obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Democracia/PDT - DF) - Gostaria de registrar a presença da Diretora da Coordenação de Condições de Trabalho e Qualidade de Vida do Sindicato Jornalista do Distrito Federal, Sra. Jacira da Silva, e da Secretária de Relações Institucionais da Federação Nacional dos Jornalistas, Sra. Maria José Braga.
Gostaria também de registrar a presença de Gilson Monteiro, fundador do Jornal da História e da radiocdh.com; Ana Carolina, jornalista da TV Band; José Fernando Vilela, Presidente da Associação Brasileira de Portais de Notícias e editor do Expressão Brasiliense; Francisco Xavier, Rádio Guará Web; Doria Freitas, radialista, apresentadora e idealizadora do Programa Mulher Ativa; Divino Cândido, Presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias; Beatriz Souto, revista Eixo Social; Arthur Luis Cardoso, Diretor do Clube FM; Laodicéia Rocha, que é jornalista do Jornal Toda Hora; e José Ronaldo dos Santos, apresentador da Rádio Líder.
Eu vou passar a palavra agora ao Sr. Silvio Queiroz, Coordenador Geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal.
R
O SR. SILVIO QUEIROZ (Para discursar.) - Bom, inicialmente, boa tarde para todas e para todos. Para este sindicato, é uma honra estar participando desta sessão.
Eu queria, em primeiro lugar, cumprimentar a Senadora Leila pela iniciativa e, na pessoa dela, cumprimentar os colegas de mesa e cumprimentar esta Casa por trazer nesta data uma reflexão que é tão oportuno para nós.
Para mim, há uma satisfação especial nesse entrelaçamento entre a história da imprensa no Brasil e a do Correio Braziliense, que há 20 anos me trouxe de São Paulo para cá. Aqui eu tenho vivido não só um momento muito importante da minha carreira, mas também da minha vida pessoal. Fui muito acolhido, aqui nasceu minha filha, então, enfim, esta cidade e este jornal fazem parte, de uma maneira especial, de mim.
É bom que essa história já foi bastante contada, então isso me permite pensar como a trajetória da imprensa no Brasil está tão associada à luta pela liberdade. Essa coragem pioneira de Hipólito da Costa de enviar para o Brasil clandestinamente o primeiro jornal brasileiro teve continuidade em personagens como Líbero Badaró, cujo assassinato em São Paulo, pouco tempo depois disso, inspira o Dia do Jornalista. Líbero Badaró, que era um italiano radicado em São Paulo, batalhou pela nossa independência plena. A gente pode falar também de José do Patrocínio, um dos patriarcas da luta pela abolição da escravatura.
E eu não posso deixar de lembrar de uma figura mais recente, mas que tem uma importância enorme para a nossa trajetória, como jornalistas, que é Vladimir Herzog, assassinado sob tortura durante a ditadura militar no DOI-Codi de São Paulo, porque esse crime, o repúdio a ele motivou a primeira grande manifestação de rua pela democracia no Brasil desde o AI-5 de 1968.
Então, essa trajetória está embebida na vida da imprensa do Brasil. Os acontecimentos mais recentes só fazem lembrar a gente, que, apesar de mais de 30 anos de vida democrática, a liberdade de imprensa continua tendo que ser defendida com unhas e dentes, a cada dia, sem conciliação, sem nenhum tipo de condescendência. Esse é um pilar da democracia.
Aqui, então, depois de fazer esse salto triplo por 200 anos de história, aproveitando que a gente tem na Presidência da mesma esportista, eu acho que é especialmente oportuno que a gente faça essa discussão e essa reflexão neste momento. Começando porque a gente fala em imprensa e curiosamente hoje o meio impresso talvez seja por onde menos circule informação nos dias de hoje. Com as novas tecnologias, com os meios eletrônicos, a gente tem uma profusão de informação, mas também de desinformação circulando na sociedade. Essa liberdade de expressão permite que cada cidadão se coloque, se expresse, seja em círculos mais reduzidos, mais íntimos, seja em círculos mais amplos. A gente tem hoje blogues, blogueiros, influencers, mas é importante lembrar que isso não substitui o que a gente conhece como imprensa, o jornalismo profissional, porque ele tem como compromisso fundamental informar a sociedade, e só com informação uma sociedade pode ser verdadeiramente livre, debater os caminhos do país e tomar as decisões pertinentes.
R
A gente retoma essas questões porque hoje esse sindicato tem o nome de Sindicato dos Jornalistas Profissionais justamente porque um dos pilares da existência dele é a defesa desse jornalismo profissional. O jornalista profissional tem uma formação que não é só técnica nem é só uma formação cultural geral. Ele é formado justamente para esse compromisso ético que está resumido no nome oficial do curso pelo qual ele passa, que se chama Comunicação Social.
Então, eu termino retomando o começo, cumprimentando a Senadora e esta Casa pela iniciativa. É especialmente importante para nós fazer esse debate exatamente no Congresso, no Legislativo, que é onde se encontram o debate e a reflexão, enfim, aqui está a razão de ser do trabalho não só de cada Senadora, Senador, Deputada e Deputado, mas também de nós jornalistas de trazer à luz, divulgar, comunicar, informar à sociedade sobre o que é debatido para que ela possa tomar suas decisões e consolidar a nossa liberdade, a nossa democracia.
Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Democracia/PDT - DF) - Obrigada pela presença, Silvio Queiroz, Coordenador Geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal.
Vou registrar a presença aqui do Sr. Vilson Antonio Romero, que é Presidente da Anfip, Vice-Presidente da Associação Riograndense de Imprensa e Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Registro também a presença do Wesley, apresentador do Atômica Podcast; Hélio Rosa, Portal BSB Times; Everson Cordeiro, Rádio Terra FM; Liliane Sena, Rádio Sobradinho FM; Alexandre Ribeiro, Rádio Sobradinho FM; Ras Gil, Rádio Ativa de Samambaia; e Josiel, Portal Tudo OK Notícias.
Gostaria de passar a palavra agora para o Sr. Guilherme Machado, que é o Presidente do Correio Braziliense, que muito nos honra com a sua presença.
Seja bem-vindo, Guilherme.
O SR. GUILHERME MACHADO (Para discursar.) - Boa tarde a todos.
Gostaria de cumprimentar a Exma. Sra. Presidente desta sessão, Senadora Leila Barros, com o nosso agradecimento sincero à amiga pela distinção de ter o Correio Braziliense como um homenageado neste dia tão importante, o Dia da Imprensa.
R
Cumprimento também o Diretor-Presidente da Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas, Sr. Oswaldo Jodas Lopes; a Diretora em Exercício da Secretaria de Comunicação Social do Senado Federal, Sra. Luciana Rodrigues Pereira; o Diretor-Geral da Empresa Brasileira de Comunicação, Sr. Jean Lima; o Coordenador-Geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Sr. Silvio Queiroz.
Eu gostaria de cumprimentar o Senador amigo Izalci Lucas e, em sua pessoa, cumprimentar a todos os políticos e autoridades presentes.
Gostaria de cumprimentar também a minha companheira de direção do Correio Braziliense, Ana Dubeux.
Gostaria de cumprimentar o nosso Diretor da Rádio Clube, Arthur Cardoso; o nosso Gerente de Jornalismo da nossa TV Brasília, Patrício Macedo.
Gostaria também de cumprimentar o nosso companheiro que está conosco no Correio desde a fundação, nosso grande amigo Adirson Vasconcelos, que é a história viva do Correio Braziliense e dos diários associados.
E, através do nosso colega Guilherme Portanova, da Record, gostaria de cumprimentar a todos os companheiros de imprensa aqui presentes. Obrigado a todos pela presença.
Nada mais oportuno do que comemorar o Dia da Imprensa. Em tempos de fake news e de inteligência artificial, torna-se um desafio distinguir o que é fato e o que é inferência, julgamento e publicação fraudulenta. A era da internet abriu a caixa de Pandora. Todos, sem discriminação, tornaram-se jornalistas: invadiram as mídias sociais e publicam a bel-prazer, sem compromisso com a verdade. Os grupos de imprensa, amparados na responsabilidade diante dos fatos, são o amparo da sociedade. É comum, diante de uma notícia jornalística bombástica divulgada pela internet, ouvir a pergunta: "Deu no jornal?". Se não deu, é fake.
O Dia da Imprensa é o reconhecimento da imprensa como um dos sustentáculos da democracia. Sem a imprensa livre, calam-se as vozes. Sem a circulação de ideias, tenham elas a cor que tiverem, estabelece-se o autoritarismo, decreta-se a ditadura.
O Correio Braziliense, que começou a circular em 1º de junho de 1808, em Londres, inspirou a criação do Dia da Imprensa. Foi o primeiro jornal a exercer de fato uma atividade jornalística e formar opinião pública no Brasil. Mantinha posição crítica favorável aos princípios liberais, defendia reformas e prezava pela liberdade de opinião. Em 1809, foi proibido por D. João, mas continuou a circular clandestinamente entre brasileiros e portugueses.
Hoje, 215 anos depois, a semente plantada por Hipólito José da Costa continua a dar frutos. O Correio Braziliense, que nasceu com Brasília em 21 de abril de 1960, é relevante no impresso, no digital e em todas as suas plataformas.
Seu mandamento número um é o respeito - respeito aos fatos e análise crítica, sempre levando em conta a verdade e ouvindo o outro lado. A postura democrática fez do Correio Braziliense a memória e o porta-voz da capital e do Brasil. Todos os fatos relevantes vividos em Brasília estão imortalizados nas páginas e bem guardados no centro de documentação do jornal.
R
Brasilienses e brasileiros têm orgulho do jornal da capital.
Nós do Correio Braziliense temos o compromisso de servir ao povo e à democracia. Essa é a nossa razão de existir.
Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Democracia/PDT - DF) - Grata pelas palavras e pela participação, Dr. Guilherme, e a todos os colaboradores que fazem do Correio Braziliense esse grande veículo de informação para todos nós aqui em Brasília e no país.
Eu vou passar a palavra agora para o Sr. Guilherme Portanova, que é o representante do Diretor-Geral da Rede Record, Luciano.
Seja muito bem-vindo, Portanova, para dar a palavra. (Palmas.)
O SR. GUILHERME PORTANOVA (Para discursar.) - Muito boa tarde a todos.
Senadora Leila, que preside a sessão, muito obrigado. É uma honra estar aqui conversando com os senhores. Digo que, em termos de currículo, de carreira, é uma inovação, porque eu passei bastante tempo cobrindo, sempre sentado aqui do lado de fora ou lá em cima, tentando apurar, tentando saber o que estava acontecendo, o que tinha sido conversado na reunião de Líderes, o que estava vindo para cá, e me orgulha muito estar de volta aqui, pela primeira vez, nessa posição muito privilegiada.
Cumprimento a senhora, Senadora Leila Barros, e cumprimento também o Senador Izalci Lucas, com quem tivemos alguns encontros na campanha passada, sempre com o maior respeito, sempre com o maior critério, com o maior cuidado nas nossas conversas e nas nossas apurações. Eu acho que o jornalismo tem que ser feito dessa forma e evidentemente que acho que aqui ninguém discorda disso.
Eu me esforço todos os dias, Presidente Guilherme Machado, para fazer o melhor jornalismo. Muitas vezes tenho sido chamado para conversar com grupos de estudantes, grupos interessados na questão da imprensa e da comunicação, e as pessoas falam o seguinte: a gente está passando, a comunicação passa nesse momento por uma crise mais ou menos como a do rádio, quando a TV ganhou dimensão comercial nos anos 50, nos anos 60. Eu discordo dessa posição e acho que o nosso desafio ou os nossos desafios hoje são mais complexos que esse.
Em agosto de 2006, no exercício da minha atividade profissional, eu fui retirado com uma arma na cabeça de dentro de um carro da emissora onde eu trabalhava. Fui sequestrado pelo crime organizado, como um sequestro político, uma medida de retaliação pelo conteúdo e por uma série de questões que eram levadas a público dentro dos noticiários. E ali eu pensei: "Bom, isto aqui é o fundo do poço do desafio". Ficar negociando a execução, como aconteceu comigo, durante três horas, e como eu seria executado é o fundo do poço profissional, vamos dizer assim, de alguém que está lutando para levar a informação.
Eu não sou diferente dos outros colegas que estão aqui. Todo mundo sabe que estamos no mesmo barco, todos lutamos da mesma forma. Mas eu costumo dizer que o nosso desafio hoje, como setor de comunicação, na verdade, se desdobra em dois desafios muito importantes, e, às vezes, a gente se concentra num desafio e não tanto no outro. O segundo desafio é um pouco mais debatido agora.
R
O primeiro é um desafio ao nosso modelo como produtor de conteúdo. Hoje... Eu cansei de ser xingado durante a campanha eleitoral por pessoas na rua - elogiado por outras, claro, mas sobre isso eu vou deixar para conversar em casa -, porque simplesmente o que eu dizia eventualmente, no ar, não era aquilo que as pessoas estavam acostumadas a ouvir. E, ao longo de muito tempo - eu estou em redação, todos os dias, desde 1997 -, muitas vezes, as pessoas ficavam descontentes com aquilo e discutiam: "Mas espera aí, tem outro aspecto...". Agora, não, a gente é ameaçado de morte. Então, quer dizer, mudou completamente o panorama.
Então, por que mudou? Sobre isso tem literatura suficiente aí disponível, mostrando que as pessoas hoje são reativas, violentas e agressivas quando ouvem o que não querem, só porque ouviram o que não queriam. Eu costumo dizer assim: "Tem outra pessoa que deve estar dizendo o que você está louco para ouvir, abre o WhatsApp aí, deve estar cheio", mas é uma realidade contra a qual a gente tem que lutar hoje. Então, o primeiro desafio do jornalismo, da comunicação - seja em rádio, TV, jornal, qualquer veículo, blogues, seja até em perfil de rede social, onde tem gente que faz jornalismo de responsabilidade, gente que não é nenhuma instituição, não é institucionalizada, é uma pessoa que está ali naturalmente transmitindo informação - é como modelo de geração de conteúdo. Esse é muito importante.
E o segundo desafio - e esse talvez seja o mais difícil de contornar, porque talvez só o tempo não resolva - é o desafio como modelo de negócio. Para ser ter uma ideia, esses dias eu fiz uma... Eu tenho certa ojeriza de ficar o tempo inteiro, em rede social, ter que tomar café e mostrar o que tem no café, aí tomar banho e mostrar qual é a cor da minha toalha; eu acho esse negócio completamente, assim, de mau gosto. Eu uso minha rede social mais para comunicar questões que são de serviço, que são de interesse, que possam ser de interesse das pessoas. Bom, mas o que acontece? Esses dias, eu fiz uma entrevista com um advogado que eu respeito muito, de quem eu gosto muito aqui de Brasília - é muito respeitado -, e eu resolvi fazer um teste. A pedido dele: "Vamos impulsionar isso aqui", e eu botei R$400 na publicação; bateu 90 mil views, uma bomba, R$400 só! Olha a diferença de custo que a gente tem com uma operação institucional, uma operação comercial e o custo que a gente tem, informalmente, impulsionando um conteúdo que está na rede social. Então, esse desafio do modelo de negócio é um desafio muito importante.
E a gente precisa se debruçar sobre o aspecto corporativo - está aqui o meu colega diretor comercial da Record Ronnie Bragança - tanto como desafio de modelo de negócio, de modelo empresarial, como também do ponto de vista da legislação, porque a gente precisa, de alguma forma, preservar essas empresas para que possam continuar existindo focadas e vinculadas obrigatoriamente às suas responsabilidades com o país, com a questão pública, com a Constituição. Não dá para simplesmente a gente concorrer livremente com plataformas que monetizam fora do país e que, no apertar de um botão, o algoritmo muda, e aquilo que era regra, lei taxativa, ontem, simplesmente deixa de ser, e eu posso pesar a mão para o lado que eu quiser: inclusive eu posso fazer a principal comunicação do país hoje ser a cor da toalha depois do banho, ou ser o cafezinho; é só mudar o algoritmo lá, fazer alguma fórmula daquelas às quais a gente está sujeito hoje, na comunicação, como ela é hoje.
R
Então, esses dois desafios não podem ser enfrentados separadamente. Eu acho que o primeiro, o da questão do conteúdo, talvez com evolução, um pouco mais de educação ou quem sabe a gente torcer um pouco pelo bom gosto, pode nos salvar; o de modelo de negócio é mais difícil, porque a gente sabe que dinheiro que gera dinheiro acaba virando uma bola de neve. Então, é importante a gente estar discutindo isso aqui também. Por isso, também destaco como é oportuna esta sessão aqui nesta sexta-feira, em que eu me sinto muito honrado de estar representando o Diretor Luciano Ribeiro.
Diretor Jean, é fundamental, nas suas palavras, que a gente também lute por uma comunicação pública, não só a comunicação exclusivamente governamental - para isso tem os espaços destinados a isso -, mas também uma comunicação pública responsável, uma comunicação pública que sirva muitas vezes de balizador do que pode ser ou do que deve ser destinado ao público para que ele faça o seu julgamento, para que ele faça sua avaliação. Então, a gente sabe que exemplos de TVs públicas mundo afora são exemplos carregados de muito respeito, são TVs tremendamente bem avaliadas. No caso da BBC de Londres, existe um imposto que as pessoas pagam para manter a TV pública. Elas conscientemente dizem: "Eu quero ter essa TV pública. Eu posso até nem assistir todo o tempo, eu assisto a outra, mas ela tem que estar lá". Por isso, eu faço esse destaque do meu maior respeito pela comunicação pública, pelas instituições também, pela comunicação institucional dos órgãos políticos.
Quero dizer que a gente tem que levar esse debate adiante. Eu estou comprometido com esse debate e tenho falado bastante sobre isso. É importante que a gente tenha tanto no mercado quanto no setor público, no Legislativo e claro evidentemente no Executivo, clareza para a gente se posicionar em relação a esses desafios que, como eu disse anteriormente, não considero, pelo menos, semelhantes aos desafios que a gente enfrentou, por exemplo, no século passado. São desafios completamente diferentes, são dinâmicas diferentes, a velocidade dos acontecimentos é outra. E a gente corre todos os dias para ter perna para tentar acompanhar.
Quero agradecer a todos os presentes, agradecer o espaço.
Muito obrigado.
Boa tarde para todos.
Tchau, tchau. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Democracia/PDT - DF) - Nós que agradecemos a sua participação, Guilherme Portanova. É um prazer tê-lo aqui conosco, assim como todos os nossos convidados.
Eu gostaria também de registrar a presença do Ronaldo Nóbrega, que é o Diretor da Redação do portal Justiça em Foco; do Eduardo Lima, CEO do portal Times Brasília; do Francisco Barbosa, jornalista do portal Times Brasília; do Sidnei Rosa, do portal de notícias O Guia Web; do José Adirson Vasconcelos, escritor e historiador; do Henrique Machado, do Folha do Guará; e do Alexandre Torres, do portal e da rádio Guará News.
Vou passar a palavra agora para o Sr. Rodrigo Orengo, que é Diretor de Jornalismo da Band DF.
Seja bem-vindo! (Palmas.)
O SR. RODRIGO ORENGO (Para discursar.) - Muito boa tarde a todos, Senadora Leila Barros.
Quero primeiro agradecer e dizer que é uma honra, parabenizar por essa celebração do Dia da Imprensa, essa homenagem, saudar os representantes da mesa, os colegas, o Senador Izalci também, fazer uma menção ao nosso Diretor-Geral da Band Brasília, Flávio Lara Resende, que é o Presidente também da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e que hoje está em Belo Horizonte justamente também numa celebração do Dia da Imprensa.
E quero dizer, Senadora, que a homenagem é muito oportuna no momento que a gente vive, que é um momento de grandes desafios. E um desafio enorme que se tem não só no Brasil, mas em todo mundo, é o desafio de combate à desinformação, o desafio de combate às fake news.
R
Nesse contexto, a imprensa profissional, o jornalismo com credibilidade é parceiro de instituições como o Senado Federal, como o Congresso Nacional no combate a essa desinformação.
Quando uma informação vai ao ar num veículo com credibilidade feito por jornalistas profissionais - estou vendo vários jornalistas de renome aqui -, a informação é checada, rechecada, tem um contato direto com as instituições e, quando há um erro, esse erro necessariamente é corrigido. A imprensa profissional tem esse compromisso de fazer a correção, de vir a público para informar. E é isso que nos diferencia de uma profusão hoje de informações das redes, que vêm pelo WhatsApp, por veículos sem a credibilidade, credibilidade conquistada por muitos anos por veículos de renome como a Band, como o Correio Braziliense, como o Grupo Record e outros tantos veículos de renome aqui representados.
Quero dizer, Senadora, que nós lançamos, há duas semanas, uma campanha de combate a fake news. É uma campanha que ressalta que o compromisso do bom jornalismo é apurar os fatos, ir a fundo em cada apuração, ouvir todos os lados da história, o que ressalta que o jornalismo com credibilidade, o jornalismo sério significa também combate permanente à desinformação, ao que se convencionou chamar hoje de fake news.
A atividade do jornalismo é uma atividade profissional que envolve pessoas treinadas para a apuração dos fatos, para ouvir todos os lados da história, para efetivamente entender se aquilo é ou não uma notícia para ser levada ao telespectador, ao ouvinte, ao internauta. Isso é fundamental e também é um compromisso de quem trabalha na conscientização de toda a audiência para não compartilhar, não conscientizar - aliás, não viralizar com essa conscientização - a informação que muitas vezes chega dos nossos grupos de WhatsApp nas mídias sociais.
Por fim, quero dizer que é uma obsessão, 24 horas por dia, atender a esse interesse público. É isso que é o respeito pela audiência, um respeito construído há muitos anos.
Para concluir, Senadora e senhores presentes, quero fazer uma homenagem, realmente, a todos os colegas. Jornalismo não se faz sozinho. Enquanto a gente está aqui nesta importante sessão, tem muita gente nas redações da Band e de outros veículos trabalhando. Então, quero prestar uma homenagem aqui, na pessoa da nossa colega da Band Brasília Ana Bianchini, a todos os produtores, redatores, apresentadores, editores, porque jornalismo se faz com muito suor de camisa, muita apuração, muito trabalho duro. Fica aqui a homenagem a todos os jornalistas.
E quero dizer que trabalhar no jornalismo é trabalhar numa profissão que é apaixonante. Tenham certeza de que todos corroboram desse sentimento.
Muito obrigado.
Parabéns, Senadora.
Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Democracia/PDT - DF) - Nós que agradecemos a sua participação, Orengo. Prazer tê-lo aqui conosco também.
Eu não poderia deixar de finalizar a nossa sessão sem deixar meu afetuoso abraço aos representantes do setor aqui no Senado Federal. Nós temos jornalistas aqui no Senado Federal, como o Senador Jorge Kajuru, Senador por Goiás (Palmas.); Senadora Eliziane Gama, Senadora pelo Maranhão; Carlos Viana, Minas Gerais; e o Plínio, pelo Amazonas.
Amigos, como Senadora da República, principalmente representando o Presidente desta Casa, do Congresso Nacional, Senador Rodrigo Pacheco, gostaria muito de agradecer o trabalho de vocês, o compromisso de vocês com a transparência, com a verdade, e, acima de tudo, em defesa da nossa democracia. Certamente estaremos juntos, muitos anos ainda, fazendo esse trabalho, porque a nossa missão é enorme - principalmente a de vocês -, nesse combate. Nós aqui estaremos trabalhando diuturnamente contra a disseminação das fake news e no combate também a essa questão das mentiras, enfim, das coisas que acontecem no país, a disseminação do ódio. Na verdade, é isto: a maior preocupação hoje é o ambiente polarizado e a disseminação do ódio. Então, o papel de vocês é fundamental nesse trabalho conosco, aqui, na Casa. Muito obrigada.
R
Cumprindo a finalidade desta sessão especial do Senado Federal, eu agradeço às personalidades que nos honraram com suas participações e falas, e um até breve a todos.
Está encerrada a sessão.
Muito obrigada. (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 15 horas e 21 minutos.)