1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 28 de junho de 2023
(quarta-feira)
Às 9 horas
10ª SESSÃO
(Sessão Solene)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Luiz Fernando Faria. Bloco/PSD - MG. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a sessão solene do Congresso Nacional destinada a celebrar os 150 anos de nascimento de Alberto Santos Dumont, o Pai da Aviação.
A presente sessão foi convocada em atendimento ao Requerimento do Congresso Nacional nº 8, de 2023, de minha autoria e do Exmo. Sr. Senador Rodrigo Pacheco, Presidente do Congresso Nacional.
Compõem a mesa desta sessão solene, juntamente com esta Presidência, o Sr. Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, Comandante da Aeronáutica; o Sr. Ministro Tenente-Brigadeiro do Ar Francisco Joseli Parente, Presidente do Superior Tribunal Militar; o Sr. Senador e meu conterrâneo mineiro Carlos Viana; a Sra. Senadora Damares Alves; e o Sr. Senador Izalci Lucas.
Convido a todos para, em posição de respeito, entoarmos o Hino Nacional, executado pela Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Fernando Faria. Bloco/PSD - MG. Para discursar - Presidente.) - Sras. e Srs. Congressistas; autoridades presentes; Secretário de Produtos de Defesa, Sr. Major-Brigadeiro do Ar Rui Chagas Mesquita, representando aqui o Ministro da Defesa; Comandante do 7º Distrito Naval, Sr. Vice-Almirante José Vicente de Alvarenga Filho, representando o Comandante da Marinha do Brasil; Comandante Militar do Planalto, Sr. General de Divisão Ricardo Piai Carmona, representando o Comandante do Exército Brasileiro; Sr. Chefe do Estado Maior da Aeronáutica, Tenente-Coronel Brigadeiro do Ar João Tadeu Fiorentini; Ministro do Superior Tribunal Militar, Sr. Péricles Aurélio Lima de Queiroz; senhores membros do Corpo Diplomático; Oficiais-Generais membros do Alto Comando da Aeronáutica, de ontem e de hoje; Oficiais-Generais da Aeronáutica; Consultoria Jurídica Adjunta do Comando da Aeronáutica; Graduado-Master Guarnição da Aeronáutica de Brasília; minhas senhoras e meus senhores.
Junto com o ilustre Senador Rodrigo Pacheco, Presidente desta Casa, eu assinei o requerimento de realização dessa sessão solene. Assim como ele, eu também fui eleito pelo povo de Minas Gerais, onde nasceu nosso conterrâneo Alberto Santos Dumont.
Eu, especialmente, sinto-me ainda mais próximo da figura homenageada, por haver nascido no Município de Santos Dumont, isto é, a cidade outrora conhecida como Palmira, que passou a carregar, desde 1932, o nome do seu filho mais ilustre. Mas a memória de Santos Dumont não deve ser cultivada apenas por sandumonenses nem apenas pelos mineiros; a figura de Santos Dumont precisa ser muito mais conhecida por todo o Brasil. Melhor ainda: deveria ser reverenciada por todo o mundo. Santos Dumont foi um grande homem, corajoso, perseverante, criativo, generoso, um gênio como poucos.
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Tais atributos são indiscutíveis, não importa a posição que se tome na eterna polêmica sobre o reconhecimento da invenção do avião: se caberia a Santos Dumont ou aos irmãos Wright. Há argumentos num e noutro sentido e é inevitável que as opiniões sejam enviesadas pelo orgulho nacional dos dois lados. De minha parte, prefiro deixar a solução dessa querela aos especialistas em história da aviação.
O fato é que o 14-Bis ter sido ou não o primeiro avião a voar em nada altera a minha admiração por Santos Dumont, por todas as suas qualidades humanas, que eu já mencionei - a bravura, a tenacidade, a invencibilidade, o desprendimento. Ser o pioneiro da aeronavegação e da aviação era uma atividade de enorme risco pessoal. Cada voo era um experimento, uma aventura apenas para corações fortes. Até mesmo um voo bem-sucedido podia envolver sérias tribulações.
A volta em torno da Torre Eiffel, a bordo do Dirigível nº 6, que valeu a Santos Dumont um prêmio de 100 mil francos naquela época, também foi marcado por uma falha do motor em pleno percurso de volta. Felizmente, ele conseguiu reiniciar ainda no ar. Como não admirar uma alma tão corajosa como esta!
Ao mesmo tempo, por muito que a coragem fosse necessária, ela jamais teria sido suficiente. As façanhas de Dumont só foram possíveis porque, a cada experimento exitoso ou fracassado, ele refinava seus projetos e corrigia suas falhas, e tentava de novo. Essa mentalidade talvez esteja na raiz também de sua versatilidade como inventor.
Santos Dumont se destaca entre os demais pioneiros da Aeronáutica por suas realizações tanto no desenvolvimento de veículos mais leves que o ar, ou seja, os balões dirigíveis, quanto nos veículos mais pesados que o ar, como os aviões. Sua obra final, o Demoiselle, pode ser considerada o primeiro de todos os ultraleves.
Como se não bastasse, ele era também mais magnânimo, mais idealista, mais filantrópico que todos os seus concorrentes: o prêmio de 100 mil francos ganhado por ele, ele o distribuiu aos trabalhadores de sua oficina e aos pobres de Paris. Seus inventos, ele não os patenteava, como todos sabem, pois os via como presentes à humanidade. Sua esperança era de que as máquinas voadoras aproximariam todos os povos, promovendo a paz e a concórdia.
Por isso tudo, pouco importa, afinal, se Santos Dumont é reconhecido ou não como o primeiro a pilotar um avião. Mesmo que tivesse sido o décimo, o centésimo, não deixaria de ser o dono de um caráter heroico, de uma inteligência genial, de um coração generoso, de um homem, enfim, merecedor de admiração de todo o mundo.
Ao realizar esta sessão solene, espero que o Congresso Nacional, Srs. Senadores, Srs. Deputados, contribua para reavivar a sua memória, dessa grande figura histórica. Torço por que isso ocorra, sobretudo, entre os jovens brasileiros. Afinal, o próprio Santos Dumont, um dia, foi apenas um garoto, meu conterrâneo da cidade de Palmira, que gostava de ler os livros de ficção científica de Júlio Verne. É bonito pensar que, hoje, a história dele próprio pode servir de inspiração para que outros meninos e meninas brasileiros, apaixonados por ciência e tecnologia, desenvolvam seus talentos, em benefício da humanidade.
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O meu muito obrigado ao nosso conterrâneo Santos Dumont e a todos vocês por estarem prestigiando esta homenagem. (Palmas.)
Neste momento, eu gostaria de convidar o meu conterrâneo, o meu amigo, o Senador Carlos Viana, para assumir esta Presidência e também fazer o seu pronunciamento.
(O Sr. Luiz Fernando Faria deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Carlos Viana.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. Bloco/PODEMOS - MG. Para discursar - Presidente.) - Meu bom dia a todos os senhores e senhoras presentes e a todos que nos acompanham pela TV Senado, pelas redes sociais, pela Rádio Senado. Aqueles que estão sempre interessados nos assuntos do Parlamento têm aqui a nossa saudação.
Os senhores, como são da Aeronáutica, conhecem muito bem os ares brasileiros, não é? Então, vou tomar aqui uma expressão dos senhores para dizer da minha satisfação em recebê-los. Então, na magnética de um futuro melhor para o Brasil, o que vai nos sustentar nessa mistura rica de motores são os feitos do passado e o reconhecimento aos brasileiros que nos antecederam e fizeram a história. Sejam muito bem-vindos, como já disse o nosso colega Luiz Fernando Faria, a esta Casa.
Sras. e Srs. Parlamentares e autoridades presentes, é com imensa alegria que compartilho com o Deputado Luiz Fernando Faria a Presidência desta homenagem a Alberto Santos Dumont, mineiro, que hoje tem a cidade de nascimento e cidade de Luiz Fernando como nome de reconhecimento aos feitos.
O Brasil e o mundo homenageiam o aniversário de 150 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont, ocorrido em 20 de julho de 1873, na cidade mineira de Palmira, rebatizada Santos Dumont.
Neto de franceses e filho de engenheiro e fazendeiro, o futuro Pai da Aviação bem poderia se contentar com o muito que a sorte lhe reservara, o afortunado herdeiro de um grande patrimônio. Mas aquele jovem brasileiro, no final do século XIX, quis mais de sua vida. Nutria enorme interesse pela ciência e se deixou contaminar pelo máximo desafio do seu tempo: desenvolver os meios para que o ser humano pudesse, de modo inédito, alçar voo.
Longos são os tempos históricos, e no que diz respeito à experiência de voar, a mulher e o homem do século XIX em quase nada diferiam de um ancestral vindo ao mundo há cinco ou dez milênios. À exceção de alguns experimentos incipientes, no balonismo, contemplar das nuvens era algo impossível às pessoas, e apenas em narrativas de valor literário - como a personagem Ícaro, o mito grego das asas de cera, tragicamente derretidas pelo Sol - o voo pleno era concebível.
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E, no entanto, as aves, os insetos e vários outros animais eram a prova viva de que os corpos mais pesados que o ar são, de fato, capazes da mágica da levitação que, por obra da ciência, os seres humanos conseguiram reproduzir.
Muito se dirá, na presente reunião, acerca da biografia, dos feitos e do exemplo de grandeza e altruísmo daquele que, figurando entre os mais destacados inventores da aviação, jamais patenteou seus protótipos e que muito se engajou pela proibição internacional do emprego de aviões em bombardeios.
Do ponto de vista científico, porém, algumas lições sutis, em sua trajetória, merecem assimilação. De fato, Pai da Aviação algum haveria no Brasil sem a força do imponderável: a mudança de sua família para a França por conta das ruinosas sequelas experimentadas pelo patriarca, Henrique Dumont, decorrentes da queda em um passeio de charrete na fazenda. A busca pelo restabelecimento da sua saúde resultou na transferência familiar para a vibrante Paris de então, que oferecia todas as condições: os melhores estímulos, competições aeronáuticas e premiações para o jovem mineiro ampliar ao máximo o seu já vasto saber aeronáutico.
Em todas as sociedades, existe, de fato, um percentual equivalente de seres humanos dotados de altas habilidades, as quais, no mais das vezes, redundam em nada, sem o adequado fomento comunitário e sem a durável força de vontade e resiliência: o "jamais desistirei!". A garra e a persistência sempre foram marcas de Santos Dumont, Senadora Damares, que nos acompanha, Senador Izalci Lucas, que se juntou à nossa mesa.
Aquela obstinação tão presente é característica nossa, dos brasileiros. Nós acreditamos no futuro, nós acreditamos em fazer um país melhor e em fazer este país voar cada vez mais. Como disse Luiz Fernando Faria, ainda que, em momentos, falhassem determinados planos, nunca vão falhar a esperança e a nossa certeza de que todos podemos fazer um Brasil melhor para todos os brasileiros.
A adequada reflexão sobre a trajetória de Santos Dumont, que, tendo brilhado em Paris, também, segundo a história, inventou o relógio de pulso e o chuveiro elétrico, reside na necessidade de transformarmos o Brasil em um lugar mais acolhedor para o estímulo ao aprendizado e ao engenho. E, aqui, Luiz Fernando, não duvido de ele ter inventado o chuveiro, não, porque Santos Dumont é fria, e você tomar banho na água fria em Santos Dumont, meu Deus do céu! (Risos.)
Tanto quanto o exemplo de nosso inventor na França, importa que os jovens brasileiros tenham, em suas escolas e cidades, o impulso que Paris representou para o jovem Santos Dumont, que todos os brasileiros de mérito possam se tornar paradigmas de conhecimento e que possam transmitir, generosamente, as suas técnicas de aprendizado e de evolução científica e tecnológica aos seus contemporâneos.
Permito-me aqui, senhores, trazer esta comparação de que as oportunidades que foram dadas a Santos Dumont e que revelaram um grande cientista, um homem que mudou a sua história, também podem acontecer com cada um dos brasileiros e brasileiras mais simples deste país, desde que tenham as oportunidades para se tornarem pessoas melhores, mais bem preparadas, que conheçam, de fato, que a vontade de vencer é o princípio de todas as nossas conquistas.
Sras. Senadoras e Srs. Senadores, senhores representantes da Aeronáutica, da Marinha e do Exército Brasileiro presentes, aqueles que nos acompanham, os Parlamentares, orgulhosamente felicitamos o nosso planeta, o Brasil e, principalmente, o nosso Estado de Minas Gerais pelo valoroso exemplo de Alberto Santos Dumont no aniversário de 150 anos do seu nascimento, um exemplo para cada um de nós nesta pátria querida.
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Meu muito obrigado aos senhores. (Palmas.)
Obrigado.
Teremos... Neste momento, convido todos a assistirem nos painéis ao vídeo institucional em homenagem a Santos Dumont, produzido pela nossa Força Aérea Brasileira.
(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)
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Parabéns! Muito bem-feito o vídeo.
Eu concedo a palavra, por cinco minutos, ao Sr. Tenente-Brigadeiro do Ar, Marcelo Kanitz Damasceno, Comandante da nossa Aeronáutica.
O SR. MARCELO KANITZ DAMASCENO (Para discursar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Carlos Viana; Presidente requerente desta sessão, Sr. Deputado Federal Luiz Fernando Faria, a quem agradecemos o encaminhamento desta histórica sessão solene; Sra. Senadora Damares Alves; Sr. Senador Izalci Lucas; Presidente do Superior Tribunal Militar, Sr. Tenente- Brigadeiro do Ar Francisco Joseli Parente Camelo; oficiais generais da Marinha e do Exército, que representam aqui nossos comandantes, nossas Forças, muito obrigado. Minha gente da Aeronáutica, vestida de azul, um número aqui com cem, cento e poucas pessoas, mas que representam quase 70 mil militares da Força Aérea, que vestem azul e que seguem os dogmas e os paradigmas criados por Santos Dumont.
Muito me honra prestigiar a razão pela qual se dá esta sessão solene. Por isso não poderia me furtar de proferir algumas palavras acerca de justa homenagem que se tributa a esse visionário brasileiro e intrépido inventor chamado Alberto Santos Dumont, que, ao desbravar novos horizontes nos céus, delineou rumos transformadores à humanidade.
Indubitavelmente, a grandeza de um país reside, entre outros aspectos, no culto à sua história e na preservação e valorização de seus predecessores. Portanto, rememorar o passado e seus respectivos heróis é fonte segura de inspiração para o seu povo e bússola para conduzir uma nação ao progresso que tanto se almeja.
A grandiosidade e relevância histórica de Dumont se faz refletir em suas grandíssimas obras que posicionaram o Brasil na vanguarda da aeronáutica mundial. E por justo motivo, a esse visionário e obstinado brasileiro foi concedido o título de Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira.
No transcurso dos anos, grandes foram as evoluções no segmento aeronáutico e, em vista do irrefreável avanço da ciência e tecnologia, a busca pela inovação e aperfeiçoamentos se tornou imprescindível.
Após mais de um século das obras desse pioneiro da aviação, estamos atualmente diante de um cenário global em constante evolução, impulsionado pelos avanços tecnológicos, incluindo a inteligência artificial, a utilização de aeronaves remotamente pilotadas, o uso do ciberespaço, entre outros.
Nesse contexto dinâmico e sob a eterna óptica evolutiva de Alberto, buscamos a modernização da Força Aérea, a fim de garantir o cumprimento efetivo de nossa missão. A Força Aérea Brasileira é o braço armado garantidor da soberania do espaço aéreo do país e, por meio da agilidade no processo de renovação dos meios materiais alocados, tem recuperado a sua plena capacidade de emprego. O Projeto F-39 Gripen trouxe, na entrega das suas primeiras aeronaves à Força Aérea, o alcance de um patamar de operacionalidade e capacidade nunca antes experimentado. A aquisição dessa aeronave de combate, a mais moderna do nosso continente, oportunizou uma inédita transferência de tecnologia, marcando, assim, um avanço significativo na indústria de defesa brasileira, da qual advirão inestimáveis benefícios. A produção dos caças Gripen já está em andamento no território brasileiro, o que tornou a Embraer, em parceria com a empresa sueca Saab, a primeira fábrica de caças supersônicos da América Latina, à qual caberá produzir 15 das 36 aeronaves adquiridas pela Força Aérea.
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Dentre as principais consequências desses e de todos os projetos, todos provenientes de Alberto, vê-se a materialização da dupla acepção do vocábulo emprego: a geração de mais empregos para o Brasil e o fortalecimento do emprego do poder aeroespacial.
Além disso, igual ao sucesso foi obtido no projeto KC-390 Millennium, espinha dorsal da aviação de transporte, que destinada a integrar, com dinamismo, todo o território nacional, recentemente atingiu o significativo marco, com a obtenção do seu certificado final de aeronave capacitada à operacionalidade completa.
Devido à dimensão e magnitude de projetos como esses, hoje temos orgulho de celebrar o notável salto tecnológico que se faz registrar como expressivo capítulo na História da Aeronáutica brasileira, inaugurada por Santos Dumont.
Outra aspiração que tem despertado intenso brilho em nossos olhos é a busca por nos tornarmos uma potência espacial. Nesse sentido, a Força Aérea, por meio do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais, foi designada, pelo Ministério da Defesa, como órgão responsável por coordenar as atividades espaciais, em colaboração com diversos atores governamentais. Esse desafio, além de orientar uma nova jornada, impulsiona a ampliação de competências em diversas áreas correlatas, visto conduzirmos além dos limites do céu.
Santos Dumont, certamente, veria, neste contexto, uma brilhante evolução que não só impulsiona o desenvolvimento como promove a expansão da presença brasileira no espaço. Na Força Aérea do futuro, faz-se mister destacar o advento do New Space e o consequente incremento do protagonismo da iniciativa privada nas atividades espaciais, abrindo, por consequência, uma janela de oportunidades para o início do lançamento de foguetes em nossa base de Alcântara.
Trata-se de um fator portador de futuro, o qual trará benefícios para a infraestrutura espacial de solo, em termos de modernização e de capacitação dos nossos recursos humanos. Um Brasil grandioso e forte como é, sem dúvidas, requer um programa espacial à sua altura, em todos os sentidos.
Outra preocupação do Comando da Aeronáutica, legitimada por todos os brasileiros, tem sido fortalecer a vigilância da fronteira amazônica, visando ao combate de um inimigo comum a praticamente todas as comunidades do planeta: o narcotráfico. Para tanto, aeronaves A-29 Super Tucano equipam unidades aéreas estrategicamente sediadas em várias cidades do país.
Em atuação conjunta com as forças irmãs, ratificando a exitosa interoperabilidade liderada pelo Ministério da Defesa, em parceria com outros órgãos governamentais, como a Polícia Federal, ações criminosas são combatidas e coibidas, por meio de diversas operações voltadas ao combate de crimes transfronteiriços e ambientais, assim como a Operação Ostium, destinada ao reforço da vigilância para coibir voos regulares que possam estar associados ao narcotráfico. Ambas propiciam a intensificação, sobre a área de fronteira, da presença do Estado brasileiro.
A História comprova que a Aeronáutica também exerce um inestimável papel humanitário no escopo de integração nacional. Focado nessa filosofia, temos diversas aeronaves de transporte atuando, diuturnamente, com o objetivo de garantir a efetiva presença da Força Aérea nos pontos mais remotos do país. Essa integração se faz exemplificar no transporte de órgãos para transplante em tempo de minuto, na transferência de enfermos e feridos, no combate a incêndios florestais, no transporte de animais e na interiorização de imigrantes, por meio do Correio Aéreo Nacional, que dispõe de diversos postos, em vários pontos do país, aproximando cidadãos, reduzindo distâncias e levando socorro, esperança e dignidade a inúmeros brasileiros e também a irmãos de outras nações, integrando todos, em solo brasileiro, sem distinção.
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A Operação Acolhida, que amparou 14 mil venezuelanos no território brasileiro, e a Operação Yanomami, de fornecimento de atendimento médico e de medicamentos no correspondente à área do Estado de Roraima, bem como de 20 mil cestas básicas a mais de 300 comunidades indígenas, são exemplos recentes do sucesso da nossa missão de defender, controlar e apoiar integralmente a integração de nosso país.
Essas operações evidenciam o empenho e o orgulho dos homens e mulheres de azul em servir ao país, subordinando os interesses particulares ao cumprimento da missão e devotando-se integralmente à incansável e gratificante labuta, na qual reside a inquestionável comprovação de que o esforço coletivo é a determinante ferramenta para o engrandecimento do Brasil.
Tais ações têm, na excelência de sua conclusão, o reflexo do adequado investimento, o comprometimento do Comando da Aeronáutica com a missão constitucional que lhe cabe e a estrita observância do dever de bem atender ao chamado da nossa amada pátria.
Perto do fim, como Comandante da Aeronáutica, gostaria de agradecer o inestimável apoio que a Força Aérea tem recebido de ambas as Casas legislativas que compõem este Congresso, pois nesses 82 anos de existência, convicto estou de que o sucesso do Brasil somente é possível com a genuína sinergia de esforços voltados ao bem do povo desta nossa nação.
Tendo, em nome deste Brasil, Alberto Santos Dumont, um lídimo exemplo para o mundo de empenho em prol do bem para a humanidade, encerro minhas palavras ressaltando a extraordinária exposição Pai da Aviação, 150 anos, a qual se revela como uma preciosa oportunidade de voo, a pés firmes, pela vida, obra e valores, em 150 imagens, daquele que se faz cada vez mais vivo não somente devido aos seus feitos, mas sobretudo ao nosso horizonte, que permitiu generosamente a nós ser desvelado.
Estamos, Senador, na magnética correta, como o senhor bem disse, pois a mistura da nossa força é bastante forte.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. Bloco/PODEMOS - MG) - Concedo a palavra ao Sr. Ministro Tenente-Brigadeiro do Ar Francisco Joseli Parente Camelo, Presidente do Superior Tribunal Militar.
O SR. FRANCISCO JOSELI PARENTE CAMELO (Para discursar. Sem revisão do orador.) - Exmo. Sr. Senador Carlos Viana, Presidente desta sessão; Exmo. Sr. Deputado Federal Luiz Fernando Faria - e, nesta oportunidade, eu já agradeço ao nosso Presidente do Congresso Nacional e a V. Exa. por essa bela homenagem ao nosso patrono -; Exma. Sra. Senadora Damares Alves; Exmo. Sr. Senador Izalci Lucas; Exmo. Sr. Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, nosso Comandante, nosso amigo particular; Exmo. Sr. Deputado Federal Lafayette de Andrada, de Barbacena, onde iniciei minhas atividades, minha carreira militar, no ano de 1969; Exmo. Sr. Deputado Prof. Paulo Fernando, aqui do próprio Distrito Federal... Cumprimento o meu colega de trabalho, o Ministro Péricles, que está aqui nos prestigiando nesta oportunidade; e, ao cumprimentar os meus amigos do Alto-Comando da Aeronáutica, eu cumprimento os representantes da Marinha do Brasil, o Comandante da Marinha do Brasil e o Comandante do Exército Brasileiro. Agradecemos pela presença.
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Alberto Santos Dumont, um nome a ser lembrado, enaltecido e, acima de tudo, modelo de força, entusiasmo e dedicação, dedicação a um ideal.
Em sua simplicidade, ele conquistou troféus, conquistou pessoas, conquistou o mundo, conquistou os céus do mundo e se tornou um homem muito além do seu tempo.
Nasceu no dia 20 de julho de 1873 em uma pacata fazenda, no interior de Minas Gerais.
Filho de Francisca Santos Dumont, de tradicional família portuguesa, vinda para o Brasil com D. João VI, em 1808, e de Henrique Dumont, engenheiro civil de obras públicas e, mais tarde, cafeicultor em Ribeirão Preto, São Paulo.
Aprendemos que há homens que constroem a História, e Santos Dumont foi um deles. Viveu para um sonho, não um simples sonho, mas um sonho que transformaria as cidades, as nações, os países do presente e do futuro.
Ele soube ser exemplo a inspirar gerações e até os nossos dias continua a ser um marco na história dos povos.
Enquanto o jovem Alberto Santos Dumont se preparava para os desafios do futuro, as nações livres do mundo buscavam um modelo para que a humanidade se tornasse realmente livre e soberana. A França, quase cem anos após a Queda da Bastilha, havia se transformado em um país onde o homem era valorizado pelos seus feitos e onde as grandes ideias pareciam encontrar terreno fértil para se desenvolverem.
E para o Velho Mundo partiu Alberto, aos 18 anos, emancipado pelo pai, em busca dos seus sonhos, rumo a Paris.
Ao chegar à capital francesa, o jovem se admira com os motores à combustão interna. O petróleo parecia ser a marca de um novo tempo, e o jovem Santos Dumont se jogou firme, na certeza de que ali encontraria os meios necessários para o desenvolvimento do que ele sabia ser a concretização do seu sonho de menino. O homem voa. Sim, o homem voa.
Santos Dumont foi muito além do seu tempo. Ele foi cientista, foi aeronauta, inventor, visionário. Foi o homem em busca de asas para a humanidade. Para tanto, soube se imolar para a conquista do seu sonho maior. Sua dedicação foi algo fantástico.
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Alma inquieta, força de vontade e um desejo enorme de conquistar os ares o levaram ao patamar dos grandes homens da humanidade. Sabemos hoje que, sem sua persistência, jamais chegaríamos aonde chegamos. O mundo se tornaria pequeno após o advento do mais pesado que o ar: o 14-bis, cruzando os céus de Paris no ano de 1906 - data que marcaria para sempre a história da humanidade: o voo do mais pesado que o ar.
Santos Dumont viveu mais em Paris do que no Brasil, mas sempre se manteve ligado à sua terra natal. Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, Santos Dumont retornou ao Brasil, tendo sido recebido com festa pela população.
Ele acreditava que a sua invenção daria à humanidade uma maior capacidade de sobrevivência diante das dificuldades geradas com as grandes distâncias que separam os continentes. A aviação poderia ser usada para fins pacíficos e para promover a igualdade social entre os povos.
Neste ano, 2023, em que comemoramos 150 anos do seu nascimento, é importante fazermos uma reflexão em torno da vida de um homem que não deu apenas asas à humanidade; ele foi muito além e nos deixou um legado de sabedoria em torno de uma ideia, em torno de uma certeza: a certeza de que, se queremos alguma coisa e se acreditamos que isso será um bem para muitos, então devemos correr em busca da conquista desse sonho.
Mesmo que muitos não acreditem em nossos sonhos, basta que um só acredite: você. Assim foi o Pai da Aviação, Alberto Santos Dumont, um homem além do seu tempo e que não conheceu o impossível, apenas o modificou, construiu, viveu e não morreu jamais pelos seus sonhos.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. Bloco/PODEMOS - MG) - Vamos ouvir agora, por cinco minutos, a nossa Senadora Damares Alves.
A SRA. DAMARES ALVES (Bloco/REPUBLICANOS - DF. Para discursar. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente Senador Carlos Viana, meu amigo, bom dia.
Deputado autor, requerente desta sessão linda, oportuna e merecida de homenagem a Santos Dumont, Deputado Luiz Fernando; Senador Izalci, meu colega no Distrito Federal; Sr. Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo; nosso Ministro Tenente-Brigadeiro do Ar Francisco Joseli; Força Aérea Brasileira, bom dia.
Os discursos foram muito lindos!
Esta Casa é muito séria. Há um rigor, há um protocolo.
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Quando eu cheguei aqui, disseram: "Segue o protocolo, Senadora". Mas eu não vou seguir protocolo hoje.
Falar de Santos Dumont, para mim, é sempre muito prazeroso. Eu fui contadora de história infantil. Eu conto histórias infantis. E eu começava falando de Santos Dumont assim: "Era uma vez um menino que sonhava". Este era Santos Dumont. E eu continuava a história: "Ele era magrinho, muito talentoso e um dia ganhou um lindo chapéu". Eu quero que os senhores imaginem como as crianças ficavam quando eu contava a história de Santos Dumont. É, sem dúvida, o personagem que, na nossa história, mais desperta fascínio e admiração. Mostrem as figuras históricas para uma criança e, no meio delas, mostrem Santos Dumont; elas dirão: Santos Dumont. Eu tinha um fantoche que era Santos Dumont, com o seu chapéu, e ele tentava voar, era um menino que sonhava voar e aí caía, não conseguia. O avião não conseguia; o dirigível não conseguia; o 14-Bis caía, e ele ficava triste. E alguém dizia: "Desista, menino!". Ele levantava e dizia: "Não vou desistir!". Este era Santos Dumont: talento, sonho, determinação.
É um personagem que inspira, ainda hoje, as nossas crianças num momento em que nossas crianças estão precisando de tanta inspiração. Nossas crianças não estão sonhando. E nós precisamos fazer as nossas crianças sonhar, porque é possível sonhar nesta nação. Infelizmente, senhores... Eu tenho aqui muitos pais e avós, tenho mães aqui. O que eu tenho hoje? Meus meninos querendo desistir da vida. O suicídio é a segunda causa de morte entre adolescentes. Nós precisamos, nesta nação, despertar outros Santos Dumont.
Mas eu não posso falar de Santos Dumont sem falar da FAB, sem falar da nossa Aeronáutica. E quero aproveitar esses minutinhos que me restam para render as minhas homenagens a todos os senhores. E faço essa homenagem homenageando a nossa Brigadeiro Carla. Ah, sim! A FAB tem mulheres incríveis, homens e mulheres incríveis. Obrigada, Força Aérea, por tudo que vocês têm feito por nossa nação.
E preciso destacar um momento muito especial de minha vida com a FAB, com a nossa Aeronáutica: o momento da pandemia, o momento em que vocês alimentaram o nosso povo, levaram esperança para o nosso povo. Obrigada por tudo que vocês fizeram naquele momento. Vocês não pararam um único minuto. Em comunidades isoladas - eu estive em comunidades isoladas com a FAB, levando comida, levando esperança -, em comunidades isoladas em que havia medo, quando eles olhavam para cima e viam um avião da FAB passar, bastava vocês passarem por ali, vocês estavam levando a esperança.
Muito obrigada, senhoras e senhores que fazem da Força Aérea Brasileira o orgulho da minha nação!
(Soa a campainha.)
A SRA. DAMARES ALVES (Bloco/REPUBLICANOS - DF) - E só peço o seguinte, senhores, especialmente aos senhores avós que estão aqui: voltem para casa hoje, tirem esse uniforme bonito, sentem-se com seus netos, coloquem-nos no colo e comecem: "Era uma vez um menino que sonhava: Santos Dumont".
Que Deus abençoe vocês! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. Bloco/PODEMOS - MG) - Vamos ouvir o nosso Senador Izalci Lucas.
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O SR. IZALCI LUCAS (Bloco/PSDB - DF. Para discursar. Sem revisão do orador.) - Quero cumprimentar aqui o nosso Presidente, colega Carlos Viana, Presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática; cumprimentar e também parabenizar pela iniciativa o Deputado Federal Luiz Fernando Faria; cumprimentar a minha querida colega Damares Alves, nossa Senadora aqui do Distrito Federal; cumprimentar o Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno e o nosso Presidente do Superior Tribunal Militar, o Sr. Ministro Tenente-Brigadeiro do Ar Joseli Parente Camelo; cumprimentar o meu amigo, o Deputado Federal Lafayette, mineiro, e o nosso colega também aqui do Distrito Federal, o Deputado Federal Paulo Fernando; cumprimentar os representantes do Comando do Exército, da Marinha; cumprimentar todos os nossos membros da Força Aérea Brasileira e todos os convidados aqui presentes.
Santos Dumont disse: "Inventar é imaginar o que ninguém oferece; é acreditar no que ninguém jurou; é arriscar o que ninguém ousou; é realizar o que ninguém tentou. Inventar é transcender".
Senhoras e senhores, nesta homenagem aos 150 anos do nosso herói Alberto Santos Dumont, que hoje faz parte do nosso Panteão da Pátria e da Liberdade, logo aqui ao lado da nossa Casa de Leis, começo este meu pronunciamento imaginando seus pensamentos, as suas ideias e a sua vida ao longo dos tempos em que viveu. Estamos falando de nosso herói e inventor Alberto Santos Dumont, um brasileiro que pensou, fez e queria muito mais.
É criador do Oiseau de Proie - em português, Ave de Rapina -, seu invento espetacular, que foi demonstrado no Campo de Bagatelle, em Paris, quando o pássaro de metal por ele construído voou pela primeira vez no mundo.
Senhoras e senhores, hoje, aqui, neste espaço de homenagens, neste espaço histórico de nosso Poder Legislativo, celebramos Alberto Santos Dumont, nosso maior inventor e nossa influência mais grandiosa a todos os nossos inventores, cientistas, pesquisadores e cérebros de nosso país e do mundo.
Embora tenha sido um dos grandes a inventar a possibilidade de voar, nosso Santos Dumont foi contrário às nossas aeronaves para bombardear e matar.
Nosso herói ainda inventou muito mais: além do 14-Bis, o balão a gás de pequeno porte, o relógio de pulso, como já foi dito aqui, entre outros inventos importantes que até hoje estão aí. São inventos que até hoje significam o início das novas tecnologias e de uma nova era.
Há tempo de fazer, e isso já foi feito lá atrás. Ninguém os teria feito não houvesse uma tecnologia e alguém que o fizesse lá atrás. Santos Dumont fez isso e com ele muitos brasileiros, a exemplo, fizeram também em favor da paz e sempre contrários a seu uso como armas de guerra.
Aqui estamos nós e aqui dissemos, mas a verdade é que hoje temos outros heróis em cada canto deste grande Brasil, muitos que, infelizmente...
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(Soa a campainha.)
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco/PSDB - DF) - ... não são reconhecidos pelo simples fato de que nosso incentivo e nossa apreciação não chegam aonde eles estão. Mas hoje aqui temos a oportunidade de celebrar Santos Dumont como exemplo para os novos tempos que virão para os nossos pesquisadores e inventores.
Vale lembrar, sobretudo, o que nos disse: "Nem todo aluno é bom professor". Ele o disse com toda propriedade, pois o professor, orientador e incentivador é aquele que percebe e luta para fazer valer as suas melhores e mais privilegiadas mentes. Por isso, é de suma importância que o Brasil invista em nossos cientistas, nossos inventores e nessas mentes privilegiadas de pesquisadores que temos de norte a sul, de leste a oeste do Brasil. É por isso que precisamos investir em ciência e tecnologia e inovação em nosso país.
Assim, hoje, aqui, neste momento, eu peço a atenção de todos para ressaltar a nossa Aeronáutica, pelo seu instituto maior, o ITA, que completa 73 anos, mas, sobretudo, por tudo que já fez para o país, ao longo dessas décadas, com suas mentes brilhantes. Para aqueles que não sabem ou para aqueles que não nos reconhecem, tenham, em nosso maior líder que hoje homenageamos e no nosso ITA, as nossas luzes, os nossos exemplos, com Santos Dumont, nosso grande inventor, pesquisador e hoje herói brasileiro, e o ITA, instituto que recepciona as mentes mais brilhantes do Brasil.
Aqui em nosso Panteão, os brasileiros podem saber o que fez Santos Dumont, nosso grande herói dos inventos...
(Soa a campainha.)
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco/PSDB - DF) - ... e da tecnologia, mas também aqueles que lutaram e lutam sempre pelo desenvolvimento, pela liberdade e pela democracia.
A todos aqui presentes os meus cumprimentos e agradecimentos por participarem desta homenagem justa e importante para a história e a ciência do nosso país.
Obrigado a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. Bloco/PODEMOS - MG) - Obrigado ao Senador Izalci Lucas.
Nós vamos ouvir agora o representante de uma das famílias mais tradicionais do nosso estado e que nos ensina a fazer política desde 1808, com a chegada da Corte Real, Sr. Deputado Lafayette de Andrada.
Seja muito bem-vindo, Deputado! (Pausa.)
Tenho informações de que seremos prestigiados também pelo Ministro da Defesa, José Múcio, que se encaminha a esta Casa Parlamentar e, dentro de mais alguns minutos, ao que tudo indica, vai se juntar à homenagem dos 150 anos de Santos Dumont.
O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (Bloco/REPUBLICANOS - MG. Para discursar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eminente Senador Carlos Viana; eminente Deputado Luiz Fernando Faria, nosso conterrâneo de Minas Gerais, da terra de Santos Dumont, requerente desta sessão; Sra. Senadora Damares Alves; Sr. Senador Izalci Lucas; eminente Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Damasceno; prezado Presidente do Superior Tribunal Militar, Tenente-Brigadeiro Joseli.
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Alberto Santos Dumont, que em 20 de julho comemoraria seus 200 anos, nascido em 20 de julho de 1873, é o brasileiro que tornou realidade o sonho de Ícaro. Desde os tempos da antiguidade, da Grécia antiga, o homem sonhava voar, era o sonho de Ícaro, e coube ao brasileiro Santos Dumont tornar esse sonho realidade.
Nascido em Cabangu, na Fazenda Cabangu, seu pai havia adquirido aquelas terras poucos anos antes de ele nascer, lá passou sua infância até os 7 ou 8 anos de idade. Cabangu era uma fazenda na zona rural de Palmira, que hoje é a cidade de Santos Dumont, terra do eminente Deputado Luiz Fernando. Mas eu preciso puxar sardinha um pouco para o nosso lado. Quando Santos Dumont nasceu, em 1873, Palmira pertencia a Barbacena, portanto, Santos Dumont era barbacenense. É sandumonense, não tenho dúvida, mas era barbacenense.
Disputas à parte, não vamos polemizar, o importante é que Santos Dumont deixou um legado para a humanidade. Todos nós sabemos da história da sua paixão pelas invenções. Tinha uma predileção imensa pelos balões. Aí, vamos lembrar do outro brasileiro, Padre Bartolomeu de Gusmão, que era brasileiro, que patenteou o balão em 1710, invenção brasileira também. Santos Dumont se dedicou à construção de balões e, a partir de então, conseguiu fazer o dirigível, deu a volta na Torre Eiffel, recebendo um prêmio importante à época, que era o desafio de quem conseguisse fazer o balão ou o dirigível levantar do lugar, dar a volta na Torre Eiffel e retornar ao lugar de onde havia levantado em meia hora, e ele conseguiu. Dizem que a questão da aterrizagem do balão gastou alguns minutos a mais, aí, a comissão julgadora que daria o prêmio ficou na dúvida se ele receberia ou não, porque o prêmio era para quem conseguisse fazer a proeza em meia hora, e a aterrizagem gastou alguns minutos. Houve essa polêmica na comissão julgadora, mas o próprio criador do prêmio, que doou o recurso, falou que não teria dúvida de que ele merecia receber o prêmio, e de fato recebeu, mas não ficou com ele, distribuiu para os seus colaboradores e para algumas instituições de caridade.
Eu trago aqui um pequeno testemunho de um contemporâneo de Santos Dumont. Ele dizia que Santos Dumont era um homem fino, assim, cordial, cortês; era um homem sereno, era uma figura amável, um homem admirável.
(Soa a campainha.)
O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (Bloco/REPUBLICANOS - MG) - Aí, Sr. Presidente, é o testemunho da época, de alguém dizendo, e quem fala é Gabriel Voisin:
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Contavam-se sobre nosso amigo brasileiro várias lendas. Diziam que possuía uma fortuna imensa! Ora, esta fortuna era somente uma situação remediada [não existia]. Mas, como explicar o gesto deste homem que distribuía prêmios concedidos [...] a instituições de caridade [e a seus colaboradores]? Estas liberalidades não podiam, aos olhos do público, apoiar-se senão sobre uma fortuna fabulosa. Nada disso: Santos Dumont era a própria generosidade, a elegância inata, a bondade e a retidão.
Esse é um testemunho da época.
O fato é que as suas invenções o fizeram ficar famoso pelo mundo. E foi homenageado em vários países.
(Soa a campainha.)
O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (Bloco/REPUBLICANOS - MG) - Esteve nos Estados Unidos, foi recebido pelo Presidente Roosevelt na Casa Branca, lá conheceu os Irmãos Wright e conheceu também - interessante - Thomas Edson, o da lâmpada, da eletricidade, que perguntou a ele, Santos Dumont, sobre as patentes, como é que ele estava fazendo. Ele falou: "Não, não estou patenteando nada. Não patenteei e não vou patentear". Inclusive, posteriormente, quando ele fez o Demoiselle, um avião que voou várias vezes, voou muito, ele incentivou as pessoas a construírem. Ele próprio supervisionou a construção de vários outros e publicou numa revista famosa na época, Popular Mechanics, revista técnica, todos os procedimentos, toda a planilha técnica para a construção do Demoiselle. Nunca reivindicou patente sobre seus inventos, tal era a sua generosidade.
Esses homens que transformam o mundo realmente são revestidos de um caráter diferente...
(Soa a campainha.)
O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (Bloco/REPUBLICANOS - MG) - ... e Santos Dumont impreterivelmente era uma dessas figuras que tinha um desses caracteres.
O 14-Bis, todos nós sabemos, voou, no dia 23 de outubro, às 16h45, num voo de 60m. E, aí, tem o testemunho dele próprio, Santos Dumont, dizendo o seguinte:
Lutei, a princípio, com as maiores dificuldades para conseguir completa obediência do aeroplano. Era o mesmo que arremessar uma flecha com cauda para frente. Em meu primeiro voo, após sessenta metros, perdi a direção e caí... Não mantive mais tempo no ar, não por culpa da máquina, mas exclusivamente [por culpa] minha.
Isso é sobre o primeiro voo, que foi o voo de 23 de outubro, mas, em novembro, ele voou de novo com o 14-Bis. Fez vários voos em novembro e num deles atingiu 220m.
(Soa a campainha.)
O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (Bloco/REPUBLICANOS - MG) - Hoje as pessoas falam que os aviões transportam, viajam sobre os oceanos. E o que eram 200m? Eram 200m de um aparelho que saiu do chão por 200m! Até então, ninguém imaginava que isso pudesse acontecer, e Santos Dumont assim o fez.
Sr. Presidente, senhores convidados, autoridades aqui presentes, esta sessão solene é uma justa homenagem a esse grande brasileiro. Nós não podemos deixar de fazer esta homenagem. Realmente Santos Dumont é uma pessoa que trouxe os holofotes do mundo para o Brasil e trouxe a admiração de todos à sua figura, talvez excêntrica, mas sobretudo generosa.
Eu quero aqui parabenizar o Deputado Luiz Fernando pela realização desta homenagem e vou pedir licença, Sr. Presidente, para ler um trechinho de uma biografia em que ele conta, o Brigadeiro Doorgal, já falecido, que foi um dos primeiros comandantes da Epcar, em 1952, era coronel à época, um admirador de Santos Dumont, que quis então levar os alunos para conhecer a casa de Cabangu, que ele sabia que existia, não sabia exatamente onde ficava, era uma casa esquecida.
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E ele narra aqui - eu vou ler aqui, porque é um episódio interessante; é uma página - como eles redescobriram a casa de Cabangu, que à época estava abandonada.
Então, é o Brigadeiro Doorgal falando, dizendo aqui:
Sempre fui muito encantado pela figura do Santos Dumont. [...] onde ele nasceu se chamava Palmira e lá existia a sua antiga casa, [...] [na fazenda] Cabangu. Só mais tarde que a cidade [...] passou a chamar-se Santos Dumont.
Num daqueles dias de festejos, em outubro, eu disse a um dos professores: "nessa madrugada, vou levar os alunos para conhecerem Cabangu. Vamos romper o dia lá. O senhor faça uma conferência, uma palestra, diga alguma coisa [...] [e mostre o significado da fazenda Cabangu]".
...............................................................................................................................................................................................
Consegui dois ônibus de alunos, peguei um automóvel e levei alguns oficiais comigo [...]
No dia seguinte, quando cheguei, ainda estava escuro [cheguei a Santos Dumont]. Era muito cedo. [...] [E eu] tinha prometido, no boletim da escola que o toque da alvorada do dia 23 de outubro de 1952 seria tocado em Cabangu, por isso tinha que chegar lá bem cedo.
[...] [Chegando a Santos Dumont, procurei o] Sr. Osvaldo Castelo Branco [que] apareceu e, conversando com ele, eu disse: "eu quero saber onde é a casa de Cabangu, porque quero ir lá com os alunos da Epcar para tocar o alvorada na casa onde nasceu Santos Dumont". Ele disse: "o senhor não vai achar, porque é um mato só".
[...] [E eu respondi a ele]: "Estamos pagando um tributo...
(Soa a campainha.)
O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (Bloco/REPUBLICANOS - MG) -
... e um tributo [não] se paga [...] [sem] sacrifício".
Insisti e fomos pela estrada de ferro, pulando de dormente em dormente, uns cinco ou seis quilômetros para entrar na região da casa do Cabangu. Aí, o tal senhor Castelo Branco me disse: "temos que entrar à esquerda". Entramos, era um mato [...] [só, muito mato]. [...] começamos a andar de um lado para o outro, vasculhamos muito, todo mundo procurando e ninguém achava [a casa]. Depois, vi [de longe] um telhadozinho no meio do mato e fui conferir. Cheguei na porta, tinha uma placa metálica, uma placa de ferro pregada na soleira da porta, onde estava escrito "esta casa onde eu nasci..." Gritei: "achei a casa do Santos Dumont".
Foi uma alegria tremenda. Chamei o corneteiro, formei o pessoal, mandei tocar a alvorada, foi uma festa danada. Naquele momento, o Sol estava nascendo.
Depois daquela cerimônia, daquela alegria toda, fiquei pensando...
(Soa a campainha.)
O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (Bloco/REPUBLICANOS - MG) -
... "por que esta casa não é restaurada?". Começamos a dar voltas por lá e vimos que a casa estava com a parte traseira do lado esquerdo já quase caindo. Pensei: Ah, meu Deus, esta casa é capaz de cair. Um monumento histórico que tem um valor inestimável e está prestes a cair.
Lembrei-me da casa do George Washington, nos Estados Unidos, reverenciada como se fosse uma igreja, uma coisa religiosa [quase]. Aquilo para os americanos é uma coisa extraordinária, e a casa do nosso Santos Dumont, que foi um homem sui generis no mundo inteiro e nunca apareceu um que competisse com ele, está indo para o chão, caindo de velha, escangalhada.
Pensei: é preciso dar um jeito nisso. E comecei a elaborar meus planos.
E aqui ele conta que foi ao Ministro da Aeronáutica - na época era o Brigadeiro Nero -, foi ao Governador de Minas, que era o Juscelino Kubitschek, e conseguiu recurso do ministério e entregou ao Prefeito de Santos Dumont, ao Prefeito da cidade...
(Soa a campainha.)
O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (Bloco/REPUBLICANOS - MG) -
... o Prefeito Fábio Vieira Marques.
Aí ele conta:
Entreguei [...] [para ele o recurso].
Ele aceitou, tinha que aceitar. E eu disse: "vou te dar aqui os cem contos [...] [do ministério, mais os 100 do Governador, e você fica responsável pela obra]. Está aqui".
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Depois de algum tempo [já estou concluindo, Sr. Presidente], cismei, em um belo dia, de ver como iam as obras em Cabangu, e fui lá. Não encontrei nada feito. Pensei: meu Deus, como isso pode acontecer?. Fui à Prefeitura, [...] [atrás do Prefeito Fábio, que me] disse: "Ah, Doorgal, esta casa está tombada, não posso mexer naquelas telhas porque são francesas, o madeirame de pinho spruce. O reparo tem que ser feito com material exatamente igual e da mesma procedência [...] [Vou ter que importar telhas da França]". Eu engasgado, e ele argumentando: "Doorgal, [...] [não tem o que fazer]".
Fiquei meio desanimado.
(Soa a campainha.)
O SR. LAFAYETTE DE ANDRADA (REPUBLICANOS - MG) -
Depois [de um tempo] [...] quebrar a indecisão e falei: "Fábio, pelo amor de Deus, pegue esse dinheiro, conserte a casa de qualquer jeito, bote-a em pé, pinte [...], faça [...] [qualquer coisa, restaure a] casa de qualquer maneira".
Uns meses depois [...], fui lá. A casa estava linda, preservada, tudo arrumado, ficou ótimo. Ele me atendeu.
Hoje, Cabangu é um museu fantástico, preservado pela Força Aérea Brasileira.
Sr. Presidente, para concluir aqui, depois de narrar essa memória de Brigadeiro Doorgal, eu quero cumprimentar o Senado Federal por esta merecida homenagem aos 200 anos do Pai da Aviação, indiscutivelmente uma figura fantástica, que merece de todos nós o carinho, a atenção, a preservação da sua memória e, mais do que isso, a admiração como um grande brasileiro.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, senhores autoridades, muito obrigado.
Viva Santos Dumont! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. PODEMOS - MG) - Obrigado ao nosso Deputado Lafayette de Andrada.
Vamos ouvir agora o Deputado Sanderson.
O SR. SANDERSON (PL - RS. Para discursar. Sem revisão do orador.) - Bom dia a todos, bom dia a todas.
É sempre uma satisfação estar aqui, no Senado Federal, hoje em uma merecida e justa homenagem a uma das personalidades mais proeminentes do nosso país que é Santos Dumont, hoje comemorando 150 anos do seu nascimento.
Eu quero aqui cumprimentar o Deputado Luiz Fernando pela iniciativa.
Eu quero cumprimentar o Comandante da Força Aérea Brasileira, meu conterrâneo gaúcho, canoense - só não somos do mesmo time, ele, colorado, eu, gremista -, Comandante Brigadeiro Damasceno, e, na sua pessoa, cumprimento aqui todos os integrantes da Força Aérea Brasileira. Vejo aqui representantes: General do Exército, Almirante da Marinha, homens e mulheres das Forças Armadas, hoje em especial, aqueles ligados à Aeronáutica, pois, afinal de contas, Alberto Santos Dumont...
E Santos Dumont - mineiro como V. Exa., meu amigo Lafayette de Andrada, que, como muito bem dito aqui, tem nos seus ancestrais José Bonifácio de Andrada e Silva, que não era mineiro, mas paulista -, como um bom mineiro, sempre teve nas suas ações equilíbrio, mas, sobretudo, coragem. Coragem, infelizmente, é algo não tão comum hoje em dia, mas Santos Dumont era muito corajoso, virtuoso e buscava sempre inovar.
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Quantas pessoas mundo afora foram salvas pela aviação? Imaginem a quantidade de benefícios que a aviação trouxe para a civilização, trouxe para o mundo, e temos um brasileiro, Alberto Santos Dumont, como o inventor da aviação. Isso é para nós um grande orgulho.
Cumprimento minha amiga Senadora Damares Alves, que faz um belíssimo trabalho no Senado Federal. Cumprimento o Senador, meu amigo, Senador Izalci, representante aqui do Distrito Federal.
Ontem, no final da tarde, já que nós estamos nesta semana na Câmara Federal num sistema híbrido de votação, muitos Deputados não estão aqui, mas fui convocado a vir falar em nome do PL (Partido Liberal), que é o maior partido hoje no Congresso Nacional. Nós somos cem Deputados Federais, e tive a grata satisfação de ser indicado a falar em nome do maior partido da Câmara Federal, em homenagem a Alberto Santos Dumont. Um homem que certamente viveu à frente do seu tempo e, até hoje, mundo afora, talvez junto com Pelé, é o nome mais reconhecido dos brasileiros no planeta Terra. Isso demonstra que, sim, deixou um legado, largando uma semente que até hoje nós, brasileiros e brasileiras, temos muito orgulho de dizer que tivemos cidadãos virtuosos, inteligentes, inovadores e corajosos como Santos Dumont.
Cumprimento a todos da Mesa. Mais uma vez, parabéns à Força Aérea Brasileira, que aqui representa não só a aviação militar, mas também a aviação civil. Santos Dumont era um civil, o que faz com que nós, brasileiros, tenhamos muito orgulho de termos tido a oportunidade de ter um dos instrumentos, senão o mais, talvez o maior instrumento que representa a modernidade, porque, afinal de contas, a aviação modificou o mundo, encurtou distâncias, fez com que o planeta, enfim, a humanidade, tivesse uma transformação. Hoje estou aqui em Brasília e, esta noite, já estarei lá no Rio Grande do Sul, no meu estado, e isso graças a um invento de Alberto Santos Dumont, um mineiro, como o meu amigo Lafayette de Andrada.
Lafayette está aí ainda ou já saiu?
Meu amigo Lafayette de Andrada, que lá na Câmara Federal tem ajudado demais ao país, ao Brasil, e ele, sendo um mineiro da região, inclusive, de Alberto Santos Dumont, leva aqui o meu abraço. E o abraço que transmitimos aqui é do Partido Liberal...
(Soa a campainha.)
O SR. SANDERSON (PL - RS) - ... dos cem Deputados Federais que compõem a Câmara Federal. Um abraço aos integrantes da Força Aérea Brasileira - homens e mulheres.
Eu conversava anteriormente com a assessoria da aeronáutica e me passaram que a Força Aérea Brasileira possui 30 unidades. São 30 unidades operacionais que a Força Aérea Brasileira possui Brasil afora, do Rio Grande do Sul ao Estado do Rio Grande do Norte. Lá no Rio Grande do Sul temos base em Santa Maria, em Canoas, e esse uniforme azul faz com que nós, brasileiros, tenhamos, sim, a satisfação de dizer que, lá no início, Alberto Santos Dumont largou uma semente e que hoje esse legado é, todos os dias, saudado e honrado pelos integrantes da Força Aérea Brasileira.
Um abraço a todos, cumprimento, mais uma vez, o Deputado Luiz Fernando.
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Comandante Damasceno, Alberto Santos Dumont não é só Aeronáutica, é muito mais. Mas a Aeronáutica Brasileira, a Força Aérea Brasileira representa muito bem esse esforço de Santos Dumont, lá no século retrasado, não é nem no século passado, no século retrasado. Inclusive, Santos Dumont foi um dos primeiros a ser inscrito no livro de heróis, juntamente com Duque de Caxias.
Eu tive a satisfação de ser autor de um projeto de lei que colocou Marcílio Dias como um dos heróis nacionais. O projeto foi aprovado e sancionado no ano passado. Ele, um marinheiro lá do Rio Grande, gaúcho, e passou a integrar esse rol pequeno de heróis nacionais, o marinheiro Marcílio Dias, juntamente com outros heróis. E eu cito aqui Alberto Santos Dumont, mas também cito José Bonifácio de Andrada e Silva, homenageando o nosso querido amigo Lafayette de Andrada.
Um abraço a todos.
Parabéns, mais uma vez, Deputado Luiz Fernando.
(Soa a campainha.)
O SR. SANDERSON (PL - RS) - E viva Santos Dumont! Viva a Aeronáutica Brasileira! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. Bloco/PODEMOS - MG) - Obrigado pelas palavras do Deputado Sanderson.
Nós vamos ouvir o Deputado Prof. Paulo Fernando, que traz também a sua homenagem.
O SR. PROF. PAULO FERNANDO (Bloco/REPUBLICANOS - DF. Para discursar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Carlos Viana, Deputado Luiz Fernando Faria, a quem cumprimento pela iniciativa, Sr. Tenente-Brigadeiro, Comandante, em nome de quem cumprimento as demais autoridades. Quero também cumprimentar a minha colega de partido, Senadora Damares, e meu colega, Senador Izalci, colega de bancada do DF.
Santos Dumont, inventor e aeronauta, nascido, como foi falado, em 1873, era filho do engenheiro francês Henrique Dumont. Seu pai, filho de imigrantes franceses, era um engenheiro ousado que rasgou estradas e túneis pelos sertões, antes de se tornar o rei do café. Dizia o pai e Santos Dumont:" O futuro do mundo está na mecânica". E ele foi obediente ao pai.
De família abastada, o jovem Alberto iniciou os estudos no Brasil, mas ainda muito novo foi estudar em Paris. Era tímido, franzino, era quase do meu tamanho, e pesava cerca de 50 Kg. Usava sapatos de sola grossa e chapéu Panamá, de copa alta, para ficar mais alto.
Foi profundamente influenciado pela obra de Júlio Verne e, desde cedo, demonstrou profundo interesse pela construção de balões. Em 1898, fez subir ao espaço o primeiro de uma série desses engenhos. Homem generoso, tendo conseguido realizar a façanha da circum-navegação na Torre Eiffel, dividiu o prêmio de cem mil francos entre os pobres e mecânicos. Lançou dois livros e o Aeroclube da França inaugurou um monumento a Santos Dumont, representando o lendário Ícaro numa estátua de bronze. Aqui no Brasil, tivemos inúmeras manifestações, solenidades e homenagens, desde o decreto do Presidente Getúlio Vargas instituindo o Dia do Aviador, também chamado, na época, Dia da Asa, e também realizando a Semana da Asa, pelo Touring Club do Brasil. A Cruzada Juvenil da Boa Imprensa criou, na época, na década de 40, a Semana de Santos Dumont, com grande repercussão. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, pioneiro, mas não chegou a tomar posse. A casa de Santos Dumont, em Petrópolis, até hoje é atração turística. Lá estão guardados os seus objetos, o chuveiro, a escada e na escada, curiosamente, só se entra pisando, primeiro, o pé direito. Ele era supersticioso. Sempre entrava com o pé direito em qualquer lugar.
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Temos muitas outras homenagens, um Museu Aeroespacial, aeroportos, mas eu queria fazer uma alusão, Sr. Presidente, com o Ícaro, da mitologia grega, que colou ao corpo de cera asas de pena e que não ouviu os conselhos do pai, o inventor grego Dédalo, do labirinto, para não subir muito alto, porque o calor do Sol derreteria a cera.
Eles, primeiramente, sentiram-se como deuses, porque haviam dominado o elemento ar. Ícaro deslumbrou-se com a bela imagem do Sol e, sentindo-se atraído, voou em sua direção, esquecendo-se das orientações do seu pai. Quando Dédalo percebeu que o seu filho não o acompanhava mais, gritou: "Ícaro, Ícaro, Ícaro, onde você está?".
Santos Dumont, ao contrário de Ícaro, foi humilde, sábio, seguiu os conselhos do pai e alcançou o voo mais alto. Eu perguntaria: "Santos Dumont, onde você está?". Onde você está na decolagem de cada aeronave; no avanço tecnológico da aviação; no sorriso de cada passageiro no pouso; em cada cadete da AFA, em Pirassununga; em toda a tropa azul, desde os praças até os oficiais; na expertise de cada piloto com a missão de buscar e salvar vidas; na destreza da Esquadrilha da Fumaça; no legado da Força Aérea Brasileira, que protege o país, na nossa integração nacional? Santos Dumont está Livro dos Heróis da Pátria. Está no sentimento de orgulho da nação, eternamente, como Pai da Aviação Brasileira e Marechal do Ar.
Encerro, Sr. Presidente, com as palavras de Santos Dumont, que dizia que, se o homem sonha com voar, é porque possui asas. Essa frase emblemática captura a essência de sua visão e paixão pela aviação. Ele foi um verdadeiro pioneiro, um homem que acreditou em seus sonhos e transformou-os em realidade, abrindo os céus para a humanidade, por meio das asas que inventou. Ele nos ensinou a sonhar e a voar, no azul da constelação do Cruzeiro do Sul, pelo bem do Brasil.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. Bloco/PODEMOS - MG) - Obrigado ao Professor.
Eu quero convidar o Ministro Péricles, para que possa também fazer uso da palavra conosco, fazendo uma homenagem à trajetória e à presença de V. Exa., aqui entre nós, nesta homenagem. (Pausa.)
Anuncio aos senhores e senhoras a presença do Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que acaba de chegar ao Plenário deste Senado Federal. (Palmas.)
Seja muito bem-vindo, Ministro!
O SR. PÉRICLES AURÉLIO LIMA DE QUEIROZ (Para discursar. Sem revisão do orador.) - Exmo. Sr. Presidente da Mesa, na sua pessoa, cumprimento todas as autoridades da Mesa; Exmo. Sr. Ministro da Defesa; Exmos. Srs. Oficiais Generais da FAB, do Exército e da Marinha; Srs. Suboficiais e Praças; senhores convidados.
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Sr. Presidente, ao me surpreender com o oferecimento da palavra, na condição de membro togado, de jurista... O jurista deve estar sempre, não tão bem quanto os Parlamentares, pronto para dizer algumas palavras. E aqui já peço as minhas desculpas pelo meu improviso e pela surpresa causada para, em primeiro lugar, cumprimentar as duas Casas do Parlamento por esta brilhante iniciativa de saudar, de rememorar, de congratular Alberto Santos Dumont e, em consequência, a aviação brasileira e a Força Aérea Brasileira, a nossa Aeronáutica.
A iniciativa de ambas as Casas constitui um momento glorioso para a nação por cultuar o legado dos seus homens ilustres, das grandes figuras que nos antecederam. E aqui os discursos que ouvimos já ressaltaram e destacaram a figura ímpar de Santos Dumont. Eu não teria, neste momento, nada mais a acrescentar a esses belos e interessantes discursos que ouvimos.
Então, Sr. Presidente, senhores membros da Mesa, meu Presidente, querido amigo, Brigadeiro Joseli, senhores convidados, é uma grande satisfação - em meu nome e, diria, que no dos meus colegas Ministros, porque o meu Tribunal já foi aqui representado pelo Presidente Joseli - me associar a essas homenagens que estão sendo feitas, memoráveis, a Alberto Santos Dumont.
Agradeço, embora surpreendido, a oportunidade e o destaque de me permitirem a palavra na Casa do povo, no Parlamento, nesta reunião envolvendo as duas Casas. Ao final, cumprimento o eminente Deputado Faria, cumprimento o Senador Izalci, cumprimento a Exma. Senadora Damares, pela iniciativa que propuseram de homenagear nessa sessão.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. Bloco/PODEMOS - MG) - Agradeço ao Ministro Péricles Aurélio Lima de Queiroz pelo pronunciamento.
A experiência de V. Exas. e a dedicação ao país são bens que nós reconhecemos aqui no Parlamento.
Para encerrarmos esta sessão, eu passo a palavra ao nosso Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho. O senhor se sinta à vontade e seja muito bem-vindo, mais uma vez, ao Parlamento, Ministro.
O SR. JOSÉ MÚCIO MONTEIRO (Para discursar. Sem revisão do orador.) - Meu prezado Presidente desta sessão, Senador Carlos Viana, Senador, e meu velho amigo, Izalci Lucas, Deputado Federal Luiz Fernando Faria, meu conterrâneo, Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Damasceno, Presidente do Superior Tribunal Militar, Brigadeiro Joseli, meu velho amigo, Ministro Péricles, que nos brindou com sua palavra, minha querida Senadora Damares, eu cheguei atrasado porque eu estava no evento da Escola Superior de Defesa. Tinha prevenido o Damasceno de que não ia chegar a tempo de cumprimentá-los. Mas, chegando até aqui e encontrando esses amigos todos, deu-me uma profunda saudade desta Casa, onde servi por 20 anos. E, quando o senhor me ofereceu para falar nesta cadeira, eu resolvi matar um pouco a saudade e resolvi usar a tribuna.
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Durante tantos anos eu convivi e aprendi com tantas pessoas importantes... Esta Casa é a maior universidade que existe no mundo, só que aqui a gente tem que escolher os professores, porque se ensina tudo. Escolhe-se o currículo, quem ensina, o que é que se vai aprender...
Mas eu precisava dar um testemunho aqui, meu caro Presidente.
Eu passei por muitos lugares na minha vida, já estou chegando a um tempo em que... Tenho um passado tão grande, que às vezes esqueço, e um futuro curto, que preciso aproveitar, mas quero dizer que hoje eu vivo um momento muito feliz na minha vida, que me qualifica na velhice, porque eu sirvo às Forças Armadas do Brasil.
Se passei 20 anos aqui e estou lá apenas há seis meses, o senhor não pode imaginar como eu me tornei um brasileiro diferente, com mais espírito cívico, com mais amor pela minha terra, e esses homens padecem e pagam muito porque trabalham em silêncio, não dizem o que fazem, o quanto servem a este país.
Então, eu uso esta tribuna para homenagear o passado, evidentemente, na figura de Santos Dumont, que tanto nos orgulha, mas para dizer que a melhor maneira de a gente cuidar do presente e do futuro é reverenciar o passado e aqueles que nos instrumentalizaram para que nós construíssemos uma sociedade melhor.
Quero fazer uma homenagem sincera, grata e com toda humildade aos senhores que compõem as Forças Armadas brasileiras. Tenho o orgulho de dizer hoje que sirvo como instrumento de trabalho dos senhores, tirando dúvidas, diminuindo questões...
Nunca fui um militar. Sempre exercitei que o melhor campo de batalha que existe é uma mesa de diálogo, e tem sido esse o meu trabalho no Ministério da Defesa, Luiz.
Mais uma vez, a todos os oficiais que estão aqui presentes: a homenagem que faço a Santos Dumont faço a cada um dos senhores que hoje usam e instrumentalizam o que ele inventou e desenvolveu.
Presidente, muito obrigado por me permitir falar com o coração e dizer essas coisas que estou sentindo.
Muito obrigado aos senhores. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Viana. Bloco/PODEMOS - MG) - Obrigado ao Ministro José Múcio. E saiba da nossa alegria em tê-lo aqui presente e a sua experiência.
Gostei muito do "passado longo que às vezes esqueço e um futuro curto que preciso aproveitar". Gostei.
Quero, antes de encerrar a sessão, dar os parabéns, mais uma vez, permitam-me, ao Luiz Fernando Faria, autor dessa proposta, todos aqueles que a idealizaram, agradecer ao Presidente desta Casa, Senador Rodrigo Pacheco, um democrata, um republicano, um homem do diálogo, muito preparado e que comanda o Senado Federal durante todos esses anos.
E a Presidência tem a alegria de informar que, conjuntamente à realização desta solenidade, o Congresso Nacional e a Força Aérea Brasileira também inauguram hoje, no Salão Negro, a exposição comemorativa "Pai da Aviação - 150 anos", uma oportunidade de viajar pela vida, pelas obras, pelos valores desta célebre figura que foi o mineiro Santos Dumont. A exposição permanecerá aberta até o dia 30 de julho.
Agradeço ao Senador Izalci Lucas pela presença, à Senadora Damares, aos Srs. Deputados que vieram nos agraciar, a todos os senhores da Aeronáutica, da Marinha, do Exército - muito obrigado pela presença -, também aos assessores, todos os representantes de instituições que compareceram a este Senado Federal.
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Cumprida a finalidade desta sessão solene do Congresso, agradeço a todas as personalidades que nos honraram com suas presenças e as convido para prestigiarem, no Salão Negro, a exposição "Pai da Aviação - 150 anos".
Declaro encerrada a presente sessão.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 10 horas e 48 minutos.)