1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 11 de dezembro de 2023
(segunda-feira)
Às 10 horas
188ª SESSÃO
(Sessão de Debates Temáticos)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC. Fala da Presidência.) - Bom dia, senhoras e senhores.
Declaro aberta esta sessão de debates temáticos para discutirmos o conflito entre Israel e Hamas.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
A presente sessão de debates temáticos foi convocada em atendimento ao Requerimento 1.005, de 2023, de autoria desta Presidência e de outros Senadores, aprovado pelo Plenário do Senado Federal.
A Presidência informa que compõe a mesa desta sessão os seguintes convidados, para discutir o conflito entre Israel e Hamas: o Senador da República, pelo Estado do Paraná, Sergio Moro; o Sr. Embaixador Daniel Zohar, Embaixador de Israel no Brasil; o Sr. Claudio Lottenberg, Presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib); a Sra. Mary Shohat, irmã de Michel Nisenbaum, brasileiro de cidadania israelense mantido refém pelo Hamas em Gaza; e também a Sra. Hen Maluf Nisenbaum, filha de Michel Nisenbaum.
A Presidência informa ao Plenário que serão adotados os seguintes procedimentos para o andamento da sessão: será inicialmente dada a palavra aos convidados, por dez minutos; após, será aberta a fase de interpelação pelos Senadores inscritos, organizados em blocos, dispondo cada Senador de cinco minutos para as suas perguntas.
Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino de Israel e, na sequência, o Hino Nacional brasileiro.
(Procede-se e à execução do Hino de Israel.)
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(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC. Para discursar - Presidente.) - Podemos tomar assento.
Senhoras e senhores, esta sessão de debates temáticos decorre da aprovação do Requerimento 1.005, como já dito, e também vale ressaltar que assinaram o requerimento os Senadores Magno Malta, Izalci Lucas, Flávio Bolsonaro, Angelo Coronel, Sergio Moro - aqui, à minha direita -, Eduardo Girão, Alan Rick, Rogerio Marinho, Marcos Pontes, Zequinha Marinho, Mecias de Jesus, Carlos Viana, Plínio Valério, Hamilton Mourão, Marcio Bittar, Jaime Bagattoli, Cleitinho, Luis Carlos Heinze, Marcos Rogério, Lucas Barreto, Wilder Morais, Oriovisto Guimarães, Wellington Fagundes, bem como as Senadoras Damares Alves, Soraya Thronicke e Margareth Buzetti.
O dia 7 de outubro de 2023 entra para a história do povo de Israel, assim como o 11 de setembro de 2001 entrou para a história dos americanos. De fato, o 7 de outubro de 2023 entrou para o calendário judeu como o dia mais horrível, obscuro e inaceitável, conforme apontamos na justificação do nosso requerimento.
As imagens dos parapentes dos terroristas descendo aos arredores do Festival de Música Supernova, onde 364 civis, majoritariamente jovens, foram brutalmente assassinados e muitos outros ficaram feridos, nunca mais deixarão a nossa memória.
Na sequência pavorosa das ações terroristas perpetradas pelo Hamas naquele dia, vimos kibutzim invadidos e seus moradores impiedosamente massacrados: idosos, mulheres, crianças, jovens e até bebês perderam suas vidas numa ação brutal, cruel e, acima de tudo, covarde desse grupo terrorista.
O saldo daquele dia apontou mais de 1,4 mil irmãos israelenses mortos e mais de 200 levados prisioneiros - entre esses, cerca de 30 crianças, algumas com menos de um ano de idade.
Esse foi o triste início das atividades que viriam a culminar no ponto em que estamos hoje, quando Israel invadiu a Faixa de Gaza numa ação militar, em que já morreram mais de 18 mil pessoas, infelizmente. Esse total de vítimas inclui 61 jornalistas, mais de 100 funcionários da ONU, mais de 17 mil irmãos palestinos, majoritariamente mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Há ainda vítimas fatais da Síria e do Líbano.
Nos termos do requerimento que deu origem a esta sessão de debates temáticos, abro aspas:
É preciso uma ação mais efetiva do Comitê Internacional da Cruz Vermelha [...], no sentido de ter acesso aos reféns e verificar as condições física e emocional de cada um deles.
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Nesse momento crítico, é essencial que a comunidade internacional atue com urgência para buscar uma solução pacífica e duradoura para esse conflito. À medida que os eventos se agravam, é fundamental lembrar que por trás dos números e das manchetes estão vidas humanas, famílias e comunidades inteiras em sofrimento. A busca pela paz na Terra Santa é uma tarefa extremamente complexa, mas é uma tarefa que deve ser enfrentada com determinação e cooperação internacional, incluindo o Brasil.
São palavras, Sras. e Srs. Senadores e todas as autoridades e convidados que hoje nos prestigiam, com as quais estou certíssimo de que todos nós concordamos. Tenho certeza de que os debates que aqui se desenvolverão darão ainda mais luz ao assunto, e dessa forma esperamos terminar o dia de hoje com a identificação de algumas medidas efetivas que ajudem a dar o desfecho a essa sangrenta guerra no Oriente Médio.
Há pouco, eu dei uma entrevista na imprensa. Aqui, esta sessão de debates temáticos tem um objetivo único e exclusivo da questão humanitária que hoje Israel e Palestina sofrem. Não existem posicionamentos políticos, não existem posicionamentos ideológicos, mas, sim, pela vida de milhares de pessoas, milhões de pessoas que estão sofrendo ou perdendo suas vidas nesse confronto sangrento e covarde que o Hamas impetrou contra o Estado de Israel. E eles não fizeram essa incursão contra militares israelenses ou contra alvos militares israelenses. Fizeram com pessoas comuns, famílias, pessoas, crianças, senhoras, idosos, como eu, como você, como a todos que nos assistem agora pela TV Senado.
Então, qual é a mensagem que, ao propor e aprovar esta sessão de debates temáticos, qual é a mensagem que nós queremos dar para Israel, para o Brasil e para todas as nações que aqui se fazem presentes através de seus representantes? O Senado Federal brasileiro está solidário às questões humanitárias de Israel e também dos civis da Palestina que estão sofrendo com todos esses problemas.
Concedo a palavra ao Sr. Embaixador Daniel Zohar, Embaixador de Israel, pelo período de dez minutos.
Sr. Embaixador, a palavra é do senhor.
O SR. DANIEL ZOHAR ZONSHINE (Para exposição de convidado.) - Muito obrigado ao Senador Jorge Seif.
Senador Sergio Moro, Claudio Lottenberg, Mary, Hen e todas pessoas presentes aqui, para iniciarmos a sessão temática acho que a realidade e a verdade também têm valor aqui nesta discussão. Então, vou falar um pouco sobre os fatos desta guerra que temos.
A Faixa de Gaza tem fronteira com o Estado de Israel (cerca de 60km), com o Egito (cerca de 12km) e com a Costa Mediterrânica (cerca de 45km).
Em 2005, Israel retirou-se completamente do território de Gaza.
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Em 2006, a Hamas ganhou as eleições na Faixa de Gaza. Em 2007, 16 anos atrás, assumiu o controle do território. Não houve eleições desde então.
Cerca de 2 milhões de pessoas vivem na faixa de Gaza sob o domínio do Hamas. Uma grande parte dos serviços básicos são prestados por organizações internacionais para refugiados, como a UNRWA (The United Nations Relief and Works Agency), principalmente nos setores de educação e saúde.
Antes do ataque de outubro, cerca de 20 mil habitantes, pessoas da Faixa de Gaza trabalhavam em Israel todos os dias, sendo uma importante fonte de renda para as famílias palestinos. Fato é que o grupo ativista Hamas construiu um sistema de túneis com centenas de quilômetros de extensão nos quais investiu muito recursos financeiros em detrimento de coisas básicas como fortalecimento da economia e ampliação da infraestrutura local.
A Carta do Hamas, que é um documento religioso e político de 1988, fala claramente qual é o seu maior objetivo: destruição do Estado de Israel e extermínio dos israelenses.
Já houve no passado uma série de operações de combates pontuais entre Israel e o Hamas em 2008, 2012, 2014 e outras como já disse.
No dia 7 de outubro, Israel sofreu ataque e o rompimento da cerca entre Israel e Gaza em 20 lugares e vários kibutzim, assentamentos e cidades israelenses sofreram invasões terroristas. Ao mesmo tempo, ocorreram vários lançamentos de foguetes, milhares de lançamentos de foguetes e ataques massivos contra assentamentos civis israelenses. Em números, mais de 1.200 foram mortos e cerca de 240 israelenses foram sequestrados e levados para a Faixa de Gaza. Familiares de alguns desses sequestrados estão aqui conosco hoje.
Foram cometidas diversas atrocidades, tal como estupros de massa, decapitação de crianças e adultos, assassinados de famílias inteiras a tiros, queimadas vivas em suas casas. Crianças, mulheres, homens, adultos ou idosos todos foram alvos dessas atrocidades que figuram como crimes de guerra em larga escala, entre ações legais, desrespeito ao direito humano internacional e diversos crimes.
O Hamas opera a partir do meio da população civil. Ele construiu, como disse, um sistema de túneis dentro do território controlado, uma verdadeira cidade subterrânea, que desemboca em hospitais, mesquitas, em instituições educacionais e creches de crianças. Seus foguetes são disparados de áreas residenciais densamente povoadas e próximas de hospitais, mesquitas e escolas. Israel estará reagindo contra o Hamas e não contra a população palestina, que, infelizmente, encontra-se envolvida nesse conflito.
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O Estado de Israel tenta evitar prejudicar a população civil, mas, tendo em vista o método de operação do Hamas, se faz difícil distinguir população civil e integrantes do grupo terrorista.
Israel opera do alicerce de direito internacional. Os relatórios sobre o número de vítimas divulgados pelo Hamas não são precisos, fato que o Hamas inflaciona os números para prejudicar a imagem do Estado de Israel para o mundo. Um exemplo disso foi o ocorrido do Hospital Al-Ahli, no dia 17 de outubro, que foi atingido por um lançamento de foguete fracassado, foguete que foi para Israel, que acabou por cair no estacionamento do hospital. Foi relatada a morte de 500 pessoas. Contudo, na prática, aparentemente este número foi muito exagerado.
A fonte de força do Hamas está diretamente vinculada aos interesses do Irã. Esse país dá treinamento, equipamentos, financiamento e suporte para grupos terroristas no Oriente Médio, tais como Hezbollah e Houthis do Iêmen. O Catar também financia o grupo terrorista Hamas.
O Hamas declara que continuará tentando destruir Israel. Nenhum país pode suportar tal situação de hostilidade, que é isto, portanto, juntamente com a libertação dos raptados, o objetivo de Israel é que o Hamas não continue a controlar a Faixa de Gaza, principalmente para não pôr Israel e os israelenses em perigo.
Israel irá construir as áreas que foram destruídas e a população afetada será reabilitada, física e psicologicamente. Esta é uma dívida da sociedade israelense para as pessoas.
Enfrentamos esses vários desafios até normalizar a situação em Israel, visto que estamos em guerra por mais de dois meses contra um inimigo cruel e sem escrúpulos.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Registro e agradeço a presença do Senador Marcos Rogério, de Rondônia. Obrigado pela presença do senhor. E também do General Girão, Deputado Federal pelo Rio Grande do Norte. Obrigado pela presença do senhor.
Convido o Senador Sergio Moro para usar a tribuna para seu pronunciamento de cinco minutos. (Pausa.)
O Senador Moro passou a sua vez, deu a prioridade para o Sr. Claudio Lottenberg, Presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), por um período de dez minutos.
Sr. Claudio, a palavra é do senhor.
O SR. CLAUDIO LOTTENBERG (Para exposição de convidado.) - Senador Jorge Seif, a quem eu, em nome da comunidade judaica do Brasil, agradeço e muito pela sua oportuna sensibilidade em relação ao momento em que nós, judeus de todo o mundo, ultrapassamos. Meu prezado Senador Sergio Moro, amigo de tantos anos; Embaixador de Israel, Daniel Zohar Zonshine, e neste momento, até numa quebra de protocolo; Sra. Mary Shohat; Sra. Hen Nisenbaum, a quem eu estendo a minha plena e total solidariedade, vamos manter as esperanças. Nós não estamos somente torcendo, nós estamos vivendo cada um dos momentos de seus familiares como se fossem nossos familiares, e nós não vamos nos acalmar ou sossegar enquanto os reféns não forem devolvidos às suas condições de vida.
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Bom dia a todos. Quero agradecer ao Senador Jorge Seif pelo convite para estarmos aqui nesta importante tribuna, que é o Senado Federal do Brasil. Agradeço também ao Embaixador Daniel Zohar Zonshine, ao Cônsul Rafael Heidrich, que foram incansáveis para que este momento pudesse acontecer. Agradeço imensamente aos familiares dos reféns que seguem em poder dessa organização terrorista, que é o Hamas, por mais esse exemplo de força, resiliência e coragem. Agradeço, senhores familiares, pelo amor de vocês, pois só o amor é que nos dá força. O amor que, como brasileiros, conhecemos como poucos; o amor que se contrapõe ao ódio; o amor que alimenta a esperança e que não mais do que meritório se opõe ao discurso de ódio.
Mas quero iniciar fazendo uma retrospectiva. O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto foi designado pela Assembleia Geral da ONU em 1º de novembro de 2005. A data escolhida, 27 de janeiro, marca a libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau pelas forças aliadas em 1945. Esse dia visa lembrar as vítimas do Holocausto e prevenir a repetição de tais atrocidades, promovendo a educação sobre a história do Holocausto e os princípios dos respeitos aos seres humanos.
Pois saibam, o Brasil, liderado naquela época já pelo Presidente Lula, teve um papel central nesta criação. E eu me encontrava, quando isso foi formalizado, aqui mesmo em Brasília. Fomos nós, brasileiros, os primeiros signatários desta iniciativa.
Aliás, o Brasil se caracteriza por ser palco das convergências, polo de entendimento entre os diferentes e um sinônimo de compromisso com a paz.
Afirmo, Sr. Presidente, que o discurso de ódio, preconceito, discriminação, agressão a minorias não é parte de manual de conduta do povo brasileiro. Em nosso Brasil convivem todas as etnias, pessoas das mais diferentes origens. Somos a pátria que nasceu da integração entre um povo nativo, os índios, e gerações de gerações de imigrantes que sempre se relacionaram aqui no nosso Brasil e muito bem.
Entretanto, não poderia imaginar que viveria eu para presenciar mais uma data para não ser esquecida, o dia 7 de outubro de 2023, o dia que marca o calendário da humanidade de forma singular, pois, após o Holocausto, foi este o dia do pior, do maior e mais bárbaro ataque contra o povo judeu já ocorrido. O grupo terrorista Hamas invade Israel e massacra barbaramente 1,4 mil inocentes civis de várias nacionalidades, incluindo brasileiros, torturando, matando e sequestrando, com especial crueldade. Bebês, crianças, mulheres e idosos, ninguém - ninguém - foi poupado. Pais foram torturados diante de filhos antes de serem mortos e vice-versa. Pessoas foram queimadas vivas, mulheres estupradas e mutiladas antes de serem mortas. Muitos ainda estão sequestrados, infelizmente. Foi o pior e mais bárbaro ataque contra o povo judeu desde o Holocausto, conforme dizia anteriormente. Mas aí surge o inesperado ou, então, meus amigos, o esperado. Fatos se apagam e o discurso de ódio começa a emergir. Reféns são esquecidos, Senador, e o quadro fratricida simplesmente subtraído. Falas ou citações equivocadas, distorções da realidade, observações unilaterais. E o relato e o retrato estão aí: o número de denúncias de atos e manifestações antissemitas aumentou em 1.000%, comparando-se os períodos entre 2022 e 2023.
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Pior, o perigo não está só no discurso de ódio. Aqui, em nosso Brasil, indivíduos foram presos em razão do possível planejamento de um atentado terrorista contra instituições e contra a liderança judaica.
Preocupo-me, Senadores, preocupo-me como judeu, preocupo-me com brasileiros contra instituições e contra a liderança judaica, preocupo-me também como um cidadão do mundo.
E hoje estamos aqui para tomar, graças à sua iniciativa, Senador, uma posição clara, não apenas com palavras para agradar a um público consternado, mas com verdadeira compreensão e crença como o mundo de fato espera de nós.
Acredito que, como líderes de instituições, temos a responsabilidade e a obrigação de usar nossas plataformas privilegiadas para ajustar a bússola moral de nossa sociedade, orientando os nossos liderados a distinguir o certo do errado e a se levantar pelo que é certo. A condição respeitada de nossas instituições, os efeitos em cascata de nossas palavras e as implicações para a sociedade não podem e não devem ser subestimadas.
Numa nota final, Israel está em guerra, de fato, Embaixador, contra uma organização terrorista e cruel, e o país está vivendo o momento, talvez, de maior dificuldade de sua história.
Um brasileiro ainda é mantido como refém pelo Hamas, a quem foi negada a visita da Cruz Vermelha. E ele nos importa como quase duas centenas de reféns de outras nacionalidades ainda ali mantidos.
O mundo não quer conviver com o terrorismo, mal que afeta hoje a pátria judaica, mas pode, como já aconteceu, se espalhar globalmente.
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Um país como o Brasil, Senador Moro, por sua presença em vários fóruns de debate internacionais, possui importância no cenário econômico e é referência, principalmente por sua história de boa convivência, como já mencionei. Temos todas as condições para inspirar o mundo e participar de maneira determinada em processos que construam paz e aproximem os diferentes. Entretanto, cabe nesse protagonismo a responsabilidade do discurso equilibrado, da capacidade de entendimento do todo e do pano de fundo e, mais, do sério e grave problema que representa uma organização terrorista e suas ramificações junto a regimes absolutistas.
Vale lembrar que o Hamas é uma derivada da Irmandade Muçulmana, grupo sectário nascido no Egito no início do século XX, que já gerou o ISIS e o Al-Qaeda, entre outros. Defender, justificar ou relativizar as atrocidades do Hamas não é apenas prejudicial à causa palestina, mas também uma afronta aos valores fundamentais.
A leitura do todo é o que nos preocupa. Enquanto houver sequestrados, enquanto houver protagonismo do terrorismo, o mundo não pode fechar os olhos ressignificando dados de um passado recente.
Sabemos muito bem que não é desejo de ninguém importar esse conflito, mas também não podemos deixar de participar do debate. As responsabilidades dos cidadãos transpõem fronteiras estabelecidas no mundo geopolítico, mas, para essa participação, é necessário ter a clareza de que Israel se defende, de que reféns devem ser libertados e de que o terrorismo deve ser eliminado. Isso não é importante somente dentro do contexto do Oriente Médio, isso é importante no contexto do mundo civilizado e da boa geopolítica.
Importante lembrar aqui o que prega o Hamas, como disse o Embaixador: a aniquilação de Israel e morte aos judeus em todo o mundo; jihad, guerra santa; regime de extremismo religioso restringindo liberdades e direitos; utilização de recursos para a compra de armas e ataques em vez de cuidar dos civis; bases militares instaladas propositadamente em hospitais, escolas e mesquitas; uso da população civil como escudo humano. Com o Hamas não há negociação e muito menos paz.
A história nos ensina que a desconstrução não é um fenômeno isolado e inacabado. O Holocausto e o horror dos campos de concentração são lembranças imprescindíveis para que algo do gênero jamais ocorra novamente. E este é o momento de defendermos o "jamais novamente". É agora, quando o antissemitismo vem envolto em negacionismo e atos de ódio que ignoram o direito à convivência pacífica.
Neste momento crítico para israelenses e palestinos, é fundamental reconhecer que a verdade está em jogo e que a história está sendo escrita em um palco onde a tecnologia, a comunicação e a condição humana se entrelaçam em uma narrativa sem precedentes. O combate à desinformação, ao antissemitismo e ao extremismo é um esforço coletivo.
E ações como a sua, Senador, que exige a participação e a convocação ativa de todos, chamando aqui membros do Senado, jornalistas, agências de verificação de fatos, plataformas, nos ajudam e ajudam muito, porque a desinformação e o discurso de ódio são ameaças que não apenas distorcem a realidade como colocam vidas em perigo igualmente e, em uma guerra em andamento, como é a de Israel contra o grupo terrorista Hamas, elas podem ainda ser mais letais. Uma mentira organizada e generalizada, ainda que seja incapaz de substituir a verdade e produzir uma nova, tem a força de destruir a verdade factual, talvez de maneira irrecuperável, como já diria Hannah Arendt, em 1967.
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A comunidade judaica e todos nós aqui presentes estamos unidos e mobilizados como nunca estivemos, cada um fazendo o que pode fazer contra o terrorismo e contra o antissemitismo. E o fazemos porque essa batalha não é nossa, não é só dos judeus, não é só de Israel tampouco. Ela é o retrato da luta do bem contra o mal.
A liderança comunitária é um trabalho coletivo e o que nos anima é ver mobilização e apoio de todos nessa hora. É, por isso, Sr. Senador, que nós da liderança judaica agradecemos muito a todos vocês pelo apoio, pela mobilização, pelo esforço neste momento fundamental da história judaica.
O povo judeu já resistiu a piores catástrofes e resistirá e sairá ainda mais forte. Nós unidos jamais seremos vencidos. Nós unidos somos capazes de realizar milagres. E essa é a nossa história, esse é o nosso segredo. Os dados, a história, a ética, os direitos são muito claros, não preciso eu repeti-los.
Senadores, só o preconceito explica como a mentira consegue sufocar a verdade, mas nós estamos juntos a bem da verdade, da legitimidade, na luta do bem contra o mal.
Am Yisrael Chai. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Senhoras e senhores, registro a presença do Deputado Federal pelo Estado do Rio Grande do Sul Marcel van Hattem, agradecendo a sua honrosa presença.
Quero também fazer menção a algumas autoridades que se somam a nós em solidariedade ao Estado de Israel e às vítimas dos dois lados: Sr. Embaixador do Chipre, Vasilios Philippou, muito obrigado; Embaixador do Equador, Sr. Carlos Alberto Velástegui Calero, muito obrigado; Sra. Embaixadora da Espanha, María del Mar Fernández-Palacios, muito obrigado; Sr. Embaixador da Grécia, Ioannis Tzovas, muito obrigado; Sr. Embaixador da Hungria, Sr. Miklós Tamás Halmai, muito obrigado; Embaixadora de Luxemburgo, Sra. Béatrice Kirsch, muito obrigado.
Também agradeço aos membros do corpo diplomático dos países e seus adidos: Índia, Paraguai e Argentina.
Também agradeço a honra de ter conosco o ex-Embaixador do Brasil em Israel nosso General do Exército Gerson Menandro. Muito obrigado, Embaixador. Seja muito bem-vindo ao Senado Federal!
Concedo a palavra à Sra. Mary Shohat, irmã de Michel Nisenbaum, brasileiro de cidadania israelense mantido refém pelo Hamas, em Gaza.
A senhora tem dez minutos.
Muito obrigado.
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A SRA. MARY SHOHAT (Para exposição de convidado.) - Obrigada. Shalom!
Em primeiro lugar, eu quero pedir desculpas, porque é a primeira vez que tenho que falar sobre coisas muito pessoais na frente de tanta gente.
Meu nome é Mary Shohat. Eu tenho 66 anos, sou divorciada, trabalho como enfermeira, moro em Beersheba, tenho três filhos e sete netos. Temos também a nossa mãe, que mora na mesma cidade. Ela tem 87 anos e é uma pessoa bastante doente.
Eu queria contar a todos vocês algumas coisinhas sobre o meu irmão, Michel Nisenbaum, que foi raptado no dia 7 de outubro. Ele tem 59 anos, é divorciado, tem duas filhas casadas, cinco netos e o sexto tem que nascer nesses próximos dias. Ele mora em Sderot, é técnico em computação e recentemente terminou um curso de guia de turismo, mas não teve a oportunidade de fazer a prova final para tirar o diploma. O meu irmão ajuda todo mundo, mesmo que seja uma pessoa que ele não conhece. Ele tem adoração pelas filhas, netos, mãe. Nós ajudamos muito a mãe. Além de acompanhá-la em todos os médicos de que ela precisa, várias vezes saímos os três juntos para tomar um café ou para comer num restaurante de que tanto eu como a nossa mãe gostamos muito.
O Michel gosta muito de fazer bobagens, apesar de ter 59 anos, como, por exemplo, dar de presentes de aniversário para os meus netos - e que presentes - tudo que faça barulho, como uma bateria completa, um microfone com que dá para escutar música e também cantar. Tudo é bem calculado com o propósito de deixar os pais das crianças loucos. Quando ele vem visitar os meus filhos, que têm cachorros, ele corre atrás dos cachorros, que ficam loucos e depois sentam meio mortos, por toda a corrida que ele fez com eles; puxa as orelhas deles, puxa o rabo deles!
Eu me sinto como uma segunda mãe dele, porque, quando ele era bebê, eu cuidei dele. Nós saíamos a passear juntos. Eu creio que isso é uma parte que influi muito para que nós sejamos irmãos muito unidos. Eu cheguei ao país de Israel quando eu tinha 17 anos. Um ano depois, eu voltei para Israel... Desculpe, eu voltei para o Brasil e assinei para ser a guardiã do Michel. Ele tinha 12 anos e começou a andar com crianças delinquentes. Quando eu era jovem, eu pude ajudar o meu irmão; agora, eu já não sou tão jovem mais e eu preciso da ajuda de todos que possam nos ajudar.
No mesmo dia fatídico, dia 07/10, a filha dele, que mora em Ashkelon, o chamou de manhã e pediu para ele buscar a neta dele que estava na base militar junto com o pai, durante o fim de semana - porque isto é muito comum em Israel: que os familiares soldados possam trazer, durante o fim de semana, as suas famílias. Sem pensar duas vezes, subiu no carro e saiu. A filha tentou telefonar várias vezes, e ele não respondeu. E, sim, quem respondeu ao telefone foram os terroristas, que gritaram com ela em árabe.
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Desde esse minuto, as nossas vidas mudaram 180 graus. Nós estamos com uma dor na nossa alma. O nosso coração está pingando sangue. Eu não tenho palavras para poder explicar o que está se passando com toda a nossa família. A nossa mãe, em todo tempo, chora, e ninguém tem palavras para poder consolá-la.
De uma família completa, passamos a ser uma família menos um, e este um é muito importante. Ele é meu irmão Michel. Ninguém nos dá... Não podemos voltar à vida que tínhamos antes. E, assim, até agora, estamos vivendo dentro de um pesadelo, e eu gostaria de acordar bem e feliz desse mesmo pesadelo. Temos a vida antes e depois do dia 7 de outubro.
O Michel é uma pessoa doente. Ele tem diabetes e tem enfermidade de Crohn. Não sabemos se ele está bem de saúde. Temos certeza de que ele não está tomando os remédios de que necessita, e, ainda com mais o estresse que ele deve estar passando, imagino que os ataques que ele tem de dores de estômago são insuportáveis.
A Cruz Vermelha não chegou até as pessoas que estão raptadas pelo Hamas. Assim, a maior parte dos familiares não sabem como estão seus seres queridos, desde um bebê que vai completar agora 11 meses até mesmo o ancião que tem 85 anos.
Sobre o meu irmão, as únicas coisas que nós sabemos é que parece que chegou perto do kibutz Mefalsim na mesma manhã da tormenta e que desapareceu como se a terra o tivesse comido. E nos avisaram que encontraram um notebook dele em Gaza. E ele onde está? Está ferido? Está vivo? Está morto? Ele está realmente na Faixa de Gaza?
Encontraram o carro dele todo queimado. Só souberam que o carro era dele pelo número do chassi.
Soubemos que encontraram o telefone dele perto do carro. O técnico do Exército conseguiu entrar em contato com o telefone e escutar o que tinha na conversa. O Michel telefonou para a polícia para pedir ajuda, porque, no local aonde ele chegou, tinha muitos terroristas atirando em todos os lados. Isso foi mais ou menos às 7h01min. E também escutaram que ele falou com um homem que disse para ele que ele não podia continuar viajando com o carro dele, porque o carro dele estava todo baleado. Então, o meu irmão disse para ele: "Corre para o campo, vai se esconder, para que eles não o encontrem". Essa pessoa está viva, ela voltou para casa.
O aviso que recebemos das autoridades é que o meu irmão provavelmente está sequestrado. Que garantia temos, na família, que isso é certo?
Eu gostaria de pedir, por todas as famílias, a todos os presentes aqui, nesse horário, que, por favor, usem todas as suas relações internacionais para trazer de volta o meu irmão e os outros parentes que estão raptados das outras famílias.
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São 137 famílias que estamos sofrendo muito já faz dois meses. Cada dia que passa, não peço mil desculpas a cada um, mas, cada segundo que eles estão nas mãos dos terroristas, eles podem volver em pessoas mortas.
O Michel ainda tem que comprar muitos brinquedos que fazem muito barulho, e temos certeza de que ninguém mais vai ficar bravo com ele.
Quero agradecer a todos pela ajuda e por escutarem o que nós temos para falar e explicar do mesmo dia.
Queria agradecer aos embaixadores que nos estão ajudando; ao Presidente Senhor Lula, com quem tive uma conferência no Zoom; à Conib e ao Itamaraty.
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Registro que os Senadores Eduardo Girão, Damares Alves e Magno Malta estão fora do Senado Federal e estão buscando vir também para prestigiar esta sessão.
Concedo a palavra à Sra. Hen Maluf Nisenbaum, filha de Michel Nisenbaum, para seu pronunciamento, por dez minutos.
A palavra é da senhora. (Pausa.)
A SRA. HEN MALUF (Para exposição de convidado.) -
(Pronunciamento em língua estrangeira, aguardando posterior tradução.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Senhoras e senhores, existe um exercício cristão, que é o exercício da empatia, quando nós nos colocamos do lugar das pessoas para julgar e para sentir. Depoimentos como esse nos mostram o quanto é importante que o Senado Federal brasileiro, que as autoridades brasileiras - Itamaraty, Presidente da República e esta Casa - empenhem todos os esforços para ajudar no fim dessa guerra e no retorno desses reféns do grupo terrorista Hamas.
Eu convido o Senador Sergio Moro, por cinco minutos, para fazer uso da palavra.
Registro a presença do Líder do Governo, o Senador Jaques Wagner, prestigiando esta sessão em homenagem a Israel.
O SR. SERGIO MORO (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR. Para discursar.) - Bom dia a todos.
Eu quero aqui cumprimentar o Senador Jorge Seif e felicitá-lo por essa iniciativa extremamente oportuna neste momento. Quero cumprimentar todos os pares, Senadores, que acompanham este evento; um cumprimento especial ao Embaixador Daniel Zohar e ao Presidente da Conib do Brasil, Dr. Claudio Lottenberg, e registro aqui toda a minha solidariedade à Sra. Mary Shohat e à Sra. Hen Nisenbaum. Todos nós ficamos tocados ao ouvir o relato, e nossas orações, de todo o Brasil, se dirigem à situação dos reféns lá capturados pelo Hamas.
Entendo que nós temos que tratar essa questão com uma clareza moral. Esses ataques do dia 7 de outubro foram ataques terroristas perpetrados por uma gangue de terroristas, que é o Hamas. Não existe nenhuma justificativa ou contexto possível que possa justificar ataques à população civil, ainda mais com o elevado grau de atrocidade e brutalidade de que todos nós tomamos conhecimento.
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Temos que ter também a clareza moral de que Israel tem o direito de se defender e de buscar recuperar esses reféns e que é também um objetivo legítimo de Israel destruir esse grupo terrorista. Não se fazem acordos com terroristas. Seria equivalente a imaginar, lá atrás, que a comunidade internacional deveria demandar um acordo entre os Estados Unidos e a Al Qaeda. Inimaginável.
Temos também que ter presente que, enquanto não houver a rendição desse grupo, a recuperação dos reféns e a destruição do Hamas, as ações são justificáveis dentro ali da Faixa de Gaza.
É claro que essas ações têm que seguir as regras do engajamento internacional e evitar, tanto quanto possível, qualquer dano à população civil. Nós não podemos transferir a responsabilidade desse grupo terrorista para a população palestina. Em verdade, também sofre ela o jugo da tirania e de um governo sem legitimidade feito por uma gangue de terroristas na Faixa de Gaza.
O que nós temos que ter presente também, como clareza moral, é uma visão realista do papel do Brasil nesse conflito.
O Brasil é um grande país. Todos nós amamos o Brasil e sabemos da sua potencialidade, mas o Brasil não tem uma presença estratégica no Oriente Médio que possa torná-lo um grande player no desdobramento do conflito. Claro que, se o Brasil puder contribuir de alguma maneira, para alcançar um resultado positivo, com a volta dos reféns, com o fim do terrorismo e com a consolidação na paz da região, ótimo. Mas, pelo distanciamento geográfico, por uma série de questões, eu sempre entendi que o Brasil, apesar de ser esse grande país, não tinha um papel relevante nesse conflito no Oriente Médio.
Agora, existe algo que o Brasil pode fazer, que cada um de nós pode fazer, que é não dar azo a esse discurso de ódio, a essa onda de antissemitismo que foi originada por esses ataques do Hamas no dia 7 de outubro. Nada mais surpreendente do que a tentativa feita por alguns de relativizar aqueles ataques, de exagerar as responsabilidades de Israel ao se defender.
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E nós temos visto algo estranho. Nós temos um consenso de como é negativo no mundo o discurso do ódio, o discurso da raiva, mas, surpreendentemente, temos visto até, Embaixador, quem justifique discurso de ódio desde que dirigido a Israel ou à sua população, sendo que a nossa maior responsabilidade nesse conflito - nós, que estamos distantes dele - é frear essa onda de antissemitismo injustificável que decorre desses atentados em 7 de outubro. Ao contrário, o que esses ataques de 7 de outubro devem gerar - e é muito fácil gerar isso, é muito fácil ter essa consequência - é uma onda de solidariedade, de compaixão, uma onda de denunciar aquilo que, com clareza moral, é absolutamente errado.
Por isso é importante - e aqui foi muito próprio para este evento - nós termos tido a oportunidade de ouvir dois parentes de um dos reféns do grupo Hamas. Não existe nenhuma justificativa possível para ainda serem mantidos esses reféns pelo grupo terrorista. E, aliás, esse tipo de comportamento, embora já soubéssemos disso com clareza, apenas confirma aquilo que todos nós já sabemos, que não se trata aqui de uma guerra entre dois Estados, não se trata de uma guerra entre Israel e o Estado Palestino, não se trata de uma guerra entre Israel e o povo palestino; trata-se, sim, de uma guerra, se é que a palavra apropriada é essa, contra um grupo terrorista, contra o Hamas, que não tem legitimidade, uma gangue de terroristas cruel.
Agora, eles não vão vencer. Eu tenho certeza de que - infelizmente, com sacrifícios - Israel vai prevalecer militarmente. Espero que consiga recuperar o maior número de reféns, espero que consiga também vencer esse desafio com o menor dano possível para a população da Palestina e espero, Embaixador, que haja uma possibilidade de, depois de esse conflito se encerrar, que se construam as bases para uma paz duradoura no Oriente Médio.
Agora, mesmo distante do local de guerra, mesmo não fazendo parte da população judaica, é nossa missão, seja judeu, seja gentio, seja de qualquer outra origem, não deixar prevalecer a onda de antissemitismo no mundo, porque, isso sim, seria a grande vitória do Hamas, e a nossa responsabilidade é não deixar isso acontecer. Ainda mais no Brasil, conhecido por sua tradição de generosidade com todos os povos.
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Nós temos aqui uma relevante comunidade judaica que sempre conviveu bem aqui no país. São brasileiros, como todos aqueles outros imigrantes que vieram das mais variadas origens, sem qualquer distinção, e, pelo menos até onde vai o meu conhecimento, sem que nós tenhamos aqui registros de graves casos de preconceito, pelo menos envolvendo violência física.
Temos também uma comunidade árabe relevante, que também trouxe para o Brasil toda a sua riqueza cultural. Uma comunidade, assim como outros imigrantes também, totalmente assimilada ao Brasil - brasileiros, todos nós, com orgulho ainda de ser brasileiros -, e sem também que tenhamos registro de graves episódios de violência entre essas comunidades.
O pior que pode acontecer - e aí, sim, nós poderíamos dizer que o Hamas teria vencido, mesmo perdendo militarmente - é que o que aconteceu no Oriente Médio envenenasse nossos corações e mentes. Daí porque é importante nós fazermos eventos como este, Senador Seif, para destacar onde que o Brasil e onde que os brasileiros se colocam nesse episódio. E nós temos que ter aquela clareza moral de fazer uma linha distintiva, de apontar que aqueles atentados terroristas do 7 de outubro não vão prevalecer, que aqueles crimes vão ser punidos e os inocentes vão ser preservados, mas que, acima de tudo, nós não vamos deixar o Hamas vencer e envenenar nossos corações e mentes com o antissemitismo.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Convido para usar a tribuna e fazer seu pronunciamento o Senador da Bahia Jaques Wagner.
O SR. JAQUES WAGNER (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - BA. Para discursar.) - Bom dia a todas e todos.
Quero cumprimentar o Senador Jorge Seif pela iniciativa, cumprimentar também o Senador Sergio Moro e outros Senadores que estejam também aqui no Plenário, e Deputados Federais e Estaduais. Quero cumprimentar o nosso Embaixador de Israel no Brasil, cumprimentar o nosso Presidente da Conib, Claudio Lothenberg, e cumprimentar a irmã e a filha de Michel Nisenbaum, que é o brasileiro de cidadania israelense que ainda está entre os 138 reféns que estão sob o controle do grupo Hamas.
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Eu quero dizer, em primeiro lugar, como judeu, que entendo absolutamente o sentimento de cada um dos nossos da comunidade. Não foram poucas as perseguições ao nosso povo ao longo da história, desde escravos do Egito - era uma forma de perseguição - até o horror do Holocausto da Segunda Guerra Mundial. E por isso todo ano nós fazemos no Brasil, no mundo, em Israel, apesar de que em Israel é numa data diferente daquela que foi escolhida pela ONU como de solidariedade aos mortos no Holocausto, que é em janeiro... Israel eu sei que faz no Dia do Levante do Gueto de Varsóvia, que também, mais do que razoável, é homenagem ao heroísmo daqueles que conseguiram resistir e finalmente sair daquele horror, como tantos outros horrores nos campos de concentração.
Eu quero dizer que a primeira preocupação minha, pessoal, e do Governo brasileiro, incluindo o Presidente da República, desde o primeiro momento, quando um ato covarde ceifou a vida de jovens, idosos, crianças inocentes em Israel, a nossa maior preocupação sempre foi, primeiro, trazer aqueles que assim desejassem de volta ao Brasil, aqueles que têm cidadania brasileira e que vivem com cidadania ou sem cidadania israelense. E tivemos a mesma atitude em relação àqueles palestinos de origem brasileira que também queriam deixar a região. Trouxemos de Israel mais de mil brasileiros que manifestaram interesse de regressar. Alguns já estão regressando de volta a Israel, mas naquele momento muita gente insegura preferiu sair. Ontem, por acaso, chegaram mais 44 brasileiros que estavam na Faixa de Gaza, que, junto com os outros 32 que tinham vindo, totalizaram aproximadamente 80 que retornaram.
Além disso a preocupação do Brasil e da nossa diplomacia evidentemente sempre foi e continuará sendo a busca da paz. É a tentativa que fazemos na invasão da Ucrânia, na guerra Ucrânia-Rússia, como foi e como é a nossa preocupação de buscar a paz possível entre judeus, israelenses e palestinos.
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Eu, pessoalmente, considero que qualquer ato terrorista, qualquer grupo terrorista tem na sua essência a covardia, porque ceifam vidas de pessoas inocentes, que não têm nenhuma responsabilidade sobre essa ou aquela política, sobre esse ou aquele conflito, e que, portanto, não têm por que pagar por esse conflito. Nas guerras, morrem militares das duas partes em conflito. É ruim? É, mas é talvez o esperado, à medida que, infelizmente, toda vez que a barbárie ganha da civilização e se instala uma guerra, na minha opinião, é a barbárie vencendo a civilização, somos nós humanos que não conseguimos, numa mesa de negociação, resolver os nossos conflitos e vamos para algo que tem começo e não se sabe o fim que terá.
Estamos perto de 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial e, para minha tristeza, para nossa tristeza, vejo o mundo trilhando um caminho da bipolarização, do fanatismo, da obsessão, e não do debate de ideias. Isso acontece em várias partes do mundo, e eu prefiro não nominar.
Hoje, a preocupação brasileira, como eu já disse, é resgatar os reféns, não só os que têm cidadania brasileira - eu sei que aqui nós temos familiares de reféns de origem argentina. Aliás, muitos saíram de Israel trazidos também pela Força Aérea Brasileira nesse ato que o Governo brasileiro se dispôs a fazer. Quero comunicar, inclusive, porque me foi pedido, que eu acabo de vir, por isso cheguei atrasado, da sala do Senhor Presidente da República, que está se dispondo a receber a irmã e a filha do sequestrado, do refém em Israel para tanto ser uma palavra de conforto, se é que é possível, como também para garantir que a diplomacia brasileira e o próprio Presidente estão empenhados em achar um caminho da liberação de todos os reféns. Evidentemente, sempre na cabeça da lista está aquele que tem cidadania brasileira. Então, queria... (Palmas.)
Eu estive ao lado do Presidente quando ele, por via de uma reunião virtual, se reuniu com vários israelenses parentes de reféns, logo depois do sequestro, logo depois do 8 de outubro. Fizemos essa reunião com várias pessoas em Israel. Depois fizemos o mesmo com familiares não de reféns, mas com familiares de brasileiros ou brasileiras que estavam em Gaza e, portanto, também sob risco.
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A única coisa que eu faço questão de dizer, respeitando os que pensam diferente, é que, como foi dito aqui pelo Senador Sergio Moro, qualquer ato terrorista ou grupo terrorista eu já disse que ele é covarde e digno realmente de ser eliminado... (Palmas.)
Porque não é possível que atos envolvam inocentes e tirem a vida de inocentes - seja o 11 de setembro nos Estados Unidos, a barbárie que ceifou a vida de mil e tantos americanos e de outras origens que lá estavam... Mas todo ato terrorista é, como eu já disse, covarde e, portanto, ele deve ser condenado por todos aqueles que são amantes da paz e defensores dos direitos humanos. As pessoas inocentes não podem pagar com suas vidas por qualquer política, seja condenável ou não. Mas, na política, se disputa na política e não matando inocentes para fazer deles...
A única coisa que eu dizia, que eu quero reafirmar, é que nós não podemos confundir os palestinos com o Hamas. (Palmas.)
Entre os palestinos, nós às vezes temos o hábito de generalizar. Os palestinos não são o Hamas, os palestinos também querem paz, são pais e mães de família que também sofrem com a perda dos seus familiares e que têm o direito de viver em paz e conviver com o Estado de Israel, o que pelo menos é o meu sonho, afinal de contas todos somos filhos de Abraão, todos temos a mesma origem, todos somos monoteístas e, portanto, Jerusalém é um símbolo para toda a humanidade como berço das grandes religiões monoteístas do mundo.
Então, a única coisa que eu peço, por mais que eu entenda o sentimento individual de cada familiar que perdeu um parente ou de cada familiar que luta para rever o seu parente, que nós não devemos dirigir essa nossa condenação - para não falar a palavra "ódio" - para o conjunto do povo palestino, que também não está gostando do que está vendo e que também quer trabalhar, prosperar e ter sua vida. Assim como nós não podemos admitir o que alguns tentam - e infelizmente estão tendo o êxito -: direcionar eventuais críticas à política externa do Governo de Israel e transformar isso em antissemitismo, disseminado pelo mundo todo.
E a mim, pessoalmente, não precisam contar, porque por acaso eu tenho a filha mais velha vivendo nos Estados Unidos com o marido, a neta e o neto. E a neta, junto com uma amiga judia, quando vai entrar na escola, ela tem 15 anos, tira a Magen David e bota na bolsa. E o banheiro da escola dela, segundo ela me contou, está todo pintado de suástica. Eu já pedi à minha filha para reclamar com a direção da escola que tem que, tantas vezes quanto necessário, mandar apagar o símbolo daquela que foi a maior barbárie contra o ser humano, que foi o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial. (Palmas.)
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Então, esse sentimento que nós sentimos por alguns, equivocadamente, transformarem a crítica, a condenação, a política externa do Governo de Israel, transformá-la em antissemitismo, porque também tem judeus vivendo em Israel que não concordam com a política atual do Governo de Israel, mas são as eleições que definem quem vai comandar, quem vai ser o nosso primeiro-ministro, quem vai ser o nosso presidente.
Então, é só o pedido que eu faço, porque às vezes em nós acaba transbordando e contaminando. E eu acho que a gente transferir a culpa e a condenação para o conjunto do povo palestino, na minha opinião, é um equívoco semelhante àqueles que querem transformar em antissemitismo a eventual crítica ao Governo de Israel.
Que Deus nos dê a paz que merecemos e vamos continuar lutando, em primeiro lugar, para que todos os reféns, inclusive o Michel, possam estar de volta em sua casa com seus familiares e com seus amigos.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Obrigado, Senador Jaques Wagner. Obrigado pela presença do senhor, por suas palavras.
Convido o Senador Marcos Rogério, de Rondônia, para utilizar a tribuna para as suas manifestações.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Para discursar.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, quero saudar, com muita alegria, os que compõem a mesa, além do Presidente Senador Jorge Seif, a quem saúdo conjuntamente com o Senador Sergio Moro pela iniciativa desta importante sessão de debates destinada a discutir o conflito entre Israel e o Hamas.
Saúdo com muita alegria o Embaixador de Israel, o Embaixador Daniel Zohar, também o Presidente da Confederação Israelita do Brasil, o Sr. Claudio Lottenberg, a Sra. Mary e a Sra. Hen, que fizeram uso da palavra aqui e que nos emocionaram com suas falas.
Também cumprimento o Senador Jaques Wagner, que compõe a mesa neste momento.
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Senhoras e senhores, o Brasil é um país amigo de Israel. Nós nos unimos à dor e, sobretudo, na busca de resgatar aqueles que ainda permanecem sequestrados. Não relativizamos o que aconteceu no dia 7 de outubro, um ataque terrorista brutal, inaceitável e de consequências que vão além das fronteiras de Israel. Os conflitos ora vistos entre o Hamas e Israel vão muito além de uma disputa por território, fazem parte de uma política de extermínio dos judeus que remonta a milênios. O que os grupos terroristas querem - Hamas, Jihad Islâmica e Hezbollah e os demais inimigos do povo judeu - é varrer Israel do mapa.
A primeira grande tentativa de extermínio dos judeus foi vista na Pérsia, ainda no século V a.C. com o decreto do Rei Xerxes, que permitia a matança dos judeus de todas as províncias do império. Nos séculos seguintes, os judeus seriam vítimas de inúmeros ataques. Jerusalém foi invadida e sitiada diversas vezes, culminando com sua destruição no ano 70 da Era Cristã. Na Idade Média, os judeus foram vítimas de muitas perseguições e conspirações, como a acusação de terem sido os responsáveis pela peste negra, a Inquisição Espanhola e as implacáveis perseguições religiosas por toda a Europa Ocidental e o Leste Europeu.
O antissemitismo tem se revelado em três faces principais: antissemitismo religioso, antissemitismo racial e antissemitismo nacionalista. Os Pogroms, ocorridos na Rússia no final do século XIX e início do século XX, ataques gratuitos às comunidades judaicas, os guetos na Europa e o Holocausto de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial são fatos muito eloquentes que deveriam nos conscientizar a todos da necessidade de atentar bem para a motivação dos ataques terroristas de que Israel tem sido vítima.
Um antissemitismo velado, mas indisfarçável pode ser visto naqueles que se recusam a condenar os ataques do Hamas, a considerá-los como ato terrorista. (Palmas.) Pior que isso é comparar os atos brutais do Hamas às ações de guerra de Israel.
Com sua postura diplomática, o Governo brasileiro está revelando uma profunda ignorância. Não falo de ignorância bíblica, não falo de ignorância espiritual, falo apenas de ignorância política, histórica e factual. Ficar contra Israel na guerra declarada ao Hamas é acintosamente um equívoco abissal e absurdo, talvez o maior erro do Governo brasileiro até o momento, com ênfase muito forte na postura do Presidente Lula, que, com suas palavras nada acertadas, flerta abertamente com o terrorismo, cometendo - escrevam - um ato que pode vir a se tornar um crime contra a segurança interna do Brasil. Não se brinca com o terrorismo.
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Eu quero aqui, ao fazer essa fala, sublinhar uma diferença de postura. Aqui o Líder do Governo falou agora há pouco, com clareza e honestidade de sentimentos, um homem público que respeito, mas a postura dele aqui não traduz o sentimento do Governo lá, infelizmente. Jaques é um grande homem público e eu o respeito. Ele tem o respeito da base governista e daqueles que fazem parte da oposição pelas posições que faz aqui - e muitas vezes contraria até o Governo lá -, mas eu não posso deixar de registrar aqui a minha posição em relação à postura do Governo Federal.
Vejam, senhores e senhoras, que, quando alguns do espectro da direita radical intentaram algumas ações de violência aqui em solo brasileiro, nós do PL e dos partidos de direita, aqui neste Senado e na Câmara dos Deputados também, fomos abertamente contrários a atos de violência, atos de vandalismo, inclusive deixando clara a nossa posição no âmbito da CPI que recentemente aconteceu aqui. Repudiamos com veemência. Não se brinca com violência, não se brinca com o terrorismo nem aqui nem lá, embora não se possa classificar o que aconteceu no Brasil como ato terrorista. É uma ofensa àqueles que são vítimas do terrorismo mundo afora querer classificar o que aconteceu aqui como terrorismo.
O Governo brasileiro, repito, distribui afagos ao terrorismo. Lamentamos as posições do Governo brasileiro. Lula fala do que não conhece, manifesta posição ideológica não discernindo o papel de Chefe de Estado. Perdoem, ele não sabe o que faz, age como um sociopata. Ao comparar a ação de guerra de Israel ao brutal e inaceitável ato terrorista do Hamas, me parece faltar equilíbrio, discernimento ao Presidente. Ao dizer que Israel escolhe matar crianças, mulheres e civis, ignora o modus operandi dessa organização criminosa chamada Hamas. Lula não fala pelos brasileiros. Repito, os brasileiros amam Israel, são solidários com esse momento de dor e sofrimento e se unem em orações pela paz em Israel e, sobretudo, pela libertação dos reféns.
Mas é certo que não haverá paz na região enquanto o Hamas continuar atuando e fazendo vítimas como faz cotidianamente. A falta de uma postura firme do Presidente da República e de nossa atual diplomacia com o grupo terrorista Hamas deve ser rechaçada com muita veemência. Mas, Sr. Presidente, não posso deixar de reconhecer que a diplomacia brasileira e o Governo agiram com acerto ao dar apoio aos brasileiros, ao resgatar os brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Digo mais: e com as cautelas que o tema exige.
Esperamos que o nosso país não venha jamais a ser alvo desses grupos terroristas, que, infelizmente, têm células espalhadas por boa parte do planeta. As autoridades brasileiras devem considerar, contudo, se a leniência pública corrobora ou não para atrair terroristas para o nosso país. Não é demais dizer que alguns países europeus que também sempre tiveram setores que recusam admitir a verdadeira face do terrorismo passaram a ser assombrados com seus ataques e alguns deles têm suas populações vivendo constantemente sob esse fantasma.
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Condenar os grupos terroristas e todo tipo de regime ditatorial é também ficar ao lado das populações locais, indefesas, que vivem sob o terror. Sempre que esses modelos extremistas caem, a população celebra. Não podemos imaginar que os palestinos estejam realmente a favor de um regime ditatorial como o do Hamas, que governa pela violência. E aqui se faz distinção, sim. Não se trata de pensamento de oposição ou de governo, que têm posições ideológicas diferentes, mas há que se separar, sim, o que é o povo palestino e o que é esse grupo terrorista chamado Hamas. Não podemos imaginar, portanto, que esse modelo tenha o apoio dessa população.
E concluo: a luta contra o terrorismo é um dever de todos. Relativizar os atos dessa organização terrorista criminosa chamada Hamas coloca os que assim o fazem como cúmplices da barbárie, como sócios de um genocídio, como desumanos. Nada pode justificar o apoio a essa organização criminosa.
Nossa solidariedade a Israel e nosso repúdio aos covardes ataques do Hamas e de todos os grupos terroristas, e, de modo muito particular, nossa solidariedade àqueles que têm familiares neste momento sofrendo como reféns; aos reféns, sequestrados, que estão lá sofrendo; e às famílias que estão sofrendo com a privação da presença desses familiares.
Que Deus abençoe Israel! Que Deus abençoe o Brasil!
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Obrigado ao Senador Marcos Rogério, a quem eu convido para fazer parte da Mesa Diretora.
Senhoras e senhores, quero também registrar a presença da Sra. Ilana Trombka, Diretora-Geral do Senado Federal - obrigado, Ilana! -; e também da Sra. Diana de Almeida Ramos, Subprocuradora-Geral da Procuradoria-Geral do Distrito Federal, que nos honra com a sua presença, nesta sessão de debates temáticos.
O Senador Eduardo Girão não conseguiu chegar ao Plenário - está em São Paulo, perdeu o voo -, mas ele mandou um vídeo. E eu peço, por gentileza, à Mesa, à assessoria, que publique, divulgue aqui o vídeo, a fala.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar. Por vídeo.) - Paz e bem, meu querido irmão, Senador Jorge Seif, e a todos vocês que estão agora, nesta sessão que avalia o conflito entre Israel e o Hamas, o grupo terrorista Hamas!
Quero parabenizar o Senador Jorge Seif por essa iniciativa, porque é inconcebível que o Brasil doure a pílula, não tenha imediatamente condenado os ataques terroristas a Israel. É algo que... O nosso país tem valores, tem princípios, e a gente pede desculpa, enquanto Senadores, enquanto homens públicos, pela omissão do nosso Governo, que deveria ter imediatamente condenado esse grupo. Não se pode passar a mão na cabeça de terrorista.
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Então, o Brasil está junto com Israel, orando, em solidariedade. E que a verdade venha à tona!
Um grande abraço.
Estou aqui no aeroporto, tentando embarcar. Infelizmente não vou conseguir chegar a tempo do final da sessão, mas é uma iniciativa brilhante no Plenário do Senado, ou seja, no local em que deveria acontecer esta sessão de debates para o mundo todo saber que os Senadores da República em sua maioria - porque foi aprovado por unanimidade - estão solidários a Israel.
Um grande abraço. Deus abençoe. E muita paz. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Convido para o seu pronunciamento o Deputado Federal General Girão, do Rio Grande do Norte, por um período de cinco minutos.
General Girão, a palavra está com o senhor.
O SR. GENERAL GIRÃO (Para exposição de convidado.) - Bom dia a todas as pessoas presentes.
Gostaria, inicialmente, de cumprimentar o Senador Jorge Seif, Presidente desta sessão, os demais Senadores aqui presentes, os colegas Deputados também e a todas as pessoas, especialmente o Embaixador Daniel, o Diplomata Sr. Ari também, que já esteve conosco lá no Rio Grande do Norte, e todos os presentes.
Normalmente, na Câmara dos Deputados, eu não costumo falar desse lado aqui. Eu gosto de falar do lado direito. Não gosto nem de falar o outro nome para não causar maus fluidos. Mas, hoje, por uma questão aqui parece que da Casa, a gente tem que falar desse lado aqui, o lado contrário do lado direito.
A guerra contra o terror é das mais graves, injustas e desleais, Embaixador Daniel. Enfrentar terroristas é uma necessidade. Eu falo aqui também pelas minhas raízes militares, que a gente não perde nunca - deixamos de usar a farda, mas a nossa pele continua com a cor da farda -, e as nossas raízes militares nos ensinaram o que é o enfrentamento ao terror.
A motivação dos terroristas, qualquer que seja ela - religiosa, racial, política -, nunca poderá ser destruída obedecendo às regras humanas. Esse é um ponto específico que cada um de nós tem que pensar. Regras não são obedecidas pelos terroristas. E a gente está vendo isso daí. Eles perdem a característica de seres humanos na hora em que decidem o lado em que estão, o lado do terror.
O 7 de outubro é sem igual. Não queiram comparar, como a narrativa foi dita, em relação ao 8 de janeiro, não. As pessoas às vezes até misturam. Misturaram há pouco aqui assim: "8 de outubro". Não! Foi 7 de outubro. O 7 de outubro, sim; este, sim, é um ato terrorista nunca possível de ser aceito.
Eu cumprimento Israel pelo fato de estar respondendo à altura. E lamento muito as perdas de vidas palestinas que estão ocorrendo.
O terror indiscriminado desencadeado contra o povo israelense foi sem igual na história do mundo. Não tem parâmetro anterior que possa classificar este ato terrorista de 7 de outubro, assim como foram inaceitáveis aqueles atos promovidos contra o povo judeu na Europa no meio do século XX. Ora, mas estamos no século XXI, quase cem anos depois. Até quando teremos que viver e conviver com atos desta natureza? Nós fazemos parte da civilização humana.
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Os soldados normalmente são treinados para a guerra, mas, ao enfrentarem a guerra promovida por terroristas - e eu sei muito bem que o meu amigo que está aqui presente e que foi Embaixador do Brasil em Israel, General Gerson Menandro, sabe muito bem o que é isto -, sabemos que essas regras não existem.
Não é de hoje que as lutas fundamentalistas com base em motivos religiosos ou territoriais ou políticos são desencadeadas no mundo. As minhas origens familiares remontam ao século XIX, quando a perseguição religiosa já ocorria no velho mundo, obrigando famílias inteiras a migrarem para o novo mundo. Os limites desses conflitos nunca foram continentais. Imaginem agora com a internet, que nos permite saber o que ocorre em qualquer parte do mundo em tempo real!
Morei por três invernos na Polônia. Conheci de perto as barbaridades nazistas, barbaridades que muitos, até em livros, escreveram dizendo que nunca existiram. Ora, o primeiro passo para buscarmos a luta contra o mal é sabermos e reconhecermos o mal e partirmos para o enfrentamento dele. Infelizmente, é isso.
Faço minhas as palavras aqui do Senador Marcos Rogério, quando disse da demora da omissão e da interpretação errônea que foi dada e que continua sendo dada pelo atual Governo brasileiro em relação ao que está acontecendo na resposta de Israel a esse ato terrorista sem igual. Nosso Brasil sempre apoiou a liberdade, a soberania, a não intervenção e a paz entre as nações. Por isso mesmo foi citada aqui a participação decisiva do Brasil na criação do Estado de Israel.
Precisamos adotar medidas rígidas sem igual para derrotarmos uma guerra também sem igual. Uma das maiores características nossas foi - e espero que continue sendo - a convivência pacífica entre todos os povos. Assim, espero que Deus nos ajude a darmos exemplos. Não estou fazendo um discurso político. Estou fazendo um discurso tirando essas palavras do coração, que acabei de escrever aqui.
Minha total solidariedade àquelas famílias que perderam seus entes queridos na guerra, bem como aos que ainda esperam que aqueles que foram sequestrados possam voltar aos seus lares. Esse é o desejo de um cidadão brasileiro, que sabe muito bem o que é enfrentar o terror - terror de qualquer natureza, terror de qualquer origem.
Que Deus nos proteja. Viva o Brasil! Viva Israel! Viva o povo palestino, mas morte ao terrorismo!
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Convido para o seu pronunciamento o Deputado Federal pelo Estado do Rio Grande do Sul Marcel Van Hattem. (Pausa.)
Bem-vindo, Marcel, a palavra está contigo.
O SR. MARCEL VAN HATTEM (Para exposição de convidado.) - Muito obrigado, Sr. Presidente, caros membros da mesa.
Eu quero saudar o Sr. Jorge Seif, que organizou este importante momento para debatermos o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
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É importante saudar a presença dos Senadores que, nesta segunda-feira, aqui também participam: Senador Sergio Moro, que compõe a mesa; Senador Marcos Rogério, com um discurso muito importante aqui também; e o próprio Senador Jaques Wagner, Líder do Governo, a quem farei referência aqui também em breve.
Quero saudar o Embaixador de Israel, o Sr. Daniel Zonshine. Apesar de não estar mais à mesa, quero fazer uma saudação especial ao Sr. Claudio Lottenberg, Presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil); ao Sr. Ricardo Ricardo Berkiensztat, que eu vi ainda há pouco aqui junto conosco no Plenário; e às Sras. Mary Shohat e Hen Maluf Nisenbaum, que deram depoimentos bastante fortes aqui na tribuna do Senado e que merecem a nossa mais profunda reflexão, mas, sobretudo, a nossa ação para que os reféns sejam libertados na Faixa de Gaza.
Eu quero aproveitar este momento, Sr. Presidente, e repetir uma fala que fiz no último domingo, em Santiago do Chile. Estive ali a convite da American Jewish Committee para receber uma honraria, que, na verdade, dedico a todo o Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Israel, porque recebi como membro do grupo parlamentar de amizade, tanto da Câmara como do Senado. Com muita honra recebi e tive a oportunidade de fazer um pronunciamento em inglês naquele momento, porque era um evento internacional, e agora eu o refaço, adaptado à circunstância, para o português, com a permissão de V. Exa.
Começo, portanto, agradecendo à própria entidade American Jewish Committee (AJC), que deu a mim e a tantos outros brasileiros - Deputados, Senadores - a chance de irmos a Israel. Eu lá estive no mês de setembro e, três semanas antes do 7 de outubro, nós voltávamos para o Brasil.
E essa oportunidade que AJC, Conib e outras entidades judaicas dão a cidadãos de todo o mundo - em especial, neste caso nosso, aos brasileiros - é uma oportunidade de alterarmos, inclusive, ou aprimorarmos as percepções que se têm de Israel. E tive, portanto, a oportunidade ali de conhecer melhor o que essa terra significa, assim como também a tiveram políticos de todos os espectros ideológicos presentes naquele momento e em momentos anteriores. E percebemos, Senador Marcos Rogério, como de fato aquele momento mudou a percepção, aprimorou e, às vezes, até radicalmente, alterou a forma como alguns viam o Estado de Israel e sua história. Por isso, quando eu falo que mudou, alterou, eu quero dizer que mudou para melhor.
Eu sou hoje Deputado Federal reeleito pelo meu Estado do Rio Grande do Sul, mas os meus laços de amizade com as causas israelense e judaica, meu compromisso com elas começou antes mesmo de eu chegar a Brasília. Na verdade, quando eu ainda era Deputado Estadual na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, entre o período de 2015 e 2018, eu buscava criar e fortalecer esses laços com Israel, que vão muito além daqueles laços que me fazem admirar o país e o povo judeu, ou seja, sua história, sua cultura, sua sociedade e, claro, os nossos laços de amizade.
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Os laços aos quais faço referência são baseados em algo muito mais forte do que qualquer outra coisa que poderíamos compartilhar. Esses laços são baseados nos nossos valores comuns e no compromisso firme e eterno que nutrimos por eles. Estes valores são os da defesa da democracia, dos direitos humanos, do Estado de direito e da liberdade.
Os cruéis, covardes e bárbaros ataques terroristas e os crimes perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro contra civis indefesos e inocentes de todas as idades, sexo, nacionalidades e profissões foram mais do que um ataque violento e abominável ao povo judeu ou ao Estado de Israel. Na verdade, isso já seria motivo mais do que suficiente para expressar minha total solidariedade e sentimento de pesar a todas as vítimas e a todos os israelenses e a todos os judeus. Não! Foi também um ataque direcionado precisamente a cada pessoa neste mundo que defende, assim como eu e vocês fazemos, a cada pessoa que defende os valores da democracia, o respeito aos direitos humanos, ao Estado de direito e à liberdade que Israel representa.
É por isso que apresentamos uma moção de solidariedade a Israel no Parlamento brasileiro, na Câmara dos Deputados, que, salvo uma ou outra ausência ou abstenção, foi aprovada na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional pela unanimidade dos Deputados que votaram.
Infelizmente, no entanto, assim como em tantas outras ocasiões históricas em que houve severa perseguição ao povo judeu - e abro um parêntese aqui: achávamos que essa história havia culminado com o inexprimível horror do nazismo, encerrado em 1945 -, mais uma vez, percebemos, mais uma vez, que os inimigos estão mais perto do que poderíamos prever nos nossos piores pesadelos. Mais uma vez, precisamos voltar a temer quem está ao nosso lado, inclusive, muitas vezes, nos Plenários da Câmara e do Senado da República. Por isso, não estou falando em inimigos que estão territorialmente próximos, na Faixa de Gaza ou na Cisjordânia.
Na verdade, se há algo, Embaixador Zonshine, que eu aprendi na minha ida a Israel graças à AJC, é que os palestinos são oprimidos e doutrinados por um bárbaro, violento e radical grupo terrorista. E isso apesar de todos os esforços israelenses para dar a esses oprimidos palestinos esperança por meio da busca de tratados de paz, para dar inclusive eletricidade, água e até mesmo vistos de trabalho que são utilizados, depois, como forma de receita para o grupo terrorista, quando os trabalhadores palestinos cruzam a fronteira de volta a Gaza e têm de pagar pedágio para poder ingressar no próprio território, este pedágio baseado no que recebem de salário no território israelense, e isso para não mencionarmos quantas ONGs internacionais mandam supostas caridades e ajudas humanitárias em forma de recursos que são desviados pelos terroristas do Hamas para confeccionar armamento para atacar o povo judeu e para atacar Israel. É uma vergonha!
O inimigo, infelizmente, mora ao nosso lado. Isso acontece em Israel, isso acontece em Gaza, mas, lamentavelmente, também aqui no Brasil. Infelizmente, por exemplo, Lula está se esforçando para nos envergonhar com suas desastrosas e desprezíveis declarações, e eu estou falando do nosso Presidente da República.
Não, Lula, não há simetria possível entre um Estado-nação e um grupo terrorista.
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O Presidente chegou ao cúmulo de colocar na vítima a culpa pelo ataque dos agressores, e nós temos que dizer: chega! Esse comportamento ultrapassado e hipócrita, baseado na rasa ideologia marxista, assim como suas declarações devem ser fortemente repudiados.
Aliás, eu disse que eu faria referência ao Senador Jaques Wagner, que trouxe uma notícia aqui: seria muito melhor - se, de fato, for confirmada a intenção de Lula -, ajudar na libertação de reféns, inclusive um brasileiro, do que continuar com suas bravatas políticas.
É por isso que eu defendo nossa amizade com Israel. É por isso que nós estamos aqui, para lamentar cada morte neste conflito. E eu me refiro às mortes de israelenses, de palestinos e de cidadãos de quaisquer outras nacionalidades, etnias ou credos, que são uma consequência direta do terror do Hamas, não da legítima luta por democracia, direitos humanos, Estado de direito ou liberdade.
Mesmo que custe minha vida, eu digo novamente e repito, meu compromisso vai sempre ser na defesa desses valores, onde quer que estejam sob ataque.
Vida longa a Israel.
Deputado General Girão, repito o que V. Exa. disse: vida longa à democracia, aos direitos humanos, ao Estado de direito e à liberdade.
Se eu e você, cada um de vocês, quisermos paz, precisamos estar preparados e, o mais importante, dispostos a lutar por paz até as últimas consequências.
Muito obrigado e contem comigo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Obrigado por sua presença e seu pronunciamento.
Eu convido a penúltima palestrante, a Sra. Karla Damasceno, que é Professora de Hebraico e incentivadora de turismo em Israel, para o seu pronunciamento.
A senhora tem cinco minutos.
A SRA. KARLA DAMASCENO (Para exposição de convidado.) - A V. Exa., Senador Jorge Seif, Presidente desta sessão, meus agradecimentos pelo convite.
Exmos. Senadores, autoridades, demais presentes nesta sessão aqui também, meu nome é Karla Damasceno e dedico a minha vida ao ensino do livro mais popular e sagrado do mundo, a Bíblia Sagrada, além de lecionar sobre a principal língua utilizada para a escrita da Bíblia, a língua hebraica.
Além de ser um livro sagrado, ele também é histórico, quase arqueológico, que narra a história de um povo desde seu nascimento, seus desafios e até a sua redenção.
A maioria de todos nós aqui - cada um de nós, provavelmente - temos um exemplar desse livro na nossa casa. Portanto, cada um de nós é guardião dessa história.
Eu quero expressar aqui a minha gratidão a essa nação. Gostaria de lembrar ao mundo os motivos pelos quais ele também deveria ser grato. Por que lembrar? Qual o motivo de lembrar? Porque o ser humano tem a capacidade de se esquecer muito facilmente dos benefícios que a ele foram feitos durante o presente, o atual momento, e também durante a história.
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Bom, Israel agraciou, beneficiou o mundo em vários setores, tanto nos setores de desenvolvimento de soluções nas áreas médicas, espaciais, tecnológicas, química, energia... Eu poderia entregar aqui uma lista quase que infindável das contribuições de Israel dadas ao mundo, mas eu gostaria de abordar a minha maior gratidão ao Estado de Israel. Israel é o berço da Bíblia. O livro que mais influenciou o mundo até os dias de hoje, com seus princípios morais, cívicos, éticos para formação das sociedades ao redor do mundo.
Esse livro, que é histórico, expande e elabora direitos em suas narrativas e ordenações, interdita o filicídio, estipula penas para o estupro, define o direito ao dia do descanso para cidadãos e trabalhadores, aponta e define o direito do pobre, o direito das viúvas, o direito dos órfãos. Até mesmo os direitos e as ferramentas para a preservação da natureza esse livro contém.
É um livro que estabelece de maneira honrosa e ainda mais nobre e soberana o que nos tempos atuais vivemos: o verdadeiro empoderamento feminino, observado pelas narrativas das mulheres judias da bíblia. Mulheres que definiram reinos. Basta ler! Mulheres, com certeza, que venceram guerras, mulheres que foram guardiãs de tronos. E uma delas, em especial, gerou no seu ventre o judeu mais conhecido e amado de toda a história. E, daqui a poucos dias, o mundo vai celebrar o marco do seu próprio nascimento.
Esse empoderamento feminino, observado nas mulheres judias bíblicas, é estendido até os dias de hoje, onde à mulher israelense é dado o direito de defender o seu país nas fronteiras com seus inimigos pilotando caças, conduzindo tanques, liderando o serviço de inteligência e demais destacamentos no exército de Israel. Eu, como mulher, gostaria de destacar esse fato. Que honra! Que alegria!
À nação de Israel eu gostaria de dizer algo que você já sabe, nação de Israel, mas o mundo parece ter esquecido. Por isso eu relembro aqui, com todas as forças do meu coração: esse livro histórico e sagrado também relata as muitas tentativas de extermínio ao povo judeu, à nação de Israel. Todas elas, uma por uma, Sr. Embaixador de Israel, foram frustradas.
Onde estão os impérios que tentaram seu extermínio? Onde estão os amalequitas? Onde estão os filisteus? Onde estão os impérios persa, assírio, babilônio, grego, romano e nazi? Todos eles caíram, todos eles foram extintos, todos eles desapareceram, mas Israel está aqui, Israel se mantém, e a história existe para que nós possamos aprender com ela.
Estamos na semana da festa de Chanukah. Mais precisamente, hoje é um dia que se ascende mais uma luz, mais uma chama da chanuquia, um símbolo de vitória sobre aqueles que insistem na palavra extermínio do povo judeu.
Ao mundo, agora, eu gostaria de contar uma história que eu ouvi, quando criança, pela minha professora de hebraico. E ela dizia o seguinte: na época em que as minas não tinham tecnologia para detectar gases tóxicos que poderiam matar os seus trabalhadores, todos os dias os trabalhadores mineiros levavam para dentro dessas minas um canário dentro de uma gaiola. E eles monitoravam esse canário durante todo o dia. Se porventura esse canário desfalecesse ou morresse, era um grande alerta para que aqueles trabalhadores saíssem depressa dessa mina, sem que eles morressem ou sofressem algum dano. Então, esse canário dava a esse trabalhador tempo para salvar a sua própria vida.
Apesar de essa história ser uma analogia muito triste, eu falo dela com dor no coração, porque Israel se compara a esse canário de mina. Israel é o alerta, caro mundo, de que você pode correr perigo.
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Bom, depois de tudo isso dito, se alguém ainda achar que esses pontos de gratidão que eu tenho pela nação de Israel são irrelevantes, eu gostaria de lembrar a todos aqui presentes, ao mundo todo e ao Brasil - lembrar o quê? -: a história da humanidade é dividida entre antes e depois da vinda de um judeu ao mundo.
Pois muito bem.
Agora há pouco, eu estava tirando algumas fotos com esses cartazes que trazem dor ao nosso coração, e um fotógrafo veio e me perguntou: "Você está tirando foto com esses cartazes... Algum deles é parente seu, é da sua família?" Eu disse: "Não precisam ser. Eles não precisam ser meus parentes. Eles não precisam ser da minha família para que eu possa sentir a dor deles".
Eles não precisam ser seus parentes, eles não precisam estar na nossa casa, nós não precisamos conhecê-los pessoalmente para que nós possamos nos solidarizar com a dor dessas famílias, com a dor da nação de Israel. Mais de 150 vezes eu já fiz a viagem Brasil-Israel durante a minha história de vida. Eu jamais vi uma dor como essa.
Que Deus abençoe Israel! Am Yisrael Chai.
Deus abençoe a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Obrigado, Profa. Karla.
Eu convido... O Magno já está? (Pausa.)
O Senador Magno Malta está tentando entrar para fazer seu pronunciamento. Enquanto isso, nosso último inscrito, Sr. Leonardo Pereira, Assessor Especial da Casa Civil do Estado de Santa Catarina.
Por cinco minutos, Leo. E eu te peço, por gentileza, que venha até a tribuna para o seu pronunciamento.
Obrigado.
O SR. LEONARDO PEREIRA (Para exposição de convidado.) - Muito bom-dia a todos.
Eu cumprimento o Senador Jorge Seif Júnior, como Presidente desta sessão; os demais Senadores que se fizeram presentes nesta sessão - Sergio Fernando Moro e Marcos Rogério -, cujas palavras me fizeram vibrar ao escutá-las; Deputado Federal General Girão e Deputado Federal Marcel Van Hattem.
Cumprimento também o nobre Embaixador Daniel Zohar, tive a honra de conhecê-lo pessoalmente, e Claudio Lottenberg, Presidente do Conib, que já esteve presente compondo a mesa.
Minha fala hoje, Senador Seif, é como cristão, como um pastor evangélico e também como alguém que já conhece Israel de ter ido lá. Algumas vezes pude estar naquela terra e lá aprendi o respeito às liberdades, terra que me ensinou a respeitar tudo aquilo que diverge das minhas convicções.
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Hoje estou aqui para contar o que vejo ao longo de anos, como pastor, como um cristão, como um cidadão brasileiro que viaja pela nação e por várias outras nações.
Vejo que Deus mesmo, o Criador, tem orquestrado muitas pessoas a voltar-se em oração e cumprir aquilo que as Escrituras dizem no Salmo 122: que nós devemos orar para que haja paz nos muros de Jerusalém.
Israel é uma nação que serve outras nações, serve com seu conhecimento, com suas pesquisas, com toda a tecnologia, com tudo aquilo que desenvolve lá. O Brasil tem muito a honrar e a estender as mãos para Israel.
Já o Hamas, Sr. Senador, nada constrói, fez um ataque brutal que pegou aquelas pessoas desprevenidas, matando desde adultos até as menores crianças e, mesmo assim, eles têm tido a oportunidade de se renderem para que cesse todo aquele combate.
Eu deixo aqui os meus votos de parabéns ao senhor pela proposta da sessão e deixo aqui o meu rogo, como cidadão brasileiro que sou, um legítimo Pereira da Silva - entendedores entenderão -, o meu rogo ao Brasil como nação, que estenda suas mãos em prol da nação de Israel.
Louvado seja o Deus de Israel. Shema Israel Adonai eloheinu Adonai echad.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Vamos tentar conectar o Senador...
Obrigado, Leonardo.
Gostaria de conceder a palavra... Estamos tentando contato com o Senador Magno Malta.
Senador Magno? Ainda não? (Pausa.)
Eu gostaria de propor, para o encerramento, um minuto de silêncio a todas as vítimas de Israel, Palestina.
E aqueles que desejarem levantar a sua placa em homenagem aos sequestrados que, infelizmente, seguem no domínio desse grupo terrorista fiquem à vontade.
Eu peço a minha bandeira de Israel, por favor. (Pausa.)
Espere aí, ainda não desliga.
A partir de agora contamos.
Em homenagem às vítimas israelenses e de outras nações, a nossa solidariedade aos falecidos e a esses que sofrem neste momento tão terrível, um minuto de silêncio.
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(Faz-se um minuto de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Seif. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Obrigado a todos.
Cumprida a finalidade desta sessão de debates temáticos, agradeço às senhoras e aos senhores pela presença e declaro, sob a proteção de Deus, o encerramento desta sessão.
Muito obrigado.
Shalom, Israel! (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 12 horas e 28 minutos.)