2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 15 de março de 2024
(sexta-feira)
Às 14 horas
21ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.
A presente sessão especial foi convocada em atendimento aos Requerimentos nºs 73 e 78, de 2024, de minha autoria e também do Senador Wellington Fagundes, aprovados pelo Plenário do Senado Federal.
A sessão é destinada a comemorar os 50 anos da nomeação do ex-Ministro Alysson Paolinelli.
Convido, para compor a mesa, os seguintes convidados: Sra. Marisa de Sena Gonzaga, viúva do ex-Ministro Alysson Paolinelli... (Palmas.)
Convido também, para ocupar a mesa, o Sr. Paulo Afonso Romano, representante da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil. (Palmas.)
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Convido também o Sr. Josélio de Andrade Moura, Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária. (Palmas.)
Convido também o Sr. Roberto Rodrigues, ex-Ministro da Agricultura no período de 2003 a 2006. (Palmas.)
Convido também o Sr. Eduardo Azeredo, ex-Governador de Minas Gerais. (Palmas.)
Quero cumprimentar aqui também o meu querido amigo e nosso Presidente eterno da Embrapa, Eliseu Alves. (Palmas.)
Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional, que será executado pela Banda da Força Aérea Brasileira, regida pelo maestro Tenente Paulo Rezende.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF. Para discursar - Presidente.) - Quero cumprimentar a Sra. Marisa de Sena Gonzaga, viúva do ex-Ministro Alysson Paolinelli; cumprimentar nosso querido Paulo Afonso Romano; meu querido amigo Josélio de Andrade Moura; Sr. Roberto Rodrigues; Sr. Eduardo Azeredo; meu querido Eliseu Alves; cumprimentar cada um dos servidores, servidoras, convidados aqui, autoridades, representantes aqui do agronegócio. Quero cumprimentar a todos vocês!
Estamos aqui hoje para prestar a nossa homenagem a um brasileiro que transformou o nosso país. Estamos aqui hoje para homenagear Alysson Paolinelli, esse mineiro de Bambuí que tanto fez pelo nosso país durante toda a sua vida. Paolinelli tem que ser lembrado e reverenciado pelo desenvolvimento de nossa maior riqueza, que é o agronegócio, e, sobretudo, por ter colocado o Brasil no topo dos países que alimentam o mundo.
Hoje, 15 de março, completam-se 50 anos da posse de Alysson Paolinelli no posto de Ministro da Agricultura, cargo que ocupou entre 1974 e 1979. É a oportunidade para que possamos homenagear o que ele fez pelo Brasil e, especialmente, pela agricultura brasileira ao longo de mais de meio século dedicado à vida pública.
Senhoras e senhores, o filósofo inglês Ralph Emerson disse certa vez que "a recompensa de uma coisa bem-feita é tê-la feito". Alysson Paolinelli fez a coisa bem-feita em toda a sua vida, desde seu início como jovem professor e diretor que salvou a Escola Superior de Agricultura de Lavras (Esal) de ser fechada em 1963. Ali, naquele momento, começava sua trajetória de luta, a semente próspera que mais tarde faria de nosso país uma potência na produção de alimentos para o Brasil e para o mundo.
Aqui vou relatar este fato: a escola seria fechada por carência de recursos para tristeza e revolta da população, dos alunos e professores. A história foi contada pelo Prof. Eudes de Souza Leão, aquele que foi incumbido pelo MEC de ir a Lavras para fechar a Esal. O próprio Prof. Eudes contou o que aconteceu.
O Prof. Eudes chegou a Lavras com o ofício para encerrar as atividades da instituição. Ficou hospedado na casa do Prof. Paolinelli, que não sabia que a visita teria a missão de fechar a escola - ele lutava para salvá-la da crise iniciada em 1960 e agravada em 1962. Em 1963, a escola estava com sua sentença de morte pronta para ser executada.
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Mas, sensibilizado com a energia, o amor dos professores, dos alunos e de toda a comunidade, o Prof. Eudes teve a coragem de descumprir a ordem ministerial e não só a reverteu, como também recomendou a federalização da escola.
Em 2008, num encontro realizado em Recife, ele disse: "Como eu poderia dizer ao Prof. Alysson Paolinelli, ali na sua casa onde me hospedava, que tinha ido para fechar a escola e que a portaria estava no meu bolso?" Pois é, o Prof. Eudes desistiu.
As dívidas foram pagas. A instituição foi soerguida, e, em 1966, o líder e grande negociador da federalização, o jovem Prof. Alysson Paolinelli, assumiu a direção da escola federalizada e a tornou referência no Brasil.
Senhoras e senhores, o nosso homenageado era um professor, um educador e sabia que a transformação só aconteceria se o Brasil assumisse o seu protagonismo na produção de alimentos e na garantia da paz mundial. Para isso, ele tinha as palavras: ciência, persistência e competência.
Formou-se engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura de Lavras em 1959. Nesse mesmo ano, tornou-se professor nessa mesma instituição de ensino e desde logo se pôs a se aperfeiçoar em cursos de estágios nos Estados Unidos, no Chile e na Argentina. Foi Vice-Diretor da instituição entre 1966 e 1967 e Diretor entre 1967 e 1971.
Entre 1971 e 1974, exerceu o cargo de Secretário de Agricultura de Minas Gerais. Durante sua gestão, Minas Gerais se tornou o maior produtor de café do Brasil. Teve, como princípio, a introdução de políticas de fomento tecnológico, a assistência ao agricultor e a oferta de crédito.
Sua bem-sucedida gestão em Minas Gerais chamou a atenção em âmbito nacional, e, em março de 1974, no Governo Ernesto Geisel, foi nomeado Ministro da Agricultura - tinha apenas 37 anos.
Durante sua gestão, teve início o grande processo de modernização do setor agrícola brasileiro. Trouxe a Embrapa para, de fato, fazer e liderar todo o desenvolvimento do setor no país.
Alysson Paolinelli tinha plena consciência do peso representado pelas desigualdades regionais e de que a má distribuição de renda não satisfazia as exigências de uma sociedade que pretendia se desenvolver. Sabia que o desenvolvimento nacional passava necessariamente pela transformação do nosso setor agropecuário. Com a Embrapa, por suas pesquisas e tecnologias, essa transformação aconteceu.
Senhoras e senhores, Paolinelli nunca parou ou desistiu do Brasil. Durante toda a sua vida, trabalhou pelo nosso país. Presidiu a Confederação Nacional de Agricultura e foi ainda novamente Secretário de Agricultura de Minas Gerais por seis anos. Além disso, além de produtor rural, era um consultor permanente do setor agrícola nacional.
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O reconhecimento pela sua atuação veio pelo mundo, que, em 2006, o agraciou com o World Food Prize, prêmio equivalente ao Nobel da alimentação, por ter colaborado para o aumento da produção e para a disponibilidade de alimentos no mundo.
Alysson Paolinelli foi um visionário, foi um homem e uma liderança capaz de olhar décadas à frente de seu tempo. Ele foi o líder na criação de uma agricultura moderna e sustentável em terras tropicais em larga escala.
Em 2021, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, indicação que tive a honra de fazer juntamente com a Esalq/USP.
Sobre a paz ele disse:
O homem foi criado e se desenvolveu para ser bem alimentado. A atividade mais importante que ele tem é a capacidade de sustentar seu próprio organismo. E, para isso, ele precisa se alimentar bem. Quando não há uma alimentação segura, ele começa a ter problemas de saúde. Aparecem, também, os conflitos, que às vezes se generalizam e acabam terminando em guerra. A gente vê muito isso na África e em outras regiões do Globo. E todas as guerras mundiais, se você examinar bem as suas origens, foram movidas por disputas por áreas ou para ter alimentos sadios e suficientes. Por isso, tenho sempre na minha mente que alimento é paz.
Guimarães Rosa, nosso conterrâneo mineiro, dizia que quem elegeu a busca não pode recusar a travessia. Alysson Paolinelli foi um visionário, foi um homem e uma liderança capaz de olhar décadas à frente de seu tempo. Trabalhou incansavelmente até o final da vida. Nunca recusou uma travessia por mais difícil que fosse.
A ele a nossa homenagem e a nossa eterna gratidão.
Muito obrigado. (Palmas.)
Convido agora o nosso Senador Wellington Fagundes.
Deixe-nos só ajustar a câmera, Senador Wellington.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MT. Por videoconferência.) - Eu gostaria, Sr. Presidente, que passasse para mais um para eu ser o segundo.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - O.k.
Então, eu vou passar já a palavra. Aliás, antes de passar a V. Exa., nós assistiremos a um vídeo em homenagem ao ex-Ministro da Agricultura Alysson Paolinelli.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Eu convido para fazer uso da palavra a Sra. Marisa de Sena Gonzaga. (Pausa.)
A SRA. MARISA DE SENA GONZAGA (Para discursar.) - Boa tarde a todos.
Primeiro, quero agradecer a oportunidade aos Senadores Wellington Fagundes e Izalci Lucas por estarmos aqui hoje num dia tão especial; agradecer o carinho com que Alysson tem sido lembrado - é sempre uma honra -; agradecer a todos os amigos aqui presentes - porque eu sei que sexta-feira não é um dia muito bom para estarmos aqui juntos -, que são amigos dele e que viraram também meus amigos.
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Se ele estivesse aqui, agradeceria também de forma penhorada e tímida. Era muito simples e despojado. Preferia aproveitar oportunidades como esta para mostrar a importância da trajetória, para enviar mensagens ao seu público predileto: os jovens.
Alysson foi estadista, foi Constituinte, construtor das pontes políticas que conectaram a ciência às transformações da realidade da vida real. Foi assim que criou a agricultura tropical sustentável, que viabilizou o que era então impensável: a produção dos alimentos nos Cerrados. Mas não escondia a ninguém a sua grande paixão: ser professor.
Foi o Prof. Alysson quem, neste mesmo Parlamento, no dia 23 de novembro de 2012, também numa sexta-feira, também numa homenagem prestada por um Parlamentar, fez uma fala histórica, na qual proclamava a necessidade de o agro brasileiro proceder ao terceiro salto. Já alertava, há 12 anos, que o segundo grande salto na oferta global, que ele próprio liderou nos anos 70, não mais seria suficiente para responder aos desafios do nosso tempo.
Uma das suas grandes qualidades, ser visionário. Muito antes da crise climática, já apontava o caminho da inclusão social e tecnológica dos produtores tropicais como resposta para enfrentar as principais agendas da atualidade: clima, segurança alimentar, redução das desigualdades, democratização do conhecimento. Desenhou tudo numa única página, ainda em 2012.
Desta fala, nasceu o Instituto Fórum do Futuro, que ele criou para debater inteligência estratégica do setor com seus amigos históricos: Roberto Rodrigues, Paulo Romano, Ronaldo Sardenberg, Botafogo Gonçalves e tantos outros nomes relevantes.
Que o futuro do Brasil depende do desempenho do agro ninguém duvida. O pronunciamento histórico pretendia fazer o futuro chegar.
Alysson acreditava que é indispensável fazer o sonho do agro tropical ser também o sonho dos jovens urbanos de São Paulo ou de Paris. Hoje, o novo nome para este velho sonho do professor chama-se bioeconomia.
Brasil é sonhar ou sonhar.
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Convido agora, também para fazer uso da palavra, o nosso querido Senador Wellington Fagundes.
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O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MT. Para discursar. Por videoconferência.) - Meu caro Presidente Izalci, estou aqui no interior do Mato Grosso, acompanhando desde o início essa sessão, e quero dizer que estou aqui porque vim acompanhar a primeira mulher Presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária, que veio visitar o primeiro estado brasileiro, ela que também foi companheira de Alysson Paolinelli.
Todos nós sempre admiramos essa figura que hoje reverenciamos aqui, por isso eu quero cumprimentar a Sra. Marisa de Sena Gonzaga, que acabou de falar, viúva do ex-Ministro Alysson Paolinelli.
Também quero cumprimentar aqui o Paulo Afonso Romano, que é o representante da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil; e ainda o meu amigo, companheiro, que eu admiro muito, o nosso sempre atuante Roberto Rodrigues, também ex-Ministro da Agricultura, por meio de quem eu cumprimento todos os ministros e ex-ministros; e o Governador Eduardo Azeredo, que representa toda a população mineira, a sapiência mineira.
Eu quero aqui também cumprimentar o meu confrade Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, que tenho a honra também de compor, por indicação do próprio Josélio, que foi uma das pessoas que procurou tanto o Senador Izalci quanto a mim para que propuséssemos essa sessão em homenagem à história desse grande brasileiro.
E aí eu quero lembrar que Alysson Paolinelli, com apenas 37 anos, fez uma gestão brilhante, como já foi relatado aqui pelo Senador Izalci, falando muito do seu currículo, e foi com ele que teve início - ele foi o grande protagonizador disso - a modernização de todo o setor agrícola.
Alysson Paolinelli tinha consciência do peso representado pelas desigualdades regionais e de que principalmente a má distribuição de renda não satisfazia as exigências de uma sociedade que pretendia se desenvolver. Sabia ele que o desenvolvimento nacional passava necessariamente pela transformação do setor agropecuário.
E aí eu me lembro de que, em entrevista em cadeia nacional, ele ressaltou o papel da ciência na revolução agrícola brasileira. Ele fez questão, e sempre falava isso, de dizer que o Brasil terá o grande papel de fazer essa revolução, e ele citou assim, abro aspas: "A ciência sempre traz inovações; ela é capaz de criar conhecimentos, especialmente [para] a produção, que defendam as plantas, que as façam [sempre] mais produtivas". Ou seja, a ciência é a que se encarregaria de que a gente tivesse produtividade no país. E sua visão demonstrou na prática, ao ocupar o cargo de Ministro da Agricultura, o quanto era importante investir na ciência, na inovação e na formação de profissionais: já se falou aqui do seu papel na inovação da Embrapa, que reconhecidamente é hoje a maior empresa de pesquisa mundial.
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E aí, meu caro Rodrigues, nosso querido Roberto Rodrigues, eu quero lembrar aqui de uma entrevista que V. Sa. concedeu também para o Brasil. E abro aspas para o que V. Sa. falava: "Alysson Paolinelli fez uma revolução inestimável. Até os anos 70 do século passado, [..] [o país] importava alimentos". E, a partir daí, ele lembrava bem também que "nós importávamos arroz, feijão, leite". Por isso, ele ficou cinco anos no Ministério da Agricultura e transformou o Brasil com tecnologia, principalmente sempre através da Embrapa, "tropicalizou a pesquisa brasileira, conquistou o Cerrado e transformou o Brasil em um dos maiores exportadores de alimentos do mundo e o maior saldo comercial agrícola do mundo". Essas aqui foram as sábias palavras de Roberto Rodrigues.
Por isso, ainda completo aqui dizendo que Alysson Paolinelli foi um visionário, foi um homem e uma liderança capaz de olhar décadas à frente do seu tempo. Ele foi o líder na criação da agricultura moderna e sustentável em terras tropicais em larga escala. O legado deixado por ele foi imenso, e todos nós brasileiros somos beneficiários de sua maior obra: uma agricultura adaptada aos trópicos.
Até o início da década de 1970, o Brasil se via diante de um paradoxo: uma abundância de terras e de recursos naturais, mas uma produção agrícola muito abaixo do seu potencial. Por isso, Paolinelli deixou-nos a ideia de que podemos ser prósperos ao explorar de maneira científica e racional os nossos recursos naturais. Além disso, centenas de milhões de pessoas em outras partes do mundo também se beneficiaram do progresso agrícola brasileiro. Hoje o Brasil representa 16% da exportação de alimentos. Além disso, desde a década de 1970, o custo da alimentação na despesa da família foi reduzido quase à metade graças ao aumento da eficiência na produção de alimentos. O aumento da produtividade significou ainda que mais alimento pode ser produzido em uma área menor, o que resultou na preservação ambiental de milhões de hectares de terra do Cerrado brasileiro, um exemplo mundial de desenvolvimento agrícola sustentável e que hoje, principalmente, dadas as condições climáticas e o efeito do El Niño, mais do que nunca é importante todos nós estarmos com esse foco.
E aí eu me lembro de que, de 1975 até 2020, a produção agrícola no Brasil cresceu 384%, claro, por causa da nossa produtividade - 500% representam tudo isso. E isso resultou em uma melhoria de 73% do Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios de base agropecuária no período de 1990 a 2010. E, no meu Mato Grosso, hoje a gente comemora por ser um estado campeão na produtividade, porque temos aqui uma agricultura de precisão, dado exatamente todo esse incentivo da pesquisa.
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Hoje, o Mato Grosso é campeão na produção de proteína animal. Já ultrapassamos a Argentina na produção de soja, respondemos hoje por quase 80% da produção nacional de algodão, milho e outros produtos.
E aí eu quero aqui também fazer uma referência a outra figura que com Alysson Paolinelli trabalhou muito por isso, que é o nosso ex-Senador, que também já está lá no céu, junto com Alysson Paolinelli, o nosso companheiro Jonas Pinheiro. Então, faço aqui uma referência, porque os dois trabalharam muito em conjunto e todos aqui que estamos falando e vamos falar somos testemunhas disso.
Por isso, nesta sessão em que celebramos os 50 anos de sua posse como Ministro da Agricultura, devemos enaltecer esse que foi, sem dúvida nenhuma, um dos maiores brasileiros. Obrigado, Alysson Paolinelli, obrigado pelo que fez pelo Brasil e por todos nós. Cabe-nos agora dar prosseguimento ao seu legado e assegurar que esse seja um dos países mais ricos, mais prósperos e mais generosos com todos os brasileiros. E faço isso. E agora, como meu pai sempre falava, vamos ter que tocar para frente. Por isso, essa homenagem aqui.
Nas pessoas de toda a família de Alysson Paolinelli, eu aqui agradeço muito a presença conosco da Sra. Marisa de Sena Gonzaga, a viúva. Nas pessoas de toda família de Alysson Paolinelli, o nosso agradecimento eterno, de todos os brasileiros. Muito obrigado.
Agradeço a Deus também a oportunidade de propor, junto ao Izalci, a pedido aqui do nosso companheiro Josélio, a feitura dessa pequena homenagem, desse pequeno reconhecimento a esse brasileiro que tanto fez por todos nós e principalmente pelas futuras gerações.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado, Senador Wellington.
Passo imediatamente a palavra ao Sr. Alexandre Paolinelli, filho do ex-Ministro Alysson Paolinelli.
O SR. ALEXANDRE PAOLINELLI (Para discursar.) - Sr. Senador Izalci, meu amigo Izalci; Senador Wellington; autoridades da mesa, amigos do meu pai, meus irmãos, Marisa.
É com muita honra que eu compareço aqui para falar em nome dos irmãos e dizer aos senhores que eu tive o raro privilégio, há 50 anos, com 13 anos de idade, de entrar no gabinete do 8º andar do Ministério da Agricultura, acompanhando meu pai, e com a exata noção das dificuldades que um professor poderia ter ao enfrentar essa Brasília que a gente conhece.
Meu pai, uma vez, quando eu estava formando - também sou Engenheiro Agrônomo -, foi a Lavras, preocupado comigo, porque eu estava tendo uma movimentação política muito intensa, não necessariamente do lado dele, e ele me disse em primeiro lugar para não ficar escutando historinha dos outros, para eu ter meu próprio pensamento; em segundo lugar, ele perguntou se eu queria, formado, ir me dedicar à iniciativa privada ou ao serviço público. Eu perguntei por que ele estava falando isso; ele falou assim: "Porque se for iniciativa privada, depende só do seu esforço; se for na área pública, eu vou contar o que acontece: para cada um que faz na área pública, tem dez que desfazem; então, se você é do lado dos que fazem, você sempre vai ter muito a fazer e você vai ocupar o espaço".
Meu pai foi um dos homens que mais fez. Eu o acompanhava porque eu tinha muito interesse em ver essa história; eu sabia do que estava acontecendo naquela época.
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E, um belo dia, o pai me diz assim: "O Simonsen vem almoçar aqui em casa", o Mário Henrique Simonsen, Ministro da Fazenda, como, naquela época, se chamava. E eu sempre prezei o Ministro Simonsen como uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço, mas, aqui no Plenário mesmo, tem um mais inteligente que ele, que está sentado ali, o Dr. Eliseu. (Palmas.)
Eu tinha 14 anos de idade, Senador Izalci, e eu falei: "Eu não perco esse almoço por nada do mundo", porque eu sabia o que estava sendo discutido naquela hora. Você sabe o que estava sendo discutido, Senador? O Ministro Simonsen, sentado na frente - eu estava sentado ali, fingindo que eu estava só comendo, mas estava com as antenas ligadas -, disse ao pai assim: "Paolinelli, você está levando o Presidente Geisel no bico. Por que isso? Porque você está levando o dinheiro todo para a agricultura, Paolinelli". Isso era o Ministro da Fazenda reclamando com o Ministro da Agricultura. E aí o pai virou para ele e falou: "Mas, vem cá, nós precisamos de dinheiro; para desenvolver, a gente precisa...".
Por isso que eu falo - a gente está com o livro do pai para ser publicado - que provavelmente o título vai ser A Verba, o Verbo e a Tecnologia, porque, sem tecnologia e sem dinheiro, você não muda nada. A tecnologia estava sendo gerada lá na Embrapa, não é isso? Mas e o dinheiro? Tinha que ir lá ao Banco do Brasil e pegar o dinheiro, mas e o Simonsen queria dar dinheiro, meu amigo? Não queria. O Presidente queria, e o Ministro não queria. E essa era a discussão do almoço.
E talvez tenha sido a discussão mais importante desse país nos últimos anos, a daquele almoço, sabe por quê? Porque o Simonsen, com a inteligência que Deus lhe deu, virou para ele e falou assim: "Paolinelli, financiar a agricultura é financiar o atraso". Olhe a fala! Quando ele falou aquilo, eu arregalei o olho e pensei assim: o pai agora vai bater nele, porque argumento para isso... Acho que um coque na cabeça é bom. Aí, Senador, o pai virou para ele e falou assim: "O senhor está coberto de razão, Ministro, mas o senhor está pensando em economia cafeeira, ciclo do café, no cacau, ciclo do cacau, aquelas coisas que vêm... Agora, primeiro, o senhor lembra que quem financiou a industrialização de São Paulo foi o café. Então, vamos dar nome aos bois aqui. Segundo lugar, é o seguinte: eu entendo por que o senhor está pensando isso, mas eu vou dizer uma coisa para o senhor. O senhor quer industrializar o país, e desenvolvimento é industrializar".
(Soa a campainha.)
O SR. ALEXANDRE PAOLINELLI - Naquele tempo, Sr. Eliseu, não existia ainda o termo agroindústria - nem sei como é que se chamava naquela época.
Mas, para encerrar, o pai virou para ele e falou assim: "Ministro Simonsen, o que nós temos no mundo de vantagem comparativa é sol, terra e água. Se o senhor conseguir produzir automóvel com isso, o senhor me fala que eu me rendo aos seus argumentos". O Simonsen, com a inteligência que Deus lhe deu, falou assim: "É melhor a gente pedir a sobremesa, Paolinelli".
E essa obstinação, Senador Izalci, é que o levou... Essa obstinação e um monte de amigos que o escutavam e que o acompanharam. Eu falei para o meu pai o seguinte, para encerrar - isso agora, quando ele estava no hospital lá já nos últimos dias -, eu falei: "Pai, eu estudei a história da humanidade só para ver uma coisa". Ele falou: "O quê?". "O senhor sabe que o senhor talvez seja o único homem na face da terra - na face da terra - que mudou a matriz econômica de um país e esteve vivo para ver o resultado", porque, se você pegar o Henry Ford, nos Estados Unidos, ele mudou a matriz econômica daquele país, mas morreu e não viu acontecer.
Mas é uma coisa impressionante isso. E essa honra ninguém tira dele, ou seja, hoje não se discute mais a agroindústria como sendo o atraso; a agroindústria aliada à tecnologia é o avanço, é o futuro, é o que há.
Então, essa homenagem eu diria que, em nome do meu pai, esteja ele onde estiver, ele está sendo confirmado ao longo do tempo. (Palmas.)
Ou seja, pai, o que o senhor acreditou... O que o senhor acreditou é exatamente o que fez este país virar o que está virando.
Muito obrigado, senhores. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Concedo a palavra ao Sr. Eliseu Alves, nosso Presidente da Embrapa no período de 1979 a 1984, que está aqui ao lado da nossa querida Eloísa Alves.
O SR. ELISEU ROBERTO DE ANDRADE ALVES (Para discursar.) - Srs. Senadores, eu sou um discípulo do Alysson Paolinelli, embora seja mais velho do que ele, mas trabalhamos muito tempo juntos. Ele marcou para mim duas coisas muito importantes em sua administração: a capacidade de enxergar o futuro e de tentar políticas que fizessem com esse futuro chegasse mais perto, mais depressa do que estava planejado; e o segundo ponto era uma grande habilidade em pegar a máquina de funcionários do Ministério da Agricultura, das nossas universidades, e reunir todos eles numa ideia única para fazer o agro brasileiro vencer o atraso e se transformar no maior exportador de alimentos.
O agro, quando eu comecei minha vida, em 1955, era bastante desmoralizado, sendo o setor do atraso, com uma resistência enorme à modernização. E, de fato, isso tudo era mentira, tudo isso era percepção errada. O Alysson começou a trabalhar com o agronegócio e foi capaz de mobilizar duas coisas: os agricultores e a burocracia do Governo, e botar essas duas coisas para trabalhar firmemente para o desenvolvimento do nosso Brasil. E hoje eu não preciso repetir essas estatísticas, porque todo mundo sabe que o agro está salvando a economia brasileira.
Tudo isso tem uma história, e essa história para mim começou lá em Lavras, no começo da transformação da escola particular em uma escola pública de agricultura. E se estendeu para Piracicaba, se estendeu para Viçosa, se estendeu pelo Sul do país, e a revolução da modernização hoje é exatamente a coisa mais valiosa do Brasil ao botar o agro para se desenvolver, se modernizar, ser um exemplo para o mundo inteiro, alimentar os brasileiros em primeiro lugar e o resto do mundo com as suas exportações.
Portanto, tudo isso tem a ver muito com o nosso querido Alysson. Eu não estou fazendo uma biografia dele, apenas estou querendo chamar a atenção para que o progresso da nossa agricultura tem muito a ver com ele, com o trabalho dele, com a visão dele e com a inteligência dele.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado, Eliseu.
Concedo a palavra agora ao Sr. Paulo Afonso Romano.
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O SR. PAULO AFONSO ROMANO (Para discursar.) - Boa tarde a todos e todas.
Eu gostaria, inicialmente, de fazer aqui o agradecimento e o reconhecimento da mobilização que o Presidente desta sessão, Senador Izalci Lucas, fez, juntamente com o Senador Wellington Fagundes e apoiado pela Senadora Tereza Cristina e outros, mas também ao próprio Presidente da Casa, Senador Rodrigo Pacheco, que assumiu a importância do evento e fez o convite em nome do Senado da República.
Em segundo lugar, eu gostaria de, rapidamente, fazer menção a outras pessoas. Os que compõem a mesa já foram devidamente mencionados, mas cabe a mim, por dever, repetir, porque Roberto Rodrigues sempre foi um companheiro, junto com Paolinelli, nessa história aí pelo braço do cooperativismo, que, aliás, vem desde o tempo do pai dele, o Antonio Rodrigues, Toninho Rodrigues. Mas por que eu digo que isso é importante? Porque Paolinelli, para dar o exemplo da capacidade de mobilização, muitos anos depois ou alguns anos depois de sair do ministério, foi Presidente da Confederação Nacional de Agricultura - olha a visão política dele - e, juntamente com Roberto Rodrigues, Presidente da organização das cooperativas do Brasil, e com o Presidente da então Sociedade Rural Brasileira, os três criaram a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), não sendo nenhum deles Parlamentar naquele momento, mas eles mobilizaram... Ela se tornou parlamentar a partir da mobilização dos três. Era frente parlamentar, perdão, frente da agricultura e depois passou a ser parlamentar.
Bom, nós temos aqui que cumprimentar a companheira dos últimos 20 anos de Paolinelli, Marisa de Sena Gonzaga; o Josélio, que, por justiça, foi, entre aqueles que trabalharam com o Paolinelli, o que fez uma grande mobilização para viabilizar detalhes das reuniões que nós teremos hoje - esta e ainda mais a outra -; assim como o Presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil. Portanto, os dois braços principais de suporte técnico no ministério dos agrônomos e dos veterinários se mobilizaram por suas instituições. Então, o Antonio merece também todo nosso agradecimento.
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O Senador, ex-Governador, ex-Deputado e amigo do Paolinelli, de quem o Paolinelli foi Secretário, naquela linha que a gente fala - ele foi Ministro, foi líder com reconhecimento internacional, mas, chamado a Minas Gerais para colaborar, ele volta lá e faz de novo belíssimo trabalho.
(Soa a campainha.)
O SR. PAULO AFONSO ROMANO - Não posso deixar de mencionar - além de Alexandre, Daniela e Gustavo, que estão aqui - Eliseu, que já foi mencionado.
Mas, por isso, eu resumo aqui uma coisa importante: Paolinelli, aqui nesta Casa Constituinte, ele defendeu não foi a agricultura, defendeu os princípios de democracia, a iniciativa privada, a propriedade privada, que ainda vez por outra tem as dificuldades de se realizar plenamente no país. Isso faz parte, digamos assim, das convicções dele. Tanto é que Alexandre falou ali da dificuldade no setor público. Então, é a crença de que o potencial humano deste país pode realizar muito mais do que lhe é dado fazer.
Quanto ao perfil de Paolinelli, não vou falar muito, não convém por falta de tempo. Paolinelli foi um grande mobilizador. Vou citar um pequeno exemplo que pode parecer prosaico. Quando Alexandre mencionou ali a discussão dele com Simonsen, Paolinelli era criticado pela imprensa. Muitas vezes, no famoso Jornal do Brasil, Carlos Castelo Branco, um articulista de renome, dizia assim: "Paolinelli irrigando o milharal com a sua saliva", ou seja, era quem tinha crença naquilo que estava fazendo e mobilizava. E Paolinelli mobilizava por ele próprio - não é como os influenciadores de hoje que têm todo o tipo de tecnologia ajudando. Ao invés de crítica, seria o motivo de dar a ele a condição de realmente um líder: ele trazia a ciência como guia, sempre trouxe a ciência como guia, foi fiel à própria convicção dele na transformação lá da Esal.
E isso ele veio trazendo, e daí o enraizamento daquilo que nós chamamos de agricultura tropical sustentável; daí hoje dificuldades reais que existem, por exemplo, num plano mundial, num plano internacional, da realização do acordo Brasil com Mercosul, com a União Europeia. É claro, claro, que, nem com os elevados subsídios que são dados lá fora, não há capacidade de competir com esse agro que em poucas décadas se transformou de algo que em 1970 ou até 1970 era agricultura ainda basicamente, começando a sair do empirismo, para agricultura que hoje usa o que há de melhor em tecnologia, a partir até das informações que vêm via satélite.
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Eu devo aqui trazer, em nome da Confaeab (Confederação das Federações de Engenheiros Agrônomos do Brasil), e o faço com muita honra - o Kleber dos Santos me pediu pessoalmente, ele está fora aqui de Brasília, que eu o fizesse -, a gratidão dos engenheiros agrônomos por ter um colega que sempre prestigiava, a partir da ciência, da técnica, da capacidade de gestão, essa categoria. Isso é muito importante, porque Paolinelli foi filho de engenheiro agrônomo e tem dois engenheiros agrônomos na família, Alexandre e Rodrigo, sinal de que, sem ter feito uma influência direta, o trabalho dele os influenciou, assim como, fora da família, influenciou milhares que vieram a prestar sua colaboração à sociedade através dessa profissão. E aí eu vou mencionar, e está aqui fazer homenagem ao Paolinelli, no caso, o Eliseu. Eliseu foi um dos idealizadores da Embrapa quando o Paolinelli chegou. Paolinelli foi o líder implementador da Embrapa, ele que liderou a implantação da Embrapa.
Eu me lembro bem de que o arrojo não era recurso do Tesouro, era recurso da capacidade de crédito, que não era muito alta no Brasil, porque tinha poucas divisas, mas contratávamos empréstimo com o Banco Mundial. Isso fez a União, e, através disso, fez alguns investimentos para a base física da Embrapa e, principalmente, mandou, naquele período, 1,5 mil engenheiros agrônomos, veterinários, biólogos, técnicos relacionados com a complexidade da agricultura para treinar onde tivesse as melhores condições em qualquer lugar do mundo, claro que, principalmente, Estados Unidos e Europa. Não tem, nem de longe, nada perto no Brasil que referencie o valor dado à ciência, que é, afinal de contas, a sustentação disso que nós temos colhido como resultados.
Já se falou do Cerrado, já se falou de sustentabilidade, e eu acho que é muito importante nós termos em conta que, ao nos deixar, Paolinelli, naquela condição de homem simples, de hábitos simples, mas de um vigor intelectual, de uma força de transmitir suas convicções, deixa...
(Soa a campainha.)
O SR. PAULO AFONSO ROMANO - ... o que nós chamamos de legado, mas não para ficar como algo apenas registrado. Esse evento de hoje é parte da difusão do legado dele, mas não é o suficiente. Eu acho que ele deixou um recado muito claro quando constituiu o Fórum do Futuro, que é uma proposta de reflexão sobre para onde devemos ir.
Assim como, em outras áreas e na agricultura, nós tivemos o ciclo do empirismo, o ciclo daquela agricultura tecnológica inicial, hoje os requisitos da humanidade, no sentido amplo da visão de como a humanidade quer essa Terra, esse planeta, traz para a produção agrícola um conjunto de desafios...
(Soa a campainha.)
O SR. PAULO AFONSO ROMANO - ... porque hoje tudo é sistêmico, que nos faz refletir.
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(Soa a campainha.)
O SR. PAULO AFONSO ROMANO - Nós precisamos... assim como a grande arma de Paolinelli foi a visão, lá atrás, de redescobrir o Brasil, de reestruturar o Brasil, numa dimensão que o estadista JK teve de interiorizar o desenvolvimento - em síntese, dar consistência a um Brasil forte, que só tinha lá no Sul e, principalmente, no litoral -, incorporar - foi uma redescoberta. Agora, Paolinelli deixa a proposta de nós também redescobrirmos, redefinirmos qual é a nova agricultura de que precisamos.
A base está dada. Ele deixou a mensagem - deixou uma mensagem forte -, ele deixou os princípios e os valores muito bem estabelecidos. E aí, uma palavra síntese já foi posta aqui: por exemplo, a bioeconomia, que é onde nós vamos entrar, é inexorável. Não dá para nós brasileiros ligados à agricultura e ao legado do Paolinelli ficarmos reativos às pressões que vêm de fora. É incrível que, num país respeitado no mundo inteiro como altamente competitivo, para produzir aquilo que os mercados nacional e internacional requerem, ainda se diga que o agro é predador e mais nada. É um momento em que, se ele estivesse aqui, ele ia levantar muito forte. Nós temos crença de que fizemos bem-feito e nós temos crença de que somos capazes de melhorar o que já foi feito.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado, Paulo Romano.
Quero aqui registrar também a presença dos filhos do homenageado, a Daniela Barros Paolinelli, o Gustavo Barros Paolinelli, além do nosso querido Alexandre Paolinelli; registrar também a presença do Luiz Antonio Corrêa Lucchesi, representando aqui o Presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea); do Cleison Duval, Presidente da Empresa de Assistência Técnica e Expansão Rural do Distrito Federal (Emater-DF); da Loiselene Trindade, Diretora-Executiva da Emater; do Aramis Beltrami, chefe de gabinete da Emater; da Zoraide Soares Reis, Coordenadora de Relações Institucionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), representando aqui o Presidente João Martins; do Antonio Barreto, representante da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Distrito Federal; aqui também do nosso querido Neto, Presidente da Agenciauto; e do nosso querido Fábio Carvalho, nosso empresário. Agradeço também a presença de todos.
Passo a palavra imediatamente ao Sr. Josélio de Andrade Moura, Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária.
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O SR. JOSÉLIO DE ANDRADE MOURA (Para discursar.) - Saúdo o Exmo. Presidente desta belíssima sessão plenária, meu querido e distinguido amigo Senador Izalci, e faço uma saudação especial ao meu estimado e querido Ministro Roberto Rodrigues. Dizem que quem foi rei nunca perde a majestade. Você eternamente vai ser também um Ministro da Agricultura do Brasil por suas obras e suas lições.
Exmo. Ministro da Agricultura, que foi, primeiro, Secretário-Geral do Alysson Paolinelli, Paulo Afonso Romano, que também bateu recorde no ministério: entrou no dia 15 de março, como estamos comemorando hoje, e saiu também no dia 15 de março - cinco anos de grande labor.
Exmo. Governador de Minas Gerais e Senador da República, meus distinguidos colegas e amigos, todos solidários nesta comemoração de um grande labor liderado pelo Ministro Alysson Paolinelli, que transformou não somente o Ministério da Agricultura, modernizando-o, mas essa modernização se refletiu na agricultura brasileira.
Eu acompanhei a luta do Paolinelli por mais de 50 anos, porque entrei no ministério no ano de 1971, no Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, e senti a pujança do Ministro Paolinelli assim que entrou no ministério. Foi uma visão totalmente diferente em termos de organização e métodos. Aliás, eu faço uma homenagem ao Eustáquio, que era o assessor dessa área de modernização do ministério, cuja estrutura persiste até hoje.
O Paulo Cotta talvez seja o jornalista de maior intimidade com o Ministro Paolinelli, que admirava a todos e, com isso, formou uma grande equipe.
Agradeço muito ao Fernando Rodrigues, Secretário da Agricultura do Distrito Federal, que, desde o primeiro momento, apoiou não somente esta sessão solene, mas, acima de tudo, outras ações que seguirão em homenagem - sempre homenagem - ao Ministro Alysson Paolinelli.
Também uma saudação especial aos filhos do Paolinelli - eu e Regina, minha esposa, Advogada da União, acompanhamos o desenvolvimento de vocês desde o início -, à Daniela, com quem houve muitas conversas por telefone, WhatsApp, etc., e ao Gustavo, menos, mas também muito constante, para que isso pudesse acontecer.
Saúdo o meu companheiro, também do ministério, Auditor Fiscal federal Agropecuário e Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária, Carlos Alberto Bastos Reis, e o Vice-Presidente, Claudio Rodrigues, que também é Diretor Técnico da Champion Saúde Animal.
Uma saudação e um agradecimento importante a Antônio Barreto, que, desde o início, mostrou a sua agilidade para que as coisas viessem a acontecer, como também ao Kleber Santos, aqui representado pelo Paulo Romano, que é o Presidente da Confaeab. Um trabalho extremamente grande, lideranças, para que esta homenagem fosse a mais significativa possível.
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Falo em nome do Presidente da SNA, Antonio Alvarenga, que não está aqui, está em viagem na Europa, mas pediu que o representasse e demonstrasse que os agricultores do Brasil, sob a liderança da SNA, que é uma entidade mais do que centenária, têm em Paolinelli, que é membro da Academia Latino-Americana do Agronegócio, como também é membro da Academia Nacional de Agricultura... Ele é criador da Alagro, e, nesta oportunidade, eu saúdo o Manoel Mário, que é um dos grandes líderes e já tem demonstrado isso nos seus canais de televisão por aí.
Fala-se muito justamente do Ministro Paolinelli, mas muito se esquece da atividade dele em prol da veterinária, ou seja, da saúde dos animais. O Brasil hoje exporta 1,2 milhão de toneladas de suínos, com uma rentabilidade de US$2,8 bilhões, porque nós erradicamos a peste suína africana em 1984.
(Soa a campainha.)
O SR. JOSÉLIO DE ANDRADE MOURA - Essa campainha e aquelas letras vermelhas foram feitas para matar baiano do coração. (Risos.)
Essa doença pegou de surpresa os médicos veterinários brasileiros, os cientistas brasileiros na gestão do Alysson Paolinelli, em 1978. Como disse naquele vídeo o Eustáquio, foi uma coisa pavorosa. Para se ter uma ideia, o maior investimento em saúde animal no Brasil, sem sombra de dúvida, foi investido na febre aftosa, mas a peste suína foi a que mais teve repercussão na imprensa - não é isso, Paulo Cotta? Em todos os jornais brasileiros - Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, Jornal do Brasil, Última Hora, do Rio Grande do Sul, em todos eles -, era primeira página. Antes, as notícias sobre saúde animal saíam no caderno rural, mas passou para a página política, para a página econômica e para a primeira página tudo aí. E foi graças ao Ministro Alysson Paolinelli, que teve uma visão: ou erradicamos a peste suína africana, ou o Brasil vai ser proibido até de exportar minério de ferro e as outras coisas. E aí foi feito, como se disse bem no vídeo: em três anos, já não tinha mais nenhum animal enfermo no Brasil, com mais dois anos ainda de vigilância epidemiológica ativa, para certificar que não havia circulação viral. E assim foi feito um grande esforço, que é uma história longa.
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Isso graças também à visão do Paolinelli, que, no primeiro foco, disse: "Não deixem de convocar os cientistas, os professores, os pesquisadores das diversas universidades". E, assim, foi montado, primeiro na Universidade Federal do Rio de Janeiro, um laboratório de virologia. O Prof. Cláudio Andrade foi quem primeiro deu o diagnóstico sorológico. Mas o primeiro diagnóstico foi da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, com Carlos Tokarnia, que era anatomopatologista. E na comissão central tinha outros dois grandes cientistas: Fúlvio José Alice, que foi meu professor, e Thiago Mello. Assim, com esse embasamento científico, deu-se a segurança de que nós erradicaríamos a peste suína africana. E esse esforço, para se comparar: a Península Ibérica levou 50 anos para erradicar, e o Brasil fez em três anos e mais dois anos de vigilância epidemiológica ativa, e com baixo custo de investimento, devido à grande agilidade com que o ministério despontou para isso.
Uma outra coisa, de que também se fala pouco, do Paolinelli, foi a criação do Lanara (Laboratório Nacional de Referência Animal), que agora se chama LFDA. Eu não gosto muito de mudar a sigla, mas é assim. E à época diziam duas coisas, esses iconoclastas diziam: "Ah, fazendo em Minas...". Bom, Minas é o centro do país - o centro do país. E é interessante, idealizou-se fazer em Minas, em Pedro Leopoldo, porque aí já existia uma base física do Ministério da Agricultura e era necessária uma grande área para circunscrever o laboratório central, para evitar escape de vírus, tudo estrategicamente, tecnicamente feito. E realmente foi feito um dos maiores laboratórios do mundo em termos de diagnóstico na área de saúde animal, como laboratório de referência, e, com a peste suína africana, de imediato foi considerado pela FAO e pela Organização Mundial de Saúde Animal como laboratório de referência em peste suína africana e outras epizootias.
Como eu tenho uma grande amizade, um grande carinho pelo Ministro Roberto Rodrigues...
(Soa a campainha.)
O SR. JOSÉLIO DE ANDRADE MOURA - ... numa certa ocasião eu disse: "Ministro, precisamos investir mais no Lanara", porque já tinha um laboratório, mas ele precisava ter a segurança pelo menos P3, para evitar escape de vírus. Lembra, Roberto? E eu repito isso, e o Roberto Rodrigues disse: "Você já está convidado para ir para a inauguração das obras para tornar o Lanara um laboratório de segurança máxima". E assim foi feito. E a veterinária lhe será eternamente grata, e também a pecuária brasileira.
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Meus senhores, conheci de perto o Ministro Alysson Paolinelli. Ele tinha uma inteligência farta, abundante, mas também de uma humildade muito grande, como falou a Marisa. Se ele hoje estivesse aqui conosco, sabe o que é que ele falaria? "Não devemos estar comemorando os 50 anos que eu entrei no ministério, deveríamos estar comemorando os 45 anos que eu saí, exatamente na data de hoje, 15 de março". Mas isso é uma verdade pura, porque a gestão de Alysson Paolinelli continuou até hoje. Os que estão pesquisando, trabalhando e os auditores são frutos dos investimentos feitos nos cinco anos da gestão do Paolinelli. E isso é uma pura verdade.
Mas esta sessão, presidida pelo nobre Senador Izalci, cuidadosamente preparada por essa equipe altamente competente que está aí no fundo e por alguns de nós admiradores e discípulos do Paolinelli, não foi feita para nós ou para vocês. Esta sessão foi feita para que nós e quem está nos assistindo pela TV Senado, pelos órgãos de comunicação do Senado, pela Rádio Senado falemos para os nossos netos, e esses nossos netos para os seus netos, para que a geração futura, no próximo centenário dessa nomeação, saiba que eles estão se alimentando e há abundância de recursos no Brasil graças ao esforço desse grande homem Alysson Paolinelli.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado, Josélio.
Quero registrar também a presença aqui do nosso querido Luiz Bandeira, que foi assessor do homenageado e Coordenador do Orçamento do Ministério da Agricultura; Roni Carneiro, assessor do homenageado; Fernando Rodriguez, Secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal; Eustáquio José Costa, já mencionado; Paulo Costa, também jornalista já mencionado; nosso querido Fernando Barros, também do Fórum do Futuro; Heloísa Alves, que é a grande inspiradora do Eliseu. Aqueles que não foram citados sintam-se todos citados.
Eu passo imediatamente a palavra ao nosso querido Eduardo Azeredo, ex-Governador de Minas, Senador, Deputado.
O SR. EDUARDO AZEREDO (Para discursar.) - Eu trouxe um papelzinho aqui, viu, Izalci? Não foi um discurso, não. Vou mais rápido.
O Presidente Izalci é também de Minas Gerais. Ele é Senador por Brasília, mas é um mineiro de Araújos, lá no oeste mineiro. Então, estamos todos em casa aqui, muitos mineiros aqui, Ministro. Estamos aqui fazendo essa homenagem ao nosso querido Paolinelli.
Eu quero exatamente dar minha palavra aqui hoje relembrando a ventura que eu tive, a fortuna que eu tive de ter o Alysson como Secretário de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais. Vejam que ele foi Secretário de Minas com o Governador Rondon Pacheco; foi Ministro da Agricultura com o Presidente Geisel; voltou e foi outra vez Secretário da Agricultura com o Governador Hélio Garcia; e continuou comigo como Secretário de Agricultura de Minas Gerais.
Ele era um homem realmente completo, respeitado. É impressionante, quando ia a alguns encontros, especialmente encontros internacionais, como que as pessoas se referiam ao Paolinelli.
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Eu comentava, agora há pouco, com o Ministro Roberto Rodrigues, que uma vez eu estava lá no Palácio da Liberdade, o histórico Palácio da Liberdade, com aquela quantidade de assuntos, e me chega o assessor de imprensa: "Tem um pessoal da TV japonesa querendo te entrevistar sobre própolis". "Meu Deus, o que eu vou fazer agora?" Aí eu falei: "Então vocês acham o Paolinelli para mim, para ele me explicar exatamente o que eu tenho que falar sobre própolis com a TV japonesa. E aí ele me explicou que a produção de própolis de Minas é toda vendida para o Japão, que compra. Tudo o que nós produzimos de própolis eles levam lá para o Japão, adoram própolis. E me falaram que era realmente muito forte. E lá fui eu com toda... Fechei o paletó: "Ora, própolis é muito importante...". Tudo o que o Paolinelli tinha me falado.
Então, é uma questão realmente muito boa poder voltar aqui hoje nesse aspecto, estar aqui neste Senado, onde eu fui Senador por Minas Gerais durante 8 anos, para fazer parte dessa homenagem que se faz a Paolinelli. Há um ano, mais ou menos, nós estivemos com o Gustavo, estava lá no Dia de Campo, em Baldim, onde o Paolinelli exatamente fazia toda aquela movimentação.
Ele agora estava entusiasmado com a soja, ele estava investindo na soja, além do café, do leite, que sempre foi uma questão forte do nosso Estado. E eu me lembro que a sua atuação, como foi lembrado aqui, era múltipla; ele cuidava da saúde animal. Também lá no Estado de Minas, ele levou a cabo um projeto contra a febre aftosa, abolindo a febre aftosa de Minas; depois, no caso da Emater, ele dobrou o número - Minas Gerais de 853 municípios, o maior número do Brasil - dobrou o número de cidades de 300 e poucas para 700 com escritórios da Emater. E há caso também do Expominas, em que ele demonstrou a capacidade política dele; é o centro de exposições de Minas Gerais, em que ele conseguiu exatamente conciliar todos os interesses.
Eu me lembro também de outro episódio que é bom lembrar aqui, dos episódios bem-humorados: o Governador Mário Covas nos visitava e ele virou para o Governador Covas e falou assim: "Ó, Governador, aquela história de café com leite, que era um Presidente mineiro e um Presidente paulista, acabou; o café e o leite são nossos; nós somos o maior produtor dos dois! De café e de leite! Não é mais aquela história de que São Paulo era o campeão no café, e nós no leite; agora, nós produzimos os dois! Agora, café e leite são os nossos!"
Então, fica aqui, meu caro Izalci, o meu abraço a nossa Marisa, aos filhos Gustavo, Daniela e Alexandre, com que eu sempre convivi, e um abraço a todos os amigos de Paolinelli que aqui vêm hoje, todos que já estavam aqui presentes e foram nominados na mesa, deixando só uma mensagem final: Paolinelli nos levou ao milésimo assentado no Jaíba, produtores rurais do Jaíba. Por quê? Porque ele sabia como é importante você ter paz no campo, o direito, o respeito à propriedade privada, o combate à violência no campo. É possível fazer as duas coisas: você pegar, como ele pegou, no Jaíba, e instalou mil novos produtores rurais. Hoje já está em 1,7 mil, uma coisa assim. E você, ao mesmo tempo, não deixar continuar a ter, como tivemos há alguns dias, em Minas, invasões do lado de Belo Horizonte, na cidade de Lagoa Santa. Paolinelli sempre conseguiu defender a propriedade privada e, ao mesmo tempo, entender bem o que era a visão social.
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Um grande abraço a vocês.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Vou conceder a palavra também, para breves considerações, à Sra. Selma Beltrão, que é Diretora-Executiva de Pessoas, Serviços e Finanças da Embrapa.
A SRA. SELMA BELTRÃO (Para discursar.) - Uma boa tarde a todas e a todos.
Quero cumprimentar, inicialmente, os Senadores Izalci Lucas e Wellington Fagundes, requerentes dessa sessão; também a Sra. Marisa de Sena e, na sua pessoa, todas as mulheres aqui presentes no Plenário; o filho do nosso ex-Ministro Alysson Paolinelli, Alexandre Paolinelli, que, com toda a sua emoção, contou um pouco da sua história; o Secretário de Agricultura do Governo do Distrito Federal, Fernando Rodriguez; o nosso ex-Ministro - e sempre Ministro - Roberto Rodrigues; o representante da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil, Paulo Romano; Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, Josélio Moura; o ex-Governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo; o nosso pesquisador e ex-Presidente da Embrapa Eliseu Alves e, na sua pessoa, a todos os empregados da Embrapa aqui presentes e gestores.
Como representante da Diretoria-Executiva da Embrapa, agradeço ao Senado por essa sessão especial em homenagem ao ex-Ministro Alysson Paolinelli, que foi membro da primeira Diretoria, a quem a gente, como embrapiano, tem muito a agradecer, porque, afinal de contas, a Embrapa nasceu durante a sua gestão.
Destacamos que Alysson Paolinelli teve uma importante execução para a agricultura brasileira, em especial para a nossa Embrapa. Ao longo de sua trajetória, atuou e dedicou sua vida profissional à agricultura brasileira, em especial ao desenvolvimento agrícola do nosso país.
Ao implementar políticas e tecnologias inovadoras para a época, Paolinelli desempenhou um papel crucial para a chamada revolução verde brasileira, baseada no aumento da produtividade agrícola e na expansão da fronteira agrícola, com destaque ao início dos trabalhos do Cerrado brasileiro.
Também teve um papel fundamental na história e criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a nossa Embrapa, maior empresa de pesquisa agropecuária tropical do planeta, e aqui, com muito orgulho, citada várias vezes pelos senhores e senhoras. Como Ministro da Agricultura, atuou diretamente no fomento à capacitação de pesquisadores da empresa em universidades e instituições mundialmente reconhecidas, em busca de uma excelência científica que colocasse a Embrapa na vanguarda da revolução verde. Em seu mandato como Ministro, o quadro de pesquisadores da nossa empresa dobrou e o número de mestres e doutores aumentou em seis vezes.
Ainda na Embrapa, Paolinelli esteve à frente da criação de 26 das 43 unidades descentralizadas da empresa, destacando centros como Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, Minas Gerais; Cerrados e Hortaliças aqui, no Distrito Federal; Arroz e Feijão, em Goiás; e Gado de Corte, no Mato Grosso do Sul; além do então serviço de produção de sementes básicas, estruturas fundamentais para o desenvolvimento agrícola do Cerrado nacional, que representava 19% da produção nacional em 1974 e hoje representa mais de 40%.
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Por tudo isso, prestamos homenagem devida ao ex-Ministro Alysson Paolinelli, para muitos aqui referência pela trajetória dedicada ao agro brasileiro e por sua atenção à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Dito isso, é importante ressaltar que, à medida que enfrentamos desafios cada vez mais complexos no setor agrícola, é crucial também aproveitar esse espaço para reforçar a importância do investimento continuado em pesquisa, educação, tecnologia e ciência. Essa decisão, que necessariamente passa pela atuação deste Parlamento, será o diferencial para que a Embrapa e a ciência e tecnologia brasileiras continuem colaborando com soluções tecnológicas sustentáveis, contem com pessoas visionárias como o ex-Ministro Alysson Paolinelli e trabalhem em sintonia com as demandas dos produtores rurais em uma perspectiva sempre inclusiva.
Em nome de todos os embrapianos e de todos aqueles que valorizam o progresso e a excelência na agricultura, em nome da Diretoria Executiva da Embrapa, expresso aqui as homenagens ao ex-Ministro Alysson Paolinelli e aproveito a oportunidade para convidar todos os Parlamentares que aqui se fazem presentes nesta homenagem, para que, assim como fez o nosso ex-Ministro, continuem valorizando a Embrapa. E esperamos reencontrá-los brevemente lá no dia 24 de abril, quando estaremos comemorando os 51 anos da nossa instituição Embrapa.
Uma boa tarde e muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Também para uma breve saudação, o Sr. Manoel Mário de Souza Barros, que é o Presidente da Academia Latino-Americana do Agronegócio. (Pausa.)
Vou passar a palavra agora ao nosso querido ex-Ministro da Agricultura no período de 2003 e 2006, o Sr. Roberto Rodrigues.
O SR. ROBERTO RODRIGUES (Para discursar.) - Caro, Senador Izalci, Presidente desta sessão, que deu provimento a ela juntamente com Senador Wellington Fagundes, muito obrigado por essa homenagem ao Paolinelli; minha querida comadre Marisa; meus queridos sobrinhos Alexandre, Daniela, Gustavo; companheiros da mesa aqui presentes, Governador Eduardo Azeredo... Há muito mineiro, inclusive eu, que sou honorário, cidadão mineiro também. Acho que sobrou só o Sr. Josélio, que ficou fora de Minas Gerais aí, ficou mais para cima um pouco.
Senhoras e senhores, Presidente, eu vou falar aqui, vou assumir aqui uma responsabilidade não formalizada, mas, como agricultor, quero falar em nome dos agricultores brasileiros, nesta sessão solene, onde falaram técnicos, pessoas maravilhosas, mas, como agricultor brasileiro, quero dizer duas palavras muito rapidamente.
Há 60 anos, eu era estudante de agronomia em Piracicaba, e meu ídolo, Juscelino Kubitschek. Juscelino foi um homem que mostrou aos brasileiros que era possível fazer o Brasil.
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Foi uma coisa extraordinária. Eu cheguei a escrever um discurso - ele recebeu o título de cidadão piracicabano - do Vereador que o saudou em Piracicaba. Mas, logo depois de sair da escola, comecei a acompanhar o maior ídolo de toda a minha vida, Alysson Paolinelli, Secretário da Agricultura de Minas Gerais. Eu, agricultor, no interior de São Paulo, acompanhei os trabalhos dele; depois com o Pipaemg; depois como Ministro da Agricultura, no trabalho que fez com o Prodecer, com o Polocentro, com a parceria extraordinária de outro mineiro que é o Eliseu Alves, um homem maravilhoso, que construiu a ciência brasileira com uma competência extraordinária, fora do comum.
Comecei a olhar o Paolinelli de perto e entendi, Presidente Izalci, que, da mesma forma que o Juscelino mostrou ao Brasil e ao brasileiro que era possível fazer um país forte, Alysson mostrou ao mundo que o Brasil tinha um papel central, planetário, e mostrou ao mundo da maneira mais importante possível, garantindo a vida, porque não há vida sem alimento. E Paolinelli fez isso, mostrou ao mundo que nós vamos alimentar o mundo e vamos fazer esse processo de paz universal com a segurança alimentar. Então, não pode existir na história do Brasil um brasileiro que tenha o maior peso na demonstração ao planeta do que este país é capaz de fazer, alimentando, vestindo a população planetária.
Paolinelli foi a vida inteira, sê-lo-á, enquanto eu durar, o meu único farol gigantesco a iluminar o cenário da agricultura. Esse farol é que mostrou, Senador, que o mundo vive hoje assombrado por quatro novos cavaleiros do apocalipse, que são: a segurança alimentar, a segurança energética, as mudanças climáticas e a desigualdade social. Esses quatro fantasmas que atravessam as fronteiras dos continentes todos assombram os governos e cidadãos de qualquer país do mundo. Esses quatro fantasmas o farol de Paolinelli mostrou que têm que ser aniquilados pelo agro, pelo setor rural. Qual o setor rural? O tropical, que pega toda a América Latina, a África Subsaariana e parte da Ásia, porque nessa área do mundo tem terra para aquecer horizontalmente e tecnologia para crescer verticalmente. É aqui que vai explodir a produção mundial de alimentos, de energia, com sustentabilidade, gerando emprego e renda para acabar com a desigualdade social.
Esse sonho de Paolinelli vai se tornar uma realidade, com o Brasil cumprindo o seu papel central de ser o protagonista desse processo todo, não apenas como exportador de alimentos ou de energia ou gerando empregos, mas ensinando ao mundo tropical como produzir energia e vendendo ao mundo tropical ciência, tecnologia, informação, indústria e progresso. O sonho de Paolinelli, o farol de Paolinelli vai iluminar o mundo por muito tempo ainda, e, em todo esse tempo, o Brasil será o protagonista central desse grande avanço global, pela morte dos quatro cavaleiros do apocalipse.
Muito obrigado, Senador. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Bem, quero, primeiro, agradecer a presença de todos aqui e dizer da minha alegria e honra de presidir uma sessão em homenagem ao nosso querido Alysson Paolinelli, meu quase conterrâneo - eu sou de Araújos, bem pertinho de Bambuí -, que sempre nos tratou muito bem.
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Fiz recentemente com ele várias audiências com relação à Comissão do Senado do Futuro, onde ele já falava do futuro do agronegócio. Estamos enfrentando momentos difíceis aqui no Congresso Nacional, em função inclusive do agro, como foi dito aqui, a ainda não consolidação da propriedade privada - ainda há questionamento disso, inclusive invasões ainda em muitos lugares, como agora foi citado aqui pelo nosso querido Eduardo Azeredo, e a questão do marco temporal que aprovamos aqui, derrubamos vetos, e ainda insistem em questionar esse tipo de coisa.
Quero agradecer também ao Josélio. Durante a covid, nós trabalhamos muito aqui com relação... Eu não sei se era o Lanac, mas foram laboratórios, em que o Brasil já era referência, e trabalhamos muito no sentido de produzir a vacina aqui nos laboratórios. Então isso ajudou bastante.
Mas quero dizer do nosso compromisso aqui com o agro. Se hoje o Brasil ainda tem uma economia pujante, a gente deve ao agro. E hoje, no Congresso Nacional também... Eu não sabia que foi o Alysson também que fundou a frente do agro, que agora é a Frente Parlamentar da Agricultura, que tem um peso significativo aqui no Congresso Nacional. Hoje, no Congresso, o que funciona mesmo aqui são as frentes parlamentares, e a frente do agro é a que mais tem peso aqui, que realmente é mais organizada e dá realmente subsídio para que os Senadores e Deputados possam votar com consciência e com dados concretos aqui.
Quero agradecer mais uma vez aqui a presença do Eliseu, porque a Embrapa para nós é uma grande referência, é um orgulho para nós, mas que, na prática, também tem suas dificuldades aqui com relação ao orçamento. Eu nunca vi uma coisa assim, quer dizer, a Embrapa nossa passando por dificuldades orçamentárias, e todo ano tem que ficar brigando aqui para... E, quando a gente consegue, ainda tem dificuldade de execução por parte, não da Embrapa, mas de outros órgãos.
Mas quero dizer que é um privilégio participar aqui - viu, Dra. Marisa? Obrigado pela sua presença e dos filhos. E depois, após o encerramento, eu quero aqui fazer uma pequena homenagem. Então, eu gostaria, já, que viessem aqui para cima - para receberem a homenagem - a Daniela, o Gustavo e o Alexandre, para a gente poder fazer essa homenagem.
Então, eu agradeço a presença de todos.
E, cumprida a finalidade desta sessão especial do Senado, agradeço a todos que a honraram com a sua participação, e declaro, então, encerrada a nossa sessão.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 15 horas e 47 minutos.)