2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 19 de agosto de 2024
(segunda-feira)
Às 14 horas
118ª SESSÃO
(Sessão Não Deliberativa)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Brasileiras e brasileiros, minhas únicas vossas excelências, Deus e saúde, alegrias e vitórias em suas vidas e de seus familiares e amigos neste 2024, hoje, 19 de agosto.
Há número regimental, declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
A presente sessão não deliberativa destina-se a discursos, debates, comunicações e outros assuntos de interesse partidário ou parlamentar.
As Senadoras e os Senadores poderão se inscrever para o uso da palavra por meio do aplicativo Senado Digital, por lista de inscrição que se encontra sobre a mesa ou por intermédio dos totens disponibilizados na Casa. Os Senadores presentes remotamente e inscritos para o uso da palavra poderão fazê-lo através do sistema de videoconferência.
Bem, antes de mais nada, eu quero fazer um registro de gratidão, pois quem não tem gratidão, não tem caráter. No sábado, recebi uma mensagem linda, que vou guardar para o resto de minha vida, que se encerrou inclusive com a frase "eu também te amo, Kajuru", do histórico Presidente deste Congresso Nacional e desta Casa Maior, o Senado, o mineiro Rodrigo Pacheco, dizendo: "Segunda-feira, Kajuru, você será o Presidente da sessão para uma homenagem especial ao ídolo maior, Silvio Santos, com quem, por décadas, você conviveu e trabalhou". Fiquei emocionado, pois, no sábado, foi a minha maior dor, depois da perda de minha mãe, empatada com a do papai, pois convivi muito pouco com ele, em função do tempo em que ele ficou internado num sanatório em Araras, no interior de São Paulo.
Silvio Santos realmente foi um pai para mim, e presidir esta sessão hoje é a maior alegria - e não haverá outra - em meus oito anos de mandato como Senador da República, representando orgulhosamente o Estado de Goiás.
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Antes de iniciarmos os pronunciamentos remota e presencialmente, eu gostaria de pedir, neste momento, ao Brasil inteiro, nos vendo pela TV Senado, Rádio Senado, Agência Senado e por todas as redes sociais, aos meus mais de 6 milhões de seguidores em todas as minhas redes, que estão transmitindo ao vivo toda esta sessão, o nosso um minuto de silêncio, pois ele, Silvio Santos, já chegou ao colo de Deus.
(Soa a campainha.)
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar - Presidente.) - Não há nenhuma dúvida, amigo e referência, Senador Paulo Paim, presente aqui nesta sessão, todos os demais remotamente e outros que chegarão, como o Senador e representante desta Mesa Diretora Chico Rodrigues, de seu gabinete, de que desde sábado o céu está cantando: "Silvio Santos vem aí". E eu começo o meu pronunciamento, conforme pediu o Presidente Rodrigo Pacheco para que eu abrisse.
Eu subo à tribuna do Senado, tocado pela mais profunda emoção, para prestar minha homenagem póstuma a um amigo, um ídolo, um pai e um ícone que marcou a história da TV e da cultura no Brasil: Silvio Santos, o apresentador que, ao longo de mais de seis décadas, tornou-se a figura mais presente nos lares brasileiros.
Quero, de público, manifestar meu pesar aos ex-colegas meus do Sistema Brasileiro de Televisão, onde trabalhei por 16 anos, desde 1983, quando tinha 21 anos de idade, e Silvio me lançou, e também a toda a família Abravanel, em especial à mulher amada, Íris, e às filhas bem-amadas, Cintia, Silvia, Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata.
Para falar de Silvio Santos, precisaria de horas. Todavia, o mais importante é poder dizer, de público, o quanto agradeço a Deus por ter conhecido e convivido 16 anos com o Senor Abravanel, o seu nome de batismo.
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Nascido no Rio de Janeiro, morreu em São Paulo, no último sábado, 17 de agosto de 2024, aos 93 anos. Seu corpo foi enterrado ontem, domingo, no Cemitério Israelita do Butantã, em cerimônia restrita aos familiares e a um grupo pequeno de amigos, pois, segundo a sua família - e eu já sabia disto -, ele havia pedido que não fosse explorada a sua passagem: Silvio Santos gostaria de ser celebrado em vida e queria ser lembrado com alegria, nada mais natural.
A sua morte comoveu e entristeceu o Brasil e boa parte do mundo, e, ao mesmo tempo, o fim de semana de sua partida foi marcado pela alegria que caracterizou a existência do maior apresentador de TV do mundo. A imagem de Silvio Santos, alegre, risonho, brincalhão, espontâneo, fez-se presente em todas as redes de televisão, emissoras de rádios e redes sociais.
E aqui cumprimento a família Marinho, Rede Globo de Televisão, a que melhor o homenageou. O Jornal Nacional de sábado me encheu de lágrimas em sua escalada inicial.
O obituário eletrônico de Silvio Santos já faz parte da história da nossa TV e não poderia ser diferente. O sorriso largo e a risada inconfundível de Silvio Santos mataram a saudade de quem não o via desde que se afastou da TV há dois anos, e as múltiplas homenagens fizeram jus à grandeza de um comunicador que amou, como poucos, o seu país - Senador Eduardo Girão também aqui presente, como sempre - e, mais ainda, os brasileiros.
Silvio era do povo e amava o povo. Filho de pai grego e de mãe turca, ambos judeus, nasceu na Lapa, Rio de Janeiro. Ele, primeiro de seis filhos, começou cedo a labuta. Aos 14 anos, vendia carteiras para título de eleitor na eleição de 1945, que marcava o fim da ditadura de Getúlio Vargas. Dono de uma voz única, ainda vendeu canetas e remédios, antes de fazer teste para locutor na Rádio Guanabara. De Kombi, animava as praças, era chamado de Peru que Fala, pois sempre estava vermelho o seu rosto.
Ele superou 400 concorrentes na sua primeira emissora, Rádio Guanabara. Outras rádios vieram, inclusive uma em Niterói - aí, usuário da barca que ligava a cidade ao Rio, ele criou o que eu também tive em Cajuru, aos dez anos de idade, um serviço de alto-falantes que entretinha os passageiros e que se tornou rentável, até a barca quebrar e parar para conserto.
Silvio Santos, então, decidiu mudar-se para São Paulo. Passou em teste na Rádio Nacional das Organizações Victor Costa e começou a fazer locução comercial no Programa Manoel de Nóbrega, com quem ele se juntaria também no Baú da Felicidade, seu primeiro empreendimento comercial de enorme sucesso.
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Em 1955, Silvio fez a primeira aparição em TV e, em 1960, estreou seu primeiro programa, que se chamava Vamos Brincar de Forca, na TV Paulista, precursor, ele, do Programa Silvio Santos, que nasceria três anos depois, em 1963.
Em 1966, a TV Paulista virou TV Globo. Na nova casa, deslanchou mais ainda, chegando a superar o programa Jovem Guarda, de Roberto Carlos, transmitido na TV Record.
Em 1969, a Globo passou a transmitir o Programa Silvio Santos também para o Rio de Janeiro, sucesso absoluto, mas o apresentador queria ir mais longe!
Em 1976, conseguiu a concessão do canal 11, no Rio de Janeiro, a TVS, na qual eu estreei em 1983.
Em 1981, concorreu a edital e ganhou a concessão de canais disponíveis após o fim das atividades da TV Tupi, a que tinha a maior audiência no Brasil. Estava, então, criado, tendo como sede o canal 4 de São Paulo, o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, em que trabalhei por 16 anos e fiz de tudo, fui até ator, até em novela: Silvio me colocou para contracenar com um dos maiores atores do Brasil, Herson Capri - eu era o seu psicanalista na novela Vitrine.
E cairia nas graças do público o SBT. O Programa Silvio Santos tomaria conta do Brasil, e o mosaico de quadros variados faria de seu apresentador o principal nome da televisão brasileira, o pelé da TV.
Não à toa, José Bonifácio de Oliveira, o Boni, o maior gênio, diretor e criador de TV do Brasil, criador de tudo na Rede Globo de Televisão e maior executivo de TV do país, sempre disse que Silvio Santos criou o domingo na televisão brasileira e, como reafirmava o próprio Silvio: "Domingo é dia de futebol, de macarronada e de Silvio Santos".
Silvio foi mais - e foi muito mais - que um apresentador ou um animador de auditório inigualável, era um talento a serviço da televisão brasileira, que cuidava com carinho de toda a programação, sempre preocupado em levar o que achava melhor para os telespectadores. Criou dezenas de formatos que marcaram para sempre a TV brasileira, entre eles - como esquecer, Paim, Girão, Chico, senhoras e senhores, meus únicos patrões? -, Qual é a Música?, do qual eu participei 19 vezes; Cidade contra Cidade; Show do Milhão; Porta da Esperança; Topa Tudo por Dinheiro; Show de Calouros; Namoro na TV.
E, lembrem-se, Silvio foi responsável pelo primeiro reality show do Brasil, que hoje é a maior audiência da Globo, a famosa Casa dos Artistas, e depois criou o segundo reality show, Casamento à Moda Antiga, e escolheu o único apresentador de TV que dividiu o palco com ele: desculpem, fui eu, o Jorge Kajuru, dentre 14. Eu dividia o comando desse reality show com o Silvio, ele o titular e eu, evidentemente, o substituto reserva. Ele, com a Casa do Artista ou dos Artistas, obteve a maior audiência até hoje de sua emissora.
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Empreendedor nato enveredou por outros ramos de atividades, na maioria das vezes, com sucesso absoluto, fruto da credibilidade conquistada. Tentou até a política, mas as circunstâncias o afastaram dela, para mim e sua família, felizmente. Eu me lembro de que ele perguntou a minha opinião na época.
Como empresário, ele que se autointitulava também um homem de negócios, diferia por completo do apresentador brincalhão. Quando colocava óculos em reunião de trabalho, era seriíssimo, rígido, pura sensatez e racionalidade - abro aspas: "Sempre penso nas famílias que vivem de minhas empresas" - fecho aspas, Silvio costumava dizer.
A generosidade sempre caracterizou o patrão Silvio Santos como o melhor de meus 50 anos de carreira nacional na televisão brasileira, em que completo hoje, 19 de agosto, de 2024; dos 50, 16 com Silvio. O melhor que conheci nesses 50 anos no rádio, na TV e nos jornais.
Silvio sabia detectar talentos como ninguém, preocupava-se com os seus contratados e fazia questão de reconhecer trabalho bem-feito. Eu pude atestar isso em minhas várias passagens pelo SBT. Depois da Copa do Mundo de 1986, em que fui o repórter titular do SBT, no México, em parceria com a Record - chamava-se SBT e Record - Unidos Venceremos, que também está junto com Silvio no céu, o Silvio Luiz, narrador monstro sagrado da televisão brasileira -, em uma cobertura de sucesso que fizemos, Silvio fez questão de pagar um salário a mais a todos que participaram da cobertura esportiva na Copa do México, em 1986. Coube a mim a honrosa missão de comunicar a decisão dele aos demais colegas.
Em outra ocasião, Silvio Santos, sabedor de que eu não gostava de fazer merchandising, pediu-me que apenas repetisse no ar do programa Jogo Duro - o qual eu fazia meio-dia e meia em rede nacional aos domingos - uma só frase referente a uma empresa de telefonia. Eu atendi e disse que não queria receber nada. Por três meses, fui premiado por Silvio com o dobro do meu salário em gratificação.
Quando eu fui chamado para dirigir o programa Fora do Ar, um talk show às 11h30 da noite, que concorria com o Jô Soares, ao lado da rainha da TV, a Hebe Camargo - pois Silvio me pediu para dirigir o programa dela, com Adriane Galisteu e Cacá Rosset -, Silvio me ofereceu um salário que era o triplo do da emissora anterior, a qual me demitiu ao vivo do Mineirão, lá recebi. Ponderei a ele que, embora semanal, a característica do programa exigiria de mim presença diária na TV, porque vestia a camisa do SBT e, por isso, o valor deveria ser maior. Ele perguntou: "Quanto você quer ganhar, Kajuru?", porque ele não falava com ninguém mais do que dez minutos no seu camarim. Respondi: "O dobro, chefe". E ele: "Está feito". Pagava bem, em dia, e cobrava o bom uso do dinheiro. Uma vez, ele me chamou, no camarim, para dizer que estava preocupado com as informações de que eu estaria gastando boa parte do meu ótimo salário com festas e namoros. Ele me aconselhou a mudar o comportamento, a guardar parte do meu salário e ainda me indicou quem poderia me ajudar a fazer investimento financeiro. Foi a primeira vez que comecei a fazer poupança na minha vida.
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Um homem de bem, que repetia, à exaustão, aspas: "O bem sempre vence o mal. O mal vence por alguns minutos, por algum tempo, mas o bem sempre vence o mal, e não teríamos razão para viver, mesmo que esta vida termine no pó, se o mal vencesse o bem", fecho aspas. Que gênio, hein?
O carinho maior de Silvio Santos sempre foi dirigido ao que chamava de colegas de trabalho: as mulheres de seu auditório. Nunca, gente, houve uma explicação oficial para a exclusividade feminina, mas, nos bastidores, dizia-se que as mulheres interagiam mais que os homens, animavam mais o programa, com palmas, gritos e cantorias. Eram bem tratadas, recebiam maquiagem e passavam por cabeleireiro. Silvio ainda fazia questão de promover um esquenta, antes do início das gravações - algo que nunca vi um comunicador fazer -, período em que conversava ele com o público feminino, contava piadas e criava o clima de alegria que sempre marcou a sua presença diante das câmeras de TV.
Pode-se dizer que Silvio Santos criou a alegria do domingo em família. É uma das razões pelas quais jamais será esquecido. Poderemos homenageá-lo, sempre, levando a sério os versos da música que ele e colegas de trabalho entoavam, com entusiasmo - parece que o Senador Izalci chegou também -, aspas: "Do mundo, não se leva nada. Vamos sorrir e cantar...", fecho aspas, música que ele deve estar cantando, em outra dimensão, com os amigos e fãs que se foram antes e, certamente, o receberam, com alegria, entoando o refrão: "Silvio Santos vem aí!"
Silvio Santos vem aí...
Descanse em paz, Silvio. Obrigado por tudo o que você fez pelo Brasil, o apresentador que, ao longo de mais de seis décadas, representou tudo! Obrigado, Silvio, por fazer, na minha vida, que me transformasse em um comunicador nacional. Fiz programas com Helô Pinheiro, Wilton Franco, Jô Soares, Hebe Camargo e tantos outros. Aprendi tudo e o pouco que pedi a Deus recebi em dobro, graças a Silvio Santos, o patrão que melhor me remunerou.
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Fecho, porque muita gente não sabe, e Boni foi muito honesto, neste final de semana, ao declarar que, quando o Silvio Santos, Paulo Paim, comprava o horário de domingo na Rede Globo, que você, certamente, no Rio Grande do Sul, assistia com sua família, e ele, na Rede Globo, campeão de audiência, e a Globo vivia dificuldade financeira até para pagar a folha de pagamento, Sabrina, minha companheira e Secretária-Geral da Mesa, eficiente e incomparável, companheira nossa, Silvio emprestava dinheiro para o Dr. Roberto Marinho pagar a folha de pagamento.
Esse foi o Silvio Santos que, para mim, definitivamente, não morreu. E eu cumpri aqui, embora no começo não tenha aguentado, mas segurei, porque foi ele que me ensinou: "Kajuru, não chore no ar. Quando você estiver se comunicando com o Brasil inteiro, Kajuru, não chore, se mantenha firme!".
Silvio, eu dei conta de fazer este pronunciamento histórico no Congresso Nacional tendo a honra de presidir hoje esta sessão, escolhido pelo Presidente Rodrigo Pacheco, por você, Silvio.
Com a palavra - vejo-o já de pé - o meu querido amigo Izalci Lucas, com sua família.
Tenho certeza de que, nesse final de semana, você se lembrou e se emocionou com a ida de Silvio para o colo de Deus, onde o céu já está dizendo "Silvio Santos vem aí!"
Izalci Lucas.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Pela ordem.) - É isto mesmo, Presidente.
Primeiro, quero dizer também da solidariedade com a família, com o povo brasileiro, porque, na prática, quem conseguiu, durante anos e anos, todo final de semana, principalmente, com a família, na sala de televisão, vendo Silvio Santos, foi, marcou... Acho que não terá outro, não é, Kajuru? Na realidade, Silvio Santos foi, realmente, o melhor apresentador de TV, inclusive o que mais durou. Está até no livro do Guinness como o programa de auditório que mais durou.
Eu digo até que quem morreu foi o Abravanel. Silvio Santos não morreu, continua e realmente merece todo o respeito de todo o povo brasileiro, porque conseguiu dar alegria para muita gente, e quase foi Presidente da República. Pena que não tenha conseguido superar as questões da época que o impediram de participar. Talvez o Brasil tivesse sido outro com Silvio Santos na Presidência.
Mas é um dia triste, e, na prática, ele já vinha conduzindo isso para que realmente as pessoas se lembrassem dele e dos momentos alegres. Ele não queria ter a imagem do sepultamento, dos momentos tristes. Então, realmente, eu me solidarizo contigo. Parabéns pela homenagem! Grande parte da população ainda acompanhava a rede aberta, que é a TV.
Ontem, eu fiz um programa de rádio, e a gente dedicou grande parte do programa realmente a homenageá-lo, porque ele realmente era um craque. Realmente, não teremos outro Silvio Santos, nunca.
Então, é triste, mas a gente tem certeza de que isso aí vai permanecer na mente dos brasileiros durante muitos anos. Então, solidariedade à família, e eu tenho certeza de que ele fez o que pôde fazer e alegrou muito a gente. Realmente, se tem alguma coisa, se tem alguém que contribuiu muito para a diversão e para unir, inclusive, a família... Antigamente, há pouco tempo, no domingo, todo mundo sentava ali, junto com os pais, com os avós, e acabava assistindo também ao programa, e depois que você entrava no programa dele, dificilmente você mudava de canal. Então, é triste, mas ele continua vivo na mente de todos os brasileiros. Obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Belas palavras, como sempre, Izalci Lucas, Senador do Distrito Federal, reverenciando Silvio Santos.
Aqui há uma lista de oradores inscritos. Entre um e outro, eu vou contar histórias rápidas de Silvio Santos que o Brasil ainda não sabe. Após Izalci, uma delas: eu lembro como se fosse hoje quando ele me chamou para trabalhar, três meses depois da minha demissão ao vivo. Eu fui o único jornalista da televisão brasileira demitido ao vivo, em 2004, no Mineirão, porque eu defendia os cadeirantes que não estavam podendo entrar no estádio com suas credenciais, pois havia uma festa do então candidato lançado à Presidência da República Aécio Neves, com atrizes, atores, cantores, todo mundo entrava, farra do boi, menos os cadeirantes. E eu ao vivo os defendendo, e fui demitido ao vivo. Pois bem, fiquei três meses desempregado porque os donos de televisão se juntaram ao dono da Band, na época. Eis que Silvio me chamou, três meses depois, junto com Hebe Camargo, no camarim, e disse: "Você vem para cá, começa amanhã, você vai dirigir o programa da Hebe, vai dirigir um talk show e fazer uma mesa redonda dominical de esportes". Eu comecei a chorar e falei: "Silvio", depois de acertar tudo, o salário e tudo, contrato, "Silvio, a minha gratidão". Ele: "Para! Nunca fale na sua vida essa palavra. Você está sendo contratado porque você tem audiência, porque você tem talento. Então, não me diga a palavra gratidão". Nunca vou esquecer isso de Silvio Santos.
Bem, aqui, eu me lembro de que conversei, no final de semana, com o meu amigo querido, a caminho da Prefeitura de Fortaleza, Senador Eduardo Girão, aqui está dizendo a Sabrina que o primeiro orador inscrito é o Senador Eduardo Girão. É isso mesmo? Ele está presente ou está remotamente? (Pausa.)
Ah, remotamente. Irmão querido, abraço à Márcia, à família, Deus dê saúde a você.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar. Por videoconferência.) - Paz e bem, meu querido Senador, meu irmão Jorge Kajuru, muito bonito o seu pronunciamento, quero cumprimentá-lo por cada palavra. O senhor, neste final de semana, estava muito emocionado, fez questão de ser o primeiro, falou com o Presidente da Casa, ele assentiu e você honrou aí a homenagem, abrindo essa série de homenagens ao Silvio Santos.
Eu quero, em primeiro lugar, meu assunto é outro, mas eu gostaria de manifestar a minha solidariedade para a família, para os amigos, para todos os brasileiros, porque o Silvio Santos transcende a comunicação, ele estava nas casas dos brasileiros todos os domingos, com a presença marcante, com o seu carisma, com o seu talento, um grande gestor, gerando milhares de empregos, contribuindo para o Brasil. Então a gente sabe que a vida é efêmera, que é uma passagem rápida, e ele cumpriu a missão. E o que nos liga eternamente é o amor, então, milhões de brasileiros, eu acredito que o reencontro é certo com o Silvio, pelo amor que nos liga eternamente.
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Então, Presidente, no mesmo dia - olha só, eu sou uma pessoa que observo muitos os sinais - em que o Brasil se emocionou profundamente com a partida do Silvio Santos, ontem, ícone da boa comunicação... Na verdade, essa partida foi no sábado. Naquele mesmo momento - ontem foi um dia muito difícil, porque era domingo, o dia dele -, o X, o antigo Twitter, uma das maiores e mais respeitadas plataformas do mundo, se retira do Brasil por causa da censura e da perseguição, com ameaça até de prisão dos seus funcionários, praticada pelo Ministro Alexandre de Moraes.
Na última quinta-feira, nós realizamos aí no Senado uma importante audiência pública na Comissão de Comunicação e Direito Digital para discutir a ética na relação entre o poder público e as redes sociais. Eu vou aqui destacar um trecho. Estavam lá o Alexandre Garcia, um grande jornalista; o Alexandre Pittoli. Participaram também o Paulo Figueiredo, a Ana Paula Henkel. Era uma turma boa, que estava conosco na quinta-feira no Senado. E eu vou destacar um trecho. Eu sempre, de forma democrática, abro a palavra para as pessoas que lá estavam - estavam mais de dez Senadores, inclusive o Senador Esperidião Amin, que está aqui conectado, também participou da sessão -, e eu abri a palavra... Foram quase cinco horas de debate, e eu abri a palavra para o público presente.
E uma advogada, a Carolina Siebra, que faz parte da Associação dos Familiares e Vítimas de 8 de Janeiro, fez um pronunciamento ali em três minutos que me impactou profundamente. Para a gente ver o momento a que nós chegamos no Brasil! Qual seria a reação do Senado Federal, no auge da Operação Lava Jato, se a imprensa tivesse vazado o seguinte diálogo... Preste atenção, é uma suposição de um diálogo entre o Juiz Sergio Moro, na época - nosso colega hoje - e o Procurador Deltan Dallagnol. Imagine aí, imagine o escândalo. Vamos lá, vamos fazer aqui uma suposição. Se o Juiz Sergio Moro dissesse: "Eu quero prender essa pessoa". Aí o Procurador Deltan Dallagnol diz: "Mas não existem elementos para isso". Aí o Juiz Sergio Moro diz: "Use a sua criatividade". O mundo cairia e possivelmente seria considerado um gravíssimo escândalo sujeito a duras punições da lei. E foi isso que a gente viu agora, nos vazamentos que a Folha de S.Paulo está publicando. Um diálogo muito semelhante a esse foi revelado agora entre o juiz auxiliar do Ministro Alexandre de Moraes, o Airton Vieira, e o perito do TSE, o Eduardo Tagliaferro, responsável pelo órgão especial de enfrentamento à desinformação - o órgão que eles criaram lá para perseguir e para monitorar quem os critica, quem é de fora do sistema e quem quer a democracia no Brasil.
Então, o juiz que representa o Ministro Moraes simplesmente interfere na alteração do laudo técnico com o objetivo de produzir provas contra a Revista Oeste, falando assim: "Use a criatividade", mesmo tendo sido dito para ele pela equipe "mas eles estão fazendo jornalismo correto, são notícias". E ele disse: "Use a criatividade".
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Este é o país da ditadura em que a gente vive, e nós não podemos, não temos o direito, com a população brasileira, de fazer de conta que isso não está acontecendo. Está na hora de o Senado acordar. Já passou da hora de o Senado se levantar no seu bicentenário.
Por muito menos, Sr. Presidente, por menos que um fato como este, já caiu até Presidente dos Estados Unidos da América, mas, para a vergonha nacional e mundial, o nosso Presidente do Senado assegurou, depois disso tudo o que está acontecendo, de brasileiro morto, de recordista de apreensão de drogas, que é o Silvinei Vasques, ficar preso sem nenhuma justificativa, de o Filipe Martins, mostrando que não viajou, ficar preso sem nenhuma justificativa, do inquérito sem fim das fake news, em que o mesmo juiz é o que julga, o dono da bola, o delegado, enfim...
Olha só a que ponto nós chegamos. Nosso Presidente Rodrigo Pacheco, que eu espero que nos represente, represente o povo brasileiro, que não aguenta mais... Eu estive, neste final de semana, andando nas ruas aqui em Fortaleza e a reclamação é geral do nosso Presidente, do Senado Federal, porque é o seguinte, olha bem o que aconteceu: o Rodrigo Pacheco disse, depois de tudo que nós estamos vendo, inclusive desse vazamento da Folha, que não será aceito nenhum pedido de impeachment, praticamente jogando uma pá de cal em qualquer possibilidade.
Agora, veja bem, essa atitude, essa fala, esse tipo de posicionamento, desmoraliza esta Casa perante todas as instituições verdadeiramente democráticas: um escárnio para mais de 120 Parlamentares - vou repetir -, 120 Parlamentares e quase 1 milhão de cidadãos que, em dois dias... já temos 827 mil assinaturas, já passamos de 827 mil assinaturas do novo pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, não esquecendo, Senador Kajuru, que o senhor - não é por acaso que está nessa Presidência hoje, também, não existe coincidência - entregou comigo e com o Senador Styvenson, nas mãos de Rodrigo Pacheco, o pedido de impeachment há dois anos, com quase 5 milhões de assinaturas - do Caio Coppolla -, também do Ministro Alexandre de Moraes, com sucessivos abusos.
Agora existe um outro movimento, com brasileiro morto, até com os Estados Unidos interpelando instituições do Brasil sobre a censura flagrante que existe na mídia independente, e nós estamos vendo essa declaração do Presidente Pacheco dizendo que não vai fluir pedido de impeachment. Que história é essa de que não vai fluir? Que história é essa? Isso é um desrespeito com os Senadores que querem ver a coisa correta, que querem ter os seus direitos colocados.
Então, seria mais digno seguir o Provérbios 17, 28, que diz: "Até o tolo, estando calado, é tido por sábio [...]", ou seja, seria preferível o silêncio da omissão, mesmo em uma covardia diante de tanto abuso de autoridade, tanto ativismo e tanta ilegalidade que está todo mundo vendo. Não tem como esconder; está todo mundo vendo.
Por isso, é fundamental o destravamento, Sr. Presidente, e eu faço um apelo e conclamo os Senadores da República, do Brasil, nesta Casa: não vou desistir disso, porque "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Que a gente distrave o PRS 11, que é um projeto de resolução do Senado, de autoria do Senador Lasier Martins, que se encontra parado na CCJ desde 2019. O que é que faz esse projeto? Nele está previsto que o Presidente do Senado terá que analisar pedido de impeachment de ministro do STF em até 15 dias. Caso não se manifeste, a maioria dos membros da Mesa Diretora deverá se pronunciar, cabendo ainda recurso ao Plenário, com apoio de um terço de Senadores.
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E a gente tem um terço de Senadores para levar para o Colegiado, que deve ser respeitado, num momento dramático, crucial do nosso país, que é essa interferência de um Poder sobre outro, uma desmoralização de um Poder sobre outro, que nós estamos vendo na República e está causando um caos institucional, que faz o Brasil perder investimento e perder a autoestima dos brasileiros, que estão desesperados com o que está acontecendo.
Então, Sr. Presidente, essas novas e graves denúncias divulgadas pela Folha de S.Paulo vêm reforçar também a importância de outra matéria semelhante produzida pelos jornalistas Michael Shellenberger e Glenn Greenwald, divulgando, pela primeira vez, os arquivos do antigo Twitter, agora o X, corajosamente autorizados por Elon Musk. Contas de Parlamentares e jornalistas conservadores eram sumariamente suspensas por ordem "oculta", entre aspas, ordem "oculta" do Ministro, praticando censura prévia, expressamente proibida pelo art. 220 da nossa Constituição.
Musk denunciou que recentemente mais oito contas do X foram bloqueadas, com a retirada ilegal de sigilos telemáticos, a pedido de Moraes. Dentre elas, as contas do Senador Marcos do Val e da esposa de Daniel Silveira, preso há quase dois anos. E olha, também a família Eustáquio entrou nessa suspensão, e eu fiquei estarrecido com a denúncia que foi colocada pelo jornalista Paulo Cappelli, do Metrópoles, falando que a filha de 16 anos de Oswaldo Eustáquio, nessa última busca e apreensão na casa da família, semana passada, a filha foi apalpada na vagina. Olha a que nível a gente está chegando no Brasil, de desrespeito, de perseguição, não é?
Está na hora de as pessoas de bem reagirem. Está na hora. Ninguém manda no Brasil. O Brasil tem instituições. Cadê as pessoas de bem das instituições? Precisamos nos posicionar. Quem quer que seja, seja Parlamentar, seja juiz, seja um empreendedor, não podemos aceitar que uma pessoa mande e desmande no Brasil, Sr. Presidente.
Eu sei que existe aí um corporativismo grande no Supremo, porque ninguém vê voz dissidente, como tinha que ter, com firmeza, neste momento. A gente vê, muito pelo contrário, uma proteção. Mas era esperado isso, não é? Um Poder está sobre os demais. Cabe ao Senado cumprir só o seu dever.
Então, Sr. Presidente, além das arbitrariedades cometidas nos processos do 8 e 9 de janeiro, não podemos nos esquecer das aberrações cometidas pelo mesmo Ministro Moraes quando presidiu o TSE, nas últimas eleições, que culminaram com o abraço efusivo recebido até pelo Ministro Benedito Gonçalves, durante a solenidade de diplomação do Lula, quando disse: "Missão dada, missão cumprida". Todo mundo quer entender que história é essa, até hoje. Isso foi estranho.
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Nas eleições presidenciais de 2022, o TSE se comportou - eu já disse várias vezes aqui - como um verdadeiro partido político, beneficiando explicitamente um dos candidatos.
Enquanto a campanha do Lula teve apenas seis proibições de divulgação, a campanha de Bolsonaro teve mais de 50. Entre as proibições impostas, algumas verdades públicas que todo mundo conhecia há décadas, como, por exemplo, a questão do aborto e das amizades de Lula com ditadores sangrentos e corruptos, como Nicolás Maduro e Daniel Ortega.
Três meses depois da eleição - e isso não podia ser dito durante o processo eleitoral -, o Lula recebe o Maduro com honras de Estado no Brasil. Está aí o resultado - está aí o resultado: fica passando pano, não declara que foi fraude, como a maioria dos países já declarou, porque é algo escancarado.
O servidor Alexandre Machado, responsável pelo controle das inserções eleitorais no TSE, foi injustamente demitido por ter revelado a subtração irregular de mais de 1 milhão de inserções da campanha do ex-Presidente da República. Esse assunto ficou parado. Nós fizemos audiência pública, graves revelações, e esse assunto, como muita coisa no Brasil, é proibido. Está errado! Democracia não tem assunto proibido.
Ficou também lamentavelmente marcado o voto envergonhado da Ministra Cármen Lúcia a favor da censura prévia a um documentário do Brasil Paralelo, o que, segundo ela mesma, era algo flagrantemente inconstitucional. E ela disse: "Não, censura"... Foi uma coisa, um recado que passou: "Censura é inadmissível, cala-boca já morreu, mas até o dia da eleição pode". É um negócio surreal.
Concluindo, Sr. Presidente, e já lhe agradecendo pela tolerância.
Diante de tantos e contínuos ataques ferindo frontalmente nossa Constituição, vamos acelerar a coleta de assinaturas de apoio ao novo pedido coletivo do impeachment de Alexandre de Moraes, que já conta aí, como eu falei, com quase 1 milhão - são 827 mil, e hoje a gente deve atingir 1 milhão de cidadãos brasileiros.
No dia 7 de setembro, nós teremos uma grande mobilização nacional em todo o Brasil - não apenas na Avenida Paulista, em todo o Brasil - que é a população clamando, sem medo, e se posicionando pelo que ela está pedindo nas ruas: não aguenta mais essa ditadura.
Estará nas mãos, mais uma vez, da consciência das Sras. e Srs. Senadores da República que compõem esta legislatura uma importante e histórica decisão: cumprir com a responsabilidade e o dever constitucional e moral para a abertura do processo de impeachment, ou ficar para sempre registrado na história... Cada um de nós, cada um desses 81 - olha a nossa responsabilidade, nos 200 anos - vamos ficar marcados na história como alguém que preferiu a omissão covarde, totalmente fora do que é o desejo da população brasileira, diante de uma grave injustiça contra a democracia, com todo o povo brasileiro clamando.
Então, a frase com que eu quero encerrar hoje é de um dos maiores estadistas da história, Abraham Lincoln. Ele diz o seguinte - abro aspas: "Pecar pelo silêncio quando se [...] [deve] [...] [agir], transforma [...] [pessoas] em covardes".
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Alguém tem dúvida - um pingo de dúvida - de que a Constituição brasileira não está sendo violada por aqueles que deveriam ser os primeiros a respeitá-la? Quem é que pode fazer alguma coisa? Só nós o Senado Federal. Então, chegou a hora desse levante.
Eu tenho certeza da capacidade, do espírito público de cada colega que talvez tenha tido muita paciência neste momento, mas chegou a hora! A sociedade está gritando, está clamando, não dá pra segurar. Temos que cumprir o nosso papel. Esses 200 anos não são por acaso, é o Bicentenário do Senado. E nós podemos fazer isso pelo bem da democracia, para a volta do reequilíbrio entre os Poderes da República, para que o povo brasileiro não tenha mais medo de se manifestar nas redes sociais, porque hoje ele está com medo. Segundo pesquisas recentes, 61% estão com medo de retaliação dos poderosos. Que democracia é essa que nós temos no Brasil com tantos arbítrios daqueles que deveriam ser seus primeiros guardiões?!
Que Deus ilumine a consciência de cada Senador da República. Que a gente possa cumprir o nosso papel juntos, de forma tranquila, serena, respeitando as pessoas.
De quem errou precisa ser analisado o processo, com direito à ampla defesa e o contraditório, o que não tem tido essas pessoas que estão sendo aí violadas como presos políticos. No Brasil, hoje, há famílias destroçadas por todo o país, milhares de famílias, por causa do arbítrio de poucos e da nossa omissão, a do Senado Federal.
Que Deus nos ilumine e nos guie!
Muito obrigado, Senador Jorge Kajuru.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu que agradeço, Senador Eduardo Girão, do seu amado Ceará.
Já que entre suas palavras veio a triste palavra censura... E segunda-feira é um dia de debates nas sessões; hoje em especial é em homenagem ao ídolo maior Silvio Santos. Primeiramente, eu queria desejar Deus e saúde, alegrias e vitórias às brasileiras e aos brasileiros, aos visitantes espontâneos, aqui em nossa galeria - muito obrigado pela presença. E quero dizer que, como prometi, entre um e outro Senador, eu contarei rápidas histórias de Silvio Santos, com quem convivi décadas, trabalhando lado a lado com ele. Censura. Eu recebi de Silvio Santos um comunicado que me preocupou. Isso foi em 2006. Um dirigente de futebol, o Presidente da CBF Ricardo Teixeira, e um político, o Paulo Maluf, de São Paulo, pediram a minha demissão ao Silvio - eu era a segunda maior audiência do SBT, eu só perdia para o Silvio - por questão de censura mesmo às denúncias que eu fazia e à coragem que eu tinha, Girão e demais companheiros. Eis que Silvio me chama e faz o seguinte acordo comigo: "Kajuru, vamos dar um tempo, porque você está para todo o Brasil, e o seu programa está muito quente. Vamos fazer o seguinte: a sua mãe não está bem, você é filho único, você está ficando mais em Ribeirão Preto do que aqui em São Paulo, então, vá para lá. Você vai ter um programa livre lá, fale o que você quiser, de quem você quiser, na hora do almoço. Mesmo indo para Ribeirão Preto, eu vou manter você com o mesmo salário de São Paulo". E, logo depois, eu voltei em rede nacional. Isso é para lembrar a diferença também desse homem chamado Silvio Santos. Até na hora em que pediam cabeça de jornalistas -e não só a minha, outros também viveram o mesmo drama meu -, o Silvio não demitia.
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O Silvio tinha aquela frase, Girão, sobre quem comanda, como o João Saldanha em 1970 ao Presidente Médici: "Você tem os seus ministros, escala os seus ministros, e eu escalo os meus jogadores na seleção". Lembra, Izalci? Era porque o Médici queria colocar o Dario, o Dadá Maravilha, na copa de 70, e o Saldanha a ele respondeu dessa forma. (Risos.)
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Izalci falou que merecia o Dadá por causa do Galo.
Foi aí mais uma história de quem foi Silvio Santos.
Seguindo a ordem dos Senadores inscritos, será a voz querida da nossa Roraima que é o Senador Chico Rodrigues na tribuna, com o tempo de 20 minutos e a devida tolerância, pois sou justo - se eu tive mais minutos do que os 20 minutos, todos também terão.
Chico, à vontade, querido.
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR. Para discursar.) - Caro Presidente Jorge Kajuru, V. Exa., ao abrir a sessão, se manifestou com muita propriedade sobre a passagem desse brasileiro que marcou época e que vai ficar na memória de toda a população brasileira por toda a eternidade - por que não dizer? -, assim como outros homens de elevado valor ficaram e estão na história.
Senor Abravanel: o nome Senor quer dizer Dom Abravanel. Silvio era descendente de Dom Isaac Abravanel, judeu responsável pelas finanças de Portugal e da Espanha no século XV. Portanto, a sua origem judia lhe trouxe todos esses conceitos que obviamente perduraram por toda a sua vida.
E fatos interessantes é bom que fiquem cravados na memória de cada um dos brasileiros que nos assistem e que eventualmente deles não sabem.
O seu programa de televisão, o Programa Silvio Santos, que foi exibido desde 1961, é considerado o programa de televisão mais duradouro do mundo. Em 1993, o Programa Silvio Santos entrou para o Guiness Book como a atração de televisão mais duradoura do mundo. Na verdade, por si, esses fatos já demonstram o que representou este brasileiro para toda a população.
Hoje, aqui no Senado, nos reunimos para homenagear este ícone - ícone! O que é ícone? É uma pessoa muito importante e reconhecida na sua área de trabalho, assim como o fora Pelé no futebol, Ayrton Senna no automobilismo, entre tantos brasileiros que tiveram o seu nome registrado na história. Uma lenda viva que transcendeu as fronteiras do entretenimento e se tornou um verdadeiro patrimônio cultural do Brasil. Estamos aqui para celebrar a vida e a obra do Senor Abravanel, conhecido e amado por todos nós pelo nome Silvio Santos.
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Silvio Santos é mais do que um apresentador de televisão. Ele é, ele foi um mestre na arte de se comunicar com o povo brasileiro. Com seu carisma inigualável, ele não apenas conquistou nossos lares, mas também os nossos corações.
Desde os tempos de camelô nas ruas do Rio de Janeiro até se tornar um dos maiores empresários de mídia do país, Silvio sempre nos mostrou que o sucesso é resultado de trabalho duro, determinação e uma visão inabalável.
Sua trajetória é uma história de superação e inovação. Em cada etapa da sua carreira, Sílvio Santos desafiou as convenções, reinventou a maneira de fazer televisão e criou um estilo único que marcou gerações. Quem de nós não se lembra das tardes de domingo passadas em frente à TV, rindo, se emocionando e, acima de tudo, admirando sua capacidade de entreter como ninguém?
Mas Silvio Santos foi mais do que apenas um comunicador brilhante; ele era um empresário visionário que, com coragem e inteligência, fundou o Sistema Brasileiro de Televisão, a nossa querida rede SBT.
Sua contribuição para a cultura popular brasileira é imensurável. Ele criou programas que se tornaram parte da nossa história, lançou talentos, promoveu sonhos e trouxe alegria para milhões de lares em todo o país.
Além de seu sucesso profissional, Silvio é um exemplo de dedicação à família. Pai amoroso, marido dedicado, ele soube equilibrar sua vida pessoal com a exigente carreira de empresário e comunicador, com as suas limitações como ser humano - é bem verdade -, mas com um fio condutor de exemplos que talvez sirvam para muitos que, na verdade, precisam ter alguém como referência. Ser humilde e generoso, mesmo diante de tanto sucesso, são inspirações para todos.
Hoje, ao olharmos para sua trajetória, vemos não apenas o sucesso de um homem, mas o reflexo de um Brasil que acredita em si mesmo, que luta, que sonha, que vence. Silvio Santos é a prova viva de que, com talento, coragem e persistência, podemos alcançar qualquer objetivo.
Por tudo isso, Silvio, nosso - aspas - "eterno patrão", queremos expressar nossa mais profunda gratidão. Obrigado por nos proporcionar tantas alegrias, por nos ensinar que é possível sorrir mesmo nos momentos mais difíceis e por ser a voz que ecoa em todos os lares do Brasil. Sua história se confunde com a história da televisão brasileira, e seu legado será lembrado de geração em geração.
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Quero encerrar com um discurso brilhante do Silvio que ficará sempre como inspiração para todos os brasileiros que batalham diariamente pelos seus sonhos. Aqui, eu abro aspas. Ele afirmava: "Quando o ser humano está com a razão, Deus é o seu advogado. Ninguém vence o ser humano quando ele tem razão. [...] Quem tem razão, forte ou fraco, vence sempre. O bem sempre vence o mal. O mal vence por alguns minutos, por algum tempo, mas o bem sempre vence o mal. E não teríamos razão para viver - mesmo que esta vida termine no pó -, não teríamos nenhuma razão para viver se o mal vencesse o bem".
Com essa mensagem de fé e esperança, deixo o meu fraterno abraço à família Abravanel, ao grupo SBT e a todos os telespectadores do Brasil que na verdade mantêm viva, na sua memória, o nome de um brasileiro que transcendeu seu tempo.
Na madrugada, ouvindo uma rádio - eu acho que era a CBN -, o repórter se referia às palavras do rabino que fez as suas orações, ontem, em São Paulo, no sepultamento, quando ele dizia que, se o Silvio tivesse que viver em um mundo novo, ele certamente escolheria por não se brigar por nada. Existem pessoas que, na verdade, só veem defeito nos outros. Essas pessoas, às vezes, precisam de alguma reação divina para que possam entender a natureza das coisas, para que possam entender os desígnios de Deus, que é para todos. Às vezes, uma mão e um dedo apontado deveria, em um lapso de segundos, provocar uma dúvida naqueles que o estendem, para imaginarem, às vezes, o mal que já fizeram para tanta gente.
Quando, Presidente Kajuru, nós encerramos este pronunciamento em homenagem, obviamente, à memória do Silvio Santos, nós vemos que todo ser humano tem as suas limitações, todos os seres humanos têm as suas fragilidades, mas, às vezes, um bom livro, uma boa história, um bom conto, um bom exemplo, uma boa iniciativa, um bom conselho talvez sirvam para clarear a vida de muitas pessoas que não são tementes a Deus e que sabem - deveriam saber - que tudo na vida tem uma razão de ser, tem um motivo, tem uma explicação. E essa explicação vem de cima, vem do que nós não enxergamos, mas daquilo em que nós acreditamos, porque gravita em cada um de nós essa força maior que força - por que não dizer "força"? -, eu teimaria em dizer "força", a consciência de muitos que, eventualmente, deveriam ter mais humildade, deveriam ter mais respeito, mais confiança, mais amor ao próximo.
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Portanto, Presidente Kajuru, todos que já se manifestaram, os que vão continuar se manifestando, ainda é muito pouco para o que representa realmente a história desse comunicador admirável. E V. Exa., que é um comunicador nato também, deve ter aprendido, no cotidiano dos seus dias, muito com ele. Aos 93 anos, a sua imagem ainda servia de exemplo para todos aqueles que fazem comunicação neste país.
Uma coisa que chamou muita atenção ontem - e não poderia ser diferente: todos os veículos de comunicação, inclusive os seus concorrentes, praticamente pararam e se curvaram para reverenciar um homem que vivia sempre além do seu tempo na comunicação.
Portanto, deixo aqui, nos Anais do Senado Federal, esses simples comentários hoje sobre Silvio Santos, que alegrou e vai ficar no pen drive da nossa memória por toda a vida.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Chico Rodrigues, neste dia 19 de agosto de 2024, em que eu orgulhosamente presido esta sessão histórica em homenagem ao ídolo maior Silvio Santos, você mostrou aqui o quanto o adorava e o quanto conhecia tudo sobre Silvio.
Sobre essa frase que você falou no final: eu tinha um programa chamado A Voz de Goiás, às 19h, em ponto - eu fui o primeiro brasileiro a criar uma TV na internet, tvkajuru.com, que existe até hoje -, e o Silvio me autorizou a abrir o programa com essa frase dele. Eu só quero completar uma parte do que você falou. Ele dizia: "Quando você está com a razão, Deus é o seu advogado; quando você não está com a razão, o seu advogado é o diabo". E aí ele fala sobre o bem vencer o mal: "Que razão teria a gente existir se o bem não vencesse o mal?". E eu vou voltar a usar nos meus programas, porque eu voltei a trabalhar em rede nacional de televisão, esse modo tão simples com que eu nunca ouvi ninguém falar. A gente sempre fala que o bem vence o mal, mas é sobre você colocar Deus, não é? Ou seja, se você tem razão, pode ter certeza de que Deus vai estar ao seu lado.
Sobre o próximo orador inscrito, eu quero comentar algo que não sei se ele sabe, Esperidião Amin, catarinense, uma reserva moral, cultural, querido por todos nós aqui e por sua amada Santa Catarina. O Silvio não era muito de citar políticos, citava poucos. Eu me lembro do programa Show do Milhão - eu estava na antessala do teatro e do auditório -, e um catarinense era o próximo a ser o participante daquele quadro, que dava R$1 milhão para responder às perguntas. Ele falou que era de Blumenau, Santa Catarina. E o Silvio falou assim: "Ah! Então, manda um abraço para o Esperidião Amin". Não sei se o Amin se lembra.
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Mas antes do Amin - por fineza, Amin querido -, o Izalci também quer fazer aqui uma lembrança de uma curiosidade de Silvio Santos.
Obrigado, Senador Chico Rodrigues, e parabéns novamente pelo seu pronunciamento.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Pela ordem.) - Kajuru, são algumas frases marcantes do Silvio Santos. Ele dizia o seguinte:
- "Ganha-se dinheiro com 10% de inspiração e 90% de transpiração";
- "Se você fizer aquilo que a sua intuição manda, usando o bom senso e deixando de lado a vaidade, você tem todas as possibilidades de ter o seu objetivo";
- "O sorriso é a melhor arma para inspirar confiança. O homem que sorri é um homem confiante de quem toda gente gosta";
- "Do mundo não se leva nada. Vamos sorrir e cantar";
- "Se amanhã eu não tiver mais nada, ainda vou ter minha voz".
São frases marcantes do Silvio Santos.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O meu chefe de comunicação, que trabalhou com ele no programa Fora do Ar, que eu dirigia no SBT com a Hebe Camargo, o Roberto Gonçalves, que é meu assessor de comunicação e foi editor-chefe do Jornal Nacional por 25 anos - ele é conhecido de alguns Senadores aqui -, lembra-se de um dia em que ele ficou assustado. O Silvio ligou no meu gabinete, na primeira semana em que assumi o mandato em 2019, e falou que era o Silvio - e ligou da casa dele. Aí, o Roberto achou que era pegadinha, não é? "Por favor, não é o Silvio". "Sou eu, o Silvio. Quem está falando?". Ele: "Roberto Gonçalves". "Mas você trabalhou com o Kajuru, ué, no Fora do Ar? Como que não sou eu?". "Sim". "Então, fala para o Kajuru só uma coisa: sorte para ele e fala para ele não deixar a política fazê-lo perder o sorriso". Tem tudo a ver com essa frase que você colocou.
Esperidião Amin, com o maior prazer a palavra é sua nesta tribuna.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC. Para discursar. Por videoconferência.) - Muito muito, Presidente, Presidente Senador Kajuru Nasser.
Eu quero dizer que ouvi com muita atenção as palavras, especialmente as proferidas a propósito do Silvio Santos, e o Izalci foi muito feliz quando disse: "Morreu o Senor Abravanel; Silvio Santos certamente não morreu, nem vai morrer, porque vai perdurar para sempre como um exemplo de cidadão, de empreendedor", empreendedor com critérios e padrões sociais como você, como V. Exa., Presidente Kajuru, demonstrou aqui. Um homem que motivava os seus colaboradores e sempre demonstrou que cada pessoa era uma pessoa, portanto, com a sua complexidade, e ele os respeitava por isso.
O senhor falou de um episódio do Show do Milhão, mas eu participei de um episódio com outros políticos - lá estavam Mercadante, Paulo Maluf, Olívio Dutra, Anthony Garotinho; éramos um grupo de nove políticos - do programa Show do Milhão, em que nós disputávamos no coletivo, e o Deputado Gadelha, que também participou, individualmente, saindo-se muito bem.
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Foi muito curioso participar, naquele coletivo de nove integrantes, do Show do Milhão - e eu já lhe passei, peça para a sua secretária dar uma olhada, uma pergunta que me tocou e a que foi atribuído a mim responder. E a pergunta não estava bem escrita, porque dizia: "Qual palavra dessas quatro não pode ser escrita no plural?". Não é bem assim: não se flexiona no plural. Eu até debati com o Silvio: "Olha, essa pergunta não está bem-feita". Mas era ônibus, nariz, português e freguês. Essas outras se flexionam no plural, com exceção de ônibus - um ônibus, dois ônibus -, que existe no plural, é escrito no plural, só que não muda. E ele aceitou a minha ponderação, o que era muito difícil acontecer naquele exíguo espaço de 30 segundos. Ele aceitou, e eu acertei. Até lhe mandei essa cena, para você acrescentar às suas memórias sobre o Silvio.
Ele realmente foi uma figura extraordinária, e o Brasil mostrou, nesse fim de semana, à unanimidade, que ele o era, como empreendedor e como dono do domingo. As famílias brasileiras, em grande número, tinham o seu domingo pautado pelo Programa Silvio Santos.
Ele é, portanto, a face bonita, duradoura e perene da imprensa e da televisão brasileiras.
E eu uso isso como preâmbulo para falar sobre o que deve nos preocupar, no atual momento, em matéria de imprensa, de liberdade de imprensa e de liberdade de expressão.
Foi anunciado, neste fim de semana - o que já vinha sendo ameaçado há mais tempo -, que o X, ou seja, o Twitter, o famoso Twitter, vai sair do Brasil e vai sair do Brasil porque os integrantes do seu escritório se sentem ameaçados. E não estão sendo ameaçados por uma gangue de rua, não! Estão sendo ameaçados por prepostos do Judiciário brasileiro, ou seja, estão sendo intimidados.
Consumada a saída do X, ou seja, do Twitter, do Brasil, quem serão as nossas companhias? Quando nós olharmos para o lado... Agora eu vi que tem um clube, um outro clube. Eu frequentava um clube do qual o X participava e, agora, eu vou para um outro clube, do qual ele não participa. E não deve participar da Venezuela, não deve participar de outros países que são designados como detentores de poderes autoritários, já que agora o próprio Presidente da República adotou uma nova classificação, para distinguir ditadura de democracia: tem o autoritário, tem o desagradável, que são, digamos, gêneros diferenciados do que é autoritário; e tem os países onde se aceita que haja democracia.
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Nós estamos indo, Senador Kajuru, que é o nosso representante-mor da imprensa livre e resistente, como o senhor mesmo mostrou hoje - o senhor resistiu a demissões absurdas e superou-as -, nós vamos olhar para o lado, depois que o X sair daqui... Não que ele seja o símbolo da perfeição, mas ele é símbolo da democracia. O que nós temos que ter é a capacidade de fazer responder quem divulgou uma calúnia, uma difamação. E nós já temos instrumentos legais para isso.
Agora, querem, primeiro, convalidar o arbítrio que está acontecendo com este Inquérito 4781. Isso é um arbítrio, é um escândalo, é um escárnio contra o Estado democrático de direito! Vão querer coonestar isso, embutindo, tanto no Projeto de Lei 2.630 quanto no projeto de lei que trata de inteligência artificial, instrumentos de censura.
É isso a que essa claque, que está empurrando o X para fora do Brasil, está nos remetendo, como nação, para ter essas companhias autoritárias? É isso que estão tentando e sempre com um livro por editar ou para lançar, um livro sobre inteligência artificial, mas sobre liberdade de expressão e responsabilidade segundo a versão de quem está exercitando o autoritarismo.
Vejam bem: é mais ou menos como aquela parábola que nós vivemos com a tal nova lei do impeachment, que coonesta o que foi feito sob a Presidência do atual Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Collor foi cassado e teve oito anos de direitos políticos cassados também; já a Presidente Dilma teve uma aplicação diferente. Para coonestar essa interpretação, chegou-se a propor uma nova lei para impeachment, cujo principal objetivo é coonestar o que aconteceu.
Então, eu queria chamar a atenção para esta palavra desagradável: "pária". Pária é pária, é uma casta, e uma casta, infelizmente, degradada pelo seu uso e pelos costumes.
O Brasil está sendo empurrado para integrar um clube, muito pequeno felizmente, de párias ao considerar que, na Venezuela, não existe ditadura, existe um regime "desagradável"; e ao achar que o X, quando é expulso do Brasil ou virtualmente expulso do Brasil, também não nos afeta, que nós estamos acima disso. Quem pensa assim está empurrando o Brasil para a condição de pária.
É com essa reflexão, que eu mesmo considero desagradável, mas necessária, que eu pretendo concluir esta breve intervenção, Presidente, em memória de um democrata que sabia resistir quando pediam que demitisse alguém e que estabeleceu a meritocracia no seu empreendimento e por isso foi bem-sucedido: o Silvio Santos.
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Homenageio o Silvio Santos ainda dizendo: que pena que tem gente que não age como agiria o Silvio Santos.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Esperidião Amin, inicialmente, permita-me, nosso amigo e referência maior deste nosso Senado Federal, você enviou à minha assessoria esse vídeo do Show do Milhão, que eu me lembro muito.
Sábado agora eu vou estar na RedeTV, em rede nacional, só que na RedeTV vai ser aos domingos 10h30 da noite, todo domingo, no Podk Liberados, comigo e com a sua amiga e Senadora irmã Leila do Vôlei. Nós tivemos a grata satisfação, porque entrevistar o Esperidião Amin é você ter aulas. Você deu uma aula, naquela sua entrevista nossa de enorme repercussão, em rede mundial de televisão, quando você participou comigo e com a Leila do Podk Liberados.
E, sábado agora, e domingo também, na estreia da RedeTV, deste nosso programa, meu e da Leila, eu vou colocar essa parte sua, essa pergunta que o Silvio fez sobre o plural. E ele aceitou os seus argumentos, sempre precisos, porque o seu português é escorreito. Então, eu vou colocar na minha homenagem, porque eu vou fazer uma homenagem ao Silvio Santos de várias partes, de vários momentos dele, e quero colocar essa parte do Show do Milhão, que foi um dos programas de maior audiência dele.
E, baseando no seu pronunciamento, Senador Esperidião, quero lembrar algo que o senhor pode ver no YouTube. O Silvio, entre tantos programas, tinha um chamado Nada Além da Verdade. E 64 profissionais de televisão participaram desse programa. Eram cem perguntas, com material do FBI, ou seja, você cheio de cabo na cabeça, no braço, na perna, não podia mentir. Só dois ganharam o prêmio de R$100 mil - está no YouTube para quem quiser ver -, a Dercy Gonçalves e eu. Nós não mentimos em nenhuma das cem perguntas que o Silvio fez a nós. Era só pergunta terrível. E, numa resposta, eu falei para ele uma frase que ele adorou e repetiu, que retrata um pouco do que você acaba de pronunciar aqui para todo o Brasil. Eu disse a ele: "a liberdade de expressão é o pilar de qualquer democracia". Ele repetiu e gostou.
Abraço, Amin, à sua família, aos netos, ao único neto homem, o Francisco, e ótima semana aí na sua amada Santa Catarina.
Seguindo a lista de oradores, nesta sessão especial e histórica homenageando o maior comunicador da televisão mundial e o ser humano raro, Silvio Santos, vamos ao maior Governador da história de Rondônia, Senador Confúcio Moura, que vai permitir o Kajuru brincar um pouco contigo.
Eu não sou rubro-negro eu sou ziquista, por causa do Zico, mas eu tenho que brincar um pouco contigo, porque você, sim, é apaixonado pelo Flamengo, eu sei. E, desculpe-me, ontem você não tomou de quatro, Confúcio, você tomou de oito. Foi uma lavada.
A tribuna é sua, querido Confúcio Moura.
O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Para discursar. Por videoconferência.) - Obrigado. Uma boa tarde a todos.
Cumprimento o Senador Kajuru, na Presidência desta sessão. Eu não sabia, Presidente Kajuru, que seria uma sessão de homenagem ao Silvio Santos, mas eu vou dedicar o meu discurso a ele.
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Eu vou dedicar o meu discurso, que é sobre a educação, a Silvio Santos que, de uma forma ou de outra, foi professor de muita coisa no Brasil, principalmente de comunicação. Ajudou muita gente, nós sabemos disso, e deixou milhões e milhões de fãs esparramados em todas as regiões e lugares do Brasil, então, o sentimento pela morte do Silvio Santos foi realmente consagrado de norte a sul do Brasil nesses últimos dias. Eu vou dedicar a ele, mas, para não atrapalhar, vamos dizer, o contexto desta sessão em sua homenagem, o meu discurso será sobre uma reflexão da educação brasileira.
Sr. Presidente, Senadores, Senadoras, o Governo Federal divulgou na semana passada o resultado de 2023 do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o nosso conhecido Ideb, indicador que mede a qualidade do aprendizado no Brasil.
O resultado, infelizmente, foi mais uma vez decepcionante. Isso porque ficou claro um cenário de estagnação do sistema educacional, justamente quando precisamos dar os maiores passos para superar as consequências desastrosas da pandemia e da educação brasileira.
Aqui, Kajuru, eu faço um parêntese para destacar a sua Secretária de Educação de Goiás, a Fátima Gavioli, e o Governador Ronaldo Caiado, que obtiveram resultados maravilhosos, inclusive foi o 1º lugar no ensino médio brasileiro. Então, isso é um motivo muito especial para nós saudarmos a querida Secretária Fátima Gavioli e a sua equipe lá da Secretaria de Educação do Estado de Goiás pelo excelente resultado obtido. Justamente onde foi o nosso pior desempenho, o ensino médio brasileiro, em Goiás foi o 1º lugar do Brasil.
O Ideb foi criado em 2007, é produzido a cada dois anos e traz índices para os anos iniciais e finais do ensino fundamental e, também, para o 3º ano do ensino médio. As notas se referem a cada escola, a cada município, a cada estado, além de oferecer as médias nacionais.
Pois bem, o que vimos este ano é que, em termos globais, o nível de aprendizado da educação básica brasileira praticamente não avançou em relação àqueles da pré-pandemia. Nos anos iniciais, o Ideb nacional, considerando escolas públicas e privadas, foi de 6. A escala, é importante ter isso em vista, vai até 10. Em 2019, o indicador foi 5,9, não houve praticamente nenhuma alteração. Se considerarmos apenas as escolas públicas, o Ideb nos anos iniciais é ainda menor, 5,7, o mesmo de 2019. Seguindo a análise, nos anos finais do ensino fundamental, o Ideb 2023 ficou em 5 pontos. Em 2019, era de 4,9; já no ensino médio, alcançamos, no Ideb 2023, 4,3; em 2019, 4,2. Não estamos avançando.
Vamos olhar de uma maneira mais detida o que significam esses números. Nos anos iniciais do ensino fundamental, do 1º ano ao 5º, tivemos uma pequena vitória. Com a nota 6, conseguimos alcançar a meta de 2007.
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Não podemos esquecer que a faixa etária desses estudantes foi especialmente afetada pela pandemia. O ensino virtual apresenta enormes desafios, ainda mais para as crianças pequenas. Por outro lado, é preciso destacar a persistente disparidade regional. Muitos estados não conseguiram alcançar essa nota. Meu Estado de Rondônia, por exemplo, chegou a apenas a 5,6. Do Norte e do Nordeste, apenas Ceará e Alagoas - vocês gravem bem esses dois estados - alcançaram 6 ou mais. Não podemos medir o Brasil, na sua grandeza e diversidade, com uma régua.
No ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, o cenário é complexo. Mais da metade dos municípios conseguiu melhorar seus indicadores, mas somente um quarto deles alcançou as metas para essa etapa. Isso significa que, na rede municipal de ensino, que representa a maior parcela da etapa, apenas 762 escolas alcançaram o indicador desejado; outras 2.433 ficaram abaixo da meta. Novamente, a desigualdade imprime aqui seus desafios. Mesmo comparando apenas escolas públicas, há forte disparidade entre as médias de aprendizado. Os alunos com melhor nível socioeconômico chegam a lograr um aprendizado quatro anos à frente daqueles mais vulneráveis, e estamos falando apenas das escolas públicas. Não deveria mais haver espaço para esse tipo de desigualdade no Brasil.
No ensino médio, o cenário é alarmante.
Saltando aqui alguns parágrafos, Sr. Presidente, para ganhar tempo, infelizmente não há o que comemorar. Se houve algum avanço no Ideb neste ano, ele foi muito tímido diante dos enormes desafios da educação brasileira, e alguns deles são velhos conhecidos nossos, como a desigualdade de renda que assola o nosso país.
Se a educação é o principal motor do avanço social, não podemos permitir que ela seja mais uma vítima da iniquidade, perpetuando uma conjuntura histórica de injustiça social.
Salto um parágrafo, Sr. Presidente.
É preciso ter em vista, porém, que, para melhorar a educação, não bastam somente recursos, é preciso uma gestão eficiente.
Um bom exemplo é o Estado do Pará, Sr. Presidente, o estado que mais avançou no ensino médio da rede pública do Brasil. Ele passou da penúltima posição, em 2021, com nota 3, para a sexta posição, em 2023, com nota 4,3. Parabéns ao Estado do Pará! A título de comparação inter-regional, a nota do Estado de São Paulo foi 4,2, a do Rio de Janeiro foi 3,3.
O Ceará, por sua vez, foi novamente destaque no Ideb. Sete das dez cidades com as maiores notas na etapa final do ensino fundamental do Brasil estão no Estado do Ceará. Olhe bem: sete em cada dez. São igualmente do Ceará 15 das 21 escolas com nota dez nos anos iniciais. Parabéns ao Estado do Ceará!
Essas conquistas não são gratuitas. Junto a elas, há sempre uma política consistente de valorização do magistério, com execução de programas de recuperação da aprendizagem, avaliação de desempenho, colaboração intermunicipal - o estado em parceria com os municípios -, educação integral e avaliação diagnóstica permanente. Cabe ao poder público federal o esforço de nacionalização de boas práticas.
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Os desafios, nobres colegas Senadores e Senadoras, não são poucos: evasão escolar, baixa remuneração e assim vai. Acredito firmemente, porém, que o estado tem capacidade de reverter, de forma acelerada, este cenário da educação brasileira nos próximos anos, assegurando, assim, boas oportunidades para os jovens do país.
Sr. Presidente, esse discurso é para refletir o resultado do Ideb, que saiu semana passada. Realmente, nós estamos, assim, marchando no mesmo ponto e não estamos o desenvolvendo. Um país que não melhora a qualidade da educação de seu povo, de seus jovens, não tem como (Falha no áudio.)...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Oi, Senador Confúcio, um problema no seu áudio, por fineza.
Não estamos o ouvindo.
Veja se é aí. Aqui não é, não é, Sabrina? (Pausa.)
Não é aqui, querido Confúcio. Fique tranquilo, porque você ainda tem tempo. (Pausa.)
Você não está ouvindo a gente, Senador? Senador Confúcio, nos ouve?
Ele está dizendo "não"? Hã? Porque eu não enxergo, daqui, lá. (Pausa.)
Ah, agora voltou.
O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Por videoconferência.) - ... que o Governo do Estado do Ceará chama os Prefeitos, convida os Prefeitos e participa com eles, oferece incentivos aos municípios, e houve essa reação tão fantástica no Estado do Ceará.
A continuar como está, o Ceará será um dos estados mais desenvolvidos em nosso país. Assim eu espero, porque realmente o que eles têm feito de esforço na área educacional é muito grande.
E, mais uma vez aqui, eu ratifico as minhas homenagens à Secretária Fátima Gavioli. Por que eu estou falando tanto da Fátima Gavioli? Porque ela trabalhou comigo no Governo lá de Rondônia, como Secretária de Educação; e ela está hoje em Goiás, desde o início do Governo Caiado, por mérito. Ela foi selecionada por edital, por currículo. Caiado fez isto: contratou uma secretária por currículo, qualidade e experiência. E o sucesso está lá. Você vê que está se desenvolvendo, está melhorando visivelmente, não é? O Caiado é o Governador mais bem avaliado do país, tanto na segurança, quanto na educação, quanto na saúde, quanto na agricultura, quanto nas estradas. Então, é um grande Governador, e assim também, os queridos Governadores do Estado do Ceará, do Nordeste. Parabéns a todos, ao Governador de Alagoas, pelo excelente resultado das suas escolas.
Eu agradeço esta oportunidade, com essa homenagem ao grande comunicador Silvio Santos e este meu discurso, assim, muito estatístico, até crítico, é uma homenagem a ele, para que a gente possa presentear Silvio Santos, pelo seu esforço, por todo o brilho que ele teve, pelo incentivo que ele deu ao povo brasileiro, melhorando a qualidade da educação no Brasil. Eu tenho certeza absoluta de que, onde ele estiver, a sua família agradecerá bastante a evolução do Brasil, o seu crescimento, através da educação de qualidade.
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Muito obrigado, Sr. Presidente.
Uma boa tarde a todos.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Confúcio Moura, entre suas virtudes, a que eu mais aprecio é quando V. Exa. fala de educação. O senhor me faz lembrar do meu amigo pessoal Darcy Ribeiro, com quem convivi no Rio de Janeiro, especialmente nos nossos jantares prazerosos no restaurante, no Leme, La Fiorentina, junto com Leonel Brizola, às vezes. Você sabe tudo de educação.
E, quando você fala do meu amado Estado de Goiás, Confúcio, saiba que a Secretária Fátima, que hoje é minha amiga pessoal no Governo do Caiado, é, disparado, a maior secretária da história de Goiás na educação. E é por isso que você apresentou esses números extraordinários de Goiás sobre a educação, sobre o ensino médio.
Mas ela tem orgulho e ela é uma pessoa grata, porque quem não tem gratidão não tem caráter. E, sempre, nos seus depoimentos ou nas suas entrevistas lá em Goiás, ela o cita. Ela fala que aprendeu muito contigo e que você foi o maior Governador de Rondônia, e eu sei que é, porque, além dela, muitos falam isso para mim. E há até aquela brincadeira que eu faço contigo de vez em quando, respeitosamente, em que ela fala que você era tão trabalhador que, às vezes, marcava reunião às 3h da madrugada. E aí eu brinco contigo e falo que você criou a escravidão na política. (Risos.)
Foi, Senador Paulo Paim... Marcar reunião às 3h da madrugada, só Confúcio Moura.
Você é nosso exemplo, nossa referência. Parabéns pelo seu pronunciamento e pela sua homenagem a um homem que também amava a educação, o meu melhor patrão da televisão brasileira, Silvio Santos.
Aproveito aqui - obrigado, querido - para fazer um registro prazeroso, porque, na galeria, estão vários alunos do ensino médio da Escola Waldorf Rudolf Steiner. (Pausa.)
Olha! É a cidade que eu amo, Botucatu, São Paulo. Lá já fiz várias palestras e, em Botucatu... Gente, eu não estou velho, não!
Um beijo, parabéns a vocês aí. (Palmas.)
Em Botucatu, eu, Kajuru, fui até a baile de debutante, na época, com Tony Ramos. Claro que nenhuma de vocês estava presente, (Risos.) mas foi uma cidade que eu nunca esqueci, e tenho o maior carinho pela cidade de Botucatu.
Obrigado pela presença de vocês aqui nesta segunda-feira.
Deus e saúde a vocês, a seus familiares, e alegrias e vitórias.
Bem, seguindo a lista de oradores... Não pensem que ele chegou agora, isso é impossível com ele. Ele é o primeiro a chegar, juntinho, cabeça a cabeça com o Kajuru, como um jockey club do Rio de Janeiro. E, para vencê-lo, é uma dificuldade, eu tenho que me exercitar.
Para mim, é uma das três vozes mais respeitadas do Rio Grande do Sul, orgulho deste país como Senador. Para mim, ele vai chegar ao recorde de José Sarney, de 40 anos de mandato. Tenho certeza, Deus vai lhe dar saúde.
É a sua vez na tribuna, Senador Paulo Paim, por fineza, neste dia 19 de agosto de 2024, em que orgulhosamente presido esta sessão, por decisão do Presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, pela homenagem especial a Silvio Santos, meu amigo, meu patrão e um pai em minha vida por 16 anos.
Na tribuna, Senador Paulo Paim.
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O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) - Senador Kajuru, meus cumprimentos por todo o seu trabalho desde que aqui no Senado chegou e na sua história de vida.
Meus cumprimentos. Você hoje transformou a sessão, nesta segunda-feira, numa sessão de homenagem ao grande Silvio Santos. Cumprimento V. Exa., como ontem também praticamente o Brasil todo, as redes de TV, rádio e jornal dedicaram o dia para falar da bela caminhada desse homem que orgulha a todos nós.
Eu fecho esse comentário que faço, do Silvio Santos... Logo que fiquei sabendo da morte dele, eu coloquei no Twitter, e no Twitter eu disse simplesmente o seguinte, aqui eu vou repetir o tuíte na íntegra:
Silvio Santos foi um dos maiores comunicadores que o Brasil já teve. Ele dominava a linguagem do povo como poucos na televisão, uma verdadeira arte do encantamento. Meus profundos sentimentos de solidariedade e pêsames aos familiares, amigos, fãs e funcionários do SBT.
Solidariedade a todo o povo brasileiro que sentiu, a partir daquele momento, a falta de Silvio Santos.
Vou em frente, Sr. Presidente, com os registros que quero ainda fazer hoje.
Você sabe que eu tenho, na Comissão de Direitos Humanos, como Presidente, tratado com muito carinho, muito respeito, do idoso, da educação, da saúde, do feminicídio, da luta contra todo tipo de preconceito, e todo mundo sabe a minha posição aqui no Plenário, expressa todos os dias. Hoje eu falo, mais uma vez, da situação de crianças e jovens no Brasil.
Sr. Presidente, Kajuru, e todos que me antecederam, o Girão, o Chicão, o Izalci, o Esperidião Amin, e o último que usou a palavra aqui foi o Confúcio Moura, eu não poderia deixar de lembrar dele, também cumprimento o Presidente Rodrigo Pacheco, que lhe passou para presidir a sessão de hoje, nessa homenagem ao inesquecível Silvio Santos, V. Exa. que é da área, que é comunicador. É mais do que justo ter convidado V. Exa. para este momento histórico.
Sr. Presidente Kajuru, ocupo este Plenário para tratar de uma questão, para mim, alarmante: a saúde mental dos jovens brasileiros. Uma análise baseada em dados da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), do SUS, revela uma tendência preocupante entre 2013 e 2023. Pela primeira vez, a ansiedade entre crianças e jovens superou os índices observados entre adultos em nosso país.
Em 2023, a taxa de jovens de 10 a 14 anos atendidos por transtornos de ansiedade atingiu 125,8 a cada 100 mil; e, entre adolescentes, 157 a cada 100 mil. Esse contraste com adultos acima de 20 anos é mostrado com a taxa que vamos colocar agora: a taxa foi de 112 a cada 100 mil.
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Vale destacar que a situação dos mais jovens se tornou mais crítica do que a dos adultos a partir de 2022. O estudo aponta que não há uma única causa para esse aumento, fatores como crises econômicas, mudanças climáticas, autodiagnósticos simplistas e o uso excessivo de celulares e jogos entre os elementos citados.
O Psiquiatra e Professor de Medicina da USP Guilherme Polanczyk ressalta que estudos rigorosos indicam uma piora na depressão e na ansiedade, agravada pela pandemia, pela qual passamos recentemente, que se revelou muito mais impactante do que as previsões iniciais apontavam. Ele afirmou: "Mudanças culturais e sociais fortes aconteceram na última década, muitas associadas às redes sociais, embora seja perigoso atribuir o problema só a elas", ou seja, às redes sociais. Ele também alerta que influenciadores nas redes sociais têm banalizado cada vez mais esses transtornos. Desconhecem a importância desse debate, confundindo emoções naturais como a ansiedade e a tristeza com condições clínicas sérias como depressão.
Os índices de saúde mental começaram a se deteriorar a partir da segunda década dos anos 2000. O maior acesso à informação pela internet, a popularização de smartphones com câmeras frontais e o crescimento das redes sociais e dos jogos online contribuíam para esse cenário.
Sr. Presidente, de fato, os smartphones são fundamentais nessa peleia para que a coisa não piore, mas vamos em frente.
Seguindo essa tendência, o Brasil também registrou o aumento de casos de suicídio, lesões autoinfligidas, ansiedade, depressão e sentimentos negativos entre adolescentes no ambiente escolar.
Em relação ao suicídio, um dado alarmante se destaca: entre meninas de 10 e 14 anos, houve um aumento de 221% dos casos entre 2000 e 2021, comparado a um aumento de 170% entre meninos da mesma faixa. Vejam, meninas se suicidaram nesse período 221% a mais; meninos, 170%. Outra conclusão preocupante do estudo é a queda no senso de pertencimento escolar.
No início do século, 91,4% das crianças afirmavam fazer amigos com facilidade na escola, número que caiu para 86,3% em 2012 e despenca para 69,6% em 2022.
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O que estamos dizendo aqui? Em poucos anos, viu-se uma diferença, de 86% para 69%, da dificuldade de as crianças fazerem amigos dentro do próprio espaço escolar. De acordo com o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), coordenado pela OCDE, a sensação de solidão também aumentou, passando de 8,5%, em 2000, para 26,6%, em 2022. Tudo isso explica, depois, as doenças e o próprio suicídio. Além disso, no início dos anos 2000, apenas um em cada 20 estudantes se sentia excluído ou estranho. Em 2022, esse sentimento foi relatado por dois, em cada 10 alunos, mais que dobrou.
Sr. Presidente, no dia 22 de agosto, eu já marquei uma audiência pública, na Comissão de Direitos Humanos, para discutir todo esse tema tão complexo, em relação a crianças e adolescentes, que está levando à morte, ao isolamento, às doenças, e, por isso, este debate tem que ser feito, aqui, no Senado da República.
Vamos em frente, Senador Kajuru.
A Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE, também revela um crescimento enorme de incidência de depressão, em todas as faixas etárias, entre 2013 e 2019. Entre jovens de 18 a 21 anos, a taxa de depressão aumentou de 2,47% para 6,23%, um crescimento de 152%. Esses dados, podem crer, parecerem simples números, mas são alarmantes e requerem ação imediata. O Brasil precisa, urgentemente, acelerar políticas públicas que abordem essa crise silenciosa, mas que leva à morte nossas crianças e jovens. Fica aqui a nossa preocupação e um apelo por medidas que possam reverter essa trágica tendência.
Sr. Presidente, faço, no meu tempo - tenho, ainda 9min22 - a leitura de um documento que é um apelo, naturalmente, ao Ministério da Educação, muito bem presidido pelo Ministro da pasta, que o faz com muita competência. Sr. Presidente, senhoras e senhores, gostaria aqui de deixar registrado o meu apoio à instalação da Faculdade Riograndense de Medicina, na região da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, especificamente, em São Gabriel. Esse município foi selecionado pelo Ministério da Educação, do Ministro Camilo. Deu aqui um branco na lembrança do nome do Ministro...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Camilo Santana.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - Camilo Santana - por isso é que o Kajuru está presidindo a sessão -, meu grande amigo e Senador Camilo Santana.
Esse município foi selecionado pelo Ministério da Educação para receber proposta de instalação de curso de Medicina por mantenedoras privadas de Instituição de Ensino Superior (IES), do Sistema Federal de Ensino, devido à comprovada carência de acesso à saúde, conforme dados do Datasus, que revelam a insuficiência de médicos por habitante na região da fronteira oeste.
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A Amfro (Associação dos Municípios da Região Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul) já anunciou seu total apoio. Essa associação congrega os seguintes municípios: Alegrete, Barra do Quaraí, Itacurubi, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, São Borja, São Gabriel, Sant'Ana do Livramento e Uruguaiana.
O curso de Medicina proposto segue os moldes do Programa Mais Médicos, visando à interiorização de médicos no nosso país, aumentando, naturalmente, o acesso à saúde, especialmente para as populações mais vulneráveis, e melhorando a infraestrutura de saúde com recursos investidos pela IES nos equipamentos de saúde, especialmente os de atenção básica.
A faculdade, seguindo as regras do Programa Mais Médicos, oferecerá significativo percentual de vagas com bolsas integrais, priorizando critérios socioeconômicos, étnico-raciais (população negra, indígena e quilombola) e para pessoas com deficiência. Haverá programas de assistência estudantil para garantir a permanência e conclusão do curso por estudantes da rede pública.
É essencial formar médicos na própria região para incentivar a fixação desses profissionais e reduzir a evasão e a escassez de médicos na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Nós sabemos que é um problema. Todos nós sabemos que os médicos preferem ficar nos grandes centros, preferem ficar nas capitais. E, quando a gente joga universidades como as de medicina para o interior dos estados, nós estamos incentivando que os filhos da região façam o curso e lá fiquem, com todo o potencial do aprendido para salvar vidas.
A criação do curso ampliará o acesso da população local e regional a serviços de qualidade, com contrapartidas e novas residências médicas. Isso, Sr. Presidente, promoverá o desenvolvimento da região, melhorando a saúde da população e gerando emprego e renda.
A Santa Casa de Caridade de São Gabriel, que possui 181 leitos do SUS, o maior número da região, é um hospital modelo e, com certeza, será fundamental quando da instalação do curso de Medicina.
Recebi em meu gabinete uma comitiva engajada em levar a Faculdade de Medicina para São Gabriel, composta pelos educadores Márcio Pereira Dias, Luiz Antônio de França e Roberta Cortiana Montagner.
Esse movimento é amplo e independente de afiliações partidárias e qualquer discussão ideológica. Ele une forças políticas e a sociedade civil em favor de um bem comum para toda a região. Reitero aqui, então, meu total apoio a essa iniciativa, acreditando firmemente que a instalação de um curso de Medicina em São Gabriel trará benefícios significativos para o desenvolvimento social e humano de toda a fronteira oeste do nosso querido Rio Grande do Sul.
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Obrigado, Senador Kajuru. Fiquei dentro do tempo e ainda vou ouvir agora o seu comentário. O senhor disse que faria um comentário sobre a vida longa e bonita de Silvio Santos, depois da fala de cada orador. Estou com um probleminha no ciático, mas faço questão de esperar aqui o seu comentário.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Antes, Senador Paulo Paim, a sua sensibilidade humana é admirável. Desde quando eu era jornalista, quando me preparei para entrar na vida pública, eu ficava no YouTube, com o Datena, em São Paulo, na sua residência, nos finais de semana, vendo os oradores desta Casa. Além de você, Paulo Brossard, Pedro Simon, Jefferson Peres, Mário Covas...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - Inesquecíveis! Convivi com todos eles.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu sei, você conviveu com todos eles, mas a sua sensibilidade humana... E eu já disse isso para muita gente. Semana passada, eu falei isso para um músico que você deve admirar muito, que, sábado, aliás, estará fazendo show aqui em Brasília, um show de jazz, o Ivan Lins.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - Grande Ivan Lins!
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Ivan que é seu fã.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - E eu sou dele.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu falei pro Ivan da sua sensibilidade humana. Você agora me dá mais razão.
E eu vou informá-lo de algo em primeira mão e pedir a sua ajuda, a sua colaboração. Eu estou há três meses em Goiânia discutindo a criação do primeiro instituto que, primeiro, se chamaria Mulheres de Alto Valor, para cuidar da saúde mental, com uma goiana, Bruna, minha amiga, gente fina, gente rara. E eu falei para ela: "Eu vou estender para inaugurarmos até o final do ano, eu tenho a emenda para isso". É um instituto para cuidar não só de mulheres, de crianças, de todos, por causa da questão da saúde mental. Então, eu preciso muito da sua colaboração, de que forma que a gente poderá fazer isso... E isso poderá ser assim como o meu centro diabético e o meu instituto de autismo em Goiás, ambos viraram referência para o Brasil inteiro. A gente criar um... Você foi muito feliz ao falar de saúde mental, que é um assunto importantíssimo.
E sobre o Silvio, só para você, que é um orador nato, saber, o Silvio Santos, quando começava a gravar, antes de iniciar, ele ficava dez, quinze minutos conversando com a plateia - só tinha mulher. Então, ele brincava, contava piada, porque ele animava o auditório para já entrar no pique.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - Entendi.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Segundo detalhe dele - e eu vejo que você é assim aqui no Senado: você fica ali na sua cadeira em silêncio antes de começar a sessão, preparando o seu discurso -: o Silvio ficava dez minutos, antes de começar, concentrado no camarim dele e não deixava ninguém conversar com ele, porque era a concentração para ele entrar no ar e comunicar para milhões de brasileiros.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - Perfeito.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E um último detalhe dele, que você vai gostar de saber. O Silvio combinava com os cinegrafistas: "Eu vou contar até três, atenção, eu não gravo de novo". Paim, ele nunca errava, ele nunca dizia: "Vou começar de novo". Depois que ele começava, acabou. E, se tivesse um erro, ele ficava uma fera, era a única hora em que ele ficava uma fera, uma fera.
E há uma coisa que pouca gente sabe: ele não lia o teleprompter, que fica na câmera. Ele usava cartolina. Então, ficavam dois assessores abaixo da câmera, e a cartolina com a letra maior. Ali ele ficava lendo, mas, na maior parte do tempo, era o improviso.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - O improviso em cima do que estava ali. Era só para ele lembrar os fatos.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Correto? Ele deixava só...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - Muito bem.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É algo que um comunicador como esse...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - E me permita que eu diga... Durante esses oito mandatos... Não, são quatro de Deputado Federal e três de Senador. É claro que a gente vai ter que fazer inúmeros programas de televisão para divulgar o nosso trabalho.
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O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - Eu confesso, e quem me acompanhou sabe, que eu dizia que, para mim, a melhor gravação é a primeira, não tem essa de errou...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - De segunda...
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - Ela é a mais espontânea, você não fica querendo voltar ou repetir. Normalmente, para mim, a que valeu foi a primeira: "Tchau. Amanhã, eu gravo outra". (Risos.)
Um abraço, Kajuru.
Parabéns pela sessão de hoje.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, Senador Paulo Paim. Parabéns novamente pelo seu pronunciamento.
Seguindo a lista de oradores, a voz respeitada do Distrito Federal e de todo o Entorno, que está aqui desde o começo da sessão e até citou frases de Silvio Santos nesta sessão especialmente dedicada ao Senor Abravanel, Silvio Santos, o Izalci, que foi muito feliz ao dizer: "Morreu o Senor Abravanel e não o Silvio Santos". E eu falei exatamente isso no sábado. No momento em que ele morreu, eu entrei, ao vivo, nas minhas redes sociais e não aguentei, chorei o tempo inteiro - desobedeci ao Silvio, que não gostava que a gente chorasse no ar. E eu falei exatamente o que você falou, eu falei: "Silvio Santos é como pais e mães, não morrem". Você foi muito feliz, Izalci.
Na tribuna, por fineza, por 20 minutos, com a tolerância que desejar, Izalci Lucas.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Para discursar.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, Senadores e Senadoras, fizemos já a homenagem, e outras virão, com certeza - ele merece muito mais do que essas pequenas homenagens que fizemos -, mas eu vou aproveitar hoje para falar um pouco sobre o que está sendo discutido, debatido e anunciado que são os problemas relacionados com as emendas. Então, eu vou falar aqui do império das emendas, de como o Supremo Tribunal Federal entregou o tesouro nas mãos de Lula.
A decisão recente do Supremo Tribunal Federal de suspender o pagamento das emendas parlamentares se configura como uma jogada magistral no tabuleiro político brasileiro. O que, à primeira vista, parece ser um movimento em prol da transparência e do cumprimento das metas fiscais, na verdade, esconde uma estratégia bem articulada para concentrar poder nas mãos do Executivo, especialmente nas de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao bloquear a liberação de R$15 bilhões em emendas até que sejam cumpridos os requisitos constitucionais, o Supremo Tribunal Federal não apenas fez um favor ao Governo, mas entregou nas mãos de Lula uma poderosa ferramenta de barganha política. Com o Congresso encurralado e as emendas suspensas, Lula se vê em uma posição privilegiada para negociar sua influência na sucessão da Câmara e do Senado, além de garantir que o Governo cumpra o arcabouço fiscal, mesmo que à custa de investimentos essenciais.
Aqui eu vou abrir um parêntese para explicar um pouquinho, já que nós temos um tempo maior hoje, como é que funciona a questão das emendas - como funcionava e como funciona hoje.
Eu fui Deputado, Senador Kajuru, de 2006... Fiquei uma parte como Deputado Federal e, depois, fui para a Secretaria. Em 2010, me elegi Deputado Federal. A Emenda Constitucional nº 86 foi aprovada em 2015, criando as emendas impositivas individuais.
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E como é que isso funcionou aqui, no segundo Governo Lula e no Governo Dilma, em que eu era Deputado Federal de oposição? E eu sempre fui oposição ao Partido dos Trabalhadores, sempre, por convicção e por ter minhas razões óbvias, basta ver o trabalho que fiz nas CPIs de todas as áreas, como Deputado. Mas como é que era? Eu não apoiava; consequentemente, eu nunca indicava nenhuma emenda. Então, de 2006 a 2015, eu não indiquei sequer uma emenda. Por quê? Porque a cada discurso que eu fazia, cada votação que acontecia... E eu votava sempre contrário, maioria das vezes, só votava favoravelmente naquilo que era bom para o Brasil. É evidente que, lá na Casa Civil, ainda tem, hoje, se você for lá, uma televisão em que devem estar ouvindo a gente - alguém está ouvindo lá o que eu estou falando aqui -, e vão marcando uma cruzinha, um xisinho, e depois vão verificar se liberam ou não a emenda. É assim que funcionava. Por isso, eu nunca recebi ou nunca indiquei, aliás, porque emendas nem Senador nem Deputado recebem: eles indicam, e quem executa é o Executivo.
Em 2015 - eu era Deputado -, nós aprovamos uma emenda constitucional - não é projeto de lei, é emenda constitucional -, a Emenda Constitucional 86, em que nós criamos as emendas impositivas para que elas fossem distribuídas a todos, independentemente se eram situação ou oposição. Então, a partir da emenda constitucional, todo Parlamentar teria direito àquele valor, independentemente do discurso, independentemente da votação, o que é republicano.
Evidentemente, as emendas impositivas... E, hoje - em torno de R$15 milhões, talvez um pouco mais -, metade vai para a saúde. Como é que faz? Tem gente que acha que vai para a gente. (Risos.) A gente coloca metade dessa emenda lá para a Secretaria de Saúde.
Como a gente que é Parlamentar é que conhece o mundo real, que vai lá à ponta... É você que sabe o que está acontecendo em Goiás, não é o pessoal aqui do gabinete ou do ministério, que são os tecnocratas, os burocratas, que ficam no ministério. Não são eles que vão definir qual é a prioridade do Brasil em termos de orçamento. Quem conhece a realidade do país são os Parlamentares, eles é que vivem lá de norte a sul, no interior do país. Então, eles destinam as verbas de acordo com as necessidades da população, dos municípios que eles representam e indicam.
Aqui no DF, eu indico para a Secretaria de Saúde. Lógico, como eu vou aos hospitais e vou às regiões todas, eu sei quais são as necessidades: "Olha, hospital tal está precisando de tomógrafo, está precisando de raio-X, está precisando de bisturi, está precisando disso...". Aí você coloca o recurso, e a secretaria faz o edital e compra, com esses recursos, aquilo que nós indicamos. É assim que funciona.
O restante pode ser aplicado em educação, saúde - em saúde também, pode ser 100% em saúde -, você pode aplicar em educação, em área social... É assim que funciona.
A partir de 2015, a coisa ficou republicana: independentemente de ser governista ou não, as suas emendas eram liberadas.
Depois, Senador Kajuru, em 2019, nós aprovamos a Emenda Constitucional nº 100 - também emenda constitucional -, na qual foram criadas as emendas de bancada impositivas, porque alguns Parlamentares queriam realmente ver, na sua região, programas estruturantes - uma estrada, um hospital - em que muitas vezes as emendas individuais não eram suficientes. Então, foi aprovada a emenda constitucional aprovando as emendas de bancada. Aqui, por exemplo, nós colocamos o Hospital do Câncer, está lá o recurso para ser construído; viaduto lá no Recanto; o hospital agora de São Sebastião. Tudo isso são emendas de bancada. Então não tem nenhuma dificuldade em termos de saber qual Parlamentar indicou, para onde foi e quem executa, que é o Executivo. Então o Supremo Tribunal Federal não tinha que estar se intrometendo em termos de emendas individuais e coletivas.
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Sobre as emendas de Comissões - V. Exa., que participa de Comissão, sabe -, os Parlamentares indicam obras estruturantes de nível nacional, e aquelas que têm mais pedidos são aprovadas, são votadas e são aprovadas. Esse recurso vai para o ministério, e o ministério faz a execução daquilo que foi aprovado.
Lá atrás, teve essa questão da emenda secreta, em que teve a decisão do Supremo, e na Comissão Mista do Orçamento, na época em que participei, nós colocamos um elemento de transparência. Agora inventaram a emenda Pix.
Então poderiam até suspender essas emendas que não têm muita transparência, mas suspender todo o sistema realmente é muita incoerência, é muita intromissão, é muito abuso do Supremo Tribunal Federal.
Mas não nos enganemos. Essa suspensão não é sobre moralidade ou cumprimento de Constituição; é sobre controle. Ao exigir que as emendas sejam rastreáveis, transparentes e planejadas, o Supremo Tribunal Federal efetivamente colocou o Executivo no comando de quem recebe e de quem não recebe os recursos. É uma dança política em que Lula, o maestro, orquestra os ritmos e os movimentos, e o Congresso, outrora tão poderoso, agora se vê obrigado a seguir a música.
A ironia aqui é palpável. O Supremo Tribunal Federal, ao agir sob o pretexto de garantir a legalidade e a moralidade, na verdade, fortaleceu a figura do Presidente, que agora tem nas mãos a chave para destravar ou não esses recursos, dependendo de como o jogo político se desenrola. A fala de Lula afirmando que apoia as emendas, desde que sejam transparentes, não passa de um verniz para encobrir o verdadeiro objetivo, que é consolidar o seu poder e garantir que o Congresso dance conforme a sua vontade.
Flávio Dino, ao liderar essa decisão, mostrou-se um fiel escudeiro do Governo, alinhando-se com os interesses do Planalto e pavimentando o caminho para que Lula exerça um poder ainda maior sobre o Legislativo.
A história nos ensina que, em política, as ações raramente são desinteressadas, e essa decisão do Supremo Tribunal Federal é um exemplo claro disso. Lula, que tem sua habilidade política inegável, já pagou R$30 bilhões em emendas este ano, garantindo que o Congresso estivesse bem alimentado. No entanto, agora, com a suspensão, ele tem a oportunidade de recuperar parte desse montante e direcioná-lo conforme os seus interesses, seja para garantir a reeleição de aliados na Presidência da Câmara e do Senado, seja para reforçar o seu controle sobre o orçamento.
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O Congresso, por sua vez, tenta reagir: o Presidente da Câmara Arthur Lira busca aprovar um projeto que nós já aprovamos no Senado, mas ele tenta aprovar algo para recuperar as emendas Pix; e o Rodrigo Pacheco quer dividir a verba das emendas entre os Parlamentares e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Contudo, essas movimentações parecem mais uma reação desesperada diante da manobra calculada de Lula e do Supremo Tribunal Federal.
A suspensão das emendas também tem um efeito colateral significativo: ajuda o Governo a fechar as contas do ano sem desrespeitar as regras fiscais. O Ministro Haddad, Ministro da Fazenda, certamente está de olhos atentos para essa oportunidade de ouro, em que um montante significativo de R$15 bilhões pode ser utilizado para evitar o rombo nas contas públicas. Mais uma vez, a moralidade fiscal é usada como cortina de fumaça para encobrir os verdadeiros interesses do jogo.
No entanto, é importante destacar a hipocrisia inerente a essa situação. Durante anos, o Congresso abocanhou uma fatia cada vez maior do orçamento. E agora, com a suspensão do Supremo, o Governo se posiciona como guardião da transparência e do bom uso dos recursos, enquanto aproveita a oportunidade para recuperar o controle sobre essas verbas.
Não é surpresa que o Congresso não esteja disposto a ceder a esse Poder facilmente. A retaliação na forma de rejeição da medida provisória que autorizava os gastos para o Judiciário e também para o Ministério Público é apenas um exemplo das tensões que devem aumentar nos próximos meses. No entanto, com 98% do dinheiro já gasto, esse gesto tem mais valor simbólico do que prático.
O verdadeiro jogo está apenas começando. Com a sucessão da Câmara e do Senado se aproximando e com as eleições municipais no horizonte, cada movimento político será calculado com precisão cirúrgica. O Supremo Tribunal Federal, ao suspender as emendas, não apenas empoderou Lula, mas também redefiniu as regras do jogo, colocando o Congresso em uma posição defensiva.
A conclusão inevitável é que, em vez de promover a transparência e o controle fiscal, essa decisão do Supremo serviu como uma manobra política astuta para concentrar poder nas mãos do Executivo. O Congresso, outrora um Poder independente e robusto, agora se vê preso a uma teia tecida habilmente por Lula e seus aliados no Supremo Tribunal Federal. O jogo de poder em Brasília nunca foi tão claro: enquanto o Congresso tenta se agarrar ao poder que conquistou nos anos anteriores, o Supremo e o Executivo se movem nas sombras, garantindo que, ao final, o poder verdadeiro permaneça nas mãos de poucos.
Então, Presidente, essa questão das emendas é uma questão que a gente precisa encarar com muita seriedade. Nós não podemos deixar que volte o que acontecia antes, quando fui Deputado. Não tem lógica garantir as emendas apenas para quem concorda, quem participa ou quem faz parte da base do Governo. Nós precisamos respeitar as emendas constitucionais. Essa, em especial, que foi criada com as Emendas Constitucionais nºs 100 e 86, da emenda impositiva individual de bancada, não tem nenhum problema, não deveria ter nunca sido suspensa.
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Eu sei que, agora, vêm aí as eleições - esta semana me parece que não tem sessão na Câmara; nós, aqui, só vamos ter sessão presencial em setembro -, e isso acaba dificultando uma solução para um tema tão importante. Mas já foram anunciadas algumas medidas na Câmara.
Nós aprovamos, aqui, há mais de seis meses, o fim das decisões monocráticas do Supremo, a Câmara engavetou e, agora, em função dessas emendas, o projeto já está tramitando. Possivelmente, será aprovada essa questão, que é importante, que é relevante - tanto é que foi aprovada -, porque não dá para um Ministro, com uma canetada, desfazer decisões do Congresso Nacional, ou afastar Governadores, com uma canetada, gente que ganhou no primeiro turno, com mais de 1 milhão de votos. Então, pelo menos, que seja uma decisão do Pleno.
É evidente que aí nascem outras... Existe lá na Constituição uma regulamentação em aberto, porque depende de regulamentação, de que também tem emenda proposta na Câmara, que deve estar sendo colocada também na pauta, de que determinadas decisões, evidentemente não jurídicas, mas administrativas, ou ações operacionais, ou interferência dos Poderes, o Congresso teria condições de rever. Mas é um assunto que a gente ainda vai debater muito aqui.
Mas eu digo assim: nós precisamos estar muito atentos a essas questões porque, de fato, os Poderes precisam ser independentes, harmônicos, mas nós não podemos aceitar realmente retirarem as nossas prerrogativas, como vem acontecendo, e, se a gente não reagir... Eu espero que o Presidente Rodrigo Pacheco reaja, realmente, a essas posições, que têm, aparentemente, um discurso bonito de transparência, mas cujo objetivo, na prática, não é esse: nós sabemos das contas, como está a situação das contas do Governo. Bastar ver o que vamos votar amanhã, a desoneração, e o Governo sempre alegando que não tem recursos. De fato, tem vários mecanismos que nós sugerimos para que não haja aumento de imposto, para que não haja taxação de capital próprio, o que complica e compromete os investimentos das empresas no Brasil, sejam nacionais, sejam internacionais. Então, a gente tem que estar muito atento a isso.
Então, foi muito importante para que as pessoas conheçam. Eu tenho dado algumas palestras - hoje de manhã, daqui a pouco tem outra -, e a gente percebe que as pessoas estão totalmente alheias ao que está acontecendo e que não conhecem realmente as questões políticas.
A gente aqui conclama todos os ouvintes, as pessoas que estão assistindo à TV Senado, à Rádio Câmara, a participarem mais. Eu tenho falado, Kajuru, nas palestras, que quem não gosta de política vai ser governado por quem gosta. Quando você não participa, você está dando uma procuração para alguém decidir por você. Então, de quatro em quatro anos, tem eleição por quê? Exatamente para isto, para você avaliar se aqueles candidatos em quem você votou, em quem você depositou a sua confiança, fizeram ou estão fazendo aquilo que você gostaria ou aquilo que eles prometeram que fariam.
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Então, isso é muito importante. A gente vê os jovens hoje totalmente alheios à questão política, nas universidades, nas faculdades. Então, a gente precisa realmente demonstrar aqui...
Duas semanas atrás, tivemos aqui o Jovem Senador, um programa maravilhoso, não é? Os alunos do ensino médio do Brasil fizeram redação; e aqueles escolhidos ficam aqui durante uma semana como Senadores mesmo, participando das Comissões e dos debates. A juventude precisa participar disso para entender um pouco melhor e mudar a sua cidade, a sua região, o seu país, porque é só através da política, não tem outra forma de você realmente implementar políticas públicas e fazer essas grandes mudanças. Então, a população precisa estar atenta a isso. Nós estamos agora em véspera de eleição municipal.
Hoje, qualquer empresa, por menor que seja, se não tiver uma boa gestão, quebra. Então, nós não podemos eleger qualquer Prefeito de qualquer jeito em troca de alguma coisa. Muitas vezes os Prefeitos pagam a conta da farmácia, compram uma cesta básica... Então, na prática, a gente precisa acabar com isso. As pessoas precisam realmente ter essa noção da importância da participação, botar bons Prefeitos...
Aqui mesmo, em Brasília não tem eleição, mas você sabe, a gente tem a Ride aqui, de que a gente participa, e, quanto melhores as condições das cidades aqui do Entorno, quanto melhor gestão elas tiverem, melhor para o Distrito Federal, porque, quando lá não funciona, todo mundo vem para cá. Se lá estão funcionando saúde, educação e segurança, eles acabam ficando lá. Não precisam vir para Brasília.
Então, para nós é muito importante que cada município do Entorno tenha bons gestores, tenha bons Prefeitos, bons Vereadores, para que a gente possa fazer uma boa gestão em cada cidade.
Muito obrigado, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Izalci Lucas, eu o chamei para a tribuna como uma voz respeitada do Distrito Federal e de todo o Entorno. Nós dois convivemos aqui por cinco anos e meio de mandato. Nós dois nunca tivemos uma discussão sequer. Você é um opositor que merece o meu respeito. Por quê? Porque você é sempre equilibrado, até na hora da crítica. Mesmo sendo duro, coloca as coisas pontuais e faz com que todos nós possamos refletir.
Eu vou lhe revelar duas situações. Você sabe da minha isenção, você se lembra do Governo Bolsonaro. Eu, por três anos, tive a melhor relação possível com ele. Ele me atendia, no celular, na primeira chamada. Nem na segunda Jair Bolsonaro me atendia; na primeira: "Fala, Kajuru!". E eu ligava para ele quase todo dia. Uma vez eu tive uma audiência com ele de quatro horas no Palácio, quando ele me ouviu para não colocar um ministro das Cidades em função da documentação que eu levei para ele e o que aquilo poderia trazer de prejuízo para ele se escolhesse esse ministro. E ele me ouviu. Chamou o Ministro Sergio Moro, chamou o Tarcísio e falou: "Esquece!". E ia ser nomeado esse ministro. "Esquece! O Kajuru tem razão. Ele me trouxe aqui, nos alertou e nos socorreu".
Por isso que você não me vê fazer ofensa ao ex-Presidente Jair Bolsonaro.
Depois tivemos um desentendimento por causa daquela gravação. Mesmo nesse ano de desentendimento, eu recebi emenda dele - isso eu nunca lhe contei -, no dia 31 de dezembro, no réveillon. Então, veja o que eu vivi.
Aqui eu não falo como Vice-Líder do Presidente Lula no Governo e nem como Líder do Vice-Presidente da República Geraldo Alckmin na Bancada do PSB, mas eu depois vou lhe contar - só nós dois. Tem algo interessante acontecendo no Governo que o Presidente Lula precisa saber, e eu vou contar para ele. Tem gente do Governo, da base, reclamando sabe de quê? De opositores que estão recebendo emendas quase que o dobro em relação aos aliados.
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Eu estou enfrentando, inclusive na minha bancada, gente reclamando: "Ora, Kajuru, parece que o Presidente Lula gosta mais de inimigos do que de aliados". E eu vou te contar dois casos em que você vai ficar assustado: dois Senadores de oposição receberam o dobro de emendas de reforço eleitoral; que fazem críticas duríssimas, com ofensas, ao Governo Lula. Você nunca foi ofensivo; sempre foi equilibrado, educado, preparado. Então, eu quero lhe contar isso só para você saber.
Mas você foi muito feliz no que falou, porque não tem cabimento; é preciso haver uma justiça. Uma coisa é você ser opositor ao Governo; outra coisa é você ser representante de um estado com o qual você tem - no caso seu, o Distrito Federal - que se preocupar. Você tem um entorno onde você é bem votado. Lá, são 200 mil eleitores que votam aqui em Brasília, e o restante vota em Goiás, no meu amado estado. Então, tem que haver justiça. Eu penso exatamente como você. Não é pela sua fala que ali colocam um x: "Este está cortado; cortamos a placa dele. Não vamos enviar emenda para ele". Não pode.
Então, eu só queria fazer essa revelação para você. O duro é que isso está acontecendo. Acho que o Presidente Lula talvez não saiba, não sei. Porque opositores diferentes de você, que execram o Presidente Lula na tribuna, receberam mais dinheiro do que você, do que eu, que sou Vice-Líder, e do que outros; até mais do que o Jaques Wagner, o Líder do Governo. Eu contei isso para ele; pode perguntar para ele depois. Você é amigo pessoal do Jaques, que o Jaques é um Líder que a gente respeita, concorda? Eu contei para ele essa situação porque eu peguei, eu tenho provas. Por isso, eu vou entregar ao Presidente Lula: "Aqui, Presidente." Então, tem que ser uma coisa equânime - correto? - com todos.
Penso exatamente como você. Parabéns pelo seu pronunciamento.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bem, eu queria fazer aqui um registro que é interessante. Estou vendo aqui, remotamente, um Senador da República, do nosso amado Rio Grande do Norte, o Flavio Azevedo, que é suplente preparadíssimo do nosso exímio Senador, ex-Ministro do Governo Bolsonaro, nosso Rogerio Marinho, do Rio Grande do Norte. O Flavio Azevedo acompanhou toda a sessão, não quis se pronunciar, mas ficou acompanhando as palavras de todos, os depoimentos de todos os colegas, de todos os meus amigos, aqui neste Senado Federal, nessa segunda-feira, 19 de agosto de 2024. Parabéns, Flavio! É um exemplo o que você fez, porque, normalmente, um Senador às vezes não se preocupa em ouvir o que os outros estão falando, até para acompanhar o que cada um pensa e tudo mais.
Então, parabéns pela sua atitude. Não sei se você deseja falar, Senador Flavio. Se quiser, por fineza, pode usar a palavra remotamente. Um abraço a você. Deus, saúde a você e à sua família.
O SR. FLAVIO AZEVEDO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Para discursar. Por videoconferência.) - Boa tarde, Presidente. Não sei se estão me ouvindo. Eu sou recente na Casa, ainda não me acostumei com a interação aqui via internet com o Senado. Estou sendo ouvido?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Muitíssimo bem ouvido. Até parece uma voz de locutor. (Risos.)
O SR. FLAVIO AZEVEDO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Por videoconferência.) - Muito obrigado, Presidente.
Eu quero me pronunciar só para agradecer a sua referência a meu respeito. O senhor é uma figura conhecida, V. Exa. é uma figura conhecida nacionalmente, e eu sou um dos seus admiradores, pelo rádio, no tempo em que o senhor foi radialista, sempre muito sincero e muito positivo nas suas informações.
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O motivo por que eu passei toda a sessão fazendo a observação das pessoas mais experientes desta Casa, como o senhor, como o Senador Izalci Lucas, um prezado amigo que eu fiz.... Nesse pouco tempo em que eu estive aí no Congresso, já tive a honra de pelo menos ser conhecido por ele, não é? Izalci, o senhor é professor, é uma pessoa por quem eu tenho o maior respeito. Parabéns pelo seu pronunciamento.
Eu estou me ilustrando; essa tem sido uma experiência muito rica para mim. Eu nunca fui político, nunca exerci nenhum cargo na política. Estou aqui na difícil missão de substituir uma pessoa da competência do Senador Rogerio Marinho, e, para mim, isso é uma lição. Todo pronunciamento que os Senadores fazem, para mim, é uma lição renovada, que tem sido... Eu tenho 78 anos de idade, todos eles gastos na vida empresarial, e para mim tem sido, realmente, uma escola esse lado da política, da convivência com a classe política, vendo e presenciando as decisões que interferem na vida de todos os brasileiros.
Uma coisa que eu aprendi: nós, quando estamos de fora do processo... Principalmente, alguns empresários são injustos com a classe política, só olham para o próprio umbigo e não têm maiores interesses pelos destinos nacionais. Nesses dois meses em que eu estou tendo a honra de participar de decisões, de Comissões - principalmente das Comissões -, eu tenho como dizer para essas pessoas - eu fiz parte da direção da Confederação Nacional da Indústria, fui um dos Vice-Presidentes, fui Presidente da Federação da Indústria do Rio Grande do Norte -, eu poderei, de hoje em diante, dizer que essas opiniões não são verdadeiras. É claro que todo homem, por natureza, tem que pensar em decisões que atingem a ele, à sua personalidade e aos seus interesses públicos, quando é um político.
Eu só quero dar os parabéns. Eu estou aqui para aprender e, nesta sessão, eu aprendi muito.
Muito obrigado pela referência feita ao meu nome, Presidente. Eu estarei sempre aqui, sempre muito atento, ouvindo as aulas que V. Exas. estão me dando.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu que agradeço, Senador Flavio Azevedo. Pode ter certeza de que o nosso convívio será o melhor e mais respeitoso possível.
O Senador Izalci ficou até agora ouvindo as suas palavras. Quer fazer um aparte, querido Izalci?
O Sr. Izalci Lucas (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Para apartear.) - Aproveitando a fala do Flavio, muitos empresários, há até pouco tempo... Hoje o pessoal está participando um pouco mais, mas as pessoas não se envolviam na política - evidente que ninguém está falando na partidária, mas política é qualquer ato, não é? Tudo é política -; com medo, talvez, de perseguição, os empresários praticamente não se posicionavam. E aí vêm as consequências. Vem uma reforma tributária, por exemplo, e, se você não estiver atento a isso, quebra todo mundo; se não tiver segurança jurídica; se não tiver, realmente, um texto que seja razoável... No Brasil, têm muita dificuldade os empresários, parece que é até crime você ser empresário neste país. Hoje são heróis, porque, de fato, é quem gera emprego, é quem bota o recurso, o capital de risco, e aí paga muito imposto e por mais que seja repassado, mas eles pagam e geram emprego. Muitas vezes não têm de volta o contraponto, o outro lado, que é a educação, a saúde, a segurança, precisam contratar tudo novamente.
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Então, é muito importante a participação do Flavio aqui no Congresso, e de mais empresários, para que eles possam, de fato, entender um pouco mais da importância da participação empresarial no mundo político.
Exatamente... Por exemplo, se todas as prefeituras do Brasil fossem administradas por empresários bem-sucedidos, que têm a noção da importância da gestão... Você pega aqui o Distrito Federal, por exemplo, que é a capital do país, que era para ser um modelo para o Brasil em termos de gestão, você tem uma saúde péssima...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Péssima. Péssima...
O Sr. Izalci Lucas (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - As pessoas morrendo... Pessoas esperando na fila um ano para fazer um exame, oncologia, não tem... A educação é um caos. Educação, hoje, você tem menino no 5º ano sem saber ler e escrever. Você tem só 20% dos jovens entrando na universidade, o resto está aí entregue ao tráfico, porque não fizeram curso técnico, não têm capacitação, não têm mercado.
Então, eu queria que todos aqueles que têm poder de decisão fossem empresários pelo menos um ano, para saber o que é pagar o salário no quinto dia útil, o que é pagar a carga tributária e ainda ter dificuldades com relação a financiamento e investimento.
Então, Flavio, é muito importante o teu papel aqui como empresário para saber de fato... Muita gente acha, Kajuru, que a gente não trabalha.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Exatamente.
O Sr. Izalci Lucas (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Cara, é de segunda a segunda, de manhã, tarde e noite. Então, as pessoas acham que...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu acho que nós dois estamos entre os únicos que nunca faltamos a nenhuma sessão.
O Sr. Izalci Lucas (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - É... Mas muito mais do que a sessão...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pode observar aí que eu fui ao Portal da Transparência.
O Sr. Izalci Lucas (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Mas muito mais do que a sessão, é o que a gente faz fora da sessão...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro...
O Sr. Izalci Lucas (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Que é muito, muito trabalho, mas...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Claro. Sábado, domingo...
O Sr. Izalci Lucas (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) - Só para elogiar e parabenizar a atuação do Flavio, que realmente tem feito a diferença, tem ponderado muito nas Comissões. Como empresário, ele sabe do mundo real, porque tem muita gente que decide aqui e que não conhece o mundo real, e aí decide em cima da teoria.
Eu sou favorável à reforma tributária, sou talvez o mais empolgado, mas o mundo real é outro. Ela foi criada numa universidade, na academia, e tem muita coisa boa, mas na hora em que você bota na ponta do lápis, tem muitos setores que estão comprometidos.
Por isso, a partir de amanhã, e é bom todo mundo saber, toda terça e quarta, a partir de amanhã, a partir das 14h, nós estamos na CAE com as audiências públicas sobre a reforma tributária, para as pessoas participarem. Tem muita gente que agora que está fazendo as contas e está vendo aí o que pode acontecer.
Então, Flavio, parabéns pela sua atuação aí, muito importante a sua presença aqui no Congresso Nacional.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - É por isso que eu o coloquei como um homem preparadíssimo e um empresário que precisa muito nos ajudar, especialmente na reforma tributária. E eu estou recebendo empresários do Brasil inteiro.
Nesta segunda-feira, hoje, eu fui procurado por um grupo nacionalmente reconhecido, o Grupo Piracanjuba, que você deve conhecer, do meu Estado de Goiás. Eu estou ouvindo as reivindicações de todos eles e as levo para um amigo pessoal que eu tenho, que é respeitado por mim, admirado por mim, meu amigo há décadas, que é o Ministro da Economia, da Fazenda, Fernando Haddad.
Eu faço questão de ouvir todos e estou entrando com várias emendas, como você, como o Flavio. Nós queremos o melhor para a economia do país, evidentemente, com certeza.
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Bem, muito obrigado aqui.
Hoje, nós tivemos aqui várias visitas espontâneas de brasileiras e brasileiros. (Palmas.)
Deus e saúde a vocês, aos seus familiares.
Vocês são de que estado?
(Manifestação da plateia.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Maranhão; Santa Catarina, de Amin.
(Manifestação da plateia.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Rio Grande do Sul, de Paim...
(Manifestação da plateia.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Maranhão, de Weverton, de Eliziane; Sergipe, de Rogério Carvalho, de Alessandro Vieira.
(Manifestação da plateia.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pará, de Jader Barbalho, de Paulo Rocha.
Muito obrigado pela visita de vocês, tá? Sejam felizes.
Eu não sei se vocês tomaram conhecimento, hoje foi uma sessão especial em homenagem a alguém que, eu tenho certeza, vocês... eu não tenho boa visão, perdoem-me, mas, Sabrina, pelo jeito são jovens, não? (Pausa.)
São adultos jovens. Então, é claro que vocês acompanharam o Silvio Santos, com certeza, não é? Seus pais, seus avós. Domingo, como a gente sempre dizia, é dia de macarronada, de futebol e de Silvio Santos, e ele realmente era impagável, com aquele sorriso, não é?
Um dia, eu disse para o Silvio Santos - já que eu fui escolhido pelo Presidente do Congresso Nacional Rodrigo Pacheco para presidir esta sessão em função de ter trabalhado 16 anos lado a lado com o Silvio Santos e de ter sido o único apresentador de televisão que ele aceitou dividir o palco num reality show do SBT chamado Casamento à Moda Antiga -, eu disse para ele assim: "Silvio, o meu coração diz o que eu preciso. Basta o seu sorriso que eu serei feliz".
Por quê? Porque chegar cedo no SBT para trabalhar... E eu chegava na lanchonete - eu era o primeiro, chegava 6h30 da manhã -, o Silvio chegava às vezes antes de mim ou depois e ele passava na lanchonete, cumprimentava todo mundo, tomava um café ali e já ia direto para o seu camarim, que ficava no térreo ali do SBT. Ter aquele sorriso dele era uma motivação para você trabalhar, não é? Porque eu não sei se vocês já assistiram, mas a quem não assistiu e nos vê eu faço uma sugestão aqui: vejam um documentário de três episódios que se chama Zonas Azuis.
Você já viu, Sabrina? (Pausa.)
Sabrina é a Secretária-Geral da Mesa aqui. Sem ela eu não sou ninguém aqui com a competência dela e de todas e de todos que estão aqui nesta Mesa Diretora, que é o maior patrimônio desta Casa, como todos os funcionários, cinegrafistas, garçons, todos que trabalham aqui.
Mas esse documentário de três episódios fala de cem anos - cem anos e longevidade. E aí ele fala de várias causas para você viver mais. Ele fala, por exemplo, que você deve semanalmente procurar os seus amigos, as suas amigas, saírem para um bom jantar, para um bom papo, um deve perguntar para o outro: "Como você está? Tem algo em que eu posso lhe ajudar? Como está sua vida? Tudo bem?". Porque isso é muito bom, isso faz bem, traz longevidade.
E aí vem uma segunda, entre tantas causas, nesse documentário Zonas Azuis: o sorriso. Fala que o sorriso é muito importante, você deve estar sempre sorrindo, sempre sorrindo na vida e demonstrando o sorriso aos próximos.
Se você não puder amar o próximo, pelo menos não o prejudique. E quando alguém ligar para você, telefonar para você e perguntar se você está bem, diga que está bem, não diga que está mal. O Silvio Santos me ensinou isto: "Kajuru, não diga para ninguém que você está mal", porque é isso que muita gente quer, que você esteja mal. Porque normalmente a pessoa infeliz quer ver a outra infeliz. Então, a pessoa me liga e fica assustada: "Kajuru, você está bem?". "Estou bem demais! Não falta nada na minha vida. Estou amando demais, estou feliz demais no Senado, com projeto todo dia. Sou reconhecido, sou considerado o melhor Senador do Brasil na pesquisa, o mais influente. Enfim, eu só tenho alegria na minha vida, só tenho que agradecer a Deus. Eu não tenho nenhuma queixa". "Mas, Kajuru, você está perdendo a sua visão!" "Quem falou para você que eu estou perdendo? Eu só enxergo o que eu quero. Talvez eu não queira é te enxergar. Eu estou com a visão ótima, maravilha!". Então, este documentário é importante para brasileiras e brasileiros.
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E eu, no encerramento, a Presidência informa às Senadoras e aos Senadores que está convocada sessão deliberativa semipresencial para amanhã, terça-feira, 20 de agosto de 2024, às 14 horas, com pauta já divulgada pela Secretaria-Geral da Mesa.
Cumprida a finalidade desta sessão, a Presidência declara o seu encerramento.
E lembro aqui as minhas últimas palavras do pronunciamento que fiz, iniciando a sessão de hoje, às 14 horas em ponto, sobre Silvio Santos: "Desde sábado, Brasil, pátria amada, o céu está cantando 'Silvio Santos vem aí! Silvio Santos vem aí!'".
Cantem, por favor.
(Manifestação da galeria.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Silvio Santos vem aí! Olha aí.
É, gente, isso aí vai dar um pouco de inveja, não é? Hein? É porque fechamos a sessão do Senado hoje - Sabrina, você que está aqui há algum tempo - de forma diferente, à la kajuru. (Risos.)
Deus e saúde, alegria e vitórias em suas vidas, na de seus familiares e na de amigos, neste 2024. Pátria amada, Brasil!
(Levanta-se a sessão às 16 horas e 42 minutos.)