1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
55ª LEGISLATURA
Em 29 de outubro de 2015
(quinta-feira)
Às 11 horas
194ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco/PMDB - AL) - Declaro aberta a Sessão Especial do Senado Federal destinada à entrega do Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico, em sua primeira edição.
Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.
O Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico, instituído pela Resolução nº 8, de 2009, e alterado pela Resolução nº 8, de 2015, é destinado a agraciar profissionais de jornalismo que tenham contribuído para o engrandecimento do jornalismo brasileiro.
Nesta solenidade serão agraciados: a jornalista Berenice Seara, o jornalista Diógenes Brayner e o jornalista Gerson Camarotti.
Por unanimidade o Conselho desta premiação decidiu homenagear, em memória, o ilustre jornalista Roberto Marinho, que dá nome ao Prêmio.
Eu tenho a honra de compor a Mesa, juntamente com o Senador Cristovam Buarque - que é Presidente do Conselho do Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico. Eu convido para compor a Mesa o ex-Presidente da República e ex-Presidente do Senado Federal, por quatro vezes, José Sarney. (Palmas.)
É uma honra muito grande tê-lo de volta ao Senado Federal. (Pausa.)
Convido para compor a Mesa o ex-Senador, ex-Deputado, ex-Governador e ex-Presidente da CNI, Albano Franco. (Palmas.)
É uma honra muito grande, Albano, tê-lo também de volta ao Senado Federal. (Pausa.)
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Gostaria, com muita satisfação, de registrar as presenças honrosas da 1ª Secretária da Embaixada da República Dominicana, Orly Burgos; do Diretor de Jornalismo da TV Globo Brasília, Ricardo Villela; do Diretor Executivo da Associação Nacional de Jornais, Ricardo Pedreira; do Diretor-Geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV, Luís Roberto Antonik; do Secretário da Juventude e Esporte da cidade de Aracaju, Carlos Eloy Filho; do Secretário dos Comitês Jurídicos e de Relações Governamentais da Associação Nacional de Jornais, Júlio César Vinha; do Gerente de Projetos Especiais e Outorgas do Grupo Globo, Mário Augusto Craveiro; do Secretário Executivo da Associação Brasileira de Universidades Comunitárias, José Carlos Aguirela.
E registro, também, com muita satisfação, a presença do Sr. Paulo Tonet Camargo, que representa, como Vice-Presidente de Relações Institucionais, o Grupo Globo.
Convido a todos para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco/PMDB - AL) - O Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico faz parte do rol de condecorações instituídas pelo Senado Federal para os cidadãos ou empresas que se destacam nas suas específicas áreas de atuação.
Relevem que eu, brevemente, reitere que temos o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, destinado a agraciar mulheres que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos femininos e a questões de gênero; a Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara, para agraciar contribuições relevantes à defesa dos direitos humanos no Brasil; a Comenda Dorina de Gouvêa Nowill, na defesa das pessoas com deficiência no Brasil; a Comenda Senador Abdias Nascimento, relativa à proteção e à promoção da cultura afro-brasileira; e a Comenda do Mérito Esportivo, que será entregue a atletas brasileiros que tenham se destacado em competições esportivas de modalidades olímpicas e paraolímpícas.
Faltava, porém, a justa homenagem à categoria de profissionais que têm como ofício comunicar a sociedade sobre os acontecimentos do nosso cotidiano. Assim é que agora temos o Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico para aqueles que engrandecem o jornalismo brasileiro.
A importância da comunicação na sociedade contemporânea é sobejamente reconhecida. Contudo, nunca é demais lembrar que o ofício do jornalismo é imprescindível para a democracia. Assim é que andam de mãos dadas, pois não mais se concebe uma sociedade moderna, justa e desenvolvida sem o livre exercício do jornalismo.
Não é mais admissível cidadania sem o livre fluxo de informações. Não é mais possível o gozo pleno das liberdades individuais sem que ao cidadão seja permitido receber informações do que acontece e fazer-se ouvido.
Informar, portanto, é uma nobre missão, e o Senado hoje homenageia alguns de seus expoentes com o Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico.
Nesta primeira edição, temos a honra de entregar aos jornalistas Berenice Seara, Gerson Camarotti, José Diógenes Menezes Brayner e, in memoriam, Roberto Marinho.
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Graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense, Berenice tem larga experiência como jornalista. Por mais de duas décadas acompanha e escreve sobre os grandes fatos nacionais e regionais, principalmente aqueles relacionados com a política. Iniciou sua carreira na editoria de Cidade do jornal O Globo, onde também atuou no Segundo Caderno e na editoria nacional e política.
No Jornal do Brasil, período em que marcou época na imprensa brasileira, foi editora do caderno Cidade. Prosseguindo sua carreira, criou a coluna "Extra, Extra" num jornal de linha popular e inaugurou o uso de novas linguagens e de modernas tecnologias. Atualmente, por meio do seu blogue, Berenice leva a seus leitores notícias sobre o dia a dia da política especialmente sobre os Municípios cariocas e do Estado do Rio de Janeiro.
Na emissora de rádio CBN desse Estado, mantém ainda uma coluna sobre assuntos locais.
José Diógenes Menezes Brayner é também um daqueles jornalistas que pode ser classificado como especialista regional. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Pernambuco, José Diógenes, em 40 anos como jornalista, já passou por redações de vários Estados do Nordeste. Exerceu o posto de editor geral do jornal O Dia, do Piauí, do Diário de Pernambuco, da Gazeta de Sergipe, do Jornal de Sergipe. Paralelamente aos cargos na direção desses periódicos, exercita o ofício de jornalista, com reportagens e comentários políticos e do cotidiano em emissoras de rádio e em diversos veículos expressos.
Atualmente, é diretor do site FaxAju Online e colunista político do jornal Correio de Sergipe e colabora ainda com outros meios de comunicação regionais. Pela seriedade com que professa o jornalismo, já recebeu diversos prêmios e comendas, tal como o de Cidadão Sergipano pelo seu trabalho valoroso como repórter.
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Gerson Camarotti formou-se em Comunicação Social pela Universidade Católica de Pernambuco e tem pós-graduação em Ciência Política pela Universidade de Brasília. Tendo iniciado sua carreira em seu Estado natal, passou pela Rede Globo Nordeste, Diário de Pernambuco, Rádio Clube, sucursal da revista Veja, além de participar da fundação da Rádio CBN em 1994. A partir desse período, radicou-se em Brasília, onde já atuou como repórter e colunista da revista Veja, do Correio Braziliense, de O Estado de S. Paulo, de O Globo e foi editor da revista Época. Atua ainda como repórter e comentarista da Globo News e repórter especial do Jornal das Dez.
In memoriam, receberá o prêmio que leva o seu nome o jornalista Roberto Marinho, uma referência nacional das comunicações. Nos seus 98 anos de vida, trabalhou com afinco nos veículos pioneiros da família, tendo criado a partir deles o principal grupo empresarial do País na área de comunicação. Durante toda a sua vida profissional, acompanhava desde a apuração da notícia até a repercussão nas bancas de jornal. Chegava cedo à redação e só saía à noite. Era um homem da notícia. Pelo seu trabalho como jornalista, profissão que o enchia de orgulho, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras na Cadeira 39, antes ocupada por Otto Lara Resende. O jornalismo brasileiro muito deve à sua dedicação profissional e à sua crença de que um país somente se viabiliza com exercício pleno da liberdade de imprensa. Esse foi o jornalista Roberto Marinho, a quem rendemos hoje também as nossas homenagens.
Não poderia encerrar estas palavras sem reiterar o compromisso assumido por esta Casa quando da eleição desta Mesa Diretora, com a liberdade de expressão. Seremos sempre - acreditem - uma trincheira sólida e democrática contra qualquer iniciativa, a qualquer título, de controlar o conteúdo da informação ou constranger veículos e profissionais de imprensa. A solução para os erros e excessos da imprensa é mais liberdade de informação. Estejam seguros de que aqui, no Senado Federal, no Congresso Nacional, nenhuma iniciativa com este pendor prosperará.
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A todos os agraciados, em nome de todos os Senadores da Mesa Diretora, os nossos parabéns e, desde logo, muito obrigado pelas honrosas presenças.
Eu tenho a satisfação de convidar, para compor a Mesa, a Senadora Ana Amélia, que é a Vice-Presidente do Conselho Roberto Marinho. (Palmas.)
Passamos agora à outorga do Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico.
Eu tenho a satisfação de convidar o Senador Cristovam Buarque, que é o Presidente do Conselho, para entregar a placa de homenagem à jornalista Berenice Seara.
(Procede-se à entrega da placa de homenagem a Srª Berenice Seara.) (Palmas.)
Convido o Senador Eduardo Amorim para entregar a placa de homenagem ao jornalista Diógenes Brayner. (Palmas.)
(Procede-se à entrega da placa de homenagem ao Sr. Diógenes Brayner.)
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Convido a Senadora Ana Amélia para entregar a placa de homenagem ao jornalista Gerson Camarotti. (Palmas.)
(Procede-se à entrega da placa de homenagem ao Sr.Gerson Camarotti )
Convido o ex-Presidente da República, ex-Presidente do Senado Federal, Senador José Sarney, para entregar a placa de homenagem in memoriam ao jornalista Paulo Tonet, Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, que representa, neste ato, o homenageado, jornalista Roberto Marinho. (Palmas.)
(Procede-se à entrega da placa de homenagem in memoriam ao Sr. Paulo Tonet, representante do Sr. Roberto Marinho.)
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Concedo a palavra ao Presidente do Conselho do Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico, Senador Cristovam Buarque.
Com a palavra, V. Exª.
O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Bom dia a cada uma e a cada um.
Senador Renan Calheiros, permita-me duas coisas: uma é falar daqui, e a outra, começar saudando, antes mesmo do Presidente, o Presidente e Senador José Sarney, pela história, por tudo que ele representa na sua história, sobretudo nos cinco anos do processo de redemocratização, e porque ele cumpriu tão bem, à risca, o que se traçou para aquele período.
O Senador Renan Calheiros, quero não apenas citá-lo como Presidente da Mesa, mas cumprimentá-lo por ter recuperado este prêmio que o Senador Sarney havia criado, que estava guardado, e o Senador Renan Calheiros trouxe-o de volta.
Cumprimento a Senadora Ana Amélia, essa querida amiga, companheira e que é, sobretudo, jornalista.
Cumprimento o Dr. Albano Franco, essa grande figura, empresário de sucesso, político tão respeitado, que, no meu caso especial, sempre é de muito carinho comigo.
Quero cumprimentar os agraciados:
- Srª Berenice Seara;
- Sr. Diógenes Brayner;
- Gerson Camarotti, que recebe não um título, mas um prêmio que deve perder apenas para o de pernambucano, que você carrega com tanto prazer;
- Sr. Paulo Tonet, a quem agradeço sempre as boas conversas;
- Srª Orly Burgos Castillo, da Embaixada da República Dominicana;
- Sr. Ricardo Vilella, Diretor de Jornalismo da TV Globo;
- Sr. Ricardo Pedreira, Diretor-Executivo da Associação Nacional de Jornais;
- Sr. Luiz Roberto Antonik, Diretor Geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV;
- Sr. Carlos Eloy Filho, Secretário Municipal da Juventude e Esporte, de Aracaju (SE);
- Sr. Júlio César Vinha, Secretário dos Comitês Jurídico e de Relações Governamentais da Associação Nacional de Jornais; e outros que, por acaso, eu não tenha citado.
Quero dizer que, para mim, foi uma grande honra ter sido o presidente neste 1º Prêmio Roberto Marinho, porque a ciência estuda e dá explicações para relações entre pais e filhos, irmãos e irmãs, sócios e sócias; tudo a gente consegue; mas Freud não se atreveu a analisar a relação entre jornalista e político, porque essa é muito complexa.
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É uma relação, Dr. Albano, que, obviamente, carrega uma grande admiração de nós políticos para eles, e até acho que deles para nós também. É uma relação de admiração.
É uma relação de respeito, pela competência que manifesta cada um no seu trabalho diário, mas é uma relação também de certa inveja, pelo menos de nós políticos para os jornalistas. Eu, pelo menos - falo por mim -, tenho essa inveja, da liberdade, de poder usar a verve para escrever, não ficção, mas coisas concretas, coisas do real, porque é mais difícil.
E, finalmente, é uma relação de temor. Não vamos negar que nós políticos temos medo de jornalistas. É uma mistura muito complicada.
Uma vez, quando eu estava no governo, uma jornalista perguntou qual era o pior momento do dia, Senadora Ana Amélia, e eu disse: "É o café da manhã". E ela disse: "Por quê? Está de dieta?" Eu disse: "Não, porque eu leio o jornal na hora do café, e é a hora que eu mais temo no dia, porque é a hora das surpresas, aqui e ali, umas boas e, aqui e ali também, algumas ruins".
Eu digo isso para mostrar a dificuldade que foi escolhermos três nomes. Não foi fácil. E aí nós fizemos da maneira mais simples, para resolver a dificuldade: não discutir, não conversar. Pedíamos aos 81 Senadores que indicassem nomes, e, no final, chegaram 27 nomes.
Desses 27, nós simplesmente fizemos eleição em urna, sem debate, sem discussão, apesar de que houve uma pequena conversa, no início, sobre uma coisa especial também dessa relação. É que nós temos uma relação sobre os grandes nomes nacionais, mas temos uma relação sobre os nomes próximos a nós, no dia a dia da atividade regional. Então, nós do grupo decidimos esquecer isso, depois de algumas discussões. A única discussão foi essa. Decidimos esquecer, arranjamos uma urna e fizemos a eleição. E aí chegaram esses três nomes.
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Quanto ao prêmio ao Dr. Roberto Marinho, obviamente, não houve urna, não houve discussão, e foi unânime. É até capaz, meu caro Tonet, que, se a gente fosse debater politicamente a figura do Dr. Roberto, teria havido muita discussão, muito debate ali. Mas, do ponto de vista do símbolo de ele representar um agraciado como grande jornalista brasileiro, nenhuma dúvida, e foi uma unanimidade que nos satisfez muito, quando um de nós - eu não lembro qual - sugeriu essa ideia que não estava prevista na regulamentação inicial. Senador Collor, não é verdade? Não foi o senhor? (Pausa.)
Senador Collor, é verdade. O Senador Collor trouxe essa ideia e imediatamente foi aceita por todos.
Por isso, nós estamos aqui muito satisfeitos de entregar esse prêmio - agradeço ao Senador Sarney, que criou o prêmio, ao Senador Renan, que retomou e que me indicou como Presidente do Conselho - e desejo, Senador Renan, que esse prêmio vire um Oscar do jornalismo, do ponto de vista do Senado. E que todos os anos possamos fazer um evento que, aos poucos, vá inclusive crescendo, na medida em que vire uma tradição nacional. O momento em que nós políticos, com a admiração, com a inveja, com o respeito e com o temor, temos a coragem de escolher três nomes para dizer: "Esses são os agraciados deste ano".
Parabéns a vocês e continuem honrando a profissão, como vocês têm feito, ao ponto de receberem esse prêmio de Senadores, políticos que nem sempre, obviamente, até para poderem exercer bem o papel, nem sempre tratam como nós gostaríamos, mas como deve ser, com o rigor da verdade.
Muito obrigado a vocês. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Eu registro, com muita satisfação, a presença honrosa da Deputada Rosangela Gomes, do Deputado Roberto Sales e do Deputado André Moura, que estão presentes nesta sessão do Senado Federal.
E concedo a palavra, com satisfação, ao Senador Fernando Collor.
Com a palavra, V. Exª.
O SR. FERNANDO COLLOR (Bloco União e Força/PTB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmo Sr. Presidente do Congresso Nacional, Senador Renan Calheiros; Exmo Sr. Presidente José Sarney; Exmo Sr. Presidente do Conselho do Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico, Senador Cristovam Buarque; Exma Srª Vice-Presidente do Prêmio, Senadora Ana Amélia; Exmo Sr. Senador, Presidente e ex-Presidente da CNI, Senador Albano Franco; Exmos agraciados, Srª Berenice Seara, Sr. Gerson Camarotti, Sr. José Diógenes Menezes Brayner e Sr. Jornalista Roberto Marinho, homenageado in memoriam e representado aqui pelo Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Sr. Paulo Tonet Camargo, que nos homenageia também com sua presença no dia de hoje; Exmas Srªs e Srs. Representantes do Corpo Diplomático; Srªs e Srs. Parlamentares, Srªs e Srs. Convidados para esta solenidade.
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O Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico, instituído por esta Casa em 2009 e cuja primeira edição tem lugar na sessão de hoje, evoca, em numerosos sentidos, a figura inescapável de seu patrono, que representa, como ninguém, os desafios e as contradições da profissão. E foi esse o motivo da indicação de seu nome in memoriam para esta sessão especial.
Em segundo lugar, o prêmio evoca sua figura porque fala de um herói necessário, o jornalista, cuja importância para o funcionamento do Estado de direito dispensa que se reafirme aqui o óbvio: que um país será tanto mais livre e democrático quanto mais livre e democrática for a sua imprensa.
Evoca também porque alimenta, entre os verdadeiros jornalistas, a chama, ora vacilante, do mérito; a habilidade de eleger, na variedade difusa e dispersa dos acontecimentos, os eventos que merecem fazer parte do noticiário; o compromisso inarredável - o compromisso inarredável! - com a apuração rigorosa e aprofundada dos fatos; a busca perene e infatigável da imparcialidade e da isenção; a análise perspicaz das imbricações e das implicações de cada acontecimento; o talento para encapsular a notícia em prosa escorreita, objetiva e ágil; a coragem e a intrepidez para trazer a público o que do público muitas vezes se quer omitir.
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Contudo, Sr. Presidente Renan Calheiros, Srªs e Srs. Senadores, é sobre Roberto Marinho que me detenho aqui.
Filho do jornalista Irineu Marinho, ele se vê em 1925, quando da morte repentina do pai, diante do desafio de levar adiante o vespertino que acabava de ser criado no Largo da Carioca, numa rotativa alugada por dez contos de réis por mês. Aos 20 anos, reconhece humildemente que não era ainda o tempo de assumir a direção de O Globo e presta-se a trilhar ali o percusso natural dos jornalistas: vai para às ruas ser repórter; torna-se, um pouco mais adiante, editor das matérias produzidas por outros repórteres; e chega, enfim, a secretário de redação. E, só em 1931, aos 26 anos, Roberto Marinho se considera pronto para assumir a direção do jornal, que comandaria até a sua morte, aos 98 anos, em 2003.
Saliente-se que O Globo, no início dos anos 1930, era um entre vários periódicos cariocas. Competia com o Jornal do Commercio, com o Jornal do Brasil, com o Diário de Notícias, com o Diário Carioca, com o Diário da Noite, com O Amanhã, com o Correio da Manhã e com outros tantos veículos que forravam as bancas de jornal. Tinha tiragem modesta e alcance limitado. Poderia ter sido apenas mais um vespertino entre os muitos que se transformaram apenas em memória. Mas não foi.
E é exatamente nesse ponto que se percebe o significado, para a história da imprensa no Brasil, do jornalista Roberto Marinho. É então que o jovem empreendedor revela seu talento e seu destemor. É então que a ousadia se afirma como condição necessária sem a qual não há história.
Sem ele, O Globo não teria se tornado, menos de 20 anos mais tarde, um dos mais influentes e prestigiados jornais do então Distrito Federal, com tiragem que ultrapassava, já no início dos anos 1950, os 110 mil exemplares diários.
Sem o seu comando, o jornal não se teria transmitido para as ondas da rádio que se tornaria a líder absoluta de audiência nos anos 1960.
Sem a sua obstinação, a rádio não se teria propagado e prolongado na maior emissora brasileira de televisão.
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Sem Roberto Marinho - precisamos reconhecê-lo com sinceridade e justiça -, sem o véu da ideologia, não se teria formado um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo, porque ele percebe, desde muito cedo, a necessidade de ir além do papel de um jornal.
Os que o criticam quase sempre o fazem por seus méritos empresariais, porque teve senso de oportunidade e soube aproveitar, como só os grandes o fazem, todas as chances que lhe foram apresentadas; porque soube exercer o poder em defesa de seus princípios e de seus ideais; porque compreendeu o momento exato de avançar e de recuar; porque apostou em ideias revolucionárias e importou novas práticas gerenciais e profissionais; porque foi ousado e correu riscos. E assim foi além, muito além.
Para levar o jornal, que havia herdado do pai, a um nível de qualidade que era, até então, desconhecido, fez uso de estratégias de financiamento, apostou nas histórias em quadrinhos e no mercado imobiliário, para acumular os recursos necessários para o pioneirismo gráfico e editorial, que seriam a marca da publicação.
O Globo será o primeiro jornal brasileiro a publicar uma telefoto, em 1936, durante as Olimpíadas de Berlim; será também o primeiro periódico brasileiro a publicar uma radiofoto durante a cobertura da Segunda Guerra Mundial; será o primeiro jornal brasileiro a estampar, em 1959, uma radiofoto em cores; e será o primeiro diário brasileiro a circular, ininterruptamente, também aos domingos, a partir de 1972.
Ainda era preciso, sim, ir muito além do papel de um jornal. Era um país de escolarização precária e poucos leitores. O alcance do jornalismo impresso sempre foi limitado. Em 1944, em pleno Estado Novo, quando a programação do rádio era ainda dominada pelo entretenimento, quando vigorava ainda o controle imposto pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do governo Vargas, Roberto Marinho cria a Rádio Globo, no Rio de Janeiro, em que predominam os programas jornalísticos e as transmissões esportivas. Ultrapassavam-se, definitivamente, as fronteiras do papel-jornal, e formavam-se as Organizações Globo.
Porém, o jornal e o rádio eram ainda pouco para o seu espírito enérgico e infatigável. Em 1965, quando já somava 61 anos, idade em que boa parte dos homens começa já a abandonar o ofício, talvez sonhando com sua aposentadoria, Roberto Marinho se lança no imenso desafio de fazer instalar a TV Globo do Rio de Janeiro.
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Quatro anos mais tarde, em 1969, entra no ar o Jornal Nacional, primeiro telejornal brasileiro em rede nacional, síntese do padrão de qualidade do que conhecemos hoje como Central Globo de Jornalismo.
O resto... Bem, o resto, sabemo-lo bem, faz parte da história e da memória afetiva de cada um de nós. Não há como falar ou pensar no Brasil dos últimos 50 anos - e, particularmente, no jornalismo brasileiro - sem que reconheçamos ali a presença ubíqua e incontornável do Sistema Globo de Comunicação. E, por trás do noticiário de O Globo, por trás da bancada do Jornal Nacional, por trás das transmissões radiofônicas da CBN, por trás das imagens da Globo News, a memória viva da presença sóbria, polida e gigantesca do jornalista Roberto Marinho.
Neste momento em que escasseiam os verdadeiros líderes, em que lideranças inconsequentes parecem perder de vista seu compromisso com o interesse público, em que as disputas intestinas dilaceram toda uma Nação, interessa-me, sobretudo pelo resgate da obra, realçar o homem.
Em entrevista concedida em 2004, Roberto Irineu Marinho, filho e hoje Presidente do Grupo Globo, enumera as três grandes lições que aprendeu com seu pai, e depois retransmitidas a seus irmãos, João Roberto e José Roberto. Vale a pena retomá-las aqui.
A primeira lição: o Brasil como princípio. Roberto Marinho é exemplo de empreendedor que sempre acreditou no Brasil. Concordemos ou não, o Brasil sempre se leu nas páginas de O Globo. Aprovemos ou não, o Brasil se difundiu pelas ondas do Sistema Globo de Rádio. Gostemos ou não, o Brasil se vê na tela da Rede Globo de Televisão. A par de quaisquer críticas que lhe possam ser feitas, a principal matéria-prima de Roberto Marinho sempre foi o Brasil e os brasileiros.
A segunda lição: o talento como meio. Sabedor de seus próprios limites, Roberto Marinho sempre procurou trabalhar com os melhores profissionais, independentemente de amizades, de laços familiares, de divergências ideológicas, de credo religioso. No jornal, na rádio, na televisão, na teledramaturgia e no jornalismo, à esquerda ou à direita, o Grupo Globo sempre foi o maior celeiro de talentos do País.
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A terceira lição: a qualidade como fim. Roberto Marinho sempre soube buscar a excelência. Líder absoluto de audiência, jamais se deixou acomodar, perseguiu a perfeição incansavelmente e, incansavelmente, investiu em inovação.
Quisera pudéssemos contar com outros que se fizessem da mesma fibra, que pudéssemos eleger nossos heróis e nossos anti-heróis pela força da ação e não pela omissão pusilânime, que tivéssemos aliados ou adversários que fossem do porte de Roberto Marinho, ganharíamos todos, ainda que perdêssemos.
Celebramos hoje, principalmente, o jornalista. Celebramos o homem de convicções claras, que colocou a imprensa a serviço do debate das ideias, que não tinha pejo de explicitar suas preferências e posições por mais antipáticas que nos pudessem parecer, que acreditava ser a imprensa a mais poderosa arma para fiscalização coletiva dos atos do Governo.
Celebramos o jornalista, que foi Presidente da Associação Nacional de Jornais por duas gestões, de 1979 a 1984, e o principal responsável por sua consolidação, em cuja gestão foram realizados os primeiros estudos sobre a elaboração de jornal, em que foram criados grupos técnicos com o objetivo de aprimorar a atividade do jornalismo, em que se promoveu a primeira campanha institucional de incentivo à leitura de jornais, em que se estabeleceu a padronização da mancha impressa e em que houve a criação do sistema de módulos de publicidade.
Celebramos o jornalista, que se tornou entre nós inevitável referência sempre que debatemos o mérito jornalístico.
Nada mais apropriado, pois, que o Senado tenha instituído o Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico. Em que pesem os não poucos méritos como administrador, como empresário, como empreendedor, como benemérito e como acadêmico, Roberto Marinho preferia ser conhecido como jornalista.
É a homenagem que a engenhosidade presta à inteligência.
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A Roberto Marinho, pois, o que é de Roberto Marinho: o nosso reconhecimento, o nosso respeito e a nossa admiração.
Esta é a minha homenagem, Sr. Presidente, senhoras e senhores.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Eu concedo a palavra, com satisfação, à Vice-Presidente do Conselho Roberto Marinho, Senadora Ana Amélia.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente Renan Calheiros; Senador, nosso Presidente, José Sarney; Senador Cristovam Buarque; Senador Albano Franco; colegas Senadores; colegas Parlamentares; eu não ia falar, mas, como o Presidente Renan Calheiros deu-me a honra de entregar o primeiro prêmio ao Gerson Camarotti, eu, como jornalista, não podia falhar em dizer algumas poucas palavras.
Primeiro, foi o jornalismo que me trouxe para a política. E, aqui, olhando o ex-Presidente Fernando Collor, o ex-Presidente José Sarney, o Presidente Renan Calheiros, o Senador Cristovam Buarque e o Senador Albano Franco, muitas, muitas, incontáveis vezes, eu os entrevistei como jornalista de um grupo do Rio Grande do Sul, a RBS. Muitas madrugadas, acordei o Senador Renan lá nas Alagoas; o Presidente Sarney, no Maranhão, em Brasília ou no Amapá.
E, com a minha carreira entrevistando essas pessoas, hoje, quando eu sento ao lado deles, Senador Fernando Collor, também da mesma forma, no mesmo nível e com a mesma legitimidade, eu sinto que o jornalismo ajudou-me muito a conhecer melhor e a respeitar o poder, tendo uma relação com o poder de maneira absolutamente equilibrada e respeitosa.
E decidi vir aqui falar por isso, pela honra que tive ao entregar o primeiro prêmio ao Gerson Camarotti. Eu digo, Gerson, que você é da minha escola: critica sem ferir, analisa sem desqualificar, avalia os fatos como eles são e, tendo a responsabilidade, com a suavidade da sua juventude, de descrever o que está acontecendo, nesta hora dura e dramática de Brasília, de forma que todas as pessoas que lhe veem não se sentem nem piores nem melhores, sentem-se com a reflexão que um jornalista com muita responsabilidade faz.
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O Senador Cristovam Buarque foi muito aguço e teve muita perspicácia ao falar dessa relação, às vezes entre amor e ódio, entre a política ou os políticos retratados e o jornalista. Mas pode ter certeza, Senador Cristovam Buarque, todos os jornalistas, errando ou acertando, sempre querem fazer o melhor. Não é uma atitude corporativista minha, mas, simplesmente, Presidente Renan Calheiros... Eu tive a honra de fazer, em momentos muito dramáticos da vida nacional, entrevistas com o Presidente José Sarney - Presidente da República -, o Presidente Renan Calheiros, o Presidente Fernando Collor, o Senador Cristovam Buarque e o Senador Albano Franco. E tive a honra de ter o privilégio de fazer, Camarotti, muitas entrevistas exclusivas com essas personalidades, das quais agora eu posso dizer: meus colegas. Como fui ontem sua colega.
Muito obrigada e parabéns aos nossos agraciados: especialmente, ao Gerson Camarotti; ao Diógenes que, com a sua experiência, continue brindando seus leitores, seus ouvintes; e também à Berenice pelo que vem fazendo no bom jornalismo. Obrigada a vocês, porque, entre dois homens, há uma mulher.
Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Concedo a palavra ao Senador Lasier Martins. Com a palavra V. Exª.
O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado.
Sr. Presidente do Senado, Exmo Senador Renan Calheiros; Sr. Presidente do Conselho do Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico - Conselho do qual tive a honra de participar -, Senador Cristovam Buarque; Vice-Presidente do Conselho do Prêmio Jornalista Roberto Marinho, minha conterrânea Ana Amélia Lemos; Presidente do Senado Federal nos períodos de 1995 a 1997, 2003 a 2005 e 2009 a 2012, eminente Senador José Sarney; Diretor-Presidente da TV Sergipe, afiliada da Globo em Aracaju, Senador no período de 1991 a 1994, Senador Albano Franco; senhores agraciados: Berenice Seara, Diógenes Brayner e Gerson Camarotti; o representante do nosso homenageado postumamente, meu prezado conterrâneo e amigo Paulo Tonet Camargo; Primeira Secretária da Embaixada da República Dominicana, Srª Orly Burgos Castilho; Diretor de Jornalismo da TV Globo Brasília, Ricardo Villela; Diretor Executivo da Associação Nacional de Jornais, Ricardo Pedreira; Diretor Geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV, Luis Roberto Antonik; Secretário da Juventude e Esportes do Município da cidade de Aracaju, Carlos Eloy Filho;
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Secretário dos Comitês Jurídico e das Relações Governamentais da Associação Nacional de Jornais, Sr. Júlio César Vinha; Gerente de Projetos Especiais e Outorgas do Grupo Globo, Mário Augusto Craveiro; Secretário Executivo da Associação Brasileira de Universidades Comunitárias, José Carlos Aguilera; Srs. Parlamentares, senhoras e senhores, estamos aqui para celebrar a primeira edição do Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico, certamente um prêmio destinado a muitas edições, prêmio que leva o nome do homem que transformou a herança paterna - o jornal O Globo - em um dos maiores grupos de comunicação do mundo e que hoje também está sendo aqui homenageado in memoriam.
Feliz essa iniciativa de criar esse prêmio com o nome de Roberto Marinho.
Tenho o sentimento, senhoras e senhores, corroborado por especialistas, de que estamos vivendo a era de ouro da comunicação social, tempos de verdadeira evolução tecnológica, de novas formas de contar histórias e de envolver o público, o que aumenta a responsabilidade dos jornalistas, que precisam entregar um produto atrativo, veraz, de qualidade e relevância. É uma época em que a mídia tradicional convive, cada vez mais, com o jornalismo da era dos blogues e das redes sociais.
Em tempos de tantas investigações e processos, que afloram diariamente, é exatamente a imprensa tradicional que confere uma espécie de certificado de veracidade à profusão de informações que hoje circulam por várias plataformas.
Mais do que nunca, o povo brasileiro acompanha atento, dia a dia, as notícias da imprensa. É ela que faz uma peneira, que hierarquiza e que dissemina as notícias relevantes e confiáveis, sem falar no seu papel investigativo e de fiscalização dos poderes públicos, só existente em democracias maduras.
Cabe a nós, aqui, no Senado, defendermos a liberdade de expressão. Iniciativas como esta, que visam à valorização dos profissionais de imprensa, precisam ser, cada vez mais, estimuladas.
Sou do ramo, senhoras e senhores, sou da comunicação. Atuei, durante cinco décadas, no rádio, jornal e televisão do Rio Grande do Sul. Sei da importância de se exaltar, cada vez mais, o papel da imprensa séria e responsável.
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Sei que a saída para a crise por que muitas empresas jornalísticas passam é justamente fazendo o melhor jornalismo. Que este prêmio sirva de estímulo para os profissionais que já atuam nela e também entre aqueles jovens que sonham, um dia, transformarem-se em grandes jornalistas.
Parabéns aos jornalistas agraciados nesta primeira edição: Gerson Camarotti, de quem sempre fui um atento admirador de seus comentários e notícias, comentarista político da GloboNews e autor de obras importantes, como Memorial do Escândalo, sobre os bastidores da crise e da corrupção do governo Lula, além de Segredos do Conclave, sobre os bastidores da eleição do Papa Francisco; os colunistas do jornal Extra, Berenice Seara, e do Correio de Sergipe, José Diógenes Menezes Brayner; e, in memoriam, o Tonet, aqui representando a memória de Roberto Marinho.
Cumprimento os vencedores do prêmio, e que esta premiação sirva de proveitoso estímulo ao crescimento cada vez maior nessa profissão tão fascinante.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Concedo a palavra ao Senador Eduardo Amorim. (Pausa.)
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros; Sr. ex-Presidente desta Casa, José Sarney; nosso Presidente do Conselho do Prêmio Jornalista Roberto Marinho, nosso colega, Senador Cristovam Buarque - os quais parabenizo por este momento, pela insistência, pela persistência de estarmos aqui agraciando essas pessoas valorosas com esse prêmio. Com certeza, se não fossem eles, não estaríamos aqui; meu amigo, ex-Governador do meu Estado, Dr. Albano Franco; nosso Líder, Deputado André Moura, Líder do PSC na Câmara, que estava aqui até há pouco e foi para uma votação nominal; Sr. Carlos Eloy, Secretário da Juventude do meu Estado, de Aracaju; nosso presidente da CDL de Itabaiana, Município, Sr. Jamisson Barbosa, no nome de quem saúdo todos os itabaianenses e todos os sergipanos aqui; nossos agraciados, Srª Berenice Seara, amigo Diógenes Brayner; amigo também Gerson Camarotti; o senhor que representa aqui as Instituições Globo, Sr. Paulo Tonet Camargo, bem-vindo a esta Casa;
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aos familiares; a todos os presentes; aos demais colegas Parlamentares aqui presentes; às senhoras e senhores, inicialmente, gostaria, mais uma vez, de parabenizar o Senado Federal pela grande iniciativa de, em 2009, instituir esta premiação, que tem como objetivo reconhecer os jornalistas que contribuem, diuturnamente, para o engrandecimento da profissão no nosso País, além de reconhecer a importância do jornalismo para o exercício da democracia.
Na medicina, aprendi a tratar a dor física, a dor de cada um, a dor individual, mas também, na medicina, compreendi que, para tratar a dor social, a dor coletiva, a dor de todos, como essa que milhões de brasileiros vivem neste momento em muitos cantos, o instrumento era a política. Por isso, pedi a oportunidade ao meu povo e à minha gente do meu Estado, Sergipe, para que aqui estivesse cumprindo esta missão.
Mas, durante o mandato, percebi o desafio de uma outra profissão. Faço o caminho diferente do da Senadora Ana Amélia. Foi na política que compreendi e percebi a importância do jornalismo e, agora, Presidente, sou estudante, faço jornalismo com muito orgulho - tenho a minha carteira de estudante. Justamente por entender e reconhecer esta profissão que hoje sou estudante de jornalismo da Universidade Tiradentes (Unit), em Aracaju, capital do meu Estado - cumprimento aqui meus primeiros mestres: a Profª Juliane Almeida, que me ensinou as primeiras lições, e o Prof. Bittencourt -; por entender que é com o jornalismo forte, com o jornalismo sincero, transparente e ético que haveremos também de corrigir as mazelas que este País tem. Este País tem jeito. Sonho com isso, Senador Lasier. Sei que o senhor também. O jeito quem dá somos nós, com as nossas escolhas, com as nossas convicções, nunca, absolutamente nunca, abrindo mão de princípio nem de valores, muito menos em espaços como este.
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Este ano, como já foi dito aqui, foram agraciados com o Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico quatro profissionais que trazem consigo, no exercício da profissão, a essência, como escreveu o poeta e também jornalista William Ernest Henley, em seu poema "Invictus": "Eu sou dono e senhor do meu destino; Eu sou o comandante de minha alma". Mas eu só sou dono do meu destino, só sou senhor do meu destino porque tenho dois ingredientes: a vida e a liberdade, dada pelo bom Deus, por isso acredito nele.
Sr. Presidente, gostaria de homenagear a jornalista carioca Berenice Seara por sua brilhante trajetória, onde, por mais de duas décadas, atua na cobertura política, tanto no contexto regional quanto no contexto nacional.
Contudo, não posso deixar de prestar minhas homenagens aos outros dois jornalistas também, Gerson Camarotti, com quem convivemos diuturnamente. Ele, com o celular dele. "Lá vem ele'', não é, Presidente? "Lá vem ele". Vamos sair depois no jornal das dez, como disse o Senador Cristovam, sabe lá como. E o jornalista e grande amigo Diógenes Brayner, que, para nós sergipanos, nós nordestinos, tem sua grande importância.
Camarotti conheci há pouco tempo, cobrindo os acontecimentos aqui no plenário do Senado Federal, muitas vezes ali no cafezinho, sempre atento, ágil na apuração, hábil na construção da notícia política, um exemplo de profissional que exerce de maneira responsável e ética o jornalismo. Diante disso, a minha admiração, Camarotti, foi uma consequência natural. Parabenizo-o pela merecida premiação.
Já o nosso amigo Brayner - e conheço e acompanho com respeito e admiração seu trabalho há bastante tempo -, embora seja pernambucano de nascimento, adotou Sergipe de coração. E filho é não só aquele que vem de forma natural, mas também aquele que é adotado e que adota, já que , há quase 20 anos, recebeu o Título de Cidadão Sergipano.
Brayner, é um daqueles jornalistas que tem a profissão correndo no seu sangue, diuturnamente, dorme tarde, nutrindo suas células e a política como grande paixão. Sabemos todos nós sergipanos bem disso.
E, por falar em paixão, essa sempre foi o que o moveu. Na juventude, participou ativamente de movimentos estudantis e, durante os mais de 40 anos de jornalismo, sempre foi movido pela inquietude que deve ter o jornalista em busca da notícia, em uma época onde não existia internet e a apuração das notícias dependiam de bons contatos e bons informantes.
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Entretanto, esse homem que persegue as notícias políticas e seus bastidores sempre esteve à frente também, assim como o jornalista Roberto Marinho sempre esteve à frente, e bem lá atrás - não é, Dr. Albano Franco? - criou o FaxAju. O FaxAju, por fax, mandava as notícias para todos nós em 1990. Era um meio ágil de fazer com que as notícias chegassem via fax aos seus eleitores, antes mesmo que os grandes jornais locais as noticiassem, passando, inclusive, a pautar os veículos de comunicação do nosso Estado, o Estado de Sergipe. Há oito anos, o FaxAju ganhou sua versão contemporânea, on-line. Entrou na modernidade, acompanhou a modernidade. Parabéns ao também amigo Brayner pela merecida honraria.
Para finalizar, não poderia deixar de homenagear - como já foi dito aqui - esse ícone, uma grande referência do jornalismo brasileiro.
Você vê, Presidente, como é atrativa a profissão de jornalista. Então, seguir esse caminho diferente, da medicina para a advocacia, da advocacia para a política e agora para o jornalismo, é extremamente prazeroso, embora fosse muitas vezes vencido pelo cansaço que o trabalho nos impõe. Mas é prazeroso, Sr. Presidente, ao voltar para o meu Estado, voltar aos bancos da faculdade, da universidade, e ali aprender com os nossos mestres, com os nossos professores, especialmente neste momento, com a Profª Juliana e com o Prof. Bittencourt.
Como dizia, o prêmio a que empresta seu nome o jornalista Roberto Marinho, um dos grandes ícones e reconhecidamente uma das maiores personalidades do século XX - não só no nosso País, mas, ouso dizer, no mundo -, que com sua visão empreendedora, como disse o nosso Líder Collor, formou o maior conglomerado de comunicação do País e, com certeza, um dos maiores do mundo, com televisão, com rádio, com jornal impresso e com serviços de informação e entretenimento na internet. Apesar de tudo isso, seu maior orgulho - e ouvíamos isso sempre - era ser jornalista, Senador Lasier, como o senhor é.
Então, é por esse caminho que volto ao que disse inicialmente, com a poesia do jornalista William Ernest Henley: nós somos senhores do nosso destino, sim. Nós somos o comandante da nossa alma, já que o bom Deus nos dá o milagre da vida e dá a liberdade para escolhermos o nosso destino.
Que o brasileiro saiba aprender com tudo isso, com todo esse sofrimento, com todas essas mazelas, e possamos escolher um destino muito melhor. Esta Casa é fundamental por tudo isso. Por isso, Senador Cristovam Buarque, aqui estamos não por profissão. Estamos por missão. Entendo assim.
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Mais uma vez parabenizo a Mesa Diretora do Senado por resgatar esse prêmio. E, com certeza, daqui para frente ele será uma grande referência para o jornalismo brasileiro.
A todos, o meu sincero muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Agradecemos a V. Exª.
Nós vamos conceder a palavra ao Senador Antonio Carlos Valadares e, logo em seguida, vamos ouvir as palavras dos agraciados.
Com a palavra, o Senador Antonio Carlos Valadares.
O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros; Sr. Presidente José Sarney, querido amigo, que está deixando realmente muita saudade; Presidente do Conselho do Prêmio Jornalista Roberto Marinho, querido Senador Cristovam Buarque; Senador Albano Franco, nosso prezado conterrâneo e também Diretor-Presidente da TV Sergipe.
Eu queria homenagear os agraciados Diógenes Brayner, Berenice Seara, Gerson Camarotti e Roberto Marinho - in memoriam - fazendo uma homenagem à imprensa brasileira, pois o prêmio que os agraciados em referência estão recebendo simboliza, sem dúvida alguma, a força que tem o jornalismo para a valorização da democracia em qualquer país.
Uma imprensa livre e independente, sem mordaça de qualquer espécie, atuando para bem informar os seus leitores, os seus ouvintes, é uma imprensa que contribui para a consolidação da democracia.
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E aqui em nosso País, no momento tão dramático em que estamos vivendo, a imprensa tem este papel de levar, sem preconceitos, sem qualquer laivo de perseguição, com acurácia, com ética e decência, a verdade existente em todos os escalões da nossa República, porque uma República só é forte e tem o respeito da sociedade quando age de forma transparente. E a imprensa, com a sua autonomia, faz com que aqueles que se julgam os donos do poder se rendam à verdade que tem que ser levada a qualquer custo, doa a quem doer, para o conhecimento da sociedade.
George Orwell já dizia o seguinte: "Jornalismo é escrever aquilo que alguém não quer que se publique, porque o resto é publicidade." Se nós, numa democracia como essa do Brasil, que está ainda em formação, não temos uma democracia ainda totalmente consolidada, não temos em nosso favor uma imprensa para avaliar, com a sua ética científica e técnica, o que deve ser publicado, a nossa democracia levaria ainda muitos anos para obter essa consolidação.
Por esse motivo é que, quando estamos homenageando jornalistas que obtiveram o respeito da sociedade em profissão tão nobilitante que exercem, estamos, sem dúvida alguma, procurando valorizar aqueles que agem desse jeito que estou falando, para que a nossa democracia, cada vez mais, se fortaleça.
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E eu posso falar em alto e bom som sobre a seriedade do jornalismo sergipano, falando de Diógenes Brayner, que é um jornalista que, diariamente, escreve uma coluna muito apreciada pelo meio político do nosso Estado. Não conheço um político que não leia diariamente a coluna de Diógenes Brayner, em que traz uma análise perfeita e realística, como também atual, de tudo aquilo que acontece em Sergipe e no Brasil, de forma independente, sem nenhum intuito de agradar ou desagradar ninguém, mas com o objetivo puro e exclusivo de trazer a boa informação, contribuindo, assim, para uma opinião pública bem formada.
Por isso, queria dar, com essas palavras singelas, o meu depoimento a respeito deste jornalista que conheço pessoalmente e que foi elogiado, de forma merecida, pelo nosso colega, o Senador Amorim - elogios merecidos por tudo o que ele representa na imprensa de Sergipe, que é uma imprensa, que, a cada dia, ganha o respeito não só do Nordeste, como de todo o Brasil, pela verdade que traz à tona, doa a quem doer.
Por essa razão, eu quero reconhecer o valor de Diógenes Brayner, assim como o de Berenice Seara, de Gerson Camarotti e do saudoso Roberto Marinho, que deixou, sem dúvida alguma, história no nosso Brasil, de como se deve fazer jornalismo voltado para a boa informação, para o entretenimento, para o esporte e para o lazer, uma imprensa capaz de transformar o Brasil numa das nações mais democráticas do mundo.
Agradeço V. Exª , Sr. Presidente. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Nós vamos conceder a palavra, em primeiro lugar, à jornalista Berenice Seara.
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A SRª BERENICE SEARA - Boa tarde a todos.
Eu queria agradecer, em meu nome, em nome do jornal Extra e de minha categoria profissional, ao Presidente do Congresso Nacional, Senador Renan Calheiros, ao Presidente da Comissão, Senador Cristovam Buarque, à Vice-Presidente, a Senadora Ana Amélia, ao Senador e Presidente José Sarney, ao Senador Albano Franco, ao Senador Marcelo Crivella, que indicou meu nome, aos 15 Senadores da Comissão e a todos os integrantes desta Casa, que escolheram a mim e aos colegas Gerson Camarotti, José Diógenes Menezes Brayner e, claro, Roberto Marinho, para recebermos o Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico, e logo em sua primeira edição.
É uma honra por si só ser agraciada com essa homenagem, mas ainda é mais especial isso ter acontecido neste momento em que nós, jornalistas, vivemos o desafio histórico das transformações modernas das novas plataformas de informação.
Um momento em que também a política se encontra diante de novos e grandes desafios, frente à perplexidade do nosso povo nessa hora, como disse a Senadora Ana Amélia, dura e dramática, que tanto tem exigido de todos nós.
Sou jornalista e vivo de noticiar e interpretar o que acontece no mundo da política. No meu trabalho, sempre destaco a importância da política para a vida do País. Por isso, é tão importante este prêmio, concedido por esta Casa, justamente no momento em que precisamos sempre reafirmar que a boa política e o bom jornalismo continuam juntos na luta pela manutenção e pelo aprimoramento desta democracia.
Muito obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Concedo a palavra ao jornalista Gerson Camarotti.
O SR. GERSON CAMAROTTI - Boa tarde a todos, já é início da tarde.
Primeiro, o meu obrigado ao Senado Federal como um todo, Presidente Renan, Presidente Sarney, Senador Cristovam, Senador Albano, e agradecer a todos que estão aqui.
Antes de mais nada, fico especialmente honrado em ser agraciado com a primeira edição do Prêmio Jornalista Roberto Marinho de Mérito Jornalístico, e, não por acaso, no início dos anos 90, minha primeira carteira assinada foi na fundação da Rádio CBN Recife, como repórter. Passei também pela Rede Globo Nordeste.
Já aqui, em Brasília, passei pela revista Época, pelo jornal O Globo e, nos últimos anos, estou na Globo News, como comentarista e repórter, além de colunista político do G1, o portal de notícias da Globo.
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Em todos esses anos, participei de coberturas importantes na área da política, cobri seis eleições presidenciais; um conclave, na Cidade do Vaticano, e tive o privilégio de fazer a primeira entrevista exclusiva do Papa Francisco; e mais recentemente, lançado esta semana, um documentário que refaz o trajeto do poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto.
Ou seja, em mais de duas décadas de profissão, passei por praticamente todos os veículos do Grupo Globo. Tenho orgulho de integrar esse grupo que produz, posso dizer com certeza, o melhor produto jornalístico do País, em todas as plataformas, com responsabilidade, credibilidade e informação de primeira.
A essência de todo esse compromisso com informação de qualidade está na longa trajetória do jornalista e empresário Roberto Marinho, que dá nome ao prêmio. Sem dúvida, o Dr. Roberto foi um dos brasileiros mais influentes do século 20, como vários já falaram aqui. Em 1925, herdou do pai, Irineu Marinho, o jornal O Globo, e nas décadas seguintes construiu o principal grupo de comunicação do País, com televisão, rádio, jornal e serviços de informação e entretenimento na internet. Quando morreu, em 2003, aos 98 anos, o Dr. Roberto, já tinha entrado para a História.
Eu destacaria a visão única dele de pensar e colocar em prática a integração deste País continental por intermédio da comunicação. Este ano, recentemente, estive em Manaus para um seminário jornalístico da Rede Amazônica, afiliada da Rede Globo. E conversando com o seu fundador, Phelippe Daou, que me contou muito da aventura de fazer jornalismo há mais de quatro décadas na Região Amazônica, pude ter a dimensão do pioneirismo de Roberto Marinho de levar a televisão para todas as regiões do País há 50 anos.
Além disso, destaco uma característica dele de que pessoalmente gostava muito: Roberto Marinho fazia questão de ser apresentado e reconhecido como jornalista, o que mostrava o orgulho que ele tinha pela nossa profissão.
Ao mesmo tempo, para mim, a premiação é um reconhecimento dos Senadores da importância do jornalismo para o exercício da democracia. Nesses 20 anos de cobertura política no Congresso Nacional, e especificamente no Senado Federal, também posso testemunhar como esta Casa é essencial para a consolidação da nossa democracia na defesa pela liberdade de Imprensa e contra qualquer forma de mecanismo de censura, como falou o nosso Presidente Renan Calheiros no início dessa sessão.
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Nessas duas décadas, na condição de jornalista, acompanhei momentos históricos no Senado. Registrei inúmeras votações, crises políticas, disputas entre partidos e entre Governo e oposição. Daqui, da tribuna da imprensa, acompanhei vitórias e derrotas do Palácio do Planalto. Algumas vezes, nessa longa cobertura, minhas reportagens desagradaram Parlamentares, como bem lembrou a Senadora e colega Ana Amélia, mas sempre houve compreensão de que não havia uma perseguição jornalística e o reconhecimento da Casa de que minha atuação profissional sempre foi pautada pela notícia - exclusivamente pela notícia.
Por isso, avalio que esse prêmio é uma demonstração da natureza democrática desta Casa. Nesta minha fase profissional mais recente, na GloboNews, o Senado conseguiu, como nenhum outro Poder da República, entender e valorizar uma nova linguagem da cobertura política para a televisão, com o uso do celular, para fazer minha crônica visual de Brasília, diariamente - e, aqui, quantos hoje não ressaltaram isso? Esse reconhecimento é dos Senadores, mas também dos assessores, servidores, inclusive da polícia legislativa. Todo mundo sabe respeitar essa cobertura.
Desde que o prêmio foi anunciado, fiquei sabendo que vários Senadores de todos os partidos e de todas as Regiões do País, fizeram indicações ao meu nome. Eu vou citar a Senadora Ana Amélia, do Rio Grande do Sul; a Senadora Sandra Braga, do Amazonas; o Líder do PSDB, Senador Cássio Cunha Lima; e o Líder do PT, Senador Humberto Costa. Também queria ressaltar que tantos outros apoiaram essa indicação. E, recentemente, muitos falaram comigo, com alegria, sobre o resultado do prêmio, e inclusive recebi uma ligação do Senador Cristovam, no dia do prêmio, e de tantos outros Senadores também, e eu fiquei muito agradecido pelo carinho.
É importante que, em sua primeira edição, o Senado tenha se lembrado de um jornalista que acompanha a política, diariamente, e faz essa cobertura política de Brasília, acompanhando os trabalhos desta Casa. Por isso, esse prêmio é uma homenagem não apenas à minha pessoa, mas também a todos os colegas que estão aqui todos os dias, trabalhando na cobertura jornalística.
Agradeço aos colegas também agraciados, além de Roberto Marinho, in memoriam; ao Brayner; à Berenice Seara; e especialmente à Júnia Gama, jornalista que também cobre a Casa.
A todo o Senado, meu muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Concedo a palavra ao representante do homenageado Roberto Marinho, in memoriam, Paulo Tonet.
O SR. PAULO TONET CAMARGO - Sr. Presidente do Senado Federal, Senador Renan Calheiros; eminente Presidente, sempre Presidente, José Sarney; Senador Cristovam Buarque, Presidente do Conselho deste prêmio; saúdo também, embora não esteja aqui, a Senadora Ana Amélia; meu caro amigo, Senador Albano Franco; eu quero saudar os Srs. Senadores e Deputados presentes e agradecer as palavras generosas dos caros Senadores Fernando Collor, que propôs o nome do Dr. Roberto Marinho para este prêmio, da Senadora Ana Amélia, do meu caro amigo Senador Lasier Martins, do Senador Eduardo Amorim, do Senador Antônio Carlos Valadares, e do Senador Cristovam Buarque, que presidiu este prêmio.
Eu quero saudar também o Sr. Diógenes Brayner, agraciado neste dia, e os meus colegas, Camarotti e Berenice, e parabenizá-los também por receber este prêmio hoje.
Srªs e Srs. Senadores, Deputados e autoridades presentes, incumbiram-me o Sr. Roberto Irineu Marinho, o Sr. João Roberto Marinho e o Sr. José Roberto Marinho de agradecer ao Senado Federal e ao Conselho deste distinto prêmio, presidido pelo Senador Cristovam Buarque, a homenagem in memoriam ao jornalista Roberto Marinho, que dá nome à premiação. Foram 98 anos de uma vida intensa e saudável, quase até o fim. Obcecado pelo trabalho - especialmente pelo jornalismo -, Roberto Marinho incentivou a educação e apreciou a cultura como poucos brasileiros.
Após a morte súbita de seu pai, Irineu Marinho, apenas 23 dias depois de fundar O Globo, sua mãe, Dona Francisca, desejou que ele assumisse logo o comando do jornal. Roberto Marinho se recusou, dizendo que lhe faltava experiência. Aceitou ocupar um lugar no Diário Carioca, mas, primeiro, como aprendiz da profissão de jornalista, pois nem havia completado 21 anos de idade. Seis anos depois, assumiu a plenitude de suas responsabilidades na redação e na empresa.
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O Globo, fundado em 1925, ponto de partida para o que hoje é o Grupo Globo, era a sua paixão, lugar onde passava suas manhãs; aonde chegava cedo, depois de ler todos os jornais; onde almoçava e de onde seguia, já à tarde, para a TV Globo.
Ele viveu os seus dias rodeado de amigos, da família e dos companheiros de trabalho, de quem foi um defensor implacável, quando as redações eram ameaçadas pela intolerância e pela censura dos governos militares. Jornalista, um homem de redação de jornal, esse era Roberto Marinho. O cartunista Chico Caruso refere-se a Roberto Marinho como um apaixonado pelo jornalismo e se lembra de vê-lo folheando O Globo, em cima da mesa da redação, com os olhos brilhando e dizendo: "Você sabe o que é alguém gostar de alguma coisa? Eu gosto disto aqui!"
Roberto Marinho também era empresário, mas, como ele bem dizia, um trabalhador, alguém que dedicou toda a vida ao trabalho diário, com o máximo de energia e com a obsessão de construir. Mesmo como empresário bem-sucedido, ainda prevaleciam mais as características do jornalista, como conta o jornalista Ali Kamel. Ele cita a impressão que teve na época em que trabalhou em O Globo: "Qual é a imagem que se tinha do Dr. Roberto? Do megaempresário de comunicação? Não! De fato, ele era um jornalista."
O passado de jornalista diário, ali na mesa da secretaria de redação, impregnou a alma dele, diziam os colegas. Roberto Marinho gostava daquela busca incessante por ter o melhor produto para o leitor, o telespectador e o ouvinte, e o fazia. Mas seu faro visionário e talento para os negócios foram ingredientes que o acompanharam e que o levaram à compra da frequência da Rádio Globo, criando essa rádio em 1944. Chegou a ser chamado de louco, quando, aos 60 anos, decidiu, sozinho, criar a TV Globo, colocando em risco até mesmo o seu patrimônio pessoal, mas Roberto Marinho confiava no Brasil, em sua potencialidade física, em seus recursos naturais, em sua formação étnica, no espírito de sua gente, capaz de absorver a mais moderna e eficaz tecnologia de produção, sem perder o saudável sentido lúdico da vida, dizia ele.
A sua dedicação ao trabalho impressionava os funcionários. Ele falava que, seja batendo pregos ou compondo poemas, cada um de nós justifica a sua participação na sociedade. Tinha a fala mansa, não levantava a voz e usava a mesma naturalidade ao dirigir-se a uma autoridade nacional ou internacional, a um de seus diretores ou ao mais humilde de seus funcionários.
Certa vez, em Paris, em um discurso na Universidade da Sorbonne, Roberto Marinho disse:
Não sei se sou consequência das minhas qualidades ou dos meus defeitos. As minhas qualidades são conhecidas por poucas pessoas que convivem comigo, e os meus defeitos são apontados por muitas pessoas que me desconhecem. Eu não sei se devo preferir o conceito das pessoas que me desconhecem ou daquelas que convivem comigo. De modo que deixo essa questão com a admirável plateia que me escuta.
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Hoje, a voz de Roberto Marinho é seu legado, que ainda está aí, à disposição de uma admirável plateia, a opinião pública - que o escuta, que vê e que sente, por meio de suas realizações, do trabalho dos jornalistas extraordinários do Grupo Globo, que têm como missão informar, entreter, contribuir para a educação do País através de conteúdos de qualidade.
Mais uma vez, em nome da Família Marinho, agradeço esta homenagem do Senado Federal.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Concedo a palavra à Deputada Rosangela Gomes.
V. Exª tem a palavra.
A SRª ROSANGELA GOMES (Bloco/PRB - RJ) - Boa tarde, Presidente! Boa tarde a todos e todas!
Quero cumprimentar o Presidente Renan Calheiros; nosso sempre Presidente José Sarney; o Presidente do Conselho e referência no nosso País em educação, Cristovam Buarque. Quero cumprimentar o Sr. Senador, que eu não conhecia, mas hoje estou conhecendo, Albano Franco. Quero cumprimentar a todos os Senadores aqui presentes, e Deputados. Quero cumprimentar os agraciados: Berenice; Camarotti; Brayner; Paulo, representando o Sr. Roberto Marinho; e a todos os senhores e senhoras.
Coube a mim a incumbência de representar o Senador Marcelo Crivella, que não pôde estar presente, porque está acamado, mas que fez a indicação dessa grande guerreira do Estado do Rio de Janeiro, o meu Estado, a jornalista Berenice Seara.
Sr. Presidente, gostaria de falar da minha satisfação de estar aqui nesta Casa, pela primeira vez, usando a plenária para fazer um discurso, uma vez que, na minha infância e na minha adolescência, admirava V. Exªs apenas pelos veículos de comunicação - como o Presidente José Sarney, na época em que vendia queijo e doce nas ruas; o Presidente Fernando Collor; o Senador Cristovam Buarque, que acho que saiu. E, hoje, para mim é uma grande alegria poder representar aquele que me deu oportunidade de conhecer um pouco mais da vida pública, que é o Senador Marcelo Crivella.
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O Senador Cristovam Buarque fez uma fala bastante profícua, bastante certa, falando do prêmio de hoje e de três eixos que o norteiam: primeiro, a dedicação; segundo, o respeito; e, por fim, o temor. A dedicação, porque sabemos que o jornalista tem. O Camarotti não me conhece, mas o vejo correndo o dia inteiro, para cima e para baixo, com o seu telefone, fazendo matérias, atrás dos Deputados, atrás de uma reportagem de qualidade ou um furo, Senador, e passa por nós.
Estou exercendo meu primeiro mandato de Deputada e não faço nenhuma análise dos meus projetos, do meu trabalho, se não for por convicção, por aquilo que estudei ou pelos veículos de comunicação. Então, de dia, vejo o Camarotti correndo aqui, o dia inteiro, ele e a Cristiana Lôbo. E, à noite, quando chego em casa, Brayner, assisto à TV, está ele de novo fazendo análise. Então, a dedicação é tremenda.
Quando vejo, também, a questão do respeito, ocorre a mesma coisa com a Berenice. Quem é que não conhece Berenice do jornal Extra, no Estado do Rio de Janeiro ou no Brasil? Então, o Senador Marcelo Crivella acertou de novo ao fazer a indicação de seu nome.
Quer saber do norte do Estado do Rio de Janeiro, quer saber da Baixada Fluminense, onde nasci, fui criada e moro, em especial, em Nova Iguaçu, quer saber do sul fluminense? Está lá a Berenice na Coluna da Berenice: todos os fatos políticos, todos os fatos que acontecem no Estado do Rio de Janeiro. E veio aqui e, de forma tão sutil e singela, fez uma fala muito brilhante.
Acho que você está no caminho certo. Quem sabe, um dia poderá ser como a Senadora Amélia e vir para esta Casa também fazer política! V. Sª já faz um discurso brilhante.
Quero dizer também do Brayner, não o conheço, ,mas, também, falar das Organizações Globo, aqui, na pessoa do Paulo Camargo, que conheci recentemente, por quem fui recebida na Abert junto com Roberto Antonini e toda a equipe.
Quero falar do medo. Acho que nenhum político quer ser visto, Senador e Presidente da República e Presidente desta Casa, José Sarney, ninguém quer ser visto de forma negativa nas páginas de jornais. Eu, particularmente, procuro fazer tudo com excelência, dou o meu melhor possível para nunca estar estampada nas páginas dos jornais, nem decepcionar minha família, meus amigos, meus leitores e, principalmente, o meu País.
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Quero dizer da alegria de fazer parte da primeira edição desta premiação, de fazer parte desta Casa representando o Senador - que eu tanto amo, admiro e respeito pela forma devotada com que ele cuida da coisa pública - Marcelo Crivella, mas, sobretudo, quero fazer aqui uma homenagem a nossa recente democracia, dizendo que é um momento especial, porque através da livre imprensa nós fortalecemos, cada vez mais, a nossa democracia.
Parabéns a vocês que hoje são agraciados. Sinal de que vocês fizeram a diferença no jornalismo. E vocês são todos novos, ainda têm muito que contribuir com o processo livre e democrático do nosso País.
Parabéns! Que Deus os abençoe, e contem sempre comigo.
Muito obrigada, Senador, por estar nesta Casa, representando o Crivella nesta tarde. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Eu vou conceder a palavra ao último orador, que é o Deputado Roberto Sales.
O SR. ROBERTO SALES (Bloco/PRB - RJ) - Sr. Presidente Renan Calheiros, senhoras e senhores, cumprimento o eterno Presidente do Senado e Presidente da República, José Sarney, cumprimento também o Senador Fernando Collor, ex-Presidente da República, o Senador Albano Franco, a Senadora Ana Amélia, demais Senadores e Parlamentares desta Casa.
Também incumbiu-me o Senador Crivella de aqui prestigiar esta homenagem à Berenice Seara, do Estado do Rio de Janeiro.
As palavras da Deputada Rosangela exemplificaram, disseram, verdadeiramente, o que ela representa para o nosso Estado. De um lado a outro, ali com suas posições, com seus resumos, com suas análises, Berenice nos mantém informados. Diariamente consultamos a sua coluna.
Então, é uma honra aqui homenagear você, que foi premiada na primeira edição deste prêmio, e dizer que a população do Estado do Rio de Janeiro precisa de pessoas como você, Berenice, com sua imparcialidade, com seu embasamento técnico e também de informações. Precisamos de pessoas como você para propagar, para disseminar a verdade.
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Na semana passada, estava no Oriente Médio e, ali, pude observar um noticiário - ali, naquela zona de conflito - que, aqui no Brasil, foi noticiado de outra forma. Quer dizer, uma informação pode mudar muita coisa. Uma informação pode motivar, pode fazer alguém até mesmo suicidar-se. Já tivemos exemplo de conspiração que, na verdade, não era conspiração; foi a informação chegada à pessoa, que viu aquilo como uma conspiração e acabou suicidando-se devido a uma má informação.
Então, Berenice, como fluminense e, principalmente, como formando da Universidade Federal Fluminense, também a parabenizo pelas excelentes reportagens realizadas não só no Leste Fluminense, mas também na minha cidade - no Município de São Gonçalo -, onde, constantemente, suas notas são vistas pelo site e também pelo jornal impresso.
Mais uma vez, parabenizo a você e repito: o Rio de Janeiro, o Brasil precisa de pessoas como você, que tragam notícia com imparcialidade e notícias verdadeiras, para que possamos propagar, sim, a verdade, o momento e o futuro da nossa Nação.
Parabéns, Berenice Seara. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Antes de encerrar a sessão, a Presidência agradece às autoridades, aos agraciados e a todos os que nos honraram com suas presenças.
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Está encerrada a sessão.
(Levanta-se a sessão às 13 horas e 05 minutos.)