2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
55ª LEGISLATURA
Em 13 de junho de 2016
(segunda-feira)
Às 11 horas
93ª SESSÃO
(Sessão Especial)

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Bom dia! Bom dia a cada uma e a cada um dos amigos, companheiros e irmãos, sem falar nos familiares, especificamente - de quem foi falar depois -, do nosso querido Pompeu de Sousa.
É, ao mesmo tempo, uma grande honra e uma grande emoção estar aqui, comemorando o seu centenário. Nós vamos ter tempo para nos lembrar dele, para rir, como ele gostaria, e para comentar a sua vida ao longo desta parte da manhã.
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Declaro aberta esta sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.
A presente sessão especial destina-se a homenagear o centenário do nascimento do ex-Senador, professor, jornalista - e muitas outras coisas que direi depois - Pompeu de Sousa, nos termos dos Requerimentos nºs 5, 46 e 284, de 2016, que eu e outros Senadores apresentamos.
Vamos iniciar esta sessão fazendo a composição da Mesa.
Eu gostaria de ver muito mais pessoas aqui, mas temos um número limitado de cadeiras à mesa.
Quero chamar, em primeiro lugar, o Reitor da Universidade de Brasília, Magnífico Reitor Ivan Marques de Toledo Camargo, muito especial pelo que foi a Universidade de Brasília para o Pompeu e pelo que foi Pompeu para a Universidade de Brasília. (Palmas.)
Convido também o Ministro do Superior Tribunal de Justiça no período de 2007 a 2009, o nosso amigo Carlos Fernando Mathias. (Palmas.)
Convido o Diretor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, Professor Fernando Oliveira Paulino. (Palmas.)
Convido duas continuações do Pompeu: nossa querida Othília Pompeu de Sousa Brasil, viúva do Pompeu, e a nossa amiga Ana Lúcia Pompeu de Sousa Brasil. (Palmas.) (Pausa.)
Quero cumprimentar algumas pessoas que estão presentes, cujas presenças muito honram esta sessão e que o Pompeu gostaria muito de saber que estão aqui.
Um é o grande amigo Embaixador do Reino do Marrocos, Embaixador Larbi Moukhariq. (Palmas.)
O Embaixador da Polônia, Andrzej Braiter. (Palmas.)
Três familiares do Pompeu de Sousa, na pessoa dos quais, ao citar seus nomes, peço que todos se considerem citados: Roberto Pompeu de Sousa Brasil, filho do Pompeu; Roberto Pompeu de Sousa Brasil Neto, neto; e Juliana Camões Pompeu de Sousa, também neta. (Palmas.)
Cito também o amigo Bassul, que é neto por adoção política, do ponto de vista familiar. (Palmas.)
O Adido Civil da Embaixada da República do Benin, Eustache Ibikounle. (Palmas.)
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Uma amiga nossa, chefe de gabinete da Secretaria de Educação do Distrito Federal no período de 1985 a 1986 e autora do livro Pompeu, que é nossa amiga Maria de Souza Duarte. (Palmas.)
Três professores da UnB. Se tivermos outros, eu gostaria de citar também, mas, pelo que eu vi aqui e consultei, o Eduardo Bentes Monteiro; (Palmas.)
o José Carlos Coutinho, nosso querido Coutinho; (Palmas.)
e o Luiz Humberto Miranda Martins Pereira, que ali está presente, como sempre. (Palmas.)
Eu quero cumprimentar todos os familiares e amigos, professores, outros estudantes da Universidade de Brasília, e também um grupo da Universidade do Minho e um grupo da Faculdade Projeção, de Taguatinga, que vieram a esta solenidade. (Palmas.)
Vamos iniciar, com todos em posição de respeito, ouvindo o Hino Nacional, que será cantado pelo Coral do Senado. Em seguida, cantarão também Haja Paz na Terra.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.) (Palmas.)
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(Procede-se à execução de Haja Paz na Terra.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Muito obrigado à Maestrina e a todos os cantores e cantoras. Nós ficaríamos aqui ouvindo muito mais músicas de vocês, mas temos de dar continuidade à nossa solenidade. Temos muita coisa a fazer.
Eu gostaria de começar passando aquele vídeo outra vez para que nós o assistíssemos em conjunto. Gostaria de que nós o assistíssemos como uma homenagem ao Pompeu, como uma lembrança dele e como um instrumento de percepção da grandeza que foi esse nosso amigo. Como faz para passar o vídeo?
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(Procede-se à apresentação de vídeo.)
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(Procede-se à apresentação de vídeo.)
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(Procede-se à apresentação de vídeo.)
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(Procede-se à apresentação de vídeo.)
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O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Aproveito para parabenizar o pessoal do CPCE pelo excelente trabalho que fez. Pompeu gostaria de ver isso aí com a alegria dele.
Normalmente, nas solenidades desse tipo, a assessoria prepara um resumo da biografia para que o Presidente da Mesa leia. Eu prefiro fazer o meu discurso espontâneo, no final, dizendo quem é Pompeu para mim.
E vou pedir ao Wil, que trabalha comigo, que faça a leitura do documento, que, obviamente, para tudo o que Pompeu fez, é um documento longo. Eu enxuguei, tirei coisas, mas mesmo assim não é curto.
Por favor.
O SR. WILDEMAR FELIZ ASSUNÇÃO E SILVA - Vida de Pompeu de Sousa.
"Sem paixão não se faz nada de grande." (Pompeu de Sousa)
Roberto Pompeu de Sousa Brasil, filho de Antônio e Olímpia Pompeu de Sousa Brasil, nasceu em 22 de março de 1916 no Município cearense de Redenção, Município que foi o primeiro do Brasil a libertar seus escravos, em 1883. Em 1889, um ano após, portanto, a promulgação da Lei Áurea...
Bisneto de Tomás Pompeu de Sousa Brasil, jornalista, pesquisador e Senador do Império a partir de 1864.
Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 15 anos de idade com o objetivo de cursar Direito.
Foi casado durante 42 anos - até seu falecimento, em 1991 - com Othília Pompeu. Teve seis filhos, sendo dois do primeiro casamento.
No jornalismo, iniciou sua carreira como jornalista em 1939, quando Joaquim lançou o jornal Meio-Dia. Trabalhou com Oswald de Andrade, Rafael Correio de Oliveira, entre outros. O jornal, de orientação democrática, não durou durante o Estado Novo.
Com o apoio de Augusto Frederico Schmidt, ingressou no Diário Carioca, veículo em que, mais tarde, Pompeu faria uma revolução na técnica jornalística brasileira - revolução cujas diretrizes são seguidas até hoje pelos profissionais da área.
Começou a carreira com uma coluna sobre a Segunda Guerra Mundial, sob orientação de Danton Jobim. A coluna levou a diversas suspensões do jornal pelo Departamento de Imprensa e Propaganda, já que Pompeu utilizava os fatos da guerra para dirigir indiretas contra o fascismo no Brasil.
Em razão de outra coluna que também era publicada no Diário Carioca, "A Cidade", Pompeu foi um dos primeiros quatro intelectuais brasileiros selecionados para realizar um trabalho de aproximação Brasil-Estados Unidos. Durante o ano em que ficou no país, entre 1942 e 1943, executou e enviou ao Brasil diversos trabalhos. Nesse período, conheceu a fundo as técnicas estadunidenses de jornalismo, o que serviria de germe para a revolução executada mais tarde no País - uma adaptação das técnicas dos Estados Unidos à realidade brasileira.
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De volta ao Brasil, Pompeu começou a realizar reformas amplas, que envolviam basicamente a transformação do jornalismo panfletário, partidário em outro, objetivo e informativo. Os textos deixaram de trazer as principais informações ao final de um longo nariz de cera para oferecer aos leitores os dados mais relevantes logo de início. Era a conhecida técnica do lide e da pirâmide invertida, segundo a qual as reportagens devem exibir logo no início respostas às seguintes perguntas: "O quê?", "Quem?", "Quando?", "Onde?", "Como?" e "Por quê?"
O escândalo foi o começo de uma ampla e decisiva mudança no jornalismo brasileiro.
A sigla JK também foi uma invenção de Pompeu.
As mudanças foram sistematizadas no primeiro manual de redação da imprensa moderna brasileira, editado em 1950.
Pompeu foi, sucessivamente, Diretor Internacional, Diretor de Redação, Diretor-Geral e Diretor-Presidente do Diário Carioca. Da última função, renunciou em 1961 por não aceitar resistências contra a posse de João Goulart na Presidência da República.
Em 1967, Pompeu passa a ser Diretor da Editora Abril e responsável pela sucursal da Veja em Brasília. Em 1979, Pompeu acaba surpreendido pela demissão política, em plena ditadura militar, de um de seus jornalistas pela direção-geral da editora, em São Paulo, quando retornava de uma viagem. Ele pede imediatamente, portanto, demissão do cargo de Diretor da sucursal da Editora Abril em Brasília.
No magistério, iniciou a carreira de professor aos 18 anos, quando passou a dar aulas de português no Colégio Pedro II. Em 1949, começou a lecionar técnicas do jornal e do periódico na Faculdade de Filosofia da então Universidade do Brasil, que virou a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Já em Brasília, em 1961, Pompeu foi um dos fundadores da Universidade de Brasília, ao lado de Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Oscar Niemeyer, Frei Mateus Rocha e outros grandes nomes da cultura nacional. Na Universidade de Brasília, projetou e inaugurou a então Faculdade de Comunicação de Massa, a primeira a reunir habilitações em jornalismo, televisão, rádio, cinema, publicidade e propaganda. Foi convidado a palestrar sobre essa experiência em universidades do Reino Unido em 1964. No mesmo ano, encabeçou a lista de 15 professores demitidos da Universidade de Brasília pelo regime militar. Outros 210 professores se demitiram em seguida em solidariedade ao grupo. Voltou à UnB somente em 1980, após a Lei da Anistia, para lecionar jornalismo político na pós-graduação do Departamento de Comunicação. No fim do mandato no Senado, Pompeu foi reintegrado, mas, como tinha mais de 70 anos de idade, teve de se aposentar.
Na vida pública, mudou-se para Brasília a convite de Tancredo Neves, em 1961, a fim de trabalhar como Secretário de Imprensa do Primeiro-Ministro. Participou ativamente da construção da nova Capital antes mesmo da mudança para Brasília. Foi protagonista na luta pela autonomia da unidade federativa.
Durante o regime militar, foi preso.
Foi simultaneamente Presidente da representação em Brasília da Associação Brasileira de Imprensa, da Comissão de Liberdade de Imprensa do Sindicato de Jornalistas Profissionais do DF, do Comitê de Anistia do DF e Presidente de Honra do Conselho de Defesa da Paz.
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Em 1985, assumiu o cargo de Secretário de Educação e Cultura do Distrito Federal no governo de José Aparecido de Oliveira. O convite foi feito por Tancredo Neves. Na Secretaria de Educação do DF, Pompeu de Sousa atuou em favor da democratização do sistema educacional, com a eleição direta dos diretores de toda a rede escolar, do estímulo à criação dos grêmios estudantis e da valorização dos professores. Deixou a Secretaria de Educação em 1986 para se candidatar ao Senado pelo PMDB. Foi eleito no mesmo ano.
Presidiu a chamada Comissão Pompeu de Sousa, criada pelo Ministro da Justiça Fernando Lyra e composta por artistas e intelectuais como Dias Gomes, Chico Buarque, Ziraldo e Antônio Houaiss. O trabalho do grupo resultou no projeto de lei de defesa da liberdade de expressão.
No Senado Federal, participou ativamente da Assembleia Nacional Constituinte. Atuou em áreas diversas como valorização do salário mínimo, garantia de direitos dos trabalhadores, incentivo à cultura, investimento em educação, reforma agrária, reforma urbana, promoção de moradias populares, entre outras. No Senado, elaborou 162 emendas à Constituição Federal, das quais 66 foram promulgadas. Entre os projetos de lei apresentados, estavam o Estatuto das Cidades, o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal, as normas para licitações e contratos da Administração Pública, as regras para o financiamento da educação e da saúde no DF, entre outros. Escreveu diretamente o primeiro parágrafo do art. 220 da Constituição Federal: "Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social". Também foi um dos responsáveis pelo dispositivo que veda qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. Apresentou proposta que cria o Conselho de Comunicação Social, órgão auxiliar do Congresso Nacional com a atribuição de realizar estudos, pareceres e recomendações sobre temas como liberdade de expressão; monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação social; complementaridade dos sistemas privado e público; outorga e renovação de concessão, permissão e autorização de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; entre outros. Também apresentou emenda de incentivo às manifestação culturais locais.
Pompeu defendeu na Assembleia Constituinte a gratuidade dos registros civis.
Aqui uma citação de Pompeu:
Certa vez, ao comentar com mestre Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) que o grande mal das nossas instituições é que elas frequentemente não se baseiam na realidade, mas, sim, no faz de conta, dele recebi uma resposta complementar, definitiva: "O pior é que começam em faz de conta e acabam em tanto faz"".
Eis Pompeu de Sousa. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Muito obrigado.
Eu creio que tivemos um bom resumo das atividades do Pompeu.
Eu vou passar a palavra agora, pela ordem, ao Senador presente - depois, eu passarei aos que estão na mesa -, o Senador Valdir Raupp, que representa aqui o PMDB.
O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Cristovam Buarque, signatário do requerimento pela sessão de homenagem nesta ocasião; Magnífico Reitor da Universidade de Brasília, Sr. Ivan Marques de Toledo Camargo; Ministro do Superior Tribunal de Justiça, no período de 2007 a 2009, Sr. Carlos Fernando Mathias; Diretor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, Sr. Fernando Oliveira Paulino; Srª Othília Pompeu de Sousa, viúva do homenageado; Srª Ana Lúcia Pompeu de Sousa, filha do homenageado; Srªs Senadoras e Srs. Senadores; demais senhoras e senhores; amigos aqui presentes; demais convidados; há algumas raras biografias que valem por verdadeiras aulas de história. Há algumas poucas vidas que são tão representativas, tão exemplares que conhecer suas trajetórias é conhecer o espírito de todo um tempo. É assim com a vida de Roberto Pompeu de Sousa, cujo centenário de nascimento homenageamos nesta oportuna sessão especial.
Sua vida percorreu grande parte do século XX - do seu nascimento, em 22 de março de 1916, até a sua morte, aos 75 anos, em 11 de junho de 1991.
A cidade onde nasceu, Redenção, no Ceará, foi o primeiro Município brasileiro a libertar seus escravos. Pergunto-me se esse fato já não teria marcado em Pompeu de Sousa, desde a meninice, o gosto pela defesa da liberdade e pela luta contra toda e qualquer forma de opressão.
Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 15 anos e, alguns anos depois, ingressou em sua primeira redação. A trajetória de Pompeu de Sousa no jornalismo viria a revolucionar a imprensa brasileira, a partir dos anos 40. Depois de uma breve temporada nos Estados Unidos, Pompeu retornou ao Brasil com as modernas ideias que vinham sendo aplicadas na imprensa norte-americana. O jornalismo brasileiro nunca mais seria o mesmo. De sua base, no Diário Carioca, Pompeu espalharia novidades, como a técnica do lide, o manual de redação e a abordagem textual objetiva e informativa que é adotada até os dias atuais.
Onde havia a defesa dos ideais democráticos, lá estava Pompeu de Sousa. Foi perseguido por ambas as ditaduras que marcaram o século XX no nosso País: a ditadura Vargas e a ditadura militar. Suas colunas durante a Segunda Guerra incomodavam o Estado Novo. Anos mais tarde, em 1964, foi demitido de sua posição de professor na Universidade de Brasília - que havia ajudado a fundar - e chegou a ser preso pela ditadura. Em 1979, demitiu-se do posto que ocupava na revista Veja em protesto à demissão injusta de um colega da sucursal.
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A passagem de Pompeu de Sousa pela imprensa e pelo magistério já seria suficiente para garantir o seu lugar na história do País, mas, sempre insatisfeito, sempre inquieto, Pompeu levou sua energia e seu carisma para a política, onde também deixou marcas indeléveis.
Sempre atento à política desde os seus tempos no jornalismo, foi ele - já dito aqui pelo orador que me antecedeu - criador da sigla JK, talvez uma das siglas mais fortes do nosso País.
Pompeu de Sousa assumiu seu primeiro cargo público em 1961, quando aceitou a Secretaria de Imprensa do então Primeiro-Ministro Tancredo Neves. Em 1985, foi Secretário de Educação e Cultura do Distrito Federal do governo de José Aparecido - eu peço desculpas, porque, nessas sessões de homenagem, é comum, às vezes, a repetição de alguns dados históricos como esses. Em 1986, elegeu-se Senador pelo nosso Partido - o meu Partido, em que presidi, durante três anos e meio, o PMDB Nacional -, o PMDB, como representante do Distrito Federal, assim como hoje o Presidente, Senador Cristovam Buarque, representa. Ele participou ativamente da elaboração da Constituição de 1988 - eu não estava aqui, eu, muito jovem ainda, era Prefeito da cidade de Rolim de Moura, onde fui Prefeito por dois mandatos, e depois fui Governador do meu Estado, o Estado de Rondônia. É de Pompeu de Sousa, por exemplo, a redação do art. 220 da Constituição, que dispõe sobre a liberdade de imprensa e de informação, entre outras tantas contribuições que ofereceu durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte - liberdade que o nosso Partido tem defendido sempre, pois não abriremos mão da liberdade de expressão.
Quando morreu, em 1991, aos 75 anos, Pompeu de Sousa era dessas raríssimas unanimidades da nossa vida pública, um homem sem desafetos, amado por seus amigos e sua família e admirado por todos nós brasileiros e brasileiras. Deixou uma imensa lacuna na política, no magistério e no jornalismo de nosso País.
É com uma alegria imensa que participamos desta bela homenagem ao seu centenário de nascimento. Que tenhamos mais e mais Pompeus de Sousa em nossas escolas, em nossos jornais e em nossos Parlamentos.
Parabéns, Senador Cristovam Buarque, por esta iniciativa.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Obrigado, Senador Valdir Raupp.
Passo a palavram, agora, ao Magnífico Reitor Ivan Marques de Toledo Camargo.
O SR. IVAN MARQUES DE TOLEDO CAMARGO - Caro Senador Cristovam, meu querido amigo, Reitor da Universidade de Brasília, é com muita honra que estou aqui representando a nossa universidade.
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Eu vou ser breve, mas não posso deixar de cumprimentar os familiares, em nome da Srª Othília Pompeu de Sousa Brasil e de sua filha Ana Lúcia Pompeu de Sousa Brasil. Eu queria cumprimentar também o meu amigo Carlos Mathias, o Sr. Ministro; cumprimentar o nosso diretor da Faculdade de Comunicação, Paulino; os amigos embaixadores; os professores aqui presentes, o Luiz Humberto, o Coutinho, o Duda; os colegas da nossa UnB.
Eu vou ser breve, Prof. Cristovam. Já foi dita da beleza da vida e do currículo do nosso Senador e professor, mas eu queria enfatizar três pontos. O primeiro: a questão de ele ter fundado a nossa Universidade de Brasília. As bases da nossa universidade foram dadas por grandes intelectuais, inclusive o nosso professor e Senador Pompeu de Sousa. Acredito realmente que hoje somos o que somos porque estávamos em bases sólidas e confiáveis de grandes professores.
O segundo ponto que me chamou a atenção, Senador, é esse auditório lotado. Tenho estado aqui em várias cerimônias e encontrar um auditório lotado mostra a riqueza deste nosso ex-professor. É muito bom ver como esse nosso professor e Senador era e é querido pela nossa cidade. Esse convívio e esse compromisso tanto com a cidade quanto com a Universidade de Brasília estão retratados nas pessoas que estão aqui hoje homenageando o nosso Senador.
E o terceiro ponto que me chama a atenção - e aí eu encerro - é: nesse belíssimo trabalho que foi feito pela nossa CPCE, pela nossa televisão, pela nossa Faculdade de Comunicação, um belíssimo trabalho de jornalismo, como foi repetida a palavra liberdade. Liberdade, liberdade, liberdade. Como é bom ouvir isso, como é importante ouvir isso hoje na nossa Universidade de Brasília.
Então, é esse o conceito que eu queria realçar da personalidade do nosso homenageado de hoje e clamar para todos nós que a continuemos repetindo. Com autoritarismo não vamos a lugar nenhum. Eu gostei também da frase dele: "A pior forma de trair o povo é o populismo." Temos de dar esse recado, de passar esse recado para toda a sociedade, o recado do nosso Senador e professor Pompeu de Sousa.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Agradeço ao Reitor Ivan.
Passo a palavra ao Ministro do Superior Tribunal de Justiça Carlos Fernando Mathias.
O SR. CARLOS FERNANDO MATHIAS - Eminente Senador Cristovam Buarque, meu antigo chefe da Universidade de Brasília, com quem tivemos sempre excelente relacionamento quando dirigiu o curso de Direito, S. Exª, o Magnífico Reitor, ele sempre passava pelos meus colegas e eles faziam uma avaliação de que com tal reitor o convívio era muito fácil. Primeiro, era um homem inteligente, objetivo e prático. Tão prático que, uma vez, ao fazermos um convênio com a Ordem dos Advogados do Brasil, eu o indaguei: Reitor, temos essa e essa formalidade. Ele me disse: "Olha, vamos tratar das coisas objetivas. As formalidades ficam com vocês, porque vocês é que gostam dessas coisas." Portanto, foi um momento muito feliz. E S. Exª, sempre com uma biografia de intervenções oportunas, toma essa iniciativa de comemorar Pompeu de Sousa.
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Meu querido Ivan Marques, meu Magnífico Reitor, a Língua Portuguesa não é muito generosa a quem elogia chefe, mas sou aposentado na compulsória. Portanto, hoje levo o título pomposo de Ministro, que, em latim, quer dizer, minister, menos do que três. Então, eu prefiro ser magister, mais do que três, menos no meu salário, obviamente.
Eminente Diretor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, onde eu tive oportunidade, nos meus primeiros dias de universidade, de dar aula, antes de ir para a Faculdade de Direito; minha queridíssima Othília Pompeu de Sousa Brasil, sempre linda, linda por fora e linda por dentro; e minha não menos querida, superlativamente querida, Ana Lúcia Pompeu de Sousa Brasil, muito bonita, parecida com o pai, como é o Pompeuzinho, e que tive o privilégio de ter no meu gabinete quando dirigi a Fundação Cultural, privilégio que também tive com uma nora sua; o Pompeu sempre foi um grande amigo.
Como conheci Pompeu de Sousa, no Rio de Janeiro, aquele dínamo, aquele vulcão, aquela energia sobre pernas? Ele era o mandachuva no Diário Carioca. Aí, um tio meu, Mourão Vieira Filho, que era um grande líder no Rio de Janeiro, disse: "Vamos almoçar com Pompeu de Sousa." Era uma legenda. Era um privilégio. Um homem que fazia a notícia, um homem que inventou a sigla JK, um homem que formava opinião, um homem que revolucionou a imprensa, ao lado de outro que também me privilegiou com a sua amizade, Odylo Costa Filho, no Jornal do Brasil, que teve a coragem de transformar um jornal de classificados num jornal jornal.
Eu e Pompeu nos reencontramos aqui, em Brasília. Quantas vezes fui descolar um cafezinho lá na casa da Othília, tão bonita, com tanto bom gosto? Não quero fazer nenhum reparo a este histórico, meu caro Cristovam, se assim me permite chamá-lo, nessa informalidade de colega, de professores que fizeram... Enquanto a Igreja Católica fez a opção pelos pobres, os professores fizemos a opção pela pobreza, mas uma pobreza franciscana. Aliás, pobreza mais do que franciscana, porque os franciscanos trazem a corda sobre os rins, e nós a trazemos quase no pescoço, quando chegam as contas no fim do mês.
Sem querer fazer qualquer reparo, Pompeu foi também Secretário de Educação em 1964. Várias vezes fui buscá-lo - vejam que ele também era um homem de coragem - dirigindo um DKV para falar com Ivo Magalhães, Prefeito do Distrito Federal, a quem eu servia diretamente, de quem fui assessor. Primeiro, fui seu Oficial de Gabinete. Mandei logo fazer um cartão. Imagina um garoto oficial de gabinete do Prefeito do Distrito Federal! Não valia muito para as pessoas que sabiam que aquilo não valia, mas, para as meninas, eu, solteiro, era uma festa. Depois, fui seu assessor e seu secretário particular.
E ali eu ia buscar o Pompeu para confidenciar com o prefeito. Ninguém desconfiaria que naquele DKV estavam o grande jornalista e um simples auxiliar do alcaide desta cidade de Brasília. E uma das vezes foi transmitido o convite ao Pompeu para ser Secretário de Educação e Cultura.
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E ali Pompeu... E eu assisti à conversa, porque o prefeito não... Eu sempre tive por hábito, quando a autoridade está conversando, você se afasta, para não ser nem testemunha, nem cúmplice dessas conversas. E o resultado: o Pompeu depois me disse: "Mas você sabia que ele ia me convidar?" Eu disse: claro que eu sabia, porque o prefeito me falou. "Mas você não me falou nada!" Eu disse: como é que eu poderia falar? O prefeito é quem tem o poder de...
Nós sabemos, como o Magalhães Pinto dizia, que política é como nuvem: está assim e, daqui a pouco, muda. E ali Pompeu - isso, creio que é a primeira vez que eu vou dizer de público, com a responsabilidade - convidou-me para ser seu Chefe de Gabinete. Othília sabe disso. Eu disse: aí você tem que falar é com o prefeito. Não sei como é que ele vai receber. O prefeito disse: "O que é isso, Sr. Pompeu? Então, eu o nomeio Secretário de Estado de Educação e Cultura e você quer tomar o meu auxiliar?" E aí surgiu o convite para um grande amigo, não sei se ainda está entre nós, Luiz Fernando Victor...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. CARLOS FERNANDO MATHIAS - ... que vim a reencontrar na universidade. Faleceu recentemente? Então, hoje está presente na geografia da nossa saudade. E, então, ali o Luiz Fernando Victor, vim a reencontrá-lo, ele, Diretor do curso de Administração desses lá da nossa universidade. Mas essa Secretaria de Estado durou pouco. Durou, como nos versos de Mallarmé: "durou o que vivem as rosas, o espaço de uma manhã". E não pensem que eu fui muito vivo e sagaz de não ter aceito.Não, na verdade, não fui eu que não aceitei, não recusei, porque não sobrou ninguém, inclusive eu, nessa onda do nosso passado relativamente recente.
Eu gostaria também de acrescentar... E ouvi aqui também com grande alegria, relatando, aliás, dois antigos professores meus que eu não vivo com uma placa dizendo "foi professor e amigo". Darcy, que foi meu professor de Antropologia na atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro, era um jovem bem encadernado. Era o assistente da Profª Heloísa Alberto Torres, e a professora sempre falava com grande entusiasmo sobre o Darcy. E, quando o Darcy chegou, aquele garoto bem situado, bem apessoado, nós logo dizíamos: "Aí tem, teve ou vai ter." Mas não havia nada. Não havia nada, e ele nos impingindo lá os índios urubus. Ainda tenho uma apostila, um dia encontrei uma apostila sobre os índios urubus, do Darcy, com quem também... Era outro dínamo. Aliás, os dois eram dínamos. Eram borbulhantes e efervescentes e sempre com a cabeça e pensativos e criativos. Mas nós estamos aqui centrados no Pompeu.
E o outro, mais moderado, meu antigo professor, surpreendentemente, na Faculdade Nacional de Direito da gloriosa Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro. No Brasil, muda-se de nome de universidade como se muda de camisa. Imagine a Universidade de Harvard: não, agora é a Universidade, sei lá, de Massachussets, sei lá de onde. A Universidade de Brasília passou a ser Universidade do Planalto Central. Isso é um absurdo, mas mudou o nome, e o Prof. Anísio Teixeira, que também levei muitas vezes para conversar, que era outro homem de coragem, também eu dirigindo um DKV, que era um automóvel acho que sueco, sei lá, de uma empresa sueca, aquelas coisas de Juscelino, uma figura maravilhosa que Deus nos deu de presente. O Juscelino foi um grande estadista. Aliás, o único estadista que tivemos. No Império, Pedro II. Tenho de fazer justiça aos dois: dignidade, trabalho, movimento. Estarmos aqui é a comprovação do que foi Juscelino para o Brasil.
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Naquele DKV, levava o professor. Tive o privilégio de levá-lo. Ele não gostava de que eu o chamasse de professor, mas eu não conseguia chamá-lo sem lhe dar senhoria, porque ele foi meu grande professor de Filosofia do Direito. Eu tive uma vez de fazer prova disso. Uma colega, então, disse: "Mas ele nunca mexeu com Direito." E eu disse a ela: a senhora está me chamando de mentiroso! Então, eu trouxe ali o Prof. Anísio Teixeira. Ele não tem, ao que se saiba, nenhum outro homônimo que cuidasse dessas coisas.
Falou-se aqui da criação da Universidade de Brasília, que se deve muito a Pompeu, a Darcy, a Anísio. Anísio era o cérebro, um gigante em pequeno tamanho. Tinha uma educação, uma visão, uma coisa extraordinária. Tenho de falar também em San Tiago Dantas, de quem fui aluno, orientado, amigo - e não é megalomania. Não estou fazendo promoção das pessoas que gostam de se promover, sendo litisconsórcio da glória, mas San Tiago Dantas salvou em grande parte a Universidade de Brasília, porque, no projeto que o Darcy mandou, feito com gente de rara competência, entre elas Luiz Weidmann, para dar ao foro um ato jurídico. E o Professor San Tiago, com aquela genialidade - ele era um gênio - diziam que era um homem que melhor redigia com a boca. Ele acabava de dizer e não se tinha de emendar nada, era só colocar as vírgulas e os pontos. San Tiago Dantas, que também era amigo de Pompeu, mostrou o que era uma fundação e corrigiu tudo. Aliás, reitor é uma homenagem ainda a ser feita a San Tiago Dantas. Francisco Clementino de San Tiago Dantas, um monumento do Brasil! Ele andou por aqui, foi Deputado, foi chanceler, quase foi primeiro-ministro.
Para encerrar, com grande alegria, ouvi aqui também uma referência ao Dr. Alceu Amoroso Lima. Eu era um garotinho, não confundia políticos de mesmo apelido. Lá ia eu ao centro de um vetal ao qual pertenço até hoje. Como todos sabem, sou um católico bem carimbado, bem conhecido, nunca escondi a minha fé. Assim vou morrer, porque já não estou mais em idade de mudar nada. Não estou nem na idade mais de pecar, que dirá de mudar de posições. Então, o nosso Alceu Amoroso Lima, que página bonita,gostava de Pompeu! Outro sábio, outra figura extraordinária, outro santo que o Brasil teve. Era um homem tão incompreendido, foi acusado de extrema direita, de integralista, fazendo ruborizar a esquerda.
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Depois, foi acusado de ser de esquerda, um esquerdista perigoso. Ainda me lembro - e aqui vou terminar - da dificuldade que tivemos quando ele foi premiado na Fundação Cultural. Havia aquela acusação de que a Fundação premiava um grande esquerdista.
Presto aqui aqui outra homenagem póstuma ao nosso Dom José Newton de Almeida Baptista. Digo: "Dom José Newton, a Fundação precisa do senhor. Eu queria que o senhor fizesse o discurso de entrega do prêmio ao Dr. Alceu, porque o Dr. Alceu está sendo considerado um perigoso esquerdista. E ninguém premiou o Dr. Alceu nem por ter sido ex-integralista ou por ter posição mais à esquerda ou menos à esquerda. Ele foi premiado pelo conjunto da sua obra e pelo seu reconhecimento ao seu saber."
Falo do conjunto da obra e do reconhecimento pelo saber do nosso Pompeu de Sousa, aquela figura extraordinária, que tinha um grande vigor! Quando a gente encontrava o Pompeu, ele vinha com os braços abertos, parecendo um adolescente, pedindo para que lhe garantisse um lugar ao sol, e dava uma abraço tão afetuoso, aquele abraço apertado, com aquela cabeleira branca esvoaçante, com aquele sorriso e com aquela gargalhada que, graças à Universidade... Vejam que esse negócio de gravação, às vezes, é útil. Tinha aquela gargalhada contagiante, contaminante, e aquele grande sorriso, que abria a porta do seu coração, um coração de grande bondade, para todos os que dele se aproximavam.
Parabéns ao nosso Reitor, ao nosso Magnífico Reitor! Uma vez Flamengo, sempre Flamengo! Eu não sou flamenguista. Aliás, não tenho time de futebol. Eu sou um carioca desnaturado.
(Soa a campainha.)
O SR. CARLOS FERNANDO MATHIAS - Então, parabéns à família! Parabéns à Othília, sempre bonita! Ele está lá no céu olhando como ela continua linda. Parabéns à Ana Lúcia, a toda a família, a todos esses pompeus, porque, para citar todos, deve-se ter um programa especial de computador.
Parabéns à Universidade de Brasília por ter essa figura lá tão boa, que nem professores de segunda categoria conseguiram estragá-la.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Obrigado, meu caro Mathias. A melhor maneira de homenagear uma pessoa, aos 100 anos de idade, é falar dos entrelaçamentos biográficos com os quais ainda podemos nos lembrar dele. Quando houver o segundo centenário, provavelmente, não haverá mais esses entrelaçamentos biográficos. Você trouxe para nós esse entrelaçamento muito bom, ou seja, lembranças diretas de contatos, de como as vidas se cruzaram.
Passo a palavra ao Prof. Fernando Oliveira Paulino.
O SR. FERNANDO OLIVEIRA PAULINO - Boa tarde às pessoas que participam desta atividade, fazendo especial referência aos Magníficos Profs. Cristovam Buarque e Ivan Camargo, respectivamente Presidente e signatário da presente sessão e nosso Reitor atual da Universidade de Brasília; ao Prof. Mathias - agradeço-lhe pelo belo discurso e pelas referências à Universidade -; à Srª Othília, à Srª Ana Lúcia, aos demais familiares, parabenizando-os pela participação nesta sessão e pela trajetória do nosso querido Professor Emérito Pompeu de Sousa.
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Eu queria também fazer referência ao Senador Raupp, pela presença nesta sessão, e a outros colegas que acompanham esta atividade, entre eles os nossos queridos Professores Eméritos Coutinho e Luís Humberto e o Prof. Duda Bentes, da nossa Faculdade de Comunicação.
Eu também não poderia deixar de fazer menção ao Baiano, que está aqui conosco; à Profª Madalena e ao Prof. Carlos Fino, da Universidade do Minho, que acompanham esta atividade; e ao Prof. Luiz Santos, que também está aqui conosco.
Eu queria também fazer uma saudação especial às representações diplomáticas em nome do Embaixador da Polônia, Andrzej Braiter, ex-aluno da Universidade de Brasília.
Eu também queria agradecer ao público que acompanha esta sessão pelos meios de comunicação do Senado e pela internet; aos colegas da Faculdade Projeção, a quem não poderíamos deixar de fazer referência; e também ao Prof. Marcos Mendes, que está presente nesta sessão por meio do vídeo que ele dirigiu, A Paixão Segundo Pompeu de Sousa.
É claro que, além das questões biográficas já apontadas, não poderíamos, neste evento, deixar de fazer menção a pelo menos três eventos relacionados à trajetória do Prof. Pompeu de Sousa, à nossa faculdade, à comunicação e à liberdade de expressão.
Eu destacaria o episódio - e o vídeo fala deste episódio - em que, nos anos 50, Nelson Pereira dos Santos e Jece Valadão procuram o apoio de Pompeu de Sousa e conseguem, a partir desse contato, uma possível solução para o embargo que havia na exibição de Rio, 40 Graus, filme essencial na trajetória do audiovisual brasileiro, dirigido por Nelson Pereira, que depois vem a ser professor também da nossa faculdade.
Eu também não poderia deixar de fazer menção ao fato, na sua trajetória profissional, de o Prof. Pompeu de Sousa ter, por meio do documento "Regras de Redação do Diário Carioca", reformado o jornalismo, além de ter estabelecido o lide que foi citado agora há pouco, ou seja, a preocupação de ser claro desde o primeiro parágrafo no nosso jornalismo. Ao lado de Danton Jobim, conseguiu também iluminar, esclarecer, reformar a linguagem do jornalismo brasileiro ao buscar a simplicidade e uma comunicação mais sintética, que se resume na histórica manchete, que acho que muitos conhecem, "Sai Dutra, entra Góes", que marcou o jornalismo no nosso Brasil e em que demonstra essa preocupação em ser compreendido, algo que também está presente na trajetória como educador de Pompeu de Sousa, algo que ele já desempenhava desde os 18 anos, mas que, no caso específico do jornalismo, manifesta-se, especialmente, a partir de 1949, no primeiro curso de Jornalismo na Faculdade Nacional de Filosofia, e que ganha ainda mais cor e mais força com o projeto da nossa Faculdade de Comunicação, à época, no documento sistematizado por ele, chamado "Faculdade de Comunicação de Massas", que previa, além das aulas e das atividades dentro da universidade, a necessidade de criamos espaços laboratoriais que determinavam a necessidade de meios de comunicação para os estudantes desenvolverem suas atividades.
Trouxe aqui exemplos disso. São herdeiros de Pompeu o Campus - o nosso jornal-laboratório existe desde 1970 - e a Campus Repórter, que é uma revista-laboratório, também herdeira de toda a sistematização de Pompeu de Sousa, que, no seu projeto, com o vigor que ele demonstrava, Prof. Cristovam, procurava incluir até a necessidade de gerarmos sucursais do jornal-universitário no Rio e em São Paulo. Ainda não chegamos a tanto, mas, especialmente através da UnB TV e do projeto de Rádio UnB, que é muito caro ao senhor e que temos buscado viabilizar, temos a convicção de que essa herança vai ser colocada em prática dentro e fora da faculdade, até porque, dentro da faculdade, hoje, já somos 1,1 mil estudantes de graduação e de pós-graduação, 60 professores, 20 técnicos, com cursos de Jornalismo, de Publicidade e de Audiovisual, tudo muito próximo à essência dessa preocupação e à formulação do projeto do Prof. Pompeu.
Com a preocupação de estabelecer atividades, constituímo-nos como referência regional, nacional e internacional, através de acordos com diversos países, entre eles, para ser sintético, Portugal, França, Argentina, China e vários outros, conforme pode ser visto depois nos nossos meios de comunicação.
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Para concluir, eu não poderia deixar de fazer menção ao papel que o Prof. Pompeu desempenhou na Constituição e no estabelecimento das bases do Capítulo V da Comunicação Social, arts. 220 a 224. Já foi citado aqui o trecho do art. 220, mas eu não poderia deixar de fazer menção ao fato de que as preocupações do Prof. Pompeu também alcançavam a comunicação pública e o Conselho de Comunicação Social, que continuam sendo bandeiras históricas que temos na ciência, na tecnologia e na educação voltada para a comunicação.
Para fechar de vez meu discurso, eu gostaria de sintetizar tudo o que falei - quero acreditar - numa citação de um discurso que o próprio Prof. Pompeu fez e que está no livro organizado por ele ainda em vida, em 1986:
A UnB foi criada em termos de tradição oral. Fazíamos o trabalho do dia; depois reuníamo-nos para autocriticar-nos e projetar o trabalho do dia seguinte em função disso. Era um trabalho que nos empolgava a todos, porque tínhamos a impressão de estar criando algo sempre novo para a Universidade. Não tínhamos compromisso com o passado, só com o futuro. Realizávamos, permanentemente, seminários para aprimorar nosso trabalho. Trabalhávamos quase 20 horas por dia, era realmente uma loucura. Mas o que nos preocupava somente era que aquilo fosse uma obra de criação, empolgante, e, quando falo sobre ela, eu me transfiguro. [...] Minha preocupação sempre foi fazer com que o aluno saísse da escola como um verdadeiro profissional [...]
Que saibamos manter esse amor, essa paixão e esse entusiasmo! Viva Pompeu!
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Muito obrigado.
Formalmente, há esses inscritos para falar, mas Pompeu, certamente, gostaria que eu abrisse a palavra, quebrando o protocolo totalmente. Então, a Mesa está aberta.
Eu gostaria de começar, perguntando se o Embaixador Braiter não gostaria de fazer uso da palavra como ex-aluno da UnB e, atualmente, como Embaixador do seu país, a Polônia.
Por favor, Embaixador!
O SR. ANDRZEJ BRAITER - Srªs e Srs. Senadores, professores da UnB, apesar de ser Embaixador de um país estrangeiro, eu queria falar hoje na qualidade de estudante, como o senhor disse muito bem, como ex-aluno da UnB.
Eu não fui aluno do Prof. Pompeu, eu só assisti a uma palestra dele, mas, naquela época, ele era uma luz no túnel para muitos de vocês e para alguns estrangeiros.
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Eu aprendi com ele uma visão diferente, pois a liberdade, palavra que, hoje, foi várias vezes dita nesta sala, só a apreciamos quando a perdemos. Essa é a verdade.
Ele era uma luz que iluminava as mentes. Então, na realidade, o espírito dele não morreu com ele. Não só aqui, no País de vocês, houve essa luz, pois ela também foi transferida para outros países, inclusive para o meu, pelo menos no meu entender muito pessoal e subjetivo.
Fico imensamente grato a ele, à UnB, representada aqui pelo Magnífico Reitor, e pelo País de vocês, que também me deu a bolsa de estudo. Sou hoje o que sou graças à UnB e ao Professor Pompeu.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Consulto se outros querem fazer uso da palavra. (Pausa.)
Quero dizer a vocês que, hoje, de manhã, conversando, em casa, com a Gladys, eu disse que ia tentar falar, lembrando as palavras com que Pompeu me toca. E ela, na hora, disse: "Alegria". De fato, "alegria" é uma das primeiras palavras, a meu ver, que me lembram Pompeu. É claro que coloco junto de "alegria" a palavra "jovialidade". Ele faleceu com 75 anos, mas, como ele mesmo disse, num momento, não sentia essa idade dentro dele. E ninguém por perto dele sentia que ele tinha essa idade. Nesse sentido, ele é um exemplo para nós que estamos chegando pertinho dos 75 anos. Creio que, aqui, Coutinho e Luís Humberto são meus colegas de idade. Nesse sentido, ele era um elixir que nós tínhamos por perto.
Para mim também é fundamental a palavra "democracia". Pompeu tinha a cara da democracia, no seu jeito, no seu discurso, na sua luta, na sua profissão também. É claro que coloco junto de "democracia" a palavra "liberdade". Ele, que foi citado aqui - e ele a citou tantas vezes -, era um homem libertário e iluminista. Há uma frase dele que acho muito interessante, quando ele diz que o autoritarismo convive necessariamente com o obscurantismo. Ele era um iluminista e um iluminado para muitos de nós. Ele era um homem que defendia o mundo caminhando para um humanismo iluminado. Ele era contra radicalmente toda forma de obscurantismo. Nesse sentido, esse democrata, esse libertário fez coisas tais como lutar pela autonomia do Distrito Federal. Ele fez coisas como lutar pela liberdade mais radical possível de imprensa, coisas a que muitos de esquerda reagiam, achando que a liberdade tem de ser apenas para uso da classe que queremos representar, e não para os de outras classes.
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Não, ele defendia a liberdade plena, com toda convicção. Ele era um democrata libertário. O papel dele aqui, no Senado, foi de um democrata.
A palavra que para mim lembra Pompeu é jornal. Pompeu é um homem que tem a cara da palavra "jornal". E aí ele faz falta pra caramba para nós! Nisso e em outras coisas que eu vou dizer. Ele faz falta no momento em que a palavra jornal está mudando de significado. Até o tempo dele, o jornal era um papel com textos escritos. Hoje, é óbvio que não é só isso. Jornal é algo mais.
A parte digital do jornalismo, a parte on-line do jornalismo hoje está tomando conta, enriquecendo muito os sistemas de informação. Eu gostaria de ver o Pompeu libertário num mundo em que a palavra jornal está se modificando.
Ele era um renovador. Esta é outra palavra que para mim lembra Pompeu. E, como jornalista, no mundo de hoje, ele seria fundamental, porque muitos não estão entendendo ainda essa mudança do jornal, em que nem vai adiantar mais querer censurar. É um jornalismo incensurável tão radicalmente que carrega, às vezes, infâmias. E nós vamos ter que conviver com isso, acreditando que a única forma de trazer a verdade não é querer censurar as verdades dos outros nem as mentiras dos outros, mas abrindo para todas as mentiras e verdades se enfrentarem.
Aí, eu coloco a palavra "político". Muitos acham que a palavra político é até negativa. Não, Pompeu era um político, desde a sua juventude, quando ele fala ali que lutou pelas liberdades democráticas participando, e não apenas como intelectual. Ele foi um militante, ele foi um político. E por isso, sim, é que faz falta um Pompeu hoje, porque nós, os políticos, nos perdemos. Não estamos percebendo que a política é para canalizar.
E você, Mathias, falou que Juscelino carregava isso. A política é para carregar duas forças: uma força centrípeta de agregação do povo em um país, em um Estado, em uma nação, uma força agregadora. É isso que é a política. E uma força motora de levar essa cidade, esse país, esse Estado para o futuro. Juscelino tinha isso. Ele foi o líder que agregou. Ele foi o estadista que nos levou em direção a um projeto.
Hoje, a gente pode até fazer algumas críticas quando a gente olha na luz de hoje, mas, naquele momento, ele representou, sim, a força centrípeta de uma nação que ele conseguiu unir. Talvez tenha sido o período em que estivemos mais unidos com todas as liberdades para manifestar as suas divergências, mas unidos no conceito de pátria, de nação e com um projeto para nos levar adiante.
Hoje, Pompeu faria falta, porque nós, políticos, perdemos a capacidade dessas duas forças. Nem estamos conseguindo agregar, nem estamos demonstrando um projeto motor de para onde levar o Brasil nos próximos 30, 50 anos.
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Juscelino disse "55". Então, ele tinha perspectiva de 50. Hoje, a gente não tem perspectiva de cinco meses adiante. Esta é uma falha do momento que nos deixa em uma situação constrangedora, sem trazer aquilo que o País mais precisa: a força centrípeta e a força motora para o seu progresso.
Mas ele fazia política com uma palavra que muitos não querem mais usar, mas eu insisto, porque não há outra ainda melhor: ele era um político de esquerda e se assumia como tal. Hoje, tem gente que não quer mais usar essa palavra por causa do fracasso de diversas experiências de esquerda no mundo e até no Brasil também. Mas, que outra palavra para unificar o conjunto de políticos que têm, primeiro, o descontentamento com a realidade que está aí; segundo, um sonho utópico de futuro; e, terceiro, o entendimento de que esse sonho não virá das forças do mercado sozinhas? Isso exige militância, participação, intervenção política. Essa é esquerda. Muda a utopia que a gente tem. Há muitas esquerdas com utopias diferentes. Muda o caminho para chegar lá. Cada um tem sua estratégia, mas a esquerda é para quem não está contente com o que está aí, para quem tem um sonho de utopia e para quem tem uma estratégia baseada na intervenção da militância política.
Eu sinto falta de alguém como Pompeu, que pudesse hoje compartir conosco, e não digo comigo, mas com todos os que têm hoje a angustia de definir claramente a utopia que queremos, a estratégia que devemos seguir para chegar lá.
Ele carregava algo que falta muito hoje na política, que é a capacidade de indignar-se. Creio que ele toca nisso em alguns momentos. Ele tem essa capacidade, que muitos estão perdendo. Está virando um lugar comum aceitar o que está aí. Pior ainda, está virando um lugar comum aceitar locupletar-se com o que está aí. A política está virando uma maneira de você tirar proveito, e não de você construir algo novo.
E aí vem o outro nome que me liga também a ele: ele era professor. Ninguém podia esquecer que Pompeu tinha casado com ele a palavra professor. Na atividade - desde muito novo, como ele diz -, mas também na criação e na manutenção da UnB.
Eu creio que ele teria a visão de que a universidade - que também hoje é preciso discutir - não é apenas uma escada social para quem entra nela. É uma alavanca para o progresso do conjunto da sociedade. Nós perdemos isso. A universidade se transformou, meu caro Reitor, hoje, para quase todos, em uma escada social. Para Pompeu, era mais do que isso. Claro que é uma escada social para quem está estudando, mas esse não é o principal papel da universidade. O principal papel é formar saber - e Darcy tinha clareza disso - para ser a alavanca para o progresso, meu caro caro Embaixador Larbi, e muito me honra tê-lo aqui.
Então, a palavra "professor" era uma coisa ligada a ele.
Outra palavra é "Brasília". Pompeu era Brasília. Ele esteve aqui não apenas porque foi Senador, mas pela origem de Brasília, pela criação de Brasília, em que ele esteve envolvido, pelo gosto que ele tinha por Brasília, pelo amor por esta cidade, pelos serviços que ele prestou e, muito especialmente, pela autonomia que nós fizemos.
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Eu teria outras palavras, mas vou me limitar apenas a uma, que não tenho. Qual é a palavra que diria ausência? Eu não sei! Não é ausente. Pompeu não é ausente, nunca foi ausente, mas deixa na gente uma sensação muito grande de ausência. Em vocês, da família, provavelmente muito mais, mas, em todos nós, que convivemos com ele, que somos professores, que tentamos ser professores, políticos, jornalistas, tudo isso, democratas, ele deixa uma grande ausência. É uma palavra que não sei como colocar. Como indignar-se também. Eu não sei bem qual a palavra que casaria com isso. "Indignado" não é.
Aliás, quando falo do papel do ensino e listo 15 itens, e os três primeiros são a capacidade de deslumbrar-se com as belezas, não dá para colocar "deslumbrado". Para a capacidade de entender o mundo, não dá para dizer "entendido". E para a capacidade de indignar-se com as injustiças, não dá para dizer "indignado".
Assim, também falta a palavra para indicar a falta que ele nos faz.
E, finalmente, a palavra "Brasil", que ele carrega tanto que carrega até no nome. Todo nós temos a palavra Brasil conosco, mas poucos, como vocês da família, carregam a palavra Brasil dentro do próprio nome.
Eu quero concluir dizendo que há algo que me tocou muito. Foi o fato de ele ter nascido em Redenção. Eu tenho fascínio por essa pequena cidade por causa da abolição da escravatura.
Eu fiz um pequeno livro sobre os dez dias de debate nesta Casa da Lei Áurea, os debates entre os Senadores escravocratas e abolicionistas. Interessante como é atual esse debate. Todos diziam que eram contra a escravidão, só não era ainda tempo de fazer a abolição. A mesma coisa que dizem hoje, quando a gente fala que o futuro está na escola igual para o filho do pobre e o filho do rico; o filho do trabalhador na mesma escola do filho do patrão. Alguns dizem: "Tudo bem, mas não dá. Isso não é possível, isso é impossível!"
Na época em que eu estava analisando as atas do debate, fui a Redenção. Fui ver essa cidade onde um coronel - coronel no sentido de latifundiário, dono de escravos - decidiu alforriar seus escravos. Mas ele disse que não adiantava ele só alforriar; procurou os outros latifundiários e propôs que eles também alforriassem. E eles disseram que sim, desde que alguém comprasse.
Ele foi ao Rio, arranjou dinheiro e disse: "Eu compro, mas com uma condição: vocês não comprem outro depois", senão não adiantava nada. E alforriou todos da região de Redenção, que mudou o nome para "Redenção", porque o nome era outro - eu me esqueci agora o nome da cidade.
Uma figura que nasceu em Redenção e que se chama Brasil tinha que dar em Pompeu de Sousa, a ponto de, cem anos depois, como disse o nosso Reitor, Ivan, conseguir encher esta sala, porque, minha cara Othília, é muito raro, nesses eventos que faço aqui - é verdade que são raros os eventos de homenagem a alguém -, conseguir tanta gente presente. Foi preciso um Pompeu de Sousa Brasil, de Redenção, para fazer isso conosco.
Muito obrigado, Pompeu, por ter estado conosco 75 anos - "conosco", referindo-me aos brasileiros - e por boas décadas com essa moça aqui, a quem pergunto: você quer dizer alguma palavra antes que eu encerre a sessão?
Era isso que tinha a dizer.
Muito obrigado a cada um e a cada uma de vocês que vieram a esta homenagem.
(Palmas.)
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A SRª OTHÍLIA POMPEU DE SOUSA BRASIL - A sensibilidade permitiu que eu agradecesse aos amigos, a todos, à nossa universidade, ao nosso Senado, aos professores, aos jornalistas, a todos por esta homenagem ao Pompeu. Realmente, eu não esperava tanta gente. Toda a minha família agradece a presença de todos. E agradeço ao nosso Senador, especialmente, pela belíssima fala, bem como a de todos aqui.
Muito obrigada. (Palmas.)
(Interrupção do som.)
A SRª OTHÍLIA POMPEU DE SOUSA BRASIL - Eis aqui um trechinho do Alceu Amoroso Lima. O nosso professor ali falou tanto dele! E vocês têm o trecho aí. É aquela coisa: o Pompeu está vivo, não é? Então, eu vou ler: "Viver com o passado, como ter sempre conosco a inspiradora companhia da saudade, é renovar constantemente o calor desta vida." Alceu Amoroso Lima. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Está encerrada a sessão.
Muito obrigado a cada um de vocês, especialmente ao nosso querido Pompeu.
(Levanta-se a sessão às 13 horas e 21 minutos.)