Notas Taquigráficas
2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 15 de agosto de 2024
(quinta-feira)
Às 14 horas
10ª SESSÃO
(Sessão Solene)
Horário | Texto com revisão |
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R | O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco/PSD - MS. Fala da Presidência.) - Muito boa tarde a todos! Invocando a proteção de Deus, declaro aberta a sessão solene da celebração do Dia Nacional da Imigração Chinesa e do cinquentenário das relações diplomáticas entre Brasil e China. Requerentes: Deputados Daniel Almeida e Fausto Pinato e Senador Nelsinho Trad. Composição da Mesa: este que vos fala, Senador Nelsinho Trad, Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China no Senado Federal; Exmo. Sr. Embaixador da República Popular da China no Brasil, Zhu Qingqiao; Sra. Ministra de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Santos; Sr. Embaixador do Brasil na República Popular da China, Marcos Bezerra Galvão; Sr. Deputado Federal Daniel Almeida, requerente desta sessão e Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China na Câmara dos Deputados; Sr. Deputado Federal Fausto Pinato, requerente dessa sessão e Coordenador da Frente Parlamentar Brasil-China na Câmara dos Deputados; e Sr. Diretor-Presidente do Instituto Sociocultural Brasil-China. (Interrupção do som.) O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco/PSD - MS) - Eu gostaria de solicitar que todos possam se colocar em posição de respeito para nós ouvirmos a execução do Hino Nacional da China e, posteriormente, do Hino Nacional do Brasil. (Procede-se à execução do Hino Nacional da República Popular da China.) (Procede-se à execução do Hino Nacional Brasileiro.) |
R | O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco/PSD - MS) - Agora vamos apresentar um vídeo institucional. (Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.) |
R | O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco/PSD - MS. Para discursar - Presidente.) - Gostaria de, mais uma vez, saudar o Exmo. Sr. Embaixador da República Popular da China no Brasil - sentado ao meu lado -, o Sr. Zhu Qingqiao; os Deputados que me honram com a presença nesta mesa, Daniel Almeida e Fausto Pinato. Gostaria de cumprimentar a Ministra Luciana Santos; o Embaixador do Brasil na China, Marcos Bezerra; e o Sr. Presidente do Instituto Sociocultural Brasil-China, Thomas Law. Hoje nos reunimos em ocasião de grande significado para celebrar um momento que marca não apenas a história, mas também o futuro das relações entre Brasil e China. Comemoramos, com orgulho e esperança o Dia Nacional da Imigração Chinesa e o cinquentenário das relações diplomáticas entre nossas nações. Este é um momento de refletir sobre o passado e de olhar para o futuro: um passado que construímos juntos, tijolo por tijolo, ao longo de cinco décadas de amizade e cooperação; e um futuro ainda melhor, que com certeza nos aguarda. |
R | Há 50 anos, o Brasil tomou a importante decisão de reatar as relações diplomáticas com a República Popular da China. Esse passo visionário não apenas abriu as portas para uma parceria estratégica, mas também lançou as bases para uma colaboração que se tornaria uma das mais dinâmicas e transformadoras do cenário global. Desde então, Brasil e China têm caminhado lado a lado, enfrentando desafios, celebrando conquistas, sempre com o olhar voltado para um futuro de prosperidade compartilhada. A imigração chinesa é um capítulo essencial na rica tapeçaria cultural do Brasil. Os primeiros imigrantes chineses, que chegaram há mais de dois séculos, trouxeram consigo não apenas suas tradições e cultura milenar, mas também um espírito de inovação e resiliência que continua a enriquecer nossa sociedade. Eles são um testemunho vivo de que a diversidade é a nossa maior força e a base sobre a qual construímos um Brasil mais inclusivo e vibrante. À medida que olhamos para o futuro, vislumbramos um horizonte repleto de oportunidades. Imaginemos um mundo onde cientistas brasileiros e chineses colaboram em laboratórios de ponta, desvendando os mistérios do universo e desenvolvendo soluções inovadoras para os desafios globais. Visualizemos nossas cidades conectadas por tecnologias avançadas, nossas indústrias liderando a revolução verde e nossos jovens explorando nossas fronteiras de conhecimento e entendimento mútuo. Nossa parceria em sustentabilidade é mais do que uma responsabilidade, é uma oportunidade de ajudar a construir um futuro mais equilibrado e saudável. Brasil e China juntos podem ser protagonistas de um novo paradigma de desenvolvimento que prioriza o bem-estar do planeta e de seus habitantes. O comércio tem sido um pilar de nossa relação bilateral, com a China emergindo como o maior parceiro comercial do Brasil. A troca de bens e serviços entre nossas nações cresceu exponencialmente, beneficiando indústrias e consumidores, mas nossa visão para o futuro vai além da tradicional exportação de commodities. Queremos diversificar nossos laços econômicos e explorar novas áreas de colaboração, particularmente em ciência e tecnologia, incluindo a produção de chips e software. De fato, ciência e tecnologia estão no topo de nossa agenda bilateral, oferecendo imenso potencial para colaboração e crescimento. Tanto o Brasil quanto a China abrigam comunidades de pesquisa vibrantes e indústrias de ponta que impulsionam avanços em campos como inteligência artificial, biotecnologia e energia renovável. Trabalhando juntos podemos alavancar nossas forças e recursos para enfrentar desafios globais, desde as mudanças climáticas até a saúde pública. A próxima visita do Presidente Xi Jinping ao Brasil simboliza não apenas a continuidade de nossa amizade, mas também o compromisso de ambos os países em fortalecer e expandir essa parceria estratégica. |
R | Este é um momento histórico, que nos convida a sonhar grande e trabalhar juntos, para transformar esses sonhos em realidade. Esta visita fortalece os laços existentes e também abre caminho para novas avenidas de cooperação e entendimento. Em conclusão, quero afirmar o seguinte: o compromisso inabalável do Brasil em continuar a construir pontes de amizade e cooperação com a China permanece nesse firme propósito. Que os próximos 50 anos sejam ainda mais brilhantes e que a nossa parceria siga a prosperar! Muito obrigado a todos, em especial aos colegas Deputados Federais autores desse requerimento: Fausto Pinato e Daniel Almeida. E aqui gostaria de deixar registrado, a pedido do Presidente Rodrigo Pacheco, que infelizmente teve um contratempo na agenda, em função das pautas do Senado Federal, o abraço e a celebração de apoio na comemoração deste cinquentenário. Que esta celebração seja o início de uma nova era de cooperação, amizade e conquistas entre o Brasil e a China. Um futuro promissor nos aguarda. Viva o Brasil! Viva a China! (Palmas.) Passo, de pronto, a palavra ao Embaixador da República Popular da China no Brasil, Zhu Qingqiao. O SR. ZHU QINGQIAO (Para discursar. Sem revisão do orador.) - Exmo. Sr. Nelsinho Trad, Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China do Senado Federal; Exma. Sra. Ministra de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Sra. Luciana Santos; Exmo. Sr. Embaixador do Brasil na República Popular da China, Sr. Marcos Galvão; Sr. Deputado Federal Daniel Almeida, Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China da Câmara dos Deputados; Sr. Deputado Federal Fausto Pinato, Coordenador da Frente Parlamentar Brasil-China da Câmara dos Deputados; Sr. Diretor-Presidente do Instituto Sociocultural Brasil-China e da Coordenação Nacional das Relações Brasil-China da OAB, Thomas Law; e meu querido amigo e Embaixador Eduardo Saboia, Secretário do Itamaraty; senhores representantes da comunidade da China aqui no Brasil; estimados Senadores, Deputados Federais; ilustres convidados, senhoras, senhores, amigos, é com grande satisfação que compareço a esta sessão solene comemorativa do Dia da Imigração Chinesa e do cinquentenário das relações diplomáticas entre a China e o Brasil, realizada pelo Congresso Nacional. |
R | Expresso meus sinceros agradecimentos a todos os presentes por sua atenção e seu apoio de longa data ao desenvolvimento das relações sino-brasileiras, bem como por sua dedicação em aprofundar a amizade entre os nossos povos. Há mais de 200 anos, os primeiros chineses, cultivadores de chá, cruzaram o oceano para se estabelecerem no Brasil, onde viriam a compartilhar as suas habilidades e iniciar um novo capítulo da amizade entre os nossos povos. Hoje, quase 300 mil chineses e seus descendentes estão ativamente integrados ao desenvolvimento econômico e social do Brasil. São membros importantes da sociedade brasileira, caracterizada pela sua diversidade e inclusão, e servem como uma ponte entre a China e o Brasil. Há 50 anos, o estabelecimento das relações diplomáticas entre a República Popular da China e a República Federativa do Brasil marcou o início de uma nova era. Graças aos esforços conjuntos de sucessivas gerações, a confiança estratégica mútua e a cooperação pragmática entre nossos países têm se fortalecido continuamente. As relações sino-brasileiras, na superação das mudanças conjunturais na arena internacional, avançaram a passos largos. Senhoras e senhores, amigos, ao refletir sobre os últimos 50 anos, resta evidente que a relação sino-brasileira resistiu ao teste do tempo e acumulou experiências importantes, que se tornaram um tesouro compartilhado por nossas nações. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para compartilhar algumas reflexões. Primeiramente, a persistência em defender o respeito mútuo e a igualdade. Nossos países sempre demonstraram respeito mútuo em relação às características nacionais, interesses essenciais e caminhos de desenvolvimento de cada parte, e persistiram em uma perspectiva estratégica e de longo prazo para o desenvolvimento das relações bilaterais. Em 1993, nossos países estabeleceram uma parceria estratégica, que evoluiu para parceria estratégica global em 2012. No ano passado, em uma visita bem-sucedida à China, o Presidente Lula inaugurou, junto com o Presidente Xi Jinping, um novo futuro das relações sino-brasileiras da nova era. Hoje, ao trocarem congratulações pelo cinquentenário das relações diplomáticas, nossos líderes enfatizaram que este marco servirá como ponto da partida para enriquecer ainda mais o significado da relação sino-brasileira nesta nova era. O Brasil destaca-se como um dos primeiros países da América Latina a estabelecer um mecanismo de intercâmbio parlamentar com a China. No ano passado, testemunhamos um intercâmbio frequente de visitas entre as Legislaturas de nossos países, incluindo a visita do Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e mais de 20 Parlamentares na comitiva do Presidente Lula, assim como a visita do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, além de vários outros Deputados e Senadores. A amizade sino-brasileira está profundamente enraizada no coração dos nossos povos e a cooperação entre os nossos países recebe amplo apoio de todos os setores da sociedade e de todos os partidos políticos. |
R | Em segundo lugar, a persistência em buscar benefícios mútuos e desenvolvimento conjunto. Ao explorar ativamente as vantagens complementares de suas economias, nossos países fortalecem a cooperação em comércio e investimento, e constroem uma relação mutuamente benéfica, na qual estamos presentes um na realidade do outro. Em junho deste ano, a 7ª Reunião da Cosban, copresidida pelo Vice-Presidente Geraldo Alckmin e pelo Vice-Presidente Han Zheng, expandiu ainda mais a amplitude e a profundidade da parceria sino-brasileira. A China mantém-se como o maior parceiro comercial do Brasil há 15 anos consecutivos, enquanto o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina e o primeiro país da região a ultrapassar a marca de US$100 bilhões em exportações para a China. Os investimentos chineses no Brasil passaram dos setores tradicionais para novas áreas, como veículos elétricos, economia digital e energias renováveis, gerando mais de 70 mil empregos diretos até hoje. O projeto de transmissão de energia de ultra-alta tensão, que atravessa o Brasil de norte a sul, leva energia limpa a mais de 22 milhões de pessoas. O projeto de transporte ferroviário urbano de São Paulo beneficia cerca de 1,5 milhão de pessoas em 11 municípios. O projeto de demonstração da mecanização agrícola familiar no Estado do Rio Grande do Norte tem contribuído para aumentar a produtividade agrícola local e o programa conjunto de satélites de recursos terrestres tem desempenhado um papel importante na gestão de desastres e na resposta a emergências em todo o mundo. Em terceiro lugar, a persistência em promover o aprendizado mútuo entre civilizações e fortalecer os laços interpessoais. Tanto a China quanto o Brasil são potências culturais. Sempre imbuídos de um espírito de abertura e inclusão, reconhecemos e apreciamos a beleza de nossas culturas enquanto buscamos harmonia na diversidade, fortalecendo o intercâmbio cultural e o aprendizado mútuo. O Brasil abriga 12 Institutos Confúcio, o maior número entre os países da América Latina, enquanto na China cada vez mais universidades e instituições oferecem cursos de português e realizam pesquisas sobre o Brasil. O futebol e o samba conquistaram os chineses, enquanto o tai chi chuan se torna cada vez mais popular no Brasil. A dança do leão encanta os visitantes nas Cataratas do Iguaçu, enquanto as melodias da Bossa Nova ecoam nas cafeterias chinesas. Obras cinematográficas brasileiras e chinesas como Cidade de Deus e Terra à Deriva ilustram os encontros e a sinergia entre nós no cinema. Há ainda 62 acordos de cidades e províncias-irmãs entre os dois países. Durante a pandemia da covid-19, a China apoiou fortemente o Brasil no combate à doença. Após as enchentes no Rio Grande do Sul este ano, a Cruz Vermelha da China, empresas chinesas no Brasil e a comunidade chinesa doaram R$10 milhões em materiais. Em quarto lugar, a persistência em fortalecer a coordenação, a cooperação e o compartilhamento de responsabilidades. Tanto a China quanto o Brasil são grandes países em desenvolvimento, economias emergentes, membros importantes do Brics e do Sul Global; mantêm comunicação e colaboração em plataformas multilaterais, como as Nações Unidas, o Brics e o G20. Os entendimentos comuns entre a China e o Brasil sobre a resolução política da crise na Ucrânia receberam resposta positiva de mais de cem países e organizações internacionais. Juntos, trabalhamos pela ampliação histórica do mecanismo do Brics e promovemos a solidariedade e a cooperação entre os países do Sul Global. |
R | Fiéis ao princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, estamos empenhados em promover a governança climática global e a transição energética. E a China apoia ativamente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa liderada pelo Brasil. A relação sino-brasileira, ao ultrapassar o âmbito bilateral, exerce uma influência estratégica e global cada vez mais significativa. Confúcio, o renomado filósofo chinês, disse: aos 50 anos conhecemos o destino. Esta máxima sugere que, quando chegamos à meia-idade, adquirimos sabedoria e discernimento para reconhecer nosso propósito. Neste momento em que as relações sino-brasileiras celebram seu cinquentenário, devemos elevar a cooperação bilateral a novos patamares, abranger áreas mais amplas e expandir nossas colaborações em um cenário global. Juntos, podemos construir os próximos 50 anos dourados da relação sino-brasileira. Primeiro, devemos fortalecer a confiança estratégica mútua. Guiados pela visão estratégica dos nossos líderes, devemos intensificar o diálogo estratégico, promover a cooperação pragmática e aprofundar a confiança mútua. Ao enriquecer continuamente o significado das relações sino-brasileiras nesta nova era, podemos construir um futuro compartilhado e brilhante para a China e o Brasil. O Congresso Nacional do Brasil desempenha um papel fundamental na promoção das relações bilaterais. Esperamos que os Parlamentares continuem a contribuir ativamente para fortalecer o diálogo e a cooperação entre nossos órgãos legislativos e partidos políticos. Devemos também promover o intercâmbio cultural. Ao fortalecer o entendimento mútuo e os laços de amizade entre os nossos povos, consolidaremos o apoio popular e as bases sociais da amizade sino-brasileira. |
R | Em segundo lugar, devemos aprofundar a cooperação pragmática. A terceira sessão plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China, realizada no mês passado, enviou um sinal claro de que a China continuará a expandir a sua abertura de alto nível. Comprometidos com uma maior abertura institucional, continuaremos a compartilhar os benefícios do desenvolvimento da China com o Brasil e o resto do mundo. Com base nos princípios de consulta extensiva, construção conjunta e benefícios compartilhados, estamos dispostos a fortalecer a sinergia entre as estratégias de desenvolvimento de nossos países. Além de otimizar a estrutura comercial e consolidar a cooperação em áreas tradicionais, devemos explorar novos campos de cooperação, como a inovação tecnológica, economia verde, economia digital e inteligência artificial. Ao fortalecer o investimento mútuo, podemos impulsionar o processo de modernização de ambos os países. Em terceiro lugar, devemos fortalecer a cooperação multilateral. A China está pronta para trabalhar com o Brasil para assumir as nossas responsabilidades históricas, defender o multilateralismo, defender a equidade e a justiça e construir conjuntamente uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Oferecemos pleno apoio ao Brasil na organização da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, da reunião de líderes do Brics e da COP 30 nestes dois anos. Continuaremos a aprofundar a cooperação e a coordenação em importantes agendas globais, enquanto promovemos uma multipolarização mundial equitativa e ordenada e uma globalização econômica inclusiva e universalmente benéfica. Apoiaremos continuamente a integração da comunidade chinesa à sociedade brasileira, para que possa trazer mais contribuições ao desenvolvimento econômico e social do Brasil e às relações China-Brasil, enquanto busca o próprio crescimento. Senhoras e senhores, amigos, as relações sino-brasileiras atravessam, hoje, o seu melhor momento histórico, repletas de vitalidade e dinamismo, tal como os magníficos Rios Yangtzé e Amazonas, que fluem caudalosos em seus avanços incessantes. Estamos profundamente entusiasmados em unir forças com amigos de todas as esferas da sociedade brasileira, seguindo a direção traçada por nossos líderes, para impulsionar as relações sino-brasileiras a novos patamares e mantê-las na vanguarda do nosso tempo. Muito obrigado! (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco/PSD - MS) - Em tempo, gostaríamos de registrar a presença das autoridades que se fizeram anunciar ao nosso cerimonial. Sras. e Srs. Embaixadores, Encarregados de Negócios e representantes diplomáticos dos seguintes países: Cuba, Estados Unidos, Irã, Malawi, Palestina, Paraguai, Síria, Suíça, Uruguai. |
R | Representando o Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Assessor-Chefe de Assuntos Internacionais, Roberto Doring. Representando o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a Sra. Coordenadora de Promoção dos Direitos das Pessoas Migrantes, Refugiadas e Apátridas, Truyitraleu Tappa. Representando a Governadora do Rio Grande do Norte, o Vice-Governador Walter Alves. Representando o Governador do Distrito Federal, o Secretário de Relações Internacionais, Paco Britto. Representando o Secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Eduardo Paes Saboia. Presidente da Casa da Moeda do Brasil, Sérgio Perini Rodrigues. Sr. Diretor de Negócios dos Correios, Sandro Alexandre Almeida. Maga. Reitora da Universidade Federal Rural da Amazônia, Herdjania Veras de Lima. Representando a Ordem dos Advogados do Brasil, Distrito Federal, o Sr. Presidente da Coordenação das Relações Brasil-China da OAB do Distrito Federal, Fernando Gu. Representando o Presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Superintendente Estadual do IBGE no Distrito Federal, Gabriel Moreira. Representando a Secretaria de Estado da Casa Civil de Minas Gerais, Daniel Angotti. Sra. Diretora de Assuntos Legislativos da Associação dos Juízes Federais do Brasil, Marcelle Carvalho Ferreira. De pronto, passo a palavra ao também requerente desta sessão, o Sr. Deputado Federal Daniel Almeida. (Palmas.) O SR. DANIEL ALMEIDA (Bloco/PCdoB - BA. Para discursar.) - Cumprimento o Presidente Senador Nelsinho Trad, que preside esta sessão solene e também representa o Grupo de Amizade com a China do Senado da República. Cumprimento o Deputado Fausto Pinato, que representa o Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, na Câmara dos Deputados. Cumprimento o Embaixador Zhu Qingqiao, Embaixador da China no Brasil, amigo do povo brasileiro. Cumprimento a Ministra Luciana Santos, Ministra de Ciência e Tecnologia, que também representa o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sessão. Cumprimento o Embaixador Marcos Galvão, Embaixador do Brasil na República Popular da China. Cumprimento Thomas Law, representando aqui a Ibrachina, parceira de todos os caminhos de fortalecimento da cooperação entre Brasil e China. Cumprimento o Embaixador Eduardo Saboia, Secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, sempre atento às relações neste espaço geográfico tão expressivo para as relações com o Brasil. |
R | Sras. Deputadas, Srs. Deputados, convidados e convidadas, há exatos 50 anos, aqui mesmo, em Brasília, era selado o primeiro acordo que daria início às relações diplomáticas formais entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China. Comemoramos hoje também o Dia da Imigração Chinesa no Brasil, estabelecido por esta Casa através da Lei 13.686, de 15 de agosto de 2018. A imigração chinesa no Brasil foi iniciada em 1810, no Rio de Janeiro, em uma parceria para o cultivo de chá na floresta da Tijuca. O acordo de 1974 foi precedido de aproximações entre os dois países, dos quais destaco as visitas culturais com Jorge Amado e Zélia Gattai em 1952 e a visita realizada pelo então Vice-Presidente do Brasil, em 1961, Sr. João Goulart. Com essas pessoas iniciais, foram dadas as bases para a futura cooperação e amizade profundas. Tais visitas foram precedidas nos anos 50, do século passado, pelo estabelecimento das associações de amizade Brasil-China no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 1953 e 1954, a vinda das primeiras delegações chinesas ao Brasil em 1955, o ano em que nasci, e a América Latina em 1956. Hoje, 50 anos depois, nos reunimos no Congresso Nacional brasileiro para celebrar a passagem dessas cinco décadas de respeito mútuo e construtiva cooperação pelo bem das duas nações e da humanidade, liderados, respectivamente, pelos Presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping. Os desafios mundiais que se apresentam em 2024 são complexos e exigentes, como as mudanças climáticas e ambientais, a segurança alimentar dos povos e a busca por um sistema de governança global que possibilite a paz mundial. Brasil e China estão altamente comprometidos com essas pautas, seja com a busca da transição energética, da construção de uma aliança global contra a fome e a disposição para buscar soluções para os conflitos bélicos em curso no globo. Apesar de culturas e economias diferentes e diversas, o Brasil e a China encontraram um ponto comum para seguir os acordos que expandem significativamente desde então para além do comércio e da economia. Atualmente, investimentos em cultura, ciência, tecnologia e cooperação estratégica também fazem parte do conjunto de pautas de cooperação entre as nações. |
R | De acordo com dados do Governo Federal, de janeiro a julho de 2024, a relação comercial Brasil-China cresceu 7,4% em relação ao mesmo período de 2023. E provavelmente, neste ano, representará um novo recorde comercial. O intuito é que os países continuem criando estímulo ao setor industrial e ao desenvolvimento em ciência, tecnologia e inovação. A Ministra esteve na China algumas vezes, no ano passado, quando teve a oportunidade de acompanhar o Presidente Lula e vários acordos ali foram assinados entre eles na área de ciência e tecnologia. Há 14 anos, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, tendo somado mais de 157 bilhões em trocas comerciais em 2023. No ano passado, o superávit comercial do Brasil com a China foi de 51,5 bilhões. Além disso, um conjunto amplo de investimentos dá consequência à relação diplomática e comercial entre Brasil e China na atualidade. Na ciência, tecnologia e inovação, a parceria ganha destaque com o sistema de satélite Cbers. Já nas exportações brasileiras, o setor de alimentos, petróleo, minério de ferro e celulose, tem uma posição diferenciada. E por fim, por meio do novo pacto, haverá oportunidades de cooperação também nas áreas de infraestrutura, logística, transportes e energia, coisa que já se efetiva. A consolidação dos Brics, em que ambos os países desempenham papel central, é seguramente o sinal mais claro dessa aproximação, mas não é o único. Também é muito relevante notar a convergência de objetivo de fortalecer a multipolaridade na ordem internacional, possibilitando que cada nação se desenvolva e exerça o seu devido protagonismo. No Legislativo, nosso esforço tem sido de uma aproximação e cooperação cada vez maiores. Aqui mesmo, neste Congresso Nacional, temos uma frente parlamentar e dois grupos parlamentares na Câmara e no Senado, que se dedicam ativamente à promoção mútua dos interesses do Brasil e da China. Presido, com orgulho, o Grupo Parlamentar Brasil-China, em atividade desde 1993. Foi criado aqui pelo saudoso Deputado Haroldo Lima, que frequentou esta Casa por 20 anos. (Palmas.) Infelizmente, a pandemia o tirou do nosso convívio. |
R | Este ano, para marcar os 50 anos de nossas relações, organizamos junto à Embaixada da China no Brasil a Exposição Laços: Belo Brasil, Bela China", no Salão Negro, aqui do Congresso, que visitaremos ao final desta sessão para assistir à apresentação da Academia de Dança de Pequim. Nossa exposição tem o objetivo de mostrar as convergências das nações, com as similaridades entre seus povos, e também as diferenças complementares, que retratam a economia, a agricultura, os esportes, a vegetação, a tecnologia, a gastronomia, entre outras áreas. Acho que tem um bolo ali expressivo a ser celebrado, também com a degustação. Trouxemos também os presentes protocolares recebidos de autoridades chinesas e constantes do acervo do Museu da Câmara dos Deputados, além de objetos da cultura popular regional brasileira, como o boi bumbá, e da chinesa, como o dragão, que compõem cenário perfeito para os admiradores das artes. Aproveito para agradecer imensamente o Sr. Embaixador Zhu pelo empenho de sua equipe neste trabalho do Instituto Pictórico da China, do Centro Cultural e do Museu da Câmara dos Deputados e o imprescindível apoio e patrocínio do Ibrachina, também da Sino-Lac Zhuhai, da XCMG, da OAB e da Global ESG. Agradeço também à Casa da Moeda do Brasil e à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos pelas homenagens prestadas a estes 50 anos de relações Brasil-China através de medalha e selo comemorativo deste cinquentenário. Senhoras e senhores, é uma imensa satisfação estar hoje neste Plenário e perceber que a profunda amizade que une o povo brasileiro e o povo chinês está amparada em importantes acordos e compromissos, mas, principalmente, na iniciativa daqueles que hoje se encontram em posições de liderança tanto no Brasil como na China. Trabalharemos juntos para que os próximos 50 anos sejam ainda mais frutíferos e felizes. Viva o Brasil! Viva a China! (Palmas.) (Durante o discurso do Sr. Daniel Almeida, o Sr. Nelsinho Trad deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Fausto Pinato.) (Durante o discurso do Sr. Daniel Almeida, o Sr. Fausto Pinato deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Nelsinho Trad.) O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Passamos a palavra, de pronto, ao Sr. Deputado Federal Fausto Pinato, requerente também desta sessão e coordenador da Frente Parlamentar Brasil-China. O SR. FAUSTO PINATO (Bloco/PP - SP. Para discursar. Sem revisão do orador.) - Boa tarde a todos e a todas. É um prazer imenso estar aqui nesta tarde. Ouvindo o discurso dos nobres colegas que me sucederam, passou-me um filme na cabeça, um filme de um jovem que vem lá do campo, do interior do Estado de São Paulo, que, ao lado da minha família, agropecuarista, com condições financeiras, e, do outro lado, neto de um mecânico de trator e de outra família que veio da agricultura familiar. |
R | Talvez essa seja a diferença de um Parlamentar que, muitas vezes, respeita as questões ideológicas, sejam elas de esquerda ou de direita, mas sempre defendendo o pragmatismo, porque, infelizmente, o momento em que vivemos hoje, tanto no Brasil como nos Estados Unidos e em tantos outros países, é um momento de reflexão, em que o radicalismo está colocando em risco a tolerância e o poder do diálogo. Lembro-me de que, quando eu fiz essa frente parlamentar, em 2015, foi justamente para sair um pouco da questão ideológica, seja ela de esquerda ou de direita, e passarmos para a linha do pragmatismo. Nós sabemos que, em determinado momento neste mundo - muitos vieram de esquerda ou da ultradireita, ainda temos que respeitar opiniões divergentes -, precisaram, sim, muitas vezes, se agarrar a questões ideológicas, e chegou o momento neste mundo em que nós temos que defender o pragmatismo e o interesse de cada um de nossos países. Dito isso, eu queria dizer que a nossa frente parlamentar é composta de gente de esquerda, de centro e de direita que defende o interesse do nosso país. Também fui o grande articulador. Lembro que, na época, foi uma briga para realmente se fazer a autorização legislativa aqui neste Parlamento. Pasmem, o Governo, que, à época, era o da Dilma, tinha feito o aporte financeiro, mas não tinha autorização legislativa para realmente formatar a questão dos Brics. E eu entrei na coluna do meio, porque aqui tem uma briga de gato e rato, e conseguimos, de certa forma, fazer isso. Fico muito honrado também e aqui quero fazer um agradecimento especial ao ex-Presidente Michel Temer. Numa visita que fizemos ao Presidente Xi Jinping, o Presidente Xi Jinping chegou a comentar do nosso projeto de lei e pediu que se sancionasse o Dia da Imigração Chinesa, que hoje é lei aqui no Brasil. Com todo o respeito, na pessoa do Saboia, eu queria agradecer a presença de todos os embaixadores e dizer que o nosso país é único - e do nosso país, nós não podemos tirar essa característica -, onde judeus e árabes estudam na mesma escola e frequentam o mesmo lugar, onde americanos e chineses têm a mesma oportunidade e frequentam o mesmo lugar. No Brasil, não podemos aceitar essa divisão externa e trazê-la aqui para dentro. O Brasil é um país formado por espanhol, português, italiano, africano, japonês, é um país eclético, que acolhe todas as colônias, sejam elas muçulmanas, de esquerda, de ultradireita, e nós não podemos perder essa característica. Então, é um momento de reflexão, principalmente aos líderes que aí estão, para que possamos, de certa forma, manter o nosso país neutro, um país que fica do lado da verdade. Ficar do lado da verdade sempre é importante. Vou citar que as minhas posições são muito claras neste Parlamento. Então, eu queria aqui começar saudando o nosso Senador Nelsinho Trad, que também é um moderado, é um cara que vem de um estado que é do agronegócio, Mato Grosso do Sul, uma pessoa do grande diálogo. Estou muito honrado, Nelsinho Trad, por você estar aqui conosco nessa trincheira, defendendo o interesse do nosso país. Da mesma forma, quero saudar o Exmo. Sr. Embaixador da República da China Zhu Qingqiao, que é um craque, que chegou aqui já fazendo camisa 10, um cara do diálogo, sempre bem-humorado, que fala um português fluente. Eu estou vendo se ele me ensina a jogar pingue-pongue, porque eu prometi a ele que eu vou ensiná-lo a jogar futebol. Então, eu queria parabenizar, Embaixador, seu grande trabalho, seu grande carinho. O senhor dá atenção para todos nós, é um homem de capacidade de diálogo, coerente. A China está muito bem representada. O Governo chinês acertou em colocar esse grande homem para representar essa potência que é a China. |
R | Da mesma forma, quero saudar esta grande mulher, e, na sua pessoa, todas as mulheres aqui presentes: a nossa querida Ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; e, na sua pessoa, quero saudar as mulheres, saudar a todos que, da mesma forma, lutam pelo seu espaço na política. Você, sem dúvida, é um grande exemplo. Uma nordestina, aguerrida, porreta, como se diz no Nordeste, que vem aqui representar um ministério tão importante. Parabéns pelo seu trabalho. Da mesma forma, queria aqui saudar o Sr. Embaixador do Brasil - que honra hoje, não é? -, o Marcos Bezerra Galvão, que está lá e foi lá fazer um grande trabalho. Queria uma salva de palmas ao nosso Embaixador. (Palmas.) Sempre nos representa com tanta maestria, num país tão importante. Queria também saudar aqui o meu colega Daniel Almeida, que é Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China. Vejam bem como o Brasil é único. Ele é do Partido Comunista, que é de esquerda, e eu sou um Deputado de centro-direita. E trabalhamos em conjunto. Vou dar alguns exemplos aqui. Sabemos divergir, concordar e nunca tivemos uma briga neste Parlamento. Sempre trabalhamos de mãos dadas, pensando no interesse do nosso país. Obrigado, Daniel, pela parceria. Você sabe que você é um grande amigo e você é um grande Parlamentar. Da mesma forma, queria saudar aqui o nosso amigo Thomas Law, que está aqui e que, sem dúvida, sempre foi um baluarte nessa relação cultural, política, estruturante. Saudando você, também quero aproveitar para saudar aqui o Fábio Ye, Presidente da Associação Chinesa, o Wang Wan Rui, do Conselho Fiscal, o Jiang Youyang, o André Ye, Presidente da Associação Geral de Qingtian do Brasil, o Zhu Guanping, o Xu Shao Yan e o Wu Xuping. Todos aí, de certa forma, que ajudam muito a gente nessa relação. E ficamos juntos na trincheira, não é, Thomas? Quando houve aquelas questões da ultradireita, de atacar a China de maneira insana. Eu me lembro de que eu era Presidente da Comissão de Agricultura. Uma coisa é defender questão ideológica, outra coisa é a parceria comercial. O Brasil foi atacado, atacado, sem lógica, principalmente por pessoas que defendem alguns segmentos do agronegócio. Se o agronegócio está bem no Brasil, é graças à exportação da China, não é? Então, nesse sentido, com certeza, fomos resilientes e enfrentamos todas as questões de fake news, as mentiras, estabelecendo a verdade. Senhoras e senhores, hoje é um marco significativo e histórico. Cinquenta anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, e, simultaneamente, celebramos o Dia Nacional da Imigração Chinesa, do qual tive a honra de ser o autor da lei, instituída por meio de um projeto de lei que nós apresentamos e o Presidente Michel Temer sancionou. Esta é uma oportunidade para refletirmos sobre a importância dessa parceria e o impacto profundo que ela teve e continua a ter em ambos os países. A China tem sido um parceiro fundamental para o Brasil nas últimas décadas. É o nosso maior parceiro comercial, com um intercâmbio que abrange diversos setores, desde commodities até tecnologia e infraestrutura. A presença chinesa no Brasil contribui para o crescimento econômico e a diversificação de mercados para os nossos produtos. Além disso, investimentos chineses têm apoiado o desenvolvimento de setores-chave, como energia, transporte e telecomunicação. |
R | Para a China, o Brasil é um pilar estratégico na América Latina. Nosso país oferece uma plataforma crucial para o acesso aos mercados da região e é um fornecedor vital de recursos naturais, como soja, minério e ferro. Eu me lembro de que, muitas vezes, eu estava... Já fui com três Presidentes à China, e o chinês é um grande negociador. Eles falam: "Olha, mas a China compra muito do Brasil. Olha a balança, olha isso". O chinês é muito inteligente. Eu falo: "Olha, vocês compram muito produto cru do Brasil. O que vocês fazem com tanta soja?". Fazem farelo. "O que vocês fazem com silício?". Fazem placa solar. "O que vocês fazem com minério de ferro?". Incentivam a indústria de infraestrutura. Não é menos verdade que, graças ao suor do povo brasileiro, também tem muito emprego na China. Hoje, a relação Brasil e China também permite à China expandir a sua influência econômica e geopolítica no continente latino-americano. A China tem demonstrado um exemplo notável de planejamento e disciplina. Aqui eu queria dar uma parada. Na década de 80, o nosso país estava em plena revolução industrial. Na China, muitas aldeias tinham casas de pau a pique. Em algum momento da história, nós erramos, porque nós temos tudo aqui, e a China conseguiu um desenvolvimento, e nós meio que paramos no tempo. Mas a China, através da sua disciplina, que deve ser copiada, aplaudida... Nós precisamos fazer da mesma forma aqui no Brasil, porque, em apenas algumas décadas, a China transformou a sua economia, que era predominantemente agrícola, em uma potência global. Esse crescimento foi impulsionado por políticas de longo prazo, investimentos em infraestrutura e inovação tecnológica, sem olhar negócio de esquerda e de direita. A China é pragmática. "Se interessa ao país, vamos fazer". "Se não interessa, não vamos fazer". Vamos copiar! É só copiá-los que dá tudo certo. O modelo chinês, que combina planejamento centralizado com uma economia de mercado dinâmica, oferece lições valiosas sobre a importância da visão estratégica e da execução consistente de políticas. Há 20 anos, a China era uma nação emergente em termos de economia global, ainda em processo de reforma e abertura. Eu me lembro do Xiaoping, esse Presidente foi o grande responsável para preparar a China. Hoje, é uma das maiores economias do mundo, com um papel crucial no comércio global, na inovação e tecnologia. Essa transformação é um testemunho do poder do planejamento estratégico e do investimento em desenvolvimento sustentável. O Brasil pode aprender com a experiência chinesa. A importância de um planejamento de longo prazo, a necessidade de se investir em infraestrutura, educação, inovação e tecnologia, porque o agronegócio é importante para o nosso país, até em questão mundial, pela segurança alimentar, mas nós precisamos investir em inovação, tecnologia e indústria de defesa, se quisermos ter uma voz mais forte no mundo. Esse é o caminho do meu país. E a resiliência e a capacidade de adaptação da China são qualidades que podem inspirar o Brasil a adotar abordagens mais estruturadas para enfrentar desafios econômicos e sociais. Como Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, no Congresso Nacional, posso dizer que a China sabe o que quer do Brasil, mas nós do Brasil não sabemos ainda o que queremos da China. Precisamos agregar valor, trazer mais tecnologia para investir em pontos estratégicos do nosso país, que seja bom para ambos os lados, para que possamos gerar emprego e renda e, no dia de amanhã, estar entre os principais países e potências mundiais. |
R | Mas nós ainda precisamos definir claramente o que queremos da China, definir a estratégia fundamental, sair dessa questão de esquerda e de direita, porque nós queremos um Brasil para frente, um país que realmente possa dialogar tanto com a potência da China quanto com a potência americana, olhando realmente o interesse do país, não aceitando nenhum tipo de interferência e sempre ficando do lado da verdade. À medida que avançamos para os próximos 50 anos, é essencial que a colaboração entre Brasil e China continue a se aprofundar, como com países estratégicos também, outros países. A geração de empregos no Brasil, através de investimentos chineses e setores inovadores e sustentáveis, será fundamental para o desenvolvimento equilibrado. Inclusive, eu estive na China com o Presidente Lula - já estive com o Temer, já estive com o Bolsonaro, estive com o Lula - e disse: tem que taxar. Tem que taxar. Nós temos que olhar o mercado nosso de carro, porque não adianta... "Ah, é carro elétrico", mas, se tirar emprego nosso, não adianta. Também é difícil, porque a mão de obra da China é mais barata e aqui há muito imposto. Nós precisamos também construir algumas questões para atrair investimentos chineses para que possamos trazer emprego e inovação para o nosso país. Precisamos trabalhar juntos para criarmos oportunidades e fortalecer nossos atos econômicos, porque não apenas beneficiará ambos os países, mas também contribuirá para a prosperidade global. O Brasil chegou ao momento de assumir a liderança da América Latina. Somos o país mais rico, o país mais forte, o país com mais miscigenação de raça da América Latina. Chegou o momento de o Brasil ser a locomotiva, com a abertura de diálogo econômico, diálogo diplomático, de, nessa questão de guerras, se posicionar de maneira verdadeira e ampla. Concluindo, este aniversário é uma celebração das conquistas passadas e uma oportunidade para reforçar nosso compromisso com o futuro. A relação Brasil-China é uma aliança estratégica que tem moldado positivamente nossas economias e sociedades. Que possamos continuar a trilhar um caminho de crescimento mútuo e aprendizado. Até aqueles que são de esquerda ou ultradireita, que evitem provocações. Neste Congresso Nacional recentemente quiseram fazer a frente parlamentar Brasil e Taiwan. Para que isso? Isso só atrapalha o Brasil. E eu tenho posição clara: Taiwan é da China. O Brasil tem que ter coragem de se posicionar como vem se posicionando. A questão da Venezuela. Se não aparecer a questão do comitê, não se deve reconhecer a eleição da Venezuela. A questão de Israel e árabes. Nós sabemos que Israel tem todo o direito de revidar contra o grupo Hamas em qualquer lugar do mundo, mas não é menos verdade que não pode fazer um contra-ataque desproporcional, matando uma nação inocente, mulheres e crianças, de maneira covarde. E chegou o momento de o Brasil também... Chegou a hora de o Brasil encampar e fazer um novo Estado da Palestina, é importante fazer o Estado da Palestina, porque só assim podemos, sim, culpar, porque tem um Presidente eleito - ou colocado, não sei. Porque culpar através de um grupo terrorista para revidar... Eu fico pensando: por que não se forma um Estado da Palestina? Qual é o interesse disso? Chegou a hora de o Brasil ter voz firme. A nossa independência tem que ser não só no diálogo, mas nas posições firmes, ficar do lado da verdade. Não interessa se muitas vezes vai desagradar a esquerda, se vai agradar a esquerda, se vai desagradar a direita, se vai agradar a direita. Minhas posições são muito claras. Lembro-me que essa mesma ultradireita que ataca a China através de Taiwan também colocou em xeque a eleição nos Estados Unidos. Os terraplanistas não podem voltar ao poder. Nós temos que respeitar a centro-esquerda, a centro-direita, no diálogo, mas respeitar o voto, o sistema eleitoral - se é comunista, se não é, se é democracia, se é império, se é isso e tal, o Brasil é um país de todos, um país que não deve interferir nas políticas locais, um país que deve ficar sempre do lado da verdade, se posicionando de maneira clara. |
R | Para finalizar, é importante, Embaixador Nelsinho Trad, essa vinda do Presidente Xi Jinping para cá. O Presidente Xi Jinping é um homem paciente, com paciência; é um homem que foi preparado, que começou a governar províncias pequenas do seu Estado, que vem sendo preparado, é Governador de um Estado e conhece a China como ninguém. O Presidente Xi Jinping, hoje, acho que é um dos líderes mais preparados mundialmente. Não entra em confusão, sempre procura o diálogo e, apesar de ser uma grande potência, é um homem com bastante paciência. Eu sou um fã do Presidente Xi Jinping. Quero dizer que estou muito feliz de estar aqui, de poder ter contribuído. Obrigado! Quero agradecer à China pela questão do IFA, da vacina que nos forneceram, tendo paciência conosco do Governo passado, que, de maneira irresponsável, atacava a China só para alimentar conteúdos de internet. Torço muito para que, nos Estados Unidos, se mantenha a linha do Joe Biden, com a Kamala, porque nós somos de líderes ponderados, que têm o caminho do diálogo e não o caminho da confusão. Confusão já tem de muitos gêneros; nós temos que achar a turma da solução. Que Deus abençoe a todos! Parabéns, Brasil e China. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco/PSD - MS) - Em tempo, gostaria de registrar a presença do Sr. Secretário de Representação do Estado de Tocantins em Brasília, Carlos Manzini Jr.; da Sra. Diretora-Executiva da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, ex-Senadora Vanessa Grazziotin; da Sra. Diretora de Economia Sustentável e Industrialização na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, ex-Deputada Perpétua Almeida; do ex-Senador Donizeti Nogueira; do Sr. Charlie Lu, do Instituto da Colaboração Brasil-China da Rota Bioceânica do Mato Grosso do Sul. De pronto, concedo a palavra à Sra. Ministra de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, Luciana Santos. (Palmas.) A SRA. LUCIANA SANTOS (Para discursar. Sem revisão da oradora.) - Muito boa tarde a cada uma e a cada um de vocês aqui presentes! Quero saudar e parabenizar o Sr. Senador Nelsinho Trad, que é requerente e Presidente desta sessão e Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China no Senado Federal. Quero saudar o Exmo. Sr. Embaixador da República Popular da China no Brasil, Zhu Qingqiao e, na pessoa dele, saudar a todas as embaixadas que se fazem aqui presentes. Quero saudar o Sr. Embaixador do Brasil na República Popular da China, Marcos Bezerra Abott Galvão; o Sr. Deputado Federal Daniel Almeida, meu camarada, requerente desta sessão e Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China na Câmara de Deputados, na pessoa de quem saúdo todos os Parlamentares aqui presentes e as Parlamentares; o Sr. Deputado Federal Fausto Pinato, requerente desta sessão e Coordenador da Frente Parlamentar Brasil-China na Câmara de Deputados; o Sr. Diretor Presidente do Instituto Sociocultural Brasil-China e da Coordenação Nacional das Relações Brasil-China da OAB, Thomas Law. |
R | Quero, nesta sessão solene, realçar que esta iniciativa é mais do que necessária, seja pelo significado extraordinário e da história das relações entre Brasil e China, seja pelo contexto da geopolítica que a gente vive de um mundo em transição, de múltiplas crises. O Presidente Lula tem procurado colocar e reinserir o país nesse contexto político no mundo de maneira altiva e ativa, de modo a defender a paz, a defender a cooperação, a autonomia dos povos, e penso que, por isso mesmo, esses momentos se revestem de mais força e perspectiva para que essas relações, que também são pautadas pela política de relação internacional chinesa, que tem esses mesmos conceitos, da paz, da cooperação, possam fazer com que inspire e ajude nessa luta para que a gente tenha um mundo próspero de inclusão social e de, portanto, superar muitas das crises múltiplas que nós estamos vivendo no mundo. Eu estive, hoje, pela manhã, num seminário organizado pelo Itamaraty que também tratou e fez alusão aos 50 anos das relações diplomáticas sino-brasileiras e, não tem muito jeito, vou ter que repetir muitas das coisas que falei lá sobre a nossa cooperação na manhã de hoje, considerando que o público aqui é diferente nesta sessão. Então me permito repassar alguns pontos. Eu tenho a dupla satisfação de estar aqui celebrando os 50 anos das relações diplomáticas Brasil-China na condição de Presidente Nacional do Partido Comunista do Brasil e como Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação. Em ambas as funções, eu tenho tido o privilégio de presenciar essas relações profundas e amistosas que tivemos e continuamos a ter com o Estado e com o povo chinês. Na área da ciência, tecnologia e inovação, a China, certamente, é um modelo que impressiona. Desde 2020, é o país que mais produz conhecimento no mundo segundo os principais rankings de publicação científica. O Brasil não fica muito atrás disso: nós somos o 13º produtor de ciência e tecnologia nesses mesmos rankings. Pela publicação de papers, pela nossa capacidade produtiva, nós estamos na posição de 13º no mundo. É também a China, há muitos anos, o país que mais deposita patentes, um indício de sua liderança no processo inovador. A sua aposta no modelo de desenvolvimento intensivo em tecnologia e inovação e de forma verde e sustentável para a modernização econômica é o caminho que está sendo aplicado aqui no Governo do Presidente Lula. Na cooperação sino-brasileira em ciência, tecnologia e inovação, o que posso testemunhar é que os parceiros chineses são, hoje, um dos que estão mais dispostos a codesenvolver produtos e serviços de tecnologia avançada e a compartilhar os altos riscos envolvidos nesses empreendimentos. Posso citar como exemplo a exitosa colaboração que temos com a China, desde o início da existência do Ministério da Ciência e Tecnologia, na década de 80, na área espacial, o que já foi dito aqui por muitos. O programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers) é considerado por muitos como o primeiro projeto de cooperação de alta tecnologia sul-sul da história. E aqui repito: não se trata de compra tecnológica, nem de transferência tecnológica; a melhor forma da cooperação é o desenvolvimento comum, não só do ponto de vista da troca do conhecimento e do desenvolvimento comum, mas também do compartilhamento dos investimentos. |
R | Ao todo, já desenvolvemos seis satélites conjuntamente, que tiveram aplicações decisivas no monitoramento dos nossos territórios e biomas, apoiando no combate ao desflorestamento, no ordenamento territorial, na produção agropecuária, no abastecimento hídrico, na educação e na gestão de desastres e eventos climáticos extremos. Estamos aprofundando ainda mais nossa cooperação com a China nesse setor. No ano passado - Daniel acaba de dizer -, durante a visita oficial do Presidente Lula à China, assinamos o acordo para o desenvolvimento do Cbers-6. A constelação Cbers é a maior constelação de satélites brasileiros. Nós assinamos o satélite com a nova tecnologia de monitoramento por radar, um radar chamado de abertura sintética. Essa tecnologia vai possibilitar o imageamento através das nuvens na Amazônia, que é uma região permeada por muitas nuvens durante vários meses do ano. Então, esse acordo encontra-se sob análise do Congresso Nacional para ratificação. Inclusive, gostaria de aproveitar o momento para pedir o apoio desta Casa para que esse acordo possa ser consolidado. Ao final deste ano, esperamos ainda assinar outro acordo, quem sabe na visita de Xi Jinping ao Brasil, do desenvolvimento do Cbers-5, que será o primeiro satélite geoestacionário desenvolvido pelo Brasil. Já existe o satélite estacionário, mas será de desenvolvimento comum, por meio do qual entraremos num seletíssimo grupo de menos de dez países que detêm tal tecnologia. Mas, para além da cooperação espacial, talvez esses 50 anos de relações diplomáticas possam abrir uma nova fase na nossa colaboração em tecnologia de ponta. Nosso interesse - e eu já fiz este apelo ao Embaixador em outros momentos - é aprofundar a colaboração com a China nas áreas de tecnologias emergentes, como inteligência artificial, tecnologias quânticas, supercomputação e semicondutores. Há duas semanas, entregamos ao Presidente Lula a proposta do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que batizamos de IA para o Bem de Todos. O plano tem como objetivo promover o desenvolvimento, a disponibilização e o uso da inteligência artificial no Brasil, orientando as soluções dos grandes desafios nacionais, de forma a garantir a segurança e os direitos individuais e coletivos, a inclusão social, a defesa da democracia, a integridade da informação, a proteção do trabalho e dos trabalhadores, que é uma preocupação central do Presidente Lula, a soberania nacional e o desenvolvimento econômico sustentável da nação. Uma das cinco metas do Pbia é promover o protagonismo global do Brasil em IA, por meio de desenvolvimento tecnológico nacional e ações estratégicas de colaboração internacional. E entendemos que a China pode ser um parceiro relevante para isso. Já planejamos algumas ações concretas com os nossos parceiros governamentais chineses, com o Ministério da Indústria, as TICs e o Ministério da Ciência e Tecnologia, mas gostaríamos de atrair também investimentos maciços do setor privado chinês. Já estou vendo aqui Atilio, da Huawei, por exemplo, com quem eu já pude estar algumas vezes lá no ministério. E essas iniciativas de transformação digital são fundamentais para nós, porque vão desde o letramento digital, inclusão digital, até a inteligência artificial. |
R | Não terei tempo suficiente nesta celebração de hoje para listar todas as iniciativas em andamento com a China na área de ciência, tecnologia e inovação, mas queria mencionar apenas algumas delas para além do que eu já falei, considerando sua importância nas relações bilaterais e os aportes de recursos que o ministério tem feito para o seu desenvolvimento. É o caso, por exemplo, do radiotelescópio BINGO, em construção no Sertão da Paraíba, e do Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, na COP do Rio de Janeiro, da universidade federal. Estamos também reativando ou lançando novas iniciativas como o Centro China-Brasil de Inovação em Nanotecnologia, o Centro Sino-Brasileiro de Inovação em Iluminação a Estado Sólido, o Diálogo de Alto Nível em Inovação e ações conjuntas em energia fotovoltaica e nuclear de cooperação em academias chinesas em 15 áreas de conhecimento. Por fim, quero ainda ressaltar que a cooperação sino-brasileira em ciência, tecnologia e inovação tem um passado inspirador, mas, no nosso entendimento, está ainda aquém das nossas potencialidades. Nossa missão nos próximos anos é aprofundar ainda mais nossa colaboração em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação, em favor do desenvolvimento das nossas nações e do bem-estar dos nossos povos. Afinal, embora o Brasil seja o maior destino da exportação brasileira para a China, precisamos qualificar essa relação comercial, de modo a equilibrá-la numa perspectiva de garantir produtos manufaturados, daí a importância de avançarmos no domínio tecnológico. A oportunidade do Brasil, com a presença da Presidente Dilma - a ex-Presidente da República deste país - no Banco do Brics, tem uma relevância política, e isso é uma determinação e um peso político que a gente dá ao papel do banco, na medida em que colocam a ex-Presidente no comando. E nós precisamos aproveitar essa oportunidade para pensarmos em promover investimentos com foco em ciência, tecnologia e inovação. Repito que o mundo vive essa grande transição geopolítica de múltiplas crises e que um dos vetores dessa disputa se dá nesse domínio tecnológico. Nós temos, no país, uma tradição diplomática brasileira que é de paz, é de amplitude - nós temos relações com todos os países do continente -, e o Presidente Lula retoma essa inserção deste modo: sempre colocando o interesse público nacional em primeiro plano. Assim, temos muitas coisas em comum com a política diplomática chinesa e precisamos cada vez mais elevá-las. Por isso, muito obrigada e, mais uma vez, parabéns pela iniciativa. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco/PSD - MS) - Agradecemos as palavras da Sra. Ministra de Estado da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos. Concedo a palavra ao Sr. Embaixador do Brasil na República Popular da China, Embaixador Marcos Bezerra Galvão. (Palmas.) O SR. MARCOS BEZERRA ABBOTT GALVÃO (Para discursar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Nelsinho Trad; Exmo. Embaixador, meu colega, Zhu Qingqiao, Embaixador da China no Brasil; Ministra Luciana Santos; Deputados Daniel Almeida e Fausto Pinato; Sr. Thomas Law; Secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, Embaixador Eduardo Saboia; Embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, Presidente do Conselho Empresarial Brasil-China; Embaixadores presentes, alguns dos quais eu reencontro hoje, meu amigo Roberto Doring, colega hoje na Chefia da Assessoria Internacional do Supremo Tribunal Federal; Deputadas e Deputados; todos os presentes; Sr. Thomas Law, a quem eu já saudei, eu, embora tenha muitas folhas de papel na mão, devo dizer que não sabia que me seria concedido hoje o uso da palavra. E, em função disso, eu vou me permitir uma nota pessoal, que é dizer o que significa para um cidadão brasileiro, para um servidor público brasileiro e para um diplomata brasileiro fazer uso da palavra, pela primeira e provavelmente pela última vez, neste Plenário Ulysses Guimarães. |
R | A minha geração assistiu à luta de Ulysses Guimarães pela democracia, e a nossa geração guardará para sempre a imagem, icônica para nós, de Ulysses Guimarães promulgando a nossa Constituição de 1988 neste Plenário. Então significa muito para um servidor público brasileiro e para um cidadão que se orgulha das instituições democráticas que o Brasil soube construir, no meu caso, quando eu já era adulto. Eu queria dizer que, ainda no plano pessoal, mas eu vou abandonar logo o plano pessoal, eu ainda me lembro do dia, em 1974, em que se anunciou o estabelecimento de relações diplomáticas entre o Brasil e a China. Eu tinha 15 anos de idade. Eu não pensava em ser Diplomata, estudava no Colégio Marista aqui em Brasília, mas eu lembro que aquela notícia me impactou, e era muito claro, mesmo para um adolescente, um colegial, o significado do que estava acontecendo naquele momento. E o Brasil felizmente avançou muito, melhorou muito de lá para cá. Nós nos desenvolvemos, nem sempre no ritmo que gostaríamos, construímos, como eu disse, instituições democráticas fortes, evitamos retrocessos e caminhamos para frente. Nós sabemos, todos nós e aqueles que se dedicam à causa pública, os Parlamentares, os servidores públicos, que nós ainda temos muito por fazer para garantir oportunidade de realização e bem-estar a todos os brasileiros. Mas nós somos um povo que acredita e se orgulha do nosso país e uma sociedade determinada a construir a nação com que sonhamos. E é para isso que nós servidores públicos entramos no serviço público e ficamos no serviço público. Quanto ao mundo, também houve muitos progressos, sem dúvida, avanços extraordinários, muitos deles impulsionados por avanços tecnológicos com os quais nós não sonhávamos nem quando assistíamos aos mais ousados filmes de ficção científica. Mas, no plano das relações internacionais, infelizmente, nem sempre a realidade tem mudado para melhor. A Guerra Fria, que nós ainda vivíamos em 1974, chegou ao fim; mas, ao contrário do que alguns chegaram a proclamar quando a Guerra Fria terminou, aquele, com certeza, não era o fim da história. Quem achou que, dali em diante, nós caminharíamos para um mundo cada vez menos tenso, menos perigoso, mais dedicado a resolver os muitos desafios do desenvolvimento, como a pobreza, a fome, a condição da mulher, a mudança do clima, pecou por excesso de otimismo. |
R | E a esta altura as senhoras e os senhores devem estar se perguntando: "Por que ele está falando disso aqui?". Eu estou falando disso aqui pelo simples fato de que essa construção extraordinária das relações entre o Brasil e a China não se deu, não se dá e nem se dará no vazio. Ao longo de meio século, ao contrário disso, nós levamos adiante essa obra, tocamos essa obra de construção da nossa relação num ambiente internacional muitas vezes adverso, em que nos foi dado viver, em um ordenamento internacional por cuja transformação Brasil e China buscaram trabalhar e para o qual buscaram e continuam a buscar contribuir. Nós sabemos, é claro, que o principal motor desse extraordinário avanço de nossas relações tem sido o intercâmbio econômico, o comércio - os números foram mencionados aqui - e, cada vez mais, os investimentos. Mas se isso é verdade, também é necessário lembrar que, se o motor, como eu disse, é econômico, o chassi, as rodas e o resto dessa complexa construção que são as nossas relações são uma permanente obra político-diplomática. A propósito, eu costumo dizer em Pequim que as marcas definidoras do nosso relacionamento, ao longo desse meio século, têm sido estabilidade e progresso constante. E se nós pararmos para pensar em tudo o que o mundo viveu nesses 50 anos - certamente não se pode dizer que esse processo tenha sido caracterizado por estabilidade e progresso constante - e em todas as transformações vividas pelos nossos dois países, fica clara a importância de todo o trabalho político-diplomático que se fez desde 1974. Como eu disse hoje de manhã - eu estava no mesmo seminário de que participou a Ministra Luciana Santos -, a imensa obra das relações entre o Brasil e a China não caiu do céu, nós não ganhamos essa obra de presente. Sucessivas gerações de compatriotas nossos, nos mais diversos ramos de atividade, em ambos os países, se dedicaram a ela e acreditaram na sua importância para nossas duas nações. Brasil e China, como já foi dito aqui também, têm cada qual sua própria identidade histórica, seu próprio sistema político, suas próprias instituições, seus próprios objetivos nacionais. Mas essa diversidade nunca impediu, ao longo desse meio século que hoje celebramos, a definição objetiva de interesses convergentes e aspirações comuns capazes de impulsionar nossa parceria. Nós jamais perdemos de vista que somos duas nações cujo objetivo principal continua a ser o seu desenvolvimento econômico-social e a melhora da qualidade de vida de nossas sociedades, de nossos compatriotas. São dois Estados que se têm dedicado - e frequentemente o têm feito juntos - à busca de uma governança internacional conduzida em organismos internacionais democratizados e revigorados pelo maior peso dos países em desenvolvimento. Nós temos duas diplomacias que se orgulham de contribuir para o progresso e para o bem-estar de seus povos, por meio da busca e preservação dos espaços de autonomia de que precisamos para que nossas sociedades possam, em última instância, definir e escolher seus próprios caminhos de desenvolvimento. Essa convergência na diversidade, o diálogo permanente, a expressão clara dos interesses e singularidades de parte a parte, o respeito mútuo entre nossos governos nos permitiram consolidar esta que tem sido a marca de nossas relações, que é a confiança. E essa confiança deve manter-se como marca de nossas relações também nesse futuro, cuja construção nós estamos recomeçando hoje. |
R | Nestes tempos de um mundo tensionado e um mundo de desconfianças, o valor de poder confiar certamente aumenta. A China sabe, por exemplo, que pode confiar no Brasil como fornecedor-chave de alimentos e de outros produtos estratégicos, até porque a China sabe que o Brasil não faz política - no sentido menor da palavra, não no sentido maior da palavra, que é o que se faz aqui e é o que se faz na Diplomacia, porque a Diplomacia também é política, a diferença é que nós não temos que ser eleitos. Então, as Sras. e os Srs. Parlamentares têm, nesse sentido, um desafio de permanência muito maior do que o nosso. Como eu ia dizendo, a China sabe que o Brasil não faz política - no sentido menor da palavra -, nem com o seu comércio exterior, nem com o tratamento que dá aos investimentos ou à troca de conhecimento. O Brasil, por sua vez, sabe que pode confiar na China como grande parceiro estável e previsível no comércio, nos investimentos e na cooperação nas mais diversas áreas. Eu queria finalizar dizendo que, para quem, como eu hoje, já com 44 anos de carreira diplomática, se dedica a trabalhar pelas relações entre o Brasil e a China, é muito claro que essa é uma relação ao longo de cuja história tem havido frutos claros para ambos os lados: é uma relação que tem beneficiado o desenvolvimento da China e tem beneficiado o desenvolvimento do Brasil. E, nesse sentido, trabalhar pelo desenvolvimento e fortalecimento das relações entre o Brasil e a China é uma tarefa que honra a quem, como nós - muitos aqui -, abraça a causa pública e o serviço público, porque é uma relação que dá frutos evidentes e claros para o objetivo maior que eu mencionei, que é o de nós contribuirmos para que os nossos compatriotas aqui, da perspectiva das lideranças, dos governantes e dos funcionários chineses, da perspectiva da melhora da qualidade de vida também de seus cidadãos... Esse é o tipo de tarefa que, a um diplomata, no meu caso, um servidor público diplomata, traz realização, porque os benefícios do que nós estamos fazendo são muito claros. Então, esta é uma data importante de celebração. E é uma honra para mim participar desta sessão solene no Congresso Nacional, como servidor, como cidadão e, circunstancialmente, neste momento, como Embaixador do Brasil na China. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco/PSD - MS) - Agradecemos as palavras do Embaixador Marcos Galvão. Concedo a palavra ao Sr. Diretor-Presidente do Instituto Sociocultural Brasil-China e da Coordenação Nacional das Relações Brasil e China da OAB, Thomas Law, que é o último que vai usar da palavra. Logo depois, nós teremos o lançamento da medalha comemorativa e, por fim, do selo comemorativo. O SR. THOMAS LAW (Para discursar. Sem revisão do orador.) - Boa tarde a todos. Primeiramente, quero saudar o Presidente da mesa, o Senador Nelsinho Trad, também Presidente do Grupo Parlamentar China-Brasil do Senado Federal. Quero aqui cumprimentar o Embaixador da China, Zhu Qingqiao; estivemos, em algumas ocasiões já, nesse trabalho de intercâmbio cultural. Quero parabenizá-lo pelo trabalho que vem fazendo no Brasil. Cumprimento também a Ministra Luciana Santos, Ministra de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação. |
R | E, aqui, cumprimento o Embaixador Marcos Bezerra Abbott Galvão, porque tive o privilégio, em diversas ocasiões, de ter ido para a China - na visita do Presidente Lula no ano passado; este ano, junto com a Apex, junto com a Cosban, com um grupo de empresários participando dessa viagem -, e sempre o Embaixador do Brasil está representando, sim, os interesses do Brasil na China, de forma muito firme e muito competente. Cumprimento o Deputado Federal Daniel Almeida, que também é o Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China e que foi o idealizador da exposição que temos aqui fora, Chicão, sobre a relação Brasil-China e os laços desses 50 anos. Então, quero parabenizá-lo também por esse trabalho que vem fazendo aqui no Congresso Nacional. Além disso, cumprimento também o Deputado Federal Fausto Pinato, um grande líder da comunidade chinesa. Eu acho que ele tem uma grande liderança também em pautas importantes nas relações Brasil-China. Ele tem essa habilidade de conversar com tantas pessoas na China sem falar o mandarim, ou seja, ele tem essa habilidade de agregar muitos empresários chineses e fazer esse belíssimo trabalho, do qual eu tenho a honra de fazer parte, porque ele é o autor da lei da imigração chinesa no Brasil. E, a partir daquele ano, que é comemorado hoje, no dia 15 de agosto, a gente faz esta reflexão: onde está o Brasil e a relação China-Brasil? E, agora, nesta reunião, que é uma reunião anual, a gente faz essas reflexões com todos os corpos diplomáticos aqui presentes. Eu queria também dar as boas-vindas às embaixadas que estão aqui presentes: ao Embaixador Castro Neves, que esteve conosco também na China, em Pequim; ao Embaixador Saboia, que esteve conosco nas discussões da OAB, especificamente na questão do Cosban, porque são temas importantes nessas relações, inclusive na parte jurídica. Quero cumprimentar também - eu a vi - a Embaixadora Stephanie, do Reino Unido, que esteve aqui. Além disso, cumprimento todos os outros membros, empresários, o corpo acadêmico. Estive, este ano, também, numa visita de juristas brasileiros, Deputado Fausto, na Suprema Corte da China, Ministra Luciana, e vimos a tecnologia da Suprema Corte em relação às outras cortes, ou seja, como que o uso da tecnologia pode acelerar os processos judiciais, já que temos uma grande morosidade nos processos judiciais no Brasil, o que foi tema do Valor Econômico, e, inclusive, do Presidente do Tribunal do TJ de São Paulo. Eu queria aqui agradecer a presença, também, de vários players importantes de outros estados: o Ken, que vem de Sorocaba; o Chicão, Presidente do Sindicato dos Eletricistas, que vem de São Paulo; novas lideranças, também asiáticas, como o Victor Kobayashi, que está aqui conosco e que vai participar deste grande evento. E quero dizer que esse campo acadêmico é o campo acadêmico fértil. E aqui eu quero destacar o Prof. Paulo Feuz, da PUC São Paulo. A PUC São Paulo tem participado conosco, Presidente Nelsinho, de diversos eventos na China. Desde 2013, levamos os estudantes de arbitragem internacional para Hong Kong e para Xangai para os debates acadêmicos e, no ano que vem, levaremos não só o Sudoeste, mas levaremos universidades do Nordeste e do Norte - teremos a presença também das universidades do Amazonas participando das competições internacionais. |
R | Quero aqui parabenizar também a atuação do Presidente da OAB Nacional, Dr. Beto Simonetti, que auxiliou, deu suporte para que nós pudéssemos fazer esta exposição dos 50 anos em conjunto com o Congresso Nacional. Nessa esteira, quero aqui cumprimentar o Desembargador Rui, que está aqui hoje; quero também cumprimentar um colega, um amigo, Dr. Sóstenes; Dr. Caio Lima; João Rafael, que esteve aqui conosco, discutindo temas sobre a SAF (Sociedade Anônima de Futebol); Dr. Carlos Chagas; Ronaldo, que veio de São Paulo e saiu ontem para cá para também participar deste grande evento. Enfim, eu quero cumprimentar a todos, porque esse intercâmbio que foi feito ao longo desses anos merece um motivo de celebração e comemoração. E por que isso? Porque tivemos juristas brasileiros indo não só para a Suprema Corte da China, tivemos aulas de direito chinês para os juristas brasileiros - qual é o futuro da inteligência artificial na China na perspectiva chinesa? A gente tem uma perspectiva da União Europeia, uma perspectiva dos Estados Unidos, mas qual é a perspectiva do ponto de vista legislativo da China? Essa é uma pergunta que a gente coloca para um debate, porque o futuro é a inteligência artificial, é a inovação. Além disso, eu só queria aqui dizer, Deputado Pinato, que hoje, além da celebração que você fez dos chineses, da Associação Geral - que está aqui presente: o Fábio, o André -, dessa comunidade importante, que faz parte da formação do processo histórico brasileiro, é o aniversário da minha esposa e do Felipinho, que tem três anos. (Palmas.) Então, é uma data que eu não esqueço, é uma data que o meu amigo Fausto levou e foi aprovada. Eu tenho essa gratidão, essa admiração por ele e eu quero aqui parabenizá-lo por esse trabalho que vem fazendo nessas relações Brasil-China, Pinato. (Palmas.) Sem mais delongas, eu quero agradecer a todos. Parabéns nessas relações Brasil-China. O futuro dos 50 anos, os próximos 50 anos, eu já posso contar pelo meu lado, Sabóia. Por quê? Porque um estagiário meu, que fazia estágio comigo no Instituto Brasil-China, o Alcindo - não sei se ele está aqui hoje, mas passou por aqui -, hoje compõe o time do Itamaraty. O Alcindo, aluno da USP, estudando Relações Internacionais, hoje faz parte do corpo diplomático brasileiro. É um talento, porque consegue ler mandarim, consegue falar mandarim, ele é realmente... Vai compor e vai dizer o futuro, agora, para essas relações dos próximos 50 anos. Então, aqui, eu faço um chamamento para as novas lideranças, os jovens, para que participem dessas relações internacionais, porque através dessas relações internacionais você vai abrir um leque de oportunidades em todos os ramos. Inclusive, para quem se aproximar do estudo do belt and road, que é o direito do desenvolvimento chinês, eles têm projetos de advogados podendo atuar, com um bar exam, em todas as jurisdições do belt and road, que não é uma jurisdição chinesa, é uma jurisdição compartilhada. |
R | Então, eu acho que a ideia do futuro compartilhado é neste sentido: crescer junto e ver essas novas perspectivas, evidentemente, no combate às mudanças climáticas, no combate à fome e também pensando na economia verde. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Deputado Crivella, do Rio de Janeiro. Está presente? (Pausa.) Pediu para fazer uma saudação. Com a palavra, Deputado Marcelo Crivella. O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/REPUBLICANOS - RJ. Para discursar. Sem revisão do orador.) - Senador Nelsinho Trad, Dr. Nelsinho Trad, muito obrigado pela oportunidade. Quero saudar também o Deputado Fausto Pinato, um vulto nesta Casa; e também o Deputado Daniel Almeida pelo requerimento da celebração do Dia Nacional da Imigração Chinesa e do Centenário das Relações Diplomáticas entre Brasil e China. Quero cumprimentar todas as autoridades presentes, Srs. Senadores, diplomatas de diversos países. Eu rapidamente queria dar um testemunho. Dr. Nelsinho Trad, o senhor é médico. Eu era Prefeito da cidade do Rio de Janeiro em 2019. Eu e Fausto Pinato oramos muito - oramos muito. E eu senti no coração que era preciso comprar equipamentos para os meus hospitais. Qual era a encomenda? Dois mil monitores, 800 respiradores, 27 tomógrafos, 150 carrinhos de anestesia, fora os demais. Total: 350 milhões. Caramba, vamos fazer uma licitação internacional. Por quê? Se eu comprar no Brasil, eu vou ter que pagar não só o transporte e o lucro da empresa, mas também o imposto de importação. E eu sou o Município do Rio de Janeiro. Eu comprando direto lá da China, ou da Alemanha, de onde forem feitos os equipamentos, eu não preciso pagar o imposto de importação. Conseguimos fazer com uma empresa chinesa, me permitam não citar o nome. Dr. Nelsinho Trad, era Deus. Em janeiro de 2020, quando os equipamentos estavam prontos para serem entregues, chegou a covid. O mundo inteiro precisava de quê? O mundo inteiro precisava de respirador. O mundo inteiro precisava de tomógrafos de 256 canais e 512 canais. O mundo precisava de carrinhos de anestesia, que também têm respirador. O mundo precisava de monitores. E todos me disseram: "Crivella, os chineses não vão entregar." Não vão entregar por quê? "Porque vocês compraram respiradores a US$2 mil, US$3 mil, e agora estão valendo US$20 mil. Vale muito mais. O mundo está esperando por isso. Não há equipamentos no mercado." E eu fiz questão de vir aqui a esta tribuna para dar testemunho de uma nação extraordinária que é a nação chinesa. Não só me entregaram todos os equipamentos, como muitos deles que estavam previstos para vir de navio, eles mandaram de aviões. Aviões que eu precisei do Governador de São Paulo, na época ministro, para negociar com a Holanda, porque, se pousassem na Espanha, Portugal, na Itália, ou em qualquer outro país da Europa, eles iam pegar os meus respiradores, os monitores, eles iriam pegar os meus carrinhos de anestesia, porque o mundo precisava ser intubado. |
R | Dr. Nelsinho Trad, o senhor que é médico, conhece o valor. O exame, o gold exame, para a gente saber se tinha pneumonia viral no pulmão, era com esses 27 tomógrafos que eu comprei. Era tomografia que dizia como é que estava a nossa covid. De tal maneira, Sr. Nelsinho, que eu quero parabenizar o senhor e quero parabenizar o Fausto Pinato, porque as relações Brasil e China precisam se fortalecer. As relações Brasil e China são um exemplo para o mundo e eu sou a prova disso como Prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Recebi todos os meus equipamentos, os hospitais lá são superequipados, não me cobraram um centavo a mais e, repito, coisas que eram para vir de navio, pela urgência, me mandaram de avião, sem me cobrar um tostão a mais. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Agradecemos ao Deputado Marcelo Crivella, Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, ex-Prefeito da capital fluminense. Lançamento da medalha comemorativa. Neste momento, convido o Sr. Sérgio Perini Rodrigues e o Sr. Leonardo Alves da Silva, Presidente e Superintendente do Departamento Comercial da Casa da Moeda, para conduzirem a cerimônia de descaracterização do par de cunhos originais da medalha. (Pausa.) O SR. LEONARDO ALVES DA SILVA (Sem revisão do orador.) - Senhoras e senhores, daremos continuidade ao evento com a cerimônia de lançamento da medalha comemorativa de 50 anos das relações diplomáticas Brasil-China. A arte de colecionar medalhas é uma tradição secular que transcende gerações. Com a finalidade de difundir esta arte, a Casa da Moeda do Brasil, por meio do Clube da Medalha, é responsável pela continuidade desta atividade. As medalhas produzidas pela Casa da Moeda do Brasil registram e eternizam em metais nobres elementos importantes do nosso Brasil, do nosso povo e da nossa cultura. Os 50 anos das relações diplomáticas Brasil-China fazem parte dessa história. Para marcar este importante marco, a Casa da Moeda lança uma medalha comemorativa que celebra o meio século desta parceria duradoura e do futuro promissor compartilhado entre os dois países. Criada pelas artistas da Casa da Moeda, Millie Britto e Fernanda Costa, a medalha apresenta, em seu anverso, uma composição com o universo e a marca criada para a comemoração dos 50 anos das relações diplomáticas Brasil-China em relevo positivo e em destaque no planeta Terra. No reverso, há a representação do universo e, no planeta Terra, a composição apresenta o título da emissão e a representação gráfica das bandeiras nacionais dos dois países em harmonia. |
R | Para participar do ato de descaracterização junto à Casa da Moeda do Brasil, convidamos o Exmo. Sr. Senador Nelsinho Trad, Presidente desta sessão solene, e o Exmo. Sr. Embaixador da República Popular da China no Brasil, Zhu QingQiao. (Palmas.) (Procede-se à descaracterização do par de cunhos originais da medalha.) (Palmas.) O SR. LEONARDO ALVES DA SILVA - Senhoras e senhores, este ato simbólico assegura a limitação da tiragem dessa medalha, conferindo a ela um valor especial no mercado de colecionismo. (Palmas.) Neste momento, a Casa da Moeda entrega aos membros da mesa o par de cunhos descaracterizado e um exemplar da medalha para compor o acervo da instituição. Além disso, o Sr. Senador Nelsinho Trad presenteia os membros da mesa com um exemplar da medalha. (Procede-se à entrega de medalhas aos membros da mesa.) (Palmas.) |
R | O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Passamos ao lançamento do selo comemorativo. Convidamos o Sr. Sandro Alexandre Almeida, para conduzir o lançamento. (Procede-se ao lançamento do selo alusivo aos 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China.) (Palmas.) |
R | O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco/PSD - MS) - Antes de encerrar esta solenidade, gostaria de convidar a todos que aqui se encontram para participarem da exposição Laços: Belo Brasil, Bela China, que está em cartaz no Salão Negro do Congresso Nacional, logo aqui ao lado. A exposição resume em fotos e objetos de arte 50 anos de estabelecimento das relações diplomáticas entre o Governo brasileiro e o chinês. No local, também ocorrerá uma apresentação da prestigiada Academia de Dança de Pequim, além de um bolo. Tem um bolo em alusão a 50, parece-me que são 3m de bolo, cinquenta e não sei lá o quê. Mas vamos lá! Cumprida a finalidade desta sessão, agradeço a todas as personalidades que nos honraram com suas presenças. Sob a proteção de Deus, declaro encerrada a presente sessão. Muito obrigado. (Levanta-se a sessão às 16 horas e 30 minutos.) |