3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 29 de maio de 2025
(quinta-feira)
Às 15 horas
56ª SESSÃO
(Sessão de Premiações e Condecorações)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.
A presente sessão de premiações e condecorações destina-se à entrega do Prêmio Adoção Tardia - Gesto Redobrado de Cidadania.
Compõem a mesa desta sessão o meu querido Senador do Estado da Bahia Angelo Coronel - para mim, é sempre uma alegria partilhar esta legislatura e estar nela com V. Exa.; a Deputada Soraya Santos - bem-vinda a esta Casa -; o Desembargador Salomão Resedá, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, corte que foi agraciada com o Prêmio Adoção Tardia, em 2024; a Sra. Eleusa Coronel, cofundadora do Instituto Assembleia de Carinho, na Bahia, esposa do Senador; e a Sra. Tanísia Cunha, Presidente do Instituto Assembleia de Carinho.
Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional, que será executado pela Banda de Música da Base Aérea de Brasília, regida pelo Capitão músico Paulo César Ramos Rezende.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.) (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES. Para discursar - Presidente.) - Minhas amigas, meus amigos, corações presentes nesta Casa, há momentos em que o protocolo cede espaço à emoção pura, e hoje é um desses dias. Estamos aqui, no Senado Federal, não apenas para cumprir um rito, mas também para mergulhar juntos na profundidade de uma causa que redefine o significado de família, de esperança, que é a adoção tardia.
Permitam-me perguntar: o que é o tempo para uma criança que espera? Cada edição deste prêmio é um farol que ilumina essas esperas, celebrando o milagre do encontro, a coragem de corações que se abrem para reescrever destinos, provando que o amor não conhece calendários, apenas a urgência de ser.
O Prêmio Adoção Tardia - Gesto Redobrado de Cidadania é o nosso humilde tributo a almas extraordinárias, pessoas e instituições que não apenas enxergam, mas também sentem a dor silenciosa da espera e respondem com o mais transformador dos gestos: o de acolher, com amor, filhos e filhas que já trazem na bagagem a vivência de anos, por vezes, de uma solidão que nenhuma criança deveria conhecer.
Vivemos em um Brasil de contrastes dolorosos, onde a beleza da nossa diversidade convive com a cicatriz da desigualdade. E, quando essa desigualdade lança sua sombra sobre a infância, o impacto é devastador, roubando sonhos, adiando futuros.
Os dados do Conselho Nacional de Justiça de outubro de 2024 não são meros números, são o eco de vidas em suspenso. Enquanto 4.935 crianças e adolescentes aguardavam, com o coração na mão, por uma família, mais de 94% dos 35.622 pretendentes habilitados manifestavam preferência por crianças com até oito anos. Especificamente, 32% dos pretendentes desejavam adotar crianças de dois a quatro anos. No entanto, a maioria das crianças à espera de uma família tem mais de sete anos. Essa não é apenas uma estatística, é o retrato de um desencontro que precisa ser sanado com urgência e com amor. E a concentração de pretendentes no Sudeste e Sul apenas aprofunda as feridas regionais dessa espera.
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Senhoras e senhores, essa defasagem não é apenas um descompasso. É um grito silente que ecoa nos corações das instituições, é o abismo entre o desejo de amar e a realidade daqueles que mais desesperadamente precisam desse amor.
A adoção tardia, portanto, é muito mais que uma escolha. É um ato revolucionário de amor, de justiça, de redenção. É dizer a uma criança e a um adolescente: "Eu vejo você. O tempo não te diminuiu, ele te preparou para este encontro. Seu lugar estava aqui, guardado, e agora ele é seu, para sempre". É resgatar a dignidade, é reacender a luz da esperança.
Saímos de uma pandemia que nos lembrou, da forma mais dura, da nossa fragilidade e da nossa interdependência. Famílias foram dilaceradas, a vulnerabilidade se tornou palpável. Nesses momentos, a solidariedade deixa de ser uma opção para se tornar o ar que respiramos, o alimento da nossa alma coletiva. Promover a adoção tardia é cultivar essa solidariedade em seu estado mais puro, é recusar-se a aceitar que uma infância se perca na invisibilidade.
Sabemos, e celebramos, que o Brasil tem caminhado, ainda que com passos que gostaríamos que fossem mais largos, rumo a uma cultura de acolhimento. Há mais luz sobre o tema, mais debate, mais corações se movendo, mas as sombras do desconhecimento, do receio infundado, da falta de amparo, do preconceito ainda são barreiras dolorosas para muitos.
Por isso, este prêmio é mais que uma cerimônia. É um farol potente, um grito de esperança que ecoa desta Casa para todo o Brasil. É o Senado Federal, com toda a sua voz, declarando o valor incomensurável daqueles que amam com a coragem de quem enfrenta o desconhecido por uma causa maior.
Cada um dos agraciados carrega a chama da sensibilidade que não se cala diante do abandono, mas que age, que transforma, que cura.
Que este prêmio seja, a cada ano, uma convocação apaixonada que inflama nossos corações. Que ele inspire políticas públicas que pulsem com a urgência da vida, famílias que se abram sem medo para o milagre da adoção tardia, e uma sociedade que finalmente entenda que nenhuma criança é tardia demais para ser amada.
Porque adotar é permitir que o amor floresça em sua forma mais sublime, mais corajosa, mais transformadora. É amar em dobro, é reescrever a história com as tintas da esperança.
Com o coração transbordando, muito obrigado. (Palmas.)
Neste momento, concedo a palavra ao Senador Angelo Coronel. (Pausa.)
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Quero aqui registrar, querido Senador, antes do seu pronunciamento, a presença dos alunos do ensino médio da Escola Comunitária de Campinas, em São Paulo. Bem-vindos ao Senado Federal! (Palmas.)
O SR. ANGELO CORONEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - BA. Para discursar.) - Quero cumprimentar a mesa e o nosso Presidente desta sessão, Senador Contarato, do Espírito Santo, um exemplo de Parlamentar nesta Casa. São seis anos de convivência, estamos para fechar já o sétimo. Quiçá o nosso retorno seja concebido por Deus, pelo povo do Espírito Santo e pelo povo da Bahia, para continuarmos o nosso trabalho. Contarato, além de presidir esta sessão, senhores e senhoras, também é um exemplo, porque ele tem dois filhos adotivos com quem convive e já registrou como filhos oficiais. Então, neste momento, ao iniciar a minha fala, eu gostaria de uma salva de palmas para o Senador Contarato. (Palmas.)
Quero cumprimentar a Deputada Federal, minha amiga, Soraya Santos, essa simpatia que faz com que aquela Câmara Federal sorria mais todos os dias, lá do Estado do Rio de Janeiro.
Quero cumprimentar o meu amigo, um dos incentivadores, criador da infância e da juventude, quando eu era juiz de primeiro grau, e hoje no Tribunal de Justiça da Bahia ainda labuta nesta situação que é muito delicada, a questão da infância e da juventude. Parabéns, Desembargador Salomão Resedá, pela sua atuação em defesa dessa causa. Inclusive foi agraciado, no ano passado, aqui no Senado da República. Eu gostaria de uma salva de palmas para um exemplo de homem da Justiça baiana e brasileira. (Palmas.)
Quero cumprimentar a minha esposa, Eleusa Coronel, fundadora do Instituto Assembleia de Carinho, no Estado da Bahia, que desenvolveu, na sua época, um trabalho muito profícuo na questão de apoio a desabrigados, pessoas que passavam fome, campanhas de agasalho, campanhas de convênio com vários hospitais da Bahia, para atender sempre aqueles que mais precisam. Hoje, ao lado de sua nora, minha nora também, coincidentemente, Tanísia Cunha, que recentemente assumiu a Presidência do Instituto Assembleia de Carinho, no Estado da Bahia. (Palmas.)
Eu não pedi palmas porque seria ruim para eu pedir. Ainda bem que vocês bateram.
Eu quero cumprimentar também a comitiva da Bahia que está aqui hoje prestigiando esta sessão. Cumprimento a Marinalva ali presente; a Eliana; a Cláudia; a Edilene e a Emanuela, irmãs de Eleusa. Cumprimento a Dra. Lenise; a Neuza Santos; a Fabiana; a Adélia; a Nice; a Denise; a Mariana, outra nora, casada com o Deputado Federal Diego Coronel. Quero saudar também a Cristiane Almeida; a Thalita, moradora lá do Estado do Amazonas, que fez questão de vir para esta sessão; a Neuze; a Jô, Professora da escola da Petrobras na Bahia; a Jane; a advogada Dy; a Marcia; e a Dra. Adriana, juíza do Tribunal Regional do Trabalho na Bahia, que também vieram para abrilhantar esta sessão. Elas fazem parte de dois grupos na Bahia apelidados de Juntas e Misturadas e Amigas Retrô. Eu as acho muito jovens para serem chamadas de amigas retrô. (Palmas.)
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Apesar de que, quando a gente chega à idade de calendário, o mais importante é a cabeça, o importante é o coração, e eu vejo essa comitiva da Bahia, parecendo que são adolescentes, aqui, hoje, fazendo parte desta sessão.
Eu quero também uma salva de palmas efusivas para Alexandre Caetano Rank, que é o pai adotivo de quatro crianças na Bahia. Ele é oriundo do Estado de São Paulo. (Palmas.)
Levante-se, Alexandre!
Está aqui um cabeleireiro oriundo de Campinas, no Estado de São Paulo, mas que se radicou na Bahia e, ao visitar uma criança num orfanato, resolveu adotar os quatro, que são irmãos. Então, realmente é um ato de amor muito grande e raro de se ver hoje no nosso Brasil.
Parabéns, Alexandre!
Quero cumprimentar também a Fundação Betel de Cruzeiro do Sul, uma das agraciadas nesta tarde; a Maria Bárbara Toledo Andrade e Silva; a Eliane Carlos de Oliveira; Aline; e o Senador Magno Malta, que também é um dos agraciados e que está a caminho, vindo do Espírito Santo, para chegar a tempo a esta sessão, mas parece que o avião atrasou, meu caro Senador Contarato.
Eu estava lendo ali e vou fazer um breve pronunciamento a respeito do que significa esse Prêmio Adoção Tardia 2025.
O Prêmio Adoção Tardia - Gesto Redobrado de Cidadania, instituído pelo Senado Federal em 2021, é uma iniciativa que reconhece o trabalho de pessoas e instituições que se destacam na promoção da adoção tardia, valorizando o gesto de acolher quem está fora do perfil mais procurado pela maioria das famílias substitutas.
Essa premiação é uma modesta contribuição no esforço coletivo para superar o preconceito, a intolerância e a desinformação que cercam a adoção de crianças maiores e adolescentes, incentivando a sociedade a olhar com mais sensibilidade e compromisso para essa causa.
Proporcionar a convivência familiar a crianças e adolescentes que passaram por abandono e institucionalização é oferecer-lhes a oportunidade de construir laços afetivos, identidade e pertencimento, elementos essenciais para seu desenvolvimento emocional e psicológico saudável. A institucionalização prolongada pode causar danos profundos, e a adoção tardia surge como um caminho para romper este ciclo de exclusão.
Segundo dados do painel de acompanhamento do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), mantido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há, hoje, no Brasil, cerca de 5,2 mil crianças e adolescentes disponíveis para adoção. Na outra ponta, há mais de 30 mil pessoas inscritas nos programas de adoção à espera da oportunidade de encontrar um novo filho ou uma nova filha. Com tantas pessoas querendo adotar, por que o saldo de crianças disponíveis não é zero? Boa pergunta.
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A resposta a essa questão é conhecida: a maioria dos pretendentes só aceita um perfil específico de criança, que seja branca, do gênero feminino e de até quatro anos de idade, sem irmãos, sem doenças crônicas e sem deficiência - só queriam adotar um. E o nosso Rank, paulista e baiano, fez o inverso: quando foi adotar uma, resolveu levar os três para casa. É o amor quadruplicado. Parabéns, Rank.
Diante desse quadro, cresce, ano após ano, a importância da adoção tardia como a nossa principal arma contra essa realidade. Crianças, com mais de três anos de idade, grupos de irmãos, crianças com deficiência, doenças crônicas ou necessidades específicas de saúde representam uma parcela significativa das crianças disponíveis para adoção no país, mas são as que menos atraem pretendentes. É um quadro alimentado pelo preconceito, pela intolerância e pela desinformação.
Nos últimos anos, Senador Contarato, felizmente, tem havido um movimento, Desembargador Resedá, crescente de conscientização e mobilização por parte do poder público, do Judiciário e de organizações da sociedade para mudar esta realidade. O CNJ, Eleusa, por exemplo, tem desenvolvido ferramentas como a busca ativa no SNA e campanhas de sensibilização como #AdotarÉAmor, que alcança, Tanísia, milhões de pessoas e ajuda a desmistificar a adoção tardia.
Os agraciados deste ano, como eu já citei, Alexandre Caetano Rank, Aline Sanchez Carlos, Eliane Carlos de Oliveira, Fundação Betel, de Cruzeiro do Sul, no Acre, Maria Bárbara Toledo Andrade e Silva e o Senador Magno Malta, unem-se a estes esforços e merecem nossos maiores efusivos parabéns por suas contribuições em prol da adoção tardia no Brasil.
Adotar tardiamente, meus caros senhores e senhoras, é um gesto redobrado de amor, é amor temperado com cidadania, justiça social e a defesa do direito mais fundamental de toda criança e todo adolescente: o direito de crescer em um ambiente familiar, acolhedor e amoroso.
Esta edição do Prêmio Adoção Tardia, Senador Presidente Contarato, inspira o Brasil a olhar para a adoção tardia com mais empatia, conhecimento e engajamento, reconhecendo nela, caro povo brasileiro, uma oportunidade transformadora de vida e um verdadeiro ato de cidadania.
Obrigado pela presença dos senhores e das senhoras. Parabéns aos agraciados na pessoa de Alexandre. E obrigado a esta Mesa Diretora, que veio realmente abrilhantar esta tarde, e ao nosso Senador, exemplo do Espírito Santo, Contarato, que preside tão bem esta sessão e é um exemplo de homem que adotou também crianças desamparadas.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Antes de conceder a palavra, eu queria fazer um registro de presença.
Representando o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Sr. Coordenador de Apoio ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, o Sr. Helio Andrade Veneroso Castro - bem-vindo -; representando o Governador do Estado de Tocantins, a Sra. Chefe de Gabinete da Secretaria Extraordinária de Representação do Estado de Tocantins em Brasília, Maria Roberta de Castro Silva - bem-vinda -; a Secretária Executiva da Comissão Distrital Judiciária de Adoção do Distrito Federal, Sra. Marisa Maria Moraes Muniz Verri; a Secretária Municipal da Mulher da Prefeitura de Niterói, Sra. Thaiana Ivia Pereira; e a Segunda Secretária da República do Paraguai, Sra. Analía Burgos.
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Bem-vindos e bem-vindas.
Neste momento, concedo a palavra à Deputada Federal Soraya Santos para sua manifestação.
A SRA. SORAYA SANTOS (Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas.
Contarato, nosso Senador querido, que preside essa mesa, o Senador Carlos Portinho não tem ideia do que fez ao me pedir para representá-lo nesta cerimônia. Não conhecia sua história, inclusive, de adoção; conhecia sua trajetória como homem público. É muito importante a gente entender que tem que haver ressonância entre aquilo que a gente defende e aquilo que a gente faz. E isso é um traço que as pessoas precisam reconhecer. Por isso, eu começo cumprimentando a mesa, obviamente, na sua pessoa, que preside esta sessão, mas registrando, como uma mulher que entende muito bem um homem fake news, que fala uma coisa e pratica outro, ou um homem de verdade, que coloca nas suas ações aquilo que acredita.
Falar desse Senador querido - eu fico brincando, Diego Coronel, mas não, é Angelo Coronel... Quero falar, Eleusa, que você tem uma família maravilhosa. Quero cumprimentar vocês dois. Que casal incrível! E eu tenho o prazer de conviver com o seu filho. Eu sempre brinco com ele que a cepa é boa. A cepa é boa pelo caráter. A gente vê isso nos filhos. Eu nunca vi pé de maçã gerar pera.
E à Mariana - eu sei que está aqui; eu não sei qual delas é a Mariana - eu quero dizer que ele é um grande apoiador da nossa Bancada Feminina. Quero fazer esse registro público. E todas as vezes - quero que você saiba - em que ele ameaça discordar de um tema, eu digo: "Eu vou ligar para a sua mulher". Porque a gente faz assim: quando eles não querem entender a nossa causa, gente, não tem ninguém melhor do que a mulher para ficar no ouvido e ficar perturbando.
Eleusa, é um prazer enorme estar também nesta cerimônia com você, sabendo do seu trabalho em favor dos menos assistidos.
E agora passo o bastão para sua nora, porque eu tenho certeza de que, na linha do que a gente vê reproduzido na família... E a gente tem que entender que a família é a base da sociedade, dos valores da sociedade, é a célula que se multiplica, porque só tem três pilares pelos quais a gente não desiste de uma criança: é a família, a educação e a igreja, porque ela trata de moldar caráter, trazer para si.
Quero cumprimentar com muita alegria o Desembargador Salomão, por saber do seu trabalho na infância, porque quem está na ponta não quer saber se é Executivo, Legislativo ou Judiciário; ele quer que essa tutela chegue.
Senador Contarato, quando eu fui Primeira-Secretária da Câmara - tive essa oportunidade -, a primeira coisa que eu fiz nos contratos foi garantir 5% na vaga dos estagiários para as crianças que não tinham sido adotadas, porque essas crianças não estão no sinal, elas não perturbam vendendo uma balinha, mas esse estágio é mais do que necessário, porque, de 14 a 18 anos, quando o adolescente sai dali, para onde ele vai? E é uma grande oportunidade de acolher.
Eu quero falar dos agraciados, das pessoas que fazem, praticam, Senador Magno Malta, que se faz presente, um grande homenageado, querido amigo, que nós, pais e mães...
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E eu pergunto a você, Eleusa... Duvido que você ou qualquer mãe pense diferente: quando a gente gera um filho, a gente não pergunta para Deus, Bárbara, qual vai ser o destino dele, o que ele vai enfrentar. Pai e mãe geram um filho apostando no amor, acreditando na fé, no seu papel na vida. Aquele filho que foi concedido, eles não perguntam se ele vai sofrer um acidente, se ele vai ter uma doença rara, mas o pai e a mãe têm uma força interior para conduzir essa criança como missão de vida.
Eu tinha uma vizinha que tinha adotado uma criança que tinha a mesma idade da minha filha caçula - quero deixar também este testemunho -, e, um dia, a minha filha de três anos chega em casa chorando: "Mãe, a mãe da Bianca ama mais ela do que eu". Eu falei: "Como assim, Priscila?", ela chorava, inconformada: "Porque ela disse que você me recebeu, mas ela que adotou, ela que escolheu". E a minha filha tinha ciúme, achando que o amor de um pai ou de uma mãe adotivos era muito maior do que o daquela que não tinha escolhido, à qual Deus mandou.
Vejam o pensamento das crianças, vejam o sentimento de transformação de uma criança adotada, e bem adotada. A autoestima dela era tanta que ela desafiava as crianças da rua, dizendo: "A minha mãe me escolheu".
Falar da adoção tardia, meu Deus... Tudo já foi dito aqui, mas é o mesmo critério: não adianta só esperarmos numa faixa etária menor, o destino de cada um está traçado, e a gente tem que ser arrimo, tem que ter crença nisso. Não separar as famílias... Parabéns, Alexandre, não se separa a família porque já é tão doído.
Adotar tardiamente, conscientizar do papel transformador... Porque o amor doação, podem crer, só vem através do amor materno e paterno. O resto a gente escolhe: a gente escolhe marido, a gente escolhe amigo, a gente escolhe, mas o filho que vem para você ou que você adota, este te transforma: é aquele que faz você deixar de comer uma coisa que ele pode querer comer. Esse é o verdadeiro amor doação.
E é com esse sentimento que eu quero cumprimentar todos os agraciados. Cada um de vocês tem uma história, e como disse o Senador Contarato, essa história vai inspirar e iluminar tantas outras pessoas que, muitas vezes, têm medo de adotar tardiamente, mas o medo faz parte da vida, porque corajoso não é aquele que tem medo, corajoso é aquele que enfrenta o medo e coloca suas crenças naquilo a que se propõe.
Vocês estão sendo agraciados na Câmara Alta do Congresso, no Senado Federal. Esse prêmio já traz uma marca.
Eu vou me permitir falar um pouquinho da minha agraciada, Contarato, porque este é o momento de fala e não vou poder falar depois. Eu queria falar da Bárbara Toledo, porque o Senador Portinho só não está aqui, Bárbara, porque ele vai se casar e este foi um motivo de causa maior, e nenhuma mulher quer que a mulher do outro fique zangada, então a gente tem que ter parceria. Por isso, ele me permitiu estar aqui, no seu local de fala, falando do seu trabalho.
A Bárbara, Senador Contarato, tem um trabalho em um instituto há 25 anos. O trabalho dela não é simplesmente de adotar, não; o trabalho dela é de fazer aproximação, lincar famílias, fazer a busca ativa. Ela foi a primeira mulher que eu vi, no Estado do Rio de Janeiro, a já falar em busca ativa, para juntar as famílias. Ela, que é cofundadora do Quintal de Ana, também se preparou. Eu vou falar um pouquinho do currículo da Bárbara, para vocês verem o quanto ela se preparou para estar ocupando esse espaço, porque não é um espaço qualquer. É como se eu quisesse ser voluntária de um hospital e não estivesse preparada. Eu preciso me preparar para ser voluntária de hospital.
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A Bárbara tem mestrado em Direito da Criança, Família e Sucessões, lá na Universidade do Minho em Portugal; mestrado em Direito Privado; a Bárbara tem atuação social e institucional - o currículo dela é vastíssimo -; atuou na Secretaria de Assistência Social. Todo o percurso dela foi sendo testada, a partir do seu trabalho ao longo dos 25 anos. Escreveu livros falando dessas experiências; fez palestras, indo inspirar, com exemplos vivos, tudo o que aconteceu na vida daquelas pessoas que tiveram coragem de adotar - o desafio, os exemplos -, inspirando.
Hoje, o CNJ, meu amigo querido, está discutindo a busca ativa - vai sair regulamentação do CNJ -, mas a Bárbara já fazia isso há anos no Estado do Rio de Janeiro, porque nós precisamos buscar as famílias, nos aproximar, trazer isso como exemplo.
Eu tive uma felicidade enorme... Eu já não a via há anos - eu não via a Bárbara há anos, porque Brasília faz isso com a gente, a gente fica para lá e para cá -, mas quando o Portinho me falou de um trabalho... Professor, eu tenho certeza de que nesse tema você conhece, porque ele conhece a minha luta também pela adoção, eu falei: "Com certeza eu tenho". Eu não tive dúvida nenhuma, Bárbara, de indicar o seu nome e testemunhar o seu trabalho. É um orgulho para todo o Estado do Rio de Janeiro, em especial para Niterói, que tenha uma mulher com o seu perfil, que já uniu tantas famílias, que já foi responsável por tantas adoções, que trabalhou com as instituições, com os operadores de direito, tirando obstáculo, facilitando, porque, quando o operador de direito se coloca de verdade na causa, a gente tem que fazer essa transformação, porque nós temos que trabalhar em parceria. Os órgãos são independentes entre si, mas é a interdependência que gera resultado saudável.
Queria aqui, além de cumprimentar os agraciados, cumprimentar as pessoas que se deslocaram dos seus estados para prestigiar os homenageados. Quero fazer o registro não só da nossa cidade de Niterói, mas fazer o registro da Adriana. Adriana Hope é aquela mocinha lourinha que está ali. Senador Angelo Coronel, essa mulher representa a dor das mães de Haia, aquelas mulheres que sofrem violência doméstica e que quando chegam aqui no Brasil, são arrancados os seus filhos, e vão para fora quando a pátria mãe deveria acolhê-los.
Eu tive a oportunidade de ajuizar, e a gente foi fazer sustentação oral no Supremo, arguindo não a inconstitucionalidade da lei, mas arguindo a inconstitucionalidade da aplicação da lei, porque a pátria tem que acolher aquela mãe que aqui pisa, ela tem que ter protocolo, porque nem todo país tem protocolo de violência, e nós temos muito orgulho da legislação, do arcabouço legislativo em defesa.
Esse julgamento vai se dar na semana que vem, e eu não tenho dúvida nenhuma, Adriana, de que nós vamos vencer essa etapa. A brasileira quando bota o pé aqui tem que ser acolhida e o Estado não será algoz da dor das mães que choram, porque os seus filhos têm que ficar aqui.
E eu quero falar, neste momento, de cada um de vocês. Eu vou citar nominalmente. Vocês veem que o meu Senador Angelo Coronel é todo didático e eu sou toda de improviso.
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Fundação Betel, de Cruzeiro do Sul. Cadê? Deixe-me ver. Parabéns! Vinda do Acre. Salva de palmas para ela, gente. Ninguém chegou aqui à toa. (Palmas.)
A minha Bárbara querida, Bárbara Toledo. Levante assim a mão para saberem quem é.
Bárbara, continue firme, determinada. (Palmas.)
Senador Magno Malta, que acaba de chegar. Ele dispensa apresentação, um homem absolutamente combativo, sempre em defesa das crianças. Ele é um exemplo de vida para todos nós. (Palmas.)
Alexandre, que acabei de citar, pela adoção, parabéns! (Palmas.)
Eliane Carlos de Oliveira.
Que coisa linda, Eliane, você poder estar representando a entidade. (Palmas.)
E Aline Sanchez.
Oh, meu Deus do céu, palmas para cada um de vocês. (Palmas.)
Eu vou conhecer a história de cada um das senhoras e dos senhores, mas eu quero dizer que ninguém chegou aqui à toa. Quem chegou aqui já suou muito, já enfrentou muitos obstáculos e já fez muita entrega.
Então, mais uma vez, Senador Contarato, agradeço a oportunidade de estar compondo a mesa ao lado de vocês. É um orgulho para mim.
E, volto a dizer que - embora seja uma indicação do meu amigo querido, o Senador Portinho, porque esta é a Casa dele - eu amei que ele estivesse casando nesta data para poder estar aqui falando da adoção, que é um tema que mexe muito comigo. Porque nós, mulheres, não sabemos a história dos nossos filhos, nem os homens também, mas se há amor, há transformação, seja de quem adota, seja de quem pare. Há transformação.
A história de amor começa a partir da criança. Nós temos, sim, que olhar pelas crianças que não foram adotadas. Está aí a neurociência mostrando a importância das sinapses cerebrais na formação de uma criança. A sociedade não pode fechar os olhos porque a gente está vivendo numa sociedade em que cada vez se tem mais acesso, mas em que a gente se sente tão sozinha. A gente tem que se aproximar. A neurociência mostra a importância desse vínculo emocional das crianças. Essa faixa que compõe a idade de zero a três e que depois reabre, de 11 a 12, não pode ser perdida. São os nossos filhos, são os nossos irmãos.
(Soa a campainha.)
A SRA. SORAYA SANTOS - Parabéns!
Mais uma vez, eu cumprimento cada um de vocês e é uma honra estar compondo, neste momento, esse prêmio.
Muito obrigada. (Palmas.)
Ah, eu queria só fazer uma frase que eu até anotei, porque eu não sei fazer nada lendo, eu sei fazer aquilo que eu sinto e que conheço.
Eu queria deixar registrado, Senador Contarato, que esse reconhecimento para cada um de vocês, neste momento, não representa só o trabalho de uma instituição. Esse prêmio é uma homenagem à esperança, à justiça social e ao direito de cada criança viver cercada de carinho e afeto.
O Instituto Quintal de Ana, portanto, neste momento, nos representa, lá no Estado do Rio de Janeiro, na nossa Niterói, e cada um de vocês representa aqui esse farol de esperança, de carinho e de transformação.
Agora sim, muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Muito obrigado, Deputada.
Passaremos agora à entrega do diploma aos agraciados e aos representantes das instituições laureadas.
Neste momento, anuncio que a Fundação Betel, de Cruzeiro do Sul, Acre, que será laureada com o Prêmio Adoção Tardia.
Criada em 2004 por Milca Oliveira dos Santos, a Fundação Betel é uma entidade sem fins lucrativos que oferece acolhimento gratuito e contínuo a crianças e adolescentes em situação de risco no Vale do Juruá. Com o serviço de acolhimento, a Betel já atendeu mais de 3,5 mil jovens e viabilizou 51 adoções, sendo 20 delas tardias. Ela é uma instituição de referência e a única na região que presta esse tipo de serviço de proteção integral a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
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Assim, convido a Deputada Soraya Santos para proceder à entrega do diploma à Fundação Betel, de Cruzeiro do Sul, Acre, representada nesta ocasião pela Sra. Milca Oliveira dos Santos.
(Procede-se à entrega do Diploma do Mérito Adoção Tardia à Sra. Milca Oliveira dos Santos, representante da Fundação Betel.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Concedo a palavra à Sra. Milca Oliveira dos Santos, por três minutos, para sua manifestação.
A SRA. MILCA OLIVEIRA DOS SANTOS (Para discursar.) - Cumprimentamos neste momento o Exmo. Senador Fabiano Contarato, Presidente desta sessão, autoridades presentes, o Senador Alan Rick, proponente desta homenagem, que não está presente por motivo de força maior, mas nós o cumprimentamos, membros do Senado Federal, senhoras e senhores, representantes da sociedade civil, parceiros, amigos, colaboradores que estão neste momento também assistindo a esta sessão pela TV Senado, é com sentimento de gratidão a Deus e profundo senso de responsabilidade que hoje representamos a Fundação Betel neste momento tão especial.
Receber esta homenagem no Senado Federal, por indicação do Senador Alan Rick, na 4ª edição do Prêmio Adoção Tardia - Gesto Redobrado de Cidadania, é sem dúvida uma honra que nos emociona e que nos fortalece.
Esta homenagem não é apenas para a Fundação Betel. Ela é dedicada a cada criança e adolescente que carrega em si o sonho de pertencer, de ter um lar, de ser chamado de filho e de filha. Ela representa cada uma das 48 famílias que adotaram 51 crianças acolhidas na Fundação Betel no decorrer de 20 anos, sendo que 20 dessas crianças foram adotadas pela adoção tardia, e acreditaram que nunca é tarde para amar, para acolher, para se construir uma nova história.
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A adoção tardia...
(Soa a campainha.)
A SRA. MILCA OLIVEIRA DOS SANTOS - ... é muito mais do que um ato jurídico. Ela é um gesto de amor, de coragem, de fé em Deus, o Criador da vida. É olhar para uma criança, para um adolescente e dizer: "Eu escolho você. Você pertence à minha vida. Você é meu filho, você é minha filha".
Nossos agradecimentos especiais ao nosso Senador Alan Rick, do Acre, que tem sido um verdadeiro aliado nesta causa e que, há dez anos, tem apoiado a Fundação Betel, na estruturação, na manutenção, através das emendas parlamentares e de sua presença na instituição quando está no Acre. Essa indicação de reconhecimento nacional nos proporciona fortalecimento, consolidação e ânimo para continuarmos neste desafio de cuidar de vidas...
(Soa a campainha.)
A SRA. MILCA OLIVEIRA DOS SANTOS - ... de oferecer um novo futuro para as nossas crianças, que se encontram com todos os seus direitos violados. Que seu gesto inspire mais pessoas, mais corações e mais lares a se abrirem para essa linda possibilidade de transformação.
Dedicamos esta homenagem a Deus, à minha família, à Tânia Ramalho, coordenadora hoje do nosso abrigo institucional e que, há 20 anos, tem dedicado a sua vida, juntamente com mais 20 colaboradores, que têm doado a sua vida, 24 horas por dia, em favor das nossas 60 crianças hoje acolhidas na instituição Fundação Betel.
Dedicamos também a Deus e a todos os amigos e colaboradores; ao Poder Executivo Municipal de Cruzeiro do Sul, através do nosso Prefeito Zequinha Lima, apoiador desta causa; ao sistema de garantia de direitos, à rede de proteção das...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
A SRA. MILCA OLIVEIRA DOS SANTOS - ... que viabilizam, que mobilizam e que seguem todos os trâmites para salvar nossas crianças, para livrar as nossas crianças da pedofilia, dos maus-tratos, do abandono e de tantos outros direitos violados.
Nós agradecemos ao Juizado da Infância pela celeridade também nos processos de adoção das nossas crianças; ao Ministério Público, grande parceiro; ao Conselho Tutelar; ao Creas; ao CMDCA; à Delegacia Especializada da Infância e Adolescência. São esses agentes que têm trabalhado em rede, juntamente com a Fundação Betel, para garantir o direito das nossas crianças em uma cidade de cem mil habitantes, mas que tem tantas violações dos direitos de crianças e adolescentes.
Eu, como fundadora dessa instituição, em 2003, quando fui a primeira Conselheira Tutelar de Cruzeiro do Sul, ali nós resolvemos abraçar...
(Soa a campainha.)
A SRA. MILCA OLIVEIRA DOS SANTOS - ... esta causa como uma missão de vida, porque, em 2003, Cruzeiro do Sul não tinha uma política que atendesse crianças e adolescentes vítimas de violência.
E, desde então, nós temos dedicado ali a nossa vida. E são muitas as crianças que passaram...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
A SRA. MILCA OLIVEIRA DOS SANTOS - ... elas têm uma nova vida. Muitas saem para adoção; outras, com um trabalho intenso com as suas famílias, voltam ao convívio familiar, comunitário e social.
Então, que essa conquista seja uma semente de esperança, mostrando que, sim, o amor pode mudar o mundo - uma criança, uma família, uma história de cada vez. Nunca é tarde para amar, nunca é tarde para ser uma família.
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Eu quero deixar aqui e concluir esse breve discurso citando a Bíblia Sagrada, a palavra de Deus, em Tiago 3:18, que diz: "O fruto da Justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz".
De coração, nossa eterna gratidão. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Com imensa satisfação, comunico a premiação da Sra. Maria Bárbara Toledo Andrade e Silva.
Maria Bárbara é fundadora do Instituto Quintal de Ana, uma associação civil sem fins lucrativos, de caráter beneficente, educacional, cultural e de assistência social, que atua há 25 anos com a missão de garantir o direito de cada criança e adolescente de viver em família. (Palmas.)
Neste momento, por indicação do Senador Carlos Portinho, convido a Deputada Soraya Santos para proceder à entrega do diploma à Sra. Maria Bárbara Toledo Andrade e Silva.
(Procede-se entrega do Diploma do Mérito Adoção Tardia à Sra. Maria Bárbara Toledo Andrade e Silva, representante do Instituto Quintal de Ana.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Eu vou ter que fazer um papel aqui um tanto quanto não muito simpático, mas tanto eu como o Senador Angelo Coronel... E eu quero aqui registrar a presença e minha alegria com o agraciado Senador Magno Malta, do meu Estado também. Como nós temos que... Tem voos e tem outros compromissos, que possamos tentar, dentro do possível, cumprir o prazo para que todos possam ter oportunidade de se manifestar, porque esse não é um prazo que eu coloquei, é um prazo regimental, por favor.
Concedo a palavra à Sra. Maria Bárbara Toledo Andrade e Silva, por três minutos.
A SRA. MARIA BÁRBARA TOLEDO ANDRADE E SILVA (Para discursar.) - Boa tarde a todas as pessoas aqui presentes nesta sessão solene, especialmente à Mesa. Na pessoa do Senador Fabiano Contarato, saúdo toda a Mesa.
Faço aqui o meu agradecimento ao Senador Portinho e à Deputada Soraya Santos, que levaram o trabalho do Quintal de Ana ao conhecimento, para essa escolha e esse prêmio. Muito obrigada!
Eu vou ser aqui muito objetiva, embora sejam 25 anos de luta pelo direito de toda criança a viver em família, uma luta que eu compartilho aqui com tantas pessoas que estão nesta sala.
Quero começar pela minha família, representada por Milena e Rafael; a minha igreja, através do meu irmão de fé Rubens, que representa a Comissão Vida e Família da Pastoral Familiar da CNBB; a minha cidade, com orgulho de ter, da Secretaria da Mulher, a Thay aqui conosco, representando a minha cidade; a minha carreira, o Colégio Notarial do Brasil, representado pela Ediane, sua Presidente da sessão Rio de Janeiro; e os grupos de apoio à adoção, aqui representados pelo Hugo, a nossa Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção. E nós temos uma outra agraciada, que é a Lilica, nossa querida Lilica, a Eliane, que também é de grupo de apoio à adoção.
São 25 anos de luta, portanto mais de duas décadas lutando pelo direito de toda criança a viver em família, especialmente através das adoções necessárias. Quais são as adoções necessárias? As adoções de crianças negras, as adoções de crianças mais velhas, de grupos de irmãos e de crianças com deficiência.
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Nós, grupos de apoio à adoção, vamos em cima desses pretendentes...
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA BÁRBARA TOLEDO ANDRADE E SILVA - ...justamente para levar essa boa nova, a boa nova de que toda criança merece uma família e que essas crianças são passíveis de serem amadas, cuidadas e transformadas.
Nós, pais, temos que entender que nós cumprimos uma missão nesta vida, uma missão de formar um cidadão, uma pessoa feliz, uma pessoa solidária e fraterna. Então, os desafios da adoção tardia não são pequenos; das adoções de grupos de irmãos também não são pequenos; da criança com deficiência também não são pequenos. Mas, por isso nós trabalhamos também não só com esse incentivo à adoção, mas com o apoio ao pós-adoção. Nós temos que cuidar das famílias que já adotaram, porque as adoções têm que ser para sempre, uma família é para sempre...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
A SRA. MARIA BÁRBARA TOLEDO ANDRADE E SILVA - Neste momento eu me despeço (Fora do microfone.) mas não posso deixar de agradecer aqui e dizer da honra de receber esse prêmio ao lado do Senador Magno Malta, que foi nosso parceiro, parceiro para fazer valer a Lei 12.010, de 2009, fazê-la ser promulgada e transformar o Estatuto da Criança e do Adolescente, que tinha um detalhe fundamental que atrasava o destino das crianças: a medida de abrigamento provisória e temporária. O que é temporário para um não é temporário e nem provisório para o outro, e isso atrasava.
Já houve outras alterações no ECA. Nós temos uma legislação excelente, mas precisa, Desembargador Resedá, que o nosso Poder Judiciário, o nosso Ministério Público e o nosso Executivo cumpram os prazos que estão na lei, no estatuto da criança. Se esses prazos forem cumpridos...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.) (Palmas.)
A SRA. MARIA BÁRBARA TOLEDO ANDRADE E SILVA - ... poderemos ter mais pretendentes desejosos de adotar essas crianças.
Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Neste momento, anuncio, com alegria, que o Senador Magno Malta será agraciado.
Senador da República em seu terceiro mandato, Magno Malta é pai adotivo, Parlamentar envolvido em projetos de lei e outras matérias legislativas relacionadas a processos de adoção e proteção das famílias.
Neste momento, convido a Sra. Eleusa Coronel e o Senador Angelo Coronel para procederem à entrega do diploma ao Senador Magno Malta.
(Procede-se à entrega do Diploma do Mérito Adoção Tardia ao Senador Magno Malta.) (Palmas.) (Pausa.)
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O SR. ANGELO CORONEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - BA. Pela ordem.) - Presidente, senhores e senhoras, pela ordem aqui. Senador Magno Malta, eu quero registrar que V. Exa., apesar de ser Senador pelo Espírito Santo, é baiano da cidade de Macarani, lá no sudoeste da Bahia. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Feito o registro, concedo a palavra ao querido Senador Magno Malta.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Para discursar.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Contarato, e Angelo Coronel, na verdade, eu nasci na Bahia, somos conterrâneos. A Bahia me pariu e o Espírito Santo ajudou a me criar. Eu fui adotado, não é? Estou na condição de adotivo hoje aqui na tribuna. E fui bem adotado por um povo que me amou, que cuidou de mim e me deu todas as oportunidades para que eu chegasse aonde eu cheguei.
Embora meu primeiro palanque fosse em Itapetinga, na Praça Dairy Walley, na campanha do Dr. Evandro Andrade para Prefeito - eu só tinha 13 anos de idade -, Deus me deu a graça de virar o processo eleitoral, porque era o Evandro Andrade que deveria ter sido o Prefeito de fato daquela ocasião.
Estou feliz e tenho dito por aí que este é um momento para mim muito emocional, apesar de ter disposição para a luta sempre. As pessoas me olham e acham sempre que estão olhando para uma muralha, mas as pessoas não sabem quem eu sou por dentro. Este momento para mim é muito emocional. A luta da vida, a luta da criança... Aliás, a nossa luta pelo nascituro. Estamos aqui porque nascemos, embora tenha gente que não goste disso, de quem tenha nascido e luta para que outros não nasçam. Eu nasci. Mas depois de conhecer Deus, a maior e mais forte de todas as experiências é adotar. Eu tenho dito que as pessoas que adotaram são aquelas que descobriram que o coração tem útero. E a adoção é a única chance que um homem tem de dar à luz.
O Brasil é um país miscigenado.
(Soa a campainha.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Eu tenho dois filhos adotivos. Se fosse contar a minha história tirando pessoas da rua, eu teria centenas de milhares de filhos adotivos, desde adolescentes até adultos alcoólatras, porque essa tem sido a minha vida, a minha luta. Mas eu tenho especialmente a minha filha Jaisliny.
Eu havia pedido à minha assessoria que me desse um pouco mais para que os senhores pudessem acompanhar, pois o meu tempo é curto e eu não tenho a capacidade de síntese. Isso me falta. Esse era o detalhe que eu queria ter na minha vida, mas eu não tenho. Assim, é muito difícil para mim. As pessoas falam três minutos, e para mim estão falando em zero: você está começando, não é?
Eu tenho uma história atípica com meu filho adotivo, que tem síndrome de Down, e com a minha filha. Eu vou tentar mostrar.
Eu adotei essa criança chamada Jaisliny. Se a câmera puder mostrar aqui, eu vou mostrar aos senhores.
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Essa criança nós recebemos de Deus, um presente para receber no abrigo chamado Lar Batista, no Município da Serra. Só que essa criança tinha mais três irmãs. É um país miscigenado e vocês percebem que elas são negras.
Essa é a minha filha, fez 23 anos, acabou de se formar em psicologia, Dra. Jaisliny. Essa é Jajá, a irmãzinha dela, e essas aqui são todas elas em volta de mim.
Acontece que essas quatro crianças já tinham sido vendidas por um juiz do meu estado para um casal de pedófilos italianos, mas quando Deus colocou essa criança em nosso coração, ela já estava vendida. E foi um problema porque o juiz não tinha como entregar as quatro. Os italianos já estavam no Espírito Santo, num hotel, para ter um convívio de 30 dias. Essa conversa fiada quando um juiz é desonesto e participa de quadrilhas que vendem as nossas crianças, mas apareceu um entrave, entrou um cisco no olho dele. Ele não queria deixar que a criança fosse à nossa casa passar um final de semana, colocou um juiz substituto para poder negar, Senadores. Em seguida, ele mesmo negou.
Começou o recesso, eu ia à Natal, no Rio Grande do Norte, e pedi para que a criança fosse com a gente. A resposta do juiz substituto foi: "Essa prática é velha. Todo final de ano acontece isso, não fazem nunca nada e no final quer dar um pouquinho de bala, fazer um gracejo com a criança". Essa foi a resposta.
Eu fui ao tribunal, Senador Contarato, falar com o Presidente do Tribunal. Ele disse: "Eu estou saindo hoje, quem vai assumir é o Dr. Adalto, vai tomar posse em meu lugar". Eu fui ao Dr. Adalto. Ele disse: "Eu tomo posse hoje à noite e será o meu primeiro ato despachar isso aí, vou atrás". E ele foi, despachou, a criança viajou.
Imaginem 30 dias depois você ter um filho e ter que devolvê-lo. Ele chora sem querer ser devolvido e você chora no portão porque o juiz diz que não. A lei é ruim, o juiz é pior! Ele estava contrariado, as outras crianças estavam no hotel já. Mas o Dr. Adalto, depois de muita luta, assistente social indo à minha casa, perguntando quantos metros quadrados iria ter o quarto da criança. "A criança mora num abrigo, moça, não estou lhe entendendo". "Qual vai ser o tamanho do guarda-roupa dela?". "Não estou lhe entendendo...
(Soa a campainha.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - ... ela não tem um guarda-roupa no abrigo!". "Qual o espaço para ela correr? Ela terá bicicleta?". "Eu não estou lhe entendendo, ela mora num abrigo".
E é assim que acontece.
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São essas dificuldades que são colocadas, num país que ainda tem fila privilegiando o adulto, e a criança é só um objeto.
Acontece que essas três foram, e a minha ficou.
Há dois anos, um menino que não está aqui, chamado Jaison, encontrou Jaisliny pelo direct. Mas eles não falam português, eles falam italiano.
Essa aqui, Jajá, saltou de um quarto andar depois de ser abusada de forma vil pela mulher, pela mãe, pelo pai, esses desgraçados que nunca foram mãe e pai. E ela se arrebentou, tem problemas cognitivos, quebrou as pernas, quebrou os braços. Essa menina vive num abrigo na Itália.
Essa aqui, a mais velha, vive no hospital de louco na Itália. Um juiz do Espírito Santo! E o menino vive perambulando pelas ruas da Itália, lutando contra o alcoolismo.
Eles encontraram minha filha, e eu quero dizer uma coisa, eu tenho outras coisas para falar. O tempo é curto, de verdade, mas é questão de honra para mim: essas meninas são filhas deste chão. Elas são filhas desta pátria. Elas são filhas desta terra. Nós, as autoridades...
Essas foram levadas para o abuso. O casal foi preso, cumpriu quatro anos. Já está na rua novamente, certamente indo a outros lugares, pegando outras crianças para abusar.
E essas crianças, com a vida destruída, com o estado psicológico destruído, com a moral destruída, vivendo abrigadas. Saíram de um abrigo para ir para o abuso e voltaram para um abrigo de pessoas com comorbidades.
Antes de o Presidente Davi Alcolumbre assumir, eu vim a esta tribuna e pedi que uma Comissão fosse criada. E eu quero fazer uma denúncia para o mundo, para o Brasil, porque esse fato vai trazer à luz outros que são piores, de crianças que são vendidas, e ninguém sabe mais delas, porque elas foram desmontadas, porque elas foram vendidas para tirarem o rim, tirarem as córneas, tirarem o fígado. Elas foram desmontadas como ferro velho!
E o abuso e a violência contra a criança? Nós precisamos ter uma atividade em que o poder público fiscalize! Nós temos abrigos onde as crianças não são abrigadas, porque os donos dos abrigos querem viver do abrigo. E fazem vida, e trocam de carro, e compram apartamento com aquilo que é donativo que vem para o abrigo. É o meio de vida. E há outros que abusam das crianças!
E a criança com adoção tardia começa a ter um drama psicológico muito forte
ao ver a outra indo embora, e ela começa a achar "poxa, é porque eu sou feia; ninguém me adota porque eu estou com os dentinhos podre; ninguém me adota, eu não sei por quê; ninguém me adota". E vai embora, e aquilo fica. Ela dorme com aquilo. Aí, ela chega aos 16 anos - e muitas nem chegam, saltam o muro e vão embora ser avião do tráfico; outras saltam o muro, vão embora usar crack pelo meio da rua e se prostituírem porque o poder público é falho. Chega aos 16 anos, mas a lei diz: "Se tu fizeres 18 aqui dentro, com 18 anos, você vai embora". Senador Angelo Coronel, vai embora para onde, se não tem família, com 18 anos? E já falei isto para todo mundo - olha que coisa clara -: isso tem que ser um programa de Governo. Se, aos 18 anos, a criança tem que ir embora, não tem problema. Ela está dentro do abrigo, está estudando? Está e estuda. Então, a partir dos 16 anos - façamos, então, o projeto; eu tenho pronto, o projeto está...
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(Soa a campainha.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - ... pronto -, ela será colocada num curso técnico. Por quê? Ao ser colocada num curso técnico, ela se formou em mecânica. Torneiro mecânico o menino se tornou, com 18 anos. Dos 16 aos 18 anos, ele é um torneiro mecânico. O poder público financia o torno dele, financia o local dele, faz a empresa dele, ele sai de lá para gerar emprego, e a Caixa Econômica Federal, por via de consequência, entrega para ele uma quitinete. Ele sai de lá com casa e com trabalho, dando trabalho e com um juro e - como se diz quando você abre mão de tributo? - com uma renúncia. Sim, que ele tenha 20 anos, 15 anos para começar a pagar 000, não sei o quê. Você o forma ali dentro. Àquele de 13 anos, 14 anos, o pessoal já pode dizer a ele: "Ó, você vai fazer curso técnico. Você vai sair daqui com o seu emprego". É uma menina, ela vai fazer um curso de doceira. É o poder público que vai financiar e vai entregar a ela uma quitinete, e, se tem família - e são famílias que têm dificuldade -, que seja, e a família vá viver junto.
É muita coisa que nós temos que fazer, e isso é projeto de Governo, mas eu sinto muito, muito mesmo. Veja que eu sou miscigenado, eu sou negro, eu sou filho de uma negra, eu sou neto de uma índia. Minha filha é negra. Essas crianças são miscigenadas. Vejam aí: são todas filhas da mesma mãe.
Eu agradeço à minha filha Karla, que descobriu essa pérola. Eu agradeço a Deus por ter feito com que essa criança cruzasse o nosso caminho. Eu já ouvi tanta frase: "Quem adota faz um bem para uma criança". Você está completamente errado. Quando você adota, a criança lhe faz o bem. Quem recebe o bem é você, o benefício é seu. Quando essa criança entra na sua vida e você, na dela, é preciso até que você tenha cuidado, se tem outros filhos, de não fazer uma transferência muito forte de sentimento, de amor para essa criança. Adotar é um privilégio, é um bem.
E o meu projeto, que é de Governo, eu espero que alguém um dia tenha coragem de fazê-lo, porque este país é rico. Ele está destruído, mas é rico. Tem dinheiro, sim, e tem dinheiro para muita coisa. Parece que hoje só tem para a cultura, mas, para cuidar de criança, não.
Eu encerro dizendo aos senhores o que os senhores não sabem. Eu tinha pedido, mas não deu tempo. Eu queria que cada um de vocês levasse essas fotos. Vocês não conhecem essa história. Eu vou atrás desses adultos brasileiros criados na Itália, sofrendo, sendo humilhados, fora do seu chão natal.
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Se vocês não sabem, eu já sofri quatro processos de racismo - quatro. Eu já respondi por quatro processos de racismo. Sabem em quantos eu tomei providência? Em nenhum, porque Deus sabe quem eu sou e eu sei quem eu sou.
E eu encerro com a Bíblia: "Toda arma forjada contra ti [...] em juízo, tu a condenarás".
Aos senhores, às entidades que eu sei como sofrem, aos senhores e às senhoras homenageadas, eu sei como uma entidade... Faz 43 que eu tiro drogado da rua, com o Projeto Vem Viver. Meu primeiro filho, ainda criança, eu peguei na rua, em Cachoeiro, com 9 anos de idade e faleceu aos 12 - o Marcinho -, lá no Projeto Vem Viver. E eu sei as dificuldades.
Enquanto a senhora citava o nome de Alan Rick, outros Senadores e Deputados fazem as mesmas coisas com essas emendas que não nos pertencem. Alguns acham que pertencem a eles e fazem o que eles querem, mas pertencem ao povo, de onde veio o imposto, do município, do estado; tem é que voltar. Não tem Deputado nem Senador dando nada para ninguém, porque, se estiver dando, vendeu a casa dele e está entregando dinheiro, mas, se não, é dinheiro de vocês. E precisam voltar, principalmente, para aqueles que cuidam de criança, para que a gente encerre de vez essa conversa fiada de que criança é o futuro do Brasil. Criança nunca foi e nem será. Criança é o presente. Ou você cuida do presente ou não teremos futuro.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Gostaria de registrar a presença do Vereador do Município de Ipatinga, em Minas Gerais, Major Ednilson Caldeira, e do Vereador do Município de Governador Valadares, em Minas Gerais, Igor Erick.
Bem-vindos ao Senado Federal.
Com alegria, anuncio que será agraciado o Sr. Alexandre Caetano Rank.
O Alexandre Caetano Rank sempre sonhou em adotar e, por meio do site Busca Ativa, conheceu o João Carlos, de 4 anos, e João Paulo, de 12 anos. Depois de conhecê-los pessoalmente, descobriu que os dois faziam parte de um grupo de quatro irmãos. Alexandre não teve dúvidas e queria ser o pai de todos, oferecendo amor e dedicação incondicionais.
Neste momento, eu convido o Desembargador Salomão Resedá para proceder à entrega do diploma ao Sr. Alexandre Caetano Rank. (Palmas.)
(Procede-se à entrega do Diploma do Mérito Adoção Tardia ao Sr. Alexandre Caetano Rank.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Concedo a palavra ao Sr. Alexandre Caetano Rank, por três minutos.
O SR. ALEXANDRE CAETANO RANK (Para discursar.) - Boa tarde a todos.
Eu queria agradecer à mesa, agradecer ao Senador Fabiano, ao Dr. Salomão.
Eu não sou muito bom de fala, mas eu estou aqui emocionado de ouvir tantas coisas, porque eu sou um pai solteiro, sozinho, que tinha uma vida muito vazia - quem me conhece sabe disso -, e sempre tive o maior sonho de ser pai por adoção, porque eu acho que ser pai não é sangue, não é pele; ser pai é amar incondicionalmente um ser além de você mesmo.
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E, quando eu vi o nome de meu filho no site, eu tive a certeza absoluta de que ele era meu filho, e, chegando lá, ele olhou para mim com um olho de tanto amor, de tanto carinho, de tanto pedido de socorro, de "me ame" que, quando eu conheci os irmãos - eles estão agora assistindo e sabem disso -, eu não tive dúvida nenhuma de que ali estava a minha família. (Manifestação de emoção.)
Eu não vou romantizar dizendo para vocês que é fácil. Não é. Um pai solo, que precisa cuidar de seus filhos, que precisa trabalhar, que precisa educá-los e, principalmente, dar moral, educar com caráter os seus filhos, no mundo em que nós vivemos hoje, não é fácil. Dar comida é muito fácil, qualquer um consegue sustentar. O mais difícil, para mim, é dar moral, princípio, e mostrar para esses meninos que a gente tem que ser amado e que a gente precisa...
(Soa a campainha.)
O SR. ALEXANDRE CAETANO RANK - ... somente de amor.
Às vezes, as pessoas dizem que é um ato de coragem: "Ah, você é tão corajoso". Não, eu não sou corajoso, não; coragem eu tenho que ter para pular de bungee jumping. Eu sou um homem que tem um amor enorme no meu coração e eu sei que tudo o que eu posso, dentro do possível, eu estou fazendo por eles, lá onde eles estão, em casa, agora, assistindo - eu mando um beijo até para eles.
Posso dizer a vocês, com toda a certeza de vivência, que um filho grande é um amor imensurável. Eu tinha muito medo de adotar meu filho, que tem hoje 14 anos, o João Paulo. Ele tinha 12 anos, era um menino muito retraído, um menino que não aceitava toque, que não aceitava carinho, que não aceitava nenhum tipo de gesto de amor que eu queria dar. Eu tinha muito medo e falava: "Será que ele não me aceitou como pai?". Não, ele tinha medo de ser rejeitado...
(Soa a campainha.)
O SR. ALEXANDRE CAETANO RANK - ... mais uma vez, de ser abandonado mais uma vez. E hoje eu posso dizer a vocês que ele é o meu melhor amigo, é o meu parceiro, é o meu companheiro. (Manifestação de emoção.)
Eu quero dizer para vocês: muito obrigado por estarem aqui.
Desculpem a minha emoção, mas é porque minha família é o maior bem que eu tenho hoje, em toda a minha vida.
Muito obrigado. Esse prêmio é muito importante. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Muito obrigado, Alexandre. Pode ter certeza de que sua emoção também nos emociona.
Com imensa satisfação, comunico a premiação da Sra. Eliane Carlos de Oliveira.
Eliane Carlos de Oliveira é Presidente do Grupo Acalanto Fortaleza, que contribui, desde 2013, com recursos financeiros obtidos por doações e por meio de eventos e de trabalhos voluntários, para a construção de uma cultura de adoção responsável de crianças e adolescentes. (Palmas.) (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Neste momento, eu convido a Sra. Tanísia Cunha para realizar a entrega do diploma da Sra. Eliane Carlos de Oliveira.
(Procede-se à entrega do Diploma do Mérito Adoção Tardia à Sra. Eliane Carlos de Oliveira.)
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A SRA. ELIANE CARLOS DE OLIVEIRA (Para discursar.) - Eu me sinto muito honrada de estar aqui nesta premiação tão importante para a causa da adoção de crianças e adolescentes.
Sendo o Prêmio Adoção Tardia, eu gostaria de trazer uma outra perspectiva sobre as crianças que aguardam nas instituições de acolhimento e sobre a justificativa de que o pretendente tem uma predileção por uma faixa etária.
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Desculpe-me, Sra. Eliane. Perdão por interrompê-la, por gentileza. Mas o Senador Magno Malta pediu que eu registrasse que, devido a um compromisso em uma audiência na Câmara, ele vai ter que se ausentar.
Senador, obrigado e parabéns pela sua atuação e pela forma como se expôs aqui.
Muito obrigado! (Palmas.)
Com a palavra a Sra.Eliane Carlos de Oliveira.
A SRA. ELIANE CARLOS DE OLIVEIRA - E eu gostaria, então, de trazer uma outra perspectiva para este ponto tão falado de que o pretendente tem esse peso de ter tanta criança na instituição de acolhimento.
Eu adotei uma criança de quatro anos, que não andava, não falava, não sentava. E eu acho muito difícil se não houver uma política pública que aproxime a gente pretendente das instituições de acolhimento. A gente preenche a ficha no SNA, dizendo que eu quero uma criança com quatro anos que não ande, não fale, não sente, né? Isso é humanamente impossível. Agora, quando há encontro de almas, quando a gente consegue se aproximar dessas crianças, eu acho que essa teoria cai por terra.
Então, nós, o grupo de apoio à adoção do Brasil todo, somos a favor de que a sociedade se aproxime das crianças que estão institucionalizadas para que elas possam ser vistas, para que elas possam ser amadas. A gente não consegue, enquanto sociedade civil organizada dos grupos de apoio à adoção, saber o que está acontecendo com elas, né? Como bem diz o esposo da Bárbara, o Dr. Sávio, elas não queimam colchão, elas não fazem piquete. Então, elas estão lá e precisam ser vistas para que elas possam ser avaliadas no seu tratamento e para que elas possam ser escolhidas. Então, essa culpa, eu acho que o pretendente não a deve assumir.
Nós queremos adotar, nós queremos ser pais e mães porque a gente tem amor para dar. Naturalmente, biologicamente, a gente cresceu, cuidando de boneca bebê, que não são as reborns, e a gente vai pensar na adoção de um bebê. Mas ao conhecer, ao ter contato... Há, no meu estado, agora uma busca de se fazerem visitas guiadas às instituições de acolhimento. Isso é muito importante.
Então, este Prêmio Adoção Tardia é um espaço excelente para que a gente traga à luz, à voga esse tema. Os pretendentes não são culpados. A gente precisa mudar a política de condução das adoções.
Muito obrigada a todos! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Muito obrigado!
Neste momento, com grande satisfação, anuncio que será agraciada a Sra. Aline Sanchez Carlos, neste ato, representada por seu irmão André Sanchez de Souza.
Aline Sanchez Carlos é mãe de quatro filhos incríveis. Destaca que sua história de adoção é um pouco diferente, porém muito especial. Seu filho biológico é autista, o filho adotivo tem TDH severo, a filha adotiva é cadeirante e possui uma deficiência intelectual e o filho social é haitiano.
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Atualmente, Aline mora nos Estados Unidos com seus quatro filhos e escolheu a adoção por amor e por convicção, seguindo o exemplo de seus pais, que também acolheram filhos além dos laços de sangue. A adoção transformou sua vida e a da sua família e representa, segundo ela, uma das formas mais puras de amor.
Por estar fora do Brasil, Aline será representada por seu irmão, André Sanchez de Souza, a quem entregarei o diploma.
(Procede-se à entrega do Diploma do Mérito Adoção Tardia ao Sr. André Sanchez de Souza, representante da Sra. Aline Sanchez Carlos.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES) - Concedo a palavra ao Sr. André Sanchez de Souza.
O SR. ANDRÉ SANCHEZ DE SOUZA (Para discursar.) - Boa tarde a todos. (Manifestação de emoção.)
Desculpe o nervoso, é que representar minha irmã é uma coisa muito linda.
Agradeço a indicação do Senador Fabiano Contarato.
Eu sou o André Sanchez e tenho grande honra de estar aqui hoje como representante da minha irmã, Aline Sanchez Carlos, para compartilhar sua inspiradora trajetória com a adoção especial.
Nossa relação com o tema de adoção remonta a nossa própria história familiar. Meus pais, movidos pelo amor e generosidade, decidiram adotar duas crianças: eu e minha irmã mais velha. Anos depois, veio a Aline, filha biológica deles, que cresceu em um ambiente onde o amor não conhecia barreiras biológicas.
Falar da minha irmã Aline é falar de empatia, de doação, de alguém que enxerga o mundo com o coração. Sua jornada com a adoção teve início em 2010, durante uma missão humanitária no Haiti. Lá, ela e seu marido realizavam trabalhos sociais quando conheceram um jovem haitiano de 15 anos. O vínculo foi imediato e profundo, porém, na época, a adoção internacional no Haiti estava suspensa, o que impediu qualquer tentativa de adoção formal. Mesmo assim, ao retornarem ao Brasil, o casal deu início ao processo de adoção nacional, embora ainda não tivessem filhos biológicos. Durante esse percurso, a minha irmã engravidou. Isso não interrompeu o sonho de adoção. Um ano e meio após o nascimento de seu filho biológico, Daniel
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. ANDRÉ SANCHEZ DE SOUZA - ... um menino com TDAH severo, o Felipe, e uma menina cadeirante com má-formação congênita e hidrocefalia, a Rebeca.
Como se os desafios já não fossem imensos, seu filho biológico também foi diagnosticado com autismo. Ainda assim, o amor falou mais alto. Um ano após a chegada dos gêmeos, Aline e seu marido finalmente conseguiram trazer para o Brasil aquele jovem haitiano, o Ângelo, que haviam conhecido anos antes, já maior de idade, acolhendo-o como filho em sua família.
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Essa história que começou há décadas com os nossos pais continua viva na trajetória da Aline e agora também se estende à nossa outra irmã, a Renata, que está em processo de adoção da prima haitiana do Ângelo, filho social da Aline. Essa é a prova viva de que, quando uma família escolhe abrir o coração para a adoção - especialmente a adoção especial e tardia - ela não apenas transforma vidas, ela transforma gerações. A história da minha família é um testemunho de como o amor, quando guiado pela compaixão e coragem, constrói laços mais fortes que o sangue e revelam o verdadeiro significado de pertencimento.
Muito obrigado a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES. Para discursar - Presidente.) - Gostaria de registrar a presença do Presidente da Câmara Municipal de Linhares, do meu Estado do Espírito Santo, Vereador Roninho Passos. Bem-vindo, meu querido Roninho! E do Vereador do município também de Linhares, do meu Estado do Espírito Santo, Caio Ferraz. Bem-vindo!
Antes de finalizar esta sessão, eu só queria brevemente falar algumas palavras que eu reputo importante. Aquilo que às vezes as pessoas falam... eu fico muito triste quando alguém chega para mim e fala assim: "Nossa, seus filhos foram sortudos". Isso é uma ofensa para mim, porque o amor quem ganha é quem adota. Eu fico mais triste ainda quando as pessoas usam uma nomenclatura pejorativa. Há um tempo, uma pessoa, por questão política, fotografou a mim e ao meu filho de sete anos na praia e usou a expressão que eu estava trazendo o meu filho "adotivo". Aquilo me doeu, porque eu falei assim: "Meu Deus, filho é filho". É filho!
Eu costumo falar que eu descobri o que é felicidade depois que eu me tornei pai. Eu era solteiro, o meu apartamento, arrumadinho, impecável, estava na fila da adoção. Eis que chega o Gabriel, cagado, e eu nunca tinha trocado uma fralda. (Risos.) Ele chegou com dois anos e oito meses, e Gabriel é a inspiração, a razão de nossas vidas.
Nós temos dois desafios, porque nós vivemos em um país que é muito preconceituoso. Às vezes, eu vejo aqui nesta Casa as pessoas falando muito em Deus, mas é um Deus que exclui, não é um Deus que acolhe. É um Deus que julga. É um Deus que fala que filho tem que ter pai e mãe, e eu tenho orgulho de falar que meus filhos têm dois pais em um país que é homofóbico.
Na pandemia, Deus nos deu Mariana, que é a alegria lá de casa. Eu lembro que, quando o Gabriel estava acho que com cinco anos, ele falou: "Mamãe". Com aquilo, eu tomei um susto, voei até ele, falei: "Como assim, Gabriel?" Porque nos desenhos e na escola, normalmente, vai a mãe, ou ele via o desenho de pai e de mãe. O Rodrigo, meu esposo, com muito orgulho, teve uma sensibilidade maravilhosa. Ele correu para o computador, imprimiu um desenho e escreveu a história do nosso filho Gabriel: "Era uma vez, a mamãe do Gabriel que estava grávida...." E botou um desenho bem colorido de uma mulher negra. "Biel está aí, papai?" Está. "Aí o Biel nasceu". Na outra página do livrinho colorido, uma criança negra de bumbum para cima, igualzinho o Gabriel dormia. "Mas a mamãe do Gabriel não podia cuidar dele, e o Gabriel ficou junto com os amiguinhos". Então, outra página, Gabriel com vários coleguinhas. E ele ficou ali esperando os dois papais chegarem. E no final tinha lá duas fotos de dois homens esperando. Mas o mais interessante nessa história é que ele botou uma outra página. Ele colocou: "Você vai ter amiguinhos que vão ter um papai e uma mamãe. Você vai ter amiguinhos que vai ter só uma mãe. Você vai ter amiguinhos que só vão ter um pai. Você vai ter amiguinhos que vão ter dois pais. Mas todas são formas de família".
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(Palmas.)
Essa foi a forma que nós utilizamos, de forma lúdica, para explicar e para falar que o Deus em que eu acredito... Eu costumo falar que a minha religião é o amor e o meu Deus é o outro. Então, eu fico assim só reflexivo, porque aqui, muitas vezes, quando se fala em direitos da população LGBTQIA+ ou direitos... É uma Casa que é racista, é uma Casa que é preconceituosa, e falar e usar a palavra de Deus para destilar ódio, para excluir, esse não é o Deus que eu professo.
Então, eu tenho muito orgulho da minha família. Eu tenho muito orgulho dos meus filhos, que são a razão de nossas vidas. E nós tivemos uma violência muito maior, porque eu já tinha sido eleito Senador, e, na dupla paternidade do nosso primeiro filho, o promotor foi contra. Vejam: um promotor de Justiça, que tem que olhar o bem-estar da criança e do adolescente, colocou na promoção que era contra porque filho tinha que ter pai e mãe, "jamais dois pais", palavras dele. Pior ainda, filhos de duas mães.
Quando eu vinha para cá - o Estado me deu uma certidão de casamento com meu esposo. -, nosso filho Gabriel, com um mês, já chamava eu e Rodrigo de papai, mas eu tinha que autorizar meu esposo a trazer o Gabriel porque a guarda só estava comigo. A juíza sentenciou falando que o promotor estava ultrapassado e que a decisão já estava pacificada no Supremo e no CNJ. Ele, não satisfeito, recorreu, e, enquanto não transitou em julgado, eu não tinha direito à certidão de nascimento com a dupla paternidade. Transitou em julgado. Eu tive que expor a minha vida, os meus filhos, mas eu representei contra o promotor de justiça no Conselho Nacional do Ministério Público, e ele foi condenado, suspenso por cinco dias. (Palmas.)
Mas eu não parei aí. Eu não parei aí. Eu entrei com uma ação indenizatória por dano moral contra o Estado do Espírito Santo por um ato homofóbico de um promotor de Justiça, e o Estado do Espírito Santo foi condenado por ato homofóbico a indenizar eu, meu esposo e meus filhos.
Eu coloquei tudo isso num livro, A História de Vida do Nosso Filho Gabriel, para que ele e Mariana, para que eles, quando crescerem, saibam, efetivamente, tudo que nós fizemos para dar garantia a essa determinação constitucional do princípio da dignidade da pessoa humana e que todos somos iguais perante a lei, independentemente da raça, cor, etnia, religião, origem, orientação sexual.
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E eu espero que a população e que nós Parlamentares tenhamos, sim, a sensibilidade; a sensibilidade de entender que devemos avançar cada vez mais para dar dignidade a todas as crianças, porque é assim que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente.
A cada ano... Foi por isso que eu instituí, que eu idealizei esse prêmio. No abrigo, eu percorria - e eu falei isto para as psicólogas e assistentes sociais... A cada ano que uma criança celebra o aniversário dela dentro de um abrigo, o que deveria ser motivo de alegria passa a ser motivo de repulsa, porque diminui a probabilidade de ela ser adotada. É por isso que vocês agraciados são de fenomenal importância. Não por vaidade, mas que, com essa exibição, os atos de vocês possam se transformar em uma grande corrente do bem, para difundir mais o amor, a solidariedade, a compaixão, a fraternidade e a humildade.
Parabéns a todos vocês, e muito obrigado por terem vindo aqui!
Quero aqui registrar a presença dos jovens que participam do programa de ambientação de estagiários e jovens aprendizes da Biblioteca do Senado.
Bem-vindos! (Palmas.)
Cumprida a finalidade desta sessão de entrega do Prêmio Adoção Tardia 2025, eu agradeço às personalidades que nos honraram com sua participação; agradeço à Lilia, que está aqui nos assessorando; a toda equipe; ao Zezinho; enfim, a todos os servidores efetivos, comissionados, terceirizados.
Quero fazer esse registro, Angelo Coronel, porque o Estado criminaliza não só a pobreza, mas também, às vezes, o status, porque o tratamento diferenciado com um efetivo e com um comissionado e com um terceirizado... Perdoem-me os efetivos e os comissionados - longe de mim estar ofendendo -, mas eu queria muito que todos um dia tivessem o mesmo tratamento e a mesma valorização. Por isso, o meu fraternal abraço aos funcionários terceirizados, aos efetivos e aos comissionados. Não se sintam de forma alguma ofendidos por esta minha fala. Estejam sempre na certeza de que o que me move a estar na política é buscar que esse princípio de igualdade seja estabelecido para todos nós - perdoem-me.
Convido os agraciados, agora, para uma foto conjunta em frente à mesa.
Está encerrada a sessão. (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 16 horas e 50 minutos.)