Notas Taquigráficas
3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 8 de setembro de 2025
(segunda-feira)
Às 10 horas
110ª SESSÃO
(Sessão Especial)
| Horário | Texto com revisão |
|---|---|
| R | O SR. PRESIDENTE (Jaime Bagattoli. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Fala da Presidência.) - Bom dia a todos. Declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos. A presente sessão especial foi convocada em atendimento ao Requerimento nº 123, de 2025, de autoria desta Presidência e de outros Senadores, aprovado pelo Plenário do Senado Federal. A sessão é destinada a homenagear o Sr. Assis Canuto. Convido, para compor a mesa desta sessão especial, os seguintes convidados: Sr. Assis Canuto, homenageado desta sessão especial. (Palmas.) (Pausa.) Convido também, para compor a mesa, a Sra. Lenita Simões Borges Canuto, esposa do homenageado. (Palmas.) (Pausa.) |
| R | Convido também a Sra. Sandra Aparecida Melo, minha esposa, Presidente do Partido Liberal Mulher do Estado de Rondônia. (Palmas.) (Pausa.) Convido também, para participar da mesa, o Senador de Rondônia Marcos Rogério. (Palmas.) (Pausa.) Quero agradecer a presença do nosso Senador Confúcio Moura - está também presente. Ele não vai subir, mas quer falar e, depois, terá a palavra também. (Palmas.) A Presidência gostaria de agradecer a todos os amigos, colegas e familiares do nosso homenageado, pela demonstração de respeito e consideração pelos serviços prestados pelo Sr. Assis Canuto. Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional. (Procede-se à execução do Hino Nacional.) |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jaime Bagattoli. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Quero aqui também neste momento registrar a presença, na galeria, dos alunos do ensino médio do Colégio Adventista de Rondonópolis, Mato Grosso. (Palmas.) Quero registrar também a presença do Sr. Deputado Estadual de Rondônia Alan Queiroz; (Palmas.) do Sr. Senador no período de 2011 a 2019 Valdir Raupp; (Palmas.) do Sr. Deputado Federal no período de 1995 a 2003 Elton Rohnelt; (Palmas.) da Sra. Deputada Federal no período de 1995 a 2019 Marinha Raupp; (Palmas.) do Sr. Deputado Federal no período de 2003 a 2007 Miguel de Souza; (Palmas.) do Sr. Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia no período de 1997 a 2001, Amadeu Guilherme. (Palmas.) |
| R | Solicito à Secretaria-Geral da Mesa a exibição de um vídeo especialmente preparado para esta sessão, em homenagem ao Sr. Assis Canuto. (Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.) |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jaime Bagattoli. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Para discursar - Presidente.) - Antes de pronunciar o meu discurso, eu quero fazer um agradecimento ao Carlos Magno, ex-Deputado, foi Deputado Federal, duas vezes Prefeito por Ouro Preto do Oeste, onde se iniciou, como foi visto agora nesse vídeo, essa transformação do nosso território de Rondônia, que depois virou estado, em 1981, e foi essa pujança dessa reforma agrária feita no Estado de Rondônia um modelo exemplar para o nosso país, na Amazônia, ainda dentro do território. Assis Canuto, não só o Senador Jaime Bagattoli, o Senador Marcos Rogério, o Senador Confúcio Moura, os nossos Deputados Federais, nossos Deputados Estaduais, mas 1,6 milhão de pessoas do Estado de Rondônia eu tenho certeza de que, na data de hoje, estão olhando e agradecendo ao senhor por tudo o que tem feito pelo Estado de Rondônia, principalmente para os pequenos produtores rurais, os médios e os grandes também. Meu muito obrigado. Esta Casa hoje se reúne para homenagear o Sr. Assis Canuto, um brasileiro que escreveu seu nome na história do Estado de Rondônia. Seja como servidor do Incra ou político de carreira, Canuto teve um papel decisivo na distribuição de terra a milhares de famílias que buscavam, naquela região, esperança, trabalho e uma vida digna. |
| R | Durante a década de 1970, quando Rondônia ainda era território federal, Assis Canuto liderou a implantação de projetos de assentamentos que transformaram para sempre a realidade da região. Com um caráter pacífico e uma visão única de desenvolvimento, esse então servidor do Incra não se limitou apenas a distribuir terras, ele também promoveu a abertura de estradas, a construção de escolas rurais e ofereceu um suporte fundamental aos agricultores que vinham de todos os cantos do país. Natural de Itumbiara, em Goiás, Assis Canuto conquistou o reconhecimento do povo rondoniense, tornando-se também filho da terra. Ali ele permaneceu para testemunhar o momento histórico que foi a elevação de Rondônia à condição de estado da Federação. A partir disso, sua trajetória política foi marcada pelo mesmo espírito desbravador que o marcou como servidor do Incra. Ao longo dos anos que se seguiram, ele foi Prefeito de Ji-Paraná, Vice-Governador de Rondônia e Deputado Federal Constituinte. Na prática, Canuto é de uma classe política que hoje faz falta ao país, de gente que tem compromisso com o desenvolvimento e o bem-estar da população. Quando olhamos a trajetória de Assis Canuto, encontramos lições preciosas. Uma delas é a de que a política, quando exercida com racionalidade, equilíbrio e respeito, pode não só trazer dias melhores para o povo, mas garantir um futuro mais justo às próximas gerações. Enquanto servidor do Incra, Canuto compreendeu uma verdade fundamental: a terra ociosa não beneficia ninguém; terra sem uso não gera emprego, não produz alimentos, não contribui para as exportações, não gera divisas para o país, nem fixa as famílias no campo; pelo contrário, alimenta o êxodo rural, o inchaço das cidades. O trabalho dele mostrou que a reforma agrária é e continuará sendo um poderoso instrumento de progresso. Em tempos marcados pela polarização, ele nos ensina que é possível navegar pela política, mantendo o respeito e a boa vontade e, acima de tudo, tendo compromisso com o futuro da nação. Que seus exemplos inspirem as atuais e futuras gerações de servidores públicos e líderes políticos que precisam, mais do que nunca, resgatar os mesmos valores que fizeram de Assis Canuto um nome indispensável na história de Rondônia e do Norte do Brasil! Nosso muito obrigado. (Palmas.) Neste momento, concedo a palavra ao Sr. Assis Canuto, homenageado desta sessão especial. |
| R | O SR. ASSIS CANUTO (Para discursar.) - Bom dia a todos os senhores e senhoras. Cumprimento o nosso Presidente desta sessão, Exmo. Sr. Senador do meu estado, Senador Jaime Bagattoli; cumprimento a sua digníssima esposa, D. Sandra; minha esposa, Lenita; Senador Marcos Rogério; Senador Confúcio Moura, que nos assiste. Dentro da sua humildade, não quis participar da mesa, mas, de qualquer sorte, a sua presença aqui é muito importante para nós, para Rondônia e para mim, inclusive. Cumprimento nosso Deputado Alan Queiroz, da Assembleia Legislativa de Rondônia; cumprimento aqui nossos amigos, parentes, e a pessoa do Dr. Amadeu, que veio lá de Porto Velho para nos prestigiar, para fazer parte desta sessão. Na realidade, enquanto eu ouvia ali o Hino Nacional, me passou um filme, aliás, vários filmes pela cabeça, porque a gente, nós, praticamente todos os políticos, todos os gestores públicos, não buscamos determinadas glórias, determinado reconhecimento, mas creio que todos, quando homenageados, quando reconhecidos, têm alegria, têm satisfação e emoção. Então, é o que está se passando aqui hoje conosco aqui nesta sessão. Aqui, Senador Jaime Bagattoli, tem parentes, tem amigos, tem políticos de Rondônia que ajudaram muito nosso estado em todas as etapas, em épocas diferentes; técnicos também. Enfim, fazer um discurso para um público heterogêneo como esse aqui não é tarefa fácil, porque, além da emoção que a gente sente, a gente busca compatibilizar as palavras, sem tomar muito tempo das pessoas que estão aqui, e a gente sente realmente essa preocupação. E o momento, para mim, é um momento sublime, mercê da minha modéstia, da minha humildade, da minha timidez, como disse ali o Dr. Amadeu, e a gente vai procurar fazer algumas considerações aqui sobre a história de Rondônia. É uma história recente, uma história muito bonita, que realmente surpreendeu a todos nós, não é, Senador Valdir Raupp? Surpreendeu a todos nós a vertiginosa epopeia que todos nós vivemos, em tempos diferentes, mas conseguimos construir, no meu entendimento, um estado decente, um estado viável, um estado que não só produziu resultados diretos da sua colonização, mas serviu também para desafogar muitas regiões de tensão social em outros pontos do Brasil, haja vista as correntes migratórias que foram para Rondônia, de diversos estados do Brasil, de quase todos, mas nós queríamos destacar aqui dois estados em particular, que é o Estado do Paraná e o Estado do Espírito Santo. |
| R | Os paranaenses, assolados pelas sucessivas geadas em seus cafezais, perderam muito de sua produção, perderam muito de seu ânimo de continuar no Paraná, e os capixabas, também com dificuldades de áreas minifundiárias, muitos produtores sem terra, mas trabalhadores honestos, procuraram Rondônia, naquela época de 70, na década de 70, com todas as dificuldades que poderiam enfrentar numa viagem, saindo do Espírito Santo ou do Paraná, até chegar a Rondônia, numa região, ainda para todos nós e mais para eles, totalmente desconhecida. Era uma aventura, um mergulho no escuro que essas famílias enfrentavam em caminhões improvisados, chamados de pau de arara. Iam nas carrocerias, com estradas poeirentas; com estradas barrentas, na época da chuva, e com muitos atoleiros, viagens que às vezes duravam 10, 15, 20 dias. E essas famílias, misturadas umas com as outras ali nas carrocerias dos caminhões, sem lugar adequado para pararem, para preparar uma alimentação, muitas vezes não tinham nem o necessário para essas alimentações. Mas me impressionava como essas famílias chegavam a Rondônia animadas, eu diria, portando mais sonhos do que esperança, porque sonhavam. Não tinham esperança porque não conheciam a realidade que iam enfrentar, e sonhavam, então, com um pedaço de terra que nem sabiam onde, nem sabiam de que tamanho seria, nem sabiam como chegariam a ele. E essas famílias... Aqui tem um exemplo do nosso amigo João Duarte, presente com sua esposa, capixaba. Ele era inicialmente caminhoneiro, estabeleceu-se em Rondônia e sabe muito bem do que estou falando, dessas dificuldades que todos nós vivemos ali. Dificuldades que foram enfrentadas, eu diria, com patriotismo, e até mais do que patriotismo, Senador Marcos Rogério, a exemplo do seu pai também, agricultor, lá da linha 82. Você nasceu em Rondônia, e para nós é um privilégio muito grande ter um Senador combativo, atuante, nascido em Rondônia. Até vou dizer um pouquinho aqui: a minha irmã, Antônia, professora lá de Ji-Paraná, foi sua professora, então é realmente uma história muito interessante que todos nós que fomos para Rondônia teríamos a escrever, não é, Deputada Marinha Raupp? Todos nós, a senhora que foi professora por muito tempo, todos nós teríamos uma história para escrever sobre Rondônia. |
| R | Aqui nós temos a presença do Vice-Governador, do nosso Governador, também de Miguel de Souza, Deputado Federal, que é imigrante - não é, Dr. Miguel? -, e que hoje trabalha aqui em Brasília, mas prestou relevantes serviços lá em Rondônia. Agradeço a sua presença, muito especial para mim. Aliás, a presença de todos, porque, quando se marca uma homenagem a um homem público, Senador Bagattoli, a gente não tem uma expectativa de quem poderá comparecer e de quem comparecerá. "Ah, é uma homenagem lá no Senado a uma pessoa assim de tão longe". E a gente vê que vários companheiros nossos vieram de longe, outros, aqui de Goiás, de Brasília, do Paraná. Então, está esse público aqui de que eu falei no começo, bastante heterogêneo, o que realmente dificulta a gente setorizar nossas palavras. Como as nossas palavras são de agradecimento e são de registro da história de Rondônia, qualquer argumento que a gente usar aqui ainda é pouco para contar tudo isso, e o tempo também. Senador Confúcio, eu estava lembrando, até falei com V. Exa., que conheci o senhor quando chegou lá com a sua esposa, a Dra. Alice. Inclusive, numa viagem a Porto Velho, lá em 1976, nós a encontramos, penso que com a irmã dela, num carro quebrado na BR-364. Naquele tempo, a BR não tinha movimento nenhum, ninguém quase passava, e eu não a conhecia. Juntamente com meu motorista, falei "vamos parar e ver o que aconteceu". Ela estava num fusca, e nós paramos. Ela se identificou, dizendo que era sua esposa, que era médica e que tinha tido um problema no carro, se nós podíamos ajudar. Nós ajudamos na medida possível, resolvemos o problema do carro, e ela continuou a viagem para Porto Velho. Então, são histórias como essa. O senhor foi Prefeito, foi Deputado Federal, foi Governador, foi Senador, foi um servidor da sociedade de Rondônia, com seu trabalho abnegado de médico, de pessoa sensível, razão por que ocupou todos esses cargos, o que não foi favor nenhum do povo de Rondônia, foi um reconhecimento pelo seu trabalho. Então, esse é tipo de história que a gente gosta de registrar. Aqui tem o filho de um grande amigo, o Fábio Reis, filho do Dezival Reis, que foi um pioneiro de primeira ordem. O Dezival Reis, para quem não conhece, era goiano também, era um piloto de avião que foi para lá na época do garimpo puxar cassiterita daqueles garimpos mais remotos e levar, para aqueles garimpos também, abastecimento de alimento, de remédios, de roupa. Quando nós começamos o nosso trabalho no Incra, nós o contratamos várias vezes para várias missões, e foi muito útil a atuação dele conosco, como foram também a de outros pilotos lá de Rondônia, porque, no começo de Rondônia, era quase tudo de avião. Tinha que contratar avião, muitas vezes aviões monomotores, sem muitas condições de voo, muitas vezes com a porta amarrada com a corda, aquele tipo de coisa, mas a gente ia, a gente ia. |
| R | Por exemplo, eu estava contando ontem para o Senador Bagattoli que, quando nós resolvemos colonizar o Vale do Guaporé, na região sul do estado, ali era um seringal de um seringalista que morava em Cuiabá, o Sr. Antônio Cesário Aschar, e era uma área pretendida por vários grupos econômicos grandes aqui do sul, e nós achamos que - o Dr. Amadeu conhece bem essa história - uma área tão fértil como aquela deveria ser ocupada por pequenos produtores, para ter um contato, porque não tinha estrada, não tinha acesso - o Senador sabe muito bem disso, o Senador Raupp também sabe muito disso - para chegar àquele Vale do Guaporé. E era o sonho do povo de Vilhena, uma população ainda muito pequena naquela época, ter uma colonização próxima, já que no planalto ali da região de Vilhena eram terras arenosas, terras de Cerrado, impróprias para os pequenos agricultores. Então, o povo de Vilhena tinha um sonho de ocupar o Vale do Guaporé com famílias que pudessem desenvolver aquele vale e distribuir aqueles recursos fundiários, que tinha muita madeira também, de uma maneira mais social. Então, nós fizemos o anteprojeto para criar um projeto de colonização, que nós denominamos ali de Paulo de Assis Ribeiro, em homenagem ao ex-Presidente do Incra, que foi o redator do Estatuto da Terra. Não é, Fernandão? O Fernando aqui é meu colega lá da faculdade de Piracicaba, mora atualmente em Recife. E eu gostaria de também cumprimentá-lo e agradecer a presença dele Mas aí resolvemos conhecer aquele Vale do Guaporé. E, para conhecer, era humanamente impossível conhecê-lo andando a pé no meio daquelas matas. Então, nós preparamos uma carta. O Luiz Melo aqui trabalhou conosco naquele começo e ele sabe dessa história. O Capitão Silva preparou uma carta, colocou dentro de um pacote, um pacote de bolacha, e fez um embrulho. E nós fomos sobrevoar aquelas colocações de seringueiras esparsas naquele Vale do Guaporé e soltávamos ali um saquinho daquele com um pacote de bolacha e uma carta, convidando aqueles que a recebessem para, daí a 60 dias, nos encontrarmos em Vilhena para fazer uma reunião, para eles contarem para nós como é que era ali dentro do Vale do Guaporé. E assim foi feito. E nós voamos sem a porta direita do avião, com o pai do Fábio, com o Desival, e soltamos aqueles pacotes das colocações de seringueiras, e a gente evidentemente não sabia do resultado que atingiria aquela ideia, aquela ação, mas felizmente quase todos os seringueiros apareceram lá em Vilhena. E eles contando a história deles, a gente anotando no mapa onde eles estavam, que rio, se era o Rio Cabixi, se era o Rio Escondido ou se era o Rio Guaporé, porque, via de regra - desnecessário até falar isto -, os seringueiros ocupavam, moravam naquele tempo sempre na beira de rios, que era o único meio de locomoção, de comunicação que eles tinham. E, com o avião sem a porta, nós atiramos lá de cima, em voo mais baixo, aquela mensagem para a reunião. E daí surgiu o embrião do Projeto Paulo de Assis Ribeiro, que deu origem a tantas cidades ricas naquele vale - não é, Senador Marcos Rogério? -, cidade de Colorado, cidade de Cabixi, de Cerejeiras, de Corumbiara, Pimenteiras. Inclusive, era uma vida muito remota, e aquilo reforçou muito a economia de Vilhena e foi um sucesso. |
| R | Eu estou dizendo sobre esse projeto, porque foi um dos projetos mais remotos, assim, mais longe da BR-364 que nós implantamos. Agora, eu não vou falar, mas vocês podem imaginar a dificuldade que essas famílias que adentravam esses projetos, a dificuldade que essas famílias viviam no começo, sem estrada, sem nenhuma estrutura de saúde, de escola e, eu diria assim, até sem lenço e sem documento, porque não tinham... Só tinham a esperança, só tinham o sonho, mas transformaram as terras de Rondônia - foi assim em todos os projetos - em áreas produtivas, já que, àquela época, Rondônia importava tudo, tudo! Importava arroz, milho, feijão, carne, leite, derivados de leite, e lá só tinha, naquela época, leite em pó, que vinha da Zona Franca de Manaus, e leite da Holanda, da Dinamarca. E hoje, Rondônia é um grande exportador de tudo: um grande exportador de soja, de milho, de carne, de leite e derivados, de cacau, café; foi um grande exportador de madeira. E hoje, por incrível que pareça, é uma coisa até contraditória, Deputado Alan, para nós que vivíamos no escuro... Eu, quando cheguei a Porto Velho, em 1970, a gente andava à noite com uma lanterna ou com uma vela. E tinha que andar no meio da rua - as ruas todas esburacadas, todas de cascalho -, porque tinha muito cachorro solto em Porto Velho; você tinha que andar no meio da rua, para não ser surpreendido por um ataque de um cachorro. Disso aí eu me lembro perfeitamente, como se fosse hoje, lá em Porto Velho. As ruas esburacadas, cheias de poços d'água - chovia muito naquela época lá -, e a gente tinha que desviar daqueles poços d'água, com uma lanterninha ou até com uma vela mesmo. E hoje, Rondônia é um grande exportador de energia - é um grande exportador de energia -, porque tem duas usinas grandes, entre as maiores do Brasil, funcionando. E hoje exporta energia para todo o centro-sul e está ligada ao sistema nacional de abastecimento de energia elétrica, ou seja, a energia vem de Rondônia; depois ela volta para Rondônia. Isso é coisa do Brasil, não é? Ela vem por uma rede e volta por outra rede, mas... Mas, sobre esse tipo de história de que eu estou falando aqui, a gente poderia ficar aqui, o dia todo, qualquer um que morou em Rondônia, que mora em Rondônia, aqui, tanto o Deputado Miguel de Souza, o Senador Valdir Raupp, a Deputada Marinha Raupp, o Senador Confúcio, que até é escritor também, o Senador Bagattoli, como o Senador Marcos Rogério, que é muito jovem, inclusive nasceu em Rondônia e conhece tudo isso de que nós estamos falando, porque o pai dele era agricultor na Linha 82, lá do Projeto Riachuelo. Então, a gente tem muita história para contar, que é a história que todos nós fizemos. E meu amigo João Duarte tem uma frase que eu ampliei um pouquinho. Uma vez ele me disse: "Canuto, poucos têm a condição de fazer história e muito poucos ainda têm o privilégio de contar a sua própria história, porque, muitas vezes, a pessoa faz uma história e depois não tem como contar a própria história que fez". E nós todos - todos os que estão aqui, que foram pioneiros lá em Rondônia, que são pioneiros lá em Rondônia - fizemos história e podemos contar a nossa própria história e a história de Rondônia. |
| R | Então é muito difícil a gente sintetizar tudo isso que vai passando na cabeça da gente, porque aconteceu muito rápido - aconteceu muito rápido. Como disse ali o Senador, em 1977 nós tínhamos dois municípios, e foram criados mais cinco; em 1980, foram criados mais seis municípios, inteirando treze municípios. Como é que se podia pensar que um estado do tamanho do Estado de São Paulo ou quase do tamanho do Estado do Paraná fosse viver com dois municípios apenas? Não tem lógica. Foi a colonização que ensejou o surgimento dos núcleos, das vilas e que possibilitou a transformação desses núcleos e vilas em municípios, fortes municípios. Hoje, nós temos municípios em Rondônia riquíssimos, muito fortes, com aquela parte de segurança social muito bem definida. O Senador lembrou um dado muito importante: dos 14 estados do Norte e Nordeste, o único estado do Brasil desses 14 que tem mais carteira assinada que Bolsa Família é Rondônia, e é quase o dobro de carteira assinada com relação à quantidade de Bolsa Família. Então, isso aí é um certificado, um testemunho de que o trabalho deu certo. Agora, se nós formos pelo lado das dificuldades, as partes negativas são muitas também. Elas são muitas, principalmente na área da saúde, na área da educação. Para vocês terem uma ideia, não tinha professor. Nós tínhamos que recrutar as filhas e as esposas dos colonos e capacitá-las medianamente para elas darem aula. E a gente fazia aquelas escolinhas, como a Profa. Marinha Raupp conhece muito bem, de tapiri, que eram de madeira e cobertas de folha, de chão batido, para botar os alunos ali para estudarem. Alunos ali caminhavam 5km, 6km, 10km a pé, não tinha ônibus, não tinham essa facilidade que tem hoje, não, para ir a uma escola, para ir a uma escolinha ouvir uma professora que sabia pouco mais do que eles, mas eles iam. E funcionou assim no começo. Uma vez, eu estive aqui no Ministério da Educação, no tempo do Ministro Jarbas Passarinho, e eu trouxe um pleito de material escolar, de livro, de quadro-negro, de tudo que precisava para cem escolas. Fui recebido por uma assessora do Ministro, muito bem atendido, por sinal, e ela, quando eu fiz a exposição, falou: "Dr. Canuto, mas em Rondônia só tem 23 escolas rurais". Aí eu falei: "São 23, a senhora tem razão, mas só na região de Porto Velho e dos ribeirinhos. Agora, nós temos uma história nova em Rondônia, nós temos uma colonização". E eu tinha trazido um mapa com as escolinhas localizadas no mapa de Rondônia, no nosso projeto, que eu abri, botei na mesa dela, e falei: "Todos esses retângulos verdes são escolinhas que tem lá. Então, nós precisaríamos desse apoio". A secretaria do território ou a divisão de educação - naquela época, não era nem secretaria - não tinha estrutura para atender nem Porto Velho, quanto mais para sair lá para o mato afora, para aquele sertão e atender essas crianças. E realmente fomos atendidos no nosso pleito. Ela disse que iria conversar com o Ministro e depois me avisaria - naquele tempo, não tinha telefone, para vocês terem uma ideia - através de mensagem de rádio DSC, aquela em que se batia na teclinha para sair a mensagem lá do outro lado. E ela mandou um avião da FAB lá carregado de matéria escolar. Então, isso foi uma sensibilidade muito grande dela e do Ministro de nos atender. |
| R | Mas eu estou falando isso não só para elogiar o Ministro, mas inclusive para reconhecer as dificuldades que eram. Na saúde, então, era um caos, porque, como o Dr. Confúcio e a esposa dele são médicos e eles foram para lá no começo de Ariquemes, Ariquemes era uma região pioneira, era um faroeste - não é, Dr. Confúcio? - de confusão, de povo atrás de terra, de povo querendo terra, de conflito com índio, com aquela história toda, e não tinha médico que topasse sair daqui para ir para Rondônia. Inclusive aqui tem o meu irmão e a minha cunhada que são médicos no Paraná, convidei-os para ir para lá, e eles não toparam. Eles estão aqui prestigiando a nossa reunião, quero agradecer também a presença deles, dos filhos deles, do nosso ex-Ministro Gustavo Canuto, que está aí com a esposa dele, a Dra. Ana Paula. Então, é muito importante a gente ver e contar esses elos da história que muitas vezes não se encaixavam. Então, teve dificuldade: teve dificuldade de moradia para esses colonos, de educação, de saúde, de alimentação - até de alimentação -, mas aquele povo tinha uma vontade, tinha uma determinação de ter um pedaço de terra - Dr. Alceu, é o sonho do nosso povo, né? - para dizer: "É meu, esse é meu. Esse aí, e está aqui o papel, é meu". Está arraigada na cultura brasileira a vontade de ter uma coisa para dizer sua, com absoluta certeza de que é dele, e não ficar na dúvida. Teve um caso de um colono lá em Ouro Preto que ficou doente cinco anos. Era capixaba ele, família Arrabal. E nós o mandamos várias vezes para Guiratinga, porque, naquele tempo, era levar para Guiratinga, que o Dr. Confúcio conhece, em Mato Grosso, levar para Mineiro. Várias vezes vinha o Sr. Antônio Arrabal tratar e voltava doente. No dia em que ele recebeu o título da terra, recebeu da mão do Presidente Geisel, inclusive, ele sarou - ele sarou -, viveu muitos anos e morreu com quase 90 anos. Você vê que o problema do título da terra é muito mais social e psicológico do que a gente pensa - o problema do título. Então, a gente poderia continuar assim, mas eu quero mudar um pouquinho do assunto e falar um pouquinho, Senador Bagattoli, Senador Marcos Rogério, Senador Confúcio, do que a gente pensa que vai ser o Estado de Rondônia, do que precisariam os homens públicos, os gestores públicos, os políticos, os militantes do Estado de Rondônia, em todos os níveis, desde Vereador até Senador e Governador, ter como ideia para onde nós vamos caminhar. Por exemplo, agora nós estamos vivendo a fase da mecanização de lavouras tecnicamente plantadas, o que faz parte do ciclo, é a terceira parte do ciclo. Primeiro, a derrubada, o plantio de roça de subsistência, de arroz, milho, feijão, alguma coisinha; depois, a época da pecuária, porque a pecuária, muito combatida, por sinal, ajudou muito Rondônia no sentido de que todos aqueles colonos - viu, João Duarte? - que tinham um gadinho tinham muito mais amor à terra do que aqueles que não tinham um gadinho. Isso está constatado nas desistências, nas vendas de lotes: aqueles que tinham um gadinho tinham amor à terra, a mulher tinha, a criança tinha muito mais do que os outros que não tinham gado. |
| R | Então, é muito importante a pecuária; hoje é muito combatida. Claro que tem alguns senões? Tem em todas as atividades, não é só no agronegócio. Em todas as atividades têm os senões, tem os contras, tem as coisas que são contra, tem as coisas que não são bem daquele jeito. Então, nós temos que pensar, o Estado de Rondônia, e eu começaria aqui a falar da questão ambiental. Desde que eu milito no serviço público e na política, eu vejo esse blá-blá-blá de coisa ambiental, e não tem uma medida, uma política objetiva, uma política correta, uma política honesta com relação ao meio ambiente, porque nem tudo a César, nem tudo a Brutus. Nós temos que compatibilizar o desenvolvimento com a questão ambiental, mas de uma maneira racional, de uma maneira respeitosa com aquelas pessoas que estão lá, que foram para lá, e, muitas vezes, uns desavisados, outros até para o má-fé, mas foram ocupar uma terra na Amazônia - não estou falando agora só de Rondônia -; chegam lá e ficam igual barata tonta, sem um rumo - sem um rumo -, porque o Governo... Eu sempre critiquei nas reuniões da Sudam de que eu participei - Deputado Miguel de Souza, você participou de várias também -, eu sempre solicitava para os Ministros ali presentes - sempre tinha cinco, seis Ministros -, uma política para a Rondônia, porque não é "só o proibido, só não pode, só não pode, só é crime, não pode", não pode ser desse jeito. Hoje nós temos que respeitar a pessoa como um ser humano, como um ente da sociedade, independentemente do patamar social e econômico dele. Ele tem que ser respeitado, porque é um ser humano. Agora, hoje nós temos muito mais obrigação com a floresta, com a árvore do que com o ser humano; isso é um absurdo - isso é um absurdo. Então, essa questão precisa de muita dedicação aqui, dos Senadores, principalmente, dos Deputados Federais, exigindo ao Governo - o Governo como um todo; não falo do Presidente da República, não, porque esse não sabe nada - uma política para Rondônia, para a Amazônia, para chegar lá e dizer: "Aqui pode plantar soja até um certo limite, aqui não pode". E as reservas, não é, Senador Confúcio? Nós temos tanta reserva em Rondônia que, se você dividir Rondônia em três partes, duas partes são reservas, a qualquer título, inclusive indígena - duas partes. Então, não é só criar a reserva; tem que fiscalizar, tem que administrar. Elas são todas demarcadas, mas não existe fiscalização a priori; existe fiscalização depois da atribulação cometida, depois do fato consolidado. Aí chega lá o Ibama, cheio de vontade, cheio de autoridade, cheio de crachá, para multar o cidadão ali, que está ali nem sabe por que, para multar, porque "não, não podia ter feito assim, não podia", não podia, mas deixaram fazer. Então, eu vi que o Dr. Amadeu, outro dia, estava falando, numa entrevista que deu lá na rádio, para o jornalista Arimar Souza, que, quando nós expedimos os primeiros títulos de Rondônia, as primeiras autorizações de ocupação, está escrito lá que não podia derrubar mais de 50% da área, não poderia derrubar as margens de igarapés e nascentes, não poderia derrubar em cima do morro com aclive acima de 45°; não podia, estava escrito lá. Mas quem? O IBDF não existia naquela época lá. Depois veio o Ibama com mais missão policialesca do que de produzir uma política ambiental para o Brasil. Então, isso aí é grave, muito grave. |
| R | E outros problemas são a parte de gestão pública. Não quero falar nada aqui de desvio, essas coisas, porque isso é coisa de polícia, mas o gestor público que assumiu o Governo de Rondônia precisa ter a consciência, convencimento, de que ele não pode inviabilizar o estado, do ponto de vista fiscal, porque o estado, hoje, é um estado sadio, é um estado que tem autonomia financeira. Claro que tem muita coisa para fazer, e o Governo Federal investe pouco, em relação não só a Rondônia, mas a todos os estados. O Governo Federal arrecada muito, e investe pouco, devolve pouco, devolve pouco para os estados. Rondônia também é a mesma coisa, mas, com os recursos próprios do Estado de Rondônia, bem administrados, e sem inviabilizar o estado, do ponto de vista fiscal... Porque, quando o Governador Bianco pegou o estado, o estado estava numa insolvência fiscal muito grande, e ele, com muito sacrifício até da carreira política dele, procurou equacionar aqueles problemas, foram equacionados, e, felizmente - acho que até hoje -, o estado ainda está equilibradamente... Nessa área fiscal, está equilibrado, mas ele não pode descarrilhar jamais, porque, se descarrilhar, aí acabou. Aí, daqui a pouco, nós teremos muito mais Bolsa Família do que carteira assinada. Eu poderia ficar aqui quanto tempo falando, não é? Quanto tempo? Mas eu vou encerrar. Já espichei muito aqui essa história. Eu queria aqui prestar uma homenagem à minha família, à minha esposa Lenita, que foi guerreira. Nós casamos no dia 26 de fevereiro de 1971... Vinte e sete? Olha aí... (Risos.) Eu falei assim para ver se ela estava prestando atenção. (Risos.) Então, nós casamos em 27 de fevereiro de 1971, e, uma semana depois, ela foi morar comigo em Ouro Preto. Agora, vocês imaginem Ouro Preto em 1971. Foi a primeira casa que nós fizemos lá em Ouro Preto. Foi a nossa. Uma casa de madeira, casa humilde. E, depois... Já tínhamos feito um alojamento para os funcionários... Então, muitas vezes... Foi a época em que eu comecei a cuidar dos outros projetos, de escolher área para outros projetos, como foi o caso lá do projeto de Ji-Paraná, de Cacoal, os outros, e ela ficava, às vezes, uma semana sozinha em casa. Jovem ainda, com vinte e poucos anos - né, bem? -, 22 anos... Ficava sozinha. E, à noite, ali, não foi uma nem duas vezes... Às vezes, quando dava uma chuva e se levantava no outro dia, de manhã, viam-se ali as pisadas de algum animal da floresta, até onça rodeava a casa lá, porque era um isolamento, no meio da mata. Era bem no meio da mata nossa casa. Bem, bem. Então, ela está aqui presente... Ela nunca, Senador, nunca, na vida dela, sentou-se a uma mesa de autoridade como ela se sentou hoje. Muito obrigado pela deferência. (Palmas.) Ela sempre foi uma pessoa presente, mas dentro de um cerimonial muito dela, muito de Goiás, não é? Mulher sempre acha que tem que ficar atrás do homem, não pode nem emparelhar, nem ficar na frente, não é? Era assim mesmo. Então, eu quero agradecer aqui a presença dela, da minha filha, Larissa... Eu gostaria até que a Larissa se levantasse, minha filha Larissa... (Palmas.) |
| R | E o esposo dela, o Júlio... Se puder levantar também, Júlio. (Palmas.) Ambos são psicólogos lá no Paraná, em Curitiba. A minha neta Beatriz, que é acadêmica de Arquitetura. (Palmas.) A Carol, que é acadêmica de Psicologia; o meu neto, Arthur, que mora lá em Floripa, acadêmico de Direito; e a namorada dele, a Milena, que é acadêmica de Medicina. (Palmas.) O Lucas, meu sobrinho, que é acadêmico aqui na Universidade de Brasília; a Antônia, minha irmã, professora, professora do Marco Rogério; a minha irmã Anízia, que é advogada em Goiás e em Vilhena; a minha sobrinha Laysa, que já está de pé; o Daniel, meu sobrinho; a Fátima, minha sobrinha, a Simone... (Palmas.) Vocês se levantem, não fiquem com preguiça, não. O meu cunhado Rômulo, lá de Itumbiara, e a esposa dele, a Deise; a minha sobrinha Silmara, que mora aqui em Brasília; e, em especial, essa senhora de quase 92 anos, a D. Ada Morais, que mora em Uberlândia. (Palmas.) Ela é uma senhora que eu conheço há mais de 60 anos, né? E essa jovialidade toda, com 92 anos, causa inveja para a gente - causa inveja. Que Deus, D. Ada, ainda dê à senhora muitos anos de vida e de convivência entre nós. Então, era isso o que eu queria mostrar para vocês. E o meu amigo Alceu, que foi o meu colega de faculdade lá em Piracicaba, desde cinco anos; meu colega do Incra, o Luiz Melo, lá em Rondônia; Luiz Gonzaga, cidadão agora brasiliense, mas trabalhou conosco no Incra lá em Cacoal, no começo; o Dr. Amadeu, que foi nosso procurador, advogado, e prestou muito serviços à Rondônia. (Palmas.) Essa questão de... A minha sobrinha Rubiana, que é advogada aqui. (Palmas.) Ela pensou assim: "Vai esquecer de mim, né?". Ela pensou, talvez. Meu sobrinho Nilton, que mora aqui em Brasília; minha sobrinha Dra. Fabíola, que mora aqui em Brasília; o Dr. Marcelo, médico transnacional, um dos radiologistas mais conhecidos no mundo, Dr. Marcelo, com essa humildade toda. (Palmas.) O Dr. Fabiano, advogado, que mora aqui em Brasília também; lá no fundo, meu irmão Sebastião, médico no Paraná, com a esposa dele, a Anísia; meu sobrinho Gustavo, que foi Ministro de Desenvolvimento Rural; a Dra. Ana Paula, esposa dele. E acho que até o Arturzinho, está aí, não é, Arturzinho? (Intervenção fora do microfone.) O SR. ASSIS CANUTO - Aí, muito bem. Então, é isso aí... A Cida ali... Como é que eu vou esquecer a Cida, hein? Meu sobrinho Andrada, da Receita Federal, aposentado. (Palmas.) Então, é isso aí. Esse é o nosso povo, Senador. É um povo humilde, um povo trabalhador. Nós fomos criados na roça aqui no interior de Goiás - Confúcio sabe muito bem como é ser criado na roça, no interior de Goiás, filho de pequenos produtores rurais, com nove irmãos, como era comum naquela época... Meu pai tomou a decisão de se mudar para a cidade para que a gente pudesse estudar. |
| R | E isso aí é uma coisa, uma visão do meu pai, um homem sem estudo; e minha mãe também era sem estudo, mas de muita visão, falou: "Vamos levar esse menino para estudar, porque, se ele ficar aqui na roça, vai ficar igual a nós". E hoje nós estamos no Brasil todo, nossa família está no Brasil todo e no exterior também. São coisas que a gente não planeja, mas acontecem. E, para fazer essas coisas acontecerem, só tem um ente superior sobre nós que nos abençoa e nos guia para sempre. Obrigado. (Palmas.) (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Jaime Bagattoli. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Após essa aula aí, ficou até difícil para nós continuarmos aqui. Queria dizer para você, Assis Canuto, que eu me sinto assim tão... Como vou lhe dizer em palavras? Assim, é uma gratidão estar com o senhor hoje aqui, até porque eu tenho uma história, a gente tem... A minha família está há 51 anos lá em Rondônia. Quando chegamos, Assis Canuto já estava lá há quatro, cinco anos. Então a gente conheceu toda essa história aí que ele veio falando. E, quando ele fala sobre Vilhena, que nós chegamos em Vilhena... Vilhena, para quem não conhece, faz parte da Chapada dos Parecis; é o único município do Estado de Rondônia que está na Chapada dos Parecis junto com os do Mato Grosso, que são Comodoro, Campos de Júlio, Sapezal e Campo Novo do Parecis. Quando o Assis Canuto falou da terra pobre que precisava... Naquela época, não existia correção de calcário; estava começando no Sul do Brasil, e aí surgiu a correção de calcário. E Vilhena é um município em que boa parte, 80% das terras são arenosas e em 20% têm argila, pouco menos de 20%. E as terras que são argilosas em Vilhena, no Município de Vilhena, são de alta produtividade. Hoje, nós temos próximo de 50 mil hectares com alta produtividade, com duas safras; chove nove meses por ano, e temos o privilégio de fazer a segunda safra, que é de algodão. Então começa a se plantar em setembro. De metade de setembro para final de setembro, planta-se soja e tudo se colhe é até final de janeiro e se consegue fazer a segunda safra, em que ou se planta milho ou se tem a possibilidade de plantar algodão, que é uma safra de custo altíssimo, mas de alta produtividade. Eu queria também aqui, antes de passar a palavra aos nossos dois Senadores, na pessoa do João Duarte - levanta aí, João Duarte... (Palmas.) Na pessoa do João Duarte, pioneiro lá do Estado de Rondônia, especificamente lá do Município de Ji-Paraná, onde reside Assis Canuto, na pessoa dele, eu quero cumprimentar todos os empresários, todos os produtores rurais, toda a população do nosso querido Estado de Rondônia. Nós hoje temos lá em torno de 1,6 milhão de pessoas. |
| R | Quero dizer para vocês que, quando você comentou sobre Bolsa Família, Assis Canuto, é o dobro: hoje nós temos 135 mil pessoas, aproximadamente, no Bolsa Família contra duzentas e setenta e poucas mil com carteira assinada. É o dobro. É o único estado do Norte e Nordeste que tem o dobro de carteira assinada contra Bolsa Família. Todos os demais estados do Norte e do Nordeste têm mais Bolsa Família do que carteira assinada. Muito importante. Quem viveu em Rondônia antes de 1984, que conheceu a estrada do jeito que era, essas pessoas foram guerreiras, foram verdadeiros heróis, indo para uma terra, para uma região sem energia elétrica, sem comunicação, sem estrada - o Incra dando essas propriedades -, cortando as propriedades, indo lá no meio da mata, levando as coisas muitas vezes até 20km, 30km a pé. Foram uns verdadeiros guerreiros. Quero dizer para vocês também que eu só quero fazer aqui uma pequena lembrança de todos os Governadores que passaram pelo nosso Estado de Rondônia. Com a transformação para estado, o nosso saudoso e eterno Jorge Teixeira de Oliveira. (Palmas.) Ele presidiu o Estado de Rondônia de 4 de janeiro de 1982 a 10 de maio de 1985. Ângelo Angelim, que ficou na intermediação, antes de começar a ser pelas eleições, de 10 de maio de 1985 a 15 de março de 1987. Inclusive, Ângelo Angelim é conterrâneo, é do Município de Vilhena, o meu município. Jerônimo Garcia de Santana: 15 de março de 1987 a 15 de maio de 1991. Osvaldo Piana Filho: 15 de maio de 1991 a 15 de maio de 1995 - Assis Canuto foi Vice-Governador por esse período. Valdir Raupp, que está aqui, ex-Governador, ex-Senador: 15 de maio de 1995 a 1º de maio de 2003. Eu quero dizer para você, ex-Senador e ex-Governador Valdir Raupp: cada um contribuiu com a sua parte no Estado de Rondônia, mas você teve uma grande contribuição naquele momento do corredor de soja de exportação, interligando o noroeste do Mato Grosso - Sapezal, Comodoro, Campo de Júlio, Campo Novo, Brasnorte -, e isso segue até os dias de hoje, através da Hidrovia do Madeira. Você fez aquela concessão lá com a família Maggi, e começou ali a exportação. Foi um novo marco também, e nós precisamos dizer para vocês: foi a redenção do Estado de Rondônia, principalmente na produção de soja e milho, porque nós não tínhamos corredor de exportação. Nosso corredor de exportação era a Paranaguá-Santos; não tinha essa ferrovia, não existia nem essa ferrovia Rondonópolis-Santos, que existe hoje, então era transporte rodoviário. Parabéns, porque você ajudou também o estado e todos os Governadores com a sua contribuição. José Bianco: 1º de janeiro de 2003 a 1º de janeiro de 2007. Ivo Narciso Cassol: 1º de janeiro de 2007 a 31 de março de 2010. |
| R | João Cahulla, que era Vice do Ivo Cassol, foi Vice-Governador: de 31 de março de 2010 a 1º de janeiro de 2011. Confúcio Moura, que está aqui e também presidiu, foi Governador do nosso Estado de Rondônia: de 1º de maio de 2011 a 5 de abril de 2018. Daniel Pereira, Vice-Governador de Confúcio Moura: assumiu do dia 6 de abril de 2018 a 31 de dezembro de 2018. E Marcos Rocha, que está hoje governando o Estado de Rondônia, neste momento, agora, ainda no ano de 2025. Então, eu fico muito grato por conhecer essa história de Rondônia, por ter visto o nascimento de 50 municípios. Eu só não vi o nascimento de Porto Velho e Guajará-Mirim. E o meu município - eu estava lá, nós estamos, desde 1974 -, Vilhena, foi emancipado junto, como Assis Canuto falou há pouco. Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Ji-Paraná e Ariquemes foram emancipados na mesma semana, no ano de 1977, em novembro, pelo então Presidente da República Ernesto Geisel. Como era um território, quem emancipava os municípios dos territórios era o Presidente da República. Então, é uma história linda a do Estado de Rondônia. E fico feliz em ter homenageado essa pessoa que tanto contribuiu para o nosso Estado de Rondônia, Assis Canuto, pela distribuição de terra. (Palmas.) Eu quero aqui, neste momento, conceder a palavra ao nosso Senador, também de Rondônia, colega nosso, colega meu, Confúcio Moura. (Palmas.) O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Para discursar.) - Pelo que vi aqui, a maioria dos presentes são da família do Canuto. Quero cumprimentar todos os seus familiares queridos; cumprimentar todos os demais amigos do Assis Canuto que se fazem presentes nesta solenidade, nesta sessão de homenagem a uma figura histórica, lendária do nosso estado; cumprimentar o Sr. Presidente desta sessão, Jaime Bagattoli; o Senador Marcos Rogério, lá do Estado de Rondônia; o Senador Valdir Raupp; os demais presentes; as duas mulheres na mesa: a Sandra Melo, esposa do Bagattoli, e a Sra. Lenita Simões Canuto. Todos sintam-se cumprimentados. Eu imaginei que seria... Eu faço muito discurso aqui no Plenário, mas o meu tema é educação. Eu sou médico, mas o meu tema é educação, porque eu acho que, se nós não desenvolvermos a educação, o nosso país não vai se desenvolver, como o Canuto prognosticou aqui. Eu acho que a educação é o fundamento do desenvolvimento real de qualquer país no mundo, e todos os países que prosperaram foi através da educação. |
| R | Eu uso muito o Plenário aqui para falar de educação, mas hoje eu imaginei que falar em uma homenagem fosse a mesma coisa de falar da rotina, do dia a dia aqui, como eu uso aqui o Plenário, mas eu senti muita dificuldade de falar do Assis Canuto. Por exemplo, falar da biografia não precisa, porque, se você abre no Google, na inteligência artificial, você vê todos os detalhezinhos do Canuto. Não precisa eu vir aqui falar que ele nasceu em tal data, nasceu aqui, acolá; disso não vai precisar, porque a gente já sabe. Isso é muito importante. Mais fácil seria que, além do Canuto, porque eu sei que nasceu em Goiás, foi para São Paulo, estudou bastante, se arribou para Rondônia, como a gente dizia naquela época, para iniciar uma vida de aventuras... Era mais um jovem aventureiro que tinha tudo para quebrar a cara, porque a gente ia para lá numa aventura mesmo, como ele falou, de sonho e esperança, mas ele não sabia que ia dar certo, ele não sabia que ia morar naquela floresta fechada, com todo o ambiente inóspito e toda aquela dificuldade, como ele relatou aqui tão delicadamente, tão suavemente, de uma maneira tão pacificada. O Canuto não fez a mesma epopeia do Rondon. Ele fez quase igual por outras formas. Ele não esticou nenhum cabo telegráfico, ele não atravessou nenhum rio a nado, assim mesmo se justificou pelas suas ações heroicas. Ele falou aqui que andava num teco-teco sem porta... amarrada com uma corda, jogando bolacha com uma carta para os seringueiros extrativistas. Então, isso é uma epopeia, isso não existe, dá um livro maravilhoso contar essas histórias. E aqui um dos meus antecessores falou que ele é um ótimo contador de histórias; no vídeo, o Dr. Amadeu falou que ele é um ótimo contista. Então, acho que ele poderia escrever agora bastante para a gente ver essas histórias escritas e publicadas no Estado de Rondônia. Mas será que eu não estou exagerando, gente, com esse meu discurso de dizer que Canuto é um herói vivo? Não. Ele é um herói vivo, de verdade. Por que só herói morto? Ele é um herói vivo. Ele falou aqui e o Bagattoli na introdução explicou muito bem: era um jovem com seu diploma debaixo do braço, que podia ficar perto, lá em São Paulo mesmo; podia ir para o Paraná, onde está a sua família; podia ir para Goiás, onde é a sua origem; ou até ficar lá mesmo por São Paulo, onde ele estudou - muitos colegas estão por lá, onde tudo já era consolidado e certo. Mas, sei lá como, foi puxado por um cabo de aço invisível, tracionado para ir para o Território Federal de Rondônia, que tinha uma população muito pequena, mais concentrada em Guajará e Porto Velho. Era um jovem teimoso, rebelde. Essa rebeldia dele é que fez com que ele hoje fosse homenageado, porque ele era realmente um sujeito insurrecto, ele realmente se insurgiu lá na sua família: "Eu vou lá para o Norte!". "O que você vai fazer no Norte?" "Eu vou para o Norte!" E foi para o Norte: "Vou tentar a vida por lá". É como a gente dizia naquele tempo: vou tentar a vida por lá. Como se ali tivesse a sua missão de vida e existência, até como uma profecia - até como uma profecia. E ele lá... Nosso hino fala - talvez seja isso -: "Quando [...] [o] céu se faz moldura". Será que foi isso que puxou Canuto para lá? O céu fazendo moldura? Ele chegou lá no Incra, nos anos de chumbo, e ajudou a elaborar um novo mapa geopolítico do território, imaginar coisas, imaginar futuros incertos. E o Incra, naquele tempo, Jaime... Eu cheguei lá, eu era médico recém-formado, ali procurando emprego. Hoje é fácil, hoje o médico... a pessoa está buscando bolsa, o Mais Médicos... A gente vai para o interiorzão, para o sertão com um salariozinho de R$12 mil a R$16 mil. |
| R | Eu falei: "Eu quero morar é num lugar absurdamente isolado". Eu tinha esse sonho na minha cabeça, assim como o Canuto, meio doido. Então vamos entrar para um lugar isolado. E eu fui para lá também quando a cidade não existia! Não existia cidade, assim como o Canuto falou aqui. Não existia cidade. E o Incra era poderoso. Onde é que eu fui bater na porta, para procurar emprego de médico? Porque não tinha o Mais Médicos. Em vez de ir ao Governo do estado, cujo Governador do território, naquela ocasião, era o Humberto Guedes, eu fui no Incra. O Incra era poderoso, tinha dinheiro, tinha avião, alugava, tinha movimento, contratava gente. Eu falei: eu vou caçar um emprego lá no Incra. E eu fui lá com o Galvão Modesto, o Galvão Modesto. Esperei lá umas quatro horas, era assim de gente para falar com o homem. Mais importante que o Governador. Canuto também já era lá o figuraço do Incra, naquela ocasião. O Incra tinha dinheiro, tinha estrutura, tinha realmente uma condição excelente, competia com o Governador do estado. Canuto é um homem prático, prático. Ele é mais de fazer e usar até as mãos, usar as mãos. Quando a gente pega para fazer uma coisa com as mãos, é difícil você esquecer. É igual médico: a gente aprende a operar cortando. Vai fazendo, vai fazendo, faz uma, faz duas, faz cinquenta, faz mil, aí você fica habilidoso. As mãos ensinam. Ele aprendeu com as mãos, não é mesmo? Então, mesmo assim, chegou à Câmara Federal e foi legislador. Acho que foi por uma circunstância, assim como eu. Quem que falou que eu poderia ser Senador, Governador, Deputado? Nunca imaginei essas coisas. Isso é uma circunstância da vida, que vai empurrando a gente; a gente nem sabe por quê, mas vai. E vai, a gente vai andando. E parece que não volta mais atrás. Política é terrível, é um vício horroroso, mas é isso mesmo. Eu estou aqui hoje para dourar ainda mais essa biografia do Canuto. Sem espumas, sem papel picado, sem bandas, sem liras, mas para aplaudir com veemência todo o merecimento que devemos a esse cidadão. Ele, do alto da sua simplicidade, avesso a honrarias, deve ficar aqui com uma alegria recolhida, escondida dentro do seu coração, dizendo assim, para ele mesmo: "Mas precisa disso mesmo pra mim?". Não, amigo, aqui está presente o grito do agradecimento à sua pessoa, a exaltação do que você fez sem esperar nenhum louro, nenhuma glória, nenhuma sessão solene para aplaudir de honrarias o exato e o fundo cumprimento do seu dever. Ele foi exato e cumpriu bem o seu dever. |
| R | Não se pode apagar a história, Canuto. Eu o imagino rodando por Rondônia, nos dias atuais, você andando no seu carro, andando por Rondônia ao léu, parando e olhando, encontrando o seu sonho e a realidade do dia a dia, imaginando os seus mapas, sobre os quais você ficava lá debruçado, seus ângulos, seus azimutes, ainda teóricos, para encontrar-se agora num estado prático, bonito, elegante e próspero. Os seus "nuares", que eram os núcleos das suas agrovilas, plantadas no mato, que eu acho que você copiou esse modelo dos kibutz israelenses - com certeza, você fez um estágio, fez uma pós-graduação em Israel -, hoje são cidades lindas. Lá onde era uma agrovilazinha simples hoje é uma cidade bonita. Seus riscos feitos na floresta com seus teodolitos carregados às costas são fazendas, são distritos, são cidades, são campos produtivos. Os pioneiros daquela época compuseram uma mestiçagem do Estado de Rondônia, e é um povo bonito, é um povo misturado. Qual é a genética do rondoniense? É a genética do Brasil. E deixaram um legado maravilhoso em um povo inteligente e trabalhador. O seu sonho, Canuto, se transformou numa realidade inimaginável. Essa homenagem aqui é justa e é merecida. Bem que poderia sair daqui com uma medalha de ouro no seu peito, mas, não, você sairá daqui com palavras, palavras espontâneas dos seus amigos, dos seus admiradores, e verdadeiras, de quem lhe conhece e quem lhe admira. Rondônia tem um dever cívico de escrever seu nome no panteão da sua história, ao lado de Rondon, ao lado de Sílvio de Faria, que foi seu chefe, ao lado de Jorge Teixeira de Oliveira e de Jerônimo Santana, como um dos seus construtores mais ilustres. Onde andarão os seus mortos pioneiros? Onde andará Vicente Homem, Belisário Coelho, José Viana, Geraldo Jotão, Pedro Kemper, Josino Brito, Lúcia Tereza, Esron Penha de Menezes, Máximo Vilar, Francisco Salles, Vicente de Paula e tantos e tantos e tantos outros, afora os seus colegas de trabalho já desaparecidos? Desçam todos de onde estiverem e venham para cá nos ajudar a aplaudir aquele que vocês conheceram! Venham, almas guerreiras, me ajudem a aplaudir solenemente esse grande brasileiro que é Assis Canuto! Parabéns! Canuto, você merece! Muito obrigado. (Palmas.) |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jaime Bagattoli. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Senador Confúcio Moura, obrigado pelas suas palavras, pelo conhecimento que tem; participou do início da construção do nosso Estado de Rondônia, ainda quando território. Eu me sinto orgulhoso de estar aqui com dois Senadores, um que conheceu toda a história de Rondônia e outro que é filho de Rondônia, porque seus pais foram para lá, o Senador Marcos Rogério. Então, eu me sinto feliz hoje de estar aqui e dizer para vocês o quanto é importante, como o Senador Confúcio Moura fala, homenagear uma pessoa em vida. Porque nós precisaríamos ter homenageado todos aqueles que partiram, antes de eles terem partido, por terem contribuído tanto para o nosso ex-Território e Estado de Rondônia. Então, essa sua biografia, essa luta que você teve lá pelo Estado de Rondônia é inesquecível. Também não posso deixar de agradecer a todas as pessoas do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste, do Nordeste, pessoas oriundas lá do Norte do Brasil que tanto contribuíram para aquele Estado de Rondônia, inclusive aquelas dezenas de pessoas, centenas de pessoas que perderam suas vidas naquela construção da ferrovia Madeira-Mamoré, e mais, todas essas pessoas que, nesse passar aí, desde o assentamento do Incra... Quantas pessoas que foram para lá e partiram, infelizmente, por uma situação... E muitos foram por malária. Então, a gente sabe de tantas pessoas que sofreram lá e construíram a sua história. Quero também, mais uma vez, aqui agradecer a todas as pessoas, aos familiares de Assis Canuto, que vieram aqui prestar essa grande homenagem a esse cidadão que merece esse título tão precioso, esse título que ele vai receber hoje. Eu queria conceder neste momento a palavra ao nosso Senador Marcos Rogério. O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Para discursar.) - Sr. Presidente, nobre Senador Jaime Bagattoli, a quem cumprimento pela iniciativa desta importante sessão solene de homenagens. Cumprimento com muita alegria todos os que compõem a mesa neste momento, de modo especial, o nosso homenageado Assis Canuto. É uma alegria e uma honra ter o Canuto conosco. Cumprimento a D. Lenita Simões Canuto, que hoje compõe o dispositivo de honra à mesa do Senado Federal, num momento histórico e extremamente cheio de significados, tenho certeza, para a vida e para a trajetória de Canuto, essa trajetória que é construída ao lado da senhora. Então, esta é uma homenagem feita a duas figuras ilustres a que Rondônia tem muita gratidão e respeito pelos feitos no meu Estado de Rondônia. (Palmas.) |
| R | Quero cumprimentar a Sandra Melo, nossa Presidente do PL Mulher do meu Estado de Rondônia. Quero deixar aqui uma saudação de modo muito especial a cada um dos senhores e das senhoras que comparecem a esta sessão de homenagem. São tantas pessoas, muitos que conheço. Quero fazer um registro especial para a Profa. Antônia. Muito obrigado pela presença. Hoje, eu me senti duplamente homenageado aqui com a presença da Professora e com as falas do Canuto. Eu tinha feito aqui um esboço, um roteiro para compartilhar nesta sessão de hoje, mas, ouvindo o Canuto aqui, eu estou sendo provocado a abandonar o script, porque eu espero ter a longevidade que o Canuto tem e ainda terá por muito mais tempo, mas com a qualidade da memória que ele tem, do raciocínio que ele tem, com o conhecimento que ele expõe... A sua fala aqui hoje, Canuto... O Senado Federal lhe oferece esta homenagem, este reconhecimento, mas a sua presença aqui e a sua fala aqui é que nos homenageiam, homenageiam o Estado de Rondônia. Você traduziu aqui não apenas uma boa parcela da história do Estado de Rondônia, mas ainda trouxe a visão de quem conheceu Rondônia no seu começo, no como foi concebida, no como foi feita, no como foi construída, edificada cada uma das regiões, e conectou esse passado heroico, histórico, estrutural com uma visão de alguém que está olhando à frente do seu tempo. E, como você mencionou aqui - é verdadeiro, quero dar testemunho disso -, a exemplo de muitas outras famílias, a minha família foi para a Rondônia dentro desse contexto. Oriunda do Estado do Espírito Santo, ela chegou lá na década de 70 e foi viver no campo, na roça. Na verdade, essa era a sina, esse era o caminho de quem vinha de fora. Eram motivados por um chamado do Estado brasileiro naquele tempo, pois havia um lema que ficou muito conhecido na época: o integrar para não entregar. Era um chamamento feito àquela região do Brasil que precisava ser ocupada, que precisava ser desbravada. E quem colocou ali a disposição de fazer isso acontecer foram pessoas como o Canuto. O Canuto foi o grande nome. Dias atrás, eu estava numa sessão de homenagens na Assembleia Legislativa, Deputado Alan, que homenageava outro pioneiro no Estado de Rondônia, o Sr. Assis Gurgacz, e a história da Eucatur. No seu livro retratando recortes da história de Rondônia, uma boa parte do livro, Senador Raupp, falava do Assis Canuto. |
| R | Era uma empresa que começou a fazer o transporte de passageiros da região do Paraná para o Estado Rondônia, que levava daquela região do Brasil para lá famílias que iam para ocupar a terra, para trabalhar, para produzir. E lá quem é que estava para receber a partir do PIC Ouro Preto? Assis Canuto. Era quem recebia, era quem orientava, era quem encaminhava, dava oportunidade, dava apoio, dava assistência. E com isso nós começamos... Eu cheguei um pouco depois, eu já nasci em 1978, eu nasci um ano depois que Ji-Paraná se tornou Ji-Paraná, porque em 1977 ela foi emancipada, em 1978 eu nasci, mas essa história já estava em curso, essa construção já estava sendo feita. Então, quantas famílias foram para lá motivadas por esse chamamento, mas que só tiveram a condição de se estabelecerem e de encaminharem a sua vida porque lá encontraram o Assis Canuto, um homem visionário, destemido, conectado com aquela região? Sabendo também das dificuldades de quem vinha de fora, da desorientação, da falta de acesso, da falta de condição, então, ele encaminha, ele dá oportunidade, ele auxilia, ele ajuda. E foi com essa visão, foi com esse amor ao início daquele estado que Assis Canuto, a exemplo de outros nomes que a gente tem, mas ele foi um pioneiro nesse campo, fez de Rondônia o que Rondônia é hoje. Ele citou aqui - eu não vou mencionar os municípios - as regiões que passaram a surgir a partir dessa expansão da política de colonização que o Incra fazia à época e que fez nascer a região do Cone Sul de Rondônia, que hoje é uma região das mais valorizadas do ponto de vista da produção, é uma região estratégica para o desenvolvimento econômico do Estado de Rondônia, mas ele não fez isso apenas em Ouro Preto: esteve à frente do Incra em Rondônia, no Acre, fez isso por diversos municípios. E algo que me chama a atenção... E quem olha para a história hoje, quem olha para o Estado de Rondônia hoje, às vezes, há um tempo, Gonzaga, pudesse dizer: "Mas teve região de Rondônia que foi pensada, que foi colonizada e que, de repente, nem deveria ter sido, porque a terra é fraca, a terra é ruim". E Rondônia tem isso, Rondônia tem regiões diferentes, terras com perfil de solo diferente: você vai à região do Cone Sul, tem uma terra muito forte, muito produtiva; você chega a uma região da 429, já tem uma terra um pouco mista, mais diferente, mas é uma terra também de regiões planas; você vai à região da Grande Ariquemes - estava aqui o Governador Confúcio -, você pega ali Cujubim, você pega lá Rio Crespo, vai ao lado de Machadinho, terra mista, terra fraca. Até pouco tempo atrás, alguém chegava lá: "Mas terra aqui não vale muita coisa", mas, lá atrás, alguém ousou falar: "Não, vamos estabelecer aqui o modelo, vamos trazer para cá o desenvolvimento também", e assim o fez na minha região de Ji-Paraná, com característica também diferente, que é a cidade também do Canuto, só que o tempo passa, muda a cultura produtiva do Estado de Rondônia, avança-se o processo tecnológico, a informação, os instrumentos. |
| R | Na época, quando nós chegamos a Rondônia, não tinha estrutura para poder desbravar, não; era na força do braço mesmo, era na força bruta. Meu pai abriu matas no machado, na foice e no machado. Não tinha, como hoje, trator, não tinha essa coisa toda, Miguel. Isso é coisa da modernidade. Na época era na força do braço, era na foice e no machado. Àquela época, a maneira como você preparava o solo para produzir, com as informações que tinha, era fogo. Todo ano era fogo, pasto, né? Chegou a um determinado momento, é fogo para o pasto voltar melhor. Então, era uma cultura, não tinha muita informação, esse negócio de mata ciliar, de encosta, não sei o quê... Não tinha informação, não tinha orientação. Hoje, a gente vê essa política, essa narrativa que insiste em criminalizar o homem do campo, que é de tratar o homem do campo como criminoso, mas foi nessa época lá de trás que esses bravos brasileiros, abrindo mão de suas cidades, das suas origens com muito mais conforto, foram para lá desbravar. Se Rondônia é o que é hoje, o é em razão de homens como Canuto e aqueles pioneiros que acreditaram no chamado e transformaram Rondônia nesse estado, que é uma potência na produção, produzindo alimento para o Brasil e para o mundo. Muitos são chamados hoje como se fossem criminosos, mas naquele tempo era o que tinha. Quanto à mudança na cultura de produção - que eu queria dizer aqui -, fez-se a expansão no estado todo. Hoje você tem talvez, sobretudo, a influência de quem produz a soja, que levou para Rondônia a cultura da mecanização, a cultura da correção do solo, e hoje Rondônia não tem terra ruim. Você pode ter terra menos produtiva, porque ainda alguém não ousou inovar e fazer a correção. Hoje, de ponta a ponta do Estado de Rondônia, nos quatro cantos, o estado produz, produz muito e produz até mais do que aqueles estados que lá atrás foram para nós referência. Aquele estado que era fim de linha hoje não é mais fim de linha, não é mais apenas um corredor logístico e econômico, não. Nós produzimos lá, nós temos um porto lá, nós temos uma estrutura que sai de lá e nós temos o Pacífico logo do lado ali, Miguel, que você tanto falou, hoje tem lá o Porto de Matarani, tem Xancai mais em cima e o corredor logístico da nossa produção saindo por ali. Não somos fim de linha; nós estamos num ponto estratégico para o desenvolvimento daquela região. Mas isso tudo, esse ambiente de oportunidade, quem criou? Canuto. Canuto foi o grande entusiasta, o grande operador dessa obra que ainda está em construção, evoluindo. Eu não quero ser extensivo aqui, mas o Canuto me trouxe memórias. Por isso é que eu estou buscando falar aqui alguma coisa sem... O Canuto me trouxe memórias da minha infância, porque, quando a minha família chegou ao Estado de Rondônia, a gente não foi morar numa fazenda, não foi morar num lugar com estrutura, não. Nós fomos morar lá no setor Riachuelo. Meu pai passou por 78, 82, depois cresci, já na Linha 86, na divisa com a Funai. E como é que era a vida lá? - porque: "Ah, o Incra deu terra, deu tudo; então, tinha casa boa, tinha energia elétrica, tinha televisão, tinha tudo". Não tinha nada - não tinha nada. Só tinha o endereço riscado lá. Você vai lá, mete o picadão, faz tudo e tal; o resto é contigo, se vira. E, aí, lá se ia construir uma casa de madeira, tirada da própria mata, da própria floresta, casa cercada de tábua, de lasca de coqueiro - a nossa não era nem de tábua, não; era lasca de coqueiro. Rachava o coqueiro, pregava as lascas, e aquilo era a casa. A cobertura era de tabuinha. E um detalhe: para você rachar a madeira de forma mais fácil, você rachava a madeira mais verde. E você cobria com aquela madeira verde. Aí o sol vinha, no período da seca, e secava tudo. Quando vinha a chuva do ano seguinte, a tabuinha murchava, e aí começava uma operação de guerra dentro de casa. Se a chuva fosse à noite, você tinha que ficar virando a cama para lá e para cá, porque ia pingar dentro de casa e molhar a cama toda. E não era cama de colchão moderno, não. A cama também era feita sobre madeira, com lasca de coqueiro, palha de arroz - outros colocavam até milho. E era desse jeito. Era uma vida simples, sofrida. O piso da casa como é que era? O piso era de terra, mas era chique, era moderno, era colorido. Tinha a cozinha com piso de barro branco, e a sala com piso ecológico. Talvez aqui muitos nem saibam - os mais antigos talvez -, mas como é que era o piso ecológico, Canuto? Era a bosta de boi. E aquilo ia passando com o tempo e ficando um piso aveludado, macio. (Risos.) |
| R | Essa era a vida no campo. Era uma vida de simplicidade, era uma vida humilde. Energia? Nem sonhar! Não tinha energia, não. Nas casas em que a modernidade tinha chegado, tinha lá um lampião, que normalmente se colocava no meio da sala para a cozinha, com uma vara estendida. E aí a camisinha ficava em cima, o acendedor ficava em cima, e ele clareava a cozinha e a sala. Para sair à noite, era uma lata. Alguém fazia... Quem vinha da cidade, chegava ao sítio, não conhecia e não sabia, pensava que era uma assombração: alguém saindo com aquela "lamparinona", com um pavio fumegando o caminho. Não tinha, não... Era uma vida sofrida, humilde, mas que nós enfrentamos. Mas nesse contexto de sofrimento, muitos que tiveram essas oportunidades - João Duarte está aqui, um pioneiro do nosso estado, lá da minha cidade também, e a Tati, obrigado pela presença de vocês -, muitos que chegaram naquela época e que tiveram que enfrentar essa dura realidade não deram conta de ficar, não deram conta de permanecer. Mas, felizmente, muitos ousaram, insistiram e transformaram aquele território inóspito no que é o Estado de Rondônia hoje. Hoje, quem vai ao Estado de Rondônia e olha para aquilo tudo lá transformado não imagina como foi lá atrás. Isso foi graças ao trabalho de homens como Canuto, graças ao trabalho de pioneiros, como foi o caso - e eu humildemente cito aqui - da minha família, que veio de fora, só com um sonho na bagagem, em cima de um caminhão pau de arara. Então, essa homenagem que hoje é prestada ao Sr. Assis Canuto, um amigo, traduz um pouco da história do Estado de Rondônia, porque a história do Canuto, essa história, Lenita, a história de vocês - não a história do Canuto apenas -, a história de Canuto e Lenita se confunde com a história do desenvolvimento do estado de Rondônia, com o progresso do Estado de Rondônia. |
| R | Então, eu queria hoje, aqui, mais do que fazer qualquer outro tipo de manifestação, render homenagens e reconhecimento a esse casal que escolheu Rondônia e fez Rondônia ser o que Rondônia é hoje. A palavra que eu tenho, como filho daquele estado, como alguém que nasceu lá... Se tudo isso que Canuto fez naquele momento não tivesse acontecido, talvez eu não tivesse nascido lá, talvez a família tivesse ficado no próprio Espírito Santo. Mas foi um trabalho como esse, pioneiro, ousado, acreditando num ideal, que fez com que famílias, como a minha família, saíssem de suas bases no Espírito Santo, no Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e em tantos outros estados e fossem para o nosso estado desenvolver aquele canto do país, que, para mim, hoje, é um dos melhores lugares do mundo para se viver, o meu Estado de Rondônia. Eu tenho amor àquela terra. Finalizo a minha fala aqui, deixando uma saudação, um abraço a cada um dos familiares - eu conheço muitos. Aqui, em Brasília, tive a alegria de conviver com o Canuto, que foi Ministro ainda no Governo do Presidente Bolsonaro, e sei do orgulho que ele tem da família. O Canuto aqui, hoje, nos deu uma lição de memória. Além do discurso improvisado, numa extensão e profundidade que nos enchem de orgulho e de emoção, ele passou o olho aqui, mencionando os amigos, mencionando os familiares, falando o nome. Que presente nós temos de ter um brasileiro, um pioneiro como Assis Canuto! Muito obrigado. Rondônia deve muito a você. O Brasil deve muito a você. As contribuições que você deu, no passado, ao Estado de Rondônia têm marcas lá até hoje. Você vem, nessa homenagem hoje, e não apenas lembra o passado, mas também aponta um farol para o futuro de que o Estado de Rondônia precisa para continuar progredindo e dando certo. Muito obrigado! Rondônia deve muito a você! (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Jaime Bagattoli. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Antes de entrarmos nas nossas considerações finais, Assis Canuto, eu quero aqui também relembrar - o João Duarte sabe do que eu vou falar - os nossos madeireiros do Estado de Rondônia. Eu sou neto de madeireiro. Nós fomos, de 1973 para 1974, mexer com serraria, madeira, serrar madeira. Foi o que nós aprendemos: eu, meus irmãos, meu pai - meu avô começou com madeira em Santa Catarina. Meu pai estaria hoje com cem anos. Quando chegou a Rondônia, não pôde morar lá, teve que voltar para o Sul - ele tinha 49 anos quando chegou na década de 70 lá, então 51 anos atrás. Eu queria dizer para você que os nossos madeireiros, Assis Canuto - você acompanhou isso, principalmente no Cone Sul, mas também em todo o território, em todo o Estado de Rondônia hoje -, foram quem mais contribuiu com a abertura de estrada, não porque o Incra não tivesse braço para ajudar, para fazer em todos os lugares naquele momento. Quem abriu boa parte daquelas linhas foram os madeireiros. E, hoje, parece que, por ironia do destino, são discriminados, considerados como bandidos por muita gente no nosso Brasil. Mas nós devemos muito, muito mesmo, aos nossos madeireiros no Estado de Rondônia. |
| R | E quero dizer aqui para você, Marcos Rogério, que falou também em integrar para não entregar, que isso foi uma grande preocupação, então, do governo militar - uma grande preocupação do governo militar. Por isso, eles construíram a Transamazônica - eles tinham uma grande preocupação. Então, "dê a César o que é de César". Eles também têm um mérito, porque perceberam que precisariam colonizar, precisariam colocar gente na Amazônia Legal. E colocaram lá hoje. Devido a isso também, nós temos hoje próximo de 35 milhões de pessoas morando em toda a Amazônia. Quero dizer para você também... Foi mencionada aqui a família do Acir Gurgacz. O Acir Gurgacz foi também Senador aqui, e a família dele, eu tenho certeza, também contribuiu muito para o nosso Estado de Rondônia, trazendo aquelas pessoas, em ônibus, com dificuldade, do sul do Brasil, e contribuiu muito para a colonização naquele momento. Quero dizer para vocês que nós temos um sonho hoje, ex-Senador e ex-Governador Valdir Raup, há um sonho ainda. A sua geração, a minha, a de Assis Canuto, nós gostaríamos de ver realizado - aqui está Miguel de Souza, que é um grande sonhador disto, que é um grande idealizador, que pensou muito nisto -: a Transoceânica. Gostaríamos de ver uma ferrovia interligando Atlântico e Pacífico, porque isso ia ser uma grande redenção para Mato Grosso, especificamente Rondônia e Acre. Isso é um grande sonho que a gente tem, e eu ficaria hiperfeliz se a nossa geração ainda conseguisse ver a realização desse sonho. Para vocês entenderem e só para nós entendermos, dois anos antes de os americanos... Desculpem-me: de nós termos... A primeira rodovia asfaltada do Brasil foi no ano de 1926, Juiz de Fora-Rio de Janeiro - desculpem-me, 1928. Em 1926, os americanos já tinham interligado Atlântico e Pacífico com uma ferrovia. Então, nós temos que entender... Aliás, eles já tinham feito a ferrovia no ano de mil oitocentos e pouco; em 1926, eles já tinham interligado com uma rodovia asfaltada, que era a tal Rota 66. Então, vocês vejam que nós temos tudo para desenvolver o nosso país. E olhem como a Região Norte, como Rondônia, está num ponto fundamental. E o Município de Vilhena é o grande divisor de água, Assis Canuto, à distância do Atlântico e do Pacífico. O Município de Vilhena está localizado no meio desse trajeto - para ir ao Atlântico e para ir ao Pacífico é a mesma distância. Vamos para nossas considerações finais. |
| R | A gente fica, Assis Canuto, hiperfeliz de ter você aqui hoje com sua família, para nós lhe prestarmos essa grande homenagem com esse Diploma de Honra ao Mérito que o senhor vai receber. Convido o Sr. Assis Canuto a se posicionar à frente da mesa do Senado Federal para receber o Diploma de Honra ao Mérito, em reconhecimento aos seus relevantes serviços na execução do processo de colonização e de reforma agrária, que moldou o futuro do Estado de Rondônia. É com profundo respeito e gratidão que prestamos esta homenagem. Peço a todos que se ajuntem a mim, de pé, numa grande salva de palmas. (Palmas.) (Procede-se à entrega do Diploma de Honra ao Mérito ao Sr. Assis Canuto.) (Intervenção fora do microfone.) (Palmas.) |
| R | O SR. PRESIDENTE (Jaime Bagattoli. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Convidamos também a Sra. Sandra Aparecida Melo a posicionar-se à frente da mesa do Senado Federal, juntamente com a Sra. Lenita Simões Borges Canuto, esposa do homenageado, para que esta possa receber um buquê de rosas, símbolo de nossa admiração e gratidão pelo apoio e pela dedicação que prestou ao homenageado e à comunidade. (Palmas.) (Procede-se à entrega da homenagem à Sra. Lenita Simões Borges Canuto.) O SR. PRESIDENTE (Jaime Bagattoli. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) - Senhoras e senhores, ao encerrarmos esta sessão especial de homenagem, deixo registrada a gratidão do Parlamento brasileiro, em especial da população de Rondônia, ao Sr. Assis Canuto. Canuto é um dos pilares sobre os quais se sustentam a moderna história de Rondônia e o próprio Estado, tendo ele um papel central na execução do processo de colonização e reforma agrária, que moldou o futuro de Rondônia. Muito obrigado a todas e a todos, principalmente a todos que vieram neste dia aqui prestigiar, não só os mais próximos parentes de Assis Canuto e sua esposa, mas também todos os nossos convidados. Cumprida a finalidade desta sessão especial do Senado Federal, agradeço às personalidades que nos honraram com sua participação. Está encerrada esta sessão. (Palmas.) (Levanta-se a sessão às 12 horas e 22 minutos.) |

