3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 24 de novembro de 2025
(segunda-feira)
Às 14 horas
174ª SESSÃO
(Sessão Não Deliberativa)

Oradores
Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Fala da Presidência.) - Há número regimental.
Eu declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.
A presente sessão não deliberativa destina-se a discursos, comunicações e outros assuntos de interesse partidário e parlamentar.
As Senadoras e os Senadores poderão se inscrever para o uso da palavra por meio do aplicativo Senado Digital, por lista de inscrição, que se encontra sobre a mesa, ou por intermédio dos totens disponibilizados na Casa.
Passamos à lista de oradores.
Muito bem, vamos começar com o Senador Eduardo Girão, Partido Novo, Estado do Ceará.
V. Exa. tem até 20 minutos para o seu pronunciamento.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) - Paz e bem, meu querido irmão, Senador Confúcio Moura, sempre muito pontual.
Quero cumprimentar a Senadora Damares Alves, os assessores desta Casa, funcionários e você, brasileira e brasileiro que estão nos assistindo pelo trabalho da equipe da TV Senado, Rádio Senado e Agência Senado.
O Brasil foi surpreendido, Presidente. Eu acredito que é uma data muito emblemática o dia 22, e tinha que ser o dia 22 pelo nível de perseguição que a gente vive no Brasil hoje, e até de crueldade, podemos dizer assim.
O brasileiro foi acordado no último sábado com um pedido completamente estapafúrdio de prisão do ex-Presidente da República Jair Messias Bolsonaro: uma pessoa que está ali, todo mundo acompanhando, todo dia na mídia, com uma vigilância ostensiva - um trabalho de fiscalização com o que existe de mais moderno pela Polícia Federal, com equipe, com equipamentos. E, a partir de uma convocação de uma vigília - olha a simbologia disso: no país mais católico do mundo, mais espírita do mundo, o segundo mais evangélico, já chegando nos Estados Unidos, que é o primeiro - uma vigília, chamada pelo filho em prol da saúde do seu próprio pai, é considerada como organização criminosa, movimento criminoso, pelo Ministro Alexandre Moraes, que se diz vítima de tudo isso e conduz processos a torto e a direito, totalmente arbitrários neste país.
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Um senhor idoso, com problemas de saúde, é humilhado. Esse é o propósito do que a gente está vendo por essa cegueira política e ideológica de vingança, de revanche, como diz aquela música do grupo Nenhum de Nós:
Mas o ódio cega, e você nem percebe.
Mas o ódio cega.
É isso que está acontecendo com o Brasil. O que é que isso vai dar? Essa briga desmedida, raivosa de brasileiros. Isso vai acabar em quê? Para o Brasil, isso não está dando certo. O país está parado, cheio de problemas.
Aliás, Senadora Damares, será que em tudo isso tem uma cortina de fumaça para que a mídia coloque, num momento crucial, todos os holofotes na prisão do Presidente? Prisão? Totalmente o processo - a gente sabe, está careca de saber, todo mundo - ilegal, inconstitucional, não para em pé, sem prova, cheio de vícios de origem, sem devido processo legal. E aí a gente vê o holofote da grande mídia brasileira, da mídia tradicional, focando nisso 24 horas, enquanto explodem escândalos de gravidade que podem deixar petrolão, mensalão como coisa de roubinhos.
Sim, nós estamos vendo, por exemplo, a CPMI do INSS. Uma CPMI independente, que o Governo Lula não queria de jeito nenhum, mostrando que o próprio Governo Lula já sabia e não tomou providência. Esperou o Metrópoles fazer matéria para começar a agir. Quantos bilhões poderiam ter sido poupados? Quanto roubo de pessoas pobres, de pensionistas, de aposentados, de viúvas, de órfãos, de deficientes! Quantos bilhões dessa gente humilde poderiam ter sido poupados se o Governo Lula agisse com o mínimo de responsabilidade? - no momento em que souberam os órgãos de controle, inclusive a AGU.
Agora o Lula manda para este Senado Federal o Sr. Messias, bem conhecido do brasileiro naquela época do Bessias, sendo um instrumento para usar o famigerado foro privilegiado para poupar o Lula de ser preso, Sr. Presidente. Eu digo assim, eu fiquei estarrecido quando eu vi muita gente comemorando, abrindo champanhe, sabe?
Aquilo... Eu te confesso, quando o Lula foi preso, eu tinha minha posição sobre o Lula. A gente acompanha, procura estudar. Quando o Lula foi preso por corrupção, lavagem de dinheiro, e Palocci falando de centenas de milhões de reais, pessoa próxima dizendo da roubalheira... Condenado em três instâncias, e não foi inocentado, o brasileiro precisa saber. Apenas o CEP mudou. Esse cara está na Presidência da República.
Quando ele foi preso, eu não comemorei, não, porque isso é ruim para o Brasil, isso é ruim para a nação, do aspecto de ver uma pessoa em que tanta gente acreditou, de ver um sonho de muitos brasileiros humildes, brasileiros com fé, com esperança no homem do povo... E essas pessoas, claro que sentiram.
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A gente já tinha noção, pela história dele, do partido, do que ele era capaz de fazer, mas isso não é motivo para celebrar - nós estamos em um momento muito preocupante da história da nação. Isso precisa acabar, essa guerra precisa acabar, e é só com anistia, não tem outro jeito.
Para pacificar o Brasil, unir os brasileiros, para o país ir para a frente, independentemente de que governo seja: é anistia ampla, geral e irrestrita; é a reconciliação nacional tão esperada, que nós já tivemos em outros tempos, com gente que pegou em arma, com gente que fez coisas... inclusive tortura, sequestrar embaixador, assaltar banco, explodir aeroporto, em um passado recente do Brasil. E teve anistia para essa turma.
E para esses que não tiveram o direito à ampla defesa e ao contraditório, de quem não foi achada uma arma sequer - nem arma branca, faca, não foi achado absolutamente nada -, pessoas sem liderança, em uma manifestação que descambou para uma quebradeira, e quem quebrou tem que pagar, mas não com 15, 16, 17 anos, em um país em que traficante está sendo liberado, que corrupto com 400 anos está sendo liberado para curtir suas mansões, tamanha a inversão de valores.
Olha, será que é uma cortina de fumaça tudo isso? A CPMI do INSS chegando em gente poderosa... Estão blindando. A turma da base do Lula, do PT, está blindando, vota contra, está lá no painel para quem quiser ver. Mas está chegando, o brasileiro está entendendo, porque tem um Presidente e um Relator independentes, que estão mostrando para a população... Mesmo que a gente não consiga aprovar os requerimentos que a gente gostaria, mas sigilos foram quebrados no começo e mostram onde é que o dinheiro foi parar. Então a podridão está vindo do subsolo e mostrando tudo.
É isso, essa cortina de fumaça? É o fracasso da COP, lá em Belém? Um completo fracasso, vergonha sob todos os aspectos: até incêndio teve, desmatamento teve, assalto a jornalista teve. Patético, o que a gente viu. É para encobrir o fracasso que nem acordo esperado teve, o mínimo que o Governo brasileiro esperava? Ou são os Correios e Telégrafos quebrados, saqueados, dando prejuízo de novo, pedindo um empréstimo, com pires, de bilhões do dinheiro de quem paga imposto? É isso? É para encobrir?
Ou é o Banco Master, o escândalo bilionário do Banco Master? É aqui que eu quero entrar, Sr. Presidente. É aqui que eu quero entrar nessa situação.
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Dei entrada, agora há pouco, numa Comissão, num requerimento para a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), aqui, do Senado Federal, para que a gente possa investigar todos os elos desse caso, que também envolve gente muito poderosa neste país.
Eu confesso que é gravíssimo. É por isso que eu estou pedindo essa CPI e solicito a assinatura dos Senadores desta Casa, independentemente de que partido sejam. Quem quiser buscar a verdade tem o dever de assinar essa CPI, e eu vou, aqui, ficar lembrando todos os dias, para que a gente possa ter o número necessário e para que o Presidente da Casa possa ler e a gente possa instalar.
A Operação Compliance Zero, Senadora Damares Alves, da Polícia Federal, cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e 25 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Brasília, envolvendo sócios e diretores do Banco Master. Foram apreendidas joias, produtos importados de alto valor e R$1,6 milhão em dinheiro vivo.
A Justiça Federal autorizou a operação para apurar os crimes de organização criminosa. Aí, sim, não é vigília, não é oração que é organização criminosa. Respeitem o povo brasileiro! Respeitem a fé e a liberdade religiosa da nossa população! Até isso vocês querem atingir, poderosos de plantão? É tudo despertar. Às vezes, a gente desperta pelo amor, às vezes pela dor, de tanto vilipêndio; mas é através da paz e de uma ação pacífica, mais firme e respeitosa que a gente vai conseguir virar o jogo - esse despertar coletivo dos brasileiros. Olhem só os dados que nós trouxemos aqui.
A Justiça Federal autorizou a operação para apurar os crimes de organização criminosa, gestão fraudulenta e gestão temerária, que resultaram num rombo de R$12 bilhões - "b" de bola e "i" de índio - no sistema financeiro do Brasil, tendo como principal protagonista Daniel Vorcaro, que foi preso no aeroporto de Guarulhos, tentando embarcar num dos seus três jatinhos, avaliados em cerca de R$200 milhões, em direção - ele disse - a outro país.
Essa história tem início em 2017, quando o Vorcaro, aos 34 anos de idade, adquiriu o Banco Máxima, que vivia grande crise, à beira da falência. Em 2019, o negócio é aprovado pelo Banco Central e, a partir de 2021, muda o nome da organização financeira para Banco Master. Em 2024, a revista Piauí publicou uma extensa matéria sobre o estranho fenômeno que permitiu um crescimento meteórico entre 2019 e 2024. O patrimônio líquido do banco saltou de R$219 milhões para quase R$5 bilhões - "b" de bola e "i" de índio - em apenas cinco anos.
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Esse crescimento anormal e extremamente rápido se deu principalmente através da emissão de uma enxurrada de CDBs, prometendo aos investidores o pagamento de juros altíssimos, muito acima da média do mercado. Com isso, acabou atraindo 1,6 milhão de credores.
Para dar o mínimo de segurança, o sistema financeiro criou o Fundo Garantidor de Créditos, que, em caso de crise - como essa em que o Banco Central decidiu pela liquidação extrajudicial do banco -, tem a obrigação de garantir a devolução de até R$250 mil por cada CPF ou CNPJ; ou seja, o rombo pode chegar - atenção, senhoras e senhores! - a mais de R$40 bi - "b" de bola, "i" de índio -, R$40 bilhões!
Apesar de o fundo ter um saldo positivo de R$140 bilhões, existe sempre o risco de a crise do Master se alastrar para outras instituições financeiras. Essa não é a primeira vez, nem a primeira crise do gênero. Vamos lembrar que, na década de 90, um grande banco quebrou - o Bamerindus, lembram-se dele? - e, depois da intervenção do Banco Central, o controle das operações financeiras foi transferido para o HSBC, num processo que levou 16 anos até a sua conclusão.
Outro caso de grande repercussão foi a falência do Banco Santos, em 2005, depois que o seu fundador, Edemar Cid Ferreira - aquele que tinha uma casa de uma quadra, com obras de arte do mundo inteiro, lá em São Paulo -, desviou R$283 milhões. Após a intervenção, verificou-se que as dívidas do banco chegaram a R$3 bi - "b" de bola, "i" de índio -, R$3 bilhões.
As operações atípicas feitas pelo Banco Master começaram a chamar a atenção do mercado financeiro a partir de 2023. Em março de 2025, foi iniciada a venda de carteiras de crédito do Banco Master ao BRB (Banco Regional de Brasília) por R$12 bi - "b" de bola, "i" de índio -, R$12 bilhões.
Apesar da aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o negócio esbarrou no Banco Central, que apontou várias irregularidades e fez ressalvas técnicas, até que, em setembro, houve o completo veto - foi agora, dois meses atrás. A partir daí, em virtude da situação de insolvência irrecuperável, o Banco Central decidiu pela medida extrema de liquidação extrajudicial. Nesse curto período - atenção -, o Banco Master emitiu R$50 bi - "b" de bola, "i" de índio -, R$50 bilhões em títulos de CDBs, oferecendo juros acima do mercado.
Vorcaro circulava muito em Brasília, visando conseguir as autorizações para a expansão dos seus negócios - são os elos políticos. E o brasileiro quer saber - tem direito, é o dinheiro dele -, porque tem investimento aí de fundos, de prefeituras, de governos...
Segundo matéria publicada pela revista Veja, as articulações políticas junto a Deputados Federais e a Senadores envolveram também iniciativas legislativas, como, por exemplo, a tentativa de aumentar aquela garantia de R$250 mil para R$1 milhão - sim, o Fundo Garantidor de Créditos, quatro vezes mais.
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Outra iniciativa que não avançou foi a proposta legislativa de diminuir a autonomia do Banco Central...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... que felizmente teve forte repercussão negativa. Além disso, houve articulações para negócios duvidosos, com fundos de pensão, que eu falei agora há pouco, como, por exemplo, o Rioprevidência, responsável pela aposentadoria dos funcionários do Estado do Rio de Janeiro, que investiu R$970 milhões nos papéis do Master, quase R$1 bilhão.
Mais uma vez, ficou demonstrado o acerto do Congresso Nacional ao aprovar a autonomia do Banco Central em 2021.
Outra instituição que já passou da hora de ser autônoma é a Polícia Federal. Tem uma PEC que tramita nesta Casa, de minha autoria, nesse sentido.
Nessa mesma matéria da revista Veja, Sr. Presidente, consta que Vorcaro teria também se reunido com o Ministro da Casa Civil, Rui Costa. Muitos poderão dizer que tal agenda...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... não tem nenhum elemento que possa levantar algum nível de suspeição sobre qualquer aproximação com o Governo Lula, mas não podemos jamais esquecer que, antes de ser Ministro da Casa Civil, Rui Costa foi Governador da Bahia e, como Coordenador do Consórcio Nordeste, protagonizou aquele escândalo, o calote da maconha: durante a fase mais crítica da pandemia, esse consórcio, que reúne nove Governadores do Nordeste, comprou 300 respiradores sem licitação e pagou adiantado R$48,9 milhões para a empresa Hempcare, que vendia produtos à base de maconha, que nunca entregou nenhum equipamento para o povo.
Sr. Presidente, se o senhor me der mais um minuto, eu me comprometo a encerrar. Muito obrigado.
Essas articulações também chegaram ao atual Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que, logo depois que se aposentou como Ministro do STF, atuou por algum tempo...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... como consultor de quem? Do Banco Master.
Outra relação gravíssima foi a contratação do escritório de advocacia Barci de Moraes, dirigido por nada mais, nada menos do que Viviane Barci de Moraes, que simplesmente vem a ser a esposa de Alexandre de Moraes. Além dela, atuam também nesse escritório dois filhos do casal.
Além disso, Sr. Presidente, em 2024, o Vorcaro foi um dos patrocinadores de um evento em Londres em que participaram três Ministros do STF, além do Procurador Gonet, da República, e o Advogado-Geral da União, Jorge Messias.
Sr. Presidente, para a frase final, no um minuto, muito obrigado.
São muitos os fatos determinados que justificam a instalação de uma CPI, que é essa que eu estou pedindo, hoje dei entrada. Alguns são tão graves que fica difícil escolher qual mais relevante.
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Por essa razão, comecei a coletar as assinaturas necessárias. O Master ainda tem vinculação ao futebol, através do Atlético Mineiro, e existem indícios de alguma conexão, inclusive, com organizações criminosas, como o PCC.
Por tudo isso, é o nosso dever aprofundar as investigações, pois, além do próprio rombo, que pode chegar a R$50 bilhões, há claros indícios do envolvimento de autoridades dos três Poderes da República.
Eu encerro com esse profundo pensamento de Joanna de Ângelis, mentora do médium baiano Divaldo Pereira Franco, que desencarnou este ano, abro aspas: "Sempre que algumas vantagens para ti ofereçam danos para outrem, recusa-as, [...] [porque] ninguém poderá ser feliz erguendo a sua alegria sobre o infortúnio do seu próximo."
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Que Deus abençoe a nossa nação, e que tenhamos uma semana produtiva.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO) - Muito obrigado e parabéns, Senador Girão.
Vamos em frente.
Passo a palavra para a Senadora Damares Alves, Partido Republicano, Brasília.
A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Para discursar.) - Bom dia... boa tarde, Presidente! Boa tarde, Senadores - Senador Girão, Senador Humberto.
E que alegria, de novo, estar na tribuna com o Senador Confúcio presidindo.
Ô, Rondônia, vou reiterar meu amor e minha admiração pelo Senador Confúcio.
Antes de eu entrar no assunto que me traz a esta tribuna, quero cumprimentar os visitantes que estão na galeria: sejam bem-vindos ao Senado Federal!
Eu quero lembrar aos colegas que novembro ainda é roxo. Nós estamos no mês de conscientização sobre a prematuridade, e eu tenho na mesa dois médicos - um, inclusive, ex-Ministro da Saúde, e sei o que você fez pela prematuridade, Senador Humberto. E quero dizer, para todos no Brasil, que são 300 mil bebês que nascem prematuros no Brasil por ano.
Senador Girão - o senhor que é apaixonado pela pauta -, semana passada eu conheci um menininho que nasceu com 25 semanas. Esta semana eu vou conhecer uma menininha de Brasília que nasceu com 24 semanas. A fetologia está cada vez mais avançada. Os nossos médicos - os nossos especialistas na área da neonatologia - estão cada vez melhores. E o Brasil tem conseguido manter vivos bebês prematuros extremos. Parabéns a todos envolvidos com essa pauta.
Eu quero muito agradecer tanto o colega Humberto, como o Girão, como o Senador Confúcio Presidente. O Senado entregou para o Brasil uma lei extraordinária, que foi a extensão da maternidade para a mãe de prematuro. Agora a licença-maternidade só começa quando a mãe sai do hospital com o bebê. Às vezes ela fica cinco, seis meses no hospital, e agora a licença-maternidade só começa a contar a partir do momento em que ela sai. É o Senado dando respostas.
Quero lembrar à população brasileira que o Senado tem dado respostas em muitas áreas. Às vezes, Senador Humberto, Senador Confúcio, Girão, nós somos tão criticados: "Cadê o Senado?", "O Senado não está fazendo nada!". Nós estamos fazendo entregas; é que as pessoas não estão observando. E quero falar exatamente, Senador Girão, sobre o tema que te trouxe aqui à tribuna: cadê o Senado com relação à corrupção?
Nós estamos com uma CPMI funcionando, sob a liderança de um grande Senador, que é o Senador Carlos Viana, e que está trazendo à luz tudo o que estava obscuro. E nós temos, em paralelo, uma CPI do crime organizado acontecendo também nesta Casa. Nós temos a Comissão de Fiscalização e Controle financeiro, que também está investigando. Nesse exato momento, enquanto eu estou aqui na tribuna, estão reunidos os técnicos do TCU e da Comissão, ali, lendo documentos sobre os Correios - eu vou descer da tribuna e vou correr ali para uma reunião com os técnicos. Nós temos uma proposta de fiscalização e controle lá na Comissão de Controle e Transparência, investigando tudo o que está acontecendo com os Correios.
Então, o Senado tem dado respostas, tem. E, daqui para a frente, mais respostas serão cobradas de nós.
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E eu subo a esta tribuna hoje triste, muito triste com o que aconteceu no final de semana com relação ao Presidente Bolsonaro. Semana passada, eu usei a tribuna, fui muito veemente, porque havia uma possibilidade de o Presidente Bolsonaro ser levado para a Papuda. Alguns acharam que eu fui profetisa do caos, que eu não deveria ter ido à Papuda. Eu fui, eu fui porque a gente sabia que a chefe de gabinete do Ministro Alexandre tinha ido lá fazer reserva de cela para o Presidente Bolsonaro. Se a gente não tivesse feito o nosso relatório para dar subsídio aos advogados de Bolsonaro, que, na sexta, já reconhecendo que os recursos não seriam aceitos, na sexta-feira pediram a prisão domiciliar de Bolsonaro... O nosso relatório é um relatório técnico, construído a várias mãos aqui no Senado, ajudou a defesa do Presidente Bolsonaro a pedir a prisão domiciliar. E eu aguardo que a sentença do Presidente seja uma prisão domiciliar, a decisão pela execução, apesar de que hoje o Supremo já deu maioria dos votos pela manutenção da prisão preventiva, uma prisão preventiva indevida, descabida, a gente sabe disso. O Presidente Bolsonaro, houve aquele episódio em que ele violou a tornozeleira, mas a tornozeleira foi trocada de madrugada, então não havia nenhum risco de fuga - nenhum risco de fuga -, um homem doente, está comprovado que está doente no físico e nas emoções, os remédios provocaram, inclusive, reações inesperadas no Presidente, e a gente está entendendo aí que parece que vão mantê-lo numa prisão preventiva até o final do julgamento dos recursos, que a gente já sabe que serão rejeitados.
Eu tenho subido a esta tribuna inúmeras vezes para me dirigir ao Judiciário, e eu tão somente faço o que os partidos de esquerda fizeram num período não muito longe, quando não se conformaram com decisões da Lava Jato, por exemplo, Senadores ocupavam esta tribuna de forma muito veemente; também faço quando Senadores de esquerda também ocupavam esta tribuna quando este Plenário decidiu pelo impeachment da Presidente Dilma. As minhas manifestações são legítimas porque eu não concordo com as decisões desse Judiciário hoje em relação ao Presidente Bolsonaro, em relação aos presos de 8 de janeiro. E todos, por mais que não gostem do Presidente Bolsonaro, já entenderam que nós estamos vivendo uma ditadura, Senador Girão, e já entenderam que, daqui a pouco, quando a vítima não for mais Bolsonaro ou não forem mais os presos do 8 de janeiro, outros serão vítimas dessa ditadura, desse Judiciário injusto, que, infelizmente, tem juízes indignos, juízes injustos. E a história vai falar sobre isso, os próximos acontecimentos vão falar sobre isso.
A prisão do Presidente Bolsonaro esse final de semana foi uma prisão desnecessária, numa semana que nós aqui no Senado vamos ter que ter muita serenidade para conduzir outros debates. E eu temo que essa prisão tenha vindo exatamente, Senador Girão, para nos desviar do foco de debates muito importantes, e um deles vai ser com relação ao Banco Master. Senadores, vamos nos manter no equilíbrio e com sabedoria, e vamos ter cuidado também nas acusações com relação ao Banco Master. Algumas pessoas estão perguntando: "Por que vocês estão perdendo tempo se é uma questão privada, um banco privado". Não é. Infelizmente, o Banco Master, esse escândalo arrastou alguns fundos de pensões públicos, e aqui cabe a nós, Senadores, entendermos o que aconteceu. "Mas o pessoal do Estado se corrompeu". Gente, cuidado! Eu quero muito cuidado com isso. O que foi oferecido de vantagem para os fundos... Imagine, Senador Girão, um banco que está em tudo que é jornal, como sucesso de lucro. Aí imagine um fundo de pensão lá no município do interior de São Paulo, alguém chegar e dizer: "Esse banco é bom, descobriu a forma do lucro. Venham para cá". Eles foram.
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A gente vai ter uma CPI - acabei de assinar seu pedido de CPI -, porque nós queremos entender quem enganou os fundos de pensões no país. Não podemos agora criminalizar os fundos, precisamos entender quem vendeu o conto da sereia para esses fundos, quem levou tanta gente ao erro e à corrupção, quem foi o autor das ideias mirabolantes de criar os papéis podres - porque o que está acontecendo, nessa questão do Banco Master, são papéis podres que foram criados -, quem foi o engenheiro disso, que vai levar muitos fundos de pensões à falência. E quase que a gente aqui no DF teve uma derrota absurda se o BRB tivesse comprado esse banco de títulos podres, esse banco de mentira.
"Mas só foram os órgãos públicos que foram enganados?" Não. Grandes investidores. Gente, eu fico pensando nesses bilionários que colocaram seus dinheiros lá, esses bilionários que têm um corpo técnico, que têm consultores econômicos. Como é que esses bilionários que investiram nesse banco podre foram enganados? Como? Estava todo mundo com uma venda? O que aconteceu? Eu sou evangélica e, às vezes, eu falo, enquanto estou pastora, que o diabo cega. Há um espírito de corrupção nesta nação que às vezes cega as pessoas. Como é que grandes investidores não viram que o Banco Master era um banco de mentira, era um banco podre com dirigentes que queriam induzir um monte de gente ao erro?
Essa CPI, se instalada, Senador Girão, vai ter que ser conduzida com muita serenidade. Quem são os advogados que estavam envolvidos nisso, que ajudaram a construir esses títulos podres? Quem são os consultores desse banco? Quem são os arquitetos de tudo isso? Porque o prejuízo já está posto, investidores perderam, fundos de pensões estão perdendo, municípios estão perdendo. O Estado do Amapá, o instituto de previdência do Amapá investiu R$100 milhões nesse banco podre, nesse banco de mentira.
Então, nós vamos ter que ter muita serenidade para dar as respostas que o Brasil quer. A CPI do Banco Master é possível que leve alguns nomes de gente muito próxima de todos nós, e nós vamos ter que ter a serenidade de separar o joio do trigo e de investigar.
Senador Girão, e não é só a questão do escândalo do Banco Master, outras situações aqui... Nesta semana, o Senado seria palco de grandes esclarecimentos com a CPMI do INSS, que foi cancelada hoje, por causa de mais um habeas corpus.
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Então, eu acho que o nosso maior desafio agora vai ser entender todos os esquemas de corrupção - porque, infelizmente, todas as vezes em que a gente fala de corrupção no Brasil, o Judiciário está envolvido.
Eu espero que o Brasil não se esqueça de que nós estamos investigando, também, está tendo uma investigação no Brasil sobre a venda de sentenças no STJ, e está pegando muita gente. Então, é um Judiciário ideológico - um Judiciário, infelizmente, com uma tendência muito, muito ideológica -, mas também com alguns elementos lá dentro ligados a projetos e processos de corrupção.
Nós teremos que ter um foco esta semana, porque nós, Senadores, apesar das nossas diferenças políticas, estamos todos com muita vontade de subir na tribuna, gritar e berrar esta semana. Mas esta semana, nós teremos que ter um foco: o que foi que aconteceu com o Banco Master? A gente tem a prisão de Bolsonaro para continuar acompanhando e, claro, Senador Girão, a luta pela anistia. Nós, conservadores, vamos continuar gritando e pedindo anistia.
Às vezes, eu entendo que os Presidentes das duas Casas estavam esperando o melhor momento para a gente pautar anistia. Este é o melhor momento, estamos às vésperas do Natal. Nós vamos condenar aquele povo inocente a passar mais um Natal no cárcere? Nós vamos terminar este ano, na véspera de ano eleitoral, sem decidir a questão da anistia? O Congresso Nacional terá que ser muito maduro e este Senado terá que ser muito maduro. E a pauta da anistia é legítima, oportuna e necessária.
Fui Ministra dos Direitos Humanos, analisei mais de 13 mil pedidos de anistia, essa é uma pauta que eu estudo há muitos anos. O nosso pedido é legítimo, atende a todos os requisitos legais para que a anistia seja declarada no país, aos presos políticos de 8 de janeiro e a outros agentes - que tenha um efeito, também, extensivo a outros agentes. Sabe por quê? Porque em 2026, a gente tem que ter uma outra pauta para discutir. Eu quero ir para a campanha de 2026 e falar de projetos para a nação. Eu não queria mais que, em 2026, os palanques fossem só com um único tema: anistia e não anistia, golpe e não golpe.
O Brasil vai precisar ouvir em 2026, de nós, candidatos - vocês, que serão candidatos, eu não serei -, propostas para a nação. O Brasil precisa de propostas. Enquanto tudo isso está acontecendo, Senador Confúcio, tantas brigas - parece que o Brasil se dividiu agora em anistia e não anistia -, nós estamos com tantos problemas, tantas crianças sendo assassinadas. E um detalhe que está me apavorando nos últimos dias: pai e mãe matando criança; pai e mãe enjaulando criança, torturando criança, cimentando criança, Girão! Crianças sendo enterradas, sendo cobertas por cimento no Brasil. Está um horror!
Então, do que nós precisamos em 2026? De um debate sério de propostas para a nação. Para o seu estado, Girão, que está submerso na violência. Para o seu estado, Senador Confúcio, que tem tantos conflitos em áreas rurais. Em 2026, a gente tem que acabar com essa briga de direita e esquerda, anistia e não anistia, e entregar para o Brasil projetos, propostas, porque eu quero ganhar do PT na urna; eu quero convencer o Brasil, Senador Humberto, que a minha proposta é melhor que a do PT. É esta que tem que ser a nossa briga: em projetos, em propostas, e não em ataques.
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Eu tenho subido a esta tribuna e tenho sido, o máximo possível, coerente no meu discurso. Exagero quando as decisões vêm do Judiciário, entendo que há um Judiciário injusto no meu país e um Judiciário responsável por 80% das tensões que estamos vivendo hoje, um Judiciário do qual de alguns eu posso citar nomes e de um deles eu não posso descer da tribuna sem falar, que é o Alexandre de Moraes.
Este final de semana... Eu sei que o Estado é laico, mas eu posso expressar minha fé na tribuna. Esta semana eu fui desafiada a orar por Alexandre de Moraes e por duas vezes eu perguntei: Deus, é isso mesmo o que o senhor quer de mim? Peça para outro. Acreditam que eu me ajoelhei e orei por Alexandre de Moraes? Para que aquele coração seja convertido, para que ele tenha um pouco de piedade em suas decisões injustas, que estão provocando tantas tensões no Brasil.
E aqui eu encerro as minhas palavras, Presidente Confúcio, desejando que tenhamos uma semana de equilíbrio.
Se eu precisar subir à tribuna brava com o Alexandre, vou subir, vou chegar em casa, vou pedir perdão a Deus e vou continuar orando por ele. Tenho essa legitimidade como Senadora, mas não posso deixar de chamar a atenção dos colegas: nós temos temas extremamente importantes esta semana para discutir e acho que o tema guarda-chuva vai ser o Banco Master, porque é possível que a gente chegue lá ao Judiciário, esse Judiciário que está causando tanta tensão no país.
Que Deus o abençoe, meu Presidente Bolsonaro, já fiz as minhas manifestações em vídeos no final de semana sobre esta prisão. Que Deus abençoe a família Bolsonaro. Que Deus abençoe o Brasil. Que Deus dê sabedoria ao Hugo Motta, ao Davi Alcolumbre. Que Deus nos dê a serenidade necessária, Senador Humberto, mesmo a gente estando em lados diversos. Que a gente possa dar as respostas que o Brasil quer agora.
Chega de briga e de tensão, e que Deus dê juízo ao Ministro Alexandre de Moraes.
Obrigada, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO) - Isso. Parabéns, Senadora Damares Alves.
Vamos em frente. Agora é o Senador Humberto Costa, do PT, do Estado de Pernambuco, pelo tempo de 20 minutos.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - PE. Para discursar.) - Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, público que nos acompanha pelos serviços de comunicação do Senado Federal e que nos segue pelas redes sociais, naturalmente, no dia de hoje, o meu discurso tratará da prisão preventiva determinada pelo Supremo Tribunal Federal em relação ao ex-Presidente Jair Bolsonaro, mas não posso, também, deixar de fazer aqui uma manifestação sobre esse escândalo do Banco Master.
Sem dúvida, é algo que assusta a todo o país: como um aventureiro, num espaço de cinco anos, se torna um bilionário à frente de um banco que ele comprou em situação de absoluta falência, que conseguiu, principalmente pelos meios políticos de que dispõe, as amizades, as relações com muitos políticos no nosso país, chegar a essa condição, inclusive de, até o presente momento - o presente momento, não, mas até bem recentemente -, atuar de forma impune.
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Mas é bom lembrar, aqui foi dito que algumas das vítimas da atuação do Banco Master são fundos de pensão de alguns estados. Por exemplo, o Estado do Rio de Janeiro: quase R$1 bilhão aplicado no Banco Master. Quem é o Governador do Estado do Rio de Janeiro? É o Sr. Cláudio Castro, um dos ícones da extrema direita brasileira, sondado até como eventual candidato à Presidência da República depois daquela operação realizada no Rio de Janeiro, em áreas da periferia.
Depois, o Banco Regional de Brasília. Esse ainda foi pior, porque comprou papéis que não tinham nenhum valor, inteiramente falsificados. E o Banco Regional de Brasília não só foi vítima desse golpe, no valor de R$12 bilhões, como também tentou, por diversos meios, adquirir esse banco. Chegou a injetar recursos dentro do banco. E quem é o responsável pelo Banco Regional de Brasília? É o Governador Ibaneis Rocha, também um ícone da extrema direita. Dizem que ele não consegue mais dormir, tem que tomar aqueles remédios que Bolsonaro estava tomando, porque ele não consegue dormir, porque a denúncia que está feita mostra claramente a conivência, o interesse que tinha o próprio Governo de Brasília em adquirir aquela massa podre do Banco Master.
Portanto, é importante que se investigue mesmo, é fundamental que se investigue. É fundamental que se investiguem os Parlamentares que apresentaram projetos de lei para elevar os recursos do Fundo Garantidor de Crédito de R$250 mil por pessoa para R$1 milhão.
Veja que ousadia: apresentaram um projeto de lei para ampliar a garantia de pessoas lesadas de R$250 mil, que é o que cada um vai poder receber. Muita gente vai perder muito dinheiro, fundos de pensão vão ter que esperar a liquidação total e a venda dos bens do Banco Master para saber a que é que vão ter direito. E essas leis que foram aprovadas aqui, pela genialidade de alguns... Não foram aprovadas, né? Graças a Deus! Estavam no caminho de serem votadas. E a pressão que foi feita para obrigar o Banco Central a aceitar a venda do Banco Master ao BRB.
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Hoje os jornais falam de pressão incomensurável sobre o Banco Central. Chegaram a apresentar - apresentar, não, a resgatar - um projeto de lei que estava lá na Câmara, para dar ao Congresso Nacional o direito de promover impeachment de membros do Banco Central.
Qual era o objetivo disso? Era uma chantagem, era uma ameaça: "Ou vocês aprovam essa compra [que ia terminar de quebrar o Governo de Brasília] ou então nós vamos tirar vocês do Banco Central". Por isso, é fundamental que se faça mesmo essa investigação. Cada um, não interessa de onde, tem que responder por relações que tinha ou por ações que beneficiaram o Banco Master.
Mas, Sr. Presidente, eu quero, como eu disse, falar sobre a decisão do Supremo. Não é mais uma decisão monocrática do Ministro Alexandre de Moraes, mas, por unanimidade, o Supremo manteve a prisão preventiva de Jair Bolsonaro.
Obviamente, não é do meu feitio, nem eu vou aqui fazer chacota com a desgraça de quem quer que seja, mas nós passamos por uma situação como essa quando o Presidente Lula foi preso: as chacotas, as brincadeiras, aquele boneco, a agressividade e a parcialidade do Poder Judiciário - especialmente do juiz que comandava aquele processo, o hoje Senador Sergio Moro, do Tribunal Regional daquela região - por coisas que ninguém lembra.
Ninguém lembra que o Presidente Lula foi impedido de acompanhar o funeral do seu irmão no período em que estava preso. O Presidente Lula quase foi impedido de acompanhar o sepultamento do seu neto, foi proibido de falar no sepultamento do seu neto, foi proibido de dar entrevistas. Então, os que hoje vêm defender um processo de que o ex-Presidente estaria sendo perseguido deveriam se lembrar disso.
O próprio Presidente Bolsonaro sempre foi uma pessoa que escarneceu dos direitos humanos para presidiários. Ele dizia o tempo inteiro... De um tempo para cá, como algumas pessoas foram presas pela tentativa de golpe de Estado, ele passou a defender, junto com outros que estão aqui, que as pessoas tenham - como devem ter, todos devem ter - os seus direitos humanos respeitados.
O que aconteceu, Sr. Presidente, foi um processo justo, de mais de dois anos - mais de dois anos entre a investigação e o julgamento final -, um processo legal, em que houve direito de defesa, em que houve direito de contestação de provas e argumentos do Ministério Público, um processo que está prestes a transitar em julgado.
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E o que é que aconteceu? O Presidente da República, ex-Presidente, resolveu protagonizar um escândalo ao tentar, em meio à prisão domiciliar que o beneficiava - e ele foi para a prisão domiciliar porque a sua própria condição de saúde foi levada em consideração naquele momento -, romper a tornozeleira eletrônica, na madrugada do último sábado.
Quem ontem assistiu ao Fantástico viu como funciona o sistema de monitoração das tornozeleiras eletrônicas e que pessoas que agem como ele agiu terminam sendo presas em outro lugar. Por quê? Porque quando alguém quer romper a tornozeleira eletrônica, obviamente não é por curiosidade. Para saber como funciona basta dar um Google, que você sabe. O que aconteceu foi uma tentativa de destruir a tornozeleira eletrônica e criar condições para uma fuga.
Vamos lembrar que o ex-Presidente Bolsonaro dormiu, alguns anos atrás, duas vezes, na Embaixada da Hungria. Ele disse que foi lá para conhecer, para saber como é que era. Tudo o que se pôde apurar, então, era que ele estava imaginando como faria num eventual pedido de exílio ao Governo de extrema direita da Hungria.
Depois, veio a cogitação - que não foi uma cogitação, de ouviu falar, estava em documentos, estava em celulares - de que ele iria pedir asilo diplomático ao lunático Presidente da Argentina, o Sr. Javier Milei. Depois houve uma denúncia do Líder do PT na Câmara, mostrando que da Casa de Bolsonaro até a Embaixada dos Estados Unidos eram 15 minutos.
Ora, se alguém que está em prisão domiciliar - com uma tornozeleira eletrônica - já tem o antecedente dessas duas situações, tenta retirar a tornozeleira, o que é que a Justiça tem que pensar?
Além do mais, ao mesmo tempo, um Senador desta Casa, filho do Presidente Bolsonaro, resolve convocar uma vigília, uma vigília para a frente da casa do Presidente, no momento em que ele estava tentando retirar a tornozeleira eletrônica. O que é que qualquer um de nós pensaria como juiz desse caso? Ora, estão montando isso aí para ser um anteparo para que o Presidente, o ex-Presidente, possa fugir.
Então, a medida que foi tomada é uma medida preventiva, que foi consolidada pelo conjunto da Primeira Turma. E é muito estranho! Não sei como é que alguém tem um ferro de soldar dentro de casa se não é soldador? Não imagino que o Presidente, na sua casa, quando tenha um objeto que quebre, vá lá soldar. Não é? Qual a intenção desse tipo de coisa?
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E vejam, ele estava em prisão domiciliar não por conta do processo que respondeu e foi condenado no Supremo; era por conta da ação que ele e o seu filho, Deputado, que está nos Estados Unidos, fizeram para coagir o Supremo Tribunal Federal. E quem pagou o pato dessa coação foi o povo brasileiro, com o tarifaço que foi adotado pelo Presidente Trump, e também houve pessoas importantes da República que sofreram com as sanções da Lei Magnitsky, inclusive membros do Poder Executivo, funcionários públicos, Ministros do Supremo. Então, não era nem por isso que ele estava na prisão domiciliar.
Lógico que as alegações dos advogados, as orientações dos advogados, para que o ex-Presidente dissesse na audiência de custódia, eram de que aquilo foi por conta de medicamentos que ele estava tomando. Sim, aqueles medicamentos podem gerar algumas situações de confusão mental, de alucinações, mas é menos de 2% dos casos, menos de 2% das complicações, e um surto que começou de noite e, pouco tempo depois, já se extinguiu… Sinceramente, eu não consigo muito entender.
Então, a Justiça não podia fazer outra coisa, porque os antecedentes estão aí. O Sr. Alexandre Ramagem, Deputado Federal, estava fazendo chacota com o povo brasileiro, lá nos Estados Unidos, dizendo que estava sob a proteção do Governo. Fugiu do Brasil. Ele não podia sair do Brasil, foi sem passaporte - sem passaporte -; saiu ilegalmente. Dizem que foi lá pelo Paraguai e, de lá, seguiu em frente com o apoio do Governo americano. Então, o que é que o Ministro Alexandre Moraes poderia pensar? A Sra. Carla Zambelli fugiu também; agora está presa lá na Itália e deve ser deportada para o Brasil para cumprir pena aqui.
Ou, por outro lado, se realmente é verdade que ele estava sob um surto, ele não estava sozinho em casa. Será que ninguém viu? Será que ninguém, naquele momento, não mandou buscar um psiquiatra para ver o que diabo era aquilo, se o remédio estava causando aquilo que é possível causar? Será que o deixaram sozinho, sabendo que ele está vivendo um momento de extrema dificuldade? E nós reconhecemos isso.
Mas o fato é que agora ele chegou ao fim da linha. Não acredito que, depois de tantos ataques violentos às medidas cautelares, será fácil o Sr. Jair Bolsonaro garantir a prisão domiciliar. Acho difícil que a Justiça aceite.
Acho que, se realmente for necessário, se houver laudos médicos comprovando essa necessidade, é possível, sim, e se deve aceitar; mas, diante dessa ação reiterada, uma ação de alguém que pratica o crime de forma contumaz, como é que o Supremo vai poder tratar alguém que menospreza as próprias decisões do Poder Judiciário? Mas isso caberá ao próprio Supremo Tribunal Federal.
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Mas, agora, o que tem que acontecer é o que já está acontecendo: é o regime fechado, é o cumprimento da pena. E, essa semana, quando terminarem todos os recursos possíveis - que agora são protelatórios, porque não há mais condição de terem guarida dentro do Supremo Tribunal Federal -, o que resta é o cumprimento da pena.
Na verdade, por que é o fim do mundo? O Presidente Lula passou 560 dias preso na Polícia Federal, em Curitiba, e, em nenhum momento, ficou se lamuriando, se lamentando. O que ele fez o tempo inteiro foi denunciar o lawfare, a injustiça, a perseguição, lutou até o fim, até que a sua inocência foi reconhecida, e saiu da cadeia, praticamente, para se tornar Presidente da República. O homem que dizia, durante a pandemia, com milhares de pessoas morrendo: "Vamos acabar com o mi-mi-mi". O que é isso agora?
Então, eu entendo que será muito difícil que essa conclusão desse processo não vá terminar em cumprimento de prisão em regime fechado, em um lugar adequado, que respeite a condição dele, da sua idade, da sua saúde, da condição de ex-Presidente da República. Existe, aí, um simbolismo...
(Soa a campainha.)
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - PE) - ... também, que me parece que as pessoas tentam colocar como uma coisa do outro mundo - aí se fala nessa questão da Papuda. Eu não estou defendendo ninguém ir para a Papuda, mas quanta gente que ficou presa ali? Quantos políticos, empresários que foram presos. Essas pessoas não ficam ali, no lugar, juntamente com os demais presos, e eu não desejo nem defendo que o Presidente, o ex-Presidente, vá lá para a Papuda, mas nós entendemos que, agora, o que falta é, realmente, um cumprimento da pena.
E eu vou mais além, isso vai mais além: o Presidente Bolsonaro foi condenado junto com os seus assessores a 27 anos de cadeia por uma tentativa de golpe de estado. Eu imagino que...
(Soa a campainha.)
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - PE) - ... se aquele golpe tivesse dado certo, onde é que estaria o respeito aos direitos humanos? Muitos de nós teríamos sido assassinados, presos, torturados, exilados. Com toda certeza, teríamos os mandatos cassados.
Portanto, o Presidente está tendo todas as garantias e o respeito aos seus direitos humanos. E, com certeza, ainda tem uma conta para ser paga às 700 mil pessoas que morreram na pandemia pelo descaso do Governo Bolsonaro, pela demora em comprar as vacinas, pela adoção de medidas que não eram as medidas de isolamento, mas de exposição das pessoas para que elas adquirissem a doença.
Então, Sr. Presidente, eu vou concluir aqui.
(Soa a campainha.)
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O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - PE) - Mas quero repetir: todos nós defendemos que o Presidente da República, o ex-Presidente Bolsonaro, tenha direito a tudo que for necessário para a preservação da sua saúde e para o respeito aos direitos que ele tem e que todos os outros seres humanos têm também. Mas tentar desqualificar a decisão do Supremo quando estava claro que a tentativa de romper aquela tornozeleira eletrônica ia desembocar numa tentativa de fuga é algo que só as pessoas que não conseguem enxergar um passo à sua frente podem imaginar.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Para discursar - Presidente.) - Muito bem. (Pausa.)
Não havendo outros oradores inscritos, eu vou usar um curto espaço de tempo aqui na Presidência para falar de outros assuntos que não foram esses dos três oradores que me precederam, que foram o Banco Master e a prisão do ex-Presidente Bolsonaro.
Hoje eu vou falar de uma visita que eu fiz. Fazia 25 anos que eu não visitava a minha cidade natal, aqui no Estado do Tocantins - eu sou goiano. Antigamente era um estado maciço, único, e a região em que eu nasci, hoje, pertence ao Estado do Tocantins. E fazia 25 anos que eu não visitava a cidade. Logicamente, muitos dos meus parentes já faleceram, os mais antigos, e ainda tinha lá um pouco deles, e eu resolvi fazer uma visita e visitar a cidade em que eu nasci aqui no interior do Estado do Tocantins.
Quando eu saí de lá, era Sertão bruto, era Sertão bruto que não tinha transporte. Inclusive, a minha viagem, como aluno - com 17 para 18 anos, saí da região - foi na carroceria de um caminhão até chegar em Goiânia. E agora retorno àquela cidade, depois de 60 anos que eu saí de lá, e 25 anos da última visita. Achei uma cidade transformada. Achei uma cidade bonita, uma cidade bem administrada. Encontrei com meus parentes, meus amigos, envelhecidos como eu, e foi um encontro extremamente emocionado, muito satisfeito.
A primeira visita que fiz foi ao Prefeito da cidade, que já tem quatro mandatos, que é meu primo, José Salomão Jacobina Aires, a ele e alguns Vereadores na sua própria residência. Foi na quinta-feira, à tardezinha. Fiquei muito satisfeito com os seus mandatos sucessivos. Ele é do Partido dos Trabalhadores.
Fui visitar também um dos homens mais extraordinários do Brasil, hoje, com 97 anos de idade, e seu irmão, Wilson Araújo. Ele, que foi Prefeito, chamado Hagahús Araújo, ele foi Prefeito da cidade com 25, 26 anos de idade; Deputado Estadual, quando era Goiás. Ele ia para a Assembleia de bicicleta, Hagahús Araújo. E depois foi Deputado Federal aqui em Brasília, sempre defendendo um modelo alternativo de educação. Hoje ele está com essa idade, muito lúcido, tranquilo, ainda escreve, irreparavelmente correto, tudo muito certinho, e é um homem a que eu, inclusive, quando eu era Deputado Federal, na década de 90, apresentei, na Comissão da Educação, uma homenagem a ele com o Prêmio Darcy Ribeiro.
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Naquela época, antiga, de sertão, muito pobre, ele se insurgiu contra a desgraça e a miséria, e criou uma instituição para abrigar essa pobreza, trazer e alimentar esses meninos que eram esfomeados e sem menor chance de prosperidade. Ele criou o Instituto de Menores da Cidade de Dianópolis, que hoje é instituto federal de educação.
Ele fez isso por muitos anos - ele e seu irmão, Dr. Wilson, os dois integrados no mesmo objetivo - e a sua esposa leal, Josa Wolney, fizeram toda essa revolução no Sertão goiano antigo.
E, lá na casa dele, ele serviu para a gente um lanche à base de soja. Todos os produtos - leite de soja até o café de soja - que ele mesmo, com a sua auxiliar, foram trabalhando as alternativas alimentares para o povo brasileiro, a proteína barata que é através da soja. Faz-se tudo com a soja, inclusive o café de soja. Eu tomei café de soja. Tudo, todo tipo de ingrediente que você pensar aí, pode ser feito a partir da soja.
Fiquei muito satisfeito em vê-lo vivo, saudável, embora idoso, com a sua lucidez, com o seu exemplo que me inspira muito: a vida e a obra do Deputado, do Prefeito Hagahús Araújo.
Eu continuei essa peregrinação nesse final de semana, visitando colegas que eu não via também há 60 anos. Encontrei duas colegas que eu não via há muitos anos. Foi um encontro muito agradável e muito emocionado de colegas de escola lá do passado, do curso ginasial - como a gente chamava antigamente -, hoje, o ensino fundamental.
Esta cidade do Tocantins, Dianópolis, tem alguns detalhes importantes. Lá é um berço da intelectualidade. Lá têm inúmeros poetas, inúmeros escritores, inúmeros compositores, artistas famosos. Isso tudo a gente deve, primeiro, a Hagahús Araújo e a umas freiras espanholas que, nos anos 50, com imenso sacrifício, se instalaram na cidade, junto com um Padre chamado João Magalhães, para educar aquelas famílias até o nono ano de hoje, que era a quarta série ginasial naquele tempo. Isso fez uma diferença imensa.
Quando eu cheguei aqui na Câmara dos Deputados, como Deputado Federal, nos anos 90, encontrei vários funcionários da Câmara que eram educados nesse Instituto de Menores, que eram aquelas pessoas mais pobres - pobreza feia, pobreza desigual, pobreza profunda - que Hagahús chamava para educar, educava e soltava esse menino para o mundo, e alguns funcionários da Câmara e do Senado vieram de lá. Isso é para vocês verificarem a importância da educação transformadora e que todas as pessoas têm condição de ascender a espaços sociais e econômicos a partir de uma educação bem-feita.
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Então essas freiras fizeram toda essa revolução com o Prof. Osvaldo, que era um intelectual fantástico, de transformar essa massa de jovens em intelectuais, poetas, escritores e tudo o mais.
E eles são tão vaidosos com a sua cidade, que lá numa praça, em todo lugar que você vai na cidade tem lá: "eu amo tal cidade", "eu amo tal". E lá tem escrito o seguinte, na praça principal: "Dianópolis, a capital do mundo" - a capital do mundo. Uma cidade de 20 mil habitantes é a capital do mundo para os seus moradores. Olha o orgulho dessa cidade. Olha a vaidade dessa cidade: "A capital do mundo". É fantástico.
E a gente foi andando, conversando... Eu me hospedei na casa de dois colegas, amigos, que são o José Alencar, que é aposentado aqui do TCU, mas é de lá, que é um gênio, escritor, compositor, músico, violonista, tudo ele é; e a sua esposa, Iara Araújo, que é filha do Hagahús e é aposentada, hoje, da Câmara dos Deputados.
Eles retornaram para lá, e ele é advogado, continuou advogando, ganhou dinheiro, e foi comprando aquelas fazendas da nossa saudade, dos nossos 60 anos atrás. Onde tinha pasto, ele mandou tirar os bois e deixou a floresta se regenerar. Eles compraram outra área, onde tinha a única queda d'água que não virou pequena central hidrelétrica. Foi essa que eles foram lá, compraram e transformaram em um regime privado de florestas, que é deles, mas é patrimônio do povo brasileiro, e intocável, cercada de soja por todos os lados, mas lá, não. Lá, a Cachoeira do Calixto continua preservada, linda, maravilhosa, fotografada e visitada, mas ninguém pode tocar naquela área - para você ver a grandeza das pessoas.
E o José Alencar me falou o seguinte: "Eu não gosto de boi; eu gosto é de pássaro, eu gosto é de floresta". E lá, onde eu me hospedei com eles, na floresta, os bichos campeiam: os veados, os macacos, os pássaros, os tucanos, para deleite deles e inspiração para sua literatura e seus poemas. Ele fica naquele meio. Assim, ele foi adquirindo essas propriedades antigas e deixando a natureza se recuperar, voltar a ser o que era quando nós éramos jovens, meninos e adolescentes daquela região.
Então eu fiquei muito satisfeito pela hospedagem, quero agradecer a todos eles, envaidecido por ver a cidade tão bem administrada, tão bonita e tão reencontrada. Fui aos museus, fui a uma capelinha da cidade, também de grata lembrança, onde estão sepultados nove corpos que foram chacinados, mortos numa rebelião no ano de 1919, de uma mesma família ou de duas famílias, enterrados em cova comum, em vala comum, e ali, sobre aquele local, aquela vala, foi erguida uma capelinha chamada Capelinha dos Nove, por causa das nove pessoas enterradas ali.
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Eu quero, neste momento, agradecer a acolhida de todos os companheiros e de todas as pessoas que me receberam na cidade de Dianópolis nesse final de semana. Foi altamente comovedora essa visita, uma visita de reencontro comigo mesmo; inclusive, visitei a única escola que havia naquele momento, chamada Ginásio João d'Abreu, que hoje é Colégio João d'Abreu. Não é preciso eu falar desse nome brilhante, que foi esse Deputado Estadual da época, mas quero agradecer a todos pela acolhida sensacional e emocional. Encontrei e abracei meus primos, meus parentes, todos ainda residentes por lá.
E quero, assim, neste momento, encerrar meu pronunciamento de agradecimento a todos e parabenizar a todos os moradores da cidade de Dianópolis, no Estado de Tocantins.
Muito obrigado. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Fala da Presidência.) - Assim sendo, a Presidência informa às Senadoras e aos Senadores que está convocada sessão deliberativa para amanhã, terça-feira, às 14h, com pauta divulgada pela Secretaria-Geral da Mesa.
Cumprida a finalidade desta sessão, a Presidência declara o seu encerramento.
Muito obrigado e boa tarde.
(Levanta-se a sessão às 15 horas e 17 minutos.)