Notas Taquigráficas
3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
57ª LEGISLATURA
Em 7 de outubro de 2025
(terça-feira)
Às 10 horas
135ª SESSÃO
(Sessão Especial)
| Horário | Texto com revisão |
|---|---|
| R | O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR. Fala da Presidência.) - Bom dia a todos. Declaro aberta esta sessão especial. Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos. A presente sessão especial foi convocada em atendimento ao Requerimento 720, de 2025, de autoria desta Presidência e de outros Senadores, inclusive do Presidente do Senado, Senador Davi Alcolumbre, que foi aprovado pelo Plenário do Senado Federal. Esta sessão tem o objetivo especial de ser realizada em memória dos dois anos de ocorrência dos ataques terroristas do Hamas contra a população civil de Israel. O objetivo da sessão é honrar as vítimas, rogar pela libertação dos reféns remanescentes, pelo reconhecimento do direito de existência de Israel, contra o antissemitismo e em favor da paz no Oriente Médio. Compõe a mesa desta sessão especial os seguintes convidados: o Sr. Claudio Lottenberg, Presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib); a Sra. Rasha Athamni, Encarregada de Negócios da Embaixada de Israel no Brasil; o Sr. Denis Rosenfield, Filósofo e Professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul; o Sr. Carlos Reiss, Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba; e o Sr. Rafael Zimerman, um dos sobreviventes do ataque do Hamas, durante o festival Nova, em Israel. A Presidência informa que esta sessão terá também a participação dos seguintes convidados: o Sr. Rony Vainzof, que é Secretário-Geral da Conib e líder do projeto de combate e enfrentamento do antissemitismo; e a Sra. Anelise Fróes, Doutora em Antropologia Social. |
| R | Eu convido a todos agora para, em posição de respeito, acompanharmos a execução do Hino de Israel. Na sequência, ouviremos o Hino Nacional brasileiro. (Procede-se à execução do Hino de Israel.) (Procede-se à execução do Hino Nacional.) |
| R | O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR. Para discursar - Presidente.) - Senhoras e senhores presentes, Senadores, Deputados, ilustres membros da comunidade judaica no Brasil, de Israel, de outros países, familiares das vítimas, convidados presentes, hoje nós nos reunimos nesta Casa para cumprir um dever que transcende fronteiras políticas e ideológicas, o dever da memória. O objetivo é nós transformarmos um dia de infâmia em um dia de celebração à memória das vítimas e contra o antissemitismo. Há exatos dois anos, no dia 7 de outubro de 2023, o mundo testemunhou um dos ataques terroristas mais brutais e devastadores da história recente: mais de 1,2 mil vidas foram ceifadas, centenas de pessoas foram sequestradas e levadas como reféns para a Faixa de Gaza, separadas de sua família, arrancadas de suas rotinas, mergulhadas em um pesadelo que para muitas delas - 48 - ainda não terminou. O grupo terrorista Hamas, juntamente com outros grupos extremistas aliados, perpetrou assassinatos em massa nas comunidades pacíficas do sul de Israel, atacaram o festival de música Nova, onde jovens celebraram a vida, a arte e a esperança. Documentos da Organização das Nações Unidas e de diversas organizações internacionais de direitos humanos atestam a ocorrência de atos de violência sistemática, torturas, execuções sumárias contra os reféns. Não se trata apenas de estatísticas; são vidas que foram interrompidas, sonhos destroçados, famílias dilaceradas. |
| R | Diante desses ataques, Israel exerceu o direito consagrado no Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, o direito de autodefesa perante um ataque armado por uma organização que sequer reconhece o direito de existência do Estado de Israel. Este é um direito fundamental de qualquer Estado soberano, o exercício do direito de defesa, reconhecido pela comunidade internacional: nenhuma nação pode ser obrigada a permanecer inerte enquanto seus cidadãos são massacrados, sequestrados e brutalizados. O debate acerca de como esse direito de autodefesa é exercido e como as ações tomadas por Israel têm sido aplicadas é legítimo e é um debate necessário, mas nós não podemos deixar que esse debate obscureça ou relativize a gravidade dos crimes que deram origem a essa espiral de violência. Não podemos esquecer quem atacou primeiro, quem matou os civis armados que celebravam a vida, quem sequestrou crianças, idosos e mulheres. Infelizmente, esse atentado terrorista grave nos remete a acontecimentos ainda mais terríveis praticados contra o povo de Israel. Assim, é impossível analisar esse conflito sem reconhecer a sombra do antissemitismo, que de forma insidiosa continua a distorcer a percepção global dos acontecimentos. Há uma dupla medida que se manifesta quando crimes contra judeus são minimizados, relativizados ou simplesmente ignorados pela opinião pública internacional. Há até uma tendência inimaginável de se questionar o próprio direito de Israel de existir enquanto Estado, um direito que jamais é contestado quando se trata de outras nações. O antissemitismo não é apenas uma questão histórica, ele permanece vivo, foi alimentado por esse atentado terrorista e por suas repercussões. A meu ver, é o produto mais grave dessa ação. Ele se adapta aos tempos, assumindo novas formas, mas mantendo sua essência: a negação da humanidade plena do povo judeu e de seu direito à autodeterminação e à segurança. Quando crimes bárbaros contra civis israelenses são justificados, quando o contexto é usado para desculpar o imperdoável, quando a violência contra judeus é tratada como uma inevitabilidade aceitável, estamos diante de manifestações contemporâneas desse ódio milenar. A solidariedade internacional com as vítimas do 7 de outubro foi, em muitos casos, fraca, tardia ou condicionada. Enquanto outros ataques terroristas no mundo receberam manifestações inequívocas de indignação, as vítimas israelenses frequentemente encontraram silêncio, indiferença ou, pior ainda, justificativas para os crimes sofridos. Essa assimetria moral é inaceitável e revela camadas profundas de preconceito. O antissemitismo ofende não só a comunidade judaica, mas toda a humanidade. |
| R | E este ato, esta sessão especial realizada no Senado Federal, tem por objetivo marcar claramente a posição desta Casa, contrária a qualquer forma de preconceito, em especial, nesta data, ao antissemitismo. Também tem por objetivo remarcar e enfatizar a amizade que existe entre o povo de Israel e o Brasil, inclusive reconhecendo o papel fundamental que a comunidade judaica tem na formação da nossa cultura, dos nossos princípios e dos nossos valores. Senhoras e senhores, este Senado Federal, representante do povo brasileiro e guardião dos valores democráticos e humanitários de nossa nação, tem o dever de recordar esses acontecimentos para que uma data de infâmia se torne uma data de memória e celebração das vítimas e de reconhecimento do direito de existência da comunidade judaica, do Estado de Israel, e de repúdio ao antissemitismo. A memória não é apenas um ato de respeito aos que partiram, é também um compromisso com os que permanecem e com as gerações futuras. Quando esquecemos, permitimos que a história se repita. Quando silenciamos, tornamo-nos cúmplices da indiferença. O esquecimento e o silêncio são formas de violência, a violência da negligência moral, do abandono das vítimas ao vazio do esquecimento público. Recordar o 7 de outubro é reconhecer a dignidade de cada vida perdida, é rogar pela libertação dos reféns remanescentes, é repudiar o antissemitismo, é afirmar que nenhuma ideologia, nenhuma causa política, nenhum contexto geopolítico justifica o assassinato deliberado de civis inocentes, é reafirmar os princípios fundamentais da humanidade: que todo ser humano tem direito à vida, à segurança e à liberdade. O combate ao antissemitismo não é apenas uma causa judaica, é uma causa de toda a humanidade. Onde há espaço para a discriminação, para o preconceito, para o ódio contra um grupo, há risco para todos. A história do século XX nos ensinou, de forma trágica e definitiva, onde conduz o ódio tolerado e a desumanização aceita. Neste dia de memória, prestamos nossas homenagens às vítimas do 7 de outubro de 2023, expressamos nossa solidariedade às famílias que ainda aguardam o retorno de seus entes queridos sequestrados, reafirmamos nosso compromisso com os valores da justiça, da dignidade humana e da paz, rogamos pela libertação dos reféns e pela paz no Oriente Médio. Que a dor dessas famílias não seja esquecida. Que a coragem dos que sobreviveram inspire nossa luta por um mundo mais justo. Que a memória das vítimas nos convoque à responsabilidade de construir um futuro onde tais atrocidades não encontrem mais espaço. Esse é o desejo desta instituição que represento neste ato solene, o Senado Federal. Muito obrigado. (Palmas.) |
| R | Solicito à Secretaria-Geral da Mesa a exibição de um vídeo. (Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.) |
| R | O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Quero registrar aqui, muito rapidamente, que esta sessão solene se fez por solicitação e sugestão da Conib, do Dr. Claudio Lottenberg. Igualmente, registro que a realização desta sessão, neste dia especial e simbólico de 7 de outubro, teve o apoio incondicional e imediato do Presidente da Casa, o Senador Davi Alcolumbre. Também gostaria de registrar aqui a presença das seguintes autoridades: Sras. e Srs. Embaixadores, encarregados de negócios e representantes diplomáticos da Alemanha, Argentina, França, Holanda, Irlanda, Noruega e Zâmbia. Representando o Ministro de Estado das Relações Exteriores, temos presente o Sr. Embaixador Clélio Crippa. Ainda temos presentes nesta Casa, como convidados, diversos Deputados Federais, entre eles a Deputada Federal Bia Kicis, o Deputado Federal General Pazuello e o Deputado Federal Sóstenes Cavalcante, além de vários ilustres Senadores da República - vejo aqui o Senador Flávio Bolsonaro, o Senador Marcio Bittar, o Senador Marcos Rogério e o Senador Jorge Seif. Todos vieram prestigiar este evento. Destaco também a presença da Diretora-Geral do Senado Federal, Sra. Ilana Trombka, que não poupou esforços para a realização deste evento, a quem muito agradeço. Representando a Ordem dos Advogados do Brasil, a Presidente da Comissão de Relações Internacionais do Conselho Seccional, Sra. Clarita Costa Maia. Presentes também a Subprocuradora-Geral do Distrito Federal, Sra. Diana de Almeida; o Presidente do Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal, Sr. Euler de Oliveira Souza; a Presidente da Organização Internacional de Mulheres Sionistas do Rio de Janeiro, Danielle Balassiano Ptak; o Presidente do Núcleo Judaico-Cristão da Igreja Batista Peniel, Sr. José Kenaidy Ferreira Amorim; o Presidente do Ministério Internacional Afrodescendente, Sr. Albert Silva; o Presidente do Diretório de Brasília da Sociedade Bíblica do Brasil, Sr. Elias Castro Castilho; a Presidente do Instituto Educando Raízes do Brasil, Bispa Rita; o Vice-Presidente da Federação Israelita do Estado do Paraná, Sr. Fernando Brodeschi; a Vice-Presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Sra. Suzana Bennesby; e o Vice-Presidente da Bril Chamber, Sr. Sebastian Watenberg. Faço um agradecimento, em especial, à equipe da Mesa do Senado Federal pela dedicação à realização deste evento, e tomo a liberdade de agradecer aos servidores e às servidoras do meu gabinete do Senado Federal, que também tornaram possível este evento. Neste momento, indo aos... Ah, registro também a presença dos Srs. Deputado Federal Rodrigo da Zaeli, Deputado Federal Gilberto Nascimento, Deputado Federal Messias Donato; da Sra. Presidente da Federação Israelita do Distrito Federal, Tamara Socolik; e do representante diplomático da Embaixada dos Estados Unidos, o Sr. Michael Dreher. |
| R | Passo agora aos pronunciamentos. Neste momento, concedo a palavra ao Sr. Claudio Lottenberg, Presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), por cinco minutos. O SR. CLAUDIO LOTTENBERG (Para discursar.) - Sr. Presidente Sergio Moro, a quem cumprimento em nome de todos os Senadores; e, particularmente, também em nome do Presidente Davi, a quem agradeço o apoio pela iniciativa. Srs. Senadores, senhoras e senhores, e também e principalmente cidadãos brasileiros, falo hoje não só em nome da comunidade judaica brasileira e dos judeus brasileiros, mas falo principalmente em nome de 6 milhões de judeus que sucumbiram na Segunda Grande Guerra Mundial. Aquilo, sim, foi, Deputado Pazuello, um verdadeiro genocídio. E basta conhecer a etimologia e conhecer um pouco de antropologia para entender o real significado e a definição legal do que é um genocídio; e não como muitos querem, no fundo, tentar macular a imagem daquilo que o Estado faz ao se defender de um ataque terrorista. Dois anos se passaram desde o ataque de Gaza, dois anos desde que Israel foi atacado covardemente por um grupo terrorista. Não foi, em absoluto, Deputado Sóstenes, uma guerra convencional, e o senhor sabe muito bem. Não foi muito menos uma disputa política - foi, para quem quer ver e também para quem não quer ver, puro terrorismo, terrorismo que assassinou, que sequestrou e que destruiu vidas inocentes. Uma verdadeira operação fratricida, num ato, esse, sim, de genocídio, porque ali existia intenção pura de matar toda e qualquer pessoa, Deputado Nascimento, que ali estivesse presente, levando-se em consideração que seriam judeus. No primeiro momento, o mundo reconheceu isso, reconheceu que Israel havia sido atacado pelo Hamas, um movimento terrorista, mas, logo depois: a farsa. Passaram a tratar o Hamas como se fosse um ator político legítimo - aliás, Hamas, cujo livro tem prefácio até com a participação de brasileiros -, como se a voz do Hamas fosse a voz de um povo, e não é, isso é mentira. O Hamas não é política, o Hamas representa o terror, um braço estendido do Governo do Irã, que patrocina não somente o Hamas, mas o Hezbollah, o Houthis, que usa aquilo que há de pior em termos de interlocução: o terrorismo, a violência deliberada. Portanto, essa é uma marca de terror, essa é uma obra de terror. E basta olhar para Gaza - o Senador Bolsonaro conhece Israel -, e aqueles recursos, que foram ali destinados para a construção de um país, foram utilizados para a construção de túneis, uma verdadeira infraestrutura deliberadamente erguida para propagar o quê? A destruição do estado de Israel. Uma obra, verdadeiramente, Deputado - deliberadamente, faço questão de insistir -, destinada ao terrorismo. Túneis cavados para matar, arsenais escondidos em escolas e hospitais, laços diretos com os piores grupos terroristas do mundo, vínculos espúrios - infelizmente, para nós, cidadãos do mundo -, até dentro da ONU. E isso jamais foi e não é política; isso é terrorismo armado e institucionalizado. É relativizar, quem sabe, algo que para mim representa um absurdo, que ofende a verdade e a dignidade humana. |
| R | O Brasil, minhas senhoras e meus senhores, tem uma tradição diplomática que merece muito respeito. E foi essa tradição que, justamente, pautou para que Oswaldo Aranha, em 1947, ao presidir a Assembleia Geral da ONU, ajudasse a aprovar a criação de um Estado de Israel. E, saibamos todos nós, quem quer ver e não quer ver, a criação também de um estado palestino, o que naquele momento foi negado por parte dos países árabes que imaginavam que Israel não sobreviveria. Pois, então, o Brasil que o mundo respeita é um Brasil que defende a vida, é o Brasil que defende a paz, é o Brasil que tem um tom firme, sério e verdadeiro no cenário internacional, aquele pautado por uma diplomacia tradicional, ainda das épocas de Oswaldo Aranha e do Barão do Rio Branco. Mas hoje, infelizmente, lamento e tenho que dizer nesta Casa, estamos vendo um Brasil diferente, um Brasil que, desde o primeiro dia, recusou-se a chamar essa guerra pelo nome certo: guerra contra o terrorismo. Um Brasil que preferiu patrocinar narrativas ideológicas, dentro de uma perspectiva diplomática que não é tradicional, dentro daquilo que alguns classificam como sendo no politic; que se colocou, sistematicamente, contra Israel - e, lamentavelmente, Senador Bolsonaro, alimentando o antissemitismo dentro deste país, que fechou as portas, deixo isso aberto a todos vocês, para essa comunidade, a comunidade judaico-brasileira, que procurou e quis estar junto ao Governo brasileiro para poder dialogar -; que, infelizmente, distorceu fatos; que vem repetindo números falsos, conceitos impróprios e que, infelizmente, ignora sistematicamente os reféns. Isso não é apenas um erro, a meu ver, com toda a liberdade, Presidente desta sessão, Senador; isso, para mim, é uma vergonha nacional. Isso é um insulto à nossa história, ao nosso povo e a uma credibilidade internacional. E aqui eu quero ser claro. A Confederação Israelita do Brasil, minhas senhoras e meus senhores, não é um braço político ou um braço partidário. Ela não é instrumento de Governo ou de oposição. Nós já acreditamos, meu sempre Senador Romero Jucá - governos de esquerda e governos de direita -, todas as vezes que achamos que houve algum tipo de abuso ou algum limite foi ultrapassado, sempre pudemos dialogar. |
| R | E hoje estamos aqui criticando porque vemos que existem, Senador Moro, limites que são ultrapassados, porque a política externa se tornou uma inimiga sistemática de Israel e cumpre-se muitas vezes de narrativas que acabam fortalecendo o conceito do terrorismo. Antissemitismo não é sombra do passado, ele está vivo, ele se adapta, ele se disfarça e hoje tenta se infiltrar no discurso político e institucional. E é nosso dever, enquanto brasileiros, barrar essa infiltração, é nosso dever resistir. Senhoras e senhores, o Brasil não pode se associar ao que há de pior no mundo, não pode se alinhar a regimes que financiam o terror, como é o caso do Irã, o tal Sul Global. Eu não vejo países como a China, como a Rússia, muito menos a Índia, com um discurso tão enfático contra Israel. Não podemos trocar uma honra por conveniências meramente ideológicas. O Brasil precisa e tem que voltar a ser respeitado, precisa reencontrar a sua tradição de equilíbrio, de dignidade e de coragem. Nós, como comunidade judaica brasileira, dizemos em alto e bom som que nós não podemos aceitar que Israel seja deslegitimado e que a sua estrutura e a sua história sejam estigmatizadas. Não podemos, muito menos, aceitar que o antissemitismo se normalize e não vamos aceitar, portanto, que a verdade seja distorcida. Se existimos até hoje é porque soubemos resistir. Se nossos filhos e netos existirão amanhã, será porque nós sabemos como resistir e não fraquejaremos e não esmoreceremos. E quero encerrar com uma esperança, que o plano de paz que neste momento está sendo construído possa, de fato, abrir espaço para o diálogo entre o povo de Israel e um povo palestino, que merece e deve ter o seu Estado. Um Estado palestino que respeite o Estado de Israel, com condições de segurança. Um Estado que queira coexistir como bons vizinhos coexistem. Um Estado, portanto, que garanta a existência e a sobrevivência do povo judeu. É importante lembrar, nesta Casa, que a proposta de dois estados não é nova. Ela não é dos Estados Unidos, ela não é dos acordos de Abraão. Era de 1948, quando dois Estados ali eram previstos e os Estados árabes não permitiram que assim acontecesse, imaginando que poderia, de repente, eliminar o Estado de Israel. Portanto, finalizando, para participar deste debate, Deputado Pazuello, conhecer a história e a verdade é absolutamente essencial para que as opiniões existam dentro da perspectiva da responsabilidade. Sem essa memória, seguiremos tratando com vilania um povo que há quase 80 anos vive cercado por inimigos e que querem a sua destruição e que, portanto, tem o direito e o dever legítimo de se defender, como é o caso de Israel. Quanto ao nosso país, o nosso país merece muito mais do que ideologia. O Brasil merece dignidade. O Brasil merece credibilidade. E vou além: pela sua tradição, o Brasil merece e deve patrocinar a paz, porque este é o verdadeiro desejo do povo brasileiro, um povo amistoso, um povo que lida com o sentido da diversidade, que respeita o pluralismo. Esta é a essência que nós, brasileiros, queremos ver vigorar na política externa brasileira. |
| R | Eu agradeço o sensibilizado Senador Moro por sua iniciativa, como lhe disse, como descendente de sobreviventes de holocausto, como filho de pessoas que fugiram dos pogroms. Quero aproveitar e saudar meu fraternal amigo, Senador Jaques Wagner, por quem tenho muito respeito e muito carinho, e deixar que a nossa comunidade tem gratidão por esta Casa, por aquilo que ela faz. E temos certeza de que teremos paz e, cada vez mais, com o trabalho de todos vocês, a proteção do povo judeu e a relação como nós enxergamos sendo adequadas - Brasil e Israel unidos, pois são duas democracias importantes e inspiracionais para todo o mundo. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Quero registrar a presença aqui do Senador Jaques Wagner, que muito nos honra, também presente nesta sessão pela comunidade judaica, e eu vou conceder a palavra ao Senador Flávio Bolsonaro, por até cinco minutos, Senador. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para discursar.) - Bom dia a todos. Sr. Presidente, obrigado por atender o pedido de quebrar aqui a sequência dos oradores, é porque eu vou presidir a Comissão de Segurança Pública agora, às 11h da manhã. Parabéns pela iniciativa desta sessão solene, que muito nos honra e tenta compensar um pouquinho a vergonha, Dr. Claudio Lottenberg, que todos nós sentimos - e acho que posso falar em nome dos judeus brasileiros também - com a postura do atual Governo em relação a essa guerra que está acontecendo. Saúdo, na pessoa do Dr. Claudio Lottenberg, as pessoas aqui presentes nesta mesa de honra. Saúdo a todos os convidados, na pessoa da minha amiga, a Deputada Bia Kicis. E a palavra aqui hoje é de reconhecimento ao povo judeu, de reconhecimento ao Estado de Israel. Eu digo que todo brasileiro, em algum momento da vida, deveria passar algumas horas dentro do Museu do Holocausto, em Jerusalém, para ter a real dimensão de a que ponto de maldade pode chegar um ser humano. As memórias do Holocausto, que estão naquele museu, que estão no museu também no Rio de Janeiro, inaugurado pelo então Prefeito Marcelo Crivella, nos fazem ter a convicção de o que nós estamos vendo hoje, diante dos nossos olhos, é a maior covardia que o povo judeu já sofreu após o Holocausto. |
| R | E eu fico vendo aqui, no Brasil, como a lavagem cerebral dos nossos estudantes, em especial nas universidades, consegue promover um batalhão de pessoas que parecem acéfalas ao ter a coragem, ou melhor, a covardia de defender ou de justificar o que o Hamas fez com os judeus há dois anos, no 7 de outubro. E quem já esteve em Jerusalém, como eu já tive a honra de estar, de sentir a emoção, a história viva, a Bíblia a céu aberto, de visitar o Congresso de Israel, o Knesset, e mesmo lá haver Parlamentares que são contra o Estado de Israel... É um povo e um Estado que não apenas falam de tolerância, dão um exemplo e praticam a tolerância, um Governo de Israel que, em vários momentos da história, é quem fornece água para palestinos, comida para refugiados, pessoas que são vítimas desses grupos terroristas - é verdade -, mas nada explica, nada justifica esses atos terroristas do Hamas no último 7 de outubro. Que ser humano pode ainda ficar ao lado dos terroristas do Hamas após assistir a um vídeo desse e tantos outros que existem na internet, ou de acessarem esse QR code com imagens do que esses terroristas fizeram com outros seres humanos? Decapitaram pessoas idosas, estupraram mulheres, queimaram bebês, transmitem ao mundo imagens de judeus cavando a própria cova em situação física deplorável, em pele e osso, quase sem músculo de tanto sofrer. E, ainda assim, nós conseguimos assistir pessoas dizendo que quem prega o ódio é o Estado de Israel. São as famosas narrativas que estão prevalecendo sobre os fatos, como acontece aqui no Brasil também. Um Governo com integrantes que classificam o que aconteceu no 8 de janeiro como atos terroristas. Não foram poucos que classificaram dessa forma; terrorismo é isso que o atual Governo relativiza. Então, é, sim, Dr. Claudio Lottenberg, uma vergonha ver o Brasil com o atual Governo se posicionar dessa forma. É inadmissível que isso esteja acontecendo. Se fosse o Presidente Bolsonaro, tenho a certeza de que essa vergonha o senhor não passaria e nem a comunidade judaica aqui em nosso país, porque sempre reconheceu - inclusive, fomos o primeiro país a reconhecer - o Estado de Israel em 1948, na Assembleia Geral da ONU. E a memória que temos presente desses laços entre Brasil e Israel foram os bombeiros e as tropas de resgate que Israel enviou aqui para o Brasil para nos ajudar a resgatar as vítimas lá de Brumadinho, em 2019, em Minas Gerais, e tantos outros exemplos em que Israel empresta a nós na parte de tecnologia, na parte de conhecimento. E não é justo se posicionar dessa forma como o atual Governo se posiciona, mandando seu Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, para a posse do ditador no Irã, uma foto lamentável ao lado de diversos terroristas, vários que já vieram inclusive a morrer, porque foram alcançados pelas forças do bem que são as forças de Israel. |
| R | Eu falo aqui com toda a convicção, nenhuma intenção de fazer média com ninguém; quero apenas falar aquilo em que a gente acredita e aquilo que a gente pratica, porque nós aqui no Brasil da direita também somos vítimas dessas narrativas, como se nós tivéssemos o discurso do ódio, como se nós quiséssemos o mal de alguém, como se nós não respeitássemos os direitos humanos, quando é o contrário! Podem reparar na história: as vítimas quase sempre são de direita, e os algozes, de esquerda. Foi assim na facada com Bolsonaro, foi assim com a tentativa de assassinar o Trump, foi assim agora com o Charlie Kirk, está sendo assim com Israel. Então, aqui, todo o meu sentimento, a minha eterna gratidão ao que o povo de Israel sempre fez pelo mundo. Ali é a democracia do Oriente Médio, é a nossa referência, é o nosso exemplo e é o Estado que nós reconhecemos! Vamos sempre respeitá-lo e defender que ele exista, porque Israel é tão tolerante que chega ao ponto de aceitar fazer um acordo de paz, mesmo com a presença, nas bordas das suas fronteiras, de pessoas que abertamente declaram que só vão parar quando destruírem o Estado de Israel. Mesmo assim, aceitam sentar para dialogar e tentar chegar a um acordo, porque ninguém quer guerra. E, para concluir, Presidente, a máxima que fica é a que já é muito conhecida: se o Hamas baixar as armas, acaba a guerra; se Israel baixar as armas, acaba o Estado de Israel. Toda a minha solidariedade ao povo judaico e todo o meu reconhecimento ao Estado de Israel! (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Concedo a palavra à Sra. Rasha Athamni, Encarregada de Negócios da Embaixada de Israel no Brasil, por cinco minutos. Informo a todos que ela irá fazer o pronunciamento em inglês e que estão disponíveis na bancada os equipamentos para tradução simultânea para aqueles que necessitarem. A SRA. RASHA ATHAMNI (Para discursar. Tradução simultânea.) - Sr. Presidente do Congresso Nacional brasileiro, Davi Alcolumbre; Senador Sergio Moro; distintos membros do Parlamento brasileiro e queridos amigos e amigas, muito obrigada pela honra de poder falar aqui hoje. O 7 de outubro foi o pior ataque contra os judeus desde o Holocausto. Naquele dia, Israel fez face a tragédias, o que provocou insegurança nos nossos lares. Obviamente, houve também ataques que aconteceram no festival de música. Para cimentar isso e vivenciar essa situação que foi conduzida por Hamas, milhares de pessoas foram assassinadas, incluindo alguns nacionais. Eles pegaram mais de 200 vítimas, e as vibrações... Ativistas, mães com seus filhos, todos eles sofreram ataques do Hamas ou foram tomados como reféns do Hamas. E muitos estão ainda em situação de perigo em Gaza. A gente acredita que alguns estejam ainda vivos, porém em condições subumanas, com fome, sob tortura e obviamente com ausência de dignidade. |
| R | Dois anos se passaram, mas as feridas ainda estão abertas. A diplomacia israelense... Tentando sobreviver, porém ainda há esperança de que possamos... que, desde este momento... uma nova data que precedeu durante 50 anos, até hoje são presentes todas essas dores... Então, este ano de 2023 e o dia 7 vão ainda estar permanentes na nossa cabeça. O Yom Kippur foi uma declaração para eliminar o Estado de Israel. Não foi a primeira vez, portanto, e não será a última que Israel vai enfrentar essas dificuldades. Movimentos radicais e agressores violentos não mudaram muito desde então, e a vontade ainda permanece de destruir o Estado de Israel. De fato, isto é sempre frequente e vai continuar. Não existe o valor do amor ou da prosperidade; existe o valor do ódio e da destruição, que permeia, sobretudo, para a destruição do Estado de Israel. Desde aquele dia, Israel tem sido bombardeado continuamente por diferentes mísseis balísticos, drones e uma infiltração de vários instrumentos de destruição. O marco importante do dia 7 é algo que temos que lembrar. A lembrança não é somente da dor e da ferida, mas também da responsabilidade do nascimento de um estado de fé e um estado que permanece na humanidade. E, em nome das vítimas que perderam suas vidas, vítimas que ainda são incontáveis, todas as famílias que estão ainda rezando para encontrar os seus familiares, a verdadeira verdade é que o povo judeu tem o direito de existir, de estar em paz, em segurança e de prosperar. Por Deus, nós somos contra toda forma de ódio e somos a favor da dignidade humana. Sr. Presidente e distintos membros aqui presentes, o dia 7 de outubro cortou o coração de todos nós em Israel, incluindo aqui, neste belo país, o Brasil. Nós ouvimos as suas preces e as suas palavras de conforto. Isto não é algo abstrato para o nosso país. Tudo o que construímos é sobre a base da paz e da fé. Então, vamos permanecer unidos, mesmo nos tempos difíceis. As pessoas brasileiras, os brasileiros são conhecidos por esse espírito de paz e de generosidade. Muitas vozes são ouvidas aqui e alhures. E hoje estamos falando aqui da importância de permanecermos posicionados e lembrarmos, sobretudo, algo que não pode ser esquecido: a memória das vítimas deve estar viva e nos nossos corações. As famílias devem esperar ainda que eles voltem para casa, alguns reféns, testemunhando, portanto, o direito do povo de Israel de viver, de prosperar e, obviamente, de compartilhar os interesses da humanidade e os valores da humanidade. Muito obrigada. Obrigada a todos. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Concedo a palavra ao Sr. Denis Rosenfield, Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por cinco minutos. O SR. DENIS ROSENFIELD (Para discursar.) - Senador Moro, muito obrigado pelo convite e, além do convite, pela indicação, a qual muito me honra. |
| R | A mesa, em particular o Presidente da Conib, Dr. Claudio Lottenberg... E fico naquela situação de falar depois de alguns outros, quando me chamam muito a atenção a qualidade das intervenções e os pontos importantes que foram colocados. Eu gostei de começar por exatamente aquilo a que o Senador Moro se referiu, dizendo o seguinte: "Esse é um ato da memória". Quer dizer, uma questão aqui fundamental, porque hoje nós já estamos perdendo, na guerra das narrativas, quem causou a guerra do 7 de outubro - a guerra do 7 de outubro! E tem nome, tem atores. Foi o Hamas. E não tem nada de novo aí. O que me surpreende é que as pessoas não estejam surpresas. Quem já leu a carta de fundação do Hamas verá, claramente, que seu objetivo não é a criação de um Estado palestino; é a destruição do Estado de Israel. Está escrito! Se você pegar as manifestações wokes pelo mundo afora, sobretudo nos Estados Unidos, from the river to the sea. Palestine will be free. Onde fica Israel? Em algum lugar? Ou é apagado do mapa? Agora, isso é símbolo da paz? Como assim, símbolo da paz? Isso é o símbolo da morte! Isso é o símbolo da violência! Então, o que nós estamos, hoje, observando no mundo é uma erupção do antissemitismo e do elogio da violência, que não deixa de deixar qualquer um minimamente sensato estupefato. E eu fico tanto mais estupefato porque, se vocês ainda pegarem agora... Desculpem-me aqui os parênteses sobre a questão também brasileira, que é muito colocada: eu estou realmente, diria, até um pouco horrorizado. O Presidente Lula não deu nenhuma manifestação sobre a proposta de paz do Presidente Trump, com apoio dos países árabes, com apoio da autoridade palestina, com o apoio da Rússia, do Papa, da Índia e da China, e nada foi dito. É um silêncio da diplomacia presidencial que não deixa de ser, repito, extremamente assustador, porque o que está se falando é de paz ou se está falando de um cessar-fogo. Deixem-me primeiro retomar um ponto, aqui, que me parece absolutamente fundamental, que é o seguinte: quando se fala - e o Dr. Claudio Lottenberg colocou muito bem - de Estado palestino, o Estado palestino não existiu e não existe até agora porque os árabes não quiseram. É tão simples quanto isso. Peguem a proposta de criação de dois Estados, em 1947, na ONU. Houve criação de Estado palestino? Não. Não houve criação de Estado palestino. Havia o quê? A destruição do Estado de Israel como objetivo. Então, os países árabes atacaram aquele incipiente exército israelense, nem força maior tinha, mas sob, basicamente, estratégia e por inteligência, inclusive retomando teóricos ingleses da estratégia como Liddell Hart e, a partir do Chefe do Estado-Maior do exército israelense na época, souberam rechaçar e estabeleceram suas fronteiras. Quer dizer, o Estado palestino não foi criado porque os árabes não quiseram. Isso se repetiu na guerra de 1967. A guerra de 1967 também foi uma guerra de aniquilação do Estado de Israel. Não deu certo, e Israel conquistou, como em qualquer guerra, territórios que estavam sob o domínio, no caso, da Cisjordânia, que é Jerusalém Oriental, e as colônias de Golam, que estavam sob o domínio da Síria, e que hoje estão incorporadas ao Estado de Israel. |
| R | O Sinai depois foi devolvido, a partir da Guerra de Yom Kippur, que também foi uma guerra de aniquilação, embora depois se tenha construído a imagem do Assad como um Presidente que tentou estabelecer um diálogo pelas armas - sei lá o que significa estabelecer um diálogo pelas armas. Mas o ponto fundamental é o seguinte: também não houve isso. Israel, em 2002, sob o Governo Barak, propôs ao Arafat, sob patrocínio do Clinton, um acordo de paz, devolvendo praticamente todos os territórios, mais ou menos em torno de 90% dos territórios. Foi simplesmente recusado. Em 2006... Em 2008, desculpe, o Presidente Olmert o que fez? Ele ofereceu, vejam bem, todos os territórios conquistados na guerra de 1967 para o Abbas, atual responsável da Autoridade Palestina. O que ele fez? Recusou também. Mas o que ele quer então? Quer simplesmente, pura e simplesmente, a aniquilação do Estado de Israel. O Acordo de Oslo, que é tão celebrado hoje... Teve mais ataques terroristas depois do ataque de Oslo do que antes do ataque de Oslo. Então quem é o Hamas? O Hamas não é o representante do povo palestino. O Hamas é um discurso de ódio, é um tánatos, é o culto da morte. Vocês viram o que faz Israel? Israel faz abrigos para a população civil. O Hamas o que faz? Abrigos para os terroristas. E a população civil fica onde? Fica solta, no fogo cruzado e vai morrendo. Então, o que fica claro é que um quer o culto da vida, o Estado democrático de Israel; o outro quer, que não é estado, quer o culto da morte. E o que é surpreendente é que esse culto da morte está tomando conta da opinião pública mundial. Vejam bem o ponto aqui que eu considero absolutamente central - até eu publiquei no artigo de o Estado de S.Paulo ontem. Qual é o ponto? Qual é a diferença entre paz e cessar-fogo? A paz implica o reconhecimento dos beligerantes; ela implica, no caso dos derrotados, que desarmem; ela implica que eles vão trabalhar por uma cooperação econômica e vão eliminar progressivamente as causas da guerra, entre as quais a criação do Estado palestino como o ponto final desse processo. O que aconteceu? Não... Todos falam de cessar-fogo. Por que falam de cessar-fogo e não de paz? Porque o cessar-fogo deixaria as forças do Hamas intactas do ponto de vista militar, congelaria a guerra naquele estágio e manteria a violência organizada do outro lado. Então, o que nós estamos observando precisamente neste momento é que os partidários do cessar-fogo não querem que Israel se afirme como potência vencedora, embora já o tenha feito. Israel fez o maior feito da história militar dos últimos séculos: ele conseguiu destruir militarmente o Hamas; não matou um soldado sírio e destruiu o exército sírio; destruiu as defesas do Irã e mostrou que era um fantoche, quer dizer, um boneco que não se sustentava; no Hezbollah, com estratégia inteligente, destruiu praticamente o Hezbollah; e conseguiu, precisamente, um poderio militar enorme. Não tem por que recuar. Agora, a marca é 7 de outubro! |
| R | Numa ocasião com diplomatas israelenses, eu estava jantando com o ex-Embaixador de Israel, Daniel Zonshine, e eu disse: "Embaixador, mas os feitos do Estado de Israel são simplesmente extraordinários". Ao que ele me respondeu: "É, mas a falha de 7 de outubro não será esquecida". (Soa a campainha.) O SR. DENIS ROSENFIELD - E isso permanecerá. Encaminho-me, Senador, para a conclusão. Então, quando a opinião pública se alça contra o Estado de Israel, com o apoio, precisamente, da esquerda mundial, que se aliou ao terrorismo islâmico, o que nós estamos observando? "Deixem o Hamas intacto, não mexam com o Hamas, não mexam com as organizações terroristas, mexam só com Israel, para que recue". Israel recuou na guerra de 1967, por quê? Ia destruir totalmente os Estados árabes. Interferência dos Estados Unidos, Europa e ONU. O que aconteceu na guerra de 1973? A mesma coisa. O que aconteceu na guerra de independência de 1948? A mesma coisa. Então, querem que Israel recue. Agora não, porque o Governo americano, com Biden e agora com Trump, diz: "Nós não iremos até aí. Israel tem direito de se defender e tem direito de manter fronteiras seguras". Então, essa é a situação. Agradeço a todos vocês. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Convido o Senador Jorge Seif para o pronunciamento, por até cinco minutos. O SR. JORGE SEIF (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC. Para discursar.) - Senhoras e senhores, muito bom dia. Sr. Presidente Sergio Moro, parabéns pela proposição desta sessão em memória ao 7 de outubro, data trágica para o mundo, para a democracia, para Israel e para todos os cidadãos do mundo. Representantes, amigos da comunidade judaica do Brasil, especialmente Claudio Lottenberg - que considero um amigo, nos falamos com frequência -, senhoras e senhores, representantes da Embaixada de Israel também, sejam bem-vindos a esta Casa. Assumo esta tribuna num momento de reflexão, não só para prestar homenagem às vítimas, mas, sobretudo, para fazer um julgamento moral do que aconteceu naquele 7 de outubro de 2023. O tema desta sessão é claro: alusão às vítimas dos ataques terroristas do Hamas contra a população civil de Israel na Faixa de Gaza. Não se trata de um conflito territorial ambíguo, trata-se de um ato puro, covarde e simples de terrorismo. E o que vimos naquele sábado negro não foi enfrentamento militar, antes fosse. Foi um massacre frio e calculado de civis desarmados. O Hamas, que se apresenta como um movimento de resistência, revelou sua essência: organização terrorista, ideologia fanática, cujo objetivo final e simples é a aniquilação de um povo. Conforme o meu antecessor aqui comentou, leiam lá o estatuto de criação do Hamas e vejam: a completa destruição do Estado de Israel. Infelizmente, eu preciso também usar esta tribuna como uma forma de protesto à ONU, à França e à Inglaterra, que ainda apoiam essa ideia absurda de criação de um Estado palestino. Eu não falo isso contra os palestinos, porque tenho origem árabe, mas porque nós sabemos dos interesses por trás disso. E nós sabemos, como também meu antecessor falou, que from the river to the sea, Palestine will be free significa a aniquilação completa, a destruição, mais um holocausto contra o Estado de Israel, e contra isso nós não podemos nos calar, simples assim. |
| R | Não vou nem, de novo, relembrar o que aconteceu com crianças, idosos, com mulheres - não vou relembrar. Eu acho que o QR code está aí. A vocês que estão nos assistindo na TV Senado, no YouTube, é importante que assistam, para realmente destruir qualquer narrativa globalista ou "wokista" do que hoje o Estado de Israel sofre em escala global, que é o antissemitismo puro, o ódio puro. Quem se recusa a nomear o Hamas como o que ele é, um grupo terrorista, está sendo cúmplice moral dessa atrocidade, Senado Sergio Moro. Não há equivalência moral entre Israel, uma democracia - aliás, a única daquela região - que avisa seus inimigos antes de atacar, e o Hamas, que usa hospitais e escolas para lançar foguetes. E ponto final. O ódio que move o Hamas é o antissemitismo mais antigo e virulento apenas travestido de linguagem política moderna. E o ódio milenar ao povo judeu ressurge agora nas redes sociais, nas universidades e, vergonhosamente, em algumas capitais ocidentais que eu acabei de mencionar. E aqui o que chama a atenção, Sr. Presidente, é a omissão e covardia de grande parte do Ocidente. Onde estavam as vozes da indignação das grandes instituições internacionais enquanto o Hamas planejava e executava esse pogrom? (Soa a campainha.) O SR. JORGE SEIF (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - Por que o mundo não parou para chorar pelos bebês israelenses, como fazem em outras tréguas? Por hipocrisia. Nós sabemos que o amor dele tem lado, e o ódio também. Há uma hipocrisia, Senador Sergio Moro, doentia em curso. Critica-se duramente a reação de Israel, que exerceu seu direito fundamental à autodefesa. Parabéns a Israel! E sobre essa trégua que estão propondo, aprendi algo com os americanos: não se negocia com terroristas, e o Hamas é uma organização criminosa e terrorista. Não pode parar, não. Tem que aniquilar o Hamas completamente. Nós sabemos os objetivos dele. Leiam a carta de criação do Hamas! Qual o objetivo deles? Como é que se negocia acordo de paz depois do que aconteceu em 8 de outubro? É inaceitável! E, aqui, ao Governo de Israel, a Benjamin Netanyahu, todo o meu apoio. Vão para cima! Eliminem terroristas, eliminem esses malditos, que cismam e... (Soa a campainha.) O SR. JORGE SEIF (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) - ... diariamente perseguem o povo de Israel e perseguem a democracia. Para finalizar - Sr. Presidente, peço perdão -, nossa postura no Senado Federal precisa ser clara e ideológica. Não estamos aqui para fazer contorcionismos diplomáticos, estamos para defender a verdade e a justiça, reconhecendo o terror. O Brasil deve classificar, de forma inequívoca: 1) que o Hamas é uma organização terrorista; 2) apoio ao Estado de Israel - devemos reiterar o apoio irrestrito ao direito de Israel de garantir a segurança de seus cidadãos, o que implica o desmantelamento total da estrutura militar e política do Hamas -; 3) luta contra o ódio - devemos combater em nosso território qualquer manifestação de antissemitismo ou apologia ao terrorismo. Por fim, lamentamos a postura do Governo Lula, que retirou o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto - isso diz muito a cada um de nós -; bem como, sobre a existência de uma carta, divulgada em 2021 e assinada por Deputados do PL, se posicionando contra o termo "terrorista" para o grupo Hamas. |
| R | Sras. e Srs. Senadores, não podemos nos esconder atrás da neutralidade. A neutralidade diante do genocídio em potencial é a escolha do opressor. Honrar as vítimas de 7 de outubro é ter coragem de ser intransigente contra o mal, é dizer, em alto e bom som, dentro deste Parlamento: o terrorismo não vencerá, Israel não está sozinho e a civilização não se curvará a esse grupo terrorista. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Concedo a palavra ao Sr. Carlos Reiss, Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba, por até cinco minutos. O SR. CARLOS REISS (Para discursar.) - Exmo. Sr. Presidente requerente desta sessão, Senador Sergio Moro, eu tomo a liberdade de, ao saudá-lo, parabenizá-lo pelo evento de hoje e também, ao saudá-lo, estender a minha saudação às Sras. Senadoras e aos Srs. Senadores, aos Deputados e às Deputadas Federais, além dos líderes comunitários, representantes diplomáticos e demais autoridades. Eu faço exceção de apenas dois nomes que faço questão de saudar nominalmente: a Exma. Sra. Ilana Trombka, Diretora-Geral do Senado Federal - muito obrigado pelo convite e pela acolhida -; e o Sr. Rafael Zimerman, sobrevivente do ataque terrorista do Hamas durante o festival Nova, em Israel. Rafael, sua presença nos honra. Compareço hoje a esta Casa de Leis movido por um sentimento de luto, mas também de esperança e de responsabilidade. Como Diretor do Museu do Holocausto de Curitiba, instituição pioneira no Brasil, dedicada à construção da memória e à promoção à educação contra o ódio, eu não posso deixar de reconhecer as ressonâncias dolorosas que o 7 de outubro nos desperta. Num contexto em que empatia tem cedido espaço à polarização e à violência, em que a morte de inocentes tem sido negada, tem sido relativizada, é natural que o Museu do Holocausto cumpra seu papel de participar das pautas públicas e dialogar com a sociedade. Por isso, agradeço pelo convite para ocupar a tribuna desta Casa. Sr. Presidente, certa vez, no museu, em Curitiba, recebi a ligação de uma professora. Seus alunos do ensino fundamental tinham visitado o museu no dia anterior e, ao irem embora, um deles disse, mais ou menos nessas palavras: "Professora, agora eu entendi como todos nós somos responsáveis por tudo o que acontece em nossa volta". Ela me ligou só para dizer isso. Esse jovem estudante entendeu que a barbárie não pode encontrar o conforto da neutralidade, a cumplicidade do silêncio nem a desculpa da distância. A indiferença e a omissão contribuíram para o crescimento do antissemitismo e para o extermínio de 6 milhões de judeus durante o Holocausto. |
| R | Senhoras e senhores, eu me faço presente não apenas por uma função institucional no Museu do Holocausto, como destacou o Dr. Cláudio Lottenberg. Aqui no Brasil, meus quatro avós, judeus poloneses, sobreviventes de guetos e campos nazistas, foram acolhidos e reconstruíram suas vidas. E eu, a segunda geração, nascida neste país plural e democrático, acredito que temos um compromisso com a ética e principalmente com o diálogo: que o Brasil reafirme seu repúdio internacional ao terrorismo e seu repúdio incondicional a todas as formas de ódio; que leve à risca um dos princípios das nossas relações exteriores, construídos desde o Barão do Rio Branco, que é o universalismo; que não se levante das mesas nos fóruns internacionais que debatem e criam políticas para o combate ao ódio; que mantenha sua tradição de país agregador. (Soa a campainha.) O SR. CARLOS REISS - Durante pouco mais de três anos, Sr. Presidente, eu atuei como delegado técnico do Brasil na Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e aqui eu reafirmo que a educação sobre o Holocausto precisa ser um consenso em todas as vertentes políticas ou voltar a ser um consenso - faz parte do pacto civilizatório, faz parte da universalização dos direitos humanos, da construção de ambientes que não favoreçam o crescimento de ideias nazistas, fascistas, supremacistas, racistas, antissemitas. E participar de fóruns multilaterais faz parte desse processo, Senador Jaques Wagner, a quem eu tanto admiro, ajuda a evitar que esses discursos sejam legitimados, como foram no passado e estão voltando a ser de maneira perigosa. Para finalizar, a tragédia de 2023, que acometeu o Estado de Israel, é um chamado para a nossa responsabilidade moral a toda a humanidade; é um alerta para a necessidade de educar para a tolerância e para o respeito. E em nome do Museu do Holocausto de Curitiba, pela dignidade que deve nortear todas as nações, eu continuo clamando pelo diálogo de braços abertos. Agradeço a esta Casa por abrir suas portas à memória e à esperança. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Aproveito para registrar a presença do Sr. Presidente do Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política, Bispo Alves Ribeiro, e também do Sr. Vice-Presidente do Conselho Federal de Capelania, Brasil-Estados Unidos, Edmilson Nunes Pimentel, além da Senadora Damares Alves. Passo a palavra aqui ao Sr. Rafael Zimerman, um dos sobreviventes do ataque do Hamas durante o festival Nova, em Israel, para o seu pronunciamento. O SR. RAFAEL ZIMERMAN (Para discursar.) - Sras. e Srs. Senadores, muito obrigado pelo convite, é uma honra estar aqui. Agradeço também à Conib e aos meus companheiros da StandWithUs Brasil, que me acolheram no momento mais difícil e me encorajaram como educador e ativista pelos direitos humanos. Eu confesso que nunca imaginei falar no Senado. Embora agradeça muito ao Presidente Sergio Moro, a verdade é que eu não gostaria de estar aqui. Não me entendam mal, a minha vida era outra, e eu gostava dela. Embora eu tenha decidido dar um propósito ao fato de continuar vivo, queria que não tivesse acontecido o 7 de outubro - guerra, reféns, Hamas -, nada disso. Queria que meu amigo estivesse vivo, e todos os outros. Mas estou aqui porque, no dia 7 de outubro de 2023, fui a uma festa no sul de Israel, com outros brasileiros, Ranani Glazer e Rafaela Treistman. Entenda como isso é um absurdo, uma festa: música, gente dançando. Curiosamente, era uma festa que celebrava a paz e a coexistência, com 3 mil pessoas do mundo inteiro, de todas as religiões, de todas as visões políticas, mas celebrando a coexistência e a paz. Uma noite linda e um amanhecer mais lindo ainda. |
| R | Até que eles chegaram. Primeiro, os foguetes, milhares. Era incontável. Quando eu olhei para cima... Imagine um brasileiro que nunca tinha visto isso, milhares de foguetes passando por nossa cabeça. É difícil de explicar, mas infelizmente, em Israel, isso é comum. Temos um aplicativo que avisa quando podem cair perto de casa, tocam sirenes e corremos para os abrigos, mas, naquele dia, pela intensidade do ataque, percebemos que era mais grave. Não deu tempo nem de tocar a sirene. A festa parou. Código vermelho, tzeva adom. Pegamos uma carona, eu, o Ranani e a Rafaela, até o abrigo mais próximo, num ponto de ônibus, no meio da estrada, e hoje essa estrada é chamada de Estrada da Morte. O que não sabíamos era que, além dos foguetes, os terroristas tinham invadido o sul de Israel. Depois que a gente saiu da festa, eles chegaram e começaram a atirar nas pessoas, matando centenas no local da festa. Quando já estávamos no abrigo, ouvimos granadas e tiros. Eu estava encostado na parede, bem ao fundo do abrigo, e a primeira coisa que os terroristas fizeram foi jogar um gás, um gás com que o objetivo era, claramente, nos matar asfixiados, assim como aconteceu no holocausto. Isto eu não coloquei no meu discurso, mas eu vou falar. Quando eles jogaram o gás, a primeira cena que veio na minha cabeça, naquele caos todo, foi um judeu esquelético indo para a câmara de gás. Era como se eu já tivesse vivido aquilo. Depois, vieram as explosões, gritos, execuções. Eu tinha certeza de que ia morrer, eu tinha certeza. Inclusive, minha mãe odeia que eu fale isso, mas eu pedi para morrer várias vezes. Tentei respirar, rezei bastante. Eu costumo falar que até o ateu, nessa hora, vira o mais religioso. Um dos jovens chegou a pegar uma ou duas granadas, conseguiu jogar de volta contra os terroristas, mas, infelizmente, eram muitas granadas, e de nada adiantou. O Ranani colocou fones de ouvido na Rafaela, e colocou uma música para ela ouvir, para que ela não escutasse as explosões. De uma forma genial, ele conseguiu tentar acalmá-la naquele momento. Em um ato heroico, ele tentou, de alguma forma, reagir. Saiu de onde a gente estava e foi em direção à entrada. Eles começaram a atirar dentro - além das granadas, gás e coquetel Molotov, eles começaram a atirar lá dentro. Eu diria que era um espaço em que cabiam 15 pessoas, e no final tinham 40. Então, imaginem como estava lá dentro? E quando eles começaram a atirar lá dentro, infelizmente, um dos momentos em que eu tive coragem de abrir o olho, eu vi o Ranani ser alvejado. Eu vi meu amigo morrer na minha frente. Quero que cada pessoa nesta sala saiba que ele não é um nome numa lista, nem um número. Ele era um jovem maravilhoso, com sonhos pela frente; adorava música eletrônica; tinha um sorriso cativante e, com os seus vinte e poucos anos, sabia seis línguas, e pretendia inclusive voltar a morar no Brasil, dois meses depois. E apaixonado por Rafaela. Estavam apenas começando uma vida. Eles estavam há um mês juntos. Para vocês terem noção, a Rafaela tinha 19 anos. Foi morto por ser judeu, assim como outros brasileiros, e eu não poderia deixar de citá-los: Bruna Valeanu, Michel Nisenbaum e Karla Mendes. Foram assassinados, a sangue frio, por terroristas que entraram numa festa e nas comunidades ao redor, atirando na multidão, como em um videogame, ou pior, em um filme de terror. Nos perseguiram e nos caçaram. Além dos abrigos e do local da festa, foram casa por casa, assassinando famílias, cortando cabeças, queimando pessoas vivas, estuprando mulheres e sequestrando, incluindo crianças e idosos. Até uma avó, em cadeira de rodas, foi levada. |
| R | O Ministro das Relações Exteriores, aqui no Brasil, publicou uma nota oficial de 60 palavras, dizendo que tomava conhecimento, com profundo pesar, do falecimento de Ranani, como vítima dos atentados, sem mencionar o Hamas, ou a palavra terrorista, apenas atos de violência. Mas, no ano seguinte, quando foi morto o Líder do Hamas - o chefe do bando de assassinos que mataram meu amigo e tantos outros, inclusive muitos árabes, muçulmanos e cristãos, não só judeus -, o Itamaraty disse que repudiava e condenava veementemente seu assassinato, chamando o terrorista de chefe político. Que política é essa que se faz matando, estuprando e sequestrando? Que política é essa? Centenas de vezes a tribuna do Congresso foi usada para demonizar Israel e os judeus, espalhar fake news e teorias conspiratórias. Mas quantas vezes o Ranani foi mencionado? E a Bruna? E a Karla? E o Michel? Brasileiros! Eles não eram brasileiros? E os reféns? E 33 Deputados assinaram uma carta de apoio ao Hamas. Imaginem eu, como brasileiro, ver isso acontecer no meu país, com aqueles que tentaram me matar - apoiando, chamando os terroristas de heróis e os reféns de prisioneiros? Ainda não sabíamos que os irmãos Bibas e a mãe tinham sido assassinados pelo Hamas - eles estavam até então sequestrados. Uma criança de quatro anos e um bebê de oito meses. Como um bebê pode ser chamado de prisioneiro e não sequestrado? |
| R | Quando o Ranani caiu, eu comecei a me fingir de morto. Tinha cadáveres ao meu lado, em cima e embaixo de mim. Éramos 40 pessoas, poucos sobreviveram, somente 9 sobreviveram ao final. Então, imaginem o que é estar dentro de um lugar em que você está com mais 39 jovens ao seu lado, que estavam numa festa, comemorando a vida, e ver cada um cair da forma que caiu. Do lado de fora, os terroristas queimavam corpos, e o cheiro chegava até nós, cheiro de carne humana. Além de gás, granadas e tiros, eu ainda sentia o cheiro das pessoas queimando do lado de fora. Ouvíamos gritos, tiros e os terroristas comemorando. Eles matavam e festejavam. Eu nunca vou esquecer a risada deles - eu nunca vou esquecer a risada deles enquanto eles cometiam as atrocidades que eles faziam. Nesse pesadelo interminável, eu só desejava que atirassem em mim. Fiquei horas assim, vivo entre os cadáveres, ouvindo os celulares que tocavam. E hoje eu sei que eram pais e mães tentando saber de seus filhos, se estavam vivos e, infelizmente, eles estavam mortos do meu lado. Até que depois de horas fingindo de morto, só para vocês terem ideia, eu fiquei quase cinco horas dentro desse abrigo fingindo de morto, alguém entrou no abrigo e gritou. Eu abri os olhos, achei que ele fosse me matar, achei que ele era um terrorista. Debilitado, saio de lá e - para mim, eu vejo essa cena como se fosse agora na minha frente, para mim, uma das piores cenas - uma pilha de corpos queimando. Os jovens que estavam comigo dentro do abrigo. Dou de cara com seis policiais e depois fui entender que aquele que me resgatou, aquele homem que eu achava que era um terrorista, na verdade ele era um dos jovens que estavam lá dentro. Mais um herói daquele dia. De uma forma corajosa e brava, ele entrou para resgatar aqueles que ainda estavam vivos. O que vimos posteriormente no hospital era uma cena de guerra. Pessoas sem pedaço do corpo, cirurgias de emergência, pais procurando os filhos desesperados. Eu estava com a Rafaela, ela saiu logo depois de mim, eu não sabia que ela estava viva. Eu achava que ela tinha morrido também. E ela, de alguma forma, nutria a esperança de que o seu namorado, o Ranani, estivesse vivo. Ela não tinha visto o que tinha acontecido com o Ranani. E eu não sabia como contar o que eu vi: ele sendo atingido. As feridas do corpo, os médicos curam; as da alma, ninguém pode. Mais de 1,2 mil pessoas foram assassinadas naquele dia, o maior massacre de judeus desde o Holocausto. Outras 250 foram levadas como reféns, das quais 48 ainda não voltaram. É provável que desses 48, menos de 20 estejam vivos. As famílias não sabem, mas há dois anos esperam. Dois anos esperando cada dia, cada hora, cada minuto, cada segundo pela volta dos seus familiares. E saem às ruas pedindo a volta desses reféns. Foi assim que a guerra começou, e foram eles - não os palestinos -, o Hamas e seu padrinho, o Irã. |
| R | Como me disse um amigo árabe-muçulmano, Mohammed, em Tel Aviv - eu trabalhava com ele -, "se a gente estivesse junto na festa, eles também teriam me matado". O terrorismo não escolhe a vítima; não é uma causa - não é uma causa -, é terrorismo. Todos nós, árabes e judeus, queremos que a guerra acabe. Muita gente fala sobre israelenses e palestinos, mas nunca falou com nenhum dos dois. Hoje estamos esperançosos, a paz, por fim, parece possível. As guerras são horríveis e só pode banalizá-las quem nunca as viveu. O povo israelense já foi atacado muitas vezes e só quer viver em paz, de verdade. Semanas atrás, o Presidente disse que nós judeus brasileiros deveríamos escrever uma carta ao Primeiro-Ministro de Israel para acabar com a guerra. Ainda não acredito, mas eu quero responder. Com todo o respeito, Presidente Lula, eu não vou escrever nenhuma carta para o Netanyahu. Esse pedido é tão absurdo quanto seria pedir aos brasileiros de origem árabe que escrevam uma carta ao líder do Hamas. (Palmas.) De novo, esse pedido é tão absurdo quanto seria pedir aos brasileiros de origem árabe que escrevam uma carta ao líder do Hamas para que liberte os reféns. Meu Presidente está aqui, ele não está lá em Israel. Não é culpa deles, eles não podem fazer nada também. Eu sou brasileiro e eu amo o meu país. Meu Presidente é o senhor, não é o Netanyahu; é o senhor, a quem eu posso escrever uma carta. Inclusive, a comunidade judaica brasileira, Dr. Claudio, tentou várias vezes, mas foi ignorada. Como brasileiro judeu, carrego a memória de um povo que foi segregado, perseguido e massacrado muitas vezes. Um de cada três judeus do mundo foi morto por Hitler, e, 80 anos depois, somos menos do que antes do holocausto - a gente ainda não conseguiu recuperar esse número. Por isso, também quero fazer um pedido de coração aos membros do Parlamento. Por favor, me escutem. Em meio ao maior surto de antissemitismo global em décadas e dois anos depois do massacre de 7 de outubro, o Governo decidiu retirar o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto. Como se não bastasse tudo que a gente está vivendo, a memória das vítimas é desrespeitada e jogada na lama da luta política. Senhoras e senhores, não permitam; por favor, não permitam, não fiquem calados. Eu sei que muitos Deputados e Senadores da base do Governo estão sinceramente preocupados com isso. Por favor, digam em público o que reconhecem em privado: que está errado. A retórica extremista e decisões equivocadas como essa só geram mais preconceito e mais violência. Leiam jornais: sinagogas atacadas; cemitérios judaicos depredados; judeus sendo agredidos ou assassinados, como aconteceu em Manchester, no principal feriado judaico, no Dia do Perdão; perseguição nas universidades e até em eventos esportivos. A gente quer isso no Brasil? É isso que a gente deseja? Tirar o nosso país de uma aliança que preserva a memória das vítimas do holocausto e combate o antissemitismo é legitimar esse ódio. Eu disse no início que não queria estar aqui. Realmente eu não queria, mas os senhores e as senhoras queriam. Para isso pediram o nosso voto. Agora eu peço que não nos decepcionem, não abandonem os judeus brasileiros, não nos abandonem. |
| R | Finalizo com uma frase que eu costumo dizer quando vou palestrar em escolas, que aliás é algo que eu faço com muito orgulho e com certeza me traz uma satisfação muito grande com tudo o que eu passei. É que eu estava somente dançando e tentar me matar da forma mais brutal possível; ou seja, a vida é curta e imprevisível. Abracem seus entes queridos e digam que os amam por aqueles que não podem mais fazer. Que a paz reine entre nós. Am Israel Chai. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Congratulo aqui o Sr. Rafael Zimerman pelo forte discurso, demonstrando que não cabe dubiedade frente ao terrorismo, frente ao horror. Não há como contextualizar um atentado, no fundo, à humanidade - à comunidade judaica, mas à humanidade. Eu concedo a palavra aqui ao Senador Jaques Wagner para sua manifestação, por até cinco minutos. O SR. JAQUES WAGNER (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - BA. Para discursar.) - Bom dia a todas e a todos. Cumprimento o Senador Sergio Moro, que preside esta sessão, todos os membros da mesa, na pessoa da representante da nossa Embaixada de Israel no Brasil, e o Claudio Lottenberg. Cumprimento, particularmente, o jovem que acaba de falar. E eu quero apenas dizer, e não precisaria dizer isso, que o ato de 7 de outubro é um ato abominável, um ato covarde, como são covardes todos os atos de grupos terroristas, como foi o 11 de setembro, como foram tantos outros espalhados pelo mundo, daqueles que covardemente atacam civis, muitos deles inocentes, jovens, talvez até simpáticos à causa de um e de outro, porque matam indiscriminadamente. E eu creio que o momento em que estamos aqui é o momento, primeiro, de dar um abraço de fraternidade, de conforto às famílias todas enlutadas desde há dois anos e àquelas, que sofrem mais ainda, que ainda não tiveram sequer o direito de enterrar os seus familiares. Nada pior do que a sensação de estar alguém faltando sem saber se esse alguém irá voltar. E, portanto, eu acho que nós deveríamos todos dedicar este momento à busca de algo que muitos antes de nós já buscaram. |
| R | Agora, no dia 3 de novembro de 2025, se completarão 30 anos do assassinato de Yitzhak Rabin, um Primeiro-Ministro bem diferente do atual, um Primeiro-Ministro que efetivamente buscou e construiu a paz e que não foi morto por um membro de qualquer entidade terrorista. Ironicamente, ele foi morto por um judeu, jovem, que não tolerava a ideia da construção da paz pregada por Yitzhak Rabin. Eu estou trazendo essa reflexão, porque eu senti na fala de alguns - e não vou citar nenhum nem responder - mais do que a reverência aos mortos, a tentativa de uma forma, me perdoem, simplória de julgar um governo. Eu não vou aqui fazer um libelo de defesa do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou da sua pessoa. Apenas a você eu quero dizer: errado ou certo, eu tenho certeza de que ele fez isso com pensamento de energia positiva. E não poderia... (Manifestação da plateia.) O SR. JAQUES WAGNER (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - BA) - O fanatismo leva a isto: a dificuldade de ouvir quem pensa diferente. É difícil realmente alguém pedir para alguém escrever para o Hamas, porque não se escreve para bandidos, não se escreve para terroristas, eles não têm endereço. Nós não podemos nos comparar: um Governo instituído de Israel com um grupo terrorista como o Hamas. O Hamas tem que ser exterminado, mas o Governo de Israel não - hoje é um, amanhã provavelmente será outro. Não é novidade para ninguém aqui que uma parcela significativa do povo de Israel não concorda com a condução da política externa do atual Primeiro-Ministro. Não vamos misturar as coisas. A política externa de um governo é a política externa de um governo, não é o Estado de Israel, não é o judaísmo. O que está em jogo é a forma como se pretende construir a paz, aniquilando sem saber se são membros ou não do Hamas, matando e deixando outras famílias palestinas igualmente enlutadas como as nossas. Não me parece que a vida de um humano possa ser hierarquizada em função da sua crença religiosa. Qualquer criança morta é uma dor no coração de uma mãe... (Soa a campainha.) O SR. JAQUES WAGNER (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - BA) - ... e de um pai. Eu quero dizer que, agora que estamos às portas, talvez, de um acordo de paz... Apenas para pontuar, sete dos pontos do acordo de paz que está sendo construído foram sempre sugestões do Governo brasileiro, que estão ali incluídas, com outras que surgiram depois. Mas só para que cada um aqui pense: o acordo de paz está sendo feito com quem? O acordo de paz está sendo feito com o Hamas, porque acordo de paz só existe quando as partes que beligeram resolvem encontrar um caminho. |
| R | Meu repúdio mais absoluto a qualquer grupo terrorista, inclusive ao Hamas. Meu abraço fraterno a todas as famílias enlutadas. (Interrupção do som.) (Soa a campainha.) O SR. JAQUES WAGNER (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - BA) - E minha convicção de que chegaremos à paz não apenas pelas armas, mas pelo diálogo frutífero, como Yitzhak Rabin pregou o tempo todo de sua vida. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Concedo a palavra ao Sr. Rony Vainzof, Secretário-Geral da Conib e líder do projeto de combate e enfrentamento do antissemitismo, por cinco minutos. O SR. RONY VAINZOF (Para discursar.) - Presidente Moro, Senadores, Deputados, senhoras e senhores, boa tarde já. É difícil falar depois do sobrevivente Rafael, mas o que eu trago aqui é o antissemitismo após os ataques terroristas do Hamas - e aqui eu abro aspas para esse antissemitismo. Aqui no Brasil, "judeu bom é judeu morto", "Hitler estava certo quando estava matando judeus, por que você não matou todos eles?", "raça maldita de judeus imundos", "choro de judeus não me comove; como são ratos, não sinto nada", "boicote a empresas de judeus", "agressão a mulher judia em comércio em Arraial d'Ajuda". Acusação de dupla lealdade inclusive da nossa Conib, Presidente Claudio. O ataque terrorista em Manchester, comentado pelo Rafael, no Reino Unido: dois mortos e quatro feridos, entrando na sinagoga no dia do perdão judaico. Eu, minha família, vários outros membros da comunidade tivemos que entrar na nossa sinagoga agora, nas grandes festas judaicas, com policiais armados, mostrando as armas, para evitar atentados terroristas, aqui no nosso Brasil. "Brasileiro acusado de envolvimento com o Hezbollah é condenado por terrorismo. Segundo o Ministério Público Federal [...], ele foi recrutado para promover ataques contra a comunidade judaica [aqui] no país [em 2024]". Ainda em 2024, a Polícia Federal recebeu informações sobre a entrada no Brasil do porta-voz do Hamas da Malásia e impediu que isso ocorresse, felizmente. Tudo isso - tudo isso - fruto do antissemitismo, inclusive na sua nova modalidade, o antissionismo, roupagem nova daqueles que odeiam nós judeus, mas não têm coragem de assim se manifestar abertamente. A Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, já comentada, explica muito bem a diferença entre liberdade de expressão, como críticas ao Governo de Israel, semelhantes às dirigidas a qualquer outro governo de qualquer nação, e o antissemitismo. Por exemplo, criticar o Governo de Israel não é antissemitismo; negar ao povo judeu seu direito à autodeterminação, isso é antissemitismo; negar o direito de existência de Israel, isso é antissemitismo; ou considerar os judeus coletivamente responsáveis pelas ações do Estado de Israel, isso também é antissemitismo. E ainda temos que ver, Presidente Sergio Moro, partido político, o PCO, hoje convidando para uma manifestação pelo segundo aniversário disso que o sobrevivente Rafael mencionou agora, com post falando o seguinte: "[...] [Esta data de hoje] será lembrada eternamente como um dos mais gloriosos dias da história da humanidade. [...] É uma das maiores conquistas dos oprimidos em toda a história". |
| R | Vou trazer aqui números do antissemitismo dentro do Brasil, online: 222 menções antissemitas, desde tudo que o Rafael comentou aqui; 222 menções antissemitas online, com alcance, em potencial, de 126 milhões de pessoas acessando conteúdo antissemita. Temos um canal de denúncia também, que foi criado. Já no primeiro mês depois da guerra contra o Hamas, registramos um aumento alarmante de mais de 1.000% de denúncias, no primeiro mês em que Israel começou a combater os terroristas. Desde o atentado terrorista, foram mais de 2,3 mil denúncias de antissemitismo. São 5,8 denúncias por dia que nós recebemos lá e das quais temos que tratar. E adivinhe o quê? Quando são os maiores picos? Justamente após falas de figuras e autoridades públicas; ou seja: há uma responsabilidade enorme no aumento do antissemitismo, aqui no Brasil, de quem tem grande poder de influência e voz de fala. O Holocausto não foi um acontecimento casual e repentino. Não foi. Foi resultado de longo e sistemático antissemitismo, fomentado, sobretudo, por discurso de ódio. Joseph Goebbels e seu ministério de propaganda nazista serviam para disseminar conteúdo inverídico e discriminatório contra judeus. Afinal, para Goebbels, uma mentira dita mil vezes torna-se verdade. Em entrevista, agora, 25 de setembro, o alto dirigente do Hamas defendeu os ataques terroristas - isso que o Rafael acabou de mencionar aqui - e chamou o atual momento de momento de ouro para a causa palestina. Sobre as críticas de sacrificar civis, utilizando-os como escudo humano, enquanto a liderança do grupo terrorista Hamas vive em hotéis de luxo fora do território, sabe o que esse líder afirmou? Que não havia outra opção. E é assim que o Hamas age. Enquanto o mundo e Israel lamentam a morte de cada civil - e temos que lamentar -, os terroristas do Hamas comemoram, pois essa é a ferramenta de comunicação deles. Usam civis e crianças de escudo e mantêm os reféns nas masmorras de Gaza, para terem moeda de troca. Concluindo: é assombroso testemunhar esse ódio descarado ou envernizado contra os judeus. Todo o processo que desencadeou o Holocausto são lembranças imprescindíveis para que algo do gênero jamais ocorra novamente. E nós sempre dizemos: Never again - nunca mais. Nunca mais. Esse nunca mais é agora. O antissemitismo, felizmente, é crime aqui no Brasil e uma ameaça não apenas aos judeus, mas a toda a sociedade. É inconciliável com os padrões da nossa Constituição brasileira, sobre os quais se ergue o Estado democrático de direito. Não pode haver lugar para isso. E, por isso, Presidente Moro, nós temos dois pedidos. Primeiro, a criminalização da conduta de apologia ao terrorismo. E o segundo pedido é que seja estabelecida uma política nacional de combate ao antissemitismo. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Aproveito para registrar a presença do Sr. Vice-Presidente da Catedral das Assembleias de Deus, Ministério de Madureira, Pr. Harbety Carvalho Júnior. E eu passo aqui a palavra, por até cinco minutos, ao Senador Efraim Filho. |
| R | O SR. EFRAIM FILHO (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PB. Para discursar.) - Bom dia aos senhores e às senhoras! Minha saudação aos Senadores, Senadoras, Deputados e Deputadas. Na pessoa deles, quero saudar a todos os Parlamentares que estão prestigiando esta sessão e saudar aqui, à mesa, a Sra. Rasha Athamni, o Claudio Lottenberg, o Carlos Reiss, o Rafael Zimerman e o Denis Rosenfield, sob a Presidência do meu amigo, colega de Bancada do União Brasil, estimado Senador Sergio Moro. Quero saudar os presentes também na pessoa do meu amigo, um judeu que defende bastante a causa, meu amigo Tomas Fuchs, empreendedor que investe no Brasil e que também se encontra aqui presente. Na sua pessoa, quero saudar a todos os que prestigiam esta sessão. De forma muito rápida, Sr. Presidente, quero trazer essa palavra em nome do nosso União Brasil e dizer que estamos aqui reunidos dois anos após a data que gravou uma cicatriz absolutamente profunda na alma da civilidade global: 7 de outubro de 2023. O Requerimento para esta sessão, da qual eu sou subscritor, não é apenas um ato protocolar, é o cumprimento de um imperativo moral e histórico. Nosso propósito hoje é duplo. Em primeiro lugar, honrar a memória das vítimas inocentes dos ataques terroristas perpetrados pelo grupo Hamas contra a população civil de Israel e, ao mesmo tempo, promover um debate sobre o papel corrosivo do antissemitismo na percepção deste conflito. O Senado Federal, Sr. Presidente Sergio Moro, Casa do debate democrático e da consciência histórica aqui no Brasil, não incorrerá na violência da indiferença. O silêncio ou o esquecimento, em face de tamanha barbárie, seria um acúmulo de crueldade. Recordar o que aconteceu é um ato de resistência ativa contra a apatia, um meio vital para que a sociedade aprenda com os erros e para que monstruosidades semelhantes não sejam repetidas. As imagens que o mundo viu e as provas documentadas pela ONU mostram que foram um assalto premeditado e selvagem contra a vida, a paz e a inocência os assassinatos em massa em comunidades pacíficas e os atos hediondos de violência sexual. O terror se manifestou de forma mais emblemática e chocante, como foi testemunhado aqui, no festival de música nova, em um local onde jovens de diversas nacionalidades se reuniam para celebrar a vida e a música. Aquele festival de paz, infelizmente, foi transformado em um campo de extermínio. Testemunhamos, com horror, que terroristas do Hamas não apenas perpetraram esses massacres, como, de forma distinta de outros regimes, que esconderam os seus crimes, celebraram publicamente o massacre desses inocentes. Além da perda de vidas, não podemos silenciar sobre o sequestro de inúmeros reféns - e estão sendo transformados em peças de chantagem política e em escudos humanos, meu caro Senador Magno Malta. Esta sessão de memória e solidariedade é dirigida a cada uma dessas almas inocentes e às suas famílias que vivem a dor do luto e a angústia da incerteza. A condenação do Hamas deve ser total, firme e desprovida de qualquer relativismo. Não existe causa que possa ser alcançada através de crimes contra a humanidade e de violações diretas dos princípios mais básicos do direito internacional humanitário. |
| R | A tragédia do dia 7 de outubro nos confronta com um paradoxo profundo e doloroso de condição humana. Vivemos na era da tecnologia exponencial. A civilização moderna alcança o domínio da inteligência artificial, decifrou o genoma humano, conectou o planeta em uma rede global de informações e, no entanto, para além de todo esse esplendor tecnológico, fracassamos de forma trágica no essencial: a capacidade de estabelecer a paz e a coexistência fraterna entre nossos semelhantes. Conhecimento avança em escala - o conhecimento avança em escala -, mas a moral regride em uma velocidade assustadora. (Soa a campainha.) O SR. EFRAIM FILHO (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PB) - A barbárie do terrorismo, que utiliza ódio primitivo, ocorre em um cenário de máxima sofisticação técnica. É esse paradoxo que nós vivemos, e esta sessão especial é fundamental para abordar a influência nefasta do antissemitismo, uma ideologia do ódio que, infelizmente, encontrou um terreno fértil para se manifestar após os ataques. Já para concluir, Sr. Presidente, recordar esta data é condenar, portanto, a barbárie, e se transforma em um passo essencial para que a comunidade avance para a compreensão. Esta Casa, ao promover este debate sobre as vítimas e o combate ao antissemitismo, reafirma o compromisso com a defesa dos direitos humanos, direito internacional humanitário e contra a luta intransigente contra o terrorismo. Rememorando a Encíclica Fratelli Tutti, escrita pelo Papa Francisco, é preciso condenar o terrorismo em todas as suas formas e manifestações. Que a memória das vítimas inspire em nós não a vingança, mas a resolução de nos elevarmos acima de nossos muros ideológicos. Que possamos nos dedicar a uma paz duradoura, construída sobre a base do reconhecimento mútuo e do respeito. Portanto, Sr. Presidente, que as almas dos inocentes que perderam suas vidas naquele dia atroz encontrem descanso eterno, que sua memória seja para nós um eterno chamado à vigilância, à justiça e à humanidade. Em nome do nosso União Brasil, da Liderança da nossa bancada, deixo essa mensagem a cada um de vocês. Que Deus abençoe as almas daqueles que fizeram parte dessa atrocidade nesse dia, que é rememorado hoje, aqui no Senado. Muito obrigado, Presidente. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Passo a palavra aqui à Sra. Anelise Fróes, que é Doutora em Antropologia Social, pelo prazo de até cinco minutos. A SRA. ANELISE FRÓES (Para discursar.) - Boa tarde a todos. Quero fazer uma saudação ao Exmo. Sr. Senador Sergio Moro pela proposição desta sessão especial e fazer um agradecimento à Confederação Israelita do Brasil, na figura do nosso Presidente Claudio Lottenberg, aos nossos diretores presentes e também ao Rony Vainzof, que coordena o projeto ao qual eu pertenço este ano. Dois anos se passaram desde o dia 7 de outubro, dois anos desde o dia em que o horror se traduziu novamente em corpos judaicos sequestrados, assassinados, queimados, violentados. |
| R | Ainda hoje, enquanto o mundo tenta se proteger das cinzas daquele sábado, cresce uma nova forma de violência, a que se disfarça em discursos de múltiplas faces. O antissionismo, já citado aqui pelo Rony, em muitos de seus usos contemporâneos, tem servido como uma forma de negar ao povo judeu o direito à autodeterminação, direito esse reconhecido e concedido a todos os outros povos. O antissionismo tem sido usado cada vez mais como máscara para o antissemitismo explícito. Não é um fenômeno recente ou inédito, mas, nos últimos dois anos, ganhou um vocabulário novo, uma aparência mais sofisticada e - por que não dizer? - covarde. Quem teme ser chamado de antissemita diz agora: "Eu não odeio os judeus, só odeio os sionistas" ou "Não tenho nada contra o povo judeu, apenas contra o projeto 'colonialista' [entre aspas] de Israel". A verdade é que essas frases são muros de negação e não pontes de diálogo, porque quando se nega o direito de existência de Israel, o único Estado judeu do mundo, o que se ataca não é uma política, um governo ou um Estado, é uma identidade. E quando se usa a palavra sionista como xingamento, o que se deseja não é a justiça, é a eliminação simbólica do judeu moderno, em Israel e na diáspora. São formas de separar artificialmente a identidade judaica de sua dimensão histórica, política, religiosa e cultural, como se fosse possível exigir de um povo que renuncie à sua própria existência e continuidade. Hoje o antissemitismo veste roupas novas, a do discurso militante decolonial, a da suposta causa humanitária, a da retórica moral ilibada, mas, por baixo do tecido ideológico, as costuras são antigas, as mesmas de sempre: o judeu como culpado, o judeu como poderoso, o judeu como desumano. Mudam os cenários, as bandeiras associadas às pretensas causas humanitárias, mudam os sotaques. Há ainda um outro silêncio que dói: o silêncio sobre as mulheres judias violentadas em 7 de outubro. Durante meses, os relatos de estupros, torturas e mutilações foram recebidos com desconfiança, com relativização, com frieza. Alguns disseram: "Precisamos de provas", outros duvidaram: "Não sabemos se foi verdade". Mais grave ainda foi o modo como as sobreviventes foram tratadas. Mulheres judias vítimas de violência sexual tiveram seus testemunhos desqualificados, questionados e ironizados, situação que contrasta fortemente com o tratamento geralmente conferido a outras minorias e grupos vulneráveis, cujos relatos de violência e trauma são, com razão, acolhidos com empatia e credibilidade, suas denúncias são levadas a sério, suas dores se tornam nossas. Essa diferença de tratamento revela, de forma dolorosa, como o antissemitismo contamina até mesmo a escuta do sofrimento. É preciso repetir: essas dúvidas jamais seriam levantadas se as vítimas fossem outras, como se estupro pudesse ser contextualizado, como se violência sexual pudesse ser relativizada por um mapa político, ideologia ou uma guerra. É preciso dizer com todas as letras que estupro nunca é resistência, nunca é justificável, é um crime e como tal deve ser tratado. Quando o mundo se cala diante disso, ele também comete uma forma de violência. O antissemitismo, em suas novas roupagens, quer transformar o passado em acusação e o presente em armadilha, quer obrigar os judeus a provarem todos os dias que merecem existir. Mas a memória do 7 de outubro e de todos os 7 de outubro desde aquele nos obriga a outra coisa: a continuar falando, mesmo quando alguns querem nos silenciar; falar, porque lembrar é uma forma de memória; falar, porque as palavras ainda podem ser antídoto contra o esquecimento; falar, porque o silêncio, esse, sim, é o terreno fértil onde o ódio volta a crescer. Dois anos depois, não é só a memória das vítimas que pede voz, é também a dignidade de cada mulher e homem que sobreviveu e de todos os reféns ainda capturados; é o direito do povo judeu de existir sem precisar se justificar e se desculpar; e é dever de todos nós, judeus ou não, reconhecer que quando o antissemitismo volta a se manifestar como causa política, estamos em risco. |
| R | Para encerrar, afirmo convictamente que enfrentar e combater o antissemitismo em qualquer uma de suas formas não é um dever apenas judaico, é um dever humano. Toda vez que o ódio passa a ser normalizado, é a humanidade inteira que corre perigo. Muito obrigada. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Antes de seguir às deliberações aqui e aos pronunciamentos de cada um dos convidados e igualmente dos Parlamentares presentes, eu gostaria de aproveitar aqui o momento para um momento de reflexão em nome dos 48 reféns que ainda estão em poder do Hamas. Sobre as bancadas do Plenário, onde V. Sas. estão sentados, nós temos fotos desses reféns. Eu vou solicitar que todos peguem as fotos para que nós possamos, em posição de respeito, homenageá-los. (Pausa.) Peço um minuto de silêncio em homenagem aos reféns, rogando pela liberação deles e pela pacificação do Oriente Médio, com o reconhecimento do direito de Israel de existir. (Faz-se um minuto de silêncio.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Muito obrigado a todos. Dando seguimento aos pronunciamentos, passo aqui a palavra ao Senador Magno Malta. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Para discursar.) - Sr. Presidente desta sessão tão importante e solene; membros da mesa; Srs. Senadores, Srs. Deputados, pastores, líderes - aliás, há um grupo muito significativo aqui do meu estado -, é verdade que este momento, Senador Efraim... (Pausa.) |
| R | Sr. Presidente, segure o meu tempo. Este momento é ímpar na nossa história, Deputado Sóstenes, primeiro, porque faz dois anos do ataque covarde do dia 7 - o segundo Holocausto. Numa sede de matar por matar, um grupo terrorista dos mais conhecidos do mundo, treinado por países que odeiam Israel e querem banir Israel do mapa, como o Irã, que faz parte desse chamado eixo do mal... Numa sessão como esta, para nós que amamos Israel e entendemos a bênção de Deus sobre aqueles que abençoam Israel, nós todos estamos aqui para dizer que sentimos, que amamos Israel. É uma sessão solene para relembrar e chorar? Sim, mas é para falar a verdade também. Uma das coisas mais significativas para mim, nesta sessão solene, foi quando entrei aqui e ouvi o depoimento desse jovem que foi salvo para este momento. Ouvimos as verdades que ouvimos, e deve ser... Quando você faz a cena na sua cabeça daquela tragédia, daquele dia... Uma coisa me alegrou na fala do Senador Jaques Wagner - pena que ele se retirou. É a primeira vez que alguém deste Governo reconhece publicamente que o Hamas é um grupo terrorista. Eu acho até que a Bahia vai enfrentar alguns problemas, não sei se ele combinou para falar isso com o Presidente, que abertamente faz continência às ditaduras, principalmente ao Irã, e certamente - eu estou neste Parlamento há três mandatos - não tem a menor simpatia ou qualquer empatia com o povo judeu. É verdade que ele disse que nem todos os judeus concordam com a política de Benjamin Netanyahu, mas o que ele condena, na defesa de Israel, que eles chamam de ataque à Faixa de Gaza... "Nós não somos contra os palestinos, é que Israel entra para matar o Hamas, mas mata indiscriminadamente". Vamos refletir. No dia 7, quando eles entraram para fazer o massacre em Israel, eles não selecionaram quem concordava com Benjamin Netanyahu e quem discordava. Eles entraram e mataram indiscriminadamente, estupraram indiscriminadamente. É um grupo terrorista que está a serviço, infelizmente... Uma doença religiosa em nome de Deus, porque nunca foi por política essa questão e essa ascensão comunista no mundo - nunca foi por política. Agora, nós precisamos lembrar, nós que somos cristãos, que Jesus nasceu em Israel. O Cristo em que nós cristãos cremos cresceu em Israel. Com 12 anos, ele ensinou lá. E isso nos traz a lembrança, quando nos aproximamos do Muro das Lamentações, de que foi lá que ele fez o seu primeiro milagre, foi lá que ele ensinou, pregou e foi lá que ele foi crucificado. E o fato de sermos, como cristãos, perseguidos no mundo é porque nós amamos o povo que Deus escolheu. |
| R | Agora, para quem não gosta de Israel, eu não sei que conselho dar. Para nós, cristãos, você precisa aceitar Jesus para ir para o céu. Se chegar lá, você pergunta a Deus: "Por que escolheu esse povo aí?", tão pequeno, mas que ninguém consegue ceifar, ninguém consegue dizimar, por mais esforços que sejam feitos. Então, aqui, não é uma sessão solene para a gente chorar, é uma sessão solene para a gente falar a verdade sobre aquilo que cremos a respeito do Governo do nosso país, que, a despeito do que foi dito aqui, é antissemita, sim. O conselheiro do Presidente deste país, Celso Amorim, é antissemita. E o que foi dito aqui hoje, pelo judeu, por quem tenho tanto respeito, Senador Jaques Wagner, reconhecendo publicamente que o Hamas é um grupo terrorista... (Soa a campainha.) O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Essa gente precisa entender que o tamanho de Israel... Israel é como uma ilha cercada por quem quer a sua destruição, com a violência com que eles têm tratado e os sonhos com que eles buscam ter bombas atômicas - o que até hoje nunca aconteceu, e nem vai. Eu encerro fazendo um pedido aos líderes de Israel, aos judeus, às lideranças no Brasil - e que minha fala chegue a Israel. As 40 crianças que foram mortas, degoladas, queimadas em fornos, quem sabe são rabinos que deveriam ser e não serão. Quem sabe seriam soldados, generais de guerra que poderiam ter sido, professores, cientistas que poderiam ter sido, mas foram degolados e mortos naquele fatídico dia do ataque. Eu queria pedir aos senhores que, como nós lutamos com unhas e dentes no Brasil para que não se aprove o aborto, leve o Parlamento de Israel a abolir o aborto em Israel, porque cada criança abortada em Israel é a perda de um soldado que poderia ter sido, é a perda de um general que poderia ter sido. Dizia aqui o jovem Professor no seu discurso que, depois dos mortos da cruel e insana sanha de Hitler, o Holocausto, ainda não se conseguiu repor o mesmo número de judeus. Para se repor o mesmo número de judeus, é preciso não matar os de casa. É um apelo que faço como quem ama Israel e quem luta duramente neste país para que não se aprove o aborto. É um acinte contra a natureza de Deus. |
| R | Vamos lutar para que nós tenhamos um Parlamento diferente, em 2026, nas duas Casas, para que tenhamos Presidências diferentes. Quando eu digo diferentes, refiro-me a pessoas que amam a vida e a paz, acima de tudo, e que entendam o que a palavra de Deus diz - está lá no Velho Testamento -: "Eu abençoarei aqueles que te abençoarem e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem". Que Deus nos dê essa graça de termos um país que, certamente, seja parceiro de Israel, não tão somente comercialmente, porque este país cristão, conservador... (Interrupção do som.) (Soa a campainha.) O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - ... este país cristão, conservador, Senador Gilberto, Deputado Gilberto Nascimento - eu o estou profetizando -, nós amamos Israel. Vocês podem falar comigo? Nós amamos Israel! (Manifestação da plateia.) (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Concedo a palavra ao Deputado Federal General Pazuello. O SR. GENERAL PAZUELLO (Para discursar.) - Senador Sergio Moro, Presidente da nossa sessão, senhores que estão à mesa, especialmente o Rafael, que é o sobrevivente - e acredito que hoje seja realmente o dia para tratar deste assunto -, depois da sua fala, fica difícil de falar. Depois da sua fala, é difícil controlar a emoção. E nomes precisam ser ditos e reditos: Bruna, Michel, Ranani e Karla, os brasileiros que foram mortos. Sobreviventes: o Nathan e o Rafael, os brasileiros que sobreviveram ao massacre do dia 7 de outubro, há dois anos. Os senhores compreendem contra o que Israel luta? Vocês realmente compreendem o que é antissemitismo? Vocês compreendem o que é ser olhado diferentemente e de forma pejorativa? Os senhores compreendem o que é ter que se superar o tempo todo? Os senhores compreendem o que é olhar para um governo, ou para lideranças, ou para influenciadores que falam barbaridades contra o povo judeu - e nada poder ser feito? Esse sentimento é o que dói. É o sentimento de que a gente não pode reagir, e não temos forças para reagir. O Estado de Israel é o ponto diferente disso. O Estado de Israel se tornou forte suficientemente para reagir, para dar voz, para combater e para fazer valer a verdadeira essência da humanidade, que é a liberdade religiosa, a liberdade de viver onde quiser e da forma como quiser. |
| R | E essa força do Estado de Israel incomoda, e incomoda vários países. Incomoda as pessoas que nunca acharam que o povo de Israel seria capaz de realmente se defender em qualquer lugar do mundo. Hoje, Israel é a potência regional dominante no Oriente Médio. Nem que se unam todos - todos -, não têm força combativa para derrotar Israel. Durmam com isso, sofram com isso um pouco. Essa é a verdade. Quem é Hezbollah? Hezbollah é um grupo terrorista que ocupou o Líbano. Não é libanês, ele é um grupo terrorista que ocupou o Líbano pela força. (Soa a campainha.) O SR. GENERAL PAZUELLO - Quem são Houthis? É um grupo terrorista que ocupou o Iêmen pela força. Quem é o Hamas? É um grupo terrorista que ocupou a Faixa de Gaza e se mantém pela força. Quem é Al-Qaeda? Quem são as milícias iraquianas que entram pela Síria? São grupos terroristas que ocuparam a Síria. Vocês compreendem do que nós estamos falando? Não são países; é o terrorismo aliado ao antissemitismo. É contra isso que Israel tem que lutar. É contra um país como o Irã, que patrocina exatamente esses grupos terroristas, com milhões, com armas, com mísseis... (Soa a campainha.) O SR. GENERAL PAZUELLO - ... e isso precisa ser compreendido da forma mais dura. Para terminar, Presidente, eu gostaria de dizer a todos que me ouvem aqui e para as sessões que nós temos, sim, dois projetos de lei andando na Câmara dos Deputados, que são projetos que reconhecem definitivamente o conceito de antissemitismo. É preciso reconhecer isso de forma definitiva, o projeto está lá. Peço aos meus amigos Deputados que aqui estão prestigiando esta sessão, aos Srs. Senadores: vamos aprovar o reconhecimento do conceito internacional do que é o antissemitismo, de forma clara. Existe também um projeto que fala dos crimes de racismo, e os crimes de racismo englobam (Fora do microfone.) todas as etnias e religiões que são perseguidas no nosso país. (Soa a campainha.) O SR. GENERAL PAZUELLO - O racismo precisa ser combatido, e dentro dele, obviamente, o antissemitismo. A nossa lei de racismo é muito simples, é muito pequena, precisa ser aprofundada e precisa, hoje, realmente, representar tudo aquilo que o nosso país tem que combater. Contem comigo na Câmara, contem comigo em qualquer situação. A comunidade judaica está de parabéns pela resiliência. Parabéns, Rafael, pelas suas palavras! Você nos representa. Vamos trabalhar para aprovar os projetos de lei que também botem, de maneira clara, qualquer pessoa em cargo político, qualquer liderança que consiga influenciar mais pessoas, que pronunciem e façam atos antissemitas, a pena dobrada. |
| R | (Soa a campainha.) O SR. GENERAL PAZUELLO - É assim que funciona o Parlamento, é o que nós temos que buscar na política brasileira. Muito obrigado pela atenção. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Passo a palavra ao Deputado Federal Sóstenes Cavalcante, para o seu pronunciamento. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (Para discursar.) - Ilustre Presidente desta solenidade tão importante, Senador Sergio Moro, demais membros desta mesa - e destaco aqui a figura do Rafael, que nos emocionou a todos com o seu testemunho -, eu, neste dia de reflexão de dois anos do acontecido em Israel, estava ali ouvindo os pronunciamentos, Senador Sergio Moro, anteriores e, por algum momento, eterno Senador Jucá, que está aqui hoje conosco, pensei em fazer um pronunciamento político, que é o que o meu mandato me outorga neste momento. Ouvi algumas falas e eu vou fazer a opção de seguir o caminho do Rafael. Eu acho que nós estamos num momento de menos política e mais humanidade. Mas, Rafael, quando eu ouço a frase "a política externa de um governo é a política externa", fecho aspas - eu ouvi isso aqui hoje -, eu não consigo subir à tribuna sem fazer com que essa frase, que foi usada para se aplicar a Netanyahu, também se aplique ao atual Governo brasileiro. Essa frase foi usada para se dirigir a lá. "Com a medida que medirdes, serás medido." Ora, eu vou repetir a frase, porque eu a acho muito interessante: "A política externa de um governo é a política externa". Eu vou acrescentar, por minha conta, três pontos para o Governo brasileiro. Não falo mais de política. Vou à humanidade, porque é bem melhor do que falar de política. Quando eu sentei à mesa, eu recebi esse cartaz, Senador Sergio Moro - não sei se da sua equipe, de quem organizou a solenidade -, e todos nós estamos à mesa com um dos 48 reféns ainda na mão deste grupo terrorista Hamas. E nós aqui, nesta tribuna e no Parlamento brasileiro, não teremos vergonha de chamar terrorista de terrorista. E é isso que o Hamas é. É isso que o Hezbollah é. É isso que a Al-Qaeda é. E todos os demais já citados aqui, pelo meu colega que me antecedeu, o General Pazuello, que é judeu - todos os demais. |
| R | O que nós não podemos deixar de assumir é que, a um terrorista, não dá para tratá-lo como um democrata, como um cidadão comum. Eles são terroristas e precisam ter o rigor do Estado nacional e internacional, porque o que o Rafael passou com seus colegas, com seus amigos... E que a sua alma, Rafael, e dos seus amigos sobreviventes, bem como de todos os demais, e a alma de um judeu, que eu não sou, mas como cristão entendo que a alma, apesar do antagonismo das religiões, há uma união em muitos propósitos... E a sociedade americana do nosso Ocidente é uma sociedade pautada na cultura judaico-cristã. E é neste fundamento que eu me solidarizo com todas as vítimas, em especial os sobreviventes Os sobreviventes ficaram com o que você, Rafael, falou aqui hoje, com a ferida da alma. E para essa não tem bálsamo, não tem mercúrio, não tem médico. Para a ferida da alma dos sobreviventes do 7 de outubro, há dois anos, em Israel, não tem nada que vai curar. Mas existe, sim, a luta contra o antissemitismo, a conscientização de uma sociedade que precisa ser mais plural e respeitosa. Aqui, eu cheguei, tinha ali à minha frente um judeu de esquerda, Jaques Wagner. Jucá, que está ali agora lutando pela sua identidade também judaica... (Soa a campainha.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE - ... do centro, historicamente do centro. E do outro lado estava o General Pazuello, um judeu de direita. Sabe o que eu quero dizer? É disto que nós precisamos como sociedade, entender que as diferenças nossas não vão nos separar ao ponto de, talvez, como seres humanos, todos nós termos raiva. Quem nunca teve raiva na vida? Eu imagino, Senador Sergio Moro, quantas raivas V. Exa. já teve ao longo do seu trabalho na Lava Jato, de ver tanta corrupção de tanta gente. Porque eu, de casa, via seu trabalho e também sentia raiva. Mas a raiva não permite, não é um passaporte para levar o ser humano ao ódio. E, quando o ser humano chega ao ódio, aí se vira um terrorista, e não importa qual seja a sua ideologia. O ódio é que faz o 7 de outubro, o ódio é que faz o 11 de setembro lá nas Torres Gêmeas. (Soa a campainha.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE - E nós, como sociedade, que esta sessão solene, especial, promovida pelo Senador Sergio Moro e os demais Senadores que a propuseram, possa ser uma reflexão nossa como sociedade. Menos ódio no coração, mais amor! Que a sociedade, que tem se distanciado de Deus... E aí, independentemente da sua fé, do seu credo - eu sou cristão, estou falando aqui com um monte de judeus, independentemente -, que Deus possa inundar a nossa geração de mais amor e menos ódio, porque aí, sim, nós viveremos numa sociedade justa, plural, sem terrorismo. O meu pedido, nesta sessão solene, é que nós saiamos daqui inundados do amor de Deus nos nossos corações. Parabéns, Senador Sergio Moro! Muito obrigado. (Palmas.) |
| R | O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Concedo a palavra à Sra. Presidente da Comissão de Relações Internacionais do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados, representando aqui o Presidente da Ordem dos Advogados, a Sra. Clarita Costa Maia. A SRA. CLARITA COSTA MAIA (Para discursar.) - Sr. Senador Sergio Moro; Sra. Rasha Athamni, Diplomata da Embaixada do Estado de Israel no Brasil; Sr. Rony Vainzof, Diretor da Confederação Israelita do Brasil, na pessoa de quem saúdo todos os demais presentes; é com profundo respeito que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil participa desta sessão especial. Estamos aqui não apenas para rememorar um acontecimento histórico de extrema gravidade, mas também para reafirmar de forma clara e firme o compromisso da Ordem com os valores que estruturam o Estado democrático de direito e a convivência civilizada entre os povos e, sobretudo, com a defesa e a promoção dos direitos dos jurisdicionados nacionais, direitos esses atropelados e ignorados pela instrumentalização da guerra em Gaza, pela guerra política ora em curso no cenário nacional. Há exatos dois anos, ataques terroristas perpetrados pelo Hamas vitimaram civis inocentes, homens, mulheres, idosos, crianças em Israel. Esses atentados precipitaram uma guerra regional com efeitos diplomáticos devastadores em um momento histórico em que a normalização das relações de Israel com os países árabes por meio dos Tratados de Abraão parecia abrir um horizonte de paz duradoura e de estabilização regional. Senhoras e senhores, a tragédia de 7 de outubro também despertou uma onda de antissemitismo global sem precedentes nas últimas décadas; reacendeu ódios civilizacionais; fundamentou, à pretensão de legítimas críticas políticas, discursos e crimes de ódio e o mais mal disfarçado racismo antissemita. A gramática do notório panfleto antissemita russo, Os Protocolos dos Sábios de Sião, foi modernizada e atualizada nas vozes de influenciadores políticos pseudointelectuais que, descompromissados com o dever constitucional constante no preâmbulo da nossa Carta Maior, a promoção de uma sociedade fraterna, precipitam a sociedade brasileira para o divisionismo e o caos, em vez de promover o diálogo e a coexistência pacífica. No dia 1º de março de 2023, neste Plenário, os Senadores homenageavam o centenário de morte de Ruy Barbosa, patrono desta Casa senatorial, cujo busto - vocês podem ver - centralizado podemos admirar atrás da mesa desse dispositivo. Foi o gigante Ruy Barbosa o primeiro intelectual e jurista que denunciou mundialmente o antissemitismo implícito no caso Dreyfus - não foi Émile Zola -, o primeiro episódio de espetacularização midiática do direito penal e de uso dos preconceitos e humores antissemitas para acobertar as verdadeiras responsabilidades, que, aliás, sempre jazem nas guerras de narrativas. Sete meses depois, uma guerra reacende o ódio antissemita no mundo. O que Ruy Barbosa teria a dizer disso? Já sabemos. Espero não nos faltar coragem para assumi-lo. Como juristas, como cidadãos, não podemos ignorar que a violência física costuma ser precedida por discursos de ódio, desumanização e indiferença. Combater o antissemitismo, assim como toda forma de racismo e intolerância religiosa, é parte inseparável da defesa da legalidade democrática, dever estatutário da Ordem dos Advogados do Brasil. A desumanização do povo judeu à pretensão de crítica política é um estratagema que não deve passar desapercebido pelos tomadores de decisão, pelos operadores do direito, pela sociedade, por todos os que, bem-intencionados, desejam a paz. |
| R | Por isso, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil reafirma hoje seu compromisso com a educação em direitos humanos, com a promoção do diálogo inter-religioso e intercultural, com a vigilância permanente contra qualquer ideologia extremista que naturaliza a violência contra civis. Reafirmamos também a defesa da autodeterminação dos povos judeu e palestino, a solução de dois Estados vivendo com respeito e paz, a igualdade entre os Estados, a defesa da paz, a solução pacífica de conflitos, o repúdio ao terrorismo, ao racismo, ao antissemitismo e a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. A Ordem dos Advogados se coloca como parceira desta Casa senatorial, Senador Moro, nas iniciativas voltadas ao combate ao racismo antissemita, à criação de um plano nacional de combate ao antissemitismo, ao aperfeiçoamento do regime jurídico de combate ao terrorismo e à lavagem de dinheiro destinado ao seu financiamento, ao combate ao nexo entre a criminalidade organizada no Brasil e grupos terroristas internacionais, como o Hezbollah, a Jihad Islâmica e vários outros. (Soa a campainha.) A SRA. CLARITA COSTA MAIA - E exortamos ao Conselho Nacional dos Direitos Humanos que promova o diálogo entre as comunidades de fé no Brasil, judeus e palestinos, e a promoção dos direitos humanos dos jurisdicionados nacionais. Ao homenagear as vítimas desses atentados, unimo-nos ao Senado Federal e à sociedade brasileira em um gesto de solidariedade com as famílias enlutadas, com o povo de Israel e com todas as comunidades que, em diferentes partes do mundo, vivem sob a ameaça do extremismo. Que esta sessão especial seja, portanto, mais do que um ato de memória, um ato de compromisso. Muito obrigada. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Concedo a palavra ao Deputado Federal Messias Donato. O SR. MESSIAS DONATO (Para discursar.) - Bom dia a todos. Quero saudar o nosso Presidente da sessão, o ilustre Senador Sergio Moro, o nosso Rafael. Nas pessoas do Rafael e do nosso Presidente da sessão, quero saudar toda a mesa neste momento. O nosso Senador dignificou o povo do meu estado, o povo capixaba, o povo brasileiro. Assim como o nosso Líder Sóstenes, também estava em casa quando a gente acompanhou o seu brilhante trabalho à frente da Lava Jato. E o senhor tinha razão: em todos os seus passos, de forma técnica, utilizou a sua toga para honrar a sua consciência e, sobretudo, o povo trabalhador, que é o nosso povo brasileiro. Hoje, novamente, o nosso querido Senador Sergio Moro honra os brasileiros e o povo judeu também, nesta data tão importante, em uma sessão que faz alusão à memória dos dois anos de ocorrência dos ataques terroristas do Hamas contra a população civil em Israel. Eu estive em Israel e lá, nobre Delegado Gilberto, Deputado Gilberto, Presidente da Frente Evangélica, eu fui a diversos lugares na Terra Santa. Pude visitar, assim que recebi o convite, o Museu do Holocausto. |
| R | Estive lá. Coloquei um fone e pude ouvir vozes, vozes de judeus que foram exterminados, de judeus que sofreram na câmara de gás, de judeus que passaram por coisas terríveis naquele período. Fui convidado também a ir a um outro ambiente. É um museu do Holocausto relacionado a crianças. E lá também pude ouvir vozes, de crianças, pedindo socorro, peças, utensílios, sapatos, roupinhas de crianças, e confesso que, depois que coloquei os pés em Israel, nunca mais a minha vida foi a mesma, por uma série de razões. Mas, de 2015 para cá, hoje, Rafael, você fez com que eu saísse, ao sair daqui, levasse comigo uma das maiores experiências que um ser humano, que um brasileiro conservador, patriota, mas apaixonado por Israel, tem por missão continuar na tribuna do Congresso, aqui, na Casa Baixa, defendendo esse Estado que já passou por muitos momentos difíceis, mas sempre se superou, reconstruiu, e é referência para o mundo. Você, Rafael, ao olhar para você, ao ouvir não só neste momento aqui no Congresso Nacional, mas levando a sua voz comigo para a minha casa, para o meu gabinete, para o meu Estado do Espírito Santo, eu vou estar ouvindo milhares de jovens com a vida pela frente, que poderiam ter a sua formação e atuar na área em que estavam formados, e foram exterminados por esse grupo, que é um grupo terrorista. Falei, desde o primeiro momento, assim que nós tivemos notícia: o Hamas é um grupo terrorista. E... (Soa a campainha.) O SR. MESSIAS DONATO - ... a meu ver, quem defende terrorista tem a alma terrorista também. É inadmissível, quando o Chefe de Estado que aí está recebeu o convite para ir a Israel e, assim como o protocolo diplomático, recebeu o convite para ir lá, visitar o Museu do Holocausto. Mas não; foi lá visitar Yasser Arafat. Ao ganhar as eleições, também recebeu uma carta nobre desse grupo, que tem, por fundo, grupo da morte. Uma carta parabenizando pela vitória. Também, recentemente, encheu os brasileiros conservadores, que amam Israel, de vergonha, ao não validar... Hoje, quero saudar aqui os embaixadores de diversas nacionalidades, mas estou sentindo falta de um embaixador de Israel no nosso país, que ama tanto essa nação, e, até hoje... (Soa a campainha.) O SR. MESSIAS DONATO - ... Lula não validou a sua presença aqui no Estado brasileiro. Temos que nos indignar. E, para finalizar a minha fala, Sr. Presidente, Senador Sergio Moro, quero pedir desculpa ao povo judeu por uma atitude vexatória. Quando o Primeiro-Ministro de Israel foi fazer o seu pronunciamento, na ONU, a delegação brasileira, de forma covarde, de forma ridícula, de forma pequena, apequenando este Governo, que não tem tamanho, se levantou, virando as costas para um pronunciamento do Ministro Benjamin Netanyahu. |
| R | Encerro aqui a minha fala, dizendo o seguinte: enquanto nós estivermos ali na Câmara Federal, contem sempre com a nossa voz para defender não só o povo capixaba, o povo... (Interrupção do som.) (Soa a campainha.) O SR. MESSIAS DONATO - ... brasileiro, mas a nação de Israel, que tanto amamos. Sentimos falta hoje aqui de alguém que estaria aqui, Presidente, Senador Sergio Moro, ao seu lado, porque, em todas as sessões alusivas ao aniversário de Israel ou em alguma homenagem ao povo judeu, ele sempre se fez presente. Mas não está ali, Sóstenes. Eu me refiro aqui ao nosso sempre Presidente Jair Bolsonaro. Nós cristãos aprendemos, a partir da palavra de Deus, a amar Israel, mas, em quatro anos, esse homem por nome Jair Messias Bolsonaro plantou uma semente de honrar, respeitar e valorizar esse povo que tem o nosso respeito e a nossa admiração. Viva Israel, viva o povo judeu e viva o Brasil do povo conservador. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Concedo a palavra ao Deputado Federal Gilberto Nascimento para o seu pronunciamento. O SR. GILBERTO NASCIMENTO (Para discursar.) - Sr. Presidente, Senador Moro, cumprimento V. Exa., quero cumprimentar os demais membros da mesa e aqui também Israel; quero cumprimentar também o Lottenberg, que parece que deu uma saidinha, mas já está por aqui de novo. Enfim, hoje é uma data muito especial, um dia muito especial para todos nós, porque é um dia de nós relembrarmos aqueles que... Como disse aqui o nosso sobrevivente, acabou colocando nomes inclusive daqueles que, felizmente, sobreviveram. Essa questão do ódio que se instala no mundo, que nos angustia... Eu já tive oportunidade, Presidente, de ir por oito vezes a Israel e lembro-me de que em uma das vezes em que lá estive fui ao gabinete do Primeiro-Ministro e, olhando uma janela que ele tem ali, olhando Israel com a sua beleza, eu pude dizer: "Ministro, que bela janela o senhor tem, que belo espaço, que bela visão o senhor tem". E ele falou: "Deputado, talvez o senhor não imagine os vizinhos que eu tenho". Então estes são os vizinhos que se manifestam contra aqueles que precisam sobreviver, aqueles que têm o direito de sobreviver, aqueles que, no passado, tiveram os amonitas como agressores deles, tiveram os filisteus - e aí é a Bíblia que nos mostra isso -, tiveram os edomitas, tiveram os amalequitas. E hoje, Sr. Presidente, infelizmente, esses se tornaram Fatah, Hezbollah e Hamas. Mas o que eles não conseguem entender é que jamais vão destruir Israel, porque Israel é a menina dos olhos de Deus, Israel é a menina dos olhos de Deus e nunca será destruída. (Palmas.) Por mais que a guerra venha, por mais que venham os ataques, eles têm que entender que Israel é o escolhido de Deus. E assim nós aprendemos desde criança. Eu, que sou de uma família evangélica, eu aprendi, desde criança, na escola dominical da igreja, a amar o povo de Israel. E é por isso que estamos aqui, Sr. Presidente, esta tarde. Nós abominamos qualquer ataque de terroristas. São terroristas, sim, são terroristas aqueles que não querem entender que dá para viver em sociedade, aqueles que não querem entender que só o amor pode construir e que por isso querem destruir Israel, mas, volto a dizer, Israel jamais será destruído. |
| R | Deus abençoe todos vocês! Economizo o meu tempo aqui porque sei que as horas já estão muito avançadas, mas que Deus abençoe Israel, que Deus os proteja e que Deus dê muita força para que os senhores continuem resistindo àqueles que, infelizmente, querem destruí-los. Deus abençoe! Forte abraço a todos vocês e, mais uma vez, parabéns, Senador Moro. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Sergio Moro. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) - Agradeço ao Deputado Gilberto Nascimento pelas palavras fortes, mas também gentis, aqui a esta Presidência. Caminhando aqui ao final, acho que é só registrar que fica claro o repúdio desta Casa, do Senado, aos atentados terroristas, mas que aquela data de infâmia se torne uma data de celebração dos sobreviventes, para honrar, igualmente, as vítimas e também para rogar a libertação dos reféns e a paz no Oriente Médio. Também repudiamos a dubiedade em relação a esse tema, que acaba, muitas vezes, dando oportunidade à volta do antissemitismo, que merece a reprovação universal. Que saiba o povo de Israel e a comunidade judaica que os brasileiros, dos quais, inclusive, a comunidade judaica faz integralmente parte, repudiam todos esses atentados terroristas e que estão do lado de Israel, do direito de existência de Israel e da convivência entre os povos sem qualquer espécie de preconceito. Eu, antes aqui do encerramento, considerando que estamos no mês em que celebramos Outubro Rosa, para reforçar a importância da prevenção do câncer de mama, gostaria de registrar o trabalho realizado pela Associação Cultural Israelita de Brasília (Acib), que costura e prepara voluntariamente milhares de almofadas, que servem de conforto e acolhida para todas as mulheres acometidas pelo câncer de mama, independentemente da religião. Pediram para destacar a almofada. Somos um grupo de voluntários da Associação Cultural Israelita de Brasília (ACIB) e nos reunimos para confeccionar com muito carinho as Almofadas de Coração. A Almofada de Coração foi desenvolvida pela norte-americana Janet Kramer Mai, especialista em câncer de mama. Quando colocada abaixo da axila, ajuda na drenagem linfática, neutralizando a dor cirúrgica, e aliviando a dor no braço e no ombro, pois diminui a tensão pós-cirúrgica. Serve também para cirurgias de peito aberto. Carinhosamente, Grupo Chaverim Le Lev - Amigos do Coração. Aqui tem as informações, os contatos, e também é um retrato, gostaria aqui de colocar, da caridade que sempre acompanha também as ações do povo de Israel e da comunidade judaica, a ilustrar mais essa contribuição, essa tendência, esse sentimento de caridade da comunidade judaica, tão importante para o mundo e para o nosso país. Então, muito obrigado e parabéns aqui à Acib. (Palmas.) |
| R | Agradeço a presença de todos e, após o encerramento da sessão, eu convido os integrantes da mesa e os oradores a se dirigirem à frente da mesa para que façamos um registro fotográfico deste momento, com as almofadas produzidas pela comunidade israelita. Cumprida a finalidade da sessão especial do Senado, agradeço a todos os presentes, personalidades, autoridades, convidados, que nos honraram com a sua participação. Está encerrada esta sessão. (Levanta-se a sessão às 13 horas e 08 minutos.) |

