Discurso no Senado Federal

CENTENARIO DE NASCIMENTO DE SAVERIO FITTIPALDI.

Autor
Aureo Mello (PRN - Partido da Reconstrução Nacional/AM)
Nome completo: Aureo Bringel de Mello
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • CENTENARIO DE NASCIMENTO DE SAVERIO FITTIPALDI.
Publicação
Publicação no DCN2 de 08/02/1994 - Página 559
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, SAVERIO FITTIPALDI, EMPRESARIO, EDITORA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

    O SR. AUREO MELLO (PRN - AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, com o desaparecimento de Savério Fittipaldi, decano dos editores e livreiros do Brasil, ocorrido no dia 5 de abril de 1981, na capital de São Paulo, encera-se mais um importante capítulo da história do livro em nosso País. Nascido aos 6 de fevereiro de 1894, em San Severino Lucano, província de Potenza, na Itália, Savério Fittipaldi chegou ao Brasil em 1900. Em 1906, aos doze anos de idade, iniciou-se no ramo de livros no Rio de Janeiro, desempenhando tarefas humildes, quando viu manifestar-se o seu profundo amor e apego à profissão.

    Em 1914 retornou à Itália, atendendo ao chamado da pátria em guerra. Sua atuação nesse conflito mundial valeu-Ihe, mais tarde, a condecoração no Grau de Cavalheiro da Ordem de Vittorio Veneto, por mérito em combate. Já em 1919, após haver contraído matrimônio na Itália com Dona Rosa Puppio Fittipaldi, retornava ao Brasil e fundava a Livraria Carioca, no Rio de Janeiro, cuja denominação mudava, logo após, para Livraria João do Rio, em homenagem a Paulo Barreto, o grande cronista urbano da Capital da República seu amigo.

    Na Livraria João do Rio, Savério Fittipaldi conviveu com Rui Barbosa, Coelho Neto, Humberto de Campos, Bastos Tigre, João Ribeiro, Ronald de Carvalho, Benjamim Costallat, Gustavo Barroso, Medeiros e Albuquerque, Plínio Salgado, Clóvis Bevilácqua, Monteiro Lobato, Agripino Grieco e tantos outros, que fizeram daquela livraria um verdadeiro cenáculo da cultura e do pensamento brasileiro. Desenvolveu, então, vasta atividade editorial através da publicação de mais de seiscentas obras da literatura universal e brasileira, em edições de caráter nitidamente popular, revelando a preocupação básica que se tornou a maior constante de sua vida, qual seja a de fazer chegar às mãos do grande público obras representativas do patrimônio cultural da humanidade.

    Em artigo publicado no Jornal do Brasil, de 20 de novembro de 1932, o grande polígrafo brasileiro João Ribeiro, traçando-lhe o perfil e descrevendo sua grande obra de difusão cultural, denominou-o "benemérito das letras".

    Em 1937, encerra suas atividades comerciais no Rio de Janeiro, transferindo-se para a capital de São Paulo, onde prosseguiu na sua incansável missão de servir e divulgar a cultura. Em 1946, já em São Paulo, na Editora das Américas S.A. - EDAMERIS, contando, a partir daí, com a colaboração de seus dois filhos, Mário e Ítalo, passou a desenvolver bem cuidado programa editorial, sempre apegado à filosofia de trabalho que se impusera.

    Ficou célebre a edição da Bíblia Sagrada, em 17 volumes ilustrados, sendo três de estudos bíblicos modernos de autoria de teólogos brasileiros, no Ano Santo de 1950, trabalho que muito contribuiu para a divulgação dos textos bíblicos entre o público católico. Notável também pelo preciso levantamento de texto, a edição completa dos Sermões de Vieira, em 24 volumes. A publicação das Obras Completas de Dante Allighieri em edição bilingüe motivou o desenvolvimento dos estudos da obra de Dante no Brasil.

    Em 1956, comemorou seu jubileu de ouro, representado por cinqüenta anos de fecunda atividade livreiro-editorial, ocasião em que foi homenageado pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal, pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e pela Câmara Municipal de São Paulo. Um grandioso banquete de confraternização de editores e livreiros do Brasil, promovido nesse ano pela Câmara Brasileira do Livro, marcou a homenagem da classe a quem - como foi dito pelo saudoso Edgar Cavalheiro no discurso oficial de saudação - "representa um capítulo inteiro da história do livro no Brasil".

    Savério Fittipaldi, que completou 87 anos no último dia 6 de fevereiro, deixa a viúva Dona Rosa Puppio Fittipaldi, os filhos Mário - atual presidente da Câmara Brasileira do Livro e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros - e Ítalo, ex-Deputado Federal e atual Superintendente do IPESP - Instituto de Previdência do Estado de São Paulo, as noras Cecília e Yolanda, os netos Lucile, Maria Cecília, Mário César e Ana Maria e os bisnetos Fabiana, Maurício e André.

    Vale destacar a atuação de ítalo Fittipaldi como nosso colega na Câmara dos Deputados. Foi ele um expressivo orador e, seguindo a sua vocação jurídica, já que é advogado militante em São Paulo, uma expressão das mais poderosas dentro do Legislativo, especialmente na Comissão de Constituição e Justiça. O centenário do nascimento de Savério Fittipaldi é uma homenagem a essa ilustre família, que tem em Ítalo e em Mário dois expoentes indiscutíveis, como foi o seu digno genitor o criador, por assim dizer, de uma trilha literária e editorial em nosso País da qual Mário e ítalo são grandes continuadores.

      Com isto, Sr. Presidente e eminentes Senadores, presto homenagem a um grande cidadão, que se tornou brasileiro pela presença, pela descendência, pela convivência, e cujo centenário é, para nós, motivo de júbilo e de grande contentamento.

      Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 08/02/1994 - Página 559