O SR. MAGNO BACELAR (PDT-MA. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores:

    Nunca, ao longo da minha vida pública, assisti a uma promoção tão grande, a tanto subterfúgio para dolarizar a economia do nosso País.

    O Ministro Fernando Henrique Cardoso teve o apoio deste Congresso, até em demasia. A imprensa passou a policiar nossas atitudes e as nossas ações e a chamar o Congresso de “o ócio mais caro do Brasil’’. Vimos ontem o Sr. Ministro Fernando Henrique Cardoso participar de um programa da TV Globo para aumentar sua audiência, como se S. Exª fosse um dos empregados da Rede Globo.

    Sr. Presidente, Srs. Senadores, como frisou o nobre Senador Josaphat Marinho, o próprio Ministro Fernando Henrique disse que o dólar é que vai acompanhar a URV. É a dolarização da nossa economia com todo apoio do Congresso, não para um plano econômico, mas para um plano de marketing dos mais bem produzidos neste País.

    Fica a nossa pergunta: seria ético que o Ministro da Fazenda do Brasil ficasse preso a serviço da Rede Globo, com a exclusão do direito de divulgação de toda a imprensa brasileira? Seria ética a edição dessa medida provisória num momento em que o Congresso Nacional sequer promulgou o Fundo Social de Emergência, que nada tem de social e nem de emergência porque não contemplou a educação e nem a construção de moradias populares?

    O nobre Líder Mauro Benevides disse que o Ministro Walter Barelli estava lutando para que o salário mínimo ficasse ao derredor de 100 dólares. Pessoalmente, acredito que hoje o Ministro Walter Barelli é que está ao derredor da porta da rua, Sr. Presidente.

    O mais estranho, com todo respeito à liderança e ao brilhantismo do nobre Senador José Fogaça, é que ouvimos, nesta tarde, uma comunicação de liderança com a duração de 1h45min com elogios à edição de uma medida provisória que nada mais é, Sr. Presidente e Srs. Senadores, do que a castração do direito e da obrigação desta Casa de legislar.

    As coisas no nosso entendimento, Sr. Presidente e Srs. Senadores, não estão bem. Com a longa comunicação de liderança do nobre Senador José Fogaça vê-se a necessidade de que permaneça, com a permissão do nobre Senador Júlio Campos, que tem um projeto neste sentido, o número de Parlamentares do Nordeste igual ao número atual, porque qualquer comunicação de liderança de qualquer Senador comum dura 15 minutos, sem direito de apartes. A comunicação de liderança de um nobre Senador do Rio Grande do Sul durou 1h45min, com direito a aparte, além do requinte de falar em nome do PMDB, com aparte do Líder do seu próprio Partido.

    A palavra “pronunciamento’’ foi citada pelo nobre Senador José Fogaça “agradecendo um aparte ao seu pronunciamento, pelo Senador Esperidião Amin e por todos que o apartearam.’’ É tão maior o direito do Sul que até esquecemos que estávamos ouvindo uma Comunicação de Liderança.

     Era o que tinha a dizer.