Discurso no Senado Federal

'DIA DO BIBLIOTECARIO'. IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE DISSEMINAÇÃO SELETIVA DE INFORMAÇÃO PELA SUBSECRETARIA DE BIBLIOTECA DO SENADO FEDERAL.

Autor
Alfredo Campos (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
Nome completo: Alfredo José de Campos Melo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • 'DIA DO BIBLIOTECARIO'. IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE DISSEMINAÇÃO SELETIVA DE INFORMAÇÃO PELA SUBSECRETARIA DE BIBLIOTECA DO SENADO FEDERAL.
Publicação
Publicação no DCN2 de 18/03/1994 - Página 1243
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, BIBLIOTECARIO.
  • ELOGIO, SILVANA SAFE DE MATOS, DIRETOR, SUBSECRETARIA, BIBLIOTECA, SENADO, INICIATIVA, IMPLANTAÇÃO, SISTEMA, PROPAGAÇÃO, INFORMAÇÃO, DESTINAÇÃO, USUARIO, RESULTADO, MELHORIA, ATENDIMENTO.

      O SR. ALFREDO CAMPOS (PMDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, se ainda hoje se enaltece a grandiosidade da arte greco-romana - de que conseguimos descender por via semidireta - seja por sua manifestação plástica, seja por meio das obras literárias;

      Se há irrefutáveis comprovações da existência de uma língua latina vulgar, falada, paralela à dos grandes escritores da fase áurea daquela antigüidade clássica;

      Se somos informados da existência de uma remotíssima língua galaico-portuguesa, documentada a partir dos fins do século XII, embora sob a característica de veiculação oral;

      Se a ciência histórica se recompõe diuturnamente, a partir de lastros arqueológicos que a moderna antropologia se encarrega de validar;

      Se tudo isso possui disponibilidade universal, democrática e, muito mais, perene, o grande mérito está no modo pelo qual alcançou forma e reprodutibilidade técnica, sem o que estaria confinado a poucos anos após sua produção.

      Não se pode falar da excelência de uma cultura maia, ou asteca, ou fenícia, ou assíria, mas sim de sua grandiosa civilização, cada uma a seu jeito, mas indicativas de povos laboriosos, que conseguiram solidificar seu passado em feitos que a arqueologia possibilitou reviver. Mas quando se pesquisam possíveis fontes literárias ou históricas acerca desse mesmo passado, nada se encontra, pois nada se registrou em papel.

      A preservação da memória - artística, literária, histórica -de um povo somente se exerce diante de uma documentação escrita. Exemplos disso são as obras de Homero, Vergílio, Ovídio, que testemunham até hoje o valor da literatura e da oratória da antigüidade clássica; é a Peregrinatio ad loca sancta, o Appendix Probi ou a Vulgata, tradução popular da Bíblia, que nos remetem a um latim falado diferentemente de sua expressão escrita; são as cantigas de D. Diniz, comprobatórias do galego-português como idioma do cotidiano da península Ibérica dos idos do século XII.

      Tudo isso se perpetuou, porque houve quem registrasse em pergaminho tais documentos, que hoje se encontram disseminados e cada vez mais disponíveis, graças ao avanço tecnológico da impressão e da reprodução gráfica.

      Em que pese tamanhas vantagens, não reside apenas aí mais que a garantia de preservação da memória.

      Se não houvesse organismos e pessoas laboriosas, dispostas a organizar e a democratizar o acesso à leitura das ocorrências do passado, nada disso teria significado.

      Estou me referindo às bibliotecas, como santuário do conhecimento impresso, e aos bibliotecários, guardiães indispensáveis desse acervo.

      Com efeito, a esses profissionais se reserva um papel de transcendental importância no largo espectro da cultura universal, quer na aquisição criteriosa de títulos, quer no preparo técnico do material disponível, quer na manutenção dos serviços de alerta ao leitor, por meio de uma avaliação de seu perfil de interesse, quer no zelo em relação à manipulação e ao uso do documento.

      Fico bastante à vontade por estar hoje presente, nesta tribuna, para enaltecer a cultura e seus perpetuadores, sejam eles processos técnicos, sejam profissionais.

      Sempre convivi, por exemplos familiares, desde a infância, com a valorização do saber e com a veneração à leitura - sua fonte inesgotável.

      Hoje, avaliando essa implicação com mais propriedade, posso ver mais além.

      Desde que assumi meu primeiro mandato nesta Casa, em 1983, pude servir-me de um dos setores de maior eficiência e de maior dedicação ao usuário, seja ele o funcionário ou o senador, na execução de uma tarefa penosa, contudo gratificante, de propiciar a disseminação do conhecimento.

      Refiro-me à Subsecretaria de Biblioteca do Senado Federal, que escolho hoje como matriz simbólica de excepcionais serviços, para homenagear todos os bibliotecários deste País.

      O recém-implantado sistema de disseminação seletiva da informação, de há muito reclamado e há décadas em uso nas mais avançadas bibliotecas do mundo, veio preencher uma lacuna restritiva ao já escasso tempo disponível para a pesquisa bibliográfica.

      O usuário, a partir da configuração de seus interesses, recebe periodicamente, em sua mesa, o levantamento de títulos de livros e de periódicos necessários a sua atualização profissional.

      A implantação desse serviço se deveu à iniciativa da Drª Silvana Safe de Matos, Diretora daquele órgão, que vem imprimindo, com seriedade e denodo, um memorável esforço destinado a aprimorar o atendimento cada vez mais eficiente aos usuários.

      A ela e a seus auxiliares, minhas homenagens no Dia do Bibliotecário, com uma palavra amiga de estímulo para que prossigam em sua luta por aprimorar a atividade da biblioteca do Senado, na confiança de que seu trabalho se reveste de fundamental importância para a instrução das matérias legislativas que justificam o nosso mandato.

      À imensa família de bibliotecários, pela penosa missão que lhes foi confiada, meus cumprimentos pela passagem do seu dia.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 18/03/1994 - Página 1243