Discurso no Senado Federal

VISÃO DE S.EXA. SOBRE O ATUAL MOMENTO POLITICO NACIONAL.

Autor
José Eduardo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PR)
Nome completo: José Eduardo de Andrade Vieira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • VISÃO DE S.EXA. SOBRE O ATUAL MOMENTO POLITICO NACIONAL.
Publicação
Publicação no DCN2 de 18/03/1994 - Página 1256
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • ANALISE, CRITICA, INEFICACIA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, GESTÃO, RECURSOS, NECESSIDADE, REFORMA TRIBUTARIA, ADAPTAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL.

     O SR. JOSÉ EDUARDO (PTB - PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a situação vivida hoje no Brasil é fruto, sobretudo, da má administração pública. A crise profunda, na qual estamos mergulhados e da qual temos grandes dificuldades de sair, é conseqüência direta da má gestão dos recursos públicos, escassos e desperdiçados. Ou seja, nós todos somos vítimas de uma gerência inadequada, incapaz de dar soluções, às vezes simples, para problemas que se agravam permanentemente num ciclo que parece nunca ter fim.

    Os comodistas poderão argumentar que este é um País pobre, de poucos recursos e, por causa disso, temos todos de nos conformar com esta situação. Isso não é verdade. Muito pelo contrário, um País que gera de 60 a 70 milhões de dólares de poupança por ano jamais poderá ser definido como pobre. Sr. Presidente, Srs. Senadores, o Brasil é um País com enormes riquezas minerais e uma grande capacidade de desenvolvimento agrícola.

    Para transformar essas potencialidades em riquezas concretas, distribuindo-as com eqüidade e espírito de justiça social entre todos, é necessário realizar um trabalho sério, investindo em pesquisa, educação e profissionalização do trabalhador, inclusive do homem do campo.

    Urge, ainda, aperfeiçoar a legislação vigente, de tal forma que a carga tributária incidente sobre a produção seja mais equilibrada. E, também, que essa carga espelhe mais justiça na distribuição do ônus fiscal. Da mesma forma, a distribuição dos benefícios tem de ser mais justa e precisa ser percebida, de forma mais clara, por todo o povo brasileiro.

    Conseguir tal equilíbrio exige, em primeiro lugar, uma visão global do processo econômico e dos seus efeitos sociais e geoeconômicos. Mas, também, é necessário resolver os problemas de gestão, simultaneamente. Quer dizer, a correta visão macro é extremamente necessários, mas de pouco ela servirá se não tiver conseqüências diretas na ação micro.

    Parece-me evidente e não pode remediar um mal quem não seja capaz de diagnosticá-lo de forma adequada. Ou seja, a primeira exigência a ser feita no processo de escolha do melhor gestor para o interesse público terá de ser sempre uma visão aguda e em profundidade da enfermidade em si. Por isso, a visão completa e abrangente dos problemas do País é a primeira condição.

    Mas ela precisa ser complementada por uma capacidade de operar as soluções no dia-a-dia. Pois de pouco adiantará o administrador diagnosticar corretamente a doença, se, por outro lado, ele não for capaz de indicar a terapia adequada. E, mais do que isso, ministrar os remédios exigidos para a cura da enfermidade, gota a gota.

    A boa gestão deve sempre ter como fim o homem, seu principal objetivo. Nenhum cidadão de posse de faculdades mentais sãs e de um mínimo de sensibilidade pode se conformar com uma situação como esta vivida hoje no Brasil, com 32 milhões de patrícios nossos paralisados pela fome e pela miséria.

    Miséria se combate com emprego permanente, remunerado com salário decente. o salário do trabalhador precisa custar menos e valer mais. E só é possível gerar emprego permanente e remunerado com dignidade, se houver clima favorável para o investimento. Tal clima exige juros menores e menos impostos.

    Esta é a visão que tenho do atual momento político nacional, Sr. Presidente e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 18/03/1994 - Página 1256