Discurso no Senado Federal

INAUGURAÇÃO DO HOSPITAL SARAH-SALVADOR-BA.

Autor
Lourival Baptista (PFL - Partido da Frente Liberal/SE)
Nome completo: Lourival Baptista
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • INAUGURAÇÃO DO HOSPITAL SARAH-SALVADOR-BA.
Aparteantes
Gerson Camata, Josaphat Marinho, João Calmon, Marco Maciel, Mauro Benevides.
Publicação
Publicação no DCN2 de 29/03/1994 - Página 1399
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, INAUGURAÇÃO, HOSPITAL, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, ASSOCIAÇÃO DAS PIONEIRAS SOCIAIS, MUNICIPIO, SALVADOR (BA), ESTADO DA BAHIA (BA).
  • SOLICITAÇÃO, MESA DIRETORA, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, TRIBUNA DA BAHIA, CORREIO DA BAHIA, A TARDE, ESTADO DA BAHIA (BA), ELOGIO, INAUGURAÇÃO, HOSPITAL, ASSOCIAÇÃO DAS PIONEIRAS SOCIAIS.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA (PFL - SE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, na última sexta-feira, dia 18 de março corrente, foi inaugurado, em Salvador, o Hospital da Rede Sarah, já previsto para aquela cidade dentro do Programa de Expansão das Unidades de Atendimento Especializado em Medicina do Aparelho Locomotor, administrado pela Associação das Pioneiras Sociais, cujo serviço autônomo foi criado pelo Projeto de Lei nº 77, de 1991, que, após ser apreciado na Câmara dos Deputados, foi aprovado em sessão memorável do Senado, em setembro de 1991, num consenso de unanimidade desta Casa, que reconhecia, nos propósitos e na experiência dessa instituição e na autoridade e idealismo do seu diretor, uma grande esperança para o progresso da medicina no Brasil e para a melhoria do atendimento do sistema público de saúde.

    Nesse curtíssimo espaço de tempo decorrido a partir da aprovação do citado projeto de lei, a equipe do Hospital Sarah, coordenada pelo ilustre Diretor, o Presidente da Associação das Pioneiras Sociais, Dr. Aloysio Campos da Paz, vem demonstrando merecer a confiança que a Nação brasileira com tanta expectativa nele depositou, para que desse um passo decisivo para a restauração do atendimento médico-hospitalar público e gratuito, com elevados padrões de qualidade, só comparáveis aos porventura existentes em países do Primeiro Mundo.

    O Sarah Salvador, o mais novo hospital da Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor, foi construído e equipado por administração direta e em tempo recorde, pois a obra foi iniciada em abril de 1992, custando 35 milhões de dólares, e saiu 40% mais barato do que seria gasto dentro de procedimentos convencionais de construção e contratação de obra.

    Com 180 leitos, divididos em oito enfermarias e um núcleo de primeiro estágio, o hospital ocupa uma área construída de 25 mil metros quadrados e é um exemplo de harmonia e otimização entre a arquitetura, a assistência médica e a integração com o ambiente, cujos recursos, como a energia solar, a ventilação, a arborização e o cenário natural em que foi edificado, tomam-se um excelente estimulante psicológico e ambiental para a exercitação e recuperação dos pacientes.

    Em menos de um ano, funcionando provisoriamente em caráter experimental, à proporção em que suas diversas unidades iam ficando prontas, o Sarah-Salvador atendeu, antes de inaugurado, a mais de 1500 pacientes, principalmente os portadores de lesão medular ou paralisia cerebral.

    No último dia 18, sexta-feira passada, em clima de muito entusiasmo e satisfação, dentro do prazo previsto e em solenidade muito concorrida, foi inaugurado o Hospital Sarah em Salvador, com a presença do Governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, do Presidente da Associação das Pioneiras Sociais, Dr. Aloysio Campos da Paz, do Ministro-Chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, representando o Presidente Itamar Franco; do Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Inocêncio Oliveira; do Governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz; do Governador de Pernambuco, Joaquim Francisco; do Embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Paulo Tarso Flecha de Lima; do Ministro da Previdência Social, Sérgio Cutolo; do Presidente do Tribunal de Contas da União, Ministra Elvia Lordello Castello Branco e dos Ministros do Tribunal de Contas da União Carlos Átila Álvares da Silva e Luciano Brandão Alves de Souza; do ex-Ministro Ângelo Calmon de Sá, Presidente do Conselho de Administração da Rede Sarah Kubitschek; da Prefeita de Salvador, Lídice da Mata, a qual tem muito se dedicado e de várias autoridades convidadas.

    O SR. MAURO BENEVIDES - Permite-me V. Exa um aparte?

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Com prazer, ouço V. Exa

    O SR. MAURO BENEVIDES - Nobre Senador, desejo associar-me ao regozijo que V. Exa exterioriza neste instante, ao registrar a inauguração, em Salvador, do Hospital Sarah Kubitschek; uma obra realmente extraordinária, que honra o nosso País e que tem como seu grande impulsionador esse notável médico e administrador, que é o Dr. Aloysio Campos da Paz Junior. Tive o privilégio de também ser convidado para participar desse magno evento. Lamentavelmente, não me pude fazer presente, limitando-me a expressar, através de uma longa mensagem dirigida ao Dr. Campos da Paz, a minha imensa alegria por aquele acontecimento, ao mesmo tempo em que expressei as minhas felicitações por mais essa iniciativa do dirigente maior do Hospital Sarah Kubitschek. Espero que a próxima etapa a ser cumprida seja em Fortaleza, capital do meu Estado, onde igualmente já está projetado um hospital do aparelho locomotor. E o Dr. Aloysio Campos da Paz já afirmou a mim, ao Governador e a outros Parlamentares que o seu empenho se fará no sentido de que, no menor espaço de tempo possível, também a capital cearense seja privilegiada com a construção de um hospital nos moldes do Sarah Kubitschek. Portanto, quero levar, por intermédio de V. Exa, neste aparte com que deslustro o seu pronunciamento, a minha mensagem de aplausos ao Dr. Campos da Paz, ao Dr. Ângelo Calmon de Sá, enfim, a todos quantos contribuíram significativamente para a concretização dessa expressiva iniciativa.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Muito grato a V. Exa, eminente Senador Mauro Benevides, pelo seu aparte. Quero dizer a V. Exa que, em uma reunião do Conselho do qual faço parte, realizada na última quinta-feira, esse assunto foi ventilado. Pode-se afirmar que a edificação do hospital de Fortaleza é uma realidade.

    Agradeço a V. Exa o aparte e quero ressaltar que o Hospital Sarah Kubitschek de Salvador faz inveja, por ser uma grande obra e muito bonito. Muito obrigado a V. Exa.

    O SR. GERSON CAMATA - V. Exa me permite um aparte?

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Com prazer, eminente Senador Gerson Camata.

    O SR. GERSON CAMATA - Senador Lourival Baptista, sei que interrompo o entusiasmo de V. Exa, que apresenta esse fato tão importante, a inauguração do Hospital Sarah Kubitschek de Salvador. Desejo associar-me àqueles que, aqui no Senado, admiram o espírito empreendedor, humanitário e, acima de tudo, técnico e científico com que o Dr. Aloysio Campos da Paz se dedica à sua profissão. Recordo-me que, no início do Governo Collor, houve uma tentativa de afastá-lo daquele hospital. Eu me coloquei entre o grupo de Senadores que formaram uma frente política para sustentar aquele que tecnicamente mantém o melhor hospital de doenças do aparelho locomotor da América Latina, aqui em Brasília, mas que, ao mesmo tempo é um centro, por excelência, de propagação de novas técnicas da medicina moderna nessa área. No Espírito Santo, tenho a oportunidade de acompanhar isso. Pelo menos quatro dos melhores médicos capixabas estagiaram ou fizerem residência médica no Sarah Kubitschek, em Brasília. Quer dizer, além dos serviços que presta, da excelência e do modelo que é o hospital, o Sarah vai propagando não só os conhecimentos científicos e técnicos do Dr. Aloysio Campos da Paz e de sua equipe como também de sua filosofia, voltada para ajudar psicológica e fisicamente o ser humano. De modo que, nesses dias atuais, em que quando uma coisa está errada todo mundo fala dela, mas quando uma coisa é certa ninguém levanta a voz para proclamá-la - o Dr. Aloysio Campos merece essa proclamação. Associo-me a essa colocação que V. Exa faz, exaltando essa semente que germinou a grande árvore que tantos serviços presta ao povo brasileiro. Semente essa plantada, cultivada e regada pelo Dr. Aloysio Campos da Paz.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Muito obrigado, eminente Senador Gerson Camata. V. Exa referiu-se àquela sessão memorável que tivemos aqui no Senado, em que 72 dos 81 Senadores assinaram, inclusive V. Exa, em favor da permanência, como Diretor do Hospital Sarah Kubitschek, do Dr. Aloysio Campos da Paz.

    Subscreveu, em primeiro lugar, aquele abaixo-assinado, aquela moção de solidariedade ao Dr. Aloysio Campos da Paz, o eminente Senador Mauro Benevides, que, na oportunidade, era Presidente do Senado.

    Muito grato a V. Exa pelo aparte que muito ilustra meu pronunciamento.

    O SR. JOÃO CALMON - Permite-me V. Exa um aparte?

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Concedo a palavra a V. Exa.

    O SR. JOÃO CALMON - Nobre colega Lourival Baptista, V. Exa fala em nome de todos nós, Senadores, no momento em que registra, com tanta objetividade, a importância realmente transcendental da inauguração do novo Hospital Sarah Kubitschek em Salvador. Realmente, o Prof. Aloysio Campos da Paz é uma unanimidade nacional. Na área da medicina, somente o Prof. Adib Jatene tem as mesmas características e mereceria ser o Ministro da Saúde vitalício deste País. Ambos são criaturas que já conquistaram a gratidão de todos os brasileiros. Eles são, para todos os homens públicos deste País, para todos os médicos, para todos os setores da atividade humana, uma fonte perene de inspiração. Lamento profundamente não ter podido comparecer à solenidade de inauguração do segundo Hospital Sarah Kubitschek, mas V. Exa representou toda esta Casa, já que bate recordes de generosidade, de vigilância em relação a todos os setores ligados à medicina. V. Exa, Senador Lourival Baptista, é para todos nós um modelo e uma inspiração. Tanta gente realiza o bem neste País sem ter os seus méritos exaltados nesta Casa. Nunca vi, entretanto, V. Exa falhar uma vez sequer. Por isso mesmo, desejo traduzir, neste breve aparte, a minha admiração e a minha gratidão a V. Exa como um Parlamentar modelar, que é, para todos nós, uma inspiração e um estímulo. Muito obrigado.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Muito grato a V. Exa, eminente Senador João Calmon. As suas palavras muito me sensibilizaram. Naturalmente, elas vieram diretamente do coração, sem passar pelos filtros da inteligência.

    Grato a V. Exa, eminente Senador João Calmon, pelo que disse a respeito do Hospital Sarah Kubitschek, que é modelo. Tenho a satisfação de, já há alguns anos, ser Conselheiro dessa Instituição e, assim sendo, poder acompanhar de perto as suas realizações, nesta hora em que a medicina, infelizmente, não é a mesma do meu tempo.

    Quero agradecer mais uma vez o aparte de V. Exa, que muito enriqueceu o meu pronunciamento e muito sensibilizou, pelas suas generosas palavras, este Senador que aqui está já há alguns anos, nesta Bancada, procurando servir não só a Sergipe, mas ao Brasil. Muito obrigado.

    O SR. JOSAPHAT MARINHO - V. Exa me permite um aparte?

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Concedo o aparte com muito prazer, eminente Senador Josaphat Marinho.

    O SR. JOSAPHAT MARINHO - Nobre Senador Lourival Baptista, V. Exa está sempre vinculado a tudo quanto se relacione com a Bahia. Em verdade, sua formação não o faz esquecer os assuntos de nossa terra. Quero congratular-me com o que agora registra. Eu o fiz na véspera da inauguração do Sarah, com o apoio da generalidade da Casa. Agora, V. Exa dá o testemunho direto do que ali viu de excelente, de útil, sobretudo de conteúdo de justiça social no funcionamento do Hospital Sarah de Salvador. Não preciso mais acrescentar além do que V. Exa está testemunhando. Quero apenas confirmar sua declaração de justiça.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Muito grato a V. Exa, eminente Senador Josaphat Marinho. Infelizmente, por ter passado alguns dias afastado da Casa, não estive presente ao pronunciamento de V. Exa e só agora estou tomando conhecimento dele.

    Quanto ao que vi, quero dizer a V. Exa: conheci o hospital anteriormente, em construção, mas não pude ir à sua inauguração, mesmo estando em Salvador, porque, infelizmente, fui acometido de uma forte gripe. Tomei conhecimento dos fatos depois, aqui em Brasília.

    Muito grato, eminente Senador Josaphat Marinho. Procurarei ler, com muita atenção, o brilhante discurso de V. Exa, porque V. Exa, com a inteligência que tem, pode dizer que a Bahia é a Bahia, sempre a Bahia.

    SR. MARCO MACIEL - Senador Lourival Baptista, V. Exa me concede um aparte?

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Concedo o aparte a V. Exa, eminente Senador Marco Maciel.

    O SR. MARCO MACIEL - Senador Lourival Baptista, quero solidarizar-me com as palavra que V. Exa profere na tarde de hoje, alusivas à inauguração do Hospital Sarah, em Salvador. Conforme V. Exa já deve ter percebido, o ilustre Senador Josaphat Marinho já se manifestou com propriedade sobre o assunto, dias antes da sua inauguração. Porém, sempre é bom dar ênfase a iniciativas positivas e importantes para a vida do País. Nunca é demais, portanto, comentar o que representa para o Brasil e, de modo especial, para o Nordeste, a inauguração do Sarah de Salvador. Quero dizer a V. Exa que as suas palavras - assim como as do Senador Josaphat Marinho - salientam, com muita propriedade, não somente esse grande trabalho que se faz com relação ao tratamento de doenças do aparelho locomotor, sob a inspiração e coordenação do Profº Aloysio Campos da Paz, mas também representa uma ação muito lúcida e competente do Governador Antônio Carlos Magalhães. Eu diria, em síntese, que a inauguração do Sarah-Salvador representa consagrar nacionalmente um modelo que foi concebido e está sendo executado pelo Profº Aloysio Campos da Paz, como também a certeza de que nós, do Nordeste, vamos dispor de um hospital de excelência, de bom nível e que vai prestar inefáveis benefícios à Região Nordeste, vez que se constitui já na melhor unidade para recuperação motora de pessoas que estejam a exigir esse tipo de atenções médicas. Por outro lado e finalmente, quero dizer que, como médico, V. Exa bem pode avaliar a significação dos hospitais da Rede Sarah e, de modo particular, a significação que vai ter para nós, nordestinos, a existência de um hospital desse porte na Bahia. Quero, portanto, ao concluir a minha intervenção, cumprimentá-lo pela oportunidade do registro e dizer a V. Exa que suas palavras vão, de alguma forma, servir de estímulo, assim como as palavras do Senador Josaphat Marinho, para que o Profº Campos da Paz continue o seu trabalho e para que todos aqueles que fazem a Rede Sarah possam continuar a lutar a fim de oferecer ao País e, de modo especial, àqueles que dependem desses serviços, o seu carinho, o seu amor. Eu poderia dizer que esse trabalho é também tão importante pela causa que abraçaram, ou seja, a recuperação daqueles que padecem de diferentes tipos de deficiência motora, e, de modo especial, dos que mais diretamente sofrem com a doença, que apresentam problemas ligados a doenças de coluna.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA - Muito obrigado a V. Exa, eminente Senador Marco Maciel. V. Exa abordou temas interessantes e que condizem muito bem com o Sarah.

    Mas um deles, permita V. Exa que eu lhe diga, foi que o Sarah, em Salvador, será útil aos Estados do Nordeste: Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, que não precisam mais mandar os doentes para Brasília, porque eles serão dirigidos diretamente para Salvador.

    Na verdade, é uma obra que empolga. A Bahia e o povo baiano merecem essa obra.

    Ali está o eminente Senador Josaphat Marinho, que proferiu brilhante palavras - não as li, mas só podem ser brilhantes - antes da inauguração do Sarah.

    Agradeço a V. Exa, eminente Senador Marco Maciel, o seu aparte, que também enriquece o nosso pronunciamento.

    Durante a solenidade, falou em primeiro lugar o médico ortopedista Sir Robert Rithie, membro do Colégio Real de Cirurgiões, professor emérito da Universidade de Oxford, uma das maiores autoridades mundiais na especialidade de medicina do aparelho locomotor, que situou a iniciativa da Rede Sarah como pioneira em todo o mundo, afirmando também que "as condições técnicas e a equipe de profissionais do hospital não só se comparam, como ultrapassam, em conceito e prática, aquelas existentes em qualquer centro mundial, inclusive nos Estados Unidos e na Inglaterra". Ressaltou, também, que o Sarah realiza um trabalho de vanguarda no tratamento ortopédico contemporâneo.

    Muito enaltecido pelos presentes, devido à obra formidável que vem realizando com grande seriedade e proficiência, o Presidente da Associação Pioneiras Sociais, Dr. Campos da Paz, ressaltou:

    O Sarah de Brasília se transporta para a Bahia e vai, através do Sarah-Salvador, poder prestar serviços da mesma qualificação, gratuitos, como retorno do imposto pago pelo cidadão. Aqui se viverá para provar que a Medicina pode ser qualificada e gratuita. E que o ser humano não é matéria-prima do lucro, mas sim o valor maior da sociedade.

    Após vários pronunciamentos, que foram proferidos pelos oradores que se manifestaram na ocasião, a solenidade foi encerrada pelo Governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, também Conselheiro da Associação Pioneiras Sociais, acrescentando que aquele era "um dia de festa e de graça" para a Bahia e o Nordeste, sobre os quais se voltavam os olhos do Brasil, pois aquele hospital que se inaugurava era uma demonstração da grandeza de nosso País, e, ainda afirmou, de forma categórica, "que o Sarah é uma prova de decência no Brasil".

    Conforme ressaltado na ocasião, a obra foi resultado de uma conjugação de esforços da Fundação das Pioneiras Sociais, do Governo Federal e do Governo da Bahia. O terreno foi em parte cedido pelo Exército, pela Previdência Social, e o restante desapropriado pelo Governo da Bahia, resultando numa área excepcionalmente aprazível e adequada para a construção de um hospital como aquele.

    A Tarde de quarta-feira, dia 16 de março de 1994, publica uma reportagem do renomado escritor baiano Jorge Amado, que externa a marcante pressão que teve quando da sua visita ao Hospital Sarah, em Salvador. Cito alguns trechos de suas observações. Diz Jorge Amado:

    Eis aí realizações que vale a pena mostrar. Elas nos enchem o peito de vaidade, nos fazem sentir orgulho de nossa condição de baianos.

    Zélia e eu percorremos de ponta a ponta, de sala em sala, de instalação em instalação, de serviço em serviço e deslumbramo-nos com o que nos é dado ver: o entusiasmo dos médicos, enfermeiros, funcionários e colaboradores nos contagia.

    O Dr. Campos da Paz é um brasileiro ilustre, um senhor médico, mais do que isso, é um homem decente, um exemplo de bom trabalho pelo Brasil. Ele sabe o que diz. Escalamos os degraus da emoção. Vejo lágrimas nos olhos de Zélia. Não me posso conter.

    Sr. Presidente, na condição de membro do Conselho de Administração da Fundação das Pioneiras Sociais e também de médico, era o meu desejo participar dessa importante inauguração, mas, infelizmente, devido à forte gripe de que fui acometido, não me foi possível comparecer ao evento.

    Peço este registro com grande satisfação, com muito entusiasmo, associando o meu aplauso ao de todos aqueles que participaram da solenidade e puderam avaliar a grandeza e a seriedade daquela obra que se inaugurou em Salvador e que se constitui numa esperança, num exemplo edificante para se promover o aperfeiçoamento da Medicina, os procedimentos e o atendimento médico-hospitalar em nosso País. Além disso, é um paradigma, um incentivo e um grande estímulo para a classe médica, onde militam tantos brasileiros dedicados a mitigar o sofrimento de seus semelhantes, restituindo-lhes a saúde ameaçada, curando-lhes as enfermidades.

    Mais uma vez, Sr. Presidente, reverencio o gênio idealizador dessa obra, num preito de admiração à sua pertinácia em cada vez mais aperfeiçoar essa experiência em medicina do aparelho locomotor, desenvolvida em Brasília e agora irradiada por diversos pontos do País.

    Gostaria de citar este trecho do breve pronunciamento que o Dr. Aloysio Campos da Paz fez durante a solenidade de inauguração e que muito bem reflete sua objetividade e seus elevados propósitos. Diz o Professor Aloysio Campos da Paz:

    Para nós o sentido profundo que vivemos hoje é o ato da entrega, da doação, doação de vida e ventura, sem espera de retomo, apenas a satisfação do dever cumprido.

    As senhoras e os senhores foram convidados para ver o Brasil que queremos, não o Brasil da ganância, da especulação e da usura; não o Brasil da desesperança, mas o Brasil onde o cidadão é tratado com dedicação e competência, e a vida é o exercício do humanismo que existe em todos nós; o Brasil que vive para a saúde, e não para sobreviver de doença; o Brasil do cidadão que saberá preservar este espaço porque terá adquirido a consciência de que ele, por direito e tributo pago, lhe pertence.

    Já havia preparado este pronunciamento para ser feito na quarta-feira passada em que não houve sessão do Senado, quando na última quinta-feira foi publicada a visita do Presidente Mário Soares, de Portugal, que se declarou maravilhado com a excelência do hospital em Salvador, afirmando ser algo extraordinário, que está na vanguarda de tudo o que se faz no mundo. Muito impressionados também ficaram os membros da Comitiva do Presidente Mário Soares, entre os quais o Sr. José Aparecido, Embaixador do Brasil em Portugal; Pedro Menezes, Embaixador Carlos Garcia e o Cônsul-Geral de Portugal, Alfredo Pinto Gonçalves.

    Nessa visita informal, o Presidente Mário Soares, acompanhado do Governador Antônio Carlos Magalhães, declarou em entrevista já ter visitado vários hospitais dos Estados Unidos e da Europa e que o Hospital Sarah, de Salvador, poderia ser considerado como de primeiríssimo mundo.

    Esta é, portanto, uma obra formidável, motivo de orgulho para todos nós brasileiros, especialmente para aqueles que militam na área de saúde.

    Finalizando, Sr. Presidente, peço a transcrição, com o meu pronunciamento, dos artigos abaixo relacionados publicados na imprensa da Bahia.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 29/03/1994 - Página 1399