Discurso no Senado Federal

REQUERIMENTO DE SUA AUTORIA, LIDO NA PRESENTE SESSÃO, SOLICITANDO DO MINISTERIO DA FAZENDA, INFORMAÇÕES SOBRE A REAL SITUAÇÃO DO ENDIVIDAMENTO DO ACRE, A PROPOSITO DE DECLARAÇÕES DO GOVERNADOR ROMILDO MAGALHÃES, RESPONSABILIZANDO S.EXA. PELO AUMENTO DA DIVIDA DAQUELE ESTADO.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • REQUERIMENTO DE SUA AUTORIA, LIDO NA PRESENTE SESSÃO, SOLICITANDO DO MINISTERIO DA FAZENDA, INFORMAÇÕES SOBRE A REAL SITUAÇÃO DO ENDIVIDAMENTO DO ACRE, A PROPOSITO DE DECLARAÇÕES DO GOVERNADOR ROMILDO MAGALHÃES, RESPONSABILIZANDO S.EXA. PELO AUMENTO DA DIVIDA DAQUELE ESTADO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 12/04/1994 - Página 1705
Assunto
Outros > ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ENCAMINHAMENTO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, ENDEREÇAMENTO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), SOLICITAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, DIVIDA, ESTADO DO ACRE (AC), MOTIVO, DECLARAÇÃO, ROMILDO MAGALHÃES, GOVERNADOR, IMPUTAÇÃO, ORADOR, RESPONSABILIDADE, SITUAÇÃO, AUSENCIA, RECURSOS, ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL.

     O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, o endividamento dos Estados e Municípios, tão freqüentemente condenado, representa um dos mais sérios e históricos problemas da administração pública brasileira, devido à crônica falta de recursos para obras e benefícios sociais.

    Não havendo verbas próprias para investimentos, é inevitável que se recorra a organismos oficiais, que foram criados justamente para fornecê-los a quem atenda aos requisitos legais, comprovando real necessidade e possibilidade de quitá-los nos prazos e valores ajustados. Sem tais financiamentos, jamais seriam

realizados serviços essenciais de apoio sanitário, construção de escolas, implantação e conservação de rodovias e tantos outros.

    Agindo-se com correção e transparência na contratação de tais créditos e aplicando-se o dinheiro em obras realmente necessárias e a preço justo, tem-se uma operação indispensável e de altos ganhos coletivos.

    Faço essa introdução para firmar minha posição, lúcida e coerente, quanto à importante questão. E quero explicitar, no mesmo conceito, meu repúdio ao desperdício e ao mau uso de tais recursos.

    O Estado do Acre, a exemplo de todas as demais Unidades da Federação, tem comparecido regularmente aos organismos oficiais de fomento e de crédito em busca de contratos, convênios e repasses de diversas naturezas, para atender às necessidades básicas de seus habitantes. Esses aportes vêm desde antigas administrações, já esquecidas pelo povo, mas cujos compromissos ainda subsistem, os quais exigem a renegociação que acaba de ser efetuada pelo atual Governador.

    Antes que se registrem incompreensões ou mesmo tentativas de intrigar-me com a comunidade acreana, deixo bem claro o seguinte: qualquer ato voltado para melhorar sua qualidade de vida merece meu apoio franco e decidido, venha de onde vier, desde que dentro da lei e da ética.

    O atual Governador, Sr. Romildo Magalhães, afirmou para a imprensa estadual que essas dívidas foram "contraídas durante os governos de Nabor Júnior, Flaviano Melo e Edson Cadaxo" - o que, parcialmente, deve ser verdadeiro, pois realmente assumi compromissos e empenhei os recursos deles decorrentes em muitas obras, que hoje beneficiam diversas comunidades do Estado. Paguei, também, inúmeras dívidas, deixadas por meus antecessores, embora não possa afiançar a lisura de sua contratação e de seu uso.

    Move-me, invariavelmente, a busca da verdade. Jamais, Sr. Presidente, busco as sombras e a névoa da dissimulação ou da meia mentira, da falsidade aberta ou dissimulada.

    Por isso, estou apresentando hoje à Casa um Requerimento de Informações, endereçado ao Ministério da Fazenda, para esclarecer as reais condições do Estado do Acre quanto ao seu endividamento. Recuso-me a repetir o comportamento leviano e demagógico dos que acusam sem provas ou fazem interpretações maldosas de fatos marcados pela correção mais cristalina.

    Somente após receber as respostas às questões ora formuladas - e espero que isso aconteça com brevidade - voltarei a esta tribuna para um pronunciamento formal e definitivo sobre essa importante questão que compromete a capacidade financeira do Estado e só poderia merecer apoio consciente se for voltada para reais progressos sociais.

    Para que conste dos Anais e seja a prova documental efetiva da reiteração de minha postura habitual, leio, agora, a íntegra do Requerimento enunciado no início deste discurso:

      REQUERIMENTO N° , DE 1994

      Pede informações ao Ministério da Fazenda sobre a rolagem das dívidas do Estado do Acre junto ao Governo Federal e seus órgãos e bancos oficiais.

      Requeiro, na forma regimental, sejam solicitadas ao Poder Executivo, através do Ministério da Fazenda, as seguintes informações relativas à rolagem da dívida do Estado do Acre junto ao Governo Federal e seus órgãos e bancos oficiais:

      1. Qual o valor total da dívida renegociada?

      2. Qual a participação, em termos globais e em termos proporcionais, de cada órgão, agência de desenvolvimento e banco oficial nesse montante total?

      3. Quais os novos prazos e valores parciais ajustados entre o Governo do Estado e cada instituição federal?

4. Qual a data original de cada contrato ou compromisso renegociado?

      5. As dívidas, na fase anterior à renegociação, vinham sendo pagas regular e pontualmente? Havia inadimplência total ou parcial nos pagamentos? Caso positivo, os valores em atraso foram incluídos no montante renegociado?

      6. Qual o percentual do FPE comprometido com o novo perfil da dívida do Estado? Em que prazos?

      7. Como ficou a capacidade de endividamento do Estado, após essa renegociação?

      Brasília, 11 de abril de 1994.

      Senador Nabor Júnior.

    Sr. Presidente, Senhores Senadores, é o requerimento que apresento ao Ministério da Fazenda. Vou aguardar, como anunciei, sua resposta e, então, farei uma análise consciente, serena e objetiva, voltada para aquele que tem sido o norte e a razão de toda a minha vida: o povo do Acre.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 12/04/1994 - Página 1705